8ª Aula Gênero Na Terapia de Casal e Família

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GÊNERO NA TERAPIA DE CASAL E FAMÍLIA

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Sistmica

Gnero na terapia de casal e famlia

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Gnero uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado. O gnero um elemento constitutivo de relaes sociais fundadas sobre as diferenas percebidas entre os sexos (...) um primeiro modo de dar significado s relaes de poder.

Concepo patriarcal

Modelo familiar:

Estrutura hierarquizada, pai com poder sobre a famlia.

Diviso sexual do trabalho.

Vnculo afetivo maior entre me e filhos.

Controle da sexualidade.

Famlia patriarcal

Para o homem:

Exerccio do poder.

Objetividade.

Racionalidade

Dificuldade com afetividade.

Agressividade e conquista

Paternidade provedora.

Aventuras extraconjugais.

Para a mulher:

Submisso

Subjetividade

emotividade

Afetividade e intimidade

Docilidade e cuidado

Maternidade amorosa

fidelidade

Cinco posies ao longo da evoluo do conceito de gnero no casal:

Tradicional

Consciente de gnero

Polarizada

Em transio

Equilibrada

Tradicional

Papis do homem como provedor, mulher cuidadora e dona de casa; mesmo trabalhando fora de casa.

Problemas que aparecem em terapia: tom queixoso sugerindo opresso e atitudes que supe raiva.

Nos homens aparecem culpas que so aliviadas por meio de consideraes sobre a presso no trabalho.

Na mulher comum a insatisfao pessoal e a sensao de desqualificao.

Trabalho teraputico

Conscientizar o casal sobre as questes de gnero.

Questionar as expresses que fortalecem o patriarcado.

Discutir as mudanas histricas e culturais atravs do genograma.

Trabalhar com o impacto emocional do sentimento de desvalorizao e sobrecarga.

Conscincia de gnero

O casal questiona a distribuio de papis, com clara percepo que sua vivncia opressora.

Oscilao entre questionamento e conformismo, mas no sabem resolver a situao.

As mulheres apresentam-se zangadas, sendo comum a restrio de afeto e negao de relaes sexuais.

Questionam ao papis de gnero entre amigos.

Trabalho teraputico

Ajud-los a ampliar as experincias de desequilbrio entre os gneros, discutindo a explorao e as oportunidades de novos papis, explorao de possibilidades para novos arranjos, contratos, verbalizaes das mgoas e das queixas.

Polarizada

Observa-se um constante e aberto desafio quanto aos papis de gnero. So claras as divises na famlia, as alianas e as coalizes.

Sistema competitivo organizado em torno das divises.

Misto de raiva, preocupao e medo, com dificuldades em encontrar alternativas para o desequilbrio.

Exigncias de mudanas um do outro. Ataques constantes.

Trabalho teraputico

Validar expectativas de mudanas, encorajar a exposio de queixas e acusaes para que sejam ouvidas, conhecidas e transformadas em pedidos e acordos.

Buscar a compreenso do outro.

Estimular as conversaes, buscando evitar as divises que alimentam a disputa e a competio.

Transio

A meta da terapia a amplificao das mudanas visando o estabelecimento de uma certa igualdade, ou melhor equilbrio entre as aes de cada um.

Diminuir ou eliminar os desequilbrios que percebem.

Ampliao e experimentao de novos papis.

Conversar sobre as coisas boas e ruins das mudanas e verbalizar satisfao ou sentimentos de perda.

A conscincia do desequilbrio de papis fundamental para se estabelecer acordos e propiciar uma espontaneidade maior nos relacionamentos familiares, menos mgoas enrustidas e deslocadas para comportamentos de boicote, ironia e desqualificao entre outros.

Discusso sobre como cada um afetado com as mudanas na famlia.

Equilibrada

Supe a possibilidade da famlia vivenciar uma mudana na medida em que seus membros se livraram dos condicionamentos que os padres tradicionais lhe s impingiram.

Democratizao na tomada de deciso como nos papis de interao na famlia: pais, mes e filhos, marido e mulher.

A posio equilibrada resulta em relaes mais colaborativas, mas supe maior confiana e assertividade de cada membro do casal, como companheiros e pais.

Presena de negociao e dilogo, alternncia da liderana.

Casos da clnica

Mulheres de meia-idade com filhos adultos queixa : vazio, se sentem dispensveis, sem perspectiva...

Culpar os maridos nesta fase de vida no tem sentido.

Trabalho teraputico sob a perspectiva de gnero e ciclo vital

Na fase da aquisio antes do primeiro filho, as posies de gnero podem ser mais flexveis.

Depois do nascimento ajustes precisam ser feitos, entre o casal.

Na fase da adolescncia, ocorre a oportunidade para discusso, conscientizao e mudana dos papis de gnero.

Fase p/ fortalecer posies tradicionais ou negociar novas posies.

Comportamento mais liberal das filhas, tm encorajado muitas mes a assumir mudanas na direo de maior autonomia e liberdade pessoal.

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A fase dos filhos adultos pode ocasionar uma sensao de esvaziamento do casamento, pois os filhos esto mais independentes.

So comuns as queixas de indiferena, falta de interesse sexual, apontando para a necessidade do terapeuta trabalhar a histria do casal.

Na fase ltima, a gentica pesa um pouco mais para as mulheres, na medida que tm maior sobrevida que os homens, os quais, por consequncia, adoecem mais, colocando-as como cuidadoras .

Fase tambm em que o casal vive como parceiros, apoiando-se, consolando-se nas perdas, testemunhando o crescimento da famlia, as realizaes dos netos e cultivando seus lazeres em conjunto.

O trabalho teraputico gira em torno de:

Validao da experincia dos casais e famlias;

Ampliao dos seus contextos;

Co-construo dos significados que atribuem aos papis de gnero, no se esquecendo da importncia das afirmaes universais.

Sugestes de trabalhos

Com a famlia tradicional por exemplo, o papel do terapeuta facilitar a conscincia do desequilbrio dos gneros.

Ex: Pergunta p/ o pai:

Que consequncias tm para a famlia o fato de sua esposa no trabalhar fora?

suficiente p/ suscitar colocaes divergentes pelos membros, propiciando assim uma percepo do desequilbrio e desencadeando processos reflexivos que acabam levando maior expanso dos papis daquela famlia.

Nas famlias c/ alguma conscincia de gnero fazer perguntas reflexivas sobre as consequncias de mudar: o que seria diferente, que ganhos, que perdas teriam...

Quando h polarizao na famlia, h maior facilidade p/ o terapeuta perceber as posies de desequilbrio de gnero; por outro o clima de guerra fria, a competio pela liderana, a defensividade dos homens e medos da perda nas mulheres tornam a questo mais complicada.

A tarefa do terapeuta produzir a polarizao, validando as diferentes experincias de cada membro da famlia. Atravs do dilogo, desfazer culpas e criar contextos que encorajem a negociao no sentido de buscar solues para os impasses que se encontram.

Bibliografia

Questes de Gnero na terapia de Casal e Famlia. Manual de Terapia familiar. Osorio, Luiz Carlos. Artmed