A Castro - António Ferreira

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  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

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    Ir-

    A

    Castro

    '^

    }'

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  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

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    XVBl

    I

    CASTRO

    A.VrONIO

    KEkKElKA

    CONFORME

    A

    COIXO

    DB ISQS

    '$

    COIMBRA

    .9i5

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    CASTRO

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    Sm

    PMfvIra BoffM,

    II

    -

    Colabra-

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    7/136

    A

    CASTRO

    ANTNIO

    PCRRnRA

    CONFORMB

    A

    IDIXO

    DB

    laOS

    COIMBRA

    191S

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    8/136

    H>

    :

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    PRLOGO

    I

    OA

    CASTtO

    I

    MU

    SUBQflCAOO

    MA

    rrOLOO da

    UmATUIA rOKTVGOtSA

    Ser

    precito

    iuttificAr

    reimprcMlo

    da

    luMM

    obra t

    Aocoio

    Ferreira, que vem

    a

    obrememc

    enfileirar

    ao

    lado

    daa

    que

    cons-

    hmoi a

    oot cfrffffe

    S^ktUo

    jMm

    o

    ctfHo

    db

    Hitioria d Liirimr

    PrtmgmtaT

    Todoa

    quaotoa le tntercssam

    por

    este goero

    de eatudoa

    aabcm

    pcrfeitamenie

    o

    alto valor,

    o

    dgpuficado

    extraordinrio que na evolulo

    da

    aoaaa

    Uuratura,

    e

    nocDcadaoiente

    na

    dra-

    osaturgia portuguesa,

    traduz

    a

    obra

    do

    poeu

    em

    nnic

    ,

    qot

    te

    chamou

    Aniaio

    Ferreira.

    Mab de

    trenatoa

    t

    dncoen

    U aiioa

    volvidoa

    obre

    o

    aparecimento

    dessa

    obra

    ofo

    empana

    ram

    em

    nada nem

    o seu brilho, nem o

    seu

    merecimento.

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    VI

    Castro

    Trag

    dU

    O

    fundo de

    emofo

    que

    nos

    despertt

    aindi o

    mesmo

    que

    poderia

    despertar

    ruma

    inteligncia

    culta

    e

    delicada

    do

    sculo em que

    pela

    primeira

    vez

    surgiu

    luz

    da

    publicidade.

    A

    Castro,

    aparte

    o

    seu

    lado

    afectivo

    c

    icii-

    timental, que

    ser sempre

    idntico,

    quaisquer

    que

    sejam as

    vicissitudes das

    cousas

    e

    dti

    pessoas,

    porque assenta sobre o

    que

    estru-

    tural

    no

    pensamento e

    no

    corao,

    tem

    o

    destinto mento

    de ser a

    obra

    que

    iniciou,

    numa

    forma

    moderna

    e

    perfeita,

    cheia

    de

    con-

    ctso e

    de

    eloquncia,

    a serie

    dos

    numerosos

    poemas,

    dramas,

    romances,

    msicas,

    poesias

    soltas

    e

    contos,

    devidos

    inspirao

    de

    tantos

    autores

    nacionais

    e

    estranjeiros

    (i). A

    concisfio

    dos

    pensamentos

    junta

    elegncia

    de

    dizer

    revelase

    em

    cada

    scena

    da

    Castro,

    que

    por

    isso uma verdadeira

    obra

    prima

    na

    nos9a

    lite-

    ratura

    e

    uma

    das belas

    manif

    estacais

    do

    gnio

    da sua

    poca e

    da

    gerao

    artstica

    em

    que

    se

    filia.

    (i)

    Vejase

    a

    Nota un

    Intsiana

    da

    obra

    d Antaro

    da

    Figueiredo

    D.

    Pedro

    D. Mi,

    pg.

    3i

    i.

    Ustt

    organisada

    pelo

    deatinto

    eacritor

    teria

    precito

    agora

    acratceotar

    a

    foraaotit

    t

    ima

    conferencia

    realtiada

    oo

    clauttro

    do

    Motteiro

    dt

    Alcobaa

    Mi

    d

    Castro

    na

    pouia

    M

    /ufa,

    da

    Alnto

    Lopat

    Viaira, 191 S.

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    VII

    AFAncmnrro

    dm

    rtuonot bmaim

    DA TlACDU

    m

    HUA

    I

    FtAUA

    QiModo

    O

    oouo

    Poct

    empreendeu

    e

    levou

    a cabo a

    tua

    imoaa

    tragdia iniciava

    um

    fotro

    a qut

    perduraTclmenie

    ligaria

    o

    seu

    ooait.

    E

    eMa glria

    definitivameotc cooquia-

    tada^ 00010 pepumoa

    e

    o

    d

    ciB

    o

    na

    trarcmoa,

    para

    Portugal e

    E^antia, pde

    mesa

    esten-

    dcf-ac a

    ioda

    a

    Europa,

    ac

    a

    Sofim

    u

    b

    a

    de

    Triaaioo, nica que

    fiaputa a

    primaaia

    Cstro,

    fr

    avafiada

    como

    de

    dtrcico.

    Aa

    tenutiras para

    a

    crcaio do

    teatro

    mo-

    derno

    inidaramse

    oa Itlia

    e

    remooum

    a

    lar-

    go

    aiKM

    antea de

    Tnsaioo.

    Foi com

    efeito

    IMD

    pncuraor

    de

    Petrarca,

    Albertino

    MusMto

    (+

    >3t9)

    qacm

    ngnintl

    D

    cm

    ludo

    ia

    pJMdi

    de_

    mtor~

    latino

    deixou oito

    tragdias

    com-

    plccaa

    Hercula

    furem.

    Troada

    ou

    Hecub,

    Mtm,

    Pkatdra

    ou

    Hippol/iits,

    OeJtpus,

    Aga-

    wmmmM, Tkjratn

    e

    Heratla

    OHmm, alm

    da

    i

    n

    c

    o

    m

    p

    k

    tt Pkemme

    oa

    Tktknt, Imtadaa de

    fiQvOQCS

    C

    &I1biD8CICS

    MCSb

    OOfftS

    DCAIIB flBDiSO

    quem

    das

    doa

    scoa

    modelos.

    A

    narra^

    difusa

    e retrica, aa

    pcrsooigeoa

    tnd

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    Vni

    Castro

    Trif

    dte

    ceiot

    morais

    purssimos

    t

    variedade

    doa

    melros

    d ao

    verso

    vivacidade

    e

    harmonia

    (i).

    Estas qualidades

    que

    fizeram

    tomar que-

    ridos o

    nome

    e

    n obra de Sneca.

    E

    foi

    por

    \t

    e

    atravs

    dele

    que

    se

    fizeram

    todas

    as

    tentativas

    de

    adapta2o

    e

    de

    creao do

    teatro

    dos

    tempos

    modernos.

    So

    a

    principio

    meras

    iradu68f

    o

    latim a lingoa nica

    e exclusiva-

    mente

    empregada,

    sfio os

    temas

    os mesnnos.

    Dentro

    desse crculo

    de ferro

    giram

    todos

    oa

    autores

    que foram aparecendo

    sucessivamente

    desde

    os fins

    do

    sculo

    xv

    e

    por

    todo

    o

    sculo

    XVI.

    E,

    para

    nSo

    citar

    seno os

    princi-

    pais,

    Rucellai

    (i47S-iS3S) com a

    sua

    Rosmunda^

    que

    no

    senSo,

    no

    seu

    episdio

    principal,

    uma

    reminiscncia

    da Aniigone

    de

    Sfocles,

    e

    a

    OreteSt

    que uma lembrana da

    IJignia

    em

    Turide;

    c

    Alamani

    (149S-1SS6)

    com

    a sua

    Aniigone,

    que

    nSo

    passa

    duma traduo da

    obra do

    mesmo

    titulo

    de

    Sfocles;

    Pietro

    Aretino

    (1493-1532)

    com

    a sua

    Oraria;

    ainda

    Giambatiata

    Giraldi Cinzio

    (1

    304-1573)

    com

    a

    sua

    Orbecche;

    ,

    enfim,

    Trissino

    (1478-1330),

    o

    famoso

    autor

    da

    Sofattisba,

    que

    foi publicada

    em

    i3i3

    e

    que

    desde

    o

    seuapa-

    recimento chamava

    as

    atenis

    de

    todos os

    contemporneos

    (a).

    O

    verso ensecasilabo

    (1)

    Vid.

    minha introduo Historia

    a

    Uifratwrm

    Portugui$a,

    Coimbra,

    1911,

    pg.

    188.

    (i)

    Na

    Biblioteca

    da

    Lbboa

    ha a

    edifo

    de

    s

    ^

    .

    ^uc

    cootultai

    :

    La

    SofomUba

    D

    Trissmo.

    No fim :

    >/.;';.>-

    j/j

    Ir

    Vicmf

    par

    Tolamao iaaitmh,

    tl'ammo

    MDXXiX.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    13/136

    que

    dcrTava

    j

    dos

    trovadores

    e

    remoouva

    at

    Bninctto

    Latioi,

    OMSire de

    Dante,

    repr

    sentava

    uma

    fdtz iokiathra, de

    que Trsatao

    sentia

    bem

    lodo

    o

    arro)o.

    D

    cdkia

    do

    a soa

    obra ao

    PootiAcc

    Lifo

    X

    (i) espera

    que

    le

    dar o

    seu

    )usto valor

    a esse

    vcrio, tcndo-o

    como

    o

    melhor

    e

    o

    mais

    nobre, e

    memo$

    fcil

    do

    que

    pnnnetra

    mu se afigura

    (i).

    A

    obra

    era

    compoau em

    itmiiamo

    t

    esse

    facto

    traduia em

    si

    um

    p

    to

    y

    e

    aao enorme.

    O

    mrito

    de

    reconhecer qoe

    oova

    dvilizalo

    espen-

    dida

    oo teatro

    era

    prcdso

    acomodar

    um

    Im

    foa

    moderna

    vinha

    a

    caber-lh

    por

    completo.

    Dante tambcm cooMara

    por

    compor

    em

    latim

    oa

    prmeiroa

    tercetos

    da

    sua genial

    epo-

    peia.

    Maa TrsaiDO nio compreendeu todo

    o

    alcance

    das

    novas evohiflb

    dramticas

    e, ae

    espunge

    o

    latim,

    conserva

    ainda

    um

    assunto

    aotifo

    aitranlin

    aloM

    c

    curiosidade

    doa

    acua

    cooddadfoa.

    S

    ofe

    o

    iba^ rainha

    da Nonl

    dia,

    molher de

    Sifai

    e

    depois

    de

    Maasnima,

    sacrificada

    a

    glria

    de

    Roma.

    Scipifo

    receisndo

    as

    auaa

    imrigas

    iunto

    do

    marido,

    aliado

    doa

    romanos,

    ailhe

    perder

    todo

    6aae ascendeiNe

    c

    a

    rainha

    prefere

    vergonha

    de

    ser escrava,

    (i)

    A

    dadkstris

    i

    faiifUiM

    Nmtro Stgmrw

    P^

    Lomt

    IVrmio

    Gaifm

    Gmgim

    T^hm

    Mm ao

    t%a

    mteltt

    gitrw,

    Bthmm Pmn,

    JMM0

    mmm

    trmgtim,

    ti tmi

    Mtlo

    Spmt^..,

    (a)

    k Boickhafdi,

    La

    tiptltunmm

    m

    itit

    mu

    ttmpt

    t

    U

    itiarf

    II, a,

    3r

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    14/136

    X

    Cuiro

    Traf(4U

    entrtndo

    ni

    capitai

    do

    imprio

    atrs do

    triun-

    fador,

    a

    altiva- coragem

    de

    empunhar

    a

    taa

    do

    veneno e

    de

    se

    matar

    (i).

    O

    assunto

    tinha

    grandeza,

    no

    ha

    dvida,

    e o

    conflicto

    doa

    caracteres

    opostos

    e

    dos

    episdios

    de

    duas

    civilizais

    inimigas

    era

    para

    tenur

    um

    espi-

    rito

    de eleiio,

    e

    tanto que

    ie

    foi ainda

    reto-

    mado,

    s

    na

    literatura

    francesa

    e

    em

    pocas

    bem

    diferentes,

    por Maret

    (1629),

    Corneille

    (i663)

    e

    Voltoire

    (1770).

    Onde

    fora Trssino

    buscar as

    personagens

    da

    sua

    tragdia? A

    obra

    de Tito-Livio.

    K se

    o

    assunto era

    assim

    fornecido

    pelo

    historiador

    latino,

    a

    estrutura

    da

    obra,

    a

    sua

    marcha,

    a

    conduta das

    personagens,

    os

    dilogos

    e

    coroa

    eram

    todos tirados dos

    triicos

    gregos.

    Era

    uma

    ingenhosissima demonstraio

    do

    meca-

    nismo

    do

    teatro,

    diz Hauvette,

    a

    que s

    fal-

    tava uma

    alma

    (2).

    O

    que

    sucedera

    em

    Itlia

    sucedeu

    identica-

    mente

    em Frana.

    Os

    primeiros

    que

    empreen-

    deram

    imitar os

    dramas latinos

    imitaram-nos

    at no

    seu idioma,

    escreve Chassang.

    A

    esta

    imitafio veio

    mais

    tarde

    juntar-se

    a

    represen-

    tao dos

    prprios

    modelos, desempenhados

    a

    principio

    na sua

    lingoa

    original,

    e

    mais

    tarde

    em

    versis feitas na

    lingoa

    vulgar

    (3).

    De

    sorte

    (I)

    H.

    Hauvette,

    IMt.

    Iialieime,

    1910,

    pg.

    s5a

    (s) M^

    pg.

    s5o.

    (3)

    Dn Essais

    drmmatfum

    bmiti

    d* l'amtifuit aux

    XJV*

    H

    XV*

    siides,

    tioL

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    15/136

    XI

    que quando

    aptreceram a

    tragdias

    de

    Jodelle

    c

    La

    Perou

    um

    largo

    periodo

    havia

    j

    traoa-

    orndo

    de

    tentativaa

    c

    de

    eiperendat

    que

    prepararam

    o

    advento

    das

    formas dramticaa

    rcguiafca

    (i).

    At

    primeiras tragdias francesas

    foram

    tradu&a,

    depob

    vieram as

    imitaflb,

    mata

    urde

    alfooi

    emak

    origDais

    e

    eb

    iodo

    o

    teatro trgico

    do

    sculo

    xvi,

    diz

    Faguet.

    E*

    JodcUt qocm marca

    b

    rilhaiinmcnte

    o in-

    cio

    o

    nwv

    i

    m

    en

    io

    de reoovaio,

    como cm

    Itlia

    SIDO.

    A

    sua

    CMpatra

    de

    iSSi

    aeguida

    alguns

    depois

    de

    Dido,

    Em i5S3

    apareceu

    a

    de

    La

    Peroosc.

    O

    impulso

    csura

    dado.

    Era

    dai

    por

    deante

    procurar a

    corrente

    duodo-se conduzir por

    ela,

    destacando

    cada

    qual

    na

    forma de exforo

    pessoal

    que

    podesse

    dispender,

    at

    chegar

    poca gloroaa da tra-

    gdia

    francesa

    com

    Comeille

    e

    Racine.

    Mas

    Bcataa

    alturaa

    a

    qoe

    s

    oa

    genioa

    remontam

    ofo

    ac devem

    oooca

    e

    sq

    ccf

    oa qtie

    aodami

    a

    subir tam

    alto,

    como um

    Buchanan

    (por

    1S40)

    com aa

    soaa tragdias latisaa,

    um

    Muret

    com a sua JuU Cmar, tambm

    em

    latim,

    e

    at

    o

    telogo

    Teodoro

    de Beza com

    o

    Abrkmm

    iHami,

    em

    francs, do ano

    de

    1S47.

    O)

    Cap.

    II

    Pnoitori

    nab

    :

    Im

    wm

    tm.

    FagMt,

    U

    T>mg^

    Jnmaimm

    XVitlek,

    Parti,

    191a,

    pg.

    L

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    16/136

    Xn

    Castro

    TragadU

    III

    A

    INICIAO

    DA

    TRAGDIA EM

    PORTUGAL

    Portugal

    tambm

    pagava

    o

    seu

    tributo

    influncia

    latinizante,

    e

    antes

    que

    as

    estrofes

    da Castro

    surgissem

    na

    sua

    estrutura

    martTi-

    IboM, muitas

    tentativas,

    melhor

    ou peior

    suce*

    didas,

    deveriam

    ser

    feitas.

    C

    verificamos

    a

    mesma

    marcha

    j

    observada

    nas

    paes

    que

    nos

    precederam

    ;

    primeiro

    as traduis

    e

    imiu-

    is,

    at

    chegarmos

    forma

    autnoma

    da

    CUpatra

    de Miranda,

    talvez,

    e

    Castro

    de

    Ferreira,

    com

    certeza.

    Por

    Azurara

    e

    Rui

    de

    Pina

    sabemos

    dalguns

    dos

    livros

    que formavam

    a

    livraria de

    D.

    Afonso

    V

    (i) e

    l

    vemos

    figurarem

    entre

    eles

    as

    tragdias

    Fedra

    e

    Hiplito

    de

    Sneca,

    que

    era

    um

    dos

    mestres

    da scena

    antiga

    mais vul-

    garizado

    entre

    os

    humanistas,

    como

    dissemos.

    Proximan)ente

    pela

    mesma

    poca

    em que na

    mente de

    Ferreira

    se

    debuxava

    a

    Castro,

    apa-

    recia

    em

    Lisboa

    em

    tSS5

    a traduo

    duma

    das

    tragdias

    de

    Esquilo

    (2)

    empreendida

    por

    Hcn-

    (1)

    Cfir.

    5ouM

    VittrbOfil

    Lhrrirttnfteiaimmt

    ma

    rnmado

    *

    D.

    Manoel,

    Lisboa,

    1901.

    (3)

    E nio

    de

    Sfodaa.

    A

    Ocsfia

    trilogia do

    faonao

    sqoilo

    rompfaaadando

    A

    ga

    mtm

    m

    om,

    Cko-

    fkormi

    EwmmUtt.

    O

    trecho

    transcrito

    no

    '

    la

    dos

    distrts

    dos

    ttulos,

    elucida

    esu

    esmtu^...^

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    17/136

    rif)OC

    Aves

    ViCtOfw

    -*

    IfgWdi

    m

    PUtfft^

    qim

    fof

    A*^'

    '^^

    '

    mortt

    dei Rejr

    A

    g

    m

    m

    oH.

    Agora

    moi^amtml

    tirada

    do

    Grego

    em

    Imgoa-

    gtm:

    fi^DMiiii

    por

    Amriqae

    Ajrm

    Vidaria.

    gnga.

    Agora

    tegama m^

    imprena

    e

    emem-

    aa e

    amkadida

    pelo

    mesmo

    autor.

    No

    verto do rctto

    e

    im

    alto da

    pgina:

    c

    Comea

    a

    tragedia

    de

    Orestes

    tirada

    de

    grego

    em

    Rom

    an

    ce

    trimada

    por

    Amrriqwe

    Ar-

    rei

    Victoria,

    natural

    do

    porto

    e

    derrigida

    a

    mmy

    maaijka

    emkora

    doma

    VioUmif

    de

    Ta-

    morm

    .

    No

    fim

    traz

    a

    aabacrio:

    A^Jemct

    a

    Tragedia d

    Ore%tes. .

    Fojr

    impressa

    na

    mmy

    nobre

    e

    sempre

    leal cidade de

    Lixboa

    por

    JemSo

    Galhardo.

    .

    Acahoou

    aot

    VI

    dias

    d*

    No

    rn

    ro

    do

    mil

    e

    q

    u

    in

    kintm e

    ncoenia

    e

    ciaeo

    amos

    .

    De

    Inocncio,

    o

    laborioto btbli-

    ilo,

    cnrataiDoa a

    acena

    i

    .*

    para

    ae

    faxer id

    dcata originria itotatva

    dratntica

    tam

    inierct-

    aante

    para a

    ooaaa

    htatria

    da

    liuratura (i):

    qm

    mH*

    focil a

    aio

    datu

    rpa

    r

    por

    parta

    da

    aotoraa

    aoionsadoa

    ( )

    Dke.

    BM

    .

    m,

    i^

    eoda m podam Mr

    ooirag

    par>

    riealaridadta.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    18/136

    XIV

    CMiro

    Triftdit

    Uttt

    dtMjot

    acabado*,

    M|oUa

    gram

    cidad,

    qtM

    outra

    parta

    vaa,

    ba

    Argnot

    da

    aotaguidade

    a

    da

    granda

    potattada,

    a olha

    c

    ho

    raves

    :

    E

    Tcrat

    hOa

    etpaaaura

    por

    esta

    parte

    estar

    soo,

    que

    ha

    o

    bosque

    de

    lo,

    qoa

    cobrou

    tua

    figura,

    no

    NOa

    feito

    da

    poo.

    a

    a

    tua

    esquerda

    mio

    aparecem

    bQs

    edificioa,

    honde

    os

    sacerdotes

    vo

    dApollo,

    com

    deuaam,

    a

    fater

    seus

    sacrifcios.

    Reconhece,

    pois,

    agora

    a

    cidade

    de

    Micenas,

    oode

    a

    tua

    alma

    mora,

    e

    descancem

    nesta

    hora

    tuas

    fadigas

    e

    penas.

    Porque

    esta

    he

    aquella,

    onde

    os

    teus

    pensamentos

    sempre

    tinhas

    sem

    cautela,

    e

    pois

    te

    ves

    a

    par

    delia

    acabem

    j

    teus

    tormentos.

    E

    aqui

    fostci

    liurado

    por

    Elecha,

    ifmia

    tua,

    daquelle

    tredor

    maluado,

    de

    Egisto

    reprouado

    qua

    M

    dera

    morte

    crua . .

    Passados

    poucos

    anos,

    em

    i56o,

    foram

    tam-

    bm

    impressas

    em

    Lisboa

    por Joo

    Barreira

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    19/136

    IVloiD

    XV

    ts

    tradudb do Htrada

    /Wrrm

    e

    da

    AMm

    dt

    Scocca.

    e

    Joio

    de

    Barrot na

    Rpica

    cha

    algn-

    maa

    outras tragdias

    do

    ineaiDO

    autor. Maa

    lodaa

    estas

    tentativas

    iao)

    ser

    suplanudas

    pela

    obra

    dt

    Amnio

    Ferreira,

    que tpartccu

    pela

    p

    riai

    eifa vci

    cm

    i S87, onze

    aooa amta

    da

    cdi

    io das

    suas

    obras

    completas. Com efeito,

    oiaa

    loram

    publicadaa

    pstumas merc das

    dtHgDCtaa

    de seu

    filho

    Miguel

    Leite

    Ferreira.

    Saram

    com cate

    titulo

    Poema

    LuntatiM

    do Doutor

    Antnio Fer-

    rtrm Arficaiot

    por

    srw

    /iho

    Mipitl Late

    Fer-

    rdrt

    o

    Primpe

    D.

    Filippe

    ono

    Semkor,

    Liaboa,

    por Pedro

    Craesbeck,

    ibgS,

    4.*

    de iv

    140

    As.

    numeradas

    s

    pela frente.

    Ora

    a

    data

    da

    morte

    do

    insigne poeta,

    tida

    como

    incontroversa

    por

    todos

    os bigrafos,

    o

    ano I

    SO9.

    Ha por conseguinte

    um

    longo perodo

    de

    vinte

    e

    nove

    aooa

    aotes

    que

    apareoeaacm

    a

    lume

    excmplarca

    tam

    hopraoa doma

    bela

    ia.

    Porqu ? Eis

    o

    que naturalmente

    saberemoa.

    Foi o

    filho

    quem

    publicou

    aa

    obras

    do

    Pai

    como

    se

    v

    acima. Na

    dcdicairia,

    que

    tem a dau

    de

    iS

    de maio

    de^JS^

    declara

    Eite

    Itpro

    estere

    por

    espao

    e

    qumremi

    amos, ami

    em

    vida

    de

    amr

    pm,

    como

    depois

    do

    sem

    /hitoaawio,

    ojkrwcido

    por

    we^es a

    te

    imprimir,

    e

    sem

    te

    entender

    a cansa

    qne

    o impedisse,

    na

    onve

    tffeito

    .

    Isto

    absolutamente

    exacto,

    porque

    o

    Sooeto

    prkneiro

    da

    bela

    colcc^

    do Poeta

    diz

    o se-

    giote:

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    20/136

    XVI

    Cmito

    Traftdte

    Livro,

    lui

    dMiai, mtl

    t'eof(ant

    Quanto

    melhor

    %tr

    dtotro

    em

    ttu

    muro

    Quieto

    e

    humilde

    ttar.

    indeque escuro,

    Onde

    ningum

    t'empee,

    ningum

    denat

    I

    Sufdtas

    enpre

    lo ttmpo obras humanas

    Co

    a

    oovidada apraaam,

    logo

    a

    duro

    dio

    a

    daspreso

    ficam :

    anu

    o

    seguro

    Silencio,

    fuge

    o

    povo,

    e

    mios

    profanas.

    Ah,

    nio te

    posso

    ter t deixa ir

    comprindo

    Primeiro lua idade

    ;

    quem te

    move

    Te

    defenda

    do tempo e de

    seus

    danos.

    Dirs

    que

    a

    pezar meu foite

    fugindo.

    Reinando

    Sebastio,

    Ret

    de

    quatro annos

    Anno

    eincoenta e

    sete

    :

    eu vinte

    e

    nove.

    Contava,

    por

    conseguinte,

    o

    Poeta vinte

    e

    nove anos

    quando tinha

    pronta

    para

    a

    inapres-

    alo

    uma

    parte

    da sua obra.

    No

    que

    le

    aspirasse

    com entusiasmo nem

    sequer

    com

    muito contentamento

    a

    vela

    im-

    pressa.

    Do

    soneto

    transparece bem

    evidncia

    que

    le

    preferia

    conservar as

    suas

    composi

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    21/136

    HrwQgo XVV

    de

    poetar,

    de

    fcrvorotot

    admiradorct do bdo.

    E

    Femira

    raaigoa

    ac,

    como

    o

    iodicani

    clara-

    meou oa tcrcctot

    acima

    tranacrioa.

    Embora

    a coato, cooaente oa

    publica^io

    do

    que

    j

    havia

    coopoaio

    c era

    amenie apreciado

    oo

    drcoto

    doa acua adoBiradorca.

    Aqudc

    fiMM

    t

    mam

    icnctra

    a

    rdutloda

    do

    Pu

    e

    a

    ua

    obra

    ia

    finalmente

    ver a

    luz

    pblica.

    Mio

    anccdctt,

    porm, aaaim.

    Ferreira vtveu

    deade i5S7, data

    fiiada

    por

    le ao

    que

    acima fica,

    doze

    aooa, pob

    veio

    a

    falecer

    em

    iS6.

    Que

    teria

    aobrevmdo

    que impedin a pobii-

    otyin,

    alia

    reaohrida,

    pobBfi^

    qot

    nio

    a

    ^

    olo vio,

    mas

    denrMrou

    ainda

    o larguiasinK>

    pcfiodo

    de vinte

    e nove

    aooa,

    poia

    a em

    1S98,

    Anal,

    ac

    quebrou

    o misterioao

    encanto

    do

    rilfocio

    r

    Aquele que esuva

    em

    melhores

    condies

    de

    00a

    preau*

    alfMot

    cadaraoHDioa nfo

    o

    fez,

    porque

    o alo tonbu,

    ou

    ofo qnb.

    Stm

    m

    tntmdtr

    m

    cuuM.

    .

    c

    nada

    mais

    acrescenta,

    oem

    sequer,

    que

    (tet,

    mero titulo cooje-

    tural.

    Decerto, ncaac ano

    de

    1S57 nlo

    esuva

    Marrada a

    actividade

    potica de

    Ferreira.

    Oa

    doze aooa

    qnt ioda

    viftu

    facain

    preaodri*

    doa

    liicrriaiDcou

    pela

    fomp

    oa

    ii

    o

    lavor

    dot

    doa

    bvroa

    de Carts

    e

    pelas

    i^iiiWgj,

    seolo

    a

    sua

    mdbor

    obfB

    aparte

    a

    trafdta

    ~

    ver-

    dadeiro

    pmmcimm

    mlitm da tudo

    quaato

    escre-

    veu

    decerto,

    pelo

    oiCDoa,

    a

    mais

    reflectida.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    22/136

    XVni

    CMtro

    Tragtdla

    t

    mait

    ponderada,

    a mais

    subtil,

    a

    que

    encerra

    maior

    intensidade

    filosfica.

    Sabe-se

    que

    Fer-

    reira

    morreu novo,

    com

    43

    anoa de

    edade.

    A

    sua

    produo

    literria

    no

    podia,

    pois,

    ser abundante, o

    que

    no

    admira,

    quando

    a

    comparamos

    com

    a

    dos

    seus

    admiradores

    e

    amigos

    Miranda,

    Caminha

    c

    Bernardes,

    pois

    esses

    lograram

    maia dilatados

    anos de

    vida,

    sobretudo

    o mavioso

    cantor

    do

    Lima,

    que

    morreu

    octogenrio,

    c afinal

    nenhum

    deles

    se

    pde dizer modelo

    e exemplar

    de

    acfo

    intensa extraordinria.

    Essa

    actividade

    de Ferreira foi ainda

    des-

    viada

    para

    o

    exerccio

    do

    cargo

    de

    Desembargo

    do

    Pao

    e, afinal,

    abruptamente

    cortada

    pela

    morte sobrevinda,

    na

    cidade

    de

    Lisboa,

    com

    a

    epidemia

    do

    ano

    de

    1569,

    que

    tudo devorara,

    ajuntando

    Ose,

    diz

    o

    seu

    antigo

    bigrafo,

    aos

    outros

    muitos

    estragos

    com que

    a

    assolava

    (1).

    Muito temos

    que

    agradecer

    memria

    de

    Miguel Leite

    Ferreira,

    que salvou o

    nome de

    seu pai

    de

    quase eterno

    esquecimento,

    que

    doutra forma

    ficaria

    memorado

    apenas

    nas

    obras

    com

    que o encomiaram,

    agora

    o sabe-

    mos

    com toda

    a

    razo,

    os

    estros

    de

    S

    de

    Miranda,

    Pedro

    de

    Andrade

    Caminha,

    Diogo

    Bernardes,

    Corte-Real

    e outros.

    (1)

    N

    .

    fcDpressfo dot Foems

    Lusitanot.

    I.Uboa,

    ifBCCLasi,

    pg.

    at.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    23/136

    ivi

    opo

    xnc

    Ao

    vr

    o primeiro

    duirikr

    lhe

    ngnko

    prom-

    po

    twr9f

    ao

    vr

    CamtnhA

    cborlo

    omdo

    rttrate

    l

    da

    idadt

    ao mediur

    nas

    palavra

    de

    Bernardes,

    que

    o

    apelida

    de

    imgnko

    ptregrimo,

    de

    Sbita

    da

    Ltmimi,

    ao

    rememorar

    o

    soneto

    de

    Corte-

    Real, em

    que

    %c

    lhe

    dirse

    como

    atrbuirtamoa

    loosamioidade de pous,

    que

    entre

    ai

    adlmciiie

    se

    ioclinavan

    no

    pendor

    o

    dogio,

    aquilo

    qoc olo era

    seoio um

    justo

    preito ao Mestre advertido,

    ao critico

    j

    udicioaD

    c

    abio,

    ao poeta de aiei6ia

    tcmaa

    c

    suaves,

    coo o Ktnm oa

    aeoa

    sonetos, as

    auaa

    elegias,

    odes,

    glogas cartaa,

    e

    de

    inspira-

    fio

    akvanuda

    e

    doqucnte,

    que

    vinculou

    cm

    Ictraa

    de

    brooxc

    c

    ooro

    oa

    poruda

    da Castro

    o sen

    nome

    de

    autor insoredonra

    mente or>

    ginal.

    Maa icna

    sido a

    edi^o

    de i^b, qoc dcua*

    OMM

    acima

    mencionada,

    a primeira

    qm

    rvloii

    o

    pMieo

    o

    cttro

    do

    Pou

    ?

    Na

    aua

    totali-

    dade

    oio ha

    dttvida

    qot

    foi,

    OMa

    no

    ae pde

    afirmar o

    mcaom pito

    qot

    rcap tita,

    peto

    me-

    nos, a uma

    daa

    auaa

    obras

    a

    Outro,

    poia

    desta

    lenaos a seguinte

    edi^lo

    Tragedia

    1

    itmjr

    wtd

    e

    tU

    \

    gtttdeJJomm

    Imes

    de

    OiMtro a^uai

    fay

    rtprt

    \

    ttnid

    nm

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    24/136

    XX

    CMiro

    Triftdto

    cuUuie 4i

    Coimbr

    '\

    agora

    noifomenle acm-

    centada.

    (

    Vinhett

    )

    Impresu

    com

    licena

    por

    Manoel

    de

    Lira

    de tSSj.

    8.*

    pequeno,

    de 3i

    fls. inum.

    O

    nico

    exemplar

    conhecido

    desta

    ediio,

    estudado

    e

    confrontado

    com

    os

    da

    ediSo

    de

    1S98,

    permitio

    ao

    sr.

    Visconde de

    Castilho

    no

    seu

    magnifico

    trabalho

    sobre

    o

    Poeta

    afir-

    mar

    com

    toda

    a

    razfo

    .

    Entre

    esses exemplares

    ha grande

    diferena,

    c

    ha

    mais

    mestria no

    de

    1S98,

    o

    que

    mostra que

    esse

    cdice

    conservado

    em

    casa

    do

    Poeta

    era

    o

    que

    ele

    perfilhava

    e

    onde

    a

    sua

    lima teria

    trabalhado

    com man

    eficcia

    (1).

    Temos,

    portanto,

    que

    a edio

    de

    1398,

    organizada,

    dirigida

    e

    publicada

    pelo

    filho

    do

    Poeta, perto

    de trirta

    anos

    depois

    da

    mone de

    seu

    pai,

    se

    nfio

    a

    mais

    antiga,

    evidente-

    mente

    a

    mais

    autorizada

    e a

    que por

    isso

    deve

    ser

    dada como

    o

    texto

    definitivo.

    (t)

    Uvrari Clitk,

    vola. XHsm.

    Cfr. o

    voL

    i.,

    pf.su.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    25/136

    Pro0

    XXI

    IV

    A

    mu

    LACMMOfA

    M BIBMVDIZ

    tmnjUMttm

    m

    nJUuo

    da

    castbo

    Eoireuoto que a pedra

    tumular

    fechava

    pan

    SMDpfe

    o

    cklo

    da

    iainci

    a do

    aaotidis-

    aimo

    catrior

    t

    qut a

    m-rina cataadJa ainda

    por

    aAtrc

    ela

    o

    pcaado

    vo

    do esquecimento,

    aparecia

    em

    Etpanlia a

    aeguinte

    edilo:

    Pritmeras

    tragediai

    ttp/ioi

    dt

    Amouo

    da

    Silp.

    Dirigid

    ai lMtrmimo ar4or

    dom

    Ftnumdo

    Rujrx

    dt

    Castro

    r

    Andrade

    primo-

    gmlio

    UKt

    M

    U

    or

    tm

    lot

    estados

    do

    Lemos,

    Alterada,

    y

    Sorria

    y

    Villatra,

    Qm priptlo-

    gu>.

    Impressas em

    Madrid

    em casa de

    Fram-

    dso

    Samckei

    iiiyi

    impi

    .

    AMode

    MDLXXV.

    S.*

    de

    VUl^iHMKBCfadasVio

    folha*

    nume-

    radas oa

    frantCt

    e

    msh uma

    oo

    fim

    com

    a

    designalo

    da

    tmpresslo e ano (i).

    Antnio

    da

    Silva

    nfo

    era

    acnio

    o

    pseudnimo

    de Frd

    Jernimo Bcnnodct,

    natural

    s

    Galiza

    e

    reli-

    gioao

    d

    o

    t

    i

    nic

    a

    fw

    ,

    naactdo,

    segundo

    a

    opinilo

    do

    coladonador

    do

    El

    Parnaso

    EspaUol depoia

    do

    ano

    de

    i

    b3o

    e

    que

    ainda

    riria

    em i S89.

    (I)

    ifas

    laoa,

    Dkc

    BM.,

    1,

    S04 Oalarda,

    Emsois e

    mm

    BlL

    Espoola,

    voL

    i.*,

    Madrid,

    1866.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    26/136

    XXn

    Ctttfo

    -

    Trmdfa

    A

    obra

    de

    Bermudez aparecia assim

    le{

    anot

    antes que

    visse

    a

    luz

    pblica

    a

    obra de Ferreira,

    e

    talvez

    esse

    grosseiro

    cmputo

    levasse

    alguns

    a

    falar

    em

    plgio,

    sem

    se

    lembrarem

    de que

    o

    nosso

    autor tinha morrido havia oi7o

    anos

    quando

    a

    Nise

    lacrimosa

    vinha estadear

    a

    descaradssima

    imitao da tragedia portu-

    guesa.

    Imitao,

    melhor

    diremos

    cpia,

    e

    cpia

    servil,

    que

    chega

    s

    mesmas frases,

    s

    mesmissimas

    palavras,

    alm

    de

    no haver

    em

    toda

    a obra

    espanhola

    uma scena,

    um trecho,

    um

    episdio, que possa

    reputar-se

    original.

    O

    confronto

    j

    foi

    feito

    de principio com

    suficiente

    nitidez

    por

    Costa

    e

    Silva

    para

    que

    seja

    neces-

    srio repeti-lo

    aqui

    de

    novo.

    Para

    elucidao

    do

    leitor,

    quem

    a

    consulta

    do

    Ensaio

    Biogrfico-

    critico no seja

    fcil,

    poremos

    aqui

    apenas alguns trechos da

    obra

    de

    Ferreira,

    em

    frente

    daqueles

    sobre

    os

    quais

    Bermudez

    calcou

    servilmente

    os

    seua

    (i).

    Logo

    de

    comeo

    a

    obra

    espanhola

    se denun-

    cia,

    abrindo

    por um

    fastidioso

    e

    difuso

    rgu-

    mtnto

    em

    prosa,

    explicando o

    factum

    da

    tra-

    gedia, que no

    existe na

    obra de

    Ferreira.

    O

    autor

    espanhol compreendeu que

    era

    necessrio

    explicar

    aos

    seus

    leitores

    o

    facto

    histrico

    que

    motivara

    o

    seu

    trabalho,

    e

    expi-o

    como a

    (i)

    Sirvo-

    me da

    reprodulo qu

    vem

    no

    voL i.*

    de

    Origmn

    Jcl

    TMlra

    EtfM

    gtgmoi t

    mm eoicm

    9$eogidm t

    pi*fs

    Somticas

    atteriorn

    Lop

    4*

    Vtgm

    por

    dom

    L. F. t

    Moratin

    com

    %m

    pmdict

    for

    om

    E,

    Ockoa,

    Paris,

    s. a.,

    pgg.

    3i4*356.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    27/136

    xxm

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    28/136

    XAIY

    Catiro

    Trtg

    tdia

    toda

    luz

    no decurso

    da

    obra.

    Logo

    na

    acena

    i.*

    do

    i.*

    acto,

    Bermudez

    introduz

    a

    falar

    o Infante

    D.

    Pedro

    que,

    em monlogo

    que

    nio

    conta menos

    de ctnio

    e

    trinta

    e

    seit

    endecasilaboa,

    assim

    comea

    a

    expor

    a tua

    paixo

    por Ins de

    Castro

    Otro

    cielo,

    otro

    ol,

    me

    pirece

    ete,

    Del

    qu goMba

    yo

    tcreno

    j

    claro

    Alli

    de

    donde

    vengo

    ;

    ay, tritie

    ciclo.

    Como

    en

    ri

    veo cl

    trance

    de mia

    hadoa

    I

    Ay

    que

    donde

    non

    vco

    aquellet

    o)oa

    Que alumbran

    esioi mios, cuanto veo

    Ma

    pone

    horror

    y

    grima,

    y

    se

    me

    antoja

    Ma

    triste

    que

    la

    noche,

    y

    mis

    escura

    All

    (

    ay

    dolor

    I

    )

    los de)o, all en Coimbra,

    AIK

    tan claro

    es todo, que aun la

    noche

    Ms

    dia

    me

    parece que

    de

    dia

    O

    que

    cm

    Bermudez

    incio,

    em

    Ferreira

    quase

    o

    fecho

    do

    drama.

    O

    fim

    da

    catstrofe

    presente-se

    prximo

    quando,

    ao abrir

    o

    S.* acto,

    o Infante

    exclama

    Outro

    ceo, outro

    sol

    me parece

    este

    DifTereote daquelle,

    que

    l

    deio

    Douda

    parti, aaaia

    daro,

    e

    mais

    fermoso.

    Onda

    nfo rasplandacan

    os dous

    claros

    Olhos

    da

    minha

    lui,

    tudo be

    escuro.

    Aquelle

    he

    s

    rmu

    sol,

    a minha

    estrella.

    Mais

    clara,

    maia

    fermota,

    mats lutente

    Que Venu,

    quando

    mais

    clara

    se

    mostra.

    I>aquelles

    olhos

    salumia

    a

    terra,

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    29/136

    XXV

    Td

    M IM Ml

    ckra.

    ^M

    l

    Tenu o

    Sccreuno

    ditauadir

    D.

    Pedro

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    30/136

    XXVI

    t^aitro

    -^

    i

    rtSfOl

    CocD

    qtM

    HM

    vtjo,

    v|o

    que

    o

    qu

    fao,

    NSo

    he

    tamanho

    mal.

    coom

    vt

    vadM.

    Ku

    no

    fao

    erro

    alguiD

    *.

    sigo

    o

    qua

    o

    sprilO

    Me

    du,

    e

    me

    revela,

    a

    quem

    eu

    creo

    Cos

    Prncipe

    tem

    Deot

    outro*

    segredos.

    Que vo

    niio

    alcanaet,

    e

    como

    cego

    Nos

    juiiot

    erraes

    de

    seu

    misteros.

    Olhay

    eta

    molhar,

    vede

    o

    que

    ha

    oalla.

    IVum

    sangue

    no formou

    a

    natureta

    :

    Real

    he,

    de

    Reys

    vem,

    de

    Reys

    he

    digna.

    No

    acio

    2.*

    a mesma

    cpia

    servil.

    Antnio

    Ferreira

    escreveu

    pondo

    na

    boca de

    D.

    Afonso

    IV:

    Oh

    cetro rico,

    quem

    te

    nlo conhece.

    Como

    fermoso,

    e belio I

    e

    qu| soubeaae

    Ben

    quan

    differtote

    s

    do

    que

    prometei.

    Neste

    chio

    que te

    achasse,

    quereria

    Pitar-ta

    antes

    cos

    ps,

    que levantar-

    te.

    Nto louvo, os

    que se

    louvam por

    imprios.

    A ferro,

    sangue,

    e

    fogo destruyrem,

    O

    seu

    prprio

    esteodeodo

    :

    mas

    aquellea

    (

    O

    grandeza

    espantosa,

    e animo livre

    Que

    teado-o

    muito

    grandes,

    os

    deixaram.

    Mr

    altexa,

    e

    mr

    animo

    he

    as grandesas

    Desprezar, que aceitar

    : e

    mais

    seguro

    A si

    cada

    hum

    reger,

    que o

    mundo todo

    O

    resplaodor

    deste

    ouro nos engana.

    E

    he

    terra

    em

    fim,

    e

    terra

    a

    mais pesada

    De hOa

    alta

    fortaleza estamos

    sempre

    Postos

    por ataiayas

    fortuna

    :

    Por

    escudos

    do

    povo,

    offerecidos

    A receber

    seus

    golpes

    ; nio

    fazl*lo

    He

    usar

    mal do

    cetro,

    e

    bem faal-lo

    He

    nio

    ter

    vida

    mais segura, e

    cert|.

    Que

    quanto

    estes

    perigos

    nio

    protoetem.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    31/136

    E

    loo

    Bcrmudct

    te

    apropriou

    de

    tu^

    etcre-

    rtoo:

    AqvkanoM

    coooca

    psr^M

    ctorttti

    QalMi

    viiM

    lia

    pMidO

    y

    da Miolot,

    Coan

    oiro

    d lo

    qat

    partOM

    ttat;

    GoMo m

    0Mt Mlo ^oo

    W

    botbM

    AoM

    dtfaria

    coo

    lo*

    pi

    hoHtru,

    Qm

    loTaotOfftt

    d4l

    aooca

    yo

    bbo

    A lot

    oy

    altbodo*

    df

    %

    cettt

    Dt

    MOfra

    ^M,

    iapwiot

    doMrvyroc,

    Por

    Mttodir

    ti propio; otot

    lo

    AomIUm

    ooc

    coo

    4tt*iff*f

    critlitoo

    XOfllMldO

    fttlM

    H

    ,

    tH^Kttftt

    los

    Mayor

    fraodoa

    4o

    oisK)

    Dwprtdar

    qo

    aceur,

    y

    ois

    Mguro.

    Q

    rotpUoiSor,

    dei

    nuodo oot

    doslooBhra

    T t*

    tkrra

    1

    cbo,

    y

    tkrra aoy

    p

    po

    wmt

    loT4a

    ai

    Mfora

    D

    lo

    qoo

    los

    poUgro*

    oot

    prooMtto.

    O

    acto

    fecha com

    a

    tntenreolo

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    32/136

    XXVUI

    Castro

    Trigtdfe

    Qtiam

    pouc

    vcm

    vimos

    Tardtr grf

    justia

    Qu

    nio

    daacaaaa

    sobre

    Aquallas

    livras

    Albos

    Bennudez,

    na

    mesma

    frma

    estrfca,

    foi

    seguindo

    pari

    passu,

    como

    se

    v6

    Cunto

    mit libre,

    cunto

    ms

    sagnro

    En

    el esisdo,

    que

    de

    si contento

    No

    te levanta,

    roas

    de

    cunto

    hujra

    Grande

    misria

    Quien

    ms

    desea,

    las

    ms

    veces

    se

    haUa

    Triste

    y

    burlado,

    poas

    veces

    duenna

    El

    fuego

    tieme,

    vientos,

    aires,

    sombras,

    Teme

    los

    hombres.

    Con

    raras

    veces

    vemos

    Tardar

    en su

    venida

    La

    justicia

    dei

    cielo

    Sobra

    los maios

    hi)oa

    Qua

    dan trabajo

    y

    muerte,

    Nagando

    la

    obedincia

    A

    sus

    prprios

    padres

    :

    Pecado

    torpe

    y

    feo

    A los

    divinos

    o)o

    Pacado

    qua

    padaca

    Mas

    da

    hircanos

    tigraa,

    Mas

    de

    leooes bravos,

    Que de

    bombre

    semejaosa

    Da

    su

    Hacador criado.

    Aqaal

    amor

    tamaflo

    Da

    padres que

    te engeodran

    Da

    iMdraaqoa

    ia

    erlao

    Coo

    sangra

    da

    sa pecho.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    33/136

    Prtofo

    XXK

    ^

    C4o

    olvidar u

    pMdH r

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    34/136

    3LXX

    Castro

    Trtgtdto

    Por

    cUa era

    apagado.

    Por

    ti

    tomaba

    arder

    Agora ardes

    en

    este,

    Juitida

    de Diot viro.

    O

    confronto, se fdsse

    levado

    por

    deante,

    dIo

    nos

    elucidaria

    mais.

    E assim em

    tudo (i). Bermdez imitou, copiou na

    maior

    parte

    dos

    casos,

    e

    longe

    de

    evitar

    os

    defeitos

    de Ferreira,

    que

    os tem, mais

    pela

    natureza

    dos

    tempos

    em

    que

    escrevia,

    do

    que

    pela

    falta

    de

    veia potica

    ou

    de talento, antes

    os

    agrava

    e

    afeia. Quando consegue

    ser elevado,

    a sua

    lingoagem no tem

    a

    nobre

    eloquncia,

    o

    vigor

    e

    conciso

    da

    do

    autor

    portugus.

    No

    admira,

    pois,

    que os

    crticos

    tenham de

    h

    muito sentenciado

    o

    pleito

    em

    favor

    de

    Ferreira.

    oooda

    de

    Castilho,

    servio-se

    dalguma cpia

    da ed.

    da

    1587,

    pois qae

    esse

    plgio

    mais

    descarado, nais

    COOipleto,

    quando o

    confronto

    entre

    i\ite s

    fsi

    com

    diio.

    LiV.

    Clssica,

    ot>.

    i.,

    pg.

    331-141.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    35/136

    Prtflofo

    XXXI

    dolo

    todo, hasta

    loa

    ddecioa,

    loa

    adomoa

    Uricoa,

    y

    lot

    pcmamiastoa

    dcmaaiado

    amUo

    CO

    boca

    dei

    prtoeipe

    (i). Ootra no

    4

    m

    opioiia

    de Martiocz

    de la

    Rota

    que,

    naa

    oocaa

    i

    tua Arie

    Poetcm,

    terminara

    aa aoaa

    comida

    ro6ca

    adbre

    o

    ataonio UM fitna decre-

    lrta:

    c

    cocciando

    ambaa

    aa

    obraa

    parece me

    qac

    na

    portuguesa

    te

    daacobrc

    o

    verdadeiro

    (a).

    oio

    creio

    que

    oa

    cnticoa

    modificado

    tse modo de

    vr,

    pott

    qoa

    Fitzmaorce

    Kelly pdde escrever nio

    h muito

    Fm

    de

    mtots

    mjfiramt

    po^r

    U

    dominicim gaii-

    eim

    Gtrmiimo

    Brwmdr^

    iSSo?

    1^90

    O

    q

    ptMia

    mu

    le

    mom

    dAMtomio

    dt

    Sjripa

    ie$

    Primtera tragtdiu

    mpooloi, Niu

    lattimota

    y

    Sm

    latnad.

    .

    .

    f

    ^Vr

    Imtnmma

    'es/

    f'MW

    IradmciHm d

    primor

    trgico,

    M

    Nise

    laureada que

    na

    Nise

    lacrimosa.

    Nalguns

    personagens

    ate

    sumamente

    impr>

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    39/136

    XXXV

    prio

    c iadcotBCt.

    O

    urctcr

    do rti,

    por

    ciemplo,

    ofo

    pode

    tr

    nuit iadwofoto,

    nem

    mait bateo, cm

    imiiui

    dt

    mm tcflct, c

    em

    Bio

    poucAs

    das tau

    iiprmfTn.

    Sinra

    da

    aiamplo a tcaoa

    S.*

    do

    acto

    V

    em que

    sa

    aipfla o Mipiieio doa tfraaaorat

    da

    D.

    Ins

    de

    Caacro. Nlo

    hafw acaaa

    otiaia

    ridcula

    em

    tftftdte

    alguma, por maia

    diaparauda

    que

    af)

    00

    antradio draaeo. O

    rei

    o

    verdugo,

    t

    oa

    rua,

    todoa

    Uhm

    antra

    com

    cipraaatt

    groatciras,

    burieacas,

    ultrajaotea, iroicat,

    pie-

    baa

    e

    iodigBaa

    da

    magcattda

    dramtica.

    Naatc

    poofo

    nfo

    pode

    haver

    maior

    daacoofor-

    mdade

    naa

    duas

    \ite$

    (i).

    Maa

    ofo

    ser

    agora

    um

    autor ooaso

    que

    ciiar

    aaoa,

    icr,

    tim,

    um

    espanhol

    ilustre,

    que

    ao

    aatudo do

    uatro

    antigo

    do aeu

    pais dedicou

    uma

    grande

    parte

    da tua

    actividade.

    Ou^ase,

    peia,

    a

    Moratin

    que,

    noa

    Orgmn

    dl

    Teatro

    EtpafM

    feguidot

    de una eoecdm

    neogida

    de

    pie\as

    dramaiics

    anerioret a

    Lope

    de

    Vega

    aaaim

    te

    exprime

    referindo-

    te

    Si$t

    Umnada:

    N

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    40/136

    XAAVl

    CMtro

    Tnftdia

    estimacin,

    todo

    lo

    restante

    et

    en

    extremo

    defeciuoso

    (i)

    .

    Por outro

    lado,

    como

    poderia

    admitirsc

    que

    um

    homem austero c probo,

    considerado

    como

    exemplar

    de sisudez e

    honestidade pelos

    seus

    contemporneos,

    aceitasse

    os

    encmios

    que

    lhe

    dirigiam

    pela

    tragdia Castro, sendo

    ela oio

    obra

    sua,

    mas

    dum

    estranjeiro?

    O

    famoao

    soneto

    de Diogo

    Bernardes

    disso uma prova

    iireragvel.

    Vejase

    Se

    Dona

    Ins

    dt

    Castro

    presumira.

    Que

    tinha

    o largo ceo

    determinado

    Ser

    o seu

    triste

    fim

    to

    celebrado

    Co

    raro

    engenho

    da

    tua

    doca lira.

    Ioda

    que de

    mais

    duros golpes vira

    O

    seu

    tio

    b'

    ito

    traspassado.

    Do corpo

    o

    t

    _

    :

    ito

    desatado

    Leda,

    desta

    baizeta

    se

    partira.

    Alegre

    -se

    no

    Ceo,

    pois

    que

    na

    terra

    O

    seu nome

    por

    ti

    seri famoso,

    O

    qual

    i

    nSo lembrava

    em

    Portugal.

    C

    O

    teu

    esulo fex

    i.

    morte

    guerra,

    dona

    los ditosa,

    tu

    ditoso,

    QtM

    daodo

    vida,

    ficas

    immortal (a).

    Antnio

    Ferreira

    no

    s aceita

    estes

    elogios,

    mas responde

    ao

    admirador

    e amigo

    cooao

    que

    (i)

    CCr. voL

    1,

    pig.

    loS.

    (s)

    o n.*

    xciY

    das

    Ftorts

    do Lima.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    41/136

    XXX

    VQ

    enlevado

    ainda

    no

    grande

    objecto

    ,

    aentiDdo

    nio

    ter

    interpretado eofi

    toda

    a

    sua

    eloquncia

    a

    imeoaa

    dr

    de D.

    Ptdro.

    Aaaim

    escreve

    etfo

    tprlio Apolo

    iospira,

    Volv

    fs

    doeo caaio

    a

    iai

    Mtfl

    dado

    Ao

    y

    a

    nd

    t

    o

    b

    ts

    c

    to

    mv^^m kTaatade

    Por

    ti

    Mr

    a

    aka

    tMria,

    qua

    {

    Mprt.

    falda ooda qotr qo'tt,

    chora

    tuipira

    O

    trtaa Ubita,

    tm

    vor

    ifo

    omI cbondo

    8m

    doca

    aoMr,

    da

    qo

    c

    nandaa

    Piabcifo

    00

    estudo

    que

    precede

    a

    aua

    diSo

    dcli

    de

    coodaamente

    a origtoalidadc

    da

    Cttro,

    carcttr qoe

    estende

    igualmeotc

    a

    duaa

    GMDdiaa

    Britio e

    Cioao,

    00

    que

    ooa

    nfo

    parece ter

    a mesma razio.

    6.*

    DewMM mgBctoaar

    oeste breve

    elenco

    dta

    cdifies

    Ferrctranas a

    que

    amprwndca

    o Sr.

    Viacoode de

    Castilho

    (Jlio)

    ooa

    ola

    zMBi

    da

    c

    Limrri

    Oamca

    Excerpic

    dm

    primcipan

    atHoret

    dt

    boa mota

    ptMiedm

    mk C

    uipiaoi d S.

    M.

    F.

    ElPet

    D.

    Fer^

    Wmdo

    II,

    obrm

    eoiabormda

    por

    tmttiot

    dot

    p

    r

    i

    m

    if

    u

    acripiorm

    da

    Imgaa

    portuguesa

    e

    dirigida

    por

    Amiouio

    Fdiciano

    de

    Castilho

    9

    Jo

    Feiidaito

    de

    Catilko

    Barreio

    e

    N

    oro

    mkm

    ,

    Rio

    de

    Janeiro, 187S,

    qoe

    cooaagroo

    o mL

    1.*

    ao

    estudo

    biogriico

    liuerrio da

    Vida

    do

    Poeu,

    cacrio

    iuquela lingoagem

    de

    Mestre,

    qoe

    todoa

    admiramoa,

    e

    os vela. 3/ e

    3.*

    ao

    citracto daa

    obraa

    maia

    fbrmoaaa

    do

    ilustre

    Quinheotiata.

    O

    systema

    seguido

    nesu

    Litnraria

    Clanica

    obriga-noa,

    diz

    o ilusa cacritor,

    a dar

    somente

    t

    m

    rp

    t

    o

    a

    ,

    ofo

    podcodo

    ponaoio csu

    publica-

    o

    ser

    considerada

    ediio oova

    ( )

    -^

    ' --

    --

    '

    -

    ^^-^

    --'-'

    (i)Pg.36a

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    46/136

    XLD

    CMtro

    Tragedia

    V-te,

    poU,

    que a noMt ed.

    a

    sdina

    na

    ordem

    das que

    aairam

    da celebrada

    Castro,

    nio

    contando

    a

    espra^

    de

    que

    acima

    falamos.

    Moldmo-la

    rigorosamente

    pela

    edifio de

    1S98

    pelos motivos,

    que

    atrs

    deixamos expostos.

    Uma nota

    interessante

    se

    colhe

    do

    titulo

    deau

    edio

    autenticada,

    hoje,

    por

    um nico

    exemplar. E'

    a

    de

    que

    a

    tragedia

    foi

    repre-

    sentada na cidade de

    Coimbra

    >.

    Ferreira

    procedera

    como Cames

    e

    como

    S

    de

    Miranda,

    que

    tambm

    composeram

    as suas Comdias

    em Coimbra,

    onde

    naturalmente

    foram

    repre-

    sentadas.

    Os

    ecos

    da

    Itaiia

    do

    Renascimento

    reprodu-

    ziam-se

    em Coimbra,

    a

    famosa

    Atenas

    lusitana,

    em

    cujas

    goas

    santas do

    saber vinham

    retm-

    perar-se todas as almas

    nobres

    e

    elevadas, que

    no

    se

    contentavam

    somente

    com

    o fragor

    das

    armas.

    A

    paisagem

    doce

    desta encantada

    terra

    havia

    de

    repercutir-se

    nos

    cambiantes

    mais

    diversos dos

    melhores

    espritos,

    tais

    como

    o

    prncipe

    de

    todos, Cames,

    e

    Miranda, e

    Bernardes,

    e

    este mesmo

    Ferreira,

    cujo

    poder

    rico de evocao

    simplesmente

    admirvel.

    Vinham

    atrados pela

    fama

    das

    suas

    escolas,

    onde

    ensinavam

    os

    Gouveias,

    e

    Diogo

    de

    Teive,

    e

    Buchanan

    e

    todos

    quantos

    D.

    Joo

    3.*

    man*

    dera

    chamar de

    Salamanca,

    Alcal,

    Paris,

    Bor-

    deoa,

    daa

    Frandea,

    de Itlia

    e

    da

    Alemanha

    (1).

    (O

    Canacalo,

    Mtmtrimi

    kttar.

    o

    mist.

    PulpH,

    pg.

    i4

    Mg.;

    Pedro

    d

    Maria,

    Diogo

    4

    Varia

    kittria^

    Dial.

    v,

    cap.

    m,

    pg.

    476

    segg.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    47/136

    xuo

    Era

    Oturtl

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    48/136

    XUV

    Castro

    Tra4it

    dto comear

    a habituar

    nos

    a isso:

    primeira

    tragdia clssica,

    primeiro

    sonho;

    e assim

    de

    seguida

    durante

    trs

    sculos.

    Ifis vio,

    pois,

    em sonho

    uma

    ovelha

    despedaada

    por

    lobos.

    Storgio

    consola-o.

    Um

    coro

    de raparigas

    faz

    subir ao

    ceo elegantes

    oraes,

    um

    pouco

    tri-

    riais

    y.

    A

    anlise

    dos

    outros

    actos

    d

    a

    mesma

    impreaslo

    desta

    tragdia

    sbria,

    bem

    condu-

    zida,

    bem

    delineada

    e,

    termina

    Faguet,

    Jef

    era bem digna

    de

    servir

    de

    modelo

    aos

    trgi-

    cos

    do

    sculo

    XVI (i).

    Haver

    absurdo

    em

    supdr

    que uma

    indivi-

    dualidade

    de

    tam

    grande

    relevo,

    coroo

    Bucha-

    nan,

    a

    quem

    Florem

    Chrtien,

    um

    dos seus

    tradutores,

    chamou,

    alis

    com exagero,

    o

    prncipe

    dos

    poetas

    do

    nosso

    tempo

    ,

    ti-

    vesse

    inluido

    na direo

    do

    teatro

    em

    Portu-

    gal,

    em

    Ferreira,

    na

    composio

    da

    sua

    Castro,

    talvez

    tambm

    em

    S

    de

    Miranda,

    autor

    duma

    tragdia,

    a

    Clepatra,

    que

    se

    perdeu

    ?

    Buchanan

    entrou em Portugal

    no

    ano

    de

    1S47

    quando

    j

    havia

    composto

    as tragdias,

    que

    mencionamos.

    Em

    Bordus, para

    onde fora a

    convite de

    Andr de Gouveia,

    o

    mesmo

    que

    tambm

    o

    trazia

    para

    Portugal,

    que

    o

    eru-

    dito

    escosss

    composera

    as

    suas tragdias.

    Era em

    1S39, vindo esses

    trabalhos

    a

    ser

    pu-

    {%)

    Li trmgit

    frammU*

    au

    XVI

    sieU,

    j

    cil..

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    49/136

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    50/136

    \LV

    Cmuo

    Tragdla

    DCiccdivel.

    Teive quero

    hide

    decidir

    entre

    a

    contenda dos

    dou.

    Diz

    Aonio,

    um

    dlet:

    Tret

    foram

    empr* GrtM nomeada*,

    Em

    quanto

    i minha

    Ulia

    nlo

    natceo,

    Tanto que

    Lilia

    ao

    mundo

    apareceo,

    Por

    quatro

    ato

    as

    Graas

    )

    contadas.

    Respondeihe

    o

    companheiro

    Vincio

    Nove

    do

    claro

    Sol foram chamadas

    Sempre as

    irmls, que

    o

    mundo

    conhcceo

    Tanto que

    Clia

    nos

    resplandeceo,

    Por

    dez

    sSo

    j

    as irmis Jo Sol

    cantadas.

    E

    enio

    que Teive

    intervm

    Cesse

    j

    dos

    Pastores

    de

    Arno a fama.

    Doce me

    vosso

    canto, e doce seja.

    Meus Pastores, a quem

    mal vos desama

    Ambos iguaes no canto,

    inda

    ambos veja

    Muitos

    annos

    cantar, e vejais cedo

    A

    alma

    chea cada

    um

    do

    que

    deseja

    Sem paodar

    d'aspcraoa, nem de

    medo.

    Na

    Carta

    que

    dirige

    de Lisboa

    ao

    mesmo

    grande

    Mestre

    (i)

    lamenta-se de no o

    ter

    perto de si,

    saudoso

    da terra onde

    ele

    vive

    e

    onde

    lhe

    pede

    que

    continue

    a

    trabalhar

    No

    teu verso

    latino nos

    renova

    Ora

    outro Horcio,

    ora

    outro

    grande

    Maro

    Na

    grave prosa

    Pdua,

    Arpyno

    em

    nova.

    (I)

    a

    earta

    IV,

    Livro

    II,

    p^.

    76

    do

    t.

    a.*

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    51/136

    XLVO

    Ferreira

    estudou

    profundimum

    m

    Utinat

    e

    grtfu

    dcioutt

    pmtt

    t

    r

    da

    aM

    inimiUTcl bekta. Sa

    k

    ofo

    flaaa

    fam tardo

    can

    conpor,

    qudiando^tc de

    que

    veta

    uca

    empre

    Ibe decorria

    propicia,

    oooo

    a

    outrot.

    Se.

    .

    .

    ale

    mi

    qu

    strclA

    oo

    A

    Mafoe

    om

    ta

    ^

    oie

    toe

    de

    E

    faMU bM eM

    alo

    chtt^

    M

    r^ff

    (D-

    que

    belas, que for

    m

    o

    iWiimat .

    t*eiro.

    E sac crime, que Hcar

    eternamente

    gravado

    naa

    pf^inas

    da

    histria

    da

    nossa

    terra,

    conte*

    teu*sc

    Como interpretou

    Aatomo

    hcrreira,

    dentro

    da

    atmosfera

    do seu

    tempo

    e

    do

    seu

    meio.

    catas

    acontecjmentoa

    ?

    Aqueles

    crticos

    qtie eiigcm

    que

    le

    visse

    aa

    cousas a outro prisma,

    apootando^lhe

    decitoa

    at

    de

    lingoagem

    e

    o

    emprego

    de

    locoea

    por

    dcmaia familiares

    e

    incompaiiven

    com a

    gravidade trgica

    ,

    que

    quereriam qoe

    le

    tivcaae

    ioiroduzido

    outro andamento, novas

    accsaa,

    hms

    pcnonagMai

    c

    fucm

    ver

    quanto

    a

    tragdia

    gibaria

    eom

    tais

    ou

    tais

    modifica*

    6ca

    por'

    ticmploi

    com

    o

    cocooiro

    de

    D. Pedro

    (i)

    A

    faa

    ssMMhMa da

    Cofloie

    4a

    Castro

    pr-

    aiiahee mo

    o aCstiaqM

    a

    ses aMia

    podia

    a

    waac

    a

    i

    a

    lua

    delaaaa

    nam

    m aai o

    peaaa

    md

    vwioa

    oitofl

    Cwiit

    9n

    Coabrai

    900^

    1

    voL

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    54/136

    L

    Cwiro

    1 rigadic

    e

    D.

    lai,

    o

    que

    nunca

    se

    d

    (i), com

    outro

    desenho

    de

    D.

    Afonso

    IV,

    que

    classificam

    de

    personagem

    c

    ignbil

    >

    e

    que at

    quem

    o

    diria

    censuram

    a

    introduo de lindos

    trechos liricot

    intermeiados

    na

    aclo,

    que a

    entibiam,

    no

    acu

    modo de

    ver,

    e lhe

    imponi-

    bilitam a

    repreaentalo,

    tais crticos nlo

    tmm

    razo

    alguma

    e

    esquecem

    a

    obrigao

    de

    remontar

    poca

    e

    circunstncias,

    em que

    o

    trabalho

    foi executado. E'

    uma

    insensatez.

    E'

    querer

    que

    Antnio

    Ferreira

    delineasse

    e

    realizasse

    a

    sua

    obra,

    como o fez,

    por exemplo,

    o Sr.

    Poizat escrevendo a

    sua

    Ins

    de

    Castro

    para

    ser

    representada

    no

    teatro

    de

    Paris

    no

    ano

    da graa

    de

    1913.

    Nio.

    A

    obra

    de

    Ferreira

    no

    impecvel,

    naturalmente,

    mas a

    lingoagem

    dele

    c

    a lio-

    goagem

    do

    seu

    tempo,

    aconoodada

    cultura

    e

    educao

    das

    personagens,

    que

    a empregam.

    Qassificar

    de

    cacofonia

    o alma

    minha,

    de

    expresso

    menos

    decorosa tetas^

    de

    termos

    obsoletos

    fuge,

    despide,

    etc,

    um

    contrasenao,

    porque a

    lingoagem

    no se

    inventa,

    nem se

    emprega

    ao sabor

    de

    cada

    um. E

    se

    se reco-

    nhece

    esta afirmao

    como

    um

    truismo,

    porque

    se

    hade

    continuar

    a

    apontar

    como

    um

    defeito

    o

    que

    o no

    ?

    c

    Nenhum

    escritor, diz o

    velho

    bigrafo,

    por

    mais

    elegante que

    seja, ae

    (1)

    O

    rpro

    vioha

    de

    kmga, poU

    Mto

    {i por

    Oarrttt,

    no

    Bqufo

    lstri a

    Umgoa

    poetm

    ptrtmgwsa,

    fOtrmt

    e

    mHpimM

    ^

    xti

    ),

    pg

    i3.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    55/136

    qoiado

    csttt tannot,

    que ot

    qoum

    ouvidos

    prcMOttacait wtrinhaia,

    (dram pdoa

    melho-

    rta

    autoras

    conttmporloaoa

    amprtgadoa

    em

    aaauDtoa

    jgmlim

    ft

    t^

    w

    il

    imoa.

    co

    bio o

    ctaiD

    ao

    ceno

    todoa oa

    do

    noMo

    Poda,

    qualquar

    censura

    6car

    scodo indiscrcu

    e

    iojusu

    (i).

    Isto

    qusoto

    a

    liiy

    a

    frns

    quanto ao

    estilo.

    Pelo que

    respdu

    ao

    dcaenho

    doa

    caracteres

    o

    que

    o

    arcc

    a

    anaanchas

    a csnmra

    ,

    aobrttudo,

    o

    da

    D.

    Aiboso

    IV, #

    odioso

    e

    at ignbil

    .

    Aaaim

    devia

    ser,

    assim tinha

    de

    ser. Do

    nonarca

    dependeu

    em

    um

    dado

    momento

    a

    vida da

    msera e

    mesquinha

    .

    Mas

    o

    assassnio

    de

    D.

    los

    i

    apresenisdo

    na

    tragedia

    nlo como

    um

    rrm^

    'gsr,

    no

    como a exploslo

    dums

    pa

    .ai,

    mas

    como o

    fsctor

    inJ

    i

    jpsz

    dum

    povo

    inteiro.

    KJ

    iTMKiarca

    ciitc

    ^c

    'SSinnsdo

    pela nKKidade

    e

    beleza

    de

    D.

    In.

    Diante

    daquela

    frigil

    crestura,

    que

    um

    grsnde

    amor sublima,

    o

    seu

    cors^io

    nlo

    i

    duma

    aenslbilklade

    petrificada.

    V'a

    dcil,

    submissa,

    aniquilada.

    Os

    filhinhos rodeiaaa-oa.

    E

    na

    imiMdadi

    toa

    dr nlo

    j

    de

    si

    que

    ela

    tratt, nfo

    meamo de

    si

    que

    se

    preocupa,

    maa

    aponundo

    para

    o

    destino

    do

    seu

    amado,

    qnt

    pode ao

    rd

    que

    s poupe

    Pwa

    li para

    o

    iaioo

    qpa

    CS

    Siftt

    (I)

    na dss Olnaf, ad.

    i^tt

    Hg.

    Si.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    56/136

    LU

    Cmito

    >

    Tnftdit

    V)o

    oqult

    amor, qu

    me

    cauM.

    Nfo

    viftr

    MU

    filho,

    d

    lhe

    vida

    Senhor,

    Jando-ma

    a

    mini

    Esia

    nota

    e pcrlcitamentc

    exacta

    e atinge

    pela

    sua verdade

    e

    pela

    intensidade

    psicol-

    gica a

    grandeza

    do

    sublime.

    Assim

    mesmo

    se

    exprime

    Ins

    na

    obra

    de

    Poizat,

    o (inissimo

    dramaturgo

    francs

    da

    atualidade

    Ce n'ct pai

    tur

    roa mori,

    que

    je

    verte

    dei

    pleurs,

    Sire,

    puiique autii

    bien

    c'e>t

    pour lui, que je

    meun.

    El

    ce

    me serait

    mmc une

    joie

    ataea

    grande

    D pouToir,

    da

    ma via, ainsi,

    lui

    Cara

    offrandc

    Seignaor,

    coutei :

    Si i'adret>e un

    appcl

    tuprfme ft

    vos boota,

    Ce

    n'asi

    point que

    roon

    me, encore jeuna, 'anivra

    Da

    la

    lumicre,

    tout

    laquelle

    il aii doux

    vivra.

    Ou que

    >'attende ni

    richet&et, ni profilt.

    Ce n'ett

    point,

    comme

    poutc, hlas

    de

    voire

    filt.

    Et

    ce

    n'e>t

    pat

    non

    plu,

    pour

    la

    douleur

    amcre

    Da

    laitaer

    mes

    petiia

    enfants privt

    de

    mre.

    Non,

    c'est

    parca

    qu'il

    ast

    deux

    Ctra, dont la cocur

    Est

    ainti fatt, que

    Tun

    mourra,

    ai Tautre meurt

    Deux

    luth,

    si

    justement accords, que personne

    Na

    saurait

    blesser

    Tun,

    sans

    que

    Pautre

    rsonne.

    Eofin,

    SeifBtar,

    anfin,

    saava-moi

    du trepas

    Pour

    qua votra

    Padro, dtt

    moina,

    na

    meura

    pas

    (

    i

    ).

    que

    o corao

    humano

    foi sempre

    o

    meamo

    atravs

    de

    todaa

    a

    idades,

    los

    de

    (i) A. PoUai,

    Sopkomkt, tragk.

    .

    . iuhm t hi

    9

    Catto

    m

    Mimgrt

    H AtmiMtt,

    Paris,

    1913,

    pg.ioB.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    57/136

    CaMro

    anui

    D.

    Afooto

    como

    aiiMin

    as

    graodtt

    calcvaado^tc c

    cooauiiiiiido>t

    na

    prpria

    qiM

    MMram.

    Quando o

    CStfro

    Ycm dar

    a D. loa a nodck

    da Mia mone

    haver

    tido

    resolvida

    c cont^

    Trtet

    NoTM

    mon

    u

    iragOi

    D.

    Im

    Ak cotada

    dt d, tb triia,

    triM

    I

    um

    l

    pensamento

    a

    domina,

    e

    por

    mo

    oio

    na

    soa prpria

    morte que

    pensa.

    Ao

    ^zer-lbc

    o

    coro

    ...

    HaiM

    retorquto

    tmmedistamcnte

    H

    Mcto

    o

    mttm MolMr?

    o

    Amnio

    Ferreirs

    conduzio

    bem

    o

    entrecho

    dramtico

    e

    maravilha

    at que, sem modelos,

    acm

    guias,

    ilm dos

    que

    lhe

    ofcrtda

    a sne

    grega

    e

    latina,

    e

    escassamente

    o

    teatro

    moderno

    na obra de

    Triaaino

    se

    que

    lc

    a coobc-

    cno

    ,

    tivcaac

    raafiado obra

    tam

    parfcitt (i).

    D.

    Afonso

    IV

    luu

    entre

    os scntimentoa

    de

    homem c

    oa

    deveres de rei, c chega

    a

    maldizer

    a

    sorte

    que em

    ul situa-lo o

    colocou. Todoa

    lhe

    gritam

    que

    se

    trau

    d salva^

    do

    paia.

    (I) GsrraK,

    Jtafa^i

    a

    kim. t

    pottug^ fO.

    emH^Hs.

    sxi

    ).

    pe

    ia.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    58/136

    UV

    Ctstro

    Trtgtdte

    que a

    morte

    desM

    moiher

    dtr

    to reino a

    paz

    em

    vez

    da

    guerra^

    o

    sotsgo e o

    bem

    estar

    em

    logar

    da

    revoluo.

    Instigado

    pelos

    seua

    conselheiros

    a

    assegurar

    a

    salvao pblica,

    escreve

    Sismondi,

    pela

    morte

    duma moiher,

    nfio

    inspira

    j

    nem

    horror, nem

    repugnncia;

    le

    mistura

    sua fraqueza

    um

    carcter

    de

    dignidade

    e

    de

    bondade

    ;

    e

    quando

    cedendo

    a

    conselhos

    que

    lhe

    repugnara

    deplora

    as

    mis-

    rias

    da

    realeza

    julgar-se

    hia

    reconhecer

    em

    Ferreira

    a

    lingoagem de

    Alficri

    (i).

    Eu

    dou

    mais

    pelos elogios

    de

    Sismondi

    do

    que

    pelas censuras

    de

    Bouterweck.

    A

    obra

    de

    Ferreira

    est

    definitivamente

    consagrada

    como

    uma

    das

    mais

    belas

    da

    Literatura

    Portuguesa,

    de

    que

    flagrante

    testemunho

    o

    perodo

    trans-

    corrido,

    que,

    repetimo-lo,

    lhe

    nfio

    empanou

    nem

    o

    brilho, nem a

    formosura.

    Mendes

    dos

    Remdios.

    (i)

    Dt

    la

    Httttatw

    da

    Miai

    4v

    rEurtpe,

    4-*

    oL

    pf.Sia

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    59/136

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    60/136

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    61/136

    CASTRO

    TRAGEDIA

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    62/136

    t

    .

    -^^-

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    63/136

    PESSOAS

    DA

    TRAGEDIA

    Cisno

    Ama

    CNOtO

    DAS

    MOAS DC COIMMtA

    IrrAKTC D. Pfao

    SicarTAiio SCO

    ElRit

    d.

    Aroicso

    lUI

    Piao

    CocLMo

    Diogo

    Lorts

    Pachico

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    64/136

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    65/136

    ACTO I

    CASiBo

    AiAA.

    CHoaa

    CAsraa

    Colhcy,

    colhey

    legrcs,

    DooxcIUs

    minhas, mil chciroMs

    flores.

    Teccy

    frctCAs

    capcIUt

    De

    Ivrot,

    t

    de

    roMs;

    coroty

    lodM

    As

    dooradss

    cabcss.

    Espirem

    susves cheiros,

    De

    que

    s'efichs

    este

    r

    iodo.

    Soem

    doces

    logeres, doces cotos.

    Honray

    o

    claro

    dia.

    Meu

    dia

    tam

    dioao

    a

    **'>

    gUrf*

    ,

    Com

    brandas

    liras,

    com

    suares

    vozes.

    Que

    ooTss festas,

    novos

    eocanuis

    pedes

    CAsraa

    Ama,

    oa cria-lo

    ama,

    fM> aonor

    mly,

    Aiuda-m'ao

    praier.

    Novos

    etrem

    os

    veio.

    Nas

    palavrss

    praicr,

    agoa

    ooa

    olhos.

    Quem

    u

    (az juaumcou

    leda,

    e

    tn^ie

    >

    -

    CASTtO

    Triste dIo

    pde

    esur,

    quem

    vs

    alcfrt.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    66/136

    Cmito

    ->

    Tragtdia

    AMA

    Mistura s yrtzti a fortuna tudo.

    CASTtO

    Riso,

    prazer,

    brandura

    n'alma

    tenho.

    AMA

    Lagrimas

    sinaes

    so da

    m

    fortuna.

    CASTRO

    Tambm

    da

    boa

    fortuna

    companheiras.

    AMA.

    A dor so

    naturaes.

    CASTRO.

    E

    ao

    prazer

    doces.

    AMA.

    Que

    fora

    de

    prazer

    tas

    traz

    aos

    olhos

    ?

    CASTRO.

    Vejo

    meu

    bem

    seguro,

    que

    receava.

    AMA.

    Que

    novo caso foy

    ?

    que bem

    ic

    veo

    ?

    Porque me

    tens

    suspensa ?

    Abre

    me

    j,

    Senhora,

    essa alma

    tua.

    O

    mal

    s'abranda,

    o bem

    coniando-o

    cresce.

    CASTRO.

    Ama,

    amanheceo-me

    hum alvo

    dia.

    Dia

    de meu

    descanso.

    Sofre

    hum pouco

    Repetir

    de

    roais alto

    a

    minha

    historia,

    Km quanto

    o

    sprito ledo

    co

    a lembrana

    De

    seu

    temor,

    de

    que

    j

    est seguro,

    Ajunta

    ao

    mal

    passado

    o

    bem

    presente.

    Daquelle

    grande

    Afonso

    fone,

    e

    aancto

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    67/136

    Cmcto

    TrifiiMi

    For

    poderosa

    mfo

    de

    Daot

    alcodo

    Kntrc armas,

    ant^imifot

    o

    Real

    cetro

    Do

    grande

    Ponugal,

    que

    ioda

    caU

    tinto

    Do

    sangue

    de inficit

    por

    teu

    boa

    brao.

    Por

    legitima

    bcraaa

    rne,

    e

    manda

    O

    booi

    velho

    cbrioao da

    victoha,

    E

    oome

    do

    SaUdo,

    Afooao

    Quarto,

    Doa

    Reys

    de

    Portugal

    stimo em

    ordem,

    Kilho

    do

    grande

    Dinis,

    de

    Isabel

    sancu.

    Ambos

    j

    no

    alto

    eco

    claras

    estrellas.

    Cuia

    alta casa,

    e

    acrecenudo

    Impeno

    Pelos

    grandes

    ava,

    espera

    alegre

    Seu

    desejado herdeiro o

    Iffante

    Pedro,

    Meu

    doce amor,

    minha

    esperana, e

    honra.

    Sabes

    como,

    em aaiodo

    dos

    teus

    brsoa.

    Ama,

    na

    ma

    flor

    da

    omilia

    idade,

    (

    Ou

    foaae

    fado

    seu, ou

    estrclla minha

    Cos

    olhos

    lhe acendi

    no

    peito

    fogo.

    Fogo,

    que

    sempre

    ardeo,

    e

    ioda arde agora

    Na

    primeira

    vireaa

    iniciro,

    c puro.

    Por

    mim

    lhe

    aborreaam

    altos

    es

    tados.

    Por

    mim

    os nomes

    de

    Princesas

    gr

    aadei,

    Por

    tam

    grande me

    avia

    nos seus

    olhos.

    Hum

    tempo

    duro,

    mas

    em

    fim

    forado

    [>eu

    a

    CoMana

    a

    mio,

    Costana

    aquella

    Por

    untas

    armas, e

    furor

    trazida.

    J

    quaai do

    seu

    fado

    triste

    agouro

    Deu

    a

    Costana

    a

    mio,

    mas

    a

    alma livre

    Amor,

    deseio,

    e

    f

    me

    guardou

    sempre.

    Quantas

    vezes

    quisera

    honestamente

    nidla

    dar

    a

    mim

    quantas

    mais

    vezes

    S'srTepciideo

    despois

    de

    ac

    ver preso

    Nfo

    lhe

    spaaoo

    o

    amor a

    nova esposa

    Nlo

    o

    um

    teateiado

    nascimento

    Do

    deseiado

    parto :

    anus

    mais

    vivo

    Co

    tempo,

    e

    co

    deseio

    ardia

    o

    fogo.

    Qua

    far

    ? se

    o

    aooobre,

    entio

    mais

    qat.

    Descobri-lo

    nam

    quer,

    nem

    lhe

    bt

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    68/136

    8

    C*tro

    Traftdia

    Mas

    quem

    o

    fogo

    guardar

    no

    seo

    ?

    Quem

    esconder amor, que

    em

    seus

    sinaea

    A

    pezar

    da

    vontade

    se descobre

    ?

    Nos

    olhos, e

    no

    rosto

    chamejava.

    Nos

    meus olhos os

    seus

    o

    descobriam.

    Suspira, e geme, c

    chora a

    alma

    cativa

    Forada da

    brandura,

    e

    doce fora,

    Sogeita

    ao

    cruel ju^o,

    que

    pesado

    A

    seu

    desejo

    sacodir deseja.

    No

    pode, no

    convm

    :

    a fria

    cresce.

    Lavra

    a doce peonha

    nas entranhas.

    Os

    homcs

    foge.

    foge a

    luz,

    e

    o

    dia.

    S

    passea, s

    fala,

    triste cuida

    Castro

    na

    boca,

    Castro

    n'alma. Castro

    Em

    toda

    parte tem

    ante

    si

    presente.

    Elle

    molhcr

    cuidado,

    eu

    dio,

    e

    ira.

    Arde

    o

    peito

    a

    Costana

    em

    furor novo.

    Nem

    me ousam

    descobrir, nem

    vedar

    nada.

    D'antiga Casa

    Castro

    em

    toda Hespanha,

    J dantes do

    Real

    cetro

    deste

    Reyno

    Por

    grande

    conhecida,

    inda

    meu

    sangue

    Do

    Real

    sangue

    seu

    tinha

    gr

    parte.

    Mas

    inda

    natureza

    dobram

    fora,

    Arte

    ajuntando,

    e

    manha

    :

    el

    Rey

    ao

    neto

    Por madrinha

    me

    d,

    comadre

    ao

    filho.

    AMA.

    Cegos, que

    quanto mais

    vedam,

    mais

    chamS.

    Cresce

    co a

    fora Amor: e

    o

    que

    vontade

    Se

    fa2

    mais.

    impossvel,

    roais

    descia.

    CAsriio.

    Em

    fim,

    fortuna, que

    me

    j

    chamava

    Esta gloria tam grande,

    quebra

    o

    n

    Daquelle

    jugo

    a

    meu

    amor

    contrario.

    Leva ante

    tempo

    a

    morte

    a

    IfTante

    triste.

    Herdo eu

    mais livremente

    o

    amor

    constante.

    Que

    a mim

    se

    entregou

    todo,

    e

    todo

    vive

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    69/136

    Na

    mtiili

    iliiil.

    onde

    mt

    iMuro

    e

    Arme,

    J

    cooB

    doMt

    penhore

    coottrmado.

    Mat o

    tprito

    inquieto

    co*

    clemort

    Do

    povo,

    e

    rogos

    graves,

    que

    trabalham

    Apartar

    otamor

    iiucbrar

    tua

    fora.

    Me

    traziam

    medrosa

    receando

    A

    volta

    da

    fortuna,

    que

    hora amiga

    Hora

    imiga

    cruel aka.

    e

    derriba

    Que

    sempre

    do

    oftr

    bem,

    mr

    mal

    promeue

    Falsa,

    incooatMNt,

    ccgi,

    vana,

    e

    fone.

    Lograva

    cooio

    a medo

    oa

    meus

    amores.

    Criava

    o

    grande

    amor

    dcacooftaaa

    f

    '

    OMidencia

    errada

    sempre

    teme.

    Quem

    te

    segurou

    j

    ? quem

    novo

    sprto

    Te

    deu

    aoa

    temores ?

    CAsrao.

    O

    meu

    medo.

    Contrarias

    cousaa

    Calas.

    CASTBO.

    O

    medo

    ousa

    As

    veze^

    mai

    que

    o

    esforo:

    tooM oa

    filhos

    Co

    as

    lagrymas

    nos

    olhoa,

    roaio

    braoco

    A

    lingua

    quasi

    muda,

    em

    choro soha

    Antelle

    ast

    comeo

    :

    meu

    Senhor,

    Soam

    me

    as

    cruis

    voies

    deste

    povo,

    Ve)o

    delRey

    a

    fora,

    e

    impcno

    grave

    Armado

    contra

    mim,

    contra

    a

    constncia.

    Que

    em

    meu

    anrwr

    tcgora

    tena

    mostrado.

    Nlo

    receo.

    Senhor,

    que

    a

    f

    tam

    hrme

    Queiras

    quebrr

    a

    quem

    tua

    alma

    deste

    ',

    Mas

    receo

    a

    fortuna

    que

    mais

    poaaa

    Com

    seu

    furor,

    que

    tu

    com

    teu

    amor

    brando.

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    70/136

    IO

    Cttiro

    Tr

    if

    i4b

    Por estas minhns

    tagrymas,

    por

    esta

    Mo

    tua,

    que

    em

    sinn

    de

    fc

    me deste.

    Pelos

    doces

    amures,

    doce

    fruiio.

    Que delles

    tens

    diante, nho firme,

    e

    fixa

    Mioh'alma;

    por

    IHante

    te

    nomeo,

  • 7/23/2019 A Castro - Antnio Ferreira

    71/136

    CMtr

    Tr||t4lt

    ii

    Do

    meu

    amor

    Senhora, c

    do

    alto

    estado.

    Que

    OM

    captra,

    t

    teu

    nome

    me

    faz

    doce.

    O

    graodc

    movcdor doa ceot,

    e

    terras

    Invoco,

    c

    chamo

    aqui : o

    alto

    ceo m'oiKa,

    E

    meu

    intento

    tancto approve,

    e

    cumpra.

    Entendo

    o