O cérebro e a aprendizagem

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O CEREBRO E A APRENDIZAGEM

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O CEREBRO E A APRENDIZAGEM

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O hemisfério esquerdo é o hemisfério dominante da linguagem e das funções psicolinguísticas, enquanto que o direito é o hemisfério dominante da percepção espacial e das funções psicomotoras.  Para lidar com problemas de DA (dificuldade de aprendizagem), é inevitável a procura de um conhecimento psiconeurológico, dado que estão em situação sintomas que é, possivelmente, o reflexo de uma disfunção cerebral e de uma disfunção comportamental, por menos evidente que seja ou que nos pareça.

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Vejamos, no caso da leitura oral, como as unidades trabalham. A leitura, um dos processos mais complexos da aprendizagem, compreende a discriminação visual de símbolos gráficos, através de um processo de descodificação que se passa no segundo bloco, só possível com um processo de atenção seletiva regulado pelo primeiro bloco. Posteriormente, e ainda na mesma unidade, há que selecionar e identificar os equivalentes auditivos (fonemas) através de um processo de análise e transdução, de síntese e comparação, a fim de edificar a busca da significação (conjetura) e avaliar os níveis de compreensão latentes. A partir daqui, surgirá uma nova operação de equivalência que compreende a codificação. A partir dos neurônios superiores frontais, a linguagem interior transformar-se-á em linguagem expressiva, através da oralidade, ou seja, da produção de sons articulados.

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Nesta sequência de operações cognitivas participam todas as unidades funcionais, primeiro de baixo para cima (do primeiro ao terceiro bloco) e depois de cima para baixo (do terceiro bloco para o primeiro bloco).

É este o todo funcional que caracteriza a aprendizagem da leitura. É dentro deste conjunto funcional que se pode verificar um distúrbio ou uma disfunção neuropsicológica que pode, por consequência, redundar numa DA.

Assim, se uma criança não consegue controlar ou focar a sua atenção-concentração do primeiro bloco, a descodificação poderá ser prejudicada, daí resultando omissões ou adições de pormenores, na pronta equivalência com os fonemas, para além de dificuldades de inibição e de controlo postural e cinético, normalmente concentrados e modulados pelo cerebelo e pela substância reticulada como verdadeiros computadores (Eccles 1973) que organizam as informações (input) internas ou proprioceptivas e externas.

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A aprendizagem da leitura exige obviamente: a integração sensória motora, a hierarquização psicomotora, o progressivo controle binocular, a complexa compreensão auditiva, etc., estruturas estas que vão provocar combinações e modificações aferentes e eferentes e interações bioquímicas do que resultará um crescimento neurológico e, concomitantemente, uma melhor aprendizagem daquela aquisição cognitiva.

Levine e Allen 1976 tentaram equacionar algumas das estratégias mais adequadas para aprendizagem da leitura, tendo selecionado as seguintes: fala subvocal, pré-simbolização de ações e de tarefas a cumprir, pré-verbalização e previsão antecipada de condutas etc., tendo-as caracterizado como meios auxiliares e planificadores da função expressiva da linguagem.

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As aprendizagens escolares primárias (ler, escrever e contar) colocam mais em jogo as funções do hemisfério esquerdo, ao contrário das aprendizagens pré-escolares (desenhar, pintar, recortar, jogar, saltar, etc.), que assentam mais nas funções verbais do hemisfério direito.

Várias crianças sem lesões, mas com disfunções provocadas ou não por privações de várias ordem, podem não evoluir bem em Geometria e Geografia, porque estas envolvem funções do hemisfério direito, mas podem em contraste atingir um nível médio de progresso na aprendizagem de línguas, da História, da Filosofia, etc, porque envolvem funções do hemisfério esquerdo.

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De acordo com trabalhos de especialistas, para ler, o cérebro precisa das seguintes aquisições:

1) Controle postural e da atenção;2)Seguimento de orientações e intervenções viso espaciais (de

cima para baixo em termos de linhas horizontais, e da esquerda para a direita em termos de descodificação e sequenciação de letras e palavras);

3) Memoria auditiva;4) Sequencia e ordenação fonética;5) Memória visual;6) Sequencia e ordenação gráfica;7) Aquisições para descodificar palavras (Word anack skills -

estratégias de ataque de palavras;8) Análise estrutural de linguagem;9) Síntese lógica e interpretação da linguagem;10) Desenvolvimento do vocabulário;

11) Expansão e generalização léxica;12) Aquisições de escrutínio e de referencia léxico sintática...

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No processo auditivo, que é crucial para a leitura, por exemplo, especialmente se ela é oral, estão envolvidas funções de discriminação, identificação, Sequenciação, memória, etc. A leitura oral envolve as áreas cerebrais não só da leitura, mas também da fala. A leitura silenciosa exige, em contrapartida, subvocalização da informação auditiva armazenada na memória.

Luria 1963, por exemplo, demonstrou que os distúrbios na função fonética levam inevitavelmente a uma perturbação na capacidade da leitura e a uma desintegração na capacidade da escrita. Alterações nas funções de análise e síntese fonética (fragmentação e Sequenciação) originam desordens na leitura e na escrita, e muitas vezes na própria estrutura sinestésica da fala.

Zigmond 1966 demonstrou que as crianças disléxicas apresentam mais dificuldades na aprendizagem auditiva. Na sua investigação, as variáveis auditivas que mais diferenciavam as crianças disléxicas das não disléxicas.

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Na idade pré-escolar as diferenças interindividuais são mais evidentes do que noutros períodos de desenvolvimento e é muito importante que sejam identificadas, porque uma DA com três, quatro ou cinco anos pode ser mais bem superada com uma intervenção compensatória precoce, habitualmente mais eficaz do que aos oito ou nove anos, quando a criança já tem uma maturação neurológica menos flexível e uma estrutura mais complexa de resistências emocionais, uma impulsividade e uma intenção mais aprendidas, mais problemas de descontrole e de hiperatividade, etc, que podem, no seu conjunto, tornar mais difícil a sua integração numa sala de aula mais tarde, porque não deixa que as outras crianças aprendam, nem que ela possa aprender normalmente.

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A criança com DA não é uma criança deficiente, vê e ouve bem, comunica e não possui uma inferioridade mental global. Acusa problemas de comportamento, discrepâncias na linguagem e na psicomotricidade aprende a um ritmo lento e pouco pode beneficiar dos apoios escolares regulares, não atingindo muitas vezes as exigências e os objetivos educacionais mínimos.

O stress emocional, acrescido de um stress económico e cultural, de um baixo índice sanitário, de maus cuidados de saúde, de pobreza de estímulos e de oportunidades, em simultaneidade com a má nutrição, implicam inevitavelmente efeitos morfológicos e efeitos funcionais claramente relacionados com a redução do potencial de aprendizagem.

A aprendizagem é uma função do cérebro. É efetivamente o cérebro que aprende, mas há aprendizagem quando as condições de risco, que apontámos atrás, se encontram reduzidas. 

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A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas: disgrafia, discalculia, dislalia, disortográfica e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

O aluno com dificuldade de aprendizagem sente-se rejeitado pelos colegas

Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler um texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas nada foi comprovado pela medicina.

TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção), porque apresentam alguma agitação, nervosismo e inquietação, fatores que podem advir de causas emocionais. É importante que esse diagnóstico seja feito por um médico e outros profissionais capacitados.

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Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.

Disortográfica: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como consequência da dislexia. Suas principais características são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e acentuação.

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Disgrafia: normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização ao produzir um texto.

Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem sequências lógicas. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido.

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Os problemas de aprendizagem constituem uma situação real presente nas instituições escolares. Portanto, é necessário que todos os envolvidos com questões educacionais realizem pesquisas que possibilitem conhecer cada vez melhor as relações entre os problemas de aprendizagem.

Assim como propiciar à criança um ambiente sensorialmente enriquecedor, causando, assim, um impacto cognitivo significativo sobre a criança. Por isso é tão importante que a educação seja ministrada em um ambiente saudável recheado de cores, músicas, exercícios corporais e mentais, dramatizações, jogos onde a criança, certamente, sentir-se-á bem. Este ambiente positivo será um estímulo para uma aprendizagem mais significativa.

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Bom saber:Algumas crianças com disgrafia possui

também uma disortográfica amontoando letras para esconder os erros ortográficos. Os pais e professores devem evitar repreender a criança. Reforçar o aluno de forma positiva sempre que conseguir realizar uma conquista. Na avaliação escolar dar mais ênfase à expressão oral.

Evitar o uso de canetas vermelhas na correção dos cadernos e provas. Conscientizar o aluno de seu problema e ajudá-lo de forma positiva.

Com os desleixos: usar jogos e brinquedos empregar preferencialmente os que contenham letras e palavras.

- Reforçar a aprendizagem visual com o uso de letras em alto relevo, com diferentes texturas e cores.

- Deve-se iniciar por leituras muito simples com livros atrativos, aumentando gradativamente conforme seu ritmo.

- Não exigir que faça avaliação de outra língua.

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Disortográfica: Estimular a memória visual através de quadros com letras do alfabeto, números, famílias silábicas. Não exigir que a criança escreva vinte vezes a palavra, pois isso de nada irá adiantar. Não reprimir a criança e sim auxiliá-la positivamente.      Segundo a ABDA, a psicoterapia indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental.  Informa ainda que o tratamento com fonoaudiólogos é recomendado onde existe simultaneamente Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortográfica).

O TDAH não é um problema de dificuldade de aprendizagem, porém o comportamento da criança atrapalha muito seu rendimento. O psicopedagogo poderá ajudá-lo a obter maior concentração através de jogos e outras técnicas.

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Para um tratamento adequado é importante um trabalho multidisciplinar envolvendo pais, professores e terapeutas. Deverá ser traçadas estratégias de como lidar com esta criança em casa, na escola e na clínica para que não haja distorções na maneira de lidar com ela.

Em casos mais graves a psicoterapia sozinha não resolve, sendo indicado o uso de medicamento. O medicamento deverá ser indicado pelo médico, mais provavelmente o psiquiatra. Muitos possuem efeitos colaterais, por isso é importante o acompanhamento médico para que ele mude se necessário.

Outras terapias alternativas como massagem, Yoga, meditação, Tai-chi-chuan, Liangong, Florais de Bach podem ser utilizadas com crianças maiores. Segundo relatos de professores, crianças submetidas a algumas destas terapias têm-se mostrado, mais calmas e mais concentradas.     Uma terapia psicomotricista também é importante para auxiliá-lo no desenvolvimento da coordenação viso-motora, obter maior noção espaço-temporal, a ter maior equilíbrio.

A escola poderá ajudar os alunos hiperativos já diagnosticados, traçando estratégias para que este aluno não se sinta entediado e não atrapalhe tanto as aulas, usar de regras, atividades interessantes, estratégias que leve a bons resultados.

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Fonte: www.dificuldadedaaprendizagem Blog Silvana Lima

Professora Sala de Recurso Dalva Alves Pereira Martins

Escola Municipal Higino Guerra

2013

O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e

com os humildes.(Cora Coralina)