A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    MARIA TEREZA MALDONADO

    ALAN GARNER

    r t e

    d

    U N J J o R S

    U O N V I V I O

    Quantas vezes voc quis dizer

    uma coisa e saiu outra?

    Quantas e quantas vezes voc se

    expressou mal e no conseguiu se

    fazer entender? Poucas vezes al

    gum tentou lhe dizer o que

    fazer para melhorar no foi?

    Pouqussimas pessoas disseram

    que voc precisava melhorar no

    verdade? Muitas vezes a conversa

    esfria as pessoas se afastam e voc

    fica sem saber o que fazer.

    So momentos desagradveis

    mas voc no o nico que passa

    por isso. Na verdade muito

    comum as pessoas repetirem

    defeitos de comunicao adquiri

    dos desde a infncia empacando

    nos mesmos bloqueios e insistindo

    nos mesmos erros.

    As pessoas precisam aprender a

    conversar melhor para conseguir

    fazer amigos para manter a

    afetividade e a intimidade de um

    relacionamento amoroso para

    fazer bons negcios e melhorar a

    qualidade dos vnculos profis

    sionais.

    Em

    rte d convers e do

    convvio

    voc encontrar

    sugestes prticas para alcanar o

    equilbrio entre falar e ouvir.

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    M RI TEREZ M L ON O

    L N G RNER

    rt d

    S. edio 2001

    ditor

    \ \_Saraiva

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    ISBN 85-02-02823-5

    Copyright 1999 by Maria Tereza Ma ldonudo c Alan Garner.

    Copyrighl 1999 by Saraiva S.A. Livreiros Editores.

    Todos os direitos reservados.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao CIP

    Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

    Maldonado, Maria Tereza

    A arte da conversa e do convvio / Maria Tereza Maldonado, Alan

    Garner. - 8. ed. - So Paulo: Saraiva, 2001.

    Bibliografia.

    ISBN 85-02-02823-5

    1. Conversao 2. Convivncia 3. Relaes interpessoais I. Garner,

    Alan. li. Ttulo.

    99-0124

    CDD-302.346

    ndice para catlogo sistemtico:

    1. Conversao: Psicologia social 302.346

    n

    Editora

    ~ Saraiva

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    SUMRIO

    Introduo 5

    CAPTULO

    Como dar incio a uma conversa 9

    CAPTULO 2

    Como fazer perguntas que estimulam a conversa 15

    CAPTULO

    3

    No deixe a conversa morrer 24

    CAPTULO 4

    Voc

    um bom ouvinte?................................................... 30

    CAPTULO

    Deixe que os outros o conheam 41

    CAPTULO

    O que fazer para que suas propostas sejam aceitas 53

    CAPTULO

    Aprendendo a elogiar com sinceridade ) 60

    CAPTULO

    8

    Como enfrentar as crticas construtivamente) 76

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    CAPTIlLO 9

    Como resistir s manipulaes....... 94

    CAPTIlLO

    1

    Como conseguir que os outros se modifiquem............... 98

    CAPTIlLO 11

    A linguagem do corpo 11O

    CAPTIlLO

    12

    Como reduzir a ansiedade nos contatos 122

    CAPTIlLO

    13

    Aprenda a conversar consigo mesmo............................... 142

    CAPTIlLO 14

    O

    comeo 153

    ibliogr fi

    155

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    NTRO UO

    Muita gente pensa que a arte de conversar um dom inato

    que alguns possuem e outros no. Na verdade, () negcio outro:

    quem bom de papo simplesmente utiliza alguns macctes que

    todo mundo pode aprender.

    Quando voc era pequeno, aprendeu a ler, escrever e L.lzer

    contas.

    claro que muitas vezes voc errou; mas foi corrigido e

    acabou aprendendo,

    no?

    O problema

    que no se costuma en-

    sinar a arte de conversar: a gente aprende a pronunciar as pala-

    vras de modo correto, at aprende outros idiomas, mas difcil

    encontrar algum que nos ensine os princpios bsicos da COIllU-

    nicao.

    Quantas vezes voc quis dizer uma coisa e saiu outra?

    Quantas e quantas vezes voc se expressou mal e no conseguiu

    se fazer entender? Poucas vezes algum tentou lhe dizer o que

    fazer para melhorar, no foi? Pouqussimas pessoas disseram que

    voc precisava melhorar, no verdade? Muitas vezes, a conversa

    esfria, as pessoas se afastam e voc fica sem saber o que fazer.

    So momentos desagradveis, mas voc no o nico que

    passa por isso. Na verdade, muito comum as pessoas repetirem

    defeitos de comunicao adquiridos desde a infncia, ernpacando

    nos mesmos bloqueios e insistindo nos mesmos erros. A maioria

    das pessoas deveria aprender a conversar melhor para conseguir

    fazer amigos, para manter a afetividade e a intimidade de um

    relacionamento amoroso, para fazer bons negcios e melhorar a

    qualidade dos vnculos profissionais. Em sntese, tornar-se uma

    pessoa mais atraente e interessante.

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    l ARTE DA CONVI:JSA I: IlU CONVIVIU

    Vrios

    pesquisadores das reas de psicologia e de comunica-

    o conseguiram identificar e analisar diversas habilidades es-

    senciais para a construo de bons relacionamentos sociais. Emais:

    descobriram que essas habilidades podem ser aprendidas em pouco

    tempo, se a pessoa estiver motivada para praticar o que os mto-

    dos adequados de treinamento se propem a oferecer. Infeliz-

    mente, os resultados dessas pesquisas costumam ser publicados

    apenas em revistas especializadas, e os mtodos de treinamento

    esto ainda pouco divulgados para o pblico em geral.

    Para colocar essas descobertas ao alcance de um grande n-

    mero de pessoas, Alan Garner comeou a coordenar cursos sobre

    a arte da conversa e do convvio e escreveu a primeira verso

    deste livro, intitulada onuers tionlly speking (Falando sobre

    conversar). O interesse do pblico superou todas as expectativas:

    os cursos so conduzidos da maneira mais prtica e interessante

    possvel, e o livro est na lista dos, mais vendidos nos Estados

    Unidos e em outros pases, nos quais Alan procura um co-autor

    local, dando-lhe total liberdade para recriar o texto original de

    acordo com as caractersticas culturais e os modos de comunica-

    o mais comuns no pas. O livro e a proposta de recriao me

    entusiasmaram tanto que aceitei o convite para ser a co-autora em

    portugus.

    Uma recomendao importante antes de comear o primeiro

    captulo: a simples leitura deste livro no vai

    ajud-lo

    muito a

    aperfeioar sua arte de conversar, da mesma forma que ler um

    livro sobre ginstica no vai melhorar seu corpo, nem um livro de

    culinria vai lhe ensinar a cozinhar, se voc no se dedicar a pra-

    ticar com persistncia aquilo que leu. Leia no mximo um captu-

    lo de cada vez e tente colocar em prtica o que est sendo suge-

    rido; no desista facilmente, enfrente os tropeos e as dificuldades

    com pacincia e tenacidade. Isso requer tambm que voc se aper-

    feioe na arte de conversar com voc mesmo para se entender

    melhor.

    Il quem diga que no precisa ler um livro como este porque

    fala at demais. Mas a arte de conversar

    a busca do equilbrio

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    INTIlODlICO

    7

    entre ouvir e falar: por isso, este livro pode ajudar no s as pes-

    soas mais inibidas socialmente, como tambm as que falam sem

    parar, sem permitir a troca de idias. Saber ouvir to importante

    quanto saber falar.

    Esperamos que voc goste do livro e descubra que aprender

    algumas tcnicas simples de comunicao pode ajud-lo a melho-

    rar sua arte de conversar no mbito social, familiar e profissional,

    tornando sua vida mais interessante.

    MARIA TEREZA MALDONADO E AI.AN GAIlNER

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    PTULO

    OMO D R INI IO

    UM ONVERS

    Era to linda Foi paixo primeira vista e, impulsi-

    vamente, decidi que queria me casar com ela. Claro que

    no seria necessrio namorar por muito tempo Mas como

    abord-Ia' 'Quer um chiclete Seria banal demais; 'Oi, tudo

    bem?' Seria muito informal para eu me apresentar minha

    futura esposa; 'Eu te amo Estou louco de paixo' seria

    uma audcia; 'Quero que voc seja a me dos meus filhos'

    seria precipitado demais.

    Nada ...

    claro que eu no consegui dizer uma pala-

    vra. Pouco depois, o nibus parou c ela saltou e eu nunca

    mais a vi. E assim acabou a histria.

    APAIXONADO FRUSTRADO

    Como j dizia Aristteles, muitas amizades deixam de ser fei-

    tas por falta de conversa. Puxar conversa com estranhos fcil-

    se voc souber como comear. Eis algumas dicas que costumam

    ser bastante teis.

    Em primeiro lugar, aproxime-se de pessoas que paream

    acessveis e dispostas a conversar com voc. Como descobrir isso?

    Em geral, as pessoas gostam de ter a oportunidade de conhecer

    gente nova: tente aproximar-se de algum que esteja isolado ou

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    A AnTE J)/\ CO: -lVEnSi\ E DO CONvVIO

    no intensamente envolvido em outra conversa. Alm disso, ob-

    serve os sinais de interesse e de abertura: se a pessoa olha para

    voc, se d um discreto sorriso, se descruza as pernas ou os

    braos. Se for uma pessoa do sexo oposto, outros sinais de atra-

    o tornam-se mais evidentes: mexer no cabelo, olhar com mais

    insistncia antes de desviar o olhar, ajeitar a roupa, acender um

    cigarro, voltar-se na sua direo.

    Ao

    escolher a pessoa de quem voc deseja se aproximar,

    olhe para ela, sorria e comece a falar. claro que isso nem

    sempre fcil, especialmente para as pessoas tmidas, inseguras

    e ansiosas (o captulo 12 trata dessa questo com mais detalhes).

    No fique perdido

    ~l

    procura d~1frase perfeita para iniciar

    uma boa conversa: as pesquisas na rea de comunicao demons-

    tram que as primeiras frases

    S:IO

    relativamente insignificantes, des-

    de que no sejam inteiramente fora de propsito. Evite tambm

    comear com comentrios negativos ou queixosos, que no esti-

    mulam as pessoas a prosseguir a conversa ou que estabelecem um

    clima de desnimo. Foi o que aconteceu com Renato, quando

    tentou puxar conversa com Adriana numa discoteca, dizendo:

    Minha nossa, no consigo agentar esse barulho todo . Ela res-

    pondeu: Ento por que voc no vai embora?.

    Para dar incio conversa, no

    preciso dizer algo brilhante

    nem muito relevante: coisas simples so suficientes. O mais im-

    portante voc estar atento ~IS oportunidades de dar prossegui-

    mento ao contato. Se a pessoa estiver de fato interessada em

    conversar com voc, ela tambm falar alguma coisa que facilita-

    r a vocs dois encontrarem pontos em comum.

    simples encontrar o que dizer para comear a conversar.

    Existem apenas trs tpicos bsicos para escolher:

    a situao;

    a outra pessoa;

    voc mesmo.

    E apenas trs maneiras de comear:

    fazendo uma pergunta;

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    COMO DAR INCIO A liMA CONVEISA

    11

    dando uma opinio;

    comentando um fato.

    No incio da conversa, o objetivo principal conquistar o

    interesse da pessoa. Uma das maneiras de conseguir isso de-

    monstrar que voc est interessado em conhec-Ia. Uma boa idia

    comear com uma pergunta (mesmo que seja uma pergunta

    fechada, desde que voc no faa mais uma dzia logo em segui-

    dal). Dar sua opinio sobre algo potencialmente relevante tam-

    bm pode ser um bom comeo, com certeza melhor que um co-

    mentrio neutro a respeito de um fato qualquer. PUX:lr conversa

    com

    comentrios

    tais como este vo j est com meia hora de

    atraso ou a inflao deste ano tornou a superar as cxpccr.u ivas

    tendem a no envolver a pessoa na

    conversa

    onversar sobre a situao

    Iniciar a conversa falando sobre o contexto em que vocs

    esto no momento costuma ser a melhor

    0lX.:IO.

    Sendo

    terrirrio

    neutro, provoca menos ansiedade do quc COI11C\':lrfalando da

    pessoa e pode despertar mais interesse do que comccar a conver-

    sa falando de si prprio.

    Para comear a falar do contexto, olhe em volta e procure

    descobrir algo que desperte seu interesse ou aguce

    SU:I

    curiosida-

    de. Procure perceber se o tema tambm interessa

    ~l

    pessoa COI11

    quem voc quer comear a conversar. Isso relativamente fcil

    quando o contexto

    uma reunio de pessoas em torno de um

    assunto de interesse comum, como, por exemplo, um curso de

    culinria, um encontro de pais e professores, ou uma

    reunio

    da

    associao de moradores de um bairro.

    Depois que voc fez sua pergunta ou seu comentrio, preste

    bastante ateno no que l ressoa diz, tentando descobrir quais as

    informaes que rodem abrir caminho para dar prosseguimento

    ~

    conversa. A seguir, daremos alguns exemplos de frases simples

    que podem dar incio

    l

    conversas em diversas situaes. Vale lem-

    brar que no so os melhores exemplos que existem, mas apenas

    sugestes. Lembre-se tambm de que dizer

    l gum cois

    sensata

    melhor do que ficar calado.

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    A ARTE 1),\ CONVERSA E DO CONVVIO

    A SALA

    DE

    AI;IA Voc j ouviu falar alguma coisa sobre esse

    novo professor?; Faltei ontem. Tem muita matria nova?; O

    que voc acha que vai cair na prova?

    NA PISCINA:Nossa, como a gua est clorada hoje O que voc

    faz para cuidar dos olhos e do cabelo depois de nadar?

    No ESTJ)I()

    m: lllTEBOL:

    Quem voc acha que vai ganhar? ;

    Qual a sua opinio sobre a composio do time?

    NA FILADO CINEMA:Voc conhece algum que j viu este filme?;

    Por que voc decidiu ver este filme?

    No MI':HC/\J)O:No conheo esta marca de sabo que voc est

    comprando.

    boa? ; Vi que voc comprou alcachofras e fiquei

    curiosa ... como se prepara isso?

    COMVIZIIIOS:Suas plantas esto to bonitas Qual o segredo?;

    Que vestido lindo Onde voc costuma comprar suas roupas?

    No El.EVAJ)O]{:lunca vi um elevador andar to devagar como

    este (Embora parea um. comentrio tolo, as pessoas costumam

    responder comparando com outro mais lento ainda, e isso pode

    dar origem a uma conversa.)

    COMlJMCOiVlI%\])O]{ FiVIPOTENCIAL:Qual o seu ramo de atividade?

    No

    PONTO DO :\IIH IS:

    Pode me dizer quais os nibus que vo

    para o centro da cidade?

    onversar sobre a outra pessoa

    H muitas pessoas que gostam de falar sobre si mesmas, por-

    tanto, provvel que respondam de bom grado a suas perguntas

    ou a seus comentrios. Lembre-se: a pessoa interessada costuma

    ser uma pessoa interessante. Porm, antes de dizer alguma coisa,

    procure observar o que a pessoa est fazendo, falando, vestindo

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    CUMO

    J) \J{

    INCIO

    \

    liMA CONVERSA

    ou lendo e pense em alguma coisa sobre a qual voc poderia se

    interessar. Por exemplo:

    NUMA RElINIO SOCIAL: Que camisa bonita I O que significam

    essas iniciais?

    NA RUA:

    Voc parece estar perdida, Fosso ajud ia?

    NA QUADl\A DE ESPOl\TES: Voc joga to hem Como que voc

    treina?

    Aps

    liMA ]{EU'\IO C1E:--JTFICA:

    Voc fez um

    comentrio

    muito

    relevante para o conferencista, Por que voc acha que as pesqui-

    sas sobre a utilizao da energia solar no

    esto

    se desenvolvendo

    mais rapidamente?

    Ao E)lCO)l ] Hi\.F

    ALei ::,',

    C I ] voc:f:

    J VII' A TI':S:

    Oi, acho que vi

    voc na ltima reunio do Sindicato, Meu nome Andr. Desde

    quando voc freqenta as reunies?

    Vocf EST FAT:'\l)O SlIA CO]W]lJA F PASSA 'OR I'MA I'I':SS();\

    C I li :

    I':S']'

    FAZENDO UMA CAMI'lHADA: Oi, quer correr comigo? (Se a pessoa sor-

    rir, voc pode sorrir tambm, comear a andar e puxar conversa;

    se ela no lhe der papo, continue correndo, Pelo menos, essa

    uma maneira rpida e eficiente de no ficar sem graa quando se

    leva um fora )

    No I{ESTAIIRA\,ITE ou '\A LA'\CHO'-ETE: Voc se incomoda se eu

    sentar a sua mesa? (O escritor Henry VIillerno gostava de comer

    sozinho e sempre fazia essa pergunta, Imagine quantas centenas

    de pessoas ele conheceu dessa maneira: Ele no teria tido a

    oportunidade de conversar com elas se tivesse o hbito de pro-

    curar uma mesa vazia para sentar-se e comer.

    bvio

    que nem

    todas as pessoas aceitaro seu pedido, mas a sero elas que

    tero que inventar uma desculpa qualquer.)

    H psiclogos que recomendam que as pessoas demons-

    trem explicitamente seu desejo de puxar conversa, Por exemplo:

    Olha, achei voc muito simptico e gostaria de

    conhec-Io

    me-

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    14

    A ARTE DA Co fERSA E DO CONVVIO

    Ihor; Oi, j o vi por aqui algumas vezes, mas nunca tive a

    chance de falar com voc. Gostaria de me apresentar. Esse m-

    todo direto causa mais impacto do que as abordagens mais sutis

    e, para

    us-lo,

    voc s precisa de uma coisa: coragem.

    onvers r sobre voc mesmo

    Apesar de muitas pessoas se sentirem solitrias, parece que

    isso no agua a curiosidade de saber algo mais sobre a vida dos

    outros, pelo menos no incio da conversa. O fato que dificilmen-

    te conseguimos despertar o interesse dos outros quando comea-

    mos a conversa falando sobre ns mesmos. Em geral, as pessoas

    preferem falar de si prprias a ouvirem voc falar de si mesmo.

    Portanto, mais aconselhvel esperar que a pessoa comece

    a perguntar algo sobre voc, para que o assunto caminhe por a. A

    no ser que voc queira seguir a via do humor, como costumava

    fazer Art Lange, ao se apresentar: Ol, sou o ArtO que voc acha

    de mim?.

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    CAPTULO

    COMO FAZER PERGUNTAS QUE

    ESTIMULAM A ONVERS

    Pedra, um engenheiro de 52 anos, relata suas tentativas de

    puxar conversa com um grupo de pessoas numa excurso de fim

    de semana:

    Puxa, bem que eu tentei, juro por Deus, Perguntava algu-

    ma coisa a algum, que respondia rapidinho e pronto, A,

    eu arriscava mais uma pergunta e vinha outra resposta m-

    nima e aquele silncio constrangedor, Mais outra pergunta,

    outra respostinha. De repente, eu me senti como um policial

    interrogando suspeitos, terrvel essa dificuldade de bater

    papo com gente que eu no conheo ,

    Eliane, uma estudante universitria de 22 anos, tentava C D-

    versar com um jovem professor:

    - H quanto tempo voc d aula aqui?

    - H dois anos,

    - Voc vem todos os dias?

    - Venho,

    - Voc trabalha em outro lugar

    tambm?

    - No, s aqui,

    - Qual a sua carga

    horria?

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    A Airn:

    DA CONVl'(SA E DO

    CO~\'[VT

    - Quarenta horas por semana.

    - Ah ... e onde voc mora?

    - Na

    Tijuca.

    Todo mundo costuma fazer perguntas, mas poucos sabem per-

    guntar de modo estimulante, que faa a conversa progredir. Se as

    suas perguntas costumam ser respondidas de forma lacnica, aten-

    o: isso no significa necessariamente que as pessoas com quem

    voc tenta conversar sejam antipticas ou no estejam interessadas

    em voc. O problema pode estar na sua maneira de perguntar.

    Existem fundamentalmente dois tipos de pergunta: as que

    inibem e as que abrem a conversa.

    Perguntas que inibem a conversa

    o estilo mltipla escolha e () tipo falso-verdadeiro so os

    melhores exemplos de perguntas que inibem a conversa, porque

    praticamente foram a pessoa dar uma resposta lacnica.

    Voc prefere nadar ou jogar futebol?

    Em que cidade voc nasceu?

    Voc gosta de ir ao cinema?

    A gente se encontra s sete ou s sete e meia?

    Voc acha que as usinas nucleares deveriam ser fechadas?

    Esse tipo de pergunta til para obter informaes iniciais que

    podem ser mais bem exploradas posteriormente (Adoro nadar

    no mar, no gosto muito de piscina; Nasci no interior de So

    Paulo; Prefiro ir ao teatro); serve tambm para definir posies

    (Podemos nos encontrar s sete; Acho que deveramos ser mais

    cautelosos com a utilizao da energia atmica). Entretanto, se

    fizermos muitas perguntas nesse estilo, a conversa ficar monto-

    na e desinteressante, cheia de silncios constrangedores, apesar

    do esforo de procurar o que mais perguntar. Isso acaba criando

    aquele clima horrvel de interrogatrio de que o Pedro, no incio

    do captulo, estava se queixando.

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    Covo

    FAZER PERGllNTAS (JUE ESTllvH:LAM A C00iVERSA

    17

    Perguntas que abrem a conversa

    Aps pescar informaes iniciais, interessante comear a

    fazer perguntas que abram a conversa, no sentido de estimular a

    pessoa a responder com mais de uma ou duas palavras. Isso

    essencial para estimular um bate-papo interessante. As perguntas

    que abrem a conversa so as que transmitem interesse por informa-

    es mais detalhadas, por explicaes mais elaboradas. As pessoas

    adoram sentir que a gente est demonstrando interesse em conhec-

    Ias melhor

    OLl,

    simplesmente, em ouvir () que elas querem contar.

    Vamos voltar conversa de Eliane com seu professor: ao

    descobrir que

    dava aulas h dois anos, ela poderia ter feito

    outros tipos de pergunta que abririam melhor a conversa, tais como:

    Co mo foi que voc se interessou em trabalhar como pro-

    fessor?

    O que mais estimula voc ao dar uma aula?

    Quas as rnoclificaoes que voc introduziu no programa

    neste semestre?

    Outra dica: Perguntar em que cidade voc nasceu?

    til

    para comear a puxar conversa com algum que voc acabou de

    conhecer, mas, em seguida, importante evitar as perguntas fe-

    chadas, que estimulam as respostas

    lacnicas,

    em vez disso, pro-

    cure fazer perguntas que ampliem o seu conhecimento sobre a

    pessoa, tais como:

    Como foi a experincia

    de

    passar a morar aqui?

    Na sua opinio, quais as principais diferenas no estilo de

    vida de l e daqui?

    Se a pessoa com quem voc comeou a conversar sobre usi-

    nas nucleares expressar a opinio de que se deve ter cautela com

    o

    LISO

    da .energia atmica, voc pode fazer perguntas como:

    Que tipos de cuidado voc acha mais importante?

    Na sua opinio. qual o tratamento que poderia ser dado ao

    lixo atmico?

    O que voc acha que a populao pode fazer para impedir

    a construco de novas usinas?

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    18

    A ARTE D/\ COl\VEESA l' DO CONVVIO

    Como voc pode observar, as perguntas que fecham e as que

    abrem a conversa so formuladas de maneiras bastante diferentes.

    H palavras tpicas para cada um desses dois tipos. As mais co-

    muns so:

    Para as perguntas fechadas

    - Quem?

    - Quando?

    - Onde?

    - H quanto tempo?

    Para as perguntas abertas

    - O que voc acha de ...?

    - Como?

    - Por que ...?

    - De que modo?

    claro que as pessoas que adoram conversar

    vo

    falar muito,

    mesmo que voc s faa perguntas fechadas; mas, em geral, os ou-

    tros se sentem mais estimulados a responder com maiores detalhes

    quando so feitas perguntas abertas, que funcionam como um

    C()11-

    vite de maior envolvimento na conversa.

    Fazendo perguntas voc pode

    dirigir a conversa

    bastante desagradvel sentir que a conversa empacou ou fi-

    cou desinteressante, no ? Mas isso no irremedivel: ao fazer

    perguntas, voc pode pegar as rdeas da conversa e direcion-Ias

    para tpicos mais estimulantes. Por exemplo, a pessoa que est ao

    seu lado comenta que acabou de chegar da Frana. Voc tem ao seu

    dispor uma vasta gama de perguntas, para que seu interlocutor co-

    mece a falar sobre os aspectos que lhe despertem maior interesse:

    Como estava o inverno em Paris?

    O que voc achou dos franceses?

    O que mais o impressionou nessa viagem?

    De que modo voc conseguiu hotel?

    Voc acabou de ser apresentado a uma orientadora educacio-

    nal que trabalha com adolescentes.

    possvel desdobrar a con-

    versa de modo interessante, com perguntas do tipo:

    Por que voc escolheu essa profisso?

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    COMO FA7.EHPEHGLWIAS OUE ESTIMllLA,'v A

    CO:\YEHSA

    19

    Quais so as maiores dificuldades para conseguir trabalhar

    nessa rea?

    Que tipo de problemas os alunos costumam apresentar?

    De que forma aparece a questo das drogas na escola?

    A partir do campo de trabalho, a conversa pode tomar um

    rumo mais pessoal se, por exemplo, voc perguntar: O que voc

    gosta de fazer quando no est trabalhando?.

    No entanto, mais importante do que a tcnica de fazer per-

    guntas a atitude de verdadeiro interesse pelos outros. O que

    sentimos acaba transparecendo pelas inmeras vias no-verbais

    da comunicao. Fingir interesse acaba dando conversa um cli-

    ma artificial e constrangedor.

    Que tal ampliar seu interesse em ouvir histrias? A paisagem

    humana variada: entrar no mundo das pessoas pode ser uma

    viagem fascinante. Por exemplo: ao conversar com um casal, num

    papo informal, perguntar Como vocs se conheceram? ou O

    que mais a atraiu nele? pode revelar histrias divertidas.

    Outra coisa importante manter mo dupla na conversa.

    Vamos partir do princpio de que os outros tambm esto interes-

    sados em conhecer voc melhor. O bate-bola na conversa, em

    que voc faz perguntas, mas tambm est receptivo s indagaes

    dos outros, o que torna o bate-papo estimulante. As pessoas

    chatas so aquelas que tentam centralizar toda a conversa nos

    seus prprios interesses, sem a sensibilidade de perceber quando

    o assunto deixou de prender a

    ateno

    dos outros.

    bom apren-

    der a ocupar o espao e a direcionar a conversa, mas essencial

    saber que os outros tambm tm esse direito. Monopolizar a C()l1-

    versa dentro de um grupo demonstra que a pessoa quer ser o

    sol, com todo o mundo girando em sua volta.

    s erros m is comuns

    Perguntas abertas demais

    Marina dona de casa e seu marido gerente de banco.

    P~ISS

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    A AlUE DA COC'lVERSA E DO CONVVIO

    livre para conversar com outros adultos. Uma de suas amigas a

    convidou para participar de um curso sobre a arte da conversa e

    do convvio. Ela diz que se sente insatisfeita e entediada na rotina

    montona de cuidar da casa e das crianas: E a quando o Artur

    chega em casa, eu logo pergunto - 'Como foi seu dia?'. Realmen-

    te quero que ele me conte as novidades, mas ele se limita a res-

    ponder - 'Ah, como sempre ' e fica grudado na TV .

    frustrante, com certeza. Mas Marina est cometendo um erro

    bsico: fazer perguntas to amplas que a pessoa no tem pacincia

    para responder. Pense nas perguntas: O que h de novo? ; O que

    voc tem feito ultimamente? ; Fale-me de voc . So amplas de-

    mais: exigem tanto tempo e tanto esforo para responder que a

    maioria das pessoas nem quer tentar.

    Alm disso, Marina tinha o hbito de perguntar a mesma coi-

    sa todos os dias: a pergunta-padro passou a gerar uma resposta

    padro - tudo bem , nada de novo . A relao do casal estava

    cada vez mais

    montona

    e cntcdiante.

    Sugerimos que Marina tentasse encontrar tempo para uma

    rpida leitura do jornal ou que se sentasse ao lado do marido para

    ver o noticirio e, em seguida, comeasse a perguntar ou a co-

    mentar algo sobre uma notcia que interessasse a ambos. Trs

    semanas depois, ela nos enviou uma carta relatando seu entusias-

    mo com a nova experincia:

    incrvel como algo to simples

    pode mudar tanta coisa. Estamos comeando a descobrir assuntos

    de interesse comum e podendo conversar sobre eles;

    um modo

    agradvel e relaxante de terminar um dia de trabalho cansativo, e

    eu sinto que estou conseguindo ficar mais ligada no mundo fora

    de casa, longe das fraldas e das mamadeiras .

    Iniciar a conversa com perguntas difceis de

    responder

    Um corretor de imveis nos fala de um detalhe importante

    para ter sucesso nas vendas: Quando o cliente entra na sala, eu

    jamais pergunto - 'Que tipo de imvel o senhor deseja e de quan-

    to dispe para gastar?' Essas perguntas so muito difceis de ser

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    CO, vIO FAZE1( PEHClir\TAS onr ESTI.vILI.AM A CONVERSA

    21

    respondidas logo no comeo da conversa. Se a gente insiste, a

    pessoa fica confusa e inibida; alguns at acabam desistindo e indo

    embora. Por isso, eu primeiro peo para a pessoa descrever o

    lugar em que est morando: a o cliente fica vontade comigo e

    logo conseguimos saber o que deseja e o que pode comprar.

    Isso vale no s para os negcios, como tambm para as

    conversas sociais.

    melhor comear com perguntas simples, f

    ceis de ser respondidas e sobre assuntos de interesse geral. Quan-

    do o contato inicial est um pouco tenso, as perguntas quebra-

    gelo tm a finalidade de criar um clima mais agradvel para faci-

    litar o t1uxo ela conversa.

    As pessoas mais reservadas n~IOficaro vontade se voc

    comear a conversa com perguntas sobre sua intimidade, por exem-

    plo: Quais as situaes mais complicadas que voc enfrenta

    COIl1

    seus filhos adolescentes?. Se a pessoa se sentir invadida com suas

    perguntas, ela certamente se retrair, dando respostas evasivas

    ou

    lacnicas. \

    Outra dica importante: cuidado com a entonao Muitos

    pais se queixam de que seus filhos so fechados em casa e contam

    tudo para os amigos: mas, se os adolescentes se sentirem vigiados,

    controlados ou criticados com o tom das perguntas (O que voc

    pensa da vida, rapaz?), eles com certeza no se

    abriro.

    ergunt s coercitiv s

    o tipo de pergunta que as pessoas autontanas preferem

    para tentar impor aos outros sua maneira de pensar, porque mal

    toleram as discordncias:

    Vocno acha que duas horas de TV por dia

    silo

    suficientesi

    passa das nove. No melhor ficarmos em casa?

    Ser que voc realmente pensa que ela est com a

    razo?

    Se voc costuma fazer muitas perguntas nesse estilo, pode

    estar certo de que essa uma das principais maneiras de despertar

    a m vontade e a antipatia dos outros por voc.

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    A AHTE DA COiVERS/\ E 1)0 CONVlVIU

    Discordar antes de fazer novas perguntas

    claro que nem todos pensam como voc. Por isso, em muitos

    momentos de uma conversa, voc vai sentir vontade de entender

    melhor () ponto de vista dos outros e expressar sua opinio. Deixe

    para discordar depois: primeiro, procure saber por que a pessoa

    pensa ou age de forma to diferente de voc.

    Numa aula de Histria, Lus disse que achava que os assassinos

    deveriam ser sumariamente executados porque s assim diminuiria

    o ndice de criminaldade. Rafaela se remexeu na cadeira, indigna-

    da com essa opinio, pois defendia () valor dos direitos humanos

    e acreditava na capacidade de recuperao das pessoas. No en-

    tanto, antes de expressar suas idias a respeito, comeou a per-

    guntar a Lus () que ele achava do comrcio do crime e da

    contratao de assassinos profissionais; perguntou tambm a opi-

    nio dele sobre as raizes da criminalidade e sobre outras alterna-

    tivas que pudessem ajudar a atacar o problema.

    No possvel fazer a cabea de todo mundo, inclusive

    porque ningum

    o dono da verdade:

    respetar

    as diferenas de

    opinio, de atitudes e de pontos de vista um princpio bsico de

    bom convvio.

    No saber o que perguntar

    Pode acontecer de voc receber um convite para participar

    de uma reunio ou de um jantar comemorativo de uma associa-

    o ou de um grupo com o qual voc no est muito familiariza-

    do, por exemplo, um grupo de ecologistas, de pessoas ligadas

    informuca ou de jogadores de futebol. Em ocasies como essas,

    til pensar de antemo em algumas perguntas, em vez de confiar

    inteiramente na sua capacidade de inventar assuntos de improvi-

    so. Pense nas perguntas que voc gostaria que lhe fizessem se

    voc fosse ecologista:

    Que sugestes voc daria para conter o desmatamento

    ela

    Amaznia?

    Quais os principais obstculos que voc tem encontrado

    em

    sua atuao como ecologista?

    De que modo a contribuio dos artistas pode ser til para

    a causa ecolgica?'

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    COMO FAZE/{

    PERGUNTAS

    0\ JlESTl~HILA.vj A

    CONVEI~Si\

    2

    Procure informar-se melhor sobre o assunto principal que

    estar em pauta: isso ajuda bastante a formular perguntas mais

    especficas, o que certamente evitar que voc se sinta um peixe

    fora d'gua, sem graa por no ter o que falar ou fazendo per-

    guntas fora de propsito.

    Preparar uma pauta de perguntas pode ser til em outras

    ocasies. Luciana saiu da casa dos pais para fazer faculdade numa

    outra cidade e costuma telefonar para os pais aos domingos:

    Eu no gosto muito ele falar ao telefone, acho chato no po-

    der ver a pessoa. No incio, ficava bastante atrapalhada e qua-

    se sempre me esquecia ele perguntar ou de comentar alguma

    coisa importante; a resolvi fazer uma listinha das coisas bsi-

    casoFiquei mais tranqila, agora consigo conversar melhor.

    A diferena entre geraes pode diminuir e os assuntos entre

    pais e filhos adolescentes podem aumentar se houver interesse

    em conhecer melhor o mundo dos filhos. Por exemplo: quais os

    conjuntos de ro que eles esto ouvindo mais? O que esto des-

    cobrindo de interessante quando navegam na Internet?

    H pessoas que gostam de ter algumas perguntas de reser-

    va para utilizar nos momentos em que a conversa no est fluin-

    do bem. Por exemplo:

    Sevoc tivesse dinheiro suficiente e pudesse tirar uma

    semana ele frias agora, para onde iria? O que voc

    gostaria de fazer l?

    Se voc resolvesse mudar de profisso, qual escolhe-

    ria? Por qu?

    Qual o perodo da sua vida que voc mais gostou at

    agora?

    O que voc faria se ganhasse uma bolada de dinhei-

    ro na loteria?

    No desanime: apontamos os erros mais comuns e falamos

    sobre os tipos de pergunta mais eficazes para estimular a conver-

    sa. Agora hora de comear a praticar; no princpio, voc vai

    errar bastante e talvez ache tudo isso muito complicado. Mas

    como aprender a escrever ou a dirigir um carro: a gente acaba

    fazendo no automtico.

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    C PTULO

    N O DEIXE CONVERS

    MORRER

    Marlia uma grande amiga minha. Quase todos os

    dias, nos falamos por telefone e costumamos sair com as

    crianas umas trs vezes por semana. Em geral, falamos do

    trabalho, dos filhos, das empregadas e dos maridos.

    claro

    que tambm conversamos um pouco sobre as notcias do

    jornal. Mas, de repente, parece que falta assunto e a con-

    versa emperra; d a impresso de no ter mais nada para

    falar. A uma olha pra outra meio sem graa e comeamos a

    rir, mas eu acabo sentindo um certo mal-estar.

    Todos ns enfrentamos situaes como essa, mesmo com nos-

    sos melhores amigos, no

    verdade? A gente faz um esforo da-

    nado para puxar um novo assunto, mas nada aparece: d um

    branco na cabea e... fim-de papo

    Felizmente, h maneiras de evitar cair em situaes constran-

    gedoras como essa: basta prestar ateno nas

    inform s xtr s

    que circulam pela conversa e procurar pesc-Ias , ou seja, utilizar

    essas informaes como pontos de partida para iniciar um novo

    assunto. Para isso, faa perguntas abertas, que estimulam a pessoa

    a falar mais sobre o tema que voc est abordando. Com isso,

    voc pode dirigir a conversa para outros rumos, evitando finalizar

    o papo antes do tempo. Pense numa rvore, em que o tronco

    o assunto inicial da conversa e os galhos so os caminhos que

    podem ser posteriormente percorridos.

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    No DEIXE A CONVERSA MORRER

    Nos exemplos seguintes, as informaes extras aparecem em

    destaque. Veja como podemos aproveit-Ias para desenvolver no-

    vos caminhos na conversa:

    1. - Como voc dana bem, Glria Voc j freqentou alguma

    academia de dana?

    - Comecei a ter aulas ms passado. Mas h muitos anos

    tenho o hbito de sair para danar pelo menos uma vez por

    semana.

    Quando foi que voc comeou a se interessar pela dana?

    2.

    Puxa, h quanto tempo no te vejo

    mesmo, ando meio sumida; meu filho esteve doente e

    eu fiquei quase duas semanas sem s ir e casa

    O que houve com ele?

    3. Al, voc, Mari? A Renata est?

    No,

    ela foi ao mercado comprar farinha para a gente

    fazer um bolo de aniversrio

    aniversrio de quem?

    4. E temos tambm esses casacos de

    l

    que so lindos

    Ah, no adianta, onde eu moro nunca faz muito frio

    Verdade? De onde voc ?

    Outras maneiras de aproveitar as

    informaes extras

    Se voc estiver bastante atento conversa, descobrir inme-

    ras pequenas informaes que podero ser selecionadas para de-

    senvolver temas interessantes nas conversas. Isso til no s

    para evitar um fim de papo, como tambm para mudar de as-

    sunto, quando a conversa comear a ficar desestimulante ou can-

    sativa. Na verdade, em rodas de conversa social, os tpicos costu-

    mam mudar aps alguns minutos. Por isso, procure no se inibir:

    por que no ousar mudar o tema da conversa a partir de alguma

    dica que voc selecionou? No dia-a-dia da famlia, promover a

    diversidade dos assuntos, aproveitando as informaes extras,

    enriquece a conversa. Num almoo de negcios tambm.

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    A ARTE DA COI\VEHSA E I)U CUNvVIU

    Como vimos, fazer perguntas uma das melhores maneiras

    de introduzir um novo tema. Mas h outros modos de fazer isso.

    Vamos enumer-los.

    PEQlIFi\i\SISCAS:o expresses simples que convidam a pes-

    soa a se estender mais sobre algo que acabou de mencionar:

    Por exemplo?, corno assim?, e ento?, e a ... , sei ... ,

    mesmo?, verdade?. Essas pequenas expresses costumam ser

    bastante eficientes para pescar, na fala da pessoa, os temas que

    voc quer desenvolver: elas denotam interesse e estimulam a

    pessoa a falar mais.

    EXI'REss()ES\O-VERBAIS: linguagem corporal (gestos, movi-

    mentos e posturas) tambm pode transmitir seu interesse pelo

    que a pessoa est dizendo. Por exemplo: balanar a cabea, incli-

    nar o corpo ligeiramente para a frente, manter o contato pelo

    olhar, apoiar o queixo na mo (e, sobretudo, ficar calado para

    que a outra pessoa possa falar').

    ALGODAPESSOA:etalhes da roupa, do sotaque, da aparncia,

    do comportamento, da ao para dar origem a um novo tpico da

    conversa. Para isso, importante aguar sua capacidade de obser-

    vao. Por exemplo:

    Hoje pela manh, fiquei observando voc nadar. Que

    estilo bonito Qj1de voc aprendeu?

    Voc tem um ligeiro sotaque nordestino, apesar de

    ser carioca.

    morou no Nordeste?

    Pelo visto, voc entende bastante de literatura sul-

    americana. Eu tambm gosto muito de Garca Marquez.

    O que voc mais aprecia no estilo dele?

    hFOIUv1AESECONVEI,SASITERIORES:medida que a conversa

    se desenvolve, nosso arquivo mental de recordaes posto em

    movimento; passamos a nos lembrar de detalhes de conversas

    anteriores com a prpria pessoa ou com outras. Todo esse rico

    material tambm pode servir de isca para pescar novos temas de

    conversa. Por exemplo:

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    No DEIXE CONVERSA MOlmER 27

    Como est seu filho? Fiquei preocupado quando voc

    me disse que ele estava doente, semana passada.

    Sabe que um amigo meu tambm est tendo esse

    tipo de problema na empresa? Estvamos conversan-

    do sobre isso ontem tarde no escritrio. Voc acha

    que isso tem a ver com a nova poltica econmica do

    governo?

    DICAS PARA AJUDAR A PESSOA A PUXAH CONVE]{SA COM VOC: Evite dar

    respostas lacnicas, tipo ah, a viagem? Foi tima . Conte algum

    detalhe interessante, que possa estimular a continuao da con-

    versa (Mas foi pena que choveu quase todos os dias).

    INFORMAES EXTRAS COM ALGUM CONTEDO IMPORTANTE, MESMO EM

    CONTATOS RPIDOS: Evite a conversa vazia do tipo.. ..)

    - Oi, h quanto tempo no nos vemos

    mesmo Tudo bem com voc?

    - Tudo bem. E contigo?

    - Tudo legal, tambm.

    - Prazer em te ver

    - Igualmente

    esse dilogo breve, cordial e simptico as duas pessoas se

    despediram sem trocar informaes novas. Compare com o dilo-

    go seguinte:

    - Oi, h quanto tempo no nos vemos

    mesmo Como esto as coisas'

    - Esto bem. Minha filha est fazendo vestibular e meu

    filho comeou a estudar alemo. E voc, como est?

    - Bem, tambm. Resolvi sair da loja e agora estou traba-

    lhando numa agncia de viagens.

    - Que brbarol Vou te ligar na semana que vem para a

    gente conversar melhor.

    - timo, a gente se fala' Prazer em te ver

    - Igualmente

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    28

    A AlUE DA CONVEESA E 1JO CONVVIO

    Como terminar a conversa sem ser

    indelicado

    Quando estamos com pouco tempo disponvel ou em conta-

    tos profissionais em que necessrio restringir a conversa aos

    tpicos mais objetivos, essencial saber fazer essa conteno com

    firmeza e delicadeza. Respeitar gentilmente o limite de tempo nem

    sempre fcil, em especial quando nosso interlocutor fala demais,

    encadeia um assunto ao outro num piscar de olhos e desvia do

    tema principal, dando detalhes excessivos e irrelevantes para o

    que est em pauta.

    Saber fechar uma conversa com elegncia e gentileza to

    importante quanto saber estimular a conversa sem deix-Ia mor-

    rer. Para isso, tente fazer o oposto do que voc faria para ampliar

    a conversa.

    Procure manter o foco da conversa, trazendo a pessoa de volta

    para o assuntoem pauta sempre que ela se desviar demais. Manoela

    advoga da especializada em direito de famlia. No curso sobre a

    arte da conversa e do convvio, diz que seu grande problema

    limitar o tempo das entrevistas com as pessoas que a procuram para

    tratar da separao. Como precisam desabafar a raiva e a mgoa,

    tendem a se perder num emaranhado de detalhes de inmeros

    episdios. Manoela, com pena, ficava ouvindo sem interromper e

    algumas pessoas saam do escritrio sentindo-se aliviadas, porm

    se queixando de que ela no tinha sido objetiva ao dar as orienta-

    es para o caso. Para ser mais eficiente em seu trabalho, Manoela

    precisou desenvolver sua ateno para no se perder nos detalhes

    e ficar menos constrangida para interromper discretamente o relato

    colocando em prtica os dois itens seguintes.

    Adote posturas corporais de encerramento. Cruze as pernas,

    feche os braos, balane menos a cabea, faa uma discreta men-

    o de levantar-se, dando a entender que o limite do tempo est

    se esgotando.

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    CAPTULO 4

    ,

    VOCE E UM BOM OUVINTE

    Ouvir com total ateno

    o silncio vale ouro: as pessoas sentem-se importantes e va-

    lorizadasquando a gente se dedica a escut-Ias com toda a aten-

    o. Saber conversar buscar a harmonia entre o falar e o escutar.

    Ao aprender a arte de ser um bom ouvinte, voc ter a seu dispor

    um dos instrumentos fundamentais para derreter o gelo dos

    momentos iniciais de um contato e para manter uma conversa

    interessante.

    No entanto, saber ouvir

    tO

    significa apenas escutar o que a

    pessoa est falando; tambm procurar entender corretamente o

    que est sendo dito e, acima de tudo, a tentativa de perceber as

    caractersticas da pessoa para conhec-Ia melhor. Trata-se, portan-

    to, de uma qualidade essencial para aperfeioar qualquer tipo de

    relacionamento. Pense, por exemplo, no caso de um vendedor:

    ao ouvir atentamente, poder captar melhor as caractersticas e

    necessidades do cliente e, com isso, saber como persuadi-lo com

    mais eficcia na venda de seus produtos. O mesmo acontece com

    os profissionais liberais: o mdico que sabe ouvir seus pacientes

    no s diagnostica melhor, como tambm inspira maior confiana

    e bem-estar. Nas relaes duradouras de casamento, amizade ou

    parentesco, sempre h campo para conhecer um pouco mais a

    outra pessoa: tambm nessas reas, saber ouvir com ateno um

    dom precioso.

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    VOC UM BOM OUVINTE?

    31

    Para ser um bom ouvinte preciso, antes de mais nada, ter a

    certeza de estar captando corretamente o significado do que a

    pessoa est dizendo. Na comunicao, o processo de enviar e de

    receber mensagens nem sempre

    simples: as distores aconte-

    cem com freqncia, dando origem aos mal-entendidos que com-

    plicam a nossa vida. Vamos tentar explicar melhor.

    Antes de a pessoa tentar comunicar alguma coisa a voc,

    preciso que ela se comunique consigo mesma para saber o que

    sente ou o que pensa e como vai expressar tudo isso por meio de

    mensagens verbais e no-verbais. Os cdigos de comunicao que

    ela vai usar (palavras, gestos, tom de voz) so determinados por

    suas caractersticas pessoais, por seus antecedentes culturais, sociais,

    educacionais, pela situao, pelo seu estado emocional do mo-

    mento e pelo tipo de relacionamento que ela tem com voc. Esse

    processo de transformar pensamentos e sentimentos em mensa-

    gens de comunicao chamado de

    codificao

    Vamos imaginar a seguinte situao: voc colocou um disco

    de

    zz

    para escutar com um amigo que veio lhe visitar. Da a

    algum tempo ele pergunta: Posso diminuir o som um pouquinho?.

    Como voc vai decodificar essa mensagem?

    No caminho percorrido pela mensagem, vrias distores po-

    dem ocorrer. Outros rudos do ambiente (o som alto do toca-

    discos, o barulho do trnsito, outras pessoas conversando) 'i;dem

    distrair sua ateno ou fazer com que voc escute maio que seu

    amigo est dizendo. Porm, as

    distores

    mais importantes acon-

    tecem quando atribumos significados pessoais s mensagens que

    ouvimos, e isso inevitvel. Cerca de quarenta mil impulsos por

    segundo atingem nossos rgos dos sentidos; obviamente, s con-

    seguimos perceber e prestar ateno a uma pequena parcela do

    total. Essa seleo determinada por nossas expectativas, necessi-

    dades, interesses, atitudes, experincia, conhecimento, caracters-

    ticas de personalidade e estados emocionais. Segundo

    Sahtr,

    Olson

    e Whirney no livro

    ets talk

    (Vamos conversar), escutamos meta-

    de do que

    dito, prestamos ateno na metade dessa metade e

    nos recordamos da metade de tudo isso.

    As pessoas tendem a ouvir o que querem escutar e a olhar o

    que querem ver: a percepo altamente seletiva, e a interpreta-

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    :

    A

    ARTE

    DA CONVERSA

    F IJO

    CUNViVO

    o das mensagens costuma ser bastante personalizada. Isso faz

    com que a mensagem da pessoa seja com freqncia recebida de

    maneira diferente da

    inteno

    com que foi enviada.

    Quando seu amigo pediu para diminuir o volume do som,

    como voc interpretou essa mensagem? Vamos supor que ele gos-

    te de ouvir msica baixinho quando est conversando; mas voc

    pode achar que ele pediu para diminuir o som porque no gosta

    de

    jazz;

    ou, pior ainda, porque. est emediado com sua compa-

    nhia. Essas seriam decodficaes incorretas; mas acontece que

    nossas reaes se baseiam justamente em nossas interpretaes e

    isso que d origem aos mal-entendidos da comunicao. Seu

    amigo poderia se surpreender se voc de repente trocasse o disco

    ou ficasse magoado.

    por isso que a capacidade de ouvir com total ateno

    to

    importante. Em vez de supor que suas interpretaes esto sem-

    pre corretas e reagir automaticamente de acordo com elas, tenha

    o cuidado de verificar o que a pessoa de fato quis dizer. S assim

    voc poder saber se decodificou sem distores a mensagem

    que acabou de receber.

    Por exemplo, voc poderia perguntar diretamente: Voc no

    gosta de

    jazz?

    Talvez seu amigo dissesse: Gosto muito, mas

    quero ouvir mais baixo para poder conversar melhor com voc .

    Portanto, ouvir com total ateno significa dizer claramente

    pessoa como voc interpretou a mensagem que ela lhe en

    viou Com isso, a pessoa percebe que voc a est ouvindo atenta-

    mente e voc receber a confirmao ou o esclarecimento da sua

    interpretao.

    A seguir, daremos alguns exemplos mostrando como as pes-

    soas podem escutar atentamente, conferindo suas impresses so-

    bre o que est sendo dito:

    1

    LCIA:

    MAlHA:

    Acho que nunca vou conseguir um novo emprego.

    ossa, como voc est desesperanada (escuta

    atenta)

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    LlJCLA:

    Vod ~:

    UM 110M

    OlJV1NTE?

    MARlA:

    LI)CIA:

    2

    MARlDO:

    MLI-IEH:

    MARIDO:

    3.

    HELENA:

    ALBERTO:

    HELENA:

    AUlElrl O:

    HELENA:

    4

    SLVIA:

    O]{LANDO:

    SLVIA:

    mesmo. Todas as empresas que eu procuro s

    me pedem para deixar o currculo e, at agora,

    ningum me chamou.

    Voc acha que o pessoal est tapeando? (escuta

    atenta)

    claro. No fim das contas, s os protegidos so

    aproveitados. Ento, para que esse fingimento todo?

    Eu gostaria que voc no fosse jogar cartas hoje.

    Voc no gosta que eu me distraia sem voc. (escu-

    ta atenta)

    No isso.

    que hoje eu no estou a fim de ficar

    sozinho em casa.

    Quero voltar para o hotel.

    Voc no est gostando do passeio? (escuta atenta)

    Estou, sim. O lugar lindo, mas esse guia no pra

    de falar e isso est me cansando.

    Seria melhor que ele nos deixasse mais livres, no

    ? (escuta atenta)

    Sem dvida. Acho at que vou sugerir isso a ele.

    A gente nunca vai a lugar algum ...

    Voc est chateada porque a gente no viaja? (es-

    cuta atenta)

    Claro' E voc prometeu que a gente faria uma via-

    gem assim que voc se aposentasse. J est na po-

    ca, no acha?

    Quando e como utilizar a escuta atenta

    Escutar com total ateno e conferir o seu entendimento

    sobretudo til em duas

    situaes:

    1 Quando voc no tem certeza plena de ter entendido cor

    retamente o que a pessoa quis dizer

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    A Aun: DA CONVERSA E DO CONVVIO

    2 Quando a mensagem que a pessoa enviou

    muito impor

    tante ou est com uma carga emocional muito forte

    Mas como perceber que a mensagem enviada tem um signifi-

    cado especial para a pessoa? H sinais que evidenciam a importn-

    cia da mensagem. Preste ateno quando a pessoa:

    a) D destaque ao assunto dizendo coisas do tipo preste ateno

    no que eu vou lhe dizer, em primeiro lugar ..., oua bem.

    b) Repete a mensagem vrias vezes.

    c) Faz uma pausa e procura o contato pelo olhar antes de dizer o

    que acha importante.

    d) Fala mais alto ou mais baixo que habitualmente.

    e) Fala mais devagar e com mais nfase.

    Sempre que voc utilizar a escuta atenta, procure perceber os

    sentimentos

    da pessoa ou o

    contedo

    essencial da mensagem;

    inclua ambos em sua resposta ou o que tiver tido mais dificuldade

    de captar. Para isso, faa a voc mesmo as seguintes perguntas: O

    que a pessoa est sentindo ao dizer isso?; O que ela est tentan-

    do transmitir? .

    Dessa forma, quando formular sua resposta, voc estar con-

    'ferindo suas hipteses, podendo, inclusive, terminar a frase per-

    guntando algo do tipo no ?, isso? , estou certo?. A pessoa

    lhe dir se

    isso mesmo ou, se no for, poder corrigir imediata-

    mente o mal-entendido.

    A escuta atenta demonstra aceitao

    Se voc estivesse numa das situaes que vamos exemplificar,

    qual das trs respostas voc acha que ajudaria mais?

    1. Uma criana que voc conhece cortou o dedo e comeou a

    chorar.

    a. Ah, um cortezinho de nada

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    VOC

    UM BOM OUVINTE?

    5

    b. Pare de chorar No est doendo tanto assim

    c. Ih, seu dedinho deve estar doendo, no est?

    2. Um amigo lhe confidencia: Meu chefe reclamou que eu conti-

    nuo produzindo menos do que deveria e que, se eu no melhorar

    este ms, vou ser despedido.

    a.

    melhor voc se esforar mais.

    b. No fique to preocupado, voc poder arranjar outro

    emprego.

    c. Voc detestaria perder esse emprego, no ?

    3. Seu primo est chateado: Esgotei todas as alternativas. Mame

    vai ter mesmo que morar aqui em casa.

    r

    a. Bem, afinal foi ela quem criou voc. Chegou a hora de

    retribuir.

    b. No fundo, voc deve estar gostando da idia de morar

    com ela de novo.

    c. Voc est preocupado com a repercusso que isso vai ter

    no seu dia-a-dia.

    As duas primeiras respostas de cada exemplo raramente aju-

    dam ou deixam a pessoa satisfeita. Simplesmente sugerem o que a

    pessoa deveria sentir ou fazer e transmitem uma postura de crti-

    ca, julgamento ou depreciao; mesmo quando tentam consolar a

    pessoa, perdem a essncia da mensagem enviada porque refletem

    apenas o ponto de vista de quem escuta. Dessa forma, a pessoa

    sente que seus sentimentos no esto sendo considerados.

    Na terceira resposta, temos a escuta atenta. Ao refletir o que

    captamos do sentimento ou do contedo essencial da mensagem

    enviada, transmitimos compreenso e crena na capacidade da

    pessoa para resolver seus prprios problemas, na medida em que

    no oferecemos solues rpidas nem desmerecemos a importn-

    cia da situao apresentada. Com isso, a pessoa sente-se estimula-

    da a expressar mais abertamente o que sente e o que pensa. Com

    a escuta atenta, transmitimos compreenso e entendimento, fa-

    zendo com que a pessoa se sinta vontade conosco, aceita sem

    crticas e sem julgamentos. Isso, sem dvida, contribui para um

    relacionamento de maior confiana e proximidade.

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    6

    A ARTE

    DA COl\VERSA

    E DO

    COlwVIO

    Muitas pessoas percebem uma melhora quase imediata em

    seus relacionamentos quando comeam a utilizar a escuta atenta

    com maior freqncia. o que nos diz Lus Otvio, numa carta

    que nos enviou:

    incrvel como passei a notar que quase tudo o que eu

    dizia estava carregado de crticas e sugestes: quando meu

    filho me contava que tinha tirado notas baixas, eu respon-

    dia que ele tinha que estudar mais; quando minha mulher

    se queixava de estar saindo atrasada para o trabalho, eu

    dizia que ela deveria acordar meia hora mais cedo. Um dia,

    minha filha ficou chorando porque estava com medo do

    escuro e a nica coisa que eu consegui dizer foi que ela

    no precisava ter medo porque no existia nenhum mons-

    tro embaixo da cama. No era toa que ningum tinha

    muito assunto comigo; minha mulher e meus filhos esta-

    vam se fechando cada vez mais.

    Com a ajuda do curso sobre a arte da conversa e do conv-

    vio, passei a refletir melhor sobre tudo isso e procurei utili-

    zar a escuta atenta para expressar a compreenso dos senti-

    mentos dos outros. Um dia, minha mulher me contou que

    tinha brigado com a irm; em outra poca, eu teria dito:

    Voc s tem essa irm, melhor fazer as pazes . Em vez

    disso, respondi: Parece que voc ficou triste com essa bri-

    ga . Ela continuou falando sobre isso e eu tive que fazer

    um esforo enorme para no dar conselhos. Fiquei real-

    mente espantado com o resultado: ela continuou revelando

    coisas sobre seu relacionamento com a irm que eu nunca

    tinha tido a oportunidade de saber .

    Ao ouvir com total ateno, voc passar a conhecer melhor as

    pessoas e estas se tornaro mais interessadas em voc.

    Ouvir com total ateno faz a

    conversa fluir mais facilmente

    A escuta atenta

    uma excelente maneira de estimular os ou-

    tros a conversar com voc. Sua demonstrao de interesse pelo

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    VOC

    UM BOM OUVINTE?

    7

    que a pessoa est dizendo far com que ela sinta vontade de dar

    prosseguimento ao contato com voc. Ouvir com ateno, sem

    fazer comentrios crticos nem dar sugestes inoportunas, faz com

    que as pessoas sintam vontade de revelar pensamentos e senti-

    mentos de modo mais amplo e mais profundo.

    Ouvir com total ateno tambm uma das melhores manei-

    ras de contornar o problema de no saber o que falar. Quem do

    tipo calado quase sempre est prestando ateno a duas conver-

    sas simultneas: a que est tendo com a pessoa e a que est tendo

    consigo mesmo. Esta geralmente se caracteriza por exigncias e

    crticas com relao ao seu prprio desempenho. Paradoxalmen-

    te, quanto mais voc d ouvidos a essas preocupaes, mais voc

    se sai mal. No entanto, ao se concentrar na prtica de ouvir com

    total ateno o que a outra pessoa est dizendo, voc tender a

    desligar-se dessa complicada conversa consigo mesmo. Para con-

    seguir captar corretamente o que o outro pensa e sente, preciso

    prestar menos ateno em si mesmo. Tente fazer isso: voc ficar

    surpreso ao constatar que mais fcil saber o que dizer. E mais: as

    pessoas costumam retribuir a ateno que recebem e, provavel-

    mente, ficaro interessadas em escut-lo.

    E quem costuma falar demais? As matracas precisam, sem

    dvida, desenvolver a arte do silncio e da escuta, para criar o

    clima de reciprocidade e de troca de informaes em seus relacio-

    namentos. Quem fala demais escuta de menos:

    essencial buscar

    esse equilbrio entre o falar e o escutar, assim como entre o dar e

    o receber.

    ( ..

    s erros m is comuns d

    escut tent

    esponder como p p g io

    No incio da prtica da escuta atenta, a maioria das pessoas

    comete o erro de simplesmente repetir o que o outro diz, mudan-

    do apenas algumas palavras. Por exemplo:

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    A ARTE

    DA CONVERSA

    E

    no CONvVIO

    CL/\lJDJo:

    AJ'[NIO:

    CLUIlIO:

    ANT()~[( ):

    CLllD]O:

    ANT:l[():

    Estou me divertindo muito

    Voc est aproveitando muito.

    O que eu mais gosto da montanha-russa.

    Voc prefere a montanha-russa.

    A

    gente pode ficar mais um pouco, no pode?

    Voc quer ficar mais um pouco.

    Essas respostas de papagaio podem at criar a iluso de en-

    tendimento; no entanto, a escuta atenta verdadeira procura enun-

    ciar suas concluses quanto ao significado essencial contido na

    mensagem que a outra pessoa lhe enviou.

    Ignorar a extenso ou a profundidade dos

    sentimentos

    MULHER:

    MARIDO:

    SHEILA:

    :lGELA:

    ~~.-.-

    )

    Estou simplesmente exausta de ter de cuidar das

    crianas dia e noite quando elas ficam doentes.

    As crianas realmente deixam voc sem tempo

    livre.

    Estou

    to

    deprimida ...

    ,

    voc est com uma cara um pouco triste.

    Muita gente pensa que ignorar ou reconhecer apenas uma

    pequena parcela dos sentimentos expressos pelo outro vai fazer

    com que esses sentimentos se evaporem. Muito pelo contrrio: os

    sentimentos no-reconhecidos ou menosprezados tendem a se in-

    tensificar, ao passo que demonstrar que reconhecemos a extenso

    e a profundidade do que o outro sente tem efeito catrtico, propi-

    ciando verdadeiro alvio e conforto.

    Ouvir com total ateno as

    respostas no verbais

    As mensagens no-verbais costumam ser mais difceis de se

    interpretar corretamente eloque as mensagens verbais. Isso acontece

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    Voei

    I' UNI 1 \0 1 1 (){IVI\:TI:?

    39

    porque a mesma expresso no-verbal (como, por exemplo, um

    sorriso ou braos cruzados) pode expressar diferentes tipos de

    sentimento. Por isso,

    importante verificar a validade de suas

    interpretaes por meio das trs etapas seguintes:

    1.

    Dizer como voc tirou suas concluses a partir do que voc viu

    a pessoa fazer e dizer.

    2. Dizer qual foi o significado que voc encontrou para as mensa-

    gens que ela lhe enviou.

    Perguntar se sua concluso est correta.

    Por exemplo:

    1 Quando eu perguntei se voc queria me acompanhar na ~ula

    de cermica, voc disse que sim, mas rapidamente mudou de

    assunto. Eu conclu que voc no quer realmente ir, isso?

    2 Voc afirma que gosta muito do seu trabalho, mas diz isso com

    a cara fechada. Ser que h algumas coisas de que voc no g()sta~

    3.

    Voc continua

    bocejando,

    j cansou da festa e quer voltar para

    casa agora?

    Se voc no chegou a concluso alguma, pode simplesmente

    dizer o que observou e perguntar

    =

    pessoa o que isso significa.

    Por exemplo: I-I:l um ms que a gente se conhece e, at hoje,

    voc nunca quis sair comigo

    =

    noite. Por qu?. Ou, ento: Qu:l11-

    do eu sugeri passarmos o fim de semana juntos, voc sorriu dis-

    cretamente, mas

    no

    me disse sim nem no. Gostaria de saber se

    voc aceita meu convite.

    Verificar a validade de nossas hipteses muito til para evi-

    tar caminhos distorcidos nos relacionamentos. Alan cita como exem-

    plo sua estranheza ao ver que uma colega da universidade de

    repente deixou de responder ao seu bom-dia. Em vez de deixar

    o problema crescer, resolveu perguntar: Maura, h alguns dias

    que voc no responde ao meu bom-dia. Ser que eu sem saber

    fiz alguma coisa que aborreceu voc?. E ela: Claro que no,

    Alan. que estou correndo tanto para aprontar a fase final da

    minha tese que no consigo prestar ateno em mais nada.

  • 7/25/2019 A Arte Da Conversa e Do Conv Vio

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    40

    A ARTE DA CONVEl(SA E DO CONVVIO

    Como ter certeza de que os

    outros esto entendendo voc

    Quando voc quiser ter certeza de que a pessoa est captan-

    do corretamente sua mensagem, pea para ela colocar em outras

    palavras o que voc est dizendo. Por exemplo: Gostaria que

    voc me escutasse com ateno e depois falasse o que me ouviu

    dizer. Por favor, no d sua opinio nem tente resolver meu pro-

    blema. S quero saber se voc est me entendendo .

    Isso costuma ser bastante til no decorrer de conversas com

    alta carga emocional, que tornam o clima propcio a distores e

    mal-entendidos. Procurar a escuta atenta de ambos os lados em

    situaes como essas pode ser difcil, mas muito importante.

    Experimente propor

    pessoa o seguinte: Para que a gente tenha

    a certeza de estar se entendendo corretamente, vamos fazer algo

    diferente. Sempre que voc acabar de falar, eu digo exatamente o

    que ouvi, antes de dizer o que penso. Se eu no tiver captado o

    sentido do que voc falou, por favor me corrija at eu conseguir.

    E eu gostaria que voc fizesse o mesmo, est bem? .

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    CAPTULO 5

    DEIXE QUE OS OUTROS

    O CONHEAM

    Revele-se

    Nos captulos anteriores, vimos muitas coisas que facilitam o

    incio e a continuidade da conversa, permitindo que voc estimule

    os outros a falar mais de si prprios, de suas idias, planos, senti-

    mentos e atitudes. Mas, e voc? Como desenvolver maneiras de se

    dar a conhecer, deixando os outros penetrarem no mundo em que

    voc vive, com suas caractersticas, idias, planos e

    intenes?

    A comunicao entre as pessoas uma rua de mo dupla.

    importante conhecer os outros e tambm que os outros () conhe-

    am: suas atitudes, interesses e valores; o lugar onde voc mora; o

    seu jeito de viver; em que voc trabalha; como voc organiza seu

    lazer, o que voc j fez na vida e o que pretende fazer; qual a sua

    disponibilidade para futuros contatos. As informaes que voc

    oferece formam a base para que as pessoas escolham o tipo de

    relacionamento que vo querer desenvolver com voc.

    A maioria dos seus relacionamentos acaba antes de comear

    a engrenar? Talvez isso acontea porque voc no se revela ()

    suficiente. Ningum vai se interessar em descobrir quem voc se

    no houver de sua parte a

    disposio

    de se mostrar e de estimular

    u envolvimento.

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    42

    A ARTE 1),\ CONVlI(SA E DO C()~vVIO

    o que acontece quando voc s mostra interesse pelos ou-

    tros e no se d a conhecer' A princpio, as pessoas podero achar

    que voc uma pessoa misteriosa e talvez at fiquem curiosas por

    descobrir algo a seu respeito atravs de terceiros ou lhe pergun-

    tando diretamente. Mas, se essa atitude perdurar, as pessoas aca-

    baro se frustrando com essa falta de reciprocidade. Talvez elas

    pensem que voc no est interessado em ampliar () relaciona-

    mento, talvez deixem de se interessar por voc ou, quem sabe, at

    pensem que voc um agente secreto

    Como voc pode se dar a conhecer

    )

    Ao tentar conhecer um pouco mais da outra pessoa e tambm

    se dar a conhecer, voc

    estar

    estimulando um processo de desco-

    berra recproca. No muito comum a pessoa resolver contar toda a

    sua vida para algum que acabou de conhecer assim, de repente. Em

    geral, a pessoa vai aos poucos sondando o terreno para ver se o

    outro tambm conta alguma coisa dele prprio e se interessa em

    ouvir um pouco mais.

    Portanto, esse processo de auto-revelao tende a ser gradual

    e simtrico. S mesmo nas sesses de psicoterapia que uma

    nica pessoa - o cliente - se revela ao mximo, ao passo que o

    psicoterapeuta oferece apenas o mnimo de informaes sobre si

    mesmo. Em outros contatos profissionais (mdico, dentista, advo-

    gado, contador, cabeleireiro, costureira ete.) costuma tambm ha-

    vr uma certa assimetria.

    A busca da simetria e da reciprocidade

    essencial para a

    auto-revelao.

    Na prtica, isso no to complicado quanto pa-

    rece: faa perguntas, demonstre interesse em ouvir as respostas e

    tente ligar o que a pessoa diz com situaes pelas quais voc

    passou. Se a pessoa no for mal-educada nem excessivamente

    egosta, ela comear a fazer perguntas para conhecer um pouco

    mais sobre voc. Veja como isso acontece no dilogo seguinte:

    GABHIEL:

    Ol, bom-dia' a primeira vez que voc

    v m

    ao

    nosso templo?

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    DEIXE QUE OS OUTROS O CONHECAM 43

    HENRIQUE: sim. Eu me mudei para c h duas semanas.

    GABRIEL:

    E eu me mudei para c h trs meses. Como que

    voc veio parar nesta cidade?

    HENRIQUE:

    A firma onde eu trabalho abriu uma filial aqui e eu

    sou o responsvel pela contabilidade.

    GABRIEL:

    Acho fantstico voc conseguir organizar as contas

    de uma firma inteira. Eu trabalho como fotgrafo e

    mal consigo organizar as minhas prprias contas

    HENmQl fI': Ah, voc fotgrafo? Onde voc trabalha?

    Voc tambm poder revelar-se mais facilmente oferecendo

    um modelo das respostas que quer obter. Por exemplo, se quiser

    saber o nome da pessoa com quem est falando, comece dizendo

    o seu - u meu nome Lus, e o seu? (se quiser saber o sobreno-

    me, diga o seu nome completo). O mesmo vale para descobrir

    endereos, telefones e outros dados, bem como para conhecer

    melhor as opinies e os sentimentos dos outros. Ao revelar-se

    primeiro, voc deixar claro seu interesse em trocar informaes e

    a pessoa no ter a incmoda sensao de estar sendo entrevista-

    da ; alm disso, voc poder direcionar a conversa, obtendo mais

    facilmente as informaes desejadas.

    Na medida em que o processo de revelar-se prossegue de

    modo simtrico, aumenta a relao de confiana, e o contedo da

    conversa se aprofunda e torna-se cada vez mais pessoal. No de-

    correr de uma conversa prolongada (assim como de um relaciona-

    mento duradouro), a

    interao

    tende a tornar-se cada vez mais

    significativa, desde que as pessoas no deixem cair o nvel de inte-

    resse que torna ()contato estimulante e enriquecedor para arribas as

    partes. Em geral, considera-se que a comunicao atravessa quatro

    nveis de progressivo aprofundamento: frases feitas, fatos, opinies

    e sentimentos.

    FHASES FEITAS:

    Quando voc apresentado a algum, a conversa

    quase sempre comear com frases feitas. uma espcie de ritual

    que facilita o incio do contato e a abertura de outros canais mais

    significativos de comunicao e de troca de informaes.

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    A AlnE llA CONVE\(SA F no CONvVIO

    Eis algumas das frases mais comuns no incio do contato:

    Muito prazer; Como vai?; Oi, tudo bem?.

    claro que apenas com isso no se vai muito adiante. O

    outro responder da mesma forma: Tudo bem, e voc?.

    Oi, como vai?, tudo bem? tambm so maneiras comuns

    de comear a falar com pessoas que conhecemos. Quando voc

    no estiver interessado em estender a conversa, o melhor per-

    manecer nesse nvel das frases feitas, que no aprofunda o conta-

    to. Pergunte, por exemplo:

    Como vo as crianas?'

    E as suas aulas de dana?

    Voc foi inaugurao da loja da Ana?

    O que voc achou do jogo de ontem?

    FAJ'OS:

    Aps a troca de frases feitas, a conversa costuma evo-

    lu r

    para o nvel dos fatos. Nos relacionamentos novos, os fatos

    quase sempre se referem aos tpicos bsicos da vida de cada um;

    em relacionamentos mais antigos, os fatos referem-se a uma atua-

    lizao dos acontecimentos:

    Eu tenho um escritrio de arquitetura.

    Costumo dar uma caminhada domingo de manh.

    Meus primos que moram em Israel chegaram semana

    passada e vo ficar aqui em casa at o fim do ms.

    Sabe da ltima? Vou passar duas semanas em Nova

    York para fechar uns contratos da firma

    No incio de um relacionamento, as primeiras trocas de infor-

    maes se assemelham a entrevistas de triagem. As pessoas ten-

    tam descobrir se vale a pena dar prosseguimento ao contato; para

    isso, importante verificar se h pontos em comum, como se

    pode observar nesta breve conversa entre Alfredo e seu novo

    vizinho:

    VIZINHO:

    Oi, Alfredo, tudo bem? Escute, voc gosta de jogar

    vlei? Eu jogo todas as quartas noite com um

    grupo de amigos. Voc quer ir at l amanh?

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    DEIXE OUE OS OUTROS O CONHECAM

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    AUREDo: Obrigado pelo convite, mas no gosto muito de

    vlei. Eu costumo correr aos domingos de manh.

    Voc gosta de correr?

    J tentei algumas vezes, mas confesso que no gos-

    to muito. E aos domingos de manh, costumo pra-

    ticar ioga. Voc faz ioga tambm?

    No, nunca fiz.

    VIZINHO:

    Ar.FREDO:

    E a conversa continuou desse jeito.

    claro que, pouco de-

    pois, eles se despediram com um amvel at breve e com a

    ntida impresso de que nada tinham em comum.

    OPINIES:As opinies oferecem uma viso mais pessoal do

    que os fatos e as frases feitas. Quem quiser saber como voc

    realmente ficar mais satisfeito ao conhecer suas opinies sobre

    poltica, economia, amor e amizade do que se souber apenas que

    voc nasceu em Gois e bibliotecria.

    Acho que os polticos deveriam falar menos e fazer

    mais; o povo no agenta mais ouvir promessas e fi-

    car sabendo de tanta corrupo que fica impune.

    Prefiro morar numa cidade pequena, no h tanta vio-

    lncia e mais fcil fazer bons amigos.

    No penso em me casar de novo. Adoro namorar.

    Se voc tiver o cuidado de expressar suas opinies de manei-

    ra aberta e t1exvel, dar espao para que os outros tambm pos-

    sam dizer o que pensam. Quando algum d opinies como se

    fossem faros irrefutveis e assume a postura de dono da verda-

    de, a conversa morre. muito mais estimulante e enriquecedora

    a troca de opinies e de pontos de vista, uma vez que cada pessoa

    enxerga a realidade sob diferentes prismas.

    SENTIMENTOS:expresso dos sentimentos vai bem mais alm

    da simples descrio dos fatos ou da sua opinio sobre algum

    acontecimento: ela revela sua reao emocional por meio de pala-

    vras e de expresses do seu corpo. Nada mais at1itivo do que

    conversar com uma pessoa que faz cara de pquer - aquele

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    A AHTE 1)A CO:WEl\SA E 1)0 CONvVIO

    rosto inexpressivo, que no esboa a menor reao ao que a gen-

    te diz. Isso nos deixa perdidos na conversa, sem saber como pros-

    seguir na troca de idias. Por isso, quando voc mostra o que

    sente, revela mais claramente sua maneira de ser, contribuindo

    para a vivacidade da conversa. Sinta a diferena entre fatos, opi-

    nies e sentimentos nos exemplos seguintes:

    FATO:As mulheres sofrem discriminao no mercado de tra-

    balho.

    Opl:

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    DEIXE QUE OS Olm,OS O CO HECAM

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    identificao e passam a ter mais liberdade de revelar a voc o que

    sentem. Alm disso, ao se revelar com clareza, voc evita aquela

    estratgia contraproducente e frustrante de ficar esperando que os

    outros adivinhem o que voc est sentindo ou o que deseja.

    Como voc pode tornar-se mais

    interessa nte?

    Para despertar nos outros a impresso de que voce e uma

    pessoa interessante, no basta apenas descrever fatos, mas dizer

    tambm como voc se situa diante deles. Num curso sobre a arte

    da conversa e do convvio, Max, um empreiteiro de 48 anos, quei-

    xou-se de que as pessoas nunca lhe pareciam interessadas no que

    ele contava. Sugerimos que reproduzisse um exemplo tpico, para

    tentarmos descobrir o problema. Uma pessoa do grupo pergun-

    tou: O que voc fez nas suas ltimas frias?. Ele respondeu:

    Minha mulher e eu resolvemos ir de carro para conhecer as praias

    do Nordeste, durante um ms. Paramos alguns dias em Salvador,

    Recife, Fortaleza e Macei; apesar de termos viajado no vero,

    no tivemos dificuldade para arranjar bons hotis .

    Quando Max acabou de falar, pudemos lhe mostrar que ele

    tinha apenas descrito alguns fatos sobre as frias, mas nada tinha

    revelado de si prprio. Ele falou sobre a situao, mas no

    sobre

    ele mesmo naquela situao E justamente esse o principal in-

    grediente do contato pessoal Sugerimos a Max que tentasse de

    novo e ele preferiu faz-lo por escrito para pensar melhor:

    Yera e eu tnhamos passado uns dias em Macei h dois

    anos e ficamos encantados com a beleza das praias e com a

    temperatura agradvel de l; desta v z ao planejarmos nos-

    sas frias, resolvemos tirar um ms inteiro para descansar

    nas praias, tomando gua de coco e sem preocupao com

    o relgio. Fizemos um roteiro provisrio, para pararmos o

    tempo que quisssemos nos lugares mais interessantes. E

    que praias descobrimos pelo caminho' Algumas, inclusive,

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    48 A AlUE DA CONVEI{SA E DO CONvVIO

    desertas o suficiente para entrar no mar sem roupa, coisa

    que nunca tnhamos tido a coragem de fazer. E confesso a

    vocs que achei uma delcia Fiquei com um certo receio de

    viajar sem reservas de hotel, mas tivemos a sorte de encon-

    trar quartos em todos os lugares que escolhemos parar. Valeu

    a pena a aventura

    o

    grande segredo

    aprender a colorir osfatos

    com nossos sen-

    timentos, sensaes, emoes, tornando o quadro mais vivo. Isso

    vale, inclusive, quando estamos nos apresentando a pessoas que

    acabamos de conhecer. Nessemesmo curso,Matildetambm se achava

    pouco interessante e incapaz de despertar a

    ateno

    dos outros. Veja

    como, inicialmente, ela se apresentou:

    Fao trabalhos de contabilidade para vrias firmas pequenas.

    Coloco os livros em dia e oriento o pagamento dos impostos .

    Quando pedimos para ela tentar se colocar de modo mais

    pessoal para descrever seu trabalho, ela conseguiu dizer o seguinte:

    Fao trabalhos de contabilidade para vrias firmas peque-

    nas. s vezes, quando estou fazendo os clculos sem total

    ateno, penso no monte de dinheiro que isso pode repre-

    sentar e sinto medo de errar. Ento, calculo tudo de novo.

    O pior quando pego livros totalmente fora de ordem,

    uma confuso total; mas, na realidade, embora s vezes eu

    me queixe, gosto do desafio de colocar tudo em seus devi-

    dos lugares e sentir que fiz um bom trabalho .

    Ouais as dificuldades mais comuns da

    auto-revelao?

    Projetar uma imagem falsa

    Se voc aumenta exagerada mente suas qualidades, esconde

    seus defeitos e procura apresentar uma imagem de acordo com o

    que voc acha que os outros gostam, cuidado: na esperana de

    obter maior sucesso social, voc estar se metendo em dois tipos

    de problema, que tero as seguintes conseqncias:

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    DEIXE

    tn:

    os

    OUTROS

    o CONlIECA'vI

    49

    1. As pessoas acabaro se afastando por no suportarem algum

    to perfeito . Desse modo, na nsia de agradar e de ser aceito,

    voc pode ser visto como antiptico e artificial.

    2.

    primeira vista, se voc for um bom artista, os outros ficaro

    encantados com voc. E a, voc ter muito trabalho para manter

    as aparncias e, com a continuao do contato, passar a ter medo

    de ser descoberto. Com isso, as glrias da admirao sero recebi-

    das pelo seu personagem, no por voc; impossvel conversar

    relaxadamente sem ser autntico e verdadeiro. Alm disso, ser

    bastante constrangedor quando chegar () momento em que voc

    for pego em mentiras ou em

    contradies.

    Preste ateno aos relatos de Celina e de Zacarias:

    CELINA: Quando conheci () Daniel, ele me disse que gostaria

    de se casar e de ter um monte de filhos. Eu disse que

    tambm adorava crianas e que pensava em ter, pelo

    menos, quatro. Tudo mentira, porque eu nunca tive a

    menor pacincia com meus irmos menores, penso

    muito na minha carreira e no fao o tipo de mulher

    maternal.

    Samos durante um tempo, comeamos a namo-

    rar e o Dan comeou a fazer planos srios para o casa-

    mento. E a eu tive de ser honesta e abrir o jogo. Ele

    ficou superdesapontado, perdeu a confiana em mim.

    Nosso relacionamento ficou abaladssimo e acabou ter-

    minando. Hoje em dia, quando nos encontramos pela

    rua, mal conseguimos nos falar. Eu me senti muito mal

    com tudo isso .

    Conheci o Jorge na quadra de tnis do clube que eu

    freqento. Eu me apresentei como advogado, porque

    achei feio dizer que sou dono de algumas carrocinhas

    de cachorro-quente; afinal, ganho dinheiro com isso e

    at posso freqentar um clube elegante, mas no gos-

    to de dizer o que realmente fao. Passamos a nos en-

    contrar com freqncia para jogar e ele chegou a me

    oferecer uma excelente secretria. Um belo dia, ele

    me telefonou dizendo que precisava de um advogado

    e queria contratar meus servios. Fiquei sem saber o

    que dizer, desconversei, e no tive outra sada a

    no

    ser sumir do clube por algum tempo .

    ZAcAmAS:

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    A ARTE DA CONVERSA E DO CONVVIO

    Pensando bem, muito mais seguro ser sincero e honesto

    quando a gente

    apresentado aos outros. Se a pessoa quiser co

    nhecer algum mais rico, mais conservador ou mais interessado

    em colecionar selos, tudo bem. Ningum tem culpa por no se

    encaixar exatamente nessas expectativas.

    Agora pense em algumas pessoas que voc admira e com quem

    adoraria ter a oportunidade de conversar: talvez Paul McCaltney, o

    Papa, Gorbachev, Pel, Woody AlIen. Todos eles so bastante po-

    pulares e, no entanto, nenhum conseguiu aceitao unnime. E,

    ento, por que voc continua a ter esperana de que todo mundo

    goste de voc? Isso

    impossvel. No

    muito melhor apresentar-se

    como realmente e ser escolhido pelas pessoas que de fato dese-

    jam fazer amizade com voc?

    As pessoas no acreditam em voc

    claro que o hbito de revelar-se ajuda a construir relaciona-

    mentos gratificantes e significativos - mas somente se as pessoas

    a quem voc se revela acreditarem que voc est sendo sincero.

    Como fazer com que isso acontea? Eis algumas dicas :

    1. Seja especfico - d nomes, datas e lugares para tornar mais

    concreto o que voc est dizendo. Por exemplo, se voc diz: Con-

    clu meu curso de mestra do em Psicologia na Universidade Cat-

    lica do Rio, em 1974, as pessoas tendero a acreditar mais do que

    se voc disser simplesmente: Estudei na Universidade Catlica.

    Mas cuidado: se voc exagerar nos detalhes, vai se tornar maan-

    te. Em vez de dizer o que voc sentiu utilizando termos gerais tais

    como cansado, contente ou irritado, mostre mais claramente

    o que se passou com voc usando expresses que pintem a si-

    tuao em cores mais vivas. Por exemplo: Minhas mos tremiam,

    os joelhos batiam um no outro, abri a boca, mas no consegui

    gritar

    muito mais convincente (e desperta muito mais interesse)

    do que dizer, apenas, eu senti medo .

    2. Revele alguns de seus aspectos negativos - uma imagem com-

    posta de qualidades e defeitos, capacidades e dificuldades ser

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    DEIXE OUE OS OUTI

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    52

    A ARTE DA CO:\VERSAE DU CUNVVIO

    mudam de cor de acordo com o ambiente para no entrar em

    polmica. No entanto, na tentativa de ser universalmente aceita, a

    pessoa acaba sendo vista como falsa ou sem personalidade.

    Retrair se por medo de entediar os outros

    Quando algum quer apenas se divertir, uma histria em qua-

    drinhos ou

    um

    programa humorstico na televiso ser suficiente;

    se quiser se envolver com suspense, um romance policial ou um

    bom filme de mistrio resolver a questo. Mas as pessoas, geral-

    mente, no querem s isso o tempo todo e voc pode oferecer

    algo mais valioso do que um bom programa humorstico ou um

    timo livro. Voc pode oferecer contato pessoal.

    as modernas sociedades urbanas, o isolamento e a solido

    S~IO

    enormes. A falta de intimidade, os contatos impessoais e roti-

    neiros predominam. A maioria das pessoas tem poucos amigos e

    h at mesmo aqueles que no tm absolutamente ningum com

    quem conversar mais abertamente. Passam o dia inteiro em conta-

    tos superficiais com chefes, alunos, colegas de estudo ou de traba-

    lho, funcionrios de bancos, lojas e supermercados e, se duvidar,

    at mesmo com os familiares com quem convivem h vrios anos ...

    Em vista disso, por que no tentar fazer contatos mais pessoais,

    sinceros e honestos, que possam tocar o corao dos outros?

    muito provvel que suas tentativas sejam bem recebidas

  • 7/25/2019 A Arte Da C