ESTUDOS SOBRE A CULTURA DE TECIDOS MARACUJAZEIRO AMARELO ( Passiflora edulis F. Flavicarpa DEG.)
PROJETOS 2017 - a3m.cead.unb.br€¦ · Ciências Sociais Aplicadas Edital DEG/DAC/CEAD n 001/2017...
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PROJETOS
2017
coordenadora do projeto
área de conhecimento
projeto
Siegrid Guillaumon Dechandt
Ciências Sociais Aplicadas
Edital DEG/DAC/CEAD n 001/2017
Uso da Arte paraaprendizagem naAdministração
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Uso da Arte para aprendizagem na Administração
1. JUSTIFICATIVA
O uso de estímulos visuais pode constituir uma forte ferramenta auxiliar
na construção do conhecimento dentro da sala de aula. Recursos tecnológicos
tornaram-se mais acessíveis em muitos lares, celulares pessoais, e instituições
de ensino brasileiras, bem como o acesso à internet, propiciando aos alunos
um complemento para seu aprendizado ministrado em aula ou, em certos
casos, utilizando essas ferramentas como seu próprio instrumento de
aprendizagem.
Isso se deve ao fato de que o ambiente de ensino tradicional, de certo
modo, não estimula o interesse nem tampouco a participação dos aprendizes.
Atualmente, incluindo experiências pessoais e de colegas de classe, uma
parcela considerável de alunos relata preferência por videoaulas (aulas virtuais)
por estas possuírem uma abordagem de ensino que julgam melhor. No
entanto, considerando que os professores que ministram tais aulas virtuais são
os mesmos que estão presentes em salas de aula, surge o questionamento
acerca de: Por que motivo aulas ministradas no ambiente virtual são mais
atrativas na percepção dos alunos? Quais são os aspectos que influenciam
nessa escolha?
Abaixo encontra-se um depoimento de estudante que corrobora a
percepção apresentada:
Tendo em vista a experiência pouco positiva na vida acadêmica da maioria das pessoas desde o ensino fundamental até o ensino superior tradicional, quando nos deparamos com alguma aula diferente, a estranheza aguça os sentidos e propicia as condições ideais para receber o conhecimento e ser estimulado em nossa criatividade. Pela primeira vez em muitos anos exercendo o papel de aluno, fui surpreendido em uma aula de graduação sobre metodologia científica aplicada com a imagem de uma obra de arte projetada num quadro branco. Incialmente houve dúvida em relação à sala que eu havia entrado, pois como poderia imaginar que uma disciplina de pesquisa aplicada à Administração usaria algum tipo de recurso visual? Com a introdução dos conceitos iniciais da matéria abordados por meio de imagens, enriquecidos com a contribuição das diferentes leituras dos alunos, a professora ganhou a atenção da turma e percebeu os diversos olhares que cada um dos alunos tinha a respeito das imagens apresentadas e, consequentemente, dos
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conteúdos ministrados. Muito interessante como a imaginação funciona e como a aula pode ser construída em conjunto com a criatividade (ESTUDANTE DA DISCIPLINA DE METODOLOGIA CIENTÍFICA APLICADA, 2017).
Muitas vezes o uso de uma imagem ilustrativa, explorada no meio virtual
é centenas de vezes mais eficaz do que a leitura de textos robustos ou apenas
a exposição teórica de uma disciplina. Tais métodos tradicionais podem ser
enriquecedores, porém, podem não conseguir transmitir de maneira eficaz e
essência do assunto, ou não favorecer a consolidação do conteúdo em
conhecimento. Esse contexto gera uma perda de oportunidade de troca de
conhecimentos, pois a universidade é um local que proporciona, além do
aprendizado propriamente dito, um enriquecimento cultural e social a partir de
debates construtivos. Entretanto, para que isso ocorra, o engajamento do aluno
é essencial. Quando isto não ocorre, gera uma frustração também por parte
dos docentes que podem interpretar a postura retraída do aluno como falta de
interesse em desenvolver o conhecimento, o que nem sempre é o caso.
Ademais, o uso de recursos ilustrativos pode fornecer uma conexão
entre uma complexa teoria e seu uso aplicado na prática, auxiliando na
concepção de uma linha lógica de raciocínio, assim como promover a
criatividade em disciplinas que exijam uma sensibilidade maior para a
compreensão da proposta de aprendizagem.
A proposta que ora se apresenta está respaldada ainda nas portarias do
INEP de avaliação do componente de Formação Geral do ENADE1 que dispõe:
Art. 5° A prova do Enade 2016, no componente de Formação Geral, tomará como referencial do perfil do egresso as seguintes características: I. ético e comprometido com as questões sociais, culturais e ambientais; II. humanista e crítico, apoiado em conhecimentos científico, social e cultural, historicamente construídos, que transcendam o ambiente próprio de sua formação;
III. protagonista do saber, com visão do mundo em sua diversidade para práticas de letramento, voltadas para o exercício pleno de cidadania; IV. proativo, solidário, autônomo e consciente na tomada de decisões pautadas pela análise contextualizada das evidências
1 Portaria Inep n° 294, de 8 de junho de 2016. Publicada no Diário Oficial de 9 de junho de 2016,
Seção 1, pág. 12.
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disponíveis; V. colaborativo e propositivo no trabalho em equipes, grupos e redes, atuando com respeito, cooperação, iniciativa e responsabilidade social. Art. 6o A prova do Enade 2016, no componente de Formação Geral, avaliará se o estudante desenvolveu, no processo de formação, competências para: I. fazer escolhas éticas, responsabilizando-se por suas consequências; II. ler, interpretar e produzir textos com clareza e coerência; III. compreender as linguagens como veículos de comunicação e expressão, respeitando as diferentes manifestações étnico-culturais e a variação linguística; IV. interpretar diferentes representações simbólicas, gráficas e numéricas de um mesmo conceito; (INEP, 2016. GRIFO
PRÓPRIO).
O presente projeto visa desenvolver o perfil do egresso e as
competências de Formação Geral dispostas na portaria do INEP,
especialmente aquelas negritadas no fragmento acima. Além destas, a Portaria
do INEP relacionada à prova do ENADE específica para o curso de
Administração dispõe em seu artigo 5º:
Art. 5o A prova do Enade 2015, no componente específico da área de Administração, tomará como referência do perfil do egresso as seguintes características: I - capacidade para compreender os contextos local, regional, nacional e global de forma sistêmica; II - compreensão crítica e reflexiva do fenômeno organizacional em suas dimensões histórica, social, econômica, ambiental, política e cultural; (INEP, 2016. GRIFO PRÓPRIO).
Conforme será apresentado nas etapas seguintes, o uso da arte em
meios digitais interativos pretende fortalecer a formação do administrador, de
acordo com o postulado pelos meios de avaliação institucional de perfil do
egresso e competências necessárias.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Esta proposta tem o objetivo geral de compreender e ampliar a utilização
de metodologias de ensino que possam aliar a experiência e conhecimento do
professor com recursos visuais, arte e meios digitais interativos.
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2.2. Objetivos específicos
Para que a utilização de metodologias de ensino relacionadas ao uso de
arte e meios digitais interativos, seja efetivamente ampliada, pretende-se
atender aos seguintes objetivos específicos:
a) sistematizar o uso de estímulos visuais artísticos interativos como
metodologia didática nas disciplinas do curso de Administração;
b) monitorar a dinâmica da aula a partir destes estímulos visuais
artísticos interativos, bem como os resultados de participação, engajamento,
interesse, clima em sala de aula obtidos;
c) registrar as diferentes utilizações de estímulos visuais artísticos
interativos em diferentes momentos de aula, com diferentes propostas de
abordagem e interação;
d) identificar a percepção dos estudantes sobre a eficácia do uso de
estímulos visuais artísticos para o desenvolvimento dos conhecimentos
interdisciplinar e contextualizado;
e) analisar a relação entre diferentes estímulos visuais artísticos
interativos e diferentes conteúdos da Administração;
f) entender quais estímulos visuais artísticos interativos são mais
efetivos para o desenvolvimento de diferentes competências, habilidades e
atitudes objeto das diferentes disciplinas;
g) compreender como a criatividade é estimulada através do uso de
estímulos visuais artísticos interativos;
h) compreender limitações docentes no uso de estímulos visuais
artísticos interativos para desenvolver oficinas de capacitação;
3. DESCRIÇÃO DO PROJETO
Este projeto estuda e desenvolve a utilização de estímulos visuais de
arte e meios interativos digitais nas disciplinas do curso de Administração da
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UnB. Tal técnica didática já foi utilizada em duas disciplinas: amplamente em
Criatividade e Inovação nas Organizações, e, esporadicamente, em
Metodologia Científica Aplicada e Gestão do Desempenho.
Parte da premissa de que o conteúdo disciplina transmitido de maneira
unilateral gera pequena capacidade de retenção por parte dos estudantes, o
que torna o tempo de aula pouco proveitoso para a aprendizagem efetiva e
para o desenvolvimento de competências. A prática docente vem apontando tal
fato. Outra premissa é de que estímulos diferentes da transmissão de conteúdo
tradicional unilateral, como o uso de uma música, um texto, uma imagem, uma
fotografia, capturam a atenção dos estudantes, e, mais do que isto, podem ser
utilizados para impulsionar reflexões multidisciplinares. Quando o estudante,
além de observar uma imagem representativa, ainda é desafiado a criar uma
imagem, seja um mapa conceitual, um mapa mental, uma fotografia de autoria
própria, um desenho, uma escultura, etc. confronta o conteúdo da disciplina
com sua própria identidade, com sua maneira de expressão, o que,
aparentemente, gera maior engajamento e desenvolvimento ampliado e crítico
do conhecimento. A seguir descrevem-se duas técnicas didáticas que já
utilizaram arte e imagens para promover o aprendizado no ano de 2017 que
fundamentam esta proposta.
Caso 1 – Criatividade e Inovação nas Organizações (VERÃO 2017)
No início de cada uma das aulas é apresentada a imagem de uma obra
da arte de qualquer período histórico e nacionalidade (exemplo: Dalí, Malfatti,
Picasso, Rodin, Verger, dentre outros). Os estudantes comentam sobre a obra:
formas, cores, estrutura, pensamentos, contexto histórico. Por fim, devem
relacionar a obra com o tema da aula (a obra é escolhida de forma a introduzir
o tema de aula), por exemplo, inovação nas organizações e a imagem Os
Trabalhadores, de Tarsila do Amaral. Após estímulo inicial e reflexão, procede-
se à apresentação dos elementos teóricos, momento este mais ancorado no
docente. Os estudantes relacionam o conteúdo com o estímulo inicial. Por fim,
é solicitado um exercício em grupo ou individual que favoreça a relação da
imagem inicial com o conteúdo.
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Após as primeiras aulas nesta dinâmica, as aulas seguintes são
lideradas pelos estudantes que apresentam uma obra à sua escolha, e de
acordo com as temáticas pré-definidas (por exemplo, criatividade nas
organizações; instituições de fomento à inovação – ler um texto científico e
escolher uma obra de arte para apresentar).
Num terceiro momento na programação das aulas os estudantes
participam de oficina de fotografia com estudantes do curso de Teoria Crítica e
História da Arte (TCHA) da UnB.
No quarto momento da disciplina, os estudantes apresentam duas
coletâneas de fotografias que fizeram sobre uma temática relacionada à
Administração – ou seja, expressam seu olhar fotográfico e também seu olhar
de gestor – apontando elementos inovadores, surpreendentes, exóticos,
críticos na construção de uma narrativa própria sobre o aprendizado em
Criatividade e Inovação nas Organizações. As fotografias são comentadas
pelos estudantes de TCHA.
No momento final, utilizam uma plataforma (ex: padlet.com) para
elaborar uma mostra fotográfica com as melhores fotos do semestre que os
próprios estudantes escolhem, adicionando uma explicação da fotografia e de
sua importância. As fotografias também podem sofrer intervenção, ou seja,
serem manipuladas pelo estudante para destacar aspectos relevantes no
julgamento do estudante.
Tanto nos comentários sobre imagens trazidas pelo docente, como na
escolha de imagens de obras de arte, na explicação das imagens escolhidas
em suas fotos, na escolha das fotografias e coletâneas – todos estes
momentos dão a oportunidade ao docente para verificar o estágio de
desenvolvimento do conhecimento dos estudantes, a forma como mobilizam
argumentos, como ampliam repertórios teóricos, melhoram a capacidade de
interrelação de conceitos e contextos históricos, sociais e culturais, e a
velocidade e destreza com que aplicam as teorias explanadas em novos
contextos. Tal didática ainda se demonstrou propícia a promover um maior laço
afetivo entre docente e estudantes, elemento importante na visão da
aprendizagem como um processo vivencial e afetivo. Nesta disciplina, além da
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fotografia ser um elemento avaliativo, são utilizadas outras avaliações como
prova (para verificar aprendizagem teórica) e trabalho em grupo.
Caso 2 – Metodologia Científica Aplicada (1o SEMESTRE DE 2017)
Ao contrário do primeiro caso, nesta disciplina o uso de imagens de arte
é esporádico, e ocorre em dois momentos específicos. No primeiro momento
utiliza-se o quadro As Meninas, de Diego Velásquez, que contém diversos
enigmas (como o autorretrato do pintor, o espelho ao fundo, o verdadeiro
propósito do quadro). Inicialmente os estudantes discorrem sobre a imagem em
si, o conteúdo. Em seguida são estimulados a discorrer sobre a estrutura da
imagem, ou seja, como o artista planejou a pintura, o jogo de luz e sombra, a
divisão diagonal do quadro, a imagem central, etc. Este estímulo é utilizado
para promover a compreensão de que a metodologia é um elemento
estruturante, enquanto a temática dos TCC forma o conteúdo. O entendimento
da complementaridade entre forma e conteúdo em um texto argumentativo
como o TCC não é uma aprendizagem trivial e o uso de imagem auxilia nesta
compreensão.
Em outra aula o estímulo consiste em apresentar a imagem de uma
carruagem do Museu das Carruagens em Lisboa. A imagem é apresentada
com um valor fictício de leilão de U$$ 1.500.000. Pergunta-se aos estudantes
como justificam este valor, aparentemente exorbitante. Alguns argumentos
apresentados são semelhantes a argumentos científicos e racionais. Já outros
apontam elementos subjetivos e não racionais. Este estímulo é utilizado para
promover o discernimento sobre o conhecimento científico e não científico. Ao
final da aula os estudantes escrevem uma pequena redação relatando a
aprendizagem da aula, de maneira a substanciar a avalição do docente sobre o
quanto do conteúdo planejado para aula está sendo apropriado, e quais
ênfases e limitações são dadas nesta pequena redação.
Vistos os exemplos de utilização de arte e imagem para o ensino em
Administração, espera-se que este projeto permita desenvolver ainda mais esta
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metodologia inovadora que tem se apresentado com grande potencial para
ressignificar o ensino de Administração.
Trata-se da utilização da metodologia didática descrita acima ao longo
dos semestres 2017.2 e 2018.1 (ou na vigência do projeto) nas disciplinas
ministradas pela coordenadora do projeto, com envolvimento ativo dos
bolsistas. Assim, esta proposta se assemelha a um experimento monitorado.
Os bolsistas realizarão observações simples, observações participantes,
filmagens, relatórios, aplicação de questionários para verificação da percepção
dos estudantes. Todo o material recolhido fundamentará a reflexão sistemática
sobre a prática docente, bem como a produção de artigos científicos e demais
produtos descritos a seguir.
Em adição ao que já foi colocado em prática, pretende-se que este
projeto avance na utilização de aplicativos de construção de mostras
fotográficas virtuais que permitam que colegas de turma, outros colegas
universitários, e todo o público internauta possam comentar as imagens
construídas pelos estudantes, para que a conectividade e a interatividade
também façam parte do processo de aprendizagem socialmente construído.
4. METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
A metodologia do projeto consiste na reflexão sobre a prática e na
utilização das disciplinas em curso como campo de experimentação
parcialmente controlada. As informações que permitirão o desenvolvimento
contextualizado da disciplina serão coletadas a partir de: observação simples
das aulas com utilização de estímulos de arte e imagens interativas;
observação participante na medida em que os bolsistas também participam e
interagem na aula; aplicação de questionários e condução de roteiros de
entrevistas de profundidade para averiguar a percepção dos estudantes de
Administração sobre a didática de ensino; filmagens de dinâmicas em sala e
filmagens de percepções e avaliações de estudantes e da docente para
produzir material de replicação da metodologia; elaboração de relatórios do
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experimento; revisão de bibliografia pertinente para fundamentar os artigos
científicos e a melhor utilização da didática em questão.
O foco do projeto consiste na pertinência do uso de arte em meios
digitais interativos para o ensino em Administração. As abordagens são
múltiplas, ou seja, interessam perspectivas de diferentes atores envolvidos na
aprendizagem: estudantes, docentes e observadores do experimento.
5. PRODUTOS A SEREM DESENVOLVIDOS
6. RESULTADOS ESPERADOS
Além dos produtos descritos acima, espera-se que este projeto possa
incentivar docentes da UnB e de outras Instituições de ensino superior no DF,
no Brasil e no mundo para a aventura da criatividade e do abandono dos
‘lugares de conforto’ para o ensino da Administração. Além dos docentes, os
resultados de estendem aos estudantes que, ao terem contato com a
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metodologia inovadora e com o uso de tecnologias de informação, revisitam
suas atitudes em sala e sua relação com o conhecimento, transformando-as
em atitudes mais colaborativas com os professores e colegas a partir da
necessidade da construção coletiva, do diálogo e da partilha de sentidos que
ocorre na representação através das imagens. Outro resultado esperado é a
produção de pesquisa sobre pedagogia e didática no ensino superior.
Especialmente no campo da Administração, esta é uma área ainda incipiente.
No entanto, já há congressos nacionais como o EnePQ (Encontro de Ensino e
Pesquisa em Administração e Contabilidade), promovido pela ANPAD, que
visam desenvolver este conhecimento e que será uma possibilidade de
apresentação dos resultados deste estudo. Também existem divisões de
estudo do ensino em Administração em congressos internacionais como o
Academy of Management (maior congresso internacional da área) com a
divisão de Management and Education Development.2
2http://aom.org/Divisions-and-Interest-Groups/Management-Education-and-
Development/Management-Education-and-Development.aspx