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Conhecereis a VERDADE e a verdade vos libertará. Jo 8.32

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Conversei com Jesus sobre a frase das escrituras atribuída a Ele "Conhecereis a

verdade e a verdade vos libertará", disse a Jesus que achei essa frase muito vaga e que

precisava conhecer mais profundamente o seu significado.

O conhecimento vem de Jesus por intermédio do Espírito Santo que vive em todos que

afirmam e creem que Jesus Cristo é o seu salvador e redentor, pois está escrito,

ninguém pode afirmar que Jesus é o Senhor, se o Espírito Santo não viver nele.

O Espírito Santo, pouco a pouco foi me ensinando o significado da frase, mas o maior

ensinamento foi na prática que Jesus me deu.

Eu estava há algum tempo com os documentos do carro atrasados e rodava por aí pela

necessidade de realizar meu trabalho comercial. Vez ou outra via aquelas barreiras da

polícia militar e pensava, meu Deus me protege, não permita que apreendam meu

carro e ao mesmo tempo pedia também que ele me permitisse ganhar os recursos

suficientes para regularizar a situação. Aquilo foi me sobressaltando durante meses a

fio, toda semana era um susto novo, era pura emoção ver Jesus agindo em minha vida.

Pois então, um belo dia, vejo a barreira ao longe, aquela apreensão me aperta o peito e

de repente ouço claramente na minha mente: Vou te mostrar o que significa aquela

frase "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", você tem duas opções: Dizer a

verdade ou mentir.

O policial acena e me manda parar, chega até minha janela e diz: Por favor, o

documento do veículo e o seu documento.

Pego minha carteira e digo: Qual o seu nome? Antônio, diz ele, e eu, Antônio, meus

documentos estão aqui, mas os documentos do carro estão vencidos há algum tempo.

Ele diz: Porque seu Humberto? E digo: Sinceramente, por falta de dinheiro, fiquei um

tempo sem ganhar o suficiente e tive que optar entre sustentar a minha família e pagar

certas despesas, mas assim que regularizar meus ganhos, vou licenciar o carro.

Antônio olhou pra mim e disse: Seu Humberto, vai embora, assim que o Sr. puder, por

favor, regularize isso. Disse obrigado e fui embora. Jesus veio em minha mente e disse,

entendeu o significado? Nunca tenha receio de dizer a verdade em qualquer

circunstância, pois a verdade liberta.

Quer ser livre em todos os aspectos? NÃO TENHA MEDO DE DIZER A VERDADE NUNCA.

Humberto Manhani

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INDICE

CAPITULO I: BABEL Pg 6

CAPITULO II: HISTÓRIA DO JUDAISMO Pg 17

CAPITULO III: HISTÓRIA DO CRISTIANISMO Pg 22

CAPITULO IV: HISTÓRIA DO CATOLICISMO Pg 32

CAPITULO V: A ESCATOLOGIA DAS RELIGIÕES Pg 56

CAPITULO VI: RELIGIÃO, SEITAS E HERESIAS Pg 64

1. O que é uma seita?

2. O líder de uma seita

3. Como se comportam as seitas?

4. Algumas seitas podem variar grandemente

5. Quem é vulnerável a entrar para uma seita?

6. Técnicas de recrutamento

7. Por que alguém seguiria uma seita?

8. Como as pessoas são mantidas na seita?

9. Como podemos tirar alguém de uma seita?

10. Aprendendo com as seitas

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Introdução

Desde os primórdios, os homens acreditavam que os fenômenos naturais, como por

exemplo, as trevas, o calor, o frio, a vida e a morte, eram controlados por deuses e

espíritos.

Segundo suas crenças, esses espíritos eram capazes de habitar as rochas, as árvores ou os

rios, sendo que cada um deles possuía uma função diferente do outro. Os crédulos

acreditavam receber sua benevolência por meio de oferendas, como: canções, danças,

sacrifícios e magia.

Ao analisarmos a história das civilizações antigas, como as do Egito, China, Grécia e Roma,

percebemos que estas eram politeístas, ou seja, possuíam vários deuses, que, em sua

grande maioria, eram temidos por seus adoradores, que sempre se esforçavam para não

os ofender ou irritar.

Sacerdotes, especialmente treinados para interpretar a vontade divina, ensinavam ao povo

como viver conforme a vontade dos deuses e também como homenageá-los. Esta atividade

permitia que os sacerdotes obtivessem um grande poder.

Grande parte das religiões acredita numa existência após a morte, onde os bons são

recompensados e os maus punidos. Este é o motivo que fazia com que os egípcios

embalsamassem os corpos dos faraós.

Já nos funerais do homem primitivo, assim como os de chefes de tribos escandinavas,

existia a demonstração de crença numa outra existência.

A ideia de uma força superior às demais, como o deus Sol, a deusa Lua, Zeus ou Odin,

formou uma fé comum a muitos povos; contudo, foram os hebreus (e depois os judeus)

que introduziram a crença num único Ser Supremo (Jeová), criador de todo o Universo.

Posteriormente surgiu o Cristianismo, onde a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo,

Filho de Deus, conforme se encontra escrito no Novo Testamento, o homem conhece o

evangelho. A religião cristã baseia-se no amor ao próximo.

As religiões orientais são em grande parte bem antigas e seguidas por inúmeros povos,

entretanto, uma mesma religião toma rumos diferentes de acordo com o país e costumes

de seus fiéis.

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CAPITULO I

BABEL

NINRODE E SEMÍRAMIS

GÊNESIS 10:6-12: Vemos aqui o texto ressaltando a figura de Ninrode. O nome

Ninrode vem da raiz “marad” e significa: “ele se rebelou”. Alguns estudiosos do

hebraico dizem que literalmente Ninrode significaria: “vamos nos rebelar”, na 1ª

pessoa do plural.

Quando lemos no texto os adjetivos atribuídos a Ninrode, podemos nos enganar:

“Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra”; “ele era poderoso

(valente) caçador diante do Senhor”. Deus não gosta destes adjetivos para seus

filhos: valente, poderoso; são completamente contrários ao princípio bíblico.

II Coríntios 12:9; o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.

II Coríntios 12:10; porque quando estou fraco, então é que sou forte.

Joel 3:10; diga o fraco, eu sou forte.

I Samuel 2:4; os fracos são cingidos de força.

Quando reconhecemos nossa fraqueza, então é que estaremos fortes, pois o poder

de Deus nos sustentará e atuará em nossa vida. O Senhor se alegra com o homem

de coração humilde e espírito quebrantado. Poderoso diante do Senhor pode

significar: “em oposição ao Senhor”, “em desafio à”, “em desafio ao Senhor”.

Como se não bastassem esses adjetivos, vemos ainda em Gênesis 10:10 outra

citação contra a figura de Ninrode: “o princípio de seu reino foi Babel”. Deus não

estava estabelecendo um reino com Noé? E que reino é esse de Ninrode? O que era

Babel? À que cidade Babel deu origem? Babel deu origem à cidade de Babilônia. O

que é Babilônia?

Apocalipse 17:1-5

V.5; “a mãe das prostituições (das meretrizes) e das abominações da terra”. Mãe

significa: aquela que deu origem à. Babilônia é a mãe das abominações da terra, a

mãe das prostituições (meretrizes) da terra.

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Estamos vendo em Gênesis, bem no começo da Bíblia, a cidade de Babilônia sendo

fundada (na região do Iraque de hoje), e vemos lá em Apocalipse, nos últimos

capítulos da Bíblia, Babilônia sendo julgada.

O que mostra isso? Mostra que o espírito de Babilônia esteve presente o tempo

todo, o tempo todo na história da humanidade. Se estudarmos a história como

Babilônia física foi destruída (a antiga cidade, hoje são apenas ruínas) e

compararmos com a destruição de Babilônia descrita na Bíblia, com as profecias

em Isaías 13:19-22, Isaías 46 e 47, Jeremias 51 e 52, veremos que essa destruição

descrita na Bíblia, ainda não aconteceu até hoje.

Ninrode foi poderoso caçador de homens; caçador de homens são escravagistas.

Podemos dizer isso se estudarmos a história. Ninrode foi o fundador de Babilônia,

a primeira cidade com muralhas. Ele foi a primeira tentativa de Satanás de exercer

um domínio mundial na terra, ele foi um tipo de anticristo.

Mostrando uma profunda rebeldia a Deus, Ninrode chefiou a construção de uma

cidade e de uma torre. A torre era a tradução de tudo que se passava naquele

coração em oposição a Deus. A torre de Babel era um “zigurate”. Zigurates eram

torres, geralmente com 7 andares, que eram construídas para adoração do céu e

seus astros. A torre de Babel serviu de modelo para todos os zigurates da

antigüidade.

A astrologia já existia nessa ocasião; carta astral, prognósticos através dos astros,

não são coisas modernas, são práticas muito antigas. Os zigurates eram

construídos para adoração do céu, consulta à lua, ao sol, às estrelas. Por isso vemos

constantemente as expressões “deus sol”, “deusa lua”.

O nome Babilônia e da torre de Babel, era “Bab-Ilu”, que na língua dos caldeus

significa “portão dos céus” ou “portão dos deuses”. Deuteronômio 18:9-14; essas

práticas já existiam, por isso, Deus as proibiu na Lei mosaica. Dt 17:3.

Então entra uma personagem, uma mulher de nome Semíramis. Por muitos séculos

Semíramis foi considerada uma lenda, mas após descobertas arqueológicas na

região, muitas tábuas foram encontradas, provando-se a existência histórica de

Semíramis. A enciclopédia britânica dá Semíramis como uma personagem

histórica, atribui a ela a fundação de Babilônia e diz ser ela a 1ª suma sacerdotisa

de uma religião.

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Pesquisadores cristãos gastaram suas vidas inteiras pesquisando a história nesses

locais, suas lendas e religiões. A história babilônica relata: Semíramis era casada

com Ninrode e após a morte dele, estando ela grávida, deu à luz a Tamuz.

Semíramis reivindicou que este filho era a re-encarnação de Ninrode. Ela havia

muito provavelmente escutado a profecia do Messias de Gênesis 3:15, e

reivindicou que seu filho fora concebido de maneira sobrenatural; Semíramis

reivindicou que Tamuz era a semente prometida, o “Salvador”.

Quando Tamuz era moço e sai para uma caçada na mata, é morto por um porco

selvagem. Então, esta é a lenda que os babilônicos criam, Semíramis reúne as

mulheres de Babilônia e vão jejuar e chorar por Tamuz. Depois de 40 dias de jejum

e clamores, Tamuz volta à vida e Semíramis passa a ser adorada como a doadora

da vida.

Desenvolveu-se então em Babilônia uma religião do culto chamado “culto à mãe

com a criança”, em que a mãe era adorada pois trouxe o filho à vida novamente; o

poder era dela. Rapidamente essa religião espalhou-se pelo mundo. Foi levada

pelos fenícios (grandes navegadores) e esse culto instalou-se em várias partes do

mundo. Os nomes de Semíramis e Tamuz mudavam de acordo com a língua do

local:

- Na Fenícia; eram chamados de “Ashtar e Baal”.

- No Egito; Isis e Horus.

- Na Grécia; Afrodite.

- Na Ásia; Cibele e Deoius.

Quando os medo-persas invadiram Babilônia, introduziram em Babilônia o culto

ao fogo; este era o culto principal dos medo-persas. Então os sacerdotes de

Babilônia fugiram e instalaram-se na Ásia menor, instalaram-se em Pérgamo. Com

o surgimento do Império Romano o culto da mãe e a criança foi levado de Pérgamo

para Roma e lá em Roma Semíramis e Tamuz passaram a chamarem-se Vênus e

Cupido.

Então, no Império Romano antes de Constantino ser coroado imperador (ele foi

coroado em 312 d.C.), houve uma guerra civil na qual as forças de Constantino

foram confrontadas com as forças do general Maxcêncio; aquele que vencesse seria

proclamado imperador. Isto tudo está na historia.

Constantino sofrendo várias derrotas, conclamou os cristãos para o apoiarem, com

a promessa de cristianizar o Império Romano. Os cristãos o apoiaram e na última

batalha Constantino vence e é coroado imperador.

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O imperador romano tinha duas coroas, a coroa de imperador político e a outra

que o coroava como “Pontifix Maximus”, o cabeça religioso do império. Muitos

romanos tornaram-se cristãos para agradar o imperador; o cristianismo agora era

a religião oficial do Império Romano.

Mas aos pouco foi acontecendo um sincretismo do cristianismo com o paganismo,

pois o povo começou a sentir falta do “ver”. As imagens dos deuses antigos

romanos foram novamente sendo introduzidas, porém agora com nomes cristãos.

Nesse sincretismo, Vênus e Cupido, que eram Semíramis e Tamuz, passaram a ser

chamados de “Maria e o menino Jesus”.

Babilônia deu origem a tudo isso, é só conferirmos na história. A enciclopédia

britânica diz o seguinte: “Não há dúvida de que o cristianismo tem o seu

background, o seu fundamento, no paganismo quanto a adoração da mãe com a

criança”. Imagens da mãe com a criança, foram encontradas séculos antes de Jesus

nascer neste planeta.

Quando esse sincretismo foi feito, os festivais antigos começaram a voltar. Na Grã-

Bretanha, o principal festival voltou (está até hoje), é o festival de “Easter”. Esse

festival foi “sincretizado” com a páscoa; até hoje páscoa em inglês é chamada de

“Easter” e não de “pass-over”, que é o significado exato da páscoa bíblica.

A palavra “Easter” vem do nome de uma deusa pagã, a deusa da luz do dia e deusa

da primavera. Easter não é senão uma forma mais moderna de Eostre, Ostera,

Astarte ou Ishtar. É o mesmo festival que por 40 dias comemorava-se o que

aconteceu com Tamuz; por 40 dias chorava-se por Tamuz.

Esse festival terminava com troca de ovos enfeitados e coloridos, simbolizando a

vida a partir da morte, como aconteceu com Tamuz. O coelho foi associado a esse

festival, como símbolo de fertilidade. Assim, tanto o coelho de páscoa como os ovos

de páscoa eram símbolos de significado sexual, símbolos de fertilidade. No

catolicismo romano, ainda hoje, comemora-se a quaresma, inclusive até bem pouco

tempo com jejum muito incentivado, significando nada mais do que “aqueles 40

dias que se jejuaram e clamaram por Tamuz”.

No Antigo Testamento a Bíblia mostra que o povo de Israel também foi

contaminado com a religião que se originou lá na Babilônia. Uma princesa Fenícia

chamada Jezabel, levou para dentro de Israel o culto a Astarote e Baal. Jezabel

casou-se com o rei Acabe de Israel. I Reis 16:29-33 Jezabel levou esse culto para

dentro de Israel e Deus vai mostrar para o profeta Ezequiel.

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Ezequiel 8: Deus foi mostrando ao profeta as coisas que o povo de Israel estava

praticando dentro do santuário, e ainda fala: “te mostrarei coisas piores que o povo

está fazendo”.

V.13 e 14; “… chorando por Tamuz”, ou seja, comemorando aquele festival.

V.16; homens de costas para o templo, adorando o sol. O sol é um dos símbolos de

Tamuz.

Jeremias 44:14-19

V.14; Jeremias estava dizendo ao povo, caso não se convertessem de seus pecados,

seriam levados cativos. Neste período o povo de Israel estava sendo levado cativo

para Babilônia. Qual foi a resposta do povo a Jeremias?

V.15 a 19; “rainha do céu”, era um título de Semíramis. O que o povo de Israel

estava fazendo? Adorando a “rainha do céu”. Quando Jeremias chamou o povo para

sair disso, o povo diz: “nós não vamos obedecer ao Senhor; vamos continuar

oferecendo incenso à rainha do céu, porque é ela quem tem nos abençoado”. Está

escrito isso na sua Bíblia?

No catolicismo romano existe uma reza chamada salve rainha. Maria é

frequentemente chamada de “rainha dos céus”. Mas Maria, a mãe de Jesus Cristo,

não é a rainha dos céus. O povo que fica seguindo à Semíramis, nunca verá à Maria.

Rainha dos céus foi um título da deusa-mãe que foi adorada séculos antes de Maria

ter nascido. A deusa-mãe era Semíramis, (Ishtar, Astarte, Astarote). Em várias

passagens a Bíblia mostra a adoração a Astarote e Baal.

Juizes 2:11-13

I Samuel 7:3-4

I Samuel 12:10

I Samuel 31:9-10

I Reis 11:4-6

Todas as falsas religiões do mundo foram oficializadas em Babilônia. O que Caim

começou, o caminho que inaugurou, Ninrode oficializou em Babilônia. Por isso,

quando chegamos lá em Apocalipse 17:5 está escrito: “Babilônia a grande meretriz,

a mãe, aquela que deu origem a todas as abominações da terra”. Todas as religiões,

o espiritismo com a reencarnação, tudo que tem prognósticos, etc., tiveram suas

origens em Babilônia.

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Isaías 47:12-14; condenação de adivinhos e feiticeiros.

Isaías 8:19-20

Deus dá um grito: “À Lei e ao Testemunho“! Em outras palavras: “leiam a Bíblia“!

Ninrod - (neto de Cão) começou a se destacar. Ninrod vem do heb. marad =

"rebelar-se". A tradução literal do seu nome poderia ser: "vamos nos revoltar".

Gn 10: 8,9 - "Cuche também gerou a Ninrod, o qual foi o primeiro a ser poderoso na

terra. Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrod,

poderoso caçador diante do Senhor."

Dentro do contexto bíblico, expressões como: "valente", "poderoso" não tem boa

conotação. Compare: Sl 51.17, Is 57.15, II Co 12.9,10.

Ninrod foi a primeira tentativa de satanás de formar um ditador mundial. Ele foi o

primeiro tipo de Anticristo. Ele fundou um reino EM OPOSIÇÃO ao reino de Deus e

chefiou a construção de uma torre (Babel ) para a adoração dos astros, e de uma

cidade - Babilônia - onde se originou todo o sistema anti-Deus. Todas as religiões

falsas do mundo têm sua origem em Babilônia.

Ap 17: 5 - "E na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia, a

mãe das prostituições e das abominações da terra. "

Gn 10: 10 - "O princípio de seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de

Sinar."

Deus havia planejado um reino, um governo, mas quando lemos Gn 10: 10, vemos

claramente que outro reino estava sendo formado em oposição ao de Deus.

Gn 11: 4 - "Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo

cume toque no céu, e façamos-nos um nome, para que não sejamos espalhados

sobre a face de toda a terra."

Demonstrando sua profunda rebeldia contra Deus, Ninrode chefiou a construção

de "uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus..." O sentido literal

destas palavras, revela que era uma torre para a adoração dos astros, a lua, o sol, as

estrelas, e a história também mostra isto. Babel foi o modelo de todos os zigurates -

o último degrau de um zigurate (geralmente havia 7) , era considerado a "entrada

do céu".

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Usando betume na construção da torre de Babel, junto com tijolos (no lugar de

pedras) feitos por eles mesmos (OBRAS), eles mostraram sua rejeição a Deus, pois

o betume era símbolo de expiação (é a mesma palavra de Lv 17: 11). Com isto

estavam declarando que não precisavam da salvação de Deus, pois podiam fazer a

sua própria salvação.

Toda religião falsa tem seus próprios métodos para chegar a Deus, cometendo

portanto o mesmo erro, e se desviando do "ÚNICO CAMINHO QUE É O SENHOR JESUS

CRISTO". Jo 14.6.

A confusão das línguas é uma maldição sobre a raça humana, mas ainda não é o

juízo de Deus; este se dará na tribulação. Desde que foram espalhadas, as nações

estão entregues a seus próprios caminhos, sem se lembrarem que Deus tem o total

controle da história e que um dia se cumprirá o:

Sl 2: 2,4 - "Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o

Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos

de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará

deles."

Este período termina com a intervenção e a vitória de Deus sobre as trevas, para

continuar o Seu plano redentor para o homem.

Ninrod - Semiramis - Tamuz

A Enciclopédia Britânica cita Semiramis como uma personagem histórica a quem

se atribui a fundação de Babilônia e a primeira suma-sacerdotisa de uma religião.

Ela era casada com Ninrode e a Bíblia diz que Ninrode é o fundador de Babilônia.

Apoc 17:5 - "E na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia,

a mãe das prostituições e das abominações da terra."

Vemos então que em Babilônia se originaram as abominações e as prostituições

espirituais.

Semiramis esperava um filho quando Ninrode morreu. Quando o filho nasceu, ela

declarou que o menino - que se chamou Tamuz - era a reencarnação de Ninrode. Aí

estava fundado a base do espiritismo, com a reencarnação, que tem mancado

quase que a totalidade das falsas religiões existentes no mundo. Satanás estava

adulterando a verdade sobre "a semente da mulher" para desviar o homem quando

a verdadeira semente viesse!

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Quando Tamuz era moço e estava caçando nas matas, foi morto por um porco

selvagem. Semiramis então, com todas as mulheres que serviam na sua religião,

choraram e jejuaram por 40 dias, no final dos quais, de acordo com a lenda

babilônica, Tamuz foi trazido de volta à vida. Isto foi uma demonstração do poder

da mãe. Ela começou a ser adorada com o título de "rainha dos céus" ou "deusa

mãe". O símbolo desta religião foi a imagem da mãe com a criança nos braços

conhecido como "o mistério da mãe com a criança". Rapidamente esta religião se

estendeu pelo mundo. Os nomes eram outros, de acordo com as diferentes línguas,

mas o culto à mãe com o filho era o mesmo.

Ashtarot e Baal na Fenícia.

Ishtar ou Inanna na Assíria

Isis e Osiris no Egito.

Afrodite e Eros na Grécia.

Venus e Cupido em Roma.

Quando os medo-persa dominaram Babilônia, os sacerdotes de lá tiveram que fugir

(os medo-persas adoravam o fogo), e se estabeleceram em Pérgamo, na Ásia

Menor. Pérgamo se tornou o centro do culto da mãe com o filho. Daí foi levado para

Roma com os nomes de Venus e Cupido.

No tempo de Constantino, ele teve que medir forças políticas com o Gal. Maxêncio

para se tornar imperador. Os imperadores do império romano portavam 2 coroas:

a de imperador e a de pontifex maximus (sumo-sacerdote); isto significava

autoridade política e religiosa.

Constantino, para obter o apoio dos cristãos, prometeu cristianizar o império, se

vencesse. Os cristãos o apoiaram e numa última batalha, no ano 312, ele venceu e,

como imperador e pontifex maximus, declarou o cristianismo a religião oficial do

império. Muitos se tornaram "cristãos" para agradar o imperador. Para um povo

que adorava centenas de deuses, isto não era difícil! Mas estes nunca "nasceram de

novo", e bem cedo começou a se formar um sincretismo do cristianismo com o

paganismo. As imagens pagãs foram sendo reintroduzidas com nomes cristãos.

Venus e Cupido passaram a se chamar "Maria e o menino Jesus". Ela foi honrada

como a 'rainha dos céus" e se tornou a mediatrix entre deus e os homens.

Exatamente como era na religião babilônica. Os velhos festivais e feriados foram

re-introduzidos no chamado "cristianismo", se fixando cada vez mais com o passar

do tempo.

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A festa de Ashtarot (o nome fenício de Semiramis) ou Ishtar ou Inanna como era

chamada na Assíria. Em Nínive se tornou "Easter" para os anglo-saxãos na

Bretanha, e é comemorado até hoje com este nome. Uma princesa fenícia - Jezabel -

introduziu este culto em Israel e o vemos claramente na Bíblia:

Tamuz - Ez 8: 14,18 - "Depois me levou `entrada da porta da casa do Senhor, que

olha para o norte; e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz.

Então me disse: Viste, filho do homem? Verás ainda maiores abominações do que

estas. E levou-me para o átrio interior da casa do Senhor; e eis que estavam `a

entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco

homens, de costas para o templo do Senhor, e com os rostos para o oriente; e assim

virados para o oriente, adoravam o sol.

Então me disse: Viste, filho do homem? Acaso é isto coisa leviana para a casa de

Judá, o fazerem eles as abominações que fazem aqui? pois, havendo enchido a terra

de violência, tornam a provocar-me à ira; e ei-los a chegar o ramo ao seu nariz.

Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará, nem terei

piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os

ouvirei."

O sol no céu era também o símbolo de Tamuz - o filho da rainha dos céus.

Jr 44: 14,19 - "De maneira que, da parte remanescente de Judá que entrou na terra

do Egito a fim de lá peregrinar, não haverá quem escape e fique para tornar à terra

de Judá, à qual era seu grande desejo voltar, para ali habitar; mas não voltarão,

senão um pugilo de fugitivos. Então responderam a Jeremias todos os homens que

sabiam que suas mulheres queimavam incenso a outros deuses, e todas as

mulheres que estavam presentes, uma grande multidão, a saber, todo o povo que

habitava na terra do Egito, em Patros dizendo: Quanto à palavra que nos

anunciaste em nome do Senhor, não te obedeceremos a ti; mas certamente

cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, de queimarmos incenso à

rainha do céu, e de lhe oferecermos libações, como nós e nossos pais, nossos reis e

nossos príncipes, temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; então

tínhamos fartura de pão, e prosperávamos, e não vimos mal algum.

Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha do céu, e de lhe oferecer

libações, temos tido falta de tudo, e temos sido consumidos pela espada e pela

fome. E nós, mulheres, quando queimávamos incenso à rainha do céu, e lhe

oferecíamos libações, acaso lhe fizemos bolos para a adorar e lhe oferecemos

libações sem nossos maridos?"

Todas as religiões falsas do mundo tiveram sua origem em Babilônia!

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A torre de Babel foi o monumento da rebelião e blasfêmia. Ao usarem betume para

unir os tijolos, feitos por eles mesmos no lugar de pedras, estavam declarando sua

total independência de Deus.

Gn 11: 3 - "Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem.

Os tijolos lhes serviam de pedras e o betume de argamassa."

A palavra betume, no hebraico, é a mesma palavra usada para expiação, a tradução

é: cobertura, cobrir, e este era exatamente o resultado das expiações do Velho

Testamento, que apontavam para o sangue de Jesus Cristo. A arca que é um tipo de

Jesus Cristo como Salvador, foi betumada por fora e por dentro.

Gn 6: 14 - "Fazei para ti uma arca de madeira de gôfer; farás compartimentos na

arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora." Gn 11: 5,9 - "Então desceu o

Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam, e disse: Eis

que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora

não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos, e

confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.

Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar

a cidade. Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a

linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra."

Se Deus não interrompesse aqui, o pecado deste povo cresceria de tal maneira que

uma medida muito mais drástica seria necessária.

A maldição das línguas ainda não é juízo sobre a raça humana, este se dará na

tribulação. Desde que foram espalhadas, não há lugar para Deus nas nações, elas

fazem e seguem seu próprio caminho e usam a terra como se não fosse de Deus.

Mas virá o dia (e está perto) em que se cumprirá e Jesus Cristo estabelecerá o Seu

reino e reinará com "vara de ferro".

Sl 2: 2,4 - "Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o

Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos

de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará

deles."

No final deste período, vemos claramente que Deus, mais uma vez foi vitorioso

sobre as trevas para continuar Seu plano que redime o homem e que, no final,

libertará o mundo que hoje está nas mãos de satanás.

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O homem - a raça humana - já havia rejeitado a Deus:

Na área da Palavra - no tempo de Adão e Eva.

Na área da Adoração - no tempo de Caim e Abel,

e agora na área do Governo.

O resultado desta rejeição é o estado caótico em que o mundo se encontra em

todas as áreas: política/social/econômica-financeira/espiritual/intelectual, etc.

Mas, apesar de rejeitado pelo homem, Deus continua a buscar o homem que Ele

ama. Deus não rejeitou o homem!

Jo 3: 16 - "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho

unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

Rm 5: 8 - "Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que quando éramos

ainda pecadores, Cristo morreu por nós."

O programa de Deus para a raça humana em geral (como um todo) ficou suspenso,

porque a raça humana, como um todo, O rejeitou... Então, Deus introduz um novo

programa, até ali desconhecido - este programa poderia ser desenvolvido através

de indivíduos que respondessem ao Seu chamado - não dependia mais da raça, de

nações; mas de indivíduos. Deus iria agir a partir de um indivíduo para formar um

canal para abençoar a terra - uma nação formada e separada por Ele para abençoar

as nações que O rejeitaram.

Deus vai chamar um homem para formar uma família, para então, formar esta nação.

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CAPITULO II

HISTÓRIA DO JUDAISMO

O judaísmo é a primeira religião monoteísta a aparecer na

história. Tem como crença principal a existência de

apenas um Deus, o criador de tudo. Para os judeus, Deus

fez um acordo com os hebreus, fazendo com que eles se

tornassem o povo escolhido e prometendo-lhes a terra

prometida. Atualmente a fé judaica é praticada em várias

regiões do mundo, porém é no estado de Israel que se

concentra um grande número de praticantes. Os livros

sagrados dos judeus A Torá ou Pentateuco, de acordo com

os judeus, é considerado o livro sagrado que foi revelado

diretamente por Deus. Fazem parte da Torá: Gênesis, o Êxodo, o Levítico, os Números e o

Deuteronômio. O Talmude é o livro que reúne muitas tradições orais e é dividido em

quatro livros: Mishnah, Targumin, Midrashim e Comentários. Os cultos judaicos são

realizados num templo chamado de sinagoga e são comandados por um sacerdote

conhecido por rabino. O símbolo sagrado do judaísmo é o memorá, candelabro com sete

braços.

A história do povo de Israel começa com Abraão, aproximadamente em 2.100 a.C.

Ele morava na Mesopotâmia quando o Senhor o chamou e ordenou-lhe que

andasse sobre a terra. Gn 12.1-9; 13.14-18. Andou por toda a terra de Canaã que

seria futuramente a terra escolhida por Deus para seu povo habitar.

Obediente e temente ao Senhor, Abraão foi honrado por Deus, como o Pai de um

povo inumerável. Gn 15.4-6. Nasceu Isaque (Gn 21.1-7), deste veio Jacó (Gn 25.19-

26; 25.29-34; 27.27-30) e gerou a José (Gn 30.22-24), que mais tarde seria vendido

como escravo ao faraó (Gn 37), rei do Egito. José era fiel a Deus (Gn 39.2-6,21-23) e

não foi desamparado pelo Senhor. Tornou-se um homem querido pelo faraó (rei do

Egito) e foi promovido a governador do Egito. Gn 41.37-46. Trouxe os seus

familiares de Canaã onde havia uma grande fome. Gn 46.1-7. Do faraó receberam

terras, para que as cultivassem. Gn 47.5-12.

Assim os israelitas começaram a prosperar. Ali foram abençoados por Deus de uma

forma extraordinária: prosperaram tanto e se tornaram tão ricos e tão numerosos

que assustaram o reino egípcio.

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Resultado: foram subjugados militarmente e submetidos à escravidão. Ex 1.7-14.

O faraó ainda não estava satisfeito. Pretendia interromper de forma definitiva sua

expansão: decidiu que todos os varões que nascessem nas famílias israelitas

deveriam ser mortos. Ex 1.15,16,22. E assim foi feito, e de forma cruel. Às meninas,

no entanto, era dado o direito à vida.

Um desses bebês, Moises, foi escondido por seus pais dos soldados egípcios. Os

pais conseguiram isso durante três meses. Quando a vida do bebê passou a correr

perigo iminente, seus pais o colocaram numa cesta e o soltaram no rio Nilo. Ex 2.1-

10.

A filha do faraó viu o cestinho descendo nas águas e o choro do bebê. Ela tratou de

resgatá-lo e o menino ganhou o nome de Moisés, ou Moschê, que pode significar

"retirado" ou "nascido das águas". Ex 2.5-9.

A mãe de Moisés tornou-se sua ama (Ex 2.9), ele cresceu e estudou dentro do reino

egípcio, sempre muito bem tratado, apesar da filha do faraó saber que ele era filho

de hebreus.

Um dia, enquanto ainda vivia no reino, Moisés foi visitar seus "irmãos" hebreus e

viu um deles ser ferido com crueldade por um egípcio. Irado, Moisés matou o

egípcio e escondeu seu corpo na areia. Mas as notícias correram rapidamente: o

faraó soube do crime e decidiu mandar matar Moisés. No entanto, ele conseguiu

fugir para a terra de Midiã. Ex 2.15.

Foi ali que ele conheceria sua mulher, filha do sacerdote Reuel , chamada Zípora.

Ela lhe deu um filho, que ganhou o nome de Gerson (que significa "hóspede"). Ex

2.21,22. "Porque sou apenas um hóspede em terra estrangeira", diz Moisés. Ex

2.22.

Passaram-se os anos, o faraó que perseguia Moisés morreu, mas os israelitas (ou

hebreus) continuavam sob o jugo egípcio. Diz a Bíblia que Deus se compadeceu do

sofrimento de seu povo e ouviu o seu clamor. Ex 2.24.

Deus apareceu para Moisés pela primeira vez numa sarça em chamas (Ex 3), no

monte Horebe. E lhe disse:

"... Eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes

fazem os egípcios. Vai, te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo“.

Ex 3.9-10.

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Em companhia de Arão, seu irmão voltou para o Egito e contatou o faraó. Este

parecia inabalável na decisão de manter os hebreus escravos. Ex 5.1-5. Após ser

atingido por dez pragas enviadas diretamente por Deus. Ex 7-12. Permitiu que o

povo finalmente fossem libertos, comeram a páscoa e partiram em direção ao

deserto. Ex 12.37-51.

Era aproximadamente 3 milhões de pessoas. Começava a caminhada em direção a

Canaã. A Bíblia fala em 600 mil (homens, sem contar as mulheres e crianças, eram

aproximadamente 3 milhões de pessoas) andando pelo deserto durante 40 anos,

em direção à terra prometida. Ex 12.37.

Nasce o Judaísmo

Nas quatro décadas da caminhada no deserto Deus falou diretamente com Moisés

(Ex 14.15 ...) e deu todas as leis a serem seguidas por seu "povo eleito". Ex 20.1-17.

Os dez mandamentos, o conjunto de leis sociais e penais, as regras dos alimentos,

os direitos sobre propriedades... Enfim, tudo foi transmitido por Deus a Moisés,

que retransmitia cada palavra ao povo que o seguia. Era o nascimento do Judaísmo.

A caminhada não foi fácil. O povo rebelou-se diversas vezes contra Moisés e contra

o Senhor. A incredulidade e a desobediência dos israelitas eram tamanhas que,

algumas passagens, Deus pondera em destruí-los e a dar a Moisés outro povo (a

primeira vez que Deus "lamenta" ter criado a raça humana está em Gn 6.6).

Mas Moisés não queria outro povo. Clamou novamente a Deus para que perdoasse

os erros dos israelitas (Ex 32.9,10). Porém todos os adulto que saíram do Egito,

exceto Calebe e Josué morreram no deserto. Moisés resistiu firme até à entrada de

Canaã, infelizmente não pode entrar, apenas contemplou a terra (Dt 34.4,5) e foi

levado por Deus. Josué tomou a direção do Povo e tomaram posse da terra

Prometida.

"Eis a terra que jurei a Abraão, Isaque e a Jacó dar à tua posteridade. Viste-a com os

teus olhos, mas não entrarás nela (disse Deus). E Moisés morreu." (Dt 34. 4,5).

"Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor

conversava face a face." Dt 34.10.

Foram grandes e difíceis batalhas, até tomarem posse por completo de Canaã.

Inicialmente o povo era dirigido pelos juizes (Gideão, Eli, Samuel, etc). Mas

inconformados com esta situação e querendo assemelhar-se aos demais reinos

pediram para si reis, Deus os atendeu. I Sm 8.5.

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Levantou-se Saul o primeiro rei, que foi infiel ao Senhor (I Sm 10.24), em seguida

Davi tornou-se rei, este sim segundo o coração do Pai. II Sm 2.1-7. Salomão foi o

terceiro rei, homem muito sábio e abençoado, construiu o primeiro Templo. Após

estes, muitos outros reis vieram, alguns fieis outros infiéis. Muitas vezes tornaram-

se um povo sem Pátria. Inclusive nos últimos dois milênios eram um povo disperso

pela terra. Somente em 1948 foi restabelecido o Estado de Israel.

Jesus e os seus familiares pertenciam ao povo judeu. Também os seus Apóstolos. Sendo

tão grande o patrimônio espiritual comum aos Cristãos e aos Judeus, deve existir um

maior conhecimento entre ambos e uma estima mútua.

Os símbolos do Judaísmo

- O Muro das Lamentações – em Jerusalém, é o que resta do templo de Herodes,

destruído pelos romanos no ano 70 d.C. Aqui os hebreus vêm rezar. É o único lugar

sagrado de todo o Judaísmo.

- O Candelabro dos sete braços – A "Menorah" é o símbolo do Judaísmo. O 7 é para

os Judeus o número da plenitude, da perfeição.

- A Sinagoga – É o lugar de oração, de estudo e de reunião.

- O Rabino – Os hebreus não têm sacerdotes. O Rabino é só um mestre, um guia

espiritual para os fiéis na interpretação da Bíblia.

- O Sábado – É o dia semanal festivo dos judeus. Começa ao pôr-do-sol de Sexta-

feira e vai até ao pôr-do-sol de Sábado. É um dia dedicado à oração e ao descanso.

Etapas importantes da vida de um Judeu

- A Circuncisão – Aos oito dias depois do nascimento, todo o rapaz hebreu é

circuncisado e nesta altura é-lhe dado o nome. A circuncisão simboliza a Aliança

entre Yavhé e Abraão.

- Aos treze anos, o rapaz hebreu torna-se membro da comunidade e, por isso, está

sujeito aos direitos e aos deveres que a Bíblia lhe indica.

Vida Religiosa

- O estudo da Torá é o principal dos deveres de um judeu. No livro da Lei estão

contidas as 613 obrigações que todo o hebreu piedoso deve observar.

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- Quando ora, o hebreu tem a cabeça coberta com o «Talith», um xaile com franjas

brancas e pretas, e tem presos à testa e no braço direito as «filactérias», pequenas

bolsas que contem orações da Torá escritos em pergaminho.

Livro Sagrado

- Os textos sagrados judaicos são: a Bíblia dos hebreus, que inclui o Torá (o

Pentateuco, os cinco primeiros livros bíblicos: Gênesis, Êxodo, Números, Levítico e

Deuteronômio), os Profetas e outros livros; o Talmude, formado pelo conjunto de

ensinamentos do Judaísmo, além de tratar-se de um guia de leis religiosas e civis.

Credo

- «Escuta, Israel, o Eterno é Um só» Esta oração resume a fé hebraica: acredita na

existência de um só Deus. O Judaísmo é uma religião fortemente monoteísta.

- A visão que o Judaísmo tem da vida é otimista, porque o Deus criou o homem

livre e responsável. O cumprimento sem reservas das suas obrigações duras e

rigorosas da Torá exprime a submissão humana a Deus e simboliza o respeito pela

Aliança.

- Os hebreus esperam a vinda do Messias. Virá um tempo – «os dias do Messias» –

em que reinarão a paz, a justiça e a fraternidade. Terminarão todas as formas de

idolatria e o Eterno será Um e o Seu Nome será Um».

As Festas (principais)

- O dia do perdão – «Yom Kippur» – festa de jejum e de expiação. Cada judeu deve

estender ao seu inimigo a mão da reconciliação, esquecendo as ofensas e pedindo

desculpas.

- A festa da Páscoa – «Pessah» – recorda a saída do povo hebraico do Egito, guiado

por Moisés. Prolonga-se por oito dias.

- A festa do Pentecostes – «Shavuot» – recorda a Dom da Torá (Dez Mandamentos),

dada por Deus a Moisés, no monte Sinai. Lembrando que, no judaísmo houve o surgimento de várias vertentes, como a Ortodoxa, a Conservadora e a Reformista. A Conservadora, apesar de tomar como sagradas as tradições judaicas, encerra uma ideologia que permite novas interpretações dos textos sagrados. Os seguidores da vertente Reformista submetem as tradições judaicas à reavaliações, de geração a geração.

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CAPITULO III

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

O cristianismo é uma das chamadas grandes religiões.

A religião cristã surgiu na região da atual Palestina no século I. Essa

região estava sob domínio do Império Romano neste período. Criada

por Jesus, espalhou-se rapidamente pelos quatro cantos do mundo,

se transformando atualmente na religião mais difundida.

Jesus foi perseguido pelo Império Romano, a pedido do imperador Otávio Augusto

(Caio Júlio César Otaviano Augusto), pois defendia ideias muito contrárias aos interesses

vigentes. Defendia a paz, a harmonia, o respeito um único Deus, o amor entre os

homens e era contrário à escravidão. Enquanto isso, os interesses do império eram

totalmente contrários. Os cristãos foram muito perseguidos durante o Império Romano

e para continuarem com a prática religiosa, usavam as catacumbas para encontros e

realização de cultos.

CONTEXTO DO NASCIMENTO DO CRISTIANISMO

Período Interbíblico

Esse período teve a duração de aproximadamente 450 anos. Normalmente se faz

referência a esse tempo como uma época em que Deus esteve em silêncio para com

o seu povo. Nenhum profeta de Deus se manifestou ou, pelo menos, nenhum

deixou escrito que tenham sido considerados canônicos.

O Império Persa - Final do AT

O Antigo Testamento termina com as palavras de Malaquias, o qual profetizou

entre 450 e 425 a.C.. Nesse tempo, a Palestina estava sob o domínio do Império

Persa, o qual se estendeu até o ano 331 a.C.. Embora o rei Ciro tenha autorizado os

judeus a retornarem do exílio, o domínio Persa continuava sobre eles. De volta à

Palestina, o povo judeu passou a ter um governo local exercido pelos sumo

sacerdotes, embora não houvesse independência política. Eram comuns as

disputas pelo poder.

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O Império Grego - 335 a 323 a.C.

Paralelamente ao Império Persa, crescia o poder de um rei macedônico, Felipe, o

qual empreendeu diversas conquistas na Ásia menor e ilhas do mar Egeu,

anexando a Grécia ao seu domínio.

Desejando expandir seu território, entrou em confronto com a Pérsia, o que lhe

custou a vida. Foi sucedido por seu filho, Alexandre Magno, que também ficou

conhecido como Alexandre, o Grande, o qual havia estudado com Aristóteles. A

mitologia grega, com seus deuses e heróis parece ter inspirado o novo

conquistador. Alexandre tinha 20 anos quando começou a governar. Seu ímpeto

imperialista lhe levou a conquistar a Síria, a Palestina (332 a.C.) e o Egito.

No Egito, Alexandre construiu uma cidade em sua própria homenagem, dando-lhe

o nome de Alexandria, a qual se encontrava em local estratégico para o comércio

entre o Mediterrâneo, a Índia e o extremo Oriente. Alexandre se denominou então

"Rei da Ásia" e passou a exigir para si o culto dos seus subordinados, de

conformidade com as práticas babilônicas. Quanto aos judeus, Alexandre os tratou

bem e teve muitos deles em seu exército. Após a sua morte, o Império Grego foi

divido entre os seus generais, dentre os quais nos interessam Ptolomeu, a quem

coube o governo do Egito, e Seleuco, que passou a governar a Síria.

O Governo dos Ptolomeus - 323 a 204 a.C.

A Palestina ficou sob o domínio do Egito. Os descendentes de Ptolomeu foram

chamados Ptolomeus. Eis os nomes que se sucederam enquanto a Palestina esteve

sob o seu governo:

> Ptolomeu I (Sóter) - 323 a 285 a.C.

> Ptolomeu II (Filadelfo) - 285 a 246 a.C. – Durante o seu governo foi elaborada, em

Alexandria, a Septuaginta, tradução do Antigo Testamento para o grego. Filadelfo

foi amável com os judeus.

> Ptolomeu III (Evergetes) – 246 a 221 a.C.

> Ptolomeu IV (Filópater) - 221 a 203 a.C.

O Governo dos Selêucidas - 204 a 166 a.C.

Os reis da Síria, descendentes do general Seleuco, foram chamados Selêucidas.

Nesse período a Palestina esteve sob o domínio da Síria. Eis a relação dos

selêucidas do período:

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> Antíoco III - O Grande – 223 a 187 a.C.

> Seleuco IV (Filópater) – 187 a 175 a.C.

> Antíoco IV (Epifânio) - 175 a 163 a.C.

Em Israel, o governo local era exercido por Onias, o sumo sacerdote. Contudo,

Epifânio comercializou o cargo sacerdotal, vendendo-o a Jasão por 360 talentos.

Epifânio se esforçou para impor a cultura e a religião grega em Israel, atraindo

sobre si a inimizade dos judeus.

Tendo ido ao Egito, divulgou-se o boato da morte de Epifânio, motivo pelo qual os

judeus realizaram uma grande festa. Ao tomar conhecimento do fato, o rei da Síria

promoveu um grande massacre, matando 40 mil judeus.

O Governo dos Macabeus - 167 a 37 a.C.

Surge no cenário judaico uma importante família da tribo de Levi: os Macabeus. Em

167, o macabeu Matatias se recusa a oferecer sacrifício a Zeus. Outro homem se

ofereceu para sacrificar, mas foi morto por Matatias, o qual organiza um grupo de

judeus para oferecer resistência contra os selêucidas. Tal movimento ficou

conhecido como a Revolta dos Macabeus. A Palestina continuou sob o domínio da

Síria. Contudo, a Judéia voltou a possuir um governo local, exercido pelos

Macabeus. Ainda não se tratava de independência, mas já havia alguma autonomia.

O Império Romano – 37 a.C. e todo o período do Novo Testamento.

Sendo nomeado por Roma como rei da Judéia, Herodes passou a governar um

grande território. Contudo, sua insegurança e medo de perder o poder o levaram a

matar Aristóbulo, irmão de Mariana, por afogamento. Depois, matou a própria

esposa e estrangulou os filhos. A violência de Herodes provocou a revolta dos

judeus. Para apaziguá-los, o rei iniciou uma série de obras públicas, entre as quais

a construção (reforma) do templo, que passou a ser conhecido como Templo de

Herodes.

No tempo do nascimento de Cristo, o Imperador era Augusto, o qual instituiu o

culto a si mesmo por parte dos seus súditos. Em algumas regiões havia a figura do

rei. Naquele mesmo período o rei da Palestina era Herodes. Esta região teve sua

divisão política alterada diversas vezes, sendo até governada por mais de um rei

em determinados momentos. Além do rei, havia em algumas épocas e lugares a

figura do procurador, ou governador.

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Na província da Judéia havia uma instituição local chamada Sinédrio, o qual era

formado por 71 membros e presidido pelo sumo sacerdote. O Sinédrio era o

supremo tribunal local e tinha poderes para julgar questões civis e religiosas, uma

vez que as duas coisas eram tratadas pela mesma lei. Tais autoridades tinham até

mesmo a prerrogativa de aplicar a pena de morte contra crimes cometidos na

comunidade local. A polícia recebia ordens do Sinédrio.

Havia ainda outro tipo de província. Eram aquelas conquistadas há mais tempo e já

pacificadas. Os habitantes desses lugares tinham cidadania romana. Era o caso do

apóstolo Paulo, que nasceu em Tarso, e tinha o direito de ser considerado cidadão

romano.

Tal prerrogativa proporcionava diversos direitos, principalmente tratamento

respeitoso e especial nas questões jurídicas. Um cidadão romano não podia, por

exemplo, ser açoitado. Paulo foi submetido a açoites, mas seus algozes ficaram

atemorizados quando souberam que tinham espancado um cidadão romano (Atos

16.37-38). Com base no mesmo direito, Paulo apelou para César quando quis se

defender das acusações que lhe eram feitas (Atos 25.10-12).

Imperadores Romanos no Período do Novo Testamento

> César Augusto Otaviano - ano 27 a.C. a 14 d.C. - Nascimento de Jesus - Início do

culto ao Imperador. (Lc.2.1)

> Tibério Júlio César Augusto - 14 a 27 - Ministério e Morte de Jesus. (Lc.3.1).

> Gaio Júlio César Germânico Calígula - 37 a 41 - Quis sua estátua no templo em

Jerusalém. Morreu antes que sua ordem fosse cumprida.

> Tibério Cláudio César Augusto Germânico - 41 a 54 - Expulsou os judeus de

Roma. (At.18.2).

> Nero Cláudio César Augusto Germânico - 54 a 68 - Começa perseguição de Roma

contra os cristãos. Paulo e Pedro morrem (At. 25.10; 28.19).

> Sérvio Galba César Augusto 68 - Cerco a Jerusalém.

> Marcos Oto César Augusto - 69 – mantém o cerco a Jerusalém.

> Aulus Vitélio Germânico Augusto - 69 - mantém o cerco a Jerusalém.

> César Vespasiano Augusto - 69 a 79 – Tinha sido general de Nero. Coloca seu filho

Tito como general. No ano 70, determina a destruição de Jerusalém.

> Tito César Vespasiano Augusto - 79-81.

> César Domiciano Augusto Germânico - 81 a 96 - Exigia ser chamado Senhor e

Deus. Grande perseguição. O apóstolo João ainda vivia durante o governo de

Domiciano.

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O AMBIENTE DO NASCIMENTO DO CRISTIANISMO

O Cristianismo nasceu na pequena Palestina, então sob o jugo romano; ela estava

dividida em províncias que a grosso modo, eram: Judéia, ao sul; Samaria, no centro;

e Galiléia ao norte. A cidade principal de toda essa região era Jerusalém; e em 63

a.c. ela foi subjugada por Pompeu, general romano. E a região chamada Palestina

foi conquistada pelos romanos em 64 a.C.

Segundo o Evangelho de Mateus e o de Lucas, Jesus nasceu em Belém, uma

cidadezinha cerca de 08 quilômetros ao sul de Jerusalém; ela é chamada Belém da

Judéia (ou Belém de Judá), porque há uma outra Belém, chamada Belém de

Zabulon, mencionada em Josué 19:16, cerca de 11 km a noroeste de Nazaré, na

Galiléia, e é identificada com a atual Beith Lahm; e é a mesma Belém do juiz Abesã

(ou Ibsã) que julgou Israel sete anos, mencionada em Juízes 12:8-10.

Belém de Judá é a terra da Casa de Davi (I Samuel 16:4); em Miquéias, em 5:1, ela é

honrada como a terra da origem da dinastia de Davi e, portanto, do descendente de

Davi que reinará sobre Israel.

A DIÁSPORA

Nos dias do Novo Testamento, a população judaica encontrava-se dispersa por

vários lugares. Além da própria Palestina, havia inúmeros judeus em Roma, Egito,

Ásia Menor, etc. Atos 2.9-11; Tiago 1.1; I Pedro 1.1. Tal dispersão, que recebe o

nome de Diáspora, tem razões diversas, começando pelos exílios para a Assíria e

Babilônia, e se completando por interesses comerciais dos judeus, e até mesmo em

função das dificuldades que se verificavam em sua terra natal. Esse quadro se

apresenta como cumprimento claro dos avisos divinos acerca da dispersão que

viria como conseqüência do pecado de Israel. Dt 28.64.

Assim, o judaísmo acabou se dividindo em função da distribuição geográfica. Havia

o judaísmo de Jerusalém, mais ligado à ortodoxia, e o judaísmo da Diáspora, ou

seja, praticado pelos judeus residentes fora da Palestina. Se até na Palestina, os

costumes gregos se impunham, muito mais isso ocorria na vida dos judeus em

outras regiões. Isto fez com que eles se preocupassem com o futuro de suas

tradições e sua religião. Tomaram então providências para que o judaísmo não

sucumbisse diante do helenismo, como a tradução do Velho Testamento do

hebraico para o grego, chamada Septuaginta.

Para muitos judeus conservadores, o judaísmo era propriedade nacional e não

devia ser propagado entre outros povos. Já os judeus da Diáspora se dedicaram a

conquistar gentios para a religião judaica.

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Tal fenômeno recebe o nome de proselitismo. Os novos convertidos eram

chamados prosélitos. Mateus 23.15 Atos 2.9-11; 6.5; 13.43. Essa prática difusora da

religião também foi adotada por judeus de Jerusalém, mas em escala bem menor.

As Sinagogas

O surgimento das sinagogas é normalmente atribuído ao período do exílio

babilônico, quando os judeus deixaram de ter um templo para adorar e sacrificar.

O fato indiscutível é que nos dias do Novo Testamento, tais locais de oração, ensino

e administração civil eram muito valorizados. Em qualquer localidade onde

houvesse 10 judeus, podia ser aberta uma sinagoga. Em cidades grandes poderia

haver várias, como era o caso de Jerusalém. A liderança da sinagora era exercida

pelo rabi (mestre), o qual era eleito pelos membros daquela comunidade.

Quando, seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo mudou a mentalidade

do Oriente Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes

à fé de seus pais, ao passo que outros se dispuseram a adaptar seu pensamento às

novas idéias que emanavam da Grécia. Por fim, o choque entre o helenismo e o

judaísmo deu origem a diversas seitas judaicas:

Os Fariseus

Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam

lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus. O nome fariseu, “separatista”,

foi provavelmente dado a eles por seu inimigos, para indicar que eram não-

conformistas. Pode, todavia, ter sido usado com escárnio porque sua severidade os

separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus vizinhos pagãos. A

lealdade à verdade às vezes produz orgulho e ate mesmo hipocrisia, e foram essas

perversões do antigo ideal farisaico que Jesus denunciou. Paulo se considerava um

membro deste grupo ortodoxo do judaísmo de sua época. Fp 3.5.

Saduceus

O partido dos saduceus, provavelmente denominado assim por causa de Zadoque,

o sumo sacerdote escolhido por Salomão (I Rs 2.35), negava autoridade à tradição

e olhava com suspeita para qualquer revelação posterior à Lei de Moisés. Eles

negavam a doutrina da ressurreição, e não criam na existência de anjos ou

espíritos. At 23.3. Eram, em sua maioria, gente de posses e posição, e cooperavam

de bom grado com os helenistas da época. Ao tempo do N.T. controlavam o

sacerdócio e o ritual do templo. A sinagoga, por outro lado, era a cidadela dos

fariseus.

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Essênios

O essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mudanismo

dos saudceus. Os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e

celibato. Davam atenção à leitura e estudo das Escrsturas, à oração e às lavagens

cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram conhecidos por sua laboriosidade e

piedade. Tanto a guerra quanto a escravidão era contrárias a seus princípios.

O mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os Manuscrito do Mar Morto

foram encontrados, é considerado por muitos estudiosos como um centro essênio

de estudo no deserto da Judéia. Os rolos indicam que os membros da comunidade

haviam abandonado as influências corruptas das cidades judaicas para

prepararem, no deserto, “o caminho do Senhor”. Tinham fé no Messias que viria e

consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.

Escribas

Os escribas não eram, estritamente falando, uma seita, mas sim, membros de uma

profissão. Eram, em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a ser considerados

autoridades quanto às Escrituras, e por isso exerciam uma função de ensino. Sua

linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com os quais aparecem

freqüentemente associados no N.T.

Herodianos

Os herodianos criam que os melhores interesses do judaísmo estavam na

cooperação com os romanos. Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que

procurou romanizar a Palestina em sua época. Os herodianos eram mais um

partido político que uma seita religiosa.

EXPANSÃO DO CRISTIANISMO APOSTÓLICO

A difusão do Cristianismo inicia-se no seio da comunidade judaica de Jerusalém. A

seguir, devido a perseguição à Igreja movida por Saulo, e a morte do primeiro

mártir, Estevão (At 7.54-60, 8.1-3).

De perseguidor, Paulo torna-se seguidor e grande difusor, e através dele a

mensagem do Evangelho ganha projeção mundial, não só geograficamente pelo seu

trabalho missionário, mas também culturalmente pela sua exposição da mensagem

cristã dentro dos conceitos gregos.

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Seu vigoroso pensamento formado por elementos tanto judeus quanto não judeus,

possibilitou ao Espírito Santo fazer de suas cartas uma boa nova para toda a

humanidade. “... a palavra da verdade do evangelho, que já chegou até vós, como

também está em todo o mundo e já vai frutificando..." (Col 1.5b,6a).

O Cristianismo conquista os judeus dispersos por todo o Império Romano,

ganhando as províncias orientais - o Egito, a Ásia Menor e a Grécia. Convertendo os

judeus de Alexandria, Éfeso, Antióquia, Corinto e outros centros lança as primeiras

bases para se fazer ouvir pelos pagãos.

Próximo ao ano de 90 d.C. morria João, o último dos doze apóstolos. Mas o alicerce

estava lançado. Roma, o mundo e a História, jamais seriam os mesmos. A pequena

semente de mostarda começava a brotar e crescer, para dar alívio e cura a um

mundo mergulhado na idolatria, na violência, no homossexualismo, no infanticídio,

na vazia especulação filosófica, no negro ocultismo. "Enquanto o grande corpo (do

Império Romano) foi invadido pela violência aberta, ou solapado pela lenta

decadência, uma religião humilde e pura, gentilmente insinuou-se para dentro da

mente dos homens, cresceu em silêncio e obscuridade, recebeu novo vigor da

oposição, e finalmente erigiu a triunfante bandeira da cruz, sobre as ruínas do

Capitólio”.

O sangue dos cristãos também é semente

Não tardaria e este grupo de pessoas entraria em conflito cada vez maior com o

sistema existente. Sua vida pura, sua fé incomum, seu zelo, perturbaram o

paganismo. Acusações de todos os tipos eram lançadas sobre os cristãos. Quando

no ano de 68 d.C. Roma foi incendiada, provavelmente pelo próprio Imperador

Nero, que para desviar a culpa de si, lançou-a sobre os cristãos, iniciando uma onda

de perseguição e morte sobre a Igreja de Roma. “Em primeiro lugar prenderam os

que se confessavam cristãos, e depois pelas denuncias destes, uma multidão

inumerável, os quais todos não tanto foram convencidos de haverem tido parte no

incêndio, mas de serem inimigos do gênero humano. O suplício destes miseráveis

foi ainda acompanhado de insultos, porque ou os cobriam com peles de animais

ferozes para serem devorados pelos cães, ou foram crucificados, ou os queimaram

de noite para servirem como de archotes e tochas ao público. Nero ofereceu seus

jardins para este espetáculo...”.

Isto seria apenas o início de uma longa série várias perseguições, em sua maioria

promovidas pelo estado no intuito de apagar a chama que se acendera no

Pentecoste. Domiciano, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Décio.

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Todos eles tiveram, na destruição da Igreja Cristã, parte de sua política. Os cristãos

foram queimados, crucificados, decapitados, lançados às feras do Coliseu. Mas

como no Egito, "quanto mais os afligiam... tanto mais se multiplicavam e se

espalhavam" (Ex 1.12).

Apesar de submetido a duras perseguições, por parte dos romanos e dos judeus, o

Cristianismo adquire, no decorrer dos séc. II e III, grande força política que se

consolida no governo de Constantino (306-337), primeiro imperador cristão. Em

Antióquia, pela primeira vez, os discípulos foram chamados cristãos (At 11, 26),

designação que os próprios seguidores de Cristo só começam a aplicar a si mesmos

por volta do séc. II.

O número de mártires crescia à medida em que as conversões aumentavam e o

império se sentia contestado. Inicialmente considerado pelos romanos como um

simples ramo do judaísmo (At 18,14-16), o cristianismo foi aos poucos suscitando

a hostilidade dos judeus e cresceu o bastante para assinalar diferenças e evocar

toda sorte de perseguições. Surgiram então os Atos dos mártires, documentos que

narravam os padecimentos e morte dos cristãos condenados e que se destinavam à

leitura nas comemorações anuais em sua honra, como ato de culto público.

Tomavam como base as informações oficiais dos julgamentos e os testemunhos

pessoais. Entre os Atos conhecem-se o Martírio de Policarpo (115), Atos de Justino

e seus companheiros (163-167) etc.

Realmente, os ideais de Jesus espalharam-se rapidamente pela Ásia, Europa e

África, principalmente entre a população mais carente, pois eram mensagens de

paz, amor e respeito. Os apóstolos se encarregaram de tal tarefa.

A religião fez tantos seguidores que no ano de 313, da nossa era, o imperador

Constantino concedeu liberdade de culto. No ano de 392, o cristianismo é

transformado na religião oficial do Império Romano.

Na época das grandes navegações (séculos XV e XVI), a religião chega até a América

através dos padres jesuítas, cuja missão era catequizar os indígenas.

Portanto, o nascimento do cristianismo se confunde com a história do império

romano e com a história do povo judeu. Na sua origem, o cristianismo foi apontado

como uma seita surgida do judaísmo e terrivelmente perseguida. Porém,

rapidamente, a doutrina cristã se espalhou pela região do Mediterrâneo e chegou

ao coração do império romano.

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A difusão do cristianismo pela Grécia e Ásia Menor foi obra especialmente do

apóstolo Paulo, que não era um dos 12 e teria sido chamado para a missão pelo

próprio Jesus. As comunidades cristãs se multiplicaram. Surgiram rivalidades. Em

Roma, muitos cristãos foram transformados em mártires, comidos por leões em

espetáculos no Coliseu, como alvos da ira de imperadores atacados por corrupção

e devassidão.

Desvios de percurso e situações históricas determinaram os rachas que dividiram

o cristianismo em várias confissões (as principais são as dos católicos, protestantes

e ortodoxos).

Atualmente, encontramos três principais ramos do cristianismo:

Catolicismo,

Protestantismo

e Igreja Ortodoxa.

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CAPITULO IV

HISTÓRIA DO CATOLICISMO

A igreja católica, que conhecemos hoje, é o resultado de

alterações feitas a partir da igreja primitiva. No ano 311,

Constantino ascendeu ao posto de Imperador. Este apoiou o

cristianismo e o transformou em religião oficial do Império

Romano. Então a Igreja de Roma iniciou a sua longa história de

sincretismo religioso com as doutrinas e práticas pagãs da

religiosidade romana, bem como a sua aliança com o Estado

romano. Constantino convocou em 325 d.C. o Concílio de Nicéia

onde surgiu o catolicismo romano influenciado por doutrinas pagãs. Foi

exatamente a partir daí que teve início a Igreja Católica Apostólica Romana, a

antiga igreja de Roma, agora "sob nova direção". Durante o período em que o

catolicismo foi absorvido pelo império romano os assuntos religiosos sofreram

ingerências dos imperadores romanos, tanto nas questões administrativas quanto

teológicas.

I. Cristianização do Império Romano

No ano 363 AD todos os governadores professaram o Cristianismo e antes de

findar o quarto século o Cristianismo, foi virtualmente estabelecido como religião

do Império. O cristianismo, perseguido sob Diocleciano (284-305), elevado à

igualdade aos cultos pagãos no reino de Constantino (306-337) e proclamado

religião oficial com Teodósio (394-395), dominaria em quase todas as suas

realizações. Tertuliano (160-220 d.C) escreveu: "Nós somos de ontem e, todavia,

enchemos o vosso império, vossas cidades, vilas, ilhas, tribos, campos, castelos,

palácios, assembléias e o senado."

1. Conversão de Constantino

Era o mês de outubro do ano 312. Um jovem general, a quem todas as tropas

romanas da Bretanha e da Gália eram fiéis, marchava em direção a Roma para

desafiar Maxêncio, outro postulante ao trono imperial. Segundo o relato da

história, o general Constantino olhou para o céu e viu um sinal, uma cruz brilhante,

na qual podia ler: "Com isto vencerás". O supersticioso soldado já estava

começando a rejeitar as divindades romanas a favor de um único Deus.

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Seu pai adorava o supremo deus Sol. Seria um bom presságio daquele Deus na

véspera da batalha? Mais tarde, Cristo teria aparecido a Constantino em um sonho,

segurando o mesmo sinal (uma cruz inclinada), lembrando as letras gregas chi (?)

e rho (?), as duas primeiras letras da palavra Christos. O general foi instruído a

colocar esse sinal nos escudos de seus soldados, o que fez prontamente, da forma

exata como fora ordenado. Conforme prometido, Constantino venceu a batalha.

Esse foi um dos diversos momentos marcantes do século IV, um período de

violentas mudanças. Se você tivesse saído de Roma no ano 305 d.C. para viver anos

no deserto, quando voltasse certamente esperaria encontrar o cristianismo morto

ou enfrentando as últimas ondas de perseguição. Em vez disso, o cristianismo se

tornou a religião patrocinada pelo império. Depois de ter tomado o poder em 284,

Diocleciano, um dos mais brilhantes imperadores romanos, começou uma enorme

reorganização que afetaria as áreas militar, econômica e civil. Durante certo

período de tempo, ele deixou o cristianismo em paz.

Uma das grandes idéias de Diocleciano foi a reestruturação do poder imperial.

Dividiu o império em Oriente e Ocidente, e cada lado teria um imperador e um

vice-imperador (ou césar). Cada imperador serviria por vinte anos e, a seguir, os

césares assumiriam também por vinte anos e assim por diante. No ano 286,

Diocleciano indicou Maximiano imperador do Ocidente, enquanto ele mesmo

continuava a governar o Oriente. Os césares eram Constancio Cloro (pai de

Constantino) no Ocidente e Galério no Oriente.

Galério era radicalmente anticristão (há informações que ele atribuiu a perda de

uma batalha a um soldado cristão que fez o sinal da cruz). É bem provável que o

imperador do Oriente tenha assumido posições anticristãs por instigação de

Galério. Tudo isso era parte da reorganização do império, de modo que a lógica era

a seguinte: Roma tinha uma moeda única, uní sistema político único e, portanto,

deveria ter uma única religião; os cristãos, porém, estavam em seu caminho.

A partir do ano 298, os cristãos foram retirados do exército e do serviço civil. Em

303, a grande perseguição teve início. As autoridades planejaram impor severas

sanções sobre os cristãos, que começariam a ser implantadas na Festa da Termi-

nália, em 23 de fevereiro. As igrejas foram arrasadas, as Escrituras confiscadas, e

as reuniões proibidas. No início, não houve derramamento de sangue, mas Galério

logo se encarregou de mudar essa situação.

Quando Diocleciano e Maximiano deixaram seus postos (de acordo com o

planejado), em 305, Galério desencadeou uma perseguição ainda mais brutal. De

modo geral, Constantino, que governava o Ocidente, era mais indulgente.

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Porém, as histórias de horror do Oriente eram abundantes. Até o ano 310, a

perseguição tirou a vida de milhares cristãos. Contudo, Galério foi incapaz de

esmagar a igreja. Estranhamente, em seu leito de morte, ele mudou de idéia. Em

outro grande momento, no dia 30 de abril de 311, o feroz imperador desistiu de

lutar contra o cristianismo e promulgou o Édito de Tolerância. Sempre político,

insistiu em que fizera tudo para o bem do império, mas que "grande número" de

cristãos "persiste em sua determinação". Desse modo, agora era melhor permitir

que eles se encontrassem livremente, contanto que não atentassem contra a ordem

pública. Além disso, declarou: "Será tarefa deles orar ao seu Deus em benefício de

nosso Estado". Roma precisava de toda a ajuda que pudesse obter. Galério morreu

seis dias depois.

O grande plano de Diocleciano, no entanto, começava a ruir. Quando Constancio

morreu, no ano 306, seu filho Constantino foi proclamado governador por seus

soldados leais. Maximiano, porém, tentou sair do exílio e governar o Ocidente

outra vez com o filho, Maxêncio (que terminou tirando o próprio pai do poder).

Enquanto isso, Galério indicava um general de sua confiança, Licínio, para

governar o Ocidente. Cada um desses futuros imperadores reivindicava um pedaço

do território ocidental. Eles teriam de lutar por ele. Constantino, de maneira astuta,

forjou uma aliança com Licínio e lutou contra Maxêncio. Na batalha da Ponte

Mílvia, Constantino saiu vitorioso. Naquele momento, Constantino e Licínio montaram um delicado equilíbrio de

poder. Constantino estava ansioso para agradecer a Cristo por sua vitória e, desse

modo, optou por dar liberdade e status à igreja. No ano 313, ele e Licínio emitiram

oficialmente o Edito de Milão, garantindo a liberdade religiosa dentro do império.

"Nosso propósito", dizia o édito, "é garantir tanto aos cristãos quanto a todos os

outros a plena autoridade de seguir qualquer culto que o homem desejar".

Constantino, imediatamente, assumiu o interesse imperial pela igreja: restaurou

suas propriedades, deu-lhe dinheiro, interveio na controvérsia donatista e

convocou os concilios eclesiásticos de Arles e de Nicéia. Ele também fazia

manobras para obter poder sobre Licínio, a quem finalmente depôs, em 324.

Assim, a igreja passou de perseguida a privilegiada. Em um período de tempo

surpreendentemente curto, suas perspectivas mudaram por completo. Depois de

séculos como movimento contracultural, a igreja precisava aprender a lidar com o

poder. Ela não fez todas as coisas de maneira correta. A própria presença dinâmica

de Constantino modelou a igreja do século IV, modelo que ela adotou daí em

diante. Ele era um mestre do poder e da política, e a igreja aprendeu a usar essas

ferramentas.

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A visão de Constantino foi autêntica ou ele foi apenas um oportunista, que usou o

cristianismo para benefício próprio? Somente Deus conhece a alma. Embora tenha

falhado na demonstração de sua fé em várias ocasiões, o imperador certamente

assumiu um interesse ativo no cristianismo que professava, chegou até mesmo a

correr risco pessoal em certos momentos. Ε certo que Deus usou Constantino para

fazer com que as coisas acontecessem para a igreja. O imperador afirmou e

assegurou a tolerância oficial à fé.

2. O edito de tolerância, 313

Por este edito, Constantino concedeu "aos cristãos e a todos os outros plena

liberdade de seguir a religião que a cada um aprouvesse", o primeiro deste gênero

na História. E foi adiante: favoreceu de todos os modos os cristãos; deu-lhes os

principais cargos; isentou ministros cristãos de impostos e do serviço militar;

incentivou e ajudou a construção de igrejas; fez do cristianismo a religião de sua

corte; expediu uma exortação geral, 325, a todos os súditos para que abraçassem o

cristianismo; e porque a aristocracia romana persistisse em seguir suas religiões

pagãs, mudou a capital para Bizâncio e denominou-a Constantinopla, "Nova

Roma", capital do novo império cristão.

3. Os benefícios da cristianização do Império Romano

3.1. As perseguições acabaram.

3.2. Em muitos lugares os templos pagãos foram dedicados ao culto cristão.

3.3. Constantino estabeleceu o Domingo como dia de descanso e adoração.

3.4. Foi abolida a crucifixão como gênero de pena capital.

3.5. O infanticídio foi reprimido.

3.6. As lutas de gladiadores foram proibidas.

3.7. Foi abolida a escravidão.

3.8. Foi abolida os combates de gladiadores.

3.9. O primeiro templo cristão foi construído em (222-35).

3.10. Depois do edito de Constantino, muitos templos foram construídos.

4. A Fundação de Constantinopla

O Imperador Constantino compreendeu que a cidade de Roma estava intimamente

ligada à adoração pagã, cheia de templos e estátuas pagãs. Ele desejava uma capital

sob os auspícios da nova religião. Na nova capital, a igreja era honrada e

considerada, não havia templos pagãos.

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II. A paganização da Igreja

Apesar de os triunfos do Cristianismo haverem proporcionado boas coisas ao povo,

contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia trazer, como de fato

trouxe, maus resultados para a igreja. Com a conversão do imperador Constantino

em 312, a situação da igreja mudou drasticamente. Os cristãos saíram da posição

de perseguidos e tornaram-se membros de uma religião respeitável que desfrutava

apoio oficial. Contudo, à medida que grandes multidões começaram a entrar na

igreja, ficou mais difícil distinguir entre os que tinham compromisso verdadeiro

com Cristo e os que queriam apenas tomar parte da religião popular. A fé se

transformou em uma coisa fácil e a sinceridade foi prejudicada. Ao longo de sua

história muitas doutrinas estranhas continuaram a penetrar no catolicismo

romano. Fazendo que cada vez mais ela se distanciasse de sua origem. Doutrina Católica Ano Culto aos santos 370 d.C.

Oração pelos mortos e o sinal da cruz 400 d.C.

Exaltação a Maria e a condição de "mãe de Deus" 431 d.C.

Começo do papado 500 d.C.

A doutrina do purgatório 593 d.C.

Doutrina do purgatório 600 d.C.

A adoração da cruz, imagens e relíquias 786 d.C.

A canonização dos santos mortos 995 d.C.

Veneração das relíquias 1000 d.C.

Canonização dos santos 1000 d.C.

O celibato do sacerdócio 1079 d.C.

Missa paga 1100 d.C.

Culto aos anjos 1100 d.C.

Santa Inquisição 1186 d.C.

Os sete sacramentos 1215 d.C.

A transubstanciação 1215 d.C.

A confissão auricular 1216 d.C.

Venda de indulgências 1515 d.C.

Adoração à hóstia 1220 d.C.

Proibição da leitura da Bíblia 1229 d.C.

A Igreja Católica declara que somente nela há salvação 1303 d.C.

Oração da Ave Maria 1317 d.C.

Inserção oficial dos livros apócrifos na Bíblia 1546/7d.C.

Imaculada conceição de Maria 1845 d.C.

Infalibilidade papal 1870 d.C.

Assunção de Maria 1950 d.C.

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A união entre a Igreja e o Estado e o cristianismo sendo a religião oficial do império

fizeram com que as formas litúrgicas fossem substituídas por cultos mais

elaborados cheio de pompa. Das pequenas e salas das casas dos irmãos onde se

celebravam os estudos bíblicos e o culto ao Senhor, deram lugar aos grandes e

ricamente ornamentados templos.

Esses eram, geralmente, construídos nos suposto lugares de residência do mártir

ou santo. Deu-se início a paganização da igreja e começou a ser introduzido muitas

heresias e a doutrina apostólica sofreu profunda e radical mudança.

1. Outros prejuízos da cristianização do Império Romano

1.1. As Igrejas eram mantidas e controladas pelo Estado.

1.2. Os ministros eram privilegiados, mas eram controlados pelo Estado.

1.3. Iniciaram-se as perseguições aos pagãos (não cristãos).

1.4. Falsas conversões (muitos se convertiam para fugir da perseguição).

1.5. Não havia nenhum critério (exigência) para se tornar cristão.

1.6. Aceitavam o cristianismo para assim obterem influência social e política.

1.7. Os cultos aumentaram em esplendor, porém eram menos espirituais.

1.8. As festas pagãs tiveram seus lugares na Igreja, mas, com outros nomes.

1.9. A adoração a Vênus/Diana foi substituída pela adoração a virgem Maria.

1.10. Imagens dos mártires nos templos, como objeto de reverência e culto.

Evidentemente esta união foi à pior calamidade que já sobreveio à mesma Igreja. O

desígnio de Cristo era vencer por meios puramente espirituais e morais. Até ao

tempo de Constantino as conversões eram voluntárias, por uma genuína mudança

do coração e da vida. Agora, porém, as conversões forçadas enchiam as igrejas de

gente não regenerada. Entrou na Igreja o espírito militar da Roma Imperial,

mudando-lhe a natureza e tornando-a uma organização política e fazendo-a

precipitarem-se no milênio das abominações papais.

Como resultado deste promíscuo casamento da igreja com o estado, cristãos

zelosos dessa época, com freqüência, optavam por lutar contra o

comprometimento de sua fé afastando-se do mundo. Antão (um erimita - um dos

principais fundadores das comunidades monásticas) buscou fazer isso e foi viver

em uma caverna. De acordo com Atanásio, seu biógrafo, durante doze anos Antão

foi cercado por demônios que assumiam formas de vários animais estranhos e que,

em alguns momentos, o atacavam, e, em determinada ocasião, quase o mataram.

Eles estavam tentando trazer Antão de volta ao mundo dos prazeres sensuais, mas

Antão sempre se levantava de maneira triunfante.

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Para se afastar ainda mais do mundo, Antão se mudou para um forte abandonado,

onde viveu vinte anos sem ver rosto humano. Sua comida lhe era jogada por cima

do muro. As pessoas ouviam sobre sua impressionante autonegação e suas

batalhas com os demônios. Alguns admiradores ergueram casas rudes próximas ao

forte, e, de modo relutante, ele se tornou conselheiro espiritual delas, dando-lhes

orientação sobre jejum, oração e obras de caridade. Antão certamente se tornou

um modelo de autonegação.

A REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO XVI

1. Antecedentes – final da Idade Média

1.1 Os Estados Nacionais

Nos séculos que antecederam a Reforma Protestante, a Igreja não vivia em um

vácuo, mas sim em um contexto político e social mais amplo com o qual tinha

múltiplas interações.

No final da Idade Média, houve o surgimento dos chamados “estados nacionais”, as

modernas nações européias, o que representou uma grande ameaça às pretensões

do papado. Na Alemanha (Sacro Império Romano), Rudolf von Hapsburg foi eleito

imperador em 1273. Em 1356, um documento conhecido como Bula de Ouro

determinou que cada novo imperador seria escolhido por sete eleitores (quatro

nobres e três arcebispos). Havia descentralização política, isto é, o poder dos

príncipes limitava a autoridade do imperador, e forte tensão entre a igreja e o

estado.

Na França, houve o fortalecimento da monarquia com Filipe IV, o Belo (1285-

1314). Esse rei enfrentou com êxito o poder da Igreja e dos papas e preparou a

França para tornar-se o primeiro estado nacional moderno. Na Inglaterra, o

parlamento reuniu-se pela primeira vez em 1295. Esse país teve um grande rei na

pessoa de Eduardo I (†1307), que subjugou os nobres e enfrentou com êxito o

papa na questão de impostos.

1.2 O Declínio do Papado

Este período começa com o pontificado de BonifácioVIII (1294-1303), um papa

arrogante e ambicioso que entrou em confronto direto com o rei Filipe IV acerca de

impostos e da autoridade papal. Bonifácio publicou três famosas bulas: Clericis

Laicos, na qual reclama que os leigos sempre foram hostis ao clero; Ausculta Fili

(“Escuta, filho”), dirigida ao rei francês, e Unam Sanctam (1302),

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denominada “o canto do cisne do papado medieval”. Irritado com as ações papais,

Filipe enviou suas tropas, o papa foi preso e faleceu um mês após ser libertado.

Seguiu-se um período de crescente desmoralização do papado. Clemente V (1305-

1314), um papa francês, transferiu a Cúria, ou seja, a administração da Igreja, para

Avinhão, ao sul da França, no que ficou conhecido como o “Cativeiro Babilônico da

Igreja” (1309-1377). Em toda parte, cresceram as críticas às extravagâncias e ao

luxo da corte papal. João XXII (1316-1334) mostrou-se eficiente na cobrança de

taxas e dízimos para cobrir essas despesas.

Finalmente, ocorreu o chamado “Grande Cisma”, em que houve dois e

posteriormente três papas rivais em Roma, Avinhão e Pisa (1378-1417). Diante

dessa situação constrangedora, surgiu em toda a Europa um clamor por “reformas

na cabeça e nos membros”.

1.3 O Movimento Conciliar

Durante o “Grande Cisma”, cada papa considerou-se o único legítimo e

excomungou o rival. Assim, houve a necessidade de um concílio para resolver a

crise. O Concílio de Pisa (1409) elegeu um novo papa, mas os outros dois

recusaram-se a serem depostos, resultando em três papas ao mesmo tempo. João

XXIII, o segundo papa pisano, convocou o Concílio de Constança (1414-1417), que

depôs os três papas, elegeu Martinho V como único papa, decretou a supremacia

dos concílios sobre o papa e condenou os pré-reformadores João Wycliff, João Hus

e Jerônimo de Praga. O Concílio de Basiléia (1431-1449) reafirmou a superioridade

dos concílios. Finalmente, o Concílio de Ferrara-Florença (1438-1445) tentou a

união com a Igreja Ortodoxa (frustrada pela conquista de Constantinopla pelos

turcos em 1453) e reafirmou a supremacia papal. Essa tentativa fracassada de

tornar a Igreja mais democrática e governá-la através de concílios ficou conhecida

como conciliarismo.

1.4 Movimentos dissidentes

Outro aspecto desse período de efervescência foi o surgimento de alguns

movimentos dissidentes no sul da França que despertaram forte oposição da Igreja

Católica. Um deles foi o dos cátaros (em grego = “puros”) ou albigenses (da cidade

de Albi), surgidos no século 11. Caracterizavam-se por um sincretismo cristão,

gnóstico e maniqueísta, com um dualismo radical (espiritual x material) e extremo

ascetismo. Foram condenados pelo 4° Concílio Lateranense em 1215 e mais tarde

aniquilados por uma cruzada. Para combater esses e outros hereges, a Inquisição

foi oficializada em 1233.

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Outro movimento foi liderado por Pedro Valdo ou Valdes († c.1205), de Lião, cujos

seguidores ficaram conhecidos como “homens pobres de Lião”. Tinham um estilo

de vida comunitário, ensinavam as Escrituras no vernáculo (enfatizando o Sermão

do Monte), incentivavam a pregação de leigos e de mulheres, negavam o

purgatório. Condenados pelo Concílio de Verona em 1184, foram muito

perseguidos, refugiando-se em vales remotos e quase inacessíveis dos alpes

italianos. Mais tarde, abraçaram a Reforma Protestante, sendo assim uma das

poucas Igrejas protestantes anteriores à Reforma do Século 16.

1.5 Primeiros Movimentos de Reforma

Nos séculos 14 e 15, surgiram alguns movimentos esporádicos de protesto contra

certos ensinos e práticas da Igreja Medieval. Um deles foi encabeçado por João

Wycliff (1325?-1384), um sacerdote e professor da Universidade de Oxford, na

Inglaterra. Wycliff atacou as irregularidades do clero, as superstições (relíquias,

peregrinações, veneração dos santos), bem como a transubstanciação, o

purgatório, as indulgências, o celibato clerical e as pretensões papais. Seus

seguidores, conhecidos como os lolardos, tinham a Bíblia como norma de fé que

todos devem ler e interpretar.

João Hus (c.1372-1415), um sacerdote e professor da Universidade de Praga, na

Boêmia, foi influenciado pelos escritos de Wycliff. Definia a igreja por uma vida

semelhante à de Cristo, e não pelos sacramentos. Dizia que todos os eleitos são

membros da igreja e que o seu cabeça é Cristo, não o papa. Insistia na autoridade

suprema das Escrituras. Hus foi condenado à fogueira pelo Concílio de Constança.

Seus seguidores ficaram conhecidos como Irmãos Boêmios (1457) e foram muito

perseguidos. Foram os precursores dos Irmãos Morávios, que veremos

posteriormente, outro grupo protestante cujas raízes são anteriores à Reforma do

século 16. Outro indivíduo incluído entre os pré-reformadores é Jerônimo

Savonarola (1452-1498), um frade dominicano de Florença, na Itália, que pregou

contra a imoralidade na sociedade e na Igreja, inclusive no papado. Governou a

cidade por algum tempo, mas finalmente foi excomungado e enforcado como

herege.

1.6 Movimentos Devocionais

Além dos movimentos que romperam com a Igreja, houve outros que

permaneceram na mesma por se concentrarem na vida devocional, sem críticas

aos dogmas católicos. Um deles foi o misticismo, bastante forte na Inglaterra,

Holanda e especialmente na Alemanha (Reno). Os principais místicos dessa época

foram Meister Eckhart (†1327); Tauler (†1361)

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e os “Amigos de Deus”, Henrique Suso (†1366) e mais tarde o célebre teólogo e

líder eclesiástico Nicolau de Cusa (1401-1464). O misticismo dava ênfase à união

com Deus, ao amor, à humildade e à caridade, e produziu uma belíssima literatura

devocional.

Outro importante movimento foi a Devoção Moderna, que se manteve forte

durante todo o século 15. Suas ênfases recaíam sobre a espiritualidade, a leitura da

Bíblia, a meditação e a oração. Também valorizava a educação, criando ótimas

escolas. Foi um movimento leigo, para ambos os sexos, e também exerceu grande

influência sobre os reformadores protestantes. Os participantes eram conhecidos

como Irmãos da Vida Comum. A obra mais importante e popular produzida por

esse movimento foi o belíssimo livreto devocional A Imitação de Cristo (1418),

escrito por Thomas à Kempis.

1.7 Os humanistas bíblicos

O interesse pelas obras da Antiguidade levou ao estudo da Bíblia nas línguas

originais pelos chamados humanistas bíblicos. Os principais deles foram o italiano

Lorenzo Valla (†1457), estudioso do Novo Testamento; o inglês John Colet

(†1519), estudioso das epístolas paulinas; o alemão Johannes Reuchlin (†1522),

notável hebraísta; o francês Lefèvre D’Étaples (†1536), tradutor do Novo

Testamento; e o holandês Erasmo de Roterdã (1466?-1536), “o príncipe dos

humanistas”, que publicou uma edição crítica do Novo Testamento grego com uma

tradução latina, talvez a obra mais importante publicada no século 16, que serviu

de base para as traduções de Lutero, Tyndale e Lefèvre e muito influenciou os

reformadores protestantes. Esse retorno às Escrituras muito contribuiu para a

Reforma do Século 16.

1.8 Situação Geral

O final da Idade Média foi marcado por muitas convulsões políticas, sociais e

religiosas. Entre as políticas destacou-se a Guerra dos Cem Anos (1337-1453),

entre a Inglaterra e a França, na qual tornou-se famosa a heroína Joana D’Arc.

Houve também muitas revoltas camponesas, o declínio do feudalismo, a expansão

das cidades e o surgimento do capitalismo. No aspecto social, havia fomes

periódicas e o terrível flagelo da peste bubônica ou peste negra (1348). As guerras,

epidemias e outros males produziam morte, devastação e desordem, ou seja, a

ruptura da vida social e pessoal. O sentimento dominante era de insegurança,

ansiedade, melancolia e pessimismo. Isso era ilustrado pela “dança da morte”,

gravuras que se viam em toda parte com um esqueleto dançante.

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Na área religiosa, houve a erosão do ideal da cristandade ou “corpus christianum”,

a sociedade coesa sob a liderança da igreja e dos papas. A religiosidade era

meritória, com missas pelos mortos, crença no purgatório e invocação dos santos e

Maria. Ao mesmo tempo, havia grande ressentimento contra a igreja por causa dos

abusos praticados e do desvio dos seus propósitos. Isso é ilustrado pela situação do

papado no final do século 15 e início do século 16. Os chamados papas do

renascimento foram mais estadistas e patronos das artes e da cultura do que

pastores do seu rebanho.

A instituição papal continuou em declínio, com muitas lutas políticas, simonia,

nepotismo, falta de liderança espiritual, aumento de gastos e novos impostos

eclesiásticos. Como papa Alexandre VI (1492-1503), o espanhol Rodrigo Borja foi

um generoso promotor das artes e da carreira dos seus filhos César e Lucrécia;

Júlio II (1503-1513) foi um papa guerreiro, comandando pessoalmente o seu

exército; Leão X (1513-1521), o papa contemporâneo de Lutero, teria dito quando

foi eleito: “Agora que Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo”.

2. A Reforma Protestante – 1ª Parte

2.1 O contexto social e religioso

Vimos, no final da seção anterior, alguns elementos que caracterizavam a

sociedade européia às vésperas da Reforma. Havia muita violência, baixa

expectativa de vida, profundos contrastes socioeconômicos e um crescente

sentimento nacionalista. Havia também muita insatisfação, tanto dos governantes

como do povo, em relação à Igreja, principalmente ao alto clero e a Roma. Na área

espiritual, havia insegurança e ansiedade acerca da salvação em virtude de uma

religiosidade baseada em obras, também chamada de religiosidade contábil ou

“matemática da salvação” (débitos = pecados; créditos = boas obras).

Foi bastante inusitado o episódio mais imediato que desencadeou o protesto de

Lutero. Desde meados do século 14, cada novo líder do Sacro Império Romano era

escolhido por um colégio eleitoral composto de quatro príncipes e três arcebispos.

Em 1517, quando houve a eleição de um novo imperador, um dos três

arcebispados eleitorais (o de Mainz ou Mogúncia) estava vago.

Uma das famílias nobres que participavam desse processo, os Hohenzollern,

resolveu tomar para si esse cargo e assim ter mais um voto no colégio eleitoral. Um

jovem da família, Alberto, foi escolhido para ser o novo arcebispo, mas havia dois

problemas: ele era leigo e não tinha a idade mínima exigida pela lei canônica para

exercer esse ofício. O primeiro problema foi sanado com a sua rápida ordenação ao

sacerdócio.

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Quanto ao impedimento da idade, era necessária uma autorização especial do

papa, o que levou a um negócio altamente vantajoso para ambas as partes. A

família nobre comprou a autorização do papa Leão X mediante um empréstimo

feito junto aos banqueiros Fugger, de Augsburgo. Ao mesmo tempo, o papa

autorizou o novo arcebispo Alberto de Brandemburgo a fazer uma venda especial

de indulgências, dividindo os rendimentos da seguinte maneira: parte serviria para

o pagamento do empréstimo feito pela família e a outra parte iria para as obras da

Catedral de São Pedro, em Roma. E assim foi feito. Tão logo foi instalado no seu

cargo, Alberto encarregou o dominicano João Tetzel de fazer a venda das

indulgências (o perdão das penas temporais do pecado). Quando Tetzel

aproximou-se de Wittenberg, Lutero resolveu pronunciar-se sobre o assunto.

2.2 Martinho Lutero (1483-1546)

Martinho Lutero nasceu em 1483 na pequena cidade de Eisleben, na Turíngia, em

um lar muito religioso. Seu pai trabalhava nas minas e a família tinha uma vida

confortável. Inicialmente, o jovem pretendeu seguir a carreira jurídica, mas em

1505 defrontou-se com a morte em uma tempestade e resolveu abraçar a vida

religiosa.

Ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt, onde se dedicou a uma intensa busca

da salvação. Em 1512, tornou-se professor da Universidade de Wittenberg, onde

passou a ministrar cursos sobre vários livros da Bíblia, como Gálatas e Romanos.

Isso lhe deu um novo entendimento acerca da “justiça de Deus”: ela não era

simplesmente uma expressão da severidade de Deus, mas do seu amor que

justifica o pecador mediante a fé em Jesus Cristo (Rom 1.17).

No dia 31 de outubro de 1517, diante da venda das indulgências por João Tetzel,

Lutero afixou à porta da igreja de Wittenberg as suas Noventa e Cinco Teses, a

maneira usual de convidar-se uma comunidade acadêmica para debater algum

assunto. Logo, uma cópia das teses chegou às mãos do arcebispo, que as enviou a

Roma. No ano seguinte, Lutero foi convocado para ir a Roma a fim de responder à

acusação de heresia. Recusando-se a ir, foi entrevistado pelo cardeal Cajetano e

manteve as suas posições. Em 1519, Lutero participou de um debate em Leipzig

com o dominicano João Eck, no qual defendeu o pré-reformador João Hus e

afirmou que os concílios e os papas podiam errar.

Em 1520, a bula papal Exsurge Domine (= “Levanta-te, Senhor”) deu-lhe sessenta

dias para retratar-se ou ser excomungado. Os estudantes e professores da

universidade queimaram a bula e um exemplar da lei canônica em praça pública.

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Nesse mesmo ano, Lutero escreveu várias obras importantes, especialmente três:

À Nobreza Cristã da Nação Alemã, O Cativeiro Babilônico da Igreja e A Liberdade

do Cristão. Isso lhe deu notoriedade imediata em toda a Europa e aumentou a sua

popularidade na Alemanha. No início de 1521, foi publicada a bula de excomunhão,

Decet Pontificem Romanum. Nesse ano, Lutero compareceu a uma reunião do

parlamento, a Dieta de Worms, onde reafirmou as suas idéias. Foi promulgado

contra ele o Edito de Worms, que o levou a refugiar-se no castelo de Wartburgo,

sob a proteção do príncipe-eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio. Ali, Lutero

começou a produzir uma obra-prima da literatura alemã, a sua tradução das

Escrituras.

2.3 A Reforma na Alemanha

A partir de então, a reforma luterana difundiu-se rapidamente no Sacro Império,

sendo abraçada por vários principados alemães. Isso levou a dificuldades

crescentes com os principados católicos, com o novo imperador Carlos V (1519-

1556) e com o parlamento (Dieta). Na Dieta de 1526, houve uma atitude de

tolerância para com os luteranos, mas em 1529 a Dieta de Spira reverteu essa

política conciliadora. Diante disso, os líderes luteranos fizeram um protesto formal

que deu origem ao nome histórico “protestantes”. No ano seguinte, o auxiliar e

eventual sucessor de Lutero, Filipe Melanchton (1497-1560), apresentou ao

imperador Carlos V a Confissão de Augsburgo, um importante documento que

definia em 21 artigos a doutrina luterana e indicava sete erros que Lutero via na

Igreja Católica Romana.

Os problemas político-religiosos levaram a um período de guerras entre católicos e

protestantes (1546-1555), que terminaram com um tratado, a Paz de Augsburgo.

Esse tratado assegurou a legalidade do luteranismo mediante o princípio “cujus

regio, eius religio”, ou seja, a religião de um príncipe seria automaticamente a

religião oficial do seu território. O luteranismo também se difundiu em outras

partes da Europa, principalmente nos países nórdicos, surgindo igrejas nacionais

luteranas na Suécia (1527), Dinamarca (1537), Noruega (1539) e Islândia (1554).

Lutero e os demais reformadores defenderam alguns princípios básicos que viriam

a caracterizar as convicções e práticas protestantes: sola Scriptura, solo Christo,

sola gratia, sola fides, soli Deo gloria. Outro princípio aceito por todos foi o do

sacerdócio universal dos fiéis.

2.4 Ulrico Zuínglio (1484-1531)

Ulrico Zuínglio recebeu uma educação esmerada, com forte influência humanista.

Inicialmente, foi sacerdote em Glarus (1506) e em Einsiedeln (1516).

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Influenciado pelo Novo Testamento publicado por Erasmo de Roterdã, tornou-se

um estudioso das Escrituras e um pregador bíblico. Com isso, foi chamado para

trabalhar na catedral de Zurique em 1518. Quatro anos mais tarde, surgiram as

primeiras divergências com a doutrina católica. Zuínglio defendeu o consumo de

carne na quaresma e o casamento dos sacerdotes, alegando não serem essas coisas

proibidas nas Escrituras. Ele propôs o princípio de que tudo devia ser julgado pela

Bíblia.

Em 1523, houve o primeiro debate público em Zurique e a cidade começou a

tornar-se protestante. O reformador escreveu os Sessenta e Sete Artigos – a carta

magna da reforma de Zurique – nos quais defendeu a salvação somente pela graça,

a autoridade da Escritura e o sacerdócio dos fiéis, bem como atacou o primado do

papa e a missa. Esse movimento suíço, conhecido como a “segunda reforma”, deu

origem às igrejas “reformadas”, difundindo-se inicialmente na Suíça alemã e no sul

da Alemanha. Em 1525, o Conselho Municipal de Zurique adotou o culto em lugar

da missa e em geral promoveu mudanças mais radicais do que as efetuadas por

Lutero.

Como estava acontecendo na Alemanha, também na Suíça houve guerras entre

católicos e protestantes. Em 1529, travou-se a primeira batalha de Kappel. No

mesmo ano, a Dieta de Spira mostrou aos protestantes a necessidade de uma

aliança contra os seus adversários. Para tanto, era necessário que resolvessem

algumas diferenças doutrinárias. Isso levou ao Colóquio de Marburg, convocado

pelo príncipe Filipe de Hesse. Luteranos e reformados concordaram sobre a maior

parte das questões doutrinárias, mas divergiram seriamente sobre o significado da

Santa Ceia. Em 1531, Zuínglio morreu na segunda batalha de Kappel.

2.5 Os Reformadores Radicais (Anabatistas)

O terceiro movimento da Reforma Protestante surgiu na própria cidade de

Zurique. Em 1522, homens como Conrado Grebel e Félix Mantz começaram a

reunir-se com amigos para estudar a Bíblia. Inicialmente, eles apoiaram a obra de

Zuínglio, mas a partir de 1524 passaram a condenar tanto Zuínglio quanto as

autoridades municipais, alegando que a sua obra de reforma não estava sendo

profunda o suficiente. Por causa de sua insistência no batismo de adultos, foram

apelidados de “anabatistas”, ou seja, rebatizadores, sendo também chamados de

radicais, fanáticos, entusiastas e outras designações. Por causa de suas atividades

de protesto, nas quais chegavam a interromper cultos e celebrações da ceia, os

líderes anabatistas sofreram punições de severidade crescente. Em 1526, Grebel

morreu em uma epidemia, mas seu pai foi decapitado, Mantz foi afogado e outro

líder, Jorge Blaurock, foi expulso da cidade.

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O movimento logo se difundiu nas vizinhas Alemanha e Áustria e em outras partes

da Europa. Um importante líder em Estrasburgo foi Miguel Sattler (c.1490-1527),

que presidiu a conferência de Schleitheim (1527), na qual os anabatistas

aprovaram a Confissão de Fé de Schleitheim. Essa confissão definiu os princípios

anabatistas básicos: ideal de restauração da igreja primitiva; igrejas vistas como

congregações voluntárias separadas do Estado; batismo de adultos por imersão;

afastamento do mundo; fraternidade e igualdade; pacifismo; proibição do porte de

armas, cargos públicos e juramentos. Os anabatistas foram os únicos protestantes

do século 16 a defenderem a completa separação entre a igreja e o estado.

Os anabatistas adquiriram uma reputação negativa por causa de acontecimentos

ocorridos na cidade de Münster (1532-1535). Influenciados por Melchior Hoffman,

que anunciou o fim do mundo e a destruição dos ímpios, alguns anabatistas

implantaram uma teocracia intolerante naquela cidade alemã. Finalmente, foram

todos mortos por um exército católico. Já na Holanda, o movimento teve um líder

equilibrado e capaz na pessoa de Menno Simons (1496-1561), do qual vieram os

menonitas. Outro líder de expressão foi Jacob Hutter (†1536), na Morávia. Os

menonitas e os huteritas viviam em colônias, tendo tudo em comum (ver Atos 2.44;

4.32). Cruelmente perseguidos em toda a Europa, muitos deles eventualmente

emigraram para a América do Norte.

2.6 João Calvino (1509-1564)

João Calvino nasceu em Noyon, no nordeste da França. Seu pai, Gérard Cauvin, era

secretário do bispo e advogado da igreja naquela cidade; sua mãe Jeanne Lefranc,

morreu quando ele ainda era uma criança. Após os primeiros estudos em sua

cidade, Calvino seguiu para Paris, onde estudou teologia e humanidades (1523-

1528).

A seguir, por determinação do pai, foi estudar direito nas cidades de Orléans e

Bourges (1528-1531). Com a morte do pai, retornou a Paris e deu prosseguimento

aos estudos humanísticos, publicando sua primeira obra, um comentário do

tratado de Sêneca Sobre a Clemência.

Calvino converteu-se provavelmente em 1533. No dia 1º de novembro daquele

ano, seu amigo Nicholas Cop fez um discurso de posse na Universidade de Paris

repleto de idéias protestantes. Calvino foi considerado o co-autor do discurso e os

dois amigos tiveram de fugir para salvar a vida. Calvino foi para a cidade de

Angouleme, onde começou a escrever a sua obra mais importante, Instituição da

Religião Cristã ou Institutas, publicada em Basiléia em 1536 (a última edição seria

publicada somente em 1559).

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Após voltar por breve tempo ao seu país, Calvino decidiu fixar-se na cidade

protestante de Estrasburgo, onde atuava o reformador Martin Butzer (1491-1551).

No caminho, ocorreu um episódio marcante. Impossibilitado de seguir diretamente

para Estrasburgo por causa de guerra entre a França e a Alemanha, o futuro

reformador fez um longo desvio, passando por Genebra, na Suíça francesa. Essa

cidade havia abraçado o protestantismo reformado há apenas dois meses (maio de

1536), sob a liderança de Guilherme Farel (1489-1565). Este, sabendo que o autor

das Institutas estava de passagem pela cidade, o “convenceu” a permanecer ali e

ajudá-lo.

2.7 A Reforma em Genebra

Logo, Calvino e Farel entraram em conflito com os magistrados de Genebra e dois

anos depois foram expulsos. Calvino seguiu então para Estrasburgo, onde passou

os três anos mais felizes e produtivos da sua carreira (1538-1541). Naquela cidade,

ele pastoreou uma igreja de refugiados franceses, casou-se com a viúva Idelette de

Bure (†1549), lecionou na academia de João Sturm, participou de conferências

religiosas ao lado de Martin Butzer e publicou algumas obras importantes, entre

elas a segunda edição das Institutas e o Comentário de Romanos, o primeiro dos

muitos que escreveu.

Eventualmente, os magistrados de Genebra insistiram no seu retorno. Calvino

aceitou com a condição de que pudesse escrever a constituição da Igreja

Reformada de Genebra. Essa importante obra, as Ordenanças Eclesiásticas, previa

quatro categorias de oficiais: pastores, encarregados da pregação e dos

sacramentos; doutores para o estudo e ensino da Bíblia; presbíteros, com funções

disciplinares; e diáconos, encarregados da beneficência. Os pastores e os doutores

formavam a Companhia dos Pastores; os pastores e os presbíteros integravam o

Consistório, uma espécie de tribunal eclesiástico. Calvino teve um relacionamento

tenso com as autoridades municipais até 1555. No final desse período, em 1553, o

médico espanhol Miguel Serveto foi condenado e executado por heresia.

Calvino teve uma participação nesse episódio, lamentada por seus herdeiros, o que

não anula a sua grande obra como reformador, escritor, teólogo e líder eclesiástico.

Em 1559, um ano especialmente significativo, o reformador tornou-se cidadão de

Genebra, fundou a sua Academia, embrião da Universidade de Genebra, e publicou

a última edição das Institutas.

A visão do reformador francês era tornar Genebra uma cidade-cristã-modelo

através da reorganização da Igreja, de um ministério bem preparado, de leis que

expressassem uma ética bíblica e de um sistema educacional completo e gratuito.

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O resultado foi que Genebra tornou-se um grande centro do protestantismo,

preparando líderes reformados para toda a Europa e abrigando centenas de

refugiados. O calvinismo veio a ser o mais completo sistema teológico protestante,

tendo por princípio básico a soberania de Deus e suas implicações, soteriológicas e

outras. Foi essa a origem das Igrejas reformadas (continente europeu) ou

presbiterianas (Ilhas Britânicas). Os principais países em que se difundiu o

movimento reformado foram, além da Suíça e da França, o sul da Alemanha, a

Holanda, a Hungria e a Escócia.

Calvino também se notabilizou como um erudito bíblico. Escreveu comentários

sobre quase todo o Novo Testamento e os principais livros do Antigo Testamento.

Seus sermões e preleções também expuseram amplamente as Escrituras. Além

disso, escreveu muitos opúsculos, tratados e cartas. Mas a maior das suas obras são

as Institutas, nas quais ele expôs todos os aspectos da doutrina cristã, apelando às

Escrituras e ao testemunho dos antigos pais da igreja. Em muitas de suas obras, se

vê uma mão que sustenta um coração, e ao redor as palavras Cor meum tibi offero

Domine, prompte et sincere (“O meu coração te ofereço, ó Senhor, de modo pronto

e sincero”).

2.8 Implicações Práticas

Os reformadores não estavam buscando inovar, mas restaurar antigas verdades

bíblicas que haviam sido esquecidas ou obscurecidas pelo tempo e pelas tradições

humanas. Sua maior contribuição foi chamar a atenção das pessoas para a

importância das Escrituras e seus grandes ensinos, especialmente no que diz

respeito à salvação e à vida cristã. Para que as Igrejas Evangélicas atuais possam

manter-se fiéis à sua vocação, é preciso que julguem tudo pelas Escrituras,

acolhendo o que é bom e lançando fora o que é mau. Os reformadores nos

mostraram que o critério da verdade não são os ensinos humanos, nem a

experiência espiritual subjetiva, mas o Espírito Santo falando na Palavra e pela

Palavra.

3. A Reforma Protestante – 2ª Parte

3.1 A Reforma na Inglaterra

Vários fatores contribuíram para a introdução da Reforma Protestante na

Inglaterra: o anticlericalismo de uma grande parcela do povo e dos governantes, as

idéias do pré-reformador João Wycliff, a penetração de ensinos luteranos a partir

de 1520, o Novo Testamento traduzido por William Tyndale (1525) e a atuação de

refugiados que voltaram de Genebra. Todavia, quem deu o passo decisivo para que

a Inglaterra começasse a tornar-se protestante foi o rei Henrique VIII.

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Henrique VIII (1491-1547) começou a reinar em 1509. Sendo muito católico, em

1521 escreveu um folheto contra Lutero que lhe valeu o título de “defensor da fé”.

Era casado com a princesa espanhola Catarina de Aragão, viúva do seu irmão, que

não conseguiu dar-lhe um filho varão, mas somente uma filha, Maria. Henrique

pediu ao papa Clemente VII que anulasse o seu casamento com Catarina para que

pudesse casar-se com Ana Bolena (Anne Boleyn), mas o papa não pode atendê-lo

nesse desejo. Uma das principais razões foi o fato de que Catarina era tia do sacro

imperador germânico Carlos V. Em 1533, Thomas Cranmer (1489-1556) foi

nomeado arcebispo de Cantuária e poucos meses depois declarou nulo o

casamento do rei. Em 1534, o parlamento aprovou o Ato de Supremacia, pelo qual

a Igreja Católica inglesa desvinculou-se de Roma e o rei foi declarado “Protetor e

Único Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra.” O bispo John Fisher e o ex-chanceler

Thomas More opuseram-se a essas medidas e foram executados (1535); os

numerosos mosteiros do país foram extintos e suas propriedades confiscadas

(1536-1539). Nos anos seguintes, Henrique ainda teria outras quatro esposas: Jane

Seymour, Ana de Cleves, Catarina Howard e Catarina Parr.

Henrique morreu na fé católica e foi sucedido no trono por Eduardo VI (1547-

1553), o filho que teve com Jane Seymour. Os tutores do jovem rei implantaram a

Reforma na Inglaterra e puseram fim às perseguições contra os protestantes.

Foram aprovados dois importantes documentos escritos pelo arcebispo Cranmer,

o Livro de Oração Comum (1549; revisto em 1552) e os Quarenta e Dois Artigos

(1553), uma síntese das teologias luterana e calvinista. Eduardo era doentio e

morreu ainda jovem, sendo sucedido por sua irmã Maria Tudor (1553-1558),

conhecida como “a sanguinária”, filha de Catarina de Aragão. Maria perseguiu os

líderes protestantes e muitos foram levados à fogueira. Os mártires mais famosos

foram Hugh Latimer, Nicholas Ridley e Thomas Cranmer. Muitos outros, os

chamados “exilados marianos”, foram para Genebra, Estrasburgo e outras cidades

protestantes.

Com a morte de Maria, subiu ao trono sua meio-irmã Elizabete I (1558-1603), filha

de Ana Bolena, em cujo reinado a Inglaterra tornou-se definitivamente protestante.

Em 1563, foi promulgado o Ato de Uniformidade, que aprovou os Trinta e Nove

Artigos. O resultado foi o acordo anglicano, que reuniu elementos das principais

teologias evangélicas, bem como traços católicos, especialmente na área da liturgia.

Além dos anglicanos, havia outros grupos protestantes na Inglaterra, como os

puritanos, presbiterianos e congregacionais. Os puritanos surgiram no reinado de

Elizabete e foram assim chamados porque reivindicavam uma Igreja pura em sua

doutrina, culto e forma de governo. Reprimidos na Inglaterra, muitos puritanos

foram para a América do Norte, estabelecendo-se em Plymouth (1620) e Boston

(1630), na Nova Inglaterra.

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Outro grupo protestante inglês foram os batistas, surgidos a partir de 1607 sob a

liderança de John Smyth e Thomas Helwys. Este fundou em 1612 a primeira igreja

batista geral.

No século 17, no contexto da guerra civil entre o rei Carlos I e um parlamento

puritano, foi convocada a Assembléia de Westminster (1643-1649). Essa célebre

assembléia elaborou uma série de documentos calvinistas para a Igreja da

Inglaterra, entre os quais a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve, que se

tornaram os principais símbolos confessionais das Igrejas reformadas ou

presbiterianas.

3.2 A Reforma na Escócia

O protestantismo começou a ser difundido na Escócia por homens como Patrick

Hamilton e George Wishart, ambos martirizados. Todavia, o presbiterianismo foi

introduzido graças aos esforços do reformador John Knox (†1572), um discípulo

de Calvino que, após passar alguns anos em Genebra, retornou ao seu país em

1559. No ano seguinte, o parlamento escocês criou a Igreja da Escócia

(presbiteriana). Knox fez oposição tenaz à rainha católica Maria Stuart (1542-

1587), prima de Elizabete, que viveu na França (1548-1561) e voltou à Escócia

para tomar posse do trono. A aceitação do protestantismo ocorreu no contexto da

luta pela independência do domínio francês. Alguns anos mais tarde, Maria Stuart

teve de fugir e buscar refúgio na Inglaterra, onde foi executada por ordem de

Elizabete em 1587.

Foi na Escócia que surgiu o conceito político-religioso de “presbiterianismo”. Os

reis ingleses e escoceses sempre foram firmes defensores do episcopalismo, ou

seja, de uma Igreja governada por bispos. A razão disso é que, sendo os bispos

nomeados pelos reis, a Igreja seria mais facilmente controlada pelo estado e

serviria aos interesses do mesmo. À luz das Escrituras, os presbiterianos insistiram

em uma Igreja governada por oficiais eleitos pela comunidade, os presbíteros,

tornando assim a Igreja livre da tutela do Estado. Foi somente após um longo e

tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-se definitivamente na

Escócia.

3.3 A Reforma na França

O movimento reformado francês surgiu na década de 1530. Inicialmente tolerante,

o rei Francisco I (1515-1547) eventualmente mostrou-se hostil contra os

reformados. Henrique II (1547-1559) foi ainda mais severo que o seu pai.

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Em 1559, reuniu-se o primeiro sínodo nacional da Igreja Reformada da França, que

aprovou a Confissão Galicana. Em 1561, havia duas mil congregações reformadas

no país, compostas de artesãos, comerciantes e até mesmo de algumas famílias

nobres, como os Bourbon e os Montmorency. Os reformados franceses, conhecidos

como huguenotes, estavam concentrados principalmente no oeste e sudoeste do

país, e recebiam decidido apoio de Genebra. Ao norte e leste estava a facção

ultracatólica liderada pela poderosa família Guise-Lorraine.

No reinado de Francisco II (1559-1560), os Guise controlaram o governo. Quando

Carlos IX (1560-1574) tornou-se rei, sendo ainda menor, sua mãe Catarina de

Médici assumiu a regência, mostrando-se inicialmente tolerante para com os

huguenotes. Tentando conciliar as duas facções, ela promoveu um encontro de

católicos e protestantes, o Colóquio de Poissy, em 1561. Com o fracasso desse

encontro, houve um longo período de guerras religiosas (1562-1598), cujo

episódio mais chocante foi o massacre do Dia de São Bartolomeu (24-08-1572).

Centenas de huguenotes achavam-se em Paris para o casamento da filha de

Catarina com o nobre protestante Henrique de Navarra. Na calada da noite, os

huguenotes foram assassinados à traição enquanto dormiam, entre eles o seu

principal líder, almirante Gaspard de Coligny. Nos dias seguintes, muitos milhares

foram mortos no interior da França. Mais tarde, quando o nobre huguenote

tornou-se rei, com o título de Henrique IV, ele promulgou em favor dos seus

correligionários o Edito de Nantes (1598), concedendo-lhes uma tolerância

limitada. Esse edito seria revogado pelo rei Luís XIV em 1685, dando início a um

novo período de duras provações para os reformados franceses.

3.4 A Reforma nos Países Baixos

Os Países Baixos eram parte do Sacro Império Germânico e depois ficaram sob o

domínio da Espanha. Durante o reinado do imperador Carlos V, surgiram naquela

região luteranos, anabatistas e principalmente calvinistas, por volta de 1540.

Desde o início foram objeto de intensas perseguições, tendo a repressão

aumentado sob o rei Filipe II (1555) e o governador Duque de Alba (1567). A

revolta contra a tirania espanhola foi liderada pelo alemão Guilherme de Orange,

grande defensor da plena liberdade religiosa, que seria assassinado em 1584.

Eventualmente, os Países Baixos dividiram-se em três nações: Bélgica e

Luxemburgo (católicas) e Holanda (protestante).

A Igreja Reformada Holandesa foi organizada na década de 1570. No início do

século 17, surgiu uma forte controvérsia por causa das idéias de Tiago Armínio.

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O Sínodo de Dort (1618-1619) rejeitou as idéias de Armínio e afirmou os

chamados “cinco pontos do calvinismo”, cujas iniciais formam em inglês a palavra

“tulip” (tulipa): Depravação total ( Total depravity), Eleição incondicional

(Unconditional election), Expiação limitada (Limited atonement), Graça irresistível

(Irresistible Grace) e Perseverança dos santos (Perseverance of the saints).

3.5 A Contra-Reforma

Ao analisarem as ações da Igreja Católica Romana após o surgimento do

protestantismo, os historiadores falam em dois aspectos: Contra-Reforma e

Reforma Católica. O primeiro foi o esforço da Igreja Romana para reorganizar-se e

lutar contra o protestantismo. Essa reação ocorreu tanto no plano dogmático

quanto político-militar. Já a Reforma Católica revelou a preocupação de corrigir

certos problemas internos do catolicismo em resposta às críticas dos protestantes

e de outros grupos.

Foram vários os elementos dessa reação. Na Espanha, houve notáveis

manifestações de uma rica espiritualidade mística, cujos representantes mais

destacados foram Teresa de Ávila e João da Cruz. Além do misticismo espanhol,

outro sinal da revitalização católica foi o surgimento de várias ordens religiosas,

das quais a mais importante foi a Sociedade de Jesus, fundada pelo espanhol Inácio

de Loiola (1491-1556) e oficializada pelo papa em 1540.

Além dos votos usuais de pobreza, castidade e obediência aos superiores, os

jesuítas faziam um voto adicional de submissão incondicional ao papa. Seu objetivo

era a expansão e o fortalecimento da fé católica através de missões, educação e

combate à heresia. Os jesuítas exerceram forte influência sobre governantes e

contribuíram decisivamente para a supressão do protestantismo em várias regiões

da Europa, como a Espanha e a Polônia.

O instrumento mais eficaz tanto da Contra-Reforma quanto da Reforma Católica foi

o Concílio de Trento, que se reuniu em três séries de sessões entre 1545 e 1563.

Seus decretos rejeitaram explicitamente as doutrinas protestantes e oficializaram

o tomismo (a teologia de Tomás de Aquino), a Vulgata Latina e os livros

denominados apócrifos ou deuterocanônicos. Outros instrumentos da Contra-

Reforma foram o Índice de Livros Proibidos (Index Librorum Prohibitorum, 1559)

e a Inquisição, especialmente em suas versões espanhola e romana. Como

expressão do dinamismo católico nesse período, as ordens dos franciscanos,

dominicanos e jesuítas realizaram uma grande obra missionária no Oriente e nas

Américas.

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No território do Sacro Império, os conflitos entre católicos e protestantes

continuaram por muitas décadas, atingindo o seu auge na tenebrosa Guerra dos

Trinta Anos, que envolveu metade do continente europeu. Essa guerra terminou

com a Paz de Westfália (1648), que fixou definitivamente as fronteiras político-

religiosas da Europa e marcou o final do período da Reforma.

3.6 Implicações Práticas

A história da Reforma nem sempre é agradável e inspiradora. Por causa das

profundas conexões entre elementos religiosos e políticos, esse período foi

marcado por muita violência em nome da fé. Porque a religião é uma coisa muito

importante para as pessoas, as paixões que desperta podem se tornar

terrivelmente destrutivas. Os erros cometidos nessa área por diferentes grupos

nos séculos 16 e 17 nos servem de advertência e de estímulo para a prática da

caridade cristã e da tolerância, conforme o exemplo de Cristo. Podemos, sem abrir

mão de nossas convicções, respeitar os que pensam diferente de nós.

Ao mesmo tempo, nos impressionamos com o heroísmo de tantos irmãos nossos

da época da Reforma, que por causa de sua fé enfrentaram muitas provações e até

mesmo mortes cruéis. O evangelho já não exige esse tipo de sacrifício da maioria

dos cristãos do Ocidente, mas isso não significa que estamos livres de grandes

desafios. São outras as maneiras pelas quais a nossa fé é testada no tempo

presente. Viver de acordo com os princípios e os valores do Reino de Deus

continua sendo uma prova difícil, mas necessária, para todos os cristãos. (Alderi

Souza de Matos)

Portanto, a Reforma protestante foi o marco de uma nova fase da História da

Humanidade. Com ela o Cristianismo retomou sua verdadeira identidade,

contribuindo assim para a restauração do homem caído e para uma grande visão

bíblica de valorização humana. Mas a Reforma não aconteceu da noite para o dia.

Foram séculos de pequenas manifestações e reações por parte daqueles que

enxergavam uma igreja em decadência, que precisava urgentemente rever seus

valores. Muitos foram ridicularizados, calados á força e mortos á fogueira da

inquisição, isto é, a “igreja” estava tão decadente que dia a dia levava o Evangelho a

empedernir a ponto de matar até mesmo seus próprios filhos.

Para a conclusão do propósito divino de restauração da Igreja de Cristo, a Reforma

passou por três grandes processos em sua execução:

(a) A Reforma Teológica,

(b) A Reforma Litúrgica,

(c) E a Reforma Missionária, ou missiológica.

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1º Processo: A Reforma Teológica: A reforma teológica significou o resgate da

pureza do Evangelho e foi a base do retorno ás Escrituras. Foi o momento do

rompimento definitivo com o paganismo religioso que a Igreja Romana havia

abraçado e o estabelecimento dos valores e princípios da Bíblia, centrados em

Cristo, sua Graça, na Fé verdadeira e na Glória somente a Deus. Estes cinco valores

fundamentais conhecidos em Latim como Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia,

Sola Fide e Soli Deo Gloria se tornaram o fundamento da Teologia Reformada.

A Igreja Romana havia cometido um desvio teológico tão flácido e vexatório que

nem mesmo o povo tinha acesso á leitura da Bíblia, excluindo assim uma prática

nobre da igreja de Cristo (Atos 17.11). Os Bispos se auto intitularam papas. A

instituição da intercessão aos mortos e a substituição do culto cristão pelas rezas e

missas davam ar de que a verdadeira teologia havia sido destruída. No ano 416 d.C

teve início ao batismo de crianças recém nascidas e pouco tempo depois, em 431, é

estabelecido o culto a Maria, mãe de Jesus. Mas os desvios teológicos vão além com

a oficialização do purgatório e com o culto às imagens. Por fim, a venda de

indulgência, ou seja, pagar pela salvação foi o maior golpe da Igreja Romana contra

a pureza do Evangelho.

Coube aos teólogos Martinho Lutero e John Calvino esse resgate bíblico. Lutero em

31 de outubro de 1517, afixou na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, suas

95 teses e Calvino com a sistematização teológica lançou a grande obra “Instituição

da Religião Cristã” em 1536. Esses acontecimentos de comportamento guapo dos

líderes cristãos deram início á reforma teológica na cristandade.

2º Processo: A Reforma Litúrgica: O vocábulo “Liturgia“, em grego, formado pelas

raízes leit- (de “laós”, povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho

público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o

ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um caráter

eminentemente público. A liturgia é considerada por várias denominações cristãs o

momento da adoração e celebração ao Deus vivo. É o culto ao Senhor, pelo povo do

Senhor.

Mas o Romanismo havia deturpado o culto também, e com as cansadas missas,

cheias de artifícios religiosos, transformou o momento de devoção á Deus num

período de tristeza e escravidão religiosa, sem vida e sem a graça de Deus. As

missas como eram conhecidas, pareciam mais uma prisão obrigatória de um ritual

que não oferecia ao cristão a oportunidade de uma nova experiência com Deus e

seu Espírito, e nem mesmo transmitia a alegria da Salvação uma vez conquistada

por Cristo.

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Faltava a Bíblia, a pregação poderosa pela unção, o compartilhamento da fé entre

membros do corpo. Faltava a essência da verdadeira adoração, do tempo-

momento, da edificação espiritual.

Os reformadores foram unânimes na Reforma litúrgica e começaram com a música,

com o louvor ao Deus Trino. Lutero, exemplo de musicista compôs hinos que

marcaram gerações. Louvores que ecoaram em toda a Europa.

Mas a liturgia envolvia também o momento do ensino da palavra. Nesse âmago o

reformador suíço Úlrico Zwínglio revelou sua ousadia na exposição e ampla visão

bíblica. Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele não morreu. As igrejas

que surgiram como resultado do movimento iniciado por Zwínglio são chamadas

de igrejas reformadas em alguns países. A restauração do Culto ao Senhor foi o

resultado do espírito jocoso de nossos reformadores.

3º Processo: A Reforma Missiológica: O que foi então a Reforma missiológica? O que

isso teve haver com o processo da Reforma Protestante?

Acontece que a Igreja Romana havia perdido de vez a verdadeira visão missionária

de pregação do Evangelho em todo o mundo. Suas preocupações políticas e

econômicas cegavam a verdadeira responsabilidade para com os perdidos. A obra

de expansão do Evangelho não era mais exequível, pois dera lugar á busca de

conquistas territoriais e guerras religiosas.

O período da Reforma missiológica começa com John Knox (1515-1587) passando

por ilustres homens como Moody, Hudson Taylor, Bunyan, George Whitefield e

muitos outros. Mas ninguém se destacou tanto na restauração da visão missionária

do que Guilherme Carey conhecido como o “pai das missões modernas”.

O sapateiro que tinha em sua oficina um grande mapa-mundi, olhou para o mundo

com o coração, e levou o Evangelho ás vidas mais distantes, enfrentando os mais

diversos desafios.

Além de atingir a Reforma missiológica, a atitude para com a Igreja abrangia ao

mesmo tempo algo muito expressivo que havia também se deteriorado: A pregação

relevante e seu poder transformador.

Enfim, a Reforma missionária definia os caminhos verdadeiros da Igreja de Cristo.

Onde quer que esteja a Igreja do Senhor, estaria ali também um povo livre, de uma

teologia pura e restaurada, da liturgia que exalta unicamente a Deus e não ao

homem, e de uma chama missionária que jamais se apagou.

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CAPITULO V

A ESCATOLOGIA DAS RELIGIÕES

O termo Escatologia deriva de duas palavras gregas: escathos e logos que se

traduzem por “último” e “estudo” ou “tratado”. É o estudo ou doutrina das últimas

coisas. É chamada bíblica, no nosso caso, porque ela pode ser extrabíblica. A

palavra Escatologia não é uma exclusividade da linguagem cristã, porém é quase

unânime o seu uso no âmbito cristão e religioso.

No estudo da Escatologia Bíblica, é de

caráter fundamental, ter o cuidado em

não apresentar falsas interpretações,

evitando, com isso, exposições

infundadas e especulações. Deus nos

adverte dizendo que devemos “manejar

bem a Palavra da verdade.” II Tm 2.15.

“Porque a visão é ainda para o tempo

determinado, e até ao fim falará e não

mentirá; se tardar, espera-o, porque

certamente virá, não tardará”. Hc.2.3.

Mas existe outro tipo de Escatologia que poucas pessoas conhecem, mas que se

torna importante no profundo estudo das “ultimas coisas”: Trata-se da Escatologia

das Religiões.

A Escatologia das Religiões

Chamamos de Escatologia das Religiões as interpretações proféticas dos últimos

acontecimentos na visão das principais religiões do mundo. Dessa forma, temos

por propósito expor as Escatologias Islâmica, Budista e Judaica. Quanto às demais

religiões consideradas grandes e expressivas, entendemos que possuem a mesma

raiz interpretativa, diferindo apenas em pequenos detalhes e particularidades.

A Escatologia Islâmica

O Islamismo é uma das quatro religiões monoteístas do mundo. Está baseada nos

ensinamentos de Maomé (570-632 d.C.), chamado “O Profeta”, contidos no livro

sagrado islâmico, o Corão.

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A palavra islã significa submeter, e exprime a submissão a lei e a vontade de Alá.

Seus seguidores são chamados de muçulmanos, que significa aquele que se

submete a Deus.

Ao partirmos para a exploração da Escatologia Islâmica precisamos primeiramente

saber quais as raízes teológicas.

Segundo os muçulmanos, o Corão contém a mensagem de Deus a Maomé, as quais

lhe foram reveladas entre os anos610 a632. Seus ensinamentos são considerados

infalíveis. É dividido em 114 suras (capítulos), ordenadas por tamanho, tendo o

maior 286 versos. A segunda fonte de doutrina do Islã, a Suna, é um conjunto de

preceitos baseados nos Ahadith (ditos e feitos do profeta).

Segundo a Escatologia Islâmica, a História humana terminará com um julgamento

final. Antes, porém, alguns personagens apocalípticos aparecerão, como o Mahdi,

espécie de Messias. Esse é descrito como a mesma figura do que conhecemos como

o Anticristo, que para o Islamismo aparecerá entre o Iraque e a Síria.

De acordo com o Alcorão – Surata 10.109, um mulçumano que espera escapar da

ira de Alá e do tormento das chamas do Inferno, precisa esforçar-se

diligentemente, para cumprir os requerimentos apresentados nos Cinco Pilares.

Deus levantou profetas, através da história, para chamar os homens ao

arrependimento. No Islamismo, a salvação é pelas obras. As obras de todas as

pessoas serão pesadas numa balança. Se as boas superarem as más, tal pessoa irá

para o paraíso. Os mártires irão todos para o paraíso. O inferno é para os não-

mulçumanos. É um lugar de fogo e tormento indescritível.

Assim, como no Cristianismo, a existência de correntes de pensamentos quanto á

Escatologia estão também na esfera Islã. A maioria dos mulçumanos aceita a idéia

da existência do purgatório. O pecado imperdoável é associar algo ou alguém a

Deus.

Os ortodoxos, por exemplo, obedecem literalmente aos ensinamentos do Corão e

levam a extremo a sabedoria de Deus de forma que se arriscam a um fatalismo

arbitrário e despótico. Os mutazilis defendem a unidade absoluta de Deus,

suprimindo até a possibilidade de imaginá-lo, pois se trata de algo completamente

diferente das coisas criadas. Não aceitam o Corão como está escrito simplesmente.

Entendem que carece de interpretação. Para esse grupo, Deus não é apenas um ser

soberano, mas também justo, que castiga os maus, mas sabe recompensar os bons.

São considerados racionalistas.

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É importante lembrar que os ensinamentos de Maomé sofreram certas

modificações ou acréscimos, o que é natural e compreensível, devido às culturas

dos povos que aceitaram o Islamismo.

A Escatologia Budista

O Budismo consiste num sistema ético, religioso e filosófico fundado pelo príncipe

hindu Siddhartha Gautama (563-483 a.C.), ou Buda, por volta do século VI. O relato

da vida de Buda está cheia de fatos reais e lendas, as quais são difíceis de serem

distinguidas historicamente entre si. Mas quanto á sua Escatologia, está revelada e

descrita em suas crenças e práticas.

O Budismo consiste no ensinamento de como superar o sofrimento e atingir

o Nirvana (estado total de paz e plenitude) por meio da disciplina mental e de uma

forma correta de vida. Também creem na lei do carma, segundo a qual, as ações de

uma pessoa determinam sua condição na vida futura. A doutrina é baseada nas

Quatro Grandes Verdades de Buda:

1. A existência implica a dor. O nascimento, a idade, a morte e os desejos são

sofrimentos.

2. A origem da dor é o desejo e o afeto. As pessoas buscam prazeres que não duram

muito tempo e buscam alegria que leva a mais sofrimento.

3. O fim da dor só é possível com o fim do desejo.

4. A superação da dor só pode ser alcançada através de oito passos: Compreensão

correta, Pensamento correto, Linguagem correta, Comportamento correto, Modo

de vida correto, Esforço correto, Desígnio correto e Meditação correta.

É conhecendo a teologia Budista que chegamos aos conceitos escatológicos. No

Budismo não existe nenhum Deus absoluto ou pessoal. A existência do mal e do

sofrimento é uma refutação da crençaem Deus. Osque querem ser iluminados

necessitam seguir seus próprios caminhos espirituais e transcendentais. Na

Antropologia, o homem não tem nenhum valor e sua existência é temporária. As

forças do universo procurarão meios para que todos os homens sejam iluminados

(salvos).

Quanto a alma do homem, a reencarnação é um ciclo doloroso, porque a vida se

caracteriza em transições. Todas as criaturas são ficções. O impedimento para a

iluminação é a ignorância. Deve-se combater a ignorância lendo e estudando.

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Desta forma, entendemos que a Escatologia Budista prega uma humanidade que

está passando por um processo de evolução espiritual e que no fim de tudo todos

os habitantes da terra poderão herdar a salvação.

A Escatologia Hindú

O Hinduísmo é a denominação do conjunto de princípios, doutrinas e práticas

religiosas que surgiram na Índia, a partir de2000 a.C. O termo é ocidental e é

conhecido pelos seguidores como Sanatana Dharma, do sânscrito (lembramos que

é a língua original da Índia), que significa “a ordem permanente”. Está

fundamentado nos quatro livros dos Vedas (conhecimento), um conjunto de textos

sagrados compostos de hinos e ritos, no Século X, denominados de Rigveda,

Samaveda, Yajurveda e Artharvaveda. Estes quatro volumes são divididos em duas

partes: a porção do trabalho (rituais politeístas) e a porção do conhecimento

(especulações filosóficas), também chamada de Vedanta . A tradição védica surgiu

com os primeiros árias, povo de origem indo-européia (os mesmos que

desenvolveram a cultura grega) que se estabeleceram nos vales dos rios Indo e

Ganges, por volta de1500 a.C.

Não se consegue entender a Escatologia Hindu sem primeiro compreender seu

conceito de espiritualidade. Segundo ensina o hinduísmo, os Vedas contêm as

verdades eternas reveladas pelos deuses e a ordem (dharma) que rege os seres e

as coisas, organizando-osem castas. Cadacasta possui seus próprios direitos e

deveres espirituais e sociais. A posição do homem em determinada casta é definida

pelo seu carma (a lei do carma atinge quase todas as religiões orientais). A casta à

qual pertence um indivíduo indica o seu status espiritual. O objetivo é superar o

ciclo de reencarnações (samsara), atingindo assim, o nirvana, a sabedoria

resultante do conhecimento de si mesmo e de todo o Universo. O caminho para o

nirvana, segundo ensina o hinduísmo, passa pelo ascetismo (doutrina que

desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem), pelas práticas religiosas,

pelas orações e pela ioga. Assim, a pessoa alcança a “salvação”, escapando dos

ciclos da reencarnação. (Observe também que os orientais comungam alguns

conceitos básicos de espiritualidade).

Tudo é deus, deus é tudo: o hinduísmo ensina, como no Panteísmo, que o homem

está unido com a natureza e com o universo. O universo é deus, e estando unido ao

universo, todos são deuses. Ensina também que este mesmo deus, é impessoal.

Muitos deuses adorados pelos hindus são amorais e imorais.

O mundo físico é uma ilusão: no mundo tridimensional, designada de maya, o

homem e sua personalidade não passa de um sonho.

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Para se ver livre dos sofrimentos (pagamento daquilo que foi feito na encarnação

passada), a pessoa deve ficar livre da ilusão da existência pessoal e física. Através

da ioga e meditação transcendental, a pessoa pode transcender este mundo de

ilusões e atingir a iluminação, a liberação final. O hinduísmo ensina que a ioga é um

processo de oito passos, os quais levam a culminação da pessoa transcender ao

universo impessoal, no qual o praticante perde o senso de existência individual.

A lei do carma no hinduísmo: o bem e o mal que a pessoa faz, determinará como ela

virá na próxima reencarnação. A maior esperança de um hinduísta é chegar ao

estágio de se transformar no inexistente. Vir ser parte deste deus impessoal, do

universo.

Krishna é a oitava encarnação do deus Vishnu, e é um dos avatares especiais do

Hinduismo. Alega-se entre os muçulmanos, que Jesus foi uma encarnação de

Krishna, tendo vivido uma vida muito semelhante. Esperam que haverá uma nova

encarnação do avatar, que foi conhecido em vários períodos da história como

Vishnu, Krishna e Jesus. Qualquer destes nomes pode ser usado por ele, mas ele vai

também ser conhecido como o Avatar Kalki, o (Avatar do Cavalo Branco), visto que

montará um cavalo branco.

O Avatar Kalki combaterá a serpente apocalíptica e obterá a vitória final sôbre o

mal na Terra. Êle renovará a humanidade, tornando possível às pessoas viverem

um vida pura e honrosa. As expectativas de todas as religiões serão realizadas nele,

pois ele será o messias mundial que todos esperam.

A Escatologia Judaica

Historicamente, o judaísmo veio à existência quando foi firmado o pacto

abraâmico. Desde o começo o judaísmo foi uma religião revelada e não uma

religião natural ou filosófica.

A partir do chamado de Abraão para ser o pai de uma nação particular (a

Palestina), a qual constituíra a Terra Prometida, Deus revelou uma mensagem na

História que se destinava a tornar-se aplicável universalmente a todas as nações e

todos os povos.

Mas a Teologia Judaica começa mesmo o seu desdobramento a partir da missão

com Moisés e a Lei. Os judeus são muitas vezes descritos como o povo do Livro,

porque baseiam suas vidas pela revelação de Deus na Toráh. A Toráh são os cinco

livros da Bíblia conhecidos como Pentateuco, que além da história contêm 613

mandamentos (ou obrigações).

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Nos livros encontram-se, leis, rituais, regras de higiene e leis morais. Para os

judeus, as leis fazem parte de uma revelação de aliança com Deus.

Além da Toráh, os judeus possuem como escrituras o Tanach (Antigo Testamento),

o Talmude (explicação do Tanach) e as Escrituras dos sábios.

A Escatologia Judaica possui uma ordem cronológica, que inclui até mesmo a

construção do Templo.

A princípio, a vinda do Messias é o grande evento esperado pela nação judaica. A

palavra hebraica Mashiach (ouMoshiach משיח) significa o Ungido e refere-se a um

ser humano. Apesar de os cristãos usarem também a palavra “messias”, usam-na

de forma diferente.

Para os sábios judeus, Jesus Cristo não possuía as credenciais necessárias para ser

considerado o Ungido, vindo de Deus. Por isso, ainda estão a aguardar o Messias

prometido, anunciado pelos profetas de Deus. Jesus é visto como um falso messias

extremista ou como um bom rabi (mestre), que foi martirizado.

No Judaísmo, o fim do mundo é chamado de acharit hayamim (fim dos dias). Eventos

tumultuosos abalarão a velha ordem do mundo, criando uma nova ordem na qual

Deus é universalmente reconhecido como a nova Lei que organiza tudo e todos.

Uma das sagas do Talmud diz “Deixe o fim dos dias chegar, mas eu não devo estar

vivo para presenciá-lo“, porque os vivos na ocasião serão submetidos a tais

conflitos e sofrimentos.

De acordo com essa tradição, o fim do mundo irá presenciar os seguintes eventos:

- Reunião dos judeus na terra geográfica de Israel .

- Derrota de todos os inimigos de Israel.

- Construção do terceiro Templo de Jerusalém e a restauração dos sacrifícios e

serviços nele.

- Revitalização dos mortos ou ressurreição.

Naquele momento, o Messias judeu se tornará o monarca ungido de Israel.

Quanto ao sonho de reconstruir o templo é realista e biblicamente correto; um dia

ele se realizará. A Bíblia ensina explicitamente que a reconstrução se tornará

realidade. Mas a alegria será passageira e a adoração será interrompida. Como

veremos através de alguns tópicos da história e da Bíblia, o novo templo não será

nem o primeiro nem o último a ser erguido. Sua construção é certa, mas os dias

turbulentos que a acompanharão também.

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A Grande Verdade sobre a Escatologia Bíblica

A Bíblia é a eterna Palavra de Deus. Foi dada ao homem por Deus para ser o

absoluto, o supremo, o competente, o infalível e imutável padrão de fé e prática.

Cremos firmemente que, embora as tempestades de desaprovação continuem a

levantar-se contra a Palavra de Deus, a confiança do crente humilde nela é

justificável e confirmada. Este volume sagrado é e sempre será o Livro de Deus.

Não obstante, lembramos que a única teoria que faz jus às reivindicações Bíblicas é

a da inspiração Verbal Plenária. Ela ensina que apesar de Deus usar os escritores

sacros em suas próprias línguas e estilos eles foram inspirados pelo Espírito Santo.

Toda a Bíblia foi inspirada!

Quando entramos no campo da Escatologia Bíblica, devemos atentar para duas

grandes verdades:

1. A Profecia Bíblica jamais erra. Os intérpretes sim.

A Palavra de Deus jamais errou. Ela é infalível, mas por muito tempo, têm estado

sob refém de interpretações particulares, equívocos teológicos, heresias e em

nosso tempo uma avalanche de especulações apocalípticas. Qualquer erro ou

equívoco quanto a acontecimentos em nossos dias, é de importante valia

esclarecer, que, não deve ser colocado a Palavra de Deus sob suspeita, e sim a

incoerência das muitas literaturas do gênero, as aventuras apocalípticas de

determinados escritores e a falta de visão bíblica de alguns pregadores;

2. As Diversas Correntes de Interpretações Escatológicas caminham numa mesma

direção.

Nenhuma linha de interpretação Escatológica Protestante deve ser ignorada ou

ridicularizada, pois todas elas, por mais diferentes que sejam, estão numa mesma

direção Teológica. Diferente das interpretações da Escatologia das Religiões, a

Escatologia Bíblica em qualquer visão consegue manter a pureza Doutrinária e do

Evangelho, consegue preservar as verdades acerca de Deus e Sua soberania, Jesus

O Cristo e o poder do sacrifício, mantendo seguro os princípios da Palavra de Deus.

Sejam nos seminários ou escolas de teologia, todos os pensamentos devem ser

expostos e apresentados em sua íntegra.

Tanto o Pré-milenismo quanto o Amilenismo (principais correntes) contribuem

com suas interpretações e ampliam o entendimento cristão quando estudadas

ambas.

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A Escatologia Bíblica se torna na Igreja de Cristo, o poder literário que mantém

acesa a chama da esperança na volta de Jesus. É claro que esse poder literário vivo,

vem diretamente do Espírito Santo, quando lemos, cremos e mantemos nossa fé na

Palavra. Quando sabemos que a Escritura cumprirá, mesmo em meio às diversas

opiniões, independe.

É inquestionável que a Bíblia no decorrer da história permaneceu sem nenhum

tipo de alteração em suas profecias. E mais inquestionável ainda é que essas

profecias se cumpriram, outras irão se cumprir.

Crendo que muitos escritos curiosamente apresentam uma linguagem escatológica

parecida com a Bíblia, mesmo com personagens diferentes, e conceitos espirituais

de outro extremo, concluímos que qualquer literatura religiosa tem todo o direito

de expor as profecias da Escatologia na visão de seus escritores. Enquanto isso a

Bíblia Sagrada prossegue expondo as profecias da Escatologia na visão de Deus.

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CAPITULO VI

RELIGIÃO, SEITAS E HERESIAS

O QUE É RELIGIÃO? Culto Prestado a uma divindade; doutrina religiosa; dever

sagrado; ordem religiosa; crença viva; consciência escrupulosa; escrúpulos;

(Social.) um sistema solidário de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto

é, separadas, interditas, e que unem em uma mesma comunidade moral, chamada

Igreja, todos os que aderem a esse sistema.

O QUE É SEITA? Doutrina ou sistema que se afasta da opinião geral; conjunto dos

indivíduos que a seguem; comunidade fechada; de cunho (caráter) radical; facção;

partido.

O QUE É HERESIA? Doutrina contrária aos dogmas (ponto fundamental e indiscutível

de uma doutrina da igreja; contra-senso; ato ou palavra ofensiva à religião, escolha,

seleção, preferência... (Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, de

Aurélio Buarque de Holanda Ferreira)

O PERIGO DAS SEITAS E HERESIAS

Gn 4:3-7 Compreender a origem e a natureza da religiosidade é básico para

entendermos a extrema disseminação de seitas e ensinos falsos, não apenas em

nossos dias, mas em toda a história da humanidade. Este texto espelha de uma

forma clara, a maneira pela qual o espírito de religiosidade começou a se

manifestar entre os homens. A palavra "religião" vem do latim religio, que significa

"religar". O conceito implícito nessa palavra é o de uma tentativa do homem de

"religar-se" a Deus, reatando uma comunhão rompida. Esse sentimento "religioso"

é comum a todos os homens, não importando sua origem social ou geográfica.

A religião surgiu no vácuo provocado pela ausência da comunhão autêntica com

Deus. O homem foi feito para viver em comunhão com Deus, e na falta dessa

comunhão ele experimenta, ainda que inconscientemente, um sentimento de

profunda frustração. Esse anseio (e não o "medo do desconhecido", como muitos

sustentaram no passado) é que originou na humanidade a busca religiosa. O texto

que lemos caracteriza alguns aspectos essenciais do espírito de religiosidade. Caim

ofertou do que lhe sobrava, enquanto Abel trouxe suas primícias (note as palavras

"oferta" e "primícias", nos versículos 3 e 4).

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O espírito religioso sempre oferta do que sobra, seja dinheiro, tempo, esforço; Caim

procurou aproximar-se de Deus por seus próprios meios, enquanto Abel, pelo meio

determinado por Deus. Este é um dos principais motivos que levou o Senhor a

rejeitar a oferta de Caim. Em Gn 3:21 vemos pela primeira vez nas Escrituras o

surgimento de uma vítima sacrificial (se Adão e Eva foram vestidos por Deus com

roupas de peles, um animal teve que ser morto!). Esta verdade é a mesma que

aparece registrada em Hb 9:22.

Em conexão com Gn 3:21, é importante lembrar que a palavra hebraica que

significa "cobrir" tem o sentido do termo "propiciação", que é a palavra utilizada

pelo Novo Testamento para definir a obra redentora de Jesus na cruz, veja Rm

3:24,25. Ora, o espírito de religiosidade sempre apresenta uma oferta que Deus

não pediu, que é incapaz de resolver o verdadeiro problema que separa o homem

de Deus: às vezes são "obras", outras vezes são "rituais", mas sempre são coisas

que não podem tratar adequadamente o problema do pecado. Abel, pela fé,

apresentou o Senhor Jesus (porque todo sacrifício de animais no Velho Testamento

apontava profeticamente para Jesus).

Já Caim, apresentou a si próprio: suas obras, seu trabalho, suas iniciativas! Caim

apresentou, à recusa da sua oferta, a reação característica do espírito de

religiosidade. Veja Gn 4:5b. É a reação característica do orgulho ferido. O espírito

de religiosidade é sempre o espírito do farisaísmo, o qual é marcado por uma idéia

elevada de si próprio, o que leva-o automaticamente a não cogitar jamais a

possibilidade de ser recusado. Neste ponto, é diametralmente oposto ao espírito do

cristão, o qual é marcado por um coração quebrantado. Vemos uma ilustração clara

disso na parábola do fariseu e do publicano (veja Lc 18:9-14).

Se a situação fosse inversa, e o publicano fosse rejeitado, ele simplesmente

continuaria orando por misericórdia, porque era um homem de coração

quebrantado; mas o fariseu jamais suportaria ser rejeitado, porque estava firmado

nos seus "méritos"! Gn 4:7 Todas as religiões sempre têm sua base no que o

homem pretende fazer ou ser, por si só, independente de quem quer que seja. A

palavra de Deus para Caim foi "Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti?". Se

bem fizeres, aqui, tem o sentido de fazer o que é correto, aproximar-se de Deus da

maneira certa.

No Velho Testamento, essa maneira era a observância da lei e dos sacrifícios, tendo

em vista a obra de Jesus que se manifestaria no futuro. No Novo Testamento, é a

aproximação de Deus unicamente através de Jesus, submetendo-se ao Seu

senhorio, governo e confiando apenas nos méritos da Sua obra realizada em nosso

favor.

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Não é difícil, contudo, verificamos como o homem procurou seguir o caminho de

Caim desde o princípio da humanidade. Gn 4:16,17 Caim foi tanto o iniciador da

religião como o primeiro a procurar construir uma sociedade à parte de Deus. A

expressão "E saiu Caim de diante da face do Senhor" (v.16) nos mostra que Caim

optou por afastar-se de Deus, vivendo longe dEle.

À partir desse homem, surgiu toda uma linha de seres humanos que não tinham

consciência da pessoa de Deus, mas que experimentavam o anseio inconsciente

por comunhão com seu Criador, ao qual já nos referimos. Entre essas pessoas

temos sem dúvida os primeiros a adorarem os elementos da natureza, seguindo

seus corações corrompidos. Rm 1:21-24 Apesar da revelação disponível de Deus

na criação, os homens preferiram escolher seus próprios caminhos, marcados pela

religiosidade. O fim disso, como o v. 24 demonstra, está sempre em carnalidade e

imoralidade. Rm 1:21 "... e o seu coração insensato se obscureceu."

O coração do homem foi obscurecido a fim de que perdesse de vista qualquer traço

de revelação do verdadeiro Deus e direcionasse o anseio de seu coração para

outros seres. 2 Co 4:4 O diabo é o autor desse entenebrecimento dos corações e da

transformação desse anseio legítimo num espírito pervertido de religiosidade. At

19:17-20, 27; 2 Co 10:4,5; Ef 6:11,12.

Se a ação do diabo é que está por detrás do espírito de religiosidade, precisamos

concluir que todas as religiões são de iniciativa diabólica, e que a maneira pela qual

podemos combatê-las não é através de debates ou coisas parecidas, mas

unicamente através da batalha espiritual, discernindo sua origem satânica e

combatendo com armas espirituais, os demônios que estão por detrás delas.

"HERESIAS E SEITA" O mesmo espírito religioso que está por detrás de cultos

como o islamismo, o animismo (adoração de espíritos, englobando todas as formas

de umbanda), o espiritismo e outras manifestações religiosas, está também por

detrás de todas as seitas e heresias que surgiram no meio da Igreja no decorrer da

história.

Na verdade, o diabo é especialista em variar suas armas no ataque contra a Igreja.

A diferença entre o paganismo e o cristianismo é fácil de ser detectada, mas o

mesmo não acontece entre o cristianismo verdadeiro e alguns movimentos

heréticos. O interesse aqui não é formar um painel acerca das religiões que atuam

ou atuaram no mundo, mas analisar principalmente algumas heresias e seitas que

surgiram no meio da Igreja. Para isso, precisamos compreender primeiramente a

diferença entre "heresia" e "seita".

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HERESIA

A palavra "heresia" vem do termo grego "hairesis". Essa palavra é empregada no

Novo Testamento com dois sentidos principais: (1) seita, no sentido de facção ou

partido, um corpo de partidários de determinadas doutrinas (veja At 5:17; 15:5;

24:5; 26:5; 28:22); e (2) opinião contrária à doutrina prevalecente, de cujo ponto

de vista é considerada heresia (veja 2 Pe 2:1). 1 Co 1:10; 11:18.

Em ambos os textos, a palavra traduzida "divisões (ou dissensões)", no grego, é

schismata, que significa literalmente "rasgões em pano". Alguns estudiosos

sustentam que essa palavra indica divisões em torno de personalidades, e não em

torno de ensinos. Segundo esse ponto de vista, divisões em torno de

personalidades seriam um "mal menor", não tão grave quanto as "heresias"

(negações de verdades da fé). O texto de 1 Co 11:19, no entanto, parece relacionar

as divisões aos partidos (haireseis).

Podemos resumir isto dizendo que, na perspectiva do Novo Testamento, toda

divisão no corpo de Cristo (seja motivada por personalidades ou por diferenças no

ensino) é considerada heresia. Isto coloca como heresia todo o

denominacionalismo, tão comum na igreja. No entanto, o uso histórico da palavra

"heresia" passou a apontar quase que exclusivamente para seu segundo sentido

assinalado acima, ou seja, o de opinião contrária à doutrina prevalecente, de cujo

ponto de vista é heresia. Desta maneira, passaram a ser qualificadas de "heresia"

os ensinos que, de alguma maneira, contrariam alguma verdade da fé cristã. Nesta

perspectiva, heresia pode ser definida como a "negação de uma verdade cristã

definida e estabelecida, ou uma dúvida concernente a ela".

A heresia não pode ser confundida com a apostasia. O apóstata é alguém que

rejeitou completamente a fé cristã; o herege continua vinculando-se à fé,

excetuando-se os pontos em que seu sistema nega a fé cristã. 1 Co 15:12; Cl

2:8,16,20-22; 2 Ts 2:2; 1 Tm 4:1-3,7; 1 Jo 2:18,19,22; 4:2,3. Estes textos

exemplificam diversas ocorrências de heresias, ainda no período da Igreja

primitiva.

Em Corinto, algumas pessoas negavam a possibilidade de ressurreição,

influenciados pelo conceito grego de que a matéria seria algo inerentemente mau;

no caso da igreja em Colossos, a heresia era uma forma particular de legalismo,

oriunda de uma influência do gnosticismo grego sobre a igreja; o texto de 2 Ts 2:2

aponta outra heresia específica, relacionada com a volta de Jesus, a qual, segundo

alguns, já teria acontecido;

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em 1 Tm Paulo prevê diversos ensinos heréticos que surgiriam na história da

igreja; em 1 Jo, é a encarnação de Jesus que é especificamente atacada (uma forma

da heresia conhecida como "docetismo", do grego dokein, "parecer", que ensinava

que Jesus não possuíra um corpo físico, mas apenas uma "aparência" de corpo!).

Aparentemente, essas heresias podem "variar em grau". Uma coisa é atrelar-se a

um legalismo estrito, como no caso dos colossenses; outra, bem diferente, é

afirmar que Jesus não possuía um corpo físico. No entanto, toda heresia significa

uma introdução de fermento na massa da fé cristã que, com o tempo, levedará a

massa toda! Uma análise cuidadosa da carta aos Colossenses, por exemplo, nos

mostrará que a influência do gnosticismo sobre a igreja (manifesta no temor aos

"rudimentos do mundo", citados em Cl 2:8, e no extremo legalismo) diminuía aos

olhos da igreja o próprio valor da obra redentora de Jesus (em razão do que, Paulo

teve de afirmá-la em termos tão vigorosos em Cl 2:13,15).

O arianismo é outro exemplo de ensino herético que podemos tirar da História da

igreja. Ário, que foi presbítero de Alexandria, sustentava que Jesus não era eterno,

mas havia sido criado por Deus Pai. Ele não divergia do restante da igreja em

nenhuma outra verdade, apenas nesta. Todavia, com a negação de que Jesus era co-

eterno e co-igual com o Pai, ele na realidade abalava o alicerce mais fundamental

do cristianismo.

SEITA

Podemos compreender melhor o que são seitas se, em primeiro lugar, verificarmos

qual a diferença entre "seita" e "heresia". "Por definição, um herege é um cristão

professo que está errado com relação a alguma verdade particular, ao passo que o

ponto essencial quanto às seitas é que elas absolutamente não são cristãs, e sim

contrafações do cristianismo." Em seu sentido mais genérico, seita é "devoção a

uma pessoa ou coisa particular, dedicada por uma corporação de adeptos". Esta

definição está na raiz de termos como "sectarismo", e por esse ângulo tanto um

partido político como uma torcida organizada de futebol poderiam ser

classificados como "seita".

Em nosso estudo, no entanto, estamos interessados em estudá-las de uma

perspectiva cristã e, nesse prisma, as seitas aparecem invariavelmente como

falsificações da fé cristã. Podemos dizer que as seitas, em sua maior parte, são o

produto final das heresias, ou seja, o resultado da fermentação herética na massa

da igreja. Nem toda heresia culmina na formação de uma seita, mas toda seita

possui em seu sistema elementos heréticos. Vamos notar abaixo algumas

características e sinais que podem nos ajudar a identificar o que são as seitas.

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1 - Semelhança com o cristianismo.

Virtualmente todas as seitas possuem forte semelhança com a fé cristã legítima, e é

justamente essa semelhança que se constitui na principal estratégia do diabo com

relação a elas (veja 2 Co 11:13-15).

2 - Adeptos sinceros.

As seitas são povoadas por pessoas zelosas, mas destituídas de verdadeiro

entendimento (veja Rm 10:2). Nunca devemos cometer o erro de questionar a

sinceridade dos adeptos de qualquer seita; no entanto, precisamos reconhecer que

esse zelo extremo a que se dispõem é uma característica do espírito de

religiosidade que age por detrás delas.

3 - A questão da origem.

Todas as seitas, praticamente, reivindicam como sua fonte inicial alguma nova

revelação da parte de Deus. Aqui temos uma diferença interessante entre heresia e

seita. As heresias, geralmente, começam com pessoas que, estudando

diligentemente as Escrituras, acabaram se afastando em sua interpretação.

4 - Reconhecimento de autoridade adicional às escrituras.

Este ponto praticamente decorre do anterior. As seitas sempre reconhecem uma

autoridade adicional às Escrituras, que acaba sobrepujando a Bíblia e se torna sua

base para doutrina e governo. O Mormonismo tem O Livro de Mórmon, a Pérola de

Grande Valor e Doutrinas e Alianças; a Ciência Cristã tem o livro Ciência e Saúde,

escrito pela fundadora, Mary Baker Eddy; os Adventistas do Sétimo Dia têm os

escritos de Ellen G. White; e etc.

5 - Negação de verdades essenciais à fé cristã.

As seitas não se limitam a discordar sobre assuntos periféricos ou não essenciais;

elas via de regra negam aspectos essenciais da fé cristã. Embora a lista possa variar

ligeiramente de seita para seita, em geral seus ensinos discordam da verdade

bíblica em áreas tão centrais quanto a Pessoa de Jesus (Testemunhas de Jeová), a

Pessoa do Espírito Santo (Testemunhas de Jeová) a obra expiatória de Jesus

(Adventistas do Sétimo Dia), a Justificação pela Fé (Mórmons), a Triunidade de

Deus (Testemunhas de Jeová), o ensino das Escrituras sobre o pecado

(Pensamento Positivo) a ressurreição e ascensão físicas do corpo de Jesus

(Testemunhas de Jeová), entre outros.

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Além disso, muitas vezes as seitas conjugam, às negações dessas verdades

essenciais, as invenções de ensinos que não possuem nenhuma base bíblica. É o

caso tanto dos Adventistas do Sétimo Dia quanto dos Testemunhas de Jeová, os

quais ensinam as doutrinas do sono da alma após a morte e do aniquilamento dos

ímpios.

6 - Rejeição do espírito de oração.

Este é um dos sinais mais interessantes acerca das seitas. Em sua quase totalidade

elas desvalorizam a oração, e isso não é de causar surpresa. A oração é uma

atividade que não oferece atrativos, exceto para aqueles que são filhos de Deus.

Como pode haver um legítimo espírito de oração numa seita que, por exemplo,

nega o conceito de pecado, repudia a obra redentora de Jesus e rejeita o Espírito

Santo como Pessoa (note que esses pontos estão intimamente ligados uns aos

outros)?

7 - Ênfase numa "fórmula" particular.

Todas as seitas enfatizam geralmente uma "fórmula" específica, muitas vezes um

esquema rígido que deve ser seguido a fim de que determinados resultados sejam

obtidos. Segundo um autor, há uma semelhança interessante entre todas as seitas e

os famosos "remédios de charlatões": algo muito simples, sem complicação, que

serve para curar todos os males. Muitas vezes, um ensino (às vezes até mesmo

bíblico e correto) é repetido à exaustão e indicado como solução para todos os

tipos de problemas.

8 - Pretensão de exclusividade.

Esta é uma característica invariável das seitas: consideram-se a única expressão

válida do cristianismo. O caso do Adventismo do Sétimo Dia é típico: para ministrar

o batismo, esse grupo exige do "catecúmeno" uma confissão de que "a Igreja

Adventista do Sétimo Dia é a Igreja remanescente", o que exclui todos os demais

grupos cristãos. Seguindo nessa escola, um grupo saiu da Igreja Adventista do

Sétimo Dia sob a direção de uma "profetisa" chamada Jeanine Sautron, e fundou a

Igreja Adventista do Sétimo Dia - Os Remanescentes, a qual, num panfleto

distribuído recentemente, chamou tanto a Igreja Adventista original como todos os

demais grupos cristãos de "apóstatas".

A título de conclusão, poderíamos ilustrar da seguinte maneira a diferença entre

"heresia" e "seita": heresia é como um câncer num ser humano; começa lento,

insidioso, mas tende a crescer e a dominar todo o sistema do indivíduo.

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Já a seita, é como um "homem artificial", uma imitação do ser humano. Ef 6:11,12

Notamos que as seitas possuem diversos sinais ou características comuns, e que

revelam a existência de uma mente diabólica por detrás de todas elas. Devemos ter

isto em mente, para nunca cometermos o erro de combatermos forças espirituais

com armas naturais. Podemos e devemos estudar acerca das seitas, a fim de que

possamos principalmente instruir pessoas que estão ou estiveram aprisionadas

por elas e desejam ser libertas; nunca, porém, para debatermos com seus

seguidores. A quase totalidade das seitas são alimentadas por um espírito de

contenda religiosa, e quando passamos a discutir com seus adeptos estamos na

verdade "fazendo o jogo" do demônio. Nossa posição deve ser a de rejeitar seus

ensinos sem discussão, ao mesmo tempo em que devemos amar as pessoas que

estão presas por esses ensinos e demonstrar a elas o nosso cristianismo através de

nossas vidas, não de nossas palavras.

Heresiologia

Heresiologia é o estudo das heresias. Heresia deriva da palavra háiresis e significa:

escolha, seleção, preferência. Daí surgiu a palavra seita (latim secta - doutrina ou

sistema que diverge da opinião geral e é seguido por muitos), por efeito de

semântica. Do ponto de vista cristão, heresia é o ato de um indivíduo ou de um

grupo afastar-se do ensino da Palavra de Deus e adotar e divulgar suas próprias

idéias, ou as idéias de outrem, em matéria de religião.

1. Conhecendo as seitas

As Seitas estão em todos os lugares. Algumas são populares e amplamente aceitas.

Outras são isolacionistas e procuram se esconder, para evitar um exame de suas

ações. Elas estão crescendo e florescendo a cada dia. Algumas seitas causam

grande sofrimento aos seus seguidores, enquanto outras até parecem muito úteis e

benéficas.

Com a proximidade do final do século, surgiram novas seitas religiosas e filosóficas

responsáveis pelos mais absurdos ensinamentos com relação ao final dos tempos.

Essas idéias confusas estão sendo despejadas em cabeças incautas, acabando

muitas vezes em tragédias de grandes proporções.

Em 1978, o então missionário norte-americano Jim Jones, foi responsável pela

morte de 900 seguidores, na Guiana Francesa, todos envenenados após Ter

anunciado a eles o fim do mundo. Um fato interessante desse trágico

acontecimento foi o depoimento de um dos militares americanos responsáveis pela

remoção dos corpos.

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Ele disse que, após vasculhar todo o acampamento, não foi encontrado um só

exemplar da Bíblia. Jim Jones substituiu a Bíblia por suas próprias palavras.

Em 1993, o líder religioso David Koresh, que se intitulava a reencarnação do

Senhor Jesus, promoveu um verdadeiro inferno no rancho de madeira, onde ficava

a seita Branch Davidian. Seduzindo os seguidores com a filosofia de que deveria

morrer para depois ressuscitar das cinzas, derramou combustível no rancho e

ateou fogo, matando 80 pessoas, incluindo 18 crianças.

Em 1997, outra seita denominada Heaven’s Gate (Portão do Céu), que misturava

ocultismo com fanatismo religioso, levou 40 seguidores ao suicídio. Na ocasião,

essas pessoas acreditavam que seriam conduzidas para outra dimensão em uma

nave que surgiria na cauda do cometa Halley Bop.

No Brasil também existem muitas seitas e denominações que se reforçam em

profecias do Apocalipse. Uma das mais conhecidas, devido ao destaque dado pela

mídia, são as Borboletas Azuis, da Paraíba, que em 1980 anunciou um dilúvio para

aquele ano.

Em Brasília, encontra-se o Vale do Amanhecer, que conta com aproximadamente

36.000 adeptos. No Paraná, um homem de nome Iuri Thais, se auto-intitula como o

próprio Senhor Jesus reencarnado. Fundador da seita Suprema Ordem Universal

da Santíssima Trindade, ele parece ter decorado a Bíblia de capa a capa e, com isso,

tem enganado a muitos.

Muitas das seitas são conhecidas dos cristãos brasileiros, a saber: Mormonismo,

Testemunhas de Jeová, etc. Mas muitas novas seitas pseudo-cristãs estão chegando

ao Brasil e são pouco conhecidas: Igreja Internacional de Cristo/Boston (Igreja de

Cristo, no Brasil), Ciência Cristã, Escola Unida do Cristianismo, Meninos de Jesus

etc.

Quase todas essas seitas refutam a Trindade (com a conseqüente diminuição do

Senhor Jesus Cristo), a ressurreição, a salvação pela Graça e contrariam outros

princípios bíblicos.

a. Aspectos comuns

Existem muitos aspectos comuns entre as seitas que têm se disseminado pelo

mundo. É importante que nós saibamos reconhecer suas características, a fim de

que não sejamos enganados ou até mesmo desviados da verdadeira fé cristã.

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1) As seitas subestimam o valor do Senhor Jesus ou colocam-no numa posição

secundária, tirando-lhe a divindade e os atributos divinos como conseqüência.

2) Crêem apenas em determinadas partes da Bíblia e admitem como "inspirados"

escritos de seus fundadores ou de pessoas que repartem com eles boa parte

daquilo que crêem;

3) Dizem ser os únicos certos;

4) Usam de falsa interpretação das escrituras;

5) Ensinam o homem a desenvolver sua própria salvação, muitas vezes, sob um

conceito totalmente naturalista;

6) Costumam buscar suas presas em outras religiões, conseguindo desencaminhar

para o seu meio, inclusive, muitos bons cristãos.

b. Conhecendo mais

Este esboço básico lhe dará informações de como as seitas trabalham e como evitá-

las. Se você tem alguém conhecido que está perdido numa seita, é preciso orar e

pedir ao Senhor que tire essa pessoa de lá e lhe dê a perspicácia e as ferramentas

para ajudá-lo neste trabalho. Pode ser uma tarefa longa e árdua, porque,

definitivamente, este não é um ministério fácil.

1) O que é uma seita?

Geralmente é um grupo não-ortodoxo, esotérico (do grego esoterikós, que significa

conhecimento secreto, ao alcance de poucos). Podem ter uma devoção a uma

pessoa, objeto, ou a um conjunto de idéias novas. As seitas costumam fazer uso das

seguintes práticas:

a) Freqüentemente isolacionistas – para facilitar o controle dos membros

fisicamente, intelectualmente, financeiramente e emocionalmente.

b) Freqüentemente apocalípticas - dão aos membros um enfoque no futuro e um

propósito filosófico para evitar o apocalipse.

c) Fornecem uma nova filosofia e novos ensinos – revelados pelo seu líder.

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d) Fazem doutrinação - para evangelismo e reforço das convicções de culto e seus

padrões.

e) Privação – quebrando a rotina do sono normal e privação de comida,

combinados com a doutrinação repetida (condicionamento), para converter o

candidato a membro.

2) Muitas seitas contém sistemas de convicção "não-verificáveis".

a) Por exemplo, algumas ensinam algo que não pode ser verificado:

(1) Uma nave espacial que vem atrás de um cometa, para resgatar os membros.

(2) Ou, Deus, um extraterrestre ou anjo apareceram ao líder e lhe deram uma

revelação.

b) Os membros são anjos vindos de outro mundo, etc.

(1) Freqüentemente, a filosofia da seita só faz sentido se você adotar o conjunto de

valores e definições que ela ensina.

(2) Com este tipo de convicção, a verdade fica inverificável, interiorizada, e

facilmente manipulada pelos sistemas filosóficos de seu(s) inventor(es).

2. O líder de uma seita:

a. É freqüentemente carismático e considerado muito especial por razões variadas:

1) O líder recebeu revelação especial de Deus.

2) O líder reivindica ser a encarnação de uma deidade, anjo, ou mensageiro especial.

3) O líder reivindica ser designado por Deus para uma missão

4) O líder reivindica ter habilidades especiais

b. O líder está quase sempre acima de repreensão e não pode ser negado nem

contradito.

3. Como se comportam as seitas?

a. Normalmente buscam fazer boas obras, caso contrário ninguém procuraria

entrar para elas.

b. Parecem boas moralmente e possuem um padrão de ensino ético.

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c. Muitas vezes, quando usam a Bíblia em seus ensinos, utilizam também

"escrituras" ou livros complementares.

1) A Bíblia, quando usada, é sempre distorcida, com interpretações próprias, que

vão de encontro à filosofia da seita.

2) Muitas seitas "recrutam" o Senhor Jesus como sendo um deles, redefinindo-o

adequadamente.

4. Algumas seitas podem variar grandemente...

a. Do estético ao promíscuo.

b. Do conhecimento esotérico aos ensinamentos muito simples.

c. Da riqueza e poder à pobreza e fraqueza.

5. Quem é vulnerável a entrar para uma seita?

a. Todas as pessoas são vulneráveis.

Rico, pobre, educado, não-educado, velho, jovem, religioso, ateu, etc.

b. Perfil geral do membro em potencial de uma seita (alguns ou todos os itens

seguintes)

1. Desiludido com estabelecimentos religiosos convencionais.

2. Intelectualmente confuso em relação a assuntos religiosos e filosóficos

3. Às vezes desiludido com toda a sociedade

4. Tem uma necessidade por encorajamento e apoio

5. Emocionalmente carente

6. Necessidade de uma sensação de propósito, um objetivo na vida.

7. Financeiramente necessitado

6. Técnicas de recrutamento

a. As seitas encontram uma necessidade e a preenchem. As táticas mais usadas

são:

1. "Bombardeio de Amor – Love Bombing" – que é a demonstração constante

de afeto, através de palavras e ações.

2. Às vezes há muito contato físico como abraços, tapinhas nas costas, toques

e apertos de mão.

3. Emprestam apoio emocional a alguém em necessidade.

4. Ajuda de vários modos, onde for preciso. Desta maneira, a pessoa fica em

débito então com a seita e procura de algum modo retribuir.

5. Elogios que fazem a pessoa pensar que é o centro das atenções.

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b. Muitas seitas usam a influência da Bíblia ou mencionam Jesus como sendo um

deles; dando validade assim ao seu sistema.

1. Escrituras distorcidas;

2. Usam versículos tirados da Bíblia fora do contexto;

3. Então misturam os versículos mal interpretados com a filosofia aberrante

delas.

c. Envolvimento gradual

1. Alterando lentamente o processo de pensamento e o sistema de convicção

da pessoa, através da repetição dos seus ensinos (condicionamento).

2. As pessoas normalmente aceitam as doutrinas de uma seita um ponto de

cada vez.

3. Convicções novas são reforçadas por outros membros da seita.

7. Por que alguém seguiria uma seita?

a. A seita satisfaz várias necessidades:

1. Psicológica – Alguém pode ter uma personalidade fraca, facilmente

manipulável;

2. Emocional – A pessoa pode ter sofrido um trauma emocional recente ou no

passado;

3. Intelectual – O membro tem perguntas que este grupo responde.

b. A seita dá a seus membros a aprovação, aceitação, propósito e uma

sensação de pertencer a algum grupo.

c. A seita pode ser atraente por algumas razões. Podem ser. . .

1. Rigidez moral e demonstração de pureza;

2. Segurança financeira;

3. Promessas de exaltação, redenção, "consciência mais elevada" ou um

conjunto de outras recompensas.

8. Como as pessoas são mantidas na seita?

a. Dependência:

As pessoas querem freqüentemente ficar porque a seita vai de encontro às

suas necessidades psicológicas, intelectuais e espirituais.

b. Isolamento:

1. O contato com pessoas de fora do grupo é reduzido e cada vez mais a vida

do membro é construída ao redor da seita.

2. Fica muito mais fácil então controlar e moldar o membro.

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c. Reconstrução cognitiva (Lavagem cerebral):

1. Uma vez que a pessoa é doutrinada, os processos de pensamento

deles/delas são reconstruídos para serem consistentes com a seita e ser

submisso a seus líderes.

2. Isto facilita o controle pelo(s) líder(es) da seita.

d. Substituição:

1. A Seita e os líderes ocupam freqüentemente o lugar de pai, mãe, pastor,

professor etc.

2. Freqüentemente o membro assume as características de uma criança

dependente, que busca ganhar a aprovação do líder ou do grupo.

e. Obrigação

O membro fica endividado emocionalmente com o grupo, às vezes

financeiramente, etc.

f. Culpabilidade

1. É dito para a pessoa que sair da seita é trair o líder, Deus, o grupo, etc.

2. É dito também que deixar o grupo é rejeitar o amor e a ajuda que o grupo deu.

g. Ameaça:

1. Ameaça de destruição por "Deus" por desviar-se da verdade.

2. Às vezes ameaça física é usada, entretanto não freqüentemente.

3. Ameaça de perder o apocalipse, ou ser julgado no dia do julgamento, etc.

9. Como podemos tirar alguém de uma seita?

a. A melhor coisa é não tentar um confronto direto no primeiro encontro, o que

pode assustar o membro e afastá-lo de você.

b. Se você é um Cristão, então interceda em oração pela pessoa primeiro.

c. Para tirar uma pessoa de uma seita é necessário tempo, energia, e apoio.

d. Ensine a verdade:

1. Dê-lhe a verdadeira substituição para o sistema de convicção aberrante que

ela aprendeu, ou seja, o Evangelho da Graça de Jesus Cristo;

2. Mostre as inconsistências da filosofia do grupo, à luz da Bíblia;

3. Estude a seita e aprenda sua história, buscando pistas e informações.

e. Tente afastá-lo fisicamente da seita por algum tempo, para quebrar o laço de

isolamento.

f. Dê o apoio emocional de que ele precisa.

g. Alivie a ameaça de que se ele deixar o grupo, estará condenado ou em perigo.

h. Geralmente, não ataque o líder do grupo, deixe isso para depois.

Freqüentemente o membro da seita tem lealdade e respeito para com o

fundador ou líder.

i. Confronte outros membros da seita ao mesmo tempo, somente quando for

inevitável.

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10. Aprendendo com as seitas

Ao analisar crenças contrárias à Bíblia e nos empenhar em defender a nossa fé

acabamos por descobrir falhas em nós mesmos que precisam ser corrigidas, pois,

tão grave quanto seguir crenças erradas é "não viver o que pregamos", não

obedecer 'a Palavra de Deus!

Veja:

Os muçulmanos oram cinco vezes por dia 'a Alah , prostrando-se a ponto de

encostar a testa no chão.

- Quantas vezes oramos por dia ao nosso Deus Vivo?

Os budistas e outros religiosos orientais utilizam-se de meditação constantemente.

- Você tem meditado na Palavra de Deus de dia e de noite como diz o Salmo 1.2?

Os adeptos da seita Hare Krishna adoram cantar o mantra <Hare-Krishna>.

- O que você tem cantado? Você costuma louvar ao Senhor com frequência ou fica

ouvindo e cantando música mundana? (Sl.100)

A Seicho-No-Ie espalha de tal forma suas "belas palavras" que se torna difícil

encontrar alguém que nunca viu um calendário de parede com suas mensagens de

"pensamento positivo".

- Você tem semeado a Palavra de Deus? Você tem visto versículos bíblicos em

paredes ou em calendários?

Os judeus e adventistas guardam o sábado enquanto outros cristãos defendem o

domingo.

- Você tem dedicado 1 dia da semana para Deus?

Mórmons e Testemunhas de Jeová são vistos nas ruas entregando folhetos e

batendo de porta-em-porta propagando seus ensinamentos.

- Você tem feito evangelismo? (Leia Mc 16.15)

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A Maçonaria destaca-se pela fidelidade entre os membros uns aos outros. Quando

algum deles precisa de ajuda é prontamente atendido por seu companheiro de

crença.

- Você tem ajudado o seu irmão? (Mt 5.40-48)

Os espíritas são elogiados por seus feitos assistenciais na área de caridade.

- Será que estamos agindo assim também? O que a Bíblia diz sobre caridade? Tg.

1.27.

Católicos durante a missa mantem-se em silêncio enquanto o padre fala. Da mesma

forma em um julgamento as pessoas silenciam-se enquanto fala o juíz.

- Será que nós, diante da presença do Senhor, por uma questão de reverência,

ficamos sem conversas-de-lado durante o culto?

Católicos confessam seus pecados aos Padres.

- Nós confessamos os nossos pecados uns aos outros conforme ensina Tg. 5.16?

Algumas pessoas crêem em Astrologia e não saem de casa sem antes ler o seu

"horóscopo do dia".

- E quanto a nós cristãos? Lemos a Bíblia, ao menos um versículo antes de sair de

casa? (Mt 4.4)

Esotéricos "comem" cada livro lançado no mercado editorial aumentando assim a

quantidade e destaque deste gênero nas livrarias.

- Você tem o hábito de ler livros cristãos? De comprar bons livros de Estudos

Bíblicos?

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Bibliografia CPAD A.A Autores Anônimos Anísio Renato de Andrade Bíblia de Estudos Pentecostal Isaltino Comes Coelho Filho Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva / Paulo Cristiano da Silva A Bíblia Explicada, S.E.Mcnair Conhecendo as Doutrinas Bíblicas, MyerPearlma Bíblia de Estudo Pentecostal Apostila FAETEL módulo VI Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva Pr. Airton Evangelista da Costa Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria Chamada.com.br Dr. Ed Hindson (EUA). João Flávio Martinez do CACP ThomasH. Wharton EdwardC. Wrigh Hasel Cerhard F Asa Routh WalterC. Hurtado LarryW Augusto Belo de Souza Filho Henry Melvill Gwatkín Pr. Roque Lopes de Carvalho Filho CACP Augustus Nicodemus Lopes Prof. Anísio Renato de Andrade Manual Bíblico – Halley Pr. Geziel Gomes (Atos dos Apostolos)

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