93 Casa de Sementes Crioulas Caminho Para a Autonomia Na Producao Camponesa

download 93 Casa de Sementes Crioulas Caminho Para a Autonomia Na Producao Camponesa

of 36

Transcript of 93 Casa de Sementes Crioulas Caminho Para a Autonomia Na Producao Camponesa

CASA DE SEMENTES CRIOULASCaminho para a Autonomia na Produo Camponesa.

INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMO

INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMOAv. Farrapos, 88, 2 piso.Bairro Floresta. Porto Alegre/RS CEP: 90220-000/ 051 3228 8107 E-mail: [email protected] CNPJ 06942198/0001-09

.

Equipe de Elaborao:Evanir Jos Albarello, Eng. Agrnomo: Marciano Toledo da Silva, Frei Srgio Grgen

Tiragem: 1.000 Exemplares.

Impresso: Grfica Instituto de Menores

Porto Alegre, Setembro 2009.

APOIO:FUNDO NACIONAL DE SOLIDARIEDADE / CNBB e CRITAS BRASILEIRA

APRESENTAO

Este subsidio que hora chega s mos dos camponeses, das camponesas, tcnicos, entidades e pessoas que se preocupam com a continuao da vida camponesa, fruto da caminhada e da experincia de milhares de pessoas que cuidaram e preservaram as sementes crioulas e apostam na produo agroecolgica. Com o tema, Casa de Sementes Crioulas: Caminho para a Autonomia na Produo Camponesa, destaca-se a importncia das sementes para a vida camponesa. Ao abordarmos as transformaes ocorridas na agricultura, salientamos as conseqncias negativas do modelo imposto pelo monoplio das grandes empresas transnacionais que buscam o controle de toda a cadeia produtiva, ou seja, desde os insumos, as sementes e toda a produo. Assim, muito se perdeu no meio rural. No esse o modelo que defendemos. Busca-se neste subsdio demonstrar a importncia da agroecologia e da resistncia das camponesas, dos camponeses e comunidades que teimosamente fazem das sementes crioulas um caminho para a sua autonomia. Semente crioula vida e patrimnio dos povos. Agregam sabedoria milenar, experincia, cultura, mstica e biodiversidade. Para as comunidades, grupos e movimentos sociais, organizar casas de sementes crioulas fundamental para fortalecer a produo, construir autonomia e distribuir sementes. E, para manter a qualidade e a sade das sementes precisamos ampliar nosso conhecimento tcnico, observar nossas lavouras, registrar informaes e partilhar as experincias e os conhecimentos. Semente crioula legal, e as nossas leis agora reconhecem que camponeses e camponesas possam plantar e produzir sua semente crioula, fazer seu financiamento e possibilitar que mais pessoas tenham acesso a esse maravilhoso material gentico. Motivamos a cada pessoa que tiver acesso a este material que seja um propagador, um semeador e que as sementes crioulas faam parte de seu cotidiano. Que a cada encontro, visita e viagem que realizar possa levar sementes para partilhar com os vizinhos, amigos, militantes e demais camponeses. A biodiversidade agradece. fundamental diminuir a distncia entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prtica. (Paulo Freire)

AS SEMENTES CRIOULASAs sementes crioulas fazem parte da vida dos povos desde a descoberta da agricultura. De forma coletiva descobriram tcnicas e prticas que foram com eles evoluindo, entre elas o manejo das sementes crioulas. Na histria das sementes est tambm a histria da humanidade. A partir da prtica da agricultura e da descoberta das sementes os povos e o mundo evoluram para o que vivemos hoje. Consideramos como sementes crioulas no s os gros, mas tambm plantas, animais, flores, rvores nativas, frutas, ervas, plantas medicinais e muitas outras. Uma diversidade de espcies que se encontram na natureza e que foram cuidadas, melhoradas e preservadas ao longo do tempo, passando de gerao em gerao, alimentando os seres humanos e os animais. A natureza oferecia fartura, era diversificada e as pessoas se alimentavam com milhares de espcies. Cada povo, nao ou comunidade desenvolveu seus hbitos alimentares e os incorporou na sua cultura. dos agroqumicos (adubos qumicos e agrotxicos) e s sementes transgnicas. Esta sabedoria e resistncia um ensinamento grandioso que deve ser preservado e seguido. do trabalho e da sabedoria dos antepassados que hoje temos as sementes crioulas. com elas que vamos alcanar a abundncia na produo de alimentos e de tantas outras matrias primas necessrias para a nossa sobrevivncia e a autonomia da agricultura camponesa.

Sementes crioulas so as sementes cuidadas e melhoradas sob o domnio das comunidades tradicionais. fruto da evoluo da natureza e do trabalho de diferentes povos. Existem em abundncia na natureza e com muita sabedoria, os camponeses e as camponesas em diferentes partes do mundo, resistem ao pacote tecnolgico

A continuidade da agricultura camponesa, forte, autnoma, dinmica e diversificada, depende da capacidade do campons e da camponesa em conhecer, resgatar e produzir com sementes crioulas, pois h uma relao direta entre ambos. Podemos dizer que as sementes crioulas dependem dos camponeses e das camponesas, assim como os camponeses e as camponesas dependem das sementes crioulas. E, esta relao de interdependncia, permite a continuao de um campesinato forte, organizado e autnomo. As sementes so herana deixada pelos antepassados e que cuidamos para as geraes futuras. algo de grande valor para ns e por isso devem ser protegidas para usufruto de toda a humanidade.

SEMENTES: GRATUIDADE DIVINA A SERVIO DA HUMANIDADE.Deus d a semente para o semeador, Tambm dar o po em alimento; Para vocs multiplicar a semente, E, ainda far crescer o fruto da justia que vocs tm. ( 2Cor 9,10). H uma relao intrnseca entre pessoas e natureza, isto , h uma interdependncia e uma complementaridade entre todas as formas de vida que existem no planeta terra. Deus criou o mundo e viu que tudo era bom, tudo estava em harmonia. A terra produziu relva, ervas que produzem sementes e rvores que produzem frutos, frutos que contm semente, cada uma segundo a sua espcie. Alm de garantir as sementes, Deus possibilita as condies de sua reproduo como: a terra, a chuva, o calor, as estaes do ano... A natureza prdiga, esbanja uma abundncia admirvel para a continuidade das espcies, e a terra se enche de vida a partir do ncleo original das sementes. As sementes para muitos povos e comunidades so vistas como sagradas. Elas so um presente dos Deuses e pertencem aos povos, naes, e a toda humanidade. um bem comum, patrimnio da humanidade, direito inalienvel e smbolo de vida. No princpio as sementes eram diversas e esta diversidade serve de alimentos sadios e ricos em nutrientes e sacia a fome da humanidade. Assim, as sementes so fontes de vida. A semente a origem e o sustento da vida. Dela nasce e por ela continua a vida de todos os seres vivos. Na histria do povo egpcio, ao passarem fome, pediram a Jos: D-nos sementes, a fim de que vivamos. (Gn 47,19)

Os camponeses e as camponesas percebem que as sementes crioulas esto carregadas de esperana. A cada ano preparam a terra e lanam as sementes acreditando na fartura da colheita. Observam as estaes do ano, o tempo de plantar e de colher. Plantam milho, feijo e arroz; criam animais (galinhas, patos, gansos, porcos, peixes, vacas...); cultivam a horta, o pomar, semeiam trigo, cuidam das nascentes de gua e da mata nativa. Desenvolvem a agroecologia como opo de vida e como um modelo de desenvolvimento ecologicamente equilibrado, com justia social, com viabilidade econmica e culturalmente diversificado. Tudo isso passa a ser manifestao divina na vida e no trabalho do povo do campo.

A relao e convivncia com as sementes e com a terra expressam tambm o modo de vida e de religiosidade que prpria da vida na roa. O campons e a camponesa ao cultivar com sementes crioulas, alm de alimentar a cultura e a sabedoria popular, faz a re-ligao do sagrado e do simblico, reavivando a histria de cada gerao. Eles e Elas conhecem as sementes crioulas. As sementes conhecem a terra e conversam tudo com o sol, a chuva conversa com o gro e o gro com o vento. E assim, as pessoas ao cultivarem, conversam uns com os outros e tambm conversam com as sementes e com a terra. Esse conversar os torna prximos, coresponsveis na vivncia e na reproduo da vida. A Bblia no concebe as sementes como mercadoria, e sim, como gratuidade divina. Ela nos alerta para separamos o joio do trigo e combater as sementes da morte, as transgnicas. Denunciamos o processo de privatizao, de contaminao gentica e do desaparecimento das sementes como uma ameaa vida. Monoplio antinatural e a monocultura uma

distoro, ambos so lobos com pele de cordeiro. O inimigo est semeando as sementes da morte e ns no podemos calar. No podemos compactuar com milhes de famintos, com crianas morrendo de fome. Se o organismo se debilita a natureza sofre. Se a semente negada, a prpria vida que fica inviabilizada para uma grande parcela da populao. Negar e concentrar as sementes inverter a ddiva divida colocando o lucro e concentrao acima do direito inalienvel vida. Todo o trabalho de resgate e preservao das sementes crioulas requer muita perseverana. Cabe lutar por um controle coletivo das sementes, construir mecanismos efetivos de segurana alimentar, partilhar informaes e articular resistncias. A transformao vir no tempo certo, pois a boa semente que cai em terra boa d bons frutos. Uma surpresa bem preparada. A semente crioula um sinal do Reino de Deus porque carrega a essncia da vida. Resgatar as variedades de sementes crioulas urgente para reconstruir a soberania dos povos e manter a vida no planeta.

Sementes Crioulas e Identidade CamponesaA humanidade sustenta-se h milhares de anos, desenvolvendo e aprimorando conhecimentos nos diferentes locais e por diferentes povos. Assim surgiu a agricultura, pelas mos das mulheres, que h milhares de anos alimenta a populao mundial. A agricultura foi desenvolvida e melhorada pelos camponeses e pelas camponesas, pela observao da natureza e adaptando milhares de variedades de sementes no mundo todo. Esse modelo prosperou por milhares de anos e sempre conseguiu produzir alimentos e viver harmonicamente com a natureza e demais seres vivos.

Mas o que aconteceu com a identidade e a vida camponesa? Nos ltimos anos, buscando concentrar riquezas, grandes grupos econmicos, comearam a investir na agricultura. Impuseram as sementes hbridas, os adubos qumicos, os agrotxicos, as altas tecnologias, a monocultura e recentemente as sementes transgnicas. Obrigaram os camponeses a produzir monoculturas, a destruir o meio ambiente, a deixar de lado seu modo de vida, sua cultura, seus costumes e seus valores. Impuseram a ideologia do mercado e do progresso, o que gerou uma forte concentrao das terras, da renda e o empobrecimento dos camponeses e das camponesas, provocando o xodo rural. Padronizaram o mercado ditando o que vamos plantar e o que vamos comer. Passaram a dizer que colono era atrasado e caipira. No permitiram que crissemos porcos, galinhas e outros animais crioulos, destruram nossas hortas, pomares, hbitos e costumes. A identidade camponesa o reconhecimento do que os identifica, do que lhe prprio, reconhecer a afinidade prpria com as pessoas e grupos. A identidade camponesa expressa pelo modo de vida, pelos hbitos alimentares e comidas tpicas, pela cultura, pela msica, pelas danas, pela mstica e religiosidade, pelo jeito de produzir e de cuidar da terra. Para o campons e a camponesa a terra o lugar de reproduzir e cuidar da vida. As sementes crioulas so o elo entre o campons e a camponesa e sua identidade. Como poder sobreviver um campons, uma camponesa e suas famlias sem possuir sementes? As sementes crioulas foram roubadas dos camponeses e das camponesas e junto com elas, o conhecimento milenar sobre o cuidado e o processo de produo das sementes. Qual o campons e a camponesa que domina o processo de

produo das sementes hbridas e transgnicas? Muitos resistiram, cuidaram e multiplicaram as sementes crioulas. A vida na roa cheia de conhecimentos e o campons e a camponesa conhecem as sementes crioulas, conhecem o ciclo das plantas, sabem a poca de plantio, relacionam com outros fatores da natureza, como a lua, estaes do ano e com a tradio milenar e familiar. Eles e Elas conhecem a terra, e a terra conhece as sementes e, as sementes, por favorecer o conhecimento e receber carinho e ateno das pessoas e da terra, se adaptam facilmente e produzem com qualidade e em quantidade. Esta relao fortalece o vnculo do campesinato e enche de orgulho e satisfao quem as produz. Hoje impossvel viver na roa com autonomia e liberdade sem que os camponeses e as camponesas conheam e dominem o saber sobre a produo de suas sementes. Elas so o seu maior patrimnio, so capazes de gerar vida saudvel e tem um valor sagrado. Sementes so fontes de vida e se misturam com a prpria vida das pessoas que cultivam a terra. As sementes crioulas representam fartura, sade e a continuidade da vida.

Quando faz o cultivo com sementes crioulas o campons e a camponesa estabelecem uma relao de complementaridade, que passa pela sua opo, pelo preparo da terra, pelo cuidado, pela fartura da colheita e pela diversidade de alimentos que lhe garantem sade, autonomia e prosperidade.

Sua identidade est no jeito de viver, no privilgio de estar em sintonia com a natureza. Ela est ligada com os hbitos alimentares: pratos tpicos, diversificados, que respeitam a origem e o costume regional, aproveitam o que tem na propriedade e que seja produzido em casa; costumes como: o mutiro, a troca e o emprstimo de ferramentas e equipamentos, a troca de produtos e sementes entre as famlias e as festas de aniversrio; festas tradicionais, religiosas e tpicas do meio rural, festa das sementes crioulas, das colheitas e de

comemorao do dia 25 de julho; lazer nas comunidades com resgate das brincadeiras de rodas, esporte, gincanas, danas e bailes; educao pblica e de qualidade, com escolas no meio rural e voltada para a realidade da vida camponesa; e o desenvolvimento da agroecologia como um jeito moderno de produo que garanta a sustentabilidade, o equilbrio ambiental e a permanncia do campons e da camponesa na roa com dignidade de vida. A identidade camponesa a expresso de seu povo e da sua vida.

OS EFEITOS DA REVOLUO VERDE E DOS MONOPLIOS SOBRE A AGRICULTURA CAMPONESAA agricultura, com o passar do tempo, sofreu vrias mudanas, acompanhando o desenvolvimentismo e atendendo os interesses da burguesia mundial. Uma dessas transformaes foi a revoluo verde que provocou muitas conseqncias sobre a agricultura brasileira em geral e sobre a agricultura camponesa em particular. Os pequenos agricultores foram os grandes perdedores. O latifndio se afirmou de norte a sul do Brasil como produtor de vastas monoculturas. As cidades incharam com o brutal xodo rural que se produziu aumentando a problemtica social do pas. As indstrias vinculadas agricultura esto quase que totalmente concentradas em mos do capital multinacional, transferindo renda para fora do pas. A natureza sofreu grande devastao com esta forma de fazer agricultura, contaminando o solo, reduzindo a biodiversidade, contaminando guas (de superfcie e subterrneas), devastando biomas, alterando climas e desertificando vastas regies. S uma parte dos agricultores teve acesso a algumas melhorias nas suas condies de vida. A sade ficou comprometida devido ao uso continuado de venenos e o acesso educao continua difcil. As condies de habitao, da imensa maioria, continuam precrias. Em resumo: a revoluo verde, como um processo de desenvolvimento do capitalismo na agricultura, concentrou renda, patrimnio e poder para a classe dominante e deixou problemas, sofrimento e misria para as maiorias pobres.

A REVOLUO BIOTECNOLGICA.Aps a disseminao da revoluo verde as empresas decidiram aumentar ainda mais o controle sobre a produo agrcola. Chegam modernizando com tecnologia de ponta e sementes transgnicas. Com essas tecnologias prometem aumentar a produo agrcola, acabar com a fome e facilitar a vida e o trabalho dos agricultores. Porm aumentam a dependncia dos camponeses e das camponesas s indstrias. As empresas vendem seus produtos casados, ou seja, uma semente doente e dependente de um pacote qumico (venenos e adubos) fornecido pela mesma empresa. O campons empobrece e explorado enquanto as empresas aumentam seus lucros, o domnio da cadeia produtiva e seu poder. A apropriao privada da produo, reproduo e distribuio de novas variedades e de sementes modificadas geneticamente pelas empresas privadas multinacionais, assim como o controle da oferta de insumos que essas sementes requerem, vm submetendo os povos de todo o mundo a uma submisso, a uma tirania. Esse mecanismo de fcil compreenso: as multinacionais controlam a produo e o comrcio de sementes modificadas, que eliminam as resistncias naturais, criam dependncia aos agrotxicos, estabelecem a uniformidade gentica e o enfraquecimento das espcies, o que leva ao ataque de pragas e doenas. Com a chegada das sementes transgnicas as empresas podem patentear essas variedades obrigando os camponeses e as camponesas a pagarem pela tecnologia. O longo perodo da revoluo verde e da revoluo biotecnolgica, nas regies onde elas se consolidaram em suas vrias fases, provocou duas conseqncias diretas sobre o jeito de fazer agricultura dos camponeses, que conseguiram resistir na terra, rodeados pela avalanche deste modelo tecnolgico controlado pelas multinacionais. So elas: 1 - Abandono da Produo de Subsistncia A revoluo verde, onde se implantou, destruiu a estrutura produtiva que dava base para a auto-sustentaro dos pequenos agricultores e imps uma estrutura produtiva voltada para a monocultura, que a produo de um s produto e voltada para o mercado. Acontece aqui, uma grande mudana na cultura produtiva camponesa e nos hbitos alimentares da populao. A estratgia que era de estoque de produo passa a ser de mercantilizao, isto , produz e vende, precisa comer, compra.

A maioria dos pequenos agricultores abandonou a produo de subsistncia achando que com o dinheiro que ganhariam com a produo de monoculturas (soja, milho, fumo, algodo, caf frutas, aves, sunos, eucaliptos, etc.) comprariam tudo o que precisavam para dentro de casa, inclusive alimentao. Mudou com isso os hbitos alimentares, que deixa de lado os produtos naturais e passa para os alimentos industrializados. E com o tempo, passou a no sobrar dinheiro nem para pagar o custo da produo da prpria monocultura. O pequeno agricultor passou a trabalhar para as agroindstrias. Assim, as

estruturas para produzir de tudo para a subsistncia familiar, inclusive para comer, foram deixadas de lado, esto destrudas e precisam ser reconstrudas. 2 - Mudana Cultural A revoluo verde, com seus vrios instrumentos ideolgicos, mudou a cabea dos pequenos agricultores. Os governos e a burguesia atravs do rdio, televiso e jornais, das empresas de assistncia tcnica, das escolas, dos polticos capitalistas, colocaram na cabea do povo uma falsa idia de modernidade, que era abandonar a produo de subsistncia e s produzir para o mercado, dependendo exclusivamente das grandes empresas. E a propaganda foi to grande que o povo embarcou nesta canoa furada. Ningum queria ser considerado atrasado e passar vergonha nas palestras dos agrnomos que prestavam assistncia tcnica. As empresas comearam a se espalhar em diversos pases e se organizar em grandes monoplios. Passaram a usar um discurso inovador baseado na modernidade, na novidade tecnolgica, no aumento da produo e na qualificao dos trabalhadores e trabalhadoras.

Ideologicamente esse processo veio acompanhado com uma forte promoo da agricultura familiar e do empreendedor rural. Quem no se enquadrava neste novo modelo foi abandonado e deixado de lado pelas polticas pblicas. Hoje, os camponeses, em sua maioria, so dependentes em quase tudo para sua produo. Compra-se tudo no mercado: sementes, adubos, combustvel, equipamentos, mquinas e venenos. As agroindstrias, brao dos monoplios, impem o qu e como os camponeses vo produzir. Impem os preos que se paga pelos insumos e ditam o preo que vamos receber pela produo. Os camponeses esto prestando um servio para as grandes empresas, e no recebem nenhum benefcio por isso. Na verdade os camponeses foram roubados em seus conhecimentos. Tiraram-lhes a sabedoria sobre a produo agrcola, que durante milhares de anos passaram, uns para os outros, de gerao em gerao, atravs da prtica e do ensino aos filhos. Faz-se necessrio recuperar estes conhecimentos e prticas e repass-las para as novas geraes.

OS ESPAOS PROTEGIDOSMuitos camponeses no entraram na onda da revoluo verde e biotecnolgica. Mesmo sendo chamados de atrasados, inimigos do progresso e do modernismo teimaram em suas formas tradicionais de fazer agricultura e de criar animais. Resistiram de forma organizada, e mesmo de forma silenciosa, e ano aps ano se tornaram os guardies e as guardis das sementes crioulas. Algumas estimularam a capitalista. marginais para regies do Brasil no entrada da agricultura Foram consideradas o avano do capital na

agricultura. Ali se preservou a agricultura camponesa no contaminada pela revoluo verde e pela biotecnologia. Estes agricultores e agricultoras e estas regies so de um valor incalculvel, um patrimnio da resistncia camponesa. L se preservaram cultura, sementes, mudas, variedades e raas de animais crioulas e caipiras, um patrimnio gentico de grande valor para a humanidade, tcnicas de manejo do solo e conhecimentos milenares muito importantes ao novo salto necessrio para uma nova fase de

desenvolvimento da agricultura camponesa. A estes conhecimentos e a esta biodiversidade conservada e preservada deve-se acrescentar, num processo de dilogo e respeito, as novas conquistas cientficas que a agroecologia acumulou nos ltimos anos. Assim, teremos um modelo de agricultura auto-sustentvel e diversificado onde os camponeses e as camponesas so protagonistas do processo por serem autnomos e portadores de sabedoria e poder: conhecem e detm o controle das sementes.

O QUE UMA CASA DE SEMENTES CRIOULAS?A casa de sementes crioulas o local onde guardamos e armazenamos as sementes crioulas aps estarem secas e selecionadas. As famlias produtoras colocam suas sementes na casa e retiram na hora do plantio. um espao de troca de sementes entre as famlias do local e com famlias de outras regies do Estado e do Pas. Quanto mais pessoas tiverem acesso mais se amplia a rede de produo e distribuio de sementes crioulas. A casa auxilia no resgate e na armazenagem das variedades locais. Tambm conhecida como banco de sementes crioulas. Cada famlia que produz uma guardi destas sementes. importante se dar conta de que temos que ampliar a quantidade de variedades produzidas e a quantidade de sementes produzidas. Precisamos disponibilizar sementes para um maior nmero de famlias da comunidade do municpio e demais regies do Estado e do pas. As casas de sementes crioulas so um modelo alternativo de administrao coletiva da reserva de sementes necessria para o plantio. So organizaes comunitrias que buscam a auto-suficincia na armazenagem de sementes crioulas, garantindo sementes para o plantio na prxima safra. Junto casa de sementes as pessoas, famlias e grupos encontram um espao de emprstimo, troca e disponibilizao de sementes. Este sistema permite que cada famlia produza e melhore sua prpria semente sob a gesto coletiva da reserva.

A casa de sementes deve ser organizada pelos grupos, organizaes e pela comunidade, a partir de sua realidade e necessidade. Mas, importante divulgar sua organizao e manter articulao com as demais, divulgando as experincias e socializando aes e resultados, bem como trocando sementes e adquirindo novas variedades.

IMPORTNCIA DA CASA DE SEMENTES CRIOULASAs casas de sementes crioulas, juntamente com as pessoas que as produzem so responsveis pela preservao e reproduo das sementes. importante para a manuteno da diversidade agroecolgica e sociocultural das comunidades e povos. Nos dias atuais, as sementes esto sendo colocadas como forma de poder e dominao. No mundo, grandes grupos empresariais impem as sementes hbridas e transgnicas. O que durante doze mil anos foi smbolo de autonomia e segurana alimentar passa a ser smbolo de poder, dominao fome, pobreza e morte. Deixar as sementes sob controle de empresas que busca na dominao a possibilidade de obter lucros, acima de tudo, a perca da soberania dos camponeses, das camponesas, dos povos e dos pases. Resgatar variedades de sementes crioulas urgente para reconstruir a soberania alimentar dos povos, produzir com qualidade, diversidade e manter a vida no planeta. Nesse sentido as casas de sementes crioulas tm uma importncia fundamental, pois as sementes crioulas tornaram-se smbolo da luta pelo direito vida, diversidade, ao enfrentamento e resistncia s sementes transgnicas. A sobrevivncia das variedades locais depende da perpetuao do modo de vida campons. Quando desaparecem os camponeses e sua cultura, desaparecem as variedades tradicionais. A necessidade de preservao fundamental para a sustentabilidade dos sistemas produtivos e o desenvolvimento de regies. Na experincia dos bancos de sementes da paixo, no Estado da Paraba, fica clara a importncia das casas de sementes na mobilizao social dos saberes, no uso coletivo e na conservao dos recursos genticos, na gesto das casas e na manuteno da qualidade das sementes, tendo como princpio o uso e a valorizao social do conhecimento dos agricultores e agricultoras sobre a biodiversidade local. Assim, um aumento da diversidade de cultivos crioulos contribui para o aumento e a melhor distribuio da renda familiar, propicia a autonomia na oferta de alimentos para a famlia, maior flexibilidade para enfrentar as adversidades climticas e as oscilaes de mercado, contribui na recuperao e manuteno da fertilidade natural dos solos, beneficiando o rendimento dos cultivos, maior eficincia no uso do espao e na mo-de-obra. O aumento da variabilidade gentica permite melhorar o rendimento das culturas e o enfrentamento s adversidades climticas e maiores opes para a comercializao. A melhoria da capacidade de armazenamento e beneficiamento permite aumentar a qualidade fsica das sementes e a reduo das perdas por problemas de estocagem de gros. Os bancos de sementes permitem uma maior autonomia na proviso de sementes; a possibilidade de financiamento dos sistemas produtivos, um espao de formao e de maior intercmbio de recursos genticos, de informaes entre os agricultores e fortalece as prticas de organizao comunitria, (Almeida e Cordeiro, 2002).

Semente crioula smbolo de vida e fartura, por isso uma casa de sementes

organizada em cada comunidade sinal de compromisso com a continuidade da vida. resgatar, alm da biodiversidade, o poder, a auto-estima, a identidade, a cultura e a soberania alimentar da comunidade e regio. Como as sementes crioulas no combinam com

agroqumicos, iniciaremos uma nova revoluo no campo. Uma revoluo silenciosa e organizada, capaz de dinamizar a agroecologia como modelo de desenvolvimento para a agricultura camponesa, fixar as pessoas na terra, cuidar e alimentar todos os seres vivos.

COMO ORGANIZAR UMA CASA DE SEMENTES CRIOULASRena seus vizinhos e as organizaes que existem na sua comunidade e no municpio, principalmente as pessoas que j produzam sementes crioulas. Estudem sobre o tema, partilhem conhecimentos e experincias. Tambm necessrio fazer um levantamento das variedades que j so produzidas na comunidade ou municpio e a quantidade de sementes produzidas. Em conjunto, decidir sobre como proceder para a organizao da casa e como se dar a participao de cada pessoa, famlia e grupo. O ideal que se organize um espao (local) onde as sementes sejam classificadas e armazenadas. O espao deve estar num local que facilite o acesso. Cada pessoa deve se comprometer a plantar as sementes e disponibilizar uma quantidade para a casa, e sempre ir trocando com vizinhos e com outras regies do municpio e Estado. As pessoas e as organizaes que participam da casa de sementes devem decidir coletivamente sobre a sua manuteno e a disponibilizao de sementes para troca e para a venda. Com o resgate das variedades crioulas a conservao da pureza gentica das sementes requer ateno para que estas no sejam contaminadas com genes transgnicos. A liberao dos cultivos transgnicos uma grande ameaa s comunidades tradicionais, provoca a perda da autonomia produtiva e coloca em risco a soberania alimentar dos povos. A massificao da produo de sementes crioulas hoje a principal estratgia a ser adotada pelos camponeses e pelas camponesas. No processo de produo importante garantir a qualidade das sementes crioulas. Para isso importante ter conhecimento, capacitao, acompanhamento tcnico, bem como realizar e participar de encontros que possibilitem maior acmulo terico e prtico sobre os processos de reproduo de cada variedade e espcie de plantas e animais.

TCNICAS E PRTICAS DE PRODUO DE SEMENTES CRIOULAS.Sabemos que a natureza, por si, j uma casa de sementes perfeita em sua melhoria, conservao e multiplicao das espcies, isso em seus milhes de anos de existncia. Respeitar e aprender com os processos naturais fundamental para termos sementes de qualidade. A natureza sabia e se refaz constantemente. verdadeiro o ditado popular que diz: Deus perdoa sempre, o ser humano nem sempre e a natureza

nunca. Assim, o natureza ela retribui.

que fizermos

Nada melhor e mais nobre para o ser humano do que cuidar do habitat, da natureza que ganhamos de presente, e que fundamental para a continuidade da vida. neste sentido que queremos chamar a ateno para a preservao das espcies e para o equilbrio do planeta, para que ele seja sadio e harmonioso. Para produzirmos sementes com qualidade importante recuperar a terra com matria orgnica, (adubo orgnico e cobertura verde), matria mineral (p de rocha), e usar biofertilizantes produzidos na propriedade. Nunca usar produtos qumicos e agrotxicos.

CONSIDERAES TCNICAS NA INSTALAO DE UMA CASA DE SEMENTES CRIOULASPara se poder instalar na comunidade, uma casa de sementes crioulas, preciso que os agricultores e as agricultoras levem em conta alguns fatores, tais como: a)Identificar os motivos que levam organizao de uma casa comunitria de sementes crioulas; b)Discutir na comunidade, a forma de gesto da casa de sementes comunitria; c)Saber o tipo de sementes que a comunidade mais necessita de imediato e a longo prazo; d)Saber quais variedades e qual a quantidade existente de sementes na comunidade; e) Conhecer as prticas tcnicas de como coletar (no caso de sementes de rvores) ou colher (no caso de cultivos de gros ou de plantas medicinais) as sementes e realizar o beneficiamento adequado para o armazenamento das sementes na casa. Definidas as necessidades da comunidade, em termos do fornecimento de sementes de variedades crioulas e a estratgia adotada na organizao e na gesto de uma casa de sementes, preciso organizar um levantamento da quantidade e das variedades de sementes necessrias para atender a demanda da comunidade. Tambm importante saber o nmero de variedades e a quantidade de sementes de cada uma existentes na casa, e a necessidade de se buscar sementes de fora da comunidade. Para tanto, essas questes sero abordadas abaixo, a fim de se ter uma melhor compreenso tcnica do que a comunidade j faz no seu cotidiano da cultura agrcola.

RESGATE, IDENTIFICAO E LEVANTAMENTO DE SEMENTES E DE VARIEDADES CRIOULASCada campons e cada camponesa possui na sua propriedade, sementes de alguma variedade crioula. Tambm tem conhecimento acumulado sobre estas variedades e conhecem outras sementes que seus pais e avs j produziram e ainda produzem. Cada propriedade dever produzir diversidade alimentar usando sementes de variedades crioulas, e tambm fazer lavouras destinadas produo e venda. Para tal devemos identificar na comunidade quais variedades crioulas ainda existem, e em que quantidade, comunicar o tcnico dos movimentos sociais e entidades que acompanham a comunidade e exigir que a assistncia tcnica acompanhe as famlias na busca de sanar possveis dvidas quanto ao processo de produo. Durante o processo de produo, tendo o milho como exemplo explicativo, desde o plantio, o campons, a camponesa e a assistncia tcnica devero anotar informaes importantes, tais como: nmero de dias do plantio colheita; cor da semente; tipo de gro; altura do p; altura da espiga; tipo de espiga; nmero de carreiras de gros; empalhamento e cor da palha; cor do p; cor da flor; consistncia da semente; incidncia de caruncho; quantidade produzida por hectare; se h incidncia de doenas, quais; tipo de vagens; ciclo da planta. No caso do feijo, se consome o gro ou a vagem; se planta consorciado e com o qu; o que mais gosta na variedade; no que pode ser usada a variedade produzida; e outras informaes que acharem necessrias. Tambm importante reconstituir a histria da semente: de onde veio; quem produzia; como era usada a variedade; suas caractersticas, histria e estrias, lendas e saberes sobre o cultivo. Estas informaes podem ser organizadas em um fichrio, ao qual se encontra em anexo, ou a famlia pode conseguir a ficha junto ao tcnico. Para cada variedade necessrio preencher uma ficha, que dever em primeira instncia, servir ao campons e camponesa, como registro das informaes. Depois, como material para discusso junto aos demais camponeses que participam da casa de sementes na comunidade, a fim de se analisar em conjunto os passos seguintes na sua gesto. Por fim, ser enviada organizao do movimento para constituir uma base de dados com informaes de todas as casas existentes e poder contribuir no processo de

multiplicao e distribuio de sementes, bem como no intercmbio das variedades com camponeses de outras regies. Possibilitando ento, viabilizar que mais camponeses tenham a sua prpria semente crioula e as utilize nos processos de produo de alimentos e de energia, ofertando produtos crioulos para merenda escolar e ao Programa Aquisio de Alimentos PAA, feiras, entre outros.

CADASTRAMENTO DE SEMENTES DE VARIEDADES CRIOULASUm fator importante no processo de recuperao e resgate, na identificao botnica e agronmica e no potencial de uso das variedades crioulas na alimentao e na lavoura de comrcio, a possibilidade de acessar polticas pblicas que favorecem a gerao de renda ao campons e camponesa, a partir da produo e da comercializao das sementes, dos produtos oriundos do seu cultivo (farinha, rao, adubao verde, artesanato, etc.). Um exemplo disso ter assegurado o acesso ao seguro agrcola, para os que fazem financiamento pelo PRONAF e optam pelo seguro, quando da ocorrncia de uma seca ou um granizo, que cause a perda da lavoura. At bem pouco tempo, a legislao no permitia o financiamento de lavouras que no utilizassem sementes de variedades hbridas, ou que no estivessem recomendadas por pesquisadores e tcnicos, ou seja, as que no estivessem sido recomendadas pelo zoneamento agrcola. Isso garante ao banco financiador, que o agricultor vai plantar e vai colher e vender a produo da safra, e consequentemente efetuarem o pagamento de seus dbitos de financiamento. Hoje, a partir de uma reivindicao dos movimentos sociais da Via Campesina e de agricultores vinculados a outras organizaes, o governo pode efetuar o pagamento do seguro agrcola mediante o cadastro da variedade na Secretaria da Agricultura Familiar - SAF/MDA, que no identifica o agricultor, mas a variedade e a regio onde cultivada.

Assim, o Ministrio do Desenvolvimento Agrrio MDA regulamentou o processo junto ao Ministrio da Fazenda e aos agentes financeiros e est cadastrando as entidades que trabalham com sementes de variedades crioulas em todo o Brasil.

Com o cadastro das variedades as sementes crioulas so consideradas patrimnio das comunidades e as famlias podero financiar o custeio da safra e plantar com sementes crioulas. O Instituto Cultural Padre Josimo teve seu registro aceito e j iniciou o cadastro de algumas variedades a fim de que os agricultores tenham um instrumento jurdico (certificado de cadastro da variedade crioula) para fazer o financiamento da safra ainda em 2009. Assim, cada agricultor e cada agricultora podero plantar com recursos do PRONAF e tambm fazer o seguro agrcola da lavoura. Para isso,

devem informar ao banco, na hora de fazer o financiamento, que o plantio ser feito com sementes de variedades crioulas e anexar junto ao projeto, o certificado de registro da variedade. O certificado de registro deve ser solicitado junto ao Instituto ou nas coordenaes municipais de seu movimento. Esta uma vitria dos camponeses, das camponesas e das comunidades tradicionais. Nosso compromisso resgatar sementes das variedades crioulas, as raas de animais nativos, as frutferas, as rvores nativas, o uso das plantas medicinais e produzir com diversidade, qualidade e em quantidade; num modelo agroecolgico, recuperando a cultura camponesa, a soberania alimentar e o cuidando do ambiente; e, motivar a participao de forma cidad nas decises dos destinos do campesinato e de nossa nao. E lutar para que seja respeitado o direito humano alimentao adequada e os demais direitos do campons e da camponesa.

PRODUO DE SEMENTES: CONCEITOS BSICOSO que uma Semente? A semente um rgo de reproduo, perpetuao e disseminao das espcies vegetais, originadas de flores fecundadas. As sementes comercializadas no mercado (agropecuria) seguem legislao (Lei No 10.711, de 05 de agosto de 2003) e esto classificadas da seguinte forma: Classes de Sementes: Gentica apresenta as caractersticas biolgicas da espcie e da variedade (desenvolvida no mbito da pesquisa); Bsica apresenta alta pureza gentica e fsica, multiplicada a partir da semente gentica, em volume bem reduzido, por produtores de sementes vinculados pesquisa. Certificada a multiplicada a partir da semente bsica e em maior volume, por produtores comerciais de sementes; Fiscalizada produzida para a comercializao direta no mercado por empresas de sementes. Entre as caractersticas biolgicas, de processos de seleo e de reproduo das sementes, pode-se afirmar o seguinte: Fentipo: a forma de expresso do potencial gentico da espcie, variedade ou da cultivar comercializada

na agropecuria, a partir das caractersticas ambientais locais ou da regio. a soma do gentipo (caractersticas genticas especficas) com o ambiente, a interao do gentipo e do ambiente. Seleo Natural: realizada diretamente pela natureza, atravs das condies ambientais. Seleo Artificial: realizada com a interferncia ou ao humana, seja pelo agricultor ou por pesquisadores, num processo de escolha das melhores caractersticas agronmicas ou botnicas para uma melhor produo. Reproduo Autgama: diz respeito quanto presena de rgos sexuais, feminino e masculino, na mesma planta, onde a fecundao ocorre na flor feminina da mesma planta. Reproduo Algama: quando ocorre a fecundao cruzada, com presena de rgos sexuais, feminino e masculino, na mesma planta ou em plantas separadas, mas fecundao ocorre entre plantas diferentes (tambm se diz que quando h uma planta que fmea e outra que macho). Variedade: uma classe especfica de uma mesma espcie, com diferente expresso gentica e fenotpica. Um exemplo disso uma variedade de milho crioulo que possui o gro de cor roxa e outra, que possui o gro de cor branca. Cultivar: a variedade que possui uma identidade especfica dentro da variedade (caractersticas botnicas, fsicas e agronmicas). Possui um nome e so chamadas de variedades modernas (das empresas) e so comercializadas nas agropecurias. Variedades Tradicionais, Crioulas ou Locais: so as variedades de plantas cultivadas que foram adaptadas pelos agricultores a partir de vrios ciclos de cultivo e seleo, dentro de ambientes agroecolgicos e scio-

econmicos especficos. Estas variedades so contrastantes com as cultivares chamadas modernas que tem sido melhorada ou selecionada para certas caractersticas (tais como: alta produo, baixa estatura, resposta a fertilizantes, entre outros).

Compreende-se como uma variedade tradicional aquela que vem sendo manejada em um mesmo local/regio por pelo menos trs geraes familiares (av, pai e filho) no qual j so incorporados valores histricos e culturais e que passam a fazer parte das tradies locais (dentro de um processo coletivo), ou mesmo por mais de 15 anos sendo cultivadas no mesmo local. Variedades chamadas de modernas: So as variedades hbridas e transgnicas, ou seja, variedades que tem sido melhoradas ou selecionadas para certos aspectos (tais como: alta produo, baixa estatura, resposta a fertilizantes, resistncia a agrotxicos e insetos, entre outros), por pesquisadores e que geram altos lucros para as empresas. Uma variedade desenvolvida por uma empresa privada ou pela pesquisa pblica, quando cultivada por vrios anos pelo agricultor e sua famlia, quando este compra as sementes da empresa uma vez (sem que compre outras vezes) e sempre que as guarde para o plantio nas safras seguintes, estas podem ser consideradas como variedades crioulas, pois j esto

adaptadas s condies ambientais da rea de produo agrcola do agricultor e sua famlia. J uma variedade transgnica, nunca poder ser considerada crioula porque, de forma natural, nunca se poder retirar o gene transgnico da variedade, pois, isso s possvel em laboratrio. Uma vez feito o plantio de uma lavoura com uma variedade transgnica, esta vai contaminar as lavouras plantadas com sementes crioulas, o que causa a perda da variedade, isso tambm chamado de eroso gentica

(se foi perdido, no tem como voltar atrs).

CARACTERSTICAS DE QUALIDADE DA SEMENTEPara uma semente ser de boa qualidade ela deve apresentar as seguintes caractersticas: Pureza: uma semente pura, a semente de fato, com o embrio vivo (no so propriamente gros), tem que estar inteiras, limpas, sem sinais de doenas e pragas. Pureza gentica: expresso no comportamento da planta quanto ao potencial produtivo, ou seja: apresenta as suas caractersticas botnicas e agronmicas bem definidas: tais como o seu ciclo, o hbito de crescimento, a arquitetura de planta, a resistncia, a cor e o brilho da casca, etc. Pureza fsica: sementes livres de: terra, pequenas pedras, partes da planta (folhas, galhos, etc.), sementes danificadas/quebradas, mofadas, carunchadas ou de outras espcies. Qualidade fisiolgica: sementes em fase normal de desenvolvimento biolgico. Possuem alta percentagem de germinao e alto vigor. A qualidade fisiolgica classificada a partir do poder germinativo e do vigor. Poder germinativo: a percentagem de sementes germinadas sobre o total de sementes viveis da uma amostra ou de um lote. Vigor: fora, capacidade de crescer rapidamente e resistir aos ataques de pragas. Resistncia a estresse ambiental (estiagem, seca) e capacidade de manter a viabilidade at o armazenamento (embrio vivo). So fatores condicionantes do vigor: a planta me, as condies climticas (umidade relativa do ar - UR e temperatura - T), a maturidade da semente, as condies ambientais de armazenamento, os danos mecnicos, a densidade e tamanho da semente, a idade da semente, a gentica, o ataque de microrganismos e insetos, o manejo, a colheita e ps-colheita. Sanidade: em estado fisiolgico adequado e sem estar machucadas, mas estar livres de pragas e de sinais de doena. Uniformidade: sementes de mesma forma e tamanho (homogneo).

GERMINAOAs sementes sempre tm um bom potencial de germinao. Mas se no forem observados certos procedimentos, que variam conforme o tipo das sementes e da espcie, muitos fatores podem afetar a germinao, tais como: Fatores internos: a semente deve estar viva (o embrio), a gentica define o seu tempo de vida, mas a interao com o ambiente determina o perodo de vida (viabilidade). Longevidade: perodo de vida til da semente, incluindo-se a, o perodo de armazenamento. Viabilidade: determinada pelas caractersticas genticas e vigor da planta me, das condies climticas predominantes durante a maturao das sementes, do grau de danos mecnicos na semente e das condies de armazenamento. Fatores externos: esto fora da semente, mas tm influncia direta sobre sua germinao. gua: a sua absoro resulta na reidratao dos tecidos da semente e a intensificao da respirao e outras atividades fisiolgicas, fornecendo energia e nutrientes para a retomada do crescimento (aumento do volume da semente). A sua absoro depende da espcie da planta, da disponibilidade de gua no solo, da rea de contato na semente e da temperatura, que condiciona a velocidade de absoro. Para desencadear o poder germinativo, a semente necessita de at 40% de umidade no milho e de 70% no feijo. Oxignio: principal fator para a respirao da semente e para a aerao dos solos (solos encharcados so prejudiciais, pois causam o apodrecimento da semente). Temperatura: calor necessrio para o embrio da semente poder germinar. Varia conforme a espcie da planta.

Abaixo, as temperaturas exigidas para a germinao de sementes de algumas espcies.Espcie Abbora Alface Berinjela Beterraba Cenoura Feijo Melancia Milho-doce Pimento/Pimenta TomateFonte: Nascimento et al. (2008).

T mn. (C) 16 2 16 4 4 16 16 10 16 10

T mx. (C) 38 29 35 35 35 35 40 40 38 35

T tima (C) 20-30 20 20-30 20-30 20-30 25-30 20-30 20-30 20-30 20-30

DORMNCIAA dormncia um fenmeno importante para a sobrevivncia da semente, mesmo sendo viveis e tendo todas as condies ambientais para germinar, no entanto assim no o fazem. Funciona como uma barreira para a germinao e um mecanismo de defesa que promove a distribuio da germinao ao longo do tempo. Tem como causa principal a imaturidade fisiolgica da semente e pode ser de dois tipos: Dormncia do tegumento/casca, em sementes muito grossas. causada pela impermeabilidade da casca da semente gua ou oxignio (respirao). Dormncia do embrio, causada pela sua imaturidade. Podemos quebrar a dormncia destas sementes de vrias formas. Uma delas atravs da imerso em gua (o tempo e a temperatura variam conforme a espcie). Em sementes muito grossas e de espcies florestais, faz-se a escarificao (inciso) mecnica e a estratificao (peneiragem em gua fria e quente com a retirada de sementes com embries mortos. Estas ficaro em cima da gua).

COLETA DE SEMENTESA coleta de sementes, para o armazenamento numa casa de sementes exige alguns cuidados tcnicos especficos. Primeiro, por que este ser um espao onde vamos guardar as variedades crioulas da agrobiodiversidade da comunidade e segundo, porque ao guardar as sementes dessa diversidade de variedades, as sementes precisam estar em boas condies para serem armazenadas e formar o patrimnio inicial da casa comunitria de sementes crioulas (tradicionais ou locais). De um modo geral, uma casa de sementes necessita de uma amostra representativa do potencial gentico que a variedade apresenta, mas em alguns locais no h grande disponibilidade de sementes para a multiplicao e futura distribuio. A definio dos objetivos da constituio de uma casa de sementes crioulas na comunidade pode dar a linha para a funo que esta casa vai desempenhar. Considerando-se que os agricultores possuem diversas variedades crioulas, seja de milho, feijo, arroz, abboras, batata-doce, aipim/mandioca, hortalias, plantas medicinais, rvores frutferas e nativas, entre outras, em suas roas ou no quintal de casa, faz-se necessrio realizar um levantamento do que existe na comunidade e definir o que necessrio multiplicar e guardar na casa. Existem casos, em que os agricultores e agricultoras j perderam as suas variedades crioulas e no dispem de sementes para plantar ou para disponibilizar numa casa de sementes para guardar e multiplicar. Assim, preciso considerar alguns fatores no processo de coleta de sementes de variedades crioulas: Tipo de planta: a forma de reproduo da espcie, pois est relacionada com a sua distribuio da variabilidade gentica. Se somente por semente, se por razes, tubrculos ou estacas, etc.,

Isto significa que para plantas algamas (que se cruzam), a coleta requer uma maior quantidade de sementes de diferentes plantas para representar a variabilidade existente na lavoura. No caso das plantas autgamas (que se autofecundam), queAutgamas Autofecundao. Algamas Fecundao cruzada Abboras Azevm Beterraba Brcoles Cebola Cenoura Cornicho Couve Espinafre Feijo - de porco Melancia Milho Repolho

so mais homogneas, a sua variabilidade s maior entre diferentes locais. Na tabela abaixo, apresenta-se alguns exemplos de tipos de fecundao em diferentes espcies.

Alface Amendoim Arroz Aveia Cevada/trigo Gro-de-Bico Berinjela Ervilha Feijo Lentilha Mucuna Pimenta/Pimento Tomate

Algamas e Autgamas Autofecundao com cruzamento elevado Crotalria Ervilhaca Gergelim Guandu Labe-labe Melo Pepino Sorgo Tremoo Trevos

Algamas e Autgamas Fecundao cruzada com e com autofecundao. Fava Fumo Girassol

A quantidade de semente a ser coletada depende da uniformidade da cultura. Para lavouras homogneas (parelhas) devemos escolher 50 plantas e coletar 50 sementes por planta. Em lavouras desparelhas (no homogneas) devemos escolher 100 plantas e coletar 50 sementes por planta. Para cereais, como trigo e cevada (plantas autgamas), vale a regra geral. Para cereais como o milho (plantas algamas), devemos colher de 50 a 100 espigas de plantas diferentes e distribudas nas diversas reas da lavoura. Para leguminosas, 05 vagens maduras para cada 03 ps prximos, atingindo um mnimo de 2.500 a 5.000 sementes (no caso das hortas, cerca de 500 sementes).

Para espcies com sementes pequenas como a cenoura, a cebola e as forrageiras, de 200 a 300 gramas de sementes. Espcies com sementes na polpa, como o tomate, pimento e melo: sementes de 04 a 05 frutos de ps diferentes. Para as abboras, 100 a 200 sementes de 10 a 50 frutos. rea de coleta: pode ser numa lavoura de um hectare ou numa pequenina parte do quintal ao arredor de casa. Grandes reas podem apresentar desuniformidades (manchas) no tipo de solo, que influenciam no desenvolvimento das plantas (a coleta tem de ser bem distribuda na rea, pois o objetivo no coletar das melhores plantas, mas das diferentes plantas existentes). reas pequenas determinam uma amostra menor de plantas e sementes a coletar.

COLETA DE SEMENTES DE ESPCIES FLORESTAISPara as espcies florestais h cuidados especiais no processo de coleta de sementes, visto o baixo nmero de reas florestadas ou reservas existentes e o reduzido nmero de exemplares/plantas de cada espcie nesses espaos florestais. Portanto necessrio conhecer as espcies e o seu desenvolvimento (as caractersticas botnicas, seu ciclo de desenvolvimento/vida, a poca de florada e de frutificao, etc.). A rea de coleta de sementes de espcies florestais nativas deve ser composta de uma populao de plantas em bom nmero (existncia de plantas de diferentes idades), devendo ser colhidas sementes de rvores mes, tambm chamadas de matrizes. Como fazer uma seleo de matrizes? Em uma rea de mata ou reserva florestal uma seleo de matrizes deve ser feita de modo a permitir uma adequada avaliao das caractersticas a serem observadas, que so: Vigor: refere-se a caractersticas como tamanho da copa e da rvore, rea foliar, resistncia a pragas e doenas, bem como a outros agentes, como vento, temperatura e umidade. A rvore selecionada deve ser resistente aos fatores externos ou ambientais mencionados. Forma do tronco: selecionar rvores que apresentam o tronco reto e cilndrico, evitando aqueles tortuosos e/ou bifurcados. Porte e ramificao: caractersticas como a altura e o dimetro da rvore so importantes, pois a rvore me deve ter grande porte e fazer parte da classe de rvores dominantes da floresta, apresentando copa frondosa e bem ramificada. Florao e frutificao: algumas rvores produzem mais flores, frutos e sementes que outras, quer seja pelas caractersticas genticas e fisiolgicas ou por condies ambientais favorveis. A escolha deve ser por rvores que apresentam grande florao e frutificao. Para evitar a colheita de frutos de poucas rvores, cujas sementes podem apresentar baixa variabilidade gentica, deve-se ter no mnimo 20 matrizes frutificando na mesma poca, evitando a colheita de matriz isolada. A semente colhida de cada matriz deve ser misturada em quantidade igual para a constituio do lote de semente. Existindo poucas ou uma nica rvore que se possa considerar como matriz, faz-se a coleta das sementes e mistura-se s sementes coletadas em outros locais. Aps a seleo das matrizes preciso realizar um bom manejo de matriz abrindo espao para a coleta, ou seja, limpar a rea sob a projeo da copa no solo, a fim de liberar a incidncia de luz e diminuir a competio por gua e nutrientes e facilitar a colheita dos frutos, vagens ou dos ramos com frutos. A Coleta deve ser realizada na poca em que as sementes atingem o ponto de maturidade fisiolgica no qual possuem o mximo poder germinativo e vigor, ficando praticamente desligadas da planta me. As sementes devem estar sadias, vigorosas e em plena maturidade.

O sucesso da colheita no depende apenas da tcnica adotada, mas tambm de vrios outros fatores imprescindveis, como: conhecimento da poca de maturao, das caractersticas de disperso das sementes (pelo vento, por pssaros ou outros animais, etc.), das condies climticas durante o processo de colheita, das caractersticas da rvore, da topografia do terreno e dos materiais e equipamentos a serem utilizados. Se as sementes permanecerem no cho durante muito tempo, elas perdem qualidade, antes mesmo de serem levadas para a casa de sementes, o que compromete a germinao e o desenvolvimento das mudas. Quando a colheita envolve espcie com semente de curta longevidade natural (durao), a definio da poca da colheita deve ser a mais precisa possvel para permitir

a obteno de sementes que possam germinar. A coleta das sementes poder ser efetuada diretamente na rvore ou no cho, mas devem ser observados alguns cuidados: Direta da rvore: quando os frutos so muito pequenos ou muito leves; que se abrem quando ainda na rvore, pois as sementes podem se perder no cho ou serem levadas pelo vento. Colheita do cho: no caso de frutos grandes e pesados, que caem sem se abrir, ou no caso de sementes grandes que so facilmente catadas e que no apresentam riscos de serem disseminadas pelo vento, entretanto, expe a semente depredao, reduzindo a disponibilidade de sementes e afetando a sua qualidade.

SECAGEM DE SEMENTESA colheita das sementes na lavoura deve ser feita quando elas esto maduras, ou em maturao fisiolgica. Tendo o ciclo normal de desenvolvimento da cultura, as sementes precisam estar em boas condies de umidade para serem colhidas e beneficiadas. Caso contrrio, com um alto teor de umidade, inviabiliza o beneficiamento e o armazenamento. O perodo de maturao das sementes varia em funo da espcie e das condies climticas da regio de produo. Algumas espcies apresentam sinais caractersticos de maturao das sementes, como mudana da cor dos frutos, cicatrizes, pilosidade e colorao das sementes (como nas hortalias, por exemplo), entre outros. Algumas espcies apresentam ainda, um crescimento indeterminado e/ou maturao desuniforme, como algumas hortalias e espcies de adubos verdes (tomate, cenoura, guandu,...), necessitando ser colhidas em parcelas, retirando apenas os frutos maduros. O processo pode ser efetuado naturalmente, ou conforme o caso, de forma mecnica, com equipamentos adequados (segundo o tipo de planta, teor de umidade, condies climticas no perodo, etc.). Em regies mais secas, com baixa umidade relativa do ar e ausncia de chuvas prxima a colheita, a necessidade de secagem mnima, geralmente no o caso no sul do pas.

As sementes so dispersas em estrados ou lonas de cor clara e expostas ao dos raios solares por no mnimo dois dias ou mais, dependendo da espcie e teor de umidade. A secagem direta ao sol no causa danos s sementes, recomendando-se portanto, o revolvimento das sementes vrias vezes ao dia e guardar ou proteger com lonas durante a noite. J a secagem sombra pode ser muito prejudicial s sementes, pois estas demoram mais tempo para secar e podem deteriorar (como o caso das hortalias, por exemplo). A secagem ao sol apresenta algumas vantagens como maior agilidade, baixo custo e possibilidade de manuseio de maiores volumes de sementes. As desvantagens so a falta de controle sobre a temperatura efetiva de secagem e a possibilidade de reidratao das sementes por chuvas ou orvalho. Um aspecto prtico para se determinar a umidade das sementes consiste em dobrar as mesmas (como as

cucurbitceas - abboras, morangas e mogangos), e se quebrarem facilmente por que esto secas. Em sementes mais duras, pode-se fincar a unha na superfcie, e no permanecendo a marca tambm sinal de que as mesmas j esto secas. Em lavouras de milho crioulo, j tradicional a dobra das plantas na altura abaixo da espiga, debulha manual e secagem no terreiro com movimentao peridica para evitar aquecimento. Para o arroz, secam-se em terreiros, camadas de 5-10 cm, umidade de 13% em camadas mais espessas, revolvimento peridico. Para o feijo, em terreiros ou lonas, a umidade ideal de 14 e 15%, revolvendo a cada 30 minutos, retirando as vagens verdes, talos, folhas, etc. Em maior escala, o processo mecnico mais adequado em virtude da necessidade da comercializao ou armazenamento imediato. Para as espcies florestais aplicase a secagem para a extrao da semente do interior do fruto e posteriormente, para a reduo da umidade das sementes a um teor adequado ao acondicionamento. Quando se trabalhar com sementes recalcitrantes, o perodo de secagem depende da espcie, da umidade inicial da semente, da velocidade da secagem, do aumento da corrente de ar (secagem mecnica), da temperatura do ar e do contedo final de umidade desejada.

ARMAZENAMENTODepois de colhidas as sementes devem ser armazenadas adequadamente, a fim de reduzir ao mnimo o processo de deteriorao. Este no pode ser evitado, mas o grau de prejuzo pode ser controlado. Assim o principal motivo de armazenamento o de controlar a velocidade de deteriorao. A qualidade da semente no melhorada pelo armazenamento, mas pode ser mantida. As condies fundamentais para o armazenamento de sementes so: a umidade relativa do ar e

a temperatura do ambiente de armazenamento. Alm dessas informaes, as sementes so classificadas quanto a sua longevidade, o que determina as condies de armazenamento de cada tipo de semente: Sementes Ortodoxas - so sementes que podem ser armazenadas com um baixo teor de umidade e temperatura, mantendo sua viabilidade por um maior perodo de tempo. Sementes Recalcitrantes - so as sementes de grupo de espcies para as quais no se aplica a regra geral de reduo da temperatura e umidade no armazenamento das sementes e cujo perodo de viabilidade bem mais curto (poucas semanas ou poucos meses). Estas sementes no sofrem secagem natural na planta me e so liberadas com elevado teor de umidade. Se esta umidade for reduzida abaixo de um nvel crtico (geralmente alto) durante o armazenamento, sua longevidade relativamente curta e varia de acordo com a espcie, podendo permanecer vivel por apenas algumas semanas.

Estas sementes apresentam maiores dificuldades no armazenamento quando comparadas com as demais. Isto se deve porque perdem gua rapidamente, necessitando armazenar com alto grau de umidade. Esta umidade interna favorece o ataque de microorganismos e a germinao durante o armazenamento. O uso de

baixas temperaturas que poderiam inibir estes dois ltimos problemas fica tambm limitado, pois as sementes recalcitrantes sofrem danos por temperaturas prximas ou abaixo de zero. Em algumas espcies, as sementes so danificadas com temperatura pouco abaixo da temperatura ambiente. Portanto, os fatores que podem contribuir para a curta longevidade das sementes recalcitrantes so os danos por dessecao, resfriamento, contaminao biolgica e germinao durante o armazenamento. Diferentes mtodos de armazenamento de sementes recalcitrantes tm sido estudados. Em geral os que tm apresentado os melhores resultados so os que levam em considerao os fatores limitantes, ou seja, os que evitam a perda de gua, os que realizam tratamento preventivo contra microorganismos e inibem a germinao durante o armazenamento. As espcies recalcitrantes que possuem os menores perodos de viabilidade so originrias de regies tropicais midas onde o ambiente adequado para a germinao mais ou menos constante ao longo do ano. Uma das alternativas de propagao das espcies com sementes recalcitrantes produzir as mudas logo aps a coleta das sementes, em condies de controle de crescimento e seleo at a poca de plantio definitivo no campo. De uma maneira geral, o local ideal de armazenamento de sementes a cmara fria (controle da baixa temperatura, em geladeira) ou em cmara seca, onde se obtm as condies de baixa temperatura e umidade, respectivamente. Existem equipamentos que agrega a cmara fria e a cmara seca, com as duas condies de armazenamento, porm a instalao e manuteno so muito caras.

FITOSSANIDADE DE SEMENTESTer sementes sadias fundamental para termos maior qualidade gentica, de germinao e na produo. Cuidar da sanidade das sementes e das mudas importante. So muitos os fatores que interferem na transmisso de doenas a partir das sementes. So eles: Fatores climticos: umidade do ar, precipitao/chuva, temperatura, ventilao, luminosidade. Manejo: poca de cultivo, forma de preparo do solo, profundidade e densidade de semeadura, tipo e manejo de irrigao, tratamento fitossanitrio da lavoura no campo antes da colheita. Caractersticas do solo: estrutura fsica, composio qumica, matria orgnica, acidez, temperatura e umidade do solo, presena de microrganismos. Outro fator importante o tipo de doena que pode ocorrer nas plantas da lavoura, principalmente em relao ao microrganismo que causa a doena (tempo de sobrevivncia na planta ou na semente, sem apresentar os sintomas da doena existem doenas que s apresentam sintomas aps o plantio de sementes doentes na lavoura, as sementes aparentemente esto sadias).

Medidas Gerais de Controle de Doenas em Campo de Produo de Sementes - em preparao ao armazenamento em casa de sementesAinda na fase de campo, preciso escolher as variedades que apresentam maior resistncia s condies climticas do local (ou seja: aos perodos de estiagem, s doenas que costumam ocorrer na regio, etc.). No plantio, selecionar reas e pocas que permitam evitar grandes diferenas de temperatura durante o dia e durante a noite; utilizar sementes sadias e tcnicas de cultivo mais adequadas produo de sementes, tais como evitar o plantio adensado, em bolses de umidade em excesso na rea de lavoura ou fazer uma semeadura muito profunda. Deve-se fazer a incorporao de plantas de adubao verde ou de cobertura, fazer a capina das ervas, sempre fazer a rotao de culturas. Fazer o monitoramento do desenvolvimento da lavoura eliminando as plantas com sintomas de doenas (nunca utilizar para o plantio, sementes de plantas doentes, nem deix-las na lavoura, pois fonte de doenas na prxima safra). Deve-se ter cuidado na colheita e no transporte, regular os equipamentos, fazer a colheita em horrios de sol, evitar danos s sementes durante o transporte e usar sacarias ou embalagens novas e limpas. Na fase ps-colheita, separar as sementes dos gros, pois no se pode fazer o beneficiamento em conjunto (secagem, classificao, etc.). Sempre fazer a limpeza das mquinas e das instalaes, evitando assim, a contaminao ou a mistura das sementes. Manter o controle do ambiente de armazenamento, com locais bem ventilados (ambiente com alta umidade, temperaturas altas ou oscilantes, favorecem as doenas), monitorando a qualidade das sementes durante esse perodo com o controle integrado de doenas de plantas e de sementes.

TRATAMENTO DE SEMENTESToda a semente crioula armazenada em casa ou na casa de sementes precisa ser monitorada desde a colheita at o plantio, evitando a danificao das sementes pelo ataque de bactrias, fungos e outras pragas, bem como pelo excesso de umidade. O tratamento das sementes pode ser feito pela exposio da semente ao de calor em combinao com o tempo de tratamento. Esse mtodo no poluente e no deixa resduo nas sementes e eficiente a pequenas quantidades de sementes. Tratamento Fsico: o tratamento de sementes que envolve a exposio da semente ao de calor em combinao com o tempo de tratamento (observando-se a diferena entre a temperatura que danifica a semente e a que elimina o inseto ou agente causador de doenas). O tratamento trmico no poluente, no deixa resduo como quando se usa um agrotxico, limitado a algumas espcies e pequenos volumes de sementes (olercolas/hortalias principalmente). Exige equipamentos de maior preciso (controle da temperatura e do tempo). gua, a presena de impurezas e os danos mecnicos, tambm interferem na eficincia do mtodo; o vigor fica prejudicado quando h baixa qualidade fsica. Sementes dormentes toleram mais as altas temperaturas, sementes com idade acima de um ano so mais sensveis ao calor. O tipo de agente causador de doenas, assim como a forma de como se encontra associado semente tambm influenciam na eficcia como erradicante de doenas. Como tecnologia de tratamento, sua aplicao simples: com o uso de gua aquecida, ar seco ou vapor arejado. Tratamento Biolgico: as sementes possuem reservas nutritivas e atrai microrganismos que causam doenas. A incorporao de um microorganismo pode auxiliar no controle de doenas (o Bacillus thurigiensis), no polui, tem efeito de ao prolongada (maior efeito residual), no afeta outros insetos ou microrganismos que so benficos. Tem ao de curto e mdio prazo. Tratamento Qumico: convencionalmente so utilizados vrios produtos qumicos no tratamento de sementes (agrotxicos) e que esto disponveis em qualquer agropecuria de esquina, mas podemos utilizar outros produtos alternativos para melhor conservar as sementes, dependendo da espcie da semente: cinza de lenha, pimenta preta em p, querosene, entre outros, visto a opo pelo modelo de agricultura agroecolgica O ideal que para um amplo espectro de ao e preveno de formas resistentes, a erradicao completa e com menor consumo de agrotxicos, pode-se fazer uso de uma combinao dos diferentes mtodos, ou seja, do mtodo fsico, com o biolgico e o qumico (alternativo).

Fatores que afetam o processo: entre os fatores que afetam esse tipo de tratamento de sementes, o tipo e procedncia das sementes tais como a variabilidade gentica, a morfologia, condies climticas no local de origem da produo podem afetar a sua eficincia. As condies fsicas das sementes como o teor de

ASPECTOS LEGAIS SOBRE SEMENTESDurante milhares de anos os conhecimentos eram repassados de gerao em gerao e as sementes eram melhoradas e cuidadas pelas famlias camponesas e comunidades tradicionais (indgenas e remanescentes de quilombos). Aos poucos esse jeito de fazer agricultura, sofreu profundas mudanas com a imposio da revoluo verde e biotecnolgica. Os monoplios internacionais, visando apenas o lucro, pressionaram a criao de leis de sementes para proteger seus interesses, impuseram s monoculturas, os agrotxicos, altas tecnologias, as sementes hbridas e transgnicas, tirando dos camponeses e das camponesas a continuidade da produo milenar com sementes crioulas. Mas, por que hoje a lei de sementes e mudas importante para os camponeses e as camponesas? ricos comearam a aprovar leis regularizando a produo e a venda de sementes, beneficiando grandes empresas. Para vender sementes era preciso registr-las. Com isso, prometiam sementes de qualidade e que era preciso aumentar a produo de alimentos para combater a fome. Hoje, precisamos comprar as sementes todos os anos e a fome atinge milhes de pessoas em todo o mundo. As grandes empresas, beneficiadas pelas leis de sementes nos pases ricos, foram obrigando outros pases, inclusive o Brasil, a aprovar leis de sementes e mudas, impondo sua dominao. Essas leis beneficiaram sempre, as grandes empresas, deixando os agricultores e agricultoras dependentes, obrigados a produzir monoculturas, destruindo os recursos naturais e a agrobiodiversidade. Esse modelo de agricultura provocou o empobrecimento dos camponeses e das camponesas, expulsou milhares de famlias do campo e concentrou terra e renda. Mas muitas famlias resistiram ao pacote tecnolgico e continuaram a produzir com suas prprias sementes, conservando e melhorando diversas variedades herdadas dos antepassados e cultivadas milenarmente. E, atualmente milhares de famlias se somam nesse trabalho agroecolgico de resgate e multiplicao de sementes crioulas, bem como organizam bancos de sementes nas comunidades. Estas sementes crioulas agora so consideradas legais pela nova Lei de Sementes e Mudas, Lei Nmero 10.711 aprovada em 2003. Esta lei reconhece a semente crioula produzida pelos agricultores e estabelece regras diferenciadas para ela.

H muito tempo atrs nem existia essa histria de lei de sementes. Cada um produzia suas sementes, plantava e trocava entre vizinhos. Assim a agricultura produzia diversidade de alimentos que saciava a fome de todas as pessoas. Mas a partir de 1950, os pases

na Organizao Mundial do Comrcio OMC. Em 1996, o Brasil aprova a Lei de Patentes, ou de Propriedade Industrial (Lei N 9.279/96) que, aps a tramitao de seis anos no congresso, reconhece a possibilidade de patentear no s o produto, mas tambm o seu processo de fabricao e produo. Possibilitou a obteno de monoplio na produo e comercializao de microrganismos, Para chegarmos atual lei, foi percorrido um longo caminho que passou por aprovao de tratados internacionais e de lei nacionais. Destacamos a seguir algumas que entendemos ser importantes nesse processo. Em 1992, no Rio de Janeiro, durante a Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente (ECO 92) foi aprovada por mais de 100 pases, exceto os Estados Unidos, a Conveno da Diversidade Biolgica CDB. Ela recomenda que os governos implementem aes para conservar a biodiversidade, incluindo aquela utilizada pela agricultura. Recomenda tambm, que os governos respeitem e tomem medidas para preservar os conhecimentos das comunidades locais. No Brasil, a Conveno tem valor de lei, pois foi validada pelo Congresso Nacional em fevereiro de 1994 e tornada pblica em 1998 atravs do Decreto N. 2.159. As diretrizes para a implantao dos compromissos firmados pelo Brasil esto na Poltica Nacional de Biodiversidade, publicada no decreto 4.339, de 22/08/02. Em 1994, no Uruguai, durante as negociaes comerciais internacionais, na chamada Rodada do Uruguai, o processo de concentrao do mercado de sementes avanou com a aprovao de um captulo especfico sobre a Propriedade Intelectual conhecido como TRIPS, sigla em ingls. A partir disso, os pases ficam obrigados a aprovar leis para a proteo de cultivares. Quem desobedece sofre retaliaes comerciaisutilizados no processo de obteno de transgnicos.

Em 1997 aprovada no Brasil a Lei de Proteo de Cultivares (Lei N 9.456/97), que instituiu o Servio Nacional de Proteo de Cultivares SNPC, ligado ao Ministrio da Agricultura (MAPA), onde as instituies de pesquisa pblica ou privada, que desenvolvem novas variedades, fazem o registro desta nova variedade. Depois de registrada ningum pode produzir esta semente sem a autorizao da empresa dona do registro. Por presso de setores organizados da sociedade civil, foi mantido o direito dos pequenos agricultores reproduzirem sementes de variedades registradas para o uso prprio ou troca (artigo 10), assim como a reproduo de suas sementes crioulas. Em 2003 o Congresso Nacional aprova a nova Lei de Sementes e Mudas (Lei N 10.711/2003), alterando a lei de 1973. A primeira verso desta nova lei de sementes e mudas foi enviada para discusso no congresso ainda em 1998, e praticamente proibia que os agricultores produzissem suas prprias sementes. Era pior do que a lei de cultivares de 1997, pois criava ainda mais restries para a atuao no ramo de produo e comercializao de sementes, colocando exigncias que favorecem somente as grandes empresas. A sua regulamentao se deu pelo Decreto N 5.153, de 2004). Somente com a mobilizao de algumas pessoas e das organizaes de agricultores, preocupadas com o futuro

das sementes crioulas, garantiu-se algumas mudanas no texto original onde so reconhecidas as variedades crioulas (art. 2 - XVI) e o direito de pequenos agricultores, indgenas e assentados de reforma agrria em produzir, distribuir, trocar e comercializar entre si, as sementes de variedades crioulas (art. 8 e 11). Prev ainda, que no pode haver obstculos para o uso de sementes crioulas em programas governamentais (art. 48), desta forma pode-se acessar o crdito rural e o seguro agrcola. A partir de 2006, quando o congresso nacional ratifica o Tratado Internacional de Recursos Fitogenticos para Alimentao e Agricultura, da FAO (rgo das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura - ONU), inicia-se a discusso sobre o acesso s variedades crioulas (recursos genticos de plantas) e sobre os direitos dos agricultores sobre elas. A discusso ainda est longe de ser concluda, pois as organizaes de agricultores e movimentos sociais de camponeses ainda no concluram a discusso junto sua base. Nesse perodo, ocorre em Curitiba uma conferncia mundial da Conveno da Diversidade Biolgica - CDB, onde a Via Campesina volta a acompanhar as discusses e intensificar a participao das organizaes de agricultores na implementao da legislao nacional. Quanto questo das sementes crioulas, a legislao brasileira tambm possibilita que elas estejam includas nos financiamentos, como o PRONAF, e nos programas pblicos de distribuio ou troca de sementes mais conhecido como troca-troca. Assim os agricultores podem financiar a lavoura e plantar com sementes crioulas e tambm incluir as lavouras no seguro agrcola. Pela nova lei de sementes e mudas, ningum pode proibir um

agricultor ou uma agricultora de produzir, trocar e vender suas sementes para outros camponeses. A aprovao da lei de sementes e mudas foi um passo importante, porm precisamos ficar vigilantes, pois esta lei no agrada as grandes empresas produtoras de sementes.

Para concretizar nossos direitos precisamos conhec-los e saber os caminhos pra concretiz-los. Nesse caso das sementes busque informao com as lideranas locais das Pastorais, dos Movimentos Sociais, com os tcnicos e quando for fazer financiamento precisa ter clareza de como proceder para utilizar as sementes crioulas. Sabemos que somos responsveis pela consolidao de nossos direitos, e para isso se faz necessrio fortalecer nossas organizaes e trocar informaes e conhecimentos. A continuidade da vida camponesa se fortalece com a agroecologia, com o uso de sementes crioulas, com a realizao da reforma agrria, com a vivncia de e novas relaes, com a organizao de movimentos sociais, com a preservao da biodiversidade, com a socializao do conhecimento e experincias... e, assim, viver bem na terra que nos sustenta.

INSTRUMENTO PARA O CADASTRO POPULAR DE SEMENTES CRIOULAS

Ficha de resgate de variedades crioulasMilho e Pipoca Nome da variedade: __________________Nome Cientfico______________________ Nome do agricultor/agricultora: ____________________________________________ Comunidade: ___________________________________________________________ Endereo: ______________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Telefone: _______________ Correio Eletrnico________________________________ Pertence a: ( )Movimento ( ) organizao ( ) grupo? Qual_____________________ Cor da semente: ______________________ Tipo de gro: _______________________ Altura do p: ____________________ Tipo de cana: ___________________________ Altura da espiga: ________________ Tipo de espiga: _________________________ No. de carreiras de gros: _____ Empalhamento: ________Cor da Palha:____________ Cor da Flor: _______________Semente: ( )Dura ( )Muito dura ( )mdia ( ) Macia Cor Sabugo:______________ Espessura do Sabugo:___________________________ H incidncia de Caruncho: ____________________________________________ Ciclo: _________ Ms que planta: _____________ Ms que colhe: ________________ Planta: ( ) solteiro ( ) consorciado com______________________ Tipo de terra que planta e fertilidade: ________________________________________ Produo por He: _____ Produo Total: ______ Plantado para: ( ) consumo familiar ( ) consumo animal ( ) mercado O que gosta mais nesta variedade? __________________________________________ ______________________________________________________________________ H quanto tempo planta? _________________________________________________ Quanto costuma plantar desta variedade? ____________________________________ Com quem conseguiu a semente? ___________________________________________ Tem mais gente que planta na comunidade? Quantas e quais famlias? ____________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Cultiva outras sementes, rvores e ou cria animais nativos? Quais?_________________ ______________________________________________________________________ Quantidade de semente resgatada:___________________________________________ Local:_________________________________________ Data: _____/_____/________ Entidade/Movimento que fez o resgate: ______________________________________ Pessoa responsvel pelas informaes: _______________________________________ Descrever a histria da semente origem, quem cultivava, suas caractersticas, lendas e saberes sobre o cultivo, etc. ( usar o verso da folha)

INSTRUMENTO PARA O CADASTRO POPULAR DE SEMENTES CRIOULAS.

Ficha de resgate de variedades crioulasSementes Diversas

Cultivar_______________________ Variedade:________________________________ Nome do Agricultor/Agricultora:____________________________________________ Comunidade____________________________________________________________ Endereo_______________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Telefone:_________________ Correio Eletrnico:______________________________ Pertence a: ( ) Movimento ( ) Associao ( ) Grupo Qual?___________________ Cor da semente: _________________________ Cor da Flor:______________________ Tipo de gro: ___________________ Gro: ( ) Duro ( ) Macio Altura do p: _______________Caracterstica da planta: ________________________ ______________________________________________________________________ Doenas:________________ ______________________________________________ Ciclo: _________ Ms que planta: _____________ Ms que colhe: ________________ Planta: ( ) solteiro ( ) consorciado com:_______________________________ Tipo de terra planta e fertilidade: ___________________________________________ Produo por hectare: ____________Produo Total: ___________________________ Plantado para: ( ) consumo familiar ( ) consumo animal ( ) mercado O que gosta mais nesta variedade? __________________________________________ ______________________________________________________________________ H quanto tempo planta? _________________________________________________ Quanto costuma plantar desta variedade? ____________________________________ Com quem conseguiu a semente? ___________________________________________ Tem mais gente que planta na comunidade? Quantas e quais famlias? ____________ _____________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Cultiva outras sementes, arvores e ou animais nativas? Quais?____________________ ______________________________________________________________________ Quantidade de semente resgatada: __________________________________________ Local:_________________________________________ Data: _____/_____/________ Entidade/Movimento que fez o resgate: ______________________________________ Pessoa responsvel pelas informaes: _______________________________________ Descrever a histria da semente origem, quem cultivava, suas caractersticas, lendas e saberes sobre o cultivo, etc. ( usar o verso da folha)

Referenciais bibliogrficos consultadosABEAS Beneficiamento de Sementes. Braslia: Associao Brasileira de Educao Agrcola Superior; Pelotas: UFPel. 2003. (Curso de Cincia e Tecnologia de Sementes. Mdulo 7). ALMEIDA, P.; CORDEIRO, A. Semente da Paixo. Estratgia comunitria de conservao de variedades locais no semi-rido. Rio de Janeiro: AS-PTA. 2002 BARROS, A. S. R. (org.). Produo de Sementes em Pequenas Propriedades. Londrina: IAPAR. 2007. (Circular Tcnica, N. 129) BRASIL. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Legislao Brasileira sobre Sementes e Mudas. Braslia: MAPA. 2007. CARVALHO, HORACIO MARTINS DE (Org): Sementes Patrimnio do Povo a Servio da Humanidade. So Paulo. Ed. Expresso Popular. 2003 CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: Cincia, Tecnologia e Produo. Jaboticabal: FUNEP. 2000. CORDEIRO, A.; FARIA, A. A. Gesto de Bancos de Sementes Comunitrios. Rio de Janeiro: AS-PTA. 1993. CORDEIRO, A. Coleta e Troca de Sementes de Milho e Feijo: dicas para garantir uma boa amostra da variedade. Unio da Vitria: AS-PTA. 1998. COMISO PASTORAL DA TERRA. Conhecendo e Resgatando Sementes Crioulas. Porto Alegre: Evangraf. 2006. FERNANDES, G.Transgnicos no Brasil. In: MANZUR, M. I. et al. (Eds). Amrica Latina: La Transgnesis de um Continente. Santiago/Chile. 2009. RALLT/RAPAL/SOCLA/HEINRICH BOLL. FERREIRA, T. N. et al. Plante rvore: rvore Vida. Porto Alegre: Emater. . 1995. FOWLER, J. A. P.; MARTINS, E. G. Manejo de Sementes de Espcies Florestais. Colombo: Embrapa Florestas. 2001. (Documentos, 58). HEISER JR., C.. Sementes para a Civilizao. So Paulo: Ed da USP. 1977. LONDRES, F. A Nova Legislao de Sementes e Mudas no Brasil e seus Impactos sobre a Agricultura Familiar. Rio de Janeiro: 2006. GT Biodiversidade/Articulao Nacional de Agroecologia. MACHADO, A. T. Dinmica e Conceituao das Variedades Tradicionais e Locais e sua Diferenciao com as Variedades Modernas. 2005. Disponvel em http://www.agroecologia.org.br/modules/articles/article.php?id=11. Acessado em julho de 2009. MACHADO, J. C.. Tratamento de Sementes no Controle de Doenas. Lavras: LAPS/UFLA/FAEPE. 2000. MONEGAT, C. Plantas de Cobertura do Solo. Caractersticas e Manejo em Pequenas Propriedades. Chapec: Ed. do Autor. 2001. MONTECINOS, C.. Enfrentando o desafio da conservao a partir das bases. In: GAIFAMI, A.; CORDEIRO, A. Cultivando a Diversidade: Recursos Genticos e Segurana Alimentar. Rio de Janeiro: AS-PTA. 1994. NASCIMENTO, W. FREITAS, R. M. A.; CRODA, M. D.. Conservao de Sementes de Hortalias na Agricultura Familiar. Braslia: Embrapa Hortalias. 2008. (Comunicado tcnico, 54). VIA CAMPESINA BRASIL. Subsdios para Implementar a Campanha das Sementes. So Paulo: Secretaria operativa. 2003. VIEIRA, A. H.. Tcnicas de Produo de Sementes Florestais. Porto Velho: Embrapa Rondnia - CPAF. 2001. (Comunicado tcnico, 205). VIVAN, J. L.; SOARES, E. S. Experincias dos Agricultores e Tcnicos Ensinam como Guardar Milho e como Conservar Feijo sem Veneno. Rio de Janeiro. 1986. Projeto Tecnologias Alternativas (Boletim tcnico do projeto TA/ES, n. 4).

Fundo Nacional de Solidariedade

Os Fundos Nacional e Diocesanos de Solidariedade (FNS e FDS) foram institudos pela Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na sua 36 Assemblia anual, realizada em 1998, com a inteno de fortalecer a coleta da Campanha da Fraternidade (CF), no perodo da Quaresma. Desde a sua implantao em 1999, o FNS e os FDS vm tentando desenvolver uma prtica inovadora de ao de solidariedade atravs do apoio a projetos de enfrentamento pobreza e misria, de promoo e organizao dos excludos e excludas, de iniciativas de mobilizao popular para a superao das causas de excluso. O FNS, administrado pela Critas Brasileira, fruto da coleta da CF no Domingo de Ramos. Do total arrecadado, 40% so enviados ao FNS para apoio aos projetos ligados ao tema da CF em vigor; 60% do valor ficam nas dioceses e comunidades locais, administrados pelos FDS. Os projetos so aprovados pelo Conselho Gestor - um grupo de trabalho da CNBB que define a destinao dos recursos do FNS, supervisiona a administrao e a aplicao dos recursos.

Doaes ao FNS podem ser feitas em qualquer poca do ano por meio de depsitos na Caixa Econmica Federal, agncia 2220, conta corrente 000.009-0, operao 003.

http://www.caritas.org.br/fundonacional.php?code=10

A MISSO DAS SEMENTES Uma semente de vida chegou nos braos do vento norte, nascida de um grande fruto carnudo de gomos gigantes de sonhos e de luta; Sementes multiplicadas, ressuscitando a utopia em cada passo desenhado no cho deste imenso continente... Hoje, as sementes somos eu e voc. Prontos, esperando para cair no colo da me terra. Oua... Ela est suplicando por isso! Cada gro de terra uma boca clamando por justia! (Quem pode suportar o silencio da terra improdutiva, cemitrio - vivo de esperanas, sementeira do dio e da excluso?) As sementes somos eu e voc. E o arado a nossa organizao - j abriu sulcos na terra. Vamos deitar na terra, Vamos deixar que ela nos conte o segredo da misso! Vamos sentir a chuva: cada companheiro e companheira que se somam na luta. Que dentro de ns cresa o sonho e o compromisso! E quando ele for grande demais e j no couber em ns, Ento explodiremos..., e j no seremos mais sementes, seremos militantes, que como plantas cresceremos, e encontraremos um grande sol vermelho brilhando bem alto - a nova sociedade! E sentiremos o seu beijo em nossa boca. E ento no seremos mais plantas, e nos tornaremos frutos! E alimentaremos, com a nossa luta, com nossas conquistas, a ns mesmos, e a quem amamos. E at o dia em que morreremos, como frutos maduros.... E destes frutos, cairo como que lgrimas que, tocando a terra se tornaro em sementes.... ... E assim eternamente... At o dia em que no mais existirem as enxadas e foices amaldioadas da dominao, ameaando os rebentos da terra. Neste dia, ela suspirar aliviada e imediatamente acontecer o parto: Comeremos, Brindaremos, Danaremos ao som de nossas gaitas e violes! E cantaremos com a voz do corao! ... Por que nossos olhos, cheios de ternura, podero, ver enfim, a semente MISSO TRANSFORMADA EM COLHEITA!Daniel Salvador.