41052_resumo_2012_CéliaSilva (3)

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1 PSICOLOGIA SOCIAL I - O DOMÍNIO DA PSICOLOGIA SOCIAL Objectivo do questionamento científico Escolher as vias alternativas para explicar o comportamento. 2 - O QUE É A PSICOLOGIA SOCIAL ? Estuda as pessoas enquanto animais sociais Dificuldades na definição: Diversidade do domínio Rápida taxa de mudança Allport "compreender e explicar como os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos são influenciados pela presença actual, imaginada ou implicada de outros " Entradas São as presenças actuais (Joaquim e Carla encontram-se e ela entorna a bebida), imaginadas (Carla imagina, mais tarde, a presença de Joaquim) ou implicadas (Joaquim, não presente, deixa ficar na sala o caderno de apontamentos) de outras pessoas Saídas São os pensamentos (“Ele pensa que eu sou burra”), sentimentos (embaraço, tristeza) e comportamentos (pedir desculpa) do individuo. A abordagem cientifica procura descobrir relações causa-efeito, indeferindo-as da observação objectiva e da experimentação. Tópicos da Psicologia Social A Psicologia Social cobre um vasto domínio existindo muitos tópicos que são abarcados por ela. O psicólogos sociais abordam uma ampla gama de comportamentos humanos, mas os seus focos de interesse na investigação limitam-se a pontos restritos, que são divididos em três grupos : Fisiológico pressão arterial, tensão, adrenalina Cognitivo-atitudinal impacto valores dos pais nos filhos, intenções de voto, etc Realização resolução de problemas em grupo, etc Os psicólogos sociais têm-se ocupado tradicionalmente das atitudes das pessoas, das opiniões, das crenças, dos valores, dos sentimentos, das representações sociais. Relações com outros campos Mantém uma relação próxima com vários campos, em especial com a Sociologia e a Psicologia. Moscovici (1984) Diz que a Psicologia Social distingue-se da Sociologia e da Psicologia pela mesma característica: A Sociologia e a Psicologia põem em relação um sujeito (individual ou colectivo, segundo o caso) e um objecto (meio, estimulo) Na Psicologia Social a relação dual (sujeito-objecto) é substituida por uma relação ternária: Sujeito individual (ego) Sujeito social (alter) Objectivo (físico, social, imaginário ou real) É introduzida uma mediação constante entre o sujeito e o objecto que se traduz em modificações do pensamento e do comportamento de cada um. A ênfase no social distingue a psicologia Social da Psicologia e a ênfase no individual distingue-a da Sociologia . A Psicologia é o estudo científico do indivíduo e do comportamento individual, mas o comportamento embora possa ser social, não o é necessariamente. Os psicólogos abordam o indivíduo fora do contexto social ocupando-se de vários processos internos como seja percepção, aprendizagem, memória, inteligência, motivação

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    PSICOLOGIA SOCIAL

    I - O DOMNIO DA PSICOLOGIA SOCIAL

    Objectivo do questionamento cientfico Escolher as vias alternativas para explicar o comportamento.

    2 - O QUE A PSICOLOGIA SOCIAL?

    Estuda as pessoas enquanto animais sociais Dificuldades na definio:

    Diversidade do domnio Rpida taxa de mudana

    Allport "compreender e explicar como os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos

    indivduos so influenciados pela presena actual, imaginada ou implicada de outros " Entradas

    So as presenas actuais (Joaquim e Carla encontram-se e ela entorna a bebida), imaginadas (Carla imagina, mais tarde, a presena de Joaquim) ou implicadas (Joaquim, no presente, deixa ficar na sala o caderno de apontamentos) de outras pessoas

    Sadas So os pensamentos (Ele pensa que eu sou burra), sentimentos (embarao, tristeza) e

    comportamentos (pedir desculpa) do individuo. A abordagem cientifica procura descobrir relaes causa-efeito, indeferindo-as da observao

    objectiva e da experimentao.

    Tpicos da Psicologia Social A Psicologia Social cobre um vasto domnio existindo muitos tpicos que so abarcados por ela. O psiclogos sociais abordam uma ampla gama de comportamentos humanos, mas os seus focos de

    interesse na investigao limitam-se a pontos restritos, que so divididos em trs grupos: Fisiolgico presso arterial, tenso, adrenalina Cognitivo-atitudinal impacto valores dos pais nos filhos, intenes de voto, etc Realizao resoluo de problemas em grupo, etc

    Os psiclogos sociais tm-se ocupado tradicionalmente das atitudes das pessoas, das opinies, das crenas, dos valores, dos sentimentos, das representaes sociais.

    Relaes com outros campos Mantm uma relao prxima com vrios campos, em especial com a Sociologia e a Psicologia. Moscovici (1984)

    Diz que a Psicologia Social distingue-se da Sociologia e da Psicologia pela mesma caracterstica:

    A Sociologia e a Psicologia pem em relao um sujeito (individual ou colectivo, segundo o caso) e um objecto (meio, estimulo)

    Na Psicologia Social a relao dual (sujeito-objecto) substituida por uma relao ternria:

    Sujeito individual (ego) Sujeito social (alter) Objectivo (fsico, social, imaginrio ou real)

    introduzida uma mediao constante entre o sujeito e o objecto que se traduz em modificaes do pensamento e do comportamento de cada um.

    A nfase no social distingue a psicologia Social da Psicologia e a nfase no individual distingue-a da Sociologia.

    A Psicologia o estudo cientfico do indivduo e do comportamento individual, mas o comportamento embora possa ser social, no o necessariamente.

    Os psiclogos abordam o indivduo fora do contexto social ocupando-se de vrios processos internos como seja percepo, aprendizagem, memria, inteligncia, motivao

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    e emoo. A Sociologia o estudo cientfico da sociedade humana.

    Os socilogos analisam o comportamento humano num contexto mais amplo. Abordam tpicos tais como instituies sociais (famlia, religio, politica), estratificao

    dentro da sociedade (classes sociais, raa, e etnicidade, papeis sexuais), processos sociais bsicos (socializao, desvio, controlo social) e a estrutura de unidades sociais (grupos, redes, organizaes formais, burocracias).

    Do mais importncia s normas que gerem o comportamento, resultado de presses externas.

    A Psicologia Social estabelece a ponte entre a Psicologia e a Sociologia. Os psiclogos sociais para explicar o comportamento recorrem a factores individuais e

    sociolgicos. Para eles, se os processos intrapsiquicos desempenham um papel determinante no

    comportamento de uma pessoa, o contexto social desse comportamento fornece-lhes os estmulos sociais, motivos e objectivos.

    O comportamento social resulta de diferentes causas: Comportamento caracterstico das outras pessoas A cognio social (atitudes e pensamentos perante as pessoas que nos rodeiam) Variveis ecolgicas Contexto scio-cultural em que ocorre o comportamento social Aspectos da nossa natureza biolgica relevantes para o comportamento social

    Nveis de analise Podemos encontrar vrias psicologias sociais diferentes e mltiplas explicaes para as

    experincias humanas e as aces. Encontram-se duas variantes principais em psicologia Social, onde ambas tm reas comuns, mas diferem na focalizao central e nos mtodos de investigao::

    Psicologia Social Sociolgica (PSS) a focalizao central no grupo ou na sociedade Os investigadores tentam compreender o comportamento social mediante a

    anlise de variveis societais, tais como estatuto social, papis sociais e normas sociais

    O objectivo principal da investigao a descrio do comportamento Inquritos e observao participante so os principais mtodos de investigao Principais investigadores: Lewin, Festinger, Schachter, Asch, Campbell e Allport

    Psicologia Social Psicolgica (PSP) a focalizao central no indivduo Os investigadores tentam compreender o comportamento social mediante a anlise

    de estmulos imediatos, estados psicolgicos e traos de personalidade. O objectivo principal da investigao a predio do comportamento A experimentao o principal mtodo de investigao Principais investigadores: Mead, Goffman, French, Homans e Bales

    Existem vrias razes para se proceder ao estudo das 2 psicologias sociais: As duas psicologias complementam-se:

    Visscher " Tenha-se cuidado em que estas duas abordagens, a do psiclogo e a do socilogo desenvolvam investigaes complementares num plano estritamente positivo". Cada uma tem os seus pontos fortes e fracos.

    Em ultima instancia, as duas abordagens convergem: Todas as teorias da psicologia social tentam compreender os indivduos no seu

    contexto social. Todas reconhecem implcita ou explicitamente, a influncia recproca do indivduo e da sociedade na construo social da realidade

    Cada vez h uma maior interaco dos assuntos e dos mtodos das duas psicologias sociais.

    A ateno ao mundo subjectivo do individuo a nica contribuio da psicologia social que partilhada pela PSS e pela PSP (CartWight 1979)

    Ambas as perspectivas acentuam o meio percepcionado pelo individuo e no tanto o meio actual.

    Ambas as psicologias sociais se focalizam nas interpretaes cognitivas da realidade e nos comportamentos subsequentes com base nestas interpretaes.

    Sendo o comportamento variado e as suas causas diversas, no de admirar que em psicologia social se recorra a diferentes nveis de anlises:

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    Doise (1982) - sintetizou essas explicaes distinguindo quatro nveis: 1 abordado o estudo dos processos "psicolgicos" ou intra-individuais"que

    deveriam dar conta do modo como o individuo organiza a sua experincia do mundo social (ex. Um individuo ter uma opinio global sobre algum, a partir da integrao de diferentes traos de personalidade que lhe so apresentados)

    2 Tem em conta a dinmica de processos "inter-individuais" e "intra-individuais que ocorrem entre indivduos (ex: o estudo da atribuio de intenes a outrem)

    3 Faz intervir diferenas de "posies" ou "de estatutos sociais" para dar conta de modulaes de interaces situacionais (ex: quando uma argumentao convence mais facilmente um individuo porque quem apresenta tem um estatuto social mais elevado)

    4 Mostra como determinadas "crenas ideolgicas universalistas" induzem representaes e condutas diferenciadoras, ou at mesmo discriminatrias.

    Lerner (1980) - os seus trabalhos permitem ilustrar o 4 nvel Segundo ele as pessoas tm uma profunda convico de que o "mundo justo" e o

    que acontece s pessoas que sofrem merecido. Se os nveis de anlise podem ser diversos, os psiclogos sociais esto, no entanto, unidos na

    crena de que os aspectos sociais do comportamento humano podem ser compreendidos atravs do estudo sistemtico.

    Este conhecimento pode permitir predizer o comportamento social e, talvez melhor-lo, contribuindo para uma qualidade de vida mais satisfatria dos seus semelhantes.

    3 ESBOO HISTRICO DA PSICOLOGIA SOCIAL

    Ebbinghaus (1908) Escreve que a "Psicologia tem um longo passado mas s tem uma breve histria".

    Plato aproximava o indivduo e a sociedade

    Rosseau Analisou a influncia das instituies sociais sobre a psicologia dos indivduos, no pode

    ainda dizer-se que estes autores sejam psiclogos sociais.

    O longo passado do pensamento scio-psicolgico A psicologia social comeou a esboar-se enquanto centro de interesse cientfico em finais do

    sec.XIX e nos alvores do sec. XX Allport (1985)

    A histria da filosofia no pode ser esquecida na medida em que h um sculo todos os psiclogos sociais eram filsofos e muitos filsofos eram psiclogos sociais.

    Os filsofos gregos foram provavelmente os primeiros tericos em Psicologia Social (Plato e Aristteles), em particular, focalizaram a ateno do homem ocidental na sua natureza social.

    Plato (427-347 a.c.) Expe na Republica que os Estados se formam porque o individuo no auto- suficiente

    e necessita da ajuda de muitos outros. Se os homens formam grupos sociais porque precisam deles.

    O equilbrio para uma sociedade depende do lugar que ela saiba dar a trs actividades: Artesanal Guerreira Magistratura

    Considera que o esprito humano tem trs componentes: Comportamental Abdmen Afectiva Trax Cognitivo Cabea

    Aristteles (384-322 a.c.) Na Politica, v as pessoas como "animais polticos", gregrios por instinto. Pensa que a interaco social necessrio para o desenvolvimento normal dos seres

    humanos. Quer Aristteles quer Plato acreditam que os indivduos diferem nas suas habilidades, uns tm

    disposies inatas para a liderana e outros para serem seguidores.

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    Hobbes (1588-1679) Os homens no tm tendncia a amar-se, mas o seu estado natural a guerra contra todos. A to clebre frase "homo homini lupus" (o Homem o lobo do Homem) condensa

    bem esta premissa. Desenvolveu uma anlise dos processos interpsicolgicos que levam o homem

    socializao: paixo de ambio, paixo de denominao, sentimento de insegurana. Ele procura nas bases do comportamento, as bases da sociedade.

    Rousseau (1712-1778) As condies sociais transformam verdadeiramente o homem. Stoetzel (1963) diz que Rousseau procurou analisar a influncia das instituies sobre

    psicologia dos indivduos. No "discurso sobre as cincias e as artes" (1750), defendia que as cincias e as artes

    corromperam o homem, como toda a civilizao. Bentham (1748-1832)

    Defendeu que todo o comportamento humano motivado pela procura de prazer, principio conhecido como hedonismo (prazer com bem supremo, evita o que desagradvel e procura apenas o que agradvel).

    Fourier (1792-1837) Socialista utpico, a sociedade ideal, o falanstrio assentava na "paixes humanas". Essa sociedade ideal constri-se a partir de uma boa utilizao das paixes humanas e

    no da sua correco ou represso. " necessrio, pois, reestruturar a sociedade, a partir de m conhecimento que

    chamaramos hoje psico-social, e de que Fourier teve claramente a ideia, para trazer a harmonia psicolgica" (Stoetzel, 1963).

    Karl Marx (1818-1883) O comportamento social determinado pelas condies econmicas. Segundo esta perspectiva, para mudar o modo das pessoas pensarem, sentirem e agirem

    fundamental mudar antes as instituies econmicas. Lazarus (1824-1903) e Steinthal (1823-1899)

    Fundadores em 1860 de uma Revista de Psicologia dos Povos. Para eles, o "povo" era uma realidade espiritual, mas colectiva, cujo esprito no um mero

    produto, pensando descobrir os processos mentais dos chamados povos primitivos atravs do estudo dos mitos, lnguas, religio e artes.

    As origens da Psicologia Social difcil situar o nascimento da Psicologia Social, pois esta disciplina vai aparecer como resultado

    de uma evoluo progressiva. O hmus propcio ecloso de uma abordagem especfica da Psicologia Social, encontramo-lo na

    confluncia de duas correntes: Francesa

    Comte (1798-1857) Inventou o termo "sociologia" e fez muito para situar as cincias sociais na

    famlia das cincias, foi o 1 autor a ter concebido a ideia de uma Psicologia Social.

    Duas das suas contribuies so geralmente conhecidas: 1 "Lei dos trs estdios"

    Estdio teolgico - Acontecimentos so explicados e personificados pelos Deuses.

    Estdio metafsico - Acontecimentos so explicados por poderes impessoais e pelas leis da cincia.

    Estdio positivo - Acontecimentos so explicados pela sua invariabilidade e constncia.

    2 a classificao das cincias fundamentais abstractas. Faz a distino entre cincias abstractas que tratam de fenmenos irredutveis,

    de acontecimentos fundamentais e primrios, e cincias concretas que tratam de fenmenos compsitos, de "seres" concretos e das aplicaes abstractas.

    Inventou a "Moral Positiva", pois necessitava de uma cincia que tratasse dos indivduos e do modo como os indivduos combinam influncias biolgicas e societais.

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    Esta "Moral Positiva" considera, por um lado, os fundamentos biolgicos do indivduo segundo o enfoque da moderna psicofisiologia e, por outro lado, aborda, o indivduo num contexto cultural social, o que constitui a perspectiva da psicologia social actual (Allport 1985).

    Gabriel Tarde (1843-1904) e a Gustave de Bon (1841-1931) Deve-se um real desenvolvimento da Psicologia Social

    mile Durkheim (1855-1917) Discpulo de Comte, defende a posio deste ltimo, segundo a qual o social

    rigorosamente irredutvel ao individual. Esta posio entra em choque com a de Tarde que alicera em dois fenmenos

    psicolgicos: Inveno - fruto de individualidades poderosas que asseguram o progresso Imitao - assegura a unidade e a estabilidade sociais.

    Uma sociedade pode definir-se como "um grupo de homens que se imitam" Tarde

    O papel dos meios de comunicao de massa na formao da opinio pblica nos processos de influncia da comunicao.

    LeBon autor de numerosas obras de psicologia e de filosofia sociais. Segundo este autor a multido modifica o indivduo, pois dota-o de uma

    "alma colectiva", em que o indivduo reage de maneira diferente quando est numa situao de multido.

    Os indivduos, em multido, adoptam um raciocnio rudimentar qualitativamente inferior aos indivduos que a compem.

    Estes comportamentos so explicados por LeBon por uma causa interna, o contgio mental, e uma externa, a existncia de lderes.

    A obra deste autor julgada de um modo ambivalente: brilhante e superficial.

    Rengelman Levantou a seguinte questo:

    " Como que a presena de outras pessoas influencia a realizao de um individuo?"

    Descobriu que, em comparao com o que as outras pessoas faziam por elas mesmas, a realizao individual diminua quando trabalhavam conjuntamente em tarefas simples como o puxar uma corda ou empurrar uma carroa.

    A investigao de Rengelman est na origem dos modernos estudos de Psicologia Social sobre preguia social.

    Anglo-saxnica Triplett (1898)

    Publicou a experincia sobre os efeitos da competio sobre o desempenho humano. (ex: observou que um ciclista pedala mais depressa quando em conjunto, do que sozinho)

    Edward Ross (1866-1951) Publicou em 1901 uma obra sobre "controlo social" em que considera a

    Psicologia Social como o estudo das inter relaes psquicas entre o homem e o meio que o rodeia.

    William McDougall (1908) Em Inglaterra, publica uma obra "Introduo Psicologia Social". Baseou-se amplamente no ponto de vista que o comportamento social

    resulta de um pequeno nmero de tendncias inatas ou instintos. Allport

    Considera que o comportamento social influenciado por muitos factores em que se incluem a presena dos outros e as suas aces.

    Faz a distino entre facilitao social (influncias dos grupos no indivduo) e rivalidade (desejo de ganhar)

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    Evoluo da Psicologia Social Os anos que se seguiram publicao do Texto de F. Allport foram um perodo de crescimento

    rpido para a Psicologia Social. O ideal de transformar a Psicologia Social numa disciplina emprica (todo o conhecimento

    humano deriva, directa ou indirectamente, da experincia) j tinha sido aceite. Em finais dos anos 20, comeo dos anos 30, desenvolveram-se tcnicas de investigao e

    expande-se o trabalho efectuado. Nos anos 30 surge a publicao de trabalhos de trs figuras de 1 fila, na histria da Psicologia

    social. Levy Moreno (1892-1974)

    Desenvolveu o sistema sociomtrico para analisar as interaces individuo-grupo. Muzafer Sherif (1906-1990)

    O 1 programa de investigao com cariz experimental Kurt Lewin (1890-1947)

    Formulou a "Teoria do campo": O comportamento humano deve ser considerado como uma funo das

    caractersticas do individuo em interaco com o seu meio. Na resposta questo sobre o que que determina o comportamento humano:

    Freud Acentuou os processos psicolgicos internos ao indivduo.

    Marx Sublinhou as foras externas.

    Lewin Optou por ambos os factores: internos e externos, que influenciam o comportamento

    humano. Esta abordagem combina a psicologia da personalidade com a psicologia social,

    que tradicionalmente tm sublinhado respectivamente diferenas entre indivduos e diferenas entre situaes.

    Em cada dcada do sec. XX os interesses da investigao foram-se modificando e ampliando: At aos anos 30

    o interesse dos investigadores est centrado, na medida das atitudes. Anos 40 a 50

    Presta-se ateno influncia dos grupos e da pertena aos grupos sobre o comportamento individual e abordam-se as relaes entre vrios traos da personalidade e comportamento social.

    Festinger prope a Teoria da Dissonncia Cognitiva (tentativa de alterar pensamentos/comportamentos, quando os mesmos so insatisfatrios)

    Fritz Heiner Psicologia ingnua (atribuir sentido vida tentando controlar o meio)

    Anos 60 Os psiclogos sociais fizeram incidir a sua ateno em reas de investigao. (ex:

    porque que obedecemos autoridade, como nos atramos e fazemos amigos....) No Canad dedicaram-se ao estudo de aspectos psico-sociais do bilinguismo (uso de

    duas lnguas). Continuou a investigao em reas de interesse social (ex: preconceitos e mudanas

    de atitude). A Psicologia Social europeia colocou uma maior nfase que a norte-americana - no

    estudo das relaes interpessoais e na investigao de tpicos. Surge a crise de confiana levando psiclogos sociais a enveredarem por debates de

    extrema vivacidade. Anos 70

    Foram postos em cena novos tpicos (ex: papeis sexuais e descriminao sexual, psicologia ambiental)

    Anos 70 e 80 - duas tendncias: Influncia crescente da perspectiva cognitiva A nfase na vertente aplicada.

    Anos 90 Tem-se tambm verificado um crescente interesse pela investigao aplicada. Para alm da influncia da perspectiva cognitiva e da vertente aplicada, duas outras

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    perspectivas vo ocupar mais os psiclogos sociais: O estudo do papel do afecto, E uma maior sensibilizao variao cultural. Os psiclogos sociais esto a tornar-se mais sensveis ao impacto da cultura no

    comportamento social

    4 - A PSICOLOGIA SOCIAL COMO CINCIA

    Os psiclogos sociais querem compreender as pessoas e ajud-las a remediar problemas humanos. Os psiclogos sociais diferenciam-se na medida em que enveredam por uma abordagem cientifica

    para os seus assuntos. Cincia

    Um corpo organizado de conhecimentos que advm da observao objectiva e de testagem sistemtica.

    Refere-se a todas as reas que podem ser estudadas (sistemtica e objectivamente) e no a um assunto particular.

    Cincias naturais Tentam explicar observaes acerca da natureza e do mundo fsico (Biologia, botnica,

    fsica, qumica e a zoologia ) Cincias comportamentais

    Abordam observaes acerca de actividades, como sejam operaes mentais e respostas motoras de animais e de seres humanos (antropologia, etologia, psicologia e a sociologia)

    Cincias sociais (expresso) Refere-se s cincias comportamentais e disciplinas afins (economia, cincia politica) que

    abordam actividades das pessoas inseridas em comunidades humanas. Psicologia Social

    Investiga as aces de indivduos e de indivduos dentro de grupos, sendo assim uma cincia comportamental e social.

    "Teoria" uma descrio de relaes entre smbolos que representam a realidade

    Atitude um smbolo abstracto utilizado para representar a realidade de que indivduos tm

    preferncia por certos objectos especficos: No real Apenas representa coisas reais.

    Construto Quando um smbolo abstracto numa teoria definido em termos de acontecimentos

    observveis.

    Investigao cientifica A Psicologia Social utiliza o mtodo cientfico para estudar o comportamento social. Mtodo cientfico

    Implica observao sistemtica, desenvolvimento de teorias que explicam essas observaes, uso de teorias que engendram predies acerca de observaes futuras e reviso de teorias quando as predies no esto certas.

    A cincia exige explicaes. So precisamente as teorias que nos ajudam a explicar o que se observa. Uma teoria consiste na formao de regras gerais tendo por alicerce observaes

    especficas efectuadas. Uma teoria deve ser capaz de fazer predies acerca de fenmenos com recurso lgica

    dedutiva gera hipteses susceptveis de serem testadas Induo lgica

    a passagem de observaes especficas a regras gerais ou teorias. Karl Popper

    Mostrou que uma teoria cientifica no pode logicamente ser provada como verdadeira, mas pode ser refutada (contradizer com argumentos).

    Defende que para uma teoria ser cientfica deve, em princpio, ser capaz de refutao emprica

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    O valor de uma teoria depende de um certo nmero de qualidades: Dever estar em concordncia com dados conhecidos, incorporando o que se

    encontrou acerca do comportamento humano Compreensiva, tentando compreender e explicar um amplo leque de comportamentos. parcimoniosa, no contendo mais que os elementos necessrios para explicar o

    assunto em questo. de se testar, fornecendo meios mediante os quais hipteses especificas e predies

    podem ser suscitadas e subsequentemente testadas por investigao. o seu valor heurstico (descobrir a verdade por si prprio). Estimula o pensamento e

    a investigao e desafia outras pessoas a desenvolverem e testarem teorias opostas. A utilidade ou valor aplicado de uma teoria um atributo importante. As teorias podem tambm servir para sensibilizar/identificar os factores susceptveis

    de influenciar a vida quotidiana e para prestar ateno s consequncias das suas aces.

    Os PS tentam elaborar teorias que aumentem na pessoa a tomada de conscincia de deficincias na vida quotidiana e permitam gui-las para opes mais satisfatrias.

    Teoria GENERATIVA (Gergen 1978) D pessoa a possibilidade de se interrogarem sobre o que acreditavam antes

    e permite optar por novas relaes em vez de conservarem crenas dogmticas (aceites como incontestveis).

    Objectivos cientficos da Psicologia Social Psiclogos sociais tentam associar as teorias com trabalhos empricos Os objectivos centrais da investigao em Psicologia Social, so quatro:

    Descrio Emana naturalmente da coleco sistemtica de factos e de observaes acerca de

    qualquer fenmeno. Explicao

    Pressupe a identificao das relaes causais que produzem comportamentos particulares.

    Predio Capacidade de fazer predies certas

    Controlo Quando ou se ocorrem fenmenos comportamentais

    A investigao pode fornecer informao fidedigna sobre a sociedade, explic-la, permitir predies e controlar a ocorrncia de fenmenos comportamentais.

    O processo de investigao em Psicologia Social Os psiclogos sociais para estudarem de modo eficaz o comportamento social, devem planear

    meticulosamente e executar os seus projectos de investigao. Este processo cientifico pode sintetizar-se em sete etapas:

    1. Seleccionar um tpico de investigao Necessrio desenvolver uma ideia acerca do comportamento que valha a pena

    explorar. 2. Busca da documentao de investigao

    Que permite delimitar os estudos anteriores efectuados sobre o tpico. 3. Formulao de hipteses

    So expectativas especficas sobre a natureza das coisas decorrentes de uma teoria implicaes lgicas d teoria

    4. Escolha de um mtodo de investigao Que permitir testar as hipteses mtodo correlacional (natural) e o experimental

    (controlado) 5. Recolha de dados - existem trs tcnicas bsicas:

    Auto-avaliaes permite medir emoes, percepes (estado subjectivo) Observaes directas Informao de arquivo.

    6. Efectuar anlise de dados As 2 espcies bsicas de estatsticas utilizadas pelos psiclogos sociais so as

    descritivas e inferenciais.

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    7. Apresentar o relatrio de resultados Efectua-se publicando artigos em revistas cientificas, fazendo apresentaes em

    congressos, ou informando pessoalmente outros investigadores na disciplina.

    Meta-anlise Um dos problemas com que se defrontam muitas vezes os investigadores que o processo de

    investigao conduz frequentemente a resultados contraditrios de um estudo para o outro. Meta-anlise

    uma tcnica estatstica que permite aos investigadores combinar informao de muitos estudos empricos sobre um tpico e avaliar objectivamente a fidelidade e o tamanho global do efeito (Rosenthal -1984)

    So particularmente teis no estudo das diferenas sexuais no comportamento social

    5 TEORIAS EM PSICOLOGIA SOCIAL

    Os psiclogos sociais desenvolveram muitas ideias diferentes sobre a vida social. Nenhuma teoria permite explicar de modo adequado todos os fenmenos sociais. Entre as principais posies tericas amplas em Psicologia Social figuram as teorias:

    Aprendizagem Tm as suas origens nos princpios bsicos do behaviorismo que salientou o

    condicionamento clssico e a aprendizagem atravs de reforo ou recompensa Durante muitos anos, as teorias da aprendizagem foram a orientao dominante em

    Psicologia O seu ncleo a ideia de que o comportamento de uma pessoa determinado pela

    aprendizagem anterior H trs mecanismos gerais mediante ao quais as pessoas aprendem coisas novas:

    Associao ou condicionamento clssico aprendizagem reflexiva Reforo recompensa/castigo Aprendizagem observacional ou imitao rpida assimilao/ausncia de

    reforo Contribuies

    As teorias da aprendizagem tm-se utilizado para explicar muitos fenmenos scio-psicolgicos, como a atraco interpessoal, a agresso, o altrusmo, o preconceito, a formao de atitudes, a conformidade e a obedincia.

    Cognitivas Tm as suas origens na psicologia de Gestalt. Focalizam-se nos processos cognitivos que esto subjacentes s nossas percepes

    e julgamentos acerca de ns prprios e dos outros em situaes sociais A teoria da aprendizagem criticada por existir uma "caixa negra" salientando

    o que entra na caixa (estimulo) e o que sai (resposta), mas presta pouca ateno ao que se passa dentro da caixa.

    Os elementos do interior - emoes e cognies - so a principal preocupao das teorias cognitivas.

    A ideia principal das teorias cognitivas para a Psicologia social que o comportamento de uma pessoa depende do modo como percepciona a situao social.

    Kohler e Koffka Interessaram-se em saber como que os processos interiores do indivduo

    impem uma forma ao mundo exterior percepcionam as situaes como todos dinmicos

    Princpios bsicos Uma ideia central para esta orientao que as pessoas tendem

    espontaneamente a agrupar ou a categorizar objectos. Uma segunda ideia central que percepcionamos imediatamente algumas

    coisas como sendo salientes (figuras) e outras como estando atrs (fundo) Estes princpios cognitivos (agrupamos e categorizamos) so importantes

    para o modo como interpretamos o que as pessoas sentem, querem e que tipo de pessoas so

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    Os princpios cognitivos estudam como que as pessoas processam a informao.

    No domnio da psicologia social a investigao sobre cognio social, aborda o modo como processamos informao social acerca de pessoas, de situaes sociais e de grupos.

    A investigao sobre a cognio social tem sido efectuada em trs reas: Percepo social como captamos a informao acerca das outras

    pessoas Memria social como armazenam informao em relao s outras

    pessoas Julgamentos sociais como juntam informao para chegarem a

    concluses acerca do mundo social A nvel perceptivo os PS interessam-se em como certas estruturas cognitivas nos

    ajudam a prestar ateno a vastas quantidades de informao acerca das outras pessoas e das situaes sociais.

    Esquemas So representaes que as pessoas tm nas suas cabeas acerca de pessoas e de

    acontecimentos. Representam o conhecimento integrado que temos a respeito do nosso meio

    social. Uma outra direco de investigao cognitiva em que a Psicologia Social tem sido

    frtil o estudo de atribuies causais, isto , os modos como as pessoas usam a informao para determinar as causas do comportamento social (porqu o trmino de um relacionamento, por exemplo)

    Contribuies As teorias cognitivas permitem explicar situaes que parecem numa

    primeira abordagem incompreensveis. Os psiclogos sociais seguindo a tradio de Gestalt, examinaram como que o

    nosso conhecimento dos traos individuais combinado para formar impresses globais das pessoas

    As teorias de consistncia cognitiva postulam que estamos motivados para conservar cognies de acordo com um comportamento consistente.

    Regras e papeis. Pem em evidncia a ideia de que os pensamentos e os comportamentos dos

    indivduos so o resultado de interaces que tm com outras pessoas e do significado que elas do s interaces e papis

    Foi George Herbert Mead que tomou o conceito de papel popular na sua anlise do self em relao com as pessoas que nos rodeiam.

    Princpios bsicos Teoria do Papel:

    Trata-se de uma rede ligada a hipteses e de um conjunto bastante amplo de construtos

    Presta pouca ateno aos determinantes individuais do comportamento O indivduo visto como um produto da sociedade em que vive e como

    um indivduo que contribui para essa sociedade O termo "papel", define-se como a posio ou funo que uma pessoa

    ocupa no seio de um determinado contexto social. Uma pessoa desempenha simultaneamente muitos papis: de estudante universitrio, de irm, de namorada, de jogadora.

    Os papis muitas vezes entram em conflito uns com os outros. Conflito de papeis:

    Conflito interpapel Quando uma pessoa ocupa diversas posies com exigncias

    incompatveis (mulher quer estudar/namorado quer sair conflito de papis)

    Conflito intrapapel Quando um s papel tem expectativas que so incompatveis

    (estudar para 1 exame ou concluir um trabalho de grupo, ambos para o dia seguinte)

  • 11

    Contribuies O conceito de papel tem sido amplamente utilizado em Psicologia social. Este domnio frequentemente se recorre a termos como modelo de papel, jogo

    de papel, tomada de papel. Este conceito d conta da possvel mudana de comportamentos das pessoas

    quando a sua posio na sociedade muda. O doente mental o produto de uma personalidade perturbada que tem

    problemas profundos e duradoiros, nada tendo a ver com a situao. Segundo a teoria dos papis, a doena mental muitas vezes aprendida quase

    como algum aprende um papel numa pea de teatro. Mais recentemente as ideias da teoria dos papeis tm contribudo para o

    incremento do estudo do auto- conceito. Modelos de auto conscincia

    Referem em que condies nos tornam mais conscientes de ns prprios. Conceito auto vigilncia

    D conta da tendncia de algumas pessoas observarem o modo como so percepcionadas pelas outras.

    rea da gesto da impresso Aborda o modo como as pessoas tentam criar impresses especficas e

    positivas acerca delas prprias

    No seio destas trs orientaes tericas gerais possvel desenvolverem-se mini-teorias, que tentam explicar um leque mais restrito do comportamento humano (fenmenos como o amor, solido, etc)

    Uma comparao de teorias As trs teorias acabadas de apresentar diferem nas questes que tratam e nas questes que ignoram. Conceitos diferentes

    Teoria da aprendizagem O comportamento social observvel explicado pelas relaes entre estmulo e

    resposta e a aplicao do reforo Teoria cognitiva

    Acentuam a importncia das cognies e, de uma maneira geral, da estrutura cognitiva como determinante do comportamento.

    Teoria do papel Enfatiza papis e normas, definidos pelas expectativas dos membros do grupo em

    relao realizao. Diferem de comportamentos explicados

    Teoria da aprendizagem Focalizam-se na aquisio de novos padres de resposta e no impacto das

    recompensas e dos castigos na interaco social. Teoria cognitiva

    Abordam os efeitos das cognies sobre a resposta da pessoa a estmulos sociais, e tratam tambm das mudanas nas crenas e nas atitudes.

    Teoria do papel Sublinha o papel do comportamento e a mudana de atitude que resulta dos papis

    que se tem Diferem nas suposies acerca da natureza humana

    Teoria da aprendizagem Vem os actos das pessoas, o que aprendem e como o fazem, como determinados

    fundamentalmente pelos padres de reforo. Teoria cognitiva

    Acentuam que as pessoas percepcionam, interpretam e tomam decises acerca do mundo.

    Teoria do papel Supem que as pessoas so enormemente conformistas. Vem as pessoas como

    agindo de acordo com as expectativas de papis que tm os membros do grupo. Diferem nas concepes do que provoca a mudana no comportamento

    Teoria da aprendizagem Defendem que a mudana no comportamento resulta de mudana no tipo,

  • 12

    quantidade e frequncia de reforo recebido. Teoria cognitiva

    Sustentam que a mudana no comportamento resulta de mudanas nas crenas e atitudes, para alm de postular que mudanas nas crenas e atitudes so muitas vezes o resultado de esforos para resolver inconsistncias entre cognies.

    Teoria do papel Defende que para mudar o comportamento de algum, necessrio mudar o papel

    que a pessoa ocupa. Diferente comportamento resultar quando a pessoa muda de papis, porque o novo papel acarretar diferentes pedidos de expectativas.

    6 - A PSICOLOGIA SOCIAL CONTEMPORNEA

    Uma cincia em ebulio A psicologia social constitui um dos domnios mais importantes na investigao em psicologia em

    particular, e nas cincias sociais, em geral

    Uma pleide de investigadores Hoje em dia so cada vez mais numerosos os investigadores que apresentam contribuies de valor

    para esta cincia: Jones, Kelley, Festinger, etc

    Empregos em Psicologia Social A maioria dos empregos em PS obtida ao nvel do ensino e investigao, em postos de professores ou

    de cientistas em meio universitrio ou secundrio a percentagem mais elevada em todos os sectores de estudo em psicologia

    7 PERSPECTIVAS INTERNACIONAIS

    E.U.A. o principal produtor do conhecimento psicolgico 1 mundo O 2 mundo to produtivo quanto o 1, mas a sua influncia restringida a esse mundo e ao 3 O 3 mundo (paises em desenvolvimento) importador de conhecimento. A psicologia social europeia comea a desenvolver reas prprias de interesse

    Tajfel e seus colegas (Europa) O trabalho consiste na identidade social, categorizao social e relaes intergrupais.

    Moscovici e seus colegas O trabalho consiste na polarizao de grupos, influncia minoritria e representaes

    sociais.

    Estudo da caverna dos ladres Muzafer Sherif e Carolyn Sherif exploram a formao de grupos, o conflito/competio

    intergrupal e as tcnicas para reduzir o conflito (objectivos supraordenados objectivos que cada grupo desejava realizar, mas que no o podia fazer sem a ajuda do outro grupo)

    Os objectivos supreordenados ajudaram a reduzir a hostilidade entre os 2 grupos, bem como a criao de sentimentos positivos (exemplo: restabelecimento de gua para o campo)

    Foram utilizadas tcnicas quer da PSS, quer da PSP Foram utilizadas tcnicas de observao e entrevistas em profundidade, combinando-as com a

    tcnica dos questionrios estandardizada Este estudo ilustra o interesse partilhado por todos os psiclogos sociais pelos pontos de vista

    subjectivos das pessoas Chama a ateno para as mudanas ocorridas, ao longo do tempo, da perspectiva de um grupo

    sobre o outro grupo, combinando nvei de anlise psiclogico e sociolgico Ilustra, tambm, como se podem combinar as vantagens das duas psicologias sociais

  • 13

    IV - ATITUDES

    3 O QUE SO AS ATITUDES

    Segundo Gordon Allport, as atitudes so medidas com maior sucesso do que so definidas

    Modelos de atitudes Uma abordagem tradicional tem considerado as atitudes como sendo multidimensionais com

    uma organizao relativamente duradoira. Para o Modelo tripartido clssico, a atitude resulta de trs componentes (Rosenberg e Hovland,

    1960) : Afectivo

    Refere-se aos sentimentos subjectivos e s respostas fisiolgicas que acompanham uma atitude (Ex: sentirmo-nos tensos face a estudantes universitarios)

    Cognitivo Diz respeito a crenas e opinies das quais a atitude expressa, muito embora nem

    sempre sejam conscientes (Ex: acharmos que os estudantes universitarios so arrogantes) Comportamental

    Diz respeito ao processo mental e fsico que prepara o indivduo a agir de determinada maneira (Ex: recusarmo-nos a interagir com estudantes universitarios)

    Bagozzi (1978) No claro o modo como se interrelacionam cada um destes componentes. Em muitas situaes a presena de um componente implica a presena de outros. (ex: caa).

    Breckler (1984) Efectuou um estudo para testar as contribuies independentes dos componentes

    afectivo, cognitivo e comportamental em relao s cobras Mediu o ritmo cardaco e os humores das pessoas na presena da cobra

    Componente Afectivo Mediu as crenas favorveis/desfavorveis em relao s cobras Componente

    Cognitivo Perguntou como reagiriam presena de uma cobra Componente

    Comportamental As 3 dimenses convergem para assegurar uma significao comum, mas tambm existe

    uma validade discriminante entre cada uma delas Crticas a este modelo:

    Apresenta obstculos para se verificar empiricamente As correlaes no so suficientes para determinar a validade de construto do modelo

    (Dawes e Smith) H quem considere a atitude como sendo unidimensional, isto , uma atitude representa a

    resposta avaliativa (afecto), favorvel ou desfavorvel, em relao ao objecto de atitude. A atitude constitui, pois, a respostas que situa o objecto numa posio do continuum de

    avaliao Modelo unidimensional clssico Fishbein e Azjen (1975)

    Definem a atitude como sendo "uma predisposio aprendida para responder de modo consistente favorvel ou desfavorvel em relao a dado objecto."

    Thurstone (1928) Definiu a atitude como a intensidade de afecto a favor ou contra um objecto psicolgico

    Zanna e Rempel (1988) Delinearam o modelo tripartido revisto que integra todas estas concepes Comeam por definir a atitude como uma categorizao de um objecto - estimulo ao

    longo de uma dimenso avaliativa (por ex.: aborto-favoraveldesfavoravel) Neste modelo a atitude , por conseguinte, um julgamento (isto , uma opinio) que

    exprime um grau de averso ou de atraco num eixo bipolar. Pressupe que esta avaliao pode basear-se em trs espcies de informao:

    Informao cognitiva Julgamento a "frio" de que se gosta ou detesta

    Informao afectiva Emoo sentida

  • 14

    Informao baseada no comportamento passado Antecipao da aco

    Uma atitude pode s derivar de cognies, ou de cognies e afecto, ou de cognies, afecto e comportamento passado

    Caractersticas A atitude enquanto realidade psicolgica possui determinadas caractersticas oriundas das

    realidades fsicas. Pode-se encarar como um continuum psquico, ou seja, uma entidade que tem um comeo e um

    termo de modo que se possa passar de um ao outro por variaes de grau, ressaltam quatro caractersticas:

    Direco da atitude Designa o nvel positivo ou negativo do objecto da atitude Em relao a este objecto, o sujeito pode sentir atraco ou repulsa

    Intensidade da atitude Exprime-se pela fora da atraco ou da repulsa em relao ao objecto A intensidade foi e continua a ser a propriedade que mais tem atrado a ateno

    dos investigadores. Foi objecto das teorias das escalas clssicas de medida e recorre-se a ela para

    determinar o grau de mudana de atitude. Uma subpropriedade associada intensidade a extremidade (ex: um sentimento

    positivo, pode ser exprimido por meio de uma atitude positiva desde "ligeiramente" a "totalmente positiva".)

    Dimenso da atitude Permite-nos aprender se se trata de um objecto complexo e que no est bem definido. Pode ser unidimensional (se abarcar apenas um domnio da axtividade

    comportamental) ou multidimensional (vrios domnios) Acessibilidade da atitude

    Solidez da associao entre o objecto de atitude e a sua avaliao afectiva Um continuum "no atitude-atitude" foi proposto por Fazio, Sanbonmatsu, Powell

    e Kardes (1986). Num dos extremos do continuum encontra-se a "no-atitude", isto , no

    existe na memria nenhuma avaliao priori do objecto de atitude. medida que nos deslocamos ao longo do continuum, a avaliao afectiva

    aumenta e a sua acessibilidade torna-se mais provvel No outro extremo do continuum, aparece uma atitude bem definida, positiva

    ou negativa, mas espontnea e automtica Quanto mais automtica a resposta mais provvel a predio do

    comportamento Para alm das caractersticas referidas, as atitudes tm outras caractersticas bsicas:

    As atitudes so inferidas do modo como os indivduos se comportam (ex.: preencher um questionrio)

    As atitudes so dirigidas em relao a um, objecto psicolgico ou categoria (ex.: objectos tangveis, grupos, ideias abstractas, etc)

    As atitudes so aprendidas, isto , provm da experincia. Dado que as atitudes so aprendidas, podem ser mudadas

    As atitudes influenciam o comportamento

    Funes Psicolgicas das atitudes As atitudes so teis para a pessoa que tem uma atitude Smith et al. (1956)

    Atribuem trs funes s atitudes: Adaptao socializado Exteriorizao Avaliao do objecto de atitude

    Katz (1960) Menciona quatro funes:

    Conhecimento

  • 15

    Perspectiva cognitiva Instrumentalidade (meios atingir)

    Perspectiva behaviourista Defesa do eu (proteco da nossa auto-estima)

    Perspectiva psicanaltica Expresso de valores (permitindo s pessoas mostrar os valores com que se

    identificam e as definem) Perspectiva humanstica

    As atitudes podem ter trs funes: (Schlenker, 1982; Pratkanis e Greenwald, 1989) Ajudam a definir grupos sociais, Ajudam a estabelecer as nossas identidades Ajudam o nosso pensamento e comportamento

    As atitudes so elementos fulcrais para manter os grupos (ex.: associaes anti-racistas) As atitudes contribuem para a auto-representao so elementos fulcrais nas representaes

    que as pessoas tm delas prprias As atitudes constituem, tambm, elementos importantes da vida cognitiva das pessoas. Guiam o

    modo como se pensa, sente e age.

    4 ATITUDES E NOES CONEXAS

    Crenas O modo de relacionamento de crenas com atitudes tem muito a ver com a conceptualizao que

    feita das atitudes Krech, Cruchfield e Ballachey (1962) Situam-se no Modelo Tripartido das atitudes

    As crenas podem ser consideradas como o componente cognitivo das atitudes Fishbein e Ajzen, (1975) Consideram a atitude como sendo unitria

    Definem as crenas como julgamentos que indicam a probabilidade subjectiva de uma pessoa ou um objecto tenha uma caracterstica particular.

    Nesta perspectiva, crenas e atitudes so claramente distintas: As crenas so cognitivas pensamentos e ideias As atitudes so afectivas sentimentos e emoes

    Opinies Por vezes os termos opinio e atitude tm sido utilizados como sinnimos Mcguire (1962)

    Sugeriu tratar-se de "normas procura de uma distino e no tanto de uma distino procura de uma terminologia."

    O termo opinio continua a ser amplamente utilizado, em particular no mbito da investigao de inqurito e de sondagens de opinio pblica que se focalizam em atitudes partilhadas e crenas de vastos grupos de pessoas

    Allport (1935) Situa os quatro conceitos - opinio, atitudes, interesse e valor - ao longo de mesmo

    continuum indo do mais especfico ao mais geral Eysenck (1954)

    Distingue quatro nveis: Opinio acidental

    No caracterstica do indivduo Opinio habitual

    caracterstica do indivduo Atitude

    Conjunto de opinies estveis interligadas, corresponde a um componente importante da personalidade

    Ideologia Traduz a interdependncia das atitudes atitude etnocntrica, personalidade

    de tipo conservador. Oskamp (1991)

    Defende a perspectiva de que as opinies so equivalentes a crenas e no tanto a atitudes.

  • 16

    As opinies envolvem julgamentos de uma pessoa sobre a probabilidade de acontecimentos ou relaes, ao passo que as atitudes envolvem sentimentos ou emoes de uma pessoa sobre objectos ou acontecimentos.

    Valores Os valores constituem uma varivel psicolgica intimamente associada s atitudes. Muito embora as atitudes se refiram a avaliaes de objectos especficos, os valores so crenas

    duradoiras acerca de objectos importantes da vida que transcendem situaes especficas "Paz", "felicidade", "igualdade", so alguns exemplos de valores Os valores constituem um aspecto importante do autoconceito e servem de princpios directores

    para uma pessoa (Rokeach, 1972) Alguns psiclogos sociais tentaram catalogar um conjunto de valores bsicos em que as pessoas

    diferem: Allport e Vernon (1931):

    Terico, econmico, social, esttico, politico e religioso Morris (1956)

    Apresentou cinco dimenses gerais de valores: Constrangimento social e autocontrolo Prazer e progresso na aco Retraimento e autosuficincia Receptividade e simpatia Autocomplacncia e prazer sensual.

    Rokeach (1973) - fez a distino entre: Valores finais

    Que dizem respeito aos objectivos ltimos da vida Valores pessoais Centrados nas pessoas

    Valores instrumentais Que dizem respeito a modo de conduta Valores sociais Mais orientados

    para a moralidade ou auto-realizao Elaborou 2 escalas para se avaliarem os valores, cada uma contendo 18 valores finais

    e 18 valores instrumentais Aos sujeitos a quem se administram estas escalas, -lhes pedido para ordenar

    os valores finais e os valores instrumentais, tendo em conta a sua importncia, os seus princpios orientadores na vida

    Figueiredo (1988) Utilizou de modo assaz original estas escalas para verificar se existia consenso entre

    pais e jovens ao nvel dos valores finais e instrumentais. O autor encontrou um marcado consenso entre as duas geraes na importncia da

    "dignidade" e "felicidade" como valores finais e "honesto", "afectuoso", "responsvel", "capaz" como valores instrumentais.

    Feather (1994) Os valores tm as seguintes propriedades:

    So crenas gerais acerca de objectivos e comportamentos desejveis Envolvem bondade e maldade e tm uma qualidade de "dever" acerca deles, Transcendem atitudes e influenciam a norma que as atitudes podem assumir, Fornecem padres para avaliar aces, justificar opinies e comportamentos,

    planificar comportamentos, decidir entre diferentes alternativas e apresentar-se aos outros,

    Esto organizados em hierarquias para uma determinada pessoa e sua importncia relativa pode variar ao longo da vida,

    Os sistemas de valores variam segundo indivduos, grupos e culturas.

    Ideologia A ideologia representa um sistema integrado de crenas, em geral, com uma referncia social ou

    poltica Rouquete (1996)

    A ideologia o que torna um conjunto de crenas, atitudes e de representaes simultaneamente possveis e compatveis no seio de uma populao

    Tetlock (1989)

  • 17

    Props que os valores terminais, esto na base de toda a ideologia politica. As ideologias podem variar segundo duas caractersticas:

    Podem atribuir diferentes prioridades a valores particulares, H ideologias que so pluralistas e h outras que so monistas

    5 MEDIDAS DE ATITUDES

    Os psiclogos sociais no procuram somente saber o que so as atitudes e como so formadas. Tentam tambm medi-las, avaliar a sua direco e intensidade, o que permite efectuar

    comparaes entre os indivduos e os grupos. As atitudes podem ser medidas directa ou indirectamente.

    Anlise de contedo das comunicaes Thomas e Znaniecki (1918)

    Fizeram uma das primeiras tentativas para avaliar as atitudes. O mtodo que utilizaram consistiu fundamentalmente em inferir as atitudes de diferentes

    tipos de documentos escritos. Eles esperavam a partir deste material identificar atitudes ou temas comuns que

    permitissem compreender o comportamento dos imigrantes polacos. Eiser (1983)

    Props que um exame cuidadoso das palavras revestidas de emoes que as pessoas utilizam em entrevista, pode fornecer uma indicao de valor sobre as atitudes subjacentes, mesmo que no estejam a fazer afirmaes atitudinais directas.

    Escala de avaliao com um item Trata-se de um mtodo econmico de medir uma atitude em muitos estudos com carcter

    representativo. Exemplo, em sondagens de opinio (totalmente em desacordo (=1) a Totalmente em acordo (=7)).

    Este mtodo defronta-se com um problema a potencial falta de fidelidade

    Escala de distncia social Emory Bogardus (1925)

    Props esta escala com o objectivo de medir as atitudes tnicas. Esta tcnica mede o grau de distncia que uma pessoa deseja manter nas relaes com

    pessoas de outros grupos. A escala apresenta-se sob a forma de um quadro de dupla entrada que tem como abcissa o

    nome de diferentes grupos humanos Esta escala tem sido amplamente criticada

    Escala de Thurstone Thurstone (1928)

    Defendeu que h um continuum psicolgico de afecto ao longo do qual se podem situar os indivduos.

    Das diversas tcnicas de escalas desenvolvidas por Thurstone a que foi mais amplamente utilizada foi a escala de intervalos aparentemente iguais.

    A elaborao desta escala pode ser sintetizada em oito passos: Obtm-se um determinado nr de itens em relao com o objecto da atitude Esses itens so avaliados por um conjunto de juzes com caractersticas semelhantes

    s das pessoas que serviram de sujeitos Pede-se aos juzes para ordenarem os itens em 11 categorias (+ favoravel, neutro, +

    desfavoravel) Os itens que so ordenados pelos juizes nas mesmas categorias so retidos. Os que

    esto em desacordo so afastados A cada um dos itens atribui-se um valor da escala Retm-se um certo nr de proposies, de modo que representem a extenso dos

    valores da escala ao longo da dimenso favoravel a desfavoravel Apresentam-se os itens selecionados numa ordem aleatria a uma populao,

    pedindo-lhes para escolherem aqueles com que concordam

  • 18

    Este tipo de escala defronta-se com algumas dificuldades: A preparao da escala complicada e morosa, tendo-se encontrado resultados muito

    semelhantes quando se utilizam tcnicas menos complicadas que esta escala. Pode haver um fosso relativamente grande entre o juri e a populao a quem se

    administra a escala. Thurstone partiu da ideia de que os juzes ordenam as proposies

    independentemente das suas atitudes, mas o contrrio pode ser provado.

    Escala de Likert Rensis Likert (1932)

    Concebeu um dos mtodos que mais influncia tem tido na medida das atitudes. Examinou cinco grandes reas das atitudes:

    Relaes internacionais Relaes raciais Conflitos econmicos Conflitos polticos Conflitos religio.

    Pode-se sintetizar a construo das escalas de Likert em trs etapas: Um conjunto de itens so selecionados pelo investigador, com base na experincia,

    intuio e pr-teste Esses itens so submetidos aos sujeitos que devem dar as suas opinioes, fazendo um

    circulo volta de um ponto numa escala de 1 a 5, cujos extremos so concordo fortemente (5) e discordo fortemente (1)

    A atitude determinada pela soma das respostas a todos os itens que tm uma correlao satisfatria com toda a escala

    A principal vantagem desta escala que ela se constri mais depressa e com menos gastos do que uma escala de Thurstone

    Escala de Guttman Baseia-se no pressuposto de que as opinies podem ser ordenadas segundo a sua "favoralidade"

    de modo que a concordncia com uma dada afirmao implica concordncia com todos os itens que exprimem opinies mais favorveis - para ele uma escala unidimensional.

    A elaborao de uma escala deste tipo pode ser sintetizada em trs etapas: Reune-se um grande nmero de opinies sobre a atitude que se deseja medir Administra-se o questionrio de opinies a uma populao de sujeitos Efectua-se uma anlise das respostas para se determinar se correspondem ao modelo ideal

    A reprodutividade a base da escala de Guttman e geralmente aceite que um conjunto de itens deve ter um coeficiente de reprodutividade de cerca de 90 (10% ou menos de erro)

    Diferenciador semntico O problema com escalas como as do tipo Thurstone, Likert ou Guttman de que para cada novo

    objecto de atitude tem de se construir uma nova escala. O diferenciador semntico propicia a possibilidade de se medirem diferentes atitudes com a mesma

    escala. Osgood, Suci e Tannenbaum (1957)

    Desenvolveram o diferenciador semntico uma tcnica de medida da significao psicolgica que tm os objectos ou os

    conceitos para o indivduo. a combinao de um mtodo de associaes foradas, mas controladas e de um

    procedimento de escalas permitindo obter a direco e a intensidade do significado do conceito.

    Por meio do recurso anlise factorial, Osgood e seus colegas identificaram trs dimenses bsicas mediante as quais os conceitos podem ser descritos.

    Estes factores foram interpretadas como sendo: A avaliao A potncia A actividade.

    Usos do diferenciador semntico: Estudar as diferenas scio-culturais nas atitudes.

  • 19

    Estudar as diferenas sexuais. Avaliar o auto-conceito.

    O diferenciador semntico tem a vantagem de ser fcil de construir.

    Medidas indirectas Os questionrios so de longe as tcnicas de avaliao das atitudes mais amplamente utilizadas. As medidas indirectas mais comuns, em que no se pergunta pessoa a sua atitude directamente,

    so: Tcnicas fisiolgicas

    Assentam no pressuposto de que o comportamento afectivo das atitudes produz uma reaco fisiolgica que pode potencialmente ser medida (resposta galvnica da pele e a resposta pupilar)

    Tcnicas comportamentais Assentam na suposio que o comportamento consistente com atitudes.

    Tcnicas projectivas. Pede-se aos sujeitos para descreverem uma figura, contarem uma histria,

    completarem uma frase, ou indicarem como que algum reagiria a essa situao. Tm a vantagem de que muitas vezes as pessoas projectam as suas prprias atitudes

    nos outros. A utilizao de tcnicas indirectas para medir as atitudes reveste-se quer de vantagens, quer de

    desvantagens: Vantagens

    Assinale-se que essas tcnicas so menos susceptveis de suscitarem respostas socialmente aceites.

    A pessoa no conhece que atitude est a ser medida. Desvantagens

    Refira-se a dificuldades em medir a intensidade da atitude e sendo as atitudes inferidas estas tcnicas podem deixar a desejar quanto fidelidade.

    Tambm podem suscitar problemas ticos. Apesar disso as medidas indirectas so a nica avenida a seguir quando o investigador trabalha

    sobre assuntos sociais muito sensveis.

    6 ATITUDES E COMPORTAMENTOS

    Os psiclogos sociais tambm estavam interessados em mudar o comportamento atravs da influncia exercida sobre as atitudes das pessoas.

    Muitas das definies tradicionais da atitude consideram-na como uma predisposio para agir de determinado modo.

    O dilema da consistncia atitude-comportamento LaPiere (1934)

    Defende que as atitudes e os comportamentos poderiam no estar to estreitamente ligados como os psiclogos sociais da poca pareciam pensar.

    Kutner, Wilkins e Yarrow (1952) Nos E.U, muito embora as pessoas negras fossem servidas de modo satisfatrio num certo

    nmero de restaurantes, os mesmos restaurantes recusariam posteriormente efectuar reservas para um acontecimento social que inclua pessoas negras.

    Nestes estudos verifica-se uma discrepncia entre atitude e comportamento. Wicker (1969)

    Efectuou uma reviso de estudos empricos sobre as relaes entre atitude e comportamentos.

    Estes estudos raramente apresentam uma correlao superior a .30 e muitas vezes a correlao est prxima de zero.

    Condies metodolgicas da predio atitude-comportamento Uma primeira tentativa de revalidao da consistncia da atitude e do comportamento debruou-

    se sobre os aspectos metodolgicos das investigaes. Referiremos, para alm de possveis problemas de medida:

  • 20

    O princpio de correspondncia As componentes preditivas do comportamento (atitude ou crena, ou inteno...) e o

    comportamento previsto deveriam medir-se a nveis correspondentes de especificidade.

    Para se aplicar este princpio necessrio precisar os nveis de correspondncia atitude-comportamento por meio de quatro marcadores:

    Uma aco fumar Um alvo fumar cigarros Uma situao em locais pblicos E o tempo nos prximos trs meses.

    Quanto mais os quatro marcadores da medida de atitude so parecidos com os marcadores do comportamento, tanto mais a relao atitude-comportamento ser importante

    O princpio de agregao dos comportamentos O estudo de LaPiere testou um acto em relao com uma atitude. Fishbein e Ajzen

    Efectuaram um estudo relacionando atitudes religiosas com os comportamentos, para demonstrar que a construo de um ndice comportamental compsito pode aumentar a correlao atitude-comportamento

    Uma das razes para a incluso de um leque amplo de comportamentos que o comportamento complexo e multideterminado.

    Os factores situacionais tambm podem influenciar o comportamento. O princpio do comportamento prototpico

    H objectos que desencadeiam mais facilmente uma reaco atitudinal que outros. Isso observa-se particularmente quando se est perante objectos representativos de uma

    classe de objectos. Lord, Lepper e Mackie

    Puseram em evidncia que as atitudes de estudantes em relao a pessoas descritas como sendo homossexuais, s prediziam o seu comportamento em relao aos homossexuais se eles se enquadravam no prottipo que o sujeito tinha do homossexual tpico.

    Quando um homossexual era diferente do prottipo, a relao atitude-comportamento j no era consistente.

    Quando estamos perante a atitude a respeito de grupos, pode revestir-se de interesse examinar- se preliminarmente a representao que a amostra tem do alvo.

    Modelos tericos de predico do comportamento possvel que hajam factores que se possam opor ao comportamento implicado por uma atitude

    (no dar dinheiro a uma instituio, pode ser pelas necessidades prioritrias no permitirem e nada tem a ver com a instituio)

    Abordagem das variveis moderadoras Representa uma varivel que influencia a direco ou a intensidade da relao entre uma

    varivel preditora, ou independente, e uma varivel critrio, ou dependente, Trata-se pois de uma tcnica varivel que age sobre a correlao simples entre outras duas

    variveis. Um factor que contribui para aumentar a consistncia atitude-comportamento a experincia

    directa da pessoa com o objecto da atitude. Tem sido sugerido que a ligao entre comportamentos e atitudes formada mediante experincia

    directa mais forte porque tais atitudes so mantidas com mais clareza, confiana e certeza Outro factor que afecta a consistncia atitude-comportamento a pertinncia pessoal.

    Se uma pessoa tem um direito adquirido numa questo aumenta a relao entre atitude-comportamento.

    Um direito adquirido significa que os acontecimentos em questo tero um forte efeito na prpria vida da pessoa.

    A relao entre atitude e comportamento tambm depende do modo como se espera que nos comportemos em determinadas situaes.

    Kiesler Assinala que se espera que uma pessoa no expresse sentimentos negativos acerca

  • 21

    das outras directamente difcil que os sujeitos admitam que tm atitudes negativas em relao a outros

    sujeitos nas experincias. As diferenas individuais tambm podem ser importantes, pois:

    Algumas pessoas esto naturalmente mais dispostas que outras a expressar consistncia entre as suas atitudes e comportamentos.

    Norman Verificou que os sujeitos com alta "consistncia afectivo - "cognitiva", isto , o

    acordo entre os seus sentimentos e as suas atitudes expressas, eram mais susceptveis de agir de acordo com as suas atitudes que os sujeitos cujos sentimentos e crenas estavam em conflito.

    Uma varivel que tem sido muito estudada em psicologia o locus de controlo No campo da relao atitude-comportamento, Saltzer 1981, mostrou claramente a

    importncia desta varivel para obter boas predies. Outro factor de personalidade que pode afectar a consistncia atitude-comportamento a auto

    vigilncia: Capacidade de auto-observao e de auto controlo dos comportamentos verbais e no

    verbais em funo de ndices situacionais Dado que os sujeitos com auto vigilncia elevada so pragmticos, indo de uma situao

    para outra como um camaleo, e que os sujeitos com auto vigilncia baixa guiam o seu comportamento a partir dos seus valores, atitudes e convices pessoais, resulta que a consistncia atitude-comportamento maior nos sujeitos com auto vigilncia baixa.

    A auto conscincia contribui para o processo de regulao do comportamento na medida em que a pessoa centra a sua ateno em certos aspectos salientes de si prprias.

    Teoria da aco reflectida e do comportamento planificado. Fishbein e Ajzen

    Desenvolveram uma teoria da aco reflectida que mais tarde foi denominada de teoria do comportamento planificado por Ajzen (1985).

    A teoria da aco reflectida descreve as relaes entre crenas, atitudes e comportamento

    As crenas influenciam: Atitudes em relao a um comportamento particular, Normas subjectivas

    Estes componentes influenciam as intenes comportamentais que, por sua vez, influenciam o comportamento.

    A atitude de uma pessoa em relao a um comportamento determinada pelas crenas de que realizando, o comportamento, isso leva a resultados desejveis ou indesejveis.

    As normas subjectivas envolvem: Crenas acerca de comportamentos normativos (isto , que so esperadas pelos

    outros) Motivao de uma pessoa para condescender com expectativas normativas.

    A atitude tem de se traduzir em inteno para exercer um comportamento. Certas variveis exteriores ao modelo podem tambm influenciar a inteno

    comportamental, mas de modo indirecto, por meio de outras componentes do modelo. Esta aptido dos factores preditores endgenos do modelo em mediatizar os efeitos de

    variveis externas constitui o postulado de suficincia. Entre estas variveis externas encontram-se traos de personalidade, dados scio-

    demogrfico, etc Diversos estudos tm vindo em apoio da teoria da aco reflectida em que a inteno

    comportamental era determinada s pela atitude e pela norma subjectiva. Apesar de certas dificuldades deste modelo, tem havido um consenso quanto robustez

    da teoria da aco reflectida para predizer o comportamento voluntrio. Ajzen (1985)

    Props a teoria do comportamento planificado que acrescenta uma varivel preditora ao modelo da aco reflectida.

    Este factor denominado de controlo comportamental percepcionado determinado pelas experincias passadas de uma pessoa e pelas crenas sobre como susceptvel de ser fcil ou difcil a realizao do comportamento.

    Mostra que a teoria da aco planificada prev intenes comportamentais melhor

  • 22

    que a teoria da aco reflectida, isto , o controlo comportamental percepcionado acrescenta predio das intenes comportamentais alm dos efeitos de atitudes e das normas subjectivas.

    A psicologia social contempornea aborda o construto atitude como um fenmeno individual. As atitudes tm sido sobretudo conceptualizadas como estados internos cognitivos e afectivos, ou

    como intenes comportamentais e predisposies. As atitudes originam e emergem da vida social mediante as interaces quotidianas e as

    comunicaes com as outras pessoas. As atitudes so amplamente partilhadas fornecendo significao cultural para a vida quotidiana.

    Aplicao: atitudes politicas e comportamento Um grupo de referncia um grupo para onde as pessoas se orientam, recorrendo aos seus padres

    para efectuarem julgamentos sobre elas prprias e sobre o mundo. Theodore Newcomb

    Ilustra a mudana de atitudes polticas de estudantes universitrios de conservadorismo, aquando da entrada na faculdade, para o liberalismo quando concluram a licenciatura.

    Resumo Tradicionalmente, as atitudes tm sido definidas como envolvendo crenas, sentimentos e

    disposies a agir. Mais recentemente, os tericos parecem estar a mover-se para uma concepo das atitudes como

    avaliaes, avaliaes estas que se relacionam de modo complexo com crenas, sentimentos e aces.

    As atitudes ajudam-nos a definir grupos sociais, a estabelecer as nossas identidades e a guiar o nosso pensamento e comportamento.

    As atitudes formam-se atravs da aprendizagem e so influenciadas pelas pessoas (ou grupos) significativas da vida de uma pessoa.

    Para dar conta das numerosas variveis, para alm da atitude, que podem influenciar, o comportamento foram propostos modelos tericos.

    O modelo mais influente da relao atitude-comportamento o da teoria da aco reflectida, posteriormente denominado de teoria do comportamento planificado. Para o modelo da aco reflectida, o determinante mais imediato do comportamento

    a inteno ou o desejo de agir. Por seu lado, a inteno determinada pela atitude e pelas normas subjectivas.

    Para o modelo do comportamento planificado o factor de controlo comportamental percepcionado acrescentado a atitude e norma subjectiva. Pressupe-se que este modelo tem uma eficcia de predio superior em situaes em

    que o comportamento s esteja tenuemente sob controlo voluntrio.

    V REPRESENTAES SOCIAIS

    1 INTRODUO

    Uma das mudanas com maior impacto na vida quotidiana foi o papel cada vez mais importante assumido pelos meios de comunicao de massa na criao e difuso de informaes e de modos de pensar, de sentir e de agir

    Tarde Apreendeu a importncia da comunicao para reproduzir e transformar as sociedades

    humanas, tendo ento proposto que a Psicologia Social se ocupasse antes de mais do estudo comparativo das conversaes.

    O material base foram conversas gravadas. Aps esta proposta de Tarde, as sociedades humanas evoluram Uma das mudanas com maior impacto na vida quotidiana foi o papel cada vez mais importante

    assumido pelos meios de comunicao de massa na criao e difuso de informao e de modos de pensar, de sentir e de agir.

  • 23

    Serge Moscovici Caracterizou a nossa poca como sendo a era por excelncia das representaes sociais Mostrou vrias semelhanas entre as caractersticas do pensamento adulto e do

    pensamento infantil. Efectivamente, quer no pensamento infantil quer no pensamento adulto, h interveno de

    dois sistemas cognitivos que originam as suas caractersticas partilhadas: "vemos em aco dois sistemas cognitivos, um que procede por associaes, incluses,

    discriminaes, dedues, isto , o sistema operatrio, e o outro que controla, verifica, selecciona com ajuda de regras, sejam ela lgicas ou no; trata-se de uma espcie de meta-sistema que trabalha de novo a matria produzida pelo primeiro " - Moscovici (1976).

    2 ORIGENS

    O conceito de representao social resulta do emprstimo pelo vocabulrio filosfico do termo representao.

    O conceito de representao social inscreve-se numa tradio europeia e sociolgica, ao invs da grande maioria dos conceitos de psicologia social que so de origem anglo-saxnica e procedem da psicologia geral.

    Durkheim Falara de "representaes colectivas" e, em 1898, de "representaes sociais",

    esforando-se por distingui-las das"representaes individuais As representaes emanam das relaes que se estabelecem entre os indivduos assim

    combinados ou entre grupos secundrios, que se intercalam entre o indivduo e a sociedade total

    Davy Condensava bem a ptica durkheimiana quando escrevia:"no nos podemos contentar de

    postularuma natureza humana formada de um certo nmero de sentimentos imutveis e fundamentais, necessrio explic-la, ela prpria, e explic-la em funo do meio social a que se adapta constituir, do ponto de vista sociolgico, uma psicologia dos sentimentos e uma psicologia do conhecimento"

    Moscovici Consagrou um estudo fecundssimo s representaes sociais da psicanlise, e aplicou em

    cernar o conceito de representao social. Foi a partir desta investigao que se afirmou em Frana uma corrente de estudo sobre as

    representaes sociais. Herzlich

    "a psicologia, sabe-se, foi durante muito tempo dominada pela corrente behaviourista. Na tradio watsoniana da ligao estimulo-resposta, s os comportamentos manifestos, directamente observveis, tais como as respostas motoras ou verbais, podiam ser objecto de estudo. As respostas latentes ou implcitas, tais como as actividades cognitivas, eram negligenciadas. Em psicologia social, a adjuno do termo social, quer classe dos estmulos, quer classe das respostas, pouco modificava a problemtica".

    O interaccionismo simblico, tendo por origem os trabalhos de Mead - corrente terica que se desenvolveu em psicologia social em concorrncia com a tradio behaviourista - poderia ter constitudo um terreno mais favorvel aos estudos da representao social.

    O conceito de representao social aparece em sociologia onde sofre um longo eclipse. Todavia, a sua teoria vai esboar-se em psicologia social, tendo efectuado uma incurso pela

    psicologia da criana (Piaget 1926) e na psicanlise.

    3 NOO

    A noao de representao social situa-se efectivamente numa encruzilhada com mltiplos acessos e com 2 consequncias principais:

    Pode acontecer que autores que se inscrevem em campos disciplinares diferentes se encontrem na mesma encruzilhada

    Designa um vasto nmero de fenmenos e de processos

  • 24

    Moscovici "Sociedade pensante" trabalho de construo, mediante trocas e interaces, de ponto

    de vista e de saberes, partilhados e distribudos segundo as fronteiras incertas dos grupos sociais.

    Uma representao social define-se como a elaborao de um objecto social por uma comunidade

    Jodelet (1989) O conceito de representao social designa "uma forma de conhecimento socialmente

    elaborado e partilhado, com uma orientao prtica e concorrendo para a construo de uma realidade comum a um conjunto social".

    Para acolher a sociedade pensante foram construdas 2 representaes: uma moral e outra biolgica

    Como fenmenos, as representaes sociais apresentam-se em formas variadas, mais ou menos complexas: imagens, sistemas de referncia, categorias, teorias.

    Os principais aspectos a ter em conta na noo de representao social so os seguintes: Referncia a um objecto. A representao para ser social, sempre uma representao de

    algo. Resultam de uma actividade construtora da realidade e de uma actividade expressiva. Adquirem a forma de modelos que se sobrepem aos objectos, tornando-os visveis, e

    implicam elementos lingusticos, comportamentais ou materiais. So uma forma de conhecimento prtico que nos levam a interrogar-nos sobre os

    determinantes sociais da sua gnese e da sua funo social na interaco social da vida quotidiana.

    Esta forma de conhecimento permite a apreenso pelos sujeitos sociais dos acontecimentos da vida corrente, das informaes veiculadas, das pessoas do nosso meio prximo ou longnquo Trata-se do conhecimento do senso comum em oposio ao conhecimento cientfico

    Como forma de conhecimento, a representao social implica a actividade de reproduo das caractersticas de um objecto.

    Esta representao no , porm, o reflexo puro e fiel do objecto, mas uma verdadeira construo mental

    Moscovici As imagens so sensaes mentais, impressoes que as pessoas e os objectos deixam no

    crebro reproduo, reflexo, fenmeno passivo As representaes sociais so um fenmeno activo, fazem referncia a um objecto, so

    um conhecimento prtico Opinio Resposta manifesta, sendo o nico elemento observvel do sistema A atitude Resposta antecipada (preparao para a aco) Representao social Na medida em que um processo de construo do real, age

    simultaneamente sobre o estmulo e a resposta. O preconceito est intimamente ligado atitude tendendo mesmo a confundir-se com ela. As noes de esteretipos e de preconceito, na medida em que se aproximam das noes de opinio

    e de atitude, respectivamente, so por conseguinte, tambm diferentes da representao social.

    Resumindo: Se todos estes "objectos parciais" esto integrados nas representaes sociais, estas no so

    consideradas "como opinies sobre" ou "imagens de", mas "teorias", "cincias colectivas" sui generis, destinadas interpretao e leitura do real (Moscovici).

    Contudo, para o psiclogo social, a representao actualiza-se "numa organizao psicolgica particular e preenche uma funo especfica" (Herzlich)

    A representao social desempenha um papel na formao das condutas sociais e das comunicaes, na medida, em que atravs dela que o grupo apreende o seu meio.

    4 REPRESENTAES E COMUNICAO SOCIAL

    A comunicao social desempenha um papel fundamental nas trocas e interaces quotidianas. Moscovici

    Examinou a incidncia da comunicao a trs nveis: 1 Ao nvel das dimenses das representaes que se referem construo do

  • 25

    comportamento: opinio, atitude e esteretipos em que h interveno dos sistemas de comunicao social

    Distingue trs grandes sistemas de comunicao cuja importncia relativa varia segundo o momento histrico e os grupos sociais:

    Difuso o sistema de comunicao de massas mais espalhada na nossa sociedade, no tem a finalidade deliberada reforar ou convencer. A difuso produziria sobretudo opinies sobre a psicanlise

    Propagao recorre a mensagens que visam um grupo particular, com objectos e valores especficos, com uma viso do mundo bem organizada. A finalidade a integrao de uma informao nova num sistema de raciocnio e de julgamento j existente. A propagao trabalha ao nvel das atitudes

    Propaganda desenvolve-se num clima social conflituoso, podendo oscilar entre o simples proselitismo e a conquista violenta. A propaganda contribui para a afirmao e reforo da identidade do grupo. Tem uma funo reguladora e organizadora. Incita igualmente os seus receptores a um determinado comportamento. A propaganda ao nvel dos esteretipos

    2 Ao nvel da emergncia das representaes cujas condies afectam os aspectos cognitivos.

    H trs condies que afectam a formao das representaes sociais, as duas primeiras referindo-se acessibilidade do objecto:

    Disperso da informao sobre o objecto da representao. A dificuldade de acesso informao vai favorecer a transmisso indirecta dos saberes e por conseguinte numerosas distores.

    A posio especfica do grupo social em relao ao objecto da representao. Esta posio vai determinar um interesse particular por certos aspectos do objecto e um desinteresse relativo por outros aspectos. Este fenmeno de focalizao vai impedir que os indivduos tenham uma viso global do objecto.

    Necessidade que sentem os indivduos de desenvolver comportamentos e discursos coerentes a propsito de um objecto que conhecem mal. o fenmeno da presso inferncia que favorecia a adeso dos indivduos s opinies dominantes do grupo.

    Estas trs condies seriam necessrias para a emergncia de uma representao social. Trata-se de elementos que vo diferenciar o pensamento natural nas operaes, na lgica e no estilo.

    3 Ao nvel dos processos de formao das representaes, a objectivao e a ancoragem. Estes processos do conta da interdependncia entre actividade cognitiva e condies sociais.

    5 ANLISE PSICOSSOCIOLGICA DA REPRESENTAO SOCIAL

    As condies sociais em que nos locomovemos determinam no s o que pensamos, mas tambm, como pensamos

    H um acordo em abordar a representao social como o produto e o processo de uma elaborao psicolgica e social do real

    Jodelet "processos e produtos so indissociveis, s se pode descobrir a obra nos seus efeitos,

    estudar os mecanismos na base da sua produo".

    A representao-produto Moscovici

    Considera cada universo de representaes sobre trs aspectos: Informao

    Diz respeito soma e organizao dos conhecimentos sobre o objecto de

  • 26

    representao. A sua apreciao supe que se relacione o discurso do sujeito com os

    caracteres objectivos do objecto Atitude

    Exprime a orientao global, positiva ou negativa, em relao ao objecto da representao.

    A funo reguladora sem dvida mais importante que a energtica. Aparece como uma espcie de reaco secundria tendo por funo orientar

    (por antecipao ou comparao) o comportamento atravs das estimulaes no meio fsico e social.

    No s orienta o comportamento como regula as trocas com o meio. Pode-se considerar o estmulo e a resposta de um sujeito como uma troca,

    sendo a atitude o sistema que regula esta troca. reguladora e energtica, supondo uma estruturao dos estmulos e das

    respostas. Campo de representaes

    Designa o "contedo concreto e limitado das proposies sobre um aspecto preciso do objecto de representao"

    Remete-nos para a construo significante que feita do objecto integrando e interpretando as informaes de que o sujeito dispe - com a ideia de uma organizao ou de uma hierarquia de elementos.

    Gilly Relembra que a propsito do campo de representao que

    operacionalmente se encontram maiores dificuldades. Se relativamente fcil apreciar a atitude e a informao ", pelo

    contrrio, sempre difcil chegar a um bom conhecimento do campo. Este ltimo s pode ser apreendido de modo parcial atravs dos instrumentos propostos pelo psiclogo destinatrio das respostas construdas".

    Estes trs elementos constitutivos da representao social denotam a seu contedo e sentido. A sua anlise torna possvel um estudo comparativo dos grupos segundo a homogeneidade ou

    heterogeneidade do contedo e da estruturao da representao.

    A representao-processo Moscovici

    Pe em evidncia dois processos fundamentais que deixam transparecer o modo como o social transforma um conhecimento em representao e como esta representao transforma o social, a propsito do estudo de uma teoria cientfica, a Psicanlise.

    Estes dois processos, a objectivao e a ancoragem, mostram a interdependncia entre a actividade psicolgica e as condies sociais.

    Objectivao o mecanismo que permite concretizar o abstracto A objectivao reduz a incerteza perante objectos por meio do recurso a uma

    transformao simblica e imagtica Jodelet (1983)

    A objectivao pode assim definir-se como uma operao imagtica e estruturante."

    Este processo pode subdividir-se em trs fases no caso de um objecto complexo como uma teoria:

    A seleco e descontextualizao Dos elementos da teoria constitui a primeira fase que vai da

    "teoria sua imagem". Procura-se dar um carcter concreto, imagtico, mais facilmente

    acessvel, a noes mais abstractas. A seleco necessria, pois para o produto da representao se

    tornar funcional deve limitar-se a alguns elementos acessveis. O fenmeno de descontextualizao aparece sobretudo na

    transformao das ideias cientficas em conhecimento quotidiano.

  • 27

    "Esquema figurativo" o ncleo organizador da representao. O esquema figurativo forja uma imagem visual de uma

    organizao abstracta, captando a essncia do conceito, da teoria, ou da ideia que se trata de objectivar.

    A naturalizao a operao pela qual os conceitos se movem "em verdadeiras

    categorias de linguagem e entendimento - categorias sociais certamente - prprias para ordenar os acontecimentos concretos e serem abafados por eles" (Moscovici)

    A representao da realidade torna-se realidade da representao A tendncia objectivao posta em evidncia a propsito de uma teoria

    cientfica, caracterizada pela seleco, esquematizao e naturalizao, e susceptvel de generalizao a toda a representao.

    Foram recentemente avanadas trs propostas mais precisas e menos descritivas para a anlise mais minuciosa do processo de objectivao:

    1 Sugere que o estudo das representaes sociais se interesse pela anlise dos discursos sem relao com atitudes socialmente partilhadas.

    2 Pe a nfase na metaforizao, dispositivo especfico de objectivao de objectos estranhos.

    3 Diz respeito possvel generalidade de um efeito especfico de objectivao, a personificao.

    Ancoragem Traduz a interveno da representao no social. Permite transformar o que estranho em algo familiar. Incorpora o que estranho mediante a insero numa rede de categorias e de

    redes pr-existentes. O processo de ancoragem no se limita ao contedo, mas engloba as actividades

    cognitivas de reconstruo e de remodelao, em trs direces: Utilidade Significao Integrao cognitiva

    Articula as 3 funes base da representao: Funo de orientao das condutas e das relaes sociais

    A ancoragem como instrumentalizao, permite pois compreender como os elementos da representao no s exprimem relaes sociais, como contribuem para as constituir.

    Funo de interpretao da realidade Constitui-se assim uma "rede de significaes" a partir dos

    valores salientes na sociedade e nos seus diversos grupos. Funo cognitiva de integrao da novidade

    A ancoragem refere-se tambm integrao cognitivas do objecto representado no sistema de pensamento pr-existente e s transformaes que da resultam.

    Jodelet A ancoragem e a objectivao que so processos bsicos no

    engendramento e funcionamento das representaes sociais tm uma relao "dialctica"

    Combinam-se para tornar inteligvel a realidade. Moscovici

    Emite a hiptese de que modalidades distintas de conhecimento coexistem num mesmo indivduo ou num mesmo grupo, correspondendo a relaes definidas do homem ou do grupo com o seu meio.

    Esta coexistncia dinmica determina um estado de "polifasia cognitiva". Este fenmeno relaciona-se com o contacto entre o carcter criador,

    autnomo da representao social e os quadros de pensamentos antigos.

  • 28

    6 REAS DE INVESTIGAO

    Quando o investigador se debrua sobre o conjunto dos trabalhos efectuados no campo da teoria das representaes sociais, verifica-se uma grande diversidade dos objectos estudados.

    Jodelet Esta autora, distingue trs reas de investigao sobre as representaes sociais:

    Uma rea que se relaciona especificamente com a difuso dos conhecimentos e com a vulgarizao cientifica no campo social, ou no campo educativo. Esta rea tende para a autonomia nos problemas e mtodos.

    Uma rea que integra a noo de representao social como varivel intermediria ou independente no tratamento, a maior parte das vezes experimental em laboratrio, de questes clssicas de psicologia social.

    Uma rea mais ampla, em que as representaes sociais so apreendidas em contexto sociais reais ou grupos circunscritos na estrutura social, mediante formao discursivas diversas.

    Entre estas trs reas h pontos de convergncia e de divergncia: Jodelet

    pertinncia, estrutura processos de constituio Convergncia funes.

    7 VARIAES SOBRE REPRESENTAES SOCIAIS

    Representaes sociais e educao Gilly (1989)

    O interesse fulcral desta noo no processo educativo o de nos chamar a ateno para o papel de conjuntos organizados de significaes sociais

    A investigao nesta rea contribui para o estudo da construo e da funo das representaes sociais

    Existem dois tipos de trabalhos sobre representaes sociais e educao: Estudos focalizados em instituies, na escola, nos seus agentes Estudos que abordam representaes recprocas professor-aluno.

    O contexto terico da representao social aplicado escola no pode ser evocado de modo independente de outras constelaes de representaes sociais, muito em particular as relativas ao mundo do trabalho.

    Todavia, as representaes sociais podem contribuir para a compreenso dos fenmenos estudados num horizonte mais vasto de significaes sociais com que esto em interdependncia.

    Estudo experimental das representaes sociais: a teoria do ncleo central Teoria do ncleo central (Abric, 1987)

    Esta teoria articula-se volta da hiptese geral de que toda a representao est organizada volta de um ncleo central.

    Este ncleo o elemento que determina a significao e a organizao da representao. O ncleo central de uma organizao tem duas funes principais:

    Funo geradora Cria ou transforma a significao dos outros elementos da

    representao, Funo organizadora

    Na medida em que depende deste ncleo a natureza dos laos que unem os elementos da representao.

    O ncleo central mais estvel da representao, o que resiste mais mudana. Uma representao transforma-se de modo radical quando o ncleo central posto em

    causa e de modo superficial quando h uma mudana do sentido ou da natureza dos elementos perifricos.

    O ncleo central de uma representao social constitudo por dois tipos de elementos, normativos e funcionais, e os elementos do ncleo central esto hierarquizados.

  • 29

    Representaes sociais da emigrao A realidade do fenmeno migratrio assume por essncia contornos muito movedios. Uma anlise deste real efectuado hoje pode j no ser verdadeira no dia seguinte. Qualquer que seja o elemento constitutivo da representao da emigrao que se considere,

    encontramos no seu seio dimenses em que se encontra uma certa estabilidade temporal e outras que mudaram, embora em graus diversos

    Parece haver uma maior valorizao do fenmeno migratrio nas representaes sociais da migrao em 1987 que em 1982

    Existem 3 aspectos que ilustram isto: Atitude Processo adaptativo Projecto migratrio

    VI PRECONCEITO E DISCRIMINAO

    As atitudes indicam-nos o modo como pensamos e sentimos em relao a pessoas, objectos e questes do meio circundante.

    Podem, tambm, permitir prever como agiremos em contacto com os alvos das nossas crenas. O conceito de atitude est relacionada com graves questes sociais como so os problemas de

    preconceito e de discriminao.

    2 DEFINIES: PRECONCEITO, DISCRIMINAO E GRUPOS MINORITRIOS

    Preconceito Pode ser definido como uma atitude favorvel o