436 Jenneth Murrey - A Sombra de Uma Lembrança (Sabrina 436)

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8/10/2019 436 Jenneth Murrey - A Sombra de Uma Lembrança (Sabrina 436) http://slidepdf.com/reader/full/436-jenneth-murrey-a-sombra-de-uma-lembranca-sabrina-436 1/85  Sabrina nº 436 A sombra de uma A sombra de uma lembrança lembrança A Man of Distinction  Jeneth Murrey  Anna não queria passar a vida sofrendo por um erro do passado.  Anna estremeceu. O homem que lhe apresentavam era o desconhecido a quem ela se entregara, quando mal saía da adolescência. Naquela época, ele havia se aproveitado de sua inocência, mostrando-lhe os encantos e as delícias do amor. E agora, com um sorriso cínico, ameaçava destruir sua reputação, acusando-a de liertina. !arcus "rent era cruel, arrogante, chantagista, mas saia como ninguém cori-la de carícias e en#eitiç$-la, arrancando dela tudo o que dese%asse. Disponibilização do livro: Valeria O. Digitalização: Joyce evisão: !dna "i#uer  Projeto Revisoras

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  Sabrina nº 436

A sombra de umaA sombra de uma

lembrançalembrançaA Man of Distinction

 Jeneth Murrey

 Anna não queria passar a vida sofrendo por um erro dopassado.

 Anna estremeceu. O homem que lhe apresentavam era o desconhecido aquem ela se entregara, quando mal saía da adolescência. Naquela época, ele

havia se aproveitado de sua inocência, mostrando-lhe os encantos e as delíciasdo amor. E agora, com um sorriso cínico, ameaçava destruir sua reputação,acusando-a de liertina.

!arcus "rent era cruel, arrogante, chantagista, mas saia como ninguémcori-la de carícias e en#eitiç$-la, arrancando dela tudo o que dese%asse.

Disponibilização do livro: Valeria O.Digitalização: Joyce

evisão: !dna "i#uer

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maneira de agir, plane%ando tudo direitinho, mas delicade0a você não tem>7 Ora, Anna, não precisa se melindrar. 7 1hilip parecia disposto a

responder a qualquer argumentação da moça. Calava num tom quase paternal,como quem discutisse com criança teimosa. (om uma e6pressão de

cumplicidade, ele sorriu para a cunhada.7 A#inal de contas, minha querida, não é isso o que sempre plane%amos,desde o início? Duero di0er, eu me casar com você, não é mesmo?

7 (omigo? 7 Anna e6plodiu. 7 ocê veio até aqui para me di0er quepretende #a0er de mim a pr46ima sra. 1hilip (are2? Espere aí> 3e é isso, est$perdendo o seu tempo, 1hilip, e deve ter perdido tamém o %uí0o> Nossopequeno caso terminou h$ cinco anos, quando você se casou com a minha irmã.

 Agora, est$ morto e enterrado>7 Não no que me di0 respeito 7 contradisse 1hilip, insistente. 7 (ometi

um erro quando me casei com ;sa, sedu0ido por um rostinho onito. Coi o maiorerro da minha vida, e sou homem astante para admiti-lo.

 Anna olhava para ele com uma e6pressão de horror, mas o sorrisoimpertur$vel de 1hilip a levou = e6asperação.7 Então, pelo amor de 'eus, se%a homem o astante para aceitar o não que

lhe dou como resposta. 3ei que você admitiu ter cometido um erro, mas agoradi0 que o erro #oi compreendido erradamente... *esus (risto> Assim, 1hilip, vocême con#unde. !as vamos otar a coisa toda em pratos limpos. N4s %$ #omosnoivos, você me trocou pela minha irmã e eu saí do caminho. Acaou a hist4ria.

 Ali$s, isso me lemra que ;sa vem passar aqui o #im de semana e é melhor vocêdar o #ora antes que ela chegue.

7 !uito prudente, Anna.1hilip continuava a olhar para ela com uma e6pressão de ternura e a moça

respirou #undo, procurando se conter. Ele não tinha prestado a menor atenção=s palavras dela> Na caeça daquele homem, por ai6o daqueles caelosondulados, s4 havia lugar para o grande plano que ocupava aquela menteestreita, e nada que alguém dissesse o #aria mudar de idéia. O que ele disse emseguida s4 con#irmava isso&

7 "em toda ra0ão, Anna, vou emora imediatamente. Não queremos que;sa descura o nosso plano, não é mesmo?

7 3eu plano, isso sim. 1or #avor, não me envolva nisso.!ais uma ve0, Anna perceeu que as palavras dela não #a0iam o menor

e#eito. A #alta de compreensão de 1hilip a dei6ou aturdida. Aquilo devia teralguma coisa a ver com o #ato de ele estar sempre lidando com cavalos, animais

pelos quais Anna não se sentia particularmente interessada. Alphonse, opequeno poodle ranco que ela criava, tinha mais inteligência na ponta da caudado que todos os cavalos de 1hilip %untos tinham na caeça>

(om um suspiro de resignação, ela #icou olhando enquanto o e6-marido dairmã se a#astava. Em seguida, carregou a louça do ch$ até a pia, onde se ps alav$-la metodicamente. Enquanto isso, tratou de tirar da mente a imagem de1hilip e procurou se convencer de que tudo estava em. A casa estava emordem, o ch$ estaria preparado para ;sa na pequena copa e ela teria tempo detrocar de roupa antes que a irmã chegasse.

;sa tinha dito que viria com uma surpresa. 1elo menos, era o que elaescrevera no cartão em que comunicava a visita. Anna #oi até a sala de estar edeu uma olhada em todos os Fpresentes de surpresaF que a irmã lhe trou6eraanteriormente. ;nvariavelmente, eram #otos de ;sa& um papel secund$rio numa

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peça de 3haGespeare, papéis secund$rios em peças modernas de teatro, papéissecund$rios na televisão. O con%unto era um pouco deprimente, mas ;sa deviagastar um om dinheiro com seus presentes, porque as molduras das #otos eramde prata> 3e houvesse mais alguns daqueles Fpresentes de surpresaF, as paredes

da sala não seriam su#icientes e eles acaariam transordando até o quarto. Anna tomou um anho r$pido de chuveiro e trocou o %eans e a camiseta demalha, que usava nos serviços caseiros e na %ardinagem, por uma saia cin0a euma lusa de seda esverdeada. Em seguida, calçou meias de n$ilon e um elopar de sapatos verdes de salto alto. Hm pouco desgostosa, constatou queprecisava melhorar a aparência, especialmente o rosto, e dese%ou ter #orça de

 vontade para cortar o caelo. Anna #e0 uma careta diante do espelho da penteadeira. Na verdade, não

era de #orça de vontade que ela precisava, mas talve0 de um outro tipo de caelo.Os que tinha eram longos e sedosos, mas muito ondulados. 3e #ossem cortadoscurtos, seria necess$rio uma permanente para mantê-los arrumados. 34 que as

permanentes #a0iam com que a caeça de Anna #icasse parecendo um es#regãode co0inha desotado. *$ tentara isso antes, quando começara a traalhar #ora, eo resultado não tinha sido om.

'ei6ando escapar um suspiro, ela penteou cuidadosamente os caelos eamarrou-os num rao-de-cavalo, como costumava #a0er. 'epois, passou aconsiderar o aspecto do seu rosto, que achava tão sem graça quanto os caelos.(ada parte, se e6aminada separadamente, até que era onita& grandes olhoscin0a-esverdeados, emoldurados por #inas e longas pestanasI sorancelhasarqueadasI um nari0 pequeno e retoI uma oca larga, suavemente curvadaI euma c8tis macia, #irme, mas sem dure0a. No entanto, na opinião de Anna,quando as partes se somavam, o con%unto que resultava não tinha nada de

e6cepcional. 3e pelo menos ela tivesse um tipo de ele0a estranho, como o de;sa>

!as não tinha, e isso não era de surpreender. Emora Anna e ;sa semprese tivessem chamado uma = outra de irmã e se %ulgassem como tal, na verdadenão havia nenhum laço verdadeiro de #amília entre as duas. Duando o pai de

 Anna se casou pela segunda ve0, a nova sra. /entr) %$ tra0ia, de um casamentoanterior, uma #ilha de de0 anos, uma linda menina, por sinal.

 Anna, então com cinco anos, logo se deu em com ;sa e a partir daí elaspassaram a viver sempre %untas, como irmãs de verdade. Anna, porém, nãopodia dei6ar de se comparar a ;sa, sempre se %ulgando in#erior diante da ele0ada outra. Não entendia por que ;sa tinha de ser tão devastadoramente onita,

com aqueles caelos dourados, enquanto os dela não tinham cor de#inida, nempor que ;sa tinha que ter aqueles olhos tão rilhantes, enquanto os dela eram deum quase descolorido cin0a-esverdeado.

 Anna procurou não pensar mais nisso e passou ase no rosto, ps umpouco de ruge e atom e, achando que tinha #eito o melhor que podia, desceupara terminar a limpe0a da casa, interrompida com a chegada de 1hilip. Atravésda %anela da sala de estar, viu um carro parando no estacionamento em #rente =casa. Era um vistoso !ercedes. Hm homem desceu pelo lado do motorista erodeou o veículo para arir a outra porta, por onde desceu ;sa.

1ela primeira ve0 em mais de um ano, Anna sentiu a desagrad$vel pontadano estmago que sempre lhe vinha quando via pelas costas um homem alto,esguio e de caelos pretos. Estava convencida de que, algum dia, quando aquela

 visão se repetisse, o homem se voltaria e o chão se ariria aos seus pés, atirando-

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a num aismo. Anna lutou contra aquela sensação. "udo havia acontecido h$ remotos

cinco anos e, depois de tanto tempo, ela mudara astante. O homem, com todacerte0a, havia mudado tamém e um não reconheceria o outro. 1ela

milionésima ve0, Anna disse para si mesma que estava se preocupando semmotivo. !as, s4 de pensar naquele FmotivoF, ela corava involuntariamente.(orrendo até a co0inha, e6aminou o rosto num espelho sore a pia. 34 precisouarran%ar o caelo, que soltara um pouco do rao-de-cavalo. Até que não estavamal. ;sa não gostava de competidoras, especialmente diante de novos amigos dose6o masculino, e o recém-chegado era alguém inteiramente desconhecido para

 Anna.;sa #oi entrando pela porta da co0inha, tempestuosamente, como era de

seu costume, com os raços estendidos para araçar a irmã. B$ muito tempoque Anna não se irritava mais com aqueles modos teatrais. 3aia que ;sa, comoatri0 que era, tinha que #a0er sempre aquela Fentrada dram$ticaF, aonde quer

que #osse. Era como se estivesse num palco, centro de todos os olhares. Agitavaa loura caeleira, os olhos #aiscavam e a vo0 se elevava como se quisessealcançar as 8ltimas #ileiras de um teatro.

7 Anna querida> 7 e6clamou ;sa, araçando a irmã e #a0endo um gestogracioso em direção ao homem que a seguia. 7 Este é um amigo, !arcus "rent.

 ocê não o conhece, é claro, mas quero que o recea aqui e sei que serão amigos.Ele é autor de v$rias peças de teatro e livros e é um conhecido produtor.Duerido, quero lhe apresentar minha ador$vel irmã, Anna. O nome dela na

 verdade é Annael, assim como eu sou ;sael, mas n4s duas decidimos tirar oFelF h$ muito tempo, quando éramos ainda crianças. ocê tem que gostar dela,prometa>

7 1or você, ;sa, eu #aço qualquer coisa> Anna notou, sem dar muita importJncia a isso, que !arcus "rent possuía

uma vo0 grave. *ulgou tamém perceer uma ponta de sarcasmo na respostaque ele dera.

7 !uito pra0er 7 Anna conseguiu murmurar, enquanto perceia que osolhos do homem a e6aminavam ironicamente.

Não era um homem atraente, esta #oi sua primeira impressão. (ontudo,para algumas mulheres, ele até poderia ter atrativos. Duanto a Anna, não seinteressava por homens altos, morenos e onitos, especialmente quando tinhamaquele ar insolente e pretensioso, como se souesse sempre o que se passava namente de uma mulher. 'ese%ou que ;sa não estivesse pensando em nenhum

compromisso mais duradouro. Aquele homem parecia ser cínico e calculistademais. Não era a pessoa indicada para ;sa, que precisava de alguém que aadorasse e #osse capa0 de reanim$-la quando estava deprimida.

7 O ch$ est$ quase pronto 7 disse Anna, num tom de vo0 de segundoplano, que era o que ;sa pre#eria nos outros atores de suas pequenas comédias.7 ou preparar alguma coisa para comermos, enquanto vocês dois se re#rescamda viagem.

Enquanto se dirigia = co0inha, Anna podia ouvir a vo0 alegre de ;sa,condu0indo o acompanhante&

7 enha, querido. Duero lhe mostrar a casa. Este não é mesmo o lugarmais delicioso e tranqKilo que %$ viu?

Então era isso> Anna riu so0inha, divertida, ;sa estava novamente tentandoarran%ar um comprador para a casa, como se tivesse todo esse direito. A casa lhe

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pertencia em cinqKenta por cento e provavelmente ela estava precisando dedinheiro.

 Anna até que #icaria contente em sair dali. Estava a milhas da estradaprincipal de 32anage e Lareham, onde ela traalhava num escrit4rio de

advocacia, como secret$ria. Além disso, a manutenção da casa saía cara. Eraconstrução antiga, do século passado, e estava sempre precisando de consertos. Anna tinha visto um con%unto de angals em construção, muito atraentes,

na saída de (or#e (astle. 1assava em #rente ao local todos os dias a caminho dotraalho, e #icou com vontade de ser dona de uma daquelas casinhas. Erampequenas, compactas, modernas, convenientes, todas com aquecimento central.3eria 4timo viver ali. Além disso, não seria di#ícil manter uma casa daquelassempre limpa, sem necessidade dos serviços de uma #a6ineira diarista. Asdespesas com gasolina seriam redu0idas = metade.

!as ;sa antes %$ trou6era compradores em perspectiva, geralmente domeio teatral, que, por serem amigos, pensavam ter algum direito de #a0er uma

compra por menos da metade do valor real da propriedade. Anna %$ recusaratrês dessas o#ertas. ;sa di0ia que não podia querer lucrar = custa dos amigos,mas o #ato é que estava precisando de dinheiro.

7 Não tenho nada contra você morar neste #im de mundo, querida, nem separa você não importa o que vai vestir 7 di0ia ela, sempre que discutiam a

 venda da casa. 7 Duanto a mim, tenho que me vestir em, não posso usarsempre as mesmas roupas. Além disso, sou respons$vel pela minha pequena1egg), que me d$ uma despesa dos diaos>

;sa apresentara aqueles argumentos nas três ve0es anteriores e não haviad8vida de que diria a mesma coisa agora.

Duando a irmã voltou = co0inha, depois de mostrar a !arcus "rent onde

ele poderia lavar as mãos, Anna se dirigiu a ela.7 A que horas vocês vão querer %antar? Ou pretendem comer em algum

lugar na estrada, quando voltarem a Mondres?;sa riu, um riso #orçado de constrangimento&7 Não pretendemos voltar a Mondres esta noite, querida. 1ensei que

podíamos #icar aqui até amanhã = tarde e... ;sto é, se você não se incomoda. :tão di#ícil para mim, aparecer uma chance como esta de conversar com !arcus,conversar mesmo... você não imagina como são as coisas l$ em Mondres> !arcusest$ sempre cercado por pessoas que querem #alar com ele. 3empre que euconsigo uma oportunidade, logo chega alguém e nos interrompe. !arcus est$em grande evidência, sae? Aqui, posso tê-lo s4 para mim, mesmo que se%a por

algumas horas, e tenho tanto o que conversar com ele> Não se preocupe, que!arcus se arran%ar$ em qualquer cantinho e não vai dar nenhum traalho.

 Anna sentiu um aperto no coração. ;sa estava se comportando como umapessoa crédula demais, agindo ingenuamente. 9astava olhar para o rosto de!arcus "rent para perceer que por tr$s daquele ar aparentementedesinteressado e cínico se escondia um homem perigoso. !as não adiantarianada #alar disso com ;sa. (inco anos mais velha que Anna, ela %$ havia passadopor um casamento, tinha uma #ilha e via%ara por toda a ;nglaterra emapresentaç5es de sua companhia de teatro. Além disso, estava morando nacapital h$ três anos, o que #a0ia com que a e6periência dela, comparada = de

 Anna, adquirisse um peso in#initamente superior. Anna en#iou a caeça na geladeira, para pegar ovos, e a vo0 dela saiu

aa#ada de l$ de dentro&

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7 Ele não parece ser a pessoa mais #$cil de se lidar neste mundo. 1elomenos, é o que eu sinto, mas acho que você é quem sae.

 Anna tirou a caeça de dentro da geladeira e #icou e6aminando as datas de validade nas cai6as de ovos, enquanto gague%ava&

7 Eu pensei que... você e ele... você sae o que estou querendo di0er...;sa soltou uma gargalhada um pouco #orçada. Ainda assim, o riso da atri0tinha uma pequena nota de ang8stia, o que #e0 com que Anna a olhasse comcarinho.

7 Anna querida> 7 disse ;sa, ainda rindo. 7 Nunca precisei chegar a esseponto, pelo menos até agora. !as, se é isso o que ele quer de mim, é isso o que

 vou #a0er. ocê me conhece, Anna. Nunca tentei usar desses meios, como ir paraa cama com um diretor, para #a0er sucesso no teatro. !as o #ato é que %$ estouchegando no meu limite. 'esde os meus vinte e um anos que sou atri0. 3ãoquase sete anos e %$ consegui chegar a um nível ra0o$vel. 3empre conseguipapéis interessantes, é verdade, mas até ho%e ainda não #i0 nenhum papel

principal. Não sou mais nenhuma garota. Acho que, se quero realmente mereali0ar, é agora ou nunca.'urante o discurso, ;sa #oi #icando séria. Em seguida ela aai6ou a caeça,

e6aminando uma mancha em uma das suas unhas, e quando encarou a irmãmostrava no rosto uma inaal$vel determinação&

7 1egg) est$ crescendo e precisa de muita coisa> 1ara poder dar tudo oque ela precisa, tenho que conseguir esse papel. Ele #oi #eito so medida paramim e sei que posso #a0ê-lo melhor do que ninguém, mas sei tamém comoessas coisas #uncionam. : um seriado de " em oito epis4dios, uma produçãocaríssima> A companhia produtora vai tentar corir o investimento colocandoum nome em conhecido do p8lico no papel principal, para conquistar

audiência. Esta é a minha 8ltima chance verdadeira de provar que sou capa0 dechegar ao estrelato. (omo disse, %$ tenho quase vinte e oito anos e não possomais esperar. 3e para conseguir aquele papel tiver que ir para a cama com!arcus, eu irei>

3em di0er nada, Anna otou alguns ovos para co0inhar e se ocupou comoutros pequenos preparativos para o %antar. Não estava com muita #ome, mas,se ;sa e seu amigo iam #icar, era necess$rio preparar uma oa re#eição.

;sa pareceu preocupada com o silêncio da irmã.7 1or #avor, não me reprove, Anna.

 Anna olhou para ela com um sorriso de compreensão.7 Não se%a tola. meu em. Não vou culp$-la de nada. ocê é quem sae

como tem que agir. Agora, v$ l$ para cima e se arrume. "em que manter suaimagem. 'esça quando estiver pronta e venha me a%udar a pr a mesa.

Outra ve0 so0inha, Anna apanhou uma galinha assada na geladeira eprocurou uma #aca a#iada para cort$-la. O som de um assoio suave #e0 com queela se virasse rapidamente. Não pelo assoio em si, mas pela melodia, que eraparte do pesadelo que ela costumava ter. Anna empalideceu e sentiu um cala#riona espinha. *amais esqueceria aquela melodia, que tra0iam lemranças #undasdo passado, num misto de descon#orto e constrangimento. Anna procuroupensar em outra coisa, mas o assoio continuava, #orçando-a pela primeira ve0,em muitos anos, a encarar a realidade.

 Automaticamente, ela colocou a letra na m8sica& FDuando você entrou no ar...F "inha sido durante uma #esta dançante. Anna tinha uma oa vo0 e iriainterpretar uma canção de 3hirle) 9asse), procurando #a0er uma imitação

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per#eita da cantora. Agora, ouvindo de novo os acordes daquela melodia, elasentiu tudo escurecer na co0inha, como se estivesse de volta ao pesadelo& ogrande salão de #esta na penumra e um #oco de lu0 sore ela, que cantava.

O som grave da vo0 de !arcus "rent a trou6e de volta = realidade&

7 Ol$, Anna> Due om n4s dois sermos apresentados um ao outro, depoisde tanto tempo. (inco anos, não é? Anna, involuntariamente, se sentiu de volta = época de romantismo %uvenil

de seus de0oito, quase de0enove anos. 1hilip lhe tinha partido o coração com orompimento do noivado. 3e ao menos ela #osse um pouco mais velha, se nãotivesse vivido sempre tão cercada de proteção, se tivesse um pouco mais dee6periência... "eria agido como uma pessoa adulta e não daquela maneirain#antil>

Naquele momento, todas as mem4rias daquele tempo, su#ocadas nosuconsciente, vieram = tona. Ela havia aceitado os argumentos de 1hilip, quedi0ia ter cometido um erro e que ele sentia por ela uma grande ami0ade, mas

não amor. Anna disse que compreendia e não #e0 cena. Nem mesmo chorou,pelo menos na presença dele.Coi somente depois do casamento de 1hilip e ;sa que Anna #inalmente

perdeu a caeça. 'epois de se despedir do casal e dese%ar #elicidades, reuniu-se aum grupo de amigos e #oi a uma danceteria. M$, no meio do arulho e daagitação, passou a tomar taças e mais taças de champanhe. ;sso, somado ao que

 %$ eera na #esta do casamento, #e0 com que ela perdesse completamente ocontrole.

 Anna usava na ocasião o vestido mais so#isticado que tinha, presente de;sa, que talve0 #icasse melhor numa pessoa de mais idade. 1reto e decotado, o

 vestido tinha apenas uma alça num dos omros e, para us$-lo, Anna precisou

maquiar-se muito. Ao se olhar no espelho do toalete da danceteria ela mal sereconhecera.

 A noitada #oi #icando cada ve0 mais agitada e arulhenta, e, a certa altura,alguém sugeriu que Anna cantasse. ;nstruída pelo autor da sugestão, a orquestraacompanhou-a em algumas m8sicas de que ela muito gostava. 'epois de umacanção de Ertha itt, veio a imitação de 3hirle) 9asse). A platéia pediu is.

Coi quando Anna viu aquele homem moreno olhando para ela e a coisaaconteceu. Ela entregou o micro#one ao maestro e, descendo do palco, #oi até omeio das mesas e cantou a canção para ele> Duando terminou, pegou o copo de

 eida que o homem mal tocara, ergueu-o num rinde e eeu de um s4 trago.Coi s4 quando sentiu a garganta queimando que ela perceeu que tinha tomado

um uísque duplo em cima de toda a champanhe consumida antes. Anna %amais conseguiu se lemrar direito do que aconteceu na danceteria

depois daquela cena. 34 se lemrava de muito arulho, risadas, lu0es e eladançando com aquele estranho, a caeça rodando. Não saia di0er como #oiterminar no quarto de um motel, nem conseguiria reconstituir o que aconteceuem seguida. Memrava-se apenas de ter acordado na manhã seguinte com umaterrível dor de caeça, deitada na cama ao lado daquele homem.

O que ele disse não contriuiu para esclarecer o que podia ter acontecido&7 Origado, meu em. Coi uma e6periência nova para mim, algo que não

perderia por nada neste mundo.'epois disso #oi aquela horrível espera, em que Anna mergulhara num

redemoinho, tentando #ingir que nada havia acontecido. Era como se tivessepassado uma eternidade, mas realmente s4 se passaram alguns segundos até o

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homem se levantar da cama. (oriu a pr4pria nude0 com um roe curto de sedae #oi para o anheiro. Aquele tinha sido o pior momento& pela primeira ve0 na

 vida, ver um homem completamente nu. Anna tinha tentado #echar os olhos,mas eles insistiam em permanecer aertos, enquanto o sangue #ervia nas veias e

ela suava diante da visão daquele corpo despudoradamente e6iido. O homem#oi para o anheiro e Anna enterrou a caeça no travesseiro.!inutos mais tarde, ouvindo o som do chuveiro, ela en#iou o vestido e

procurou escapar dali, tentando #a0er o mínimo de arulho possível. 'epois,encontrando o carro no estacionamento do motel, encaminhou-se direto paracasa. Ali, um longo anho quente de anheira #oi a #orma que ela encontroupara lavar a pr4pria vergonha. 'epois, %ogou na lareira tudo o que pudesselemrar aquela noite& o vestido, os sapatos, a roupa de ai6o e tamém o seudisco de 3hirle) 9asse).

1or sorte, ninguém #icou saendo do que acontecera naquela noite, depoisda #esta na danceteria. Os amigos não #a0iam perguntas. !as isso não a

con#ortava muito. Ela saia, e isso é que importava> Ao longo desses cinco anos, Anna havia enterrado tudo aquilo no #undo da mente, como se #osse umpesadelo. s ve0es, sentia-se tentada a contar tudo a ;sa, apenas o que haviaacontecido, não os motivos. !as o seu om senso lhe aconselhava o contr$rio.

Hm segredo era um segredo, especialmente um daquele tipo, e ;sa poderiade alguma #orma se sentir respons$vel.

(om um estremecimento, Anna emergiu do passado e olhou em volta,atordoada. M$ estava ela, em casa, preparando uma re#eição. "udo parecia#amiliar, mas era como se aquilo não estivesse acontecendo com ela. O destinonão podia ter sido tão cruel. 'ei6$-la em pa0 durante cinco anos e, de repente,emaralhar tudo daquele %eito>

7 O que... o que #oi que você disse? 7 perguntou Anna a !arcus "rent,#alando ai6inho.

7 Eu disse que #oi 4timo n4s sermos apresentados um ao outro, depois decinco anos. 7 <epetiu !arcus, entrando na co0inha. 7 3e em que isso deapresentação não é tão importante assim, não é? A#inal, n4s dois nosentendemos muito em sem precisar disso, da 8ltima ve0 que nos encontramos.Memra-se?...

7... Ai, meu 'eus> A #aca que Anna segurava caiu das suas mãos e #e0 arulho ao ater no

chão. (om a mão trêmula, ela coriu a oca e arregalou os olhos, a ponto dedesmaiar.

7 ocê>

 CAPÍTULO II 

7 3im, eu 7 #alou !arcus, com vo0 calma. 7 Não me reconheceu?7 Não... 7 negou Anna. 7 (omo poderia? Não me lemrava direito do seu

rosto. Acho que não tinha olhado você de #rente. 34 me lemro de suas costas.Não pensei que #osse me reconhecer, nem que você se lemrasse...

7 ocê esperava que não me lemrasse de você 7 corrigiu ele. 7 !as nãopense que eu iria esquecer uma noite tão memor$vel, tão cheia de mistério> Oh,não esqueceria>

!arcus #oi até em perto dela. Anna recuou para %unto da pia enquanto ele

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apanhava, a #aca caída no chão.7 Não, de#initivamente> 7 continuou !arcus, passando o dedo na lJmina.

7 E acho melhor não lhe dar esta #aca de volta. 1arece nervosa e vai acaar se#erindo.

 Anna reuniu coragem e olhou-o em nos olhos.7 ai contar a ;sa?7 E ela %$ não sae? ;maginei que vocês duas passassem muito tempo

 %untas, conversando, trocando reminiscências. Não se esqueça de que euconheço ;sa astante em, e sei que é o tipo de pessoa que #ala tudo o que lhe

 vem = caeça. Acho até que ela est$ disposta a ir para a cama comigo, se isso#i0er com que consiga o papel principal na minha nova produção. E você, Anna,qual o seu motivo?

 Anna levantou o rosto num desa#io. A surpresa e o medo que sentira ao serreconhecida por !arcus #oram sustituídos por uma #irme determinação&

7 !eu motivo? 9em, acho que #oi para aliviar o tédio. O dia-a-dia num

lugar0inho como este costuma ser de uma chatice mortal. Anna constatou que não gostava daquele homem. Ele descrevera ;sa comose ela #osse uma idiota0inha, urra, sem talento e ainda por cima leviana.Evidentemente, não saia nada da verdadeira ;sa, uma mulher cu%a amição edese%o de sucesso na pro#issão não su#ocavam a mãe que #aria tudo para daruma vida con#ort$vel = #ilhinha. Anna resolveu que na primeira oportunidadealertaria ;sa contra aquele homem egoísta e pretensioso.

"alve0 a irmã dela não desse muita importJncia, porque em muitas coisasas duas pensavam de #orma di#erente. ;sa vivia num inundo em que o comumera a vida livre, as pessoas moravam %untas sem se casar, tinham amantes, equem não agia assim era visto como uma espécie de anormal. Anna podia

compreender as atitudes de ;sa, mas, quanto a !arcus, não teria nenhumacondescendência. Não se achava origada nem mesmo a trat$-lo de #ormapolida. A polide0 é reservada a estranhos, e !arcus não podia ser consideradoum estranho. : verdade que o encontro deles dois tinha sido reve, mas tamémtinha sido muito íntimo. 1ortanto, ela se sentia = vontade até para ser rude comele.

7 O que pretende #a0er? 7 inquiriu ela. 7 3e não vai #a0er nem di0er nada,por que se preocupou em me lemrar do que aconteceu, tra0er a p8lico...

7 !as não é assim tão p8lico 7 contradisse ele. 7 ;sa não sae de nada eaposto que nenhum dos seus amigos daqui sae. !as, diga-me, você seincomodaria mesmo se sua irmã0inha souesse do seu pequeno pecado?

3eria #$cil dar de omros e di0er FnãoF, mas Anna não podia #a0er isso. Elase incomodaria, sim, com o que ;sa pudesse pensar. 1ara a irmã, Annarepresentava o lar, a segurança, alguém em quem se apoiar. Não que ;sa %amaisadmitisse ser uma pessoa dependente, mas era. ;sa ia =quela casa em usca donormal, de um modo de vida di#erente da e6istência #renética que levava. Anna,para ela, não era s4 uma pessoa, mas um porto seguro para onde #ugia quandoas coisas #icavam di#íceis. Anna não pretendia privar a irmã disso.

7 3im 7 respondeu. 7 Acho que me incomodaria. Não preciso lhe darminhas ra05es, mas é assim que penso.

7 Na certa seriam as ra05es de sempre 7 concluiu ele, cinicamente. 7 ocê viveria soressaltada, com medo de que ;sa dei6asse escapar alguma coisa.Este é um lugar pequeno e você tem uma reputação a 0elar. 3er$ que você não

 vive dando conselhos = sua irmã, tentando regener$-la? 3eria um es#orço in8til,

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eu acho, e acho tamém que você teria menos sucesso ainda se ela souesse dosseus pecadinhos, não é mesmo, Anna?

'esta ve0, Anna perdeu a paciência.7 ocê #ala de ;sa como se ela #osse uma tonta, e isso mostra que não é

di#erente dos da sua espécie> ocês pensam que uma mulher s4 pode ser onita,não precisa ter nada por dentro da caeça. s ve0es penso que seria melhor se;sa #osse menos onita. "alve0 assim chegasse mais longe em sua carreira.(ertamente um desses produtores imecis entenderia que ela tem muito maisdo que um rosto onito e um corpo per#eito. ;sa tem talento e é uma 4timapessoa. !as v$ em #rente, conte a ela, se quiser> ;sa não diria uma palavra soreisso a ninguém, eu tenho certe0a. !as você não se contentaria s4 em contar a;sa, não é? "eria que ser alguma coisa que me atingisse realmente. Outraspessoas não seriam tão compreensivas e logo toda a região saeria. (ostumo ir auma reunião na igre%a todo terceiro domingo do mês, mas depois disso nuncamais seria convidada. 9em, imagino que agora você vai di0er que sou uma

hip4crita, uma sonsa.7 Ah, vou di0er, sim> 7 con#irmou !arcus, com um risinho maldoso. 7 ocê #icaria parecendo uma meretri0 do tempo dos puritanos, marcada comuma #ita vermelha no caelo. 3ua vida social vai virar um in#erno se alguém #icarsaendo do seu segredo.

 Anna segurou com #orça na orda da mesa, até sentir a mão doendo.Estava decidida a en#rentar aquele homem.

7 Então, é assim que você vê a coisa, não é? E não venha me di0er que nãotem opinião #ormada, porque não acredito. ocê é um oportunista>

!arcus soltou uma gargalhada. 1arecia que estava se divertindo muito =custa dela.

7 /osto de #a0er uso de toda in#ormação que tenho 7 disse !arcus.7 Ah, sim... Acho que você gosta é de tirar proveito>7 (ertamente. E essa é uma situação em que, de#initivamente, h$ alguma

coisa de que eu posso tirar proveito. ;sa me disse que você é uma e6celentedatil4gra#a e é %ustamente de uma pessoa assim que estou precisando.

 Anna sentiu um ligeiro alívio.7 Não se%a ridículo, !arcus "rent> ocê não é do tipo que precisa de

ninguém.7 "odo mundo precisa, ve0 por outra. 7 !arcus sentou-se na eirada da

mesa, muito = vontade. 7 Neste momento, acho que estou precisando dealguém como você. (omo você mesma disse, ;sa é uma oa atri0. s ve0es é até

 astante inspirada e talve0 se saísse em naquele papel...7 Est$ querendo me origar a #a0er alguma coisa?7 E6atamente> Assim é que eu gosto. ocê é uma mulher inteligente e

pensa com rapide0. (ompreende tudo sem que se precise #alar.7 3empre #ui elogiada por minha inteligência 7 vangloriou-se a %ovem.

 Anna sorriu. Emora estivesse com medo daquele %ogo, era como umdesa#io que ela sentia pra0er em en#rentar. O melhor seria continuar #ingindoaceitar as regras do %ogo.

7 Não me diga que s4 precisa de mim por causa das minhas qualidades dedatil4gra#a. Não vou acreditar nisso.

7 !uito em garota> 7 aplaudiu ele. 7 Acertou em cheio, tenho v$riosoutros prolemas e você vai me a%udar a resolvê-los lindamente.

7 1rolemas com namoradas? Ninguém acredita, sr. "rent. ocê é muito

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capa0 de lidar com uma d80ia delas de uma ve0, com as mãos amarradas nascostas>

3uitamente, !arcus mudou de Jnimo. O sorriso 0ometeiro desapareceudo rosto dele, sustituído por uma e6pressão de altive0.

7 ocê não sae do que est$ #alando. 'i0 que a estou pressionando, masnão sae a que tipo de press5es eu tenho que me curvar. 3ou humano...7 ocê é humano... 7 repetiu Anna, como se estivesse di0endo um

asurdo. 7 1u6a, você me surpreende> 3eria capa0 de %urar que você era umréptil, talve0 da espécie dos crocodilos. "em esse riso cheio de dentes e deameaças.

7 E você tem uma lingua0inha muito a#iada. 9em, vai cooperar comigo oupre#ere ser privada das reuni5es e dos ch$s da sua igre%a?

7 Duer di0er que você espalharia o que houve? 7 indagou Anna, diante doolhar implac$vel de !arcus. 7 Acho que sim, porque é em capa0. Aposto quesuiu na vida = custa das #raque0as alheias.

7 'as #raque0as de algumas pessoas 7 admitiu ele, com o mesmo olhar deameaça. 7 !as você ainda não concordou. 1ensou que eu mudaria de idéiaassim #acilmente?

7 Não 7 suspirou ela. 7 "entar #a0er você mudar de idéia é como quererinverter a corrente do rio Ama0onas. Est$ em. ocê #a0 o script e eu cumpro aminha parte, mas tem que me dar as dei6as. Não vai querer que eu decore tudoassim de repente.

Nesse momento, ouviu-se o arulho dos saltos altos de ;sa, que descia doprimeiro andar. Anna olhou para !arcus com uma e6pressão de advertência e#e0 uma 8ltima pergunta&

7 ;sa vai conseguir o papel no seriado?

"riun#ante, !arcus rela6ou. Nada podia ser mais agrad$vel que o sorrisoque acompanhou a resposta dele&

7 (om minha total aprovação. !as tenho que con#iar em você. 1rometaque vai me a%udar.

7 Est$ em, eu prometo. !as agora saia da minha co0inha, antes que ;sachegue. ou terminar de preparar a comida.

*$ era madrugada quando Anna #inalmente conseguiu dormir. Acordou =ssete da manhã com o corpo moído, Ao se olhar no espelho do anheiro, ela #e0uma careta de horror. Hm anho #rio de chuveiro a%udou um pouco, mas erapreciso melhorar a aparência. 'e volta ao quarto, ela se ps a procurar alguns

cosméticos entre os que ganhara de ;sa. s sete e meia, ela %$ estava na co0inha quando apareceu uma visita pouco

 em-vinda. 1hilip voltava da inspeção matinal = estrearia, muito = vontadenaquelas roupas de cavaleiro, emora tivesse #icado o tempo todo ao volante dapicG-up.

7 9om dia, Anna 7 saudou ele, aceitando uma 6ícara de ca#é e %ogando-senuma cadeira da co0inha. 7 1u6a, estou cansado> 3ae, Anna, contei a mamãeos nossos planos e ela #icou contentíssima. 'isse que é o que devíamos ter #eitoh$ anos. ocê sae que ela nunca aprovou inteiramente o meu casamento com;sa.

 Anna se conteve para não e6plodir de raiva logo de manhã cedo, mas não

dei6ou sem resposta aquele asurdo.7 Nossos planos? !as o que é que você tem dentro da caeça, seu idiota?

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!iolos ou o quê? *$ lhe disse, ontem, que não h$ planos entre n4s dois...1hilip riu&7 Eu sei querida, e adoro a sua timide0, mas aquilo #oram s4 palavras, não

é mesmo? Eu compreendo, mas não h$ mais necessidade de #ingir sore os

nossos sentimentos. Não magoaremos ninguém. ;sa não liga para mim nem euligo para ela. O que importa é o que pode acontecer a 1egg). : com ela que eume preocupo.

7 Oh, que comovente> Anna não pode evitar um tom amargo na vo0, mas 1hilip, pensando apenas

na idéia #i6a que tinha na caeça, nem sequer notou.7 Eu saia que você concordaria comigo 7 disse ele, sério. 7 9astava que

 você pensasse com calma. Ontem, em ve0 de ter %ogado as coisas assim de cho#reem cima de você, eu devia ter lhe dado mais tempo para pensar. 3into muito,

 Anna, sinceramente, mas agora est$ tudo em. amos recomeçar tudo de ondeparamos h$ cinco anos.

 Anna suspirou, #rustrada. 1hilip era o homem mais insensível que ela %$conhecera. 3implesmente não queria en6ergar a realidade> !esmo se elagritasse até #icar rouca, ele não entenderia, pela simples ra0ão de que não queriaentender. !esmo assim, Anna resolveu ser generosa e procurar um acordo.

7 1hilip, eu não quero recomeçar de onde paramos h$ cinco anos, assimcomo não tenho a intenção de partir do 0ero com você.

 Anna cortou um pedaço de pão com tal #erocidade que parecia querercortar o pescoço dele. 'epois, procurando #alar com calma, continuou&

7 B$ uma coisa que eu quero que você entenda. Eu desisti de você, epensei que isso tivesse #icado claro. 1ara di0er a verdade, e6iste uma outrapessoa, %$ h$ alguns anos...

7 : a mim que ela se re#ere 7 #alou !arcus "rent, displicentementeencostado na porta da co0inha. 7 ocê perdeu a ve0, amigo. Agora, se%a um omsu%eito e v$ dando o #ora. Anna e eu temos assuntos a discutir.

(om o rosto avermelhado, 1hilip #icou olhando alternadamente para Annae !arcus. 1or um segundo pareceu indeciso, até que ariu um sorriso.

7 Ah, você é um amigo de ;sa, eu creio. Anna, diga a ele para parar de rincadeiras. Eu conheço em você e sei que não se dei6aria levar na conversadesse... desse senhor. 3ei que você sempre procurou não magoar ;sa, mas agoranão h$ motivos para escondermos mais nada. O importante é o que h$ entre n4sdois. 3ei que andei um pouco #ora da linha, mas reconheci meu erro e isso é oque importa.

!arcus se apro6imou da mesa e serviu-se de uma 6ícara de ca#é. Emseguida, dirigiu-se a Anna, sem se importar com a presença de 1hilip&

7 Ele parece uma #igura romJntica do século passado, não acha?7 Acho sim 7 concordou Anna, sentindo-se agradecida pela a%uda. 7

1arece saído de uma p$gina de (harles 'icGens.7 Não querida, engano seu 7 reprovou !arcus. 7 'icGens talve0 este%a

um pouco #ora de moda, mas era um 4timo escritor. Acho que ele est$ mais paraum tipo de #olhetim.

1hilip levantou-se, indignado.7 Não acredito no que estou ouvindo... 7 ele se revoltou. 7 !esmo assim,

 Anna, mamãe vir$ vê-la esta tarde e você pode ser sincera com ela. Entre mamãee eu não h$ segredos e ela sae o que eu sinto por você.

7 Adeus, 1hilip 7 disse Anna, de#initiva.

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1hilip, porém, continuava ostinado.7 Não, não é um adeus, Anna 7 #alou ele, parando na porta e #a0endo

tilintar desnecessariamente as esporas. 7 amos conversar sore issonovamente quando pudermos estar a s4s. Eu tele#ono.

(om um ar de determinação, 1hilip saiu, atendo a porta.7 Ora ve%am s4> 7 e6clamou Anna, com as mãos na cintura.!arcus sentou-se = mesa, encheu de novo a 6ícara de ca#é e #icou tomando

goles, com uma e6pressão asolutamente despreocupada.7 Não pense que 1hilip vai desistir assim 7 advertiu Anna. 7 Ele é um

caeça-dura, especialmente quando est$ do lado errado.7 1hilip? 7 #alou !arcus, #ran0indo a testa. 7 Onde #oi que eu ouvi... 7

 Ah, sim, é o marido de ;sa. !eu 'eus, onde é que ela #oi arran%ar um tipo comoesse? Ali$s, Anna, se não me #alha a mem4ria, você me chamou de 1hilipnaquela noite no motel. Então #oi isso o que aconteceu? Ele lhe tinha dado o#ora?

 Anna se encheu de raiva.7 Ele me #e0 desacreditar nos homens. Não tem nada a ver com Fdar o#oraF.

7 Ora, Anna> ;sso %$ aconteceu antes, com muitas outras mulheres. ocê vai superar isso> O que não entendo é como ;sa pde casar-se com ele.

7 Acho que e6istiu amor entre eles. Hma coisa que você não conhece, éclaro.

7 : claro 7 concordou ele. 7 Acho que %$ so#ri disso uma ve0, quando nãosaia a respeito das mulheres tanto quanto sei agora. 9em, o melhor é você irconosco para Mondres. Assim escapar$ desse prolema com 1hilip.

 Anna começou a preparar uma ande%a com o ca#é da manhã de ;sa.

7 Origada pela sugestão, mas não posso aceitar. A agitação da vida emMondres seria demais para mim. Além do mais, eu traalho aqui e não acho quedeva ir emora s4 para #ugir de 1hilip.

7 Não se esqueça, Anna, de que #i0emos um trato. ocê, mais cedo ou maistarde, vai ter que vir traalhar comigo, então por que não %$?

7 Eu tenho um emprego. !esmo que me demita, tenho que dar pelomenos duas semanas de aviso prévio. Acredite.

7 Eu não acredito, Anna. ocê %$ escapou de mim uma ve0, sem dei6arpista. Esse seu emprego não deve ser uma coisa tão importante assim.

 Anna reparou que ele a olhava #i6amente. <uori0ando um pouco, elaprocurou ser #ranca.

7 : importante, sim. Esta casa me d$ despesa. Agora, por e6emplo, estoutendo que economi0ar para mandar consertar o telhado e em outuro mandareipintar toda a parte e6terna.

7 enda a casa 7 aconselhou ele. 7 ocê %$ devia ter #eito isso h$ anos.7 Eu e ;sa estamos tentando, mas ainda não conseguimos um om preço.7 ;sa pode receer a parte dela, contanto que você não se%a pre%udicada,

não é?7 Eu diria isso de outra #orma.

 Anna não quis continuar a conversa. Acaou de preparar a ande%a para;sa e saiu da co0inha, dei6ando !arcus so0inho. Due homem terrível> Estava alih$ menos de um dia, mas %$ conseguia tirar vantagem. 1rimeiro haviachantageado. 'epois, intrometia-se nos assuntos particulares dela. Anna oodiava> 3e não #osse por causa de ;sa, teria %ogado a ande%a do ca#é na cara

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ironia do destino voltar = aila uma desgraça acontecida tanto tempo antes.7 Ah, minha querida Anna 7 deslumrou-se a sra. (are2.!uito loira, ai6inha e de aparência tão delicada quanto um par de otas,

a mulher sorria para Anna, sentada no %ardim

7 Não me custou nada vir visit$-la. 1hilip me trou6e de carro até o portãoe voltou para casa. "inha que dar uns tele#onemas. Na verdade, acho que elequeria que convers$ssemos a s4s. oltar$ para me apanhar l$ pelas cinco horas."emos, portanto mais de uma hora e meia = nossa disposição.

O sol de maio estava em quente e Anna tinha providenciado uma %arra delimonada, porque ainda era cedo para o ch$.

7 !as n4s não temos realmente nada para conversar 7 o%etou ela. A mãe de 1hilip deu um sorriso de cumplicidade.7 "emos, sim, minha #ilha. !eu #ilho me contou sore as suas d8vidas.

 ocê acha que ele est$ sendo precipitado e eu concordo plenamente.(ompreendo como est$ se sentindo e acho que me sentiria da mesma #orma. 1or

outro lado, 1hilip tem o direito de aproveitar a oportunidade para esclareceressa trapalhada toda. (om %eito, vocês podem começar tudo de novo, da #ormacomo deveria ter sido, não acha?

7 Não, de#initivamente eu não concordo. Não é que 1hilip tenha sidoprecipitado. Na verdade, ele #oi um tanto... grosseiro, %$ que ainda est$ casadocom a minha irmã. !as não é isso que importa. "enho outros motivos pararecus$-lo e o principal é que não quero me casar com ele.

 A sra. (are2 sorriu com o ar superior de quem houvesse acaado de ler umtratado de psicologia.

7 (ompreendo tudo per#eitamente. ocê se condicionou a pensar em1hilip como o marido de ;sa. Estaeleceu em relação a ele um loqueio mental,

mas não deve se sentir culpada por am$-lo. 'entro de muito pouco tempo,1hilip estar$ livre. ocês se casarão e viverão #eli0es para sempre. Esqueçaaquele casamento, que s4 trou6e in#elicidade para o meu #ilho. ;sa nunca #oiuma verdadeira esposa para ele.

7 Ah, ela #oi sim 7 interrompeu Anna, teimosa. 7 1egg) est$ aí comoprova. !as, por #avor, acredite que não tenho loqueio mental nenhum e nãome sinto culpada. Apenas desisti de 1hilip e não penso nele.

 A mãe de 1hilip suspirou desolada, mas não desistiu.7 ;sso é o que você resolveu pensar, querida. *$ disse a 1hilip que ainda

 vai demorar para que você percea que ainda o ama. ocê di0 que ele #oigrosseiro, mas ser$ que isso é verdade? Memre-se de que, quando vocês

romperam o namoro, 1hillip lhe contou tudo de viva vo0. Outro homem teriaapenas lhe escrito um ilhete, mas meu 1hilip é nore demais para escolher ocaminho mais #$cil. (ertamente é por causa da educação que dei a ele. 1hilipsempre #oi um om #ilho e ser$ um 4timo marido para você.

7 Não para mim 7 recusou Anna.Duantas ve0es teria que di0er a mesma coisa para convencer aquela

mulher, que mostrava ter a caeça tão dura quanto a do #ilho? Num relance, ela viu !arcus e ;sa no portão de tr$s e suspirou aliviada, re0ando para que eles seapro6imassem, %$ não suportava mais aquela discussão.

 Ao ver a sra. (are2, ;sa virou as costas e entrou na casa. Era uma reação astante compreensível, porque ela nunca havia gostado da mãe de 1hilip.!arcus, porém, veio caminhando calmamente pelo gramado em direção ao localonde Anna e a sra. (are2 estavam. Anna apresentou os dois&

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7 3ra. (are2, este é !arcus "rent 7 #alou ela, aproveitando para provoc$-lo. 7 A sra. (are2 é a mãe de 1hilip, !arcus.

7 Mogo notei como se parecem 7 disse ele, com uma ironia que a sra.(are2 #ingiu não entender.

7 3r. "rent, meu #ilho me disse que o senhor veio passar o #im de semanacom ;sa. Espero que este%a gostando do lugar e do 4timo tempo que est$#a0endo. .

7 Na verdade, eu trou6e ;sa para ver a irmã 7 corrigiu ele. 7 !as é com Anna que estou passando o #im de semana. 3omos velhos amigos.

 A sra. (are2 #e0 uma e6pressão de surpresa, mas logo se recomps.7 erdade? 1elo que meu #ilho me disse, o senhor e ;sa...!arcus não respondeu logo, como se quisesse aumentar a e6pectativa.7 3eu #ilho est$ enganado. ;sa e eu conhecemo-nos h$ muito pouco tempo.

"emos apenas interesses comuns no teatro. !as Anna e eu somos... Anna engoliu em seco. 1elo sorriso cínico de !arcus, ele estava a ponto de

revelar seu segredo, e a sra. (are2 era a 8ltima pessoa que ela queria quesouesse da verdade.7 : uma ami0ade muito antiga 7 interrompeu Anna, antes que !arcus

pudesse di0er mais alguma coisa. 7 Na verdade, !arcus veio aqui este #im desemana especialmente para me convidar para traalhar com ele. Ainda estoupensando, mas acho que vou aceitar. : claro que terei que ir para Mondres e vaiser uma mudança radical, mas o sal$rio que ele est$ me o#erecendo é tentador.

Em seguida ela sorriu para !arcus, como se o desa#iasse a negar algumadaquelas in#ormaç5es. !arcus não negou nada. Apenas permaneceu sentado,olhando para a sra. (are2 como quem oserva um animal raro. Aquela atitudeimpediu qualquer tipo de conversa particular que a mãe de 1hilip ainda quisesse

ter, e Anna sentiu um grande alívio quando 1hilip apareceu uma hora mais cedopara apanhar a mãe.

7 Não precisa se incomodar com o ch$ para n4s 7 #alou 1hilip. 7 Não vamos demorar.

!arcus se me6eu na cadeira e #e0 um coment$rio descortês&7 Ptimo>;sa não apareceu e os quatro continuaram sentados num descon#ort$vel

silêncio por cerca de cinco minutos. Cinalmente a sra. (are2 se lemrou de queprecisava trocar de roupa para ir = igre%a. Não queria chegar atrasada ao culto

 vespertino. Anna #icou oservando mãe e #ilho descerem até o portão. 'epois virou-se

para !arcus.7 ocê é pior que praga em roseira 7 ralhou ela. 7 3er$ que não tem

educação?7 Nenhuma 7 reconheceu !arcus, rindo. 7 Além disso, não gosto de

perder tempo. 3e alguém di0 que não vai demorar, por que insistir em manter aconversa? : pura perda de tempo.

7 !as eles queriam tomar ch$>7 'eviam ter dito que queriam> 7 contraps !arcus, com uma calma

irritante. 7 Não gosto de perder tempo com gente que di0 uma coisa e queroutra. 1or #alar nisso, estou muito contente por você ter aceitado a minhaproposta.

7 E que chance tinha eu de recusar? A sra. (are2 é a 8ltima pessoa que euquero que saia do que se passou. Acho que você ia contar tudo em detalhes, se

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eu não concordasse.!arcus alançou a caeça con#irmando aquela suposição. Anna pegou a

limonada, encheu um copo e #icou olhando pensativamente para o que sorouna %arra. (alculou que ainda havia ali meio litro, #ora uns seis cuos de gelo que

ainda não tinham derretido.1or um segundo ela teve a tentação de %ogar tudo sore aquela caeçaarrogante, mas conseguiu controlar-se. A m$ educação dele não %usti#icaria adela. 'epois de eer a limonada, ela se ergueu e seguiu em direção = casa, comum convite pouco amig$vel&

7 ou #a0er um ch$. 3e quiser um pouco, venha tomar. 3e não, #ique ondeest$>

;sa estava na co0inha, despe%ando $gua no ule.7 *$ #oram? 7 perguntou ela, demonstrando contentamento ao ouvir a

con#irmação de Anna. 7 /raças a 'eus> *$ não agKento um (are2, imaginedois. ocê, pelo %eito, tamém não agKenta, não é? Duer uma 6ícara de ch$?

7 3eria melhor que #osse cicuta 7 #alou Anna, dei6ando-se cair numacadeira. 7 /ostaria de saer ser tão grosseira quanto !arcus.;sa desli0ou até a mesa com uma 6ícara de ch$ na mão, o vestido de seda

esvoaçando graciosamente em volta das pernas.7 1or #alar em !arcus, por que não me disse que %$ o conhecia? 1or que

todo esse segredo?7 ;sa, eu... eu... 7 gague%ou Anna, em desespero. 7 ocê acreditaria se eu

dissesse que não me lemrava de que o conhecia?7 !as parece que você est$ tremendo, querida, e o que est$ di0endo não

#a0 muito sentido. 9ea o seu ch$ e procure se acalmar.7 A vida est$ se tornando di#ícil demais para mim 7 #alou Anna, com

desJnimo. 7 Acho que vou entrar para um convento ou, no mínimo, #a0er umretiro espiritual até a primavera.

 A#etuosamente, ;sa araçou a irmã.7 (oitadinha. Não diga nem mais uma palavra até que acae de tomar o

seu ch$. 'epois, pode me contar tudo, se quiser.7 Acho melhor não contar nada 7 disse Anna, com ar aa tido. 7 Não me

leve a mal, mas é um assunto pessoal.7 'escon#iada> 7 acusou ;sa, a#astando-se. 7 ocê é mesmo cheia de

segredos. ou perguntar a !arcus assim que ele entrar. Coi uma surpresaquando ele me disse que vocês %$ eram velhos amigos.

(omo se atendesse a um chamado, !arcus #oi entrando na co0inha.

7 ocê é e6atamente o homem que eu queria ver> 7 recepcionou ;sa. 7 Oque est$ havendo e por que Anna não quer me contar?

7 Em primeiro lugar, ;sa querida, porque não é da sua conta. 7 !arcusolhava tão #i6amente para a interlocutora que ela corou. Em seguida, elecontinuou&

7 E, agora, se você #i0er o oséquio de nos dei6ar a s4s. Anna e eu temosassuntos a discutir.

;sa lançou um olhar #urtivo para Anna, que permanecia calada.7 E eu tenho que #icar de #ora? Acho que minha irmã0inha precisa de

a%uda. Ela é muito #r$gil e não saer$ se de#ender de você. Não quero que amaltrate.

 Agora, o olhar de !arcus sugeria uma leve ameaça.7 ocê quer mesmo aquele papel no seriado da ", ;sa?

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 A atri0 esqueceu a vaidade, os gestos estudados e a impostação da vo0, que#icou meio esganiçada de tanta emoção.

7 ocê quer di0er que eu tenho chance de...7 "em, sim, desde que saia oedecer =s instruç5es do diretor e que...

Ele disse aquilo olhando signi#icativamente em direção = porta. ;sa hesitouapenas um instante, olhando para a irmã.7 Est$ tudo em 7 garantiu Anna, comum sorriso.

 Agora que a hora da verdade estava se apro6imando, ela se sentiaimensamente melhor. !arcus podia ser um chantagista, mas era do tipointelectual e não se dei6ava dominar pela emoção, como os (are2. Annatamém se considerava do tipo intelectual e se orgulhava disso. (ertamente!arcus seria duro com ela, mas pelo menos diria honestamente o que queriaque ela #i0esse. Não usaria de #alsas promessas de amor, como o despre0ível1hilip.

7 Est$ tudo em 7 repetiu ela para ;sa, que ainda hesitava em sair. 7

Cique tranqKila que eu tenho unhas a#iadas e sei me de#ender.7 Nesse caso, vou dar uma olhada no script.;sa saiu rapidamente, como se %$ se sentisse uma estrela da " 7 Ela est$ com o te6to do seriado? 7 perguntou Anna, admirada.!arcus riu da pergunta inocente.7 Est$ indo para a cama com ele.

CAPÍTULO III 

Hm silêncio pro#undo tomou conta da co0inha, como se algo imprevisto

#osse acontecer. No entanto, tudo continuava como sempre. !arcus e Anna aliestavam sentados como duas pessoas civili0adas, um de #rente para o outro. Osol da tarde espalhava seus raios dourados nas paredes e no chão.

 Anna nem se me6ia, como se tivesse medo de provocar uma e6plosão. Odestino tinha sido ingrato. Entre tantos homens, %ustamente com !arcus elahavia perdido a caeça. "udo por causa daquelas taças de champanhe, que não atinham dei6ado pensar direito, e daquela idéia in#antil e idiota de que a vida não

 valia a pena. (om es#orço, ela querou o silêncio&7 ocê é mais e#ica0 do que a #ere amarela para a#ugentar as pessoas. 3e

tem algo a me di0er, diga logo. Memre-se de que precisa via%ar e não tem muitotempo.

7 "enho tempo de sora 7 contradisse !arcus, que parecia não levar emconta a longa viagem de volta para Mondres. 7 'e quanto tempo você precisapara #a0er as malas e partir?

7 'ois meses 7 respondeu Anna, prontamente. Agora que a atalha começara, ela recuperava a presença de espírito.7 : melhor que se%am dois dias 7 aconselhou !arcus. 7'e %eito nenhum> 1reciso #echar a casa, corir a moília, apanhar meu

cachorrinho, que est$ no veterin$rio... 1ara #alar a verdade, acho que nãopoderia partir antes de três meses.

7 ocê partir$ dentro de dois dias e vai precisar do seu passaporte.Ele não estava sugerindo, mas ordenando. Anna sentiu um arrepio, mas

conseguiu manter a calma aparente.7 Acho que não h$ muito o que escolher entre 1hilip e você 7 constatou

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ela. 7 34 que ele é mais em educado. Nenhum dos dois parece ouvir o quedigo> A surde0 de 1hilip nítida se e6plica porque ele s4 lida com cavalos, d$ asordens e ninguém pode responder. Dual é a sua desculpa?

!arcus sorriu para ela.

7 Não costumo apresentar desculpas, mas motivos, e o motivo pelo qual aquero em Mondres dentro de dois dias é que vamos para a Crança no s$ado. Epor isso que vai precisar do passaporte. 1ortanto, se%a oa0inha e ve%a aonde eleest$.

7 !as que atrevido> 7 protestou Anna, sorrindo em seguida. 7 Não melemro de ter sido convidada para uma viagem. 3e #osse, o meu FnãoF seriaouvido a milhas de distJncia.

7 Bo%e de manhã você me ouviu di0er a seu querido 1hilip que n4stínhamos neg4cios a tratar. Aquela era a hora de protestar, mas você não dissenada. Cicou l$ parada, com um sorriso #ingido. 1or 'eus, mulher, é apenas umneg4cio o que estou lhe propondo> ocê é uma oa estenodatil4gra#a, não é?

7 Duer que eu diga quantos toques consigo ater por minuto?7 Duero alguém que ata = m$quina o que eu escrevo sem mudar sequeruma vírgula. 7 (orrigiu ele. 7 Bor$rio integral. A pessoa tem que estar porperto quando eu precisar, mesmo que se%a =s três da madrugada.

7 Hm hor$rio nada comercial> Anna #e0 uma careta e ps a mão no ule de ch$, para ver se ainda estava

quente. Enquanto enchia a 6ícara, sentiu-se outra ve0 com coragem.7 Assim de repente não consigo me lemrar de ninguém que se

interessasse por um emprego assim. 3e me lemrar, eu o avisarei.7 Não se #aça de inocente 7 advertiu !arcus. 7 ;sso não vai adiantar

nada.

7 !as eu não estou me #a0endo de inocente 7 respondeu Anna, com a vo0doce. 7 ocê é que não est$ me escutando, igual0inho a 1hilip. *$ lhe disse quetenho um emprego de que gosto e no qual não preciso traalhar = noite. Alémdisso, sou muito #eli0 aqui. Não sei por que trocaria o que tenho pelo que vocême o#erece.

7 1ensei que n4s tínhamos concordado em nos a%udar mutuamente 7disse !arcus, com vo0 igualmente suave. 7 Eu a a%udaria com seus prolemas e

 você me a%udaria com os meus, em mem4ria dos velhos tempos... ou, para sermais claro, em mem4ria de uma noite agitada, h$ cinco anos passados.

7 Est$ em 7 admitiu ela, relutante. 7 !as quero dei6ar uma coisa emclara& além de desistir de 1hilip, eu tamém não quero mais saer de noites

agitadas. Ca0em mal ao meu #ísico.7 Due é maravilhoso 7 elogiou !arcus, satis#eito por ter ganho a atalha.

7 3e você se vestisse mais de acordo com a moda, seria um sucesso. (uidareidisso quando chegarmos a Mondres. Agora, se%a uma oa menina e corra para#a0er as malas. ou pegar minhas coisas e ver onde ;sa se escondeu, %$ é hora departirmos.

(om um sorriso, ele se ps de pé e saiu da co0inha. Anna #icou onde estava, respirando com di#iculdade. O primeiro impulso

#oi correr até a sala e tomar um uísque duplo. No entanto, tomar uísque =s cincoda tarde não seria recomend$vel, especialmente no caso dela, porque ae6periência %$ lhe custara caro. O melhor seria ligar a ca#eteira elétrica e #a0erum ca#é em #orte. "alve0 um ca#é a%udasse, mas l$ no íntimo algo lhe di0ia queestava num eco sem saída.

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1ouco depois que !arcus saiu, ;sa irrompeu pela co0inha. 'esta ve0 nãotinha a elegJncia estudada, não #alava com vo0 impostada nem tentava parecermais onita do que realmente era.

7 Anna querida, dese%e-me sorte 7 pediu ela, com l$grimas de verdade

nos olhos muito a0uis. 7 : a primeira ve0> pela primeira ve0, Anna, tenho aminha grande oportunidade. : a chance pela qual estive esperando durante todaa vida. *uro que nada vai me #a0er parar agora. 'epois disso, ;sa (are2 ser$conhecida de todos. Não precisarei mais pedir de %oelhos que me dêem onspapéis. !al posso acreditar> A #ama e a segurança estão ao alcance da minhamão. ou tê-las, #inalmente>

M$grimas de alegria desciam pelo rosto de ;sa, que estava realmenteemocionada. Mimpando o rosto com as costas da mão, ela prosseguiu&

7 *$ sei que vou #icar horrível, mas, desta ve0, não me incomodo. Hm omapartamento, talve0 até uma casa, uma a$ para 1egg)... ou poder pr minha#ilha num om %ardim de in#Jncia e mais tarde custear os estudos dela. Duase

não posso acreditar, mas tenho de acreditar. Agradeço a você, querida.7 Agradece a mim?Espantada, Anna o#ereceu uma toalha de papel para que a irmã limpasse o

rosto.7 3im a você 7 con#irmou ;sa, e6ultante. 7 !arcus me disse para

agradecer a você e eu nem sei direito o que di0er. Ele me disse h$ pouco queestava em d8vida entre o meu nome e o de uma atri0 mais conhecida do p8lico.

 A d8vida era porque !arcus e o diretor me acham uma pessoa ansiosa demais, oque acaa transparecendo na interpretação. Duando chegou aqui, porém,!arcus perceeu que, ao seu lado, eu me sinto segura. Não sei como, mas vocême transmite segurança, Anna> Coi então que ele resolveu arriscar numa

desconhecida, e me con#iar o papel, desde que você este%a l$ o tempo todo.Duando eu me sentir tensa, correrei para o seu lado.

;sa en6ugou novamente o rosto e continuou #alando com a mesmaanimação, enquanto as l$grimas escorriam&

7 "odos esses anos, e s4 agora eu descuro que preciso da sua #irmein#luência para me dar segurança. Não vou desapont$-la, irmã0inha, euprometo.

Ela começou a soluçar e Anna pegou outra toalha de papel.7 "ome um ca#é e procure se controlar. ai #icar com o nari0 vermelho.Enquanto #alava, Anna #oi enchendo uma 6ícara.7 Anna querida, você é tão pr$tica. Não me incomodo se #icar horrorosa,

porque estou #eli0 demais> Anna sentiu um desespero enorme. No entanto, seria #$cil esclarecer tudo,

 astando que ela dissesse umas poucas palavras. ;sa acreditaria nela, e !arcusseria desmascarado. A hist4ria da autocon#iança de ;sa não passava de umargumento #also que ele usara para controlar as duas, além de pura e simpleschantagem. "inha concordado em dar o papel a ;sa em troca de...

Não, isso ela não poderia contar. A #elicidade que rilhava no rosto de ;sadesapareceria, e era possível até que, saendo de tudo, ela realmente perdesse aautocon#iança.

E quando tivesse que e6plicar o domínio que !arcus tinha sore ela, Anna? (omo poderia pr tudo em palavras, quando, s4 de pensar naquilo, %$ sesentia mal?

'esistindo de revelar a verdade, Anna encheu outra 6ícara de ca#é e tomou

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um gole.7 Estou muito #eli0 por você 7 #alou ela. 7 3e est$ tendo toda essa sorte é

porque merece. "rate de #a0er o melhor possível e nem pense em #racasso. A essa altura, as l$grimas %$ haviam secado, e ;sa estava radiante.

7 Duanto a isso, pode #icar tranqKila. ocê %$ se deu conta do que issosigni#ica? 3e não quiser mais vender esta casa, não precisa. Coi aqui que vocênasceu, é o seu lar. E eu poderia vir muitas ve0es aqui para descansar. Acho quenunca pensei que chegaria o dia em que eu não precisasse mais me preocuparcom dinheiro. !as esse dia est$ em pr46imo, e quero que você #ique com aminha parte da casa. : um presente.

7 ocê %$ me deu astante. 'e qualquer #orma, não sei se poderia...Ela parou de #alar porque !arcus ariu a porta, e #oi entrando.7 Ande depressa, ;sa. Não posso esperar a noite inteira. *$ trou6e a sua

mala.7 Meve-a para a carro, querido 7 pediu ;sa, que se sentia nas alturas.

7 Meve-a você mesma, que eu preciso #alar com Anna. A vo0 de !arcusparecia mais um grunhido, e Anna se admirou de ver ;sa oedecer semprotestar.

7 Dualquer dia desses, a sua arrogJncia vai atingir um ponto alto demais.Duando você cair, gostaria de estar por perto para vê-lo com a cara no chão.;magine s4 inventar essa hist4ria de que ;sa é ansiosa demais. Não h$ nadaerrado com ela> O que você quer é incutir nela um comple6o de in#erioridadepara encorir as suas su%eiras>

!arcus estendeu a mão, como se esperasse receer alguma coisa.'isplicentemente, Anna apertou a mão dele.

7 Coi um pra0er conhecê-lo 7 resmungou ela, com indi#erença. 7 olte

sempre.7 3e você não cumprir o nosso acordo, Anna, eu agirei da mesma #orma 7

ameaçou !arcus, #alando com a maior naturalidade. 7 Achou o seu passaporte?7 1reciso de tempo 7 respondeu Anna, rispidamente. 7 Ainda não pude

procur$-lo. Mogo que o encontre eu o remeterei a você, mas acho que nãochegar$ a tempo para o que esta plane%ando, se%a l$ o que #or.

!arcus #ran0iu a testa, 0angado.7 'ois dias 7 lemrou ele.7 3e tiver a sorte de encontr$-lo... 7 #alou a moça, vagamente. 7 Hm

passaporte não é como uma carteira de motorista, que est$ sempre = mão. : otipo de coisa que vive sumindo.

7 Espero que não 7 disse !arcus. 7 "enho certe0a de que você o guarda em.

'i0endo isso, ele araçou-a pela cintura, e praticamente a arrastou até aporta. 'ali podiam ver ;sa dentro da !ercedes, com a caeça aai6ada,e6aminando o script.

7 Amanhã eu lhe mandarei um lemrete 7 prometeu ele.7 Acho om mesmo, porque tenho péssima mem4ria... Até eu me esqueci

de você.3em dar atenção ao riso de !arcus, Anna acenou um adeus para a irmã e

entrou, #echando a porta. O ca#é ainda estava quente e ela voltou a encher a6ícara. 'epois sentou-se %unto a mesa e a#undou a caeça entre as mãos. "udoaquilo estava acontecendo porque, cinco anos antes, ela agira como uma tola.Não, não era %usto> E por que tinha que ser %ustamente com !arcus "rent, por

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quem ela não sentia nenhuma atração? 1recisava urgentemente encontrar umasaída, porque, além de não querer traalhar para ele, Anna não queria mais vê-lo.

'epois de empilhar as 6ícaras na pia, ela deu uma olhada na geladeira,

procurando alguma coisa que servisse para uma re#eição ligeira. Anna estava acaando de comer uma omelete com salada quando ouviu,apesar do arulho da m$quina de lavar, o som de pneus no cascalho da entrada.<esmungando, a %ovem olhou para o rel4gio. Eram quase nove horas da noite eela não estava com a mínima disposição de receer mais visitas.

 Anna resolveu continuar comendo e #ingir que não ouviria se alguém atesse, mas não deu resultado. A porta da #rente se ariu e ela ouviu passos nocorredor. Qangada, levantou a caeça quando a porta da co0inha se ariu.

7 B$ campainha ao lado da porta da #rente 7 protestou Anna, sem olharpara tr$s. 7 1or que não tocou? ;sto aqui não é uma estação de trem.

Duando ela se virou, porém, viu que o intruso era 1hilip. Ele devia estar

pensando que tinha o direito de entrar quando lhe desse na veneta. Anna havia pensado que poria os olhos em !arcus, porque invadir aprivacidade alheia devia ser em típico dele. !as não poderia ser, porque nãodaria para ir a Mondres e voltar assim tão depressa, mesmo numa !ercedes.

7 O que você quer? 7 perguntou ela, sem se preocupar com a cortesia.7 im #alar com você 7 e6plicou-se 1hilip, sentando-se. 7 Agora que suas

 visitas %$ #oram, achei que podíamos acertar as coisas. Anna ariu os raços, irritada.7 O que ainda #alta acertar? Acho que #ui em clara ho%e de manhã. 3er$

que você é surdo?7 (omo poderíamos ter acertado as coisas, Anna? ;sto aqui parece um

hospício quando ;sa chega, e ainda é pior quando tra0 gente de teatro com ela.!as agora estamos a s4s e podemos chegar a uma conclusão.

 Anna largou o gar#o com #orça sore o prato e olhou para ele com os l$ioscontraídos e os olhos #aiscando.

7 Cisicamente, não tenho #orças para atirar você l$ #ora. (omo parece queperdeu completamente a educação, acho que vou ter que escutar o que tem adi0er. 1or #avor, se%a reve porque estou cansada demais.

1hilip não esperou por outro convite e pu6ou a cadeira para mais perto damesa. 'epois, começou a e6plicar que lhe tinham o#erecido uma casa em

 Lareham Beath com um grande terreno em volta.7 E daí? 7 perguntou a moça, oce%ando.

7 'aí que eu poderia mudar as cavalariças para l$, levando os cavalos decorrida e os de caça. Os pneis e os de aluguel #icariam aonde estão, a cargo deum tratador. A casa é grande o su#iciente para n4s dois, 1egg) e mamãe.(onstruirei novas cavalariças. 3er$ um empreendimento #amiliar, porquemamãe vender$ a nossa casa e você vender$ a sua. O dinheiro dessas vendasdar$ para a compra do im4vel e ainda sorar$ para alguns melhoramentos. *$#alei com o corretor e ele o#ereceu um om preço pela casa de mamãe. Ele dissetamém que poder$ ser vendida por mais ou menos sessenta mil liras, emoraeu ache que cinqKenta mil %$ seria om. 3e pedirmos muito, não venderemoslogo.

7 inte e cinco mil 7 corrigiu Anna, pondo uma #olha de al#ace na oca.1hilip sorriu e deu um tapinha na mão dela, como se estivesse tratando

com uma retardada.

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7 Não, querida. 1arece que você não entende muito de neg4cios, não é?Não dei6aria que vendesse por vinte e cinco mil, porque, assim, você estariadando a casa. Atualmente, construç5es da época georgiana estão muito

 valori0adas. O condado de 'orset est$ acordando para o século vinte e as

pessoas estão descorindo que o lugar é tão apra0ível quanto 'evon, além da vantagem de #icar a meio caminho de Mondres.7 ocê não entendeu. : claro que eu vou pedir cinqKenta mil, mas metade

é de ;sa. 3empre dividimos tudo.7 Due oagem> ocê acha que eu a dei6aria dar a metade a ;sa? Na

minha opinião, ela %$ receeu mais do que merecia. 'e mim é que não vaireceer mais nada.

7 Não é você quem vai dar 7 reti#icou Anna, com aspere0a. 7 Não temnada a ver com você, porque o assunto é entre n4s duas. "ecnicamente, a casa etudo que contém é dela. ;sa herdou da mãe, que por sua ve0 a herdou de meupai, que não dei6ou testamento.

7 ;sso n4s podemos contestar. 7 Os olhos a0uis de 1hilip, rilhavam comopedras de gelo. 7 ou #alar com meu advogado amanhã de manhã...7 Caça isso 7 resmungou Anna, mal-humorada. Duando ele lhe perguntar

quem você est$ representando, diga que é a si pr4prio. er$ como ele oe6pulsar$ a pontapés.

7 !as não est$ vendo que isso não é %usto? 7 contempori0ou 1hilip. 7Ouça...

!as Anna não queria ouvir e aproveitou para pr para #ora todo oressentimento que h$ muito guardava.

7 E, quanto ao #ato de você não querer dar a ;sa nenhum dinheiro, ésimplesmente cmico> ocê %amais deu a ela um tostão. !inha irmã sempre se

sustentou e, além disso, você nunca a a%udou com 1egg). Coi ela quem semprepagou tudo. 1ortanto, não sei que direitos você pensa ter. Não venha di0er amim o que é certo ou errado. ;sa e eu sempre nos consideramos irmãs, semprerepartimos o que era nosso. 3e eu tivesse #icado com tudo, daria a metade a ela...

1hilip #e0 uma e6pressão de quem tentava ser compreensivo.7 : e6atamente isso o que estou tentando di0er, querida. ocê é generosa

demais e as pessoas se aproveitam. Est$ precisando %ustamente de uma pessoacomo eu para protegê-la.

7 Não preciso de você> 7 e6plodiu Anna, procurando em seguida seacalmar. 7 1or #avor, v$ emora. Esta conversa não est$ me agradando. A prop4sito, enquanto estiver indo para casa, aproveite para pensar em no que

 vou lhe di0er agora& eu não me casaria com você nem que estivesse coerto dediamantes, não viveria na mesma casa com a sua mãe nem por todo o ch$ da(hina e nunca mais quero vê-lo ou #alar com você>

1hilip ainda quis protestar, mas acaou indo emora. Assim que eledesapareceu, Anna trancou todas as portas e %anelas e suiu correndo para oquarto.

/raças a 'eus, com o passar do tempo ela aprendera a ter um pouco de %uí0o. (inco anos antes, escapara de oa não se casando com 1hilip, e s4 por issoseria eternamente grata a ;sa.

1ouco a pouco, a irritação #oi passando e Anna se viu rindo ao se lemrarda decepção de 1hilip. 3er$ que ele havia mesmo pensado que ela é que era aherdeira? ;ncrível que tivesse tido todo esse traalho s4 para assegurar aampliação das cavalariças> Agora devia estar perceendo que havia mirado a

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irmã errada> Anna riu com gosto. 1ore 1hilip> !as era em #eito para ele>

O tele#one tocava insistentemente. Anna parou de datilogra#ar o

testamento que a sra. 3tott #a0ia pela quarta ve0 naqueles 8ltimos anos e pegou o#one,7 9eres#ord R 9lunt, Advogados 7 ela atendeu, com o timre per#eito de

uma secret$ria e#iciente.7 9om dia, Anna> *$ encontrou o passaporte?7 Oh> 7 e6clamou Anna, aorrecida. 7 : você> A resposta é não, emora

eu não tenha #icado a noite inteira procurando, como imagino que #osse o seudese%o. Agora, #aça o #avor de desligar. Esta linha é estritamente comercial, enão para conversa #iada.

7 !entirosa> 7 ralhou !arcus, num tom incrivelmente em-humorado.7 ocê est$ cansada de saer aonde est$ o passaporte. Não quer ach$-lo de

prop4sito. ;sa me contou que você é a pessoa mais organi0ada do mundo e quenunca perde nada>7 E se eu disser que sei mesmo onde ele est$? 7 desa#iou Anna. 7 'etesto

ser #orçada a #a0er qualquer coisa.7 !as quem est$ #orçando? 1ensei que %$ tínhamos acertado tudo.7 !ais um> 7 gemeu a %ovem. 7 O mundo parece que est$ cheio de gente

que quer acertar alguma coisa comigo.Nesse momento, o velho sr. 9eres#ord saiu da sua sala e se dirigiu a ela,

apenas movendo os l$ios&7 : para mim?

 Anna tapou o ocal do #one e sorriu para o patrão.

7 Não, é para mim. : um admirador insistente.Em seguida, ela tirou a mão do ocal e tornou a #alar em tom pro#issional&7 9em, não estou muito certa dos pormenores. 1ode me dar mais

detalhes, por #avor?!arcus entendeu imediatamente.7 "em alguém aí com você?7 "em, sim 7 #alou Anna, ai6inho.7 Então, escute& quero você aqui em Mondres amanhã. Almoçaremos

 %untos, acertaremos tudo. Due tal? A porta se #echou atr$s do sr. 9eres#ord e Anna dei6ou de lado o tom

cortês.

7 1ode ser que você não precise traalhar para viver, mas eu preciso e nãosou dona de meu tempo. 3implesmente não posso tirar um dia de #olga assim,sem mais nem menos.

7 1ois saia que eu traalho muito mais que você, menina. Agora, escute em& entregue seu pedido de demissão, diga a quem de direito que vai sair doemprego e não tente me convencer de que não h$ pelo menos meia d80ia demoças esperando, com a língua de #ora, para #icar no seu lugar. enha para c$amanhã de manhã. B$ um trem e6presso que chega ao meio-dia. Eu vou esper$-la.

7 Due convite encantador>1or um momento, Anna se sentiu tentada a di0er que não #aria aquilo e,

simplesmente, ater o tele#one. No entanto, o destino, na pessoa de !arcus"rent, estava lhe o#erecendo uma #orma de evitar 1hilip. 3em d8vida, o idiota

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não se con#ormaria com a recusa e voltaria noite ap4s noite, até cans$-la. ;ssoele chamava de perseverança, di0endo que sempre dava certo com os cavalos.

34 de pensar nas verdadeiras atalhas verais que travava com 1hilip, Anna %$ se sentia e6austa. (om !arcus, tudo poderia ser em mais e6citante.

1elo menos seria algo novo.9ruscamente, o pr4prio !arcus interrompeu aquele pensamento.7 Ouviu o que eu disse? 1elo amor de 'eus, pare com essa indecisão e #aça

o que eu digo>7 O que seria o mesmo que dei6ar você dar as ordens.7 1ode ser 7 concordou !arcus, aa#ando o riso 7 amos di0er que eu

este%a começando a dar ordens. !eio-dia, amanhã. E não se esqueça& trate de selivrar desse empreguinho e traga o passaporte. 'epois do almoço iremos nosencontrar com ;sa.

7 Cinalmente, uma oa idéia 7 aprovou ela. Anna saia que não seria l$ muito di#ícil des#a0er-se do emprego.

Ninguém, muito menos o sr. 9eres#ord, se a%oelharia pedindo que ela #icasse.Numa cidade pequena como aquela, os ons empregos eram raros e semprehavia alguém = procura de um. Anna não #aria #alta. Além do mais, entre !arcuse 1hilip, ela pre#eria tratar com o que era mais honesto em suas pati#arias, %$que amos queriam apenas us$-la, que !arcus o #i0esse.

No outro lado da linha, !arcus queria uma de#inição.7 (omo é, você vem?7 Ainda estou pensando 7 respondeu Anna, com desJnimo.7 Não h$ o que pensar, porque você simplesmente não tem escolha. Est$

num eco sem saída e tem que #a0er e6atamente o que eu disser. Anna achou que era demais, e pensou em uma resposta = altura. Em ve0

disso, porém, #alou com vo0 cheia de inocência e doçura&7 1ode me esperar naquele trem. er$ que #aço e6atamente o que você

manda.Em seguida ela ateu o tele#one, com toda a #orça.

 Ao #im do dia, depois de tanta agitação, Anna achou que estava deparaéns. "udo havia saído a contento. O sr. 9eres#ord aceitara o pedido dedemissão sem e6igir que #osse cumprido o aviso prévio. Na volta para casa, elapassou na casa da diarista e cominou que a mulher limparia e #echaria a casa.

 A visita ao corretor #oi um pouco mais demorada. O homem #e0 umrascunho do an8ncio de venda, descrevendo a casa de tal #orma que Anna mal areconheceu.

7 : pequena e %eitosa, mas o senhor a #e0 parecer uma mansão. As pessoas#icarão desapontadas quando #orem l$.

O corretor sorriu e e6plicou&7 As pessoas irão esperando encontrar cupim e paredes queradas. Em

 ve0 disso, encontrarão uma propriedade muito em cuidada. Não perderão aoportunidade.

Em seguida Anna #oi ao veterin$rio, onde teria que en#rentar o prolemamaior> Alphonse, o cachorro que ela criava. A custo conseguiu hospedagem paraele, por mais duas semanas. Mamentava não poder lev$-lo, porque Alphonseadoraria Mondres>

 Ao chegar em casa, ela começou a se preparar para a viagem. (olocou amaior parte das roupas em duas malas e ps etiquetas em cada uma delas, como endereço de ;sa em Mondres. Numa valise de mão, arrumou apenas as roupas

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que usaria nos dois dias seguintes. Duanto ao seu passaporte, e6aminou-ocuidadosamente e, depois, dando de omros, %ogou-o dentro da olsa.

No #inal das contas, até que ela não estava tomando uma decisãotemer$ria. 3e a proposta que !arcus #i0esse não #osse conveniente, sempre

poderia #icar com ;sa por uns tempos, até encontrar um outro emprego.Na manhã seguinte, ela acordou muito cedo e #icou quieta na cama,olhando pela %anela o novo dia que nascia. 1ensou em tudo que havia acontecidoe analisou os #atos. Aos poucos, começou a ver tudo com mais clare0a. 1hilip nãoa havia procurado na noite anterior. 1oderia ter estado ocupado, mas ela achavaque não #ora isso. 3er$ que ele #inalmente desistira? "amém não.

1hilip tinha uma idéia #i6a, que era oter a tal casa em Lareham Beath.1ara isso ele precisava de todo o dinheiro que resultasse da venda da casa dela.

 Agora ele saia quem era a herdeira e o 8nico meio de oter o dinheiro não seriacasando-se com ela, mas sim tentando a%eitar as coisas com ;sa. 3e Annaprecisasse de algum outro motivo para ir imediatamente para Mondres, aí estava

ele. "udo que !arcus havia #eito para #orç$-la era ca#é pequeno comparado coma idéia de que 1hilip não hesitaria em trans#erir suas atenç5es para ;sa. Atémesmo 1egg) serviria de prete6to>

CAPÍTULO IV 

O trem chegou no hor$rio e Anna desceu na plata#orma. Ela usava umcon%unto preto de tecido leve, que procurou desamassar com as mãos, a%eitandotamém a gola da lusa ranca de seda. Mogo ela divisou a #igura de !arcus, quese encaminhava para o local onde ela estava, com largas passadas. Bavia muita

arrogJncia naquele %eito de andar e no olhar #i6o que ele endereçava a Anna.7 9oa menina> 7 #alou !arcos, pegando a valise da mão dela, araçando-

a pela cintura e ei%ando-a nos l$ios.7 ocê não ir$ muito longe com o que trou6e nesta valise.*$ #a0ia muito tempo que Anna não era ei%ada por um homem de

personalidade tão #orte e aquilo provocou uma sensação agrad$vel. Estavanervosa, mas logo perceeu que precisava manter as aparências, porque o #lashde uma m$quina #otogr$#ica começou a espocar.

7 Armou um espet$culo para a imprensa? 7 atiçou ela. 7 1ensei que!arcus "rent não precisasse recorrer a esse tipo de pulicidade.

7 "oda pulicidade é oa 7 disse !arcus, com naturalidade. O mistério

sempre vai em com os meios de pulicidade, especialmente quando h$ umtoque de romance.

 Anna perceeu então que ele #alava sério. 'evia realmente achar que tinhaque cultivar a pulicidade, em ve0 de #ugir dela.

7 Ah, sei 7 #alou ela, procurando esquecer o ei%o. 7 E que papel eu estourepresentando nesse pequeno drama? A misteriosa 3enhorita S, Mad) Mou suamais recente companheira de quarto?

7 1or enquanto, o 8ltimo 7 respondeu !arcus, apanhando a valise,mantendo o raço na cintura da %ovem e empurrando-a em direção = saída. 7

 amos, Anna, e pare de atrasar as coisas. !eu carro est$ esperando e o almoço vai estar pronto na hora.

7 ocê devia agradecer a minha cooperação. A #oto não #icaria oa se eutivesse dado um tapa na sua cara>

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7 : verdade 7 disse, esoçando um sorriso e continuando a empurr$-la.7 !as eu saia que poderia con#iar, minha queridinha. ocê %amais #aria algoreprov$vel.

7 Em p8lico, talve0 não. !as tente outra coisa parecida quando não

houver ninguém por perto e vai ver o que acontece. Ao avistar a !ercedes preta de !arcus, Anna continuou a provocação&7 Oh, que pena> Eu devia ter tra0ido o Alphonse. Ele cominaria tão em

com essa cor>!arcus empurrou-a para dentro do carro e sentou-se ao volante.7 Alphonse?7 O amor da minha vida, #rancês genuíno e 4tima companhia.

 Anna manteve um ar enigm$tico, mas logo !arcus matou a charada.7 Acho que não se trata de um homem, pelo %eito como você #ala dele. :

como se #osse a dona e, além do mais, não acho que você cairia por um #rancês.'eve ser aquele cachorro maluco que est$ %unto com 1egg) no retrato que ;sa

me mostrou. Estava com um laçarote a0ul na caeça. ocê devia tê-lo tra0ido. Assim, a #oto para os %ornais sairia mais natural, sem aquela aura de coisa#aricada.

 Anna #icou em silêncio enquanto a !ercedes atravessava a ponte, virava noaterro (helsea e #inalmente parava em #rente a uma casa pequena, mas eleganteem (he)ne LalG. Enquanto isso, o pensamento dela traalhava. 3im, o pequenodiscurso que preparara durante a viagem seria mais do que adequado. Annarepassou-o e achou que aordava todos os pontos principais. Até ensaioualgumas #rases para que soassem mais convincentes.

Ela %$ se sentia calma e completamente = vontade quando !arcus ariu aporta do carro.

7 !inha casa 7 mostrou ele. 7 Achei que aqui poderíamos ter maistranqKilidade para conversar do que num lugar p8lico.

Eles atravessaram a porta e chegaram ao pequeno hall que, muito emdecorado, dava a impressão de ser mais espaçoso.

7 : mesmo uma ela casa> 7 cumprimentou Anna. 7 Acho que aquipoderemos chegar a um acordo. O clima, pelo menos, é ideal.

!arcus lançou a ela um olhar de desdém.7 (hegar a um acordo... ocê %$ conhece as minhas condiç5es, meu em.

O toalete é em ali. $ se quiser re#rescar-se da viagem. A sala de %antar é asegunda = esquerda, pelo corredor. Este%a l$ em cinco minutos.

7 ocê gosta mesmo de estaelecer pra0os 7 reprovou a moça 7 1rimeiro

dois dias, e agora cinco minutos. : um mau h$ito e devia dei6ar disso.Ele não lhe deu atenção e suiu a escada, pulando os degraus de dois em

dois.!arcus con#iava demais em si mesmo, analisou Anna, enquanto re#a0ia a

maquilagem e dava um %eito nos caelos e nas roupas. Ela esperava, porém, queo que tinha para di0er a ele #i0esse desaparecer aquele constante risinho de auto-satis#ação. Não estava l$ muito segura, mas ainda tinha o seu amor-pr4prio euma certa dose de coragem. As coisas não podiam continuar acontecendosempre segundo a vontade de !arcus.

O almoço, tra0ido num carrinho do qual eles se serviam, estava muito om. Anna recusou a entrada e se concentrou na lagosta com salada, seguida por su#lêde limão que estava na temperatura ideal. 1arecia até que valeria a pena ter idoa Mondres s4 para comer aquelas delícias. Anna eeu somente $gua e ps a

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mão sore o copo quando !arcus quis servir vinho ranco.7 e%o que aprendeu a lição 7 #alou ele. 7 !as é apenas vinho. Não #a0

mal como o champanhe. Anna ergueu os olhos para ele, com calma.

7 Eu aprendo depressa e s4 preciso que me ensinem uma ve0. E agora...que tal discutirmos essa estranha situação? !as, antes que você diga algumacoisa, quero dei6ar em claro que pensei seriamente sore tudo o que aconteceue concluí que não #oi tão apavorante assim. Na verdade, emora eu não tivesseperceido isso antes, aprendi a conviver com essa lemrança. Na verdade, nãotenho tanto assim de que me envergonhar. Não #i0 nada mais do que muitasgarotas têm #eito. Ali$s, #i0 em menos. ;sso s4 me a#etaria se eu continuasse

 vivendo entre pessoas que me conhecessem e souessem de tudo. !as agoratudo mudou. 1us minha casa = venda e vou #icar aqui em Mondres. 1ortanto,

 você pode contar a hist4ria para quem quiser.Numa r$pida avaliação, Anna achou que não havia sido tão convincente

como plane%ara no trem. !esmo assim, esperava que os argumentosapresentados surtissem e#eito.!arcus #ran0iu a testa e curvou os l$ios num meio-sorriso. Não parecia

muito sensiili0ado.7 *amais pretendi usar o que aconteceu como uma arma 7 #alou ele, com

a maior naturalidade. 7 1or isso prometi o papel a ;sa> 1lane%ei tudo assim& você #aria mais para a%ud$-la do que para se a%udar e, de qualquer #orma, cincoanos são muito tempo. As pessoas que a conhecem não acreditariam na hist4riae, para as outras, não haveria interesse. B$ s4 uma coisa que me preocupa...

Ele #e0 uma pausa e, pelo ar de presunção que mostrava o rosto. Annapoderia tê-lo eso#eteado.

7 Não sei se %$ notou, Anna 7 continuou !arcus impertur$vel 7, mas;sa tem um ligeiro desvio no olho esquerdo. Estou torcendo para que nãoapareça nos closes.

 A custo a moça se conteve. "inha a sensação de estar %ogando um %ogocomplicado demais, em que !arcus conseguia neutrali0ar todas as %ogadas dela.;sso a dei6ava #rustrada.

7 : claro que %$ notei 7 reconheceu ela irritada. 7 !as nunca ninguémreparou...

7 Não, é claro que não. A maior parte do traalho de ;sa tem sido #eita nopalco, onde isso não pode ser notado. O pouco que ela #e0 para " #oi em papéissecund$rios, nos quais os closes são raros e muito espaçados. 'esta ve0, porém,

a estrela ser$ ;sa e a 0oom da cJmara #echar$ em cima dela, com insistência,para captar todas as e6press5es #aciais.

 Anna perceeu que a carreira da irmã estava em perigo e resolveu contra-atacar&

7 Eu sempre pensei nisso como o detalhe mais atraente do rosto de ;sa.'$ aquele ar de quem est$ vendo alguma coisa que os outros não podem ver.

 Ali$s, uma estrela em #amosa tinha o mesmo prolema e me disseram que issolhe caía muito em, especialmente quando representava *ulieta.

7 3e est$ se re#erindo a Norma 3hearer, é om não esquecer um pequenodetalhe& ela era casada com o produtor ou diretor, não me lemro em.

7 E é claro que ;sa não. Duero di0er> Não é casada com o diretor...7 Hm parentesco mais a#astado %$ serviria 7 #alou !arcus, servindo o ca#é

e passando a ela uma das 6ícaras. 7 Acho que sei como se pode arran%ar isso.

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Ontem, depois que cheguei, meditei astante e me veio uma e6celente idéiaquanto a mim e a você. Hma idéia que vai satis#a0er a todos. amos #icar noivos>

3em tomar conhecimento da e6pressão de protesto da moça, eleprosseguiu&

7 : simples meu em& se você #osse uma cinquentona e tivesse o rostoigual a uma traseira de nius, até que poderiam acreditar que #osse apenasminha secret$ria particular. !as, com a aparência que tem, ninguém vaiacreditar. (omo você mesma disse na estação de trem, vai ser vista como minhaamante, e isso não me agrada muito. Noivos morando %untos não é uma situaçãomuito di#erente, mas soa melhor e mostra que minhas intenç5es são as melhorespossíveis.

 Ele concluiu com um ar vitorioso e Anna #e0 uma e6pressão de triste0a.7 E di0er que eu pensei que poderíamos chegar a um acordo> Hm acordo

tem que ser aceit$vel para as duas partes. 34 que você muda as suas condiç5es atoda hora e isso não é %usto. Não posso #a0er acordo com um lun$tico

desvairado.7 Eu não #aço acordos, como você em sae 7 lemrou !arcus. 71ortanto, engula a pílula, Anna. amos para a Crança no s$ado, como noivos.

7 1or quanto tempo? 7 quis saer Anna, que ainda esperava encontraruma saída.

!arcus havia acertado em cheio. 3e tivesse que pagar apenas por seuserros, Anna não se importaria que ele até pulicasse nos %ornais o que haviaacontecido entre os dois. !as havia ;sa, e isso mudava tudo. A irmã de Annaestava construindo todo o seu #uturo em #unção de uma oportunidade. Não s4 oseu, mas tamém o de 1egg).

 Anna levantou os olhos para !arcus, que a olhava com #rie0a.

7 1or quanto tempo vai durar o noivado? 7 perguntou ela.7 1or quanto tempo #or necess$rio 7 respondeu !arcus, de pronto. 7

 Anime-se noivinha. Não ser$ assim tão mau como pensa. 3e nos entendermos em, talve0 até decidamos regulari0ar a situação, #a0er tudo direitinho e atécasar. No #inal das contas, %$ temos certa pr$tica, não é mesmo?

O rosto de Anna #icou lívido e as mãos dela se apertaram so a toalha damesa. 3omente a dor que as unhas provocaram, #incando-se na palma das mãos,a manteve l8cida.

7 : muita #alta de educação de sua parte me lemrar isso. As palavrassaíam a custo e pareciam ater na couraça de indi#erença que revestia opretenso noivo.

7 1arece que tenho sempre que #icar lhe lemrando> 7 ele se de#endeu,apanhando a 6ícara de ca#é e levantando-a, como num rinde. 7 Duanto maispenso na idéia que e6pus, mais gosto dela. Estaremos #a0endo um #avor a n4smesmos. 1reciso de umas #érias e de um dragão0inho para espantar os intrusos,enquanto você precisa de alguém para tirar aquele idiota da cavalaria dos seuscalcanhares...

7 Eu posso controlar aquele idiota da cavalaria... isto é, 1hilip.7 "alve0, mas ser$ que pode controlar a mãe dele? Aquela senhora

 venceria você. (onheço em o tipo. O que ela e o #ilho estão querendo?'inheiro?

 Anna recostou-se na cadeira e #echou os olhos.7 "em certe0a de que isso tudo não é apenas o roteiro de um #ilme que

 você escreveu?

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3er$ que você pode dar a impressão de que est$ doida de #elicidade? E comoreagiria a um araço apai6onado?

!arcus quis testar na pr$tica o que estava colocando em questão e Annarecusou, assustada.

7 Ah, assim não est$ om 7 ele desaprovou. 7 ocê reage como se eu#osse 'r$cula. 'erreta esse gelo, Anna. Cin%a que est$ gostando. A essa altura, ele havia #orçado o araço e encostava os l$ios nos de Anna.

Ela se lemrou do ei%o #rio que receera na estação e perceeu que não podiahaver comparação. O ei%o de agora era caloroso e e6igente. 3entindo umatontura e um calor pelo corpo, Anna sucumiu = Jnsia de entrega que adominou. Na verdade, não queria que aquele ei%o terminasse nunca.

7 9oa menina> 7 aprovou !arcus, com um sorriso. 7 ocê conseguiurepresentar maravilhosamente> 3eus olhos estão até rilhando. ocê é quase tão

 oa atri0 quanto ;sa.Os olhos de Anna estavam realmente rilhando, mas isso rapidamente

mudou. Agora eles #aiscavam de raiva.7 3ou mesmo, não sou? Coi uma per#ormance maravilhosa. !as não é deadmirar, porque desde menina eu venho sendo ensinada a agir como atri0. ocêsae como é& F3orria para sua madrinha, AnnaF. Ou então& F(oma o seu olocomo uma oa menina. Coi #eito especialmente para vocêF.

 A vo0 de Anna tremia e ela respirou pro#undamente. 1ensando em, nãoadiantava nada #icar #uriosa mesmo. O pior era ver que !arcus nem se aalara.O ei%o não signi#icara nada para ele>

7 Hm pouco mais de pr$tica e você #icar$ per#eita 7 recomendou ele. 7 Agora é melhor que #ique conhecendo a casa, porque quando tivermos visitantes você precisar$ saer como receê-los. (ari lhe mostrar$ tudo.

7 (ari?7 !eu co0inheiro e lavador de garra#as 7 e6plicou !arcus, condu0indo-a

em direção a uma porta verde que #icava no #im do corredor, na parte de tr$s dacasa, 7 Caça o que quiser, mas não o perture. Não podemos passar sem ele. *$est$ comigo h$ anos e se tiver alguma di#iculdade a a%udar$. 1edi a (ari quepreparasse um quarto para você. Agora tenho que dar uns tele#onemas. A co0inha é ali.

!arcus disse aquilo #a0endo um gesto em direção = porta verde. 'epois, virou-se e desapareceu por outra porta, que #echou atr$s de si.

Duando se viu s4, Anna voltou até a porta da #rente respirando #undo paracontrolar a raiva que sentia. "inha vontade de apanhar sua valise, pegar o

primeiro t$6i e ir para o apartamento de ;sa. Ao dar uma olhada pelo hall,porém, reparou que a valise havia desaparecido. (omo se tratava de um artigode oa qualidade, ela resolveu que não iria emora sem a valise e voltou para aco0inha.

Duando ariu a porta verde e entrou, #icou realmente surpresa. "inhaimaginado (ari como um ondoso e velhinho criado, de caelos rancos, quehavia envelhecido no serviço ao seu amo, vestindo um avental verde e lustrandoa prata da casa. Não esperava encontrar aquele homem de meia-idade, com carade poucos amigos, que lia a p$gina esportiva de um %ornal, e que eracompletamente calvo, mais parecendo um lutador de o6e ou %iu-%ítsu.

7 3rta. /entr) 7 #alou ele, com uma vo0 tão sem e6pressão quanto o rosto.7 3iga-me, por #avor.

 Anna tentou sorrir, mas não conseguiu. O homem dorou o %ornal

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cuidadosamente e, tal qual o amo, saiu andando como se tivesse certe0a de queela o seguiria.

 Anna oedeceu e eles suiram os dois lances de uma escada. M$ em cima,(ari parou no meio de um corredor e, apontando as portas, começou a

enumerar&7 Duarto, quarto, seu quarto, toalete, anheiro.Ele dei6ou que ela desse uma olhada no quarto decorado em ranco e

amarelo que iria ocupar, e a seguir levou-a de volta ao primeiro andar, repetindoa cena de antes&

7 Duarto, quarto do sr. !arcus, quarto, toalete e anheiro. Antes que Anna pudesse recuperar o #lego, eles %$ estavam no andar térreo.

7 3ala de estar, sala de %antar, escrit4rio do sr. !arcus, seu escrit4rio, srta./entr).

(ari permitiu que Anna e6aminasse o escrit4rio. Bavia ali umaescrivaninha, uma m$quina elétrica, o tele#one e um arquivo de aço. As gavetas

da escrivaninha estavam va0ias, com e6ceção da primeira = esquerda, quecontinha um caderninho preto de endereços. (ari indicou algumas pastas decartolina e outros materiais de escrit4rio sore uma prateleira na parede.

7 Almo6ari#ado, srta. /entr). ;magino que a senhorita gostar$ de arrum$-lo segundo o seu gosto. Amanhã trarei uma mesa, mais cadeiras e prateleiraspara seus livros de re#erência. Agora, se me permite...

Ele se retirou, #echando suavemente a porta e dei6ando-a s4. Anna olhou em volta e resolveu segui-lo, mas (ari %$ havia desaparecido

pela porta da co0inha, como se #osse um gênio que entrasse de volta na garra#a.Ela então se dirigiu = porta por onde !arcus entrara. Os saltos do sapato que elausava atiam ruidosamente na cerJmica rilhante do corredor.

 A sala era pequena, em menor que o escrit4rio que #ora destinado a ela,além disso era um tanto somria, porque, emora houvesse ali uma %anelagrande, dava para um muro alto. !arcus #a0ia anotaç5es numa pilha de laudassore a mesa.

7 *$ viu tudo? 7 perguntou ele, olhando para Anna.7 Não vi nada. O seu #a0-tudo se especiali0ou em quê? Minguagem de

sinais? Ele é praticamente mudo.!arcus pareceu achar engraçada aquela reação, mas não #e0 coment$rio.7 O que quer #a0er agora?7 3air daqui o mais r$pido possível. /ostaria de ir direto para a casa de

;sa, onde pretendo dormir esta noite.

(om alguma relutJncia, !arcus dei6ou de lado o que estava #a0endo e alançou a caeça.

7 ocê vai #icar aqui 7 respondeu ele. 7 3e não #osse por outro motivo,não h$ lugar na casa de ;sa nem para um gato dormir. A empregada que suairmã contratou é um ocado gorda e acho que você e ela não caeriam numacama de solteiro.

7 1arece que você conhece em o apartamento de ;sa.7 Nem tanto assim. ;sa não lhe contou nada? Ela demorou muito para

decidir-se vencer pela carreira. 3e tivesse resolvido logo...7 ocê toparia>7 Não... acho que não 7 respondeu ele, com os olhos vagando pelo

pequeno escrit4rio. 7 Não aprecio muito as mulheres dedicadas e prestativas, e;sa é assim. /osto de me cuidar so0inho e detesto quando me tra0em tudo na

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mão. !as, mudando de assunto, eu estava tele#onando para uns amigos meus,colegas de traalho, convidando-os para uma #esta ho%e = noite. 3er$ uma #estade noivado e você precisa estar presente. ;sa tamém #oi convidada e, sendoassim, não é preciso que corra para o apartamento dela. "rou6e alguma roupa

apropriada para a ocasião?7 Não trou6e vestido de #esta 7 disse a moça, com uma ponta de ironia. 7 ocê não #alou nada a respeito no tele#onema de ontem.

7 (omo poderia? 7 de#endeu-se !arcus, cheio de ra0ão.7 Ainda não havia pensado nisso. 34 tive a idéia ontem = noite, quando,

demorando para dormir, #iquei pensando em você e no que houve entre n4s h$cinco anos. !as... você não trou6e nada?

7 Não para uma #esta 7 repetiu Anna, num murm8rio. 7 Estavapensando em sair com ;sa... ir a um restaurante.

7 'evia ter tra0ido aquele vestido preto que você usava naquela noite, nomotel 7 #alou !arcus, parecendo querer despi-la com os olhos. 7 Naquela

época, você era um pouco %ovem demais para usar aquele vestido, mas agora lhecairia muito em.7 Duer parar de olhar para mim como se eu #osse uma campeã de raça

num sho2 de animais? 7 revoltou-se Anna.7 Não quero uma #esta de noivado. Não quero #icar noiva.7 Anna> 7 gritou, dando um soco na mesa. 7 No momento, o que você

quer ou não quer não interessa. O que interessa são as pessoas que virão aquiesta noite e a impressão que vamos causar. Os convites #oram #eitos e você vaiter que estar aqui. 3e não tiver nada apropriado para vestir, tele#onarei para ;sae pedirei que ela lhe empreste um vestido. Acho que vocês duas vestem o mesmon8mero, não é?

7 Não, não é> 7 contradisse Anna. 7 3ou mais gorda e um pouco maisalta.

7 Então vou pedir a ela um vestido largo, que possa esconder asgordurinhas. Ela pode vir mais cedo e assim você ter$ tempo para se arrumarantes que os convidados cheguem 7 !arcus ps a mão no olso do palet4 etirou uma pequena cai6a. 7 Hse isto 7 disse ele, en#iando um anel no dedo dela.

 Anna olhou para a mão. Não gostava muito de ruis, mas até que a pedranão era das piores, apesar de não parecer muito um anel de noivado. A pedranão era #acetada e o rilho não entrava em choque com o tom dos caelos dela.

7 : uma i%uteria?> 7 deochou Anna. 7 Não, não é uma %4ia verdadeira.!as não precisava, !arcus> A#inal de contas, é s4 para impressionar os

convidados... 1odia ter sido uma daquelas i%uterias que se ganha no Natal.7 Estou tentando #a0er a coisa parecer real 7 e6plicou !arcus,

pacientemente. 7 E pode crer que ser$ em seu ene#ício. ocê quer manter suareputação sem mancha, não é?

7 (omo você pode #alar comigo em reputação? 3ua reputação est$ tão su%aque nenhuma %4ia convencer$ ninguém de nada.

7 !as você não conhece a minha reputação.Ele #alava suavemente, mas, com as duas mãos, apertava os raços dela,

machucando-a.7 3ou conhecido por não aceitar tudo o que me o#erecem 7 continuou

!arcus, com ar de superioridade. 7 !eu 'eus, se o #i0esse, em pouco tempoestaria arruinado #isicamente.

7 Est$ se gaando outra ve0> 7 acusou Anna, #icando com o rosto

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 vermelho ao perceer o sentido das palavras dele.!ateus começou a rir.7 3ua sem-vergonha> ocê é que tem a mente su%a. Acha que eu #orçaria a

sua porta de noite? 1ensa que eu tentaria sedu0i-la? Duem #oi que #e0 isso h$

cinco anos, moça? Ou você não quer se lemrar disso?O rosto de Anna empalideceu. Ela não entendia como se envolvera naqueleredemoinho.

7 Eu vivia calmamente, #a0endo o que queria...7 E o seu passado a pegou desprevenida.7 "alve0 7 admitiu Anna. 7 !as aquela #oi a 8nica ve0, porque eu não sou

leviana. E não #ique aí me olhando e rindo de mim> Est$ tudo em para todos, s4para mim é que não est$. ;sa ganha o que queria. ocê tem algum plano su%oque vai #a0er com que tamém consiga o que quer, emora não queira con#essar.!as, quando tudo isso acaar, como #ico eu? ;sso é o que eu quero saer. Alémdisso, h$ outras coisas que tamém quero saer.

7 O quê? 7 perguntou !arcus, outra ve0 em tom am$vel.7 O que é que você quer com o meu passaporte?7 Duero que se%a visado 7 e6plicou ele. 7 Dual a outra pergunta?7 Não precisa de visto para ir = Crança 7 o%etou Anna. 7 1ortanto, você

est$ mentindo>!arcus suspirou pro#undamente e #e0 um gesto de desJnimo.7 amos para a Crança porque eu preciso de um descanso dessa atalha

sem #im com os roteiristas. Estou discutindo com eles h$ quase três meses emereço uma pausa. "amém preciso #a0er umas pesquisas para o meu novolivro e isso pode nos levar ao Norte da T#rica. 1ara l$, os vistos são necess$rios.9em, agora podemos passar = segunda pergunta. Nunca conheci uma mulher

tão descon#iada>7 ocê é que deve lidar com gente muito ingênua. !as vamos = outra

pergunta& quanto vai me pagar? 3im, porque você #alou que eu teria quetraalhar = noite, ater = m$quina =s três da manhã. 1ara terminar, como %$perguntei antes, como vão #icar as coisas para mim?

!arcus sorriu, descontraído.7 <esposta = primeira parte& vai ganhar o doro do que ganhava até agora,

em compensação pelas horas e6tras. Duanto = sua situação daqui por diante, écom você. 3e acontecer o pior e você quiser me dei6ar, eu lhe arran%arei umoutro emprego. !as, se resolver ter %uí0o e casar comigo, como eu dese%o, tudoser$ #$cil. 3e%a ra0o$vel, Anna. B$ tamém um aspecto da coisa que deve ser

levado em conta& podemos ir para a cama %untos sem que você se sinta culpada...7 (omo eu disse, você est$ louco> 7 interrompeu Anna, #uriosa.No entanto, !arcus tinha toda ra0ão. (inco anos antes, ela é que o havia

procurado, entregando-se sem se preocupar com as conseqKências. Agora, nãopodia mais viver com aquele sentimento de culpa.

!arcus #e0 uma e6pressão de candura.7 Est$ pensando no assunto, querida?7 Estou tentando lemrar, mas não consigo. Não recordo nada do que

aconteceu naquela noite. E não é s4 porque %$ se passou muito tempo. 'eve tersido uma coisa ruim, chata. 3e #osse agrad$vel, é claro que eu me lemraria.

Em seguida ela #e0 um gesto em direção = pilha de laudas sore a mesa.7 ;sso é para datilogra#ar? 3e #or, é melhor eu começar logo para #a0er %us

a esse enorme sal$rio.

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7 3ão as alteraç5es #inais nos di$logos.!arcus parecia estar se divertindo, ou talve0 estivesse sendo ondoso e

dando tempo para que ela se recuperasse. Era até om começar logo a traalhar. Assim, ela podia esquecer um pouco o assunto que ele insistia em tra0er = aila.

CAPÍTULO V 

 s sete horas, ;sa entrou no lu6uoso quarto amarelo e ranco de Anna,parecendo mais %ovial e alegre do que nunca.

7 Anna querida 7 #alou ela, ei%ando a#etuosamente a irmã, que estavasentada diante do espelho, amuada. 7 ocê #oi uma sonsa. Não, não é verdade.

 ocê apenas soue guardar o segredo. !as por que não me contou que havia#isgado um homem onito e coiçado como !arcus? Eu lhe disse que não #icariacom ci8mes, mas sei de muitas mulheres que vão querer arrancar seus caelos.

Duer saer quem são?7 Não> 7 dispensou Anna, sem esconder o aorrecimento. 7 ocê trou6ealguma coisa que eu possa usar nessa droga de #esta?

7 (laro> Eu não a dei6aria ir = sua pr4pria #esta de noivado com umdaqueles vestidinhos que você usa para ir =s reuni5es na igre%a. 1or via dasd8vidas, trou6e dois vestidos, amos novos em #olha e que, portanto, aindaninguém viu. A prop4sito, e s4 para não esquecer& eu sou ;sa (are2 e você é

 Anna /entr) e não nos conhecemos. Memre-se em disso, querida. Não queroque ninguém diga que consegui o papel por in#luência da #amília. Essas ru6asque virão aqui esta noite são venenosas o astante para insinuar isso>

7 Est$ em 7 concordou Anna, suspirando.

*$ estava cansada de tantas decepç5es, mas, por causa da irmã, tolerariaum pouco mais. ;sa não saia nada do que realmente estava acontecendo e Annaachou melhor nem #alar nos planos mesquinhos e interesseiros de 1hilip.

7 ocê vai ter que #a0er algum teste? 7 perguntou ela. 1or um revemomento, Anna até dese%ou que ;sa não se saísse em, mas logo a#astou aquelepensamento asurdo. !arcus não se arriscaria se não tivesse certe0a doresultado. Ele devia saer que ;sa se sairia em, ou não teria ido tão longe.

 Apesar de tudo, Anna se sentia #eli0 por poder a%udar a irmã, mesmo tendoque...

7 Est$ me ouvindo, Anna? 7 chamou ;sa. 7 : a segunda ve0 que #aço essapergunta, mas parece que você est$ no mundo da lua. (omo eu ia di0endo, o

teste para aquele #ilme vai ser uma rincadeira. O mais di#ícil est$ sendo oregime, mas %$ consegui perder uns quilinhos. ;sso é om, porque a tela pequena#a0 qualquer um parecer mais gordo. : claro que me sairei melhor que a outragarota... /arota> Na verdade, ela é velha demais para o papel e eu a superareisem di#iculdade. 3ou muito melhor atri0.

7 : om ver que você est$ con#iante. Eu em que gostaria de me sentirassim, mas não sei se tomei a decisão certa. Aconteceu tudo tão de repente...

7 Eu sei, querida, mas isso é natural. Dualquer uma se sentiria assim.Cicar nervosa agora é que não vai a%udar em nada. Além disso, não h$ por que sepreocupar, !arcus est$ caidinho por você. Não sei se devia #alar nisso, mas...!arcus tem reputação de ser conquistador, mas nunca se prendeu realmente aninguém. Até que você se saiu em, considerando que é moça do interior. Achoaté que #oi isso que me6eu com ele. 3ae o que estou querendo di0er& o seu %eito

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seguro, #irme. Acho que adquiriu isso naquelas reuni5es do comitê rural,discutindo com os líderes da comunidade.

7 Eu não FdiscutiaF com ninguém 7 corrigiu Anna. 7 Apenas redigia asatas das reuni5es.

7 Eu sei, mas são as aparências que contam. No #undo, você é uma pessoatímida. !arcus perceeu isso e quer protegê-la.7 Ele tem um %eito esquisito de mostrar isso 7 resmungou Anna.7 Acho que não vou poder a%udar muito. 1reciso estudar o papel, e na

certa haver$ reuni5es antes do ensaio para discutir o roteiro sem #alar nacoertura pulicit$ria. 9em, querida, qual dos vestidos você pre#ere?

 Anna e6aminou as duas cai6as.7 Acho que o preto. Estou me sentindo m4rida.34 então ;sa perceeu que nem tudo estava em.7 Algo errado, Anna? 7 perguntou ela.

 Anna aprumou o corpo. Due em poderia #a0er dei6ar a irmã preocupada?

Nenhum. "alve0 isso até complicasse as coisas.7 Nada. : claro que não h$ nada de errado. : s4 que aconteceu tudo muitode repente. ocê sae como demoro a me acostumar com as situaç5es novas."amém estou preocupada com Alphonse. O veterin$rio #icar$ com ele umasemana. 'epois disso, ser$ que você poderia tomar conta dele enquanto eu mea%eito por aqui?

7 Ele dorme no chão, não dorme? 7 perguntou ;sa, dando uma risadinha.7 3e #or esse o caso, ele pode ir a qualquer hora. 1egg) adora aquele cachorro.!eu apartamento est$ com a lotação esgotada, mas sempre se arran%a umcantinho para um cachorro. 9em, agora sente-se que eu vou maqui$-la. Duandoterminar, ninguém vai perguntar por que !arcus resolveu #icar noivo, mas sim

por que demorou tanto> Algum tempo mais tarde, o espelho con#irmava que ;sa havia operado um

pequeno milagre. Os olhos verdes de Anna rilhavam so a camada de somra erímel. 3eu rosto comprido parecia mais arredondado e os l$ios carnudosestavam coertos por um atom intensamente vermelho. O vestido preto,

 astante decotado e sem mangas, era em %usto, mas tinha um corte lateral nasaia, o que #acilitava os movimentos.

 Anna olhou-se no espelho grande e gostou do que viu. Aquele vestido davaa ela um ar... so#isticado. O engraçado era que as roupas de ;sa sempre #icavammuito %ustas nela, como acontecera com o vestido preto que usara naquela noite#atídica. Anna alisou o tecido macio que lhe envolvia o corpo e olhou para a irmã

através do espelho.7 Este não é dos seus?7 1or 'eus, não> 7 respondeu ;sa, sorrindo. 7 Nenhum dos meus #icaria

tão em em você. Esta é uma noite especial e eu achei que minha irmã0inhadeveria usar algo especial. Duando !arcus me tele#onou, cominamos que eucompraria dois vestidos, para que você tivesse opção de escolha. Escolhendo opreto, você mostrou que sae o que é om. Esse aí custou o doro do outro.

7 ão para o in#erno, você e !arcus 7 #alou Anna, com doçura na vo0 eum sorriso. 7 Estão me controlando, mas acho que não me importo nem umpouco.

;sa olhou para a irmã com ar de surpresa.7 Est$ acontecendo alguma coisa que eu não sei, Anna? Dualquer pessoa

de om senso diria que você devia estar de %oelhos, agradecendo pela sua sorte.

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 ai se casar com !arcus, não vai?7 Eu devia estar de %oelhos pedindo por uma morte r$pida 7 corrigiu-a

 Anna, pegando a carteira e segurando no raço de ;sa.Duando elas desceram, algumas pessoas se espalhavam pelas duas salas,

que se comunicavam por uma porta larga. 'is#arçadamente, ;sa pu6ou Annapelo vestido, com uma e6pressão de espanto no rosto.7 Oh, meu 'eus> Ela est$ aqui>

 Anna olhou para a irmã, curiosa.7 Ela quem?7 A rival 7 respondeu ;sa, cochichando. 7 A insuport$vel Natasha. Duer

que eu conte tudo ou pre#ere ir adivinhando?Elas ainda não tinham sido vistas. Bavia ali cerca de do0e pessoas,

divididas em pequenos grupos de duas ou três. Aparentemente, estavampreocupadas em eer o mais que pudessem no menor tempo possível.

7 (onte tudo 7 pediu Anna, com ar de tédio. 7 Ela é a outra concorrente

ao papel?7 E6atamente> 7 cochichou ;sa. 7 !as Natasha não representa ameaçapara mim, porque é velha demais. Na verdade, estou preocupada é com você.Nossa Natasha, que se di0 russa criada na Crança, persegue !arcus h$ anos e édo tipo carrapato, que não larga. Os dois viveram um romance em 1aris, h$alguns anos, e Natasha vive di0endo que o livro que ele escreveu na época #oipara ela. !arcus não dei6ou o caso ir adiante, mas Natasha nunca desistiu. :uma devoradora de homens e deve achar !arcus um om petisco. Olhe s4 o ves-tido que ela est$ usando> (hega a ser indecente, não acha? 1ore !arcus>

7 1ore !arcus uma ova> 7 deochou Anna. 7 Olhe s4 para ele. 1areceque esta gostando do assédio dela, o pati#e>

7O que é que você vai #a0er? 7 perguntou ;sa, preocupada. 7 1elo amorde 'eus, Anna, não desista. $ em #rente e acae com ela. ocê tem a %uventudea seu #avor.

Memrando-se de que tamém tinha um papel a representar, Anna desistiuda idéia de simplesmente ir emora.

7 3e ele tornar a passear mão no traseiro dela, eu o mato> 7 ameaçou ela.7Cique perto de mim, srta. (are2, e se aai6e quando as #acas começarem a

 voar Acompanhada de perto por ;sa, Anna entrou ostensivamente na sala e se

encaminhou para o local onde estava !arcus, praticamente agarrado a umamulher morena, de tipo e64tico.

7 Duerido 7 #alou ela sorrindo, para o FnoivoF mas com os olhos #u0ilando7 e%a s4 quem eu encontrei peramulando pelo hall& sua nova estrela. A pore0inha estava completamente aandonada. (omo pode trat$-la desse %eito?!arcus largou a morena e araçou a irmã de Anna com espalha#ato, como senão a visse h$ anos.

7 ;sa (are2> 7 e6clamou ele, ei%ando-a na oca. 7 (omo sempre, vocêest$ atrasada. !as não a censuro, porque essa é a melhor maneira de chamar aatenção. Est$vamos todos esperando por você. "ome um drinque, querida."enho algo especial para você.

Ele deu dois passos e se apro6imou de uma mesinha onde havia uma ande%a com taças de cristal e uma garra#a de champanhe dentro de um aldede gelo.

7 Estava disposto a de#ender isto aqui com a pr4pria vida porque esse

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pessoal ee mais que pei6e.Hma das taças da ande%a %$ estava cheia. (ompenetrado, !arcus encheu

outras três, passando uma a ;sa, outra a Natasha e #icando com a terceira. Annareceeu a que estava previamente servida.

7 ;sto é para você, querida. Coi preparado especialmente por (ari porque você tem certos direitos a algo mais do que os outros.Em seguida ele se dirigiu aos outros convidados, erguendo a vo0.7 E, agora, um rinde a Anna, minha primeira e 8nica noiva. !ais tarde

eu a apresentarei a cada um de vocês, com mais calma. Anna olhou descon#iada para a taça que tinha na mão. <elutante, levou-a

aos l$ios e eeu um gole.7 ;sto é re#rigerante> 7 constatou ela, olhando para o noivo e #alando

 ai6inho.!arcus a#astou-se um pouco dos demais e encostou os l$ios no ouvido

dela.

7 ocê não pode eer champanhe. Não enquanto tivermos convidados.Memra-se do que aconteceu h$ cinco anos? 'epois que todos se #orem, podetomar até uma garra#a inteira.

7 ocê é tão on0inho> 7 murmurou Anna, sorrindo. Em seguida ela virouas costas para !arcus e se concentrou em Natasha.

7 ocê vai #a0er alguma ponta na nova produção de !arcus? 77perguntou a morena.

 Anna alançou a caeça e sorriu.7 Oh, não> Eu não sou atri0, mas sim uma simples datil4gra#a.7 Não acredite nela, Natasha 7 aconselhou !arcus, araçando a noiva

por tr$s. 7 Anna não é uma pessoa tão simples assim. 1elo contr$rio, tem um

enorme talento, apesar de não gostar de demonstr$-lo em p8lico. No passadoela teve uma pequena e6periência, ali$s muito em-sucedida, mas não quisseguir a carreira artística. Anna é uma e6celente cantora. (omo não gosta dosucesso, porém, atualmente ela canta apenas para mim.

(omo se estivesse conhecendo a irmã naquele dia, ;sa #ingiu-se surpresa eentrou na conversa.

7 Anna é cantora? Due maravilha> Due tipo de m8sica você canta? 9alada,rocG? 1odemos pedir a *ohnn) para acompanh$-la no violão. Ele toca qualquerritmo.

 Anna pisou no pé de !arcus com o salto do sapato alto.7 Não, por #avor. Bo%e em dia eu s4 canto no anheiro.

7 No anheiro? 7 espantou-se Natasha. 7 3o0inha? Anna #e0 um ar de inocência.7 :, sim. 34 posso cantar so0inha porque é so0inha que sempre tomo

 anho.Ela disse aquilo serenamente, enquanto pisava #orte no pé do noivo.

!arcus resistiu ravamente e continuou a sorrir, como se nada demais estivesseacontecendo. 'epois disso Anna se dirigiu a ele&

7 1or #avor, querido, me sirva outro drinque.Os dois se a#astaram do grupo e ela começou a cochichar, #uriosa&7 ;sa me disse que Natasha tamém est$ concorrendo ao papel. ocê me

prometeu que minha irmã seria a escolhida. Coi por isso que eu...7 3empre cumpro minhas promessas 7 cortou !arcus. 7 Não se%a tola,

 Anna> Natasha não é atri0 e muito menos rival de ;sa.

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7 : minha, talve0? 7 inquiriu Anna, aceitando outro copo de re#rigerante.!arcus olhou para ela, descon#iado.7 Aposto que ;sa %$ andou soltando a língua. Ela deve ter #alado sore

1aris, mas isso acaou h$ de0 anos. Eu era muito %ovem e imaturo.

7 ocê nunca #oi %ovem e imaturo. Acho que %$ nasceu velho e pecador.3er$ que não vê que isso não vai dar certo? Mogo essas pessoas vão perceer queestamos #ingindo. Eu não pertenço a esse meio.

7 Não se preocupe com isso. 34 precisamos dar algumas provas p8licasde que nos amamos.

1ara e6empli#icar, ele inclinou a caeça e ei%ou-a na oca. Não #oi um ei%o demorado, mas astou para que Anna sentisse uma tontura, um arrepiopercorrendo o corpo todo.

Duando conseguiu se recorar, ela tomou uma decisão& não permitiriamais aqueles contatos #ísicos com !arcus. 1or mais que ela o odiasse, aquelehomem a atraía pro#undamente. O pior é que !arcus perceia todas as reaç5es

dela. Era e6periente o su#iciente para isso.7 (on#iança restaurada e moral alto? 7 perguntou ele, sorrindo.7 (ompletamente. Agora pode me soltar que eu não vou cair. Estou

preparada para me %untar aos outros. Anna ariu o melhor sorriso e, decidida, #oi para o meio dos convidados,

pu6ando conversa com uma velhota de aspecto maternal. Mogo #icou claro,porém, que aquela aparência era apenas super#icial. A mulher, uma veteranaatri0 de segundo plano, começou di0endo que estava no elenco da pr46imaprodução de !arcus. <econhecia que #aria um papel interessante, mas quepoderia ser em melhorado se Anna intercedesse por ela %unto ao noivo.

 Anna continuou a sorrir, mas s4 com muito es#orço conseguia esconder a

revolta que sentia. 1rimeiro, ela #ora #orçada a ceder = chantagem de !arcus. Agora, uma desconhecida queria us$-la em ene#ício pr4prio.

!arcus se apro6imou das duas e a mulher se a#astou, na certa acreditandoque seu pedido seria atendido.

7 Due isso lhe sirva de lição 7 aconselhou ele quando #icaram a s4s.7 Due diao ela pensa que eu posso #a0er? 7 #alou a moça, espantada. 7

3er$ que não perceeu que eu não...7 Ela deve estar pensando que, depois de ter conseguido me #isgar, você

pode continuar #a0endo milagres> ocê, minha querida, conseguiu uma #açanhaque outras tentaram sem sucesso& me ps de %oelhos aos seus pés, como umcachorrinho oediente.

7 Esse dia ainda vai chegar 7 pro#eti0ou Anna.3aindo dali, ela caiu direto nas garras de Natasha, que %$ estava no quinto

!artini e #a0ia e6agerados elogios a !arcus&7 Ele é #ant$stico. Ainda é o mesmo que conheci em 1aris. s ve0es

grosseiro, rude até, mas no #undo uma pessoa incrivelmente doce. Eu sei>7 Aposto que sae> 7 murmurou Anna.Não muito longe dali, ;sa #e0 um gesto signi#icativo para a irmã,

recomendando prudência.7 Cui amante dele, saia? 7 continuou Natasha, candidamente. 7 3e as

coisas tivessem sido di#erentes, n4s ho%e estaríamos casados.7 'i#erentes? 7 perguntou Anna, tomando outro gole de re#rigerante.Ela saia que Natasha daria todos os pormenores do que havia acontecido

em 1aris e tratou de se mostrar polidamente desinteressada.

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7 3im, di#erentes 7 repetiu a estrangeira, alançando tristemente acaeça. 7 Nessa época eu não era livre. !eu marido era do (orpo 'iplom$tico,um #rancês muito rico, mas %$ em velho. Coi um casamento de conveniência eele não podia me dar nada além de dinheiro e posição social. Nem mesmo se6o.

!as #oi o que meus pais quiseram para mim e o meu dever era... A vo0 de Natasha se perdeu num murm8rio enquanto ela se voltava parapegar mais um !artini na ande%a, a um passo dali.

7 Due horror> 7 #alou Anna, #ingindo-se solid$ria. 7 !as você nuncapensou em dei6$-lo, arran%ar um traalho...

7 (omo poderia? 7 lamentou Natasha, dei6ando escapar um suspiro detriste0a. 7 O que poderia #a0er? Agora é tarde demais. !arcus est$ noivo e eu

 vivo apenas de recordaç5es.7 'eve ser duro para você 7 #alou Anna, tentando dar a entender que

queria anim$-la. 7 !as não deve se desesperar, porque é muito onita.;sso era verdade. A rival de Anna era uma das mulheres mais onitas que

ela se lemrava de ter visto. "inha #artos caelos, pretos e rilhantes, um rostoper#eito, a oca atraente e grandes olhos negros #ran%ados por espessos cílios. Ocorpo era em proporcionado e de #ormas per#eitas.

7 Due s)mpathique> 7 agradeceu Natasha, eendo de um s4 gole o se6to!artini. 7 Eu saia que você seria assim. 3enti isso quando nos conhecemos.3ou muito sensível a essas coisas, acho que por causa do meu sangue russo.

 ocê vai me devolver !arcus, não vai? Aquilo parecia mais uma ordem que uma pergunta. Algum tempo mais tarde, Anna não conseguia parar de rir enquanto

contava = irmã o di$logo que tivera com Natasha. 34 não entendia por que ;sanão conseguia ver o lado humorístico da coisa.

7 Não pude levar aquela mulher a sério, ;sa.7 Acho melhor levar 7 aconselhou ;sa. 7 : om tomar cuidado, porque

Natasha é muito perigosa. !as o que #oi que você respondeu?Os olhos de Anna rilhavam.7 Eu disse apenas que ela devia tentar.'esta ve0 ;sa #icou chocada.7 Anna> 3ei que você é do interior, mas por que tem que ser assim tão

inocente? ocê conquistou !arcus, mas desse %eito vai perdê-lo> Não pode dar amínima chance =quela megera.

 Anna deu de omros, como se aquilo não tivesse importJncia.7 3e !arcus é assim tão vol8vel, que Natasha o leve. Não valeria a pena

#icar com ele.7 3ua est8pida> 7 quase gritou ;sa, %$ perdendo a calma. 7 ocê tirou a

sorte grande, mas est$ %ogando tudo #ora por pura ingenuidade> Não consigoentender...

7 Acalme-se 7 #alou Anna, que não queria chamar a atenção dos demais.Ela se sentia per#eitamente segura, agora que !arcus não se achava por

perto. As duas irmãs conversavam ao lado de uma mesa de salgadinhos.7 3er$ que ninguém est$ pensando em comer? 7 espantou-se Anna. 7 Até

agora essa gente s4 conversou e eeu, eeu e conversou. *$ estou #icando com#ome e esses salgadinhos parecem deliciosos. ocê me acompanha?

7 34 um pouquinho 7 aceitou ;sa, servindo-se discretamente. 7 *$ lhedisse que não posso engordar,

7 ;sso é o que eu chamo de #orça de vontade> 7 e6clamou Anna, enchendo

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o prato.Nesse momento, !arcus surgiu por tr$s delas.7 Aposto que est$ querendo agradar (ari, dando a entender que ele é um

 om co0inheiro 7 #alou ele, com uma ponta de sarcasmo. 7 Não h$ duvida de

que #ormaremos uma #amília #eli0, eu, você e (ari. O que me preocupa é quetalve0 eu tenha que ter raços mais compridos se quiser araçar a cintura deminha mulher0inha.

 Anna olhou para o prato que tinha nas mãos e concluiu que haviae6agerado um pouco. !esmo assim, esoçou um sorriso e #alou com ar deinocência.

7 Duanto mais eu engordar, mais você vai ter para amar. Além disso, se eudisser que (ari é um e6celente co0inheiro, não estarei #a0endo #avor nenhum.

7 Agora você sae por que eu gosto tanto dele 7 deochou !arcus. 7 (arinão s4 é mais e#iciente do que qualquer mulher como tamém estudou !edicinadurante algum tempo. Duando contei que est$vamos noivos, ele disse que a casa

 %$ estava mesmo precisando de uma dona. "amém vê com ons olhos osurgimento, a seu devido tempo, de uma #amília. (ari é um parteiro de primeira. Anna ps rapidamente o prato sore a mesa antes que o dei6asse cair. Em

seguida, tomou um om gole de vinho ranco de que se servira.7 Não acredito 7 duvidou ela.7 Eu tamém não acreditei, até que ele me mostrou o diploma do curso de

En#ermagem que #reqKentou.'e pé ao lado de !arcus, %unto da porta, %$ quase =s duas horas da manhã,

 Anna despediu-se de ;sa com um adeusinho. A irmã dela era a 8ltima pessoa ase retirar. !arcus #inalmente #echou a porta e deu um suspiro de alívio. Estavamnovamente a s4s. 34 então o sorriso que ela conservara a duras penas desde as

oito horas da noite se des#e0.7 Não gosto que passem a mão no meu traseiro, como você #e0 v$rias

 ve0es esta noite 7 disse ela #riamente.!arcus recostou-se na parede. Estava muito atraente e seu rosto moreno

se destacava na rancura da camisa do smoGing.7 Então você mudou um ocado nestes 8ltimos anos 7 #alou ele, muito =

 vontade. 7 Não era tão recatada assim antes. 1ara #alar a verdade, acho até quegostava.

Os olhos de Anna se encheram de l$grimas de pura raiva.7 (omo é que você tem a coragem de di0er isso? 7 ela gritou, sem se

importar com (ari, que estava na co0inha. 7 Eu estava desiludida e pensei que

qualquer um perceeria o que estava se passando. 3e você #osse um verdadeirocavalheiro, não teria se aproveitado da situação.

7 Eu #ui um per#eito cavalheiro 7 retrucou !arcus. 7 !amãe sempre meensinou que um cavalheiro deve tentar agradar a uma senhora, e #oi e6atamenteisso o que #i0> Acho que devo me dar os paraéns porque agradei plenamente.

 ocê não teve nada a reclamar e, %$ que estamos no meio de nossa primeira riga, seria melhor passarmos para a sala de visitas. Não vamos dei6ar que (arise desiluda.

3egurando-a #irmemente pelo raço, ele a #orçou a atravessar a sala.empurrando-a depois para cima de um so#$.

7 A prop4sito, sairei amanhã logo depois do ca#é, ser$ nossa 8ltimareunião com os roteiristas.

7 ocê quer di0er que vai estar paparicando algum diretor e #a0endo

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oservaç5es maldosas sore o de#eito nos olhos de ;sa?7 Asolutamente 7 respondeu !arcus, com um sorriso que pareceu de

triun#o. 7 Agora que você %$ est$ colaorando, pelo menos em parte, não ve%omotivos para chamar a atenção para um de#eito tão pequeno. No entanto, é uma

pena que você se recuse a se casar comigo.7 (asar com você> 'eve estar maluco para achar sequer que eu pensarianisso> "alve0 você tenha imaginado que eu #icaria... grata por sua atitude nore.34 que você trata o casamento como se #osse um neg4cio. Ah, essa é muito oa>

7 E você ceder$ como #e0 no motel? Anna rangeu os dentes.7 Eu cederei, sim, mas apenas na parte comercial do nosso trato. 9asta

 você #alar que eu começarei a datilogra#ar, dar tele#onemas...7 ocê é dia4lica 7 reprovou !arcus. 7 A prop4sito, amanhã de manhã

(ari levar$ uma estante e outros m4veis para sua sala. Não sei por que estoutentando #a0er com que se sinta em aqui, %$ que você é uma megera. Não

inter#ira na arrumação, porque (ari gosta de #a0er tudo so0inho.7 1elo %eito, (ari é capa0 de #a0er qualquer coisa 7 ironi0ou a %ovem. 7Estou pensando seriamente em ensinar datilogra#ia a ele. 'epois que tivercerte0a de que ;sa ganhou o papel, acho que não vou agKentar você.

7 ;sa nunca estar$ tão segura, porque mesmo contratos assinados podemser rompidos.

7 ;sso, no entanto, importaria uma oa indeni0ação 7 contraps Anna,e6ultante.

!arcus riu ao mesmo tempo, como se #osse ele o vencedor.7 Oh, tolinha> Não é de admirar que tenha resolvido me casar com você.

"anta inocência chega a ser inacredit$vel> 1ode perguntar a ;sa o que ela

pre#ere& o papel ou a indeni0ação. 3e não sae qual vai ser a resposta, eu sei. Anna mordeu os l$ios, amuada. !arcus tinha toda ra0ão. ;sa queria

ardentemente aquele papel, que signi#icava para ela a chave de um rilhante#uturo. A indeni0ação poderia comprai-as coisas que dese%ava dar a 1egg), masnão traria nenhuma satis#ação pro#issional nem a%udaria sua carreira. 1elocontr$rio, s4 pre%udicaria.

7 Duanto tempo? 7 perguntou ela, desconsolada. 7 Duero di0er, quantotempo teremos que representar essa novela? 'ois meses, talve0?

1aternalmente !arcus a%udou-a a se levantar do so#$ e, o#erecendo o raço, levou-a até a porta.

7 Ouça em enquanto eu e6plico. amos supor que eu leve dois meses

discutindo com o pessoal encarregado de escrever os di$logos sore asmudanças que terão que ser #eitas no meu roteiro. Até agora, levamos umasemana para resolver apenas um capítulo. 'epois, os ensaios levarão poucomais de um mês. Em seguida teremos que decidir sore as locaç5es para as#ilmagens, o que ainda nem se pensou. 'epois disso tudo, teremos ainda ascenas de est8dio.

1arecia que ele estava #alando sério, mas Anna não saia se devia acreditarou não. "alve0 ele estivesse apenas querendo prolongar a agonia da vítima.

7 (onsiderando tudo, meu en0inho, os cortes, a edição e a re#ilmagem dealgumas cenas, acho que levaremos um ano, mais ou menos 7 calculou !arcus,sorrindo para ela de modo irritante.

 Anna dividiu o ano por dois e achou que, ainda assim, seria demais.7 Não posso #icar aqui todo esse tempo> 7 gemeu ela.

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!arcus parecia achar tudo muito divertido.7 Não pode? 'epois de ler os %ornais da manhã, vai ver que não ser$ em

receida de volta no seu velho amiente. Aquele idiota da cavalaria se morder$de raiva, e a mãe dele certamente #ar$ um discurso sore ser prudente ou não

um homem de em se envolver com uma mulher comprometida.(almamente, ele en#iou a mão no olso e tirou de l$ um recorte de %ornal.7 ;sto é o que ir$ =s ruas amanhã de manhã. "rata-se de um %ornal muito

popular e o colunista é dos mais #amosos. (ertamente alguém que a conhece ocomprar$ e a notícia causar$ uma grande sensação na sua terra. (uidado paranão rasgar> A #oto #icou 4tima, não acha? E ve%a s4 a legenda, que a#irma epergunta ao mesmo tempo& FO 8ltimo caso de "rent?F O te6to segue #alando quemeu 8ltimo caso é uma gracinha e que eu estou tão caidinho que logo se ouvirãoos sinos do cas4rio.

3entindo-se impotente para #a0er outra coisa, Anna se dei6ou levar pelaraiva e, com toda #orça, deu uma o#etada no rosto do noivo. No mesmo instante

ela compreendeu que havia cometido um erro, porque !arcus não era do tipoque não revida agress5es. ;n#eli0mente, era tarde demais. Borrori0ada, Annacontemplou a mancha vermelha que apareceu no rosto de !arcus.

No instante seguinte ele a agarrou pelos omros e passou a sacudi-la comose #osse uma oneca de trapo. Duando pensou que teria a caeça arrancada dopescoço, ele a ei%ou.

 Aquilo era mais uma agressão do que um ei%o, segundo avaliou Anna,meio tonta. !arcus apertava os l$ios contra os dentes da %ovem e, com asmãos, ia dei6ando manchas rochas por onde conseguia alcançar. 9em que Annagostaria de se lemrar de tudo o que havia acontecido cinco anos antes. 3er$que, naquela ocasião, ela sentira a mesma coisa, como se os ossos e os m8sculos

estivessem derretendo?Em desespero, ela di0ia a si mesma que não devia sentir pra0er, mas o

corpo não escutava. E havia uma agravante, porque não era possível %ogar aculpa num copo de champanhe. Duando ela não tinha mais controle sore ospr4prios movimentos, pronta para se entregar, !arcus largou-a e se a#astoudois passos, o#egante.

7 Anna 7 #alou ele, com os dentes trincados. 7 Ensinaram-me a não aterem mulher, mas você tiraria a paciência de um santo> $ para o seu quartoenquanto est$ com os ossos inteiros.

(om vergonha da pr4pria #raque0a, procurou aprumar o corpo enquanto#icava com as #aces muito vermelhas. 3entia como se, de repente, uma prostituta

louca que houvesse dentro dela despertasse para a vida. "alve0 estivesseenganada sore si mesma durante todos aqueles anos. Era em possível que oincidente no motel houvesse acontecido não por causa do champanhe, mas simporque ela era, de #ato, uma perdida.

!ovida pela vergonha, Anna saiu correndo. Estava no meio da escadaquando parou e se voltou para !arcus. 1recisava di0er alguma coisa, mesmoque ele a matasse por isso.

7 $ para o in#erno> 7 gritou ela, num desa#io, olhando em seguida paraas costas da mão com que havia limpado as l$grimas. 7 E v$ para o in#erno estamaquiagem tamém> ;sa me %urou que era = prova dU$gua>

(omo um raio, ela suiu o resto da escada e se trancou no quarto. O piorde tudo era ter que admitir que estava trancando a porta não para que !arcusnão entrasse, mas sim para não ceder ao impulso de voltar correndo e pedir

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desculpas por tê-lo eso#eteado.

CAPÍTULO VI 

 Anna passou uma noite agitada, alternando r$pidas cochiladas com longosperíodos em que #icava acordada, tentando achar uma saída para a con#usão emque estava metida. 1or #im, %$ ao alvorecer, caiu num sono pesado, acordando =ssete horas, sem que se sentisse recuperada. O espelho do anheiro mostrou umaimagem deplor$vel, e um anho r$pido de chuveiro adiantaria pouco. Ninguémavisara a que horas o ca#é da manhã estaria pronto, mas Anna estava cansada eaorrecida demais para pensar nisso. 'epois de encher a anheira com $guaquente, ela se dei6ou cair l$ dentro com um suspiro de alívio.

O calor da $gua a%udou-a a rela6ar a tensão nervosa e muscular e Anna sedei6ou #icar, pensando no que #a0er. A situação %$ dei6ara de ser um simples

 %ogo. No começo, ap4s a surpresa do reencontro com !arcus e quando eleapresentou seu plano, com a maior naturalidade, tudo realmente havia parecidoum %ogo em que ela poderia ganhar ou perder. Cicaria livre de 1hilip e, dequera, teria uma mudança ené#ica para sua vidinha simples. (onheceriaoutras pessoas, #aria novos amigos, viveria e6periências emocionantes.1ensando em, emoção era uma das coisas de que ela muito precisava.

!arcus conseguira #a0er tudo parecer muito atraente e Anna, tolamente, sedei6ou enganar. Agora, perceia que o %ogo era amargo demais. E não s4amargo, mas tamém perigoso, porque surgia agora um prolema que ela nãohavia considerado antes& a possiilidade de se apai6onar por !arcus. Nomínimo, Anna tinha que reconhecer que ele a atraía enormemente. Dualquer

avaliação racional da questão mandaria que ela #osse emora imediatamente. 34que, se #i0esse isso, dei6aria ;sa = mercê daquele desalmado.

 A perspectiva de passar ali um ano inteiro parecia aumentar a e6tensão doerro cometido, mas não havia como #ugir = penitência. Anna saia que, no #im,sairia machucada, mas pouco podia #a0er além de esconder os pr4priossentimentos e se es#orçar para manter a dignidade. 1odia até acaar seacostumando> 1ulando da anheira, Anna ligou o chuveiro #rio e #icou l$durante algum tempo. (oncordava com a crença geral de que anhos #rios sãorevigorantes.

Duando voltou para o quarto, ela encontrou uma pequena ande%a namesinha-de-caeceira. (om certe0a #ora (ari, servindo o ch$ matinal. Enquanto

tomava alguns goles, Anna procurou na valise uma lusa ranca, a roupa de ai6o e as meias compridas que havia posto ali para a viagem de volta a 'orset.'epois de pronta, com o caelo preso e o rosto maquiado com cuidado, eladesceu a escada e se dirigiu = co0inha. (ari estava arrumando o des%e%um numa

 ande%a.7 1osso comer aqui? 7 perguntou ela.7 O des%e%um é servido na sala de %antar 7 respondeu (ari, com #rie0a.Em seguida ele pegou a ande%a e ariu caminho. Ao pé da escadaria

!arcus %untou-se = pequena procissão, lançando a Anna um olhar deadmoestação.

7 A co0inha é territ4rio proiido 7 avisou ele. 7 : domínio de (ari. Elenão entra nos seus aposentos e, portanto, você não deve entrar nos dele.

7 1arece ra0o$vel> 7 aquiesceu a nova e controlada Anna. 7 E como é que

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 você encara as outras quest5es, como a oa educação, por e6emplo? 3empre meensinaram a dese%ar om-dia =s pessoas.

7 Ah, é claro> 7 #alou !arcus, e6agerando nos gestos enquanto a#astava acadeira para que ela se sentasse = mesa e tomava lugar no lado oposto. 7 9om

dia, Anna> Espero que tenha dormido em. "inha me esquecido de que você éuma pessoa #ormal. Duando nos encontramos pela primeira ve0, você não eraassim. !as que tal? !elhorei meus modos?

7 !elhor assim do que nada 7 respondeu Anna, com m$ vontade.Em seguida eles se concentraram no ca#é da manhã, que estava delicioso.

34 cinco minutos mais tarde ela rompeu o silêncio&7 "enho que ir em casa, ho%e ou amanhã... ;sto é, se você vai mesmo #a0er

essa viagem = Crança no s$ado. 1recisarei de roupas.7 (ompre-as aqui.7 Negativo 7 descartou Anna, alançando a caeça. 7 : uma despesa

desnecess$ria.

 Anna estava até se divertindo. 3entia satis#ação em se negar a cooperar empequenas coisas, %$ que nas grandes não podia #a0er isso. Adorava parecermesquinha. (om vo0 calma e distante, como se estivesse conversando com oretrato de uma mulher pendurado na parede atr$s de !arcus, ela escolheucuidadosamente as palavras&

7 Estou prevendo que esse meu emprego vai me causar muito desgaste,por isso mesmo, economi0arei o que #or possível do generoso sal$rio que vocême paga. 1retendo tirar #érias longas e em tranqKilas quando pedir minhademissão.

7 3e achasse que você est$ sendo sincera, eu a demitiria neste momento 7#alou !arcus, levando = oca um pedaço de acon. 7 !as não acho que #ale

sério.7 Est$ decepcionado consigo mesmo 7 acusou a moça.7 Eu? Oh, não, minha querida> (ostumo encarar tudo de #rente, coisa que

 você não #a0. 1assou-se realmente algo entre n4s, você sae disso, e eu tamém. A di#erença é que não estou #ingindo que não houve.

7 Nem eu 7 declarou Anna. 7 34 que #oi uma coisa puramente... animal.Eu sei disso e você tamém. Não voltarei a ceder.

7 'o mesmo %eito como não cedeu antes?'esta ve0, Anna perdeu a calma.7 (omo ousa #alar assim comigo? (omo ousa %ogar toda hora isso na

minha cara> *$ lhe disse que não saia o que estava #a0endo e...

7... e em pode acontecer que você não saia o que est$ #a0endo agora 7completou !arcus. 7 1or isso é que eu não acho este noivado tão satis#at4rioassim. ocê tem vivido num poço de culpa h$ anos e isso dei6ou-a con#usa. 3eacontecesse outra ve0, você passaria a se %ulgar uma meretri0.

7 Não vai acontecer outra ve0 7 garantiu ela, #uriosa. 7 Aquela #oi umaocasião e6cepcional. Eu não sou mais uma adolescente romJntica. Aprendiminha lição.

7 Caça como quiser 7 #alou !arcus, dando de omros. 7 !as lemre-sede que eu o#ereci...

7 ... e #oi tão magnJnimo que eu me senti origada a recusar 7 cortou Anna, sarc$stica. 7 (omo você mesmo disse, vivi com essa culpa h$ anos, masagora quase nem penso nela. E, se quer saer, não sou uma pessoa con#usa> 3ouaté muito sensata, e gostaria que me dispensasse para que pudesse uscar...

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7 Não> 7 recusou !arcus, ostinado. 7 Duero aquele resumodatilogra#ado antes de partirmos para a Crança. 1reciso do primeiro capítulopronto quando chegarmos l$.

7 E esse é o FdescansoF de que você #alou?

7 !inha querida noivinha, conseguir pr as palavras certas na ordemcerta no papel é minha idéia de descanso. 1ortanto, #aça umas comprinhasenquanto eu vou = luta com os roteiristas. 'epois, poderemos partir.

1ela %anela do malcheiroso t$6i, Anna oservava illades 1ins aparecernuma curva acentuada da estrada, com suas casas caiadas e seus telhados com$guas-#urtadas. Hma cerca-viva de pinheiros encoria parcialmente a vista nacurva da colina da qual se divisava a cidade de Agde. Era um elo cen$rio. O

 verão começava cedo naquela região e o dia era dos mais quentes, #a0endo ointerior do t$6i parecer um #orno.

 Anna pagou a corrida, dando alguns #rancos de gor%eta ao motorista, e

praticamente correu o resto do caminho, #ugindo ao sol inclemente. No alpendreela parou em #rente a uma porta aerta que parecia convid$-la a entrar. Atravessou-a correndo e parou na penumra de um saguão, piscando os olhospara acostum$-los = semi-oscuridade. Coi quando ouviu a vo0 enraivecida de!arcus&

7 1or onde diao você andou? (ari %$ voltou h$ horas> Acho que disse a você...

7 ocê disse que eu podia pedir a (ari que me levasse a Agde. 7 Memrou Anna, com #rie0a. 7 'isse que (ari podia me levar e #oi o que ele #e0. Duanto aele me esperar ou não, enquanto eu #a0ia minhas compras, você não disse nada."rata (ari como se ele #osse alguma espécie de ro. Nem #a0 idéia de como

estava quente l$ ou de como isso seria cansativo para ele. 1or isso, eu o mandeide volta e peguei um t$6i quando achei que devia voltar.7 E o que teria acontecido se você pegasse um motorista que não souesse

inglês? 7 contraps !arcus, asperamente. 7 1oderia ter causado um incidenteinternacional com o péssimo #rancês que #ala. (hega a ser patético>

7 Eu teria dado um %eito 7 retrucou Anna. 7 "alve0 o meu #rancês nãose%a grande coisa...

7... e não é> 1arece mais chinês> As mãos da moça se crisparam nas alças da sacola de pl$stico que ela

carregava e os olhos rilharam de raiva.7 Nem todos são tão instruídos quanto você 7 #alou ela, sentindo o amor-

pr4prio #erido. 7 Alguns de n4s vivemos com simplicidade. Não optamos poruma vida deslei6ada num apartamento de !ontmartre, em usca deFinspiraçãoF para pintar oras-primas ou escrever #uturos est-sellers. "amémnão tivemos pro#essores particulares de #rancês, como você teve. Apesar disso,acho que consigo me comunicar astante em nesse idioma. Além disso...

7 Ainda tem mais? Anna manteve a altive0.7 : claro que tem. ocê me deu a tarde de #olga, e portanto não é da sua

conta o que #i0 com ela. Anna disse aquilo com raiva, esquecendo a compostura, porque !arcus

havia estragado todo o pra0er do passeio.

7 (ari não é gorila> 7 revidou ele.7 Não 7 aquiesceu Anna. 7 3into muito ter dito isso. (ari é uma 4tima

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pessoa, e não posso entender como o agKentou todos estes anos. 'eve serpaciente como um santo.

7 Ao contr$rio de você, Anna, ele d$ valor a um om patrão.7 Hm om patrão> : assim que você se %ulga? Hm om patrão não

acordaria a casa toda =s duas da manhã #a0endo os seus empregados descerem,um para ater a m$quina e o outro para #a0er ca#é, s4 porque ele não conseguiadormir>

 Anna disse as 8ltimas palavras quase gritando. "oda aquela coragemdesapareceu, porém, quando !arcus #oi caminhando em direção a ela.

 Assustada, a %ovem #oi recuando de encontro = parede, segurando a sacola comose #osse um escudo. 3em muito es#orço, !arcus ai6ou a sacola e encostou odedo no rosto dela.

7 Não levante a vo0 para mim 7 advertiu ele. 7 3ei que estamos so0inhosmas %$ é hora de você aprender a se controlar. E não me diga que est$ nervosapor #alta de sono. Não lhe pedi para #a0er nada esta manhã, pedi? !andei-a de

 volta = cama quando terminamos o traalho e até disse para dormir até maistarde, não #oi? endo que não corria perigo de ser agredida, Anna sentiu vontade de di0er

o que era viver so as ordens de um ditador. A tempo mudou de idéia. !esmoassim, não queria se mostrar sumissa.

7 Não posso dormir de encomenda 7 resmungou ela. 7 Nunca meacostumei a dormir de dia.

7 1ois se acostume 7 sugeriu !arcus, de repente, mudando o tom de vo0.7 Não precisa #a0er um cavalo-de-atalha por causa disso, Anna. 34 acontecer$de ve0 em quando. (omprou alguma coisa onita?

7 1asta de dentes 7 dis#arçou ela.

Não estava com vontade alguma de e6por o que havia comprado =apreciação daquele cínico. "inha comprado um vestido creme de seda, uma #inaecharpe verde-esmeralda e um par de luvas da mesma cor, para cominar. Nãose importaria de mostrar essa peças, mas l$ no #undo da sacola estava umpequeno emrulho com um con%unto de calcinha e sutiã como ela sempredese%ara ter sem nunca ter coragem de comprar& rendada e transparente, emao estilo #rancês. ;sso ela teria vergonha de mostrar.

!arcus oservou os dedos nervosos da %ovem agarrando a sacola e sorriucompreensivamente.

7 Hma sacola muito grande para carregar pasta de dentes, não é mesmo?7 : do tamanho econmico 7 #alou Anna, sorrindo e olhando para ele

com um ar de inocência. 7 E tem gostinho de hortelã. Hso muito essa marca eassim sai mais arato. ocê me esperou para o ch$?

7 (ari est$ preparando %ustamente agora 7 in#ormou !arcus, dando umpasso atr$s para dei6$-la passar e aproveitando para dar um tapinha no traseiroda noiva. 7 'epressa, meu en0inho. 3enti saudades de você esta tarde.

7 E eu de você 7 murmurou Anna. 7 Agde pareceu um deserto sem você.Dueria que estivesse l$ para repartir comigo os olos de creme que comi.

7 Então você não vai querer o olo mandarim que (ari #e0. Due pena> Ele#e0 especialmente para você.

 Agora que os olhos de Anna %$ se haviam acostumado = penumra dosaguão, ela podia ver o sorriso de !arcus, em di#erente do risco deochado deantes.

7 Eu sempre reservo um cantinho para o olo de (ari 7 con#essou a moça.

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resolveu continuar #alando.7 Estive pensando nisso. A#inal de contas, um ano não demora tanto

assim. Além disso, você est$ me pagando em. A prop4sito quando poderei ver acor do dinheiro?

7 ocê receer$ no #im do mês 7 garantiu ele. 7 Estaremos de volta =;nglaterra, então. 1or #alar nisso, acho om adverti-la de que passar$ maus ocados se tentar convencer as pessoas de que continua pura. Ninguémacreditar$ e até rirão na sua cara. Estão todos convencidos de que você é minhaamante.

7 ocê se esqueceu de (ari 7 lemrou a moça, triun#ante.7 Não, não me esqueci> 7 0omou ele. 7 Não se pode tomar (ari como

testemunha. Ele é #ora de série. Não ouve nada, não sae de nada e não di0nada>

 Anna mordeu os l$ios, aorrecida.7 1or que ser$ que as pessoas são tão maldosas?

Emora o sol estivesse quente, ela sentiu os ossos gelados s4 de pensar noque os outros podiam estar #alando. !arcus perceeu aquela preocupação esoltou uma gargalhada.

7 1or sua pr4pria culpa, amor0inho> 9em que eu disse que apenas onoivado não astava, mas você não quis con#iar em mim. Achou que eu tinhaalgum motivo oculto, mas a minha 8nica preocupação era a sua reputação.

7 (omo você é nore> 7 elogiou Anna, com um sorriso triste. 7 3eriadi#ícil achar que estava pensando em mim. Não o conheço h$ muito, mas, peloque tenho oservado, você s4 pensa numa pessoa& !arcus "rent. 'e qualquer#orma, acho que vou dar muito que #alar. !esmo assim, agKentarei. "anto #a0passar por sua amante como por uma noiva que mora com o noivo. No #im d$

tudo na mesma.7 Não gosto de relaç5es mal de#inidas 7 contraps !arcus.

 Anna olhou para o prato e reparou que havia comido todo o pedaço de olosem sequer sentir o gosto. (uidadosamente, cortou outra #atia. Estava orgulhosade si mesma. Não estava com as mãos tremendo e #alava com vo0 #irme.

7 ocê é que as de#iniu mal. Anna #alava com #irme0a, mas sem rancor, como se tudo aquilo estivesse

acontecendo com outra pessoa.7 Oh, não... 7 insistiu !arcus, convicto. 7 ocê é que con#undiu tudo. Eu

estava querendo #a0er a coisa certa, lemra-se? 34 que você #oi teimosa. "emainda uma consolação, emora talve0 você não queira cham$-la assim...

7 O que é? Anna estava de caeça ai6a, olhando para uma porção de creme en#eitada

com #atias de laran%a, e não reparou no rilho de triun#o que havia nos olhosdele.

7 ocê não vai poder di0er que #oi enganada. 3eus dias de inocênciaterminaram h$ cinco anos. Agora, pode ir descansar um pouco antes de começara se vestir. amos sair =s sete. <eservei mesa num restaurante em Crontignan e

 vamos levar pelo menos uma hora até chegar l$.!arcus #icou parado durante algum tempo, esperando uma resposta.

(omo Anna permanecesse calada, ele resmungou qualquer coisa e saiu emdireção = casa, sem nem olhar para tr$s.

 Anna respirou #undo. !arcus #a0ia de tudo para o#endê-la e estavaconseguindo seu o%etivo. Ainda em que ela dis#arçava em e ele ainda não

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descon#iava de que podia #eri-la tão pro#undamente. *amais haveria de saer>'esanimada, suiu para o quarto e se %ogou na cama, deulhando-se em

l$grimas. 3er$ que atração #ísica era a mesma coisa que amor? 3eria melhor quenão #osse. !eia hora mais tarde, mais aliviada pelas l$grimas derramadas, ela

#oi lavar o rosto e começou a se arrumar.(omo tinha apenas dois vestidos de noite, tirou-os do arm$rio parae6amin$-los. 'ei6ou de lado o preto, que %$ havia usado na #esta de noivado. Erachique demais para um %antar in#ormal. Além disso, era muito decotado. Ooutro, um ca#etã verde-ron0e com ordados dourados contornando o decote eas mangas, seria o ideal. Era de um estilo camponês, nada so#isticado, e elaestaria con#ort$vel nele. *$ vestida, Anna passou a espon%a de p4 de arro0 norosto, aplicou um atom vermelho nos l$ios e, de quei6o erguido, desceu para asala.

7 9elo vestido 7 elogiou !arcus. 7 Coi esse que lhe deu tanto traalhopara escolher esta tarde?

7 Não. Esta tarde comprei um chemisier de seda creme, uma echarpe verde-esmeralda e um par de luvas para cominar. Este aqui acho que você ocomprou para mim em Mondres, ;sa o levou para aquela #esta horrorosa.

7 !as o que você usou era preto.7 ocê não conhece em ;sa, não é? Ela adora gastar dinheiro,

especialmente se não #or o dela. ocê pediu para comprar um vestido para mime, para que eu tivesse opção de escolha, ela comprou dois. 1ensei em devolverum deles, mas agora estou contente por não ter #eito isso. Acho que vou merecê-los. *$ me decidi a tentar tirar vantagem dessa charada maldita que você est$ me#a0endo %ogar. Não, não é nada disso. E6iste tamém este anel de rui, masposso devolvê-lo a qualquer momento. Até agora, se você quiser.

7 !as eu não quero 7 respondeu !arcus, sério. 7 Duando #ormos vistosem p8lico, é om ostentar rique0a. Bo%e, pode ser que encontremos alguémque eu conheça.

7 /rande coisa> 7 retrucou Anna. com raiva. 7 ocê quer salvar a suareputação ou a minha?

7 (laro que é a sua, meu em 7 respondeu !arcus, enlaçando-a pelacintura e condu0indo-a para o carro. 7 ocê tem uma aparência doce einocente, apesar do seu passado. (ontinue com esse olhar de pominha e demoça séria e n4s poderemos enganar a todos>

Duando eles chegaram ao restaurante, Anna estava com tanta raiva queesqueceu o comedimento.

7 Due maravilha> 7 e6clamou ela, #ingindo-se deslumrada. 7 Este é umdaqueles lugares #inos, não é?

O garçom que os condu0iu = mesa não era do tipo osequioso e nem sepreocupou em mostrar o card$pio. Apenas colocou no centro da mesa umatravessa de cerJmica amarela com camar5es, outra travessa marrom contendopedaços de pão salgado e um recipiente de madeira com uma grande porção demanteiga. 'epois, trou6e uma garra#a de vinho ranco gelado e dei6ou-osentregues = pr4pria sorte.

7 !uito #ino 7 respondeu !arcus, com uma careta. 7 Não temos nemmesmo o direito de escolher o que vamos comer. Duer vinho?

7 1or #avor 7 aceitou ela, descascando um dos camar5es e dando umamordidinha. 7 Est$ muito salgado e tem cheiro de mar.

!arcus serviu o vinho e ela tomou um gole, enquanto olhava para a %anela.

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'e onde estava podia ver o lago escuro, que produ0ia re#le6os do luar.Duin0e minutos mais tarde, Anna dei6ou escapar um suspiro de satis#ação

e partiu para o segundo copo de vinho. *$ comera quatro pedaços do pão,metade da manteiga e havia uma montanha de cascas de camarão no prato dela.

7 Est$ tudo tão maravilhoso e eu não perderia este %antar por nada nomundo>"oda a tensão e a m$goa daquela tarde haviam desaparecido como por

m$gica e ela estava satis#eita e quase #eli0. !arcus estava sendo uma 4timacompanhia, sem recorrer = ironia uma 8nica ve0>

7 3anto 'eus> 3er$ que consegui agrad$-la em alguma coisa?7 Oh, não estrague tudo, por #avor 7 implorou ela. 7 Estou me divertindo

muito. 3er$ que não poderíamos esquecer as coisas desagrad$veis s4 por estanoite? /ostaria de podei guardar na lemrança alguma coisa oa.

(erimoniosamente, !arcus pegou a mão da %ovem e levou-a aos l$ios.7 "udo que minha dama dese%ar 7 prometeu ele, mas em seguida #e0 uma

careta que tirou o romantismo do gesto. 7 ocê cheira a camar5es. Anna riu do asurdo da coisa e molhou os dedos no recipiente com $guaque havia sore a mesa.

7 O que vamos comer agora? 7 perguntou ela.O garçom apro6imara-se tra0endo outros pratos e um pei6e de#umado.7 Mangouste = la sétoise, uma especialidade da casa 7 in#ormou !arcus.

7 1arece Bomarde = américain, s4 que é #eito com lagostins em ve0 delagostas e o molho contém mais alho e tomates. (ari %$ esteve aqui, tentandoconseguir a receita. 1reparou o prato e6atamente como lhe disseram, mas nãodeu certo. Ele di0 que é porque não consegue comprar lagostins #rescos emMondres. 9em, estou achando que a ocasião merece algo mais que vinho ranco.

Duer tomar uma garra#a de champanhe comigo?O o#erecimento continha um desa#io, que Anna, com um rilho decidido

no olhar, resolveu aceitar.7 3er$ um pra0er, sr. "rent>(ortando a escuridão da noite, o carro passou por 3ete e Agde, suindo e

descendo colinas. Cinalmente, atravessou o portão e parou em #rente = casa.7 *$ chegamos, querida 7 avisou !arcus, cutucando a %ovem que

cochilava ao lado dele.'epois de ater a porta do carro, ele passou o raço em volta dos omros

dela e suiram assim os dois degraus da entrada.7 Não vai guardar o carro? 7 perguntou Anna, sonolenta.

7 Est$ trancado e não h$ perigo. A vo0 dele, no escuro, soou grave e meio rouca.7 Due preguiçoso> 7 reprovou Anna, enquanto ele empurrava a porta para

que ela entrasse no hall. A velha casa ainda guardava o calor do dia e tinha um cheirinho om de

cera e lavanda. Na penumra do hall, pareceu muito natural que elaescorregasse para os raços dele e levantasse o rosto.

7 Duer que eu diga oa-noite = moda antiga? 7 #alou !arcus. A pergunta era meio implicante e Anna achou melhor não responder que

sim nem que não. A atração #ísica que sentia por aquele homem estava voltandocom #orça totalI ela parecia derreter ao encontro dele.

7 (omo quiser 7 murmurou Anna.Duando os l$ios dele se colaram aos dela #oi como se tudo #osse

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igualmente natural. Enquanto passava os raços em torno do pescoço do noivo,ela sentiu no seio o aperto da mão dele e e6perimentou um enorme pra0er. "udoparecia se a%ustar, Anna queria morrer de #elicidade. Acaara-se a luta que, na

 verdade, nunca deveria ter e6istido. Era aquilo o que ela queria e tinha querido

durante a vida, o amor.7 Anna 7 chamou !arcus, em vo0 ai6a e trêmula. 7 Anna, eu dese%o você.

 Aquilo #oi uma ducha de $gua #ria. Ele não dissera FAnna. eu amo vocêF,mas sim FAnna, eu dese%o vocêF. Os dedos que antes acariciavam o seio delaagora o apertavam, numa Jnsia de posse. 'a mesma #orma, o ei%o %$ não tinhanada de romJntico, tornando-se quente e sensual. Coi como se, por ummomento, ela tivesse segurado o paraíso nas mãos e constatado, em seguida,que não passava de um punhado de su%eira. Enri%ecendo o corpo, ela a#astou a

 oca da dele.7 Margue-me>

 Anna queria ter gritado uma ordem, mas na verdade apenas sussurrou umpedido, enquanto tentava se liertar dos raços dele.7 O que aconteceu? 7 quis saer !arcus, surpreso. 7 3er$ que você é

daquelas que tocam #ogo e saem de perto? Est$vamos indo tão em, que diao> Agora ele a apertava ainda mais, percorrendo com as mãos o tecido macio

do vestido e machucando o corpo da %ovem.7 Margue-me> 7 repetiu Anna, lutando para se desvencilhar. Duando

#inalmente conseguiu, ela correu para o pé da escada e se voltou para ele, loucade raiva e decepção.

7 3eu porco> 7 gritou Anna, apertando os olhos verdes. 7 1ensou que eu#osse #$cil assim? *$ não tenho de0enove anos e aprendi muita coisa. Agora você

 vai precisar de um pouco mais do que um om %antar e uns copos de champanhepara me comprar. Alguns ei%os e um langoroso FAnna, eu dese%o vocêF nãosigni#icam nada para mim. ai ser preciso muito mais para que você me levepara a cama. 3ou complicada, sae? 1osso não ser tão pura, mas, sei pr nalinha homens como você, seu liertino so#isticado>

 Anna estava 0angada demais para chorar. A raiva maior, porém, era contrasi pr4pria, por se ter dei6ado levar tão #acilmente. 1or sorte, tinha caído em siantes que #osse tarde demais. !ais um pouco e ela teria dito que o amava.

7 E não #ique me olhando como se eu #osse uma doida> 7 continuou ela,arrancando o anel do dedo e %ogando em cima dele. 7 "ome. ;sso nos dei6a noponto em que começamos. 'aqui por diante, sou uma datil4gra#a e não alguém

com quem você pensa em dormir. Agradeceria se se lemrasse disso>7 Anna> 7 chamou !arcus, com dure0a.

 Assustada, a %ovem correu escada acima, mas #oi seguida. Duandoalcançou a porta do quarto e tentou ari-la, a mão dele #echou-se sore a delacom #orça. Ao ser agarrada pelos omros, a moça #echou os olhos, apavorada,imaginando que seria violentada. !arcus leu aquele pensamento.

7 Não olhe assim para mim 7 #alou ele, sacudindo-a. 7 O estupro não #a0o meu gênero. 1re#iro que as mulheres venham a mim por vontade pr4pria. 3eest$ querendo cair #ora, acho om pensar duas ve0es. Ci0emos um trato e voucorar isso de você. 1ara começar, o anel volta para o lugar onde estava. 3ealguém tem que desistir, serei eu e não você. 1elo menos por enquanto, nãotenho intenção de desistir.

7 (laro que teria que ser você o primeiro a desistir. 7 #alou Anna, com

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amargura. 7 Não poderia suportar a humilhação de ser re%eitado, além do que,isso a#etaria a sua imagem de grande conquistador. Est$ em, eu respeitarei asua preciosa imagem. A#inal de contas, não seria om para ninguém se todos#icassem saendo que e6iste uma mulher que não morre de vontade de ir para a

cama com você. !as sua reputação permanecer$ intacta, !arcus. Não devemosdei6ar que os outros ve%am o que h$ por tr$s da #achada, não é mesmo? A mão de !arcus continuava segurando a maçaneta. A porta se ariu de

repente e ela #oi praticamente atirada em cima da cama.7 Cique aí, onde pode se sentir segura 7 disse ele, asperamente. 7 3im,

est$ asolutamente a salvo porque eu não a tocarei mais. ocê é uma pervertida.7 E se #or? 7 gritou Anna, quando ele deu as costas e #oi saindo. 7 'e

quem é a culpa? Duem me #e0 ser assim?

 CAPÍTULO VII 

 Anna %$ saia que não conseguiria dormir direito, mas quando acordoupela manhã perceeu que teria sido melhor se não tivesse dormido nada. 3entia-se pior do que ao ir para cama, porque naquela hora estava ainda animada pelaraiva e por um sentimento de aguda in%ustiça. Agora, além do cansaço, haviaaquele #rio0inho no estmago que a assaltava quando ela pensava na perspectivade encarar !arcus depois da cena da noite anterior.

O anho quente de chuveiro quase não a%udou em nada e, olhando-se noespelho, ela deparou com um rosto aatido. 9em, como teria mesmo queencar$-lo, o %eito era partir para o sacri#ício.

(on#ormada, Anna escolheu uma roupa de corte em masculino& lusa

 ranca de algodão com um laço preto %unto ao decote, saia preta %usta, meia-calça preta e sand$lias de salto ai6o. 'epois de vestida, ela penteou os caelospara tr$s e prendeu-os em. "udo aquilo, mais uma maquiagem discreta,serviria de escudo. O melhor seria agir com #rie0a, procurando não se importarcom o que !arcus dissesse ou #i0esse.

Duando ela desceu e se sentou = mesa para o ca#é da manhã, !arcus %$estava l$.

7 9om dia, Anna 7 cumprimentou ele, com a maior naturalidade, como sena noite anterior não houvesse acontecido nada de mais. 7 ocê est$ atrasada>

 Anna manteve-se so controle.7 'ormi tarde 7 ela se e6plicou, disposta a #ingir tanto quanto ele. 7 ocê

precisou de mim ho%e cedo?7 Não, #oi ;sa 7 respondeu !arcus, rindo de #orma deochada da

aparência masculini0ada da noiva. 7 Ela tele#onou em cedo esta manhã equeria #alar com você.

7 E por que eu não #ui acordada? 7 questionou Anna, %$ quase sedei6ando dominar pela raiva.

!arcus #e0 um gesto displicente com a mão.7 1or que achei que você precisava descansar. 34 que, pelo %eito, não

adiantou muito. ocê est$ com uma aparência lament$vel. 3er$ que é por causada roupa que est$ usando? 1arece uma solteirona amargurada de trinta anos.

 A oservação era tão morda0 quanto descortês, mas Anna resolveu ignor$-la.

7 O que é que ela queria?

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7 Não me pergunte 7 respondeu !arcus, dando de omros.7 Não procurei saer. O que sei é que ela vai chegar a 9é0iers ao meio-dia.

1ortanto, é melhor se apressar e comer logo, ou não chegar$ = estação antes dotrem.

 Anna apertou com #orça a asa da 6ícara. Apesar da resolução que tomara,sentiu uma enorme revolta e teve que protestar.7 ocê podia ter perguntado. 'eve ter acontecido alguma coisa para que

ela venha para c$. ocê est$ sendo outra ve0 no%ento, tentando se vingar porqueeu não dei6ei que me levasse para a cama ontem = noite. 3aia que #icariapreocupada e era %ustamente isso o que você queria. Não sei por que tem que sertão maldoso, apenas para satis#a0er ao seu ego> ;sa não se daria ao traalho de#a0er uma viagem tão longa sem um motivo #orte.

7 Ela #oi de avião para "oulouse ontem = tarde 7 corrigiu !arcus. 7 M$,hospedou-se num hotel, onde pernoitou. 1ortanto, a viagem de trem é s4 de"oulouse para c$. Não houve sacri#ício algum. A ligação #oi #eita de um tele#one

p8lico do pr4prio hotel, eu acho, porque ela disse que s4 tinha trocado parauma chamada r$pida. Duanto ao #ato de você não ter ido para a cama comigo,não me lemro de ter pedido.

O rosto da moça ruori0ou-se, mas ela não aai6ou os olhos.7 <econheço uma proposta indecorosa quando a receo.7 *$ teve tantas assim?'esta ve0, Anna #icou ligeiramente envergonhada.7 9astante> Assim mesmo...7 : melhor você acaar de comer e ir se trocar 7 #alou !arcus, em tom de

ordem. 7 Não pode sair comigo vestida como uma presidi$ria. E solte tamémesse caelo, porque assim est$ parecendo um coelho sem pele>

7 Anna querida> 7 e6clamou ;sa, descendo do trem como se #osse uma visão vestida, em seda a0ul. 7 1u6a, como você est$ onita> 1arece que,#inalmente, aprendeu a se vestir.

 Anna estava com o mesmo vestido que usara para %antar com !arcus e osolhos da atri0 rilhavam de sincera admiração.

7 O que est$ #a0endo aqui? 7 quis saer Anna, ei%ando-a de leve, %$ que;sa detestava que lhe estragassem a maquiagem. 7 Alguma coisa errada comseu papel na "? Onde estão 1egg) e o cachorro?

7 (laro que h$ algo errado 7 respondeu ;sa, u#ando, enquanto entregavaao carregador as três malas. 7 (om o #ilme est$ tudo em. Duanto a 1egg), est$

escondida. 3ore seu cachorro, sinto muito, querida, mas não tenho tido tempoe ele ainda est$ com o veterin$rio. "ele#onei pedindo que continuasse l$ até você

 oltar.7 Então, se não h$ nada de errado com o #ilme, com 1egg) ou com o

cachorro...7 1hilip, sua tola> !as vamos andando, que eu não quero perder o

carregador de vista. !arcus veio com o carro? Anna #icou im4vel, apesar do pu6ão que ;sa lhe deu no raço.7 Não vou me me6er enquanto não souer do que se trata.;sa suspirou e começou a e6plicação enquanto caminhavam

 vagarosamente pela plata#orma.

7 Aquele presunçoso> Ele acaou saendo que alguém estava interessadona compra da casa e que a o#erta é oa. 9em, meu querido marido apareceu

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ontem de manhã na minha porta di0endo que estou perdoada e que ele est$pronto a me receer de volta. Nunca vi uma des#açate0 maior> (laro que recusei,mas você conhece 1hilip. Ele nem quis me ouvir. 1or isso, escondi 1egg) na casade uns amigos, %oguei umas coisinhas na mala e corri para pedir socorro. Bouve

uma desistência num dos vos da tarde para "oulouse e aqui estou eu. 1hilippode tocar a campainha o quanto quiser que ninguém vai responder. 1elo amorde 'eus, diga que est$ contente em me ver. Estou começando a me sentirre%eitada> !as est$ vendo s4 que topete? 1hilip me perdoando>

7 !arcus previu que era e6atamente isso o que ele iria #a0er.7 O que tem !arcus a ver com isso? 7 perguntou ;sa, olhando com

curiosidade para a irmã. Anna encolheu os omros.7 Nada> !esmo assim, acho que essa hist4ria #oi ele quem escreveu.7 Não se%a enigm$tica, querida> 7 repreendeu ;sa, 7 Eu não queria ser

intrusa em seu ninho de amor, mas, honestamente, não consegui pensar em

nenhum outro lugar para onde pudesse ir. Outro encontro com 1hilip medei6aria louca. Ele #alou mal de você. 'isse que o havia enganado e que setrans#ormara de uma oa moça em uma se6omaníaca. 'isse tamém que você

 vive se emeedando para #a0er se6o. Não dei muita atenção porque, depois dealgum tempo, %$ nem queria ouvir mais. !as não quero atrapalhar e prometoque não vou #alar uma palavra sore isso com !arcus. Dualquer que se%a o tipode relação entre vocês, tem sido om porque você #icou até mais elegante.

7 1hilip est$ atr$s de dinheiro 7 murmurou Anna.7 Eu sei disso, e ele %$ est$ gastando por mim e por você 7 concordou ;sa,

resolvendo rincar com a irmã. 7 Duanto a você, sua devoradora de homensque se dis#arça de mimosa galinha, não vai receer nada para não ter o que

gastar com os seus amantes e sua vida desregrada.Enquanto as duas caminhavam vagarosamente pela plata#orma, ;sa parava

de ve0 em quando para dar mais ên#ase ao que estava di0endo, imitando o %eitode #alar de 1hilip.

7 Bonestamente, Anna, 1hilip é uma criatura tão patética que eu quasetenho pena dele. Ca0 tudo o que a mamãe0inha quer.

 Anna reparou que %$ haviam perdido o carregador de vista.7 amos emora. 'epois conversamos.'o portão elas puderam ver !arcus encostado no carro, pagando o

carregador. ;sa ariu um largo sorriso.7 Esse seu homem não é maravilhoso? 7 ela avaliou, olhando para a irmã.

7 "oma conta de tudo e, além disso, é lindo demais. Anna deu um suspiro de desagrado. 7 Ele não é o meu homem, ;sa 7

corrigiu ela, mesmo saendo que precisava representar. 7 N4s apenas estamosnoivos...

7 Então você anda devagar demais 7 repreendeu ;sa. 7 3e estivesse noseu lugar, eu estaria em mais longe depois de passar uma semana a s4s comele.

Em seguida, ;sa correu para !arcus com os raços estendidos, araçou-o eergueu o rosto delicado para receer um ei%o de oas-vindas.

7 Duerido 7 murmurou ela, #aceira. 7 (omo é om ver vocês dois... !as oque #oi que andou #a0endo com a minha irmã? ocê a trans#ormou> Ela pareciaapenas interessada num emprego e agora é uma mulher> Espero que você tenhaposto #ogo naquelas roupas horrorosas que ela usava para traalhar>

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7 *$ relacionei tudo e é você quem vai acender a #ogueira #alou ele,sorrindo para ;sa. 7 Ci0 uma lista de tudo o que deve ser destruído.

 Anna sorriu com amargura. Na certa, ela pr4pria #a0ia parte daquela lista,para ser tamém redu0ida a cin0as. (omo qualquer protesto s4 aumentaria a

satis#ação de !arcus, o melhor seria aparentar calma e entrar na rincadeira.7 'ê-me a lista 7 pediu ela, com ar de superioridade. 7 Eu mesmaprovidenciarei o material comustível. 1rometo atiçar as rasas enquanto vocêsdois dançam ao redor da #ogueira.

!arcus não esperava por aquela reação e apressou-se em arir a porta docarro. 'urante todo o tra%eto, ;sa #alou praticamente so0inha, sempre sore#rivolidades. Ela não queria #alar em 1hilip na presença de !arcus. e0 poroutra Anna di0ia alguma coisa, apenas para incentivar a tagarelice da irmã.Cinalmente eles avistaram a vila, no alto da colina.

7 Due lugar lindo> 7 e6clamou ;sa, no anco traseiro do carro. 7 Duesegredos esconderão essas paredes rancas?

7 1ergunte a Anna, querida 7 aconselhou !arcus, lançando = noiva umolhar de desa#io. 7 Ela é quem guarda os segredos. ocê me conhece e sae que#aço tudo = lu0 do dia.

'i0endo isso, ele ps uma das mãos sore o %oelho de Anna, acariciando-o.Não havia nada que a moça pudesse #a0er, por causa da presença da irmã, queprestava atenção a tudo. O pior é que o toque da mão dele provocava umaperturadora onda de calor. Celi0mente %$ estavam chegando e (ari seapro6imou do carro, com ar de mau humor e a caeça calva rilhando ao sol.

 Anna tratou de sair logo do carro, contente por escapar =quela sensaçãodesagrad$vel. 1assando pelo criado, que se ocupou da agagem, ela #oi entrandona casa seguida pela irmã.

7 Duerida> 7 chamou ;sa, %$ perto do quarto que iria ocupar, lançando umolhar por cima dos omros para se assegurar de que estavam so0inhas. 7 ocêconseguiu. !arcus é todo seu e isso qualquer um pode notar> Espere até que euconte ao pessoal em Mondres. Nossa querida Natasha vai trincar os dentes deraiva. Ela #racassou> Hma mocinha do interior chegou e ganhou a parada.!arcus é rico, #amoso...

7...um verdadeiro homem de classe 7 completou Anna, tentando pareceramarga. 7 Não acha que isso tudo se parece demais com um conto de #adas? 34que contos de #adas não acontecem na vida real. Hse a caeça, ;sa. Eu souapenas uma caipira, uma novidade para !arcus, nada além disso. ocê seespantaria com a pure0a da minha relação com ele.

;sa #e0 um ar de quem não acreditava muito, mas não disse nada. Apenasemitiu um risinho alegre e perguntou qual era a porta do anheiro. Anna #oipara o pr4prio quarto, trocou de roupa e #oi para o p$tio. !arcus %$ estava l$,

 %ogado numa cadeira de alanço, eendo com avide0 uma lata de cerve%a.7 ocê não vai gostar, meu amor0inho, mas não posso dei6ar de di0er& eu

não disse? ;sa não acreditou em você>7 1are com isso> 7 #alou Anna, com os nervos = #lor da pele. 7 Est$ em.

(omo sempre, você estava com a ra0ão.7 3empre estou 7 vangloriou-se !arcus, pondo de lado a lata de cerve%a,

levantando-se e envolvendo a noiva pela cintura.7 !as não queremos que ela saia a verdade, não é? Due você est$

su%ando o seu nome por causa dela. ;sso poderia arruinar a autocon#iança de ;sae a pre%udicaria como atri0. Ela é a estrela e vai #a0er do seriado um sucesso. Não

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pode #racassar nisso. 1ortanto, vamos #ingir que #ormamos um par0inho denoivos ideal. 3into muito, Anna, mas sua reputação %$ não vale mais nada,porque ;sa não acreditou em você. Duando ela voltar a Mondres, dir$ a todos queestamos envolvidos numa louca pai6ão, o que, pensando em, ser$ uma hist4ria

 em interessante. !as por que, a#inal, ela veio?7 1hilip 7 respondeu a moça, tentando em vão livrar-se do araço. 7 ocê devia saer, porque previu tudo antes que acontecesse.

7 O homem da cavalaria quer uma reconciliação, agora que ela podecustear o que ele tanto dese%a. 'eus do céu> ;sa ser$ uma tola se acreditar nisso.

7 Ele est$ pressionando 7 #alou Anna, com raiva. 7 !as você entende em disso, porque sae pressionar quando é conveniente. ;sa nunca desistir$ de#icar com 1egg). 3e tivesse que escolher entre continuar casada com ele ouperder 1egg), eu não sei... 1or outro lado, h$ esse traalho na ", do qual elanão desistir$.

7 E ele não quer mais nada com você?

 Anna alançou a caeça.7 Não. Estou #ora do p$reo. Coi o que decidiu a mãe dele, porque eu souuma mulher perdida. Duando nascesse o meu primeiro #ilho, ela logo iriaprocurar nele alguma semelhança com você.

!arcus araçou-a como se quisesse reanim$-la.7 Oh, minha onequinha, você est$ começando a sair da concha> !as não

se preocupe. O seu primeiro #ilho provavelmente se parecer$ com um gatinho,posso apostar>

 Anna perceeu que aquela conversa poderia se tornar perigosa.7 Duando nascer, eu lhe mandarei um retrato dele 7 prometeu ela,

mudando em seguida de assunto. 7 3er$ que a presença de ;sa pode inter#erir

no nosso traalho? Acho que deveria dar a ela um pouco de atenção.7 ocê pode #icar com ela nas suas horas de #olga, meu em 7 #alou

!arcus, #irmemente. 7 Coi ela quem se convidou. 1ortanto, não temosorigação nenhuma. Espero que não se demore. (ari est$ pronto para servir oalmoço.

 Anna não quis aceitar uma decisão tão o%etiva. A#inal de contas, nãoestavam tratando de um neg4cio.

7 ;sa veio me procurar 7 o%etou ela. 7 3empre #a0 isso quando as coisasnão andam em. 3ae que comigo pode se arir, #icar = vontade, ser ela mesma.Não vou dei6ar que você estrague tudo.

!arcus segurou no quei6o dela e origou-a a olh$-lo nos olhos. Anna

en#rentou-o o quanto pde, mas #inalmente #echou os olhos. Não adiantoumuito, porque aquela maldita atração #ísica estava começando outra ve0,destruindo as arreiras tão arduamente levantadas e enchendo-a de dese%o.Duando ele #inalmente, a ei%ou, a resposta #oi imediata, quase ansiosa. Annasentia vontade de chorar por ter que di0er adeus aos sonhos de amor. Naquele

 ei%o não havia nada de pure0a, mas s4 aquele dese%o terrível que estavaderretendo o orgulho dela... *amais conseguiria agKentar um ano, e os doissaiam disso>

7 Est$ querendo di0er que ;sa precisa de você para adquirir autocon#iança7 #alou !arcus, em perto do ouvido dela. 7 ocê tem que mostrar a ela ocaminho certo, #a0ê-la tomar decis5es. ;sso não est$ em, Anna. "enho outrosplanos para você.

 Anna começou a tremer, de #orma incontrol$vel. Não conseguia mais

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pensar direito, presa de um dese%o desesperado de se entregar. A cena #oi des#eita por uma gargalhada aguda de ;sa que #lutuou ao

encontro deles.7 Hm verdadeiro ninho de amor> 7 caçoou a irmã de Anna, parecendo

satis#eita consigo mesma. 7 O que #oi que eu disse? Nunca pensei que vocêtivesse vergonha de me contar, Anna. 3ou muito compreensiva. Anna permaneceu est$tica, dominada por um sentimento de culpa. Não

conseguia #ormar uma simples #rase que #osse, a não ser Feu te amoF. !as essanão poderia ser dita, porque estragaria tudo. !arcus não queria amor. "alve0#osse en%oativo de mais para o gosto dele. O melhor seria dei6ar que ele desseuma e6plicação, mas de antemão Anna saia que seria algo enigm$tico.

7 ocê est$ vendo e não est$ vendo, ;sa. !as o almoço esta pronto e émelhor comermos. Duero di0er tamém que você ter$ que se divertir so0inhaenquanto estiver por aqui. Anna e eu estamos mergulhados no nosso pro%eto e %$perdemos muito tempo por ho%e. 'epois do almoço vamos nos trancar para

traalhar. ocê não ver$ nenhuma placa de Fnão pertureF na porta, mas,acredite, ela estar$ l$. Amanhã vamos ter que sair o dia inteiro, porque temosum traalho de pesquisa que nos tomar$ todo o tempo. A prop4sito, alguémsae que você veio para c$?

 Agora eles caminhavam em direção = sala, onde seria servido o almoço.!arcus segurava #irmemente no raço da noiva e ela até agradecia aquele apoio,porque sentia as pernas amas.

;sa acompanhou-os e #e0 uma careta antes de responder.7 3e est$ perguntando se eu contei para alguém, a resposta é não. 7 !as

havia um rep4rter e um #ot4gra#o no aeroporto. Não consigo mais escapar delese tenho quase certe0a de que devo torcer para que nenhum desses intrometidos

comece a somar dois mais dois...7 "amém espero, porque, do contr$rio... 7 #alou !arcus, dei6ando a

ameaça no ar.

7 Aonde vamos amanhã? -perguntou Anna, entrando com !arcus noescrit4rio.

Estava tudo em silêncio e ela se en#iou atr$s da m$quina de escrever, comose procurasse proteção.

-7 1rimeiro 9é0iers e depois (arcassonne, se conseguirmos chegar l$

antes de escurecer 7 respondeu !arcus, olhando para ela com interesse. 7 3er$que você vai gritar ou desmaiar de horror se eu disser que provavelmenteteremos que passar a noite l$?

Era um novo !arcus que #alava e ela começou a gostar mais daquela versão.

7 'esde que não se%a romJntico demais... 7 ela condicionou. 7 1ossopassar a noite num quarto de hotel.

7 'e solteiro ou de casal?7 'e solteiro, é claro 7 respondeu ela, conseguindo sorrir. 7 3eria

aorrecido para você repetir comigo uma coisa que %$ #e0 antes. !as, mudandode assunto, tenho aqui duas vers5es do primeiro par$gra#o e esqueci qual dasduas est$ valendo. 3er$ que você podia...

!arcus pegou as #olhas de papel e e6aminou cuidadosamente o que a moça

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 %$ havia datilogra#ado com capricho.7 : esta aqui, Anna. "em mais impacto e cria uma imagem em melhor&

Fs #ileiras em arrumadas de tendas, qual sentinelas vigilantes, mostravam em o car$ter disciplinador de um velho soldado como 'e !on#ort, que

controlava sua tropa sanguin$ria com mão de #erro. O estandarte com o rasãode armas, um leão de prata com a cauda i#urcada, numa atitude ameaçadora,tremulava ao vento quente do !editerrJneo...F

7 ento quente do !editerrJneo? 7 repetiu Anna, alançando a caeça.7 Não #oi isso o que me ensinaram na escola. 3imon de !on#ort lutou emEvesham e nenhum vento do !editerrJneo o teria alcançado l$. Esses ventosnão #ariam tremular o estandarte do guerreiro, assim como não es#riariam omingau dele.

7 Não é a esse 'e !on#ort que me re#iro 7 e6plicou !arcus, rindo daignorJncia dela. 7 Calo de 3imon, o elho. 3er$ que ainda não entendeu? *$ leu

 v$rias ve0es esse capítulo, não #oi? *$ o ateu e reateu pelo menos três ve0es.

7 Eu apenas datilogra#o 7 respondeu Anna, com altive0. 7 Não leio. 34 ve%o as letras e uma linha de cada ve0. Assim& u-m-a espaço l-i-n-h-a espaço d-eespaço c-a-d-a espaço v-e-0. 1onto, par$gra#o. Eu me atrasaria se começasse aler.

7 ocê %$ leu alguma coisa que eu tenha escrito? 7 perguntou !arcus,espantado.

 Anna se sentiu em terreno #irme e até deu uma risadinha.7 Não. (laro que %$ vi seus livros nas prateleiras, mas...7 !as?7 !as não gosto de violência e pai65es arrasadoras, temas centrais de

todos os seus livros 7 completou ela, com desdém. 7 Não posso dei6ar de

pensar que romancistas do seu tipo e6ageram delieradamente as coisas apenaspelo impacto que elas possam causar. Acho...

7 !inha menina 7 interrompeu !arcus, como se estivesse conversandocom uma #orte candidata ao tro#éu F!iss ;gnorJnciaF. 7 As pessoas, todas elas,são amiciosas, ciumentas e violentas. 3empre o #oram e sempre o serão.!achuque alguém e você descorir$ o selvagem que e6iste por ai6o da pele dasua vítima. A espécie humana lutou com unhas e dentes para chegar ao atualest$gio, atravessando rios de sangue. (ada um quer comer o outro> "emos umligeiro verni0 de civili0ação, ho%e em dia, mas asta rasp$-lo para ver o selvagemque e6iste em cada um de n4s. V por isso que temos leis. 3e #ssemos realmentecivili0ados, não precisaríamos delas.

 Anna colocou outro papel na m$quina, com uma calma estudada.7 Acaou a palestra?!arcus #e0 um sorriso de desagrado.7 Não est$ acreditando em mim, não é? 1ois amanhã vai aprender por si

mesma. ;remos a 9é0iers e vou lhe e6plicar o que aconteceu l$ no #im do séculoS;;;. *$ é hora de alguém tirar um pouco dessa presunção que h$ em você.

7 Est$ me insultando> 7 protestou Anna, com raiva. 7 Não soupresunçosa e você pode tentar, que não encontrar$ em mim uma selvagem. Nãosou desse tipo.

7 "odo mundo é desse tipo 7 insistiu !arcus. 7 : uma simples questãode sorevivência. 3oreviveram os que se mostraram dispostos a lutar pelo quequeriam, e você é uma descendente desses soreviventes. : uma característicado gênero humano. 3e você quiser muito alguma coisa, lutar$ por ela.

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Ele estava empolgado e Anna se dei6ou contagiar.77 O que sae você sore luta? 7 desa#iou ela. 7 Mi o que escreveram

sore você na contracapa de seus livros e, na minha opinião, tudo #oi #$cil para você. 3e o que disseram é verdade, você #oi sustentado pelos seus pais ricos

enquanto escrevia o primeiro livro, em 1aris. Não teve que passar #omeenquanto escrevia, nem teve que escrever = lu0 de velas por não poder pagar aconta da lu0. "amém não precisou se enrolar no soretudo por não ter lareira.Não se pode chamar isso de luta> 'e qualquer #orma, s4 e6iste nore0a quandolutamos pelos outros, e não por n4s mesmos.

7 E depois você di0 que não é presunçosa> : em o tipo de mulher commente estreita. 3e não se lutar pelo que se quer, não é porque não se gosta delutar, mas por medo de perder. !as você não vai admitir isso nunca> Ah, não>

 ai se agarrar a qualquer tipo de desculpa para não #a0er nada e, quando perder, vai di0er que #oi o destino, ou vai tentar se convencer de que não era em isso oque queria, ou não seria om para você...

7 1onha isso tudo num livro 7 0omou Anna, delicadamente. 7 E pare deme pregar sermão> Estou aqui como datil4gra#a e não para escutar suas idéias oas.

7 Est$ em, pode usar a velha t$tica de #uga 7 #alou ele acusando-a.7 Não estou #ugindo de nada 7 de#endeu-se Anna, com ên#ase.!arcus %ogou com #orça a caneta sore a escrivaninha, e, apro6imando-se

da mesa da m$quina, apoiou-se nela com as duas mãos.7 Não est$ #a0endo outra coisa além de #ugir. Não est$vamos #alando

sore selvagens e civili0ação. Est$vamos #alando sore n4s mesmos, você e eu, você sae muito em disso. Duero você e você me quer. 3ei disso e não adiantanegar. !as você #ica se escondendo atr$s de uma nuvem de coisas que Fnão são

corretasF.7 (oisas que não são corretas para mim 7 corrigiu Anna. "odos n4s temos

nossos instintos primitivos e devemos aprender a control$-los, antes que elesnos controlem. Duanto a mim, acho que estou me controlando muitíssimo em.3e não #osse assim, %$ teria %ogado esta m$quina de escrever em você> (omopode ter o desplante de sequer sugerir o que acaou de di0er?

Enquanto ela #alava, !arcus caminhou até a porta e #icou segurando amaçaneta.

7 1orque é verdade, minha ovelhinha 7 respondeu ele, com um sorriso deloo mau. 7 ocê vai ser minha, Anna. 1ropus casamento e você recusou.1ortanto, vamos ter que nos arran%ar assim mesmo, até que você volte = ra0ão.

 Anna ergueu a caeça e olhou calmamente para ele.7 Não em (arcassonne, se é o que tem em mente. 3e tentar, ser$ sore o

meu cad$ver>

CAPÍTULO VIII 

!arcus #oi atencioso durante toda sua lição de hist4ria, procurando sero%etivo e limitando-se aos #atos na visita que eles #i0eram a 9é0iers e aopequeno museu. Ele não narrou em detalhes a hist4ria, o que agradou a Anna,que não tinha estmago para ouvir #alar de violência in8til. !esmo assim, anarrativa #oi horrível.

7 Acho que não gosto desse seu 3imon 7 declarou ela.

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 A !ercedes em que via%avam arrastava-se pelos cerca de oitentaquilmetros que separavam 9é0iers de (arcassonne, como se o tempo não #osseum #ator precioso. Anna lamentava aquele desperdício, achando que poderia teraproveitado melhor o tempo ao lado de ;sa. !as, como era !arcus quem

mandava, ela devia se sumeter.3empre que Anna protestava, ele recorria ao mesmo argumento& FNossocontrato, AnnaF. 1or um truque de linguagem, o que antes era um acordo veralagora se trans#ormava em FcontratoF.

3oava melhor, mas no #undo signi#icava a mesma coisa e ela continuavatão livre quanto uma escrava> ;rritada, Anna recostou-se no couro macio do

 anco e lemrou-se da narrativa que ouvira sore o massacre de 9é0iers.7 Coi desumano matar pessoas inocentes s4 porque queriam pensar por si

mesmas e não aceitavam tudo o que os padres di0iam.7 "alve0. !as naquele tempo a heresia era crime de morte e os (athars

eram uma seita herege.

7 !as por que queim$-los, depois que se re#ugiaram na igre%a? 7protestou a moça. 7 E não s4 eles #oram mortos, mas tamém todas as pessoasque estavam tentando se salvar. Não é de admirar que eu não queira ler seuslivros, se esse é o tipo de hist4ria sore o qual escreve. 1re#iro *ane Austen> 1elomenos, ela não me #a0 ter pesadelos. Espero que você acae logo de escreversore 3imon, o elho. O outro, da ;nglaterra, parece ter sido uma 4tima pessoa,de#ensor dos #racos.

7 E morreu por causa disso, lutando por um rei #raco e sem iniciativa, queescolhia sempre os caminhos aparentemente mais #$ceis.

7 1ena uma vida tão 8til perder-se assim... 7 murmurou Anna, logo sendointerrompida.

7 Nada disso 7 #alou !arcus, como se estivesse cansado de discutir comuma criança idiota. 7 O homem era um lutador. "inha sua crença, pela quallutou e morreu. Não se parecia nem um pouco com você, Anna, que nãolevantaria um dedo para oter o que dese%a. 3e o que quer não lhe cair no colocomo uma amei6a madura, você vai #a0er de conta que, a#inal, não o dese%avatanto assim.

7 Oh, pare de me criticar> 7 disse Anna, ruscamente. 7W que é que (arcassonne tem a ver com o seu livro?7 3imon, o elho, concentrou ali suas tropas por diversas ve0es. O pati#e

nunca andou =s oas com o (onde de "oulouse e se divertia muito quando podiaacampar no nari0 do desa#eto.

Eles chegaram a (arcassonne ao pr-do-sol. Hma lu0 r4sea realçava oscontornos de parte da cidade, num dos lados do rio, enquanto a parte mais nova,situada na outra margem, começava se envolver nas somras da noite.

7 Due ele0a> 7 admirou Anna, apontando os muros #orti#icados. 71arece uma coisa que sempre esteve aí. 'eve ter sido muito em construídopara parecer tão s4lido depois de centenas de anos.

!arcus apressou-se em des#a0er o romantismo da cena.7 Não #oi melhor construído do que outros #ortes e não resistiu ao tempo.

O que você est$ vendo é uma restauração. 3e quiser ver antiguidades de verdade, posso lev$-la a Aigues !ortes. : um #orte situado na costa, depois deCrontignan. Coi construído durante uma das (ru0adas como ponto de emarquepara os cru0ados #ranceses, mas a areia ostruiu a entrada do porto, que nuncachegou a ser usado. (om o passar dos anos, #oi aandonado e ho%e em dia est$ a

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mais de um quilmetro da costa, no interior. !esmo assim, conserva muitacoisa da época em que #oi construído. Não precisou ser restaurado como(arcassonne, que estava em ruínas.

7 Esse é o tipo de hist4ria de que eu gosto 7 #alou Anna, sorrindo. 7 Nada

de sangue> /ostaria muito de conhecer Aigues !ortes. (omo se costuma di0er, via%ar é sempre instrutivo.77 Estou com #ome> 7 disse !arcus, procurando um lugar para

estacionar. 7 amos procurar um hotel, comer em, dar um passeio ao longo dorio e, depois, para a caminha. 1osso tent$-la a dormir comigo? Hm quarto decasal sai mais arato do que dois de solteiro.

 Anna estava #eli0, não saia por que, mas a #elicidade estava l$, tão intensaque a #e0 soltar uma gargalhada.

7 Due motivo mais asurdo para tentar sedu0ir uma mulher>;sto é, tornar a sedu0ir uma mulher. 3er$ que isso é possível? Hma ve0 que

se #oi sedu0ida, pode-se sê-lo novamente?

!arcus encontrou um estacionamento atr$s do hotel, perto do rio, ps ocarro na vaga e desligou o motor,7 3empre me perguntei qual de n4s dois #oi sedu0ido e qual o sedutor.

!as isso são $guas passadas e não vamos discutir agora. 3e isso lhe agrada, euassumo a culpa. 3e%a como #or, não seria #$cil tornar a sedu0i-la, porque você éuma caipira0inha ostinada.

7 Estou lutando 7 lemrou Anna. 7 ocê disse que eu não sou capa0 delutar, mas é %ustamente isso o que estou #a0endo.

7 1or quê? A sensação de #elicidade desapareceu e Anna olhou para ele com #rie0a.7 ocê me pergunta? 34 o #ato de perguntar %$ é ra0ão su#iciente. 3e eu

souesse por que, não precisaria estar lutando.'i0endo isso ela escapuliu do carro, dei6ando-o com a tare#a de deci#rar a

charada. !arcus não era o 8nico a compor #rases enigm$ticas>'urante o %antar, por diversas ve0es, !arcus olhou para ela com

curiosidade, mas Anna encarava-o com calma e prosseguia comendo. O %antarestava muito om, emora não tão FespecialF como o de Crontignan. !arcustentou ser generoso com o vinho, mas ela alançou a caeça e olhou para elecomo se pedisse que a poupasse.

7 ocê não vai #a0er isso comigo duas ve0es 7 murmurou Anna. 7 1areceque a eida ou me dei6a inconsciente ou com vontade de rigar. Bo%e, decidime comportar o melhor possível.

7 34 duas ve0es? 7 admirou-se !arcus. 7 ocê não vai me culpar pelaprimeira ve0, não é?

7 Não 77 respondeu Anna, ruori0ando. 7 1ela primeira ve0 eu oasolvo, porque a culpa #oi toda minha. ;sso não quer di0er que eu o perdo deter tirado vantagem da situação. Os homens são assim mesmo.

7 Hm (ointreau com o ca#é, então? 7 sugeriu !arcus. 7 Não contém$lcool.

'esta ve0, Anna mostrou os dentes.7 Não sou assim tão tola. ;sa gosta dessa eida e n4s sempre tínhamos

uma garra#a em casa. *$ que não posso eer vinho, tomarei um pouquinhodesse (ointreau. Ele ativa o saor do ca#é.

'epois de um lento passeio ao longo do rio, eles voltaram para o hotelainda mais vagarosamente, a maior parte da caminhada em silêncio. 3uiram

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para os quartos e, = porta dela, !arcus a ei%ou na oca, mas isso #oi tudo. Eraum so#rimento ter que se a#astar dele, entrar no quarto e #echar a porta. !arcusa dese%ava e isso parecia ine6plic$vel. Anna não era o tipo de mulher com quemele costumava sair. !esmo sendo onita, não tinha nada de so#isticado.

7 'ormiu em? 7 perguntou !arcus, quando se encontraram para odes%e%um, na manhã seguinte.

7 (omo uma criancinha 7 respondeu Anna, servindo-se do ca#é. 7 E você?

!arcus empurrou a 6ícara para que ela a enchesse.7 ocê sae muito em que não. (omo é que você consegue?7 (onsigo o quê? 7 perguntou Anna, inocente.7 Ca0er com que eu #ique acordado metade da noite 7 respondeu !arcus,

 alançando a caeça #ingindo que so#ria. 7 Ciquei l$ deitado, pensando, e nãoconseguia entender a ra0ão. ocê não é Belena de "r4ia. Acho que %$ perceeu

que o meu livro vai ser pre%udicado se eu continuar assim.7 Ah, o livro> Duer di0er que eu devia ir para a cama com você por que est$escrevendo um livro? Due motivo mais sem graça. 1ensei que tivesse maisimaginação> ocê, um #iccionista #amoso>

1ela manhã, era mais #$cil ser ao mesmo tempo sarc$stica e em-humorada. Anna sorriu para ele, mordeu um iscoito e tomou um gole de ca#é.

7 ocê #a0 a coisa parecer uma dor de caeça, e ir para a cama comigoseria a aspirina 7 continuou ela. 7 Duer um conselho? Acalme-se. 3e você nãopensar muito, a dor passar$.

7 Anna querida, você é uma s$dica 7 murmurou !arcus. 7 Due taldarmos uma olhada nas #orti#icaç5es e, depois, seguirmos para Aigues !ortes?

M$ você poder$ ver o que é uma ela construção antiga. A viagem é longa e nacerta estarei cansado demais para dirigir de volta a Agde no mesmo dia.1odemos #icar em algum hotel0inho e, quem sae, você se%a oa0inha esta noite?

7 Eu serei oa0inha para ;sa e (ari. Eles sentirão nossa #alta e, por isso,iremos direto para casa, se não se importa.

7 ;sso %$ é um passo na direção certa 7 aprovou !arcus, e6plicandomelhor. 7 ocê #ala na vila como sua casa.

7 Nosso lar é onde est$ o nosso coração, e meu coração est$ com você otempo todo, querido 7 rincou Anna. 7 Agora, é melhor darmos uma olhadaem (arcassonne, pre#erivelmente no lugar em que se ergueram todas aquelas#ileiras de tendas, onde havia sentinelas e a risa quente #a0ia tremular o

estandarte de 3imon.7 ocê est$ com medo> 7 constatou !arcus, triun#ante. 7 E não olhe para

mim desse %eito, como se tivesse que se envergonhar de alguma coisa. : umareação per#eitamente natural. O gelo est$ começando a derreter, provavelmentepor causa do sol quente...

77 Neste caso, é melhor eu voltar para a ;nglaterra. !as, mudando deassunto...

7 /osto deste assunto.7 !as quero #alar de outra coisa 7 disse Anna, com #irme0a, 7 ocê não

gostaria de #a0er para mim um resumo do pr46imo capítulo da novela entre ;sa e1hilip?

!arcus #e0 uma e6pressão dram$tica, antes de começar.7 Não tenho certe0a, mas, se as coisas acontecerem como penso, se o seu

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1hilip se portar = altura, neste e6ato momento ele deve estar movendo céus eterras tentando saer para onde #oi ;sa e, se não conseguir, tentar$ descoriraonde est$ 1egg)...

7 Oh, não> 7 e6clamou Anna, empalidecendo. 7 1or #avor, temos que

 voltar para a vila ho%e. ;sa precisa tele#onar para saer se 1egg) est$ a salvo. 3e1hilip puser as mãos nela, vai lev$-la = mãe dele e, nesse caso, ;sa ter$ que #a0ero que ele mandar, ou não ter$ a #ilha de volta. A mãe de 1hilip pode ser umainimiga perigosa. Ela é in#le6ível na lealdade ao #ilho. Due 'eus me perdoe, maseu pre#eria que 1hilip encontrasse ;sa, em ve0 de 1egg).

7 ;sa ter$ dinheiro astante para compr$-lo, não importa o que ele #aça 7#alou !arcus, cinicamente.

 Anna #icou revoltada, porque ele parecia pensar que o dinheiro podiaresolver qualquer coisa. No entanto, um gordo saldo anc$rio não podesustituir princípios de %ustiça e moral.

7 1or que ;sa deve pagar pelo que de direito é dela? 7 argumentou Anna,

lemrando-se de outro aspecto da questão. 7 Além do mais, metade do dinheiroé meu. 3e #osse preciso, eu ariria mão disso em #avor de ;sa, mas não ve%o porque 1hilip deva #icar com tudo.

7 Ele é marido dela 7 #e0-lhe ver !arcus.7 O que você quer di0er é que ele se casou com ela 7 resmungou Anna,

0angada. 7 Coi tudo o que #e0, casar-se com ela. Nunca a sustentou e nunca deuum tostão para a%udar a cuidar de 1egg). ocês homens são em unidos, não?"enho uma vontade danada de pegar o pr46imo avião de volta, ir até 'origt epr #ogo naquela casa. Não sei por que não deveria> Era a casa do meu pai e demeu av e não devia me sentir nem um pouquinho culpado em destruí-la. .

-ocê... seria... condenada como incendi$ria, Não se%a tola, Anna. 1or que

cortar o nari0 para se vingar do rosto?7 1ara me vingar de 1hilip 7 corrigiu ela. 7 Ele se tornou insuport$vel. :

um caçador de #ortuna> B$ apenas quin0e dias, #icou possesso porque eu queriarepartir o que tinha com ;sa. 'i0ia que ela era m$ esposa e péssima mãe e, porisso, não merecia nada. Agora, pelo que ;sa disse, eu é que não devo ganharnada, porque sou uma perdida, uma vagaunda que vai para a cama comqualquer um...

7 3e ao menos isso #osse verdade> 7 lamentou !arcus, suspirandotristemente. 7 amos emora, meu em. Duero dar uma oa olhada na velha(arcassonne para #i6$-la em na minha mente.

 Apesar da pressa, porém, quando saíam do hotel ele a segurou pelo raço e

#e0 com que parasse.7 "em certe0a de que esse seu 4dio por 1hilip não é uma espécie de ci8me

ou amor invertido? 3er$ que não quer apenas #eri-lo por ele tê-la #erida uma ve0?

 Anna encarou-o #i6amente e #alou trincando os dentes&7 O que você est$ sugerindo não merece nem resposta. : o tipo de

oservação que me #a0 #icar com vontade de sair atendo>7 Dueridos> 7 cumprimentou-os ;sa, acenando do p$tio. 7 (ari disse que

 vocês chegariam para o almoço.Ela vestia um esvoaçante con%unto de chi##on, tipo pi%ama, mal se podia ver

o rosto, por causa do chapéu de aas largas.!arcus #oi ter com (ari e Anna encaminhou-se para a irmã. Esperava

encontr$-la = eira da piscina, tomando sol, usando uma #ina camada de 4leo de

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 ron0ear e um tra%e sum$rio. ;sa se ron0eava com #acilidade e #icava com uma onita cor, sem passar, como Anna, por aqueles períodos desagrad$veis de ver-melhidão e queimadura.

7 O que houve? 7 quis saer Anna. 7 3er$ que você #icou alérgica ao sol?

;sa estava arigada pelo toldo do alanço em que se sentava.7 (laro que não> Hse a caeça, querida. Esta série de " é passada noperíodo da <evolução Crancesa. : de época e eu representarei uma aristocrata.Não posso ter nem vestígio de ron0eado, porque aparecer$ no #ilme. ;sa (are2 ser$ elevada =s estonteantes alturas da #ama e, por isso, eu me sacri#ico. Duandoterminarem as #ilmagens, tirarei um mês de #érias e irei com 1egg) para as9ahamas. Até l$, tenho que me corir para permanecer ranca como lírio.3egundo li, era essa a cor de uma verdadeira dama naquela época. A prop4sito...(omo #oram as suas pequenas #érias? 'ivertiu-se?

O rosto de Anna #icou vermelho com a insinuação da irmã.7 Não #oi nada do que você est$ pensando. *$ lhe disse que sou apenas a

secret$ria.;sa deu uma risadinha.7 Duerida> 1are de se ruori0ar e volte para o século vinte> Não precisa ser

tímida comigo>7 Não estou sendo tímida 7 negou Anna, com os l$ios trêmulos. 7 ;sa, é

isso o que todos pensam? Due !arcus e eu...7 Acho que sim, especialmente as mulheres, que certamente gostariam de

estar em seu lugar. Não posso imaginar você resistindo a um homem charmosocomo !arcus, mesmo eu a conhecendo em. Além disso, h$ ve0es em que vocêse mostra entusiasmada, o que é muito sintom$tico. <ela6e e aproveite,maninha, que lhe #ar$ em. 1are de #icar envergonhada.

 Anna estremeceu. Não concordava com a #iloso#ia de ;sa, que usava adesculpa de que s4 se vive uma ve0, nem podia se imaginar vivendo casospassageiros. Memrando-se do motivo por que havia apressado o retorno, ela iapedir notícias da sorinha quando (ari apareceu, mal-humorado como sempre,avisando que o almoço estava servido e que !arcus esperava por elas.

 Anna pediu = irmã que dissesse que ela não demoraria e correu para o anheiro. Dueria apenas tirar a poeira da estrada, lavar o rosto e as mãos e darum %eito nos caelos. !esmo assim ela se atrasou e, quando chegou = sala,!arcus e ;sa %$ saoreavam a entrada. Anna se sentou em silêncio, so o olharreprovador do noivo, que voltou = conversa que iniciara com ;sa.

7 Est$ se divertindo?

7 "remendamente 7 respondeu ;sa, lançando um r$pido olhar para Anna,como se quisesse ensin$-la a tratar com os !arcus "rent da vida. 7 Espero quenão este%a atrapalhando vocês, porque não quero me intrometer. ocê nem podeimaginar o que esta pa0 signi#ica para mim, !arcus. Ciquei muito tensa porcausa da campanha pulicit$ria de pré-lançamento. Estava com os nervosarrasados.

7 A pa0 é realmente uma das características deste lugar, e #oi por isso que Anna e eu viemos para c$. 1reciso terminar o primeiro capítulo e não podíamostraalhar satis#atoriamente no meio de tanta gente. ocê tem certe0a de queaquele seu marido não sae nada daqui? 3er$ que não a seguiu?

7 (omo ele poderia, querido? Não conhecemos sequer as mesmas pessoas.3ei que a esta altura %$ deve estar em todos os %ornais que tomei um avião para"oulouse, mas para 1hilip isso não vai signi#icar nada. Memre-se de que vocês

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dois escapuliram da ;nglaterra na calada da noite, em segredo, e não li nada arespeito disso na coluna de me6ericos. 1ortanto, como poderia o imecil do meumarido imaginar que eu estaria aqui?

!arcus sacudiu os omros.

7 3e é assim, melhor. Anna est$ preocupada porque ele pode encontrar1egg) e tentar alguma maluquice, como seqKestr$-la, por e6emplo. O #ato de você tê-la dei6ado com amigos não signi#ica que ele não possa e6igir certosdireitos, %$ que é o pai. (omo você não est$ l$ para impedi-lo...

7 /rrr> 7 0omou ;sa. 7 1are de querer me assustar, !arcus. *$ disse que1egg) est$ em escondida. 1or #alar nisso, acho que #ui um ocado inteligentenesse caso, mesmo tendo resolvido tudo de uma hora para a outra.

7 s ve0es, ;sa, você tende a ser um pouco inteligente demais, quando issotra0 alguma vantagem. Nessas ocasi5es, raramente pensa em outra coisa alémda sua pr4pria conveniência.

 Anna engoliu a raiva que sentiu. Adoraria #a0er ver a !arcus que o roto

não pode #alar do es#arrapado. Era muito #$cil pregar um sermão em ;sa, di0erque ela não tinha consideração com os outros, s4 que ele pr4prio agiae6atamente assim. 1ara não piorar as coisas, porém, ela #alou suavemente&

7 "enho certe0a de que ;sa não seria indiscreta, !arcus. E não penso...7 ocê simplesmente não pensa, e ponto #inal> 7 cortou ele, ríspido,

 atendo com #orça a 6ícara no pires e se levantando. 7 amos logo que temosmuito traalho.

 Anna o seguiu p$lida. Nenhuma palavra, porém, saiu dos seus l$ios atéque chegaram ao escrit4rio. Mogo que a porta se #echou atr$s de !arcus, ela

 voci#erou&7 ;sso acaa com tudo>

Em seguida ela #oi recolhendo das gavetas da escrivaninha os poucospertences pessoais que guardara ali.

7 'aqui por diante, #aça você mesmo a sua datilogra#ia 7 continuou a %ovem, %ogando nas mãos dele o caderno de anotaç5es. 7 1ode ir começando adeci#rar a minha taquigra#ia. Ninguém pode #alar assim comigo sem levar otroco> Ah> Não tinha pensado nisso, não é, sr. 3ae-"udo?

7 1ensado o quê? 7 perguntou !arcus, com uma calma enervante.7 A di#iculdade de se encontrar uma oa datil4gra#a na Crança e que #ale

inglês. Não vai achar assim tão #$cil. ocê vai #icar até o pescoço de laudas paradatilogra#ar e vai ser em #eito>

Não resistindo = raiva, ela agarrou uma pedra de cristal que servia como

peso de papéis e atirou nele com toda #orça. A pedra, porém, passou longe de!arcus e #oi se chocar contra um vaso onde /ari havia posto um onito arran%ode #lores. O vaso espati#ou-se, espalhando $gua e #lores pelo chão.

7 Hma mulher típica> 7 comentou !arcus, avançando para ela 7 ocênão conseguiria acertar um monte de #eno a de0 passos.

Duando ele a araçou, toda a raiva e o desa#io desapareceram como porencanto.

7 1or #avor, não 7 gemeu ela. 7 Não...7 1or quê? 7 murmurou !arcus, segurando no quei6o dela e #orçando-a a

olhar para ele.7 1orque tenho medo 7 admitiu Anna.7 'e mim?

 A %ovem alançou tristemente a caeça.

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7 Não, de você não. 'e mim mesma.7 ocê sae que isso vai acaar acontecendo.Ele estava calmo e sério, sem sequer ostentar triun#o, Anna se sentiu grata

por isso. 3e quisesse, !arcus poderia até ter usado a #orça para su%ug$-la.

7 1ode ser 7 admitiu Anna, relutantemente. 7 !as não queria que #osseassim. ocê nunca vai compreender. 3omos di#erentes demais nas coisas querealmente importam. Não quero me envergonhar de mim mesma. Nem eumesma sei o que quero>

No entanto, ela saia muito em. Dueria !arcus. Dueria que ele a amassenão por duas semanas ou um ano, mas pelo resto da vida. !eias medidas nãoresolveriam e uma relação passageira teria um saor amargo. 1ensando nisso,

 Anna se entristeceu e as l$grimas começaram a rolar, entre soluços.7 9oinha> 7 sussurrou !arcus, limpando com as costas da mão as

l$grimas que escorriam pelo rosto dela.7 Não precisa #icar com medo. "udo isso #a0 parte da t$tica de sedução de

!arcus "rent. 3ou #amoso por haver trans#ormado a sedução numa verdadeiraarte. !as não vou apress$-la, meu em. Meve o tempo que quiser para se decidir.3e queremos verdadeiramente alguma coisa, vale a pena esperar por ela.

O toque dos l$ios dele era suave e doce como mel. Não e6igia neminsistia. "onta de pra0er, Anna estava quase imaginando que ele era sincero. Noentanto, a ra0ão di0ia que tudo não passava de um truque. !arcus não deviaestar rincando quando di0ia que havia desenvolvido uma t$tica de sedução. A ternura, a compreensão, nada daquilo era sincero. 3e ela cedesse, o que teria?Hm caso passageiro, que morreria no seguinte, talve0. 'i#icilmente ela teriaentusiasmo por outro amor, pre#erindo #icar s4 para o resto da vida, sonhandocom ele. Anna respirou #undo e se a#astou dele dois passos.

7 3into muito. Acho que estou um pouco cansada. 1or #avor, não penseque eu costumo atirar coisas ou me derreter em l$grimas. 'eve ter sido o calordo sol. Não estou acostumada... (reio que vou #icar com dor de caeça. oupedir uma 6ícara de ch$ a (ari. "alve0 ele tamém me arran%e uma aspirina.

 As palavras saíram inseguras e Anna #icou meio envergonhada do risinho#orçado com que as acompanhou, mas #oi o melhor que conseguiu. !arcustornou a segurar uma das mãos dela.

7 Hm dia, menina, você aprender$ a con#iar em mim. Agora, v$. 1egue oseu ch$ e sua aspirina e v$ deitar. Não vamos mais traalhar ho%e e eu não aincomodarei mais. 1ortanto, pode #icar tranqKila porque quem vai ter que dar opr46imo passo é você. $. 3e precisar de mim, estarei no p$tio com ;sa.

'epois de engolir os dois comprimidos e eer o ch$, que %$ estava meio#rio, ela tirou a roupa, #icando apenas de sutiã e calcinha, caiu na cama e pu6ouum lençol leve para se corir. 1ensando em tudo o que estava acontecendo,adormeceu.

7 !arcus disse que você estava com dor de caeça e que não devia serincomodada 7 #alou ;sa, acordando-a. 7 Ele disse tamém que tudo #oi culpaminha. !inha culpa, ora ve%a> 'ei uma olhadela naquele escrit4rio e vi asruínas. O que #oi que você #e0? Atirou o vaso nele?

 Anna es#regou os olhos e emitiu um oce%o.7 (laro que não> Nem encostei a mão nele. Due horas são? Esqueci de dar

corda no rel4gio ho%e de manhã.;sa olhou para o pulso.7 3eis e meia> 7 ela se admirou. 7 (omo o tempo voa por aqui> !as não

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se preocupe, porque (ari vai atrasar o %antar uma hora, do mesmo %eito comoatrasou o almoço. Esse homem é um tesouro> O hor$rio das re#eiç5es est$ uma

 verdadeira agunça, mas ele não reclama.;sa deu uma atidinha no nari0 da irmã com o dedo ranco e #ino, que

contrastava com o vermelho intenso do esmalte...7 !arcus tinha ra0ão. ocê andou pegando sol demais. 'eve ter sido porisso que se sentiu mal. Acha que vai descer para o %antar, ou pre#ere que (ari lhetraga alguma coisa na ande%a?

Era uma idéia tentadora, mas Anna achou melhor não aceitar. Não podiase esconder do mundo s4 porque havia se metido numa enrascada.

7 (laro que vou descer 7 disse ela, com #irme0a. 7 3er$ que você temalguma coisa para passar no meu nari0?

7 E6atamente o que você precisa 7 #alou ;sa, saindo para procurar ocreme que costumava usar em situaç5es como aquela.

CAPÍTULO IX 

Os dois dias que se seguiram #oram muito cansativos para Anna. Eladatilogra#ou as anotaç5es taquigra#adas que #i0era em 9é0iers e (arcassonne eas entregou a !arcus, que resmungou um agradecimento e passou outras #olhasmanuscritas para serem datilogra#adas. 'escon#iada, Anna se mantinha emguarda, mas ele não tentou nada como tamém não disse uma s4 palavra quenão pudesse ser repetida = mais puritana das mulheres. Era atencioso, mas nadaalém disso. Anna se cumprimentou por ter permanecido #iel aos seus princípios,mas descoriu que a virtude =s ve0es não tem muitos atrativos.

(om e#eito. 1arecia que a vida tinha perdido a graça e ela não sentiaemoção no que estava #a0endo. Era como se estivesse novamente no antigoescrit4rio de 9eres#ord R 9lunt, datilogra#ando o testamento da sra. 3tott pelaenésima ve0. !esmo tendo passado a ganhar mais, não valia a pena.

1ara piorar, ;sa não estava sendo a companhia que ela esperava. (ari tinhaemprestado as #itas gravadas de um curso de #rancês sem mestre e a irmã de

 Anna não parava de ouvi-las, tentando melhorar a pron8ncia.7 : importante 7 di0ia ela, ignorando as reclamaç5es de Anna por causa

das repetiç5es en#adonhas. 7 Caço o papel de uma #rancesa e tenho a origaçãode #alar #rancês corretamente.

1or sorte, naquele momento ;sa não podia continuar ouvindo as #itas.

7 Due droga> 7 e6clamou ela, olhando para o rel4gio e #a0endo umacareta. 7 !arcus vai me levar a 3ete esta tarde e ainda não me vesti. 3e%a

 oa0inha e guarde as #itas para mim, Anna. "enho que me apressar. ocê saecomo ele #ica en%oado quando tem que esperar.

 Anna #icou olhando enquanto a irmã se a#astava e depois tratou de tirar a#ita do gravador e devolvê-la = cai6a, %unto com as outras nove que estavam l$. A sala estava em silêncio e ela levou um susto quando ouviu a vo0 de !arcus&

7 ou levar ;sa a 3ete para #a0er umas compras. Não quer ir conosco?7 Não, origada 7 agradeceu ela, #echando a tampa pl$stica com um

estalo. 7 E não venha mais de mansinho por tr$s de mim> : melhor usartamancos para que eu possa ouvi-lo.

7 E é melhor você tratar de tomar alguma coisa para os nervos 7aconselhou ele. 7 Eles devem estar em #rangalhos, porque você cometeu sete

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erros na 8ltima p$gina que me entregou. 'ei6ei em cima da sua mesa para serreatida.

7 1elo %eito, vou ter muito o que #a0er esta tarde 7 #alou Anna, irritada,dirigindo-se = sala de traalho.

!arcus, que estava de tênis, seguiu-a sem #a0er arulho e alcançou-a antesque ela atravessasse a porta. (om o raço encostado na parede, ele arrou apassagem..

7 O que h$ de errado, Anna? Estou #a0endo tudo como você queria e atétomo cuidado com as palavras que uso.

7 "enho ausado dos pratos temperados 7 respondeu a %ovem, com vo0morda0. 7 'evo estar mal do #ígado ou de outra coisa qualquer.

Em seguida ela passou por deai6o do raço dele e #oi até a mesa ondeestava a lauda errada.

7 Oh> 7 e6clamou Anna, #uriosa. 7 ocê tinha que raiscar tudo? 3ão s4pequenos erros que eu poderia ter corrigido sem precisar reater a lauda inteira.

34 então ela reparou na #orma displicente como !arcus estava vestido, decalça %eans, camiseta e tênis.7 1or que não se veste direito? ;sa sempre pre#ere um acompanhante em

 vestido, mesmo quando vai =s compras.7 ocê est$ igual0inha =quelas esposas raugentas 7 ele reprovou, rindo.(om uma careta de #rustração, Anna se dei6ou cair na cadeira e começou a

intercalar carono =s #olhas de papel.7 $ emora> 7 e6plodiu ela, quando amassou o papel que ps no rolo da

m$quina. 7 Est$ atrapalhando o meu traalho. (om certe0a vocês não vão voltar para o almoço.

7 ai depender de ;sa e do tempo que ela levar para encontrar o que quer

7 #alou !arcus, encolhendo os omros. 7 ocê a conhece melhor do que eu edeve imaginar o tempo que #icaremos por l$.

7 ou di0er a (ari para não servir o almoço. Ele pode até atrasar o %antaruma hora. E é melhor você levar um livro ou um tric para #a0er, caso ;saresolva ir ao caeleireiro. Adeus>

'esta ve0 o papel entrou no rolo como devia e ela aai6ou a caeça para seconcentrar no traalho. Escutou a atida da porta quando ele saiu e, logo emseguida, a entrada arulhenta de ;sa.

7 Oh, meus 'eus> 7 #alou Anna, com ar de en#ado. 7 3er$ que não vê queestou ocupada? ocê não vai via%ar para a lua, não é? 1ortanto, não precisa sedespedir de mim tão calorosamente.

;sa Cingiu não dar atenção = raugice da irmã, mostrando-se antespreocupada.

 7 O que h$, dengosa? Mevantou com o pé esquerdo? Anna disse a primeira coisa que lhe passou pela caeça&7 Estou preocupada com o meu cachorro. 'eve estar sentindo a minha

#alta e você sae como ele #ica temperamental quando sai da rotina.;sa riu daquela preocupação.7 "olinha> Não lhe contei? 3eu Alphonse vai ter outras coisas com que se

distrair. O veterin$rio est$ entrando em contato com os donos de duas cadelaspara que ele cru0e com elas enquanto estiver l$. 3e tudo der certo, você pode atéganhar dinheiro com isso. Alphonse vai se divertir tanto que talve0 nem queira

 voltar para casa. Até logo, querida, e não traalhe muito enquanto estivermos#ora.

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Ceita a recomendação, ;sa saiu dei6ando no ar um suave per#ume.7 Outra que vai se divertir> 7 resmungou Anna, atendo com as mãos

aertas no teclado da m$quina."odos se divertiam a valer, menos ela> 9em que podia ter pedido a ;sa para

comprar alguma coisa para ela, se ao menos tivesse tido tempo. 1ensando em!arcus, sentado = mesa de algum ca#é enquanto ;sa estivesse no caeleireiro,ela começou a #a0er planos para dei6ar a vila para sempre antes que elesretornassem. oltaria para casa e viveria uma vida sem graça, tendo apenas

 Alphonse por companhia.34 que não tinha mais casa para onde voltar. "udo o que lhe restava era

uma porção de m4veis, que ali$s ainda não saia onde guardar. Eram m4veis ons, que herdara da mãe, mas ela não poderia #icar com todos porque umguarda-m4veis custava muito dinheiro.

'uas horas mais tarde, (ari a chamou para o almoço. Enquanto comia, Anna #icou imaginando quanto poderia oter com a venda dos m4veis. 'epois,

ainda de mau humor, suiu para o quarto e se %ogou na cama. !arcus queesperasse pelo serviço, porque ela não se importava mais.'epois de um r$pido cochilo, Anna #oi acordada pelo som dos pneus de um

carro que estacionava l$ #ora. A custo ela se levantou, tomou um anho #rio e se vestiu, descendo em seguida. Esperando encontrar !arcus e ;sa, #oi comsurpresa que ela deu com 1hilip sentado na sala. Ele estava com a mesmaaparência da 8ltima ve0 que o vira, com a di#erença de que agora usava calças de

 veludo cotelê, em ve0 das costumeiras calças de montaria e das esporas.7 Anna> 7 e6clamou ele, com os olhos a0uis muito aertos e um riso

nervoso. 7 Aquele su%eito me in#ormou que todos haviam saído, mas eu disse aele que tinha todo o tempo do inundo e que esperaria. Ci0 em.

 Anna se sentou e, #ingindo endireitar o vestido, deu uma olhada no rel4gio.Eram três e meia e ela calculou que dispunha de mais ou menos uma hora parase livrar daquele idiota. 3e #alhasse, a irmã dela teria mais uma de suas rigascom o e6-marido, 1hilip repetindo as velhas #rases e ;sa atirando a primeiracoisa que tivesse = mão. Anna precisava #a0er o melhor que pudesse.

7 Oi, 1hilip> Ca0 tempo que não nos vemos."entando ser o mais cordial possível, ela estendeu a mão, mas ele não

pegou. Naturalmente achava que ela estava contaminada e, se ele a tocasse,poderia acaar passando algum vírus aos cavalos.

7 !arcus não est$ e acho que vai demorar 7 continuou Anna, sem seimportar com a descortesia do e6-cunhado. 7 Duer uma 6ícara de ch$ antes de

ir emora?7 ou esperar 7 respondeu 1hilip, decidido. 7 Aceito o ch$, mas não vou

emora enquanto não #alar com ;sa. *$ sei que ela est$ aqui porque saiu emtodos os %ornais de anteontem. A glamorosa ;sa (are2, voando para %untar-se a!arcus "rent em sua vila perto de Agde. Esse tipo de coisa tem que parar>

7 Due tipo de coisa?Coi como se ela não tivesse #alado e 1hilip continuou&7 Não vou permitir isso e mamãe concorda comigo. 3e ;sa quer #a0er esse

tal #ilme, que #aça, mas tem que entender que, como mãe e esposa, seu lugar éao meu lado...

 Anna resolveu #alar mais alto, para que ele não #ingisse que não escutara.7 3ustentando você, 1hilip? Não é isso o que est$ querendo di0er?7 Eu até permito que ela continue o traalhinho de atri0.

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 Anna começou a pensar que ele estava realmente surdo. "alve0 estivesseapenas concentrado no que iria di0er e que ensaiara durante a viagem. Ela s4 o#aria parar se conseguisse con#undi-lo.

7 ocê não poderia mesmo impedi-la 7 disse Anna. 7 Além disso, se o

seriado da " #or um sucesso, esse traalhinho como atri0 pode ser astantelucrativo.7 !as ela #icaria com o nome su%o. "odos saem como é a vida dos

artistas. 1arece que eles não saem viver pelos padr5es haituais. ;sso tudocomeçou com aqueles velhos astros e estrelas de Boll)2ood, que se casavamquatro, cinco ou mais ve0es, trocando de par como quem muda de roupa. "udonão passa de uma prostituição =s aertas. Não, não vou dei6ar que minhamulher se misture a esse tipo de gente>

 Anna olhou por cima do omro e sorriu agradecida quando viu (ariaparecer com uma ande%a de ch$. 1hilip perceeu a apro6imação do criado e secalou, mas estirou o quei6o para a #rente, ostinado.

(ari ps a ande%a sore a mesa e lançou = moça um olhar signi#icativo.7 3e precisar de qualquer coisa, srta. /entr), estarei por perto. Anna quase cedeu = tentação de pedir que ele e6pulsasse aquele intruso, ou

que o %ogasse na piscina, se pre#erisse. No entanto saia que nada disso #aria oteimoso 1hilip mudar de idéia.

7 Não gosto desse su%eito 7 #alou 1hilip, aceitando a 6ícara de ch$. 7Duem é ele? Algum lutador aposentado?

7 Nada disso. (ari é um amor e nem sei o que #aríamos sem ele. X< uma4tima pessoa. 1ara #alar a verdade, é em melhor do que você. Agora, quanto a;sa, acho que você chegou um pouco tarde, porque ela %$ entrou com o pedido dediv4rcio.

7 E eu %$ solicitei a cust4dia de 1egg).1hilip disse aquilo com satis#ação, na certa se achando muito esperto.7 Então não h$ nada mais a discutir e você perdeu sua viagem. Acho om

tomar o seu ch$ e voltar para casa. 1ense melhor em tudo. ;sa pode se tornarincmoda quando #ica 0angada. 3e%a sensato e dei6e que tudo se resolva por si.

 Anna saia que estava perdendo tempo, porque ele não desistiria.7 ou esperar por ela, nem que tenha que #icar aqui a noite inteira>7 !arcus est$ com ela 7 preveniu Anna, mas tamém isso não adiantou.7 E daí? 7 desdenhou 1hilip, dando de omros. 7 Não tenho medo dele>7 !arcus pode mandar otar você para #ora. Esta casa é dele. ocê est$

invadindo uma propriedade particular. Além disso, est$ perdendo seu tempo,

porque ;sa não vai desistir do div4rcio.7 ai sim, se quiser #icar com 1egg) 7 ele contraps, com satis#ação.7 3eu sa#ado> 7 voci#erou Anna, perdendo a paciência. 7 Hsando a

pr4pria #ilha para conseguir o que dese%a> 'isputando-a como um cachorrodisputa um osso> Eu poderia até perdo$-lo, se você tivesse a#eição pela criança,mas não tem. 1ara você, ela é apenas um instrumento.

 Até aquele momento, Anna havia evitado a palavra FdinheiroF, mas agoraqueria pr tudo para #ora&

7 ocê tamém não quer ;sa 7 continuou ela, possessa. 7 "udo o quequer é o dinheiro para construir suas estrearias novas. Enquanto pensou queeu é que o tinha, #icou #are%ando na volta de mim. 'epois descoriu que aherdeira era ;sa e se concentrou nela. ocê não quer nem ;sa nem 1egg), e nãopensaria nelas se não pudesse tirar disso algum proveito. 34 se ;mporta com

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aqueles cavalos no%entos e com o que a sua querida mamãe0inha di0>7 amos dei6ar minha mãe #ora disso> 7 gritou 1hilip, alterado.7 Não quando h$ cinqKenta mil liras na %ogada> 7 insistiu Anna. 7 3ua

mãe não dei6aria passar uma oportunidade como essa. Ela é uma cai6a

registradora humana e você tem comple6o de :dipo #ora do normal. B$ menosde um mês, di0ia que n4s é que deveríamos nos casar. Não teve nem a decênciade esperar pelo div4rcio antes de me #a0er a proposta. ocê não passa de umoportunista>

7 Agora chega, Anna 7 #alou 1hilip, com o orgulho #erido. 7 A#aste-se demeus neg4cios de ho%e em diante. 3ei que #oi você quem incentivou ;sa todosesses anos encora%ando-a a me dei6ar e a tirar 1egg) de mim e da av4. E sei porque #e0 isso. Ah, sim, os meus olhos #inalmente se ariram. ocê é inve%osa.Nunca me perdoou por ter escolhido ;sa. Nunca se esqueceu disso e se vingouarruinando nossas vidas...

Essa agora era demais> (ari apareceu na porta, certamente atraído pelos

gritos, mas Anna #e0 um sinal para que #osse emora. Não precisava de a%udapara en#rentar aquele verme.7 (omo pode me acusar disso? 3e quer saer, eu não #icaria com você nem

que viesse coerto de ouro> *$ me curei da pai6ão de adolescente que senti por você h$ muito tempo.

7 E não #oi nada discreta 7 deochou 1hilip. 7 Eu %$ disse que ari osolhos a seu respeito. 3eu %eito sincero e honesto, sua graça. "odos acreditavamem você, eu acreditava, aquilo era s4 #ingimento. ocê é que era m$, Anna, não;sa.

7 N4s não somos m$s, nem eu nem a minha irmã. A sua mente su%a é quetraalha demais.

7 ;sa talve0 não se%a 7 replicou ele. 7 Duanto a ela não estou tão certo,mas você... ocê ps as manguinhas de #ora quando partiu com esse tal "rent.'isse-me que era apenas um velho amigo, mas se esqueceu de di0er o quantoera antiga e intima essa ami0ade. 34 que eu descori> Aquele motel de estrada...a dona tem uma 4tima mem4ria> Ela se lemra muito em de "rent porque eleesteve l$ na noite do meu casamento, e você tamém. 'epois disso, passou a irl$ regularmente, uma ve0 por mês, durante seis meses. E você ainda di0ia quepensava em mim> 3eu prolema é que você é uma devoradora de homens.!amãe em que suspeitou, sempre, de que você era oa0inha demais para ser

 verdade e tinha toda a ra0ão. : preciso ser mulher para en6ergar essas coisas. ocê é uma vagaunda, Anna, uma perdida, e estou muito contente por ter

descoerto isso antes que #osse tarde demais. "eria me casado e você me trairiacom o primeiro que aparecesse. : amante dele e nem se envergonha disso.Duanto mais cedo eu tirar ;sa de sua in#luência, melhor. E, quando estivermos

 %untos novamente, não quero que v$ nos procurar. 3e tentar vê-la ou #alar comela, aterei a porta na sua cara. Não admitirei que a corrompa. !amãe di0 que

 você não ser$ oa companhia para 1egg). 3e você #or l$, mandarei e6puls$-la daminha propriedade.

 Anna escutou um estalido e sentiu um líquido quente no colo. Olhou para ai6o e viu que havia arrancado a asa da 6ícara de ch$, tentando descarregar araiva que sentia. !elhor teria sido %ogar a 6ícara na cara de 1hilip. 1elo menos,agora ela não estaria encharcada de ch$. !as ainda havia tempo, porque a

 ande%a continuava ali, ao alcance da mão...3em hesitar mais, Anna atirou a 6ícara querada em cima dele e, em

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seguida, a leiteira, que o atingiu no omro, espalhando leite por cima do palet4de t2eed. ;sso a dei6ou imensamente #eli0. O leite era melhor do que ch$,porque, se o palet4 não #osse lavado em seguida, #icaria com uma mancha #eia.Ela %$ estava pensando em atirar o açucareiro e o ule de ch$, um atr$s do outro,

quando escutou um gritinho de ;sa e a vo0 de !arcus&7 Esse é meu melhor serviço de ch$, Anna 7 #alou ele, com vo0 gentil, 7Não é para ser atirado nas pessoas, mas para servir ch$. O que é que est$acontecendo por aqui?

7 "ire-o da minha #rente> 77 pediu Anna com a vo0 tremula e os dentestrincados.

7 ocê ouviu a moça 7 #alou !arcus, virando-se para 1hilip, que tentavase en6ugar. 7 Ela não quer vê-lo. 1ortanto, se%a on0inho e v$ emora.

7 Não vim de tão longe para vê-la 7 respondeu 1hilip, esclarecendo suaintenção. 7 im ver minha mulher. 1ara onde é que ela #oi? Estava aqui aindah$ pouco.

7 Não creio que ;sa tamém queira vê-lo 7 disse !arcus calmamente,enquanto tirava o ule de ch$ das mãos de Anna e o devolvia = ande%a. 7 1aradi0er a verdade, não creio que alguém nesta casa dese%e vê-lo. ocê é o que os#ranceses chamam Fde tropF. Enquanto eu estava entrando, ouvi-o di0er algosore e6pulsar Anna de sua propriedade. Duer que eu o atire para #ora daminha?

7 Estou aqui para ver ;sa 7 insistiu 1hilip, teimoso. 7 Não vou sairenquanto não #alar com ela. ;sa é minha mulher e tenho todo o direito... *$ dissea Anna o que penso dela e agora quero ver ;sa.

7 E o que pensa de Anna? 7 quis saer !arcus, araçando a %ovem portr$s. 7 O que é que ele pensa de você, meu amor?

7 O pior> 7 respondeu ela, tentando em vão se soltar. 7 ocê não saia?Eu sou uma devoradora de homens, uma perdida, uma vagaunda, não tenho

 vergonha e, o que é pior, tamém não sou oa companhia para uma criança.7 E o que #oi que você #e0 para merecer uma reputação assim, meu an%o?!arcus estava agindo como se tudo #osse uma piada. Não parecia estar

levando nada a sério, e Anna #icou ainda mais 0angada.7 *untei-me a você 7 #alou ela, cuspindo as palavras. -7 O que mais

poderia ser? ;sso %$ é o astante para me condenar aos olhos de qualquerpessoa.

7 ocê se envergonha disso?Era como se os dois estivessem so0inhos na sala, porque não davam a

mínima atenção a 1hilip, que continuava reclamando que queria ver ;sa.7 Não, eu não me envergonho 7 #alou a %ovem, convicta. 7 ocê acha que

eu me importo com o que esse idiota di0 de mim ou com o que as outras pessoaspensam? Não lenho vergonha de nada do que #i0. 3e você quiser, irei para omeio de "ra#algar 3quare e gritarei para todos ouvirem& FNão tenho vergonhanenhuma>F

1hilip começava a se sentir #rustrado por não lhe darem atenção.7 Duero ver minha mulher 7 repetia ele, ostinado. 7 ;nsisto em vê-la

para tratar do assunto da moília. Não quero que cometa nenhuma asneiraantes que eu possa #alar com ela.

7 Due moília? Anna não precisava ter perguntado, porque saia muito em ao que ele se

re#eria.

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7 A que est$ na casa, é claro 7 respondeu 1hilip, pu6ando a carteira etirando de l$ uma #olha de papel dorado que praticamente es#regou no nari0 de

 Anna. 7 O corretor me deu as chaves outro dia. Eu entrei l$ e #i0 um invent$riodo que vamos precisar na nova casa de Beath...

 Anna achou que ia e6plodir de raiva. 1ensar que 1hilip estivera se metendoem tudo, inspecionando a moília dela> Duem ele pensava que era, a#inal?'eus?

7 1ode #a0er os planos que quiser, 1hilip, mas não vai conseguir nada,nadinha> Est$ me ouvindo em? A moília é minha e não tem nada a ver com acasa. !inha mãe é que dei6ou aqueles m4veis para mim. 1re#iro queim$-los adei6ar que você #ique com eles>

Era inacredit$vel, mas o que 1hilip disse dava a entender que ela é queestava querendo se aproveitar.

7 ocê não pode esperar que eu acredite nisso 7 ele duvidou. 7 3e%a como#or, teria que provar o que est$ di0endo. Acho até que você convenceu ;sa a dar a

moília a você, mas não vai adiantar nada. ;sso é uma das coisas que tenho quediscutir com minha mulher. Anna estremeceu ao ver o olhar ameaçador que !arcus lançou a 1hilip.7 $ para dentro, querida 7 #alou o dono da casa. 7 "enho que dar um

 %eito nas coisas por aqui. Anna engoliu em seco e #oi saindo, s4 então perceendo que estava

tremendo de #orma incontrol$vel. Ainda escutou a vo0 de !arcus se dirigindo a1hilip, que havia tentado segui-la.

7 Cique aonde est$> Não pense que pode invadir = vontade a minha casa>;sa e (ari estavam esperando por Anna e a%udaram-na a suir a escada,

emora ela protestasse que não precisava e que tudo o que queria era descansar

um pouco.7 B$ dias que venho di0endo que você est$ ausando 7 repreendeu ;sa. 7

9ate = m$quina, via%a pelo interior com esse calor e, agora, ainda teve que aturaro meu e6-marido. Duem podia pensar que ele apareceria por aqui, o sa#ado> Nãoé de admirar que você pareça mais morta do que viva. Não adianta argumentarcom gente como ele, Anna. 1hilip é um caeça-dura.

7 ocê me aandonou 7 quei6ou-se Anna, num Cio de vo0. 7 ocê seescondeu>

;sa não respondeu logo porque estava ocupada pegando uma espon%a8mida e a%udando Anna a trocar de roupa. 'epois que a irmã estava vestida comuma camisola limpa e deitada na cama, ela #alou&

7 Eu sou covarde, Anna. 3ou oa de #uga. Nisso ninguém me ganha. Nãoadiantaria mesmo tentar #a0er 1hilip ser ra0o$vel. Ele simplesmente desconheceo sentido dessa palavra. Agora, você vai tomar uma oa 6ícara de ch$, umcomprimido e depois vai dormir. Duando acordar, !arcus %$ se ter$ livradodaquele idiota e tudo voltar$ ao normal.

Duando ela acordou, porém, nem tudo parecia normal. Estava astanteescuro e o r$dio-rel4gio digital marcava quase nove horas. Anna se ergueu nacama com es#orço e olhou admirada para as estrelas que rilhavam através dascortinas transparentes. 3entia uma dor0inha manhosa no estmago e chegou =conclusão de que era #ome. A casa estava incrivelmente silenciosa.

(edendo a um impulso, ela se levantou, en#iou os pés nos chinelos,enrolou-se num quimono de algodão e se dirigiu ao quarto de ;sa. "alve0 ele

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nem a tivesse convidado para %antar e eles estivessem, naquele momento,conversando = vontade para decidir o que #a0er com ela. 9astava dar uma olhadano guarda-roupa para ver que roupa estava #altando e que sand$lias ela estariausando.

O guarda-roupa de ;sa, porém, estava va0io. Anna olhou estarrecida para a#ila de caides dependurados. Em seguida ela correu para a cmoda e começou aarir as gavetas. "amém estavam va0ias. Não havia mais d8vida, ;sa haviapartido. Anna sentiu um #rio na espinha. 'eus do céu> Due não tivesse sido com1hilip> 1odia ser que !arcus, irritado com aquela con#usão toda, houvesseordenado que ela partisse com o e6-marido.

 Anna dei6ou apressadamente o quarto da irmã e desceu a escada,dirigindo-se = co0inha. Esperava que (ari estivesse l$ e pudesse contar o quehavia acontecido.

"amém na co0inha não havia ninguém. "udo estava limpo e imaculado,mas não havia sinal de (ari.

1or alguns instantes Anna #icou aterrori0ada, mas conseguiu controlar-se.(laro que eles não a dei6ariam assim, sem passaporte e com pouco dinheiro.!esmo que estivesse muito aorrecido, !arcus %amais #aria isso. O melhor seriaesperar até que ele e (ari voltassem. "alve0 eles até houvessem dei6ado algumrecado escrito para ela.

1ara tirar essa d8vida Anna se dirigiu = sala, enquanto tentava pr ospensamentos em ordem. <esolveu que depois iria até a geladeira procuraralguma coisa para comer. : claro que (ari não se aorreceria, desde que elae6plicasse que estava morrendo de #ome. Ovos me6idos com torradas ou umaomelete, Anna sentiu a oca se encher de $gua s4 de pensar na comida. Duase

 voltou imediatamente para a co0inha, mas quis ver se encontrava alguma pista

do que estava acontecendo e seguiu em #rente.Duando ela entrou na sala, !arcus se levantou de onde estava, ps de lado

o livro que lia, e ariu um sorriso de oas-vindas.7 Oi, Anna> Est$ se sentindo melhor depois do longo sono?

CAPÍTULO X 

7 1ensei que você e (ari tivessem saído 7 #alou ela, recuperando-se dosusto. 7 ;sa #oi emora. O que houve?

7 enha para perto do #ogo e aqueça-se 7 chamou ele, estendendo a mão.

7 A noite es#riou muito e você deve estar gelada com essa roupa. Anna olhou para ele com descon#iança.7 ocê não a mandou emora com 1hilip, não é?7 9em que #iquei tentado a #a0er isso 7 respondeu !ateus, sério. 7 3ua

irmã se escondeu na segurança desta casa e dei6ou que lut$ssemos por ela. !asin#eli0mente eu não pude #a0er isso porque... 1hilip caiu dentro da piscina.

7 Ptimo> 7 comemorou Anna, apro6imando-se do #ogo. 7 Espero quetenha se a#ogado. Ele não sae nadar, saia?

7 'escori isso quando tive que pu6$-lo para #ora. !eu 'eus> 1ensei quetodos que vivessem perto do mar, como ele, souessem pelo menos dar umas

 raçadas, mas aquele palerma a#undou como um prego.7 E você o pu6ou para #ora? Due pena> Espero que tenha dei6ado que ele

mergulhasse pelo menos três ve0es antes de salv$-lo. (omo #oi que ele caiu?

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"ropeçou ou #oi de outro %eito?7 Não, eu o empurrei 7 in#ormou !arcus, mostrando a mão ainda

 astante inchada. 7 3into muito, Anna. 3ei que você não gosta de violência a... anão ser quando atira coisas nos outros, mas algo tinha que ser #eito. O cretino

estava perdendo as estrieiras.7 !as ser$ que você não percee? 77 interrompeu Anna. 7 !andando;sa emora assim, pode piorar as coisas. 3e ele #or atr$s dela... amos supor que;sa #ique no mesmo hotel que ele, por engano. !inha irmã não sae rigar.3empre se a#asta de qualquer coisa desagrad$vel e 1hilip sae ser desagrad$vel.3e a encontrar, vai pertur$-la tanto que ela acaar$ #a0endo o que ele quiser.1hilip pediu a cust4dia de 1egg) e sei que ;sa #ar$ qualquer coisa, menos dei6arque ele #ique com a #ilha. E não quero que ela dê a ele nosso dinheiro, nãodepois do modo como me 6ingou. 'isse que eu era inve%osa e que haviaarruinado o casamento deles. Não me sinto muito orgulhosa de mim mesma,mas isso não é verdade. Agora, s4 posso torcer para que ele e ;sa não se

encontrem.7 Não se encontrarão, pelo menos até que amos cheguem a Mondres 7prometeu !arcus, aai6ando-se para pegar um tição na lareira e acendendo ocharuto. 7 ;sa #oi para l$ em segurança, escoltada por (ari. 'evem estarchegando a !arselha. Mevei-os de carro até 3ete, onde (ari alugou um carropara seguir o resto do caminho. Acho que o vo deles deve sair por volta demeia-noite. Espero que você se%a uma co0inheira ra0o$vel para preparar o nossoca#é da manhã e o lanche da tarde. 1oderemos #a0er as outras re#eiç5es #ora.

7 (ari não vai voltar? Anna achou que o ligeiro tremor que a aalou não era de medo, mas de

emoção. 3entiu o sangue pulsando #orte nas veias, mas permaneceu aonde

estava, olhando #i6amente as achas de lenha, aparentemente controlada.7 Não 7 respondeu !arcus. 7 Ele est$ incumido de revolver uns

assuntos para mim na ;nglaterra, porque não vamos ler muito tempo quando voltarmos. A prop4sito, tenho um prolema e gostaria de saer sua opinião. :sore coisas pr$ticas, mas tem que se levar em consideração a parte ética.

 A emoção passou e Anna se ps outra ve0 em guarda. !arcus estava#a0endo rodeios para di0er alguma coisa e isso podia ser perigoso. Anna olhoudis#arçadamente para ele. 3er$ que estava sendo tímido? Não, a timide0 não erauma característica do !arcus "rent que ela aprendera a conhecer.

7 3im 7 #alou ela, respondendo serenamente = pergunta que ele havia#eito aparentemente h$ séculos. 7 1osso #a0er o ca#é e as re#eiç5es, emora você

tenha que ter paciência até que eu encontre tudo na co0inha. 1osso tamém#a0er o %antar, se você estiver traalhando e pre#erir não sair. (laro que nãoserão comidas tão oas como as de (ari, mas garanto que você não #icar$ malnutrido. !as, voltando ao que est$vamos #alando, ainda não posso imaginarcomo #oi que 1hilip soue que ;sa estava aqui. Ele devia ter perdido a pista em"oulouse, pois não conhecia este lugar. Cico imaginando como #oi que ele ligouuma coisa a outra. 1ode ter sido pura sorte, pois parece que ela #avorece os tolose os êados. 1hilip não é um eerrão, mas certamente é um idiotaconsumado.

!arcus reclinou-se na cadeira e resolveu aquela d8vida&7 Cui eu que contei a ele, é claro 7 ele se acusou, com a maior

naturalidade. Anna encarou-o, incrédula.

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7 ocê? 'eve estar rincando> Não teria como se comunicar com 1hilip.7 Hsei o tele#one.

 Anna ainda não queria acreditar, porque ele não podia saer o tele#one doe6-marido de ;sa. !arcus perceeu aquela d8vida e se apressou a e6plicar.

7 Não #alei diretamente com 1hilip, é claro. Não #aria isso porque você meacusaria de estar colaorando com ele. O que #i0 #oi tele#onar para um amigomeu que é colunista social, em Mondres. 1edi a%uda e ele resolveu a questão.

7 Duer di0er que a notícia #oi divulgada em todo o país apenas paraatender um interesse seu? 7 revoltou-se Anna. 7 !aravilhoso>

7 Nada disso 7 continuou !arcus, com a mesma calma de antes. 7 !euamigo achou que o assunto não teria interesse nacional, mas se disps a #alarcom um amigo dele que traalha %ustamente no %ornaleco da sua cidade, do qualnem me lemro o nome. M$, sim, a notícia teria o tratamento completo, com#otogra#ia e tudo o mais. A#inal de contas, tratava-se de uma moça da cidade quechegava ao estrelato. Não #ique chateada, Anna. Memre-se de que a idéia #oi

sua. ocê disse que pre#eria que 1hilip achasse ;sa em ve0 de 1egg), e eu apenascuidei para que tudo acontecesse dessa #orma.7 1er#eitamente maquiavélico> 7 de#iniu ela, com os olhos rilhando. 7

"em ra0ão, eu disse isso, mas não esperava que você levasse ao pé da letra umsimples coment$rio. 9em, é melhor eu trocar de roupa antes de preparar acomida. Não vou poder #icar andando pela co0inha vestida assim.

7 9asta #a0er alguma coisa leve, porque %$ são quase de0 horas 7recomendou !arcus, enquanto ela se a#astava.

Não valia a pena vestir-se em, mas assim mesmo ela resolveu pr o vestido verde-ron0e que ele dera, nem que #osse cominar com aparênciaelegante de !arcus, que vestia um em cortado palet4 de veludo. Ao chegar =

co0inha, Anna protegeu o vestido com um avental plasti#icado. Bavia astantecomida na geladeira e o #ree0er tamém continha um om estoque. (omo!arcus queria uma re#eição leve, ela preparou uma salada e pedaços de #rango#rito. 1ara a soremesa, ariu um #rasco de compota de pêssegos e ateu umcreme de leite para servir %unto.

7 E tamém #oi idéia sua estar #ora quando 1hilip chegasse aqui? 7perguntou ela, %$ = mesa. 7 A intenção dele era encontrar ;sa e não eu> 3e vocêtivesse me avisado, eu não me incomodaria tanto. 1erdi praticamente meia horatentando convencê-lo a ir emora, antes de perder as estrieiras e... agredi-lo.Ci0 isso porque 1hilip não suporta que ninguém lhe diga nada. "rans#orma acrítica mais construtiva num insulto pessoal.

7 Eu não imaginava que ele conseguiria chegar aqui tão depressa 7de#endeu-se !arcus.

7 ;ncentivado por um prêmio de cinqKenta mil liras, 1hilip é capa0 de semover = velocidade da lu0. ocê menospre0ou-o e eu é que tive que engolir osserm5es e os 6ingamentos dele.

!arcus torceu os l$ios.7 ocê não parecia estar engolindo nada, quando eu entrei. A louça voava

em todas as direç5es e você cuspia como um gato selvagem>7 ;sso #oi s4 o #in0inho 7 respondeu Anna, decidida. 7 ocê perdeu a

melhor parte. Ele sae sore aquele motel, saia? 34 que, para variar, entendeutudo errado. 'isse que você ia l$ #reqKentemente, s4 para alimentar a nossadepravada pai6ão> !as... de que é que você est$ rindo agora?

7 'e você 7 respondeu !arcus, levando o guardanapo aos l$ios. 7 Não

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posso imaginar alguém menos vítima de pai65es selvagens e depravadas do que você. O seu 1hilip é um mau %ulgador de pessoas, mas estava certo quando disseque eu ia l$ #reqKentemente. 1or algum tempo, #ui mesmo. Em parte porqueestava escrevendo um livro sore piratas de 1oole e o motel era um lugar

conveniente para mim, e tamém porque esperava encontrar novamente umamoça de caelos loiros e que cantava sugestivas canç5es. 1ensei que talve0 elaaparecesse numa daquelas noites.

Os olhos verdes de Anna rilharam intensamente.7 ocê realmente pensou que eu voltaria l$? 'epois do que aconteceu

naquela noite, nunca mais eu quis ver aquele lugar> (onviver com a vergonhadaquela lemrança %$ era ruim, quanto mais rever o local onde tudo aconteceu.

7 !as não aconteceu nada 7 negou !arcus, a#astando o prato e servindo-se de pêssego. 7 A menos que você tenha #eito alguma travessura depoisdaquela noite, continua imaculada.

 Anna #icou olhando para ele, segurando o gar#o com o pedaço de #rango

que ia levar = oca.7 (omo não aconteceu nada? Acordei numa cama estranha, ao lado de umhomem estranho, de quem me lemrava apenas vagamente. Ele me agradeceupor uma e6periência inédita> E você me di0 agora que nada aconteceu> O queest$ querendo di0er?

!arcus agarrou o pulso dela e apertou com #orça, como se quisesseesmagar o osso.

7 O que estou querendo di0er? Hse a caeça, Anna> Acha honestamenteque eu sou dessa espécie de homem? Alguma ve0 lhe dei motivos para pensarque eu seria capa0 de me aproveitar de uma moça que est$ emriagada?

 Anna sentiu os dedos dele rela6arem a pressão e começou a es#regar o

pulso dolorido.7 3im, você me deu motivos 7 resmungou ela, desa#iando-o,7 Est$ #alando daquela noite em que %antamos em Crontignan? Não, eu

não estava tentando sedu0ir você. Estava apenas querendo #a0er um pouquinhode amor com você. Coi isso que a #e0 parar, a lemrança do motel?

7 A lemrança de alguma coisa, não importa o quê. 1ara di0er a verdade,nunca me lemrei muito daquela noite. Memro-me de ter cantado, claro, e achoque ei um pouco do seu uísque. !as depois disso, mais nada... Nada até queacordei de manhã. 'e certa #orma eu estava contente, porque não sentia nada deanormal, dores... coisas que antes me dei6avam arrepiada s4 de pensar.

 Aparentemente, não havia sido tão ruim como eu havia imaginado. !as o que

realmente aconteceu?!arcus encolheu os omros.7 Naquela noite, no salão de #estas, eu pensei que você #osse uma dessas

moças que eles contratavam para distrair os convidados e que estava querendo...me distrair. ocê me pareceu em grandinha para saer o que estava #a0endo.

 Aquele vestido e a maquilagem acrescentavam uns de0 anos = sua idade ocêdeu a impressão de estar em enquanto cantava, mas quando saímos para ir aomotel, simplesmente caiu por cima de mim. 1ercei que estava desacordada e,para ser honesto eu não saia o que #a0er com você. Não podia dei6$-la caída ali,porque havia homens por perto e talve0 eles não agissem com o devidoescr8pulo. <esolvi, então, lev$-la para o meu quarto, onde estaria mais segura.1us você na cama e a despi. Não usava muita roupa por ai6o daquele vestido.Na hora que o pu6ei, veio tudo %unto. 'epois, como estava morto de cansaço,

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teria como resistir.7 ocê parece um ocado triste 7 comentou !arcus.'esgraçadamente, ela não havia se a#astado o astante, porque ele esticara

o raço para começar a tirar os grampos com que ela prendera os caelos, que

caíram sore os omros.7 Anna 7 chamou ele, com uma vo0 que acariciava. 7 ocê sae que isso vai acontecer um dia. N4s dois saemos.

 Anna continuou com o rosto voltado para a lareira, apesar de não precisardo calor do #ogo, porque sentia o corpo todo em rasa.

7 !as não vai ser como eu imaginei 7 lamentou ela. 7 E isso não me #a0#eli0.

7 ocê gostaria de se casar primeiro?Cinalmente ela encontrou a coragem de olh$-lo no rosto, mostrando nos

olhos toda a triste0a.7 ocê acha que isso #aria di#erença? Não, não é o que quero> "udo #icaria

parecendo a venda de uma propriedade, com #ormul$rios, selos, assinaturas euma placa di0endo& Fendida so contratoF. Não é assim que deve ser. "em quehaver alguma coisa mais. Estou sendo lograda, !arcus. Onde est$ o encanto, aaura de sonho? (om ou sem casamento, o que você est$ o#erecendo não é om o

 astante. Est$ #altando alguma coisa. 3er$ que você est$ querendo me ensinaroutra lição? 3e é isso, não precisa se incomodar porque eu %$ aprendi. Bo%e não

 ei uma gota de champanha e estou per#eitamente s4ria. O que est$ meo#erecendo, !ateus, não me satis#a0. Memra-se do que me disse naquela noiteem que voltamos de Crontignan? 'isse que me FqueriaF. ;sso não é o astante,pelo menos não para mim. Cicaria me lemrando de todas as mulheres que vocêquis e toda manhã acordaria pensando que talve0 #osse o dia em que você

quisesse uma outra.Num movimento r$pido, !arcus saiu de onde estava e se a%oelhou ao lado

dela, segurando-a pelos omros.7 'o que é que você est$ #alando?7 'e Natasha, por e6emplo 7 respondeu Anna, em tom de desa#io. 7 Ela

me disse que, se as coisas tivessem sido di#erentes, vocês teriam se casado.(hegou a me pedir para devolver você. 1arecia até que n4s duas est$vamos numaçougue, discutindo por causa de um pedaço de carne> Acho que, se estivesse emcondição de decidir, naquela hora eu o teria devolvido a ela.

7 Ainda em que não estava> 7 #alou !arcus, com um suspiro de alívio. 7 Acho melhor lhe contar tudo sore Natasha, não é? 1arece que ela é o ost$culo

maior para que n4s nos entendamos. E garanto que vamos nos entender, Anna,nem que tenhamos que #icar acordados a noite inteira. 'e um %eito ou de outro,

 vou pr %uí0o nessa caecinha tola. Agora a chamava de tola, mas Anna achava que tinha oas ra05es para

#alar em Natasha.7 ocê estava olinando nela 7 acusou a %ovem. 7 Os homens não...7 Ah, sim, eles #a0em isso 7 interrompeu !arcus. 7 Especialmente em

Natasha. Ela gosta que o #açam. Natasha, minha querida, #oi um sonho daminha %uventude. Admito que ela #oi minha amante, que durou até que euperceesse que estava sendo usado. 'emorou demais, realmente, mas eu era

 %ovem como aquele era o meu primeiro grande amor, custei a aprender. Omarido dela era rico, in#luente, uma #igura de destaque no corpo diplom$tico#rancês. Ele podia proporcionar quase tudo o que ela dese%ava, mas era velho,

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 velho mesmo. Não podia suprir todas as necessidades de Natasha. 3ei dissoagora, mas não saia na época. Era um romJntico, pensava que ela desistiria darique0a e da posição social em troca do que eu pudesse o#erecer, que, ali$s, nãoera tanto assim. (onsegui terminar o livro com um sentimento de desilusão e

 voltei para a ;nglaterra, onde tentei curar as #endas do coração. Na verdade, omais atingido não era o coração, mas sim o meu orgulho. Enquanto tentavaentender, envolvi-me numa sucessão de casos amorosos, um atr$s do outro,todos inconseqKentes.

7 :, #oi o que ouvi #alar 7 disse Anna, com um suspiro de desJnimo. 7 Edepois?

7 'epois? 9em, o marido de Natasha morreu com quase oitenta anos."inha v$rios #ilhos de um casamento anterior e Natasha acaou não herdando a#ortuna que esperava. 1or ironia, o que a salvou #oi a herança que receeu dopai, um terreno, alguns vinhedos, uma linda propriedade no interior e umapequena #ortuna em aç5es da qual ela gastou a maior parte para manter o estilo

de vida a que estava acostumada. Eu arriscaria um palpite de que, a esta altura,ela deve estar raspando o #undo da panela. 'e qualquer #orma, Natasha estavaprocurando se casar novamente, e eu %$ tinha o astante para satis#a0ê-la,manter seu estilo de vida. Estava #amoso, coisa que ela adora, porque sempregostou de ancar a rainha nos %antares o#erecidos a personalidades importantes.Eu até levava uma certa vantagem sore o outro... pretendente. 3im porqueNatasha não %oga para perder e sempre ataca em v$rias #rentes.

7 Due vantagem?7 (erca de quin0e anos... respondeu !arcus, com uma risadinha. 7

<ecusei a o#erta delicadamente, e espero que ela tenha se resolvido por outrohomem velho e rico.

7 1ore Natasha> 7 murmurou Anna, que começava a sentir uma onda decompai6ão pela rival.

7 Não comece a sentir pena dela 7 recomendou !arcus, pu6ando-a maispara perto. 7 3inta pena de mim> ocê quase me arrasou quando demonstroudescon#iança em relação a mim. Não estou lhe o#erecendo uma moeda #alsa,meu em, mas algo verdadeiro, genuíno. "ive muito traalho para prender vocêe mantê-la onde eu tivesse certe0a que não me escaparia outra ve0.

 Anna o #e0 calar-se da 8nica maneira que lhe ocorreu& passou os raços emtorno do pescoço de !arcus e encostou o rosto no dele. Não importava mais seele diria que a amava ou não. (om os olhos #echados, os l$ios dela procuraramos dele. 3imples palavras não podiam descrever a onda de emoção que a

envolvia. O toque daquelas mãos #a0ia virar cada nervo do corpo da %ovem, queansiava por se entregar.

O tilintar de uma colher no pires #e0 com que Anna acordasse, ainda aosprimeiros raios de sol do alvorecer. 'epois de se espreguiçar dengosamente, eladeitou outra ve0 a caeça no travesseiro. A vida era maravilhosa>

 A colher #e0 arulho outra ve0.7 3ua preguiçosa> 7 censurou !arcus, colocando a 6ícara e o pires na

mesinha-de-caeceira e sentando-se na eira da cama. Anna #icou olhando para ele. !arcus estava com o caelo molhado e

alisado para tr$s e acaara de #a0er a ara. Hsava um roupão atoalhado,

evidentemente sem nada por ai6o. Notando que a %ovem reparava naquilo, elesorriu, #a0endo com que ela enruescesse. 1ara dis#arçar o emaraço, Anna

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olhou em volta, e reparou que o moili$rio era di#erente.7 3eu quarto?7 3im 7 assentiu ele. 7 !eu quarto, minha cama, minha mulher.

 Ao ouvir aquilo, Anna #icou ainda mais vermelha. Ela estava ali por livre e

espontJnea vontade e havia entrado naquilo de olhos em aertos. Aquele eraum ninho de amor, dese%o e pai6ão, mas era mais dela do que de !arcus. Annanão podia nem queria #orç$-lo a nada.

7 1or quê? 7 #alou ela, quei6osa. 7 1or que tenho a impressão de quetudo isto %$ aconteceu antes?

!arcus sacudiu a caeça, com uma e6pressão de desJnimo.7 3ua mem4ria não é l$ muito oa, querida. Eu lhe disse ontem = noite

que nada aconteceu antes.Em seguida ele inclinou a caeça e ei%ou-a de leve na oca.

 Anna aproveitou para araç$-lo pelo pescoço, mas !arcus #e0 um gestodelicado de recusa.

7 !ais tarde. Agora precisamos discutir o nosso #uturo.7 Duer di0er que temos um #uturo?7 (laro que sim> Agora ea o seu ch$. 1recisa #icar em #orma porque

temos muito o que conversar. Aquilo ativou a mem4ria de Anna.7 Duer #alar do assunto de que ia tratar ontem = noite, as tais coisas

pr$ticas, mas que envolviam uma certa ética...7 E6atamente. 34 que eu não pude #alar porque você acaou me

sedu0indo, minha #eiticeira loira. Eu ia #alar com a mais asoluta honestidade,talve0 pela primeira ve0 na vida>

 Anna não estava muito interessada em #alar do #uturo, que talve0 #osse

uma coisa remota. 1re#eria cuidar do presente, aquela coisa maravilhosa eardente, #a0ê-lo durar o quanto pudesse.

7 Cale, !arcus. Não importa do que se trata, gostaria de saer o que é.7 Agora não se pode #a0er mais nada 7 #alou ele, enigm$tico, suspirando

resignado, mas com um rilho de malícia nos olhos. 7 !as você não vai #icarsatis#eita até que saia tudo tim-tim por tim-tim, não é? Due vida que vou ter,tendo que lhe e6plicar cada detalhe0inho de tudo>

 Anna #ingiu indi#erença e sacudiu os omros.7 3e acha que não ser$ oa uma vida assim, %$ sae o que pode #a0er.7 Nada disso, mocinha> 7 respondeu !arcus, prontamente, lançando a

ela um olhar de posse. 7 'ei6ar que outro homem a possua? Nunca, enquanto

me restar vida. ocê é minha>9em, parecia que a coisa não seria tão passageira assim. Anna começou a

se sentir mais segura, mas mesmo assim manteve o ar de indi#erença.7 Eu saia 7 #alou ela em tom rincalhão. 7 3erei uma escrava> Eis o meu

destino>7 amos nos casar no s$ado 7 in#ormou !arcus, passando em seguida

aos detalhes. 7 *$ providenciei tudo. (ari est$ cuidando da licença. 'entro demais ou menos quatro horas ele vai tele#onar para saer qual a pre#erênciaquanto ao local do casamento. Não #ique com esse ar de surpresa, Anna. A#inaldas contas, o casamento é tão seu quanto meu e você tem todo o direito de serconsultada.

7 ocê não pode tirar uma licença de casamento para mim -7 duvidouela, aturdida. 7 "eria que ter os meus dados.

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7 Estão todos em seu passaporte. O que não estava l$ ;sa #orneceu, como onome do seu pai e a pro#issão. Não saia que ele era da !arinha... 'eve ter sidocom ele que você aprendeu esses palavr5es todos>

 Anna cerrou os pulsos, #uriosa.

7 ocê est$ mudando de assunto, !arcus> Duero saer do tal prolema."rate de #alar>!arcus tirou das mãos dela a 6ícara va0ia.7 Acho melhor prevenir para o caso de você começar a atirar coisas 7

e6plicou ele, enquanto ela #a0ia uma e6pressão de o#endida. 7 !eu prolema? :s4 que os ensaios começam segunda-#eira pr46ima e isso não nos dei6a muitotempo para uma lua-de-mel. Dueria decidir isso com você. Bo%e é terça e penseique quatro dias na Crança, mesmo que tenhamos que passar dois dirigindo até(alais, seriam melhor do que vinte e quatro horas num hotel em 9ringhton ou9ognor <egis. Aí é que entra a questão ética. Eu ia prometer me comportarcomo um irmão até s$ado de manhã, se você assim quisesse. ;a lhe mostrar

meu lado nore.7 3eu lado nore? !arcus você me dei6a #uriosa... Não sei por que o amoquando você apenas me dese%a.

7 A palavra FamorF est$ muito desgastada ho%e em dia. : usada o tempotodo, mesmo quando se trata das coisas mais triviais& FAmo Nure)evF, FAmoesse vestidoF. : uma palavra aviltada, que perdeu todo o seu sentido original.1or isso eu não a uso mais. Anna, minha adorada, eu quero você, preciso de vocêe não s4 por ho%e, um mês ou um ano. Duero você pela vida inteira, porque nãosaeria viver sem você. Duero-a a meu lado todos os dias e em meus raçostodas as noites. Era isso que eu queria lhe di0er ontem = noite. ocê decidiriacomo deveríamos passar esses quatro dias. Eu não ia pression$-la se você

quisesse esperar até s$ado. 34 que agora é muito tarde para pensar nisso.Nunca mais me separarei de você. Eu a perdi uma ve0, mas agora não vai meescapar.

 Anna ouviu tudo em silêncio. No #inal das contas, ele estava di0endoe6atamente o que ela tanto ansiava por ouvir.

7 !arcus> 7 chamou ela, enlaçando-o pelo pescoço e se #ingindoenraivecida. 7 3e não quer di0er, não diga> Não precisa di0er que me ama, desdeque me ame de #ato.

7 Essa é a minha garota> 7 aplaudiu ele. 7 Memra-se de quandoest$vamos #alando sore um dos 3imons? ocê disse que não era uma lutadora,mas eu saia que, se quisesse muito alguma coisa, você lutaria por ela.

Em seguida ele encostou a caeça no peito dela e dei6ou escapar umarisadinha.

' i l d #ilh ti id t i