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A APLICABILIDADE DA HISTÓRIA E DA FILOSOFIA

NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Autora: Profa Amélia Shizue Taji

Orientadora: Profa Dra Mariana A. Bologna Soares de Andrade

RESUMO:

O presente trabalho mostra a necessidade de unificação do conhecimento científico, uma vez que se tem notado uma fragmentação na transmissão de conteúdos e assim acaba por causar dificuldade nos alunos em compreender seu verdadeiro significado. A história da Ciência e da Biologia, bem como fundamentos filosóficos, no decorrer dos tempos são formas de enriquecer esse aprendizado. Aristóteles, Lineu, Lamarck, Darwin e diversos estudiosos sobre o tema que tem lançado seus posicionamentos e dessa forma contribuem e reforçam a teoria de que é necessária e relevante a inclusão da história e da filosofia no ensino de Ciências e da Biologia.

PALAVRAS-CHAVE: História. Filosofia. Ensino. Ciências.

ABSTRACT:

This study shows the need for unification of scientific knowledge, since it has noticed a fragmentation of content provision and thus ultimately cause students difficulty in understanding its true meaning. The history of science and biology, as well as a philosophical foundation, in the course of time are ways to enrich this learning. Aristotle, Linnaeus, Lamarck, Darwin, and many scholars on the subject that has launched their positions and thereby contribute to and reinforce the theory that is necessary and relevant inclusion of history and philosophy in science teaching.

KEYWORDS: History. Philosophy. Teaching. Science.

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo foi elaborado uma vez constatado que existe uma

dificuldade na articulação das disciplinas de conhecimento biológico com as

disciplinas de conhecimento didático, sendo apresentado o ensino de Ciências

atualmente como conteúdos “em caixas”, causando dificuldade epistemológica

que acaba por impedir uma ação docente que diagnostique, problematize,

planeje, programe e avalie novas possibilidades de organizar o

conhecimento biológico para o processo de ensino e aprendizagem. Torna-se

necessário a construção de um modelo pedagógico que garanta o aprendizado

das linguagens em suas especificidades, potencialize o pensamento

cognitivo complexo e que possibilite aos docentes, um avanço para além do

arranjo disciplinar a fim de construir relações entre áreas, tendo como foco o

problema da interdisciplinaridade e da contextualização (CALDEIRA, 2011).

Dessa forma, este trabalho buscou possibilitar a inserção de

fundamentos filosóficos ao ensino de Ciências e Biologia, no anseio de

oportunizar um ensinamento mais profundo e compreensível, claro, plausível,

interessante e instigante aos estudantes da rede pública de ensino

paranaense, através de pensamentos e conceitos de filósofos importantes para

o conhecimento biológico como: Aristóteles, Lineu, Lamarck, Darwin. Dessa

forma contribuem e reforçam a teoria de que é necessária e relevante a

inclusão da história e da filosofia no ensino de Ciências.

O que se pretendeu foi concordar com os estudos acerca do tema,

assim como apresentam as Diretrizes Curriculares de Ciências para o Ensino

Fundamental da Secretaria de Estado da Educação do Paraná:

“a historicidade da ciência está ligada não somente ao conhecimento

científico, mas também às técnicas pelas quais esse conhecimento é

produzido, as tradições de pesquisa que o produzem e as instituições

que as apoiam (KNELLER, 1980). Nesses termos, analisar o passado

da ciência e daqueles que a construíram, significa identificar as

diferentes formas de pensar sobre a Natureza, interpretá-la e

compreendê-la, nos diversos momentos históricos.” ( PARANÁ, 2008,

p. 42 ).

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E ainda (PARANÁ, 2008, p. 69):

“No ensino de Ciências, alguns aspectos são considerados

essenciais tanto na formação do professor quanto para a atividade

pedagógica. Abordam-se, nesse documento, três aspectos

importantes, a saber: a história da ciência, a divulgação científica e a

atividade experimental. Tais aspectos não se dissociam em campos

isolados, mas sim, relacionam-se e complementam-se na prática

pedagógica”.

JUSTIFICATIVA

O presente estudo pautou-se na necessidade verificada no ensino das

disciplinas de Ciências e Biologia de unificar o conhecimento científico, uma

vez que se tem notado uma fragmentação na transmissão de conteúdos e

dessa forma acaba por causar dificuldade nos alunos em compreender seu

verdadeiro significado.

Analisando o PPP, Projeto Político Pedagógico do colégio em questão,

Colégio Estadual “Maestro Andréa Nuzzi”, situado na Chácara Manella, região

sudeste do município de Cambé, o qual oferece ensino fundamental e médio a

cerca de dois mil alunos todos os anos, podemos corroborar com a idéia de

que o colégio tem como objetivo oportunizar aos alunos a apropriação do

conhecimento historicamente acumulados pela sociedade e proporcionar a re-

elaboração dos conceitos científicos através de uma escola pública de

qualidade, acessível, preparando-os para o pleno exercício da cidadania.

E ainda, com relação à disciplina de Ciências, o PPP contempla que:

“atualmente a ciência prioriza os conhecimentos científicos físicos,

químicos e biológicos para o estudo dos fenômenos naturais, sem

deixar de considerar as implicações da relação entre a ciência, a

tecnologia e a sociedade.”

Na seara da Biologia, tem-se no PPP que:

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“A Biologia, sendo uma ciência da vida, uma realidade da vida, uma

realidade em construção, é dinâmica e pode ser concebida como

processo de recriação de uma nova realidade. Portanto, a Biologia

não representa uma acumulação de conhecimentos definidos, uma

realidade pronta e acabada, mas um processo em constante

questionamento da realidade.”

Pelo exposto, nota-se a necessidade de colocar em prática os preceitos

e objetivos dos PPPs das escolas estaduais para que a finalidade específica de

cada estabelecimento de ensino seja de fato alcançada.

PROBLEMATIZAÇÃO

Tendo em vista o fato de ter sido comum observar nas salas de aula da

rede pública de ensino, um certo desinteresse por parte dos alunos em

compreender os ensinamentos que lhe são transmitidos, bem como, colaborar

para que o aprendizado seja o melhor possível, nota-se a necessidade de

trazer às aulas mais dinamismo, metodologia de ensino de forma a acrescentar

a história da Ciência e da Biologia, bem como, fundamentos filosóficos, sendo

estes interligados e não fragmentados, a fim de que o saber se torne mais

interessante para professores e alunos (CALDEIRA, 2011).

De acordo com o PPP do colégio escolhido para o presente projeto,

Colégio Estadual “Maestro Andréa Nuzzi”, da cidade de Cambé/PR, o qual

atende em sua maioria filhos de trabalhadores industriais e comerciários da

região local e de trabalhadores autônomos, tendo residência nas proximidades

do colégio, sendo uma clientela de classe média baixa, devemos observar que

provavelmente muitos não tenham tanto acesso a livros didáticos, filosóficos,

históricos, literários. Consideramos significativo proporcionar a eles, mesmo

dentro de sala de aula, além da biblioteca do próprio colégio, o caminho do

saber junto aos conhecimentos trazidos ao longo dos anos por filósofos através

da história.

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Mister se faz tornar do ensino de Ciências e Biologia, algo mais

interessante e instigante aos nossos discentes da escola pública. É preciso

despertar em cada um, a vontade de aprender de fato, compreendendo e

absorvendo o que lhes são apresentados e não somente passando de um

tópico a outro sem ligação entre eles. A Ciência e a Biologia são um saber

continuado e não engessado (PRESTES E CALDEIRA, 2009).

A história da ciência irá mostrar através de uma análise cronológica que

a ciência muda no decorrer do tempo, vez que é construída por seres humanos

falíveis e que aperfeiçoam seus conhecimentos, não podendo ter suas

propostas consideradas definitivas. Estas são passíveis de alterações a

qualquer tempo, dependendo de influências sociais, políticas, filosóficas e até

mesmo religiosas (MARTINS, 2008).

E por meio do ensino de história da ciência, agregado ao ensino da

filosofia, os alunos poderão estar prontos para a tomada de decisões, reflexões

e enfrentamento de adversidades não somente na escola, como também, na

vida.

OBJETIVOS

Gerais

- Os alunos puderam analisar como as atividades envolvendo Filosofia da

Ciência contribuem para o ensino de Ciências.

Específicos

- Os alunos verificaram que essas atividades possibilitam o entendimento de

que a Ciência é um estudo inacabado.

- Foi transmitida uma visão integrada da Ciência no contexto histórico e

filosófico, utilizando fundamentos de filósofos, tais como: Aristóteles, Lineu,

Lamarck, Darwin.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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MATTHEWS (1992) mostra que a história, a filosofia e a sociologia da

ciência não têm todas as respostas para essa crise ( do ensino contemporâneo

de ciências, quanto à evasão de alunos e professores de sala de aula), no

entanto, trazem algumas soluções que podem humanizar as ciências e

aproximá-las dos interesses pessoais, éticos, culturais e políticos da

comunidade; podem tornar as aulas de ciências mais desafiadoras e reflexivas,

possibilitando, deste modo, o desenvolvimento do pensamento crítico; podem

contribuir para um entendimento mais integral de matéria científica, isto é,

podem contribuir para a superação do “ mar de falta de significação “ que se diz

ter inundado as salas de aula de ciências, onde fórmulas e equações são

recitadas sem que muitos cheguem saber o que significam; podem melhorar a

formação do professor auxiliando o desenvolvimento de uma epistemologia da

ciência mais rica e mais autêntica, ou seja, de uma maior compreensão da

estrutura das ciências bem como do espaço que ocupam no sistema intelectual

das coisas.

Reforça o autor que países como Estados Unidos, Inglaterra, País de

Gales, Dinamarca e Holanda já incluem em seus currículos componentes de

história e de filosofia da ciência, tratando-se de uma incorporação mais

abrangente de temas históricos, filosóficos e sociológicos na abordagem do

programa e dos currículos de ciências que geralmente incluíam um item

chamado de “A natureza da ciência”.

MATTHEWS (1992), defende a inclusão do componente histórico nos

programas curriculares de ciências porque, em sua visão, a história favorece a

compreensão dos conceitos científicos e métodos; vincula os pensamentos e

idéias individuais com os científicos; é necessária para entender a natureza da

ciência; humaniza a matéria científica; neutraliza o dogmatismo e cientificismo,

além de ser de valioso e relevante diferencial a todo cidadão, vez que agrega

conhecimento essencial acerca de história e cultura.

No Brasil, a situação documetal e regulamentar é mais difusa, se

comparado aos países mencionados. Há um tratamento assistemático nos

documentos curriculares e falta literatura específica (PRESTES E CALDEIRA,

2009).

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Para MARTINS (2008), pode-se utilizar textos de História da Ciência

elaborados por profissionais com o intuito de auxiliar o ensino dos conteúdos

científicos, no entanto, obras de autores como Pasteur, Pouchet, Lamarck não

estão traduzidos para o português. Existem algumas obras de Morgan

traduzidas, mas é necessário tomar cuidado com as traduções.

LÜDKE E ANDRÉ (1986) ensinam que o fenômeno educacional foi

estudado por muito tempo como se pudesse ser isolado, como se procede no

fenômeno físico acreditando-se na possibilidade de decompor os fenômenos

educacionais em suas variáveis básicas, cujo estudo analítico, e se possível

quantitativo traria o resultado total desses fenômenos. No entanto, percebe-se

no decorrer dos estudos que ao invés de uma ação variável independente, o

que ocorre na seara da educação é, em sua maioria das vezes, a múltipla ação

de inúmeras variáveis com ações e interações simultâneas.

Nas últimas décadas, essa maneira geral de realizar pesquisas em

educação foi denominada “paradigma positivista”. Paradigma por representar

uma espécie de “modelo” e positivista por remeter-se ao filósofo francês

Augusto Comte, o qual lançou as bases da sociologia positivista, no início do

século XIX(LÜDKE; ANDRÉ, 2008, p. 5 - 6).

De acordo com CORREA et al (2008), a evolução é considerada

atualmente como um elemento unificador dos currículos de biologia, sendo

possível, a partir dessa abordagem compreender melhor o conceito de vida a

partir do paradigma da Biologia Evolucionista Neodarwinista.

Segundo PRESTES E CALDEIRA (2009), a partir da década de 70,

cresceu o interesse pelo ensino contextual de Ciências, tanto no campo do

ensino básico, como também superior. Surgiu uma tendência de abordagem de

componentes históricos, filosóficos, sociais e culturais da Ciência, através de

enfoques e abordagens variados, com o fim de promover uma formação

unificada, que não limite a abordagem engessada dos conteúdos científicos.

KOYRÉ (1979) argumenta que a história do pensamento científico nos

ensina que: o pensamento científico nunca se separou inteiramente do

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pensamento filosófico; que as grandes revoluções científicas sempre foram

determinadas por mudanças de concepções filosóficas.

Nesse contexto, ANDREATTA E MEGLHIORATTI (2008) defendem que

a abordagem fragmentada da Biologia acarreta em falta de ligação entre os

conceitos estudados por parte dos discentes. Uma vez que o ensino de

Biologia é dividido em áreas, tais como: Citologia, Genética, Zoologia e

Botânica, sem as devidas conexões entre elas, compromete o estudo criando

uma dificuldade para o aluno possa visualizar e representar os fenômenos

naturais de forma integrada, podendo perder o interesse pelo conhecimento

biológico, vez que não compreende os conteúdos abordados relacionados às

explicações sobre os seres vivos.

Importante a apresentação e elucidação da contribuição dos filósofos

Aristóteles, Lineu, Lamarck, Darwin, entre outros para a o ensino da Ciência,

uma vez que, Aristóteles (384-322 a. C) foi o grande filósofo grego fundador da

Teoria da Geração Espontânea - Abiogênese, segundo a qual, os animais

provinham geralmente de organismos idênticos, mas podiam igualmente

originar-se a partir da matéria inerte. Defendia que as espécies resultavam

de um modo contínuo da matéria não viva, completamente formadas a

partir por exemplo do pó, do lodo ou da matéria orgânica em

decomposição, em determinadas condições ambientais e sob a ação de um

“principio ativo”.Aristóteles idealizou uma escala natural, segundo a qual os

organismos se dispunham numa ordem ascendente, do mais simples para o

mais complexo na qual o homem ocupava o topo (CRISTO, GALHARDO,

MACHADO E SOUSA, 1998).

2 DESENVOLVIMENTO

O projeto de intervenção pedagógica – Caderno Pedagógico – foi

elaborado para alunos do 6º ao 9° Ano do Ensino Fundamental, na disciplina

de Ciências do Colégio Estadual “Maestro Andréa Nuzzi”, situado na Chácara

Manella, região sudeste do município de Cambé, Estado do Paraná.

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Este caderno trouxe atividades as quais foram apresentadas aos alunos.

São textos referentes aos principais filósofos relacionados ao presente estudo:

Aristóteles, Darwin, Lamarck e Lineu, onde os discentes responderam a um

questionário acerca de cada texto, tendo sido realizadas as atividades

individualmente ou em grupo.

Foi utilizado recurso áudio visual (vídeos disponíveis no site “youtube”)

no objetivo de proporcionar um aprendizado mais interessante e dinâmico.

As atividades foram elaboradas no sentido de viabilizar o ensino da

filosofia da Ciência para o ensino fundamental, onde objetivamos inserir os

assuntos no cotidiano dos alunos, ao mesmo tempo que propusemos um

desafio cognitivo.

Foram ofertados textos que apresentaram linguagem adequada para

cada ano, contendo, quando necessário, um glossário lateral para auxiliar na

compreensão de termos novos. Algumas questões em destaque no decorrer do

texto auxiliaram o aluno a refletir sobre os conhecimentos aprendidos ao

mesmo tempo que os estimularam a buscar novas informações.

Foram apresentadas imagens (fotos, slides, ilustrações, esquemas,

gráficos, etc.) que melhoraram a compreensão das atividades que ajudaram na

construção de explicações.

Durante as atividades foram realizados registros de verificação do

aprendizado, permitindo sistematizar os principais tópicos aprendidos,

retomando o texto de modo mais direcionado e fazendo uma reflexão ao final

da aula apresentada com a finalidade de estimular os alunos a produzirem

textos sobre o tema.

Foi elaborado uma atividade com botões onde os alunos aprenderam

sobre o método de classificação dos seres vivos, bem como, foram

apresentados quadros dos quatro filósofos estudados, dominó, caça palavras e

quebra-cabeças.

De acordo com ANDRÉ E LÜDKE (1986), acerca da coleta de dados,

traz que para que se torne um instrumento válido e fidedigno de investigação

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científica, a observação precisa ser antes de tudo controlada e sistemática.

Isso implica a existência de um planejamento cuidadoso do trabalho e uma

preparação rigorosa do observador.

Ainda segundo as autoras, no que tange ao conteúdo das observações,

os focos de observação nas abordagens qualitativas de pesquisa são

determinados basicamente pelos propósitos específicos do estudo, que por sua

vez derivam de um quadro teórico geral, traçado pelo pesquisador. Com esses

propósitos em mente, o observador inicia a coleta de dados buscando sempre

manter uma perspectiva de totalidade, sem se desviar demasiado de seus

focos de interesse.

No que diz respeito ao registro das observações, trazem as autoras que

há formas muito variadas de registrar as observações. Alguns farão apenas

anotações escritas, outros combinarão as anotações com o material transcrito

de gravações. Outros ainda registrarão os eventos através de filmes,

fotografias, slides ou outros equipamentos.

A seguir um quadro explicativo das atividades realizadas com os alunos

do 9º ano do Colégio Estadual “Maestro Andréa Nuzzi”, onde 10 ( dez ) alunos

serviram de amostragem e os quais classificamos como alunos A, B, C, D, E,

F, G, H, I, J e trouxemos suas respostas acerca de cada categoria:

Aristóteles:

VIDA OBRA COMO ORGANIZOU

OS SERES VIVOS

COMO VOCÊ

ORGANIZARIA OS

SERES VIVOS

Fundou sua própria

escola: A, B, C, D, G,

H, I, J.

A explicação das

coisas estavam

dentro das coisas: B,

I.

Organizou em reinos

vegetal e animal: A,

B, E, G, H, I.

Seres humanos,

animais, vegetais: A,

I.

Ótimo aluno até a

morte de seu mestre:

B.

Achava que tudo era

movido por uma força

de potencial: B, C, E.

Corpo e alma/ razão

e sentido: C, D, E, G.

Animais racionais e

irracionais: B, H.

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Escreveu muitos

livros: C, G, I, J.

A partir da

observação dos

animais, Aristóteles

percebeu aspectos

comuns entre eles: F,

J.

Igual Aristóteles: C,

D, F.

É um dos maiores

filósofos da história:

J.

Humanos e animais.

Humanos por religião

e animais por habitat:

E.

Nasceu em Estagira,

na Macedônia: D, G,

H, J.

Não sei: J.

Quadro 1 – Respostas sobre Aristóteles.

Lineu:

COMO LINEU

CLASSIFICOU OS

SERES VIVOS

VIDA CONTRIBUIÇÃO SEMELHANÇAS NA

ORGANIZAÇÃO

DOS SERES VIVOS

ENTRE

ARISTÓTELES E

LINEU

Categorias

Taxonômicas: Reino

– Filo ou Divisão –

Classe – Ordem –

Família – Gênero –

Espécie: A, B, C, D,

E, G, I, J.

Sueco, médico e

botânico: A, B, C, D,

G, I, J.

Taxonomia: A, B, C,

E, G, I, J.

Ambos separaram

animais e vegetais,

sendo que Aristóteles

fez duas

classificações (

animais/ vegetais ) e

Lineu classificou

cinco reinos: B, C, E,

H.

Pai da Taxonomia: A,

B, C.

Cinco Reinos:

Animal, Vegetal,

Protista, Monera,

Fungi: A, B, E, G, H,

J.

Em branco ou não

souberam: D, G.

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Quadro 2 – Respostas sobre Lineu.

Lamarck:

VIDA TEORIAS

Era francês: A, B, E, F, G, H, I, J. Lei do Uso e Desuso; Herança dos

Caracteres Adquiridos: A, B, E, F, G, H, I, J.

Biólogo: G, H, J. Exemplo do pescoço das girafas para explicar

as duas teorias citadas acima: A, B, C, E, F,

G, H, J.

Quadro 3 – Respostas sobre Lamarck.

Darwin:

VIDA TEORIA SEMELHANÇAS NA

TEORIA DE LAMARCK E

DARWIN

Era inglês: A, C, D, E, F, G, I. Escreveu o livro “A origem

das espécies por meio da

seleção natural”: A, B, C, D,

E, F, I, J.

Darwin complementou os

estudos de Lamarck acerca

da evolução dos seres vivos:

A, B, D, E, G, H, I, J.

Teoria da Seleção Natural: os

seres vivos que estão mais

bem adaptados ao ambiente

sobrevivem e deixam

descendentes: A, D, E, F, G,

I.

Quadro 4 – Respostas sobre Darwin.

Observa-se que há alunos que faltaram durante a aplicação de algumas

das atividades, as quais foram aplicadas em dias variados e um aluno ( F )

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transferiu-se de escola no decorrer da implementação do projeto, mais

precisamente na ocasião das atividades do filósofo Darwin.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegado ao final de mais uma etapa e a última deste PDE, onde

refletimos sobre nossos objetivos iniciais, nossa trajetória e resultados

alcançados, torna-se muito gratificante alcançar este momento, onde podemos

perceber que todo o esforço aplicado foi válido. Válido para nós educadores,

pelo crescimento profissional obtido; válido para nossos alunos da rede

estadual de ensino, pelos conhecimentos enriquecedores que lhes foram

transmitidos com o maior esmero possível e válido para a Educação

Paranaense, a qual dá um passo adiante a cada término de ciclo do Programa

de Desenvolvimento Educacional.

Capacita pois, a cada PDE, professores que de suas salas de aula

podem enxergar uma nova perspectiva de avanço profissional, a oportunidade

de frequentar nossas melhores universidades estaduais, ter contato com

doutores de suas áreas pelos quais são orientados, desenvolver projetos,

produções didático pedagógicas, artigos e o mais importante: implementá-los

nas mesmas salas de aula em que se encontravam.

É um momento para agradecer a todos, pela oportunidade ímpar de

participar deste grande investimento idealizado e concretizado pelo Governo do

Estado do Paraná, onde somos estimulados a crescer e evoluir não somente

como profissionais, mas como pessoas.

É possível afirmar que a evolução aconteceu. Ora através das

incansáveis pesquisas teóricas e didáticas, ora pelas atividades elaboradas de

implementação do projeto, ora durante a própria implementação das atividades

do projeto na escola, onde obtivemos total apoio dos colegas professores, da

Direção, da Equipe Pedagógica e dos alunos e sempre pela indispensável e

paciente orientação da docente da UEL, Universidade Estadual de Londrina,

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Profa Dra Mariana A. Bologna Soares de Andrade, a quem agradeço

profundamente.

Enfim, do projeto, da produção didático pedagógica e da implementação

junto aos alunos extraio este artigo, através do qual considero cumprida a

missão que nos foi proposta.

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