o significado do sacrifício para as religioes de matriz africana
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Conhecereis a VERDADE e a verdade vos libertará. Jo 8.32
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Conversei com Jesus sobre a frase das escrituras atribuída a Ele "Conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará", disse a Jesus que achei essa frase muito vaga e que
precisava conhecer mais profundamente o seu significado.
O conhecimento vem de Jesus por intermédio do Espírito Santo que vive em todos que
afirmam e creem que Jesus Cristo é o seu salvador e redentor, pois está escrito,
ninguém pode afirmar que Jesus é o Senhor, se o Espírito Santo não viver nele.
O Espírito Santo, pouco a pouco foi me ensinando o significado da frase, mas o maior
ensinamento foi na prática que Jesus me deu.
Eu estava há algum tempo com os documentos do carro atrasados e rodava por aí pela
necessidade de realizar meu trabalho comercial. Vez ou outra via aquelas barreiras da
polícia militar e pensava, meu Deus me protege, não permita que apreendam meu
carro e ao mesmo tempo pedia também que ele me permitisse ganhar os recursos
suficientes para regularizar a situação. Aquilo foi me sobressaltando durante meses a
fio, toda semana era um susto novo, era pura emoção ver Jesus agindo em minha vida.
Pois então, um belo dia, vejo a barreira ao longe, aquela apreensão me aperta o peito e
de repente ouço claramente na minha mente: Vou te mostrar o que significa aquela
frase "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", você tem duas opções: Dizer a
verdade ou mentir.
O policial acena e me manda parar, chega até minha janela e diz: Por favor, o
documento do veículo e o seu documento.
Pego minha carteira e digo: Qual o seu nome? Antônio, diz ele, e eu, Antônio, meus
documentos estão aqui, mas os documentos do carro estão vencidos há algum tempo.
Ele diz: Porque seu Humberto? E digo: Sinceramente, por falta de dinheiro, fiquei um
tempo sem ganhar o suficiente e tive que optar entre sustentar a minha família e pagar
certas despesas, mas assim que regularizar meus ganhos, vou licenciar o carro.
Antônio olhou pra mim e disse: Seu Humberto, vai embora, assim que o Sr. puder, por
favor, regularize isso. Disse obrigado e fui embora. Jesus veio em minha mente e disse,
entendeu o significado? Nunca tenha receio de dizer a verdade em qualquer
circunstância, pois a verdade liberta.
Quer ser livre em todos os aspectos? NÃO TENHA MEDO DE DIZER A VERDADE NUNCA.
Humberto Manhani
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INDICE
CAPITULO I: BABEL Pg 6
CAPITULO II: HISTÓRIA DO JUDAISMO Pg 17
CAPITULO III: HISTÓRIA DO CRISTIANISMO Pg 22
CAPITULO IV: HISTÓRIA DO CATOLICISMO Pg 32
CAPITULO V: A ESCATOLOGIA DAS RELIGIÕES Pg 56
CAPITULO VI: RELIGIÃO, SEITAS E HERESIAS Pg 64
1. O que é uma seita?
2. O líder de uma seita
3. Como se comportam as seitas?
4. Algumas seitas podem variar grandemente
5. Quem é vulnerável a entrar para uma seita?
6. Técnicas de recrutamento
7. Por que alguém seguiria uma seita?
8. Como as pessoas são mantidas na seita?
9. Como podemos tirar alguém de uma seita?
10. Aprendendo com as seitas
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Introdução
Desde os primórdios, os homens acreditavam que os fenômenos naturais, como por
exemplo, as trevas, o calor, o frio, a vida e a morte, eram controlados por deuses e
espíritos.
Segundo suas crenças, esses espíritos eram capazes de habitar as rochas, as árvores ou os
rios, sendo que cada um deles possuía uma função diferente do outro. Os crédulos
acreditavam receber sua benevolência por meio de oferendas, como: canções, danças,
sacrifícios e magia.
Ao analisarmos a história das civilizações antigas, como as do Egito, China, Grécia e Roma,
percebemos que estas eram politeístas, ou seja, possuíam vários deuses, que, em sua
grande maioria, eram temidos por seus adoradores, que sempre se esforçavam para não
os ofender ou irritar.
Sacerdotes, especialmente treinados para interpretar a vontade divina, ensinavam ao povo
como viver conforme a vontade dos deuses e também como homenageá-los. Esta atividade
permitia que os sacerdotes obtivessem um grande poder.
Grande parte das religiões acredita numa existência após a morte, onde os bons são
recompensados e os maus punidos. Este é o motivo que fazia com que os egípcios
embalsamassem os corpos dos faraós.
Já nos funerais do homem primitivo, assim como os de chefes de tribos escandinavas,
existia a demonstração de crença numa outra existência.
A ideia de uma força superior às demais, como o deus Sol, a deusa Lua, Zeus ou Odin,
formou uma fé comum a muitos povos; contudo, foram os hebreus (e depois os judeus)
que introduziram a crença num único Ser Supremo (Jeová), criador de todo o Universo.
Posteriormente surgiu o Cristianismo, onde a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo,
Filho de Deus, conforme se encontra escrito no Novo Testamento, o homem conhece o
evangelho. A religião cristã baseia-se no amor ao próximo.
As religiões orientais são em grande parte bem antigas e seguidas por inúmeros povos,
entretanto, uma mesma religião toma rumos diferentes de acordo com o país e costumes
de seus fiéis.
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CAPITULO I
BABEL
NINRODE E SEMÍRAMIS
GÊNESIS 10:6-12: Vemos aqui o texto ressaltando a figura de Ninrode. O nome
Ninrode vem da raiz “marad” e significa: “ele se rebelou”. Alguns estudiosos do
hebraico dizem que literalmente Ninrode significaria: “vamos nos rebelar”, na 1ª
pessoa do plural.
Quando lemos no texto os adjetivos atribuídos a Ninrode, podemos nos enganar:
“Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra”; “ele era poderoso
(valente) caçador diante do Senhor”. Deus não gosta destes adjetivos para seus
filhos: valente, poderoso; são completamente contrários ao princípio bíblico.
II Coríntios 12:9; o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.
II Coríntios 12:10; porque quando estou fraco, então é que sou forte.
Joel 3:10; diga o fraco, eu sou forte.
I Samuel 2:4; os fracos são cingidos de força.
Quando reconhecemos nossa fraqueza, então é que estaremos fortes, pois o poder
de Deus nos sustentará e atuará em nossa vida. O Senhor se alegra com o homem
de coração humilde e espírito quebrantado. Poderoso diante do Senhor pode
significar: “em oposição ao Senhor”, “em desafio à”, “em desafio ao Senhor”.
Como se não bastassem esses adjetivos, vemos ainda em Gênesis 10:10 outra
citação contra a figura de Ninrode: “o princípio de seu reino foi Babel”. Deus não
estava estabelecendo um reino com Noé? E que reino é esse de Ninrode? O que era
Babel? À que cidade Babel deu origem? Babel deu origem à cidade de Babilônia. O
que é Babilônia?
Apocalipse 17:1-5
V.5; “a mãe das prostituições (das meretrizes) e das abominações da terra”. Mãe
significa: aquela que deu origem à. Babilônia é a mãe das abominações da terra, a
mãe das prostituições (meretrizes) da terra.
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Estamos vendo em Gênesis, bem no começo da Bíblia, a cidade de Babilônia sendo
fundada (na região do Iraque de hoje), e vemos lá em Apocalipse, nos últimos
capítulos da Bíblia, Babilônia sendo julgada.
O que mostra isso? Mostra que o espírito de Babilônia esteve presente o tempo
todo, o tempo todo na história da humanidade. Se estudarmos a história como
Babilônia física foi destruída (a antiga cidade, hoje são apenas ruínas) e
compararmos com a destruição de Babilônia descrita na Bíblia, com as profecias
em Isaías 13:19-22, Isaías 46 e 47, Jeremias 51 e 52, veremos que essa destruição
descrita na Bíblia, ainda não aconteceu até hoje.
Ninrode foi poderoso caçador de homens; caçador de homens são escravagistas.
Podemos dizer isso se estudarmos a história. Ninrode foi o fundador de Babilônia,
a primeira cidade com muralhas. Ele foi a primeira tentativa de Satanás de exercer
um domínio mundial na terra, ele foi um tipo de anticristo.
Mostrando uma profunda rebeldia a Deus, Ninrode chefiou a construção de uma
cidade e de uma torre. A torre era a tradução de tudo que se passava naquele
coração em oposição a Deus. A torre de Babel era um “zigurate”. Zigurates eram
torres, geralmente com 7 andares, que eram construídas para adoração do céu e
seus astros. A torre de Babel serviu de modelo para todos os zigurates da
antigüidade.
A astrologia já existia nessa ocasião; carta astral, prognósticos através dos astros,
não são coisas modernas, são práticas muito antigas. Os zigurates eram
construídos para adoração do céu, consulta à lua, ao sol, às estrelas. Por isso vemos
constantemente as expressões “deus sol”, “deusa lua”.
O nome Babilônia e da torre de Babel, era “Bab-Ilu”, que na língua dos caldeus
significa “portão dos céus” ou “portão dos deuses”. Deuteronômio 18:9-14; essas
práticas já existiam, por isso, Deus as proibiu na Lei mosaica. Dt 17:3.
Então entra uma personagem, uma mulher de nome Semíramis. Por muitos séculos
Semíramis foi considerada uma lenda, mas após descobertas arqueológicas na
região, muitas tábuas foram encontradas, provando-se a existência histórica de
Semíramis. A enciclopédia britânica dá Semíramis como uma personagem
histórica, atribui a ela a fundação de Babilônia e diz ser ela a 1ª suma sacerdotisa
de uma religião.
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Pesquisadores cristãos gastaram suas vidas inteiras pesquisando a história nesses
locais, suas lendas e religiões. A história babilônica relata: Semíramis era casada
com Ninrode e após a morte dele, estando ela grávida, deu à luz a Tamuz.
Semíramis reivindicou que este filho era a re-encarnação de Ninrode. Ela havia
muito provavelmente escutado a profecia do Messias de Gênesis 3:15, e
reivindicou que seu filho fora concebido de maneira sobrenatural; Semíramis
reivindicou que Tamuz era a semente prometida, o “Salvador”.
Quando Tamuz era moço e sai para uma caçada na mata, é morto por um porco
selvagem. Então, esta é a lenda que os babilônicos criam, Semíramis reúne as
mulheres de Babilônia e vão jejuar e chorar por Tamuz. Depois de 40 dias de jejum
e clamores, Tamuz volta à vida e Semíramis passa a ser adorada como a doadora
da vida.
Desenvolveu-se então em Babilônia uma religião do culto chamado “culto à mãe
com a criança”, em que a mãe era adorada pois trouxe o filho à vida novamente; o
poder era dela. Rapidamente essa religião espalhou-se pelo mundo. Foi levada
pelos fenícios (grandes navegadores) e esse culto instalou-se em várias partes do
mundo. Os nomes de Semíramis e Tamuz mudavam de acordo com a língua do
local:
- Na Fenícia; eram chamados de “Ashtar e Baal”.
- No Egito; Isis e Horus.
- Na Grécia; Afrodite.
- Na Ásia; Cibele e Deoius.
Quando os medo-persas invadiram Babilônia, introduziram em Babilônia o culto
ao fogo; este era o culto principal dos medo-persas. Então os sacerdotes de
Babilônia fugiram e instalaram-se na Ásia menor, instalaram-se em Pérgamo. Com
o surgimento do Império Romano o culto da mãe e a criança foi levado de Pérgamo
para Roma e lá em Roma Semíramis e Tamuz passaram a chamarem-se Vênus e
Cupido.
Então, no Império Romano antes de Constantino ser coroado imperador (ele foi
coroado em 312 d.C.), houve uma guerra civil na qual as forças de Constantino
foram confrontadas com as forças do general Maxcêncio; aquele que vencesse seria
proclamado imperador. Isto tudo está na historia.
Constantino sofrendo várias derrotas, conclamou os cristãos para o apoiarem, com
a promessa de cristianizar o Império Romano. Os cristãos o apoiaram e na última
batalha Constantino vence e é coroado imperador.
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O imperador romano tinha duas coroas, a coroa de imperador político e a outra
que o coroava como “Pontifix Maximus”, o cabeça religioso do império. Muitos
romanos tornaram-se cristãos para agradar o imperador; o cristianismo agora era
a religião oficial do Império Romano.
Mas aos pouco foi acontecendo um sincretismo do cristianismo com o paganismo,
pois o povo começou a sentir falta do “ver”. As imagens dos deuses antigos
romanos foram novamente sendo introduzidas, porém agora com nomes cristãos.
Nesse sincretismo, Vênus e Cupido, que eram Semíramis e Tamuz, passaram a ser
chamados de “Maria e o menino Jesus”.
Babilônia deu origem a tudo isso, é só conferirmos na história. A enciclopédia
britânica diz o seguinte: “Não há dúvida de que o cristianismo tem o seu
background, o seu fundamento, no paganismo quanto a adoração da mãe com a
criança”. Imagens da mãe com a criança, foram encontradas séculos antes de Jesus
nascer neste planeta.
Quando esse sincretismo foi feito, os festivais antigos começaram a voltar. Na Grã-
Bretanha, o principal festival voltou (está até hoje), é o festival de “Easter”. Esse
festival foi “sincretizado” com a páscoa; até hoje páscoa em inglês é chamada de
“Easter” e não de “pass-over”, que é o significado exato da páscoa bíblica.
A palavra “Easter” vem do nome de uma deusa pagã, a deusa da luz do dia e deusa
da primavera. Easter não é senão uma forma mais moderna de Eostre, Ostera,
Astarte ou Ishtar. É o mesmo festival que por 40 dias comemorava-se o que
aconteceu com Tamuz; por 40 dias chorava-se por Tamuz.
Esse festival terminava com troca de ovos enfeitados e coloridos, simbolizando a
vida a partir da morte, como aconteceu com Tamuz. O coelho foi associado a esse
festival, como símbolo de fertilidade. Assim, tanto o coelho de páscoa como os ovos
de páscoa eram símbolos de significado sexual, símbolos de fertilidade. No
catolicismo romano, ainda hoje, comemora-se a quaresma, inclusive até bem pouco
tempo com jejum muito incentivado, significando nada mais do que “aqueles 40
dias que se jejuaram e clamaram por Tamuz”.
No Antigo Testamento a Bíblia mostra que o povo de Israel também foi
contaminado com a religião que se originou lá na Babilônia. Uma princesa Fenícia
chamada Jezabel, levou para dentro de Israel o culto a Astarote e Baal. Jezabel
casou-se com o rei Acabe de Israel. I Reis 16:29-33 Jezabel levou esse culto para
dentro de Israel e Deus vai mostrar para o profeta Ezequiel.
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Ezequiel 8: Deus foi mostrando ao profeta as coisas que o povo de Israel estava
praticando dentro do santuário, e ainda fala: “te mostrarei coisas piores que o povo
está fazendo”.
V.13 e 14; “… chorando por Tamuz”, ou seja, comemorando aquele festival.
V.16; homens de costas para o templo, adorando o sol. O sol é um dos símbolos de
Tamuz.
Jeremias 44:14-19
V.14; Jeremias estava dizendo ao povo, caso não se convertessem de seus pecados,
seriam levados cativos. Neste período o povo de Israel estava sendo levado cativo
para Babilônia. Qual foi a resposta do povo a Jeremias?
V.15 a 19; “rainha do céu”, era um título de Semíramis. O que o povo de Israel
estava fazendo? Adorando a “rainha do céu”. Quando Jeremias chamou o povo para
sair disso, o povo diz: “nós não vamos obedecer ao Senhor; vamos continuar
oferecendo incenso à rainha do céu, porque é ela quem tem nos abençoado”. Está
escrito isso na sua Bíblia?
No catolicismo romano existe uma reza chamada salve rainha. Maria é
frequentemente chamada de “rainha dos céus”. Mas Maria, a mãe de Jesus Cristo,
não é a rainha dos céus. O povo que fica seguindo à Semíramis, nunca verá à Maria.
Rainha dos céus foi um título da deusa-mãe que foi adorada séculos antes de Maria
ter nascido. A deusa-mãe era Semíramis, (Ishtar, Astarte, Astarote). Em várias
passagens a Bíblia mostra a adoração a Astarote e Baal.
Juizes 2:11-13
I Samuel 7:3-4
I Samuel 12:10
I Samuel 31:9-10
I Reis 11:4-6
Todas as falsas religiões do mundo foram oficializadas em Babilônia. O que Caim
começou, o caminho que inaugurou, Ninrode oficializou em Babilônia. Por isso,
quando chegamos lá em Apocalipse 17:5 está escrito: “Babilônia a grande meretriz,
a mãe, aquela que deu origem a todas as abominações da terra”. Todas as religiões,
o espiritismo com a reencarnação, tudo que tem prognósticos, etc., tiveram suas
origens em Babilônia.
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Isaías 47:12-14; condenação de adivinhos e feiticeiros.
Isaías 8:19-20
Deus dá um grito: “À Lei e ao Testemunho“! Em outras palavras: “leiam a Bíblia“!
Ninrod - (neto de Cão) começou a se destacar. Ninrod vem do heb. marad =
"rebelar-se". A tradução literal do seu nome poderia ser: "vamos nos revoltar".
Gn 10: 8,9 - "Cuche também gerou a Ninrod, o qual foi o primeiro a ser poderoso na
terra. Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrod,
poderoso caçador diante do Senhor."
Dentro do contexto bíblico, expressões como: "valente", "poderoso" não tem boa
conotação. Compare: Sl 51.17, Is 57.15, II Co 12.9,10.
Ninrod foi a primeira tentativa de satanás de formar um ditador mundial. Ele foi o
primeiro tipo de Anticristo. Ele fundou um reino EM OPOSIÇÃO ao reino de Deus e
chefiou a construção de uma torre (Babel ) para a adoração dos astros, e de uma
cidade - Babilônia - onde se originou todo o sistema anti-Deus. Todas as religiões
falsas do mundo têm sua origem em Babilônia.
Ap 17: 5 - "E na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia, a
mãe das prostituições e das abominações da terra. "
Gn 10: 10 - "O princípio de seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de
Sinar."
Deus havia planejado um reino, um governo, mas quando lemos Gn 10: 10, vemos
claramente que outro reino estava sendo formado em oposição ao de Deus.
Gn 11: 4 - "Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo
cume toque no céu, e façamos-nos um nome, para que não sejamos espalhados
sobre a face de toda a terra."
Demonstrando sua profunda rebeldia contra Deus, Ninrode chefiou a construção
de "uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus..." O sentido literal
destas palavras, revela que era uma torre para a adoração dos astros, a lua, o sol, as
estrelas, e a história também mostra isto. Babel foi o modelo de todos os zigurates -
o último degrau de um zigurate (geralmente havia 7) , era considerado a "entrada
do céu".
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Usando betume na construção da torre de Babel, junto com tijolos (no lugar de
pedras) feitos por eles mesmos (OBRAS), eles mostraram sua rejeição a Deus, pois
o betume era símbolo de expiação (é a mesma palavra de Lv 17: 11). Com isto
estavam declarando que não precisavam da salvação de Deus, pois podiam fazer a
sua própria salvação.
Toda religião falsa tem seus próprios métodos para chegar a Deus, cometendo
portanto o mesmo erro, e se desviando do "ÚNICO CAMINHO QUE É O SENHOR JESUS
CRISTO". Jo 14.6.
A confusão das línguas é uma maldição sobre a raça humana, mas ainda não é o
juízo de Deus; este se dará na tribulação. Desde que foram espalhadas, as nações
estão entregues a seus próprios caminhos, sem se lembrarem que Deus tem o total
controle da história e que um dia se cumprirá o:
Sl 2: 2,4 - "Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o
Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos
de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará
deles."
Este período termina com a intervenção e a vitória de Deus sobre as trevas, para
continuar o Seu plano redentor para o homem.
Ninrod - Semiramis - Tamuz
A Enciclopédia Britânica cita Semiramis como uma personagem histórica a quem
se atribui a fundação de Babilônia e a primeira suma-sacerdotisa de uma religião.
Ela era casada com Ninrode e a Bíblia diz que Ninrode é o fundador de Babilônia.
Apoc 17:5 - "E na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia,
a mãe das prostituições e das abominações da terra."
Vemos então que em Babilônia se originaram as abominações e as prostituições
espirituais.
Semiramis esperava um filho quando Ninrode morreu. Quando o filho nasceu, ela
declarou que o menino - que se chamou Tamuz - era a reencarnação de Ninrode. Aí
estava fundado a base do espiritismo, com a reencarnação, que tem mancado
quase que a totalidade das falsas religiões existentes no mundo. Satanás estava
adulterando a verdade sobre "a semente da mulher" para desviar o homem quando
a verdadeira semente viesse!
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Quando Tamuz era moço e estava caçando nas matas, foi morto por um porco
selvagem. Semiramis então, com todas as mulheres que serviam na sua religião,
choraram e jejuaram por 40 dias, no final dos quais, de acordo com a lenda
babilônica, Tamuz foi trazido de volta à vida. Isto foi uma demonstração do poder
da mãe. Ela começou a ser adorada com o título de "rainha dos céus" ou "deusa
mãe". O símbolo desta religião foi a imagem da mãe com a criança nos braços
conhecido como "o mistério da mãe com a criança". Rapidamente esta religião se
estendeu pelo mundo. Os nomes eram outros, de acordo com as diferentes línguas,
mas o culto à mãe com o filho era o mesmo.
Ashtarot e Baal na Fenícia.
Ishtar ou Inanna na Assíria
Isis e Osiris no Egito.
Afrodite e Eros na Grécia.
Venus e Cupido em Roma.
Quando os medo-persa dominaram Babilônia, os sacerdotes de lá tiveram que fugir
(os medo-persas adoravam o fogo), e se estabeleceram em Pérgamo, na Ásia
Menor. Pérgamo se tornou o centro do culto da mãe com o filho. Daí foi levado para
Roma com os nomes de Venus e Cupido.
No tempo de Constantino, ele teve que medir forças políticas com o Gal. Maxêncio
para se tornar imperador. Os imperadores do império romano portavam 2 coroas:
a de imperador e a de pontifex maximus (sumo-sacerdote); isto significava
autoridade política e religiosa.
Constantino, para obter o apoio dos cristãos, prometeu cristianizar o império, se
vencesse. Os cristãos o apoiaram e numa última batalha, no ano 312, ele venceu e,
como imperador e pontifex maximus, declarou o cristianismo a religião oficial do
império. Muitos se tornaram "cristãos" para agradar o imperador. Para um povo
que adorava centenas de deuses, isto não era difícil! Mas estes nunca "nasceram de
novo", e bem cedo começou a se formar um sincretismo do cristianismo com o
paganismo. As imagens pagãs foram sendo reintroduzidas com nomes cristãos.
Venus e Cupido passaram a se chamar "Maria e o menino Jesus". Ela foi honrada
como a 'rainha dos céus" e se tornou a mediatrix entre deus e os homens.
Exatamente como era na religião babilônica. Os velhos festivais e feriados foram
re-introduzidos no chamado "cristianismo", se fixando cada vez mais com o passar
do tempo.
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A festa de Ashtarot (o nome fenício de Semiramis) ou Ishtar ou Inanna como era
chamada na Assíria. Em Nínive se tornou "Easter" para os anglo-saxãos na
Bretanha, e é comemorado até hoje com este nome. Uma princesa fenícia - Jezabel -
introduziu este culto em Israel e o vemos claramente na Bíblia:
Tamuz - Ez 8: 14,18 - "Depois me levou `entrada da porta da casa do Senhor, que
olha para o norte; e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz.
Então me disse: Viste, filho do homem? Verás ainda maiores abominações do que
estas. E levou-me para o átrio interior da casa do Senhor; e eis que estavam `a
entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco
homens, de costas para o templo do Senhor, e com os rostos para o oriente; e assim
virados para o oriente, adoravam o sol.
Então me disse: Viste, filho do homem? Acaso é isto coisa leviana para a casa de
Judá, o fazerem eles as abominações que fazem aqui? pois, havendo enchido a terra
de violência, tornam a provocar-me à ira; e ei-los a chegar o ramo ao seu nariz.
Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará, nem terei
piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os
ouvirei."
O sol no céu era também o símbolo de Tamuz - o filho da rainha dos céus.
Jr 44: 14,19 - "De maneira que, da parte remanescente de Judá que entrou na terra
do Egito a fim de lá peregrinar, não haverá quem escape e fique para tornar à terra
de Judá, à qual era seu grande desejo voltar, para ali habitar; mas não voltarão,
senão um pugilo de fugitivos. Então responderam a Jeremias todos os homens que
sabiam que suas mulheres queimavam incenso a outros deuses, e todas as
mulheres que estavam presentes, uma grande multidão, a saber, todo o povo que
habitava na terra do Egito, em Patros dizendo: Quanto à palavra que nos
anunciaste em nome do Senhor, não te obedeceremos a ti; mas certamente
cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, de queimarmos incenso à
rainha do céu, e de lhe oferecermos libações, como nós e nossos pais, nossos reis e
nossos príncipes, temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; então
tínhamos fartura de pão, e prosperávamos, e não vimos mal algum.
Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha do céu, e de lhe oferecer
libações, temos tido falta de tudo, e temos sido consumidos pela espada e pela
fome. E nós, mulheres, quando queimávamos incenso à rainha do céu, e lhe
oferecíamos libações, acaso lhe fizemos bolos para a adorar e lhe oferecemos
libações sem nossos maridos?"
Todas as religiões falsas do mundo tiveram sua origem em Babilônia!
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A torre de Babel foi o monumento da rebelião e blasfêmia. Ao usarem betume para
unir os tijolos, feitos por eles mesmos no lugar de pedras, estavam declarando sua
total independência de Deus.
Gn 11: 3 - "Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem.
Os tijolos lhes serviam de pedras e o betume de argamassa."
A palavra betume, no hebraico, é a mesma palavra usada para expiação, a tradução
é: cobertura, cobrir, e este era exatamente o resultado das expiações do Velho
Testamento, que apontavam para o sangue de Jesus Cristo. A arca que é um tipo de
Jesus Cristo como Salvador, foi betumada por fora e por dentro.
Gn 6: 14 - "Fazei para ti uma arca de madeira de gôfer; farás compartimentos na
arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora." Gn 11: 5,9 - "Então desceu o
Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam, e disse: Eis
que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora
não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos, e
confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.
Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar
a cidade. Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a
linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra."
Se Deus não interrompesse aqui, o pecado deste povo cresceria de tal maneira que
uma medida muito mais drástica seria necessária.
A maldição das línguas ainda não é juízo sobre a raça humana, este se dará na
tribulação. Desde que foram espalhadas, não há lugar para Deus nas nações, elas
fazem e seguem seu próprio caminho e usam a terra como se não fosse de Deus.
Mas virá o dia (e está perto) em que se cumprirá e Jesus Cristo estabelecerá o Seu
reino e reinará com "vara de ferro".
Sl 2: 2,4 - "Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o
Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos
de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará
deles."
No final deste período, vemos claramente que Deus, mais uma vez foi vitorioso
sobre as trevas para continuar Seu plano que redime o homem e que, no final,
libertará o mundo que hoje está nas mãos de satanás.
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O homem - a raça humana - já havia rejeitado a Deus:
Na área da Palavra - no tempo de Adão e Eva.
Na área da Adoração - no tempo de Caim e Abel,
e agora na área do Governo.
O resultado desta rejeição é o estado caótico em que o mundo se encontra em
todas as áreas: política/social/econômica-financeira/espiritual/intelectual, etc.
Mas, apesar de rejeitado pelo homem, Deus continua a buscar o homem que Ele
ama. Deus não rejeitou o homem!
Jo 3: 16 - "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."
Rm 5: 8 - "Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que quando éramos
ainda pecadores, Cristo morreu por nós."
O programa de Deus para a raça humana em geral (como um todo) ficou suspenso,
porque a raça humana, como um todo, O rejeitou... Então, Deus introduz um novo
programa, até ali desconhecido - este programa poderia ser desenvolvido através
de indivíduos que respondessem ao Seu chamado - não dependia mais da raça, de
nações; mas de indivíduos. Deus iria agir a partir de um indivíduo para formar um
canal para abençoar a terra - uma nação formada e separada por Ele para abençoar
as nações que O rejeitaram.
Deus vai chamar um homem para formar uma família, para então, formar esta nação.
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CAPITULO II
HISTÓRIA DO JUDAISMO
O judaísmo é a primeira religião monoteísta a aparecer na
história. Tem como crença principal a existência de
apenas um Deus, o criador de tudo. Para os judeus, Deus
fez um acordo com os hebreus, fazendo com que eles se
tornassem o povo escolhido e prometendo-lhes a terra
prometida. Atualmente a fé judaica é praticada em várias
regiões do mundo, porém é no estado de Israel que se
concentra um grande número de praticantes. Os livros
sagrados dos judeus A Torá ou Pentateuco, de acordo com
os judeus, é considerado o livro sagrado que foi revelado
diretamente por Deus. Fazem parte da Torá: Gênesis, o Êxodo, o Levítico, os Números e o
Deuteronômio. O Talmude é o livro que reúne muitas tradições orais e é dividido em
quatro livros: Mishnah, Targumin, Midrashim e Comentários. Os cultos judaicos são
realizados num templo chamado de sinagoga e são comandados por um sacerdote
conhecido por rabino. O símbolo sagrado do judaísmo é o memorá, candelabro com sete
braços.
A história do povo de Israel começa com Abraão, aproximadamente em 2.100 a.C.
Ele morava na Mesopotâmia quando o Senhor o chamou e ordenou-lhe que
andasse sobre a terra. Gn 12.1-9; 13.14-18. Andou por toda a terra de Canaã que
seria futuramente a terra escolhida por Deus para seu povo habitar.
Obediente e temente ao Senhor, Abraão foi honrado por Deus, como o Pai de um
povo inumerável. Gn 15.4-6. Nasceu Isaque (Gn 21.1-7), deste veio Jacó (Gn 25.19-
26; 25.29-34; 27.27-30) e gerou a José (Gn 30.22-24), que mais tarde seria vendido
como escravo ao faraó (Gn 37), rei do Egito. José era fiel a Deus (Gn 39.2-6,21-23) e
não foi desamparado pelo Senhor. Tornou-se um homem querido pelo faraó (rei do
Egito) e foi promovido a governador do Egito. Gn 41.37-46. Trouxe os seus
familiares de Canaã onde havia uma grande fome. Gn 46.1-7. Do faraó receberam
terras, para que as cultivassem. Gn 47.5-12.
Assim os israelitas começaram a prosperar. Ali foram abençoados por Deus de uma
forma extraordinária: prosperaram tanto e se tornaram tão ricos e tão numerosos
que assustaram o reino egípcio.
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Resultado: foram subjugados militarmente e submetidos à escravidão. Ex 1.7-14.
O faraó ainda não estava satisfeito. Pretendia interromper de forma definitiva sua
expansão: decidiu que todos os varões que nascessem nas famílias israelitas
deveriam ser mortos. Ex 1.15,16,22. E assim foi feito, e de forma cruel. Às meninas,
no entanto, era dado o direito à vida.
Um desses bebês, Moises, foi escondido por seus pais dos soldados egípcios. Os
pais conseguiram isso durante três meses. Quando a vida do bebê passou a correr
perigo iminente, seus pais o colocaram numa cesta e o soltaram no rio Nilo. Ex 2.1-
10.
A filha do faraó viu o cestinho descendo nas águas e o choro do bebê. Ela tratou de
resgatá-lo e o menino ganhou o nome de Moisés, ou Moschê, que pode significar
"retirado" ou "nascido das águas". Ex 2.5-9.
A mãe de Moisés tornou-se sua ama (Ex 2.9), ele cresceu e estudou dentro do reino
egípcio, sempre muito bem tratado, apesar da filha do faraó saber que ele era filho
de hebreus.
Um dia, enquanto ainda vivia no reino, Moisés foi visitar seus "irmãos" hebreus e
viu um deles ser ferido com crueldade por um egípcio. Irado, Moisés matou o
egípcio e escondeu seu corpo na areia. Mas as notícias correram rapidamente: o
faraó soube do crime e decidiu mandar matar Moisés. No entanto, ele conseguiu
fugir para a terra de Midiã. Ex 2.15.
Foi ali que ele conheceria sua mulher, filha do sacerdote Reuel , chamada Zípora.
Ela lhe deu um filho, que ganhou o nome de Gerson (que significa "hóspede"). Ex
2.21,22. "Porque sou apenas um hóspede em terra estrangeira", diz Moisés. Ex
2.22.
Passaram-se os anos, o faraó que perseguia Moisés morreu, mas os israelitas (ou
hebreus) continuavam sob o jugo egípcio. Diz a Bíblia que Deus se compadeceu do
sofrimento de seu povo e ouviu o seu clamor. Ex 2.24.
Deus apareceu para Moisés pela primeira vez numa sarça em chamas (Ex 3), no
monte Horebe. E lhe disse:
"... Eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes
fazem os egípcios. Vai, te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo“.
Ex 3.9-10.
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Em companhia de Arão, seu irmão voltou para o Egito e contatou o faraó. Este
parecia inabalável na decisão de manter os hebreus escravos. Ex 5.1-5. Após ser
atingido por dez pragas enviadas diretamente por Deus. Ex 7-12. Permitiu que o
povo finalmente fossem libertos, comeram a páscoa e partiram em direção ao
deserto. Ex 12.37-51.
Era aproximadamente 3 milhões de pessoas. Começava a caminhada em direção a
Canaã. A Bíblia fala em 600 mil (homens, sem contar as mulheres e crianças, eram
aproximadamente 3 milhões de pessoas) andando pelo deserto durante 40 anos,
em direção à terra prometida. Ex 12.37.
Nasce o Judaísmo
Nas quatro décadas da caminhada no deserto Deus falou diretamente com Moisés
(Ex 14.15 ...) e deu todas as leis a serem seguidas por seu "povo eleito". Ex 20.1-17.
Os dez mandamentos, o conjunto de leis sociais e penais, as regras dos alimentos,
os direitos sobre propriedades... Enfim, tudo foi transmitido por Deus a Moisés,
que retransmitia cada palavra ao povo que o seguia. Era o nascimento do Judaísmo.
A caminhada não foi fácil. O povo rebelou-se diversas vezes contra Moisés e contra
o Senhor. A incredulidade e a desobediência dos israelitas eram tamanhas que,
algumas passagens, Deus pondera em destruí-los e a dar a Moisés outro povo (a
primeira vez que Deus "lamenta" ter criado a raça humana está em Gn 6.6).
Mas Moisés não queria outro povo. Clamou novamente a Deus para que perdoasse
os erros dos israelitas (Ex 32.9,10). Porém todos os adulto que saíram do Egito,
exceto Calebe e Josué morreram no deserto. Moisés resistiu firme até à entrada de
Canaã, infelizmente não pode entrar, apenas contemplou a terra (Dt 34.4,5) e foi
levado por Deus. Josué tomou a direção do Povo e tomaram posse da terra
Prometida.
"Eis a terra que jurei a Abraão, Isaque e a Jacó dar à tua posteridade. Viste-a com os
teus olhos, mas não entrarás nela (disse Deus). E Moisés morreu." (Dt 34. 4,5).
"Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor
conversava face a face." Dt 34.10.
Foram grandes e difíceis batalhas, até tomarem posse por completo de Canaã.
Inicialmente o povo era dirigido pelos juizes (Gideão, Eli, Samuel, etc). Mas
inconformados com esta situação e querendo assemelhar-se aos demais reinos
pediram para si reis, Deus os atendeu. I Sm 8.5.
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Levantou-se Saul o primeiro rei, que foi infiel ao Senhor (I Sm 10.24), em seguida
Davi tornou-se rei, este sim segundo o coração do Pai. II Sm 2.1-7. Salomão foi o
terceiro rei, homem muito sábio e abençoado, construiu o primeiro Templo. Após
estes, muitos outros reis vieram, alguns fieis outros infiéis. Muitas vezes tornaram-
se um povo sem Pátria. Inclusive nos últimos dois milênios eram um povo disperso
pela terra. Somente em 1948 foi restabelecido o Estado de Israel.
Jesus e os seus familiares pertenciam ao povo judeu. Também os seus Apóstolos. Sendo
tão grande o patrimônio espiritual comum aos Cristãos e aos Judeus, deve existir um
maior conhecimento entre ambos e uma estima mútua.
Os símbolos do Judaísmo
- O Muro das Lamentações – em Jerusalém, é o que resta do templo de Herodes,
destruído pelos romanos no ano 70 d.C. Aqui os hebreus vêm rezar. É o único lugar
sagrado de todo o Judaísmo.
- O Candelabro dos sete braços – A "Menorah" é o símbolo do Judaísmo. O 7 é para
os Judeus o número da plenitude, da perfeição.
- A Sinagoga – É o lugar de oração, de estudo e de reunião.
- O Rabino – Os hebreus não têm sacerdotes. O Rabino é só um mestre, um guia
espiritual para os fiéis na interpretação da Bíblia.
- O Sábado – É o dia semanal festivo dos judeus. Começa ao pôr-do-sol de Sexta-
feira e vai até ao pôr-do-sol de Sábado. É um dia dedicado à oração e ao descanso.
Etapas importantes da vida de um Judeu
- A Circuncisão – Aos oito dias depois do nascimento, todo o rapaz hebreu é
circuncisado e nesta altura é-lhe dado o nome. A circuncisão simboliza a Aliança
entre Yavhé e Abraão.
- Aos treze anos, o rapaz hebreu torna-se membro da comunidade e, por isso, está
sujeito aos direitos e aos deveres que a Bíblia lhe indica.
Vida Religiosa
- O estudo da Torá é o principal dos deveres de um judeu. No livro da Lei estão
contidas as 613 obrigações que todo o hebreu piedoso deve observar.
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- Quando ora, o hebreu tem a cabeça coberta com o «Talith», um xaile com franjas
brancas e pretas, e tem presos à testa e no braço direito as «filactérias», pequenas
bolsas que contem orações da Torá escritos em pergaminho.
Livro Sagrado
- Os textos sagrados judaicos são: a Bíblia dos hebreus, que inclui o Torá (o
Pentateuco, os cinco primeiros livros bíblicos: Gênesis, Êxodo, Números, Levítico e
Deuteronômio), os Profetas e outros livros; o Talmude, formado pelo conjunto de
ensinamentos do Judaísmo, além de tratar-se de um guia de leis religiosas e civis.
Credo
- «Escuta, Israel, o Eterno é Um só» Esta oração resume a fé hebraica: acredita na
existência de um só Deus. O Judaísmo é uma religião fortemente monoteísta.
- A visão que o Judaísmo tem da vida é otimista, porque o Deus criou o homem
livre e responsável. O cumprimento sem reservas das suas obrigações duras e
rigorosas da Torá exprime a submissão humana a Deus e simboliza o respeito pela
Aliança.
- Os hebreus esperam a vinda do Messias. Virá um tempo – «os dias do Messias» –
em que reinarão a paz, a justiça e a fraternidade. Terminarão todas as formas de
idolatria e o Eterno será Um e o Seu Nome será Um».
As Festas (principais)
- O dia do perdão – «Yom Kippur» – festa de jejum e de expiação. Cada judeu deve
estender ao seu inimigo a mão da reconciliação, esquecendo as ofensas e pedindo
desculpas.
- A festa da Páscoa – «Pessah» – recorda a saída do povo hebraico do Egito, guiado
por Moisés. Prolonga-se por oito dias.
- A festa do Pentecostes – «Shavuot» – recorda a Dom da Torá (Dez Mandamentos),
dada por Deus a Moisés, no monte Sinai. Lembrando que, no judaísmo houve o surgimento de várias vertentes, como a Ortodoxa, a Conservadora e a Reformista. A Conservadora, apesar de tomar como sagradas as tradições judaicas, encerra uma ideologia que permite novas interpretações dos textos sagrados. Os seguidores da vertente Reformista submetem as tradições judaicas à reavaliações, de geração a geração.
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CAPITULO III
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
O cristianismo é uma das chamadas grandes religiões.
A religião cristã surgiu na região da atual Palestina no século I. Essa
região estava sob domínio do Império Romano neste período. Criada
por Jesus, espalhou-se rapidamente pelos quatro cantos do mundo,
se transformando atualmente na religião mais difundida.
Jesus foi perseguido pelo Império Romano, a pedido do imperador Otávio Augusto
(Caio Júlio César Otaviano Augusto), pois defendia ideias muito contrárias aos interesses
vigentes. Defendia a paz, a harmonia, o respeito um único Deus, o amor entre os
homens e era contrário à escravidão. Enquanto isso, os interesses do império eram
totalmente contrários. Os cristãos foram muito perseguidos durante o Império Romano
e para continuarem com a prática religiosa, usavam as catacumbas para encontros e
realização de cultos.
CONTEXTO DO NASCIMENTO DO CRISTIANISMO
Período Interbíblico
Esse período teve a duração de aproximadamente 450 anos. Normalmente se faz
referência a esse tempo como uma época em que Deus esteve em silêncio para com
o seu povo. Nenhum profeta de Deus se manifestou ou, pelo menos, nenhum
deixou escrito que tenham sido considerados canônicos.
O Império Persa - Final do AT
O Antigo Testamento termina com as palavras de Malaquias, o qual profetizou
entre 450 e 425 a.C.. Nesse tempo, a Palestina estava sob o domínio do Império
Persa, o qual se estendeu até o ano 331 a.C.. Embora o rei Ciro tenha autorizado os
judeus a retornarem do exílio, o domínio Persa continuava sobre eles. De volta à
Palestina, o povo judeu passou a ter um governo local exercido pelos sumo
sacerdotes, embora não houvesse independência política. Eram comuns as
disputas pelo poder.
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O Império Grego - 335 a 323 a.C.
Paralelamente ao Império Persa, crescia o poder de um rei macedônico, Felipe, o
qual empreendeu diversas conquistas na Ásia menor e ilhas do mar Egeu,
anexando a Grécia ao seu domínio.
Desejando expandir seu território, entrou em confronto com a Pérsia, o que lhe
custou a vida. Foi sucedido por seu filho, Alexandre Magno, que também ficou
conhecido como Alexandre, o Grande, o qual havia estudado com Aristóteles. A
mitologia grega, com seus deuses e heróis parece ter inspirado o novo
conquistador. Alexandre tinha 20 anos quando começou a governar. Seu ímpeto
imperialista lhe levou a conquistar a Síria, a Palestina (332 a.C.) e o Egito.
No Egito, Alexandre construiu uma cidade em sua própria homenagem, dando-lhe
o nome de Alexandria, a qual se encontrava em local estratégico para o comércio
entre o Mediterrâneo, a Índia e o extremo Oriente. Alexandre se denominou então
"Rei da Ásia" e passou a exigir para si o culto dos seus subordinados, de
conformidade com as práticas babilônicas. Quanto aos judeus, Alexandre os tratou
bem e teve muitos deles em seu exército. Após a sua morte, o Império Grego foi
divido entre os seus generais, dentre os quais nos interessam Ptolomeu, a quem
coube o governo do Egito, e Seleuco, que passou a governar a Síria.
O Governo dos Ptolomeus - 323 a 204 a.C.
A Palestina ficou sob o domínio do Egito. Os descendentes de Ptolomeu foram
chamados Ptolomeus. Eis os nomes que se sucederam enquanto a Palestina esteve
sob o seu governo:
> Ptolomeu I (Sóter) - 323 a 285 a.C.
> Ptolomeu II (Filadelfo) - 285 a 246 a.C. – Durante o seu governo foi elaborada, em
Alexandria, a Septuaginta, tradução do Antigo Testamento para o grego. Filadelfo
foi amável com os judeus.
> Ptolomeu III (Evergetes) – 246 a 221 a.C.
> Ptolomeu IV (Filópater) - 221 a 203 a.C.
O Governo dos Selêucidas - 204 a 166 a.C.
Os reis da Síria, descendentes do general Seleuco, foram chamados Selêucidas.
Nesse período a Palestina esteve sob o domínio da Síria. Eis a relação dos
selêucidas do período:
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> Antíoco III - O Grande – 223 a 187 a.C.
> Seleuco IV (Filópater) – 187 a 175 a.C.
> Antíoco IV (Epifânio) - 175 a 163 a.C.
Em Israel, o governo local era exercido por Onias, o sumo sacerdote. Contudo,
Epifânio comercializou o cargo sacerdotal, vendendo-o a Jasão por 360 talentos.
Epifânio se esforçou para impor a cultura e a religião grega em Israel, atraindo
sobre si a inimizade dos judeus.
Tendo ido ao Egito, divulgou-se o boato da morte de Epifânio, motivo pelo qual os
judeus realizaram uma grande festa. Ao tomar conhecimento do fato, o rei da Síria
promoveu um grande massacre, matando 40 mil judeus.
O Governo dos Macabeus - 167 a 37 a.C.
Surge no cenário judaico uma importante família da tribo de Levi: os Macabeus. Em
167, o macabeu Matatias se recusa a oferecer sacrifício a Zeus. Outro homem se
ofereceu para sacrificar, mas foi morto por Matatias, o qual organiza um grupo de
judeus para oferecer resistência contra os selêucidas. Tal movimento ficou
conhecido como a Revolta dos Macabeus. A Palestina continuou sob o domínio da
Síria. Contudo, a Judéia voltou a possuir um governo local, exercido pelos
Macabeus. Ainda não se tratava de independência, mas já havia alguma autonomia.
O Império Romano – 37 a.C. e todo o período do Novo Testamento.
Sendo nomeado por Roma como rei da Judéia, Herodes passou a governar um
grande território. Contudo, sua insegurança e medo de perder o poder o levaram a
matar Aristóbulo, irmão de Mariana, por afogamento. Depois, matou a própria
esposa e estrangulou os filhos. A violência de Herodes provocou a revolta dos
judeus. Para apaziguá-los, o rei iniciou uma série de obras públicas, entre as quais
a construção (reforma) do templo, que passou a ser conhecido como Templo de
Herodes.
No tempo do nascimento de Cristo, o Imperador era Augusto, o qual instituiu o
culto a si mesmo por parte dos seus súditos. Em algumas regiões havia a figura do
rei. Naquele mesmo período o rei da Palestina era Herodes. Esta região teve sua
divisão política alterada diversas vezes, sendo até governada por mais de um rei
em determinados momentos. Além do rei, havia em algumas épocas e lugares a
figura do procurador, ou governador.
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Na província da Judéia havia uma instituição local chamada Sinédrio, o qual era
formado por 71 membros e presidido pelo sumo sacerdote. O Sinédrio era o
supremo tribunal local e tinha poderes para julgar questões civis e religiosas, uma
vez que as duas coisas eram tratadas pela mesma lei. Tais autoridades tinham até
mesmo a prerrogativa de aplicar a pena de morte contra crimes cometidos na
comunidade local. A polícia recebia ordens do Sinédrio.
Havia ainda outro tipo de província. Eram aquelas conquistadas há mais tempo e já
pacificadas. Os habitantes desses lugares tinham cidadania romana. Era o caso do
apóstolo Paulo, que nasceu em Tarso, e tinha o direito de ser considerado cidadão
romano.
Tal prerrogativa proporcionava diversos direitos, principalmente tratamento
respeitoso e especial nas questões jurídicas. Um cidadão romano não podia, por
exemplo, ser açoitado. Paulo foi submetido a açoites, mas seus algozes ficaram
atemorizados quando souberam que tinham espancado um cidadão romano (Atos
16.37-38). Com base no mesmo direito, Paulo apelou para César quando quis se
defender das acusações que lhe eram feitas (Atos 25.10-12).
Imperadores Romanos no Período do Novo Testamento
> César Augusto Otaviano - ano 27 a.C. a 14 d.C. - Nascimento de Jesus - Início do
culto ao Imperador. (Lc.2.1)
> Tibério Júlio César Augusto - 14 a 27 - Ministério e Morte de Jesus. (Lc.3.1).
> Gaio Júlio César Germânico Calígula - 37 a 41 - Quis sua estátua no templo em
Jerusalém. Morreu antes que sua ordem fosse cumprida.
> Tibério Cláudio César Augusto Germânico - 41 a 54 - Expulsou os judeus de
Roma. (At.18.2).
> Nero Cláudio César Augusto Germânico - 54 a 68 - Começa perseguição de Roma
contra os cristãos. Paulo e Pedro morrem (At. 25.10; 28.19).
> Sérvio Galba César Augusto 68 - Cerco a Jerusalém.
> Marcos Oto César Augusto - 69 – mantém o cerco a Jerusalém.
> Aulus Vitélio Germânico Augusto - 69 - mantém o cerco a Jerusalém.
> César Vespasiano Augusto - 69 a 79 – Tinha sido general de Nero. Coloca seu filho
Tito como general. No ano 70, determina a destruição de Jerusalém.
> Tito César Vespasiano Augusto - 79-81.
> César Domiciano Augusto Germânico - 81 a 96 - Exigia ser chamado Senhor e
Deus. Grande perseguição. O apóstolo João ainda vivia durante o governo de
Domiciano.
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O AMBIENTE DO NASCIMENTO DO CRISTIANISMO
O Cristianismo nasceu na pequena Palestina, então sob o jugo romano; ela estava
dividida em províncias que a grosso modo, eram: Judéia, ao sul; Samaria, no centro;
e Galiléia ao norte. A cidade principal de toda essa região era Jerusalém; e em 63
a.c. ela foi subjugada por Pompeu, general romano. E a região chamada Palestina
foi conquistada pelos romanos em 64 a.C.
Segundo o Evangelho de Mateus e o de Lucas, Jesus nasceu em Belém, uma
cidadezinha cerca de 08 quilômetros ao sul de Jerusalém; ela é chamada Belém da
Judéia (ou Belém de Judá), porque há uma outra Belém, chamada Belém de
Zabulon, mencionada em Josué 19:16, cerca de 11 km a noroeste de Nazaré, na
Galiléia, e é identificada com a atual Beith Lahm; e é a mesma Belém do juiz Abesã
(ou Ibsã) que julgou Israel sete anos, mencionada em Juízes 12:8-10.
Belém de Judá é a terra da Casa de Davi (I Samuel 16:4); em Miquéias, em 5:1, ela é
honrada como a terra da origem da dinastia de Davi e, portanto, do descendente de
Davi que reinará sobre Israel.
A DIÁSPORA
Nos dias do Novo Testamento, a população judaica encontrava-se dispersa por
vários lugares. Além da própria Palestina, havia inúmeros judeus em Roma, Egito,
Ásia Menor, etc. Atos 2.9-11; Tiago 1.1; I Pedro 1.1. Tal dispersão, que recebe o
nome de Diáspora, tem razões diversas, começando pelos exílios para a Assíria e
Babilônia, e se completando por interesses comerciais dos judeus, e até mesmo em
função das dificuldades que se verificavam em sua terra natal. Esse quadro se
apresenta como cumprimento claro dos avisos divinos acerca da dispersão que
viria como conseqüência do pecado de Israel. Dt 28.64.
Assim, o judaísmo acabou se dividindo em função da distribuição geográfica. Havia
o judaísmo de Jerusalém, mais ligado à ortodoxia, e o judaísmo da Diáspora, ou
seja, praticado pelos judeus residentes fora da Palestina. Se até na Palestina, os
costumes gregos se impunham, muito mais isso ocorria na vida dos judeus em
outras regiões. Isto fez com que eles se preocupassem com o futuro de suas
tradições e sua religião. Tomaram então providências para que o judaísmo não
sucumbisse diante do helenismo, como a tradução do Velho Testamento do
hebraico para o grego, chamada Septuaginta.
Para muitos judeus conservadores, o judaísmo era propriedade nacional e não
devia ser propagado entre outros povos. Já os judeus da Diáspora se dedicaram a
conquistar gentios para a religião judaica.
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Tal fenômeno recebe o nome de proselitismo. Os novos convertidos eram
chamados prosélitos. Mateus 23.15 Atos 2.9-11; 6.5; 13.43. Essa prática difusora da
religião também foi adotada por judeus de Jerusalém, mas em escala bem menor.
As Sinagogas
O surgimento das sinagogas é normalmente atribuído ao período do exílio
babilônico, quando os judeus deixaram de ter um templo para adorar e sacrificar.
O fato indiscutível é que nos dias do Novo Testamento, tais locais de oração, ensino
e administração civil eram muito valorizados. Em qualquer localidade onde
houvesse 10 judeus, podia ser aberta uma sinagoga. Em cidades grandes poderia
haver várias, como era o caso de Jerusalém. A liderança da sinagora era exercida
pelo rabi (mestre), o qual era eleito pelos membros daquela comunidade.
Quando, seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo mudou a mentalidade
do Oriente Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes
à fé de seus pais, ao passo que outros se dispuseram a adaptar seu pensamento às
novas idéias que emanavam da Grécia. Por fim, o choque entre o helenismo e o
judaísmo deu origem a diversas seitas judaicas:
Os Fariseus
Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam
lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus. O nome fariseu, “separatista”,
foi provavelmente dado a eles por seu inimigos, para indicar que eram não-
conformistas. Pode, todavia, ter sido usado com escárnio porque sua severidade os
separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus vizinhos pagãos. A
lealdade à verdade às vezes produz orgulho e ate mesmo hipocrisia, e foram essas
perversões do antigo ideal farisaico que Jesus denunciou. Paulo se considerava um
membro deste grupo ortodoxo do judaísmo de sua época. Fp 3.5.
Saduceus
O partido dos saduceus, provavelmente denominado assim por causa de Zadoque,
o sumo sacerdote escolhido por Salomão (I Rs 2.35), negava autoridade à tradição
e olhava com suspeita para qualquer revelação posterior à Lei de Moisés. Eles
negavam a doutrina da ressurreição, e não criam na existência de anjos ou
espíritos. At 23.3. Eram, em sua maioria, gente de posses e posição, e cooperavam
de bom grado com os helenistas da época. Ao tempo do N.T. controlavam o
sacerdócio e o ritual do templo. A sinagoga, por outro lado, era a cidadela dos
fariseus.
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Essênios
O essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mudanismo
dos saudceus. Os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e
celibato. Davam atenção à leitura e estudo das Escrsturas, à oração e às lavagens
cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram conhecidos por sua laboriosidade e
piedade. Tanto a guerra quanto a escravidão era contrárias a seus princípios.
O mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os Manuscrito do Mar Morto
foram encontrados, é considerado por muitos estudiosos como um centro essênio
de estudo no deserto da Judéia. Os rolos indicam que os membros da comunidade
haviam abandonado as influências corruptas das cidades judaicas para
prepararem, no deserto, “o caminho do Senhor”. Tinham fé no Messias que viria e
consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.
Escribas
Os escribas não eram, estritamente falando, uma seita, mas sim, membros de uma
profissão. Eram, em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a ser considerados
autoridades quanto às Escrituras, e por isso exerciam uma função de ensino. Sua
linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com os quais aparecem
freqüentemente associados no N.T.
Herodianos
Os herodianos criam que os melhores interesses do judaísmo estavam na
cooperação com os romanos. Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que
procurou romanizar a Palestina em sua época. Os herodianos eram mais um
partido político que uma seita religiosa.
EXPANSÃO DO CRISTIANISMO APOSTÓLICO
A difusão do Cristianismo inicia-se no seio da comunidade judaica de Jerusalém. A
seguir, devido a perseguição à Igreja movida por Saulo, e a morte do primeiro
mártir, Estevão (At 7.54-60, 8.1-3).
De perseguidor, Paulo torna-se seguidor e grande difusor, e através dele a
mensagem do Evangelho ganha projeção mundial, não só geograficamente pelo seu
trabalho missionário, mas também culturalmente pela sua exposição da mensagem
cristã dentro dos conceitos gregos.
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Seu vigoroso pensamento formado por elementos tanto judeus quanto não judeus,
possibilitou ao Espírito Santo fazer de suas cartas uma boa nova para toda a
humanidade. “... a palavra da verdade do evangelho, que já chegou até vós, como
também está em todo o mundo e já vai frutificando..." (Col 1.5b,6a).
O Cristianismo conquista os judeus dispersos por todo o Império Romano,
ganhando as províncias orientais - o Egito, a Ásia Menor e a Grécia. Convertendo os
judeus de Alexandria, Éfeso, Antióquia, Corinto e outros centros lança as primeiras
bases para se fazer ouvir pelos pagãos.
Próximo ao ano de 90 d.C. morria João, o último dos doze apóstolos. Mas o alicerce
estava lançado. Roma, o mundo e a História, jamais seriam os mesmos. A pequena
semente de mostarda começava a brotar e crescer, para dar alívio e cura a um
mundo mergulhado na idolatria, na violência, no homossexualismo, no infanticídio,
na vazia especulação filosófica, no negro ocultismo. "Enquanto o grande corpo (do
Império Romano) foi invadido pela violência aberta, ou solapado pela lenta
decadência, uma religião humilde e pura, gentilmente insinuou-se para dentro da
mente dos homens, cresceu em silêncio e obscuridade, recebeu novo vigor da
oposição, e finalmente erigiu a triunfante bandeira da cruz, sobre as ruínas do
Capitólio”.
O sangue dos cristãos também é semente
Não tardaria e este grupo de pessoas entraria em conflito cada vez maior com o
sistema existente. Sua vida pura, sua fé incomum, seu zelo, perturbaram o
paganismo. Acusações de todos os tipos eram lançadas sobre os cristãos. Quando
no ano de 68 d.C. Roma foi incendiada, provavelmente pelo próprio Imperador
Nero, que para desviar a culpa de si, lançou-a sobre os cristãos, iniciando uma onda
de perseguição e morte sobre a Igreja de Roma. “Em primeiro lugar prenderam os
que se confessavam cristãos, e depois pelas denuncias destes, uma multidão
inumerável, os quais todos não tanto foram convencidos de haverem tido parte no
incêndio, mas de serem inimigos do gênero humano. O suplício destes miseráveis
foi ainda acompanhado de insultos, porque ou os cobriam com peles de animais
ferozes para serem devorados pelos cães, ou foram crucificados, ou os queimaram
de noite para servirem como de archotes e tochas ao público. Nero ofereceu seus
jardins para este espetáculo...”.
Isto seria apenas o início de uma longa série várias perseguições, em sua maioria
promovidas pelo estado no intuito de apagar a chama que se acendera no
Pentecoste. Domiciano, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Décio.
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Todos eles tiveram, na destruição da Igreja Cristã, parte de sua política. Os cristãos
foram queimados, crucificados, decapitados, lançados às feras do Coliseu. Mas
como no Egito, "quanto mais os afligiam... tanto mais se multiplicavam e se
espalhavam" (Ex 1.12).
Apesar de submetido a duras perseguições, por parte dos romanos e dos judeus, o
Cristianismo adquire, no decorrer dos séc. II e III, grande força política que se
consolida no governo de Constantino (306-337), primeiro imperador cristão. Em
Antióquia, pela primeira vez, os discípulos foram chamados cristãos (At 11, 26),
designação que os próprios seguidores de Cristo só começam a aplicar a si mesmos
por volta do séc. II.
O número de mártires crescia à medida em que as conversões aumentavam e o
império se sentia contestado. Inicialmente considerado pelos romanos como um
simples ramo do judaísmo (At 18,14-16), o cristianismo foi aos poucos suscitando
a hostilidade dos judeus e cresceu o bastante para assinalar diferenças e evocar
toda sorte de perseguições. Surgiram então os Atos dos mártires, documentos que
narravam os padecimentos e morte dos cristãos condenados e que se destinavam à
leitura nas comemorações anuais em sua honra, como ato de culto público.
Tomavam como base as informações oficiais dos julgamentos e os testemunhos
pessoais. Entre os Atos conhecem-se o Martírio de Policarpo (115), Atos de Justino
e seus companheiros (163-167) etc.
Realmente, os ideais de Jesus espalharam-se rapidamente pela Ásia, Europa e
África, principalmente entre a população mais carente, pois eram mensagens de
paz, amor e respeito. Os apóstolos se encarregaram de tal tarefa.
A religião fez tantos seguidores que no ano de 313, da nossa era, o imperador
Constantino concedeu liberdade de culto. No ano de 392, o cristianismo é
transformado na religião oficial do Império Romano.
Na época das grandes navegações (séculos XV e XVI), a religião chega até a América
através dos padres jesuítas, cuja missão era catequizar os indígenas.
Portanto, o nascimento do cristianismo se confunde com a história do império
romano e com a história do povo judeu. Na sua origem, o cristianismo foi apontado
como uma seita surgida do judaísmo e terrivelmente perseguida. Porém,
rapidamente, a doutrina cristã se espalhou pela região do Mediterrâneo e chegou
ao coração do império romano.
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A difusão do cristianismo pela Grécia e Ásia Menor foi obra especialmente do
apóstolo Paulo, que não era um dos 12 e teria sido chamado para a missão pelo
próprio Jesus. As comunidades cristãs se multiplicaram. Surgiram rivalidades. Em
Roma, muitos cristãos foram transformados em mártires, comidos por leões em
espetáculos no Coliseu, como alvos da ira de imperadores atacados por corrupção
e devassidão.
Desvios de percurso e situações históricas determinaram os rachas que dividiram
o cristianismo em várias confissões (as principais são as dos católicos, protestantes
e ortodoxos).
Atualmente, encontramos três principais ramos do cristianismo:
Catolicismo,
Protestantismo
e Igreja Ortodoxa.
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CAPITULO IV
HISTÓRIA DO CATOLICISMO
A igreja católica, que conhecemos hoje, é o resultado de
alterações feitas a partir da igreja primitiva. No ano 311,
Constantino ascendeu ao posto de Imperador. Este apoiou o
cristianismo e o transformou em religião oficial do Império
Romano. Então a Igreja de Roma iniciou a sua longa história de
sincretismo religioso com as doutrinas e práticas pagãs da
religiosidade romana, bem como a sua aliança com o Estado
romano. Constantino convocou em 325 d.C. o Concílio de Nicéia
onde surgiu o catolicismo romano influenciado por doutrinas pagãs. Foi
exatamente a partir daí que teve início a Igreja Católica Apostólica Romana, a
antiga igreja de Roma, agora "sob nova direção". Durante o período em que o
catolicismo foi absorvido pelo império romano os assuntos religiosos sofreram
ingerências dos imperadores romanos, tanto nas questões administrativas quanto
teológicas.
I. Cristianização do Império Romano
No ano 363 AD todos os governadores professaram o Cristianismo e antes de
findar o quarto século o Cristianismo, foi virtualmente estabelecido como religião
do Império. O cristianismo, perseguido sob Diocleciano (284-305), elevado à
igualdade aos cultos pagãos no reino de Constantino (306-337) e proclamado
religião oficial com Teodósio (394-395), dominaria em quase todas as suas
realizações. Tertuliano (160-220 d.C) escreveu: "Nós somos de ontem e, todavia,
enchemos o vosso império, vossas cidades, vilas, ilhas, tribos, campos, castelos,
palácios, assembléias e o senado."
1. Conversão de Constantino
Era o mês de outubro do ano 312. Um jovem general, a quem todas as tropas
romanas da Bretanha e da Gália eram fiéis, marchava em direção a Roma para
desafiar Maxêncio, outro postulante ao trono imperial. Segundo o relato da
história, o general Constantino olhou para o céu e viu um sinal, uma cruz brilhante,
na qual podia ler: "Com isto vencerás". O supersticioso soldado já estava
começando a rejeitar as divindades romanas a favor de um único Deus.
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Seu pai adorava o supremo deus Sol. Seria um bom presságio daquele Deus na
véspera da batalha? Mais tarde, Cristo teria aparecido a Constantino em um sonho,
segurando o mesmo sinal (uma cruz inclinada), lembrando as letras gregas chi (?)
e rho (?), as duas primeiras letras da palavra Christos. O general foi instruído a
colocar esse sinal nos escudos de seus soldados, o que fez prontamente, da forma
exata como fora ordenado. Conforme prometido, Constantino venceu a batalha.
Esse foi um dos diversos momentos marcantes do século IV, um período de
violentas mudanças. Se você tivesse saído de Roma no ano 305 d.C. para viver anos
no deserto, quando voltasse certamente esperaria encontrar o cristianismo morto
ou enfrentando as últimas ondas de perseguição. Em vez disso, o cristianismo se
tornou a religião patrocinada pelo império. Depois de ter tomado o poder em 284,
Diocleciano, um dos mais brilhantes imperadores romanos, começou uma enorme
reorganização que afetaria as áreas militar, econômica e civil. Durante certo
período de tempo, ele deixou o cristianismo em paz.
Uma das grandes idéias de Diocleciano foi a reestruturação do poder imperial.
Dividiu o império em Oriente e Ocidente, e cada lado teria um imperador e um
vice-imperador (ou césar). Cada imperador serviria por vinte anos e, a seguir, os
césares assumiriam também por vinte anos e assim por diante. No ano 286,
Diocleciano indicou Maximiano imperador do Ocidente, enquanto ele mesmo
continuava a governar o Oriente. Os césares eram Constancio Cloro (pai de
Constantino) no Ocidente e Galério no Oriente.
Galério era radicalmente anticristão (há informações que ele atribuiu a perda de
uma batalha a um soldado cristão que fez o sinal da cruz). É bem provável que o
imperador do Oriente tenha assumido posições anticristãs por instigação de
Galério. Tudo isso era parte da reorganização do império, de modo que a lógica era
a seguinte: Roma tinha uma moeda única, uní sistema político único e, portanto,
deveria ter uma única religião; os cristãos, porém, estavam em seu caminho.
A partir do ano 298, os cristãos foram retirados do exército e do serviço civil. Em
303, a grande perseguição teve início. As autoridades planejaram impor severas
sanções sobre os cristãos, que começariam a ser implantadas na Festa da Termi-
nália, em 23 de fevereiro. As igrejas foram arrasadas, as Escrituras confiscadas, e
as reuniões proibidas. No início, não houve derramamento de sangue, mas Galério
logo se encarregou de mudar essa situação.
Quando Diocleciano e Maximiano deixaram seus postos (de acordo com o
planejado), em 305, Galério desencadeou uma perseguição ainda mais brutal. De
modo geral, Constantino, que governava o Ocidente, era mais indulgente.
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Porém, as histórias de horror do Oriente eram abundantes. Até o ano 310, a
perseguição tirou a vida de milhares cristãos. Contudo, Galério foi incapaz de
esmagar a igreja. Estranhamente, em seu leito de morte, ele mudou de idéia. Em
outro grande momento, no dia 30 de abril de 311, o feroz imperador desistiu de
lutar contra o cristianismo e promulgou o Édito de Tolerância. Sempre político,
insistiu em que fizera tudo para o bem do império, mas que "grande número" de
cristãos "persiste em sua determinação". Desse modo, agora era melhor permitir
que eles se encontrassem livremente, contanto que não atentassem contra a ordem
pública. Além disso, declarou: "Será tarefa deles orar ao seu Deus em benefício de
nosso Estado". Roma precisava de toda a ajuda que pudesse obter. Galério morreu
seis dias depois.
O grande plano de Diocleciano, no entanto, começava a ruir. Quando Constancio
morreu, no ano 306, seu filho Constantino foi proclamado governador por seus
soldados leais. Maximiano, porém, tentou sair do exílio e governar o Ocidente
outra vez com o filho, Maxêncio (que terminou tirando o próprio pai do poder).
Enquanto isso, Galério indicava um general de sua confiança, Licínio, para
governar o Ocidente. Cada um desses futuros imperadores reivindicava um pedaço
do território ocidental. Eles teriam de lutar por ele. Constantino, de maneira astuta,
forjou uma aliança com Licínio e lutou contra Maxêncio. Na batalha da Ponte
Mílvia, Constantino saiu vitorioso. Naquele momento, Constantino e Licínio montaram um delicado equilíbrio de
poder. Constantino estava ansioso para agradecer a Cristo por sua vitória e, desse
modo, optou por dar liberdade e status à igreja. No ano 313, ele e Licínio emitiram
oficialmente o Edito de Milão, garantindo a liberdade religiosa dentro do império.
"Nosso propósito", dizia o édito, "é garantir tanto aos cristãos quanto a todos os
outros a plena autoridade de seguir qualquer culto que o homem desejar".
Constantino, imediatamente, assumiu o interesse imperial pela igreja: restaurou
suas propriedades, deu-lhe dinheiro, interveio na controvérsia donatista e
convocou os concilios eclesiásticos de Arles e de Nicéia. Ele também fazia
manobras para obter poder sobre Licínio, a quem finalmente depôs, em 324.
Assim, a igreja passou de perseguida a privilegiada. Em um período de tempo
surpreendentemente curto, suas perspectivas mudaram por completo. Depois de
séculos como movimento contracultural, a igreja precisava aprender a lidar com o
poder. Ela não fez todas as coisas de maneira correta. A própria presença dinâmica
de Constantino modelou a igreja do século IV, modelo que ela adotou daí em
diante. Ele era um mestre do poder e da política, e a igreja aprendeu a usar essas
ferramentas.
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A visão de Constantino foi autêntica ou ele foi apenas um oportunista, que usou o
cristianismo para benefício próprio? Somente Deus conhece a alma. Embora tenha
falhado na demonstração de sua fé em várias ocasiões, o imperador certamente
assumiu um interesse ativo no cristianismo que professava, chegou até mesmo a
correr risco pessoal em certos momentos. Ε certo que Deus usou Constantino para
fazer com que as coisas acontecessem para a igreja. O imperador afirmou e
assegurou a tolerância oficial à fé.
2. O edito de tolerância, 313
Por este edito, Constantino concedeu "aos cristãos e a todos os outros plena
liberdade de seguir a religião que a cada um aprouvesse", o primeiro deste gênero
na História. E foi adiante: favoreceu de todos os modos os cristãos; deu-lhes os
principais cargos; isentou ministros cristãos de impostos e do serviço militar;
incentivou e ajudou a construção de igrejas; fez do cristianismo a religião de sua
corte; expediu uma exortação geral, 325, a todos os súditos para que abraçassem o
cristianismo; e porque a aristocracia romana persistisse em seguir suas religiões
pagãs, mudou a capital para Bizâncio e denominou-a Constantinopla, "Nova
Roma", capital do novo império cristão.
3. Os benefícios da cristianização do Império Romano
3.1. As perseguições acabaram.
3.2. Em muitos lugares os templos pagãos foram dedicados ao culto cristão.
3.3. Constantino estabeleceu o Domingo como dia de descanso e adoração.
3.4. Foi abolida a crucifixão como gênero de pena capital.
3.5. O infanticídio foi reprimido.
3.6. As lutas de gladiadores foram proibidas.
3.7. Foi abolida a escravidão.
3.8. Foi abolida os combates de gladiadores.
3.9. O primeiro templo cristão foi construído em (222-35).
3.10. Depois do edito de Constantino, muitos templos foram construídos.
4. A Fundação de Constantinopla
O Imperador Constantino compreendeu que a cidade de Roma estava intimamente
ligada à adoração pagã, cheia de templos e estátuas pagãs. Ele desejava uma capital
sob os auspícios da nova religião. Na nova capital, a igreja era honrada e
considerada, não havia templos pagãos.
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II. A paganização da Igreja
Apesar de os triunfos do Cristianismo haverem proporcionado boas coisas ao povo,
contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia trazer, como de fato
trouxe, maus resultados para a igreja. Com a conversão do imperador Constantino
em 312, a situação da igreja mudou drasticamente. Os cristãos saíram da posição
de perseguidos e tornaram-se membros de uma religião respeitável que desfrutava
apoio oficial. Contudo, à medida que grandes multidões começaram a entrar na
igreja, ficou mais difícil distinguir entre os que tinham compromisso verdadeiro
com Cristo e os que queriam apenas tomar parte da religião popular. A fé se
transformou em uma coisa fácil e a sinceridade foi prejudicada. Ao longo de sua
história muitas doutrinas estranhas continuaram a penetrar no catolicismo
romano. Fazendo que cada vez mais ela se distanciasse de sua origem. Doutrina Católica Ano Culto aos santos 370 d.C.
Oração pelos mortos e o sinal da cruz 400 d.C.
Exaltação a Maria e a condição de "mãe de Deus" 431 d.C.
Começo do papado 500 d.C.
A doutrina do purgatório 593 d.C.
Doutrina do purgatório 600 d.C.
A adoração da cruz, imagens e relíquias 786 d.C.
A canonização dos santos mortos 995 d.C.
Veneração das relíquias 1000 d.C.
Canonização dos santos 1000 d.C.
O celibato do sacerdócio 1079 d.C.
Missa paga 1100 d.C.
Culto aos anjos 1100 d.C.
Santa Inquisição 1186 d.C.
Os sete sacramentos 1215 d.C.
A transubstanciação 1215 d.C.
A confissão auricular 1216 d.C.
Venda de indulgências 1515 d.C.
Adoração à hóstia 1220 d.C.
Proibição da leitura da Bíblia 1229 d.C.
A Igreja Católica declara que somente nela há salvação 1303 d.C.
Oração da Ave Maria 1317 d.C.
Inserção oficial dos livros apócrifos na Bíblia 1546/7d.C.
Imaculada conceição de Maria 1845 d.C.
Infalibilidade papal 1870 d.C.
Assunção de Maria 1950 d.C.
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A união entre a Igreja e o Estado e o cristianismo sendo a religião oficial do império
fizeram com que as formas litúrgicas fossem substituídas por cultos mais
elaborados cheio de pompa. Das pequenas e salas das casas dos irmãos onde se
celebravam os estudos bíblicos e o culto ao Senhor, deram lugar aos grandes e
ricamente ornamentados templos.
Esses eram, geralmente, construídos nos suposto lugares de residência do mártir
ou santo. Deu-se início a paganização da igreja e começou a ser introduzido muitas
heresias e a doutrina apostólica sofreu profunda e radical mudança.
1. Outros prejuízos da cristianização do Império Romano
1.1. As Igrejas eram mantidas e controladas pelo Estado.
1.2. Os ministros eram privilegiados, mas eram controlados pelo Estado.
1.3. Iniciaram-se as perseguições aos pagãos (não cristãos).
1.4. Falsas conversões (muitos se convertiam para fugir da perseguição).
1.5. Não havia nenhum critério (exigência) para se tornar cristão.
1.6. Aceitavam o cristianismo para assim obterem influência social e política.
1.7. Os cultos aumentaram em esplendor, porém eram menos espirituais.
1.8. As festas pagãs tiveram seus lugares na Igreja, mas, com outros nomes.
1.9. A adoração a Vênus/Diana foi substituída pela adoração a virgem Maria.
1.10. Imagens dos mártires nos templos, como objeto de reverência e culto.
Evidentemente esta união foi à pior calamidade que já sobreveio à mesma Igreja. O
desígnio de Cristo era vencer por meios puramente espirituais e morais. Até ao
tempo de Constantino as conversões eram voluntárias, por uma genuína mudança
do coração e da vida. Agora, porém, as conversões forçadas enchiam as igrejas de
gente não regenerada. Entrou na Igreja o espírito militar da Roma Imperial,
mudando-lhe a natureza e tornando-a uma organização política e fazendo-a
precipitarem-se no milênio das abominações papais.
Como resultado deste promíscuo casamento da igreja com o estado, cristãos
zelosos dessa época, com freqüência, optavam por lutar contra o
comprometimento de sua fé afastando-se do mundo. Antão (um erimita - um dos
principais fundadores das comunidades monásticas) buscou fazer isso e foi viver
em uma caverna. De acordo com Atanásio, seu biógrafo, durante doze anos Antão
foi cercado por demônios que assumiam formas de vários animais estranhos e que,
em alguns momentos, o atacavam, e, em determinada ocasião, quase o mataram.
Eles estavam tentando trazer Antão de volta ao mundo dos prazeres sensuais, mas
Antão sempre se levantava de maneira triunfante.
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Para se afastar ainda mais do mundo, Antão se mudou para um forte abandonado,
onde viveu vinte anos sem ver rosto humano. Sua comida lhe era jogada por cima
do muro. As pessoas ouviam sobre sua impressionante autonegação e suas
batalhas com os demônios. Alguns admiradores ergueram casas rudes próximas ao
forte, e, de modo relutante, ele se tornou conselheiro espiritual delas, dando-lhes
orientação sobre jejum, oração e obras de caridade. Antão certamente se tornou
um modelo de autonegação.
A REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO XVI
1. Antecedentes – final da Idade Média
1.1 Os Estados Nacionais
Nos séculos que antecederam a Reforma Protestante, a Igreja não vivia em um
vácuo, mas sim em um contexto político e social mais amplo com o qual tinha
múltiplas interações.
No final da Idade Média, houve o surgimento dos chamados “estados nacionais”, as
modernas nações européias, o que representou uma grande ameaça às pretensões
do papado. Na Alemanha (Sacro Império Romano), Rudolf von Hapsburg foi eleito
imperador em 1273. Em 1356, um documento conhecido como Bula de Ouro
determinou que cada novo imperador seria escolhido por sete eleitores (quatro
nobres e três arcebispos). Havia descentralização política, isto é, o poder dos
príncipes limitava a autoridade do imperador, e forte tensão entre a igreja e o
estado.
Na França, houve o fortalecimento da monarquia com Filipe IV, o Belo (1285-
1314). Esse rei enfrentou com êxito o poder da Igreja e dos papas e preparou a
França para tornar-se o primeiro estado nacional moderno. Na Inglaterra, o
parlamento reuniu-se pela primeira vez em 1295. Esse país teve um grande rei na
pessoa de Eduardo I (†1307), que subjugou os nobres e enfrentou com êxito o
papa na questão de impostos.
1.2 O Declínio do Papado
Este período começa com o pontificado de BonifácioVIII (1294-1303), um papa
arrogante e ambicioso que entrou em confronto direto com o rei Filipe IV acerca de
impostos e da autoridade papal. Bonifácio publicou três famosas bulas: Clericis
Laicos, na qual reclama que os leigos sempre foram hostis ao clero; Ausculta Fili
(“Escuta, filho”), dirigida ao rei francês, e Unam Sanctam (1302),
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denominada “o canto do cisne do papado medieval”. Irritado com as ações papais,
Filipe enviou suas tropas, o papa foi preso e faleceu um mês após ser libertado.
Seguiu-se um período de crescente desmoralização do papado. Clemente V (1305-
1314), um papa francês, transferiu a Cúria, ou seja, a administração da Igreja, para
Avinhão, ao sul da França, no que ficou conhecido como o “Cativeiro Babilônico da
Igreja” (1309-1377). Em toda parte, cresceram as críticas às extravagâncias e ao
luxo da corte papal. João XXII (1316-1334) mostrou-se eficiente na cobrança de
taxas e dízimos para cobrir essas despesas.
Finalmente, ocorreu o chamado “Grande Cisma”, em que houve dois e
posteriormente três papas rivais em Roma, Avinhão e Pisa (1378-1417). Diante
dessa situação constrangedora, surgiu em toda a Europa um clamor por “reformas
na cabeça e nos membros”.
1.3 O Movimento Conciliar
Durante o “Grande Cisma”, cada papa considerou-se o único legítimo e
excomungou o rival. Assim, houve a necessidade de um concílio para resolver a
crise. O Concílio de Pisa (1409) elegeu um novo papa, mas os outros dois
recusaram-se a serem depostos, resultando em três papas ao mesmo tempo. João
XXIII, o segundo papa pisano, convocou o Concílio de Constança (1414-1417), que
depôs os três papas, elegeu Martinho V como único papa, decretou a supremacia
dos concílios sobre o papa e condenou os pré-reformadores João Wycliff, João Hus
e Jerônimo de Praga. O Concílio de Basiléia (1431-1449) reafirmou a superioridade
dos concílios. Finalmente, o Concílio de Ferrara-Florença (1438-1445) tentou a
união com a Igreja Ortodoxa (frustrada pela conquista de Constantinopla pelos
turcos em 1453) e reafirmou a supremacia papal. Essa tentativa fracassada de
tornar a Igreja mais democrática e governá-la através de concílios ficou conhecida
como conciliarismo.
1.4 Movimentos dissidentes
Outro aspecto desse período de efervescência foi o surgimento de alguns
movimentos dissidentes no sul da França que despertaram forte oposição da Igreja
Católica. Um deles foi o dos cátaros (em grego = “puros”) ou albigenses (da cidade
de Albi), surgidos no século 11. Caracterizavam-se por um sincretismo cristão,
gnóstico e maniqueísta, com um dualismo radical (espiritual x material) e extremo
ascetismo. Foram condenados pelo 4° Concílio Lateranense em 1215 e mais tarde
aniquilados por uma cruzada. Para combater esses e outros hereges, a Inquisição
foi oficializada em 1233.
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Outro movimento foi liderado por Pedro Valdo ou Valdes († c.1205), de Lião, cujos
seguidores ficaram conhecidos como “homens pobres de Lião”. Tinham um estilo
de vida comunitário, ensinavam as Escrituras no vernáculo (enfatizando o Sermão
do Monte), incentivavam a pregação de leigos e de mulheres, negavam o
purgatório. Condenados pelo Concílio de Verona em 1184, foram muito
perseguidos, refugiando-se em vales remotos e quase inacessíveis dos alpes
italianos. Mais tarde, abraçaram a Reforma Protestante, sendo assim uma das
poucas Igrejas protestantes anteriores à Reforma do Século 16.
1.5 Primeiros Movimentos de Reforma
Nos séculos 14 e 15, surgiram alguns movimentos esporádicos de protesto contra
certos ensinos e práticas da Igreja Medieval. Um deles foi encabeçado por João
Wycliff (1325?-1384), um sacerdote e professor da Universidade de Oxford, na
Inglaterra. Wycliff atacou as irregularidades do clero, as superstições (relíquias,
peregrinações, veneração dos santos), bem como a transubstanciação, o
purgatório, as indulgências, o celibato clerical e as pretensões papais. Seus
seguidores, conhecidos como os lolardos, tinham a Bíblia como norma de fé que
todos devem ler e interpretar.
João Hus (c.1372-1415), um sacerdote e professor da Universidade de Praga, na
Boêmia, foi influenciado pelos escritos de Wycliff. Definia a igreja por uma vida
semelhante à de Cristo, e não pelos sacramentos. Dizia que todos os eleitos são
membros da igreja e que o seu cabeça é Cristo, não o papa. Insistia na autoridade
suprema das Escrituras. Hus foi condenado à fogueira pelo Concílio de Constança.
Seus seguidores ficaram conhecidos como Irmãos Boêmios (1457) e foram muito
perseguidos. Foram os precursores dos Irmãos Morávios, que veremos
posteriormente, outro grupo protestante cujas raízes são anteriores à Reforma do
século 16. Outro indivíduo incluído entre os pré-reformadores é Jerônimo
Savonarola (1452-1498), um frade dominicano de Florença, na Itália, que pregou
contra a imoralidade na sociedade e na Igreja, inclusive no papado. Governou a
cidade por algum tempo, mas finalmente foi excomungado e enforcado como
herege.
1.6 Movimentos Devocionais
Além dos movimentos que romperam com a Igreja, houve outros que
permaneceram na mesma por se concentrarem na vida devocional, sem críticas
aos dogmas católicos. Um deles foi o misticismo, bastante forte na Inglaterra,
Holanda e especialmente na Alemanha (Reno). Os principais místicos dessa época
foram Meister Eckhart (†1327); Tauler (†1361)
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e os “Amigos de Deus”, Henrique Suso (†1366) e mais tarde o célebre teólogo e
líder eclesiástico Nicolau de Cusa (1401-1464). O misticismo dava ênfase à união
com Deus, ao amor, à humildade e à caridade, e produziu uma belíssima literatura
devocional.
Outro importante movimento foi a Devoção Moderna, que se manteve forte
durante todo o século 15. Suas ênfases recaíam sobre a espiritualidade, a leitura da
Bíblia, a meditação e a oração. Também valorizava a educação, criando ótimas
escolas. Foi um movimento leigo, para ambos os sexos, e também exerceu grande
influência sobre os reformadores protestantes. Os participantes eram conhecidos
como Irmãos da Vida Comum. A obra mais importante e popular produzida por
esse movimento foi o belíssimo livreto devocional A Imitação de Cristo (1418),
escrito por Thomas à Kempis.
1.7 Os humanistas bíblicos
O interesse pelas obras da Antiguidade levou ao estudo da Bíblia nas línguas
originais pelos chamados humanistas bíblicos. Os principais deles foram o italiano
Lorenzo Valla (†1457), estudioso do Novo Testamento; o inglês John Colet
(†1519), estudioso das epístolas paulinas; o alemão Johannes Reuchlin (†1522),
notável hebraísta; o francês Lefèvre D’Étaples (†1536), tradutor do Novo
Testamento; e o holandês Erasmo de Roterdã (1466?-1536), “o príncipe dos
humanistas”, que publicou uma edição crítica do Novo Testamento grego com uma
tradução latina, talvez a obra mais importante publicada no século 16, que serviu
de base para as traduções de Lutero, Tyndale e Lefèvre e muito influenciou os
reformadores protestantes. Esse retorno às Escrituras muito contribuiu para a
Reforma do Século 16.
1.8 Situação Geral
O final da Idade Média foi marcado por muitas convulsões políticas, sociais e
religiosas. Entre as políticas destacou-se a Guerra dos Cem Anos (1337-1453),
entre a Inglaterra e a França, na qual tornou-se famosa a heroína Joana D’Arc.
Houve também muitas revoltas camponesas, o declínio do feudalismo, a expansão
das cidades e o surgimento do capitalismo. No aspecto social, havia fomes
periódicas e o terrível flagelo da peste bubônica ou peste negra (1348). As guerras,
epidemias e outros males produziam morte, devastação e desordem, ou seja, a
ruptura da vida social e pessoal. O sentimento dominante era de insegurança,
ansiedade, melancolia e pessimismo. Isso era ilustrado pela “dança da morte”,
gravuras que se viam em toda parte com um esqueleto dançante.
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Na área religiosa, houve a erosão do ideal da cristandade ou “corpus christianum”,
a sociedade coesa sob a liderança da igreja e dos papas. A religiosidade era
meritória, com missas pelos mortos, crença no purgatório e invocação dos santos e
Maria. Ao mesmo tempo, havia grande ressentimento contra a igreja por causa dos
abusos praticados e do desvio dos seus propósitos. Isso é ilustrado pela situação do
papado no final do século 15 e início do século 16. Os chamados papas do
renascimento foram mais estadistas e patronos das artes e da cultura do que
pastores do seu rebanho.
A instituição papal continuou em declínio, com muitas lutas políticas, simonia,
nepotismo, falta de liderança espiritual, aumento de gastos e novos impostos
eclesiásticos. Como papa Alexandre VI (1492-1503), o espanhol Rodrigo Borja foi
um generoso promotor das artes e da carreira dos seus filhos César e Lucrécia;
Júlio II (1503-1513) foi um papa guerreiro, comandando pessoalmente o seu
exército; Leão X (1513-1521), o papa contemporâneo de Lutero, teria dito quando
foi eleito: “Agora que Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo”.
2. A Reforma Protestante – 1ª Parte
2.1 O contexto social e religioso
Vimos, no final da seção anterior, alguns elementos que caracterizavam a
sociedade européia às vésperas da Reforma. Havia muita violência, baixa
expectativa de vida, profundos contrastes socioeconômicos e um crescente
sentimento nacionalista. Havia também muita insatisfação, tanto dos governantes
como do povo, em relação à Igreja, principalmente ao alto clero e a Roma. Na área
espiritual, havia insegurança e ansiedade acerca da salvação em virtude de uma
religiosidade baseada em obras, também chamada de religiosidade contábil ou
“matemática da salvação” (débitos = pecados; créditos = boas obras).
Foi bastante inusitado o episódio mais imediato que desencadeou o protesto de
Lutero. Desde meados do século 14, cada novo líder do Sacro Império Romano era
escolhido por um colégio eleitoral composto de quatro príncipes e três arcebispos.
Em 1517, quando houve a eleição de um novo imperador, um dos três
arcebispados eleitorais (o de Mainz ou Mogúncia) estava vago.
Uma das famílias nobres que participavam desse processo, os Hohenzollern,
resolveu tomar para si esse cargo e assim ter mais um voto no colégio eleitoral. Um
jovem da família, Alberto, foi escolhido para ser o novo arcebispo, mas havia dois
problemas: ele era leigo e não tinha a idade mínima exigida pela lei canônica para
exercer esse ofício. O primeiro problema foi sanado com a sua rápida ordenação ao
sacerdócio.
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Quanto ao impedimento da idade, era necessária uma autorização especial do
papa, o que levou a um negócio altamente vantajoso para ambas as partes. A
família nobre comprou a autorização do papa Leão X mediante um empréstimo
feito junto aos banqueiros Fugger, de Augsburgo. Ao mesmo tempo, o papa
autorizou o novo arcebispo Alberto de Brandemburgo a fazer uma venda especial
de indulgências, dividindo os rendimentos da seguinte maneira: parte serviria para
o pagamento do empréstimo feito pela família e a outra parte iria para as obras da
Catedral de São Pedro, em Roma. E assim foi feito. Tão logo foi instalado no seu
cargo, Alberto encarregou o dominicano João Tetzel de fazer a venda das
indulgências (o perdão das penas temporais do pecado). Quando Tetzel
aproximou-se de Wittenberg, Lutero resolveu pronunciar-se sobre o assunto.
2.2 Martinho Lutero (1483-1546)
Martinho Lutero nasceu em 1483 na pequena cidade de Eisleben, na Turíngia, em
um lar muito religioso. Seu pai trabalhava nas minas e a família tinha uma vida
confortável. Inicialmente, o jovem pretendeu seguir a carreira jurídica, mas em
1505 defrontou-se com a morte em uma tempestade e resolveu abraçar a vida
religiosa.
Ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt, onde se dedicou a uma intensa busca
da salvação. Em 1512, tornou-se professor da Universidade de Wittenberg, onde
passou a ministrar cursos sobre vários livros da Bíblia, como Gálatas e Romanos.
Isso lhe deu um novo entendimento acerca da “justiça de Deus”: ela não era
simplesmente uma expressão da severidade de Deus, mas do seu amor que
justifica o pecador mediante a fé em Jesus Cristo (Rom 1.17).
No dia 31 de outubro de 1517, diante da venda das indulgências por João Tetzel,
Lutero afixou à porta da igreja de Wittenberg as suas Noventa e Cinco Teses, a
maneira usual de convidar-se uma comunidade acadêmica para debater algum
assunto. Logo, uma cópia das teses chegou às mãos do arcebispo, que as enviou a
Roma. No ano seguinte, Lutero foi convocado para ir a Roma a fim de responder à
acusação de heresia. Recusando-se a ir, foi entrevistado pelo cardeal Cajetano e
manteve as suas posições. Em 1519, Lutero participou de um debate em Leipzig
com o dominicano João Eck, no qual defendeu o pré-reformador João Hus e
afirmou que os concílios e os papas podiam errar.
Em 1520, a bula papal Exsurge Domine (= “Levanta-te, Senhor”) deu-lhe sessenta
dias para retratar-se ou ser excomungado. Os estudantes e professores da
universidade queimaram a bula e um exemplar da lei canônica em praça pública.
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Nesse mesmo ano, Lutero escreveu várias obras importantes, especialmente três:
À Nobreza Cristã da Nação Alemã, O Cativeiro Babilônico da Igreja e A Liberdade
do Cristão. Isso lhe deu notoriedade imediata em toda a Europa e aumentou a sua
popularidade na Alemanha. No início de 1521, foi publicada a bula de excomunhão,
Decet Pontificem Romanum. Nesse ano, Lutero compareceu a uma reunião do
parlamento, a Dieta de Worms, onde reafirmou as suas idéias. Foi promulgado
contra ele o Edito de Worms, que o levou a refugiar-se no castelo de Wartburgo,
sob a proteção do príncipe-eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio. Ali, Lutero
começou a produzir uma obra-prima da literatura alemã, a sua tradução das
Escrituras.
2.3 A Reforma na Alemanha
A partir de então, a reforma luterana difundiu-se rapidamente no Sacro Império,
sendo abraçada por vários principados alemães. Isso levou a dificuldades
crescentes com os principados católicos, com o novo imperador Carlos V (1519-
1556) e com o parlamento (Dieta). Na Dieta de 1526, houve uma atitude de
tolerância para com os luteranos, mas em 1529 a Dieta de Spira reverteu essa
política conciliadora. Diante disso, os líderes luteranos fizeram um protesto formal
que deu origem ao nome histórico “protestantes”. No ano seguinte, o auxiliar e
eventual sucessor de Lutero, Filipe Melanchton (1497-1560), apresentou ao
imperador Carlos V a Confissão de Augsburgo, um importante documento que
definia em 21 artigos a doutrina luterana e indicava sete erros que Lutero via na
Igreja Católica Romana.
Os problemas político-religiosos levaram a um período de guerras entre católicos e
protestantes (1546-1555), que terminaram com um tratado, a Paz de Augsburgo.
Esse tratado assegurou a legalidade do luteranismo mediante o princípio “cujus
regio, eius religio”, ou seja, a religião de um príncipe seria automaticamente a
religião oficial do seu território. O luteranismo também se difundiu em outras
partes da Europa, principalmente nos países nórdicos, surgindo igrejas nacionais
luteranas na Suécia (1527), Dinamarca (1537), Noruega (1539) e Islândia (1554).
Lutero e os demais reformadores defenderam alguns princípios básicos que viriam
a caracterizar as convicções e práticas protestantes: sola Scriptura, solo Christo,
sola gratia, sola fides, soli Deo gloria. Outro princípio aceito por todos foi o do
sacerdócio universal dos fiéis.
2.4 Ulrico Zuínglio (1484-1531)
Ulrico Zuínglio recebeu uma educação esmerada, com forte influência humanista.
Inicialmente, foi sacerdote em Glarus (1506) e em Einsiedeln (1516).
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Influenciado pelo Novo Testamento publicado por Erasmo de Roterdã, tornou-se
um estudioso das Escrituras e um pregador bíblico. Com isso, foi chamado para
trabalhar na catedral de Zurique em 1518. Quatro anos mais tarde, surgiram as
primeiras divergências com a doutrina católica. Zuínglio defendeu o consumo de
carne na quaresma e o casamento dos sacerdotes, alegando não serem essas coisas
proibidas nas Escrituras. Ele propôs o princípio de que tudo devia ser julgado pela
Bíblia.
Em 1523, houve o primeiro debate público em Zurique e a cidade começou a
tornar-se protestante. O reformador escreveu os Sessenta e Sete Artigos – a carta
magna da reforma de Zurique – nos quais defendeu a salvação somente pela graça,
a autoridade da Escritura e o sacerdócio dos fiéis, bem como atacou o primado do
papa e a missa. Esse movimento suíço, conhecido como a “segunda reforma”, deu
origem às igrejas “reformadas”, difundindo-se inicialmente na Suíça alemã e no sul
da Alemanha. Em 1525, o Conselho Municipal de Zurique adotou o culto em lugar
da missa e em geral promoveu mudanças mais radicais do que as efetuadas por
Lutero.
Como estava acontecendo na Alemanha, também na Suíça houve guerras entre
católicos e protestantes. Em 1529, travou-se a primeira batalha de Kappel. No
mesmo ano, a Dieta de Spira mostrou aos protestantes a necessidade de uma
aliança contra os seus adversários. Para tanto, era necessário que resolvessem
algumas diferenças doutrinárias. Isso levou ao Colóquio de Marburg, convocado
pelo príncipe Filipe de Hesse. Luteranos e reformados concordaram sobre a maior
parte das questões doutrinárias, mas divergiram seriamente sobre o significado da
Santa Ceia. Em 1531, Zuínglio morreu na segunda batalha de Kappel.
2.5 Os Reformadores Radicais (Anabatistas)
O terceiro movimento da Reforma Protestante surgiu na própria cidade de
Zurique. Em 1522, homens como Conrado Grebel e Félix Mantz começaram a
reunir-se com amigos para estudar a Bíblia. Inicialmente, eles apoiaram a obra de
Zuínglio, mas a partir de 1524 passaram a condenar tanto Zuínglio quanto as
autoridades municipais, alegando que a sua obra de reforma não estava sendo
profunda o suficiente. Por causa de sua insistência no batismo de adultos, foram
apelidados de “anabatistas”, ou seja, rebatizadores, sendo também chamados de
radicais, fanáticos, entusiastas e outras designações. Por causa de suas atividades
de protesto, nas quais chegavam a interromper cultos e celebrações da ceia, os
líderes anabatistas sofreram punições de severidade crescente. Em 1526, Grebel
morreu em uma epidemia, mas seu pai foi decapitado, Mantz foi afogado e outro
líder, Jorge Blaurock, foi expulso da cidade.
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O movimento logo se difundiu nas vizinhas Alemanha e Áustria e em outras partes
da Europa. Um importante líder em Estrasburgo foi Miguel Sattler (c.1490-1527),
que presidiu a conferência de Schleitheim (1527), na qual os anabatistas
aprovaram a Confissão de Fé de Schleitheim. Essa confissão definiu os princípios
anabatistas básicos: ideal de restauração da igreja primitiva; igrejas vistas como
congregações voluntárias separadas do Estado; batismo de adultos por imersão;
afastamento do mundo; fraternidade e igualdade; pacifismo; proibição do porte de
armas, cargos públicos e juramentos. Os anabatistas foram os únicos protestantes
do século 16 a defenderem a completa separação entre a igreja e o estado.
Os anabatistas adquiriram uma reputação negativa por causa de acontecimentos
ocorridos na cidade de Münster (1532-1535). Influenciados por Melchior Hoffman,
que anunciou o fim do mundo e a destruição dos ímpios, alguns anabatistas
implantaram uma teocracia intolerante naquela cidade alemã. Finalmente, foram
todos mortos por um exército católico. Já na Holanda, o movimento teve um líder
equilibrado e capaz na pessoa de Menno Simons (1496-1561), do qual vieram os
menonitas. Outro líder de expressão foi Jacob Hutter (†1536), na Morávia. Os
menonitas e os huteritas viviam em colônias, tendo tudo em comum (ver Atos 2.44;
4.32). Cruelmente perseguidos em toda a Europa, muitos deles eventualmente
emigraram para a América do Norte.
2.6 João Calvino (1509-1564)
João Calvino nasceu em Noyon, no nordeste da França. Seu pai, Gérard Cauvin, era
secretário do bispo e advogado da igreja naquela cidade; sua mãe Jeanne Lefranc,
morreu quando ele ainda era uma criança. Após os primeiros estudos em sua
cidade, Calvino seguiu para Paris, onde estudou teologia e humanidades (1523-
1528).
A seguir, por determinação do pai, foi estudar direito nas cidades de Orléans e
Bourges (1528-1531). Com a morte do pai, retornou a Paris e deu prosseguimento
aos estudos humanísticos, publicando sua primeira obra, um comentário do
tratado de Sêneca Sobre a Clemência.
Calvino converteu-se provavelmente em 1533. No dia 1º de novembro daquele
ano, seu amigo Nicholas Cop fez um discurso de posse na Universidade de Paris
repleto de idéias protestantes. Calvino foi considerado o co-autor do discurso e os
dois amigos tiveram de fugir para salvar a vida. Calvino foi para a cidade de
Angouleme, onde começou a escrever a sua obra mais importante, Instituição da
Religião Cristã ou Institutas, publicada em Basiléia em 1536 (a última edição seria
publicada somente em 1559).
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Após voltar por breve tempo ao seu país, Calvino decidiu fixar-se na cidade
protestante de Estrasburgo, onde atuava o reformador Martin Butzer (1491-1551).
No caminho, ocorreu um episódio marcante. Impossibilitado de seguir diretamente
para Estrasburgo por causa de guerra entre a França e a Alemanha, o futuro
reformador fez um longo desvio, passando por Genebra, na Suíça francesa. Essa
cidade havia abraçado o protestantismo reformado há apenas dois meses (maio de
1536), sob a liderança de Guilherme Farel (1489-1565). Este, sabendo que o autor
das Institutas estava de passagem pela cidade, o “convenceu” a permanecer ali e
ajudá-lo.
2.7 A Reforma em Genebra
Logo, Calvino e Farel entraram em conflito com os magistrados de Genebra e dois
anos depois foram expulsos. Calvino seguiu então para Estrasburgo, onde passou
os três anos mais felizes e produtivos da sua carreira (1538-1541). Naquela cidade,
ele pastoreou uma igreja de refugiados franceses, casou-se com a viúva Idelette de
Bure (†1549), lecionou na academia de João Sturm, participou de conferências
religiosas ao lado de Martin Butzer e publicou algumas obras importantes, entre
elas a segunda edição das Institutas e o Comentário de Romanos, o primeiro dos
muitos que escreveu.
Eventualmente, os magistrados de Genebra insistiram no seu retorno. Calvino
aceitou com a condição de que pudesse escrever a constituição da Igreja
Reformada de Genebra. Essa importante obra, as Ordenanças Eclesiásticas, previa
quatro categorias de oficiais: pastores, encarregados da pregação e dos
sacramentos; doutores para o estudo e ensino da Bíblia; presbíteros, com funções
disciplinares; e diáconos, encarregados da beneficência. Os pastores e os doutores
formavam a Companhia dos Pastores; os pastores e os presbíteros integravam o
Consistório, uma espécie de tribunal eclesiástico. Calvino teve um relacionamento
tenso com as autoridades municipais até 1555. No final desse período, em 1553, o
médico espanhol Miguel Serveto foi condenado e executado por heresia.
Calvino teve uma participação nesse episódio, lamentada por seus herdeiros, o que
não anula a sua grande obra como reformador, escritor, teólogo e líder eclesiástico.
Em 1559, um ano especialmente significativo, o reformador tornou-se cidadão de
Genebra, fundou a sua Academia, embrião da Universidade de Genebra, e publicou
a última edição das Institutas.
A visão do reformador francês era tornar Genebra uma cidade-cristã-modelo
através da reorganização da Igreja, de um ministério bem preparado, de leis que
expressassem uma ética bíblica e de um sistema educacional completo e gratuito.
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O resultado foi que Genebra tornou-se um grande centro do protestantismo,
preparando líderes reformados para toda a Europa e abrigando centenas de
refugiados. O calvinismo veio a ser o mais completo sistema teológico protestante,
tendo por princípio básico a soberania de Deus e suas implicações, soteriológicas e
outras. Foi essa a origem das Igrejas reformadas (continente europeu) ou
presbiterianas (Ilhas Britânicas). Os principais países em que se difundiu o
movimento reformado foram, além da Suíça e da França, o sul da Alemanha, a
Holanda, a Hungria e a Escócia.
Calvino também se notabilizou como um erudito bíblico. Escreveu comentários
sobre quase todo o Novo Testamento e os principais livros do Antigo Testamento.
Seus sermões e preleções também expuseram amplamente as Escrituras. Além
disso, escreveu muitos opúsculos, tratados e cartas. Mas a maior das suas obras são
as Institutas, nas quais ele expôs todos os aspectos da doutrina cristã, apelando às
Escrituras e ao testemunho dos antigos pais da igreja. Em muitas de suas obras, se
vê uma mão que sustenta um coração, e ao redor as palavras Cor meum tibi offero
Domine, prompte et sincere (“O meu coração te ofereço, ó Senhor, de modo pronto
e sincero”).
2.8 Implicações Práticas
Os reformadores não estavam buscando inovar, mas restaurar antigas verdades
bíblicas que haviam sido esquecidas ou obscurecidas pelo tempo e pelas tradições
humanas. Sua maior contribuição foi chamar a atenção das pessoas para a
importância das Escrituras e seus grandes ensinos, especialmente no que diz
respeito à salvação e à vida cristã. Para que as Igrejas Evangélicas atuais possam
manter-se fiéis à sua vocação, é preciso que julguem tudo pelas Escrituras,
acolhendo o que é bom e lançando fora o que é mau. Os reformadores nos
mostraram que o critério da verdade não são os ensinos humanos, nem a
experiência espiritual subjetiva, mas o Espírito Santo falando na Palavra e pela
Palavra.
3. A Reforma Protestante – 2ª Parte
3.1 A Reforma na Inglaterra
Vários fatores contribuíram para a introdução da Reforma Protestante na
Inglaterra: o anticlericalismo de uma grande parcela do povo e dos governantes, as
idéias do pré-reformador João Wycliff, a penetração de ensinos luteranos a partir
de 1520, o Novo Testamento traduzido por William Tyndale (1525) e a atuação de
refugiados que voltaram de Genebra. Todavia, quem deu o passo decisivo para que
a Inglaterra começasse a tornar-se protestante foi o rei Henrique VIII.
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Henrique VIII (1491-1547) começou a reinar em 1509. Sendo muito católico, em
1521 escreveu um folheto contra Lutero que lhe valeu o título de “defensor da fé”.
Era casado com a princesa espanhola Catarina de Aragão, viúva do seu irmão, que
não conseguiu dar-lhe um filho varão, mas somente uma filha, Maria. Henrique
pediu ao papa Clemente VII que anulasse o seu casamento com Catarina para que
pudesse casar-se com Ana Bolena (Anne Boleyn), mas o papa não pode atendê-lo
nesse desejo. Uma das principais razões foi o fato de que Catarina era tia do sacro
imperador germânico Carlos V. Em 1533, Thomas Cranmer (1489-1556) foi
nomeado arcebispo de Cantuária e poucos meses depois declarou nulo o
casamento do rei. Em 1534, o parlamento aprovou o Ato de Supremacia, pelo qual
a Igreja Católica inglesa desvinculou-se de Roma e o rei foi declarado “Protetor e
Único Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra.” O bispo John Fisher e o ex-chanceler
Thomas More opuseram-se a essas medidas e foram executados (1535); os
numerosos mosteiros do país foram extintos e suas propriedades confiscadas
(1536-1539). Nos anos seguintes, Henrique ainda teria outras quatro esposas: Jane
Seymour, Ana de Cleves, Catarina Howard e Catarina Parr.
Henrique morreu na fé católica e foi sucedido no trono por Eduardo VI (1547-
1553), o filho que teve com Jane Seymour. Os tutores do jovem rei implantaram a
Reforma na Inglaterra e puseram fim às perseguições contra os protestantes.
Foram aprovados dois importantes documentos escritos pelo arcebispo Cranmer,
o Livro de Oração Comum (1549; revisto em 1552) e os Quarenta e Dois Artigos
(1553), uma síntese das teologias luterana e calvinista. Eduardo era doentio e
morreu ainda jovem, sendo sucedido por sua irmã Maria Tudor (1553-1558),
conhecida como “a sanguinária”, filha de Catarina de Aragão. Maria perseguiu os
líderes protestantes e muitos foram levados à fogueira. Os mártires mais famosos
foram Hugh Latimer, Nicholas Ridley e Thomas Cranmer. Muitos outros, os
chamados “exilados marianos”, foram para Genebra, Estrasburgo e outras cidades
protestantes.
Com a morte de Maria, subiu ao trono sua meio-irmã Elizabete I (1558-1603), filha
de Ana Bolena, em cujo reinado a Inglaterra tornou-se definitivamente protestante.
Em 1563, foi promulgado o Ato de Uniformidade, que aprovou os Trinta e Nove
Artigos. O resultado foi o acordo anglicano, que reuniu elementos das principais
teologias evangélicas, bem como traços católicos, especialmente na área da liturgia.
Além dos anglicanos, havia outros grupos protestantes na Inglaterra, como os
puritanos, presbiterianos e congregacionais. Os puritanos surgiram no reinado de
Elizabete e foram assim chamados porque reivindicavam uma Igreja pura em sua
doutrina, culto e forma de governo. Reprimidos na Inglaterra, muitos puritanos
foram para a América do Norte, estabelecendo-se em Plymouth (1620) e Boston
(1630), na Nova Inglaterra.
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Outro grupo protestante inglês foram os batistas, surgidos a partir de 1607 sob a
liderança de John Smyth e Thomas Helwys. Este fundou em 1612 a primeira igreja
batista geral.
No século 17, no contexto da guerra civil entre o rei Carlos I e um parlamento
puritano, foi convocada a Assembléia de Westminster (1643-1649). Essa célebre
assembléia elaborou uma série de documentos calvinistas para a Igreja da
Inglaterra, entre os quais a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve, que se
tornaram os principais símbolos confessionais das Igrejas reformadas ou
presbiterianas.
3.2 A Reforma na Escócia
O protestantismo começou a ser difundido na Escócia por homens como Patrick
Hamilton e George Wishart, ambos martirizados. Todavia, o presbiterianismo foi
introduzido graças aos esforços do reformador John Knox (†1572), um discípulo
de Calvino que, após passar alguns anos em Genebra, retornou ao seu país em
1559. No ano seguinte, o parlamento escocês criou a Igreja da Escócia
(presbiteriana). Knox fez oposição tenaz à rainha católica Maria Stuart (1542-
1587), prima de Elizabete, que viveu na França (1548-1561) e voltou à Escócia
para tomar posse do trono. A aceitação do protestantismo ocorreu no contexto da
luta pela independência do domínio francês. Alguns anos mais tarde, Maria Stuart
teve de fugir e buscar refúgio na Inglaterra, onde foi executada por ordem de
Elizabete em 1587.
Foi na Escócia que surgiu o conceito político-religioso de “presbiterianismo”. Os
reis ingleses e escoceses sempre foram firmes defensores do episcopalismo, ou
seja, de uma Igreja governada por bispos. A razão disso é que, sendo os bispos
nomeados pelos reis, a Igreja seria mais facilmente controlada pelo estado e
serviria aos interesses do mesmo. À luz das Escrituras, os presbiterianos insistiram
em uma Igreja governada por oficiais eleitos pela comunidade, os presbíteros,
tornando assim a Igreja livre da tutela do Estado. Foi somente após um longo e
tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-se definitivamente na
Escócia.
3.3 A Reforma na França
O movimento reformado francês surgiu na década de 1530. Inicialmente tolerante,
o rei Francisco I (1515-1547) eventualmente mostrou-se hostil contra os
reformados. Henrique II (1547-1559) foi ainda mais severo que o seu pai.
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Em 1559, reuniu-se o primeiro sínodo nacional da Igreja Reformada da França, que
aprovou a Confissão Galicana. Em 1561, havia duas mil congregações reformadas
no país, compostas de artesãos, comerciantes e até mesmo de algumas famílias
nobres, como os Bourbon e os Montmorency. Os reformados franceses, conhecidos
como huguenotes, estavam concentrados principalmente no oeste e sudoeste do
país, e recebiam decidido apoio de Genebra. Ao norte e leste estava a facção
ultracatólica liderada pela poderosa família Guise-Lorraine.
No reinado de Francisco II (1559-1560), os Guise controlaram o governo. Quando
Carlos IX (1560-1574) tornou-se rei, sendo ainda menor, sua mãe Catarina de
Médici assumiu a regência, mostrando-se inicialmente tolerante para com os
huguenotes. Tentando conciliar as duas facções, ela promoveu um encontro de
católicos e protestantes, o Colóquio de Poissy, em 1561. Com o fracasso desse
encontro, houve um longo período de guerras religiosas (1562-1598), cujo
episódio mais chocante foi o massacre do Dia de São Bartolomeu (24-08-1572).
Centenas de huguenotes achavam-se em Paris para o casamento da filha de
Catarina com o nobre protestante Henrique de Navarra. Na calada da noite, os
huguenotes foram assassinados à traição enquanto dormiam, entre eles o seu
principal líder, almirante Gaspard de Coligny. Nos dias seguintes, muitos milhares
foram mortos no interior da França. Mais tarde, quando o nobre huguenote
tornou-se rei, com o título de Henrique IV, ele promulgou em favor dos seus
correligionários o Edito de Nantes (1598), concedendo-lhes uma tolerância
limitada. Esse edito seria revogado pelo rei Luís XIV em 1685, dando início a um
novo período de duras provações para os reformados franceses.
3.4 A Reforma nos Países Baixos
Os Países Baixos eram parte do Sacro Império Germânico e depois ficaram sob o
domínio da Espanha. Durante o reinado do imperador Carlos V, surgiram naquela
região luteranos, anabatistas e principalmente calvinistas, por volta de 1540.
Desde o início foram objeto de intensas perseguições, tendo a repressão
aumentado sob o rei Filipe II (1555) e o governador Duque de Alba (1567). A
revolta contra a tirania espanhola foi liderada pelo alemão Guilherme de Orange,
grande defensor da plena liberdade religiosa, que seria assassinado em 1584.
Eventualmente, os Países Baixos dividiram-se em três nações: Bélgica e
Luxemburgo (católicas) e Holanda (protestante).
A Igreja Reformada Holandesa foi organizada na década de 1570. No início do
século 17, surgiu uma forte controvérsia por causa das idéias de Tiago Armínio.
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O Sínodo de Dort (1618-1619) rejeitou as idéias de Armínio e afirmou os
chamados “cinco pontos do calvinismo”, cujas iniciais formam em inglês a palavra
“tulip” (tulipa): Depravação total ( Total depravity), Eleição incondicional
(Unconditional election), Expiação limitada (Limited atonement), Graça irresistível
(Irresistible Grace) e Perseverança dos santos (Perseverance of the saints).
3.5 A Contra-Reforma
Ao analisarem as ações da Igreja Católica Romana após o surgimento do
protestantismo, os historiadores falam em dois aspectos: Contra-Reforma e
Reforma Católica. O primeiro foi o esforço da Igreja Romana para reorganizar-se e
lutar contra o protestantismo. Essa reação ocorreu tanto no plano dogmático
quanto político-militar. Já a Reforma Católica revelou a preocupação de corrigir
certos problemas internos do catolicismo em resposta às críticas dos protestantes
e de outros grupos.
Foram vários os elementos dessa reação. Na Espanha, houve notáveis
manifestações de uma rica espiritualidade mística, cujos representantes mais
destacados foram Teresa de Ávila e João da Cruz. Além do misticismo espanhol,
outro sinal da revitalização católica foi o surgimento de várias ordens religiosas,
das quais a mais importante foi a Sociedade de Jesus, fundada pelo espanhol Inácio
de Loiola (1491-1556) e oficializada pelo papa em 1540.
Além dos votos usuais de pobreza, castidade e obediência aos superiores, os
jesuítas faziam um voto adicional de submissão incondicional ao papa. Seu objetivo
era a expansão e o fortalecimento da fé católica através de missões, educação e
combate à heresia. Os jesuítas exerceram forte influência sobre governantes e
contribuíram decisivamente para a supressão do protestantismo em várias regiões
da Europa, como a Espanha e a Polônia.
O instrumento mais eficaz tanto da Contra-Reforma quanto da Reforma Católica foi
o Concílio de Trento, que se reuniu em três séries de sessões entre 1545 e 1563.
Seus decretos rejeitaram explicitamente as doutrinas protestantes e oficializaram
o tomismo (a teologia de Tomás de Aquino), a Vulgata Latina e os livros
denominados apócrifos ou deuterocanônicos. Outros instrumentos da Contra-
Reforma foram o Índice de Livros Proibidos (Index Librorum Prohibitorum, 1559)
e a Inquisição, especialmente em suas versões espanhola e romana. Como
expressão do dinamismo católico nesse período, as ordens dos franciscanos,
dominicanos e jesuítas realizaram uma grande obra missionária no Oriente e nas
Américas.
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No território do Sacro Império, os conflitos entre católicos e protestantes
continuaram por muitas décadas, atingindo o seu auge na tenebrosa Guerra dos
Trinta Anos, que envolveu metade do continente europeu. Essa guerra terminou
com a Paz de Westfália (1648), que fixou definitivamente as fronteiras político-
religiosas da Europa e marcou o final do período da Reforma.
3.6 Implicações Práticas
A história da Reforma nem sempre é agradável e inspiradora. Por causa das
profundas conexões entre elementos religiosos e políticos, esse período foi
marcado por muita violência em nome da fé. Porque a religião é uma coisa muito
importante para as pessoas, as paixões que desperta podem se tornar
terrivelmente destrutivas. Os erros cometidos nessa área por diferentes grupos
nos séculos 16 e 17 nos servem de advertência e de estímulo para a prática da
caridade cristã e da tolerância, conforme o exemplo de Cristo. Podemos, sem abrir
mão de nossas convicções, respeitar os que pensam diferente de nós.
Ao mesmo tempo, nos impressionamos com o heroísmo de tantos irmãos nossos
da época da Reforma, que por causa de sua fé enfrentaram muitas provações e até
mesmo mortes cruéis. O evangelho já não exige esse tipo de sacrifício da maioria
dos cristãos do Ocidente, mas isso não significa que estamos livres de grandes
desafios. São outras as maneiras pelas quais a nossa fé é testada no tempo
presente. Viver de acordo com os princípios e os valores do Reino de Deus
continua sendo uma prova difícil, mas necessária, para todos os cristãos. (Alderi
Souza de Matos)
Portanto, a Reforma protestante foi o marco de uma nova fase da História da
Humanidade. Com ela o Cristianismo retomou sua verdadeira identidade,
contribuindo assim para a restauração do homem caído e para uma grande visão
bíblica de valorização humana. Mas a Reforma não aconteceu da noite para o dia.
Foram séculos de pequenas manifestações e reações por parte daqueles que
enxergavam uma igreja em decadência, que precisava urgentemente rever seus
valores. Muitos foram ridicularizados, calados á força e mortos á fogueira da
inquisição, isto é, a “igreja” estava tão decadente que dia a dia levava o Evangelho a
empedernir a ponto de matar até mesmo seus próprios filhos.
Para a conclusão do propósito divino de restauração da Igreja de Cristo, a Reforma
passou por três grandes processos em sua execução:
(a) A Reforma Teológica,
(b) A Reforma Litúrgica,
(c) E a Reforma Missionária, ou missiológica.
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1º Processo: A Reforma Teológica: A reforma teológica significou o resgate da
pureza do Evangelho e foi a base do retorno ás Escrituras. Foi o momento do
rompimento definitivo com o paganismo religioso que a Igreja Romana havia
abraçado e o estabelecimento dos valores e princípios da Bíblia, centrados em
Cristo, sua Graça, na Fé verdadeira e na Glória somente a Deus. Estes cinco valores
fundamentais conhecidos em Latim como Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia,
Sola Fide e Soli Deo Gloria se tornaram o fundamento da Teologia Reformada.
A Igreja Romana havia cometido um desvio teológico tão flácido e vexatório que
nem mesmo o povo tinha acesso á leitura da Bíblia, excluindo assim uma prática
nobre da igreja de Cristo (Atos 17.11). Os Bispos se auto intitularam papas. A
instituição da intercessão aos mortos e a substituição do culto cristão pelas rezas e
missas davam ar de que a verdadeira teologia havia sido destruída. No ano 416 d.C
teve início ao batismo de crianças recém nascidas e pouco tempo depois, em 431, é
estabelecido o culto a Maria, mãe de Jesus. Mas os desvios teológicos vão além com
a oficialização do purgatório e com o culto às imagens. Por fim, a venda de
indulgência, ou seja, pagar pela salvação foi o maior golpe da Igreja Romana contra
a pureza do Evangelho.
Coube aos teólogos Martinho Lutero e John Calvino esse resgate bíblico. Lutero em
31 de outubro de 1517, afixou na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, suas
95 teses e Calvino com a sistematização teológica lançou a grande obra “Instituição
da Religião Cristã” em 1536. Esses acontecimentos de comportamento guapo dos
líderes cristãos deram início á reforma teológica na cristandade.
2º Processo: A Reforma Litúrgica: O vocábulo “Liturgia“, em grego, formado pelas
raízes leit- (de “laós”, povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho
público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o
ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um caráter
eminentemente público. A liturgia é considerada por várias denominações cristãs o
momento da adoração e celebração ao Deus vivo. É o culto ao Senhor, pelo povo do
Senhor.
Mas o Romanismo havia deturpado o culto também, e com as cansadas missas,
cheias de artifícios religiosos, transformou o momento de devoção á Deus num
período de tristeza e escravidão religiosa, sem vida e sem a graça de Deus. As
missas como eram conhecidas, pareciam mais uma prisão obrigatória de um ritual
que não oferecia ao cristão a oportunidade de uma nova experiência com Deus e
seu Espírito, e nem mesmo transmitia a alegria da Salvação uma vez conquistada
por Cristo.
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Faltava a Bíblia, a pregação poderosa pela unção, o compartilhamento da fé entre
membros do corpo. Faltava a essência da verdadeira adoração, do tempo-
momento, da edificação espiritual.
Os reformadores foram unânimes na Reforma litúrgica e começaram com a música,
com o louvor ao Deus Trino. Lutero, exemplo de musicista compôs hinos que
marcaram gerações. Louvores que ecoaram em toda a Europa.
Mas a liturgia envolvia também o momento do ensino da palavra. Nesse âmago o
reformador suíço Úlrico Zwínglio revelou sua ousadia na exposição e ampla visão
bíblica. Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele não morreu. As igrejas
que surgiram como resultado do movimento iniciado por Zwínglio são chamadas
de igrejas reformadas em alguns países. A restauração do Culto ao Senhor foi o
resultado do espírito jocoso de nossos reformadores.
3º Processo: A Reforma Missiológica: O que foi então a Reforma missiológica? O que
isso teve haver com o processo da Reforma Protestante?
Acontece que a Igreja Romana havia perdido de vez a verdadeira visão missionária
de pregação do Evangelho em todo o mundo. Suas preocupações políticas e
econômicas cegavam a verdadeira responsabilidade para com os perdidos. A obra
de expansão do Evangelho não era mais exequível, pois dera lugar á busca de
conquistas territoriais e guerras religiosas.
O período da Reforma missiológica começa com John Knox (1515-1587) passando
por ilustres homens como Moody, Hudson Taylor, Bunyan, George Whitefield e
muitos outros. Mas ninguém se destacou tanto na restauração da visão missionária
do que Guilherme Carey conhecido como o “pai das missões modernas”.
O sapateiro que tinha em sua oficina um grande mapa-mundi, olhou para o mundo
com o coração, e levou o Evangelho ás vidas mais distantes, enfrentando os mais
diversos desafios.
Além de atingir a Reforma missiológica, a atitude para com a Igreja abrangia ao
mesmo tempo algo muito expressivo que havia também se deteriorado: A pregação
relevante e seu poder transformador.
Enfim, a Reforma missionária definia os caminhos verdadeiros da Igreja de Cristo.
Onde quer que esteja a Igreja do Senhor, estaria ali também um povo livre, de uma
teologia pura e restaurada, da liturgia que exalta unicamente a Deus e não ao
homem, e de uma chama missionária que jamais se apagou.
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CAPITULO V
A ESCATOLOGIA DAS RELIGIÕES
O termo Escatologia deriva de duas palavras gregas: escathos e logos que se
traduzem por “último” e “estudo” ou “tratado”. É o estudo ou doutrina das últimas
coisas. É chamada bíblica, no nosso caso, porque ela pode ser extrabíblica. A
palavra Escatologia não é uma exclusividade da linguagem cristã, porém é quase
unânime o seu uso no âmbito cristão e religioso.
No estudo da Escatologia Bíblica, é de
caráter fundamental, ter o cuidado em
não apresentar falsas interpretações,
evitando, com isso, exposições
infundadas e especulações. Deus nos
adverte dizendo que devemos “manejar
bem a Palavra da verdade.” II Tm 2.15.
“Porque a visão é ainda para o tempo
determinado, e até ao fim falará e não
mentirá; se tardar, espera-o, porque
certamente virá, não tardará”. Hc.2.3.
Mas existe outro tipo de Escatologia que poucas pessoas conhecem, mas que se
torna importante no profundo estudo das “ultimas coisas”: Trata-se da Escatologia
das Religiões.
A Escatologia das Religiões
Chamamos de Escatologia das Religiões as interpretações proféticas dos últimos
acontecimentos na visão das principais religiões do mundo. Dessa forma, temos
por propósito expor as Escatologias Islâmica, Budista e Judaica. Quanto às demais
religiões consideradas grandes e expressivas, entendemos que possuem a mesma
raiz interpretativa, diferindo apenas em pequenos detalhes e particularidades.
A Escatologia Islâmica
O Islamismo é uma das quatro religiões monoteístas do mundo. Está baseada nos
ensinamentos de Maomé (570-632 d.C.), chamado “O Profeta”, contidos no livro
sagrado islâmico, o Corão.
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A palavra islã significa submeter, e exprime a submissão a lei e a vontade de Alá.
Seus seguidores são chamados de muçulmanos, que significa aquele que se
submete a Deus.
Ao partirmos para a exploração da Escatologia Islâmica precisamos primeiramente
saber quais as raízes teológicas.
Segundo os muçulmanos, o Corão contém a mensagem de Deus a Maomé, as quais
lhe foram reveladas entre os anos610 a632. Seus ensinamentos são considerados
infalíveis. É dividido em 114 suras (capítulos), ordenadas por tamanho, tendo o
maior 286 versos. A segunda fonte de doutrina do Islã, a Suna, é um conjunto de
preceitos baseados nos Ahadith (ditos e feitos do profeta).
Segundo a Escatologia Islâmica, a História humana terminará com um julgamento
final. Antes, porém, alguns personagens apocalípticos aparecerão, como o Mahdi,
espécie de Messias. Esse é descrito como a mesma figura do que conhecemos como
o Anticristo, que para o Islamismo aparecerá entre o Iraque e a Síria.
De acordo com o Alcorão – Surata 10.109, um mulçumano que espera escapar da
ira de Alá e do tormento das chamas do Inferno, precisa esforçar-se
diligentemente, para cumprir os requerimentos apresentados nos Cinco Pilares.
Deus levantou profetas, através da história, para chamar os homens ao
arrependimento. No Islamismo, a salvação é pelas obras. As obras de todas as
pessoas serão pesadas numa balança. Se as boas superarem as más, tal pessoa irá
para o paraíso. Os mártires irão todos para o paraíso. O inferno é para os não-
mulçumanos. É um lugar de fogo e tormento indescritível.
Assim, como no Cristianismo, a existência de correntes de pensamentos quanto á
Escatologia estão também na esfera Islã. A maioria dos mulçumanos aceita a idéia
da existência do purgatório. O pecado imperdoável é associar algo ou alguém a
Deus.
Os ortodoxos, por exemplo, obedecem literalmente aos ensinamentos do Corão e
levam a extremo a sabedoria de Deus de forma que se arriscam a um fatalismo
arbitrário e despótico. Os mutazilis defendem a unidade absoluta de Deus,
suprimindo até a possibilidade de imaginá-lo, pois se trata de algo completamente
diferente das coisas criadas. Não aceitam o Corão como está escrito simplesmente.
Entendem que carece de interpretação. Para esse grupo, Deus não é apenas um ser
soberano, mas também justo, que castiga os maus, mas sabe recompensar os bons.
São considerados racionalistas.
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É importante lembrar que os ensinamentos de Maomé sofreram certas
modificações ou acréscimos, o que é natural e compreensível, devido às culturas
dos povos que aceitaram o Islamismo.
A Escatologia Budista
O Budismo consiste num sistema ético, religioso e filosófico fundado pelo príncipe
hindu Siddhartha Gautama (563-483 a.C.), ou Buda, por volta do século VI. O relato
da vida de Buda está cheia de fatos reais e lendas, as quais são difíceis de serem
distinguidas historicamente entre si. Mas quanto á sua Escatologia, está revelada e
descrita em suas crenças e práticas.
O Budismo consiste no ensinamento de como superar o sofrimento e atingir
o Nirvana (estado total de paz e plenitude) por meio da disciplina mental e de uma
forma correta de vida. Também creem na lei do carma, segundo a qual, as ações de
uma pessoa determinam sua condição na vida futura. A doutrina é baseada nas
Quatro Grandes Verdades de Buda:
1. A existência implica a dor. O nascimento, a idade, a morte e os desejos são
sofrimentos.
2. A origem da dor é o desejo e o afeto. As pessoas buscam prazeres que não duram
muito tempo e buscam alegria que leva a mais sofrimento.
3. O fim da dor só é possível com o fim do desejo.
4. A superação da dor só pode ser alcançada através de oito passos: Compreensão
correta, Pensamento correto, Linguagem correta, Comportamento correto, Modo
de vida correto, Esforço correto, Desígnio correto e Meditação correta.
É conhecendo a teologia Budista que chegamos aos conceitos escatológicos. No
Budismo não existe nenhum Deus absoluto ou pessoal. A existência do mal e do
sofrimento é uma refutação da crençaem Deus. Osque querem ser iluminados
necessitam seguir seus próprios caminhos espirituais e transcendentais. Na
Antropologia, o homem não tem nenhum valor e sua existência é temporária. As
forças do universo procurarão meios para que todos os homens sejam iluminados
(salvos).
Quanto a alma do homem, a reencarnação é um ciclo doloroso, porque a vida se
caracteriza em transições. Todas as criaturas são ficções. O impedimento para a
iluminação é a ignorância. Deve-se combater a ignorância lendo e estudando.
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Desta forma, entendemos que a Escatologia Budista prega uma humanidade que
está passando por um processo de evolução espiritual e que no fim de tudo todos
os habitantes da terra poderão herdar a salvação.
A Escatologia Hindú
O Hinduísmo é a denominação do conjunto de princípios, doutrinas e práticas
religiosas que surgiram na Índia, a partir de2000 a.C. O termo é ocidental e é
conhecido pelos seguidores como Sanatana Dharma, do sânscrito (lembramos que
é a língua original da Índia), que significa “a ordem permanente”. Está
fundamentado nos quatro livros dos Vedas (conhecimento), um conjunto de textos
sagrados compostos de hinos e ritos, no Século X, denominados de Rigveda,
Samaveda, Yajurveda e Artharvaveda. Estes quatro volumes são divididos em duas
partes: a porção do trabalho (rituais politeístas) e a porção do conhecimento
(especulações filosóficas), também chamada de Vedanta . A tradição védica surgiu
com os primeiros árias, povo de origem indo-européia (os mesmos que
desenvolveram a cultura grega) que se estabeleceram nos vales dos rios Indo e
Ganges, por volta de1500 a.C.
Não se consegue entender a Escatologia Hindu sem primeiro compreender seu
conceito de espiritualidade. Segundo ensina o hinduísmo, os Vedas contêm as
verdades eternas reveladas pelos deuses e a ordem (dharma) que rege os seres e
as coisas, organizando-osem castas. Cadacasta possui seus próprios direitos e
deveres espirituais e sociais. A posição do homem em determinada casta é definida
pelo seu carma (a lei do carma atinge quase todas as religiões orientais). A casta à
qual pertence um indivíduo indica o seu status espiritual. O objetivo é superar o
ciclo de reencarnações (samsara), atingindo assim, o nirvana, a sabedoria
resultante do conhecimento de si mesmo e de todo o Universo. O caminho para o
nirvana, segundo ensina o hinduísmo, passa pelo ascetismo (doutrina que
desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem), pelas práticas religiosas,
pelas orações e pela ioga. Assim, a pessoa alcança a “salvação”, escapando dos
ciclos da reencarnação. (Observe também que os orientais comungam alguns
conceitos básicos de espiritualidade).
Tudo é deus, deus é tudo: o hinduísmo ensina, como no Panteísmo, que o homem
está unido com a natureza e com o universo. O universo é deus, e estando unido ao
universo, todos são deuses. Ensina também que este mesmo deus, é impessoal.
Muitos deuses adorados pelos hindus são amorais e imorais.
O mundo físico é uma ilusão: no mundo tridimensional, designada de maya, o
homem e sua personalidade não passa de um sonho.
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Para se ver livre dos sofrimentos (pagamento daquilo que foi feito na encarnação
passada), a pessoa deve ficar livre da ilusão da existência pessoal e física. Através
da ioga e meditação transcendental, a pessoa pode transcender este mundo de
ilusões e atingir a iluminação, a liberação final. O hinduísmo ensina que a ioga é um
processo de oito passos, os quais levam a culminação da pessoa transcender ao
universo impessoal, no qual o praticante perde o senso de existência individual.
A lei do carma no hinduísmo: o bem e o mal que a pessoa faz, determinará como ela
virá na próxima reencarnação. A maior esperança de um hinduísta é chegar ao
estágio de se transformar no inexistente. Vir ser parte deste deus impessoal, do
universo.
Krishna é a oitava encarnação do deus Vishnu, e é um dos avatares especiais do
Hinduismo. Alega-se entre os muçulmanos, que Jesus foi uma encarnação de
Krishna, tendo vivido uma vida muito semelhante. Esperam que haverá uma nova
encarnação do avatar, que foi conhecido em vários períodos da história como
Vishnu, Krishna e Jesus. Qualquer destes nomes pode ser usado por ele, mas ele vai
também ser conhecido como o Avatar Kalki, o (Avatar do Cavalo Branco), visto que
montará um cavalo branco.
O Avatar Kalki combaterá a serpente apocalíptica e obterá a vitória final sôbre o
mal na Terra. Êle renovará a humanidade, tornando possível às pessoas viverem
um vida pura e honrosa. As expectativas de todas as religiões serão realizadas nele,
pois ele será o messias mundial que todos esperam.
A Escatologia Judaica
Historicamente, o judaísmo veio à existência quando foi firmado o pacto
abraâmico. Desde o começo o judaísmo foi uma religião revelada e não uma
religião natural ou filosófica.
A partir do chamado de Abraão para ser o pai de uma nação particular (a
Palestina), a qual constituíra a Terra Prometida, Deus revelou uma mensagem na
História que se destinava a tornar-se aplicável universalmente a todas as nações e
todos os povos.
Mas a Teologia Judaica começa mesmo o seu desdobramento a partir da missão
com Moisés e a Lei. Os judeus são muitas vezes descritos como o povo do Livro,
porque baseiam suas vidas pela revelação de Deus na Toráh. A Toráh são os cinco
livros da Bíblia conhecidos como Pentateuco, que além da história contêm 613
mandamentos (ou obrigações).
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Nos livros encontram-se, leis, rituais, regras de higiene e leis morais. Para os
judeus, as leis fazem parte de uma revelação de aliança com Deus.
Além da Toráh, os judeus possuem como escrituras o Tanach (Antigo Testamento),
o Talmude (explicação do Tanach) e as Escrituras dos sábios.
A Escatologia Judaica possui uma ordem cronológica, que inclui até mesmo a
construção do Templo.
A princípio, a vinda do Messias é o grande evento esperado pela nação judaica. A
palavra hebraica Mashiach (ouMoshiach משיח) significa o Ungido e refere-se a um
ser humano. Apesar de os cristãos usarem também a palavra “messias”, usam-na
de forma diferente.
Para os sábios judeus, Jesus Cristo não possuía as credenciais necessárias para ser
considerado o Ungido, vindo de Deus. Por isso, ainda estão a aguardar o Messias
prometido, anunciado pelos profetas de Deus. Jesus é visto como um falso messias
extremista ou como um bom rabi (mestre), que foi martirizado.
No Judaísmo, o fim do mundo é chamado de acharit hayamim (fim dos dias). Eventos
tumultuosos abalarão a velha ordem do mundo, criando uma nova ordem na qual
Deus é universalmente reconhecido como a nova Lei que organiza tudo e todos.
Uma das sagas do Talmud diz “Deixe o fim dos dias chegar, mas eu não devo estar
vivo para presenciá-lo“, porque os vivos na ocasião serão submetidos a tais
conflitos e sofrimentos.
De acordo com essa tradição, o fim do mundo irá presenciar os seguintes eventos:
- Reunião dos judeus na terra geográfica de Israel .
- Derrota de todos os inimigos de Israel.
- Construção do terceiro Templo de Jerusalém e a restauração dos sacrifícios e
serviços nele.
- Revitalização dos mortos ou ressurreição.
Naquele momento, o Messias judeu se tornará o monarca ungido de Israel.
Quanto ao sonho de reconstruir o templo é realista e biblicamente correto; um dia
ele se realizará. A Bíblia ensina explicitamente que a reconstrução se tornará
realidade. Mas a alegria será passageira e a adoração será interrompida. Como
veremos através de alguns tópicos da história e da Bíblia, o novo templo não será
nem o primeiro nem o último a ser erguido. Sua construção é certa, mas os dias
turbulentos que a acompanharão também.
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A Grande Verdade sobre a Escatologia Bíblica
A Bíblia é a eterna Palavra de Deus. Foi dada ao homem por Deus para ser o
absoluto, o supremo, o competente, o infalível e imutável padrão de fé e prática.
Cremos firmemente que, embora as tempestades de desaprovação continuem a
levantar-se contra a Palavra de Deus, a confiança do crente humilde nela é
justificável e confirmada. Este volume sagrado é e sempre será o Livro de Deus.
Não obstante, lembramos que a única teoria que faz jus às reivindicações Bíblicas é
a da inspiração Verbal Plenária. Ela ensina que apesar de Deus usar os escritores
sacros em suas próprias línguas e estilos eles foram inspirados pelo Espírito Santo.
Toda a Bíblia foi inspirada!
Quando entramos no campo da Escatologia Bíblica, devemos atentar para duas
grandes verdades:
1. A Profecia Bíblica jamais erra. Os intérpretes sim.
A Palavra de Deus jamais errou. Ela é infalível, mas por muito tempo, têm estado
sob refém de interpretações particulares, equívocos teológicos, heresias e em
nosso tempo uma avalanche de especulações apocalípticas. Qualquer erro ou
equívoco quanto a acontecimentos em nossos dias, é de importante valia
esclarecer, que, não deve ser colocado a Palavra de Deus sob suspeita, e sim a
incoerência das muitas literaturas do gênero, as aventuras apocalípticas de
determinados escritores e a falta de visão bíblica de alguns pregadores;
2. As Diversas Correntes de Interpretações Escatológicas caminham numa mesma
direção.
Nenhuma linha de interpretação Escatológica Protestante deve ser ignorada ou
ridicularizada, pois todas elas, por mais diferentes que sejam, estão numa mesma
direção Teológica. Diferente das interpretações da Escatologia das Religiões, a
Escatologia Bíblica em qualquer visão consegue manter a pureza Doutrinária e do
Evangelho, consegue preservar as verdades acerca de Deus e Sua soberania, Jesus
O Cristo e o poder do sacrifício, mantendo seguro os princípios da Palavra de Deus.
Sejam nos seminários ou escolas de teologia, todos os pensamentos devem ser
expostos e apresentados em sua íntegra.
Tanto o Pré-milenismo quanto o Amilenismo (principais correntes) contribuem
com suas interpretações e ampliam o entendimento cristão quando estudadas
ambas.
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A Escatologia Bíblica se torna na Igreja de Cristo, o poder literário que mantém
acesa a chama da esperança na volta de Jesus. É claro que esse poder literário vivo,
vem diretamente do Espírito Santo, quando lemos, cremos e mantemos nossa fé na
Palavra. Quando sabemos que a Escritura cumprirá, mesmo em meio às diversas
opiniões, independe.
É inquestionável que a Bíblia no decorrer da história permaneceu sem nenhum
tipo de alteração em suas profecias. E mais inquestionável ainda é que essas
profecias se cumpriram, outras irão se cumprir.
Crendo que muitos escritos curiosamente apresentam uma linguagem escatológica
parecida com a Bíblia, mesmo com personagens diferentes, e conceitos espirituais
de outro extremo, concluímos que qualquer literatura religiosa tem todo o direito
de expor as profecias da Escatologia na visão de seus escritores. Enquanto isso a
Bíblia Sagrada prossegue expondo as profecias da Escatologia na visão de Deus.
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CAPITULO VI
RELIGIÃO, SEITAS E HERESIAS
O QUE É RELIGIÃO? Culto Prestado a uma divindade; doutrina religiosa; dever
sagrado; ordem religiosa; crença viva; consciência escrupulosa; escrúpulos;
(Social.) um sistema solidário de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto
é, separadas, interditas, e que unem em uma mesma comunidade moral, chamada
Igreja, todos os que aderem a esse sistema.
O QUE É SEITA? Doutrina ou sistema que se afasta da opinião geral; conjunto dos
indivíduos que a seguem; comunidade fechada; de cunho (caráter) radical; facção;
partido.
O QUE É HERESIA? Doutrina contrária aos dogmas (ponto fundamental e indiscutível
de uma doutrina da igreja; contra-senso; ato ou palavra ofensiva à religião, escolha,
seleção, preferência... (Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, de
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira)
O PERIGO DAS SEITAS E HERESIAS
Gn 4:3-7 Compreender a origem e a natureza da religiosidade é básico para
entendermos a extrema disseminação de seitas e ensinos falsos, não apenas em
nossos dias, mas em toda a história da humanidade. Este texto espelha de uma
forma clara, a maneira pela qual o espírito de religiosidade começou a se
manifestar entre os homens. A palavra "religião" vem do latim religio, que significa
"religar". O conceito implícito nessa palavra é o de uma tentativa do homem de
"religar-se" a Deus, reatando uma comunhão rompida. Esse sentimento "religioso"
é comum a todos os homens, não importando sua origem social ou geográfica.
A religião surgiu no vácuo provocado pela ausência da comunhão autêntica com
Deus. O homem foi feito para viver em comunhão com Deus, e na falta dessa
comunhão ele experimenta, ainda que inconscientemente, um sentimento de
profunda frustração. Esse anseio (e não o "medo do desconhecido", como muitos
sustentaram no passado) é que originou na humanidade a busca religiosa. O texto
que lemos caracteriza alguns aspectos essenciais do espírito de religiosidade. Caim
ofertou do que lhe sobrava, enquanto Abel trouxe suas primícias (note as palavras
"oferta" e "primícias", nos versículos 3 e 4).
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O espírito religioso sempre oferta do que sobra, seja dinheiro, tempo, esforço; Caim
procurou aproximar-se de Deus por seus próprios meios, enquanto Abel, pelo meio
determinado por Deus. Este é um dos principais motivos que levou o Senhor a
rejeitar a oferta de Caim. Em Gn 3:21 vemos pela primeira vez nas Escrituras o
surgimento de uma vítima sacrificial (se Adão e Eva foram vestidos por Deus com
roupas de peles, um animal teve que ser morto!). Esta verdade é a mesma que
aparece registrada em Hb 9:22.
Em conexão com Gn 3:21, é importante lembrar que a palavra hebraica que
significa "cobrir" tem o sentido do termo "propiciação", que é a palavra utilizada
pelo Novo Testamento para definir a obra redentora de Jesus na cruz, veja Rm
3:24,25. Ora, o espírito de religiosidade sempre apresenta uma oferta que Deus
não pediu, que é incapaz de resolver o verdadeiro problema que separa o homem
de Deus: às vezes são "obras", outras vezes são "rituais", mas sempre são coisas
que não podem tratar adequadamente o problema do pecado. Abel, pela fé,
apresentou o Senhor Jesus (porque todo sacrifício de animais no Velho Testamento
apontava profeticamente para Jesus).
Já Caim, apresentou a si próprio: suas obras, seu trabalho, suas iniciativas! Caim
apresentou, à recusa da sua oferta, a reação característica do espírito de
religiosidade. Veja Gn 4:5b. É a reação característica do orgulho ferido. O espírito
de religiosidade é sempre o espírito do farisaísmo, o qual é marcado por uma idéia
elevada de si próprio, o que leva-o automaticamente a não cogitar jamais a
possibilidade de ser recusado. Neste ponto, é diametralmente oposto ao espírito do
cristão, o qual é marcado por um coração quebrantado. Vemos uma ilustração clara
disso na parábola do fariseu e do publicano (veja Lc 18:9-14).
Se a situação fosse inversa, e o publicano fosse rejeitado, ele simplesmente
continuaria orando por misericórdia, porque era um homem de coração
quebrantado; mas o fariseu jamais suportaria ser rejeitado, porque estava firmado
nos seus "méritos"! Gn 4:7 Todas as religiões sempre têm sua base no que o
homem pretende fazer ou ser, por si só, independente de quem quer que seja. A
palavra de Deus para Caim foi "Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti?". Se
bem fizeres, aqui, tem o sentido de fazer o que é correto, aproximar-se de Deus da
maneira certa.
No Velho Testamento, essa maneira era a observância da lei e dos sacrifícios, tendo
em vista a obra de Jesus que se manifestaria no futuro. No Novo Testamento, é a
aproximação de Deus unicamente através de Jesus, submetendo-se ao Seu
senhorio, governo e confiando apenas nos méritos da Sua obra realizada em nosso
favor.
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Não é difícil, contudo, verificamos como o homem procurou seguir o caminho de
Caim desde o princípio da humanidade. Gn 4:16,17 Caim foi tanto o iniciador da
religião como o primeiro a procurar construir uma sociedade à parte de Deus. A
expressão "E saiu Caim de diante da face do Senhor" (v.16) nos mostra que Caim
optou por afastar-se de Deus, vivendo longe dEle.
À partir desse homem, surgiu toda uma linha de seres humanos que não tinham
consciência da pessoa de Deus, mas que experimentavam o anseio inconsciente
por comunhão com seu Criador, ao qual já nos referimos. Entre essas pessoas
temos sem dúvida os primeiros a adorarem os elementos da natureza, seguindo
seus corações corrompidos. Rm 1:21-24 Apesar da revelação disponível de Deus
na criação, os homens preferiram escolher seus próprios caminhos, marcados pela
religiosidade. O fim disso, como o v. 24 demonstra, está sempre em carnalidade e
imoralidade. Rm 1:21 "... e o seu coração insensato se obscureceu."
O coração do homem foi obscurecido a fim de que perdesse de vista qualquer traço
de revelação do verdadeiro Deus e direcionasse o anseio de seu coração para
outros seres. 2 Co 4:4 O diabo é o autor desse entenebrecimento dos corações e da
transformação desse anseio legítimo num espírito pervertido de religiosidade. At
19:17-20, 27; 2 Co 10:4,5; Ef 6:11,12.
Se a ação do diabo é que está por detrás do espírito de religiosidade, precisamos
concluir que todas as religiões são de iniciativa diabólica, e que a maneira pela qual
podemos combatê-las não é através de debates ou coisas parecidas, mas
unicamente através da batalha espiritual, discernindo sua origem satânica e
combatendo com armas espirituais, os demônios que estão por detrás delas.
"HERESIAS E SEITA" O mesmo espírito religioso que está por detrás de cultos
como o islamismo, o animismo (adoração de espíritos, englobando todas as formas
de umbanda), o espiritismo e outras manifestações religiosas, está também por
detrás de todas as seitas e heresias que surgiram no meio da Igreja no decorrer da
história.
Na verdade, o diabo é especialista em variar suas armas no ataque contra a Igreja.
A diferença entre o paganismo e o cristianismo é fácil de ser detectada, mas o
mesmo não acontece entre o cristianismo verdadeiro e alguns movimentos
heréticos. O interesse aqui não é formar um painel acerca das religiões que atuam
ou atuaram no mundo, mas analisar principalmente algumas heresias e seitas que
surgiram no meio da Igreja. Para isso, precisamos compreender primeiramente a
diferença entre "heresia" e "seita".
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HERESIA
A palavra "heresia" vem do termo grego "hairesis". Essa palavra é empregada no
Novo Testamento com dois sentidos principais: (1) seita, no sentido de facção ou
partido, um corpo de partidários de determinadas doutrinas (veja At 5:17; 15:5;
24:5; 26:5; 28:22); e (2) opinião contrária à doutrina prevalecente, de cujo ponto
de vista é considerada heresia (veja 2 Pe 2:1). 1 Co 1:10; 11:18.
Em ambos os textos, a palavra traduzida "divisões (ou dissensões)", no grego, é
schismata, que significa literalmente "rasgões em pano". Alguns estudiosos
sustentam que essa palavra indica divisões em torno de personalidades, e não em
torno de ensinos. Segundo esse ponto de vista, divisões em torno de
personalidades seriam um "mal menor", não tão grave quanto as "heresias"
(negações de verdades da fé). O texto de 1 Co 11:19, no entanto, parece relacionar
as divisões aos partidos (haireseis).
Podemos resumir isto dizendo que, na perspectiva do Novo Testamento, toda
divisão no corpo de Cristo (seja motivada por personalidades ou por diferenças no
ensino) é considerada heresia. Isto coloca como heresia todo o
denominacionalismo, tão comum na igreja. No entanto, o uso histórico da palavra
"heresia" passou a apontar quase que exclusivamente para seu segundo sentido
assinalado acima, ou seja, o de opinião contrária à doutrina prevalecente, de cujo
ponto de vista é heresia. Desta maneira, passaram a ser qualificadas de "heresia"
os ensinos que, de alguma maneira, contrariam alguma verdade da fé cristã. Nesta
perspectiva, heresia pode ser definida como a "negação de uma verdade cristã
definida e estabelecida, ou uma dúvida concernente a ela".
A heresia não pode ser confundida com a apostasia. O apóstata é alguém que
rejeitou completamente a fé cristã; o herege continua vinculando-se à fé,
excetuando-se os pontos em que seu sistema nega a fé cristã. 1 Co 15:12; Cl
2:8,16,20-22; 2 Ts 2:2; 1 Tm 4:1-3,7; 1 Jo 2:18,19,22; 4:2,3. Estes textos
exemplificam diversas ocorrências de heresias, ainda no período da Igreja
primitiva.
Em Corinto, algumas pessoas negavam a possibilidade de ressurreição,
influenciados pelo conceito grego de que a matéria seria algo inerentemente mau;
no caso da igreja em Colossos, a heresia era uma forma particular de legalismo,
oriunda de uma influência do gnosticismo grego sobre a igreja; o texto de 2 Ts 2:2
aponta outra heresia específica, relacionada com a volta de Jesus, a qual, segundo
alguns, já teria acontecido;
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em 1 Tm Paulo prevê diversos ensinos heréticos que surgiriam na história da
igreja; em 1 Jo, é a encarnação de Jesus que é especificamente atacada (uma forma
da heresia conhecida como "docetismo", do grego dokein, "parecer", que ensinava
que Jesus não possuíra um corpo físico, mas apenas uma "aparência" de corpo!).
Aparentemente, essas heresias podem "variar em grau". Uma coisa é atrelar-se a
um legalismo estrito, como no caso dos colossenses; outra, bem diferente, é
afirmar que Jesus não possuía um corpo físico. No entanto, toda heresia significa
uma introdução de fermento na massa da fé cristã que, com o tempo, levedará a
massa toda! Uma análise cuidadosa da carta aos Colossenses, por exemplo, nos
mostrará que a influência do gnosticismo sobre a igreja (manifesta no temor aos
"rudimentos do mundo", citados em Cl 2:8, e no extremo legalismo) diminuía aos
olhos da igreja o próprio valor da obra redentora de Jesus (em razão do que, Paulo
teve de afirmá-la em termos tão vigorosos em Cl 2:13,15).
O arianismo é outro exemplo de ensino herético que podemos tirar da História da
igreja. Ário, que foi presbítero de Alexandria, sustentava que Jesus não era eterno,
mas havia sido criado por Deus Pai. Ele não divergia do restante da igreja em
nenhuma outra verdade, apenas nesta. Todavia, com a negação de que Jesus era co-
eterno e co-igual com o Pai, ele na realidade abalava o alicerce mais fundamental
do cristianismo.
SEITA
Podemos compreender melhor o que são seitas se, em primeiro lugar, verificarmos
qual a diferença entre "seita" e "heresia". "Por definição, um herege é um cristão
professo que está errado com relação a alguma verdade particular, ao passo que o
ponto essencial quanto às seitas é que elas absolutamente não são cristãs, e sim
contrafações do cristianismo." Em seu sentido mais genérico, seita é "devoção a
uma pessoa ou coisa particular, dedicada por uma corporação de adeptos". Esta
definição está na raiz de termos como "sectarismo", e por esse ângulo tanto um
partido político como uma torcida organizada de futebol poderiam ser
classificados como "seita".
Em nosso estudo, no entanto, estamos interessados em estudá-las de uma
perspectiva cristã e, nesse prisma, as seitas aparecem invariavelmente como
falsificações da fé cristã. Podemos dizer que as seitas, em sua maior parte, são o
produto final das heresias, ou seja, o resultado da fermentação herética na massa
da igreja. Nem toda heresia culmina na formação de uma seita, mas toda seita
possui em seu sistema elementos heréticos. Vamos notar abaixo algumas
características e sinais que podem nos ajudar a identificar o que são as seitas.
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1 - Semelhança com o cristianismo.
Virtualmente todas as seitas possuem forte semelhança com a fé cristã legítima, e é
justamente essa semelhança que se constitui na principal estratégia do diabo com
relação a elas (veja 2 Co 11:13-15).
2 - Adeptos sinceros.
As seitas são povoadas por pessoas zelosas, mas destituídas de verdadeiro
entendimento (veja Rm 10:2). Nunca devemos cometer o erro de questionar a
sinceridade dos adeptos de qualquer seita; no entanto, precisamos reconhecer que
esse zelo extremo a que se dispõem é uma característica do espírito de
religiosidade que age por detrás delas.
3 - A questão da origem.
Todas as seitas, praticamente, reivindicam como sua fonte inicial alguma nova
revelação da parte de Deus. Aqui temos uma diferença interessante entre heresia e
seita. As heresias, geralmente, começam com pessoas que, estudando
diligentemente as Escrituras, acabaram se afastando em sua interpretação.
4 - Reconhecimento de autoridade adicional às escrituras.
Este ponto praticamente decorre do anterior. As seitas sempre reconhecem uma
autoridade adicional às Escrituras, que acaba sobrepujando a Bíblia e se torna sua
base para doutrina e governo. O Mormonismo tem O Livro de Mórmon, a Pérola de
Grande Valor e Doutrinas e Alianças; a Ciência Cristã tem o livro Ciência e Saúde,
escrito pela fundadora, Mary Baker Eddy; os Adventistas do Sétimo Dia têm os
escritos de Ellen G. White; e etc.
5 - Negação de verdades essenciais à fé cristã.
As seitas não se limitam a discordar sobre assuntos periféricos ou não essenciais;
elas via de regra negam aspectos essenciais da fé cristã. Embora a lista possa variar
ligeiramente de seita para seita, em geral seus ensinos discordam da verdade
bíblica em áreas tão centrais quanto a Pessoa de Jesus (Testemunhas de Jeová), a
Pessoa do Espírito Santo (Testemunhas de Jeová) a obra expiatória de Jesus
(Adventistas do Sétimo Dia), a Justificação pela Fé (Mórmons), a Triunidade de
Deus (Testemunhas de Jeová), o ensino das Escrituras sobre o pecado
(Pensamento Positivo) a ressurreição e ascensão físicas do corpo de Jesus
(Testemunhas de Jeová), entre outros.
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Além disso, muitas vezes as seitas conjugam, às negações dessas verdades
essenciais, as invenções de ensinos que não possuem nenhuma base bíblica. É o
caso tanto dos Adventistas do Sétimo Dia quanto dos Testemunhas de Jeová, os
quais ensinam as doutrinas do sono da alma após a morte e do aniquilamento dos
ímpios.
6 - Rejeição do espírito de oração.
Este é um dos sinais mais interessantes acerca das seitas. Em sua quase totalidade
elas desvalorizam a oração, e isso não é de causar surpresa. A oração é uma
atividade que não oferece atrativos, exceto para aqueles que são filhos de Deus.
Como pode haver um legítimo espírito de oração numa seita que, por exemplo,
nega o conceito de pecado, repudia a obra redentora de Jesus e rejeita o Espírito
Santo como Pessoa (note que esses pontos estão intimamente ligados uns aos
outros)?
7 - Ênfase numa "fórmula" particular.
Todas as seitas enfatizam geralmente uma "fórmula" específica, muitas vezes um
esquema rígido que deve ser seguido a fim de que determinados resultados sejam
obtidos. Segundo um autor, há uma semelhança interessante entre todas as seitas e
os famosos "remédios de charlatões": algo muito simples, sem complicação, que
serve para curar todos os males. Muitas vezes, um ensino (às vezes até mesmo
bíblico e correto) é repetido à exaustão e indicado como solução para todos os
tipos de problemas.
8 - Pretensão de exclusividade.
Esta é uma característica invariável das seitas: consideram-se a única expressão
válida do cristianismo. O caso do Adventismo do Sétimo Dia é típico: para ministrar
o batismo, esse grupo exige do "catecúmeno" uma confissão de que "a Igreja
Adventista do Sétimo Dia é a Igreja remanescente", o que exclui todos os demais
grupos cristãos. Seguindo nessa escola, um grupo saiu da Igreja Adventista do
Sétimo Dia sob a direção de uma "profetisa" chamada Jeanine Sautron, e fundou a
Igreja Adventista do Sétimo Dia - Os Remanescentes, a qual, num panfleto
distribuído recentemente, chamou tanto a Igreja Adventista original como todos os
demais grupos cristãos de "apóstatas".
A título de conclusão, poderíamos ilustrar da seguinte maneira a diferença entre
"heresia" e "seita": heresia é como um câncer num ser humano; começa lento,
insidioso, mas tende a crescer e a dominar todo o sistema do indivíduo.
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Já a seita, é como um "homem artificial", uma imitação do ser humano. Ef 6:11,12
Notamos que as seitas possuem diversos sinais ou características comuns, e que
revelam a existência de uma mente diabólica por detrás de todas elas. Devemos ter
isto em mente, para nunca cometermos o erro de combatermos forças espirituais
com armas naturais. Podemos e devemos estudar acerca das seitas, a fim de que
possamos principalmente instruir pessoas que estão ou estiveram aprisionadas
por elas e desejam ser libertas; nunca, porém, para debatermos com seus
seguidores. A quase totalidade das seitas são alimentadas por um espírito de
contenda religiosa, e quando passamos a discutir com seus adeptos estamos na
verdade "fazendo o jogo" do demônio. Nossa posição deve ser a de rejeitar seus
ensinos sem discussão, ao mesmo tempo em que devemos amar as pessoas que
estão presas por esses ensinos e demonstrar a elas o nosso cristianismo através de
nossas vidas, não de nossas palavras.
Heresiologia
Heresiologia é o estudo das heresias. Heresia deriva da palavra háiresis e significa:
escolha, seleção, preferência. Daí surgiu a palavra seita (latim secta - doutrina ou
sistema que diverge da opinião geral e é seguido por muitos), por efeito de
semântica. Do ponto de vista cristão, heresia é o ato de um indivíduo ou de um
grupo afastar-se do ensino da Palavra de Deus e adotar e divulgar suas próprias
idéias, ou as idéias de outrem, em matéria de religião.
1. Conhecendo as seitas
As Seitas estão em todos os lugares. Algumas são populares e amplamente aceitas.
Outras são isolacionistas e procuram se esconder, para evitar um exame de suas
ações. Elas estão crescendo e florescendo a cada dia. Algumas seitas causam
grande sofrimento aos seus seguidores, enquanto outras até parecem muito úteis e
benéficas.
Com a proximidade do final do século, surgiram novas seitas religiosas e filosóficas
responsáveis pelos mais absurdos ensinamentos com relação ao final dos tempos.
Essas idéias confusas estão sendo despejadas em cabeças incautas, acabando
muitas vezes em tragédias de grandes proporções.
Em 1978, o então missionário norte-americano Jim Jones, foi responsável pela
morte de 900 seguidores, na Guiana Francesa, todos envenenados após Ter
anunciado a eles o fim do mundo. Um fato interessante desse trágico
acontecimento foi o depoimento de um dos militares americanos responsáveis pela
remoção dos corpos.
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Ele disse que, após vasculhar todo o acampamento, não foi encontrado um só
exemplar da Bíblia. Jim Jones substituiu a Bíblia por suas próprias palavras.
Em 1993, o líder religioso David Koresh, que se intitulava a reencarnação do
Senhor Jesus, promoveu um verdadeiro inferno no rancho de madeira, onde ficava
a seita Branch Davidian. Seduzindo os seguidores com a filosofia de que deveria
morrer para depois ressuscitar das cinzas, derramou combustível no rancho e
ateou fogo, matando 80 pessoas, incluindo 18 crianças.
Em 1997, outra seita denominada Heaven’s Gate (Portão do Céu), que misturava
ocultismo com fanatismo religioso, levou 40 seguidores ao suicídio. Na ocasião,
essas pessoas acreditavam que seriam conduzidas para outra dimensão em uma
nave que surgiria na cauda do cometa Halley Bop.
No Brasil também existem muitas seitas e denominações que se reforçam em
profecias do Apocalipse. Uma das mais conhecidas, devido ao destaque dado pela
mídia, são as Borboletas Azuis, da Paraíba, que em 1980 anunciou um dilúvio para
aquele ano.
Em Brasília, encontra-se o Vale do Amanhecer, que conta com aproximadamente
36.000 adeptos. No Paraná, um homem de nome Iuri Thais, se auto-intitula como o
próprio Senhor Jesus reencarnado. Fundador da seita Suprema Ordem Universal
da Santíssima Trindade, ele parece ter decorado a Bíblia de capa a capa e, com isso,
tem enganado a muitos.
Muitas das seitas são conhecidas dos cristãos brasileiros, a saber: Mormonismo,
Testemunhas de Jeová, etc. Mas muitas novas seitas pseudo-cristãs estão chegando
ao Brasil e são pouco conhecidas: Igreja Internacional de Cristo/Boston (Igreja de
Cristo, no Brasil), Ciência Cristã, Escola Unida do Cristianismo, Meninos de Jesus
etc.
Quase todas essas seitas refutam a Trindade (com a conseqüente diminuição do
Senhor Jesus Cristo), a ressurreição, a salvação pela Graça e contrariam outros
princípios bíblicos.
a. Aspectos comuns
Existem muitos aspectos comuns entre as seitas que têm se disseminado pelo
mundo. É importante que nós saibamos reconhecer suas características, a fim de
que não sejamos enganados ou até mesmo desviados da verdadeira fé cristã.
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1) As seitas subestimam o valor do Senhor Jesus ou colocam-no numa posição
secundária, tirando-lhe a divindade e os atributos divinos como conseqüência.
2) Crêem apenas em determinadas partes da Bíblia e admitem como "inspirados"
escritos de seus fundadores ou de pessoas que repartem com eles boa parte
daquilo que crêem;
3) Dizem ser os únicos certos;
4) Usam de falsa interpretação das escrituras;
5) Ensinam o homem a desenvolver sua própria salvação, muitas vezes, sob um
conceito totalmente naturalista;
6) Costumam buscar suas presas em outras religiões, conseguindo desencaminhar
para o seu meio, inclusive, muitos bons cristãos.
b. Conhecendo mais
Este esboço básico lhe dará informações de como as seitas trabalham e como evitá-
las. Se você tem alguém conhecido que está perdido numa seita, é preciso orar e
pedir ao Senhor que tire essa pessoa de lá e lhe dê a perspicácia e as ferramentas
para ajudá-lo neste trabalho. Pode ser uma tarefa longa e árdua, porque,
definitivamente, este não é um ministério fácil.
1) O que é uma seita?
Geralmente é um grupo não-ortodoxo, esotérico (do grego esoterikós, que significa
conhecimento secreto, ao alcance de poucos). Podem ter uma devoção a uma
pessoa, objeto, ou a um conjunto de idéias novas. As seitas costumam fazer uso das
seguintes práticas:
a) Freqüentemente isolacionistas – para facilitar o controle dos membros
fisicamente, intelectualmente, financeiramente e emocionalmente.
b) Freqüentemente apocalípticas - dão aos membros um enfoque no futuro e um
propósito filosófico para evitar o apocalipse.
c) Fornecem uma nova filosofia e novos ensinos – revelados pelo seu líder.
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d) Fazem doutrinação - para evangelismo e reforço das convicções de culto e seus
padrões.
e) Privação – quebrando a rotina do sono normal e privação de comida,
combinados com a doutrinação repetida (condicionamento), para converter o
candidato a membro.
2) Muitas seitas contém sistemas de convicção "não-verificáveis".
a) Por exemplo, algumas ensinam algo que não pode ser verificado:
(1) Uma nave espacial que vem atrás de um cometa, para resgatar os membros.
(2) Ou, Deus, um extraterrestre ou anjo apareceram ao líder e lhe deram uma
revelação.
b) Os membros são anjos vindos de outro mundo, etc.
(1) Freqüentemente, a filosofia da seita só faz sentido se você adotar o conjunto de
valores e definições que ela ensina.
(2) Com este tipo de convicção, a verdade fica inverificável, interiorizada, e
facilmente manipulada pelos sistemas filosóficos de seu(s) inventor(es).
2. O líder de uma seita:
a. É freqüentemente carismático e considerado muito especial por razões variadas:
1) O líder recebeu revelação especial de Deus.
2) O líder reivindica ser a encarnação de uma deidade, anjo, ou mensageiro especial.
3) O líder reivindica ser designado por Deus para uma missão
4) O líder reivindica ter habilidades especiais
b. O líder está quase sempre acima de repreensão e não pode ser negado nem
contradito.
3. Como se comportam as seitas?
a. Normalmente buscam fazer boas obras, caso contrário ninguém procuraria
entrar para elas.
b. Parecem boas moralmente e possuem um padrão de ensino ético.
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c. Muitas vezes, quando usam a Bíblia em seus ensinos, utilizam também
"escrituras" ou livros complementares.
1) A Bíblia, quando usada, é sempre distorcida, com interpretações próprias, que
vão de encontro à filosofia da seita.
2) Muitas seitas "recrutam" o Senhor Jesus como sendo um deles, redefinindo-o
adequadamente.
4. Algumas seitas podem variar grandemente...
a. Do estético ao promíscuo.
b. Do conhecimento esotérico aos ensinamentos muito simples.
c. Da riqueza e poder à pobreza e fraqueza.
5. Quem é vulnerável a entrar para uma seita?
a. Todas as pessoas são vulneráveis.
Rico, pobre, educado, não-educado, velho, jovem, religioso, ateu, etc.
b. Perfil geral do membro em potencial de uma seita (alguns ou todos os itens
seguintes)
1. Desiludido com estabelecimentos religiosos convencionais.
2. Intelectualmente confuso em relação a assuntos religiosos e filosóficos
3. Às vezes desiludido com toda a sociedade
4. Tem uma necessidade por encorajamento e apoio
5. Emocionalmente carente
6. Necessidade de uma sensação de propósito, um objetivo na vida.
7. Financeiramente necessitado
6. Técnicas de recrutamento
a. As seitas encontram uma necessidade e a preenchem. As táticas mais usadas
são:
1. "Bombardeio de Amor – Love Bombing" – que é a demonstração constante
de afeto, através de palavras e ações.
2. Às vezes há muito contato físico como abraços, tapinhas nas costas, toques
e apertos de mão.
3. Emprestam apoio emocional a alguém em necessidade.
4. Ajuda de vários modos, onde for preciso. Desta maneira, a pessoa fica em
débito então com a seita e procura de algum modo retribuir.
5. Elogios que fazem a pessoa pensar que é o centro das atenções.
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b. Muitas seitas usam a influência da Bíblia ou mencionam Jesus como sendo um
deles; dando validade assim ao seu sistema.
1. Escrituras distorcidas;
2. Usam versículos tirados da Bíblia fora do contexto;
3. Então misturam os versículos mal interpretados com a filosofia aberrante
delas.
c. Envolvimento gradual
1. Alterando lentamente o processo de pensamento e o sistema de convicção
da pessoa, através da repetição dos seus ensinos (condicionamento).
2. As pessoas normalmente aceitam as doutrinas de uma seita um ponto de
cada vez.
3. Convicções novas são reforçadas por outros membros da seita.
7. Por que alguém seguiria uma seita?
a. A seita satisfaz várias necessidades:
1. Psicológica – Alguém pode ter uma personalidade fraca, facilmente
manipulável;
2. Emocional – A pessoa pode ter sofrido um trauma emocional recente ou no
passado;
3. Intelectual – O membro tem perguntas que este grupo responde.
b. A seita dá a seus membros a aprovação, aceitação, propósito e uma
sensação de pertencer a algum grupo.
c. A seita pode ser atraente por algumas razões. Podem ser. . .
1. Rigidez moral e demonstração de pureza;
2. Segurança financeira;
3. Promessas de exaltação, redenção, "consciência mais elevada" ou um
conjunto de outras recompensas.
8. Como as pessoas são mantidas na seita?
a. Dependência:
As pessoas querem freqüentemente ficar porque a seita vai de encontro às
suas necessidades psicológicas, intelectuais e espirituais.
b. Isolamento:
1. O contato com pessoas de fora do grupo é reduzido e cada vez mais a vida
do membro é construída ao redor da seita.
2. Fica muito mais fácil então controlar e moldar o membro.
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c. Reconstrução cognitiva (Lavagem cerebral):
1. Uma vez que a pessoa é doutrinada, os processos de pensamento
deles/delas são reconstruídos para serem consistentes com a seita e ser
submisso a seus líderes.
2. Isto facilita o controle pelo(s) líder(es) da seita.
d. Substituição:
1. A Seita e os líderes ocupam freqüentemente o lugar de pai, mãe, pastor,
professor etc.
2. Freqüentemente o membro assume as características de uma criança
dependente, que busca ganhar a aprovação do líder ou do grupo.
e. Obrigação
O membro fica endividado emocionalmente com o grupo, às vezes
financeiramente, etc.
f. Culpabilidade
1. É dito para a pessoa que sair da seita é trair o líder, Deus, o grupo, etc.
2. É dito também que deixar o grupo é rejeitar o amor e a ajuda que o grupo deu.
g. Ameaça:
1. Ameaça de destruição por "Deus" por desviar-se da verdade.
2. Às vezes ameaça física é usada, entretanto não freqüentemente.
3. Ameaça de perder o apocalipse, ou ser julgado no dia do julgamento, etc.
9. Como podemos tirar alguém de uma seita?
a. A melhor coisa é não tentar um confronto direto no primeiro encontro, o que
pode assustar o membro e afastá-lo de você.
b. Se você é um Cristão, então interceda em oração pela pessoa primeiro.
c. Para tirar uma pessoa de uma seita é necessário tempo, energia, e apoio.
d. Ensine a verdade:
1. Dê-lhe a verdadeira substituição para o sistema de convicção aberrante que
ela aprendeu, ou seja, o Evangelho da Graça de Jesus Cristo;
2. Mostre as inconsistências da filosofia do grupo, à luz da Bíblia;
3. Estude a seita e aprenda sua história, buscando pistas e informações.
e. Tente afastá-lo fisicamente da seita por algum tempo, para quebrar o laço de
isolamento.
f. Dê o apoio emocional de que ele precisa.
g. Alivie a ameaça de que se ele deixar o grupo, estará condenado ou em perigo.
h. Geralmente, não ataque o líder do grupo, deixe isso para depois.
Freqüentemente o membro da seita tem lealdade e respeito para com o
fundador ou líder.
i. Confronte outros membros da seita ao mesmo tempo, somente quando for
inevitável.
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10. Aprendendo com as seitas
Ao analisar crenças contrárias à Bíblia e nos empenhar em defender a nossa fé
acabamos por descobrir falhas em nós mesmos que precisam ser corrigidas, pois,
tão grave quanto seguir crenças erradas é "não viver o que pregamos", não
obedecer 'a Palavra de Deus!
Veja:
Os muçulmanos oram cinco vezes por dia 'a Alah , prostrando-se a ponto de
encostar a testa no chão.
- Quantas vezes oramos por dia ao nosso Deus Vivo?
Os budistas e outros religiosos orientais utilizam-se de meditação constantemente.
- Você tem meditado na Palavra de Deus de dia e de noite como diz o Salmo 1.2?
Os adeptos da seita Hare Krishna adoram cantar o mantra <Hare-Krishna>.
- O que você tem cantado? Você costuma louvar ao Senhor com frequência ou fica
ouvindo e cantando música mundana? (Sl.100)
A Seicho-No-Ie espalha de tal forma suas "belas palavras" que se torna difícil
encontrar alguém que nunca viu um calendário de parede com suas mensagens de
"pensamento positivo".
- Você tem semeado a Palavra de Deus? Você tem visto versículos bíblicos em
paredes ou em calendários?
Os judeus e adventistas guardam o sábado enquanto outros cristãos defendem o
domingo.
- Você tem dedicado 1 dia da semana para Deus?
Mórmons e Testemunhas de Jeová são vistos nas ruas entregando folhetos e
batendo de porta-em-porta propagando seus ensinamentos.
- Você tem feito evangelismo? (Leia Mc 16.15)
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A Maçonaria destaca-se pela fidelidade entre os membros uns aos outros. Quando
algum deles precisa de ajuda é prontamente atendido por seu companheiro de
crença.
- Você tem ajudado o seu irmão? (Mt 5.40-48)
Os espíritas são elogiados por seus feitos assistenciais na área de caridade.
- Será que estamos agindo assim também? O que a Bíblia diz sobre caridade? Tg.
1.27.
Católicos durante a missa mantem-se em silêncio enquanto o padre fala. Da mesma
forma em um julgamento as pessoas silenciam-se enquanto fala o juíz.
- Será que nós, diante da presença do Senhor, por uma questão de reverência,
ficamos sem conversas-de-lado durante o culto?
Católicos confessam seus pecados aos Padres.
- Nós confessamos os nossos pecados uns aos outros conforme ensina Tg. 5.16?
Algumas pessoas crêem em Astrologia e não saem de casa sem antes ler o seu
"horóscopo do dia".
- E quanto a nós cristãos? Lemos a Bíblia, ao menos um versículo antes de sair de
casa? (Mt 4.4)
Esotéricos "comem" cada livro lançado no mercado editorial aumentando assim a
quantidade e destaque deste gênero nas livrarias.
- Você tem o hábito de ler livros cristãos? De comprar bons livros de Estudos
Bíblicos?
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Bibliografia CPAD A.A Autores Anônimos Anísio Renato de Andrade Bíblia de Estudos Pentecostal Isaltino Comes Coelho Filho Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva / Paulo Cristiano da Silva A Bíblia Explicada, S.E.Mcnair Conhecendo as Doutrinas Bíblicas, MyerPearlma Bíblia de Estudo Pentecostal Apostila FAETEL módulo VI Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva Pr. Airton Evangelista da Costa Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria Chamada.com.br Dr. Ed Hindson (EUA). João Flávio Martinez do CACP ThomasH. Wharton EdwardC. Wrigh Hasel Cerhard F Asa Routh WalterC. Hurtado LarryW Augusto Belo de Souza Filho Henry Melvill Gwatkín Pr. Roque Lopes de Carvalho Filho CACP Augustus Nicodemus Lopes Prof. Anísio Renato de Andrade Manual Bíblico – Halley Pr. Geziel Gomes (Atos dos Apostolos)
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