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OÁSIS #83 EDIÇÃO SHUTTERSTOCK ESPERMATOZOIDES Campeões de corrida, incapazes de virar à esquerda CHINA POLUÍDA O preço do boom econômico SCILLA ELWORTHY A não-violência como arma O CRESCENTE RISCO DA POLUIÇÃO ELETRÔNICA ANTENAS HUMANAS

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CHINA POLUÍDAo preço do boom econômico

SCILLA ELWORTHY A não-violência como arma

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oásis . Editorial

Pesquisas recentes comProvam antigas susPeitas de que as radiações Podem ter efeitos Perigosos sobre os seres vivos e que

o número de Pessoas que manifestam distúrbios Por causa da influência do eletrosmog se encontra em constante aumento

por

Editor

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V Vivemos hoje uma das mais importantes revolu-ções sócio-econômico-cultural de toda a história da humanidade: a revolução informática. Em poucas

décadas, o mundo digita l invadiu todas as áreas da nossa existência, do trabalho ao lazer, da educação à saúde, da comunicação à conquista do espaço, e prat icamente não mais existe área de atuação humana que possa prescindir completamente do suporte de um computador, da inter-net, dos programas de controle digi ta l .

a informática mudou o mundo, mudou nossas vidas, e veio para f icar. Com ela chegou também um verdadeiro tsunami de ondas eletromagnéticas art i f ic ia lmente produzi-das. Essas ondas al imentam os 3 ou 4 bi lhões de telefones celulares que estão por aí . São a alma da internet banda larga, do rádio e da televisão onipresentes nos lares de

oásis . Editorial

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Editor

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todo o mundo.

Este milagre cient í f ico, no entanto, possui também um reverso de medalha. trata-se do “eletrosmog” – de ele-tr ic idade + “smog”, nevoeiro – termo cunhado nos países de l íngua inglesa para designar a cada vez mais espessa “nuvem” de radiações eletromagnéticas na qual estamos todos completamente imersos.

tratam-se, na verdade, de campos de energia. da mes-ma forma que nós, humanos, e todas as demais cr iaturas vivas, somos também campos de energia. Que acontece quando esses dois campos, o nosso e o das radiações art i f ic ia is se encontram e interagem? Será essa mistura promíscua de energias naturais e energias art i f ic ia is um fenômeno inteiramente inócuo? a resposta, infel izmente, é não.

Pesquisas recentes comprovam antigas suspeitas de que as radiações podem ter efeitos perigosos sobre os seres vivos e que o número de pessoas que manifestam distúr-bios por causa da inf luência do eletrosmog se encontra em constante aumento.

o eletrosmog e suas prováveis consequências é o tema da nossa matéria de capa. Conf ira.

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ANTENAS HUMANASO crescente risco da poluição eletrônica

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s ondas eletromagnéticas chega-ram para ficar. Elas alimentam os 3 ou 4 bilhões de telefones celulares que estão por aí. São a

alma da internet banda larga que faz a alegria dos viciados em downloads. De tão atraentes, muitas cidades decidiram universalizar o acesso gratuito e sem fios à web, no esforço de demo-cratizar essa tecnologia. Caso da pequena Piraí, no Vale do Paraíba, ao Sul do estado do Rio de

Janeiro, de Hong Kong e Honolulu – esta últi-ma, o verdadeiro nirvana dos infomaníacos.

Mas quão arriscado é viver em um mundo em que, graças ao bombardeio eletromagné-tico, o celular é onipresente e pode-se mandar e receber mensagens ou pode-se consultar o Google à beira de um rio ou no meio de uma floresta? Cresce o número de pessoas que se sentem acuadas e dizem sofrer as consequências de uma atmosfera tão carregada de radiações artificiais.

O diário francês Le Monde trouxe uma re-portagem sobre uma série de casos de “eletros-sensibilidade” registrados na Suécia. Em um deles, Ann Rosenqvist Atterbom passou a usar um capacete antirradiação para evitar enxaque-cas, eritemas, náuseas, distúrbios da concen-tração, vertigens e formigamentos que atribui aos excessos tecnológicos da vida moderna. Sua conterrânea Sylvia Lindholm recebeu 18 mil euros do governo para reformar seu apartamen-to, instalando cortinas-escudos e filtros sobre os vidros das janelas, para manter os campos eletromagnéticos à distância.

Embora incomum, a eletrossensibilidade não parece ser um fenômeno isolado. A pre-feitura de Paris, que lançou uma ampla rede de internet sem fio em meados do ano passado, teve

Avivemos literalmente imersos numa “nuvem” de radiações eletromagnéticas artificiais produzidas pela tecnologia humana. qual o risco de viver em meio ao bombardeio eletromagnético produzido por celulares, computadores, tablets e outros aparatos onipresentes?

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de voltar atrás e desativar o sistema em quatro bibliote-cas municipais, após receber uma série de reclamações dos funcionários desses estabelecimentos que tiveram dor de cabeça e vertigem.

Veredicto nebulosoA suspeita de que as ondas eletromagnéticas podem

ser nocivas à saúde não é novidade. Já foi inclusive cunhado o termo “eletrosmog” – combinação dos termos ingleses electric (elétrico) e smog (nevoeiro) – para designar o problema. A Organização Mundial da Saúde lançou em 1996 um programa destinado a investigar a possibilidade Dops efeitos nocivos do eletrosmog. En-

associar a ocorrência de câncer ao uso de celulares. A primeira, elaborada pela Universidade de Örebro, na Su-écia, apresentou evidências concretas de que celulares e telefones fixos sem fio podem ter um componente cance-rígeno. E indicou que seu uso constante e intenso – pelo menos uma hora diária por mais de dez anos – poderia aumentar em até 240% o risco de desenvolvimento de tumores cerebrais no lado da cabeça em que o usuário costuma encostar o aparelho.

A segunda pesquisa, realiz ada pelas universidades britânicas de Leeds, Nottingham e Manchester e o Insti-tute of Cancer Research, chegou à conclusão oposta: não encontrou relação de causalidade entre o uso de celulares e a ocorrência de gliomas – o tipo mais comum de câncer de cérebro.

A Food and Drug Administration (FDA), agência federal americana que regulamenta, entre outras coisas, a utilização de aparatos que emitem algum tipo de ra-diação, chegou a questionar os resultados obtidos pelos pesquisadores suecos. Para a entidade, as conclusões são de “difícil interpretação” e contradizem uma série de estudos produzidos anteriormente. A OMS também não vê evidências de riscos relevantes, até porque os níveis típicos de exposição seriam muito inferiores aos aconse-lhados.

Outras organizações preferem recomendar prudên-cia. A Universidade de Lakehead, em Ontário, no Cana-dá, baniu o wi-fi por decisão de seu reitor, Fred Gilbert,

“Apresentou evidências concretas de que celulares

e telefones fixos sem fio podem ter um componente

cancerígeno”

tretanto, como é comum na área, as pesquisas parecem apontar em direções diversas e o veredicto continua bastante nebuloso.

Um bom exemplo são os resultados díspares obtidos por duas pesquisas divulgadas em 2006 e que tentaram

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que invocou o princípio da precaução. Na mesma linha, a Agência Ambiental Europeia pediu no ano passado que os governos da região reduzissem a exposição a campos eletromagnéticos, argumentando que os limites aprova-dos hoje são excessivamente generosos.

Jacqueline McGlade, diretora-executiva da agência, declarou que “pesquisas recentes sugerem que seria prudente que as autoridades sanitárias recomendassem ações que reduzissem a exposição, especialmente de grupos vulneráveis, como as crianças”. Ela lembrou os casos do amianto, do chumbo na gasolina e do tabaco – substâncias de uso difundido que só com o passar do tempo tiveram seus riscos comprovados. No futuro, os campos eletromagnéticos poderiam integrar essa lista.

Mas afinal, o que é o eletrosmog? Os especialistas o definem como uma “forma de poluição eletromagnética não ionizante”. Em outras palavras, aquela produzida

pelas emissões radiofônicas, pelos fios elétricos percor-ridos pela corrente elétrica de grande intensidade, pelas radio-ondas dos telefones celulares e do wi-fi (wireless fidelity), ou seja, os dispositivos que podem ser coliga-dos a redes locais (telefonia, Internet, etc.), por meio de ondas de rádio.

Eletrosmog e ondas eletromagnéticas são, portanto, perturbações causadas por fontes artificiais produzidas pelo homem, que se propagam no espaço, invadindo inclusive o habitat onde vivemos.

O corpo humano e todos os seres vivos são formados de células que nascem, vivem e se reproduzem graças a um perfeito equilíbrio eletromagnético natural. As inter-ferências externas influem no sistema vital das células e, consequentemente, na saúde física do ser vivente. Seu efeito se relaciona à modalidade de exposição (intensida-de das radiações, duração das exposições, partes do cor-po expostas, etc). As radiações são capazes de modificar a estrutura química das substâncias sobre as quais incidem

“Eletrosmog e ondas eletromagnéticas são,

portanto, perturbações causadas por fontes

artificiais produzidas pelo homem, que se

propagam no espaço”

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e podem produzir efeitos biológicos a longo prazo sobre os seres vivos, interagindo com o DNA das células.

Acredita-se que as radiações possam ter efeitos sobre os seres vivos não apenas devido à sua ação térmica, mas também por causa do seu potencial cancerígeno. Nesse sentido, os sintomas das moléstias causadas pelo eletrosmog costumam aparecer súbita e inexplicavel-mente. Tratam-se em geral de insônia, dor de cabeça, inquietude, cansaço, falta de iniciativa, problemas de concentração, perda de memórias, tensão nervosa sem motivo definido. Nos casos mais graves: hipertensão, taquicardia, distúrbios da visão e da audição, estado de espírito que local onde a pessoa permanece.

As pessoas que manifestam distúrbios por causa da influência do eletrosmog são chamadas de pessoas eletrossensíveis, e seu número se encontra em constante aumento.

Como se defender? O uso de roupas feitas com

tecidos capazes de bloquear, pelo menos em parte, as ra-diações eletromagnéticas, é um dos paliativos que estão sendo estudados. Na Itália, o Grupo Creamoda, funda-do em 1993, surgiu exatamente com essa finalidade. A instituição conta já com vários tecidos feitos com um fio extremamente fino, feito de ligas metálicas capazes de bloquear boa parte das ondas eletromagnéticas. Esse fio é inserido nos tecidos através de processos de alta tecnologia, respeitando o princípio da gaiola de Faraday. Interessados podem consultar o site italiano que traz mais informações a respeito.

Vários outros estudos estão sendo feitos a respeito, mas a verdade é que encontrar-se uma solução defini-tiva parece, por enquanto, coisa impossível. Criamos e estamos desenvolvendo uma inteira civilização baseada no uso de equipamentos e tecnologias que se sustentam a partir dos princípios da eletrônica. As consequências disso ainda são imprevisíveis, não apenas em relação ao nosso corpo físico – e o de todos os demais seres vivos -, mas também quanto à nossa saúde e comportamentos psíquicos e mentais.

“Acredita-se que as radiações possam ter efeitos sobre os seres vivos não apenas devido à sua ação térmica, mas também por causa do seu potencial cancerígeno”

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CHINA POLUÍDAO preço do boom econômico

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epois de ter superado o Japão em 2009 e ter se tornado a segunda potência econômica mundial, logo atrás dos Esta-

dos Unidos, a China quer se lançar num voo ainda mais alto. Com efeito, se nos próximos anos os seus índices de crescimento confir-marem as previsões, em 1918 a economia da República Popular passará uma rasteira na economia norte-americana, tornando-se, de

fato, o primeiro país do mundo em termos de produto interno bruto.

As premissas estão todas presentes: nos últimos dez anos o PIB interno chinês cres-ceu 10,6% ao ano, contra os modestos 1,6% dos Estados Unidos. A inflação chinesa se mantém estável em torno de 2,2% ao ano, e é quase a metade da inflação norte-americana.

Mas esse crescimento explosivo, puxado principalmente pelo desenvolvimento indus-trial, tem um custo extremamente alto para o meio ambiente: em 2011 a China passou a liderar a classificação mundial dos países produtores de CO2, atingindo os níveis mais altos em toda a sua história e tornando praticamente vãs as reduções de gases de efeito estufa conquistadas pela Europa e os Estados Unidos. A isso soma-se a poluição das águas chinesas, que recebem descargas de dejetos urbanos e industriais de todos os tipos, e do terreno, sobre o qual são sim-plesmente abandonados restos e produtos descartáveis das mais diversas manufaturas.

Tapem os narizes e preparem-se para uma viagem à China poluída moderna, por entre lagos tóxicos e descargas de detritos a céu aberto.

Dfala-se muito no sucesso da economia chinesa nos últimos anos. mas fala-se pouco das consequências desse crescimento: a poluição ambiental de enormes áreas do território nacional. a galeria abaixo mostra imagens realmente inquietantes

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duas braçadas entre as algas

Um menino nada num mar completamente recoberto de algas, no litoral de Qingdao, na província de Shandong. O crescimento

incontrolado desses vegetais aquáticos é provocado pelas descargas industriais de nitratos e outras substâncias fertilizantes

diretamente nos rios ou no mar.

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Pescando venenos

Um pescador segura com os dentes a sua rede, enquanto caminha nas águas repletas de dejetos flutuantes do rio Wuhan, na província de Hubei.Mais da metade das cidades chinesas é atingida

pelo problema das chuvas ácidas, e quase um sexto dos principais rios do país estão com suas águas

poluídas a ponto de não poderem ser utilizadas sequer para irrigação agrícola.

Por esse motivo, a China poderá em breve enfrentar uma das crises hídricas mais graves do mundo.

Essa crise poderá por em discussão os resultados econômicos conquistados nos últimos anos.

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as Leis existem, mas não são apLicaDas

Uma jornalista recolhe amostras de água vermelha do rio Jianhe, na província di Luoyang. Segundo a imprensa local, a fonte de poluição foram duas empresas químicas industriais que descarregam seus detritos clandestinamente nas águas do rio. O governo chinês sabe que os danos provocados ao meio ambiente podem anular, e até remeter para o negativo as conquistas econômicas da última década. Por esse motivo foram emitidos diversos regulamentos para a tutela do patrimônio natural, especificados nos vários planos quinquenais. Como no Brasil, o problema principal é a não aplicação das leis em âmbito local. Da mesma forma que em nosso país, na China, em muitos lugares, a lógica do lucro a qualquer custo e a corrupção prevalece sobre as disposições legais.

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negro como o carvão coque

Um operário caminha sobre os trilhos da refinaria de coque de Changzhi, na província de Shanxi. O coque é um combustível sólido derivado da refinação do petróleo. Ele tem alto poder calórico, mas é também muito poluidor por ser rico em enxofre. A produção de energia é o setor produtivo chinês de maior impacto ambiental: a eletricidade, com efeito, é produzida principalmente em centrais movidas a carvão ou a coque, bem como em grandes hidrelétricas que alteraram a orografia de inteiras regiões.

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peixe ao cobre

Um grupo de pescadores recolhe sacos de peixes mortos nas águas do rio Mian Hua Tan, no condado de Yongdin. A responsabilidade do desastre que envenenou mais de duas mil toneladas de peixes. A responsabilidade do desastre foi de uma mina de cobre de propriedade do Zijin Mining Group. Essa mineradora jogou suas descargas tóxicas diretamente nas águas do rio. Suas ações na Bolsa de Hong Kong, onde eram cotadas, foram imediatamente suspensas.

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Um agente químico utilizado na refinação do petróleo bruto para separar o óleo do enxofre, vazou de um depósito em Dailan, na província de Liaoning, chegando ao mar. A primeira consequência foi uma gigantesca mortandade de mariscos, que tiveram de ser retirados mortos do fundo do mar para serem destruídos. O governo de Pequim, felizmente, dá sinais de estar aprendendo

as lições: segundo o Livro Branco do Meio Ambiente, publicado pelo Conselho de Estado da China, nos últimos três anos foram constatados 75 mil casos de violação das normas anti-poluição. Os processos instaurados levaram ao fechamento de 16 mil empresas e à condenação de mais de 10 mil pessoas, que foram obrigadas a pagar pelos danos cometidos. Mas, quase sempre, os danos são mesmo irreparáveis.

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frutos do mar tóxicos

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a capitaL encoberta

Uma manhã típica em Pequim: a cidade desperta sob um manto escuro de poluição. Essa nuvem é composta de uma terrível mistura de gases e fumaça produzida pelos carros,

pelas indústrias e usinas termelétricas, e pelas areias do deserto de Gobi trazidas pelo vento.

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cada vez Pior

O ar das grandes cidades chinesas pode ficar tão irrespirável que várias pessoas precisam sair de

casa com o rosto coberto por máscaras cirúrgicas, as quais, por sinal são totalmente inúteis contra os

agentes poluidores mais perigosos

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uma boa notícia

Fechamos esta galeria de horrores ecológicos na China com a imagem de um operário que bombeia colônias de cianobactérias aspiradas do lago Chaohu que faz parte de uma instalação de depuração. As cianobactérias, também chamadas de algas azuis, proliferam de maneira incontrolável nas águas poluídas por fertilizantes e detergentes. Sua periculosidade vem da sua capacidade de produzir neurotoxinas e hepatoxinas capazes de atacar o sistema nervoso e o fígado dos animais e do homem. Segundo a imprensa local, esse depurador, recentemente construído, é capaz de tratar mais de mil toneladas de cianobactérias ao dia.

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SCILLA ELWORTHY A não-violência como arma

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ara responder à questão de como e por que a não-violência funciona, Scilla Elworthy evoca heróis históricos - Aung San Suu

Kyi, Mahatma Gandhi, Nelson Mandela - e as filosofias pessoais que moviam seus protestos pacíficos. (Filmado no TEDxExeter.)

Scilla Elworthy é fundadora do Oxford Research Group, em 1982, uma organização norte-americana que se notabilizou por pro-

mover Os defensores da política do armamento nuclear e seus opositores.

Tradução para o português por Flávia Prits-ch Simões Pires. Revisão por Elena Crescia

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como lidamos com uma pessoa agressiva sem nos tornarmos

criminosos? nesta sábia e sensível palestra proferida no tedxexeter, a ativista pela paz scilla elworthy

mapeia as habilidades que precisamos para lutar contra uma

força extrema sem usarmos a força em resposta

Vídeo: ted – ideas Worth spreading

http://WWW.ted.com/talks/lang/pt-br/scilla_elWorthy_fighting_With_non_Violence.html

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Tradução integral da palestra de Scilla Worthy:

Em meio século tentando ajudar a evitar guerras, há uma questão que sempre me pergunto: como lidamos com a violência extrema sem usar a força

em resposta? Quando nos deparamos com a brutalidade, seja uma criança diante de um valentão em uma praça,ou violência doméstica - ou, nas ruas da Síria hoje enfrentan-do tanques e estilhaços, qual é a coisa mais efetiva a ser feita? retrucar? Ceder? Usar mais força?Esta questão: “Como eu lido com um ato violento sem me tornar um criminoso em resposta?” tem estado comigo desde que eu era pequena. Eu lembro que eu tinha cerca de 13 anos, grudada a uma televisão em preto branco na sala com meus pais quando tanques soviéticos entraram em Budapeste, e crianças pouco mais velhas do que eu atiravam nos tanques e eram massacradas. Eu subi as escadas e comecei a fazer minha mala.E minha mãe veio e disse: “Que diabos vocês está fazendo?”E eu disse, “Estou indo para Budapeste”.E ela disse: “Para quê?”E eu disse, “Crianças estão sendo mortas lá. Há algo horrível acontecendo.”E ela disse: “não seja boba”. E comecei a chorar. Ela entendeu, e disse: tudo bem, estou vendo que é sério. Você é muito jovem para ajudar. Você precisa de treina-

mento. Eu vou ajudar. Mas desfaça sua mala”.E então eu fui treinada e trabalhei na África durante a maior parte dos meus 20 anos. Mas me dei conta de que o que eu precisava saber não poderia aprender nesses treinos. Eu queria entender como a violência, como a opressão, age. E o que descobri foi: Pessoas ameaçadoras usam a violência de três formas. Usam violência política para intimidar, violência física para aterrorizar e violência mental ou emocional para fragilizar. E raramente, em poucos casos, funciona usar mais violência.nelson Mandela foi para a prisão acreditando na violên-cia, e 27 anos mais tarde ele e seus colegas lentamente e com cuidado desenvolveram as habilidades, as incríveis habilidades, que eles precisavam para transformar um dos governos mais violentos que o mundo já conheceu em uma democracia. E eles fizeram isso em uma total devo-ção à não violência.Eles perceberam que usar força contra força não funciona.Então o que funciona? Com o tempo eu coletei cerca de meia dúzia de métodos que funcionam - é claro que há muito mais - que funcionam e são eficazes. o primeiro é que a mudança tem que acontecer, tem que acontecer aqui, dentro de mim. É a minha resposta, minha atitude à opressão, que eu tenho que controlar, e com a qual eu posso fazer alguma coisa.

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Tradução integral da palestra de Scilla Worthy:

E o que eu preciso para desenvolver isso é autoconhe-cimento. isso significa que eu preciso saber como eu funciono quando eu desmorono, quais são meus pontos fortes, quais são meus pontos fracos. Quando eu cedo? o que eu vou defender? Meditação ou autoanálise é uma das maneiras - de novo, não é a única - é um das manei-ras de ganhar esse tipo de poder interior.E minha heroína aqui - como do Satish - é aung San Suu Kyi, de Burma. Ela estava liderando um grupo de estudan-tes em um protesto pelas ruas de rangoon. Eles vinham por uma esquina e se depararam com uma fileira de metralhadoras. E ela percebeu logo que os soldados com seus dedos tremendo no gatilho estavam com mais medo do que os estudantes atrás dela. Ela mandou os estu-dantes sentarem. E caminhou até eles com tanta calma e clareza e sem medo nenhum que ela pôde caminhar na direção da primeira arma, colocar a sua mão sobre ela e baixá-la. E ninguém foi morto.É isso que dominar o medo pode fazer - não apenas enfrentar metralhadoras, mas até quando você encontrar uma briga de rua. Mas temos que praticar. E quanto ao nosso medo? Eu tenho um pequeno mantra. Meu medo engorda com a energia que eu o alimento. E se ele fica muito grande isso provavelmente acontece.todos sabemos que a síndrome das três da manhã,

quando alguma coisa com a qual estávamos preocupados nos acorda - vejo muitas pessoas - e por uma hora nos reviramos na cama vai ficando pior e pior, e pelas quatro da manhã somos presos ao travesseiro por um monstro deste tamanho. a única coisa a fazer é levantar, fazer um copo de chá e sentar com o medo como se ele fosse uma criança ao seu lado. Você é o adulto. o medo é uma criança. E você fala com o medo e pergunta o que ele quer, o que ele precisa. o que podemos fazer para melhorar? Como a criança fica mais fraca? E você faz um plano. E diz, “tudo bem, agora vamos voltar a dormir. as sete e meia vamos levantar e isto é o que vamos fazer.”Eu tive uma desses episódios das três da manhã no do-mingo - paralisei com o medo de vir aqui falar com vocês. (risos) Então eu fiz o mantra. levantei, fiz uma xícara de chá, sentei com ele, fiz tudo isso, e estou aqui -- ainda um pouco paralisada, mas estou aqui.isso é o medo. E sobre a raiva? onde quer que haja injustiça, há raiva. Mas raiva é como gasolina, se espa-lhamos ela por aí e alguém ascende um fósforo, temos um inferno. Mas a raiva como uma máquina - em uma máquina - é poderosa. Se pudermos colocar nossa raiva dentro de uma máquina ela pode nos levar adiante, pode nos fazer atravessar momentos terríveis e pode nos dar um verdadeiro poder interno.

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Tradução integral da palestra de Scilla Worthy:

aprendi isso em meu trabalho com os responsáveis pela política de armas nucleares. Porque no começo eu estava tão indignada com os perigos a que eles estavam nos expondo que eu apenas queria argumentar e insultar e mostrar que eles estavam errados.totalmente ineficaz. Para desenvolver um diálogo visando a mudança temos que lidar com a nossa raiva. Está tudo bem sentir raiva com isso - as armas nucleares, no caso - mas é inútil sen-tir raiva das pessoas. Eles são seres humanos como nós. E estão fazendo o que eles pensam ser melhor. É baseado nisso que temos que falar com eles.Essa é a terceira coisa, raiva. E isso me traz ao ponto crucial do que acontece, ou o que eu percebo que acon-tece, no mundo hoje, que é: no último século o poder se deu de cima para baixo. ainda eram governantes dizendo para as pessoas o que fazer. neste século há um deslo-camento. É o poder das pessoas em ascensão ou pessoas comuns. É como cogumelos aparecendo no concreto. São as pessoas se reunindo umas com as outras, como Bundy mencionou, em milhas de distância, para trazer mudanças.E o Peace direct reconheceu muito rápido que o povo local em áreas de conflitos muito fortes sabem o que fazer. Eles sabem melhor do que ninguém o que fazer. Então o Peace direct ficou atrás deles para fazer o que

eles estão fazendo. E o tipo de coisa que eles estão fazendo é desmobilizando milícias, reconstruindo eco-nomias, reinstalando refugiados, até mesmo liberando crianças soldados. Eles devem arriscar suas vidas quase todos os dias para fazer isso. E eles perceberam que usar a violência nessas situações que eles desenvolvem não é apenas menos humano, mas é menos eficaz do que usar métodos que conectam umas pessoas com as outras, que reconstroem.E acho que os militares dos Estados Unidos estão final-mente começando a entender isso. até agora sua política antiterrorismo teve que matar insurgentes em quase toda a costa e se civis são atingidos isso é registrado como “dano colateral”. E isso é tão enfurecedor e humilhante para a população do afeganistão que torna o recruta-mento na al-Qaeda muito fácil, quando as pessoas estão enojadas, por exemplo, pela queima do alcorão.Por isso o treinamento das tropas tem que mudar. E eu penso que existem sinais de que começou a mudar. os militares britânicos sempre estiveram muito melhor quan-to a isso. Há um exemplo magnífico para eles aprovei-tarem e é de um brilhante tenente-coronel dos Estados Unidos chamado Chris Hughes. Ele estava guiando seus homens pelas ruas de najaf - no iraque, na verdade - e de repente as pessoas estavam saindo das casas nos dois

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Tradução integral da palestra de Scilla Worthy:

lados da estrada gritando, berrando, furiosos, e cerca-ram essa tropa muito jovem que estava completamente aterrorizada, e que não sabia o que estava acontecendo, não sabiam falar árabe. E Chris Hughes entrou no meio da multidão com sua arma acima de sua cabeça, apontan-do para o chão, e disse: “de joelhos”. E esses soldados enormes com suas mochilas e coletes à prova de balas, se dobraram ao chão. E se fez um completo silêncio. E após cerca de dois minutos, começaram a se movimentar e foram para casa.Para mim isso é sabedoria colocada em ação. no mo-mento, foi o que ele pode fazer. E está acontecendo em todos os lugares agora. não acreditam em mim? Pergun-tem a vocês mesmos por que e como tantos ditadores foram derrubados nos últimos 30 anos? ditadores na Checoslováquia, alemanha oriental, Estônia, letônia, lituânia, Mali, Madagascar, Polônia, Filipinas, Sérvia, Eslovênia, eu poderia continuar, e agora tunísia e Egito. E isso não aconteceu de repente. Muito disso se deve a um livro escrito em Boston por um homem de 80 anos de idade, gene Sharp. Ele escreveu um livro chamado “da ditadura à democracia” contendo 81 métodos para a resistência não violenta. E foi traduzido para 26 línguas. Está correndo o mundo. E está sendo usado por pesso-as jovens e pessoas velhas em todos os lugares, porque

funciona e é efetivo.Então é isso que me dá esperança - não apenas espe-rança, isso é o que me faz sentir muito positiva agora. Porque finalmente os humanos estão entendendo. Estamos ficando práticos, com metodologias possíveis para responder a minha questão: como lidamos com um ato violento sem nos tornarmos criminosos? Estamos utilizando os tipos de habilidades que eu ressaltei: poder interior - o desenvolvimento do poder interior - através do autoconhecimento, reconhecendo e trabalhando com o nosso medo, utilizando a raiva como combustível, co-operando com os outros, nos reunindo com as pessoas, com coragem e, o mais importante, comprometidos com a não-violência ativa.não é que eu apenas acredite na não-violência. Eu não tenho que acreditar. Eu vejo evidências em todos os lugares de como isso funciona. E vejo que nós, pessoas comuns,podemos fazer o que aung San Suu Kyi, ghandi e Mandela fizeram. Podemos colocar um fim ao século mais sangrento que a humanidade já conheceu. E podemos nos organizar para superar a opressão abrindo nossos cora-ções assim como fortalecendo esta determinação incrível.E essa abertura de corações é exatamente o que eu expe-rimentei em toda a organização desse encontro desde que eu cheguei aqui ontem. obrigada.

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ESPERMATOZOIDES Campeões de corrida, incapazes de virar à esquerda

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les são minúsculos, fugidios e rápidos como faíscas: os espermatozoides não são em absoluto células fáceis de serem

observadas. Usar o microscópio para seguir seus movimentos é como observar o voo de pássaros muito velozes com um binóculo. Em um único segundo são capazes de percorrer uma distância equivalente a 25 vezes o seu próprio comprimento. Assim, facilmente escapam ao

nosso campo visual. Aydogan Ozcan, engenheiro da Universidade da Califórnia de Los Angeles (UCLA) idealizou uma plataforma de observação destituída de lentes e com ela conseguiu atingir o objetivo.

leds entrecruzadosChefe de uma equipe de pesquisadores, Oz-

can posicionou duas luzes LED, uma vermelha e a outra azul, para formarem um ângulo de 45 graus uma com a outra. A seguir, ele as apontou para uma amostra de líquido seminal posicio-nado sobre um chip sensível à luz. Enquanto as células se moviam no interior da pequena massa de líquido, os LEDs projetaram sobre o chip uma série de sombras úteis para a reconstrução do movimento dos gametas correndo em todas as direções. As imagens tridimensionais obtidas, as mais precisas até o dia de hoje, documentaram o movimento de cerca 1500 espermatozoides durante várias horas. O estudo acaba de ser publicado no PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

uma tendência natural à direita

Mais de 90% das células se movimentou

Eum novo chip sensível à luz permitiu estudar o movimento de 1500 células reprodutivas masculinas durante algumas horas: os espermatozoides fazem percursos espiralados e giram quase sempre para a direita

por: equipe oásis

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seguindo trajetórias curvas e agitando a cabeça de um lado para outro. Uma pequena fração de espermatozoi-des (entre 4 a 5%) seguiu trajetórias em espiral quase perfeita, formando hélices com a cauda (o “flagelo”). O fato mais curioso é que a maior parte (cerca 90%) dessas hélices volta-se sempre à direita. Mas ainda é cedo para os pesquisadores saberem se atrás dessa preferência existe uma precisa função fisiológica.

desenVolVimentos interessantes no futuro

Futuras pesquisas irão verificar o comportamento dos espermatozoides em ambientes fisiológicos diversos, por exemplo, imersos em fluidos com o mesmo PH que os gametas masculinos encontram quando fazem sua corrida em direção ao óvulo. A técnica utilizada poderá fornecer informações importantes para a luta contra a infertilidade, e poderá ser utilizada para estudar também outros organismos em movimento, como as bactérias.

trabalho em equipe

A cada dia, mais coisas se descobrem a respeito dos espermatozoides. Por exemplo, eles não são tão individualistas como fomos habituados a acreditar. Em muitas espécies, ao contrário, eles se ajudam e cooperam para alcançar seu objetivo: a fecundação.

Sempre definimos a corrida dos espermatozoides para chegar ao óvulo como uma luta renhida. Talvez porque estejamos condicionados a ver tudo através da tendência humana, e sobretudo masculina, à competição. Na verdade não é sempre assim, como demonstraram zoólogos das universidades de Oxford e de Harvard, ao estudar o comportamento dessas células em diversas espécies animais.

Das moscas aos gambás, ficou evidente como é frequente, por parte dos espermatozoides, a estratégia de grupo. É, por exemplo, o caso das moscas Parachauliodes japonicus, cujas células germinais masculinas se unem em grupos de centenas para “nadar” de forma sincro-nizada em direção ao óvulo. No caso do rato norueguês (Rattus norvegicus), e de outros roedores, as células es-permáticas são dotadas de uma espécie de gancho sobre a cabeça, o qual lhes permite unir-se e formar, também neste caso, grupos de centenas de células capazes, desse modo, de nadar mais rapidamente. Também os esper-matozoides do porco-espinho (Tachyglossus aculeatus) formam grupos numerosos, enquanto os dos gambás se

“Talvez porque estejamos condicionados a ver tudo através da tendência humana, e sobretudo masculina, à competição”

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alinham para executar um nado sincronizado.

Vitória do altruísmo

Cooperação e altruísmo, portanto, parecem ser as características essenciais para superar a prova da seleção natural. A razão desse comportamento social pode não aparecer à primeira vista: estamos habituados a pensar que a natureza precisa escolher o indivíduo “melhor” do ponto de vista genético. No caso dos espermatozoides, o melhor se distingue alcançando o óvulo antes de todos os outros. Mas, na realidade, devemos levar em conta que, com frequência, uma fêmea recebe o sêmen de vários machos. Portanto, a competição para a fecundação não é apenas entre os espermatozoides do mesmo indivíduo, mas entre “equipes” de células seminais que derivam de dois ou mais diferentes indivíduos. Isso parece induzir um espírito de grupo capaz de fazer prevalecer um pai e não algum outro, antes mesmo que um único gameta em

relação aos demais.

Assim, verifica-se que somos seres sociais desde as nossas... células. A capacidade dos espermatozoides de exprimir os próprios genes sugere, segundo os autores da pesquisa, que essas células não devem ser consideradas instrumentos passivos a serviço do macho, mas sim seres semi-independentes dotados de interesses evolutivos próprios, e com um comportamento social próprio. Den-tro desta perspectiva, a aliança entre macho e espermato-zoides parece ser mais conflitante do que se pensava até agora, embora, diante de um inimigo comum (o esperma de um outro macho) que ameaça extinguir a sua pista genética, prevalecerá a postura cooperativa.

“A capacidade dos espermatozoides de

exprimir os próprios genes sugere, , que essas células

não devem ser consideradas instrumentos passivos a

serviço do macho”

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quanto ViVem os espermatozóides depois da

ejaculação?A vitalidade dos espermatozoides é determinada

por alguns parâmetros químico-físicos entre os quais, sobretudo, a temperatura e o grau de acidez (o ph) do ambiente.

No esperma, que contem também o plasma seminal além dos espermatozoides, a temperatura deve perma-necer entre os 37 e 37,5 graus centígrados, deve existir uma leve alcalinidade (pH entre 7 e 7,5) e a disponibili-dade de açúcares. Alterações, mesmo pequenas, desses fatores, comprometem a possibilidade de sobrevivência dos espermatozoides. Por tais razões os testículos que não desceram para o saco escrotal, e que permaneceram no interior do corpo (defeito chamado criptorquidismo) podem provocar a esterilidade exatamente porque a temperatura interna do corpo é demasiado alta para a vitalidade dos espermatozoides.

Na vagina, durante os períodos de não ovulação, o ambiente é ácido (ph inferior a 6) e os espermatozoi-des portanto vivem muito pouco, não mais que alguns minutos. Nos dias próximos à ovulação, diversamente, e quando está presente o muco cervical, que possui um ph favorável, os espermatozoides sobrevivem algumas horas, entre 2 e 16. Depois de ter superado o muco cervi-

cal, eles se difundem, em ondas, no útero, nas trompas e inclusive na cavidade peritonial, onde podem sobreviver vários dias.

Se emitidos para o exterior, à temperatura ambiente, por exemplo a 15 graus centígrados, permanecem vitais um ou dois dias, mas não todos, e de qualquer forma em percentuais cada vez mais baixos com o passar do tempo e, de qualquer forma, com grande variabilidade segundo a pessoa e a idade. A 36 graus vivem poucas horas. Para conservá-los por dois ou três dias podem ser colocados a 4 graus (a temperatura de uma geladeira), mas para

“A vitalidade dos espermatozoides é determinada por alguns parâmetros químico-físicos entre os quais, a temperatura e o grau de acidez”

http://youtu.be/N5ii3Xo6RX4

uma sobrevivência ulterior é indispensável acrescentar substâncias de criopreservação. Na crioconservação pro-priamente dita, a proveta contendo os espermatozoides é mantida a uma temperatura de 196 graus negativos, em azoto líquido, com substâncias preservativas muito fortes; dessa forma os espermatozoides são conservados por muitos anos, em tempo indefinido (é isso que fazem os “bancos de sêmen”). Assista vídeo:

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Um vídeo que mostra os movimentos observados: