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  • 212 | AGRICULTURA DE PRECISO: UM NOVO OLHAR

    3 Variabilidade espacial dos atributos fsicos numa rea cultivada com pssego**Viviane Santos Silva Terra1*, Carlos Reisser Jnior2*, Lus Carlos Timm3*, Flvio Luiz Carpena Carvalho2*, Jos Francisco Martins Pereira2*1 Ps-graduanda em Sistemas de Produo Agrcola Familiar, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel,

    Universidade Federal de Pelotas UFPel, Campus Universitrio, s/n, CEP 96001-970, Capo do Leo, RS, Brasil

    2 Pesquisadores, Embrapa Clima Temperado, BR 392, Pelotas, RS, Brasil3 Professor, Bolsista de Produtividade do CNPq, Departamento de Engenharia Rural, Faculdade de

    Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas UFPel, Campus Universitrio, s/n, CEP 96001-970, Capo do Leo, RS, Brasil

    *e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

    **Parte da tese de doutorado do primeiro autor

    Resumo: A variabilidade do solo tronou-se uma preocupao dos pesquisadores por proporcionar diferenas no desenvolvimento e na produtividade das culturas. Segundo Vieira (2004), a variabilidade espacial de solo, sempre existiu e deve ser considerada toda vez que for realizada a amostragem de campo, pois pode indicar locais que necessitam de tratamento diferenciado quanto ao manejo. Por isso, que o conhecimento mais detalhado da variabilidade espacial dos atributos fsicos do solo, poder servir de subsdio para a determinao de estratgias especficas de manejo que otimizem a produtividade agrcola. Esse trabalho tem como objetivo estudar a variabilidade espacial dos atributos fsicos do solo, numa rea cultivada com pessegueiro, no municpio de Morro Redondo-RS, usando as tcnicas da estatstica clssica e da geoestatstica. O trabalho foi realizado no ano de 2010, em uma rea com pomar de pssego, cultivar Esmeralda, com 4 anos de idade. Foram abertas trincheiras, ao lado de cada planta selecionada, onde foram coletadas amostras de solo nas profundidades de 0,0-0,10 m e 0,10-0,20 m, seguindo metodologia descrita pela Embrapa (1997). Os atributos fsicos do solo estudados foram a macroporosidade, microporosidade, porosidade total, densidade do solo e umidade do solo (EMBRAPA, 1997). Os atributos estudados apresentaram dependncia espacial alta, exceto a macroporosidade na profundidade de 0,0-0,10 m, que apresentou dependncia espacial moderada.

    Palavras-chave: geoestatstica, pessegueiro, krigagem, variabilidade espacial.

    Spatial variability of physical attributes of an area cultivated with peach

    Abstract: The variability of the soil would become a concern of researchers by providing differences in the development and crop productivity. According to Vieira (2004), the spatial variability of soil, has always existed and should be considered whenever sampling is performed in the field, because it may indicate sites that require different treatment and the management. Therefore, the more detailed knowledge of the spatial variability of soil physical characteristics, can serve as a basis for the determination of specific management strategies that optimize agricultural productivity. This work aims to study the spatial variability of soil physical attributes in an area planted with peach trees in the city of Morro Redondo-RS, using the techniques of classical statistics and geostatistics. The study was conducted in 2010 in an area with peach orchard, cultivar Esmeralda, with 4 years of age. Trenches were dug next to each selected plant, where soil samples were collected at depths of 0.0-0.10 m and 0.10-0.20 m, following the methodology described by Embrapa (1997). The physical attributes of the soil were studied macroporosity, microporosity, total porosity, bulk density and soil moisture (EMBRAPA, 1997). The attributes studied showed high spatial dependence, except for macroporosity at a depth of 0.0-0.10 m, which showed moderate spatial dependence.

    Keywords: geostatistics, peach, kriging, spatial variability.

  • AgriculturA de Preciso PArA culturAs Perenes | 213

    1. IntroduoNo incio da dcada de 20, a variabilidade do solo tronou-se uma preocupao dos pesquisadores por proporcionar diferenas no desenvolvimento e na produtividade das culturas. Segundo Vieira (2004), a variabilidade espacial do solo, sempre existiu e deve ser considerada toda vez que for realizada a amostragem de campo, pois pode indicar locais que necessitam de tratamento diferenciado quanto ao manejo. O conhecimento mais detalhado da variabilidade espacial dos atributos fsicos do solo, poder servir de subsdio para a determinao de estratgias especficas de manejo que otimizem a produtividade agrcola. Sendo assim, esperado que o tamanho da rea experimental seja suficiente para expor a sua heterogeneidade, permitindo estudar e conhecer a sua variabilidade espacial, para que se possa manej-lo corretamente.Atualmente, algumas pesquisas sobre os atributos do solo tem-se apoiado intensamente na utilizao da geoestatstica, que juntamente com a estatstica clssica formaram uma dupla de extraordinria importncia agronmica. Para Trangmaretal. (1985), a anlise geoestatstica pode indicar alternativas de manejo, no s para reduzir os efeitos da variabilidade do solo sobre a produo das culturas, como tambm para aumentar a possibilidade de estimar respostas das culturas a determinadas prticas de manejo (OVALLES; REY, 1994). Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo estudar a variabilidade espacial dos atributos fsicos do solo, numa rea cultivada com pessegueiro, no municpio de Morro Redondo-RS, usando as tcnicas da estatstica clssica e da geoestatstica.

    2. Material e mtodosO trabalho foi realizado no ano de 2010, num pomar de pessegueiro, cultivar Esmeralda, com 4 anos de idade, localizado no municpio de Morro Redondo-RS. O clima da regio, segundo a classificao de Kppen, Cfa, ou seja, temperado mido com veres quentes. Foram selecionadas, aleatoriamente, 101 plantas para a formao da malha experimental, sendo as amostragens de solo realizadas em julho de 2010. Foram abertas

    trincheiras, ao lado de cada planta selecionada, onde foram coletadas amostras de solo nas profundidades de 0,0-0,10m e 0,10-0,20m, seguindo metodologia descrita pela Embrapa (1997). Os atributos fsicos do solo estudados foram: macroporosidade (MA), microporosidade (MI), porosidade total (PT), densidade do solo (DS) e umidade do solo (), todos foram determinados utilizando o mtodo da Embrapa (1997), sendo obtidos no Laboratrio de Fsica do Solo da Embrapa Clima Temperados. Os dados foram analisados primeiramente por meio da estatstica descritiva calculando mdia, mediana, varincia, desvio padro, coeficiente de variao, assimetria e curtose. Foi verificada a normalidade da distribuio dos dados pelo Teste Shapiro e Wilk (1965) a 5% de probabilidade. A estrutura de dependncia espacial foi avaliada por meio da geoestatstica calculando o semivariograma experimental (VIEIRAetal., 1983) (Equao1)

    =

    = +( )

    2

    1

    1( ) [ ( ) ( )]2 ( )

    N h

    i ii

    y h Z x Z x hN h

    (1)

    em que: (h) a semivarincia experimental estimada e N(h) o nmero de pares de observaes Z(xi) e Z(xi+h) separados por uma distncia h. Ao semivariograma experimental foi ajustado um modelo terico, onde so obtidos os seus parmetros de ajuste (C0=efeito pepita; C0+C=patamar; a=alcance). O ajuste dos modelos e a elaborao dos mapas de zonas homogneas, por meio da krigagem, foram realizados por meio do programa GS+ (ROBERTSON, 1998). O ndice de dependncia espacial (DE), que informa a proporo, em porcentagem, do efeito pepita em relao ao patamar, foi calculado segundo Zimback (2001), onde so calculados pela equao [GD=(C/C+C0)*100], assumindo os seguintes intervalos: dependncia espacial baixa para valores de GD

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    e a normalidade pelo teste Shapiro e Wilk (p5%). Analisando a tabela verifica-se que os coeficientes de assimetria e curtose para maioria dos atributos, so compatveis com a distribuio normal (valores prximos a zero). No entanto, os atributos como a microporosidade em ambas as profundidades e a umidade do solo na profundidade de 0,0-0,10m, no apresentaram distribuio normal, apesar dos valores baixos dos coeficientes de assimetria e curtose. Isso pode estar relacionado com o seu processo de determinao no laboratrio.Ainda na Tabela1, pode-se constatar a variabilidade dos atributos do solo expressa pelo C.V. (%), segundo classificao proposta por Warrick e Nielsen (1980), onde a porosidade do solo apresentou o menor coeficiente de variao que foi de 6% na profundidade de 0,0-0,10m, sendo considerado baixo (V moderado (12%

  • AGRICULTURA DE PRECISO PARA CULTURAS PERENES | 215

    Figura 1. Semivariogramas dos atributos fsicos do solo: densidade do solo (g/cm3), umidade do solo (%), macroporosidade (%), microporosidade (%) e porosidade total (%) nas profundidades de 0,0-0,10 m (a) e 0,10-0,20 m (b), de uma rea com pomar de pessegueiro localizada no municpio de Morro Redondo-RS.

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    No entanto, a macroporosidade apresentou uma dependncia espacial de 64%, sendo considerado um valor mdio. Segundo Cambardellaetal. (1994) as variveis que apresentam forte grau de dependncia so mais inf luenciadas por propriedades intrnsecas do solo.

    4. ConclusesOs atributos estudados apresentaram dependncia espacial alta, exceto a macroporosidade na profundidade de 0,0-0,10m, que apresentou dependncia espacial moderada.

    Agradecimentos EMBRAPA Clima Temperado, ao Programa de Ps-Graduao em Sistemas de Produo Agrcola Familiar-UFPel pelo auxlio financeiro, a CAPES pela concesso de bolsa e ao produtor Marcus Fiss pela concesso da rea experimental.

    RefernciasBERTOLANI, F. C.; VIEIRA, S. R. variabilidade espacial da taxa de infiltrao de gua e da espessura do horizonte A, em um Argissolo Vermelho-Amarelo, sob diferentes usos. Revista Brasileira de Cincia do Solo, v. 25, p. 987-995, 2001.

    CAMBARDELLA, C. A.; MOORMAN, T. B. NOVAK, J. M.; PARKIN, T. B.; KARLEN, D. L.; TURCO, R. F.; KONOPKA, A. E. Field-scale variability of soil properties in Central Lowa Soils. Soil Science Society of America Journal, v. 58, p. 1501-1511, 1994. http://dx.doi.org/10.2136/sssaj1994.03615995005800050033x

    EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de mtodos de anlise do solo. 2. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1997.

    OLIVEIRA, J. B.; MENK, J. R. F. Variabilidade das caractersticas qumicas e fsicas em duas reas homogneas de Oxissolo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CINCIA DO SOLO, 14., 1974, Santa Maria. Anais... Campinas: Sociedade Brasileira de Cincia do Solo, 1974. p. 359-376.

    OVALLES, F.; REY, J. Variabilidad interna de unidades de fertilidad em suelos de La depresin del Lago de Valencia. Agronoma Tropical, v. 44, n. 1, p. 41-65, 1994.

    ROBERTSON, G. P. GS+ geostatistics for the environmental sciences: GS+ users guide. Plainwell: Gamma Design Software, 1998. 152 p.

    SOUZA, Z. M.; MARQUES JNIOR, J.; PERREIRA, G. T.; MOREIRA, L. F. Influncia da pedoforma na variabilidade espacial de alguns atributos fsicos e hdricos de um latossolo sob cultivo de cana-de-acar. Irriga, v. 9, p. 1-11, 2004.

    SHAPIRO, S. S.; WILK, M. B. An analysis of variance test for normality: complete samples. Biometrika, v. 52, p. 591-611, 1965.

    TRANGMAR, B. B.; YOST, R. S.; WADE, M. K.; UEHARA, G. Applications of geostatistics to spatial studies of soil properties. Advances in Agronomy, v. 38, p. 45-94, 1985. http://dx.doi.org/10.1016/S0065-2113(08)60673-2

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    VIEIRA, S. R.; HATFIELD, J. L.; NIELSEN, D. R.; BIGGAR, J. W. Geostatistical theory and application to variability of some agronomical properties. Hilgardia, v. 51, p. 1-75, 1983.

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    ZIMBACK, C. R. L. Anlise espacial de atributos qumicos de solos para fins de mapeamento da fertilidade do solo. 2001. 114 f. Tese (Livre-Docncia em Levantamento do solo e fotopedologia)-Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2001.

    Tabela 2. Modelos e parmetros do semivariograma ajustados aos dados densidade do solo (DS, g/cm3), umidade do solo (, %), macroporosidade (MA, %), microporosidade (MI, %) e porosidade total (PT, %) de uma rea com pomar de pessegueiro localizada no municpio de Morro Redondo-RS.

    Profundidade 0,0-0,10 mAtributos Modelo C0 C0+C A0 R GD

    Umidade Esfrico 0.261937 5.863123 24.62 0.93 0.955Porosidade Esfrico 0.140000 6.976000 17.11 0.66 0.980Macro Exponencial 5.440000 15.230000 47.7 0.84 0.643Micro Exponencial 0.070000 8.098000 35.7 0.90 0.978Densidade Exponencial 0.000001 0.003122 19.5 0.88 0.999

    Profundidade 0,10-0,20 mUmidade Esfrico 0.010000 5.945000 27.06 0.96 0.998Porosidade Exponencial 0.010000 12.010000 29.70 0.81 0.999Macro Exponencial 0.010000 17.180000 24.60 0.94 0.999Micro Esfrico 0.010000 7.587000 29.92 0.92 0.999Densidade Exponencial 0.000320 0.006735 17.4669 0.80 0.952C0=efeito pepita; C0+C=patamar; A0=alcance (m); R2=coeficiente de determinao (%); GD=grau de dependncia (%).