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33 A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular A expressão educação “pré-escolar”, utilizada no Brasil até a década de 1980, expressava o entendimento de que a Educação Infantil era uma etapa anterior, independente e preparatória para a escolariza- ção, que só teria seu começo no Ensino Fundamental. Situava-se, portanto, fora da educação formal. Com a Constituição Federal de 1988, o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a 6 anos de idade torna-se dever do Estado. Posteriormente, com a promulgação da LDB, em 1996, a Educação Infantil passa a ser parte integrante da Educação Básica, situando-se no mesmo patamar que o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. E a partir da modificação introduzida na LDB em 2006, que antecipou o acesso ao Ensino Fundamental para os 6 anos de idade, a Educação Infantil passa a atender a faixa etária de zero a 5 anos. 3. A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

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EDUCAÇÃO INFANTIL

A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular

A expressão educação “pré-escolar”, utilizada no Brasil até a década

de 1980, expressava o entendimento de que a Educação Infantil era

uma etapa anterior, independente e preparatória para a escolariza-

ção, que só teria seu começo no Ensino Fundamental. Situava-se,

portanto, fora da educação formal.

Com a Constituição Federal de 1988, o atendimento em creche e

pré-escola às crianças de zero a 6 anos de idade torna-se dever do

Estado. Posteriormente, com a promulgação da LDB, em 1996, a

Educação Infantil passa a ser parte integrante da Educação Básica,

situando-se no mesmo patamar que o Ensino Fundamental e o

Ensino Médio. E a partir da modificação introduzida na LDB em

2006, que antecipou o acesso ao Ensino Fundamental para os

6 anos de idade, a Educação Infantil passa a atender a faixa etária

de zero a 5 anos.

3. A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Entretanto, embora reconhecida como direito de todas as crianças

e dever do Estado, a Educação Infantil passa a ser obrigatória para

as crianças de 4 e 5 anos apenas com a Emenda Constitucional

nº 59/200926, que determina a obrigatoriedade da Educação Básica

dos 4 aos 17 anos. Essa extensão da obrigatoriedade é incluída

na LDB em 2013, consagrando plenamente a obrigatoriedade de

matrícula de todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições de

Educação Infantil.

Com a inclusão da Educação Infantil na BNCC, mais um importante

passo é dado nesse processo histórico de sua integração ao conjunto

da Educação Básica.

A Educação Infantil no contexto da Educação Básica

Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o

início e o fundamento do processo educacional. A entrada na creche ou

na pré-escola significa, na maioria das vezes, a primeira separação das

crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se incorporarem a

uma situação de socialização estruturada.

Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação Infantil,

a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado

como algo indissociável do processo educativo. Nesse contexto, as

creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos

construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de

sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm

o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e

habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas

aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação fami-

liar – especialmente quando se trata da educação dos bebês e das

crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito próximas

aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização, a auto-

nomia e a comunicação.

Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o desenvol-

vimento das crianças, a prática do diálogo e o compartilhamento de

responsabilidades entre a instituição de Educação Infantil e a família

26 BRASIL. Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, 12 de novembro de 2009, Seção 1, p. 8. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017.

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EDUCAÇÃO INFANTIL

são essenciais. Além disso, a instituição precisa conhecer e trabalhar

com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cul-

tural das famílias e da comunidade.

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI,

Resolução CNE/CEB nº 5/2009)27, em seu Artigo 4º, definem a

criança como

“sujeito histórico e de direitos, que, nas interações,

relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói

sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina,

fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta,

narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza

e a sociedade, produzindo cultura” (BRASIL, 2009).

Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, os eixosestrutu-rantesdaspráticaspedagógicasdessa etapa da Educação Básica

são as interações e a brincadeira, experiências nas quais as crianças

podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas

ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita

aprendizagens, desenvolvimento e socialização.

A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infân-

cia, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o

desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações

e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível

identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das

frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções.

Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas pedagógicas e

as competências gerais da Educação Básica propostas pela BNCC,

seis direitos deaprendizagemedesenvolvimento asseguram, na

Educação Infantil, as condições para que as crianças aprendam

em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em

ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se

provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados

sobre si, os outros e o mundo social e natural.

27 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2298-rceb005-09&category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23 mar. 2017.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Essa concepção de criança como ser que observa, questiona, levanta

hipóteses, conclui, faz julgamentos e assimila valores e que constrói

conhecimentos e se apropria do conhecimento sistematizado por meio

da ação e nas interações com o mundo físico e social não deve resultar

no confinamento dessas aprendizagens a um processo de desenvol-

vimento natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe a necessidade

de imprimir intencionalidadeeducativa às práticas pedagógicas na

Educação Infantil, tanto na creche quanto na pré-escola.

DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

• Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos,

utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do

outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.

• Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços

e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e

diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua

imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais,

sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

• Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planeja-

mento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador

quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha

das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferen-

tes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.

• Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras,

emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos

da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura,

em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

• Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades,

emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, ques-

tionamentos, por meio de diferentes linguagens.

• Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, cons-

tituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas

diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens

vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.

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EDUCAÇÃO INFANTIL

Essa intencionalidade consiste na organização e proposição, pelo

educador, de experiências que permitam às crianças conhecer a si e

ao outro e de conhecer e compreender as relações com a natureza,

com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas prá-

ticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se),

nas brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na

aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas.

Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar,

mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo

a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno

das crianças.

Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto as apren-

dizagens das crianças, realizando a observação da trajetória de

cada criança e de todo o grupo – suas conquistas, avanços, possibi-

lidades e aprendizagens. Por meio de diversos registros, feitos em

diferentes momentos tanto pelos professores quanto pelas crianças

(como relatórios, portfólios, fotografias, desenhos e textos), é possí-

vel evidenciar a progressão ocorrida durante o período observado,

sem intenção de seleção, promoção ou classificação de crianças

em “aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não prontas”, “maduras” ou

“imaturas”. Trata-se de reunir elementos para reorganizar tempos,

espaços e situações que garantam os direitos de aprendizagem de

todas as crianças.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

3.1. OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS

Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o

desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as

interações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, a organi-

zação curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em

cinco camposdeexperiências, no âmbito dos quais são definidos

os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de

experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situa-

ções e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e

seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte

do patrimônio cultural.

A definição e a denominação dos campos de experiências também se

baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos saberes e conhe-

cimentos fundamentais a ser propiciados às crianças e associados

às suas experiências. Considerando esses saberes e conhecimentos,

os campos de experiências em que se organiza a BNCC são:

O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com adultos

que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir

e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida,

pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem

suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar,

na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre

si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identi-

ficando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que

participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças

constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciproci-

dade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação

Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem

em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de

vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e

do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências,

elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro,

valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as dife-

renças que nos constituem como seres humanos.

Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos senti-

dos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou

espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço

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EDUCAÇÃO INFANTIL

e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-

-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro,

sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente,

conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes lingua-

gens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz

de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento

entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reco-

nhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos

e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites,

desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é

seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Edu-

cação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele

é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado

físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a

submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportu-

nidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo

espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e viven-

ciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e

mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupa-

ção e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio,

rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços,

mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalho-

tas, alongar-se etc.).

Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes mani-

festações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no

cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de

experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão

e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem,

fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre

outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias

linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou cultu-

rais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços,

gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modela-

gens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos.

Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas,

as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento

de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto,

a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças

em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação

artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade,

da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo

que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e

potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e inter-

pretar suas experiências e vivências artísticas.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o nascimento, as

crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as

pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de interação

do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corpo-

ral, o sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido

com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças vão

ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de

expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna –

que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação.

Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais

as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação

na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em con-

versas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente

ou em grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a

criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente

a um grupo social.

Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura

escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar

os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e

escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reco-

nhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e

portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve

partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam

transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas

pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem

para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imagi-

nação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o

contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia

a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a dife-

renciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da

escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse conví-

vio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre

a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à

medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não

convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como

sistema de representação da língua.

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações –

As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes

dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e

socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em

diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite;

hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre

o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os

animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes

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EDUCAÇÃO INFANTIL

tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e

o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre

as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas

pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre

elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as

crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos

matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades,

dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos,

avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas,

conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais

etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educa-

ção Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças

possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar

seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação

para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a

instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças

ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam

utilizá-los em seu cotidiano.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

CRECHE

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos

e 11 meses)

PRÉ-ESCOLA

3.2. OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais compreendem

tanto comportamentos, habilidades e conhecimentos quanto vivên-

cias que promovem aprendizagem e desenvolvimento nos diversos

campos de experiências, sempre tomando as interações e a brin-

cadeira como eixos estruturantes. Essas aprendizagens, portanto,

constituem-se como objetivosdeaprendizagemedesenvolvimento.

Reconhecendo as especificidades dos diferentes grupos etários que

constituem a etapa da Educação Infantil, os objetivos de aprendi-

zagem e desenvolvimento estão sequencialmente organizados em

três grupos por faixa etária, que correspondem, aproximadamente,

às possibilidades de aprendizagem e às características do desenvol-

vimento das crianças, conforme indicado na figura a seguir. Todavia,

esses grupos não podem ser considerados de forma rígida, já que

há diferenças de ritmo na aprendizagem e no desenvolvimento das

crianças que precisam ser consideradas na prática pedagógica.

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EDUCAÇÃO INFANTIL

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS”

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

(EI01EO01) Perceber que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos.

(EI02EO01)Demonstrar atitudes de cuidado e solidariedade na interação com crianças e adultos.

(EI03EO01)Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.

(EI01EO02) Perceber as possibilidades e os limites de seu corpo nas brincadeiras e interações das quais participa.

(EI02EO02)Demonstrar imagem positiva de si e confiança em sua capacidade para enfrentar dificuldades e desafios.

(EI03EO02) Agir de maneira independente, com confiança em suas capacidades, reconhecendo suas conquistas e limitações.

(EI01EO03) Interagir com crianças da mesma faixa etária e adultos ao explorar espaços, materiais, objetos, brinquedos.

(EI02EO03)Compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária e adultos.

(EI03EO03) Ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação.

(EI01EO04) Comunicar necessidades, desejos e emoções, utilizando gestos, balbucios, palavras.

(EI02EO04) Comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e fazendo-se compreender.

(EI03EO04) Comunicar suas ideias e sentimentos a pessoas e grupos diversos.

(EI01EO05) Reconhecer seu corpo e expressar suas sensações em momentos de alimentação, higiene, brincadeira e descanso.

(EI02EO05)Perceber que as pessoas têm características físicas diferentes, respeitando essas diferenças.

(EI03EO05) Demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as características dos outros (crianças e adultos) com os quais convive.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

(EI01EO06) Interagir com outras crianças da mesma faixa etária e adultos, adaptando-se ao convívio social.

(EI02EO06) Respeitar regras básicas de convívio social nas interações e brincadeiras.

(EI03EO06) Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.

(EI02EO07) Resolver conflitos nas interações e brincadeiras, com a orientação de um adulto.

(EI03EO07) Usar estratégias pautadas no respeito mútuo para lidar com conflitos nas interações com crianças e adultos.

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS” (Continuação)

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EDUCAÇÃO INFANTIL

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

(EI01CG01) Movimentar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades e desejos.

(EI02CG01) Apropriar-se de gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nos jogos e brincadeiras.

(EI03CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro, música.

(EI01CG02) Experimentar as possibilidades corporais nas brincadeiras e interações em ambientes acolhedores e desafiantes.

(EI02CG02) Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e atividades de diferentes naturezas.

(EI03CG02) Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias, atividades artísticas, entre outras possibilidades.

(EI01CG03)Imitar gestos e movimentos de outras crianças, adultos e animais.

(EI02CG03)Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos e seguindo orientações.

(EI03CG03) Criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras, jogos e atividades artísticas como dança, teatro e música.

(EI01CG04)Participar do cuidado do seu corpo e da promoção do seu bem-estar.

(EI02CG04)Demonstrar progressiva independência no cuidado do seu corpo.

(EI03CG04) Adotar hábitos de autocuidado relacionados a higiene, alimentação, conforto e aparência.

(EI01CG05)Utilizar os movimentos de preensão, encaixe e lançamento, ampliando suas possibilidades de manuseio de diferentes materiais e objetos.

(EI02CG05)Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros.

(EI03CG05)Coordenar suas habilidades manuais no atendimento adequado a seus interesses e necessidades em situações diversas.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

(EI01TS01)Explorar sons produzidos com o próprio corpo e com objetos do ambiente.

(EI02TS01)Criar sons com materiais, objetos e instrumentos musicais, para acompanhar diversos ritmos de música.

(EI03TS01)Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações, criações musicais, festas.

(EI01TS02)Traçar marcas gráficas, em diferentes suportes, usando instrumentos riscantes e tintas.

(EI02TS02) Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas e volumes ao criar objetos tridimensionais.

(EI03TS02)Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais.

(EI01TS03)Explorar diferentes fontes sonoras e materiais para acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias.

(EI02TS03)Utilizar diferentes fontes sonoras disponíveis no ambiente em brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias.

(EI03TS03)Reconhecer as qualidades do som (intensidade, duração, altura e timbre), utilizando-as em suas produções sonoras e ao ouvir músicas e sons.

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EDUCAÇÃO INFANTIL

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

(EI01EF01)Reconhecer quando é chamado por seu nome e reconhecer os nomes de pessoas com quem convive.

(EI02EF01)Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.

(EI03EF01)Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão.

(EI01EF02)Demonstrar interesse ao ouvir a leitura de poemas e a apresentação de músicas.

(EI02EF02)Identificar e criar diferentes sons e reconhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e textos poéticos.

(EI03EF02)Inventar brincadeiras cantadas, poemas e canções, criando rimas, aliterações e ritmos.

(EI01EF03)Demonstrar interesse ao ouvir histórias lidas ou contadas, observando ilustrações e os movimentos de leitura do adulto-leitor (modo de segurar o portador e de virar as páginas).

(EI02EF03)Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação do adulto- -leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da esquerda para a direita).

(EI03EF03)Escolher e folhear livros, procurando orientar-se por temas e ilustrações e tentando identificar palavras conhecidas.

(EI01EF04)Reconhecer elementos das ilustrações de histórias, apontando-os, a pedido do adulto-leitor.

(EI02EF04)Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.

(EI03EF04)Recontar histórias ouvidas e planejar coletivamente roteiros de vídeos e de encenações, definindo os contextos, os personagens, a estrutura da história.

(EI01EF05)Imitar as variações de entonação e gestos realizados pelos adultos, ao ler histórias e ao cantar.

(EI02EF05)Relatar experiências e fatos acontecidos, histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos etc.

(EI03EF05)Recontar histórias ouvidas para produção de reconto escrito, tendo o professor como escriba.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

(EI01EF06)Comunicar-se com outras pessoas usando movimentos, gestos, balbucios, fala e outras formas de expressão.

(EI02EF06)Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas sugeridos.

(EI03EF06)Produzir suas próprias histórias orais e escritas (escrita espontânea), em situações com função social significativa.

(EI01EF07)Conhecer e manipular materiais impressos e audiovisuais em diferentes portadores (livro, revista, gibi, jornal, cartaz, CD, tablet etc.).

(EI02EF07)Manusear diferentes portadores textuais, demonstrando reconhecer seus usos sociais.

(EI03EF07)Levantar hipóteses sobre gêneros textuais veiculados em portadores conhecidos, recorrendo a estratégias de observação gráfica e/ou de leitura.

(EI01EF08) Participar de situações de escuta de textos em diferentes gêneros textuais (poemas, fábulas, contos, receitas, quadrinhos, anúncios etc.).

(EI02EF08) Manipular textos e participar de situações de escuta para ampliar seu contato com diferentes gêneros textuais (parlendas, histórias de aventura, tirinhas, cartazes de sala, cardápios, notícias etc.).

(EI03EF08) Selecionar livros e textos de gêneros conhecidos para a leitura de um adulto e/ou para sua própria leitura (partindo de seu repertório sobre esses textos, como a recuperação pela memória, pela leitura das ilustrações etc.).

(EI01EF09) Conhecer e manipular diferentes instrumentos e suportes de escrita.

(EI02EF09) Manusear diferentes instrumentos e suportes de escrita para desenhar, traçar letras e outros sinais gráficos.

(EI03EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, realizando registros de palavras e textos, por meio de escrita espontânea.

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO” (Continuação)

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EDUCAÇÃO INFANTIL

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES”

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

(EI01ET01)Explorar e descobrir as propriedades de objetos e materiais (odor, cor, sabor, temperatura).

(EI02ET01)Explorar e descrever semelhanças e diferenças entre as características e propriedades dos objetos (textura, massa, tamanho).

(EI03ET01) Estabelecer relações de comparação entre objetos, observando suas propriedades.

(EI01ET02)Explorar relações de causa e efeito (transbordar, tingir, misturar, mover e remover etc.) na interação com o mundo físico.

(EI02ET02)Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, chuva etc.).

(EI03ET02)Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais.

(EI01ET03)Explorar o ambiente pela ação e observação, manipulando, experimentando e fazendo descobertas.

(EI02ET03)Compartilhar, com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços da instituição e fora dela.

(EI03ET03)Identificar e selecionar fontes de informações, para responder a questões sobre a natureza, seus fenômenos, sua conservação.

(EI01ET04)Manipular, experimentar, arrumar e explorar o espaço por meio de experiências de deslocamentos de si e dos objetos.

(EI02ET04)Identificar relações espaciais (dentro e fora, em cima, embaixo, acima, abaixo, entre e do lado) e temporais (antes, durante e depois).

(EI03ET04)Registrar observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens (desenho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes suportes.

(EI01ET05) Manipular materiais diversos e variados para comparar as diferenças e semelhanças entre eles.

(EI02ET05) Classificar objetos, considerando determinado atributo (tamanho, peso, cor, forma etc.).

(EI03ET05) Classificar objetos e figuras de acordo com suas semelhanças e diferenças.

(EI01ET06) Vivenciar diferentes ritmos, velocidades e fluxos nas interações e brincadeiras (em danças, balanços, escorregadores etc.).

(EI02ET06)Utilizar conceitos básicos de tempo (agora, antes, durante, depois, ontem, hoje, amanhã, lento, rápido, depressa, devagar).

(EI03ET06)Relatar fatos importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, a história dos seus familiares e da sua comunidade.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)

(EI02ET07)Contar oralmente objetos, pessoas, livros etc., em contextos diversos.

(EI03ET07)Relacionar números às suas respectivas quantidades e identificar o antes, o depois e o entre em uma sequência.

(EI02ET08) Registrar com números a quantidade de crianças (meninas e meninos, presentes e ausentes) e a quantidade de objetos da mesma natureza (bonecas, bolas, livros etc.).

(EI03ET08) Expressar medidas (peso, altura etc.), construindo gráficos básicos.

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES” (Continuação)

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EDUCAÇÃO INFANTIL

3.3. A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita

atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas,

garantindo integração e continuidade dos processos de aprendi-zagens das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes

relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a

natureza das mediações de cada etapa. Torna-se necessário estabe-

lecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças

quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se construa com

base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva

de continuidade de seu percurso educativo.

Para isso, as informações contidas em relatórios, portfólios ou outros

registros que evidenciem os processos vivenciados pelas crianças ao

longo de sua trajetória na Educação Infantil podem contribuir para

a compreensão da história de vida escolar de cada aluno do Ensino

Fundamental. Conversas ou visitas e troca de materiais entre os pro-

fessores das escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental –

Anos Iniciais também são importantes para facilitar a inserção das

crianças nessa nova etapa da vida escolar.

Além disso, para que as crianças superem com sucesso os desafios

da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças intro-

duzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo,

de modo que a nova etapa se construa com base no que os educandos

sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descon-

tinuidade do trabalho pedagógico. Nessa direção, considerando os

direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, apre-

senta-se a síntesedasaprendizagensesperadas em cada campo de

experiências. Essa síntese deve ser compreendida como elemento balizador e indicativo de objetivos a ser explorados em todo o seg-

mento da Educação Infantil, e que serão ampliados e aprofundados

no Ensino Fundamental, e não como condição ou pré-requisito para

o acesso ao Ensino Fundamental.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS

O eu, o outro e o nós

Respeitar e expressar sentimentos e emoções.

Atuar em grupo e demonstrar interesse em construir novas relações, respeitando a diversidade e solidarizando-se com os outros.

Conhecer e respeitar regras de convívio social, manifestando respeito pelo outro.

Corpo, gestos e movimentos

Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem para o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis.

Apresentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, vestir-se e no cuidado com seu bem-estar, valorizando o próprio corpo.

Utilizar o corpo intencionalmente (com criatividade, controle e adequação) como instrumento de interação com o outro e com o meio.

Coordenar suas habilidades manuais.

Traços, sons, cores e formas

Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir com a música, percebendo-a como forma de expressão individual e coletiva.

Expressar-se por meio das artes visuais, utilizando diferentes materiais.

Relacionar-se com o outro empregando gestos, palavras, brincadeiras, jogos, imitações, observações e expressão corporal.

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EDUCAÇÃO INFANTIL

SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por diferentes meios.

Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal, organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzida.

Ouvir, compreender, contar, recontar e criar narrativas.

Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais, demonstrando compreensão da função social da escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e informação.

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

Identificar, nomear adequadamente e comparar as propriedades dos objetos, estabelecendo relações entre eles.

Interagir com o meio ambiente e com fenômenos naturais ou artificiais, demonstrando curiosidade e cuidado com relação a eles.

Utilizar vocabulário relativo às noções de grandeza (maior, menor, igual etc.), espaço (dentro e fora) e medidas (comprido, curto, grosso, fino) como meio de comunicação de suas experiências.

Utilizar unidades de medida (dia e noite; dias, semanas, meses e ano) e noções de tempo (presente, passado e futuro; antes, agora e depois), para responder a necessidades e questões do cotidiano.

Identificar e registrar quantidades por meio de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos, escrita de números, organização de gráficos básicos etc.).