A Arte e o Cérebro no Processo da Aprendizagem

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  • 5/12/2018 A Arte e o C rebro no Processo da Aprendizagem

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    A Arte e o Crebro no Processo daAprendizagem

    Profa. Celeste Carneiro

    FACILITANDO A APRENDIZAGEMCom as recentes pesquisas sobre o funcionamento do crebro, a Teoria dasInteligncias Mltiplas, a avaliao das aptides cerebrais dominantes, etcnicas que foram criadas para acelerar a aprendizagem, tornou-se muitomais fcil aprender e gravar na memria o que estudamos.Psiclogos, neurologistas e pesquisadores vm escrevendo os resultadosdesses estudos, esclarecendo-nos e deixando-nos entusiasmados com os

    resultados obtidos por quem utiliza essas tcnicas.O LADO DIREITO DO CREBROA grande maioria das pessoas foi acostumada a pensar e agir de acordo com oparadigma cartesiano, baseado no raciocnio lgico, linear, seqencial,deixando de lado suas emoes, a intuio, a criatividade, a capacidade deousar solues diferentes.Antnio Damsio, respeitado e premiado neurologista portugus, radicado nosEstados Unidos e com muitos trabalhos publicados, em seu recente livro O erro

    de Descartes, afirma que o ponto de partida da cincia e da filosofia deve seranti-cartesiano: "existo (e sinto), logo penso.A viso do homem como um todo, a chave para o desenvolvimento integraldo ser.

    Mandala - Autora: IraciSantana.

    Utilizando mais o hemisfrio esquerdo, consideradoracional, deixamos de usufruir dos benefcios contidosno hemisfrio direito, como a imaginao criativa, aserenidade, viso global, capacidade de sntese e

    facilidade de memorizar, dentre outros.Atravs de tcnicas variadas poderemos estimular olado direito do crebro e buscar a integrao entre osdois hemisfrios, equilibrando o uso de nossaspotencialidades.Uma dessas tcnicas consiste em fazer determinadosdesenhos, de forma no convencional, de modo que ohemisfrio esquerdo ache a tarefa enfadonha e desistade exercer o controle total, entregando o cargo aohemisfrio direito, que se delicia com o exerccio.

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    O uso de msica apropriada que diminui o ritmo cerebral, tambm contribuipara que haja equilbrio no uso dos hemisfrios cerebrais.H pesquisadores que sugerem a msica barroca, especialmente o movimentolargo, que causa as condies propcias para o aprendizado. Ela tem amesma freqncia que um feto escuta e nos direciona automaticamente ao

    lado direito do crebro, fazendo com que as informaes sejam gravadas namemria de longo prazo.Msicas para relaxamento, como as new age, surtem os mesmos efeitos.Nossa mente regula suas atividades atravs de ondas eltricas que soregistradas no crebro, emitindo minsculos impulsos eletroqumicos devariadas freqncias, podendo ser registradas pelo eletroencefalograma.Essas ondas cerebrais so conhecidas como:

    Beta, emitidas quando estamos com a mente consciente, alerta ounos sentimos agitados, tensos, com medo, variando a freqncia de 13 a 60pulsaes por segundo na escala Hertz;

    Alfa, quando nos encontramos em estado de relaxamento fsico emental, embora conscientes do que ocorre nossa volta, sendo a freqnciaem torno de 7 a 13 pulsaes por segundo;

    Teta, mais ou menos de 4 a 7 pulsaes, um estado de

    sonolncia com reduzida conscincia; eDelta, quando h inconscincia, sono profundo ou catalepsia,

    emitindo entre 0,1 e 4 ciclos por segundo.As duas ltimas so consideradas patolgicas.Geralmente costumamos usar o ritmo cerebral beta. Quando diminumos oritmo cerebral para alfa, nos colocamos na condio ideal para aprendermosnovas informaes, guardarmos fatos, dados, elaborarmos trabalhos difceis,aprendermos idiomas, analisarmos situaes complicadas.A meditao, exerccios de relaxamento, atividades que proporcionemsensao de calma, tambm proporcionam esse estado alfa.De acordo com neurocientistas, analisando eletroencefalogramas de pessoassubmetidas a testes para pesquisa do efeito da diminuio do ritmo cerebral, orelaxamento atento ou o profundo, produzem aumentos significativos de beta-endorfina, noroepinefrina e dopamina, ligados a sentimentos de clareza mentalampliada e de formao de lembranas, e que esse efeito dura horas e atmesmo dias. um estado ideal para o pensamento sinttico e a criatividade,funes prprias do hemisfrio direito.Como fcil para este hemisfrio criar imagens, visualizar, fazer associaes,lidar com desenhos, diagramas e emoes, alm do uso do bom humor e do

    prazer, o aprendizado ser melhor absorvido se estes elementos foremacrescentados forma de se estudar.

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    USO INTEGRAL DO CREBROO ideal que nos utilizemos de todo o potencial do crebro, riqussimo,surpreendente!Quando levamos uma vida inteira exercitando quase que s as funes do

    hemisfrio esquerdo, ou s o lado direito, ocorrem as doenas cerebraisdegenerativas, to temidas, como o mal de Alzheimer, por exemplo.Necessitamos, portanto, estimular as diversas reas do nosso crebro,ajudando os neurnios a fazerem novas conexes, diversificando nossoscampos de interesse, procurando nos conhecer melhor para agirmos commaior preciso e acerto.Howard Gardner, o psiclogo americano criador da Teoria das IntelignciasMltiplas, identificou inicialmente sete tipos de inteligncia no ser humano queso estimuladas e expressas de formas diferentes, de acordo com cadapessoa. So elas:

    verbal/lingustica; lgica/matemtica; musical; corporal/cinestsica; visual/espacial; interpessoal; intrapessoal.

    Atualmente foi acrescentada a inteligncia naturalista e a existencial, estando

    esta ltima ainda em estudo.

    A Teoria das Mltiplas Inteligncias dever ser aplicada no apenas com osdiversos indivduos, para atingir cada pessoa, de acordo com o seu ponto deinteresse, mas em ns mesmos, buscando desenvolver cada tipo deinteligncia que trazemos em estado latente.Foi desenvolvido nos Estados Unidos um sistema de avaliao das aptidescerebrais dominantes, utilizado tambm por alguns escritores nacionais e quemostra com clareza quais as reas do crebro que damos maior preferncia e,da, feito um perfil psicolgico da pessoa, sua maneira de agir na vida, qual olugar de sua preferncia numa sala de aula, como melhor aprende, etc. A esse

    resultado, temos acrescentado outros elementos, dentro de uma viso holsticado ser humano, que tem ajudado bastante as pessoas.Conhecendo as reas que so mais estimuladas, passa-se ento a praticaruma srie de exerccios para ativar as regies menos utilizadas, de modo que,com o passar do tempo, nossa capacidade de agir como um ser humanointegral estar bastante aprimorada.Seremos lgicos e intuitivos, prticos e sonhadores, racionais e emotivos,seguiremos os padres vigentes e utilizaremos a nossa criatividade, teremosos ps no cho e a cabea nas estrelas... Seremos, enfim, do cu e da terra,captando todos os ensinamentos com facilidade, independente da faixa etria.

    Isto nos tornar muito mais capazes e autoconfiantes.

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    EXPERINCIA COM O HEMISFRIO DIREITO

    Figura humana de imaginao (acima) e, direita, deobservao.Autora: Nazareth Bastos, 1993.

    Desde 1992, quando

    iniciamos a coordenar ocurso DLADIC Desenvolvimento do ladodireito do crebro, ondeutilizamos o desenho comopretexto para atingir osnossos objetivos, que vimosnos surpreendendo com omanancial riqussimo quepossumos, armazenado emnosso crebro, aguardandoas condies propcias parase manifestar.Nesse perodo, passarampelo curso mais de trezentaspessoas. Cada uma comum interesse diferente, comuma motivao prpria.Quase todas, nos primeiroscontatos, afirmavam serincapazes de fazer qualquer

    tipo de desenho, de criaralguma coisa, de prestarateno ou se concentrar emalgo.No decorrer do processo dedesbloqueamento, essaspessoas iam ficandosurpresas com os resultadosvisveis nos seus trabalhosartsticos e com adescoberta de uma nova

    forma de ver o mundo e dever-se a si mesmas.Um dos primeiros exerccios o de ateno,concentrao, meditao.Utilizando uma folha depapel tamanho ofcio, semtirar o lpis do papel, o alunovai traando linhas retashorizontais e verticais que secruzam, formando uma

    composio. Aps preenchera folha de acordo com o seu

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    gosto, pode consertar aslinhas que ficaram maistortas e, em seguida,contorn-las com hidrocorpreto e pintar as formas que

    as linhas fizeram de modoque desliguetemporariamente ohemisfrio esquerdo a fim dedar vazo ao hemisfriodireito, enquanto ouve-semsica relaxante ousubliminar, em profundosilncio, meditando sobre asseguintes questes:

    O que senti com a limitao de no poder tirar o lpis do papel, de spoder fazer linhas retas horizontais e verticais?

    Como reajo quando sou limitado nos meus gestos, quando tenho deseguir orientaes vindas de fora de mim mesmo?

    Como convivo com isso no meu dia-a-dia? O que senti quando fui liberado para consertar o que errei? O que o erro representa para mim? Como convivo com as coisas simples? Em que o desenho se parece comigo, com a minha forma de ser? Na minha vida tem muitos labirintos? Tem muitos espaos inacessveis?

    uma vida clara, alegre, aberta para acolher o outro? Como lido com a minha vida? Tenho facilidade para me deixar conduzir pelo fluxo da vida, no

    apressando o rio?

    So questionamentos que a pessoa vai fazendo e respondendo a si mesma,sem externar para os outros, se assim o quiser. Inclusive os prprios desenhos,que so utilizados como pretextos para ter acesso ao lado direito do crebro,no precisam ser mostrados a ningum. um momento ntimo, pessoal, ondenos damos o direito de ser o que somos, com erros e acertos, sem censuras

    nem justificativas, arriscando a explorao de um campo novo e cheio desurpresas. um caminho para o autodescobrimento.Nesse exerccio vemos alunos realizando trabalhos quase perfeitos num prazode uma aula, e passando duas a trs aulas para corrigir o que foi feito! Outros,se negam a consertar, dizendo: minha vida assim mesmo, cheia de traostortuosos, no quero corrigi-los. Alguns mostram-se confusos com asimplicidade da proposta, to acostumados esto com a complexidade dosdesafios que enfrentam diariamente. E refazem o exerccio vrias vezes, atconseguirem atender a contento a orientao dada...Estando pronto o trabalho, a alegria estampada no rosto diante da

    composio inesperada. s vezes colocam no quadro, emoldurando-a,sentindo-se artistas.

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    Dessa composio, estimulamos a criatividade sugerindo a infinidade de novostrabalhos que podero surgir a partir de pequenos detalhes ampliados eexplorados com os mais diversos materiais e para as mais variadasfinalidades: mural, divisria, painel, quadros a leo, colagens, objetostridimensionais, etc. No exerccio para desenvolver o poder mental, vemos

    aqueles que esto acostumados meditao, busca do crescimentoespiritual, se entregarem tarefa com determinao, conseguindo colocar nopapel o que visualizou e dando um colorido forte, rico em contrastes,prosseguindo em casa com as variaes desse mesmo trabalho. J os queno se preocupam muito com estas questes sentem mais dificuldade eprecisam de um maior assessoramento.Trabalhando com a criatividade, aproveitamos o desenho de observao parauma nova composio, onde o objeto do desenho dissolvido, passando a serparte do processo criativo, misturando-se com o todo. Tiramos parte dessetrabalho, ou detalhes para novas criaes, como se fosse uma cornucpia de

    onde saem sempre novas idias.Com esse exerccio chamamos a ateno para o trabalho em equipe. Aimportncia de cada componente para que o grupo ou a empresa sobressaia.Quando destacamos algum da equipe, por mais insignificante que seja,poderemos estimul-lo e ver surgir um rico potencial de grande utilidade ebeleza. Quando valorizamos um pequeno grupo da equipe, o rendimentotambm pode ser bem melhor. Tambm ressaltamos a importncia derespeitar os limites, os espaos.Num estgio mais adiantado trabalhamos com o desbloqueio dos vcios deobservao e a flexibilidade mental.Nas tarefas recebidas, o aluno vai esquecer o nome dado s coisas e procurarver o real, sem simbolismo algum, exatamente o que est sua frente. Porvivermos distanciados do real, do verdadeiro, sofremos tanto! Imaginamostantas coisas diante de um fato, de um gesto, de um acontecimento, quando osignificado real era outro, completamente diferente do imaginado!Neste trabalho, solicitado a ver as situaes por diversos ngulos: por dentro,por fora, comparando tamanhos, aberturas, distncias... Saindo da parte parao todo e vice-versa, de forma constante, num estado de relaxamento atento,esquecido do tempo e das preocupaes que tinha nos momentos que

    antecederam a aula. sugerido que leve a experincia para o dia-a-dia,procurando descobrir sempre novas solues para os problemas e desafios davida, evitando no cristalizar idias e pontos de vista.Estimulamos a observao atenta do companheiro que trilha conosco o mesmocaminho na vida, flexibilizando a mente para olh-lo sem os conceitos epreconceitos que enraizamos em ns mesmos ao longo da convivncia. Pormais tempo que tenhamos de convivncia, no conhecemos ningum osuficiente, pois todos ns estamos em processo contnuo de mudana. E cadapessoa sempre uma incgnita que nos surpreende.Utilizamos nesse exerccio a figura humana em desenhos realizados com

    traos, a lpis ou bico de pena.No decorrer do curso algumas pessoas saem e do um tempo. Depois voltam

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    e me dizem que determinado trabalho mexeu tanto com elas que resolveramfazer terapia ou se trabalharem melhor em determinado aspecto que notinham dado a devida importncia antes.Outras, com um pequeno estmulo, descobrem o potencial artstico que tm ese lanam no mundo das artes, criando e pintando quadros que so levados

    exposio at em outro estado do Brasil. Uma dessas alunas, fez apenas umms de aula e passou a pintar quadros, viajando em seguida por vrios pases,descobrindo coisas novas, deixando dois painis seus num restaurante daNova Zelndia.Vemos crianas conseguindo concentrar-se em casa para fazer os seusdeveres estudantis, adolescentes encontrando mais facilidade naaprendizagem das matrias escolares, adultos escrevendo melhor,compreendendo a comunicao no-verbal, lendo mais e conseguindo ummaior relaxamento diante das tenses dirias. Idosos empregando o seutempo na aquisio de maiores conhecimentos, na realizao de antigos

    sonhos, na descoberta de suas potencialidades.A msica, o silncio interior e exterior, os exerccios de desenho, decriatividade, as mandalas e, em algumas ocasies, a videoterapia, tm sidofortes aliados na conquista dessa riqueza ntima que possumos e nosabamos ser possuidores.Com os avanos das pesquisas sobre o crebro, acrescentamos novasabordagens a este curso, visando o uso de todo o potencial do crebro,procurando equilibrar o hemisfrio esquerdo com o hemisfrio direito. Passouento a ser chamado Criatividade e Crebro, para aulas em grupo e Em buscada harmonia, para ser mais feliz, para o atendimento individual.Atualmente, encontram-se disposio de quantos queiram estar preparadospara o novo milnio, os mais diferentes recursos de crescimento interior,divulgados pelos mais diversos meios, atravs de profissionais interessadosna formao de uma nova sociedade. s buscar...Os desenhos enviados so de pessoas sem nenhuma experincia nessa rea,que tinham dificuldade de concentrao, memorizao e criatividade