3. PROPOSTA DE NOVO MÉTODO DE COMPOSIÇÃO DE BETÕES … · 2008. 2. 8. · Faury são, no nosso...

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Proposta de um novo método de composição de betões auto-compactáveis Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-1 3. PROPOSTA DE NOVO MÉTODO DE COMPOSIÇÃO DE BETÕES AUTO-COMPACTÁVEIS 3-3 3.1 INTRODUÇÃO 3-3 3.2 BASES DA PROPOSTA 3-5 3.3 PREVISÃO DA COMPACIDADE 3-6 3.4 DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE LIGANTE 3-7 3.5 DOSAGEM DOS ADJUVANTES 3-8 3.6 QUANTIFICAÇÃO DOS AGREGADOS 3-8 3.7 PROPOSTA DE UMA CURVA DE REFERÊNCIA PARA BETÕES AUTO- COMPACTÁVEIS 3-14 3.8 VOLUME DE VAZIOS 3-17 3.9 ÁGUA DE AMASSADURA 3-18

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  • Proposta de um novo método de composição de betões auto-compactáveis

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-1

    3. PROPOSTA DE NOVO MÉTODO DE COMPOSIÇÃO

    DE BETÕES AUTO-COMPACTÁVEIS 3-3

    3.1 INTRODUÇÃO 3-3

    3.2 BASES DA PROPOSTA 3-5

    3.3 PREVISÃO DA COMPACIDADE 3-6

    3.4 DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE LIGANTE 3-7

    3.5 DOSAGEM DOS ADJUVANTES 3-8

    3.6 QUANTIFICAÇÃO DOS AGREGADOS 3-8

    3.7 PROPOSTA DE UMA CURVA DE REFERÊNCIA PARA BETÕES AUTO-

    COMPACTÁVEIS 3-14

    3.8 VOLUME DE VAZIOS 3-17

    3.9 ÁGUA DE AMASSADURA 3-18

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-2

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-3

    3. Proposta de novo método de composição de betões auto-

    compactáveis

    3.1 Introdução

    A composição de um betão é definida de forma a satisfazer o comportamento

    solicitado, nomeadamente, a trabalhabilidade, a resistência e a durabilidade. Deste

    modo o estudo de composição de um betão deve estar dividido em três fases:

    levantamento das condições do local de aplicação do betão; definição do estudo de

    composição e verificação da composição estudada.

    Na primeira fase, será realizado o levantamento dos condicionantes estruturais, dos

    requisitos impostos por razões construtivas e das condições ambientais locais. Com

    base neste levantamento são definidas a resistência pretendida, a dimensão máxima

    dos agregados, a classe de exposição, em suma, as especificações do comportamento

    do betão. Na segunda fase, é feita a escolha e caracterização dos componentes do

    betão (cimento, adições, agregados, adjuvantes e água), seguindo-se a definição das

    proporções iniciais de cada um dos componentes. Finalmente, na terceira fase, são

    realizados ensaios de estudo, através de amassaduras experimentais, por forma a

    aferir das características do betão obtido. Este processo é iterativo; caso as

    características obtidas não satisfaçam as especificações, é necessário voltar de novo à

    segunda fase, proceder a rectificações e continuar o ciclo, e assim sucessivamente

    [Lourenço, 1995].

    Lourenço, J. F. no seu trabalho “Formulação de betões” [Lourenço, 1995] publica

    um fluxograma do processo de estudo de composição extremamente esclarecedor,

    que se apresenta na figura 3-1.

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-4

    Figura 3-1 – Fluxograma do processo de composições de betões [Lourenço, 1995]

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    3.2 Bases da proposta

    Um betão é uma mistura de cimento, agregados, água e eventualmente adições e

    adjuvantes em proporções convenientemente definidas por forma a obter as

    especificações de comportamento pretendidas. Neste sentido, um betão auto-

    compactável difere dos betões normais sobretudo no seu comportamento.

    Se o fluxograma apresentado é válido para betões normais também será para betões

    auto-compactáveis. Contudo, para a previsão da compacidade e para a quantificação

    dos vários constituintes deve haver necessidade de recorrer a métodos diferentes dos

    habitualmente utilizados. Assim sendo propõe-se que:

    a) a previsão da compacidade se realize através da expressão de Faury, sendo

    que os parâmetros utilizados devem ser avaliados e definidos;

    b) a dosagem de ligante seja definida em função da resistência pretendida. Para

    isso a utilização da expressão de Feret, ou outra semelhante pode ser

    utilizada. No entanto, para os betões auto-compactáveis a necessidade de pó,

    de modo a garantir a auto-compactação, pode ser definidora da quantidade de

    ligante;

    c) a dosagem de adjuvante seja definida através das fichas técnicas das

    indústrias produtoras. Pode ter interesse realizar ensaios em pastas para

    avaliar o efeito do adjuvante sobre o ligante e a sua dosagem óptima;

    d) a quantificação de cada uma das classes de agregados se realize pelo método

    das curvas de referência. Será proposta uma curva de referência para betões

    auto-compactáveis;

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-6

    e) o volume de vazios seja o definido na norma 613 do ACI;

    f) a quantidade de água seja definida em função da compacidade, do volume de

    vazios e da dosagem de adjuvante.

    Nos sub-capítulos seguintes serão desenvolvidas as várias propostas e no capítulo 6

    Avaliação do método de composição proposto serão definidas as expressões e os

    parâmetros nelas intervenientes.

    3.3 Previsão da compacidade

    Uma unidade de volume de betão pode dividir-se numa parte sólida, composta pelo

    somatório dos volumes absolutos dos diversos componentes, que se define como

    compacidade (σ), e uma outra composta por líquidos e ar, identificada pelo índice de

    vazios(I). O índice de vazios é possível ser determinado pela expressão de Faury

    [Lourenço, 1995]:

    75,0DR

    'KDKI

    max

    5max −

    += ( 3-1 )

    Sendo: K um coeficiente numérico que depende da consistência do betão, da

    potência de compactação, da natureza dos agregados e também da utilização de

    adjuvantes; Dmax a máxima dimensão dos agregados, em mm; K’ um parâmetro

    função dos meios de compactação e R o raio médio do molde. Nos casos correntes

    considera-se R=Dmax e a equação (3-1) passa a ser:

    'K4DKI

    5max

    += ( 3-2 )

    Os valores de K e de K’ para betões normais são apresentados nas tabelas 3-1 e 3-2

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    [Lourenço, 1995].

    Tabela 3-1 – Valores de K para utilização na expressão de Faury

    Consistência Betão sem adjuvante

    Betão com fraca dosagem de plastificante

    Betão com forte dosagem de plastificante

    Betão com fraca dosagem de

    superplastificante

    Betão com forte dosagem de

    superplastificante

    Terra húmida 0,280 0,265 0,255 0,250 0,245

    Seca 0,310 0,295 0,285 0,280 0,250

    Plástica 0,340 0,325 0,315 0,305 0,275

    Mole 0,370 0,350 0,340 0,330 0,300

    Fluída 0,400 0,380 0,370 0,360 0,320

    Tabela 3-2 – Valores de K’ para utilização na expressão de Faury

    Meios especiais de compactação

    Compactação potente

    Compactação corrente

    Compactação fraca

    Sem compactação

    0,002 0,003 0,003 0,003 0,004

    No caso do betão auto-compactável K’ será considerado igual a 0,004, uma vez que

    Faury propõe esta valor para K’ no caso de não haver compactação e o valor de K

    será avaliado no capítulo 6 Avaliação do método de composição proposto.

    Estimado o índice de vazios a compacidade será o seu complementar, I1−=σ .

    3.4 Determinação da quantidade de ligante

    Num betão normal a quantidade de ligante é na generalidade dos casos definida em

    função da resistência e da durabilidade. Pode por isso utilizar-se a expressão de

    Feret, que a seguir se apresenta, para estimar a quantidade de ligante necessária à

    obtenção da resistência pretendida [Lourenço, 1995a].

    2j,ij,c kf γ×= ( 3-3 )

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    Sendo: j,cf o valor da tensão de rotura do betão à compressão, em MPa, j dias após a

    amassadura; j,ik um parâmetro determinado em função das características do ligante

    usado (i) e da idade (j); γ a compacidade da pasta ligante enquanto fresca definida

    analiticamente como I+ν

    ν=γ sendo ν o volume absoluto de ligante e I o índice de

    vazios.

    A estimativa da dosagem de ligante é então feita da seguinte forma:

    a) adoptando valores para j,cf e j,ik obtém-se j,i

    j,c

    kf

    =γ ;

    b) pode-se calcular o volume absoluto de ligante γ−

    ×γ=ν1

    I

    No caso do betão auto-compactável as necessidades de pó para a obtenção da auto-

    compactação são, na maioria dos casos, sempre que as resistências exigidas não

    sejam muito elevadas, as grandes definidoras da quantidade de ligante. Desta forma

    sempre que a quantidade de pó obtida através da expressão de Feret seja inferior ao

    limite mínimo preconizado pela JSCE (0,160m3/m3) se adopte o último.

    3.5 Dosagem dos adjuvantes

    Para a dosagem dos adjuvantes deve seguir-se as recomendações dos fabricantes.

    Eventualmente terá interesse realizar alguns ensaios em pastas para aferir do efeito

    deste sobre o ligante e a sua dosagem óptima.

    3.6 Quantificação dos agregados

    A quantificação dos agregados é habitualmente realizada com recurso a curvas de

    referência, que representam a mistura que confere ao betão a compacidade que se

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    previu para as condições de colocação desse betão [Lourenço, 1995].

    Existem diversas curvas de referência, que foram propostas por vários autores ao

    longo dos anos; no entanto considera-se que as curvas de referência de Bolomey e de

    Faury são, no nosso país, as mais amplamente divulgadas e aplicadas, razão pela qual

    se fará, acerca destas, uma breve apresentação.

    Importa salientar que estas duas curvas de referência consideram uma mistura

    granulométrica, não só de agregados, mas além dos agregados juntam-lhe o cimento

    e as adições. É por isso necessário proceder à reformulação das curvas, de modo a

    que elas, depois de descontado o cimento e as adições, considerem os agregados

    como a totalidade de um conjunto granular de referência. Para isso considera-se

    [Lourenço, 1995]:

    [ ]sc

    sc p100100p)d(p)d('p

    ++ −

    ×−= ( 3-4 )

    Sendo: )d('p a percentagem em volume absoluto da totalidade dos agregados que

    passam através do peneiro de malha d; )d(p a percentagem em volume absoluto da

    totalidade dos agregados, do cimento e das adições que passam através do peneiro de

    malha d; scp + a percentagem em volume absoluto de cimento e adições em relação à

    totalidade de material sólido, ou seja, 100scp sc ×σ+=+ , sendo c e s o volume

    absoluto de cimento e adições, respectivamente e σ a compacidade ou volume

    absoluto de sólidos por m3 de betão.

    Definida a curva de referência p’(d), interessa determinar a curva da mistura real que

    melhor se ajusta à curva de referência. Para isso basta obter as proporções, em

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    volume absoluto, com que cada agregado entra na mistura (pi). Este procedimento

    pode ser realizado graficamente ou recorrendo ao método dos mínimos quadrados.

    Prevista a compacidade (σ) e conhecido o volume absoluto da mistura ligante

    (cimento mais adições) (ν), pode-se obter o volume absoluto da totalidade dos

    agregados (m):

    ν−σ=m . ( 3-5 )

    As dosagens, em massa, de cada um dos agregados (Mi) serão o produto das

    proporções, em volume absoluto, com que cada agregado entra na mistura (pi), pelo

    volume absoluto da totalidade dos agregados (m) e pela massa volúmica absoluta de

    cada um dos agregados (µi):

    iii mpM µ××= ( 3-6 )

    Curva de referência de Bolomey

    Em 1925, o suíço Bolomey apresentou uma curva de referência parabólica, onde

    introduz um parâmetro variável A. Esta curva tem a seguinte expressão [Coutinho,

    1988]:

    maxDd)A100(A)d(p ×−+= ( 3-7 )

    Sendo: )d(p a percentagem em volume absoluto da totalidade dos agregados, do

    cimento e das adições que passam através do peneiro de malha d; d a dimensão da

    malha do peneiro, em mm; Dmax a máxima dimensão dos agregados, em mm; A

    parâmetro que varia com a natureza dos agregados e a consistência do betão.

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    Tabela 3-3 – Valores do parâmetro A da curva de referência de Bolomey

    Terra húmida a seca Plástica a mole Fluida

    Agregados rolados 6 a 8 10 a 12 12 a 14

    Agregados britados 8 a 10 12 a 14 14 a 16

    Figura 3-2 – Curvas de referência, p(d) e p’(d), de Bolomey

    Curva de referência de Faury

    De acordo com a teoria de Caquot, Faury, em 1941, propõe uma curva de referência

    que será obtida pela mistura em percentagens variáveis de dois constituintes, são eles

    [Lourenço, et al., 1986]:

    a) Um conjunto constituído por grãos finos e médios, com dimensões compreendidas

    entre 0,0065 e 2/D max mm, com uma percentagem em volume absoluto igual a:

    75,0D

    RBD17A)2/D(py

    max

    5maxmax

    −+×+==

    ( 3-8 )

    Sendo: y a percentagem em volume absoluto da totalidade dos agregados, do

    p'(d)

    p(d)

    A

    Pc+s 100%

    Dmax

    % de passados

    Diâmetros (escala d ) 0

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-12

    cimento e das adições que passam através do peneiro de malha 2/D max ; Dmax a

    máxima dimensão dos agregados, em mm; A um parâmetro que varia com a

    natureza dos agregados e a consistência do betão; B um parâmetro que depende

    do processo de compactação e da sua potência.

    Tabela 3-4 – Valores do parâmetro A da curva de referência de Faury [Lourenço, 1995]

    Consistência / Natureza dos

    agregados

    Muito fluida Fluida Mole Plástica Seca

    Terra húmida

    Terra pouco

    húmida

    Areias e agregados

    grossos rolados ≥ 32 30 - 32 28 - 30 26 - 28 24 – 26 22 - 24 ≤ 22

    Areias roladas e agregados

    grossos britados ≥ 34 32 - 34 30 - 32 28 - 30 26 - 28 24 - 26 ≤ 24

    Areias e agregados

    grossos britados ≥ 38 36 - 38 34 - 36 32 - 34 30 -32 28 - 30 ≤ 28

    Tabela 3-5 - Valores do parâmetro B da curva de referência de Faury

    Vibração muito potente

    Vibração potente

    Vibração média Apiloamento

    Sem compactação

    1 1 – 1,5 1,5 2 2

    No domínio das dimensões compreendidas entre 0,0065 e 2/Dmax mm a curva de

    referência é definida pela função:

    ⇔−

    −=

    −−

    )d(p0d0065,0

    y02/D0065,0 555 max5

    ⇔−−=−−⇔ )d0065,0).(y0())d(p0).(2/D0065,0( 555 max5

    5max

    5

    55

    2/D0065,0)d0065,0(y

    )d(p−

    −×=⇔

    ( 3-9 )

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-13

    b) E um outro conjunto constituído por agregados grossos com dimensões

    compreendidas entre 2/Dmax e maxD , cuja percentagem em volume absoluto é o

    complementar de y, ou seja, 100-y. Neste intervalo curva de referência é definida

    pela função:

    ⇔−

    −=

    −−

    )d(p100dD

    y1002/DD 55 max5 max5 max

    ⇔−−=−−⇔ )dD).(y100())d(p100).(2/DD( 55 max5 max5 max

    5max

    5max

    5max

    5max

    5

    2/DD2/D100Dyd)y100(

    )d(p−

    ×−×+×−=⇔

    ( 3-10 )

    Figura 3-3 - Curvas de referência, p(d), de Faury

    p(d)

    0,0065

    100-y

    100%

    Dmax

    % de passados

    Diâmetros (escala 5 d ) Dmax/2

    y

    0

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    3.7 Proposta de uma curva de referência para betões auto-

    compactáveis

    Neste sub-capítulo será proposta uma curva de referência para o estudo do betão

    auto-compactável.

    Utilizando como referência os critérios expostos por Okamura e pela JSCE, verifica-

    se que a razão entre o volume absoluto dos agregados grossos e o volume da

    totalidade dos agregados é cerca de 50%, dependendo da máxima dimensão do

    agregado, e eventualmente, da quantidade de grossos que se pretende que estejam

    presentes na mistura.

    Desta forma, pode-se determinar um ponto de uma curva de referência p’(d), que

    corresponde a p’(4.76) = 50+G, em que G é um parâmetro dependente da máxima

    dimensão do agregado e influencia a quantidade de grossos presentes na mistura.

    Fazendo a transformação de p’(d) em p(d) através da expressão 3-4 obtém-se:

    [ ]

    [ ]

    [ ]

    =⇔−+

    =−⇔

    ⇔−=−+⇔

    ⇔−

    ×−=+⇔

    ⇔−

    ×−=

    ++

    ++

    ++

    ++

    100)p100).(G50(

    p)76,4(p

    100.p)76,4(p)p100).(G50(

    p100100p)76,4(pG50

    p100100p)76,4(p)76,4('p

    scsc

    scsc

    scsc

    scsc

    scsc P)

    100P

    1()G50()76,4(p ++ +−×+=⇔ ( 3-11 )

    Um outro ponto da curva será o ponto correspondente à máxima dimensão dos

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-15

    agregados, em que a percentagem de passados será 100%, ou seja, p(Dmax)= 100.

    Uma vez que a curva de referência de Faury, é a mais usada entre nós, e considera

    uma distribuição proporcional à 5 d , utilizar-se-á a mesma distribuição. Assim

    sendo, define-se um conjunto de agregados grossos, pertencentes ao domínio das

    dimensões compreendidas entre 4,76 e Dmax, em que a lei granulométrica da curva de

    referência da totalidade dos sólidos, por aplicação da expressão 3-10, é definida pela

    função:

    [ ]55

    max

    55max

    5

    76,4D76,4100D)76,4(pd)76,4(p100

    )d(p−

    ×−×+×−=

    ( 3-12 )

    Considerar-se-á, também, um outro conjunto constituído por elementos granulares

    finos e médios cujas dimensões estão compreendidas entre 0,074 e 4,76mm. A razão

    da escolha do limite superior relaciona-se com o facto de ser o ponto de separação

    entre os dois conjuntos. O limite inferior de 0,074mm foi escolhido tendo em conta

    que o que se pretende é uma curva de referência para quantificar os agregados, e por

    isso, parte-se do pressuposto que a fracção dos constituintes do betão com dimensões

    inferiores a 0,074mm, não são, na sua maioria, agregados, serão eventualmente o

    cimento e as adições.

    Assim sendo, a percentagem de passados em volume absoluto do conjunto de

    agregados, do cimento e das adições na malha 0,074mm é aproximadamente igual à

    percentagem em volume absoluto de cimento e adições em relação à totalidade de

    material sólido. Considerando um parâmetro F função da quantidade de pó,

    eventualmente cimento mais adições, presente na mistura, então:

    FP)074,0(p sc += + ( 3-13 )

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-16

    Desta forma, a curva granulométrica de referência no intervalo [0,074:4,76] é

    definida pela seguinte expressão:

    ⇔−−

    =−−

    )074,0(p)d(p074,0d

    )074,0(p)76,4(p074,076,4 5555

    ⇔−−=−−⇔ )074,0d)).(074,0(p)76,4(p())074,0(p)d(p).(074,076,4( 5555

    [ ]⇔

    −−−

    =−⇔)074,076,4(

    )074,0d.()074,0(p)76,4(p))074,0(p)d(p(

    55

    55

    [ ] ( )55

    55

    074,076,4074,0d)074,0(p)76,4(p

    )074,0(p)d(p−

    −×−+=⇔

    ( 3-14 )

    Como a curva p(d) é composta por dois segmentos unidos por um ponto de quebra,

    quando for representada num gráfico, em que o eixo das abcissas está graduado

    numa escala proporcional à 5 d , então, são necessários apenas 3 pontos para a sua

    representação. Na figura 3-4 está representada a proposta para a curva de referência.

    Sendo o objectivo das curvas de referência a quantificação dos diversos agregados

    presentes na mistura, interessa determinar uma curva referente só à totalidade dos

    agregados, descontando o volume ocupado pelo cimento e adições, volume este, já

    determinado. A curva referente só aos agregados, representada por p’(d), obtém-se

    por aplicação da expressão 3-4.

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    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-17

    Tabela 3-6 – Coordenadas dos 3 pontos fundamentais para o traçado da curva de referência

    d [mm] p(d) [%] p'(d) [%]

    0,074 FP sc ++ scP100

    100F

    +−×

    4,76 scsc P)

    100P

    1()G50( ++ +−×+ 50+G

    Dmáx 100 100

    Figura 3-4 – Curva de referência proposta para betões auto-compactáveis, p(d) e p’(d)

    3.8 Volume de vazios

    O volume de vazios (vv) pode ser determinado correctamente através de um

    aerómetro, no entanto, isso só é possível depois de realizada a amassadura. É por isso

    necessário proceder-se à previsão deste volume de vazios durante a fase de estudo de

    composição do betão. Para isso, pode-se recorrer à norma 613 do ACI (American

    Concrete Institute), onde o volume de vazios è definido em função da máxima

    dimensão dos agregados.

    p'(d)

    100-(50+G)

    50+G

    p'(0,074)

    p(d)

    0.074

    100-p(4,76)

    100%

    Dmax

    % de passados

    Diâmetros (escala 5 d )

    4,76

    p(4,76)

    0p(0,074)

  • Proposta de um novo método de composição de betões auto-compactáveis

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 3-18

    3.9 Água de amassadura

    Estimado que foi o índice de vazios (I), o volume de vazios (vv) e o volume de

    adjuvante (adj), e sabendo que o índice de vazios é parte do betão composta por

    líquidos e ar, a água de amassadura (a) será obtida:

    adjvIa v −−= ( 3-15 )

    O adjuvante, se for líquido, será considerado na sua totalidade, por ser a sua parte

    sólida muito pequena. Os adjuvantes sólidos não devem ser considerados.

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-1

    4. MATERIAIS USADOS E ENSAIOS REALIZADOS 4-3

    4.1 MATERIAIS 4-3

    4.1.1 CIMENTO 4-3

    4.1.2 ADIÇÕES 4-5

    4.1.3 AGREGADOS 4-5

    4.1.4 ÁGUA 4-6

    4.1.5 ADJUVANTES 4-6

    4.2 ENSAIOS REALIZADOS PARA O ESTUDO DAS PASTAS 4-7

    4.2.1 PASTA DE CONSISTÊNCIA NORMAL 4-7

    4.2.2 CONE DE MARSH 4-8

    4.2.3 ESPALHAMENTO EM PASTAS 4-10

    4.3 ENSAIOS REALIZADOS PARA O ESTUDO DOS BETÕES 4-11

    4.3.1 SLUMP FLOW 4-14

    4.3.2 L BOX 4-15

    4.3.3 VOLUME DE VAZIOS DO BETÃO FRESCO 4-16

    4.3.4 PROVETES, CURA E ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 4-17

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-2

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-3

    4. Materiais usados e ensaios realizados

    4.1 Materiais

    Os materiais utilizados na realização da parte experimental desta dissertação, são,

    todos eles, materiais correntemente utilizados na produção de betões por forma a

    podermos cumprir o objectivo deste trabalho: proposta de uma metodologia para

    estudo de composição de um betão auto-compactável com recurso aos materiais

    correntes no mercado nacional.

    4.1.1 Cimento

    O cimento utilizado foi o Cimento Portland tipo I classe 42,5 R da Cimpor,

    produzido no centro de produção de Souselas. Nas tabelas 4-1, 4-2 e 4-3

    apresentam-se as características físicas, químicas e mecânicas, respectivamente,

    referentes a este cimento, fornecidas pelo centro de produção de Souselas.

    Tabela 4-1 – Características físicas do cimento

    Características Valor

    Massa volúmica absoluta [g/cm3] 3,15

    Superfície específica [cm2/g] 3680

    Resíduo a 45 µm [%] 18,0

    Resíduo a 90 µm [%] 1,8

    Água da pasta normal [%] 27,5*

    Expansibilidade [mm] 1,0

    Início de presa [min.] 170

    Fim de presa [min.] 225

    * o valor obtido em ensaios realizados no presente estudo foi de 27,0 %

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-4

    Tabela 4-2 – Características químicas do cimento

    Compostos Simbologia %

    Óxido de cálcio [CaO] C 62,2

    Óxido de silício [SiO2] S 19,8

    Óxido de alumínio [Al2O3] A 5,1

    Óxido de enxofre [SO3] S 3,3

    Óxido de ferro [Fe2O3] F 3,2

    Óxido de magnésio [MgO] -- 2,5

    Cal livre -- 1,1

    Óxido de potássio [K2O] -- 1,1

    Óxido de sódio [Na2O] -- 0,1

    Resíduo insolúvel -- 2,0

    Perda ao fogo -- 2,6

    Cloretos [Cl-] -- 0,013

    Tabela 4-3 – Características mecânicas do cimento

    Resistências MPa

    2 dias 5,5

    7 dias 7,0 À flexão

    28 dias 8,0

    2 dias 33,0

    7 dias 44,8 À compressão

    28 dias 53,0

    Tabela 4-4 – Composição potencial do cimento

    Compostos Simbologia Valor

    Silicato tricálcico [%] C3S 54,4

    Silicato bicálcico [%] C2S 16,0

    Aluminato tricálcico [%] C3A 8,1

    Aluminoferrato tetracálcico [%] C4AF 9,7

    Módulo de sílica SM 2,39

    Módulo de alumina AM 1,59

    Factor de saturação de cal [%] LSF 97,9

    Na tabela 4-4 apresenta-se a composição potencial do cimento, que foi determinada

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-5

    através de equações baseadas no cálculo de Bogue. Foram ainda determinados o

    módulo de sílica [SM], o módulo de alumina [AM] e o factor de saturação de cal

    [LSF] [Gani, 1997].

    4.1.2 Adições

    As cinzas volantes foram as únicas adições utilizadas e tem origem na central

    termoeléctrica de Carbo-Pego. Estas cinzas são de origem espanhola, mas são

    vulgarmente utilizadas nas centrais de produção de betão da região de Coimbra. Na

    tabela 4-5 apresentam-se as características das cinzas volantes utilizadas.

    Tabela 4-5 Características das cinzas volantes

    Características Valor

    Massa volúmica absoluta [g/cm3] 2,20

    Superfície específica [cm2/g] 4750

    Água da pasta normal [%] 18,0

    Perda ao fogo [%] 3,9

    4.1.3 Agregados

    Utilizou-se uma areia e um areão rolados, uma brita 1 e uma brita 2. A areia e o

    areão são de uma exploração de areias da zona de Pombal. As britas 1 e 2 são de

    origem calcária também da zona de Pombal. Na tabela 4-6 apresentam-se as

    características dos agregados utilizados. Na figura 4-1 estão representadas as curvas

    granulométricas dos 4 agregados.

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-6

    Tabela 4-6 – Características dos agregados

    Características Areia Areão Brita 1 Brita 2

    Massa volúmica absoluta [kg/m3] 2630 2620 2680 2690

    Massa volúmica aparente [kg/m3] 1640 1600 1480 1500

    Absorção de água [%] 1,00 0,50 1,41 0,80

    Mínima dimensão [mm] 0,074 1,19 4,76 9,52

    Máxima dimensão [mm] 4,76 9,52 12,7 19,1

    Módulo de finura 3,20 5,56 6,50 7,02

    Equivalente de areia [%] 99,0 -- -- --

    Coeficiente volumétrico -- -- 0,22 0,23

    Desgaste de Los Ángeles [%] -- -- 27,2 26,8

    Matéria orgânica Sem Sem -- --

    Figura 4-1 – Curvas granulométricas dos agregados

    4.1.4 Água

    A água utilizada foi da rede de distribuição pública de Coimbra.

    4.1.5 Adjuvantes

    Foram utilizados dois tipos de superplastificantes, ambos da família dos carboxilatos

    Curvas granulométricas

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    Dep

    ósito

    0,07

    4

    0,14

    9

    0,29

    7

    0,59

    1,19

    2,38

    4,76

    9,52

    12,7

    19,1

    25,4

    38,1

    Malhas [mm]

    Pas

    sado

    s ]%

    ]

    Areia Areão Brita 1 Brita 2

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-7

    modificados. Algumas características destes superplastificantes são apresentadas na

    tabela 4-7. As dosagens de superplastificante apresentadas são o quociente entre a

    massa de superplastificante e a massa de ligante (Ad/(C+CV)).

    Tabela 4-7 – Características dos superplastificantes usados

    Características SV 3000 SV 3010

    Aspecto Líquido amarelado Líquido vermelho-violeta

    Densidade [kg/l] 1.06 1,1

    PH 6,0 – 7,0 6,5 – 8,5

    Dosagem recomendada [%] 1,0 – 2,0 1,0 – 1,5

    4.2 Ensaios realizados para o estudo das pastas

    Tendo por objectivo, na primeira fase, verificar o efeito das cinzas volantes na

    fluidez e deformabilidade das pastas, o efeito dos superplastificantes da família dos

    carboxilatos modificados, sobre as cinzas volantes e sobre o cimento e ainda estimar

    as dosagens óptimas de superplastificante, realizaram-se os seguintes ensaios: pasta

    de consistência normal, cone de Marsh e espalhamento.

    Nestes ensaios fez-se variar o tipo e a quantidade de adjuvante (Ad) utilizando-se os

    superplastificantes SV3000 e o SV3010 nas dosagens (D.S.) de 0,0, 0,5, 1.0, 1.5, 2,0

    e 2,5% da massa de ligante, para dois tipos de ligante; cimento I 42,5 R (C)e uma

    mistura de cimento I 42,5 R com cinzas volantes (CV) na proporção de 70 e 30%

    respectivamente.

    4.2.1 Pasta de consistência normal

    Este ensaio visa a determinação da quantidade de água (A) necessária para a

    obtenção de uma pasta de consistência normal. Para isso, provetes de pasta de

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-8

    cimento, com diferentes quantidades de água foram sujeitos à acção de uma sonda

    de consistência com características especificadas.

    Para o provete em que a penetração da sonda se dá até um ponto que diste 6 ± 1mm

    da base do molde, calcula-se a quantidade de água de amassadura correspondente,

    expressa em percentagem da massa de cimento, ou seja, calcula-se a quantidade de

    água para a obtenção da pasta de consistência normal. [E 328, 1979].

    Figura 4-2 – Misturadora e sonda de consistência.

    Os procedimentos seguidos e os equipamentos utilizados na realização deste ensaio

    foram os especificados na E 328-1979 – Cimentos, preparação da pasta normal, com

    as seguintes adaptações:

    - à massa de água adicionou-se a massa de adjuvante;

    - para os ensaios realizados com misturas de cimento e cinzas volantes

    considerou-se a massa de ligante (C+CV) e não a massa de cimento.

    4.2.2 Cone de Marsh

    Com a realização deste ensaio pretende-se determinar a compatibilidade do ligante

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-9

    com o superplastificante e avaliar o efeito da dosagem do superplastificante na

    fluidez da calda. Foram realizadas várias caldas com diferentes dosagens de

    superplastificante e dois tipos de ligante. A razão (A+Ad)/(C+CV) manteve-se

    sempre constante e igual a 0,35.

    O processo de realização do ensaio consiste na fabricação da calda seguida da

    medição do tempo de escoamento no cone de Marsh. Para a fabricação da calda

    colocou-se a totalidade do ligante na misturadora de argamassas e adicionou-se 5/6

    da água e 1/3 do superplastificante, dando inicio à mistura durante 2 minutos a 60

    r.p.m. mais 3 minutos a 120 r.p.m.. Passado esse tempo parou-se a misturadora

    limpou-se, adicionou-se 1/12 da água e 1/3 do superplastificante, colocando de novo

    a misturadora em funcionamento durante 2 minutos a 60 r.p.m.. Findo esse tempo

    repetiu-se o último procedimento.

    Depois de estar pronta a calda, verte-se 1000cm3 desta no cone com a abertura

    inferior fechada. Deixa-se repousar alguns segundos, destapa-se a abertura e

    cronometra-se o tempo até que tenham fluido 500cm3, este tempo designa-se por

    tempo de escoamento (Tescoamento), com as unidades em segundos.

    Sugere-se que se determine o quociente entre o volume escoado (500cm3) e o

    Tescoamento determinado, ou seja o caudal médio de escoamento da calda (Qm).

    escoamento

    m T

    500Q = [cm3/s] ( 4-1 )

    Este caudal médio de escoamento é uma grandeza que se relaciona directamente à

    fluidez das caldas, ou seja, quanto maior for o caudal médio de escoamento maior

    será a fluidez.

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-10

    Figura 4-3 – Cone de Marsh.

    4.2.3 Espalhamento em pastas

    Neste trabalho sugere-se a adaptação do ensaio de espalhamento às pastas. Com este

    ensaio pretende-se aferir a capacidade de deformação das pastas em função da

    dosagem de superplastificante e do tipo de material ligante. Para atingir este

    objectivo foram realizadas várias pastas com diferentes dosagens de

    superplastificante e dois tipos de ligante. A razão (A+Ad)/(C+CV) manteve-se

    sempre constante e igual a 0,30.

    Para a realização deste ensaio primeiro preparou-se a pasta, seguindo para isso o

    mesmo procedimento que se usou no fabrico da pasta de consistência normal,

    excepção feita à quantidade de água utilizada. O procedimento adoptado para a

    realização do ensaio de espalhamento em pastas foi o seguinte: o molde tronco

    cónico semelhante ao apresentado na figura 4-4 é colocado sobre uma placa de vidro

    onde é cheio de pasta e retirado. Deixa-se a pasta espalhar durante 60s e os

    diâmetros finais da argamassa são medidos em duas direcções perpendiculares. Os

    60s são o tempo necessário para que a deformação da pasta estabilize, ou seja, não

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-11

    haja aumento do diâmetro.

    Figura 4-4 – Molde tronco cónico do ensaio de espalhamento.

    O ensaio de espalhamento permite determinar o índice de espalhamento (Γm) para a

    avaliação da deformabilidade. Elevados valores de Γm indicam elevada

    deformabilidade

    120

    21 −×

    =Γd

    ddm ( 4-2 )

    com d1 e d2 os diâmetros medidos após ensaio e d0 o diâmetro inferior do molde

    tronco cónico.

    4.3 Ensaios realizados para o estudo dos betões

    Os ensaios realizados com betões visam: primeiro, aferir os parâmetros F e G da

    curva de referência proposta neste trabalho (ver capítulo 3), tendo sido para isso

    realizadas 8 amassaduras de pretensos betões auto-compactáveis; segundo, comparar

    o aspecto final da superfície em contacto com a cofragem e a interface pasta/material

    granular entre um betão auto-compactável e um betão normal, para isso foi realizado

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-12

    um betão normal da classe de abaixamento S3 com os mesmos constituintes usados

    no betão auto-compactável. Considerou-se um betão normal da classe de

    abaixamento S3 para que possa ser alternativa ao auto -compactável.

    Dentro das 8 amassaduras de betões auto-compactáveis, fez-se variar a quantidade de

    pó, a máxima dimensão dos agregados e a quantidade de agregados grossos. O

    ligante utilizado foi, em todas as amassaduras, uma mistura de cimento e cinzas

    volantes na relação CV/(C+CV)=0,30. O adjuvante utilizado foi o SV 3000 e a sua

    dosagem, em massa, foi 1.5% da massa do ligante (C+CV).

    A nomenclatura adoptada para os pretensos betões auto-compactáveis A-B-C,

    representa: A - a máxima dimensão dos agregados; B - o volume absoluto de pó com

    dimensões inferiores a 0,149mm e C - o volume absoluto de agregados grossos

    (dimensões superiores a 4,76mm). Exemplificando: no betão 12,7-0,19-0,30 a

    máxima dimensão dos agregados é 12,7mm, o volume absoluto de pó com

    dimensões inferiores a 0,149mm é de 0,19 m3 e o volume absoluto de agregados

    grossos com dimensões superiores a 4,76mm é 0,30m3. O betão normal será

    designado por BNS3.

    Apresentam-se no Anexo 1 os quadros completos das composições estudadas, e de

    seguida, nas tabelas 4-8, 4-9 e 4-10, apresentam-se os quadros sucintos das

    composições e as designações adoptadas.

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-13

    Tabela 4-8 – Quantidades dos diversos componentes, por m3 de betão, para os betões de máxima dimensão 12,7mm

    Designações / Quantidades 12,7-0,19-0,30 12,7-0,19-0,34 12,7-0,16-0,30 12,7-0,16-0,34

    Cimento [kg] 340 340 285 285

    Cinzas volantes [kg] 146 146 122 122

    SV 3000 [l] 6,87 6,87 5,76 5,76

    Areia média [kg] 754 656 830 728

    Areão [kg] 350 395 306 353

    Brita 1 [kg] 483 547 526 593

    Água [l] 189 190 192 191

    Tabela 4-9– Quantidades dos diversos componentes, por m3 de betão, para os betões de máxima dimensão 19,1mm

    Designações / Quantidades 19,1-0,19-0,30 19,1-0,19-0,32 19,1-0,16-0,30 19,1-0,16-0,32

    Cimento [kg] 340 340 285 285

    Cinzas volantes [kg] 146 146 122 122

    SV 3000 [l] 6,87 6,87 5,76 5,76

    Areia média [kg] 727 680 824 772

    Areão [kg] 464 496 436 467

    Brita 2 [kg] 395 421 412 438

    Água [l] 190 188 190 187

    Tabela 4-10 – Quantidades dos diversos componentes, por m3 de betão, para o betão BNS3

    Designações / Quantidades BNS3

    Cimento [kg] 315

    Cinzas volantes [kg] 80

    SV 3000 [l] 5,02

    Areia média [kg] 775

    Areão [kg] 446

    Brita 2 [kg] 623

    Água [l] 145

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-14

    Figura 4-5 – Misturadora de eixo vertical

    As amassaduras foram realizadas numa misturadora de eixo vertical com capacidade

    nominal de 30 litros. Os materiais sólidos foram colocados no tambor da

    misturadora, por camadas alternadas na sequência brita, areia, cimento, cinzas e

    areão, tendo-se adicionado aproximadamente 80% da água de amassadura. Colocou-

    se a misturadora em funcionamento durante 1,5 minutos, findo os quais, se adicionou

    a restante água e o superplastificante, retomando a mistura durante mais 3,5 minutos.

    Em cada amassadura foi realizado um volume de 0,021m3 de betão. Com esse betão

    realizaram-se os ensaios de Slump Flow, e L Box, para verificação da auto-

    compactação, o ensaio para determinação do volume de vazios do betão fresco,

    através do aerómetro para betão e finalmente preparados 10 provetes cúbicos de

    10cm de aresta, para posterior realização de ensaios de compressão.

    4.3.1 Slump Flow

    O ensaio de Slump Flow realiza-se da seguinte forma: enche-se o cone de Abrams,

    sem apiloar o betão; retira-se o cone; cronometra-se o tempo até o betão atingir um

    diâmetro de 50cm (T50cm ) e o tempo até o betão parar (Ttotal). Finalmente medem-se

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-15

    os diâmetros finais, em duas direcções ortogonais (D1 e D2), e determina-se a média

    (Dfinal) que designará por Slump Flow.

    Figura 4-6 – Ensaio de Slump Flow

    O T50cm , o tempo para o betão atingir os 50cm de diâmetro, deve estar compreendido

    entre 1 e 2s [Sonebi et al., 1999]. O Slump Flow deve ser 660±60mm [Petersson et

    al., 1998].

    4.3.2 L Box

    A L Box utilizada está representada na figura 4-7, utilizaram-se 3 varões de aço

    nervurado com 12mm de diâmetro espaçados de 41mm.

    O ensaio L Box realiza-se da seguinte forma: enche-se a parte vertical da caixa com

    12 litros de betão; deixa-se repousar um pouco; abre-se a comporta de ligação entre a

    parte vertical e a horizontal; cronometra-se o tempo que passa até o betão atingir os

    50cm (T50cm ) e o tempo até o betão parar (Ttotal); mede-se a altura de betão no início

    (H1) e no fim da caixa (H2).

    Existem dois critérios, a razão H2/H1 superior a 60% [David, 1999] e a diferença

    600-H1 superior a 490mm [Petersson et al., 1998], sendo o primeiro o mais

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-16

    divulgado e utilizado.

    Figura 4-7 – Ensaio de L Box. a) adaptado de [Petersson et al., 1998]

    4.3.3 Volume de vazios do betão fresco

    A determinação do volume de vazios do betão fresco foi realizada utilizando o

    método da pressão. Na figura 4-8 está representado o aerómetro para betão utilizado.

    O procedimento para a realização do ensaio consistiu em: encher o recipiente com o

    betão, deixando a superfície completamente rasa; fechar o aerómetro mantendo os

    orifícios da tampa abertos; preencher com água o volume restante do recipiente e

    fechar os orifícios; introduzir uma determinada pressão na câmara superior; fazer a

    ligação entre as duas câmaras através da alavanca existente na tampa e finalmente ler

    no mostrador a percentagem de ar contida no interior do betão.

    3φφφφ12 // 41mm

    a)

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-17

    Figura 4-8 – Aerómetro para betão

    4.3.4 Provetes, cura e ensaio de resistência à compressão

    Após a amassadura, o betão foi colocado, sem qualquer tipo de vibração, em moldes

    de 10cm de aresta, que permaneceram durante 24 horas ao ar livre, à temperatura

    ambiente. De seguida os provetes foram desmoldados e colocados dentro de água,

    numa câmara de cura, à temperatura aproximada de 21ºC, até à data do ensaio de

    resistência à compressão.

    Os procedimentos utilizados na realização dos ensaios de resistência à compressão

    foram os especificados na E226 do LNEC [E226, 1968]. Estes ensaios à compressão

    foram realizados, no betão com idade de 3, 7, 14, 28 e 56 dias. Em cada idade foram

    ensaiados 2 provetes.

  • Materiais usados e ensaios realizados

    Betão auto-compactável–- Metodologia de composição 4-18

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-1

    5. RESULTADOS E ANÁLISE DE RESULTADOS 5-3

    5.1 ENSAIOS COM PASTAS 5-3

    5.1.1 PASTA DE CONSISTÊNCIA NORMAL 5-3

    5.1.2 CONE DE MARSH 5-9

    5.1.3 ESPALHAMENTO EM PASTAS 5-13

    5.2 ENSAIOS COM BETÃO FRESCO 5-17

    5.2.1 SLUMP FLOW 5-18

    5.2.2 L BOX 5-22

    5.2.3 VOLUME DE VAZIOS DO BETÃO FRESCO 5-24

    5.3 ENSAIOS COM BETÃO ENDURECIDO 5-26

    5.3.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 5-26

    5.3.2 HOMOGENEIDADE E ACABAMENTO DAS SUPERFÍCIE 5-31

    5.3.3 INTERFACE PASTA/MATERIAL GRANULAR 5-37

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-2

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-3

    5. Resultados e análise de resultados

    5.1 Ensaios com pastas

    Com estes ensaios pretende-se verificar o efeito das cinzas volantes na fluidez e

    deformabilidade das pastas, o efeito dos superplastificantes, da família dos

    carboxilatos modificados, sobre as cinzas volantes e sobre o cimento e ainda estimar

    as dosagens óptimas de superplastificante.

    5.1.1 Pasta de consistência normal

    Este ensaio foi realizado de acordo com o especificado no capítulo 4 Materiais

    usados e ensaios realizados e visa a determinação da quantidade de água necessária

    para a obtenção de uma pasta de consistência normal.

    Os resultados obtidos na realização deste ensaio são os apresentados nas tabelas 5-1,

    5-2, 5-3 e 5-4.

    Tabela 5-1 – Composições das pastas e resultados do ensaio de consistência normal, com a utilização do Superplastificante SV 3010 e CV/(C+CV)=0,0

    CV/(C+CV)=0,0 SV 3010

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] A/C A+Ad [g] (A+Ad)/(C+CV)

    500 135 0,0% 0,00 0,27 135,00 0,27

    500 124 0,5% 2,50 0,25 126,50 0,25

    500 117 1,0% 5,00 0,23 122,00 0,24

    500 111 1,5% 7,50 0,22 118,50 0,24

    500 104 2,0% 10,00 0,21 114,00 0,23

    500 100 2,5% 12,50 0,20 112,50 0,23

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-4

    Tabela 5-2 - Composições das pastas e resultados do ensaio de consistência normal, com a utilização do Superplastificante SV 3010 e CV/(C+CV)=0,3

    CV/(C+CV)=0,3 SV 3010

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] A/C A+Ad [g] (A+Ad)/(C+CV)

    350 + 150 121 0,0% 0,00 0,24 121,00 0,24

    350 + 150 114 0,5% 2,50 0,23 116,50 0,23

    350 + 150 100 1,0% 5,00 0,20 105,00 0,21

    350 + 150 98 1,5% 7,50 0,20 105,50 0,21

    350 + 150 82 2,0% 10,00 0,16 92,00 0,18

    350 + 150 80 2,5% 12,50 0,16 92,50 0,19

    Tabela 5-3 – Composições das pastas e resultados do ensaio de consistência normal, com a utilização do Superplastificante SV 3000 e CV/(C+CV)=0,0

    CV/(C+CV)=0,0 SV 3000

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] A/C A+Ad [g] (A+Ad)/(C+CV)

    500 135 0,0% 0,00 0,27 135,00 0,27

    500 124 0,5% 2,50 0,25 126,50 0,25

    500 117 1,0% 5,00 0,23 122,00 0,24

    500 110 1,5% 7,50 0,22 117,50 0,24

    500 104 2,0% 10,00 0,21 114,00 0,23

    500 101 2,5% 12,50 0,20 113,50 0,23

    Tabela 5-4 - Composições das pastas e resultados do ensaio de consistência normal, com a utilização do Superplastificante SV 3000 e CV/(C+CV)=0,3

    CV/(C+CV)=0,3 SV 3000

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] A/C A+Ad [g] (A+Ad)/(C+CV)

    350 + 150 121 0,0% 0,00 0,24 121,00 0,24

    350 + 150 114 0,5% 2,50 0,23 116,50 0,23

    350 + 150 99 1,0% 5,00 0,20 104,00 0,21

    350 + 150 97 1,5% 7,50 0,19 104,50 0,21

    350 + 150 83 2,0% 10,00 0,17 93,00 0,19

    350 + 150 80 2,5% 12,50 0,16 92,50 0,19

    As figuras 5-1 e 5-2 representam a relação entre a dosagem de superplastificante e a

    razão (A+Ad)/(C+CV) para os dois tipos de misturas ligantes. Da análise destas

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-5

    figuras ressalta de imediato que os superplastificantes SV 3010 e SV 3000 têm

    comportamentos muito semelhantes, razão pela qual iremos fazer um comentário

    único para os dois tipos de superplastificante.

    Figura 5-1 – Representação dos resultados dos ensaios de consistência normal. Dosagem de superplastificante SV 3010 [%] vs. (A+Ad)/(C+CV)

    Figura 5-2 – Representação dos resultados dos ensaios de consistência normal. Dosagem de superplastificante SV 3000 [%] vs. (A+Ad)/(C+CV)

    Através da análise dos resultados representados nestes gráficos pode concluir-se que

    Superplastificante SV 3000

    y = -1,7086x + 0,2642

    y = -2,4286x + 0,2409

    0,16

    0,18

    0,20

    0,22

    0,24

    0,26

    0,28

    0,0% 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% 2,5%

    Dosagem de superplastificante [%]

    (A+A

    d)/

    (C+C

    V)

    CV/(C+CV)=0,0 CV/(C+CV)=0,3

    R. Linear CV/(C+CV=0.0 R. Linear CV/(C+CV)=0.3

    Superplastificante SV 3010

    y = -1,7543x + 0,2648

    y = -2,4629x + 0,2416

    0,16

    0,18

    0,20

    0,22

    0,24

    0,26

    0,28

    0,0% 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% 2,5%

    Dosagem de superplastificante [%]

    (A+A

    d)/

    (C+C

    V)

    CV/(C+CV)=0,0 CV/(C+CV)=0,3

    R. Linear CV/(C+CV)=0.0 R. Linear CV/(C+CV)=0.3

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-6

    os superplastificantes tem um efeito na redução da quantidade de água necessária

    para a realização de pastas de consistência normal, tanto quando estas são compostas

    só por cimento como quando são composta por uma mistura de cimento e cinzas

    volantes.

    Relativamente à acção sobre as pastas compostas só por cimento não conseguimos

    concluir qual a dosagem de superplastificante que optimiza o seu efeito. Quando

    muito referir que até à dosagem de 0,5% temos um efeito mais intenso, o declive do

    troço 0,0 – 0,5% é o maior, e que dosagens superiores a 2,0% não conduzem a

    reduções de água significativas.

    No que diz respeito às pastas compostas por mistura de cimento e cinzas volantes

    aparecem patamares em que o aumento de dosagens de superplastificante não

    implica reduções na quantidade de água necessária para a realização de pastas de

    consistência normal, no entanto, parece claro, que dependendo da dosagem de

    superplastificante, este tem efeito, não só, sobre as partículas de cimento, mas

    também, sobre as cinzas volantes, e que este é superior ao observado sobre as

    partículas de cimento. Esta afirmação baseia-se no facto da recta de regressão linear

    representativa de CV/(C+CV)=0,30 ter um declive, em valor absoluto, superior à

    recta de regressão linear representativa de CV/(C+CV)=0.

    Tabela 5-5 – Valores das regressões lineares e respectivos quadrados do coeficiente de regressão linear, R2, representadas nas figuras 5-1 e 5-2

    Superplastificante CV/(C+CV) R. Linear R2

    0,0 (A+Ad)/(C+CV) = -1,7086*D.S.[%] + 0,2642 0,93 SV 3000

    0,3 (A+Ad)/(C+CV) = -2,4286*D.S.[%] + 0,2409 0,94

    0,0 (A+Ad)/(C+CV) = -1,7543*D.S.[%] + 0,2648 0,95 SV 3010

    0,3 (A+Ad)/(C+CV) = -2,4629*D.S.[%] + 0,2416 0,93

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-7

    A substituição de cimento por cinzas volantes conduz a reduções de água

    independentemente da utilização de superplastificantes, a razão (A+Ad)/(C+CV)

    com Ad = 0,0 diminui de 0,27 para 0,24, redução essa que somente se pode justificar

    pela utilização de cinzas volantes. Esta constatação está de acordo com o

    normalmente preconizado, a obtenção de uma trabalhabilidade de referência num

    betão com a utilização de cinzas volantes consegue-se com menor quantidade de

    água do que a necessária para um betão sem cinzas.

    Apresentam-se nas figuras 5-3 e 5-4 os gráficos de variação da razão

    (A+Ad)/(C+CV) em função do ligante utilizado, só cimento ou mistura de 70% de

    cimento com 30% de cinzas volantes. A avaliação destas figuras permite realçar que,

    para qualquer dosagem de superplastificante, mesmo pastas sem superplastificante, a

    adição de cinzas volantes conduz a menor consumo de água para a realização de

    pastas de consistência normal. Para a mesma dosagem de superplastificante todas as

    razões (A+Ad)/(C+CV) determinadas em pastas só com cimento são maiores do que

    as determinadas em mistura de cimento com cinzas na proporção CV/(C+CV)=0,3.

    Figura 5-3 - Representação dos resultados dos ensaios de consistência normal. CV/(C+CV) vs. (A+AD)/(C+CV) com a utilização de superplastificante SV 3010

    Superplastificante SV 3010

    0,16

    0,18

    0,20

    0,22

    0,24

    0,26

    0,28

    0,0 0,3

    CV/(C+CV)

    (A+A

    d)/

    (C+C

    V))

    SP=0,0% SP=0,50% SP=1,0% SP=1,5% SP=2,0% SP=2,5%

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-8

    A redução na razão (A+Ad)/(C+CV) quando a pasta é constituída só por cimento é

    no máximo de 0,045 para a dosagem de 2,5% de superplastificante, enquanto que

    quando a pasta é constituída por a mistura de 70% de cimento e 30% de cinzas

    volantes a redução na razão (A+Ad)/(C+CV) é de 0,057 para a mesma dosagem de

    superplastificante. Isto indica-nos que o efeito do superplastificante, na redução da

    água necessária para a realização da pasta de consistência normal, é maior nas cinzas

    volantes do que no cimento.

    Figura 5-4 - Representação dos resultados dos ensaios de consistência normal. CV/(C+CV) vs. (A+AD)/(C+CV) com a utilização de superplastificante SV 3000

    Nas tabelas 5-6 e 5-7 apresentam-se os cálculos dos declives dos diversos troços

    representados nas figuras 5-3 e 5-4, respectivamente. A análise dos declives dos

    diversos troços demonstra que a dosagem de superplastificante que mais aumenta o

    efeito de redução de água, nas pastas constituídas por mistura de cimento e cinzas

    volantes, é de 2%, tanto para o SV 3010 como para o SV 3000. À dosagem de 2%

    de superplastificante corresponde o máximo valor absoluto do declive. Para a

    dosagem de 2,5% o declive é menor o que significa que para dosagem superior a 2%

    não se verifica nenhum ganho na redução de água.

    Superplastificante SV 3000

    0,16

    0,18

    0,20

    0,22

    0,24

    0,26

    0,28

    0,0 0,3

    CV/(C+CV)

    (A+A

    d)/

    (C+C

    V)

    SP=0,0% SP=0,50% SP=1,0% SP=1,5% SP=2,0% SP=2,5%

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-9

    Tabela 5-6 – Cálculo dos declives dos troços representados nas figuras 5-3

    SV 3010 CV/(C+CV)

    % (C+CV) (A+Ad)/(C+CV) Declive do troço

    0,0 0,27

    0,3 SP=0,0%

    0,24 -0,0933

    0,0 0,25

    0,3 SP=0,50%

    0,23 -0,0667

    0,0 0,24

    0,3 SP=1,0%

    0,21 -0,1133

    0,0 0,24

    0,3 SP=1,5%

    0,21 -0,0867

    0,0 0,23

    0,3 SP=2,0%

    0,18 -0,1467

    0,0 0,23

    0,3 SP=2,5%

    0,19 -0,1333

    Tabela 5-7 - Cálculo dos declives dos troços representados nas figuras 5 -4

    SV 3000 CV/(C+CV)

    % (C+CV) (A+Ad)/(C+CV) Declive do troço

    0,0 0,27

    0,3 SP=0,0%

    0,24 -0,0933

    0,0 0,25

    0,3 SP=0,50%

    0,23 -0,0667

    0,0 0,24

    0,3 SP=1,0%

    0,21 -0,1200

    0,0 0,24

    0,3 SP=1,5%

    0,21 -0,0867

    0,0 0,23

    0,3 SP=2,0%

    0,19 -0,1400

    0,0 0,23

    0,3 SP=2,5%

    0,19 -0,1400

    5.1.2 Cone de Marsh

    Este ensaio foi realizado de acordo com o especificado no capítulo 4 Materiais

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-10

    usados e ensaios realizados e, com ele, pretende-se determinar a combinação

    dosagem de superplastificante/composição da pasta que conduz à máxima fluidez.

    As composições das caldas e os resultados obtidos neste ensaio são os apresentados

    nas tabelas 5-8 a 5-11.

    O caudal médio de escoamento (Qm) representado por 500/Tescoamento é uma grandeza

    que se relaciona directamente com a fluidez das caldas, ou seja, quanto maior for o

    caudal médio de escoamento maior será a fluidez.

    Tabela 5-8 – Composições das caldas e resultados do ensaio de cone de Marsh, com a utilização do Superplastificante SV 3010 e CV/(C+CV)=0,0

    CV/(C+CV)=0,0 SV 3010

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] (A+Ad)/(C+CV) Tescoamento [s] Qm [cm3/s]

    1700,0 595,0 0,0% 0,0 0,35 -- 0,0

    1700,0 586,5 0,5% 8,5 0,35 20,0 25,0

    1700,0 578,0 1,0% 17,0 0,35 9,0 55,5

    1700,0 569,5 1,5% 25,5 0,35 8,2 61,0

    1700,0 561,0 2,0% 34,0 0,35 8,2 61,0

    1700,0 552,5 2,5% 42,5 0,35 8,2 61,0

    Tabela 5-9 – Composições das caldas e resultados do ensaio de cone de Marsh, com a utilização do Superplastificante SV 3010 e CV/(C+CV)=0,3

    CV/(C+CV)=0,3 SV 3010

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] (A+Ad)/(C+CV) Tescoamento [s] Qm [cm3/s]

    1100,0 + 471,4 550,0 0,0% 0,0 0,35 99,0 5,1

    1100,0 + 471,4 542,1 0,5% 7,9 0,35 6,6 75,8

    1100,0 + 471,4 534,3 1,0% 15,7 0,35 6,0 83,3

    1100,0 + 471,4 526,4 1,5% 23,6 0,35 6,2 80,6

    1100,0 + 471,4 518,6 2,0% 31,4 0,35 6,6 75,8

    1100,0 + 471,4 510,7 2,5% 39,3 0,35 6,6 75,8

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-11

    Tabela 5-10 – Composições das caldas e resultados do ensaio de cone de Marsh, com a utilização do Superplastificante SV 3000 e CV/(C+CV)=0,0

    CV/(C+CV)=0,0 SV 3000

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] (A+Ad)/(C+CV) Tescoamento [s] Qm [cm3/s]

    1700,0 595,0 0,0% 0,0 0,35 -- 0,0

    1700,0 586,5 0,5% 8,5 0,35 15,4 32,5

    1700,0 578,0 1,0% 17,0 0,35 8,6 58,1

    1700,0 569,5 1,5% 25,5 0,35 8,8 56,8

    1700,0 561,0 2,0% 34,0 0,35 8,0 62,5

    1700,0 552,5 2,5% 42,5 0,35 8,6 58,1

    Tabela 5-11 - Composições das caldas e resultados do ensaio de cone de Marsh, com a utilização do Superplastificante SV 3000 e CV/(C+CV)=0,3

    CV/(C+CV)=0,3 SV 3000

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] (A+Ad)/(C+CV) Tescoamento [s] Qm [cm3/s]

    1100,0 + 471,4 550,0 0,0% 0,0 0,35 99,0 5,1

    1100,0 + 471,4 542,1 0,5% 7,9 0,35 6,6 75,8

    1100,0 + 471,4 534,3 1,0% 15,7 0,35 6,0 83,3

    1100,0 + 471,4 526,4 1,5% 23,6 0,35 6,2 80,6

    1100,0 + 471,4 518,6 2,0% 31,4 0,35 6,4 78,1

    1100,0 + 471,4 510,7 2,5% 39,3 0,35 6,0 83,3

    Nas figuras 5-5 e 5-6 estão representadas as relações entre a dosagem de

    superplastificante e o caudal médio de escoamento para os dois tipos de misturas

    ligantes.

    Da análise das figuras 5-5 e 5-6 ressalta que os superplastificantes SV 3010 e SV

    3000 têm comportamentos muito semelhantes, razão pela qual se fará um comentário

    único para os dois tipos de superplastificante.

    Os resultados representados nas figuras 5-5 e 5-6 demonstram que as cinzas volantes

    melhoram a fluidez das caldas, uma vez que o caudal médio de escoamento das

    caldas compostas por mistura de cimento e cinzas volantes é sempre superior ao

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-12

    caudal médio das caldas compostas só por cimento.

    Figura 5-5 - Representação dos resultados dos ensaios de cone de Marsh. Dosagem de superplastificante SV 3010 [%] vs. Qm [cm3/s]

    .

    Figura 5-6 - Representação dos resultados dos ensaios de cone de Marsh. Dosagem de superplastificante SV 3000 [%] vs. Qm [cm3/s]

    Além disso, o superplastificante actua sobre as cinzas volantes, pois o acréscimo do

    caudal médio de escoamento das caldas compostas por mistura de cimento e cinzas

    volantes, quando se adjuva superplastificante, é superior ao acréscimo do caudal

    Superplastificante SV 3010

    0,0

    15,0

    30,0

    45,0

    60,0

    75,0

    90,0

    0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

    Dosagem de superplastificante [%]

    Qm

    [cm

    3 /s]

    CV/(C+CV)=0,0 CV/(C+CV)=0,3

    Superplastificante SV 3000

    0,0

    15,0

    30,0

    45,0

    60,0

    75,0

    90,0

    0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

    Dosagem de superplastificante [%]

    Qm

    [cm

    3 /s]

    CV/(C+CV)=0,0 CV/(C+CV)=0,3

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-13

    médio das caldas compostas só por cimento, independentemente da dosagem de

    superplastificante.

    Nas caldas compostas só por cimento, a dosagem de superplastificante igual a 1,0%,

    conduz à fluidez máxima, pois para dosagens de superplastificante superiores o

    caudal médio de escoamento mantém-se constante.

    No que diz respeito às caldas compostas por mistura de cimento e cinzas volantes a

    fluidez máxima também se obtém com dosagem de superplastificante de 1%,

    contudo o aumento do valor do caudal médio é reduzido quando se aumenta a

    dosagem de superplastificante de 0,5% para 1%. O facto de para estas caldas a

    dosagem de superplastificante que conduz à fluidez máxima ser menor do que para

    as caldas compostas só por cimento, indica que o superplastificante é mais eficaz nas

    cinzas volantes do que no cimento.

    5.1.3 Espalhamento em pastas

    Este ensaio foi realizado de acordo com o especificado no capítulo 4 Materiais

    usados e ensaios realizados e, com ele, procura-se aferir a capacidade de deformação

    das pastas em função da dosagem de superplastificante e do tipo de material ligante.

    As composições das pastas e os resultados obtidos neste ensaio são os apresentados

    nas tabelas 5-12 a 5-15.

    Nas figuras 5-7 e 5-8 estão representadas as relações entre a dosagem de

    superplastificante e o índice de espalhamento (Γm) para os dois tipos de misturas

    ligantes. O índice Γm é utilizado como grandeza indicadora da capacidade de

    deformação da pasta, e quanto maior for maior será a deformabilidade da pasta.

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-14

    Neste ensaio pode verificar-se que os dois superplastificantes utilizados conduzem a

    resultados algo diferentes.

    Tabela 5-12 - Composições das pastas e resultados do ensaio de espalhamento, com a utilização do Superplastificante SV 3010 e CV/(C+CV)=0,0

    CV/(C+CV)=0,0 SV 3010

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] (A+Ad)/(C+CV) D1 [mm] D2 [mm] ΓΓΓΓm

    700,0 210,0 0,0% 0,0 0,30 100 100 0,00

    700,0 206,5 0,5% 3,5 0,30 103 105 0,08

    700,0 203,0 1,0% 7,0 0,30 105 105 0,10

    700,0 199,5 1,5% 10,5 0,30 105 105 0,10

    700,0 196,0 2,0% 14,0 0,30 130 135 0,76

    700,0 192,5 2,5% 17,5 0,30 162 164 1,66

    Tabela 5-13 - Composições das pastas e resultados do ensaio de espalhamento, com a utilização do Superplastificante SV 3010 e CV/(C+CV)=0,3

    CV/(C+CV)=0,3 SV 3010

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] (A+Ad)/(C+CV) D1 [mm] D2 [mm] ΓΓΓΓm

    490,0 + 210,0 210,0 0,0% 0,0 0,30 108 106 0,14

    490,0 + 210,0 206,5 0,5% 3,5 0,30 158 157 1,48

    490,0 + 210,0 203,0 1,0% 7,0 0,30 290 280 7,12

    490,0 + 210,0 199,5 1,5% 10,5 0,30 374 370 12,84

    490,0 + 210,0 196,0 2,0% 14,0 0,30 385 377 13,51

    490,0 + 210,0 192,5 2,5% 17,5 0,30 392 391 14,33

    Tabela 5-14 - Composições das pastas e resultados do ensaio de espalhamento, com a utilização do Superplastificante SV 3000 e CV/(C+CV)=0,0

    CV/(C+CV)=0,0 SV 3000

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] (A+Ad)/(C+CV) D1 [mm] D2 [mm] ΓΓΓΓm

    700,0 210,0 0,0% 0,0 0,30 100 100 0,00

    700,0 206,5 0,5% 3,5 0,30 104 102 0,06

    700,0 203,0 1,0% 7,0 0,30 109 108 0,18

    700,0 199,5 1,5% 10,5 0,30 124 126 0,56

    700,0 196,0 2,0% 14,0 0,30 134 136 0,82

    700,0 192,5 2,5% 17,5 0,30 150 150 1,25

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-15

    Tabela 5-15 - Composições das pastas e resultados do ensaio de espalhamento, com a utilização do Superplastificante SV 3000 e CV/(C+CV)=0,3

    CV/(C+CV)=0,3 SV 3000

    (C+CV) [g] A [g]

    % (C+CV) Ad [g] (A+Ad)/(C+CV) D1 [mm] D2 [mm] ΓΓΓΓm

    490,0 + 210,0 210,0 0,0% 0,0 0,30 108 106 0,14

    490,0 + 210,0 206,5 0,5% 3,5 0,30 152 151 1,30

    490,0 + 210,0 203,0 1,0% 7,0 0,30 222 216 3,80

    490,0 + 210,0 199,5 1,5% 10,5 0,30 281 276 6,76

    490,0 + 210,0 196,0 2,0% 14,0 0,30 333 331 10,02

    490,0 + 210,0 192,5 2,5% 17,5 0,30 333 334 10,12

    Figura 5-7 Representação dos resultados dos ensaios de espalhamento em pastas. Dosagem de superplastificante SV 3000 [%] vs. Γm

    Figura 5-8 Representação dos resultados dos ensaios de espalhamento em pastas. Dosagem de superplastificante SV 3000 [%] vs. Γm

    Superplastificante SV 3010

    0,00

    2,50

    5,00

    7,50

    10,00

    12,50

    15,00

    0,0% 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% 2,5%

    Dosagem de superplastificante [%]

    Γ ΓΓΓm

    CV/(C+CV)=0 CV/(C+CV)=0,30

    Superplastificante SV 3000

    0,00

    2,50

    5,00

    7,50

    10,00

    12,50

    15,00

    0,0% 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% 2,5%

    Dosagem de superplastificante [%]

    Γ ΓΓΓm

    CV/(C+CV)=0 CV/(C+CV)=0,30

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-16

    Está claramente definido nos gráficos apresentados nas figuras 5-7 e 5-8, que as

    pastas compostas por mistura de cimento e cinzas volantes têm maior capacidade de

    deformabilidade do que as pastas compostas só por cimento. Para pastas sem

    superplastificante o índice Γm apresenta valores semelhantes independentemente do

    tipo de ligante. Então a maior capacidade de deformabilidade das pastas compostas

    por mistura de cimento e cinzas pode justificar-se pelo facto do superplastificante ser

    mais eficaz sobre as cinzas do que sobre o cimento.

    Nas pastas compostas só por cimento, independentemente do tipo de

    superplastificante utilizado, o índice Γm é quase directamente proporcional à

    dosagem de superplastificante. Já nas pastas compostas por mistura de cimento e

    cinzas volantes essa relação já não se apresenta linear em todo o seu domínio, no

    entanto, conduz a valores de Γm sempre superiores ao das pastas compostas só por

    cimento.

    Para as pastas compostas por mistura de cimento e cinzas volantes a utilização de

    0,5% de superplastificante não produz grande efeito na deformabilidade da pasta,

    tanto com o uso do SV 3010 como com o uso do SV 3000. Contudo a

    deformabilidade atingida em pastas com cinzas e 0,5% de superplastificante é

    semelhante à das pastas sem cinzas para valores de superplastificante de 2,5%. Com

    a utilização de dosagens de superplastificante superiores o SV 3010 tem um efeito

    superior ao SV 3000.

    Nas pastas compostas por mistura de cimento e cinzas volantes, a dosagem de

    superplastificante que leva à máxima deformabilidade é aproximadamente igual a

    1,5%, no caso do SV 3010, e 2,0% no caso do SV 3000, pois para dosagens de

    superplastificante superiores a deformabilidade é praticamente constante. É de

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-17

    referir que embora o SV 3010 conduzir a maior deformabilidade, as pastas

    produzidas com o SV 3000 apresentavam um aspecto macroscópico mais

    homogéneo.

    5.2 Ensaios com betão fresco

    Os ensaios realizados com betões frescos visam aferir os parâmetros intervenientes

    na metodologia proposta neste trabalho (ver capítulo 3).

    Antes de se fazer uma apresentação dos resultados obtidos em cada um dos ensaios

    realizados, importa referir algumas características das amassaduras realizadas,

    nomeadamente, a percentagem de cimento mais adições, a quantidade de grossos e a

    máxima dimensão do agregado presente na mistura. Estas características

    apresentam-se na tabela 5-16.

    Foram realizados betões com máxima dimensão dos agregados 12,7 e 19,1mm, uma

    vez que são valores correntemente utilizados.

    O volume de pó está compreendido entre 0,16 e 0,19m3como consequência o

    parâmetro F varia entre 0 a –4. O volume de agregados grossos foi limitado entre

    0,30 a 0,34m3 para agregados com máxima dimensão 12,7mm e entre 0,30 a 0,32m3

    para agregados com máxima dimensão 19,1mm, para isso o parâmetro G variou entre

    0 e –6. A definição destes valores tem por base os critérios propostos por Okamura

    [Okamura et al., 1995] e pela JSCE [JSCE, 1998], no entanto estes não são

    rigorosamente verificados.

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-18

    Tabela 5-16 – Características das amassaduras realizadas

    Parâmetros Amassadura

    F G pc+s [%]

    Quantidade de grossos [m3/m3] Dmáx [mm]

    12,7-0,19-0,30 -4 0 22,5 0,30 12,7

    12,7-0,19-0,34 -4 -6 22,4 0,34 12,7

    12,7-0,16-0,30 0 0 18,9 0,30 12,7

    12,7-0,16-0,34 0 -6 18,8 0,34 12,7

    19,1-0,19-0,30 -4 -1 22,5 0,30 19,1

    19,1-0,19-0,32 -4 -4 22,4 0,32 19,1

    19,1-0,16-0,30 0 0 18,8 0,30 19,1

    19,1-0,16-0,32 0 -3 18,7 0,32 19,1

    5.2.1 Slump Flow

    Com a realização deste ensaio pretende-se avaliar a capacidade de deformação e a

    fluidez do betão, ou seja, a capacidade de auto-compactação. Deve-se notar que este

    ensaio por si só não é suficiente para se afirmar que um betão é ou não auto-

    compactável. Para isso é necessária a associação com outros ensaios como o L Box.

    O ensaio Slump Flow foi realizado conforme o descrito no capítulo 4 Materiais

    usados e ensaios realizados. Na tabela 5-17 apresentam-se os resultados obtidos no

    ensaio de Slump Flow.

    Figura 5-9 – Ensaio de Slump Flow. Verificação da não existência de exsudação

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-19

    Tabela 5-17 – Resultados obtidos no ensaio de Slump Flow ( a) Sem segregação ou agregação; b) Muito cascalhudo; c) Com segregação )

    Slump Flow Amassadura

    T50cm [s] T total [s] D1 [mm] D2 [mm] D final [mm] Observações

    12,7-0,19-0,30 1,5 9,5 646 638 642 a)

    12,7-0,19-0,34 1,5 10,5 665 680 673 a)

    12,7-0,16-0,30 1 12 680 670 675 a)

    12,7-0,16-0,34 1,5 10 662 660 661 b)

    19,1-0,19-0,30 1,5 11 640 645 643 a)

    19,1-0,19-0,32 1 8 650 640 645 a)

    19,1-0,16-0,30 1 13 652 670 661 a)

    19,1-0,16-0,32 1 11 673 684 679 b) c)

    Verifica-se que todas as amassaduras apresentam um diâmetro final dentro dos

    valores aceitáveis (entre 600 e 720mm), o que demonstra que todos estes betões

    possuem uma boa capacidade de deformação. À excepção dos betões 12,7-0,16-0,34

    e 19,1-0,16-0,32 , que são muito cascalhudos e o último exibe alguma segregação,

    todos os outros se apresentam sem segregação ou exsudação, como se exemplifica na

    figura 5-9.

    Figura 5-10 – Ensaio de Slump Flow para betões com Dmáx. = 12,7mm

    Ensaio de Slump Flow

    630

    640

    650

    660

    670

    680

    12,7-

    0,19-

    0,30

    12,7-

    0,19-

    0,34

    12,7-

    0,16-

    0,30

    12,7-

    0,16-

    0,34

    Betões com Dmáx. =12,7mm

    Diâ

    met

    ro F

    inal

    [m

    m]

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-20

    Figura 5-11 – Ensaio de Slump Flow para betões com Dmáx. = 19,1mm

    Por análise das figuras 5-10 e 5-11, atesta-se que, para a mesma quantidade de pó, o

    diâmetro final aumenta com a quantidade de agregados grossos presentes na mistura,

    e que, para a mesma quantidade de agregados grossos, o diâmetro final aumenta com

    a diminuição da quantidade de pó, excepção feita ao betão 12,7 -0,16-0,34.

    Na figura 5-12 está representada a relação entre a razão volumétrica Grossos/Pó e o

    diâmetro final obtido no Slump Flow. Quando se trata de betões com máxima

    dimensão dos agregados de 19,1mm o Slump Flow aumenta com o incremento da

    razão volumétrica Grossos/Pó. Esse incremento é superior quando se trata de betões

    com máxima dimensão do agregado 12,7mm, no entanto, existe um valor máximo

    para a razão volumétrica Grossos/Pó, compreendido entre 1,88 e 2,13, a partir da

    qual o Slump Flow diminui.

    Na figura 5-13 está representada a relação entre o volume da pasta e o diâmetro final

    obtido no ensaio Slump Flow. Nos betões com máxima dimensão dos agregados de

    19,1mm o Slump Flow diminui com o aumento de pasta presente no betão, o que se

    Ensaio de Slump Flow

    630

    640

    650

    660

    670

    680

    19,1-

    0,19-

    0,30

    19,1-

    0,19-

    0,32

    19,1-

    0,16-

    0,30

    19,1-

    0,16-

    0,32

    Betões com Dmáx = 19,1mm

    Diâ

    met

    ro F

    inal

    [m

    m]

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-21

    justifica pelo facto de o aumento relativo de pó, conduzir a um aumento de pasta, que

    por sua vez vai conferir uma maior coesão à mistura, diminuindo a fluidez, e como

    consequência, os resultados do Slump Flow são menores.

    Figura 5-12 – Relação entre a razão volumétrica Grossos/Pó e o Slump Flow

    Figura 5-13 – Relação entre o volume da pasta e o Slump Flow

    Para os betões de máxima dimensão dos agregados 12,7mm existe um acréscimo no

    valor do Slump Flow quando se passa de um volume de pasta de 0,384m3 para

    640

    645

    650

    655

    660

    665

    670

    675

    680

    685

    0,380

    0,385

    0,390

    0,395

    0,400

    0,405

    0,410

    0,415

    0,420

    Volume da Pasta [m3]

    Slu

    mp

    Flo

    w [

    mm

    ]

    Dmáx=12.7mm Dmáx=19.1mm

    640

    645

    650

    655

    660

    665

    670

    675

    680

    685

    1,40 1,60 1,80 2,00 2,20

    Grossos/Pó [m3/m3]

    Slu

    mp

    Flo

    w [

    mm

    ]

    Dmáx=12.7mm Dmáx=19.1mm

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-22

    0,390m3. Este facto pode justificar-se pela circunstância de se utilizar um agregado

    mais fino e por isso com uma superfície específica maior, quando comparada com a

    superfície do agregado de máxima dimensão 19,1mm, e por isso necessitar de maior

    volume de pasta para lubrificar as partículas grossas e facilitar o fluxo. Observa-se

    de seguida um ligeiro decréscimo do Slump Flow com o aumento do volume de pasta

    até 0,410m3, valor a partir do qual existe claramente uma queda de Slump Flow, o

    que se explica pelo aumento de coesão da mistura com o aumento do volume da

    pasta.

    5.2.2 L Box

    Como se referiu anteriormente os resultados do ensaio de L Box, permitem validar e

    complementar os resultados obtidos no Slump Flow, no sentido de avaliar a auto-

    compactação. O ensaio L Box foi realizado de acordo com o definido no capítulo 4

    Materiais usados e ensaios realizados. Na tabela 5-18 apresentam-se os resultados

    obtidos no L Box e a sua representação gráfica está patente nas figuras 5 -14 e 5-15.

    Tabela 5-18 - Resultados obtidos no ensaio de L Box ( a) Sem segregação ou agregação; b) Muito cascalhudo; c) Com segregação e bloqueio na zona da armadura )

    L-Box Amassadura

    T50cm [s] T total [s] H1 [mm] H2 [mm] H2/H1 [%]

    600-H1 [mm] Observações

    12,7-0,19-0,30 1,5 8,5 95 78 82 505 a)

    12,7-0,19-0,34 2 13 90 70 78 510 a)

    12,7-0,16-0,30 2 16 90 67 74 510 a)

    12,7-0,16-0,34 3 17 135 45 33 465 b)

    19,1-0,19-0,30 1,5 11 100 75 75 500 a)

    19,1-0,19-0,32 2 11,5 105 70 67 495 a)

    19,1-0,16-0,30 1,5 11 90 75 83 510 a)

    19,1-0,16-0,32 1,5 13 95 65 68 505 b) c)

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-23

    Figura 5-14 – Ensaio de L Box para betões com Dmáx. = 12,7mm

    Figura 5-15 – Ensaio de L Box para betões com Dmáx. = 19,1mm

    Excepção feita ao betão 12,7-0,16-0,34 todos verificam os dois critérios indicados,

    isto é, H2/H1 superior a 60% e a diferença 600-H1 superior a 490mm, no entanto o

    betão 19,1-0,16-0,32 apresenta segregação e agregação, conduzindo ao bloqueio na

    zona das armaduras, como está patente na figura 5-16.

    Tendo em conta que se verificou uma situação semelhante no ensaio de Slump Flow,

    considera-se que: a realização de betões auto-compactáveis, com volume absoluto de

    Ensaio L Box

    30

    50

    70

    90

    12,7-

    0,19-

    0,30

    12,7-

    0,19-

    0,34

    12,7-

    0,16-

    0,30

    12,7-

    0,16-

    0,34

    Betões com Dmáx. = 12,7mm

    H2/

    H1

    [%]

    455

    475

    495

    515

    600-

    H1

    [mm

    ]

    H2/H1 [%] 600-H1 [mm]

    Ensaio L Box

    60

    75

    90

    19,1-

    0,19-

    0,30

    19,1-

    0,19-

    0,32

    19,1-

    0,16-

    0,30

    19,1-

    0,16-

    0,32

    Betões com Dmáx. = 19,1mm

    H2/

    H1

    [%]

    495

    505

    515

    600-

    H1

    [mm

    ]

    H2/H1 [%] 600-H1 [mm]

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-24

    agregados grossos superior a 0,30m3, só é possível com volumes absolutos de pó

    superiores a 0,16m3; estes dois betões não são considerados auto-compactáveis.

    Figura 5-16 – Bloqueio na zona das armaduras patente no betão 19,1-0,16-0,32

    5.2.3 Volume de vazios do betão fresco

    O procedimento utilizado na realização deste ensaio está descrito no capítulo 4

    Materiais usados e ensaios realizados. Os resultados obtidos na determinação do

    volume de vazios presentes num m3 de betão fresco são os apresentados na tabela 5-

    19 e figuras 5-17 e 5-18.

    Tabela 5-19 – Resultados da determinação do volume de vazios

    Betão vv [l/m3]

    12,7-0,19-0,30 18

    12,7-0,19-0,34 10

    12,7-0,16-0,30 11

    12,7-0,16-0,34 15

    19,1-0,19-0,30 13

    19,1-0,19-0,32 10

    19,1-0,16-0,30 12

    19,1-0,16-0,32 11

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-25

    Figura 5-17 – Betão vs. Volume de vazios para betões com Dmáx. = 12,7mm

    Figura 5-18 – Betão vs. Volume de vazios para betões com Dmáx. = 19,1mm

    Com a determinação do volume de vazios, pode-se avaliar duas coisas distintas. A

    resistência, uma vez que será tanto maior quanto menor for o volume de vazios,

    considerando a razão água/ligante constante. Este facto está patente na expressão de

    Feret (3-3). Em termos de durabilidade, o volume de vazios pode ser um indicador,

    no entanto, não se deve esquecer que estes betões utilizam uma grande quantidade de

    água e que esta pode ser superior à necessária para a hidratação. E que se isso

    0

    5

    10

    15

    20

    12,7

    -0,1

    9-0,

    30

    12,7

    -0,1

    9-0,

    34

    12,7

    -0,1

    6-0,

    30

    12,7

    -0,1

    6-0,

    34

    Betões com Dmáx. = 12,7mm

    Vo

    lum

    e d

    e va

    zio

    s [l

    /m3]

    0

    5

    10

    15

    19,1

    -0,1

    9-0,

    30

    19,1

    -0,1

    9-0,

    32

    19,1

    -0,1

    6-0,

    30

    19,1

    -0,1

    6-0,

    32

    Betões com Dmáx. = 19,1mm

    Vo

    lum

    e d

    e va

    zio

    s [l

    /m3]

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-26

    acontecer o excesso vai evaporar e deixar vazios no seu lugar.

    Os volumes de vazios obtidos são bastante baixos, quando comparados com os

    preconizados por Okamura (40 a 70 l/m3), pela JSCE (45 l/m3) ou mesmo se

    comparados com os indicados na norma 613 do ACI (25 e 20 l/m3 para máxima

    dimensão dos agregados 12,7 e 19,1mm, respectivamente). Isto deve-se,

    provavelmente, à utilização de cinzas volantes e à qualidade dos agregados usados.

    5.3 Ensaios com betão endurecido

    5.3.1 Resistência à compressão

    Os ensaios de resistência à compressão foram realizados conforme descrito no

    capítulo 4 Materiais usados e ensaios realizados. Os resultados dos ensaios de

    resistência à compressão realizados sobre provetes cúbicos de 10cm de aresta são os

    apresentados nas tabelas 5-20, 5-21 e 5-22..

    Tabela 5-20 – Resistências à compressão obtidas em betões com máxima dimensão de agregados 12,7mm (Rc – resistência à compressão; Rcm – resistência à compressão média)

    12,7-0,19-0,30 12,7-0,19-0,34 12,7-0,16-0,30 12,7-0,16-0,34 Idade [dias] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa]

    31,0 30,0 22,5 20,3 3

    33,3 32,2

    31,1 30,6

    21,6 22,1

    21,8 21,1

    38,9 39,2 27,9 27,6 7

    39,6 39,3

    37,5 38,4

    26,5 27,2

    27,9 27,8

    43,8 45,1 31,2 31,4 14

    44,3 44,1

    46,8 46,0

    30,2 30,7

    30,8 31,1

    48,8 48,7 33,5 37,7 28

    50,1 49,5

    52,5 50,6

    35,4 34,5

    38,0 37,9

    55,20 64,10 42,60 45,10 56

    57,40 56,3

    57,50 60,8

    40,90 41,8

    45,30 45,2

    valores obtidos com 4 dias

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-27

    Tabela 5-21 - Resistências à compressão obtidas em betões com máxima dimensão de agregados 19,1mm (Rc – resistência à compressão; Rcm – resistência à compressão média)

    19,1-0,19-0,30 19,1-0,19-0,32 19,1-0,16-0,30 19,1-0,16-0,32 Idade [dias] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa]

    29,7 27,0 22,4 22,3 3

    28,3 29,0

    27,9 27,5

    23,0 22,7

    21,1 21,7

    39,7 38,4 31,1 28,2 7

    38,0 38,9

    38,2 38,3

    29,6 30,4

    26,8 27,5

    43,5 41,6 35,9 33,0 14

    44,8 44,2

    43,4 42,5

    36,9 36,4

    34,9 34,0

    54,5 51,8 36,3 37,7 28

    53,3 53,9

    48,5 50,2

    38,0 37,2

    40,4 39,1

    59,2 54,6 44,8 43,1 56

    60,9 60,1

    62,2 58,4

    43,8 44,3

    45,7 44,4

    valores obtidos com 4 dias

    Tabela 5-22 – Resistências à compressão obtidas com o BNS3 (Rc – resistência à compressão; Rcm – resistência à compressão média)

    BNS3 Idade [dias] Rc

    [MPa] Rcm

    [MPa]

    45,6 7

    44,2 44,9

    55,1 14

    56,3 55,7

    60,4 28

    56,1 58,3

    71,8 56

    67,4 69,6

    Nas figuras 5-19 e 5-20 apresenta-se a representação das resistências à compressão

    médias em função da idade. Pode-se verificar que a resistência à compressão média

    aumenta com o tempo, com um desenvolvimento conforme esperado. Observando as

    figuras 5-19 e 5-20 verifica-se que os betões que contêm mais ligante, possuem

    resistências superiores aos outros, e que estas diferenças se acentuam com o tempo.

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-28

    A figura 5-19 permite atestar que para betões com máxima dimensão de agregado

    12,7mm e independentemente da quantidade de pó, o aumento da quantidade de

    agregados grossos conduz a resistências à compressão ligeiramente menores em

    idades jovens, mas que a partir dos 14 dias de idade a tendência se inverte.

    Figura 5-19 – Resistência à compressão média em função da idade para betões com Dmáx. = 12,7mm

    Figura 5-20 – Resistência à compressão média em função da idade para betões com Dmáx. = 19,1mm

    Na figura 5-20 verifica-se que para betões com máxima dimensão de agregado

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    50,0

    60,0

    70,0

    0 10 20 30 40 50 60

    Idade [dias]

    Rcm

    [M

    Pa]

    12,7-0,19-0,30 12,7-0,19-0,34 12,7-0,16-0,30 12,7-0,16-0,34

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    50,0

    60,0

    70,0

    0 10 20 30 40 50 60

    Idade [dias]

    Rcm

    [M

    Pa]

    19,1-0,19-0,30 19,1-0,19-0,32 19,1-0,16-0,30 19,1-0,16-0,32

  • Resultados e análise de resultados

    Betão auto-compactável – Metodologia de composição 5-29

    19,1mm e 0,19m3 de pó, o aumento da quantidade de agregados grossos conduz a

    resistências à compressão menores, para qualquer idade. Betões com quantidades de

    pó de 0,16m3, em idades jovens, tem resistências à compressão maiores quando

    possuem uma pequena quantidade de grossos, mas a partir dos 28 dias de idade a

    tendência inverte-se.

    Para se determinar o intervalo de confiança de 95%, da média, pode-se recorrer à

    distribuição de t-Student, pois o número de amostras é menor do que 30:

    n

    s.tX

    n

    s.tX

    1n,2

    n

    _

    1n,2