A Alienação Do Sujeito No Eu

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Sobre o que é alienação do Eu

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  • A alienao do sujeito no eu (moi) O esquema L A forcluso do sujeito

    Psicanlise IV (2008)

    Cap. XVIII Jol Dor A alienao do sujeito no Eu (Moi) O esquema L A

    forcluso do sujeito

    Em Introduo leitura de Lacan Jol Dor.

    Artes Mdicas, Porto Alegre, 1991. Original: Introduction la lecture de Lacan

    Linconscient structur comme un langage ditions Denol, Paris, 1982.

    _________________

    A diferena entre o Je e o Moi no exatamente correspondente existente entre eu e

    mim em portugus[1]. O moi corresponde auto-designao em posio de objeto, ou

    seja, em terceira pessoa. Desse ponto de vista, o moi, o eu falado em terceira pessoa,

    tem seu momento constitutivo no estdio do espelho. O moi herdeiro da imagem

    especular. Ou seja, o sujeito que se v como um objeto[2], que se v como um outro.

    (O reflexivo se, rigorosamente falando, no se aplica)

    Poderamos ainda dizer que o moi o herdeiro do perodo em que a criana, no processo

    de aquisio da linguagem, ainda se denomina em terceira pessoa (nen, fulaninha,

    fulaninho, apelido), antes do surgimento do pronome pessoal da primeira pessoa do

    singular. Na medida em que essa situao inaugural no pode ser consciente (a diviso

    conscincia/inconsciente, isto , o recalque primrio, ainda no aconteceu), o sujeito nada

    mais do que a imagem que tem para o Outro. A identidade nasce do lugar que lhe dado

    pelo Outro (ou seja, as expectativas inconscientes daqueles cujo desejo nos trouxe

    existncia [ou seus substitutos]).

    O Outro (maiscula) est para o outro (minscula) como o je (eu em posio de sujeito)

    est para o moi (eu em posio de objeto).

    A imagem que temos de ns, o moi, deriva do espelho, ou seja, a imagem que nos foi

    dada (inconscientemente) pelo Outro (com maiscula = desejante). Mas ns a atribuimos ao

    outro. A esse outro, com minscula (= objeto de desejo), ainda que pertena categoria

    me ou pai, atribumos intencionalidade (ato deliberado, consciente).

    Entretanto, tratar-se-ia do Outro, ou seja, daquilo que, nas figuras parentais, diria respeito

    ao desejo inconsciente. E no aos pais do quotidiano, os pais concretos ou empricos, cujo

    comportamento se expressa pela demanda (aspecto consciente do desejo inconsciente).

    O sujeito se v no moi e no h maneira de sair disso, escreve Lacan. Ou seja, aos

    objetos da demanda (que metfora e metonmia do desejo) pertencentes ao registro do

    imaginrio, corresponde igualmente um eu imaginrio (moi), que tambm objeto do Je

    (eu na posio de sujeito, logo, inconsciente).

  • O espelho, portanto, no apenas um estdio (um momento). Ele permaneceria

    refletindo (sem trocadilho) um aspecto essencial da condio humana. Frequentemente

    Lacan parte da crtica (ilustrao, questionamento, problematizao) do famoso cogito

    cartesiano (Penso, logo existo) para exemplificar a iluso fundamental do sujeito que se

    reconhece em seus atos (no caso pensamentos), derivando a certeza de sua prpria

    existncia atravs da experincia pensante (ou seja, consciente).

    Para Lacan, o enunciado cartesiano poderia ser parodiado da seguinte maneira: Iludo-me

    ao pensar que a minha conscincia a prova da minha existncia, logo existo [ou: "iludo-

    me, logo existo"].

    O pensamento nada mais do que discurso, sempre cindido. O discurso manifesto, que

    profere o famoso cogito ergo sum, metaforiza um discurso latente. Em outras palavras,

    somos dois e no um.

    Se por um lado Lacan problematiza incessantemente o Cogito cartesiano, porque o Cogito

    (cogito ergo sum) representa a entronizao da conscincia por parte da filosofia

    (conscincia/razo), que substitui a f ou seja, o testemunho de Deus como base da

    existncia (certeza de ser), pode-se tambm dizer que h uma continuidade de Descartes a

    Lacan.

    Ren Descartes (1596-1650) no invoca a experincia sensorial (perceptual) para provar a

    existncia, mas sim a experincia pensante.

    Se fr possvel traduzir pensamento por linguagem (discurso interno, como afirmava

    Vygotsky), ento Penso, logo sou (existo) se transformaria em Falo (ou melhor,

    Discurso, ou melhor ainda, Linguajo[3]), logo sou (existo). Assim, atravs de

    Descartes se daria o primeiro reconhecimento da importncia da linguagem, mesmo se

    concebida imaginariamente como pensamento (consciente).

    Pode-se dizer que o penso logo sou cartesiano transformado por Freud em penso logo

    no posso saber quem sou e por Lacan em penso logo no posso saber quem pensa.

    Ou: (tambm Lacan): Posso perguntar por quem pensa, sem jamais ter acesso resposta.

    E ainda:

    Descartes: A conscincia soberana;

    Freud: A conscincia est subordinada ao inconsciente;

    Lacan: O inconsciente est subordinado ao inconsciente.

    (Em Lacan, o (segundo) inconsciente ao qual o ( primeiro) inconsciente est

    subordinado, a linguagem).

    (A razo disso, lembremos, que a identidade do sujeito [ou do no sujeito] teria sido

    criada pelas expectativas inconscientes de quem o trouxe existncia).

  • Em outras palavras: a condio da existncia (logo sou [Descartes] ou logo no sei

    quem sou ([Freud]) precisamente a diviso conscincia/inconsciente, instaurada pela

    linguagem.

    Descartes apenas concebe a existncia mediante a primazia (ou a exclusividade) da

    conscincia (embora o embrio da noo de inconsciente j aparea em Descartes atravs

    da suposio de que conscincia pode errar em seus julgamentos); Freud subverte Descartes

    mediante a hiptese do inconsciente (e a conscincia subordinada ao inconsciente. Ou

    seja, a conscincia sempre se engana a respeito do inconsciente).

    Lacan acrescenta que o inconsciente (em determinado sujeito) criado por aquilo que

    inconsciente em outro sujeito (que lhe deu existncia).

    Alm da experincia do dilogo interno (o pensamento), o moi comprova sua existncia

    atravs da relao que estabelece com o outro, com seu semelhante.

    Alis, o dilogo interno j seria (novamente ver Vygotsky [1896-1934], que tematiza essa

    questo em Pensamento e Linguagem, de 1934) o dilogo entre o Je (eu, aquele que

    enuncia) e o moi (a quem se dirige o enunciado). Tambm o semelhante herdeiro desse

    primeiro momento da estruturao do eu que o estdio do espelho. A imagem especular

    representa, em momentos diferentes do estdio do espelho, tanto o eu como o outro, porque

    seu primeiro momento precisamente o do eu enquanto outro. O eu um outro

    escreveu o poeta francs Rimbaud (1854-1891) alis, uma das citaes preferidas de

    Lacan .

    Trata-se de uma questo sumamente importante. Lembremos que o estdio do espelho

    envolve trs momentos (constitutivos, no cronolgicos):

    1) existe o Outro (O maisculo, campo desejante), de quem se ( o beb ) o reflexo (o

    espelho) ;

    2) existe o Outro (de quem j no se o reflexo, mas sim o objeto) ;

    3) finalmente, -se o outro (-se a imagem do espelho, que nos dada pelo Outro).

    Se o estdio do espelho acontecer (caso contrrio autismo), a identidade do beb ser a

    imagem no espelho [ou seja, aquilo que o desejo -- expectativas inconscientes -- do Outro

    diz que somos]. Em decorrncia do que, o infanspassar posio de objeto, saindo assim

    da indiferenciao.

    Esse raciocnio ajuda a compreender dois dos mecanismos de defesa descritos por Freud: a

    projeo (atribuir a outrem o que consideramos negativo em ns, e no podemos aceitar) e a

    idealizao (atribuir a outrem o que consideramos positivo em ns, e no podemos aceitar).

    A facilidade com que atribumos ao outro algo que faz parte de ns (e que no conseguimos

    reconhecer como nosso na medida em que contraria nosso ideal de eu, quer no sentido

    negativo ou positivo) deve-se ao fato de que entre o eu e o semelhante (o outro) j

    existe uma espcie de caminho pr-construido, uma ponte.

  • Basta levantar uma comporta para que essa troca de papis e atribuies possa ser feita. O

    mesmo processo (o momento inicial do eu como outro ) tambm ajuda a compreender a

    empatia, a possibilidade de que nos coloquemos no lugar do outro.

    Uma metfora dessa descrio lacaniana da relao entre dois moi(s) poderia ser a

    seguinte: um representante se dirige a outro representante[4]. Mas o estranho que nenhum

    dos dois sabe exatamente a quem representa. Cada um porm sabe que precisa do que o

    outro tem, e precisa que o outro precise daquilo que [se] tem. (Desejamos no o outro, mas

    o desejo do outro).

    Cada um precisa da falta do outro para ser reconhecido pelo outro (o semelhante).

    (O paradoxo que aquilo que se tem justamente o desejo, isto , a falta, que o outro

    supostamente preencher. O que se tem, portanto, a condio de desejar. Mas o que que

    se deseja, se por desejo entendemos o que constituiria o ncleo do inconsciente

    estruturado como linguagem? Ser desejado. Desejamos o desejo do outro [isto , desejamos

    que o outro nos deseje])[5].

    Da o aforisma[6] lacaniano: No amor d-se o que no se tem[7]

    Lacan: a linguagem tanto feita para nos fundar no Outro como para nos impedir

    radicalmente de compreend-lo. () O drama do sujeito no verbo que ele faz a a

    experincia da sua falta-a-ser. (Falta-a-ser o falo, naturalmente, ou seja, a

    impossibilidade de ser o objeto total do desejo do outro).

    O processo psicanaltico pode ser entendido portanto como uma desidentificao, ou uma

    relativizao da identificao, do sujeito com seu moi ou seja, com aquilo que se pensa

    que se ,. at onde isso fr possvel Trata-se de alcanar um grau de independncia

    maior em relao s expectativas inconscientes que nos constituram.

    De qualquer forma, com relao ao trabalho do prprio psicanalista, a suspenso dos

    valores, julgamentos, opinies, etc. pessoais, significa precisamente isso: sair da pele do seu

    moi durante a sesso, isto , daquilo que nele pessoal, transformando-se em praticante de

    um mtodo.

    Enquanto psicanalista, ele est a servio de perceber e devolver ao analisando a imagem que

    o analisando tem de si, imagem que supe-se dever transparecer nessa radiografia que

    o discurso.

    As crticas dirigidas por Lacan psicanlise chamada culturalista, que concebia como

    finalidade central do processo o fortalecimento do ego, baseiam-se no acima exposto. Pois o

    ego, para Lacan, justamente o moi do imaginrio. Fortalec-lo seria fortalecer o que o

    ser humano teria de mais alienado. Dessa forma, a psicanlise culturalista[8] se outorga a

    funo de adaptar o sujeito a seu meio, atitude totalmente oposta de investigar quem

    esse sujeito (je: eu) simultaneamente escondido e representado pelo moi. A psicanlise

    culturalista tomaria o moi pelo sujeito, o enunciado pela enunciao, o manifesto pelo

    latente.

  • O esquema L

    (Es) S a (outro)

    eu (moi) A (Outro)

    A linha cheia e pontilhada A (Outro) (Es) S e a linha pontilhada (Es) S a (outro)

    designaria o efeito do estdio do espelho, ou seja, o de que surgimos como objeto do desejo

    do Outro (funo desejante).

    Na sequncia, a linha cheia a moi, mostra a construo da posio de sujeito, j que ela

    parte de S (Es), por sua vez originria de A (Outro). A linha cheia A eu (moi) mostra a

    permanncia da posio de objeto perante o Outro.

    As linhas pontilhadas indicam que no h garantia de que a identificao com a posio de

    sujeito ocorra.

    A (Grande Outro) representa as expectativas inconscientes do campo desejante e do campo

    normativo, responsveis pelo nascimento, possibilidade de aceder (ou no) posio de

    objeto (estdio do espelho) e aceder (ou no) aquisio da linguagem (posio de sujeito).

    Finalmente, o eixo diagonal (eixo imaginrio) significa a intercambialidade entre o eu e o

    outro (minsculo); significa o pedido de reconhecimento que fazemos ao outro (objeto do

    sujeito j constituido), visto que no temos acesso ao Outro (as flechas nunca se dirigem do

    eu ao Outro, mas sempre do Outro ao eu).

    Crtica a Dor (e a Lacan):

    No final do texto, Dor descreve o discurso cientfico como um discurso em que a alienao

    do moi atingiria sua dimenso mxima. Cabe questionar essa descrio.

    Em primeiro lugar, tal afirmao contraditria, pois o discurso psicanaltico, inclusive o

    lacaniano, se pretende cientfico, ainda que esse adjetivo sofra uma srie de modificaes na

    acepo lacaniana. Essas modificaes no mudam o cerne da questo, j que o discurso

    lacaniano se apresenta como conhecimento, ainda que seja um conhecimento crtico com

    relao prpria possibilidade de conhecimento. (A afirmao de que o conhecimento no

    existe tambm proferida a partir de uma posio suposta como conhecimento).

    (Ou seja: Sei que nada sei tem por implicao que algo sei (que nada sei).

    Eis a contra-argumentao:

    No discurso cientfico o sujeito entra em eclipse para dar lugar ao fenmeno estudado. Isso

    no significa alienao. Um exemplo: Galileu demonstrou que no lugar da evidncia obtida

    graas aos rgos sensoriais deve-se recorrer a uma linguagem, como a da matemtica (O

    livro da natureza est escrito em caracteres geomtricos). Pela evidncia sensorial

    seramos levados a concluir que a terra plana e que ela constitui o centro do sistema de

    planetas ao qual pertence (teoria geocntrica). A evidncia sensorial era o argumento

  • utilizado pela teologia medieval, que invocava Aristteles em seu apoio. (Aristteles era

    tomado como exemplo de um saber absoluto e definitivo, um saber que no poderia ser

    modificado). No lugar desse saber absoluto, proposto pela teologia medieval e atribudo

    a Deus, a cincia se define como tarefa infinita e inacabada, essencialmente auto-crtica.

    Portanto, o discurso cientfico no visa o saber absoluto como afirma Dor. Trata-se de uma

    assero totalmente descabida. Pode-se mesmo dizer, uma afirmao absurda e

    contraditria. (Esse sujeito epistmico, que decreta por si mesmo e para si mesmo o que

    o saber verdadeiro, s se ilude quanto sua verdade na medida em que dispe de

    instrumentos de discurso apropriados para esse efeito). Essa frase de Dor mostra o seu

    total desconhecimento acerca do conhecimento (cincia), da dmarche cientfica, e

    autofgico.

    Se de fato a histria da cincia est cheia de exemplos de arrogncia e pretenso bem como

    momentos em que novas hipteses, revolucionrias, foram recusadas[9], muito fcil

    demonstrar que tal posio a pretenso de um saber absoluto e definitivo contraditria

    com os ditames da prpria cincia. No se pode confundir a arrogncia ou ignorncia de tal

    ou qual cientista com a dmarche cientfica.

    Tampouco se deve confundir cincia com determinadas posies assumidas em seu nome

    por grupos interessados em manter a hegemonia (com tudo o que isso significa: prestgio,

    poder, verbas de pesquisa, acesso a publicaes, etc.).

    O dogmatismo, em cincia, frgil, contraditrio e tem vida curta. As inovaes acabam

    sendo reconhecidas, bem como seus autores. Darwin, Mendel, Heisenberg, Bohr, Einstein,

    etc., foram inicialmente desaprovados e depois elevados posio excepcional de

    cientistas-modelo (descobridores).

    Para aprofundar essa questo, ver Thomas Kuhn (principalmente o seu livro: A estrutura

    das revolues cientficas).

    A cincia se define por uma atitude assinttica em relao verdade. Isto , toda teoria

    cientfica no passa de uma hiptese aceita transitoriamente enquanto no aparece uma

    melhor, frequentemente preparada pela anterior, justamente aquela que ser superada[10]

    e que ter aberto o caminho para a sua prpria superao, como cada degrau de uma escada

    leva ao seguinte. s vezes, h uma ruptura (ou seja, muda a escada)

    Por outro lado, a funo de toda teoria cientfica dupla: de um lado responder

    parcialmente a uma indagao existente e de outro colocar novas questes, cujo tratamento

    ter por consequncia uma transformao da prpria teoria hegemnica.

    No mbito da cincia, as teorias so hipteses que se oferecem como gradativa aproximao

    compreenso de determinado fenmeno. A cincia no se apresenta como um saber

    absoluto e definitivo, muito pelo contrrio,. A afirmao de Dor, nesse sentido,

    totalmente absurda. Contradiz tudo o que se sabe sobre a diferena entre religio, filosofia e

    cincia. Freud foi completamente explcito a esse respeito no texto: A questo de uma

    weltanschauung, de 1932 (in Novas conferncias introdutrias psicanlise), em que

  • define a psicanlise como cincia principalmente em virtude do carter no definitivo, e

    portanto aberto a modificaes, de suas hipteses.

    Mais ainda, a afirmao de Dor seria autofgica. Se toda busca de compreenso de um

    fenmeno fr uma manifestao da alienao constitutiva do ser humano, isso valeria

    tambm para a psicanlise, tambm para Lacan, tambm para Dor. O erro de Dor

    provavelmente decorre de no compreenso do aspecto estrutural vinculado ao conceito de

    sublimao.

    Em suma, a relao entre o eu (je) e o moi no se d apenas atravs do sintoma.

    A sublimao (aceitao da falta, reivindicao do desejo de desejar, e seu efeito: a

    criatividade, seja em cincia, em arte, ou qualquer outro campo) tambm uma

    possibilidade humana, tanto quanto o conflito.

    [1] Em francs possvel dizer: Moi, je suis trs fatigu. A expresso mais prxima, em portugus, seria: Quanto a mim, estou muito cansado. Mas pouco empregada e de gramaticalidade algo incerta.[2] Outra maneira de referir essa situao: o sujeito se concebe primeiramente enquanto objeto de um desejo atravs da imagem que lhe

    mostrada no espelho por um representante do Outro. [3] Linguajo = Ajo linguisticamente, ou seja, Atribuo significaes e sentidos, logo sou (existo) ou ainda Interpreto, logo sou (existo). necessrio pedir desculpas por esse terrvel neologismo, que talvez seja necessrio. Ele significa: todos os meus atos, verbais ou no, tm significao (consciente) e sentido (inconsciente), logo sou (existo).[4] Nessa alegoria, entenda-se representante como representante de uma firma, um governo, uma instituio.

    [5] Evidentemente, em virtude de tudo quanto j foi visto no curso, desejo aqui no deve

    ser entendido como desejo sexual (sexual no senso comum, isto , genital) e sim num

    sentido muito mais amplo, ligado ao princpio do prazer/desprazer (que inclui a sexualidade

    de acordo com o uso habitual do termo, mas a excede ou transborda).

    [6] Sentena moral breve e conceituosa: mxima.

    [7] e podemos acrescentar: (para poder no receber o que se acredita estar pedindo).

    [8] Essa expresso utilizada para designar a caracterstica principal da psicanlise tal

    como desenvolvida nos Estados Unidos, cujos tericos enfatizaram a adaptao sociedade

    como critrio de maturidade, concedendo ao ego o papel de aliado do psicanalista. E.

    Sullivan, K. Horney, E. Fromm, so seus representantes mais conhecidos. Lacan critica o

    papel assumido pelo psicanalista nessa abordagem, na medida em que ele se oferece como

    modelo para o paciente. Em seu artigo O feiticeiro e sua magia (in Antropologia

    Estrutural I), Lvi-Strauss, talvez em virtude sua estadia nos EUA durante 5 anos, descreve

    a psicanlise justamente atravs desse tipo de prtica, que ele compara ao xamanismo. Algo

    injusto mas de certa forma compreensvel, na medida em que tais distores s vezes

    usurpam o lugar de uma prtica psicanaltica coerente. (Ver a respeito Mito e Fantasia o

    imaginrio segundo Lvi-Strauss e Freud, F. Goldgrub, 1995, tica; h exemplares na

    biblioteca da universidade).

    [9]) E isso em vale em relao prpria psicanlise: tanto em relao recusa dos

    primeiros textos freudianos sobre a histeria por parte da medicina, como em relao

    recusa das hipteses lacanianas e kleinianas pela psicanlise oficial das associaes

  • psicanalticas filiadas IPA, como a recusa por parte de lacanianos e kleinianos do exame

    crtico de suas posies teoricas; a histria dos dogmatismos se repete.

    [10] Atribui-se a Newton a frase segundo a qual ele no seria seno um ano em ombro de

    gigantes.

    www.franklingoldgrub.com