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O seguinte ensaio foi realizado com base na leitura e interpretação pessoal-subjetiva da grande obra: DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA, de Eliphas Lévi; portanto, se algum leitor sentir que o conteúdo aqui exposto possa vir a ser melhorado, sinta-se à vontade para comentar seu ponto de vista e contribuir; com isso poderemos ir juntos agregando mais e mais informação a essa grande rede. A partir de agora o leitor terá acesso ao ensaio elaborado tendo por base os seis primeiros capítulos da obra já mencionada; boa leitura! Éber Lucas & Welton Oliveira I. Sobre Dogmas e Rituais de Alta Magia Este ensaio tem como objetivo a exploração de conceitos chave do livro de Eliphas Levi, “Dogmas e rituais de alta magia”, sendo este autor reconhecido como uma grande referência para quem está se iniciando nos princípios e estudos do ocultismo, ou mesmo para quem já é um alto iniciado. Eliphas apresenta em seu livro capítulos muito bem construídos e estruturados, com uma linguagem esotérica e filosófica e constante uso de analogias, apresentando assim, um livro que será interpretado de acordo com a capacidade para abstração das artes ocultas e esotéricas de quem o está lendo, sendo esta uma forma de “proteção” a todo conhecimento que ali é exposto. 33

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O seguinte ensaio foi realizado com base na leitura e interpretação

pessoal-subjetiva da grande obra: DOGMA E RITUAL DA ALTA

MAGIA, de Eliphas Lévi; portanto, se algum leitor sentir que o conteúdo

aqui exposto possa vir a ser melhorado, sinta-se à vontade para comentar

seu ponto de vista e contribuir; com isso poderemos ir juntos agregando

mais e mais informação a essa grande rede.

A partir de agora o leitor terá acesso ao ensaio elaborado tendo por base

os seis primeiros capítulos da obra já mencionada; boa leitura!

Éber Lucas & Welton Oliveira

I. Sobre Dogmas e Rituais de Alta Magia

Este ensaio tem como objetivo a exploração de conceitos chave do

livro de Eliphas Levi, “Dogmas e rituais de alta magia”, sendo este autor

reconhecido como uma grande referência para quem está se iniciando nos

princípios e estudos do ocultismo, ou mesmo para quem já é um alto

iniciado. Eliphas apresenta em seu livro capítulos muito bem construídos

e estruturados, com uma linguagem esotérica e filosófica e constante uso

de analogias, apresentando assim, um livro que será interpretado de

acordo com a capacidade para abstração das artes ocultas e esotéricas de

quem o está lendo, sendo esta uma forma de “proteção” a todo

conhecimento que ali é exposto.

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O livro tem características que demonstram profundidade nos temas

apresentados, e aborda de maneira objetiva os conceitos dogmáticos da

magia enquanto dialoga com o leitor e ainda questiona quem está diante

de tais conhecimentos e explicações; outro ponto chave do livro e discutido

principalmente nos primeiros capítulos, é o ponto onde o adepto necessita

se tornar consciente de si mesmo e tomar para si o domínio de suas

energias em primeiro lugar, e a partir disso, encontrar parte da grande

verdade que está inserido para que desse modo a sua grande obra possa

ser realizada.

Os temas discorridos durante a leitura permitem uma compreensão do que

é necessário para se tornar um adepto, além de demonstrar pantáculos

essenciais como o pentagrama e o selo de Salomão, e definir conceitos

importantes e condutas para que um adepto encontre parte da verdade e

um entendimento maior a partir da organização interna e assim se

expressar externamente como um agente consciente que se expressa

através das formas e daquilo que cria no mundo; seja esta criação a partir

de seus pensamentos, intenção, ações, vontades ou necessidades.

Esta obra é base para diversos iniciados nas ciências ocultas e tem

diferentes formas de interpretação, deixando desconfortável quem busca

ali refúgios e realizações triviais. Vivificar-se todos os dias e se atentar para

as sombras e distrações, torna caminho do verdadeiro adepto claro,

consciente e centrado na busca primeira, ou seja, o domínio de todas as

formas de energia que deveriam ser submissas ao homem e utilizadas

para o crescimento, mas que ao contrário disso dominam e iludem o

homem com vicissitudes, comodismo, medo, dúvida e causam desordem.

Finalizando esta breve apresentação da minha perspectiva inicial sobre a

obra referência deste ensaio, destaco a sua importância para o

conhecimento de conceitos, reflexões e condutas que são expostas para

o completo desenvolvimento e compreensão dos dogmas da magia

transformando a obra em um livro base para iniciações e estudos

esotéricos.

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II. Sobre o Recipiendário

Pelo que se tem conhecimento, há séculos a magia já vem sendo

definida, seja como uma ferramenta dos conhecedores dos conhecimentos

ocultos, ou por aqueles que por medo e incapacidade de a compreenderem

a taxaram como algo perigoso, ruim, perverso e que devia ser evitada. Mas

com pequeno aprofundamento neste tema é possível perceber que a

magia não deve ser comparada somente a algo ruim, mas sim, a algo que

ainda não foi revelado, entendido e que de uma perspectiva humilde,

apenas falta capacidade de compreensão.

A magia possui em alguns aspectos um lado ocultista, como

podemos observar durante a história e também atualmente em que há a

existência de escolas, instituições e sociedades “iniciáticas” que utilizam

de processos de iniciação para que assim seja possível o acesso ao

conhecimento que ali foi resguardado durante anos.

É importante destacar a importância das instituições ocultistas, que

controlam até certo ponto a disseminação do conhecimento que possuem,

sendo também característica dos princípios mágicos se protegerem dos

vulgos por si próprios por se fazerem discerníveis somente a alguns

homens; são utilizados enigmas, símbolos e analogias e quem não tem

capacidades de entendimento se afasta do que realmente está exposto,

mas ao contrário destes, aquele que vier a entender e utilizar de maneira

integral e prática o conhecimento apreendido, poderá tornar-se consciente

de si, e a assim co–criar no mundo de forma que o que acredita ser

possível. Esta criação poderá ser objetivada no mundo pelo trabalho

externo, tendo como ponto de partida a imaginação, a vontade e a

determinação para fazer.

Para o acesso a tais conhecimentos, é comum que seja feito por

fases, níveis ou graus e quem se inicia neste processo geralmente tem o

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nome de “adepto”, ou de uma outra perspectiva recebe o nome de

“iniciado”, termo também bastante utilizado de quem se dispõe a entender

os princípios mágicos. O termo adepto tem forte significância no que tange

os dogmas mágicos, deste modo, apresentarei as principais características

e qualidades de um verdadeiro adepto.

Os adeptos são iniciados aos dogmas mágicos de diferentes

maneiras e estes podem assumir diversas características, mas algumas

são imprescindíveis para que se obtenha sucesso em sua busca por parte

da grande verdade, algumas dessas características é o desenvolvimento

intelectual baseado num conhecimento sobre estudos e nas próprias

experiências; é necessário coragem e uma vontade inabalável para lidar

com os desafios e prosseguir; vontade focada e centrada e a discrição de

suas próprias experiências, compreensão, abstração e práticas daquilo

que é estudado.

O adepto que busca se tornar um conhecedor do próprio mundo

interno e externo e adentrar ao “sanctum regnum” deve querer libertar-se,

e esta liberdade não pode ser comparada ao que é normalmente associado

a liberdade vulgar e ordinária, não é o expressar livremente, nem mesmo

o poder de escolha, esta liberdade é mais ampla e é adquirida através da

verdade, da busca fiel por uma consciência expandida.

Os que tiverem a capacidade e a disposição para a busca real por

parte da verdade-iluminação interna, possivelmente se libertará das

dúvidas fúteis, e iniciará a busca pela qualidade de estar consciente de si

mesmo, sendo a compreensão interna um dos principais pontos do

caminho de um adepto. Deste modo o desenvolvimento de um mago parte

do princípio de que o laboratório é o próprio corpo e conhecer a si mesmo

é fundamental.

Quem se torna adepto aos dogmas mágicos deve ter consciência do

caminho e de suas próprias vontades. Não é um caminho que todos

traçam, muito menos que todos compreendem ou consigam passar por

todos os desafios. É preciso ser consciente das paixões, desejos, medos

e dúvidas do mundo, o adepto que não é capaz de se desvencilhar dessas

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questões não se tornará um iniciado digno e poderá tomar rumos

contrários ao conhecimento desta ciência oculta.

Quem aspira ser um mago deve aprender a dominar-se, quando

este assume o controle dos seus desejos, do mundo interior e seus

processos que é simbolicamente representado pelo conhecer e controlar

os aspectos elementares: água, fogo, terra e ar e a sua organização, então

o adepto subjuga essas forças e passa a se reconstruir, sendo isso parte

da grande obra do futuro inciado.

A partir do entendimento interno é que se torna possível vencer a

emoção animal, os desejos, os medos e aprender a vencer a si mesmo, e

assim tomar para si mais consciência do processo e do desenvolvimento

mais amplo que envolve a evolução e a vida. O adepto que é capaz de

abster-se daquilo que mais lhe atrai, que reproduz o desejo e assim o

possível vício, permite a si mesmo soltar as amarras ilusórias das formas

e reflexos e assim acaba por visualizar e até manifestar a ordem a partir

do caos. Aquele que se deixa levar pelos seus vícios se torna escravo

deles, este não pode ser um iniciado, pois não conseguirá realizar suas

obras.

Para que se obtenha um pleno e continuo desenvolvimento, é

necessário o entendimento de alguns conceitos chave que estão

diretamente relacionados a produção da realidade material e a função do

espaço subjetivo-interior para que assim seja possível se tornar um agente

co-criador do próprio mundo. Este conceito em específico é chamado pelos

cabalistas de microprósopo e como já dito o desenvolvimento do adepto

parte desse entendimento.

Começo com a explicação de tais conceitos com a frase de Eliphas

Levi, “Eu sou, logo o ente existe”, está frase mesmo sendo pequena e

aparentemente simples traz uma reflexão importante para que o adepto

possa entender o mundo e principalmente a ele mesmo. Esta frase

representa três conceitos importantes do ocultismo, sendo eles: a ideia, o

verbo e as formas.

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A ideia, é relacionada ao que entendemos como consciência, a luz

que torna possível a mentalização, é o princípio. Da ideia surgem todas as

formas e tudo que podemos compreender da nossa realidade ou fora dela

a partir de projeções mentais, é mutável e altamente criativa, una com o

princípio e geradora de nossa consciência HUMANA, por isso é o “Eu”,

sem dimensões, abstrato e aparentemente infinito.

O verbo é a palavra, a criação e em analogia a frase, é representada

pelo “Sou”. O “Eu” enquanto abstrato só pode ser alguma coisa por

intermédio da força criativa, ou seja, a ideia-conceito, somente por esse

movimento é que a forma ordinária se faz presente no mundo externo ao

homem; pois “falar é criar”, esta frase representa muito bem este conceito,

sendo a fala, a verbalização, juntamente com outros aspectos do mental

do mago, pontos principais para que este esteja consciente do seu poder;

o “Sou” é o agente intermediário, o verbo que transmite a ideia para então

se fazer visível ao mundo das formas.

As formas por sua vez são representadas na frase pelo “Ente”, o

“Eu” é abstrato, sem dimensões e subjetivo, enquanto o “Ente” é o

concreto, tem forma e tal forma é exatamente igual a ideia que lhe gerou,

deste modo, se é possível fazer uma analogia e refletir que somos pura

consciência, o todo é, e que tudo o que somos é o que nossa consciência

é, por isso que aquele que deseja uma mudança real não deve mudar

somente seus atos, mas saber por que faz, e assim, conhecer a si mesmo,

de modo tão profundo, gradual e continuo que seus atos possam vir a se

tornar a expressão plena de uma consciência também plena e desperta. A

forma é gerada através do verbo, e o verbo é quem expressa a ideia, sendo

assim todas formas análogas a ideia.

Deste modo o adepto que busca se tornar um mago deve

necessariamente entender que as ferramentas que necessita já fazem

parte dele, e estas devem ser utilizadas da forma sábia, pois estas podem

ser a passagem para a elevação ou para o decaimento completo. Essas

ferramentas são a inteligência, a vontade e a imaginação.

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A inteligência deve ser aspecto de todo iniciado, pois sem esta

característica não é capaz de discernir sobre o que é conhecimento real, e

o que é conhecimento falso, o que é charlatanismo e o que é direito. Nisso

podemos apontar quatro verbos que o mago deve saber utilizar de sua

inteligência para que seja bem-sucedido em seu trajeto: Saber, ousar,

querer e calar, sendo imprescindíveis que o mago seja fiel as suas

práticas.

O Saber é o conhecer da verdade, não somente a verdade

que se é exposta ao entendimento, mas o conhecer a si

mesmo, seus vícios, fraquezas, forças e capacidades, além

de também contemplar o conhecer das consequências, dos

efeitos pois não há qualquer causa que não seja precursora

de um efeito.

Ousar é ser capaz de concretizar, de colocar o Saber a prova

e em conjunto com o Querer, construir o que se deseja, é ter

o ímpeto e a atitude que se é necessária a um mago.

Querer está relaciona a vontade inabalável que o adepto deve

ter, pois sem vontade não há o que ser feito, é o querer sem

dúvidas, sem achismos e consciente de que a vontade abre

caminhos sejam bons ou maus.

O Calar pode ser representado pela consciência frente a

situações adversas em que se deve analisar as situações e

com o controle de si e de suas emoções e se calar, seja em

relação às suas práticas, seus desejos, suas experiências,

pois somente você entende o que sente e como seus

sentimentos atuam no seu interior e por isso não deve tomar

para si experiências de outros que podem não ressoar com

sua própria experiência. Na subjetividade não cabem

opiniões de quem não vivenciou, além disso está também

relacionado à discrição, esse verbo talvez seja um dos

principais para que um mago desperte.

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A vontade como ferramenta é a intenção, pois a partir dela é possível

sintonizar e criar caminhos entre o que se quer, o que se deseja ser. São

verdadeiros caminhos de luz que permitem o desenvolvimento, ou mesmo

levam ao decaimento, a dualidade aqui também se apresenta, ou seja, sua

vontade pode ser tanto direcionada para ascensão, quanto para o

regresso, para o bem, ou mal, sendo o mal nada mais que a ignorância, a

opacidade, a escuridão de consciência.

Dentre esses aspectos a imaginação é a grande ferramenta, pois é

o que se denomina como sendo o “olho da alma”, por ela idealizamos todos

os tipos de objetos, situações, por ela nos relacionamos com outras

camadas da existência e realidades; por ela imprimimos nossos desejos

no mundo externo, ainda pela imaginação influenciamos situações, ou

seja, criamos problemas e soluções. Esta ferramenta se bem utilizada

pelos magos, torna-os grandes influenciadores e líderes. A imaginação é

para o verbo o molde, podemos dizer quem entre o “Eu” e o Verbo existe

a imaginação para que o verbo seja adaptado.

Diante disso, o adepto já possui o que necessita para a própria

evolução, mas por falta de conhecimento ou por processos letárgicos

durante a vida este não se compreende e não se desenvolve, por não se

conhecer, não conhecer seu potencial interno, e muito menos achar

possível que algo além do que lhe disseram seja possível. O caminho do

adepto deve ser primeiramente um processo “científico”, que se baseia

num conhecimento bem avaliado, cético e que seja experimentado e

avaliado com métodos rigorosos até que o resultado obtido seja real para

quem deseja conhecer as camadas esotéricas da vida.

O adepto com todas as suas características e qualidades, quando

iniciado aos dogmas mágicos ele é o “recipiendário”: aquele que recebe o

conhecimento dogmático em busca de sua liberdade através da verdade

ampla e livre ao máximo de desejos efêmeros e ações e palavras

inconscientes; aquele que busca a evolução e se encontra com suas

próprias falhas para que assim sejam revistas e compreendidas com a

intenção de crescimento. A construção pessoal, que surge internamente é

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também parte da grande obra de um adepto, e que este se torna o mago

à medida que compreende a si mesmo e às próprias ferramentas que lhe

fornecem o poder de agir sobre o mundo, de modo que o vulgo não é

capaz. O mago compreende que o mundo externo que lhe chega através

dos sentidos não está separado dele mesmo, e que a ideia de externo é

apenas uma ilusão, um reflexo, mas que também é real, é consciência e

pode ser moldado.

O saber se utilizado conscientemente, buscando a compreensão de

si mesmo e de sua realidade transforma o adepto em um iniciado, e esse

conhecimento afasta o temor exacerbado da morte e faz surgir a

imortalidade, reconhecendo a vida como um ciclo e a busca pela melhor

expressão de si mesmo; a partir do agora, encontrando seu sentido e

motivação na busca pelo equilíbrio.

III. Sobre as Coluna do Templo

Há duas forças invisíveis presentes neste mundo que foram

utilizadas para o desenvolvimento de muitas das tecnologias e em toda

composição da vida como a conhecemos, são as forças elétrica e

magnética, duas forças análogas que estão presentes nas menores

moléculas ou mesmo nas frequências que chegam aos nossos celulares.

Tais forças podem já ter sido compreendidas matematicamente e é

possível ver sua relação inseparável de toda vida que nos cerca, mas em

termos dos dogmas mágicos tais forças em conjunto, ou fluído

eletromagnético é chamado de Agente Universal.

Essas forças juntas nos dão o equilíbrio, compõem e regem toda a

transferência de energia que viaja no espaço; desde a luz do sol, as

frequências Raio X, o principio elétrico do fogo e o magnético da água, são

alguns exemplos em que a força eletromagnética está presente, nesse

sentido é perceptível que entre as duas forças há uma

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complementariedade, e pode ser explicado pelo princípio da dualidade que

rege a concepção deste mundo até onde podemos perceber.

Podemos notar a dualidade em todos aspectos da vida humana ou

sobre uma perspectiva maior, observando também o que compõe todo

nosso mundo visível e assim possível de ser quantificado e analisado. O

corpo humano possui duas pernas, dois braços, dois olhos, dois ouvidos,

estamos divididos entre dois sexos biológicos, macho e fêmea; há o dia e

a noite, o sol e a lua, o bem e o mal, o elétrico e o magnético, essa força

dual é a causa para que se possa existir um segundo aspecto.

É necessária uma força que seja capaz de se opor, para que haja o

contraste, sem o bem o mal não existiria, sem o dia a noite não existiria,

são forças antagônicas que possuem características em que uma só é

compreendida a partir do conhecimento da outra. Essa forma binária-dual

em que vivemos, pode ser representada analogamente pela unidade que

se multiplica por si mesmo, e estes dois princípios geram o “equilíbrio”, que

pode receber o nome de ternário.

No que tange as representações e simbologias da magia, temos

como um dos um dos principais símbolos O Ouroboros, a serpente que

engole a própria calda num processo circulatório. Este é comumente

conhecido por representar o movimento infinito. Este símbolo pode

também estar associado a aceitação e assimilação do oposto, pois em seu

movimento circular ele se mata para que possa e dar continuidade a vida

e assim num processo in-finito seguir o ciclo da vidamorte.

Outro símbolo de que é sem dúvida um dos mais importantes,

principalmente na maçonaria são as duas colunas, Jakin e Bohas

presentes no templo de Salomão, sendo Jakin a representação da

unidade, enquanto Bohas a representação do binário. Tais colunas são

simbólicas e trazem consigo diversos significados e com a devida

abstração fica evidente que simbolizam aspectos dessa dualidade

presente na vida.

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Jakin pode ser representado pela polaridade masculina, o elétrico, a

luz, o movimento, é o aspecto divino no homem, também podendo ser

entendido como o macrocosmo que se tornou o microcosmo, que o

macrocosmo está presente em nós, e nós somos o microcosmo; Jakin é o

princípio da vida terrena. Bohas a coluna à esquerda representa o

feminino, o magnético, o passivo, a escuridão, traz a ideia da morte

terrena, pode ser entendido como a fonte de força, a base para criação.

Estas duas colunas também representam os opostos em equilíbrio, ou

seja, explicam a luta entre os opostos e como se equilibram sendo um

contrário ao outro.

‘Toda resistência é por coerência um apoio’

Eliphas Levi

Desta forma é através da unidade que é gerado o binário e a

oposição das forças destes dois aspectos dão origem a um equilíbrio e tal

equilíbrio leva o nome de ternário. Este nome representa perfeita criação

pelo verbo, tal termo será melhor entendido no próximo capítulo.

A dualidade que é perceptível em nosso mundo tem por principal

característica a resistência; um resiste ao outro, forças que atraem e

repelem, mas se equivalem e perpetuam a criação e o movimento da

consciência. Tais forças estão presentes em todos aspectos da nossa vida

prática, e entende-las é um dos desafios do adepto e por analogia também

é o desafio do mago, que deve ser capaz de usar ambas forças a seu favor.

Se o adepto for sábio não decairá em detrimento nem de uma nem de

outra, este alcançara a liberdade de sua consciência, e como já

mencionado acima, a organização destas forças permite o alcance do

equilíbrio, de modo que a compreensão destas forças é também através

do ternário, a expressão de Deus.

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IV. Sobre o Triângulo de Salomão

Início esta parte com a seguinte frase de Eliphas Levi: “A ideia do

infinito e do absoluto é expressa por este signo, que é o pantáculo, isto é,

o mais simples e o mais completo resumo da ciência de todas as coisas. ”

Diante dessa afirmação se referindo ao triângulo de Salomão é possível

compreender a importância que este pantáculo possui, e para entende-lo

é preciso também compreender a sua relação com o que podemos chamar

de “trindade” que parte da ideia de ternário.

O ternário é representado pelo equilíbrio entre as forças duais,

opostas que em um processo de resistência acabam por formar um

equilíbrio. Sendo a unidade geradora do binário e a sua oposição, criadora

do ternário. O princípio do ternário por sua vez está presente em diversos

meios, pois representa o resultado de uma junção binária.

No que tange a magia, os números ímpares são de grande poder, e

isso pode ser explicado pelo fato que é necessário três para que se forme

um, e desde modo a unidade dividida em três volte a ser uma num

processo de contraposição, resistência e contraste.

Além disso pode-se compreender que o ternário é a compreensão

da dualidade e que muitos se perdem por não conseguirem estar

realmente conscientes em relação as estas forças que se fazem opostas,

mas que em equilíbrio de sua contraposição se tornam novamente uma

unidade.

Compreender que o ternário é apenas a harmonia entre as energias

que compõem o universo pode expandir a visão do adepto, pois este

compreenderá que a luta contra uma força ou outra é apenas uma

distração, que o equilíbrio é pelo que se deve buscar e este é adquirido

através do entendimento sobre tais forças.

O ternário está fortemente relacionado com a criação, a vida como

a conhecemos, pois parte do princípio da reprodução da unidade, que

primeiramente gera a partir de si o binário, mas que não se separa do

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princípio, apenas é percebido como oposto à unidade, esta oposição é ao

mesmo tempo parte do princípio criador, que se apresenta em outro polo

e pode ser representado utilizando uma analogia a um pedaço de linha que

é “a unidade” e nesta linha em cada uma de suas pontas há um aspecto,

seja o bem e o mal, o homem e a mulher, o ativo e o passivo; fazem parte

de uma unidade mas que possuem dois polos opostos. Deste modo o

ternário está exposto nesta representação como força resultante, que

explica todos os outros, e se torna também uma unidade.

Nesse sentido podemos relacionar a vida com o ternário, pois na

junção de dois, três se formam, é o que acontece na reprodução biológica,

também na dialética encontrada em antigos filósofos, em que existe a tese,

a antítese e a síntese, num processo circular, e também pode ser

observado no dogma cristão em que se tem a ideia de Deus através de

três partes: pai, filho e espírito santo, formando assim como resultado a

representação de uma unidade.

O iniciado que verdadeiramente compreende o poder do ternário

está munido não apenas de conhecimento, mas do entendimento de si

mesmo e do mundo em que está inserido, tanto o macrocosmo, quanto o

microcosmo, ou seja, pode entender o seu mundo interior na exata medida

que primeiramente compreende as forças duais que em equilíbrio formam

o ternário, e o ternário apresentado como a consciência destas forças

distintas mas semelhantes permite que o iniciado possa agir utilizando-se

de suas principais ferramentas que se “movem” pelo campo

eletromagnético, ou também como é tratado nos dogmas mágicos, como

o agente universal.

O ternário se bem compreendido, traz ao portador de tal

entendimento a compreensão de tudo que lhe forma, e constitui, segundo

Eliphas Levi “o ternário é o dogma universal” e por compreender dogma

tudo aquilo que se é tido como absoluto e como certo, deste modo é

possível perceber através da simbologia que é representada pelo ternário

uma força primordial, única e que forma num processo de reprodução a

expressão para fora de si mesma através de forças que se opõem, mas

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que ainda fazem parte de uma, nesse sentido posso relacionar o ternário

como a ideia de Deus, todo, ou o princípio de tudo que existe.

Como é elucidado pela frase no início deste capítulo, O triangulo de

Salomão é a simbologia máxima do que podemos compreender de in-finito

e absoluto em magia segundo Eliphas Levi, a forma triangular possuindo

três pontos, sendo um mais elevado aos outros dois representa a trindade,

três pontos que formam um, neste caso um símbolo.

Pode ser observado na simbologia do triangulo em relação ao

ternário a um ponto que está acima dos outros, em uma elevação central

e único como se supusesse uma subida, utilizando como bases os pontos

inferiores. E no que condiz sobre os pontos inferiores parecem estar numa

antagonia, cada uma sendo levado ao oposto do outro, mas ligados por

uma linha, podem crescer e diminuir semelhantemente a medida que um

se afasta ou se une ao outro.

Todos os três pontos se unem, o que está acima ligado aos

inferiores, e os inferiores ligados um ao outro e também ao superior, esta

simbologia pode trazer em sua forma o significado de como o binário se

transforma no ternário e como ambas forças estão relacionadas uma a

outra e ao princípio eletromagnético (absoluto) que se faz presente em

tudo.

Há um outro triângulo que similar ao primeiro se faz presente, este

de forma oculta, ou invisível, com a junção destes dois triângulos, um

sobreposto ao outro de maneira inversa, formando assim o hexagrama, a

estrela de seis pontas e também é conhecido como o selo de Salomão,

que diante de suas diversas interpretações representa o macrocosmo.

Este símbolo é possivelmente um dos principais, senão o principal

dos dogmas ocultistas, isso de acordo com a magia segundo Eliphas Levi

e guarda grandes significados. Brevemente um dos principais conceitos

que traz é a expressão do ternário, o infinito e o absoluto, deste modo

representado também a ciência de todas as coisas. Ou seja, com a sábia

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utilização deste símbolo pelo mago, é possível grandes realizações e uma

definitiva ligação com o macrocosmo.

Sendo assim, possivelmente o selo de Salomão possui energias que

não seriam compreendidas pelo vulgo. Em relação ao meu entendimento

breve sobre este símbolo sua energia está associada ao divino, o infinito e

o absoluto e ao princípio da criação, sendo por mim também comparada

ao domínio da consciência, ou do Eu sobre a matéria, podendo-a subjugar

e dominá-la de modo consciente a modelando-a, de maneira a ser um co

- criador do mundo das formas.

V. Sobre o Tetragrama

Como foi apresentado no capítulo anterior a ideia de ternário está

implicada na aparente oposição de duas forças, tratando assim da questão

da dualidade e do equilíbrio sendo este o resultado do balanceamento das

forças. Um dos exemplos utilizados para essa explicação é o simbolismo

conhecido como yin e yang em que duas forças apresentam dependência

e ao mesmo tempo complementaridade de forças, yin e yang é mais uma

das representações da dualidade do mundo e o ternário representa o

equilíbrio desta dualidade, e como última causa temos novamente a ideia

da unidade representada pela tetragrama que possui a energia do

quaternário.

O ternário é o resultado do equilíbrio entre duas forças antagônicas,

o quaternário, não obstante surge deste processo, pois se resume na

unidade em um processo circular, em que a unidade volta a ser a unidade,

como em um ciclo vicioso.

Ao pensar em quaternário é possível obter uma ideia de que tal

termo é adquirido em razão do princípio quarto; quatro estados, quatro

forças, quatro verbos, quatro operações, quatro é também o número que

representa o nome de Deus na Cabala, Yod He Vav He.

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O nome de Deus cabalístico Yod He Vav He, é de extrema

importância na compreensão do quaternário, sendo que este representa a

presença e expressão de Deus na humanidade e ao mesmo tempo a

humanidade em Deus. O tetragrama traz consigo toda a explicação da vida

e de seus processos.

O tetragrama, que é composto pelo quaternário representa também

as forças duais presentes no mundo, Eliphas Levi diz que tudo que

podemos entender e que se é criado parte desta força dupla, tanto atrativa

quanto repulsiva. Desta forma o movimento entre estas forças resulta

numa representação quaternária.

Nesse sentido o mago que conhece e compreende o movimento de

tais forças, pode realizar grandes feitos, isso devido as propriedades

criativas presentes nestas forças, que em movimento de contraposição e

ao mesmo tempo analogia desenham tudo que se compreende.

Um dos melhores exemplos que podem ser citados é o da relação

entre as forças elétricas e magnéticas, quem estão presentes em tudo que

podemos tocar, ver, sentir, delas nossa realidade pode ser formada,

moldada e ao mesmo tempo compreendida, em um processo dialético de

modo que tais forças tanto atraem quanto repulsam, cada uma de acordo

com seu aspecto principal, mas em conjunto e se bem utilizadas podem

literalmente moldar as formas.

Tais forças duplas, uma em relação com a outra como já vimos

possuem qualidades que possivelmente todo mago deseja conquistar,

tanto o entendimento quanto a utilização. Desta forma ao perceber o

tetragrama como a representação da formação de toda vida e seus

processos, é possível uma ampliação da visão, e assim se obter uma

perspectiva de que somos também criadores do mundo, que Deus está em

nós, e que conscientemente podemos transformar, criar e destruir, mas

para isso todo este mundo que a nós são compreensíveis seus reflexos

precisa ser subjugado e a partir disso evoluir, diante que tal evolução é

proporcional à medida que o mago consegue se desvencilhar do véu que

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o cerca, ou como também pode ser entendido, o desapego da matéria, no

sentido de subjugá-la e não esquecê-la.

Há a compreensão de tais forças duplas através da simbologia da

cruz, a cruz por sua vez vem sendo utilizada de modo que venha a

transmitir a ideia do tetragrama em diversos vertentes, é possível encontrar

a cruz no cristianismo, em que no mundo ocidental se tornou um símbolo

muito famoso, na maçonaria, na rosa cruz, e em outros meios, países e

crenças. A cruz forma o quaternário natural, formado por linhas que se

cruzam e que representam desta forma o movimento absoluto da vida. As

duas linhas em sua movimentação formam o quaternário num sentido em

que todas as extremidades as suas contraposições.

Em termos simbológicos do conhecimento esotérico o quaternário

também está presente, de forma que venha a expressar por meio das

simbologias a energia do tetragrama. Como exemplo é possível elucidar:

a água, o fogo, o ar e a terra sendo representações das forças internas,

que em relação a cruz cada força ocupa um dos pontos, que em um outro

aspecto do desenvolvimento o tetragrama é compreendido como

tetragrammaton, sendo este de maneira simples o símbolo que exprime a

subjugação de todos estes elementos simbólicos pelo espirito, e tal feito

pode-se compreender como um dos desafios do iniciado aos dogmas

mágicos.

VI. Sobre o Pentagrama

Nos dogmas mágicos, diversas são as simbologias encontradas,

tais simbologias servem para expressar toda uma estrutura de informação,

e a energia agregada a mesma, deste modo para o mago que tem o

conhecimento adequado, este pode usar dos símbolos de acordo com sua

vontade e sabedoria. Durante este ensaio já foi mencionado símbolos

como a cruz, o tetragrama, o selo de Salomão, e neste capítulo

especificamente o pentagrama será elucidado. As simbologias também

servem como forma de proteção de modo que acessará tais informações

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e energias somente quem tem o devido discernimento e disposição para a

proposta.

O pentagrama exprime a subjugação dos elementos simbólicos que

como já apresentados anteriormente, são: o ar, o fogo, a água e a terra.

Tais elementos representam em nosso corpo diferentes processos, que

podem ser definidos como as emoções, os desejos, os vícios, os medos,

a ambição demasiada, aspectos como estes mantém o homem na vida

terrena e mantém dominado, com visões rasas e turvas sobre si mesmo e

a realidade em que vive, também uma imaginação que possivelmente não

é direcionada visando o crescimento de sua consciência.

A subjugação de tais elementos, implica no domínio de verdadeiras

forças vivas que se impregnam no homem à medida que o mesmo se

envolve a nível de sintonia com os padrões de pensamento, formas de

sentimentos e padrões mentais em geral que estão ligadas a estas forças,

tais forças são análogas aos elementos, por isso é possível dizer que o

desbalanceamento de uma pessoas em seus aspectos, emocionais, físico

e mental podem ocorrer devido à desorganização de tais elementos em si,

essas forças também podem receber os nomes de Silfos (ar), Salamandras

(fogo), Ondinas (água) e os Gnomos (terra).

Para que o haja realmente o domínio destas forças é necessário que

o mago passe por processos que possa se expor a elas e assim

reconhece-las dentro de si, deste modo podendo trabalhar interiormente

todas estas forças e dominá-las, e poder utiliza-las para o seu próprio

desenvolvimento e conhecimento do próprio espaço interno.

Dito isto, o mago que deseja utilizar o pentagrama deve desenvolve

em si o conhecimento de alguns princípios que envolvem tanto a realidade

quanto partes subjetivas dele mesmo. Um dos princípios a se entender é

a relação do interno com o externo em que se mantém uma relação de

troca de informações e o que entendemos como consciência, é a que a

tudo forma, mas que apesar de tudo ser consciência há diferentes níveis

de estruturação, sendo assim tudo parte de um mesmo princípio, mas que

se diferem por formas de se organizar, deste modo, devemos ter a

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compreensão das coisas como camadas e níveis de organização que sob

a luz são vivificadas e refletidas ao diáfano do homem.

Outro ponto importante para que o mago possa utilizar bem deste

símbolo é se ter a compreensão de que o mundo pode ser percebido não

somente pelos órgãos corporais e seus sentidos, mas também pelo que é

chamado de diáfano, este pode perceber o Todo e os diversos níveis de

estruturas, isso a medida da entrega e evolução do mago. O diáfano pode

ser entendido como a nossa tela mental, é a partir dela que a imaginação,

uma das ferramentas principais de um mago pode ser desenvolvida e

utilizada de modo que venha a expressar todo seu poder criador e que

permite ir além do que os sentidos do corpo entendem.

“Assim, para o sábio, imaginar é ver, como, para o mago, falar é criar.”

Eliphas Levi

A imaginação é sem dúvidas essencial para que se tenha posse do

poder do pentagrama, pois através da imaginação é possível acessar não

só intenções do que se deseja realizar, mas também outras realidades,

soluções para problemas que por meio das ações se fazem reais ou até

mesmo acessar lugares que aparentemente não possuem relação

nenhuma com a que vivemos. A imaginação pode levar ao decaimento

através do desconhecimento de seu poder, quanto também a que pode ser

responsável pelo desenvolvimento e ascensão, pois essa se bem utilizada

em conjunto com um foco e intenção também incorruptível é a

influenciadora de ambientes e modeladora de situações isso entre várias

de suas aplicações.

A imaginação utilizada com a crença de que é tão real quanto a

realidade física pode trazer benefícios de diversos níveis para quem a

pratica, pois esta é a formação e adequação da ideia, para que a partir do

verbo seja expresso como forma, mas como somos condicionados a

relacionar a imaginação como algo não real, de modo que uma das causa

seja ao forte movimento materialista que está imposto no mundo ocidental,

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assim os que desenvolvem a imaginação e sabem utiliza-la ultrapassam

todo essa ideia de que apenas a materialidade é real.

Deste modo o pentagrama é o símbolo para a subjugação dos

elementos, e com eles suas forças, quando quem o utiliza tem o devido

saber e compreensão. Pois se utilizando da intenção concreta, uma

imaginação acurada e uma mente que não dá margem as dúvidas o

pentagrama se torna a figura que representa a vontade empregada sobre

toda luz astral, está que nos permite compreender as formas. Ou seja,

pode ser utilizado como uma simbologia para o domínio da matéria,

domínio que engloba a transmutação, criação e influência.

Nesse sentido representa também o microcosmo, pois o

microcosmo é o que interage diretamente com o homem, ou sendo mais

específico a sua realidade que lhe é acessível, podendo ser representado

também pelo mundo físico externo que o homem interage, influência e

modifica, consciente ou inconscientemente.

Por fim, este signo é muito poderoso, pois com a sábia utilização

pode realmente dominar e trabalhar com as forças elementares, mas no

mesmo viés é também um símbolo que expõe um forte perigo caso seja

mal utilizado, há também o fato de que a inversão das pontas altera sua

configuração e assim todo ritual.

Deste modo, sua utilização deve ser cautelosa, e principalmente que quem

o utiliza o compreenda muito bem, e todas as energias que nele estão

presentes.

VII. Sobre O Equilíbrio Mágico

Neste capítulo como a conclusão deste ensaio discorrerei

brevemente sobre alguns pontos que foram mencionados nos capítulos

anteriores que para mim são de extrema importância seu entendimento e

como assunto principal abordarei o equilíbrio mágico.

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Os pontos dos quais dentro os outros escolhi são essenciais para o

adepto que deseja estar diante dos dogmas mágicos, pois este deve

possuir o conhecimento, e além disso apreender tudo que sabe, e assim

manter uma coerência entre ser saber e utilizar.

Primeiramente um dos pontos em que se deve haver a compreensão

é o chamado triângulo divino, neste está contido o ternário mágico que é

representado por três palavras que trazem um significado que deve ser

entendido e utilizado pelo adepto e mago. Estas palavras são: fatalidade,

vontade, poder. A fatalidade representando a causalidade, a vontade

sendo o emprego da inteligência visando a liberdade, e o poder sendo este

o sábio emprego da vontade em busca da realização dos desejos.

Outro ponto, talvez um dos mais importante é o entendimento da

dualidade, que podemos expor diversos exemplos. A dualidade está

presente e pode ser observada em todo mundo, desde as estruturas mais

simples até as mais complexas, essa contraposição de forças, é descrita

como um contraste, pois para que exista o entendimento de escuridão,

deve-se existir a luz e assim por diante, essas forças unidas em uma

oposição análoga geram um equilíbrio, representado pelo ternário, e este

está ligado diretamente ao equilíbrio enquanto em um mundo em que a

dualidade se faz presente.

É importante também conhecer o que a simbologia o microcosmo,

como o macrocosmo, sendo estas representações uma análoga a outra,

de modo que o microcosmo representa o mundo pequeno, ou seja o

mundo do homem, o que lhe é acessível e que interage diretamente,

enquanto o macrocosmo é o mundo grande, os corpos celestes, o mudo

que não nos é tangível. Deste modo a uma correlação entre o macrocosmo

e o microcosmo um sendo expresso no outro e vice-versa, entender esta

simbologia e estar em equilíbrio, sendo o próprio ternário, como a

simbologia da deusa grega que eleva uma mão aos céus e outra ao chão.

E no que tange o equilíbrio mágico, o podemos compreender como

um estado resultante de um balanceamento de duas forças vibracionais

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oriundas da luz astral, de modo que este equilíbrio se apresente também

na forma da liberdade do homem na matéria, liberdade que se é alcançada

através dos estudos, experiências e reflexões e principalmente

reconhecimento e transformação de si mesmo, além disso está também

relacionado com a ideia da vontade de Deus no homem, simbologia que

pode representar o entendimento da própria parcela divina que há no

homem.

A luz astral está diretamente ligada ao equilíbrio mágico, pois é

através dela que se “conservam as impressões de todos os verbos, isto é,

de todas as ações e de todas as formas”, deste modo representando a

criação, formação e reflexão para que assim possamos compreender o

mundo externo como fazemos.

É por meio da luz astral que tudo é gerado e dela que surgem todas

as coisas apreensíveis, é sua existência que permite que as energias

possam viajar pelo agente universal. Tal luz é o instrumento da vida, e aos

nossos olhos humanos nos chegam seus reflexos. A luz astral não está

dividida entre o bem e o mal, ela serve a ambas, sem distinção.

Essa luz como geradora de tudo, por onde todas forças percorrem e

que tudo se é definido a partir dela, também pode ser compreendida como

Deus, ou o Todo, pois ela está presente nas menores estruturas até nos

grandes astros que podemos observar.

A luz astral também traz consigo a ideia de uma dupla vibração, pois

o contraste e oposição destas forças gera o equilíbrio mágico, que está

presente em todo o universo externo compreensível por nós, é a partir

deste equilíbrio que a nossa realidade externa se faz coerente e podemos

com ela interagir através dos sentidos físicos. Deste modo o equilíbrio

deve ser sempre buscado pelo adepto ou mesmo pelo mago, de forma que

venha a entender que em todos os aspectos e áreas da vida haverá a

presença da dualidade, de modo que para uma força, sempre haverá uma

igualmente contrária como forma de resistência, apoio e contraste.

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A consciência deste fato, e principalmente a mudança pessoal de

forma que tal conhecimento se torne prático em sua vida resultará no

próprio equilíbrio mágico, e por meio desse equilíbrio o homem poderá se

desvencilhar, ou seja, trocar a sintonia mental se elevando para esferas

superiores e assim não estar mais subjugado ao plano-mental denso que

permeia a Terra, portanto, o processo e o impulso e a busca pelo

aprimoramento criado pela própria evolução, ira leva-lo a reconhecer em

si a vontade e a presença da NATUREZA criadora.