A APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE EM …

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A APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE EM PROJETOS GOVERNAMENTAIS - UM ESTUDO DE CASO DO PROJETO DE INTEGRAÇÃO DAS BACIAS DO RIO SÃO FRANCISCO Isamara de Melo Dantas Bezerra (Instituto Federal do Rio Grande do Norte ) [email protected] Dellano Jatobá Bezerra Tinoco (Bilbioteca Karl A. B ) [email protected] As ferramentas da gestão da qualidade são técnicas e metodologias utilizadas para correção de erros e falhas em processos, elaboração de melhoras e auxiliar empresas a ter padronização em seus processos. A pesquisa foi feita com o intuito dde propor a aplicação das ferramentas da qualidade em projetos governamentais tendo em vista que o mesmo tem abrangência a população tão grande ou talvez até maior que as empresas privadas, uma vez que projetos para atender suas necessidades com maior eficiência é algo que a população necessita. Foi estudado e aplicado as ferramentas da qualidade no caso do projeto governamental relacionado a escassez hídrica da região semiárido do Brasil, o atual projeto de integração nacional, trata-se da integração da bacia do Rio São Francisco com as bacias do nordeste setentrional. O objetivo presente neste trabalho é apresentar a eficácia das ferramentas da qualidade e como a sua utilização pelo governo para projetos voltados a população traria grandes benefícios tanto a população quanto ao próprio governo, melhorando sua gestão e melhorando o nível dos projetos oferecidos. Palavras-chave: Gestão da qualidade, São Francisco, Ferramentas da qualidade, planejamento e governo XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e OperaçõesSantos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

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A APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DA

QUALIDADE EM PROJETOS

GOVERNAMENTAIS - UM ESTUDO DE

CASO DO PROJETO DE INTEGRAÇÃO

DAS BACIAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Isamara de Melo Dantas Bezerra (Instituto Federal do Rio Grande

do Norte )

[email protected]

Dellano Jatobá Bezerra Tinoco (Bilbioteca Karl A. B )

[email protected]

As ferramentas da gestão da qualidade são técnicas e metodologias

utilizadas para correção de erros e falhas em processos, elaboração de

melhoras e auxiliar empresas a ter padronização em seus processos. A

pesquisa foi feita com o intuito dde propor a aplicação das ferramentas

da qualidade em projetos governamentais tendo em vista que o mesmo

tem abrangência a população tão grande ou talvez até maior que as

empresas privadas, uma vez que projetos para atender suas

necessidades com maior eficiência é algo que a população necessita.

Foi estudado e aplicado as ferramentas da qualidade no caso do

projeto governamental relacionado a escassez hídrica da região

semiárido do Brasil, o atual projeto de integração nacional, trata-se da

integração da bacia do Rio São Francisco com as bacias do nordeste

setentrional. O objetivo presente neste trabalho é apresentar a eficácia

das ferramentas da qualidade e como a sua utilização pelo governo

para projetos voltados a população traria grandes benefícios tanto a

população quanto ao próprio governo, melhorando sua gestão e

melhorando o nível dos projetos oferecidos.

Palavras-chave: Gestão da qualidade, São Francisco, Ferramentas da

qualidade, planejamento e governo

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1. Introdução

A população está se tornando cada vez mais exigente com gestores e governantes, cobrando

seus direitos e projetos que lhes são prometidos. Também conhecido como velho Chico, o rio

São Francisco é um dos mais importantes rios do território brasileiro, com grande potencial de

atender à necessidade hídrica da população da região semiárido que sofrem com a seca e

escassez de água.

Visando atender as populações que sofrem com esta necessidade e melhorar a vida do

sertanejo, foi discutido e criado o atual projeto de integração nacional, trata-se da integração

da bacia do Rio São Francisco com as bacias do Nordeste setentrional, o projeto é antigo, foi

concebido em 1985 pelo extinto DNOS – Departamento Nacional de Obras e Saneamento,

sendo, em 1999, transferido para o Ministério da Integração Nacional, atual Ministério do

Desenvolvimento Regional (MDR), e acompanhado por vários ministérios desde então, assim

como, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

Os canais e meios de traspor a água foram projetados com vazão máxima de 127m³/s, porém,

as condições hidráulicas foram redefinidas pela outorga de direito de uso da água expedida

pela Agência Nacional de Águas, por meio da Resolução nº 411 de 22 de setembro de 2005

(ANA, 2005b). De acordo com esse documento, a vazão de retirada máxima no Projeto de

Integração do Rio São Francisco (PISF), é de 26,4m³/s, bombeando continuamente cerca de

26,4m³/s de água a população do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte por

meio das bacias de Terra Nova, Brígida Pajeú, Moxotó, Bacias do Agreste em Pernambuco,

Jaguaribe, Metropolitanas no Ceará, Apodi, Piranhas-Açu no rio Grande do Norte, Paraíba e

Piranhas na Paraíba.

Este é um tema ainda muito polêmico, pois traz uma solução em potencial para sanar a

escassez hídrica, mas ao mesmo tempo é um projeto delicado em termos ambientais,pois

alterará um dos rios de grande importância do Brasil tanto pela sua extensão e importância na

manutenção da biodiversidade, quanto pela sua utilização em transportes e abastecimento.

Visando os gestores públicos e sua administração em relação ao projeto e seus obstáculos,

neste artigo é proposto a utilização de ferramentas da qualidade tendo em vista que a sua

finalidade é o aperfeiçoamento de processos, para possibilitar ter maior facilidade frente as

dificuldades, para que serviços tão vitais à população sejam realizados com custos mais

baixos e buscando atingir os seus objetivos.

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2.Impacto social da seca

Dentre os muitos aspectos no nordeste brasileiro, um deles é a seca que historicamente castiga

com fome e miséria a vida do nordestino.

De acordo com as informações do Ministério da Integração Nacional, o Projeto de

Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste

Setentrional é um empreendimento do governo federal destinado a assegurar oferta

de água, a cerca de 12 milhões de habitantes de cidades da região semiárida dos

estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. (AGÊNCIA DO

SENADO FEDERAL, 2008)

O portal G1 no dia 13/03/2017 divulga que cerca de 12 milhões de nordestinos são atingidos

pela seca. Já foram criados diversos programas e projetos do governo que tem seus olhos

voltados à necessidade desse povo local, programas estes que tem como medidas ir antemão a

fome, pobreza e principalmente a escassez da água, por exemplo bolsa família, bolsa

estiagem, garantia safra e carro-pipa.

Porém mesmo com estes auxílios os nordestinos continuam sofrendo com a seca de forma

austera, em 2007 foi iniciada as obras para transpor o Rio São Francisco para reduzir os

problemas causados pela seca no sertão nordestino. As obras tinham previsão para 2010, mas

alguns contratempos a fizeram ter uma nova previsão, tendo 2015 como prazo final.

Com este projeto iniciado foi trazido ao sertanejo esperança de uma vida melhor, com menos

miséria, sem fome, finalmente água para sua família, animais e plantações. Mas está ainda

não é a realidade do nordestino, as obras iniciadas em 2007,com novas previsões para 2015,

também tiveram suas interrupções devido a um planejamento que foi falho e problemas com a

empresa contratada para dar forma ao projeto, empreiteira Mendes Junior que cuidava do

andamento da obra, estava envolvida na operação lava-jato, desistiu da obra alegando

incapacidade técnica e financeira para cumprir os contratos. O portal G1 divulgou no dia

13/03/2017 que o custo orçado inicialmente em R$ 4,5 bilhões, subiu para R$ 8,2 bilhões e em

2017 estava em R$ 9,6 bilhões. Com valores dos orçamentos podemos visualizar falhas no

momento de um planejamento, onde foi necessário gastar mais, devidoa erros quando foi feito o

primeiro orçamento.

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A obra já foi parada e recomeçada diversas vezes, alterando seu prazo de entrega. Para muitos

nordestinos a paralisação desta obra é um sofrimento, pois a água em abundância para eles é algo

que foge de sua realidade, O portal do G1 no dia 13/03/2017 divulgou entrevistas com

moradores da região, umadas moradoras entrevistadas mostrou um pouco de sua realidade.

A situação aqui está ruim, não tem água e falta até para os animais, porque os açudes estão

acabando de secar, a água está até barrenta. Essa semana procurei água para colocar em

uma garrafa e colocar na geladeira e não achei. Já faltou água até para beber. Eles

deveriam colocar 12 carros-pipa por semana, para 40 famílias, mas essa semana só

chegaram cinco. (MARIA APARECIDA, AGRICULTORA)

Com o depoimento dos moradores sobre a realidade sofrida, podemos ver o quanto é necessário a

conclusão desse projeto. Com o planejamento correto, medidas e indicadores para acompanhar e

prever erros, qualquer organização aumenta suas chances de obtersucesso em seu objetivo.

Qualquer organização, sem grandes esforços, sabe identificar um rumo para sua

qualidade, desde que assim queira fazê-lo. Basta que pense, enquanto organização

integrada, em aspectos tais como: - Atendimento às necessidades do cliente (adequação ao

uso do produto ou serviço por parte dele), - Eliminação de deficiências. (OLIVEIRA, O.

J. ,2003. p.29).

Atualmente a obra já foi retomada, após uma paralisação divulgada pelo jornal local de

Juazeiro,CETV 2ª Edição - Juazeiro do Norte,devido à greve de funcionários do consorcio

responsável pela mesma. O presidente do STJ (Supremo Tribunal de Justiça), João Otavio de

Noronha liberou a retomada das obras referentes ao eixo norte da transposição. A decisão foi

tomada na terça-feira 23/04/2019.

A mesma é dividida em duas partes; eixo leste que abastecerá parte do sertão e regiões do

agreste da Paraíba e Pernambuco, eixo norte abastecerá sertões do Ceará, Paraíba,

Pernambuco e Rio Grande do Norte. O intuito do projeto é integrar as bacias de forma que a

água chegue na população que necessita dela, atualmente o eixo leste já teve um de seus

trechos inaugurados.

O Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco recebeu licença de

funcionamento emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

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Naturais Renováveis (Ibama). Com a autorização, as estações de captação e

bombeamento de água já podem operar nos 217 quilômetros dos canais atendidos,

de Petrolândia (PE) a Monteiro (PB).

De acordo com o Ministério da Integração Nacional, essa parte do empreendimento

foi projetada para levar água a 168 municípios que sofrem com a seca em

Pernambuco e na Paraíba. Com a licença concedida, ela poderá operar por completo.

(GOVERNO DO BRASIL, 2018)

Já o eixo norte ainda está em andamento, atualmente em fase de conclusão com cerca de 96%

das obras concluídas.

A outra parte do Projeto de Transposição do São Francisco está em fase de

construção. Com 477 quilômetros de alcance, o empreendimento deve garantir a

segurança hídrica a 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de

Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, frequentemente afetados pela

seca. (GOVERNO DO BRASIL, 2018)

O projeto é algo delicado e que envolvem certas dificuldades como a perda de biodiversidade,

revitalização do rio, esgotamento sanitário, poluição das águas e outros obstáculosdebatidos

em fóruns e reuniões, alguns debatidos com a população que necessita e defende o projeto,

mas mesmo com todas discursões ainda não foi tomada uma medida para resolve-los.

Os problemas presentes no projeto podem ser solucionados ou ajudar dando início a possíveis

soluções com a aplicação da gestão da qualidade, onde seu objetivo é aperfeiçoar processos.

A gestão da qualidade traz consigo metodologias e técnicas para identificação, priorização de

problemas, elaboração de soluções e verificação de resultados. Com dados reais, corretos e

aplicados com técnicas e metodologias que a mesma oferece,qualquer organização

independente de sua natureza obterá resultados.

3. Gestão da qualidade

A gestão da qualidade é um conjunto de atribuições que à definem, com um único propósito;

aperfeiçoar os processos.Qualidade é um conjunto de características, propriedades, atributos,

ou elementos que compõem bens e serviços. (PALADINI, 2008 apud SOUZA, E. K., &

MACHADO, F. O. 2011. p.25)

Alguns autores denominados gurus da qualidade devido suas grandes contribuições para a

gestão da qualidade a definiram de algumas formas.

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De fato, nenhuma definição fixa com precisão o que, exatamente, determina a adequação do

produto ao uso. (PALADINI, E. P. ,2000. p.35)

Deming (2003), que define qualidade como um “sistema sem erros”. Os esforços em

busca da qualidade devem focar as necessidades presentes e futuras do consumidor.

Juran (1992), definia “a qualidade como a adequação ao uso”

As definições proporcionam a conclusão que a melhoria contínuaé de extrema

importância para qualquer organização. (PEREZ, V. et al, 2016)

Com definições da gestão da qualidade podemos ter uma ideia de que é algo quando aplicado

de forma correta, traz benefícios consigo, uma vez aplicado no PISF traria ao projeto grande

impacto, melhorando o projeto em si e administração dos gestores.

4. Referencial teórico

4.1. Ferramentas da qualidade

Algumas ferramentas associadas conjuntamente são utilizadas para visualizar, prever e propor

soluções na gestão da qualidade. Podendo ser aplicadas em quais quer contextos, da forma

correta com os dados reais, as ferramentas serão de grande utilidade para solucionarobstáculos

como dificuldades encontradas para a conclusão do eixo norte e do projeto ao todo.

4.2. Diagrama de Ishikawa

O diagrama de causa-efeito ou espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa é uma

ferramenta gráfica usada para mostrar a relação entre causas e efeitos ou alguma

característica de qualidade e os fatores envolvidos. Essas causas principais podem

ainda, por sua vez, ser ramificadas em causas secundarias e/ ou terciarias.

(BALLESTERO-ALVAREZ, 2010. p.112).

O diagrama de Ishikawa consiste emver com mais clareza o problema. Problema esse que

deve ser colocado como a “cabeça do peixe”, e suas causas elencadas onde seria as “ espinhas

do peixe”, as subcausas são colocadas ao longo das linhas que seriam as “espinhas do peixe”.

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Este conceito de divisibilidade de um processo permite controlar sistematicamente

cada um deles separadamente, podendo desta maneira conduzir a um controle mais

eficaz sobre o processo todo. Controlando-se os processos menores é possível

localizar mais facilmente o problema e agir mais profundamente sobre sua causa.

(CAMPOS, 2004 apud SALGADO, L. 2008. p.9)

4.3. Fluxograma

O fluxograma é usado para diagramar sequencialmente as etapas de um processo

qualquer; constitui importante auxiliar para detectar oportunidades de melhorias,

pois fornece o detalhamento das atividades concedendo a visão global do fluxo, de

suas falhas e de seus gargalos. Os fluxos são elaborados com símbolos padronizados

para tal fim. É importante que as pessoas que elaborem ou manipulem este tipo de

ferramenta conheçam os símbolos e seu significado. (BALLESTERO-ALVAREZ,

2010. p.115).

Figura 1- Digrama de Ishikawa

Fonte: Autores (2019).

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O fluxograma é baseado na visualização das possíveis escolhas e o que elas podem ocasionar,

sempre mostrando dois caminhos, tomar ou não tal decisão. A simbologia presente no

fluxograma tem significados. É essencial conhecer significados para a utilização de forma

correta.

Figura 2 - Fluxograma

Fonte: Autores (2019).

Figura 3 - significados do fluxograma

Fonte: Autores (2019).

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4.4. Diagrama de Pareto

O diagrama de Pareto (ou diagrama ABC, 80-20, 70-30) é um gráfico de barras que

ordena as frequências das ocorrências, da maior para a menor, permitindo a

priorização dos problemas. Seu objetivo principal é detectar quais problemas são

fundamentais e separá-los dos mais comuns; parte do princípio de que normalmente

temos muitos problemas sem importância frente a outros com mais importância.

Auxilia em especial na visualização e na identificação das causas ou problemas mais

importantes, possibilitando a concentração de esforços sobre eles.(BALLESTERO-

ALVAREZ, 2010. p.111).

A figura acima é uma simulação de como fica o gráfico após aplicação de dados. Para fazer a

utilização de Pareto deve ser feita a listagem de causas dos problemas e quantidades de

ocorrências relacionadas, depois colocar os dados de forma decrescente e calcular a sua

porcentagem, depois a porcentagem acumulada. Após feito isso, se gera o gráfico, as barras

são as porcentagens de cada motivo e a linha a acumulada das ocorrências.

4.5. Carta de controle

Figura 4 – Gráfico de Pareto

Fonte: Autores (2019).

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O gráfico de controle é outra ferramenta visual, estatística, utilizada para avaliar a

estabilidade ou as flutuações de um processo, distinguindo as variações devidas às

causas assinaláveis ou especiais das variações casuais inerentes ao processo. As

variações casuais repetem-se aleatoriamente dentro de limites previsíveis. As

variações decorrentes de causas especiais necessitam de tratamento especial. É

necessário, então, identificar, investigar e colocar sob controle alguns fatores que

afetam o processo.(BALLESTERO-ALVAREZ, 2010. p.114).

Carta de controle é um tipo de gráfico utilizado para acompanhar processos, determinando

estatisticamente uma faixa denominada como limites de controle que tem fim na parte

superior e na linha inferior, além de ter uma linha média. Obtendo função principal verificar

através do gráfico se o processo está sob controle, apresentar informações para que sejam

tomadas medidas gerenciais e manter o estado de controle estatístico, estendendo a função dos

limites de controle como base de decisões.

Na simulação acima observamos que há limites como base, inferior e superior, e a linha

média. Ao coletarmos dados e aplicarmos nesta ferramenta ela mostrará o que está fora da

linha da média, tanto superior como inferior e assim podemos acompanhar processos,

visualizandose houve alguma falha ou melhora.

4.6. Ciclo PDCA

Figura 5 – Carta de controle

Fonte: Autores (2019).

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O Ciclo PDCA é uma metodologia utilizado para a melhoria contínua de processos e solução

de problemas.Suas finalidades são acelerar e aperfeiçoar as atividades de uma empresa, por

meio da constatação dos problemas, seus motivos e suas potenciais soluções.

PDCA significa plan (planejar), do (fazer), check (checar) e action (agir). Esta ferramenta é

completa e eficiente, é um método bastante conhecido para ajudar na execução do

planejamento estratégico e utilizado nas organizações com melhorias.

Chamo sua atenção para a simplicidade do PDCA. É essa sua simplicidade que faz

dele um instrumento muito flexível e que nos permite utilizá-lo e aplicá-lo tanto na

gerencia da empresa como em cada em dos processos existentes numa organização

em qualquer setor ou área. (BALLESTERO-ALVAREZ, 2010. p.100).

5. Ferramentas auxiliares

Algumas ferramentas consideradas auxiliares têm grande utilidade. Facilitando a forma de

organização do trabalho e a apresentação de dados e resultados. As ferramentas auxiliares são:

- Brainstorming: tem significado de “tempestade de ideias”, consiste em

reuniões em grupo, onde cada indivíduo possa expressar suas opiniões e ideias.

- Matriz GUT: A matriz auxilia a resoluções de problemas, classificando cada

obstáculo pertinente por sua gravidade, urgência e tendência.

- Os cinco porquês: Tem como finalidade encontrar a causa raiz de um

problema, tem como base perguntar cinco vezes o porquê tem um certo problema

estar acontecendo e isso resultara no encontro da sua causa original. (PEREIRA;

RIBEIRO; SOUZA, 2017. p.7)

6. Metodologia

Figura 6 - PDCA

Fonte: Autores (2019).

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A metodologia utilizada é o estudo de caso, “O estudo de caso é caracterizado pelo estudo

profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimento amplo

e detalhado do mesmo”. (GIL, 1994 apud ABBAS, K. 2001. p.19)

No estudo de caso foi analisado as problemáticas que envolviam o PISF para descobrir e

analisar dificuldades presentes nele de forma que as ferramentas da qualidade sejam uteis para

o mesmo.

Para tomar decisões e possibilitar melhorias contínuas, foram coletadas informações

confiáveis. Buscar por problemas ajuda na elaboração de planos e medidas para abrandar ou

até mesmo sanar a causa.

A pesquisa foi feita do tipo exploratória, onde os dados e informações utilizadas foram

divulgados pelo MMA ( Ministério do Meio Ambiente), CGU (Controladoria-Geral da

União), Senado Federal, CBHSF ( Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco),

artigos científicos e jornais, serão colocadas em algumas ferramentas da qualidade para

podermos ter uma visualização diferente dos problemas e causas que dificultam a integração

da bacia do Rio São Francisco com as demais envolvidas no projeto e se obter resultados com

relação a problemática exposta neste artigo.

7. Analisaros resultados

A primeira ferramenta que pode ser utilizada na etapa de planejamento do PDCA é diagrama

de Ishikawa, para visualizar o problema de uma forma mais clara e identificar suas causas.

Figura 7 – Diagrama de Ishikawa na biodiversidade

Fonte: Autores (2019).

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Foi utilizada a perda da Biodiversidade como problema. Umas das características do

Diagrama de Ishikawa é elencar causas possíveis e suas subcausas, as causas elencadas são as

de maior ocorrência que geram a perda da biodiversidade

Na figura 7podemos observar possíveis causas dos problemas que levam a perda da

biodiversidade, por exemplo, alteração do habitat. A modificação ou destruição de um habitat

geralmente é causada pelo crescimento das cidades ou crescimento econômico baseado na

extração desenfreada dos recursos naturais. As drenagens de recursos naturais causam

alterações no ambiente, causando extinção das espécies tanto de plantas como animais que

eram naturais de tal local.

Um dos problemas que também trazem impacto para o projeto é a poluição do rio, o mesmo

recebe toneladas de rejeitos a décadas, além dos despejos de esgotos não tratados, jornais

locais divulgaram operações voluntarias dos cidadãos que se colocaram à disposição de ir e

contribuir com a limpeza do velho Chico, com alguns voluntários em partes diferentes do

Chico foi retirado cerca de 1400 kg de lixo do rio, mas ainda há muito lixo presente no rio.

Para este será adotado o gráfico de Pareto, onde poderemos visualizar quantidades de lixo

retirada do rio e em que período foi feita a limpeza.

Analisando a figura 8podemos ver que em cerca de quase um ano foram feitas três limpezas,

retirando 1400 kg de lixo do velho Chico, apenas com a ação voluntaria de cidadãos, porem

Figura 8 – Pareto na limpeza do rio

Fonte: Autores (2019).

1000

200 200

71%

86%

100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

retirada em 11/2018 retirada em 10/2018 retirada em 04/2018

Gráfico de pareto

valores acumulada

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levando em consideração que o rio sofre há décadas com o despejo de dejetos, 1400 kg se

torna pouco. O governo diversas vezes refez o orçamento para revitalizar o Rio São Francisco

e cada vez que o orçamento é refeito ele muda, em outubro de 2018 o MMAanunciou a

liberação de 262,5 mil reais para o projeto de recuperação das matas ciliares para revitalizar o

rio. O governo poderia investir não só apenas na revitalização, mas na conscientização da

população e trabalhos voluntários tendo em vista que os cidadãos já o fazem.

O projeto, como já dito antes teve seu orçamento refeito diversas vezes. O valor original do

projeto era de 4,5 bilhões, e tinha previsão para término em 2010. Mas o mal planejamento e

má utilização dos recursos para a obra fizeram com que ela tenha sido parada algumas vezes e

isso levou o seu orçamento a ser refeito a cada parada.

Em março de 2018 foi divulgado pela CGUo orçamento de R$ 10,7 bilhões (o custo final

estimado da obra é de R$ 20 bilhões). Devido ao mal planejamento foi ocasionado perdas de

algumas estruturas de concreto que davam forma ao projeto. Ao parar obras, pode ocorrer

necessidade de uma manutenção e para uma obra de grande porte como o PISF, esta

manutenção se torna algo cada vez mais cara tendo em vista que a mesma teve paradas

durante o seu processo de construção e atualmente teve uma pequena parada devido à greve

de funcionários do consorcio responsável pela mesma.

Para da tomada de decisões com mais clareza poderia ser utilizado o fluxograma, facilitando a

visualização de cada decisão conjuntamente com as ferramentas auxiliares, por exemplo o

Brainstorming que consiste na reunião em grupo para ter mais ideiase soluções, para

acompanhar o processo após a tomada de decisões seria interessante adotar a carta de

controle, facilitando o acompanhamentodas rupturas e altos do processo.

8. Considerações finais

Neste trabalho foi apresentado a importância da utilização das ferramentas da qualidade e seus

aspectos, apresentadas na revisão bibliográfica com finalidade de buscar e propor melhoras,

tanto à administração dos gestores, como no momento de elaboração de quaisquer projetos do

governo ofertados a população.

Foram exemplificadas algumas das ferramentas da qualidade e algumas ferramentas

auxiliares.

Foi exemplificado e estudado o PISF, juntamente com os seus obstáculos para a aplicação das

ferramentas da qualidade.

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Foi exemplificado algumas formas que possibilitam a melhoria de quais quer organizações,

utilizando do PISF para poder demonstrar que tais ferramentas implementadas em projetos

governamentais ajudariam a obtenção dos objetivos.

Conclui-se que a melhoria continua é o ideal e que tem suma importância para qualquer

organização, um dos meios de atingi-la é a utilização das ferramentas da qualidade e suas

ferramentas auxiliares, vale lembrar que neste estudo não tem todas as ferramentas da gestão

da qualidade, as utilizações de todas ferramentas conjuntas entre si proporcionarão melhores

resultados a futuros projetos do governo.

REFERÊNCIAS

ABBAS, Katia et al. Gestão de custos em organizações hospitalares. 2001.

Ação voluntária retira 200kg de lixo de trecho do Rio São Francisco em Petrolina, 2018.

Disponível em: <https://www.carlosbritto.com/grupo-de-voluntarios-retira-200kg-de-lixo-das-margens-do-rio-

sao-francisco-em-petrolina/>. Acesso em: 24 abril 2019

BALLESTERO-ALVAREZ, Maria Esmeralda. Gestão de qualidade, produção e operações. São Paulo: Atlas,

2010.

CASTRO, Cesar Nunes de. Transposição do Rio São Francisco: análise de oportunidade do projeto. 2010.

Com obra da transposição inacabada, famílias sofrem com a seca no Sertão, 2017. Disponível em:

<http://g1.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/2017/03/com-obra-da-transposicao-inacabada-familias-sofrem-

com-seca-no-sertao.html>. Acesso em: 25 abril 2019

Dia mundial da água: esgoto sem tratamento é despejado no Rio São Francisco, em Juazeiro, 2016. Disponível em:

<http://g1.globo.com/bahia/bahia-meio-dia/videos/t/tv-sao-francisco/v/dia-mundial-da-agua-esgoto-sem-

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