83842654 Apostila de Antropologia Social

35
8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 1/35 APOSTILA ANTROPOLOGIA SOCIAL SERVIÇO SOCIA Profº Ribamar Campos SOCIAL

Transcript of 83842654 Apostila de Antropologia Social

Page 1: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 1/35

APOSTILA

ANTROPOLOGIA

SOCIAL

SERVIÇO SOCIA

Profº Ribamar CamposSOCIAL

Page 2: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 2/35

Page 3: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 3/35

[email protected] 2

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Introdução O problema do homem foi abordado, direta ou indiretamente por todos os filósofos

comprometidos com o pensamento. Nesse sentido, Nicola Abbagnano afirma:

Pode especular-se sobre o Mundo, sobre o Ser, sobre a Verdade ou sobre a Justiça,podem fazer-se análises minuciosas dos procedimentos cognitivos e das ciências de que ohomem dispõe, pode tentar-se determinar o que é o Bem absoluto ou o Mal absoluto,construir teorias monumentais e audaciosas visando a responder a todos os problemas domundo, mas em todos os casos o único destinatário de todas essas especulações é o homem,que nelas procura algumas luzes que o passam a orientar na sua vida.

Toda filosofia autêntica tem no homem o destinatário último de suas questões eentende ser ele um de seus principais objetos de estudo. Pois, é de nós, seres humanos, queemana a transformação do mundo à nossa volta. Nós recebemos as consequências positivase negativas da nossa atuação no mundo, isto é, todas as benesses e mazelas de nossospróprios atos.

Levando em conta nossa forma de estar e atuar sobre o mundo, nossas necessidadese criações, em Antropologia Filosófica e Social nos interessa a busca da compreensão dosseguintes elementos: o universo simbólico humano, o mito, a espiritualidade e areligiosidade como formas específicas do homem se localizar no mundo; as produçõestécnicas, estéticas e artísticas como maneira de expressão e realização interna e externa davida humana; a vida cultural e todo o universo das ideologias que constrói as culturas demassa e nos envolve num mundo de consumismo exacerbado e de indiferença ao queverdadeiramente importa em termos culturais; interessam-nos também as produçõescientíficas e as questões éticas, morais e valorativas que envolvem essas produções,sobretudo na área das ciências biológicas; a política e os problemas sociais que enfrentamosatualmente como a violência, as guerras e as drogas; a liberdade humana, as leis e as normascom todas as determinações e necessidades que as cercam; os aspectos positivos enegativos da revolução tecnológica contemporânea, no que diz respeito ao meio ambiente eà saúde desse meio, em que se inclui o próprio homem; enfim, interessa-nos o mundo dotrabalho, a exigência de qualificação e os retornos econômicos e pessoais que temos emnossas profissões.

Page 4: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 4/35

[email protected] 3

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Todas essas questões envolvem as diversas dimensões de que se constitui o homemem sua racionalidade, passionalidade, condição metafísica, psicológica, técnico-produtiva eespiritual. Não podemos nos esquecer do fato do "homem não ser racional no mesmo

sentido em que o quadrado tem quatro lados e o triângulo, três"; de que ele é livre parapensar e agir à sua maneira e que "esta liberdade é a capacidade que ele possui de escolher oseu caminho e de projetar de um ou de outro modo a sua vida [...]". (Nicola Abagnanno, p. 11)Seu aspecto livre pode, por conseguinte, apontar tanto para liberdade como para diversasformas de escravidão. Contemporaneamente, a Antropologia Filosófica atenta para o fato deque é necessário compreender melhor o homem "não tanto o homem em geral, na suanatureza e na sua essência imutável semelhante à de uma entidade matemática, mas ohomem concreto, esse que cada um de nós sente viver em si próprio e descobrem-nosoutros". (Ibidem)

Reafirmando Sócrates conhecer-se a si mesmo é o primeiro tema que envolve ohomem na história da filosofia e também o tema de toda a antropologia filosófica. A reflexãosobre si exige uma análise sempre renovada dos aspectos da nossa vida cotidiana e doconhecimento em termos científicos. Por isso não basta identificarmos os problemas no níveldo senso comum, é preciso aprofundá-los no nível científico da pesquisa e do pensamento,bem como na forma especificamente curiosa e questionadora que a filosofia nos possibilita. É

preciso, portanto, ultrapassar o simples nível da experiência pessoal e procurar o sentido dascoisas em conceitos mais elaborados a fim de alcançar uma visão de conjunto da vida humanae dar-lhe a unidade e a profundidade necessária em meio à infinita multiplicidade das coisas. Épreciso que nos esforcemos para que consigamos agrupar os acontecimentos de maneira ater uma visão crítica sobre a realidade, para além do tecnicismo que engessa as nossasmentes. É preciso que tenhamos a coragem de criar nós mesmos os nossos própriosconceitos, na condição de seres autônomos e reflexivos.

Para a Antropologia Social de que vamos tratar interessa muito mais do quesimplesmente uma filosofia da vida, conversas ou observações ocasionais. Isso não significa,no entanto, que tenhamos que nos restringir à meras conceituações teóricas, o maisimportante é o questionamento, a pesquisa, a capacidade de criar e expressar conceitos, oposicionamento crítico aprofundado e defensável, o rompimento com as ideologiasmassificantes do dia-a-dia; a compreensão dos aspectos individuais e coletivos quedeterminam aquilo que somos e a nossa forma de estar no mundo.

Page 5: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 5/35

[email protected] 4

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Em termos de História da Sociologia, o estudo do comportamento do homem pelohomem, isto é, o conhecimento de si mesmo pode ser considerado a mais alta meta dainvestigação filosófica. Mesmo os mais céticos, não podem negar a importância e anecessidade da busca do autoconhecimento.

Faz parte da condição humana a interrogação sobre o seu passado, presente e futuroem diversas dimensões. A antropologia adquire um caráter filosófico quando buscacompreender as diversas faces que compõem aquilo que é humano: o ser biológico dohomem (sua estrutura física); as condições internas, subjetivas, a organização dapersonalidade e o inconsciente (o psíquico); a produção cultural nas diversas sociedades (acultura); a construção e a formação do espaço político (a política); as relações sociais e osvalores (a sociedade); a realidade transcendente, metafísica ou religiosa (a espiritualidade);etc. Por esses caminhos a antropologia reforça o seu objeto de estudo - o homem - em suacondição de um ser plural.

No desenrolar histórico, o estudo do homem passou de uma visão cosmocêntrica naantiguidade, para uma visão teocêntrica no mundo medieval, até chegar à perspectivaantropocêntrica nos mundos modernos e contemporâneos.

Na Filosofia Grega Antiga o homem, sua vida no Estado e seus valores surgem comoproblemas principais. Sócrates defende a tese do "conhece-te a ti mesmo". Para Platão "ocorpo é o cárcere da alma"; já Aristóteles concebe o homem como "um animal político pornatureza”. O homem é enfim, visto como um ser dual, constituído de corpo e alma. A alma é ainstância superior, pela qual pode elevar a sua condição à de um ser racional e criar elementospara uma verdadeira felicidade. O conhecimento puro e do intelecto representa a saída daignorância.

Na Filosofia Cristã-Medieval a reflexão sobre o homem ganha um caráter teocêntrico,em que Deus é considerado o ser de onde e para onde tudo converge. Destaca-se uma fortedicotomia entre corpo e alma, a redução da superioridade humana à alma e a submissão dopoder da razão à fé. Nas épocas Modernas e Contemporâneas, junto com uma nova cosmologia, surge um

novo espírito científico na busca pela questão do homem. Com base no sistema copernicanoinstitui-se um novo lugar para o homem cosmo: ele agora se encontra num espaço infinito eno centro do universo. Doravante todo conhecimento se dará pela razão e tudo que nãovenha por meio dela está sujeito à dúvida. O homem descobre a capacidade infinita de suarazão e do seu intelecto, mas essa infinitude não representa a negação nem limitação doconhecimento, ao contrário, demonstra a incomensurável e inesgotável capacidade humanade conhecer.

Page 6: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 6/35

[email protected] 5

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

A partir do século XIX surgem novos conceitos matemáticos e emerge o pensamentobiológico. Coma teoria da evolução Darwin rompe com as ilusões das causas finais,mostrando que não há espécies separadas e sim uma contínua e ininterrupta corrente devida. A vida humana passa, então, a ser vista com um olhar diferente. Não há mais um únicocentro de foco. Tudo isso provoca a queda da autoridade anteriormente estabelecida,fazendo surgir vários campos de estudos sobre o homem que descrevem sua imensacomplexidade. Marx, por exemplo, dá prioridade ao Homem Econômico (as relações sociaise econômicas); Freud destaca o Homem Instintivo e impulsivo (os instintos sexuais) eKierkegard alerta para o Homem Angustiado, isto é, para a angústia da nossa existência.

Esse percurso histórico mostra que o homem não pode ser visto por um único ângulo.Não podemos assumi-lo apenas como um mero produto da matéria ou como um sertotalmente compreensível pela ciência. Por outro lado, não podemos aceitar a dimensãometafísico-transcendente como a única capaz de explicá-lo. O homem é um ser de diversasdimensões e quando mais faz história mais demonstra sua complexidade. Ao examinarmoscom olhar contemporâneo talvez pudéssemos dar razão à Martin Heidegger esteja quandodiz: Nenhuma época teve noções tão variadas e numerosas sobre o homem como a atual.

Nenhuma época conseguiu, como a nossa, apresentar o seu conhecimento acerca dohomem de um modo tão eficaz e fascinante, nem comunicá-lo de um modo tão fácil e rápido.

Mas também é verdade que nenhuma época soube menos que a nossa. O que é o homem.Nunca o homem assumiu um aspecto tão problemático como atualmente.

Page 7: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 7/35

[email protected] 6

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Antropologia (do gregoÜíèñùðïò, transliterado. anthropos, "homem", e ëüãïò, logos, "razão"/"pensamento") é a ciência que tem como objeto o estudo sobre o homem e ahumanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões. A divisãoclássica da Antropologia distingue a Antropologia Cultural da Antropologia Biológica. Cadauma destas, em sua construção, abrigou diversas correntes de pensamento. Pode-se afirmar que há poucas décadas a antropologia conquistou seu lugar entre asciências. Primeiramente, foi considerada como a história natural e física do homem e do seuprocesso evolutivo, no espaço e no tempo. Se por um lado essa concepção vinha satisfazer o

significado literal da palavra, por outro restringia o seu campo de estudo às características dohomem físico. Essa postura marcou e limitou os estudos antropológicos por largo tempo,privilegiando a antropometria, ciência que trata das mensurações do homem fóssil e dohomem vivo.

A Antropologia, sendo a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo deinvestigação extremamente vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo,pelo menos dois milhões de anos e todas as populações socialmente organizadas. Divide-seem duas grandes áreas de estudo, com objetivos definidos e interesses teóricos próprios: aAntropologia Física (ou Biológica) e a Antropologia Cultural, para alguns autores sinônimo de

antropologia social, que focaliza, talvez, o principal conceito desta ciência, a cultura.Segundo o Museu de Antropologia Cultural da Universidade de Minnesota a antropologiacultural abrange três tópicos gerais que por sua vez subdivide-se e constituem-se comoespecialidades: Etnografia / Etnologia, Linguística aplicada à antropologia e Arqueologia. Acultura e a mitologia correspondem ao desejo do homem de conhecer a sua origem, ouproduzem um modo de autoconhecimento que é a identidade, diferenciando os grupos emfunção de suas idiossincrasias e adaptação em ambientes distintos.

Conceito Etimológico

Divisões e campo

Page 8: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 8/35

Page 9: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 9/35

[email protected] 8

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Primórdios Homero, Hesíodo e os filósofos pré-socráticos já se questionavam a respeito do

impacto das relações sociais sobre o comportamento humano; ou vendo este impacto comoconsequência dos caprichos dos deuses, como enumera a Odisséia de Homero e a Teogoniade Hesíodo, ou como construções racionais, valorizando muito mais a apreensão darealidade no dia a dia da experiência humana, como preferiam os filósofos pré-socráticos. Foi,sem dúvida, na Antiguidade Clássica que a "medida Humana" se evidenciou como centro dadiscussão acerca do mundo.

Os gregos deixaram inúmeros registros e relatos acerca de culturas diferentes dassuas, assim como os chineses e os romanos. Nestes textos nascia, por assim dizer, aAntropologia, e no século V a.C. um exemplo disto se revela na obra de Heródoto, quedescreveu minuciosamente as culturas com as quais seu povo se relacionava. Da contribuiçãogrega fazem parte também as obras de Aristóteles (acerca das cidades gregas) e as deXenofonte (a respeito da Índia).

Entre os romanos merece destaque o poeta Lucrécio, que tentou investigar as origensda religião, das artes e se ocupou da discurso. Outro romano, Tácito analisou a vida das tribosgermânicas, baseando-se nos relatos dos soldados e viajantes. Salienta o vigor dos germanosem contraste com os romanos da sua época. Agostinho, um dos pilares teológicos doCatolicismo, descreveu as civilizações greco-romanas "pagãs", vistas como moralmenteinferiores às sociedades cristianizadas. Em sua obra já discutia, de maneira pouco elaborada,a possibilidade do "tabu do incesto" funcionar como norma social, garantia da coesão dasociedade. É importante salientar que Agostinho, no entanto, privilegiou explicaçõessobrenaturais para a vida sociocultural. Embora não existisse como disciplina específica, o saber antropológico participou dasdiscussões da Filosofia, ao longo dos séculos. Durante a Idade Média muitos escritoscontribuíram para a formação de um pensamento racional, aplicado ao estudo daexperiência humana, como fez o administrador francês Jean Bodin, estudioso dos costumesdos povos conquistados, que buscava, em sua análise, explicações para as dificuldades queos franceses tinham em administrar esses povos. Com o advento do movimento iluminista,este saber foi estruturado em dois núcleos analíticos: a Antropologia Biológica (ou Física), demodo geral considerada ciência natural, e a Antropologia Cultural, classificada como ciênciasocial.

Page 10: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 10/35

[email protected] 9

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

O século XVIII

O século XIX

Até o século XVIII, o saber antropológico esteve presente na contribuição doscronistas, viajantes, soldados, missionários e comerciantes que discutiam, em relação aospovos que conheciam, a maneira como estes viviam a sua condição humana, cultivavam seushábitos, normas, características, interpretavam os seus mitos, os seus rituais, a sualinguagem. Só no século XVIII, a Antropologia adquire a categoria de ciência, partindo dasclassificações de Carlos Lineu e tendo como objeto a análise das"raças humanas". O legado desta época foram os textos que descreviam as terras, a (Fauna, a Flora, aTopografia) e os povos"descobertos" (Hábitos e Crenças). Algumas obras que falavam dosindígenas brasileiros, por exemplo, foram: a carta de Pero Vaz de Caminha("Carta doDescobrimento do Brasil"), os relatos de Hans Staden,"Duas Viagens ao Brasil", os registrosde Jean de Léry, a"Viagem a Terra do Brasil", e a obra de Jean Baptiste Debret, a"ViagemPitoresca e Histórica ao Brasil”. Além destas, outras obras falavam ainda das terras recém-descobertas, como a carta de Colombo aos Reis Católicos. Toda esta produção escritalevantou uma grande polêmica acerca dos indígenas.

A contribuição dos missionários jesuítas na América (como Bartolomeu de Las Casas ePadre Acosta) ajudaram a desenvolver a denominada"teoria do bom selvagem", que via osíndios como detentores de uma natureza moral pura, modelo que devia ser assimilado pelosocidentais. Esta teoria defendia a idéia de que cultura mais próxima do estado"natural"

serviria de remédio aos males da civilização.

No Século XIX, por volta de 1840, Boucher de Perthes utiliza o termo homem pré-

histórico para discutir como seria sua vida cotidiana, a partir de achados arqueológicos, comoutensílios de pedra, cuja idade se estimava bastante remota. Posteriormente, em 1865, JohnLubock reavaliou numerosos dados acerca da Cultura da Idade da Pedra e compilou umaclassificação em que enumerava as diferenças culturais entre o Paleolítico e Neolítico. Com a publicação de dois livros, A Origem das Espécies, em 1859, e A descendência dohomem, em 1871, Charles Darwin principia a sistematização da teoria evolucionista. Partindoda discussão trazida à tona por estes pesquisadores, nascia a Antropologia Biológica ouAntropologia Física

Page 11: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 11/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

A antropologia evolucionista

Teoria

Marcada pela discussão evolucionista, a antropologia do Século XIX privilegiou o

Darwinismo Social, que considerava a sociedade européia da época como o apogeu de umprocesso evolucionário, em que as sociedades aborígines eram tidas como exemplares"maisprimitivos".

Esta visão usava o conceito de "civilização" para classificar, julgar e, posteriormente,justificar o domínio de outros povos. Esta maneira de ver o mundo a partir do conceitocivilizacional de superior, ignorando as diferenças em relação aos povos tidos comoinferiores, recebe o nome de etnocentrismo. É a Visão Etnocêntrica, o conceito europeu dohomem que se atribui o valor de "civilizado", fazendo crer que os outros povos, como os dasIlhas da Oceania estavam "situados fora da história e da cultura". Esta afirmação está muitopresente nos escritos de Paul e Hegel.

Com fundamento nestas concepções, as primeiras grandes obras da antropologia,consideravam, por exemplo, o indígena das sociedades não européias como o primitivo, o

antecessor do homem civilizado: afirmando e qualificando o saber antropológico comodisciplina, centrando o debate no modo como as formas mais simples de organização socialteriam evoluído de acordo com essa linha teórica essas sociedades caminhariam para formasmais complexas como as da sociedade européia.

Nesta forma de apreender a experiência humana, todas as sociedades, mesmos asdesconhecidas, progrediriam em ritmos diferentes, seguindo uma linha evolutiva. Issobalizou a idéia de que a demanda colonial seria "civilizatória", pois levaria os povos ditos"primitivos" ao "progresso tecnológico-científico" das sociedades tidas como "civilizadas".

Há que ver estes equívocos como parte da visão de mundo que pretendiam estabelecer asdiretrizes de uma lei universal de desenvolvimento. Mas não se pode generalizar e atribuir as características acima a todos os autores quese aparentaram a essa corrente. Cada autor tem suas próprias nuances. Durkheim, porexemplo, procurou nas manifestações totêmicas dos nativos australianos a forma maissimples e elementar de religiosidade, mas não com o pensamento enquadrado numa linhaevolutiva cega: se nossa sociedade era dita mais complexa ele atribuía isso às diversastendências da modernidade de que somos fruto, e a dificuldade de determinar uma

tendência pura na nossa religião, escamoteada por milhares de anos de teologia.

Page 12: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 12/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Método

Pensadores

A antropologia difusionista

O método concentrava-se numa incansável comparação de dados, retirados dassociedades e de seus contextos sociais, classificados de acordo com o tipo (religioso, deparentesco, etc), determinado pelo pesquisador, dados que lhe serviriam para comparar associedades entre si, fixando-as num estágio específico, inscrevendo estas experiências numaabordagem linear, diacrônica, de modo a que todo costume representasse uma etapa numaescala evolutiva, como se o próprio costume tivesse a finalidade de auxiliar esta evolução.Entendiam os evolucionistas que os costumes se demarcavam como substância, comofinalidade, origem, individualidade e não como um elemento do tecido social,interdependente de seu contexto.

Vale ressaltar que apesar da maior parte dos evolucionistas terem trabalhado emgabinetes, um dos mais conhecidos pensadores dessa corrente, Lewis Henry Morgan, tinhacontato com diversas tribos do norte dos Estados Unidos. É absurdo creditar a autores dessacorrente uma compilações cega das culturas humanas, isso seria uma simplificação enorme,ao mesmo tempo que se deixaria de aproveitar esses estudos clássicos da antropologia. eseparado por muito tempo.

A Antropologia Difusionista reagiu ao evolucionismo e foi sua contemporânea.Privilegiava o entendimento da natureza da cultura, em termos de origem e extensão, deuma sociedade a outra. Para os difusionistas, o empréstimo cultural seria um mecanismofundamental de evolução cultural. O difusionismo acreditava que as diferenças esemelhanças culturais eram consequência da tendência humana para imitar e a absorvertraços culturais, como se a humanidade possuísse uma "unidade psíquica", tal como defendia

Bastian. Representantes e obras

Friedrich Ratzel

Grafton Elliot Smith

William James Perry

William H. R. Rivers

Fritz Graebner - Methode del Ethnologie, 1891

Fr. Wilhelm Schmidt, fundador da revista Anthropos

Page 13: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 13/35

[email protected] 2

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

O surgimento da "linhagem francesa "

O século XX

Com Émile Durkheim começam os fenômenos sociais a serem definidos como objetosde investigação sócio-antropológica e, a partir da análise da publicação de Regras do"Método Sociológico", em 1895, começa-se a pensar que os fatos sociais seriam muito maiscomplexos do que se pretendia até então. No final do século XIX, juntamente com MarcelMauss, Durkheim se debruça nas representações primitivas, estudo que culminará na obra"Algumas formas primitivas de classificação", publicada em 1901. Inaugura-se então adenominada "linhagem francesa" na Antropologia.

Com a publicação, de "As formas elementares da vida religiosa" em 1912, Durkheim,ainda apegado ao debate evolucionista, discute a temática da religião. Marcel Mauss publicacom Henri Hubert, em 1903, a obra Esboço de uma teoria geral da magia, aonde forja oconceito de mana. Inicialmente centrada na denominada "Etnologia", a AntropologiaFrancesa, arranca, como disciplina de ensino, no"Institut d´Ethnologie du Musée del´Homme" em Paris, a partir de 1927. No início, a disciplina se vinculara ao Museu de HistóriaNatural, porque se considerava a antropologia como uma subdisciplina da história natural.Ainda existia um determinismo biológico, segundo o qual se considerava que as diferençasculturais eram fruto das diferenças biológicas entre os homens.

Nos EUA, Franz Boas desenvolve a ideia de que cada cultura tem uma históriaparticular e considerava que a difusão de traços culturais acontecia em toda parte. Nasce orelativismo cultural, e a antropologia estende a investigação ao trabalho de campo. ParaBoas, cada cultura estaria associada à sua própria história. Para compreender a cultura épreciso reconstruir a sua própria história. Surgia o Culturalismo, também conhecido comoParticularismo Histórico. Deste movimento surgiria posteriormente a escola antropológicada Cultura e Personalidade. Paralelamente a estes movimentos, na Inglaterra, nasce o Funcionalismo, que enfatizao trabalho de campo (observação participante). Para sistematizar o conhecimento acerca deuma cultura é preciso apreendê-la na sua totalidade. Para elaborar esta produção intelectualsurge a etnografia. As instituições sociais centralizam o debate, a partir das funções queexercem na manutenção da totalidade cultural.

Page 14: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 14/35

[email protected] 3

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

A antropologia funcionalista

Antropologia estrutural

O Funcionalismo inspirava-se na obra de Durkheim. Advogava um estreito paralelismoentre as sociedades humanas e os organismos biológicos (na forma de evolução econservação) porque em ambos os casos a harmonia dependeria da interdependênciafuncional das partes. As funções eram analisadas como obrigações, nas relações sociais. Afunção sustentaria a estrutura social, permitindo a coesão, fundamental, dentro de umsistema de relações sociais. Representantes e principais obras

Bronislaw Malinowski, Os Argonautas do Pacífico Ocidental - 1922.

Bronislaw Malinowski, Uma teoria científica da cultura.

Radcliffe Brown, Estrutura e função na sociedade primitiva - 1952 e Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento, org. c/ Daryll Forde - 1950.

Evans-Pritchard, Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande - 1937 e Os Nuer - 1940.

Raymond Firth Nós, os Tikopia - 1936 (We, The Tikopia) e Elementos de organização social- 1951.

Max Glukman, Ordem e rebelião na África tribal - 1963.

Victor Turner, Cisma e continuidade em uma sociedade africana - (Schism and Continuity

in an African Society: A Study of Ndembu Village Life) 1957 Ed. brasileira 2005, EDUFF; processo ritual - 1969.

Edmund Leach - Sistemas políticos da Alta Birmânia (Political Sistems of Highland Burma: A Study of Kachin Social Structure) - 1954. Ed. brasileira 1996, EDUSP.

A Antropologia estrutural nasce na década de 1940. O seu grande teórico é ClaudeLévi-Strauss. Centraliza o debate na ideia de que existem regras estruturantes das culturas namente humana, e assume que estas regras constroem pares de oposição para organizar osentido. Para fundamentar o debate teórico, Lévi-Strauss recorre a duas fontes principais: acorrente psicológica criada por Wilhelm Wundt e o trabalho realizado no campo dalinguística, por Ferdinand de Saussure, denominado Estruturalismo. Influenciaram-no, ainda,Durkheim, Jakobson (teoria linguística), Kant (idealismo) e Marcel Mauss.

Page 15: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 15/35

[email protected] 4

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Idéias centrais

O particularismo histórico

Para a Antropologia estrutural as culturas definem-se como sistemas de signospartilhados e estruturados por princípios que estabelecem o funcionamento do intelecto. Em1949 Lévi-Strauss publica "As estruturas elementares de parentesco", obra em que analisa osaborígines australianos e, em particular, os seus sistemas de matrimônio e parentesco. Nestaanálise, Lévi-Strauss demonstra que as alianças são mais importantes para a estrutura socialque os laços de sangue. Termos como exogamia, endogamia, aliança, consanguinidadepassam a fazer parte das preocupações etnográficas. Autores e obras

Claude Lévi-Strauss

As estruturas elementares do parentesco - 1949.Tristes Trópicos - 1955.

Pensamento selvagem - 1962.

Antropologia estrutural - 1958

Antropologia estrutural dois - 1973

O cru e o cozido - 1964

Do mel às cinzas - 1966

A origem das maneiras de mesa - 1968

O Homem Nu - 1971

Lucien Lévy-Bruhl

Marcel Griaule

Dieux d´Eau

Marcel Griaule e Germaine Dieterlen

Le Renard Pâle

Também conhecida como Culturalismo, esta escola estadunidense, defendida por

Franz Boas, rejeita, de maneira marcante, o evolucionismo que dominou a antropologiadurante a primeira metade do século XX.

Page 16: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 16/35

[email protected] 5

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Principais idéias

A escola de cultura e personalidade

A discussão desta corrente gira em torno da ideia de que cada cultura tem umahistória particular e de que a difusão cultural se processa em várias direções. Cria-se oconceito de relativismo cultural, vendo também a evolução como fenômeno que podedecorrer do estado mais simples para o mais complexo. Representantes

Franz Boas

C. Wissler

Alfred Louis Kroeber

Robert Lowie

Criada por estudiosas estadunidenses, discípulos de Franz Boas, influenciadas pelaPsicanálise e pela obra de Nietzsche, esta escola concebe a cultura como detentora de uma"Personalidade de base", partilhada por todos os membros. Estabelece uma tipologia

cultural. Haveria culturas: dionisíacas (centradas no êxtase) e apolíneas (estruturadas nodesejo de moderação); pré-figurativas, pós-figurativas, co-figurativas. Representantes

Ruth Benedict

Margaret Mead

Gregory Bateson

Ralph Linton

Abram Kardiner

Page 17: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 17/35

[email protected] 6

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Antropologia interpretativa Com cerca de vinte livros publicados, Clifford Geertz é provavelmente, depois de

Claude Lévi-Strauss, o antropólogo cujas ideias causaram maior impacto na segunda metadedo século XX, não apenas no que se refere à própria teoria e à prática antropológica mastambém fora de sua área, em disciplinas como a psicologia, a história e a teoria literária.Considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea - a chamadaAntropologia Hermenêutica ou Interpretativa.

Geertz, graduado em filosofia, inglês, antes de migrar para o debate antropológico,obteve seu PhD em Antropologia em 1956 e desde então conduziu extensas pesquisas decampo, nas quais se fundamentam seus livros, escritos essencialmente sob a forma deensaio. As suas principais pesquisas foram feitas na Indonésia e em Marrocos. Desiludiu-secom a metodologia antropológica, para Geertz excessivamente abstrata e de certa formadistanciada da realidade encontrada no campo, o que o levou a elaborar um método novo deanálise das informações obtidas entre as sociedades que estudava. Seu primeiro estudo tinhapor objetivo entender a religião em Java.

Por fim foi incapaz de se restringir a apenas um aspecto daquela sociedade, que eleachava que não poder ser extirpado e analisado separadamente do resto, desconsiderando,

entre outras coisas, a própria passagem do tempo. Foi assim que ele chegou ao que depois foiapelidada de antropologia hermenêutica. Sua tese começa defendendo o estudo de "quemas pessoas de determinada formação cultural acham que são, o que elas fazem e por querazões elas crêem que fazem o que fazem".

Uma das metáforas preferidas de Geertz, para definir o que fará a AntropologiaInterpretativa, é a leitura das sociedades enquanto textos ou como análogas a textos. Ainterpretação ocorre em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto", pleno de

significado, que é a sociedade na escrita do texto/ensaio do antropólogo, por sua vezinterpretado por aqueles que não passaram pelas experiências do autor do texto escrito.Todos os elementos da cultura analisada devem, portanto ser entendidos à luz destatextualidade, imanente à realidade cultural.

Page 18: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 18/35

[email protected] 7

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Idéias centrais

Outros movimentos

Debates pós-modernos

Idéias centrais

A Antropologia Interpretativa analisa a cultura como hierarquia de significados,

pretendendo que a etnografia seja uma "descrição densa", de interpretação escrita e cujaanálise é possível por meio de uma inspiração hermenêutica. É crucial a leitura da leitura queos "nativos" fazem de sua própria cultura.

Outros movimentos significativos, na história do século XX, para a teoria Antropológicaforam as escolas Cognitiva, Simbólica e Marxista.

Na década de 1980, o debate teórico na Antropologia ganhou novas dimensões.Muitas críticas a todas as escolas surgiram, questionando o método e as concepçõesantropológicas. No geral, este debate privilegiou algumas ideias: a primeira delas é que arealidade é sempre interpretada, ou seja, vista sob uma perspectiva subjetiva do autor,portanto a antropologia seria uma interpretação de interpretações. Da crítica das retóricas

de autoridade clássicas, fortemente influenciada pelos estudos de Foucault, surgem metaetnografias, ou seja, a análise antropológica da própria produção etnográfica. Contribuiumuito para esta discussão a formação de antropólogos nos países que então eram analisadosapenas pelos grandes centros antropológicos.

Privilegia a discussão acerca do discurso antropológico, mediado pelos recursos

retóricos presentes no modelo das etnografias.Politiza a relação observador-observado na pesquisa antropológica, questionando a

utilização do "poder" do etnógrafo sobre o "nativo".

Crítica dos paradigmas teóricos e da "autoridade etnográfica" do antropólogo. Apergunta essencial é:'quem realmente fala em etnografia? O nativo? Ou o nativo visto peloprisma do etnógrafo?

A etnografia passa a ser desenvolvida como uma representação polifônica dapolissemia cultural, e nela deveriam estar claramente presentes as vozes dos váriosinformantes.

Page 19: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 19/35

[email protected] 8

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Bibliografia1. CARDOSO, Ruth - A aventura antropológica. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986.

2. COLE, Johnnetta B. (org.) - Anthropology for the Eighties. New York, The Free Press,1982.

3. COPANS, Jeans - Críticas e políticas da antropologia. Lisboa, Edições 70, 1981.

4. CORRÊA, Mariza - “A antropologia no Brasil (1960-1980)”. In: MICELI, Sérgio (org.) -“História das ciências sociais no Brasil”, v.2, São Paulo, Sumaré, FAPESP, 1995.

5. CUNHA, Manuela Carneiro da - Antropologia do Brasil, São Paulo, Brasiliense/EDUSP, 1986

6. DAMATTA, Roberto - Relativizando, Uma introdução à antropologia social. Rio deJaneiro, Rocco, 1991.

7. HARRIS, Marvin - El desarrollo de la teoria antropológica, Madri, Siglo VeintiunoEditores, 1979.

8. KUPER, Adam- Antropólogos e antropologia. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1978

9. LABURTHE-TOLRA, Philippe & WARNIER, Jean-Pierre - Etnologia - Antropologia.Petrópolis, Vozes, 1997.

10. LAPLANTINE, François - Aprender Antropologia. São Paulo, Brasiliense, 198811. LÉVI-STRAUSS, Claude - Antropologia estrutural. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro,

1970.

12. OLIVEIRA, Roberto Cardoso de - Sobre o pensamento antropológico Rio de Janeiro,Tempo Brasileiro, 1988.

13. ROMNEY, A. Kimball & DeVORE, Paul(orgs.) - You and Others. Cambridge, 1973.

14. SPERBER, Dan- O saber dos antropólogos. Lisboa, Edições 70, 1992.

15. STOCKING Jr, George (ed.) - Observers observed. Essays on ethnographic fieldwork.Madison, University of Wisconsin Press, 1983.

16. STOCKING Jr, George (ed.) - Race, culture and evolution. New York, The Free Press,1968.

17. STOCKING Jr, George (ed.) - The ethnographer's magic. Madison, The University ofWisconsin Press,1992

Page 20: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 20/35

[email protected] 9

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 21: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 21/35

Page 22: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 22/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 23: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 23/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 24: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 24/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 25: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 25/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 26: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 26/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 27: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 27/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 28: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 28/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 29: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 29/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 30: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 30/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 31: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 31/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 32: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 32/35

Page 33: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 33/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 34: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 34/35

[email protected]

Antropologia Social Profº Ribamar Campos

Page 35: 83842654 Apostila de Antropologia Social

8/14/2019 83842654 Apostila de Antropologia Social

http://slidepdf.com/reader/full/83842654-apostila-de-antropologia-social 35/35

Antropologia Social Profº Ribamar Campos