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Maurício Waldman Dan Schneider

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Maurício Waldman Dan Schneider

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GUIA ECOLÓGICO DOMESTICO

MAURÍCIO WALDMAN

DAN MOCHE SCHNEIDER

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Para Cacilda Lanuza, indomável militante ambientalista.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 15

I - CULTIVANDO EM CASA 19

Alimentos produzidos industrialmente 19 O cheque sem fundo da agricultura moderna 21 Praticando a agricultura ecológica 23

O que é composto orgânico? 24 Fazendo o composto orgânico 26 Materiais da sua casa que podem ser compostados 26 Técnicas de compostagem 27 O método do caixão neozelandês 27 Outras técnicas existentes 28 Controle da compostagem 30 Aplicando o composto orgânico 30

Como cultivar hortaliças 30 Onde plantar? 30 Como plantar e preparar a terra? 30 Semeando e transplantando 31

Cultivando árvores frutíferas 33 Um pomar diretamente na terra 33 O seu pomar em vasos 34

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Page 5: 87602948 Guia Ecologico Domestico Mauricio Waldman Dan Schneider

Os cuidados a serem tomados com o seu pomar 35 As espécies indicadas para a sua casa 35 Espécies para o clima tropical 36 Espécies para o clima subtropical 36 Espécies para o clima temperado 36

Como montar um jardim 37 Mantendo as plantas em recintos fechados 37 Os cuidados básicos da jardinagem doméstica 38 Como manter suas plantas vistosas e saudáveis 40

Hidroponia: cultivando sem terra 41 As modalidades da hidroponia 43 As vantagens da hidroponia 43 Fazendo sua horta hidropônica 44

H - BOM APETITE! 45 Pensando antes de comer 45

A farsa dos transgênicos 45 Carne para poucos ou alimentos para muitos? 47

Como escolher frutas e verduras 51 O cru e o cozido 52 Alimentando-se de vegetais e frutas cruas 53 As frutas 54 Aproveitando tudo 57

A casca da banana 58 A casca da batata 58 A casca do maracujá 58 Folhas e talos 58 O pão velho 59 O arroz cozido 59 Os nabos 60 O caroço da jaca 60

Dicas para aproveitar os minerais dos alimentos 60 Processos simples e eficientes para conservar os alimentos 62

Processo de armazenamento de cereais em grãos 62 Processo com gelo-seco 63 Processo com óleo 63 Processo da queima de oxigênio 64

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Fazendo conservas de frutas 64 Preparando o xarope das conservas de frutas 64 As etapas da elaboração das conservas de frutas 65

Fazendo conservas de cogumelos 66 Fazendo conservas de legumes, verduras e feijões 67 Conservas de carne bovina 68

Fazendo a conserva tradicional 68 Fazendo carne-de-sol 69

Métodos para conservar ovos 69 Método do papel de seda 69 Método da água de cal 70

III - EVITANDO O DESPERDÍCIO 71

Valorizando os recursos 71 As grandes fontes de desperdício 72 Combatendo o desperdício 74 Dicas para economizar energia 76

Economizando com a geladeira 77 Economizando na hora de ligar o chuveiro 78 Economizando na hora de ligar a luz 79 Economizando na hora de ligar a televisão 80 Economizando na hora de ligar o ferro elétrico 82 Economizando na hora de ligar a máquina de lavar 82 Economizando na hora de ligar o ar-condicionado 83 Economizando na hora de ligar a torneira elétrica 84 Economizando na hora de ligar o forno de microondas.. 84 Diminuindo o consumo no horário de pico 85 Combatendo os vazamentos de energia elétrica 85

Dicas para economizar água 86 Detectando evidências de vazamentos 89 Testando vazamentos 89 Economizando na hora de abrir a torneira 90 Economizando na hora de ligar o lava-louças 92

Dicas para economizar gás 92 Aproveitando melhor o gás 93 Cuidados necessários com o gás 93

Usando energias alternativas 95 Utilizando a energia solar em sua casa 96 Utilizando a energia eólia na sua casa 99

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IV - LIXO: ACERTANDO NA CESTA 101

O problema do lixo 101 Soluções gerais existentes para o lixo 104 Mudando o seu modo de vida 104 Diminuindo a geração de resíduos 105

Ajudando a manter o mundo limpo 105 Gerando menos problemas com as embalagens 105 Gerando menos problemas com as pilhas 108 Impedindo a transformação do papel em lixo 108 Impedindo a transformação do vidro em lixo 110 Impedindo a transformação do plástico em lixo 111 Impedindo a transformação dos metais em lixo 113 Impedindo a transformação do vestuário em lixo 114 Impedindo a transformação das suas utilidades domésticas em lixo 115 Impedindo a transformação de qualquer tipo de substância ou material em lixo 116 Utilizando produtos ecológicos 116 Identificando o "marketing verde" 119

Reciclando recursos vitais 119 Conhecendo a coleta seletiva 120 Frações seca e molhada 121 Os códigos de cores da reciclagem 122 Os rejeitos 122 O que as prefeituras têm feito 122 O que os catadores têm feito 124 O que você pode fazer 125 Reciclando papel na sua casa 125 Reciclando papel fora da sua casa 126 Organizando um programa local de coleta de papel 126 Implantando e monitorando o programa 127 Organizando o espaço para armazenagem do papel 128 Organizando a coleta de papel 128 Registrando os custos do programa local 128 Registrando os benefícios do programa local 129

V-LIMPANDO ECOLOGICAMENTE 131

Alternativas aos pesticidas e desodorizadores 131 Combatendo as formigas 132

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Combatendo as moscas 133 Combatendo (sem tréguas) as baratas 133 Combatendo os piolhos 134 Combatendo os insetos de plantas 134 Combatendo as pulgas nos animais 134 Combatendo as traças 135 Combatendo os cupins 135 Combatendo os pernilongos 136 Combatendo os insetos voadores 136

Alternativas aos produtos de limpeza 136 Fazendo detergente caseiro e sabão líquido para pia e limpeza em geral 138 Fazendo sabão novo para lavar louça com restos de sabão velho 138

Alternativas para afastar odores inconvenientes 138 Perfumando sua cozinha 139 Desodorizando a cozinha 139 Desodorizando os ambientes em geral 139 Desodorizando o cheiro dos animais domésticos 139 Desodorizando sapatos e tênis 139 Desodorizando pinturas de parede 140

Como fazer saquinhos de cheiro 140 Rosa, jasmim e lavanda: misturando aromas 140 Pout-pourri de rosa 141 Pout-pourri de sândalo doce (mistura úmida) 141

Alternativas para limpezas específicas 142 Limpando o carpete 142 Limpando o tapete 142 Limpando os móveis dos pêlos dos animais domésticos 142 Limpando as janelas 142 Limpando metais e louças sanitárias 143 Limpando cerâmicas e azulejos em geral 143 Dando brilho nos móveis 143 Amaciando roupas em geral 143 Amaciando roupas de lã 143 Evitando o mofo e a umidade 143

Alternativas para tirar manchas 144 Tirando manchas da porcelana 144 Tirando manchas da parede 144

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Tirando manchas do bronze 144 Tirando manchas do cobre 145 Tirando manchas das pias 145 Tirando manchas dos estofados de pano 145 Tirando manchas dos tapetes 145 Tirando manchas dos tecidos 146

Cuidados com os animais 147

VI - REFORMULANDO A FARMÁCIA 151

Uma sociedade doente 151 Contando com o próprio corpo 153 Algumas regras básicas de higiene física e mental 154 Fazendo preparados medicinais 156

Preparando compressas 156 Preparando extratos simples 156 Preparando óleos fixos 157 Preparando pasta de amido 157 Preparando pós medicinais 157 Preparando uma decocção 157 Preparando uma infusão 157 Preparando uma tintura 158 Preparando xaropes 158

Plantas utilizadas na medicina alternativa 159 Um jardim medicinal em casa l60 Espécies que podem ser cultivadas em casa 161 Indicações do receituário caseiro 163

Medicando o reumatismo, artrite, torceduras e dores musculares 163 Medicando a diarréia 163 Medicando a conjuntivite 164 Medicando a tosse 164 Medicando o nariz entupido 165 Medicando gripes e resfriados 165 Medicando a sinusite 166 Medicando a bronquite 166 Medicando a garganta inflamada 166 Medicando a dor de cabeça 166 Medicando a dor de dente 166

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Medicando a ressaca 166 Medicando as queimaduras do sol 167 Medicando pequenos cortes 167 Medicando prisão de ventre 167 Medicando picadas de abelhas e marimbondos 167 Medicando picadas de pernilongos e borrachudos 167 Medicando casos de vermes e de solitária em crianças 167 Medicando dores estomacais 168 Fortalecendo os seus dentes e as suas gengivas 168 Limpando suas fossas nasais 168 Cicatrizando ferimentos 169

Cuidados a serem tomados numa farmácia 169

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 171

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INTRODUÇÃO

A alegria de uma casa, em bem pouco se resume:

Beijos, abraços, canções, água, pão, flores e lume.

A crise ambiental é um fenômeno que nos anuncia a morte das flores e das canções, o envenenamento da água e do pão, sem contar a crescente escassez de alimentos, quase sempre mascarada pela má distribuição da riqueza gerada pela sociedade.

Essa crise revela-se também em dados (Worldwatch Institute), como os cinco bilhões de dólares anuais gastos pelos norte-ame-ricanos em dietas para diminuir o seu consumo de calorias, en-quanto centenas de milhões de pessoas no mundo acham-se tão subnutridas que seus corpos e mentes estão sofrendo prejuízos irreversíveis.

Pressionados a enfrentar a crise, os centros de poder mundial insistem exclusivamente numa abordagem defensiva, que busca evitar a todo custo os efeitos indesejáveis da poluição, encobrindo ao mesmo tempo a raiz do problema: o modelo de civilização existente, que se reproduz semeando desejos que, ao serem trans-formados em necessidades crescentes, vampirizam a Natureza e engendram desigualdade, frustração, dependência e alienação.

Antes de tudo, é preciso lembrar que a luta por um ambiente sadio não pode ser estritamente voltada para a preservação das es-

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pécies animais e vegetais - cuja sobrevivência está ameaçada pela poluição e pela degradação do ambiente natural - mas também para o homem, que também é uma vítima da catástrofe planetária.

O enorme conjunto de seres humanos que habitam condomí-nios, casas e apartamentos, localizados em paisagens urbanas em todo o mundo, são geralmente compreendidos como "seres dis-tantes da Natureza". Mas será que é isso mesmo? A Natureza está fora de casa, longe da cidade? Até que ponto a casa não se refere a uma ecologia própria?

Lembre-se de que por entender que a Natureza é algo "externo" aos homens e às mulheres é que muitas vezes as pessoas deixam de pensar o que seria uma prática ecologicamente correta a ser realiza-da no bairro, no local de trabalho, na escola ou no interior do lar.

No período em que hoje vivemos, a vida urbana incentiva e condiciona hábitos de esbanjamento e de destruição, que são uma barreira à proteção da Natureza. O seu grande motor é o consu-mismo, que se tornou símbolo da liberdade individual.

Essa idolatria do consumo nos convence, por todas as maneiras, de que a aquisição de bens tem relação direta com a felicidade. Ou seja, quanto mais se consome, mais se é feliz. Ora, essa relação não é verdadeira. Os ensinamentos de muitas culturas assim esclarecem. Pode ser uma frase batida, mas o fato é que, para além do nível de suficiência material, dinheiro não compra felicidade.

Romper com essa situação não é nada fácil. Acostumados que estamos em consumir, agir de outra forma pode ser impossível, caso não tenhamos um mínimo de bom senso. Essa qualidade surge quando compreendemos que podemos possuir menos coi-sas (e que, portanto, "menos coisas nos possuem"), fortalecendo assim a nossa soberania e auto-suficiência.

É esse sentimento de simplicidade voluntária que pode nos con-duzir a uma menor dependência com relação a tudo, partindo das grandes matrizes produtoras de energia e materiais até os meios que garantirão a nossa sobrevivência material. Numa única ex-pressão, ser simples é ser independente. • Raramente poderemos governar uma casa saudável se não ini-ciarmos esta higiene dentro de nós. A dependência pode oferecer facilidades, mas apenas a independência nos produz a sensação de crescimento interior e de amadurecimento pessoal.

A casa pode ser pensada como espaço de resistência à tendên-cia de consumo, matriz de um comportamento social capaz de

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colaborar na proteção do ambiente. Ao contrário de um ecossistema, a casa é uma unidade de consumo e processamento de energia, alimentos e materiais, dependente de fontes produtoras distantes e ignoradas e que não recicla a enorme e heterogênea quantidade de resíduos que gera.

Na verdade, a casa é o reflexo do que somos, ou melhor, do que fomos treinados a acreditar que somos: consumidores que se realizam adquirindo produtos e serviços, em detrimento de nossa criatividade inata do fazer, curar, aprender, construir.

Há detalhes aparentemente secundários do ambiente domiciliar que formam hábitos de preservação dos recursos, de melhor utili-zação e de transformação dos produtos, de redução do lixo. Uma casa deteriorada ou bagunçada forma ou confirma uma mentalida-de destruidora e esbanjadora.

A desordem e a degradação física do ambiente conduzem à perda da harmonia e do prazer que o gosto estético incentiva. É um estímulo à insatisfação e ao conflito entre os que aí permane-cem. Por nenhum outro motivo que não este, não se registram casos de pessoas ou casais em desarmonia cujas residências sejam limpas, operacionais, saudáveis ou prazerosas.

Quando estamos arrumando a nossa casa, estamos também ar-rumando o nosso interior e retirando dele aquilo que nos agride e nos fragiliza emocionalmente. Desse modo, nunca se deixe enga-nar: quando muito lixo permanece na^asa, é porque não estamos limpando devidamente o nosso interior e estamos resistindo em nos desvencilharmos do que não serve mais.

Para ajudar na procura do equilíbrio, para nossas casas e para nós mesmos, podemos, a princípio, nos perguntar:

Consigo distinguir necessidade de desejo? Preciso realmente de todas as coisas que compro? Significam um desperdício de recursos? Podem ser reutilizadas ou recicladas? Há algum terreno livre que eu possa cultivar? Caso exista, que tipos de plantas silvestres, arbustos e plantas

medicinais posso cultivar? Há desperdício de energia elétrica e água em minha casa? Estou me alimentando com alimentos frescos ou com produtos

industrializados? Espremidos em trens, abrindo caminho no meio de multidões

sufocantes ou vendo diante de si apenas um casario infinito e

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milhares de edifícios que parecem brotar do chão, cabe a nós en-frentar o maior desafio destes tempos, viver melhor num ambiente que oferece margens de manobra cada vez menores.

A redescoberta do lar surge num momento em que as pessoas estão desiludidas com muitos valores da modernidade, como o anonimato, a carência de laços duradouros entre as pessoas, os políticos e os seus partidos. A partir do envolvimento transforma-dor com a rotina dos domicílios, com a vizinhança, com nossos hábitos de consumo, a casa aparece como um meio para fortalecer e tornar as pessoas mais combativas.

Muitos são os depoimentos e avaliações que apontam os fato-res econômicos, sociais, políticos e religiosos como sendo as gran-des forças atuantes na transformação das sociedades. No entanto, lembre-se de que aos indivíduos isoladamente também está colo-cada a possibilidade de mudar, inclusive a de mudar-se.

Toda opção social começa primeiramente pela opção dos indi-víduos por um determinado caminho. Dizemos isto porque tor-nou-se lugar-comum, para muitos atores sociais, propor que as grandes causas são aquelas que resolverão os problemas do ho-mem. E, no caso da ecologia, essa opção deve obrigatoriamente ser concreta. A ecologia tem que se tornar um modo e não um meio de vida.

Assim, convencido do importante papel que lhe cabe para mu-dar a sua vida é que você deve começar a mudar a sua casa. A casa é um espaço privilegiado, íntimo, local em que podemos criar e recriar relacionamentos, alimentação, repouso e explorar as di-mensões não materiais de nossa vida, buscando uma qualidade melhor e diferenciada, muito distinta daquela que hoje nos altera a pressão e o humor.

O lar pode ser um centro ativo no qual as pessoas voltem a falar entre si, engendrem seus sonhos e desejos, anseios, expectativas, afetos e, particularmente, suas esperanças!

casa áraèe, voítada para dentro, aèeita à caCma do céu, embelezada peio e[emento feminino da água, autocontida e tranqiiita, a antítese de[i6erada do mundo áspero do traôaíHo, da guerra e do comércio, é o reino da muCher. paCavra ára6e sakan, que designa casa, e apaíavra sabina, tranqüiío e sagra-do, têm a mesma origem, enquanto a pa[avra haran, que significa mutfier, e haram, sagrado, que designa os aposentos onde afamíãa vive, na casa áraòe, têm iguaímente raizes comuns.

Hassan Fathy

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CULTIVANDO EM CASA

AUMENTOS PRODUZIDOS INDUSTRIALMENTE

A sociedade industrial também deixou a sua marca nos alimen-tos. Os supermercados estão repletos de produtos atraentes, um grande mosaico composto por latas multicoloridas, supercongelados e pacotes que convidam à compra imediata.

Nos rótulos, algumas informações são enigmáticas ao consumi-dor, chegando a passar despercebidas. Termos como saborfanta-sia, flavorizantes, edulcorantes e siglas, tais como EPI, HI, PIV e CU são alguns dos sinais da crescente artificialidade dos alimentos, compostos pelos mais variados tipos de aditivos, usados para acen-tuar-lhes a cor, o sabor e o aroma.

Naturalmente, ninguém pretenderia com essas observações ne-gar a necessidade de aditivos. O homem os tem utilizado desde que aprendeu a cozinhar. O sal e o açúcar, por exemplo, são al-guns deles. Os temperos, as especiarias, os óleos e os compostos criados para a conservação dos alimentos são outros bons exem-plos de aditivos que são colocados na nossa alimentação.

Hoje em dia, porém, o uso de aditivos ultrapassou os limites do razoável. Atualmente, são mais de 2.500 substâncias, naturais

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ou sintéticas, utilizadas pela indústria alimentícia, algumas posterior-mente descobertas como nocivas à saúde. Por exemplo, o ciclamato, um adoçante artificial, tem despertado forte polêmica, pois suspei-ta-se que seja causador de câncer.

Outra substância, o glutamato monossódico, tem sido apontado nos Estados Unidos como substância tóxica, relacionada com a Doença de Kwok, também denominada Síndrome do Restaurante Chinês, isto porque seus sintomas lembram as dores de cabeça, tonturas e náuseas que certas pessoas sentem em razão da intole-rância pela culinária chinesa.

Existem também casos de "alimentos" absolutamente artificiais, como as margarinas cujo consumo se justifica apenas em razão de campanhas milionárias de divulgação. Num esforço para se dife-renciar das demais, cada nova margarina é batizada com um nome suave e, numa custosa estratégia de sedução, é associada a ima-gens de saúde (modelos atléticos e bronzeados), pureza (crianças) e natureza (paisagens bucólicas).

Mas que comido é e s t a que requisita investir tanto dinheiro em maquiagem e espetáculos que estimulem a sua venda? E claro que nin-guém nunca explodiu ao comer margarina. Mas, se levantarmos o véu das propagandas, cada vez mais belas, criativas e sofisticadas, o que encontraremos? Vejamos como o professor Aldo Rangel, da Universi-dade Rural do Rio de Janeiro, já em 1977, ensinava como se fabrica a margarina que gulosamente esparramamos sobre um pãozinho francês:

"Uma medida de gordura vegetal hidrogenada e ácido sulfúrico neutra-lizado com um pouco de soda cáustica; tudo isso é aquecido a 150 graus, a c r e s c i d o de ácido benzóico, ácido butil-hidroxianisol e butil-hidroxitolueno (explosivo). Depois é acrescentado gaiato de propila, leite, gaiato de duocila e sal refinado. Tudo isso é corado com corantes artificiais (CI), aromatizado artificialmente com FI e FIV, conservado artif icialmente com PI e PIV, acrescido dos antioxidantes AV, AVI e AXI; além disso, acrescentam-se cerca de 2 0 . 0 0 0 unidades internacionais de vitamina A sintética (acetato de vitamina A)".

E... bom apetite!

No "menu de opções" disponíveis nas gôndolas dos supermer-cados, encontramos ainda alimentos poluídos por agrotóxicos e antibióticos, pouco nutritivos, processados com altas doses de subs-tâncias químicas artificiais, enlatados, plastificados e embalados em sonhos esterilizantes, em embalagens esbanjadoras de maté-

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rias-primas e energia, produ-zidos por empresas cuja pri-meira preocupação não é a

Para completar, em nome — — f de um "tempo escasso", cada //fâ^ v, ^ vez mais transferimos para ter- < ~ — f ceiros a responsabilidade e o )

paro de nossa comida. Mal ^ ^ ^ ^ sobra tempo para desfrutar-mos o sabor dos alimentos, ^ \ I • seu aroma, cor e consistência; ignoramos nomes, variedades (([ÍÉP^w^H^V y K ^ ^ ^ M W e propriedades medicinais do ^RN^B^ IBBP^ \ que comemos.

Apesar de desconhecermos a origem e a forma do processamento dos alimentos, comemos apres-sados e despreocupados com a qualidade daquilo que ingerimos e que afeta diretamente a nossa saúde. Afinal, estamos garantidos pe-los mesmos técnicos que, há pouco tempo, juravam que o leite de vaca - aquele processado e embalado pelas empresas nas quais trabalham - substituía, com vantagem, o leite materno.

Assim, da mesma forma que existem cada vez mais mulheres que precisam ler um tratado de pediatria para amamentar, vamos trocan-do a nossa capacidade inata de fazer coisas pela possibilidade de escolher entre esta ou ac

0 CHEQUE SEM FUNDO DA AGRICULTURA MODERNA

Basicamente, é a rápida obtenção de lucros que determina o modelo extremamente dependente de insumos químico-industriais da agricultura moderna. Por meio da monocultura, do uso maciço de fertilizantes sintéticos e de agrotóxicos e da intensa mecaniza-ção (e, conseqüentemente, a expulsão do trabalhador do campo para a cidade), a agricultura moderna vem quebrando recordes de produtividade, medidos em toneladas e dólares.

O discurso desse modelo enfatiza que, se a Natureza é lenta, que mal há em ajudá-la a produzir mais alimentos, em menor tempo, para um mundo esfomeado? O problema é que os indicadores de "toneladas e dólares" da agricultura nada informam acerca dos conteú-

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dos nutritivos, dos insumos energéticos e principalmente, das condições essenciais para a continuidade da própria agri-cultura, ou seja, não contabi-lizam o esgotamento dos sis-temas de suporte naturais e as dívidas ambientais que se acu-mulam em razão desse mes-mo modelo.

Além disso, com relação à população de famintos, pode-mos assinalar que esta cres-ceu juntamente com a produ-ção de alimentos, o que sig-nifica que não há falta de ali-mentos^ mas sim desequilí-brios na sua distribuição e disparidades na apropriação da renda. No mundo atual, não ocorre fome por falta de pão, mas, antes, pela ausência de ganha-pão.

Em resumo, entre as principais conseqüências negativas da agri-cultura moderna temos:

& perda ou desgaste do solo agrícola. O Worldwatch Institute estima que 24 bilhões de toneladas da camada superior do solo das terras férteis do mundo se perdem anualmente em razão da erosão ocasionada por um manejo inadequado do solo. Isso ocorre em razão da destruição da estrutura física do solo, provocada pela compactação do solo e pelo não retorno da matéria orgânica, além da inibição da bioestrutura do solo pelo uso de agrotóxicos

e fertilizantes; Segundo estimativas de um estudo\ r . ,

x & os efeitos nocivos a saúde provo-de 1983, aproximadamente 10 mil

pessoas morrem por ano nos paí-

ses em desenvolvimento em virtu-

de do envenenamento por pes-

ticidas e cerca de 4 0 0 mil são gra

cados pelos alimentos. Os prejuízos pro-vocados pela agricultura moderna são consideráveis e nem sempre conhecidos em profundidade. Segundo amostra do

vemente afetadas por eles. " J Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA, referente a 65.725 substâncias químicas

de uso comum, só 10% dos praguicidas e 18% das drogas tinham os dados necessários para avaliações completas sobre riscos para a

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saúde. Não havia dados sobre a toxicidade para cerca de 80% dos agentes químicos usados em produtos e processos comerciais inventariados pela Lei de Controle de Substâncias Tóxicas.

PRATICANDO A AGRICULTURA ECOLÓGICA

Toda crítica desacompanhada de uma proposta alternativa e exeqüível é, pelo menos, uma abstração sem sentido. E, assim sendo, qual seria a contraproposta à agricultura dita "moderna"? Respondendo rapidamente, cultivar sem veneno, o que não só é possível, como também rentável.

É o que o agrônomo Nasser Yussef Nasr com-prova no Centro de Cultura Natural Augusto Rus-chi, no município de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. Usando métodos "não conven-cionais" (leia-se agricultura orgânica), conseguiu-se produzir dez caixas de laranja por pé, uma produtividade cinco vezes maior que a média nacional.

Conhecido popularmente como Hortão, o centro é visitado por dezenas de espécies de pássaros que se aninham pelas árvores. São comuns os ninhos de rolinhas, sabiás, joões-de-barro e até coleiros. Os pássaros são atraídos por milhares de insetos que po-voam o ambiente, livre de qualquer agrotóxico.

A agricultura ecológica é composta por uma diversidade de cor-rentes que já provaram que podem ter uma produtividade similar à

Localizada em Botu-

catu (SP), a Fazenda

Demeter, ligada à agri-

cultura biodinâmica, é

um dos mais renomados

centros produtores de

alimentos naturais.

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agricultura moderna, agregada a aspectos superiores, como quali-dade dos alimentos, melhoria da capacidade produtiva do solo, preservação do meio ambiente e distribuição de renda.

As correntes mais conhecidas são a agricultura orgânica, agri-cultura biológica e a agricultura biodinâmica, todas representadas no território brasileiro.

As diversas vertentes da agricultura ecológica possuem como metas comuns, conforme apontado no Primeiro Encontro Brasilei-ro de Agricultura Alternativa (1981):

Ê geração de alimentos de alta qualidade biológica, respeitando a Natureza, trabalhando com ela e não contra ela, operando com base num balanço energético equilibrado;

§ manutenção da fertilidade do solo, com a generalização da policultura e da integração de lavoura e criação, realizando, assim, o controle da erosão e a preservação da água potável;

Ê exclusão do emprego de agrotóxicos poluidores dos alimentos e do ambiente. Utilização de técnicas biológicas de controle das pragas nas lavouras;

& utilização mínima de insumos industriais, por meio do reapro-veitamento dos resíduos de produção agrícola;

ê entendimento do solo como um organismo vivo, manter e melhorar seus parâmetros de produtividade;

S reutilização ao máximo os resíduos orgânicos no âmbito do próprio cultivo, reabastecendo a cadeia alimentar (uso dos processos de compostagem)

Não há nenhum problema "moderno" que uma ecologia bem aplicada não resol-va! Procure se alimentar com produtos pro-venientes da agricultura ecológica. Essa pe-quena atitude produz reflexos positivos, tanto para a saúde do nosso corpo, como para o equilíbrio de ecossistemas, às ve-zes, bastante distantes de nós.

0 QUE É COMPOSTO ORGÂNICO?

O composto orgânico é um produto homogêneo, obtido por meio de processo biológico, pelo qual resíduos formados por ma-téria orgânica são convertidos em outro material, mais estável, em

Cadeia alimentar: Trata-se do

sistema no qual se processa a

transferência de energia, de or-

ganismos vegetais para uma sé-

rie de organismos animais, por

intermédio da alimentação e

por meio de reações bioquími-

cas. Cada elo da cadeia alimen-

tar alimenta-se do organismo

precedente e, por sua vez, ali-

menta o seguinte. ,

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razão da atuação dos microorganismos já presentes no próprio resíduo ou introduzidos por meio de agentes inoculadores. Após processamento, essa matéria orgânica transforma-se no composto orgânico, um tipo de adubo muito apreciado.

Embora a maior parte da compostagem seja feita com restos animais e vegetais, o lixo constitui outra possibilidade. Nesse caso, o processo de compostagem trabalhará pois com a chamada fra-ção molhada do lixo, ou seja, com os seus componentes orgâni-cos. Estes incluem restos de comida, talos, cascas, pó de café, folhas, poda de jardim etc.; materiais no geral provenientes das residências.

A compostagem constitui uma forma bastante eficiente de de-volver matéria orgânica para o mundo natural. Há

/ Compi lostagem: método

de tratamento dos resí-

duos sólidos do lixo pela

fermentação da matéria

orgânica contida neles,

conseguindo-se sua esta-

bilização sob a forma de

um adubo denominado

"composto".

séculos, ou mesmo milênios, a adubação orgâni-ca é praticada em todo o mundo, baseando-se na restituição de restos das culturas e do esterco ani-mal ou humano ao solo.

Nos grandes centros urbanos, esse trabalho é executado por usinas de compostagem que, no entanto, reciclam muito pouco e, além disso, não produzem composto de boa qualidade. Isso de-corre da própria irracionalidade com a qual o sis-tema atualmente existente opera.

Vejamos como o sistema trabalha: Ê o lixo doméstico de cada residência resulta de uma profusa

mistura de lixo de vários recintos da casa: cozinha, banheiro, escritório e quintal, materiais muito diversificados quanto à sua natureza e composição;

ê essa mistura de resíduos é ensacada pelos cidadãos e, posteriormente, depositada em determinados pontos da calçada;

& em seguida, um caminhão, que nas médias e grandes cidades é um caminhão compactador, amassa e mistura todos os ingredientes de milhares de sacos de lixo, transportando a massa de resíduos para uma usina de compostagem;

Èna usina, esses ingredientes são novamente separados; È como a mistura de resíduos diferentes foi intensa, muito

material se perde e, numa grande usina, em média, de cada cem toneladas de lixo que entram, saem cinqüenta toneladas de rejeito;

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& além disso, substâncias perigosas provenientes de pilhas, tubos de luz fosforescente, frascos de remédios, latas de veneno, sprays de todos os tipos, recipientes com resíduos de produtos de limpeza etc. (previamente esmagados pelos compactadores) podem estar misturadas no composto orgânico, comprometendo sua qualidade.

A solução óbvia para o problema é uma só: coletar sepa-radamente os materiais, reaproveitando uma fração muito maior dos rejeitos e maximizando o trabalho nas usinas, inclusive as que operam com o sistema atual.

Resumidamente, se houvesse coleta seletiva de matéria orgâni-ca, o aproveitamento do material seria muito maior, e a Natureza aplaudiria!

FAZENDO 0 COMPOSTO ORGÂNICO

Você pode produzir seu próprio composto orgânico e desse modo contribuir para a minimização do volume de material orgâ-nico presente na composição do lixo, transformando os restos de alimentos da sua casa em composto. Dessa forma, você também estará contribuindo para a retomada dos ciclos de matéria orgâni-ca, tais como a Natureza estabeleceu desde a aurora dos tempos.

A matéria orgânica há muitos milênios foi descoberta como o fa tor primordial para manter a fertilidade do solo. Vários povos indígenas da América, quando plantavam milho, colocavam um peixe no fundo da cova, como oferenda aos deuses. Desse modo, faziam uma adubação orgânica com matéria-prima de fácil decomposição.

MATERIAIS DA SUA CASA OUE PODEM SER COMPOSTADOS

Para iniciar um processo de compostagem, precisamos de al-guns "ingredientes básicos", tais como: cascas de ovos, de frutas e de vegetais, pó de café, restos de comida e resíduos provenientes de jardinagem. Devemos excluir os óleos, a carne e os resíduos de queijos, pois podem atrair animais (ratos, baratas, vermes etc.).

Pensando no material a ser compostado a partir de algumas cate-gorias comuns a muitas residências, podemos ressalvar:

Ê lixo doméstico-, quase todo lixo orgânico de cozinha, com exceção dos óleos e da gordura animal, é um excelente material para compostagem;

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Ê cinzas-, as cinzas de madeira, provenientes da lareira ou de fogão à lenha, são um ingrediente de grande valor na compostagem, pois são importante fonte de potássio;

& aparas degrama-, a reutilização orgânica das aparas de grama pode ser feita simplesmente deixando-as no gramado ou adicio-nando-as à pilha do composto;

apodas de arbusto-. embora normalmente volumosos, esses resíduos podem ser picados ou retalhados, para obter-se um volu-me de fragmentos de granulação e clivagem diferenciados. Agregue-o ao composto em formação. Ressalve-se que a presença de material volumoso de origem orgânica contribui para a aeração do composto, atuando como ingrediente necessário para uma evolução mais veloz e eficiente da compostagem;

&folhas: são um pouco lentas na decomposição. Picadas, porém, se decompõem numa velocidade quatro vezes mais rápida;

§ ervas daninhas-, uma vez expostas às altas temperaturas comu-mente atingidas nas pilhas de composto, a maioria das sementes de ervas daninhas não consegue sobreviver e, assim, aproveita-se a matéria orgânica desse material.

TÉCNICAS DE COMPOSTAGEM

Existem diversos métodos que podem ser usados para a preparação do composto orgânico, diferenciados basicamente pela utilização ou não do ar, ou seja, temos os processos aeróbios (nos quais o oxigênio está disponível) e os anaeróbios (nos quais o oxigênio está ausente).

0 MÉTODO DO CAIXÃO NEOZELANDÊS

O método do caixão neozelandês é bastante usado como técni-ca alternativa. Trata-se de um engradado sem fundo e sem tampa, podendo conter o correspondente a um metro cúbico ou um quar-to desse volume. Recipientes de plástico ou uma tela também po-dem ser utilizados.

Um caixão para um quarto de metro cúbico é um engradado com cinqüenta centímetros nas três dimensões. É interessante cons-truir as faces do engradado de maneira que fiquem independentes, formando quatro painéis. As ripas que formam os painéis devem ser pregadas de modo que permaneça um espaço entre elas, pos-sibilitando que o material seja aerado.

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Após a montagem do engradado, podemos iniciar seu preen-chimento com o material a ser compostado: restos vegetais (a car-ga principal) e restos animais. Não havendo restos animais (ester-co de galinha, de vaca etc.), pode-se adquirir um saquinho de composto para vaso de plantas, terra escura de jardim ou sobras de frango, peixes e suas vísceras, batidas em liqüidificador com um pouco de água.

Esse material é importante pois constitui o inóculo, isto é, o material que contém os microorganismos que darão início ã fer-mentação da matéria orgânica. Na falta de inóculo, podemos separar uma parte do material no qual a compostagem está em fase avançada de fermentação numa caixa e ir acrescentando aos poucos, na medida em que se vai preenchendo a caixa principal.

O monte de composto deve ser revirado a cada trinta dias. Caso o material esteja seco, acrescente água. O processo de compostagem pode durar de 90 a 120 dias. Baldes plásticos com capacidade de até cinqüenta litros, perfurados no fundo e nas laterais também podem ser usados. O revolvimento pode ser feito a cada sete dias, transferindo-se o material de um balde para outro.

OUTRAS TÉCNICAS EXISTENTES

Além da técnica do caixão neozelandês, você pode apelar para diversos outros sistemas. A tabela a seguir apresenta diversos ou-tros tipos, elencando as vantagens e desvantagens pertinentes a cada um deles.

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Tipo Vantagens Desvantagens

Pilha lenta ao ar livre

Fácil de ser instalada e de se adicionar material

Pode demorar três meses ou mais para decompor; nutrientes são perdidos por lixiviação; pode apresentar mau cheiro e atrair moscas e animais

Pilha quente ao ar livre

Decomposição rápida, morte de sementes de ervas daninhas e patógenos

E preciso trabalho de revolvimento e controle do processo (temperatura, umidade)

Cestos e caixas Boa aparência; impede o acesso de animais

Exige a construção das caixas

Tambor rotativo Fácil de ser aerado por meio de revolvimento

Volume pequeno, funciona bem com material adicionado de uma vez

Compostagem em cova

Rápido e fácil; não exige ma-nutenção nem investimento

Bom somente para pequenas quantidades

Compostagem em trincheira

Pode processar grandes quantidades de matéria orgânica; não são necessários recipientes

Exige trabalho para não incorporar o material ao solo

Saco plástico ou lata de lixo

Fácil de fazer ao longo do ano; pode ser feito em pequenas áreas

A compostagem é anaeróbia, ocorre na ausência de oxigênio. Pode apresentar mau cheiro e atrair moscas

Ver micom postagem Fácil; inodoro, pode ser feito em local fechado; pode ser feita adição contínua de matéria orgânica

Exige alguns cuidados na adição de novos materiais e na retirada do vermicom-posto; minhocas devem ser protegidas de temperaturas extremas; pode atrair moscas

Fonte: Campbell. Manual de compostagem para hortas e jardins, Sâo Paulo: Nobel, 1990.

CONTROLE DA COMPOSTAGEM

Durante a compostagem, ocorre redução de volume de até um terço e a cor passa de acizentada e sem brilho para escura e bri-lhante, quando úmida. O controle do processo é uma peça funda-mental para obter-se um bom composto orgânico.

Para avaliar o material, você pode fazer alguns testes, dentre eles o teste da vara de madeira e o teste da mão.

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O teste da vara de madeira O t e s t e é realizado com a introdução de uma vara de madeira no mate-rial compostado profundamente. Ao retirarmos a vara poderemos cons-t a t a r as opções abaixo descritas; È a vara apresenta-se fria e molhada: não está ocorrendo fermenta-

ção, talvez por excesso de água; & apresenta-se levemente morna e seca: a pilha precisa de mais água; '& apresenta-se quente, úmida e parda: condições adequadas.

Quando o composto apresentar-se livre de barro preto, com cheiro de mofo, estará pronto para ser usado.

O teste da mã@

Adote os seguintes procedimentos: H toma-se pequena amostra bem umedecida; & molda-se com as pontas dos dedos; S esf rega-se contra as palmas das mãos. O composto curado apresenta-se com aspecto de graxa preta.

APLICANDO 0 COMPOSTO ORGÂNICO O composto poderá ser usado em vasos e hortas, nas seguintes

proporções: § vasos ornamentais: 50% de terra mais 50% de composto

orgânico; % hortas: vinte litros de composto por metro quadrado,

incorporados à terra.

COMO CULTIVAR HORTALIÇAS

Não precisamos morar no campo para ter a gostosa satisfação de produzirmos parte dos alimentos presentes na nossa mesa.

ONDE PLANTAR? No quintal de casa ou no jardim, nas varandas e sacadas, enfim,

em qualquer espaço onde haja luz, água e terra. Algumas plantas requerem insolação direta, outras preferem uma meia-sombra. Mas, no geral, todas precisam de, pelo menos, cinco horas de luz diária, direta ou indireta.

COMO PLANTAR E PREPARAR A TERRA?

No quintal e/ou no jardim, limpe primeiramente a área e retire em seguida uma camada com um palmo de profundidade. Preen-

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cha a cavidade com adubo ou composto orgânico, na proporção de vinte litros por metro quadrado.

No caso de sua casa não dispor de um quintal com terra, provi-dencie vasos, caixotes ou latas que tenham, pelo menos, vinte centímetros de profundidade. Prepare esses recipientes de acordo com as seguintes instruções:

8 faça furos no fundo do recipiente para drenar a água; % cubra a seguir os furos com caco de telha ou de um vaso de

barro quebrado; & por cima dos cacos, coloque sucessivamente uma camada de

pedregulho (de dois a cinco centímetros) e outra de areia lavada (de rio ou de construção);

5 por cima das camadas anteriores, disponha uma boa camada de terra fofa, preparada com composto orgânico que você já aprendeu a preparar neste capítulo ou esterco bem curtido, terra vegetal, serralho de madeira e adubo de minhoca.

Lembre-se de que, caso o composto ainda não esteja maduro, existe também a opção de administrar húmus no solo, na proporção de dois litros para cada metro quadrado.

SEMEANDO E TRANSPLANTANDO

O primeiro passo a ser tomado no cultivo é escolher as hortali-ças a serem cultivadas. As que oferecem menores dificuldades para os iniciantes seriam, entre outras, a alface, a cebolinha, a couve e a cenoura.

Outro cuidado importante está relacionado com o clima ou com as suas variações. As hortaliças que produzem frutos, como é o caso do tomate e da berinjela, adaptam-se melhor aos climas quentes. No entanto, para nosso benefício, praticamente todos os invólucros de sementes indicam a época mais apropriada para o cultivo.

Podemos semear então em canteiros ou pequenos caixotes pro-visórios ou no local definitivo, seguindo uma rotina milenar:

6 alise a terra com delicadeza, abrindo pequenos sulcos paralelos com meio palmo entre eles;

S distribua as sementes nos sulcos, cobrindo-as com terra fina; ê regue de manhã cedinho e à tarde, até as sementes espregui-

çarem. Depois, basta regar uma vez por dia; ê proteja a sementeira cobrindo com tela a dois palmos da terra.

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Para realizar o transplante, atente para a época indicada na ta-bela abaixo. Escolha então um dia nublado ou um final de tarde. A seguir, siga as orientações que seguem:

Sabra as covas e retire as mudas com o pouco da terra que vem agregada às raízes;

§ coloque as mudas nas covas, acrescentando terra e apertando até sentir que as mudas ficaram firmes;

& regue os canteiros. Enquanto as hortaliças se fortalecem, regue apenas uma vez, quando o sol não estiver forte;

& procure eliminar as pragas, aplicando as receitas apresentadas no Capítulo V.

Semear em sementeiras

Hortaliças Meses Transplante (dias)

Agrião ano todo 15

Alface (i) fevereiro - agosto 4 - 6

Alface (v) setembro - março 4 - 6

Berinjela agosto - janeiro 3 0 - 4 0

Brócoli (i) fevereiro - junho 30

Brócoli (v) setembro - fevereiro 30

Cebola março - junho 40 - 60

Cebolinha ano todo 30

Chicória ano todo 30

Couve-manteiga ano todo 30

Couve-chinesa março - setembro 30

Couve-flor (v) fevereiro - junho 30

Couve-flor (i) setembro - março 30

Pimentão agosto - fevereiro 3 0 - 4 0

Repolho (i) fevereiro - junho 30

Repolho (v) outubro - fevereiro 30

Semear em canteiros definitivos

Hortaliças Meses Colher (dias)

Almeirão ano todo 40 -50

Acelga março - setembro 70

Alho março - junho 160 -180

Beterraba ano todo 8 0 - 9 0

Cenoura (i) fevereiro - junho 90

Cenoura (v) outubro - fevereiro 90

Espinafre março - julho 50 - 60

Quiabo agosto - fevereiro 7 0 - 1 2 0

Rabanete ano todo 25 - 30

Rúcula ano todo 40

Salsa ano todo 70

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CULTIVANDO ÁRVORES FRUTÍFERAS

As plantas frutíferas, na hipótese de você contar com um quin-tal, são uma excelente alternativa para tornar a sua residência eco-logicamente equilibrada. Outra possibilidade é aproveitar espaços vazios nas proximidades da sua casa, em calçadas ou trechos de terra abandonados, com o que você contribui também para me-lhorar o seu entorno. Por fim, caso você não disponha de espaço, há também a opção de criar um pomar de pequeno porte, cultiva-do em vasos.

UM POMAR DIRETAMENTE NA TERRA

Primeiramente, escolha as árvores frutíferas que serão planta-das no seu quintal, calçada ou área próxima desocupada. Para a escolha das mudas, devemos prestar atenção quanto à sua proce-dência, isto é, que sejam de viveiristas de reconhecida idoneidade.

As mudas frutíferas usadas em grandes plantações são em geral pouco resistentes às pragas e doenças do solo. Prefira as enxerta-das sobre as variedades mais rústicas e resistentes, que produzem frutos mais saudáveis e nutritivos. A escolha deve considerar ainda a adaptação da árvore ao clima brasileiro.

Você pode obter seu exemplar de árvore frutífera no comércio paisagístico, nos grandes fornecedores, no varejo, ou ainda, obter

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mudas gratuitamente em determinados serviços municipais ou em entidades ambientalistas.

Dentre os benefícios proporcionados pelas árvores frutíferas, podemos mencionar:

Ê as árvores frutíferas deixam o ambiente mais bonito, florido e perfumado;

ê as frutíferas resultantes de enxertos fornecem muita fruta, com várias floradas ao longo do ano;

& como todas as árvores, atuam como um dispersor de energia dos ventos, retêm a umidade do solo e também fornecem sombra;

È além de fornecer frutos para os homens, as frutíferas atraem os pássaros;

& como as frutas são sazonais, também explicitam aos homens os ritmos da natureza.

0 SEU POMAR EM VASOS

O fato de você não dispor de um quintal na sua casa não é impeditivo de iniciar o cultivo de um pomar. Nos países europeus e na América do Norte, o cultivo de árvores frutíferas em vasos constitui uma característica comum a muitas moradias, servindo tanto como um hobby, quanto como uma fonte de frutas frescas.

Dentre as frutíferas que se adaptam aos vasos, podemos assina-lar a nectarina, ameixa, romã, abacate, pitanga, caqui, limão, jabu-ticaba, pêssego, mamão, acerola, laranja kin-kan, goiaba etc.

A principal pré-condição para a atividade é a questão do espa-ço, pois os vasos, no geral, dispõem de oitenta centímetros de diâmetro e oitenta de altura. O comércio de plantas oferece ampla variedade de vasos para o cultivo de frutíferas. Existem os de ci-mento, os de cerâmica e até de plástico, que ao ver dos autores desta publicação, devem ser repudiados.

Uma vez que a frutífera cultivada em vasos não terá à sua dis-posição o contato com a natureza, deve-se tomar cuidado especial com relação ao solo, proporcionando as condições propícias para um desenvolvimento satisfatório da frutífera. Para tanto, o solo deve ser resultante de uma mistura em partes iguais de terra vege-tal, húmus de minhoca e areia.

Quanto ao vaso, este deve ser impermeabilizado na sua parte interna, impedindo a propagação de mofo e de fungos prejudiciais ao desenvolvimento da planta. No fundo do vaso, coloque uma

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camada de pedra ou de argila expandida para permitir a drenagem da água.

Para o plantio e a manutenção da árvore frutífera escolhida, você deve adotar alguns cuidados, dentre eles:

8 usar exclusivamente mudas certificadas, evitando mudas doentes ou suscetíveis a pestes e doenças;

& usar exemplares de árvores enxertadas, mais adequadas aos ambientes urbanos;

§ manter uma distância mínima entre espécies diferentes, aproximadamente dois metros;

§ no caso do pomar cultivado em vasos, é recomendável uma troca de vasos a cada dois anos para manter saudável o crescimento da planta;

Pregar diariamente nos primeiros trinta dias após o plantio. Entre duas e três regas diárias, posteriormente.

A incorporação de qualquer planta ao seu ambiente doméstico deve, antes de mais nada, respeitar o mandamento número 1 da ecologia, que é o respeito às características e aos ciclos naturais do espaço vivido. Em se tratando de vegetais, a adequação ao ambiente

OS CUIDADOSA SEREM TOMADOS COM 0 SEU POMAR

AS ESPÉCIES INDICADAS PARA A SUA CASA

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solicita, antes de mais nada, espécies relacionadas com o clima da região.

Sempre você poderá dispor de uma espécie bonita e vistosa, adaptada aos ciclos climáticos da área em que vive. Não se esqueça: vivemos no Brasil, terra de Natureza dadivosa.

ESPÉCIES PARA 0 CLIMA TROPICAL

As plantas adaptadas a este clima não suportam temperaturas baixas, são muito sensíveis às geadas e devem ser cultivadas em regiões cuja temperatura mínima não ultrapasse os dez graus. Pode-se indicar para este tipo climático: variedades de laranjeiras, tange-rineiras e limoeiros da região, bananeira, mamoeiro, coqueiro-anão, tamareira, jabuticabeira, araçazeiro, jenipapo, abacateiros (de vari-edades diferentes), mangueira, abricot do Pará, cambucazeiro, sapo-tizeiro, cajueiro, maracujazeiro, cidreira, abieiro, caramboleiro, ce-rejeira-das-antilhas, cajá-manga, jaqueira, pitangueira, anona, romãzeiro, guabiroba, grumichama, tamarindeiro, cambuci, mangus-tão, massala, ameixa-de-madagascar, cabeludinha, figueira-da-ín-dia, jambolão, pitomba, uvaia.

ESPÉCIES PARA 0 CLIMA SUBTROPICAL

As plantas deste clima preferem temperaturas mais ou menos elevadas. No entanto, resistem a pequenas geadas. Variedades de laranjeiras, tangerineiras e limoeiros da região, bananeira, pereira, anona, mamoeiro, figueira, ameixeira, macieira, pessegueiro, marmeleiro, jabuticabeiro, caquizeiro, nogueira-pecã, goiabeira, araçazeiro, mangueira, abacateiro (de variedades diferentes), ma-racujazeiro, cidreira, cajueiro, pitangueira, caramboleiro, sapotizeiro, jaqueira, cambucazeiro, romãzeiro, abieiro, cabeludinha, uvaia, cere-jeira-do-rio-grande, lichia, guabiroba, cambuci, cainito, cajá-man-ga, coqueiro-anão, figo-da-índia, grumichama, jenipapo, jambeiro, mangustão, tamarindeiro.

ESPÉCIES PARA 0 CLIMA TEMPERADO

Embora no Brasil não ocorra qualquer tipo de clima temperado, o fato não impede a adoção de espécies temperadas. Isto pelo fato de que a presença de uma época fria marcante já propicia a sobre-vivência das espécies de clima temperado.

Assim, podemos contar com as laranjeiras, tangerinas e limoei-ros da região, pereira, videira, figueira, pessegueiro, ameixeira, casta-

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nheiro, macieira, marmeleiro, caquizeiro, nogueira-pecã, amoreira, nectarineira, cerejeira-européia, damasqueiro, avelaneiro, jabutica-beira, pitangueira, araçazeiro, goiabeira, nespereira, abacateiro (de variedades diferentes).

Excluindo uma minoria que dispõe de um espaço suficiente-mente amplo para abrigar um jardim em sua moradia, normalmen-te, nos dias de hoje, as casas e os apartamentos não deixam "vago" nenhum espaço, sendo o dos jardins um dos primeiros a ser sacri-ficado nos projetos modernos. Além de não possuir áreas abertas, as dimensões das moradias são bem menores do que as do passa-do, impondo diversas limitações (impacto da luz solar, umidade, aeraçâo etc.) ao cultivo de plantas.

Para enfrentar esses problemas, floricultores e paisagistas pode-rão oferecer-lhe uma excelente consultoria paisagística para orientá-lo. Você também pode apelar para uma literatura de "cunho práti-co" disponível nas livrarias e nas diversas "feiras do verde" que ocorrem no país. Por fim, é possível acompanhar diversas boas experiências pela leitura dos jornais dominicais, que quase sempre consagram algum espaço para o tema.

No geral, o comércio do verde dispõe de várias alternativas válidas para ambientes fechados, plantas que requerem pouca luz solar e/ou sombra para sua sobrevivência. Os exemplos clássicos de plantas que necessitam de pouca luz solar são os seguintes: ficus, árvore da felicidade, fénix, avencas, violetas, palmeiras e a ansevéria (mais conhecida como lança ou espada-de-são-jorge). As samambaias constituem outra opção muito comum nos lares brasileiros.

COMO MONTAR UM JARDIM

MANTENDO AS PLANTAS EM RECINTOS FECHADOS

Dentre as plantas que solicitam pouca terra e, portanto, vasos pequenos, poderíamos men-cionar a jibóia, o mini-antúrio e o cissus. Por requererem pouca luz solar direta e tolerarem bem a umidade, são ideais para os banheiros. Para ambientes maiores, você pode optar pela árvore da felicidade, pela fénix ou pela espada-de-são-jorge.

felicidade, rião esque-

ça que os orientais cos-

tumam plantar dois

exemplares: um macho

e outro fêmea.

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Outra excelente opção são as árvores frutíferas. Criadas em ambientes fechados, tendem a não conquistar tamanho muito gran-de. Além disso, existem também espécies enxertadas de manguei-ra, pitangueira e jabuticabeira, entre outros exemplos, cujas di-mensões são mais reduzidas, além de frutificarem em menos tem-po de vida. No geral, esse tipo de planta fornece generosa quanti-dade de frutos várias vezes ao ano.

Nas varandas, nos espaços externos das sacadas ou junto a portas e janelas, você pode optar por pequenas árvores frutíferas como a jabuticabeira, a pitangueira e a romãzeira. Particularmente, a romãzei-ra é aprovada por muitos floricultores por resistir aos ventos, ao sol e a muita chuva. Uma boa dica é evitar plantas com folhas muito largas, como a bananeira, cujas folhas acabam quebrando com o vento.

O cacto, embora não tolere umidade, requer bastante luz solar e pode ser colocado em pontos de impacto da luz, mas distante da água. Uma planta muito versátil para ambientes bastante ilumina-dos é a popular "maria-sem-vergonha". Trata-se de uma planta que fornece flor o ano inteiro. Seu nome é decorrente do fato de ela se enraizar em qualquer solo, mesmo os mais pobres em nutrientes.

Outras sugestões de plantas amantes do sol são a boca-de-leão, a gérbera e as rosas. Neste último caso, o Brasil dispõe de "cepas" adaptadas ao país e, portanto, essas espécies devem possuir prece-dência sobre as estrangeiras, de cultivo mais difícil.

A trepadeira é outra planta que deve ser recordada. Apresen-tando diversas espécies, é muito pouco exigente em nutrientes e se adapta bem com qualquer ambiente externo. Dado que recobre as paredes, tem sido adotada como um recurso eficaz para evitar as pichações. Regue normalmente a trepadeira para limpar suas folhas da poeira.

Dentre as plantas que requerem alguma luz solar, umidade e ventilação (e, portanto, devem ser dispostas nas proximidades das janelas ou nas sacadas), temos a hortelã e o manjericão, ambos muito vistosos e bonitos e, também, uma fonte permanente de tempero para a sua cozinha. O chá de hortelã possui efeitos reco-nhecidamente relaxantes.

OS CUIDADOS BÁSICOS DA JARDINAGEM DOMÉSTICA

Para garantir às suas plantas as condições básicas de desen-volvimento, você deve adotar algumas estratégias fundamen-tais, dentre elas:

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Ê recorrer aos adubos, alguns dos quais específicos para plantas domésticas. Os mais conhecidos são a farinha de osso (rica em fosfato, elemento que estimula a floração), a torta de mamona e a uréia. As samambaias e violetas dispõem, por sua vez, de ampla variedade de produtos próprios;

È procure cultivar espécies nacionais. Flores como as tulipas e as rosas importadas, embora também vistosas, requerem uma gama muito mais intensa de cuidados, nem sempre com resultados satisfatórios;

Spara cultivar suas plantas, utilize um bom vaso. As floriculturas e lojas de material de construção oferecem grande variedade de vasos, floreiras e jardineiras, geralmente confeccionados em cimento, cerâmica ou terracota;

& evite adquirir vasos de xaxim, pois a demanda tem provocado grandes danos em áreas florestais, de onde são retirados. Em substituição, existem vasos ecologicamente corretos, produzidos com casca de coco, ideais para fixar na parede;

® evite igualmente vasos fabricados com plástico, especialmente os que imitam cerâmica. Pelo menos por enquanto, ainda não falta argila no mundo.

& sempre mantenha seu vaso pousado num pratinho, prefe-rencialmente de terracota. Outra opção, mais preocupada com a estética, são os cachepots;

Originalmente, as tuli-

pas eram cultivadas nos

Países Baixos em fun-

ção dos seus bulbos -

largamente consumidos

em saladas - e não por

conta da beleza das

suas flores.

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® o vaso ou a floreira que irão abrigar a planta devem atender prioritariamente à função de escoar água e permitir um bom desenvolvimento das raízes. Sempre coloque no fundo dos vasos e floreiras uma camada de cacos de telha ou de vaso quebrado, seguido de uma camada de areia e por uma última de terra;

È por fim, não deixe de comprar um jogo de ferramentas de jardinagem. O gasto com a aquisição será pequeno, mas retribuirá em maior eficiência para seu hobby, evitando o supremo mau gosto em improvisar ferramentas com facas sem cabo, tesouras antigas enferrujadas, garfos com dentes tortos etc.;

& um bom jogo de ferramentas deve ser composto basicamente por uma pá pequena, um ancinho, uma tesoura para grama e outra para poda das plantas, garfo para arrancar as plantas e tridente para o revolvimento do solo.

COMO MANTER SUAS PLANTAS VISTOSAS E SAUDÁVEIS

Por fim, algumas dicas finais para você manter as suas plantas vigorosas e bonitas:

ll no geral, as plantas de interiores requerem como solo uma mistura de areia, terra e de pó de xaxim

§ antes de colocar uma planta nova em sua casa, cultive o hábito de requerer instruções do paisagista e do floricultor para cada uma das suas plantas;

& mantenha a sua planta distante de qualquer agente fitotóxico e tampouco permita que algum fumante impertinente transforme a sua planta num "cinzeiro vegetal";

)& nunca regue demasiadamente suas plantas, pois o excesso de água pode

apodrecer as raízes; ... H9 . . , Snao se esqueça de que as plantas de

folhas grossas e suculentas já possuem uma reserva natural de água, dispensando regas sucessivas;

§ um teste simples sobre a umidade do vaso é enfiar o dedo na terra. Caso a terra fique grudada no dedo, a umidade estará no ponto;

Pregue periodicamente suas plantas, verificando se as folhas estão cobertas de pó. Borrife-as delicadamente com água, facilitando sua respiração;

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'È faça adubação e afofamento cons-tante da terra dos vasos;

'& aproveite a primavera para fazer seu jardim. Não é por mero acaso que a estação é celebrada como a época mais colorida de flores do ano inteiro;

Rosa, violeta, primula, lírio da

paz, cineraria, buquê-de-noiva,

frésia, sapatinho de Vénus,

petúnia, crisântemo, primavera,

kalanchoe, calistemo, begónia,

salvia e a margarida são algu-

mas das espécies identificadas

com a primavera. ® caso queira iniciar a primavera com

um jardim florido, planeje a semeadura com antecedência mínima de dois a três ^ meses. Outra opção é adquirir mudas;

§ não permita que as pragas proliferem. Elas devem ser combatidas imediatamente, logo na primeira manifestação;

Ê acima de tudo, você deve gostar das suas plantas. Tratando-as com carinho, elas retribuirão os cuidados adotados.

HIDROPONIA: CULTIVANDO SEM TERRA

A hidroponia é uma técnica para o cultivo de plantas e alimen-tos sem o uso de terra, substituída por soluções compostas por água e sais minerais. A palavra tem origem no idioma grego, resul-tando de hydro ("água") e de ponos ("trabalho"). Seu significado é evidente: "trabalhar com a água".

De ponto de vista conceituai, a hidroponia é uma das aplica-ções do conceito de "ecossistema fechado" (também conhecidos como closed sistems) na agricultura, desenvolvida especialmente nas últimas décadas em diversos centros de pesquisa em todo o mundo, em especial nos países desenvolvidos.

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Embora observada com antipatia por algumas correntes da agro-nomia, que chegam a elaborar apaixonados discursos condenando essa forma de cultivo como "artificial", a hidroponia, no entanto, constitui, em muitas situações, a única forma realmente prática de resgatar algum tipo de vínculo com a Natureza.

A hidroponia, tendo se popularizado apenas no final do século xx, não se trata, em absoluto, de uma idéia nova. Na antiga Meso-potâmia, por volta de 3000 a.C., os sumerianos faziam canais e po-ços para a passagem da água pela areia, irrigando desse modo as suas plantações. Entre os nabateus, povo da antiga Jordânia, existem evidências do uso da hidroponia para o cultivo de alimentos.

Os lendários Jardins Suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo, também eram baseados no princípio da hidroponia. O cultivo das plantas era feito em terraços isolados um dos outros por uma camada de folhas metálicas, recobertas por um substrato composto essencialmente de areia, um pouco de ter-ra e limo.

A água, ao irrigar os jardins, caía "em cascata" de terraço em terraço, carregando consigo os nutrientes vitais, reabastecidos cons-tantemente nos terraços superiores por funcionários dirigidos e organizados por uma equipe de especialistas.

Mas foi somente na década de 1930 que o Dr. William F. Gericke, da Universidade da Califórnia, transformou a cultura sem terra, antes restrita aos laboratórios, em uma técnica de utilização prática e geral. Para ele, a possibilidade de se cultivar, dispensando a terra como suporte, seria uma conquista de grande e real valor, pois existe uma escassez crescente, em nível planetário, de locais apro-priados para a agricultura e a jardinagem tradicionais, devido a problemas climáticos e de solo.

A técnica de cultivo sem terra recebeu um incentivo adicional com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O exército norte-americano e a Real Força Aérea instalaram unidades de hidroponia nas suas bases militares, produzindo para consumo dos soldados aliados, durante o período do conflito, milhares de toneladas de legumes e verduras pelo método hidropônico.

Em 1949, o governo de Bengala Ocidental (índia) instalou um centro de hidroponia em uma estação experimental próxima a Darjeeling, no norte do país, com o propósito de desenvolver um método simples e barato de jardinagem sem terra.

O projeto deveria contemplar duas pré-condições básicas:

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^ deveria servir de base para produção agrícola em larga escala; § simultaneamente, deveria ser adequado para uso por qualquer

pessoa sem nenhum treinamento especial. Obtendo sucesso em um período relativamente curto, os resul-

tados obtidos possibilitaram a introdução e a difusão da hidroponia em diversos outros países.

AS MODALIDADES DE HIDROPONIA

A cultura hidropônica, de acordo com o tempo diário disponí-vel, espaço reservado para a atividade, tipo de produto ou quanti-dade esperada de produção, pode ser praticada de inúmeras ma-neiras, de acordo com as necessidades e as condições existentes.

A diferença entre os diversos métodos está na estrutura do reci-piente e dos grânulos, assim como do meio de cultura, que forne-cem suporte e sustentação para as plantas. As mudanças somente não ocorrem quanto às exigências essenciais referentes à luz, água, ar, calor e nutrientes.

A luz, a água e o ar são fornecidos pela Natureza. Em substitui-ção à terra e ao esterco, usam-se grânulos para suporte das raízes e uma solução aquosa de sais minerais, que faz o fornecimento de nutrientes. O calor pode ser solar ou então, proveniente de uma fonte artificial.

Pedologia: ciência que

estuda os solos e a sua

classificação.

AS VANTAGENS DA HIDROPONIA

Os produtos de origem hidropônica têm se transformado crescen-temente numa alternativa atraente tanto para os produtores agríco-las como para importantes parcelas de consumi- ^ dores em todo o mundo.

Isto em decorrência das vantagens apresen-tadas pela hidroponia, quais sejam:

ê a hidroponia é indiferente às dificuldades da agricultura convencional, que está sujeita às mais diferentes variações climáticas e pedológicas, todas de difícil manutenção em termos do equilíbrio natural;

& a hidroponia, ao produzir vegetais limpos e mais saudáveis, oferece produtos de uso mais prático;

& a hidroponia não administra agrotóxicos às plantas que produz e, portanto, oferece produtos de melhor qualidade;

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È como todas as condições de vida são oferecidas por um sistema fechado, o crescimento das plantas nas hortas hidropônicas é mais rápido;

& a hidroponia promove economia de tempo e trabalho, pois tarefas como covear, carpir e estercar são eliminadas;

Ê os custos de produção são menores; & ausência de sujeira e odores; § controle de pragas e doenças; & resultados consistentes; & produção o ano todo.

FAZENDO SUA HORTA HIDROPÔNICA

Um elemento importante, que deve pesar na sua decisão de iniciar uma cultura hidropônica, será a questão do consumo de energia e a eventual economia - ou não - a ser obtida com sua cultura hidropônica doméstica. Assim sendo, para evitar que a hidroponia transforme-se em um estorvo para o seu bolso, faça, antes de tomar a iniciativa, um cálculo preciso sobre o custo da empreitada.

A hidroponia pode também se constituir no núcleo de uma pequena atividade empresarial, pois trata-se de um trabalho de grande rentabilidade, abastecendo um mercado não saturado, que pelo contrário, está em plena ascensão.

A cultura hidropônica solicita de seu aderente ordem, discipli-na, higiene e cuidado. É também considerada uma arte, pois para qualquer que seja o produto cultivado, são requeridos arranjos harmoniosos e organização adequada. No referente à educação, proporciona maior entendimento sobre a Natureza, assim como melhor conhecimento de biologia.

A cultura hidropônica não demanda conhecimentos técnicos e tampouco nível escolar elevado, apenas vontade de aprender e gosto para lidar com cultivo de plantas e alimentos. Somente no caso da produção comercial em larga escala tornam-se necessários os controles técnicos periódicos.

Enfim, em razão da própria diversidade de cultivos possibilita-da pela hidroponia, cada projeto deve ser pensado individualmen-te e, assim sendo, deve-se buscar acesso na literatura especializa-da, adequada para cada caso particular.

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BOM APETITE!

PENSANDO ANTES DE COMER

Se o ato de comer não fosse importante, argumentam vários teólogos, Deus não teria discriminado alimentos puros, próprios para o consumo, e impuros, tidos como impróprios.

A FARSA DOS TRANSGÊNICOS

Alimentos transgênicos são aqueles que sofrem alteração no código genético, ou seja, foi realizada uma transferência artificial de genes de um organismo para outro. Com isso, são transferidas as qualidades desejáveis de um organismo para outro, aumentan-do assim os valores nutricionais de uma espécie doméstica, seja ela vegetal ou animal.

Realizado contrariamente ao estabelecido pela Natureza desde o início dos tempos, esse processo pode favorecer o aparecimento de toxinas, enfermidades e debilidades em geral. Imperfeições no código genético podem fragilizar de modo irreversível plantas, animais e seres humanos. Indiscutivelmente, os produtos genetica-mente manipulados oferecem maiores riscos à saúde do que os alimentos naturais.

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N o ano 2 0 0 0 , o poder executivo

apresentou emenda constitucional

que declara como bem da União

o patrimônio genético brasileiro. O

projeto tem como objetivo garan-

tir a soberania do país no tocante

aos genes, combatendo a bio-

pirataria sobre os ecossistemas e re-

tirar o país da condição de mero

supridor de matéria-prima.

Experimentos realizados em empresas de biotecnologia desenvolvem plantas resistentes a herbicidas e com isso fazem uso em excesso desses produtos, causan-do a contaminação dos alimentos e da água potável.

Dessa forma, os cultivos são modifi-cados a fim de produzirem seus próprios pesticidas e herbicidas, o que provoca o aparecimento de insetos resistentes que destroem insetos úteis e organismos do solo, além de causar danos à saúde dos consumidores.

No Japão, em 1989, a alteração genética fez com que uma bac-téria natural produzisse uma substância altamente tóxica, sendo responsável por 37 mortes e a invalidez permanente de outras 1.500 pessoas.

Recentemente, a contaminação de alimentos na Bélgica mere-ceu grande destaque na imprensa mundial. Esses são apenas al-guns dos muitos exemplos do que podem provocar produtos ge-neticamente alterados.

Uma pesquisa realizada em janeiro de 1999 atestou que 78% dos suecos, 77% dos franceses, 65% dos italianos e holandeses, 63% dos dinamarqueses e 58% dos ingleses são contrários ao con-sumo de alimentos geneticamente modificados.

Busca-se atualmente que os alimentos geneticamente modifica-dos sejam etiquetados e identificados como tal, pois dessa forma o

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consumidor poderá escolher o que comer e, se assim entender, se proteger.

CARNE PARA POUCOS OU ALIMENTOS PARA MUITOS?

No que diz respeito ao meio ambiente, qual seria a dieta menos impactante e adequada à preservação dos recursos? Existiriam ali-mentos que em si mesmos seriam atentatórios ao meio ambiente? Para esta última pergunta, a realidade parece dar alguma razão para os chineses da região de Cantão. Para esses chineses, conhe-cidos como glutões incorrigíveis, "tudo o que for vivo, e se mexer, dá para comer".

Talvez não seja necessário levar esse ditado ao pé da letra. Mas, com certeza, ele esclarece sobre uma verdade fundamental: do ponto de vista do gênero humano como um todo, o homem come praticamente de tudo, e isto desde a pré-história. A alimentação, ao lado do idioma, é um dos traços característicos de todas as culturas e civilizações. O que é permitido ou não para uma popu-lação comer não necessariamente o será para outra.

Mesmo os ecologistas variam suas afinidades "eco-alimentares", de acordo com os padrões culturais dos quais são originários. Sabe-se, por exemplo, que os ecologistas gaúchos, após suas reuniões, fecham a noite numa boa churrascaria. Por sua vez, populações tradicionais como os seringueiros, castanheiros, índios e ribeiri-nhos da Amazônia, para horror dos "ecologistas urbanos", incluem no seu cardápio pratos como veado do mato na castanha, sopa de tucano e carne de macaco na brasa.

Em resumo, existem dois princípios ecolóqicos que você sempre deve t e r em vista toda vez que o assunto em pauta for ecologia e alimenta-ção:

1) Não coma além do necessário. Não tendo "os olhos maiores do que a boca", você estará se alimentando de forma mais equilibrada e, além disso, es tará evitando que preciosos recursos sejam transformados em lixo ou então metabolizados como gordura no seu corpo.

2 ) Prefira os alimentos provenientes da agricultura ecológica e/ou na-turais. Os alimentos industrializados são caros e muitas vezes não são nutritivos. Evite os enlatados e empacotados. Eles contêm aditivos pre-judiciais, a curto ou a longo prazo, à sua saúde.

Nos últimos dez anos, estudos intensos têm demonstrado que o mundo ocidental se alimenta com uma dieta excessiva de proteí-

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na, gordura saturada com colesterol, pesticidas e pouca fibra. Esse tipo de dieta está ocasionando enormes custos médicos e de saúde, matando as pessoas e destruindo o ambiente. Essa dieta é responsável pelo desaparecimento das pequenas propriedades e pelo avanço do latifúndio e da agricultura industrializada, nunca beneficiando o trabalhador do campo.

A dieta predominante dos chineses é rica em alimentos deri-vados de plantas e pobre em carne de vaca, aves e laticínios. Estudos sobre a população chinesa mostram um nível baixo de ocorrência de doenças causadas por uma dieta predominante-mente ocidental. Contudo, quando essas pessoas migram para o Ocidente e adotam uma dieta rica em gorduras e proteínas e pobre em fibras, elas contraem as mesmas doenças relacionadas com a dieta alimentar dos ocidentais.

O excessivo consumo de carne, correspondente à atual dieta das classes sociais mais abastadas, colabora em grande medida com o agravamento de muitos dos principais problemas ambientais, tais como a desertificação, escassa disponibilidade de água fresca, destruição das florestas tropicais, erosão dos solos e mudanças climáticas.

Além disso, a importação - ou melhor, imposição - dos hábi-tos alimentares, ocidentais em diversos países africanos, asiáticos e latino-americanos tem ocasionado a perda de precioso conhe-cimento dos produtos locais, que tradicionalmente têm saciado a fome de bilhões de pessoas.

Por meio da o f e r t a de alimentos gratuitos e baratos, os exportado-res ocidentais geram novos hábitos alimentares nos países compra-dores, criando novos mercados para as exportações comerciais. A ocidentalização do consumo atinge primeiramente os grandes cen-t r o s urbanos e, em seguida, se propaga em direção ao campo. Enquan-to um camponês do Senegal consome por ano 158 kg de milho miúdo, 19 kg de arroz e 2 kg de trigo, seu concidadão de Dacar (a capital do país) consome respectivamente 10 kg, 7 7 kg e 33 kg.

A propaganda induz também ao consumo de bebidas e ali-mentos muitas vezes inadequados às necessidades nutricionais da população. Cada mexicano bebe em média 65 litros de refri-gerantes por ano, ou seja, uma quantidade três vezes maior do que bebem de leite, apesar de este ser mais nutritivo.

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Para exemplificar de maneira bem clara o que foi exposto, ana-lisemos os dados que se seguem, fornecidos por várias organiza-ções ambientalistas, entre elas, a EarthSave Foundation.

O O gado para alimentação - cabras, ovelhas, bois e porcos -somam 15 bilhões de indivíduos, mais do que toda a população humana, quase três animais de rebanho para , cada ser humano. O pasto ocupa ainda pro- / Um novilho no pasto re-

porção considerável das terras aráveis do mundo, um absurdo se pensarmos nas multidões de sem-terra dispersas pelo globo.

O Aproximadamente 33% dos grãos pro-duzidos no mundo e 70% dos grãos produzidos nos Estados Unidos estão voltados para a alimen-tação dos animais criados para o consumo.

O Esse modelo de produção de alimentos está voltado para os setores privilegiados, que \ menos carne de boi.

consomem a maior parte da carne produzida no mundo. Cerca de 25% da humanidade come carne de animais que foram alimentados com cerca de 40% da produção mundial de grãos.

O A criação de gado é o maior agente poluidor das águas nos Estados Unidos, acima de qualquer indústria produtora de lixo tóxico. Além disso, grande parte dos fertilizantes químicos e pesti-cidas incorporados nos grãos que alimentam os animais são posteriormente absorvidos pelo organismo humano.

quer 3 , 2 kg de cereal

para cada 0,5 kg de peso

que acumula; um moder-

no avicultor, precisa de

pouco mais de 900 g de

cereal para produzir 0,5

kg de carne. Num mun-

do deficitário de energia,

comeremos mais aves e

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O o próprio método de criação dos animais tem sido alvo de denúncias incessantes. Ao contrário das imagens bucólicas que vemos na televisão, os animais vivem enjaulados, em lugares apertados e fedorentos, sofrendo um brutal e incessante stress para crescer mais rápido e serem mortos o quanto antes, muitas vezes de modo cruel. Tudo isso em flagrante desrespeito ã Declaração Universal dos Direitos dos Animais, da Unesco.

O Muitas das nações pobres plantam e exportam grãos para alimentar o gado das nações ricas, enquanto sua população passa fome. Fazendas de gado têm destruído mais florestas do que qualquer outra atividade na América Central.

O Há questões éticas ligadas ao abate nos matadouros. Em países como o Brasil, os animais são submetidos a uma infindável série de sofrimentos, até porque não existe qualquer legislação que proponha o chamado "abate humanitário".

O Por fim, o consumo exagerado de produtos animais na dieta ocidental é responsável pelo alto índice de mortes causadas pelas seguintes doenças: ataque cardíaco, artrite, obesidade, pedra nos rins, diabetes etc.

Consumo de carne per capita em alguns países do mundo*

França 91 Alemanha 8 9 Argentina 82 Ex-União Soviética 7 0 Brasil 4 7

Estados Unidos 112 Hungria Austrália

Japão 41 China

Coréia do Sul 19

Egito 4

índia m m m 2

* Em kg/ano. Dados incluem carne de vaca, de porco, de carneiro, de cordei-ro e de aves domésticas, baseado no peso das carcaças. As cifras para aves domésticas são de 1989. Dados de Qualidade de Vida 1992, WorldWatch Institute.

108 104

2 4

Os parágrafos anteriores não significam que você deva abolir a carne. Você pode (e deve) diminuir seu consumo e, como cidadão, posicionar-se favoravelmente em relação às propostas como a do "abate humanitário".

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COMO ESCOLHER FRUTAS E VERDURAS

Caso você ainda não tenha iniciado a sua horta doméstica, são válidas algumas dicas para a hora de adquirir suas frutas e verduras.

Vamos a elas. O Nas feiras e nos mercados, escolha sempre as hortaliças que

pareçam mais rústicas e pequenas. No caso da hortaliça orgânica, lembre-se de que as suas dimensões também são grandes.

O Não se deixe enganar pelo tamanho. Uma cenoura grande, por exemplo, geralmente está inchada de adubo e água, significando na realidade "água a preço de cenoura". As cenouras pequenas são menos aguadas e mais saborosas.

O Não exclua a priori verduras com sinais de ataques de insetos. Atente para o fato de que as verduras que já foram mordiscadas pe-los insetos, geralmente, estão sem inseticidas, o que significa uma procedência ambientalmente menos impactante.

O Evite comprar frutas de outros países. Esses produtos já foram pulverizados pelo menos uma vez para serem transportados por milhares de quilômetros.

O Muito cuidado com a higiene. Nunca se esqueça de lavar muito bem, com jatp forte da torneira e com o auxílio de uma escovinha, todas as frutas e verduras que serão consumidas, mesmo as que vão ser cozidas. Se for o caso, descasque-as, preferen-cialmente, se possível raspando sua superfície. Mergulhe verduras e legumes lavados em água com vinagre antes de fazer a salada ou o prato de sua preferência.

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O Prefira as frutas e verduras mais baratas. Os produtos mais baratos, geralmente, são da época e da região e, portanto, mais frescos e saudáveis.

O Evite as verduras mais procuradas. Produtos como a alface e o tomate, em razão da grande demanda, estão geralmente muito "protegidos", concentrando elevadas dosagens de produtos químicos.

O Esteja atento para o prazo de validade dos produtos. Evite consumir legumes, frutas e verduras que estejam há mais de uma semana ou dez dias na geladeira.

Embora o país tenha, em diversos sentidos, ingressado na moderniza-ção, os mercados e as feiras livres continuam a ser bastante freqüen-tados no país. Em geral, as feiras apresentam muitos produtos que são mais baratos do que os oferecidos nos supermercados, sem contar que são mais f rescos e com opções de compra muito maiores. No caso das feiras livres, o cidadão ainda pode aproveitar o final da feira para obter melhores preços.

0 CRU EO COZIDO

Sabe-se que perdemos boa parte dos nutrientes ao cozinharmos os alimentos. Exatamente por isso é que devemos aproveitá-los ao natural. A cenoura, por exemplo (uma importante fonte de vitamina A), cozida numa panela comum, chega a perder 40% de vitamina C, 30% de vitamina B 25% de B2, além de outras vitaminas e sais minerais.

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Esse exemplo é válido para qualquer cocção de alimentos. O calor do fogo sempre prejudica o aproveitamento dos nutrientes. Quanto mais tempo no fogo e/ou maior a intensidade da chama, maior será a perda de nutrientes.

Obviamente não se pretende defender a eliminação do cozi-mento. Em primeiro lugar, pelo fato de existirem tipos de cozimento que minimizam a perda de nutrientes. Na Polinésia, por exemplo, é costume cozinhar os alimentos envoltos em folhas de bananeira, de modo tal que os alimentos são preparados no seu próprio líqui-do, reduzindo-se a diminuição de seu valor alimentício.

Em segundo lugar, devemos considerar que o cozimento fun-ciona como uma pré-digestão, facilitando bastante o trabalho do organismo. Exatamente por essa razão, praticamente todos os po-vos do mundo utilizam o fogo para cozinhar e não abrem mão dele, mesmo que à custa do desmatamento e da desertificação de vastas áreas.

Em terceiro lugar, abdicar do fogo implicaria severo descon-forto térmico nos países frios e/ou durante o inverno, sem contar no abandono da possibilidade de nos deliciarmos com várias ma-ravilhas culinárias, que não apenas o corpo, mas igualmente a alma, solicitam para nossas vidas.

ALIMENTANDO-SE DE VEGETAIS E FRUTAS CRUAS

Existe uma grande quantidade de legumes, verduras e frutas que não apenas podem, como devem, na perspectiva de uma vida mais saudável, ser consumidas cruas, em saladas ou na for-ma de sucos, tais como a couve, a cenoura e a beterraba, entre outros.

O uso mais intenso de alimentos crus, inclusive para tratamen-to médico, ocorre principalmente nos países da Europa. Porém, em razão da globalização, tornou-se uma tendência muito forte, e até certo ponto popular, nos mais variados países do mundo.

Segundo a Dra. Gudrun Krõkel Burkhard, as verduras cruas, quando ingeridas, ativam o organismo, despertando as suas for-ças curativas naturais.

Ainda de acordo com a Dra. Gudrun, os vegetais que podem ser consumidos crus são:

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O couves: acelga, repolho e repolho roxo;

<Õ folhas: alface, agrião, almeirão, chicória, escarola, espinafre e rúcula;

O frutos das hortaliças: tomate, pimentão, pepino;

O talos: aipo e erva-doce;

O raízes para ralar e ingerir cruas: aipo-de-raiz, beterraba, cenoura, nabo e rabanete.

Na hora de comer, lembre-se de que os alimentos crus:

O são mais nutritivos;

<õ possuem baixa caloria;

O tornam o organismo mais resistente;

<0 são facilmente encontrados no comércio;

O têm custo para o consumidor significativamente inferior na compa-ração com os produtos industrializados e/ou processados;

<0 constituem elemento importante nas dietas para emagrecimento.

Comida crua, enfim, é uma excelente opção para o lanche rápido. Comparados com sanduíches, salgadinhos e pequenas frituras, ofe-recem muito mais saúde e qualidade.

AS FRUTAS

Lembra-nos a Dra. Gudrun, as frutas já se apresentam pré-digeridas pelas próprias forças do sol, sendo o sabor doce, a cor e o aroma uma expressão direta desse processo. Assim, o amadure-

cimento natural da fruta pelo sol torna esse ali-Sempre que puder, opte

pelo consumo da fruta

em estado natural.

mento naturalmente pré-digerido, dispensando pois um cozimento prévio.

As melhores frutas são as colhidas maduras. Ainda de acordo com a Dra. Gudrun, as frutas

colhidas ainda verdes e amadurecidas artificialmente em estufas não têm a mesma força vital que as amadurecidas pelo sol. O sol é a fonte máxima de energia, transformada pelas plantas em diver-sos materiais orgânicos, dentre estes, as frutas.

Portanto, pelo amadurecimento artificial perde-se em qualida-de. Apenas no caso das frutas verdes, pode-se cozinhá-las e

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aproveitá-las para a elaboração de compotas e geléias (aliás, as compotas e geléias são mais saborosas quando confeccionadas com frutas menos maduras).

Uma outra saborosa forma de utilização de frutas cruas são os sucos, que devem ser preparados e consumidos na hora. Substitua o suco enlatado ou aqueles do tipo "pronto para beber" pelas frutas naturais.

As razões? Basta analisar os seguintes dados: O numa pesquisa publicada em 1991, na Inglaterra, por um

órgão do governo, descobriu-se que 16 das 21 principais marcas de suco de laranja continham substâncias adicionais, como açúcar de beterraba;

O na produção de concentrados, como o de laranja, perde-se a vitamina C original, substituída no processamento final por injeções maciças de doses artificiais;

O por último, em países como o Brasil, privilegiado por dispor de fruta fresca durante o ano todo, comprar suco enlatado é simplesmente antieconômico. Com o que se gasta comprando suco em lata, podemos comprar dúzias e dúzias de boas laranjas: ' A aveia é um dos mais versá

pêras, limões e goiabas; O não se esqueça, enfim, das possibi-

lidades de combinar, no seu suco de frutas, alguns legumes, como é o caso da cenoura, que se associa muito bem com o mamão.

teis e saborosos cereais que po-

demos incorporar ao suco de

frutas batido no liqüidificador

com açúcar e leite integral.

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Consuma só as frutas da época. Além de saudável, é mais barato. Confira na tabela abaixo:

F r u t a s M e s e s

A b a c a t e fevereiro - ju lho

A b a c a x i ju lho - setembro / novembro - janeiro

A m e i x a janeiro - fevereiro

B a n a n a - m a ç ã janeiro - julho

B a n a n a - n a n i c a janei ro - agosto

Caqui março - maio

F igo janeiro - março

F r u t a - d o - c o n d e fevereiro - março / ju lho - agosto

G o i a b a março - junho

j a b u t i c a b a agosto - n o v e m b r o

J a c a fevereiro - junho

L a r a n j a maio - agosto / outubro - janeiro

L i m ã o dezembro - junho

Maçã janeiro - março

Mamão abril - julho / outubro - novembro

M a n g a outubro - d e z e m b r o

Maracujá janeiro - junho

Melancia maio - junho / novembro - janeiro

Melão janeiro - maio

Morango julho - outubro

Nectar ina d e z e m b r o - fevereiro

N ê s p e r a setembro - outubro

Pêra janeiro - março

P ê s s e g o novembro - janeiro

Tanger ina cravo abril - junho

Tangerina ponkan maio - julho

Uva janeiro - abril

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APROVEITANDO TUDO

A cultura culinária brasileira oferece uma variedade de receitas baseadas no reaproveitamento dos pratos principais, como é o caso do tutu de feijão à mineira, os bolinhos de restos de arroz e a própria feijoada, um dos mais cotados pratos da culinária nacional.

Estas são algumas das práticas do nosso meio rural que, infeliz-mente, foram em parte esquecidas no cotidiano da vida urbana. A razão desse "esquecimento" pode ser encontrada na necessidade de ampliação do mercado de consumo, levando a transformações nos costumes culinários.

Entretanto, hoje em dia, há toda uma preocupação pelo reapro-veitamento dos alimentos, procedimento que é tão importante tanto do ponto de vista gastronômico quanto do econômico. A Associação Brasileira de Culinaristas (ABC), reúne mais de 300 pro-fessoras de culinária de todo o Brasil. Muitas de suas associadas enviam receitas alternativas, de modo que a Associação já mon-tou um projeto com mais de 800 receitas selecionadas, chamado "Culinária Popular".

O manual Diga não ao desperdício, distribuído pela Coorde-nadoria de Abastecimento da Secretaria de Agricultura de São Pau-lo, também inclui receitas testadas e aprovadas, usando alimentos comumente descartados. A luta para criar uma nova mentalidade de aproveitamento de alimentos é abraçada ainda por uma outra instituição, a Central de Cooperativas de Crédito do Estado de São Paulo (Cecresp).

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São da ABC, da Coordenadoria do Abastecimento e do Cecresp as receitas aproveitando talos, folhas, casca de banana e até sobras de arroz que reproduzimos abaixo.

A CASCA DA BANANA

É possível fazer bolinhos ou bifes a partir da casca da banana. Siga as instruções.

Ingredientes: 8 cascas de banana, 2 ovos, cebola, tomate, pi-mentão, cheiro-verde, sal, alho e pimenta-do-reino a gosto; fari-nha de trigo ou de mandioca o suficiente para fazer uma liga e óleo para fritar.

Para preparar, lave as cascas de banana, escorra-as e pique-as bem fininhas. Junte os demais ingredientes e amasse bem. A se-guir, coloque na forma de bifes ou bolinhos e frite em óleo quente.

A CASCA DA BATATA

Você pode acompanhar a sua cerveja gelada com uma porção de tira-gosto feito com casca de batata. Siga as instruções.

Ingredientes: cascas de batatas, óleo para fritar e sal. Para o preparo, primeiramente lave bem as cascas de batatas.

Após escorrê-las, frite-as em óleo quente até ficarem douradas e sequinhas. Tempere com sal e sirva.

A CASCA DO MARACUJÁ

É possível elaborar um doce bastante exótico a partir das cascas do maracujá. Siga as instruções.

Ingredientes: cascas bem lavadas de 6 maracujás azedos e fir-mes, duas xícaras (chá) de açúcar, 3 xícaras (chã) de água, 1/2 xícara (chã) de suco de maracujá e 2pauzinhos de canela.

Para preparar, descasque os maracujás, deixando toda a parte branca. Coloque numa tigela e cubra com água. Deixe de molho de um dia para o outro. Escorra e coloque numa panela. Junte o açúcar, a água, o suco de maracujá e a canela. Leve ao fogo até que forme uma calda grossa.

FOLHAS E TALOS

As folhas e talos das verduras e hortaliças podem gerar uma ótima sopa, para aquecê-lo no inverno. Siga as instruções.

Ingredientes: quatro colheres (sopa) de óleo ou margarina, duas colheres (sopa) de cebola ralada, duas xícaras (chã) de farinha de

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mandioca torrada ou farinha de milho, dois litros de água, folhas e talos de cenoura, beterraba, agrião, bem picados e sal a gosto.

Numa panela, aqueça duas colheres (sopa) de óleo e refogue as cascas e os talos de verduras. Reserve. Numa panela grande, aque-ça o restante do óleo e refogue a cebola. Acrescente a água. Junte aos poucos a farinha (de mandioca ou de milho) e tempere com o sal. Mexa bem, junte os talos refogados e sirva em seguida.

0 PÃO VELHO

Consagrada receita popular, o pudim de "pão velho" é bastan-te apreciado em todas as camadas sociais e são muitos os que não trocam um bom pedaço de pudim de pão por qualquer outra guloseima.

Ingredientes: para o equivalente a doze pãezinhos, junte seis ovos, um litro de leite, 500 g de açúcar, três colheres de sopa de manteiga, três de farinha e meia colher de sopa de fermento. O pudim também pode ser enriquecido com uva passa (a gosto), cravo e canela. Preferencialmente, o pão deve estar bem duro e velho.

Misture tudo numa panela grande e aguarde o amolecimento do pão. A seguir, amasse tudo com as mãos ou, então, utilize o liqüidificador. Espere a massa reagir. Coloque então a massa numa forma untada com manteiga e leve ao forno bem quentinho. Quando a massa gratinar, apresentando uma crosta bem amarelada, retire do forno, deixe esfriar e esparrame uma gulosa calda de açúcar sobre o pudim. Agora, é só comer!

0 ARROZ COZIDO

Sobrou arroz cozido? Reaproveite, fazendo um bom suflê. Siga as instruções.

Ingredientes: uma xícara (chá) de sobra de arroz cozido, três ovos, sal a gosto, uma xícara (chá) de leite, uma colher (sopa) de manteiga, 100 g de queijo minas, uma colher (sopa) de farinha de trigo e cheiro-verdepicado a gosto.

Coloque todos os ingredientes no copo do liqüidificador e bata. Despeje numa forma bem untada e leve ao forno para assar.

Outra dica é o verdadeiramente tradicional bolinho de arroz. Siga as instruções.

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Ingredientes: sobras de arroz cozido, farinha, ovos e salsinha. As sobras devem ser misturadas com salsinha a gosto, um pou-

co de farinha e ovos até atingir o ponto de "liga". Molde a massa obtida com duas colheres para formar os bolinhos. Mergulhe-os um a um no óleo bem quente. Assim que dourar, retire da panela, escorrendo o óleo excedente.

OS NABOS

Reapresente o nabo na forma de um assado. Siga as instruções. Ingredientes: 250 g de nabo, cheiro-verde a gosto, 1/2 tomate,

u ma colher (sopa) de manteiga, u ma xícara (chá) de pão corta-do em cubinhos, uma colher (café) de sal, 1/2 xícara (chá) de leite e um ovo.

Cozinhe os nabos até ficarem macios. Amasse-os com um garfo e reserve. Doure o cheiro-verde e o tomate na manteiga e junte o nabo amassado. À parte, misture os cubinhos de pão, o leite e o sal e deixe de molho por dez minutos. Acrescente o nabo amassado, coloque numa assadeira untada e leve para dourar em forno quente.

0 CAROÇO DA JACA

Com os caroços da jaca, podemos elaborar um doce bastante saboroso. Siga as instruções.

Ingredientes: 250 g de caroço de jaca, 100 g de açúcar, duas gemas, uma colher de chá de margarina e quatro gotas de baunilha .

Preparo: torre no forno os caroços de jaca, retire as peles e passe-os pela máquina de moer carne. Faça uma calda em ponto de pasta com o açúcar, dois copos de água e a baunilha. Junte a margarina, retire do fogo e deixe esfriar. A seguir, junte as gemas passadas pela peneira e os caroços moídos. Leve ao fogo brando e continue a mexer com a colher de pau até aparecer o fundo da panela. Despeje num prato ligeiramente untado com margarina e deixe esfriar. Faça bolinhas e passe açúcar de confeiteiro.

DICAS PMFI APROVEITAR OS MINERAIS DOS AUMENTOS

Os minerais encontram-se livres na Natureza, principalmente nas águas dos rios, lagos, oceanos e nas camadas superficiais da terra. Embora representem apenas de 4 a 5% do peso corporal médio do ser humano, os minerais são substâncias nutritivas indis-pensáveis ao nosso organismo. Existem mais de vinte minerais que

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res de reaproveitamento

do cálcio é utilizar a água

da fervura dos ovos para

aguar as plantas ou, en-

tão, picar as cascas dos

ovos e misturá-la à terra

dos vasos.

são essenciais à nossa saúde, dentre eles o cálcio, o ferro, o sódio, o potássio, o zinco, o cloro, o magnésio, o fósforo.

Quanto ao cálcio e ao ferro, os quais normalmente são ingeri-dos em quantidades insuficientes, destacaremos alguns dados for-necidos pela nutricionista Avany Maria Xavier Bom, na edição de 21 de agosto de 1994 do jornal O Estado de S. Paulo.

Cálcio: cerca de 1 a 1,2 kg do peso de um adulto é representado pelo cálcio. Este mineral, juntamente com o fósforo, faz parte dos dentes e dos ossos. Além disso, o cálcio é essencial para o sangue, evita a insónia, auxilia nas batidas do coração e na contração muscular. As melhores fontes alimentares de / cálcio são os leites, os queijos, os iogurtes e as ( Uma das formas popula

coalhadas. Um copo de 250 ml de leite (integral ou desnatado) ou uma porção de, aproxi-madamente, 30/40 g de queijo (uma fatia) cobre mais de 1/3 de nossas necessidades diárias. Outros alimentos, como hortaliças de cor verde escura (brócoli, repolho), pescado (sardinha, ostra, marisco), contêm um teor razoável deste mineral.

Ferro-, Ao contrário do cálcio, o ferro é encontrado numa quantidade muito pequena em nosso organismo, de três a cinco gramas do peso de um adulto. Mas é extremamente importante. Ele está presente no nosso sangue e nos tecidos musculares. A quantidade necessária varia segundo o sexo: dez mg diárias para o homem e 18 para a mulher (durante a idade reprodutiva, para atender às perdas menstruais e às demandas aumentadas com a gestação e a lactação). Se houver perda anormal, provocada por hemorragias, verminoses etc., essas quantidades também se alteram. As melhores fontes alimentares de ferro são os alimentos de origem animal e dentre eles, sem dúvida alguma, o fígado é o melhor, seguido pelas ostras, coração, língua e carne magra de vaca. Entre as fontes vegetais, temos os feijões secos e hortaliças de cor verde intensa - neste caso, não tão bem aproveitados pelo organismo.

Muitos destes preciosos minerais necessários à nossa saúde são irresponsavelmente esbanjados, desperdiçados por fervuras exaustivas ou então simplesmente atirados fora, pelo ralo de mi-lhões de pias de cozinha. Além de aproveitar a água da fervura de

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ovos, dos vegetais ou dos cereais que ficaram de molho para irrigar as plantas domésticas ou a horta, existem várias outras maneiras de impedir a perda dos minerais dos alimentos. Algu-mas lições são tradicionais, como as da culinária asiática, que jamais ferve excessivamente os vegetais. Outras decorrem ape-nas do bom senso.

Analise as sugestões que se seguem, propostas pela nutricionista Avany Maria Xavier Bon:

O utilize sempre a água de cozimento de legumes e verduras. Com exceção do espinafre, a água de cozimento pode ser utilizada na preparação de pratos como arroz e sopas;

O cozinhe os grãos na água em que ficaram de molho. A regra vale para os feijões secos, o grão-de-bico e a lentilha, entre outros grãos;

O utilize a água que se desprende das carnes quando descongeladas;

O associe sempre o consumo de alimentos ricos em cálcio e ferro com alimentos com vitamina C (morango, acerola e frutas cítricas como a laranja e o limão), pois essa vitamina é necessária para a absorção destes minerais;

O evite tomar café ou chã em quantidade excessiva, bem como ingeri-los logo após as refeições, para garantir o melhor aprovei-tamento do ferro ingerido.

PROCESSOS SIMPLES E EFICIENTES PARA CONSERVAR OS ALIMENTOS

Da tradição rural européia são conhecidas técnicas simples e ele-mentares para conservar alimentos por meses, e em alguns casos, por anos. Um armazenamento doméstico bem planejado ajuda pes-soas e famílias a serem auto-suficientes, dando tranqüilidade em momentos difíceis, tais como desemprego e acidentes naturais.

Nos parágrafos que seguem, temos alguns métodos de conser-vação de alimentos da época em que não se falava em freezer.

PROCESSO DE ARMAZENAMENTO DE CEREAIS EM GRÃOS

Esse processo é simples, prático e válido para qualquer tipo de grão: arroz, feijão, ervilha, lentilha, trigo, soja, aveia, grão-de-bico

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e canjica. Para armazenagem, todos os grãos devem ser bem esco-lhidos e bem secos e os vasilhames, limpos e secos. Complete o vasilhame o máximo possível. Passe parafina (vela derretida) nas emendas de fundo e de lado do vasilhame para vedar completa-mente. Guarde a seguir o recipiente num lugar seco e arejado.

Coloque os grãos dentro do vasilhame até atingir cinco centí-metros da borda. Coloque uma colher de gelo-seco para cada qui-lo de grão. Em seguida, feche o vasilhame, e aguarde até o gelo-seco se desfazer completamente (sabemos que o gelo-seco aca-bou, quando cessar a refrigeração por fora do vasilhame). Neste momento, atarraxe ou lacre firmemente o vasilhame. Passe fita isolante, parafina ou vela derretida para vedar completamente.

Coloque numa panela ou peça de porcelana uma colher de sopa de óleo comestível para cada quilo de grão. Misturar bem para que todos os grãos fiquem recobertos com uma película de óleo. Pode-se usar qualquer tipo de óleo comestível. Os grãos ficam brilhantes e bonitos depois de tratados. Feche muito bem o vasilhame e lacre como no processo anterior.

PROCESSO COM GELO-SECO

PROCESSO COM ÓLEO

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PROCESSO DA QUEIMA DE OXIGÊNIO

Esse processo é muito simples. Primeiramente, colocam-se os grãos no vasilhame até o limite de cinco centímetros da borda. Faça então um copinho com papel de alumínio, usando a própria mão em forma de concha. Coloque dentro do copinho um pouco de algodão embebido em álcool e disponha-o, com cuidado, no meio dos grãos. Acenda o algodão e em seguida feche completa-mente o vasilhame com o algodão ainda queimando. Pronto! A tampa deve ser completamente vedada com fita isolante e parafina ou vela derretida.

A FAZENDO CONSERVAS DE FRUTAS

As conservas de frutas são um dos mais antigos processos de conservação criados pela humanidade. É uma conserva tradicio-nal, tão arraigada nas culturas culinárias do mundo, que a indústria alimentícia a incorporou na pauta de produtos que coloca no mer-cado. Mas é possível fazermos nossas próprias conservas.

Para fazer uma conserva digna da sua mesa, você deve tomar algumas precauções iniciais, tais como:

O use apenas alimentos de boa qualidade, que estejam em ótimas condições e "no ponto" para a elaboração de conservas;

O utilize apenas vidros em perfeitas condições, absolutamente limpos e esterilizados.

PREPARANDO 0 XAROPE DAS CONSERVAS DE FRUTAS

Para confeccionar conservas de frutas, precisamos primeiramente fazer o "xarope", que pode ser fino, médio ou grosso. Usando-se açúcar ou açúcar de milho e água, as proporções seriam:

O xarope fino - 2 partes de açúcar para 4 de água;

O xarope médio - 3 partes de açúcar para 4 de água;

O xarope grosso - 4 partes de açúcar para 4 de água;

Uma dica importante para evitar que o seu xarope fique com gosto de açúcar queimado (aquele que fica grudado na panela) é usar água mineral.

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AS ETAPAS DA ELABORAÇÃO DAS CONSERVAS

As etapas para você estocar em sua própria casa uma suculenta seleção de conservas de fruta e poder deliciar-se à vontade são:

O selecione as frutas mais perfeitas e maduras, sem manchas ou apodrecimentos;

O lave, enxágüe e esterilize todos os vidros, fervendo-os em água por vinte minutos (não se esqueça: esses vidros são aqueles que você antes jogava fora, entupindo os lixões);

O lave as frutas com água e escova, enxágüe e seque com cuidado;

O prepare o xarope que será usado e mantenha-o quente;

O descasque, descaroce e pique as frutas a gosto;

Muita atenção!

Algumas frutas, como a maçã, a pêra, o pêssego etc. , em contato com o ar, ficam escuras. Embora isso não a f e t e o gosto, e para melhorar a aparência, evite o escurecimento colocando-as, depois de picadas, numa vasilha com sal e vinagre na proporção de uma colher de sopa de sal e uma colher de vinagre para cada dois litros de água fria. Não se preo-cupe com a presença do sal e do vinagre, pois isto não irá a f e t a r o sabor.

O coloque as frutas nos vidros, evitando o contato manual;

O coloque as frutas até o limite de dois centímetros da borda do vidro;

O despeje o xarope até cobrir as frutas;

O com uma espátula de madeira ou de plástico, elimine todas as bolhas de ar. Se necessário, adicione mais xarope ou suco, para mantê-lo um pouco acima do nível das frutas;

O limpe bem as bordas dos vidros e tampe-os com força;

O coloque os vidros numa panela com água quente, mantendo-os um pouco distantes uns dos outros. A água quente deve cobrir os vidros. Inicie o processo de fervura;

O o tempo de cozimento começa quando a água inicia a fervura;

O o tempo de cozimento depende da consistência de cada fruta. Para as mais tenras (como, por exemplo, maçã, pêra ou

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pêssego), vinte minutos são suficientes. Para as menos tenras (o abacaxi, por exemplo), trinta minutos;

O terminado o cozimento, apague o fogo e retire os vidros, colocando-os sobre uma toalha;

O deixe os vidros esfriarem por aproximadamente 12 horas; O verifique cada vidro. Se encontrar algum vidro rachado,

consuma este imediatamente. Os demais deverão ser rotulados, datados e armazenados em lugar fresco para consumo posterior;

O este método permite conservar as frutas por um ano.

FAZENDO CONSERVAS DE COGUMELOS

Uma boa opção para você iniciar a sua coleção de vidros com conservas salgadas é começar pela de cogumelos, também chama-da de "conserva sueli". Isto porque as conservas desses deliciosos fungos, além de constituir alimento bastante versátil, combinando-se com um variado leque de pratos, possui diversas outras vanta-gens, dentre outras:

O são mais saudáveis, pois somente usamos ingredientes naturais e nenhum composto químico;

O são mais tenras e saborosas; O quanto ao preço, uma mesma quantidade feita em casa,

comparada com o produto manufaturado, é da ordem de duas a três vezes;

O outra vantagem ainda é que as conservas de cogumelos são de fácil confecção, não requerendo mais do que alguns minutos da sua atenção.

Para iniciar seu estoque de cogumelos em conserva, siga as seguintes etapas:

O adquira na sua feira livre entre 2 5 0 e 3 0 0 g de cogumelos frescos; <0 lave-os e limpe-os cuidadosamente debaixo de água corrente. Separe

os que estiverem defeituosos ou com marcas muito profundas; O coloque-os a seguir numa panela com água, com duas colheres de café

de sal e o suco de um limão grande bem espremido; <ò assim que levantar a fervura, mantenha-os cerca de um minuto sob

fogo baixo; O coloque-os em vidros esterilizados e tampe imediatamente. Deixe o

calor dissipar-se colocando os vidros ao ar livre, e a seguir coloque-os na geladeira.

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Não se esqueça de que esta é uma conserva de curto prazo, ou seja, deve ser consumida no máximo em nove dias.

FAZENDO CONSERVAS DE LEGUMES, VERDURAS E FEIJÕES

Para processar conservas de legumes, verduras, feijões e outros itens de nossa "pauta alimentar", você deve obedecer às seguintes etapas:

<0 selecione os que estiverem em estado perfeito; O lave-os. Alguns, como é o caso das batatas, deverão ser

descascados ou picados; O aqueles que escurecem, como as batatas, devem, depois de

descascados e picados, ser colocados em salmoura; O alguns vegetais, tais como a batata, batata-doce e a abóbora,

deverão ser cozidos de dois a cinco minutos; O escorra bem e coloque nos vidros até a altura de cinco centí-

metros da borda; O coloque água quente até cobrir os legumes e as verduras;

O adicione sal, na proporção de uma colher de chá para vidros de um litro;

O com uma espátula de madeira, ou de plástico, elimine todas as bolhas de ar;

O limpe bem as bordas dos vidros, evitando a permanência de qualquer resíduo que possa impedir a perfeita vedação da tampa;

O tampe os vidros e inicie o processo de cozimento ou de pro-cessamento;

O o tempo de cozimento ou de processamento é contado a partir do início da fervura;

O tempo de fervura variará de acordo com a consistência do vegetal. Por exemplo:

couve-flor, vagem, quiabo, abobrinha 2 5 / 3 0 minutos

beterraba e cenoura 35 minutos batata, batata-doce, ervilha 4 5 minutos abóbora, milho verde e berinjela 5 5 minutos

cereais e feijões 1 hora e 3 0 minutos

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O o cozimento deve ser realizado em uma panela de pressão grande, que tolere temperaturas acima de 100 graus centígrados, indispensável para todos os vegetais;

O terminado o tempo do cozimento, desligue o fogo. Não coloque a panela de pressão sob a água da torneira, nem abra a válvula para o vapor sair mais rápido. Deixe a pressão sair lentamente para manter a melhor qualidade de sua conserva e não quebrar os vidros;

O retire os vidros, coloque-os sobre uma toalha e vede-os completamente, pressionando para baixo o aro de metal. Para os vidros que não possuem sistema de segurança, procure vedá-los completamente com fita adesiva;

O os vidros que estiverem perfeitos, deverão ser rotulados, datados e guardados em lugar seco, ao abrigo da luz e sem umi-dade. As conservas não devem ser guardadas em lugares quentes ou no congelador, pois perderão sua qualidade.

CONSERVAS M GâRNE SOVINA

Os métodos de conservação de carne são, em geral, antigos e baseados em técnicas tradicionais, comprovadas milenarmente. A carne, que é um produto perecível, pode perfeitamente resistir por dois a quatro anos, desde que convenientemente tratada.

FAZENDO A CONSERVA TRADICIONAL

Para fazer conserva de carne, deve-se proceder da seguinte forma:

O primeiramente, limpe a carne de todo o sebo;

O tempere a carne com os condimentos de seu gosto;

O deixe-a repousar por 24 horas em lugar fresco, para que o tempero penetre em toda a carne;

O derreta banha de porco o suficiente para cobrir toda a carne que você deseja conservar;

O coloque a carne, juntamente com a banha derretida, ainda quente, num vasilhame adequado para ser armazenada. Deixe no fogo por vinte minutos;

O se o vasilhame for de lata ou aço inoxidável, pode ser colocado diretamente no fogo. Caso seja vidro, esquente em banho-maria;

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O feche o vidro ou a lata ainda fervendo, limpando antes a tampa e as bordas do vidro ou da lata;

O retire do fogo e lacre completamente, vedando com fita adesiva. Este processo permite conservar a carne entre dois e quatro anos.

FAZENDO CARNE-DE-SOL

Para fazer carne-de-sol, siga as seguintes orientações: O use capa de filé, fraldinha e outras carnes que possam ser

abertas "em manta"; O limpe todo o sebo da carne, podendo deixar as gorduras.

Não lave a carne; O salgue a carne com sal fino ou sal grosso moído, tomando

cuidado para que o sal seja muito bem distribuído pela carne e introduzido em todas as suas dobras;

O deixe permanecer no sal por 12 horas, para que o sal penetre em toda a carne;

O estenda a carne em varais de bambu ou de corda, para receber sol por três dias seguidos (não se incomode com o sereno, ele auxilia na conservação);

O entretanto, a carne deve ser recolhida no caso de garoa, chuva ou qualquer umidade mais intensa;

O durante o tempo em que estiver exposta ao sol, a carne deve ser virada a cada 12 horas;

O a carne deve ser enrolada e embrulhada em papel celofane; O posteriormente, armazene a carne-de-sol em local fresco e ao

abrigo da luz. Este processo permite conservar a carne entre dois a quatro anos.

MÉTODOS PARA CONSERVAR OVOS

Durante séculos, as populações tradicionais conservaram ovos sem recorrer a eletrodomésticos. Para este guia, coletamos duas téc-nicas bastante comuns no meio rural de diversos países.

MÉTODO DO PAPEL DE SEDA

O embrulhe os ovos em papel de seda, colocando-os numa caixa de madeira forrada com algodão em rama. Para cada camada de ovos, uma camada de algodão;

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O repita o processo até encher a caixa;

O conserve em local fresco e bem ventilado.

MÉTODO DA ÁGUA DE CAL

Há um outro método bastante eficiente, que consiste em guardar ovos em água de cal. Até a Segunda Guerra Mundial, esse método era usado em toda a Europa. Países como a Polônia, Lituânia e a Estônia o empregavam inclusive para exportação em larga escala para os países da Europa Ocidental.

É um método muito simples:

O coloca-se em um vidro de boca larga, ou em pote de louça ou barro, uma solução de água e cal - 250 g de cal para cada 4 litros de água;

O os ovos são mergulhados nessa solução e conservados em lugar fresco e ventilado.

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EVITANDO O DESPERDÍCIO

VALORIZANDO OS RECURSOS

Poucos atentam para o incrível problema que é o lixo na atua-lidade e para o assombroso volume de materiais descartados pela nossa civilização. Com a expansão do chamado mundo moderno, a terra tem sido constantemente entupida com lixo. Mesmo no ponto culminante da terra, o Everest, desde a base até o pico, calcula-se que existam cerca de 500 toneladas de tubos de oxigê-nio, latas de alimentos em conserva, ferramentas, plásticos, cordas e até restos mortais de alpinistas, que morreram tentando escalar a montanha.

Tampouco os lugares remotos, totalmente distantes da chama-da civilização, estão a salvo dessa praga moderna que é o lixo. Um ponto desabitado e alheio às rotas de navegação, as ilhas Dulcie e Henderson, do Arquipélago das Pitcairn, no Pacífico Sul, desper-tou indignação de um pesquisador britânico, que ali aportou para coletar e pesquisar insetos.

Em carta dirigida para uma ONG ambientalista, o cientista reve-lou um volumoso achado de 953 objetos de vários tipos, incluindo 171 garrafas de vidro, 25 calçados, 2 cabeças de boneca e uma bombinha de asma.

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O Primeiro Mundo, que abriga 20% da população mundial, consome 2 / 3 dos metais e 3 / 4 da energia consumida no planeta.

Outro bom exemplo da incrível capacidade de colonização do planeta pelo lixo foi o naufrágio, em maio de 1990, de um carrega-mento de 80.000 tênis da marca Nike nas proximidades do litoral do Alasca. Os calçados foram encontrados numa vasta área geográfica, desde o Sul do Estado do Oregon (EUA) e até nas Ilhas Charlotte (Canadá), uma distância de 1.000 km entre os dois pontos. Exem-plares isolados alcançaram ainda as ilhas Havaí e o Japão.

A questão do lixo é um tema de enorme responsabilidade para cada um de nós. Podemos, mesmo inadvertidamente, produzir re-síduos que estarão contaminando uma vasta área geográfica e, desse modo, devemos ter sempre em mente que vivemos num mundo pequeno, que conta com recursos finitos.

Das nossas atitudes pessoais também depende a conservação e a valorização da Natureza. Potencializada pela vontade de milhões de cidadãos responsáveis, a atitude pessoal de cada um de nós torna-se parte de um movimento permanente em defesa do meio ambiente.

AS GRANDES fONTSS DE DESPERDÍCIO

Basicamente, são três as grandes fontes ou matrizes geradoras de lixo e de desperdício nas nossas casas:

isi As decisões tomadas pelos nossos governantes. Escolhidos por nós nas eleições, as decisões tomadas pelos políticos repercutem diretamente na política agrária e energética, no planejamento urbano, nos gastos sociais e no orçamento da educação, entre outros quesitos. Freqüentemente, atendendo a projetos preocupados uni-camente em agradar aos financiadores das suas campanhas eleitorais, mas não a você, os governantes contribuem para com o desperdício de recursos naturais e o comprometimento irreversível da vida de milhões de cidadãos.

EM não conheço nenhum país civüizado que autorize o chuveiro eíétrico.

João Alberto Meyer, especialista em energia.

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As estratégias adotadas pelas grandes empresas, estatais ou de capital privado, nacional ou transnacional. No geral, essas empresas estão muito pouco preocupadas com ecologia, salvo quando o clamor público torna-se demasiado evidente. Com o apoio ou a conivência dos governantes, estas firmas produzem equipamentos domésticos perdulários em energia, poluem de forma irresponsável a atmosfera terrestre, utilizam materiais não recicláveis e gastam mais água do que o ne-cessário (normalmente pagando pela água bem menos do que você).

Os procedimentos ado-tados individualmente pelos moradores de casas. Segundo avaliações procedentes de diver-sas fontes, sabe-se que uma casa em média desperdiça 25% do gás, 30% da água e 42% da eletricidade que em tese está consumindo. O desperdício do-miciliar no Brasil responde por fração significativa da agressão ao meio ambiente nacional. Basta lembrar que, no país, o consumo de energia pelas residências equivale a 8,8% do petróleo e derivados, 20% da eletricidade, 55,6 % da lenha e 29,5% do carvão vegetal do consumo total.

Também deve-se contabilizar na pauta dos desperdícios um vasto elenco de supérfluos que, tão logo são adquiridos, são rapidamente transformados em lixo, caso, por exemplo, dos brinquedos presen-teados sem critério pelos pais de classe média e de diversos outros objetos momentaneamente na moda, em breve esquecidos e atirados na lata de lixo.

Além disso, muitas utilidades domésticas são destruídas ou avariadas pelo mau uso ou pelo descuido, deteriorando-se pela falta de atenção e transformando-se rapidamente em sucata inútil.

fl civilização existe por consentimento geológico, sujeito a mudança sem aviso prévio.

Will Durand

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COMBATENDO O DESPERDÍCIO

Porém, nada do que foi colocado implica pensar que inexistem cidadãos poupadores de recursos. As donas de casa, desde muito tempo, revelaram-se especialistas de primeira ordem na reciclagem dos resíduos produzidos nas residências, além de adotarem postu-ras condizentes com o uso equilibrado dos recursos e a conserva-ção dos equipamentos.

Algumas dessas práticas são bastante corriqueiras e praticamen-te universais nos dias de hoje, podendo-se citar:

\ ^ reutilização dos sacos plásticos de lojas e supermercados como sacos de lixo;

iú£í confecção de blocos de anotações com papéis cujos versos estão em branco;

transformação de sapatos velhos em chinelos para andar dentro de casa ou, então, reservá-los para serem usados durante reformas, limpeza, trabalhos manuais e/ou braçais etc.;

armazenamento de cabos de vassoura, que guardados, subs-tituem oportunamente um outro que tenha quebrado;

^ reaproveitamento de garrafas velhas, que levadas a um cortador de vidro, originam uma variada gama de práticos objetos e bens de uso doméstico;

reutilização de vidros ou de copos de alimentos industria-lizados.

Outra dica importante é mudar a relação que porventura mantemos com os objetos que nos cercam na nossa casa. Podemos dilatar a durabilidade dos equipamentos, tratando-os com o devido cuidado que merecem. De nada adianta transformá-los em "saco de pancadas" dos nossos problemas pessoais, o que, além de não resolver qualquer problema, cria outros, na forma de bens inuti-lizados ou comprometidos quanto à sua durabilidade. Desse modo, antes de jogar qualquer coisa fora, use a imaginação e o bom senso!

Você tamòémpode se dirigira quatquer coisa como "vós", e se o fizer, sentirá uma mudança na sua própria psicoCogia.

Joseph Campbell

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Merecedores de atenção mais demorada, estão três itens que pesam diretamente no "almoxarifado" da Natureza e no seu bolso. São eles a água, a eletricidade e o gás. Esta tríade constitui o elen-co de insumos básicos para o funcionamento de qualquer sistema doméstico, requerendo comentários mais específicos, assim como um acompanhamento mais direto e táticas mais aprimoradas de controle e monitoramento.

Evite também o desperdício de tempo

Muitos se queixam da falta de tempo e, por essa razão, não mudam nada nas suas vidas. Geralmente, apelam para explicações que culpam, direta ou indiretamente, os outros como a principal causa do problema. Na realidade, grande parte da nossa "falta de tempo" decorre de ob-jetivos falsos que nos foram impostos pela propaganda e pelo sistema, metas muitas vezes fúteis e irrelevantes. Sempre existe tempo para tudo o que pretendemos nas nossas vidas, desde, é claro, que nos em-penhemos para isso.

Dizer que não se tem tempo para fazer as coisas que nos agradam e sofrer por isto é esquecer que, em última instância, nós determinamos o uso que fazemos do tempo. Caso isto não esteja ocorrendo, é porque aceitamos que alguém (ou uma teoria qualquer, econômica ou política) o esteja determinando por nós.

^ Cinco minutos que você consegue reconquistar por dia equivalem a 3 0 horas, ao longo de um ano.

Uma hora diária que você consegue reconquistar equivale a quinze dias em um ano.

Uma hora por dia reconquistada por você durante 4 0 anos repre-senta dois anos.

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DICAS PARA ECONOMIZAR ENERGIA

A economia de energia elétrica é uma preocupação cada vez mais importante para o cidadão consciente. Quando nós reduzi-mos o consumo de energia, diminuímos nossa participação na agres-são ao meio ambiente, pois passamos a requisitar, numa propor-ção muito menor, os recursos da Natureza.

É evidente que poderia existir um consumo menor de energia caso as empresas se dispusessem a usar a tecnologia para a produ-ção de artigos com maior durabilidade, conhecimento disponível há décadas e não usado porque retiraria uma fatia considerável dos lucros.

De qualquer forma, lembre-se de que a atitude dessas empresas não justifica a irresponsabilidade individual de cada um de nós. De nada adianta criticar a lógica das grandes empresas se em nosso cotidiano reproduzimos a reconhecidamente péssima prática das companhias que veementemente criticamos nos nossos discursos.

Os padrões de uso eficiente de energia, relativamente a aparelhos de uso doméstico, deveriam ser outra importante prioridade, uma vez que ref rigeradores, fogões, aquecedores de água, secadores de roupa, cal-deiras, condicionadores de ar e outros semelhantes respondem por 75% da totalidade do uso residencial de energia.

Lester Brown

Aprimorando nosso controle sobre o consumo de energia, esta-remos contribuindo para um uso mais racional da produção ener-gética, evitando até mesmo uma pane do fornecimento de energia. Lembre-se, enfim, de que o uso racional dos eletrodomésticos tam-bém traz óbvios benefícios econômicos, contribuindo com o sau-dável hábito de poupar.

A participação média de cada item no consumo doméstico: Geladeira 30% Chuveiro elétrico 25% Iluminação 20% Televisão 10% Máquina de lavar 5% Ferro elétrico 5%

Fonte: Eletropaulo / Agência para Aplicação de Energia, 1997

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ECONOMIZANDO COMA GELADEIRA

No uso de freezers e de geladeiras, habitue-se a tomar os se-guintes cuidados:

Èã caso você tenha um freezer, além da geladeira, evite mantê-lo em funcionamento caso esteja guardando pouco alimento. Nesse caso, desligue o freezer e coloque o alimento no congelador da geladeira;

^ zele pela conservação, fazendo limpeza e degelo periódicos, procedendo ã manutenção das borrachas de vedação da porta;

regule o termostato para o mínimo necessár io , em conformidade com as / O "J'^0 ^o refrigerador numa

orientações do fabricante; ^ instale a geladeira ou freezer fora do

alcance dos raios solares e de outras fontes de calor, sempre em local bem ventilado;

^ jamais coloque qualquer alimento quente - e muito menos destampado - na geladeira, pois essa demanda irá sobrecarregar o mecanismo;

^ evite a prática de secar roupas e sapatos na parte traseira dos equipamentos;

casa silenciosa tornou-se um dos

ícones acústicos da modernidade

como símbolo de tranqüilidade e

da paz.

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t^ não disponha no interior da geladeira ou do freezer, prateleiras adicionais ou quaisquer outras "inovações" que impeçam a circu-lação interna do ar frio;

^ evite manter as portas abertas desnecessariamente e o conhe-cido "abre e fecha". Ambos causam grande consumo de energia. Procure guardar ou retirar os alimentos da geladeira de uma vez só (abrindo menos a geladeira, podemos também estar nos poupando de alguns quilos adicionais absolutamente desnecessários).

ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR 0 CHUVEIRO

O chuveiro é um dos aparelhos de sua casa que mais conso-mem energia. Caso seja possível, substitua o chuveiro elétrico pelo aquecimento a gás ou painéis solares. Mas, caso não seja possível proceder a substituição, você poderá atenuar o problema acatando as seguintes orientações:

nos dias quentes, use o chuveiro com a chave na posi-ção "verão". O consumo é cerca de 30% menor do que na posição "inverno";

ií£l não se demore no banho. Limite o tempo debaixo da água quente ao mínimo indispensável. Preferencialmente, ensaboe-se antes;

t^ procure manter sempre limpos os orifícios de saída de água do chuveiro;

Êl nunca procure reu-tilizar uma resistência quei-mada. Você poderá aparen-temente estar poupando ao não comprar uma nova, mas estará gastando mais energia e além disso, comprome-tendo sua segurança.

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ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR A LUZ

O item iluminação é dos que mais pesam no perfil de consumo das casas e, desta forma, adotando-se alguns cuidados básicos, podemos contribuir diretamente para melhorar o desempenho ener-gético das nossas casas.

Já que você está pagando pela luz, use-a o máximo e o melhor que puder. Torne eficiente seu consumo de energia adotando os procedimentos que abaixo elencamos:

uma mudança importante nos seus hábitos será passar a desligar a luz sempre que possível. Ao sair de um ambiente, apague imediatamente a luz;

[i crie o hábito de fazer uma "ronda" pela casa de vez em quando, checando se as luzes estão efetivamente apagadas;

^ em vez de começar um "acenda-apaga" de interruptores toda vez que pretender acender as luzes de um ambiente, mentalize a posição dos interruptores e respectivas fontes de iluminação. Além de ecológico e prático, o procedimento é também mais eficiente;

^ aproveite o máximo possível a luz do sol, abrindo cortinas e janelas. Preferencialmente, abra caminho para a passagem dos rastros e fachos de luz pelos ambientes da sua casa, liberando o trajeto de obstáculos e outros objetos. A luz solar fornece ilumi-nação da melhor qualidade, e, além de natural, é de graça;

^ não se deixe levar por um certo "senso comum" que consi-dera que lâmpadas de menor potência gastam menos energia. Recorde-se sempre de que uma lâmpada de maior potência é mais econômica do que várias de potência menor;

^ passe a planejar a iluminação de cada ambiente, obtendo o máximo de efeito possível com o menor custo energético;

^ para melhorar a iluminação e simultaneamente conseguir diminuição no consumo de energia, lâmpadas mais eficientes não são por si só suficientes. Atente para as características das luminárias. Lâmpadas muito aparentes provocam brilho e causam desconforto visual. Quando demasiadamente embutidas, perdem o rendimento;

^ lembre-se de que ambientes adequadamente ocupados solicitam menor iluminação (aproveite a dica para desocupar sua

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casa de resíduos e trastes que estão atravancando indevidamente a sua vida e sugando, nos dois sentidos, sua energia vital);

Éá em cômodos com circulação ou permanência intensa de pessoas, como a cozinha, o banheiro e eventualmente o escritório, utilize lâmpadas fluorescentes, que duram mais e consomem menos energia;

tíà em ambientes nos quais se requer maior intimidade, como as salas de estar e os dormitórios, faça uso de abajures;

^ em áreas de circulação restrita, instale minuteiras (inter-ruptores com timer), evitando assim que as luzes permaneçam acesas o tempo todo;

tu* para iluminação de objetos decorativos, utilize lâmpadas dicróicas para realçá-los;

^ preferencialmente use cores claras nos ambientes, poten-cializando a reflexão da luz;

â utilize níveis de luminosidade compatíveis com o que deseja de cada ambiente;

faça uso de luminárias sempre que possível; i í limpe periodicamente lustres e globos; ^ mantenha todas as suas janelas limpas.

A luz do sol é a máxima referência possível para uma casa ecoloqica-mente correta. O sol pode acionar painéis para o fornecimento de água aquecida e de eletricidade sem qualquer consumo predatório ou ambientalmente impactante. A luz solar também pode ser valorizada como potente elemento higienizador, pois muitos insetos e mi-croorganismos não toleram qualquer raio de luz.

ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR A TELEVISÃO

Equipamento que muitos julgam um verdadeiro símbolo do mundo moderno, a televisão tornou-se para muitos uma espécie de sonífero ou, então, numa fonte de ruído da qual os mais vicia-dos só conseguem a duras penas se desvencilhar.

Esse estranho hábito sugere que a televisão deva ser um parceiro permanente de companhia, carência que pode ser satisfeita por bom numero de estratégias mais saudáveis (até porque a televisão, vale a pena ressalvar, é uma perigosa fonte de radiação).

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Existe também uma reconhecida baixa qualidade da programa-ção rotineira da televisão, composta de uma mistura surrealista de sexo, violência de todos os tipos, anúncios governamentais, apre-sentações de partidos políticos etc. E isto sem contar o excessivo e incessante bombardeio propagandístico, muitas vezes de cunho apelativo e de mau gosto.

Vm anaíista estima que um americano típico é exposto a 50 a 100propagandas todas as manhãs antes das nove horas. Juntamente com a sua cota semanatde 22 horas de televisão, os adolescentes americanos são expostos em média a três a quatro horas de propagandas de TU por semana, acumulando peto menos 100.000 anúncios entre o nascimento e a graduação no Io grau.

Alan Durning, Worldwatch Institute.

Porém, sem nos determos nestas ou noutras críticas ainda existen-tes ao que as emissoras transmitem, podemos ao menos minimizar o custo psicológico e energético advindo do equipamento, atentando para as seguintes orientações:

^ habitue-se a selecionar a programação da televisão. Não permita que qualquer porcaria penetre na sua cabeça indevidamente. A sua cabeça vale para você muito mais do que qualquer outro recurso.

a TV a cabo e a própria rede comercial dispõem de programas de excelente qualidade, que poderão contribuir - e não prejudicar - a sua formação e a dos seus filhos. A maioria dos jornais brasileiros dispõe de uma coluna cultural resenhando os principais pontos da programação. Faça uso constante dela;

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£ somente ligue o aparelho quando for efetivamente assistir a um programa. Será bem menos oneroso e, com certeza, estará se poupando de assistir a milhares de propagandas e cenas peçonhentas, que certamente não farão falta para a formação cultural de qualquer um;

ÉS por último, se não obtiver sucesso nas medidas anteriores, ao menos abandone o hábito grotesco de dormir com o televisor ligado. Você poderá verificar que a sua conta de energia diminuirá.

ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR 0 FERRO ELÉTRICO

Embora com pequena participação no cômputo geral dos gastos com energia, o ferro elétrico pode tornar-se um vilão na hipótese de a família ser numerosa e, além disso, existir descuido na manipula-ção do equipamento. Portanto, atente para os seguintes cuidados:

ÉS acumule o máximo de roupa possível, concentrando o período de uso do ferro elétrico;

É^ utilize exclusivamente a temperatura indicada para cada tipo de tecido, o que também irá ampliar a durabilidade das suas roupas;

ligue o ferro elétrico apenas uma vez ao dia, evitando suces-sivas operações de aquecimento do aparelho;

ÉS passe primeiramente os tecidos que requerem temperaturas mais baixas, passando gradativamente para os demais tipos.

ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR A MÁQUINA DE LAVAR A máquina de lavar é um equipamento que gasta pouca ener-

gia. Pode-se, no entanto, melhorar seu desempenho energético lançando mão de algumas regras muito simples, a saber:

És procure evitar sujar roupas desnecessariamente. Desse modo, sua máquina de lavar roupa será menos requisitada;

És torne eficiente o trabalho do equipamento programando o tipo de roupa a ser lavada. Cobertores e roupa de cama numa empreitada, vestuário noutra e assim por diante;

ÉS apenas ponha a máquina em funcionamento com a quantidade correta de roupa, pois assim, além da eletricidade, economizamos água;

ÉS use a dosagem correta e a marca do sabão em pó indicada pelo fabricante da sua máquina;

É^ mantenha constantemente limpo o filtro da máquina.

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A limpeza que ninguém vê

A máquina de lavar, assim como a lavadora de louça, possui um "ganho secundário" importante, configurado na água quente que periodicamente limpa e esteriliza os canos da nossa casa, contribuindo para afastar diversos insetos e fontes de odores desagradáveis.

ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR 0 AR-CONDICIONADO

Se as casas fossem construídas em harmonia com os climas da região, além de mais baratas, seriam termicamente muito mais efi-cientes. Infelizmente, não é o que tem acontecido, em grande par-te como responsabilidade da especulação imobiliária, das constru-toras e de modelos arquitetônicos importados dos países tempera-dos do hemisfério Norte.

Assim, difundiu-se o uso do ar-condicionado. Ele é uma espé-cie de "carro-chefe" do consumo energético em oficinas e escritó-rios, alcançando cerca de 48% do consumo de um prédio comer-cial. O ar-condicionado constitui, na opinião de muitos, um verda-deiro símbolo de uma civilização que procura a todo instante igno-rar a Natureza.

Uma estratégia que tem se difundido é a adoção dos exaustores eólicos, um sistema de captação de ventos que mantém a casa continuamente fresca, dispensando em alguns casos os condicio-nadores, consumidores perdulários de energia. Isto sem contar as fortes evidências que responsabilizam esses equipamentos pela proliferação de bactérias responsáveis por uma série de doenças.

Da mesma forma que muitas tecnologias ecológicas que ter-minaram incorporadas a um "imaginário ecológico pós-moder-no", os exaustores eólios inspiram-se em tecnologias tradicionais desenvolvidas a muitos milênios por dezenas de povos do Terceiro Mundo. Um desses sistemas, descrito por Hassan Fathy em Cons-truindo com o povo - Arquitetura para os pobres, é usado pelos camponeses egípcios desde antes da construção das pirâmides, constituindo verdadeira obra-prima de engenhosidade.

Se possível, comprometa-se com essa tecnologia suave. Lembre-se de que o serviço de instalação exige um cálculo cuidadoso, pelo que a implantação deve ser feita por um serviço especializado.

Na impossibilidade de implantar um exaustor eólio, você pode ainda apelar para o receituário elaborado pelo Programa Nacio-

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nal de Conservação de Energia, responsável pelo clássico "Apa-gue a luz ao sair", uma literatura que sinaliza para a necessidade de diminuição do consumo de eletricidade do equipamento.

Sinteticamente, as táticas seriam:

^ evitar incidência direta de raios solares no ambiente;

^ manter as janelas fechadas;

^ não obstruir a circulação;

manter o filtro sempre limpo.

ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR A TORNEIRA ELÉTRICA

A torneira elétrica requer alguns cuidados para evitar que ela se torne um item importante no custo energético do lar:

^ evite ligar e desligar a torneira constantemente; ^ reúna todas as peças que deseja lavar na pia, preferen-

cialmente deixando-as algum tempo de molho; ^ í ensaboe todas as peças primeiro e só depois enxágüe-as.

ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR 0 FORNO DE MICROONDAS

O microondas, que é outro utensílio que povoa os cenários dos filmes americanos, recebeu uma acolhida fria aqui no Brasil. Em grande parte, isto é decorrente de alguns hábitos alimentares para os quais o microondas não está capacitado para competir com o fogão. No país, o microondas foi transformado numa espécie de aquecedor de café de luxo e de comida feita em casa, sem maiores impactos culinários.

Existem também uma série de objeções de cunho ambientalista, que condenam o microondas como uma perigosa fonte de radia-ção, no caso, na forma de ondas eletromagnéticas. O problema ficaria ainda mais acentuado no caso de "vazamentos" de radiação, passíveis de prejuízos à saúde da população.

Desta forma, se você pretende continuar a dispor de um micro-ondas, adote os seguintes cuidados:

^ faça uma checagem periódica do estado das borrachas de vedação da porta do microondas, substituindo imediatamente a borracha defeituosa;

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x ^ nunca coloque suas mãos sobre o aparelho quando ele estiver

funcionando; ^ mantenha o aparelho a distância dos olhos, preferencialmente

instalando-o longe da linha de visão; para certificar-se de um possível vazamento de radiação,

coloque uma fruta sobre o equipamento em funcionamento. A seguir, corte a fruta e inspecione o seu interior. Se houver alguma alteração no seu interior, chame imediatamente um técnico;

tuí portadores de marca-passo não devem manter-se próximos do aparelho;

^ ^ instale corretamente, ligando-o a um canal de descarga de eletricidade.

DIMINUINDO 0 CONSUMO NO HORÁRIO DE PICO

Assim como na chamada hora do rush, quando as ruas tornam-se bastante requisitadas e ficam entupidas com grande quantidade de automóveis, ônibus, motocicletas e caminhões, o mesmo acon-tece com o setor elétrico no horário de pico.

Esse horário, corresponde ao período entre as 17h30min e as 20h30min, quando a iluminação pública e particular é acionada com grande intensidade e milhões de chuveiros elétricos são li-gados simultaneamente em todo o país. Além disso, muitos escri-tórios, oficinas, parte do comércio e do sistema industrial conti-nuam ativos, consumindo muita energia.

tem disposições legais obrigan-

do os cidadãos a ligarem suas

máquinas de lavar roupa ou

Da mesma forma que você contribui para f \Em alguns países europeus exis-o desafogamento das vias de acesso toda vez que consegue evitar o horário ruim do trânsito - poupando energia, tempo e di-nheiro - pode-se contribuir para um me- \^tarde da noite ou pela manhã, lhor perfil de consumo energético transfe-rindo seus compromissos com a secadora ou com a máquina de lavar roupa, por exemplo, para mais tarde. Outra ajuda é simples-mente assistir menos à TV, checando melhor a programação ou detendo-se num livro.

COMBATENDO OS VAZAMENTOS DE ENERGIA ELÉTRICA

Como estamos acostumados com a idéia de existirem vazamen-tos de água, parece estranho para muitas pessoas a existência de

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vazamentos de energia. Pois estes existem e devemos tomar mui-tos cuidados com eles.

Para descobrir "vazamentos" de corrente elétrica, proceda da seguinte forma:

í^í desligue todos os aparelhos e apague todas as luzes. Se o disco do medidor de eletricidade estiver girando, é porque há algu-ma passagem de corrente;

constatado o problema, chame o eletricista imediatamente. Geralmente o problema resulta de um simples curto-circuito ou falha na distribuição. Nos casos mais graves, registram-se ações inescrupulosas de roubo de energia.

DICAS PARA ECONOMIZAR ÁGUA

A água potável é um recurso escasso no planeta. Do total das águas do mundo, 97,4% constituem a massa líquida dos oceanos e são impróprias para o consumo. A água que está aprisionada nas calotas polares, constituindo 1,8% do total, é potável, mas muito distante dos eventuais consumidores.

Apenas 0,8% das águas do mundo é simultaneamente potável e acessível aos humanos, embora desigualmente distribuídos na su-perfície do planeta. Mesmo assim, estas águas vitais e raras da Natureza têm sido irresponsavelmente destruídas pela poluição, transformando os recursos hídricos numa questão de grande peso político no século xxi.

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Para atender aos padrões clássi-

cos de potabilidade, a água deve

ser pura, inodora e incolor.

O Brasil é um dos países mais ricos em recursos hídricos: cerca de 8% da água po-tável do mundo concentra-se no território brasileiro. Porém, as águas doces do Bra-sil estão desigualmente distribuídas pelo ^ território. A Amazônia, que representa 5% da população brasileira, concentra sozinha 80% da água potável do país, enquanto os de-mais 95% da população usufruem de 20% da água.

Além das pré-condições naturais, sucessivas agressões ao meio ambiente provocadas pelo homem, acompanhadas de desequilíbrios socioeconómicos, têm originado o surgimento de diversas áreas crí-ticas no tocante ao abastecimento de água potável. Este é o caso clássico do Nordeste brasileiro, região em que a "cerca" (do lati-fúndio) produz a "seca".

Além do semi-árido, diversas regiões metropolitanas têm sido duramente atingidas pela falta d'água. As autoridades têm "solucio-nado" o problema adotando a estratégia dos rodízios, via de regra penalizando a população pobre, que habita as periferias dos gran-des centros.

Sem sombra de dúvida, todos esses fatos contribuiriam para tornar absurda qualquer forma de desperdício do precioso líquido, fundamental para a perpetuação da vida. Entretanto, há que se registrar que o desperdício de água no Brasil é em larga medida estrutural, ou seja, ele se origina do próprio sistema criado para a sua distribuição.

Esse absurdo ocorre, em primeiro lugar, porque existem vaza-mentos e perdas do líquido nas adutoras e nos encanamentos pú-blicos. Em São Paulo, por exemplo, segundo o Instituto de Geo-ciências da USP, cerca de 36% da água é perdida antes de alcançar os consumidores.

Em segundo lugar, existe a própria irracionalidade do sistema adotado, que usa água tratada para finalidades como lavar quin-tais, garagens e para as descargas no banheiro. Em países como o Japão, é reutilizada a água do banho para essas operações de lim-peza. (Antes de você considerar isso estranho, pense e responda: por que lavar a calçada com água tratada?)

Em terceiro lugar, em razão da omissão das autoridades, deve-mos citar os equipamentos em circulação no mercado. Quase to-das as torneiras e chuveiros disponíveis nas lojas são perdulários

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no consumo de água. A não regulamentação da produção por leis mais rigorosas permite mais uma brecha na defesa dos recursos hídricos.

Existem, é claro, tecnologias alternativas, que conseguem uma diminuição das perdas. Exemplificando, enquanto uma torneira convencional gasta 0,2 litro por segundo, as alternativas gastam metade desse volume. Além de torneiras, existem também arejadores e pulverizadores que diminuem a vazão sem comprometer a efi-ciência. Embora pouco comuns no Brasil, já podem ser encontra-das latrinas "ecologicamente corretas", assim denominadas porque solicitam menor vazão de água do que as de formato tradicional.

No geral, esses equipamentos são mais caros, mas podemos contar com liquidações e feiras de material. O que interessa é que, apesar do preço, revertem rapidamente em benefício, pois o investimento é recuperado, no máximo, após seis meses de im-plantação do novo sistema.

O consumo cie água na Çrande São (Pauto pode ser reduzido em até 52% se torneiras, chuveiros e descargas tradicionais forem substituídos por equipamentos mais eficientes. <Este dado faz parte de uma pesquisa do estudante de pós-graduação em <Energia da VSP Pauto Çonçaíves, que está em fase de conctusão. Çonçaíves comparou o consumo médio de água na Çrande São (Pauío com o das principais cidades do mundo e conctuiu que o pauCistano gasta no dia-a-dia três vezes mais água que o europeu. ŒLnquanto um sueco, por exempta, consome três íitros de água ao dar descarga, um èrasiteiro gasta em média nove litros.

Folha de S.Paulo, edição de 16/11/1994.

Há também que serem listados os maus hábitos dos consumi-dores, que repercutem diretamente no volume de água consu-mido. Por exemplo, se uma pessoa escova os dentes em cinco minutos com a torneira meio aberta, ela gasta em média 60 litros de água. No entanto, se mantiver a torneira fechada e utilizar um copo de água, economizará mais de 59 litros de água tratada.

Outro exemplo é o banho de chuveiro. Um banho de 15 minu-tos, com o registro meio aberto, consome 144 litros. Caso o banho demore 5 minutos (mais do que suficiente para lavar o corpo de um adulto), fechando o chuveiro durante o ensaboamento, o con-sumo cai drasticamente para 48 litros.

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Lembre-se também de que todo uso supérfluo de água que você estiver de-tendo e estancando também é uma con-tribuição para diminuir a vazão dos eflu-entes e das águas servidas, geralmente direcionadas para as bacias hidrográficas das imediações, contaminando mananci-ais e cursos d'água em geral.

DETECTANDO EVIDÊNCIAS DE VAZAMENTOS

Enquanto o poder público aguarda seu momento para dizer, no final das contas, a que veio, você pode muito bem cuidar da sua casa e fazer a sua parte na defesa do planeta, de preferência pou-pando água e dinheiro.

A primeira providência, é óbvio, é verificar a ocorrência de va-zamentos na sua casa. Por pequenas rupturas nos canos e falhas de vedação escoam grandes quantidades de água, numa propor-ção muitas vezes impensável para a maioria das pessoas.

A título de exemplo, um prosaico buraco de 2 mm - o tamanho da cabeça de um prego - desperdiça aproximadamente 3-200 litros de água por dia. Se pensarmos que uma pessoa gasta, em média, entre 150 e 400 litros diários de água, fica evidente a sua dimen-são, assim como o potencial de danos que podem ocasionar.

Os vazamentos geralmente deixam sinais claros que contribuem para sua localização. Dentre os sinais mais comuns, podemos apontar:

ÉS chão ou parede com área úmida ou molhada, apresentando decompo-sição da tinta ou do reboco;

^ valores muito acima da média de consumo da casa;

& odores desagradáveis emanados das paredes ou do chão; barulho persistente de água nas paredes ou no piso;

^ estalos nas fundações do prédio ou chão, acompanhados de afunda-mentos sem motivo aparente.

TESTANDO VAZAMENTOS

Antes de alarmar-se e chamar desnecessariamente uma firma especializada ou um encanador, faça um teste para comprovar o vazamento.

/Efluente: qualquer tipo de água

ou líquido, que flui de um siste-

ma de coleta, como tubulações,

canais, reservatórios, elevatórios

ou de um sistema de tratamento

ou disposição final, com estações

de tratamento e corpos de água.

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Para verificar se há vazamentos siga as seguintes instruções: ^ jogue migalhas de pão no vaso sanitário; ^ se as migalhas não ficarem no fundo, é sinal de vazamento

na válvula ou na caixa de descarga; ^ nos vasos cuja saída da descarga for para trás (direção da

parede), deve-se fazer o teste esgotando-se a água. Se a bacia voltar a acumular água, há vazamento na válvula ou caixa de des-carga.

Outra dica é você iniciar o controle do seu consumo registran-do os seus gastos numa tabela. Caso seu consumo médio apresen-tar aumento significativo, sem expansão paralela de atividades con-sumidoras de água, é porque existe algum vazamento.

ECONOMIZANDO NA HORA DE ABRIR A TORNEIRA

Grandes fontes de desperdício podem ser localizadas no nosso próprio cotidiano. Quando escovamos os dentes ou fazemos a barba mantendo a torneira aberta, estamos gastando muitos litros de água quando poderíamos estar gastando, com as torneiras fe-chadas, bem menos.

Se o exemplo for a lavagem do automóvel, uma mangueira aberta por 30 minutos gasta entre 200 e 550 litros d'água, enquanto 4 baldes com 10 litros cada seriam mais do que suficientes para o trabalho. Uma economia de 20% a 80%!

Como sempre, você deve manter-se atento com relação aos vazamentos e gotejamentos. Podemos compreender melhor a di-mensão do desperdício analisando a ilustração abaixo:

Você sabe quanta água se perde diaramente por uma torneira mal fechada?

; 16.400 litros J 25.400 litros 33.984 litros

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Pelo que foi exposto, você pode começar a economizar água atacando o problema pela raiz, ou seja, pela torneira, adotando os seguintes cuidados:

combata todo e qualquer vazamento de água; ^ feche bem todas as torneiras, certificando-se de que não há

goteiras; ^ elimine da sua vida a prática da "vassoura dágua", ou seja, a

lavagem das calçadas e quintais utilizando a mangueira; ^ somente use a mangueira caso estritamente necessário;

mantenha a torneira fechada quando não estiver usando a água, como ao lavar a louça e a roupa;

ÉJLS quando estiver com a torneira aberta, na pia da cozinha, por exemplo, coloque a louça por lavar debaixo do fluxo, assim, enquanto você lava uma peça, a água corrente já vai antecipando a lavagem da próxima peça;

nunca deixe de fechar direito a torneira. Evite manter um fluxo de filetes de água. Com o tempo, o registro fica viciado, comprometendo a sua finalidade e desperdiçando água;

escove os dentes ou faça a barba sempre com a torneira fechada ou então, utilize um copo (é perfeitamente possível escovar os dentes com apenas um copo de água, experimente!);

substitua a mangueira por baldes de água na lavagem do carro; tuí também não desperdice qualquer fração de água com sabão.

Você pode atirá-la para lavar ou passar uma água nas calçadas, quin-tais etc;

^ não use equipamentos perdulários no consumo de água, caso das duchas de alta pressão;

ÉS faça a limpeza necessária na casa, mas evite excessos. Não é promovendo o dilúvio que sua casa ficará mais limpa. Ela apenas se tornará mais úmida;

durante o verão, não regue o jardim ou suas plantas durante o dia, mas sim no entardecer ou à noite. O aproveitamento da água pelas plantas será bem maior;

não dê descargas muito demoradas. Se possível, substitua os vasos sanitários de formato tradicional pelos poupadores de água;

É i não tome banhos muito demorados.

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ECONOMIZANDO NA HORA DE LIGAR O LAVA-LOUÇAS

Apesar de malvisto por muitos ecologistas, que julgam o equi-pamento "antiecológico" em razão de ser mais uma fonte de con-sumo de energia, é indiscutível a utilidade desse equipamento. Apesar de consumir eletricidade, a máquina de lavar louça é uma grande poupadora de água.

A título de exemplo, lembramos que uma lavadora grande, com capacidade para lavar a louça de uma família com seis pessoas, consome, quando bem usada, apenas 40 litros de água, enquanto uma torneira aberta na pia consome exatos 243 litros. Uma econo-mia e tanto!

Para otimizar o desempenho do seu equipamento, seguem alguns conselhos úteis, extensíveis também para a lavagem na pia:

^ limpe os pratos e panelas de todos os restos com uma escova; ^ deixe as panelas de molho, juntando talheres e outros utensílios

no seu interior; ^ coloque as peças na lavadora e somente acione o equipamento

quando este estiver cheio.

DICAS PARA ECONOMIZAR GÁS

O gás natural tem conquistado grande popularidade como for-ma de energia limpa e não poluente, e isto porque gera pouquís-simos subprodutos na sua combustão. O gás natural não pode ser confundido com o GLP - gás liquefeito de petróleo - , geral-mente distribuído na forma de botijões, comercializados por meio

de caminhões que percorrem as mas, ven-Poluente: qualquer forma de\ dendo-os diretamente aos consumidores. matéria ou de energia que inter-

fira prejudicialmente nos usos pre-

ponderantes das águas, do ar e

Existem diferenças entre os dois tipos de gás. O primeiro é um gás genuinamente natural, formado pela Natureza nas profun-

do solo, previamente definidos^/ das camadas do subsolo e geralmente asso-ciado às jazidas de petróleo. Quanto ao GLP,

trata-se de um produto artificial, em muitas ocasiões confundido pro-positadamente com o primeiro pelos distribuidores do produto.

Além das diferenças quanto à origem, existem outras quanto às características físico-químicas. Por exemplo, o GLP é mais pesado que o ar, sendo muito perigoso por tender a se acumular em lugares

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fechados, caso das cozinhas e dos banheiros. Pode originar o cha-mado "efeito bolsão", responsável por grandes e desastrosas ex-plosões em diversas cidades do país.

Com relação ao gás natural, este é mais leve que o ar e dessa forma, quando vaza, dissipa-se na atmosfera, sendo muito raro estar associado a acidentes. Outra vantagem do gás natural é o fato de não causar corrosão, caso do GLP, O que determina um aumento da vida útil dos equipamentos.

Evidentemente, em vista das vantagens elencadas, existe uma forte pressão social, e também econômica, visando a conversão do uso do GLP para o gás natural, inclusive na forma de determinações legais proibindo o uso de botijões em apartamentos e impondo que as edificações sejam construídas de modo a estarem adequa-das a receber o gás natural.

APROVEITANDO MELHOR OGAS

Para eliminar o desperdício de gás, atente, no caso da cozi-nha, para as seguintes orientações toda vez que ligar o fogão: \ evite cozinhar os alimentos em panelas destampadas, o que, além de constituir desperdício de energia, implica a perda de preciosos nutrientes na preparação dos alimentos;

procure usar panelas com formato adequado, impedindo que a chama se dissipe pelos bordos;

^ use panelas termicamente efi-cientes, optando pelas de ferro ou pelas de alumínio com alma de cobre;

^ nunca deixe de aproveitar qual-quer sobra de água quente. Você pode utilizá-la para esterilizar a pia ou para auxiliar na limpeza do ralo;

^ quando ferver água, lembre-se de que a fervura se mantém com uma intensidade menor da chama.

OS CUIDADOS NECESSÁRIOS COM 0 GÁS

Além do cuidado na utilização do gás na hora do preparo dos alimentos, existe uma outra ordem de preocupações associada aos cuidados com a manipulação do gás.

Uma das mais preciosas lições da

culinária oriental é o fato de que,

no Extremo Oriente, jamais os ali-

mentos são demasiadamente cozi-

dos, optando-se por uma fervura

leve, que mantém os vegetais num

estado próximo do natural, preser-

vando-se assim o essencial dos nu-

trientes no preparo dos alimentos.

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A mulher que cozinha numa panela de barro ao ar livre consome talvez oito vezes mais energia do que uma vizinha mais rica que cozinha num fogão a gás e em panelas de alumínio. O pobre que ilumina sua casa com lamparinas a querosene obtém um quinze avos da luz gerada por uma lâmpada elétrica de 100 W, mas consome a mesma energia. Estes exem-plos ilustram o trágico paradoxo da pobreza. Para o pobre, a escassez de dinheiro constitui uma limitação maior do que a escassez de ener-gia. Eles são forçados a usar combustíveis "livres" e equipamentos ineficientes porque não possuem dinheiro nem economias para comprar combustíveis com rendimento energético e dispositivos de uso final. Portanto, em termos coletivos, pagam muito mais por unidade de servi-ço de energia suprida.

Toda vez que utilizar equipamentos abastecidos com gás, aten-te para os seguintes detalhes:

no caso do cheiro de gás e/ou vazamentos, jamais acenda ou risque fósforos. Antes de mais nada, abra as portas e as janelas para propiciar o máximo de ventilação possível. Verifique a origem do problema, constatando se o cheiro é proveniente da sua residência ou da vizinhança;

^ caso considere interessante, existe a alternativa dos detectores de gás, disponíveis no comércio especializado. Os aparelhos são constituídos por um sensor e por um alarme comum, ativados automaticamente quando a concentração do gás ultrapassa os limites toleráveis;

ÈU4 quanto ao forno, risque primeiramente o fósforo e somente posteriormente abra o registro. Se ocorrer uma liberação de gás sem queima imediata, a tendência será promover um acúmulo no recinto do forno, propiciando condições para um efeito bolsão

que, embora em "pequena escala", poderá O gás, na realidade, é inodoro.N levar você pelos ares. Assim, caso não O seu cheiro decorre do enxofre

que é misturado como medida de

segurança.

consiga acender o queimador, feche o registro, mantenha o forno aberto e aguarde de dois a três minutos antes de uma nova

/ tentativa;

com relação ao aquecedor de água a gás, a instalação de uma chaminé é indispensável, pois a queima do gás produz subprodutos que devem ser conduzidos para fora do imóvel. Verifique de tempos em tempos se as conexões da chaminé estão bem ajustadas;

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ÉS uma vez que o aquecedor é necessariamente um consumidor de oxigênio, o local no qual estiver instalado deve ser necessariamente bem ventilado. Por isso, nunca feche completamente o basculante enquanto o aquecedor estiver funcionando;

o ar gasto pelos equipamentos consumidores de gás deve ser permanentemente renovado, e, assim sendo, nunca feche totalmente as janelas do compartimento enquanto o aquecedor estiver ligado. Faça uma checagem constante das ventilações permanentes, verificando se estão obstruídas ou não;

faça revisões freqüentes nos equipamentos a gás, mantendo-os em boas condições de uso. Os aparelhos a gás devem ser revisados ao menos uma vez ao ano. Devemos prestar especial atenção quanto à cor da chama dos fogões e checar se não há acumulo de fuligem nos queimadores e chaminés. Não se esqueça de que boa parte das intoxicações decorre da má combustão do gás;

ÉS nunca mantenha, no caso do fogão a gás e equipamentos similares, registros e dutos de gás com prazo de validade vencido. Faça sempre a troca no prazo, como medida essencial de segu-rança. A sua vida não tem preço.

USANDO ENERGIAS ALTERNATIVAS

O fato de a economia mundial ser acionada por combustíveis fós-seis não renováveis, como o carvão e o petróleo, faz com que sejam despejados a cada ano na atmosfera terrestre, apenas sob a forma

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gasosa do dióxido de carbono, cerca de seis bilhões de toneladas da substância, responsável por inúmeras doenças, pelo gradual aqueci-mento do planeta e por uma poluição cada vez mais insuportável.

Apesar de já haver consenso entre os cientistas sobre a probabi-lidade de os futuros desequilíbrios climáticos serem catastróficos, a liberação de carbono na atmosfera não diminuiu, mas continua cres-cendo. É assim que matrizes menos impactantes, mais brandas, ditas "soft" de geração de energia, conquistaram crescente popularidade e difusão.

Assim, principalmente a partir dos anos setenta, surgiu uma série de propostas relacionadas com o uso de energias alternativas ou renováveis, adaptadas inclusive para o âmbito doméstico. Essas ener-gias alternativas seriam principalmente a solar e a eólia. A energia geotérmica, baseada no aproveitamento do calor interno da Terra e a maremotora, aproveitando a energia do deslocamento das marés, nem sempre dispondo das pré-condições necessárias para seu apro-veitamento, estão presentes numa escala muito restrita.

No geral, as formas alternativas possuem como denominador co-mum o fato de serem renováveis e serem bastante adaptadas ao meio natural. No entanto, não quer dizer ausência de impactos. As energias renováveis também apresentam impactos à saúde e ao meio ambiente, ocasionando desde ferimentos decorrentes de que-das de telhados durante a manutenção térmica solar e o inconveniente brilho do sol nas superfícies de vidro, até os impactos em termos de poluição sonora gerados pelas modernas turbinas movidas a vento, podendo incomodar a população vizinha.

Essas questões, porém, são irrelevantes quando comparadas com os impactos causados pelas demais fontes de energia.

UTILIZANDO ENERGIA SOLAR EM SUA CASA

Muitos acreditam que, da mesma forma como já passamos pela idade do carvão, e presenciamos nos nossos dias uma "era do petró-leo", talvez possamos estar assistindo ao surgimento da idade solar. O sol é o recurso mais abundante, democrático e gratuito (e espe-ramos que assim permaneça) que existe.

A energia irradiada pelo sol é a grande fonte de energia primá-ria que atinge a Terra, representando cerca de quatro trilhões de

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megawatts-hora por dia. Aproximadamente 60% dessa energia são novamente devolvidos ao espaço, por reflexão, ou são absorvidos pela atmosfera, constituindo a energia dos ventos, tufões e tem-pestades.

Algo em torno de 40% chega à superfície do solo e oceanos, o que corresponderia, segundo alguns cálculos, a 5 ou 6 milhões de vezes a energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu. A utilização da energia solar ainda é pequena, mas começa a constituir fator importante em algumas regiões do mundo.

Podemos citar, por exemplo, o aquecimento doméstico da água com energia solar na Austrália, Grécia e Oriente Médio, além de vários programas de energia solar no Leste Europeu, EUA e Japão. O aproveitamento da energia do sol por meio de termoelétricas está na fase de projetos marginalmente competitivos, sendo neces-sárias evoluções nos aspectos da pesquisa e desenvolvimento no sistema dos coletores e no sistema de geração de eletricidade.

Outra tecnologia é a geração de energia elétrica por meio de módulos de células fotovoltaicas, também conhecidos como pai-néis solares. Estes, em razão do constante aprimoramento tecno-lógico, vêm apresentando um aumento constante na sua eficiência operacional. As aplicações que têm se demonstrado vantajosas são os sistemas acoplados a módulos de baterias, com controladores de carga e inversores que, por requererem pouca manutenção, são bastante convenientes e versáteis.

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Há basicamente dois tipos de equipamentos com base na energia solar muito úteis para sua casa: i ä os que aquecem a água para a formação de vapor;

os painéis solares, que transformam diretamente luz solar em ener-gia elétrica por meio de células fotovoltaicas.

Com relação à eletricidade, conheça algumas das características:

os painéis solares fotovoltaicos produzem eletricidade em corrente contínua, 12 volts. Só podem funcionar diretamente em

aparelhos de voltagem compatível. Há no mercado alguns equipamentos que funcio-nam em 12 volts, com corrente contínua, caso das lâmpadas fluorescentes, aparelhos de TV, rádios, bombas d'âgua etc.;

Em Israel, não se pode construir

sem instalar, no mínimo, um sis-

tema solar de aquecimento de

água.

para alimentar eletrodomésticos que funcionam em corrente alternada, é preciso usar um inversor, que transforma os 12 volts de corrente contínua em 110 ou 220 alternada;

Éã para alimentar equipamentos de corrente contínua de 24, 36 ou 48 volts, associa-se o número correspondente de painéis em série. Pode-se acoplar uma bateria para armazenar energia para usos posteriores.

Os painéis solares de fabricação nacional são capazes de gerar energia suficiente para manter:

^àí 1 painel: mantém acesa uma lâmpada fluorescente de 15 watts por 6 horas, ou aciona uma bomba de 12 volts para abastecer uma caixa-d'água de 1.000 litros.

^ 2 painéis: fornecem energia para uso simultâneo de ilumi-nação, aparelho de TV e radiocomunicação.

^ 3painéis: alimentam uma geladeira de 150 litros.

^ 4 painéis: fornecem energia para iluminação, rádio, TV e bombeamento de água para residência rural.

Com relação ao fornecimento de água aquecida, um sistema para aquecimento de 400 litros solicita, em média, quatro placas coletoras. Apesar de caro, no geral, o investimento é recuperado após três anos, com a economia obtida no consumo de energia.

Após esse período, é só gozar de autonomia para o resto da sua vida!

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UTILIZANDO ENERGIA EÓLIA NA SUA CASA

A energia eólica vem sendo usada há séculos, principalmente para bombear água, como foi no caso dos moinhos de vento dos Países Baixos, que colaboraram na imemorial luta do povo holan-dês contra a força dos mares. Atualmente, países como os EUA (particularmente na Califórnia) e Dinamarca apresentam rápido crescimento e difusão do aproveitamento dos ventos.

Nesses dois países são usadas turbinas de vento para gerar energia para a rede elétrica local. Os custos de geração tiveram uma redu-ção significativa desde 1985, quando situava-se em torno de 20 centavos de dólar americano por kw/h, esperando-se uma redu-ção para menos de 4 centavos de dólar americano por kw/h ao longo da próxima década.

Em nível residencial, o comércio especializado oferece diversos modelos, todos ainda importados, adaptados a diferentes contex-tos e necessidades, desde os que solicitam muito espaço até os pequenos coletores, que podem ser instalados em pequenos tre-chos com relativa facilidade.

O modelo e a finalidade a serem escolhidos constituem op-ção sua, mas o fornecimento do vento, eterno e renovável, é da Natureza.

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LIXO: ACERTANDO NA CESTA

Praticamente desde o primeiro momento em que surgimos no mundo, nos é ensinado que o lixo é nojento, cheira mal, é com-posto de coisas velhas, não desejadas, atrai bichos repulsivos, pro-voca doenças... e no entanto cresce ano a ano, num movimento paradoxal. Quanto mais somos seduzidos para o novo, mais velha-rias são produzidas; quanto mais somos seduzidos para o limpo, mais imundícies são geradas.

A palavra lixo é proveniente do latim lix, que significa cinza ou lixívia, ou do verbo lixare, que significa polir, desbastar, arrancar o supérfluo. Por conseguinte, uma vez retirado o excesso, resta definir qual o seu destino. Nas antigas civilizações, os processos de eliminação do lixo visavam basicamente afastar e cobrir os resíduos, atitude que, em razão do "perfil do lixo" então existente, era plenamente satisfatória.

Tora cCo acampamento, terás íugar onde te possas retirar para as suas necessidades. Levarás no equipamento uma pá para fazer as necessidades. Jlntes de voítar, coòrirás os excrementos.

0 PROBLEMA DO LIXO

Deuteronômio, 23: 13-14

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No caso da modernidade, porém, a questão conquista com-plexidade muito maior. As montanhas de lixo que ela criou cons-tituem o centro de um problema sem precedentes no tocante ao monitoramento dos resíduos, tanto no aspecto quantitativo quan-to no qualitativo.

Atentemos calmamente para os dados expostos abaixo. Os 60 milhões de brasileiros que formam a população

economicamente ativa do país consomem 70 quilos de embalagens por habitante, por ano. A indústria de embalagens é consumidora de 60% do plástico produzido no país, 56% do vidro, 46% do papel, 15% do aço e 12% do alumínio (CEDI, 1992).

Para produzir esses materiais, é gasta uma fabulosa quantidade de energia. Uma tonelada de alumínio consome 17.600 kw/h; 1 tonelada de aço, 5.750 kw/h; 1 tonelada de plástico, 1.140 kw/hora; 1 tonelada de papel, 600 kw/h e 1 tonelada de vidro, 150 kw/h. O lixo, portanto, é um produto caríssimo!

"Em 1970, oito caCorias de combustíveis fósseis produziam uma caíoria de aíimentos. O processo de embaíagem também consome grandes quantidades deenergia: uma simpíes garrafa de Coca-Cola, descartável, necessita de 1.471 caiarias para ser emòaíada.

Antônio Roberto Guglielmo

Estima-se em 90.000 toneladas diárias a quantidade de lixo produzido nas cidades brasileiras. Cerca de 60% de todo o lixo é coletado, geralmente em áreas comerciais e residenciais de maior poder aquisitivo, permanecendo o restante junto às casas ou atirado nas ruas, terrenos baldios, encostas, mananciais, córregos e rios. Nesses lugares são comuns os deslizamentos, as enchentes, os focos de doenças, cheiros pestilentos e uma

paisagem infernal. "íp Cerca de 3% do lixo coletado segue

para aterros ditos "sanitários", que em sua imensa maioria não são sanitários, mas sim aterros "controlados" (também um eufemismo, pois a falta de controle é generalizada). Mais de 50% do lixo coletado entope os lixões de modo caótico.

Aterro sanitário: disposição dos

resíduos sólidos no solo e sua co-

bertura por terra, numa freqüên-

cia semanal ou maior, de modo

a não ocasionar prguízo ao am-

biente e à saúde pública.

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O crescimento mundial das cidades aumentou a quantidade e os tipos de materiais utilizados na fabricação de produtos, aumentando, por um lado, a procura de energia e de matérias-primas e, por outro lado, as montanhas de lixo produzidas diariamente. Há 30 anos, cada pessoa produzia entre 200 e 500 gramas/dia de lixo, enquanto hoje na América Latina, se estimam entre 500 e 1000 gramas por pessoa e nos países do hemisfério Norte, valores 2 a 4 vezes maiores.

$?A composição do lixo também vem se alterando, de quase completamente orgânica passa a ser uma massa volumosa, diversi-ficada, parcialmente não biodegradável e com porcentagens cres-centes de materiais tóxicos e perigosos, quando não inclui materiais portadores de radioatividade (o caso do Césio de Goiânia é um dos exemplos mais conhecidos da modalidade).

Jí sociedade do descartáveC desenvoCveu-se quando a energia era èarata, as matérias-primas abundantes e quando um número muito menor de pessoas do que o existente atuaímente competia peCos recursos. Mas, com suas origens em eras já passadas, os dias da sociedade do descartáveC estão contados (...). JA. sociedade do descartáveí opera segundo o princípio da oèsoCescência planejada, conceito introduzido peia indústria automoèiCística.

Lester Brown

A sociedade de consumo contribuiu diretamente para a mon-tanha de lixo que está ameaçando afogar o planeta. Desde que a humanidade surgiu no planeta, o conceito tradicional relacionado com a produção de objetos sempre esteve baseado na durabilida-

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de. Fazia-se uma determinada coisa para sempre. A perda desse valor pela modernidade, que admite que os objetos possam ou

mesmo devam ser tratados sem qualquer Os países industrializados geram \ resPeitO. como s T g l E H l S fossem impor-" cerca de ^O% dos rejeitos peri

gosos do mundo inteiro tantes de um ponto de vista universal, é diretamente responsável por essa situação.

SOLUÇÕES GE MIS EXISTENTES PARA 0 LIXO

Muitos países compartilham, ao menos formalmente, de uma mesma concepção no que diz respeito às prioridades no direcio-namento emprestado à administração e monitoramento do proble-ma do lixo.

Desse modo, com base nas metodologias existentes, procura-se prioritariamente: 4 '§3 mudança dos hábitos culturais e de consumo das pessoas,

predispondo-as a adotar posturas ambientalmente mais corretas; redução da produção de lixo na fonte, isto é, procura-se evitar

ou diminuir ao máximo a geração de_resíduos; incentivar produtos e embalagens reutilizáveis e/ou recicláveis;

^^reutilização direta dos materiais, como garrafas de vidro e embalagens industriais;

reciclagem do lixo; N. incineração do lixo;

Evite produtos descartáveis: co- ^ aterro pos plásticos, garrafas de vidro

sem retorno e barbeadores são

poluentes. Use sacolas de pano

para as compras.

Deste modo, enquanto as autorida-des não atuam ou não resolvem a con-tento a questão, o cidadão comum pode contribuir para atenuar os problemas do lixo adotando um amplo leque de pro-cedimentos.

É o que veremos a seguir.

MUDANDO 0 SEU MODO DE VIDA

A primeira e melhor maneira que você tem para contribuir com a diminuição do volume do lixo é simplesmente abandonando o seu modo costumeiro de vida, perdulário de energia e recursos naturais. Lembre-se de que uma casa ecológica somente existe ou se justifica quando também tornamos ecológico o nosso modo de vida.

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DIMINUINDO A GERAÇÃO DE RESÍDUOS

A diminuição da geração de resíduos na fonte é a segunda mais importante estratégia adotada para administrar a questão do lixo. Como é possível observar, esta estratégia associa-se muito intima-mente com a primeira, isto é, com a mudança da nossa forma de ver e de observar o mundo. Deste modo, sua participação é de suma importância.

As leis básicas do lixo

Todas as atividades geram lixo, mesmo as de reutilização e reciclagem.

Lixo atrai lixo. Limpeza repele lixo.

Uma cidade ou uma casa limpa não é aquela que mais se limpa, mas aquela que menos se suja.

Atente pois para os procedimentos que você pode adotar.

AJUDANDO A MANTER 0 MUNDO LIMPO

Podemos (e devemos) cessar a produção de lixo na fonte ou, então, atenuar ou retardar ao máximo o ingresso de "lixo novo" nos depósitos e lixões. Materiais e substâncias como papéis, vidros, plás-ticos, metais e a porção orgânica do lixo podem ser poupados, sen-do o uso mais criterioso desses itens uma estratégia de importância fundamental para a preservação do meio ambiente.

Produzindo menos lixo e sendo mais criterioso com as coisas, você estará ajudando a limpar o mundo.

GERANDO MENOS PROBLEMAS COM AS EMBALAGENS

Os alimentos industrializados são embalados nos mais diver-sos tipos de materiais como o vidro, papelão, plástico e o alumí-nio ou então, por meio de combinações, como, por exemplo, as embalagens do tipo "longa vida", compostas por alumínio, pape-lão e plástico.

É significativa a presença das embalagens na composição do lixo. Na Comunidade Européia, representam cerca de 36% do total dos resíduos e para enfrentar o problema, alguns instrumentos têm sido utilizados pelos governos europeus. Vale a pena tomar co-

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nhecimento desses procedimentos para termos clareza do que po-demos implantar no Brasil.

Primeiramente, em termos fiscais, a Comunidade Européia esta-beleceu uma série de impostos sobre vasilhames não retornáveis, depósito sobre vasilhames retornáveis, impostos sobre matérias-primas e isenção para matérias recicladas.

Em segundo lugar, quanto aos instrumentos técnicos, adotou-se a proibição de vasilhames de PVC, criaram-se objetivos quantitativos de reutilização e programas de reciclagem de diversos materiais. Quanto aos fabricantes, estes passaram a ser responsabilizados pela solução do problema das embalagens dos seus produtos.

Com isso, procurou-se combater a estratégia adotada pelos pro-dutores de repassar os custos ambientais para os consumidores. Os pontos de venda, na Europa, passaram a ser obrigados a rece-ber de volta as embalagens e entregá-las imediatamente ao fabri-cante, sob pena de sanção legal.

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Por fim, a legislação sobre o lixo proibiu o sistema público de coletar essas embalagens. A estratégia adotada pressupõe que, ao cabo de alguns anos, haverá muito pouco rejeito no lixo, pois a maior parte dos materiais será reaproveitada.

Apesar de a legislação ambiental brasileira ser muito consisten-te, as autoridades - para variar - zelam pouco ou quase nada quando a preocupação é o meio ambiente. O cidadão consciente pode, no entanto, adotar algumas medidas simples, porém bastan-te eficientes, para atenuar o problema, dentre elas:

'§3 produtos superembalados são em quase todos os casos mais caros do que os produtos a granel. Economize e poupe a Natureza adquirindo a granel;

prefira as embalagens reci-cláveis. Em geral, esses tipos de embalagens apresentam uma marca composta por setas dispostas em círculo; lembre-se, no entanto, de que reciclável significa que a embalagem pode ser reciclável no futuro. Se não houver algum local para absorver essa embalagem, ela se tornará lixo;

dê preferência para em-balagens com selos indicando a procedência ecologicamente correta do produto, caso do dolphin safe, presente nas latas de atum. O selo indica que se trata de produto proveniente de pesca não predatória;

opte pelas marcas que informam a composição da embalagem dos seus produtos;

evite adquirir produtos One Way, isto é, cujos recipientes não podem ser retornados aos locais de venda;

prefira utilizar produtos com refil; no caso de produtos de origem florestal, procure pelo selo FSC, que identifica extração não predatória da matéria-prima;

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exclua incondicionalmente o isopor. Essa substância é altamente tóxica e prejudica a camada de ozônio porque possui CFC na sua composição;

Resultado direto do crescimento da população que vive só, os super-mercados no Brasil, a exemplo do que acontece há muito tempo no Primeiro Mundo, também passaram a comercializar produtos com em-balagens menores, adequadas ao consumo solitário e individual.

não aceite que o vendedor embrulhe peixes ou a carne com jornal, pois a tinta de impressão possui elementos químicos preju-diciais à sua saúde.

GERANDO MENOS PROBLEMAS COM AS PILHAS

As pilhas úmidas, como as baterias dos automóveis, e as pilhas secas são altamente lesivas ao ambiente. Elas contêm metais pesa-dos, como por exemplo o chumbo, cádmio e o níquel, todos dani-nhos à saúde. As pilhas não devem ser encaminhadas para a cole-ta^pois podem contaminar o composto orgâjiico.

No Brasil, uma resolução de 1999 deter-mina que os fabricantes recebam as pilhas dos consumidores e sejam responsáveis por uma destinação aceitável. Em países como a Alemanha e o Japão, os próprios fabri-cantes são obrigados a coletar, reciclar ou dar um encaminhamento ecologicamente não impactante para artigos como pilhas.

As alternativas de que dispomos são: reduzir o consumo de pilhas, usando

um adaptador para corrente elétrica; ££ reutilizar, adquirindo pilhas recarregáveis ou equipamentos

que operam com base em baterias solares.

IMPEDINDO A TRANSFORMAÇÃO DO PAPEL EM LIXO

Uma porcentagem superior a 20% do lixo produzido pelas casas brasileiras é constituída por uma profusão de papéis e papelões, materiais que um dia jã foram árvores. Você pode contribuir para minimizar esse problema adotando os seguintes procedimentos:

Metais pesados: metais como

cobre, zinco, cádmio, niquel e

chumbo, comumente usados na

indústria e que podem, se pre-

sentes em elevadas concentra-

ções, retardar ou inibir o pro-

cesso biológico aeróbio ou

anaeróbio, e ser tóxicos para os

organismos vivos.

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bata no liqüidificador e coloque a mistura triturada na bacia.

pique o papel e coloque de molho na bacia. /*"

COMO FAZER PAPEL RECICLADO

Ingredientes: Papeis velhos, bacia, água, liqüidificador, duas molduras, uma com tela de náilon.

vire a tela e coloque sobre uma mesa

retire a moldura sem tela mergulhe as molduras na mistura

retire a tela e deixe o papel reciclado secar sobre o jornal.

coloque um jornal sobre a mistura na tela e aperte.

$5 dar preferência para agendas, cadernos e livros fabricados com papel reciclado;

^ ser mais criterioso na utilização do material. Pense antes de usar qualquer folha de papel;

$5 aproveitar toda fração de papel disponível;

^ reutilizar lado em branco dos papéis;

reaproveitar envelopes. Nos escritórios, são bastante apropriados para remessas internas de documentos e outros usos que dispensem envelopes novos;

reaproveitar ao máximo as caixas de papelão, envelopes, cartões, papel de fax e xerox, impressos em geral etc.;

requisitar a retirada do seu nome das listagens de empresas que lhes enviam folhetos com informações inúteis e que não o interessam;

participar de programas de coleta

C a d a tonelada de papel

reciclado evita a derrubada de

lé a 30 árvores, em média.

seletiva.

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IMPEDINDO A TRANSFORMAÇÃO DO VIDRO EM LIXO

O vidro é um nobre material inventado pelos antigos fenícios, que monopolizaram sua fabricação no Mediterrâneo durante sécu-los. O vidro, material sumamente respeitável por suas qualidades intrínsecas, sempre foi requisitado em todo serviço ou atividade que necessitasse de maior refinamento.

Dentre muitas outras, podemos destacar as seguintes vantagens proporcionadas pelo vidro:

<§3 vidro é higiênico, conservando o aroma e o sabor dos alimentos; <5? vidro é pouco suscetível a mudanças de temperatura;

vidro é transparente, permitindo observar o conteúdo; <§3 vidro não deforma; <§3 vidro é retampável;

vidro não gera substâncias tóxicas; vidro é mais facilmente reciclado.

O mundo moderno vulgarizou o seu uso e universalizou sua difusão. Exemplo disso é que das profundezas abissais do Oceano Pacífico foi retirada uma garrafa de Coca-Cola, o que também demonstra a capacidade deste material de permanecer no ambiente sem se decompor. Vale assinalar que embora a reciclagem de recipientes de vidro economize apenas 8% com relação à produção do material novo, os recipientes podem no entanto ser devolvidos e reutilizados indefinidamente.

Veja o que você pode fazer para minimizar o problema: reutilizando garrafas como vasos, como recipientes para uso

geral ou como potes para guardar pequenos objetos, botões, pregos etc.;

encaminhando potes e frascos vazios e limpos para instituições que mantêm cursos de lapidação em vidro;

dando preferência por embalagens de vidro com retorno; f 5 s e o consumo de refrigerantes for grande na sua casa, procure

comprar quantidade maiores, pois assim, além de preço melhor, você estará estimulando a circulação de frascos de vidro retornáveis;

tendo de optar entre embalagens de vidro ou de plástico, não hesite: opte pelo vidro. Se estiver num bar, adquira apenas o refrigerante ou água mineral que dispuser de apresentação em vidro;

<§3 participando dos programas de coleta seletiva.

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Gerando menos problemas com as fraldas Est ima-se que, nos Es tados Unidos, são jogados no lixo 1 8 . 0 0 0 . 0 0 0 . 0 0 0 de fraldas sujas por ano. Uma criança chega a usar, a t é aprender a ir ao banheiro, 1 tonelada ou 100 .000 fral-das. Estas autênticas montanhas de fraldas usadas são de difí-cil deterioração sob condições naturais, podendo perdurar por muitos anos.

As f raldas descartáveis constituem um poderoso agente poluidor e de contaminação do ambiente natural. A alternativa - única no caso - são as fraldas de algodão.

Não é fácil, mas com o tempo você vai se acostumar. Lembre-se de que as fraldas de algodão apresentam as seguintes vantagens:

$ são mais baratas;

^ s ã o reutilizáveis inúmeras vezes;

^ s ã o mais delicadas para a pele da criança.

IMPEDINDO A TRANSFORMAÇÃO DO PLÁSTICO EM LIXO

Apesar de algumas vantagens oferecidas pelos plásticos (outras embalagens ocupariam um volume até 150% maior que o atual e seu peso aumentaria cerca de 300%, elevando o consumo de com-bustíveis subproduto de um recurso natural não renovável, as po-lêmicas que se desenvolveram contra seu uso apresentam no míni-mo um consistente apanhado crítico do material.

O que é o plástico? O ponto de vista de um filósofo Para Roland Barthes, o plástico foi o primeiro material a aboiir a "hie-rarquia das substâncias", pois tudo poderia ser fabricado com ele. Embora os nomes comerciais sejam inspirados em pastores da mitolo-gia grega (Polistirene, Fenoplaste, Polivinile, Polictilene), o plástico sem-pre evocaria um sentido de coisa artificial: "Na ordem poética das gran-des substâncias, é um material desfavorecido, perdido entre a efusão das borrachas e a dureza plana do metal: não realiza nenhum dos ver-dadeiros produtos da ordem mineral, espumas, fibras. E uma substân-cia alterada: seja qual for o estado em que se transforme, o plástico conserva uma aparência flocosa, algo turvo, cremoso e entorpecido, uma impotência em atingir alguma vez, o liso triunfante da Natureza. Mas aquilo que mais o trai é o som que produz, simultaneamente oco e plano. O ruído que produz derrota-o, assim como as suas cores, pois parece poder fixar apenas as mais químicas: a do amarelo, do vermelho e do verde, só conserva o estado agressivo, utilizando-as apenas como um nome, capaz de ostentar apenas conceitos de cores."

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Contra o uso do plástico, sabe-se que além de ser um subproduto de um recurso natural não renovável, o petróleo, constitui uma substância que, quando abandonada no meio natural, torna-se um poderoso poluente de difícil degradação.

O plástico tem sido responsabilizado como um dos grandes fatores que contribuem com inundações, entupindo bueiros e ga-lerias. Quando incinerado, produz dioxina, considerada uma das mais perigosas e mortais substâncias criadas pelo homem. Trata-se de uma substância ainda largamente desconhecida em termos de perigos que pode representar para a humanidade.

Mesmo a reciclagem, constantemente apresentada como uma das soluções para o problema dos plásticos, apresenta problemas insolúveis, a começar pelo desinteresse das próprias grandes em-presas pela reciclagem. Nos Estados Unidos, por exemplo, recicla-se 1,5% do total do plástico produzido, enquanto os 98,5% são rejeitados (dados de 1995).

Pelo que é possível avaliar, é fundamental minimizar o proble-ma dos plásticos. Apoiamos este esforço:

evitando os produtos fabricados com plástico e comprando similares feitos com outros materiais. Entre o plástico e o vidro, dê preferência para este último;

utilizando ao máximo seus equipamentos e objetos de plástico. Evite criar lixo com esta origem, optando por embalagens mais facilmente recicláveis;

evitando o uso de sacos plásticos de supermercado. Faça suas compras com auxílio de sacolas de pano. Lembre-se de que, em países desenvolvidos como a Alemanha, quase ninguém usa sacos plásticos, apelando para a "atrasada" sacolinha de pano para as suas compras;

participe dos programas de coleta seletiva.

Contra as flores plásticas

Elimine a prática perniciosa de "enfeitar" sua casa com flores de plás-tico. Substitua as de plástico por flores naturais. Para obter flores secas naturais, utilize 10 partes de farinha de milho branca e 3 de bórax e deixe as flores nesta mistura por 15 dias. Lembre-se também de que flores frescas de hastes longas podem durar a té 3 semanas.

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IMPEDINDO A TRANSFORMAÇÃO DOS METAIS EM LIXO

Os metais, tais como o ferro, o chumbo e o alumínio, têm sido reciclados com intensidade nas sociedades industriais desde o século xix. A partir dos anos 70, com o avanço das idéias ambientalistas, esta estratégia tem sido valorizada com mais ênfase. Países como o Japão, grande potência econômica, obtêm da reciclagem uma proporção considerável dos metais necessários para a sua indústria.

Além de servir como fonte de matéria-prima, a reciclagem dos metais impede maior revolvimento da crosta e agressão aos ecossistemas pelas empresas de mineração, poupa energia que seria usada para produzir metal novo e impede a criação de maior quantidade de escória pelas indústrias.

Finalmente, ressalve-se que a tecnologia existente consegue processar rapidamente a sucata de alumínio em metal novo. Em apenas 42 dias, a latinha do refrigerante já usada, encontrada toda amassada pelo pneu de um carro por um catador anônimo de rua, poderá voltar para suas mãos como latinha nova.

No entanto, assinalem-se as situações em que o vidro pode, como no caso das embalagens de refrigerantes, ser ecologicamen-te mais vantajoso do que o alumínio. Não se esqueça de que o processamento do alumínio é ambientalmente muito impactante, a ponto de estas indústrias estarem sendo banidas do Primeiro Mun-do, e reexportadas para o Terceiro, por conta de uma legislação "mais liberal" ou simplesmente pela conivência das autoridades.

AQUI JAZ FUSQUINHA

1966-2000

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De resto, você pode contribuir com a estratégia da reciclagem dos metais:

utilizando ao máximo todo equipamento de metal;

no caso do ferro e do aço, atacar continuamente todos os pontos de ferrugem;

reaproveitar as latas, grandes ou pequenas. Elas são úteis para uma série de finalidades, particularmente por ocasião de reformas ou pintura da casa;

quando defrontado com a possibilidade de adquirir um refrigerante em embalagem de vidro ou alumínio, opte pelo vidro;

trave conhecimento com o sucateiro da região. A remuneração pelo metal velho é baixa, mas para a Natureza é alta;

optando pelo alumínio, participe das campanhas de coleta de latinhas de alumínio promovidas por entidade filantrópicas, escolas e empresas, muito freqüentes hoje em dia;

participe do programa de coleta seletiva.

IMPEDINDO A TRANSFORMAÇÃO DO VESTUÁRIO EM LIXO

Sempre que possível, opte pelo tecido de fibra natural.

Compre apenas o necessário. Não fique prisioneiro de modismos e tampouco de etiquetas. A função da roupa é proteger seu corpo, confortá-lo e garantir uma boa apresentação para você. Satisfeitas essas pré-condições, o resto não tem importância.

Nunca deixe de aproveitar as ofertas e liquidações. Ao mesmo tempo, esteja alerta com relação à qualidade do que é oferecido.

Tome cuidado com suas peças de roupa, evitando expô-las a situações de risco. Utilize sempre uma roupa adequada à atividade que você está desempenhando.

Dê preferência às etiquetas de roupas que contenham especificações sobre a matéria-prima e explicações sobre os cuidados ao lavar ou passar.

Transforme seu jeans velho em uma bermuda. Reutilize a roupa do filho mais velho para o mais novo. Se a roupa desbotar, procure verificar a possibilidade de tingimento. Faça sempre que possível reparos em suas roupas.

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Mantenha sempre disponível na sua caixa de costura, uma tesoura pequena, dedal, um bom jogo de agulhas, linhas de diversos tipos e cores e vidros cheios de botões variados.

^ Se o tecido rasgar e o conserto ficar muito caro ou não ser possível, transforme-o em pano para limpeza geral.

Quando de qualquer renovação do seu guarda-roupa, doe as peças que você não quer mais para uma instituição ou pessoa necessitada.

IMPEDINDO A TRANSFORMAÇÃO DAS SUAS UTILIDADES DOMÉSTICAS EM LIXO

Evite a transformação das suas utilidades domésticas em lixo prematuramente, estendendo, se possível, o seu prazo de validade até que esteja esgotado. Adote assim as seguintes medidas:

§5 faça manutenção periódica e/ou permanente dos seus equipamentos;

> conserte-os sempre que possível; - no caso do seu conjunto estofado, encaminhe uma reforma.

Não deixe tufos do estofamento ficarem brotando para fora (poucas anomalias são tão grotescas quanto esta). Caso não queira ou não compense, doe o conjunto para outra pessoa. Outra alternativa é doar o material para um estofador, que pode reaproveitar o material;

jogar fora um eletrodoméstico, peça de mobília ou um objeto qualquer é a última alternativa. Se você não precisa mais de um objeto, doe a alguém que possa usá-lo;

- se um aparelho não pode ser consertado, ele pode pelo menos ser reciclado. Aparelhos desativados e doados a pequenas oficinas de consertos têm suas peças recuperadas. Quanto às geladeiras e os aparelhos de ar condicionado, que contêm substâncias nocivas à camada de ozônio, solicitam maior atenção quanto à questão da sua destinação;

Um dos mais deprimentes espetáculos das inundações das grandes ci-dades brasileiras são as imagens dos telejornais que nos mostram con-juntos estofados, poltronas e colchões boiando nos rios e entulhando galerias.

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conservar os seus bens não significa acumular "tralha" na sua casa. Em hipótese alguma mantenha na sua casa coisas e objetos quebrados, sem uso ou finalidade. Livre-se deles imediatamente.

IMPEDINDO A TRANSFORMAÇÃO DE QUALQUER TIPO DE SUBSTÂNCIA OU MATERIAL EM LIXO

Não crie lixo, nem dentro, nem fora de sua casa. Colabore com a limpeza no seu local de trabalho e nos

logradouros públicos, ruas, avenidas e parques. Estando no carro, não atire papéis, pontas de cigarro, chicletes

ou impressos pela janela. Jamais se dê ao luxo de desperdiçar comida. O alimento é o

bem mais precioso que devemos manter na nossa casa (mesmo os restos, é possível reciclá-los como composto orgânico).

As multas por gestos incivilizados como atirar coisas e objetos dos car-ros são muito mais altas atualmente do que no passado, levando muitos maus cidadãos a pensarem duas vezes antes de atirar lixo pela janela.

Compre exclusivamente o que realmente necessita, optando sempre que possível pelas mercadorias de melhor qualidade e durabilidade.

UTILIZANDO PRODUTOS ECOLÓGICOS

O comércio oferece, nos dias de hoje, uma certa gama de produ-tos e serviços ecológicos residenciais, ou seja, produtos e instala-ções que não impactam o ambiente. Sem exceção, todos produzem pouca ou nenhuma poluição, ou então, são originários da reciclagem. Esses produtos têm sido cada vez mais requisitados pelo público "politicamente correto", preocupado com o destino do planeta.

Yale a pena ressalvar que existe um forte movimento de opinião pública mundial que vem exercendo pressão constante sobre as indústrias, para que os fabricantes passem a se responsabilizar pela qualificação ambiental das mercadorias produzidas.

Na pauta de produtos ecologicamente corretos, poderíamos elencar.

aparelhos de energia eólica, que captam energia dos ventos;

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os exaustores eólicos, que ventilam os ambientes pelo direcionamento dos ventos, em alguns casos dispensando o ar-condicionado;

biodigestores adaptados para domicílios, que produzem energia e fazem a transformação da matéria orgânica em composto orgânico;

impermeabilizantes fabricados a partir do óleo de mamona, passíveis de utilização inclusive em piscinas;

O fim do cimento-amianto: até que enfiml Respaldando um f o r t e consenso já existente nos países da Comunidade Européia, no Brasil, os fabricantes de fibrocimento, matéria-prima bá-sica para a fabricação de telhas e de caixas-d agua, estão preparando-se para abandonar o amianto, que representa cerca de 10% da compo-sição do material. Em substituição, pretende-se utilizar uma fibra sin-tética, o PVA, que já é utilizada na Europa. O procedimento decorre da suspeita de que as fibras de amianto provoquem câncer nos trabalha-dores. Assinale-se também que muitas cidades brasileiras, por conta de razões ambientais e de saúde, têm proibido a venda e/ou a utiliza-ção do material.

"5? produtos de madeira reflorestada, não incluindo, no caso, as madeiras de lei, que demoram décadas para atingir o ponto de corte. Os produtos com essa procedência apresentam um selo específico para identificação;

outra tendência na indústria de mobiliário e da construção civil é usar o bambu, substituindo madeiras com ciclo vegetativo muito longo e/ou ameaçadas de extinção;

telhas à base de fibra vegetal, também denominadas "telhas ecológicas", apresentadas em diversos modelos e cores. Compara-

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tivamente às telhas de material cerâmico tradicionais, as "telhas verdes" são mais interessantes porque o modelo não sofre processo de queima, ambientalmente muito impactante. Ademais, as telhas de fibra vegetal são mais leves e apresentam um baixo nível de absorção acústica e sonora;

tijolos ecológicos, assim denominados porque dispensam o processo de queima. São compostos por mistura formada por terra e por uma porcentagem pequena de cimento (em geral 10%). Depois de colocada em formas e prensada, a mistura é seca ao sol. Há também adobes ecológicos que apresentam encaixes, para facilitar a colocação e furos para a passagem da fiação elétrica e dutos hidráulicos;

se você estiver decidido a reformar ou construir uma casa nova, opte por uma técnica alternativa, a arquitetura de terra, por exemplo. Já existem, na atualidade, construtores que podem viabilizar o seu projeto;

^ existem também produtos como tintas com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis e seladoras à base de água, com mercado crescente ano a ano;

utilize detergentes biodegradáveis, também denominados de "moles". Esses detergentes são suscetíveis a ataques biológicos, degradando-se muito mais rapidamente, diminuindo os efeitos poluidores sobre as massas líquidas. Em contraposição aos biodegradáveis, estão os detergentes "duros" ou "recalcitrantes", altamente resistentes aos ataques biológicos e, assim, de degradação bastante lenta e por conseguinte com maior potencial de poluição;

de resto, procure optar preferencialmente pelos produtos que possuem selo ou outra indicação qualquer de origem ecologica-mente correta. Prestigie igualmente as lojas ecologicamente corretas, assim como o comércio alternativo de mobiliário, de roupas e objetos decorativos.

Selo Vgrds

Até o final de 1999, a proposta de implantação do Selo Verde no Brasil, destinado a a tes tar a qualidade dos produtos de consumo quanto aos cuidados com o meio ambiente, pressupunha que a execução ficaria a cargo de entidades privadas, que cobrariam uma taxa de concessão do certifiçado. O valor da taxa não seria superior a 0,1% do preço final do produto, e parte da arrecadação seria encaminhada para programas de conservação da Natureza.

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IDENTIFICANDO O "MARKETING VERDE'

Desde os anos 80 tem se acentuado uma tendência das grandes companhias em divulgar preocupação com o meio ambiente, ge-ralmente por meio de cuidadosas estratégias de marketing desen-volvidas a partir de contratos milionários com poderosas agências de publicidade. O procedimento decorre da preocupação da gran-de indústria com as críticas recebidas quanto aos impactos que promove no meio ambiente.

Assim, fortunas são atualmente gastas na mídia visando criar as mais incríveis mistificações e engodos. É o caso das transnacionais, responsáveis pela destruição da camada de ozônio, que no entan-to vendem a imagem de campeãs da sua proteção; ou das que, em nome da luta contra a fome, promovem a venda de agrotóxicos condenados em razão da sua periculosidade.

Essa modalidade de propaganda enganosa insere-se no que já tem sido definido como "marketing verde", modalidade da merca-dologia que se dedica a "ecologizar" as empresas e também se prestando a legitimar a aplicação do rótulo "ecológico" em produ-tos que passam solenemente ao largo desta preocupação.

Estar atento às manobras da publicidade é tanto uma forma de não comprar "gato por lebre" quanto impedir, deixando de com-prar, que a farsa se perpetue. Por definição, procure verificar as informações advindas de peças publicitárias versando sobre meio ambiente, aí incluindo a propaganda dos governos.

Artigos da grande imprensa, magazines e revistas especializadas constituem fontes muitíssimo mais seguras de informação.

RECICLANDO RECURSOS VITAIS

Aprendemos que pessoas e objetos nascem, envelhecem e mor-rem, e que nesta senda, pessoas viram cadáveres e objetos viram lixo.

No entanto, se prestarmos atenção, poderemos observar que o ciclo da Natureza prossegue, nos ensinando que a morte não é o fim, mas transformação, passagem para uma nova vida. Para pes-soas e coisas. O lixo, desse modo, se transforma em um novo recurso.

O Fixo é a coisa certa depositada no Fugar errado. José Lutzemberger

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O processo de reciclagem compreende a recuperação e a con-versão de materiais residuais em novos produtos, substituindo materiais virgens. Reaproveitando materiais já elaborados (como sucata de metal, papel e papelão, vidro, plástico e inclusive a parte orgânica do lixo), a reciclagem promove, por definição, a conser-vação dos recursos naturais, a economia de energia e preserva a capacidade dos aterros sanitários.

Citando alguns metais como exemplo, no caso do alumínio, a energia necessária para a reciclagem da sucata corresponde a ape-nas 4% da necessária para produzi-lo a partir da bauxita, a matéria-prima original. No caso do cobre, a energia requerida para a reci-clagem do metal velho é de somente um décimo da usada para produzir o material original. Para o aço produzido exclusivamente de ferro velho, a economia chega a uns 47%.

A reciclagem de recursos é uma atividade econômica que deve ser encarada como um elemento dentro de um conjunto de solu-ções integradas no manejo dos resíduos, já que nem todos os ma-teriais são técnica ou economicamente recicláveis. No entanto, ao tornar exeqüível a redução das verdadeiras montanhas de lixo que a modernidade produz, a reciclagem constitui uma das mais inteli-gentes estratégias disponíveis para administrar a questão do lixo.

CONHECENDO A COLETA SELETIVA

A coleta seletiva nada mais é do que a aplicação da reciclagem no processo de coleta do lixo. Trata-se, em suma, de coletar em separado os materiais que genericamente fazem parte do cha-mado "lixo". Com a coleta seletiva, os materiais do lixo são separados no lugar em que foram produzidos, mediante um

acondicionamento distinto para cada r- I . I .. . \ componente ou grupo de componentes. Coletar seletivamente sem i

. . . j Naturalmente, a reciclagem dos mate-mercado e enterrar separado. J ' °

riais coletados possui especificidade caso a caso, sem contar que não é tudo que

pode ser aproveitado por meio da coleta seletiva. Além disso, embora seja evidente que a coleta seletiva aumenta a oferta de materiais recicláveis, se não existir demanda por parte dos agen-tes econômicos, o processo é interrompido, os materiais abarro-tam os depósitos e, por fim, são aterrados ou incinerados como rejeitos. Assim, em vez de uma coleta seletiva, o que temos é apenas "enterrar separado".

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Por essa razão, não se pode imaginar que "mercado" por si só possa resolver o problema. O serviço público pode - e, com toda certeza, deve - ajudar a alavancar o mercado comprando produtos reciclados, estabelecendo políticas fiscais de incentivo a esses pro-dutos e taxando materiais virgens.

O que a coleta seletiva reaproveita Basicamente, os materiais reaproveitados pela coleta seletiva integram uma de duas grandes categorias: a fração seca ou a fração molhada. Ambas correspondem a aproximadamente 70% do material misturado no lixo.

O resíduo final, inaproveitável, é denominado rejeito.

RAÇÕES SECA E MOLHADA

Afragão seca, é formada exclusivamente por matérias inorgânicas, como o alumínio (na forma das latas vazias de refrigerantes e cer-vejas) vidros em geral (embalagens, resíduos e fragmentos), papel e papelão (provenientes de todo tipo de uso), todos os tipos de plásticos etc. Estima-se que no Brasil esses materiais representem cerca de 20% do peso total.

A fração molhada, ou úmida, é formada por matéria orgânica, basicamente por restos de comida, podas de jardim, talos, cascas, palha, grãos recusados etc. Estima-se que no Brasil essa fração represente 50% do peso do lixo. Ao menos em princípio, a fração molhada é passível de transformação em composto orgânico.

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OS CÓDIGOS DE CORES DA RECICLAGEM

Os mais diversos serviços públicos e particulares do mundo utilizam-se do mesmo código de cores para identificar materiais componentes da fração seca do lixo, como papéis e papelão, me-tais, vidros e plásticos.

O código obedece ao padrão que segue: ( f f i amarelo, cor utilizada para identificar metais, caso do alumínio,

latas limpas e sucata em geral; & azul, para identificar papéis, incluindo todas as modalidades

de papel e de papelão, cartolinas, jornais, revistas e embalagens; vermelho, para identificar plásticos, como os plásticos duros,

potes, sacos e garrafas; verde, para identificar os vidros, caso das garrafas, frascos,

potes, cacos e recipientes em geral.

OS REJEITOS

Como vimos, os rejeitos correspondem a substâncias que não pertencem a nenhuma das frações anteriores. Estima-se que no Brasil os rejeitos representem cerca de 30% do peso total do lixo.

Correspondem a exemplos de rejeito: no caso dos escritórios, o papel carbono, papel de fax, etique-

tas e fitas adesivas, fotografias, papéis plastificados, grampos e clipes. Na cozinha, os resíduos e embalagens de alimentos, copos de plástico para café, embalagens longa vida, papel parafinado e meta-lizado;

banheiro, as fraldas descartáveis, o papel higiênico e o papel toalha;

para qualquer outro ambiente, são considerados rejeitos: espelhos planos, louça, porcelanas, isopor, espumas, pneus, filtros de ar, cristais, lâmpadas e pilhas.

0 ODE AS PREFEITURAS TÊM FEITO

O lixo urbano é constituído por uma grande variedade de ele-mentos, tais como sobras de alimentos, papéis, papelão, plásticos, borrachas, tecidos, vidros e metais, que após serem acondiciona-dos em um único saco plástico ou recipiente nas nossas casas, transformam-se numa massa heterogênea, de manejo extremamente complexo.

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Quando as administrações municipais resolvem aproveitar os materiais existentes no lixo, utilizam basicamente duas metodologias:

fazem a separação dos materiais posteriormente à coleta convencional. Em outras palavras, depois que os diversos materiais que compõem o lixo foram misturados e compactados, são então enviados a usinas de compostagem para serem separados.

estimulam a separação do lixo no local em que ele é produzido. Neste caso, identificamos ainda duas possibilidades:

na primeira modalidade, o cidadão é estimulado a levar os materiais triados a um Ponto de Entrega Voluntária (PEV), composto por grandes contêiners identificados com os códigos para a fração seca.

na segunda, é a própria prefeitura quem recolhe esses mate-riais, previamente acondicionados em separado pelos cidadãos.

No entanto, apenas uma parte do lixo total tem sido objeto de reaproveitamento pelas prefeituras, alcançando cifras muito baixas. Pesquisa do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre) demonstrou que apenas 4,8% em média do peso do lixo dos bairros de sete cidades brasileiras nas quais existe coleta seletiva está sendo efetivamente reciclado pelas administrações municipais.

Isto pode indicar que, em muitos casos, a coleta seletiva está fun-cionando como um serviço paralelo dentro de uma estrutura tradicio-nal e não como uma alternativa real à coleta convencional. Muitos ambientalistas denunciam ainda a existência de um verdadeiro lobby,

FRAÇAO SECA

LIXO ORGÂNICO LIXO RECICLA

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formado por grandes empresas de limpeza e de incineração, para as quais interessa a manutenção do sistema em operação.

A ineficácia do serviço público tem tido, no entanto, o mérito não proposital de chamar a atenção para iniciativas particulares, dos movimentos sociais e da população excluída, que terminam fazendo com poucos recursos o que as autoridades não conse-guem com muito.

0 QUE OS CATADORES TÊM FEITO

Enquanto os caros planejadores pagos pelo Estado conseguem, quando muito, implantar a coleta seletiva apenas em alguns exem-plos isolados, setores da população de rua têm conseguido reciclar proporcionalmente muito mais. A Coopamare, Cooperativa dos Catadores Autônomos de Papel, Aparas e Materiais Reaproveitáveis Ltda., com cerca de 50 cooperados, coleta aproximadamente 100 toneladas de material reciclável por mês na cidade de São Paulo, correspondendo à mesma quantidade do coletado pelo programa da prefeitura.

Como é possível concluir, a integração desses trabalhadores pode contribuir decisivamente para racionalizar a coleta seletiva nas gran-des cidades brasileiras, metrópoles que em comum, comungam a difícil tarefa de administrar centenas de toneladas de resíduos pro-duzidos todo o santo dia. Não é à toa que já existem cidades nas quais os catadores participam na separação do material juntamen-te com a Prefeitura.

Os catadores de papel, papelão, vidro, metais e plásticos são profissionais que não têm carteira assinada, são mal reconhecidos, estão desorganizados na quase totalidade das cidades nas quais atuam e, no entanto, alimentam poderosos setores industriais com matéria-prima barata, aliviando os custos da limpeza pública com cada tonelada de materiais que retiram das ruas.

Essa economia informal gera renda, empregos e otimização dos recursos públicos. Não por acaso, têm surgido propostas do servi-ço público em incorporar os catadores como parceiros na limpeza urbana, estabelecendo estratégias coordenadas de trabalho e priori-tariamente, programas de apoio a essa categoria profissional, esti-mulando suas próprias formas de organização.

Portanto, incentivar a organização e a participação dos catadores de rua não é uma questão técnica, uma vez que a sua eficácia é

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comprovada. Reduz-se sim a uma questão de vontade política das autoridades das grandes metrópoles brasileiras.

Transfapmands sucata em mercadoria

Na Africa, diz-se que os Yorubá (etnia que vive nos atuais Benin e Nigéria) pegam qualquer lata que encontram no chão, transformam em canecas e correm para vendê-las no mercado. Fazem, pois, um comér-cio "daquilo que ninguém quer". Esse senso aguçado de aproveitamento das oportunidades, isto é, dos recursos naturais ou simplesmente dos recursos disponíveis, é que justificaria o sucesso econômico desse povo, que hoje, para além de sua área de origem, formou colônias, geralmen-t e mercantis, disseminadas do Senegal ao Zaire. Mas, independente-mente do aspecto econômico, essa prática tem um sentido ecológico e social implícito.

0 QUE VOCÊ PODE FAZER

Além de, evidentemente, participar da coleta seletiva do seu bairro (se existir), podemos criar nossos próprios canais para cole-tar em separado ou contribuir com os sistemas já implantados.

Desse modo, seria cabível: • contatar o garrafeiro, catador, sucateiro ou aparista localizado

na vizinhança, visando encaminhar ou vender material previamente coletado e armazenado por você;

outra possibilidade é doar para o catador ou garrafeiro o ma-terial que você deseja dispensar da sua casa;

- participar de campanhas institucionais promovidas por escolas e instituições em geral;

organizar na sua empresa, escola, repartição pública ou local de trabalho um sistema de coleta seletiva;

. §5 pela própria natureza do trabalho desenvolvido nos locais acima citados e em razão de tendências do mercado de material reciclável, o papel é um alvo preferencial e por ele devemos iniciar o trabalho; pvfjp participar de movimentos sociais visando implantar ou expandir

o serviço de coleta seletiva.

RECICLANDO PAPEL NA SUA CASA

Caso você queira avançar no reaproveitamento do papel, indo além dos bloquinhos de anotações e outras sugestões citadas é

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possível fazer papel artesanal em casa. É uma atividade com eleva-do conteúdo lúdico, e, portanto, pode ser realizada conjuntamente com as crianças.

Siga as instruções para reciclar papel apresentadas na página 109.

RECICLANDO PAPEL FORA DA SUA CASA

A participação do cidadão é fundamental para o sucesso da coleta seletiva. Mesmo que, para variar, a administração municipal da sua cidade não esteja preocupada com o município, você pode colaborar com a implantação de um esquema alternativo para in-centivar a reciclagem de materiais.

Nunca se esqueça de que você também é gerador de resíduos e que portanto constitui tanto parte do problema quanto da solução. Vejamos, pois, como este problema, "o nosso lixo", se equaciona na prática. Acompanhemos as modalidades que envolvem a estra-tégia da coleta seletiva de papel.

ORGANIZANDO UM PROGRAMA LOCAL DE COLETA DE PAPEL

A primeira medida para um esquema de reciclagem de papel é encontrar quem queira comprar o material. Somente a aquisição de papel reciclado garante o funcionamento de sistema. Outro ponto importante é que nem todos os papéis são recicláveis. Contudo, cerca de 90% o são. Verifique:

os grandes compradores de material são os sucateiros de papel velho, também chamados de aparistas. Estão geralmente organizados em associações profissionais e costumam ser listados nas listas telefônicas nos itens papel velho e sucata;

os aparistas demonstram preferência por papéis brancos e formulários contínuos, que revertem em preços melhores no mercado. Recomenda-se trabalhar com um único comerciante, que retire todo o material. A freqüência de retirada é o ponto mais importante para que o sistema funcione a contento.

Para conseguir sucesso na iniciativa, é necessária também muita organização. Os objetivos a serem atingidos para a coleta de papel devem ser previamente estabelecidos, obedecendo a um plane-jamento prévio. Cartazes, folhetos, concursos e prêmios motivam as pessoas a se engajarem na campanha permanentemente. É importante que exista, se for este o caso, um representante do

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projeto em cada andar do prédio, sala ou departamento, para orientar os colegas.

A coordenação do programa deve ser feita, preferencialmente, de modo coletivo. Um comitê gestor ou um coordenador podem ser os responsáveis pela administração, devendo a priori possuir um bom trânsito junto ao pessoal da limpeza e da administração. O coordenador desempenhará um importante papel no acompanha-mento da coleta, separação, estocagem e venda do papel velho, além da informação aos colegas, produção de materiais informativos e apresentação dos resultados.

IMPLANTANDO £ MONITORANDO 0 PROGRAMA

A informação é fundamental para a participação e motivação das pessoas. A divulgação deve ser feita antes da implantação do sistema, no dia da inauguração e durante o desenvolvimento do programa, de forma diferenciada e sempre prestando conta dos resultados.

Três dados principais devem ser monitorados: taxa de participação; renda obtida com as vendas;

££ custos do programa. Dos itens citados, a manutenção da taxa de participação é par-

ticularmente importante, sendo o seu incremento a principal meta do coordenador.

CONDOMÍNIO PARAÍSO RECICLA 100% DO

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ORGANIZANDO O ESPAÇO PARA ARMAZENAGEM DO PAPEL

Como os compradores de papel exigem uma quantidade míni-ma, capaz de lotar um veículo utilitário ou um caminhão, deve-se prever um local para a estocagem de meia tonelada de papel ve-lho, o que significa uma sala de 12 metros quadrados. Pode-se instalar uma prensa caso haja grandes quantidades de material.

Algumas características importantes do local:

acesso: o local deve estar próximo de elevadores e permitir entrada e saída fácil de veículos para a retirada do material;

segurança: convém manter extintores de incêndio no local;

identificação: placas ou sinais devem assinalar a função específica do espaço;

informação: um pequeno mural pode ser implantado visando informar o andamento do projeto.

ORGANIZANDO A COLETA DE PAPEL

A coleta de papel para reciclagem pode ser feita de vários modos:

coletores sobre a mesa: uma pasta larga ou uma caixa porta-revista pode ser instalada sobre a mesa de cada pessoa, ou para cada grupo de mesas;

coletores no chão: coloca-se a caixa porta-revista ou um ces-to diferenciado ao lado do cesto de lixo, com identificação clara de sua finalidade;

coletor ao lado da fotocopiadora: por ser uma importante fonte de geração de papéis, a sala da fotocopiadora poderá ter um recipiente maior, diferenciado.

REGISTRANDO OS CUSTOS DO PROGRAMA LOCAL

Referindo-se a um projeto no qual a solidariedade e o envolvi-mento com a proposta pesam mais alto, os custos no geral são muito pequenos, pressupondo no máximo:

o pagamento de salário para o coordenador do projeto que, de resto, pode exercer a função gratuitamente;

aquisição de equipamentos voltados para a coleta e estocagem, assim como para a produção de alguns impressos.

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O sistema antipoluição da China Imperial

O passado é rico em lições ecológicas para o mundo atual. Não se t r a t a de defender a existência de uma "consciência ambiental" na antigüida-de ou propor a "volta" de métodos que hoje não seriam necessariamen-t e aplicáveis na mesma escala. O homem antigo agia de acordo com ritmos naturais exclusivamente pelo fato de estes serem fundamen-tais para o funcionamento de sua economia, de suas relações sociais e práticas religiosas. Na China antiga, por exemplo, foram usados méto-dos simples de reciclagem de resíduos, responsáveis pela saúde de sua numerosa população. Deve ser lembrado que para manter uma elevada concentração populacional, qualquer civilização necessita de um padrão minimamente aceitável de qualidade da água. No Império Chinês, todos os resíduos orgânicos humanos eram coletados e levados a grandes centros de tratamento. Lá, esse material era amassado com barro e, posteriormente, devolvido às regiões de origem na forma de tijolos. Levados para as nascentes dos rios, eram pulverizados, deixando-se o curso de água distribuir naturalmente esse rico adubo orgânico para restituir a fertilidade ao solo. Com isso, a China antiga conseguiu, em épocas muito antigas, alimentar com relativo sucesso uma população de 2 0 0 / 3 0 0 milhões de habitantes e ao mesmo tempo manter seus ma-nanciais de água potável livres de boa parte da contaminação.

REGISTRANDO OS BENEFÍCIOS DO PROGRAMA LOCAL

Quanto às possíveis vantagens, um programa de coleta seletiva de papel, mesmo na escala de pequenos grupos, promove grandes efeitos positivos, tais como:

redução do volume de lixo; embora pequena, uma entrada de recursos financeiros pela

venda do material;

reforço do espírito de equipe; eliminação da papelada inútil nos arquivos e nas gavetas; incentivo para a entrada de receitas e de apoio às entidades

assistenciais.

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UMPAN©O ECOLOGICAMENTE

Veja alguns exemplos de como com uma pequena quantidade de materiais simples podemos substituir uma série de produtos químicos complexos.

ALTERNATIVAS AOS PESTICIDAS E DES&D0RI2AD0RES

É importante ressalvar, na questão dos inseticidas domésticos, que a crítica não é somente no sentido de explicitar a questão das fórmulas, que envolvem venenos potentes, muitas vezes sem o devido conhecimento da totalidade dos seus efeitos colaterais. A crítica corre também por conta da apresentação, envolvendo tam-bém os próprios aerossóis. Os aerossóis podem conter solventes orgânicos que, pelo jato do spray, podem facilmente penetrar nas mucosas do organismo humano. Os sprays dos pesticidas são par-ticularmente perigosos porque são venenosos. Embora exista um forte movimento de substituição do clorofluorcarbono - CFC - res-ponsável pela destruição da camada de ozônio, por propelentes à base de CO,, existem aerossóis que ainda podem contê-lo.

Lembre-se sempre de que a melhor alternativa aos produtos químicos na eliminação dos insetos é e continuará a ser a limpeza. Esta deve ser pensada como sendo uma campanha permanente

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contra a sujeira, compondo-se por ofensivas periódicas e sucessi-vas operações de varredura e destruição dos insetos e das condi-ções que propiciam a sua reprodução.

Aerossóis ou empregos?

Dentre as tá t i cas usadas desde muito tempo no passado pelas transnacionais, pode-se resgatar , por exemplo, a imagem que pro-curavam propagandear de "defensoras de posto de trabalho", pois ao produzir o que estavam produzindo — seja lá o que for — estariam beneficiando a população ao gerarem empregos. J á em 1975,o jornal "Movimento" publicava declarações do vice-presidente da "campa-nha educativa do aerossol" que, procurando neutralizar a acusação de que os gases do aerossol colocavam em perigo a vida na t e r r a , argumentava: "Exatamente agora, quando a nação se e s f o r ç a para sair do estado de recessão econômica, as pessoas devem s e compor-t a r com mais senso de responsabilidade em relação à indústria. A indústria do aerossol é responsável por 9 bilhões de dólares do pro-duto bruto norte-americano, em empregos, bens e serviços e, além disso, um quarto de milhão de pessoas depende dessas indústrias para seu ganha-pão.."

Se você mantiver sua casa permanentemente limpa e isenta de resíduos orgânicos, que constituem o pasto dessa microfauna do-méstica, com toda certeza a possibilidade de ser assediado por esses hóspedes indesejáveis será cortada drasticamente.

Esse conselho vale como estratégia preventiva para o combate a qualquer tipo de inseto.

COMBATENDO AS FORMIGAS

O Para destruir formigueiros, misture num vasilhame pimenta em pó, páprica, pó de café ou algumas gotas de suco de limão. Disponha a seguir o conteúdo na entrada do formigueiro.

O Outra alternativa é furar o centro do formigueiro e despejar amoníaco. Cubra imediatamente o formigueiro com um plástico preto ou uma lona, vedando vem os bordos.

O Na trilha das formigas, coloque hortelã e bórax de lavar. Aliás, este último, misturado com partes iguais de açúcar de con-feiteiro atrai e mata as formigas.

O Nos armários, pendure pequenos maços de poejo ou de arruda. A fragrância contribuiu para afastá-las.

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COMBATENDO AS MOSCAS

• O Coloque sobre a mesa um prato com leite ou vinagre, mistu-rado com pimenta-do-reino. Use também camomila queimada.

O Um inseticida pode ser preparado utilizando-se: 0,250 ml de formol, adicionado a 0,250 ml de leite e a 0,500 ml de água. Mistu-re bem e coloque porções em vasilhames pela casa, longe de crian-ças e animais domésticos.

COMBATENDO (SEM TRÉGUAS) AS BARATAS

Não resta qualquer dúvida, as baratas são o inseto mais genero-samente detestado no mundo. E, independentemente do que con-sideremos a respeito delas, são responsáveis pela transmissão de diversas doenças.

Mantenha sua casa livre de baratas, seguindo as seguintes ins-truções:

O preventivamente, mantenha a casa sempre limpa. Concentre todo resíduo na lata de lixo e coloque-o sistematicamente fora de sua casa;

O quanto aos ralos, cubra-os com tela plástica ou então adqui-ra ralos com fechos planos, encontrados em qualquer loja de ma-terial de construção;

O o ataque direto pode ser feito com chinelo e vassoura; O para envenená-las, misture bicarbonato de sódio com açúcar

e distribua o produto pela casa em pequenos vasilhames e pratos rasos nos locais freqüentados pelas baratas;

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O você também pode utilizar uma mistura de ácido bórico com um pouco de açúcar, dispondo a seguir em pequenos vasilhames. Tome todo o cuidado possível para manter o veneno fora do al-cance das crianças e dos animais domésticos.

COMBATENDO OS PIOLHOS Primeiramente, misture um copo de vinagre morno com duas

colheres (de sopa) rasas de sal. Molhe a seguir a cabeça com a solução. Amarre um pano, úmido e morno, cobrindo a cabeça, que assim deve permanecer por quatro horas. Após a retirada do pano, lave a cabeça com água morna e sabão. Finalmente, penteie o cabelo com pente fino para retirar as lêndeas.

COMBATENDO OS INSETOS DE PLANTAS

O Lave as folhas com água e sabão ou com a água que foi usada para lavar cebolas.

O Plantar alho e cebola no vaso afugenta alguns insetos e eivas daninhas.

O Misture numa tigela de vidro com dez litros de água, os seguintes ingredientes: fumo de rolo, álcool e 250 g de sabão co-mum. Coloque o fumo na tigela e cubra com álcool e um pouco de água, mantendo-o coberto pela mistura por quinze dias. Engarrafe. Quando for usar o líquido, misture o sabão ralado dissolvido em água na seguinte proporção: um copo da solução para 250 gramas de sabão em dez litros de água. Abasteça então um nebulizador com a mistura e pulverize sobre as plantas.

O Outra solução popular é bater no liqüidificador, em meio litro de água, três cebolas, uma cabeça de alho, duas pimentas, uma colher de sabão. Espalhe a seguir nas plantas afetadas.

COMBATENDO AS PULGAS NOS ANIMAIS

Preventivamente, mantenha sempre limpos os tapetes e os assoalhos. Use à vontade o aspirador de pó, em especial nos interstícios dos tacos e das tábuas do assoalho. Desde que sistemá-tica e bem-feita, uma boa limpeza dos ambientes já elimina boa parte do problema.

O Lave os animais com água morna e sabão ou xampu especí-ficos. Aplique, a seguir, uma solução de duas colheres de sopa de alecrim fervidas em um litro de água.

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O No caso de já existirem pulgas, um dente de alho e uma colher de sopa de levedo de cerveja misturados diariamente à co-mida do animal resolverão o problema.

O Pó de ervas aromáticas como eucalipto, sálvia e alecrim es-palhadas no corpo do animal também espantam as pulgas.

O Galhos de pinheiros frescos afastam as pulgas. Coloque-os sob os móveis ou na área freqüentada pelos animais.

O Em casa, use também saquinhos de tule com folhas de hor-telã, mastruço, ou então ramos frescos de erva de santa-maria.

O Alho e hortelã, cozidos junto com os alimentos do animal, atuam como bons vermífugos.

COMBATENDO AS TRAÇAS

O Limpe cuidadosamente toda a sua casa. Dedique especial atenção para locais escuros e escondidos. É justamente nesses pontos que você encontrará maior concentração de traças.

O Coloque saquinhos com serragem de cedro dentro dos ar-mários e dos recintos visitados pelas traças. Além de combater as traças, a serragem de cedro evita cheiros e mofo. Grãos de pimen-ta-do-reino também ajudam.

O Cascas de limão secas e alguns cravos-da-índia espalhados pelas roupas dos armários afugentam esses insetos. Muitos usam saquinhos de lavanda para esta finalidade.

O Como parte da "operação de varredura", assim que detectar uma traça, apele imediatamente para a vassoura, o aspirador de pó ou, então, retire-a com auxílio de um pequeno pedaço de papel. Não permita que qualquer traça continue a decorar sua parede, dependurada em solene tranqüilidade triunfante diante do seu imobilismo.

COMBATENDO OS CUPINS

Os primeiros sinais de infestação são dados pelo acúmulo de pó de madeira num móvel ou em algum outro ponto da casa.

O Preventivamente, passe sobre a madeira óleo de lavanda diluído em álcool.

O Para destruir os cupins, passe querosene puro nas áreas ata-cadas. Caso necessário, utilize uma seringa.

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O Caso descubra um caminho de cupins na parede ou no piso, não hesite em investigar a origem, selando ou bloqueando as vias de penetração com uma massa de cimento.

COMBATENDO OS PERNILONGOS

O Preventivamente, elimine os focos de água parada existentes na sua casa.

O Coloque óleo queimado (de automóvel) ou creolina nas poças de água dos terrenos baldios das redondezas.

O Utilize telas nas janelas. O Feche as janelas antes de escurecer.

O Queime pedaços de cânfora (encontradas em farmácias e casas de ervas) num pires, colocado numa posição estratégica.

O Para atacar os pernilongos, use a seguinte fórmula de inseti-cida: 750 ml de gasolina, com 250 ml de querosene, 0,05 ml de cânfora e 15 bolinhas de naftalina. Misture e deixe em infusão por 15 dias. Pulverize com bomba de flit.

COMBATENDO OS INSETOS VOADORES

O Pendure nas janelas, portas ou outros acessos, sacos plásti-cos ou garrafas transparentes com água.

ALTERNATIVAS AOS PRODUTOS M LIMPEZA

Qualquer atividade de limpeza possui, além dos equipamentos de limpeza, dois pré-requisitos básicos: um bom abastecimento de água e um suprimento adequado de sabão. A estes dois, podemos acrescentar também a água sanitária e o álcool, essenciais quando a limpeza requer uma atuação mais asséptica, cáustica e/ou bactericida.

Com relação à água, sua característica de ser um "solvente uni-versal" por excelência, isto é, de dissolver tudo ou quase tudo ao longo do tempo, torna essa substância de grande valor, em si mesma, como elemento de limpeza e pu-rificação dos ambientes.

Outro conceito importante em limpe-za, atualmente um pouco esquecido em função do hábito de usar produtos quí-micos, é o uso de água quente que,

A água é homenageada em

quase todas as tradições dos

povos antigos. Nos rituais afri-

canos, foi-lhe reservado um pa-

pel de destaque, como no caso

da lavagem das escadarias das

Igrejas da Bahia.

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acompanhada de um bom escovão de cerdas e sabão comum, realiza grandes estragos nos esquemas de reprodução dos micró-bios e insetos.

Note-se que o conceito de água quente na limpeza tem sido resgatado pela própria sociedade de consumo, que oferece ao pú-blico consumidor uma série de modelos de vaporizadores. Esses notáveis equipamentos, indiscutivelmente ecológicos e caros, nada mais são do que a aplicação futurista do conceito de água quente.

Por fim, o sabão é outro agente de limpeza de primeira linha. O mercado disponibiliza, na atualidade, uma infinidade de saponáceos e materiais de limpeza. Opte, porém, por um sabão simples. Qual-quer outro sabão será mais caro apenas por pertencer a uma mar-ca mais conhecida, mas seu efeito higienizador será o mesmo.

Os antigos fenícios produziam sabão em larga escala e foram também os grandes responsáveis pela difusão dessa notável criação em muitas regiões da Asia, Europa e Africa do Norte.

Evidentemente, você não deve abrir mão de produtos específi-cos, como o já citado caso da água sanitária, mas também dos limpa-fornos, do óleo de peroba, dos lustra-móveis, das ceras, das diversas apresentações das resinas, dos solventes, dos limpa-vi-dros, do ácido muriático etc.

Com água e sabão, é possíveí (impar tudo.

Dito por um empregado moçambicano ao seu patrão branco, acostumado com a utilização de dezenas de itens de limpeza doméstica.

Adiante, algumas dicas para você reaproveitar seus pedaços de sabão velho, que você acredita não servirem para mais nada.

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FAZENDO DETERGENTE CASEIRO E SABÃO LÍQUIDO PARA PIA E LIMPEZA EM GERAL

Você pode fazer seu próprio sabão líquido. A receita abaixo forne-ce seis litros de detergente. É um material caseiro, limpo, não poluente e quase dez vezes mais barato que o produto industrializado.

Para confeccioná-lo, siga os procedimentos:

O reúna dois pedaços de sabão de coco, dois limões e quatro colheres de sopa de amoníaco;

O derreta o sabão, picado em um litro de água fervendo. Junte cinco litros de água fria, o suco dos limões e, por último, o amoníaco;

O dissolva bem. Guarde em garrafas ou em embalagens usadas de detergente líquido.

FAZENDO SABÃO NOVO PARA LA VAR LOUÇA COM RESTOS DE SABÃO VELHO

O Misture os pedaços de sabão com um punhado de açúcar e vinagre.

O Derreta em banho-maria, misturando bem. O Coloque num vasilhame e deixe endurecer por dois dias.

ALTERNATIVAS PARA AFASTAR ODORES INCONVENIENTES

Afastar odores inconvenientes foi, muito antes da modernidade aparecer, uma preocupação de quase todas as civilizações do pas-sado. A procura por odores raros e perfumes inebriantes foi a gló-ria do antigo Reino de Sabá.

A nossa casa não deve abrigar nenhum tipo de "humores malé-ficos", como se dizia antigamente. Além de proceder a uma limpe-za metódica e exaustiva da casa, podemos utilizar diversos expe-dientes para expulsar para sempre o mau cheiro das nossas vidas.

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PERFUMANDO SUA COZINHA

O Cozinhe um pouco de açúcar mascavo com canela em fogo bem baixo.

O Outra alternativa, é cozinhar cravos também em fogo baixo. O Outra é acender uma vela perfumada.

DESODORIZANDO A COZINHA

O Para enfrentar o cheiro de comida queimada, ferva fatias de limão em um pouco de água;

O Para afastar o cheiro de frituras, coloque perto do fogão uma panelinha com vinagre branco.

Para limpar a pele dos afazeres do dia-a-dia, podemos usar uma pasta de aveia e água como creme de limpeza. Colocamos no rosto e depois de seco, basta esfregar.

DESODORIZANDO OS AMBIENTES EM GERAI

O Ventile e disponha um vasilhame de boca larga nos cantos dos aposentos com cinco colheres de sopa de vinagre.

O Você também pode acender uma vela perfumada ou um incenso.

DESODORIZANDO 0 CHEIRO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

O Para eliminar o cheiro de urina dos animais domésticos, bor-rife o local com uma solução composta de uma parte de vinagre para quatro partes de água.

Contro o cocô de gato em lugares impróprios

Passe no local uma mistura de água e amónia. A solução serve também para higienizar o local.

DESODORIZANDO SAPATOS E TÊNIS

O Espalhe pelo interior do calçado uma porção generosa de bicarbonato de sódio, removendo o excesso no dia seguinte.

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DESODORIZANDO PINTURAS DE PAREDE

O Para cada cômodo, disponha meia cebola ao dia, virada para cima.

COMO FAZER SAQUINHOS DE CHEIRO

A elaboração de saquinhos de cheiro ou sachets com flores, sementes ou plantas aromáticas é um costume tradicional na Euro-pa. Esse hábito é proveniente dos países escandinavos e anglo-saxões, cujos povos preparavam misturas de plantas aromáticas para prevenir doenças e afastar maus odores. Atualmente, o hábito permanece para dar um toque pessoal, agradável e de boas vindas em qualquer local da casa.

ROSA, JASMIM E LAVANDA: MISTURANDO AROMAS

A preparação de sachets de flores solicita, no geral, procedi-mentos simples. Normalmente, baseia-se na mistura de pétalas ou de outras partes das flores, com alguns ingredientes como fixadores e conservantes de aroma. A mistura sempre deve ser guardada em potes bem fechados e, de vez em quando, serem abertos para perfumar os ambientes.

Como matéria-prima, lembre-se de que das pétalas das rosas, lavanda (ou alfazema), magnólias e jasmins emanam os perfumes mais acentuados. Para o mesmo fim também podem ser usadas, entre outras, as pétalas de cravo de cheiro, de camomila e da flor de tília. Entre as especiarias, recorre-se regularmente à canela, ao cravo, pimenta e a noz-moscada.

O toque de fundo do perfume se consegue pela adição de pe-quenas quantidades de folhas de espécies ricas em óleos essen-ciais, tais como o gerânio, o louro, o pinho e o manjericão (ou maria luiza). Os óleos essenciais ajudam a prolongar o perfume da mistura e possuem ainda funções medicinais tradicionalmente co-nhecidas. Em cada gota de óleo essencial está contida toda a es-sência da flor original e, por essa razão, utilize para compor a sua mistura de flores apenas algumas gotas de cada óleo escolhido

Como fixadores de perfume utiliza-se normalmente a raiz seca do lírio de Florença em pó, a resina em pó de Benjui, o óleo essencial de violeta, o óleo essencial de sândalo ou mesmo o sândalo em pó. Qualquer um desses contribui para a integração das dife-

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rentes fragrâncias e assegu-ram uma evaporação bem mais lenta da mistura.

Com a mistura aromáti-ca já feita, podem então ser confeccionados saquinhos de pano, que serão pendu-rados em armários e gave-tas, perfumando as roupas e protegendo-as de traças e outros insetos. Podemos também simplesmente dei-xar a mistura ao ar livre, em um prato ou jarra, dando um toque colorido, cheiroso e saudável para a sua casa.

POUT-POURRI DE ROSA

Ingredientes: 450 g de pétalas de rosas - 100 g de folhas de gerânio rosa - 100 g de flores frescas de jasmim picadas- 100 g de flores frescas de lavanda picadas - uma colherzinha de tomilho -1 colherzinha de pó de raiz de lírio - 1 colherzinha de cravo de cheiro - 1 colherzinha de casca seca e ralada de limão - 1/2 colherzinha de casca seca e ralada de laranja - 5 gotas de óleo de rosas - 2 gotas de óleo de jasmim.

As flores devem ser frescas e passar por um processo de seca-gem, utilizando bórax em pó ou sílica-cristal. A seguir, misturamos todos os ingredientes com as mãos, com exceção dos óleos, que devem ser colocados gota a gota.

POUT-POURRI DE SÂNDALO DOCE (MISTURA ÚMIDA )

Ingredientes: 2partes de pétalas secas de rosa - 1 parte depeônia seca - 1 parte de flor seca de laranja - 15 g de pó de madeira de sândalo - 2 colheres cheias de tomilho - 1 colher de bergamota seca - 1 colher de alecrim seco - 1 colher de folhas de louro tritura-das e amassadas com casca seca de laranja ralada - 15 g de cane-la fresca - 15 g de pimenta da famaica - 40gde pó de raiz de lírio.

Misturamos as flores secas com um mesmo volume de sal, de modo a encher um panela grande e bojuda, que deve ser fechada

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hermeticamente com auxílio de um pano. A seguir, guarde o reci-piente num lugar escuro e arejado por duas a três semanas, perío-do no qual, reagindo com o sal, as flores formarão uma espécie de massa bastante consistente.

Abrindo a panela, misture esta massa com o auxílio de uma colher de pau para se conseguir uma suave mistura com o fixador e as especiarias. Após isso, feche hermeticamente a panela e guar-de-a novamente por seis a sete semanas, para que se curtam os aromas, misturando de vez em quando o seu conteúdo.

Ao final do período, a mistura já estará pronta para uso e já poderemos colocá-la em pequenas vasilhas de cerâmicas para per-fumar os ambientes.

ALTERNATIVAS mm LIMPEZAS ESPECÍFICAS

Para limpar determinados objetos ou executar tarefas específi-cos, dispomos de vários procedimentos alternativos.

LIMPANDO 0 CARPETE

O Para limpar, utilize solução de água e vinagre branco. Para desodorizar, basta espalhar bicarbonato de sódio no carpete e de-pois aspirar.

LIMPANDO 0 TAPETE

O Para tirar lama, fuligem ou realçar as cores, jogue sal por todo o tapete e aguarde por cerca de duas horas. Após este perío-do, passe o aspirador.

LIMPANDO OS MÓVEIS DOS PÊLOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

O Os pêlos de cães e gatos ppdem ser removidos passando-se, sobre as superfícies que desejamos limpar, a mão com fita adesiva enrolada com o lado colante para fora.

LIMPANDO AS JANELAS

O Para retirar gordura das vidraças e deixá-las brilhantes num dia de sol, utilize, com auxílio de um borrifador, uma solução de vinagre e água. A solução serve também para a lavagem de pratos e copos.

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LIMPANDO METAIS E LOUÇAS SANITÁRIAS

O Limpe as peças do seu banheiro com um pano e sabão neu-tro à vontade. Para dar brilho, passe uma flanela. Evite o uso de abrasivos e de palha de aço.

LIMPANDO CERÂMICAS E AZULEJOS EM GERAL

O Limpe as peças com um pano macio, previamente umedeci-do em água morna ou quente e sabão neutro.

O Não use espátulas, palha de aço, vassouras de cerdas duras e muito menos produtos químicos. Os saponáceos, sodas e ácidos, além de ambientalmente agressivos, comprometem as peças e pre-judicam o rejuntamento, podendo constituir a origem de infiltra-ções e de vazamentos.

DANDO BRILHO NOS MÓVEIS

O Utilize uma solução de uma parte de suco de limão com duas partes de óleo vegetal.

AMACIANDO ROUPAS EM GERAL

O No último enxágüe da roupa, coloque 1/2 copo de vinagre branco.

AMACIANDO ROUPAS DE LÃ

O No último enxágüe, dissolva uma colher de chá de creme rinse de cabelo ou ainda, enxágüe as roupas em água morna com algumas colheres de sopa de glicerina.

EVITANDO 0 MOFO E UMIDADE

«O Para evitar ambos, guarde dentro dos armários pedaços de carvão ou de giz em recipientes furados.

O Quando o mofo se manifestar, passar várias vezes um pano com água sanitária nas paredes ou nos móveis atingidos.

O Você também pode utilizar uma mistura de álcool e água sanitária na proporção de 50% cada, passando com um pano nos locais atingidos.

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O Deixe as portas e janelas dos recintos atacados pelo mofo abertas durante o dia, para arejar e aquecer os ambientes. Mante-nha também os móveis atacados com as portas abertas.

ALTERNATIVAS PARA TIRAR MANCHAS

As manchas presentes nos objetos pertencentes à nossa casa são como uma pequena infecção de pele, que solicita acompanha-mento para não proliferar ou gerar um mal pior.

Estejamos, pois, sempre atentos a elas!

TIRANDO MANCHAS DA PORCELANA

O No caso de manchas recentes, esfregue metade de um limão salpicado com sal. Posteriormente, lave com água quente e sabão de coco.

O Quando as manchas forem antigas, esfregue o local com uma escovinha umedecida e bicarbonato de sódio seco. A seguir, enxágüe e seque.

TIRANDO MANCHAS DA PAREDE

O No caso de manchas de gordura, faça uma massa composta por maisena e água na parede. Deixe então esta massa reagir e quando estiver bem seca, retire-a delicadamente.

O Manchas de caneta esferográfica, de responsabilidade de crian-ças, podem ser removidas com uma limpeza prévia com água sani-tária e, a seguir, com água.

TIRANDO MANCHAS DO BRONZE

0 Remova as manchas esfregando um pano embebido numa solução de vinagre tinto quente. A seguir, enxágüe e deixe, prefe-rencialmente, secar ao sol.

O As manchas de oxidação, que possuem uma coloração verde bastante característica, podem ser retiradas esfregando-se primei-ramente com suco de limão. Após secar, lave com água. Uma vez seco, faça um polimento com um pano umedecido em carbonato de cálcio.

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TIRANDO MANCHAS DO COBRE

O Podemos retirar manchas do cobre com catchup. O Outra alternativa é usar um pano embebido em molho inglês. O Também podemos tirar manchas com vinagre e sal. O Finalmente, como mais uma receita caseira para o problema,

podemos fazer uma massa de fubá (ou farinha de milho), com vinagre branco e sal e passá-la nas áreas atingidas. Esperamos se-car e esfregamos uma flanela para lustrar.

TIRANDO MANCHAS DAS PIAS

O Para retirar as manchas de ferrugem provocadas pelos pin-gos de água, passe uma massa à base de bórax e suco de limão nas áreas afetadas.

TIRANDO MANCHAS DOS ESTOFADOS DE PANO

O No caso das manchas de café, esfregue lentamente uma pe-dra de gelo na mancha até que esta desapareça.

O Para manchas de gordura, a alternativa é jogar na hora um pouco de sal no local e escová-lo após ter absorvido o material.

O Outra alternativa é esfregar imediatamente no local uma cebola. O Outra, ainda, é derramar álcool no local e recobri-lo, a se-

guir, com fubá, farinha de trigo ou talco. Escove após 24 horas. Caso a mancha persista, esfregue um pano molhado em água quente e uma pequena proporção de detergente.

TIRANDO MANCHAS DOS TAPETES

O Para manchas de esmalte, esfregue um pouco de acetona e aguarde secar. Depois, limpe com água e sabão, secando o local com um tecido macio.

O Para o caso das gorduras, aplique um pouco de álcool no local e esfregue com calma. Passe a seguir um pano com água e sabão e enxugue.

O Para o caso do café, aplique o método da pedra de gelo que descrevemos acima.

O Para manchas provocadas por ovos, esfregue um pano em-bebido em detergente e água morna.

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O Para o caso do vinho, urina, sangue e refrigerantes, misture em um litro de água morna, uma colher de sabão em pó e também uma colher de vinagre. Agite o frasco até surgir uma espuma. Apli-que então sobre as áreas afetadas e enxugue.

O Para o caso dos doces, balas, bolos e congêneres, você pode utilizar glicerina e, posteriormente, a solução mencionada acima para o caso do vinho.

TIRANDO MANCHAS DOS TECIDOS

O Como medida de âmbito geral, a iniciativa pela retirada de manchas dos tecidos deve sempre ser adotada imediatamente. A própria natureza dos tecidos faz com que as manchas possam im-pregnar rapidamente o tecido, comprometendo-o.

O Outra medida de âmbito geral compete ao método de limpe-za. Procure limpar as manchas sempre do exterior na direção do interior;

O Manchas de café nas roupas podem ser removidas rapida-mente, passando-se sobre o local uma pedra de gelo. Você tam-bém pode utilizar água fervente ou sabão de coco;

O Manchas de caneta esferográfica podem ser removidas pas-sando-se álcool na mancha antes da lavagem ou deixando as rou-pas de molho em leite cru.

O Para o caso das manchas provocadas por chá, utilize água quente e sabão de coco, para o linho branco e o algodão.

O Para o caso do batom, esfregue éter, álcool ou água oxigenada.

O Para o caso do chocolate, apele primeiramente para o proce-dimento da pedra de gelo.

O Outra alternativa é polvilhar a área atingida com bórax e mantê-lo por quinze minutos no tecido. Esfregue a seguir até a mancha desaparecer. Lave generosamente a seguir com água.

O Para o caso do vinho tinto, retire a mancha colocando imedia-tamente no local um pouco de sal, farinha de mandioca ou polvi-lho. Lave-a logo a seguir com água corrente e sabão de coco.

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O Para o caso da ferrugem, esfregue sal e suco de limão nos tecidos de algodão branco, deixando-os a seguir secando ao sol. Renove várias vezes a operação enquanto o tecido estiver úmido, até perceber que a mancha está cedendo. Enxágüe a seguir na água corrente.

O Outra alternativa para o caso é esfregar uma massinha de bicarbonato de sódio com suco de lima, lavando a seguir na água corrente com sabão de coco.

CUIDADOS COM OS ANIMAIS

Os animais foram, até bem pouco tempo, parceiros indispensá-veis no cotidiano da vida dos humanos e por extensão, na própria transformação da Natureza. Na imensa maioria dos casos, os ani-mais correspondem a seres que estão presentes nos ciclos de vida da Natureza muito antes do surgimento dos humanos na terra.

A vida do homem em sociedade, nas diferentes formas assumi-das ao longo da história, seria impensável sem a contribuição dos bichos. Dos animais, o homem extraiu as energias necessárias para deslocar-se, para cultivar o solo e viver melhor. Sem os animais, nenhuma civilização teria se firmado neste pequeno e frágil plane-ta chamado Terra.

Apesar dos benefícios trazidos para o homem, nem sempre os animais receberam a justa retribuição pelo seu esforço. Se por um lado existem comportamentos como o dos jainistas da índia, que fazem soar um sininho para afastar os insetos quando caminham pela relva, no pensamento ocidental há uma nítida desqualificação para com qualquer forma de vida não humana.

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Tais cuidados são essenciais para que a nossa convivência com os bichos seja o mais agradável - e proveitosa - possível. Qualquer que seja a espécie animal em vista para ser acolhida em seu lar, alguns cuidados são fundamentais, dentre eles:

O primeiramente, não adquira animais silvestres. Qualquer que seja o pretexto - inclusive o dos cínicos, que "protegem" espécies em extinção mantendo-as em cativeiro em casas urbanas - lembre-se de que a captura e a venda são a principal ameaça à existência dessas espécies;

Existem pelo menos 2 0 0 espécies ameaçadas de extinção em virtude do comércio ilegal de animais silvestres. Na domesticação desses ani-mais, comerciantes inescrupulosos lançam mão de expedientes como extirpação de dentes, unhas e garras, além do dooping. A mortandade provocada por esse comércio ilícito é enorme, com devastadoras con-seqüências para o meio natural.

O quanto aos animais domésticos, procure adquiri-los em lojas especializadas, com credibilidade no mercado ou, então, de cria-dores de confiança;

O na sua casa, evite o excesso de intimidade com os animais de estimação, especialmente da parte das crianças. Após ter acari-ciado seus animais, lave suas mãos, particularmente antes de tocar nos alimentos e executar qualquer tarefa;

O um contato com os bichos pode trazer sérias conseqüênci-as negativas, como a transmissão de doenças, denominadas zoo-noses; problemas de pele, teníase, toxoplasmose, micoses, sarna e raiva fazem parte do rol de doenças transmitidas por animais domésticos;

O os veterinários aconselham pouco agarramento, evitando to-car a boca do animal com a mão, não fazer uso de beijos e mantê-los o máximo possível em ambientes separados. Não permita que os animais o lambam. Mantê-los distante das camas constitui outra medida profilática muito eficiente;

O todo animal doméstico deve ter lugar próprio para dormir assim como seu "enxoval" de cama, mesa e banho (almofadas, pratos, xampus e toalhas);

O não permita que o seu animal doméstico tome conta da casa. Este é o melhor caminho para que você não deixe de comandar seu espaço.

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O não administre estimulantes nem use qualquer produto para animais que contenham substâncias desse tipo. Caso o seu animal esteja triste e cabisbaixo, mude a rotina da sua casa, mas não a bioquímica do cérebro do seu bichinho de estimação;

O fique atento para doenças como de Foshay-Mollaret e a toxoplasmose, no caso dos gatos, para a psitacose, no caso dos pássaros, e para a raiva, particularmente no caso dos cães;

O jamais deixe de vacinar seu animal. Não se esqueça de que, se o seu animal contrair a doença, terá de ser sacrificado. As vaci-nas são importantes para a saúde do seu animal e também para a sua própria, pois no final das contas, com quem é que o seu ani-mal vive?

O invista permanentemente na higiene do seu animal. Os dejetos, uma constante fonte de contaminação, devem ser prontamente retirados e os seus vestígios, eliminados. A limpeza é uma excelen-te medida profilática contra pulgas, doenças de pele, verminoses etc., e isto tanto para os animais quanto para você;

O faça uma limpeza sistemática dos dejetos do seu animal, não permitindo que os excrementos se acumulem. No final das contas, sua casa não é uma fossa;

O no caso do seu bicho de estimação adoecer, não hesite em encaminhá-lo a um veterinário. Você pode estar diante de um caso de doença contagiosa que poderá afetá-lo e também, à sua família.

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REFORMULANDO A FARMÁCIA

A indústria farmacêutica tem sido objeto de críticas profundas de parte dos mais diversos segmentos da opinião pública. Isto porque torna-se cada vez mais difícil explicar coerentemente por-que, apesar de milhões de pílulas, drágeas e comprimidos em cir-culação, a saúde mundial continua a apresentar um dramático qua-dro quantitativo e qualitativo de doenças graves e perniciosas.

Grande segmento de cidadãos desconfia, em seu íntimo, das reais motivações de uma indústria que, movimentando bilhões de dólares, utiliza-se de grandes aparatos de marketing para, em tese, "vender saúde". Utilizando-se de todo o tipo de expediente (inclu-sive dos ilícitos), para faturar alto, essa indústria seria verdadeira-mente uma Farmãfia.

Os sete princípios da saúde intransigente:

1. Saúde é um recurso pessoal finito. 2. Saúde não pode ser comprometida. 3. Saúde é mantida ou se conquista. 4. Saúde não se vende, não tem preço e, portanto, é inegociável. 5. Saúde é assunto de corpo e mente. 6. Nenhuma indústria pode falar em nome da sua saúde. 7. Você é o primeiro e grande responsável pela sua saúde.

UMA SOCIEDADE DOENTE

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Mas e os remédios, eles não são bons? Referindo-se a uma análise de Ivan Illich, o ecologista brasileiro Carlos Mine ressalva que, nos Estados Unidos, os remédios cuja venda mais cresce são justamente aqueles que atuam sobre o sistema nervoso central. Tais fármacos representavam, em 1974, quase 1/3 das vendas glo-bais da indústria farmacêutica. Nos EUA, o consumo de remédios que produzem hábito ou dependência aumentou em três vezes o seu volume total entre 1962 e 1974.

Uma série de pesquisas realizadas na França mostram que um aumento de 10% do número de médicos por habitantes provoca uma redução de apenas 0 ,3% na mortalidade da população. Em compensação, uma dimi-nuição de 10% no consumo de lipídios (gorduras) reduz essa mesma mortalidade em 2,5%, ou seja, é 8 vezes mais eficiente!

Outro problema refere-se aos sistemas de distribuição de fármacos, ou seja, à rede de farmácias. Muito embora as pessoas tendam a observar o crescimento dessa rede como um sinal de "progresso", não é bem assim que devemos analisar a questão.

Para começo de conversa, a maior parte das farmácias não dis-põe de farmacêuticos diplomados, o que transforma esses estabe-lecimentos em verdadeiras "lojas de medicamentos". O próprio número de drogarias é por si só alarmante. Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo possuem, nos dias de hoje, mais do que o dobro de farmácias por habitante do que Roma ou Paris.

Muitas farmácias fazem "promoções de vendas", oferecendo "cestas básicas de remédios". É a conhecida "empurro-terapia", que

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se acredita ter ocasionado a morte de cerca de 32 mil pessoas no Brasil apenas no período entre 1983 e 1984.

A prescrição e a venda indiscriminada de antibióticos promo-veu uma geração de supermicróbios. Esses seres microscópicos desenvolveram uma capa protetora resistente a vários antibióticos bastante conhecidos, tais como a penicilina, estreptomicina, terramicina, sulfa e outros. Assim, temos hoje o retorno vertiginoso das infecções e supurações, fístulas, abscessos, uretrites, infecções intestinais e ginecológicas, alheios ã ação de boa parte dos antibió-ticos convencionais.

Por fim, podemos colocar que a indústria farmacêutica está em crise também porque são os próprios princípios filosóficos da me-dicina ocidental, justamente constituindo a base desta indústria, que têm sido muito questionados.

Doenças degenerativas mais generalizadas como o câncer, doen-ças cardiovasculares e hipertensão são conhecidas como doenças geradas pela civilização. Distúrbios graves no equilíbrio da Nature-za também têm sido responsabilizados como uma das causas de epidemias, como a da AIDS e pelo caso do Ebola, no Zaire.

(Passei dois anos nas florestas Hindus e um nas africanas e jamais vi um só macaco, crocodifo, serpente, inseto ou efefante que fosse infedz, doente ou a traòafhar para os outros ou por dinheiro. Tntre essas criaturas da Natureza, não encontrei nenhuma que fosse asmática, cancerosa, diaòética, reumática ou vítima de ôaixa ou afta pressão sangüínea. 'Todos os povos primitivos que viviam entre efes eram tamòém relativamente fefizes, antes da invasão pefos seus "cofonizadores", armados de fuzis, de áfcoof, de açúcar, de choco fate e de refigião. JA única norma de vida destes povos primitivos era: quem não sa6e se divertir não deve comer.

George Ohsawa

O exercício da saúde solicita muito mais do que simples cápsu-las de remédios. Ele reivindica uma atuação conjunta em diversas esferas, a começar por nós mesmos.

CONTANDO COM 0 PRÓPRIO CORPO

Segundo o médico homeopata Flávio Orsini Filho, o grande trunfo da medicina holística é o de conseguir resultados preconizan-do basicamente o auxílio às forças do nosso corpo, permitindo que este desenvolva as melhores armas contra os estados de doença.

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A medicina holística agrupa práticas terapêuticas como a homeo-patia, antroposofia, medicina oriental e as fitoterapias, que em co-mum buscam equilibrar o indivíduo não só no seu interior, mas também com relação ao universo que o cerca. Desse modo, o enfoque não compreende exclusivamente o tratamento do órgão ou sistema afetado, mas, sim, a rearmonização do corpo no seu

l)m corpo transformado é um corpo que não se doôra, não se curva ante a opressão.

Lori Altman

De todas as indústrias, a farmacêutica tornou-se a mais dis-pendiosa, poluente e patogênica. Pretendendo curar caso por caso, indivíduo por indivíduo, a medicina esconde as causas pro-fundas das doenças, que são socioeconómicas e culturais.

Pretendendo aliviar todos os sofrimentos e angústias, ela es-quece que, em última análise, os indivíduos são atingidos no seu corpo e na sua psique pelo estilo de vida que lhes é imposto. Ajudando-os a suportar o que os destrói, a medicina contribui, afinal, para essa destruição.

Ao contrário do conceito que costumeiramente é objeto de divulgação, saúde não significa ausência de doenças, consumo de remédios ou consultas periódicas a especialistas, mas sim algo bem mais instigante, que é o estado de bem-estar geral. Como re-cordam diversos posicionamentos da Organização Mundial da Saú-de (OMS), a saúde é um. estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente ausência de doenças e de males.

Assim sendo, não será a medicina, seja ela a curativa ou a preventiva, que irá assegurar o bem-estar geral do indivíduo, mas sim a higiene e o desenvolvimento da soberania das pessoas. As pessoas devem, na realidade, questionar tudo o que as adoe-ce, seja o escritório, a fábrica, a cidade, as relações familiares e cotidianas e, a partir desse questionamento, procurar construir um novo elenco de medidas, que poderão torná-las saudáveis e felizes.

ALGUMAS m§m§ BÁSICAS DE HIGIENE FÍSICA E MENTAL

A higiene significa, num sentido amplo, regras para conservar e proteger a saúde nas diversas atividades da vida, tais como:

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<$> lavar as mãos; 0 utilizar água de boa qualidade, pura e fresca; $ fazer exercícios regulares, com disposição, alegria e propor-

cionais à sua capacidade;

Da mesma forma que a vida sedentária é prejudicial, exercícios muito espaçados, com pouca continuidade e intensos comprometem o cora-ção, os músculos e os ossos. Procure manter regularidade nos exercí-cios, preferencialmente com um acompanhamento profissional. Jamais pratique exercícios quando você não se sentir à vontade ou perceber que sua saúde está frágil.

<$> respirar profundamente; <t> não passar a vida sentado num local fechado; <$> adotar posturas corretas no andar, sentar e deitar; <$> ter uma alimentação saudável e equilibrada; <$> cultivar o bom humor, boas amizades e idéias positivas; $ descansar condignamente; <$> respeitar seu próprio ritmo, lembrando que, como na Nature-

za, possuímos períodos de ascensão, baixa e estagnação;

O ritmo da Natureza aíterna descanso e tra6a(Ho. 9fa <Bí6[ia, consagrou-se um dia, o Shaèat, ao descanso físico e mentaC: jHo sétimo dia da criação, (Deus compCetou o seu traòaího e descansou.

Bereshit (Gênesis), II: 2

<$> construir e/ou manter uma habitação capacitada a incorporar os seus sonhos mais profundos;

deitar-se e levantar-se às mesmas horas; ao despertar, concentrar-se no signifi-

cado de saúde; <$> anotar os sonhos e refletir sobre eles..

Os sonhos são mensagens do inconsciente chamando a sua atenção para algum momento de sua vida. Lembre-se de que todos os seres vivos ou objetos que aparecem nos sonhos são aspec-tos do seu Eu;

<$> tomar banho todos os dias; sempre que possível andar descalço; aparar e manter limpas as suas unhas;

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<t> manter limpos os seus ouvidos; <$> conservar limpas as fossas nasais; # lavar a boca antes e depois de cada refeição; <$> mastigar bem os alimentos: a digestão começa pela boca; <$> evitar o fumo, tanto o ativo como o passivo;

Quanto vdl® um pulmão?

Quando o assunto em questão é o tabagismo, a argumentação econômi-ca, f irmada no quanto ganhamos monetariamente no caso de deixarmos de fumar, é secundária e falsa. Isso porque a sua vida não tem preço.

0 beber com moderação e não fazer uso de drogas; <$> transformar o estudo em uma prática cotidiana, perpassando

toda a sua vida. Conhecimento traz compreensão, conforto íntimo e autoconhecimento profundo;

i$) possuir uma vida mental rica; <|> disciplinar as suas emoções, ser feliz e não permitir que as

circunstâncias externas influam em você; <$> possuir uma vida prazerosa, com afeto e intimidade, sensual e

sexual; <$> por fim, num conflito entre o coração e o cérebro, siga o coração.

FAZENDO PREPARADOS MEDICINAIS

Ao prepararmos as plantas, estamos extraindo as substâncias químicas que detêm propriedades medicinais. Grande parte do preparo envolve líquido e calor e o produto resultante é usado sobre a pele ou ingerido.

PREPARANDO COMPRESSAS

É usada principalmente em ferimentos. Para evitar infecções é bom lavar antes a planta. No caso de sangramento, podemos es-premer a água do talo da bananeira que estanca a ferida. A seguir, podemos colocar folhas de saião ou de bálsamo amarradas por uma faixa.

PREPARANDO EXTRATOS SIMPLES

Um método de preparar um extrato é deixar as plantas de mo-lho na água durante a noite. Outro método mais rápido e eficiente

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é empregar um pilão limpo. Em seguida, podemos misturar o extrato com água, se for ingerido, ou com óleo, azeite ou mel de abelha se for aplicado na pele.

PREPARANDO ÓLEOS FIXOS

O óleo pode ser obtido das sementes de diversas plantas como coco, gergelim, amendoim e cacau. Um dos métodos consiste em deixar as plantas de molho em óleo por um período que pode variar, em função da finalidade requerida, de uma noite a um ano. Outro método consiste em preparar um extrato simples da planta e misturá-lo com óleo. Outro método ainda consiste no aquecimento da planta juntamente com o óleo.

PREPARANDO PASTA DE AMIDO

O amido é encontrado em plantas com caules subterrâneos, tais como gengibre, taioba e cará, ou, então, retirado de plantas como arroz, mandioca e araruta. O amido pode ser misturado com água e aquecido para fazer uma mistura pastosa que é em-pregada, sozinha ou com outras plantas medicinais, para o trata-mento de abscessos e furúnculos.

PREPARANDO PÓS MEDICINAIS

Pode-se secar e triturar as folhas das plantas medicinais para fazer pó.

PREPARANDO UMA DECOCÇÃO

Prepara-se uma decocção pela fervura do material desejado, raiz, caule ou folha, em água, utilizando-se preferencialmente uma panela de barro a uma de alumínio. Geralmente, o material é fervi-do por um período de, no máximo, 5 a 15 minutos. O tempo é importante para não se perder o princípio ativo da planta.

PREPARANDO UMA INFUSÃO

Fervemos a água e a despejamos fervendo sobre o material. Cobrimos a seguir o copo por 15 minutos. O chá sempre deve ser bebido no mesmo dia, sendo ideal para o preparo plantas aromá-ticas e partes delicadas, como folhas e flores.

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PREPARANDO UMA TINTURA

Na tintura utiliza-se álcool de cereais ou neutro para extrair as substâncias medicinais. O álcool é melhor do que a água porque conserva o preparado durante muito mais tempo - um ano, em média. Nunca use álcool comum, podendo ser utilizado gin, pin-ga ou vinho branco. Quando desconhecemos a dose certa, pode-mos utilizar uma medida do material de plantas secas para cada dez medidas da bebida alcoólica. Para aquecer, utilizamos o sol, de três a sete dias. Jamais colocamos diretamente no fogo.

PREPARANDO XAROPES

Quando as plantas tiverem um gosto desagradável, o xarope pode ser uma alternativa. Preparamos uma decocção ou uma infu-são com as plantas que pretendemos usar. Para cada xícara de preparado, acrescentamos duas xícaras de açúcar mascavo e ferve-mos a mistura até derreter o açúcar. Para conservar o xarope, de-vemos ferver vidro, rolhas e outros objetos. Feche bem e pingue cera líquida entre a rolha e o gargalo. O benzoato de sódio em pó é um conservante químico para xaropes. Podemos usar meia co-lher de chá do pó para cada xícara de xarope.

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PLANTAS UTILIZADAS NA MEDICINA ALTERNATIVA

Uma das práticas que mais caracterizam a medicina alternativa é o uso de ervas e plantas medicinais, muitas das quais descober-tas e utilizadas há séculos por populações tradicionais como indí-genas, caiçaras, caipiras, ribeirinhos, castanheiros etc. Grande par-te dos fármacos tradicionais terminou assimilada pela farmacopéia popular, sendo ainda hoje muito apreciada por fração significativa da população, inclusive com origem urbana.

Arrolamos abaixo uma listagem sucinta, representativa das prin-cipais espécies.

<í> Absinto: efeito estomacal e em pequenas doses, como esti-mulante do apetite.

<$> Alcaravia: efeito estomacal, para flatulência e cólicas. <i> Amêndoa-doce: utilizada como amaciante de cabelos e para

atenuar peles secas. <$> Bagas de zimbro: efeito diurético e sudorífero. Indicado tam-

bém para o reumatismo e a gota. Benjoim: utilizado para combater pele oleosa.

<$> Berro de água-, combate reumatismo, pedras no rim e vesícula. <t> Chapéu-de-couro-, indicada para moléstias do aparelho uriná-

rio, como desintoxicante e no combate ao reumatismo. <$> Carqueja-, indicada para má digestão, azia e problemas intes-

tinais. <$> Catuaba-, considerada como um excelente tônico, digestivo e

potente afrodisíaco. <í> Coentro-, efeito estomacal. <t> Damiana-, utilizada para combater a debilidade e o esgota-

mento nervoso. <$> Funchoação estomacal e expectorante. <$> Guaraná-, efeito tônico, estomacal e como estimulante do

sistema nervoso. Linhaça (sementes): usadas como laxante e para o tratamen-

to dos intestinos e vias urinárias. Malva-, indicada para casos de bronquite, laringite e indigestão.

<$> Mate-, combate a fadiga e o reumatismo. <$> Melissa-, indicada para casos de desmaio, vertigens, palpita-

ções, insónia e dor de cabeça. <$> Mutamba-, indicado para o tratamento de cabelos fracos.

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Panamá: indicada para sudorese, bronquites e tratamento de eczemas.

<$> Pedra-ume: indicada para tratamento da diabete. <t> Picão-branco: indicado para moléstias do fígado e intestinos. <$> Quebra-pedra: usada para moléstias das vias urinárias. # Quina: indicada para a cura de febres, cãibra muscular, indi-

gestão e problemas com o ritmo cardíaco. <$> Rosa-. ação adstringente, combatendo olheiras e problemas

de pele. ifasa (fruto)-, indicada para casos de inflamação intestinal e

tratamento das vias urinárias. <t> Sabugueiro-, ação sudorífera e expectorante. <$> Salsaparilha-, ação depurativa, combatendo o reumatismo e a

gota. <$> Tília-, ação sudorífera. <$> Valeriana-, ação calmante, utilizada para o tratamento do sis-

tema nervoso.

um MIWIM MSMCMI M CASA

Muitos remédios tiveram, e ainda têm, origem em conhecimentos indígenas e em práticas populares. Para muitas doenças, o longo tempo de uso de alguns remédios provaram que eles são tão efica-zes quanto os medicamentos modernos, e eventualmente, até me-lhores. Geralmente, são também mais baratos e menos perigosos.

Lembre-se por fim de que a prática conta com o apoio de Orga-nizações como a OMS - Organização Mundial da Saúde - ligada à ONU.

Apesar do Brasil possuir uma das maiores floras medicinais do planeta, existem poucos estudos científicos aprofundados. No máximo, conhe-ce-se com cer ta profundidade cerca de 20% das 4 7 0 plantas mais consumidas no país.

Apesar das limitações possíveis, podemos cultivar uma farmá-cia em casa. Atente para os seguintes cuidados:

<$> Sementes: escolha as maiores e de melhor aspecto. Estas são as melhores. Caso não encontre boas sementes no mercado, há a pos-sibilidade de procurá-las nos jardins botânicos e hortos florestais.

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<$> Adubação: preferencialmente, deve ser feita com adubação orgânica e húmus.

<$> Plantio: a maioria das ervas medicinais pode ser cultivada em jardins ou em vasos, obedecendo às mesmas orientações do plan-tio de hortaliças apresentadas anteriormente.

<$> Colheita: o ideal é conhecermos à época em que a planta apresenta maior concentração de princípios ativos, o que varia de espécie para espécie. Sabe-se também que esses princípios ativos são fortemente influenciados por diversos fatores, dentre os quais, insolação, clima, tipo de solo, fertilizante usado, época de plantio e de colheita. Procure pois cercar-se de uma boa literatura a res-peito da flora medicinal, não só quanto à colheita, mas também quanto ao plantio e utilização.

ESPÉCIES QUE PODEM SER CULTIVADAS EM CASA

<$> Alecrim (Rosmarinum officinalis)-. o chá de alecrim, servido bem quente, costuma cortar a gripe pela raiz, além de ser um excelente tempero para frango e carnes. É um dos principais com-ponentes dos banhos calmantes (os chamados "banhos de sete ervas").

0 Arruda (Ruta graveolens): para diminuir a cólica intestinal, fazemos um chá (infusão) com um ou dois raminhos em meio litro de água. Tomar um copo duas vezes ao dia.

Para combater o mau hálito, bochechamos duas a três vezes ao dia com um chá feito com dois raminhos de arruda.

Em caso de sarna, feivemos folhas de arruda em um litro de água. Deixamos esfriar e lavamos as lesões, evitando que fiquem expostas ao sol.

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<$> Babosa (Aloe vera)-, para caspa e queda de cabelo, duas ve-zes por semana molhe o cabelo, passe o suco da folha da babosa, espere quinze minutos, depois lave e enxágüe.

Para tratar de queimadura de primeiro grau ou queimadura de sol, passe o suco da folha de babosa ou coloque um pedaço de babosa depois de tirar a película (para tirar a película, passe o pedaço no fogo).

Para hemorróidas, preparamos um suco feito da seguinte ma-neira: tiramos a casca grossa da babosa, cortamos a parte interna e esprememos. Fazemos uma massagem suave nas hemorróidas, à noite, até que a hemorróida desapareça. Este suco também pode ser usado para aliviar a coceira causada por oxiúros ou uma infla-mação do reto.

<$> Banana (Musa paradisíaca, Musa sinensis, Musa sapien-turri)-. para estancar o sangue de uma ferida, colocamos sobre ela o líquido do talo da folha da bananeira.

Boldo (Coleus barbatus)-. sua infusão ou extrato é um exce-lente alívio para os males do fígado e do humor.

<$> Calêndula (Calendula officinalis)-. a tintura e a infusão das suas folhas secas possui ação anti-séptica e cicatrizante.

<$> Camomila (Matricaria chamomilla)-. para dor de barriga, ga-ses e diarréia, preparamos uma infusão usando uma colher de chá de erva para cada copo de água.

<$> Capim-limão ou Capim-santo (Cymbopogon citratus)-. sua in-fusão possui efeito calmante e combate a insónia, além de possuir ação analgésica e estomacal.

<$> Chuchu (Sechium edule): em caso de pressão alta, prepara-mos o chuchu da seguinte maneira: lavamos o chuchu usando uma escovinha para tirar eventuais agrotóxicos da casca. Depois, cortamos em fatias e batemos no liqüidificador com um pouco de suco de laranja. Coámos e tomamos duas a três vezes ao dia. Cons-titui um ótimo diurético, enriquecendo ainda o organismo com potássio. Fazemos uma infusão com três folhas e um copo de água. Tomamos dois a três copos por dia.

Ewa-cidreira (Melissa officinali): uma infusão preparada com suas folhas secas possui ação calmante e digestiva.

<$> Guaco (Mikania glomerata)-. um xarope das folhas frescas ou a infusão das suas folhas secas constitui um excelente expectoran-te para todas as idades.

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<$> Hortelã (Menta spicata): é usado como vermífugo (salada) e digestivo (infusão).

<$> Inhame (Colocasia sp): além de ótimo alimento, o inhame tem enorme valor medicinal. Ele faz uma verdadeira limpeza no organismo através da pele, dos rins e dos intestinos. O emplastro do inhame pode ser usado contra dores, feridas inflamadas, tumo-res e hematomas. Também ajuda a puxar espinhos, estilhaços de vidro, quistos sebáceos, furúnculos e unha encravada.

<$> Maracujá (Passiflora edulis)-. a decocção das folhas constitui um renomado calmante e diminui a ansiedade, corrigindo a insó-nia e distúrbios nervosos. Preparamos a decocção com uma ou duas folhas para uma xícara de água. Tomamos duas a três xícaras por dia. O fruto fornece um suco bastante apreciado.

Mentrasto (Ageratum conyzoides% utiliza-se a parte aérea da planta seca em infusões ou tinturas com ação analgésica e antiin-flamatória.

<$> Mil-folhas (Achillea millefolium): a infusão das suas flores e folhas possui ação antiinflamatória.

<$> Sãlvia (Salvia officinalis): é uma planta com poder digestivo, expectorante (por meio de infusão ou da vaporização dos ambien-tes) e antiinflamatório (compressas).

<$> Poejo CMentha pidegia): o chá de poejo é muito usado para acalmar cólicas dos bebês assim como para cortar resfriados. Tam-bém se pode mastigar a sua folha fresca, tal qual um chiclete, para sentir bem-estar nas vias respiratórias.

INDICAÇÕES DO RECEITUÁRIO CASEIRO

MEDICANDO 0 REUMATISMO, ARTRITE TORCEDURAS E DORES MUSCULARES

#> Utilizamos 1 xícara de alho em pedacinhos, outra de gengi-bre em pedacinhos e mais uma de pimenta amassada. Esquenta-mos três xícaras de óleo de coco e acrescentamos os ingredientes. Deixamos então a mistura em fogo baixo de cinco a dez minutos, retiramos do fogo e após ter esfriado, aplicamos no local e massageamos.

MEDICANDO A DIARRÉIA

<$> Tiramos 3. casca. de uma banana verde. A seguir, cortamos a banana em rodelas finas e a deixamos secando ao sol por um dia.

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Trituramos o produto num pilão e guardamos o pó em vidros bem fechados. O pó de banana pode ser misturado com alimentos moles como a papa de arroz.

Três folhas de cada uma das seguinte árvores: abacateiro, goiabeira e pitangueira. Acrescentamos dois copos de água e fer-vemos durante dez minutos. Após cada evacuação, tomamos 1 copo da solução. Além da solução, é importante beber soro prepa-rado com uma pitada de sal e uma colher rasa de chá com açúcar.

MEDICANDO A CONJUNTIVITE

<$> Fervemos um copo de água e despejamos sobre um punhado de folhas e flores de alecrim ou camomila, picão ou jasmim colo-cados num copo. Tampamos o recipiente durante 15 minutos, coá-mos e deixamos esfriar. Usamos de duas a três gotas em cada olho, a cada duas ou três horas.

MEDICANDO A TOSSE

Para preparar um expectorante para tosse, siga as seguintes instruções:

usamos três punhados de folhas frescas de tamarindo e um gengibre de tamanho médio. Cortamos o gengibre em rodelas fi-nas. Colocamos as folhas de tamarindo no fundo da panela de barro e, a seguir, as rodelas de gengibre em cima das folhas;

<$> acrescentamos dois copos de água. Fervemos durante trinta minutos ou até que permaneça o volume equivalente a apenas um copo de líquido. Coámos. Acrescentamos um copo de açúcar e meio copo de água. Fervemos até a mistura alcançar o ponto de um xarope grosso;

<t> após a mistura ter esfriado, acrescentamos o suco de um a três limões. O xarope deve ser tomado a cada três a quatro horas. Para o adulto, a dosagem é uma colher de sobremesa, para crian-ças, uma colher de chá e para bebês, meia colher de chá;

<t> outra alternativa é fazermos um xarope de agrião. Para fazer o xarope, socamos algumas folhas de agrião e tiramos o sumo. Misturamos uma parte de mel de abelhas com uma parte de suco de limão e batemos tudo com sumo de agrião até ficar bem mistu-rado. A criança recebe uma colher de chá duas a três vezes ao dia;

<$> uma outra alternativa ainda é preparar um chá de folha de guaco. <$> no caso da tosse com catarro, recorremos ao xarope (lambe-

dor) de mamão verde. Cortamos a tampa de um mamão verde e

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tiramos as sementes. Colocamos rapadura e tampamos novamen-te. Deixamos no forno, em fogo baixo, até ficar marrom. Tiramos a tampa e observamos se a rapadura se desfez, pois a consistência final deve ser semelhante à do mel.

MEDICANDO 0 NARIZ ENTUPIDO

<$> Prepare uma solução misturando um copo de água fria com uma colher de café. Pingue a seguir no nariz, com moderação.

MEDICANDO GRIPES E RESFRIADOS

<$> Prepare um chá de alho, na proporção de um dente amassa-do para cada xícara de água.

<$> Outra alternativa é derreter duas colheres de açúcar numa panela com dois pedaços de canela. Derramamos o líquido num copo de leite morno e acrescentamos um cálice de conhaque.

Contando com os poderes do alho 0 alho é uma planta de extrema utilidade para a nossa saúde. Ele tem até propriedades antibióticas e mata diversos vírus. Vamos destacar algumas das suas aplicações: <$> para estimular o apetite, colocamos um dente de alho cru picado na

comida; <t> para baixar a pressão sangüínea, comemos de um a t rês dentes de

alho cru por dia durante as refeições. O alho não produz efeitos colaterais e age de maneira mais duradoura do que outras substân-cias que fazem baixar a pressão;

0 para apressar a cicatrização do herpes simples, esfregamos um pou-co de alho esmagado no local.

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MEDICANDO A SINUSITE

<$> Faça uma inalação de vapor de água quente, tomando cuidado para não se queimar.

MEDICANDO A BRONQUITE

Aquecemos fubá com água, enrolamos num lençol e coloca-mos sobre o peito.

MEDICANDO A GARGANTA INFLAMADA

<$> Podemos fazer gargarejos três vezes ao dia com chá de camo-mila e água morna com sal ou suco de abacaxi ou então suco de limão acrescido à água morna.

MEDICANDO A DOR DE CABEÇA

Coloque uma bolsa de água quente na testa ou na nuca. <$> Tome uma xícara de café. <$> Faça um chá de capim-limão.

MEDICANDO A DOR DE DENTE

Você pode atenuar a dor, mastigando alguns cravos. <t> Podemos também esfregar uma pasta preparada a partir de

folhas de manjericão ou gengibre ralado com uma pitada de sal na gengiva próxima ao dente.

MEDICANDO A RESSACA

<$> Beba bastante água, mel e suco de frutas.

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MEDICANDO AS QUEIMADURAS DE SOL

<$> Para obter efeito cicatrizante, use a polpa da babosa, retirada diretamente da planta.

Molhe o local com água fria. Cubra, a seguir, com gema de ovo ou maisena.

MEDICANDO PEQUENOS CORTES

<t> Podemos passar açúcar mascavo para estancar o sangue.

MEDICANDO PRISÃO DE VENTRE

<$> Coma ameixa fresca. Caso tenha à disposição apenas ameixas secas, coloque três frutos num copo de água e beba o líquido na manhã seguinte, logo ao acordar.

MEDICANDO PICADAS DE ABELHAS E MARIMBONDOS

<$> Se você não for alérgico ao veneno desses insetos, retire o ferrão e passe mamão esmagado no local.

<$> Uma fatia de cebola alivia a dor.

MEDICANDO PICADAS DE PERNILONGOS E BORRACHUDOS

<$> Fazemos compressas de gelo ou uma pasta de água com bicarbonato.

MEDICANDO CASOS DE VERMES E DE SOLITÁRIA EM CRIANÇAS

<$> Junte duas ou três colheres de chá do leite que escorre quando cortamos a fruta verde (se for possível, também pode-mos recorrer ao tronco da árvore). Misturar a seguir com igual quantidade de mel em um copo de água quente. Tomar a solução em jejum.

$ Para combater a solitária, secamos sementes de abóbora ao sol. Damos para a criança mastigar as sementes inteiras ou então, fazemos uma moagem das sementes, começando de manhã cedo, em jejum, e continuando o dia inteiro. Durante esse dia, a criança não deve receber nenhum outro alimento até a solitária sair. Para ajudar a sair a cabeça da solitária, sentamos a criança sobre um penico com água morna. As sementes também fazem efeito so-bre outros vermes.

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MEDICANDO DORES ESTOMACAIS

#> A compressa de gengibre alivia dores abdominais provocadas por diversos problemas como indigestão, gases, menstruação, con-tusão, nefrite, pedras nos rins e na vesícula, peritonite e apendici-te. Não deve ser usada nos casos de hemorragia interna. Para fazer a compressa, lavamos e ralamos bem fininho cerca de 200 g de gengibre. Colocamos a seguir o gengibre ralado num pequeno saco de pano e amarramos a boca. Podemos também pôr o gengi-bre num pedaço de gaze, juntando as pontas e amarrando. Es-quentamos três a quatro litros de água e mergulhamos o saquinho com o gengibre. A água não deve ferver, pois a fervura diminui o efeito. Colocamos também dentro da água duas toalhas pequenas e deixamos algum tempo. Retiramos a seguir uma das toalhas e torcemos bem, até não pingar. Aplicamos a toalha úmida sobre o local o mais quente possível. Quando a toalha começar a esfriar, aplicamos, do mesmo modo, a outra toalha. Devolvemos a primei-ra toalha para a panela. Precisamos ficar aplicando a compressa durante cerca de meia hora.

FORTALECENDO OS SEUS DENTES E A SUA GENGIVA

<$> Esfregue um pouco de sal úmido dissolvido no dedo indica-dor nos dentes e na gengiva. Esta prática melhora a circulação sangüínea das gengivas, fortifica os dentes e suas raízes.

<$> Outra alternativa é mastigarmos folhas frescas de abacate. Serve também para curar infeções da boca.

LIMPANDO SUAS FOSSAS NASAIS

<$> Pingue algumas vezes por dia soro fisiológico nas suas nari-nas ou então faça a limpeza nasal aspirando, de um pratinho, um pouco de água levemente salgada.

<t> Se tiver catarro, tome um banho nasal 3 vezes por dia. Faça da seguinte forma: deite num prato um pouco de água quente, adicionando uma pitada de sal, enfie o rosto na água e aspire-a pelo nariz até que atinja as cavidades superiores da boca.

<$> Uma outra maneira de fazer o banho nasal é mantendo a cabeça inclinada lateralmente, despejando pela narina de cima um pouco de água morna levemente salgada, fazendo com que saia pela outra narina.

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CICATRIZANDO FERIMENTOS

<$> Para acelerar a cicatrização de ferimentos externos, fervemos uma ou duas folhas verde-escuras grandes de confrei em um litro de água e lavamos as feridas.

<$> Para ajudar na cicatrização, assim como no pós-operatório e para inflamação interna, tomamos por dia três copos de infusão das raízes, usando para tanto três pedacinhos de cinco centímetros para um litro de água.

<f> Para a cicatrização de úlcera varicosa, podemos utilizar o leite do mamão. Lave a ferida com o suco diluído em água, fazendo uma solução de uma colher de sopa do leite para cada litro de água.

EUIM&osAsenm TOMADOS NUMA MWÂM

Algumas doenças melhoram com remédios caseiros. Outras podem ser mais bem tratadas com medicamentos, e isto é verda-deiro para doenças como pneumonia, tétano, apendicite, febre tifóide, tuberculose, doenças sexualmente transmissíveis etc.

Nesses casos, não devemos tentar curar essas doenças apenas com remédios caseiros. Assim, na eventualidade de você necessi-tar recorrer a uma farmácia, faça-o; contudo, sempre adotando os seguintes cuidados:

<$> não adquira remédios sem a devida indicação de um médico;

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<t> certifique-se de que a farmácia dispõe de farmacêutico. Essa é uma referência e garantia de idoneidade do serviço prestado;

<t> combata a "empurro-terapia": recuse com firmeza a insistên-cia do balconista da drogaria em oferecer determinado medica-mento, só porque não tem o que você pediu. Lembre-se de que não necessariamente o produto oferecido terá efeito similar ao receitado pelo seu médico;

0 evite a auto-medicação. Não compre remédios por conta pró-pria ou por recomendação de leigos. Eles podem trazer efeitos colaterais imprevisíveis;

<t> guarde as receitas. As receitas podem constituir um excelente suporte para o histórico do seu estado de saúde. Guarde-as em lugar seguro;

<$> avalie a embalagem do remédio. Observe a embalagem e confira as informações relativas à data de fabricação e validade;

<$> verifique as indicações. Remédios para adultos não devem ser adquiridos para a medicação de crianças ou vice-versa;

<$> leia atentamente a bula. Procure informar-se sobre o signifi-cado das explicações técnicas. Informe-se sobre precauções, indi-cações de uso, efeitos colaterais e posologia do remédio. Guarde todas as bulas dos remédios que utilizar ou que já utilizou;

# mantenha os remédios em local seguro. Determine um espa-ço com bom isolamento térmico, fora do alcance dos animais e das crianças, para armazenar os remédios da casa.

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