A. A. HODGE ESBOÇOS DE TEOLOGIA PT.1

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1 Teologia Crist; Suas Diversas Divises; Sua Relao com Outros Ramos do Conhecimento Humano. 1. Que Religio? Que Teologia, no seu sentido cristo? Religio, no seu sentido mais geral, a sorna das relaes que o homem sustm para com Deus, e compreende as verdades, experincias, aes e instituies que correspondem a essas relaes ou que delas provm. Teologia, no seu sentido mais geral, a cincia da religio. A religio crist aquele conjunto de verdades, experincias, aes e instituies que se acham determinadas pela revelao que nos apresentada sobrenaturalmente nas Escrituras Sagradas. Teologia crist a determinao, interpretao e defesa cientfica dessas Escrituras, junto com a histria da maneira pela qual as verdades nelas reveladas tm sido entendidas, e os deveres nelas impostos tm sido cumpridos, por todos os cristos, em todos os sculos. 2. Que Enciclopdia Teolgica? Que Metodologia Teolgica? Enciclopdia teolgica (de um termo grego que significa o crculo inteiro da educao geral) apresenta ao estudante o crculo inteiro das cincias especiais que tm por fim descobrir, elucidar e defender o contedo da revelao contida nas Escrituras Sagradas, e procura apresentar essas cincias nas relaes orgnicas determinadas por sua gnese e sua natureza ntima. Metodologia teolgica a cincia do mtodo teolgico. Assim como cada diviso das investigaes humanas exige um modo de tratamento peculiar, e cada subdiviso de cada diviso geral exige certas modificaes especiais de tratamento, e que lhes so prprias, assim tambm a metodologia teolgica tem por fim determinar cientificamente qual o verdadeiro mtodo geral e especial, pelo qual convm estudar as cincias teolgicas. Isso inclui duas categorias distintas: (a) os mtodos prprios para a investigao original e construo das diversas cincias, e (b) os mtodos prprios para a instruo elementar nessas cincias. Tudo isso deve ser acompanhado de informaes crticas e histricas, e de instrues sobre o modo de tirar proveito do imenso material literrio com que essas cincias esto ilustradas. 3. At onde seria possvel a classificao cientfica de todas as cincias teolgicas? E por que desejvel que se procure fazer tal classificao? Tal classificao pode aproximar-se da perfeio s na proporo em que essas cincias se aproximem, elas mesmas, da sua forma final e absolut Atualmente toda tentativa nesse sentido s pode aproximar-se mais ou menos de um ideal que no se pode alcanar no estado atual dos conhecimentos, nesta vid O bom xito comparativo

de cada tentativa separada depende tambm, necessariamente, da justeza comparativa dos princpios teolgicos gerais em que se basei evidente que os que tomarem a Razo, os que tomarem uma Igreja inspirada, e os que tomarem as Escrituras inspiradas como fonte e norma de todo o conhecimento divino ho de, necessariamente, configurar as cincias teolgicas nos diversos fundamentos em que as fizerem assentar. O ponto de vista adotado neste livro o evanglico, e especificamente o calvinista ou agostiniano, e toma como verdadeiros os seguintes princpios fundamentais: 1 As Escrituras inspiradas so a regra e padro nico e infalvel de todo o conhecimento religioso. 2 Cristo e Sua obra so o centro ao redor do qual se dispe, em ordem, toda a teologia crist. 3 A salvao trazida luz no evangelho sobrenatural e provm da LIVRE GRAA de Deus. 4 Todo conhecimento religioso tem uma finalidade prtica. As cincias teolgicas, longe de terem a si mesmas como seu fim absoluto, tm o fim nobre de fazer os homens progredirem na santidade pessoal, de habilit-los a servir melhor a seus semelhantes, e de PROMOVER A GLRIA DE DEUS. As vantagens de agruparmos assim as cincias teolgicas so bvias e grandes. As relaes de todas as verdades so determinadas pela sua natureza, donde se segue que sua natureza revelada pela exibio de suas relaes. Essa exibio tender tambm a alargar o horizonte mental do estudante, a incit-lo a adquirir largueza de cultura, e a impedir que exalte indevidamente ou cultive exclusivamente qualquer ramo especial, pervertendo assim esse ramo por olh-lo fora de suas limitaes e dependncias naturais. 4. Quais as perguntas fundamentais a que toda a cincia teolgica se prope a dar respostas e que, por isso, determinam a ordem em que se seguem as diversas divises dessa cincia geral? 1 Existiria um Deus? 2 Teria Deus falado? 3 Que disse Deus? 4 Como que os homens, no tempo passado, entenderam a Palavra de Deus e realizaram praticamente, nas suas pessoas e instituies, as intenes de Deus? 5. Qual a posio que, numa enciclopdia de cincias teolgicas, preciso dar a outros ramos do conhecimento humano? evidente que, visto que a revelao sobrenatural que aprouve a Deus dar-nos veio a ns em uma forma histrica, essa histria, bem como a da Igreja Crist, ligada inseparvel e, mais ou menos diretamente, com toda a histria humana. E evidente tambm que, visto que toda a verdade um s todo, todas as verdades e deveres revelados se acham ligados indissoluvelmente a todos os ramos do conhecimento humano e a todas as instituies da sociedade humana. Segue-se, pois, que a cincia

teolgica em nenhum ponto pode ser separada da cincia em geral, e que algum conhecimento, de todos os ramos do conhecimento humano, acha-se compreendido necessariamente em qualquer sistema de enciclopdia teolgica como auxiliar das prprias cincias teolgicas. Algumas dessas cincias auxiliares sustm relaes especiais para com certas cincias teolgicas e esto relacionadas muito remotamente com outras. Convm, porm, atribuir-lhes um lugar prprio e separado por constiturem, em geral, uma disciplina preparatria e auxiliar da cincia de teologia considerada corno um todo. 6. Quais as principais divises da classificao proposta das cincias teolgicas? 1 Cincias auxiliares no estudo de teologia. 0 I 2 Apologtica - abrangendo as respostas s duas perguntas: existiria um Deus? Teria Deus falado? 3 Teologia exegtica - abrangendo a determinao crtica das ipsissima verba da revelao divina e a interpretao do seu sentido. 4 Teologia sistemtica - abrangendo o desenvolvimento em um sistema completo e consequente do contedo inteiro dessa revelao, e sua subsequente elucidao e defesa. 5 Teologia prtica - abrangendo os princpios e leis revelados nas Escrituras para direo dos cristos: (a) na promulgao dessa revelao divina, assim averiguada e interpretada, e (b) em levarem todos os homens ao cumprimento prtico dos deveres nela impostos e (c) na fruio das bnos que ela confere. 6 Teologia histrica - abrangendo a histria do desenvolvimento dos povos, dos elementos tericos e prticos dessa revelao: (1) na f e (2) na vida da Igreja. 7. Quais os ramos principais do conhecimento humano, auxiliares no estudo de teologia? 1 Histria universal, que ramo essencial a todos os demais ramos da cincia humana e, em particular, as histrias do Egito, da Babilnia, da Assria, da Grcia, de Roma e da Europa medieval e moderna, que so auxiliares especialmente da cincia teolgica. 2 A arqueologia no seu sentido mais compreensivo, abrangendo a interpretao de inscries, monumentos, moedas e remanescentes das artes e as ilustraes recolhidas da e de todas as outras fontes acessveis, da distribuio geogrfica e condies fsicas, e das instituies e costumes polticos, religiosos e sociais, de todos os povos e de todos os sculos. 3 A etnologia - a cincia das divises da famlia humana em raas e naes, e da sua disperso sobre a face da terra - que indaga de sua origem e afiliaes, das variedades do seu carter fsico, intelectual, moral e religioso, e tambm das causas e condies que modificam essas variaes. 4 A filologia comparativa - a cincia que, tomando como ponto de partida os grupos naturais das lnguas humanas, investiga as relaes e origens das lnguas e dialetos; e, remontando alm das eras em que se principia a histria humana, acha a

provas da unidade de raas agora separadas, e os elementos de civilizaes j h muito extintas, e os fatos de mudanas histricas que no deixaram outros vestgios. 5 A cincia da religio comparativa (religies comparadas) - o estudo crtico e a comparao da histria, das crenas, do esprito, dos princpios, das instituies e do carter prtico de todas as religies tnicas, investigando a luz que elas lanam sobre (a) a natureza e a histria humanas, (b) o governo moral de Deus, e (c) a revelao sobrenatural contida nas Escrituras Sagradas. 6 A filosofia - a base e mestra de todas as cincias meramente humanas. Abrange a histria da origem e do desenvolvimento de todas as diversas escolas de filosofia - as antigas, as da idade mdia e as modernas - o estudo crtico e a comparao dos princpios, mtodos e doutrinas, e da extenso e carter da sua influncia respectiva sobre todas as outras cincias e instituies, especialmente sobre as que so polticas e religiosas, e mais especialmente ainda sobre as que so definitivamente crists. 7 A psicologia - ou essa diviso da cincia experimental que descobre as leis da ao da mente humana, como ela se manifesta sob condies normais (a) nos fenmenos da conscincia e ao individuais, e (b) nos fenmenos da vida social e poltica. 8 A esttica, ou a cincia das leis do belo em todas as suas formas de msica, retrica, arquitetura, pintura, etc., os princpios e a histria de todas as diversas divises da arte. 9 As cincias fsicas, seus mtodos gerais e especiais; sua gnese, desenvolvimento e tendncias e mais; sua relao com a filosofia, especialmente com o Desmo e com a religio natural, com a civilizao e com a histria e doutrinas consignadas nas Escrituras. 10 A estatstica, cujo fim dar-nos elementos completos sobre o estado atual da raa humana no mundo, a respeito de tudo o que se pode sujeitar a comparaes quanto ao seu nmero e estado fsico, intelectual, religioso, social e poltico de civilizao, comrcio, literatura, cincias, artes, etc.; elementos dos quais esto sendo desenvolvidos gradualmente as formas imaturas da cincia social e da economia poltica. 8. Que que se abrange sob o ttulo de Apologtica? Este ramo divide-se em dois ttulos: (1) Existiria um Deus? (2) Teria Deus falado? Ele inclui: 1 A prova da existncia de Deus, isto , de uma Pessoa extraterrena, transcendente e ao mesmo tempo imanente; criando, conservando e governando todas as coisas segundo o seu plano eterno. Isto envolve a discusso e refutao de todos os

sistemas antitestas, como sejam o atesmo, o pantesmo, o desmo naturalista, o materialismo, etc. 2 O desenvolvimento da teologia natural, compreende a relao em que Deus est como Governador moral para com os agentes inteligentes e responsveis, e as indicaes da Sua vontade e propsito e, por conseguinte, dos deveres e destinos dos homens at onde possvel descobri-los luz da natureza. 3 As provas do cristianismo, compreendendo... (1) A discusso do uso prprio da razo nas questes religiosas. (2) A demonstrao da possibilidade a priori de uma revelao sobrenatural. (3) A necessidade e probabilidade de tal revelao, tomando-se em considerao o carter de Deus e o estado do gnero humano segundo no-lo revela a luz da natureza. (4) A prova positiva do fato real de que tal revelao foi dada: (a) mediante os profetas do Velho Testamento (b) mediante os profetas do Novo Testamento, e sobretudo, (c) na Pessoa e obra de Cristo. Isto envolve naturalmente a discusso crtica de todas as provas que dizem respeito a este ponto, tanto externas como internas, histricas, racionais, morais e espirituais, naturais e sobrenaturais, tericas e prticas; e a refutao de toda a crtica histrica e racionalista que tem impugnado o fato da revelao, ou a integridade dos escritos que a contm. Muito daquilo que se acha mencionado aqui estar necessariamente compreendido tambm sob os ttulos de teologia sistemtica e teologia exegtica. 9. O que a Teologia Exegtica compreende? Quando os fatos: (1) que existe um Deus, e que (2) Deus nos tem falado - forem estabelecidos, ser necessrio ainda responder pergunta: o que nos tem dito Deus? Teologia exegtica o ttulo geral daquela diviso da cincia teolgica que tem por fim a interpretao das Escrituras como a Palavra de Deus, deixada por escrito em linguagem humana, e que nos foi transmitida por canais humanos; e para conseguir esse fim, o assunto de Interpretao procura recolher e organizar todo o conhecimento que para isso necessariamente introdutrio. Isso inclui as respostas a duas perguntas: (l) Quais os livros que formam o cnon, e quais as palavras exatas contidas nos registras originais dos escritores desses diversos livros? (2) Qual o sentido dessas palavras divinas, assim averiguadas? As respostas a todas as perguntas preliminares interpretao, propriamente ditas, pertencem ao ttulo introduo, e esta se divide em: (1) introduo geral, que inclui toda informao preliminar interpretao que tem relao com a Bblia, como um todo, ou com cada um dos Testamentos, como um todo; e (2) introduo especial, que inclui toda a preparao necessria para a interpretao de cada um dos livros da Bblia, em separado. A. Introduo Geral compreende: 1 A crtica superior /alta crtica/, ou o exame das provas que existem e de toda espcie, em apoio da autenticidade de cada um dos livros do cnon sagrado. 2 A crtica do texto/crtica textual, a qual, por uma comparao dos melhores manuscritos e das verses antigas, pelas provas internas, e pela histria crtica do texto

desde o seu primeiro surgimento at ao tempo presente, procura determinar as ipsissima verba dos autgrafos originais dos escritores sagrados. 3 A Filologia bblica, que d respostas s perguntas: por que foram usadas diversas lnguas nos escritos sagrados? Por que as lnguas hebraica e grega? Quais so as caractersticas especiais dos dialetos dessas lnguas realmente usados, e qual a sua relao para com as famlias de lnguas a que elas pertencem? Quais eram as caractersticas especiais dos escritores sagrados individualmente, quanto ao dialeto, ao estilo, etc.? 4 Arqueologia bblica, compreendendo a geografia fsica e poltica dos pases bblicos, durante o transcurso da histria bblica e determinando a condio fsica, etnolgica, social, poltica e religiosa do povo entre o qual se originaram as Escrituras, junto com a descrio de seus costumes e instituies, e da relao em que estes estavam para com os de seus antepassados e contemporneos. 5 Hermenutica, ou a determinao cientfica dos princpios e regras de interpretao bblica, compreendendo (1) os princpios lgicos, gramaticais e retricos que determinam a interpretao da linguagem humana, em geral; (2) as modificaes desses princpios apropriadas interpretao das formas especficas da linguagem humana, e.g., histria, poesia, profecia, parbola, smbolo, etc., e (3) as outras modificaes desses princpios apropriados interpretao dos escritos inspirados sobrenaturalmente. 6 Inspirao bblica. Depois de ter a apologtica estabelecido o fato de serem as Escrituras Sagradas o veculo de uma revelao sobrenatural, necessrio que discutamos e determinemos a natureza e a extenso da inspirao bblica at onde esta determinada pelo que as Escrituras mesmas dizem sobre este ponto, e pelos fenmenos que elas representam. 7 A Histria da Interpretao, incluindo a histria das antigas e modernas verses e escolas de interpretao, ilustrada por uma comparao crtica dos mais importantes comentrios. B. Introduo especial, trata de cada livro da Bblia por si e fornece sobre o seu dialeto, autor, ocasio, desgnio e recepo, toda a informao necessria para a sua interpretao acurada. C. Exegese prpria a aplicao de todo o conhecimento recolhido, e de todas as regras desenvolvidas nas precedentes divises da introduo interpretao do texto sagrado, assim como este se acha nas suas conexes originais dos Testamentos, livros, pargrafos, etc. Seguindo as leis da gramtica, o usus loquendi das palavras, a analogia das Escrituras e a direo do Esprito Santo, a exegese procura discernir a mentalidade do

Esprito como se acha expressa nos perodos inspirados, arranjados na ordem em que os achamos. H diversas divises especiais classificadas sob o ttulo geral de teologia exegtica que envolvem, at certo ponto, a classificao e a combinao dos testemunhos bblicos em tpicos e assuntos, que so a caracterstica distintiva de teologia sistemtica. Essas divises so: 1 Tipologia, que compreende a determinao cientfica das leis dos smbolos e tipos bblicos e sua interpretao, especialmente os do ritual mosaico relacionado com a Pessoa e a obra de Cristo. 2 Cristologia do Velho Testamento, a exposio crtica da ideia messinica, como vem desenvolvida no Velho Testamento. 3 Teologia bblica, que investiga a evoluo gradual dos diversos elementos das verdades reveladas, desde a sua primeira sugesto, atravs de cada fase sucessiva, at sua mais completa manifestao no texto sagrado; e exibe as formas e conexes peculiares em que essas diversas verdades so apresentadas pelos diversos escritores inspirados. 4 O desenvolvimento dos princpios de interpretao proftica, e sua aplicao construo de um esboo das profecias dos dois Testamentos. Notes on New Testament Literature, por Dr. J. A. Alexander. 10. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia Sistemtica? Como o d a entender o seu nome, teologia sistemtica tem por fim reunir tudo quanto as Escrituras ensinam sobre o que devemos crer e fazer, e apresentar todos os elementos desse ensino na forma de um sistema simtrico. A mente humana procura sempre unidade, em todos os seus conhecimentos. A verdade de Deus una, e o contedo inteiro de todas as revelaes naturais e sobrenaturais no pode deixar de constituir um s sistema completo em si, cada parte do qual se acha relacionada organicamente com todas as outras partes. O mtodo de construo indutivo. Tem por base os resultados da exegese. Seus dados so passagens das Santas Escrituras, averiguadas e interpretadas. Esses dados, quando interpretados corretamente, revelam suas prprias relaes e seu lugar no sistema do qual a Pessoa e a obra de Cristo so o centro. E, assim como o contedo da revelao est em relao ntima com todos os outros ramos dos conhecimentos humanos, a tarefa da teologia sistemtica envolve, necessariamente, a demonstrao e a ilustrao da harmonia que existe entre todas as verdades reveladas e toda a cincia legtima, quer material, quer psicolgica, toda a verdadeira filosofia especulativa e toda a verdadeira filosofia moral e filantropia prtica. A teologia sistemtica compreende: A. A construo de um completo sistema de f e deveres, composto do contedo inteiro da revelao. B. A histria desse processo de construo, como ele prevaleceu na Igreja, no passado. C. Polmica. A. A construo de um completo sistema composto do contedo da revelao. Isso compreende o tratamento cientfico de: (a) todas as matrias de f reveladas; e (b) todos os deveres impostos.

No modo de arranjar os tpicos, a maior parte dos telogos tm seguido o que o Dr. Chalmers denomina - mtodo sinttico. Tomando como ponto de partida a ideia e a natureza de Deus, reveladas nas Escrituras, consideram seus propsitos eternos e seus atos temporais nas obras da criao, providncia e redeno, at a consumao final. O Dr. Chalmers prefere, porm, o que ele chama - mtodo analtico, e toma por ponto de partida os fatos da experincia e da luz da natureza, e a condio atual e moralmente enferma do homem, e da vai subindo at chegar redeno e ao carter de Deus, como nela revelado. Quando se segue o primeiro destes mtodos, agrupam-se comumente todos os elementos do sistema, sob os seguintes ttulos: 1 Teologia propriamente dita: compreendendo a existncia, os atributos e a personalidade trina de Deus, juntamente com os Seus propsitos eternos e os atos temporais de criao e providncia. 2 Antropologia (a doutrina do homem): compreendendo a criao e a natureza do homem, seu estado original, queda e consequente runa moral. Isto abrange a psicologia bblica e a doutrina bblica sobre o pecado, sua natureza, origem e modo de propagao. 3 Soteriologia (a doutrina da salvao): que inclui o plano, a execuo e a aplicao, e os efeitos gloriosos da salvao dos homens. Isso abrange a Cristologia (a doutrina sobre Cristo): a encarnao, a constituio da Pessoa de Cristo, Sua vida, morte e ressurreio, juntamente com a obra prpria do Esprito Santo, os meios de graa, a Palavra de Deus e os sacramentos. 4 tica crist: abrangendo os princpios, regras, motivos e auxlios dos deveres humanos revelados na Bblia, como so determinados (a) pelas relaes naturais que o homem tem como homem com os seus semelhantes, e (b) suas relaes sobrenaturais como homem remido. 5 Escatologia (a cincia das ltimas coisas): compreendendo a morte, o estado intermedirio da alma, o segundo advento, a ressurreio, o juzo geral, o cu e o inferno. 6 Eclesiologia (a cincia da Igreja): incluindo a determinao cientfica de tudo quanto as Escrituras ensinam a respeito da Igreja visvel e invisvel, em seu estado temporal e no eterno; a ideia da Igreja - sua verdadeira definio, sua constituio e organizao, seus oficiais e suas funes. A comparao e crtica de todas as modificaes da organizao eclesistica que tenham existido, juntamente com sua gnese, sua histria e seus efeitos prticos. B. Histria das doutrinas: que compreende a histria de cada uma destas grandes doutrinas, a investigao de seu primeiro aparecimento e subsequente

desenvolvimento atravs das controvrsias a que cada doutrina deu lugar, e as Confisses em que se acha definida. C. Polmica ou teologia controversial: incluindo a defesa do verdadeiro sistema de doutrina, tanto no seu todo como tambm em cada um de seus elementos constitutivos contra as perverses dos partidos herticos, dentro do mbito da Igreja geral. Isso abrange: (a) Os princpios gerais e o verdadeiro mtodo de controvrsias religiosas. (b) A definio do verdadeiro status quoestionis em cada controvrsia e uma exposio das fontes de testemunho e dos mtodos defensivos e ofensivos de vindicarse a verdade. (c) A histria das controvrsias. 11. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia Prtica? Teologia prtica tanto uma arte como uma cincia. Como arte, tem por fim a publicao eficaz do contedo da revelao entre todos os homens e a perpetuao, extenso e edificao do reino terrestre de Deus. Como cincia, tem como sua provncia as leis e os princpios revelados da arte acima definida. Por isso, assim como a teologia sistemtica baseia-se numa cabal exegese, ao mesmo tempo cientfica e espiritual, assim tambm a teologia prtica baseia-se nos grandes princpios desenvolvidos pela teologia sistemtica, enquanto que a diviso de eclesiologia terreno comum a essas duas divises: o produto de uma delas e o fundamento da outra. Inclui as seguintes divises principais: 1 A ideia e desgnio da Igreja e de seus atributos revelados divinamente. 2 A determinao da Constituio divinamente prescrita da Igreja, e dos mtodos de sua administrao, com a discusso e refutao de todas as outras formas de organizao eclesistica que existiram ou existem, sua histria, e as controvrsias que tm ocasionado. 3 A discusso da natureza e extenso da descrio que Cristo deixou Sua Igreja para ajustar os mtodos de organizao e administrao eclesistica s mutveis condies sociais e histricas dos homens. 4 A determinao das condies sob as quais uma pessoa pode fazer-se membro da Igreja, e a relao para com Cristo envolvida no fato de ser membro dela, juntamente com os privilgios e deveres, absolutos e relativos, das diversas classes de membros. A relao das crianas batizadas com a Igreja e os deveres relativos dos pais e da Igreja em relao a elas. 5 Os Oficiais da Igreja - extraordinrios e ordinrios; temporais e perptuos: (1) Sua vocao e ordenao; sua relao para com Cristo e a Igreja. (2) Suas funes: (a) Como mestres, incluindo: (i) Catequese: sua necessidade, princpios e histria. (ii) Escolas Dominicais. Os deveres dos pais e da Igreja quanto educao religiosa das crianas. (iii) Retrica sagrada, homiltica e elocuo do plpito. (iv) Literatura crist. Folhas, peridicos e livros permanentes. (b) Como diretores do culto, incluindo: (i) Liturgias - seu uso, abuso e histria. (ii) Formas livres de orao. (iii) Salmodia - inspirada e no inspirada, seu uso e histria.

(iv) Msica sagrada - vocal e instrumental, seu uso e histria. (c) Como regentes: (i) O ofcio, qualificao, deveres e autoridade bblica dos presbteros regentes. (ii) O ofcio, qualificao, deveres, modo de eleio e ordenao, e autoridade bblica do ofcio de bispo ou pastor, do Novo Testamento. (iii) A Junta de presbteros / Conselho ou Consistrio: sua constituio e funes. A teoria, regras e mtodos prticos de disciplina na Igreja. (iv) O presbitrio e sua constituio e funes. A teoria, regras e precedentes prticos que regulam a ao dos tribunais eclesisticos, no exerccio do direito constitucional de revista e inquirio em tudo o que diz respeito a processos, queixas e apelaes eclesisticas. (v) O Snodo e a Assembleia Geral - sua constituio e funes. Os princpios e modos de proceder de Comisses, Comissionrios, Mesas Administrativas, etc. Isso leva s funes da Igreja como um todo, e autoridade para distines denominacionais, aos usos e abusos dessas distines, e s relaes em que esto as diversas denominaes, umas para com outras. 1 Estatstica eclesistica, incluindo nossa prpria Igreja, as outras Igrejas e o mundo. 2 Economia crist, social e eclesistica, incluindo os deveres de administrao crist, consagrao pessoal, e beneficncia sistemtica. A relao da Igreja com sociedades voluntrias: associaes de moos cristos, etc. 3 A educao do ministrio, a direo, constituio e administrao de Seminrios teolgicos. 4 Misses internas, incluindo a evangelizao agressiva, a sustentao de ministros entre os pobres, a extenso da Igreja e a construo de edifcios para Igrejas. 5 A relao da Igreja com o Estado, e a verdadeira relao do Estado com a Igreja, e a condio real da lei comum e estatuidade em relao propriedade eclesistica e ao obrigaes dos cidados cristos. A relao da Igreja com a civilizao, as reformas morais, as artes, cincias, cultura social, etc. 6 Misses no estrangeiro, em todos os seus ramos. Veja Lectures on Theological Encyclopedia and Methodology, pelo Rev. John Mc Clintock, D. D., L. L. D., editado por J. T. Short, R. D. Biblioteca Sacra, vol. 1, 1844; Theological Encyclopedia and Methodology) pelo Prof. Tholuck, editado pelo Prof. E. A. Park. 12. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia Histrica? Segundo a evoluo lgica de todo o contedo das cincias teolgicas, a interpretao da letra das Escrituras Sagradas e a construo do sistema inteiro das

verdades e deveres relacionados que nelas so revelados, precisam preceder histria do desenvolvimento dessa revelao na vida e f da Igreja, assim como a fonte precede ao rio que dela emana. No estudo, porm, das cincias teolgicas, a histria as deve preceder e lanar fundamento para todas as demais. s a histria que nos d as Escrituras em que se acha contida essa revelao, e tambm os meios pelos quais podemos averiguar, criticamente, os diversos livros cannicos e suas ipsissima verba. mesma fonte devemos tambm os nossos mtodos de interpretao e seus resultados, como estes se acham ilustrados na imensa quantidade de literatura teolgica acumulada at agora e associada aos nossos credos e confisses, os documentos relativos s controvrsias e, por conseguinte, os documentos que mostram como o nosso sistema de doutrina se desenvolveu gradualmente. Na ordem de produo e aquisio, a histria vem primeiro, enquanto que na ordem de uma exposio lgica das cincias teolgicas constitutivas, ela tem a honra de abrir caminho para a srie inteira. A teologia histrica divide-se em teologia histrica bblica e eclesistica. A primeira tem por fonte, principalmente, os livros inspirados e continua at o encerramento do cnon do Novo Testamento. A Segunda principia onde a primeira acaba, e continua at o tempo presente. A histria bblica subdivide-se em: 1 Histria do Velho Testamento, e inclui as eras: (1) Patriarcal, (2) Mosaica e (3) Proftica, juntamente com a (4) Histria do povo escolhido durante o intervalo entre o Velho e o Novo Testamentos. 2 O Novo Testamento, incluindo (1) a vida de Cristo, (2) a fundao da Igreja Crist pelos apstolos, at ao fim do primeiro sculo. Para o estudo da histria eclesistica, como cincia, so necessrios diversos ramos preliminares de estudo. 1 Algumas das cincias auxiliares j enumeradas preciso citarmos como exigidas especificamente nesta conexo. So: (1) geografia antiga, medieval e moderna. (2) cronologia. (3) antiguidades de todos os povos includos na rea pela qual se estendeu, em qualquer tempo, a Igreja. (4) estatstica - mostrando qual a condio do mundo, em qualquer perodo dado. (5) o curso inteiro de histria geral. 2 As fontes de onde se deriva a histria eclesistica devem ser investigadas criticamente. (1) Fontes monumentais, como sejam: (a) edifcios (b) inscries (c) moedas, etc. (2) Fontes documentais, que so: (a) pblicas, como as atas de conclios, as breves decretais e bulas de papas; os arquivos de governo, os credos, confisses, catecismos e liturgias de Igrejas, etc.; (b) Documentos particulares, como literatura contempornea de toda qualidade, brochuras, biografias, anais, e relatrios e compilaes mais modernas. 3 A histria da literatura sobre a histria eclesistica, desde Eusbio at Neander, Schaff e Kurtz. Os mtodos que tm sido e devem ser seguidos na colocao em ordem do material da histria eclesistica. O mtodo que sempre foi e provavelmente sempre ser seguido uma combinao dos dois mtodos naturais: (a) o cronolgico e (b) o tpico. O Dr. Mc Clintock diz que o princpio fundamental, segundo o qual se devem arranjar os materiais de histria eclesistica, a distino entre a vida da Igreja e sua f.

As duas divises so, pois: (1) histria da vida da Igreja, ou histria eclesistica propriamente dita, e (2) histria do pensamento da Igreja, ou histria das doutrinas. 1 A histria da vida da Igreja trata de pessoas, comunidades e eventos, e deve ser tratada segundo os mtodos ordinrios de composio histrica. 2 A histria do pensamento da Igreja compreende: (1) patrstica, ou a literatura dos chamados "Pais" da Igreja; e patrologia, ou a exibio cientfica de sua doutrina. Esses "Pais" da Igreja dividem-se em trs grupos: (a) apostlicos, (b) antenicenos, e (c) ps-nicenos, terminando com Gregrio, o grande, entre os latinos, 604 d.C., e com Joo Damasceno, entre os gregos, 754 d.C. Este estudo envolve: (a) a discusso do prprio uso dos escritos desses Pais da Igreja, e sua autoridade legtima nas controvrsias modernas; (b) uma histria completa de sua literatura e das edies principais de suas obras, e (c) significado, valor e doutrina de cada um desses Pais, individualmente. (2) Arqueologia crist, que trata dos costumes, culto e disciplina da Igreja Primitiva, e da histria do culto, artes, arquitetura, poesia, pintura, msica, etc., cristos. (3) Histria das doutrinas, ou a histria crtica da gnese e do desenvolvimento de cada elemento do sistema doutrinrio da Igreja, ou de qualquer de seus ramos histricos, com a histria tambm de todas as formas herticas de doutrina, das quais a verdade tem sido separada, e a histria das controvrsias por meio das quais foi efetuada a eliminao. A isto acompanha naturalmente a histria crtica de toda a literatura da histria das doutrinas, dos princpios aceitos, dos mtodos seguidos e do trabalho feito. (4) Simblica, que envolve: (a) a determinao cientfica da necessidade e usos de Credos e Confisses pblicos. (b) a histria das ocasies, da gnese e recepo, autoridade e influncia de cada um dos Credos e Confisses da cristandade. (c) o estudo do contedo doutrinrio de cada Credo e de cada grupo de Credos separadamente, e (d) simblica comparativa, ou estudo comparativo de todas as Confisses da Igreja, e a exibio sistemtica de todos os pontos em que respectivamente concordam e discrepam entre si. (Theological Encyclopedia, por Mc Clintock. Notes on Ecclesiastical History, por Dr. J. A. Alexander, editado pelo Dr. S. D. Alexander).

Origem da Idia de Deus e Prova da Sua Existncia

1. Qual a distino entre uma definio nominal e uma definio real? E qual a f)erdadeira definio do termo ''Deus''? Uma definio nominal explica simplesmente a signifi- cao do termo usado; e uma definio real explica a natureza daquilo a que se aplica o termo usado. A derivao da palavraDeus (em portugus e latim) e Theos (em grego) tem sido comumenteatribuda ao snscrito Div- dar "luz". Mas Curtis, Cremer e outros derivam-na de Thes em thessesthai - "implorar". Theos ''Aquele a quem se faz orao". A palavraDeus muitas vezes usada em sentido pantesta, para significar a base impessoal, inconsciente de toda existn- cia, e por muitos, para designar a causa primria desconhecida e que se no pode conhecer, do mundo existente. por isso que tantos especuladores, que negam real ou virtualmente a existncia do Deus da cristandade, assim mesmo repudiam indignados o nome atestas, por admitirem a existncia de uma substncia que existe por si, ou de uma causa primria a que do o nome Deus, denegando-lhe, porm, a posse das propriedades pessoais que, em geral, lhe so atribudas pelos que fazem uso desse termo. Mas, como questo de fato, em consequncia da predomi- nncia de idias crists na literatura das naes civilizadas durante os ltimos dezoito sculos, o termo "Deus" 30

Origem da Idia de Deus empregado geralmente no sentido definido e permanente de um Esprito eterno, absolutamente perfeito, livre, pessoal, que existe por si mesmo, e distinto do mundo que Ele criou e sobre o qual soberano. O homem que nega a existncia de tal Ser, nega a Deus.I ..

2. Como se pode construir uma "real" definio de Deus? evidente que Deus pode ser definido s at onde nos conhecido, e a condio da possibilidade de O conhecermos o fato de que fomos criados Sua imagem. preciso que toda definio de Deus pressuponha o fato de que, em algum sentido essencial, Ele e Suas criaturas inteligentes so seres do mesmo gnero. Deus definido, pois, dizendo-se o Seu gnero e Suas diferenas especficas. Quanto ao Seu gnero, um Esprito inteligente e pessoal. Quanto a Suas diferenas especficas, aquilo que O constitui Deus, Ele infinito, eterno e imutvel, em Sua existncia, sabedoria, poder, santidade, e todas as perfeies em harmonia com o Seu Ser. 3. At onde se deve tradio, a idia de Deus? evidente que se tem chegado idia completa de Deus apresentada na definio precedente, somente por meio da revelao sobrenatural que temos nas Escrituras Sagradas. tambm um fato que as trs nicas religies testas que em qualquer tempo tm prevalecido entre os homens (a judaica, a maometana e a crist) se acham ligadas historicamente com essa mesma revelao. em vo especular-se quanto ao resul- tado a que chegariam os homens, independentemente de todos os hbitos herdados e de todas as opinies tradicionais, por- que estamos inteiramente sem experincia ou testemunho a respeito de qualquer espcie de conhecimentos adquiridos ou juzos formados sob tais condies. E, alm disso, certo tam- bm que a forma que tomam as concepes testas, e as asso- ciaes que a acompanham, so determinadas no caso de cada comunidade, pelas tradies teolgicas herdadas de seus pais.

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Captulo 2

Por condies conhecidas, e por homens, debaixo de todas as outro lado, certo que todos osisso, debaixo de todas as condies verdadeiramente naturais, reconhecem espontanea- mente uma existncia divina que lhes revelada, mais ou menos claramente, na constituio e na experincia conhecidas de seus prprios espritos e na natureza extern Por conse- guinte, a concepo testa no mais devido autoridade, como muitas vezes se diz absurdamente, do que devido crena, formada debaixo das mesmas condies de educao, na realidade sub;etiva do esprito humano, ou na realidade ob;etiva da matri A existncia do Deus automanifesto reconhecida espontnea e universalmente, o que uma prova evidente de serem claras e presentes, em toda parte, as provas da Sua existncia, e serem convincentes para todos os homens desenvolvidos normalmente.4. Seria INATA a idia de Deus? Seria ela uma verdadeINTUITIVA? .. ,._