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 Precisões sobre o conceito de filosofia da guerra  Précis sur le concept de Philosophie de la Guerre  Felipe Luiz 1  Resumo: Distintas disciplinas utilizam-se da noção de guerra como material de reflexão, evidentemente com objetivos e abordagens em muito distintas. A filosofia ela mesma utilizou-a de variadas formas ao longo de sua história, e até mesmo a doutrina militar comporta um tópico chamado “filosofia da guerra”. Em nossas pesquisas constatamos a existência de três grandes abordagens filosóficas da temática, o que não significa, de modo algum, que são as únicas. A  primeira é a guerra como objeto de reflexão filosó fica em sentido duro; a segunda comp orta a noção de guerra como metáfora; por fim, a terceira implica a guerra como princípio imanente ou, senão, enquanto princípio metodológico. Nosso objetivo no presente trabalho é expor os resultados  parciais desta pesquis a.  Palavras-chave : Filosofia da guerra. Filosofia política. História da guerra. Résumé: De différentes disciplines utilisent la notion de guerres comme matériel de réflexion, évidemment avec objectives en tout distinctes. La philosophie elle-même ont utilisée cela de manière très variée pendant sa histoire et la doctrine militaire comporte même un sujet appelé "philosophie de la guerre". Dans notre recherche nous avons constatée l'existence de trois grandes approches de cette thématique, qui sûrement ne sont pas les uniques. Dans la première, nous trouvons la guerre comme objet de réflexion philosophique dans un sens traditionnel ; dans la deuxième la notion de guerre en tant que métaphore, image ; enfin, la troisième implique la guerre entendu tel que principe immanente ou, autrement, comme principe méthodologique. Notre objective dans le présent travail est d'exposer les résultats partiaux de cette recherche.  Mots-clés : Philosophie de la guerre. Philosophie politique. Histoire de la guerre.  *** Introdução A guerra. Chaga e sina dos homens, presença constante em inúmeras civilizações,  por vezes tomada como punição, noutras entendida ao modo de um ritual de passagem, onde a essência das pessoas se mostra e a meninice das crianças se esvai do destino de sangue a porvir, ou ainda mero instrumental da política (KEEGAN, 2003, p. 19-78). Qualquer que seja a abordagem pela qual se a tome, ela sempre permaneceu fenômeno 1  Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista    UNESP, campus de Marília. Orientador: Rodrigo Peloso Gelamo. E-mail: [email protected]

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Precisões sobre o conceito de filosofia da guerra 

 Précis sur le concept de Philosophie de la Guerre 

 Felipe Luiz1

 

Resumo: Distintas disciplinas utilizam-se da noção de guerra como material de reflexão,evidentemente com objetivos e abordagens em muito distintas. A filosofia ela mesma utilizou-a devariadas formas ao longo de sua história, e até mesmo a doutrina militar comporta um tópicochamado “filosofia da guerra”. Em nossas pesquisas constatamos a existência de três grandesabordagens filosóficas da temática, o que não significa, de modo algum, que são as únicas. A primeira é a guerra como objeto de reflexão filosófica em sentido duro; a segunda comporta a noçãode guerra como metáfora; por fim, a terceira implica a guerra como princípio imanente ou, senão,enquanto princípio metodológico. Nosso objetivo no presente trabalho é expor os resultados parciais desta pesquisa. 

Palavras-chave: Filosofia da guerra. Filosofia política. História da guerra.

Résumé: De différentes disciplines utilisent la notion de guerres comme matériel de réflexion,évidemment avec objectives en tout distinctes. La philosophie elle-même ont utilisée cela demanière très variée pendant sa histoire et la doctrine militaire comporte même un sujet appelé"philosophie de la guerre". Dans notre recherche nous avons constatée l'existence de trois grandesapproches de cette thématique, qui sûrement ne sont pas les uniques. Dans la première, noustrouvons la guerre comme objet de réflexion philosophique dans un sens traditionnel ; dans ladeuxième la notion de guerre en tant que métaphore, image ; enfin, la troisième implique la guerreentendu tel que principe immanente ou, autrement, comme principe méthodologique. Notreobjective dans le présent travail est d'exposer les résultats partiaux de cette recherche. 

Mots-clés: Philosophie de la guerre. Philosophie politique. Histoire de la guerre. 

***

Introdução

A guerra. Chaga e sina dos homens, presença constante em inúmeras civilizações,

 por vezes tomada como punição, noutras entendida ao modo de um ritual de passagem,onde a essência das pessoas se mostra e a meninice das crianças se esvai do destino de

sangue a porvir, ou ainda mero instrumental da política (KEEGAN, 2003, p. 19-78).

Qualquer que seja a abordagem pela qual se a tome, ela sempre permaneceu fenômeno

1 Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista  –   UNESP, campus de Marília. Orientador:Rodrigo Peloso Gelamo. E-mail: [email protected]

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intrigante, ademais fecundo em despertar imaginações e pensamentos. Como se sabe, trata-

se de objeto interdisciplinar por excelência, aspecto tanto mais acentuado nas modernas

formas de guerra, onde o elemento tecnológico crescentemente tem peso decisivo, ao que

se soma todo aparato de especialistas e conselheiros militares nela imiscuídos; a guerra

moderna não é feita somente com chumbo coragem e estrategistas, envolvendo também

físicos, químicos, biólogos e também psicólogos, sociólogos e outros tantos  savants  das

humanidades (KEEGAN, 2003, p. 19-78). Neste último domínio do saber, houve mesmo

quem afirmasse a causa bélica como raison d’être de suas respectivas disciplinas, como é

sabidamente o caso da geografia.

Em provocando tanto fascínio, que a ninguém surpreenda o fato de que neste no

campo da filosofia, a guerra tenha sido objeto de diferentes escolas e individualidades, que

 buscaram refletir sobre seu caráter, dar-lhe a essência, ou mesmo maldizê-la. Contudo, nãose esgotam as  filosofias da guerra em concepções estritas, posto que também se a tomam

enquanto metáfora  ou, in extremis, como modelo metodológico, ontológico  ou

ontometodológico. Ao longo desta pesquisa, identificamos basicamente três abordagens

relativas à noção de guerra, as quais pincelamos acima: uma,  filosofia da guerra 

 propriamente falando, encontrada sobretudo em reflexões de filosofia e ciência política,

mas também em manuais militares. De forma geral, buscam entender o que é a guerra, suas

origens, seu caráter, seu objetivo, enfim, as formas de sua aparição, funcionamento e

finalidades. A segunda vale-se desta noção como metáfora, isto é, não se trata de guerra

efetivamente, “luta armada e sangrenta entre grupos organizados [...] forma de violência

que tem como característica essencial o ser metódica e organizada quanto aos grupos que a

travam e as maneiras como conduzem” (BOUTHOUL, 1964, p. 34); mas, antes, envolve a

guerra como símbolo ou exemplificação em remissão a outro objetivo. Por fim, a terceira

grande abordagem por nos constatada é precisamente esta na qual a guerra ganha um peso

 bastante mais extremado, não aparecendo mais como adorno de construtos filosóficos, ou,

senão, como um objeto de reflexão a mais, gota d’água no oceano do pensamento. Aqui, a

guerra é tomada como principio explicativo em sentido forte, como método  ou, também,

nas proposições mais arrojadas, ela ganha profundo caráter ontológico, constituindo-se

como essência do mundo, mistério desvelado do que há.

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Adiante traçaremos um panorama das distintas abordagens sem, como veremos,

 pretender nem esgotar o tema nem tratá-lo de forma definitiva. Não há a menor sombra de

dúvida que filósofos e filosofias importantes foram excluídos da presente reflexão, uns de

forma consciente conquanto outras podem ter escapado da peneira de nosso esforço.

Evidentemente, por mais ampla que possa ser a ampla a questão que nos toca, esta

das relações entre guerra e filosofia, sempre poderá assomar a uns e outros que a guerra não

tem dignidade suficiente para ser pensada filosoficamente. Em fato, diante dos grandes

 problemas filosóficos sobre os quais debate-se, em duplo sentido, há tantos e tantos anos —  

como o conceito de conhecimento, a definição de número ou o fundamento do estado  —  

que é esta coisa tão pequena, tão mundana, a guerra, para obnubilar mentes ou atrair

esforços? Some-se a isto o fato dos ossos dos mortos ou o pó da destruição sempre se

ligarem à guerra tão logo esta palavra nos seja pronunciada.Apesar disto, para nós a guerra, por sua presença histórica, já garantiria de  per si seu

quinhão nas amplas paragens da reflexão filosófica. O peso da história da filosofia está,

além do que, conosco, posto que desde Platão, passando por Aristóteles e contando

inclusive com um insuspeito Santo Tomás de Aquino, distintos pensadores, de matizes tão

diferentes, tomaram a guerra como elemento nobre, ou vil, o suficiente a ponto de ela dar a

 pensar. Como já apontamos, não são as mesmas abordagens, tampouco os mesmos

resultados. Sob o grande guarda-chuva da noção de guerra, perspectivas bastante diversas

se abrigaram. Vamos a elas.

Filosofia da guerra

Por  Arte da guerra  o pensamento militar compreende a totalidade dos estudos e

concepções relativas a este fenômeno, incluindo aí estratégia e tática, e os fatores

 propriamente operacionais, como logística, treinamento da tropa e o moral (ECEME, S/d,

 p. 3); ao seu lado, está a Filosofia da guerra, na qual inclui-se o entendimento o mais geralda guerra e que seria, nestes termos, variável segundo o tempo e o espaço  —   guerra

entendida como visão de mundo; cite-se ainda a Ciência da guerra, que busca formular-lhe

as leis gerais e universais; por fim, sublinhe-se as Técnicas de guerra¸ disciplina na qual

são os fatores operacionais que estão em jogo e que constantemente imiscui-se com a arte

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da guerra. Este conjunto de elementos constitui o que se chama de  Doutrina da guerra, a

qual, se bem leva em conta os aspectos teóricos, tem de confrontar-se com a Realidade

 Nacional, objetivando majorar e defender o Poder Nacional e coordenar a ação das Forças

Armadas de determinado país (ECEME, s/d/, p. 66).

Evidentemente estas colocações, retiradas de um manual de instrução do Estado-

Maior das Forças Armadas brasileiras, são relativamente contemporâneas, quando a

doutrina militar já está assentada. Em Sun Tzu, por exemplo, embora se inúmeros fatores

sejam considerados como determinantes para a vitória, e seja postulado de maneira clara a

submissão das armas à política, precisamente ao soberano, entendendo-se, pois, o exército

como baluarte deste (SUN TZU, 2011, p. 89); trata-se antes de uma série de máximas,

apresentadas mais como um manual de ação para generais neófitos que como reflexão

sistemática sobre a questão da guerra.O conceito de filosofia da guerra, nesta acepção que ora trabalhamos, não é

universalmente aceito, mesmo porque a guerra, ela mesma, não é idêntica a si, o que nem

sempre é levado em conta. Bouthoul propõe o nome de  polemologia  para a ciência da

guerra, cujo objetivo seria estabelecer uma definição universalmente válida da guerra, que

compreendendo cada guerra em especifico, ao lhes abarcar; esforço ao qual soma-se aquele

de traçar a história da arte da guerra, isto é, dos aspectos teóricos e operacionais envolvidos

em distintas eras e geografias; e, por fim, evidentemente, Bouthoul busca também

 perscrutar as relações entre economia, demografia, psicologia e etnologia com a guerra. A

 polemologia, assim constituída em ciência, seria capaz de essencializar a guerra,

objetivando entender como seria possível a paz (BOUTHOUL, 1964).

Apesar deste esforço de Bouthoul, outros autores, como Rapoport (1996) pensam de

modo distinto. Para ele, seria difícil propor um conceito positivo de guerra, e o principal

motivo não é a variabilidade das espécies, como se poderia pensar de relance. Ao contrário,

ele parece supor que o entendimento filosófico da guerra determina as maneiras pelas quais

ela se concretiza. Em fato, Bouthoul parece situar-se em um horizonte clausewitziano,

ademais terminando por reforçar o aspecto temporal, em detrimento daqueles espaciais nos

quais a guerra deu-se, posição esta que, de modo geral, é o horizonte das humanidades

desde a revolução francesa ao menos (VESENTINI, sd). Outro fator que joga contra

Bouthoul é que ele parece tomar um objeto-guerra idêntico ao longo da história. Na Grécia,

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distinguia-se claramente entre o  pólemos, entendida como o conflito contra o  xénos¸ o

estrangeiro ou o bárbaro; da stásis, que caracterizava a luta intestina entre os helenos. Nesta

última modalidade enquadrar-se-ia, por exemplo, as distintas filosofias da guerra que a

compreendem em um marco teórico da revolução socialista (SAINT-PIERRE. 1999, p. 26).

Se fossemos traçar uma história da filosofia da guerra, entendida como busca para

conceituá-la em seus traços gerais, seria forçoso retornar a Platão, onde a guerra e aspectos

nela imbricados, como aqueles éticos, de hoplomaquia  ou de sua origem na história da

 pólis, ocupam um relevante papel. Em Platão, como também em Aristóteles, a guerra não

 possui um caráter nem cosmogônico nem cosmológico, posto que o primeiro, não dará,

diante da pergunta “em que consiste o que sempre existiu e nunca teve princípio? E em que

conste o que devem e nunca é?” (PLATÃO, 1977b, 28a) uma resposta que minimamente

enseje as noções de conflito, mas, sim, uma tal que se remete às noções de belo, de perfeição, de proporção, de estabilidade, de geometria da esfera; e Aristóteles responderá às

questões cosmogônicas preferencialmente no marco de sua teoria das quatro causas,

componente da philosophía proté, inclusive censurando os filósofos precedentes, incluindo

Platão, por não a terem formulado nestes termos (ARISTÓTELES, 2006, 988a-993a).

Em outros diálogos platônicos, como no Timeu, a guerra ou ocasiões ocorridas em

guerras, como a de Tróia, ensejam o momento ou as temáticas das indagações de Sócrates

(PLATÃO, 1977a, 363a-376c; idem, 1970a, 153a-176d). Contudo, Platão não tinha em alta

conta o combate, e chega a reputar os sofistas como erísticos (PLATÃO, 1979, 216a-268d),

quer dizer, como pessoas que retiravam seu sustento da contradição, ademais associados

aos valores da discórdia, quando, em um universo platônico, é a temperança muito mais

 prezada, como se vê no Cármides  (PLATÃO, 1970a, 153a-176d) e também em variadas

 passagens d’ A República  (PLATÃO, 2000, 327a-621d). É como se o combate fosse

entendido como imperfeito e desequilibrador, deste modo contrário aos desígnios

estabilizadores do demiurgo. De modo geral, a discórdia, o combate, a guerra enfim, são

ligados ao não-existente (PLATÃO, 1979, 237b-241d), conquanto o ser, isto é, o

verdadeiramente existente, deve ser pensado mais propriamente em termos de unidade e de

indivisibilidade; o combate, consequentemente a guerra, seriam da ordem da doxasta ou da

horasta, mesmo nível dos animais das quais somente seria possível a  pistis, crença, ou

mesmo teriam um estatuto ontológico ainda mais inferior, o de imagem , eikones, da qual

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somente se podem ter suposições ou ilusões, eikasía (PLATÃO, 2000, 514a-541b). Enfim,

a guerra è estranha ao eidos, à ideia ordenadora do cosmos.

Apesar disto, há duas fecundas reflexões sobre a guerra em Platão. A primeira

envolve a hoplomaquia, conquanto a segunda envolve a origem da guerra. No  Laquete 

Platão aborda aspectos da paidéia, a educação dos jovens aristocratas atenienses, debatendo

as possibilidades da hoplomaquia nesta, seus efeitos e se ela constitui-se, ou não, enquanto

ciência. A discussão redunda, como é típico nos textos aporéticos, para um debate ético

sobre o conceito de coragem, que Sócrates, liga à sabedoria, à temperança e à justiça,

quedando, afinal de contas, sem nada definir (PLATÃO, 1970, 178a-201c).

 N’A República  Platão propõe a origem da guerra ao tratar da origem da  polis.

 Nascendo esta da impossibilidade de cada indivíduo em se bastar a si mesmo (PLATÃO,

2000, 369b), portanto, de satisfazer todas as suas necessidades, terminam por reunir-se na polis; como alguns homens não tem talento ou aptidão para os trabalhos físicos, terminam

tornando-se negociantes e, logo, passam a desejar o luxo, fazendo com que a capacidade da

cidade em atender as suas próprias necessidades decaia, restando somente a guerra com

outras cidades para satisfazê-la. Daí Platão passará a tratar detidamente das formas de

educação do guerreiro, uma das três classes existentes em sua cidade ideal, propugnando a

música, a ginástica, etc, retomando vários pontos arrolados no  Laquete. Enfim, se bem o

guerreiro cumpra papel importante na teoria de Platão, consequentemente a guerra, esta

última não parece ter lhe interessado especialmente, e parece não haver algo como uma

teoria da guerra em seu pensamento, em beneficio de reflexões sobre a  paidéia  dos

combatentes e sobre algo que poderíamos chamar de ethos guerreiro, ou seja, tentativa de

definições sobre a coragem, os melhores exercícios, o que é necessário para a alma no

guerreiro, etc.

De maneira geral, o mesmo pode ser dito de Aristóteles, que pensará a guerra

somente de forma colateral, tributária da política, além de também elaborar uma reflexão

que envolve este mesmo ethos  guerreiro. Na  Ética à Nicômaco, dentre os valores que o

Estagirita pontua e define, conta-se a coragem, meio termo entre medo e confiança, e a

 bravura, que ele distingue da primeira e examina detalhadamente (ARISTÓTELES, 1979,

115a-119b). Também na  Política  a guerra aparece: para Aristóteles, um estado deve ser

temível frente a outro, ou corre o risco de ser invadido em uma guerra. Ele pontua em

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distintos pontos do texto a questão da revolução, incluída por nós como forma de guerra, tal

qual já indicado, e as maneiras de evitá-la ou suas causas; ou seja, de modo geral, se ele

reflete sobre a questão da guerra, esta não é o cerne de seu problema (ARISTÓTELES,

2009, 1252a-1342b). Podemos concluir, pois, que (...) “na filosofia grega não se encontra

uma atitude moral realmente nova para com a questão da guerra” (BOUTHOUL, 2004, p.

16), e este autor, em seu livro, dedica espaço exíguo ao modo de tratamento que os gregos

dispensarão ao nosso objeto de estudo.

Outras filosofias da guerra importantes, que citaremos de passagem, são aquelas de

Tomás de Aquino, preocupado em estabelecer a noção de  guerra justa, no período onde se

armavam as cruzadas (BOUTHOUL, 1964, p. 15, WALZER, 2003, p. XXVIII); aliás, a

noção de  guerra justa é uma das reflexões mais comuns quanto ao nosso tema no interior

da filosofia (SAINT-PIERRE, 1999, p. 44), assim como a noção de paz, trabalhada em suascondições por Kant, no famoso opúsculo Projeto de paz perpétua, onde condena a guerra e

tematiza a possibilidade da paz; o argumento de Kant é político, sobretudo, estabelecendo

como condição para a paz perpétua, por exemplo, o compromisso dos governos em não se

agredirem, propondo, ademais, uma confederação de estados não agressores que buscasse

manter a paz (GALLE, 1979, p. 21-45), embora conclua que “a paz perpétua é

impraticável, mas pode ser indefinidamente aproximada” (cit. In BOUTHOUL, 1964, p.

16).

Von Clausewitz é o nome de maior relevo nesta abordagem da guerra como tema

filosófico, e nele encontramos uma filosofia da guerra em sentido forte, posto que em seu

grande tratado Da guerra não há somente a apreciação filosófica do tema, como, também,

colocações efetivamente militares, próprias de um manual de doutrina, onde explica como

 proceder uma luta em terreno pantanoso, por exemplo. Para Clausewitz, a guerra é um

instrumento da política, na verdade, a guerra seria a política de estado continuada por

outros meios “um duelo em uma escala mais vasta [...] um ato de violência destinado a

forçar os adversários a submeter-se à nossa vontade” (CLAUSEWITZ, 1996, p. 7). Ao

tornar a guerra um elemento claro da política, Clausewitz sagrou-se clássico das ciências

militares e da ciência política, ponto de referência de reflexões vindouras. De forma geral,

Clausewitz propõe o conceito de  guerra abstrata  ou  guerra absoluta, construto teórico

onde estão presentes todas as características de uma guerra arquetípica, que, no entanto,

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nunca chega a realizar-se, fundamentalmente por conta da fricção, conjunto de fatores que

alteram-na.

Teórico das mudanças militares promovidas por Napoleão, Clausewitz tomava em

conta não os exércitos mercenários, que outrora dominavam a Europa, mas o exército de

conscritos, isto é, cidadãos em armas, lutando por interesses nacionais, contra outros

cidadãos em armas. Neste sentido se fala em um  sistema clausewitziano de nações, quer

dizer, estados nacionais, que fazem uma política militarista a partir de um nacionalismo

crescente, cujo resultado foram os confrontos da Primeira Guerra Mundial. Após isto, as

 posições clausewitizianas, especialmente o nacionalismo que as marcam, caem em

descrédito, substituídas por filosofias da guerra revolucionária, como a de Lênin, ou, senão,

 por posições pacifistas, de modo geral associadas a noções que comumente são

relacionadas a Kant (RAPOPORT, 1996). Ademais, tornou-se pensamento corrente que aaparição da arma atômica fez envelhecer a teoria de Clausewitz, uma vez que a guerra

nuclear significaria o fim de qualquer política, pela destruição mútua dos beligerantes.

Além disso, sucederam-se críticas: John Keegan, por exemplo, dedica seu volumoso livro

 para mostrar como a tese fundamental de Clausewitz, de que a guerra é instrumento da

 política de estado, não encontra base histórica e geográfica, visto a diversidade de funções

sociais às quais a guerra liga-se e, mesmo, casos de povos que não guerreiam com o

objetivo de matar ou dominar os adversários (KEEGAN, 2003).

Guerra como metáfora

Analisaremos neste tópico duas grandes abordagens, a de Hobbes e, também, por

mais que isto contrarie alguns, a abordagem marxiana da luta de classes, bem como aquela

de alguns de seus tributários. A perspectiva de Hobbes é sobejamente conhecida: a guerra

de todos contra todos original, decorrente da igualdade natural dos humanos; uma força

superior, um poder comum que aterroriza os homens e os obriga a viver em paz e, assim,

termina com a guerra primeva, ao estabelecer o império da lei e do justo, dando lume ao

estado soberano (HOBBES, 1996). É patente a utilização da guerra como metáfora; Hobbes

não trata do conflito armado realmente existente, mas de sua possibilidade, e afirma mesmo

que o homem tende a paz posto que esta é uma lei de natureza. A soberania surge do medo

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que os homens entre si sentem, surge da aspiração a uma vida confortável; por isso os

homens contratam e estabelecem a soberania política. Em suma, em Hobbes, se há poder

 político, é porque já não há guerra. Não se trata, pois, nem de uma filosofia da guerra, em

sentido estrito, nem mesmo de um discurso belicista, como pode parecer de saída, mas de

um discurso pacificador e Michel Foucault apresenta os motivos desta pacificação: Hobbes

escreve em um momento de profundos enfrentamentos e revoltas na Inglaterra, em plena

revolução inglesa, e, com o Leviatã, pretendia legitimar a monarquia (FOUCAULT, 2005,

 p. 103-134), frente a sedicionários que diziam, por exemplo, em réplica, que “o governo é a

guerra de uns contra os outros; a revolta significa a guerra dos outros contra os uns”

(FOUCAULT, 2005, p. 129).

Tomar o marxismo enquanto metáfora bélica é certamente abrir polêmica, tanto

mais que a exiguidade de espaço não permite que a discussão aprofunde-se. Some-se a istoo fato de autores como Bouthoul (1964) e Saint-Pierre (1999) incluírem no rol dos

 pensadores da guerra, seja Marx, seja Engels, e Rapoport (1996) escrever um longo texto,

classificando a teoria do imperialismo de Lênin como uma das filosofias da guerra, dando-

lhe especial relevo. Por fim, a própria noção de que “a história de todas as sociedades que

até hoje existiram até nossos dias tem sido a história da luta de classes” (MARX, ENGELS,

1995, p. 18) parece de saída colocar Marx, e por extensão Friedrich Engels, dentre os

autores que desenvolveram uma filosofia da guerra, ao situá-la como decorrente desta luta

intestina às sociedades.

 Nossos argumentos contrários a este entendimento são múltiplos. Primeiramente,

não concordamos com a identificação entre Marx e marxistas, nisto incluso Engels, posto

que não só escreveram em diferentes períodos, e tiveram distintas formações, mas que,

também, tem objetivos diferentes. Parece-nos temerário afirmar, como o faz Trotsky (1995)

que para Marx é a da luta de classes o motor da história, por ser uma questão

demasiadamente eivada de polêmicas; ademais Trotsky não teve acesso a textos

importantes de Marx, como os  Manuscritos de Paris. Assim, se Lênin desenvolveu uma

filosofia da guerra consistente, de tipo escatológica (RAPOPORT, 1996) a partir de sua

interpretação de Marx, não se pode imputar esta àquele, assim como não se pode imputar

Clausewtiz à Kant, como faz Leonard (1988, p. 8-10).

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É fato que nos  Manuscritos econômico-filosóficos, Marx é categórico ao afirmar

que “o fundamento [...] da conexão entre economia nacional e o Estado, o direito, a moral,

a vida civil, etc.” (MARX, 2006, p. 19) é a economia nacional, quer dizer, a economia

 política, de onde decorreria que também a guerra, seja pelo seu aspecto social, seja pelas

relações que entretém com o estado, também encontra seu fundamento nesta mesma

economia política. É esta a tese que, por exemplo, Saint-Pierre e Bouthoul sustentam, o

 primeiro por constituir uma filosofia da guerra revolucionária, sublinhando as

considerações de Engels sobre o tema, mas também de variados outros autores de tradição

marxista, como Lênin, Debray, Mao e Trostky (SAINT-PIERRE, 1999); o segundo

apontando a importância das ligações entre economia e guerra, aspecto sobre o qual o

marxismo se debruça sobremaneira (BOUTHOUL, 1964, p. 27), embora Bouthoul, ele

mesmo, dedique-se a desconstruir esta tese (BOUTHOUL, 1964, p. 39-45) defendendodistintos fatores como beligerantes, assim como também o faz Keegan (2003), para o qual

causas variadas concorrem para a origem da guerra; este autor salienta também a

especificidade ontológica de nosso objeto, pautando-se em farta exemplificação histórica e

etnográfica. Portanto, parece que não há em Marx uma reflexão exclusiva sobre a guerra,

resolvendo-se esta na economia, de modo que seria antes preferível falar de uma filosofia

das relações de produção, e não em uma da guerra.

O mesmo pode ser dito da noção de luta de classes, posto que este conflito, ora

aberto ora não, também se resolve em remissão às relações de produção. Ademais, pela

grade hegeliana onde ela se insere, não se trata de analisar um conflito, mas uma

mesmidade, uma identidade que sobre si se desdobra, enfim, talvez porque (...) “a dialética

é uma maneira de evitar a realidade aleatória e aberta desta inteligibilidade [das lutas, dos

conflitos] reduzindo-a ao esqueleto hegeliano (FOUCAULT, 2010, p. 5) ; e também porque

quando os marxistas abordam a noção de luta de classes “como força motriz da história,

eles se preocupam principalmente em saber o que é a classe, onde ela se situa, quem ela

engloba, e jamais o que concretamente é a luta” (FOUCAULT, 2010, p. 242).

Esse debate teórico, sem dúvida, não se esgota aqui, e envolve problemas distintos.

Em último caso, sustentamos a posição de Michel Foucault, quando este afirma que, por

serem tributários de Hegel, não há uma verdadeira noção de conflito quando se diz “luta de

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classes”, e que seu uso pelos marxistas, por não envolver nem uma  polemologia, nem uma

filosofia da guerra, deve ser pensado em um marco estritamente metafórico.

Por fim, para fechar este tópico são necessários ajustes. Reforçamos a posição de

Rapoport (1996), que mostra as relações tributárias entre Clausewitz e Lênin; marquemos

Trotsky como formulador de inúmeras análises acerca da guerra e de processos

revolucionários (por exemplo, TROTSKY, s/d, e TROSKY, 1979); cite-se Debray (1967)

como um analista dos matizes da guerra de guerrilhas; e o primoroso estudo do professor

Hector Luis Saint-Pierre (1999), que trabalha as distintas posições, intentando constituir

uma  polemologia stasiológica (SAINT-PIERRE, 1999, p. 26), ou seja, um tratado sobre a

guerra revolucionária. Portanto, é certo que, se há uma reflexão marxista sobre a guerra, o

caso é determinar qual seu calibre e tipo.

Guerra como princípio metodológico ou ontológico

 Na Grécia antiga houve um pensador que tomou a guerra em um sentido ontológico,

colocando-a na constituição íntima das coisas. No Fragmento 53 ele assim se expressa: “O

combate é de todas as coisas pai, de todas rei e uns ele revelou deuses, outros homens, de

uns fez escravos de outros livres” (HERÁCLITO, 1979, DK 53). Trata-se de um universo

em perpétua tensão, onde “o divergente consigo mesmo concorda, harmonia de tensões

contrárias” (idem, DK 51). Se Heráclito situa o fogo na arché da  phisys  (SOUZA et ali,

1979, p. I-XXVIII), ao seu lado, coextensivamente, inclui a guerra: o vir-a-ser segue sendo

mesmo perante o que diverge, e não há uma reunificação, uma suprassunção: o mundo de si

diverge, e, no disparate deste enfrentamento devêm. É bem sabido o quanto estas

colocações de Heráclito influenciaram a história da filosofia, incluso Hegel, logo, os

 próprios marxistas —  Hegel detêm-se sobre Heráclito, aceitando algumas teses, ao mesmo

tempo em que mostra os pontos de discordância, por exemplo, o fato de Heráclito não

reconhecer o processo do vir-a-ser como um universal ou as problemáticas envoltas entre aconsciência e o objetivo (HEGEL, 1979, p. 99-100), digamos, entre o  Logos e o logos. De

todo modo, marque-se a ontologia bélica de Heráclito, questão na qual talvez o Obscuro 

nos ilumine, onde o conflito é a essência do mundo, onde não só ele se resolve, mas

também por onde ele se dá.

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Por fim, Foucault, em  A verdade e as formas jurídicas  elabora uma ontologia

 política do saber , da qual já tratamos (LUIZ, 2010). A asserção de que o saber é político,

engendrador-engendrado de relações de poder que permitirá a Foucault constituir uma

metodologia pautada no modelo da guerra, e que visa, fundamentalmente, compreender

como analisar as relações de poder sem derivá-lo da economia, tal como marxistas e

liberais o fazem, de maneiras distintas (FOUCAULT, 2005) e como fugir de uma análise

metafísica em suas variáveis (FOUCAULT, 2010, p. 15-38). Elaborando algumas

 preucações de método, Foucault, em fato, está estofando a genealogia que, assim

despregada de universais realistas, trabalha na politização do universal, supondo-o como

mero nome (idem, p. 15-38), com o objetivo de abandonar as metodologias realistas, que

supõe o universal como real, nas duas acepções possíveis  —  tal como a dialética, entendida

no sentido mais pós-hegeliano, como lógica do mundo  —  em beneficio da constituição deoutra lógica analítica, a lógica estratégica (FOUCAULT, 2005).

Ao proceder desta maneira, Foucault desembaça o campo de análises, em nosso

entendimento. Não existe nem uma guerra externa nem uma interna, tampouco ela pode ser

suposta como mero epifenômeno estritamente militar. A guerra está no âmago das coisas,

mesmo do conhecimento, e a verdade ela mesma é arma de guerra, não contra as trevas da

fé ou a barbárie dos silvícolas, mas contra si mesmo, porque conhecer é um ato de guerra

(LUIZ, 2010). Radicalizou-se Heráclito; já não há mais “a harmonia invisível à visível

superior” ( HERÁCLITO, 1979, DK 54) ou a necessidade de estar com o-que-é-com, onde

o Logos dá-se com o logos, e o mundo como que se desvela (Idem, DK 2; idem, DK 50),

Resta-nos somente a vertigem, a queda livre (BRUNI, 1989) em um mundo sem eira nem

 beira.

Foucault inverte a proposição de Clausewitz: “a política é a guerra, a guerra

continuada por outros meios” (FOUCAULT, 2005) nos marcos de uma compreensão da

 política nem como atividade do político, menos ainda enquanto mero negócio de estado:

tudo é politizável, conquanto tenha um sentido, inclusive a politização do não-politizado e,

evidentemente, do politização do politizador. Se na base do método está já uma ontologia,

ele termina por torcer-se sobre si, e a guerra deixa de ser mero exercício: a existência toda

se torna guerreira e cada qual como que um soldado.

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Conclusão

Percebe-se, pois, que as relações reflexões filosóficas concernentes à guerra são

multifacetadas, comportando distintas abordagens, que serão aclaradas na continuidade de

nossas pesquisas, notadamente aquelas mais polêmicas, como no caso do entendimento devertentes do pensamento de Marx enquanto filosofias metafóricas da guerra. Ademais, a

concepção ontometodológica  abre particularmente todo um campo de análises. Neste

sentido, caminharemos objetivando mostrar a filosofia ela mesma no âmbito desta

abordagem, quer dizer, a filosofia, enquanto modalidade de saber, como sendo

fundamentalmente estratégica, o que implica analisar o surgimento da mesma no âmbito

grego, bem como sua démarche. Buscaremos entender se e como a filosofia pode ser

compreendida como arma de guerra, o conflito no qual ela estaria imersa, sua estratégia,

táticas. E seus inimigos.

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