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Redação Setor 1509 LÍNGUA PORTUGUESA Prof.: aula 9 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 236 aula 10 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 236 aula 11 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 240 aula 12 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 240 aula 13 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 243 aula 14 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 243 aula 15 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 245 aula 16 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 245 Texto teórico ...................................................................................248 Tarefa ...............................................................................................257

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redação

setor 1509

línguA porTuguesA

Prof.:

aula 9 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 236

aula 10 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 236

aula 11 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 240

aula 12 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 240

aula 13 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 243

aula 14 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 243

aula 15 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 245

aula 16 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 245

Texto teórico ...................................................................................248

Tarefa ...............................................................................................257

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236 Reda•‹o Ð Setor 1509 KAPA 2

AulAs 9 e 10 selecionAr, relAcionAr e orgAnizAr informAções

em torno se colocam

as categorias que

reagrupem as ideias

usa frases breves e palavras-chavecomo se faz

mapa das

ideiaso que é

usos

esquema gráfico

vantagens

ajuda a organizar as ideias

de modo não linear

é de fácil apreensão

evidencia as ligações entre as ideias

seleciona-se o assunto, que é

colocado no centro da folha

como técnica para tomar nota de

um texto escrito, de uma aula e de

uma conferência

para aclarar as

próprias ideias

para organizar a informação antes

de um texto escrito ou oral

SERAFINI, Maria Teresa. Como escrever textos. São Paulo: Ed. Globo, 1997. p. 42. Adaptado.

Redigir é um processo que envolve competências bastante complexas, acionadas ora em sequência, ora simultaneamente, ora com idas e vindas: produção, seleção, hierarquização e organização das ideias. Co-nhecer e treinar essas etapas aumenta a capacidade de controlá-las e, por conseguinte, a eficiência do texto produzido.

O projeto de texto é uma espécie de mapa de identificação e disposição das ideias que permite refletir sobre quais informações serão usadas, em que ordem e de que maneira serão explicadas e articuladas entre si. Trata-se de uma ferramenta de organização e controle das diferentes etapas envolvidas na escrita.

1a etapa – produzir informações: apreens‹o de ideias da coletânea de textos e compreens‹o delas, associando-as a outras informações do repertório individual (atualidades, conhecimentos compendiados pela tradição escolar – como História, Geografia, Biologia, etc. –, conhecimentos de outras áreas do saber – como psicologia, economia, política –, outros temas de redação pertinentes, etc.).

2a etapa – selecionar, hierarquizar, organizar: depois de produzidas, as informações precisam passar por uma nova etapa de análise, em que serão fundidas, eliminadas, mais bem explicadas, hierarquizadas, associadas e organizadas, sob o olhar de quem conhece toda a matéria-prima de que dispõe e pode decidir com mais chance de sucesso.

exercício

(FGV Economia – Adaptada) Os três textos a seguir compunham a coletânea a partir da qual a banca exa-minadora solicitou a elaboração de uma dissertação argumentativa sobre o tema: Cabe à escola e à família preparar crianças e adolescentes para lidar com as finanças? A fim de produzir, selecionar, relacionar e organizar ideias, elabore um projeto de texto em duas etapas.

1a etapa: de cada texto, selecione algumas ideias que podem ser aproveitadas em sua redação (apreensão de sentido) e produza outras a partir delas, com base em seu conhecimento de mundo (compreensão de sentido). Não se preocupe com a ordem ou com a coerência entre elas.

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Exemplo de mapa de ideias.

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KAPA 2 Redação – Setor 1509 237

Projeto de texto I: apreender e compreender informações

TexTo I

Num mundo completamente submetido às andan-ças da Economia, nós, os leigos desta ciência, temos muita dificuldade em nos manter a par de seus pro-cessos e nomenclatura. Mas, pior, sentimos que somos subjugados pela sua dinâmica e ficamos inferiorizados, suplantados e arrastados pela força de quem os domina. Não acham que já é altura de a escola assumir este conhecimento e fornecer instrumentos para que esta in-ferioridade não se perpetue? Afinal, e do ponto de vista da própria Economia, cada um de nós é um elemento de produção, logo um elemento da cadeia econômica mun-dial. Mara Luquet, jornalista e escritora brasileira da área econômica, foi sensível a esta questão e, se assim o pensou, melhor o fez: criou a “Bicholândia”, recheada de habitantes com um bom punhado de profissões e diferentes contribuições para a dinâmica econômica da comunidade. Há a Formiga Emília, empresária; a Cigarra Nara, cantora; a Joaninha Aninha, assalariada; o Tatu Artur, banqueiro, entre outros, como a Galinha Binha, industrial.

Disponível em: <http://mariacatela.blogs.sapo.cv/tag/economia>. Acesso em: 11 out. 2012. Adaptado.

TEXTO IApreensão• Segundo a autora, cada um de nós é um elemento da cadeia econômica mundial, e os leigos em econo-mia estariam alienados dessa condição, favorecendo o controle de quem domina sua dinâmica.• Conforme o texto, a economia submete, subjuga, inferioriza os leigos em suas engrenagens, razão pela qual o conhecimento pode ser fator de libertação e controle.• Iniciativas como a de Mara Luquet ilustram que o conhecimento sobre economia deve ser difundido des-de a educação infantil (escola e família) para a melhor compreensão da dinâmica econômica.

Compreensão• O texto foi retirado de um blog, ferramenta virtual bastante eficiente para a transmissão de informações e conhecimentos, dispensando a intervenção da es-cola no assunto.• A escola é a tradicional instituição de transmissão de conhecimentos, logo deve fornecer instrumentos para o domínio do conhecimento econômico.• É dever das famílias educar os filhos para as finanças, inclusive para evitar futuros problemas, como sérios endividamentos.

TexTo II

Cerca de um quarto dos projetos de lei na área da educação que tramitam no Congresso atualmente pro-põe a criação de novas disciplinas ou mudanças no con-teúdo do currículo escolar. Um desses projetos visa criar a disciplina de educação financeira para os currículos de 6o a 9o anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. De acordo com Dermeval Saviani, professor da Unicamp, as medidas que criam disciplinas e conteúdos pelos parlamentares são “exóticas”, e não poderiam ser definidas nesse nível. “É no âmbito das escolas que as normas gerais fixadas pelo Congresso Nacional, pelas Assembleias e pelos Conselhos devem ser traduzidas na sua composição curricular”, explica. Para ele, essas leis aparecem como distorções, porque vão na contramão da educação na forma de um sistema articulado.

Disponível em: <www.acaoeducativa.org.br/index.php/ todas-noticias/2428-observatorio-da-educacao>.

Acesso em: 11 out. 2012. Adaptado.

TEXTO IIApreensão• Um, entre vários projetos de lei, pretende incluir a disciplina de Educação Financeira em 7 dos 12 anos do currículo escolar da educação básica no Brasil.• A matéria critica o projeto de lei (e os demais que pretendem alterar currículos escolares) porque a com-

posição curricular deve se dar no âmbito das escolas.• Para o professor da Unicamp, leis como essa são distorções porque ferem a articulação do sistema de ensino.

Compreensão• Guardadas as diferenças de aprofundamento, o projeto de 7 anos de estudos econômicos pode re-presentar uma iniciativa muito ousada, se comparado com os 4 ou 5 anos de duração de um curso superior em Economia. • Se a discussão sobre a disciplina de Economia de-pender da abordagem nas escolas, provavelmente nunca ocorrerá, dada a formação dos professores e a tradição curricular.• O interesse descabido dos parlamentares pelo as-sunto, apesar da impropriedade do âmbito de discus-são, põe em evidência a urgência do debate sobre o currículo.

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TexTo III

O vazio deixado pela falência da educação humanista – a que buscava formar a excelência dos talentos e habili-dades, o “homem integral” – vem a ser preenchido pelos valores da mídia e do mercado, agente subordinador de todas as esferas da vida ao fator econômico, que visa adaptar o indivíduo aos valores empresariais do lucro, da competição e do sucesso. Na perspectiva humanista, as disciplinas são formadoras, mas, na cultura da mídia e do mercado, elas têm de ser performáticas, isto é, instrumentalizadas, já que estão a serviço de fatores alheios ao verdadeiro sentido de educar e preparar alguém para a vida. Diante disso, torna-se necessário transportar para o século XXI a arte de formar “homens obras de arte, éticos e criadores”. Trata-se de reconquistar para os dias atuais as lições de uma educação ética e criadora, lições que não conhecem diferença alguma entre o antigo e o moderno, uma vez que a dignidade de nascer, viver e morrer não conhece variações e muito menos modismos de ocasião.

Adaptado das obras de Olgária Matos e Viktor Sallis.

TEXTO IIIApreensão • A filósofa Olgária Matos e o psicólogo Viktor Sallis criticam a subordinação da educação à economia; logo, o currículo escolar não deve incorporar o estudo dessa disciplina.• O projeto de lei confirmaria o domínio dos valores do mercado e do lucro em detrimento dos ideais da formação humanista, que visam à criação de um ser humano integral.• Os autores veem o mercado como um agente que visa adaptar o indivíduo aos valores empresariais do lucro e da compe-tição – com os quais a escola não deveria compactuar.• O verdadeiro sentido de educar e preparar alguém para a vida é deturpado por disciplinas como a de economia, verdadeiros instrumentos de perpetuação do controle econômico. • A educação deve ser capaz de promover a dignidade de nascer, viver e morrer, finalidade que não conhece variações, mesmo num cenário de supervalorização do capital.

Compreensão • Uma educação eminentemente humanística pode ser associada à falta de conexão com a realidade concreta da vida, em que a economia é uma área do conhecimento fundamental.• A educação humanística, cuja finalidade maior seria preparar alguém para a vida, deveria incorporar o estudo de disciplinas que integram a vida moderna, como tecnologia e economia, por exemplo.• Se é verdade que a finalidade maior da educação é dirigir-se para a dignidade de nascer, viver e morrer, e a economia sub-juga os indivíduos, então é imperativo que ela seja uma disciplina escolar capaz de garantir a preservação dessa dignidade humana, por meio do conhecimento. • A escola brasileira é tradicionalista e refrata modernizações como a criação da disciplina de economia no ensino básico. Inovações assim poderiam contribuir para o desenvolvimento individual e coletivo do país, em meio a um mundo em con-tínua renovação.

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KAPA 2 Redação – Setor 1509 239

Projeto de texto II: selecionar, relacionar e organizar informações 2a etapa: relacione as ideias anotadas em, pelo menos, duas grandes correntes de pensamento: defesa da

educação para as finanças e crítica a essa proposta. Selecione as melhores ideias, estabeleça conexões entre elas e explique mais as que julgar necessário.

Defesa de uma educação para as finanças crítica a uma educação para as finanças

• Num mundo em que os conhecimentos e valores relacionados à economia são determinantes, o cidadão sem contato com eles está ainda mais submetido a seu domínio.• As chances de crescimento financeiro e profissional do estu-dante aumentam se ele conhece as engrenagens do mercado financeiro, essa grande abstração que permeia todo o mercado de trabalho.• A educação para as finanças tem a finalidade maior de tornar as pessoas mais conscientes e responsáveis no que diz respeito a suas finanças pessoais, o que tem consequências enormes em todos os outros campos da vida.• Seguindo essa lógica, seria possível dizer que a formação eco-nômica é de responsabilidade da escola, da família ou de ambas, pois são as grandes instâncias de educação dos jovens.• No caso da escola, pode-se comentar a criação de uma disci-plina especial sobre o tema, ajustando o currículo ao mundo con-temporâneo, suas necessidades e possibilidades, o que poderia ser visto como o princípio de uma educação menos academicista e mais significativa para o indivíduo.• No caso da família, a importância do exemplo dos pais, com práticas e orientações importantes para a vida particular futura, deve romper o silêncio que costuma pairar sobre finanças: é preciso levar os filhos, conscientemente, ao contato com as fi-nanças, a fim de que não apenas copiem, pela observação tácita, o modo como os pais lidam com o dinheiro.

• Embora sedutora, é problemática a possibilidade de a educa-ção financeira promover a adaptação do indivíduo à economia. Em vez de liberdade, escolas e famílias podem criar pessoas passivas diante da opressão que o capitalismo exerce sobre os indivíduos. • O texto III segue uma leitura de que os valores instrumentais da economia moderna teriam tomado todo o lugar dos valores humanistas, relacionados à autonomia dos indivíduos, sufocando preocupações éticas, estéticas e relativas à liberdade. A instru-mentação para o trabalho não pode reduzir o potencial criativo da educação humanística.• Seguindo essa linha de raciocínio, tanto a escola quanto a famí-lia até poderiam trabalhar com conhecimentos da economia, mas deveriam fazê-lo criticamente, sem deixar de lado preocupações humanas essenciais e que tenham potencial emancipatório.• Valores capitalistas como a busca desenfreada pelo lucro, a competição entre os indivíduos e a desfragmentação dos laços humanos não deveriam ser estimulados na escola e na família, espaços para a construção de outros valores, mais humanos, éticos e libertários – que servirão de contraponto aos do capita-lismo, no mercado de trabalho.

Repertório – atualidades Repertório – atualidades

• Encorajar os alunos a encontrar fatos do cotidiano (individual, familiar e social) que possam ajudar a discutir o tema.

Repertório – pensadores Repertório – pensadores

• Um exemplo: o filósofo alemão Jürgen Habermas vê no su-focamento das questões éticas pelos valores de mercado uma colonização, pelo sistema econômico, dos espaços reservados ao diálogo, não por meio de imposição pela força, mas sim de instituições sociais como a mídia e a escola.

Leia o Texto teórico das aulas 9 e 10.

Tarefa mínima Tarefa complementar

Redija a dissertação cujo projeto de texto

foi elaborado em classe.

orienTAção De esTuDo

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AulAs 11 e 12inTerpreTAr fATos e opiniões: como

Definir A Tese

Antes de ser um bom escritor, Ž preciso ser um bom leitor. Antes de ser uma prova de produ•‹o textual, a prova de redação é uma prova de leitura. Para que a competência do leitor/produtor seja bem avaliada, é fundamental que ele apresente a capacidade de interpretar corre-tamente a coletânea, ler e traduzir textos verbais, não verbais e sincréticos, compreender pressu-postos e subentendidos dos textos, bem como as demais estratégias de construção de sentidos.

Os valores inscritos no texto. Ao fazer essa leitura atenta dos textos que compõem a cole-tânea, o candidato verifica que há forma•›es ideol—gicas, valores em confronto, que expres-sam as diferentes visões dos indivíduos sobre os dados da realidade.

Possibilidades de posicionamento: assu-mindo a tese. Considerando que a dissertação é um texto analítico, ela deve expressar a visão crítica do candidato diante da questão posta em debate. Alguns temas exigem uma postura mais radical: é necessário posicionar-se de maneira favor‡vel ou desfavor‡vel à questão levada em discussão. Em outros temas, o produtor do texto pode assumir uma posição menos extremada e fazer uma media•‹o, verificando os “prós” e os “contras” de um mesmo objeto de análise.

Modos de express‹o do posicionamento. O modo de se expressar, na maior parte das vezes, é o que transforma uma redação mediana em uma redação acima da média. Dessa forma, é preciso considerar algumas estratégias textuais:

1. O senso comum. Apesar de muitas vezes nos sentirmos protegidos ao reproduzir ideias que parecem ter ampla aceitação, a reprodução do senso comum, seja em opiniões ou expres-sões, pode reduzir a expressividade do texto.

2. Os direitos humanos. Assumir um posi-cionamento que fira os direitos humanos, sem dúvida, depõe contra o enunciador de um texto. Deve-se tomar cuidado, em especial, com os ra-dicalismos, as generalizações e os preconceitos.

3. Escolha das pessoas gramaticais. Os efei-tos de sentido e o poder argumentativo de um texto estão diretamente relacionados ao modo de expressão. De todas as pessoas do discurso, a 1a pessoa do singular (eu) é a que traz mais subjetividade ao texto, uma vez que é ligada à função emotiva. Talvez seja a menos adequada às

dissertações ortodoxas. A 1a pessoa do plural (nós), quando utilizada em sentido de inclusão, pode ser mais eficiente. Já a 3a pessoa (ele/eles), muitas vezes levando à indeterminação dos su-jeitos, confere ao texto maior objetividade.

4. Sele•›es lexicais e posicionamento. Não apenas a tese é responsável pela expressão do posicionamento do enunciador do texto: as es-colhas lexicais feitas ao longo da redação, como o uso de palavras valorizadoras – adjetivos, advŽrbios, pronomes e substantivos, por exemplo – fazem com que o leitor compreenda os valores inscritos no texto.

exercícios

1 (Enem)

A publicidade, de uma forma geral, alia elemen-tos verbais e imagéticos na constituição de seus textos. Nessa peça publicitária, cujo tema é a sus-tentabilidade, o autor procura convencer o leitor a:a) assumir uma atitude reflexiva diante dos fenô-

menos naturais.b) evitar o consumo excessivo de produtos reuti-

lizáveis.c) aderir à onda sustentável, evitando o consumo

excessivo.d) abraçar a campanha, desenvolvendo projetos

sustentáveis.e) consumir produtos de modo responsável e eco-

lógico.

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KAPA 2 Redação – Setor 1509 241

2 (Vunesp)

Instrução: As questões a seguir tomam por base uma crônica de Clarice Lispector (1925- -1977) e uma passagem do Manual do roteiro, do professor de Técnica do roteiro, consultor e con-ferencista Syd Field.

Escrever

Eu disse uma vez que escrever Ž uma maldi•‹o. N‹o me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: Ž uma maldi•‹o, mas uma maldi•‹o que salva.

N‹o estou me referindo muito a escrever para jor-nal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. ƒ uma mal-di•‹o porque obriga e arrasta como um v’cio penoso do qual Ž quase imposs’vel se livrar, pois nada o substitui. E Ž uma salva•‹o.

Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inœtil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever Ž procurar entender, Ž procurar reproduzir o irreproduz’vel, Ž sentir atŽ o œltimo fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever Ž tambŽm aben•oar uma vida que n‹o foi aben•oada.

Que pena que s— sei escrever quando espontanea-mente a ÒcoisaÓ vem. Fico assim ˆ merc• do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos.

Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.

Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.

Escrevendo o roteiro

Escrever um roteiro Ž um fen™meno espantoso, quase misterioso. Num dia voc• est‡ com as coisas sob controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confus‹o e incerteza. Num dia tudo funciona, no outro n‹o; ninguŽm sabe como ou por qu•. ƒ o processo criativo; que desafia an‡lises; Ž m‡gica e maravilha.

Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experi•n-cia de escrever desde o in’cio dos tempos resume-se a uma coisa Ð escrever Ž sua experi•ncia particular, pessoal. De ninguŽm mais.

Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas o roteirista Ž a œnica pessoa que se senta e encara a folha de papel em branco.

Escrever Ž trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, m‡-quina de escrever ou computador, colocando palavras no papel. Voc• tem que investir tempo.

Antes de come•ar a escrever, voc• tem que achar tempo para escrever.

Quantas horas por dia voc• precisa dedicar-se a escrever?

H-12

H-22

Depende de voc•. Eu trabalho cerca de quatro ho-ras por dia, cinco dias por semana. John Millius escreve uma hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The towering

Inferno (Inferno na torre), ˆs vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a hist—ria na cabe•a por meses, contando-a para as pessoas atŽ que ele a conhe•a completamente; ent‹o ele Òpula na m‡quinaÓ e a escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastar‡ semanas polindo e consertando a hist—ria.

Voc• precisa de duas a tr•s horas por dia para es-crever um roteiro.

Olhe para a sua agenda di‡ria. Examine o seu tem-po. Se voc• trabalha em hor‡rio integral, ou cuidando da casa e da fam’lia, seu tempo Ž limitado. Voc• ter‡ que achar o melhor hor‡rio para escrever. Voc• Ž o tipo de pessoa que trabalha melhor pela manh‹? Ou s— vai acordar e ficar alerta no final da tarde? Tarde da noite pode ser um bom hor‡rio. Descubra.

Syd Field. Manual do roteiro, 1995.

a) Clarice Lispector coloca inicialmente o proces-so da criação literária como uma maldição. Em seguida, ressalva que é também uma  salva-

ção. Com base no texto da crônica, explique como a autora resolve essa diferença de con-ceitos sobre a criação literária.

Embora Clarice Lispector afirme que o ato de escrever é,

contraditoriamente, maldição e salvação, ao final do

primeiro parágrafo, a diferença entre os dois conceitos

acaba diluída com a definição do processo de criação

como uma “maldição que salva”. A maldição se explica

pelo entendimento da escrita “como um vício penoso do

qual é quase impossível se livrar”, e a salvação pela ideia

de que, por meio da escrita, uma “alma presa” pode se

libertar e também compreender dias que não seriam

entendidos se os deixássemos passar sem escrever.

Assim, o paradoxo resolve-se pela associação de

características complementares da escrita, que podem

ser consideradas transformadoras para o sujeito que se

submete a elas.

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242 Redação – Setor 1509 KAPA 2

Leia o Texto teórico das aulas 11 e 12.

Tarefa mínima Tarefa complementar

Redija o texto referente à Proposta 3 da

Tarefa.

orienTAção De esTuDo

AnoTAções

b) “Que pena que só sei escrever quando espon-taneamente a ‘coisa’ vem.” Explique, com base no primeiro parágrafo do texto Escrevendo o

roteiro, se Syd Field concorda com esta afirma-ção de Clarice Lispector.

Syd Field concorda com a afirmação de Clarice Lispector

sobre o ato de escrever um texto artístico. Para a autora,

que se refere especificamente a um tipo de texto “que

eventualmente pode se transformar num conto ou num

romance”, a escrita espontânea, natural, não depende

apenas da vontade ou da habilidade do enunciador,

mas também de seu estado de inspiração. Ela afirma

explicitamente que só sabe escrever “quando a ‘coisa’

vem”. Field, tratando dos roteiros cinematográficos –

outro gênero textual das artes –, considera o processo

de criação “um fenômeno espantoso, quase misterioso”,

justamente por depender de um estado de inspiração.

Segundo o autor, o resultado da escrita se dá à revelia

do autor, que nem sempre tem “as coisas sob

controle”, num processo criativo que é “mágica e

maravilha”.

c) “Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance.” Ao empregar na frase apresentada o advér-bio eventualmente, o que revela Clarice Lispec-tor sobre a criação de um conto ou romance?

No trecho “aquilo que eventualmente pode se

transformar num conto ou num romance”, o termo

“eventualmente” é fundamental para revelar parte da

gênese do texto literário de Clarice Lispector: a escritora

sugere que, motivada por uma inspiração inicial,

começava por redigir algo menos pretensioso,

que nem sempre chegava a culminar em um conto

ou em um romance. O advérbio “eventualmente”

participa da construção desse significado por estabe-

lecer o pressuposto de que a transformação desse

texto inicial em um texto literário era algo casual, even-

tual, que não ocorria com regularidade.

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KAPA 2 Redação – Setor 1509 243

AulAs 13 e 14 DominAr linguAgem: o pArágrAfo De inTroDução

A estrutura ortodoxa. A dissertação ortodoxa divide-se em três partes bem delimitadas: intro-dução, desenvolvimento e conclusão. A primei-ra delas, grosso modo, ocupa-se em apresentar ao leitor a posição que o enunciador assumiu em relação ao tema posto em debate. A segun-da, em comprovar, por meio de argumentos, a validade de sua tese, justificando tal escolha. Na œltima, resgata-se a base do raciocínio, a tese, e inclui-se, se conveniente ou necessário, uma proposta de intervenção – considerando, por exemplo, a obrigatoriedade imposta pelo Enem.

A Introdução é a abertura do texto dissertativo. ƒ por meio dela que o leitor estabelece o contato inicial com o texto; é nela que se revela, muitas vezes, o posicionamento do candidado. Os ele-mentos a seguir frequentemente são encontrados na introdução, em ordem aleat—ria:

tese

tema

contexto

Vale uma metáfora: como um trailer de filme, para tornar a leitura sedutora, a introdução pode fazer um apanhado das ideias básicas do texto, sem, contudo, desenvolvê-las ou explicá-las. As informações do primeiro parágrafo devem ser retomadas, justificadas e ampliadas no desen-volvimento da dissertação.

Estratégias de composição de introduções. São variadas as formas como os candidatos do vestibular elaboram o parágrafo introdut—rio de sua redação. Algumas das formas abaixo podem servir de estratégia para a formulação dessa par-te importante do texto dissertativo:

estabelecer uma comparação: por oposição ou por semelhança;

traçar uma trajet—ria hist—rica;

elaborar uma pergunta ret—rica;

ilustrar por meio de uma narrativa ou de uma descrição;

apontar as teses em circulação;

fazer uma definição pessoal.

exercícios

1 Imagine que um aluno, em um dia em que ele jul-gou estar muito inspirado, tenha produzido o se-guinte parágrafo de introdução por meio de uma definição:

Hip—tese é uma coisa que não é, s— que a gente diz que é para ver como seria se fosse. E tem gente que acredita nisso, o que é ruim para todos. E se não é, mas pensam de verdade que é, ninguém faz nada pra mudar o que está errado, mas continua acreditando que fez.

a) Trata-se de um parágrafo bem-sucedido? Jus-tifique sua resposta.

A definição, do ponto de vista do conteúdo, está correta.

No entanto, do ponto de vista da expressão, não. A sele-

ção e a combinação de palavras e a relação entre as ideias

dos períodos para a criação do parágrafo levam a uma

leitura “tortuosa”, exigindo esforço para a compreensão.

b) Reescreva a introdução, valendo-se ainda da estratégia adotada, mas apresentando as mes-mas ideias com clareza e precisão.

Há várias possibilidades de resposta.

Uma sugestão: “Hipótese não é fato. Existe uma

tendência a considerar como existente uma ideia que

muitas vezes apenas está esboçada em um papel.

Isso é um grande equívoco. Ao iludir-se com a pers-

pectiva de uma ação, o indivíduo se acomoda, con-

formando-se apenas com a sugestão de mudanças”.

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244 Redação – Setor 1509 KAPA 2

2 (Enem)

Transtorno do comer compulsivo

O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, nos últimos anos, como uma síndrome caracterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos; porém, diferentemente da bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar ganho de peso com os métodos compensatórios. Os episódios vêm acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos de culpa e de vergonha. Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais frequentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade.

Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de transtorno do comer compulsivo.

Disponível em: <www.abcdasaude.com.br>. Acesso em: 1o maio 2009. Adaptado.

Considerando as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-se que o texto tem a finalidade de:

a) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da compulsão alimentícia.b) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do comer compulsivo.c) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com métodos simples.d) expor de forma geral o transtorno compulsivo por alimentação.e) encaminhar as pessoas para a mudança de hábitos alimentícios.

3 (UEL-PR – Adaptada)

O gordo é o novo fumante

Nunca houve tanta gente acima do peso – nem tanto preconceito contra gordos. De um lado, o que há por trás é uma positiva discussão sobre saúde. Por outro, algo de podre: o nascimento de uma nova eugenia.

Superinteressante. Editora Abril, 306. ed., jul. 2012. p. 21. Disponível em: <http://super.abril.com.br/ciencia/o-gordo-e-o-novo-fumante>. Acesso em: 14 out. 2015.

Eugenia: estudo e aplicação de métodos para melhorar as carac-terísticas próprias de uma espécie, favorecendo a aparição de certas características ou a eliminação de outras, conside-radas ruins, como as doenças hereditárias; eugenismo, me-lhoramento genético.

glossário

Com base no texto, assinale a alternativa correta.a) Ao relacionar o termo “podre” ao termo “eugenia”, o enunciador revela um argumento e, consequente-

mente, uma opinião em relação ao assunto.b) A palavra “podre” foi empregada inadequadamente, uma vez que o conteúdo verbal, aliado à imagem,

revela aspecto científico.c) O termo “eugenia” refere-se a “podre” devido à carga negativa expressa na base de ambos os vocá-

bulos, independentemente do contexto.d) O vocábulo “eugenia” refere-se aos dois lados, positivo e negativo, da discussão, muito presente na

atualidade, em torno da saúde.e) Tanto o termo “podre” como o termo “eugenia” produzem efeito de sentido positivo, pois revelam um

novo tipo de preconceito.

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Leia o Texto teórico das aulas 13 e 14.

Tarefa mínima Tarefa complementar

Redija os textos referentes às Propostas 4 e 5 da Tarefa.

orienTAção De esTuDo

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KAPA 2 Redação – Setor 1509 245

AulAs 15 e 16 formAr reperTório: A consTiTuição DA ciDADAniA

Promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

exercícios

O trecho a seguir, base para as questões 1 e 2, foi extraído e adaptado do texto “Democrática e progressista”, do professor emérito da Faculdade de Direito da USP Dalmo de Abreu Dallari. Nele, o autor se posiciona sobre um tema proposto pelo jornal Folha de S.Paulo: O saldo da Constituição Federal de 1988 é positivo para o Brasil?

A partir das rea•›es contra as viol•ncias praticadas pela ditadura militar, ficou evidente a associa•‹o do uso da for•a com o objetivo de preserva•‹o de privilŽgios tradicionais, pois as v’timas das viol•ncias eram, em sua grande maioria, pessoas e organiza•›es que propu-nham mudan•as na ordem social, pol’tica e econ™mica brasileira. A Constitui•‹o foi um passo de grande im-port‰ncia no sentido de assegurar a exist•ncia de uma ordem baseada no direito, tendo como fundamento a dignidade da pessoa humana e prevendo os meios para que, por vias pac’ficas, as pessoas lutem para que os direitos fundamentais sejam direitos de todos.

A Constitui•‹o de 1988 Ž, portanto, a mais de-mocr‡tica de todas as que o Brasil j‡ teve, tanto pela participa•‹o do povo quanto por seu conteœdo, pois nela est‹o consagrados n‹o s— os tradicionais direitos individuais, mas tambŽm os direitos econ™micos, so-ciais e culturais. A realidade brasileira de hoje permite verificar que n‹o s— aumentou consideravelmente a porcentagem de brasileiros com acesso a direitos como educa•‹o e saœde, como tem aumentado a exig•ncia de efetiva•‹o desses direitos por meio de a•›es judiciais ou de manifesta•›es de organiza•›es sociais.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Democr‡tica e progressita. Folha de S.Paulo, S‹o Paulo, 4 out. 2008. Dispon’vel em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/

fz0410200808.htm>. Acesso em: 14 out. 2015. Adaptado.

1 Após décadas de regime militar, a Constituição Federal de 1988 (CF88) buscou alterar as relações entre Estado e sociedade. Segundo o texto, uma sensível mudança se deu no que diz respeito ao uso da violência contra indivíduos e grupos que reivindicam mudanças. Com base no primeiro parágrafo, comente essa nova relação social e exemplifique-a com fatos da atualidade.

durante o período do regime militar, a manifestação de

discordâncias políticas e econômicas e a reivindica-

ção de mudanças sociais eram violentamente repri-

midas pelo governo, que objetivava a manutenção do po-

der político e dos privilégios tradicionais da elite nacional.

A Constituição Federal de 1988, por um lado, limitou os

poderes do Estado, fundamentando a ordem social no di-

reito (Estado democrático de direito); por outro, ampliou

as formas de reivindicação, protesto e luta da sociedade.

Com base nessa nova relação, o Estado não pode re-

frear violentamente manifestações públicas em prol

de mudanças sociais apenas porque elas sustentam

posição contrária. Casos como o massacre do Carandiru,

em São Paulo, ou o confronto entre professores da rede

estadual do Paraná e a polícia militar daquele estado

são levados aos tribunais, e os agentes públicos são pro-

cessados por sua responsabilidade à frente de tais atos.

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246 Redação – Setor 1509 KAPA 2

2 O autor afirma que a Constitui•‹o de 1988 Ž a mais democr‡tica de todas as que o Brasil j‡ teve, porque contou com ampla participa•‹o popular e porque defende direitos individuais, econ™micos e sociais. A partir dos coment‡rios do segundo par‡grafo sobre saœde e educa•‹o, explique os benef’cios desse tipo de direito para o pa’s.

Ordem social fundamentada no direito: a relação entre

sociedade e Estado deve se pautar pelas leis, não pela

força física (as manifestações em massa em todas as ca-

pitais brasileiras em junho de 2013 exemplificam a relação

mediada pelo direito – apesar dos excessos que ocasional-

mente governos cometem em relação a grupos sociais).

Os investimentos em políticas públicas em áreas como

saúde, educação, transporte, segurança e habitação são

fundamentais para o crescimento da economia e das so-

ciedades, diminuindo as históricas desigualdades e pro-

movendo desenvolvimento global do país (a construção de

rodovias, aeroportos e sistemas de transporte em áreas

pouco rentáveis aos olhos da iniciativa privada ilustra o

papel do Estado de promotor do desenvolvimento social).

As políticas de proteção social, especialmente destinadas

aos mais necessitados, desempenham vital importância

na proteção desses grupos em relação às condições pou-

co estáveis do mercado e da economia (depois da crise

de 2008, por exemplo, os cofres públicos foram os res-

ponsáveis pela estabilização das economias nacionais).

O excerto adaptado a seguir Ž parte do texto ÒConstitui•‹oÓ, do economista e professor Anto-nio Delfim Netto, publicado na Folha de S.Paulo.

No seu cerne, a Constituição de 1988 propõe a construção de uma sociedade civilizada que: 1o) quer uma República onde todos, inclusive o poder incum-bente, estejam sujeitos à mesma lei; 2o) quer uma

democracia, com eleições livres realizadas em períodos bem definidos, com apuração expedita e sem fraude; 3o) quer uma política social e econômica que aumen-te continuadamente a igualdade de oportunidades. É apenas natural, portanto, que ela proponha um utópi-co provimento pelo Estado de serviços de educação e saúde universais e gratuitos. Obviamente, eles serão pagos tributando toda a sociedade. Saúde e educação são investimentos civilizatórios em capital humano fun-damentais para aumentar a igualdade de oportunida-des, a coesão social e a aceleração do desenvolvimento. De 1988 a 2012, a taxa de analfabetismo caiu 55%; o número de alunos no ensino médio cresceu 250% (5,4% ao ano) e, no curso superior, 190% (4,6% ao ano). O número médio de anos da instrução brasileira tem tido um acréscimo, em média, de 2% ao ano. No campo da saúde, a mortalidade infantil caiu 70% e a expectativa de vida ao nascer aumentou oito anos. NETTO, Antonio Delfim. Constituição. Folha de S.Paulo, São Paulo, 9

out. 2013. Disponível em: < www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/132941-constituicao.shtml>. Acesso em: 14 out. 2015. Adaptado.

3 Segundo o texto, os servi•os universais e Ògratui-tosÓ Ð como os de saœde e educa•‹o Ð s‹o custea-dos por meio da tributa•‹o de toda a sociedade. Considerando os nœmeros que ele apresenta so-bre a crescente melhoria dos indicadores sociais, o que se pode concluir a respeito da rela•‹o entre avan•os sociais e tributa•‹o?

A manutenção dos benefícios sociais concedidos pelo

Estado só é possível a partir da arrecadação de tributos:

como o Estado não pode simplesmente fabricar di-

nheiro, ele gerencia as contribuições que os cidadãos

fazem na forma de tributos. Os números que constam

do texto de delfim Netto revelam melhorias em saúde

e educação; logo, também informam implicitamente

que mais dinheiro foi necessário para construir esse ce-

nário. E os recursos necessários a esse desenvolvimento,

basicamente, vêm do crescimento vigoroso da economia

(que gera aumento da arrecadação), de maior tributação

da sociedade, do endividamento do Estado. A sabedo-

ria popular ensina que “não existe almoço de graça”.

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KAPA 2 Reda•‹o Ð Setor 1509 247

O trecho transcrito a seguir é do texto “Custo alto

do novo pacto social tira competitividade do país”,

de Mansueto Almeida, economista do Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado na

Folha de S.Paulo.

O regime de universalização de atendimento aos

idosos e inválidos do meio rural, o estabelecimento

do piso de um salário mínimo para as aposentado-

rias, a universalização do sistema público de saúde, a

garantia de acesso à educação pública e gratuita e a

montagem de uma ampla rede de assistência social são

exemplos do novo pacto social estabelecido na Cons-

tituição de 1988.

Naquele momento, a sociedade fez opção por um

Estado de bem-estar social mais amplo. O novo pacto

social teve uma consequência indesejável que foi a forte

elevação da carga tributária de 25% para 36% do PIB,

aliada a uma baixa poupança doméstica. Esta carga é

muito elevada para o nosso nível de desenvolvimento e

nos tira competitividade frente a outros países emergen-

tes. Adicionalmente, não temos elevada produtividade

para compensar esse peso dos impostos, como ocorre

com países desenvolvidos.

Assim, o Brasil passou a ser uma economia cara e

de baixa produtividade, que depende excessivamente

dos preços das commodities para crescer.

Assim, é provável que a manutenção da estabilida-

de econômica com crescimento e inclusão social exigirá

um ajuste do nosso pacto social, como, por exemplo,

uma reforma da previdência, redefinição da regra atual

de reajuste do salário mínimo e de alguns programas

sociais.

ALMEIDA, Mansueto. Custo alto do novo pacto social tira competitividade do país. Folha de S.Paulo, São Paulo, 5 out. 2013. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/poder/2013/10/1352278

-custo-alto-do-novo-pacto-social-tira-competitividade-do-pais.shtml>. Acesso em: 14 out. 2015. Adaptado.

4 Tomando como base a argumentação do eco-nomista, quais as consequências econômicas do pacto social firmado na Constituição para o cus-teio do Estado de bem-estar social?

A elevada carga tributária, necessária, entre outros fins,

para o custeio do Welfare State:

onera a economia como um todo (as empresas obtêm

menos lucro, dificultando ampliações e contratações)

e reduz o poder de compra dos indivíduos (obrigados a

pagar mais impostos);

deprime a poupança doméstica, o que torna a popu-

lação, especialmente a mais pobre, dependente de finan-

ciamentos privados e, portanto, de endividamentos que

estrangulam a economia doméstica por causa dos altos

juros;

aumenta a dificuldade de elevar a produtividade nacio-

nal, que é baixa: os custos para expandir negócios e a

tributação posterior não incentivam riscos dos empre-

sários (o mercado financeiro, como a Bolsa de Valores,

por exemplo, por vezes parece mais atrativo que o setor

produtivo, nessas condições);

leva à perda de competitividade nacional: o peso dos

impostos, somado à instabilidade econômica, eleva o

custo-Brasil, dificultando um posicionamento de preços

mais agressivo do país no mercado internacional;

torna a economia excessivamente dependente de

commodities (como minério de ferro, carne, soja, petróleo) e

das flutuações internacionais de seus preços, fragilizando

a economia doméstica e comprometendo seu planeja-

mento de longo prazo;

instaura um círculo vicioso perverso e limitante: impos-

tos altos arrefecem o crescimento interno, reduzindo

arrecadação, o que gera necessidade de mais impostos

para custeio do Estado;

aumenta a dificuldade de atender aos princípios de

universalização e qualidade dos benefícios sociais, como

os sistemas de saúde e educação.

Tarefa complementar

Tarefa mínima

orienTAção De esTuDo

Leia o Texto teórico das aulas 15 e 16.

Redija o texto referente à Proposta 7 da Tarefa.

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Movimento pelas eleições diretas.

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248 Reda•‹o Ð Setor 1509 KAPA 2

TEXTO TEóriCO

AulAs 9 e 10

1. A escritA como processo

A redação de um texto num vestibular é, das ati-vidades do exame, a mais complexa e trabalhosa, pois exige diversas competências interdependentes, algu-mas acionadas em sequência; outras, simultaneamen-te; outras ainda, com idas e vindas. Essa complexidade da redação é uma das causas da angústia de quem tem de redigir, em pouco tempo, um texto acerca de um tema-surpresa, pois as ideias surgem sem muita orga-nização e em momentos diversos, diferentes etapas de organização das ideias se interpõem entre a leitura da proposta e a redação da versão definitiva do texto, e o tempo é um inimigo do cumprimento com qualidade de todas essas etapas.

Entretanto, não é a criatividade, a sorte ou a aplicação de “esquemas” decorados que resolve esse emaranhado de atividades que constituem o ato de escrever. Ou não deveria. A redação não surge es-pontânea e integralmente na cabeça de quem redi-ge, mas resulta de um processo em que ideias muito amplas, imprecisas e às vezes desconexas vão sendo delineadas, refinadas, especificadas, acrescentadas a outras e eliminadas, até darem origem a um discurso mais consistente e maduro. Nesse processo de análise e reflexão objetivando o texto definitivo, há compe-tências recorrentes, como produção, seleção, hierar-quização e ordenação de ideias. Conhecer, delimitar e treinar essas operações mentais que antecedem a escrita pode ajudar muito a redigir com eficiência e a controlar o tempo, porque a qualidade da dissertação feita num exame vestibular está intimamente ligada à riqueza, à variedade e ao controle das ideias, sua matéria-prima.

2. o controle sobre o pensAmento

Entre as etapas de produção de um texto, aque-la que antecede a escrita é geralmente caracterizada pelo caos: diante da questão proposta para discussão, quem redige é forçado a pensar intensamente sobre o conteúdo que abordará em seu texto. Uma espécie de “tempestade mental” costuma se formar: misturam--se dados oriundos dos textos da coletânea, novas ideias que nasceram do contato com ela, elementos da memória do redator, informações e conhecimentos que a sua reflexão consciente fez surgir, etc. Mas,

além desse turbilhão de ideias, operações mentais

de seleção, hierarquização e combinação precisam

começar a dar ordem ao caos: julgamos aquilo que

poderá ser usado e que será descartado; forçamos al-

gumas ideias a se cruzarem e outras a se sobreporem;

determinamos que apareçam novas e que outras de-

sapareçam; avaliamos algumas como simples demais

e outras como complexas – e por isso atraentes ou

problemáticas.

Todas essas operações mentais resultam num

princípio fundamental: começar um texto escreven-

do a primeira linha logo em seguida às primeiras

reflexões pode não ser a melhor estratégia. Existem

os que se acostumaram a escrever quase simultanea-

mente aos pensamentos que têm, mas pode ser mais

produtivo para a qualidade final monitorar as ideias

com algum método, a fim de estruturar com mais

eficiência a análise e a reflexão de um tema. Por

isso, elaborar um projeto de texto, antes da etapa

de escrita, é um recurso que dá mais consciência

sobre os processos mentais e, consequentemente,

mais controle para direcionar melhor o texto. O pro-

jeto de texto é um tipo de mapa de identificação

e disposição das ideias que serão desenvolvidas na

dissertação. Ele permite ponderar, com precisão e

rapidez, quais pensamentos serão usados, a melhor

ordem, quanto e como serão explicados e articulados

uns aos outros. Enquanto as ideias são produzidas,

anotadas e repensadas, é construído um roteiro que,

com mais alguns polimentos, levará ao texto final

com a melhor forma de expressão, clareza, profun-

didade de análise, articulação e progressão.

3. projeto de texto i: gerAndo

e gerenciAndo ideiAs

A dissertação final pode ser o rascunho em que

foram depositados os primeiros pensamentos eleitos

sem muitos critérios, ou o resultado de uma reflexão

projetada e polida previamente. Quem redige regular-

mente acaba criando estratégias pessoais de organi-

zação da matéria-prima do texto – e há diversas ma-

neiras de ordenar um inventário de ideias. Uma delas

é controlar a produção, o nascedouro das primeiras

ideias por meio de algumas perguntas que ajudem a

construir a reflexão sobre o tema proposto, organi-

zando o caos de informação que costuma caracterizar

essa etapa da escrita:

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KAPA 2 Reda•‹o Ð Setor 1509 249

1. Que ideias da colet‰nea de textos podem ser aproveitadas?2. Que informa•›es da atualidade t•m v’nculos com o tema e podem ilustr‡-lo?3. Que conhecimentos compendiados podem ser œteis ˆ discuss‹o (recursos da hist—ria, geografia, filosofia, eco-

nomia, psicologia, literatura, biologia...)?4. Que reflex›es/an‡lises sobre outros temas de reda•‹o s‹o pertinentes?5. Que possibilidades de encaminhamento da an‡lise explorar (perspectiva social, pol’tica, econ™mica, cultural...)?6. Quais s‹o as causas do tema/problema sob an‡lise?7. Quais as consequ•ncias (em curto e longo prazo) do tema abordado?8. Como se manifesta, no cotidiano, a quest‹o posta em discuss‹o?9. Quem/o que se beneficia (regular ou irregularmente) do problema analisado?10. Quais s‹o os polos opostos (lista de ideias a favor e contra) sobre a quest‹o em discuss‹o?

O pensamento, na maior parte das vezes, surge de modo muito veloz e pouco disciplinado. Existem diferentes estratŽgias de captur‡-lo para posterior aprecia•‹o e planejamento do texto. A seguir, Ž poss’vel observar algumas das que podem contribuir com a finalidade de monitorar com mais critŽrios a qualidade da an‡lise do tema:

1. Fazer uma lista de todos os pensamentos que v•m ˆ mente, por meio de palavras-chave e ou frases breves, a fim de posteriormente edit‡-los.

2. Num c’rculo no centro da folha, redigir a ideia central (ou o tema) e, ao lado, acrescentar outras em frases breves, fazendo ressaltar o tipo de liga•‹o, como um fluxograma.

3. Elaborar pequenos resumos de ideias da colet‰nea do exame, aos quais v‹o sendo acrescidos reflex›es pessoais, informa•›es, atualidades e conhecimentos do repert—rio individual.

4. Redigir um trecho que n‹o ser‡ necessariamente o primeiro par‡grafo, mas que sirva para desbloquear ideias e d• um pontapŽ inicial para outras ideias aparecerem.

5. Escrever um rascunho do texto com grandes blocos de ideias, em que as reflex›es ganhem corpo e, posterior-mente, apresentem a conex‹o t’pica de textos bem articulados.

Mapa mental: pensar vem antes de escrever.

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250 Redação – Setor 1509 KAPA 2

4. projeto de texto ii: AjustAndo o plAno de voo

Uma segunda etapa da depuração das ideias, antes de serem escritas, visa ao refinamento do conteúdo gerado e organizado num mapa de ideias. Ela exige a mudança de posição daquele que escreve, que, de autor, precisa modificar seu olhar sobre as próprias ideias para o de um leitor, um revisor que faz ajustes finos na primeira versão. Revendo os planos iniciais, ele pode detectar problemas, reorganizar ideias, buscar a precisão e a clareza para alcançar a excelência. Esses ajustes, que podem acontecer várias vezes, podem ser constituídos das seguintes operações:

1. Agregar às reflexões já produzidas novas ideias e exemplos.2. Eleger uma ideia central (tese) e a ela submeter todas as demais, hierarquizando-as.3. Estabelecer/reforçar as relações de sentido entre blocos de ideias (causa, efeito, oposição, exemplificação...).4. Reordenar as informações numa progressão mais lógica, mais clara, mais fluente.5. Eliminar ideias por considerar outras melhores, mais pertinentes.6. Dar mais destaque a ideias centrais, delineando-as.7. Imprimir maior exatidão e clareza às ideias, explicando-as mais e de outras maneiras.

Para os que costumam ter muito a escrever, esta é a etapa crucial para cortar, simplificar e ajustar o conteú-do ao tamanho do texto pretendido. Para os que têm pouco repertório, o ajuste imprescindível pode ser quanto à quantidade de ideias, que podem ganhar reforço de uma ou outra da coletânea de textos, ou ainda quanto às explicações, que podem adquirir mais corpo com exemplos e mais detalhes.

AulAs 11 e 12

1. leiturA dA coletâneA – o bom escritor é, Antes de tudo, um bom leitor

O personagem Modesto Máximo, de William Joyce, em ilustração do curta de animação Os fantásticos livros voadores de

Modesto Máximo.

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ƒ de conhecimento geral que os vestibulares priorizam e selecionam o leitor competente, j‡ que as questões de interpretação textual estão cada vez mais presentes nos novos exames. No Manual do Candidato do Enem de 2014, vemos a seguinte instrução para o candidato que se prepara para a prova:

Muita leitura! Jornais, revistas, manuais de instrução, atualidades, etc. Quanto mais cansativos, tediosos e longos forem os textos, melhor! Leia e interprete gr‡ficos, diagramas, tabelas, etc. Compare a coesão entre esses elementos e o texto que os acompanha.

O vestibulando deve, portanto, ser capaz de compreender os enunciados, interpretar diferentes tipos de texto e obedecer aos comandos das questões de todas as matérias. Para que o candidato tenha sucesso, Ž impres-cind’vel ser um bom leitor. Esse leitor competente é capaz de identificar os mecanismos de composição dos textos, analisar o contexto e verificar a forma•‹o ideol—gica expressa em uma dada forma•‹o discursiva Ð que é um conjunto de temas e figuras capaz de transmitir, ao enunciat‡rio, a visão de mundo do enunciador. Isso posto, ao receber a prova de redação, o primeiro passo é fazer uma leitura atenta da colet‰nea de textos para apreender a questão posta em debate. Depois, selecionar as informações principais para posicionar-se diante do tema e fazer o planejamento textual.

2. A elAborAção dA tese – A informAção é Anterior Ao posicionAmento

2.1 um pouco de história

Governos chamados ditatoriais desejam impedir a população de ver os abusos cometidos pelos seus l’deres e coibir toda e qualquer tentativa de desqualificação do discurso dominante que seus oponentes possam promo-ver. Os mais variados tipos de viol•ncia são utilizados para garantir a manutenção do poder, o estabelecimento da ordem. Calar o direito de um ser humano se expressar é levar a aus•ncia de liberdade discursiva ˆs œltimas consequ•ncias.

A trajet—ria hist—rica de nosso pa’s revela uma série de epis—dios em que isso se manifesta. Por exemplo, depois do golpe de 1964, os militares decretaram, em 13 de dezembro de 1968, um Ato Institucional, o AI-5, que cerceava a liberdade de imprensa e intentava silenciar as vozes de oposição. Essa verdadeira Òsexta-feira 13Ó, o ÒDia dos CegosÓ, como publicou o Jornal do Brasil em sua capa, fechava os olhos da sociedade para as intempestividades de um governo que abusava do poder sem ter quem o julgasse.

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Não estamos mais – felizmente – sob o domínio de uma ditadura, e o exercício da liberdade de expressão é uma garantia Constitucional (Art. 5o, IV, da Consti-tuição Federal). No entanto, assim como não há sujeito totalmente livre, não há liberdade discursiva absoluta. Todo discurso é regulado por normas sociais que regem comportamentos, considerados nocivos ou proveitosos, interditos ou prescritos (conforme indicam Greimas e Rastier em O jogo das restrições semióticas – 1975). A análise de textos revela a existência de obstáculos e forças que impedem os indivíduos de colocarem com liberdade irrestrita seus pensamentos. Mesmo numa conversa informal, o modo de dizer e aquilo que se diz não são livres escolhas do enunciador, mas derivam de tais coerções. Na prática textual do vestibular, não é diferente.

Considerando o tipo de produção textual predo-minante nos exames, o texto dissertativo pressupõe a escolha de uma tese. O produtor de texto, após a leitura atenta da colet‰nea, deve posicionar-se diante da questão posta em debate. O tipo de posicio-namento assumido acaba por revelar, ao enunciatário, os valores do enunciador, já que constrói, por meio do discurso, uma imagem de si mesmo. Essa tese a ser apresentada será retomada e justificada no desen-volvimento da redação; por isso, é fundamental ler com atenção a coletânea de textos e estar informado sobre o tema proposto.

2.2 Assumindo a tese

Os vestibulares apresentam os temas de maneiras variadas, com textos verbais, não verbais e sincréticos e com diferentes eixos temáticos. O posicionamento a ser defendido ao longo do texto está diretamente ligado ao tipo de tema e à forma como a proposta foi elabo-rada. Há aquelas que exigem que o candidato assuma uma posição em que fique favor‡vel ou desfavor‡vel em relação à questão posta em debate, colocando o enunciador, muitas vezes, em posições extremadas de “sim” e “não”; em outras, a discussão exige uma “me-diação”, o produtor de texto analisa os prós e contras da situação e os põe em discussão. O bom produtor de textos deve apresentar a capacidade de analisar as várias teses em circulação e as vantagens e as desvan-tagens de assumir esta ou aquela posição diante da realidade.

respeito aos direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Organização das Nações Unidas, após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em 1948, com o intuito de promover a paz e o respeito aos direitos humanos. Como o documento foi traduzido

para o mundo todo, embora não tenha efeitos legais, vale como “ferramenta diplomática” nas negociações de paz. Nas redações dos vestibulares, assim como na sociedade, valores como cidadania, liberdade, solida-riedade e diversidade cultural devem ser respeitados. O Enem deixa explícito, em seu manual, que o can-didato que ferir os direitos humanos terá sua redação anulada.

A aparente proteção do senso comum

O filósofo Bertrand Russel afirmava que “o fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; na verdade, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difun-dida seja mais tola do que sensata”. Defender o senso comum nem sempre é a saída mais segura, tampouco mais expressiva.

o posicionamento “em cima do muro”

Por falar em senso comum, esta é a maneira como é classificado o indivíduo que costuma evitar confli-tos: “em cima do muro” – um passo no “sim”, outro no “não”, “muito pelo contrário”... Esse tipo de enunciador produz um texto que fica mais próximo do universo descritivo do que do dissertativo. Mesmo quando se faz uma análise das teses em circulação, é preciso colocar os dois lados da questão na balança, comparar pesos e medidas e chegar a uma conclusão.

2.3 escolha das pessoas gramaticais – efeitos de sentido e poder argumentativo

Há uma grande confusão entre “marca autoral” e posicionamento expresso em 1a pessoa do singular. É possível marcar o posicionamento sem que o autor do texto utilize “eu”. Vejamos, a seguir, algumas formas de expressão.

uso da 1a pessoa do singular – efeito de sentido:

subjetividade

Um senhor alagoano, Seo Mané como meu pai, costu-mava dizer que a vida era sempre assim, e fazia um gesto girando os punhos em círculo e rematava: sempre pra frente. Esta é a perspectiva de meu olhar: prismática.

Minha formação se dá e completa-se entre 1945 e 1963.Disponível em: <www.fuvest.br/vest2002/bestred/500736.stm>.

Acesso em: 16 out. 2015.

Ao utilizar a 1a pessoa do singular, o efeito de sentido que se promove é de uma aproximação com o enunciador. A função da linguagem predominante é a emotiva e contribui para o efeito de sentido de subjetividade, o que não é muito condizente com o texto dissertativo.

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uso da 1a pessoa do plural – efeito de sentido: aproximação/inclusão

Pol’tica: nossa imagem l‡ fora

Passamos a dar mais valor a algo quando o perdemos. Este conhecimento popular, muitas vezes aplicado a relacio-namentos pessoais, pode certamente também ser aplicado a nossos direitos políticos. Na época da ditadura militar no Brasil, quando a repressão e a censura reinavam, havia luta armada pela liberdade de expressão e de voto. Hoje, porém, em plena democracia e com o direito de voto universal, são muito poucos os realmente engajados na política. Será, en-tão, mesmo necessária a participação do povo na gestão do país? E se sim, como fazer com que as pessoas entendam a real import‰ncia da política?

Disponível em: <www.fuvest.br/vest2012/bestred/104520.html>. Acesso em: 16 out. 2015.

Por outro lado, a experiência com a 1a pessoa do plural parece se repetir ao longo dos anos nos vestibu-lares. A ideia de inclusão, promovida pela escolha dessa pessoa, tem, em geral, bons efeitos argumentativos.

uso da 3a pessoa – efeito de sentido: distancia-mento e objetividade

A realidade capitalista: valores e pre•o

O modo de produção capitalista ultrapassa os conceitos de relação de trabalho e de consumo e permeia diversos aspectos da vida em sociedade, os valores perseguidos pelos indivíduos na sociedade e suas relações, desde o ‰mbito psicol—gico até o ‰mbito social. A simples observação de campanha publicitária de cartão de crédito que incita os destinatários do anœncio a buscar “o melhor que o mundo tem a oferecer” por meio da utilização do cartão de crédito leva a uma análise de valores sociais, refletindo a ideia de que o melhor que o mundo tem a oferecer é um bem de con-sumo. Desta forma, o homem se torna, inconscientemente e sem crítica imediata, marionete e produto de um sistema capitalista por ele pr—prio criado, e que é usufruído pelos produtores e vendedores de produtos consumíveis e forne-cedores de meios financeiros para acesso a tais produtos, como os bancos e financeiras fornecedoras de cartões de crédito, e outras.

Disponível em: <www.fuvest.br/vest2013/bestred/102904.html>. Acesso em: 16 out. 2015.

De todas as formas de expressão, definitivamente, esta é a que traz maior poder argumentativo.

2.4 posicionamento e seleção lexical: uso de palavras qualificadoras

Valores equivocados de uma aberra•‹o Žtica

Equivocadamente, os valores associados ˆ felicidade, ˆ realização e ao sucesso estão submetidos ao poder de consu-mo no mundo contempor‰neo, isto é, ser feliz, realizado ou bem-sucedido hoje é ter a capacidade de compor e ostentar certos produtos e marcas. Percebe-se isso pelo crescimento dos verdadeiros templos de consumo, os “shoppings centers”,

e pelos anœncios publicitários, como o que diz: “Aproveite o melhor que o mundo tem a oferecer com o Cartão de crédito X”.

Disponível em: <http://download.uol.com.br/vestibular2/fuvest2013_melhores_redacoes/exemplo20.jpg>. Acesso em: 16 out. 2015.

As palavras qualificadoras, como os advérbios, ad-jetivos e substantivos, traduzem a visão de mundo do enunciador por todo o texto.

AulAs 13 e 14

1. introdução: o lugAr privilegiAdo dA tese

Em aulas anteriores, estudamos a estrutura disserta-tiva ortodoxa, pensamos no planejamento do texto e nas diferentes formas de manifestar o ponto de vista. Agora, nossas atenções estarão voltadas para a elaboração do primeiro parágrafo do texto dissertativo: a introdução.

O primeiro parágrafo apenas deve ser desenvolvido ap—s todos os passos serem completados: leitura atenta da colet‰nea, seleção de informações relevantes para a análise, escolha do posicionamento a defender. No guia de redação do Enem, vemos as seguintes infor-mações sobre tal competência:

O segundo aspecto a ser avaliado no seu texto é a compreensão da proposta de redação – esta exi-ge que o participante escreva um texto dissertativo--argumentativo, que é o tipo de texto que demonstra a verdade de uma ideia ou tese. ƒ mais do que uma simples exposição de ideias. Nessa redação, o partici-pante deve evitar elaborar um texto de caráter apenas expositivo. ƒ preciso apresentar um texto que expõe um aspecto relacionado ao tema, defendendo uma posição, uma tese. ƒ dessa forma que se atende ˆs exigências expressas pela Competência 2 da Matriz de Avaliação do Enem.

Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2013/guia_participante_redacao_enem_2013.pdf>.

Acesso em: 16 out. 2015.

Por definição, a dissertação é um texto analítico. Espera-se, portanto, que o candidato supere a simples reprodução de ideias ou de pensamentos consensuais; mais do que isso, o desejável é que a tese seja conse-quência direta da reflexão sobre o tema, tomando por base as informações da colet‰nea de textos e do pr—prio repert—rio do aluno.

Como já dissemos, convencionou-se apresentar a tese no parágrafo inicial do texto. A introdução do texto dissertativo serve como um roteiro do desenvolvimento do texto: as informações da introdução devem ser re-tomadas, justificadas e ampliadas nos parágrafos que se seguem a ela.

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254 Redação – Setor 1509 KAPA 2

1.1 metáfora de cinema: a introdução é como um trailer de filme

No cinema, o trailer de um filme funciona como uma estratégia de divulgação, uma espécie de “argu-mento de venda”. Ele objetiva captar a simpatia e o interesse do público. Deve, portanto, seduzir. Em 2011, o famoso cineasta Woody Allen lançou um novo filme: Meia-noite em Paris. Os cartazes de divulgação foram distribuídos, e o trailer, lançado.

Com base na leitura do título e na imagem do cartaz reproduzido, o leitor pode imaginar que o filme é, apenas, mais um dos vários filmes românticos da história do cinema. Em cerca de um minuto e meio, o trailer apresenta os personagens principais, o escritor Gil e sua noiva Inez e um pouco dos conflitos pes-soais vividos em uma viagem a Paris. O belo cenário é explorado em três momentos distintos: pela manhã, à tarde e à noite. Em cada momento do dia, novos conflitos são apresentados: as diferenças de visão de mundo do casal, a falta de sintonia entre ambos, a atenção de Inez dividida entre o noivo e um amigo que ela encontra na Cidade-luz, e os solitários pas-seios noturnos de Gil, dos quais ela passa a descon-fiar. Em lances muito rápidos, vemos Gil com outras pessoas, dançando, conversando, e o pai da noiva dizendo que contratou um detetive para seguir Gil.

Ao assistir ao filme, o espectador se surpreende com o que revelam os momentos que os rápidos lan-ces sugerem. Em suas saídas noturnas, ao soar da meia-noite, Gil é transportado para uma Paris dos anos 1920, na qual interage com intelectuais e per-sonalidades do mundo das artes – Josephine Baker, Cole Porter, Picasso, Gertrud Stein, Hemingway, Salvador Dalí, entre outros.

O trailer mostra partes importantes, mas não re-vela demais e cumpre bem a sua função: destacar os elementos principais de composição da obra, sem, con-tudo, acabar com as “surpresas” que estão reservadas para serem vistas ao longo do filme. Imaginemos que assim possa se configurar uma boa introdução de texto dissertativo.

1.2 elementos de composição do parágrafo introdutório

Vejamos duas introduções selecionadas pela banca do Enem (2012) como modelos de construção e seus respectivos comentários:

Introdução 1

A imigração no Brasil

Durante, principalmente, a década de 1980, o Brasil mostrou-se um país de emigração. Na cha-mada década perdida, inúmeros brasileiros deixa-ram o país em busca de melhores condições de vida. No século XXI, um fenômeno inverso é evi-dente: a chegada ao Brasil de grandes contingentes imigratórios, com indivíduos de países subdesen-volvidos latino-americanos. No entanto, as condi-ções precárias de vida dessas pessoas são desafios ao governo e à sociedade brasileira para a plena adaptação de todos os cidadãos à nova realidade.

Comentário do Enem: Na introdução, o texto alude ao fato de muitos brasileiros terem emigrado na década de 1980 e afirma que agora houve uma inversão de fluxo. As ideias são de-senvolvidas esclarecendo que o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo, houve um aquecimento econômico e a classe C tem tido acesso a maior nível de consumo. Essa imagem positiva atrai imigrantes, mas favorece a explora-ção da mão de obra.

Introdução 2

Ao despontar como potência econômica do século XXI, o Brasil tem cada vez mais atraído os olhares do mundo, chamando a atenção da mídia, de grandes empresas e de outros países. Contudo, é outro olhar não menos importante que deveria começar a nos sensibilizar mais: o olhar margina-lizado e cheio de esperança daqueles que não têm

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KAPA 2 Redação – Setor 1509 255

Nos exemplos apresentados, notamos a presen•a dos tr•s principais elementos de composi•‹o do par‡-grafo introdut—rio: contexto, tema e tese. Embora a tra-di•‹o aconselhe a constru•‹o de um primeiro par‡grafo onde figurem primeiro a contextualiza•‹o do tema e, em seguida, a tese/opini‹o, Ž tambŽm v‡lido inverter essa ordem, impactando a leitura logo de sa’da com a tese, ou deix‡-la para o come•o do segundo par‡grafo, se a contextualiza•‹o exigir mais f™lego e explica•›es.

1.3 Alguns tipos de introdução

Existem inœmeras maneiras de iniciar um texto dissertativo. Algumas delas s‹o:

estabelecer uma compara•‹o, por oposi•‹o ou por semelhan•a;

fazer uma trajet—ria hist—rica;

elaborar uma pergunta ret—rica;

ilustrar por meio de uma narrativa ou de uma descri•‹o;

apontar as teses em circula•‹o;

fazer uma defini•‹o pessoal;

negar o senso comum.

Para dar maior suporte, reproduzimos, alŽm das divulgadas pelo Enem, outras introdu•›es que podem servir de modelo, feitas por candidatos de vestibulares:

1. O reconhecimento de que os problemas de hoje s‹o consequ•ncia de a•›es do passado, por meio de uma trajet—ria hist—rica, Ž uma boa forma de se iniciar o texto.

Queda de máscaras

A primeira revolu•‹o industrial ocorreu na Inglaterra, no sŽculo XVIII. Baseada na produ•‹o t•xtil, os recintos das f‡bricas eram inapropriados para o trabalho humano Ð sem lu-minosidade, ventila•‹o e seguran•a suficientes Ð e somavam--se ˆ inexist•ncia de leis trabalhistas e ao trabalho infantil. Apesar de, muitos anos depois, surgir uma terceira revolu•‹o industrial (tecnocient’fica), com a exist•ncia de sindicatos e prote•‹o judicial dos trabalhadores, as reais condi•›es de muitos oper‡rios se escondem por tr‡s do luxo e prest’gio de grandes marcas e do consumismo inconsciente. O mercado atual encoberta seu quadro de degrada•‹o e de irregularidades com uma apar•ncia agrad‡vel e convidativa de seus produtos.

Dispon’vel em: <www.puc-campinas.edu.br/midia/arquivos/2012/out/vestibular---caderno-de-redacoes-2012.pdf>. Acesso em: 16 out. 2015.

2. Como o texto dissertativo Ž predominantemente abstrato, descri•›es e ilustra•›es levam o leitor a visua-lizar situa•›es e fatos relacionados ao tema, por meio das imagens e das concretiza•›es feitas:

As catedrais de Xangai

Um anœncio publicit‡rio de cart‹o de crŽdito exibe como ponto de vista a imagem de um v‹o. O vazio Ž o ele-mento comum aos seis pavimentos (adivinham-se seis, mas poderiam ser sete ou setenta e sete) e bem uma centena de pessoas est‹o debru•adas nas amuradas; s‹o pequenas esca-las humanas de cabelos negros, tra•os achinesados, que ser-vem para dar a dimens‹o desse enorme edif’cio que, na foto, s— vemos por dentro. Das escadas rolantes alguns chineses contemplam os patamares que se elevam sucessivamente nessa constru•‹o que tem caracter’sticas de catedral g—tica, ainda que a ilumina•‹o que inunda o edif’cio apresente, no caso, um aspecto amarelado, ba•o e artificial.

Dispon’vel em: <www.fuvest.br/vest2013/bestred/112417.html>. Acesso em: 16 out. 2015.

A difícil tarefa de ser

Tyler Durden, concretiza•‹o de uma sŽrie de desejos secretos e frustra•›es do personagem principal de O clube

da luta, abre uma discuss‹o acerca do ser e do sentir numa era em que o consumo Ž imperativo. O filme, baseado no li-vro hom™nimo, levantou pol•micas ao retratar um indiv’duo desconectado de sua identidade que buscou satisfazer no consumo suas faltas. Esse consumo, no entanto, n‹o evitou a cria•‹o de Durden por camadas mais profundas de sua mente, n‹o evitou a cria•‹o de um rapaz plenamente cons-ciente de suas vontades e de seu corpo. O longa-metragem aponta a met‡fora: vivemos sufocando Tyler Durden, aquele que sabe quem Ž e o que quer, j‡ que h‡ uma ideologia circundante pregando que tudo aquilo de que precisamos ou que queremos est‡ ˆ venda e que, se est‡ ˆ venda, Ž uma necessidade ou um desejo.

Dispon’vel em: <www.fuvest.br/vest2013/bestred/103202.html>. Acesso em: 16 out. 2015.

3. Ao fazer cita•›es, deve-se sempre confirmar a autoria da frase e, principalmente, mostrar a inten•‹o de utiliz‡-la, relacionando-a diretamente ̂ tese exposta.

dinheiro, dos famintos e desempregados ao redor do globo. S‹o pessoas com esse perfil que majori-tariamente contribuem para o crescente volume de imigrantes no pa’s, e o que se v• Ž uma aus•ncia de pol’ticas pœblicas eficientes para receber e integrar essas pessoas ˆ sociedade.

Comentário do Enem: O texto desenvolve a tese de que o Brasil vive um excelente momento econ™mico e o fluxo imigrat—rio decorrente desse fato tende a ser benŽfico economicamente, desde que o pa’s sai-ba aproveitar a qualifica•‹o dos imigrantes em seu mercado de trabalho, transformando o que poderia ser problema em uma solu•‹o para outras quest›es. Na introdução, esclarece que o Brasil atualmente Ž uma pot•ncia econ™mica que atrai as aten•›es do mundo e tambŽm imigrantes em busca de melhores condi•›es de vida, mas que as pol’ticas pœblicas nes-se setor s‹o insuficientes.

Dispon’vel em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2013/guia_participante_redacao_enem_2013.pdf>.

Acesso em: 15 out. 2015.

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256 Redação Ð Setor 1509 KAPA 2

Resgate do Òpolitik—sÓ

ÒO homem Ž um ser pol’ticoÓ, j‡ dizia Arist—teles. Com efeito, uma das principais caracter’sticas que nos diferen-cia dos outros seres vivos Ž a nossa capacidade de tomar decis›es que visem ao bem comum, levando a p—lis ˆ fe-licidade. Entretanto a l—gica neoliberal, vigente no mundo p—s-moderno, conduz a sociedade para o caminho oposto, apresentando a participa•ão pol’tica como algo j‡ supera-do, num contexto que provoca nos cidadãos o desejo de proclamarem-se Òapol’ticosÓ, embora não devesse ser assim, visto que a participa•ão pol’tica Ž indispens‡vel para a orga-niza•ão da vida em sociedade.

Dispon’vel em: <www.fuvest.br/vest2012/bestred/125024.html>. Acesso em: 16 out. 2015.

AulAs 15 e 16

Constitui•‹o em vigor

Os 25 anos da Constitui•ão brasileira, que se come-moram hoje, talvez contenham em si mesmos Ð pela mera men•ão de sua durabilidade Ð o maior elogio ao texto atual-mente em vigor.

Quando foi promulgada, em 5 de outubro de 1988, não faltaram advert•ncias quanto aos riscos de inviabilidade que a nova Carta projetava sobre os governos do futuro, dado seu detalhismo e sua prodigalidade ao acomodar demandas das mais distintas corpora•›es.

Para os padr›es brasileiros, entretanto, a Constitui•ão se prova duradoura. O per’odo anterior de plena democracia constitucional, iniciado em 1946, vigorou por 18 anos Ð mar-cados, como se sabe, por amea•as de instabilidade civil e de interven•ão militar, atŽ produzir-se a crise final de 1964.

Não est‡ na qualidade abstrata de um texto legal a va-cina para impasses de tal tipo. Ainda assim, o maior mŽrito da Carta de 1988 foi o de expressar, depois de um extenso per’odo de debates, um consenso b‡sico da sociedade bra-sileira, no sentido de superar suas imensas desigualdades dentro de uma moldura democr‡tica.

Refutava-se concep•ão que, paradoxalmente, havia sido compartilhada por adeptos da direita e da esquerda ao longo do sŽculo 20.

A cria•ão de um ÒBrasil pot•nciaÓ e a constru•ão de uma Òp‡tria socialistaÓ haviam tomado os princ’pios da liber-dade individual e da altern‰ncia de poder como nada mais que empecilhos ao exerc’cio da razão de Estado.

A democratiza•ão brasileira, coincidindo com o decl’nio dos totalitarismos de esquerda, inscreveu na Constitui•ão algo que não se resumiria a uma mera enuncia•ão formal de princ’pios. Mais do que restaurar a democracia, tratou-se de ampli‡-la, incluindo novos direitos sociais e mecanismos para cobrar sua execu•ão.

O papel renovado do MinistŽrio Pœblico assinala-se como exemplo eloquente desse intuito. Uma ampla liber-dade partid‡ria, um constante fortalecimento dos —rgãos judici‡rios, o rumo aberto para os direitos do consumidor,

da crian•a, do idoso, nada disso ficou no plano da teoria Ð embora não faltem aspectos em que a pr‡tica continua aquŽm do aceit‡vel.

Ironicamente, se a nova Carta veio a ser elaborada em conson‰ncia com um clima internacional marcado pelo descrŽdito do autoritarismo pol’tico, a crise dos sistemas socialistas surpreendeu o legislador brasileiro numa espŽcie de contrapŽ ideol—gico.

A Constitui•ão de 1988 resistiu, na letra e na realidade, a preparar o pa’s para o ambiente da globaliza•ão econ™mica e da redu•ão do papel do Estado. Ficou entregue a reformas posteriores, ainda incompletas ou negligenciadas, a tarefa de abrir a um modelo concorrencial vastas ‡reas da eco-nomia, como as comunica•›es, os transportes, os servi•os essenciais.

Mais do que isso, faltam ainda as modifica•›es incon-torn‡veis da desburocratiza•ão, da plena liberdade sindical, da simplifica•ão tribut‡ria, da adapta•ão do sistema pre-videnci‡rio ˆ reviravolta demogr‡fica j‡ em curso no pa’s.

Aspectos que, ao exprimir insatisfa•›es represadas pela ditadura, a Constitui•ão Federal terminou engessando em dispositivos de dif’cil modifica•ão.

AlŽm desses dois eixos b‡sicos Ð os direitos dos cida-dãos e a organiza•ão econ™mico-social Ð, a Carta de 1988 tratou de encontrar solu•ão em outras vertentes, que inci-dem sobre a arquitetura institucional republicana.

Correspondem aos temas cl‡ssicos da divisão dos Po-deres (Executivo, Legislativo e Judici‡rio), da representa•ão popular, das rela•›es entre União, Estados e munic’pios. O saldo não Ž inequ’voco.

V•-se o enfraquecimento do Legislativo perante a atua•ão do governo central. O processo, porŽm, Ž comum ˆs democracias ao longo dos œltimos cem anos, pelo me-nos. Dificilmente, sob as precar’ssimas determinantes da cultura pol’tica brasileira, um texto constitucional poderia estanc‡-lo.

A representatividade do Parlamento Ð e dos pol’ticos em seu conjunto Ð sofre ademais com o voto obrigat—rio, a despropor•ão entre bancadas estaduais na C‰mara dos Deputados, o sistema proporcional puro Ð que leva o eleitor a escolher entre centenas, ou milhares, de candidatos numa verdadeira barafunda partid‡ria.

As reformas ainda a promover, bem como as incont‡veis disposi•›es que carecem de regulamenta•ão, testemunham, entretanto, a vitalidade de uma Carta j‡ longeva, mas ainda nova.

Sobretudo, Ž sempre ˆ Constitui•ão que se recorre quando estão em disputa os interesses mais diversos, das cŽlulas-tronco aos territ—rios ind’genas, da realidade carce-r‡ria ˆ liberdade de imprensa.

ƒ por estar viva que a Constitui•ão se faz objeto de pol•mica e de contradi•ão. ƒ porque regula, dentro da or-dem, tantos conflitos, que seu car‡ter democr‡tico sobres-sai, acima dos grupos, das press›es e das circunst‰ncias do momento.

Folha de S.Paulo, Editorial, 5 out. 2013.

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KAPA 2 Redação Ð Setor 1509 257

proposta 1

(Vunesp)

As reaç›es do cŽrebro à bajulação

Pesquisa mostra que se você for bajular alguém é melhor fazer elogios descarados

Não é o que os meritocratas convictos gostariam de ouvir. Uma pesquisa da escola de negócios da Hong Kong University of Science and Technology indica que a bajulação tem um efeito marcante no cérebro da pessoa bajulada. Mais surpreendente do que isso é a conclusão do estudo de autoria de Elaine Chan e Jaideep Sengupta: quanto mais descarada a bajulação, mais eficiente ela é. A pesquisa deu origem a um artigo no Journal of Marketing Research, intitulado “Insincere Flattery Actually Works” (“Bajulação insincera de fato funciona”, numa tradução literal) e rapidamente chamou a atenção da imprensa científica mundial.

Os autores são cautelosos ao afirmar que puxar o saco funciona, mas é nessa direção que sua pesquisa aponta. Elaine e Sengupta criaram situações nas quais os pesquisados foram expostos à bajulação insincera e oportunista. Numa delas, distribuíram um folder entre os pesquisados que detalhava o lançamento de uma nova rede de lojas. O material publicitário elogiava o “apurado senso estético” do consumidor. Apesar do evidente puxa-saquismo, o sentimento posterior das pessoas foi de simpatia em relação à rede. Entre os participantes, a medição da atividade cerebral no córtex pré-frontal (responsável pelo registro de satisfação) indicou um aumento de estímulos nessa região. O mesmo ocorreu em todas as situações envolvendo elogios.

Segundo os pesquisadores, a bajulação funciona devido a um fenômeno cerebral conhecido como “comporta-mento de atraso”. A primeira reação ao elogio insincero é de rejeição e desconsideração. Apesar disso, a bajulação fica registrada, cria raízes e se estabelece no cérebro humano. A partir daí, passa a pesar subjetivamente no julga-mento do elogiado, que tende, com o tempo, a formar uma imagem mais positiva do bajulador. Isso vale desde a agência de propaganda até o funcionário que leva um cafezinho para o chefe. “A suscetibilidade à bajulação nasce do arraigado desejo do ser humano de se sentir bem consigo mesmo”, diz Elaine Chan. A obviedade e o descara-mento do elogio falso, paradoxalmente, conferem-lhe maior força. Segundo os pesquisadores, é a rapidez com que descartamos os elogios manipuladores que faz com que eles passem sem filtro pelo cérebro e assim se estabeleçam de forma mais duradoura.

Segundo Elaine e Sengupta, outro fator contribui para a bajulação. É o “efeito acima da média”. Temos a tendência de nos achar um pouco melhor do que realmente somos, pelo menos em algum aspecto. Pesquisas com motoristas comprovam: se fôssemos nos fiar na autoimagem ao volante, não haveria barbeiros. Isso vale até para a pessoa com baixa autoestima. Em alguma coisa, ela vai se achar boa, nem que seja em bater figurinha.

Mas se corremos o risco de autoengano com a ajuda do bajulador, como se prevenir? “Desenvolvendo uma autoestima autêntica”, diz Elaine. A pessoa equilibrada, que tem amor-próprio, é mais realista sobre si mesma, aceita-se melhor e se torna mais imune à bajulação.

Época Negócios, mar. 2010. p. 71.

Proposi•‹o:

Bajular, lisonjear, adular, puxar saco s‹o atitudes consideradas, muitas vezes, defeitos de car‡ter ou des-

lizes de natureza Žtica; s‹o, tambŽm, condenadas pelas pr—prias religi›es, como v’cios ou ÒpecadosÓ. As

fic•›es liter‡rias, teatrais e cinematogr‡ficas est‹o repletas de tipos bajuladores, lisonjeadores, adulado-

res, puxa-sacos, quase sempre sob o viŽs do rid’culo e do desvio de car‡ter. Modernamente, porŽm, pelo

menos em parte, essa condena•‹o ˆ bajula•‹o e ˆ lisonja tem sido atenuada, e atŽ mesmo justificada

por alguns como parte do marketing pessoal, ou como estratŽgia para atingir metas, dado o fato de

que, como se informa no pr—prio artigo acima apresentado, atŽ o elogio mais insincero pode encontrar

eco na mente e no cora•‹o do elogiado. Na passagem do conto de Machado de Assis, apresentada

nesta prova, Clemente Soares acabou atingindo seus objetivos por meio da bajula•‹o, e a personagem

Fagundes, de Laerte, parece viver sempre feliz em sua atividade preferencial de bajular. Reflita sobre o

conteœdo dos tr•s textos mencionados e elabore uma reda•‹o de g•nero dissertativo, empregando a

norma-padr‹o da l’ngua portuguesa, sobre o tema:

A BAJULAÇÃO: VIRTUDE OU DEFEITO?

TArefA

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258 Reda•‹o Ð Setor 1509 KAPA 2

proposta 2

(Mack-SP) Redija uma dissertação, a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.

TexTo I

O movimento contra a utiliza•‹o de animais em experimentos cient’ficos torna-se cada vez mais expressivo. Na

Universidade de Oxford, os trabalhadores que est‹o construindo um laborat—rio de pesquisa animal s‹o obrigados

a usar m‡scaras para n‹o serem reconhecidos e amea•ados por ativistas pelos direitos dos animais. No Brasil, o

Instituto Nina Rosa produziu um document‡rio, N‹o Matar‡s, com cenas de maus-tratos durante experimentos.

Ativistas de todo o mundo afirmam que os humanos n‹o t•m o direito de infectar, intoxicar ou fazer cirurgias em

animais, e que os governantes devem for•ar os cientistas a desenvolverem boas alternativas para que se evitem as

pesquisas com animais (como programas de computador e cultura de cŽlulas em laborat—rio, por exemplo).

Adaptado de Gisela Anauate

TexTo II

Apenas 1% das vacinas testadas em programas eletr™nicos funciona em humanos. Quando s‹o testadas pre-

viamente em animais, esse nœmero Ž elevado para 50%. No laborat—rio em que trabalho, usamos camundongos

para estudar as defesas do corpo humano, testamos transplantes para verificar a probabilidade de ocorr•ncia de

inflama•‹o, experimentamos novos remŽdios contra a uve’te, doen•a que atinge os olhos de milhares de brasileiros

por ano. Como verificar se uma subst‰ncia causar‡ rea•›es em diferentes partes de nosso corpo testando-a em uma

cultura de cŽlulas espec’ficas ou em um programa de computador?

Adaptado de Luiz Vicente Rizzo

TexTo III

Em alguns casos, o organismo de um animal, assim como um programa ou um tecido humano produzido em

laborat—rio, n‹o Ž adequado para reproduzir o que acontece em nosso corpo. Na verdade, o œnico modelo perfeito Ž

o pr—prio homem. Mas n‹o podemos dar subst‰ncias possivelmente t—xicas diretamente ˆs pessoas.Christopher Higgins

proposta 3

(PUCC-SP)

Jamais se fotografou tanto. A explosão de celulares com câmeras, além de outros dispositivos igualmen-

te equipados, fez com que um novo hábito se alastrasse por toda a parte: fotografar tudo, a começar

pelo próprio fotógrafo que dispara, feliz, contra seu rosto, para conferir a imagem no segundo seguinte.

Instantâneas, as fotografias multiplicam-se, podem captar tudo o tempo todo.

Isso é bom ou é mau? Há controvérsias, há duas correntes de opinião. A primeira entende que essa nova

tecnologia barateou ao extremo e democratizou a produção de fotos; todos somos fotógrafos, agora, e

eventualmente artistas; tudo pode ser documentado, a qualquer momento, o que é ótimo. A segunda

corrente acha, no entanto, que está ocorrendo uma banalização de imagens que todos veem mas nin-

guém guarda, que passamos a desviar nosso olhar das coisas mesmas que devem ser olhadas: em vez

de contemplá-las, enquadramos, clicamos, conferimos e descartamos.

Considere as duas correntes de opinião expostas no segundo parágrafo do texto e redija uma dissertação

em prosa, na qual você defenderá sua posição diante da controvérsia entre as duas correntes de opinião.

proposta 4

(PUCC-SP Ð Adaptada)

Leia com atenção o editorial abaixo, procurando apreender o tema posto em debate. Após rever as

estratégias de introdução, produza dois tipos diferentes de introdução para esse mesmo tema.

N‹o Ž de hoje que se aventa a ideia de destinar ˆs mulheres um espa•o segregado no transporte pœblico como

forma de proteg•-las dos lament‡veis epis—dios de assŽdio sexual. Tampouco s‹o novos, contudo, o fracasso e as

limita•›es desse tipo de pol’tica.

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KAPA 2 Reda•‹o Ð Setor 1509 259

Ainda no in’cio do século 20, algumas cidades do Jap‹o estabeleceram, em seus sistemas de trens, vag›es reservados ou exclusivos. Até hoje, porém, registram-se milhares de casos de viol•ncia sexual no transporte pœblico do pa’s.

Experi•ncias mais recentes em outros lugares do mundo também ficaram muito aquém do desejado. A soci—loga Amy Dunckel Gralia acompanha a cidade do México desde o come•o dos anos 2000.

Naquele momento, as autoridades reconheceram que, por causa do perigo a que estavam expostas Ð um pro-blema em si Ð, as mulheres sofriam restri•›es em seu direito de participar da vida urbana.

Na tentativa de melhorar esse cen‡rio, instituiu-se o transporte segregado inclusive em ™nibus e t‡xis. A vio-l•ncia de g•nero, no entanto, permaneceu.

Em 2008, uma pesquisa constatou que 80% das mulheres tinham sofrido algum tipo de abuso sexual, no transporte pœblico, nos doze meses anteriores.

Até mesmo S‹o Paulo, onde a Assembleia Legislativa, recentemente, aprovou projeto que obriga o metr™ e a CPTM a terem vag›es exclusivos para mulheres, j‡ teve experi•ncia similar nos anos 1990.

Depois de receber um abaixo-assinado, a CPTM aderiu ao transporte segregado. N‹o foi s— viola•‹o ao princ’pio constitucional da igualdade de g•neros que levou ao fracasso da iniciativa. Também se imp™s a realidade: num sistema sobrecarregado, é operacionalmente problem‡tico restringir vag›es a um grupo de pessoas.

A situa•‹o tornou-se mais grave com o passar dos anos. O transporte pœblico paulistano sobre trilhos, hoje, opera no limite de sua capacidade Ð e j‡ s‹o muitas as dificuldades para garantir a idosos, gestantes e deficientes o embarque priorit‡rio nos hor‡rios de pico.

Seria melhor, portanto, buscar outro modelo. Na pr—pria Cidade do México e em Londres, t•m gerado bons resultados projetos destinados a deixar as mulheres mais confort‡veis quando precisam reportar casos de viol•ncia sexual.

Treinamento de policiais, para lidar com esse tipo de denœncia, unidades de atendimento nas esta•›es e cam-panhas que refor•am o direito de viajar sem assédio colaboram para reduzir a quantidade de agress›es e aumentar a notifica•‹o dos crimes. Ampliar o monitoramento por c‰meras também ajudaria a inibir certos abusos.

Aos olhos do governo, talvez os vag›es rosa tenham uma vantagem: sua implanta•‹o é mais simples. A sociedade, entretanto, n‹o pode aceitar meros paliativos.

Folha de S.Paulo, 12 jul. 2014.

Introdução I

Introdução II

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260 Redação Ð Setor 1509 KAPA 2

proposta 5

(PUCC-SP Ð Adaptada)

Escolha uma das introduções da proposta 4 e elabore uma dissertação completa, na qual voc• expor‡, de modo claro e coerente, suas ideias acerca desse tema.

proposta 6

(FGV-SP)

Vivemos numa época em que quase tudo pode ser comprado e vendido. Nas três últimas décadas, os mercados – e os valores do mercado – passaram a governar nossa vida como nunca. Não chegamos a essa situação por escolha deliberada. É quase como se a coisa tivesse se abatido sobre nós.

Quando a Guerra Fria acabou, os mercados e o pensamento pautado pelo mercado passaram a desfrutar de um prestígio sem igual, e muito compreensivelmente. Nenhum outro mecanismo de organização de produção e distribuição de bens tinha se revelado tão bem-sucedido na geração de afluência e prioridade. Mas, enquanto um número cada vez maior de países em todo o mundo adotava mecanismos de mercado na gestão da economia, algo mais também acontecia. Os valores de mercado passavam a desempenhar um papel cada vez maior na vida social. A economia se tornava um domínio imperial. Hoje, a lógica de compra e venda não se aplica apenas a bens materiais: governa crescentemente a vida como um todo. Está na hora de nos perguntarmos se queremos viver assim. [...]

Essa chegada do mercado e do pensamento centrado nela a aspectos da vida tradicionalmente governados por outras normas é um dos acontecimentos mais significativos de nossa época.

Michel J. Sandel, filósofo, Professor na Universidade Harvard. O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. Adaptado.

Reduzir o valor da vida ao dinheiro mata toda possibilidade de idealizar um mundo melhor. Somente o saber pode fazer frente ao domínio do dinheiro, pelo menos por três razões. A primeira: com o dinheiro pode-se comprar tudo (dos juízes aos parlamentares, do poder ao sucesso), menos o conhecimento. Sócrates lembra a Agatão que o saber não pode ser transferido mecanicamente de uma pessoa a outra. O conhecimento não se adquire, mas se conquista com grande empenho interior. A segunda razão diz respeito à total reversão da lógica do mercado. Em qualquer troca econômica há sempre uma perda e um ganho. Se compro um relógio, por exemplo, “perco” o dinheiro e fico com o relógio; e quem me vende o relógio “perde” o relógio e recebe o dinheiro. Mas, no âmbito do conhecimento, um professor pode ensinar um teorema sem perdê-lo. No círculo virtuoso do ensinar, enriquece quem recebe (o estudante), enriquece quem dá (quantas vezes o professor aprende com seus estudantes?). Trata-se de um pequeno milagre. Um milagre – e essa é a terceira razão – que o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw sintetiza num exemplo: se dois indivíduos têm uma maçã cada um e fazem uma troca, ao voltar para casa cada um deles terá uma maçã. Mas, se esses indivíduos possuem cada um uma ideia e a trocam, ao voltarem para casa cada um deles terá duas ideias. [...]

A ditadura do lucro e do utilitarismo infectou todos os aspectos da nossa vida, chegando a contaminar esferas nas quais o dinheiro não deveria ter peso, como a educação. Transformar escolas e universidades em empresas que devem produzir unicamente diplomados para o mundo do trabalho é destruir o valor universal do ensino. Os estudantes adqui-rem créditos e pagam débitos com a esperança de conquistar uma profissão que possa dar a eles o máximo de riqueza. A escola e a universidade, ao contrário, devem formar os heréticos capazes de rejeitar o lugar-comum, de repelir a ideologia dominante de que a dignidade pode ser medida com base no dinheiro que possuímos ou com base no poder que possamos gerenciar. A felicidade, como nos recorda Montaigne, não consiste em possuir, mas em saber viver.

Professor E. Ordine. Sociólogo italiano – Universidade da Calábria, em entrevista a João Marcos Coelho. O Estado de S. Paulo, 15 fev. 2014.

Com base nas sugestões contidas nos textos aqui reunidos e em outros conhecimentos que voc• consi-dere relevantes, redija uma dissertação em prosa sobre o tema: É desejável e possível limitar o poder do dinheiro? Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto.

Instruções: A redação dever‡ seguir as normas da língua escrita culta. O texto dever‡ ter, no mínimo, 20 e, no m‡ximo, 30 linhas escritas. Redações fora desses limites não serão corrigidas e receberão nota zero. A redação também ter‡ nota zero, caso haja fuga total ao tema ou à estrutura definidos na proposta

de redação. D• um título a sua redação. A redação dever‡ ser redigida na folha de respostas, com letra legível e, obrigatoriamente, com caneta

de tinta azul ou preta.

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KAPA 2 Reda•‹o Ð Setor 1509 261

proposta 7

(ITA-SP)

Redija uma disserta•‹o (em prosa, de aproximadamente 25 linhas) sobre o tema: N—s, brasileiros, cidad‹os.

O conjunto dos excertos dever‡ servir de subs’dio para a elabora•‹o de sua reda•‹o. Esperamos que voc•

se posicione criticamente frente aos argumentos expostos nos excertos. N‹o os copie. (D• um t’tulo ao

seu texto. A reda•‹o final deve ser feita com caneta azul ou preta.)

TexTo I

[É] [Cidadania] Ž uma palavra usada todos os dias e tem v‡rios sentidos. Mas hoje significa, em ess•ncia, o direito de viver decentemente. Cidadania Ž o direito de ter uma ideia e poder express‡-la. ƒ poder votar em quem quiser sem constrangimento. ƒ processar um mŽdico que cometa um erro. ƒ devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. ƒ o direito de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religi‹o sem ser perseguido. H‡ detalhes que parecem insignificantes, mas revelam est‡gios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no tr‰nsito, n‹o jogar papel na rua, n‹o destruir telefones pœblicos. Por tr‡s desse comportamento, est‡ o respeito ˆ coisa pœblica. O direito de ter direitos Ž uma conquista da humanidade. [É]

DIMENSTEIN, Gilberto. O cidad‹o de papel. S‹o Paulo: çtica, 1993.

TexTo II

[É] Grandes desigualdades, numa sociedade aberta, democr‡tica e com meios de comunica•‹o modernos, ser‹o inevitavelmente fonte de viol•ncia e de criminalidade. A rea•‹o dos grandes centros urbanos brasileiros tem sido a pior poss’vel: no lugar da reflex‹o e da a•‹o pœblica, multiplicam-se as iniciativas privadas de defesa e segrega•‹o. Os condom’nios murados e fechados, as casas com guaritas que s‹o verdadeiras casamatas, as pol’cias privadas, as portarias que exigem dos visitantes identifica•‹o como se fossem criminosos, o uso de carros blindados, s‹o exemplos de uma perigosa atitude que se dissemina. Uma atitude que combina o conformismo conservador com um profundo descrŽdito pela iniciativa pœblica. N‹o se confia mais no Estado nem mesmo para o desempenho de suas fun•›es b‡sicas e essenciais. N‹o Ž assim que se desenvolve a cidadania, n‹o Ž assim que se cria um m’nimo de solidariedade.

AndrŽ Lara Resende, Folha de S.Paulo, 19 nov. 1996.

TexTo III

[É] O Brasil tem potencial para dar um salto qualitativo no seu desenvolvimento interno e na sua inser•‹o in-ternacional. Para isso, teremos de responder a dois imperativos: a consolida•‹o da cidadania, base fundamental da soberania no mundo moderno e fonte de legitimidade e poder do Estado; e o aproveitamento da inexorabilidade da nossa inser•‹o internacional para dela extrair o m‡ximo de benef’cios concretos Ð em gera•‹o de riqueza, empregos e desenvolvimento econ™mico e social Ð ao menor custo poss’vel. [É]

Luiz Felipe Lampreia, Folha de S.Paulo, 20 out. 1996.

TexTo IV

[É] A sociedade civil sabe que n‹o d‡ mais para esperar o governo que tenta, mas n‹o consegue atender a demanda. Nesse v‡cuo nasceu o chamado Òterceiro setorÓ. Um conceito que nasceu na Europa e nos Estados Uni-dos nos anos 80 e que chegou ao Brasil na dŽcada de 90, e hoje emprega perto de 1 milh‹o e meio de pessoas. S‹o institui•›es, associa•›es, organiza•›es que partem da iniciativa privada para desempenhar um papel de car‡ter pœblico. [É]

Reportagem de um programa televisivo produzido pela TV Cultura, levado ao ar em 1o out. 1999.

TexTo V

[É] A longa tradi•‹o brasileira de interven•‹o estatal Ž em larga medida respons‡vel pelo fortalecimento da cren•a de que o Estado deve atender a todas as demandas sociais. A promo•‹o da cidadania ainda parece ser para muitos uma tarefa exclusiva dos governos, embora j‡ se registrem iniciativas espor‡dicas do chamado Terceiro Setor que procuram romper h‡bitos paternalistas. [É]

Folha de S.Paulo, Editorial, 17 dez. 1996.

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AnoTAções

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