A Ciência da Almadade simultânea da alma e Deus. Toda alma é igual a Deus em qualidade, porém em...

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A Ciência da Alma

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®r… ®r… Guru Gaur€‰gau Jayataƒ

A Ciência da Alma

®r…la Bhaktivinoda µh€kura

Traduzido sob a guia de ®r… Srimad Bhaktived€nta Gosv€m… N€r€yaŠa Mah€r€ja

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Copyright © 2010 Gaudiya Vedanta Publications/India Titulo originalJaiva-Dharma - The eternal function of the soulTraduzido da segunda edição por:Atula Krishna dasGovinda dasiCapaMayéswara dasPreparação e designerEditora Vale dos Livros e Atul Krishna DasProof -readingAtula Krishna dasMahavishnu dasRevisão e SidhantaAtul Krishna dasOrtografiaMurali dasColaboraçãoVaisnava das

Publicado por: ®r… ®r… Gour€nga R€dh€ Govinda Gaudiya Math –São PauloCNPJ:- nº 145.406/0001.01 – Tel. (011) 3097.0558

Primeira Edição em português: 2000 exempalresPatrocinado por: Sundarananda DasDados internacionais de Catalogação na Publicação(CIP)Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Thakur, Bhaktivinoda Jaiva-Dharma : a ciência da alma / Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja ; [escrito por] Srila Bhaktivinoda Thakura ; comentários de Srila Bhaktivedanta Narayana ; [traduzido por Everaldo Alves Portugal(Atul Krihna Das]. -- São Paulo : Ed. Gouranga Publicações , [2010] 1. Hinduísmo 2. Hinduísmo - Livros sagrados 3. Ioga 4. Mantras hindus 5. Misticismo - Hinduísmo 6. Vaisnavismo 7. Vida espiritual (Hinduísmo) I. Thakura, Bhaktivinoda Srila, 1838-1914. II. Maharaja, Bhaktivedanta Narayana. III. Título. ISBN: 81-86737-39-1 10-07884 CDD-294.5924045

Índices para catálogo sistemático: 1. Jaiva-Dharma : Livros sagrados : Traduções 294.5924045

Todos os direitos desta edição Reservados á Gouranga Publicações

GouranGa PubliCaçõesRua Mourato Coelho, 981- Vila Madalena | Pinheirossão Paulo/sP - CeP- 05847-510Para maiores informações visite o site: www.purebhakti.come-mail: [email protected]: (11) 3892-0340site: www.purebhakti.com

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Esta edição do Jaiva-Dharmaé dedicada a ®r… Guru-p€da-padma

Fundador da ®r… Gau�…ya Ved€nta Samitišc€rya Kesar…

Nitya-l…l€ Pravi�˜a Oˆ Vi�Šup€daA�˜ottara-�ata

®r… ®r…mad Bhakti Prajñ€na Ke�ava Gosv€m… Mah€r€ja

O protetor da Brahm€-M€dhva-Gau�…ya Samprad€ya,Que realizou os desejos de ®r…la Bhaktivinoda µh€kura

®r…la Gaura-K…�ora D€sa B€b€j… Mah€r€ja e®r…la Prabhup€da Bhaktisiddh€nta Sarasvat…

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Sumário

Nota a edição BrasileiraXIII

Prefácio®r… Srimad Bhaktived€nta N€r€yaŠa Mah€r€ja

XVIIntrodução

®r… ®r…mad Bhakti Prajñ€na Ke�ava Gosv€m… Mah€r€jaXXIII

Comentários na forma de rodapé®r… Srimad Bhaktived€nta N€r€yaŠa Mah€r€ja

(No final de cada respectivo capítulo)Capítulo Um

Os Dharmas Eternos e Temporarios da J…va 37

Capítulo DoisO Nitya-Dharma da J…va é Puro e Eterno

57Capítulo Três

Naimittika-Dharma deve ser abandonado 75

Capítulo QuatroVai�Šava-Dharma é Nitya-Dharma

107 Capítulo Cinco

Vaidh…-Bhakti é Nitya e Não Naimittika-Dharma 131

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Capítulo SeisNitya-Dharma, Raça e Casta

159Capítulo Sete

Nitya-Dharma e Existência Material201

Capítulo OitoNitya-Dharma e Comportamento Vai�Šava

251Capítulo Nove

Nitya-Dharma , Ciência Material e Civilização289

Capítulo Dez Nitya-Dharma e História

319Capítulo Onze

Nitya-Dharma e Idolatria347

Capítulo DozeNitya-Dharma, S€dhana e S€dhya

367Capítulo Treze

Pram€Ša e o Princípio de Prameya 395

Capítulo QuatorzePrameya: ®akti-Tattva

431 Capítulo QuinzePrameya: J…va-Tattva

463

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Capítulo DezesseisPrameya: As J…vas Dominadas por M€y€

491

Capítulo DezessetePrameya: As J…vas Livres de M€y€

515

Capítulo DezoitoPrameya: Bhed€bheda-Tattva

545

Capítulo DezenovePrameya: Abhidheya-Tattva

579

Capítulo VintePrameya: Abhidheya-Vaidh…-S€dhana-Bhakti

611

Capítulo Vinte e UmPrameya: Abhidheya-Rag€nug€-S€dhana-Bhakti

645

Capítulo Vinte e DoisPrameya: O Princípio de Prayojana-Tattva

671

Capítulo Vinte e TrêsPrameya: ®r…-N€ma-Tattva

693

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Capítulo Vinte e QuatroPrameya: N€ma-Apar€dha

715 Capítulo Vinte e Cinco

Prameya: N€m€bh€sa735

Capítulo Vinte e SeisIntrodução À Rasa-Tattva

757Capítulo Vinte e Sete

Rasa-Tattva: S€ttvika-Bh€va, Vyabhic€ri-Bhava e Raty-šbh€sa

775Capítulo Vinte e Oito

Rasa-Tattva: Mukhya-Rati789

Capítulo Vinte e NoveRasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

807Capítulo Trinta

Rasa-tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas

825Capítulo Trinta e Um

Madhura-rasa: a Svar™pa de K��Ša, o N€yaka e as Svak…ya-N€yik€s

843Capítulo Trinta e Dois

Madhura-rasa: Parak…ya-N€yik€s867

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Capítulo Trinta e TrêsMadhura-rasa: A Svar™pa de ®r… Radha, os Cinco Tipos de

Sakh…s e as Mensageiras891

Capítulo Trinta e QuatroMadhura-Rasa: As Diferentes Categorias de Sakh…s

917Capítulo Trinta e Cinco

Rasa-Tattva: Udd…pana939

Capítulo Trinta e Seis Madhura-Rasa: Sth€y…bh€va e Estágios de Rati

959Capítulo Trinta e Sete

®�‰g€ra-rasa: ®�‰g€ra Svar™pa e Vipralambha993

Capítulo Trinta e Oito®�‰g€ra-rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

1013Capítulo Trinta e Nove

Rasa-Tattva: Entrando em L…L€1049

Capítulo QuarentaAlcançando Prema, A Riqueza Suprema

1067

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Apêndice

Phala ®ruti1090

Glossário de Termos1095

Glossário de Nomes 1205

Glossário de Lugares1247

Contatos no Brasil e no mundo 1269

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NOTA A EDIÇÃO BRASILEIRA

A edição deste importante livro Jaiva Dharma em português é muito bem-vinda. É uma grande dádiva para os leitores brasileiros. Ele traz a luz da sabedoria dos vedas sintetizada pelo grande mestre ®r…la Bhakti-vinoda µh€kura e irá espalhar os raios da lua da benção para todos nós. O Jaiva Dharma abre as portas da percepção e leva o ser humano a contemplar o seu próprio eu e experi-mentar o néctar da imortalidade mesmo nesta vida. Ao entendermos nossa natureza original, estaremos aptos a reivindicar a tão sonhada felicidade pela qual sempre ansiamos. A existência só tem sentido se houver êxta-se, bem aventurança. Visto que nascemos para sermos felizes, esse é o sentido da vida. ®r…la Bhaktivinoda µh€kura idealizou uma socie-dade em que todos os seres vivos podem ser felizes para sempre, adorando o casal divino ®r… ®r… Radha-Krshna os senhores de nossos corações. Se a pessoa é afortunada o bastante, ela pode alcançar a quinta meta da vida, amor puro por Deus (prema), além da libera-ção impessoal (moksha) propagada pela escola Maya-vada impersonalista.

O Jaiva Dharma propõe a religião universal e a liberação coletiva da humanidade. Por meio da reali-zação de Deus, a satisfação do ser, a elevação da cons-ciência e a transformação da nossa natureza interior pelo processo da bhakti-yoga. Sujeita a cair sob o controle da energia ilusória

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(maya) devido a sua natureza diminuta e imperfeita a alma carece de perfeição, ela às vezes abusa de sua pequenina independência e cai sob a influência da energia externa, sendo ela mesma superior a essa energia. Nesta dimensão material estamos todos sofrendo devido ao condicionamen-to a matéria e, urge buscar uma solução para esse mal que aflige a humanidade inteira. ®r… Caitanya Mah€prabhu que é o próprio k��Ša, viajou por toda a Índia e distribuiu o amor divino a todos, sem nenhuma distinção de castas, crenças, ricos ou pobres. Ele também estabeleceu a conclusão suprema de todas as fi-losofias e religiões do mundo, num único axioma chamado: acintya-bhed€bheda-tattva, a inconcebível diferença e uni-dade simultânea da alma e Deus. Toda alma é igual a Deus em qualidade, porém em quantidade ela é diminuta. Ele apareceu aproximadamente há cinco séculos em ®r… Navadvipa, Índia e, propagou o cantar dos Santos Nomes de Deus, o maha mantra Hare k��Ša. E abriu as compor-tas do oceano de amor a Deus inundando assim o mundo inteiro. O Jaiva Dharma é como uma panacéia que pode curar-nos de todos os males (kle�as) da existência materi-al e o remédio perfeito da prática de bhakti-yoga. Como é proposta no Jaiva Dharma, outorga o elixir da imortalidade que vai curar o mal da ignorância de nosso verdadeiro ser e nos elevar a plataforma de amor divino, capacitando-nos a saborear o néctar para sempre desejado.

Aspirantes ao serviço de ®r… Guru e Vai�Šavas Os editores.

No auspicioso guru purnima de 2010.

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Prefácio

(Escrito para a terceira edição em Hindi) Por ®r… ®r…mad Bhaktived€nta N€r€yaŠa Mah€r€ja

Estou muito satisfeito que a Gau�…ya Ved€nta Sami-ti apresente ao público a terceira edição em Hindi do Jaiva-Dharma. Esta publicação realiza meu antigo desejo, visto que me precocupava muito, o fato de que este livro não estivesse disponível em Hindi, o idioma nacional da Índia.

O original Jaiva-Dharma, escrito em Bengali, é um inestimável tesouro para todos os Vai�Šavas que falam este idioma. Seu autor, ®r…la Bhaktivinoda µh€kura, é um asso-ciado confidencial de ®r… Caitanya Mah€prabhu e é tam-bém conhecido como o Sétimo Gosv€m…. Ele reiniciou o serviço devocional puro (bhakti) revelado por Svayaˆ ®r… Caitanya Mah€prabhu para a comunidade Vai�Šava moder-na, como a poderosa corrente do sagrado Ganges. µh€kura Bhaktivinoda escreveu mais de cem livros sobre bhakti em vários idiomas. Este livro, o Jaiva-Dharma, introduziu uma nova era no mundo da filosofia e religião.

Esta terceira edição foi produzida sob a direção de meu venerado e sagrado mestre, ®r… Gurup€da-padma Oˆ Vi�Šup€da 108 ®r… ®r…mad Bhakti Prajñ€na Ke�ava Gosv€m… Mah€r€ja, guardião da linha de sucessão dis-cipular ®r… Brahma-Madhva-Gau�…ya Samprad€ya, que

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realizou o desejo íntimo do coração de ®r…la Bhaktivinoda µh€kura, ®r…la Gaura-ki�ora d€sa B€b€j… Mah€r€ja e ®r…la Bhaktisiddh€nta Sarasvat… µh€kura. Ele é um mestre pre-ceptor – €c€rya – na linha de sucessão discipular de ®r… Caitanya Mah€prabhu e é o Fundador-šc€rya da ®r… Gau�…ya Ved€nta Samiti e de suas ramificações que estão espa-lhadas em várias partes da Índia. Por sua ilimitada mise-ricórdia sem causa, inspiração e ordem direta, embora eu não tenha nenhuma qualificação, fui capaz de traduzir este livro que é repleto de filosofia detalhada, bem como ver-dades profundas e confidenciais relacionadas a adoração de Bhagav€n.

Nesta tradução, tentei na medida do possível, preser-var a eleveada filosofia e os humores altamente complexos e sutis concernentes a análise de rasa (as emoções que sur-gem da prática da devoção). Esforcei ao máximo para ex-pressar-me numa linguagem clara e de fácil entendimento. Espero que os leitores considerem que esse intento valeu a pena. Qualquer mérito que haja neste esforço é exclusiva-mente devido ao crédito dos pés de lótus de ®r… Guru.

A tradução em hindi do Jaiva-Dharma foi publicada pela primeira vez – ao longo de seis anos – em uma série de artigos na revista mensal ®r… Bh€gavat-patrik€. Entusi-asmados com a obra, os leitores fiéis pediram in-sistente-mente para publicá-la como um livro independente. Nossa segunda edição do Jaiva-Dharma foi publicada em formato de livro para o benefício do público de idioma hindi e para a satisfação dos devotos puros. A edição foi apresentada para satisfazer o profundo interesse e a demanda dos leitores.

Meu mais venerado e sagrado mestre, ®r… šc€ryadeva, deu uma elaborada introdução no prefácio editorial das ca-racterísticas inigualáveis do livro, seu autor, e outros im-

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portantes tópicos. Entretanto, não posso conter meu próprio entusiasmo ao adicionar algumas palavras sobre este tema. Encareço aos leitores para estudarem a introdução minucio-samente antes de ler esse livro. Tenho a convicção de que ao fazê-lo obterão diretrizes claras de como se aprofundar na verdade da realidade suprema.

A palavra Jaiva-Dharma refere-se ao dharma da j…va ou a função constitucional da entidade viva. Se nos dei-xarmos guiar pelas aparências externas, percebemos que os seres humanos tem diferentes religiões de acordo com a classificação de país, casta, raça e assim por diante. A na-tureza constitucional dos seres humanos, animais, pássaros, vermes, insetos e outras entidades vivas também é observa-da em diferentes variedades.

Mas, na realidade, toda entidade viva através do universo tem somente um eterno e imutável dharma. O Jaiva-Dharma oferece uma convincente descrição deste dharma, o qual é eterno e que aplica-se em toda par-te, a todo momento e para todas as entidades vivas. De forma muito concisa, este livro nos revela a essência dos mais profundos e confidenciais temas dos Vedas, Ved€nta, Upani�ads, ®r…mad-Bh€gavatam, Pur€Šas, Brahma-s™tra, Mah€bh€rata, Itih€sas, Pañcar€tra, Sa˜-sandarbhas, ®r… Caitanya-carit€m�ta, Bhakti-ras€m�ta-sindhu, Ujjvala-nilamaŠi e outros �€stras sublimes. Além disso, ele é escrito na forma de um romance agradável, divertido e facilmente compreensível.

O Jaiva-Dharma dá uma análise precisa e inigualável de muitos tópicos fundamentais de como são as verdades relativas a Suprema Personalidade de Deus (bhagavata-tattva); às entidades vivas (j…va-tattva); as potências de Bhagav€n (�akti-tattva); os estados condicionados e libera-

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dos das j…vas; um estudo comparativo da natureza de karma, jñ€na e bhakti; uma conclusiva e significante discussão de características distintivas do serviço devocio-nal regulado e espontâneo (vaidh… e r€g€nug€-bhakti); e a excelência suprema do santo nome - �r…-n€ma-bhajana. Todos estes tópicos são discutidos em termos de samband-ha, abhidheya e prayojana.

A edição anterior do Jaiva-Dharma em bengali pu-blicada pela Gau�…ya Ved€nta Samiti, todas as edições do Jaiva-Dharma publicadas por ®r…la Bhaktivinoda µh€kura, ®r…la Bhaktisiddh€nta Sarasvat… Prabhup€da e os €c€ryas subsequentes da Gau�…ya Vai�Šava em nossa linha incluíram a seção sobre rasa-vic€ra. Porém, por razões específicas, nosso mais venerado sagrado mestre, ®r…la Gurup€da-pad-ma, publicou uma edição contendo somente as primeiras duas seções do livro, as quais tratam respectivamente de nitya-naimittika-dharma e sambandha, abhidheya e prayo-jana. Ele não publicou a terceira parte do livro, que trata de rasa-vic€ra (uma detalhada consideração da confidencial e transcendental doçura de bhakti).

No entanto, mais tarde, quando a ®r… Ke�ava Gau�…ya Ma˜ha estava no processo de publicar esta edição em Hindi em Mathur€, ®r…la Gurup€da-padma pessoalmente revisou o livro inteiro.

Em sua introdução para esta edição, ele muito cla-ramente instruíu os leitores para primeiro examinarem sua qualificação ou falta de habilidade e, então cautelosamen-te proceder com seus estudos da terceira seção tratando derasa-vic€ra. Assim, quando todas as três partes do livro foram publicadas juntas na segunda edição, não senti neces-sidade de qualquer outra clarificação.

No momento de escrever o ®r… Caitanya-carit€m�ta,

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uma dúvida surgiu no coração de ®r… K��Ša d€sa Kavir€ja Gosv€m… concernente a se ele deveria apresentar a discus-são sobre rasa-vic€ra. Ele questionou se deveria ou não incluir este tópico no livro, com receio de que pessoas inca-pacitadas pudessem lê-lo para seu próprio dano. Finalmente ele resolveu incluir rasa-vic€ra no livro, expressando isto com suas próprias palavras no Caitanya-carit€m�ta, šdi-l…l€ (4.231-235):

e saba siddh€nta g™�ha, kahite n€ yuy€yan€ kahile, keha ih€ra anta n€hi p€ya

As esotéricas e confidenciais conclusões relativas aos passatempos amorosos de Rasar€ja ®r… K��Ša e as gop…s, que são a personificação de mah€bh€va, não devem ser reveladas para o homem comum. ataeva

ataeva kahi kichu kariñ€ nig™�ha bhujite rasika bhakta, n€ bhjhibe m™�ha

Mas, se elas não forem reveladas, ninguém poderá entrar nestes tópicos. Devo então, descrever estes tópicos de uma maneira velada, deste modo só rasi-ka-bhaktas serão capazes de entendê-los, porem os tolos

h�daye dharaye ye caitanya-nity€nandae saba siddh€nte sei p€ibe €nanda

Qualquer pessoa que tenha estabelecido ®r… Caitanya Mah€prabhu e ®r… Nity€nanda Prabhu em seus cora-ções, irão alcançar bem-aventurança transcendental

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ao ouvirem estas conclusões.e saba siddh€nta haya €mrera pallavabhakta-gaŠa kokilera sarvad€ vallabha

Esta doutrina é tão doce quanto um broto recém-cres-cido numa mangueira, o qual pode somente ser apre-ciado pelos devotos, que são comparados aos cucos.

abhakta-u�˜rera ithe n€ haya prave�atabe citte haya more €nanda vi�e�a

Para os não-devotos, comparados a camelos, não há possibilidade de serem admitidos nestes tópicos. Portanto, há um especial júbilo em meu coração.

É sempre inapropriado revelar tópicos confidenciais de vraja-rasa diante das pessoas em geral. Todavia, há toda possibilidade de que este mistério sagrado desaparecerá se ele não for completamente explicado. Embora as árvores de neem e de manga possam estar presentes no mesmo jardim, um corvo irá pousar na árvore de neem e saborear seu fruto amargo, enquanto que o cuco, que tem o paladar mais refi-nado, pousará na mangueira e irá saborear seu doce broto e florescências. Consequentemente, é apropriado apresentar rasa-vic€ra.Até o presente momento, o mundo literário hindu não tin-ha conhecimento de um livro admirável, extraordinário e compreensivo que informasse através da análise com-parativa com as mais elevadas conclusões filosóficas e os super-excelentes métodos de adoração do vai�Šava-dhar-ma. O Jaiva-Dharma preenche esta necessidade. E irá anunciar uma nova era nos mundos filosóficos e religiosos,

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e em particular no mundo do Vai�Šavismo.

®r… Ke�avaj… Gau�…ya Ma˜haMathur€, U.P., 1989

Um aspirante a partícula da misericórdiade ®r…-®r… Guru e Vai�Šavas

TridaŠ�i Bhik�u ®r… Bhaktived€nta N€r€yaŠa

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Introdução(escrito para a segunda edição em hindi)

por ®r… ®r…mad Bhakti Prajñ€na Ke�ava Gosv€m… Mah€r€ja)

Das muitas tradições religiosas no mundo, a maioria delas adotam métodos variados para propagar seus respec-tivos ideais. Pensando assim, elas recorrem a publicação de literatura em diferentes idiomas. É auto-evidente que no campo da educação secular hajam niveis elementares, in-termediários e avançados,tanto elevados quanto em baixos ramos de aprendizados. Similarmente, é também auto-evi-dente que aqueles que possuem uma vasta leitura e um pro-fundo entendimento no estudo das religiões comparadas, admitirem de forma unânime, que existem diferentes níveis de conhecimento dos ensinamentos metafísicos nas difer-entes tradições religiosas. Entre todas estas ideologias re-ligiosas, as instruções dadas por ®r… Caitanya Mah€prabhu sobre a religião do amor puro (prema) são as revelações mais elevadas sob todos os pontos de vista. Seguramente, uma vez que os pensadores imparciais deste mundo sejam ex-postos para tal sublime entendimento, este fato será aceito por unanimidade.

Todos querem ser inspirados pelos ideais mais elevados e ensinamentos, mas como pode este desejo aus-picioso vir a dar frutos? Foi com este pensamento que a grande personalidade liberada e a jóia mais preciosa da elite educada, ®r…la Bhaktivinoda µh€kura, estabeleceu

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pelo seu exemplo pessoal o mais elevado ideal de vida espiritual, e compos muitos livros sobre o vai�Šava-dharma em diferentes idiomas. As instruções de ®r… Caitanya Mah€prabhu podem ser encontrada nestes li-vros numa linguagem simples e detalhada. Entre todos os livros do autor, este Jaiva-Dharma é considerado a quintessência pelos pensadores religiosos do mundo.

Os Vedas são os escritos mais antigos deste mundo. Seus corolários, que incluem as Upani�ads e outras litera-turas compiladas por ®r… Vedavy€sa (tais como o Ved€nta-s™tra, o Mah€bh€rata e o ®r…mad Bh€gavatam), são todas literaturas perfeitas. Com o passar do tempo, variedades de livros foram escritos, inspirados por ideais enunciados no corpo desta literatura. Eles foram amplamente circu-lados e deste modo ganharam vasta popularidade. Nestes livros, não somente encontramos diferentes gradações de pensamentos, características distintivas e pontos de vista contrastantes, porém podemos observar também uma ex-clusividade mútua, polarização de doutrina e especulação filosófica. Como resultado, houveram revoltas e calamida-des no domínio religioso, e isto continua até os dias de hoje.

Sob tais circunstâncias precárias, o Senhor Supre-mo original, Svayaˆ Bhagav€n, que é a Verdade Abso-luta, apareceu aproximadamente 500 anos atrás, no local principal dos sete locais sagrados, ®r…dh€ma-M€y€pura em Navadv…pa-dh€ma, para liberar as entidades vivas condicionadas. Naquela época o Senhor especificamente dotou de poder alguns de seus queridos associados para compilar volumosos livros, que contêm o significado verdadeiro e a essência de todas as escrituras – �€stras. Por meio desta literatura, o Senhor desejou investir

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bhakti, que é a raiz de divya-jñana (conhecimento trans-cendental), nos corações de todas as pessoas. Todos estes livros, com a exceção de três ou quatro, foram escritos em idioma sânscrito.

Os Gosv€m…s ®r… R™pa e ®r… San€tana estavam entre os mais elevados e confidenciais associados de ®r… Caitanya Mah€prabhu. ®r…la J…va Gosv€m… era tão querido por ®r… R™pa e San€tana que era praticamente uma manifestação idêntica a deles. Extraindo a essência de todos os �€stras ®r…la J…va Gosv€m… compôs os ±a˜-sandarbhas e outros livros em sân-scrito. Com este esforço, Svayaˆ Bhagav€n manifestou Seu desejo mais confidencial de desempenhar Suas atividades transcendentais (l…l€), para liberar as entidades vivas – j…vas.

Algumas pessoas, incapazes de averiguar o verdadei-ro significado dos �€stras, são levadas a interpretá-los de acordo com seu relativo entendimento. Em alguns casos, tais pessoas adotam somente um significado parcial do �€stra em outros casos suas interpretações obscurecem o verdadeiro significado, e em outros casos elas adotam uma visão que é completamente oposta a intenção original. ®r…la J…va Gosv€m… não está em qualquer uma destas categorias e as instruções que fluíram de sua caneta são as instruções absolutas e conclusivas de ®r…man Mah€prabhu, as quais são delineadas nos Vedas, nas Upani�ads, no Mah€bh€rata e no ®r…mad-Bh€gavatam. O Jaiva-Dharma foi compila-do em uma maravilhosa forma baseando-se no significa-do perfeito e completo destas instruções. Para que assim os leitores possam compreender facilmente a utilidade e o sentido do livro, iremos fazer uma análise do significado do título. O autor chamou este livro de Jaiva-Dharma. Visto

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que todos mantemos alguma concepção particular de dharma (ocupação essencial ou religião), por enquanto não é necessário elaborar algo mais além disso devido também a escassez de espaço. Em sânscrito, quando o sufixo auxili-ar ‘an’ é adicionado a palavra j…va (entidade viva), isto po-tencializa a vogal média e o ‘n’ no sufixo ‘an’ declina, deste modo obtemos a palavra jaiva. A palavra jaiva significa “de ou relacionado a j…va”. Portanto, Jaiva-Dharma significa o dharma da j…va, ou a função característica em relação a j…va. Mas, qual é o significado da palavra j…va neste contexto? O autor responde esta pergunta exaustivamente neste livro, mas ainda penso que é essencial submeter um ou dois co-mentários breves.

A palavra j…vana (vida) procede da palavra j…va, que significa “algo que tem vida”. Em outras palavras, todas entidades vivas são conhecidas como j…vas. Assim, o autor usou o termo “jaiva-dharma” para indicar a função consti-tucional da j…va. ®r… Caitanya Mah€prabhu instruiu as j…vas através de seus devotos e seguidores incondicionais, os seis Gosv€m…s – liderados por ®r… R™pa, Sanatana e J…va Gosv€m… – sobre o tipo de dharma que deviam aceitar e seguir. Aproximadamente, quatrocentos anos mais tarde, o autor deste livro, ®r…la µh€kura Bhaktivinoda, que é re-conhecido como o Sétimo Gosv€m…, apareceu não distan-te de ®r…dh€ma-M€y€pura, o lugar de nascimento de ®r… Gaur€‰ga. Por empatia e generosidade com a condição das j…vas, ele escreveu o Jaiva-Dharma no idioma bengali.

Pelo desejo de Bhagav€n, ®r… K��Ša d€sa Kavir€jaGosv€m…, um querido associado de ®r… Gaur€‰ga, assimilou a essência das instruções de Bhagav€n ®r… Gau-racandra no ®r… Caitanya-carit€m�ta. Isto está expresso no

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seguinte verso:

j…vera svar™pa haya k��Šera nitya d€sak��Šera ta˜asth€-�akti bhed€bheda prak€�a ®r… Caitanya-carit€m�ta, Madhya

(20.108)

A condição natural da j…va é a de ser uma serva de K��Ša. A j…va é a potência marginal de K��Ša, e uma manifestação simultaneamente igual e diferente dEle.

O autor baseou o Jaiva-Dharma neste verso, que é o b…ja-mantra (aforismo fundamental) de todas as instruções para os Gau�…ya Vai�Šavas. Portanto, este livro é benéfico e aceitável para todos os seres humanos, sem distinção de raça, casta, condição de vida, tempo, lugar ou pessoa. Não somente isto, ele é benéfico igualmente para as j…vas que nascem em outras espécies como pedras, animais, pássa-ros, insetos, seres aquáticos ou outras entidades móveis ou imóveis.

Há muitos exemplos equivalentes mencionados de outros seres além de humanos que aceitaram o jaiva-dharma. Ahaly€ no corpo de uma pedra; os gêmeos Yamal€rjunas e os sete t€las nos corpos de árvores; o rei N�ga no corpo de lagarto; Bharata Mah€r€ja no corpo de cervo; Surabh… no corpo de vaca; Gajendra no corpo de elefante; J€mavanta no corpo de urso; e A‰gada e Sugr…va nos corpos de macacos. O instrutor do universo inteiro, Brahm€, orou para Svayaˆ Bhagav€n ®r… K��Ša para obter serviço aos Seus pés de lótus, mesmo que para isto tives-

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se que nascer entre espécies de grama, arbustos, animais ou pássaros. Isto está declarado no ®r…mad-Bh€gavatam (10.14.30):

tad astu me n€tha sa bh™ri-bh€gobhave’tra v€nyatra tu v€ tira�c€myen€ham eko ‘pi bhavaj jan€n€ˆbh™tv€ ni�eve tava p€da-pallavam

Meu querido Senhor, oro para que você me confira tal boa fortuna para que eu possa ser incluído como um dos Seus bhaktas e completamente ocupado no serviço de Seus pés de lótus, quer nesta vida como Brahm€, ou na próxima, mesmo se eu nascer entre outras espécies animais.

Prahl€da Mah€r€ja, o imperador dos bhaktas, expres-sou ainda mais claramente a aspiração de obter o jaiva-dharma na forma do serviço a Bhagav€n, até mesmo se isto significasse nascer como um animal, ou em qualquer forma entre as milhares de espécies:

n€tha yoni-sahasre�u ye�u ye�u vraj€my ahamte�u te�u acal€ bhaktir acyut€stu sad€ tvayi

Ó Acyuta, em qualquer uma das milhares de espécies que eu possa ser forçado a vagar, permita-me sempre ter devoção inabalável por Você.

O autor, ®r…la Bhaktivinoda µh€kura, também orou de uma maneira similar em seu livro intitulado ®araŠ€gati:

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k…˜a janma hau yath€ tuy€ d€sabahir-mukha brahm€-janme n€hi €�a

®araŠ€gati, štma-nivedana (canção 3)

Permita-me nascer até mesmo como um inseto, onde quer que Seus bhaktas sejam encontrados. Não gos-taria de nascer como um Brahm€ indiferente a Você.

As instruções do Jaiva-Dharma, portanto, são re-comendáveis e aceitáveis para todas as j…vas. Por aceitar estas instruções profundamente em seus corações, todas as entidades vivas podem facilmente obter libertação per-manente de tormentos terríveis causados pelas invencíveis correntes da ilusão, e das fantasmagorias do prazer falso e trivial. Além disso, tais almas ficarão imersas na bem-aven-turança do serviço a Bhagav€n e, assim, estarão aptas para experimentar a paz suprema e o prazer transcendental mais elevado.

Anteriormente foi indicado que existem graus ele-vados e elementares de instruções no campo do conheci-mento secular. Similarmente, é aceito que há graus ele-vados e elementares de instruções no campo da verdade religiosa. Somente pessoas de eminente qualificação podem aceitar o ideal que está contido nos ensinamen-tos avançados. O significado é que os seres humanos são superiores a todas as outras espécies de vida. Há muitos diferentes tipos de entidades além dos seres humanos. A palavra pr€Š… (o qual tem vida), ou j…va, refere-se a uma entidade consciente. Nós não estamos aqui interessados em objetos inconscientes ou matéria inerte. A função na-tural de uma entidade consciente é chamada dharma, a qual propõe a função da consciência ou a natureza que

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origina da verdadeira identidade de alguém. A concepção de dharma é inseparável de cetana (consciência).

No décimo sexto capítulo deste livro há uma minucio-sa análise, de acordo com a ciência moderna, do desenvol-vimento sistemático da consciência. As vidas conscientes que são compelidas pela ilusão são encontradas em cinco condições: 1) €cch€dita-cetana (consciência coberta), 2) sa‰kucita-cetana (consciência atrofiada), 3) mukulita-ceta-na (consciência em broto), 4) vikasita-cetana (despertar da consciência), 5) p™rŠa-vikasita-cetana (consciência com-pletamente desperta). Tais seres conscientes são conhecidos como j…vas ou pr€Š…. Estes cinco estágios das entidades vi-vas são divididos em duas categorias de entidades imóveis (sth€vara); e entidades móveis (ja‰gama).

Árvores, trepadeiras, arbustos, pedras e outras entida-des imóveis têm a consciência coberta (€cch€dita-cetana). Os outros quatro tipos de seres conscientes são móveis, en-quanto que estas entidades não são, porque suas consciên-cias estão completamente cobertas.

Animais, pássaros, insetos e seres aquáticos têm consciência atrofiada (sa‰kucita-cetana). As j…vas nas-cidas em outras espécies que não a humana são encon-tradas em estados de consciência coberta ou atrofiada. As j…vas em espécies humanas são encontradas em está-gios de consciência germinada, desperta e completamen-te desperta. Embora, os seres sencientes nestes últimos três estados de consciência, sejam todos humanos pela aparência física, eles são avaliados de acordo com o grau de desenvolvimento de suas consciências. Se levarmos isto em conta, considera-se que a consciência dos seres

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humanos estão no estágio preliminar, intermediário ou avançado de desenvolvimento. Não obstante, árvores, tre-padeiras, arbustos, animais, pássaros e seres humanos são todos j…vas e seu dharma é somente a adoração a Bhagav€n. Além de todos estes, os seres humanos são superiores por terem uma consciência desenvolvida, e seu dharma espe-cial é conhecido como jaiva-dharma, que consiste na a-doração a Bhagav€n.

A função da consciência é dimensionada de acordo com o grau em que o conhecimento ou a consciência este-jam cobertos. Não há dúvida que o ser humano é superior a todas as formas de vida na terra, ainda assim é essencial entender de onde esta superioridade é originada. Não se pode dizer que os seres humanos sejam superiores as ár-vores, trepadeiras, insetos, animais, pássaros e seres aquáti-cos do ponto de vista da forma e aparência, força e proezas, beleza e encanto. Porém, os seres humanos são superiores sob todos os aspectos a todas as outras espécies com rela-ção a faculdade mental, o desenvolvimento do intelecto e a expansão da consciência. Este é o dharma especial que é analisado no Jaiva-Dharma. Embora num sentido geral, jaiva-dharma seja o dharma de todas as entidades vivas, ele deve ser entendido como o dharma específico da espécie humana, porque a qualificação especial para o mais elevado dharma é encontrado somente entre aquelas j…vas com ele-vado desenvolvimento de consciência.

Uma questão pode então ser levantada porque este livro foi intitulado Jaiva-dharma e não M€nava-Dhar-ma ou Manu�ya-Dharma (a religião dos seres huma-nos). Quando investigamos, aprendemos que a verdadei-ra função dos seres humanos é encontrada somente em dharma; dharma ou religião não é encontrada em outras

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espécies. Esta é a regra geral. Árvores, trepadeiras, pe-dras, vermes, insetos, peixes, tartarugas, animais, pássaros, cobras e outras entidades vivas são contadas entre as j…vas, porém elas não apresentam tendência religiosa que é carac-terizada pela aspiração a mok�a (liberação) ou a adoração a Bhagav€n.

Alguns filósofos são da opinião que as entidades vi-vas que demonstram somente atributos animalescos, tais como tolice e ausência de misericórdia, são de fato animais. É observado que algumas j…vas desta classe animalesca pos-suem intuição natural em virtude do nascimento. Até um certo ponto, esta intuição natural é semelhante a da natu-reza humana. Embora pareça, ela não é natureza humana, a disposição humana é unicamente observada quando se combinam a tendência animal com o conhecimento e racio-nalidade. Aqueles que possuem esta disposição humana são conhecidos como seres humanos.

O comportamento animalesco é descrito por nossos sábios Arianos, como tendo quatro propensões instintivas: €h€ra (comer), nidr€ (dormir), bhaya (temer) e maithuna (acasalar-se). A disposição humana é manifesta unicamente quando alguém supera estas propensões animalescas e de-senvolve a racionalidade (dharma-v�tti). Filósofos ociden-tais também declaram que os homens são seres racionais. No entanto, é essencial notar que o significado da racionali-dade na filosofia ocidental é consideravelmente limitada.

Na filosofia Ariana, a palavra dharma é extrema-mente abrangente. Somente num aspecto de seu signi-ficado, ela encerra o conceito filosófico ocidental de racionalidade e vai muito além e inclui a tendência de adorar a Deus. O dharma é a verdadeira característica que

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identifica a natureza humana, e as entidades vivas que são desprovidas de dharma são designadas como animais. Esta dito no Hitopade�a (25):

€h€ra-nidr€-bhaya-maithunañ cas€m€nyam etat pa�ubhir nar€Š€m

dharmo hi te�€m adhiko vi�e�odharmeŠa h…n€ƒ pa�ubhiƒ sam€n€ƒ

Os seres humanos são iguais aos animais na questão de comer, dormir, temer e acasalar. Ainda que, a qua-lidade da religião seja unicamente para os seres hu-manos. Sem religião, eles não são melhores do que os animais.

O significado deste verso é que a propensão natural dos seres humanos é de satisfazer os sentidos através das atividades de comer, dormir, defender-se e acasalar. Estas propensões são observadas nos seres humanos e em todas as outras espécies; não há uma segunda opinião sobre isto. Os seres humanos, no entanto, podem única e verdadeira-mente alcançar o status de humanos somente quando a dis-posição religiosa é encontrada neles. As palavras dharmo hi te�€m adhiko vi�e�aƒ significam que o dharma é a especial qualidade que distingue seres humanos dos animais e outras espécies. Naqueles em que o dharma está completamente ausente não é apropriado de serem chamados seres huma-nos. As palavras dharmeŠa h…n€ƒ pa�ubhiƒ sam€n€ƒ signi-ficam que aquelas pessoas que são desprovidas de dharma são como animais. Isto é porque em nosso país, seres hu-manos que são desprovidos de dharma são chamados nara-pa�u (homens animalescos).

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Isto é especialmente notável nas pessoas, de hoje em dia, que abandonaram o dharma e permanecem absortas em comer e em várias formas de desfrute sensual. Esta indul-gência dos sentidos é a tendência dos animais, ou de outras espécies que não sejam humanas. Atualmente, devido a in-fluência de Kali-yuga, a humanidade está gradualmente se degradando e regredindo a condição de animalismo. Assim, de acordo com o �€stra, no presente, poucas pessoas po-dem até mesmo serem classificadas como seres humanos. Se o autor tivesse chamado este livro de Manu�ya-Dharma, então pela definição da escritura sagrada de humanidade, a maior parte não deveria estar qualificada para esta prática. É por esta razão que ®r…la Bhaktivinoda µh€kura, desejan-do o bem-estar de todos, deu a este livro o amplo título de Jaiva-Dharma e, assim preservou completamente as con-venções do �€stra. O dharma ou a adoração a Bhagav€n, é encontrada somente em seres humanos, e não nos animais, pássaros e outras espécies. Seres humanos, como a espé-cie mais avançada, são particularmente qualificados para os mais elevados ensinamentos ou dharma. O Jaiva-Dharma é especialmente destinado a ser estudado por eles.

A qualidade única de ®r… Caitanya Mah€prabhu é que Ele é misericordioso até com as pessoas mais caídas, fazen-do-as aptas para Seus mais elevados ensinamentos. Tal mi-sericórdia não foi outorgada por nenhum outro avat€ra. Por isso, ®r…la R™pa Gosv€m… glorificou ®r…man Mah€prabhu em muitas eloquentes palavras em seu drama, Vidagdha-m€dhava (1.2):

anarpita-car…ˆ cir€t karuŠay€vat…rŠaƒ kalau samarpayitum unnatojjvala-ras€ˆ sva-bhakti-�riyam

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sad€ h�daya-kandare sphuratu vaƒ �ac…-nandanaƒ

Possa este ®r… ®ac…nandana Gaurahari que é resplan-decente com uma refulgência mais gloriosa do que a do ouro, que Ele esteja sempre manifesto no âmago de nossos corações. Por Sua misericórdia sem causa, Ele apareceu na era de Kali para outorgar ao mundo a riqueza de Sua própria bhakti, a suprema e irradiante doçura, ujjvala-rasa, os sentimentos mais confiden-ciais do serviço a R€dh€ e K��Ša em Seu relaciona-mento conjugal. Este raro presente não foi dado por um periodo de tempo extremamente longo. Os seres humanos que recebem este presente podem muito facilmente livrar-se para sempre do aprisionamento de m€y€, e por grande fortuna receber k��Ša-prema.

O autor deste verso efetivamente capturou de modo preciso a característica inigualável de ®r…man Mah€prabhu.

No Décimo Primeiro Capítulo do Jaiva-Dharma, o autor estabeleceu através do diálogo entre Mullah S€hib e os Vai�Šavas, que todos os seres humanos são aptos para vai�Šava-dharma. Ele apoiou esta conclusão com análise lógica e com firme evidência do �€stra. Os que falam urdu, persa, inglês ou qualquer outro idioma podem tornar-se Vai�Šavas; isto não está restrito somente àqueles que falam o idioma sânscrito. De fato, é observado que muitas pessoas que falam hindi, bengali, oriya, assamese, tamil, telegu e outros idiomas na Índia já alcançaram o status de Vai�Šavas. Na verdade, qualquer pessoa, independente de sua condição social e formação religiosa são aptas para isto. Um idioma diferente certamente não é uma desqualificação.

Desconsiderando a opinião daqueles que poderiam

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ter algum preconceito sobre idiomas, ®r…la Bhaktivinoda µh€kura difundiu as instruções de ®r…man Mah€prabhu em vários idiomas. Ele escreveu aproximadamente cem livros em sânscrito, bengali, oriya, hindi, urdu e inglês. Os nomes de alguns dos mais importantes destes livros são relaciona-dos abaixo com suas datas de publicação:1. Hari-kath€: tópicos do Senhor Hari, 18502. ®umbha-Ni�umbha-yuddha, 18513. Poriade, 1857-584. Ma˜has de Orissa,18605. Vijana-gr€ma, 18636. Sanny€s…, 18637. Nosso querer, 18638. V€lide Reji�˜r…, 18669. Discurso sobre Gautama, 186610. O Bh€gavat: Sua Filosofia, Sua Ética e Sua Teologia, 186911. Garbha-stotra-vy€khy€, 187012. Reflexões, 187113. µh€kura Harid€sa, 187114. O Templo de Jagann€tha em Pur…, 187115. Os Monastérios de Pur…, 187116. A Personalidade de Deus, 187117. Um raio de Luz, 187118. ®aragr€h… Vai�Šava, 187119. Amar a Deus, 187120. Os Atiba�is de Orissa, 187121. O Sistema de Casamento na Bengala, 187122. Ved€nt€dhikaraŠa-m€l€, 187223. Datta-kaustubham, 187424. Datta-vaˆ�a-m€l€, 187625. Bauddha-vijaya-k€vyam, 187826. ®r… K��Ša-saˆhit€,188027. ®r… Sajjana-to�aŠ…, (revista mensal) 188128. Kaly€Ša-kalpataru, 1881

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29. Revisão de Nitya-r™pa-saˆsth€panam, 188330. Vi�va-Vai�Šava-Kalp€˜ari, 188531. Da�opaŠi�ad-c™rŠik€, 188632. Bh€v€vali (comentário), 188633. Rasika-Rañjana, (comentário da Bhagav€d-G…t€), 188634. ®r… Caitanya ®ik�€m�ta, 188635. Prema-prad…pa, 188636. Publicação de ®r… Vi�Šu-sahasra-n€ma, 188637. Manaƒ-®ik�€ (tradução e comentário), 188638. ®r… Caitanya Upani�ad (comentário), 188739. ®r… K��Ša-vijaya (publicado), 188740. Vai�Šava-siddh€nta-m€l€, 188841. ®r… šmn€ya-s™tram, 189042. Siddh€nta-darpaŠam (tradução Bengali), 189043. ®r… Navadv…pa-dh€ma-mah€tmya, 189044. ®r… Godruma Kalpatari (ensaio sobre n€ma-ha˜˜a), 189145. Vidvad-rañjana (comentário sobre a Bhagav€d-G…t€), 189146. ®r… Harin€ma, 189247. ®r… N€ma, 189248. ®r… N€ma-tattva-�ik�€�˜aka, 189249. ®r… N€ma-mahim€, 189250. ®r… N€ma-prac€ra, 189251. ®r…man Mah€prabhura ®ik�€, 189252. Tattva-vivekaƒ ou ®r… Saccid€nand€nubh™tiƒ, 189353. ®araŠ€gati, 189354. G…t€val…, 189355. G…t€m€l€, 189356. ®oka-�€tana, 189357. N€ma Bhajana, 189358. Tattva-s™tram, 189459. Ved€rka-d…dhiti (comentário sobre a ®r… Ÿ�opani�ad), 189460. Tattva-mukt€val… ou M€y€v€da-�atad™�aŠ…, (traduzido e pu-blicado), 189461. Am�ta-prav€ha-bh€�ya (comentário sobre o Caitanya-carit€m�ta), 1895

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62. ®r… Gaur€‰ga-l…l€-smaraŠa-ma‰gala-stotram, 189663. ®r… R€m€nuja Upade�a, 189664. Jaiva-Dharma, 189665. ®r… Caitanya Mah€prabhu, Sua Vida e Preceitos, 189666. Brahma-saˆhit€ (comentário), 189767. ®r… Goloka-m€h€tmya (tradução do Bengali do B�had Bh€gavat€m�ta), 189868. ®r… K��Ša-karŠ€m�tam, (tradução), 189869. P…y™�a-var�iŠ…-v�tti (comentário sobre o Upade�€m�ta), 189870. ®r… Bhajan€m�tam (tradução e comentário) 189971. ®r… Navadv…pa-bh€va-tara‰ga, 189972. Os Ídolos Hindus, 189973. ®r… Harin€ma-cint€maŠi, 190074. ®r… Bh€gavata Arka-mar…ci-m€l€,190175. ®r… Sa‰kalpa-kalpadrum€ (tradução bengali), 190176. ®r… Bhajana-rahasya, 190277. ®r… Prema-vivarta (publicado) , 190678. Svaniyama-dv€da�akam, 1907

Quando alguém vê esta lista, pode facilmente deduzir que o autor era extensamente erudito em vários idiomas. Penso que nesta altura é necessário esclarecer uma carac-terística especial da vida do autor. Embora ele fosse um proeminente erudito no pensamento ocidental, ele era com-pletamente livre das influências ocidentais. Os educadores ocidentais dizem: “Sigam minhas palavras, não a mim.” Em outras palavras: “Faça o que eu digo, e não o que eu faço.” Este princípio é refutado na vida de ®r…la Bhaktivinoda porque ele pessoalmente aplicou e demonstrou todas as instruções de seus livros em sua própria vida. Então, suas instruções e conduta de bhajana (práticas espirituais) são conhecidas como “Bhaktivinoda dh€ra” (a linha de Bhak-tivinoda). Não há uma única instrução em seus livros que

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pessoalmente não tenha seguido. Por conseguinte, não há uma disparidade entre seus escritos e sua vida, entre suas ações e suas palavras. Elas são una em todos os aspectos.

É natural que os leitores estejam curiosos para apren-der de uma grande personalidade que possui tão extraor-dinário caráter. Leitores modernos, em particular, que buscam saber sobre qualquer assunto, não podem ter fé nos escritos de um autor sem familiarizar-se com ele. Por isto, estou submetendo algumas palavras sobre ®r…la Bhakti-vinoda µh€kura.

Quando falamos sobre a vida de mah€-puru�as (gran-des personalidades auto-realizadas que são transcendentais a existência mortal), seria um erro considerar seu nascimen-to, sua vida e morte similar aos dos meros mortais, porque os mah€-puru�as estão além do nascimento e da morte. Eles estão situados na existência eterna, e suas idas e vin-das neste mundo são mencionadas como aparecimentos e desaparecimentos.

®r…la Bhaktivinoda Thakura veio a este mundo num domingo, dia 2 de setembro de 1838, e iluminou o céu do Gau�…ya Vai�Šavismo. Ele nasceu numa família de alta classe num vilarejo chamado V…ranagara (também conhe-cido como Ul€gr€ma ou Ul€), o qual está localizado den-tro do Distrito de Nadiy€ na Bengala Ocidental, não muito distante de ®r…dh€ma-M€y€pura, o local do aparecimento de ®r… Gaur€‰ga. Ele desapareceu deste mundo em 23 de junho de 1914, na cidade de Calcutá. Naquele momento ele entrou nos passatempos do meio-dia de ®r… ®r… G€ndharvik€-Giridh€r…, que são os objetos supremos da adoração para os Gau�…ya Vai�Šavas.

Em seu breve tempo de vida de setenta e seis anos, ele instruiu o mundo pessoalmente executando os deveres

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dos quatro €�ramas (estágios de vida espiritual): brahmac€rya (vida de estudante celibatário), g�hastha (chefe de família religioso), v€napra�tha (afastamento dos deveres mundanos) e sanny€sa (renúncia formal). Ele pri-meiro entrou na ordem de brahmac€rya, e obteve várias instruções elevadas. Depois disso, ele aceitou a vida de grhastha, e adotou um exemplo ideal de como manter os membros da família através de meios nobres e honestos. Todos chefes de família devem seguir este exemplo.

Durante sua vida de g�hastha, ®r…la Bhaktivinoda viajou por toda a Índia como um oficial do alto escalão do departamento de administração e da justiça do governo britânico na Índia. Por sua minuciosa discriminação e es-perta habilidade administrativa, esta grande personalidade conseguiu regularizar e levar ordem até para aqueles luga-res que eram torpes, como estados sem lei. Em meio aos deveres de família, ele surpreendeu todos os seus contem-porâneos ao mostrar seu ideal religioso. Embora, sobrecar-regado de responsabilidades, ele escreveu muitos livros em diferentes idiomas. Nós relacionamos as datas das publica-ções de seus livros em nossa lista. Se o leitor estudar isto, ele pode deduzir claramente que o poder criativo de Bhak-tivinoda era inacreditável.

Após retirar-se das responsabilidades governamentais, ®r…la Bhaktivinoda adotou o estágio de vanapra�tha, e inten-sificou sua prática espiritual. Nesta época, ele estabeleceu um €�rama em Surabhi-kuñja em Godrumadv…pa, num dos no-ves distritos de Navadv…pa. ®r…la Bhaktivinoda µh€kura per-maneceu lá e realizou bhajana por um tempo considerável.

Mais tarde, num local não distante chamado

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Sv€nanda-sukhada-kuñja, ele aceitou a vida de um asceta e ali permaneceu. Enquanto residia ali, seguiu o exemplo de ®r… Caitanya Mah€prabhu e de seus seguidores, os Seis Gosv€m…s, que tinham descoberto o local de nascimento e outros locais dos passatempos de ®r… K��Ša.

Ele estabeleceu o local do aparecimento de ®r… Cai-tanyadeva e muitos outros locais de gaura-l…l€. Se ®r…la µh€kura Bhaktivinoda não tivesse aparecido, os locais dos passatempos e instruções de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu te-riam desaparecido deste mundo. Todo o mundo Gau�…ya VaiŠava, permanecerá endividado a elepara sempre. Esta é a razão por que lhe foi concedida a mais elevada honra na comunidade Vai�Šava ao referir-se a ele como o Sétimo Gosv€m….

Este mah€-puru�a instruiu o mundo tanto pelo exem-plo ideal de sua vida pessoal bem como por escrever livros em vários idiomas. Além disso, há ainda um outro presente único outorgado por ele e, isto deveria ser uma mostra de ingratidão de minha parte se eu negligenciasse mencionar isto. ®r…la Bhaktivinoda µh€kura trouxe uma grande perso-nalidade para este mundo, que foi o comandante chefe em propagar o dharma revelado por ®r… Caitanya Mah€prabhu. Esta grande personalidade é meu amado Gurudeva, e ele é renomado através do mundo como Jagad-guru Oˆ Vi�Šup€da Paramahaˆsa-kula-c™�€maŠi A�˜ottara-�ata ®r… ®r…mad Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami Thakura. Foi um feito incomparável e sem precedentes por parte de Bhak-tivinoda Thakura ao trazer este mah€-puru�a ao mundo. A comunidade Vai�Šava honra ®r…la Bhaktisiddh€nta Saras-vat… µh€kura com o pequeno título de Sr…la Prabhup€da, da-

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qui em diante, eu irei me referir a este supremamente mah€- puru�a liberado como ®r…la Prabhup€da.

®r…la Prabhup€da apareceu como filho e sucessor de ®r…la Bhaktivinoda µh€kura. E pelo mundo, ele ergueu a ban-deira reluzente do ®r… Madhva Gau�…ya Vai�Šava dharma, o qual foi praticado e propagado por ®r…man Mah€prabhu, ®r… Caitanyadeva. E assim, ele trouxe um bem-estar tremendo e elevação no campo religioso. Mesmo nos países ocidentais e do Extremo Oriente como América, Inglaterra, Aleman-ha, França, Suécia, Suíça e Birmânia não foram privados de sua misericórdia. Ele estabeleceu sessenta e quatro centros de pregação Gau�…ya Ma˜h, na Índia e ao redor do mun-do, e neles ele propagou os ensinamentos de ®r… Caitanya. Ele também difundiu todos os livros de ®r…la Bhaktivinoda µh€kura e deste modo estabeleceu sua fama incomparável por todo o mundo.

Pela influência do tempo e sobretudo a investida da era de Kali, vários tipos de corrupção e falsas doutrinas tinham se infiltrado no dharma Gau�…ya Vai�Šava. Como resultado, treze seitas distorcidas (apasamprad€yas) emer-giram, e elas são nomeadas neste verso:

€ola b€ola katt€bhaj€ ne�€ darve�a s€…sahajiy€ sakh…-bhek… sm€rtta j€ti-gos€…

atib€�… c™�€dh€r… gaur€‰ga-n€gar…tot€ kahe e teraha sa‰ga n€hi kari

Tot€ disse que ele não iria se associar com as tre-ze apasamprad€yas: €ola, b€ola, katt€bhaj€, ne�€, darve�a, s€…, sahajiy€, sakh…-bhek…, sm€rtta, j€ti-gos€…, atib€�…, c™�€dh€r… e gaur€‰ga-n€gar….

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®r…la Prabhup€da restringiu significativamente as ativi-dades danosas destas seitas (apasamprad€yas) através de sua pregação e por publicar os livros de ®r…la Bhaktivinoda µh€kura. Apesar de tudo isto, devido a influência de Kali, a alimentação, o lazer e a segurança material, desafortunada-mente tendem a se tornar o interesse principal de qualquer seita religiosa. Na realidade, todas estas coisas são somente outros nomes das propensões do comportamento animal, como já havíamos discutido anteriormente.

O Jaiva-Dharma contém uma completa discussão da natureza do dharma, nosso relacionamento com o dharma, o resultado de seguir o dharma, a importância do dharma, o fato de que a assim chamada religião que é propagada por Kali em geral não é dharma de maneira alguma. De fato, alguém pode saber o significado de todos os �€stras de uma forma condensada, simplesmente por estudar este livro compacto, o qual contém uma análise comparativa de todas as religiões do mundo na forma de perguntas e respostas. Em resumo, posso dizer que este pequeno livro engloba a essência de todos os �€stras da Índia, como o oceano con-tido num jarro. Não é nenhum exagero dizer que a menos que as pessoas com tendência religiosa leiam este livro, elas certamente estarão carentes do conhecimento filosófico re-lativo a verdade espiritual em suas vidas.

Convido os leitores para consultarem o índice ge-ral e ver a variedade e a importância dos tópicos cober-tos. O autor preservou o �€stra-mary€d€ (convenção das escrituras) ao explanar a verdade com relação as três di-visões: sambandha, abhidheya e prayojana. Os tópi-cos espirituais devem ser apresentados em ordem apro-

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priada, que inicia com sambandha (estabelecer o seu re-lacionamento com ®r… K��Ša), então abhidheya (ocupar-se no processo de despertar amor por ®r… K��Ša), e finalmente prayojana (atingir a meta do amor por ®r… K��Ša). Alguns autores inexperientes transgridem esta ordem e discorrem primeiro sobre prayojana-tattva, em seguida sobre sam-bandha-tattva e abhidheya-tattva. Isto é completamente contrário às conclusões dos Vedas, Upani�ads, Pur€Šas, Mah€bh€rata, e especialmente o ®r…mad-Bh€gavatam, a mais proeminente de todas as evidências espirituais.

Na primeira parte do livro, há uma análise de nitya-dharma, deveres religiosos eternos relacionados com a verdadeira natureza da alma e naimittika-dharma, deveres religiosos temporários ou ocasionais relacionados com as obrigações morais de alguém neste mundo. Na segunda parte há uma descrição completa de sambandha, abhidheya e prayojana, a qual é firmemente baseada nas evidências dos �€stras; e na terceira parte, há uma profunda discussão da natureza de rasa.

De acordo com a linha de pensamento de ®r…la Prabhup€da, não se deve entrar em rasa-vic€ra (a consi-deração das doçuras transcendentais e confidenciais de bhakti) até ter alcançado uma qualificação superior. Um s€dhaka não qualificado irá impedir seu progresso, mais do que auxiliá-lo, se ele fizer uma tentativa desautori-zada para entrar em rasa-vic€ra. ®r…la Prabhup€da ex-pressou isto claramente em numerosos artigos, tais como: Bh€i Sahajiy€ (Meu Irmão que Depreciou a Santidade da Vida Espiritual ao Comparar Seus Instintos Materiais com Emoções Espirituais) e Pr€k�ta-rasa-�ata-d™�aŠ… (Cem Objeções para as Doçuras Materiais Pervertidas). Por-

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tanto, deve-se ter muita cautela no que diz respeito a este assunto.

O Jaiva-Dharma original foi escrito em bengali, mas o sânscrito foi utilizado no livro extensivamente, por ele conter muitas citações dos �€stras. Em muito pouco tempo, no mínimo, doze grandes edições deste livro já foram publi-cadas em bengali, o que demonstra sua popularidade. Esta presente edição em hindi do Jaiva-Dharma, foi publicada de acordo com o sistema utilizado pela mais recente edição em bengali do Jaiva-Dharma, publicada em um novo formato pela Gau�…ya Ved€nta Samiti. TridaŠ�i Sv€m… ®r… ®r…mad Bhaktived€nta N€r€yaŠa Mah€r€ja, o editor muito compe-tente da revista espiritual mensal ‘®r… Bh€gavata Patrik€’, realizou notáveis esforços para traduzir este livro em hindi, e publicá-lo na revista em uma série de artigos durante um período de seis anos. Com repetidos pedidos de muitos lei-tores fiéis, ele agora publicou estes artigos na forma de um livro para beneficiar a população religiosa, de fala hindi.

Em relação a isto, eu me sinto na obrigação de res-saltar, que o idioma materno do nosso altamente distinto tradutor é o hindi e, ele aprendeu bengali a fim de estudar este livro. Após dominar completamente ambos, o idio-ma e os tópicos do texto, ele aceitou as dificuldades e a substancial e laboriosa tarefa de traduzi-lo para o hindi. Estou muito satisfeito de coração que ele tenha preser-vado habilidosamente a filosofia primorosa, a intensa e profunda análise de rasa e os sublimes humores sutis do livro original. O mundo de fala hindi irá permanecer en-dividado a ele por este trabalho monumental. Em parti-cular, ®r…la Prabhup€da e Bhaktivinoda µh€kura irão de-finitivamente conferir grande misericórdia a ele por seu

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serviço inestimável.Acima de tudo, devo dizer que se meu nome foi cita-

do em relação a publicação deste livro, é unicamente pela estima dos s€dhakas envolvidos em sua produção. Na rea-lidade, TridaŠ�i Sv€m… ®r… ®r…mad Bhaktived€nta N€r€yaŠa Mah€r€ja, é o tradutor e o editor e, quem fez toda a edição do trabalho e deste modo, ele é o objeto de minha afeição especial e bênçãos.

Tenho absoluta fé que por estudar este livro, o público fiel bem como os sábios eruditos deste país irão adquirir conhecimento das verdades fundamentais de sambandha, abhidheya e prayojana, que foi praticada e pregada por ®r… Caitanya Mah€prabhu. E ao fazê-lo, eles tornar-se-ão elegí-veis para entrar no prema-dharma de ®r… ®r… R€dh€ K��Ša e ®r… Caitanya Mah€prabhu. Concluindo, eu oro para que os leitores nos confiram amplas bênçãos ao ler este livro muito cuidadosamente.

®r… Ke�avaj… Gau�…ya Ma˜haMathur€, U.P., 1966

®r…la Prabhup€da Ki‰karaTridaŠ�i-bhik�u, ®r… Bhakti Prajñ€na Ke�ava

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Capítulo 1Os Dharmas da J…va: o Eterno e o Temporário

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Dentro deste mundo, a ilha de Jamb™dv…pa é a mais exaltada. Em Jamb™dv…pa, a terra de Bh€rata-var�a é emi-nente e em Bh€rata-var�a, o lugar mais elevado é Gau�a-bh™mi. Em Gau�a-bh™mi, a região das nove ilhas de ®r… Navadv…pa-maŠ�ala é supremamente destacada, e na mar-gem oriental do rio Bhag…rath…, numa área de ®r… Navadv…pa-maŠ�ala, está situado um eterno e belo vilarejo chamado ®r… Godruma. Em épocas remotas, muitos praticantes resolutos de bhajana viviam nos diversos recantos de ®r… Godruma. Foi aqui que ®ri Surabhi, uma vaca de origem divina, ou-trora adorou o Senhor Supremo Bhagav€n ®r… Gauracandra em seu próprio kuñja, um bosque coberto com fragrantes trepadeiras floridas. A uma pequena distância deste kuñja está Pradyumna-kuñja. Aqui, ®ri Premad€sa Paramahaˆsa B€b€j…, um discípulo �ik�a de Pradyumna Brahmac€r…, o melhor entre os associados de ®r… Gauracandra,vivia em um ku˜ira (cabana) coberto com plantas trepadeiras e densas folhagens, e passava seu tempo constantemente imerso no êxtase divino do bhajana.

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40 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 1

®r… Premad€sa B€b€j… era um refinado erudito e com-pletamente versado em todas as conclusões dos �€stras. Ele abrigou-se com toda convicção na floresta de ®r… Go-druma, sabendo que em essência ela não é diferente de ®r… Nandagr€ma. E como rotina diária, B€b€j… Mah€r€ja can-tava duzentos mil santos nomes e oferecia centenas de re-verências a todos os Vai�Šavas. Para manter sua vida ele aceitava esmolas nas casas dos pastores de vacas. E sempre que encontrava um tempo livre, ele passava esse tempo não em conversa inútil, mas lendo o livro ®r…-Prema-vivarta de ®r… Jagad€nanda, um associado confidencial de ®r… Gaura-sundara.

Nestas ocasiões, os Vai�Šavas das redondezas reuni-am-se e ouviam com grande devoção enquanto B€b€j… lia com os olhos cheios de lágrimas. E por que eles não viriam ouví-lo? Este tratado divino, Prema-vivarta, está repleto de todas as conclusões de rasa, a essência fluídica e conden-sada das emoções transcendentais integradas. Além disso, eles eram inundados pelas ondas da doce voz ressonante de B€b€j…, as quais, como uma chuva de néctar, extinguia de seus corações o fogo venenoso da sensualidade.

Certa tarde, ao completar seu canto regular de �r…-hari-n€ma, B€b€j… Mah€�aya sentou-se para ler o ®r… Pre-ma-vivarta em um sombreado bosque de flores m€dhav… e jasmim e, mergulhou num oceano de emoções transcenden-tais. Naquele instante, um mendicante da ordem de vida renunciada aproximou-se dele, prostrou-se aos seus pés e ofereceu-lhe reverências por um longo tempo. A princípio, B€b€j… Mah€�aya permaneceu absorto em seu êxtase de bem-aventurança transcendental. Porém, logo após reco-brar a sua consciência externa, ele viu o mah€tm€ sanny€s… deitado diante dele. Considerando-se mais desprezível e in-

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significante do que uma folha de grama, B€b€j… caiu diante do sanny€s… e começou a chorar, exclamando: “Ó Caitanya! Ó Nityananda! Por favor, seja misericordioso com este caí-do e miserável.” Sanny€s… Th€kura, então disse: “Prabhu, sou extremamente vil e desprovido. Por que você zomba de mim desta maneira?”

O sanny€s… adiantou-se e tocou os pés de B€b€j… Mah€�aya, colocando a poeira sobre sua cabeça sentou-se diante dele. B€b€j… Mah€�aya ofereceu-lhe um assento de caule de bananeira, e também sentou ao lado dele e falou com a voz embargada de amor. “Prabhu, que serviço pode esta pessoa insignificante lhe oferecer?”

O sanny€s… deixou de lado seu kamandalu (pote de mendicância), e com as mãos postas começou a falar: “Ó mestre, sou muito desafortunado. Eu passei meu tem-po em K€�i e outros lugares sagrados, debatendo as con-clusões analíticas dos textos religiosos, tais como: s€‰khya, p€tañjala, ny€ya, vai�e�ika, p™rva-m…m€ˆs€ e uttara-m…m€ˆs€ e estudando exaustivamente as Upani�ads e os demais Ved€nta-�€stras. Cerca de doze anos atrás, aceitei a ordem de vida renunciada de ®r… Saccid€nanda Sarasvat…. E com o bastão da ordem de vida renunciada, viajei por todos os lugares sagrados da Índia e onde quer que chega-va, eu permanecia na associação de sanny€s…s seguidores da doutrina de ®r… ®añkara. No devido curso do tempo, ul-trapassei os três primeiros estágios da ordem renunciada – ku˜icaka, bah™daka e haˆsa – e alcancei o elevado estágio de paramahaˆsa, no qual permaneci por algum tempo. Em V€r€Šas…, adotei o voto de silêncio e fui fiel às declarações que ®r… ®a‰kar€c€rya afirmou serem mah€-v€kya (princi-pais axiomas) dos Vedas, ahaˆ bhahm€smi, prajñ€naˆ brahma e tat tvam asi. Contudo, a felicidade e a satisfação

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42 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 1

espiritual que eu encontrar não aconteceram.“Um dia, vi um s€dhu Vai�Šava cantando os passa-

tempos de ®r… Hari em voz alta. Abri meus olhos e vi que ele havia se banhado numa corrente de lágrimas e, em seu transe extático todos os pelos de seu corpo ficaram arrepia-dos. Ele estava cantando os nomes de “®r… K��Ša Caitanya, Prabhu Nity€nanda!”com a voz embargada, seus pés desli-zavam de tal maneira que ele caía no chão enquanto dan-çava repetidas vezes. Quando o avistei e ouvi sua canção, meu coração ficou tomado com um êxtase indescritível. Embora, aquela experiência mística fosse tão irresistível, não lhe dirigi nenhuma palavra só para proteger meu status de paramahaˆsa. Ai de mim! Que vergonha essa minha classe e posição social! Que destino maldito! Não sei por que, mas, desde aquele dia, meu coração sente-se atraído pelos pés de lótus de ®r… K��Ša Caitanya.

“Pouco tempo depois, tive um desejo ardente de en-contrar aquele s€dhu Vai�Šava novamente. Porém, não pude encontrá-lo em nenhuma parte. Eu nunca tinha antes ex-perimentado algo como a bem-aventurança imaculada que senti ao vê-lo e ao ouvir o santo nome que emanava de sua boca. Depois de refletir bastante, concluí que abrigar-me aos pés de lótus dos Vai�Šavas, seria o benefício máximo para mim.

“Deixei K€�i e fui para a bela terra sagrada de ®r… V�nd€vana-dh€ma. Lá vi muitos Vai�Šavas recitando os no-mes de ®r… R™pa, San€tana e J…va Gosv€mi num humor de grande lamentação. Em êxtase, eles meditavam nos passa-tempos de ®r… R€dh€-K��Ša, e rolavam pelo chão, cantando o nome de ®r… Navadv…pa. Quando vi e ouvi isto, uma avi-dez para ver o belo dh€ma sagrado de Navadv…pa despertou dentro mim. Circungirei pelas cento e sessenta e oito milhas

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quadradas de ®r… Vraja-dh€ma e estou a poucos dias em ®r… M€y€pura. Aqui ouvi sobre suas glórias e, então vim hoje aceitar o abrigo de seus pés de lótus. Por favor, satisfaça a aspiração de minha vida e faça deste servo um objeto de sua misericórdia.”Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya colocou uma folha de grama entre seus dentes e chorando ele disse: “Ó Sanny€s… µh€kura, sou absolutamente insignificante. Tenho passado minha vida inutilmente enchendo meu estômago, dormindo e ocupado em conversas fúteis. É verdade que me estabeleci aqui neste lugar sagrado, onde ®r… K��Ša Caitanya realizou Seus passatempos. Porém, sinto-me incapaz de saborear esta coisa conhecida como k��Ša-prema, enquanto isso os dias passam voando. Você é tão afortunado, que pelo sim-ples fato de ter visto um Vai�Šava por um instante, você sa-boreou este amor divino e, recebeu a misericórdia de K��Ša Caitanyadeva. Ficarei muito grato se por um momento você gentilmente lembrar deste miserável caído, quando estiver saboreando esse prema. Então, minha vida será bem-suce-dida.”Dizendo isto, B€b€j… abraçou o sanny€s… e banhou-o com suas lágrimas. Assim que Sanny€s… Mah€r€ja tocou o cor-po do Vai�Šava, experimentou uma bem-aventurança sem limites em seu coração. Enquanto ele chorava, começou a dançar, e então pôs-se a cantar:

(jaya) �r… k��Ša-caitanya �r… prabhu nity€nanda(jaya) premad€sa guru jaya bhajan€nanda

“Todas as glórias a ®r… K��Ša Caitanya e Prabhu Nity€nanda. Todas as glórias ao meu divino mestre Premad€sa e a bem-aventurança do bhajana.”Premad€sa B€b€j… e Sanny€s… M€h€raja dançaram e

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44 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 1

executaram k…rtana por um longo tempo. Quando eles para-ram, falaram juntos sobre muitos assuntos. Finalmente, Premad€sa B€b€j… disse muito humildemente: “Ó Mah€tm€, bondosamente permaneça aqui por alguns dias em Pra-dyumna-kuñja, para me purificar.”

O sanny€si disse: “Ofereço meu corpo aos seus pés de lótus. Por que você fala apenas em alguns dias? Minha prece é que eu possa servi-lo até eu abandonar este corpo.”

Sanny€si µh€kura era um erudito em todos os �€stras. Ele sabia muito bem que se alguém permanece na residên-cia do guru, naturalmente receberá as instruções dele, então ele aceitou aquele bosque como sua residência com grande deleite.

Após alguns dias, Paramahaˆsa B€b€j… disse ao ele-vado sanny€s…: “Ó Mah€tm€, ®r… Pradyumna Brahmac€r… misericordiosamente deu-me abrigo aos seus pés de lótus. Atualmente ele mora no vilarejo de ®r… Devapall… nos arre-dores de ®r… Navadv…pa-maŠ�ala onde ele está absorto na adoração a ®r… N�siˆhadeva. Hoje, após coletar doações, iremos lá ter o dar�ana de seus pés de lótus.”

Sanny€s… µh€kura respondeu: “Eu vou seguir todas as instruções que você me der.”

Depois das duas horas, eles cruzaram o Rio Alak€nand€ e chegaram em ®r… Devapall…. Eles também cruzaram o Rio S™rya˜…l€ e tiveram dar�ana dos pés de lótus do associado de ®r… Caitanya Mah€prabhu, ®r… Pradyumna Brahmac€r… que estava no templo de ®r… N�siˆhadeva. De longe, Paramahaˆsa B€b€j… caiu no chão e ofereceu prostradas reverências a seu guru. Então, Pradyumna Brahmac€r… saiu do templo com o coração derretido pela afeição por seu discípulo. Erguendo Paramahaˆsa B€b€j… com ambas as mãos e abraçando-o muito amorosamente, ele indagou

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45Os Dharmas da J…va: o Eterno e o Temporário

sobre seu bem-estar. Depois de conversarem sobre bha-jana por algum tempo, Paramahaˆsa B€b€j… apresentou Sanny€si µh€kura a seu guru.

Brahmac€r… µh€kura disse com todo o respeito: “Meu querido irmão, você tem um guru que é o mais qualifica-do. Você deve estudar o livro Prema-vivarta sob a guia de Premad€sa.”

kib€, vipra, kib€ ny€s…, �udra kene nayajei k��Ša-tattva-vett€, sei’guru ‘haya

(Caitanya-carit€m�ta Madhya 8.128)

“Seja um br€hmaŠa, um sanny€s… ou um �udra, se ele é completamente versado em todas as verdades a respeito do conhecimento transcendental de ®r… K��Ša, ele pode tornar-se um guru.”

Sanny€si µh€kura humildemente ofereceu reverên-cias aos pés de lótus de seu parama-guru e disse: “Prabhu, o senhor é um associado de Sri Caitanyadeva e somente por seu olhar misericordioso, você pode purificar centenas de sanny€s…s arrogantes como eu. Por favor, conceda-me sua misericórdia.”

Sanny€s… µh€kura não tinha experiência prévia do comportamento mútuo entre os Vai�Šavas. Contudo, ele aceitou o procedimento que observou entre seu guru e pa-rama-guru como o sad-€c€ra (etiqueta apropriada) que ele próprio deveria seguir. Daquele dia em diante, ele compor-tou-se de acordo com a direção de seu próprio guru sem nenhum traço de duplicidade. Quando o €r€ti da noite ha-via acabado, o guru e o �i�ya (discípulo) voltaram para ®r… Godruma.

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46 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 1

Após poucos dias de residência no kuñja, Sanny€s… µh€kura ficou desejoso de fazer perguntas sobre as ver-dades espirituais a Paramahaˆsa B€b€j…. Agora, o sanny€s… já tinha adotado a conduta de um Vai�Šava, menos suas vestes externas. Durante seu treinamento prévio, Sanny€s… µh€kura desenvolveu qualidades, tais como completo con-trole de sua mente, sentidos e tornou-se firmemente estabe-lecido na concepção impessoal do Absoluto todo-penetrante (brahma-ni�˜h€). Além disso, ele agora tinha adquirido uma fé inabalável nos passatempos transcendentais de Parabrah-ma ®r… K��Ša e também uma profunda humildade.

Certa manhã, ao romper da aurora, após fazer suas a-bluções, Paramahaˆsa B€b€j… sentou-se no bosque m€dhav…, para cantar hari-n€ma em sua tulas… m€la. Naquele mo-mento, o ni�anta-l…l€ (passatempos antes do amanhecer) de ®r… ®r… R€dh€ e K��Ša Yugala gradualmente manifestaram-se dentro de seu coração. Como aquele era o momento em que ®r… ®r… R€dh€ e K��Ša separavam um da companhia do outro, deixando o kuñja para retornar para Seus respecti-vos lares, Paramahaˆsa B€b€j… sentiu uma grande angústia de separação e, lágrimas de amor verteram continuamente de seus olhos. Absorto em meditação neste passatempo em sua forma espiritual perfeita, ele estava internamente ocu-pado no serviço apropriado àquele período do dia. Assim, ele perdeu toda consciência do seu corpo físico. Sanny€s… µh€kura ficou cativado pelo estado do B€b€j… e sentou-se perto dele, observando seus s€ttvika-bh€vas (sintomas de êxtase transcendental).

De repente, Paramahaˆsa B€b€j… disse-lhe: “Ó sakh…, silencie Kakkha˜… (a macaquinha de Sr…mat… R€dhik€) ime-diatamente. Caso contrário, ela irá despertar R€dh€-Govin-da do sono de prazer divino e Lalita-sakhi não vai gostar e

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47Os Dharmas da J…va: o Eterno e o Temporário

irá repreender-me . Olhe ali! Ana‰ga Mañjar… está indican-do para você fazer isto. Você é RamaŠa Mañjar… e este é o seu serviço designado. Esteja atenta sobre isto.”

Após dizer estas palavras, Paramahaˆsa B€b€j… caiu inconsciente. A partir deste momento, Sanny€s… Mah€r€ja, ao familiarizar-se com sua identidade espiritual e serviço, passou a ocupar-se adequadamente.

Assim, o dia amanheceu e a luz da manhã espalhava seu brilho ao leste. Os pássaros começaram a gorjear melo-diosamente em todas as direções e uma brisa suave soprava. A extraordinária beleza do bosque madh€v… de Pradyumna-kuñja, iluminado pelos raios carmesins do sol nascente, era indescritível.

Paramahaˆsa B€b€j… estava sentado num assento de caule de bananeira e, gradualmente ao recobrar sua cons-ciência externa, começou a cantar �r…-n€ma em suas contas. Sanny€s… µh€kura, então ofereceu reverências prostradas aos pés de B€b€j… e sentou-se próximo dele com suas mãos postas e falou com grande humildade: “Prabhu, ó mestre! Esta alma necessitada deseja submeter-lhe uma pergunta. Por favor, responda-a e pacifique meu coração angustiado. E se for do seu agrado, faça com que meu coração, o qual está ressecado pelo fogo do brahma-jñ€na (conhecimento visando o Absoluto impessoal desprovido de forma, quali-dade e atividades) seja inundado por vraja-rasa.”

B€b€j… respondeu: “Você é um candidato qualificado. Qualquer pergunta que você fizer, responderei de acordo com a minha habilidade.”

Sanny€s… µh€kura, disse: “Prabhu! Por um longo tempo eu tenho ouvido sobre a superioridade de dharma. Em várias ocasiões eu perguntei para muitas pessoas ‘O que é dharma?’ E as respostas que estas pessoas deram

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48 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 1

eram contraditórias entre si. E isto causa-me muito sofri-mento. Então, por favor, diga-me: Qual é o dharma ver-dadeiro e original das j…vas? E, porque diferentes mestres explicam a natureza do dharma de tantas formas diversas? Se o dharma é único, porque todos os mestres eruditos não ensinaram a cultivar esse dharma universal, o qual é exclu-sivo?”

Paramahaˆsa B€b€j… meditou nos pés de lótus de Bhagav€n ®r… K��Ša Caitanya e começou a falar: “Ó mais afortunado, descreverei para você os princípios do dhar-ma tanto quanto meu conhecimento permitir. Um objeto é chamado vastu e sua natureza eterna é conhecida como seu nitya-dharma. A natureza surge da estrutura elementar de um objeto (gha˜ana). Pelo desejo de K��Ša, quando um ob-jeto é formado, sua estrutura inerente possui uma natureza particular como um fator concomitante e eterno. Esta natu-reza é o nitya-dharma do objeto.”

“A natureza de um determinado objeto torna-se altera-da ou distorcida quando uma mudança ocorre nele, seja por força das circunstâncias, ou devido ao contato com outros objetos. Com o passar do tempo, esta natureza distorcida torna-se predominante, e parece ser permanente, como se ela fosse a natureza eterna deste objeto. Esta natureza distor-cida não é o svabh€va (natureza verdadeira); ela é chamada nisarga, a qual é adquirida através de longo tempo de asso-ciação. Este nisarga ocupa o lugar da natureza verdadeira, e passa a se identificar como se fosse o svabh€va.”

“Por exemplo, a água é um objeto e seu svabh€va é a liquidez. Quando, devido a certas circunstâncias, a água se transforma em gelo e solidifica. Essa natureza adquirida de solidez ocupa o lugar de sua natureza inerente. Na rea-lidade, esta natureza adquirida não é eterna, ao contrário, é

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49Os Dharmas da J…va: o Eterno e o Temporário

ocasional ou temporária. Surge em decorrência de alguma causa – quando o efeito desta causa termina, esta nature-za adquirida desaparece automaticamente. Entretanto, o svabh€va é eterno. Mesmo ao tornar-se distorcido, ele ainda assim permanece inseparavelmente conectado ao seu obje-to. Esta natureza original certamente irá tornar-se evidente outra vez quando o tempo e as circunstâncias apropriados surgirem.”

“O svabh€va de um objeto é o seu nitya-dharma (fun-ção eterna), ao passo que sua natureza adquirida é o seu naimittika-dharma (função temporária). Aqueles que têm conhecimento verdadeiro dos objetos (vastu-jñ€na) podem saber a diferença entre a função eterna e a temporária, ao passo que quem carece deste conhecimento considera a na-tureza adquirida como sendo a natureza verdadeira e, em consequência disso eles confundem o dharma temporário com o dharma eterno.”

“O que é chamado vastu (objeto) e qual o significa-do de svabh€va (natureza inerente)?” – perguntou Sanny€s… µh€kura”.

Paramahaˆsa B€b€j… disse: “A palavra vastu deriva da raiz verbal sânscrita vas, que quer dizer ‘existir’ ou ‘re-sidir’. Esta raiz verbal torna-se um substantivo quando o sufixo tu é acrescentado. Logo, vastu significa ‘aquilo que tem existência ou que é auto-evidente’. Há dois tipos de vastu: v€stava e av€stava. A expressão ‘substância ver-dadeira permanente’ (v€stava-vastu) refere-se àquilo que está estabelecido na transcendência. Os objetos temporários (av€stava-vastu) são objetos sólidos (dravya), qualidades (guŠa) e assim por diante. Objetos reais têm existência eter-na. Objetos irreais têm apenas uma existência aparente, a qual é vista algumas vezes como real e, outras vezes como

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irreal.”

“É dito no ®rimad-Bh€gavatam (1.1.2):vedyaˆ v€stavam atra vastu �ivadam

‘Somente uma substância verdadeira permanente, a qual está relacionada com a Suprema Verdade Abso-luta, e que traz a auspiciosidade suprema, é digna de ser conhecida.’ ”

“Está claramente afirmado nesta declaração que a única substância verdadeira é aquela que tem relação com a Transcendência Suprema. ®r… Bhag€van é a única Entidade real (v€stava-vastu). A entidade viva (j…va) é uma parte distinta ou individual desta Entidade, ao passo que m€y€ – a potência geradora de ilusão – é a energia daquela Entidade. Portanto, a palavra vastu refere-se a três princípios funda-mentais: Bhagav€n, j…va e m€y€. O conhecimento do inter-relacionamento entre estes três princípios é afirmado ser o conhecimento puro (�uddha-jñ€na). Existem inumeráveis representações aparentes destes três princípios, todas elas são consideradas av€stava-vastu (substâncias irreais). A classificação deste fenômeno em diversas categorias, tais como dravya (objetos) e guŠa (qualidades), adotada pela escola Vai�e�ika de filosofia, é uma simples deliberação so-bre a natureza de av€stava-vastu (objetos temporários).”

“A característica especial (vi�e�a-guŠa) de qualquer substância verdadeira permanente é a sua natureza real. A j…va é uma entidade real e sua qualidade característica eter-na é sua natureza verdadeira.”

Sanny€s… Mah€r€ja, disse: “Prabhu, quero entender claramente este tópico.”

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51Os Dharmas da J…va: o Eterno e o Temporário

B€b€j… Mah€s€ya, respondeu: “®r…la K��Šad€sa Kavir€ja Gosv€m…, que foi o recipiente da misericórdia de ®r… Nity€nanda Prabhu, mostrou-me um manuscrito que escreveu com suas próprias mãos. ®r…man Mah€prabhu instruiu-nos sobre este assunto no livro chamado ®r… Caita-nya-carit€m�ta ( Madhya 20.108), como segue:

jivera ’svarupa’ haya- k��Šera’ nitya-d€sa’k��Šera ‘tatasth€-�akti’, bhed€bheda-prak€�a’

‘A natureza constitucional da j…va é ser uma serva eterna de K��Ša. Ela é a potência marginal de K��Ša, e uma manifestação simultaneamente igual e dife-rente dEle.’

k��Ša bh™li se… j…va an€di-bahirmukhaataeva m€y€ t€re deya saˆs€ra-duƒkha

Caitanya-carit€ˆ�ta, Madhya (20.117)

‘Esquecendo-se de K��Ša, a j…va, se preocupa com a potência externa desde tempos imemoriais. Con-sequentemente, a energia ilusória (m€y€) causa-lhe todas as espécies de misérias na forma da existência material.’“K��Ša é a substância transcendental completa (cid-

vastu). Ele é frequentemente comparado ao sol do reino espiritual e as jivas são comparadas às partículas atômi-cas da luz do sol. As j…vas são inumeráveis. Quando é dito que elas são partes individuais de K��Ša, isto não signifi-ca que elas são como pedaços de pedra que formam uma montanha. Embora inumeráveis porções de j…vas ema-nem de ®r… K��Ša, Ele não é diminuído nem um pouco por isto. Por esta razão, os Vedas comparam as j…vas sob

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um aspecto a centelhas que emanam de um fogo. Na rea-lidade nenhuma comparação adequada pode ser feita. Ne-nhuma comparação – quer como faíscas emanando de um fogo ardente, partículas atômicas dos raios do sol, ou ouro produzido por poderosas jóias místicas – é completamente apropriada. A verdadeira natureza da j…va é facilmente re-velada no coração, mas só quando a concepção mundana destas comparações são abandonadas.”

“K��Ša é substância espiritual infinita (b�hat-cid-vastu), enquanto que as j…vas são substâncias espirituais infinitesimais (aŠu-cid-vastu). A igualdade de K��Ša e as j…vas situa-se na natureza espiritual de ambos cit-dharma, porém eles são sem sombra de dúvida também diferentes, em virtude de suas naturezas completas e incompletas re-spectivamente.

K��Ša é o Senhor eterno das j…vas e, as jivas são ser-vas eternas de K��Ša. Este inter-relacionamento é natural. K��Ša é aquele que atrai e as j…vas são atraídas. K��Ša é o controlador supremo e as j…vas são controladas. K��Ša é o observador e as j…vas, as observadas. K��Ša é o todo com-pleto e as j…vas, pobres e insignificantes.

K��Ša é o possuidor de todas as potências e as j…vas são desprovidas de potência. Portanto, o svabh€va ou dhar-ma eterno da j…va é k��Ša-d€sya, serviço eterno e obediên-cia a K��Ša.”

“K��Ša é dotado de potências ilimitadas. Sua potên-cia completa (p™rŠ€-�akti) é percebida na manifestação do mundo espiritual (cit-jagat). De modo semelhante, Sua ta˜asth€-�akti, ou potência marginal, é observada na ma-nifestação das j…vas. A potência especial conhecida como ta˜asth€-�akti age para construir o mundo finito (ap™rŠa-jagat).

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53Os Dharmas da J…va: o Eterno e o Temporário

A ação da potência marginal é criar a entidade (vastu) que existe entre os objetos animados (cid-vastu) e os objetos inanimados (acid-vastu), a qual pode manter um relaciona-mento tanto com o mundo espiritual quanto com o mundo material. As entidades puramente transcendentais são por natureza o oposto dos objetos inanimados e, por isso não têm nenhuma conexão com eles. Embora seja uma partícu-la espiritual animada, a j…va é capaz de se relacionar com a matéria inanimada por causa da influência de ai�…-�akti, uma potência divina conhecida como ta˜asth€-�akti.”

“A região limítrofe entre a terra e a água de um rio é conhecida como ta˜a, ou margem. Esta ta˜a pode ser consi-derada como sendo ambas terra e água; em outras palavras, ela situa-se em ambas. A divina ai�…-�akti, que está situada na fronteira, preserva as propriedades tanto da terra quanto da água, como se fosse a mesma entidade existencial. A na-tureza da j…va é espiritual, mas ainda assim sua composição é tal que ela pode ser controlada por ja�a-dharma, a na-tureza inerte. Portanto, a baddha-j…va (alma condicionada) não está completamente além do vínculo com a matéria, ao contrário das j…vas no domínio espiritual. Não obstante, por causa de sua natureza espiritual animada, ela é distinta da matéria inerte. Uma vez que a j…va é por natureza diferente, tanto das entidades puramente espirituais quanto da maté-ria inerte, ela é classificada como um princípio separado. Logo, deve-se aceitar a distinção eterna entre Bhagav€n e a j…va.”

“Bhagav€n é o regente supremo de m€y€ (Sua potên-cia externa que cria ilusão), a qual está sob o pleno controle dEle. Por outro lado, pode ser que, em determinadas cir-cunstâncias, a j…va seja controlada por m€y€, pois está su-jeita à sua influência. Por conseguinte, estes três princípios

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– Bhagav€n, j…va e m€y€ – são reais (param€rthika satya) e eternos. Destes três, Bhagav€n é o princípio eterno supre-mo, sendo a base dos outros dois. A seguinte afirmação da ®r… Ka˜ha Upani�ad (2.2.13) confirma isto:

nityo nity€n€ˆ cetana� cetan€n€m

‘Ele é o eterno supremo entre todos os eternos (e o ser senciente fundamental entre todos os seres sen-cientes). ’

“A j…va é, por natureza, tanto serva eterna de K��Ša quanto a representação de Sua potência marginal. Isto de-monstra que a j…va é distinta de Bhagav€n; porém, ao mesmo tempo, ela não é separada dEle. Logo, ela é uma manifesta-ção que é tanto diferente como não-diferente (bhed€bheda-prak€�a). A j…va está sujeita ao domínio de m€y€, enquanto que Bhagav€n é o controlador de m€y€. Aqui, demonstra claramente a diferença eterna entre a j…va e Bhagav€n. Por outro lado, a j…va assim como Bhagav€n, é uma entidade transcendental (cid-vastu) por sua natureza constitucional. Além disso, a j…va é uma potência especial de Bhagav€n. Aqui, demonstra a eterna não-diferença entre os dois. Onde diferença e não-diferença eternas encontram-se ao mesmo tempo, a diferença eterna prevalece.”

“O nitya-dharma da j…va é servidão a K��Ša. Quando ela se esquece disto, fica sujeita à tirania de m€y€ e, a partir deste exato momento, ela desvia de K��Ša. A queda da j…va não ocorre dentro do contexto do tempo material. Segundo este fato, usam-se as palavras an€di-bahirmukha as quais significam que a j…va foi desviada desde tempos imemori-ais. A partir do momento do desvio da j…va e seu ingresso

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55Os Dharmas da J…va: o Eterno e o Temporário

em m€y€, seu nitya-dharma fica pervertido. Portanto, pelo contato com m€y€, a j…va desenvolve nisarga, uma nature-za adquirida, que assim facilita-lhe a mostrar suas funções e disposições temporárias conhecidas como naimittika-dharma. O nitya-dharma (função eterna) é único, in-divisível e perfeito em quaisquer situações; porém o naimittika-dharma (função temporária) assume várias for-mas diferentes de acordo com as diversas circunstâncias, e quando descrito por pessoas de opiniões divergentes.”

Dizendo assim, Paramahaˆsa B€b€j… parou e come-çou a cantar �r…-hari-n€ma-japa. Após ouvir esta explica-ção das verdades espirituais, Sanny€s… µh€kura ofereceu prostradas reverências e disse: “Prabhu, hoje refletirei so-bre todos estes assuntos. Amanhã apresentarei a seus pés de lótus qualquer pergunta que possa aparecer.”

Assim termina o Primeiro Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Os Dharmas da J…va: o Eterno e o Temporário”

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Capítulo 2O Nitya-Dharma da J…va é Puro e Eterno

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Na manhã seguinte, Sanny€s… Mah€�aya não teve oportunidade para indagar de Premad€sa B€b€j…, o qual estava internamente dedicado a vraja-bh€va (doçuras do serviço no humor dos residentes de Vraja). Ao meio-dia, após aceitar esmolas nas casas dos moradores do vilare-jo, eles sentaram-se juntos no abrigo conhecido como �r… m€dhav…-m€lat… maŠ�apa. Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya passou então a falar compassivamente: “Ó melhor dos bhaktas, a que conclusões você chegou depois da conversa de ontem sobre dharma?”

Sentindo bem-aventurança suprema (param€nanda), Sanny€s… µh€kura perguntou: “Prabhu, se a j…va é infinitesi-mal, como pode seu dharma eterno ser pleno e puro? E se a função natural da j…va forma-se no momento em que ela é constituída, como pode esta função ser eterna?”

Ao ouvir estas duas perguntas, Paramahaˆsa B€b€j meditou nos pés de lótus de ®r… ®ac…nandana e sorrindo, disse: “Respeitável senhor, embora a j…va seja infinitesi-mal, seu dharma é pleno e nitya (eterno). Sua dimensão diminuta é apenas um aspecto pelo qual ela é identificada.

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60 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 2

Parabrahma ®r… K��Šacandra é a única substância in-finita (b�had-vastu) e as j…vas, são Suas inumeráveis partí-culas atômicas. Como centelhas que emanam de um fogo indiviso, as j…vas emanam de K��Ša, que é a personificação da consciência imutável. Assim como cada centelha é dota-da da potência do fogo completo, da mesma forma, cada uma das j…vas é capaz de apresentar a plena função da cons-ciência. Se uma única centelha tiver combustível suficiente, ela poderá acender um fogo abrasante que irá incinerar o mundo inteiro. Similarmente, mesmo uma única j…va poderá ocasionar uma grandiosa inundação de amor ao alcançar ®r… K��Šacandra, que é o verdadeiro objeto do amor. Enquan-to não for bem-sucedida em contatar o verdadeiro objeto de sua função espiritual (dharma-vi�aya), a j…va consciente e infinitesimal não será capaz de manifestar o desenvolvi-mento natural desta função. Na realidade, somente quando a j…va estiver conectada com o seu real objeto é que a iden-tidade do seu dharma torna-se evidente.”

“Qual é o nitya-dharma, ou função constitucional eterna da j…va? Você deve examinar esta pergunta com muito cuidado. O amor transcendental por K��Ša (prema) é o ni-tya-dharma da j…va. Como a j…va é constituída de consciên-cia, ela é uma substância transcendental à matéria mundana. Sua função eterna é o amor divino, e a natureza deste prema puro é o serviço a K��Ša. Portanto, a função constitucional da j…va é o serviço a K��Ša, o qual é a natureza de prema.”

“As j…vas existem sob duas condições: �uddha-avasth€, o estado puro e liberado, e baddha-avasth€, o estado condicionado. No estado liberado, a j…va é inteira-mente espiritual (cinmaya), não tendo vínculo algum com a matéria mundana. Contudo, mesmo no estado liberado, a j…va é uma entidade infinitesimal.”

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61O Nitya-Dharma da J…va é Puro e Eterno

“A j…va pode submeter-se a uma mudança de condição porque tem a qualidade de ser diminuta. K��Ša, porém, ja-mais Se submete a uma mudança de condição, pois, por Sua própria natureza, Ele é a entidade de cognição infinita. Por Sua constituição essencial como vastu (uma entidade existente de fato), Ele é supremo, inteiramente puro e eter-no, ao passo que a j…va, por sua constituição essencial como vastu, é diminuta, um fragmento, passível de contaminação e sujeita a repetidas mudanças. Não obstante, em virtude de seu dharma, ou função espiritual inata, a j…va é grandiosa, indivisa, pura e eterna. Enquanto for pura, seu dharma ma-nifestará seu caráter imaculado. No entanto, quando ela é contaminada pelo envolvimento com m€y€, sua verdadeira natureza perverte-se e ela torna-se impura, desprotegida e oprimida pela felicidade e aflição mundanas. A trajetória da j…va pela existência material começa assim que ela esquece de sua atitude de serviço a K��Ša.”

“Enquanto a j…va permanece pura, ela mantém sua identidade e auto-concepção de acordo com sua função espiritual pura (sva-dharma). Seu egoísmo inato e origi-nal, possui suas raízes na concepção de que ela é serva de K��Ša. Porém, assim que ela se contamina pelo contato com m€ya, esse egoísmo puro é retraído e assume muitas formas diferentes. Então, os corpos grosseiro e sutil encobrem sua identidade constitucional pura e, em consequência disso, surge um egoísmo diferente no corpo sutil (li‰ga-�ar…ra). Quando este se combina com a identificação da alma com o corpo grosseiro (sth™la-�ar…ra), uma terceira forma de egoísmo é assumida. Em sua forma espiritual pura, a j…va é exclusivamente uma serva de K��Ša. Quando a j…va se identifica com o corpo sutil, seu egoísmo puro e original de ser uma serva de K��Ša, fica encoberto e ela pensa que

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62 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 2

pode gozar dos frutos de suas ações. Aí então, ela obtém um corpo grosseiro e pensa: ‘Sou br€hmaŠa; sou rei; sou pobre; sou miserável; estou acometido pela doença e pela lamentação; sou mulher; sou mestre desta pessoa e daquela pessoa.’ Deste modo, ela se identifica com muitos tipos di-ferentes de concepções corpóreas grosseiras.”

“Quando a j…va entra em contato com estes diferentes tipos de egoísmo falso, sua função constitucional torna-se pervertida. A função constitucional intrínseca (sva-dhar-ma) da j…va é o prema imaculado. Este prema se manifesta de maneira pervertida no corpo sutil sob a forma de felici-dade e aflição, apego e aversão e assim por diante. Obser-va-se esta perversão de forma mais concentrada no corpo grosseiro como os prazeres de comer, beber e manter con-tato com os objetos dos sentidos. Você deve entender clara-mente que a função eterna da j…va, conhecida como nitya-dharma, só se manifesta em seu estado puro. O dharma que surge no estado condicionado é conhecido como naimittika (circunstancial). O nitya-dharma é por natureza, comple-to, puro e eterno. Outro dia eu irei lhe explicar naimittika-dharma detalhadamente.”

“O vai�Šava-dharma puro como é descrito no ®r…mad-Bh€gavatam, é a religião eterna (nitya-dharma). Os vários tipos de dharma que são propagados no mundo podem ser divididos em três categorias: nitya-dharma, naimittika-dharma (dharma circunstancial) e anitya-dharma (religião impermanente). Anitya-dharma é a religião que não fala so-bre a existência de Ÿ�vara e não aceita a eternidade da alma. Naimittika-dharma reconhece a existência de Ÿ�vara e a eternidade da alma, mas só se esforça no sentido de obter a misericórdia de Ÿ�vara por meio de métodos provisórios. Nitya-dharma empenha-se para obter o serviço a Bhagav€n

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63O Nitya-Dharma da J…va é Puro e Eterno

por meio do prema puro.“Nitya-dharma pode ser conhecido por diversos no-

mes conforme as diferenças de país, raça e idioma. No entanto, ele é um só e supremamente benéfico. O exemplo ideal de nitya-dharma é o vai�Šava-dharma, o qual é pre-valecente na Índia. O estado prístino de vai�Šava-dharma é o dharma, o qual Bhagav€n ®ac…nandana, o Senhor de nosso coração, ensinou ao mundo. É por este motivo que grandes personalidades buscaram e aceitaram o auxílio desses ensinamentos e, assim absorveram-se no êxtase do amor divino.”

Nessa altura, Sanny€s… µh€kura, com as mãos postas, disse: “Prabhu, vivo testemunhando a superexcelência do vai�Šava-dharma puro que ®r… ®ac…nandana revelou, e pude perceber com clareza a natureza desprezível da doutrina mo-nista de ®a‰kar€c€rya. Ainda assim, ocorreu-me algo que sinto ser importante lhe revelar, não quero esconder isso do senhor. Segundo entendo, mah€bh€va, o qual ®r… Caitanya manifestou, é o estado máximo de prema concentrado. Por acaso isto é diferente de atingir a perfeição da unidade com o absoluto (advaita-siddhi)?”

Ao ouvir o nome de ®r… ®a‰kar€c€rya, Paramahaˆsa B€b€j… prostrou-se em reverências ao €c€rya e disse: “Respeitável senhor, �a‰karaƒ �a‰karaƒ s€k�€t: ‘®a‰kar€c€rya não é outro senão Mah€deva-®a‰kara ou ®ivaj….’ Você deve sempre lembrar-se disto. ®a‰kara é aceito como guru pelos Vai�Šavas e, por isso Mah€prabhu refe-riu-Se a ele como €c€rya (preceptor espiritual). Pelo seu próprio mérito, ®r… ®a‰kara é um Vai�Šava perfeito.”

“Na época do aparecimento de ®r… ®a‰kara na Índia, havia uma grande necessidade de um guŠa-avat€ra (encar-nação que rege as qualidades da natureza material) como

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64 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 2

ele. O estudo dos �€stras védicos e a prática de varŠ€�rama-dharma estavam praticamente extintos na Índia devido à influência de �™nyav€da (teoria da não-existência), a fi-losofia budista niilista. ®™nyav€da opõe-se veementemente à concepção pessoal de Bhagav€n. Apesar de parcialmen-te aceitar o princípio da identidade do ser vivo como alma espiritual consciente (j…v€tm€), é um exemplo extremo de anitya-dharma (religião impermanente). Os br€hmaŠas daquela época haviam abandonado o dharma védico e como resultado todos tornaram-se budistas. Nessa ocasião, ®a‰kar€c€rya apareceu como uma poderosíssima encar-nação de Mah€deva. Ele restabeleceu a credibilidade dos textos védicos e converteu a doutrina �™nyav€da (teoria da não-existência) na doutrina brahmav€da do nirvi�e�a (sem atributos) brahma. Foi uma façanha extraordinária – e a Índia ficará para sempre endividada com ®r… ®a‰kar€c€rya por esta grandiosa contribuição.”

“Todas as atividades neste mundo enquadram-se em uma das duas seguintes categorias: algumas são relativas a um período de tempo em particular, e algumas aplicáveis em todos os tempos. A obra de ®a‰kar€c€rya era relativa a um período particular e trouxe um fantástico benefício. ®a‰kar€c€rya lançou a base sobre a qual grandes €c€ryas, tais como ®r… R€m€nuj€c€rya, erigiram o edifício do vai�Šava-dharma puro. Consequentemente, ®a‰kar€vat€ra foi um grande amigo e preceptor que agiu como pioneiro do vai�Šava-dharma.”

Os Vai�Šavas estão agora colhendo o fruto dos pre-ceitos filosóficos de ®a‰kar€c€rya. Há uma grande necessi-dade de sambandha-jñ€na, o conhecimento do enredamen-to da alma na natureza material e do seu relacionamento com Bhagav€n, para as j…vas na prisão do mundo material.

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65O Nitya-Dharma da J…va é Puro e Eterno

Tanto ®a‰kar€c€rya quanto os Vai�Šavas aceitam que as entidades vivas sencientes neste mundo material são completamente distintas e separadas de seus corpos materi-ais grosseiros e sutis, que as j…vas existem espiritualmente e que, para se alcançar a liberação (mukti), é preciso abando-nar todo vínculo com este mundo material. Portanto, há um grande grau de concordância entre a doutrina de ®a‰kara e a dos €c€ryas Vai�Šavas, até o ponto da liberação. Inclusi-ve, ®a‰kara ensina que a adoração a ®r… Hari é o método pelo qual se pode purificar o coração e atingir a liberação. E no que se refere ao destino extraordinário que a j…va atinge após a liberação, ele silencia.”

“®a‰kara sabia perfeitamente bem que, se as j…vas fossem estimuladas em empenhar-se para atingir a libera-ção através da adoração a Hari, aos poucos apegar-se-iam ao prazer do bhajana e, deste modo, tornar-se-iam devotos puros (�uddha-bhaktas). Isto é porque, ele simplesmen-te chamou a atenção para o caminho e não revelou outros segredos confidenciais do vai�Šava-dharma. Aqueles que têm estudado meticulosamente os comentários de ®a‰kara podem entender sua intenção oculta, mas aqueles que só se preocupam com o aspecto externo de seus ensinamentos, estão longe do limiar do vai�Šava-dharma.”

“De um ponto de vista específico, o estado perfeito de unidade absoluta (advaita-siddhi) parece ser idêntico a prema. Entretanto, a estreiteza da interpretação da unida-de absoluta é decerto diferente do significado de prema. O que é prema? Você deve entender claramente que prema é a função inata pela qual duas entidades transcendentais sentem-se espontaneamente atraídas uma pela outra. Prema não pode ocorrer sem a existência separada de duas entida-des transcendentais.

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66 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 2

K��Ša-prema é o dharma pelo qual todas as entidades transcendentais sentem-se eternamente atraídas pela Entida-de suprema e transcendente, ®r… K��Šacandra. A ideologia de prema repousa nas seguintes verdades eternamente esta-belecidas: K��Šacandra tem Sua própria existência eterna e independente, e as j…vas têm sua própria existência eterna e individual, sob a liderança dEle (€nugatya); este prema-tattva também é uma verdade eternamente perfeita (nitya-siddha-tattva). A presença de três ingredientes separados – o experimentador, o objeto a ser experimentado e o ato de experimentar – é um fato. Se o saboreador de prema e o objeto a ser saboreado são uma coisa só, então, prema não pode ser uma realidade eterna.”

“Podemos dizer que a unidade absoluta, ou advaita-siddhi é o mesmo que prema se definimos advaita-siddhi como o estado puro de uma entidade transcendental que não tem relacionamento com a matéria inerte. Esta con-cepção de advaita-siddhi implica a unidade no sentido de que as entidades espirituais tornam-se unas em sua natu-reza e função espirituais (cid-dharma). No entanto, erudi-tos modernos que adotaram a doutrina de ®a‰kara não se contentam com esta idéia e procuram demonstrar que as entidades espirituais (cid-vastu) tornam-se uma massa substancial sem distinção. E assim, eles desconsideram a verdadeira concepção védica da não-distinção, e em seu lugar propagam essa versão distorcida. Conforme declaram os Vai�Šavas, esta filosofia é oposta aos Vedas porque nega a eternidade do amor (prema).”

“®a‰kar€c€rya descreveu o estado da não-dife-rença simplesmente como a condição legítima da sub-stância espiritual. Porém, seus seguidores da atualida-de não puderam entender sua intenção oculta, e por isso

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prejudicaram a reputação de seu guru ao ensinarem uma dou-trina inteiramente adulterada conhecida como M€y€v€da, a qual descreve os diversos estados de prema como sendo fenômenos ilusórios.”

“Os M€yav€d…s já começam negando, que não exi-ste nada além da substância espiritual única (brahma), e também negam que prema tenha função dentro daquela substância espiritual. Eles alegam que enquanto brahma permanece em estado de unidade, ele está além da influên-cia de m€y€, mas esse mesmo brahma se vê dominado por m€y€ quando se corporifica e assume diversos corpos sob a forma de j…vas. Logo, eles acreditam que a forma de Bhagav€n é uma manifestação ilusória. Na realidade, Sua forma é eternamente pura e constituída de consciência con-centrada. Dessa maneira, eles concluem que prema e suas diversas manifestações são ilusórias, e que o conhecimento da não-dualidade (advaita-jñ€na) está além da influência de m€y€. A concepção equivocada deles de advaita-siddhi, ou unidade, jamais poderá ser comparada a prema.”

“®r… Caitanyadeva instruiu o mundo a saborear prema e pessoalmente ensinou-o por meio de Seu comportamen-to e atividades transcendentais. Este prema está completa-mente além da jurisdição de m€y€, ele é o mais alto grau de desenvolvimento do estado puro de unidade perfeita (advaita-siddhi). O estado conhecido como mah€bh€va é uma transformação especial deste prema, no qual prem€nanda é extraordinariamente poderoso. Consequen-temente, tanto a separação quanto o relacionamento íntimo do amante e do amado são elevados a um estado sem pre-cedentes. A teoria contraditória M€y€v€da não tem nenhu-ma utilidade no que se refere ao entendimento do assunto prema em qualquer uma de suas fases.”

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68 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 2

®anny€s… µh€kura disse com muita reverência: “Ó Prabhu, meu coração foi profundamente tocado pela per-cepção de que a doutrina M€y€v€da é muito insignifican-te. Hoje, você misericordiosamente dissipou todas as dú-vidas que ainda me atormentavam a este respeito. Sinto um forte desejo de abandonar essa vestimenta de sanny€sa M€y€v€da.”

B€b€j… Mah€�aya disse: “Ó Mah€tm€, eu jamais dou instruções sobre as vestes externas. Quando o dharma ou a função espiritual do coração é purificada, a vestimenta externa será adotada fácil e naturalmente. Onde há muita preocupação com a aparência externa, há a negligência da função interna da alma. Quando seu coração se tornar puro, você naturalmente desenvolverá atração pelo comporta-mento externo dos VaisŠavas e, não haverá nenhuma falta se então trocar suas vestes externas. Absorva-se de todo o coração em tentar seguir os ensinamentos de ®r… K��Ša Cai-tanya, e depois você poderá adotar os símbolos externos do vai�Šava-dharma que sentir-se-á naturalmente inclina-do. Você deve sempre lembrar-se da seguinte instrução de ®r…man Mah€prabhu (Caitanya-carit€m�ta, Madhya 16.238-239):

marka˜a-vair€gya n€ kara loka dekh€ñ€yath€yoga vi�aya bhuñja’ an€sakta hañ€antare ni�˜h€ kara, b€hye loka-vyavah€ra

acir€t k��Ša tom€ya karibe uddh€ra

‘Não adote marka˜a-vair€gya (renúncia externa como a de um macaco) apenas para impressionar a população em geral. Você deve aceitar, sem apego, todos os objetos dos sentidos que sejam apropriados para a manutenção de suas práticas devocionais e

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abandonar todos os desejos materiais que existem no seu coração. Internamente, desenvolva uma firme fé em ®r… K��Ša e externamente cumpra suas responsabi-lidades mundanas, de tal modo que ninguém consiga detectar sua atitude interna. Ao agir assim, ®r… K��Ša irá rapidamente libertá-lo da existência material.’

®anny€s… µh€kura, entendeu o significado profundo desta análise e parou de dar sugestões sobre sua troca de vestimenta. E com as mãos postas, disse: “Prabhu, já que agora sou seu discípulo e me abriguei em seus pés de lótus, aceitarei suas instruções com muita honra, sem nenhum ar-gumento. Entendi perfeitamente pelas suas instruções, que k��Ša-prema imaculado constitui o único vai�Šava-dhar-ma. Este amor a K��Ša é o nitya-dharma das j…vas, ele é completo, puro e natural. Mas, e a respeito dos diversos dharmas que prevalecem em diferentes países – como devo considerar estas diferentes religiões?”

B€b€j… Mah€�aya disse: “Ó Mah€tm€, dharma é um só, e não dois ou muitos. As j…vas têm somente um dhar-ma, conhecido como vai�Šava-dharma. Diferenças de idio-ma, país ou raça não podem gerar diferenças quanto ao dharma. Jaiva-dharma é a função constitucional da j…va. As pessoas podem dar nomes diferentes, mas elas não podem criar uma função constitucional diferente. Jaiva-dharma é o amor espiritual legítimo que a entidade infinite-simal tem pela Entidade Infinita. Ele parece estar distorcido e assumir diversas formas mundanas porque as j…vas pos-suem naturezas materiais diferentes. Este é o motivo pelo qual se dá o nome vai�Šava-dharma para identificar a for-ma pura de jaiva-dharma. O grau de vai�Šava-dharma em qualquer religião, ou dharma, é medido por sua pureza.”

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70 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 2

“Algum tempo atrás, em ®r… Vraja-dh€ma, fiz uma pergunta aos pés de lótus de ®r… San€tana Gosv€m…, asso-ciado íntimo de ®r…man Mah€prabhu. Perguntei-lhe se a palavra i�hqh da tradição religiosa islâmica significa amor imaculado ou outra coisa. San€tana Gosv€m… era um sábio versado em todos os �€stras, com extraordinária erudição nas línguas árabe e persa em particular. ®r… R™pa Gosv€m…, ®r… J…va Gosv€m… e outros elevados preceptores espirituais estavam presentes naquela reunião. ®r… San€tana Gosv€m… bondosamente respondeu à minha pergunta como segue:

‘Sim, a palavra i�hqh significa amor. De fato, os adeptos do islã usam a palavra i�hqh com relação à adora-ção a Ÿ�vara, mas, de um modo geral, a palavra significa amor na acepção mundana comum. Os mestres religiosos islâmicos não foram capazes de entender a verdadeira con-cepção da identidade espiritual pura, ou �uddha-cid-vastu. Isto fica evidente na narrativa poética dos devotados aman-tes Lail€ e Majn™n e nas descrições literárias de i�hqh feitas pelo grande poeta H€fiz. Eles referiram o termo i�hqh, quer como o amor físico próprio do corpo grosseiro, quer como o amor emocional próprio do corpo sutil. Dessa maneira, não é possível que tenham tido alguma experiência do ima-culado amor divino (prema) a Bhagav€n. Jamais encontrei este tipo de prema descrito em qualquer um dos textos reli-giosos dos mestres muçulmanos; só o encontrei nos �€stras Vai�Šavas. O mesmo aplica-se à palavra muçulmana r™h, que quer dizer alma ou espírito. Não me parece que os mestres muçulmanos tenham usado a palavra r™h com o significado de �udhha-j…va (a alma liberada); ao contrário, eles usam a palavra r™h para se referir à baddha-j…va, a alma aprisionada pela matéria.’ ”

“Eu não tenho visto o amor imaculado por K��Ša

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71O Nitya-Dharma da J…va é Puro e Eterno

ensinado em nenhuma outra religião, ao passo que são comuns as descrições de k��Ša-prema em todos os en-sinamentos do vai�Šava-dharma. No segundo �loka do ®r…mad-Bh€gavatam, k��Ša-prema é escrito de uma forma bem lúcida na afirmação projjhita-kaitava-dharma: ‘Este ®r…mad-Bh€gavatam propõe a verdade mais elevada, a qual rejeita toda classe de religiosidade enganosa’. Não obstante, tenho plena fé que ®r… K��Ša Caitanya foi o primeiro a dar instruções completas sobre a religião de k��Ša-prema puro.

Se você tiver fé em minhas palavras, você deve aceitar esta conclusão. Após ouvir estas instruções, prestei reverên-cias prostradas a San€tana Gosv€m… repetidas vezes.”

Quando Sanny€s… µh€kura ouviu esta explicação de B€b€j… Mah€r€ja, ele imediatamente prestou-lhe daŠ�avat-praŠ€ma. Paramahaˆsa B€b€j… disse então: “Ó melhor dos bhaktas, agora responderei à sua segunda pergunta. Por fa-vor, ouça com atenção. As palavras ‘criação’ e ‘formação’, quando aplicadas à j…va, são usadas num contexto material. O discurso neste mundo funciona com base na experiên-cia de fenômenos materiais. O tempo que experimentamos divide-se em três fases, passado, presente e futuro. Este tempo material (ja�…ya-k€la), está vinculado à energia ma-terial, m€y€. No domínio espiritual, há o tempo espiritual (cit-k€la), que existe eternamente no presente, sem divisões de passado e futuro. As j…vas e K��Ša existem naquele tem-po espiritual; a j…va é eterna e sempre existente.”

“As funções chamadas criação, formação e declí-nio ocorrem sob a influência do tempo material, sen-do usadas para descrever a j…va depois que ela é presaneste mundo material. Contudo, apesar de a j…va ser in-finitesimal, ela é uma entidade eterna e espiritual cuja

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constituição fundamental existia antes dela adentrar neste mundo material. Desde que passado e futuro não existem no mundo espiritual, tudo que acontece naquela dimensão espiritual está no presente eterno. A realidade, portanto, é que, tanto a j…va quanto sua função constitucional são am-bas sempre presentes e eternas.”

“Embora eu tenha feito uso de palavras para expli-car-lhe tudo isto, você só poderá entender o verdadeiro si-gnificado delas à medida que tiver realização e experiência da plenitude do reino espiritual. O que eu dei é apenas um vislumbre – você deve procurar compreender o significa-do do que eu lhe disse por meio de cit-sam€dhi, meditação espiritual.

Você não será capaz de entender estes assuntos por meio da lógica mundana e do debate. Quanto mais você livrar a sua faculdade de experiência do cativeiro material, tanto mais conseguirá experimentar o reino espiritual.”

“Primeiro, você deve cultivar a percepção de sua identidade espiritual pura e praticar o canto de �r…-k��Ša-n€ma de forma pura. Então, sua função espiritual, co-nhecida como jaiva-dharma, será revelada claramente. A realização espiritual e a experiência não podem ser com-pletamente purificadas por intermédio do sistema óctuplo de yoga conhecido como a�˜€‰ga-yoga ou (brahma-jñ€na), nem por cultivar o conhecimento do brahma, todo-pene-trante e sem atributos. A j…va só poderá manifestar seu nitya-siddha-dharma, ou função espiritual eterna, cultivan-do constantemente atividades diretamente destinadas ao-prazer de K��Ša.”

“Você deve praticar com constância o canto de hari-n€ma com muito entusiasmo. Essa prática é a ver-dadeira cultura espiritual. Cantando hari-n€ma com

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regularidade, em pouco tempo você desenvolverá um apego sem precedente a �r…-k��Ša-n€ma e terá experiência direta do reino espiritual. O canto de �r…-hari-n€ma é o principal entre todos os diferentes processos de bhakti, o qual dá re-sultados rapidamente. Isto está confirmado pelas instruções de ®r… Mah€prabhu na magnífica obra de ®r… K��Šad€sa Kavir€ja, ®r… Caitanya-carit€m�ta (Antya 4.70-71):

brajanera madhye �re�˜ha nava-vidh€ bhakti‘k��Ša-prema’, ‘k��Ša’ dite dhare mah€-�aktit€ra madhye sarva-�re�˜ha n€ma-sa‰k…rtananirapar€dhe n€ma laile p€ya prema-dhana

‘De todos os diferentes tipos de prática espiritual, as nove formas de bhakti (�ravaŠaˆ, k…rtanaˆ etc.) são as melhores porque têm extraodinário poder de outorgar K��Ša e k��Ša-prema. Destas nove práticas, n€ma-sa‰k…rtana é a melhor. Cantando �r…-k��Ša-n€ma sem ofensa, a pessoa obtém o inestimável te-souro de prema.’ ”

“Mah€tm€, se você me perguntar como reconhecer um Vai�Šava, eu lhe direi que Vai�Šava é aquele que aban-donou todas as ofensas e canta �r…-k��Ša-n€ma com gran-de sentimento. Há três categorias de Vai�Šavas: o kani�˜ha (neófito), o madhyama (intermediário) e o uttama (o mais elevado).

O Vai�Šava kani�˜ha canta o nome de K��Ša de vez em quando, o Vai�Šava madhyama canta o nome de K��Ša constantemente e o Vai�Šava uttama faz com que outros cantem �r…-n€ma só por sua presença. De acordo com as instruções de Mah€prabhu, não precisamos de nenhum ou-tro critério para discernir quem é um Vai�Šava.”

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74 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 2

Sanny€s… µh€kura, estando profundamente imerso no néctar das instruções de B€b€j… Mah€r€ja começou a dan-çar enquanto cantava �r…-k��Ša-n€ma: “Hare K��Ša, Hare K��Ša, K��Ša K��Ša, Hare Hare/ Hare R€ma, Hare R€ma, R€ma R€ma, Hare Hare”. Naquele dia, ele experimentou ruci, um gosto natural, pelo hari-n€ma. Ao oferecer suas prostradas reverências aos pés de lótus de seu guru, orou: “Prabhu! Ó amigo dos desamparados! Por favor, conceda sua misericórdia a esta alma desventurada.”

Assim termina o Segundo Capítulo do Jaiva-Darma,intilulado

“O Nitya-Dharma da J…va é Puro e Eterno”

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Capítulo 3Naimittika-Dharma deve ser Abandonado

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Certa noite, logo após as dez horas, Sanny€s… Mah€r€ja sentou-se para cantar hari-n€ma no topo de uma colina que fica numa parte reclusa de seu bosque em ®r… Go-druma. Ao fixar o seu olhar na direção norte, ele percebeu que a lua cheia reluzia no céu e espalhava seu brilho incom-parável por toda ®r… Navadv…pa-maŠ�ala. De repente, uma manifestação divina de ®r… M€y€pura, que ficava próxima dali, tornou-se visível diante de seus olhos.

Sanny€s… Mah€r€ja exclamou: “Oh! Que visão ex-traordinária! Estou vendo um lugar sagrado dos mais ad-miráveis e bem-aventurado! Altos palácios cravejados de jóias, templos e arcadas ornamentadas iluminam a margem do rio J€hnav… com seu cintilante esplendor. De muitos re-cantos ouve-se o som estrondoso de hari-n€ma-sa‰k…rtana, como se perfurassem o céu. Centenas de Vai�Šavas, como N€rada tocando sua v…Š€, cantam �r…-n€ma e dançam.”

“De um lado, está Mah€deva de compleição clara, com seu tambor damar™ na mão. Ele está exclamando: ‘Ó Vi�vambhara, por favor, conceda-me Sua misericórdia! ’ Dizendo isto, ele dança t€Š�ava-n�tya freneticamente e, em seguida cai ao solo, inconsciente.

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78 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 3

Do outro lado, o Brahm€ de quatro-cabeças está sen-tado numa reunião de ��is que são bem versados no con-hecimento védico. Ele recita o seguinte mantra védico e lucidamente explica seu significado:

mah€n prabhur vai puru�aƒ sattvasyai�aƒ pravartakaƒsunirmal€m im€ˆ pr€ptim …�€no jyotir avyayaƒ

®vet€�vatara Upani�ad (3.12)

“Esta Personalidade é, indubitavelmente, mah€n, su-premo, e Ele é prabhu, mestre. Ele outorga a tendên-cia à inteligência, e por Sua misericórdia, uma pessoa pode alcançar a paz supremamente pura e transcen-dental. Esta pessoa conhecida como Mah€prabhu ®r… Caitanya é puru�a, a Pessoa Suprema. Ele é …�€na, o Regente Supremo. Ele é jyoti-svar™pa, auto-mani-festo e dotado de uma brilhante refulgência devido ao esplendor dourado de Seus membros. Ele é avya-ya, o Senhor imperecível.”

“Em outro lugar, Indra e outros devas estão pulan-do em êxtase, bradando: ‘Jaya Prabhu Gauracandra! Jaya Nity€nanda! ’ Os pássaros pousados nos galhos das árvores cantam alegremente: ‘Gaura! Nit€i! ’ Enormes abelhas ne-gras embriagadas por terem bebido gaura-n€ma-rasa o néctar do santo nome de Gaura, zumbem em todas as par-tes dos jardins floridos. Prak�ti-dev… (a deusa da natureza) sente-se enlouquecida por gaura-rasa difundindo seu ma-gnificente brilho por toda parte. Isto é maravilhoso! Já vi ®r… M€y€pura em plena luz do dia muitas vezes, mas jamais havia contemplado algo assim antes. O que estou vendo?”

Lembrando-se de seu Gurudeva, Sanny€s… Mah€r€ja, disse: “Ó Prabhu, agora posso entender que hoje você me

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79Naimittika-Dharma deve ser Abandonado

outorgou sua misericórdia ao me conceder uma visão do aspecto transcendental (apr€k�ta) de M€y€pura. De hoje em diante, devo me considerar um seguidor de ®r… Gau-racandra. Vejo que todos nesta divina terra de Navadv…pa usam um colar de contas de tulas…, tilaka na testa e as letras de �r…-n€ma estampadas em seus corpos. Eu também devo fazer o mesmo!”

Ao dizer isto, Sanny€s… Mah€r€ja caiu inconsciente e desmaiou. Após algum tempo, ele recobrou sua consciên-cia externa e pôs-se a chorar: “Na verdade, eu sou extre-mamente afortunado, pois, pela misericórdia de meu guru, pude ter uma visão momentânea da terra sagrada de ®r… Navadv…pa.”

Na manhã seguinte, depois de jogar seu bastão ekadaŠ�a no rio, ele decorou o pescoço com um colar de tulas… com três voltas e a testa com a marca de ™rddhva-puŠ�ra-tilaka, cantou “Hari! Hari!” e começou a dançar.

Quando os Vai�Šavas de Godruma viram o humor extraordinário e a nova aparência de Sanny€s… Mah€r€ja, eles ofereceram-lhe prostradas reverências, dizendo: “Você foi abençoado! Você foi abençoado!” Ele ficou um tanto embaraçado com aquilo e disse: “Oh! Aceitei esta vesti-menta Vai�Šava para tornar-me objeto da misericórdia dos Vai�Šavas, mas agora eu deparei com outro obstáculo. Já ouvi muitas vezes da boca de Gurudeva a seguinte declara-ção:

t�Š€d api sun…cena taror ap… sahi�Šun€am€nin€ m€nadena k…rtan…yaƒ sad€ hariƒ

®r… ®ik�€�˜aka 3 ‘Considerando-se mais insignificante do que uma folha de grama, mais tolerante do que uma

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80 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 3

árvore, livre de todo desejo de prestígio pessoal,e oferecer todo respeito aos outros, deve-se cons- tantemente absorver em hari-k…rtana.’

“Agora, os mesmos Vai�Šavas os quais tenho como meus gurus estão prestando-me reverências. O que será de mim?” Após refletir assim, ele aproximou de Paramahaˆsa B€b€j…, ofereceu-lhe prostradas reverências e pôs-se de pé com a cabeça curvada.”

B€b€j… Mah€�aya estava sentado sob a árvore m€dhav…, cantando hari-n€ma. Vendo a completa mudança de vestes de Sanny€s… Mah€r€ja e seu despertar de bh€va por �r…-n€ma, ele abraçou-o e banhou-o com lágrimas de amor, dizendo: “Ó Vai�Šava d€sa, hoje tornei-me bem-sucedido ao tocar seu corpo auspicioso.”

Assim, com esta declaração, Sanny€s… Mah€r€ja deixou seu nome anterior. E a partir daquele dia, ele ficou conhecido como Vai�Šava d€sa e começou uma nova vida. Abandonou suas vestes de sanny€sa m€y€v€da, seu exalta-do nome de sanny€sa e a alta estima que mantinha por si mesmo.

Naquela tarde, muitos Vai�Šavas vieram de ®r… Go-druma e ®r… Madhyadv…pa para ver Paramahaˆsa B€b€j… em ®r… Pradyumna-kuñja. Todos se sentaram ao redor dele, cantando hari-n€ma com tulas…-m€l€ nas mãos. Eles ex-clamavam: “Ei Gaur€‰ga! Nity€nanda! Ei S…t€n€tha! Jaya ®ac…nandana!” e seus olhos enchiam-se de lágrimas. Os Vai�Šavas conversavam entre si sobre assuntos relacionados ao serviço confidencial a seu i�˜a-deva (Deidade adorável) e depois, após circungirarem Tulas…-dev…, prestaram reverên-cias. Neste momento, Vai�Šava d€sa também circungirou ®r… V�nd€-dev… e rolou na poeira dos pés de lótus dos Vai�Šavas.

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81Naimittika-Dharma deve ser Abandonado

Alguns dos Vai�Šavas murmuraram entre si: “Aquele não é Sanny€s… Mah€r€ja? Hoje ele está com uma aparência extraordinária!”

Rolando no chão diante dos Vai�Šavas, Vai�Šava d€sa disse: “Hoje, minha vida tornou-se bem-sucedida, pois obti-ve a poeira dos pés de lótus dos Vai�Šavas. Pela misericórdia de Gurudeva, entendi claramente que a j…va não tem propó-sito a menos que consiga a poeira dos pés dos Vai�Šavas. A poeira dos pés dos Vai�Šavas, a água que lava os pés deles e o néctar que emana de seus lábios – estes três itens são o remédio e o modo de vida para o paciente que sofre da doença da existência material. Eles são a cura para toda a doença material, bem como a fonte de prazer transcendental para a alma saudável que se livrou desta aflição.”

“Ó Vai�Šavas, por favor, não pensem que eu estou tentando exibir minha erudição. Agora meu coração está livre de todas estas espécies de egotismo. Nasci em eleva-da família de br€hmaŠas, estudei todos os �€stras e adotei o sanny€sa €�rama, que é o quarto estágio da ordem de vida espiritual. E como resultado, meu orgulho desconhe-cia limites. Porém, quando me senti atraído pelos princípios Vai�Šavas, uma semente de humildade foi plantada em meu coração. E gradualmente, pela misericórdia de todos vocês, Vai�Šavas, tenho conseguido desprender-me da vaidade do meu nascimento nobre, do orgulho de minha erudição e da arrogância de minha condição social.”

“Agora sei que sou uma j…va desprovida e insigni-ficante. O falso ego que eu desenvolvi por ser br€hmaŠa estava me levando à ruína. Minha erudição e minha con-dição de sanny€s…, submeto tudo isso diante dos pés de lótus de vocês com muita simplicidade. Vocês podem lidar com este servo da maneira que julgarem melhor.”

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82 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 3

Ao ouvirem as humildes palavras de Vai�Šava d€sa, muitos dos Vai�Šavas disseram: “Ó melhor dos bh€gavatas! Estamos ávidos para obter a poeira dos pés de Vai�Šavas como você. Por favor, abençoe-nos com a poeira de seus pés de lótus. Você é o objeto da misericórdia de Paramahaˆsa B€b€j…. Por favor, purifique-nos com sua associação. O �€stra diz que se obtém bhakti mantendo-se na associação de bhaktas como você:

bhaktis tu bhagavad-bhakta-sa‰gera parij€yatesat-sa‰gaƒ pr€pyate puˆbhiƒ suk�taiƒ p™rva-sañcitaiƒ

B�han-N€rad…ya-Pur€Ša (4.33)

‘Bhakti é despertada quando a pessoa associa-se com bhaktas de ®r… Bhagav€n. A associação de �uddha-bhaktas somente é alcançada pelo acúmulo de ativi-dades piedosas transcendentais realizadas ao longo de muitas vidas.’

“Nós temos acumulado uma quantidade suficiente de atividades piedosas as quais encorajam bhakti (bhakti-po�aka-suk�ti) e, foi assim que conquistamos a sua associa-ção. Agora, por força desta mesma associação, aspiramos a hari-bhakti.”

Após os Vai�Šavas terem concluído suas demonstra-ções recíprocas de respeito e humildade, Vai�Šava d€sa sen-tou-se em um lado da reunião, realçando assim sua dignida-de. E sua hari-n€ma-m€l€ parecia brilhar em suas mãos.

Naquele dia, um afortunado cavalheiro estava senta-do entre os Vai�Šavas. Ele havia nascido numa família de br€hmaŠas aristocráticos e também era um zamindar ( a-bastado dono de terras).

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Desde a infância, ele havia estudado árabe e persa e havia conquistado razoável reputação no país, pois havia frequentado a realeza islâmica e era perito em dinâmica de grupo e estratégia política. Embora tivesse desfrutado de sua posição e opulência por muitos anos, isto não trouxe felicidade para ele. E finalmente, adotou a prática de hari-n€ma-sa‰k…rtana.

Quando criança, o cavalheiro havia recebido treina-mento em música clássica indiana de alguns dos mais re-nomados mestres de música de Delhi. Em virtude daquele treinamento, ele julgava-se preparado para liderar o canto durante as práticas de hari-n€ma-sa‰k…rtana. Os Vai�Šavas não gostavam de seu elegante estilo clássico de cantar: ele se exibia mostrando um pouco de seu talento musical du-rante o sa‰k…rtana e, em seguida, na expectativa de recon-hecimento, olhava para os rostos dos demais. Continuou a liderar k…rtanas por vários dias, até que passou a experi-mentar um certo prazer no sa‰k…rtana.

Após algum tempo, ele veio a ®r… Godruma para par-ticipar dos programas de k…rtana dos Vai�Šavas de Navadv…pa, onde lá ficou hospedado no €�rama de um Vai�Šava. Na-quele dia em particular, acompanhado por aquele Vai�Šava, ele foi a Pradyumna-kuñja e ficou sentado no bosque de m€l€t…-m€dhav…. Ao ver o comportamento humilde dos Vai�Šavas entre si e ao ouvir as palavras de Vai�Šava d€sa, sua mente encheu-se de dúvidas.

Sendo orador habilidoso, audaciosamente fez a se-guinte pergunta perante a reunião de Vai�Šavas: “O Manu-sm�ti e outros dharma-�€stras afirmam que a casta dos br€hmaŠas é a mais elevada de todas. Segundo estes �€stras, ritos religiosos, tais como sandhy€-vandan€(o canto de mantras védicos como o brahma-g€yatr… ao amanhecer,

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meio-dia e ao pôr do sol), são considerados nitya-karma (deveres eternos) para os br€hmaŠas. Se estas atividades são obrigatórias, por que o comportamento Vai�Šava é con-trário a elas?”

Vai�Šavas não tem gosto por argumentos mundanos e debates. Se a pergunta tivesse sido feita por um br€hmaŠa propenso a discussões, eles não a teriam respondido por receio de se enredarem numa batalha de palavras. Entre-tanto, como notaram que aquele cavalheiro cantava hari-n€ma com regularidade, disseram em uníssono: “Ficaremos muito felizes se Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya responder a sua pergunta.”

Ao ouvir a ordem dos Vai�Šavas, Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya prestou reverências e disse: “Ó grandes almas, se vocês assim desejarem, o respeitado bhakta ®r… Vai�Šava d€sa responderá na íntegra esta pergunta.” Todos Vai�Šavas concordaram com aquela proposta.

Ao ouvir as palavras de seu Gurudeva, Vai�Šava d€sa considerou-se muito afortunado e disse humildemente: “Sou desventurado e insignificante. Não é muito apropria-do que eu diga algo diante de uma reunião tão erudita. To-davia, devo sempre acatar a ordem de meu Gurudeva. E como tenho bebido o néctar das instruções espirituais que fluem da boca de lótus de meu guru. Tentarei lembrar-me disto e falarei na medida em que minha habilidade permi-tir”. Cobrindo todo o corpo com a poeira dos pés de lótus de Paramahaˆsa B€b€j…, levantou-se e começou a falar.

“®r… K��Ša Caitanya é a fonte de todos os diferentes tipos de expansões e avat€ras. Ele é diretamente o próprio Bhagav€n, pleno de bem-aventurança transcendental.

O nirvi�e�a-brahma sem atributos que permeia tudo, é a refulgência de Seus membros e Param€tm€, que reside

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nos corações de todas as j…vas, é Sua expansão parcial. Que Ele nos favoreça iluminando-nos internamente.”

“O Manu-saˆhit€ e outros dharma-�€stras são res-peitados em todo o mundo porque estabelecem os códigos e proibições que seguem a linha de pensamento dos �ruti-�€stras védicos. A natureza humana tem duas tendências no que se refere à busca religiosa: a primeira chama-se vaidh…, aquela que nos impulsiona a seguir as regras e regulações do �€stra, e a segunda é r€g€nug€, aquela que nos impulsiona a seguir a atração espontânea da alma por ®r… K��Ša. Enquan-to a inteligência estiver sob o controle de m€y€, a natureza humana deverá ser regulada por regras e proibições. Assim, nesta condição a natureza vaidh… com certeza irá ser eficaz. Quando a inteligência estiver liberada das garras de m€y€, então, a natureza humana não precisará mais ser orientada por regras e proibições, ao invés disso será inspirada pelo amor espontâneo. Nesta condição, a tendência vaidh… deixa de predominar e a tendência r€g€nug€ se manifesta. Esta tendência r€g€nug€ constitui a natureza inata da j…va. Ela é o estado aperfeiçoado do eu (svabh€va-siddha), é trans-cendental (cinmaya) e livre do cativeiro da matéria inerte (ja�a-mukta).”

“O relacionamento da j…va pura e espiritual com o mundo material termina por completo quando ®r… K��Ša as-sim o desejar. Até este momento, o relacionamento da j…va com o mundo material somente pode ser cessado eventual-mente (k�ayonmukha). Na etapa k�ayonmukha, a inteligên-cia da j…va livra-se da matéria até o ponto de svar™pataƒ ja�a-mukti, mas não até ao ponto de vastutaƒ ja�a-mukti.”

“Ao atingir a fase de vastutaƒ ja�a-mukti, a j…va pura sente o despertar do r€g€tmik€-v�tti, ou o humor dos r€g€tmik€s, tanto em função de sua identidade interna

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(svar™pa) quanto de seu estado constitucional (vastu). Esta r€g€tmik€-prak�ti é a natureza dos residentes eternos de Vraja. A j…va que na fase k�ayonmukha segue os passos da natureza r€g€tmik€ é conhecida como r€g€nug€, ou alguém que trilha o caminho de r€ga. É esta condição de r€g€nug€ que as j…vas devem buscar fervorosamente.”

“Enquanto esta condição estiver ausente, a inteligên-cia humana permanecerá naturalmente apegada a objetos mundanos. Devido a seu nisarga, ou a falsa natureza ad-quirida, a j…va confunde-se e equivocadamente acha que o apego aos objetos mundanos é seu apego espiritual natural (sv€bh€vika-anur€ga). Nesta etapa, não há o apego puro e natural a objetos espirituais.”

“As concepções de ‘eu’ e ‘meu’, sendo duas classes de egoísmo cuja influência é bastante predominante na esfera mundana, levam-nos a pensar: ‘Eu sou este corpo’ e ‘todas as coisas relacionadas a este corpo são minhas’. Em virtude destas concepções, é natural sentirmos atração por pessoas e coisas que deem prazer ao corpo material e aversão a pessoas e coisas que impeçam o prazer material. Quando a j…va iludida cae sob a influência de semelhantes sensações de apego e aversão, ela julga que os outros se-jam amigos ou inimigos e lhes mostra amor ou ódio de três maneiras: �€r…rika, com relação ao corpo material e suas aquisições; s€m€jika, com relação à sociedade e às idéias sociais; e naitika, com relação à moralidade e à ética. Deste modo, ela se envolve na luta pela existência material.”

“O falso apego por kanaka – ouro e coisas que o dinheiro pode comprar – e k€min… – qualquer um que sa-tisfaça nossos desejos luxuriosos pervertidos – mantém-nos sob o controle da felicidade e da dor temporárias. Isto é conhecido como saˆs€ra, estado em que a pessoa

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vagueia pelo universo material e somente obtém nascimen-to, morte, e os frutos do karma em várias condições de vida – umas elevadas e outras inferiores.”

“As j…vas que estão atadas desta forma não conseguem compreender facilmente o apego espiritual (cid-anur€ga), tampouco têm alguma percepção ou experiência de tal coi-sa. Na realidade, este apego espiritual é a verdadeira função (sva-dharma) da j…va e também sua eterna natureza. Entre-tanto, esquecendo disto ela se absorve no apego à matéria, embora seja uma partícula de consciência. Então, ela se de-grada. Todas as j…vas assim enredadas no saˆs€ra dificil-mente pensam que estão nesta condição miserável.”

“As j…vas atadas por m€y€ desconhecem completa-mente esta natureza r€g€nug€, isto para não falar da natu-reza r€g€tmik€. A natureza r€g€nug€ pode ser despertada nos corações das j…vas, mas somente ocasionalmente pela misericórdia dos s€dhus. Consequentemente, esta natureza r€g€nug€ é rara e difícil de ser obtida, e aqueles que estão enredados no saˆs€ra são afastados dela por m€y€.”

“Bhagav€n, no entanto, é onisciente e misericor-dioso. Ele viu que as j…vas atadas por m€y€ têm sido dis-suadidas de sua inclinação espiritual. Então, como elas poderão alcançar boa fortuna? Qual o meio que a lem-brança de K��Ša poderá ser despertada nos corações das j…vas que estão fascinadas por m€y€? Mantendo-se na as-sociação de s€dhus, as j…vas conseguirão entender que são servas de K��Ša. Ainda que não exista nenhuma in-junção prescrita, segundo a qual a pessoa deva associ-ar-se com s€dhus, onde está mesmo a esperança de que s€dhu-sa‰ga, a associação de devotos santos, seja possível

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ou facilmente acessível para todos? Portanto, sem o cami-nho das regras e regulações (vidhi-m€rga), não poderá ha-ver auspiciosidade alguma para as pessoas em geral.”

“Desta reflexão misericordiosa de ®r… Bhagav€n os �€stras foram manifestos. E ao surgir por Sua misericórdia, o sol do �€stra nasceu no céu dos corações dos antigos ��is arianos e iluminou todas as injunções e regras a serem se-guidas pela população em geral.”

“No princípio era o Veda-�€stra. Uma parte do Veda-�€stra ensina atividades piedosas direcionadas para a obtenção de frutos materiais (karma); outra parte ensi-na o conhecimento direcionado para a liberação (jñ€na); e ainda outra parte ensina devoção com amor e afeição por Bhagav€n (bhakti). As j…vas que estão enfeitiçadas por m€y€ encontram-se em muitas condições diferentes. Algu-mas estão inteiramente estupidificadas, outras têm um pou-co de conhecimento e outras são instruídas em muitos as-suntos. O �€stra fornece diferentes tipos de instruções que são compatíveis com as diferentes mentalidades das j…vas. Esta diferenciação é conhecida como adhik€ra, ou elegibi-lidade.”

“Existem incontáveis j…vas individuais, todas dotadas de inúmeras variedades de adhik€ra, os quais subdividem-se em três categorias amplas de acordo com suas caracte-rísticas primárias: karma-adhik€ra, qualificação para a ação piedosa que leva ao ganho material, jñ€na-adhik€ra, quali-ficação para o conhecimento que leva à liberação e prema-adhik€ra, qualificação para o imaculado serviço amoroso a Bhagav€n. O Veda-�€stra especifica estes três tipos de qua-lificações e estabelece códigos de comportamento apropria-dos para cada um dos três grupos. Assim, o dharma que os Vedas prescrevem é conhecido como vaidha-dharma.”

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“A tendência pela qual alguém é impelido a adotar este vaidha-dharma é conhecida como vaidh…-prav�tti a in-clinação a seguir os códigos religiosos do �€stra. Aqueles que carecem por completo da tendência a seguir as regras do �€stra são inteiramente avaidha contrários às injunções do �€stra. Eles envolvem-se com atividades pecaminosas e põem suas vidas a perder com avaidha-karma, ações que desafiam as regulações do �€stra. Tais pessoas ficam ex-cluídas da jurisdição dos Vedas, sendo conhecidas como mlecchas, pessoas pertencentes a uma raça não-ariana e in-civilizada.”

“Os deveres daqueles enquadrados nos três grupos de elegibilidade delineados nos Vedas são descritos de forma ainda mais elaborada nos saˆhit€-�€stras dos ��is, os quais compuseram inúmeros �€stras que seguem os princípios dos Vedas. Os deveres das pessoas aptas ao karma são descritos em vinte dharma-�€stras compilados por Manu e outros paŠ�itas; aqueles versados nos diferentes sistemas filosóficos descreveram a função das pessoas aptas a jñ€na nos �€stras que tratam de lógica e filosofia; e, por fim, as instruções e atividades para pessoas aptas a bhakti foram estabelecidas por aqueles versados nos Pur€Šas e tantras puros. Todos estes textos são conhecidos como védicos por estarem de acordo com o Veda.”

“Os pseudos-filósofos dos tempos modernos que abordam estes �€stras, por não perceberem o significa-do subjacente a todos os �€stras, têm tentado demonstrar a superioridade de apenas uma de suas ramificações. Isto tem feito com que inúmeras pessoas caiam num abismo de contendas e dúvidas. Conforme demonstra claramente a Bhagavad-g…t€, a qual é uma deliberação inigualável sobre todos os �€stras, o karma que não visa jñ€na é ateísta, e

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por isso deve ser rejeitado. Karma-yoga e jñ€na-yoga que não sejam direcionados para bhakti também são processos enganosos; na realidade, karma-yoga, jñ€na-yoga e bhakti-yoga formam um único sistema de yoga. Este é o siddh€nta (conclusão) védico Vai�Šava.”

“A j…va confundida por m€y€ é a princípio forçada a adotar o caminho do karma; em seguida, ela deve adotar karma-yoga, e então jñana-yoga, e por fim bhakti-yoga. No entanto, se não for mostrado a ela que estes são apenas de-graus diferentes de uma mesma escada, a j…va condicionada não poderá elevar-se ao templo de bhakti.”

“O que significa adotar o caminho de karma? Karma consiste nas atividades que alguém executa com o corpo e a mente enquanto mantém sua vida. Há dois tipos de karma: auspicioso (�ubha) e inauspicioso (a�ubha). Os resultados que a j…va obtém ao executar �ubha-karma são auspiciosos, ao passo que aqueles que ela obtém por meio de a�ubha-karma são inauspiciosos. A�ubha-karma também é con-hecido como pecado (p€pa), ou atos proibidos (vikarma). O não-cumprimento de �ubha-karma é conhecido como akarma. Tanto vikarma quanto akarma são ruins, ao passo que �ubha-karma é bom.”

“Há três tipos de �ubha-karma: ritos diários obri-gatórios (nitya-karma), deveres circunstanciais (naimitti-ka-karma) e cerimônias executadas por desejo de benefí-cio pessoal (k€mya-karma). Por ser inteiramente egoísta, k€mya-karma deve ser rejeitado. Os �€stras orientam-nos para que adotemos nitya-karma e naimittika-karma. Os �€stras, consideram o que é digno de ser aceito e o que é digno de ser abandonado e classificam nitya-kar-ma, naimittika-karma e k€mya-karma como sendo kar-ma, ao passo que akarma e kukarma (atividade ímpia)

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não estão incluídos nesta categoria. Apesar de ter sido in-cluído na categoria karma, k€mya-karma é indesejável, e por isso deve ser abandonado. Portanto, apenas nitya-kar-ma e naimittika-karma são verdadeiramente aceitos como karma.”

“Nitya-karma é karma que produz auspiciosidade para o corpo, a mente e a sociedade e, que resulta em pro-moção a outros planetas após a morte. Todos são obrigados a realizar nitya-karma, tal como cantar o brahma-g€yatr…-mantra nas três junções do dia (sandhy€-vandan€), ofere-cer orações, usar meios honestos para manter o corpo e a sociedade, ser verdadeiro nos tratos pessoais e cuidar dos membros da família e dependentes. Naimittika-karma é karma que deve ser executado em certas circunstâncias ou em certas ocasiões – por exemplo, a realização de rituais em benefício da alma do pai ou da mãe falecidos, expiação de pecados e assim por diante.”

“Os autores dos �€stras primeiramente examinaram as naturezas dos seres humanos, suas características naturais e qualificações, para então estabelecerem o varŠ€�rama-dharma, os deveres das castas sociais e das ordens espiri-tuais. A intenção deles era prescrever um sistema em que nitya-karma e naimittika-karma pudessem ser executados de uma forma excelente neste mundo. O ponto essencial desta organização é o fato de haver quatro tipos naturais de seres humanos, classificados de acordo com o trabalho que eles estão qualificados para executar: br€hmaŠas, pro-fessores e sacerdotes; k�atriyas, administradores e guerrei-ros; vai�yas, agricultores e homens de negócios; e �™dras, artesãos e operários. Além disso, as pessoas enquadram-se em quatro ordens ou estágios de vida, as quais são conheci-das como €�ramas: brahmac€r…, vida de estudante solteiro;

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g�hastha, vida familiar; v€naprastha, afastamento no que se refere às responsabilidades familiares; e sanny€sa, vida de asceta renunciado. Aqueles que têm inclinação para akarma e vikarma são conhecidos como antyaja (pária), e não estão situados em nenhum €�rama.”

“O que determina os diferentes varŠas são a nature-za, o nascimento, as atividades e as características de cada pessoa. Quando o varŠa é determinado com base apenas no nascimento, perde-se o propósito original do varŠ€�rama. O que determina o €�rama são os diversos estágios de vida, os quais depende da pessoa estar casada ou solteira, ou ter renunciado a companhia do sexo oposto. A vida de casado é conhecida como g�hastha €�rama e a vida de solteiro, como brahmac€r… €�rama. O fato de estar separado do cônjuge e da família é característico do v€naprastha e sanny€sa €�ra-mas. Sanny€sa é o mais elevado de todos os €�ramas e os br€hmaŠas, os mais elevados de todos os varŠas.”

“Esta conclusão é confirmada no mais proeminente de todos os �€stras, o ®r…mad-Bh€gavatam (11.17.15-21):

varŠ€n€m €n€m €�ram€Š€ñ ca janma-bh™my-anus€riŠ…h €san prak�tayo n�Š€ˆ n…cair n…cottamottam€ƒ

‘Os varŠas e €�ramas da humanidade têm nature-zas superiores e inferiores, de acordo com as par-tes superiores e inferiores do corpo universal de ®r… Bhagav€n dos quais apareceram.’

�amo damas tapaƒ �aucaˆ santo�aƒ k�€ntir €rjavaˆmad-bhakti� ca day€ satyaˆ brahma-prak�tayas tv im€ƒ

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‘São qualidades naturais dos br€hmaŠas: controle da mente, controle dos sentidos, austeridade, limpeza, satisfação, paciência, simplicidade, devoção a ®r… Bhagav€n, compaixão pelo sofrimento alheio e ve-racidade.’

tejo balaˆ dh�tiƒ �auryaˆ titik�aud€ryam udyamaƒsthairyaˆ brahmaŠyam ai�varyaˆ k�atra-prak�tayas

tv im€ƒ

‘São qualidades naturais dos k�atriyas: coragem, força física, força moral, heroísmo, tolerância, gen-erosidade, muita perseverança, firmeza, devoção aos br€hmaŠas e soberania.’

€stikyaˆ d€na-ni�˜h€ ca adambho brahma-sevanamatu�˜ir arthopacayair vai�ya-prak�tayas tv im€ƒ

‘São qualidades naturais dos vai�yas: teísmo, dedi-cação à caridade, ausência de orgulho, serviço aos br€hmaŠas e um insaciável desejo de acumular riqueza.’

�u�r™�aŠaˆ dvija-gav€ˆ dev€n€ñ c€py am€yay€tatra labdhena santo�aƒ �™dra-prak�tayas tv im€ƒ

‘São qualidades naturais dos �™dras: serviço sincero aos devas, br€hmaŠas e vacas, e a satisfação com qualquer ganho obtido por meio de tal serviço.’

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aos devas, br€hmaŠas e vacas, e a satisfação com qualquer ganho obtido por meio de tal serviço.’

a�aucam an�taˆ steyaˆ n€stikyaˆ �u�ka-vigrahaƒk€maƒ krodha� ca tar�a� ca sa bh€vo’nty€vas€yin€m

‘As características naturais daqueles que pertencem à classe mais baixa, e que estão fora do sistema varŠ€srama, são: sujeira, desonestidade, ladroagem, falta de fé no dharma védico e na existência de uma próxima vida, brigas fúteis, luxúria, ira e cobiça por objetos materiais.’

ahiˆs€ satyam asteyam ak€ma-krodha-lobhat€bh™ta-priya-hiteh€ ca dharmo’yaˆ s€rva-varŠikaƒ

‘São deveres dos membros de todos os varŠas: não-violência, veracidade, abster-se de roubar, estar livre da luxúria, ira e cobiça, e esforço em prol do prazer e bem-estar de todos os seres vivos.’ ”

“Como todos nesta reunião de eruditos conhecem o significado dos �lokas em sânscrito, eu não os estou tradu-zindo. Só gostaria de dizer que o sistema de varŠa e €�rama é a base de vaidha-j…vana, a vida que é levada de acordo com as regras e disciplinas religiosas. A proeminência da impiedade de um país mede-se pelo grau de ausência do sistema varŠ€�rama no mesmo.”

“Agora vamos analisar em que sentido as palavras ni-tya (eterno) e naimittika (circunstancial) foram utilizadas com relação à palavra karma. Se levarmos em conta o si-gnificado profundo dos �€stras, poderemos constatar que estas duas palavras não foram usadas para referir-se a kar-

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ma sentido param€rthika, ou seja, aquilo que é relativo à verdade espiritual suprema. Ao contrário, elas foram usa-das, ou com um sentido rotineiro (vyavah€rika), ou com um sentido figurado (aupac€rika).”

“Para ser exato, palavras como nitya-dharma, nitya-karma e nitya-tattva só podem ser usadas para descrever a condição espiritual pura da j…va. Portanto, no uso genérico da palavra nitya-karma, nitya só se aplica ao termo kar-ma no sentido figurado ou atributivo, porque karma neste mundo é um meio para se atingir um fim, apenas indicando remotamente a verdade eterna. Na verdade, karma jamais é eterno. Só se pode pensar em karma e jñ€na como sen-do nitya em sentido indireto quando karma é direcionado para jñ€na por meio de karma-yoga e quando jñ€na é di-recionado para bhakti. O canto do brahma-g€yatr…-mantra ou sandhy€-vandan€ pelos bh€hmaŠas às vezes é descrito como nitya-karma. Isto é válido tendo-se em vista que as práticas remotamente direcionadas para bhakti através de atividades físicas podem ser evidenciadas como nitya, mas somente porque visam o nitya-dharma. Na realidade, elas não são nitya. Este uso é conhecido como expressão me-tafórica (upac€ra).”

“Na verdade, o único nitya-karma verdadeiro das j…vas é k��Ša-prema. Em termos ontológicos, este ver-dadeiro nitya-karma é chamado de cultivo espiritual puro (vi�uddha-cid-anu�…lana), ou atividades direcionadas para restabelecer-se na consciência transcendental pura. As ati-vidades físicas que a pessoa naturalmente terá que adotar para alcançar este cid-anu�…lana são auxiliares de nitya-karma e, por isso não é errado chamá-las de nitya-karma. Porém, de uma perspectiva absoluta, seria melhor chamar estas atividades de naimittika, e não de nitya. A divisão de

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nitya e naimittika são feitas somente de um ponto de vista relativo, e não da perspectiva espiritual absoluta.”

“Do ponto de vista da natureza essencial das coisas, o nitya-dharma das j…vas é a prática espiritual pura e, todas as outras classes de dharma são naimittika. Isto aplica-se ao varŠ€�rama-dharma (deveres prescritos para as castas e ordens da civilização humana), a�˜a‰ga-yoga (o sistema óctuplo de yoga), s€‰khya-jñ€na (o caminho do conheci-mento que envolve a pesquisa analítica da natureza espiri-tual e material) e tapasy€ (ascetismo).”

“Tudo isto é naimittika-dharma porque a j…va não precisaria destes dharmas se não fosse aprisionada. O esta-do condicionado em que a pessoa é iludida por m€y€, é por si mesmo, uma causa circunstancial. A função ou obrigação instigada por uma causa circunstancial (nimitta) é conheci-da como naimittika-dharma. Portanto, da perspectiva espi-ritual absoluta, tudo isto é naimittika-dharma.”

“Em naimittika-dharma incluem-se a superiorida-de dos br€hmanas, seu sandhy€-vandan€ e a aceitação de sanny€sa por eles após a renúncia completa de karma. To-das estas atividades são bastante recomendadas nos dhar-ma-�€stras e são benéficas considerando-se a qualificação apropriada, mas, mesmo assim, não têm posição alguma no âmbito de nitya-karma“.

vipr€d dvi-�a�-guŠa-yut€d aravinda-n€bha-p€r€vinda-vimukh€t �vapacaˆ vari�˜hammanye tad-arpita-mano-vacanehit€rtha-

pr€Šaˆ pun€ti sa kulaˆ na tu bh™rim€naƒ ®r…mad-Bh€gavatam (7.9.10)

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‘Segundo pude avaliar, um bhakta que tenha nascido em família de comedores de carne de cachorro, mas que tenha dedicado sua mente, palavras, atividades e bens aos pés de lótus de ®r… K��Ša, é superior a um br€hmaŠa dotado de todas as doze qualidades bramânicas, mas que tenha se desviado dos pés de lótus de ®r… Padman€bha. Semelhante bhakta, embora de nascimento inferior, pode purificar a si mesmo e a toda sua família, ao passo que o br€hmaŠa que é todo orgulhoso não pode purificar nem a si mesmo.’ ”

“As doze qualidades dos br€hmaŠas são: veracida-de, controle dos sentidos, austeridade, ausência de malícia, modéstia, tolerância, ausência de inveja, sacrifício, cari-dade, força moral, estudo dos Vedas e aceitação de votos. Br€hmaŠas dotados destas doze qualidades são decerto dignos de honra neste mundo. Todavia, se um caŠ�€la é um bhakta, ele é superior aos br€hmaŠas que possuem es-sas qualidades, mas não têm k��Ša-bhakti. O significado é que mesmo uma pessoa nascida como caŠ�€la, mas que foi purificada pelas impressões (saˆsk€ra) obtidas por meio de s€dhu-sa‰ga, e que agora é uma j…va ocupada no nitya-dharma, cultivo espiritual puro, é superior a um br€hmaŠa que está estabelecido em naimittika-dharma, mas se abstém do nitya-dharma, prática espiritual pura.”

“Há dois tipos de seres humanos neste mundo: aque-les que estão despertos espiritualmente (udita-viveka) e aqueles que estão adormecidos espiritualmente (anudita-vi-veka). A maioria das pessoas neste mundo está adormecida espiritualmente; raras são aquelas que estão despertas. De todas aquelas que estão adormecidas espiritualmente, os br€hmaŠas são os melhores. Os deveres nitya-karma dos br€hmaŠas, tais como sandhya-vanda, são os melhores de

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todos deveres prescritos para os diferentes varŠas.”

“Vai�Šava é outro nome para aqueles que estão des-pertos espiritualmente; o comportamento deles é necessari-amente diferente daqueles que estão adormecidos espiri-tualmente. Mesmo assim, o comportamento dos Vai�Šavas não é contrário ao objetivo das regras do sm�ti, as quais são instituídas a fim de regular pessoas que estejam adormeci-das espiritualmente. O objetivo final de todos os �€stras é sempre o mesmo.”

“Aqueles que estão adormecidos espiritualmente são forçados a permanecer confinados numa parte específica dos rígidos e rudimentares preceitos do �€stra, ao passo que aqueles despertos espiritualmente aceitam a essência subjacente do �€stra como se fosse um amigo íntimo. Estes dois grupos de pessoas executam atividades diferentes, mas a meta deles é a mesma. Pessoas inaptas poderão achar que o comportamento dos despertos espiritualmente opõe-se ao comportamento das pessoas em geral, mas, na realidade, a meta fundamental destes diferentes padrões de comporta-mento é a mesma.”

“Da perspectiva dos despertos espiritualmente, as pessoas em geral estão qualificadas para receberem instruções relativas ao naimittika-dharma. No entanto, o naimittika-dharma é em essência asamp™rŠa (incompleto), mi�ra (adulterado), acirasth€y… (impermanente) e heya (digno de ser rejeitado).”

“Naimittika-dharma não é prática espiritual di-reta – ao contrário, consiste de atividades materiais tem-porárias que são adotadas para alcançar práticas espiri- tuais puras. Portanto, são apenas meios para atingir um fim. O meio jamais é completo porque sua função cessa

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simplesmente uma fase no processo para alcançar a meta final. Por isso, naimittika-dharma jamais é completo (samp™rŠa).”

“Por exemplo, o ato de um br€hmaŠa cantar sandhy€-vandan€, bem como seus demais deveres, são temporários e sujeitos a regras específicas. Estas atividades não vêm de sua inclinação espiritual natural. Se depois de cumprir estes deveres prescritos por um longo tempo, a pessoa alcança a associação de �uddha-bhaktas (s€dhu-sa‰ga), então ela desenvolve gosto por hari-n€ma. Nesse momento, san-dhy€-vandan€ deixa de ser um dever prescrito temporário direcionado para a aquisição de recompensas materiais (karma). Hari-n€ma é uma prática espiritual completa, ao passo que sandhy€-vandan€ e outras práticas afins, são ape-nas meios para alcançar esta meta principal, e jamais podem ser a realidade completa.”

“Naimittika-dharma é recomendável porque tem como objetivo a verdade, porém, por misturar-se com re-sultados indesejáveis (mi�ra), posteriormente destina-se a ser abandonado (heya). Somente a realidade espiritual é be-néfica de verdade. Embora a j…va deva abandonar a matéria e o contato com a mesma, o materialismo é proeminente em naimittika-dharma. Além do mais, naimittika-dharma pro-duz uma abundância de resultados irrelevantes que a j…va não consegue deixar de se enredar neles.”

“Por exemplo, a adoração de um br€hmaŠa a Ÿ�vara é benéfica, mas ele tende a pensar: ‘Sou um br€hmaŠa e os outros são inferiores a mim.’

Como resultado de tal egoísmo falso, sua adoração produz resultados prejudiciais. Outro exemplo é o resultado insignificante de se praticar o sistema óctuplo de yoga e a consecução de poderes místicos, os quais são muitas vezes

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inauspiciosos para as j…vas. Os dois companheiros inevitá-veis de naimittika-dharma são mukti (liberação) e bhukti (gozo material), porém, a j…va deve livrar-se das garras de mukti e bhukti se quiser mesmo atingir seu objetivo ver-dadeiro, que é o cultivo da realidade espiritual pura (cid-anu�…lana). Consequentemente, naimittika-dharma produz muitas coisas que são desprezíveis para as j…vas.”

“Naimittika-dharma é impermanente (acirasth€y…), pois não se aplica há todos os tempos nem em todas as condições. Por exemplo, as obrigações sacerdotais de um br€hmaŠa, os deveres administrativos ou militares de um k�atriya e outras ocupações circunstanciais semelhantes são ocasionadas por uma causa particular, e eles cessam quan-do esta causa cessa. Se um br€hmaŠa nasce como caŠ�€la em sua próxima vida, os deveres ocupacionais brahmínicos deixam de ser seu sva-dharma. Neste caso, estou usando a palavra sva-dharma (o próprio dever) em sentido figurado. O naimittika-sva-dharma da j…va muda a cada nascimen-to, mas seu nitya-dharma jamais muda. O verdadeiro sva-dharma da j…va é nitya-dharma, enquanto que naimittika-dharma é impermanente.”

“Pode-se perguntar: o que é vai�Šava-dharma? E a resposta é: vai�Šava-dharma é o nitya-dharma da j…va. Quando o Vai�Šava – a j…va – liberta-se da matéria, ele em sua forma espiritual pura, desenvolve k��Ša-prema. An-tes dessa fase, quando o Vai�Šava ainda está atado mate-rialmente, embora desperto espiritualmente, ele só aceita objetos e associações que sejam favoráveis a sua prática espiritual e rejeita tudo que é desfavorável. Deste modo, ele jamais adere cegamente às regras e regulamentos dos �€stras. Ele aceita de bom grado as instruções e proibições dos �€stras, mas apenas quando são favoráveis a sua prática

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espiritual e rejeita tudo que é desfavorável. Deste modo, ele jamais adere cegamente às regras e regulamentos dos �€stras. Ele aceita de bom grado as instruções e proibições dos �€stras, mas apenas quando são favoráveis a sua práti-ca de hari-bhajana, e rejeita de imediato aquelas que são desfavoráveis.”

“O Vai�Šava é o único amigo verdadeiro de todos e traz auspiciosidade para todas as j…vas do mundo. Assim, humildemente termino de apresentar tudo quanto tinha para dizer nesta reunião de Vai�Šavas. Por favor, perdoe minhas falhas e quaisquer ofensas.”

Tendo falado desta maneira, Vai�Šava d€sa prestou s€�˜€‰ga-praŠ€ma aos Vai�Šavas reunidos e sentou-se ao lado. A essa altura, os olhos dos Vai�Šavas tinham se enchi-do de lágrimas, e todos exclamaram em uníssono: “Muito bem! Muito bem! Todas as bênçãos a você!” Em resposta os bosques de Godruma ecoaram estas palavras.

O cantor br€hmaŠa que havia feito a pergunta pôde perceber a verdade profunda de muitos dos assuntos apre-sentados na discussão. Apesar de algumas dúvidas sobre certos pontos terem surgido, a semente da fé no vai�Šava-dharma havia sido significativamente nutrida em seu cora-ção. Com as mãos postas, ele disse: “Ó grandes almas, não sou um Vai�Šava, mas estou me tornando um Vai�Šava por estar ouvindo continuamente hari-n€ma. Se vocês gentil-mente me instruírem, todas as minhas dúvidas serão dissi-padas.”

®r… Premad€sa Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya disse bondosamente: “De vez em quando, você poderá usufruir da associação de ®r…m€n Vai�Šava d€sa. Ele é um sábio com erudição em todos os �€stras. Anteriormente, viveu em V€r€Šas…, onde aceitou sanny€sa após estudar profun-

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damente os ved€nta-�€stras. ®r… K��Ša Caitanya, que é o Senhor mais querido de nossos corações, manifestou-lhe misericórdia ilimitada e atraíu-o aqui para ®r… Navadv…pa. Agora, além de ser inteiramente versado em todas as ver-dades da filosofia Vai�Šava, ele também desenvolveu pro-fundo amor por hari-n€ma.”

O homem que havia feito a pergunta chamava-se ®r… K€l…d€sa L€hir…. Ao ouvir as palavras de B€b€j… Mah€�aya, ele aceitou, do fundo de seu coração, Vai�Šava d€sa como seu guru. Pensou: “Vai�Šava d€sa nasceu numa família de br€hmaŠa e aceitou o sanny€sa-€�rama, logo, está apto a instruir um br€hmaŠa. Além do mais, pude testemunhar sua extraordinária erudição no que se refere às verdades Vai�Šavas. Poderei aprender muito sobre vai�Šava-dharma com ele.” Absorto nestes pensamentos, L€hir… Mah€�aya prestou daŠ�avat-praŠ€ma aos pés de lótus de Vai�Šava d€sa e disse: “Ó grande alma, por favor, conceda-me sua misericórdia.” Vai�Šava d€sa retribuiu-lhe prestando-lhe daŠ�avat-praŠ€ma e respondeu: “Se você me conceder sua misericórdia, serei plenamente bem-sucedido.”

Ao cair da tarde, todos regressaram a seus respectivos lugares.

A casa de L€hir… Mah€�aya ficava em um bosque num lugar afastado do vilarejo. No centro do kuñja, havia uma cobertura natural de trepadeiras m€dhav… e uma plataforma elevada para Tulas…-dev…. Havia dois cômodos, um em cada lado do kuñja. O pátio era cercado por uma treliça de plan-tas cit€, e muitas árvores, tais como a bael, a n…ma e outras árvores carregadas de frutas e flores, intensificavam sua be-leza. O dono daquele bosque era M€dhava d€sa B€b€j….

A princípio, M€dhava d€sa B€b€j… havia sido um ho-mem de virtude imaculada, mas, ao manter contato imoral

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com uma mulher, seu caráter Vai�Šava havia sido maculado e sua prática de bhajana reduzida. Tendo ficado bastante empobrecido, cobria suas despesas com dificuldade pedin-do esmola em diversos lugares e alugando seu quarto extra, agora ocupado por L€hir… Mah€�aya.

Naquela noite, L€hir… Mah€�aya teve o sono interrom-pido à meia-noite. Então, começou a contemplar o signi-ficado essencial de tudo quanto Vai�Šava d€sa B€b€j… havia explicado. Ao ouvir um ruído do lado de fora, saiu do seu quarto, e viu M€dhava d€sa B€b€j… parado no pátio falando com uma mulher. A mulher desapareceu assim que avistou L€hir… Mah€�aya, enquanto M€dhava d€sa ficou sem ação e envergonhado diante dele.

“B€b€j…, qual é o problema?” perguntou L€hir… Mah€�aya.

“É o meu infortúnio”, replicou M€dhava d€sa com lágrimas nos olhos. “Que mais posso dizer? Pobre de mim! Só penso no que eu fui no passado e no que me transfor-mei agora. Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya tinha tanta fé em mim. Agora tenho vergonha de aparecer diante ele.”

“Por favor, diga-me claramente para que eu possa en-tender”, solicitou L€hir… Mah€�aya.

M€dhava d€sa respondeu: “A mulher que você acabou de ver foi minha esposa. Logo após eu aceitar a vida renun-ciada de b€b€j…, ela foi para ®r…p€˜ ®€ntipura. E lá construiu uma cabana nas margens do Ga‰g€ e passou a residir ali. Depois de muitos dias, fui a ®r…p€˜ ®€ntipura, ao encon-trar com ela, perguntei: ‘Por que você deixou o seu lar?’ Então, ela me disse: ‘Desde que não tenho mais o serviço a seus pés, a vida familiar não me atrai mais. Fixei residência neste t…rtha (lugar sagrado), e estou conseguindo me susten-tar pedindo esmolas.’ ”

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“Voltei para Godruma sem dizer nada mais a ela. Após algum tempo, ela também veio para Godruma, e passou a residir na casa de um pastor de vacas. E todo dia eu a via aqui e ali. E quanto mais tentava evitá-la, mais ela se apro-ximava de mim. Hoje ela está morando num €�rama que construiu aqui e tenta arruinar-me, vindo à minha casa tarde da noite. Minha má reputação espalhou-se por toda parte e a prática do meu bhajana deteriorou-se seriamente devido ao contato com ela. Sou uma vergonha para a família dos servos de ®r… Kr�Ša Caitanya. Sou a única pessoa, desde a época do castigo de Cho˜a Harid€sa, que merece ser punida. Por serem compassivos, os b€b€j…s de ®r… Godruma ainda não me castigaram, porém, já não têm mais fé em mim.”

Tendo ouvido estas palavras, L€hir… Mah€�aya disse: “M€dhava d€sa B€b€j…, por favor, seja cuidadoso”, e voltou para seu quarto. B€b€j… também se retirou e sentou-se.

L€hir… Mah€�aya não conseguiu adormecer. Ele não parava de pensar assim: “M€dhava d€sa B€b€j… caiu por ter reassumido a vida familiar após renunciá-la formalmente. Não é correto que eu continue hospedado aqui. Mesmo que não me envolva com má associação, na certa minha reputa-ção ficará arruinada, e isto fará com que os Vai�Šavas puros percam a confiança em mim e parem de me instruir.”

Na manhã seguinte bem cedo, ele foi para Pradyum-na-kuñja, saudou ®r… Vai�Šava d€sa com o devido respeito e lhe pediu um local no kuñja para hospedar-se. Quando Vai�Šava d€sa informou Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya sobre esta notícia, B€b€j… providenciou para que ele fosse acomodado em um ku˜…ra ao lado do kuñja. Daí por diante, L€hir… Mah€�aya viveu naquele ku˜…ra e fez um arranjo para tomar pras€da na casa de um br€hmaŠa que morava ali perto.

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Assim termina o Terceiro Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Naimittika-Dharma deve ser Abandonado”

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Capítulo 4 Vai�Šava-Dharma é Nitya-Dharma

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O ku˜…ra de L€hir… Mah€�aya era adjacente ao de Vai�Šava d€sa. Havia algumas mangueiras e jaqueiras próximas e toda área era adornada com pequenas plantas de bétel. No pátio tinha uma grande plataforma circular, que estava ali há muitos anos desde a época de Pradyumna Brahmac€r…. Desde então, os Vai�Šavas chamavam-na de Terraço Surabhi e tinham o hábito de circungirá-la, prestan-do-lhe daŠ�avat-praŠ€ma com fé.

A tarde caía e começava a escurecer. ®r… Vai�Šava d€sa estava sentado em sua cabana sobre uma esteira de folhas, cantando hari-n€ma. Como era a quinzena escura da lua, aos poucos a escuridão tomava conta da noite. Uma lamparina estava tremulando no ku˜…ra de L€hir… Mah€�aya, e pela sua luz, ele de repente avistou, na entrada da porta, o que parecia ser uma cobra. Rapidamente apontou a lampa-rina e pegou uma vara para matar a cobra, mas esta já havia desaparecido.

“Tenha cuidado”, disse ele a Vai�Šava d€sa. “Acho que uma cobra acabou de entrar em seu ku˜…ra.”

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“L€hir… Mah€�aya, por que você está tão perturbado com uma cobra?” replicou Vai�Šava d€sa. “Venha e sente-se comigo dentro de meu ku˜…ra e não tenha medo.”

L€hir… Mah€�aya entrou no ku˜…ra de Vai�Šava d€sa e sentou-se numa esteira de folhas, mas ainda sentia certa aflição mental por causa da cobra. “Ó grande alma”, disse ele, “nossa ®€ntipura é boa sob todos os aspectos, pois lá não há porque temer cobras, escorpiões e outras criaturas. Em Nadiy€, sempre há o risco de cobras. Viver numa área arborizada como Godruma é um pouco difícil para um ca-valheiro fino.”

®r… Vai�Šava d€sa B€b€j… explicou: “L€hir… Mah€�aya, agitar a mente com tais assuntos é insensato. Você já deve ter ouvido a história de Mah€r€ja Par…k�it no ®r…mad-Bh€gavatam. Ele desvencilhou-se de todo temor de sua morte iminente pela picada de cobra e com o coração reso-luto, bebeu o néctar do hari-kath€ que fluía da boca de ®r… ®ukadeva. E assim, ele saboreou a suprema bem-aventuran-ça transcendental. Uma cobra jamais poderá morder o citta-deha; a única cobra que pode magoar o corpo espiritual é a cobra da separação dos tópicos sobre ®r… Hari.”

“O corpo material não é eterno, algum dia com certeza teremos que abandoná-lo. Quanto ao corpo, devemos sim-plesmente realizar o karma que for necessário para mantê-lo e nada mais. Quando o corpo sucumbir pela vontade de K��Ša, nenhum tipo de esforço poderá salvá-lo, porém, até que chegue o momento designado para a extinção do corpo, uma cobra não poderá fazer mal a uma pessoa, mesmo que tal cobra esteja dormindo ao lado dela. Por isso, ninguém deve se apresentar como Vai�Šava até que se livre do temor a cobras e todos esses tipos de coisas. Se a mente fica agita-da com tais temores, como a pessoa será capaz de fixá-la nos

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pés de lótus de ®r… Hari? Certamente, a pessoa deve parar de ter medo de cobras e de tentar matá-las por causa do medo.”

L€hir… Mah€�aya disse, com alguma fé: “Em con-sequencia de ter ouvido suas palavras, que são mesmo próprias de um s€dhu, meu coração libertou-se de toda espécie de medo. Acabo de entender que a pessoa poderá alcançar o benefício supremo, somente quando o seu cora-ção se tornar sublime. Muitas grandes almas ocupadas na adoração a Bhagav€n moram em cavernas nas montanhas e jamais sentem medo dos animais selvagens que vivem ali. Ao contrário, temendo a companhia dos materialistas, eles desistem da convivência com outros seres humanos para viverem entre os animais selvagens.”

B€b€j… Mah€�aya disse:“ Quando Bhakti-dev…, a deusa da devoção, aparece no coração de alguém, automati-camente este coração fica sublime. Tal pessoa torna-se que-rida de todas as j…vas. Todos, tanto devotos quanto não-de-votos, sentem afeição pelos Vai�Šavas, é por isso que todo ser humano deve tornar-se um Vai�Šava.”

Tão logo ouviu estas palavras, L€hir… Mah€�aya disse: “Você despertou minha fé em nitya-dharma. Parece-me que há uma grande semelhança entre nitya-dharma e vai�Šava-dharma, mas até agora não consegui entender como ambos são idênticos.”

Vai�Šava d€sa B€b€j… respondeu: “Neste mundo, exis-tem dois dharmas diferentes que são conhecidos pelo nome vai�Šava-dharma. O primeiro é �uddha (puro) vai�Šava-dharma e o segundo, viddha (adulterado) vai�Šava-dharma. Embora �uddha-vai�Šava-dharma seja em princípio um só, ele subdivide-se em quatro, conforme o rasa, ou gosto para servir Bhagav€n em atitude amorosa específica: d€sya (ser-

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vidão), sakhya (amizade), v€tsalya (amor de pai ou mãe) e m€dhurya (amor conjugal). Na realidade, �uddha-vai�Šava-dharma é único e inigualável, sendo conhecido como nitya-dharma ou para-dharma (o dharma supremo).”

“No �ruti-�€stra, MuŠ�aka UpaŠi�ad (1.1.3), encon-tramos a seguinte afirmação:

yad vijñ€te sarvam …daˆ vijñ€taˆ bhavati

‘Tudo passa a ser conhecido quando a verdade supre-ma é claramente conhecida.’

“Esta afirmação refere-se a �uddha-vai�Šava-dhar-ma. O significado completo da mesma será revelado a você gradualmente.”

“Há dois tipos de vai�Šava-dharma adulterado: um é adulterado com karma (karma-viddha) e o outro, com jñ€na (jñ€na-viddha). Todas as práticas que os br€hmaŠas ortodoxos (sm€rtas) defendem como sendo vai�Šava-dhar-ma, são na verdade vai�Šava-dharma adulterado com kar-ma. Este tipo de vai�Šava-dharma inclui necessariamente a iniciação em um mantra Vai�Šava, porém Vi�Šu, o Senhor onipresente do universo, é tratado apenas como uma parte constituinte do processo de karma. Na realidade, Vi�Šu é o superintendente de todos os devat€s, mas neste sistema, Ele é considerado somente um aspecto do karma e sujeito às leis do mesmo. Em outras palavras, segundo esta con-cepção karma não é subordinado à vontade de Vi�Šu, mas que Vi�Šu é subordinado à vontade do karma.”

“De acordo com esta teoria, todas as variedades de adorações e práticas espirituais, tais como up€san€, bha-jana e s€dhana, são meras partes do karma. Porque não há

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verdade superior a karma. Esta espécie de vai�Šava-dhar-ma era professada pelos antigos filósofos m…m€ˆsakas e tem prevalecido há muito tempo. Na Índia, muitos adeptos desta doutrina, embora se orgulhem de ser Vai�Šavas, eles não sentem nem um pouco inclinados a aceitar Vai�Šavas puros como Vai�Šavas. Este é o grande infortúnio deles.”

“O vai�Šava-dharma adulterado com jñ€na também é muito difundido em toda a Índia. De acordo com esta escola de pensamento, a verdade suprema é o incompreensível e onipresente brahma; e para alcançar este nirvi�e�a (sem atributos) brahma, deve-se adorar S™rya, GaŠe�a, ®akti, ®iva e Vi�Šu, todos possuidores de formas. Quando o co-nhecimento do adorador torna-se completo, ele pode deixar de lado a adoração às formas e finalmente atingir o estado de nirvi�e�a-brahma. Muitas pessoas aceitam esta doutri-na e desrespeitam os Vai�Šavas puros. Os seguidores deste sistema pañcop€san€, ao adorarem Vi�Šu, executam d…k�€, p™j€ e todas as suas atividades para Vi�Šu, eles podem in-clusive adorar R€dh€-K��Ša. Ainda assim, isto não é �ud-dha-vai�Šava-dharma.”

“O �uddha-vai�Šava-dharma que vem à luz quando alguém elimina as formas adulteradas é o vai�Šava-dhar-ma verdadeiro. Devido à influência da era de Kali, muitas pessoas não conseguem entender o que vem a ser vai�Šava-dharma puro e, por isso aceitam as diversas formas adul-teradas como vai�Šava-dharma verdadeiro.”

“Segundo o ®r…mad-Bh€gavatam, os seres huma-nos demonstram três tendências diferentes com relação à Verdade Absoluta: a tendência ao brahma onipresente (brahma-prav�tti); a tendência ao Param€tm€ (štm€ Su-premo) no coração (param€tma-prav�tti); e a tendência à Pessoa Suprema Bhagav€n (bh€gavata-prav�tti). Mediante

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o brahma-prav�tti, algumas pessoas desenvolvem um gosto pelo nirvi�e�a-brahma sem atributos e indefinido, como o princípio mais elevado. O método por eles adotado a fim de atingir este estado indeterminado é conhecido como pañcop€san€.”

“Mediante o param€tma-prav�tti, outras pessoas desenvolvem um gosto por aquele princípio de yoga que estabelece contato com a forma sutil do Param€tm€. Os métodos por eles adotados na tentativa de atingir o tran-se de absorção no Param€tm€ (sam€dhi) são conhecidos como karma-yoga e a�˜€‰ga-yoga. Segundo professa esta doutrina, karma inclui iniciação no canto de vi�Šu-mantras, adoração a ®r… Vi�Šu, meditação e outras práticas semelhan-tes. O Vai�Šava dharma adulterado com karma está presen-te neste sistema.”

“Por meio do bh€gavata-prav�tti, j…vas afortunadas desenvolvem um gosto pelo princípio de bhakti que bus-ca obter o serviço à forma pura e pessoal de Bhagav€n, savi�e�a-bhagavat-svar™pa, que possui todas as qualidades e atributos. Suas atividades, tais como adorar Bhagav€n, não são partes de karma e jñ€na, mas sim componentes de �uddha-bhakti (bhakti pura). O vai�Šava-dharma que adap-ta-se a esta doutrina é �uddha-vai�Šava-dharma. Está dito no ®r…mad-Bh€gavatam (1.2.11):

vadanti tat tattva-vidas tattvaˆ yaj-jñ€nam advayambrahmeti param€tmeti bhagav€n iti �abdyate

Aqueles que conhecem a Realidade Absoluta des-crevem esta substância não-dual fundamental como a Verdade Suprema. Alguns conhecem este mesmo advaya-jñ€na-tattva pelo nome brahma, outros,

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pelo nome Param€tm€, e ainda outros, pelo nome Bhagav€n.’ ” “Bhagavat-tattva é o tattva supremo, sendo a base

tanto de brahma quanto de Param€tm€. É esta concepção pessoal da verdade (bhagavat-tattva) que é a concepção pura de ®r… Vi�Šu. As j…vas que buscam este princípio são j…vas puras e, a inclinação delas chama-se bhakti. Celebra-se a devoção a ®r… Hari (hari-bhakti) por meio dos nomes �uddha-vai�Šava-dharma, nitya-dharma, jaiva-dharma (função constitucional das j…vas), bh€gavata-dharma (re-ligião que adora a Pessoa Suprema), param€rtha-dharma (religião cuja meta é o bem último) e para-dharma (função suprema).”

“Todos os tipos de dharma que surgem das tendências relacionadas à brahma e Param€tm€ são naimittika, e não nitya. O cultivo de nirvi�e�a-brahma é motivado por um propósito material (nimitta), portanto é naimittika, e não nitya. Quando a j…va torna-se ansiosa por libertar-se de seu cativeiro material, seu estado de aprisionamento passa a ser o nimitta (causa) que a impele a adotar o naimittika-dharma ou esforço para alcançar o estado no qual se extinguem todas as qualidades materiais. Este esforço é chamado naimittika por ser motivado por um nimitta (causa material), a saber, o estado de cativeiro material. Portanto, o dharma pelo qual alguém se esforça para atingir brahma não é eterno.”

“As j…vas que adotam o dharma da busca por Param€tm€ desejando a felicidade do sam€dhi refugiam-se no naimittika-dharma, motivadas pelo ímpeto de atingir prazer material sutil. Logo, param€tm€-dharma também não é eterno. Somente o bh€gavata-dharma puro é eter-no.”

Ao ouvido tudo isto, L€hir… Mah€�aya disse: “Ó

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Mah€�aya, abrigo em seus pés de lótus em minha velhice, por favor, aceite-me e bondosamente instrua-me sobre �ud-dha-vai�Šava-dharma. Ouvi falar que, se alguém anterior-mente aceitou d…k�€ e �ik�€ de um guru desqualificado, ele deve ser iniciado e receber instruções de novo ao encontrar um guru genuíno. Despertei minha fé no vai�Šava-dharma desde que passei a ouvir suas instruções puras há vários dias. Por favor, instrua-me primeiro sobre o vai�Šava-dhar-ma e depois santifique-me outorgando-me iniciação.”

Sentindo-se ligeiramente inquieto, B€b€j… Mah€�aya respondeu: “Ó Mah€�aya, com certeza irei instruí-lo de acordo com minha capacidade, mas não sou digno de ser um d…k�€-guru. Todavia, você deve aceitar as seguintes in-struções sobre �uddha-vai�Šava-dharma.”

“®r… K��Ša Caitanya Mah€prabhu, o guru original do mundo inteiro, explica que há três princípios fundamentais no vai�Šava-dharma: sambandha-tattva (conhecimento de nosso relacionamento com Bhagav€n), abhidheya-tattva (os meios pelos quais a meta final é alcançada) e prayoja-na-tattva (a meta final, k��Ša-prema). ®udha-vai�Šava ou �udha-bhakta é aquele que conhece estes três princípios e se comporta de acordo com eles.”

“O primeiro princípio, sambandha-tattva, inclui três temas distintos: o primeiro é o mundo material (ja�a-jagat), ou a verdade fundamental relativa à potência que cria ilusão (m€yika-tattva); o segundo são os seres vivos (j…vas), ou a verdade fundamental relativa às entidades predominadas (adh…na-tattva); e o terceiro tema é Bhagav€n, ou a ver-dade fundamental sobre a entidade predominante (prabhu-tattva).”

“Bhagav€n é único e inigualável e dotado de todas as potências. Ele é todo-atrativo, a morada exclusiva da

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opulência e da doçura. Embora seja o único abrigo de m€y€ e de todas as j…vas, Ele, ainda assim, mantém-Se à parte e independente, existindo sob Sua própria forma suprema e independente, a qual é singularmente bela. A refulgência de Seus membros irradia-se a grande distância, manifestan-do-se como o nirvi�e�a-brahma. Por meio de Sua potência divina conhecida como ai�…-�akti, Ele manifesta as j…vas e o mundo material, onde entra em seguida como Param€tm€, que é Sua expansão parcial. Esta é a verdade fundamental com relação a Ÿ�vara, o controlador supremo, ou Param€tm€, a Superalma situada internamente.”

“Na região VaikuŠ˜ha do céu espiritual, além deste universo material, Ele Se manifesta como N€r€yaŠa, Seu aspecto de opulência e majestade supremas. Em Goloka V�nd€vana, que fica além de VaikuŠ˜ha, Ele Se manifesta como Gop…jana-vallabha ®r… K��Šacandra, Seu aspecto de doçura suprema. Seus diversos tipos de expansão, tais como as manifestações idênticas (prak€�a) e as formas para rea-lizar passatempos (vil€sa), são eternas e ilimitadas. Nada, nem ninguém é igual a Ele e, o que dirá de ser superior a Ele.”

“Suas manifestações idênticas e formas para realizar passatempos, prak€�a e vil€sa, manifestam-se por meio de Sua potência superior conhecida como par€-�akti. Esta par€-�akti demonstra sua proeza (vikrama) sob muitos aspectos diferentes, dos quais as j…vas conhecem apenas três. O primeiro é a potência interna (cid-vikrama), que faz arranjos para os passatempos transcendentais de ®r… Hari e tudo relacionado a eles. O segundo é a potência marginal, j…va ou ta˜astha-vikrama, que manifesta e sustenta inúme-ras j…vas. O terceiro é a potência causadora de ilusão, m€y€-vikrama, que cria o tempo material, as atividades materiais

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e todos os objetos insubstanciais deste mundo.”“Sambandha-tattva abrange o relacionamento de

Ÿ�vara com as j…vas, o relacionamento das j…vas e da matéria com Ÿ�vara e o relacionamento de Ÿ�vara e das j…vas com a matéria. Quem entende este sambandha-tattva por com-pleto situa-se em sambandha-jñ€na. Quem não tem sam-bandha-jñ€na não pode tornar-se Vai�Šava puro de forma alguma.”

L€hir… Mah€�aya disse: “Segundo me disseram alguns Vai�Šavas, só é Vai�Šava de verdade a pessoa que experi-menta o caminho da devoção através de bh€va (emoções), logo, não há necessidade de conhecimento. Quanta verdade há nesta afirmação? Até agora, só tenho tentado evocar emoções cantando hari-n€ma-sa‰k…rtana; não fiz nenhuma tentativa de entender sambandha-jñ€na.”

B€b€j… disse: “Para os Vai�Šavas, o fruto mais elevado a ser alcançado é o desenvolvimento de bh€va (o primeiro broto de prema e a base de todas as emoções transcenden-tais). Entretanto, é preciso que este estado de bh€va seja puro. Quem pensa que a meta suprema é fundir a própria identidade no brahma não-diferenciado, pratica o induzir de emoções enquanto dedica à disciplina espiritual para atingir esta meta. No entanto, suas emoções e seus esforços não são �uddha-bh€va, são meras imitações. Mesmo uma única gota de �uddha-bh€va pode satisfazer a aspiração su-prema da j…va, mas a demonstração de emoções daqueles que estão poluídos com o jñ€na com o objetivo de alcançar nirvi�e�a-brahma é uma grande calamidade para as j…vas. Os sentimentos devocionais de pessoas que sentem ser unas com brahma não passam de mera demonstração enganosa. Portanto, sambandha-jñ€na é absolutamente essencial para os devotos puros.”

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L€hir… Mah€�aya então indagou com fé: “Existe algu-ma verdade superior a brahma? Se Bhagav€n é a origem de brahma, por que os jñ€n…s não abandonam sua busca por brahma e se dedicam a adorar Bhagav€n?”

B€b€j… Mah€�aya sorriu ligeiramente e disse: “Brahm€, os quatro Kum€ras, ®uka, N€rada e Mah€deva, o líder dos seres celestiais – todos acabam abrigando-se nos pés de lótus de Bhagav€n.”

L€hir… Mah€�aya levantou uma dúvida: “Bhagav€n tem uma forma. Já que forma é algo limitado por consi-derações de espaço, como pode Bhagav€n ser o lugar de repouso do brahma ilimitado e onipresente?”

B€b€j… Mah€�aya esclareceu sua dúvida ao dizer: “No mundo material, a entidade conhecida como o céu também é ilimitada; por que brahma deveria ser considerado mais importante apenas por ele ser ilimitado? Bhagav€n também é ilimitado, em virtude da potência manifesta da refulgên-cia de Seus membros. Ao mesmo tempo, Ele possui Sua própria forma transcendental. Há alguma outra entidade que se compare a isto? É devido a esta natureza inigualável que Bhagav€n é superior ao princípio brahma.”

“Sua forma transcendental é supremamente atrativa. Esta mesma forma é inteiramente onipresente, onisciente, onipotente, ilimitadamente misericordiosa e supremamen-te bem-aventurada. O que é superior – uma forma como esta, dotada de todas as qualidades, ou uma obscura, exi-stência onipresente desprovida de qualidades e potências? Na realidade, brahma é apenas uma manifestação parcial e impessoal de Bhagav€n. Os aspectos impessoal e pessoal existem ambos simultaneamente e em perfeita harmonia em Bhagav€n.”

“Brahma é apenas um aspecto de Bhagav€n. Aque-

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les cuja inteligência espiritual é limitada são atraídos por este aspecto do Supremo que é desprovido de qualidades, sem forma, imutável, incognoscível e imensurável. Porém, aqueles que tudo veem (sarva-dar�…) não sentem atração por nada além da Verdade Absoluta completa. Os Vai�Šavas não têm nenhuma fé significativa no aspecto impessoal e sem forma de ®r… Hari, porque isto se opõe à função eter-na deles e ao prema puro. Bhagav€n ®r… K��Šacandra é a base tanto do aspecto pessoal quanto do impessoal. Ele é um oceano de suprema bem-aventurança transcendental e atrai todas as j…vas puras.”

L€hir…: Como pode a forma de ®r… K��Ša ser eterna se Ele nasce, realiza atividades e abandona Seu corpo?

B€b€j…: A forma de ®r… K��Ša é sac-cid-€nanda – sempre existente, plena de conhecimento e inteiramente bem-aventurada. Seu nascimento, atividades e abandono do corpo não têm vínculo algum com a matéria mundana.

L€hir…: Por que, então, o Mah€bh€rata e outros �€stras fazem semelhantes descrições?

B€b€j…: A verdade eterna desafia qualquer descrição, pois está além das palavras. A alma pura sob seu aspecto espiritual vê a forma e os passatempos transcendentais de ®r… K��Ša, mas, ao usar palavras para descrever tal realidade suprema, esta fica parecida com história mundana. Aqueles que são qualificados para extrair a essência dos �€stras, tal como o Mah€bh€rata, experimentam os passatempos de K��Ša como eles são. No entanto, quando pessoas de in-teligência mundana ouvem estas descrições, elas as inter-pretam de maneiras diferentes.

L€hir…: Quando alguém medita na forma de ®r… K��Ša, a concepção que surge no coração é limitada por tempo e espaço. Como transcender estas limitações e meditar na

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verdadeira forma de K��Ša? B€b€j…: A meditação é uma ação da mente. Enquanto

a mente não estiver inteiramente espiritualizada, a medita-ção não poderá ser espiritual (cinmaya). Bhakti purifica a mente para que esta se espiritualize gradualmente. Quando alguém medita com a mente que foi purificada desta manei-ra, semelhante meditação com certeza passa a ser cinmaya. Quando Vai�Šavas bhajan€nand… cantam o nome de K��Ša, o mundo material não pode tocá-los, pois eles são cinmaya. Internamente, encontram-se no mundo espiritual visto que meditam nos passatempos diários de K��Ša e saboreiam a bem-aventurança do serviço confidencial.

L€hir…: Por favor, tenha misericórdia de mim e con-ceda-me semelhante realização espiritual (cid-anubh€va).

B€b€j…: Ao abandonar todas as dúvidas materiais e a lógica mundana e ao passar a dedicar-se constantemente a �r…-n€ma, a realização espiritual surgirá rápida e esponta-neamente dentro de você. Quanto mais você recorrer à ló-gica mundana, mais sua mente será subjugada ao cativeiro material. Quanto mais você se esforçar para iniciar o fluir de n€ma-rasa, mais seus grilhões materiais irão se soltar. E assim, a dimensão espiritual irá se manifestar em seu cora-ção.

L€hir…: Por favor, tenha misericórdia de mim e ex-plique-me como é essa experiência espiritual.

B€b€j…: A mente é levada a uma condição de impas-se ao tentar entender essa verdade por meio de palavras. A verdade pode ser realizada somente através da cultura da bem-aventurança espiritual (cid-€nanda). Abandone todo tipo de argumentação e simplesmente cante �r…-n€ma por vários dias. Assim, o poder de n€ma dissipará automatica-mente todas as suas dúvidas e não precisará mais indagar

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de alguém a este respeito. L€hir… Mah€�aya: Eu entendi que alguém obtém o supre-mo benefício espiritual por beber o néctar do rasa de �r…-k��Ša-n€ma com muita fé. Então, eu vou cantar �r…-n€ma quando entender sambandha-jñ€na bem claramente.

B€b€j…: Esta é a melhor maneira. Você deve ter um entendimento sólido de sambandha-jñ€na.

L€hir… Mah€�aya: Agora bhagavat-tattva (a ver-dade fundamental sobre Bhagav€n) ficou clara para mim. Bhagav€n é a única Suprema Verdade Absoluta, sendo brahma e Param€tm€ subordinados a Ele. Embora onipre-sente, ®r… Bhagav€n reside no mundo espiritual em Sua forma transcendental única que possui todas as potências, Ele é a pessoa suprema de existência, conhecimento e bem-aventurança concentrados. Apesar de ser o senhor de todas as potências, Ele sempre permanece inteiramente extasiado na exuberante associação de Sua potência outorgadora de prazer (hl€din…-sakti). Agora, por favor, instrua-me sobre j…va-tattva.

B€b€j…: A ta˜astha-�akti, ou potência marginal, é uma das inúmeras potências de ®r… K��Ša. Desta potência mar-ginal, brotam as entidades que estão situadas entre o cit-jagat e o ja�a-jagat e que têm o potencial para estar em contato com ambos. Estas entidades são conhecidas como j…va-tattva. As j…vas são cit-param€Šu por constituição, o que significa que elas são entidades atômicas (param€Šu) de consciência pura (cit). Estas j…vas podem ficar atadas ao mundo material porque são diminutas, no entanto, desde que elas são constituídas de consciência pura, basta adqui-rirem um pouco de poder espiritual para também poderem tornar-se residentes eternas do mundo espiritual e obter param€nanda (prazer transcendental supremo).

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Há dois tipos de j…vas: mukta (liberadas) e baddha (atadas). As j…vas que residem no mundo espiritual são mukta, ao pas-so que aquelas que estão cativas por m€y€ e apegadas a este mundo material são baddha. Há dois tipos de baddha-j…vas: as despertas espiritualmente (udita-viveka) e as adormeci-das espiritualmente (anudita-viveka). Aves, animais e seres humanos que não buscam seu benefício espiritual supremo estão adormecidos espiritualmente; por outro lado, os seres humanos que já adotaram o caminho do Vai�Šavismo estão despertos espiritualmente. Ninguém, exceto os Vai�Šavas, esforça-se de forma genuína para alcançar a meta espiritual suprema. Por este motivo, os �€stras declaram que a melhor de todas as atividades é servir aos Vai�Šavas e manter-se na associação deles.

Os despertos espiritualmente desenvolvem gosto pela prática de k��Ša-n€ma pela força da sua fé no �€stra, e a partir disso eles facilmente desenvolvem uma atração por servir aos Vai�Šavas e manter-se na associação deles. Contudo, os adormecidos espiritualmente não conseguem despertar sua fé no �€stra, por esse motivo não adotam a prática de k��Ša-Šama. Eles adoram a Deidade de K��Ša apenas por uma questão de costume social. Consequente-mente, o gosto por associar-se com os Vai�Šavas e o serviço a eles não despertam em seus corações.

L€hir…: Já entendi k��Ša-tattva e j…va-tattva. Agora, por favor, explique-me m€y€-tattva.

B€b€j…: M€y€ é a função material e uma potência de K��Ša. Esta potência é conhecida como potência inferior (apar€-�akti) ou potência externa (bahir€‰g€-�akti). M€y€ mantém-se distante de K��Ša e k��Ša-bhakti, assim como a sombra fica longe da luz. M€y€ manifesta os elementos terra, água, fogo, ar, éter, mente e inteligência; as quatorze

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divisões dos sistemas planetários; e o egoísmo pelo qual a pessoa identifica o corpo material como sendo o eu. Tanto o corpo grosseiro quanto o corpo sutil da baddha-j…va são produtos de m€y€. Quando a j…va é liberada, seu corpo espi-ritual nunca é afetado pela matéria. Quanto mais ela cai na armadilha de m€y€, mais se desvia de K��Ša. Quanto mais se afasta de m€y€, mais é atraída para K��Ša. O universo material é criado pela vontade de K��Ša, apenas para fa-cilitar o gozo material das baddha-j…vas; ele é apenas uma prisão, e não a residência eterna das j…vas.

L€hir…: Por favor, Mestre, fale-me agora sobre o rela-cionamento eterno que existe entre m€ya, as j…vas e K��Ša.

B€b€j…: A j…va é uma partícula atômica de consciên-cia (aŠu-cit) e K��Ša, a consciência completa (p™rŠa-cit); portanto, a j…va é serva eterna de K��Ša. Este mundo materi-al é uma prisão para as j…vas. Pela força da associação com pessoas santas neste mundo, a pessoa pratica repetidamente o canto de �r…-n€ma. No devido tempo, ela alcança a mise-ricórdia de K��Ša, e situando-se na própria forma espiritual perfeita (cit-svar™pa) no mundo espiritual, ela saboreia o rasa (o supra-sumo da doçura) do serviço a ®r… K��Ša. Este é o relacionamento confidencial que existe entre estas três realidades (tattvas) fundamentais. Como alguém pode pra-ticar bhajana sem este conhecimento?

L€hir…: Já que se obtém conhecimento por meio de estudos acadêmicos, precisamos ser eruditos para nos tor-narmos Vai�Šavas?

B€b€j…: Não é preciso ter alguma erudição especí-fica ou estudar algum idioma em particular para tornar-se um Vai�Šava. A fim de dissipar a ilusão de m€y€, a j…va deve abrigar-se aos pés de um guru genuíno que seja um Vai�Šava verdadeiro. O guru Vai�Šava pode transmitir

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sambandha-jñ€na por meio de suas palavras e comporta-mento. Isto é conhecido como d…k�€ e �ik�€.

L€hir…: O que se deve fazer após receber d…k�€ e �ik�€?

B€b€j…: Deve-se manter conduta virtuosa e realizar k��Ša-bhajana. Isto se chama abhidheya-tattva, o meio para se atingir k��Ša-prema, a meta máxima. Este tattva é nota-velmente descrito nos Vedas e em todos os �€stras. Logo, ®r…man Mah€prabhu chama esta verdade fundamental de abhidheya-tattva.

L€hir… Mah€�aya, com os olhos cheios de lágrimas, disse: “Ó Mestre divino, abrigo-me em seus pés de lótus. Agora que ouvi suas palavras ambrosíacas, posso entender sambandha-jñ€na. E ao mesmo tempo, para meu extremo espanto, todos os saˆsk€ras, ou impressões mentais pro-fundamente arraigadas e relacionadas à casta, à educação e ao treinamento com os quais me identifico, foram dissolvi-dos por sua misericórdia. Agora, por favor, tenha misericór-dia de mim e instrua-me sobre abhidheya-tattva.

B€b€j…: Não há nada mais com que se preocupar. O fato de você ter desenvolvido humildade é sinal de que ®r… Caitanyadeva lhe concedeu Sua misericórdia. S€dhu-sa‰ga é o único meio de libertação para as j…vas que estão en-redadas neste mundo. Os sadhus e o guru misericordiosa-mente transmitem instruções sobre como executar bhaja-na, e por força deste bhajana, aos poucos se obtém a meta suprema (prayojana). S€dhana-bhakti (prática devocional) chama-se abhidheya.

L€hir…: Diga-me, por favor, como devo praticar bha-gavad-bhajana.

B€b€j…: Hari-bhajana significa bhakti. Há três fases de bhakti: a fase da prática (s€dhana); o primeiro despertar

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do amor divino (bh€va); e o estado maduro do amor divino (prema).

L€hir…: Instrua-me, por favor. Quais são os diferentes tipos de s€dhana e como praticá-los?

B€b€j… Mah€�aya: ®r… R™pa Gosv€m… descreve este assunto de forma bem elaborada em seu livro ®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu. Eu farei um breve relato para você. Há nove tipos de s€dhana:

�ravaŠaˆ k…rtanaˆ vi�Šoƒ smaraŠaˆ p€da-sevanamarcanaˆ vandanaˆ d€syaˆ sakhyam €tma-nivedanam

‘Os nove processos principais da devoção são: ouvir, cantar e lembrar; servir-Lhe os pés de lótus; adorá-Lo com diversos tipos de parafernália; oferecer-Lhe orações; servi-Lo com a atitude de servo exclusivo; servi-Lo com a atitude de amigo íntimo; e entregar-se completamente.’

Estes nove tipos de s€dhana-bhakti são descritos no ®r…mad-Bh€gavatam (7.5.23). ®r… Rupa Gosv€m… analisou os nove tipos em função de suas diversas partes e subdi-visões, fazendo uma descrição elaborada de sessenta e qua-tro tipos de s€dhana-bhakti.

Há uma característica especial – s€dhana-bhakti di-vide-se em dois tipos: vaidh…, s€dhana com base nas regras e regulações do �€stra e r€g€nug€, s€dhana com base no amor espontâneo. Estes nove tipos de bhakti referem-se à vaidh…-s€dhana-bhakti. R€g€nug€-s€dhana-bhakti con-siste no serviço interno a K��Ša com o humor dos residen-tes eternos de Vraja e na adesão exclusiva à orientação dos mesmos. O s€dhaka deve praticar o tipo de s€dhana-bhakti para o qual está qualificado.

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L€hir…: Como se determina o adhik€ra (elegibilida de) com respeito à s€dhana-bhakti?

B€b€j…: Considerando que um s€dhaka fiel está apto a manter-se sob as regras e regulações do �€stra, o mestre espiritual irá instruí-lo sobre vaidh…-s€dhana-bhakti. Con-siderando que um s€dhaka está qualificado para r€g€nug€-bhakti, ele irá instruí-lo sobre como praticar bhajana de acordo com r€ga-m€rga.

L€hir…: Como se reconhece o adhik€ra?B€b€j…: Está qualificado para vaidh…-bhakti aquele

que deseja adorar Bhagav€n de acordo com as regras e re-gulações do �€stra, não tendo ainda experimentado em seu €tm€ o princípio de atração espontânea (r€ga). A pessoa está qualificada para r€g€nug€-bhakti, quando a inclinação espontânea para hari-bhajana desperta em seu €tm€ e, ela não tem desejo de ser subserviente às regras do �€stra em sua adoração a ®r… Hari.

L€hir…: Prabhu, por favor, determine meu adhik€ra para que eu possa entender o princípio da qualificação. Ainda não consegui compreender sua análise de vaidh… e r€g€nug€-bhakti.

B€b€j…: Se você examinar seu coração, você irá en-tender sua própria qualificação. Acaso você acha que bha-jana não é viável sem a adesão aos preceitos do �€stra?

L€hir…: Acho que seria muito benéfico ocupar-me em s€dhana e bhajana de acordo com as regras delineadas no �€stra. Ultimamente, porém, tem-me ocorrido que hari-bhajana é um oceano de rasa. Gradualmente, pela força de bhajana, conseguirei provar esse rasa.

B€b€j…: Agora você pode entender como as regras do �€stra têm precedência sobre seu coração. Logo, você deve adotar a prática de vaidh…-bhakti. No devido tempo, o prin-

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cípio de r€ga despertará em seu coração. Ao ouvir isto, L€hir… Mah€�aya tocou os pés de B€b€j…

Mah€r€ja. Com lágrimas nos olhos, disse: “Por favor, tenha misericórdia de mim e instrua-me quanto àquilo a que estou elegível. Não quero analisar ou contemplar nada para o qual eu não esteja qualificado.”B€b€j… Mah€�aya abraçou-o e disse-lhe para sentar-se.

L€hir…, então, disse humildemente: “Por favor, instrua-me claramente quanto ao tipo de bhajana que devo praticar.

“Você deve praticar hari-n€ma”, replicou B€b€j… Mah€r€ja em tom decisivo. “®r…-n€ma-bhajana é mais po-deroso que todas as demais formas de bhajana. Não há dife-rença alguma entre n€ma (o santo nome) e n€m… (Bhagav€n, que possui o santo nome). Se você cantar n€ma sem ofensa, muito rapidamente você atingirá a perfeição plena. Todas as nove formas de bhajana são executadas de maneira au-tomática quando se realiza n€ma-bhajana. Quem recita �r…-n€ma ocupa-se tanto em ouvir como em cantar. À medida que canta, também se lembra dos passatempos de Hari e, mentalmente, serve a Seus pés de lótus, adora-O, oferece-Lhe orações, serve-O com o humor de servo ou amigo e entrega-se completamente.”

L€hir… disse: “Meu coração está dominado pela inten-sa avidez. Ó Mestre, por favor, não demore em me conceder sua misericórdia.”

B€b€j… disse-lhe: “Você deve sempre cantar estes no-mes sem cometer ofensas: Hare K��Ša, Hare K��Ša, K��Ša K��Ša, Hare Hare/ Hare R€ma, Hare R€ma, R€ma R€ma, Hare Hare.” Enquanto recitava estes nomes, B€b€j… colocou uma tulas… m€l€ nas mãos de L€hir… Mah€�aya.

Enquanto recitava os nomes e tocava as contas da

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m€l€ em estado meditativo, L€hir… Mah€�aya chorou. “Prabhu”, disse ele, “não consigo descrever a felicidade que experimentei hoje.” Dizendo isto, ele caiu inconsciente aos pés de B€b€j… Mah€�aya devido ao júbilo intenso, mas o B€b€j… amparou-o com cuidado. Após um longo período, L€hir… Mah€�aya voltou a si e disse: “Hoje me sinto aben-çoado. Jamais experimentei tamanha felicidade.”

B€b€j… Mah€�aya disse: “Ó grande alma, você é de fato abençoado, pois você aceitou �r…-hari-n€ma fielmente. Além disso, você me fez afortunado.”

Desde então, L€hir… Mah€�aya conseguiu ficar em seu ku˜…ra sem temor e passou a cantar �r…-n€ma em sua m€l€. Dessa maneira, passaram-se alguns dias. Agora ele passava tilaka nos doze pontos da parte superior de seu cor-po e não comia nada que não fosse oferecido a ®r… K��Ša. Diariamente, cantava dois lakhas (duzentos mil) nomes em sua japa-m€l€. Sempre que via um Vai�Šava puro, imedia-tamente prestava-lhe daŠ�avat-pran€ma. Todo dia, pres-tava daŠ�avat-pran€ma a Paramahaˆsa B€b€j…, antes de cumprir outras obrigações. Sempre servia seu Gurudeva e não tinha mais gosto pelas conversas mundanas e, nem de se exibir como o mestre da arte de cantar. Ele não era o mesmo L€hir… Mah€�aya de antes, pois havia se tornado um Vai�Šava.

Certo dia, após prestar daŠ�avat-pran€ma a Vai�Šava d€sa B€b€j…. L€hir… perguntou: “Prabhu, o que é prayojana-tattva?”

B€b€j… respondeu: “A meta máxima da j…va, conhe-cida como prayojana-tattva, é k��Ša-prema. Para quem pratica s€dhana constantemente, bh€va eventualmente se manifesta e, ao ficar inteiramente desenvolvido e completo, bh€va chama-se prema. Prema é a função eterna da j…va,

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130 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 4

sua riqueza eterna e meta eterna. É somente na ausência de prema que a j…va se sujeita

a diversos sofrimentos no enredamento material. Não há nada superior a prema, pois K��Ša é controlado somente por prema. Prema é o tattva espiritual completo. Quando €nanda, o êxtase espiritual, torna-se extremamente espesso e condensado, ele é conhecido como prema.”

L€hir…, chorando, perguntou: “Será que posso me tor-nar um candidato digno de receber prema?”

B€b€j… abraçou L€hir… Mah€�aya e disse: “Em questão de poucos dias você converteu seu s€dhana-bhakti em bh€va-bhakti e muito em breve K��Ša com certeza irá lhe conceder a Sua misericórdia.”

Ouvindo isto, L€hir… Mah€�aya ficou com a voz em-bargada de bem-aventurança e rolou no chão aos pés de B€b€j… Mah€�aya, exclamando: “Ah! Não há nada exceto guru. Ai de mim! O que eu estava fazendo todo este tempo? Gurudeva! Você misericordiosamente resgatou-me do poço escuro do gozo dos sentidos.”

Assim termina o Quarto Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Vai�Šava-Dharma é Nitya-Dharma”

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Capítulo 5 Vaidh…-Bhakti é Nitya-Dharma e não Naimittika-Dharma

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L€hir… Mah€�aya possuia uma residência em ®€ntipura. E tinha dois filhos que eram altamente educa-dos. Candran€tha, o mais velho, tinha trinta e cinco anos e era um zamindar e cuidava de todos os assuntos da família. Ele era também versado em medicina. Candran€tha jamais se sujeitou a nenhuma privação em nome de seu progresso espiritual, mas era muito respeitado entre a comunidade dos br€hmaŠas. Ele empregou servos, criadas, porteiros e outros trabalhadores, administrava todos os assuntos da família com conforto e prestígio.

Desde a infância, o filho mais novo, Dev…d€sa, es-tudava os �€stras relacionados à lógica (ny€ya-�€stra) e aquele que apresenta os códigos dos rituais religiosos (sm�ti-�€stra). Do outro lado da rua em frente à residência da família, abriu um p€˜ha-�€l€, escola dedicada ao estudo dos quatro Vedas e dos quatro temas: gramática sânscrita, retórica, lógica e filosofia. Ali, ele ensinava um grupo de dez a quinze alunos e tinha o título de Vidy€ratna (jóia da

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erudição).Certo dia, circulou em ®€ntipura um boato que K€l…

d€sa L€hir… Mah€�aya havia adotado as vestes de um asceta e se tornou um Vai�Šava. A notícia espalhou-se por toda parte – nos gh€˜as de banho, no mercado e nas ruas.

Alguém disse: “O velho ficou senil. Embora tenha sido um homem de caráter ideal por tanto tempo, agora fi-cou louco. “

Outro disse: “Que tipo de doença é esta? Todas as formas de felicidade existiam em seu lar; ele é br€hmaŠa de nascença e seus filhos e familiares são todos obedientes a ele. Que sofrimento poderia levar este homem a adotar a vida de um mendicante?”

Outra pessoa disse: “Esta é a desgraça daqueles que vagueiam de um lado para outro, gritando: ‘Isto é dharma! Isto é dharma!’ ”

Um homem virtuoso disse: “K€l…d€sa L€hir… Mah€�aya é uma alma muito piedosa. Ele é materialmente próspero e agora, em sua maturidade, desenvolveu amor por hari-n€ma.”

Enquanto diferentes pessoas tagarelavam e espalha-vam diversos boatos, alguém foi a Dev…d€sa Vidy€ratna e relatou-lhe o que ouviu.

Vidy€ratna ficou bastante preocupado e foi ter com seu irmão mais velho. “Irmão”, disse ele, “parece que te-mos que enfrentar muita dificuldade por causa de nosso pai. Ele está hospedado em Godruma, em Nadiy€, com a desculpa de manter boa saúde, mas lá caiu vítima de má associação. É impossível ignorar o protesto aqui no vilarejo a este respeito.”

Candran€tha disse: “Irmão, também ouvi certos boatos. Nossa família é muito respeitada, mas agora já não

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podemos sair em público em virtude das atividades de nosso pai. Apesar de termos sempre menosprezado os descenden-tes de Advaita Prabhu, veja só o que aconteceu em nossa própria casa! Venha, entre. Iremos discutir este assunto com nossa mãe e decidir o que deve ser feito.”

Logo em seguida, Candran€tha e Dev…d€sa estavam sentados na varanda do segundo andar fazendo sua refeição, que foi servida por uma br€hmaŠ… viúva. A mãe sentou-se com eles. Candran€tha disse: “Mãe, você tem alguma notí-cia de nosso pai?”

A mãe disse: “Por quê? Ele está bem, não está? Ele está hospedado em ®r… Navadv…pa, onde enlouqueceu por hari-n€ma. Por que você não o traz para cá?”

Dev…d€sa disse: “Mãe, papai está muito bem, mas, pelos relatos que temos ouvido, não podemos mais confiar nele. Ao contrário, vai ser uma desgraça social se o trouxer-mos para cá.”

A mãe, sentindo-se um tanto perturbada, perguntou: “O que aconteceu com ele? Recentemente, fui até a mar-gem do rio Ga‰g€ e conversei bastante com a esposa de um influente Gosv€m…. Ela me disse: ‘O seu esposo foi aben-çoado com grande auspiciosidade. Ele agora é muito res-peitado entre os Vai�Šavas.’ ”

Alterando um pouco a voz, Dev…d€sa disse: “Certa-mente ele conquistou o respeito de vocês, mas às custas de nossas cabeças! Iria ele, tendo chegado à velhice, perma-necer em casa e aceitar nosso serviço? Não. Vejam só! Ele está inclinado a difamar o prestígio de nossa família ao sub-sistir dos restos de mendicantes maltrapilhos de diferentes castas. Ai de nós! Este é o efeito trágico da era de Kali. Ele era uma pessoa tão experiente, mas o que foi que aconteceu com a sua inteligência?”

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A mãe disse: “Traga-o para cá agora mesmo e man-tenham-no escondido até que possamos persuadí-lo a mu-dar de idéia.”

Candran€tha disse: “E nos resta alguma alternativa? Dev…, vá a Godruma em segredo com dois ou três homens e traga nosso pai de volta.”

Dev…d€sa disse: “Vocês dois sabem muito bem que o pai não me dá a menor atenção porque me considera um ateísta. Temo que ele nem me dirija a palavra se eu for lá.”

Dev…d€sa tinha um primo materno chamado ®ambhun€tha, que era muito querido de L€hir… Mah€�aya. Por muito tempo, ®ambhun€tha havia se hospedado na casa de L€hir… Mah€�aya e havia lhe prestado muito serviço. Foi decidido que Dev…d€sa e ®ambhun€tha iriam juntos para Godruma. Assim, naquele mesmo dia foi enviado, para a casa de um br€hmaŠa em Godruma, um criado que havia se encarregado de providenciar a hospedagem dos dois pri-mos.

No dia seguinte, após terminarem sua refeição, Dev…d€sa e ®ambhun€tha partiram para Godruma. Tendo chega-do à casa onde se hospedariam, desceram de seus palanquins e dispensaram seus carregadores. Um cozinheiro br€hmaŠa e dois criados haviam chegado lá antecipadamente.

Ao anoitecer, Dev…d€sa e ®ambhun€tha dirigiram-se a ®r… Pradyumna-kuñja. Ali chegando, viram L€hir… Mah€�aya com os olhos cerrados, sentado numa esteira de palha no Terraço Surabhi. Ele estava cantando hari-n€ma em sua tulas…-m€l€ e tinha o corpo decorado com tilaka em doze lugares. Bem devagar, Dev…d€sa e ®ambhun€tha subi-ram ao terraço e prestaram praŠ€ma a seus pés.

Ao ouvir passos, L€hir… Mah€�aya abriu os olhos e ficou surpreso de ver os dois homens. “®ambhu!” exclamou

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ele, “o que o traz aqui? Como vai você?” “Por suas bênçãos, estamos muito bem”, replicaram

ambos educadamente.“Vocês querem fazer a refeição aqui?” perguntou

L€hir… Mah€�aya a eles.“Já arrumamos um lugar para hospedar-nos”, respon-

deram eles. “Você não precisa se preocupar conosco.”Naquele instante, ouviram o canto alto do nome de ®r…

Hari vindo da cabana de m€dhav…-m€lat… onde residia ®r… Premad€sa B€b€j…. Vai�Šava d€sa B€b€j… saiu de seu ku˜…ra e perguntou a L€hir… Mah€�aya: “Por que está tão alto o som de hari-n€ma vindo do bosque de Paramahaˆsa B€b€j…?”

L€hir… Mah€�aya e Vai�Šava d€sa B€b€j…, ao adian-tarem-se para investigar, encontraram muitos Vai�Šavas circungirando B€b€j… Mah€�aya e cantando o nome de ®r… Hari. Os dois também se juntaram ao grupo. Todos presta-ram daŠ�avat-praŠ€ma a Paramahaˆsa B€b€j… Mah€r€ja e sentaram-se no terraço. Dev…d€sa e ®ambhun€tha também sentaram-se num lado do terraço, como corvos numa reu-nião de cisnes.

Enquanto isso, um dos Vai�Šavas disse: “Somos de KaŠ˜aka-nagara (Kattwa). Nosso principal objetivo é ter dar�ana de ®r… Navadv…pa-M€y€pura e obter a poeira dos pés de lótus de Paramahaˆsa B€b€j… Mah€r€ja.”

Sentindo-se desconcertado, Paramahaˆsa B€b€j… Mah€r€ja disse: “Sou um grande pecador. Vocês vieram aqui simplesmente para me purificar.”

Logo descobriram que aqueles Vai�Šavas eram todos exímios cantores de bhajanas (canções devocionais) em glorificação a ®r… Hari. Imediatamente, trouxeram m�da‰ga e karat€las e um membro sênior do grupo começou a cantar um bhajana de Pr€rthan€.

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�r… k��Ša caitanya prabhu nity€nandagad€… advaita-candra gaura-bhakta-v�nda

Ó ®r… K��Ša Caitanyacandra! Ó Prabhu Nity€nanda! Ó Gad€dhara! Ó Advaitacandra! Ó bhaktas de Gau-ra!

ap€ra karuŠa-sindhu vai�Šava ˜h€kuramo hena p€mara day€ karaha pracura

Ó Vai�Šava µh€kura, você é um oceano ilimitado de misericórdia. Por favor, conceda a sua ampla mise-ricórdia a uma criatura pecaminosa como eu.

j€ti-vidy€-dhana-jana-made matta janeuddh€ra kara he n€tha, k�p€-vitaraŠe

Ó mestre, por favor, seja misericordioso e liberte esta pessoa embriagada com o orgulho do nascimento nobre, da educação, da riqueza e do apego a esposa, filhos e familiares.

kanaka-k€min…-lobha, prati�˜h€-v€san€ch€�€iy€ �odha more, e mora pr€rthan€

Por favor, purifique-me da minha luxúria por mulhe-res, riqueza e do desejo por prestígio. Esta é a minha oração.

n€me ruci, j…ve day€, vai�Šave ull€saday€ kari’ deha more, ohe k��Ša-d€sa

Ó servo de ®r… K��Ša, por favor, seja misericordioso

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e me dê um gosto por �r…-n€ma e compaixão por todas as j…vas – deixe-me deleitar-me na associação dos Vai�Šavas.

tom€ra caraŠa-ch€y€ eka-m€tra €�€j…vane maraŠe m€tra €m€ra bharas€

A sombra de seus pés de lótus é minha única espe-rança, meu único abrigo na vida e na morte.”

Quando este bhajana chegou ao fim, os Vai�Šavas can-taram uma oração composta por K€l…d€sa L€hir… Mah€�aya, que era encantadora e plena de sentimentos poéticos.

miche m€y€-va�e, saˆs€ra-s€gare, pa�iy€ chil€ma €mikaruŠa kariy€, diy€ pada-ch€y€, €m€re t€rila tumi

Caí no oceano do saˆs€ra e deixei-me escravizar por atividades fúteis pela influência de m€y€. Você foi misericordioso e salvou-me dando-me a sombra de seus pés de lótus.

�una �una vai�Šava ˜h€kuratom€ra caraŠe, sampiy€chi m€th€,

mora duƒkha kara d™ra

Ó Vai�Šava µh€kura, ouça-me, por favor. Entrego minha cabeça a seus pés. Por favor, dissipe minha aflição.

j€tira gaurava, kevala raurava, vidy€ se avidy€-kal€;�odhiy€ €m€ya, nit€i-caraŠe, sampahe, - ja™ka jv€la

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Ter orgulho de casta é realmente um inferno. A eru-dição material não passa de um horrendo aspecto da ignorância. Por favor, purifique-me e me entregue aos pés de Nit€i. Por favor, dissipe minha agonia ar-dente.

tom€ra k�p€ya, €m€ra jihv€ya, sphuruka yugala-n€makahe k€l…d€sa, €m€ra h�daye, jaguka �r…-r€dh€-�y€ma

Por sua misericórdia, possam os santos nomes de ®r… Yugala aparecer em minha língua e ®r… R€dh€-®y€ma aparecer em meu coração. Esta é a oração de K€l…d€sa.”

Cantando este bhajana juntos, todos enlouqueceram de alegria. Ao final, repetiram a linha jaguka �r…-r€dh€-�y€ma (“Que ®r… R€dh€-®y€ma apareçam em meu coração”) uma e outra vez e puseram-se a dançar exuberantemente. À me-dida que continuavam a dançar, alguns Vai�Šavas bh€vukas caíram inconsciente. Surgiu um clima extraordinário e, en-quanto testemunhava tudo isso, Dev…d€sa começou a achar que seu pai estava profundamente imerso na busca da ver-dade espiritual e que seria difícil levá-lo para casa.

Era cerca de meia-noite quando a reunião se disper-sou. Todos prestaram daŠ�avat-praŠ€ma entre si e volta-ram para seus respectivos lares. Dev…d€sa e ®ambhun€tha, pedindo permissão do pai deles, regressaram a seus aloja-mentos.

No dia seguinte, após terminarem suas refeições, Dev… e ®ambhu dirigiram-se ao ku˜…ra de L€hir… Mah€�aya. Dev…d€sa Vidy€ratna prestou praŠ€ma a L€hir… Mah€�aya e disse: “Querido pai, quero lhe fazer um pedido. Por favor, volte a morar em nossa casa em ®€ntipura. Nós todos ficare-

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mos muito felizes por lhe servir em nosso lar. Também po-deremos providenciar um ku˜…ra solitário para você, se as-sim o permitir.”

L€hir… Mah€�aya respondeu: “É uma boa idéia, mas em ®€ntipura eu não teria o tipo de s€dhu-sa‰ga que tenho aqui. Dev…, você conhece o povo de ®€ntipura – eles são tão ímpios e estão habituados a difamar os outros que pra-ticamente ninguém se contenta em viver ali. Reconheço, é claro, que há muitos br€hmaŠas lá, mas a inteligência deles se degradou em virtude de manterem a associação de mate-rialistas fúteis como os tecelões. Três atributos se destacam entre o povo de ®€ntipura: roupas finas, grandiloquência e blasfêmia a Vai�Šavas. Em virtude de semelhante má asso-ciação, os descendentes de Advaita Prabhu têm passado por tanta atribulação em ®€ntipura que quase se tornaram hostis a Mah€prabhu por causa dessa associação negativa. Vocês, portanto, devem consentir que eu fique aqui em Godruma. Este é o meu desejo.”

Dev…d€sa disse: “Querido pai, o que você diz é ver-dade. Mas por que você precisa se envolver de alguma forma com o povo de ®€ntipura? Permaneça num lugar solitário e passe seus dias cultivando suas práticas religiosas, tal como sandhy€-vandan€. A tarefa diária de um br€hmaŠa também é seu nitya-dharma, sendo dever de uma grande alma como você absorver-se desta maneira.”

Assumindo expressão um tanto séria, L€hir… Mah€�aya disse: “Meu querido filho, os tempos mudaram. Agora que vivi por alguns meses na associação de s€dhus e ouvi as instruções de ®r… Gurudeva, meu entendimento passou por dramáticas transformações. Agora entendo que aquilo que você chama de nitya-dharma, é na verdade, naimittika-dharma. O úni-co nitya-dharma é hari-bhakti. Sandhy€-vandan€ e outras

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práticas deste tipo são na realidade naimittika-dharma.” Dev…d€sa disse: “Pai, eu jamais vi ou ouvi semelhante

explicação em nenhum �€stra. Acaso sandhy€-vandan€ não é hari-bhajana? Se é hari-bhajana, então também é nitya-dharma. Há alguma diferença entre sandhy€-vandan€ e as práticas que constituem vaidh…-bhakti, tais como �ravaŠa e k…rtana?”

L€hir… Mah€�aya disse: “O sandhy€-vandan€ que está incluído no karma-k€Š�a é significativamente diferente de vaidh…-bhakti. Sandhy€-vandan€ e outras atividades se-melhantes são realizadas segundo o sistema karma-k€Š�a a fim de se obter liberação. No entanto, as atividades de hari-bhajana, tais como �ravaŠa e k…rtana, são realizadas sem nenhum motivo ulterior. Os �€stras descrevem os re-sultados obtidos por ouvir, cantar e fazer outras práticas de vaidh…-bhakti, mas isto é apenas para atrair o interesse de pessoas que de outro modo não se sentiriam inclinadas a praticar essas atividades. A adoração a ®r… Hari não tem outro fruto senão o serviço a ®r… Hari. O principal fruto da prática de vaidh…-bhakti é ocasionar o despertar de prema em hari-bhajana.”

Dev…d€sa: Então você admite que as divisões (a‰gas) de hari-bhajana têm alguns resultados secundários.

L€hir…: Sim, mas os resultados dependem dos diferen-tes tipos de praticantes (s€dhakas). Os Vai�Šavas praticam s€dhana-bhakti com o propósito exclusivo de atingir o está-gio perfectivo de devoção conhecido como siddha-bhakti. Quando não-Vai�Šavas praticam as mesmas divisões ou a‰gas de bhakti, eles têm dois motivos principais: o desejo de gozo material (bhoga) e o desejo de liberação (mok�a). Externamente, não há nenhuma diferença entre as práti-cas de s€dhana dos Vai�Šavas e aquelas de não-Vai�Šavas,

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porém, há uma diferença fundamental no ni�˜ha deles.Quando alguém adora K��Ša por meio do caminho de

karma tem a mente purificada e pode obter frutos materiais, isenção de doenças ou liberação. Mas a mesma adoração a K��Ša por meio do caminho de bhakti produz somente prema por k��Ša-n€ma. O fato de os karm…s (aqueles que seguem o caminho de karma) observarem Ek€da�…, os pe-cados deles são erradicados; ao passo que a observação de Ek€da�… dos bhaktas aumenta o hari-bhakti deles. Veja só que grande diferença há entre um caminho e outro!

Apenas pela misericórdia de Bhagav€n é que se pode conhecer a diferença sutil entre s€dhana praticado como um aspecto de karma e s€dhana praticado como um aspecto de bhakti. Os bhaktas obtêm o resultado principal, ao passo que os karm…s ficam presos aos resultados secundários, os quais, de modo geral, podem ser subdivididos em duas cate-gorias, a saber, bhukti (gozo material dos sentidos) e mukti (liberação).

Dev…d€sa: Por que, então, os �€stras exaltam as virtu-des dos resultados secundários?

L€hir…: Há dois tipos de pessoas neste mundo: aque-las que estão despertas espiritualmente e aquelas que estão adormecidas espiritualmente. Os �€stras louvam os resul-tados secundários para o benefício dos que estão adorme-cidos espiritualmente e que não praticam nenhuma ativida-de piedosa a não ser que possam visualizar um resultado próximo. Entretanto, não é intenção dos �€stras que seme-lhantes pessoas se contentem com resultados secundários; ao contrário, a atração que elas sentem pelos resultados secundários deverá induzi-las a realizar atos virtuosos, os quais apressarão o seu contato com s€dhus. Então, pela misericórdia dos s€dhus, virão a conhecer os resultados

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principais de hari-bhajana, ocasião em que despertará den-tro delas o gosto por esses resultados.

Dev…d€sa: Então devemos entender que Raghunanda-na e os demais autores dos sm�ti-�€stras estão adormecidos espiritualmente?

L€hir…: Não, mas o sistema por eles prescrito é para os adormecidos espiritualmente. Contudo, eles próprios buscam o resultado principal.

Dev…d€sa: Certos �€stras apenas descrevem os resul-tados secundários sem sequer mencionar os resultados prin-cipais. Por quê?

L€hir…: Existem três tipos de �€stras corresponden-tes às variedades de adhik€ra (qualificação) entre os seres humanos: s€ttvika, natureza da bondade; r€jasika, natureza da paixão; e t€masika, natureza da ignorância. Os s€ttvika-�€stras destinam-se a pessoas que estão dotadas com a natu-reza da bondade (sattva-guŠa); os r€jasika-�€stras são para aquelas envolvidas com a natureza da paixão (rajo-guŠa); e os t€masika-�€stras são para aquelas que estão dominadas pela natureza da ignorância (tamo-guŠa).

Dev…d€sa: Se é assim, como saber em que diretrizes do �€stra se deve ter fé? E como podem aqueles de adhik€ra (qualificação) inferior alcançar um destino superior?

L€hir…: Os seres humanos têm diferentes tipos de fé e natureza de acordo com seus vários níveis de adhik€ra. As pessoas que são movidas basicamente pelo modo da ignorância têm fé natural nos t€masika-�€stras. Aquelas afetadas principalmente pelo modo da paixão têm fé na-tural nos r€jasika-�€stras, e aquelas no modo da bondade naturalmente têm fé nos s€ttvika-�€stras. A crença de uma pessoa numa conclusão específica do �€stra, é naturalmente de acordo com a sua fé.

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À medida que os deveres para os quais se tem adhik€ra são cumpridos fielmente, pode-se entrar em contato com s€dhus e pela associação deles, desenvolver adhik€ra su-perior. Logo que o adhik€ra superior desperte, ocorre uma transformação da natureza, o que naturalmente faz com que se desenvolva fé num �€stra mais elevado. Os autores dos �€stras, que são infalíveis em sua sabedoria, compuseram os �€stras de tal maneira que possamos desenvolver gradu-almente um adhik€ra superior cumprindo os deveres com-patíveis com a nossa qualificação, e nos quais tenhamos fé natural. É por este motivo que diferentes �€stras apre-sentam diferentes diretrizes. Ter fé no �€stra é a raiz de toda auspiciosidade.

A ®r…mad Bhagavad-G…t€ é o m…m€ˆs€-�€stra de todos os �€stras. Nela, este siddh€nta é declarado nitida-mente.

Dev…d€sa: Tenho estudado muitos �€stras desde a infância, mas hoje, por sua graça, compreendi o propósito deles sob um prisma inteiramente novo!

L€hir…: Está escrito no ®r…mad-Bh€gavatam (11.8.10):

aŠubhya� ca mahadbhya� ca �€strebhyaƒ ku�alo naraƒsarvataƒ s€ram €dady€t pu�pebhya iva �a˜-padaƒ

‘A pessoa inteligente extrairá a essência de todos os �€stras, quer estes sejam maiores ou menores, assim como um abelhão coleta o mel de vários tipos de flores.’

Meu querido filho, eu costumava chamá-lo de a-teísta. Agora não critico ninguém, porque a fé depende do

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do adhik€ra. Críticas a este respeito estão fora de cogitação. Todos estão trabalhando segundo seus próprios adhik€ras e irão avançar gradualmente quando o momento for oportu-no. Você é versado nos �€stras que tratam de lógica e ação fruitiva, visto que suas afirmações são compatíveis com seu adhik€ra, não há nada de errado nelas.

Dev…d€sa: Até agora, eu acreditava que não havi-am eruditos na samprad€ya Vai�Šava. Eu achava que os Vai�Šavas fossem apenas fanáticos interessados exclusi-vamente em uma parte do �€stra, mas o que você me ex-plicou hoje dissipou por completo todas as minhas falsas concepções. Agora tenho fé que alguns dos Vai�Šavas en-tenderam de verdade a essência do �€stra. Você está estu-dando os �€stras com alguma grande alma atualmente?

L€hir…: Meu filho, agora você pode me chamar de Vai�Šava fanático ou do que você quiser. Meu Gurudeva pratica bhajana no ku˜…ra ao lado do meu. Ele me instruiu sobre a conclusão essencial de todos os �€stras, e eu só ex-pressei a mesma coisa diante de você. Se você quiser rece-ber instrução dos pés de lótus dele, você poderá lhe fazer perguntas com uma atitude devocional. Venha e deixe-me lhe apresentar a ele.

L€hir… Mah€�aya levou Dev…d€sa Vidy€ratna ao ku˜…-ra de seu Gurudeva, ®r… Vai�Šava d€sa B€b€j… Mah€r€ja, e apresentou-o a ele. Em seguida, deixou Dev…d€sa com B€b€j… Mah€r€ja e voltou para seu ku˜…ra para cantar hari-n€ma.

Vai�Šava d€sa: Meu caro filho, qual é o seu grau de instrução?

Dev…d€sa: Eu estudei até muktip€da e siddh€nta-kusum€ñjali no ny€ya-�€stra, além de todos os livros do sm�ti-�€stra.

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Vai�Šava d€sa: Então, você se empenhou muito em seu estudo do �€stra. Por favor, dê-me uma amostra do que você aprendeu.

Dev…d€sa:

atyanta-duƒkha-niv�ttir eva muktiƒ

A cessação de todas as misérias materiais é conheci-da como mukti.

Deve-se sempre esforçar para obter mukti, a qual é definida nesta declaração do S€‰khya-dar�ana (1.1 e 6.5). Eu busco esta liberação por meio da adesão fiel a meus de-veres prescritos, conhecidos como sva-dharma.

Vai�Šava d€sa: Sim, assim como você, depois de ter estudado todos esses livros, eu também fui inspirado a obter mukti.

Dev…d€sa: Você agora desistiu de buscar mukti?Vai�Šava d€sa: Diga-me, meu caro filho, o que signi-

fica mukti?Dev…d€sa: Segundo o ny€ya-�€stra, a j…va e brahma

são eternamente distintos um do outro, e por isso não fica claro, do ponto de vista de ny€ya, como a cessação de todas as misérias ocorre. Segundo o Ved€nta, no entanto, mukti refere-se ao alcance do brahma indiferenciado ou, em ou-tras palavras, ao fato da j…va atingir o estado de unidade com brahma. Isto é claro a partir de um ponto de vista.

Vai�Šava d€sa: Meu caro filho, passei quinze anos estudando o comentário do Ved€nta de ®a‰kara, e também permaneci sanny€s… por vários anos. Eu me esforcei com diligência para atingir mukti. Por muito tempo, meditei profundamente no que ®a‰kara considerava ser as quatro

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afirmações principais do �ruti (mah€-v€kyas). Por fim, en-tendi que o sistema religioso advogado por ®a‰kara foi um sistema adaptado para a época, e por isso eu o abandonei.

Dev…d€sa: Por que você considerou isso como algo de época e antagônico?

Vai�Šava d€sa: Não é fácil para um homem expe-riente transmitir aos outros o que ele realizou através da experiência prática. Como poderão entender algum assunto aqueles que não o realizaram?

Dev…d€sa pôde perceber que Vai�Šava d€sa era um sá-bio erudito, franco e dotado de percepção profunda. Como ainda não havia estudado o Ved€nta, Dev…d€sa começou a achar que poderia fazê-lo se Vai�Šava d€sa tivesse mise-ricórdia dele. E por isso, ele perguntou: “Estou pronto para estudar o Ved€nta?”

Vai�Šava d€sa: Com o nível de competência que você atingiu no idioma sânscrito, você poderá facilmente aprender o Ved€nta se encontrar um instrutor qualificado.

Dev…d€sa: Se você fizer o favor de me ensinar, eu o estudarei com você.

Vai�Šava d€sa: O fato é que sou um servo dos Vai�Šavas – para mim, não há nada além disso. Como Paramahaˆsa B€b€j… Mah€r€ja teve a misericórdia de instruir-me a cantar hari-n€ma o tempo todo, tenho feito só isto. Tenho pouquíssimo tempo. Além do mais, jagad-guru ®r… R™pa Gosv€m… especificamente proíbe os Vai�Šavas de ler ou ouvir o comentário ®€r…raka-bh€�ya de ®a‰kara do Ved€nta; portanto, eu próprio já não o leio nem o ensino aos outros. Entretanto, ®r… ®ac…nandana, que é o preceptor original do mundo inteiro, explicou para ®r… Sarvabhauma o verdadeiro comentário do Ved€nta-s™tra.

Muitos Vai�Šavas ainda têm cópias manuscritas

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deste comentário. Se você quiser estudá-lo, você poderá fazer uma cópia dele e eu irei ajudar você a entendê-lo. Dirija-se à casa de ®r…mad Kavi KarŠap™ra no vilarejo de K€ñcana-pall… e peça-lhe uma cópia.

Dev…d€sa: Eu procurarei fazê-lo. Você é um grande erudito do Ved€nta. Por favor, diga-me francamente: se-rei capaz de entender o verdadeiro significado do Ved€nta estudando o comentário Vai�Šava?

Vai�Šava d€sa: Eu estudei e ensinei o comentário de ®a‰kara, como também estudei o ®r… Bh€�ya de ®r… R€m€nuja, além de outros comentários. Contudo, confesso não ter visto nenhuma explicação dos s™tras que fosse su-perior a de Mah€prabhu. Este comentário foi registrado por Gop…n€tha šc€rya e é estudado pelos Gau�…ya Vai�Šavas. Não pode haver nenhuma disputa doutrinária na explica-ção que o próprio Bhagav€n dá aos s™tras, pois Seu co-mentário representa exatamente o significado completo das Upani�ads. Se alguém apresentar esta explicação dos s™tras na sequência apropriada, com certeza sua explicação será respeitada em qualquer reunião de sábios eruditos.

Dev…d€sa Vidy€ratna ficou muito satisfeito ao ouvir isto. E com fé, prestou daŠ�avat-praŠ€ma a ®r… Vai�Šava d€sa B€b€j…, voltando ao ku˜…ra de seu pai ele relatou o que ouviu.

L€hir… Mah€�aya ficou encantado e respondeu: “Dev…, apesar de você já ter adquirido bastante instrução, só agora você poderá tentar atingir a meta mais elevada, que é o be-nefício supremo para todos os seres vivos.”

Dev…d€sa: Na verdade, meu único objetivo ao vir aqui era levá-lo de volta para casa. Por favor, volte para nossa casa só mais uma vez que todos ficarão contentes. Nossa mãe, em especial, está ansiosa para ter dar�ana de de seus

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pés outra vez. L€hir…: Refugiei-me nos pés de lótus dos Vai�Šavas,

e prometi jamais entrar em qualquer casa que se oponha a bhakti. Primeiro, vocês têm que se tornar Vai�Šavas e, só então você poderá me levar para casa.

Dev…d€sa: Pai! Como você pode me dizer isto? Em casa, adoramos o Senhor todo dia. Não desrespeitamos o cantar de hari-n€ma e recebemos convidados e Vai�Šavas cordialmente. Não poderemos ser considerados como Vai�Šavas?

L€hir…: As atividades de vocês são muito seme-lhantes às dos Vai�Šavas, mas na verdade vocês não são Vai�Šavas.

Dev…d€sa: Como, então, pode alguém tornar-se Vai�Šava?

L€hir…: Você pode tornar-se Vai�Šava abandonando seus deveres temporários naimittika e adotando seu nitya-dharma eterno e espiritual.

Dev…d€sa: Tenho uma dúvida que lhe peço para sanar de uma vez por todas. Se as atividades dos Vai�Šavas con-sistem em �ravaŠam, k…rtanam, smaraŠam, p€da-sevanam, arcanam, vandanam, d€syam, sakhyam e €tma-nivedanam, e estão significativamente vinculadas à matéria, por que, então, ninguém se refere a elas como sendo temporárias (naimittika)? Percebo certa parcialidade nisto. Atividades como o serviço à Deidade, o jejum e a adoração com ingre-dientes materiais que estão todas ligadas à matéria grossei-ra, como, então, podem elas ser eternas?

L€hir…: Meu filho, eu também precisei de muito tempo para entender este assunto. Procure entendê-lo com bastante cuidado. Existem dois tipos de seres humanos: aqueles cujos interesses estão vinculados a este mundo

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material (aihika) e aqueles que aspiram a conquistas supe-riores no futuro (param€rthika). Os da primeira categoria apenas se empenham em busca de felicidade, reputação e prosperidade materiais. Os da segunda categoria subdivi-dem-se em três tipos: os que são devotados a Ÿ�vara (…�€nu-gata), os determinados na busca de conhecimento monista visando à liberação (jñ€na-ni�˜ha) e os que almejam pode-res místicos (siddhi-k€m…).

Os siddhi-k€m…s são apegados aos frutos de karma-k€Š�a e desejam adquirir poderes sobrenaturais por meio de sua prática de karma. Os métodos por eles adotados para obter tais poderes sobrenaturais são y€ga (oferecer obla-ções), yajña (realizar sacrifícios) e a�˜€‰ga-yoga (o sistema óctuplo de yoga). Embora aceitem a existência de Ÿ�vara, acreditam que Ele é subordinado às leis do karma. Nesta categoria incluem-se os cientistas materialistas.

Os jñ€na-ni�˜has tentam despertar sua identidade com brahma cultivando o conhecimento do monismo im-pessoal. Eles não sabem e nem se importam se Ÿ�vara existe ou não, mas, de qualquer modo, fabricam uma forma ima-ginária de Ÿ�vara com o propósito de praticar s€dhana. O fruto do conhecimento monista é a realização da identidade com brahma e, os monistas aspiram eventualmente atingir tal percepção, ocupando-se com constância nas práticas de bhakti direcionadas àquela forma imaginária de Ÿ�vara. Quando eles obtêm o resultado de jñ€na, Ÿ�vara já não tem mais importância para eles, era apenas um meio imagina-do para atingir um fim. Quando a bhakti que eles praticam para Ÿ�vara dá o fruto desejado, ela transforma-se em jñ€na. De acordo com esta doutrina, nem Bhagav€n ou bhakti a Bhagav€n são eternos.

Os …�€nugatas, aqueles devotados a Ÿ�vara, são a

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terceira categoria dos que buscam conquistas superiores no futuro (param€rthikas). Sinceramente falando, eles são os únicos que se empenham em busca de param€rtha, a meta máxima da vida. Na opinião deles, só existe um Ÿ�vara, que é sem princípio ou fim e que manifesta as j…vas e o mundo material por meio de Suas próprias potências. As j…vas são Suas servas eternas e, assim permanecem, mesmo após a liberação. O dharma eterno da j…va é manter-se eternamente sob a orientação de Ÿ�vara, pois ela nada pode fazer por sua própria força. A j…va não consegue obter nenhum benefício eterno pela prática de karma; no entanto, quando se sub-mete ao abrigo de ®r… K��Ša, obtém, por Sua graça, toda perfeição.

Aqueles que cobiçam poderes místicos (siddhi-k€m…s) seguem o karma-k€Š�a e os que cultivam o conhecimento monista (jñ€na-ni�˜has) seguem o jñ€na-k€Š�a. Os …�€nu-gatas são os únicos devotos de Ÿ�vara. Os jñ€na-k€Š�…s e os karma-k€Š�…s orgulham-se de ter interesse em conquistas superiores (param€rthika), mas, na realidade, ao invés de estarem buscando a meta suprema, estão buscando ganho material temporário; e tudo quanto dizem acerca de dharma é naimittika.

Os modernos adoradores de ®iva, Durg€, GaŠe�a e S™rya são conhecidos respectivamente como ®aivas, ®€ktas, G€Šapatyas e Sauras, e todos eles seguem o jñ€na-k€Š�a. Eles adotam os a‰gas de bhakti, tais como �ravaŠa e k…rtana, apenas para atingirem mukti e, em última análise, o indiferenciado nirvi�e�a-brahma impessoal. Aqueles que se ocupam em �ravaŠa e k…rtana sem nenhum desejo de bhukti ou mukti estão dedicados a serviço de ®r… Vi�Šu. Entre estas cinco deidades, a �r…-m™rti de Bhagav€n ®r… Vi�Šu é eterna, transcendental e plena de todas as opulências. Quem não

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aceita Bhagav€n como objeto de adoração está adorando apenas objetos temporários.

Meu filho, o serviço que em casa todos vocês prestam à Deidade de Bhagav€n não é param€rthika, porque vocês não aceitam a eternidade da forma de Bhagav€n. É por isto que vocês não podem ser incluídos entre os …�€nugatas.

Agora, espero que você tenha entendido a diferença entre up€san€ (adoração) nitya e naimittika.

Dev…d€sa: Sim. Se alguém adora a �r…-vigraha (Dei-dade) de Bhagav€n, mas não aceita que esta vigraha seja eterna, sua adoração não é de um objeto eterno. Contudo, não pode alguém adotar um meio temporário de adoração para atingir a verdade eterna, que em última análise é dis-tinta de quaisquer dessas formas temporárias?

L€hir…: Mesmo que fosse esse o caso, não se pode chamar semelhante adoração temporária de dharma eter-no. A adoração à vigraha eterna, conforme realizada no vai�Šava-dharma, é nitya-dharma.

Dev…d€sa: Mas, se a �r…-vigraha que é adorada foi modelada por um ser humano, como pode ser eterna?

L€hir…: A vigraha adorada pelos Vai�Šavas não é as-sim. Bhagav€n não é sem forma como brahma. Ao con-trário, Ele é a personificação concentrada e onipotente da eternidade, do conhecimento e da bem-aventurança. É esta sac-cid-€nanda-ghana-vigraha que é a Deidade adorável dos Vai�Šavas. A forma transcendental de Bhagav€n de eternidade, bem-aventurança e conhecimento é em primei-ro lugar revelada à consciência pura da j…va e, então ela é refletida na mente. A forma externa da Deidade é mode-lada de acordo com esta forma transcendental revelada na mente e pelo poder de bhakti-yoga, a forma sac-cid-€nan-da de Bhagav€n manifesta-Se então na Deidade. Quando

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o devoto tem dar�ana da Deidade, esta Deidade une-Se à forma transcendental de Bhagav€n que o devoto vê em seu coração.

A Deidade que os jñ€n…s adoram, contudo, não é as-sim. Eles pensam que a Deidade é uma estátua feita de ele-mentos materiais, mas que o estado de brahma está presen-te nela enquanto realizam sua adoração, e que ela se torna novamente mera estátua material logo após terminarem a adoração. Você deve, portanto, considerar a diferença entre estas duas concepções da Deidade e seus respectivos mé-todos de adoração. Quando você obtiver d…k�€ Vai�Šava pela misericórdia de um guru genuíno, você será capaz de entender esta diferença da maneira correta observando os resultados de ambas.

Dev…d€sa: Sim, agora tudo isto faz mais sentido para mim. Posso ver que os Vai�Šavas não são apenas fanáticos movidos por uma fé cega; ao contrário, eles são dotados de discriminação e percepção sutil. Existe uma enorme dife-rença entre a adoração à �r…-m™rti e a adoração temporária a uma forma imaginária do Senhor imposta a um objeto material. Mesmo não havendo diferença quanto aos proce-dimentos externos da adoração, há uma enorme diferença quanto à fé dos dois tipos de adoradores. Refletirei sobre isto por alguns dias. Pai, hoje a minha maior dúvida foi dis-sipada. Agora posso dizer enfaticamente que a adoração dos jñ€n…s não passa de uma tentativa de enganar ®r… Bhagav€n. Em outra ocasião, apresentarei este assunto a seus pés no-vamente.

Após dizer isto, Dev… Vidy€ratna saiu com ®ambhu para seus aposentos. Eles voltaram ao ku˜…ra de L€hir… Mah€�aya ao cair da tarde, mas não houve oportu-nidade de tornarem a conversar sobre estes assuntos, pois

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naquele momento todos estavam imersos em hari-n€ma-sa‰k…rtana.

Na tarde seguinte, todos se sentaram na cabana de Paramahaˆsa B€b€j…. Dev… Vidy€ratna e ®ambhu sentaram-se ao lado de L€hir… Mah€�aya. Naquele exato momento, chegou o K€z… do vilarejo de BrahmaŠa-Pu�kariŠ…. Ao ve-rem-no, todos os Vai�Šavas levantaram-se em sinal de respeito, ao que o K€z… também saudou os Vai�Šavas com muita satisfação para enfim sentar-se na reunião.

Paramahaˆsa B€b€j… disse: “Você é abençoado, pois é descendente de Ch€nd K€z…, que foi objeto da misericór-dia de ®r… Mah€prabhu. Por favor, bondosamente conceda-nos sua misericórdia.”

O K€z… disse: “Pela misericórdia de ®r… Mah€prabhu, nos tornamos os objetos da misericórdia dos Vai�Šavas. Gaur€‰ga é o Senhor de nossa vida. Não fazemos nada sem antes prestarmos nosso daŠ�avat-praŠ€ma a Ele.”

L€hir… Mah€�aya era um acadêmico erudito no idio-ma persa, ele estudou os trinta seph€r€s do Alcorão e mui-tos livros dos sufis. Ele perguntou ao K€z…: “Segundo a sua ideologia, o que significa mukti?”

O K€z… respondeu: “O que vocês chamam de j…va, alma individual, nós chamamos de r™h. Esta r™h encon-tra-se em duas condições: r™h-mujarrad, a alma conscien-te ou liberada; e r™h-tark…b…, a alma condicionada. O que vocês chamam de espírito (cit) nós chamamos de mujarrad, e o que vocês chamam de matéria (acit) nós chamamos de jism. Mujarrad está além das limitações de tempo e espa-ço, ao passo que jism está subordinada a tempo e espaço. A r™h-tark…b…, ou baddha-j…va, tem uma mente material e está cheia de ignorância (malphu˜) e desejos. As r™h-mujar-rad são puras, estão além de todas essas contaminações e

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residem na morada espiritual, conhecida como €lamal-ma�h€l.”

“A r™h torna-se pura mediante o desenvolvimento gradual de i�hqh (prema). Não há influência da matéria (jism) naquela morada onde Khod€ (Deus) trouxe o profeta Paigambar S€hib. Todavia, mesmo lá, a r™h permanece uma serva (band€) e o Senhor, o amo. Logo, o relacionamento entre a band€ e Khod€ é eterno, e mukti é na verdade, a con-quista deste relacionamento em sua forma pura. O Alcorão e a literatura dos sufis explicam estas conclusões, mas nem todos conseguem entendê-las. Gaur€‰ga Mah€prabhu mise-ricordiosamente ensinou todos estes assuntos a Ch€nd K€z…, e desde aquela época, tornamo-nos Seus bhaktas puros.”

L€hir…: Qual é o ensinamento principal do Alcorão?K€z…: Segundo o Alcorão, a morada pessoal do Se-

nhor, a qual é o alcance mais elevado no mundo espiritual, é conhecida como behesht. É um fato que, lá não existe a-doração formal, todavia, a própria vida é em si mesma a- doração (ib€da). Os residentes dessa morada estão imersos em bem-aventurança transcendental simplesmente por ver o Senhor. Este é o mesmo ensinamento que foi apresentado por ®r… Gaur€‰gadeva.

L€hir…: O Alcorão aceita que o Senhor tem uma for-ma transcendental?

K€z…: O Alcorão afirma que o Senhor não tem for-ma. Mas, conforme ®r… Gaur€‰gadeva disse a Ch€nd K€z…, com este ensinamento do Alcorão simplesmente quer di-zer, que o Senhor não tem forma material. Isto não exclui a existência de Sua forma espiritual pura. Paigambar S€hib viu a divina forma amorosa do Senhor de acordo com seu nível de qualificação. Os humores e sentimentos transcendentais que são característicos dos outros rasas

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mantiveram-se ocultos para ele. L€hir…: Qual é a opinião dos sufis a este respeito?K€z…: Eles são adeptos da doutrina de an€ al-ƒaqq,

que significa “Eu sou Khod€”. A doutrina sufi (€swaph) do Islã é exatamente a mesma que a doutrina advaita-v€da.

L€hir…: Você é sufi?K€z…: Não, nós somos devotos genuínos. Gaur€‰ga é

a nossa própria vida.A conversa prosseguiu por bastante tempo, e por fim

K€z… S€hib prestou seus respeitos aos Vai�Šavas e partiu. Em seguida, houve hari-n€ma-sa‰k…rtana, e depois disso a reunião foi encerrada.

Assim termina o Quinto Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Vaidh…-Bhakti é Nitya-Dharma e não Naimittika-Dharma”

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Capítulo 6Nitya-Dharma, Raça e Casta

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Dev…d€sa Vidy€ratna era professor, e por muito tempo estava firmemente convencido que os br€hmaŠas eram os principais entre todos os varŠas. Ele acreditava que ninguém estaria apto para atingir a meta máxima da vida, exceto os br€hmaŠas e que a j…va só poderia alcançar mukti se nascesse numa família de br€hmaŠas. Ele também acreditava que o nascimento em tal família, era a causa ex-clusiva do desenvolvimento da natureza característica de um br€hmaŠa. Após ouvir as conversas entre os Vai�Šavas e o descendente de Ch€nd K€z…, ele ficou completamente insatisfeito e não pode entender nada das declarações de K€z… S€hib, pois estas eram cheias de verdades fundamen-tais profundas.

Com o coração perturbado, Dev…d€sa Vidy€ratna pôs-se a pensar: “A raça muçulmana é mesmo um fenô-meno estranho, não é possível entender o sentido do que eles dizem. Naturalmente, papai estudou persa e árabe, e tem estudado religião há muito tempo. Por que então, de-monstra tanto respeito pelos muçulmanos? Se um hindu é

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obrigado a tomar banho para se purificar apenas por ter tocado em um muçulmano, em que estaria pensando Paramahaˆsa B€b€j… Mah€r€ja ao convidar semelhante pessoa para sentar-se na reunião e ao demonstrar-lhe tanto respeito?”

Naquela mesma noite, Dev…d€sa disse: “®ambhu! Não posso ficar calado quanto a isto. Acenderei uma fogueira abrasante de lógica e debate, e reduzirei este ponto de vista herético a cinzas. Foi aqui em Navadv…pa que resolutos eru-ditos como S€rvabhauma e ®iromaŠi debateram o ny€ya-�€stra e, Raghunandana produziu as vinte e oito verdades do sm�ti-�€stra. Como é possível que hindus e muçulmanos estejam agora se misturando nesta mesma Navadv…pa? Tal-vez os professores de Navadv…pa ainda não tenham tomado conhecimento disto.” Vidy€ratna dedicou-se intensamente a esta tarefa por alguns dias.

Ao romper da aurora caía uma garoa fina. Já era alta manhã e ainda coberto pelas nuvens, o sol não foi capaz de lançar um único olhar sobre a terra. Dev… e ®ambhu termi-naram uma refeição de khichr… antes das dez horas e apron-taram-se, sentindo que havia chegado o momento oportuno. Em ®r… Godruma os Vai�Šavas haviam se atrasado em seu m€dhukar…. No entanto, quase todos eles haviam honrado pras€da e estavam agora sentados num amplo ku˜…ra em um dos cantos do abrigo m€dhav…-m€lat….

Paramahaˆsa B€b€j…, Vai�Šava d€sa, PaŠ�ita Ananta d€sa do vilarejo de ®r… N�siˆha-pall…, L€hir… Mah€�aya e Y€dava d€sa de Kuliy€ começaram a cantar hari-n€ma em suas tulas…-m€l€s, absortos em param€nanda. Naquele mo-mento, chegou o famoso paŠ�ita K��Ša C™�€maŠi, acom-panhado de Vidy€ratna Mah€�aya, Caturbhuja, Padaratna de Samudragarh, Cint€maŠi Ny€yaratna de K€�… e K€l…d€sa

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163Nitya-Dharma, Raça e Casta

V€caspati de P™rva-sth€l…. Os Vai�Šavas, prestaram grande respeito aos br€hmaŠas eruditos, e fizeram-nos sentar-se.

Paramahaˆsa B€b€j… disse: “Dizem que um dia nu- blado é inauspicioso, mas este dia tornou-se mais que aus-picioso para nós. Hoje, os br€hmaŠa-paŠ�itas do dh€ma purificaram nosso ku˜…ra com a poeira de seus pés.”

Os Vai�Šavas consideram-se naturalmente mais in-significantes que a grama e, por isso todos eles prestaram praŠ€ma, dizendo: vipra-caraŠebhyaƒ namaƒ: “Reverên-cias aos pés dos br€hmaŠas.” Os br€hmaŠa-paŠ�itas, que se consideravam eruditos respeitáveis, responderam dando bênçãos aos Vai�Šavas e depois sentaram-se. Os br€hmaŠas que Vidy€ratna havia preparado para um debate prestaram praŠ€ma a L€hir… Mah€�aya, pois este era hierarquicamente superior a todos eles. L€hir… Mah€�aya, que agora era ver-sado nas verdades confidenciais dos �€stras, logo retribuiu praŠ€mas aos paŠ�itas.

De todos os paŠ�itas, K��Ša C™�€maŠi era o mais eloquente. Ele havia debatido o significado do �€stra com muitos outros paŠ�itas em K€�…, Mithil€ e inúmeros outros lugares, derrotando todos os seus adversários. Ele era bai-xo, com uma lustrosa compleição amorenada e uma expres-são grave. Seus olhos cintilavam como um par de estrelas. Assim, ele começou o debate com os Vai�Šavas.

C™�€maŠi disse: “Hoje viemos ter o dar�ana dos Vai�Šavas. Embora não apoiamos todas as condutas de vocês, admiramos muito a devoção exclusiva. O próprio ®r… Bhagav€n afirma na Bhagavad-G…t€ (9.30):

api cet su-dur€c€ro bhajate m€m ananya-bh€ks€dhur eva sa mantavyaƒ samyag-vyavasito hi saƒ

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164 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 6

‘Mesmo que alguém seja um pecador abominável, se ele Me adora com devoção exclusiva, deverá ser considerado um s€dhu, pois sua inteligência está fir-memente situada na determinação correta.’ ”

“Esta afirmação da Bhagavad-G…t€ é nossa evidência, e é por causa desta conclusão que viemos hoje ter o dar�ana dos s€dhus. Mas temos uma queixa. Por que vocês acei-tam a associação de muçulmanos sob o pretexto de bhakti? Gostaríamos de discutir este assunto com vocês. Que se apresente aquele entre vocês que for o melhor em deba-tes.”

Os Vai�Šavas ficaram constrangidos com as pala-vras de K��Ša C™�€maŠi e Paramahaˆsa B€b€j… disse mui-to humildemente: “Somos tolos. Que entendemos nós sobre a arte do debate? Simplesmente agimos segundo o compor-tamento demonstrado pelos mah€janas anteriores. Vocês são todos eruditos, e por isso eu lhes peço que recitem as instruções do �€strsa e nós iremos ouví-la em silêncio.”

C™�€maŠi disse: “Como você pode agir de acordo com esta declaração? Vocês estão sob os auspícios da so-ciedade hindu e, se você perpetrar práticas e ensinamentos que sejam contrários ao �€stra, o mundo será arruinado. ‘Nós vamos praticar e pregar contra o �€stra, e ao mesmo tempo dizer que estamos no caminho dos mah€janas.’ Que tipo de conversa é esta? Quem é um mah€jana? Só pode ser aceito verdadeiramente como mah€jana aquele cujo comportamento e ensinamentos estejam de acordo com o �€stra. Que tipo de benefício poderá haver para o mundo se simplesmente rotularmos qualquer um que nós queiramos como sendo mah€jana, e depois citar o ditado mah€jano yena gataƒ sa panth€ƒ: ‘Deve-se trilhar o caminho dos

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165Nitya-Dharma, Raça e Casta

mah€janas ’?”As palavras de C™�€maŠi tornaram-se intoleráveis

para os Vai�Šavas e, por isso se retiraram para se consul-tarem entre si num ku˜…ra separado. Eles concluíram que, como os mah€janas estavam sendo acusados de estarem equivocados, era imperioso que refutassem aquelas acu-sações na medida em que fossem capazes. Paramahaˆsa B€b€j… optou por não participar do debate. PaŠ�ita Ananta d€sa B€b€j… era erudito em ny€ya-�€stra, mas, mesmo as-sim, todos solicitaram que ®r… Vai�Šava d€sa B€b€j… condu-zisse o debate. Os Vai�Šavas logo perceberam que Dev…d€sa Vidy€ratna tinha instigado aquele tumulto. L€hir… Mah€�aya, que também estava presente, acrescentou: “Dev… é extrema-mente orgulhoso. Ele ficou com a mente perturbada no dia em que presenciou nosso comportamento com K€z… S€hib, e por isso resolveu trazer todos estes br€hmaŠa-paŠ�itas até aqui.”

Vai�Šava d€sa colocou a poeira dos pés de Paramahaˆsa B€b€j… na cabeça e disse: “Colocarei a ordem dos Vai�Šavas sobre minha cabeça. Hoje o conhecimento que absorvi com certeza dará frutos.”

Naquele momento, o céu clareou. Após um assen-to amplo ter sido disposto no bosque m€dhavi-m€lat…, os br€hmaŠa-paŠ�itas sentaram-se de um lado e os Vai�Šavas, do outro. Todos os br€hmaŠas e paŠ�itas de ®r… Godru-ma e Madhyadv…pa haviam sido chamados para participar do debate, e muitos estudantes e br€hmaŠas eruditos da vizinhança também aderiram à reunião, a qual havia dei-xado de ser um evento menor. Cerca de cem br€hmaŠa-paŠ�itas estavam sentados de um lado, e do outro, cerca de duzentos Vai�Šavas. Vai�Šava d€sa B€b€j…, calmo e sereno, sentou-se à frente da reunião a pedido dos Vai�Šavas. Bem

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166 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 6

naquele instante, ocorreu um incidente surpreendente – das trepadeiras que ficavam acima do abrigo, caiu um rama-lhete de flores m€l€t… sobre a cabeça de Vai�Šava d€sa! Isto animou os Vai�Šavas, inspirando-os a proferir em alto e bom tom o nome de Hari. “Isto é um sinal da misericórdia de ®r…man Mah€prabhu”, declararam eles.

Do outro lado, K��Ša C™�€maŠi fez um trejeito e dis-se: “Vocês podem pensar assim, mas flores de nada adian-tam. A árvore deve ser conhecida pelo seu fruto.”

Mudando de assunto, Vai�Šava d€sa começou a fa-lar: “Esta reunião que está acontecendo hoje em Navadv…pa lembra as reuniões em V€r€Šas…, o que é motivo de muita alegria para mim. Apesar de eu morar na Bengala, passei muitos anos estudando e palestrando em V€r€Šas… e outros lugares, de modo que não estou tão acostumado a me ex-pressar em bengali. Por isso, eu peço a vocês que as pergun-tas e respostas da reunião de hoje sejam em sânscrito.”

Embora tivesse sido bastante aplicado ao estudar o �€stra, C™�€maŠi não conseguia falar sânscrito com fluên-cia, além de alguns �lokas que havia conseguido memorizar. Sentindo-se um tanto intimidado pela proposta de Vai�Šava d€sa, ele disse: “Por quê? Nossa reunião é na Bengala, logo é melhor falarmos em bengali. Não sei falar sânscrito como os paŠ�itas das províncias ocidentais.”

Todos perceberam, observando as atitudes de ambos, que C™�€maŠi começava a demonstrar medo de debater com Vai�Šava d€sa. Todos, então, pediram a Vai�Šava d€sa para falar em bengali, ao que ele concordou.

C™�€maŠi levantou a primeira objeção perguntando: “Acaso j€ti, ou casta, é nitya (invariável)? Acaso os hindus e os muçulmanos não são de castas distintas? Não é verdade que os hindus se tornam caídos por manterem contato com

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os muçulmanos?”Vai�Šava d€sa B€b€j… respondeu: “Segundo o ny€ya-

�€stra, j€ti (termo que se refere à raça, casta ou espécies) é invariável. No entanto, o termo j€ti-bheda (distinção entre castas) ali mencionado não se refere à diferença de casta entre seres humanos nascidos em países diferentes. Este termo refere-se à diferença de espécies, como a que existe entre vacas, cabras e seres humanos.”

C™�€maŠi disse: “Sim, o que você diz é verdade. Mas acaso isto significa que não há j€ti-bheda (distinção de casta) entre hindus e muçulmanos?”

Vai�Šava d€sa disse: “Sim, há uma distinção entre as castas, mas este tipo de j€ti não é eterno. Os seres humanos têm apenas uma j€ti, que neste caso quer dizer ‘espécie’. Dentro da categoria dos seres humanos, foram inventadas diversas j€tis, ou castas, com base nas diferenças de língua, país, estilos de vestuário e cor da pele.”

C™�€maŠi: Não há diferença quanto ao nascimento? Ou será que a diferença entre hindus e muçulmanos con-siste em nada mais que a variação de vestuário e outras coi-sas do gênero?

Vai�Šava d€sa: As j…vas nascem em varŠas, ou castas, superiores ou inferiores de acordo com seu karma anterior e, em congruência com seus varŠas, são aptas para diferentes tipos de trabalho. Br€hmaŠas, k�atriyas, vai�yas e �™dras são os quatro varŠas. Todos os demais são antyaja, isto é, têm nascimento inferior e estão fora do sistema de castas.

C™�€maŠi: Os muçulmanos não estão fora do siste-ma de castas?

Vai�Šava d€sa: Sim, segundo o �€stra, eles estão fora da jurisdição dos quatro varŠas (antyaja).

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C™�€maŠi: Como, então, podem os muçulmanos se-rem Vai�Šavas e como podem Vai�Šavas respeitáveis man-ter-se na associação deles?

Vai�Šava d€sa: Vai�Šava é todo aquele que tem bhakti pura, e todos os seres humanos são candidatos ao vai�Šava-dharma. Os muçulmanos não são aptos a cumprir os deveres prescritos para os diferentes varŠas no sistema varŠa�rama, porque seu nascimento os desqualificam. No entanto, eles têm todo o direito de participar das práticas de bhakti. Só poderá dizer que conhece o verdadeiro signi-ficado dos �€stras quem antes tiver examinado minuciosa-mente as diferenças sutis entre karma-k€Š�a, jñ€na-k€Š�a e bhakti-k€Š�a.

C™�€maŠi: Muito bem, quando alguém cumpre seu karma prescrito, seu coração aos poucos se purifica de modo que se torne apto para jñ€na. Entre os jñ€nis, alguns são nirbheda-brahmav€dis, defensores do indiferenciado brah-ma impessoal, ao passo que outros são Vai�Šavas, os quais aceitam a forma pessoal de Bhagav€n dotada de atributos transcendentais (savi�e�a-v€da). Segundo esta progressão, não é possível tornar-se um Vai�Šava sem primeiro concluir a aptidão para karma. Se os muçulmanos não são aptos se-quer para cumprir o karma prescrito dentro do sistema de varŠas, porque estão fora do sistema de castas, então como eles podem desenvolver aptidão para bhakti?

Vai�Šava d€sa: Os seres humanos fora do sistema de castas têm todo o direito de praticar bhakti. Todos os �€stras aceitam isto e o próprio Bhagav€n o declara na ®r…mad Bhagavad-G…t€ (9.32):

mam hi p€rtha vyap€�r…tya ye’pi syuƒ p€pa-yonayaƒstriyo vai�yas tath€ �™dr€s te’pi y€nti par€ˆ gatim

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‘Ó P€rtha, mulheres, vai�yas, �™dras e pessoas de nascimento inferior nascidas em famílias pecamino-sas podem atingir o destino supremo ao se abrigar em Mim.’ Neste contexto, a palavra a�r…tya, abrigando-se, re-

fere-se a bhakti. Isto vem corroborado no Skanda Pur€Ša, K€�…-khaŠ�a (21.63):

br€hmaŠah k�atriyo vai�yaƒ �™dro v€ yadi vetaraƒvi�Šu-bhakti-sam€yukto jñeyaƒ sarvottama� ca saƒ

Citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.106)

‘Quer alguém seja br€hmaŠa, k�atriya, vai�ya, �™dra ou fora de casta, se por acaso se abrigar em vi�Šu-bhakti, é considerado superior a todos.’

É afirmado no N€rad…ya Pur€Ša:

�vapaco’pi mah…p€la vi�Šu-bhakto dvij€dhikaƒvi�Šu-bhakti-v…h…no yo yati� ca �vapac€dhikaƒ

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.87)

‘Ó rei, um devoto de ®r… Vi�Šu é melhor que um br€hmaŠa, mesmo que tenha nascido em família de comedores de carne de cachorro; por outro lado, um sanny€s… desprovido de vi�Šu-bhakti é mais de-plorável ainda que um caŠ�€la.’

C™�€maŠi: Você pode fazer muitas citações do �€stra a título de evidência, mas é importante ver qual é o prin-cípio subjacente a esta consideração. Como se pode remo-ver o defeito do nascimento degradado? É possível remover um defeito relativo a certo nascimento sem se submeter a

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outro nascimento? Vai�Šava d€sa: O defeito de um nascimento degrada-

do é resultado de pr€rabdha-karma, atividades anteriores que passaram a frutificar nesta vida. Este pr€rabdha-karma pode ser destruído pela recitação do nome de Bhagav€n. A prova disto é apresentada no ®r…mad-Bh€gavatam (6.16.44):

yan-n€ma sak�c chravaŠ€t pukka�o’pi vimucyate saˆs€r€t

‘Mesmo um comedor de carne de cachorro de nasci-mento inferior pode salvar-se da existência material pelo simples fato de ouvir o Seu santo nome uma só vez.’

Também é afirmado no ®r…mad-Bh€gavatam (6.2. 46):

n€taƒ paraˆ karma-nibandha-k�ntanaˆmumuk�at€ˆ t…rtha-pad€nuk…rtan€tna yat punaƒ karmasu sajjate mano

rajas-tamobhy€m kalilaˆ tato’nyath€

‘Aqueles que desejam libertar-se do cativeiro da existência material não têm outro meio de erradi-car o pecado exceto pelo cantar dos santos nomes de Bhagav€n, que santifica inclusive os lugares sa-grados pelo simples toque de Seus pés de lótus. O motivo disto é que a mente de quem pratica n€ma-sa‰k…rtana não volta a se apegar a karma, ao passo que a mente de quem pratica qualquer outro tipo de expiação fica outra vez contaminada pelas qualida-des materiais da paixão e ignorância, já que as ten-dências a cometer pecado não foram destruídas pela raiz.’

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aho bata �vapaco’to gar…y€nyaj-jihv€gre vartate n€ma tubhyamtepus tapas te juhuvuƒ sasnur €ry€brahm€n™cur n€ma g�Šanti ye te

‘Oh! O que mais se pode dizer sobre a grandeza de quem canta o santo nome de ®r… Hari? Uma pessoa cuja língua recita os Seus santos nomes é superior a todos, mesmo que tenha nascido em família de co-medores de carne de cachorro. Seu status brahmíni-co já vem consolidado de seu nascimento anterior. Aquelas j…vas afortunadas que cantam �r…-hari-n€ma já se submeteram a austeridades, realizaram sacrifí-cios de fogo, banharam-se nos lugares sagrados, se-guiram as regras da conduta correta e estudaram os Vedas meticulosamente.’

C™�€maŠi: Então, por que é que um caŠ�€la que canta hari-n€ma é impedido de executar yajñas e outras ati-vidades brahmínicas?

Vai�Šava d€sa: É preciso nascer em família de br€hmaŠas para realizar yajñas e outras atividades do gê-nero. Mesmo alguém nascido em família de br€hmaŠas precisa purificar-se por meio da cerimônia de aceitação do cordão sagrado antes de se qualificar para cumprir os deveres de um br€hmaŠa. De forma semelhante, mesmo um caŠ�€la que tenha se purificado ao adotar hari-n€ma só estará apto para realizar yajñas quando adquirir nascimento seminal em família de br€hmaŠas. Todavia, ele poderá pra-ticar os a‰gas (processos) de bhakti, os quais são infinita-mente superiores aos yajñas.

C™�€maŠi: Que espécie de conclusão é esta? Como pode uma pessoa desqualificada para um privilégio co-

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mum ser qualificada para algo que é muito superior? Existe alguma evidência conclusiva a este respeito?

Vai�Šava d€sa: Há dois tipos de atividades huma-nas: atividades materiais relativas à existência prática (vy€vah€rika) e atividades espirituais relativas à verdade transcendental (param€rthika). Mesmo que uma pessoa tenha conquistado qualificação espiritual, isto não a qualifi-ca necessariamente para atividades materiais em particular. Por exemplo, alguém que seja muçulmano de nascimen-to pode ter adquirido a natureza e todas as qualidades de um br€hmaŠa, sendo por isso um br€hmaŠa do ponto de vista espiritual. Ainda assim, permanece inapto para certas atividades materiais, tais como casar-se com a filha de um br€hmaŠa.

C™�€maŠi: E por quê? O que há de errado se ele fizer isto?

Vai�Šava d€sa: Quem viola os costumes sociais é culpado de vy€vah€rika-do�a, improbidade secular e, os membros da sociedade que se orgulham de sua respeitabili-dade social não toleram semelhantes atividades. É por este motivo que ninguém deve realizá-las, mesmo que seja qua-lificado espiritualmente.

C™�€maŠi: Diga-me, por favor: qual é a causa da ap-tidão para karma e qual é a causa da aptidão para bhakti?

Vai�Šava d€sa: Tat-tat-karma-yogya-svabh€va-janma – a natureza, o nascimento e outras tais causas vy€vah€rika (práticas) que nos tornam adequados para um tipo específico de trabalho são as fontes de aptidão para karma. A fonte de aptidão para bhakti é t€ttvika-�raddh€, a fé que é fixa na Verdade Absoluta.

C™�€maŠi: Não tente me intimidar com a linguagem do Ved€nta. Explique direito o que você quer dizer com

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tat-tat-karma-yogya-svabh€va.Vai�Šava d€sa: As qualidades encontradas na natu-

reza de um br€hmaŠa são: �ama (controle dos sentidos), dama (controle da mente), tapaƒ (austeridade), �auca (pu-reza), santo�a (satisfação), k�am€ (perdão), saralat€ (sim-plicidade), i�a-bhakti (devoção a Bhagav€n), day€ (mise-ricórdia) e satya (veracidade). As qualidades naturais de um k�atriya são: teja (coragem), bala (força física), dh�ti (decisão), �aurya (heroísmo), titik�€ (tolerância), ud€rat€ (magnanimidade), udyama (perseverança), dh…rat€ (gravi-dade), brahmaŠyat€ (devoção aos br€hmaŠas) e ai�varya (opulência). As qualidades que caracterizam os vai�yas são: €stikya (teísmo), d€na (caridade), ni�˜h€ (fé), ad€mbhikat€ (ausência de orgulho) e artha-t��Š€ (avidez por acumular riqueza). As qualidades naturais de um �™dra são: dvija-go-deva-sev€ (serviço aos br€hmaŠas, vacas e deidades celestiais) e yath€-l€bha-santo�a (satisfação com o que quer que se obtenha). As qualidades na natureza de um an-tyaja (fora de casta) são a�aucam (falta de higiene), mithy€ (desonestidade), caurya (ladroagem), n€stikat€ (ateísmo), v�th€ kalaha (desavença fútil), k€ma (luxúria), krodha (ira) e indriya-t��Š€ (anseio por satisfazer os sentidos).

Segundo prescrevem os �€stras, o varŠa de cada um deve ser determinado conforme estas diferentes naturezas. Determinar o varŠa com base apenas no nascimento é uma prática recente. Tanto a inclinação de um indivíduo a um certo tipo de trabalho quanto sua perícia no mesmo, relacio-nam-se a estas naturezas. Cada natureza dá origem a uma inclinação e gosto por determinadas atividades. A nature-za em particular (svabh€va) é conhecida como estando de acordo com tipos específicos de trabalho (tat-tat-karma-yo-gya-svabh€va).

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Em alguns casos, o nascimento é o fator proeminente ao se verificar a natureza de uma pessoa, e em outros, a associação é o fator principal. A natureza de uma pessoa é formada pela associação a qual começa com o nascimento – assim então, o nascimento é, sem dúvida, uma causa que determina o desenvolvimento da natureza. De fato, embora a natureza se desenvolva desde o momento do nascimento, isto não quer dizer que o nascimento seja a única causa da natureza e da aptidão para um tipo de trabalho em particu-lar. É um grande erro pensar assim, pois há muitas outras causas. Portanto, conforme prescrevem os �€stras, é preciso estudar a natureza de uma pessoa ao se avaliar sua aptidão para o trabalho.

C™�€maŠi: Que quer dizer tattvika-�raddh€ (fé na Verdade Absoluta)?

Vai�Šava d€sa: Tattvika-�raddh€ é a fé pura de cora-ção em Bhagav€n, a qual dá origem a uma tentativa espontâ-nea de alcançá-Lo. Atattvika-�raddh€ (fé irreal) é aquela baseada numa concepção errônea de Bhagav€n. Tal fé, não apenas surge no coração impuro de quem se envolve em atividades mundanas, como também provoca esforços ego-ístas enraizados em orgulho, prestígio e desejos mundanos. Conforme descrevem alguns mah€janas, tattvika-�raddh€ é �€str…ya-�raddh€, fé nos �€stras. É esta tattvika-�raddh€ que é a causa da aptidão para bhakti.

C™�€maŠi: Admitindo que certas pessoas desenvol-veram fé nos �€stras, embora a natureza delas não sejam elevadas, tais pessoas também são aptas para bhakti?

Vai�Šava d€sa: ®raddh€ é a única causa de apti-dão para bhakti. A natureza é a causa de aptidão para kar-ma, mas não para bhakti. Isto se afirma nitidamente nos seguintes �lokas do ®r…mad-Bh€gavatam (11.20.27-28):

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j€ta-�raddho mat-kath€su nirviŠŠaƒ sarva-karmasuveda duƒkh€tmak€n k€m€n parity€ge´py an…�varaƒtato bhajeta m€ˆ pr…taƒ �raddh€lur d��ha-ni�cayaƒ

ju�am€Ša� ca t€n k€m€n duƒkhodark€ˆ� ca garhayan

‘Um s€dhaka que tenha desenvolvido fé nas nar-rações sobre Mim e que esteja desgostoso de toda espécie de atividade fruitiva, poderá mesmo assim não conseguir abandonar o gozo material e o desejo de ter semelhante gozo. Sabendo que tais prazeres falsos são na realidade fontes de miséria, ele deve condenar-se a si mesmo enquanto tenta desfrutá-los. Então, no momento oportuno, ele conseguirá adorar-Me com amor, fé e determinação fixa.’

proktena bhakti-yogena bhajato m€´sak�n muneƒk€m€ h�dayy€ na�yanti sarve mayi h�di sthite

bhidyate h�daya-granthi� chidyante sarva-saˆ�ayaƒk�…yante c€sya karm€Ši mayi d��˜e´khil€tmani

®r…mad-Bh€gavatam (11.20.29-30)

‘Quando o s€dhaka Me adora constantemente pelo método de bhakti-yoga descrito por Mim, Eu venho e sento em seu coração. Tão logo Eu Me estabele-ço ali, são destruídos todos os desejos materiais e saˆsk€ras (impressões) nos quais se baseiam estes desejos. Quando o s€dhaka diretamente Me vê como Param€tm€ situado nos corações de todas as entida-des vivas, o nó do falso ego em seu coração é rompi-do, todas as suas dúvidas se dissipam e seus desejos de realizar atividades fruitivas são erradicados por completo.’

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yat karmabhir yat tapas€ jñ€na-vair€gyata� ca yatyogena d€na-dharmeŠa �reyobhir itarair api

sarvaˆ mad-bhakti-yogena mad-bhakto labhate´ñjas€svarg€pavargaˆ mad-dh€ma kathañcid yadi v€ñchati

®r…mad-Bh€gavatam (11.20.32-33)

‘Quaisquer resultados obteníveis com muita difi-culdade por meio de atividades fruitivas, austeri-dade, conhecimento, renúncia, prática de yoga, ca-ridade, deveres religiosos e todos os demais tipos de auspiciosidade de s€dhana – tudo isso os Meus bhaktas conseguem facilmente pelo poder de bhakti-yoga. Apesar de serem isentos de toda am-bição, Meus bhaktas poderiam facilmente promover-se aos planetas celestiais, ou atingir a liberação, ou residir em VaikuŠ˜ha se de algum modo desejassem tais coisas.’

Este é o desenvolvimento sistemático de bhakti-yoga que surge de �raddh€.

C™�€maŠi: E se eu não aceitar a autoridade do ®r…mad-Bh€gavatam?

Vai�Šava d€sa: Mas esta é a conclusão de todos os �€stras. Se você não aceitar o Bh€gavatam, você terá pro-blemas com os outros �€stras. Não há necessidade de eu citar muitos �€stras diferentes. Basta que você considere o que é dito na Bhagavad-g…t€, a qual é aceita pelos adeptos de todos os sistemas filosóficos. De fato, todas as instruções estão presentes nos versos (�lokas) da G…t€ que você recitou ao chegar aqui (G…t€ 9.30):

api cet su-dur€c€ro bhajate m€m ananya-bh€ks€dhur eva sa mantavyaƒ samyag vyasasito hi saƒ

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‘Quando uma pessoa não tem nenhum outro objeto de devoção além Mim e sua fé é, portanto, exclu-sivamente dedicada a Mim, ele permanece absor-to em Me adorar, ouvindo hari-kath€ e cantando hari-n€ma. Semelhante pessoa adotou o caminho dos s€dhus, devendo, portanto, ser considerada um s€dhu, mesmo que se comporte de forma contrária ao caminho de karma devido a uma natureza abominável e depravada.’

Isto significa que o sistema de varŠa�rama pertencen-te ao karma-k€Š�a é um tipo de caminho; já o processo de conhecimento e renúncia pertencente ao jñ€na-k€Š�a é um segundo tipo de caminho; e a fé em hari-kath€ e hari-n€ma que se desdobra em sat-sa‰ga é um terceiro tipo de caminho. Às vezes, estes três caminhos são considerados, juntos, como um sistema de yoga único, identificado como karma-yoga, como jñ€na-yoga ou como bhakti-yoga, e às vezes são praticados como sistemas separados. Os pratican-tes destes três sistemas são conhecidos como karma-yog…s, jñ€na-yog…s e bhakti-yog…s. Dentre todos eles, os bhakti-yog…s são os melhores, isto porque a bhakti-yoga é dotada de auspiciosidade ilimitada e sua supremacia é sem parale-lo. A afirmação da G…t€ (6.47) apóia esta conclusão:

yogin€m api sarve�€ˆ mad-gaten€ntar€tman€�radd€v€n bhajate yo m€ˆ sa me yuktatamo mataƒ

‘Ó Arjuna, de todos os yog…s, Eu considero como o mais elevado aquele que Me adora constantemente com muita fé, tendo a mente profundamente absorta em apego amoroso a Mim.’

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178 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 6

A G…t€ (9.31-32) explica ainda:

k�ipraˆ bhavati dharm€tm€ �a�vac-ch€ntiˆ nigacchatikaunteya pratij€n…hi na me bhaktaƒ praŠa�yati

m€ˆ hi p€rtha vyap€�ritya ye´pi syuƒ p€pa-yonayaƒstriyo vai�y€s tath€ �™dr€s te´pi y€nti par€ˆ gatim

‘É essencial que você entenda com clareza o signi-ficado do �loka, k�ipraˆ bhavati dharm€tm€. Pes-soas fiéis que tenham adotado o caminho de ananya-bhakti, devoção exclusiva, purificam-se rapidamente de todas as faltas em sua natureza e comportamen-to. Dharma com certeza segue aonde quer que haja bhakti, porque Bhagav€n é a raiz de todo dharma, Ele é facilmente conquistado por bhakti. Assim que Bhagav€n Se estabelece no coração, m€y€, que ata as j…vas à ilusão, dissipa-se de imediato. Não há ne-cessidade de nenhum outro método de s€dhana. Tão logo alguém se torne bhakta, dharma aparece e faz o coração deste bhakta virtuoso. Quando todos os desejos de gozo mundano dos sentidos forem dis-sipados, a paz impregna o coração. É por isso que ®r… K��Ša promete: ‘Meu bhakta jamais perecerá’. Os karm…s e jñan…s podem cair vítimas de má asso-ciação enquanto praticam seu s€dhana, porque são independentes; mas os bhaktas não caem, porque a influência da presença de Bhagav€n os salva da má associação. O bhakta tem o destino supremo ao seu alcance, quer nasça em família pecaminosa, quer no lar de um br€hmaŠa.’

C™�€maŠi: Ouça-me, a prescrição encontrada em nossos �€stras, segundo a qual a casta é determinada por nascimento, parece-me ser superior. Quem nasceu em

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família de br€hmaŠas chega à plataforma do conhecimento por meio da prática regular de sandhy€-vandan€, e final-mente está destinado a obter liberação. Ainda não entendi como �raddh€ se desenvolve. A Bhagavad-g…t€ e o ®r…mad-Bh€gavatam explicam que bhakti surge de �raddh€, mas eu gostaria de saber com clareza o que a j…va deve fazer para alcançar esta �raddh€.

Vai�Šava d€sa: ®raddh€ é o nitya-svabh€va (natu-reza eterna) da j…va, mas a fé no cumprimento dos deve-res varŠa�rama não surge desta natureza eterna; surge, isto sim, do naimittika-svabh€va (a natureza circunstancial ou temporária). Está dito na Ch€ndogya Upani�ad (7.19.1):

yad€ vai �raddadh€ty atha mamute, n€�raddadhan manute,

�raddadhad eva manute, �raddh€ tv eva vijijñ€sitavyeti�raddh€ˆ bhagavo vijijñ€sa iti

Sanat-kum€ra disse: ‘A pessoa que desenvolve �raddh€ pode pensar sobre um assunto e entendê-lo, ao passo que sem �raddh€ não se pode fazê-lo. De fato, somente alguém que tenha �raddh€ pode re-fletir a respeito de algo. Portanto, você deve fazer indagações minuciosas sobre �raddh€.’ N€rada dis-se: ‘Ó Mestre, desejo saber todos os detalhes desta �raddh€.’

Segundo explicam alguns daqueles que são versados nas conclusões dos �€stras, a palavra �raddh€ significa ter fé nos Vedas e nas palavras de �r…-guru. Embora este si-gnificado não esteja errado, ele não está de todo claro. Em nossa samprad€ya, dá-se o seguinte significado a palavra �raddh€:

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180 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 6

�raddh€ tv anyop€ya-varjaˆ bhakty-unmukh… citta-v�tti-vi�e�aƒ

‘®raddh€ é a função característica do coração que se esforça apenas para bhakti, a qual está totalmente desprovida de karma e jñ€na e que nada deseja além do prazer exclusivo de K��Ša.’ (šmn€ya-s™tra 57)

Quando o s€dhaka ouve regularmente as instruções dos s€dhus na associação de �uddha-bhaktas, surge uma convicção em seu coração de que ele não poderá atingir seu bem-estar eterno pelos métodos de karma, jñ€na, yoga e assim por diante, e que não terá a menor garantia de sucesso a menos que busque abrigo exclusivo aos pés de lótus de ®r… Hari. Quando esta convicção aparece, pode-se entender que �raddh€ surgiu no coração do s€dhaka. A natureza de �raddh€ é descrita como segue:

s€ ca �araŠ€patti-lak�aŠ€

‘®raddh€ é caracterizada por um sintoma externo conhecido como �araŠ€gati, rendição a ®r… Hari.’

(šmn€ya-s™tra 58)

As palavras a seguir descrevem �araŠ€gati:

€nuk™lyasya sa‰kalpaƒ pr€tik™lyasya varjanaˆrak�i�yat…ti vi�v€so gopt�tve varaŠaˆ tatth€

€tma-nik�epa-k€rpaŠye �a�-vidh€ �araŠ€gatiƒHari-bhakti-vil€sa (11.47)

‘Existem seis sintomas de auto-entrega. Os dois pri-meiros são €nuk™lyasya sa‰kalpa e pr€tik™lyasya

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varjanam: ‘Farei apenas aquilo que for favorável à bhakti pura e rejeitarei tudo o que for desfavorável.’ Isto se chama sa‰kalpa ou pratijña, voto solene. O ter-ceiro sintoma é rak�i�yat…ti vi�v€so, fé em Bhagav€n como nosso protetor: ‘Bhagav€n é o meu único pro-tetor. Não há absolutamente benefício algum que eu possa obter de jñ€na, yoga e outras práticas seme-lhantes.’ Esta é uma expressão de confiança (vi�v€sa). O quarto sintoma, gopt�tve varaŠam, aceitação deli-berada de Bhagav€n como nosso mantenedor: ‘Não consigo obter nada, nem mesmo manter-me, por meu próprio esforço. Servirei a Bhagav€n tanto quanto me for possível e Ele irá tomar conta de mim.’ Este é o significado de dependência (nirbharat€). O quinto sintoma é €tma-nik�epa, rendição: ‘Quem sou eu? Sou dEle. Meu dever é satisfazer Seu desejo.’ Isto é submissão do eu (€tma-nivedana). A mansidão, é o sexto sintoma k€rpaŠye: ‘Sou desventurado, insi-gnificante e desprovido materialmente.’ É isto o que quer dizer humildade (k€rpanya ou dainya).’

Quando estes humores se estabelecem no coração, surge uma disposição chamada �raddh€. Uma j…va está apta para bhakti quando tem esta �raddh€, a qual é a primeira etapa no desenvolvimento do svabh€va como o das j…vas puras que são eternamente liberadas. Logo, este é o nitya-svabh€va das j…vas, ao passo que todos os demais svabh€vas são naimittika.

C™�€maŠi: Entendo. Mas você ainda não explicou como �raddh€ se desenvolve. Se �raddh€ se desenvolve a partir de sat-karma, feitos virtuosos, isto só faz fortalecer ainda mais o meu argumento, pois não é possível surgir �raddh€ sem a devida realização do sat-karma e svadharma do varŠa�rama. Os muçulmanos não praticam sat-karma,

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como podem, então, estar aptos para bhakti? Vai�Šava d€sa: É verdade que �raddh€ surge de

suk�ti (feitos piedosos). O B�han-N€radiya-Pur€Ša (4.33) afirma:

bhaktis tu bhagavad-bhakta-sa‰gena parij€yatesat-sa‰gaƒ pr€pyate puˆbhiƒ suk�taiƒ p™rva-sañcitaiƒ

‘A inclinação para bhakti desperta pelo contato com os bhaktas de Bhagav€n. A j…va alcança a associação de �uddha-bhaktas por meio do efeito acumulado de atividades espiritualmente piedosas realizadas ao longo de muitas vidas.’

Há dois tipos de suk�ti: nitya e naimittika. O suk�ti mediante o qual se obtém s€dhu-sa‰ga e bhakti é nitya suk�ti. O suk�ti mediante o qual se obtém gozo material e liberação impessoal é naimittika-suk�ti. O suk�ti gerador de frutos eternos é nitya-suk�ti. O suk�ti que produz resultados temporários, dependentes de alguma causa, é naimittika ou anitya-suk�ti.

Todas as espécies de gozo material são não-eternas por dependerem nitidamente de alguma causa. Embora muitas pessoas achem que mukti é eterna, isto se deve ape-nas ao fato delas desconhecerem a verdadeira natureza de mukti. A alma (€tm€) individual é pura (�uddha), eterna (nitya) e primordial (san€tana). A causa (nimitta) do cati-veiro da j…v€tm€ está em sua associação com m€y€. Mukti vem a ser a total dissolução deste cativeiro. Como o ato de salvar-se ou libertar-se do cativeiro é dado num mo-mento único, este ato não é por si só uma ação eterna. To-das as considerações em torno de mukti acabam tão logo

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a emancipação é alcançada – então, mukti nada mais é que a destruição de uma causa material. Portanto, já que é tão somente a negação de uma causa material temporária, mukti também é naimittika, causal e temporária.

Por outro lado, rati, ou apego, aos pés de ®r… Hari jamais termina uma vez que se instale no coração da j…va. Logo, este rati ou bhakti é nitya-dharma. Se analisarmos as práticas (a‰gas) de bhakti da maneira correta, consta-taremos não ser possível classificar nenhuma delas como naimittika. O tipo de bhakti que termina na altura em que outorga mukti nada mais é que um tipo de naimittika-karma. Já a bhakti que se faz presente antes, durante e de-pois de mukti é uma verdade distinta e eterna, e é o nitya-dharma das j…vas. Mukti é apenas um resultado irrelevante e secundário de bhakti. Afirma-se na MuŠ�aka Upani�ad (1.2.12):

par…k�ya lok€n karma-cit€n br€hmaŠonirvedam €y€n n€sty ak�taƒ k�tena

tad-vijñan€rthaˆ sa gurum ev€bhigacchetsamit-p€Šiƒ �rotriyaˆ brahma-ni�˜ham

‘Um br€hmaŠa que tenha estudado exaustivamen-te os �€stras perderá interesse na prática de karma ao examinar cuidadosamente a natureza temporária, impura e miserável de Svarga-loka e dos outros pla-netas celestiais alcançáveis pela realização de atos materiais piedosos. Isto se dá porque não se pode al-cançar o nitya-vastu, Bhagav€n, por meio de karma mundano, pois Ele está além do alcance de karma. Quem quiser adquirir conhecimento e percepção ver-dadeiros dessa eterna Pessoa Suprema deverá encon-trar um guru qualificado que seja versado nos Vedas,

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que esteja firmemente estabelecido no serviço a Bhagav€n e que conheça a Verdade Absoluta. Deve-se, então, aproximar deste guru, trazendo lenha para acender o fogo do sacrifício e, render-se a ele de cor-po, mente e palavras, com fé e humildade. ’

Karma, yoga e jñ€na produzem todos naimitti-ka-suk�ti. Bhakta-sa‰ga, a associação dos bhaktas, e bhakti-kriy€-sa‰ga, o contato com atos de devoção, pro-duzem nitya-suk�ti. Somente aquele que acumulou nitya-suk�ti ao longo de muitas vidas desenvolverá �raddh€. Em-bora produza muitos resultados diferentes, naimittika-suk�ti não levará ao desenvolvimento da fé em bhakti pura.

C™�€maŠi: Por favor, explique-me com clareza o que você quer dizer com bhakta-sa‰ga e bhakti-kriy€-sa‰ga (contato com atos de devoção). De que tipo de suk�ti eles surgem?

Vai�Šava d€sa: Bhakta-sa‰ga significa conver-sar com �uddha-bhaktas, serví-los e ouvir seus discursos. ®uddha-bhaktas realizam atividades de bhakti, tais como o canto congregacional de ®r…-n€ma em público. A participa-ção nestas atividades ou realizá-las por conta própria cha-ma-se bhakti-kriy€-sa‰ga (contato com atos de devoção).

Nos �€stras, atividades tais como limpar o templo de ®r… Hari, oferecer uma lamparina a Tulas… e observar Hari-v€sara (Ek€da�…, Janm€�˜ami, R€ma-navam… e outros dias festivos semelhantes) chamam-se bhakti-kriy€. Mesmo que alguém as realize por acaso ou sem �raddh€ pura, elas ainda assim criam bhakti-po�aka suk�ti, virtude que nutre a de-voção. Quando este suk�ti adquirir força depois de muitas vidas, desenvolve-se �raddh€ em s€dhu-sa‰ga e em ana-nya-bhakti (devoção exclusiva).

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É preciso reconhecer que cada vastu (substância) tem alguma potência em particular, conhecida como vastu-�akti, a potência inerente àquela substância. A potência necessária para nutrir bhakti só é encontrada no âmbito das atividades de bhakti. Se mesmo quando realizadas com indiferença estas atividades produzem suk�ti, imagine a potência delas ao serem executadas com fé. O Prabh€sa-khaŠ�a, citado no Hari-bhakti-vil€sa (11.451), expressa este fato como segue:

madhur-madhuram etan ma‰galaˆ ma‰gal€n€ˆsakala-nigama-vall…-sat-phalaˆ cit-svar™paˆ

sak�d api parig…taˆ �raddhay€ helay€ v€bh�gu-vara nara-m€traˆ t€rayet k��Ša-n€ma

‘®r…-k��Ša n€ma é a mais doce entre todas as coisas que são doces, ocupando a posição suprema entre tudo o que seja auspicioso. É o fruto espiritual eterno e plenamente maduro da árvore dos desejos dos Vedas. Ó melhor dos Bh�gus, �r…-k��Ša n€ma conce-de libertação imediata do oceano da existência mate-rial a qualquer pessoa que o cante inofensivamente mesmo que uma só vez, com fé ou indiferença.’

Deste modo, todos os tipos de suk�ti que nutrem bhakti são nitya-suk�ti. Quando este tipo de suk�ti fortalece, a pessoa gradualmente desenvolve �raddh€ em ananya-bhakti (bhakti pura) e ela alcança s€dhu-sa‰ga. Ter nascido em família muçulmana é resultado de naimittika-du�k�ti, atos ímpios temporários, enquanto que fé em ananya-bhakti é resultado de nitya-suk�ti, atos piedosos eternos. O que há de surpreendente nisto?

C™�€maŠi: Foi isto que eu quis dizer com minha

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pergunta anterior. Se há algo tal como bhakti-po�aka-suk�ti (virtude que nutre a devoção), na certa surge algum outro tipo de suk�ti. Porém, os muçulmanos não têm nenhum outro tipo de suk�ti, tampouco é possível que eles tenham bhakti-po�aka-suk�ti.

Vai�Šava d€sa: Isto não é verdade. Por serem classi-ficados separadamente, nitya-suk�ti e naimittika-suk�ti não dependem um do outro. Certa vez, havia um caçador pe-caminoso que, apesar de ter realizado muitos atos ímpios, calhou de passar toda a noite de ®iva-r€tri acordado e je-juando. Devido ao nitya-suk�ti por ele acumulado naque-la ocasião, ele desenvolveu aptidão para hari-bhakti. Con-forme diz o ®r…mad-Bh€gavatam (12.13.16), vai�Šav€n€ˆ yath€ �ambhuƒ: ‘Entre os Vai�Šavas, ®ivaj… é o melhor.’ Esta afirmação dá a entender que Mah€deva é o mais adorável dos Vai�Šavas, motivo pelo qual obtém-se hari-bhakti ao se observar um voto para agradá-lo.

C™�€maŠi: Você quer dizer, então, que nitya-suk�ti acontece por acaso?

Vai�Šava d€sa: De alguma maneira tudo acontece por acaso. Isto também se aplica ao caminho de karma. De-vido a que circunstância a j…va entrou a princípio no ciclo de karma? Poderia ser devido a qualquer outra razão além do acaso? Os filósofos mim€ˆsa descrevem karma como an€di (algo sem um começo), mas, na verdade, karma tem raiz. O acaso que faz vigorar o karma original de alguém é a indiferença a Bhagav€n (bhagavad-vimukhat€).

De forma semelhante, nitya-suk�ti também parece ser um acontecimento casual. A ®vet€�vatara Upani�ad (4.7) diz:

sam€ne v�k�e puru�o nimagno hy´ani�ay€ muhyam€naƒ ju�˜aˆ yad€ pa�yaty anyam …�am asya mahim€nam eti

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ta-�okaƒ

‘Tanto a j…va quanto o Param€tm€ habitam a mesma árvore, a saber, o corpo material. A j…va, por estar a-pegada ao gozo material dos sentidos, está submersa no conceito corpóreo de vida. Desnorteada por m€y€ e sem conseguir encontrar nenhum meio de salvação, ela se lamenta. No entanto, pela influência do suk�ti adquirido ao longo de muitas vidas, ela alcança a misericórdia de Ÿ�vara ou a de Seus �uddha-bhaktas. Neste momento, ela verá em seu coração que há um segundo indivíduo na árvore de seu corpo. Este indi-víduo é Ÿ�vara, servido eternamente por Seus bhaktas puros. Ao testemunhar as glórias incomuns de ®r… K��Ša, a j…va livra-se de toda lamentação.’

No ®r…mad-Bh€gavatam (10.51.53) está dito:

bhav€pavargo bhramato yad€ bhavejjanasya tarhy acyuta sat-sam€gamaƒsat-sa‰gamo yarhi tadaiva sad-gatau

par€vare�e tvayi j€yate ratiƒ

‘Ó ®r… Acyuta, você está situado eternamente em Sua forma espiritual original. A j…va vem divagando no ciclo de nascimentos e mortes desde tempos imemo-riais. Quando se aproxima o momento dela se libertar deste ciclo, ela obtém sat-sa‰ga, através do qual a-pega-se firmemente a Você, ®r… Acyuta, que é a meta suprema de aquisição para os s€dhus e o controlador tanto do espírito quanto da matéria.’

E também afirma em (3.25.25):

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sat€ˆ prasa‰g€n mama v…rya-samvidobhavanti h�t-karŠa-ras€yaŠ€ƒ kath€ƒtaj-jo�aŠ€d €�v apavarga-vartmani�raddh€ ratir bhaktir anukrami�yati

‘Na associação de �uddha-bhaktas, a recitação e a discussão sobre Minhas gloriosas atividades e pas-satempos são agradáveis para o coração e ouvidos. Quem cultiva conhecimento desta maneira afirma-se no caminho da liberação e, progressivamente, alcan-ça �raddh€, em seguida bh€va e finalmente prema-bhakti.’

C™�€maŠi: Em sua opinião, não há diferença entre um ariano e um Yavana?

Vai�Šava d€sa: Existem dois tipos de diferenças: param€rthika, aquelas relacionadas à realidade absoluta, e vy€vah€rika, aquelas relacionadas à experiência práti-ca. Não existe diferença param€rthika entre Arianos e Yavanas, mas há uma diferença vy€vah€rika.

C™�€maŠi: Por que você insiste em mostrar repetida-mente sua verbosidade no Vedanta? O que você quer dizer com diferença vy€vah€rika entre Arianos e Yavanas?

Não considerando a insolência de C™�€maŠi, Vai�Šava d€sa respondeu: “O termo vy€vah€rika refere-se aos costu-mes mundanos. Na vida doméstica, os Yavanas são consi-derados intocáveis e, por isso a associação com eles não é apropriada do ponto de vista vy€vah€rika ou prático. Aria-nos não devem tocar em água ou alimento que tenham sido tocados por um Yavana. O corpo de um Yavana é insigni-ficante e intocável por causa de seu nascimento desventu-rado.”

C™�€maŠi: Então, como é possível que não haja

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diferença entre Arianos e Yavanas do ponto de vista absolu-to? Por favor, explique-me isto com clareza.

Vai�Šava d€sa: Os �€stras afirmam isto lucidamente. Bh�gu-vara nara-m€traˆ t€rayet k��Ša-n€ma: ‘Ó melhor dos Bh�gus, �r…-k��Ša-n€ma liberta todos os homens.’ Se-gundo este �loka, os Yavanas e todos os demais seres hu-manos têm igual oportunidade de alcançar a meta suprema da vida. Aquele que é destituído de nitya-suk�ti é conheci-do como dvi-pada-pa�u, animal bípede, por não ter fé em k��Ša-n€ma. Alguém assim carece de qualidades huma-nas, apesar de ter nascido como ser humano. Está dito no Mah€bh€rata:

mah€pras€de govinde n€ma-brahmaŠi vai�Šavesvalpa-puŠyavat€ˆ r€jan vi�v€so naiva j€yate

‘Ó rei, aquele cujos feitos piedosos passados são mui-to escassos não consegue ter fé em mah€pras€da, em ®r… Govinda, em �r…-k��Ša-n€ma ou nos Vai�Šavas.’

Nitya-suk�ti é o grande suk�ti que purifica a j…va. Já naimittika-suk�ti é um tipo de suk�ti insignificante que carece do poder de despertar �raddh€ em objetos trans-cendentais. Neste mundo material, quatro são os objetos transcendentais que despertam a consciência espiritual: mah€pras€da, K��Ša, k��Ša-n€ma e os Vai�Šavas.

C™�€maŠi sorriu ligeiramente desta afirmação. Disse ele: “Que espécie de ideia estranha é esta? Isto nada mais é que o fanatismo dos Vai�Šavas.Como é possível que arroz, dahl e vegetais sejam cinmaya, espirituais? Não há nada que vocês, Vai�Šavas, sejam incapazes de fazer!”

Vai�Šava d€sa: Seja lá o que você fizer, por favor,

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peço-lhe humildemente que não critique os Vai�Šavas. Numa discussão, devemos argumentar contra os pontos em questão. De que adianta ridicularizar os Vai�Šavas? Neste mundo material, a mah€pras€da é o único alimento digno de ser aceito, porque promove nossa consciência espiritu-al e dissolve nossa natureza materialista. Portanto, a ®r… Ÿ�opani�ad (1) diz:

…�€v€syam idaˆ sarvaˆ yat kiñca jagaty€ˆ jagattena tyaktena bhuñj…th€ m€ g�dhaƒ kasyasvid dhanam

‘Tudo que é animado e inanimado neste universo está situado em Ÿ�vara, e é permeado por Ele. Por isso, com atitude de desapego, a pessoa deve aceitar ape-nas aquilo que é necessário para a própria manuten-ção, considerando todas as coisas como remanentes de Ÿ�vara. Ninguém deve se apegar à riqueza alheia e considerar a sim mesmo como o desfrutador.’

Tudo quanto existe no universo está vinculado à potên-cia de Bhagav€n. Todo aquele que entender como tudo está relacionado à cit-�akti, potência espiritual, de Bhagav€n, deixará de lado a mentalidade mundana de desfrute. Uma j…va introspectiva não poderá se degradar se aceitar apenas aquelas coisas mundanas que forem necessárias para a ma-nutenção de seu corpo, considerando-as como remanentes de Bhagav€n; ao contrário, sua inclinação para a consciên-cia espiritual despertará. Os remanentes de alimento e ou-tros artigos oferecidos a Bhagav€n são conhecidos como mah€pras€da. É um grande infortúnio o seu por não ter fé nesses objetos extraordinários.

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C™�€maŠi: Deixemos este assunto de lado e volte-mos ao ponto original de nossa discussão. Qual é o compor-tamento adequado entre os Yavanas e vocês?

Vai�Šava d€sa: Enquanto alguém permanecer Yava-na, nós nos manteremos indiferentes a ele. Contudo, quan-do alguém que antes era um Yavana se torna um Vai�Šava pela influência de nitya-suk�ti, deixamos de considerá-lo um Yavana. Isto fica bem claro na seguinte declaração do Padma Pur€Ša:

�™draˆ v€ bhagavad-bhaktaˆ ni�€daˆ �vapacaˆ tath€v…k�ate j€ti-s€m€ny€t sa y€ti narakaˆ dhruvam

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.119)

‘Se alguém considerar um devoto de Bhagav€n como sendo membro da mais baixa das quatro ca-stas (�™dra), membro de uma tribo aborígene de ca-çadores (ni�€da) ou um pária comedor de carne de cachorro (�vapaca), pelo simples fato do devoto ter nascido em semelhantes famílias, com certeza estará destinado ao inferno.’

O Itih€sa-samuccaya também diz:

na me priyas´catur-vedi mad-bhaktaƒ �vapacaƒ priyaƒtasmai deyaˆ tato gr€hyaˆ sa ca p™jyo yath€ hy aham

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.127)

‘Um br€hmaŠa que tenha estudado os quatro Vedas mas não tem bhakti, não Me é querido, ao passo que Meu bhakta Me é muito querido, mesmo que tenha nascido em família de comedores de carne de cachor-ro. Semelhante bhakta é digno de receber caridade

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e tudo o que ele oferecer deve ser aceito. De fato, ele é tão adorável quanto Eu o sou.’

C™�€maŠi: Entendo. Então, um g�hastha Vai�Šava pode estabelecer um laço matrimonial com alguém de família Yavana?

Vai�Šava d€sa: Do ponto de vista geral, um Yava-na permanece Yavana aos olhos da população em geral até abandonar o corpo. Porém, do ponto de vista absoluto, ele deixará de ser considerado Yavana tão logo atinja bhakti. O matrimônio é um dos dez tipos de ritos sociais (sm€rta-karma). Se um g�hastha Vai�Šava for Ariano, isto é, se esti-ver incluído nos quatro varŠas, deverá casar-se apenas com alguém de seu próprio varŠa.

Muito embora os deveres religiosos ligados às quatro castas sejam de natureza naimittika, mesmo assim são reco-mendados para a manutenção da vida doméstica. Ninguém pode tornar-se Vai�Šava pelo simples fato de abandonar os costumes sociais dos quatro varŠas. Os Vai�Šavas devem adotar tudo o que seja favorável para bhakti. Só poderá abandonar os deveres dos varŠas quem se habilitar a fazê-lo por meio do desapego genuíno. É nestas condições que al-guém pode abandonar os deveres dos quatro varŠas e tudo associado a eles.

O varŠa-dharma que se torna desfavorável a bhajana pode ser abandonado facilmente. De modo semelhante, um Yavana que tenha despertado sua fé em bhakti tem o direito de abandonar a associação da comunidade Yavana se esta for desfavorável ao bhajana. Suponha que um Vai�Šava seja um Ariano qualificado para abandonar os quatro varŠas e outro Vai�Šava seja um Yavana qualificado para deixar sua comunidade.

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Qual é, então, a diferença entre eles? Ambos dei-xaram de lado vy€vah€ra, aquilo que se relaciona à vida comum, e ambos tornaram-se irmãos no que diz respeito a param€rtha, a realidade espiritual.

No entanto, este princípio de rejeitar o varŠa-dharma não se aplica a g�hasthas Vai�Šavas. Um g�hastha Vai�Šava não deverá abandonar a sociedade doméstica, mesmo sendo ela desfavorável a bhajana, até estar inteiramente qualifica-do para fazê-lo. Porém, será fácil para ele abandonar a so-ciedade mundana quando despertar em seu coração apego e afeição resolutas por aquilo que é favorável ao bhajana. Afirma-se no ®r…mad-Bh€gavatam (11.11.32):

€jñ€yaivaˆ guŠ€n do�€n may€di�˜€n api svak€ndharm€n santyajya yaƒ sarv€n m€ˆ bhajet sa tu sattamaƒ

®r… K��Ša diz: ‘Nos Vedas, prescrevi deveres para os seres humanos, explicando-lhes o que são atributos positivos e o que são defeitos. É considerado como o melhor dos s€dhus quem sabe tudo isto, mas abando-na seus deveres para adorar-Me com exclusividade, dotado da firme convicção que somente por praticar bhakti toda perfeição pode ser alcançada.’

A conclusão final da Bhagavad-g…t€ (18.66) corrobo-ra este fato:

sarva-dharm€n parityajya m€m ekaˆ �araŠaˆ vrajaahaˆ tv€ˆ sarva-p€pebhyo mok�ayi�y€mi m€ �ucaƒ

‘Abandone todas as variedades de naimittika-dhar-ma, tais como karma e jñ€na, e renda-se apenas a Mim, não se lamente. Pois Eu libertarei você de

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todas as reações pecaminosas resultantes do abando-no de seus deveres prescritos.’

Isto também é confirmado no ®r…mad-Bh€gavatam (4.29.46):

yad€ yasy€nug�hŠ€ti bhagav€n €tma-bh€vitaƒsa jah€ti matiˆ loke vede ca parini�˜hit€m

‘Bhagav€n concede Sua misericórdia a uma j…va com a qual Ele fica satisfeito em virtude de sua auto-en-trega ou por tê-Lo servido com total absorção das faculdades internas. Neste ensejo, a j…va abandona o apego a todos os costumes sociais e rituais religiosos prescritos pelos Vedas.’

C™�€maŠi: Você pode comer, beber e realizar outras atividades deste tipo com um Yavana que tenha verdadeira-mente se tornado Vai�Šava?

Vai�Šava d€sa: Um Vai�Šava renunciado que seja indiferente a todas as restrições sociais é conhecido como nirapek�a (sem quaisquer necessidades ou exigências) e pode honrar mah€pras€da com semelhante Vai�Šava. Um g�hastha Vai�Šava não pode sentar-se e comer com ele no contexto dos tratos sociais ou familiares comuns. Porém, semelhante objeção não procede quando se trata de honrar Vi�Šu ou Vai�Šava pras€da; de fato, é dever dele fazê-lo.

C™�€maŠi: Por que, então, não se permite que Yavanas Vai�Šavas adorem e sirvam às Deidades nos tem-plos Vai�Šavas?

Vai�Šava d€sa: Referir-se a um Vai�Šava como Yavana, só por ele ter nascido em família de Yavanas, é uma ofensa. Todos os Vai�Šavas têm o direito de servir a

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Krsna. Se um g�hastha Vai�Šava serve à Deidade de uma forma contrária às regras de varŠ€�rama, isto é conside-rado um erro do ponto de vista mundano. Já os Nirapek�a Vai�Šavas não precisam adorar a Deidade porque isto atra-palharia sua qualidade de serem livres de todas as exigên-cias e dependências externas (nirapek�at€). Eles mantêm-se ocupados servindo a ®r… R€dh€-Vallabha mediante o servi-ço realizado pela forma espiritual concebida internamente (manasi-seva).

C™�€maŠi: Entendo. Agora, por favor, diga-me o que você pensa sobre os br€hmaŠas.

Vai�Šava d€sa: Há dois tipos de br€hmaŠas: br€hmaŠas por natureza (svabhava-siddha) e br€hmaŠas por nascimento apenas (j€ti-siddha). Quem é um br€hmaŠa por natureza deve ser respeitado por adeptos de todos os sistemas filosóficos porque é praticamente um Vai�Šava. Quem é um br€hmaŠa apenas por nascimento merece o respeito convencional de todos, o que também é aprovado pelos Vai�Šavas. A conclusão do �€stra sobre este assunto está expressa no ®r…mad-Bh€gavatam (7.9.10):

vipr€d dvi-�a�-guŠa-yut€d aravinda-n€bha-p€d€ravinda-vimukh€t �vapacaˆ vari�˜ham

manye tad-arpita-mano-vacanehit€rtha-pr€Šaˆ pun€ti sa kulaˆ na tu bh™rim€naƒ

‘Um bhakta nascido em família de comedores de carne de cachorro, mas que dedica sua mente, pala-vras, atividades e riqueza aos pés de lótus de K��Ša é superior a um br€hmaŠa dotado de todas as doze qualidades brahmínicas mas que seja averso aos pés de lótus de ®r… Bhagav€m, cujo umbigo tem o forma-to de um lótus. Semelhante bhakta pode purificar a

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si mesmo e a toda sua família, ao passo que o br€hmaŠa envaidecido pelo falso prestígio nem se-quer consegue purificar a si mesmo. Esta é a minha opinião.’

C™�€maŠi: Se �™dras não estão aptos a estudar os Vedas, pode um �™dra que tenha se tornado Vai�Šava estu-dá-los?

Vai�Šava d€sa: Do ponto de vista absoluto, quem se torna um Vai�Šava puro atinge automaticamente o status de br€hmaŠa, seja qual for a casta a que pertença. Os Vedas dividem-se em duas seções: instruções relativas à karma, o cumprimento de deveres prescritos, e instruções relativas à tattva, a Verdade Absoluta. As pessoas qualificadas como br€hmaŠas no sentido mundano estão aptas a estudar os Vedas que promovem karma, enquanto que os br€hmaŠas por qualificação espiritual estão aptos a estudar os Vedas que promovem tattva. Vai�Šavas puros podem estudar e ensinar os Vedas que promovem a verdade espiritual, não importando em que casta tenham nascido – na prática, observa-se que eles assim o fazem. Afirma-se na B�had-€raŠyaka Upani�ad (4.4.21):

tam eva dh…ro vijñ€ya prajñ€ˆ kurv…ta br€hmaŠaƒ

‘Um br€hmaŠa é uma pessoa sóbria e iluminada espiritualmente que conhece para-brahma com mui-ta clareza e O serve por meio de prema-bhakti, a qual é uma manifestação do conhecimento mais elevado.’

A B�had-€raŠyaka Upani�ad (3.8.10) também diz:

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197Nitya-Dharma, Raça e Casta

yo v€ etad ak�araˆ g€rgy aviditv€sm€l lok€t praiti sa k�panaƒ

atha ya etad ak�araˆ g€rgi viditv€sm€l lok€t praiti sa br€hmaŠaƒ

‘Ó G€rgi, quem deixa este mundo sem conhecer ®r… Vi�Šu, o supremo ser imperecível, é um avarento desventurado, ao passo que quem deixa este mundo tendo conhecido o ser supremo é reconhecido como br€hmaŠa.’

A respeito dos que são br€hmaŠas por vy€vah€rika, ou considerações sociais, Manu diz o seguinte:

yo´nadh…tya dvijo vedam anyatra kurute �ramamsa j…vam eva �™dratvam €�u gacchati s€nvayaƒ

Manu-sm�ti (2.168)

‘Um br€hmaŠa, k�atriya ou vai�ya torna-se nascido duas vezes pela aceitação do cordão sagrado, o que os prepara para estudar os Vedas. Se um dvija deixa de estudar os Vedas após ter recebido o cordão sa-grado, e ao invés disso, estuda outros assuntos, tais como economia, ciência ou lógica, ele e os membros de sua família degradam-se rapidamente, nesta mes-ma vida, ao status de �™dras.’

A ®vet€�vatara Upani�ad (6.23) explica a qualifica-ção para se estudar os Vedas que promovem a verdade espi-ritual:

yasya deve par€ bhaktir yath€ deve tath€ gurautasyaite kathit€ hy arth€ƒ praka�ante mah€tmanaƒ

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198 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 6

‘Todas as verdades confidenciais descritas nesta Upani�ad serão reveladas àquela grande alma que tiver a mesma devoção transcendental, ininterrupta e exclusiva (par€-bhakti) por seu guru, que ela tem por ®r… Bhagav€n.’

A palavra par€-bhakti no �loka acima significa �uddha-bhakti (bhakti pura). Não pretendo me estender mais sobre este tema. Você próprio deve tentar entendê-lo. Em suma, quem tem fé em ananya-bhakti está apto a estu-dar os Vedas que promovem tattva, a verdade espiritual, e quem já alcançou ananya-bhakti está apto a ensinar esses Vedas.

C™�€maŠi: Então, vocês concluem que, os Vedas que promovem tattva ensinam somente vai�Šava-dharma e nenhuma outra espécie de religião?

Vai�Šava d€sa: Dharma é um só, e não dois, sen-do também conhecido como nitya-dharma ou vai�Šava-dharma. Todas as demais formas de naimittika-dharma en-sinadas nos Vedas não passam de meros degraus conduzin-do àquela religião eterna. ®r… Bhagav€n diz:

k€lena na�˜€ pralaye v€Š…yaˆ veda-samjñit€may€dau brahmaŠe prokt€ dharmo yasy€ˆ mad-€tmakaƒ

®r…mad-Bh€gavatam (11.14.3)

®r… Bhagav€n disse: ‘Os Vedas contêm instruções sobre bh€gavata-dharma. No momento da aniqui-lação, esta mensagem perdeu-se pela influência do tempo. Depois, no início da criação seguinte conhe-cida como Br€hma-kalpa, Eu de novo falei a mesma mensagem védica a Brahm€j….’

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199Nitya-Dharma, Raça e Casta

A Ka˜ha Upani�ad (1.3.9) afirma:

sarve ved€ yat padam €manantitat te padaˆ sa‰graheŠa brav…mitad vi�Šoƒ paramaˆ padaˆ sad€

‘Passo a lhe descrever resumidamente aquela ver-dade máxima que todos os Vedas têm repetidas ve-zes declarado ser o objeto supremo de realização. Aquela morada de Vi�Šu (o onipresente Param€tm€, V€sudeva) é o único destino supremo. ’

Existem tantas outras evidências do �€stra a este respeito.

A essa altura da conversa, as faces de Dev… Vidy€ratna e a de seus companheiros ficaram pálidas e retraídas, e o entusiasmo dos professores esmoreceu. Como era quase cinco da tarde, todos concordaram em suspender a discus-são, encerrando-se assim o encontro daquele dia.

Entusiasmados, os br€hmaŠas-paŠ�itas partiram, glorificando a erudição de Vai�Šava d€sa. Os Vai�Šavas fo-ram para seus respectivos lares, cantando os nomes de Hari em voz alta.

Assim termina o Sexto Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Nitya-Dharma, Raça e Casta”

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Capítulo 7Nitya-Dharma e Existência Material

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203Nitya-Dharma e Existência Material

Durante séculos, inúmeros ourives viviam na antiga cidade mercantil de Saptagr€ma, às margens do rio Saras-vat…. Pela misericórdia de ®r… Nity€nanda Prabhu, desde a época de ®r… Uddh€raŠa Datta, estes comerciantes eram simpatizantes do hari-n€ma-sa‰k…rtana. Contudo, um deles era muito avarento. Ele chamava-se CaŠ�…d€sa e costumava evitar o hari-k…rtana com o povo da cidade porque tinha re-ceio de gastar dinheiro patrocinando os festivais. CaŠ�…d€sa conseguiu acumular uma fortuna considerável devido a sua conduta sovina. Damayant…, sua esposa, adotava a mesma atitude e não oferecia a menor hospitalidade aos Vai�Šavas ou outros hóspedes. Na juventude, este casal de comer-ciantes havia dado à luz a quatro filhos e duas filhas. Como ambas as filhas já haviam se casado, uma extensa herança estava reservada para os filhos homens.

Se uma família nunca recebe a visita de pessoas san-tas em seu lar, é menos provável que seus filhos se tornem bondosos e compassivos. À medida que cresciam, os filhos de CaŠ�…d€sa e Damayant… ficavam cada vez mais egoístas, chegando a desejar a morte dos pais para se apossarem da herança. Isto deixou o casal de comerciantes bastante infe-lizes. Um a um, os filhos também se casaram.

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204 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

Com a idade, as esposas absorveram a índole dos maridos e também passaram a desejar a morte dos sogros. Depois de algum tempo, aqueles filhos, tornaram-se comer-ciantes competentes e passaram a supervisionar habilmente todo o processo de compra e venda. Dividindo entre si maior parte da riqueza do pai, abriram seus próprios negócios.

Certo dia, CaŠ�…d€sa reuniu todos eles e disse: “Ouçam! Tenho vivido modestamente desde a infância, e como resultado disso, consegui juntar uma imensa fortuna para todos vocês. Jamais fui de comer pratos requintados ou de vestir roupas luxuosas e a mãe de vocês também vivia da mesma maneira. Como vocês bem sabem, o dever de vocês é cuidar de nós, agora que estamos envelhecendo. Porém, recentemente, nossa aflição só tem aumentado, porque começamos a sentir que vocês estão nos negligenciando. Como ainda disponho de alguma riqueza escondida, resolvi oferecê-la àquele dentre meus filhos que tiver a bondade de cuidar de nós.”

Após ouvirem as palavras de CaŠ�…d€sa em silên-cio, seus filhos e noras foram a um lugar separado para conspirarem entre si. Eles concluíram: “É melhor mandar-mos nosso pai e nossa mãe para longe daqui. Assim, pode-remos tomar posse da fortuna escondida e dividí-la entre nós, pois não há como saber quem o velho irá beneficiar injustamente.” Todos estavam certos de que o dinheiro esta-va enterrado no dormitório do pai.

Certa manhã, logo cedo, HaricaraŠa, o filho mais ve-lho de CaŠ�…d€sa, foi ao encontro do pai e fazendo-se de humilde, disse-lhe: “Querido pai, você e mamãe devem ir ter dar�ana de ®r… Navadv…pa-dh€ma pelo menos uma vez, para que a vida humana de vocês seja bem-sucedida. Eu ouvi que, nenhum outro lugar sagrado é tão benéfico nesta

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205Nitya-Dharma e Existência Material

era de Kali quanto ®r… Navadv…pa-dh€ma. A viagem não será incômoda nem dispendiosa para vocês. Caso haja di-ficuldade em caminhar, por uma pequena soma, podemos alugar um barco para levar vocês rio acima. Há também uma Vai�Šav… que ficaria contente em acompanhá-los até lá.”

Ao ser informada por CaŠ�…d€sa da proposta do filho, Damayant… ficou muito feliz. Ambos concluíram: “Nossos filhos estão ponderados e corteses desde nossa conversa daquele dia. Como ainda temos força para caminhar, pode-mos fazer a peregrinação a ®r…dh€ma-Navadv…pa via K€ln€ e ®€ntipura.”

Escolhendo um dia auspicioso, o casal partiu em pe-regrinação, levando a Vai�Šav… com eles. No dia seguinte, após caminharem uma boa distância, chegaram a Ambik€-K€ln€. Ali, cozinharam seu próprio alimento em uma loja e sentaram-se para comer. Enquanto faziam sua refeição, um residente de Saptagr€ma que os conhecia aproximou-se deles e informou: “Seus filhos quebraram a fechadura do quarto de vocês e tomaram posse de todos os bens. Eles não irão permitir que vocês voltem para casa novamente. Eles também encontraram a riqueza que estava escondida, e dividiram-na entre eles.”

Quando receberam esta notícia, CaŠ�…d€sa e Da-mayant… encheram-se de pesar pela perda da riqueza de-les. Sem conseguir comer um bocado sequer, passaram o resto do dia chorando sem parar. Após algum tempo, a Vai�Šav… que os acompanhava tentou consolá-los, dizen-do: “Livrem-se do apego ao lar. Venham! Vocês podem adotar a vida de ascetas Vai�Šavas. Basta construírem um €�rama simples aonde Vai�Šavas possam reunir-se e morar.

Como os filhos pelos quais sacrificaram tudo se tor-

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206 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

naram seus inimigos, vocês não precisam mais voltar para casa. Vamos ficar lá em Navadv…pa. Vocês podem mante-rem-se aceitando esmolas. Será uma vida bem melhor para vocês.”

Toda vez que pensavam no comportamento de seus filhos e noras, Damayant… e CaŠ�…d€sa repetiam um para o outro: “Seria melhor morrermos do que regressarmos ao lar.” Acabaram hospedando-se alguns dias na casa de um Vai�Šava do vilarejo de Ambik€. Depois disso foram visitar ®€ntipura e por fim, chegaram a ®r… Navadv…pa-dh€ma. Pas-saram alguns dias em ®r… M€y€pura na casa de um parente comerciante e começaram a visitar os sete lugarejos de Na-vadv…pa à margem do Ga‰g€, bem como os sete lugarejos de Kuliy€-gr€ma do outro lado do rio. Entretanto, após alguns dias, o apego aos filhos e noras novamente voltou à tona.

CaŠ�…d€sa disse à esposa: “Venha, vamos voltar para nosso lar em Saptagr€ma. Afinal de contas, eles são nossos filhos, não são? Será que eles não vão demonstrar nem mes-mo um pouco de afeição por nós?”

A acompanhante Vai�Šav… foi enfática ao dizer-lhes: “Acaso vocês não tem dignidade? Desta vez eles irão matá-los!”

Quando o idoso casal ouviu isto, perceberam a ver-dade daquelas palavras e ficaram apreensivos. “Ó res-peitável Vai�Šav…”, disseram, “você já pode retornar para o seu próprio lar. Agora temos discriminação suficiente. Sobreviveremos pedindo esmola, buscaremos uma pessoa qualificada que nos dê instruções e praticaremos bhagavad-bhajana.”

Logo que a acompanhante Vai�Šav… partiu, o casal de comerciantes tendo enfim desistido de qualquer esperança de voltar ao antigo lar em Saptagr€ma, pôs-se a construir

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207Nitya-Dharma e Existência Material

uma nova casa na área de Kuliy€-gr€ma, onde viveu Cha-kaur… Ca˜˜op€dhy€ya. Recebendo as contribuições e orien-tações de diversas pessoas bondosas e bem-educadas, eles construíram uma cabana para nela morarem em definitivo. Conforme uma crença antiga, se alguém vivesse em Ku-liy€-gr€ma, conhecido como o lugar sagrado onde ofensas são erradicadas, todas as suas ofensas anteriores seriam dis-sipadas.

Certo dia, CaŠ�…d€sa disse: “Ó mãe de Hari, não fale mais sobre nossos filhos, nem sequer pense neles. Nasce-mos em família de comerciantes em virtude das muitas ofensas por nós cometidas anteriormente, devido ao nos-so nascimento imperfeito tornamo-nos avarentos e nunca prestávamos serviço a hóspedes ou Vai�Šavas. De agora em diante, se obtivermos alguma riqueza, com certeza iremos usá-la a serviço de nossos convidados, para que possamos então, alcançar auspiciosidade na próxima vida. Tenho pen-sado em abrir uma mercearia. Pedirei algum dinheiro a al-guns cavalheiros e começarei a trabalhar.”

Em pouco tempo, CaŠ�…d€sa abriu uma lojinha e com o negócio, fazia algum lucro todo dia. Além de se alimenta-rem, CaŠ�…d€sa e sua esposa passaram a servir um hóspede diariamente e desse modo, suas vidas transcorriam, de for-ma bem mais prazerosa do que antes.

CaŠ�…d€sa, que outrora havia sido uma pessoa instruída, sentava-se em sua loja e lia o ®r… K��Ša Vijaya de GuŠar€ja Kh€na sempre que lhe sobrava tempo. Cui-dava da loja com honestidade e era hospitaleiro ao servirseus fregueses. Passados cinco ou seis meses dessa maneira, o povo de Kuliy€, sabedor da história prévia de CaŠ�…d€sa, começou a ter confiança nele.

Naquele vilarejo, morava um g�hastha-br€hmaŠa

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208 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

chamado Y€dava d€sa, o qual dava preleções sobre o ®r… Caitanya-ma‰gala todos os dias. Ocasionalmente, CaŠ�…d€sa ía ouví-lo. Quando ele e Damayant… perceberam a maneira como Y€dava d€sa e sua esposa viviam servin-do os Vai�Šavas, também se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

Certo dia, CaŠ�…d€sa perguntou a Y€dava d€sa: “O que vem a ser esta existência material?”

Y€dava d€sa disse: “Muitos Vai�Šavas eruditos moram na margem oriental do rio Bh€g…rath… em ®r… Go-drumadv…pa. Venha comigo e faça sua pergunta a eles. Eu também vou lá de vez em quando e recebo muitas orien-tações. Atualmente, os eruditos Vai�Šavas de ®r… Godruma são mais hábeis que os eruditos br€hmaŠas nas conclusões dos �€stras. Poucos dias atrás, ®r… Vai�Šava d€sa derrotou os br€hmaŠa-paŠ�itas da área num debate. Lá, poderão responder satisfatoriamente uma pergunta profunda como a sua.”

Y€dava d€sa e CaŠ�…d€sa fizeram preparativos para atravessar o Ga‰g€ à tarde. Damayant… que agora servia Vai�Šavas puros com regularidade, via a mesquinhez de seu coração tornar-se insignificante. “Irei com vocês a ®r… Go-druma”, disse ela.

“Ali, os Vai�Šavas não são g�hasthas”, disse Y€dava d€sa. “Adotaram uma vida de estrita renúncia, estando desapegados de qualquer ligação com mulheres. Temo que fiquem incomodados se você vier conosco.”

Damayant… retrucou: “Eu prestarei daŠ�avat-praŠ€ma à distância, não vou me aproximar do bosque deles. Como sou uma senhora idosa, eles jamais se zangarão comigo.”

Y€dava d€sa concordou, mas advertiu: “Senhoras não costumam ir lá. Neste caso, podemos levá-la, mas ficará

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209Nitya-Dharma e Existência Material

sentada num lugar próximo e vamos trazê-la de volta ao regressarmos.”

À tardinha, os três haviam atravessado o Ga‰g€ e chegado a Pradyumna-kuñja. Damayant… prostrou-se em daŠ�avat-praŠ€ma à porta do kuñja e sentou-se ali perto, debaixo de uma antiga figueira-de-bengala. Y€dava d€sa e CaŠ�…d€sa entraram no kuñja e com muita devoção, presta-ram daŠ�avat-praŠ€ma à reunião de Vai�Šavas sentados no abrigo de folhagens m€lat…-m€dhav….

Paramahaˆsa B€b€j… estava sentado no meio da re-união, rodeado por ®r… Vai�Šava d€sa, L€hir… Mah€�aya, Ananta d€sa B€b€j… e vários outros. CaŠ�…d€sa sentou-se próximo de Y€dava d€sa.

Ananta d€sa B€b€j… olhou para Y€dava d€sa e pergun-tou-lhe: “Quem é este novato?”

Y€dava d€sa narrou toda a história de CaŠ�…d€sa. Sor-rindo, Ananta d€sa B€b€j… disse: “Sim, isto é o que é chama-do de existência material. Quem conhece o que é existência material é sábio de verdade, mas aqueles que caem no ciclo da existência material são desafortunados.”

A mente de CaŠ�…d€sa foi se purificando aos pou-cos, pois, pela prática de nitya-suk�ti – atos como hospedar Vai�Šavas, ler e ouvir �€stras Vai�Šavas – com certeza con-seguimos auspiciosidade e, bem rápido desenvolveremos �raddh€ em ananya-bhakti (devoção exclusiva). Ao ouvir as palavras de ®r… Ananta d€sa B€b€j…, CaŠ�…d€sa disse com o coração enternecido: “Minha humilde oração, é paraque seja misericordioso comigo e me explique claramente o que é esta existência material.”

Ananta d€sa B€b€j… disse: “Sua pergunta é muito pro-funda. Eu desejo que ®r… Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya ou ®r… Vai�Šava d€sa B€b€j… Mah€�aya a respondam.”

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210 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

Paramahaˆsa B€b€j… disse: “®r… Ananta d€sa B€b€j… Mah€�aya é completamente qualificado para responder uma pergunta tão profunda como esta. Hoje todos nós ouvi-remos suas instruções.”

Ananta d€sa: Por ter recebido sua ordem, devo sem dúvida acatá-la e dizer tudo quanto sei. Começarei lembrando-me dos pés de lótus de meu Gurudeva, ®r…Pradyumna Brahmac€r…, associado confidencial de ®r… Caitanya Mah€prabhu.

As j…vas existem em dois estados: o estado liberado (mukta-da�€) e o estado de cativeiro material (saˆs€ra-baddha-da�€). Chamam-se mukta-j…vas as j…vas que são bhaktas puros de ®r… K��Ša e que jamais ficaram atadas por m€y€, ou que se libertaram da existência material pela mi-sericórdia de K��Ša. O estado liberado de existência cha-ma-se mukta-da�€. As baddha-j…vas, por outro lado, são as que estão esquecidas de ®r… K��Ša e presas nas garras de m€y€ desde tempos imemoriais. Seu estado condicionado de existência chama-se saˆs€ra-baddha-da�€. Para as j…vas libertas de m€y€, as quais são plenamente espirituais (cin-maya), o serviço a K��Ša (k��Ša-d€sya) é sua própria vida. Elas não moram neste mundo material, mas sim em um dos mundos espirituais puros, tais como Goloka, VaikuŠ˜ha ou V�ndavana. Existem inumeráveis j…vas que estão libertas de m€y€.

Também há inúmeras j…vas presas por m€y€. Por sua k��Ša-vimukhat€, ou a falha de estarem alienadasde K��Ša, a potência-sombra de K��Ša, conhecida como ch€y€-�akti ou m€y€, ata as j…vas com suas cordas tríplices formadas pelas qualidades da natureza material, a saber: sattva-guŠa (bondade), rajo-guŠa (paixão) e tamo-guŠa (ignorância). As almas condicionadas aparecem sob uma

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211Nitya-Dharma e Existência Material

variedade de estados de existência, conforme a influência das diversas gradações destes guŠas (qualidades). Basta que você considere as variedades de corpos, humores, aparên-cias, índoles, condições de vida e movimentos das j…vas.

Ao entrar na existência material, a j…va assume uma nova espécie de egoísmo. No estado puro de existência, a j…va demonstra o egoísmo de ser serva de K��Ša. Mas, no estado condicionado, surgem diversas formas de egoísmo, fazendo a entidade viva pensar: “sou ser humano”, “sou de-vat€”, “sou um animal”, “sou um rei”, “sou br€hmaŠa”, “sou um fora de casta”, “estou doente”, “tenho fome”, “sou infame”, “sou caridoso”, “sou esposo”, “sou esposa”, “sou pai”, “sou filho”, “sou inimigo”, “sou amigo”, “sou erudi-to”, “sou bonito”, “sou rico”, “sou pobre”, “estou feliz”, “estou triste”, “sou forte”, “sou fraco”. Estas atitudes são conhecidas como ahant€, cujo significado literal é ‘egoís-mo falso’ ou ‘falso sentido do eu’.

Além desta ahant€, outra função, conhecida como mamat€ (‘possessividade’ ou ‘sentido de posse’), pene-tra a natureza da j…va. Tais atitudes que exemplificam esta função são: “esta casa é minha”, “estas são as minhas pos-ses”, “esta é minha fortuna”, “este é meu corpo”, “estes são meus filhos”, “esta é minha esposa”, “este é meu marido”, “este é meu pai”, “esta é minha mãe”, “esta é minha casta”, “esta é minha raça”, “esta é minha força”, “esta é minha beleza”, “esta é minha qualidade”, “esta é minha erudição”, “esta é minha renúncia”, “este é meu conhecimento”, “esta é minha sabedoria”, “este é meu trabalho”, “esta pro-priedade é minha” e “estes são meus criados e dependentes”. O colossal enredo que traz estas concepções de ‘eu’ e ‘meu’ à tona é conhecido como saˆs€ra (existência material).

Y€dava d€sa: As concepções de ‘eu’ e ‘meu’ que

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212 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

ficam ativas no estado condicionado também existem no estado liberado?

Ananta d€sa: Existem sim, mas, no estado libera-do, são espirituais e isentas de qualquer defeito. No mundo espiritual, a j…va no estado liberado familiariza-se com sua natureza pura, exatamente como foi criada por Bhagav€n. Naquela morada espiritual há diversos tipos de egoísmo verdadeiro, cada um com seu ‘sentido de eu’ característico; por isso, também há diversos tipos de cid-rasa, intercâm-bios transcendentais de sentimentos. Todos os diferentes cinmaya-upakaraŠas (parafernália espiritual) que formam os ingredientes constitutivos de rasa encaixam-se sob o título ‘isto é meu’.

Y€dava d€sa: Qual é, então, a falha nas diferentes concepções de ‘eu’ e ‘meu’ existentes no estado condicio-nado?

Ananta d€sa: O defeito é que, enquanto no estado puro as concepções de ‘eu’ e ‘meu’ são reais, enquanto que na existência material elas são todas imaginárias, ou im-postas às entidades vivas. Isto significa que estas concepções não são, na verdade, aspectos da j…va, mas sim identidades e relacionamentos falsos. Logo, todas as variedades de iden-tificação material na existência mundana, além de serem impermanentes e irreais, só causam felicidade e aflição mo-mentâneas.

Y€dava d€sa: Esta existência material enganosa é falsa?

Ananta d€sa: Não, este mundo de enganação não é falso – ele é uma realidade, pela vontade de K��Ša. Falsa é a concepção de ‘eu’ e ‘meu’ da j…va quando esta entra no mundo material. Este mundo é falso apenas segundo a crença dos M€y€v€d…s (defensores da teoria da ilusão). Tais

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213Nitya-Dharma e Existência Material

pessoas são ofensoras.Y€dava d€sa: Por que caímos neste relacionamento

ilusório?Ananta d€sa: Bhagav€n é a entidade espiritual com-

pleta (p™rŠa-cid-vastu) e as j…vas são partículas de espírito (cit-kaŠa). A princípio, a j…va localiza-se na região limítrofe entre os mundos material e espiritual. As j…vas que não se esquecem de seu relacionamento com K��Ša são investidas de cit-�akti e elevadas desta posição para o reino espiritual, onde tornam-se Seus associados eternos e passam a sabore-ar a bem-aventurança do serviço a K��Ša.

Aquelas j…vas que se afastam de K��Ša desejam des-frutar de m€y€, que as atrai para si por meio de sua potência. A partir desse momento, é originado nosso estado material de existência e nossa identidade espiritual verdadeira desa-parece. Por isso, pensamos: “Sou o desfrutador de m€y€”. Este egoísmo falso nos encobre com muitas variedades de identidades falsas.

Y€dava d€sa: Por que nossa identidade verdadeira não se manifesta, a despeito de nossos esforços significa-tivos?

Ananta d€sa: Há dois tipos de esforços: o apropriado e o inapropriado. Sem dúvida, fazendo esforços apropriados, nosso falso egoísmo irá se dissipar. Mas como poderemos obter o mesmo resultado fazendo esforços inapropriados?

Y€dava d€sa: O que são esforços inapropriados?Ananta d€sa: Algumas pessoas pensam, que seus

corações irão se purificar se elas seguirem karma-k€Š�a, e então irão ser libertadas de m€y€ ao praticarem brahma-jñ€na. Este tipo de esforço é inadequado. Outras pessoas pensam que praticando a�˜€‰ga-yoga, elas entrarão em transe, sam€dhi-yoga e alcançarão a perfeição. Este é mais

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214 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

um de muitos outros tipos de esforços inapropriados.Y€dava d€sa: Por que são inapropriados estes esfor-

ços?Ananta d€sa: Estes são métodos inapropriados por-

que a prática deles cria muitos obstáculos que impede o al-cance da meta desejada. Além do mais, a possibilidade de se alcançar essa meta é bastante remota. O problema é que nossa existência material ocorreu por causa de uma ofensa – a menos que obtenhamos a misericórdia da pessoa a qual ofendemos, não teremos como nos livrar de nossa condição material e alcançar nossa condição espiritual pura.

Y€dava d€sa: O que são esforços apropriados?Ananta d€sa: S€dhu-sa‰ga (a associação dos devo-

tos) e prapatti (rendição) são meios apropriados. Encontra-mos a seguinte declaração sobre s€dhu-sa‰ga no ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.30):

ata €tyantikaˆ k�emaˆ p�cch€mo bhavato´nagh€ƒsaˆs€re´smin k�aŠ€rdho´pi sat-sa‰gaƒ �evadhir n�Š€m

‘Ó impecável, nós lhe pedimos que nos fale sobre o benefício supremo. Neste mundo material, mesmo um instante na associação de um �uddha-bhakta é a maior riqueza para os seres humanos.’

Se me perguntarem como as j…vas que caíram nes- ta existência material poderão alcançar seu benefício supremo, eu responderei que elas irão alcançá-lo tendo sat-sa‰ga, mesmo que por um breve momento.

A G…t€ (7.14) descreve prapatti como segue:

daiv… hy e�€ gu‰amay… mama m€y€ duratyay€

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215Nitya-Dharma e Existência Material

m€m eva ye prapadyante m€y€m et€ˆ taranti te

‘Esta Minha potência divina, conhecida como daiv…-m€y€, consiste nos três modos da natureza – sattva, rajas e tamas. Os seres humanos não podem atraves-sar esta m€y€ por seus próprios esforços, e por isso é muito difícil superá-la. Apenas aqueles que se ren-dem a Mim podem ir além desta Minha potência.’

CaŠ�…d€sa: Ó grande alma, não consigo entender sua explanação muito bem. Pelo que entendi, nós éramos entidades puras e, por termos nos esquecido de K��Ša, caí-mos nas mãos de m€y€ e ficamos presos neste mundo. Se obtivermos a misericórdia de K��Ša, poderemos nos libertar outra vez; caso contrário, permaneceremos na mesma con-dição.

Ananta d€sa: Sim, por ora você acha que isto é su-ficiente. Como Y€dava d€sa Mah€�aya entende claramente todas estas verdades, aos poucos você acabará por entendê-las com a ajuda dele. ®r… Jagad€nanda escreveu uma bela descrição das variadas condições das j…vas em seu livro ®r… Prema-vivarta (6.1-13).

cit-kaŠa – j…va, k��Ša – cinmaya bh€skaranitya k��Še dekhi – k��Še karena €dara

k��Ša-bahirmukha haña bhoga – v€ñch€ karenika˜a-stha m€y€ t€re j€pa˜iy€ dhare

‘A j…va é uma partícula infinitesimal de consciência espiritual, como uma partícula atômica de luz ema-nando do sol. ®r… K��Ša é a consciência espiritual completa, o sol transcendental. Enquanto focalizam sua atenção em K��Ša, as j…vas mantêm reverência

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por Ele. Contudo, ao afastarem sua atenção de K��Ša, desejam desfrutar a matéria. M€y€, a potência ilusór-ia de K��Ša, que está de prontidão perto delas, pren-de-as então com seu abraço.1’

pi�€c… p€ile jena mati-cchana hayam€y€-grasta j…vera haya se bh€va udaya

‘O dharma da j…va que se afastou de K��Ša fica en-coberto, tanto como fica encoberta a inteligência de uma pessoa atormentada por uma bruxa.’

€mi siddha k��Ša-d€sa, ei kath€ bh™lem€y€ra naphara hañ€ cira-dina bule

‘Ela se esquece da identidade de ®r… Bhagav€n e de sua própria identidade como serva de Hari. Virando escrava de m€y€, vagueia de um lado para outro por muito tempo nesta confusa existência material.’

kabhu r€j€, kabhu praj€, kabhu vipra. �™drakabhu duhkhi, kabhu sukhi, habhu k…˜a k�udra

‘Às vezes é um rei, outras é súdito, às vezes br€hmaŠa, outras �™dra. Às vezes está feliz e outras, aflita. Às vezes é um inseto minúsculo.’‘ Ela se esquece da identidade de ®r… Bhagav€n e de sua própria identidade como serva de Hari. Virando escrava de m€y€, vagueia de um lado para outro por muito tempo nesta confusa existência material.’

1Veja nota de rodapé no final do capítulo

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217Nitya-Dharma e Existência Material

kabhu r€j€, kabhu praj€, kabhu vipra. �™drakabhu duhkhi, kabhu sukhi, habhu k…˜a k�udra

‘Às vezes é um rei, outras é súdito, às vezes br€hmaŠa, outras �™dra. Às vezes está feliz e outras, aflita. Às vezes é um inseto minúsculo.’

kabhu svarge, kabhu martye, narake v€ kabhukabhu deva, kabhu daitya, kabhu d€sa, prabhu

‘Às vezes está no céu, outras na Terra, e às vezes no inferno. Às vezes é um deva e outras um demônio. Às vezes é um servo e outras, um mestre. ’

ei-r™pe saˆs€ra bhramite kona janas€dhu-sa‰ge nija-tattva avagata hana

‘Enquanto vagueia dessa maneira por toda a existên-cia material, se por acaso, por alguma grande fortu-na, conseguir a associação de bhaktas puros, ela fica conhecendo sua própria identidade, o que torna sua vida significativa.’

nija-tattva j€ni €ra saˆs€ra na c€yakena v€ bhajinu m€y€ kare h€ya h€ya

‘Por manter contato com esses bhaktas, ela entende sua identidade verdadeira e torna-se indiferente ao gozo material. Padecendo amargamente por sua si-tuação difícil, ela lamenta: ‘Ai de mim! Ai de mim! Por que servi a m€y€ por tanto tempo?’

ka‰de bole, ohe k��Ša! €mi tava d€satom€ra caraŠa ch€�i´haila sarva-n€�a

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218 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

‘Chorando profusamente, ela ora aos pés de lótus de ®r… Bhag€van: ‘Ó K��Ša! Sou Sua serva eterna, mas estou arruinada porque menosprezei o serviço aos Seus pés. Quem sabe quanto tempo venho divagando sem rumo como escrava de m€y€?’

k€kuti kariy€ k��Še d€ke eka-b€ra

k�p€ kari k��Ša t€re ch€�€na saˆs€ra

‘Ó Patita-p€vana! Ó D…na-n€tha! Por favor, proteja esta alma miserável. Liberte-me de Sua m€y€ e ocu-pe-me em Seu serviço.’ Como ®r… K��Ša é um oceano de misericórdia, quando ouve a j…va chorando em tamanho desespero mesmo que só uma vez, Ele ra-pidamente a transporta através desta intransponível energia material.’

m€yake pichane r€khi´k��Ša-p€ne c€yabhajite bhajite k��Ša-p€da-padma p€yak��Ša t€re dena nija-cic-chaktira balam€y€ €kar�aŠa ch€�e haiy€ durbala

‘K��Ša investe a j…va com Sua cit-�akti, de modo que aos poucos vai minguando o poder que m€y€ tem de atrair a alma. Então, a j…va dá as costas a m€y€ e deseja alcançar K��Ša. Ela adora K��Ša repetidamen-te e enfim torna-se competente para alcançar Seus pés de lótus.’

´s€dhu-sa‰ge k��Ša n€ma´ - ei-matra c€isaˆs€ra jinite €ra kona vastu n€i

‘Portanto, o único método infalível para se atraves-sar esta intransponível existência material é cantar k��Ša-n€ma na associação dos bhaktas. ’

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Y€dava d€sa: B€b€j… Mah€�aya, os s€dhus de quem você fala também estão presentes neste mundo e também são oprimidos pelas misérias da existência material, como podem libertar outras j…vas?

Ananta d€sa: Embora seja verdade que os s€dhus também vivem neste mundo, há uma diferença significativa entre a vida terrena dos s€dhus e a das j…vas que estão iludi-das por m€y€. Apesar das vidas terrenas de ambos parece-rem ser a mesma coisa do ponto de vista externo, interna-mente há uma diferença imensa. Além disso, a associação dos s€dhus é muito rara, pois, muito embora sempre haja s€dhus presentes neste mundo, o homem comum não con-segue reconhecê-los.

Há duas categorias de j…vas que caem nas garras de m€y€. Umas estão totalmente absortas em prazeres munda-nos insignificantes, e tem este mundo material na mais alta estima. Outras, sentindo-se descontentes com os prazeres insignificantes de m€y€, empregam discernimento mais sutil na esperança de atingir uma qualidade superior de felicidade. Por conseguinte, podemos dividir as pessoas deste mundo em dois grupos: o daquelas que carecem da faculdade de distinguir entre espírito e matéria e o daquelas que possuem esta percepção espiritual.

Certas pessoas chamam de desfrutadores dos sentidos materiais aqueles que carecem de semelhante percepção e de mumuk�us, ou os que buscam a liberação, aqueles dota-dos de percepção. Ao usar aqui a palavra mumuk�u, não me refiro aos nirbheda-brahma jñ€n…s, aqueles que buscam o nirvi�e�a-brahma mediante o processo de conhecimen-to monista. Nos �€stras védicos, são conhecidas como mumuk�us as pessoas que estão aflitas diante das misérias da existência material, e buscam sua identidade espiritual

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verdadeira. O significado literal da palavra mumuk�€ é ‘desejo de mukti ’(liberação). Quando um mumuk�u aban-dona este desejo de liberação e se dedica a adorar ®r… Bhagav€n, seu bhajana é conhecido como �uddha-bhakti. Os �€stras não mandam ninguém abandonar mukti. Ao con-trário, quando uma pessoa desejosa de liberação adquire conhecimento da verdade sobre K��Ša e as j…vas, ela liberta-se de imediato. O ®r…mad-Bh€gavatam (6.14.3-5) confirma isto como segue:

rajobhiƒ sama-sa‰khy€t€ƒ p€rthivair iha jantavaƒte�€ˆ ye kecanehante �reyo vai manuj€dayaƒ

‘As j…vas deste mundo são tão numerosas quanto par-tículas de poeira. Entre todas estas entidades vivas, poucas alcançam formas de vida superiores, como aquelas dos seres humanos, devas e Gandharvas. Pouquíssimas destas adotam os princípios religiosos superiores.’

pr€yo mumuk�avas te�€ˆ kecanaiva dvijottamamumuk�™Š€ˆ sahasre�u ka�cin mucyeta sidhyati

‘Ó melhor dos br€hmaŠas, entre aquelas que adotam princípios religiosos superiores, poucas se esforçam para obter a liberação e, entre muitos milhares que se empenham pela liberação, talvez uma alcance real-mente o estado aperfeiçoado ou liberado.’

mukt€n€m api siddh€n€ˆ n€r€y€Ša-par€yaŠaƒsu-durlabhaƒ pra�€nt€tm€ ko˜i�v api mah€-mune

‘Ó grande sábio, entre muitos milhões dessas almas

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liberadas e perfeitas, um devoto que seja plenamente pacífico e dedicado exclusivamente a ®r… N€r€yaŠa é extremamente raro.’

Os bhaktas de K��Ša são ainda mais raros que os de N€r€yaŠa, pois superaram o desejo de liberação e, já estão situados no estado liberado. Eles irão permanecer neste mundo enquanto seus corpos durarem, mas sua existência terrena é categoricamente diferente daquela dos materia-listas. Os bhaktas de K��Ša vivem neste mundo em duas condições: como chefes de família e como renunciantes.

Y€dava d€sa: Os slokas do Bh€gavatam que você acaba de citar referem-se a quatro categorias de pessoas dotadas de percepção espiritual. Destes quatro tipos de as-sociação, qual é considerado s€dhu-sa‰ga?

Ananta d€sa: Existem quatro categorias de pessoas dotadas de percepção espiritual: vivek… (aqueles que são conscientes), mumuk�u (aqueles desejosos de liberação), mukta (aqueles que são liberados) e bhakta. Entre estes, a associação de vivek…s e mumuk�us é benéfica para vi�ay…s, materialistas grosseiros. Muktas, são indivíduos liberados com uma sede insaciável de rasa, ou impersonalistas que se orgulham de ser liberados. Apenas a associação do primeiro tipo de mukta é benéfica. Os nirbheda M€y€v€d…s são ofen-sores, a associação deles é proibida para todos. Semelhantes pessoas são condenadas no ®r…mad-Bh€gavatam (10.2.32):

ye´nye´ravind€k�a vimukta-m€ninastvayy asta-bh€v€d avi�uddha-buddhayaƒ

€ruhya k�cchreŠa paraˆ padaˆ tataƒpatanty adho´n€d�ta-yu�mad-a‰gharayaƒ

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‘Ó Senhor de olhos de lótus, aqueles que não se ab-rigam em Seus pés de lótus consideram-se liberados em vão. A inteligência deles é impura porque care-cem de afeição e devoção por Você e na realidade, são baddha-j…vas. Muito embora alcancem a plata-forma da liberação submetendo-se a rigorosas auste-ridades e práticas espirituais, semelhantes pessoas caem daquela posição por menosprezarem Seus pés de lótus. ’A quarta categoria de almas com discernimento, os

bhaktas, sentem-se atraídos, quer pelo aspecto opulento e majestoso (ai�varya) de ®r… Bhagav€n, ou por Seu aspec-to doce e íntimo (m€dhurya). A associação dos bhaktas de ®r… Bhagav€n é benéfica sob todos os aspectos. Se alguém refugiar-se especialmente naqueles bhaktas que estão imer-sos na doçura de ®r… Bhagav€n, vi�uddha-bhakti-rasa, as doçuras transcendentais de bhakti, irão se manifestar em seu coração.

Y€dava d€sa: Você já nos explicou que os bhaktas vivem em duas condições. Por favor, explique isto com mais detalhes para que pessoas como eu, cuja inteligência é limitada, possam entender com clareza.

Ananta d€sa: Os bhaktas são g�hastha-bhaktas (che-fes de família), ou ty€gi-bhaktas (os que renunciaram à vida familiar).

Y€dava d€sa: Por favor, descreva a natureza do rela-cionamento dos g�hastha-bhaktas com este mundo.

Ananta d€sa: Não se torna g�hastha quem simples-mente constrói uma casa e passa a morar nela. A palavra g�ha em g�hastha refere-se ao lar consolidado ao se aceitar uma esposa adequada em matrimônio, de acordo com as regras e regulações védicas. É conhecido como g�hastha-bhakta o bhakta, que morando em semelhante condição, pratica

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bhakti.A j…va presa por m€y€ vê forma e cor através dos olhos, ouve sons através dos ouvidos, cheira fragrâncias com o nariz, toca com a pele e saboreia com a língua. A j…va entra no mundo material por meio destes cinco sentidos, e apega-se a eles. Quanto mais for apegada à matéria grosseira, mais ficará distante de seu Pr€Šan€tha, o Senhor de sua vida ®r… K��Ša, condição esta chamada bahirmukha-saˆs€ra, cons-ciência voltada para fora, em direção à existência munda-na. Os que ficam intoxicados por esta existência mundana são conhecidos como vi�ay…s, aqueles apegados aos objetos mundanos dos sentidos.

Ao viverem como g�hasthas, os bhaktas não agem como os vi�ay…s, que simplesmente buscam a gratificação dos sentidos. A dharma-patn… (esposa e parceira do chefe de família na prática de nitya-dharma) é uma d€s…, ou serva de K��Ša, tanto como o são seus filhos e filhas. Os olhos de todos os membros da família satisfazem-se contemplando a forma da Deidade e objetos associados a K��Ša; seus ouvi-dos contentam-se plenamente ouvindo hari-kath€ e narra-ções das vidas de grandes s€dhus; seus narizes experimen-tam satisfação cheirando o aroma de tulas… e outros objetos aromáticos oferecidos aos pés de lótus de ®r… K��Ša; suas línguas saboreiam o néctar de k��Ša-n€ma e os remanentes da comida oferecida a K��Ša; sua pele sente deleite tocando os membros dos corpos dos bhaktas de ®r… Hari; suas es-peranças, atividades, desejos, hospitalidade aos visitantes e serviço à Deidade são todos subordinados ao serviço que prestam a K��Ša. De fato, toda a vida deles é um grande festival consistindo em k��Ša-n€ma, misericórdia para com as j…vas e serviço aos Vai�Šavas.

Somente g�hastha-bhaktas podem possuir objetos

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materiais e utilizá-los sem se apegarem aos mesmos. É bastante apropriado que as j…vas na era de Kali tornem-se g�hasthas Vai�Šavas, pois assim não haverá o temor de uma queda2.

Pode-se também desenvolver bhakti plenamente desta posição. Muitos g�hasthas Vai�Šavas são gurus bem versados nas verdades fundamentais do �€stra. Se os fi-lhos desses Vai�Šavas santos também são Vai�Šavas puros (Gosv€m…s), eles são tidos como g�hastha-bhaktas. É por este motivo que a associação de g�hastha-bhaktas é especi-almente benéfica para as j…vas.

Y€dava d€sa: G�hasthas Vai�Šavas são obrigados a permanecer sob a jurisdição dos sm€rta-br€hmaŠas, caso contrário, terão que se sujeitar a muito transtorno na socie-dade. Nessas circunstâncias, como podem praticar �uddha-bhakti?

Ananta d€sa: Sem dúvida, os g�hasthas Vai�Šavas são obrigados a cumprir certas convenções sociais, tais como casar seus filhos e filhas, realizar funções cerimoniais para antepassados e outras responsabilidades afins. Todavia, não devem ocupar-se em k€mya-karma, atividades ritualísticas destinadas apenas a satisfazer ambições materiais.

Quando o assunto é subsistência, todos – mesmo quem se diz nirapek�a, desprovido de quaisquer necessi-dades – dependem de outras pessoas ou coisas. Todos os seres corporificados têm necessidades: dependem de re-médios quando adoecem, de comida quando sentem fome, de roupa para se protegerem do frio e de uma casa para se protegerem do excesso de calor ou chuva. Na verdade, nirapek�a quer dizer reduzir as necessidades na medida do possível, pois ninguém poderá ser absolutamente inde-pendente enquanto tiver um corpo material. Ainda assim, 2 Veja nota de rodapé no final do capítulo

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é melhor ser tão livre o quanto for possível da dependência material, pois isto é mais conducente ao avanço em bhakti.

Todas as atividades que acabo de mencionar isentam-se de defeitos apenas quando as vinculamos a K��Ša. Por exemplo, ninguém deve casar-se com o desejo de gerar fil-hos ou adorar os antepassados e Praj€patis. É favorável a bhakti, pensar: “Estou aceitando em casamento esta serva de K��Ša somente para podermos nos ajudar mutuamen-te no serviço a K��Ša e juntos constituirmos uma família centralizada em K��Ša.” Não importa o que digam parentes apegados à matéria ou o sacerdote da família – em última análise, colhemos os frutos de nossa própria determinação.

Por ocasião da cerimônia de �r€ddha, deve-se primeiro oferecer aos antepassados os remanentes do alimento ofere-cido a ®r… K��Ša, e então alimentar os br€hmaŠas e Vai�Šavas. Se os g�hasthas Vai�Šavas observarem a cerimônia de �raddha desta maneira, ela será favorável para a bhakti de-les.

Todos os rituais sm€rta são karma, ao menos e até que a pessoa os combine com bhakti. Se alguém cumpre o karma prescrito para si pelos Vedas, em conformidade com sua prática de �uddha-bhakti, este karma não é desfavorável a bhakti. Devemos executar as atividades corriqueiras com espírito de renúncia e sem apego ao resultado e, devemos realizar as atividades espirituais na associação de bhaktas; assim não haverá falha.

Considere que a maioria dos associados de ®r…man Mah€prabhu eram g�hastha-bhaktas, tanto como o foram muitos r€jar�is (reis santos) e devar�is (grandes sábios) de outrora. Dhruva, Prahl€da e os P€Š�avas foram todos g�hastha-bhaktas. Você deve entender que os g�hastha-bhaktas também são altamente respeitados e queridos por

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todo o mundo.Y€dava d€sa: Se os g�hastha-bhaktas são tão res-

peitados e queridos todos, por que alguns deles renunciam à vida familiar?

Ananta d€sa: Apesar de alguns g�hastha-bhaktas estarem aptos a renunciar à vida familiar, neste mundo há bem poucos desses Vai�Šavas, cuja associação é rara.

Y€dava d€sa: Por favor, explique o modo pelo qual a pessoa se torna apta a renunciar à vida familiar.

Ananta d€sa: Os seres humanos têm duas tendên-cias: bahirmukh-pravritti (a tendência extrovertida) e antarmukha-pravritti (a tendência introvertida). Conforme explicam os Vedas, a primeira tendência focaliza o mundo externo e a segunda, a alma.Ao esquecer-se de sua identidade verdadeira, a alma espiri-tual pura identifica falsamente a mente como o eu, embora na verdade a mente seja apenas uma parte do corpo material sutil. Ao se identificar com a mente desta maneira, a alma busca assistência dos portões dos sentidos, passando a sen-tir-se atraída pelos objetos externos dos sentidos. Esta é a tendência extrovertida. A tendência introvertida manifesta-se quando o fluxo da consciência reverte da matéria gros-seira para a mente, e daí para a alma propriamente dita.Alguém cuja tendência seja predominantemente extrover-tida deve conduzir todas as tendências externas de maneira inofensiva, mantendo K��Ša no centro pela força de s€dhu-sa‰ga. Para quem se abriga em k��Ša-bhakti, essas tendên-cias exteriorizadas são logo reduzidas e convertidas para a tendência interiorizada. Quando a direção da tendência de uma pessoa aponta completamente para o seu íntimo, nasce a aptidão para ela renunciar à vida familiar. Porém, quem abandona a vida familiar antes de atingir esta etapa

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corre um considerável risco de cair outra vez. O g�hastha €�rama é uma escola especial onde as j…vas podem receber instruções relativas a €tma-tattva, a verdade espiritual e, onde se lhes dá a oportunidade de desenvolver sua realiza-ção desses assuntos. Quando a educação estiver completa poderão deixar a escola.

Y€dava d€sa: Quais são os sintomas de um bhakta que está apto a abandonar a vida familiar?

Ananta d€sa: Ele deve estar livre do desejo de rela-cionar-se com o sexo oposto; deve ter misericórdia irrestrita para com todas as entidades vivas; deve ser completamente indiferente a esforços feitos visando o acúmulo de rique-za e deve esforçar-se apenas em momentos de necessida-de de modo a adquirir alimento e roupa adequados para a sua subsistência. Ele deve ter amor incondicional por ®r… K��Ša; deve evitar a associação de materialistas e deve estar livre do apego e da aversão na vida e na morte. O ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.45) descreve estes sintomas como segue:

sarva-bh™te�u yaƒ pa�yed bhagavad-bh€vam €tmanaƒbh™t€ni bhagavaty €tmany e�a bh€gavatottamaƒ

‘Aquele que vê o seu próprio humor de atração por ®r… K��Šacandra, a Alma de todas as almas, em to-das as j…vas, além de ver que todas entidades vivas encontram-se abrigadas em ®r… K��Ša, é um uttama-bh€gavata.’

No ®r…mad-Bh€gavatam (3.25.22), Bhagav€n Kapila-deva descreve as características principais dos s€dhus:

mayy ananyena bh€vena bhaktim kurvanti ye d��h€m

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mat-k�te tyakta-karm€Šas tyakta-svajana-b€ndhav€ƒ

‘Aqueles que adoram a Mim e ninguém mais e por isso praticam devoção sólida e exclusiva a Mim, abandonam tudo por Minha causa, inclusive todos os deveres prescritos no varŠ€�rama-dharma e todos os relacionamentos com esposas, filhos, amigos e parentes.’

O ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.55) também afirma:

vis�jati h�dayaˆ na yasya s€k�€d-dharir ava�€bhihito´py aghaugha-n€�aƒpraŠaya-rasanay€ dh�t€‰ghri-padmaƒsa bhavati bh€gavata-pradh€na uktaƒ

‘Se alguém, mesmo sem ter intenção, pronuncia �r…-hari-n€ma com atitude inofensiva, de imediato é destruído um monte de pecados acumulados ao lon-go de muitas vidas. Semelhante pessoa amarra os pés de lótus de ®r… Hari em seu coração com as cordas do amor, sendo assim considerada o melhor dos bhaktas.’

Ao se manifestarem estes sintomas num g�hastha-bhakta, a ocupação em karma deixa de satisfazê-lo e, por isso ele abandona a vida familiar. Como são raros esses nirapek�a-bhaktas (renunciantes), devemos nos considerar extremamente afortunados por conquistar a associação de-les.

Y€dava d€sa: Hoje em dia, é comum certos jovem renunciarem à vida familiar e adotarem as vestes da ordem renunciada. Eles arrumam um lugar para os s€dhus se con-

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gregarem e começam a adorar a Deidade do Senhor. Depois de algum tempo, caem de novo na associação de mulheres, mas não deixam de cantar hari-n€ma. Mantêm seu eremi-tério arrecadando esmolas de muitos lugares. Esses homens são ty€g…s ou g�hastha-bhaktas?

Ananta d€sa: Sua pergunta aborda diversos assun-tos ao mesmo tempo e, por isso tratarei deles um por um. Antes de tudo, a qualificação para se renunciar à vida fa-miliar nada tem a ver com a juventude ou a velhice. Al-guns g�hastha-bhaktas, em função dos saˆsk€ras adqui-ridos nesta vida e em vidas anteriores, qualificam-se para abandonar a vida familiar ainda bem jovens. Os saˆsk€ras anteriores de ®ukadeva, por exemplo, capacitaram-no a re-nunciar à vida familiar tão logo ele nasceu. A pessoa deve estar atenta para que esta aptidão não seja artificial. A partir do despertar do desapego verdadeiro, a juventude deixa de ser um obstáculo.

Y€dava d€sa: O que é renúncia verdadeira e o que é renúncia falsa?

Ananta d€sa: A renúncia verdadeira é tão sólida que jamais pode ser interrompida. A renúncia falsa surge da de-cepção, da desonestidade e do desejo de prestígio. Certos indivíduos dão um falso espetáculo de renúncia para con-quistarem o mesmo respeito prestado a nirapek�a-bhaktas que abandonaram a vida familiar. Porém, tal desapego fal-so, é fútil e completamente inauspicioso. Tão logo tais pes-soas deixam o lar, os sintomas de sua aptidão ao desapego desaparecem, e já começam a depravar-se.

Y€dava d€sa: Um bhakta que tenha abandonado a vida familiar precisa adotar as vestes externas de um renun-ciante?

Ananta d€sa: Nirapek�a-akiñcana-bhaktas que

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tenham resolutamente renunciado ao espírito de desfrute purificam o mundo inteiro, quer vivam na floresta, quer permaneçam em casa. Alguns deles arranjam uma tanga e roupas velhas e surradas como sinais externos para identi-ficá-los como membros da ordem renunciada. Na ocasião em que aceitam este traje, fortalecem sua decisão fazendo um voto resoluto na presença de outros Vai�Šavas também membros da ordem renunciada. Esta é a chamada admissão na ordem renunciada, ou a aceitação de vestes próprias para a renúncia. Se você chama isto de bheka-grahaŠa ou ve�a-grahaŠa, aceitação do traje da renúncia, então, que mal há nisto?

Y€dava d€sa: Para que serve ser identificado pelos sinais da ordem renunciada?

Ananta d€sa: É muito útil ser identificado como membro da ordem renunciada. Os familiares do renuncian-te deixarão de se relacionar com ele e lhes será fácil aban-doná-lo. Ele já não desejará entrar em casa e despertará em seu coração um desapego natural e, como consequência o temor da sociedade materialista. Para certos bhaktas, é be-néfico aceitar os sinais externos da renúncia, embora isto não seja necessário no caso do desapego da vida familiar ter amadurecido por completo. Conforme diz o ®r…mad-Bh€gavatam (4.29.46):

sa jah€ti matiˆ loke vede ca parini�˜hit€m

‘Um bhakta que tenha recebido a misericórdia de Bhagav€n abandona o apego às atividades munda-nas e a todos os deveres ritualísticos prescritos nos Vedas.’

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Não há uma injunção determinando que tais bhaktas aceitem o traje externo da renúncia. Este é necessário so-mente enquanto houver alguma dependência da apreciação pública.

Ananta d€sa: Deve-se aceitar a ordem renunciada de um Vai�Šava pertencente a ordem renunciada. G�hastha- bhaktas não têm experiência quanto ao comportamento de bhaktas renunciados, e por isso não devem iniciar ninguém na ordem renunciada. A seguinte declaração do Brahma-vaivarta Pur€Ša confirma isto:

apar…k�yopadi�˜aˆ yat loka-n€�€ya tad bhavet

‘Aquele que ensina aos outros princípios reli-giosos que ele próprio não segue, traz a ruína ao mundo.’

Y€dava d€sa: Que critérios um guru deve usar para oferecer iniciação na ordem renunciada?

Ananta d€sa: Em primeiro lugar, o guru deve con-siderar se o discípulo está qualificado ou não. Ele deve averiguar se o g�hastha-bhakta, pela força de k��Ša-bhakti, adquiriu um temperamento espiritual caracterizado por qualidades tais como pleno controle da mente e dos sen-tidos. A usura por riqueza e a satisfação da língua foram extirpadas ou não? O guru deve manter o discípulo consigo por algum tempo a fim de examiná-lo na íntegra, poden-do iniciá-lo na ordem renunciada ao constatar ser ele um candidato genuíno. Antes disso, não deve oferecer iniciação sob hipótese alguma. Se o guru oferecer iniciação a uma pessoa desqualificada, com certeza ele próprio cairá.

Y€dava d€sa: Agora percebo não ser leviandade

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aceitar a ordem renunciada; trata-se de compromisso sério. Gurus desqualificados andam transformando esta prática em algo vulgar. Isto mal começou e, não há como saber onde vai acabar.

Ananta d€sa: ®r… Caitanya Mah€prabhu aplicou castigo rigoroso a Cho˜a Harid€sa por uma falha totalmente insignificante, apenas para proteger a santidade da ordem renunciada. Os seguidores de nosso Senhor devem sempre lembrar-se da punição de Cho˜a Harid€sa.

Y€dava d€sa: É correto construir um monastério e instituir a adoração a uma Deidade depois de ter ingressado na ordem renunciada?

Ananta d€sa: Não. O discípulo qualificado que in-gressou na ordem renunciada deve cuidar de sua subsi-stência mendigando todo dia. Não deve envolver-se com construções de monastérios ou outros grandes empreendi-mentos. Poderá morar em qualquer lugar, ou numa cabana isolada ou no templo de um chefe de família. Ele deve per-manecer fora de todos os assuntos que envolvem dinheiro e deve constantemente cantar �r…-hari-n€ma sem cometer ofensas.

Y€dava d€sa: Como você chama aqueles renunci-antes que instituem um monastério e depois vivem como chefes de família?

Ananta d€sa: Eles podem ser chamados de v€nt€�… (aqueles que comem o próprio vômito).

Y€dava d€sa: Então, eles não devem mais ser consi-derados Vai�Šavas?

Ananta d€sa: Que benefício pode resultar da as-sociação deles quando seu comportamento é contrário ao �€stra e vai�Šava-dharma? Abandonaram bhakti pura para se dedicarem a um estilo de vida hipócrita. Que espécie de

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relacionamento poderia um Vai�Šava ter com tais pessoas?Y€dava d€sa: Como se pode dizer que tais pessoas

abandonaram o Vai�Šavismo se não deixaram de cantar hari-n€ma?

Ananta d€sa: Hari-n€ma e n€ma-apar€dha são duas coisas distintas. Hari-n€ma puro é bem diferente do cantarofensivo que só tem a aparência externa de hari-n€ma. É ofensa cometer pecados com base no canto de �r…-n€ma. Se alguém canta �r…-n€ma e ao mesmo tempo comete ati-vidades pecaminosas, achando que o poder de �r…-n€ma irá isentá-lo de reações pecaminosas, está cometendo n€ma-apar€dha. Isto não é �uddha-hari-n€ma, deve-se distanci-ar de tal cantar ofensivo.

Y€dava d€sa: Então, não é para considerar a vida do-méstica dessas pessoas centralizadas em K��Ša?

“Nunca!” disse Ananta d€sa com firmeza. “Não é possível haver hipocrisia na vida doméstica centralizada em K��Ša. Só poderá haver total honestidade e simplicidade, sem nenhum vestígio de ofensa.”

Y€dava d€sa: Tal pessoa é inferior ao g�hastha-bhakta?

Ananta d€sa: Ela não é nem mesmo um devoto, por-tanto, não há por que compará-la com algum bhakta.

Y€dava d€sa: Como ela poderá se retificar?Ananta d€sa: Ela será incluída de novo entre os

bhaktas quando abandonar todas essas ofensas, cantar �r…-n€ma constantemente e verter lágrimas de arrependimento.

Y€dava d€sa: B€b€j… Mah€�aya, g�hastha-bhaktas enquadram-se nas regras e regulações do varŠ€�rama- dharma. Se um g�hastha é excluído do varŠ€�rama-dhar-ma, não é impedido de se tornar Vai�Šava?

Ananta d€sa: Ah! O vai�Šava-dharma é muito libe-

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ral. Todas as j…vas têm direito ao vai�Šava-dharma – é por isso que também é conhecido como jaiva-dharma. Até os fora de casta podem assumir o vai�Šava-dharma e viver como g�hasthas, embora não façam parte do varŠ€�rama. Além do mais, os que aceitaram sanny€sa no âmbito do varŠ€�rama e depois caíram de sua posição podem mais tarde adotar bhakti pura pela influência de s€dhu-sa‰ga.Essas pessoas, apesar de estarem fora da jurisdição dos regulamentos do varŠ€�rama, podem se tornar g�hastha-bhaktas. Há ainda aqueles que abandonam o varŠ€�rama-dharma devido aos seus malfeitos. Se eles e seus filhos abri-garem-se em �uddha-bhakti pela influência de s€dhu-sa‰ga, podem tornar-se g�hastha-bhaktas, embora não integrem o varŠ€�rama. Constatamos, portanto, a existência de dois ti-pos de g�hastha-bhaktas: o que faz parte do varŠ€�rama e aquele excluído do varŠ€�rama.

Y€dava d€sa: Qual dos dois é superior?Ananta d€sa: Aquele que tiver mais bhakti é superi-

or. Se nenhum dos dois tiver bhakti alguma, então, o segui-dor do varŠ€�rama será superior do ponto de vista relativo vy€vah€rika, porque pelo menos observa alguns princípios religiosos, enquanto que o outro é um fora de casta sem nenhum princípio religioso. Contudo, da perspectiva espiri-tual param€rthika, ou absoluta, por estarem desprovidos de bhakti, ambos são caídos.

Y€dava d€sa: O g�hastha tem direito de usar as ve-stes de um mendicante enquanto ainda é chefe de família?

Ananta d€sa: Não. Se assim o faz, é culpado de dois delitos: engana-se a si mesmo e engana o mundo. Se um g�hastha adota as vestes de um mendicante, só afronta e ridiculariza os mendicantes genuínos que vestem a indu-mentária da ordem renunciada.

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Y€dava d€sa: B€b€j… Mah€�aya, os �€stras descre-vem algum sistema para se aceitar a ordem renunciada?

Ananta d€sa: Não há uma descrição específica. Pes-soas de todas as castas podem tornar-se Vai�Šavas, mas, segundo o �€stra, apenas os nascidos duas vezes po-dem aceitar sanny€sa. No ®r…mad-Bh€gavatam (7.11.35),

N€rada descreve as características distintas de cada um dos quatro varŠas, concluindo com a declaração a se-guir:

yasya yal-lak�aŠaˆ proktaˆ puˆso varŠ€bhivyañjakamyad anyatr€pi d��yeta tat tenaiva vinirdi�et

‘O indivíduo deve ser considerado pertencente ao varŠa de características compatíveis com as dele, mesmo que tenha nascido em casta diferente.’

A prática de se oferecer sanny€sa a homens que, em-bora nascidos em outras castas, manifestam sintomas de br€hmaŠas, ocorre com base neste veredito dos �€stras. Se um homem nascido em casta diferente tem de fato os sin-tomas de um br€hmaŠa e aceita sanny€sa, então, é preciso admitir que este sistema é aprovado pelo �€stra.

Este veredito dos �€stras apóia a prática de se ofere-cer sanny€sa a homens dotados de sintomas brahmínicos, mesmo que tenham nascido em outras castas. Isto só se apli-ca, no entanto, a questões param€rthika, e não a questões vy€vah€rika.

Y€dava d€sa: Irmão CaŠ�…d€sa, você já tem a res-posta para sua pergunta?

CaŠ�…d€sa: Hoje me considero abençoado. De to-das as instruções emanadas da boca do venerável B€b€j…

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Mah€�aya, estes são os assuntos que consegui assimilar. A j…va é serva eterna de K��Ša, mas se esquece disto e as-sume um corpo material. Influenciada pelas qualidades da natureza material ela obtém felicidade e aflição de objetos materiais. Em troca do privilégio de gozar os frutos de suas atividades materiais, tem que usar uma guirlanda de nasci-mento, velhice e morte.

Às vezes, a j…va nasce em posição elevada e, às vezes, em posição baixa, e é lançada em inúmeras circunstâncias por suas repetidas mudanças de identidade. A fome e a sede incitam-na a agir num corpo que pode perecer a qualquer instante. Sendo privada das necessidades deste mundo, é atirada a ilimitadas variedades de sofrimento. Seu corpo é atormentado pela ocorrência de muitas doenças e incô-modos. Em casa, briga com a esposa e os filhos, chegando algumas vezes ao extremo de cometer suicídio. A cobiça para acumular riqueza estimula seu apetite de cometer pe-cados. É punida pelo governo, insultada pelos outros, e deste modo, submete-se a indescritíveis aflições corpóreas.

Vive sendo afligida pela saudade dos familiares, perda de riqueza, assaltos e inúmeras outras causas de sofrimento. Ao envelhecer, seus parentes não tomam conta dela, o que lhe causa muita angústia. Seu corpo encolhido é arruina-do pelo muco, reumatismo e uma sucessão de outras dores, virando apenas fonte de miséria. Após a morte, entra em outro ventre para sofrer dores intoleráveis. Todavia, apesar de tudo isso, enquanto o corpo persistir, seu discernimento será subjugado pela luxúria, ira, cobiça, ilusão, orgulho e inveja. Isto é saˆs€ra. Agora compreendo o significado da palavra saˆs€ra. Repetidas vezes presto daŠ�avat-praŠ€ma a B€b€j… Mah€�aya. Os Vai�Šavas são gurus do mundo inteiro. Hoje, pela misericórdia dos Vai�Šavas, adquiri

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conhecimento verdadeiro sobre este mundo material.Depois de ouvirem as profundas instruções de Ananta

d€sa B€b€j… Mah€�aya, todos os Vai�Šavas presentes excla-maram em voz alta: “S€dhu! S€dhu!” A essa altura, muitos Vai�Šavas haviam se reunido ali, e começaram a cantar um bhajana que L€hir… Mah€�aya havia composto.

e ghora saˆs€re, pa�iy€ m€nava, na p€ya duƒkhera �e�a s€dhu-sa‰ga kori´, hari bhaje yadi, tabe anta haya kle�a

‘A j…va que caiu nesta horrível existência material não encontra fim para o seu sofrimento. Porém, seus contratempos terminam quando ela, sendo agraciada pela associação dos s€dhus, logo adota a adoração a ®r… Hari.’

vi�aya-anale, jvaliche h�daya, anale b€�e analaapar€dha cha�i´laya k��Ša-n€ma, anale pa�aye jala

‘O fogo devastador dos desejos sensuais queima-lhe o coração e ao tentar satisfazer esses desejos, o fogo só aumenta com maior intensidade. No entanto, a iniciativa de abandonar as ofensas e cantar �r…-k��Ša-n€ma atua como um refrescante aguaceiro, que ex-tingue esse fogo abrasante.’

nit€i-caitanya-caraŠa-kamale, €�raya laila yeik€lid€sa bole, j…vane maraŠe, €m€ra €�raya sei

‘K€l…d€sa diz: Quem busca o abrigo dos pés de lótus de Caitanya-Nit€i é meu refúgio na vida e na morte.’

Enquanto prosseguia o k…rtana, CaŠ�…d€sa dançava em grande êxtase. Tomou a poeira dos pés dos b€b€j…s so-

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bre a cabeça e começou a rolar no chão, chorando de inten-sa alegria. Todos declaravam: “CaŠ�…d€sa é extremamente afortunado!”

Após algum tempo, Y€dava d€sa disse: “Vamos, CaŠ�…d€sa, precisamos ir para o outro lado do rio.” Sorrin-do, CaŠ�…d€sa respondeu: “Se você me atravessar (pelo rio da existência material), eu irei.”

Ambos prestaram daŠ�avat-praŠ€ma a Pradyumna-kuñja e partiram. Assim que saíram do kuñja, viram Da-mayant… prestando repetidas reverências e dizendo: “Ai de mim! Por que fui nascer mulher? Se tivesse nascido homem, teria sido fácil entrar neste kuñja, ter dar�ana destas grandes almas e purificar-me tendo a poeira dos seus pés sobre min-ha cabeça. Tomara que eu possa simplesmente tornar-me, nascimento após nascimento, uma serva dos Vai�Šavas de ®r… Navadv…pa, e assim passar meus dias a serviço deles.”

Y€dava d€sa disse: “Oh! Este Godruma-dh€ma é o lugar sagrado perfeito. Pelo simples fato de vir aqui, a pes-soa obtém �uddha-bhakti. Godruma é um vilarejo de pasto-res de vacas, o lugar onde ®ac…nandana, o Senhor de nossas vidas, realiza Seus passatempos divinos. ®r… Prabodh€nanda Sarasvat… deu-se conta desta verdade no fundo do coração e orou com as seguintes palavras:

na loka-vedoddh�ta-m€rga-bhedair€vi�ya sa‰kli�yate re vim™�h€ƒ

ha˜heŠa sarvaˆ parih�tya gau�e�r…-godrume parŠa-ku˜…ˆ kurudhvam

®r… Navadv…pa-�ataka (36)

‘Ó tolos, apesar de vocês terem se refugiado na socie-dade mundana e nos Vedas e adotado muitos deve-

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res sociais e religiosos, vocês continuam miseráveis. Abandonem agora mesmo estes caminhos incertos econstruam bem rápido uma cabana de sapê em ®r… Godruma!’ ” Dessa maneira, reciprocando hari-kath€ entre eles,

os três atravessaram o Ga‰g€ e chegaram a Kuliy€-gr€ma.Desde então, CaŠ�…d€sa e sua esposa Damayant… de-

monstraram conduta Vai�Šava maravilhosa. Intocados pelo mundo de m€y€, foram agraciados com as qualidades de vai�Šava-sev€, cantando k��Ša-n€ma constantemente e mostrando misericórdia para com todas as j…vas. Ben-dito seja o casal de comerciantes! Bendita seja a mi-sericórdia dos Vai�Šavas! Bendita seja ®r… Navadv…pa-bh™mi!

Assim termina o Sétimo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Nitya-Dharma e Existência Material”

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240 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

1 Existem dois tipos de entidades: cetana, animadas, e ja�a, inanimadas. As entidades animadas são aquelas dotadas com o desejo e o poder de experimentar, ao contrário das entidades inanimadas. Há ainda, duas espécies de entidades animadas: as dotadas de consciência plena (p™rŠa-cetana) e as dotadas de consciência diminuta (k�udra-cetana). Bhagav€n possui consciência plena e, sob Seu aspecto orig-inal, Ele é K��Ša. Isto é declarado no ®r…mad-Bh€gavatam (1.3.28) pela afirmação k��Šas tu bhagav€n svayam: “K��Ša é o Bhagav€n original.” As j…vas possuem consciência diminuta. Elas são Suas partes separadas, conhecidas como vibhinn€ˆ�a-tattva, e são inumeráveis.

Os �€stras comparam o relacionamento recíproco en-tre ®r… K��Ša e as j…vas com o relacionamento existente entre o sol e as cintilantes partículas infinitesimais de luz presentes nos raios do sol. Bhagav€n ®r… K��Ša é o sol espiritual e as j…vas, partículas infinitesimais de espírito. O dharma ou sva-bh€va das j…vas infinitesimais é servir a K��Ša. São simul-tâneos o momento da formação das j…vas e o nascimento do dharma das mesmas, assim como o poder de queimar está sempre presente no fogo. Da mesma forma que não se pode aceitar a existência do fogo sem o poder de queimar, a es-sência da identidade da alma individual enquanto j…va não se consolida sem o serviço a K��Ša. Um vastu (substância) não pode existir independentemente de seu dharma (função cara-cterística natural), nem tampouco pode uma função existir independentemente de sua substância. Não obstante, uma substância e sua função podem perverter-se. Com certeza, é função inerente da j…va servir a K��Ša, porém, quando a j…va fica indiferente a K��Ša e cobiça diferentes tipos de prazer sensual, a potência externa de K��Ša (bahira‰ga-�akti ou

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241Nitya-Dharma e Existência Material

m€y€), que se encontra por perto, a captura e a prende em sua rede.

2Conforme afirma ®r…la Bhaktivinoda µh€kura, na era de Kali recomenda-se a todas as j…vas que se tornem g�hasthas Vai�Šavas, pois assim não correm o risco de cair. Com esta afirmação, ele quer dizer que é dever de todos os seres hu-manos viverem em condição não-caída e ocuparem-se a ser-viço de Vi�Šu e dos Vai�Šavas. No entanto, não é intenção do autor instruir que todos precisam ser g�hasthas, ou que na era de Kali ninguém deve aceitar outro €�rama senão o g�hastha-€�rama. Quem está fortemente influenciado pe-las qualidades materiais de paixão e ignorância, está por demais apegado ao gozo material dos sentidos e sente forte inclinação para trilhar o caminho da ação fruitiva (prav�tti-m€rga), é aconselhado a aceitar o matrimônio e seguir o g�hastha-€�rama a fim de neutralizar essas tendências. Por outro lado, aqueles cuja natureza é de qualidade bondosa e pura e que seguem o caminho do desapego (niv�tti-m€rga) não devem se casar e assim evitar a queda. Encontramos no Vi�Šu Pur€Ša (3.8.9) a seguinte declaração relacionada a €�ramas:

varŠ€�ram€c€ravat€ puru�eŠa paraƒ pum€nvi�Šur €r€dhyate panth€ n€nyat tat-to�a-k€raŠam

‘®r… Vi�Šu é adorado apenas pelo cumprimento dos deveres prescritos em varŠ€�rama. Não existe outra maneira de agradá-Lo.

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242 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

Neste �loka, a palavra €�rama refere-se, não somente ao g�hastha-€�rama, mas também a todos os quatro €�ramas. No ®r…mad-Bh€gavatam (11.17.14), há a seguinte declara-ção a respeito de €�ramas:

g�ha�ramo ja‰ghanato brahmacaryˆ h�do mama vak�aƒ-sthal€d vane v€saƒ sanny€saƒ �irasi sthitaƒ

‘O g�hastha-€�rama surgiu das coxas de Minha forma universal, o brahmac€r…-€�rama, de Meu coração, o v€naprastha-€�rama, de Meu peito, e o sanny€sa-€�rama, de Minha cabeça.’

São estes os quatro €�ramas descritos no �€stra. Con-forme um de seus traços característicos, o Vai�Šava ocupa-se na adoração a ®r… Vi�Šu enquanto mantém-se no €�rama para o qual está apto. No momento, não há escassez de exemplos disto. Mesmo neste livro, os personagens Prema d€sa, Vai�Šava d€sa, Ananta d€sa e vários outros instrutores qualificados são sanny€s…s, brahmac€r…s ou g�ha-ty€g…s.Outro detalhe é que nem todos os seguidores do autor, ®r… Bhaktivinoda µh€kura, são g�hastha-bhaktas. Alguns de-les são brahmac€r…s e alguns abandonaram a vida famili-ar para integrar a ordem superior, sanny€sa, estando deste modo aptos a instruir o mundo. No terceiro capítulo, fala-se de sanny€sa como o €�rama mais elevado. Esta mesma conclusão é expressa no ®r…mad-Bh€gavatam (11.17.15), o mais proeminente de todos os �€stras:

varŠ€n€m €�ram€Š€ˆ� ca janma-bh™my-anus€riŠ…ƒ €san prak�tayo n�Š€ˆ n…cair n…cottamottam€ƒ

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243Nitya-Dharma e Existência Material

‘Os varŠas e €�ramas da humanidade são dotados de naturezas superiores e inferiores de acordo com os pontos superiores e inferiores no corpo universal de ®r… Bhagav€n dos quais apareceram.’

Por esta afirmação, pode-se concluir que sanny€sa é o mais elevado dos quatro €�ramas e g�hastha, o mais baixo. O brahmac€r…-€�rama fica acima do g�hastha-€�rama e o v€naprastha-€�rama, acima do brahmac€r…-€�rama. Estes €�ramas estão relacionados com a tendência adquirida, ori-ginada da natureza temporária de cada um.

Assim como os varŠas, os €�ramas também se sub-dividem segundo natureza, tendência e trabalho. Homens de natureza inferior, que se sentem inclinados a ocupar-se em ações fruitivas, acabam tornando-se g�hasthas. Os nai�˜hika-brahmac€r…s, que fazem um voto vitalício de celi-bato, são a riqueza do coração de ®r… K��Ša. Os renunciantes v€naprasthas surgem do peito de K��Ša e os sanny€s…s, que são reservatórios de qualidades auspiciosas, surgem de Sua cabeça. Portanto, brahmac€r…s, v€naprasthas e sanny€s…s são todos superiores aos g�hasthas. Contudo, enquanto o gosto pelo caminho da renúncia não despertar no coração de alguém, ele continuará inapto para ingressar nestes três €�ramas superiores. O Manu-saˆhit€ (5.56) afirma:

na m€ˆsa-bhak�aŠe do�e na madye na ca maithuneprav�ttir e�€ bh™t€n€ˆ niv�ttis tu mah€phal€ƒ

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244 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

‘Os seres humanos têm uma inclinação natural aos prazeres da alimentação carnívora, da intoxicação e da prática de sexo, mas a abstinência de semelhantes atividades produz resultados altamente benéficos. ’

Isto é corroborado no ®r…mad-Bh€gavatam (11.5.11):

loke vyav€y€mi�a-madya-sev€ nity€ hi jantor na hi tatra codan€

vyavasthitis te�u viv€ha-yajña-sur€-grahair €su niv�ttir i�˜€

‘Neste mundo, observa-se a tendência natural das pessoas ao prazer sexual, à alimentação carnívora e à into-xicação. Apesar do �€stra não poder sancionar a ocupação em semelhantes atividades, adotam-se medidas especiais pelas quais é permitido algum contato com o sexo oposto mediante o matrimônio; a alimentação carnívora é permiti-da mediante a prática de sacrifício; e permite-se beber vin-ho no ritual conhecido como sautr€maŠ…-yajña. Estes pre-ceitos têm por objetivo coibir as tendências licenciosas das pessoas em geral e propiciar-lhes uma conduta moral. ’

Ao tomar tais medidas, os Vedas têm por objetivo intrínseco afastar as pessoas por completo de semelhantes atividades.

Em muitos outros �€stras, determina-se a su-perioridade do caminho da renúncia. Ao final do déci-mo capítulo deste livro, ®r… Bhaktivinoda µh€kura cita o Bh€gavatam �loka supramencionado e chega à seguinte conclusão: “Não é intenção do �€stra estimular a matança de animais. Os Vedas afirmam – m€ himsy€t sarv€Ši bh™t€ni:

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245Nitya-Dharma e Existência Material

‘Não faça mal a nenhuma entidade viva’. Esta afirmação proíbe a violência contra animais. Contudo, enquanto al-guém tiver sua natureza sob a forte influência da paixão e da ignorância, sentirá uma inclinação natural pelo prazer sexual, pela alimentação carnívora e pela intoxicação. Tal pessoa não espera pela sanção dos Vedas para ocupar-se em tais atividades. O propósito dos Vedas é proporcionar um meio pelo qual seres humanos que não tenham adotado a qualidade da bondade – e deste modo renunciado à tendên-cia à violência, ao prazer sexual e à intoxicação – possam refrear essas tendências e satisfazer suas necessidades por meio da religião.

“As pessoas regidas por essas tendências inferiores podem ter contato com o sexo oposto através do matrimô-nio religioso; podem matar animais apenas através de certos métodos prescritos de sacrifício; e podem consumir tóxicos apenas em certas ocasiões, e seguindo certos procedimentos. Se elas observarem estes métodos, sua tendência àquelas atividades minguará e aos poucos elas as abandonarão.”

Por isso, o g�hastha-€�rama é necessário em Kali-yuga, primeiro para afastar as pessoas do caminho da ação fruitiva e depois para orientá-las rumo ao camin-ho da renúncia. O autor jamais teve a intenção de sugerir que as pessoas aptas para a ordem de vida superior devam tornar-se g�hasthas. Mais adiante neste mesmo capítulo, ®r… Bhaktivinoda µh€kura expressa o objetivo do matrimô-nio com as seguintes palavras:

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246 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

“Ninguém deve ingressar no matrimônio com o fim de gerar filhos ou adorar os antepassados. Deve-se, isto sim, pensar: ‘Aceito esta criada de K��Ša para que possamos nos auxiliar mutuamente no serviço a K��Ša.’ Esta atitude é fa-vorável a bhakti.”

Logo, aqueles que se casam sem o desejo de ter filhos podem de fato ser g�hasthas Vai�Šavas verdadeiros. Quan-do um homem, com toda sinceridade, considera sua esposa uma criada de K��Ša, não há brecha alguma para ele en-cará-la como objeto de seu próprio prazer – sua atitude será, pelo contrário, de adoração. Por outro lado, é verdade que certas afirmações sancionam o desejo de se gerar filhos. Por exemplo: putr€rthe kriyate bh€ry€ – “aceita-se uma espo-sa com o propósito de se ter filhos”, mas aqui subentende-se que se deve desejar gerar servos de K��Ša, e não filhos mundanos comuns.

A palavra putra (filho) deriva do termo put, o qual se refere a um planeta infernal em particular. Tra deriva da raiz verbal que significa ‘salvar’. Deste modo, tradicional-mente, a palavra putra significa alguém gerar um filho que possa salvá-lo do inferno oferecendo-lhe oblações após seu falecimento. No entanto, para Vai�Šavas que cantam �r…-hari-n€ma regularmente, ir para o inferno chamado put está fora de cogitação. Portanto, eles não desejam putras, mas sim servos de K��Ša.

De modo geral, um homem sujeito ao condiciona-

mento material e propenso a trilhar o caminho da ação frui-tiva entrega-se ao intercurso sexual com uma mulher para satisfazer seu desejo luxurioso. Crianças que nascem

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247Nitya-Dharma e Existência Material

deste tipo de união são apenas subprodutos de tal desejo. Este é o motivo pelo qual tantas pessoas hoje em dia de-monstram natureza luxuriosa. É comum dizer-se €tmavat j€yate putraƒ: “Tal pai, tal filho.”

Embora o g�hastha-€�rama seja o mais baixo dos quatro €�ramas, ®r…la Bhaktivinoda µh€kura o recomenda com o desejo de beneficiar a todos no mundo. Sua reco-mendação destina-se em especial a pessoas de mentalidade semelhante à de CaŠ�…d€sa e Damayant…. Na verdade, para grandes almas que trilham naturalmente o caminho do desa-pego pela influência do suk�ti por elas adquirido em vidas anteriores, o enredamento na vida doméstica pela aceitação do matrimônio jamais ocorrerá. Tais pessoas elevadas po-dem mesmo assim cair, mas onde está o risco de queda para quem já é caído?

Se um nai�˜hika-brahmac€r… ou um sanny€s… entendesse mal o significado subjacente à instrução supramencionada e, com base nessas palavras, abandonasse sua brahm€c€rya ou sanny€sa e, contrariando o �€stra, se casasse com uma de suas discípulas, uma irmã espiritual ou alguma outra mulher, ou aconselhasse outro brahmac€r… ou sanny€s… a fazê-lo, então, pode-se dizer que seria muito raro encontrar na história do mundo um ateísta tão desprezível e covarde.Em segundo lugar, é sumamente vergonhoso que indivíduos desqualificados adotem as vestes de brahmac€r…s, ty€g…s ou sanny€s…s, sob o pretexto de imitar-lhes o comportamento, e se considerem iguais às personalidades grandiosas perten-centes a esses €�ramas.

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248 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 7

Tais homens são como ®�g€la V€sudeva, o bajulador que se fez passar por ®r… K��Ša e cujas peripécias são narradas no ®r…mad-Bh€gavatam, Harivaˆ�a, Caita-nya-Bh€gavata e outros �€stras. As pessoas situadas numa etapa inferior e apegadas ao caminho da ação fruitiva devem primeiro refrear a deplorável tendência à luxúria casando-se legitimamente segundo os prin-cípios religiosos. O objetivo do �€stra é orientar todos os seres vivos com vistas ao caminho do desapego.

O Brahma-vaivarta Pur€Ša (K��Ša-khaŠ�a 115.112-113) afirma:

a�vamedhaˆ gav€lambhaˆ sanny€saˆ palapait�kamdevareŠa sutotpattiˆ kalau pañca vivarjayet

‘Em Kali-yuga, cinco atividades são proibidas: ofe-recer um cavalo em sacrifício, oferecer uma vaca em sacrifício, aceitar sanny€sa, oferecer carne aos ante-passados e uma mulher gerar filhos com o irmão de seu esposo. ’

Há quem tente, com base neste �loka, instituir que a aceitação de sanny€sa é proibida em Kali-yuga. En-tretanto, este �loka tem uma intenção oculta, que não tem a ver com proibir sanny€sa completamente. Na verdade, muitas grandes personalidadesque aparece-ram em Kali-yuga eram ty€g…s ou sanny€s…s, inclu-sive ®r… R€m€nuja, ®r… Madhva, ®r… Vi�Šu-sv€m… e outros €c€ryas, todos bem familiarizados com todos os �€stras. Bem como os €c€ryas proeminentes, os

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249Nitya-Dharma e Existência Material

A sucessão pura de sanny€sa ainda prossegue nos dias de hoje. Com o preceito contra a aceitação de sanny€sa em Kali-yuga, na verdade quer-se dizer que é impróprio aceitar o ekadaŠ�a-sanny€sa originário da desautorizada linha de pensamento propagada por šc€rya ®a‰kara, a qual se expressa em máximas como so ’haˆ (sou esse brahma) e ahaˆ brahm€smi (sou brahma). Este tipo de sanny€sa é que foi proibido.TridaŠ�a-sanny€sa é o sanny€sa perpétuo e verdadei-ro, sendo aplicável em todos os tempos. Às vezes, o tridaŠ�a-sanny€sa aparece sob a forma externa de eka-danda-sanny€sa. EkadaŠ�a-sanny€s…s desta estirpe, os quais na verdade são grandes almas, aceitam a eternidade do tridaŠ�a-sanny€sa, que simboliza três aspectos: sevya (o objeto do serviço), sevaka (o servo) e sev€ (o serviço). Tais pessoas consideram o ekadaŠ�a-sanny€sa propagado por ®a‰kara inteiramente desautorizado e sem o apoio do �€stra. Fica provado, portanto, inclusive com base no Brah-ma-vaivarta Pur€Ša �loka citado por sm€rta €c€ryas, ser lógico que s€dhakas seguidores do niv�tti-m€rga aceitem sanny€sa.

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Capítulo 8Nitya-Dharma e Comportamento Vai�Šava

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Alguns Vai�Šavas viviam num bosque isolado em uma floresta fronteiriça da margem sudeste do lago sa-grado conhecido como ®r… Gor€-hrada. Certa tarde, esses Vai�Šavas convidaram os Vai�Šavas de Godruma para se associarem e tomarem pras€da com eles. Após honrarem pras€da, os Vai�Šavas foram sentar-se no bosque. Naquele momento, L€hir… Mah€�aya cantou um bhajana que desper-tou amor extático de Vraja nos corações de todos.

(gaura!) kata l…l€ karile ekh€neadvait€di bhakta-sa‰ge n€cile e vane ra‰ge

k€liya-dmana-sa‰kirtanee hrada haite prabhu, nist€rile nakra prabhu

k��Ša yena k€liya-damane

‘Oh! Pense nos vários passatempos que Gaura re-alizou aqui! Ele dançava e divertia-Se neste bosque, acompanhado de Advaita e outros Vai�Šavas. ®r… K��Ša domou K€liya-n€ga, e da mesma forma, nosso Prabhu libertou um crocodilo deste lago com Seu

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254 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 8

sa‰k…rtana, o qual ficou conhecido como k€liya-da-mana-sa‰k…rtana.’ Após terminar o bhajana, os Vai�Šavas puseram-se

a conversar sobre a unidade de gaura-l…l€ e k��Ša-l…l€. En-quanto eles conversavam, alguns Vai�Šavas de Barag€ch… chegaram e prestaram daŠ�avat-praŠ€ma, primeiro a Gor€-hrada e em seguida aos Vai�Šavas. Os Vai�Šavas do bosque, prestando os devidos respeitos aos recém-chega-dos, convidaram-nos a sentar-se.

Naquele kuñja retirado, havia uma antiga figuei-ra-de-bengala, ao redor de cuja base os Vai�Šavas haviam construído um terraço circular de argamassa. Todos re-verenciavam aquela árvore, chamando-a de Nit€i-va˜a, a figueira-de-bengala de Nity€nanda Prabhu, pois Ele adora-va sentar-Se debaixo dela. Agora sentados debaixo daque-la mesma Nit€i-va˜a, os Vai�Šavas começaram a conversar sobre temas espirituais. Um Vai�Šava jovem e curioso do grupo de Barag€ch… disse em tom humilde: “Eu gostaria de fazer uma pergunta, e ficaria muito contente se algum de vocês pudesse respondê-la.”

Harid€sa B€b€j… Mah€�aya, residente daquele kuñja isolado, era sábio e profundamente erudito. Tinha quase cem anos de idade. Há muitos anos, havia visto Nity€nanda Prabhu pessoalmente sentado debaixo daquela figueira-de-bengala, e por isso vibrava em seu coração o desejo de partir deste mundo exatamente ali. Ao ouvir as palavras do jovem, ele disse: “Meu filho, enquanto a comitiva de Paramahaˆsa B€b€j… estiver sentada aqui, você pode ficar tranquilo que terá uma boa resposta à sua pergunta.”

Assim, o jovem Vai�Šava de Barag€ch… fez sua per-gunta com toda humildade: “Já entendi que o vai�Šava-

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dharma é uma religião eterna, gostaria de saber, como a pes-soa que se abrigou no vai�Šava-dharma deve comportar-se perante os outros.”

Após ouvir a pergunta do recém-chegado, Harid€sa B€b€j… Mah€�aya lançou um olhar para ®r… Vai�Šava d€sa B€b€j… e disse: “Vai�Šava d€sa, além de você ser um Vai�Šava exaltado, não há nenhum erudito na Bengala que se compare a você nos dias atuais. Você esteve na associa-ção de ®r…la Prak€�€nanda Sarasvat… Gosv€m… e você foi instruído por Paramahaˆsa B€b€j…. Você é um receptáculo muito afortunado da misericórdia de ®r…man Mah€prabhu, sendo portanto mais do que apto para responder esta per-gunta.”

Vai�Šava d€sa B€b€j… Mah€�aya disse em tom humil-de: “Ó grande alma, você esteve com ®r…man Nity€nanda Prabhu, que é um avat€ra do próprio Baladeva, e median-te suas instruções, inúmeras pessoas conseguiram adotar o caminho espiritual. Ao meu ver, será grande misericórdia para nós se você aceitar nos instruir hoje.”

Todos os demais Vai�Šavas concordaram com Vai�Šava d€sa B€b€j…. Não vendo outro recurso, B€b€j… Mah€�aya por fim cedeu. Após prestar daŠ�avat-praŠ€ma a ®r… Nity€nanda Prabhu ao pé da figueira-de-bengala, co-meçou a falar.

B€b€j…: Presto praŠ€ma a todas as j…vas deste mun-do, considerando-as servas de K��Ša. Embora todos sejam servos de ®r… K��Ša, alguns aceitam este fato, e outros não. Apesar de, por natureza, todos serem servos de ®r… K��Ša, há algumas almas que rejeitam isto devido à ignorância ou ilusão. Elas formam um grupo. O outro grupo con-siste naquelas que aceitam sua identidade natural como

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servas de ®r… K��Ša. Portanto, há dois tipos de pessoas neste mundo: k��Ša-bahirmukha, aquelas que se desviam de K��Ša, e k��Ša-unmukha, aquelas que estão devotadas a K��Ša.

A maioria das pessoas neste mundo está afastada de K��Ša e não aceita dharma. Não há o que dizer acerca do primeiro grupo. Eles não têm consciência do que deve ser feito e do que não deve ser feito, e toda a sua existência baseia-se na felicidade egoísta.

Já os indivíduos que aceitam certos princípios morais têm senso de dever. Para eles, o grande Vai�Šava, Manu, escreve:

dh�tiƒ k�am€ damo´steyaˆ �aucam indriya-nigrahaƒdh…r vidy€ satyam akrodho da�akaˆ dharma-lak�aŠam

®r… Manu-saˆhit€ (6.92)

‘A vida religiosa tem dez características: dh�tiƒ (de-terminação com paciência); k�am€ (perdão), que si-gnifica não retaliar ao ser vítima da injustiça alheia; damo (controle da mente), significando manter-se equânime mesmo ante circunstâncias perturbadoras; asteyaˆ (abster-se de roubar); �aucaˆ (limpeza); indriya-nigrahaƒ (restringir os sentidos de seus obje-tos); dh…r (inteligência), que quer dizer conhecimento do �€stra; vidy€ (sabedoria), que significa percepção da alma; satyam (veracidade); e akrodha (ausência de ira), demonstrada pela serenidade em meio a cir-cunstâncias desesperadoras.’

Seis destas características – determinação, contro-le da mente, limpeza, restrição dos sentidos, conheci-mento do �€stra e sabedoria – são deveres para consigo

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257Nitya-Dharma e Comportamento Vai�Šava

mesmo. As quatro restantes – perdão, abster-se de roubar, veracidade e ausência de ira – são deveres para com os ou-tros. Apesar de terem sido prescritos para as pessoas em geral, nenhum destes dez deveres religiosos representa uma indicação clara de hari-bhajana. Além do mais, o simples cumprimento fiel destes deveres não garante necessaria-mente que alguém irá alcançar o sucesso completo na vida. O Vi�Šu-dharmottara Pur€Ša confirma isto:

j…vitam vi�Šu-bhaktasya varaˆ pañca-din€nicana tu kalpa-sahasr€Ši bhakti-h…nasya ke�ave

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.317)

‘É muito auspicioso viver neste mundo, mesmo que por cinco dias, como bhakta de ®r… Vi�Šu. Por outro lado, não é nada auspicioso viver neste mundo por milhares de kalpas sem bhakti por ®r… Ke�ava.’

Aqueles desprovidos de k��Ša-bhakti não são di-gnos de serem chamados de seres humanos, portanto, o �€stra refere-se a tais pessoas como animais bípedes. O ®r…mad-Bh€gavatam (2.3.19) declara:

�va-vi�-var€ho�˜ra-kharaiƒ saˆstutaƒ puru�aƒ pa�uƒna yat karŠa-pathopeto j€tu n€ma gad€grajaƒ

‘Apenas homens que são como cães, porcos, camelos e asnos louvam aqueles que nunca ouvem o santo nome de ®r… K��Ša, o irmão mais novo de Gada.’

Quem jamais permite que �r…-k��Ša-n€ma entre em seus ouvidos é como um animal. De fato, ele é mais degradado do que porcos comedores de excremento e

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de outras substâncias rejeitáveis, camelos errantes pelo de-serto de saˆs€ra a comer cactos e asnos carregando fardos pesados para os outros e sempre molestados pelas jumen-tas. Contudo, a questão levantada hoje não é sobre o que as pessoas desafortunadas devem ou não fazer. Mas, é so-bre como deve se comportar com os outros, aqueles que se abrigaram no caminho de bhakti.

Aqueles que adotaram o caminho de bhakti podem ser divididos em três categorias: kani�˜ha (neófito), madhyama (intermediário) e uttama (o mais elevado). Kani�˜has são os que, mesmo tendo iniciado o caminho de bhakti, ainda não são bhaktas verdadeiros. A descrição de seus sintomas é a seguinte:

arc€y€m eva haraye puj€ˆ yaƒ �raddhayehatena tad-bhakte�u c€nye�u sa bhaktaƒ pr€k�taƒ sm�taƒ

(®r…mad-Bh€gavatam 11.2.47)

‘Aquele que fielmente adora a forma da Deidade de ®r… Hari, mas não presta serviço a Seus bhaktas ou a outros seres vivos, é um pr€k�ta-bhakta, um devoto materialista.’

Deste modo, fica estabelecido que �raddh€ é o b…ja, ou semente de bhakti. Bhakti só é eficaz quando se adora Bhagav€n com �raddh€, mas só será �uddha-bhakti quan-do os bhaktas forem adorados também. Sem se fazer esta adoração, bhakti não se desenvolverá completamente. Este tipo de bhakta raramente atravessa a porta da prática de bhakti. O ®r…mad-Bh€gavatam (10.84.13) diz:

yasy€tma-buddhiƒ kuŠape-tri-dh€tuke

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sva-dh…ƒ kalatr€di�u bhauma ijya-dh…ƒyat t…rtha-buddhiƒ salile na karhicijjane�v abhijñe�u sa eva go-kharaƒ

‘Alguém que considera o seu corpo inerte, formado pelos três elementos vata, pita e kapha, ser o seu eu real; que considera sua esposa, filhos e outros como sendo seu; que considera os lugares mundanos fei-tos de terra, pedra ou madeira serem adoráveis; e que consideram locais de peregrinação como sendo apenas água – porém, não consideram os bhagavad-bhaktas mais queridos do que a si mesmo, como sen-do um dos seus, e como adoráveis, e também como sendo local de peregrinação – tal pessoa, apesar de humana, não passa de um asno entre os animais.’

O significado destes dois �lokas, é que não é pos-sível sequer aproximar-se do limiar de bhakti sem adorar Bhagav€n sob a forma da Deidade. Quem rejeita a forma da Deidade e recorre apenas a debates em torno da lógi-ca para deduzir a verdade, fica com o coração árido e não consegue entender o verdadeiro objeto de adoração. To-davia, mesmo ao aceitar a Deidade, é essencial serví-La em consciência transcendental (�uddha-cinmaya-buddhi). Neste mundo, as j…vas são cinmaya vastu, entidades consci-entes e, entre todas as j…vas, os bhaktas de K��Ša são �uddha-cinmaya, dotados de consciência pura. Tanto K��Ša quanto os bhaktas são �uddha-cinmaya-vastu (entidades puras e conscientes) – para entendê-los, é essencial ter sambandha-jñ€na, ou seja, conhecimento do inter-relacionamento entre o mundo material, as j…vas e K��Ša. Quem quiser adorar a Deidade com sambandha-jñ€na deverá adorar K��Ša e ser-vir os bhaktas ao mesmo tempo. Esta forma de adoração e

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respeito por cinmaya-tattva, a realidade transcendental, que é dotada de �raddh€, é conhecida como �€str…ya-�raddh€, fé com base no �€stra.

A adoração à Deidade sem o conhecimento claro do inter-relacionamento entre os diferentes aspectos da reali-dade transcendental, simplesmente tem como base laukika �raddh€, considerações habituais ou tradicionais. Seme-lhante adoração habitual à Deidade não é �uddha-bhakti, apesar de ser o primeiro passo a ser dado para se ter acesso a bhakti: esta é a conclusão do �€stra. A descrição dos que atingiram este limiar de bhakti é como segue:

g�h…ta-vi�Šu-d…k�€ko vi�Šu-p™j€-paro naraƒvai�Šavo´bhihito´bhijñair itaro´sm€d avai�Šavaƒ

Hari-bhakti-vil€sa (1.55)

‘Os sábios eruditos determinaram que Vai�Šava é uma pessoa iniciada no Vi�Šu mantra de acordo com os regulamentos do �€stra e ocupada na adoração a ®r… Vi�Šu. Todos os demais são conhecidos como não-Vai�Šavas.’

São kani�˜ha Vai�Šavas, ou pr€k�ta-bhaktas, aqueles que aceitam um sacerdote de família por questão de tra-dição hereditária, ou que, movidos por laukika �raddh€ (fé mundana), imitam outras pessoas, recebendo iniciação num Vi�Šu mantra e adorando a Deidade de ®r… Vi�Šu. Esses de-votos materialistas não são �uddha-bhaktas; ao contrário, neles prevalecem a sombra da semelhança de bhakti cha-mada ch€y€-bhakty-€bh€sa. No entanto, eles não se enqua-dram em pratibimba-bhakty-€bh€sa, o qual é um reflexo da semelhança de bhakti. A pratibimba-bhakty-€bh€sa, além

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de ser ofensiva por natureza, é desprovida de Vaisnavismo. A etapa de ch€y€-bhakty-€bh€sa é resultado de grande fortuna por ser o estágio preliminar de bhakti, a partir do qual as pessoas podem desenvolver-se gradu-almente até tornarem-se madhyama e uttama Vai�Šavas. Mesmo assim, não é procedente chamar de �uddha-bhaktas aqueles que se encontram na fase de ch€y€-bhakty-€bh€sa. Tais pessoas adoram a Deidade com laukika �raddh€ (fé mundana). No máximo, comportam-se em relação aos ou-tros conforme os dez tipos de deveres religiosos a serem cumpridos, como eu já descrevi, para pessoas em geral. O comportamento prescrito nos �€stras para os bhaktas não se aplica a elas, já que não conseguem sequer reconhecer quem é verdadeiro bhakta e quem não é. Este poder de dis-cernimento é sintoma do madhyama Vai�Šava.

O ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.46) descreve o compor-tamento do madhyama Vai�Šava como segue:

…�vare tad-adh…ne�u b€li�e�u dvi�atsu caprema-maitr…-k�popek�€ yaƒ karoti sa madhyamaƒ

‘O madhyama-bh€gavata ama Ÿ�vara, é amistoso com Seus bhaktas, tem misericórdia de quem ignora bhakti e evita aqueles que são hostis a Ÿ�vara ou Seus bhaktas.’

O comportamento mencionado neste contexto é classificado no âmbito de nitya-dharma. Neste caso, não estou me referindo a naimittika-dharma (deveres religiosos temporários ou mundanos). O comportamento que estou descrevendo faz parte de nitya-dharma, que é essencial na vida de um Vai�Šava. Outros tipos de condutas que não são

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opostas a este procedimento poderão ser aceitos sempre que necessário.

O comportamento de um Vai�Šava está voltado para quatro categorias de indivíduos: Ÿ�vara, o Senhor Supremo; tad-adh…na, Seus bhaktas; b€li�a, materialistas ignoran-tes da verdade espiritual; e dve�…, aqueles que se opõem a bhakti. O Vai�Šava demonstra amor, amizade, misericórdia e desprezo respectivamente por estas quatro classes de indi-víduos. Em outras palavras, seu comportamento é amoroso em relação a Ÿ�vara, é amistoso com os bhaktas, tem mise-ricórdia pelos ignorantes e evita aqueles que são hostis.

A primeira característica, de um madhyama Vai�Šava é que ele tem prema por ®r… K��Ša, que é o Senhor Supre-mo de todos. Neste contexto, a palavra prema refere-se a �uddha-bhakti, cujos sintomas são descritos da seguinte maneira no Bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.1.11):

any€bhil€�it€-�™nyaˆ jñ€na-karm€dy-an€v�tam€nuk™lyena k��Š€nu�…lanaˆ bhaktir uttam€

‘Uttam€-bhakti é o esforço consumado para servir a ®r… K��Ša com uma disposição favorável. Ela é isenta de qualquer outro desejo, não estando encoberta pelo conhecimento do brahma impessoal, pelos deveres diários e periódicos delineados nos sm�ti-�€stras, nem por renúncia, yoga, s€‰khya e outras tipos de dharma.’

A bhakti que possui tais características é en-contrada primeiro nas práticas de s€dhana de um madhyama Vai�Šava, estendendo-se até os estágios de bh€va e de prema. A única característica da bhakti do kani�˜ha é a do serviço à Deidade com fé. Tal pessoa não tem as

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características de uttama-bhakti, a saber: any€bhil€�it€-�™nyam, isenção de desejos ulteriores; jñ€na-karm€dy-an€v�ta, isenção das coberturas de conhecimento impessoal e ação fruitiva; e €nuk™lyena k��Š€nu�…lana, consumar o esforço para servir a K��Ša de uma maneira favorável.

Quando bhakti com estes sintomas manifesta-se no coração de um kani�˜ha, ele passa a ser considerado um madhyama Vai�Šava e um devoto genuíno. Antes desta fase, ele é um pr€k�ta-bhakta, o que significa dizer que ele é apenas um bhakta aparente (bhakta-€bh€sa), ou a semelhança de um Vai�Šava (vai�Šava-€bh€sa). A palavra k��Š€nu�…lana refere-se a prema, amor por K��Ša, a qual é qualificada pela palavra €nuk™lyena. Esta se refere àquelas coisas que são favoráveis a k��Ša-prema, ou seja, amizade com os bhaktas, misericórdia para com os ignorantes e indi-ferença àqueles que são hostis. Estes três itens também são sintomas de um madhyama Vai�Šava.

A segunda característica de um madhyama Vai�Šava é a sua amizade para com bhaktas em cujos corações te-nham surgido �uddha-bhakti e que sejam submissos à vontade de Bhagav€n. Kani�˜ha bhaktas não são �uddha-bhaktas inteiramente submissos a ®r… Bhagav€n, tampou-co são respeitosos ou hospitaleiros com os �uddha-bhaktas. Por isso, madhyama e uttama-bhaktas são as únicas pes-soas adequadas com quem devemos desenvolver amizades íntimas.

Por três anos sucessivos, os bhaktas de Kul…na-gr€ma perguntaram a ®r…man Mah€prabhu: “Quem é um Vai�Šava e quais são os sintomas pelos quais ele pode ser reconhe-cido?” Assim, ®r… Mah€prabhu instruiu eles sobre uttama, madhyama e kani�˜ha Vai�Šavas. Segundo as características da descritas por Ele, todas as três classes atingem o padrão

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Vai�Šavas. Nenhuma delas corresponde aos kani�˜ha bhaktas, os quais só são capazes de adorar a forma da Deidade, já que não recitam �uddha-k��Ša-n€ma. O can-tar deles é conhecido como ch€y€-n€m€bh€sa. Cha-ya-n€m€bh€sa refere-se a uma aparência do nome puro, obscurecido pela ignorância e por anarthas, assim como o sol coberto pelas nuvens não manifesta seu brilho total.

Mah€prabhu instruiu madhyama-adhik€r… g�hastha Vai�Šavas a servirem as três classes de Vai�Šavas, descritos por Ele, como segue: aquele de cuja boca se ouve k��Ša-n€ma mesmo uma só vez; aquele de cuja boca se ouve k��Ša-n€ma constantemente; e aquele que, pelo simples fato de ser visto, evoca espontaneamente o cantar de �r…-k��Ša-n€ma. Todos estes três tipos de Vai�Šavas são dignos de se-rem servidos, mas isto não se aplica a quem apenas recita n€m€bh€sa, e não �uddha-k��Ša-n€ma. Somente Vai�Šavas que cantam �uddha-n€ma são dignos de serem servidos.

Somos instruídos a servir os Vai�Šavas de acordo com seus respectivos níveis de avanço. A palavra maitr… si-gnifica associação, conversa e serviço. Tão logo vejamos um Vai�Šava puro, devemos acolhê-lo, conversar com ele respeitosamente, além de satisfazer suas necessidades na medida do possível. Devemos serví-lo de todas essas ma-neiras, sem jamais invejá-lo. Não devemos criticá-lo, nem mesmo acidentalmente, nem desrespeitá-lo, mesmo que sua aparência não seja atraente ou que tenha alguma doença.

A terceira característica própria do madhyama Vai�Šava, é que este outorga misericórdia aos ignorantes. A palavra b€li�a refere-se a pessoas ignorantes da verdade espiritual, confusas ou tolas. Tem a ver com materialistas que não receberam nenhuma orientação genuína a respeito de assuntos espirituais, mas não foram contaminadas por

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doutrinas desautorizadas, como a M€y€v€da. Apesar delas não terem inveja de bhaktas e bhakti, seu egoísmo e apego mundanos as impedem de desenvolver fé em ®r… Ÿ�vara. Os sábios eruditos também pertencem a esta categoria, caso ainda não tenham obtido o fruto máximo de seus estudos, que é desenvolver fé em ®r… Ÿ�vara.

O kani�˜ha-adhik€r… ou pr€k�ta-bhakta está de pé na porta do templo de bhakti, mas, por ser ignorante dos princípios de sambandha-jñ€na, ainda não alcançou �ud-dha-bhakti. Tal pessoa também é considerada b€li�a até chegar à plataforma de �uddha-bhakti. Ao se familiarizar com a verdade de sambandha-jñ€na e despertar gosto por �uddha-hari-n€ma na associação de bhaktas puros, sua ignorância será dissipada e ela atingirá o status de madhyama Vai�Šava.

É essencial que um madhyama Vai�Šava outorgue sua misericórdia a todas as pessoas ignorantes mencionadas an-teriormente. Ele deve tratá-las como hóspedes e deve satis-fazer-lhes as necessidades na medida do possível, mas isto, por si só, não é suficiente. Ele também deve agir de tal ma-neira que desperte a fé delas em ananya-bhakti e gosto por �uddha-n€ma. Este é o verdadeiro significado de misericór-dia. Os ignorantes correm o risco de se tornarem vítimas da má associação e caírem a qualquer momento por falta de habilidade nos �€stras. É dever do madhyama Vai�Šava sempre proteger essas pessoas suscetíveis contra a má as-sociação. Por sua misericórdia, ele deve dar associação a elas e gradualmente instruí-las sobre assuntos espirituais e as glórias de �uddha-n€ma.

Uma pessoa enferma deve estar sob os cuidados de um médico porque não pode curar a si mesma. Assim como é necessário perdoar a ira de um doente, também se deve

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desculpar o comportamento inadequado dos ignorantes. Esta atitude é conhecida como misericórdia. Os ignorantes têm muitas concepções errôneas, tais como fé em karma-k€Š�a, inclinação ocasional a jñ€na, adoração à Deidade com motivos ocultos, fé em yoga, indiferença a associa-ção de Vai�Šavas puros, apego ao varŠ€�rama e muitas ou-tras coisas. Entretanto, quando estas concepções errôneas forem dissipadas por boa associação, misericórdia e boas instruções, o kani�˜ha-adhik€r… poderá rapidamente tornar-se madhyama-adhik€r….

Quando tais pessoas começam a adorar a Deidade de Bhagav€n, elas podem concluir que estabeleceram o fun-damento de toda auspiciosidade. Quanto a isto, não há dú-vida. Elas não pecam pelo defeito de aderirem a doutrinas falsas, motivo pelo qual têm alguma �raddh€ verdadeira. Ao adorarem a Deidade, não o fazem como os M€y€v€d…s, os quais não têm o menor vestígio de �raddh€ na Deidade e ofendem os pés de lótus de Bhagav€n. Isto é porque as palavras �raddhay€ …hate (aquele que adora com fé) foram usadas no �loka do ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.47), o qual descreve o kani�˜ha-bhakta.

De acordo com a perspectiva filosófica situada no coração dos M€y€v€d…s e dos proponentes de outras dou-trinas similares, Bhagav€n não tem forma e a Deidade por eles adorada nada mais é que um ícone imaginário. Nessas circunstâncias, como podem eles ter alguma fé na Deidade? Como resultado há uma diferença significativa entre a a-doração à Deidade pelos M€y€v€d…s e aquela feita até mes-mo pelos mais neófitos dos Vai�Šavas.

Kani�˜ha-adhik€r… Vai�Šavas adoram a Deidade com fé, sabedores de que Bhagav€n possui forma e atributos pessoais. Segundo a crença dos M€y€v€d…s, no entanto,

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Bhagav€n não tem forma nem atributos e, por isso, a Deidade é imaginária e temporária. Em virtude de não se-rem culpáveis da ofensa da teoria M€y€v€da, os neófitos são aceitos como pr€k�ta Vai�Šavas (devotos materialistas), muito embora não tenham nenhuma outra característica Vai�Šava. O Vaisnavismo deles resume-se nisto. Em fun-ção desta única qualidade e pela misericórdia dos s€dhus, eles com certeza experimentarão elevação gradual. É pre-ciso que madhyama-adhik€r… Vai�Šavas sejam verdadeira-mente misericordiosos para com essas pessoas. Se assim o fizerem, a adoração à Deidade e o cantar de hari-n€ma do bhakta neófito progredirá rápido do estágio de €bh€sa para o estágio puramente transcendental.

A quarta característica do madhyama Vai�Šava é a in-diferença àqueles que são hostis. Neste contexto, é preciso definir hostilidade e descrever suas diferentes categorias. Dve�a, hostilidade, é uma atitude em particular que também é conhecida como matsarat€, inveja, sendo exatamente o contrário do amor. Ÿ�vara é o único objeto de amor e dve�a, a atitude diretamente oposta ao amor por Ele. Há cinco ca-tegorias de dve�a: ausência de fé em Ÿ�vara; a crença segun-do a qual Ÿ�vara nada mais é que uma potência natural oca-sionadora dos resultados de todas as ações; a crença pela qual Ÿ�vara não tem uma forma em particular; a crença de que as j…vas não são eternamente subordinadas a Ÿ�vara; e a ausência de misericórdia.

Indivíduos cujos corações estão contaminados por essas atitudes hostis carecem completamente de �uddha-bhakti. Não têm sequer pr€k�ta-bhakti, a devoção rudimen-tar que é o portal para �uddha-bhakti a qual é representada pela adoração à Deidade do bhakta neófito.

As cinco categorias de animosidade costumam

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coexistir com o apego ao gozo material dos sentidos. Às vezes, a terceira e a quarta categoria de inimizade levam a uma forma tão extrema de ascetismo ou aversão ao mundo que acabam culminando na auto-aniquilação. É o que se vê nas vidas dos sanny€s…s M€y€v€da. Como devem com-portar-se os �uddha-bhaktas em relação a essas pessoas hostis? É dever deles evitá-las.

A palavra upek�€, indiferença, não quer sugerir que alguém deve abandonar todos os tratos sociais normais entre os seres humanos. Tampouco quer dizer que se deve deixar de aliviar a dificuldade ou a privação de uma pessoa hostil caso esta caia em desgraça. Por atuarem no âmbito da sociedade, os g�hasthas Vai�Šavas mantêm muitos tipos de relacionamentos, por exemplo, com parentes por meio do matrimônio. Também se relacionam com outras pessoas em razão de atividades comerciais, da manutenção de proprie-dades e da criação de animais, bem como do esforço para mitigar os sofrimentos e as doenças alheias e da posição como cidadãos do estado. Estas diferentes relações sociais envolvem o vínculo com pessoas hostis, mas evitá-las não significa que se deve abandoná-las de uma vez por todas. Embora cada um seja obrigado a conduzir suas atividades rotineiras e a interagir com pessoas que são indiferentes a Ÿ�vara, não se deve aceitar a associação delas quando for tratar de assuntos espirituais.

Alguns membros de nossa própria família poderão desenvolver uma índole maliciosa em consequência de suas atividades pecaminosas de vidas passadas. Devemos aban-donar semelhantes pessoas? Certamente que não. É melhor lidar com elas sem apego quanto aos assuntos rotineiros, mas não buscar a associação delas para tratar de assun-tos espirituais. Esta é a forma pela qual devemos aplicar

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upek�€. A associação espiritual significa reunir-se com o objetivo de fazer avanço espiritual, conversar sobre temas ligados à verdade eterna e prestar serviços e benefícios recíprocos que despertem sentimentos devocionais. Upek�€ quer dizer evitar a associação de pessoas com as quais esses tipos de intercâmbio não sejam possíveis.

Ao ouvir glorificação de �uddha-bhakti ou instruções virtuosas relativas à bhakti, uma pessoa hostil que tenha adotado opiniões discordantes ou inconsistentes retrucará de imediato com algum argumento fútil que não será bené-fico nem para si nem para outros. Devemos evitar esses ar-gumentos infrutíferos e interagir com tais pessoas somente na medida em que for necessário para nossos tratos sociais rotineiros. Talvez alguém pense que as pessoas hostis de-vam ser incluídas no rol das ignorantes e por isso, conce-der-lhes misericórdia. Mas, se assim o fizer, ao invés de ajudá-las, só estará prejudicando a si mesmo. Devemos ser benevolentes, mas com cautela.

Madhyama-adhik€r… �uddha-bhaktas devem sem dú-vida seguir estas quatro instruções. Se de alguma forma eles negligenciarem isto, eles serão culpados de comportamento impróprio, e assim eles falham em cumprir o dever para o qual eles são qualificados. Isto é considerado um defeito sério, como é explicado no ®r…mad-Bh€gavatam (11.21.2):

sve sve´dhik€re y€ ni�˜h€ sa guŠaƒ parik…rtitaƒviparyayas tu do�aƒ sy€d ubhayor e�a nirŠayaƒ

‘Estar solidamente estabelecido nos deveres que se está autorizado a cumprir é uma boa qualidade, en-quanto que deixar de fazê-lo é uma falha. Boas quali-dades e defeitos são apurados segundo este critério.’

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Em outras palavras, boas qualidades e defeitos são de-terminados segundo a aptidão de cada um, e não por algum outro critério. Como afirmam os �€stras, o madhyama-adhik€r… �uddha-bhakta deve desenvolver prema por K��Ša e amizade para com Seus bhaktas puros. Ele deve ter mi-sericórdia dos ignorantes e evitar aqueles que são hostis. O grau de amizade cultivado pelo madhyama-bhakta com outros bhaktas deve estar em harmonia com o grau do avan-ço destes em bhakti; seu grau de misericórdia para com os ignorantes dependerá do grau de sinceridade ou tolice dos mesmos; e dependendo do grau de inimizade dos hostis, na mesma medida ele os evitará. O madhyama-bhakta consi-dera todas essas coisas enquanto interage com os demais no campo espiritual. Assuntos mundanos devem ser con-duzidos com honestidade, mas isto deverá ser feito sempre levando-se em conta o benefício espiritual supremo.

Naquele instante, um residente de Barag€ch… chama-do Nity€nanda d€sa interrompeu B€b€j… Mah€�aya, dizen-do: “Como se comportam os uttama-bhaktas?”

Ligeiramente surpreendido, B€b€j… Mah€�aya dis-se: “Irmão! Você fez uma pergunta a qual estou a ponto de responder. Deixe-me terminar o que tenho a dizer. Estou velho e minha memória está esvaecida. Se mudam de as-sunto tão abruptamente, esqueço-me do que ía dizer.”

Harid€sa era um B€b€j… rigoroso. Embora jamais via defeitos em alguém, reagia com presteza quando alguém se pronunciava de forma inadequada. Todos ficaram pas-mos ao ouvirem suas palavras. Mais uma vez, ele prestou praŠ€ma a Nity€nanda Prabhu ao pé da figueira-de-bengala e retomou a palavra.

B€b€j…: Quando a bhakti do madhyama Vai�Šava evolui para além das etapas de s€dhana e bh€va,

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chegando ao nível de prema, ela fica altamente condensa-da, nesse momento o Vai�Šava torna-se uttama-bhakta. O ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.45) descreve os sintomas de um uttama Vai�Šava como segue:

sarva-bh™te�u yaƒ pa�yed bhagavad-bh€vam €tmanaƒbh™t€ni bhagavaty €tmany e�a bh€gavatottamaƒ

‘Quem vê o seu próprio bhagavad-bh€va, humor ex-tático de atração por ®r… K��Šacandra, nos corações de todas as j…vas (sarva-bh™te�u) e vê todos os seres em ®r… K��Šacandra é um uttama-bh€gavata.’

Na percepção de um uttama Vai�Šava, todos os seres vivos amam ®r… Bhagav€n com o mesmo sentimento indi-vidual de amor transcendente que ele próprio nutre por seu i�˜adeva. Ele também percebe que ®r… Bhagav€n sente uma atitude recíproca de amor para com todos os seres vivos. O uttama Vai�Šava não tem outra disposição além deste humor de amor transcendental. Outros humores surgem de quando em quando, dependendo de diferentes circunstân-cias, mas são todos transformações daquele prema.

®ukadeva Gosv€m…, por exemplo, era um uttama-bh€gavata, mas usou as palavras bhoja-p€ˆ�ula, a desgraça da dinastia Bhoja, para descrever Kaˆsa. Apesar de pare-cer que estas palavras foram proferidas em tom de hostili-dade contra Kaˆsa, na verdade são uma manifestação de prema por K��Ša. O bhakta passa a ser conhecido como uttama-bh€gavata quando �uddha-prema se torna a sua própria vida. Nesta condição, já não se faz distinção alguma entre amor, amizade, misericórdia e indiferença, como no caso do madhyama-adhik€r…. Seu comportamento de uma

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maneira geral é uma manifestação de prema, e aos seus olhos, não há diferença entre kani�˜ha, madhyama e uttama, tanto como deixa de haver diferença entre um Vai�Šava e um não-Vai�Šava. Esta condição avançada é ex-tremamente rara.

Portanto, para sua reflexão, procure entender que um kani�˜ha Vai�Šava não presta serviço aos Vai�Šavas e um uttama Vai�Šava não faz distinção alguma entre Vai�Šavas e não-Vai�Šavas, pois ele vê todas as j…vas como servas de K��Ša. Isto significa que apenas os madhyama Vai�Šavas prestam respeito aos Vai�Šavas e os servem. O madhyama Vai�Šava deve servir às três classes de Vai�Šavas – os que cantam k��Ša-n€ma pelo menos uma vez, os que cantam k��Ša-n€ma constantemente e aqueles que fazem com que k��Ša-n€ma automaticamente dance em nossa língua pelo simples fato de vê-los. Um Vai�Šava deve ser considera-do Vai�Šava, Vai�Šava superior ou Vai�Šava superlativo de acordo com o seu grau de avanço. O madhyama-bhakta deve servir aos Vai�Šavas segundo o status dos mesmos. Apenas o uttama Vai�Šava concluirá ser impróprio catego-rizar um Vai�Šava como kani�˜ha, madhyama ou uttama. Se o madhyama-adhik€r… pensar desta maneira, ele se tornará um ofensor. As instruções de ®r…man Mah€prabhu é que todos os madhyama Vai�Šavas devem ser mais reverencia-dos do que os Vedas, Ele assinalou isto para os residentes de Kul…na-gr€ma. E o que são os Vedas ou �ruti? São as ordens de Parame�vara.

Após dizer isto, Harid€sa B€b€j… fez silêncio por um instante. Naquele momento, Nity€nanda d€sa B€b€j…, de Barag€ch…, com as mãos postas, disse em tom bem manso: “Posso lhe fazer uma pergunta agora?”

Harid€sa B€b€j… respondeu: “Como desejar.”

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“B€b€j… Mah€�aya, a que categoria de Vai�Šavas você acha que eu pertenço? Sou kani�˜ha ou madhyama Vai�Šava? Com certeza eu não sou uttama Vai�Šava.”

Harid€sa B€b€j… Mah€�aya sorriu ligeiramente e dis-se: “Irmão, acaso quem recebeu o nome Nity€nanda d€sa pode ser outra coisa além de um uttama Vai�Šava? Meu Nit€i é muito misericordioso. Mesmo quando O espancam, Ele retribui dando prema, é preciso dizer algo mais, se a pessoa aceita o nome dEle e se torna Seu d€sa?”

Nity€nanda d€sa: Sinceramente, eu gostaria de con-hecer minha posição verdadeira.

B€b€j…: Então, conte-me toda a sua história. Se Nit€i me permitir falar, direi alguma coisa.

Nity€nanda d€sa: Nasci em família de classe inferi-or num vilarejo às margens do rio Padm€vati. Desde a in-fância, fui de índole muito simples e humilde, sempre me mantendo afastado de más associações. Casei-me ainda jovem, mas, alguns dias após meu casamento, meus pais morreram e minha esposa e eu ficamos sós em casa. Como não tínhamos muitas posses, trabalhávamos todo dia em prol da nossa subsistência. Nossos dias transcorriam ale-gremente, porém, esta felicidade não durou muito, passado algum tempo, minha esposa também abandonou o corpo. Estando separado dela, pensamentos de desapego desperta-ram em minha mente. Perto do meu vilarejo, havia muitos Vai�Šavas que tinham renunciado à vida familiar. Eu pude perceber que o povo de Barag€ch… prestava-lhes imenso respeito. Eu desejava muito aquele respeito e em virtude dos sentimentos temporários de desapego ocasionados pela morte de minha esposa, fui para Barag€ch… e aceitei as vestes de um mendicante Vai�Šava. Entretanto, depois de alguns dias, minha mente tornou-se volúvel, como ela

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estava tomada por maus pensamentos, parecia-me muito difícil controlá-la. Porém, por imensa fortuna, obtive a as-sociação de um excelente Vai�Šava puro e simples. Hoje em dia, ele pratica bhajana em Vraja. Com uma imensa afeição, ele me deu sérios conselhos, manteve-me em sua associação e purificou minha mente.

Hoje, minha mente já não está perturbada por pen-samentos nocivos. Eu desenvolvi gosto por cantar hari-n€ma cem mil vezes todo dia. Entendo não haver diferença entre ®r… Hari e �r…-n€ma, sendo ambos plenamente espiri-tuais. Observo o jejum de Ek€da�… de acordo com o �€stra e ofereço água a Tulas…. Quando os Vai�Šavas executam k…rtana, também junto-me a eles com atenção enlevada. Bebo a água que lava os pés de Vai�Šavas puros. Estudo os bhakti-�€stras todo dia. Já não desejo comer alimentos saborosos ou vestir-me com esmero. Não tenho gosto por ouvir ou participar de conversas mundanas. Quando vejo os humores extáticos dos Vai�Šavas, surge um desejo em minha mente de rolar no chão aos pés deles, o que faço às vezes, mas por desejo de prestígio. Agora, por favor, dê-me seu veredito: a que classe de Vai�Šava pertenço e como devo me comportar?

Olhando para Vai�Šava d€sa B€b€j… com um sorriso, Harid€sa B€b€j… disse: “Diga-nos, a que classe de Vai�Šava pertence Nity€nanda d€sa?”

Vai�Šava d€sa: Pelo que ouvi, ele superou a estágio de kani�˜ha e passou ao estágio de madhyama.

B€b€j…: É o que sinto também.Nity€nanda d€sa: Que maravilha! Hoje fiquei

conhecendo minha posição verdadeira pelas bocas dos Vai�Šavas. Por favor, concedam-me sua misericórdia para que, gradualmente, eu atinja o estágio de uttama Vai�Šava.

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Vai�Šava d€sa: Na ocasião em que você aceitou a mendicância, havia em seu coração o desejo de honra e prestígio. Por isso, você não estava realmente qualifica-do para ingressar na ordem renunciada, e sua aceitação da mendicância foi maculada com o vício de uma consideração superficial e desautorizada. Apesar disso, você conquistou auspiciosidade genuína pela misericórdia dos Vai�Šavas.

Nity€nanda d€sa: Ainda hoje tenho algum desejo por honra. Acho que posso atrair os outros e ganhar tre-mendo respeito deles se sou visto chorando profusamente e manifestando emoções extáticas.

B€b€j…: Você precisa esforçar-se para abandonar esta tendência, caso contrário, você corre o grave risco de ver sua bhakti corroída e de ter de descer à plataforma de kani�˜ha novamente. Ainda que os seis inimigos – a luxúria, a ira, a cobiça, a inveja, o orgulho e a ilusão – tenham desapareci-dos, o desejo por honra persiste. Este desejo de fama, que é o inimigo mais pernicioso dos Vai�Šavas, não concorda fa-cilmente em deixar os s€dhakas. Além do mais, uma única gota de emoção espiritual genuína é muito superior a uma demonstração falsa de emoção (ch€y€-bh€va-€bh€sa).

“Por favor, dê-me sua misericórdia”, disse Nity€nanda d€sa, colocando, em um gesto de reverência, a poeira dos pés de lótus de Harid€sa B€b€j… sobre sua própria cabeça. Isto deixou B€b€j… incomodado, que se levantou bem rápi-do, abraçou Nity€nanda d€sa, sentou-o a seu lado e deu-lhe uns tapinhas nas costas.

Quão extraordinário é o efeito de se tocar um Vai�Šava! De imediato, começaram a jorrar lágrimas dos olhos de Nity€nanda d€sa, e Harid€sa B€b€j… tentou, mas não conseguiu conter suas próprias lágrimas. Manifestou-se uma atmosfera maravilhosa, e lágrimas brotaram nos

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olhos de todos os Vai�Šavas reunidos. Naquele momento, Nity€nanda d€sa aceitou ®r… Harid€sa como guru em seu coração e sua vida tornou-se bem sucedida. Dentro de pou-co tempo ele conteve sua emoção, e indagou: “Quais são as características principais e secundárias de um kani�˜ha-bhakta com relação à bhakti?”

B€b€j…: As duas características principais do kani�˜ha Vai�Šava são sua fé na forma eterna de Bhagav€n e sua a-doração à Deidade. Suas características secundárias são as atividades devocionais por ele realizadas, tais como ouvir, cantar, lembrar e oferecer orações.

Nity€nanda d€sa: Não se pode ser um Vai�Šava a menos que se tenha fé na forma eterna de Bhagav€n e a-dore a Deidade conforme as regulações do �€stra, e por isso posso entender bem porque estes são os dois sintomas prin-cipais. Entretanto, não consigo entender por que ouvir, can-tar, lembrar e outras atividades afins são secundárias.

B€b€j…: O kani�˜ha Vai�Šava não está familiarizado com a natureza intrínseca de �uddha-bhakti, cujos a‰gas (processos) são ouvir, cantar e assim por diante. Conse-quentemente, seus atos de ouvir e cantar, ao invés de as-sumirem sua identidade principal, manifestam-se sob uma forma gauŠa (secundária). Além disso, tudo o que surge dos três gunas – sattva (bondade), rajaƒ (paixão) e tamaƒ (ignorância) – é conhecido como gauŠa. Ao se tornarem nirguŠa, livres da influência dos modos materiais, estas ati-vidades são a‰gas de �uddha-bhakti e então atinge-se o estágio madhyama.

Nity€nanda d€sa: Como se pode chamar o kani�˜ha Vai�Šava de bhakta se ele é contaminado com as falhas de karma e jñ€na e seu coração esta cheio de desejos por ou-tras coisas além de bhakti?

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B€b€j…: A pessoa se torna qualificada para bhakti uma vez que tenha alcançado �raddh€, a qual é a raiz de bhakti. A partir daí, não resta dúvida de que tal pessoa esteja situa-da no portal de bhakti. A palavra �raddh€ significa vi�v€sa, fé. Quando o kani�˜ha-bhakta desperta sua fé na Deidade divina, ele torna-se qualificado para bhakti.

Nity€nanda d€sa: Quando ele obterá bhakti?B€b€j…: O kani�˜ha-bhakta torna-se um �uddha-

bhakta no nível madhyama quando sua contaminação de karma e jñ€na for eliminada e ele não desejar nada além de ananya-bhakti (bhakti exclusiva). Nessa altura, ele en-tende que existe uma diferença entre servir os visitantes e servir os bhaktas, despertando, deste modo, gosto por servir os bhaktas, o que é favorável para bhakti.

Nity€nanda d€sa: ®uddha-bhakti aparece junto com sambandha-jñ€na. Quando é despertado o conhecimento mediante o qual uma pessoa se torna elegível para �uddha-bhakti?

B€b€j…: Sambandha-jñ€na e �uddha-bhakti verdadei-ros manifestam-se de forma simultânea quando o conheci-mento contaminado pelas concepções M€y€v€das é dissi-pado.

Nity€nanda d€sa: Quanto tempo isso demora?B€b€j…: Quanto mais forte for a suk�ti de atividades

passadas de uma pessoa, mais cedo ela o alcançará.Nity€nanda d€sa: Qual é o primeiro resultado obtido

em virtude de suk�ti do passado?B€b€j…: Alcança-se s€dhu-sa‰ga.Nity€nanda d€sa: E como se desdobra a progressão

a partir de s€dhu-sa‰ga?B€b€j…: O ®r…mad-Bh€gavatam (3.25.25) descreve

a evolução sistemática de bhakti em termos bem sucintos:

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sat€ˆ prasa‰g€n mama v…rya-samvidobhavanti h�t-karŠa-ras€yaŠ€ƒ kath€ƒtaj-jo�aŠ€d €�v apavarga-vartmani�raddh€ ratir bhaktir anukrami�yati

‘Na associação de �uddha-bhaktas, o recitar e o con-versar sobre Minhas atividades gloriosas e passa-tempos são agradáveis tanto para o coração quanto para os ouvidos. Quem cultiva conhecimento desta maneira consolida-se no caminho da liberação e pro-gressivamente alcança �raddh€, depois bh€va, e fi-nalmente, prema-bhakti.’

Nity€nanda d€sa: Como se alcança s€dhu-sa‰ga?B€b€j…: Conforme já lhe disse, s€dhu-sa‰ga é alcança-

da por meio de suk�ti adquirida em nascimentos anteriores. Isto está explicado no ®r…mad-Bh€gavatam (10.51.53):

bhav€pavargo bhramato yad€ bhavejjanasya tarhy acyuta sat-sam€gamaƒsat-sa‰gamo yarhi tadaiva sad-gatau

par€vare�e tvayi j€yate ratiƒ

‘Ó Acyuta, a j…va tem divagado no ciclo de nasci-mentos e mortes desde tempos imemoriais. Quando se aproxima a época de sua libertação deste ciclo, ela obtém sat-sa‰ga. A partir desse momento, apega-se firmemente a Você, que é o controlador tanto do espírito quanto da matéria e a meta suprema a serem alcançadas pelos s€dhus.’

Nity€nanda d€sa: Se é apenas por meio de s€dhu-sa‰ga que um kani�˜ha-bhakta desperta sua inclinação

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para adorar a Deidade, como se pode dizer, então, que ele não presta serviço algum aos s€dhus?

B€b€j…: Quando alguém, por boa fortuna, obtém s€dhu-sa‰ga, desperta sua vi�v€sa, fé na divindade da Deidade. Não obstante, é preciso que a adoração à Deida-de seja acompanhada pelo serviço aos próprios s€dhus. Até que o praticante desenvolva este tipo de fé, sua �raddh€ fica incompleta e ele permanece inapto para ananya-bhakti.

Nity€nanda d€sa: Quais são as etapas do progresso de um kani�˜ha-bhakta?

B€b€j…: Suponha que um kani�˜ha-bhakta todo dia adore a forma da Deidade de Bhagav€n com fé, mas ain-da não esteja livre das contaminações de karma, jñ€na e desejos irrelevantes. Por acaso, ao receber alguns visitantes que são bhaktas, ele lhes dá as boas-vindas e os serve, como o faria com quaisquer outros visitantes. O kani�˜ha-bhak-ta observa as atividades e o comportamento dos bhaktas e tem a oportunidade de ouvir suas conversas sobre assuntos espirituais com base nos �€stras. Dessa maneira, passa a desenvolver um grande respeito pelo caráter dos bhaktas.

Nessa altura, ele se conscientiza de seus próprios de-feitos. Começa a seguir o comportamento dos s€dhus e a retificar seu próprio comportamento. Aos poucos, vão se esvaindo seus defeitos de karma e jñ€na, e à medida que seu coração se purifica, desvencilha-se cada vez mais dos desejos irrelevantes. Estuda os �€stras ouvindo com regula-ridade narrações dos passatempos de ®r… Bhagav€n e as ver-dades fundamentais ontológicas sobre ®r… Bhagav€n. Seu sambandha-jñ€na fica progressivamente mais sólido à me-dida que aceita a natureza transcendental de ®r… Bhagav€n, �r…-n€ma e os a‰gas de bhakti, tais como ouvir e cantar.

Quando seu sambandha-jñ€na fica completo, ele

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atinge a etapa de madhyama Vai�Šava. É nesta altu-ra que começa realmente a vivenciar a associação dos bhaktas. A partir de então, podendo perceber que os bhaktas são imensamente superiores aos visitantes comuns, passa a considerá-los como gurus.

Nity€nanda d€sa: Por que será que muitos kani�˜ha-bhaktas não progridem?

B€b€j…: Se o kani�˜ha-bhakta convive, sobretudo com pessoas hostis, sua condição imatura de qualificação para bhakti enfraquece bem depressa, e sua aptidão para karma e jñ€na é destacada. Em certos casos, a aptidão nem aumenta nem diminui, mas permanece exatamente a mesma.

Nity€nanda d€sa: Quando isto acontece?B€b€j…: Quando ele se associa igualmente com

bhaktas e pessoas hostis.Nity€nanda d€sa: Em que circunstâncias ele pode

assegurar o seu avanço?B€b€j…: Seu avanço é rápido quando sobressai o seu

convívio com os bhaktas e se minimiza o seu contato com os hostis.

Nity€nanda d€sa: Qual é a natureza da inclinação do kani�˜ha-adhik€r… a atividades pecaminosas e piedosas?

B€b€j…: No estágio preliminar, sua inclinação a ati-vidades pecaminosas e piedosas será como a dos karm…s e jñ€n…s, porém, à medida que avançar em bhakti, estas propensões serão dissipadas e sua inclinação a satisfazer Bhagavan será proeminente.

Nity€nanda d€sa: Querido mestre, já entendi a situa-ção dos kani�˜ha-adhik€r…s. Agora, descreva, por favor, os sintomas principais dos madhyama-adhik€r… bhaktas.

B€b€j…: O madhyama-bhakta tem ananya-bhakti por K��Ša. Sua amizade com os bhaktas consiste

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em quatro atitudes: ele considera os bhaktas mais queridos que o seu próprio eu (€tma-buddhi); ele nutre imenso sen-tido de posse por eles (mamat€-buddhi); ele considera os bhaktas adoráveis (ijya-buddhi); e ele os considera como se fossem um lugar de peregrinação (t…rtha-buddhi). Além dis-so, o madhyama-bhakta não só outorga misericórdia àque-les que ignoram a verdade espiritual, mas também evita os hostis. São estas as características principais do madhyama-bhakta.

Quem desenvolve sambandha-jñ€na e pratica bhak-ti-s€dhana, que é o meio (abhidheya), alcança a meta de prema (prayojana). Esta é a metodologia do madhyama-bhakta. Como se costuma observar, quando madhyama-bhaktas executam hari-n€ma-k…rtana e outras atividades afins na associação de bhaktas, eles o fazem sem cometer ofensa alguma.

Nity€nanda d€sa: Quais são os sintomas secundários do madhyama-bhakta?

B€b€j…: O sintoma secundário do madhyama-bhakta é a maneira como ele leva a vida. Sua vida, além de ser inteiramente rendida à vontade de K��Ša, é favorável a bhakti.

Nity€nanda d€sa: Ele poderá ainda cometer pecados ou ofensas?

B€b€j…: Na fase inicial, poderá persistir certa tendên-cia a cometer pecados ou ofensas, que desaparecerão gradu-almente. Quaisquer pecados ou ofensas ainda presentes no início do estágio madhyama são como grãos-de-bico pron-tos para serem moídos e transformados em polpa; embora ainda vistos como pequenos, em poucos instantes serão triturados e deixarão de existir. Yukta-vair€gya (renúncia apropriada) é a vida e alma do madhyama-bhakta.

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Nity€nanda d€sa: O madhyama-bhakta tem algum vestígio de karma, jñ€na ou desejos irrelevantes?

B€b€j…: Nas fases iniciais, poderá persistir um ligei-ro vestígio dessas coisas, mas, por fim, serão erradicadas. Quaisquer vestígios de karma e jñ€na que perdurem no princípio do estágio madhyama irão se manifestar ocasio-nalmente, mas aos poucos cairão no esquecimento.

Nity€nanda d€sa: Semelhantes bhaktas chegam a nutrir o desejo de viver? Caso positivo, por quê?

B€b€j…: Na verdade, eles não têm desejo de viver ou de morrer, nem de atingir a liberação. Eles desejam viver apenas para alcançar a consumação de seu bhajana.

Nity€nanda d€sa: Mas por que não anseiam pela morte? Que felicidade pode advir se uma pessoa permane-cer neste corpo material grosseiro? Quando eles morrerem, não obterão suas formas e identidades espirituais pela mi-sericórdia de K��Ša?

B€b€j…: Eles não têm desejos independentes. Todos os seus desejos dependem exclusivamente da vontade de K��Ša, pois, conforme lhes assegura sua sólida convicção, tudo acontece pela vontade dEle e tudo quanto acontece é apenas em virtude de Seu desejo. Por isso, não têm necessi-dade alguma de aspirar a algo independentemente.

Nity€nanda d€sa: Já entendi os sintomas do madhyama-adhik€r…. Agora, fale-me, por favor, sobre os sintomas secundários do uttama-adhik€r….

B€b€j…: Seus sintomas secundários são suas ativi-dades corpóreas. Porém, nem estas podem de fato serem consideradas em separado como sintomas secundários, pois eles vivem intensamente sob o controle de prema, que está além de toda influência dos modos materiais.

Nity€nanda d€sa: Prabhu, o �€stra não estipula que

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os kani�˜ha-adhik€r…s renunciem à vida familiar, enquanto os madhyama-adhik€r…s poderão viver, quer como chefes de família, quer como renunciantes. É possível que alguns uttama-adhik€r…s vivam como chefes de família?

B€b€j…: Não se pode determinar o nível de qualifica-ção levando em conta o status de chefe de família ou de renunciante. O único critério é o avanço de cada um em bhakti. Não há decerto mal algum se um uttama-adhik€r… bhakta permanece chefe de família. Todos os g�hastha-bhaktas de Vraja eram uttama-adhik€r…s. Muitos g�hastha-bhaktas de nosso ®r… Caitanya Mah€prabhu eram uttama-adhik€r…s – R€ya R€m€nanda é o exemplo máximo disto.

Nity€nanda d€sa: Prabhu, se um uttama-adhik€r… bhakta é g�hastha e um madhyama-adhik€r… bhakta está na ordem renunciada, como eles se devem comportar entre si?

B€b€j…: A pessoa menos qualificada deve prestar daŠ�avat-praŠ€ma à pessoa mais qualificada. Isto está esti-pulado apenas para o benefício do madhyama-adhik€r…, por que o uttama-adhik€r… bhakta não espera respeito de nin-guém. Ele vê a presença de Bhagav€n em todos os seres vivos.

Nity€nanda d€sa: Devemos reunir muitos Vai�Šavas e organizar festivais para distribuir bhagavat-pras€da?

B€b€j…: Do ponto de vista espiritual, não há nenhu-ma objeção quando muitos Vai�Šavas reúnem-se para ce-lebrar alguma ocasião especial e um madhyama-adhik€r… g�hastha-bhakta quer honrá-los e distribuir bhagavat-pras€da a eles. No entanto, não é bom fazer uma pompo-sa demonstração de serviço aos Vai�Šavas, pois assim esta atividade ficará adulterada pelo modo da paixão. Deve-se distribuir pras€da aos Vai�Šavas reunidos com muito

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carinho e atenção. Este é o dever de todos. Se alguém desejar servir os Vai�Šavas dessa maneira, deverá convidar apenas Vai�Šavas puros.

Nity€nanda d€sa: Surgiu em Barag€ch… uma nova casta de pessoas que se dizem descendentes de Vai�Šavas. Chefes de família kani�˜ha-adhik€r…s convidam-nas e ali-mentam-nas em nome de Vai�Šava sev€. Como isto pode ser visto?

B€b€j…: Acaso estes descendentes de Vai�Šavas adota-ram �uddha-bhakti?

Nity€nanda d€sa: Não vejo �uddha-bhakti em nen-hum deles. Eles apenas se denominam Vai�Šavas. Alguns deles usam kaup…nas (tangas).

B€b€j…: Não sei dizer por que este tipo de prática está em voga? Não deviam estar fazendo isso. Suponho que isto esteja acontecendo porque os kani�˜has Vai�Šavas não têm capacidade para reconhecer quem é Vai�Šava de verdade.

Nity€nanda d€sa: Os descendentes de Vai�Šavas merecem algum respeito especial?

B€b€j…: Honra se presta àqueles que são Vai�Šavas de verdade. Se os descendentes de Vai�Šavas forem Vai�Šavas puros, deverão ser honrados na medida de seu avanço em bhakti.

Nity€nanda d€sa: E se o descendente de Vai�Šava não passar de um homem mundano?

B€b€j…: Então deverá ser considerado como homem mundano, e não como Vai�Šava. Não deverá ser honrado como Vai�Šava. Devemos sempre nos lembrar da instrução dada por ®r…man Mah€prabhu (®ik�€�˜aka 3):

t�Š€d api sun…cena taror api sahi�Šun€am€nin€ m€nadena k…rtan…yaƒ sad€ hariƒ

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285Nitya-Dharma e Comportamento Vai�Šava

‘Deve-se cantar �r…-hari-n€ma em um estado de es-pírito humilde, julgando-se mais insignificante do que uma palha na rua e mais tolerante do que uma árvore. Deve-se estar isento de todo sentido de fal-so prestígio e disposto a prestar todo respeito aos outros. Neste estado de espírito, pode-se cantar �r…-hari-n€ma constantemente.’

A pessoa deve estar livre do orgulho e prestar os de-vidos respeitos aos outros. Devemos demonstrar o respeito apropriado a um Vai�Šava, e àqueles que não são Vai�Šavas, o respeito devido a todo ser humano. Quem não se mostra respeitoso com os demais não adquire a qualificação neces-sária para cantar �r…-n€ma.

Nity€nanda d€sa: Como pode alguém livrar-se do orgulho?

B€b€j…: Ninguém deve orgulhosamente pensar: “sou um br€hmaŠa”, “sou rico”, “sou um sábio erudito”, “sou um Vai�Šava” ou “levo uma vida familiar renunciada”. As pessoas poderão até prestar respeito a alguém por este ter semelhantes qualidades, mas ninguém deve querer receber honra dos outros movido por esse orgulho egoísta. Cada um deve sempre se julgar indigno, insignificante, desprovido e inferior a uma folha de grama.

Nity€nanda d€sa: No meu entender parece que nin-guém pode ser um Vai�Šava se não tiver humildade e com-paixão.

B€b€j…: Isto é uma grande verdade.Nity€nanda d€sa: Quer dizer, então, que Bhakti-dev…

depende de humildade e compaixão?B€b€j…: Não, bhakti é completamente independente.

Bhakti é a personificação da beleza e o ornamento supremo – ela não depende de nenhuma outra boa qualidade.

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Humildade e compaixão, longe de serem qualidades separa-das, estão incluídas em bhakti. “Sou servo de K��Ša”, “sou desprovido”, “não tenho nada”, “K��Ša é tudo para mim” – a bhakti expressa nestas atitudes é a própria humildade (dainya).

A ternura do coração experimentada com relação a K��Ša é conhecida como bhakti. Todas as demais j…vas são servas de K��Ša e a ternura do coração voltada para elas é compaixão (day€). Portanto, a compaixão está incluída em bhakti.

K�am€ (perdão) é o bh€va situado entre a humildade e a compaixão. “Se eu próprio sou tão deplorável e insigni-ficante, como posso impor castigo aos outros?” – quando esta atitude combina-se à compaixão, o perdão surge auto-maticamente. O perdão também está incluído em bhakti.

K��Ša é satya, real. O fato de as j…vas serem servas de K��Ša também é real, assim como o é o fato de o mundo ma-terial ser apenas uma estalagem para as j…vas. Isto significa que bhakti também é real, uma vez que estas verdades ba-seiam-se no relacionamento de K��Ša com as j…vas, o qual é a própria bhakti. Verdade, humildade, compaixão e perdão são quatro qualidades especiais incluídas em bhakti.

Nity€nanda d€sa: Como deve comportar-se um Vai�Šava diante dos seguidores de outras religiões?

B€b€j…: A instrução do ®r…mad-Bh€gavatam (1.2.26) é:

n€r€yaŠa-kal€ƒ �€nt€ƒ bhajanti hy anas™yavaƒ

‘Aqueles que estão livres da propensão de difamar os outros e que são integralmente pacíficos adora ®r… N€r€yaŠa e Suas porções plenárias.’

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287Nitya-Dharma e Comportamento Vai�Šava

Não há outro dharma senão o vai�Šava-dharma. Todos os demais dharmas que são ou serão propagados no mundo são degraus na escada de vai�Šava-dharma, ou então distorções do mesmo. Aqueles dharmas que são degraus na direção de bhakti devem ser respeitados na proporção de seu grau de pureza. Não devemos ter nenhuma maldade aos dharmas que são distorções de bhakti; devemos, sim, focalizar nossa atenção exclusivamente no cultivo de nos-sas próprias verdades devocionais. Ninguém deve manter nenhuma hostilidade contra os seguidores de outras reli-giões. Quando chegar o momento oportuno, os seguidores de outros diversos dharmas irão tornar-se Vai�Šavas facil-mente. Quanto a isto não há dúvida.

Nity€nanda d€sa: É nosso dever pregar Vai�Šava dharma ou não?

B€b€j…: Certamente que sim. Nosso ®r… Caitanya Mah€prabhu deu a todos a responsabilidade para difundir este dharma:

n€co, g€o, bhakta-sa‰ge kara sa‰k…rtanak��Ša-n€ma upade�i´taro´sarva-jana

®r… Caitanya-carit€m�ta, šdi-l…l€ (7.92)

‘Dançem, cantem e realizem sa‰k…rtana na associa-ção dos bhaktas. Vocês devem liberar todos, instruin-do-os a cantar �r…-k��Ša-n€ma.’

ataeva €mi €jña diluñ sab€k€rej€h€ñ t€h€ñ prema-phala deha´y€re t€re®r… Caitanya-carit€m�ta, šdi-l…l€ (9.36)

‘Portanto, Eu ordeno todos a distribuir os frutos de

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prema, aonde quer que forem e a quem quer que en-contrem.’

No entanto, é preciso lembrar que não se deve dar �r…-k��Ša-n€ma a pessoas desqualificadas. Deve-se pri-meiro dar a qualificação necessária – somente então po-derá dar-lhes hari-n€ma. Além disso, estas declarações de ®r…man Mah€prabhu não se aplicam quando é apropriado a indiferença (upek�€), por exemplo, ao se lidar com pessoas hostis. Tentar iluminar tais pessoas só apresentará obstácu-los à pregação.

Tendo ouvido as palavras ambrosíacas de Harid€sa B€b€j… Mah€�aya, Nity€nanda d€sa rolou no chão aos seus pés com muito amor. O bosque reverberava com as altas ex-clamações de �r…-hari-n€ma dos Vai�Šavas e todos presta-ram daŠ�avat-praŠ€ma a B€b€j… Mah€�aya. Encerrou-se o encontro do dia naquele bosque isolado e todos regressaram a seus respectivos lugares.

Assim termina o Oitavo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Nitya-Dharma e Comportamento Vai�Šava”

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Capítulo 9Nitya-Dharma, Ciência Material e Civilização

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L€hir… Mah€�aya viveu na associação dos Vai�Šavas de ®r… Godruma por três ou quatro anos, e por isso seu cora-ção havia se tornado plenamente puro. Ele cantava hari-n€ma o tempo todo: enquanto comia, caminhava ou estava sentado; antes de adormecer e após levantar-se. Ele vestia roupas simples e nem sequer usava sapatos ou sandálias. Havia se desvencilhado do orgulho de sua casta de maneira tão completa que bastava ver um Vai�Šava para prestar-lhe daŠ�avat-praŠ€ma e pegar a poeira de seus pés à força. Ele procurava por Vai�Šavas puros a fim de honrar os remanen-tes de suas refeições. Seus filhos vinham vê-lo de vez quan-do, mas, ao perceber seu humor, partiam depressa e não se atreviam propor a ele para voltar para casa com eles. Quem olhasse para L€hir… Mah€�aya agora, com certeza o tomaria por um B€b€j… Vai�Šava.

De acordo com a filosofia dos Vai�Šavas de ®r… Go-druma, L€hir… Mah€�aya havia compreendido que o prin-

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292 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 9

cípio essencial é o desapego genuíno do fundo do coração, e não a adoção da veste externa da renúncia. A fim de reduzir ao mínimo as suas necessidades, ele seguia o exemplo de ®r… San€tana Gosv€m…, rasgando em quatro partes um pedaço de pano para se vestir. Não obstante, ainda usava o cordão sagrado em volta do pescoço. Sempre que seus filhos que-riam lhe dar algum dinheiro, ele respondia: “Não aceitarei um kau�… sequer de materialistas.” Candra�ekhara, seu fil-ho mais velho, havia lhe trazido certa vez cem rúpias para serem gastas num festival onde alimentariam os Vai�Šavas. L€hir… Mah€�aya, porém, lembrando-se do exemplo de ®r… D€sa Gosv€m…, não aceitou o dinheiro.

Certo dia, Paramah€ˆsa B€b€j… disse: “L€hir… Mah€�aya, agora você está livre de todos os vestígios de comportamento não-Vai�Šava. Apesar de termos aceitado os votos de mendicância, podemos mesmo assim aprender muito com você a respeito da renúncia. Agora, para tudo fi-car completo, você só precisa aceitar um nome Vai�Šava.”

L€hir… Mah€�aya respondeu: “Você é meu parama-guru. Por favor, faça o que achar conveniente.”

B€b€j… Mah€�aya disse: “Sua residência fica em ®r… ®€ntipura – por isso, nós iremos chamá-lo de ®r… Advaita d€sa.”

Acolhendo a misericórdia de seu novo nome, L€hir… Mah€�aya lançou-se ao chão em reverência. Daquele dia em diante, todos passaram a chamá-lo de ®r… Advaita d€sa e ao se referirem ao ku˜…ra onde ele morava e realizavabhajana, chamavam-no Advaita-ku˜…ra.

Advaita d€sa tinha um amigo de infância chamado Digambara Ca˜˜op€dhy€ya, que havia conquistado enorme riqueza e reputação prestando serviços importantes à ad-ministração real muçulmana.

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293Nitya-Dharma, Ciência Material e Civilização

Já idoso, Digambara Ca˜˜op€dhy€ya aposentou-se do seu cargo no governo e regressou a seu vilarejo de Ambik€. Lá, ficou sabendo que seu amigo de infância havia renun-ciado ao lar e vivia em Godruma. Seu nome agora era ®r… Advaita d€sa e passava o tempo cantando hari-n€ma.

Como era um dogmático adorador da Deusa Durg€, Digambara Ca˜˜op€dhy€ya tapava os ouvidos com as mãos só de ouvir o nome de um Vai�Šava. Tão logo soube da notícia da ‘queda’ de seu amigo querido, disse a seu criado: “V€mana d€sa, providencie um barco agora mesmo que ire-mos para Godruma em seguida.”

O criado alugou um barco bem depressa e voltou para avisar o seu amo.

Digambara Ca˜˜op€dhy€ya era muito astuto, erudito nos tantra-�€stras e bastante habilidoso nos costumes da civilização muçulmana. Seu conhecimento de persa e árabe obrigava até mesmo acadêmicos e professores muçulmanos a admitir a derrota diante dele.

Além disso, ele era tão exímio debatedor do tantra-�€stra, que deixava pasmo qualquer br€hmaŠa culto. Ele havia conquistado significativa reputação em Delhi, Luck-now e outras cidades. Em suas horas vagas, havia escri-to um livro chamado Tantra-sa‰graha (Compêndio sobre o Tantra), no qual demonstrava sua extensa erudição por meio de comentários dos �lokas.

Levando o Tantra-sa‰graha consigo, Digambara subiu no barco, colérico. Dentro de seis horas, chegaram a ®r… Godruma, onde Digambara, permanecendo no bar-co, orientou um rapaz inteligente a ir ter com ®r… Advaita d€sa. O mensageiro de Digambara encontrou ®r… Advaita d€sa sentado no ku˜…ra, cantando hari-n€ma e, prestou-lhe praŠ€ma.

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294 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 9

“Quem é você e o que o traz aqui?” perguntou Advaita d€sa.

O rapaz respondeu: “Eu fui enviado pelo venerável Digambara Ca˜˜op€dhy€ya. Ele pergunta se K€l…d€sa ainda se lembra dele ou se o esqueceu.”

®r… Advaita d€sa perguntou com certa avidez: “Onde está Digambara? Ele é meu amigo de infância.

Como poderia esquecê-lo? Acaso ele adotou o vai�Šava-dharma?”

O rapaz disse: “Ele está sentado num barco à beira do rio. Eu não saberia dizer se ele é Vai�Šava ou não.”

Advaita d€sa disse: “Por que ele está à beira do rio? Por que ele não vem ao meu ku˜…ra?”

Assim que ouviu aquelas palavras convidativas, o mensageiro foi informar Digambara, o qual apareceu no Advaita-ku˜…ra em uma hora, acompanhado de alguns ou-tros cavalheiros. Digambara sempre foi um homem ge-neroso de coração, tanto que se encheu de alegria ao ver seu velho amigo. Ele abraçou ®r… Advaita d€sa e cantou uma canção que ele próprio havia composto:

k€l…! tom€ra l…l€-khel€ ke j€ne m€, tribhuvane?kabhu puru�a, kabhu n€r…, kabhu matta hao go raŠe

brahm€ ha´ye s��˜i kare, s��˜i n€�a ha´ye hara,vi�Šu ha´ye vi�va-vy€p… p€la go m€, sarva-janek��Ša-r™pe v�nd€vane, v€ˆ�i b€j€o vane vane,

(€b€ra) gaura ha´ye navadv…pe, m€t€o sabe sa‰k…rtane

‘Ó Mãe K€l…, quem, nos três mundos, pode sondar seus passatempos? Às vezes, você assume a forma de um homem, outras, de uma mulher, e às vezes você luta ferozmente numa batalha. Como o

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295Nitya-Dharma, Ciência Material e Civilização

Senhor Brahm€, você cria o universo; como o Se-nhor ®iva, você o destrói; e, como o Senhor Vi�Šu, você permeia o universo e mantém todas as entida-des vivas. Como ®r… K��Ša, aparece em V�nd€vana e vagueia de floresta em floresta tocando a flauta. Depois, ainda surge em Navadv…pa como ®r… Gaura e inebria a todos com o cantar de �r…-hari-n€ma.’

Advaita d€sa ofereceu um assento feito de folhas a Digambara Ca˜˜op€dhy€ya, dizendo: “Entre, meu irmão! Entre! Faz tanto tempo que nós não nos encontramos.”

Expressando com lágrimas a sua afeição, Digambara sentou-se e disse: “Meu irmão K€l…d€sa, para onde irei? Agora que você se tornou renunciante, não liga para os devas nem para seus deveres religiosos. Cheguei de Punjab cheio de esperança, mas nossos amigos de in-fância tinham todos partido. Pe�€, P€gl€, Khend€, Girish, I�e P€gl€, Dhanuva, Kele o carpinteiro e K€nti Bha˜˜ac€rya todos faleceram. Agora só resta eu e você. Pensei que po-deria às vezes atravessar o Ga‰ga e me encontrar com você em ®€ntipura, e você poderia às vezes atravessar o Ga‰ga e visitar-me em Ambik€. Poderíamos passar o tempo que nos resta cantando juntos e estudando o tantra-�€stra. Ai de mim! O destino desferiu-me um golpe cruel. Você virou um inútil monte de esterco de vaca – imprestável nesta vida e na próxima. Diga-me, como isto aconteceu com você?”

Advaita d€sa, ao perceber que seu amigo de infância era uma associação mais que indesejável, começou a ar-quitetar uma maneira de escapar de suas garras. Com isto em mente, disse: “Irmão Digambara, lembra aquele dia em Ambik€ quando jogávamos gull…-daŠ�€ e nós fomos até o velho tamarineiro?”

Digambara: Sim, sim, lembro nitidamente. Aquele

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296 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 9

tamarineiro ficava bem ao lado da casa de Gaur…d€sa PaŠ�ita. Gaura-Nit€i costumavam sentar-Se debaixo da-quela árvore.

Advaita: Irmão, enquanto jogávamos, você disse: “Não toque neste tamarineiro. O filho da tia ®ac… sentava-Se debaixo dele e se tocarmos nesta árvore, viraremos re-nunciantes.” Digambara: Sim, lembro-me bem disso. Re-parei que tinha certa inclinação pelos Vai�Šavas e lhe disse: “Você irá cair na armadilha de Gaur€‰ga!”

Advaita: Irmão, essa é a minha natureza. Naquela época, eu estava apenas prestes a cair na armadilha, mas agora caí nela de fato.

Digambara: Pegue em minha mão e saia. Não é bom ficar numa armadilha.

Advaita: Irmão, estou muito feliz nesta armadilha. Oro para permanecer aqui para sempre. Toque pelo menos uma vez nesta armadilha e veja por você mesmo.

Digambara: Eu já vi tudo. Pode parecer felicidade no início, mas no fim você verá que não passa de uma de-cepção.

Advaita: E a armadilha em que você está? Você acha que vai obter uma grande felicidade no final? Não se iluda.

Digambara: Olhe, somos subordinados à Deusa Mah€vidy€ (Durg€). Gozamos felicidade agora e também a gozaremos no além-mundo. Você pensa que é feliz agora, mas eu não o vejo feliz em absoluto. Além do mais, não haverá limite para seu sofrimento no final. Não consigo en-tender por que alguém se torna Vai�Šava. Você não vê? Nós desfrutamos comendo carne e peixe, somos bem vestidos e somos mais civilizados que vocês, Vai�Šavas. Gozamos toda a felicidade que a ciência material propicia, ao passo que vocês, além de serem privados de todas essas coisas,

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acabarão sem mesmo alcançar liberação. Advaita: Irmão, por que você afirma que não haverá

salvação para mim no final?Digambara: Ninguém – nem o Senhor Brahm€, o

Senhor Vi�Šu ou o Senhor ®iva – jamais conseguirão obter a salvação se for indiferente à Mãe Nist€riŠ…, aquela que concede a salvação, é o poder primordial. Ela manifesta Brahm€, Vi�Šu e Mahe�a, e depois os mantém por meio de sua potência ativa (k€rya-�akti). Basta essa Mãe desejar, para tudo entrar de novo em seu ventre, o qual é o recipien-te que contém todo o universo. Acaso você já adorou a Mãe para invocar sua misericórdia?

Advaita: A Mãe Nist€riŠ… é entidade consciente ou matéria inerte?

Digambara: Ela é a consciência personificada e pos-sui vontade independente. É unicamente pelo desejo dela que o espírito é criado.

Advaita: O que é puru�a e o que é prak�ti?Digambara: Vai�Šavas só se ocupam em bhajana

– eles não têm conhecimento algum das verdades filosó-ficas fundamentais. Apesar de se manifestarem como dois fenômenos, puru�a e prak�ti são, na verdade, uma coisa só, como as duas metades de um grão-de-bico. Se você ti-rar a pele do grão-de-bico, haverá duas metades. Mas, se a pele permanecer, haverá um só grão-de-bico. Puru�a é consciente e prak�ti, inerte. Quando o consciente e o inerte fundem-se virando uma só substância indiferenciada, esta é conhecida como brahma.

Advaita: Sua mãe é prak�ti (feminino) ou puru�a (masculino)?

Digambara: Às vezes, ela é feminina, às vezes masculina.

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298 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 9

Advaita: Então, se puru�a e prak�ti são como as duas metades de um grão-de-bico coberto por uma pele, qual de-las é a mãe e qual delas é o pai?

Digambara: Voce está fazendo indagações filosó-ficas? Excelente! Conhecemos a verdade muito bem. O fato é que a mãe é prak�ti, matéria, e o pai, caitanya, consciên-cia.

Advaita: E quem é você?Digambara: P€�a-baddho bhavej j…vaƒ p€�u-muktaƒ

sad€�ivaƒ: “Uma pessoa, quando amarrada pelas cordas de m€y€, é j…va, e quando liberta destas amarras, é o Senhor Sad€�iva.”

Advaita: Afinal, você é espírito ou matéria?Digambara: Eu sou espírito e a Mãe é matéria. Estan-

do eu atado, ela é minha Mãe; quando eu me libertar, ela será minha esposa.

Advaita: Oh! Esplêndido! Enfim toda a verdade se expõe sem sombra de dúvida. A pessoa que agora é sua mãe irá se tornar sua esposa depois. Onde você encontrou tal filosofia?

Digambara: Irmão, não sou como você, que vagueia de um lado para o outro dizendo: “Vai�Šava! Vai�Šava!” Adquiri este conhecimento na associação de inumeráveis sanny€s…s, brahmac€r…s e t€ntrikos perfeitos e liberados, e estudando os tantra-�€stras dia e noite. Se você quiser, pos-so fazer você capaz de entender este conhecimento.

Advaita d€sa pensou consigo mesmo: “Que infortú-nio medonho!” Mas audivelmente disse: “Muito bem. Por favor, explique-me um conceito. O que é civilização e o que é ciência material (pr€k�tika-vijñ€na)?”

Digambara: Civilização significa falar cortesmen-te numa sociedade culta, vestir-se de maneira respeitável,

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agradável, comer e portar-se de um modo que não pareça repugnante aos outros. Você não faz nada disto.

Advaita: Por que você diz isto?Digambara: Você é distintamente insociável, pois

não se mistura com os outros. Os Vai�Šavas jamais apren-deram o que significa agradar os outros com palavras doces. Basta olhar para alguém eles já pedem para cantar hari-n€ma. Ora, acaso não existe outro tema de conversa civi-lizada? Qualquer pessoa que veja suas vestes não se sentirá inclinada a lhe deixar participar de uma reunião. Você veste uma ta‰ga, deixa um esquisito tufo de cabelo no alto da cabeça e usa um colar de contas em volta do pescoço. Que espécie de traje é este? E você come apenas batatas e raízes. Você não é nada civilizado.

Advaita d€sa calculou que, se começasse uma rixa e Digambara se irritasse e fosse embora, isso lhe traria um alívio enorme. Portanto, disse: “O seu tipo de vida civili-zada lhe dá a oportunidade de alcançar um destino superior na próxima vida?”

Digambara: Só cultura não é suficiente para se con-quistar um destino superior na próxima vida. Mas, como pode a sociedade se elevar sem cultura? Numa sociedade elevada, podemos esforçar-nos visando ao progresso em outros planetas.

Advaita: Irmão, eu posso dizer algo, espero que você não fique nervoso.

Digambara: Você é meu amigo de infância – eu sacri-ficaria minha vida por você. Como não poderia tolerar tudo que você disser? Eu gosto de cortesia: mesmo que fique zangado, minhas palavras continuam doces. Quanto mais um homem consegue ocultar seus sentimentos íntimos, tan-to mais é considerado culto.

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Advaita: A vida humana é muito breve e cercada por muitas perturbações. Neste curto período de vida, o único dever da humanidade é adorar ®r… Hari com simplicidade. Estudar os mecanismos da civilização e cultura materiais nada mais é que enganar a alma. No meu entender, a pala-vra sabhyat€, civilização, é apenas outro nome para fraude civil. O ser humano permanece simples tão logo ele ade-re ao caminho da verdade. Ao adotar o caminho da deso-nestidade, ele deseja parecer civilizado e agradar os outros com palavras doces, mas, internamente, continua adepto a ilusões e atos maléficos. O que você descreve como civili-zação carece de boas qualidades, porque verdadeiramente as únicas boas qualidades são a veracidade e a simplicida-de.

Nos tempos modernos, civilização passou a significar manter a própria depravação oculta no íntimo. A palavra sabhyat€ literalmente significa qualificação para participar de uma sabh€, ou uma reunião virtuosa. Na realidade, a civilização que é livre de pecado e trapaça só é encontrada entre os Vai�Šavas. Os não-Vai�Šavas prezam em demasia a civilização saturada de pecados. A civilização da qual você fala não está relacionada ao nitya-dharma da j…va.

Se civilização significa adornar-se com roupas finas para atrair os outros, então as prostitutas são mais civilizadas que você. O único requisito, em se tratando de roupas é que estas devem cobrir o corpo, serem limpas e sem odores desa-gradáveis. A comida é impecável quando é pura e nutritiva, mas você só quer saber se ela é saborosa – você nem chega a analisar se ela é pura ou não. O vinho e a carne são impu-ros por natureza. Logo, uma civilização baseada no consu-mo dessas coisas é simplesmente uma sociedade dedicada ao pecado. Aquilo que hoje em dia chamam de civilização

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é a cultura de Kali-yuga. Digambara: Você esqueceu-se da civilização dos im-

peradores muçulmanos? Considere os modos como as pes-soas se sentam na corte de um imperador muçulmano, a maneira polida de falar e com etiqueta apropriada!

Advaita: Isto não passa de conduta mundana. Na rea-lidade um homem será mesmo deficiente se ele não aceitar essas formalidades externas? Irmão, você esteve tanto tem-po a serviço do governo muçulmano que se tornou parcial àquele tipo de civilização. Na realidade, a vida humana só passa a ser civilizada quando fica livre de pecados. O pre-tenso avanço da civilização em Kali-yuga significa apenas aumento de atividade pecaminosa – isto não é nada além de hipocrisia.

Digambara: Olhe, conforme concluíram homens cul-tos modernos, civilização significa humanismo; logo, quem não é civilizado não é ser humano. Vestir as mulheres de um jeito atraente para deste modo ocultar-lhes os defeitos é considerado um indício de sofisticação.

Advaita: Considere, irmão: este conceito é bom ou mau? Percebo que aqueles que você chama de ‘cultos’ não passam de patifes tirando proveito dos tempos modernos. Semelhantes indivíduos favorecem a esta civilização en-ganosa, em parte em virtude das impressões pecaminosas nos corações de todos, em parte porque encontram aí uma oportunidade de ocultar suas falhas. Será que esta classe de civilização pode trazer felicidade para um homem sábio? Somente por meio de argumentos vãos e intimidação física é que se pode sustentar a veneração a uma civilização de patifes.

Digambara: Segundo dizem certas pessoas, a so-ciedade está avançando à medida que o conhecimento

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aumenta no mundo, e possivelmente chegará o dia em que o céu será na terra.

Advaita: Isso é mera fantasia. Que coisa extraor-dinária é o fato de as pessoas terem fé nisto! Ainda mais bizarro é o fato de outras pessoas terem a audácia de propa-gar tal ponto de vista sem nem mesmo acreditarem nele! Há dois tipos de conhecimento: o conhecimento param€rthika relaciona-se à verdade eterna, enquanto o conhecimento laukika relaciona-se a este mundo transitório. O conheci-mento param€rthika não parece estar crescendo no mundo; ao contrário, na maioria dos casos, este conhecimento tem sido corrompido e desviado de sua natureza original. So-mente o conhecimento laukika parece estar em expansão. Acaso a j…va tem um relacionamento eterno com o conheci-mento laukika? O aumento de laukika-jñ€na faz as mentes das pessoas se distraírem com buscas materiais temporárias e, deste modo, elas negligenciam a verdade espiritu-al original. Creio fortemente que, quanto mais aumenta laukika-jñ€na, tanto mais dúplice fica uma civilização. Isto representa um tremendo infortúnio para os seres vivos.

Digambara: Infortúnio? Por quê?Advaita: Como eu já disse, a vida humana é muito

breve. As j…vas são como viajantes hospedados numa esta-lagem – elas deveriam usar este curto período de vida a fim de se prepararem para seu destino definitivo. Seria mera tolice se os viajantes hospedados na estalagem ficassem tão entretidos melhorando as condições de sua estada que aca-bassem se esquecendo de seu destino. Quanto mais aumen-ta nosso envolvimento com o conhecimento material, tanto mais diminui o tempo que poderíamos dedicar a assuntos espirituais. Estou convencido de que o conhecimento mate-rial deveria ser utilizado apenas na medida necessária para

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a manutenção de nossa subsistência. Não há necessidade de conhecimento material excessivo, nem de sua compan-heira, a civilização material. Este esplendor terrestre restará por quantos dias?

Digambara: Vejo que caí nas garras de um renun-ciante obstinado. Então, a sociedade não serve para nada?

Advaita: Depende da constituição de cada sociedade em particular. A função cumprida por uma sociedade de Vai�Šavas é do maior benefício para as j…vas. Porém, uma sociedade de não-Vai�Šavas, ou uma sociedade meramente secular, não cumpre função útil alguma para as j…vas. Mas chega deste assunto. Diga-me: o que quer dizer ciência ma-terial?

Digambara: O tantra-�€stra expõe muitos tipos de ciência material (pr€k�tika-vijñ€na). A ciência material in-clui qualquer conhecimento, habilidade e beleza encontrá-veis no mundo material, bem como todos os diversos ramos de conhecimento, tais como a ciência militar, a ciência mé-dica, a música, a dança e a astronomia. Prak�ti (natureza material) é o poder primordial e por sua própria potência, ela manifesta este universo material e toda a variedade que há nele. Cada forma é um subproduto desta potência e vem acompanhada do conhecimento ou ciência correspondente a ela. Quem adquire este conhecimento liberta-se dos pe-cados cometidos contra Mãe Nist€riŠ…. Os Vai�Šavas não buscam este conhecimento, mas nós, �€ktas, alcançaremos a liberação com base nele. Considere quantos livros já fo-ram escritos pela causa deste conhecimento por grandes ho-mens como Platão, Aristóteles, Sócrates e o famoso H€kim.

Advaita: Digambara, você diz que os Vai�Šavas não têm interesse em vijñ€na (conhecimento realizado, experi-

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mental), mas isto não é verdade. O conhecimento puro dos Vai�Šavas é dotado de vijñ€na:

�r… bhagav€n uv€cajñ€naˆ parama-guhyaˆ me yad-vijñ€na-samanvitam

sa-rahasyaˆ tad-a‰gaˆ ca g�h€Ša gaditaˆ may€®r…mad-Bh€gavatam (2.9.31)

“®r… Bhagav€n disse: ‘Ó Brahm€, apesar de ser não-dual, o conhecimento sobre Mim divide-se em quatro categorias distintas: jñ€na, vijñ€na, rahasya e tad-a‰ga. Uma j…va não é capaz de entender isto com sua própria inteligência, mas você poderá en-tendê-lo pela Minha misericórdia. Jñ€na é Minha svar™pa, e Meu relacionamento com Minha potência é vijñ€na. A j…va é Meu rahasya (mistério secreto) e o pradh€na, Meu jñ€na-a‰ga.’ ”

Antes desta criação, Bhagav€n, sentindo-Se sat-isfeito com a adoração de Brahm€, ensinou-lhe os princípios dovai�Šava-dharma puro. Bhagav€n dis-se: “Ó Brahm€, passo a lhe explicar este jñ€na mais que confidencial sobre Mim, além do vijñ€na do qual ele é dotado, seu rahasya e todos os seus a‰gas (com-ponentes). Aceite-o todo conforme Eu o transmito.”

Digambara, há dois tipos de conhecimento: �uddha-jñ€na (conhecimento puro) e vi�aya-jñ€na (conhecimento sobre objetos materiais). Todos os seres humanos adquirem vi�aya-jñ€na por meio dos sentidos. No entanto, tal con-hecimento é impuro, sendo, portanto, inútil para se dis-cernir objetos transcendentais. Ele só é útil em relação ao estado condicionado de existência material da j…va. O con-hecimento pertinente à consciência espiritual é conhecido

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como �uddha-jñ€na. Este é eterno, e é a base do serviço devocional dos Vai�Šavas. O conhecimento espiritual é a antítese do conhecimento material, pois um é inteiramente distinto do outro. Você disse que vi�aya-jñ€na é vijñ€na, mas ele não o é na verdadeira acepção da palavra. O mo-tivo verdadeiro pelo qual seu šyur-veda e outros tipos de conhecimento material são chamados de vijñ€na, é que eles contrastam com o conhecimento espiritual puro. Vijñ€na verdadeiro é aquele conhecimento puro que é distinto do conhecimento material. Não há diferença entre jñ€na, ou seja, o conhecimento sobre uma substância ou objeto ver-dadeiramente permanente (cid-vastu), e vijñ€na, isto é, o conhecimento sobre como tal objeto se distingue da maté-ria. Jñ€na é a percepção direta de um objeto transcendental, enquanto que vijñ€na é a consolidação do conhecimento puro em contraste com o conhecimento material. Embora ambos sejam na verdade a mesma coisa, são conhecidos ou como jñ€na ou como vijñ€na conforme os métodos por eles empregados.

Você se referiu ao conhecimento material como sen-do vijñ€na, mas, segundo afirmam os Vai�Šavas, vijñ€na é o verdadeiro entendimento do conhecimento material. Após examinarem a natureza da ciência militar, da ciência médi-ca, da astronomia e da química, eles concluíram que isso tudo é conhecimento material e que a j…va não tem nenhum elo eterno com tais ciências. Portanto, estas diferentes clas-ses de conhecimento material não têm a menor importância no que se refere ao nitya-dharma da j…va. No entender dos Vai�Šavas, estão imersos em karma-k€Š�a aqueles que se dedicam a expandir seu conhecimento mundano de acordo com suas propensões materiais. Contudo, os Vai�Šavas não

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condenam essas pessoas. Indiretamente, os esforços feitos em prol do aprimoramento material ajudam, até certo pon-to, o progresso espiritual dos Vai�Šavas. O conhecimento material de quem busca avanço material é insignificante e, se você quiser, pode chamá-lo de pr€k�tika-vijñ€na, ciência natural. Sem dúvida, não há objeção quanto a isto. É tolice brigar por causa de nomes.

Digambara: Bem, se não houvesse avanço algum de conhecimento material, como poderiam vocês, Vai�Šavas, satisfazerem convenientemente suas necessidades materi-ais e estarem livres para ocuparem-se em bhajana? Vocês também devem fazer um certo esforço em favor do avanço material.

Advaita: As pessoas trabalham de maneiras dife-rentes, de acordo com suas respectivas inclinações. Mas, Ÿ�vara, é o controlador supremo de todos e outorga a cada pessoa o devido resultado de sua ação.

Digambara: De onde vem a inclinação?

Advaita: A inclinação se desenvolve a partir de im-pressões profundamente arraigadas no coração e adquiri-das por meio de atividades pregressas. Quanto maior for a extensão do envolvimento de um indivíduo com a matéria, tanto mais perito ele será quanto ao conhecimento material e aos ofícios originários de tal conhecimento. Os artigos manufaturados por essa classe de pessoas poderão ajudar os Vai�Šavas a servir a K��Ša, porém, não é necessário que os Vai�Šavas se esforcem em separado para conseguí-los. Por exemplo, carpinteiros ganham a vida produzindo

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siˆh€sanas, artigos estes usados pelos g�hasthas Vai�Šavas como plataformas onde colocam a Deidade. As abelhas têm a natureza de colher mel, que os devotos aceitam para o serviço da Deidade. Isto não significa que todas as j…vas do mundo se empenham para o avanço espiritual. Impelidas por suas respectivas naturezas, ocupam-se em diferentes espécies de trabalho.

Os seres humanos apresentam diferentes tipos de ten-dências, algumas elevadas, outras baixas. Aqueles dotados de índoles inferiores ocupam-se em trabalhos dos mais va-riados, impelidos por suas tendências inferiores. Os traba-lhos subalternos por eles realizados servem de apoio para outras espécies de trabalho impelido por índoles superiores. A roda deste universo gira em virtude desta divisão de tra-balho. Todos que estão sob a jurisdição da matéria trabal-ham conforme suas propensões materiais, deste modo au-xiliando os Vai�Šavas em seu desenvolvimento espiritual. Tais materialistas, por estarem confundidos pela potência da m€y€ de ®r… Vi�Šu, não se dão conta de que suas ativi-dades ajudam os Vai�Šavas. Consequentemente, o mundo inteiro serve aos Vai�Šavas, mas sem saber disso.

Digambara: O que é essa vi�Šu-m€y€?Advaita: No CaŠ�…-m€h€tmya do M€rkaŠ�eya Pur€Ša

(81.40), há a seguinte descrição de vi�Šu-m€y€ – yogam€y€ hareƒ �aktir yay€ sammohitaˆ jagat: “Chama-se maham€y€ a potência de ®r… Bhagav€n que ilude o mundo inteiro.”

Digambara: Quem é então, a deusa que eu conheço como Mãe Nist€riŠ…?

Advaita: Ela é a potência externa de ®r… Hari conhe-cida como vi�Šu-m€y€.

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Digambara abriu o seu livro sobre tantra e disse: “Olhe, o tantra-�€stra afirma que minha mãe divina é a consciência personificada. Ela possui vontade plena e está além das três qualidades da natureza material; todavia, é o apoio dessas três qualidades. Se sua vi�Šu-m€y€ não está livre da influência dos modos da natureza, como você pode igualar sua vi�Šu-m€y€ a minha mãe? Irrita-me bastante este tipo de fanatismo da parte dos Vai�Šavas! Vocês, Vai�Šavas, tem fé cega.

Advaita: Digambara, meu irmão, não se zangue. Você veio ver-me depois de tanto tempo e eu quero que fique satisfeito. Acaso é uma desfeita falar de vi�Šu-m€y€? Bhagav€n Vi�Šu é a personificação da consciência supre-ma, bem como o único controlador supremo de todos. Tudo quanto existe é Sua potência. A potência não é um obje-to independente (vastu), mas, antes, a capacidade funcio-nal inerente em um objeto (vastu-dharma). Dizer que �akti (potência) é a raiz de tudo, é inteiramente contrário a tattva, a verdade metafísica. ®akti não pode existir independente do objeto do qual se origina. É preciso primeiro aceitar a existência de um objeto dotado de consciência espiritual plena – caso contrário, aceitar �akti por si só, é como sonhar com uma flor no céu.

Como afirma o comentário sobre o Ved€nta, �akti-�aktimator abhedaƒ: “Não há diferença entre a potência e o possuidor da potência.” Isto significa que �akti não é um objeto separado. A Pessoa Suprema, o senhor de todas as potências, é a única substância verdadeira permanente. ®akti é a qualidade, ou função inerente, subordinada à von-tade dEle. Conforme suas palavras, �akti é a personificação

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da consciência, possui vontade e está além da influência das três qualidades da natureza material. Isso é correto, mas apenas à medida que �akti opera sob o total apoio de uma entidade consciente e pura, sendo deste modo considerado idêntica a essa poderosa entidade. O desejo e a consciên-cia dependem do Ser Supremo. Não pode existir desejo em �akti – ao contrário, �akti age segundo o desejo do Ser Su-premo. Como você tem o poder de movimentar-se, basta desejar fazê-lo para que este poder atue. Dizer “o poder está em movimento” é mera figura de linguagem – na verdade, significa que a pessoa dona daquele poder está em movi-mento.

Bhagav€n tem apenas uma �akti, a qual se mani-festa sob formas diferentes. Ao funcionar em sua ca-pacidade espiritual, ela chama-se cit-�akti, e ao ope-rar em sua capacidade material, chama-se m€y€ ou ja�a-�akti. Segundo afirma a ®vet€�vatara Upani�ad (6.8), parasya �aktirvividhaiva �r™yate: “A divina �akti de Bhagav€n, dizem os Vedas, é plena de variedade.”

A �akti que sustenta os três modos da nature-za material – sattva, rajaƒ e tamaƒ – é conhecida como ja�a-�akti e funciona para criar e destruir o universo.

Os Pur€Šas e o Tantra referem-se a ela como vi�Šu-m€y€, mah€m€y€, m€y€ e assim por diante. Há muitas descrições alegóricas de suas atividades. Por exemplo, dizem que ela é a mãe de Brahm€, Vi�Šu e ®iva e a ma-tadora dos demoníacos irmãos ®umbha e Ni�umbha. A entidade viva permanece sob o controle desta �akti en-quanto fica absorta no prazer material. Ao munir-se de conhecimento puro, a j…va se torna consciente de sua própria svar™pa, o que a capacita a transcender m€y€-�akti

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e a alcançar o status liberado. Enfim, fica sob o controle de cit-�akti e obtém felicidade espiritual.

Digambara: Você não está sob o controle de algum poder?

Advaita: Sim, somos j…va-�akti. Abandonamos m€y€-�akti e nos posicionamos sob a proteção de cit-�akti.

Digambara: Então você também é um �€kta.

Advaita: Sim, os Vai�Šavas são �€ktas de verdade. Estamos sob o controle de ®r… R€dhik€, a qual é a perso-nificação de cit-�akti. Se é somente sob o refúgio dEla que prestamos serviço a K��Ša, quem pode ser mais �€kta que os Vai�Šavas? Não vemos diferença alguma entre os Vai�Šavas e os verdadeiros �€ktas. Aqueles que só estão apegados a m€y€-�akti, sem buscarem o abrigo de cit-�akti, podem até serem chamados de �€ktas, mas não são Vai�Šavas – não passam de materialistas. No N€rada-pañcar€tra, ®r… Durg€ Dev… explica:

tava vak�asi r€dh€haˆ r€se v�nd€vane vane

‘Na floresta conhecida como V�nd€vana, sou Sua �akti interna, ®r… R€dhik€, aquela que adorna Seu peito na dança da rasa.’

Como fica claro por esta afirmação de Durg€ Dev…, existe apenas uma �akti, e não duas. Esta �akti é R€dhik€ quando Ela Se manifesta como a potência interna e ela é Durg€ quando se manifesta como a potência externa. Na

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condição em que se está livre do contato com os modos materiais da natureza, vi�Šu-m€y€ é a cit-�akti. Esta mesma vi�Šu-m€y€ é a ja�a-�akti quando está dotada dos modos da natureza.

Digambara: Você disse que é j…va-�akti. O que é isso?

Advaita: Bhagav€n disse na Bhagavad-g…t€ (7.4-5):

bh™mir €po´nalo v€yuƒ khaˆ mano buddhir eva caaha‰k€ra it…yaˆ me bhinn€ prak�tir a�˜adh€

apareyam itas tv any€ˆ prak�tiˆ viddhi me par€mj…va-bh™t€ˆ mah€-b€ho yayedaˆ dh€ryate jagat

‘Minha prak�ti inferior, ou material, é formada por oito componentes: terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e ego. Estes oito elementos estão sob o controle de ja�a-m€y€. Existe, no entanto, outra prak�ti, que é superior a esta ja�a-prak�ti e que con-siste das j…vas. Por elas este mundo material é perce-bido ou visto.’

Digambara, você conhece a glória da Bhagavad-g…t€? Este �€stra, sendo a essência das instruções de todos os �€stras, resolve todos os conflitos entre as diversas ideo-logias filosóficas. Segundo confirma a G…t€, a categoria de entidades conhecida como j…va-tattva é fundamentalmente diferente do mundo material e uma das potências de Ÿ�vara. Autoridades eruditas referem-se a este tattva como ta˜astha-�akti. Esta �akti é superior à potência externa e inferior à potência interna. Portanto, as j…vas são uma �akti singular de K��Ša.

Digambara: K€l…d€sa, acaso você leu a Bhagavad-g…t€?

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Advaita: Sim, já faz um bom tempo que a li.Digambara: Qual é a natureza de seus ensinamentos

filosóficos?

Advaita: Meu irmão Digambara, as pessoas só lou-varão o melado enquanto não tiverem provado o açúcar-cande.

Digambara: Meu irmão, isto é simplesmente fé cega da sua parte. Todos têm o Dev…-Bh€gavata e a Dev…-g…t€ na mais alta estima. Vocês, Vai�Šavas, são as únicas pessoas que não toleram sequer ouvir os nomes desses dois livros.

Advaita: Você já leu a Dev…-g…t€?

Digambara: Não. Por que deveria eu mentir? Eu estava para copiar esses dois livros, mas ainda não conse-gui fazê-lo.

Advaita: Como você pode afirmar que um livro é bom ou ruim se nem ao menos o leu? É a minha fé ou a sua que é cega?

Digambara: Irmão, desde criança, eu sempre tive um certo medo de você. Você sempre foi muito loquaz, mas, agora que se tornou Vai�Šava, parece mais categórico ain-da ao expressar suas opiniões. Qualquer coisa que eu digo você destrói!

Advaita: Sou mesmo um tolo inútil, mas posso per-ceber que não existe �uddha-dharma à parte do vai�Šava dharma. Você sempre foi hostil com os Vai�Šavas, motivo pelo qual não conseguiu sequer reconhecer o caminho para a sua própria auspiciosidade.

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Digambara: (um tanto zangado) Você alega que eu não consigo ver o caminho para a minha própria auspicio-sidade, apesar do tanto de s€dhana e bhajana que realizei? Você acha que eu passei todo este tempo cortando grama para alimentar meu cavalo? Olhe bem para este Tantra-sa‰graha que eu escrevi! Você pensa que foi brincadeira produzir um livro como este? Você arrogantemente ostenta o seu Vaisnavismo e ridiculariza a ciência e a civilização modernas. O que devo fazer quanto a isso? Venha, acom-panhe-me até uma reunião civilizada e vejamos quem será julgado certo – você ou eu.

Advaita d€sa queria livrar-se da indesejável associa-ção de Digambara o quanto antes, pois não via nada de pro-dutivo naquele encontro. “Bem, irmão”, disse ele, “de que adianta a sua ciência material e civilização material na hora da morte?”

Digambara: K€l…d€sa, você é mesmo um sujeito estranho. Acaso restará algo após a morte? Enquanto você estiver vivo, você deve tentar conquistar fama entre os homens civilizados e desfrutar dos cinco prazeres: vinho, carne, peixe, riqueza e mulheres. Na hora da morte, Mãe Nist€riŠ… cuidará para que você vá aonde quer que esteja destinado a ir. Se a morte é certa, por que você se submete a tanta atribulação atualmente? Onde estará quando os cinco elementos deste corpo se fundirem nos cinco grandes ele-mentos da natureza material?

Este mundo é m€y€, yogam€y€ e mah€m€y€. Ela é quem pode outorgar-lhe felicidade agora e liberação após a morte. Não existe nada senão �akti: você veio de �akti e no fim voltará a �akti. Simplesmente sirva a �akti e testemunhe o poder de �akti na ciência. Procure in-tensificar seu poder espiritual pela disciplina do yoga.

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314 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 9

Você acabará constatando que não há nada além desta potência imperceptível. Onde você arrumou esta fábu-la pretensiosa sobre um Deus supremo e consciente? Sua crença nessa histó-ria está lhe fazendo sofrer no momento. Além do mais, não consigo sondar um destino para você na próxima vida que seja superior ao nosso. Para que você precisa de um Deus pessoal? Sirva a �akti apenas e ao se fundir nessa �akti, ali permanecerá eternamente.

Advaita: Meu irmão, você ficou enfeitiçado por esta �akti material. Se há um Bhagav€n onisciente, o que, então, acontecerá com você após a morte? O que é felicidade? Felicidade é paz de espírito. Eu abandonei toda espécie de prazer material e encontrei felicidade na paz interior. Caso haja algo mais reservado para mim após a morte, eu o ob-terei também. Você não está satisfeito. Quanto mais tenta desfrutar, mais aumenta a sua sede de prazer material. Você não sabe sequer o que é felicidade. Você está simplesmen-te se deixando levar pela corrente da sensualidade e excla-mando: “Prazer! Prazer!” Mas, um dia cairá num oceano de sofrimento.

Digambara: Ora, meu destino será o que quer que tenha que ser. Mas por que você se afastou da associação dos homens cultos?

Advaita: Não renunciei à associação dos homens cultos. Ao contrário, foi precisamente isto que alcancei. Estou tentando abandonar a associação dos degenerados.

Digambara: Como você define o estar na companhia dos degenerados?

Advaita: Por favor, ouça-me sem se zangar o que eu lhe responderei. O ®r…mad-Bh€gavatam (4.30.33) diz:

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315Nitya-Dharma, Ciência Material e Civilização

y€vat te m€yay€ sp��˜€ bhram€ma iha karmabhiƒt€vad bhavat-prasa‰g€n€ˆ sa‰gaƒ sy€n no bhave bhave

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.292)

‘Ó Bhagav€n! Enquanto estivermos iludidos por Sua potência ilusória e errando na existência material sob a influência de nossas atividades kármicas, oramos para podermos estar na associação de Seus premi bhaktas, nascimento após nascimento.’

Diz o Hari-bhakti-vil€sa (10.294):

asadbhiƒ saha sa‰gas tu na kartavyaƒ kad€canayasm€t sarv€rtha-h€niƒ sy€d adhaƒ-p€ta� ca j€yate

‘Não devemos jamais manter contato com pessoas submersas na não-realidade, pois, devido à associa-ção dessas pessoas, somos privados de todos os ob-jetos que vale a pena conquistar e caímos em uma posição degradada.’

O Katy€yana-saˆhit€ afirma:

varaˆ hutavaha-jv€l€ pañjar€ntar-vyavasthitiƒna �auri-cint€-vimukha-jana-samv€sa-vai�asam

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.295)

‘Ainda que eu precisasse morrer num fogo abrasador ou fosse forçado a ficar o tempo todo confinado num cárcere, ainda assim, não iria querer a associação de de pessoas aversas de pensar em K��Ša.’

Diz o ®r…mad-Bh€gavatam (3.31.33-34):

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316 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 9

satyaˆ �aucaˆ day€ maunaˆ buddhir hr…r �r…r ya�aƒ k�am€

�amo damo bhaga� ceti yat-sa‰gad y€ti sa‰k�ayam te�v a�€nte�u

m™dhe�u khaŠ�it€tmasv as€dhu�usa‰gaˆ na kury€c chocye�u yo�it-kr…d€-m�ge�u ca

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.297-298)

‘Se alguém vive na associação de pessoas desprovi-das de virtude, suas boas qualidades – tais como ve-racidade, limpeza, misericórdia, moderação da fala, inteligência, timidez, riqueza, fama, perdão, controle dos sentidos, controle da mente e fortuna – esvaem-se por completo. Por isso, não se deve jamais manter contato com pessoas indignas que vivem perturba-das por desejos de gozo dos sentidos, que são tolas, deixam-se envolver pelo conceito corpóreo de vida e são joguetes nas mãos de mulheres.’

Afirma-se no Garu�a Pur€Ša (231.17):

antargato´pi ved€n€ˆ sarva-�€str€rtha-vedy apiyo na sarve�vare bhaktas taˆ vidy€t puru�€dhamam

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.303)

‘Alguém pode ter estudado todos os Vedas e estar fa-miliarizado com o significado de todos os �€stras, porém, se não for devoto de ®r… Hari, deve ser con-siderado o mais baixo dos homens.’

O ®r…mad-Bh€gavatam (6.1.18) declara:

pr€ya�citt€ni c…rŠ€ni n€r€yaŠa-par€‰mukham

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317Nitya-Dharma, Ciência Material e Civilização

na ni�punanti r€jendra sur€-kumbham iv€pag€ƒcitado no Hari-bhakti-vil€sa (10.305)

‘Ó rei, assim como a água de muitos rios não pode purificar um barril de vinho, de modo semelhante, uma pessoa que seja aversa a ®r… N€r€yaŠa não pode purificar-se pela prática de todos os diferentes tipos de expiação, mesmo que estes sejam realizados per-feita e repetidamente.’Diz o Sk€Š�a Pur€Ša:

hanti nindati vai dve�˜i vai�Šav€n n€bhinandatikrudhyate y€ti no har�aˆ dar�ane patan€ni �a˜

citado no Hari-bhakti-vil€sa (10.312)

‘Seis são as causas de queda: surrar um Vai�Šava, difamá-lo, usar de má-fé contra ele, deixar de dar-lhe boas-vindas ou agradá-lo, demonstrar raiva por ele e não sentir prazer ao vê-lo.’

Digambara, uma pessoa jamais conseguirá conquistar auspiciosidade mantendo esse tipo de associação imoral. Que benefício poderá alguém obter vivendo numa socie-dade formada por essa classe de homens?

Digambara: Ora, ora! Que cavalheiro distinto esse com quem vim falar! Você deve mesmo ficar entre os Vai�Šavas puros. E eu vou para minha própria casa.

Sentindo que seu colóquio com Digambara estava perto do fim, Advaita d€sa julgou apropriado concluí-lo com um agrado. Em tom cortês, disse: “Você é meu ami-go de infância. Sei que precisa voltar para casa, mas não quero que vá ainda. Você veio de tão longe, por isso, fique mais um pouco, por favor. Venha tomar um pouco pras€da

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318 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 9

antes de partir.”Digambara: K€l…d€sa, você sabe muito bem que sigo

uma dieta rigorosa. Só como havi�ya e fiz uma refeição pouco antes de vir para cá. No entanto, foi um prazer en-contrar você. Voltarei outra hora se tiver tempo. Não poderei passar a noite aqui porque tenho certos deveres a cumprir conforme o sistema confiado a mim por meu guru. Irmão, preciso partir agora.

Advaita: Irei acompanhá-lo até o barco. Vamos.Digambara: Não, não. Prossiga com seus afazeres.

Eu trouxe alguns homens comigo.Assim, Digambara foi embora, cantando uma canção

sobre a Deusa K€l…, e Advaita d€sa pôde cantar �r…-n€ma em seu ku˜…ra sem mais impedimentos.

Assim termina o Nono Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Nitya-Dharma, Ciência Material e Civilização”

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Capítulo 10Nitya-Dharma e História

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®r… Harihara Bha˜˜€c€rya era um professor residente em Agradv…pa. Ele tinha aceitado iniciação no vai�Šava-dharma, e estava ocupado na adoração de Bhagav€n ®r… K��Ša em sua casa. Porém, uma dúvida surgiu em sua mente sobre o Vai�Šavismo, a qual ele não conseguia dissi-par, mesmo depois de conversar com muitas pessoas sobre isto. De fato, tal conversa só agitava sua mente ainda mais. Um dia, Harihara foi ao vilarejo de Arka˜il€, e perguntou a ®r… Caturbhuja Ny€yaratna: “Bha˜˜€c€rya Mah€�aya, você poderia me dizer há quanto tempo apareceu o vai�Šava-dharma?”

Aproximadamente há vinte anos Ny€yaratna Mah€�aya vinha estudando laboriosamente o ny€ya-�€stra. Em consequência disso, ele tinha se tornado completa-mente indiferente por religião, e não gostava de ser inco-modado com discussões religiosas. Ele só demonstrava alguma tendência devocional quando executava �akti-p™j€ (adoração à Deusa Durg€).

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322 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 10

Quando Ny€yaratna ouviu esta pergunta, ele pensou que Harihara era parcial à religião Vai�Šava, ele tencionava envolvê-lo num debate, e o melhor seria evitar tal conflito. Com isto em mente, Ny€yaratna Mah€�aya disse: “Harihara, que tipo de pergunta é esta que você está me fazendo agora? Você estudou todo o ny€ya-�€stra, até a seção muktipada. Olhe, você sabe que em nenhuma parte do ny€ya-�€stra é feita alguma menção do vai�Šava-dharma, então por que você está me embaraçando com pergunta tão estranha?”

Harihara, agora um pouco ofendido, respon-deu: “Bha˜˜€c€rya Mah€�aya, meus antepassados foram Vai�Šavas por muitas gerações. Eu também sou iniciado com um mantra Vai�Šava e jamais tive dúvida alguma so-bre o vai�Šava-dharma. No entanto, você deve ter ouvido falar que Tarka-c™�€maŠi de Vikramapura pretende erradi-car a religião Vai�Šava – e como consequência, ele está pre-gando contra ela no momento, tanto em sua cidade quanto em outros locais, e ganhando uma boa quantia de dinheiro fazendo isso. Num encontro frequentado pricipalmente por adoradores de Durg€, ele proclamou que a religião Vai�Šava é muito recente e não tem conteúdo filosófico. Ele disse que, apenas pessoas de classe inferior, tornam-se Vai�Šavas, as de classe alta não respeitam o vai�Šava-dharma.”

“Quando eu ouvi tais conclusões de um erudito da estatura dele, a princípio fiquei com o coração um tanto magoado. No entanto, após alguma reflexão, ocorreu-me que não existia vai�Šava-dharma em nenhum lugar da Bengala antes do aparecimento de ®r… Caitanyadeva. Antes dEle, todos adoravam a Deusa Durg€ e recitavam os �akti-mantras. Melhor dizendo, haviam uns poucos Vai�Šavas como nós, que fazíamos adoração recitando mantras Vai�Šavas. Mas, em última análise, a meta de todos era

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323Nitya-Dharma e História

atingir brahma e mukti, em nome do que eles se empenha-vam com perseverança.”

“Dentro da categoria de vai�Šava-dharma na qual fomos iniciados, todos aprovavam o sistema pañcop€sana, porém, depois da época de Caitanya Mah€prabhu, o vai�Šava-dharma assumiu uma nova definição. Tanto é as-sim que hoje em dia os Vai�Šavas mal toleram ouvir as pa-lavras mukti e brahma. Eu não consigo nem mesmo dizer o que eles pensam o que bhakti é. Bem, conforme as pala-vras deles, ‘é comum a vaca de um olho só perder-se do re-banho’. Isto aplica-se perfeitamente aos Vai�Šavas moder-nos. Então, minha pergunta é: este tipo de vai�Šava-dharma existia anteriormente ou ele somente apareceu a partir da época de Caitanyadeva?”

Ny€yaratna Mah€�aya, não vendo em Harihara um Vai�Šava tão ortodoxo como ele havia temido, estampou imensa alegria em seu rosto. “Harihara”, disse ele, “você é de fato um erudito no ny€ya-�€stra. Você expressou exatamente o que eu acredito. Nos dias atuais, há um res-surgimento de vai�Šava-dharma, eu estou temeroso de di-zer algo contra isto. Precisamos ter um pouco de cautela, pois estamos na era de Kali. Muitos cavalheiros abastados e respeitáveis, agora aceitaram a doutrina de Caitanya, moti-vo pelo qual fazem pouco caso de nós, chegando a achar que somos seus inimigos. Receio que em breve nossa profissão ficará obsoleta. Ora, até as castas inferiores de vendedores de óleo, folhas de bétel e ouro andam estudando os �€stras – isso nos causa amargura!”

“Olha, há muito tempo os br€hmaŠas haviam tomado providências para que nenhuma outra casta pudesse estudar o �€stra, nem mesmo os k€yasthas, situados logo abaixo da casta dos br€hmaŠas. Todos eram obrigados a honrar

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324 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 10

nossas palavras.Agora, pessoas de todas as castas tornam-se Vai�Šavas

e fazem deliberações sobre verdades filosóficas, o que tem prejudicado demais a reputação da casta dos br€hmaŠas. Nim€i PaŠ�ita é responsável pela destruição do br€hmaŠa-dharma. Harihara, o que Tarka-c™�€maŠi disse é cor-reto, mesmo que tenha feito pela ganância por riqueza, ou depois de fazer uma análise minuciosa da situação.”

“Quando ouço as palavras dos Vai�Šavas, meu corpo arde de raiva. Agora, eles chegam ao extremo de dizer que ®a‰kar€c€rya estabeleceu o �€stra M€y€v€da por ordem do próprio Bhagav€n, e que a religião Vai�Šava é eterna. A religião que surgiu nem mesmo há cem anos, de repente tornou-se sem começo! É espantoso! Como ele disse, ‘o be-nefício destinado a uma pessoa é usufruído por outra’.”

“Toda a glória outrora conquistada por Navadv…pa foi agora perdida. Em particular, há alguns Vai�Šavas, hoje mo-rando em G€d…g€ch€, Navadv…pa, que consideram o mundo como sendo um prato raso de barro. Entre eles, alguns pou-cos bons eruditos provocaram tamanha revolta que arrui-naram o país inteiro. Agora, os deveres ocupacionais das quatro castas, a verdade eterna da doutrina M€y€v€da e a adoração aos devat€s e dev…s – tudo está caindo no esqueci-mento. É cada vez mais raro as pessoas realizarem a ce-rimônia de �r€ddh€ para o benefício de seus parentes fale-cidos. Como nós, educadores, iremos sobreviver?”

Harihara disse: “Mah€tm€! Não haverá remédio para isto? Em M€y€pura, ainda há seis ou sete br€hmaŠas eru-ditos de grande reputação. Do outro lado do Ga‰g€, em Kuliy€-gr€ma, também há inúmeros eruditos bem versados nos sm�ti e ny€ya-�€stras. Se todos eles reunirem-se e ata-car G€d…g€ch€, não conseguiriam algum resultado?”

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325Nitya-Dharma e História

Ny€yaratna disse: “Por que não? Isto seria possí-vel se os br€hmaŠa-paŠ�itas se unissem, só que hoje em dia há divergências entre eles. Conforme fiquei saben-do, alguns paŠ�itas liderados por K��Ša C™�€maŠi fo-ram a G€d…g€ch€ e iniciaram um debate, derrotados voltaram para suas escolas, depois disso eles só fala-vam do acontecido se fosse absolutamente necessário.”

Harihara disse: “Bha˜˜€c€rya Mah€�aya, você não apenas é o nosso mestre como também o mestre de mui-tos mestres. Seu comentário do ny€ya-�€stra tem ensinado a muitos eruditos a arte do raciocínio, por analisar argu-mentos falaciosos. Se assim você desejar, poderá derrotar esses eruditos Vai�Šavas de uma vez por todas. Por favor, prove que a religião Vai�Šava é uma invenção moderna não apoiada pelos Vedas. Esta iniciativa, além de representar um excelente ato de misericórdia para com os br€hmaŠas, irá reinstalar nossa tradicional adoração pañcop€sana, que está a ponto de desaparecer.”

No íntimo, Caturbhuja Ny€yaratna estava temeroso de debater com os Vai�Šavas, pensando que eles poderi-am derrotá-lo como o fizeram com K��Ša C™�€maŠi e ou-tros. “Harihara”, disse ele, “irei disfarçado. Você deve se passar como professor e inflamar a chama do debate em G€d…g€ch€. Depois disso, eu assumirei toda a responsabi-lidade.”

Harihara disse alegremente: “Com certeza, eu irei cumprir sua ordem. Na próxima segunda-feira, atraves-saremos o Ga‰g€ e os atacaremos, invocando o nome de Mah€deva em busca de auspiciosidade.”

Quando chegou segunda-feira, enquanto eles ainda ponderavam sobre este assunto. Três professores, Hariha-ra, Kamalak€nta e Sad€�iva, encontraram ®r… Caturbhuja

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326 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 10

Ny€yaratna em sua casa em Arka˜il€ e acompanharam-no na travessia do Ga‰g€ para Godruma. Às quatro da tarde, eles chegaram ao bosque m€dhav… e exclamaram “Haribol! Haribol!”, manifestando um humor parecido ao de Durv€s€ Muni rodeado por seus seguidores.

Naquele instante, Advaita d€sa estava cantando hari-n€ma em seu ku˜…ra. Ao vê-los, saiu do ku˜…ra e, em tom afetuoso, ofereceu a cada um deles uma esteira como assen-to. Depois indagou: “Como posso servir a vocês?”

Harihara disse: “Estamos aqui para discutir alguns as-suntos com os Vai�Šavas.”

Advaita d€sa disse: “Os Vai�Šavas desta área nunca discutem qualquer tópico. No entanto, está tudo bem, se vocês vieram submissamente perguntar sobre alguma coisa. Outro dia, alguns professores iniciaram um grande debate sob o pretexto de fazer algumas perguntas, e por fim, eles acabaram saindo daqui bastante perturbados. Eu vou per-guntar a Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya, e em seguida eu lhes darei uma resposta.” Dizendo isto, entrou no ku˜…ra de B€b€j… Mah€�aya.

Pouco tempo depois, Advaita d€sa voltou trazendo mais esteiras para se sentarem. Então, Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya apareceu no bosque, ele prestou daŠ�avat-praŠ€ma a V�nd€-dev…, e depois aos cultos br€hmaŠas que ali haviam chegado. Com as mãos postas, indagou com hu-mildade: “Ó grandes almas, por favor, o que vocês desejam. Qual o serviço que nós podemos prestar a vocês?”

Ny€yaratna disse: “Temos uma ou duas perguntas a fazer e gostaríamos que as respondessem.”

Quando Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya ouviu este pedido, ele convidou ®r… Vai�Šava d€sa B€b€j… Mah€�aya para se juntar a eles. Assim que ali chegou, Vai�Šava d€sa

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327Nitya-Dharma e História

B€b€j… prestou praŠ€ma a Paramahaˆsa B€b€j… e sentou -se ao seu lado.

Ny€yaratna Mah€�aya fez sua pergunta: “Diga-nos, por favor, se a religião Vai�Šava é antiga ou moderna.”

Paramahaˆsa B€b€j… Mah€�aya solicitou que Vai�Šava d€sa a respondesse. Em tom de voz pacífico, embora grave, Vai�Šava d€sa disse: “O vai�Šava-dharma é san€tana (per-manente) e nitya (eterno).”

Ny€yaratna: Ao meu ver, há dois tipos de vai�Šava-dharma. Um deles sustenta que o para-tattva conhecido como brahma não tem forma e é desprovido de qualidades. Contudo, desde que não há porque adorar um objeto sem forma, primeiro os s€dhakas imaginam brahma como tendo alguma forma, e assim eles adoram isto. Esta adoração só é necessária para se purificar o coração, e quando o coração se purifica, o conhecimento do brahma sem forma surge. Nessa altura, não há mais necessidade de se continuar a adoração às formas. As formas de R€dh€-K��Ša, R€ma ou N�siˆha são todas formas imaginárias e subprodutos de m€y€. Quando alguém adora estas formas imaginárias, aos poucos o conhecimento de brahma é despertado. Entre os adoradores das cinco Deidades (pañcop€sakas), aqueles que adoram a Deidade de Vi�Šu e recitam vi�Šu-mantras com esta atitude consideram-se Vai�Šavas.

No segundo tipo de vai�Šava-dharma, Bhagav€n Vi�Šu, R€ma ou K��Ša são aceitos como para-brahma, pos-suindo formas eternas. Quando o sadhaka adora uma des-tas formas em particular com os mantras correspondentes, ele obtém o conhecimento eterno da Deidade específica a quem ele adora, e recebe a misericórdia da mesma. De acordo com este ponto de vista, a doutrina impersonalista é M€y€v€da, a qual é uma concepção errônea propagada por

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328 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 10

®a‰kara. Diga-nos, agora, qual destes dois tipos de Vaisna-vismo é permanente e eterno.

Vai�Šava d€sa: O segundo tipo é o vai�Šava-dharma verdadeiro e eterno. O outro é vai�Šava-dharma só de nome. Na realidade, este pseudo vai�Šava-dharma é contrário ao vai�Šava-dharma autêntico. Ele é temporário e se originou da doutrina M€y€v€da.

Ny€yaratna: Eu entendo que, em sua opinião, o úni-co vai�Šava-dharma verdadeiro é a doutrina que você re-cebeu de Caitanyadeva. Você não aceita que a adoração a R€dh€-K��Ša, R€ma ou N�siˆha são, por si só, vai�Šava-dharma. Você apenas aceita a adoração a R€dh€-K��Ša ou outras Deidades como sendo vai�Šava-dharma se a mesma é conduzida de acordo com a ideologia de Caitanya. Não é assim? É uma bela idéia, mas como você pode alegar que este tipo de vai�Šava-dharma seja eterno?

Vai�Šava d€sa: Este tipo de vai�Šava-dharma é en-sinado por todos os �€stras Védicos e é explicado em todos os sm�ti-�€stras. Todas as histórias Védicas cantam as gló-rias deste vai�Šava-dharma.

Ny€yaratna: É óbvio que Caitanyadeva é o pioneiro desta doutrina, mas, se Ele apareceu há menos de cento e cinquenta anos, como pode Sua doutrina ser eterna?

Vai�Šava d€sa: Este vai�Šava-dharma tem existido desde o próprio momento do aparecimento da j…va. As j…vas são an€di porque não há começo para elas no tempo ma-terial. Portanto, a função constitucional das j…vas, conhe-cida como jaiva-dharma ou vai�Šava-dharma, também é an€di. Brahm€ é a primeira j…va a nascer no universo. Tão logo ele apareceu, também se manifestou a vibração sonora Védica, a qual é a base do vai�Šava-dharma. Isto está re-gistrado nos quatro �lokas essenciais do ®r…mad-Bh€gavatam

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329Nitya-Dharma e História

(2.9.33-36), conhecidos como catuƒ-�lok…. Também é men-cionado na MuŠ�aka Upani�ad (1.1.1):

brahm€ dev€n€ˆ prathamaƒ sambabh™vavi�vasya kartt€ bhuvanasya gopt€

sa brahma-vidy€ˆ sarva-vidy€-prati�˜h€matharv€ya jye�˜ha-putr€ya pr€ha

‘Brahm€, que é o primeiro de todos os devas, e que apareceu do lótus surgido do umbigo de Bhagav€n, o qual é o criador do universo e o mantenedor de todas as entidades vivas. Ele, Brahm€, transmitiu brahma-vidy€, o qual é a base de todos os demais ramos de conhecimento, a Atharva, seu filho mais velho.’

O ¬g Veda-saˆhit€ (1.22.20) menciona as instruções deste brahma-vidy€:

tad vi�Šoƒ paramaˆ padaˆsad€ pa�yanti s™rayaƒdiv…va cak�ur €tatam

‘Os jñ€n…-janas (Vai�Šavas puros) sempre contem-plam a morada suprema de Bhagav€n ®r… Vi�Šu, as-sim como o olho não obstruído vê o sol no céu.’

Está dito na Ka˜ha Upani�ad (1.3.9):

tad vi�Šoƒ paramaˆ padaˆvi�Šor yat paramaˆ padam

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330 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 10

‘Aquela morada suprema de Bhagav€n ®r… Vi�Šu é o objetivo mais elevado. ’

A ®vet€�vatara Upani�ad (5.4) diz:

sarv€ di�a ™rddhvam adha� ca tiryakprak€�ayam bhr€jate yad vana�v€n

evaˆ sa devo bhagav€n vareŠyoyoni-svabh€v€n adhiti�˜haty ekaƒ

‘Bhagav€n é a Pessoa Suprema e a fonte original de todos os devas. Ele é o objeto supremo de adoração e é único e inigualável. Assim como o sol brilha ra-diantemente, iluminando todas as direções, em cima, embaixo e em todos os lados, da mesma maneira, Bhagav€n controla a natureza material, a qual é a origem de todas as diferentes espécies de vida.’

A Taittir…ya Upani�ad (2.1.2) diz:

satyaˆ jñ€nam anantaˆ brahmayo veda nihitaˆ guh€y€ˆ parame vyoman

so´�nute sarv€n k€m€n saha brahmaŠ€ vipa�cit€

‘Para-tattva brahma é a personificação da verdade, do conhecimento e da eternidade. Embora esse para-brahma esteja situado no céu espiritual, Ele está oculto no céu dos corações de todas as entidades vi-vas. A pessoa que conhece Ÿ�vara, o qual está situado no íntimo de cada um como a Superalma, alcança a plenitude de todos os seus desejos em contato com esse Ÿ�vara onisciente.’

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331Nitya-Dharma e História

Ny€yaratna: O ¬g Veda, tad vi�Šoƒ paramaˆ padaˆ declara: “Eles veem a morada suprema de Vi�Šu.” Como você pode dizer que isto não se refere ao vai�Šava-dharma, e que está incluído na doutrina M€y€v€da?

Vai�Šava d€sa: O vai�Šava-dharma que é incluído no alcance da doutrina M€y€v€da rejeita a concepção de servidão eterna a Bhagav€n. Os M€y€v€d…s acreditam que, quando o s€dhaka adquire conhecimento, ele alcança o status de brahma. Todavia, como é possível haver serviço para quem se torna brahma? Está dito na Ka˜ha Upani�ad (1.2.23):

n€yam €tm€ pravacanena labhyona medhay€ na bahun€ �rutenayam evai�a v�Šute tena labhyas

tasyai�a €tm€ viv�Šute tanuˆ sv€m

‘Este Param€tm€ Parabrahma não pode ser alcan-çado pela apresentação de discursos eruditos, ou ao empregar a própria inteligência, ou mesmo por ouvir os Vedas extensivamente. Este Param€tm€ é alcan-çável somente pela pessoa a quem Ele outorga Sua misericórdia. Uma vez que Param€tm€ esteje muito próximo, Ele revela a Sua própria forma.’

A única religião verdadeira é a função constitucio-nal de serviço e rendição. Não há outro meio para conse-guir a misericórdia de Bhagav€n e deste modo, ver Sua forma eterna. O conhecimento de brahma não capacitará ninguém a ter dar�ana da forma eterna de Bhagav€n. Nós podemos entender desta categórica declaração védica que o vai�Šava-dharma puro é encontrado especialmente nos Vedas. Todos os Vedas sancionam o vai�Šava-dharma

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ensinado por ®r…man Mah€prabhu. Não resta qualquer dú-vida a este respeito.

Ny€yaratna: Há alguma declaração nos Vedas no sentido de que k��Ša-bhajana, e não a realização de brahma-jñ€na, é o mais elevado objetivo?

Vai�Šava d€sa: Esta dito na Taittir…ya Upani�ad (2.7.1), raso vai saƒ: “K��Ša é a personificação de rasa.” Além disso, a Ch€ndogya Upani�ad (8.13.1) declara:

�y€m€c chabalaˆ prapadye �abal€c chy€maˆ prapadye

‘Pelo serviço a K��Ša, a pessoa alcança a morada transcendental de bem-aventurança divina, a qual é repleta de passatempos maravilhosos, e por alcançar esta fascinante morada transcendental, a pessoa al-cança K��Ša.’

Há muitas outras declarações similares nos Vedas, as quais afirmam que k��Ša-bhajana é a mais elevada realiza-ção.

Ny€yaratna: O nome K��Ša é encontrado em alguma parte dos Vedas?

Vai�Šava d€sa: Mas a palavra ®y€ma não se refere a K��Ša? É declarado no ¬g Veda (1.22.164.31):

apa�yaˆ gop€m anipadyam€ nam€

‘Eu vi ®r… K��Ša, que nasceu numa dinastia de gopas, e que é imperecível.’

Há muitas declarações nos Vedas que se referem es-pecificamente a K��Ša, o qual apareceu como o filho de um gopa (pastor de vacas).

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Ny€yaratna: O nome de K��Ša não é claramente mencionado em nenhuma destas declarações; isto é sim-plesmente sua interpretação premeditada.

Vai�Šava d€sa: Se você estudar os Vedas cuidado-samente, você irá ver que eles têm usado estes tipos de de-clarações indiretas em relação a cada assunto. Os sábios da antiguidade explicaram os significados de todas as declara-ções, e nós devemos ter a mais elevada consideração por suas opiniões.

Ny€yaratna: Por favor, conte-me a história do vai�Šava-dharma.

Vai�Šava d€sa: Como eu já disse, o aparecimento do vai�Šava-dharma é simultâneo à origem da j…va. Brahm€ foi o primeiro Vai�Šava. ®r…man Mah€deva também é um Vai�Šava, como também o são todos os progenitores da hu-manidade. ®r… N€rada Gosv€m…, o qual nasceu da mente de Brahm€, é um Vai�Šava. Esta é a comprovação nítida de que o vai�Šava-dharma não tem uma evolução recente, pois tem existido desde o princípio da criação.

Nem todas as entidades vivas estão livres da influên-cia dos três modos da natureza; e a superioridade de um Vai�Šava elevado irá depender do quanto ele estiver livre desses modos. O Mah€bh€rata, o R€m€yaŠa e os Pur€Šas são as histórias da raça ariana e todos eles descrevem a excelência do vai�Šava-dharma. Nós já vimos como o vai�Šava-dharma esteve presente no início da criação. Prahl€da e Dhruva eram ambos Vai�Šavas puros. Na época deles, havia muitos milhares de outros Vai�Šavas cujos no-mes não constam em nenhum registro histórico, pois só se faz menção dos mais destacados. Dhruva foi neto de Manu e Prahl€da, neto de Praj€pati Ka�yapa, e ambos viveram perto do começo da criação – não há dúvida quanto a isso.

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Portanto, você pode observar que o vai�Šava-dharma puro esteve ativo desde o início da história.

Mais tarde, os reis das dinastias solar e lunar, bem como os grandes munis e ��is, eram todos completamen-te devotados a ®r… Vi�Šu. Há ampla menção do vai�Šava-dharma nas três eras anteriores, conhecidas como Satya, Tret€ e Dv€para. Mesmo na atual era de Kali, ®r… R€m€nuja, ®r… Madhv€c€rya e ®r… Vi�Šusv€m… no sul da Índia, e ®r… Nimb€ditya Sv€m… na Índia ocidental iniciaram muitos mi-lhares de discípulos no vai�Šava-dharma puro. Pela mise-ricórdia deles, talvez metade da população da Índia tenha atravessado o oceano de m€y€ e alcançado o abrigo dos pés de lótus de Bhagav€n. Do mesmo modo deve ser considera-do também a quantidade de pessoas oprimidas e degradadas que ®r… ®ac…nandana, que é o mestre de meu coração e alma, libertou nesta terra da Bengala. Ainda assim, você não con-segue perceber a grandeza do vai�Šava-dharma apesar de ter testemunhado tudo isso?

Ny€yaratna: Sim, mas baseado em que você chama Prahl€da e os demais de Vai�Šavas?

Vai�Šava d€sa: Eles podem ser reconhecidos como Vai�Šavas com base no �€stra. Os professores de Prahl€da, SaŠ�a e Amarka, queriam ensinar-lhe brahma-jñ€na con-taminado pela doutrina M€y€v€da; mas ele rejeitou seus ensinamentos, compreendendo que hari-n€ma é a essência de toda educação, e ele constantemente cantava o nome de Bhagav€n com muito amor e afeição. Sob estas circunstân-cias, não resta qualquer dúvida de que Prahl€da era um Vai�Šava puro. A verdade é que não se pode entender a es-sência subjacente aos �€stras sem investigação imparcial e minuciosa.

Ny€yaratna: Se, como você disse, o vai�Šava-

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dharma tem existência perpétua, qual é a nova idéia revela-da por Caitanya Mah€prabhu para merecer tal consideração especial?

Vai�Šava d€sa: O vai�Šava-dharma é como uma flor de lótus que vai desabrocha gradualmente no devido tempo. A princípio, manifesta-se como um botão, e então lenta-mente começa a florescer. Ao atingir sua maturidade, ela desabrocha completamente e atrai todas as j…vas, ao espal-har sua doce fragrância em todas as direções. No princípio da criação, quatro aspectos do conhecimento foram expres-sos a Brahm€ por intermédio dos catuƒ-�lok… Bh€gavatam. Eram eles: bhagavat-jñ€na, conhecimento transcendental do Absoluto como Bhagav€n; m€y€-vijñ€na, conhecimen-to analítico da potência externa de Ÿ�vara; s€dhana-bhakti, o meio para se atingir a meta; e prema, que é o objetivo a ser alcançado. Estes quatro elementos foram manifesta-dos nos corações das j…vas como o broto da flor de lótus de vai�Šava-dharma.

Na época de Prahl€da, este broto assumiu a forma de um botão, o qual começou a florir gradualmente no período de Veda-vy€sa Muni, e floresceu no tempo de R€m€nuja, Madhva e os demais samprad€ya-€c€ryas.

Com o aparecimento de ®r…man Mah€prabhu, o vai�Šava-dharma desabrochou por completo como a flor de prema e começou a atrair os corações de todas as j…vas, disseminando sua doce fragrância, plena de encanto.

A essência supremamente confidencial do vai�Šava-dharma é o despertar de prema. ®r…man Mah€prabhu criou a boa fortuna para todas as j…vas ao distribuir este prema mediante o cantar de �r…-hari-n€ma. ®r…-n€ma-sa‰k…rtana é um bem inestimável, digno da mais elevada consideração. Alguém revelou este ensinamento antes de Mah€prabhu?

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Embora esta verdade existisse nos �€stras, não havia ne-nhum exemplo claro dela que pudesse inspirar as j…vas co-muns a praticá-la em suas próprias vidas. Na verdade, antes de ®r…man Mah€prabhu, acaso alguém havia tomado posse do tesouro de prema-rasa e distribuído dessa maneira, mes-mo aos homens comuns?

Ny€yaratna: Tudo bem, mas, se k…rtana é tão bené-fico assim, por que os paŠ�itas eruditos não o têm em alta estima?

Vai�Šava d€sa: O significado da palavra paŠ�ita tem se pervertido na atual era de Kali. PaŠ�€ quer dizer ‘a inte-ligência de quem é iluminado pelo conhecimento do �€stra’ e a palavra paŠ�ita refere-se a quem tem tal inteligência. Hoje em dia, contudo, as pessoas são reconhecidas como paŠ�itas se elas podem exibir seu insignificante sofisma do ny€ya-�€stra, ou explicar o significado do sm�ti-�€stra de maneiras inusitadas que agradam as pessoas em geral. Como podem semelhantes paŠ�itas entender ou explicar o significado de dharma e o sentido verdadeiro dos �€stras? Isto só pode ser realizado mediante a análise imparcial de todos os �€stras, então, como poderá alguém obter isto atra-vés de alegações intelectuais do ny€ya?

A verdade, é que em Kali-yuga, aqueles que são re-conhecidos como paŠ�itas são peritos em desencaminhar a si mesmos e aos outros com argumentações inúteis. Em suas reuniões, tais paŠ�itas ocupam-se em debates caloro-sos sobre assuntos triviais, mas nunca tratam do conheci-mento sobre a realidade última; o conhecimento da relação das j…vas com a Verdade Absoluta, a suprema meta para as j…vas; ou o método para alcançar esta meta. A pessoa só po-derá entender a real natureza de prema e k…rtana quando ela tiver discernimento da verdade destes assuntos.

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Ny€yaratna: Tudo bem, eu admito que não e-xistem paŠ�itas qualificados hoje em dia, mas, por que os br€hmaŠas de alta classe não aceitam o seu vai�Šava-dharma? Os br€hmaŠas estão situados no modo da bondade, e eles são naturalmente inclinados para o caminho da ve-racidade e elevados princípios religiosos, então por que é que quase todos eles são contrários ao vai�Šava-dharma?

Vai�Šava d€sa: Se você está fazendo esta pergunta, eu me sinto na obrigação de respondê-la, embora, por natu-reza, os Vai�Šavas se oponham a criticar os outros. Eu ten-tarei responder sua última pergunta se isto não lhe trouxer dor ou raiva ao coração e se você deseja sinceramente saber a verdade.

Ny€yaratna: Seja como for, nosso estudo do �€stra nos tem imbuído com uma disposição para a tranquilidade, autocontrole e tolerância. Para mim, não há problema em tolerar suas palavras. Por favor, fale abertamente e sem he-sitação, e eu irei certamente respeitar tudo que for razoável e bom.

Vai�Šava d€sa: Por favor, considere que R€m€nuja, Madhva, Vi�Šusv€m… e Nimb€ditya eram todos br€hmaŠas e que cada um deles teve milhares de discípulos br€hmaŠas. Na Bengala, nosso ®r… Caitanya Mah€prabhu era um br€hmaŠa védico, nosso Nity€nanda Prabhu, um br€hmaŠa R€dh…ya, e nosso Advaita Prabhu, um br€hmaŠa V€rendra. Quase todos os nossos gosv€m…s e mah€janas eram br€hmaŠas. Milhares de br€hmaŠas que estão no mais elevado grau da linhagem brahmínica abrigaram-se no vai�Šava-dharma e têm propagado esta imaculada religião pelo mundo. Assim, como você pode clamar que, os br€hmaŠas da classe e-levada não têm consideração pelo vai�Šava-dharma?

Sabemos, que aqueles br€hmaŠas que honram o

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vai�Šava-dharma são br€hmaŠas de alta classe. No entan-to, certas pessoas nascidas em famílias de br€hmaŠas têm hostilizado o vai�Šava-dharma por serem prejudicadas pelas falhas de linhagens familiares degradadas, associa-ções indesejáveis e educação falsa. Tal comportamento faz apenas demonstrar seu infortúnio e condição caída. Nada disso prova que elas sejam br€hmaŠas genuínos. Deve ser especialmente notado que de acordo com o �€stra, o nú-mero de br€hmaŠas verdadeiros em Kali-yuga é mínimo, e estes poucos são Vai�Šavas. Quando um br€hmaŠa recebe o vai�Šava-g€yatr…-mantra, o qual é a mãe dos Vedas, ele torna-se um Vai�Šava iniciado. Porém, devido à contamina-ção de Kali-yuga, alguns desses br€hmaŠas aceitam outra iniciação não-védica e abandonam seu Vaisnavismo. O nú-mero de br€hmaŠas Vai�Šavas é bem pequeno, mas ainda assim, não é motivo para inventar uma conclusão que seja contrária aos princípios do �€stra.

Ny€yaratna: Por que razão tantas pessoas de classe inferior aceitam o vai�Šava-dharma?

Vai�Šava d€sa: Isso não deve ser motivo de dú-vida. Muitas pessoas de classe inferior completamen-te desprovidas e oprimidas, são assim aptas para a mise-ricórdia dos Vai�Šavas, sem a qual ninguém pode ser um Vai�Šava. A humildade não pode tocar no coração de al-guém que esteja intoxicado pelo orgulho de riqueza e nascimento elevado, e consequentemente é muito raro para tais pessoas obterem a misericórdia dos Vai�Šavas.

Ny€yaratna: Eu não tenho problema de discutir mais este assunto. Eu posso perceber que você irá citar inevita-velmente as duras descrições do �€stra sobre os br€hmaŠas de Kali-yuga. Causa-me imensa dor ouvir determinadas afirmações do �€stra, tal como esta no Var€ha Pur€Ša:

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r€k�as€ƒ kalim €�ritya j€yante brahma-yoni�u

‘Refugiando-se na era de Kali, os demônios nascem em famílias de br€hmaŠas.’

Portanto, deixemos de lado este assunto. Agora, diga-me por que você não respeita ®r… ®a‰kar€c€rya, o qual é um oceano ilimitado de conhecimento.

Vai�Šava d€sa: Por que você me diz isto? Nós consi-deramos ®r… ®a‰kar€c€rya uma encarnação de ®r… Mah€deva. ®r…man Mah€prabhu instruíu-nos a honrá-lo, dirigindo-se a ele como €c€rya. Nós somente rejeitamos a sua doutrina M€y€v€da, porque ela é uma forma de budismo encober-to, o qual os Vedas desaprovam. Por ordem de Bhagav€n, ®a‰kar€c€rya distorceu o significado dos Vedas, do Ved€nta e da G…t€, difundindo a falsa doutrina do monismo impes-soal conhecida como advaita-vada a fim de converter os homens de índole demoníaca. Que falha existe nisso para que ®a‰kar€c€rya devesse ser condenado?

Buddhadeva é um avat€ra de Bhagav€n que também estabeleceu e pregou uma doutrina contrária aos Vedas. Mas, os descendentes dos arianos o condenam por isso? Al-guns podem discordar com tais atividades de ®r… Bhagav€n e Mah€deva, e clamam que eles são injustos, mas eles dizem que Bhagav€n é o protetor do universo, e ®r… Mah€deva, Seu representante, sendo ambos oniscientes e todo-auspiciosos. Não é possível que Bhagav€n e Mah€deva sejam culpados por injustiça. Aqueles que os acusam desta maneira, em sua ignorância e limitação, não podem entender o significado mais profundo das atividades deles.

Bhagav€n e Suas atividades estão além do raciocínio humano, e por isso as pessoas inteligentes jamais devem

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pensar: “Ÿ�vara não devia ter feito isso. Teria sido melhor Ele fazer aquilo.” Ÿ�vara é o mentor de todas as j…vas e só Ele sabe da necessidade de atar homens de índole ímpia à doutrina da ilusão. Nós não temos como compreender a intenção de Ÿ�vara ao manifestar as j…vas no momento da criação e, depois, destruir-lhes as formas no momento da aniquilação cósmica. Tudo isso é l…l€ de ®r… Bhagav€n. As pessoas firmemente devotadas a Bhagav€n experimentam imenso deleite ao ouvirem Seus passatempos, elas não gostam de se ocupar em debates intelectuais sobre estes as-suntos.

Ny€yaratna: Está certo, mas por que você diz que a doutrina M€y€v€da é contrária aos Vedas, ao Ved€nta e à G…t€?

Vai�Šava d€sa: Se você examinar cuidadosamente as Upani�ads e o Ved€nta-s™tra, por favor, diga-me quais mantras e s™tras apóiam a doutrina M€y€v€da? Então, eu explicarei o verdadeiro significado dessas declarações para provar que as mesmas não apóiam a doutrina M€y€v€da em absoluto. Alguns mantras védicos podem aparentemente conter um ligeiro vestígio de filosofia M€y€v€da, mas, ao se examinar os mantras que os precedem e sucedem, aquela interpretação irá instantaneamente ser dissipada.

Ny€yaratna: Irmão, eu não cheguei a estudar as Upani�ads e o Ved€nta-s™tra. Quando a conversa situa-se em torno do ny€ya-�€stra, estou preparado para discorrer sobre qualquer assunto. Por meio da lógica, eu posso fazer um pote de barro virar pano e um pano virar pote de barro. Apesar de ter lido um pouco da G…t€, eu não me aprofundei nela, assim, eu não posso dizer mais nada sobre esse tema. Em vez disso, deixe-me lhe fazer mais uma pergunta sobre outro tópico. Você é um sábio erudito, por favor, explique-

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me o verdadeiro motivo pelo qual os Vai�Šavas não tem fé nos remanentes de alimentos oferecidos aos devas e dev…s, embora tenham tamanha fé em vi�Šu-pras€da.

Vai�Šava d€sa: Eu não sou erudito – sou um grande tolo. Você deve saber que o que eu estiver falando é apenas pela misericórdia de meu Gurudeva, Paramahaˆsa B€b€j… Mah€r€ja. Ninguém pode saber todos os �€stras, pois eles são um oceano ilimitado, mas meu Gurudeva bateu esse oceano e me deu a essência dos �€stras. Eu aceito toda esta essência como a conclusão que todos os �€stras estabele-ceram.

A resposta de sua pergunta é que os Vai�Šavas não desrespeitam a pras€da dos devas e dev…s. ®r… K��Ša é o controlador supremo de todos os controladores – portan-to, somente Ele é conhecido como Parame�vara. Todos os devas e dev…s são Seus devotos e eles são designados para posições na administração dos assuntos univer-sais. Os Vai�Šavas jamais desrespeitariam a pras€da dos bhaktas porque uma pessoa pode obter �uddha-bhakti ao honrar seus remanentes. A poeira dos pés dos bhaktas, a água nectárea que lavou os pés deles e o alimento nectáreo que tocou os lábios dos bhaktas são três tipos de pras€da supremamente benéficos. Eles são o remédio que destrói a doença da existência material.

Na verdade, quando os M€y€v€d…s adoram os devat€s e lhes oferecem comida, os devat€s não a aceitam porque tais adoradores estão contaminados pelo apego à doutri-na da ilusão. Há uma ampla evidência disto no �€stra, e se você me perguntar, eu posso mostrar-lhe as citações. Os adoradores dos devas são completamente M€y€v€d…s, isto é prejudicial ao praticante de bhakti e é uma ofensa a Bhakti-dev… aceitar a pras€da dos devas quando ela é

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oferecida por tais pessoas. Se um Vai�Šava puro oferece a pras€da de K��Ša aos devas e dev…s, estes a aceitam com muito amor e começam a dançar, e se um Vai�Šava, depois honra essa pras€da, ele experimenta uma alegria imensa.

Outro assunto para ser considerado é que, a instrução do �€stra é toda-poderosa, e os yoga-�€stras orientam os praticantes do sistema de yoga a não aceitarem a pras€da de nenhum devat€. Isto não quer dizer que quem pratica yoga desrespeita a pras€da dos devat€s. Isto simplesmente significa que deixar de aceitar pras€da ajuda os praticantes de yoga-s€dhana a alcançar a concentração em sua medi-tação. Similarmente, em bhakti-s€dhana, um bhakta não pode alcançar devoção exclusiva a Bhagav€n, o qual é o objeto de sua adoração, se ele aceitar a pras€da de qual-quer outro deva. Logo, é errado achar que os Vai�Šavas são contra a pras€da de outros devas e dev…s. Os diversos pra-ticantes apenas se comportam dessa maneira na tentativa de atingir a perfeição em suas metas respectivas, conforme recomendam os �€stras.

Ny€yaratna: Tudo bem, isto está claro, mas, por que você se opõe a matar animais em sacrifício se os �€stras apóiam isto?

Vai�Šava d€sa: Não é intenção do �€stra apoiar a matança de animais. Como declaram os Vedas, m€ himsy€t sarv€Ši bh™t€ni: “Não se deve cometer violência contra nenhuma entidade viva.” Esta afirmação proíbe a violência aos animais. Tão logo a natureza humana seja fortemente influenciada pelos modos da paixão e da ignorância, as pes-soas irão ter o ímpeto espontâneo da relação ilícita com o sexo oposto, do consumo de carne e da intoxicação. Tais pessoas não pedem para os Vedas sancionarem suas ativi-dades. O objetivo dos Vedas não é promover tais atividades,

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mas sim restringi-las. Quando os seres humanos estão si-tuados no modo da bondade, eles podem naturalmente abster-se da matança de animais, da indulgência sexual e da intoxicação. Até esse ponto, os Vedas prescrevem diver-sos meios para se controlar essas tendências. Por este mo-tivo, eles sancionam o contato com o sexo oposto por meio do matrimônio (viv€ha-yajña), a matança de animais em sacrifício e o consumo de vinho em certas cerimônias. Por adotar tais práticas, uma pessoa experimentará o declínio gradual dessas tendências e acabará conseguindo abandoná-las. Este é o verdadeiro propósito dos Vedas. Eles não reco-mendam a matança de animais, sua intenção está expressa nestas palavras do ®r…mad-Bh€gavatam (11.5.11):

loke vyav€y€mi�a-madya-sev€nity€s tu jantor na hi tatra codan€

vyavasthitis te�u viv€ha-yajña-sur€-grahair €�u niv�ttir i�˜€

‘Nós podemos ver que, as pessoas neste mundo, têm uma tendência natural para a intoxicação, ao con-sumo de carne e ao desfrute sexual, porém, o �€stra, não pode sancionar a ocupação delas em tais ativi-dades. Por isso, são tomadas medidas especiais por meio das quais, certo contato com o sexo oposto é permitido no matrimônio; o consumo de carne, na prática de sacrifícios; e o consumo de vinho, no ritual conhecido como sautr€maŠ…-yajña. Estes preceitos têm por objetivo, não só restringir as tendências li-cenciosas da população em geral, mas também es-tabelecer sua conduta moral. O propósito intrínseco dos Vedas ao tomar essas medidas é afastar as pes-soas por completo de tais atividades.’

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A conclusão Vai�Šava a este respeito é que não há ob-jeção ao fato de uma pessoa de natureza regida pela paixão e ignorância matar animais. Entretanto, alguém situado no modo da bondade não deve fazê-lo, pois fazer mal a outras j…vas é uma propensão animalesca. ®r… N€rada explica isto no ®r…mad-Bh€gavatam (1.13.47):

ahast€ni sa-hast€n€m apad€ni catu�-pad€mphalg™ni tatra mahataˆ j…vo j…vasya j…vanam

‘As entidades vivas sem mãos são presas das que têm mãos. Formas de vida sem pernas servem de alimen-to para as quadrúpedes. Criaturas pequenas são a so-brevivência das grandes. Dessa maneira, uma entida-de viva é o meio de subsistência da outra.’

O veredito do Manu-sm�ti (5.56) também é bastante claro:

na m€ˆsa-bhak�aŠe do�e na madye na ca maithuneprav�ttir e�€ bh™t€n€ˆ niv�ttis tu mah€-phal€

‘A abstinência de atividades tais como a indulgência sexual, consumo de carne e intoxicação geram re-sultados altamente benéficos, embora o ser humano tenha inclinação natural por elas.’

Ny€yaratna: Sim, mas por que os Vai�Šavas fazem objeção à cerimônia �r€ddh€ e outras atividades destinadas a retribuirmos nossa dívida com os antepassados?

Vai�Šava d€sa: As pessoas preocupadas em cumprir deveres piedosos prescritos, executam a cerimônia �r€ddh€ de acordo com a divisão karma-k€Š�a dos Vedas. Apesar

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dos Vai�Šavas não fazerem objeção a isto, o �€stra declara:

devar�i-bh™t€pta-n�Š€ˆ pitŽŠ€ˆna ki‰karo n€yam �Š… ca r€jan

sarvatman€ yaƒ �araŠaˆ �araŠyaˆgato mukundaˆ parih�tya kartam

®r…mad-Bh€gavatam (11.5.41)

‘Ó rei, quando um ser humano abandona o ego de ser independente de Bhagav€n e aceita o abrigo comple-to de ®r… Mukunda, como o refúgio supremo, ele é desobrigado de suas dívidas com os devas, sábios, entidades vivas em geral, familiares, humanidade e antepassados. Tal devoto não está mais subordinado a tais personalidades, tampouco está preso a servi-los.’

Consequentemente, os bhaktas que se abrigaram em Bhagav€n não precisam realizar a cerimônia �r€ddh€ e outras atividades de karma-k€Š�a destinadas à isenção dedívida com os antepassados. Eles são orientados a adorar Bhagav€n, oferecer bhagavat-pras€da aos antepassados e honrar bhagavat-pras€da com seus amigos e parentes.

Ny€yaratna: Em que altura a pessoa obtém a posição e aptidão para agir desta maneira?

Vai�Šava d€sa: Agir desta maneira é prerrogativa de um Vai�Šava, e a pessoa torna-se qualificada desde o mo-mento em que desperta fé em hari-kath€ e hari-n€ma. É dito no ®r…mad-Bh€gavatam (11.20.9):

t€vat karm€Ši kurv…ta na nirvidyeta y€vat€mat-kath€-�ravaŠ€dau v€ �raddh€ y€van na j€yate

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346 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 10

‘Uma pessoa será obrigada a ocupar-se em karma e seguir as regras e proibições associadas a esse cami-nho enquanto o desapego das atividades fruitivas e dos resultados de tais atividades não for despertado (como a promoção aos planetas celestiais, por exem-plo), ou enquanto não despertar fé em ouvir e cantar Meu l…l€-kath€.’

Ny€yaratna: Eu estou deleitado em ouvir suas expli-cações. Vendo sua erudição e refinado discernimento, mi-nha fé no vai�Šava-dharma acaba de despertar. Meu irmão, Harihara, em nada lucraremos se seguirmos com este deba-te. Estes Vai�Šavas são grandes mestres entre os paŠ�itas. Eles têm uma exímia habilidade para extrair as conclusões de todos os �€stras. Poderemos dizer o que quisermos para preservar nossa ocupação, mas duvido muito que tenha sur-gido alguém na terra da Bengala, ou mesmo em toda a Índia, que possa ser comparado a tal erudito renomado e Vai�Šava exaltado como Nim€i PaŠ�ita. Vamos, o dia está chegando ao fim e será difícil atravessarmos o Ga‰g€ após escurecer.Ny€yaratna e seu grupo de professores partiram, exclaman-do: “Haribol! Haribol!” Então, os Vai�Šavas começaram a dançar e a cantar: “Jaya ®ac…nandana!”

Assim termina o Décimo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Nitya-Dharma e História”

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Capítulo 11Nitya-Dharma e Idolatria

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Na margem ocidental do Bh€g…rath…, no dis-trito de Koladv…pa, em Navadv…pa, há um vilarejo fa-moso chamado Kuliy€ P€h€rpura. Na época de ®r…man Mah€prabhu, um VaisŠava muito respeitado e muito influ-ente chamado ®r… Madhava d€sa Ca˜˜op€dhy€ya (também conhecido como Chakaur… Ca˜˜op€dhy€ya) vivia naquele vilarejo. Chakaur… Ca˜˜op€dhy€ya tinha um filho chamado ®r…la Vaˆs…-vadan€nanda µh€kura. Pela misericórdia de ®r… Caitanya Mah€prabhu, ®r… Vaˆs…-vadan€nanda tinha um grande po-der e autoridade. Todos o chamavam de Vaˆs…-vadan€nanda Prabhu, pois o consideravam uma encarnação da flauta de KrsŠa. Ele ficou célebre porque foi o recipiente especial da misericórdia de ®r… VisŠupriy€.

Depois do desaparecimento de ®r… Priy€j…, Vaˆs… Prabhu transferiu a Deidade, de ®r…dh€ma-M€y€pura para Kuliy€ P€h€rpura, anteriormente adorada por ela. De-pois disso, os descendentes de Vaˆs… Prabhu realizaram o serviço àquela Deidade por algum tempo.

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350 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 11

No entanto, quando esses descendentes mudaram-se de Kuliy€ P€h€rpura para ®r…p€˜ B€ghan€p€r€ após terem obtido a misericórdia de ®r… J€hnav€ M€t€, os sevaites de M€lañcha deram continuidade à adoração à Deidade em Kuliy€-gr€ma.

Naquela época, Kuliy€-gr€ma, estava situada do ou-tro lado em frente de Pr€c…na (velha) Navadv…pa às margens do Ga‰ga, e abrangia muitos povoados pequenos, entre os quais Cin€d€‰g€ e alguns outros eram bastante famosos. Certa vez, um comerciante devoto de Cin€d€‰g€ organi-zou um grande festival no templo de Kuliy€ P€h€rpura, para o qual convidou muitos br€hmaŠa-paŠ�itas e todos os Vai�Šavas residentes na área dos cinquenta e dois quilô-metros quadrados de Navadv…pa. No dia do festival, os VaisŠavas vieram de todas as direções, cada qual acompan-hado de sua própria comitiva. ®r… Ananta d€sa veio de ®r… Nrsiˆha-palli; Gor€c€nda d€sa B€b€j…, de ®r… M€y€pura; ®r… N€r€yaŠa d€sa B€b€j…, de ®r… Bilva-puskarin…; o reno-mado Narahari d€sa de ®r… Modraduma; ®r… Paramahansa B€b€j… e ®r… Vai�Šava d€sa de Godruma e ®r… ®ac…nandana d€sa, de ®r… Samudragarh.

As testas dos Vai�Šavas estavam decoradas com marcas de tilaka (™rddhva-puŠdra), indicando serem seus corpos templos de ®r… Hari. Eles usavam tulas…-malas nos pescoços e os membros de seus corpos tinham aspecto es-plêndido por trazerem gravados os nomes de ®r… Gaura-Nity€nanda. Alguns tinham hari-n€ma-m€l€s nas mãos, ou-tros executavam em voz alta sa‰k…rtana do mah€-mantra, Hare K��Ša Hare K��Ša K��Ša K��Ša Hare Hare Hare R€ma Hare R€ma R€ma R€ma Hare Hare, ao acompanhamento de mrda‰ga e karat€las. Alguns dançavam sem parar enquan-to se movimentavam cantando: �r… k��Ša-caitanya prabhu-

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nity€nanda �r…-advaita gad€dhara �r… v€s€di-gaura-bhakta-vrnda.

Podiam-se ver manifestações externas de êxtase, tais como torrentes de lágrimas e pelos arrepiados, nos cor-pos de muitos Vai�Šavas. Enquanto choravam alguns ex-clamavam ardentemente “Ó, Gaura-Kisora! Quando você irá me conceder a visão de Seus passatempos eternos em Navadv…pa?” Havia muitos grupos de Vai�Šavas que can-tavam Sr…-n€ma ao acompanhamento de mrda‰ga e outros instrumentos enquanto caminhavam. As mulheres de Kuliy€, que também eram bhaktas de ®r… Gaur€‰ga, im-pressionadas ao ver aquelas emoções espirituais, louvaram a boa fortuna espiritual dos Vai�Šavas.

Prosseguindo dessa maneira, os Vaisnavas chegaram ao n€˜ya-mand…ra (o mand…ra de dança), bem ao lado do altar das Deidades. Era ali que ®r…man Mah€prabhu dança-va e realizava sa‰k…rtana. O comerciante patrocinador do festival saudou a todos. Como sinal de submissão, ele trazia uma faixa de pano ao redor do pescoço e caiu aos pés dos Vai�Šavas expressando sentimentos de grande humildade. Quando todos Vaisnavas sentaram no n€˜ya-mand…ra, os se-vaites do templo trouxeram guirlandas de flores pras€dam e colocaram-nas em volta de seus pescoços. Passaram então a cantar melodiosamente os poéticos versos (�lokas) do ®r… Caitanya-ma‰gala. Com a audição da l…l€ ambrosíaca de ®r… Caitanyadeva, aqueles Vai�Šavas começaram a manifestar diversos tipos de s€ttvika-bh€vas.

Enquanto estavam todos assim absortos em prem€nanda, o porteiro entrou e se dirigiu às autoridades do templo: “O Mullah-mor de S€tsaik€ Paragan€, agora sentado fora do salão de reunião com seus companheiros e seguidores, pede para ter uma conversa com alguns dos

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panditas Vai�Šavas. As autoridades do templo por sua vez, informaram aos elevados pandita-b€b€j…s que o Mullah havia chegado e desejava falar com eles. Tão logo os Vai�Šavas receberam aquela notícia, devido ao rompi-mento do fluxo de rasa transcendental, o humor da reunião ficou tomado de melancolia.

K��Ša d€sa B€b€j… Mah€saya de ®r… Madhyadv…pa, perguntou às autoridades do templo.“Qual é a intenção do Mullah S€hib?”, eles responderam: “O Mullah S€hib quer discutir sobre assuntos espirituais com os paŠ�itas Vai�Šavas. Eles acrescentaram que o Mullah era o princi-pal entre os eruditos muçulmanos e muito respeitado pelo imperador de Delhi. Apesar de sempre devotado a promo-ver sua própria religião, não era nem um pouco hostil ou agressivo com outras religiões. Em tom de humildade, as autoridades do templo solicitaram que um ou dois paŠ�itas Vai�Šavas se apresentassem para conversar sobre o �astra com ele para demonstrar-lhe a preeminência do sagrado vai�Šava-dharma.

Alguns dos Vai�Šavas ao perceber uma oportunidade de apresentar o vai�Šava-dharma, sentiram-se inspirados a falar com o Mullah S€hib. Por fim, resolveram entre si que Gor€c€nda d€sa PaŠ�ita de ®r… M€y€pura e Vai�Šava d€sa PaŠ�ita B€b€j… de ®r… Godruma, Premad€sa B€b€j… de Jahnu-nagara, Kali-p€vana d€sa B€b€j… de Champ€hatta deveriam conversar com o Mullah S€hib. Todos os demais Vai�Šavas também poderiam ir assistir a discussão deles quando a recitação do ®r… Caitanya-ma‰gala tivesse termi-nado. Ouvindo essa decisão, os quatro b€b€j…s exclamaram “Jaya Nity€nanda!” e acompanharam o mah€nta até o am-plo pátio fora do templo.

O Mullah e seus associados estavam sentados no

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pátio, sob uma agradável e refrescante sombra de uma gran-de figueira-de-bengala. Quando eles viram os Vai�Šavas se aproximando, o Mullah e sua comitiva puseram-se de pé para recebê-los cordialmente. Sabendo que todas j…vas são servas de K��Ša, eles por sua vez ofereceram daŠ�avat a ®r… V€sudeva, situado no coração do Mullah e de seus companheiros, e então tomaram seus respectivos assen-tos. A visão daquele cenário era algo extraordinário! De um lado, acomodaram-se cinquenta muçulmanos eruditos e bem vestidos com barbas brancas, deixando seus ma-jestosos e decorados garanhões amarrados atrás. Do outro, quatro Vai�Šavas de semblantes divinos sentaram-se de um modo humilde. Com grande expectativa muitos hindus, vieram e sentaram atrás deles. Outras pessoas também se reuniram e sentaram ali nas proximidades.

PaŠ�ita Gor€c€nda foi o primeiro a falar. Ele perguntou, “Ó grandes almas, porque vocês convocaram pessoas de tamanha insignificância como nós?”

Mullah Badrud-D…n S€hib respondeu em tom hu-milde: “Sal€m! Nós desejamos fazer algumas perguntas a vocês.”

PaŠ�ita Gor€c€nda disse: “Que conhecimento nós te-mos para possivelmente responder as perguntas eruditas de vocês?”

Badrud-D…n S€hib aproximou-se um pouco e disse: “Irmãos, desde a antiguidade, a sociedade hindu tem a-dorado os devas e dev…s. Porém, conforme constatamos em nosso Alcorão, Alá é um só, não dois, Ele não tem forma. Fazer alguma imagem dEle e adorá-la é uma ofensa. Como tenho uma dúvida quanto a este assunto, consultei muitos br€hmaŠa-panditas na esperança de saná-la.”

“Segundo me responderam esses paŠ�itas, Alá é

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de fato sem forma, porém, não é possível conceber algo que não tenha forma. Portanto, a pessoa deve primeiro criar uma forma imaginária de Alá e meditar nEle adorando tal forma.”

“Entretanto, não estou satisfeito com esta resposta, porque criar uma forma imaginária de Alá é obra de Satã. Ela chama-se but e é completamente proibido adorá-la. Lon-ge de agradar Alá, tal adoração só faz a pessoa ser objeto de Sua punição. Ficamos sabendo que o seu preceptor original, ®r… Caitanyadeva, corrigiu todas as falhas do dharma hin-du. Todavia, Sua samprad€ya também dispõe de adoração a formas materiais. Queremos saber por que vocês Vai�Šavas não abandonaram a adoração às formas materiais, embora sejam peritos nas decisões do s€stra.”

Interiormente, os paŠ�itas Vai�Šavas se divertiram com a pergunta do Mullah. E externamente, eles pediram: “PaŠ�ita Gor€c€nda Mah€saya, por favor, faça a gentileza de responder adequadamente a pergunta do Mullah.”

PaŠ�ita Gor€c€nda disse graciosamente: “Como quei-ram”, e passou a responder a pergunta.

Gor€c€nda: Nós chamamos de Bhagav€n Àquele a que você se refere como Alá. O Senhor Supremo é um só, mas é conhecido por nomes diferentes no Alcorão, nos Pur€Šas e em diferentes países e idiomas. Primeiramente vamos considerar que o nome que engloba todas as carac-terísticas do Senhor Supremo deve ser dado proeminên-cia. Por este motivo, nós temos maior estima pelo nome Bhagav€n do que pelos nomes Alá, brahma e Param€tm€. Apesar da palavra Alá se referir àquele Ser a quem nin-guém supera, nós não consideramos tal grandeza ou supre-macia como sendo a característica máxima do Senhor. Ao contrário, a característica invocadora do grau supremo de

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de maravilhamento (camatk€rita) e doçura (madhur…) é di-gna de maior atenção.

Algo que seja extremamente grandioso inspira um tipo de maravilhamento, contudo, a extrema pequenez é a contraparte da grandiosidade e inspira outra classe de pro-dígio. Logo, o nome Alá não expressa o limite máximo de admiração, pois exprime a grandiosidade mas não a extre-ma pequenez. Por outro lado, a palavra Bhagav€n inclui todo tipo imaginável de maravilhamento.

A primeira característica de Bhagav€n é ai�varya (opulência) plena, a qual se refere ao limite máximo de grandiosidade e extrema pequenez. Em Sua segunda ca-racterística, Ele é o mais poderoso porque possui todas as �aktis (sarva-�aktimatt€). Tudo quanto esteja além do al-cance do intelecto humano é regido pela acintya-�akti (potência inconcebível) de Ÿ�vara, mediante a qual Ele é dotado de forma e é sem forma simultaneamente. Achar que Ÿ�vara não tem forma é rejeitar Sua acintya-�akti, por meio da qual Bhagav€n manifesta Sua forma e passatempos eternos diante de Seus bhaktas. Alá, brahma ou Param€tm€ são nir€k€ra (sem forma), e por isso não têm nenhuma ca-racterística maravilhosa em especial.

A terceira característica de Bhagav€n, é que Ele é sem-pre ma‰galamaya, auspicioso, e ya�a-p™rŠa, todo-famoso. Por isso, Seus passatempos são saturados de néctar. Como quarta característica, Ele possui toda beleza (saundarya) – todos os seres vivos dotados de visão transcendental O vê como a pessoa mais bela. A quinta característica de Bhagav€n é Seu conhecimento ilimitado (asesa-jñ€na). Isto significa que Ele é puro, completo, onisciente e trans-cendental à matéria mundana. Sua forma é a própria perso-nificação da consciência, e está além de todos os elemen-

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tos materiais (bh™t). Sua sexta característica é que, muito embora seja o mestre e controlador de todas as j…vas, Ele é desapegado (nirlepa) e independente (svatantra). São estas as seis características principais de Bhagav€n.

Bhagav€n apresenta duas manifestações: Seu aspec-to de aisvarya (majestade) e Seu aspecto de m€dhurya (doçura). Sua manifestação m€dhurya é a amiga suprema das j…vas, e esta personalidade conhecida como KrsŠa ou Caitanya, o Senhor de nossos corações. Ao dizer que adorar alguma forma imaginária do Senhor é adoração a formas materiais, but-parast (árabe) ou bh™ta-p™j€ (sânscrito), também concordamos com você. O dharma dos Vai�Šavas é adorar a forma da Deidade eterna e plenamente conscien-te de Bhagav€n. Por isso, a idolatria (bh™t-parast) não faz parte da doutrina VaisŠava.

A pessoa deve claramente entender que a adoração VaisŠava à Deidade não é idolatria. Não se pode proibir a adoração à Deidade simplesmente porque alguns livros não permitem a idolatria – tudo depende da qualidade da fé no coração do adorador. Quanto mais o nosso coração conseguir transcender a influência da matéria, tanto mais competentes seremos para adorar a forma pura da Deidade. Você é o Mullah S€hib, o líder dos eruditos muçulmanos, e seu coração deve estar livre da influência da matéria. Mas, o que você me diz daqueles seus discípulos que não são tão eruditos assim? Seus corações estão livres de todos os pen-samentos materiais?

Quanto mais alguém se absorve em pensamentos materiais, mais se compromete com a adoração à matéria. Apesar de alegar que o Senhor é sem forma, seu coração ainda está cheio de pensamentos materiais. Para população em geral, é muito difícil adorar a forma pura da Deidade,

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pois semelhante adoração é rigorosamente uma questão de qualificação pessoal. Em outras palavras, somente aquele que conseguiu se elevar além da influência da matéria pode transcender pensamentos na forma material. Sinceramente, solicito que empregue toda a sua atenção ao considerar este assunto.

Mullah: Refleti sobre o que você afirmou com toda atenção. Você disse que Bhagav€n é possuidor de seis extra-ordinários atributos do Supremo. E concluí que, o Alcorão também descreve as mesmas seis qualidades com relação à palavra Alá. Não há por que argumentarmos sobre o signi-ficado de Alá – Alá é Bhagav€n.

Gor€c€nda: Muito bom. Se é assim, você deve aceitar a beleza e a opulência do Ser Supremo. Você reconhece, portanto, que Ele possui uma forma esplêndida no mundo espiritual, a qual é distinta do mundo de matéria mundana. Esta é a forma divina da nossa Deidade.

Mullah: Como está escrito em nosso Alcorão, a Entidade Suprema tem uma forma divina plenamente cons-ciente – logo, somos compelidos a aceitar tal fato. No entan-to, qualquer imagem daquela forma espiritual é material; é o que chamamos de but. A adoração à but não é a adoração ao Ser Supremo. Diga-me, por favor, qual é o seu ponto de vista a este respeito.

Gor€c€nda: Os s€stras VaisŠavas estabelecem como devemos adorar a divina forma espiritual da Deidade de Bhagav€n. Para a classe de devotos elevados, não há ne-nhuma prescrição no que se refere à adoração de objetos materiais feitos de terra, água, fogo ou outros elementos. O ®r…mad-Bh€gavatam (10.84.13) afirma:

yasy€tma-buddhiƒ kuŠape tri-dh€tukesva-dh…ƒ kalatr€disu bhauma ijya-dh…ƒ

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yat t…rtha-buddhiƒ salile na karhicijjanesv abhijñesu sa eva go-kharaƒ

‘Alguém que considera o seu corpo inerte, formado pelos três elementos vata, pita e kapha, ser o seu eu real; que considera sua esposa, filhos e outros como sendo seu; que considera os lugares mundanos feitos de terra, pedra ou madeira serem adoráveis; e que con-sideram locais de peregrinação como sendo apenas água – porém, não consideram os bhagavad-bhaktas mais queridos do que a si mesmo, como sendo um dos seus, e como adoráveis, e também como sendo local de peregrinação – tal pessoa, apesar de huma-na, não passa de um asno entre os animais.’

A G…t€ (9.25) diz:

bh™t€ni y€nti bh™tejy€‘Aqueles que adoram a matéria vão para os reinos materiais.’

Segundo podemos constatar nestas e em tantas outras afirmações conclusivas do �€stra, não há fundamento algum para a adoração à matéria morta. Há, ainda, algo importante a ser considerado neste contexto. Os seres humanos enqua-dram-se em diferentes graus de qualificação de acordo com o conhecimento e saˆsk€ra por eles adquiridos. Somen-te aqueles que conseguem entender a existência espiritual pura são competentes para adorar a forma espiritual pura da Deidade. O entendimento de cada um é proporcional ao seu desenvolvimento a este respeito.

Aqueles cuja qualificação espiritual é extremamente baixa não conseguem entender o estado puro e espiritual

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de existência. Mesmo quando tais pessoas meditam no Senhor em suas mentes, a forma que imaginam é materi-al – e ativar a mente para meditar numa forma material é o mesmo que construir uma forma de elementos físicos e considerá-la a forma do Senhor. É por isso que adorar a Deidade é benéfico para uma pessoa neste nível de quali-ficação. Para falar a verdade, seria muito inauspicioso para as pessoas em geral, se não houvesse adoração às Deidades. Ao sentirem-se inclinadas a prestar serviço ao Senhor, as j…vas comuns desanimam se não conseguem ver a forma da Deidade do Senhor diante delas. Em religiões nas quais não há adoração à Deidade, os membros situados em um nível inferior de qualificação espiritual são bastante materialistas e esquecidos de Ÿ�vara, ou vivem em estado de distração. Portanto, a adoração à Deidade é o alicerce da religião para toda a humanidade.

A forma de Paramesvara, revelada aos mah€janas imersos em transe de jñ€na-yoga puro, é a forma pura e transcendental na qual eles meditam em seus corações, os quais são purificados por bhakti. Quando, depois de inces-sante meditação, o coração do bhakta se revela ao mundo, a imagem da forma transcendental do Senhor torna-se mode-lada neste mundo material. Ao ser refletida dessa maneira pelos mah€janas, a forma divina do Senhor torna-se a for-ma da Deidade.

A forma da Deidade sempre é cinmaya (espiritual e consciente) para aqueles situados na plataforma mais ele-vada de elegibilidade. Já os situados no nível intermediário veem a Deidade como dotada de percepção e consciência (manomaya), ou seja, o devoto intermediário tem fé de que a Deidade, além de estar consciente de seus pensa-mentos e orações, aceita seu humor de adoração. Todavia,

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o devoto intermediário, ao contrário do devoto avançado, não percebe a Deidade diretamente como a forma espiri-tual e onisciente de Bhagav€n. Aqueles situados no nível inferior a princípio veem a Deidade como sendo material (jadamaya), porém, no devido tempo, a Deidade revelará Sua forma espiritual pura à inteligência purificada pelo amor espiritual. Logo, a forma da Deidade de Bhagav€n é apropriada para ser adorada e servida por todas as classes de devotos. Embora não seja necessário adorar uma forma imaginária, é sumamente benéfico adorar a eterna forma da Deidade de Bhagav€n.

As samprad€yas VaisŠavas estabelecem condição para pessoas nesses três níveis de qualificações adorarem a Deidade. Não há nada de errado nisto, pois este é um ar-ranjo único e por meio do qual as j…vas conseguem, gradual-mente, obter auspiciosidade. Isto é confirmado no ®r…mad-Bh€gavatam (11.14.26):

yath€ yath€tm€ parimrjyate ´saumat-puŠya-g€th€-sravaŠ€bhidh€naiƒ

tath€ tath€ pasyati vastu s™ksmaˆcaksur yathaiv€ñjana-samprayuktam

‘Ó Uddhava, assim como os olhos que são tratados com unguento terapêutico conseguem ver objetos bem diminutos, de forma semelhante, ao se purificar da contaminação material ouvindo e recitando as nar-rações de Minhas atividades supremamente puras, o coração pode ver Minha misteriosa forma transcen-dental, a qual está além do alcance da matéria.’

A jiv€tm€ está envolta pela mente material e, nesse estado ela não tem como conhecer a si mesma, nem prestar

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serviço ao Param€tm€. No entanto, pela prática de s€dhana-bhakti – que consiste em ouvir, cantar e outras práticas de-vocionais – o €tm€ gradualmente desenvolverá força espiri-tual. À medida que esta força aumenta, o cativeiro material abranda e, quanto mais ele diminui, mais a natureza da alma assume seu próprio domínio. Deste modo, pela conquista gradual da percepção direta do eu e de Ÿ�vara, a alma ocupa-se diretamente em atividades espirituais.

Segundo pensam certas pessoas, devemos esforçar-nos para perceber a Verdade Absoluta rejeitando tudo o que não seja verdade. É o chamado cultivo de conhecimento árido. Que poder tem uma alma condicionada de renun-ciar a objetos que não são essencialmente reais? Pode um prisioneiro confinado a uma cela libertar-se pelo simples desejo de fazê-lo? Seu objetivo deveria ser erradicar a ofensa que o colocou em cativeiro. O principal defeito da jiv€tm€ é o fato dela ter se esquecido de que é serva eterna de Bhagav€n, motivo pelo qual fica atada por m€y€, e é forçada a sofrer felicidade e aflição materiais e repetidos nascimentos e mortes neste mundo.

Embora uma pessoa possa a princípio se ocupar em gratificação dos sentidos, se por algum motivo, sua mente demonstrar um pouco de inclinação por Ÿ�vara e ela tiver darsana regular da Deidade e ouvir l…l€-kath€, sua natureza original de ser serva de Krsna irá se fortalecer. Quanto mais força esta natureza inerente desenvolver, mais competen-te o devoto ficará para perceber o espírito diretamente. A única esperança de progresso espiritual para os menos qua-lificados espiritualmente é servir à Deidade, ouvir e cantar sobre o Senhor. Foi por este motivo que os mah€janas esta-beleceram o serviço à Deidade.

Mullah: Acaso a meditação numa forma do Senhor

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no âmbito mental não seria superior à adoração a uma for-ma feita de elementos materiais?

Gor€c€nda: Ambas são a mesma coisa. A mente acompanha a matéria, tudo o que ela pensa também é mate-rial. Mesmo que digamos que brahma é onipresente, como podem nossas mentes conceber isso de fato? Seremos for-çados a pensar em brahma em função da onipresença do céu. Como conseguirá a mente ultrapassar este plano? Nos-sa concepção de brahma fica, portanto, sujeita à limitação do espaço material.

Se alguém disser: “Estou meditando em brahma”, sua experiência de brahma será limitada pelo tempo mate-rial, pois a própria desaparecerá ao encerrar-se a meditação. Como pode a meditação no plano mental atingir um objeto que está além da matéria se a mente é condicionada por tempo e espaço, que são fenômenos materiais? Mesmo re-jeitando-se a ideia segundo a qual a forma da Deidade pode consistir em elementos materiais, tais como terra e água, e imaginando-se que Ÿ�vara encontra-Se nas direções ou no espaço, mas ainda assim, isto tudo é bh™ta-p™j€, adoração à matéria.

Nenhum objeto material pode garantir a conquista da meta transcendental. A única coisa que facilita este proces-so é o despertar da inclinação por Ÿsvara. Esta inclinação inerente a jiv€tm€, é gradualmente fortalecida e converte-se em bhakti se a pessoa profere o nome de Deus, recita Seus passatempos e recebe inspiração ao contemplar a Deidade (sr… vigraha). A forma espiritual do Senhor só pode ser al-cançada pela bhakti pura, e não por jñ€na e karma.

Mullah: A matéria é distinta de Deus. Acho que é melhor não adorar objetos materiais porque, segundo dizem, Satã introduziu a adoração à matéria para manter as

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entidades vivas atadas ao mundo material. Gor€c€nda: Ÿ�vara é único e inigualável, e não tem

rival. Tudo neste mundo é criado por Ele e está sob Seu controle. Portanto, qualquer objeto, ao ser usado em a-doração a Ele, poderá satisfazê-Lo. Neste mundo, não existe objeto que ao ser adorarado por alguém poderia despertar-Lhe a malevolência, pois Ele é todo auspicioso. Mesmo que existisse alguém como Satã, este não passaria de uma j…va especial sob o controle de Deus, sem poder algum para fa-zer qualquer coisa contrária a vontade de Deus. No entan-to, em minha opinião, não é possível existir uma entidade viva monstruosa como essa. Não é possível que aconteça nenhuma atividade que seja contrária a vontade de Ÿ�vara, tampouco existe alguma entidade viva independente do Se-nhor.

Se você me perguntar qual é a origem do pecado, mi-nha resposta é a seguinte. O entendimento que as j…vas são servas de Bhagav€n é vidy€ (conhecimento) e o esqueci-mento disto é avidy€ (ignorância). Todas as j…vas que por alguma razão abrigarem-se em avidy€, irão semear a se-mente de todos os pecados em seus corações. Nos corações daquelas j…vas que são associadas eternas de Bhagav€n, não há semente de pecado. A pessoa deve cuidadosamente entender esta verdade sobre avidy€, ao invés de imaginar um mito extraordinário em torno de Satã, ou seja, não é ofensa adorar o Senhor em elementos materiais. A adora-ção à Deidade é muito essencial para as pessoas de pouca qualificação espiritual e particularmente auspiciosa para as pessoas de alta qualificação espiritual. Em nossa opinião, é apenas um dogma pensar que não é bom adorar a Deidade. Não há lógica ou evidência no s€stra que apóie este posi-cionamento.

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Mullah: A inclinação a Deus não pode ser estimula-da por meio da adoração à Deidade, pois a mente de quem realiza semelhante adoração sempre permanece confinada às propriedades da matéria.

Gor€c€nda: Podemos entender a falha de sua teoria estudando os relatos milenares históricos daqueles que se tornaram grandes devotos. Muitos começaram a adorar a Deidade ainda neófitos, no entanto, à medida que seu humor devocional desenvolvia pela associação com devotos puros, sua realização da natureza consciente e transcendental da Deidade também evoluiu e, por fim, eles mergulharam no oceano de prema.

É uma verdade conclusiva que sat-sa‰ga é a raiz de todo avanço espiritual. Quem se mantém na associação de bhaktas de Bhagav€n que estão situados plenamen-te em consciência divina, desperta afeição transcendental por Bhagav€n. Quanto mais cresce esta afeição transcen-dental, mais se esvaece a idéia material da Deidade, e por grande boa fortuna, gradualmente esta consciência divina é revelada. Em contrapartida, os defensores das religiões não-arianas costumam opor-se à adoração a Deidade, mas, considere comigo – quantos deles alcançaram a realização espiritual (cinmaya-bh€va)? Ao desperdiçar seu tempo com argumentos inúteis e malícia, como eles poderão experi-mentar devoção verdadeira a Bhagav€n?

Mullah: Não é errado alguém praticar bhajana inter-no a Deus com atitude amorosa e, externamente, ocupar-se na adoração à Deidade. Contudo, como pode ser adoração a Deus a adoração a um cão, gato, serpente ou libertino? Nosso venerável profeta, Paigambara S€hib, condenou vee-mentemente tal adoração a objetos materiais.

Gor€c€nda: Todos os seres humanos são gratos a

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Deus. Por mais pecados que cometam, eventualmente tor-nam-se cientes de que Deus é a entidade suprema, e muni-dos desta crença, prostram-se ante das coisas extraordinárias deste mundo. Ao sentirem-se inspiradas por sua gratidão a Deus, é natural que pessoas ignorantes prestem respeito ao sol, rios, montanhas ou animais enormes. Expressem seus respeitos diante de tais coisas e demonstrem submissão a elas. Sem dúvida, é imensa a diferença entre este tipo de adoração a objetos materiais e a afeição transcendental pelo Senhor (cinmaya bhagavad-bhakti). Ainda assim, o fato dessas pessoas ignorantes assumirem uma atitude de gra-tidão a Deus e reverência para com objetos materiais, pro-duz aos poucos um efeito positivo. Portanto, ao examinar logicamente a situação, não se pode atribuir culpa alguma a eles.

Se as práticas de meditar no vazio e no onipresen-te aspecto do Senhor e oferecer nam€z ou outros tipos de orações a algum aspecto impessoal do Senhor, também não possui o amor transcendente e puro, em que, então, são estes métodos diferentes da adoração a um gato, por exem-plo? Nós consideramos que é essencial despertar bh€va por Bhagav€n de qualquer forma possível. A porta que conduz à elevação gradual é firmemente trancada quando pessoas que estão em diferentes níveis de adoração são ridicu-larizadas ou condenadas. Aqueles que se deixam enfeitiçar pelo dogmatismo, tornando-se, deste modo, sectários, ca-recem das qualidades de generosidade e tolerância. Isto é porque eles ridicularizam e condenam os outros que não fazem adoração da mesma maneira que eles. Este é o gran-de erro deles.

Mullah: Então devemos concluir que tudo é Deus, e que a adoração a toda e qualquer coisa é adoração a Deus?

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Gor€c€nda: Não dizemos que tudo é Deus. Ao con-trário, Deus é distinto de todas essas coisas. Além de Deus criar e controlar tudo, todas as coisas tem uma relação com Ele. O fio dessa relação passa por tudo, isto é, a pessoa deve compreender que Deus está presente em todas as coisas. Quem percebe a presença de Deus em todas as coisas gra-dualmente regozija-se e tem experiência da suprema entida-de consciente e transcendental. Isto se expressa no s™tra jijñas€-€sv€dan€vadhi: “A investigação leva à experiên-cia.”

Vocês são todos paŠ�itas eruditos. Se vocês bondo-samente considerarem este assunto com uma atitude gene-rosa, irão compreendê-lo. Nós, VaisŠavas, somos completa-mente desinteressados em coisas materiais e não nos agrada participar de debates extensos. Se vocês bondosamente nos permitirem, agora nós iremos ouvir a sublime narração mu-sical do ®r… Caitanya-ma‰gala.

Não ficou claro qual a conclusão que o Mullah S€hib obteve daquela conversa. Após breve silêncio, ele disse: “Fiquei satisfeito em ouvir o seu ponto de vista. Outro dia, eu regressarei e indagarei mais. Já é tarde e desejo voltar para casa.” Assim, ele e seu grupo montaram em seus cava-los e partiram para S€ts€ika Paragan€.

Os b€b€j…s exclamaram o nome de ®r… Hari com gran-de deleite e foram para o templo ouvir a recitação do ®r… Caitanya-ma‰gala.

Assim termina o Décimo Primeiro Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Nitya-Dharma e Idolatria”

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Capítulo 12Nitya-Dharma, S€dhana e S€dhya

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®r… Navadv…pa-maŠ�ala é o supremo entre todos os locais sagrados do mundo. Assim como ®r… V�nd€vana, ela cobre uma área de cerca de cinquenta e dois quilôme-tros quadrados, e tem o formato de uma flor de lótus de oito pétalas. O centro desse lótus é ®r… Antardv…pa, cujo núcleo é ®r… M€y€pura. Ao norte de ®r… M€y€pura fica ®r… ®…mantadv…pa, onde se encontra um templo de ®r… ®…mantin… Dev…. Ao norte desse templo está o vi-larejo de Bilva-pu�kariŠ…, e ao sul está Br€hmaŠa-pu�kariŠ…. Esta área localizada na parte norte de ®r… Navadv…pa é geralmente chamada de Simuliy€.

Na época de ®r… Mah€prabhu, Simuliy€ era a re-sidência de muitos paŠ�itas eruditos. O pai de ®ac…dev…, ®r… Nil€mbara Cakravart… Mah€�aya, também viveu nes-se vilarejo. Agora, não muito distante, onde ainda está situada a casa de Nil€mbara Cakravarti, morava um br€hmaŠa védico chamado Vrajan€tha Bha˜˜€c€rya. Des-de criança, Vrajan€tha era brilhante. Ele havia estudado numa escola de sânscrito em Bilva-pu�kariŠ… e havia se

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tornado um erudito na ciência da lógica (ny€ya-�€stra) de tal modo superior que seus argumentos engenhosos e inovadores desconcertavam e intimidavam todos os reno-mados eruditos de Bilva-pu�kariŠ…, Br€hmaŠa-pu�kariŠ…, M€y€pura, Godruma, Madhyadv…pa, šmragha˜˜a, Samu-dra-garh, Kuliy€, P™rvasthal… e outros lugares.

Onde quer que houvesse uma reunião de paŠ�itas, Vrajan€tha Ny€ya-pañc€nana a incendiava com uma explosão de argumentos sem precedentes. Entre aque-les paŠ�itas, havia um lógico cruel chamado Naiy€yika C™�€maŠi, cujo orgulho andava profundamente ferido pelos golpes afiados da lógica de Vrajan€tha. Esse lógico resolveu matar Ny€ya-pañcanana usando o conhecimento oculto descrito no tantra-�€stra, o qual ensina a invocar a morte de outrem mediante encantamentos místicos. Com isso em mente, ele instalou-se no crematório de Rudradv…pa e passou a proferir mantras de morte dia e noite.

Como era €m€v€sya, a noite da lua nova, todas as quatro direções estavam impregnadas por densa escuridão. À meia-noite, Naiy€yika C™�€maŠi sentou-se no meio do crematório e bradou o nome de sua deidade adorável: “Ó Mãe, você é a única deidade adorável nesta Kali-yuga. Ouvi dizer que, para lhe satisfazer, basta recitar alguns mantras, e que você concede bênçãos facilmente a seus adoradores. Ó Deusa de rosto aterrorizador, este seu servo submeteu-se a tremendas privações, recitando seus mantras por dias a fio. Por favor, tenha misericórdia de mim pelo menos uma vez. Ó Mãe, embora eu seja um poço de defeitos, mesmo assim você é minha mãe. Por favor, perdoe todas as minhas faltas e apareça diante de mim hoje!”

Dessa maneira, com repetidos brados de aflição, Ny€ya C™�€maŠi ofereceu oblações ao fogo enquanto

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proferia um mantra em nome de Vrajan€tha Ny€ya-pañc€nana.

Que impressionante era o poder daquele mantra! O céu ficou logo encoberto por uma densa massa de nuvens escuras. Um vento furioso pôs-se a soprar e rugiram ensur-decedores estrondos de trovão. Podiam ser vistos fantasmas horrendos e maus espíritos nos clarões intermitentes dos relâmpagos. Com a ajuda do vinho do sacrifício, C™�€maŠi concentrou toda a sua energia e exclamou: “Ó Mãe, por fa-vor, não demore nem mais um instante!”

Naquele exato momento, um oráculo replicou do céu: “Não se preocupe. Vrajan€tha Ny€ya-pañc€nana não discu-tirá sobre o ny€ya-�€stra por muito tempo. Dentro de pou-cos dias, ele desistirá de debater e irá permanecer calado. E não irá mais ser seu rival. Fique em paz e volte para casa.”

Ao ouvir aquele oráculo, o paŠ�ita deu-se por satis-feito. Prestou praŠ€ma repetidas vezes a Mah€deva, o líder dos devas e autor do tantra, e em seguida regressou para seu lar.

Vrajan€tha Ny€ya-pañc€nana havia se tornado um dig-vijay… paŠ�ita (alguém que havia conquistado os qua-tro cantos por meio da erudição) aos vinte e um anos de idade. Dia e noite, ele estudava os livros do famoso lógi-co, ®r… Ga‰ge�op€dhy€ya, o qual havia iniciado um novo sistema de lógica chamado navya-ny€ya. Como Vrajan€tha encontrou muitas falhas no D…dhiti (de K€Š€…bha˜˜a ®iro-mani), célebre comentário sobre o Tattva-cint€maŠi de Ga‰ge�op€dhy€ya, Vrajan€tha passou a escrever o seu próprio comentário. Apesar dele nunca pensar em gozo material, a palavra param€rtha (realidade espiritual) ja-mais havia entrado em seus ouvidos. O único objetivo de sua vida estava em promover debates de lógica usando os

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conceitos e a terminologia do ny€ya, tais como avaccheda (a propriedade de um objeto pela qual ele se distingue de tudo o mais), vyavaccheda (excluir um obje-to), gha˜a (um pote de barro) e pa˜a (um pedaço de pano). Dormindo, sonhando, comendo ou movimentando-se, ele trazia o coração tomado de pensamentos sobre a natureza dos objetos, a natureza do tempo e as peculiaridades das propriedades da água e da terra.

Certa noite, sentado à margem do Ga‰g€, Vrajan€tha contemplava as dezesseis categorias propostas por Gautama em seu sistema de lógica quando se aproximou dele um novo estudante do ny€ya-�€stra. “Ny€ya-pañc€nana Mah€�aya”, disse o estudante, “por acaso você já ouviu fa-lar da lógica da refutação da teoria atômica da criação, por Nim€i PaŠ�ita?”

Ny€ya-pañc€nana rugiu como um leão: “Quem é Nim€i PaŠ�ita? Você está falando do filho de Jagann€tha Mi�ra? Fale-me sobre Seus argumentos lógicos.”

O estudante disse: “Não faz muito tempo que esta pessoa fabulosa chamada Nim€i PaŠ�ita viveu em Navadv…pa. Ele compôs uma série de inovadores argu-mentos lógicos relativos ao ny€ya-�€stra e, deste modo, desconcertou K€Š€…bha˜˜a ®iromaŠi. Durante Sua épo-ca, não houve nenhum erudito igual a Ele no domínio do ny€ya-�€stra. Todavia, fosse tão versado no ny€ya-�€stra, ele o considerava muito insignificante. Na verdade, Ele considerava, não somente o ny€ya-�€stra, mas também todo o mundo material, como coisas fúteis. Por isso, adotou a vida de um mendicante andarilho, na ordem renunciada, e viajou de um lugar para outro propagando o cantar de hari-n€ma. Os Vai�Šavas de hoje em dia O aceitam como p™rŠa-brahma, a Suprema Personalidade de Deus, e O adoram

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com o �r…-gaura-hari-mantra. Ny€ya-pañc€nana Mah€�aya, você deveria examinar os argumentos dialéticos dEle pelo menos uma vez.”

Após ouvir semelhante elogio do raciocínio lógico de Nim€i PaŠ�ita, Vrajan€tha Ny€ya-pañc€nana encheu-se de curiosidade em conhecer os argumentos dEle. Com alguma dificuldade, conseguiu reunir, a partir de diversas fontes, alguns daqueles argumentos. A natureza humana é tal que quando a pessoa desenvolve fé em determinado assunto ela passa naturalmente a apreciar os mestres do mesmo. Além disso, por várias razões, não é fácil as pessoas comuns de-positarem fé em personalidades elevadas que ainda estejam vivas. No entanto, as mesmas pessoas tem a tendência a desenvolver grande fé nas atividades dos mah€janas que já partiram. Ny€ya-pañc€nana desenvolveu fé inquebrantável em Nim€i PaŠ�ita após ter estudado Sua tese sobre lógica.

Vrajan€tha dizia: “Ó Nim€i PaŠ�ita, se eu tivesse nascido durante Sua época, nem sei como expressar o quan-to poderia ter aprendido com Você. Ó Nim€i PaŠ�ita, por favor, entre em meu coração pelo menos uma vez. Em ver-dade, Você é p™rŠa-brahma, de outra forma como poderiam esses extraordinários argumentos lógicos ter vindo de Sua mente? Você sem dúvida é Gaura-Hari, pois Você destruiu a escuridão da ignorância criando esses argumentos notá-veis. Escuras são as trevas da ignorância, mas por tornar-Se Gaura (de tez clara) Você as destruiu. Você é Hari aquele que pode roubar as mentes do mundo inteiro. Você con-quistou meu coração com a simplicidade de Sua lógica.”

De tanto repetir essas afirmações, Vrajan€tha tornou-se um tanto frenético. Ele exclamava: “Ó Nim€i PaŠ�ita! Ó Gaura-Hari! Por favor, tenha misericórdia de mim. Quando conseguirei criar argumentos lógicos como os Seus? Se eu

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tiver Sua misericórdia, nem tenho palavras para descrever o grandioso erudito no ny€ya-�€stra que passarei a ser!”

Vrajan€tha pensou consigo mesmo: “Parece-me que os adoradores de Gaura-Hari também como eu, sentem atração pela erudição em ny€ya de Nim€i PaŠ�ita. Devo ir ter com eles e descobrir se têm os livros escritos por Nim€i PaŠ�ita sobre ny€ya.” Com isto em mente, Vrajan€tha de-senvolveu um desejo de se associar com os devotos de Gaur€‰ga. Devido ao fato de constantemente dizer os no-mes puros de Bhagav€n, tais como Nim€i PaŠ�ita e Gaura-Hari, e de desejar estar na associação dos devotos de Gaura, Vrajan€tha acumulou enorme suk�ti.

Certo dia, enquanto fazia uma refeição com sua avó paterna, Vrajan€tha perguntou-lhe: “Vó, alguma vez você viu Gaura-Hari?” Ao ouvir o nome de ®r… Gaur€‰ga, a avó de Vrajan€tha lembrou-se, saudosamente, de sua infância e disse: “Oh! Que forma encantadora que Ele tinha! Ai de mim! Será que ainda verei Sua bela e doce forma? Acaso alguém que tenha contemplado aquela forma cativante con-seguirá ocupar a mente em afazeres domésticos de novo? Quando Ele realizava hari-n€ma-k…rtana, absorto em tran-se extático, os pássaros, os animais selvagens, as árvores e as trepadeiras de Navadv…pa perdiam toda a consciência do mundo externo devido ao êxtase de prema. Até hoje, quan-do mergulho nesses pensamentos, um fluxo constante e in-controlável de lágrimas jorram de meus olhos e encharcam o meu peito.”

Vrajan€tha quis saber mais: “Acaso você se recorda de alguns de Seus passatempos?”

A avó replicou: “Claro que sim, meu filho! Quan-do ®r… Gaur€‰ga visitava a casa de Seu tio materno com Mãe ®ac…, as senhoras idosas de nossa casa davam-Lhe

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�€ka (espinafre) e arroz. Ele elogiava muito o �€ka e o co-mia com grande prema.”

Bem naquele instante, a própria mãe de Vrajan€tha serviu-lhe um pouco de �€ka em seu prato. Vendo aquilo e apreciando a sincronicidade do momento, Vrajan€tha en-cheu-se de júbilo. “Este é o amado �€ka do lógico Nim€i PaŠ�ita”, disse ele, e comeu-o com muita reverência.

Embora fosse completamente desprovido do conheci-mento transcendental da realidade absoluta, Vrajan€tha sen-tiu-se atraído ao extremo pela brilhante erudição de Nim€i PaŠ�ita. Na verdade, não havia meios de avaliar a intensi-dade de sua atração. Até o nome de Nim€i era um deleite para seus ouvidos. Quando os mendicantes vinham pedir esmolas dizendo “Jaya ®ac…nandana”, ele os recebia calo-rosamente e os alimentava. Às vezes, ia a M€y€pura, onde podia ouvir os b€b€j…s cantando os nomes de Gaur€‰ga, e perguntava para eles sobre as triunfantes atividades de Gaur€‰ga no campo da erudição e do conhecimento.

Após alguns meses agindo assim, Vrajan€tha já não era a mesma pessoa de outrora. Antes, o nome de Nim€i só o satisfazia no que se referia a Sua erudição em ny€ya, mas agora Nim€i o satisfazia sob todos os aspectos. Vrajan€tha, além de perder todo o interesse em estudar e ensinar ny€ya, já não tinha gosto algum por argumentos áridos ou debates. Nim€i, o lógico, não ocupava mais nenhum lugar no reino de seu coração, pois Nim€i, o devoto, tinha se apossado de toda autoridade.

Bastava Vrajan€tha ouvir o som de m�da‰gas e karat€las para seu coração começar a dançar – e, sempre que avistava devotos puros, em sua mente ele lhes prestava praŠ€ma. Ele demonstrava muita devoção a ®r… Navadv…pa, respeitando-a como a terra natal de ®r… Gaur€‰gadeva. Ao

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perceberem como o coração de Ny€ya-pañc€nana havia se tornado sensível em sua nova condição, os paŠ�itas rivais ficaram bastante satisfeitos. Agora podiam sair de casa à vontade e sem medo. Segundo concluiu Naiy€yika PaŠ�ita, sua Deidade adorável havia deixado Vrajan€tha inativo, e não havia mais nenhum motivo para temê-lo.

Certo dia, estando sentado num lugar um pouco iso-lado à margem do Bh€g…rath…, Vrajan€tha pensou consi-go mesmo: “Se um erudito do ny€ya-�€stra tão profundo como Nim€i pôde renunciar à lógica e adotar o caminho de bhakti, que falta haveria se eu fizesse o mesmo? Enquanto estive obcecado pelo ny€ya, não pude dedicar-me ao culti-vo de bhakti nem suportar ouvir o nome de Nim€i. Naque-la época, de tão imerso no ny€ya-�€stra, eu não conseguia sequer achar tempo para comer, beber ou dormir. Hoje, eu vejo as coisas totalmente de uma maneira oposta. Deixei de contemplar os temas do ny€ya-�€stra, ao invés disso, sem-pre me lembro do nome de Gaur€‰ga. De qualquer modo, o extático dançar devocional dos Vai�Šavas cativa a minha mente; sou filho de um br€hmaŠa védico. Nasci em família de prestígio e sou muito respeitado na sociedade. Embo-ra eu acredite de verdade na excelência do comportamento dos Vai�Šavas, não seria apropriado eu adotar seus modos exteriormente.”

“Há muitos Vai�Šavas em Khola-bh€‰g€-d€‰g€, ®r… M€y€pura, onde Ch€nd K€z… quebrou a m�da‰ga para con-ter o sa‰k…rtana, e em Vair€g…-d€‰g€, o reduto do ascetis-mo Vai�Šava. Sinto-me feliz e de coração purificado quan-do vejo a radiância de suas faces. Mas, entre todos esses devotos, quem cativa minha mente completamente é ®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… Mah€�aya. Quando o vejo, meu coração enche-se de �raddh€. Pudera eu estar a seu lado o

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tempo todo e aprender os bhakti-�€stras com ele. É dito nos Vedas:

€tm€ v€ are dra�˜avyaƒ �rotavyo mantavyo nididhy€sitavyaƒ

B�had-€raŠyaka Upani�ad (4.5.6)

‘Deve-se ver a Suprema Verdade Absoluta, ouvir a respeito dEla, pensar e meditar nEla.’ ”

“Neste mantra, a palavra mantavya significa ‘ser pensado, ser considerado ou examinado, ser admitido ou presumido, ser aprovado ou sancionado, ou ser debatido’. Embora, conforme sugere esta palavra, devemos adquirir brahma-jñ€na estudando o ny€ya-�€stra, a palavra �rotavya (ser ouvido ou aprendido com um professor) implica a ne-cessidade de algo maior. Até o momento, passei boa parte de minha vida ocupado com argumentos e debates inúteis. Agora, sem perder tempo algum, anseio por dedicar-me aos pés de ®r… Gaura-Hari. Portanto, será muito benéfico para mim ter o dar�ana de ®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… Mah€�aya depois do pôr-do-sol.”

Vrajan€tha partiu para ®r… M€y€pura ao cair da tarde. O sol desaparecia rapidamente no horizonte ocidental, mas seus raios carmesins ainda dançavam entre as copas das ár-vores. Soprava uma brisa suave do sul e pássaros voavam em diversas direções, retornando a seus ninhos. Algumas estrelas começavam a aparecer aos poucos no céu. Ao che-gar a ®r…v€s€‰gana (o pátio da casa de ®r…vasa µh€kura), Vrajan€tha viu os Vai�Šavas começarem o sandhy€-€rat… em adoração a Bhagav€n, com suas doces vozes a recitar e cantar. Vrajan€tha sentou-se num terraço debaixo de uma

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árvore bakula. Sentiu seu coração derreter-se enquan-to ouvia o €rat…-k…rtana de Gaura-Hari, ao fim do qual os Vai�Šavas vieram ao seu encontro.

Naquele instante, o idoso Raghun€tha d€sa B€b€j… Mah€�aya veio sentar-se no terraço, cantando “Jaya ®ac…nandana, Jaya Nity€nanda, Jaya R™pa-San€tana, Jaya D€sa Gosv€m…”. Ao vê-lo fazer isso, todos levantaram-se presta-ram-lhe daŠ�avat-praŠ€ma, e Vrajan€tha sentiu-se impeli-do a fazer o mesmo. Ao ver a extraordinária beleza do rosto de Vrajan€tha, o idoso B€b€j… Mah€�aya abraçou-o e pediu-lhe para sentar-se a seu lado. “Quem é você, meu filho?” perguntou B€b€j….

Vrajan€tha respondeu: “Eu sou alguém sedento de verdade e desejo receber alguma instrução sua.”

Um Vai�Šava sentado ali perto reconheceu Vrajan€tha e disse: “Seu nome é Vrajan€tha Ny€ya-pañc€nana. Não há nenhum erudito em ny€ya igual a ele em toda Navadv…pa, ultimamente ele tem desenvolvido alguma fé em ®ac…nandana.”

Ao ficar sabendo da vasta erudição de Vrajan€tha, o idoso B€b€j… disse em tom cortês: “Meu caro filho, você é um grande erudito e eu sou uma alma tola e desventu-rada. Você é um residente do dh€ma sagrado de nosso ®ac…nandana, somos objetos de sua misericórdia. Como po-deríamos instruí-lo? Por favor, compartilhe conosco algu-mas das histórias purificadoras de seu Gaur€‰ga e apazigue nossos corações ardentes.”

Enquanto B€b€j… Mah€r€já e Vrajan€tha conversa-vam dessa maneira, os demais Vai�Šavas levantaram-se e aos poucos retomaram seus respectivos serviços.

Vrajan€tha disse: “B€b€j… Mah€�aya, nasci em família de br€hmaŠas, e tenho muito orgulho de minha erudição.

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379Nitya-Dharma, S€dhana e S€dhya

Devido ao meu egoísmo por nascimento e conheci-mento nobres, acho que a Terra está ao alcance da palma da minha mão. Não faço a menor idéia de como se deve honrar s€dhus e pessoas elevadas. Não sei explicar que boa for-tuna me fez despertar fé em seu caráter e comportamento. Desejo fazer-lhe algumas perguntas, por favor, responda-as, compreenda que não vim falar com o senhor com nenhum motivo oculto.”

Em seguida, Vrajan€tha perguntou a B€b€j… Mah€�aya em tom fervoroso: “Por favor, instrua-me – qual é a meta final da vida (s€dhya) da j…va e qual é o método (s€dhana) para alcançar esta meta? Durante meus estudos do ny€ya-�€stra, concluí que a j…va é eternamente distinta de Ÿ�vara e que a misericórdia de Ÿ�vara é a única causa pela qual a j…va obtém mukti. Segundo também pude entender, o méto-do em particular através do qual se pode obter a misericór-dia de Ÿ�vara chama-se s€dhana. O resultado alcançado por meio de s€dhana chama-se s€dhya. Eu tenho examinado o ny€ya-�€stra muitas vezes com o propósito de descobrir o que vem a ser s€dhya e s€dhana. Contudo, o ny€ya-�€stra, mantendo-se inteiramente silencioso a este respeito, não me forneceu a resposta. Por favor, fale-me de suas conclusões com relação a s€dhya e s€dhana.”

®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… era discípulo de ®r… Raghun€tha D€sa Gosv€m…, ele não era só um acadêmico erudito mas também um santo auto-realizado. Por muito tempo, ele viveu no R€dh€-kuŠ�a sob o abrigo dos pés de lótus de ®r… D€sa Gosv€m…, de quem, todas as tardes, havia se habituado a ouvir os passatempos de ®r… Caitanyadeva. Raghun€tha d€sa B€b€j… mantinha conversas regulares sob-re verdades filosóficas com K��Šad€sa Kavir€ja Mah€�aya. Sempre que lhes surgia alguma dúvida, eles a sanavam

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380 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 12

indagando de ®r… D€sa Gosv€m…. Depois que Raghun€tha d€sa Gosv€m… e K��Šadasa Kavir€ja Gosv€m… partiram deste mundo, ®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… veio para ®r… M€y€pura, onde passou a ser o principal paŠ�ita-b€b€j… de ®r… Gau�a-maŠ�ala. Ele e Premad€sa Paramah€ˆsa B€b€j… Mah€�aya, de ®r… Godruma, muitas vezes costumavam con-versar sobre assuntos ligados a ®r… Hari, ambos absortos em prema.

B€b€j…: Ny€ya-pañc€nana Mah€�aya, todo aquele que estuda o ny€ya-�€stra para em seguida, indagar acerca de s€dhya e s€dhana, é decerto abençoado neste mundo, isto porque o principal objetivo do ny€ya-�€stra é compilar verdades axiomáticas mediante a análise lógica. É perda de tempo estudar o ny€ya-�€stra só para aprender a ocupar-se em argumentações áridas e debates. Se alguém assim o fi-zer, seu estudo de lógica produzirá resultados ilógicos; seu esforço será fútil e viverá em vão.

S€dhya significa a verdade (tattva) alcançada por quem realiza uma prática específica. A prática, chama-da s€dhana, é o meio adotado para alcançar esse s€dhya (meta). As pessoas presas por m€y€ encaram diferentes ob-jetos como a meta máxima da vida, conforme suas tendên-cias e qualificações individuais. Na realidade, só existe uma meta suprema.

São três as metas que se pode tentar alcançar, e indiví-duos diferentes escolherão uma ou outra de acordo com sua tendência e adhik€ra (elegibilidade). Estas três metas são: bhukti (gozo material), mukti (liberação) e bhakti (serviço devocional). Para aqueles enredados em atividades munda-nas e distraídos por desejos de prazer material, aceitam bhukti como sua meta escolhida. Os �€stras são compara-dos a uma vaca que satisfaz todos os desejos (k€ma-dhenu),

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pois, por meio deles, o ser humano pode obter qualquer ob-jeto que deseje. Segundo explicam os �€stras relacionados a karma-k€Š�a, o gozo material é o s€dhya (meta) dos que estão aptos a ocupar-se em ações fruitivas. Estes mesmos �€stras esboçam todas as variedades de prazer material pos-síveis de serem alcançados neste mundo. Por terem aceita-do corpos materiais neste mundo, as j…vas são afeiçoadas ao gozo sensual em particular. O mundo material é um ambi-ente propício para o desfrute via sentidos materiais. O pra-zer desfrutado por meio dos sentidos, desde o nascimento até a morte, é conhecido como gozo pertinente a esta vida (aihika-sukha).

Há muitos tipos diferentes de prazeres sensuais que alguém poderá desfrutar no estado que atingir após a morte, os chamados €mutrika-sukha (prazeres pertinentes à pró-xima vida). Entre os prazeres da esfera celestial incluem-se, por exemplo, residir em Svarga (os planetas superiores) ou Indraloka (o planeta de Indra) e assistir a dança das moças da sociedade celestial conhecidas como apsar€s; beber o néctar da imortalidade; cheirar as flores fragrantes e ver a beleza dos jardins nandana-k€nana; presenciar as maravilhas de Indrapuri; ouvir as melodiosas canções dos gandharvas; e estar na associação das donzelas celestiais conhecidas como vidy€dhar…s.

Acima de Indraloka, estão, sucessivamente, os pla-netas Maharloka, Janaloka, Tapoloka e, por fim, Brahma-loka, o planeta mais elevado do universo material. Os �€stras apresentam menos descrições de Maharloka e Jana-loka do que dos prazeres celestiais em Indraloka, e menos descrições ainda de Tapoloka e Brahmaloka. Em contraste, o prazer sensual deste planeta Terra, Bh™rloka, é dema-siado grosseiro. A regra é: quanto mais elevado o sistema

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planetário, mais sutis são os sentidos e seus objetos. Esta é a única diferença entre esses reinos, fora isso, a felicida-de disponível em todos esses planetas é o mero prazer dos sentidos, não há outra felicidade além dessa. A felicidade espiritual (cit-sukha) está ausente em todos esses planetas, pois a felicidade experimentada em tais lugares é relativa ao corpo sutil, o qual é formado pela mente, a inteligência e o ego, e é mera semelhança da consciência pura. O gozo de todos esses tipos de prazer chama-se bhukti. E o s€dhana das j…vas presas na armadilha do ciclo de karma consiste nas atividades por elas adotadas para satisfazer suas aspira-ções por bhukti. O Yajur-Veda (2.5.5) diz:

svarga-k€mo´�vamedhaˆ yajeta

‘Aqueles que desejam alcançar os planetas celestiais devem executar o a�vamedha-yajña.’

Os �€stras descrevem muitas categorias diferentes de s€dhana para se obter bhukti, tais como realizar uma espé-cie de sacrifício de fogo em particular, chamada agni�˜oma; oferecer oblações a determinada classe de devat€s; cavar poços, construir templos e empreender obras semelhantes para o benefício alheio; e, ainda, realizar cerimônias nos dias da lua nova e da lua cheia. Bhukti é o objeto de conse-cução (s€dhya) daqueles que aspiram ao gozo material.

Algumas das pessoas oprimidas pelas misérias da existência material consideram os quatorze sistemas pla-netários, que são a morada de todo gozo material, como insignificantes. Por isso, elas desejam livrar-se do ciclo do karma. Na opinião delas, mukti é o único s€dhya e bhukti, mero cativeiro. Tais pessoas dizem: “Aqueles cuja

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inclinação ao gozo material ainda não diminuiu podem al-cançar sua meta de bhukti seguindo karma-k€Š�a. Contudo, a Bhagavad-g…t€ (9.21) afirma:

k�…Še puŠye martya-lokaˆ vi�anti

‘Tão logo se esgotem seus créditos piedosos, ingres-sam de novo nos planetas da mortalidade.’

“Segundo demonstra clara e incontestavelmente este �loka, bhukti é perecível e temporário. Tudo quanto seja sujeito à decadência é material, e não espiritual. Devemos submeter-nos ao s€dhana apenas para obter um objetivo eterno. Mukti é eterno, bem como o s€dhya das j…vas. Pode-se obter mukti por meio de quatro espécies de s€dhana. São elas: discriminar entre os objetos eternos e temporários; renunciar ao gozo dos frutos deste mundo e do próximo; desenvolver seis qualidades, tais como o controle da mente e dos sentidos; e cultivar o desejo de liberação. Essas quatro atividades são o s€dhana verdadeiro.”

Este é o ponto de vista de quem considera mukti como o objeto a ser atingido, por analisar s€dhya e s€dhana se-gundo os �€stras que propõem jñ€na-k€Š�a.

Os �€stras, sendo k€ma-dhenu, providenciam diferen-tes situações para as j…vas segundo seu adhik€ra (nível de qualificação). Em geral, por mukti se entende a cessação do ego individual. No entanto, se as j…vas mantêm sua existên-cia e identidades individuais quando a alcançam, mukti não pode ser a meta final. Isto significa que as j…vas só podem assumir mukti até o limite da aniquilação do eu individual (nirv€Ša), mas as j…vas não podem ser aniquiladas de fato, pois são eternas. A ®vet€�vatara Upani�ad (6.13) confirma

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isso:nityo nity€n€ˆ cetana� cetan€n€m

‘Ele é o ser eterno supremo entre todos os seres vivos eternos e a entidade consciente suprema entre todas as entidades conscientes.’

Este e outros mantras védicos demonstram, que a j…va é eterna, e que a aniquilação (nirv€Ša) de sua existência in-dividual é portanto impossivel. Quem aceita esta conclusão compreende que a j…va continua a existir individualmente após atingir mukti. Logo, não aceita bhukti ou mukti como a meta máxima. Ao contrário, julga bhukti e mukti como sendo metas extrínsecas as quais são alheias à natureza da j…va.Todo esforço tem sua meta e algum meio para alcançá-la. O resultado que alguém se empenha em obter é conheci-do como s€dhya, ao passo que s€dhana é a prática adotada para produzir aquele resultado. Se você refletir profunda-mente, irá constatar que as metas das entidades vivas e os meios por elas adotados para alcançá-las, são como elos su-cessivos de uma corrente. Aquilo que é s€dhya (meta) ago-ra se torna o s€dhana, o meio de obter o próximo s€dhya mais tarde. Se alguém adota esta corrente de causa e efeito, eventualmente chega ao elo final da corrente. O efeito, ou o s€dhya alcançado nessa etapa final, é o s€dhya máximo e derradeiro, que não se torna s€dhana (meio) para nada mais por não haver nenhum outro s€dhya além dele. Quem atravessa todos os elos desta corrente de s€dhya e s€dhana, acaba por chegar ao elo final, o qual é conhecido como bhakti. Portanto, bhakti é o s€dhya mais elevado, pois é o eterno estado de perfeição das j…vas (nitya-siddha-bh€va).

Toda ação na vida humana é um elo da corrente de

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s€dhana e s€dhya, ou causa e efeito. A seção karma desta corrente de causa e efeito consiste em muitos elos encadea-dos entre si. Para quem progride além desta seção, uma outra série de elos forma outra seção conhecida como jñ€na. Por fim, a seção de bhakti começa onde termina a seção jñ€na. O s€dhya final da corrente de karma é bhukti; o s€dhya final da corrente de jñ€na é mukti; e o s€dhya final da corrente de bhakti é prema-bhakti. Após a devida reflexão quanto à natureza do estado aperfeiçoado das j…vas, conclui-se que bhakti é necessariamente tanto s€dhana quanto s€dhya. Karma e jñ€na não são o s€dhya ou o s€dhana finais, pois são apenas etapas intermediárias.

Vrajan€tha: Muitas declarações proeminentes das Upani�ads não estabelecem bhakti como suprema ou como o s€dhya máximo a ser alcançado. Como diz a B�had-€raŠyaka Upani�ad (4.5.15 e 2.4.24), kena kaˆ pa�yet: “Quem deve ver? Quem será visto? E por que meio?” A B�had-€raŠyaka Upani�ad (1.4.10) também afirma: ahaˆ brahm€smi – “Eu sou brahma”. Já a Aitareya Upani�ad (1.1.3) diz que prajñ€naˆ brahma: “A consciência é brahma”. E a Ch€ndogya Upani�ad (6.8.7) diz: tat tvam asi �vetaketo – “Ó ®vetaketu, você é esse brahma.” Levando em conta todas essas declarações, o que há de errado em considerar mukti o s€dhya supremo?

B€b€j…: Conforme já expliquei, há muitas classes di-ferentes de s€dhya segundo as diversas tendências. Não se pode aceitar a validade de mukti enquanto se nutre algum desejo de bhukti, nível este em que se encontram as pessoas para as quais foram escritas muitas declarações do �€stra. Por exemplo o špastamba ®rauta-s™tra (2.1.1), afirma: ak�ayaˆ ha vai c€turmasya y€jinaƒ – “Quem observa o voto de c€turmasya obtém residência perpétua no céu.”

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Por acaso você quer dizer com isto que mukti é uma meta inútil? Os karm…s somente desejam gozo dos sentidos. Porque eles não conseguem descobrir as recomendações do �€stra em favor de mukti, acaso, isto significa que mukti não é descrito em parte alguma dos Vedas? São poucos os ��is preconizadores do caminho de karma que sustentam ser a renúncia prescrita só para os incompetentes, pois, se-gundo eles, os competentes devem realizar karma. Porém, isso não é verdade, essas são instruções dadas a pessoas em níveis inferiores de avanço espiritual a fim de promover a fé deles em suas respectivas posições.

Negligenciar os deveres para os quais são responsá-veis é inauspicioso para as j…vas. Se cumprirmos nossos de-veres tendo plena fé de que os mesmos são apropriados para nosso nível atual, conquistamos fácil acesso ao próximo nível de qualificação. Consequentemente, não se condenam as prescrições dos Vedas que incentivam este tipo de fé. Ao contrário, quem condena tais prescrições é passível de cair. Todas as j…vas que alcançaram elevação neste mundo, fi-zeram-no por terem aderido rigorosamente aos deveres para os quais estavam qualificadas.

Jñ€na é de fato superior a karma porque produz mukti. Não obstante, os �€stras que analisam a competên-cia para karma louvam karma ao máximo, sem reforçar a preeminência de jñ€na. De forma semelhante, nas passa-gens onde os �€stras analisam a competência para jñ€na, encontramos todos os mantras por você mencionados em louvor a mukti. No entanto, assim como a qualificação para jñ€na é superior àquela para karma, a qualificação para bhakti é superior àquela para jñ€na. Mantras tais como tat tvam asi e ahaˆ brahm€smi enaltecem a liberação im-pessoal e fortalecem a fé daqueles que a buscam com o

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propósito de trilhar o caminho para o qual estão qualifica-dos. Por esta razão, não é errado estabelecer a eminência de jñ€na. Porém, jñ€na não é o s€dhana máximo, tampouco o s€dhya de jñ€na, ou seja, mukti, é o s€dhya máximo. Os mantras védicos estabelecem a conclusão final segundo a qual bhakti é o s€dhana e prema-bhakti, o s€dhya.

Vrajan€tha: Os mantras citados por mim são afir-mações fundamentais dos Vedas, conhecidas como mah€-v€kyas. Como é possível que o s€dhya e o s€dhana por eles propostos sejam extrínsecos?

B€b€j…: As afirmações védicas que você citou instantes atrás não são descritas como mah€-v€kyas em parte alguma dos Vedas, tampouco são descritas como superiores a quaisquer outras. Professores de jñ€na têm proclamado que estas afirmações são mah€-v€kyas a fim de estabelecer a preeminência de sua própria doutrina, porém, o praŠava (oˆ) é o único mah€-v€kya. Todas as demais afirmações védicas relacionam-se apenas a aspectos específicos do conhecimento védico.

Não seria incorreto usarmos a expressão mah€-v€kyas para referirmo-nos a todas as declarações dos Vedas. Entre-tanto, é dogmático destacar uma afirmação dos Vedas em particular como sendo o mah€-v€kya e rotular de comuns todas as demais. Aqueles que assim o faz estão cometendo ofensa aos Vedas. Os Vedas descrevem muitas metas ex-trínsecas e os meios de alcançá-las, e por isso ora enaltecem karma-k€Š�a, ora mukti. Mas em última análise os Vedas concluem que bhakti, e somente bhakti é tanto s€dhana quanto s€dhya.

Os Vedas são comparados a uma vaca e ®r… Nanda-nandana, ao ordenhador. Na Bhagavad-g…t€ (6.46-47), Ele revela o significado dos Vedas no que diz respeito à meta

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suprema dos mesmos:

tapasvibhyo´dhiko yog… jñ€nibhyo´pi mato´dhikaƒkarmibhya� c€dhiko yog… tasm€d yog… bhav€rjuna

yog…n€m api sarve�€ˆ mad-gaten€ntar€tman€�raddh€v€n bhajate yo m€ˆ sa me yuktatamo mataƒ

‘Ó Arjuna, o yog… é superior a todas as classes de ascetas, trabalhadores fruitivos, bem como àqueles que cultivam conhecimento impessoal visando à li-beração. Portanto, torne-se um yog…. Além disso, na Minha opinião, o maior de todos os yog…s é aquele que se apega a Mim com firme fé e que Me adora constantemente de todo coração.’

A ®vet€�vatara Upani�ad (6.23) diz:

yasya deve par€ bhaktir yath€ deve tath€ gurautasyaite kathit€ hy arth€ƒ prak€�ante mah€tmanaƒ

‘Todas as verdades confidenciais descritas nesta Upani�ad serão reveladas àquela grande alma que tiver a mesma devoção transcendental, ininterrupta e exclusiva (par€-bhakti) por seu guru, que ela tem por ®r… Bhagav€n.’

A Gop€la-t€pan… Upani�ad, P™rva-vibh€ga (2.2) afirma:

bhaktir asya bhajanaˆ tad ih€mutrop€dhi-nair€syenaiv€mu�mim manasaƒ kalpanam

etad eva ca nai�karmyam

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‘Bhakti realizada para o prazer de ®r… K��Ša chama-se bhajana. Isto significa abandonar todos os desejos de gozo neste mundo e no próximo, dedicar a mente a K��Ša e desenvolver um sentimento de completa união com Ele em virtude de um irresistível sentido de prema. Este bhajana também implica no libertar-se de todas as atividades visando resultados.’

A B�had-€raŠyaka Upani�ad (1.4.8) diz:

€tm€nam eva priyam up€s…ta

‘Devemos adorar a Alma Suprema, ®r… K��Ša, como o mais querido objeto de nossa afeição.’

Na B�had-€raŠyaka Upani�ad (4.5.6) também é dito:

€tm€ v€ are dra�˜avyaƒ �rotavyomantavyo nididhy€sitavyaƒ

‘Ó Maitrey…, devemos ver a Suprema Verdade Ab-soluta, o Param€tm€, ouvir a respeito dEle, pensar e meditar nEle.’

Se estudarmos essas afirmações védicas atentamente, fica claro que bhakti é a melhor forma de s€dhana.

Vrajan€tha: A seção karma-k€Š�a dos Vedas orien-ta-nos a praticar bhakti a Ÿ�vara, o qual outorga os resulta-dos de toda ação. Na seção jñ€na-k€Š�a, também encontra-mos instruções no sentido de satisfazermos Hari, praticando bhakti por meio dos quatro tipos de s€dhana conhecidos como s€dhana-catu�˜aya. Como, então, pode bhakti ser o

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s€dhya se é o meio para se obter bhukti e mukti? Já que é o meio, bhakti deixa de existir ao produzir bhukti ou mukti. Este é o princípio geral. Por favor, oriente-me quanto a este assunto.

B€b€j…: É verdade que a execução das práticas regu-ladas (s€dhana) de bhakti em karma-k€Š�a confere gozo material, tanto como bhakti-s€dhana executado em jñ€na-k€Š�a confere mukti. Não se pode atingir resultado algum sem satisfazer Parame�vara, a quem só bhakti satisfaz. Ele é o reservatório de todas as potências, logo, qualquer potência encontrada nas j…vas ou na matéria inerte nada mais é que uma demonstração infinitesimal de Sua potência. Karma e jñ€na não podem satisfazer Ÿ�vara. Karma e jñ€na geram algum resultado somente com a ajuda de bhagavad-bhakti. Eles são incapazes de produzir resultados independente-mente. Por isso, é visto que existe um arranjo para alguma prática de uma aparência de bhakti em karma e jñ€na. Con-tudo, não se trata de �uddha-bhakti. Ao contrário, é ape-nas bhakty-€bh€sa. Deste modo, a bhakti encontrada em karma e jñ€na é mera semelhança de devoção, e não �uddha-bhakti, e é este bhakty-€bh€as que é instrumental para a geração dos resultados daquelas buscas.

Há duas classes de bhakty-€bh€sa: �uddha bhakty-€bh€sa (pura) e viddha bhakty-€bh€sa (adulterada). Des-creverei bhakty-€bh€sa pura mais tarde, mas, por ora, você deve saber que existem três tipos de bhakty-€bh€sa adul-terada. São elas: bhakty-€bh€sa adulterada com ação fruiti-va, bhakty-€bh€sa adulterada com conhecimento monístico e bhakty-€bh€sa adulterada com ação fruitiva e conheci-mento monístico.

Durante a realização de um yajña, alguém poderá di-zer: “Ó Indra, ó P™�ana (o devat€ do sol), por favor, tenha

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misericórdia e conceda-nos os resultados deste yajña.” To-das as atividades demonstrando uma semelhança de bhakti adulterada com este tipo de desejo são conhecidas como semelhança de bhakti adulterada com ação fruitiva. Algu-mas almas magnânimas referem-se a esta categoria de bhakti adulterada como devoção misturada com ação frui-tiva (karma-mi�ra-bhakti). Outros a descrevem como ati-vidades às quais se atribuem indiretamente os sintomas de bhakti (€ropa-siddha-bhakti).

Alguém mais poderá dizer: “Ó Yadunandana, dirijo-me a Você por temor à existência material. Canto Seu nome, Hare K��Ša, dia e noite. Por favor, conceda-me a liberação. Ó Senhor Supremo, Você é brahma. Eu caí na armadilha de m€y€. Por favor, liberte-me deste enredamento e deixe-me imergir em unidade com Você.” Estes sentimentos consti-tuem uma semelhança de bhakti adulterada com conheci-mento monístico. Algumas almas magnânimas descrevem-na como devoção misturada com conhecimento monístico (jñ€na-mi�ra-bhakti), outros, como atividades às quais se atribuem indiretamente os sintomas de bhakti (€ropa-siddha-bhakti). Estas formas adulteradas de devoção são diferentes de �uddha-bhakti.

Como diz a G…t€ (6.47), �raddh€v€n bhajate yo m€ˆ sa me yuktatamo mataƒ – “Na Minha opinião, quem Me adora com fé é o melhor de todos os yog…s.” A bhakti à qual ®r… K��Ša Se refere nesta declaração é �uddha-bhakti, que é o nosso s€dhana. E quando se aperfeiçoa é prema. Karma e jñ€na são os meios para se obter bhukti e mukti, respecti-vamente. Não são os meios pelos quais a j…va consegue con-quistar sua nitya-siddha-bh€va, ou posição constitucional eterna de amor divino.

Após ter ouvido todas essas verdades conclusivas,

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392 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 12

Vrajan€tha não se sentiu capaz de fazer mais indagações aquele dia. Em vez disso, refletiu: “A pesquisa e a discus-são de todas essas verdades filosóficas sutis são superiores à análise dialética do ny€ya-�€stra. B€b€j… Mah€�aya é de imensa erudição nesses assuntos. Gradualmente, eu irei adquirir conhecimento indagando dele sobre esses temas. Como já está bem tarde, devo voltar para casa agora.”

Pensando assim, disse ele: “B€b€j… Mah€�aya, hoje, por sua misericórdia, recebi a essência do conhecimen-to superior. Eu gostaria de lhe encontrar de vez em quan-do para receber este tipo de instrução. Você é um erudito de percepção profunda e um grande mestre – por favor, tenha misericórdia de mim. Permita-me fazer-lhe só mais uma pergunta, como já está tarde, depois de ouvir sua res-posta, eu voltarei para casa. Acaso ®r… ®ac…nandana Gaur€‰ga escreveu algum livro no qual todas Suas instruções possam ser encontradas? Gostaria muito lê-lo, se Ele o fez.”

B€b€j… Mah€�aya respondeu: “®r…man Mah€prabhu não escreveu nenhum livro pelo Seu próprio punho, porém, por ordem Sua, Seus seguidores escreveram muitos livros. Mah€prabhu deu pessoalmente às j…vas oito instruções sob a forma de aforismos, chamadas ®ik�€�˜aka. São como um co-lar de jóias para os bhaktas. Nestes oito �lokas, Ele transmi-tiu os ensinamentos dos Vedas, do Ved€nta, das Upani�ads e dos Pur€Šas de maneira concisa e confidencial, como se guardasse um vasto oceano num único cântaro. Com base nessas instruções confidenciais, os bhaktas compuseram dez princípios fundamentais conhecidos como D€�a-m™la. Este D€�a-m™la descreve de forma sucinta tanto s€dhya quanto s€dhana no que se refere aos temas sambandha, abhidheya e prayojana. Primeiro, você deve entender isto.”

“Qualquer que seja sua ordem, é meu dever

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cumprí-la”, disse Vrajan€tha. “Você é meu �ik�€-guru. Virei amanhã à tardinha para ouvir suas instruções sobre o D€sa-mula com você.”

Então, Vrajan€tha prestou daŠ�avat-praŠ€ma a B€b€j… Mah€�aya, que o abraçou com grande afeição. “Meu filho”, disse B€b€j…, “você purificou a linhagem dos br€hmaŠas. Terei imenso prazer em recebê-lo de novo amanhã.”

Assim termina o Décimo Segundo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Nitya-Dharma, S€dhana e S€dhya”

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Capítulo 13Pram€Ša e o Princípio de Prameya

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No dia seguinte ao final da tarde, Vrajan€tha che-gou em ®r…v€s€‰gana na hora de go-dh™li (quando o ar está denso com nuvens de poeira levantadas pelo retorno das va-cas ao go-�€l€). Vrajan€tha, então, sentou-se na plataforma elevada sobre a densa folhagem da árvore bakula e esperou pelo B€b€j… Mah€r€ja sênior. B€b€j… estava esperando-o em seu bhajana-ku˜…ra, e por alguma razão desconhecida, vatsalya-bh€va por Vrajan€tha apareceu em seu coração. Assim que um ruído do lado de fora indicou a chegada de Vrajan€tha, B€b€j… foi para fora e amorosamente o abraçou, levou-o para seu ku˜…ra, que estava situado de um lado do pátio numa árvore arqueada em um kuŠ�a de flores. Ali, ofereceu-lhe um assento e sentou-se ao lado dele.

Vrajan€tha colocou a poeira dos pés de B€b€j… Mah€r€ja sobre sua cabeça. Sentindo-se abençoado, disse humildemente: “Ó grande alma, ontem você me disse que iria me instruir sobre o Da�a-m™la, os princípios fundamen-tais dos ensinamentos de Nim€i Pa‰�ita.

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398 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

Por favor, bondosamente conceda-me agora este conheci-mento.”

Quando Vrajan€tha fez esta pergunta maravilhosa, B€b€j… Mah€�aya ficou muito feliz e afetuosamente, dis-se: “Meu filho, primeiro lhe explicarei os versos (�loka) do s™tra do Da�a-m™la, em que as dez verdades ontológicas (do Da�a-m™la) estão colocadas em uma forma condensa-da. Você é um erudito, assim, por sua própria reflexão, será capaz de compreender os verdadeiros ensinamentos deste verso.

€mn€yaƒ pr€ha tattvaˆ harim iha paramaˆ sarva-�aktiˆ ras€bdhiˆ

tad-bhinn€ˆ�€ˆ� ca j…v€n prak�ti-kavalit€n tad-vi-mukt€ˆ� ca bh€v€d

bhed€bheda-prak€�aˆ sakalam api hareƒ s€dhanaˆ �uddha-bhaktiˆ

s€dhyaˆ tat-pr…tim evety upadi�ati jan€m gauracandraƒ svayaˆ saƒ

1. Pram€Ša: Os ensinamentos dos Vedas recebi-dos através do guru-parampar€ são conhecidos com €mn€ya. A evidência infalível dos Vedas, dos sm�ti-�€stras liderados pelo ®r…mad-Bh€gavatam, bem como a evidência da percepção direta dos sentidos (pratyak�a), estão de acordo com a orientação dos Vedas e todos são aceitos como pram€Ša (evidência). Este pram€Ša esta-belece os seguintes prameyas (verdades fundamentais):

2. Parama-tattva: Somente ®r… Hari é a Verdade Su-prema.

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399Pram€Ša e o Princípio de Prameya

3. Sarva-�aktim€n: Sri Krsna é o possuidor de todas as potências..

4. Akhila-ras€m�ta-sindhu: Ele é um oceano de doçuras nectáreas.

5. Vibhinn€ˆ�a-tattva: Ambas as almas liberadas (mukta) e condicionadas (baddha) são eternamente suas distintas partes integrantes.

6. Baddha-j…vas: As almas condicionadas estão sujeitas ao controle e influência de m€y€.

7. Mukta-j…vas: As almas liberadas são livres da ilusão (m€y€).

8. Acintya-bhed€bheda-tattva: O universo in-teiro consiste de consciência (cit) e inconsciência (acit), que é a acintya-bhed€bheda-prak€�a de ®r… Hari, isto é, Sua inconcebível manifestação, a qual é simultaneamente diferente e não-diferente dEle.

9. ®udha-bhakti: O serviço devocional puro é o úni-co processo (s€dhana) para alcançar a perfeição.

10. K��Ša-pr…ti: o objetivo final a ser alcançado é a afeição e o amor transcendental exclusivos por Krsna (s€dhya-vastu).

Svayaˆ Bhagav€n ®r… Gaur€‰gadeva ensinou dez tattvas (verdades fundamentais) distintos para as j…vas fiéis. O primeiro destes é o pram€Ša-tattva, e os outros nove são

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400 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

prameya-tattva. Primeiro você deve entender o significado de

pram€Ša. Aquilo que é estabelecido através de pram€Ša (evidência ou prova) é conhecida como prameya (o que é provado); e aquilo através do qual prameya é provado é conhecido como pram€Ša.

Estes dez tattvas fundamentais (da�a-m™la-tattva) são citados no �loka que eu acabei de recitar. No próximo �loka estará efetivamente o primeiro �loka do Da�a-m™la, este elabora o primeiro dos da�a-m™la-tattva, isto é, a autorizada literatura Védica (€mn€ya ou pram€Ša-tattva). Do segundo ao oitavo �loka, sambandha-tattva é descrito. O nono �loka descreve abhidheya-tattva, que é o s€dhana para alcançar a meta última; e o décimo �loka descreve prayojana-tattva, que é o s€dhya (meta) em si mesmo.

Quando Vrajan€tha ouviu o significado deste �loka, ele disse: “B€b€j… Mah€r€ja, não tenho nenhuma pergunta para fazer neste momento. Se alguma pergunta me ocorrer após ouvir o próximo �loka, irei submetê-la aos seus pés de lótus. Agora, bondosamente, explique-me o primeiro �loka do Da�a-m™la.”

B€b€j…: Muito bem. Ouça atentamente.

svataƒ-siddho vedo hari-dayita-vedhaƒ-prabh�titaƒ pram€naˆ sat-pr€ptaˆ pramiti-vi�ay€n t€n nava-vidh€n

tath€ pratyak�€di-pramiti-sahitam s€dhayati naƒ na yuktis tark€khy€ pravi�ati tath€ �akti-rahit€

Da�a-m™la (1)

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401Pram€Ša e o Princípio de Prameya

‘Os auto-evidentes Vedas, que foram recebidos na samprad€ya através do guru-parampar€ pelo recipi-ente de misericórdia de ®r… Hari tal como Brahm€j… e outros, são conhecidos como €mn€ya-v€kya. Os nove prameya-tattvas são estabelecidos por estes €mn€ya-v€kyas com o auxílio de outros pram€Šas que se-guem a orientação das escrituras (�€stras), tal como a evidência obtida pela percepção direta dos sentidos (pratyak�a). O raciocínio que é apoiado somente em lógica é sempre falho no que tange a avaliação de assuntos inconcebíveis, desde que a lógica e o argu-mento não têm acesso ao reino do inconcebível.’

Vrajan€tha: Há alguma evidência nos Vedas para mostrar que Brahm€j… deu instruções através da sucessão discipular?

B€b€j…: Sim, há. Na MuŠ�aka Upani�ad (1.1.1) está declarado:

brahm€ dev€n€ˆ prathamaƒ sambabhuva vi�vasya kartt€ bhuvanasya gopt€

sa brahma-vidy€ˆ sarva-vidy€-prati�˜h€m atharv€sya jyes˜ƒa-putr€ya pr€ha

‘Brahm€j…, que é o criador do Universo inteiro, e o protetor dos mundos, foi o primeiro semideus (deva) a aparecer. Ele deu instruções completas sobre o brahma-vidy€, a base de todo o conhecimento, para seu filho primogênito, Atharva.’

Isto também é declarado adiante na:

MuŠ�aka Upani�ad (1.2.13):

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402 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

yen€k�araˆ purusaˆ veda satyaˆ prav€ca t€ˆ tattvato brahma-vidy€m

‘Brahma-vidy€ é o conhecimento que revela a ver-dadeira svar™pa de para-brahma, o Puro�ottama in-destrutível.’

Vrajan€tha: Você tem alguma evidência de que os ��is que compilaram os sm�tis-�€stras deram a correta ex-planação dos Vedas neles?

B€b€j…: A evidência para isto é dada no ®r…mad-Bh€gavatam (11.14.3-4), o mais proeminente de todos os �€stras.

k€lena na�˜€ pralaye v€Š…yam veda-saˆjnit€ may€dau brahmaŠe prokt€ dharmo yasy€ˆ mad-€tmakaƒ

tena prokt€ sva-putr€ya manave p™rva-j€ya s€ tato bh�gu-€dayo ‘g�hŠan sapta brahma-mahar�ayaƒ

‘®r… Bhagav€n disse: ‘Pela influência do tempo, Mi-nhas instruções contidas nos Vedas sobre bh€gavata-dharma foram perdidas quando a devastação cósmi-ca ocorreu. No início da br€hma-kalpa seguinte no momento da criação, novamente instruí Brahm€ no mesmo Veda. Brahm€, instruiu seu filho Manu no conhecimento Védico, e Manu por sua vez instruiu a mesma ciência para os sete Brahma��is, liderados por Bh�gu.’

Vrajan€tha: Qual é a necessidade de uma samprad€ya? B€b€j…: A maior parte das pessoas neste mundo, aceita o refúgio da filosofia M€y€v€da e segue o caminhodesfavorável o qual é desprovido de bhakti.

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403Pram€Ša e o Princípio de Prameya

Consequentemente, se não houvesse nenhuma samprad€ya separada para os praticantes de �uddha-bhakti, a qual não é contaminada pelas falhas da filosofia M€y€v€da, seria muito difícil obter sat-sa‰ga genuína. Por esta razão, é declarado no Padma Pur€Ša:

samprad€ya-vihin€ ye mantr€s te viphal€ mat€ƒ

�r…-brahma-rudra-sanak€ vai�Šav€ƒ k�iti-p€van€ƒ ‘Os Vai�Šavas Ac€ryas das quatro samprad€yas – a saber R€m€nuj€c€rya da ®r…-samprad€ya, Madhv€c€rya da Brahma-samprad€ya, Vi�Šusv€m… da Rudra-samprad€ya e Nimb€ditya da Catuƒsana-samprad€ya – purificam todo o universo. D…k�€ mantras não recebidos destes €c€ryas em uma destas quatro samprad€yas não produzirão frutos.’

Destas quatro, a Brahma-samprad€ya é a mais antiga e tem continuado através da sucessão discipular até o pre-sente dia. Estas samprad€yas aderem ao sistema de guru-parampar€ e elas trouxeram o Ved€nta e outras literaturas supremamente auspiciosas, inalteradas, milenares, e pela potência do sistema do parampar€, não há a menor chan-ce de que elas tenham feito alguma mudança ou elimina-do alguma parte. Por isso, não há razão para duvidar da literatura que esta samprad€ya autorizou. A samprad€ya é um instrumento efetivo e indispensável, e por esta razão, o sistema sat-samprad€ya tem continuidade entre santos e sadhus dos tempos milenares.

Vrajan€tha: Estão os nomes de todos os €c€ryas, nasamprad€ya, dispostos em ordem de sucessão? B€b€j…: Somente os nomes daqueles €c€ryas mais proeminentes que aparecem de tempos em tempos são

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404 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

mencionados. B€b€j…: Somente os nomes daqueles €c€ryas

mais proeminentes que aparecem de tempos em tem-pos são mencionados. Vrajan€tha: Eu gostaria de ouvir o guru-pa-rampar€ da Brahma-samprad€ya. B€b€j…: Ouça.

para-vyome�varasy€s…c chi�yo brahm€ jagat-patiƒ tasya �i�yo n€rado’ bh™d vy€sas tasy€pa �i�yat€m

‘Brahm€, o mestre do universo, é o discípulo de Parame�vara ®r… N€r€yana, e N€radaj… foi o discípulo de Brahm€. Vy€sadeva foi o discípulo de N€radaj….’

�uko vy€sasya �isyatvaˆ pr€pto jñ€n€varodhan€t vy€sal labdho k��Ša-d…k�o madhv€c€ryo mah€ya�aƒ

‘®r… ®ukadevaj… foi o discípulo de ®r… Vy€sadeva a fim de conferir e espalhar o jñana impes-soal. O celebrado Madhv€c€rya também rece-beu k��Ša-d…k�€ de ®r… Vy€sadeva. Narahari foi �i�ya, duas vezes nascido, de Madhv€c€rya.’

tasya �i�yo naraharis tac-chi�yo m€dhavo dvijaƒ ak�obhyas tasya �i�yo’ bh™t tac-chi�yo jayat…rthakaƒ

‘M€dhva-dvija foi o discípulo de Narahari. Ak�obhya foi discípulo de M€dhva-dvija e aceitou Jayat…rtha como seu discípulo.’

tasya �i�yo jñ€nasindhus tasya �i�yo mah€nidhiƒ vidy€nidhis tasya �i�yo r€jendras tasya sevakaƒ

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405Pram€Ša e o Princípio de Prameya

‘Jñ€nasindhu foi o discípulo de Jayat…rtha, Mah€nidhi foi discípulo de Jñ€nasindhu e aceitou Vidy€nidhi como seu discípulo, e Rajendra foi o discípulo de Vidy€nidhi.’

jayadharmo munis tasya �i�yo yad-gaŠa-madhyataƒ �r…mad-vi�Šupur… yas tu bhakti-ratn€val… k�tiƒ

‘Jayadharma Muni foi discípulo de Rajendra e um dos seus seguidores chamado ®r… Vi�Šu Pur…, que compôs o Bhakti-ratn€val…, foi um proeminente €c€rya.’

jayadharmasya �i�yo’ bh™d brahmaŠyaƒ puru�ottamaƒ vy€sa-t…rthas tasya �i�yo ya� cakre vi�Šu-saˆhit€m

‘O discípulo de Jayadharma foi BrahmaŠya Puru�ottama, que por sua vez aceitou a Vy€sa-t…rtha, o autor do Vi�Šu-saˆhit€, como seu discípulo.’

�r…mal-lak�m…patis tasya �i�yo bhakti-ras€�rayaƒ tasya �i�yo m€dhavendro yad-dharmo ‘yam pravartitaƒ

‘®r… Lak�m…pati foi discípulo de Vy€sa-t…rtha e M€dhavendra-Pur… que foi o precursor de bhakti-rasa e que propagou bhakti-dharma, foi o discípulo de Lak�m…pati.’

Vrajan€tha: No primeiro �loka do Da�a-m™la, os Vedas são aceitos como a única evidência (pram€Ša); en-quanto que outros pram€Šas, tais como pratyak�a (per-cepção direta), são aceitos como evidência somente quando eles seguem os Vedas. Todavia, filosofias tais como a ny€ya e a s€‰khya aceitam outros tipos de evidências. Alguns lei-tores bem versados nos Pur€Šas aceitaram oito tipos de

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406 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

pram€Ša: pratyak�a (percepção direta), anum€na (con-clusão baseada em experiência generalizada), upam€na (analogia), �abda (conhecimento revelado), aitihya (instrução tradicional), arth€patti (conclusão circunstan-cial), sambhava (especulação) e anupalabdhi (entendimen-to de alguma coisa por sua não-percepção). Por que há muitas opiniões relacionadas à pram€Ša? E se a percepção direta e a conclusão baseada na experiência não estão conti-das entre os perfeitos pram€Ša, como é possível obter o real entendimento? Por favor, esclareça-me.

B€b€j…: Pratyak�a e outros tipos de evidências de-pendem dos sentidos, mas desde que os sentidos da j…va condicionada estão sempre sujeitos a bhrama (ilusão), pram€da (erro), vipralips€ (enganação), e karaŠ€p€˜ava (imperfeição dos sentidos), como pode o conhecimen-to adquirido através dos sentidos ser real e perfeito? O próprio ®r… Bhagav€n todo independente possuidor de todas as potências, pessoalmente manifestou-Se como o perfeito conhecimento Védico, dentro dos corações pu-ros de grandes maha��…s e €c€ryas santos que se situaram em completo sam€dhi. Por esta razão, os Vedas, que são a personificação de svataƒ-siddha-jñ€na (conhecimento puro auto-manifesto) são sempre perfeitos e completamente con-fiáveis como evidência.

Vrajan€tha: Por favor, auxilie-me a entender clara-mente cada um dos termos bhrama, pram€da, vipralips€ e karaŠ€p€tava.

B€b€j…: Bhrama (ilusão) é a falsa impressão da baddha-j…va da realidade, resultando de conhecimento fa-lho adquirido através dos sentidos imperfeitos. Por exem-plo, no deserto, os raios do sol algumas vezes produzem uma miragem que cria a impressão de água.

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407Pram€Ša e o Princípio de Prameya

Cometer erros é uma imperfeição chamada pram€da. Desde que a inteligência material da baddha-j…va é por natureza limitada, equívocos estarão inevitavelmente pre-sentes em qualquer siddh€nta que sua inteligência limitada discernir sobre o ilimitado para-tattva.

Vipralips€ é a propensão a enganar. Manifesta-se quando alguém, cuja inteligência é limitada por tempo e es-paço, tem dúvida ou é relutante em acreditar nas atividades e autoridade de Ÿ�vara, que está além do tempo e do espaço.

Nossos sentidos são imperfeitos e limitados, isto é conhecido como karaŠ€p€tava. Por causa disto, não po-demos deixar de cometer erros nas situações do cotidiano. Por exemplo, quando vemos um objeto repentinamente, nós podemos confundi-lo com outra coisa e tirar falsas con-clusões.

Vrajan€tha: O pratyak�a e outros pram€Šas não têm algum valor como evidência? B€b€j…: Que outros meios temos para adqui-rir conhecimento desta esfera material, além da percepção direta e de outros pram€Šas? Não obstante, eles ja-mais podem dar conhecimento sobre o mundo espiritual (cit-jagat), pois eles não podem entrar lá. Isto é porque os Vedas são o único pram€Ša para adquirir conhecimento sobre o cit-jagat. A evidência obtida através de pratyak�a e outros pram€Šas somente pode ser aceita quando seguem as diretrizes do conhecimento auto-evidente Védico, caso contrário este tipo de evidência deve ser descartada. É por isso que os Vedas são a única evidência. Pratyak�a e outros pram€Šas podem também ser aceitos como evidência, mas somente se eles estão de acordo com os Vedas.

Vrajan€tha: Tais literaturas, como a G…t€ e o

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408 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

Bh€gavatam não estão incluídas como pram€Ša?B€b€j…: A Bhagavad-g…t€ é chamada Upani�ad (G…t€

Upani�ad), porque ela é v€Š… (instruções) de Bhagav€n; por isso, a G…t€ é Veda. Similarmente, Da�a-m™la-tattva, também é bhagavat-v€Š… porque elas são as instruções de ®r… Caitanya Mah€prabhu, que também é Veda. O ®r…mad-Bh€gavatam é o mais proeminente de todos os pram€Šas porque ele é a compilação da essência do significado dos Vedas. As instruções de diferentes �€stras são evidências autorizadas somente quando elas seguem o conhecimento Védico. Há três tipos de tantra-�€stras: s€ttvika, r€jasika e t€masika. Destes, o Pañcar€tra e demais estão no grupo s€ttvika, e eles são aceitos como evidências porque eles ex-pandem os significados confidenciais dos Vedas.

Vrajan€tha: Há muitos livros na linha Védica. Quais destes podem ser aceitos como evidência e quais não po-dem?

B€b€j…: Com o passar do tempo, inescrupulosas e fal-sas personalidades interpolaram muitos capítulos, maŠ�alas (sessões e divisões) e mantras nos Vedas, a fim de satisfazer seus interesses próprios. Aquelas partes que foram adicio-nadas posteriormente são chamadas partes prak�ipta (inter-poladas).

Não deveríamos aceitar todo e qualquer texto Védico como evidência confiável. Aqueles granthas (livros sagra-dos) que os €c€ryas nas sat-samprad€yas aceitaram como evidência são definitivamente Vedas e são evidência autori-zada, mas deveríamos rejeitar a literatura ou partes da liter-atura que não são reconhecidas.

Vrajan€tha: Quais granthas Védicos os €c€ryas das sat-samprad€yas aceitaram?

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409Pram€Ša e o Princípio de Prameya

B€b€j…: I�a, Kena, Ka˜ha, Pra�na, MuŠ�aka, M€Š�™kya, Taitt…rya, Aitareya, Ch€ndogya, B�ha�-€raŠyaka e ®vet€�vatara – estas onze s€ttvika Upani�ads são aceitas e, também a Gop€la Upani�ad, N�siˆha-t€pan… e algumas outras t€pan…s que são úteis para a adoração. Os €c€ryas aceitaram os br€hmaŠas e maŠ�alas como literatu-ra Védica, sempre e quando propagam os Vedas, seguindo a orientação do ¬g, S€ma, Yajuƒ e Atharva. Recebemos toda a literatura Védica dos €c€ryas nas sat-samprad€yas, assim podemos aceitá-las como evidência de uma fonte genuína.

Vrajan€tha: Há alguma evidência nos Vedas que demonstram que a lógica não pode ser aplicada a tópicos transcendentais?

B€b€j…: Há muitas declarações famosas nos Ve-das, tais como, nai�€ tarkena matir €paney€: “Ó Naciketa! Qualquer inteligência que você tenha logra-do relativa à €tma-tattva não deve ser destruída por lógi-ca (tarka)” (Ka˜ha Upani�ad 1.2.9); e as declarações do Ved€nta-s™tra, tais como, tark€prati�˜h€n€t: “Os argumen-tos baseados em lógica não têm fundamentação e não po-dem ser usados para estabelecer quaisquer conclusões sobre a realidade consciente, pois é um fato que o que alguém estabelece por lógica e argumento hoje, pode ser refutado amanhã por alguém que é mais inteligente e qualificado. Por esta razão, é dito que o processo de argumentação é sem base e infundado.”(Brahma-s™tra 2.1.11)

Além disso, é declarado:

acinty€ƒ khalu ye bh€v€ na t€ˆs tarkeŠa yojayet prak�tibhyaƒ paraˆ yac ca tad acintyasya lak�aŠam

Mah€bh€rata, Bh…�ma-parva (5.22)

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410 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

‘Todos os tattvas transcendentais estão além da na-tureza material, e por esta razão são inconcebíveis. Argumentos áridos estão dentro da jurisdição da na-tureza material, assim eles somente podem ser apli-cados em assuntos de ordem mundana. Eles não po-dem nem mesmo chegar perto de tattvas transcendentais, do que dizer de alcançá-los. Quando se trata de conceitos inconcebíveis, a apli-cação de argumentos áridos é indesejável e inútil.’

Este �loka do Mah€bh€rata estabelece os limites da lógica, e por isso ®r…la R™pa Gosv€m…, o €c€rya de bhakti-m€rga, escreveu no Bhakti-ras€m�ta-sindhu (Seção Orien-tal 1.1.32):

svalpapi rucir eva syat bhakti-tattvavabodhik€ yu kaktis tu kevala naiva yad asya apratisthata

‘A pessoa poderá compreender bhakti-tattva somen-te quando tiver adquirido algum gosto pelos �€stras que estabelecem bhakti-tattva, como o ®r…mad-Bh€gavatam. Entretanto, não se pode entender este bhakti-tattva por lógica insípida somente, porque a lógica não tem base e os seus argumentos são infin-dáveis.’

Nada que seja genuíno poderá ser apurado por meio da lógica e do argumento, como é declarado neste antigo provérbio:

yatnenop€dito ‘py arthaƒ ku�alair anum€t�bhiƒ abhiyuktatarair anyair anyathaivopap€dyate

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411Pram€Ša e o Princípio de Prameya

‘Qualquer lógico pode estabelecer claramente todo tipo de assunto usando argumentos, mas alguém que é mais esperto em argumentar poderá facilmente re-futá-lo. Você poderá usar a lógica para estabelecer um siddh€nta hoje, mas um lógico mais inteligente e qualificado será capaz de refutá-lo amanhã, assim por que deveríamos confiar em lógica?’

Vrajan€tha: B€b€j…, entendi completamente os Vedas, isto é, o conhecimento que é svataƒ-siddha (auto-evidente) é o pram€Ša. Alguns lógicos argumentam con-tra os Vedas, mas seus esforços são infrutíferos. Agora, por favor, seja misericordioso e explique o segundo �loka do Da�a-m™la-tattva.

B€b€j…:

haris tv ekaˆ tattvaˆ vidhi-�iva-sure�a-praŠamitaƒ yad evedaˆ brahma prak�ti-rahitaˆ tat tv anumahaƒ

par€tm€ tasy€ˆ�o jagad-anugato vi�va-janakaƒ sa vai r€dh€-k€nto nava-jalada-k€nti� cid-udayaƒ

‘Na verdade, ®r… Hari, a quem Brahm€, ®iva, Indra e outros devat€s continuamente oferecem praŠ€ma, é a única Suprema Verdade Absoluta. O nirvi�e�a-brahma que é desprovido de �akti é a refulgência corpórea de ®r… Hari. Mah€-Vi�Šu, que criou o uni-verso e entrou nEle como a Superalma que habita no interior de todos, é simplesmente sua manifestação parcial. É somente este ®r… Hari, a forma da realidade transcendental (cit-svar™pa), cuja compleição é da cor de uma nuvem de chuva recém-formada é ®r… R€dh€-vallabha, o amado de ®r… R€dh€.’

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412 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

Vrajan€tha: As Upani�ads descrevem brahma, que é transcendental às relações materiais, por ser a suprema verdade. Então que argumento ou evidência ®r… Gaurahari usou para estabelecer brahma como a refulgência corpórea de ®r… Hari?

B€b€j…: ®r… Hari é certamente Bhagav€n, cuja natureza verdadeira tem sido certificada no Vi�Šu Pur€Ša (6.5.74):

ai�varya samagrasya viryasya ya�asaƒ �riyaƒ

jñ€na-vair€gyayo� caiva saŠŠ€m bhaga it…‰gan€ ‘Bhagav€n é a Verdade Absoluta Suprema dotado de seis qualidades inconcebíveis: completa opulên-cia, força, fama, beleza, conhecimento e renúncia.’

Agora, há uma relação mútua entre estas qualidades do corpo (a‰g…) e membros (a‰ga). Uma questão pode sur-gir, quais destas qualidades são a‰g…, e quais são a‰gas? O a‰g… (corpo) é aquele dentro do qual os a‰gas (membros) estão incluídos. Por exemplo, uma árvore é a‰g…, e as folhas e ramos são a‰gas; o corpo é a‰g…, e os pés e as mãos são seus a‰gas. Portanto, a principal qualidade (a‰g…-guŠa) re-presenta o corpo e todas as demais qualidades (a‰ga-guŠa) estão dispostas como seus membros.

O a‰g…-guŠa da forma transcendental de Bhagav€n é Sua beleza resplandecente (�r…); e as três qualidades – o-pulência (ai�varya), força (v…rya) e fama (ya�a) – são seus a‰gas (membros). As duas qualidades restantes – conheci-mento (jñ€na) e renúncia (vair€gya) são somente atribu-tos de uma qualidade, e não as qualidades originais em sua própria prerrogativa. Deste modo, jñ€na e vair€gya são realmente nirvik€ra-jñ€na, que é a forma intrínseca e

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413Pram€Ša e o Princípio de Prameya

constitucional de nirvi�e�a-brahma, e este brahma é a reful-gência corpórea do mundo espiritual. O imutável e inativo, nirvi�e�a-brahma, que existe sem corpo, membros e assim por diante, não é em si mesmo um tattva completo; ao con-trário, ele depende da forma transcendental de Bhagav€n. Brahma por esta razão não é um supremo vastu (entidade) que existe por sua própria prerrogativa; ele é uma qualidade de vastu. Bhagav€n é de fato este vastu e, brahma é Sua qualidade, assim como a luz de um fogo não é um tattva completo e independente, mas somente uma qualidade que depende do fogo.

Vrajan€tha: As qualidades impessoais, nirvi�e�a de brahma são descritas em muitas partes dos Vedas, e no fim destas descrições, o mantra `oˆ �€ntiƒ �€ntiƒ hariƒ oˆ’ é sempre usado para descrever a suprema verdade, ®r… Hari. Quem é este ®r… Hari?

B€b€j…: De fato, este ®r… Hari é cit-l…l€-mithuna (a forma combinada de R€dh€ e K��Ša), que realizam passa-tempos divinos.

Vrajan€tha: Irei inquirir sobre este assunto mais tarde. Agora, gentilmente, diga-me como é a forma de Param€tm€, o criador do universo e a manifestação parcial de Bhagav€n?

B€b€j…: Permeando todas as coisas por suas quali-dades de ai�varya (opulência) e v…rya (poder) e criando to-dos os universos, Bhagav€n entra em cada um deles pela Sua aˆ�a (manifestação parcial), Vi�Šu. Toda aˆ�a de Bhagav€n sempre permanece completa; nenhuma delas possui incompletude.

p™rŠam adaƒ p™rŠam idaˆ p™rŠ€t p™rŠam udacyate p™rŠasya p™rŠam €d€ya p™rŠam ev€va�i�yate

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414 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

(B�had-€raŠyaka Upani�ad 5.1) e Ÿ�opani�ad (Inv.)

‘O avat€r…-puru�a (a origem de todos os avat€ras) é completo e perfeito. Porque Ele é completamente perfeito, todos os avat€ras que emanam dEle, tam-bém são completos. Tudo o que emana do Supremo completo é completo. Até mesmo se o completo é subtraído do completo. Ele ainda permanece comple-to. De forma alguma este Parame�vara experimenta qualquer diminuição.’

Por esta razão, este todo completo, Vi�Šu, que entra no universo e o controla, é certamente a Superal-ma que reside em tudo, Param€tm€. Este Vi�Šu tem três formas: K€raŠodaka�€y… Vi�Šu, K�…rodaka�€y… Vi�Šu e Garbhodaka�€y… Vi�Šu. K€raŠodaka�€y… Vi�Šu, que é a manifestação parcial de ®r… Bhagav€n, situa-se no Oceano Causal, ou Rio Viraj€, o qual se estende entre os mundos cit e m€yika. De lá, ele lança seu olhar sobre m€y€, que está situada ao longe e, por este olhar o mundo material é criado. Bhagav€n ®r… K��Ša descreveu a criação do mundo material na ®r…mad Bhagavad-g…t€ (9.10):

may€dhyak�eŠa prak�tiƒ s™yate sa-car€caram ‘Sob Minha supervisão, Minha energia ilusória cria todo o universo repleto de seres móveis e inertes.’

Então, é dito, sa aik�ata: “Este Param€tm€ dirigiu seu olhar.” (Aitareya Upani�ad 1.1.1) Sa im€l lok€n as�jat: “Este Param€tm€ criou o universo de seres móveis e inertes 1.1.2)

O poder do olhar de K€raŠodaka�€y… Vi�Šu que

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415Pram€Ša e o Princípio de Prameya

penetra em m€y€, torna-se Garbodaka�€y… Vi�Šu, e os áto-mos localizados nos raios do olhar transcendental daquele Mah€-Vi�Šu são as almas condicionadas; Ÿ�vara está situado no coração de toda j…va, como a expansão de K�…rodaka�€y… Vi�Šu do tamanho de um polegar, também conhecido como HiraŠyagarbha. A ®vet€�vatara Upani�ad (4.6) declara, dv€ suparŠ€ s€yuj€ sakh€y€: “A j…va e o Param€tm€ estão no coração da j…va, como dois pássaros no galho de uma árvore. Um destes pássaros é Ÿ�vara, que concede os resultados das atividades fruitivas e, o outro pássaro é a j…va, que está sa-boreando os frutos de suas ações.” ®r… Bhagav€n expressou este tattva como segue na G…t€ Upani�ad (10.41):

yad yad vibh™timat sattvaˆ �r…mad ™rjitam eva v€ tad tad ev€vagaccha tvaˆ mama tejo’ˆ�a-sambhavam

‘Você deveria entender que toda opulência, existên-cia, esplendor e potência vêm de uma partícula di-minuta de Minha opulência. Portanto, Arjuna, qual é a necessidade de compreender a totalidade de Meus atributos separadamente? Simplesmente entenda que toda esta criação foi criada por Mim, através de uma expansão Minha e por isso eu permeio ela completa-mente.’

Assim, os atributos de Deus, como o criador emantenedor deste universo, estão manifestos em Param€tm€, a manifestação parcial (aˆ�a-svar™pa) do parama-puru�a Bhagav€n.

Vrajan€tha: Entendo que brahma é a refulgência corpórea de ®r… Hari, e que Param€tm€ é sua parte. Entre-tanto, que evidência há que Bhagav€n ®r… Hari é o próprio K��Ša?

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416 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

B€b€j…: ®r… K��Ša Bhagav€n está eternamente mani-festo em duas formas, uma é ai�varya (opulência e majesta-de) e a outra é m€dhurya (doçura). O aspecto de ai�varya é N€r€yaŠa, que é o Senhor do céu espiritual, VaikuŠ˜ha, e a origem de Mah€-Vi�Šu. ®r… K��Ša é a personificação completa do aspecto m€dhurya. Este K��Ša é o expoen-te máximo da completa doçura; de fato, Sua doçura é tão grande que seus raios cobrem por completo Sua ai�varya. Da perspectiva de siddh€nta ou tattva não há diferença en-tre N€r€yaŠa e K��Ša. No entanto, quando consideramos a intensidade do rasa a ser saboreada no mundo espiritual, K��Ša não é somente a base de todo rasa, mas Ele próprio é a forma completa de rasa, e também parama up€deya-tattva, o ser supremamente satisfeito. Encontramos evidên-cia nos Vedas, Upani�ads e Pur€Šas que ®r… K��Ša é Svayaˆ Bhagav€n ®r… Hari. Por exemplo, o ¬g Veda (1.12.164.31) declara:

apa�yaˆ gop€m aŠipadyam€ nam€ ca par€ ca pathibhi� carantam sa-sadhr…c…ƒ

sa vi�uc…r vas€na €var…vartti-bhuvane�v antaƒ

‘Vi um menino que apareceu na dinastia de pastores de vacas. Ele é infalível e jamais é aniquilado. Ele vagueia por vários caminhos, alguns próximos e alguns muito distantes. Algumas vezes ele está belamente decorado com várias roupas, e algumas vezes Ele usa roupas de uma única cor. Desta manei-ra, Ele repetidamente exibe Seus passatempos mani-festos e não-manifestos.’ Além do mais, na Ch€ndogya Upani�ad (8.13.1) é

declarado:

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417Pram€Ša e o Princípio de Prameya

�y€m€c chabalaˆ prapadye �abal€c chy€maˆ prapadye ‘Por oferecer seva a ®y€ma, a pessoa alcança Sua morada transcendental, que é plena de bem-aventu-rança transcendental e uma surpreendente variedade de l…l€s; e dentro daquele cit-jagat, a pessoa alcança o eterno abrigo de ®y€ma.’

Uma outra interpretação deste �loka é que a palavra ®y€ma refere-se a K��Ša e a palavra ®y€ma ou K��Ša, si-gnifica negro, descreve o nirguŠa-para-tattva, que é como o preto, sem cor, enquanto que a palavra �abala, que signi-fica gaura, refere-se a alguém que possui infinitas cores. Em outras palavras, quando o para-tattva possui todas as qualidades transcendentais, Ele é chamado gaura. O signi-ficado oculto deste mantra é que por realizar k��Ša-bhajana obtém-se Gaura, e que por realizar gaura-bhajana alcança-se K��Ša. Este e outros mantras descrevem as atividades das j…vas liberadas e perfeitas até mesmo após o estágio de mukti.

Lemos no ®r…mad-Bh€gavatam (1.3.28):

ete c€ˆ�€ƒ kal€ƒ puˆsaƒ k��Šas tu bhagav€n svayam

R€ma, N�siˆha e outros avat€ras são todos, porções (aˆ�as) ou porções plenárias (kal€) da Suprema Per-sonalidade, ®r… Bhagav€n, mas ®r… Krsna é o próprio Bhagav€n original.’

Na G…t€ Upani�ad (7.7), o próprio ®r… K��Ša diz, mattaƒ parataraˆ n€nyat kincid asti dhanañjaya: “Ó Ar-juna, não há nada superior a Mim,” e isto também é dito na Gop€la-t€pan… Upani�ad (P™rva 2.8):

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418 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

eko va�… sarva-gaƒ k��Ša …�yaƒ eko ’pi san bahudh€ yo ’vabh€ti

‘®r… K��Ša é onipresente, o não-dual para-brahma que controla todas as coisas. Ele é o único objeto adorável para todos os semideuses (devat€s), para a humanidade e para todas as outras formas de vida. Embora Ele seja um, através de Sua acintya-�akti Ele se manifesta de muitas formas e realiza muitas varie-dades de l…l€s.’

Vrajan€tha: Mas, como pode ®r… K��Ša ser onipre-sente se ele tem uma forma humana de estatura media-na? Se aceitarmos que Ele possui uma forma, isto signi-fica que Ele pode somente estar em um lugar a cada vez, e isto dá margem a muitas discrepâncias filosóficas. Pri-meiramente, Ele não pode ser o tattva onipresente, se Ele tem uma forma e um corpo. Em segundo lugar, se Ele tem um corpo estará limitado pelos modos da natureza mate-rial. Então, como Ele pode ser independente e ter autori-dade absoluta e ilimitada? Como isto pode ser conciliado? B€b€j…: Meu querido filho, você está pensando desta forma agora, porque está condicionado pelas qualidades de m€y€. Enquanto a inteligência estiver atada pelas qualida-des materiais, ela não pode tocar �uddha-tattva. Quando a inteligência condicionada tenta exceder suas próprias li-mitações tentando entender �uddha-tattva, ela sobrepõe a forma e as qualidades m€yika em �uddha-tattva e, portan-to concebe uma forma material da transcendência. Depois de algum tempo, o intelecto rejeita esta forma como sendo temporária, mutável, e sujeita aos modos materiais, e então ela imagina o nirvi�e�a-brahma. Por isto é que ninguém pode compreender a Verdade Absoluta Suprema por meio da

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419Pram€Ša e o Princípio de Prameya

inteligência. Quaisquer limitações que você inferir sobre a forma

transcendental mediana, são completamente infundadas. A ausência de forma, imutabilidade e inatividade simples-mente consiste de concepção material do que é oposto da nossa concepção de qualidades materiais, portanto, são em si mesmas um tipo de qualidade material. No entanto, ®r… K��Ša também possui qualidades de uma natureza com-pletamente diferente como Seu belo e desabrochante rosto sorridente; Seus olhos de lótus; Seus belos pés de lótus; que concedem destemor e paz aos Seus bhaktas; e Sua forma espiritual, que é a pura personificação da transcendência, com membros e corpo perfeitamente adequados para rea-lizar passatempos divertidos. O tamanho mediano da �r…-vigraha, que é a própria base nestes dois tipos de qualida-des (forma e onipresença), é supremamente agradável. O N€rada-pañcar€tra descreve Seu Supremo poder de atração para a mente nesta descrição repleta de todo siddh€nta:

nirdo�a-guŠa-vigraha €tma-tantro

ni�cetan€tmaka-�ar…ra-guŠai� ca h…naƒ €nanda-m€tra-kara-p€da-mukhodar€dhiƒsarvatra ca svagata-bheda-vivarjit€tm€

‘O corpo transcendental de ®r… K��Ša é composto de eternidade, consciência e bem-aventurança, sem mesmo um traço de qualidades materiais. Ele não está sujeito ao tempo ou espaço materiais. Ao con-trário, Ele existe completamente em todos os lugares e em todos os tempos simultaneamente. Sua forma e existência são a personificação da não-dualidade absoluta (advaya-jñ€na-svar™pa-vastu).’

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420 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

A amplidão (espaço) é uma entidade ilimitada no mundo material. Pela estimativa material, somente um objeto sem forma pode ser ilimitado ou onipresente; uma entidade com uma forma mediana, não pode. Contudo, esta concepção somente se aplica no mundo material. No mun-do espiritual, todos os objetos e suas naturezas intrínsecas e atributos são ilimitados, então a forma de ®r… K��Ša também é onipresente. Os objetos de tamanho médio neste mundo material não têm esta qualidade de onipresença, mas isto se manifesta de uma maneira encantadora na �r…-vigraha de ®r… K��Ša de tamanho mediano. Esta é a glória supramunda-na de Sua vigraha transcendental. Podem, tais atributos gloriosos serem encontrados na concepção do brahma oni-presente? As substâncias materiais estão sempre limitadas por tempo e espaço. Se uma entidade que está naturalmente além dos efeitos do tempo é comparada ao céu onipresente, o qual é limitado por tempo e espaço, então esta entidade não está além da influência do tempo, de forma incompara-velmente maior?

O vraja-dh€ma de ®r… K��Ša não é outra senão Brahma-pura, a qual é mencionada na Ch€ndogya Upani�ad. Esta vraja-dhama é uma realidade completa-mente transcendental, e está constituída de todos os ti-pos de variedades transcendentais. Tudo neste lugar – a terra, água, rios, montanhas, árvores, trepadeiras, ani-mais, pássaros, céu, sol, lua e constelações – é transcen-dental e desprovido de limitações e defeitos materiais.

O prazer consciente está sempre presente em todo lugar, em sua forma mais plena. Meu querido filho, esta M€y€pura-Navadv…pa auto-manifesta é aquela morada espiritual. Você é incapaz de perceber isto, porque você está preso na rede de m€y€. Mas, quando pela misericórdia dos

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santos e s€dhus, a consciência espiritual despertar em seu coração, você perceberá esta terra como o dh€ma espiritual, e somente então alcançará a perfeição de vraja-v€sa (resi-dência em Vraja).

Quem disse a você que deve haver qualidades e de-feitos materiais aonde quer que haja uma forma mediana? Você não pode realizar as glórias transcendentais reais da forma mediana, enquanto sua inteligência estiver limitada pelas impressões materiais.

Vrajan€tha: Nenhuma pessoa inteligente pode ter alguma dúvida sobre este ponto. Todavia, eu gostaria de sa-ber quando, onde e como a vigraha de K��Ša, dh€ma e l…l€ espirituais são manifestos dentro das limitações materiais, desde que a vigraha de ®r… R€dh€-K��Ša, Suas compleições corpóreas, Suas l…l€s, associados, casas, bosques de passa-tempos, florestas, florestas secundárias e todos os outros objetos no mundo espiritual são transcendentais.

B€b€j…: ®r… K��Ša possui todas as potências, de modo que o que parece ser impossível é realmente pos-sível para Ele. O que há de surpreendente nisto? Ele é a personalidade onipotente (sarva-�aktim€n puru�a), o su-premo controlador completamente independente, que é completamente autocrático e imbuído de l…l€. Simplesmen-te pelo Seu desejo, Ele pode aparecer neste mundo mate-rial na Sua mesma forma espiritual junto com Sua mora-da espiritual. Como pode haver alguma dúvida sobre isto?

Vrajan€tha: Por Seu desejo, Ele pode fazer tudo, e Ele pode manifestar Sua forma puramente espiritual neste mundo material – o que é muito claro. Entretanto, as pessoas materialistas tendem a pensar que a própria morada transcendental de ®r… K��Ša que é manifesta aqui é simplesmente uma parte deste universo material, e eles

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422 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

percebem Sua vraja-l…l€ como sendo atividades m€yikas co-muns. Por que é assim? Como as pessoas mundanas não po-dem ver a forma espiritual e auto-manifesta de K��Ša como sac-cid-€nanda, quando Ele misericordiosamente aparece neste mundo de nascimento e morte?

B€b€j…: Uma das qualidades transcendentais e ili-mitadas de K��Ša é bhakta-v€tsalya (afeição por seus bhaktas). Em virtude desta qualidade, Seu coração se der-rete, por meio de Sua hl€din…-�akti, Ele concede a Seus bhaktas um tipo de potência espiritual que os capacita a ter dar�ana direto de Sua forma auto-manifesta e de Seus passatempos transcendentais. Todavia, os olhos, os ouvidos e outros sentidos dos não-devotos são formados por m€y€, assim eles não podem ver a diferença entre os passatempos espirituais de Bhagav€n e os eventos mundanos da história humana.

Vrajan€tha: Então, isto significa que Bhagav€n ®r… K��Ša não descende para conceder misericórdia para todas as j…vas?

B€b€j…: Bhagav€n certamente descende para o be-nefício do mundo inteiro. Os bhaktas veem sua descida e l…l€ como transcendental, enquanto que os não-devotos percebem-na como assuntos humanos comuns, os quais acontecem sob a influência de princípios materiais. Em-bora estas l…l€s tenham o poder de outorgar um tipo de mérito espiritual (suk�ti), e a medida que esta suk�ti vai acumulando, a pessoa desenvolve uma fé unidireciona-da – �raddha – em k��Ša-bhakti. O advento de Bhagav€n beneficia todas as j…vas no universo, porque as j…vas que possuem esta �raddh€ e realizam ananya-bhakti-s€dhana (serviço devocional puro) poderão ver um dia a for-ma transcendental e os passatempos (l…l€) de Bhagav€n.

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423Pram€Ša e o Princípio de Prameya

Vrajan€tha: Por que k��Ša-l…l€ não é claramente descrito em todos os Vedas?

B€b€j…: Os passatempos de ®r… K��Ša são descritos em algumas partes dos Vedas, ainda que em certas partes sejam descritos diretamente e em outras indiretamente. O significado das palavras de um texto é determinado me-diante dois tipos de expressões ou tendências: o sentido direto ou literal (abhidh€); e o sentido indireto ou secun-dário (lak�aŠa). Estes também são chamados mukhya-v�tti e gauŠa-v�tti, respectivamente. O sentido literal (abhidh€-v�tti) do mantra, �y€m€c chabalaˆ prapadye, na última seção da Ch€ndogya Upani�ad, descreve a eternidade de rasas e a atitude de serviço das j…vas liberadas por K��Ša de acordo com suas respectivas rasas. O significado indi-reto das palavras se denomina gauŠa-v�tti (sentido secun-dário). No início da conversação entre Yajña-valkya, G€rg… e Maitrey…, as qualidades de K��Ša são descritas por meio de apresentação indireta (lak�aŠa-v�tti) e por fim, a su-premacia de K��Ša é estabelecida por meio da apresenta-ção direta (mukhya-v�tti). Os passatempos eternos (nitya-l…l€) de Bhagav€n algumas vezes são indicados nos Vedas, pela expressão direta das palavras, e em muitos lugares, a aproximação indireta descreve as glórias de brahma e de Paramatma. De fato, este é o propósito de todos os Vedas para descrever as glórias de ®r… K��Ša.

Vrajan€tha: B€b€j… Mah€�aya, não há dúvida que Bhagav€n ®r… Hari é para-tattva, mas qual é a posição dos semiseuses – devat€s –, tais como Brahm€, ®iva, Indra, S™rya e GaŠe�a? Por favor, seja misericordioso e ex-plique isto para mim. Muitos br€hmaŠas adoram Mah€deva como o mais elevado brahma-tattva. Uma vez que nasci em família de br€hmaŠa, tenho ouvido e dito isto desde meu

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nascimento até agora. Quero saber qual é a verdade real.B€b€j…: Agora, vou lhe descrever as respectivas quali-

dades das entidades vivas comuns, os adoráveis semideuses (devat€s e dev…s) e de ®r… Bhagav€n. Por meio do grau de suas respectivas qualidades, você pode facilmente entender a verdade concernente ao supremo objeto de adoração.

ayaˆ net€ su-ramy€‰gaƒ sarva-sad-lak�aŠ€nvitaƒ ruciras tejas€ yukto bal…y€n vayas€nvitaƒ

‘Estas são as qualidades de ®r… K��Ša, o herói supre-mo: 1) Os membros do Seu corpo são agradavelmen-te encantadores; 2) Ele possui todas as características auspiciosas; 3) Ele é todo-atrativo; 4) Ele é resplan-decente; 5) forte; e 6) eternamente jovem.

vividh€dbhuta-bh€�€-vit satya-v€kyaƒ priyaˆ-vadaƒ v€vad™kaƒ su-p€Š�ityo buddhim€n pratibh€nvitaƒ

7) conhecedor de muitos tipos de idiomas surpreen-dentes; 8) veraz; 9) orador cativante; 10) eloquen-te; 11) inteligente; 12) sábio; 13) habilidoso;

vidagdha� caturo dak�aƒ k�ta-jñaƒ su-d��ha-vrataƒ de�a-k€la-sup€tra-jñaƒ �€stra-cak�uƒ �ucir va�… 14) perito em saborear doçuras; 15) talentoso; 16) experto; 17) grato; 18) muito firme em seus votos; 19) astuto em julgar de acordo com o tempo, lu-gar e circunstância; 20) vidência através dos olhos dos �€stras; 21) puro; 22) auto-controlado;

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425Pram€Ša e o Princípio de Prameya

sth…ro d€ntaƒ k�am€-�ilo gambh…ro dh�tim€n samaƒ vand€nyo dh€rmikaƒ �™raƒ karuŠo m€nya-m€na-k�t

23) firmeza; 24) paciente; 25) clemente; 26) impene-trável; 27) sóbrio; 28) equilibrado; 29) munificente; 30) virtuoso; 31) nobre; 32) compassivo; 33) respei-toso com os outros;

dak�iŠo vinay… hr…m€n �araŠagatah-p€lakaƒ sukh… bhakta-suh�t prema-va�yaƒ sarva-�ubhaŠ-karaƒ

34) amável; 35) modesto; 36) tímido; 37) o protetor das almas rendidas; 38) feliz; 39) o bem-querente de Seus bhaktas; 40) controlado por prema; 41) benfei-tor de todos;

prat€p… k…rtim€n rakta-lokaƒ s€dhu-sam€�rayaƒ

n€r…-gaŠa-manoh€r… sarv€r€dhyaƒ sam�ddhim€n

42) o atormentador de Seus inimigos; 43) famoso; 44) amado por todos; 45) parcial com os sadhus; 46) encanta a mente das mulheres; 47) supremamente adorável; 48) supremamente opulento;

var…y€n …�vara� ceti guŠ€s tasy€nuk…rtit€ƒ samudr€ iva pañc€�ad durvig€h€ harer am…

49) superior a todos; 50) o controlador. Estas cin-quenta qualidades estão presentes em Bhagav€n ®r… Hari em um grau ilimitado como num insondável oceano.’

Elas estão presentes num grau diminuto nas j…vas, enquanto que estão plenamente representadas em

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426 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

Puro�ottama Bhagav€n. Outras cinco qualidades estão re-presentadas em Brahm€, ®iva e outros semideuses (devat€s), mas não em j…vas comuns:

sad€ svar™pa-sampr€ptaƒ sarva-jño nitya-n™tanaƒ sac-cid-€nanda-s€ndragah sarva-siddhi-ni�evitaƒ

‘51) Ele está sempre situado em Sua svarupa; 52) ele é onisciente; 53) sempre viçoso; 54) Ele é a for-ma concentrada de existência, conhecimento e bem-aventurança; e 55) é servido por todas as opulências místicas.’

Estas cinquenta e cinco qualidades estão parcialmen-te presentes nos semideuses (devat€s):

athocyante guŠ€ƒ pañca ye lak�m…�€di-vartinaƒ avicintya-mah€-�aktiƒ ko˜i-brahm€Š�a-vigrahaƒ

avat€raval…-b…jaˆ hat€ri-gati-d€yakaƒ €tm€r€ma-gaŠ€kar�…ty am… k��Še kil€dbhut€ƒ

‘Lak�m…pati N€r€yaŠa tem cinco qualidades adi-cionais: 56) Ele possui potências inconcebíveis; 57) inumeráveis universos estão situados dentro do Seu corpo; 58) é a causa original ou semente de todos os avat€ras; 59) concede gati (a mais elevada meta) para aqueles que são mortos por Ele; 60) pode atrair até mesmo aqueles que são €tm€r€ma (auto-satis-feito).’

Estas cinco qualidades adicionais não estão presentes em Brahm€ ou ®iva, mas elas estão notavelmente presentes em ®r… K��Ša em sua forma mais completa.

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427Pram€Ša e o Princípio de Prameya

Além destas sessenta qualidades, o próprio ®r… K��Ša tem quatro qualidades extras, a saber:

sarv€dbhuta-camatk€ra-l…l€-kallola-v€ridhiƒ atulya-m€dhurya-prema-maŠ�ita-priya-maŠ�alaƒ

tri-jagan-m€nas€kar�…-mural…-kala-k™jitaƒ asam€norddhva-r™pa-�r…ƒ vism€pita-car€caraƒ

‘61) Ele é como um vasto oceano abundante com as ondas mais surpreendentes de maravilhosas l…l€s; 62) é adornado com incomparável m€dhurya-prema; e é a auspiciosidade personificada para Seus amados bhaktas, que também têm um inigualável prema por Ele; 63) atrai aos três mundos com a maravilhosa vi-bração de Sua flauta (mural…); e 64) a radiante beleza (r™pa) de Sua forma transcendental é inigualável, ca-tivante e surpreendente para todas as entidades mó-veis e inertes dos três mundos.’

l…l€ premŠ€ priy€dhikyaˆ m€dhurye veŠu-r™payoƒ ity as€dh€raŠaˆ proktaˆ govindasya catu�˜ayam

‘As sessenta e quatro qualidades e sintomas de ®r… K��Ša que foram descritas, incluem l…l€-m€dhur…, prema-m€dhur…, veŠu-m€dhur… e r™pa-m€dhur…. Es-tas são as quatro extraordinárias qualidades que so-mente Ele possui.’

Estas sessenta e quatro qualidades são completamente e eternamente manifestas em ®r… K��Ša, que é a personifi-cação de sac-cid-€nanda.

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428 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 13

As últimas quatro qualidades estão presentes somente na svar™pa de ®r… K��Ša, e não em qualquer uma de Suas outras formas de passatempos. Além destas quatro qualida-des, as outras sessenta qualidades estão esplendorosamente situadas em seu completo e total estado de consciência em ®r… N€r€yaŠa, o qual é a personificação da Transcendência. Deixando de lado as últimas cinco qualidades destas ses-senta qualidades, as demais cinquenta e cinco estão presen-tes até certo ponto em ®iva, Brahm€ e outros devat€s, e as primeiras cinquenta qualidades estão presentes num grau diminuto em todas as j…vas.

Os semideuses (devat€s) como ®iva, Brahm€, S™rya, GaŠe�a e Indra, são dotados com qualidades parciais de Bhagav€n a fim de reger assuntos do universo material. Eles receberam uma quantidade especial de opulências de Bhagav€n para fazer isto, assim eles são considerados um tipo de encarnação especial. A natureza inerente e consti-tucional de todos estes devat€s é que eles são servos de Bhagav€n, e muitas j…vas obtiveram bhagavad-bhakti atra-vés da misericórdia deles. Desde que eles são muito mais qualificados do que outras j…vas, eles também são consi-derados deidades adoráveis entre as j…vas, dependendo da qualificação e do nível de consciência da j…va. Realizar o p™j€ deles, é portanto, considerado como uma ramificação secundária das regras e regulações de bhagavad-bhakti. Eles são sempre adorados como gurus das j…vas, pois eles misericordiosamente concedem a estas K��Ša-bhakti uni-direcionada. Mah€deva, o Ÿ�vara de todos os devas, é tão-completo em bhagavad-bhakti que é compreendido como não diferente de bhagavad-tattva. Esta é a razão pela qual os M€y€vad…s adoram-no como o supremo brahma-tattva.

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429Pram€Ša e o Princípio de Prameya

Assim termina o Décimo Terceiro Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Pram€Ša e o Princípio de Prameya”

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Capítulo 14Prameya: ®akti-Tattva

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Na noite anterior, os ensinamentos do venerável B€b€j…, causaram uma profunda impressão em Vrajan€tha que contemplou todas aquelas instruções e sentiu-se satis-feito.

Algumas vezes ele pensava, “Oh! Quão extraordinári-os e inigualáveis são os ensinamentos de ®r… Gaur€‰ga; simplesmente ouvindo-os, sinto como que levado nas ondas de um oceano de néctar, e quanto mais ouço, mais sede e avidez ocorre ao ouvir. Parece que o néctar condensado de todos os tattvas fluem da boca de lótus de B€b€j… Mah€�aya, e meu coração nunca fica satisfeito por ouvir. Todos os seus ensinamentos sobre o siddh€nta são perfeitamente harmo-nizados sem nenhum sinal de incoerência. É como se todos os �€stras fossem atrás daquelas conclusões para sustentar cada uma de suas letras. Não posso entender porque a so-ciedade de br€hmaŠas critica tais ensinamentos. Vejo que a propensão deles pela filosofia M€y€vada fizeram-lhes ado-tar uma filosofia falsa.”

Vrajan€tha estava pensando desta maneira quando

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chegou ao kutira de Raghun€tha d€sa B€b€j…. Primeiro ofereceu reverências para o kutira e, então, ao ver B€b€j… Mah€�aya ofereceu-lhe reverências. B€b€j… Mah€�aya a-fetuosamente abraçou-o e pediu para que sentasse a seu lado.

Após sentar-se, com grande entusiasmo Vrajan€tha falou, “Prabhu! Ontem você me disse, que iria explicar o terceiro �loka do Da�a-m™la. Sinceramente desejo ouví-lo. Por favor, seja misericordioso e explique-o para mim.”

B€b€j… Mah€�aya ficou muito feliz ao ouvir isto, e com todos os pelos do seu corpo arrepiados de êxtase, co-meçou a falar:

par€khy€y€ƒ �akter ap�thag api as sve mahimani sthito j…v€khy€ˆ sv€m acid-abhihit€ˆ t€ˆ tri-padik€m

sva-tantrecchaƒ �aktiˆ sakala-vi�aye preraŠa-paro vik€r€dyaiƒ �unyaƒ parama-puru�o ‘yaˆ vijayate Da�a-m™la (3)

‘Embora ®r… Bhagav€n não seja diferente de Sua potência inconcebível e transcendental (par€-�akti), Ele tem seus desejos e natureza independentes. Sua energia transcendental par€-�akti consiste de três aspectos – cit-�akti (potência espiritual), j…va-�akti (potência marginal) e m€y€-�akti (potência externa) – e Ele sempre inspira essas potências a se ocuparem em suas respectivas funções. Este par€-tattva (A Verdade Absoluta Suprema), mesmo enquanto rea-liza todas estas atividades, permanece imutável e está eternamente situado na svar™pa transcenden-tal plena, em Sua própria glória.’

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435Prameya: ®akti-Tattva

Vrajan€tha: Os br€hmaŠas declaram que a forma brahma de par€-tattva não tem �akti e, eles dizem que Sua �akti é somente manifesta em sua forma de Ÿ�vara. Gostaria de ouvir as conclusões dos Vedas sobre isto.

B€b€j…: A �akti de par€-tattva manifesta-se em todas as Suas formas. Os Vedas dizem:

na tasya k€ryaˆ karaŠaˆ ca vidyate na tat-sama� c€bhyadhika� ca d��yate

par€sya �aktir vividhaiva �r™yate sv€bh€vik… jñ€na-bala-kriy€ ca

®vet€�vatara Upani�ad (6.7-8)

‘Nenhuma destas atividades de para-brahma Param€tm€ são mundanas, porque nenhum de Seus sentidos tais como Suas mãos e pernas, são mate-riais. Assim por meio do Seu corpo transcendental, Ele realiza Seus passatempos sem nenhum sentido material e está presente em todo lugar ao mesmo tempo. Portanto, ninguém é igual a Ele e muito me-nos superior. A potência divina de Parame�vara foi descrita no �ruti de muitas maneiras, dentre as quais, a descrição de Sua jñ€na-�akti (conhecimento), Sua bala-�akti (poder), e Sua kriy€-�akti (potência para atividade) são as mais importantes. Estas também são chamadas de cit-�akti ou saˆvit-�akti; sat-�akti ou sandhin…-�akti; e €nanda-�akti ou hl€din…-�akti, respectivamente.’

Referente a uma descrição de cit-�akti, é dito:

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e dhy€na-yog€nugat€ apa�yandev€tma-�aktiˆ sva-guŠair nig™�h€m

yaƒ k€raŠ€ni nikhil€ni t€ni k€l€tma-yukt€ny adhiti�˜haty ekaƒ

®vet€�vatara Upani�ad (1.3)

‘Os tattva-jña ��is se estabeleceram em sam€dhi-yoga, e sendo inspirados pelas qualidades de para-brahma tiveram percepção direta de Suas potências internas transcendentais mais confidenciais. Deste modo, eles realizaram Bhagav€n, que é a base e o controlador de todas as causas, da j…va, de prak�ti (natureza material), de k€la (tempo) e do karma.’

Referente a j…va-�akti:

aj€m ek€ˆ lohita-�ukla-k��n€ˆ bahv…ƒ praj€ƒ s�jam€n€ˆ svar™p€ƒ

ajo hy eko jusam€Šo `nu�ete jah€ty en€ˆ bhukta-bhog€ˆ ajo `nyaƒ ®vet€�vatara Upani�ad (4.5)

‘Há dois tipos de j…vas não-nascidas (aja). As j…vas do primeiro tipo são ajñ€ni, ignorantes, e adoram a prak�ti de Bhagav€n. Esta prak�ti, cujas formas são vermelha, branca e preta, são também não-nascidas como Bhagav€n. Contudo, o segundo tipo de aja são jñ€n…s. Eles superaram a ignorância e por isso renun-ciaram completamente esta prak�ti, a qual os outros se empenham em desfrutar.’

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437Prameya: ®akti-Tattva

Referente à m€y€-�akti:

chand€ˆsi yajñ€ƒ kratavo vrat€ni bh™taˆ bhavyaˆ yac ca ved€ vadanti

asm€n m€y… s�jate vi�vam etat tasmiˆ� c€nyo m€yay€ sanniruddhaƒ

®vet€�vatara Upani�ad (4.9)

‘Param€tm€, que é o mestre de m€y€-prak�ti (a natu-reza material ilusória), criou todos os ensinamentos dos Vedas; yajñas especiais, tais como jyoti�˜oma, que são realizados com ghee; vários tipos de vrata (jejuns, sacrifícios, austeridades); e tudo o que tem existência no passado, presente e futuro, isto é, o mundo inteiro, cujas descrições são encontradas nos Vedas. Este Ÿ�vara (Senhor) de m€y€ criou tudo isto, e as aja j…vas estão atadas a Sua m€y€.’

O mantra Védico, par€sya-�aktiƒ (citado em pági-nas anteriores, Svet. Up. 6.7-8), explica que há uma �akti transcendental até mesmo no mais elevado estágio de para-tattva. A aparência pessoal deste para-tattva é chamada Bhagav€n, e a manifestação nirvi�e�a é chamada brahma. Em nenhuma parte dos Vedas é descrito que o para-tattva não possui �akti. O que é chamado de brahma é uma ma-nifestação de para-tattva, e este nirvi�e�a-brahma também é manifesto por para-�akti. Portanto, também há potência transcendental em nirguŠa-nirvi�e�a-brahma. Em algumas partes dos Vedas e das Upani�ads, a para-�akti é chama-da de svar™pa-�akti, em outras é conhecida como cit-�akti, e em outras partes como antara‰ga-�akti. Realmente, não há tal vastu como brahma sem �akti; ele é simplesmente a

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imaginação dos M€y€v€d…s. Na realidade, o nirvi�e�a-brahma está além da concepção limitada M€y€v€da. O savi�e�a-brahma foi descrito como segue nos Vedas:

ya eko varŠo bahudh€ �akti-yog€d varŠ€m anek€n nihit€rtho dadh€ti

®vet€�vatara Upani�ad (4.1)

‘Embora tenha só uma cor, Ele assume muitas cores (bh€vas) pela força de Sua �akti pessoal. Muitas co-res – isto é, vários tipos de potência – existem den-tro dEle. Na verdade, todo o mundo existe por causa dEle, pois Ele é o criador.’

ya eko j€lav€n …�ata …�an…bhiƒ sarv€l lok€n …�ata …�an…bhiƒ

®vet€�vatara Upani�ad (3.1)

‘Ele é o Ÿ�vara do mundo inteiro, é inigualável, e o Senhor de m€y€, a qual é como uma rede em que as j…vas estão enredadas. Ele regula o mundo inteiro pela Sua ai�… �akti.’

Agora observamos como a �akti de para-tattva nunca está ausente dEle. Para-tattva é sempre auto-iluminado e auto-manifesto. Os mantras Védicos descrevem os três ti-pos de �akti deste tattva auto-manifesto como segue:

sa vi�vak�d vi�vavid€tma-yonirjñaƒ k€lak€lo guŠ… sarvavid yaƒ

pradh€na-k�etrajña-patirgune�aƒ saˆs€ra-mok�a-sthiti-bandhahetuƒ

®vet€�vatara Upani�ad (6.16)

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439Prameya: ®akti-Tattva

‘Esse Paramatma é onisciente e o criador do mun-do. Ele é auto-manifesto (€tm€-yoni), o controlador de k€la (tempo), o conhecedor de tudo, o Ÿ�vara de pradh€na (m€y€), e o Ÿ�vara de todos os k�etrajñas (j…vas). Ele é pleno de todas as qualidades transcen-dentais e esta além de todas as qualidades materiais, ainda assim Ele é o Senhor delas. Ele prende as j…vas ao saˆs€ra, situa-as em suas posições e as libera de-las.’

Este mantra descreve os três níveis de para-�akti. A palavra pradh€na refere-se à m€y€-�akti; a palavra k�etrajña, à j…va-�akti; e a palavra k�etrajña-pati faz alusão à cit-�akti. Os M€y€v€d…s explicam que o brahma é a manifestação de para-tattva sem �akti, e este Ÿ�vara é uma manifestação desta dotada de toda �akti, mas esta doutrina é simplesmen-te imaginária. Na realidade, Bhagav€n sempre possui todas as �aktis. A �akti está presente em todos os seus aspectos. Ele está eternamente situado em Sua svar™pa e, embora Ele tenha todas as �aktis em Sua svar™pa, Ele continua sendo a Pessoa Suprema, em Sua vontade própria independente.

Vrajan€tha: Se Ele está plenamente associado com a �akti, Ele somente trabalha com o auxílio dela. Então, onde está Sua natureza e desejos independentes?

B€b€j…: ®akti-�aktimator abhedhaƒ – de acordo com as declarações do Ved€nta, a �akti (potência) e o �aktim€n puru�a (a Pessoa Suprema que possui toda �akti) não são diferentes. Uma obra mostra a influência de �akti; isto é, todo o trabalho é executado somente através da �akti. To-davia, o desejo de realizar uma atividade é uma indicação de �aktim€n.

O mundo material mundano é o trabalho de m€y€-�akti, todas as j…vas estão a trabalho de j…va-�akti, e o

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cid-jagat (mundo espiritual) é o serviço de cit-�akti. Bhagav€n inspira a cit-�akti, j…va-�akti e m€y€-�akti a se ocuparem em suas respectivas atividades, mas Ele mesmo permanece o imutável nirvik€ra (desapegado e não-afeta-do) por elas.

Vrajan€tha: Como Ele pode permanecer inalterável (nirvik€ra), se trabalha de acordo com Seu desejo inde-pendente? Na verdade, possuir um desejo independente (sva-icch€maya) significa que Ele experimenta vik€ra (transformação).

B€b€j…: Nirvik€ra significa estar livre de quaisquer transformações materiais (m€yika-vik€ra). M€y€ é a som-bra da svar™pa-�akti. O trabalho de m€y€ é real, mas não é uma realidade eterna. Deste modo, o defeito de m€y€ não está presente na para-tattva. O vik€ra que está presente em ®r… Hari, na forma de Seu desejo e passatempos, nada mais é do que a mais elevada manifestação de prema. Tais mara-vilhosas manifestações de variedades transcendentais estão presentes em advaya-jñ€na Bhagav€n. Apesar de criar o mundo material pelo Seu desejo através de Sua m€y€-�akti, a natureza deste cit permanece em existência eterna e com-pleta. M€y€ não tem conexão com a surpreendente varie-dade de l…l€s de Bhagav€n no mundo espiritual. Porém, as j…vas cuja inteligência estão entorpecidas pela influência de m€y€ pensam que a maravilhosa variedade do mundo espi-ritual é apenas uma outra atividade de m€y€.

Alguém que sofre de icterícia vê todas as coisas ama-reladas, e alguém cujos olhos estão encobertos pelas nuvens percebe que o sol também está encoberto pelas nuvens. Si-milarmente, aqueles com inteligência m€yika imaginam que os transcendentais nomes, formas, qualidades e passa-tempos também são m€yika.

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441Prameya: ®akti-Tattva

O significado é que m€y€-�akti é uma sombra de cit-�akti, assim as variedades encontradas nas atividades espirituais também estão refletidas no trabalho de m€y€. A variedade vista em m€y€-�akti é um reflexo inferior, ou sombra, das variedades encontradas em cit-�akti, embora, estes dois tipos de variedades sejam aparentemente simila-res entre si, na realidade eles são completamente opostos. Aparentemente, o reflexo de uma pessoa num espelho as-semelha-se mesmo com o seu corpo. Entretanto, com um exame cuidadoso são vistos exatamente como opostos, pois um é o corpo e o outro é o reflexo. Várias partes do corpo aparecem opostas em seu reflexo: a mão esquerda aparece no lado direito e a mão direita no esquerdo; o olho esquerdo aparece no lado direito e o olho direito no lado esquerdo. Similarmente, as variedades do mundo espiritual e as que aparecem no mundo material superficialmente parecem ser as mesmas, mas diante do ponto de vista sutil, contudo, elas são opostas entre si, pois a variedade material é um reflexo distorcido das variedades transcendentais. Porém, embora exista alguma similaridade aparente, não obstante, elas são em essência diferentes. Esta Pessoa Suprema independente, que trabalha por Seu próprio doce desejo, é o controlador de m€y€. Ele é livre de qualquer transformação m€yika, e por meio de m€y€ satisfaz Seus propósitos.

Vrajan€tha: Qual das �aktis de ®r… K��Ša é ®r…mat… R€dhik€?

B€b€j…: Como ®r… K��Ša é o completo �aktim€n-tattva, ®r…mat… R€dhik€ é Sua �akti completa.

Ela pode ser chamada de svar™pa-�akti completa. De maneira que Eles possam desempenhar e saborear Suas l…l€s, ®r…mat… R€dhik€ e K��Ša estão eternamente separados, mas também são eternamente inseparáveis, como o almíscar

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e seu perfume são mutuamente inseparáveis, e o fogo e o seu calor não podem ser separados um do outro. Esta svar™pa-�akti, ®r…mat… R€dhik€, tem três tipos de potências de atividade (kriy€-�akti). Elas são conhecidas como: cit-�akti, j…va-�akti e m€y€-�akti. A cit-�akti também é chama-da de potência interna (antara‰ga-�akti); m€y€-�akti é cha-mada de potência externa (bahira‰ga-�akti); e a j…va-�akti é chamada de potência marginal (ta˜astha-�akti). Embora a svar™pa-�akti seja uma, Ela atua destas três maneiras. Todas essas características eternas da svar™pa-�akti estão completamente presentes em cit-�akti e, em um grau dimi-nuto na j…va-�akti, e de uma maneira distorcida em m€y€-�akti.

Além destes três tipos de kriy€-�akti (potência de ati-vidade) que descrevi, svar™pa-�akti também tem três outros tipos de funções, a saber: hl€din…, sandhin… e saˆvit. Elas são descritos como segue no Da�a-m™la (4):

sa vai hl€diny€� ca praŠaya-vik�ter hl€dana-ratas tath€ samvic-chakti-praka˜ita-raho-bh€va-rasitaƒ tath€ �r…-sandhiny€ k�ta-vi�ada-tad-dh€ma-nicaye

ras€mbodhau magno vraja-rasa-vil€s… vijayate

‘Há três funções de svar™pa-�akti: hl€din…, sandhin… e saˆvit. K��Ša permanece perpetuamente imerso no praŠaya-vik€ra da hl€din…-�akti. Por causa dos bh€vas confidenciais evocados por saˆvit-�akti, Ele está sempre situado como rasika-�ekhara saboreando sempre um novo rasa. Este príncipe supremamente independente dos passatempos, ®r… K��Ša, está sem-pre submerso no oceano de vraja-rasa em Sua mo-rada transcendental completamente bem-aventurada, liderada por V�nd€vana, a qual se manifesta através de sandhin…-�akti. Todas as glórias a Ele.

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443Prameya: ®akti-Tattva

O significado é que os três aspectos da svar™pa-�akti – a saber: hl€din…, sandhin… e saˆvit – influenciam com-pletamente todas as atividades de cit-�akti, j…va-�akti e m€y€-�akti. A hl€din…-v�tti da svar™pa-�akti, como ®r…mat… R€dhik€, a filha de V��abh€nu Mah€r€ja, proporciona bem-aventurança e prazer transcendental absolutos para K��Ša. ®rimat… R€dhik€ é a personificação de mah€bh€va. Ela dá felicidade a K��Ša em Sua própria forma transcendental, e também, eternamente manifesta oito bh€vas como as oito principais sakh…s, que são extensões diretas (k€ya-vy™ha) de Sua própria svar™pa. Além disso, Ela manifesta seus quatro humores diferentes de serviço nos quatro tipos diferentes de sakh…s – a saber, priya-sakh…s, narma-sakh…s, pr€Ša-sakh…s e parama-pre�˜ha-sakh…s. Todas estas sakh…s são nitya-siddha-sakh…s dentro do reino transcendental de Vraja.

A saˆvit-v�tti da svar™pa-�akti, manifesta todos os variados humores dos relacionamentos (sambhanda-bh€vas) de Vraja. Sandhin… manifesta todas as coisas em Vraja que consiste de água, terra e outros, tais como os vila-rejos, florestas, bosques e Giri-Govardhana, que são os lo-cais dos passatempos de K��Ša. Também manifesta todos os outros objetos transcendentais usados nos passatempos de K��Ša, bem como os corpos transcendentais de ®r… R€dhik€, ®r… K��Ša, as sakh…s, os sakh€s, as vacas, os d€sas e d€sis e outros.

®r… K��Ša está sempre absorto na suprema bem-aven-turança na forma de praŠaya-vik€ra de hl€din…, e estando dotado com os vários bh€vas manifestados pela saˆvit-v�tti, Ele saboreia praŠaya-rasa. Através da saˆvit-v�tti de Sua para-�akti, K��Ša realiza atividades tais como, atrair as gop…s ao tocar sua flauta vaˆ�…, levando as vacas para pas-tar (go-c€raŠa), r€sa-l…l€ e outros passatempos.

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444 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 14

®r… K��Ša que é Vraja-vil€s… (o desfrutador dos passa-tempos em Vraja), sempre permanece imerso em rasa em Seu dh€ma transcendental, que é manifesto pela potência sandhin…. Dentre todas as moradas de Seus passatempos, esta Sua Vraja é a morada dos passatempos mais doces.

Vrajan€tha: Você explicou deste modo que sandhin…, saˆvit e hl€din… são todas manifestações da svar™pa-�akti. Você também disse que a j…va-�akti é uma parte atômica da svar™pa-�akti, e que m€y€-�akti é o reflexo da svar™pa-�akti. Agora, gentilmente explique como as tendências de sandhin…, saˆvit e hl€din… agem sobre a j…va e m€y€.

B€b€j…: J…va-�akti é uma potência atômica da svar™pa-�akti, e todos os três aspectos da svar™pa-�akti estão pre-sentes nela num grau diminuto. Deste modo, a hl€din…-v�tti está sempre na j…va na forma de brahm€nanda (bem-aven-turança espiritual); saˆviti-v�tti está presente na forma de brahma-jñ€na (conhecimento transcendental); e sandhin…-v�tti está presente na forma diminuta da j…va. Explicarei este assunto mais claramente quando discutir j…va-tattva. Em m€y€-�akti, a hl€din…-v�tti é manifesta na forma de prazer mundano (ja�€nanda); saˆvit-v�tti é manifesta na forma de conhecimento material (bhautika-jñ€na); e a sandhin…-�akti é manifesta na forma de todo o universo material, o qual consiste de quatorze sistemas planetários e os corpos mate-riais das j…vas.

Vrajan€tha: Por que a �akti é chamada de inconce-bível se todas as suas atividades podem ser entendidas desta forma?

B€b€j…: Esses tópicos podem ser entendidos separa-dos um do outro, mas os relacionamentos entre si são in-concebíveis.

No mundo material, porque as qualidades opostas

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445Prameya: ®akti-Tattva

tem a tendência inerente de aniquilar-se entre si, princípios que são mutuamente opostos não podem estar simultanea-mente presentes ao mesmo tempo. Porém, a �akti de ®r… K��Ša tem um poder tão inconcebível, que no mundo espi-ritual se manifesta ao mesmo tempo todas as qualidades opostas de uma maneira maravilhosa e bela simultaneamen-te. Entretanto, ®r… K��Ša tem a mais bela forma (r™pa); Ele é sem forma (ar™pa); Ele tem a m™rti transcendental (for-ma); Ele está presente em todo lugar; Ele está sempre ativo, ainda assim, não sendo afetado, não realiza karma; é o filho de Nanda Maharaja, embora seja não-nascido; é simples-mente um menino vaqueirinho, embora seja adorado por todos os outros; tem o bh€va e uma forma como a humana, embora seja onisciente. Similarmente, ao mesmo tempo, Ele possui todas as qualidades (savi�e�a) e, todavia não tem qualidades (nirvi�e�a); é acintya (inconcebível), e cheio de rasa; é ambos, limitado e ilimitado; é muito distante e mui-to próximo; é não-afetado (nirvik€ra); todavia, é receoso do m€na (humor zangado ou aparente raiva) das gop…s. Como podemos enumerar a infinita variedade das qualidades de ®r… K��Ša tais como estas? Elas se contradizem entre si, e ainda estão eterna e belamente presentes sem oposição ou conflito em sua svar™pa (forma), sua morada e, em várias parafernálias relacionadas a Ele. Esta é a natureza inconce-bível de Sua �akti.

Vrajan€tha: Os Vedas aceitam isto?B€b€j…: Isto tem sido aceito em toda parte. Está dito

na ®vet€�vatara Upani�ad (3.19):

ap€Ši-p€do javano grah…t€ pa�yati acak�uƒ sa ��Šoty akarŠaƒ sa vetti vedyaˆ na ca tasy€sti vett€

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446 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 14

tam €hur agryaˆ puru�aˆ mah€ntam ‘Este Param€tm€ não possui mãos ou pernas mate-riais, mas Ele aceita todas as coisas com Suas mãos transcendentais e vai a todos os lugares com Suas pernas transcendentais. Ele não tem olhos ou ouvidos materiais, todavia Ele vê e ouve todas as coisas com seus olhos e ouvidos transcendentais. Ele conhece tudo o que está por ser conhecido e as atividades de tudo, mas ninguém pode conhecê-lo a menos que Ele se revele. O transcendentalista que conhece o brahma chama-O de a Personalidade original, o grande puru�a que é a causa de todas as causas.’

Na Ÿ�a Upani�ad, encontramos as seguintes declara-ções:

tad ejati tan naijati tad d™re tad vantike tad antar asya sarvasya tad usarvasy€sya b€hyataƒ

Ÿ�a Upani�ad (5)

‘Este Parame�vara caminha e não caminha. Está muito distante e também muito próximo. Está den-tro de tudo, e ao memo tempo está fora de tudo. É como as qualidades no mundo espiritual que estão perfeitamente conciliadas, embora elas pareçam con-traditórias.’

sa paryyag€c chukram ak€yam avraŠam asn€viraˆ �uddham ap€pa-vidham kavir man…�… paribh™ƒ svayambh™r

y€th€tathyato ‘rth€n vyadadh€c ch€�vat…bhyaƒ sam€bhyaƒ

Ÿ�a Upani�ad (8)

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447Prameya: ®akti-Tattva

‘Este Param€tm€ é onipresente e puro. Ele não tem forma material, mas tem uma forma eterna, transcen-dental plena de conhecimento e de bem-aventurança. Seu corpo não tem veias ou orifícios, e esta além de todas as designações. Ele é o sábio e o poeta primor-dial, é onisciente e aparece por Seu próprio desejo, está situado na mais elevada plataforma e controla tudo. Por Sua potência inconcebível, Ele mantém tudo eternamente e ocupa todos os demais em traba-lho de acordo com suas qualidades.’

Vrajan€tha: Há alguma descrição nos Vedas do ad-vento de Bhagav€n neste mundo material, que é completa-mente independente, e de acordo com Sua própria vonta-de?

B€b€j…: Sim, os Vedas mencionam em muitas partes. A Talavak€ra ou Kena Upani�ad relata um diálogo entre Um€ e Mahendra (®r… ®ivaj…), a qual descreve como certa vez, uma violenta batalha aconteceu entre os semideuses – devat€s – e os demônios – asuras. Nesta ocasião, os asuras foram duramente derrotados e fugiram do campo de bata-lha. Os semideuses saíram vitoriosos, embora a vitória real fosse unicamente de Bhagav€n, e os semideuses fossem somente Seus instrumentos. Contudo, devido ao orgulho e a arrogância, os semideuses esqueceram disto e começa-ram a vangloriar-se de sua força e valor. Neste ponto, para-brahma Bhagav€n, que é o reservatório de toda misericór-dia, apareceu ali numa forma maravilhosa, e lhes perguntou a causa do orgulho deles. Então Ele produziu uma palha e pediu para destruí-la. Os semideuses ficaram pasmos, pois o deva do fogo não pôde queimá-la, nem pôde o semideus do vento levantá-la, apesar de utilizar todas as suas potên-cias e proezas. Os semideuses estavam surpresos de ver a

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forma extraordinariamente bela de Bhagav€n, bem como Seu incrível poder.

tasmai t�Šam nidadh€veddaheti tadupaprey€na sarvajavena tanna �a�€ka dagdhuma as tat eva nivav�te

naitada�akam vijñ€tuˆ yadetad yak�amiti Kena Upani�ad (3.6)

‘Aquele Yak�a (que era na verdade Bhagav€n) colo-cou uma palha em frente de Agnideva e disse, ‘Vamos ver sua força. Você pode queimar esta palha seca?’ Agnideva aproximou-se da palha e direcionou todos os seus poderes para ela, mas ele não pode queimá-la. Envergonhado, voltou e disse para os semideuses – devat€s, ‘Não posso entender quem é este Yak�a.’

O significado confidencial dos Vedas é que Bhagav€n é uma Pessoa inconcebivelmente bela. Ele aparece por Sua própria e doce vontade, e realiza vários passatempos com as j…vas.

Vrajan€tha: É dito que Bhagav€n é um oceano de rasa. Está isto descrito em algum lugar dos Vedas?

B€b€j…: Isto é claramente declarado na Taittir…ya Upani�ad (2.7):

yad vai tat suk�taˆ raso vai saƒ rasaˆ hy ev€yaˆ labdhv€nand… bhavati

ko hy ev€ny€t kaƒ pr€Šy€t yad e�a €k€�a €nando na sy€t

e�a hy ev€nanday€ti

‘Para-brahma Param€tm€ é o suk�ta-brahma (o mais belo espírito supremo). Sua svar™pa é pura rasa, e quando a j…va realiza esta rasa-svar™pa para-brahma, ela torna-se plena de €nanda. Quem pode-

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ria esforçar-se para viver se esta realidade indivisa não fosse a personificação de €nanda na forma de rasa? Somente Param€tm€ concede bem-aventuran-ça a todos.’

Vrajan€tha: Se ele é rasa-svar™pa, por que os materialistas não podem vê-lo ou compreendê-lo?

B€b€j…: Há dois tipos de almas condicionadas: aque-las que deram as costas para K��Ša (parak), e aquelas que estão olhando para K��Ša (pratyak). As j…vas no estado parak não podem ver a beleza de K��Ša porque elas estão opostas a K��Ša; elas somente veem e pensam em coisas materiais. As j…vas no estado pratyak são opostas a m€y€ e favoráveis a K��Ša, deste modo elas podem ver a rasa svar™pa de K��Ša. É dito na Ka˜ha Upani�ad:

par€ñci kh€ni vyat�Šat svayambh™s tasm€t par€‰ pa�yati n€ntar€tman

ka�cid dh…raƒ pratyag €tm€nam aik�ad €v�tta-cak�ur am�tatvam icchan

‘O auto-manifesto Parame�vara criou todos os sen-tidos de maneira que eles estão voltados para os ob-jetos externos. Por isso, a j…va normalmente percebe somente objetos externos através de seus sentidos e é incapaz de ver Bhagav€n situado dentro de seu cora-ção. Somente uma pessoa resoluta e sóbria (dh…ra), que deseja liberação na forma do amor a K��Ša, pode afastar seus ouvidos e outros sentidos dos objetos ex-ternos e ver o pratyag-€tm€ ®r… Bhagav€n.’

Vrajan€tha: Quem é chamado a ‘personificação

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450 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 14

no �loka, raso vai saƒ? B€b€j…: É dito na Gop€la-t€pan… Upani�ad, P™rva khaŠ�a (12-13):

gopa-ve�am abhr€bhaˆ taruŠaˆ kalpa-drum€�ritam sat-puŠ�ar…ka-nayanaˆ megh€bhaˆ vaidyut€mbaram

dvi-bhujaˆ mauna-mudr€�hyaˆ vana-m€linam …�varam

‘Sua veste é como a de um menino vaqueirinho. Seus olhos são como um lótus branco completamente desabrochado, a cor de Seu corpo é negro-azulada como as nuvens de chuva, Ele veste uma brilhante roupa amarela que é refulgente como o relâmpago. Sua forma tem duas mãos, Ele está situado em jñ€na-mudr€ (a postura indicando conhecimento divino). Seu pescoço é adornado com uma guirlanda de flores da floresta que chega a Seus pés e está de pé embaixo de uma kalpa-v�k�a divina. Este K��Ša é o Senhor de todos.’

Vrajan€tha: Agora, entendo que ®r… K��Ša em Sua forma é nitya-siddha-svar™pa, é o todo-poderoso dentro do mundo espiritual, a personificação (svar™pa) de rasa e a morada (€�raya-svar™pa) de toda a rasa. Ele não pode ser alcançado por brahma-jñ€na, mas se uma pessoa pratica o sistema óctuplo de yoga, pode somente realizar sua mani-festação parcial como Param€tm€.O nirvi�e�a-brahma é a refulgência do corpo de ®r… K��Ša, que é pleno de eterni-dade, qualidades espirituais e é o Senhor adorável de todos os mundos. No entanto, não podemos encontrar nenhum meio de alcançá-Lo, porque Ele está além da jurisdição de nosso pensamento. Que outro meio o ser humano tem, além de sua faculdade de contemplação? Se alguém é um

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br€hmaŠa ou um intocável, ele não tem nenhum outro meio além de sua mente. Por esta razão, é muito difícil de obter a misericórdia de K��Ša..

B€b€j…: É dito na Ka˜ha Upani�ad (2.2.13):

tam €tm€-sthaˆ ye nupa�yanti dh…r€s te�€ˆ �€ntiƒ �€�vat… netare�€m

‘Somente um homem sábio que vê Param€tm€ dentro de si pode alcançar a paz eterna e ninguém mais.’

Vrajan€tha: Alguém pode ser capaz de alcançar a paz eterna por constantemente vê-Lo dentro de si, mas qual é o processo pelo qual é possível vê-Lo? É difícil de enten-der isto.

B€b€j…: É dito na Ka˜ha Upani�ad (1.2.23):

n€yam €tm€ pravacanena labhyo na medhay€ na bahun€ �rutena yam evai�a v�Šute tena labhyas

tasyay�a €tm€ viv�nute tanuˆ sv€m

‘Ninguém pode alcançar para-brahma Param€tm€ por preleção, pelo intelecto, ou por estudar vários �€stras. Ele somente revela Sua forma transcenden-tal por Sua própria misericórdia àqueles quem Ele próprio escolhe.’

É dito no ®r…mad-Bh€gavatam (10.14.29):

ath€pi te deva pad€mbuja-dvaya- pras€da-le�€nug�h…ta eva hi

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j€n€ti tattvaˆ bhagavan mahimno na c€nya eko pi ciraˆ vicinvan

‘Ó Senhor, alguém que alcança até mesmo um pouco da misericórdia de Seus pés de lótus pode compreen-der a essência de Suas glórias transcendentais. Ou-tros não podem realizar a verdadeira essência de Seu Eu, ainda que Lhe busquem por muitos anos pela via de jñ€na e vair€gya.’

Meu filho, meu Prabhu é muito munificente. Este ®r… K��Ša, que é a alma de todas as almas, não pode ser al-cançado por ler ou ouvir vários �€stras ou por argumentos e discussões. Nem pode ser alcançado através de inteligên-cia perspicaz ou por aceitar muitos gurus. Somente alguém que O aceita como ‘meu K��Ša’ pode alcançá-Lo. Ele irá somente manifestar Sua forma transcendental sac-cid-€nanda para tal bhakta. Quando analisarmos o abhidheya-tattva, seremos capazes de entender estas verdades facil-mente.

Vrajan€tha: Estão os nomes das mora-das de K��Ša escritos em alguma parte dos Vedas? B€b€j…: Sim, nomes tais como Paravyoma, Brahma-Gop€la-pur… e Gokula são encontrados em muitos lugares nos Vedas. Por exemplo, a ®vet€�vatara Upani�ad diz:

rco k�are parame vyoman yasmin dev€ adhivi�ve ni�eduƒ yas tan veda kim �c€ kari�yati ya ittad vidus ta ime sam€sate

‘Saiba que o infalível (ak�ara) brahma, que reside na morada chamada Paravyoma, é o tema dos mantras

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do ¬g Veda, e todos os semideuses – devat€s – se abrigam nEle. Aquele que não conhece o parama-puru�a não pode satisfazer nenhum propósito por meio dos Vedas. Porém, torna-se abençoado se ele realiza o Param€tm€ de acordo com o tattva.’’

É mencionado na MuŠ�aka Upani�ad (2.2.7):

divye brahma-pure hy e�a vyomny €tm€ prati�˜hitah ‘Este Paramatma reside eternamente na transcenden-tal Brahma-pura que é a forma de Paravyoma.’

É dito no Puru�a-bodhin…-�ruti:

gokul€khye m€thura-maŠ�ale dve par�ve candr€val… r€dhik€ ca

‘Na área de Mathur€ chamada Gokula, ®r…mat… R€dhik€ está situada em um lado de Bhagav€n e Candr€val…, no outro.’

Está declarado na Gop€la-t€pan… Upani�ad:

t€s€ˆ madhye s€k�€d brahma-gop€la-pur… hi

‘Brahma-Gop€la-pur… está situada no centro de todas as moradas transcendentais.’

Vrajan€tha: Por que os br€hmaŠas tântricos cha-mam Durg€ a potência de ®iva?

B€b€j…: A potência ilusória (m€y€-�akti) tambem é chamada de �iva-�akti. Esta m€y€ tem três qualidades, a

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454 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 14

saber: sattva, rajaƒ e tamaƒ. Os br€hmaŠas no modo s€ttvika adoram m€y€ na modalidade da bondade (sattva-guŠa); os br€hmaŠas no modo r€jasika adoram m€y€ na modalidade da paixão (rajo-guŠa); e os br€hmaŠas no modo t€masica adoram m€y€ como a deidade que rege a escuridão, tamo-guŠa, aceitando a ignorância como conhecimento. Na ver-dade, m€y€-�akti é somente um nome para a transformação (vik€ra) da para-�akti de Bhagav€n, na forma de sua sombra (ch€y€); ela não é uma �akti separada e independente. M€y€ é a única causa do aprisionamento e liberação da j…va.

Quando a j…va se opõe a K��Ša, m€y€ castiga-a lan-çando-a ao aprisionamento mundano. Porém, quando a j…va torna-se favorável a K��Ša, a mesma m€y€ manifesta a qualidade s€ttvika e lhe dá conhecimento de K��Ša. Então, ela a libera do aprisionamento mundano e a qualifica para alcançar o amor por K��Ša. Consequentemente, as j…vas condicionadas pelos modos de m€y€, não podem ver a for-ma pura de m€y€ – que é a svar™pa-�akti de Bhagav€n – e elas adoram exclusivamente m€y€ como a �akti primordial. A j…va no estado de ilusão, somente pode realizar estas ver-dades filosóficas avançadas, devido a boa fortuna, e pelo poder do suk�ti, atividade piedosa. De outra forma, estando iludida por m€y€ e enredada em falsas conclusões, ela per-manece desprovida do conhecimento verdadeiro.

Vrajan€tha: No Gokula-Up€san€, é dito que Durg€-dev… é uma das associadas de ®r… Hari. Quem é esta Durg€ de Gokula?

B€b€j…: A Durg€ de Gokula não é outra senão yogam€y€. Ela está situada como a semente da transforma-ção de cit-�akti, e por isso quando ela está presente no mun-do espiritual, ela é considerada não-diferente da svar™pa-�akti. A m€y€ material é somente uma transformação de

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cit-�akti, e quando ela está presente no mundo espiritual, ela é considerada não-diferente da svar™pa-�akti. A m€y€ material é somente uma transformação de yogam€y€. A Durg€ situada no mundo material é uma serva atendente desta Durg€ da svar™pa-�akti no mundo espiritual. A Durg€ da svar™pa-�akti é l…l€-po�aŠa-�akti, a potência que nutre os passatempos de K��Ša. As gop…s que tomam abrigo com-pleto da parak…ya-bh€va (humor de amante) concedido por yogam€y€, nutre o rasa-vil€s de K��Ša no mundo espiritu-al. O significado da afirmação de yoga-m€y€m up€�ritaƒ (®r…mad-Bh€gavatam 10.29.1) sobre o r€sa-l…l€ é que há muitas atividades nos passatempos transcendentais de K��Ša, os quais parecem como ignorância devido a svar™pa-�akti, mas na realidade eles não são. A fim de nutrir mah€-r€sa, yogam€y€ organiza atividades que parecem ser realizadas em ignorância. Analisaremos este tema em detalhes mais adiante, quando discutirmos r€sa.

Vrajan€tha: Há uma coisa que eu gostaria de saber concernente a dh€ma-tattva. Gentilmente diga-me, por que os Vai�Šavas referem-se a Navadv…pa como ®r…dh€ma?

B€b€j…: ®r… Navadv…pa-dh€ma e ®r… V�nd€vana-dh€ma não são diferentes entre si, e M€y€pura é a mais elevada verdade dentro de Navadv…pa-dh€ma. O relacion-amento de ®r… M€y€pura e Navadv…pa-dh€ma é o mesmo que o relacionamento de ®r… Gokula em Vraja. M€y€pura é o Mah€-Yogap…˜ha (o exaltado lugar de encontro) de Navadv…pa. De acordo com o �loka, channaƒ kalau, do ®r…mad-Bh€gavatam (7.9.38), o avat€ra plenário de Bhagav€n que aparece em Kali-yuga (®r… Caitanya Mah€prabhu) está encoberto, e similarmente, Suas moradas sagradas estão também encobertas.

Em Kali-yuga, não há local sagrado igual a ®r…

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Navadv…pa. Somente alguém que pode realizar a natu-reza transcendental deste dh€ma está qualificado para vraja-rasa. De um ponto de vista externo e material, tanto Vraja-dh€ma como Navadv…pa-dh€ma parecem ser munda-nos. Somente aqueles cujos olhos espirituais foram abertos por alguma boa fortuna podem ver o dh€ma sagrado como ele é.

Vrajan€tha: Gostaria de conhecer a svar™pa desta Navadv…pa-dh€ma.

B€b€j…: Goloka, V�nd€vana e ®vetadv…pa são os compartimentos internos do Paravyoma, o céu espiritu-al. A svak…ya-l…l€ de ®r… K��Ša acontece em Goloka. Sua parak…ya-l…l€ acontece em V�nd€vana, e sua pari�i�˜a (adi-cional) l…l€ acontece em ®vetadv…pa. Em tattva, não há di-ferença entre estes três dh€mas. Navadv…pa é na verdade ®vetadv…pa, portanto não é diferente de V�nd€vana. Os re-sidentes de Navadv…pa são muito afortunados, pois eles são associados de ®r… Gaur€‰gadeva. Pode-se somente alcançar residência em Navadv…pa após realizar muitas atividades piedosas. Algum rasa que não se manifesta em V�nd€vana, se manifesta em Navadv…pa como o suplemento do rasa de V�nd€vana. Este rasa somente se experimenta quando se está capacitado para saboreá-lo.

Vrajan€tha: Qual é o tamanho de Navadv…pa-dh€ma?

B€b€j…: A área de ®r… Navadv…pa-dh€ma é de de-zesseis kro�as – cinquenta e dois quilômetros quadra-dos – e tem a forma de uma flor de lótus de oito pétalas, que são suas oito ilhas: S…mantadv…pa, Godrumadv…pa, Madhyadv…pa, Koladv…pa, ¬tudv…pa, Jahnudv…pa, Modruma-dv…pa e Rudradv…pa. Antardv…pa, que está situada no centro destas ilhas, é como o verticilo desta flor de lótus, e ®r…

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457Prameya: ®akti-Tattva

M€y€pura está situada no coração desta Antardv…pa. Pode-se alcançar rapidamente amor por K��Ša ao realizar s€dhana bhajana em Navadv…pa-dh€ma, e especialmen-te em M€y€pura. O Mah€-Yogap…˜ha – a residência ou mandira de ®r… Jagann€tha Mi�ra – está situado no centro de M€y€pura, e neste mesmo Yogap…˜ha, a mais afortunada de todas as j…vas sempre tem o dar�ana do nitya-l…l€ de ®r… Gaur€‰gadeva.

Vrajan€tha: São os passatempos de ®r… Gaur€‰gadeva uma atividade da svar™pa-�akti?

B€b€j…: Os passatempos de ®r… Gaura são organi-zados pela mesma �akti que organiza os passatempos de K��Ša. Não há diferença entre ®r… K��Ša e Gaur€‰gadeva. ®r… Svar™pa Gosv€m… diz:

r€dh€-k��Ša-praŠaya-vik�tir hl€din… �aktir asm€d ek€tm€n€v api bhuvi pur€ deha-bhedaˆ gatau tau

caitany€khyaˆ praka˜am adhun€ tad-dvayaˆ caikyam €ptaˆ

r€dh€-bh€va-dyuti-suvalitaˆ naumi k��Ša-svar™pam Caitanya-carit€m�ta (šdi-l…l€ 1.5)

‘R€dh€-K��Ša são intrinsecamente um. Porém, Eles são manifestos eternamente em duas formas por meio da influência de hl€din…-�akti na forma de Sua praŠaya-vik€ra, por causa da eternidade de Seus pas-satempos (vil€sa-tattva). Agora, estes dois tattvas são manifestos em uma svar™pa na forma de caitanya-tattva. Por esta razão, curvo-me para esta svar™pa de K��Ša que é dotada com os sentimentos de amor e refulgência de ®r…mat… R€dhik€.’

K��Ša e Caitanya Mah€prabhu são ambos eternamen-

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te manifestos. Não pode ser determinado que um existia an-tes e outro depois. “A princípio Caitanya esteve lá, e então R€dh€-K��Ša se manifestaram, e agora eles fundiram-se novamente, e apareceram na forma de Caitanyadeva” – o entendimento desta declaração não é que um deles tenha existido anteriormente e o outro apareceu depois. Ambas as manifestações são eternas; elas estão presentes o tempo todo, e irão existir para sempre. Todos os passatempos da Verdade Suprema são eternos. Aqueles que pensam que um destes passatempos é principal e o outro é secundário são ignorantes da verdade e desprovidos de rasa.

Vrajan€tha: Se ®r… Gaur€‰gadeva é diretamente a verdade plenária completa, qual é então o processo para a Sua adoração?

B€b€j…: Adorando-se Gaura ao cantar gaura-n€ma-mantra, obtém-se o mesmo benefício que adorar a K��Ša cantando Seus santos nomes no k��Ša-nama-mantra. A-dorando-se Gaura através do K��Ša mantra é o mesmo que adorar K��Ša mediante o Gaura mantra. Aqueles que acre-ditam que há uma diferença entre Gaura e K��Ša são extre-mamente tolos, e simplesmente serventes de Kali.

Vrajan€tha: Onde se pode encontrar o mantra secre-to do avat€ra ®r… Caitanya Mah€prabhu?

B€b€j…: Os tantras que contêm os mantras dos avat€ras manifestos também contêm os mantras ocultos dos avat€ras de uma forma secreta. Aqueles cuja inteligên-cia não é distorcida podem entender isto.

Vrajan€tha: Por qual método ®r… Gaur€‰ga é adora-do como Yugala (de uma forma dual)?

B€b€j…: O Yugala de ®r… Gaur€‰ga é formado de um modo pelo processo de arcana, e de outro pelo processo de bhajana. ®r… Gaura-Vi�Šupriy€ são adorados no processo

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de arcana, e no processo de bhajana, executa-se seva para ®r… Gaura-Gad€dhara.

Vrajan€tha: Que �akti de ®r… Gaur€‰ga é ®r… Vi�Šupriy€?

B€b€j…: Os bhaktas geralmente se referem a ela como bh™-�akti. No entanto, na realidade ela é a potência saˆvit combinada com a essência de hl€din…. Em outras palavras, ela é a forma de bhakti personificada, que veio para auxiliar Gaura Avat€ra na atividade de distribuir �r…-n€ma. Da mes-ma forma que Navadv…pa é a forma personificada (svar™pa) do processo nonuplo de serviço devocional (navadh€-bhakti), do mesmo modo ®r… Vi�Šupriy€ também é a svar™pa de navadh€-bhakti.

Vrajan€tha: Então, Vi�Šupriy€ pode ser chamada de svar™pa-�akti?

B€b€j…: Como pode existir qualquer dúvida so-bre isto? É a combinação de saˆvit-�akti e a essência de hl€din…-�akti alguma coisa além de svar™pa-�akti ?

Vrajan€tha: Prabhuj…, aprenderei em breve a a-dorar ®r… Gaura. Acabo de lembrar algo mais que gostaria que você me explicasse claramente. Você me explicou que cit-�akti, j…va-�akti e m€y€-�akti são três manifestações de svar™pa-�akti; que hl€din…, saˆvit, e sandhin… são três fun-ções (v�ttis) de svar™pa-�akti; e estas três funções – a saber, hl€din…, saˆvit e sandhin… – atuam nas três manifestações, cit-�akti, j…va-�akti e m€y€-�akti. Todas estas são simples-mente a atividade de �akti. Além disso, o mundo espiritual, o corpo espiritual e os passatempos espirituais são somente indicações de �akti. Então, qual é o significado de K��Ša �aktim€n?

B€b€j…: Este é um problema muito difícil. Você quer matar este velho homem com as flechas afiadas de seus

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argumentos? Meu querido filho, a resposta é tão simples quanto a pergunta, mas é difícil encontrar uma pessoa que seja qualificada para entendê-la. Mesmo assim, vou expli-car isto, por favor, tente entender. Eu concordo que o nome, forma, qualidades e pas-satempos de K��Ša, todos indicam as funções de �akti. Entretanto, a liberdade (sva-tantrat€) e o livre arbítrio (sva-icch€mayat€) não são obras da �akti; eles são am-bos, atividades intrínsecas da Pessoa Suprema e, K��Ša é esta Pessoa Suprema que tem livre arbítrio e é a morada de �akti. ®akti é desfrutada e K��Ša é o desfrutador; �akti é dependente e K��Ša é independente; �akti cerca esta Pes-soa Suprema independente por todos os lados, mas Ele está sempre consciente de �akti. O puru�a independente é o mestre de �akti, apesar dEle estar coberto por �akti. Os se-res humanos podem somente realizar esta Pessoa Suprema (parama-puru�a) ao abrigarem-se nesta �akti. Isto é por-que a j…va condicionada não pode realizar a identidade de �aktim€n independentemente de realizar a identidade de �akti. Contudo, quando os bhaktas desenvolvem amor por �aktim€n, eles são capazes de perceber Ele que está além de �akti. Bhakti é uma forma de �akti, e é por isso que ela tem uma forma feminina. Estando sob a guia interna da potência de K��Ša (svar™pa-�akti), ela experimenta os passatempos do puru�a. Estes passatempos indicam que K��Ša é o pos-suidor de livre arbítrio e da qualidade intrínseca de ser o desfrutador predominante.

Vrajan€tha: Se nós aceitamos um tattva além de �akti que é destituído de características pelas quais ele pode ser identificado, este tattva deveria ser o mesmo tattva que é descrito nas Upani�ads.

B€b€j…: O brahma das Upanisads é destituído de

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desejos, mas K��Ša, o parama-puru�a que é descri-to nas Upanisads, é realmente composto de livre arbítrio (sva-icch€-maya). Há uma grande diferença entre os dois. Brahma é nirvi�e�a, sem nenhum atributo. Por outro lado, embora K��Ša seja distinto de �akti, Ele é savi�e�a, que possui forma e atributos, porque Ele tem as qualidades de puru�atva (masculinidade), brokt�tva (ser desfrutador), adhik€ra (autoridade) e svatantrat€ (independência). Na realidade, K��Ša e Sua �akti não são diferentes. A �akti que indica a presença de K��Ša, também é K��Ša, porque k��Ša-k€min… �akti na forma de ®r… R€dh€ manifesta Sua identida-de em uma forma feminina. K��Ša é aquele que é servido, e a suprema �akti, ®r…mat…ji, é Sua sevad€s…. O abhim€na individual dEles, auto-concepções, é o único tattva que os diferencia.

Vrajan€tha: Se o desejo de K��Ša e a capacidade para desfrutar indicam a forma do puru�a, qual é o desejo de ®r…mat… R€dhik€?

B€b€j…: O desejo de ®r…mat… R€dhik€ é subordinado ao de K��Ša; nenhum desejo dEla ou esforço são indepen-dentes do desejo dEle. K��Ša tem desejos, e os desejos de ®r…mat… R€dhik€ são para servir Krsna de acordo com os desejos dEle. ®r…mat… R€dhik€ é a �akti completa e original, e K��Ša é o puru�a; isto é, Ele controla e inspira a �akti.

Após esta discussão, B€b€j… Mah€r€ja observou que já estava bastante tarde da noite e pediu a Vrajan€tha para voltar para sua casa. Vrajan€tha ofereceu daŠ�avat-praŠ€ma aos pés de B€b€j… Mah€r€ja, e caminhou em di-reção a Bilva-pu�kariŠ… num humor bem-aventurado.

Dia após dia, o humor de Vrajan€tha estava mudando. Isto tudo era muito alarmante para seus membros familiares e sua avó paterna decidiu casá-lo o mais breve possível.

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462 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 14

Ela começou a procurar por uma candidata apropria-da, mas Vrajan€tha sempre ficava indiferente a este assunto e não dava atenção as conversas relacionadas a casamento. Ao contrário, permanecia constantemente absorto em con-templar os vários tattvas que ele ouvia de B€b€j… Mah€r€ja. Ele estava naturalmente atraído por B€b€j… Mah€r€ja de ®r…v€s€‰gana, pois ele queria realizar aqueles tattvas que ele tinha ouvido, e estava ávido por ouvir os sempre novos ensinamentos nectáreos.

Assim termina o Décimo Quarto Capítulo do Jaiva-Dharma,

intitulado “Prameya: ®akti-Tattva”

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Capítulo 15Prameya: J…va-Tattva

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No dia seguinte, Vrajan€tha chegou a ®r…vas€‰gana mais cedo do que nos dias anteriores. Os Vai�Šavas de Go-druma também tinham vindo antes do anoitecer para ter darsana do sandhy€ €rat…, ®r… Premad€sa Paramahaˆsa B€b€j…, Vai�Šava d€sa, Advaita d€sa e outros Vai�Šavas já estavam sentados no €rat…-maŠ�apa – área do templo. Quando Vrajan€tha viu os bh€vas dos Vai�Šavas de Godru-ma, ele ficou admirado e pensou, “Irei aperfeiçoar a mi-nha vida por ter a associação deles o mais breve possível.” Quando aqueles Vai�Šavas viram sua humildade e dispo-sição devocional, todos eles concederam suas bênçãos a Vrajan€tha.

Quando o €rat… havia acabado, Vrajan€tha e o B€b€j… sênior começaram a caminhar juntos para o sul em direção a Godruma. Raghun€tha d€sa B€b€j… viu um incessante fluxo de lágrimas escorrendo dos olhos de Vrajan€tha e, sentindo muito afeto por ele, perguntou-lhe amorosamente, “B€b€, por que você está chorando?”

Vrajan€tha disse, “Prabhu, quando me lembro de

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466 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 15

suas doces instruções, meu coração fica inquieto e o mun-do inteiro parece desprovido de toda substância. Meu coração está ávido por abrigar-se aos pés de lótus de ®r… Gaur€‰gadeva. Por favor, seja misericordioso comigo e diga-me quem sou realmente de acordo com o tattva, e por que vim para este mundo.”

B€b€j…: Meu querido filho, você me abençoa ao fazer esta pergunta. O dia em que a j…va faz esta pergunta pela pri-meira vez, é o auspicioso dia no qual sua boa fortuna surge. Se você ouvir amavelmente o quinto �loka do Da�a-m™la, todas as suas dúvidas serão dissipadas.

sphulingah rddhagner ivã cid-anavo jiva-nicayah hareh suryasyaivaprthag api tu tad-bheda-visayah

vase maya yasya prakrti-patir evesvara iha sa jivo mukto ‘pi prakrti-vasa-yogyah sva-gunatah

‘Assim como muitas fagulhas diminutas saem de um fogo abrasante, do mesmo modo as inumeráveis j…vas atômicas são como partículas espirituais nos raios do sol espiritual, ®r… Hari. Embora estas j…vas não sejam diferentes de ®r… Hari, elas também são eternamen-te diferentes dEle. A eterna diferença entre a j…va e Ÿ�vara é que Ÿ�vara é o Senhor e mestre de m€y€-�akti, enquanto que a j…va pode cair sob o controle de m€y€, até mesmo no seu estágio liberado, devido a sua natureza constitucional.’

Vrajan€tha: Este é um siddh€nta excepcional e eu gostaria de ouvir alguma evidência Védica para demonstrar isto. As declarações de ®r… Bhagav€n são certamente Veda, mas ainda assim, as pessoas estarão inclinadas a aceitar os ensinamentos de Mah€prabhu se as Upani�ads puderem

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467Prameya: J…va-Tattva

comprovar este princípio. B€b€j…: Este tattva é descrito em muitos lugares nos

Vedas. Citarei alguns deles:

yath€gneƒ k�udr€ visphuli‰g€ vyuccaranti evam ev€smad €tmanaƒ sarv€Ši bh™t€ni vyuccaranti

B�had-€raŠyaka Upani�ad (2.1.20)

‘Inumeráveis j…vas emanam de para-brahma, do mes-mo modo como pequeninas fagulhas de um fogo.’

tasya v€ etasya puru�asya dve eva sth€ne

bhavata idañ ca paraloka-sth€nañ ca sandhyaˆ t�t…yaˆ svapna-sth€naˆ

tasmin sandhye sth€ne ti�˜hann ete ubhe sth€ne pa�yat…dañ ca paraloka-sth€nañ ca

B�had-€raŠyaka Upani�ad (4.3.9)

‘A j…va-puru�a deveria inquirir acerca de duas questões – o mundo material inanimado, e o mundo espiritual. A j…va está situada numa terceira posição, a qual é uma condição como a do sonho (svapna-sth€na), e é a junção (ta˜astha) entre as outras duas. Estando situada no lugar onde os dois mundos se en-contram, ela vê ambos, o ja�a-jagat (mundo inerte) e o cid-jagat (mundo espiritual).’

Este �loka descreve a natureza marginal da j…va-�akti. Novamente, é dito na B�had-€raŠyaka Upani�ad (4.3.18):

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tad yath€ mah€-matsya ubhe kule `nusañcarati p™rvañ c€parañ caivam ev€yaˆ puru�a et€vubh€v ant€v

anu sañcarati svapn€ntañ ca buddh€‰tañ ca

‘Do mesmo modo como um grande peixe em um rio algumas vezes se dirige para a margem direita e algumas vezes para a margem esquerda, assim a j…va, estando situada no k€raŠa-jala (a água causal que jaz entre os mundos inerte e consciente), também gradu-almente vagueia por ambas as margens, o estado de sonho e o estado de vigília.’

Vrajan€tha: Qual é o significado Vedântico da pa-lavra ta˜astha?

B€b€j…: O espaço entre o oceano e a terra é chamado ta˜a (margem), mas o lugar que toca o oceano é na realidade terra, assim onde está a margem? Ta˜a é a linha distinta que separa o oceano da terra, e ela é tão fina que ela não pode ser vista a olho nu. Se nós compararmos o reino transcendental com o oceano, e o mundo material com a terra, então ta˜a é a linha sutil que separa os dois, e a j…va-�akti está situada no lugar onde os dois se encontram. As j…vas são como in-contáveis partículas atômicas de luz dentro dos raios do sol. Estando situadas no meio, as j…vas veem o mundo espiritual de um lado e o universo material criado por m€y€ do ou-tro lado. Assim como a �akti espiritual de Bhagav€n de um lado é ilimitada, m€y€-�akti do outro lado, também é muito poderosa. As inumeráveis (s™k�ma) j…vas sutis estão situa-das entre estas duas. A posição de estar na margem é natural para as j…vas, porque elas são manifestadas da ta˜astha-�akti (potência marginal) de K��Ša.

Vrajan€tha: O que é a ta˜astha-svabh€va (natureza marginal)?

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469Prameya: J…va-Tattva

B€b€j…: Ela é a natureza que capacita estar situado en-tre ambos os mundos, e para ver ambos os lados. A ta˜astha-svabh€va é a elegibilidade para estar sob o controle de uma das duas �aktis. Algumas vezes a margem é submergida no rio por causa da erosão, e novamente ela se torna una com a terra porque o rio muda seu curso. Se a j…va olha em di-reção a K��Ša – isto é, em direção ao mundo espiritual – ela é influenciada por K��Ša �akti. Ela então entra no mundo espiritual e serve a Bhagav€n em sua forma espiritual pura e consciente. Porém, se ela olha em direção a m€y€, ela tor-na-se oposta a K��Ša e é encarcerada por m€y€. Essa faceta dupla é a condição chamada ta˜astha-svabh€va (natureza marginal).

Vrajan€tha: Há algum componente material na constituição original da j…va?

B€b€j…: Não, a j…va é unicamente criada de cit-�akti. Ela pode ser derrotada – isto é, coberta por m€y€ – porque ela é diminuta por natureza e carece de poder espiritual, mas não há nenhum vestígio de m€y€ na existência da j…va.

Vrajan€tha: Ouvi de meu professor que quando uma fração da consciência brahma é coberta por m€y€, ela se transforma em j…va. Ele explicou que o céu, é sempre o in-divisível mah€-€k€�a, mas quando uma parte dele é refle-tida em um pote, é vista somente uma parte dele – o gha˜a-€k€�a. Similarmente, a j…va é originalmente brahma, mas quando este brahma está coberto por m€y€, o falso ego de ser uma j…va é desenvolvido. É esta a concepção correta?

B€b€j…: Esta doutrina é M€y€v€da. Como pode m€y€ tocar brahma? Os M€y€v€d…s propõe que brahma não tem �akti (lupta-�akti), assim como pode m€y€ – que é uma �akti – possivelmente aproximar-se de brahma, se �akti é supostamente não-existente? A conclusão é que m€y€ não

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pode cobrir brahma e causar uma condição tão miserável. Por outro lado, se aceitamos a �akti transcendental (para-�akti) de brahma, como pode m€y€, que é uma �akti insigni-ficante, derrotar a cit-�akti e criar a j…va de brahma? Além disso, brahma é indivisível, então como pode tal brahma ser dividido? A idéia de que m€y€ pode agir sobre brahma é inaceitável. M€y€ não tem nenhum papel na criação das j…vas. É sabido que a j…va é somente uma partícula atômica, mas ainda assim, como tattva ela é superior a m€y€.

Vrajan€tha: Uma vez um outro professor disse que a j…va não é nada além de um reflexo de brahma. Como o sol é refletido na água, similarmente, brahma torna-se j…va quando ele é refletido em m€y€. Esta concepção é correta?

B€b€j…: Novamente este é um outro exemplo da fi-losofia M€y€v€da. O brahma não tem limites e, uma entida-de ilimitada nunca pode ser refletida. A idéia de limitar brahma é oposta às conclusões dos Vedas, assim esta teoria de reflexão deve ser rejeitada.

Vrajan€tha: Um dig-vijaya sanny€s…, certa vez me disse que na realidade não há nenhuma substância conheci-da como j…va. Alguém só pensa em si mesmo como sendo uma j…va devido à ilusão, e quando a ilusão é removida, há somente o indivisível brahma. É isto correto ou não?

B€b€j…: Isto também é doutrina M€y€v€da, a qual não tem nenhum fundamento. De acordo com o �€stra, ekam ev€dvit…yam: “Não há nada além de brahma.” Se não há nada exceto brahma, de onde vem a ilusão, e quem supostamente está em ilusão? Se você diz que brahma está em ilusão, você está dizendo que brahma não é real-mente brahma; ao contrário, ele é insignificante. E se você propõe que a ilusão é um elemento separado e inde-pendente, você nega a unidade indivisível (advaya-jñ€na)

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471Prameya: J…va-Tattva

de brahma.Vrajan€tha: Uma vez, um influente br€hmaŠa

paŠ�ita chegou em Navadv…pa, e em uma conferência de intelectuais, ele estabeleceu que somente as j…vas existem. Sua teoria era que esta j…va cria todas as coisas em seus sonhos, e esta é a causa dela desfrutar felicidade e sofrer misérias. Então, quando acaba o sonho, ela vê que não há nada, exceto brahma. Há algo correto nesta teoria?

B€b€j…: Isto é novamente, M€y€v€da. Se, como eles dizem, brahma é indiferenciado, como pode ele pos-sivelmente produzir a j…va e seus estados de sonhos? Os M€y€v€d…s usam exemplos, tais como, “a ilusão de ver a pérola-mãe em uma concha de ostra como ouro e a ilusão de acreditar que uma corda é uma cobra,” mas sua filosofia não pode proporcionar uma base consistente para a unidade indivisível – advaya-jñ€na.

Vrajan€tha: Assim, m€y€ não tem nenhuma relação com a criação da svar™pa das j…vas – forma constitucional – isto tem que ser aceito. Ao mesmo tempo, também, enten-do claramente que a j…va naturalmente é sujeita a influência de m€y€. Agora, quero saber, a cit-�akti criou as j…vas e deu a elas sua ta˜astha-svabh€va (natureza marginal)?

B€b€j…: Não, a cit-�akti é parip™rna-�akti, a potên-cia completa de K��Ša, e suas manifestações são todas eternamente substâncias perfeitas. A j…va não é nitya-siddha, embora quando ela pratica s€dhana, ela possa se tornar s€dhana-siddha e desfrutar de felicidade transcen-dental como os nitya-siddhas, seres eternamente perfeitos.

Todos os quatro tipos de sakh…s de ®r…mat… R€dhik€ são nitya-siddhas e, elas são expansões diretas (k€ya-vy™ha) da cit-�akti, da própria ®r…mat… R€dhik€. Todas as j…vas, por outro lado, manifestaram-se da j…va-�akti de

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®r… K��Ša. A cit-�akti é a �akti completa de ®r… K��Ša, en-quanto que a j…va-�akti é Sua �akti incompleta. Deste modo, como os tattvas completos são todos transformações da potência completa, similarmente inumeráveis j…vas atômi-cas conscientes são transformações da �akti incompleta.

®r… K��Ša predomina sobre cada uma de Suas �aktis, manifesta Sua svar™pa de acordo com a natureza dessas �aktis. Quando Ele está situado no cit-svar™pa, Ele manifesta Sua svar™pa como ®r… K��Ša e, também como N€r€yaŠa, o Senhor do Paravyoma; quando ele está situado em j…va-�akti, Ele manifesta Sua svar™pa como Sua vil€sa-m™rti de Vraja, Baladeva; e estando estabelecido em m€y€-�akti, Ele manifesta as três formas de Vi�Šu: K€raŠodaka�€y…, K�…rodaka�€y… e Garbhodaka�€y…. Em Sua forma de ®r… K��Ša em Vraja, Ele manifesta todos os eventos espirituais em grau superlativo. Em Sua svar™pa de Baladeva, como �e�a-tattva, Ele manifesta nitya-mukta-p€r�ada-j…vas, asso-ciados eternamente liberados, que oferecem oito tipos de serviços a K��Ša – �e�i-tattva-svar™pa, a origem de �e�a-tattva. Novamente, como �e�a-r™pa Sa‰kar�aŠa no Paravyoma, Ele manifesta de novo oito tipos de servos que oferecem oito tipos de serviços como associados eter-namente liberados de �e�i-r™pa N€r€yaŠa. Mah€-Vi�Šu, que é um avat€ra de Sa‰kar�aŠa, situa-Se na j…va-�akti, e em sua svar™pa como Param€tm€, Ele manifesta as j…vas que têm o potencial de se enredarem neste mundo ma-terial. Estas j…vas são suscetíveis a serem influenciadas por m€y€, e a menos que alcancem o abrigo de hl€din…-�akti e cit-�akti pela misericórdia de Bhagav€n, a pos-sibilidade delas serem derrotadas por m€y€ permanece. As incontáveis j…vas condicionadas que foram conquista-das por m€y€ estão subordinadas aos três modos da na-

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tureza material. Considerando tudo isto, o siddh€nta é que somente a j…va-�akti, e não a cit-�akti, que manifesta as j…vas.

Vrajan€tha: Você disse antes que o mundo espiritual cit é eterno, bem como são as j…vas. Se isto é verdade, como pode uma entidade eterna possivelmente ser criada, mani-festada ou produzida? Se ela é criada em algum momen-to do tempo, ela deveria ter sido não-existente antes disto, então como podemos aceitar que ela é eterna?

B€b€j…: O tempo e o espaço que você experimen-ta neste mundo material são completamente diferentes do tempo e espaço no mundo espiritual. O tempo material é dividido em três aspectos: passado, presente e futuro. En-tretanto, no mundo espiritual existe somente um indiviso e eterno presente. Todo evento do mundo espiritual é eterna-mente presente.

Tudo o que dissermos ou descrevermos no mundo material está sob a jurisdição do tempo e do espaço materi-ais, assim quando dizemos – “As j…vas foram criadas”, “O mundo espiritual foi manifestado”, ou “Não há influência de m€y€ na criação das formas das j…vas” – o tempo material é condicionado pela influência de nossa linguagem e afirma-ções. Isto é inevitável em nosso estado condicionado, assim não podemos eliminar a influência do tempo material em nossas descrições da j…va atômica e de objetos espirituais. A concepção de passado, presente e futuro, sempre aparece de uma maneira ou outra. Ainda assim, aqueles que podem discriminar apropriadamente, podem entender a aplicação do presente eterno quando eles compreendem o significado das descrições do mundo espiritual. B€b€, seja cuidadoso neste assunto. As descrições e explicações verbais são in-trinsecamente incompletas. Abandone estas concepções

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mesquinhas e procure realizar mais a essência espiritual. Todos os Vai�Šavas dizem que a j…va é uma serva eter-

na de K��Ša, que sua natureza eterna é servir a K��Ša, e que ela está agora condicionada por m€y€, porque ela esque-ceu sua eterna natureza. No entanto, todos sabem que a j…va é uma entidade eterna, e que há dois tipos: nitya-mukta e nitya-baddha. O tema tem sido explicado desta maneira somente porque o intelecto humano condicionado está in-fluenciado por limitações mundanas – pram€da (desaten-ção), e é incapaz de compreendê-lo. S€dhakas realizados, entretanto, experimentam a verdade transcendental através de seu cit-sam€dhi. Nossas palavras sempre têm alguma li-mitação material, assim, o que quer que digamos irá sempre ter algum defeito m€yika. Meu querido filho, você deveria sempre se esforçar para realizar a verdade pura. Lógica e ar-gumentos não podem auxiliar de maneira alguma em rela-ção a isto, portanto é inútil utilizar isto para tentar entender assuntos inconcebíveis.

Sei que você não será capaz de entender estes temas no momento, mas ao cultivar estes humores transcenden-tais dentro de seu coração, você irá realizar cinmaya-bh€va ainda mais. Em outras palavras, todos os humores trans-cendentais irão se manifestar no âmago de seu coração pu-rificado. Seu corpo é material, e todas as atividades de seu corpo também são materiais, mas a essência de seu ser não é material; você é uma entidade atômica consciente. À me-dida que conheça a si mesmo, mais será capaz de realizar que sua svar™pa é um tattva superior ao mundo de m€y€.

Mesmo que eu lhe diga, você não irá realizar este as-sunto. E simplesmente por ouvir você não irá alcançá-lo. Cultive a prática de cantar hari-n€ma o máximo possível. Quanto mais você cantar hari-n€ma, estes bh€vas transcen-

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475Prameya: J…va-Tattva

dentais irão se manifestar em seu coração automaticamente e na medida em que isto acontecer, será capaz de realizar o mundo transcendental. Tanto a mente quanto a fala têm sua origem na matéria, e elas não podem tocar a verdade trans-cendental, até mesmo com o maior dos esforços. Os Vedas dizem na Taittir…ya Upani�ad (2.9):

yato vaco nivartante aprapya manasa saha

‘A fala e a mente incapazes de alcançar brahma, re-tornam novamente.’ Aconselho a você não perguntar sobre este assunto

a ninguém, mas realizá-lo por si próprio. Simplesmente dei a você uma indicação (€bh€sa).

Vrajan€tha: Você explicou que a j…va é como uma fagulha de um fogo abrasante, ou uma partícula atômica dos raios do sol espiritual. Qual é o papel da j…va nisto?

B€b€j…: K��Ša, que é neste exemplo comparado ao fogo abrasante ou ao sol, é um tattva auto-manifesto. Den-tro do círculo deste fogo abrasante ou sol – em outras pa-lavras, K��Ša – todas as coisas são uma manifestação espi-ritual, e os raios se espalham por todas as direções além de sua esfera. Estes raios são a função fracionária (aŠu-k€rya) da svar™pa-�akti, e os raios que há dentro dessa função fra-cionária são param€Šu (partículas atômicas) do sol espiri-tual. Assim as j…vas são comparadas a este tattva atômico que acabo de explicar. A svar™pa-�akti manifesta o mundo dentro da esfera do sol espiritual, e a função fora da esfera do sol é executada pela j…va-�akti, a qual é a representação parcial direta de cit-�akti. Portanto, as atividades relacio-nadas a j…va são as de j…va-�akti. Par€sya �aktir vividhaiva �r™yate (®vet€�vatara Upani�ad 6.8), “Esta acintya-�akti é

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chamada para-�akti. Embora ela seja uma, esta potência inata (sva-bh€vik…-�akti) tem múltiplas variedades baseadas em jñ€na (conhecimento espiritual), bala (força espiritual), e kriy€ (atividades espirituais).” De acordo com este aforis-mo do �ruti, a cit-�akti é uma manifestação de para-�akti. Ela se manifesta de sua própria esfera – o reino espiritual – e como a j…va-�akti, na região marginal entre os mundos espirituais e materiais, ela manifesta inumeráveis j…vas eter-nas, que são como partículas atômicas dos raios do sol espi-ritual.

Vrajan€tha: Um fogo abrasante, o sol, fagulhas, e as partículas atômicas dos raios do sol – estes todos são obje-tos materiais. Por que tem sido feita uma comparação com estes objetos materiais na discussão de cit-tattva?

B€b€j…: Como já disse antes, em quaisquer de-clarações que façamos sobre cit-tattva, inevitavelmente, há muitos defeitos materiais, mas que alternativa nós te-mos? Somos obrigados a usar estes exemplos, porque ficamos desamparados sem eles. Portanto, aqueles que co-nhecem tattva tentam explicar cid-vastu ao compará-lo ao fogo ou ao sol. Na realidade, K��Ša é muito superior ao sol; a refulgência de K��Ša é muito superior ao brilho do sol; os raios de K��Ša e os átomos que há nEle – a j…va-�akti e as j…vas – são muito superiores aos raios do sol e as partículas atômicas nesses raios. Ainda assim, estes exemplos foram usados porque há muita similaridade entre eles.

Os exemplos podem explicar algumas qualidades espirituais, mas não todas. A beleza da luz do sol e a ca-pacidade que tem seus raios de iluminar outros objetos são qualidades que se comparam com o cit-tattva, pois é quali-dade do espírito revelar sua própria beleza e iluminar outros objetos. Porém, o calor ardente dos raios do sol não tem

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477Prameya: J…va-Tattva

contraparte no cid-vastu, assim como tampouco o fato de que os raios sejam materiais. Novamente, se nós dissermos, “Este leite é como água”, nós estamos somente consideran-do a qualidade do líquido da água na comparação; de outra maneira, se todas as qualidades da água estivessem presen-tes no leite, por que não deveria a água se tornar leite? Os exemplos podem explicar certas qualidades específicas de um objeto, mas não todas as suas qualidades e característi-cas.

Vrajan€tha: Os raios espirituais desse sol transcen-dental – K��Ša – e os átomos espirituais desses raios não são diferentes do sol e ao mesmo tempo eles são eterna-mente diferentes dele. Como podem ambos os fatos serem simultaneamente verdadeiros?

B€b€j…: No mundo material, quando um objeto é pro-duzido a partir de outro, o produto é completamente dife-rente da sua origem, ou também permanece uma parte dela. Esta é a natureza dos objetos materiais. Por exemplo, um ovo quando é separado de sua mãe ave uma vez que ele seja posto, enquanto que a unha e o cabelo de uma pessoa, continuam parte do corpo até que eles sejam cortados, em-bora eles sejam produtos do corpo. Desta maneira, a natu-reza de cit-vastu é um pouco diferente. Tudo o que se ma-nifesta do sol espiritual é simultaneamente igual e diferente dele. Os raios do sol e as partículas atômicas desses raios não estão separados do sol mesmo depois de emanar dele. Similarmente os raios da svar™pa de K��Ša, e os átomos desses raios – isto é a j…va-�akti e as j…vas – não estão sepa-radas dEle, embora elas sejam produzidas dEle e ao mesmo tempo elas sejam iguais a K��Ša, são eternamente diferen-tes e separadas dEle, porque elas têm sua própria partícula diminuta de desejos independentes. Portanto, a diferença e

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não-diferença da j…va em relação a K��Ša, é uma verdade eterna. Esta é uma característica especial do âmbito de cit.

Os sábios deram um exemplo parcial da nossa expe-riência com a matéria inerte. Suponha que você corte um pe-queno pedaço de ouro de um grande pedaço, e utilize este para fazer um bracelete. Da perspectiva do ouro, o bracelete não é diferente da peça de ouro original; eles não são diferentes. Entretanto, da perspectiva do bracelete, os dois são diferen-tes entre si. Este exemplo não é uma representação totalmen-te correta de cit-tattva, mas ilustra um aspecto importante: do ponto de vista de cit-tattva, não há diferença entre Ÿ�vara e a j…va, enquanto que da perspectiva do estado e quantida-de, ambos são eternamente diferentes. Ÿ�vara é o completo cit, enquanto que a j…va é um cit atômico. Ÿ�vara é grande, enquanto que a j…va é insignificante. Algumas pessoas dão o exemplo de gha˜a-€k€�a e mah€-€k€�a (o céu refletido em um pote e o céu ilimitado) em relação a isto, mas este exem-plo é completamente inconsistente em relação a cit-tattva. Vrajan€tha: Se as entidades transcendentais e os ob-jetos materiais pertencem a categorias completamente dis-tintas, por que usar objetos materiais como exemplos apro-priados para entender entidades transcendentais?

B€b€j…: Há diferentes categorias de objetos materi-ais, os paŠ�itas da escola Ny€ya consideram-nos eternos. No entanto, não há uma diferença tão categórica entre o cit (transcendental) e ja�a (material). Como já disse, o cit é a única realidade e ja�a é simplesmente sua transformação (vik€ra). O vik€ra é diferente de sua fonte original, mas ele é ainda similar ao objeto original puro em muitos aspectos.

Por exemplo, o gelo é uma transformação da água e ele torna-se diferente da água através de sua transformação, mas os dois permanecem similares em muitas de suas

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479Prameya: J…va-Tattva

qualidades, tal como a frieza. Água quente e água gelada não têm a mesma qua-

lidade da frieza, mas a qualidade de fluidez é similar em ambas. Por esta razão, o objeto transformado certamente retém algumas similaridades com o objeto puro. De acordo com este princípio, o mundo transcendental (cit) pode ser entendido até certo ponto com o auxílio de exemplos mate-riais. Novamente, adotando a lógica de arundhat…-dar�ana1 pode-se usar exemplos materiais para compreender certos aspectos da natureza espiritual.

Os passatempos de K��Ša são completamente espiri-tuais, e não há o menor vestígio de aspecto material neles. O vraja-l…l€ descrito no ®r…mad-Bh€gavatam é transcenden-tal, mas quando as descrições são lidas em uma assembléia, os frutos da audição deles são diferentes de acordo com as respectivas qualificações de cada ouvinte. Aqueles que estão absortos na gratificação dos sentidos materiais e apre-ciam as figuras ornamentais da linguagem dentro de uma perspectiva mundana, ouvem isto como uma história de herói e uma heroína comuns. Os madhyama-adhik€r…s a-brigam-se em arundhat…-dar�ana-ny€ya, e experimentam os passatempos transcendentais, os quais são similares as descrições mundanas. E quando os bhaktas uttama-adhik€r…s ouvem as descrições daqueles passatempos, eles ficam absortos na pura rasa transcendental cid-vil€sa, a qual está acima de todas as qualidades mundanas. A Verdade Abso-luta é apr€k�ta-tattva, assim, como podemos educar as j…vas sobre isto sem o auxílio destes princípios que descrevi? Pode a j…va condicionada entender um assunto que ocasione a obstrução da voz e detenha a função mental? Não parece que haja nenhum método para explicar estes assuntos ex-ceto o princípio de similaridade, e a lógica de arundhat…-1 Veja nota de rodapé no final do capítulo

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dar�ana. Os objetos materiais podem ser diferen-tes ou não-diferentes entre si, portanto a diferença e a não-diferença não estão visíveis neles ao mesmo tempo, mas este não é o caso com o parama-tattva. Temos que aceitar que K��Ša é simultaneamente di-ferente e não-diferente de Sua j…va-�akti e de suas j…vas. Este bhedh€bheda-tattva (diferença e unida-de simultânea) é denominado acintya (inconcebível) porque ele está além do intelecto humano.

Vrajan€tha: Qual é a diferença entre Ÿ�vara e a j…va?

B€b€j…: Primeiro você precisa entender a não-diferença entre Ÿ�vara e a j…va, e depois disto, expli-carei sua eterna diferença. Ÿ�vara é a personificação do conhecimento (jñ€na-svar™pa), o conhecedor (jñ€ta-svar™pa), aquele que considera ou reflete (mant€-svar™pa) e o desfrutador (bhokt�-svar™pa). Ele é auto-refulgente (sva-prak€�a) e também Ele ilumina os outros (para-prak€�a). Ele tem seus próprios desejos (icch€-maya), e Ele é o conhecedor de tudo (k�etra-jña). A j…va também é a forma do conhecimento, a co-nhecedora, e a desfrutadora; ela também é auto-re-fulgente, e ilumina outros; e ela também tem desejos, é a conhecedora de seu próprio campo (k�etra-jña). Desta perspectiva, não há diferença entre eles.

Entretanto, Ÿ�vara é onipotente, e por meio de sua onipotência, Ele é o fundamento de todas estas quali-dades, que estão plenamente presentes nEle. Estas qua-lidades também estão presentes nas j…va atômica, mas

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somente em um grau diminuto. Deste modo, a natureza e a forma de Ÿ�vara e a j…va são eternamente diferentes uma da outra porque uma é completa e a outra é infinitesimal; e ao mesmo tempo, há uma ausência de distinção entre Ÿ�vara e a j…va por causa da similaridade de suas qualidades.

Ÿ�vara é o Senhor e Ele é o Senhor de �akti, que é ativada por Seu desejo; esta é a svar™pa de Ÿ�vara. Embora as qualidades de Ÿ�vara estejam presentes na j…va num grau diminuto, não obstante a j…va está sob o controle de �akti.

A palavra m€y€ foi utilizada no Da�a-m™la não so-mente para indicar a m€y€ material, mas também para indi-car a svar™pa-�akti. M…yate anay€ iti m€y€, “M€y€ é aquela pela qual as coisas podem ser medidas.” A palavra m€y€ re-fere-se a �akti que ilumina a identidade de K��Ša em todos os três mundos, a saber, o cit-jagat, acit-jagat e j…va-jagat. K��Ša é o controlador de m€y€ e a j…va está sob o controle de m€y€. Portanto, é dito na ®vet€�vatara Upani�ad (4.9-10):

asm€n m€y… s�jate vi�vam etat tasmiˆ� c€nyo m€yay€ sanniruddhaƒ

m€y€n tu prak�tiˆ vidy€n m€yinan tu mahe�varam tasy€vaya-bh™tais tu vy€ptaˆ sarvam idaˆ jagat

‘Parame�vara é o Senhor de m€y€, Ele criou o mun-do inteiro no qual as j…vas estão condicionadas na ilusão da identificação material. Deve-se entender que m€y€ é Sua prak�ti, e Ele é Mahe�vara, o contro-lador de m€y€. Este mundo inteiro é permeado por Seus membros.’

Neste mantra, a palavra m€y… indica K��Ša, o con-trolador de m€y€, e a prak�ti é usada para indicar a �akti completa. Suas extraordinárias qualidades e natureza

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são as características especiais de Ÿ�vara; elas não estão presentes na j…va, e elas não podem obtê-las, mesmo após a liberação. Isto é declarado no Brahma-s™tra (4.4.17), ja-gat-vy€p€ra-varjjam prakaraŠ€sannihitatv€t, “A criação, manutenção e controle do todo transcendental e do mun-do inerte é somente a atividade de brahma, e de ninguém mais. “Exceto por esta atividade em relação aos mundos cit e acit, todas as outras atividades são possíveis para as almas – j…vas – liberadas. O �ruti declara, yato v€ im€ni bh™t€ni j€yante (Taittir…ya Upani�ad 3.1): “Ele é aquele pelo qual todas as j…vas são criadas e mantidas e, no qual elas entram e se tornam não-manifestas no momento da aniquilação.” Estas declarações tem sido feitas somente em relação a brahma, elas não podem ser aplicadas aqui a j…va, porque não existe referência às j…vas liberadas. Os �€stras declaram que é unicamente por Bhagav€n, e não pelas j…vas libera-das, que se realizam as atividades da criação, manutenção e aniquilação. Alguém poderia supor que a j…va também pode realizar estas atividades, mas isto dá lugar para a filoso-fia de muitos …�varas (bahu-…�vara-v€da), que é imperfeita. Por esta razão, o siddh€nta correto é que as j…vas não estão qualificadas para as atividades anteriormente mencionadas, mesmo quando liberadas.

Isto estabelece a diferença eterna entre a j…va e Ÿ�vara, e todas as pessoas eruditas apóiam isto. Esta diferença não é imaginária, mas eterna; ela não desaparece em nenhum estado da j…va. Consequentemente, a afirmação de que a j…va é uma serva eterna de K��Ša deve ser aceita como um axioma fundamental (mah€-v€kya).

Vrajan€tha: Se alguém pode provar a eterna diferen-ça entre Ÿ�vara e a j…va, como pode aceitar a unidade? Outro ponto é que, se há unidade, teremos que aceitar um estado

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de fusão com Ÿ�vara (nirv€Ša)?B€b€j…: Não, de maneira alguma. A j…va não é igual a K��Ša

em nenhum estágio.Vrajan€tha: Então, porque você falou sobre acintya-bhed€bheda (inconcebível unidade e diferença)?

B€b€j…: Da perspectiva de cid-dharma, não há diferença entre K��Ša e as j…vas, mas constitucionalmente (svar™pa), há uma diferença eterna entre ambas. Apesar da eterna não-diferença, é a percepção da diferença que é eternamente proeminente. Embo-ra o abheda-svar™pa seja um fato realizado, não há uma indica-ção que tal estado tenha existência independente. Ao contrário, é a manifestação de nitya-bheda (eterna diferença) que é sempre proeminente. Em outras palavras, quando a diferença eterna e a igualdade estão presentes simultaneamente, a percepção de bheda é mais forte. Por exemplo, há um homem chamado Devadatta, que é dono de uma casa. A casa dele é ao mesmo tempo a-devadat-ta (independente de Devadatta) e sa-devadatta (identificada com Devadatta). Embora alguns pontos de vista possam ser considera-dos independentes de Devadatta, ainda assim suas características específicas de ser identificada com Devadatta existe eternamen-te. Similarmente, no caso de Ÿ�vara e das j…vas, a não-diferenca, ou unidade, não é uma parte da identidade essencial, mesmo no estágio de svar™pa-siddhi, do mesmo modo como a casa pode ser chamada tanto de a-devadatta quanto de sa-devadatta. De uma perspectiva ela pode ser vista como a-devadatta, mas ainda assim, a identidade real é sa-devadatta.Deixe-me dar a você, outro exemplo, do mundo material. O céu é um elemento material, e há também uma base para a suaexistência, todavia ainda que a base esteja presente, somente o céu é realmente visível. Similarmente, até mesmo dentro da existência abheda, a distintiva nitya-bheda, que é real, é encontrada, e esta que é nitya-bheda é a única característica definitiva da realidade essencial (vastu).

Vrajan€tha: Por favor, explique a natureza eterna da j…va mais claramente.

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B€b€j…: A j…va é consciência atômica e ela é dota-da com a qualidade de conhecimento e é descrita pela palavra aham (“Eu”). Ela é o desfrutador, o pensador, e alguém que compreende. A j…va tem uma forma eterna que é muito sutil. Deste modo, como diferentes partes de um corpo grosseiro, as mãos, pernas, nariz, olhos e assim por diante combinam-se para manifestar uma bela forma quando estabelecidas em seus respectivos lugares, simi-larmente um belo corpo espiritual atômico é manifesto, o qual é composto de diferentes partes espirituais.Contudo, quando a j…va está coberta por m€y€, esta for-ma espiritual está coberta por dois corpos materiais. Um destes é chamado de corpo sutil (li‰ga-�ar…ra) e o outro é chamado de corpo grosseiro (sth™la-�ar…ra). O corpo sutil, que é o primeiro a cobrir o corpo espi-ritual atômico, é inevitável (aparih€rya) desde o co-meço do estado de condicionamento das j…vas até sua liberação. Quando a j…va transmigra de um corpo para outro, o corpo grosseiro muda, mas o corpo sutil, não. Assim que a j…va deixa o corpo grosseiro, o corpo sutil carrega todos os seus karmas e desejos para o próxi-mo corpo. As j…vas trocam de corpo e a transmigração é realizada através da ciência de pañc€gni (os cinco fogos) que são delineados nos Vedas. Os sistemas de pañc€gni, tais como o fogo funeral, o fogo da digestão e a chuva, têm sido descritos na Ch€ndogya Upani�ad e no Brahma-s™tra. A natureza condicionada da j…va em um novo corpo é o resultado das influências de seus nascimentos anteriores, e sua natureza determina o varŠa no qual irá nascer. Após entrar no varŠ€�rama,

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485Prameya: J…va-Tattva

ela começa a executar karma novamente, e quando morre, ela repete o mesmo processo. A primeira cobertura da for-ma espiritual eterna é o corpo sutil, e a segunda é o corpo grosseiro.

Vrajan€tha: Qual é a diferença entre o corpo espiri-tual eterno e o corpo sutil?

B€b€j…: O corpo eterno é o real, o corpo original, e ele é atômico, espiritual e sem defeitos. Este é o objeto real do ego – o ‘eu’ real. O corpo sutil surge do contato com a matéria, e ele consiste de três transformações chamadas de mente, inteligência e ego.

Vrajan€tha: A mente, a inteligência e o ego são entidades materiais? Se eles são, como é que possuem qua-lidades de conhecimento e atividades?

B€b€j…:

bhumir apo `nalo vayuh kham mano buddhir eva ca ahankara itiyam me bhinna prakrtir astadha

apareyam itas tv anyam prakrtim viddhi me param jiva-bhutam maha-baho yayedam dharyate jagat

etad-yonini bhutani sarvanity upadharaya aham krtsnasya jagatah prabhavah pralayas tatha

Bhagavad-Gita (7.4-6)

‘Meus oito elementos separados apar€ ou m€y€-prak�ti consistem de cinco elementos grosseiros – terra, água, fogo, ar e éter – e os três elementos sutis – mente, inteligência e falso ego. Além disso, Ó Arju-na de braços poderosos, tenho uma ta˜astha-prak�ti, a qual pode ser chamada par€-prak�ti (natureza su-perior). Esta prak�ti está na forma de consciência e também das j…vas. Todas as j…vas que se manifesta-ram desta par€-prak�ti fazem o mundo inerte pleno

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de consciência. A j…va-�akti ; é chamada ta˜astha porque ela é elegível para ambos os mundos; o mun-do espiritual, que é manifesto de Minha antara‰ga-�akti; e o mundo material, que é manifesto de Minha bahira‰ga-sakti.’

‘Uma vez que todas as entidades criadas são mani-festas destes dois tipos de prak�ti, você deveria saber que Eu, Bhagav€n, sou a única causa original da cria-ção e destruição de todos os mundos de seres móveis e inertes.’

Estes �lokas da G…t€ Upani�ad descrevem os dois tipos de prak�ti de sarva-�aktim€n Bhagav€n. Um é chama-do de par€-prak�ti (a energia superior) e o outro é chama-do de apar€-prak�ti (a energia inferior). Eles também são conhecidos como j…va-�akti e m€y€-�akti respectivamente. A j…va-�akti é chamada de par€-�akti ou �re�˜ha-�akti (a �akti superior), porque ela é completa de partículas atômi-cas espirituais. A m€y€-�akti é chamada de apar€ (inferior) porque ela é material e inerte (ja�a).

A j…va é uma entidade completamente separada de apar€-�akti, a qual contém oito elementos, cinco elementos grosseiros – terra, água, fogo, ar e éter – e os três elementos sutis – mente, inteligência e ego. Estes últimos três elemen-tos são especiais. O aspecto de conhecimento que está visível neles é material, e não espiritual. A mente cria um falso mundo ao basear-se em seu conhecimento dos objetos sen-suais nas imagens e influências que ela absorve dos objetos grosseiros no reino mundano. Este processo tem sua raiz em assuntos mundanos, não no espírito. A faculdade que confia neste conhecimento para discriminar entre o real e o irreal é chamada buddhi, que também tem sua raiz em assuntos

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mundanos. O ego, ou o sentido de ‘eu-inferior’ que é produzido para aceitar o conhecimento também é material, e não espiritual.Estas três faculdades juntas manifestam a segunda for-ma da j…va, que age como a conexão entre a j…va e a matéria, e é chamada ‘o corpo sutil’ (li‰ga-�ar…ra). Quando o ego do corpo sutil da j…va condicionada torna-se mais forte, ele encobre o ego de sua forma eterna. O ego na natureza eterna em relação ao sol espiritual, K��Ša, é o ego puro e eterno, e este mesmo ego manifesta-se nova-mente no estado liberado. Todavia, quando o corpo eterno permanece encoberto pelo corpo sutil, a auto-concepção material (ja�a-abhim€na) surge dos corpos grosseiro e sutil e permanecem fortes, e consequentemente o abhim€na da relação com o espírito é quase ausente. O li‰ga-�ar…ra é muito refinado, por isso a função do corpo grosseiro o en-cobre. Deste modo, a identificação com a casta e assim por diante do corpo grosseiro, surge no corpo sutil porque ele é encoberto pelo corpo grosseiro. Embora os três elementos – mente, inteligência e ego – sejam materiais, o abhim€na do conhecimento é inerente neles, porque eles são trans-formações contaminadas da função da alma (€tma-v�tti).

Vrajan€tha: Eu entendo que a svar™pa eterna da j…va é espiritual e atômica por natureza, e que dentro dessa svar™pa, há um belo corpo composto de membros espiri-tuais. No estado condicionado, este belo corpo espiritual permanece encoberto pelo corpo sutil, e a cobertura ma-terial da j…va-svar™pa na forma de ja�a-�ar…ra causa sua transformação (ja�a-vik€ra). Agora, quero saber se a j…va é completamente isenta de defeitos no estado liberado.

B€b€j…: A forma espiritual atômica é livre de defeito, porque na sua forma diminuta, ela é intrinsecamente fraca, portanto, incompleta. O único defeito neste estado é que

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a forma espiritual da j…va pode ser encoberta através da as-sociação com a poderosa m€y€-�akti.

É dito no ®r…mad-Bh€gavatam (10.2.32):

ye ‘nye ‘ravindaksa vimukta-maninas tvayy asta-bhavad avisuddha-buddhayah

aruhya krcchrena param padam tatah patanty adho ‘nadrta-yusmad-anghrayah

‘Ó Senhor de olhos de lótus, não-devotos, tais como os jñ€nis, yog…s, e renunciantes, falsamente consi-deram-se liberados, mas a inteligência deles não é realmente pura porque lhes falta devoção. Eles rea-lizam severas austeridades e penitências, e alcançam a posição que eles imaginam ser a liberação, porém eles caem de lá numa condição muito baixa devido a negligência aos Seus pés de lótus.’

Isto mostra que a constituição da j…va irá sempre permanecer incompleta, independente do elevado estágio que possa alcançar. Isto é inerente a natureza de j…va-tattva, e é por causa disto que é dito nos Vedas que Ÿ�vara é o con-trolador de m€y€, enquanto que a j…va permanece suscetível para ser controlada por m€y€ em todas as circunstâncias.

Assim termina o Décimo Quinto Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Prameya: J…va-Tattva”

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489Prameya: J…va-Tattva

1Arundhat… é uma estrela muito pequena, a qual está si-tuada muito próxima da estrela Va�i�˜ha, na constelaçao Sapta��i (Ursa Maior). Para vê-la, determina-se primei-ro sua localização ao observar a maior estrela ao lado, então se alguém olha cuidadosamente pode ver Arund-hat… próxima. “Similarmente, o madhyama-adhik€r…, embora tome auxílio dos sentidos e da linguagem do mundo material ao descrever o mundo espiritual, rea-liza e vê a apr€k�ta-tattva depois de ter aplicado o añjana, o unguento de prema nos olhos de bhakti.”

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Capítulo 16Prameya: As J…vas Dominadas por M€y€

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Depois de ouvir as descrições iluminantes sobre j…va-tattva do Da�a-m™la, Vrajan€tha voltou para casa. Dei-tado em sua cama, sem conseguir dormir, ele começou a re-fletir profundamente, “agora já tenho a resposta para a per-gunta, ‘Quem sou eu’? Posso entender que sou um simples átomo de luz na refulgência dos raios do sol espiritual, ®r… K��Ša. Ainda que seja um átomo por natureza, tenho meu pró-prio valor inerente, propósito, conhecimento e uma gota de bem-aventurança espiritual (bindu-cidgata-€nanda). Minha svar™pa é uma partícula espiritual (cit-kaŠa). Embora esta forma seja atômica, ela é uma forma humana semelhante a de ®r… K��Ša. No momento, eu não posso ver esta forma; e este é meu infortúnio, somente uma alma extremamente afortunada pode realizar isto. É importante que eu entenda claramente porque estou sofrendo nesta condição desafor-tunada. Amanhã irei inquirir sobre isto a ®r… Gurudeva.”

Pensando assim, ele finalmente caiu no sono por volta de meia-noite. Antes de amanhecer, sonhou que havia deixado sua família e aceitado vestes de Vai�Šava.

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494 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 16

Na manhã seguinte, enquanto estava sentado na varanda alguns estudantes se aproximaram dele. Oferecen-do seus respeitos, eles disseram, “Por um longo tempo você tem-nos ensinado muito belamente, e sob sua guia temos aprendido muitos assuntos materiais profundos pertinentes ao ny€ya. Esperamos que você nos instrua sobre ny€ya-kusum€ñjali.”

Com grande humildade Vrajan€tha replicou, “meus queri-dos irmãos, sou incapaz de ensinar algo mais a vocês, por-que não posso fixar minha mente em ensinar. Decidi seguir um outro caminho. Diante desta circunstância, sugiro que vocês estudem sob a guia de outros professores.” Quando os estudantes ouviram isto ficaram infelizes, mas uma vez que não havia nada que eles pudessem fazer, gradualmente eles deixaram o local um a um.

Neste momento, ®r… Caturbhuja Mi�ra Gha˜aka foi até a casa para apresentar uma proposta de casamento para a avó paterna de Vrajan€tha. Ele disse: “Estou certo que você conhece Vijayan€tha Bha˜˜€c€rya. Sua família é boa e bem situada; deste modo, ele fará um arranjo satisfatório para você. O mais importante, é que esta garota é tão qualificada quanto bela. De sua parte, Bha˜˜€c€rya não colocará nen-huma condição a respeito do casamento de sua filha com Vrajan€tha. Ele estará disposto a casá-la segundo o desejo de vocês.

Ouvindo esta proposta, a avó de Vrajan€tha ficou mui-to contente, mas Vrajan€tha sentiu insatisfação em seu coração. “Ai de mim!” ele pensou, “minha avó está ar-ranjando meu casamento enquanto estou planejando

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495As J…vas Dominadas por M€y€

deixar minha família e o mundo. Como posso ficar satisfei-to ao discutir casamento neste momento?”

Mais tarde, em sua casa houve uma intensa discus-são relacionada a casamento, de um lado estavam a mãe de Vrajan€tha, a avó e outras senhoras mais velhas, en-quanto que do outro lado, Vrajan€tha estava completa-mente sozinho. As senhoras insistiram de várias maneiras que Vrajan€tha deveria casar-se, mas ele não concordou. A discussão continuou por todo o dia. Ao entardecer, começou a chover fortemente, e continuou por toda a noite, assim Vrajan€tha não pode ir para M€y€pura. No dia seguinte, por causa da agitação dos argumentos sobre casamento, ele não pôde nem mesmo comer sua refeição tranquilamente. À noite foi para a cabana de B€b€j…. Ele prestou reverências e sentou-se próximo a B€b€j…, que disse: “Ontem à noite choveu intensamente. Provavelmente você não pôde vir por isso. Fico muito feliz ao vê-lo hoje.”

Vrajan€tha disse: “Prabhu, estou diante de um proble-ma, o qual desejaria lhe contar depois. Por favor, primeiro explique-me, se a j…va é uma entidade espiritual pura, como ela ficou emaranhada neste mundo miserável?”

B€b€j… sorriu e disse:

svar™p€rthair h…n€n nija-sukha-par€n k��Ša-vimukh€n harer m€y€-dandy€n guŠa-niga�a-j€laiƒ kalayati

tath€ sth™lair lingai dvi-vidh€varaŠaiƒ kle�a-nikarair mah€karm€l€nair nayati patit€n svarga-nirayau

Da�a-m™la, ®loka (6)‘A j…va, por sua natureza original, é uma serva eter-na de K��Ša. Seu svar™pa-dharma é o serviço a ®r… K��Ša. A energia ilusória (m€y€) de Bhagav€n pune aquelas j…vas que estão desprovidas deste svar™pa-

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496 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 16

dharma. Estas j…vas estão desviadas de K��Ša, e estão preocupadas com sua própria felicidade. Atadas por m€y€ com os laços dos três modos da natureza ma-terial – sattva, rajaƒ e tamaƒ – sua svar™pa fica en-coberta com os corpos grosseiro e sutil, lançadas na escravidão miserável do karma, as j…vas repetida-mente experimentam felicidade e aflições no céu e no inferno.’ “Inumeráveis j…vas surgem de ®r… Baladeva Prabhu

para servir V�nd€vana-vih€r… ®r… K��Ša como seus asso-ciados eternos em Goloka V�nd€vana, e outras surgem de ®r… Sa‰kar�aŠa para servir ao Senhor de VaikuŠ˜ha, ®r… N€r€yaŠa, no céu espiritual. Estas j…vas, sempre permane-cem fixas em sua posição constitucional, saboreando rasa eternamente, e ocupadas no serviço ao seu Senhor adorável e sempre permanecem fixas em sua posição constitucional. Elas sempre se esforçam em satisfazer Bhagav€n e estão sempre atentas a Ele. Por terem alcançado a força de cit-�akti, elas são sempre fortes e não têm nenhuma conexão com a energia material. Na verdade, elas não sabem se há uma energia ilusória chamada m€y€ ou não. Uma vez que, elas residem no mundo espiritual, m€y€ está muito distante delas e não as influenciam em absoluto. Sempre absortas na bem-aventurança de servir seu Senhor adorável, elas são eternamente liberadas e estão livres de felicidade e aflições materiais. Suas vidas são somente amor, e nem mesmo são conscientes da miséria, da morte e do medo.”

Há também inumeráveis, j…vas atômicas conscientes, que emanam como raios do olhar de K€raŠodaka�€y… M€h€-Vi�Šu sobre Sua m€y€-�akti. Desde que estas j…vas estão situadas próximas a m€y€, elas percebem suas atividades maravilhosas. Embora, elas tenham todas as qualidades das

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497As J…vas Dominadas por M€y€

j…vas que já foram descritas, por causa de sua natureza di-minuta e marginal, algumas vezes elas olham para o mun-do espiritual, e outras vezes, para o mundo material. Nesta condição marginal, a j…va é muito fraca, por ainda não ter alcançado a força espiritual e a misericórdia do objeto de sua adoração (sev€-vastu). Entre estas j…vas ilimitadas, as que desejam desfrutar de m€y€ tornam-se absortas na grati-ficação sensual mundana e entram no estado de nitya-bad-dha. Por outro lado, as j…vas que executam cid-anu�…lanam a Bhagav€n recebem a �akti espiritual (cit-bala) por Sua misericórdia, e entram no mundo espiritual. B€b€! O nos-so grande infortúnio é que esquecemos nosso serviço a ®r… K��Ša, e ficamos aprisionados nas garras de m€y€. Somen-te porque nos esquecemos de nossa posição constitucional, estamos todos nesta condição lamentável.”

Vrajan€tha: Prabhu, entendo que esta posição mar-ginal está situada na ta˜asth€-svabh€va, ou margem, dos mundos espiritual e material. Por que é que algumas j…vas vão dali para o mundo material e outras vão para o mundo espiritual?

B€b€j…: As qualidades de K��Ša estão também pre-sentes nas j…vas, mas em uma quantidade diminuta. K��Ša é supremamente independente, portanto, o desejo de ser in-dependente encontra-se eternamente presente também nas j…vas. Quando a j…va utiliza sua independência corretamen-te, elas mantêm sua inclinação por K��Ša, mas quando ela abusa de tal independência, torna-se vimukha (indiferente) a Ele. E é justamente esta indiferença que dá origem aos desejos no coração da j…va para desfrutar de m€y€. Por cau-sa do desejo de desfrutar de m€y€, ela desenvolve o falso ego, com o qual pode desfrutar a gratificação dos sentidos materiais. Assim, sua pureza e natureza atômica é encober-

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498 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 16

ta pelos cinco tipos de ignorância – tamaƒ (não saber nada sobre a alma espiritual), moha (a ilusão da concepção cor-pórea de vida), mah€-moha (a loucura por desfrute mate-rial), t€misra (esquecimento de sua posição constitucional devido à ira ou inveja) e andha-t€misra (considerar a morte como o fim). Nossa liberação ou subjugação simplesmen-te depende, de utilizarmos nossa diminuta independência apropriadamente ou de maneira incorreta.

Vrajan€tha: K��Ša é karuŠamaya (pleno de mise-ricórdia), assim, por que Ele fez a j…va tão fraca que pode se tornar condicionada por m€y€?

B€b€j…: É verdade que K��Ša é karuŠamaya, (repleto de misericórdia), todavia, Ele também é l…l€maya, inunda-do com desejo de realizar passatempos. Desejando realizar vários passatempos em diferentes situações, ®r… K��Ša fez as j…vas elegíveis para todas as condições, do estado marginal ao estado mais elevado de mah€bh€va. E para facilitar o pro-gresso prático, e estável das j…vas de se tornarem qualificadas ao serviço a K��Ša. Ele também criou os níveis inferiores da existência material, iniciando da mais baixa matéria inerte até o aha‰k€ra, os quais são a causa de ilimitados obstáculos para alcançar param€nanda. Por terem caído de sua posição constitucional, as j…vas que estão enredadas por m€y€ são indiferentes a K��Ša e estão absortas na gratificação pessoal dos sentidos. No entanto, ®r… K��Ša é o reservatório da mi-sericórdia. Quanto mais caída for a j…va, mais K��Ša mostra oportunidades para ela alcançar a mais elevada perfeição espiritual. Ele propicia isto ao aparecer diante dela junto com Seu dh€ma espiritual e Seus associados eternos. Aque-las j…vas que aproveitam esta oportunidade misericordiosa e sinceramente esforçam-se por alcançar a mais elevada po-sição, gradualmente elevam-se ao mundo espiritual e obtêm

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499As J…vas Dominadas por M€y€

um estado similar ao dos associados eternos de ®r… Hari.Vrajan€tha: Por que deveriam as j…vas sofrer por

causa dos passatempos de Bhagav€n? B€b€j…: As j…vas possuem certa independência. Isto

é realmente um sinal especial da misericórdia de Bhagav€n por elas. Os objetos inertes são muito insignificantes e i-núteis porque eles não têm tal desejo independente. A j…va alcança domínio sobre o mundo inerte somente por causa de seu desejo de independência.

Miséria e felicidade são condições da mente. Por-tanto, o que podemos considerar como miséria é felicida-de para aquele que está absorto nela. Desde que todas as variedades de gratificação material dos sentidos finalmente resultam somente em miséria, uma pessoa materialista so-mente alcança sofrimento. Quando este sofrimento torna-se excessivo, surge a busca pela felicidade. Deste desejo surge a discriminação e desta, a tendência para indagar é desperta. Como resultado disto, obtém-se sat-sa‰ga (a associação de pessoas santas), e a partir de então �raddh€ se desenvolve. Quando a �raddh€ surge, a j…va ascende para um estágio mais elevado, ou seja, o caminho de bhakti. O ouro é puri-ficado ao ser aquecido e martelado. Estando indiferente a K��Ša, a j…va tornou-se impura ao dedicar-se a gratificação dos sentidos mundanos. Por esta razão, ela deve ser puri-ficada ao ser golpeada com os martelos da miséria na bi-gorna deste mundo material. Por este processo, a miséria das j…vas aversas a K��Ša finalmente culmina em felicidade. Portanto, o sofrimento é somente um sinal da misericórdia de Bhagav€n. É por causa disto que as pessoas inteligen-tes veem o sofrimento das j…vas nos passatempos de K��Ša como auspicioso, embora os néscios possam ver como uma inauspiciosa fonte de miséria.

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500 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 16

Vrajan€tha: O sofrimento da j…va em seu estado con-dicionado é no final das contas auspicioso, mas no presente estado é muito doloroso. Desde que K��Ša é onipotente, Ele não poderia pensar num caminho menos problemático?

B€b€j…: As l…l€s de K��Ša são extremamente mara-vilhosas e de muitas variedades; esta também é uma de-las. Posto que Bhagav€n é independente e todo-poderoso, e executa todos os tipos de passatempos, por que Ele deveria ignorar unicamente este passatempo? Nenhum passatem-po pode ser rejeitado se há completa variedade. Por outro lado, os participantes em outros tipos de passatempos tam-bém devem aceitar algum tipo de sofrimento. ®r… K��Ša é o desfrutador (puru�a) e o agente ativo (kart€). Todos os ingredientes e parafernálias são controlados por Seu desejo e subordinados as Suas atividades. É natural experimentar algum sofrimento quando alguém é controlado pelo desejo do agente. Entretanto, se este sofrimento traz prazer no fi-nal, não é um verdadeiro sofrimento. Como você pode cha-mar isto de sofrimento? O assim chamado sofrimento que alguém suporta a fim de nutrir e apoiar os passatempos de K��Ša realmente é a origem do deleite. Os desejos indepen-dentes da j…va causaram-lhe o abandono do prazer de servir a K��Ša, e ao invés disso, aceitar o sofrimento em m€y€. Isto é culpa da j…va, não de K��Ša.

Vrajan€tha: Que mal deveria existir se a j…va não ti-vesse desejos independentes? K��Ša é onisciente e Ele deu esta independência para as j…vas, embora ele saiba que elas possam sofrer por causa disto, então, não é Ele responsável pelo sofrimento da j…va?

B€b€j…: Independência é uma jóia preciosa, sem a qual os objetos inertes são insignificantes e inúteis. Se a j…va não tivesse recebido independência, ela também seria

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501As J…vas Dominadas por M€y€

tão insignificante e inútil como os objetos materiais. A j…va é uma entidade espiritual atômica, assim ela teria certa-mente que ter todas as qualidades dos objetos espirituais. A única diferença é que Bhagav€n, que é o objeto espiritual completo, possui todas estas qualidades em sua totalidade, enquanto que a j…va tem somente em um grau muito dimi-nuto. A independência é uma qualidade distintiva de um objeto espiritual, e a qualidade inerente de um objeto não pode estar separada dele mesmo. Consequentemente, a j…va também tem esta qualidade de independência, mas somente num grau diminuto, porque ela é atômica. E é somente por causa desta independência que a j…va é o supremo objeto do mundo material, e a senhora da criação.

A j…va independente é uma amada serva de K��Ša, e deste modo K��Ša é amável e compassivo com ela. Vendo o infortúnio da j…va, como ela abusa de sua independência e fica apegada a m€y€, Ele vai atrás dela e chorando mui-to, aparece no mundo material para libertá-la. ®r… K��Ša, o oceano de compaixão, com Seu coração derretido pela misericórdia para com as j…vas, manifesta Sua acintya-l…l€ no mundo material, pensando que Seu aparecimento irá capacitar a j…va para ver Seus nectáreos passatempos. No entanto, a j…va não pode entender a verdade sobre os passa-tempos de K��Ša, mesmo após ser inundada por tanta mise-ricórdia. Desta maneira, K��Ša descende em ®r… Navadv…pa na forma do guru. Ele pessoalmente descreve o supremo processo de cantar o Seu nome, forma, qualidades e passa-tempos e pessoalmente instrui e inspira as j…vas a seguirem este caminho ao praticá-lo Ele próprio. B€b€, como você pode acusar K��Ša de ter alguma culpa se Ele é tão miseri-cordioso. Sua misericórdia é ilimitada, mas nosso infortú-nio é lamentável.

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502 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 16

Vrajan€tha: Então, m€y€-�akti é a causa de nosso infortú-nio? Deveriam as j…vas ter que sofrer desta maneira, se a onipotência e onisciência de ®r… K��Ša tivessem mantido m€y€ longe delas?

B€b€j…: M€y€ é uma transformação refletida da potência interna de K��Ša, svar™pa-�akti, e ela é como um forno ardente onde as j…vas que não são qualificadas para o seva a K��Ša são punidas até se tornarem prontas para o mundo espiritual. M€y€ é uma criada de K��Ša. A fim de purificar as j…vas que se rebelaram contra K��Ša, ela as pune, dá a terapia apropriada, e as purifica. A j…va infinite-simal esqueceu que ela é uma serva eterna de K��Ša, e por esta ofensa, m€y€, na forma de uma bruxa (pi�€c…) a pune. O mundo material é como uma prisão, e m€y€ é o carcerei-ro que prende as j…vas rebeldes e as pune. Assim como um rei constrói uma prisão para o benefício de seus súditos, da mesma maneira, Bhagav€n mostra Sua imensa misericórdia pelas j…vas ao fazer deste mundo material uma prisão e de-signar m€y€ como sua guardiã.

Vrajan€tha: Se este mundo material é uma prisão, isto também requer algumas algemas apropriadas. Quais são elas?

B€b€j…: M€y€ encarcera as j…vas ofensivas com três tipos de algemas: as algemas no modo da bondade (sattva-guŠa), no modo da paixão (rajo-guŠa), e as no modo da ignorância (tamo-guŠa). Estas algemas prendem a j…va, segundo sua inclinação nas qualidades t€masika, r€jasika ou s€ttvika. Elas podem ser feitas de diferentes metais – tais como ouro, prata ou ferro – mas isto não faz diferença para a dor de estar preso por elas.

Vrajan€tha: Como podem as algemas de m€y€ ata-rem as j…vas atômicas conscientes?

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503As J…vas Dominadas por M€y€

B€b€j…: Os objetos deste mundo material não podem tocar os objetos espirituais

Todavia, logo que a j…va desenvolve a concepção de que ela é desfrutadora de m€y€, sua forma espiritual atômica é encoberta pelo corpo sutil feito de falso ego. Isto é porque as algemas de m€y€ atam suas pernas. As j…vas que têm um ego s€ttvika residem nos planetas mais elevados e são cha-madas devat€s; suas pernas são aprisionadas por correntes s€ttvikas feitas de ouro. As r€jasika-j…vas tem uma mistura de propensões dos devat€s e dos seres humanos, elas são confinadas em algemas r€jasikas feitas de prata. E as j…vas t€masikas que são loucas por saborearem ja�€nanda (bem-aventurança derivada da matéria grosseira), são atadas por algemas t€masikas de ferro. Uma vez que as j…vas sejam aprisionadas nestas algemas, elas não podem deixar esta prisão. Embora, sofram vários tipos de misérias, elas per-manecem em cativeiro.

Vrajan€tha: Que tipos de karmas (atividades), as j…vas executam enquanto confinadas na prisão de m€y€?

B€b€j…: Inicialmente, a j…va realiza karma para pro-porcionar o prazer sensual que deseja segundo suas pro-pensões materiais. Então, ela realiza karma (atividade) para tentar liberar-se das misérias que resultam de estar aprisio-nada pelas algemas de m€y€.

Vrajan€tha: Por favor, explique o primeiro tipo de karma detalhadamente.

B€b€j…: A cobertura do corpo grosseiro material tem seis estágios, ou seja, nascimento, crescimento, existência, reprodução, declínio e morte. Estas seis transformações são os atributos inerentes ao corpo grosseiro; a fome e a sede são as deficiências. A j…va piedosa que está situ-ada no corpo material é controlada pelo comer, dormir e

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atividades sensuais, segundo os desejos dos sentidos ma-teriais. A fim de desfrutar de confortos materiais, ela se ocupa em uma variedade de atividades (karma) que nas-cem de seus desejos materiais. Durante o curso do tempo de sua vida, ela realiza dez tipos de cerimônias purificató-rias (puŠya saˆsk€ras), e outros dezoito ritos sacrificiais prescritos nos Vedas. Sua intenção é de acumular créditos piedosos através destes karmas, assim ela pode desfrutar de prazeres materiais ao nascer em uma família brahmínica ou outra família de alta classe neste mundo. E depois disto,ob-ter os prazeres celestiais nos planetas elevados. Deste modo, ela se ocupa no caminho do karma.

Em contraste, as j…vas condicionadas ímpias se refugi-am em adharma, e desfrutam a gratificação dos sentidos de uma forma mundana ao realizar vários tipos de atividades pecaminosas. As j…vas na primeira categoria alcançam os mais elevados planetas e desfrutam dos prazeres celestiais como um resultado de suas atividades piedosas. Quando este período de desfrute acaba – o que realmente acontece – elas nascem neste mundo material novamente como seres humanos ou em outra forma de vida. As j…vas na segunda categoria vão para o inferno por causa de suas atividades pecaminosas, e após sofrerem variedades de misérias lá, nascem novamente na terra. Deste modo, a j…va atada por m€y€ e enredada no ciclo do karma, vagueia daqui para ali buscando por gratificações dos sentidos. E às vezes, ela também desfruta de algum prazer temporário como resul-tado de suas atividades piedosas (puŠya-karma), e sofre mi-sérias por causa de seus pecados (p€pa).

Vrajan€tha: Por favor, descreva o segundo tipo de karma.

B€b€j…: As j…vas situadas no corpo grosseiro suportam

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imenso sofrimento devido as deficiências deste corpo e rea-liza vários tipos de karmas na tentativa de minimizar estas misérias. Ela coleta vários alimentos e bebidas para mitigar sua fome e sede, labuta arduamente para ganhar dinheiro, para que possa comprar alimentos facilmente. Ela coleta roupas quentes para proteger-se do frio, casa-se para satis-fazer seus desejos sensuais e trabalha duro para manter sua família, filhos e para satisfazer suas necessidades. Ela toma remédios para curar doenças do corpo grosseiro, luta com os outros, e vai para a corte judicial para proteger seus re-cursos materiais. Se entrega a várias atividades pecamino-sas – tais como lutar, invejar, roubar e outras contravenções – porque é controlada pelos seis i-nimigos, ou seja, k€ma (luxúria), krodha (ira), mada (intoxicação), moha (ilusão), m€tsarya (inveja) e bhaya (medo). Todas estas atividades são para aliviar seus sofrimentos. Assim, a vida inteira das j…vas desnorteadas é desperdiçada em tentar satisfazer seus desejos e evitar o sofrimento.

Vrajan€tha: O propósito de m€y€ não seria satisfeito se ela tivesse apenas coberto a j…va com o corpo sutil?

B€b€j…: O corpo grosseiro também é necessário, por-que o corpo sutil não pode realizar trabalho. Os desejos se desenvolvem no corpo sutil por causa das atividades que a j…va realiza em seu corpo grosseiro, e a j…va recebe um outro corpo grosseiro que é adequado para satisfazer tais desejos.

Vrajan€tha: Qual é a conexão entre karma e os seus frutos? De acordo com a escola M…m€ˆs€ de pensamento, Ÿ�vara não pode conceder os frutos do karma porque Ele é somente um objeto imaginário. Os seguidores desta escola dizem que a realização do karma produz um tattva chama-do ap™rva e, este ap™rva dá os frutos de todos os karmas.

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506 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 16

É isto verdade?B€b€j…: Os seguidores da escola M…m€ˆs€ não con-

hecem o verdadeiro significado dos Vedas. Eles têm um entendimento muito básico de que os Vedas geralmente prescrevem vários tipos de sacrifícios, e eles forjaram uma filosofia baseada nisto, mas esta doutrina não é encontrada em nenhum lugar dos Vedas. Ao contrário, os Vedas decla-ram muito claramente que Ÿ�vara concede todos os frutos do karma. Por exemplo, a ®vet€�vatara Upani�ad (4.6), Mund-aka Upani�ad (3.1.1) e o ¬g Veda (1.164.21) declaram:

dv€ suparŠ€ sayuj€ sakh€y€ sam€naˆ v�k�aˆ pari�asvaj€te tayor anyaƒ pippalaˆ sv€dv atty

ana�nann anyo `bhic€kas…t

‘K�…rodaka�€y… Vi�Šu e a j…va residem neste corpo temporário, como dois pássaros amigos em uma ár-vore pippala. Destes dois pássaros, um – a j…va – sa-boreia os frutos da árvore de acordo com o seu karma, enquanto o outro – Param€tm€ – não saboreia os frutos, mas simplesmente observa como uma testemunha.’

O significado deste �loka é que este saˆs€ra (mun-do material ou corpo material) é como uma árvore pippala na qual dois pássaros estão pousados. Um deles é a j…va condicionada, e o outro é seu amigo, Ÿ�vara (Param€tm€). O primeiro pássaro saboreia os frutos da árvore, enquanto que o outro pássaro simplesmente o observa. Isto significa que a j…va que está atada por m€y€, realiza karma e desfruta os frutos que Ÿ�vara, o Senhor de m€y€, concede de acor-do com o karma da j…va. Este passatempo de ®r… Bhagav€n

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continua até a j…va voltar-se para Ele. Agora, onde está aqui o ap™rva dos seguidores da filosofia M…m€ˆs€? Pense so-bre isto, você mesmo. A doutrina ateísta jamais pode ser completa e perfeita em todos os aspectos.

Vrajan€tha: Por que que você disse que karma não tem começo?

B€b€j…: A raiz de todos os karmas é o desejo de pra-ticar karma, e a causa original deste desejo é avidy€ (igno-rância). Avidy€ é o esquecimento da verdade: “Eu sou um servo eterno de K��Ša”, e isto não tem uma origem no tempo mundano. Ao contrário, isto se origina na junção (ta˜astha) dos mundos material e espiritual. Por isto é que karma não tem origem no tempo mundano, e por esta razão ele é cha-mado sem começo.

Vrajan€tha: Qual é a diferença entre m€y€ e avidy€?

B€b€j…: M€y€ é uma �akti de K��Ša. ®r… K��Ša criou o universo material através dela, e instigou-a a purificar as j…vas que são aversas a Ele. M€y€ tem dois aspectos: avidy€ e pradh€na. Avidy€ está relacionado às j…vas, enquanto que pradh€na está relacionado a matéria inerte. O aglomerado inerte e o mundo mundano tem origem em pradh€na, en-quanto que o desejo da j…va de realizar atividades materiais tem origem em avidy€. Há também duas outras divisões de m€y€, ou seja, vidy€ (conhecimento) e avidy€ (esqueci-mento), ambos estão relacionados à j…va. Avidy€ ata a j…va, enquanto que vidy€ a libera. A faculdade de avidy€ man-tém-na agindo enquanto a apar€dhi-j…va permanecer no esquecida de K��Ša, mas quando ela se torna favorável a K��Ša, é substituída pela faculdade de vidy€. Brahma-jñ€na e assim por diante, são somente atividades particulares da tendência ao conhecimento (vidy€-v�tti). Quando a discri-

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minação é desenvolvida a j…va tenta ocupar-se em ativi-dades auspiciosas e quando a discriminação amadurece, o conhecimento espiritual se manifesta. A avidy€ cobre a j…va, vidy€ remove essa cobertura.

Vrajan€tha: Qual é a função do pradh€na?B€b€j…: Quando Ÿ�vara age, representado pelo Tempo

(kala), estimula m€y€-prak�ti, ela primeiro cria o agrega-do não-manifesto dos elementos materiais (mahat-tattva). A matéria (dravya) é criada pela estimulação da faculdade de m€y€ chamada pradh€na. O falso ego (aha‰k€ra) nasce de uma transformação do mahat-tattva, e o éter (€k€�a) é criado de uma transformação t€masika do falso ego. O ar é criado de uma transformação do éter, e o fogo é criado de uma transformação do ar. A água então, é criada pela transformação do fogo, e a terra é criada pela transformação da água. Assim é como os elementos materiais são criados. Eles são chamados os cinco elementos grosseiros (pañca-mah€-bh™tas).

Agora ouça como os cinco objetos dos sentidos (pañca-tanm€tra) são criados. Kala (tempo) estimula a faculdade de prak�ti chamada avidy€ e cria as tendências dentro do mahat-tattva para karma e jñ€na. Quando a ten-dência do karma do maha-tattva é transformada, ela cria o conhecimento (jñ€na) e atividades (kriy€) de sattva e rajo-gunas, respectivamente. O mahat-tattva também é trans-formado ao se tornar aha‰k€ra. A inteligência (buddhi) é então, criada de uma transformação de aha‰k€ra. O som (�abda), o qual é a propriedade do éter (€k€�a), é criado da transformação de buddhi. A propriedade do tato (spar�a) é criada da transformação do som, e ela inclui ambos: tato, qualidade do ar; e som, qualidade do éter. O pr€Ša (ar vi-tal), oja (energia), e bala (força) são criados desta qualidade

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do tato. Da transformação do tato o aha‰k€ra é formado. O som �abda que é a propriedade do éter – €k€�a – é criado da transfomação de buddhi. A propriedade do toque – spar�a– é criada da transformação do som, e ele inclui ambos: o toque, a qualidade do ar; e o som, a qualidade do espaço. Pr€Ša (ar vital), ojas (energia), e bala (força) são criados desta qualidade do toque. De uma transformação do toque, a propriedade da forma e cor em objetos iluminados são gerados. O fogo tem três qualidades, a saber: forma, tato e som. Quando estas qualidades são transformadas pelo tem-po, elas desdobram-se nas quatro qualidades da água: sabor (rasa), forma, tato e som. Quando elas são transformadas ainda mais, o resultado são as cinco qualidades da terra: aroma (gandha), sabor, forma, tato e som. Todas as ativida-des de transformação acontecem sob direção apropriada do puru�a em Sua forma de consciência (caitanya).

Há três tipos de aha‰k€ra: vaikrika (s€ttvika), taijasa (r€jasika) e tamas. Os elementos materiais nascem de s€ttvika-aha‰k€ra, e os dez sentidos nascem de r€jasika-aha‰k€ra. Há dois tipos de sentidos: aqueles para adqui-rir conhecimento (jñ€na-indriya) e os sentidos funcionais (karma-indriya). Os olhos, ouvidos, nariz, língua e pele são os cinco sentidos para adquirir conhecimento; fala, mãos, pés, ânus e genitais são os cinco sentidos funcionais. Ain-da que os cinco elementos grosseiros (pañca-mah€-bh™ta) combinem com os cinco elementos sutis (s™k�ma-bh™ta), não há atividade a menos que, a consciência atômica da j…va entre neles. Tão logo o anu-cit-jiva, que é uma partícula localizada dentro do raio do olhar de Bhagav€n, entre no corpo feito de mah€-bh™ta e s™k�ma-bh™ta, todas as ati-vidades são postas em movimento. Os s€ttvika e r€jasika guŠas estão aptos e ajustados a função quando combinam

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com os objetos t€masika que são uma transformação de pradh€na. Deve-se deliberar as funções de avidy€ e pradh€na dessa maneira.

Existem vinte e quatro elementos em m€y€: os cinco elementos grosseiros (mah€-bh™tas), ou seja, terra, água, fogo, ar e éter; os cinco objetos dos sentidos, ou seja, o olfato, paladar, forma, tato e som; os cinco sentidos para ad-quirir conhecimento; os cinco sentidos funcionais; mente; inteligência; citta; e aha‰k€ra. Estes são os vinte e quatro elementos da natureza material. A consciência atômica da j…va que entra no corpo feito de vinte e quatro elementos é o vigésimo-quinto elemento, e Param€tm€ Ÿ�vara é o vigé-simo-sexto.

Vrajan€tha: Por favor, diga-me, quanto do corpo hu-mano, cujo tamanho é de três cúbitos e meio (sete palmos) está coberto pelo corpo sutil, e quanto é coberto pelo corpo grosseiro; e em que parte do corpo a j…va consciente resi-de?

B€b€j…: Os cinco elementos grosseiros, os cinco obje-tos dos sentidos (pañca-tanm€tra), e os dez sentidos, juntos formam o corpo grosseiro. Os quatro elementos – mente, inteligência, citta e aha‰k€ra – formam o corpo sutil, ou li‰ga-�ar…ra. A j…va consciente se relaciona erroneamente com o corpo e com os objetos relacionados com o corpo como “eu” e “meu”, e devido a esta falsa identificação ela esquece sua verdadeira natureza. A j…va é extremamente su-til e está além do éter mundano, tempo e qualidades. Apesar de ser muito sutil, ela permeia o corpo inteiro. Do mesmo modo como o efeito aprazível de uma diminuta gota de hari-candana espalha-se sobre todo o corpo quando ela é aplicada em uma parte, assim a j…va atômica, também, é a conhecedora (k�etra-jña) do corpo inteiro, e a experimenta-

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dora de suas dores e prazeres.Vrajan€tha: Se a j…va realiza karma, e experimenta

dores e prazeres, onde está a questão do ativo envolvimento de Ÿ�vara?

B€b€j…: A j…va é a causa instrumental, e quando ela realiza karma, Ÿ�vara age como a causa eficiente e orde-na os frutos do karma que a j…va é elegível para desfrutar. Ÿ�vara também ordena o karma futuro para o qual a j…va se torna elegível. Em resumo, Ÿ�vara concede os frutos, en-quanto que a j…va os desfruta.

Vrajan€tha: Quantos tipos de baddha-j…vas existem?B€b€j…: Há cinco tipos, a saber, aquelas cuja cons-

ciência está completamente encoberta (€cch€dita-ceta-na); aquelas cuja consciência está encolhida ou retraída (sa‰kucita-cetana); aquelas cuja consciência está levemen-te germinada (mukulita-cetana); aquelas com consciência desenvolvida (vikasita-cetana); e aquelas com consciência plenamente desenvolvida (p™rŠa-vikasita-cetana).

Vrajan€tha: Quais j…vas têm a consciência completa-mente encoberta?

B€b€j…: Há j…vas com os corpos de árvores, trepadei-ras, gramas, pedras e assim por diante, que esqueceram do serviço a K��Ša, e estão assim absortas nas qualidades ma-teriais de m€y€ que não tem sequer um sinal de sua natu-reza senciente. Há somente uma ligeira indicação de sua senciência através das seis transformações. Este é o estágio mais baixo da queda das j…vas, e este fato é corroborado pe-las histórias épicas de Ahaly€, Yamalarjuna e Sapta-t€la. Al-cança-se somente este estágio por causa de algumas graves ofensas, e pode-se somente ser libertado pela misericórdia de K��Ša.

Vrajan€tha: Quais j…vas têm a consciência contraí-

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da?B€b€j…: Os animais, pássaros, cobras, peixes, aquáti-

cos, mosquitos, várias criaturas similares têm consciência encolhida ou contraída. A consciência destas j…vas estão aparentes até um certo nível, de um modo diferente das j…vas no grupo anterior, cujas consciências estão completamente encobertas. Por exemplo, aquelas j…vas que realizam ativi-dades tais como, comer, dormir, movimentar-se livremente, e brigar com os outros por coisas que considera sua proprie-dade. Elas também demonstram medo, e elas ficam iradas quando veem injustiça. Porém, elas não têm conhecimento do mundo espiritual. Até mesmo macacos têm algum co-nhecimento científico em suas mentes travessas, pois eles têm uma idéia do que irá acontecer ou não no futuro, e eles têm também a qualidade de serem gratos. Alguns animais têm bom conhecimento sobre diferentes objetos, mas ape-sar de todos estes atributos, eles não têm uma propensão para indagar sobre Bhagav€n, pois a consciência deles é contraída. É dito no �€stra que Mah€r€ja Bharata ainda ti-nha conhecimento dos nomes de Bhagav€n, mesmo enquan-to estava num corpo de veado, mas isto é incomum; isto somente acontece em casos especiais. Bharata e o rei N�ga haviam nascido como animais por causa de suas ofensas, e eles foram liberados quando suas ofensas foram anuladas pela misericórdia de Bhagav€n.

Vrajan€tha: Quais são as j…vas têm a consciência li-geiramente desperta (mukulita-cetana)?

B€b€j…: As j…vas condicionadas com corpos hu-manos estão nestas três categorias: aquelas com a cons-ciência ligeiramente desperta (mukulita-cetana), aquelas com consciência desenvolvida (vikasita-cetana), e aque-las com consciência plenamente desenvolvida (p™rŠa-

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vikasita-cetana). Geralmente, a raça humana pode ser di-vidida em cinco grupos: 1) ateístas imorais, 2) ateístas mo-rais, 3) teístas morais, que tem moralidade e fé em Ÿ�vara, 4) aqueles que estão ocupados em s€dhana-bhakti, e 5) aque-les que estão ocupados em bh€va-bhakti.Aqueles que são ateístas conscientemente ou inconsciente-mente são ou imorais ou ateístas morais. Quando a pessoa moral desenvolve um pouco de fé em Ÿ�vara, ela é chama-da um teísta moral. Aqueles que desenvolvem interesse em s€dhana-bhakti de acordo com os princípios do �€stra são chamados s€dhana-bhaktas, e aqueles que desenvolveram algum amor puro por Ÿ�vara são chamados bh€va-bhaktas. Tanto os ateístas morais quanto os ateístas imorais têm ligei-ramente a consciência desperta; teístas morais e s€dhana-bhaktas têm a consciência desenvolvida; e os bh€va-bhaktas têm a consciência completamente desenvolvida.

Vrajan€tha: Por quanto tempo os bh€va-bhaktas permanecem condicionados por m€y€?

B€b€j…: Responderei esta pergunta quando explicar o sétimo �loka do Da�a-m™la. Agora, está muito tarde, é melhor que volte para sua casa.

Vrajan€tha voltou para a sua casa, contemplando todos os tattvas que ouviu.

Assim termina o Décimo Sexto Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Prameya: As J…vas Dominadas por M€y€”

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Capítulo 17Prameya: As J…vas Livres de M€y€

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A avó de Vrajan€tha fez os últimos arranjos para o casamento dele, e a noite ela lhe explicou tudo. Vrajan€tha simplesmente fez sua refeição em silêncio e não fez ne-nhum comentário naquele dia. Ficou acordado na cama até tarde aquela noite, e então pôs-se a pensar profundamente sobre o estado da alma espiritual pura. Enquanto sua avó idosa estava ocupada tentando encontrar meios de con-vencê-lo a aceitar o casamento, VeŠ…-m€dhava, o primo materno de Vrajan€tha chegou.

A jovem com a qual Vrajan€tha supostamente iria se casar era prima paterna de VeŠ…-m€dhava, e Vijaya-Vidy€ratna o havia enviado para formalizar os detalhes. VeŠ…-m€dhava perguntou: “Qual é o problema, minha avó? Por que você está demorando em arranjar o casamento do irmão Vraja?”

A avó respondeu com uma voz bastante preocupada: “Meu filho, você é um rapaz inteligente. Talvez ele mude de ideia se você falar com ele. Todos os meus esforços foram em vão.”

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O aspecto físico mostrava claramente qual era o caráter de VeŠ…-m€dhava, sua estatura pequena, pescoço curto, compleição escura, e olhos, que piscavam constante-mente. Ele gostava de se intrometer em todos os aconteci-mentos, em vez de se preocupar com o seu próprio interesse. E seu envolvimento na vida dos outros nunca era benéfico. Após ouvir a senhora idosa, ele franziu a testa ligeiramente e vangloriou-se dizendo: “Isto não é problema. Eu preciso de sua permissão. VeŠ…-m€dhava pode fazer qualquer coisa. Você me conhece muito bem. Posso fazer dinheiro ao con-tar as ondas. Deixe-me discutir isto com ele ao menos uma vez. E se eu tiver sucesso, você irá me convidar para um belo banquete com p™r…s e kacor…s?”

“Vrajan€tha acabou de jantar, e agora ele está dor-mindo,” disse a avó.

Certo, virei amanhã e colocarei as coisas em ordem,” replicou VeŠ…-m€dhava, e voltou para casa.

No dia seguinte, ele voltou cedo pela manhã, carre-gando uma lota em suas mãos, e completou as abluções da manhã. Ao vê-lo, Vrajan€tha ficou um pouco surpreso, e disse: “Irmão! Por que você veio tão cedo?”

VeŠ…-m€dhava respondeu: “D€d€, você tem estado estudando e ensinando o ny€ya-�€stra por um longo tem-po. Você é filho do PaŠ�ita Harin€tha C™�€maŠi, e você tornou-se famoso em todo o país. Você é o único sobre-vivente masculino da casa, se você não tiver nenhum her-deiro, quem você acha que iria cuidar desta grande casa de vocês? Irmão, nós temos um pedido. Por favor, case-se.”

Vrajan€tha respondeu: “Irmão, não me traga pre-ocupação desnecessária. Agora, estou aceitando o re-fúgio dos bhaktas de ®r… Gaura-sundara, e não tenho nenhum desejo de me envolver em afazeres mundanos. Sinto

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uma verdadeira paz na associação dos Vai�Šavas de M€y€pura, e não encontro qualquer atração por este mun-do. Irei aceitar sanny€sa ou passarei o resto de minha vida no abrigo dos pés de lótus dos Vai�Šavas. Abri meu coração para você porque sei que você é meu amigo íntimo, mas não revele isto para ninguém mais.”

VeŠ…-m€dhava entendeu que somente poderia fazer Vrajan€tha mudar de ideia se o ludibriasse, assim ele ha-bilmente restringiu seus sentimentos, e a fim de criar uma impressão particular ele disse: “Tenho sempre permaneci-do seu assistente no que quer que tenha feito. Costumeira-mente carregava seus livros quando você estava estudando na escola de sânscrito, assim carregarei seu bastão e pote d’água quando você aceitar sanny€sa.”

É difícil de entender a mente de pessoas corrompidas; elas têm duas línguas, elas dizem uma coisa com uma, e e-xatamente o oposto com a outra. Eles são bandidos em tra-jes de santos, carregando os nomes de ®r… R€ma na boca, e uma espada debaixo do braço.

Vrajan€tha era uma pessoa simples. Enternecido com as palavras doces de VeŠ…-m€dhava, ele disse: “Irmão, te-nho lhe considerado como meu amigo querido. A avó é so-mente uma mulher idosa, e não entende assuntos sérios. Ela está muito entusiástica por submergir-me num oceano de afazeres materiais ao conseguir casar-me com alguma garo-ta. Será um alívio se você mudar a opinião dela e de alguma maneira dissuadí-la; estarei sempre endividado com você.” VeŠ…-m€dhava respondeu: “Ninguém ousará se opor ao seu desejo enquanto Sharmar€ma estiver vivo. D€d€, você verá do que sou capaz. Simplesmente deixe-me saber uma coisa, por que você desenvolveu tal ódio por este mundo? Quem está aconselhando você a cultivar tais sentimentos

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de renúncia?”Vrajan€tha explicou sobre sua renúncia, e disse: “Há

um ancião e experiente b€b€j… chamado Raghun€tha d€sa B€b€j… em M€y€pura. Ele é meu instrutor, e eu vou todo dia após o crepúsculo para o abrigo dos seus pés para encontrar alívio do ardente fogo deste mundo material. Ele é muito misericordioso comigo.” O malvado VeŠ…-m€dhava come-çou a pensar: “Agora eu entendi o ponto fraco do irmão Vraja. Ele tem que ser trazido de volta para o caminho certo pela decepção, força, competência e esperteza.” Exterior-mente ele disse: “Irmão, não se preocupe. Estou indo para casa agora, mas irei gradualmente mudar a opinião da sua avó.” VeŠ…-m€dhava simulou pegar a estrada que conduzia a sua casa, mas ao invés disso, ele pegou um outro camin-ho, e chegou a ®r…v€s€‰gana em M€y€pura. Ali sentou-se numa elevada plataforma sob a árvore bakula e começou a admirar a opulência dos Vai�Šavas. “Estes Vai�Šavas estão realmente desfrutando o mundo. Eles têm tão belas casas e encantadores kuñjas. Este é um belo arranjo neste maravil-hoso pátio.” Em cada um dos ku˜…ras, um Vai�Šava sentado cantava hari-n€ma em suas contas. Eles parecem bastante contentes, como os touros da religião. As mulheres do vila-rejo próximo, que vieram banhar-se no Ga‰g€, espontanea-mente supriram os Vai�Šavas com frutas, vegetais, água e vários comestíveis. VeŠ…-m€dhava pensou: “Os br€hmaŠas sistematizaram o karma-k€Š�a para receber estas facilida-des, mas ao invés disso, estes grupos de b€b€j…s estão des-frutando a nata. Todas as glórias a Kali-yuga! Estes discípu-los de Kali estão tendo um maravilhoso momento. Oh! Meu nascimento em uma elevada família de br€hmaŠas é inútil! Ninguém se preocupa mais conosco, que dizer de oferecer frutas e água. Estes Vai�Šavas até condenam br€hmaŠas

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eruditos, e abusam e insultam-nos chamam-nos de baixos e tolos. O irmão Vraja ajustou-se bem a esta descrição completamente, embora ele fosse um homem bem-edu-cado, ele parece ter se vendido para estas astutas pessoas de tanga. Eu, VeŠ…-m€dhava, reformarei tanto Vrajan€tha quanto estes b€b€j…s.” Dessa maneira, VeŠ…-m€dhava en-trou em um dos ku˜…ras, o qual pertencia a ®r… Raghun€tha d€sa b€b€j… que estava sentado num assento de folhas de bananeira, cantando seu hari-n€ma. O caráter de uma pes-soa é evidente em sua face, e o idoso b€b€j… pôde enten-der que, a personificação de Kali tinha entrado na forma deste filho de um br€hmaŠa. Os Vai�Šavas se consideram mais baixos do que uma palha de grama. Eles oferecem respeitos para aqueles que os insultam, e eles oram para o bem-estar de um oponente, até mesmo se eles os tortu-ram. B€b€j… Mah€r€ja respeitosamente ofereceu um assen-to para VeŠ…-m€dhava. VeŠ…-m€dhava não tinha nenhuma qualidade Vai�Šava, assim após sentar-se, ele ofereceu suas bênçãos a B€b€j… Mah€r€ja, considerando-se acima de toda a etiqueta Vai�Šava. “B€b€, qual é o seu nome? O que o traz aqui?” Indagou B€b€j… Mah€�aya informalmente. VeŠ…-m€dhava ficou irritado por ter sido tratado informalmente, e irado ele disse: “Ó B€b€j…, você pode tornar-se igual a um br€hmaŠa somente por usar kaup…na (tanga)? Não se preocupe! Simplesmente me diga, você conhece Vrajan€tha Ny€ya-pañc€nana?”

B€b€j…: (entendendo a razão de sua irritação) Por fa-vor, desculpe este velho homem; não se ofenda pelas mi-nhas palavras. Sim, Vrajan€tha vem aqui algumas vezes, por sua própria misericórdia.

VeŠ…-m€dhava: Não pense que ele seja uma pessoa simplória. Ele vem aqui com falsos motivos.

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Primeiro, ele está sendo agradável para ganhar sua confiança. Os br€hmaŠas de Belpukura estão extremamen-te aborrecidos pela conduta de vocês, e eles consultaram entre si e decidiram enviar Vrajan€tha até vocês. Você é um homem velho. Deste modo seja cuidadoso. Eu virei aqui de vez em quando, para lhe informar o progresso desta conspi-ração. Não conte nada sobre mim; caso contrário você terá sérios problemas. Por hoje é só.

Dizendo isto, após levantar-se VeŠ…-m€dhava vol-tou para sua casa. Logo mais à tarde, enquanto Vrajan€tha estava sentado na varanda após sua refeição, VeŠ…-m€dhava repentinamente apareceu, como por acaso, sentou-se pró-ximo a ele, e começou a falar: “Irmão, hoje eu fui para M€y€pura devido a alguns negócios. Lá eu vi um ancião, talvez Raghun€tha d€sa B€b€j…. Ele estava conversando so-bre coisas em geral, e então você surgiu nesta conversa. Você não imagina o que ele falou sobre você! Eu jamais ouvi tais coisas repulsivas sendo faladas sobre qualquer br€hmaŠa. Ao final ele disse: ‘Irei rebaixá-lo de seu ele-vado status brahmínico ao lhe dar o resto dos alimentos de pessoas de baixa casta.’ Que vergonha! Não é apropriado para um homem erudito como você associar-se com tal pes-soa. Você irá arruinar seu alto prestígio de br€hmaŠa se agir deste modo.”

Vrajan€tha estava surpreso ao ouvir VeŠ…-m€dhava dizer tudo isto. Por alguma razão desconhecida, sua fé com relação aos Vaisnavas e no velho B€b€j… Mah€r€ja apenas aumentou, disse ele gravemente: “Irmão, estou ocupado no momento. Você vá agora; ouvirei o que tenha a dizer aman-hã, e então tomarei uma decisão.”

VeŠ…-m€dhava foi embora. Agora, Vrajan€tha ficou completamente alerta sobre a natureza venenosa de VeŠ…-

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m€dhava. Ele era bem-versado no ny€ya-�€stra, e embo-ra ele tivesse uma natureza repulsiva à maldade, o pensa-mento de que VeŠ…-m€dhava deveria auxiliá-lo no camin-ho de sanny€sa tinha induzido Vrajan€tha a ser amistoso com ele. Agora, ele entendeu que aquelas doces palavras de VeŠ…-m€dhava tinham um motivo oculto. Depois de pen-sar mais um pouco, Vrajan€tha realizou que VeŠ…-m€dhava estava agindo falsamente porque ele estava envolvido com a proposta de casamento. Isto é porque ele deve ter ido a M€y€pura – para plantar a semente de alguma trama secre-ta. Ele orou em sua mente: “Ó Bhagav€n! Faça com que minha fé nos pés de lótus de meu Gurudeva e dos Vai�Šavas permaneça firme. Que nunca possa ser diminuída pelos distúrbios de pessoas impuras como esta.” Ele permaneceu absorto nestes pensamentos até a noite. Então, partiu para ®r…v€s€‰gana, chegando lá em profunda ansiedade.

Quando Vrajan€tha chegou em M€y€pur, depois da visita de VeŠ…-m€dhava, B€b€j… pensou: “Aquele homem, é certamente um br€hmaŠa-r€k�asa.

r€k�as€ƒ kalim €�ritya j€yante brahma-yoni�u

‘Refugiando-se em Kali-yuga, r€k�asas nascem em famílias de br€hmaŠas.’ “Esta declaração do �€stra certamente confirma a

verdade no caso desta pessoa. Sua face claramente mostra seu orgulho de sua casta elevada, seu falso ego, sua inveja dos Vai�Šavas, e sua hipocrisia religiosa, e seu pescoço curto, seus olhos, e sua maneira enganosa de falar real-mente representam o estado interno de sua mente. Ah! Este homem é um completo asura por natureza, enquanto que

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Vrajan€tha é uma pessoa de natureza muito meiga. Ó K��Ša! Ó Gaur€‰ga! Nunca deixe-me associar com tal pes-soa. Hoje, devo advertir a Vrajan€tha sobre isto!”

Logo que Vrajan€tha chegou ao ku˜…ra, B€b€j… lhe chamou afetuosamente, “Venha, B€b€, venha!” e o abraçou. A voz de Vrajan€tha estava embargada de emoções, as lá-grimas começaram a escorrer de seus olhos quando ele caiu aos pés de B€b€j…. B€b€j… levantou-o com muito afeto e dis-se gentilmente: “Esta manhã, um br€hmaŠa de compleição escura veio aqui. Ele disse algumas coisas perturbadoras, e então, foi embora novamente. Você o conhece?”

Vrajan€tha: Prabhu, sua graça me disse que há di-ferentes tipos de j…vas neste mundo. Algumas sem nenhum motivo são invejosas, e encontram satisfação em perturbar outras j…vas. Nosso irmão, VeŠ…-m€dhava, está dentro desta categoria. Ficarei feliz se nós não discutirmos mais sobre ele. A única coisa que ele quer é criticar você para mim e eu para você, e criar discórdias entre nós ao inventar falsas acusações. Espero que você não tenha dado atenção ao que ele disse.

B€b€j…: Ó K��Ša! Ó Gaur€‰ga! Estou há algum tem-po servindo os Vai�Šavas, e pela misericórdia deles, recebi o poder de saber a diferença de quem é um Vai�Šava e quem não é. Você não precisa me dizer mais nada sobre isto.

Vrajan€tha: Por favor, esqueça tudo isto e conte-me como a j…va pode se livrar das garras de m€y€. B€b€j…: A resposta disto encontra-se no sétimo �loka do Da�a-m™la:

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yad€ bhr€maˆ bhr€maˆ hari-rasa-galad-vai�Šava-janaˆ kad€cit saˆpa�yan tad-anugamane sy€d ruci-yutaƒ

tad€ k��Š€v�tty€ tyajati �anakair m€yika-da�aˆ svar™paˆ vibhr€Šo vimala-rasa-bhogaˆ sa kurute

‘Quando, no curso de transmigração entre espécies elevadas e baixas no mundo material, a j…va que é capaz de encontrar um Vai�Šava absorto no fluxo do rasa de �r…-hari-bhakti, um gosto surge em seu cora-ção para seguir o caminho de vida Vai�Šava. E por cantar �r…-k��Ša-n€ma, ela gradualmente se livra de seu condicionamento. Passo a passo, ela ganha sua intrínseca cinmaya-svar™pa (forma transcendental), e torna-se qualificada para saborear o rasa puro e espiritual do serviço direto a ®r… K��Ša.’

Vrajan€tha: Eu gostaria de ouvir alguma evidência dos Vedas que comprovem isto.

B€b€j…: É dito nas Upani�ads:

sam€ne v�k�e puru�o nimagno ’n…�ay€ �ocati muhyam€naƒ

ju�˜aˆ yad€ pa�yaty anyam …�am asya mahim€nam eti v…ta-�okaƒ

‘A j…va e o Param€tm€ habitam no corpo, como dois pássaros na mesma árvore. Devido ao seu apego ao desfrute sensorial material, a j…va está imersa na con-cepção corpórea de vida por causa de sua atração pelo desfrute dos sentidos materiais. Iludida por m€y€, ela não pode encontrar nenhum meio de liberação, e de-ste modo ela se lamenta e cai. Quando a j…va tem dar�ana da outra pessoa em seu coração – a

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saber, o Senhor Supremo, que é servido eternamen-te por Seus bhaktas puros – ela testemunha as glór-ias incomuns de K��Ša. Então, ela se liberta de to-das as lamentações, e alcança sua posição gloriosa como serva de K��Ša.’ (MuŠ�aka Upani�ad 3.1.2 e ®vet€�vatara Upani�ad 4.7)

Vrajan€tha: Este �loka declara que quando a j…va contempla o Senhor adorável, ela libera-se para sempre de toda a ansiedade, e diretamente percebe Sua magnificência. Isto implica em liberação?

B€b€j…: Liberação significa estar livre das garras de m€y€. Somente aqueles que têm a associação de pessoas santas alcançam esta liberação, mas o objeto real da busca é a gloriosa posição que alguém recebe após alcançar a li-beração.

muktir hitv€nyath€-r™paˆ svar™peŠa vyavasthitiƒ ®r…mad-Bh€gavatam

(2.10.6)

‘Em sua forma constitucional original, a j…va é uma serva pura de K��Ša. Quando ela cai na escuridão da nescidade, ela tem que aceitar corpos materiais gros-seiros e sutis. Liberação significa que a pessoa aban-dona completamente estas formas alheias externas e situa-se em sua svar™pa espiritual original.’

Parte deste �loka explica que liberação significa que a pessoa deve abandonar estas outras formas e situar-se em sua própria svar™pa. A necessidade da j…va é alcançar sua posição constitucional. O trabalho de liberação se comple-

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ta no momento em que a j…va está livre das garras de m€y€. Uma vez que ela alcança sua posição constitucional natural, então muitas atividades começam. Esta conquista é a neces-sidade fundamental da j…va (m™la-prayojana). Liberdade da intensa miséria pode ser chamada liberação, mas depois da liberação, há um outro estágio, no qual a pessoa alcança a felicidade espiritual (cit-sukha). Este estado é descrito na Ch€ndogya Upani�ad (8.12.3):

evam evai�a sampras€do ‘sm€c char…r€t samutthaya

paraˆ jyoti-r™pa-sampadya svena r™pen€bhini�padyate sa uttamaƒ puru�aƒ sa tatra paryeti jak�an kr…�an

ramam€Šaƒ

‘Quando a j…va alcança a liberação, ela transcende os corpos materiais grosseiro e sutil e situa-se em seu próprio estado espiritual, não-material, comple-to com sua refulgência espiritual. Então, ela se tor-na transcendentalmente situada. Naquela atmosfera espiritual, ela se absorve em desfrute (bhoga), ativi-dades (kr…�€) e bem-aventurança (€nanda).’

Vrajan€tha: Quais são os sintomas daqueles que são liberados de m€y€?

B€b€j…: Eles têm oito sintomas, os quais a Ch€ndogya Upani�ad (8.7.1) descreve, como segue:

ya €tm€pahata-p€pm€ vijaro vim�tyur vi�oko`vijighatso`pip€saƒ satya-k€maƒ satya-sa‰kalpaƒ so `nve�˜avyaƒ

‘A alma liberada tem oito qualidades: Ela se liberta

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de toda atividade pecaminosa, bem como da inclina-ção que surge para a atividade pecaminosa devido à ignorância de m€y€; ela não está sujeita às misérias da velhice; ela sempre permanece joven e renovada, e não tem tendência à decadência; ela nunca chega ao fim, ou morre; ela nunca é melancólica; não tem desejo sensual; tem uma inclinação natural a servir a K��Ša, sem nenhum outro desejo; e todos os seus desejos tornam-se realizados. Estas oito qualidades estão ausentes na baddha-j…va.’

Vrajan€tha: É dito no Da�a-m™la �loka: “A boa fortuna da j…va que está vagando sem propósito no mun-do material surge quando ela encontra um Vai�Šava rasika que saboreia o néctar de Hari.” Pode surgir a objeção que eventualmente, alguém pode alcançar hari-bhakti por exe-cutar atividades piedosas, a�˜€‰ga-yoga e pelo cultivo de brahma-jñ€na.

B€b€j…: Estas são as próprias palavras de ®r… K��Ša:

na rodhayati m€ˆ yogo na s€‰khyaˆ dharma eva ca na sv€dhy€yas tapas ty€go ne�˜€-p™rttaˆ na dak�iŠ€

vrat€ni yajñ€� chand€ˆsi t…rth€ni niyam€ yam€ƒ yath€varundhe sat-sa‰gaƒ-sa‰g€paho hi m€m

®r…mad-Bh€gavatam (11.12.1-2)

‘®r… Bhagav€n, disse: ‘Eu não sou controlado por aqueles que praticam yoga, estudam a filosofia s€‰khya, realizam deveres religiosos e atividades piedosas, estudam os Vedas, executam penitên-cias e austeridades, praticam a renúncia ou aceitam sanny€sa, realizam sacrifício e atividades para o bem-estar social, dão doações em caridade, praticam jejum e outros votos, realizam yajña, cantam man-

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tras confidenciais, vão a peregrinações, e seguem to-das as regras e regulações para a vida espiritual. No entanto, alguém que aceita sat-sa‰ga, a qual destrói todos os apegos materiais, pode Me controlar. Que mais posso dizer? A�˜€‰ga-yoga pode Me satisfazer ligeiramente de forma indireta, mas sadhu-sa‰ga Me controla completamente.’

Também é declarado no Hari-bhakti-sudhodhaya (8.51):

yasya yat-sa‰gatiƒ puˆso maŠivat sy€t sa tad-gunaƒ

sva-kularddhyaitato dh…m€n sva-y™th€ny eva saˆ�rayet

‘Do mesmo modo como uma jóia ou cristal reflete a cor do objeto com o qual ele está em contato, a pessoa desenvolve qualidades de acordo com a asso-ciação que ela mantém.’

Portanto, por manter a associação com s€dhus puros, a pessoa pode se tornar um s€dhu puro. Assim, a associação de s€dhus puros é a causa original de toda a boa fortuna. Nos �€stras, a palavra niƒsa‰ga significa ‘viver em solitu-de’, isto implica que deveríamos somente viver na associa-ção de bhaktas. Niƒsa‰ga significa deixar todas as outras associações para ficar na associação de bhaktas. Até mesmo a associação involuntária com pessoas santas traz boa for-tuna para a j…va.

sa‰go yaƒ saˆsrter hetur asatsu vihito ‘dhiy€

sa eva s€dhu�u k�to niƒsangatv€ya kalpate ®r…mad-Bh€gavatam (3.23.55)

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‘A associação de materialistas é a causa do cativeiro no mundo material, muito embora a pessoa não sai-ba que isto é assim. Similarmente, a associação com pessoas santas, até se ela acontece por casualidade ou sem saber, é chamada niƒsa‰ga.’

È dito no ®r…mad-Bh€gavatam (3.23.55)

nai�€ˆ matis t€vad urukram€‰ghriˆ sp��aty anarth€pagamo yad-arthaƒ mah…yas€ˆ p€da-rajo-‘bhi�ekaˆ ni�kiñcan€n€ˆ na v�Š…ta y€vat

‘Os pés de lótus de Urukrama, que é glorificado por Suas atividades incomuns, destroem todos os anarthas do coração. Contudo, aqueles que são mui-to materialistas não podem ser atraídos por Seus pés de lótus até eles cobrirem seus corpos com a poeira dos pés de lótus de grandes almas que estão absortas em bhagavat-prema e que estão completamente li-vres de apegos materiais.’

E o ®r…mad-Bh€gavatam (10.48.31) declara:

na hy am-may€ni t…rth€ni na dev€ m�c-chil€-may€ƒ te punanty uru-k€lena dar�an€d eva s€dhavaƒ

‘A pessoa é purificada pelos lugares sagrados onde os rios tal como o Ga‰g€ flui e pelas deidades dos semideuses – devat€s – de pedra e de barro somente após lhes oferecer serviço reverencial por um lon-go período de tempo. Porém, quando alguém tem dar�ana de um �uddha-bhakta, ele é purificado ime-diatamente.’

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531Prameya: As J…vas Livres de M€y€

Também é dito no ®r…mad-Bh€gavatam (10.51.53):

bhav€pavargo bhramato yad€ bhavejjanasya tarhy acyuta sat-sam€gamaƒsat-sa‰gamo yarhi tadaiva sad-gatau

par€vare�e tvayi j€yate matiƒ

‘Ó infalível Senhor! A j…va tem estado va-gando neste mundo de nascimentos e mortes desde tempos imemoriais. Quando chega a hora dela deixar este ciclo de vidas e mortes, ela associa-se com Seus �uddha-bhaktas. No momento em que ela alcança esta associação, sua mente torna-se firmemente fixa em Você, que é o único e supremo abrigo dos bhaktas rendidos, o controlador de todos, e a causa de todas as causas.’

B€b€, desde tempos imemoriais, a j…va que é eter-namente condicionada por m€y€ tem estado movendo-se neste universo, nascendo de acordo com o seu karma, algu-mas vezes como um semideus – devat€ – e as vezes em várias espécies animais. No momento em que ela alcança a associação de pessoas santas por causa de suas atividades piedosas passadas (suk�ti), ela fixa sua mente muito forte-mente em K��Ša, o controlador de tudo.

Vrajan€tha: Você tem dito que a associação de �uddha-bhaktas é alcançada por suk�ti. O que é suk�ti? É karma ou conhecimento?

B€b€j…: Os �€stras dizem que há dois tipos aus-piciosos de karma (�ubha-karma) que estão de acor-do com as injunções Védicas. Um causa o apareci-mento de bhakti, enquanto que o outro dá resultados inferiores irrelevantes. A realização de atividades piedo-

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sas tais como nitya e naimittika-dharma, estudar s€‰khya, cultivar jñ€na, todos dão resultados irrelevantes. As únicas atividades auspiciosas são dadas por bhakti as quais tem um resultado final (bhakti-prada-suk�ti) é a associação com �uddha-bhaktas, com os locais, tempos e coisas que conce-dem bhakti.

Quando suficiente bhakti-prada-suk�ti é acumulado, ele desperta k��Ša-bhakti. O outro tipo de suk�ti, no entanto, é consumado após alguém desfrutar seus resultados, assim isto não acumula para dar qualquer resultado permanente. Todas as ações piedosas no mundo, tal como caridade, so-mente resultam em alcançar os objetos de gratificação dos sentidos. O suk�ti da especulação impessoal resulta em li-beração impessoal. Nenhum destes tipos de suk�ti pode dar serviço devocional para ®r… Bhagav€n.

Atividades tais como s€dhu-sa‰ga e observar Ek€da�…, Janm€�˜ami, e Gaura-p™rŠim€ todos auxiliam a pessoa a desenvolver qualidades santas. Tulas…, mah€-pras€da, �r… mandira, locais sagrados e artigos usados pelos s€dhus (s€dhu-vastu) são todos auspiciosos; tocá-los ou obter seu dar�ana são ações piedosas que aumentam bhakti.

Vrajan€tha: Pode uma pessoa obter bhakti se ela estiver atormentada por problemas materiais e se abriga aos pés de lótus de ®r… Hari em pleno conhecimento para alivi-ar seus problemas?

B€b€j…: A j…va, atormentada por aflições da deusa da ilusão, pode de alguma maneira entender através da inte-ligência discriminativa, que as atividades mundanas são simplesmente fastidiosas, e que seu único conforto são os pés de lótus de K��Ša e os pés de Seus �udha-bhaktas. Sabendo disto, ela busca o refúgio de Seus pés de lótus, e o primeiro passo neste processo de rendição é aceitar

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o abrigo dos �udha-bhaktas. Isto é o principal, bhakti-pra-da-suk�ti, por meio do qual ela obtém os pés de lótus de Bhagav€n. Qualquer renúncia e sabedoria que ela tinha ori-ginalmente foram unicamente um meio secundário de ter obtido bhakti. Deste modo, a associação de bhaktas é o úni-co caminho para obter bhakti. Não há outro recurso. Vrajan€tha: Se karma, jñ€na, renúncia e discriminação são caminhos secundários para alcançar bhakti, qual é a objeção de chamá-los de bhakti-prada-suk�ti?

B€b€j…: Há uma forte objeção: eles atam a pessoa ao inferior, a resultados temporários. A realização de karma não tem resultado permanente, mas ele ata a j…va aos obje-tos de gratificação dos sentidos. Renúncia e conhecimento empírico podem somente conduzir a j…va até o conhecimen-to de brahma, e a concepção deste princípio supremo im-pessoal impede-a de alcançar os pés de lótus de Bhagav€n.

Consequentemente, isto não pode ser chamado de bhakti-prada-suk�ti. É verdade que algumas vezes eles conduzem alguém até bhakti, mas este não é o curso costu-meiro dos eventos. S€dhu-sa‰ga, por outro lado, definitiva-mente não concede qualquer benefício secundário, mas traz forçosamente a j…va em direção a prema. Isto é explicado no ®r…mad-Bh€gavatam (3.25.25):

sat€ˆ prasa‰g€n mama v…rya-samvido bhavanti h�t-karŠa-ras€yan€ƒ kath€ƒ taj-jo�aŠ€d €�v apavarga-vartmani �raddh€ ratir bhaktir anukrami�yati

‘Na associação de �uddha-bhaktas, a recitação e discussão de Minhas atividades gloriosas e passa-tempos são agradáveis para o coração e os ouvidos.

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Ao cultivar este conhecimento, a pessoa se esta- belece no caminho da liberação e gradualmente �rad-dh€, então bh€va e finalmente prema-bhakti.’

Vrajan€tha: Entendo que s€dhu-sa‰ga é a úni-ca suk�ti que faz surgir bhakti. Ao se ouvir hari-kath€ dos lábios dos s€dhus, então obtém-se bhakti. É esta a correta sequência para progredir em bhakti? B€b€j…: Explicarei o caminho correto para progredir em bhakti. Ouça atentamente. Somente por uma boa fortuna a j…va que vaga através do universo alcança o suk�ti que faz bhakti surgir. Um dos muitos processos de bhakti pura pode tocar a vida da j…va. Por exemplo, ela pode jejuar no Ek€da�…, ou tocar ou visitar os locais sagrados dos passatempos de Bhagav€n, ou servir um hóspede que pode ser um �uddha-bhakta, ou ter a oportunidade de ouvir hari-n€ma ou hari-kath€ dos lábios de lótus de um aki‰cana-bhakta. Se al-guém deseja benefícios materiais ou a liberação impessoal através de tais atividades, o suk�ti resultante não conduz ao serviço devocional. Mas, se uma pessoa inocente executa alguma destas atividades, seja de maneira inconsciente ou por costume, sem desejar a gratificação dos sentidos mate-riais ou a liberação impessoal, estas atividades conduzem a acumulação de bhakti-prada-suk�ti.

Após acumular tais suk�tis por muitos nascimentos, eles se tornam concentrados o bastante para outorgar a fé em bhakti pura, e quando a fé em bhakti é indivisa, desen-volve-se o desejo de associar-se com �uddha-bhaktas. Pela associação, uma pessoa gradualmente se ocupa em reali-zar s€dhana e bhajana, que a conduz para a remoção dos anarthas, proporcionalmente a pureza do cantar. Quando

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os anarthas são removidos, a fé anterior é purificada, até transformar-se em ni�˜h€ (fé firme). Esta fé firme tam-bém se purifica até tornar-se ruci (gosto espiritual), e pela saundarya (beleza) de bhakti, este ruci é consolidado e toma a forma de €sakti (apego transcendental). O apego transcen-dental amadurece em rati ou bh€va. Quando rati associa-se com os ingredientes apropriados ele se torna rasa. Este é o progresso passo a passo no desenvolvimento de k��Ša-prema.

A ideia principal é que quando a pessoa com suficien-te suk�ti tem dar�ana de �uddha-bhaktas, desenvolve uma inclinação a adotar o caminho de bhakti. Quando alguém se associa com um �uddha-bhakta ocasionalmente, isto conduz a ter uma �raddh€ inicial, mediante a qual obtém a associação de bhaktas uma segunda vez. O resultado da primeira associação é �raddh€, que também pode dar início a rendição (�araŠ€gati). A s€dhu-sa‰ga inicial é causada pelo contato com os locais sagrados, épocas auspiciosas e parafernália, e recipientes da graça de ®r… Hari, todos os quais são amados por Ele. Estes conduzem à fé em Seu abrigo. Os sintomas do desenvolvimento de tal fé são descritos na Bhagavad-g…t€ (18.66):

sarva-dharm€n parityajya m€m ekam �aranam vraja

ahaˆ tv€ˆ sarva-p€pebhyo mok�ayi�y€mi m€ �ucaƒ

Aqui as palavras sarva-dharm€n implicam em de-veres mundanos (sm€rta-dharma), a�˜€nga-yoga, s€‰khya-yoga, jñ€na e renúncia. A j…va jamais pode alcançar sua meta espiritual última ao praticar todos estes dharmas, por causa

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disto a instrução aqui, é para abandoná-los. ®r… K��Ša diz, “O único refúgio para as j…vas é Minha forma pura e con-densada, sac-cid-€nanda que aparece como Vraja-vil€s… (o realizador dos passatempos maravilhosos de Vraja). Quan-do alguém entende isto, ele abandona todos os desejos por bhukti (gratificação dos sentidos materiais) e mukti (libera-ção impessoal), e com atenção fixa, abriga-se em Mim.” Isto é conhecido como prav�tti-r™pa-�raddh€ (a tendência exclusiva de ocupar-se no serviço a K��Ša). Quando tal fé desperta no coração da j…va, com lágrimas em seus olhos ela se determina a seguir um s€dhu Vai�Šava. O Vai�Šava no qual a j…va se abriga neste estágio é o guru.

Vrajan€tha: Quantos tipos de anarthas uma j…va tem?

B€b€j…: Há quatro tipos de anarthas: 1) svar™pa-bhrama (estar em ilusão sobre a identidade espiritual); 2) asat-t��n€ (sede por gratificação material temporária); 3) apar€dha (ofensas); e 4) h�daya- daurbalya (fraqueza de coração).

O primeiro anartha da j…va, a saber, svarupa-bhrama ocorre quando ela esquece o entendimento que, “eu – a centelha espiritual pura – sou serva de K��Ša”, e é leva-da para longe de sua posição espiritual original. Quando a j…va considera que ela e seus bens materiais inertes são ‘eu’ e ‘meu’, ela desenvolve três tipos de asat-t��n€. Há desejo por um filho, por riqueza e por prazeres celestiais. Há dez tipos de apar€dhas, que irei abordar depois. A j…va fica agoniada devido a h�daya-daurbalya. Estes quatro tipos de anarthas são o naisargika-phala, o fruto de nisarga, ou a natureza adquirida da j…va que foi cativada pela ignorância, e eles são removidos gradualmente ao cultivar consciência de K��Ša na associação dos �uddha-bhaktas.

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Os quatro processos do caminho do yoga consiste de retrair-se dos objetos dos sentidos (praty€h€ra), auto-con-trole (yama), seguir várias regras e regulações (niyama) e renúncia (vair€gya). Este processo não é o meio apropriado para libertar a si mesmo da ansiedade material, pois é difí-cil de alcançar a perfeição, e há sempre um forte risco de cair. A única maneira de se livrar de toda ansiedade é culti-var a consciência de K��Ša pura na associação dos �uddha-bhaktas. Deste modo, a j…va é liberta da força repressora de m€y€ e sua posição constitucional é revelada à medida que os anarthas são removidos de seu coração.

Vrajan€tha: Podem as pessoas sem nenhum anartha serem chamadas de pessoas liberadas?

B€b€j…: Por favor, considere este seguinte �loka:

rajobhiƒ sama-sa‰khy€t€ƒ p€rthivair iha jantavaƒ te�€ˆ ye kecanehante �reyo vai manuj€dayaƒ

pr€yo mumuk�avas te�aˆ kecanaiva dvijottama mumuk�™Š€m sahasre�u ka�cin mucyate sidhyati mukt€n€m api siddh€n€ˆ n€r€yaŠa-par€yaŠaƒsudurlabhaƒ pra�€nt€tm€ ko˜i�v api mah€-mune

®r…mad-Bh€gavatam (6.14.3-5)

‘Ó Bhagav€n! Há tantas j…vas neste mundo material quanto grãos de areia. E somente algumas são seres humanos, e dentre estes, poucos são os que direcio-nam seus esforços na busca de uma meta mais eleva-da. Dentre os que estão se esforçando por uma meta elevada, somente alguns raros indivíduos buscam liberação deste mundo, e dentre milhares de tais pes-soas, dificilmente alguém é realmente capaz de al-cançar siddhi (perfeição) ou mukti (liberação).’

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Dentre milhões de almas liberadas e perfeitas, é difícil de encontrar uma única alma pacífica, uma grande alma que seja completamente dedicada ao seva de ®r… N€r€yaŠa. Por esta razão, os bhaktas de N€r€yaŠa são muito raros. Uma pessoa livre de todos os anarthas é conhecida como �uddha-bhakta. Tais bhaktas são muito raros; mesmo entre milhões de muktas, alguém pode dificilmente encon-trar um único bhakta de ®r… K��Ša. Portanto, nenhuma as-sociação neste mundo é mais rara do que a associação de bhaktas de K��Ša.

Vrajan€tha: A palavra Vai�Šava refere-se ao bhakta que tenha renunciado a vida familiar? B€b€j…: Um �uddha-bhakta é um Vai�Šava, ainda que seja um g�hastha (chefe de família) ou sanny€s… (renun-ciante), um br€hmaŠa ou um caŠ�€la (comedor de carne de cachorro), rico ou pobre. Um devoto é um k��Ša-bhakta à medida em que possua �uddha-k��Ša-bhakti (devoção pura por K��Ša).

Vrajan€tha: Você já disse que há cinco tipos de j…vas na cidadela de m€y€, e você também disse que os bhaktas que praticam s€dhana-bhakti e bh€va- bhakti estão sob o controle de m€y€. Em que estágio os bhaktas são m€y€-mukta (liberados de m€y€)?

B€b€j…: Um bhakta está livre das garras de m€y€ desde o início de seu serviço devocional, mas vastu-gata-mukti, ou liberação completa dos dois corpos materiais (grosseiro e sutil), é somente obtida quando se alcança o estágio de completa maturidade em bhakti-s€dhana. Antes disto, a pessoa se libera à medida em que é consciente de svar™pa-gata, sua posição constitucional. As j…vas alcan-çam vastu-gata-m€y€-mukti, completa liberdade de m€y€, somente quando elas estão completamente livres de seus

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corpos grosseiro e sutil. O estágio de bh€va-bhakti inicia no coração da j…va como o resultado da prática de s€dhana-bhakti. Quando a j…va está firmemente estabelecida em bh€va-bhakti, abandona seu corpo grosseiro e após isto ela abandona seu corpo sutil e se estabelece no corpo espiri-tual puro (cit-�ar…ra). Consequentemente, a j…va não é com-pletamente livre do controle de m€y€, mesmo no início do estágio de bh€va-bhakti, porque um resquício do condicio-namento de m€y€ sempre permanece enquanto a j…va esteja executando s€dhana-bhakti. As autoridades em nossa linha tem cuidadosamente considerado s€dhana-bhakti e bh€va-bhakti, e tem incluído bhaktas praticando ambos estes está-gios entre os cinco estágios das almas condicionadas. Os materialistas e os impersonalistas estão definitivamente in-cluídos entre as cinco categorias de almas condicionadas.

O único caminho da libertação das garras de m€y€ é bhakti por ®r… Hari. A j…va tem sido colocada sob o controle de m€y€ porque ela é ofensiva, e a raiz de todas as ofen-sas é o esquecimento de que ‘eu sou servo de K��Ša.’ As ofensas apenas podem ser erradicadas se uma pessoa obtém a misericórdia de K��Ša; somente, então, ela se liberta do controle de m€y€.

Os impersonalistas acreditam que é possível liber-ar-se de m€y€ pelo cultivo do conhecimento, todavia esta crença não tem base; não há possibilidade de tornar-se livre de m€y€ sem a misericórdia de K��Ša. Isto é explicado no ®r…mad-Bh€gavatam (10.2.32-33):

ye ‘nye ‘ravind€k�a vimukta-m€ninas tvayy asta-bh€v€d avi�uddha-buddhayaƒ

€ruhya k�cchreŠa paraˆ padaˆ tataƒ patanty adho ‘n€d�ta-yu�mad-a‰ghrayaƒ

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‘Ó Senhor de olhos de lótus! Aqueles que orgulhosa-mente pensam que são liberados, mas não oferecem serviço devocional a Você, certamente têm uma in-teligência impura. Embora realizem severas austeri-dades e penitências, e se elevem à posição espiritual da realização impessoal de brahma, eles caem no-vamente porque eles não têm respeito pelo serviço

devocional aos Seus pés de lótus.’

tath€ na te m€dhava t€vak€ƒ kvacid bhra�yanti m€rg€t tvayi baddha-sauh�d€ƒ

tvay€bhigupt€ vicaranti nirbhay€ vin€yak€n…kapa-m™rddhasu prabho

‘Ó M€dhava, Seus mais queridos bhaktas, que têm verdadeiro amor por Seus pés de lótus, não são or-gulhosos como os jñ€nis, pois eles jamais caem do caminho do serviço devocional. Desde que Você os protege, eles se movem destemidamente, pisando sobre as cabeças daqueles que obstruem o caminho deles, para que nenhum obstáculo possa deter seu

progresso.’

Vrajan€tha: Quantos tipos diferentes de j…vas são li-

beradas de m€y€?

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B€b€j…: Dois tipos de j…vas são liberadas do contro-le de m€y€: 1) nitya-mukta (as j…vas que jamais estiveram sob o controle de m€y€), e 2) baddha-mukta (aquelas que uma vez estiveram sob o controle de m€y€, mas agora estão livres). As nitya-mukta-j…vas são divididas novamente em duas categorias: 1) ai�varya-gata (aquelas que são atraídas pelas características de Bhagav€n de opulência e majesta-de), e 2) m€dhurya-gata (aquelas que são atraídas por Sua característica de doçura). Aquelas j…vas que são atraídas pela ai�varya de K��Ša são associadas pessoais de ®r… N€r€yaŠa, o Mestre de VaikuŠ˜ha. Elas são partículas da refulgência espiritual que emanam de ®r… M™la-Sa‰kar�ana, o qual resi-de em VaikuŠ˜ha. Aquelas que são atraídas pela m€dhurya de Bhagav€n são associadas pessoais de ®r… K��Ša, o Mes-tre de Goloka V�nd€vana. Elas são partículas da refulgência espiritual manifestas de ®r… Baladeva, que reside em Go-loka V�nd€vana. Há três tipos de baddha-mukta-j…vas: 1) ai�varya-gata (aquelas que são atraídas pelas características de opulência e majestade), 2) m€dhurya-gata (aquelas que são atraídas pelas características de doçura de Bhagav€n) e 3) brahma-jyoti-gata (aquelas que são atraídas pela reful-gência impessoal de Bhagav€n). Aquelas que são atraídas por Sua opulência durante seu período de serviço regulado tornam-se associados eternos de ®r… N€r€yaŠa, o mestre do céu espiritual, e elas alcançam s€lokya-mukti (a opulência de residir em Seu planeta). As j…vas que são atraídas pela doçura de ®r… K��Ša durante seu período de s€dhana alcan-çam serviço direto a Ele, então elas são liberadas nas mo-radas eternas de V�nd€vana e outras moradas similares. As j…vas que se esforçam para imergir em sua refulgência im-pessoal durante seu período de s€dhana, alcançam s€yuja-mukti quando são liberadas. Elas imergem em Sua reful-

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542 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 17

gência, e deste modo cometem suicídio espiritual na forma de brahma-s€yujya.

Vrajan€tha: Qual é a destinação última dos bhaktas puros de ®r… Gaura-Ki�ora (Caitanya Mah€prabhu)?

B€b€j…: ®r… K��Ša e ®r… Gaura-Ki�ora não são dife-rentes em Seus tattvas (natureza absoluta). Ambos são re-fúgios de m€dhurya-rasa. No entanto, há uma ligeira dife-rença entre Eles por que m€dhurya-rasa tem dois prako�˜s (departamentos). Um é o humor de m€dhurya (doçura), e o outro é o humor de aud€rya (magnanimidade). A svar™pa de ®r… K��Ša é manifesta onde m€dhurya é proeminente, e a forma de ®r… Gaur€‰ga é manifesta onde aud€rya é proeminente. Similarmente, a V�nd€vana transcenden-tal também tem dois prako�˜s (divisões): a morada de ®r… K��Ša e a morada de ®r… Gaura.

Os associados nitya-siddha e nitya-mukta que resi-dem na morada de ®r… Gaura estão absortos na felicidade de aud€rya, e então em m€dhurya. Alguns deles residem em ambas as moradas simultaneamente pelas expansões do seu eu (svar™pa-vy™ha), enquanto outros residem em uma forma espiritual somente numa morada, e não na outra.

Aqueles que somente adoram ®r… Gaura durante seu período de s€dhana, somente servem ®r… Gaura quando eles alcançam a perfeição, enquanto que aqueles que servem so-mente ®r… K��Ša durante seu período de s€dhana, servem ®r… K��Ša ao alcançarem a perfeição. Contudo, aqueles que adoram ambas as formas, a de ®r… K��Ša e a de ®r… Gaura durante seu período de s€dhana, manifestam duas formas quando eles alcançam a perfeição e residem em ambas as moradas simultaneamente. A verdade da unidade e diferen-ça simultâneas de ®r… Gaura e ®r… K��Ša é um segredo mui-to confidencial.

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543Prameya: As J…vas Livres de M€y€

Quando Vrajan€tha ouviu todos estes ensinamentos sobre o estado das j…vas que são liberadas de m€y€, ele não pode mais manter sua compostura. Repleto de emoções, ele caiu aos pés de lótus do venerável B€b€j…. Chorando pro-fusamente, B€b€j… Mah€�aya ergueu-o e o abraçou. Já era bastante tarde da noite. Vrajan€tha deixou B€b€j… Mah€�aya e foi para casa, totalmente absorto na meditação das in-struções de B€b€j….

Quando Vrajan€tha chegou em casa, ele fez sua re-feição, e enquanto fazia isto, advertiu sua avó severamente: “Vó, pare totalmente de falar sobre casamento e não man-tenha nenhum tipo de contato com VeŠ…-m€dhava, se você quizer me ver aqui. Ele é o meu maior inimigo, e a partir de amanhã, eu nunca mais falarei com ele novamente. Você também deve rejeitá-lo.”

A avó de Vrajan€tha era muito inteligente. Entenden-do o humor de Vrajan€tha, ela decidiu adiar qualquer assun-to sobre casamento. “Em virtude dos sentimentos que ele estava demonstrando,” ela pensou, “se ele for forçado de-mais, poderá partir para V�nd€vana ou V€r€Šas…. Que seja feita a vontade de Bhagav€n.”

Assim termina o Décimo Sétimo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Prameya: As J…vas Livres de M€y€”

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Capítulo 18Prameya: Bhed€bheda-Tattva

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VeŠ…-M€dhava tinha uma mente maldosa. Assim que Vrajan€tha o desprezou, ele decidiu vingar-se dando uma lição nele e nos Vai�Šavas de M€y€pura. Com alguns amigos da mesma mentalidade, ele planejou uma embosca-da para espancar Vrajan€tha num lugar isolado quando ele voltasse de M€y€pura, próximo a Colina de Lak�maŠa. De uma maneira ou outra, Vrajan€ha soube de tudo isto, e consultou o B€b€j…. Eles concordaram que ele deveria ir a M€y€pura menos frequentemente, somente durante o dia, acompanhado por um guarda-costa.

Vrajan€tha tinha alguns inquilinos no vilarejo, entre os quais Har…�a era habilidoso em luta com bastão. Um dia Vrajan€tha chamou-o e fez um pedido: “Har…�a, estou tendo uma pequena dificuldade por estes dias, mas se você me auxiliar, eu poderei sair dela.”

Har…�a disse, “µh€kura, eu posso sacrificar minha vida por você. Se você me ordenar, eu matarei seu inimigo hoje mesmo.”

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548 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 18

Vrajan€tha disse: “VeŠ…-m€dhava é um homem muito perverso, e ele tem meios para causar-me alguns pro-blemas. Ele está criando uma enorme confusão para que eu não ouse visitar os Vai�Šavas em ®r…v€s€‰gana. Ele fez arranjos com alguns de seus amigos trapaceiros para criar problemas para mim no caminho de casa.”

Har…�a ficou perturbado ao ouvir isto, e respondeu: “µh€kura, enquanto existir alento em meu corpo, você não precisará ter medo. Parece que brevemente farei um bom uso de meu bastão contra VeŠ…-m€dhava. Então, leve-me junto com você sempre que for a M€y€pura, eu pos-so lutar com cem oponentes sozinho.” Após Vrajan€tha ter feito estes arranjos com Har…�a, ele retomou sua visita a M€y€pura a cada dois ou quatro dias, mas não podia ficar até tarde. Todavia, permanecia inconformado internamente porque não podia discutir tattva.

Após terem passado uns dez ou vinte dias, o perverso VeŠ…-m€dhava foi picado por uma cobra, e morreu. Quando Vrajan€tha ouviu as novas, ficou surpreso, “ele encontrou tal destino por causa da inveja dos Vai�Šavas?” Então con-cluiu, “seu tempo de vida acabou, e assim ele morreu.”

adya vabda-satante va

mrtyur vai praninam dhruvah Srimad-Bhagavatam

(10.1.38)

‘Alguém pode morrer hoje, ou dentro de cem anos, mas a morte é certa para todas as entida-des vivas. Esta é uma verdade eterna.’

“Agora, meu caminho para ®r…v€s€‰gana em

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549Prameya: Bhed€bheda-Tattva

M€y€pura está livre.” Neste dia, Vrajan€tha chegou em ®r…v€s€‰gana logo

após o crepúsculo. Ofereceu suas reverências a Raghun€tha d€sa B€b€j…, e disse: “A partir de hoje serei capaz de servir os seus pés de lótus todos os dias, pois o obstáculo na for-ma de VeŠ…-m€dhava deixou este mundo.” Ao ouvir sobre a morte desta pessoa espiritualmente adormecida (anudita-viveka-j…va), o coração brando de B€b€j… primeiro ficou um pouco perturbado, mas acalmando-se disse: “sva-karma-phala-bhuk pum€m. Todos desfrutam ou sofrem os resulta-dos do seu karma. A j…va pertence a K��Ša, e ela irá aonde quer que K��Ša a envie. De qualquer maneira, B€b€, espero que você não tenha nenhuma outra ansiedade.”

Vrajan€tha: Somente uma, senti falta de ouvir seus nectáreos discursos todos estes dias. Hoje, quero ouvir as instruções restantes do Da�a-m™la.

B€b€j…: Estou sempre disponível para você. Então, onde nós paramos a última vez? Há alguma pergunta em seu coração após nossa última conversa?

Vrajan€tha: Como se chamam os nomes dos pu-ros e inestimáveis ensinamentos filosóficos de ®r… Gaura Ki�ora? Os €c€ryas anteriores estabeleceram a filosofia de advaita-v€da (monismo exclusivo), dvaita-v€da (dualismo), �uddh€dvaita-v€da (não-dualismo purificado), vi�i�t€dvaita-v€da (não-dualismo qualificado), e dvait€dvaita-v€da (dua-lismo com monismo). ®r… Gaur€‰gadeva aceitou qualquer um destes, ou Ele fundou uma escola filosófica diferente? Quando você instruiu-me sobre o sistema de samprad€ya, você disse que ®r… Gaur€‰gadeva pertence a Brahma-samprad€ya. Neste caso, deveríamos considerá-Lo um €c€rya da filosofia dvaita-v€da de Madhv€c€rya?

B€b€j…: Você deveria ouvir este oitavo �loka do

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550 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 18

Da�a-m™la:

hareh sakteh sarvam cid-acid akhilam syat parinatih vivartam no satyam srutim iti viruddham kali-malam harer bhedabhedau sruti-vihita-tattvam suvimalam tatah premnah siddhir bhavati nitaram nitya-visaye

‘Toda a criação espiritual e material é uma transfor-mação da �akti de ®r… K��Ša. A filosofia impessoal da ilusão (vivarta-v€da) não é verdadeira. Ela é uma impureza que foi produzida por Kali-yuga, e con-trária aos ensinamentos dos Vedas. Os Vedas apóiam acintya-bhed€bheda-tattva (a inconcebível unidade e diferença) como a doutrina pura e absoluta, e quan-do este princípio é aceito, pode-se alcançar amor per-feito pelo Eterno Absoluto.’

Os ensinamentos conclusivos das Upani�ads são conhecidos como Ved€nta, e a fim de trazer seus precisos significados à luz, Vy€sadeva compilou um livro de qua-tro capítulos, chamado Brahma-s™tra ou Ved€nta-s™tra. O Ved€nta é bastante conceituado entre a classe intelectual. Em princípio, o Ved€nta-s™tra é amplamente aceito como a própria manifestação das verdades ensinadas nos Vedas. Deste Vedanta-sutra, os diferentes €c€ryas extraem dife-rentes conclusões, as quais são adequadas para moldar suas próprias filosofias.

®r… ®a‰kar€c€rya utilizou o Ved€nta-s™tra para apoiar sua teoria impessoal da ilusão, a qual é chamada vivarta-v€da. Ele disse que uma pessoa compromete toda a essência de brahma se ela aceita alguma transformação em brahma.

Esta doutrina da transformação (pariŠ€ma-v€da) é completamente defeituosa, por conseguinte, a única

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filosofia razoável é a vivarta-v€da. De acordo com sua necessidade, ®r… ®a‰kar€c€rya selecionou alguns mantras Védicos para apoiar Sua filosofia vivarta-v€da, a qual tam-bém é conhecida como M€y€v€da. A partir disto, podemos entender que a filosofia pariŠ€ma-v€da é popular desde os primórdios, e que ®r… ®a‰kara questionou sua aceitação e estabeleceu a vivarta-v€da, a qual é uma doutrina sectária.

Insatisfeito com a vivarta-v€da, ®r…man Madhv€c€rya propôs a doutrina do dualismo (dvaita-v€da), que ele tam-bém apoiou com declarações dos Vedas para servir ao seu propósito. Similarmente, R€manuj€c€rya ensinou não-dua-lismo qualificado (vi�i�t€dvaita-v€da), ®r… Nimb€dity€c€rya ensinou dualismo com monismo (dvait€dvaita-v€da) e ®r… Vi�Šusv€m… ensinou não-dualismo puro (�uddh€dvaita-v€da). A filosofia M€y€v€da de ®r… ®a‰kar€c€rya se opõem aos princípios básicos de bhakti. Cada um dos €c€ryas Vai�Šavas afirmam que seus princípios são baseados em bhakti, embora hajam diferenças entre as várias filosofias que eles ensinaram. ®r…man Mah€prabhu aceitou todas as conclusões Védicas com devido respeito, e deu a essência de suas próprias instruções. Mah€prabhu ensinou a doutri-na de acintya-bhedabheda-tattva (inconcebível diferença e igualdade). Ele permaneceu dentro da samprad€ya de ®r…man Madhv€c€rya, mas ainda assim, ®r…man Mah€prabhu somente aceitou a essência da doutrina de Madhv€c€rya.

Vrajan€tha: Qual é a doutrina de pariŠ€ma-v€da (transformação)?

B€b€j…: Há dois tipos de pariŠ€ma-v€da: brahma-pariŠ€ma-v€da (a doutrina da transformação de brahma), e tat-�akti-pariŠ€ma-v€da (os ensinamentos da transformação da energia). Aqueles que acreditam em brahma-pariŠ€ma-v€da (a transformação de brahma) dizem que o brahma in-

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concebível (acintya) e sem forma (nirvi�e�a) se transforma nas entidades vivas e no mundo material inerte. Para apoiar esta crença, eles citaram da Ch€ndogya Upani�ad (6.2.1): “ekam ev€dvit…yam, antes da manifestação deste universo, existia somente a Verdade Absoluta, um tattva não-dual que existe em Verdade.”

De acordo com este mantra Védico, brahma é um e o único vastu que deveríamos aceitar. Esta teoria também é conhecida como não-dualismo ou advaita-v€da. Observe, nesta teoria, a palavra pariŠ€ma (transformação progressi-va) é utilizada, mas o processo real que ela descreve é de fato vik€ra (destruição ou deformação).

Aqueles que ensinam transformação da energia (�akti-pariŠ€ma-v€da) não aceitam qualquer tipo de trans-formação em brahma. Ao contrário, eles dizem que a in-concebível �akti, ou potência de brahma é transformada. A porção j…va-�akti, da potência de brahma transforma-se em j…vas espirituais individuais, e a porção de m€y€-�akti trans-forma-se no mundo material. De acordo com esta teoria, há pariŠ€ma (transformação), mas não de brahma.

sa-tattvato `nyatha-buddhir vikara ity udahrtah

vedanta-sara de Sadananda (59)

‘A palavra vik€ra (modificação) significa que algu-ma coisa parece ser o que efetivamente ela não é.’

Brahma é aceito como um vastu (substância básica), da qual dois produtos separados aparecem, a saber, as al-mas individuais e este mundo material. As aparências das substâncias que são diferentes em natureza da substância original é conhecida como vik€ra (modificação).

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O que é vik€ra? É alguma coisa que parece ser o que real-mente não é. Por exemplo, o leite é transformado em io-gurte. Embora o iogurte seja leite, ele é chamado iogurte, e este iogurte é a vik€ra ou a modificação da substância original, neste caso, o leite. De acordo com o brahma-pariŠ€ma-v€da, o mundo material e as j…vas são a vik€ra de brahma. Sem qualquer dúvida, esta idéia é absolutamente impura pelas seguintes razões: aqueles que levam adiante esta teoria aceitam a existência de uma única substância, a saber, o nirvi�e�a-brahma. Mas como pode este brahma ser modificado em uma segunda substância, se nada mais existe além disto? A teoria em si não permite a modificação de brahma.

Aceitar a modificação de brahma desafia a lógica, isto é porque a brahma-pariŠ€ma-v€da não é razoável em nenhuma circunstância. Contudo, não existem tais defeitos na �akti-pariŠ€ma-v€da, porque de acordo com esta filoso-fia, brahma permanece inalterado o tempo todo. A incon-cebível �akti de Bhagav€n que faz o impossível possível (aghatana-ghatana-pat…yas…-�akti) tem uma partícula atô-mica, que é transformada em alguns lugares como a alma individual, e ela também tem uma porção de sombra, que é transformada em outros lugares nos universos materiais. Quando brahma desejou: “Que haja entidades vivas,” a j…va-�akti, parte da potência superior (par€-�akti) imediata-mente produziu inumeráveis almas. Similarmente, quando brahma desejou a existência do mundo material, a potência m€y€, a forma sombra de par€-�akti, repentinamente ma-nifestou o insondável mundo material inanimado. Brahma aceita esta mudança, enquanto ele mesmo permanece livre de mudança.

Alguém poderia argumentar: “Desejar é em si uma

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transformação, assim como pode esta transformação ocor-rer no brahma sem desejo?” A resposta para isto é, “Você está comparando o desejo de brahma ao desejo da j…va, e chamando-o de vik€ra (modificação). Agora, a j…va é uma insignificante �akti, o que quer que ela deseje, este desejo vem do contato com uma outra �akti. Por esta razão, o desejo da j…va é chamado vik€ra. No entanto, o desejo de brahma não está nesta categoria. O desejo independente de brahma é parte de sua natureza intrínseca. È igual a �akti de brahma, é ao mesmo tempo diferente dela. Por isso, o desejo de brahma é a svar™pa de brahma, e não há espaço para vik€ra. Quando brahma deseja, �akti torna-se ativa, e somente a �akti é transformada. Este ponto sutil está além do poder de discriminação da inteligência diminuta da j…va, e pode somente ser entendido através do testemunho dos Vedas.

Agora, devemos considerar a pariŠ€ma (transfor-mação) de �akti. A analogia do leite se transformando em iogurte poderia ser o melhor exemplo para explicar �akti-pariŠ€ma-v€da. Exemplos materiais não dão um completo entendimento dos princípios espirituais, mas eles podem ainda nos iluminar com relação a certos aspectos específi-cos. A pedra preciosa cint€maŠi é um objeto material que pode produzir muitas variedades de jóias, mas ela não é transformada ou deformada em si mesma de alguma ma-neira. A criação deste mundo material por ®r… Bhagav€n deve ser entendida como sendo algo similar a isto. Tão logo Bhagav€n deseje, Sua acintya-�akti (potência inconcebível) cria inumeráveis universos de quatorze sistemas planetários e mundos onde as j…vas podem viver, mas Ele mesmo per-manece absolutamente imutável. Não deveria ser entendido que este “intransformável” Supremo seja nirvi�e�a (sem

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forma) e impessoal. Ao contrário, este Supremo é brahma (b�had-vastu-brama), a substância extraordinária que con-tém tudo. Ele é eternamente Bhagav€n, o mestre das seis opulências. Se alguém o aceita meramente como nirvi�e�a, não é possível explicar Sua �akti espiritual. Por Sua acintya-�akti, Ele existe simultaneamente em ambas as for-mas, pessoal e impessoal. Supor que Ele seja unicamente nirvi�e�a é aceitar somente meia verdade, sem completo entendimento.

Seu relacionamento com o mundo material é descri-to nos Vedas usando o caso instrumental (karaŠa), que si-gnifica ‘mediante o qual...’; o caso ablativo (ap€d€na) que significa ‘do qual...’; e o caso locativo (adhikaraŠa) que si-gnifica ‘no qual...’. Isto é declarado na Taittir…ya Upani�ad (3.1.1):

yato v€ im€ni bh™t€ni j€yante

yena j€t€ni j…vanti yat prayanty abhisaˆvi�anti tad vijijñ€sasva tad brahma

‘Deve-se saber que brahma é Aquele do qual todos os seres vivos nascem, por cujo poder eles perma-necem vivos, e em quem todos entram no final. Ele é quem sobre o qual se deve indagar, Ele é brahma1.’

Neste �loka, ‘yato vaimani’, o caso ablativo (ap€d€na) para Ÿ�vara é usado quando é dito que as entida-des vivas são manifestadas dEle; ‘yena’, que é o caso in-strumental (karaŠa), é usado quando é dito que todas as criaturas sencientes vivem por Seu poder; e ‘yat’, o qual indica o caso locativo (adhikaraŠa), é usado quando é dito 1Veja nota de rodapé no final do capítulo

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que todos os seres vivos entram nEle no final. Estes três sin-tomas mostram que a Verdade Absoluta é Suprema; esta é a Sua única característica. É por isto que Bhagav€n é sempre savi�e�a (possui forma, qualidades e passatempos). ®r…la J…va Gosv€m… descreve a Pessoa Suprema nestas palavras:

ekam eva parama-tattvam svabhavikacintya-saktya sarvadaiva svarupa-tad-rupa-vaibhava-jiva-pradhana-rupena

caturdhavatisthate suryantar-mandala-stha-teja ivã mandala tad-bahirgata-tad-rasmi-tat-praticchavi-rupena

‘A Verdade Absoluta é uma só. Sua característica sin-gular é que Ela é dotada com potência inconcebível, através da qual Ela é sempre manifesta de quatro maneiras: 1) svar™pa (como Sua forma original), 2) tad-r™pa-vaibhava (como Seu esplendor, incluindo Sua morada, e Seus associados eternos, expansões e avat€ras), 3) j…vas (como as almas espirituais indi-viduais), e 4) pradh€na (como a energia material). Estes quatro aspectos são comparados ao interior do planeta sol, a superfície do sol, os raios solares ema-nando de sua superfície, e um reflexo remotamente situado, respectivamente.’

Estes exemplos explicam a Verdade Absoluta so-mente parcialmente. Sua forma original é sat-cid-€nanda (plena de eternidade, conhecimento e bem-aventurança) e Seu nome espiritual, morada, associados e a parafernália inteira em Seu serviço direto são opulências que não são di-ferentes dEle mesmo (svar™pa-vaibhava). As inumeráveis nitya-mukta e nitya-baddha j…vas são consciências atômicas dependentes (aŠucit). Pradh€na inclui m€y€-pradh€na, e seus produtos são todos os mundos materiais, grosseiro e

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e sutil. Estes quatro aspectos existem eternamente e, simi-larmente, a unidade do Absoluto Supremo também é eter-na.

Como podem estas duas contradições eternas co-exi-stirem? A resposta é que o que parece impossível para a in-teligência limitada da j…va, é somente possível pela energia inconcebível de Bhagav€n.

Vrajan€tha: O que é vivarta-v€da?B€b€j…: Há alguma referência para vivarta nos Vedas,

mas isto não é vivarta-v€da. ®r… ®ankar€c€rya interpretou a palavra vivarta de tal maneira que vivarta-v€da ficou com o mesmo significado de M€y€v€da. O significado científico da palavra vivarta é:

atattvato’nyath€ buddhir vivarttam ity ud€h�taƒ Ved€nta-s€ra de Sad€nanda (49)

‘Vivarta é a ilusão de pensar que uma coisa é outra.’ A j…va é uma substância espiritual atômica, mas

quando ela está iludida, imagina que os corpos, sutil e gros-seiro, nos quais ela está situada seja o seu eu. Esta ilusão é a ignorância nascida da falta de conhecimento, este é o úni-co exemplo de vivarta encontrado nos Vedas. Alguém pode pensar, “Eu sou o brahmaŠa R€man€tha Pandey, o filho do brahmaŠa San€tana Pandey,” e um outro pode pensar, “Eu sou o varredor Madhu€, o filho do varredor Harkhu€,” mas realmente, tais pensamentos são completamente ilusór-ios. A j…va é uma centelha espiritual atômica e não é nem R€man€tha Pandey nem o varredor Madhu€; isto somente parece ser por causa de sua identificação com o corpo. A ilusão de confundir uma corda com uma cobra; e ver prata

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no reflexo de uma concha são exemplos similares. Os Vedas usam vários exemplos para tentar conven-cer as j…vas a se tornarem livres desta vivarta, a ilusão de identificar a si mesmo com o corpo m€yika. Os M€y€v€d…s rejeitam as conclusões verdadeiras dos Vedas e ao contrário estabelecem a teoria ridícula de vivarta-v€da. Eles dizem que a ideia “Eu sou brahma” é o entendimento essencial, a ideia “Eu sou uma j…va” é vivarta (entendimento errôneo). Os exemplos Védicos de vivarta não contradizem �akti-pariŠ€ma-v€da de forma alguma, mas a teoria de vivarta-v€da que os M€y€v€d…s advogam é simplesmente tolice.

Os M€y€v€d…s propõe vários tipos de vivarta-v€da, os quais três são os mais comuns:

1. A alma é realmente brahma, mas ela fica iludida ao pensar que é uma alma individual.

2. As j…vas são reflexos de brahma.3. As j…vas e o mundo material são simplesmente um

sonho de brahma. Todas as variedades de vivarta-v€da

são falsas e contrárias à evidência Védica.

Vrajan€tha: O que é esta filosofia chamada M€y€v€da? Sou incapaz de entendê-la.

B€b€j…: Ouça atentamente. M€y€-�akti é somente um reflexo pervertido do reino espiritual, e ela também é a con-troladora do mundo material no qual a j…va entra quando ela está subjugada pela ignorância e ilusão. Coisas espirituais têm uma existência independente, e são independentemente energéticas, mas a filosofia M€y€v€da não aceita isto. Ao contrário, a teoria M€y€v€da declara que a alma individu-al é ela mesma brahma, e somente parece ser diferente de brahma por causa da influência de m€y€. Esta teoria decla-

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ra que a j…va só pensa ser uma entidade individual, e que no momento em que a influência de m€y€ é removida, ela entende que é brahma. De acordo com esta concepção, en-quanto estiver sob a influência de m€y€, a centelha espiri-tual atômica não tem identidade independente separada de m€y€, e portanto, o caminho da liberação para as j…vas é nirv€Ša ou imergir em brahma. Os M€y€v€d…s não acei-tam a existência separada da alma individual pura. Além do mais, eles declaram que Bhagav€n é subordinado a m€y€, e tem que abrigar-se em m€y€ quando Ele necessita vir para este mundo material. Eles dizem: “Por causa disto brahma é impessoal e não tem qualquer forma, o que significa que Ele tem que assumir uma forma material (m€yika) a fim de manifestar-Se neste mundo. Seu aspecto de Ÿ�vara tem um corpo material. Os avat€ras aceitam corpos materiais e rea-lizam maravilhosas façanhas neste mundo material. No fim, Eles deixam Seus corpos materiais neste mundo, e voltam para Sua morada.”

Os M€y€v€d…s demostram um pouco de benevolên-cia por Bhagav€n, pois eles aceitam algumas diferenças en-tre a j…va e os avat€ras de Ÿ�vara. A distinção que eles fazem é que a j…va tem que aceitar um corpo grosseiro devido ao seu karma passado. Este karma leva-a, mesmo contra a sua vontade, forçando-a a aceitar nascimento, velhice e morte. Os M€y€v€d…s dizem que o corpo, a designação, o nome e as qualidades de Ÿ�vara são também materiais, e que Ele aceita por Sua própria e espontânea vontade. E sempre que desejar, Ele pode rejeitar tudo e novamente recuperar Sua espiritualidade pura. Ele não é forçado a aceitar as reações resultantes das atividades que Ele realiza. Estas são todas concepções equivocadas dos M€y€v€d…s.

Vrajan€tha: É esta filosofia M€y€v€da encontrada

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em algum lugar nos Vedas?B€b€j…: Não! A filosofia M€y€v€da não pode ser

encontrada em nenhum lugar nos Vedas. Esta doutrina M€y€v€da é budismo, é dito no Padma Pur€Ša:

m€y€v€dam asac-ch€straˆ

pracchannaˆ bauddham ucyate mayaiva vihitam devi

kalau br€hmaŠa-m™rtin€ Uttara-khaŠ�a (43.6)

‘Em resposta a uma pergunta de Um€devi (Parvat…), Mah€deva explica: ‘Ó Dev…! A doutrina M€y€v€da é um �€stra impuro. Embora realmente seja um bu-dismo encoberto, ela tem ganhado espaço na religião dos šrianos, disfarçada na forma de conclusões Vé-dicas. Em Kali-yuga, devo aparecer no papel de um brahmaŠa e pregar esta filosofia M€y€v€da.’

Vrajan€tha: Prabhu, por que Mah€deva realizou ta-refa tão horrenda, sendo ele o líder dos semideuses – devat€s – e o mais elevado entre os Vai�Šavas?

B€b€j…: ®r… Mah€deva é o guŠa-avat€ra de Bhagav€n. O supremamente misericordioso Senhor viu os demônios – asuras – usando o caminho de bhakti e O adorando para ob-ter os resultados fruitivos e para satisfação de seus desejos torpes. Ele então pensou: “Os asuras estão perturbando os devotos ao poluir o caminho do serviço devocional, mas o caminho de bhakti deveria estar livre desta poluição.”

Pensando deste modo, Ele chamou ®ivaj… e lhe dis-se: “Ó ®ambhu! Não é auspicioso para este mundo material se Minha bhakti pura é ensinada entre aqueles que estão no modo da ignorância e cuja natureza é demoníaca – asurika.

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Você deveria pregar o �€stra e espalhar a filosofia M€y€v€da, de tal maneira que os asuras se tornem enamorados e, Eu permaneça além da percepção deles. Aqueles cujas natu-rezas são demoníacas – asurikas – irão deixar o caminho do serviço devocional e abrigar-se na filosofia M€y€v€da, e isto dará a oportunidade de Meus amáveis bhaktas não se-rem impedidos de saborear o serviço devocional puro sem estorvos.”

®r… Mah€deva, que é o Vai�Šava Supremo, a princípio ficou um pouco relutante em aceitar tão árdua tarefa, a qual Bhagav€n tinha lhe confiado. Porém, ao considerar ser esta a ordem dEle, ele pregou a filosofia M€y€v€da. Onde está a falha de ®r…man Mah€deva, o guru supremo? O universo in-teiro funciona suavemente como uma máquina lubrificada, sob a guia de Bhagav€n, que habilidosamente brande em Sua mão a esplêndida Sudar�ana Cakra para o bem-estar de todas as criaturas. Somente Ele conhece qual é a auspicio-sidade que está oculta em Sua ordem, e o dever dos servos humildes é simplesmente obedecer Sua ordem. Sabendo disto, os Vai�Šavas puros jamais encontram qualquer falha em ®a‰kar€c€rya, a encarnação de ®iva que pregou a filoso-fia M€y€v€da. Ouçam a evidência do �€stra para isto:

tvam €r€dhya tatha �ambho grahi�y€mi varaˆ sad€ dv€par€dau yuge bh™tv€ kalay€ m€nu�€di�u

sv€gamaiƒ kalpitaistvañca jan€m madvimukh€n k�ru m€ñca gopaya yena syat s��˜ire�ontarontar€

Padma Pur€Ša, Uttara khaŠ�a (42.109-110) e N€rada-pañcar€tra (4.2.29-30):

Vi�Šu disse: ‘Ó ®ambhu, embora Eu seja Bhagav€n, ainda assim adorei diferentes semideuses – devat€s

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e semideusas – dev…s – para confundir os demônios – asuras. Dessa maneira, Eu adorarei você também e receberei uma graça. Em Kali-yuga, você deve encar-nar entre os seres humanos através de sua expansão parcial. Você deve pregar os �€stras como šgama, e forjar uma filosofia que irá distrair a maior parte da população para longe de Mim, e manter-Me en-coberto. Assim, mais e mais pessoas serão desviadas para longe de Mim, e todos os Meus passatempos se tornarão mais valiosos.’

No Var€ha Pur€Ša, Bhagav€n diz a ®iva:

e�a mohaˆ s�j€my €�u ye jan€n mohayi�yati tvañca rudra mah€�€ho moha�€str€Ši k€raya atathy€ni vitathy€ni dar�ayasva mah€bhuja

prak€�aˆ kuru c€tm€namprak€�añca maˆ kuru

‘Estou criando uma espécie de ilusão (moha) a qual irá iludir a massa geral de pessoas. Ó Rudra de braços fortes, crie também uma espécie de �€stra enganoso. Ó pessoa de braços poderosos, apresente a realidade como falsa, e a falsidade como real. Dê ênfase para Sua destrutiva forma de Rudra e oculte Minha forma original eterna de Bhagav€n.’

Vrajan€tha: Há alguma evidência Védica contrária a filosofia M€y€v€da?

B€b€j…: Todos os testemunhos dos Vedas refutam a filosofia M€y€v€da. Os M€y€v€d…s pesquisaram todos os Vedas e separaram quatro aforismos para apoiar suas idéias. Eles chamaram estes quatro aforismos de mah€-v€kya, ‘as declarações ilustres’. Estas quatro declarações, são:

1) sarvam khalv idam brahma, “Todo o universo é

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563Prameya: Bhed€bheda-Tattva

brahma. Ch€ndogyaUpani�ad 3.14.1. 2) prajñ€nam brahma, “O supremo conhecimen-to é brahma.” Aitareya Upani�ad 1.5.3. 3) tat tvam asi �vetaketo, “Ó ®vetaketu, você é esse brahma.” Ch€ndogya Upani�ad 6.8.7.

4) ahaˆ brahm€smi, “Eu sou brahma.” B�had-€raŠyaka Upani�ad 1.4.10.

O primeiro mah€-v€kya ensina que o universo in-teiro, consistindo de entidades vivas e matéria inerte, é brahma; nada existe além de brahma. A identidade de brahma é explicada em outra parte:

na tasya k€ryaˆ karaŠaˆ ca vidyate

na tat-sama� c€bhyadhika� ca d��yate par€sya �aktir vividhaiva �r™yate sv€bh€viki jñ€na-bala-kriy€ ca

®vet€�vatara Upani�ad (6.8)

‘Nenhuma das atividades deste para-brahma Param€tm€ são mundanas, porque nenhum de Seus sentidos – tais como, Suas mãos e pernas – são ma-teriais. Deste modo, por meio de Seu corpo transcen-dental, Ele realiza Seus passatempos sem quaisquer sentidos materiais, e Ele está presente em todo lugar ao mesmo tempo. Por esta razão, ninguém é até mes-mo igual a Ele, o que dizer de ser maior que Ele. A única potência divina de Parame�vara é descrita no �ruti de muitas maneiras, entre as quais a descrição de Sua jñ€na-�akti (conhecimento), Sua bala-�akti

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cit-�akti ou saˆvit-�akti; sat-�akti ou sandhin…-�akti; e €nanda-�akti ou hl€din…-�akti, respectivamente.’

Brahma e Sua �akti são aceitos como não diferentes um do outro. De fato, é dito que esta �akti é uma parte ine-rente de brahma, a qual é manifesta de diferentes maneiras. De um ponto de vista, pode ser dito que nada é diferente de brahma, pois a potência e o possuidor da potência não são diferentes. Todavia, quando observamos o mundo material, podemos ver que em outro sentido, brahma e sua �akti são certamente diferentes.

nityo nity€n€ˆ cetana� cetan€n€m eko bah™n€ˆ yo vidadh€ti k€m€n

Ka˜ha Upani�ad (2.13) e ®vet€�vatara Upani�ad (6.10)

‘Ele é o único ser eterno supremo entre todos os seres eternos, e o único ser consciente supremo entre todos os seres conscientes. Somente Ele realiza os desejos de todos.’

Esta afirmação dos Vedas aceita a variedade dentro da substância (vastu) eternamente existente, brahma. Ela separa a �akti (potência) de �aktim€n (o possuidor da potên-cia), e então ela considera sua jñ€na (conhecimento), bala (poder) e kriy€ (atividades).

Agora, vamos considerar o segundo mah€-v€kya, prajñ€naˆ brahma, “O conhecimento supremo é brahma” (Aitareya Upani�ad 1.5.3). Aqui é dito que brahma e a consciência são idênticos. A palavra prajñ€naˆ, a qual nesta sentença é dito ser um com brahma, também é utiliza-

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565Prameya: Bhed€bheda-Tattva

da na B�had-€raŠyaka Upani�ad (4.4.21), onde ela signifi-ca prema-bhakti:

tam eva dhiro vijñ€ya prajñ€maˆ kurv…ta br€hmaŠaƒ

‘Quando uma pessoa fixa e sóbria, alcança o conheci-mento de brahma, ela O adora com genuínos senti-mentos amorosos (jñ€na-svar™pa-prema-bhakti).’

O terceiro mah€-v€kya é tat tvam asi �vetaketo, “Ó ®vetaketu, você é esse brahma” (Ch€ndogya Upani�ad 6.8.7). Este �loka dá instruções sobre a unidade com brahma, que é mais elaboradamente descrita na B�had-€raŠyaka Upani�ad (3.8.10) como segue:

yo v€ etad ak�araˆ g€rgy aviditv€sm€l lok€t prati sa k�paŠaƒ

ya etad ak�araˆ g€rgi viditv€sm€l lok€t praiti sa br€hmaŠaƒ

‘Ó Garg…! Aqueles que deixam este mundo materi-al sem entendimento do eterno Vi�Šu são k�paŠaƒ, extremamente mesquinhos e miseráveis, enquanto que aqueles que deixam este mundo material em conhecimento deste Eterno Supremo são realmente br€hmaŠas, conhecedores de brahma.’

As palavras tat tvam asi aqui significa: “Aquele que obtém verdadeiro conhecimento, eventualmente alcança o serviço devocional a para-brahma, ele é conhecido como um br€hmaŠa.”

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566 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 18

O quarto mah€-v€kya é ahaˆ-brahm€smi, “Eu sou brahma” (B�had-€raŠyaka Upani�ad 1.4.10). Se o vidy€ que é estabelecido neste v€kya não se torna bhakti no final, então isto é completamente condenado na ®r… Ÿ�opani�ad (9), que diz:

andhaˆ tamaƒ pravi�anti ye `vidy€ˆ up€sate tato bh™ya iva te tamo ya u vidy€y€ˆ rat€ƒ

‘Aqueles que estão situados na ignorância entram na mais profunda escuridão, e aqueles que estão em conhecimento entram numa escuridão mais profunda ainda.’

Este mantra significa que aqueles que abraçam a ignorância, e desconhecem a natureza espiritual da alma, entram na região mais escura da ignorância. Porém, o desti-no daqueles que rejeitam a ignorância, mas que acreditam que a j…va é brahma, e não um átomo espiritual, é muito pior.

B€b€! Os Vedas não têm delimitações e são insuperá-veis. Seus significados precisos somente podem ser enten-didos por estudar todos e cada um dos �lokas das Upani�ads separadamente, e por discernir os significados de todos eles combinados. Se uma pessoa pega um único aforismo em particular, ela pode sempre se desviar para alguma má in-terpretação. Portanto, ®r… Caitanya Mah€prabhu investigou completamente todos os Vedas, antes de pregar que a alma espiritual individual e o mundo material são ao mesmo tem-po inconcebivelmente igual e diferente de ®r… Hari.

Vrajan€tha: Entendo que os Vedas estabelecem os

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567Prameya: Bhed€bheda-Tattva

os ensinamentos de acintya-bhed€bheda-tattva. Por favor, explique isto mais claramente com provas dos próprios Vedas?

B€b€j…: Aqui estão algumas das muitas passagens que, descrevem o aspecto da unidade (abheda-tattva) de bhed€bheda-tattva:

sarvaˆ khalv idaˆ brahma, “Certamente tudo neste mundo é brahma.” (Ch€ndogya Upani�ad 3.14.1)

€tmaivedam sarvam iti, “Tudo que é visível é espírito (€tm€).” (Ch€ndogya Upani�ad 7.52.2)

sad eva saumyedam agra €sid ekam ev€dvit…yam, “Ó pessoa bondosa, este mundo inicialmente existiu com forma espiritual, não-dual; e antes da manifestação deste universo, o Espírito Supremo era simplesmente uma substância não-dual.” (Ch€ndogya Upani�ad 6.2.1)

evaˆ sa devo bhagav€n vareŠyo yoni-svabh€v€n adhiti�˜haty ekaƒ, “O próprio Bhagav€n é o mestre de todos, até mesmo dos semideuses – devat€s –, e somente Ele é digno de adoração. Ele é a causa de todas as causas, mas Ele mesmo permanece não-adulterado, assim como o sol permanece imóvel, enquanto espalha seu brilho em todas as direções.” (®vet€�vastara Upani�ad 5.4)

Agora ouça os mantras que apóiam bheda (diferen-ça):

oˆ brahma-vid €pnoti param, “Alguém que entende brahma alcança o para-brahma.” (Taittir…ya Upani�ad 2.1)

mah€ntaˆ vibhum €tm€naˆ matv€ dh…ro na �ocati,

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568 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 18

“Uma pessoa inteligente e sóbria, não se lamenta, mesmo ao ver uma alma confinada num corpo material. Porque ela sabe que a alma é grandiosa e está em toda parte.” (Ka˜ha Upani�ad 1.2.22)

satyaˆ jñ€nam anantaˆ brahma yo veda nihitam, “Brahma é verdade, conhecimento e eternidade personi-ficados. Este brahma está situado no céu espiritual (Para-vyoma), e também está presente no âmago dos corações de todas as entidades vivas. Aquele que conhece isto al-cança siddhi através de sua relação com esta Superalma (antary€mi) dentro do coração, o brahma onisciente.” (Pri-meiro Anuccheda do Taittir…ya-brahm€nanda-vall…)

yasm€t paraˆ n€ param asti kiñcit..., “Não há ver-dade superior a esta Pessoa Suprema. Ela é menor do que o menor, e maior do que o maior. Ela permanece única, imutável como uma árvore em Sua morada auto-refulgente. Este universo inteiro repousa dentro desta Pessoa Supre-ma.” (®vet€�vatara Upani�ad 3.9)

pradh€na-k�etra-jña-patir guŠe�aƒ, “O Parabrahma é o Senhor da natureza material não-manifesta (pradh€na), o Mestre deste Param€tm€ que conhece todas as entidades vivas individuais é o Ÿsvara dos três modos da natureza ma-terial. Ele é em si transcendental aos três modos da nature-za.” (®vet€�vatara Upani�ad 6.16)

tasyaisa €tm€ viv�Šute tanuˆ sv€m, “Ele revela o Seu corpo somente para aquelas pessoas de uma maneira muito particular.” (Ka˜ha Upani�ad 2.23)

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569Prameya: Bhed€bheda-Tattva

tam €hur agryaˆ puru�aˆ mah€ntam, “Aqueles que conhecem a Verdade Absoluta cantam Suas glórias, sabendo que Ele é o Mah€n šdi-puru�a, a Grande Personalidade, e a causa de todas as causas.” (®vet€�vatara Upani�ad 3.19)

y€th€tathyato ‘rth€n vyadadh€t, “Por Sua potência inconcebível, Ele mantém as entidades separadas de todos os elementos eternos, junto com seus atributos particula-res.” (Ÿ�opani�ad, Mantra 8)

naitad a�akaˆ vijñ€tuˆ yad etad yak�am iti, “Agni-deva, o semideus – devat€ – do fogo disse para a assembléia de devat€s, ‘não posso compreender totalmente a identida-de deste yak�a.’ ” (Kena Upani�ad 3.6)

asad v€ idam agra €sit..., “No início, este universo era somente a forma de brahma não-manifesta. Este não-manifesto se tornou manifesto na forma de brahma. Este brahma manifestou-se na forma masculina. Por esta razão, a forma masculina é conhecida como o criador.” (Taittir…ya Upani�ad 2.7.1)

nityo nityam, “Quem é o Ser Supremo eterno entre todos os seres eternos?” (Katha Upanisad 2.13 e Svetasva-tara Upanisad 6.13)

sarvam hy etad brahm€nyam €tm€ brahma so ‘yam €tm€ catu�p€t, “Tudo isto é uma manifestação da potência inferior de brahma. A forma espiritual de K��Ša não é outra senão o para-brahma. Por Sua potência inconcebível, Ele se manifesta eternamente em quatro nectáreas formas, em-bora Ele seja um.” (MuŠ�aka Upani�ad, Mantra 2)

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570 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 18

ayam €tm€ sarves€ˆ bh™t€n€ˆ madhu, os Vedas fa-lam sobre K��Ša de uma maneira indireta ao descrever Seus atributos, e aqui eles dizem que, “Entre todas as entida-des vivas, somente o próprio K��Ša é doce como néctar.” (B�had-€raŠyaka Upani�ad 2.5.14)

Nestas e em outras inumeráveis passagens, os Vedas declaram que as almas individuais são eternamente diferen-tes do Supremo. Cada parte dos Vedas é maravilhosa, e nen-huma porção deles pode ser negligenciada. É verdade que as j…vas individuais são eternamente diferentes do Supremo; e também é verdade que elas são eternamente não-diferentes do Supremo. Podemos encontrar evidências nos Vedas para apoiar bheda (diferença) e abheda (não-diferença), porque bheda e abheda existem simultaneamente como aspectos da Verdade Absoluta. Esta relação das j…vas com o Supremo tanto simultaneamente una com Ele e diferente dEle, é in-concebível e além da inteligência mundana. Lógica e argu-mento sobre este assunto somente levam a confusão. O que quer que seja dito nas várias partes dos Vedas é a mais pura verdade, mas nós não podemos entender o completo signi-ficado daquelas palavras porque nossa inteligência é muito limitada. Isto é porque nunca deveríamos desconsiderar os ensinamentos Védicos.

naisa tarkena matir apaneya Katha Upanisad (2.2)

‘Naciketa! Não é apropriado fazer uso de argumen-tos para destruir a sabedoria da Verdade Absoluta que você recebeu.’

n€haˆ manye su-vedeti no na vedeti veda ca

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571Prameya: Bhed€bheda-Tattva

Kena Upani�ad (2.2)

‘Eu percebo que não entendi tudo sobre brahma.’

Estes mantras Védicos dão instruções claras que a �akti de Ÿ�vara é inconcebível, e por isso está além da racio-cínio mundano. O Mah€bh€rata diz:

pur€Šaˆ m€navo dharmaƒ s€‰ga-vedañ cikitsitam

€jñ€-siddh€ni catv€ri na hantavy€mi hetubhiƒ

‘Os s€ttvata Pur€Šas, o dharma instruído por Manu, o ±a�-a‰ga-veda e o Cikits€-�€stra são ordens autên-ticas do Supremo, e é inapropriado tentar refutá-las com argumentos mundanos.’

Deste modo está bastante claro que os Vedas apói-am a acintya-bhed€bheda-tattva. Ao considerar a meta última da j…va, lembre-se que não há siddh€nta que seja mais elevado do que o princípio de acintya-bhed€bheda-tattva; de fato, nem um outro siddh€nta parece igualmen-te verdadeiro. Somente aquele que aceita esta filosofia de acintya-bhed€bheda é que poderá realizar a individualida-de eterna da j…va, e sua eterna diferença de ®r… Hari. Sem o entendimento desta diferença, a alma individual não pode alcançar a verdadeira meta da vida, que é pr…ti (amor pelo Supremo).

Vrajan€tha: Qual é a evidência que pr…ti é a meta última para a j…va?

B€b€j…: É dito nos Vedas:

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572 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 18

pr€Šo hy e�a yah sarva-bh™tair vibh€ti MuŠ�aka Upani�ad (3.1.4)

‘A Pessoa Suprema é a Vida de tudo que vive, e Ela brilha dentro de todos os seres. Aqueles que co-nhecem esta Suprema Personalidade pela ciência de bhakti não se interessam por nada mais2. Tais jivan-muktas são dotadas de apego ao Supremo (rati), e elas participam de Seus passatempos amorosos. Tais bhaktas são os melhores de todos aqueles que estão em conhecimento de brahma.’

Em outras palavras, o mais afortunado daqueles que conhecem brahma se associam com K��Ša ativamente em Seus passatempos amorosos. Este sentimento de rati é um sintoma de amor por K��Ša. É explicado adiante no B�had-€raŠyaka Upani�ad (2.4.5 e 4.5.6):

na v€ sarvasya k€m€ya sarvaˆ priyaˆ bhavaty €tmanas tu k€m€ya sarvaˆ priyaˆ bhavati

Yajña-valkya disse: ‘Ó Maitrey…, nem todos são que-ridos para nós por causa de suas necessidades, ao contrário, eles são queridos para nós por causa de nossas próprias ne-cessidades.’

É evidente neste mantra que pr…ti (amor pelo Supre-mo) é o único prayojana para a j…va. B€b€, há muitos exem-plos de tais declarações nos Vedas, ®r…mad-Bh€gavatam e Taittir…ya Upani�ad (2.7.1):

raso vai sah ko hy evanyat kah pranyat yad esa akasa anado a syat

2 Veja nota de rodapé no final do capítulo

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573Prameya: Bhed€bheda-Tattva

‘O para-brahma, Param€tm€, é a personificação do êxtase. A j…va encontra prazer na associação com o nectáreo Param€tm€, e quem poderia viver se Ele não estivesse presente no coração? É somente Param€tm€ que dá bem-aventurança para as j…vas.’ A palavra €nanda (bem-aventurança) é um sinônimo

de pr…ti (afeição). Todos os seres vivos estão em busca de prazer e bem-aventurança. Um mumuk�u acredita que a li-beração é o prazer último, e isto é a causa de sua loucura por liberação. Os desfrutadores dos sentidos (bubhuk�us) acreditam que os objetos de gratificação dos sentidos são o prazer último, assim eles perseguem os objetos de grati-ficação dos sentidos até o fim de suas vidas. Esta esperança de alcançar prazer é o que induz a todos a executarem todas as suas atividades. Os bhaktas também estão se esforçan-do pelo serviço devocional a ®r… K��Ša. Na verdade, todos estão buscando por pr…ti – isto é tão óbvio que muitos estão até mesmo dispostos a sacrificar suas próprias vidas por isto. Em princípio, pr…ti é a meta última visada por todos e, ninguém pode discordar disto. Todos estão exclusivamente buscando por prazer, sejam eles crentes ou ateístas, traba-lhadores fruitivos, karm…s, jñ€n…s, quer tenham desejos ou não.

No entanto, ninguém pode alcançar pr…ti simples-mente por buscá-lo.

Os trabalhadores fruitivos acreditam que os prazeres celestiais são a bem-aventurança última, mas isto é explica-do na Bhagavad-g…t€ (9.20):

ks…Še puŠye martya-lokam vi�anti

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574 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 18

‘Após os residentes dos gigantescos planetas cele-stiais terem completado os resultados de seu bom karma, eles nascem novamente nos planetas mortais terrestres. Os karm…s que desejam gratificação dos sentidos constantemente transmigram de um planeta a outro desta maneira.’

De acordo com este �loka da G…t€, todos realizam seus equívocos somente quando caem dos planetas ce-lestiais. Uma pessoa pode começar a desejar os prazeres dos planetas celestiais novamente quando ela fracassa em encontrar prazer na riqueza, filhos, fama e poder, que estão disponíveis no mundo dos seres humanos. Todavia, enquanto ela está caindo dos planetas celestiais, ela adota uma atitude respeitosa para uma felicidade maior do que aquela de Svarga (planetas celestiais). Ela se torna indife-rente aos prazeres dos mundos humanos, os planetas ce-lestiais e até mesmo aos planetas mais elevados acima de Brahmaloka, quando elas entendem que eles são todos temporários, e que a felicidade deles também não é perma-nente ou eterna. Ela então se torna renunciada e começa a investigar o brahma-nirv€Ša e se esforça seriamente pela liberação impessoal. No entanto, quando ela vê que a li-beração impessoal também carece de bem-aventurança, ela assume uma posição imparcial (ta˜astha) e busca por um outro caminho que irá capacitá-la a alcançar pr…ti, ou pra-zer.

Como é possível experimentar pr…ti na liberação impessoal? Qual é a personalidade que se dispõe a expe-rimentar tal bem-aventurança? Se eu perco minha iden-tidade, quem irá existir para experimentar brahma? Todo o conceito da bem-aventurança de brahma é sem sentido

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575Prameya: Bhed€bheda-Tattva

porque se há prazer em brahma ou não, a teoria da liberação do impessoal não admite que alguém realmente exista no estado liberado para desfrutar de tal prazer. Portanto, que conclusão pode ser obtida de tal doutrina? Se eu deixo de existir quando sou liberado, então minha individualidade é perdida junto com minha existência. Nada mais pertence a mim, para que eu possa experimentar bem-aventurança ou prazer. Nada existe para mim se eu mesmo não existo. Alguém pode dizer, “Eu sou brahma-r™pa.” Todavia, esta declaração é falsa, porque o “eu” que é brahma-r™pa é nitya (eterno). Em outras palavras, se alguém diz que ele é brahma, então ele também é eterno. Neste caso, todas as coisas são inúteis para ele, incluindo o processo para alcan-çar a perfeição (s€dhana) e a perfeição em si (siddhi). Por esta razão, pr…ti não é obtida em brahma-nirv€Ša. Mesmo se ela for perfeita, ela é alguma coisa que não é experimen-tada, como uma flor no céu. Bhakti, é o único caminho pelo qual a j…va pode alcançar sua verdadeira meta. O estágio final de bhakti é prema, que é eterno.

A j…va pura é eterna, K��Ša é puro e eterno, e o amor puro por Ele também é eterno. Consequentemente, a pes-soa somente pode alcançar a perfeição do verdadeiro amor na eternidade quando ela aceita a verdade de acintya-bhed€bheda. Caso contrário, a meta última da j…va, que é o amor pelo Supremo, torna-se não-eterna, e a existência da j…va também é perdida. Portanto, todos os �€stras aceitam e confirmam a doutrina de acintya-bhed€bheda. Todas as outras doutrinas são simplesmente especulação. Profunda-mente absorto em pensamentos sobre o amor puro espiritu-al, Vrajan€tha voltou para casa com sua mente em estado de bem-aventurança.

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576 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 18

Assim termina o Décimo Oitavo Capítulo do Jaiva-Dharma,

intitulado “Prameya: Bhed€bheda-Tattva”

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577Prameya: Bhed€bheda-Tattva

1“Aquele sobre qual você está indagando ele é brahma.”

2Nenhum outro tópico, além das glórias de ®r… K��Ša, tem algum interesse para aqueles que são seres liberados(jivan-mukta).

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Capítulo 19Prameya: Abhidheya-Tattva

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Após fazer sua refeição, Vrajan€tha recolheu-se para a cama com vários pontos de vistas conflitantes so-bre acintya-bhed€bheda (a doutrina da unidade e diferença inconcebíveis) aparecendo em seu coração. Algumas ve-zes pensava que acintya-bhed€bheda-tattva fosse apenas mais um tipo de filosofia M€y€v€da, mas ao reconsiderar os ensinamentos seriamente, realizou que não havia ne-nhuma objeção a eles no �€stra. Ao contrário, ela continha a essência de todos os �€stras. “®r…mad Gaura Ki�ora é a manifestação completa do próprio Bhagav€n, e Seus pro-fundos ensinamentos não teriam nenhuma possibilidade de serem imperfeitos,” disse para si mesmo. “Jamais deixarei os pés de lótus deste extremamente amável e afetuoso Gaura Ki�ora. Afinal! Até agora o que eu alcancei? Eu entendi que acintya-bhed€bheda-tattva é a verdade última, mas o que tenho logrado através deste conhecimento? ®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… disse que pr…ti (amor) é o s€dhya da vida de todas as j…vas. Karm…s e jñ€nis estão também em busca do amor, mas eles não sabem sobre �uddha-pr…ti.

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582 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 19

Por isso, é que eu devo alcançar o estágio de amor verdadeiro, mas minha única preocupação é como se pode alcançar isto? Vou perguntar a B€b€j… Mah€�aya sobre este assunto, e seguir seus ensinamentos.” Com isto em mente, Vrajan€tha adormeceu.

Uma vez que Vrajan€tha foi dormir um pouco tar-de, ele também acordou mais tarde na manhã seguinte. O sol havia despontado no horizonte quando levantou-se de sua cama, ele estava quase terminando suas abluções da manhã quando seu tio materno Vijaya Kum€ra Bha˜˜€c€rya Mah€�aya chegou de ®r… Modadruma. Vrajan€tha estava muito satisfeito por ver seu tio após muitos dias. Ele ofere-ceu-lhe daŠ�avat-praŠ€ma, e respeitosamente ofereceu-lhe um assento.

Vijaya Kum€ra era um grande erudito e orador do ®r…mad-Bh€gavatam, e ele viajava distâncias consideráveis para dar discursos sobre o Bh€gavatam. Pela misericór-dia de ®r… N€r€yaŠa, ele tinha desenvolvido uma fé firme em seu coração por ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu. Alguns dias antes, ele teve a boa fortuna de obter dar�ana de ®r… V�nd€vana d€sa µh€kura em um vilarejo chamado Denu�a. ®r… V�nd€vana d€sa µh€kura tinha ordenado-lhe para vi-sitar o inconcebível Yoga-p…˜ha de ®r…dh€ma M€y€pura, onde a acintya-l…l€ de ®r… ®ac…nandana Gaura Hari eterna-mente acontece. Ele também lhe informou que em breve a maioria dos locais sagrados dos passatempos de ®r…man Mah€prabhu iriam desaparecer, e iriam reaparecer depois de quatrocentos anos.

Ele disse que os locais dos passatempos de ®r… Gau-ra eram essencialmente não-diferentes de ®r… V�nd€vana, o lugar sagrado das l…l€s de K��Ša; e somente aqueles que podem perceber a natureza transcendental de ®r… M€y€pura

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583Prameya: Abhidheya-Tattva

poderão verdadeiramente ter dar�ana de ®r… V�nd€vana Ouvindo estas palavras de ®r… V�nd€vana d€sa µh€kura, a encarnação de ®r… Vy€sadeva, Vijaya Kum€ra ficou muito ávido para ter o dar�ana de ®r…dh€ma M€y€pura, e deci-diu ir até lá, depois visitar sua irmã e sobrinho em Bil-va-pu�kariŠ…. Hoje em dia, o vilarejo de Bilva-pu�kariŠ… e Brahma-pu�kariŠ… são de alguma maneira distantes um do outro, mas naquele tempo, eles eram vizinhos, e o limite de Bilva-pu�kariŠ… estava cerca de um quilômetro e meio de ®r…dh€ma M€y€pura Yoga-p…˜ha. O antigo vilarejo de Bil-va-pu�kariŠ… está abandonado atualmente, e além disso é conhecido pelos nomes de µo˜€ e T€raŠv€sa.

Após o tio e o sobrinho trocarem cortesias, Vijaya Kum€ra disse: “Diga à avó que irei ter dar�ana de ®r…dh€ma M€y€pura, e que voltarei logo e farei minha refeição aqui à tarde.”

“Tio, por que você quer visitar M€y€pura?” pergun-tou Vrajan€tha.Vijaya Kum€ra naquele momento não tinha consciência da condição presente de Vrajan€tha – ele ou-viu apenas que Vrajan€tha tinha abandonado seus estudos de ny€ya-�€stra, e estava estudando agora, o Ved€nta – as-sim, ele não considerou ser apropriado descrever seus sen-timentos devocionais para ele. Em vez disso, ele ocultou seu motivo real, e disse: “Tenho que encontrar alguém em M€y€pura.”

Vrajan€tha estava ciente de que seu tio não era somen-te um grande erudito do ®r…mad-Bh€gavatam, mas também um devoto de ®r… Gaura, assim ele supôs que deveria ter algum propósito espiritual na visita a ®r…dh€ma M€y€pura. “Tio,” ele disse, “um elevado Vai�Šava, digno de fé, chama-do ®r…la Raghun€tha d€sa B€b€j…, vive em M€y€pura. Você deve conversar com ele.”

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584 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 19

Encorajado pelas palavras de Vrajan€tha, Vijaya Kum€ra disse: “Ultimamente você está desenvolvendo fé nos Vai�Šavas? Ouvi que você abandonou o estudo do ny€ya-�€stra e estava estudando o Ved€nta, mas agora vejo que você está entrando no caminho de bhakti, assim não preciso ocultar qualquer coisa de você. O fato é que ®r… V�nd€vana d€sa µh€kura Mah€�aya tinha me ordenado para ter dar�ana de ®r… Yoga-p…˜ha em ®r… M€y€pura, então deci-di banhar-me nas águas de ®r… Ga‰g€-dev…, circungirar e ter dar�ana de ®r… Yoga-p…˜ha. Depois, em ®r…v€s€‰gana, vou rolar na poeira dos pés de lótus dos Vai�Šavas até ficar ple-namente satisfeito.”

Vrajan€tha disse: “Tio! Por favor, leve-me junto com você. Vamos avisar a mãe e, depois partiremos para M€y€pura.”

Eles informaram a mãe de Vrajan€tha, e decidiram partir para M€y€pura. Primeiro, eles se banharam no Ga‰g€, e então Vijaya Kum€ra exclamou: “Ah! Hoje a minha vida tornou-se bem-sucedida. Neste g€˜ha ®r… ®ac…nandana Gau-rahari concedeu ilimitada misericórdia a J€hnav…-dev… ao realizar aqui, Seus passatempos na água por vinte e quatro anos. Hoje, enquanto me banho nestas águas sagradas sinto param€nanda!” Quando Vrajan€tha ouviu Vijaya Kum€ra falar estas palavras em um humor inspirado, ele falou com o coração derretido: “Tio, hoje também fui abençoado pela sua misericórdia.” Depois do Ga‰g€ sn€na, eles visitaram o local de nascimento de Mah€prabhu na casa de Jagann€tha Mi�ra. Lá, pela misericórdia de ®r… Dh€ma, eles ficaram completamente imersos num humor de profundo amor espiritual e seus corpos ficaram encharcados de lágrimas. Vijaya Kum€ra disse: ”Se alguém nasce nesta terra de Gau-ra, mas não visita este Mah€-Yoga-p…˜ha, sua vida é inútil.

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585Prameya: Abhidheya-Tattva

Simplesmente, veja como este lugar sagrado é visto por olhos materiais, parecendo como qualquer pedaço de ter-ra comum, coberto por cabanas de palha, mas pela mise-ricórdia de Gaur€‰ga, veja que beleza e opulência ele nos mostra! Olhe! Como elevadas e esplêndidas são estas mansões ornamentadas! Como são convidativos estes amá-veis jardins! Como são atrativos para os olhos estes lugares de adoração! Olhe, aqui ®r… Gaur€‰ga e Vi�Šu-priy€ estão em pé dentro da casa. Oh! que forma encantadora! Que for-ma encantadora!”

Dizendo isto, eles caíram ao chão e perderam a cons-ciência. Depois de algum tempo, eles voltaram a si com a ajuda de alguns devotos, e entraram em ®r…v€s€‰gana. Lágrimas fluíram de seus olhos, e eles rolaram no chão, exclamando: “Ó ®r…v€sa! Ó Advaita! Ó Nity€nanda! Ó Gad€dhara-Gaur€‰ga! Por favor, dê-nos Sua misericórdia! Livre-nos do falso orgulho e dê-nos o abrigo de Seus pés de lótus!” Todos os Vai�Šavas que estavam ali ficaram mui-to alegres quando viram tais emoções nos dois br€hmaŠas. Eles começaram a dançar, cantando alto: “M€y€pura Candra ki jaya! Ajita Gaur€‰ga ki jaya! ®r… Nity€nanda Prabhu ki jaya!” Vrajan€tha imediatamente ofereceu seu corpo aos pés de lótus de seu adorável mestre espiritual, ®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… Mah€r€ja. O B€b€j… sênior er-gueu-o e o abraçou, perguntando: “B€b€! O que o traz aqui desta vez? E quem é este respeitável mah€jana com você?” Vrajan€tha humildemente lhe contou tudo, e os Vai�Šavas sentaram-se com o máximo respeito. Vijaya Kum€ra então, indagou submissamente de ®r…mad Raghun€tha d€sa B€b€j… Mah€r€ja: “Prabhu, qual é o meio que a meta última (prayojana), pode ser alcançada por todas as j…vas? Por fa-vor, seja misericordioso, e diga-me como podemos alcan-

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ça esse prayojana.” B€b€j…: Vocês são �uddha-bhaktas, e tudo está den-

tro do alcance de vocês. Como você me perguntou, eu irei explicar o pouco que sei. A k��Ša-bhakti que está livre de qualquer traço de jñ€na e karma é o prayojana (a meta úl-tima) para todas as j…vas, e também é o meio de realização. Durante o estágio da prática espiritual (s€dhana-avasth€) ela é chamada de s€dhana-bhakti, e no estágio liberado (siddha-avasth€), ela é chamada serviço devocional exe-cutado em prema-bhakti (amor puro).

Vijaya: Quais são as características intrínsecas (svar™pa-lak�aŠa) de bhakti?

B€b€j…: Pela ordem de ®r…man Mah€prabhu, ®r… R™pa Gosv€m… descreveu as seguintes características intrínsecas de bhakti no ®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.1.11) a seguir:

any€bhil€�ita-�™nyam jñ€na-karm€dy-an€v�tam

€nuk™lyena k��Šanu-�…lanam bhaktir uttam€

‘Uttam€-bhakti, serviço devocional puro, é o cultivo de atividades dirigidas exclusivamente para o benefí-cio de ®r… K��Ša. Em outras palavras, é o ininterrupto fluxo do serviço a ®r… K��Ša, executado através de todas as atividades do corpo, mente, fala e através da expressão de vários sentimentos espirituais (bh€vas). E sem as coberturas de jñ€na (conhecimento de nirvi�e�a-brahma, visando a liberação impessoal) e karma (atividades buscando recompensa), yoga ou austeridades; e completamente livre de todos os ou-tros desejos que não sejam a aspiração para dar feli-cidade a ®r… K��Ša.’

Este s™tra descreve ambos muito claramente, a

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svar™pa-lak�aŠa (características intrínsecos) e a ta˜astha-lak�aŠa(síntomas extrínsicos) de bhakti. A palavra uttam€-bhakti refere-se ao serviço devocional puro. O serviço devocional misturado com atividades fruitivas (karma-mi�r€-bhakti) e serviço devocional misturado com conheci-mento especulativo (jñ€na-mi�r€-bhakti) não são serviço devocional puro. O objetivo do serviço devocional mistu-rado com atividades fruitivas (karma-mi�r€-bhakti) é a gra-tificação dos sentidos, e o objetivo do serviço devocional misturado com conhecimento especulativo (jñ€na-mi�r€-bhakti) é liberação. Somente o serviço devocional livre de qualquer traço de desejos por resultados fruitivos ou libera-ção é uttam€-bhakti (serviço devocional puro).

O fruto de bhakti é prema. A svar™pa-lak�aŠa de bhakti é o esforço favorável por K��Ša (k��Š€nu�…lanam) executado com o corpo, mente e fala, e a atitude amoro-sa da mente (pr…timaya-m€nasa). Tais esforços (ce�t€) e sentimentos espirituais (bh€vas) são ambos favoráveis (€nuk™lya) e constantemente dinâmicos. Por misericór-dia de K��Ša e de Seus bhaktas, quando a função especial da potência interna de Bhagav€n manifesta sobre a força espiritual da j…va, então a verdadeira forma (svar™pa) de bhakti nasce. No presente estado, o corpo, a mente e a fala da j…va, estão todos materialmente agitados. Quando a j…va os direciona pela própria discriminação, o resultado é so-mente especulação e renúncia seca, e a verdadeira natureza de bhakti não se manifesta através deles. No entanto, quan-do a svar™pa �akti de K��Ša torna-se ativa no corpo, mente e fala da j…va, a natureza da bhakti pura imediatamente se manifesta. A meta última de todos os esforços espirituais é ®r… K��Ša, e isto é porque a atividade devocional verdadeira deve ser favorável a K��Ša. Os esforços direcionados para

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a realização de brahma e Param€tm€ não são aceitos como bhakti pura. Ao contrário, eles são aspectos do conheci-mento especulativo (jñ€na) e atividades fruitivas (karma), respectivamente. Há dois tipos de esforços: aqueles que são favoráveis, e aqueles que são desfavoráveis. Somente as atividades favoráveis são consideradas como serviço devo-cional.

A palavra €nuk™lyena significa a tendência de ser fa-vorável a K��Ša. Esta tendência tem alguma conexão com o mundo material durante o período da prática devocional (s€dhana-k€la), mas no estágio liberado (siddha-k€la) ela é totalmente pura, livre de qualquer conexão com o mundo material. As características de bhakti são as mesmas em am-bos os estágios. Por esta razão, as características intrínsecas de bhakti são as atividades para o cultivo da consciência de K��Ša realizadas com sentimentos favoráveis.

Enquanto estamos discutindo as características in-trínsecas (svar™pa-lak�aŠa) de bhakti, também é necessário descrever suas características extrínsecas (ta˜astha-lak�aŠa). ®r…la R™pa Gosv€m… explica que há duas ta˜astha-lak�aŠa. A primeira é não ter outros desejos, e a segunda é estar livre da cobertura de jñ€na, karma e outras atividades. Qualquer outra ambição, além do desejo para o progresso em bhak-ti vai contra bhakti e se enquadra na categoria de outros desejos. Jñ€na, karma, yoga e renúncia são antagônicos a bhakti quando são fortes o bastante para encobrir o coração. Portanto, bhakti pura pode ser descrita como o cultivo de atividades que são favoravelmente dispostas a ®r… K��Ša, livre das características antagônicas mencionadas.

Vijaya: Quais são as várias características distintivas de bhakti?

B€b€j…: No bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.1.17), ®r…la

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R™pa Gosv€m… descreve as seguintes seis características es-peciais de bhakti:

kle�a-ghn… �ubhad€ mok�a-laghut€-k�t-sudurlabh€ s€ndr€nanda-vi�e�€tm€ �r…-k��Š€kar�iŠ… ca s€

1. kle�a-ghn… – Ela destrói todos os tipos de aflições. 2. �ubhad€ - Ela concede todos os tipos de boa fortuna.

3. mok�a-laghut€-k�t – Ela faz k�t, o prazer da liberação impessoal parecer laghut€ – insignificante

4. sudurlabh€ – Ela é raramente alcançada. 5. s€ndr€nanda-vi�e�€tm€ – Sua natureza é constituída-

do mais intenso e superlativo prazer. 6. �r…-k��Ša-€kar�iŠ… – Ela é o único meio para atrair a

K��Ša

Vijaya: Como bhakti destrói as aflições? B€b€j…: Há três tipos de kle�a (aflição): o pecado em si (p€pa), o pecado em forma de semente (p€pa-b…ja), e a ignorância (avidy€). As atividades pecaminosas são clas-sificadas como p€taka (pecaminosa), mah€-p€taka (muito pecaminosa) e atip€taka (extremamente pecaminosa). To-das estas são consideradas p€pa. Pessoas em cujos corações �uddha-bhakti se manifestou não são naturalmente inclina-das a tornarem-se envolvidas em atividades pecaminosas (p€pa). O desejo de cometer pecados, os quais são chama-dos p€pa-b…ja, não podem permanecer no coração repleto de bhakti. Avidy€ significa ignorância da própria identidade espiritual. Quando �uddha-bhakti primeiro aparece dentro do coração, a j…va entende muito claramente, “eu sou um servo de K��Ša” e a ignorância desaparece por completo. Isto significa que a proporção que Bhakti-dev…, a deusa de

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bhakti, espalha sua refulgência, a escuridão de p€pa, p€pa-b…ja e avidy€ são expelidas do coração. Com a chegada aus-piciosa de bhakti, todos os tipos de aflições vão embora. Por isto bhakti é kle�a-ghn….

Vijaya: Como bhakti é �ubhad€?B€b€j…: Neste mundo, todos os tipos de afeição, todas

boas qualidades, e todos os tipos diferentes de prazeres são considerados �ubha (auspiciosos). Aquele em cujo coração bhakti pura se manifestou, é dotado com quatro qualida-des: humildade, compaixão, ausência de orgulho e respeito aos outros. Por isso, o mundo inteiro concede afeição a ele. Todos os tipos de sad-guŠas são automaticamente mani-festados em �uddha-bhaktas. Bhakti é capaz de dar todos os tipos de prazeres. Se alguém deseja, ela pode dar desfru-te material, a felicidade de se fundir no brahma impessoal (nirvi�e�a-brahma-sukha), todos os tipos de poderes místi-cos (siddhis), gratificação dos sentidos e liberação.

Vijaya: Como bhakti faz com que mesmo o prazer da liberação impessoal seja visto como insignificante (mok�a-laghut€-k�t)?

B€b€j…: Se mesmo um pouco de amor pelo Su-premo (bhagavad-rati) for manifesto no seu cora-ção, dharma (religião), artha (desenvolvimento econô-mico), k€ma (gratificação dos sentidos) e mok�a (liberação) naturalmente parecem insignificantes. Vijaya: E por que é dito que bhakti é raramente alcançada (sudurlabh€)?

B€b€j…: Este assunto precisa ser entendido cuidado-samente. Bhakti irá permanecer elusiva na medida que se executa serviço devocional de modo inapropriado, mesmo que a pessoa se ocupe em milhões de diferentes práticas espirituais (s€dhana). Além disso, Bhakti-dev… satisfaz a

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maioria das pessoas somente com a liberação impessoal; ela não concede bhakti a menos que veja que o praticante é altamente qualificado. Por estas duas razões, é que bhakti é raramente alcançada. O s€dhana do cultivo de jñ€na de-finitivamente conduz à liberação na forma de fundir-se no não-dual brahma, que é a forma mesma de conhecimento. Também é fácil de receber a gratificação dos sentidos ma-teriais ao realizar atividades piedosas como yajña e outras atividades semelhantes. Contudo, se alguém não pratica bhakti-yoga, não pode alcançar bhakti por ®r… Hari, mesmo ao realizar milhares de práticas espirituais.

Vijaya: Por que bhakti é descrita como a forma su-perlativa de bem-aventurança (sandr€nanda-vi�e�€tm€)?

B€b€j…: Bhakti é a felicidade espiritual eterna, e por isso a execução de bhakti coloca a pessoa num oceano de bem-aventurança. Se alguém combina todos os diferentes tipos de prazeres materiais mundanos, e adiciona o prazer de fundir no brahma (que é a negação deste mundo mate-rial), e multiplicar isto por dez milhões, o prazer resultante ainda não pode ser comparado a uma única gota do oceano de bem-aventurança do serviço devocional. Os prazeres materiais são completamente triviais, e os prazeres que aparecem por negar os prazeres materiais (mukti) são mui-to secos. Estes prazeres são ambos diferentes da natureza da bem-aventurança do mundo espiritual. Ninguém pode comparar duas coisas que são inteiramente diferentes em caráter. Portanto, aqueles que desenvolveram algum gosto pela bem-aventurança encontrada na prática de bhakti, o prazer de fundir-se em nirvi�e�a-brahma, torna-se tão insi-gnificante quanto a água contida na pegada de um bezerro. Somente aqueles que experimentaram este prazer podem entendê-lo; outros não podem compreendê-lo nem discutí-

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lo.Vijaya: Como bhakti atrai o todo-atrativo ®r… K��Ša

(�r…-k��Ša-€kar�in…)?B€b€j…: ®r… K��Ša, junto com todos os seus amados

associados, são forçosamente atraídos e controlados por uma pessoa que em cujo coração Bhakti-dev… apareceu. K��Ša não pode ser controlado ou atraído por nenhum outro meio.

Vijaya: Se bhakti é tão sublimamente potente, por que aqueles que estudam muitos �€stras não tentam alcan-çá-la?

B€b€j…: Bhakti e ®r… K��Ša estão além de todos os limites materiais, assim a inteligência humana não pode alcançá-Los, porque ela é grosseira e limitada. Entretanto, alguém pode facilmente entender a essência do serviço de-vocional (bhakti-tattva) se ele desenvolver até mesmo um pequeno gosto pela influência de ações piedosas acumula-das no passado. Somente as j…vas mais afortunadas podem entender bhakti-tattva.

Vijaya: Por que a lógica material não tem nenhum valor?

B€b€j…: A lógica não tem as qualidades necessárias para entender os prazeres espirituais. Está dito:

nai�€ tarkeŠa matir €paney€ prokt€nyenaiva su-jñ€n€ya pre�˜ha

Ka˜ha Upani�ad (1.2.9)

‘Meu querido Naciket€, não é apropriado usar argu-mento para destruir a sabedoria da Verdade Absoluta que você recebeu.’

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Então, é também dito, tark€pratisth€n€t (Ved€nta-s™tra 2.1.11): “A lógica é inútil para estabelecer qualquer vastu (substância real), porque o que uma pessoa estabelece por lógica e argumentos hoje, um lógico mais habilidoso poderá refutar amanhã.” É por este motivo que a lógica não tem credibilidade. Todas estas declarações do Ved€nta estabelecem que é impossível explicar assuntos espirituais através da lógica.

Vrajan€tha: Há algum estágio de bhakti entre s€dhana-bhakti e prema-bhakti?

B€b€j…: Sim, certamente. Há três estágios de de-senvolvimento de bhakti: s€dhana-bhakti, bh€va-bhakti e prema-bhakti.

Vrajan€tha: Quais são as características de s€dhana-bhakti?

B€b€j…: Bhakti é única; as diferenças estão entre os diferentes estágios de desenvolvimento. Na medida em que bhakti seja praticada pela j…va condicionada através de seus sentidos, ela é chamada s€dhana-bhakti.

Vrajan€tha: Você explicou que prema-bhakti é um humor eternamente perfeito (nitya-siddha-bh€va), por que é necessário praticá-la a fim de alcançar um sentimento que seja eternamente perfeito?

B€b€j…: O nitya-siddha-bh€va não é uma coisa que pode ser obtida de algo (sadhya); isto é, ele não pode ser produzido por s€dhana. S€dhana é um nome dado para a prática que manifesta bh€va no coração¹. Até o momento que ele não se manifesta no coração (devido a estar encober-to), a pessoa terá que executar s€dhana. Na realidade, este bh€va é nitya-siddha (eternamente presente no coração).

Vrajan€tha: Por favor, você pode me explicar este princípio mais detalhadamente?1 Veja nota de rodapé no final do capítulo

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B€b€j…: Certamente prema-bhakti é nitya-siddha (eterna-mente perfeita), porque é uma manifestação da �akti inter-na de Bhagav€n, mas não está evidente no coração da j…va condicionada. A prática espiritual (s€dhana) consiste de es-forços do corpo, mente e fala para despertá-la no coração. O fato é que, se bh€va ainda não for alcançado durante o período de s€dhana, considera-se que este sentimento é ob-tido pela prática, mas sua perfeição eterna torna-se evidente tão logo este se manifeste no coração.

Vrajan€tha: Quais são os aspectos característicos que distinguem s€dhana?

B€b€j…: S€dhana-bhakti é qualquer método que trei-na a mente a tornar-se consciente de K��Ša.

Vrajan€tha: Quantos tipos de s€dhana-bhakti existem?

B€b€j…: Há dois tipos: vaidh… e r€g€nug€.Vrajan€tha: O que é vaidh…-bhakti?B€b€j…: A tendência espiritual da j…va é manifesta de

duas formas. As regras encontradas nos códigos dos �€stras são chamadas vidhi, e a inclinação que se origina neste vidhi é chamada vaidhi-prav�tti (a tendência de seguir o �€stra), e a disciplina do �€stra que ocasiona bhakti é chamada vaidh…-bhakti, porque é originada em vaidh…-prav�tti.

Vrajan€tha: Logo mais, eu irei perguntar as carac-terísticas da atração espontânea (r€ga). Agora, por favor, bondosamente descreva as características de vidhi?

B€b€j…: Os �€stras prescrevem deveres regulativos chamados vidhi, e não permitem certas atividades proibi-das (ni�edha). O dever prescrito (vaidha-dharma) para as j…vas é seguir todas as regulações e evitar todas as ativida-des proibidas.

Vrajan€tha: Desta sua explicação, parece que

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vaidha-dharma consiste de regras e regulações de todos os �€stras, mas as j…vas de Kali-yuga são fracas e de vida curta, assim elas não podem estudar as prescrições e proibições de todos os �€stras, para compreender vaidha-dharma. Os �€stras indicam como nós podemos definir vidhi-ni�edha de forma prática e breve?

B€b€j…: Está descrito no Padma Pur€Ša (42.103) e N€rada-pañcar€tra (4.2.23):

smarttavyaƒ satataˆ vi�Šur vismarttavyo na j€tucit

sarve vidhi-ni�edh€ƒ syur etayor eva kinkar€ƒ

‘Lembre-se sempre de Vi�Šu, e nunca se esqueça dEle. Todas as outras proibições e recomendações são sub-serventes a estas duas instruções.’

O significado é que todo o arranjo de vários tipos de vidhi e ni�edha nos �€stras são baseados nestas duas sen-tenças básicas. Entende-se como dever (vidhi) aquilo que nos faz lembrar constantemente de Bhagav€n, e as ativida-des proibidas (ni�edha) são aquelas que nos fazem esquecer dEle. “Lembre-se de Bhagav€n ®r… Vi�Šu constantemente ao longo de sua vida,” esta é a prescrição básica (vidhi), e os deveres de varŠ€�rama e tudo o mais para a manutenção das j…vas estão subordinadas a isto. “Jamais se esqueça de K��Ša,” este (ni�edha) é a proibição básica. Tudo o mais – tais como abandonar atividades pecaminosas, evitan-do a tendência para desviar sua atenção de K��Ša (k��Ša-bahirmukhat€), e a expiação para atividades pecaminosas – são todas subordinadas a este princípio vidhi-ni�edha. Por esta razão, todas as regras e proibições descritas nos �€stras são eternos servos da regra de lembrar de K��Ša constan-

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temente, e a proibição é nunca esquecer de K��Ša. Isto afir-ma que a regra para lembrar de K��Ša é o princípio funda-mental entre todas as regras do varŠ€�rama e outras insti-tuições afins.

�r…-camasa uv€ca mukha-b€h™ru-p€debhyaƒ puru�asy€�ramaiƒ saha catv€ro jajñire varŠ€a guŠair vipr€dayaƒ p�thak

ya e�€ˆ puru�aˆ s€k�€d €tma-prabhavam …�varam na bhajanty avaj€nanti sth€n€d bhra�˜€ƒ patanty adhaƒ

®r…mad-Bh€gavatam (11.5.2-3)

‘®r… Camasa disse: ‘Os br€hmaŠas vieram à existên-cia da boca do primordial ®r… Vi�Šu, os k�atriyas de Seus braços, os vai�yas de Suas coxas, e os �udras de Seus pés. Estes quatro varŠas nasceram junto com suas características particulares, como os quatro €�ramas específicos. Vivendo nestes varŠas e €�ramas, a pessoa torna-se orgulhosa por sua elevada posição social (varŠa) e espiritual (€�rama), e incapaz de adorar seu i�tadeva, Bhagav€n ®r… Vi�Šu, ou até mesmo desrespeitá-Lo. Tal pessoa cai de sua posição no sistema de varŠa e €�rama, perde todo seu prestígio, e nas-ce em espécies inferiores.’

Vrajan€tha: Por que nem todos aqueles que seguem as regulações do varŠ€�rama praticam k��Ša-bhakti?

B€b€j…: ®r…la R™pa Gosv€m… explica que entre todos aqueles que seguem as regulações do �€stra, somente aque-les que desenvolvem fé em bhakti são elegíveis para se ocu-par em bhakti. Eles não são atraídos pelas regulações da vida material e tampouco renunciam a vida material. Ao contrário, eles mantêm seu sustento ao seguirem os cami-nhos de uma vida civilizada comum, e ao mesmo tempo

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praticam o s€dhana de �uddha-bhakti com fé. Uma j…va civilizada se qualifica para se ocupar em bhak-ti como resultado de suk�ti acumulado no decorrer de muitas vidas. Há três tipos de tais pessoas fié-is : o kani�˜ha (neófito), o madhyama (o bhakta inter-mediário), e o uttama (o bhakta altamente exaltado). Vrajan€tha: É dito na Bhagavad-g…t€ que quatro tipos de pessoas realizam bhakti: €rtta (aqueles que estão aflitos), jijñ€su (os inquisitivos), arth€rth… (aqueles que desejam riqueza), e jñ€nis (aqueles que buscam o conhecimento do Absoluto). Eles são qualificados para qual tipo de bhakti?

B€b€j…: Quando eles se associam com pessoas san-tas (s€dhus), suas aflições, seus questionamentos, seus desejos por riqueza, e seus desejos por conhecimento são removidos, e eles desenvolvem fé no serviço devocio-nal puro. Então, eles imediatamente se qualificam para se ocuparem em bhakti. Os exemplos mais relevantes destes são Gajendra, ®aunaka e os demais ��is em Naimi�€raŠya, Dhruva, e os quatro Kum€ras, respectivamente.

Vrajan€tha: Os devotos alcançam algum tipo de li-beração?

B€b€j…: Há cinco tipos de liberação: s€lokya, viver no mesmo planeta que Bhagav€n; s€��ti, ter as mesmas opulên-cias que Bhagav€n; s€m…pya, ter a associação constante de Bhagav€n; s€r™pya, obter características corpóreas simi-lares as de Bhagav€n; e s€yujya, unir-se a Bhagav€n. Os bhaktas de ®r… K��Ša não aceitam s€yujya-mukti de ne-nhuma forma, por que ela é completamente oposta aos prin-cípios de bhakti. S€lokya, sa��ti, s€m…pya e s€r™pya não são completamente opostas a bhakti, mas elas ainda detêm alguns elementos adversos. Os bhaktas de K��Ša também

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rejeitam completamente estes quatro tipos de liberação, que se manifestam na morada de ®r… N€r€yaŠa.Em algumas circunstâncias, estas formas de liberação con-cedem confortos e opulências, enquanto que em seu estágio maduro elas guiam em direção a prema-bhakti. Se seu re-sultado último é somente conforto e opulência, os bhaktas devem simplesmente rejeitá-las. O que dizer da liberação, até mesmo a pras€da de N€r€yaŠa não atrai os bhaktas pu-ros de ®r… K��Ša. ®r… N€r€yaŠa e ®r… K��Ša têm a mesma forma fundamental e a natureza (svar™pa) do ponto de vista do siddh€nta, mas do ponto de vista de rasa, a super-ex-celente glória de K��Ša é um fato eterno.

Vrajan€tha: Somente aqueles nascidos em famílias šrianas, e que seguem as regulações do varŠ€�rama são elegíveis para se ocuparem em bhakti? B€b€j…: Toda a raça humana é qualificada para alcan-çar elegibilidade para bhakti. Vrajan€tha: Neste caso, parece que as pessoas que estão situadas no varŠ€�rama têm que seguir dois deveres fixos – as regulações do varŠ€�rama, e as regras de �uddha-bhakti – enquanto aquelas situadas fora do varŠ€�rama têm somente um dever, que é seguir os proces-sos (a‰gas) de bhakti. Isto significa que as pessoas situadas em varŠ€�rama têm que se esforçar mais, porque elas têm que seguir a ambas as regulações, materiais e espirituais. Por que isto?

B€b€j…: Um bhakta que esteja qualificado para �uddha-bhakti pode estar situado em varŠ€�rama, mas seu único dever é seguir o a‰ga de bhakti, e então todos seus deveres mundanos são satisfeitos automaticamente. Não há nenhuma falha em negligenciar deveres mundanos quan-do eles são independentes de bhakti, ou opostos a ela. Um

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bhakta qualificado por natureza, não é nem inclinado a ne-gligenciar os deveres prescritos e nem executar atividades proibidas. Se a despeito disto ele acidentalmente comete alguma atividade pecaminosa, ele não tem que executar as penitências que estão prescritas nas regras que regem o karma. Quando bhakti está no coração, os pecados que o bhaktas cometem por acaso, não criam impressões, eles são destruídos muito fácil e rapidamente. Isto é porque os bhaktas não precisam realizar qualquer penitência em se-parado. Vrajan€tha: Como pode um bhakta qualificado repa-rar seus débitos com os semideuses – devat€s – e outros?

B€b€j…: É dito no ®r…mad-Bh€gavatam que aqueles que estão sob o abrigo de Bhagav€n não têm dívidas com ninguém.

devar�i-bh™t€pta-n�Š€m pit�Š€ˆ na ki‰karo n€yam �Š… ca r€jan

sarv€tman€ yaƒ �araŠaˆ �araŠyaˆ gato mukundaˆ parih�tya karttam

®r…mad-Bh€gavatam (11.5.41)

‘Aquele que se rende completamente a Bhagav€n, Mukunda, o afetuoso protetor das al-mas rendidas, não permanece mais endividado com os semideuses – devat€s – antepassados, outras entidades vivas, parentes ou hóspedes. Ele não é subordinado a ninguém, e ele não é obrigado a servir a ninguém.’

O significado da instrução final da Bhagavad-g…ta

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(18.66) é que ®r… K��Ša libera de todos os pecados daquela pessoa que abandona todos os tipos de deveres e se abriga nEle. A essência da G…t€ é que quando uma pessoa torna-se qualificada para bhakti pura, ela não é mais obrigada a seguir as regulações de jñ€na-�€stra e karma-�€stra. Ao contrário, ela alcança toda a perfeição simplesmente por se-guir o caminho de bhakti. É por isso que ®r… K��Ša declara, na me bhaktaƒ praŠa�yati: “Meu bhakta jamais perece.” Portanto, esta promessa de ®r… K��Ša deve ser mantida aci-ma de tudo.

Quando Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha ouviram estas palavras, eles disseram: “Nós não temos mais dúvidas em nossos corações concernentes a bhakti. Entendemos que jñ€na e karma são de pouca importância e, que sem a mise-ricórdia de Bhakti-dev…, não há auspiciosidade para a j…va. Prabhu, agora por favor, seja misericordioso, e faça nos-sas vidas bem-sucedidas ao instruir-nos sobre os a‰gas de �uddha-bhakti.”

B€b€j…: Vrajan€tha, você ouviu o Da�a-m™la até o oitavo �loka. Você pode relatá-los para seu tio mais tar-de. Fico muito satisfeito em vê-lo. Agora, ouçam o nono �loka:

�rutiƒ k��Š€khy€naˆ smaraŠa-nati-p™j€-vidhi-gaŠ€ƒ tath€ d€syaˆ sakhyaˆ paricaraŠam apy €tma-dadanam

nav€‰g€ny et€n…ha vidhi-gata-bhakter anudinaˆ bhajan �raddh€-yuktaƒ suvimala-ratiˆ vai sa labhate

‘Uma pessoa deve executar bhajana dos nove pro-cessos de vaidh…-bhakti, a saber, ouvir, cantar, lem-brar, oferecer orações, adorar, servir os pés de lótus de K��Ša, agir como servo de K��Ša, tornar-se Seu

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601Prameya: Abhidheya-Tattva

amigo, e render-se completamente a Ele. Desta ma- neira, aquele que com fé pratica bhajana constante- mente, certamente alcança o k��Ša-rati puro.’

®ravaŠam, k…rtanam, smaraŠam, vandanam, p€da-sevanam, arcanam, d€syam, sakhyam e €tma-nivedanam: aqueles que diariamente praticam estes nove processos de vaidh…-bhakti com fé alcançam amor puro por ®r… K��Ša. O ouvir (�ravaŠa) acontece quando as descrições transcen-dentais do santo nome, forma, qualidades e passatempos de K��Ša entram em contato com os ouvidos. Há dois estágios de �ravaŠa. O primeiro estágio é ouvir as descrições das qualidades de K��Ša na associação de �uddha-bhaktas antes de desenvolver �raddha. Este tipo de �ravaŠa cria fé, de forma que desenvolve um forte desejo de ouvir �r…-k��Ša-n€ma e Suas qualidades. Após alguém ter desenvolvido tal fé, ouve os nomes transcendentais e qualidades de K��Ša com grande avidez de ®r… Guru e Vai�Šavas, que é o segun-do tipo de �ravaŠa. ®ravaŠa é um dos processos de �uddha-bhakti, e �ravaŠa no estado aperfeiçoado é manifesta como o resultado de ouvir do guru e dos Vai�Šavas no estágio de prática espiritual. ®ravaŠa é o primeiro a‰ga de bhakti.

K…rtana acontece quando �r…-hari-n€ma e as descri-ções de Sua forma, qualidades e passatempos entram em contato com a língua. Há muitas variedades de k…rtana, tais como falar sobre os passatempos de K��Ša, descrever �r…-k��Ša-n€ma, leitura dos �€stras para os outros, atrair outros para K��Ša ao cantar sobre Ele, proferir orações para invo-car Sua misericórdia, proclamar Suas glórias para outros, cantar bhajanas e orar para a Deidade, oferecer orações e assim por diante. K…rtana é descrito como superior a todos os outros nove a‰gas de bhakti, e isto é especialmente ver-

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dadeiro em Kali-yuga, quando somente k…rtana pode con-ceder auspiciosidades para todos. Isto é declarado nos �€stras: dhy€yan k�te yajan yajñais tret€y€ˆ dv€pare `rcayan

yad €pnoti tad €pnoti kalau sa‰k…rtya ke�avam Padma Pur€Ša, Uttara-

khaŠ�a (72.25) ‘Tudo que era alcançado na Satya-yuga por meditação,

na Tret€-yuga por execução de yajña, e na Dv€para- yuga por adorar os pés de lótus de K��Ša, também é obtido na era de Kali simplesmente por cantar e

glorificar ®r… Ke�ava.’

Nenhum outro método purifica o coração efetivamen-te tanto quanto hari-k…rtana. Quando muitos devotos reali-zam k…rtana juntos, isto é chamado sa‰k…rtana.

Lembrar dos nomes, forma, qualidades e passatem-pos de K��Ša é chamado smaraŠam, o qual há cinco tipos. SmaraŠam é a contemplação de algum assunto que foi ouvi-do previamente ou experimentado. Dh€raŠ€ significa fixar a mente em algum objeto particular e afastá-lo de outros ob-jetos. Dhy€nam significa meditar em uma forma específica. Quando dhy€nam é contínua como o fluxo da corrente de um precioso óleo, ela é chamada dhruvanusm�ti, e sam€dhi é o estado no qual uma pessoa está alheia a realidade exter-na, e somente consciente dos objetos da meditação em seu coração.

®ravaŠam, k…rtana e smaraŠam são os três principais a‰gas de bhakti, pois todos os outros a‰gas estão incluídos dentro deles, e destes três a‰gas, k…rtana é o melhor e o mais importante, porque �ravaŠam e smaraŠam podem ser incluídos nele.

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603Prameya: Abhidheya-Tattva

De acordo com o ®r…mad-Bh€gavatam (7.5.23):

�ravaŠam k…rtanaˆ vi�Šoƒ smaraŠam p€da-sevanam arcanaˆ vandanaˆ d€syaˆ sakhyam €tma-nivedanam

‘Ouvir e cantar sobre o nome, forma e as qualida-des transcendentais de ®r… Vi�Šu, e assim por diante; lembrar-se delas; servir Seus pés de lótus; adorá-Lo com dezesseis tipos de parafernália; oferecer orações a Ele; tornar-se Seu servo; adotar o humor de ami-zade com Ele; render tudo a Ele (em outras palavras, servi-Lo com o corpo, mente e palavras) – estes nove são aceitos como �uddha-bhakti.’

O quarto a‰ga de bhakti é realizar serviço (p€da-sev€ ou paricay€). P€da-sev€ deve também ser realizado jun-to com �ravaŠam, k…rtana e smaraŠam. Deve-se realizar p€da-sev€ com uma atitude humilde, entendendo que não está qualificado para o serviço. Também é essencial realizar que o objeto do serviço é sac-cid-€nanda, a personificação de eternidade, conhecimento e bem-aventurança. P€da-sev€ inclui ver a forma da face da Deidade de ®r… K��Ša, tocá-La, circungirá-La, segui-La e visitar locais sagrados como o templo de ®r… Bhagav€n, o rio Ga‰g€, Jagann€tha Pur…, Dv€rak€, Mathur€, Navadv…pa e assim por diante. ®r…la R™pa Gosv€m… apresentou isto de um modo muito cla-ro e vívido em sua descrição dos sessenta e quatro a‰gas de bhakti. O serviço a ®r… Tulas… e �uddha-bhaktas também estão incluídos neste a‰ga.

O quinto a‰ga é adoração (arcana). Há muitas con-siderações relacionadas a qualificação e métodos de adora-ção. Se a pessoa é atraída pelo caminho de arcana, mesmo

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604 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 19

após estar ocupado em �ravaŠam, k…rtana e smaraŠam, ela deve realizar arcana após aceitar apropriadamente dik�a-mantra de ®r… Gurudeva.

Vrajan€tha: Qual é a diferença entre o n€ma e o mantra?

B€b€j…: O nome de ®r… Hari é a vida e a alma do mantra. Os ��is têm adicionado palavras tais como namaƒ (reverências) para �r…-hari-n€ma, e revelaram seu poder es-pecífico. ®r…-hari-n€ma por natureza nada tem a ver este mundo material, enquanto a j…va, por causa de suas várias designações corpóreas supridas por m€y€, é iludida pelos objetos compostos de matéria morta. Consequentemente, a fim de afastar a mente das j…vas dos objetos dos senti-dos, diferentes princípios de arcana foram estabelecidos no caminho do serviço devocional regulado (mary€d€-m€rga). É essencial para as pessoas materialistas aceitarem d…k�a. Quando alguém canta o K��Ša mantra, siddha-s€dhya-su-siddha-ari não são considerados2.

Iniciação no cantar exclusivo do K��Ša mantra é extremamente benéfico para a j…va, pois de todos os dife-rentes mantras neste mundo, o k��Ša-mantra é o mais po-deroso. Um discípulo genuíno recebe força de K��Ša ime-diatamente quando um mestre espiritual fidedigno inicia-o neste mantra. Após a iniciação, Gurudeva educa o discípulo inquisitivo com relação à prática de arcana. Em resumo, arcana-m€rga inclui observar o dia do aparecimento de K��Ša, jejuar no mês de K€rttika, observar Ek€da�i, ba-nhar-se no mês de M€gha, e outras atividades semelhantes. Deve-se compreender que certamente é preciso adorar os bhaktas de K��Ša, bem como o próprio K��Ša no caminho de arcana.

O sexto a‰ga de vaidh…-bhakti é oferecer orações2 Veja nota de rodapé no final do capítulo

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e reverências (vandanam). Isto é incluído como parte de p€da-sev€ e k…rtana, mas isto é ainda considerado como um a‰ga separado de bhakti. Ek€‰ga-namaskara em si é chama-do de vandanam. Ek€‰ga-namaskara e prestar reverências com as oito partes do corpo tocando o chão (a�˜€‰ga-namas-kara) são dois tipos de namaskara. É considerado ofensivo oferecer reverências com somente uma das mãos tocando o chão; oferecer reverências quando o corpo está coberto com tecido; oferecer reverências atrás da Deidade; oferecer prostradas reverências com o corpo apontando para a Dei-dade ou com o lado direito em direção a Deidade e por ofe-recer reverências no garbha-mandira (sala da Deidade). Executar serviço (d€syam) é o sétimo a‰ga de bhakti. “Eu sou o servo de K��Ša” – este ego ou concepção do eu é d€syam, e bhajana realizado com o sentimento de um servo é o mais elevado bhajana. D€syam inclui oferecer reverên-cias, recitar orações, oferecer todos os tipos de atividades, servir, manter conduta apropriada, lembrar-se e obedecer as ordens (kath€-�ravaŠam).

O oitavo a‰ga de bhakti é servir como um amigo (sakhyam), que inclui o humor amigável em relação a K��Ša com atividades para o Seu bem-estar. Há dois tipos de sakhyam: amizade em vaidh…-bhakti e amizade em rag€nug€-bhakti, mas o �loka de ®r… Prahl€da refere-se a vaidh€‰ga-sakhyam; por exemplo, o sentimento de sakhyam enquanto serve a Deidade é vaidha-sakhyam.

O nono a‰ga é conhecido como €tma-nivedanam, que significa oferecer-se completamente – corpo, mente e o atma puro – para ®r… K��Ša. As características de €tma-nivedanam são esforços exclusivos para K��Ša; e ausência de atividades com interesse separado. É também caracte-rística de €tma-nivedanam que a pessoa deve viver para

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606 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 19

servir o desejo de K��Ša, e manter seus desejos subordi-nados aos desejos dEle, assim como uma vaca que ao ser comprada não se preocupa com sua própria manutenção. štma-nivedanam em vaidh…-bhakti é descrito no ®r…mad-Bh€gavatam (9.4.18-20), como segue:

sa vai manaƒ k��Ša-pad€ravindayorvac€ˆsi vaikuŠ˜ha-guŠ€nuvarŠane karau haer mandira-m€rjan€di�u �rutiˆ cak€r€cyuta-sat-kathodaye

‘Ambar…�a Mah€r€ja ocupou sua mente em servir os pés de lótus de ®r… K��Ša, suas palavras para descre-ver as qualidades de ®r… Bhagav€n, suas mãos para limpar o templo de ®r… Hari, e seus ouvidos em ouvir os passatempos jubilosos de Acyuta.’

mukunda-li‰g€laya-dar�ane d��au tad-bh�tya-g€tra-spar�e `‰ga-sa‰gamam ghr€Šaˆ ca tad-p€da-saroja-saurabhe

�r…mat-tulasy€ˆ rasan€ˆ tad-arpite

‘Ele ocupou seus olhos para ver a Deidade de Mu-kunda, diferentes templos, e os locais sagrados; todos os membros de seu corpo em tocar os corpos dos bhaktas de K��Ša; suas narinas em cheirar o aroma divino de tulas… oferecida aos pés de lótus de K��Ša; e sua língua em saborear a pras€da oferecida a Bhagav€n.’

p€dau hareƒ k�etra-pad€nusarpaŠe �iro h��…ke�a-pad€bhivandane

k€maˆ ca d€sye na tu k€ma-k€myay€ yahottama-�loka-jan€�ray€ ratiƒ

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607Prameya: Abhidheya-Tattva

‘Seus pés eram sempre ocupados em caminhar nos locais sagrados de Bhagav€n, e ele prestava reverên-cias aos pés de lótus de ®r… K��Ša. Ambar…�a Mah€r€ja oferecia guirlandas, sândalo, bhoga e parafernália si-milares no serviço a Bhagav€n, não com o desejo de desfrute, mas para receber o amor de ®r… K��Ša que está presente em Seus �uddha-bhaktas.’Quando Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha ouviram as in-

struções doces e jubilosas de B€b€j… Mah€�aya, eles fica-ram transbordantes de alegria, e ofereceram reverências a ele, dizendo: “Prabhu, você é um associado direto de ®r… Bhagav€n. Hoje fomos abençoados ao receber suas in-struções nectáreas. Nós estamos desperdiçando nossos dias no orgulho inútil de castas, família e educação elevadas. Obtivemos sua misericórdia através da riqueza do suk�ti acumulado em muitas vidas prévias.”

Vijaya: O mais eminente dos bh€gavatas, ®r… V�nd€vana d€sa µh€kura ordenou-me para visitar o Yoga-p…˜ha em ®r… M€y€pura. Hoje, por sua misericórdia, tive o dar�ana deste local sagrado, e também de um associado pessoal de ®r… Bhagav€n. Se você estiver disponível, aman-hã à noite voltarei novamente.

Quando o venerável B€b€j… ouviu o nome de ®r… V�nd€vana d€sa µh€kura, imediatamente ofereceu prostra-dos daŠ�avats, e disse: “Ofereço minhas respeitosas re-verências repetidas vezes à encarnação de Vy€sadeva nos passatempos de ®r… Caitanya.”

Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra partiram para a casa de Vrajan€tha, uma vez que a manhã chegava ao fim.

Assim termina o Décimo Nono Capítulo do Jaiva-Dharma intitulado,

“Prameya: Abhidheya-Tattva”

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608 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 19

1K�ti-s€dhy€ bhavet s€dhya-bh€v€ s€ s€dhan€bhidh€nitya-siddhasya bh€vasya pr€katyaˆ h�di s€dhyat€ Bhakti-ras€m�ta-sindhu, Purva Lahiri (2.2)

S€dhana-bhakti, ou execução regulada do serviço devocional, é a prática realizada com os presentes sentidos, pela qual bh€va (serviço transcendental amoroso por K��Ša) é alcançado. Este bh€va existe eternamente dentro do coração de toda j…va, ele é desperto pela potencialidade de s€dhana-bhakti.

�ravaŠ€di kriy€ t€ra svar™pa-lak�aŠata˜astha-lak�aŠe upajaya prema-dhana

nitya-siddha k��Ša-prema `s€dhya’kabhu naya�ravaŠ€di-�uddha-citte karaye udaya

Caitanya-carit€m�ta, Madhya L…l€ (22.106.107)

As características intrínsecas de bhajana são as atividades espirituais de ouvir, cantar, lembrar e assim por diante. E a característi-ca extrínseca é o despertar de prema.

K��Ša-prema é eternamente estabelecido no coração de todas as j…vas. Ele não é algo para ser obtido de uma nenhuma outra fonte. Este amor naturalmente desperta quando o coração é purificado por ouvir e cantar.

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609Prameya: Abhidheya-Tattva

2Gurudeva dá a iniciação para seu discípulo, depois de executar o processo para purificá-lo dos quatro defei-tos de siddha, s€dhya, susiddha e ari (inimigo). Uma pessoa pode consultar o Hari-bhakti-vil€sa, o Primeiro Vil€sa, Anuccheda 52-103, relacionados a estes quatro defeitos e as formas de remediá-las. Mas, ao cantar o rei de todos os mantras, o k��Ša-mantra de dezoito le-tras (gop€la-mantra), não ha necessidade de considerar estes quatro defeitos, porque o mantra é tão podero-so que estes quatro defeitos são muito insignificantes comparados a ele. No Trailokya Sammohana-tantra, Mah€deva disse, a�˜€da�€k�ara mantram adhik�tya �r…-�ivenoktam na c€tra �€trav€ do�o varŠesu €di-vicaraŠ€, e no B�had-Gautam…ya está declarado: sid-dha-s€dhya-sudiddh€ri-r™p€ n€tra vic€raŠ€, sarve�€ˆ sidha-mantr€n€ˆ yato brahm€k�aro manuƒ. Toda letra singular deste mantra é brahma (Veja glossário).

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Capítulo 20Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

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Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra retornaram à casa de Vrajan€tha antes do meio-dia. A mãe de Vrajan€tha esta-va esperando-os e, amavelmente lhes serviu suntuosa pras€dam. Ao terminarem a refeição, tio e sobrinho tiveram uma conversa afetuosa e, Vrajan€tha aos poucos explicou para seu tio materno todas as instruções que ele ouviu ante-riormente de B€b€j… Mah€r€ja.

Quando Vijaya Kum€ra ouviu aquelas nectáreas instruções, ele ficou bem-aventurado e disse: “Você é muito afortunado”. Sat-sa‰ga é obtida somente por grande fortu-na. Você obteve a associação muito rara de um grande santo como B€b€j… Mah€�aya, e ele lhe deu instruções substanci-ais sobre a mais elevada meta da vida (param€rtaha). Aque-le que ouve bhakti-kath€ e hari-kath€, certamente alcança boa fortuna e bem-estar, mas se estes tópicos são ouvidos dos lábios de uma grande personalidade, a boa fortuna vem muito rapidamente. Você é instruído em todos os �€stras, e sua erudição em ny€ya-�€stra é especialmente inigualável.

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614 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 20

Você nasceu em uma família de br€hmaŠas védicos, e esta é uma condição valiosa. Agora, toda esta erudição parece como um mero adorno. E esta é a razão porque você se abrigou aos pés de lótus dos Vai�Šavas, e adquiriu um gosto pelo l…l€-kath€ de ®r… K��Ša.

Desta maneira, enquanto eles discutiam a meta supre-ma da vida, a mãe de Vrajan€tha entrou e disse para Vijaya Kum€ra: “Irmão, faz tanto tempo que não vinha aqui. Por favor, encoraje Vrajan€tha a se tornar um g�hastha (chefe de família). Pelo seu comportamento, tenho receio que ele possa se tornar algum tipo de s€dhu. Muitas pessoas vêm aqui com propostas de casamento, mas ele decidiu que não quer se casar. Minha sogra também fez um grande esforço em relação a isto, mas não conseguiu convencê-lo.” Após ouvir sua irmã, Vijaya Kum€ra respondeu: “Permanecerei aqui por quinze dias e, refletirei cuidadosamente sobre este assunto, e então informarei a você sobre minha decisão. Agora, por favor, volte para seu aposento.”

A mãe de Vrajan€tha saiu, e Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha novamente se ocuparam em falar sobre a meta suprema da vida. E assim, passaram o dia inteiro. No dia seguinte, depois de fazerem suas refeições, Vijaya Kum€ra disse: “Vrajan€tha, esta noite vamos a ®r…v€s€‰gana ou-vir de B€b€j… Mah€r€ja as explicações dos 64 a‰gas de bhakti descritos por ®r… R™pa Gosv€m…. Ó Vrajan€tha! Que eu alcance a associação como essa que você tem, nasci-mento após nascimento. Até aqui, B€b€j… Mah€�aya des-creveu dois caminhos de s€dhana-bhakti: vaidh…-m€rga e r€ga-m€rga. Falando francamente, somos qualificados para vaidh…-dharma. E assim, devemos entender vaidh…-m€rga completamente e começar a praticar s€dhana antes de ouvir as instruções sobre r€ga-m€rga.

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615Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

Durante sua última conversa ®r…la B€b€j… Mah€r€ja deu-nos instruções sobre os nove (navadh€) processos de bhakti, porém, não entendo como devo começar navadh€-bhakti. Hoje vamos entender este assunto mais profunda-mente.”

Eles continuaram a conversa por um longo tempo, e anoiteceu. Os raios do sol tinham deixado a terra, e estavam brincando nos elevados galhos das árvores. Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha partiram de casa, e chegaram mais uma vez em ®r…v€s€‰gana. Ali, eles ofereceram seus daŠ�avat-praŠ€mas aos Vai�Šavas reunidos, e então entraram no ku˜…ra do B€b€j… sênior.

Ao ver que os bhaktas estavam desejosos de apren-der, B€b€j… ficou muito satisfeito. Com muito amor, ele os abraçou e ofereceu um €sana para cada um. Ambos ofere-ceram daŠ�avat-praŠ€ma aos pés de B€b€j… Mah€�aya e se sentaram.

Depois de conversar um pouco, Vijaya Kum€ra disse: “Prabhu, certamente estamos causando-lhe alguma preocu-pação, no entanto, o senhor aceita isto misericordiosamente por causa de sua afeição pelos bhaktas. Hoje, gostaríamos de ouvir do senhor sobre os 64 diferentes a‰gas de bhakti que ®r… R™pa Gosv€m… descreveu. Se o senhor pensa que somos qualificados, diga-nos amavelmente, para que assim possamos facilmente realizar �uddha-bhakti.”

B€b€j… sorriu e disse: “Primeiro ouçam atentamente. Recitarei os 64 a‰gas de bhakti, como foram descritos por ®r… R™pa Gosv€m…, os primeiros dez são os a‰gas prelimi-nares básicos:

1. Aceitar abrigo aos pés de lótus de ®r… Guru (guru-p€d€�raya); 2. Receber iniciação e instruções de ®r… Guru (guru-

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616 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 20

d…k�€ e �…k�€);3. Servir ®r… Guru com fé (vi�v€sa-p™rvaka guru- sev€);4. Seguir o caminho delineado pelos s€dhus;5. Indagar sobre sad-dharma ou os procedimentos do bhajana;6. Renunciar todos os desfrutes dos objetos dos sen tidos para K��Ša;7. Residir em dh€mas, tais como Dv€rak€, e próxi- mo de rios sagrados tais como o rio Ga‰g€ e o rio Yamuna8. Aceitar dinheiro e outras facilidades apenas o suficiente e necessário para sustentar vida;9. Respeitar Ek€da�i, Janm€�tam… e outros dias rela cionados a Hari;10. Oferecer respeitos a a�vattha, amalak… e ou tras árvores sagradas;

Os próximos dez a‰gas adotam a forma de proibições:

11. Abandonar toda a associação daqueles que são aversos a K��Ša;12. Não aceitar pessoas sem qualificação co- mo discípulos;13. Renunciar esforços pretensiosos, tais como fes- tivais pomposos, etc.;14. Refrear a leitura e a recitação de muitos livros, e de fazer interpretações insólitas do �€stra;15. Evitar o comportamento mesquinho nos rela- cionamentos práticos; 16. Não se influenciar por emoções, tal como lamen- tação;

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617Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

17. Não desrespeitar ou blasfemar os semideu ses – devat€s;18. Não molestar a nenhuma j…va;19. Abandonar completamente as ofensas no sev€ (sev€-apar€dha) e no cantar de �r… hari-n€ma (n€ma-apar€dha);20. Não tolerar blasfêmias a Bhagav€n e a Seus bhaktas.

Você deve entender que estes vinte a‰gas são a en-trada do templo de bhakti, e os três primeiros – abrigar-se aos pés de lótus de �r…-guru, aceitar d…k�€ e �…k�€ do guru, e servi-lo com fé – são as atividades principais. Depois disso são as seguintes:

21. Adotar os sinais externos (como tilaka) de um Vai�Šava;22. Usar as sílabas de �r…-hari-n€ma no corpo;23. Aceitar os remanentes de vestuários, guirlandas e outras coisas que tenham sido oferecidas a Deidade;24. Dançar em frente da Deidade;25. Oferecer daŠ�avat-praŠ€ma para ®r… Guru, Vai�Šava e Bhagav€n;26. Levantar-se respeitosamente ao receber o dar�ana de Hari, Guru e Vai�Šavas e saudá-los;27. Seguir a Deidade em procissão;28. Visitar os templos de ®r… Bhagav€n; 29. Circumgirar (parikr€ma) o templo30. Realizar a adoração da Deidade (p™j€ e arcana);31. Servir ®r… K��Ša como a um rei (paricarya);32. Cantar;33. Executar o canto congregacional dos santos

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618 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 20

nomes de ®r… K��Ša (N€ma e n€ma-sa‰k…rtana);34. Executar o japa dos g€yatr…-mantras nos três sandhy€s, após fazer €camana;35. Oferecer preces submissas e orações;36. Recitar bhajanas ou mantras em louvor a ®r… K��Ša;37. Saborear bhagavat-pras€da;38. Tomar �r…-caraŠ€m�ta (o néctar que lava os pés de lótus de ®r… K��Ša);39. Cheirar a fragrância do incenso, guirlandas e outras coisas oferecidas a ®r… K��Ša;40. Tocar a Deidade;41. Ver (dar�ana) �r… m™rti com muita devoção;42. Ter dar�ana do €rati e de festivais, etc.;43. Ouvir sobre os nomes, formas, qualidades, passatempos, e etc., de ®r… Hari;44. Aspirar sempre à misericórdia de K��Ša;45. Contemplação (smaraŠam) do nome, forma, qualidades e passatempos de ®r… K��Ša;46. Meditação;47. Servidão;48. Amizade;49. Rendição (€tma-samarpaŠa);50. Oferecer a K��Ša itens muito apreciados;51. Executar sempre atividades para o prazer de K��Ša;52. Render-se completamente (�araŠ€gati) aos pés de lótus de ®r… K��Ša;53. Servir a Tulas…-dev…;54. Respeitar o ®r…mad-Bh€gavatam e outros bhakti-�€stras;55. Ouvir e cantar as glórias do dh€ma de ®r… Hari e

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619Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

Seus locais de Aparecimento, como Mathur€, e circungirá-los;56. Servir aos Vai�Šavas;57. Celebrar os festivais relacionados a ®r… K��Ša em reunião com s€dhus, de acordo com os meios;58. Observar o voto de c€turm€sya e especialmen- te niyama-sev€ no mês de K€rttika;59. Celebrar o festival do dia do Aparecimento de ®r… K��Ša;60. ®raddhay€ �r…-m™rtir sevana – servir a Deida- de com fé;61. Bhagavat-�ravana – apreciar o significado do ®r…mad-Bh€gavatam na associação de rasika Vai�Šavas;62. S€dhu-sa‰ga – associar-se com bhaktas que possuem o mesmo humor, que são afetuosos, e mais avançados do que nós (svaj€tiya-susnig dha- sadhu-sa‰ga);63. N€ma-sank…rtanam – cantar k��Ša-n€ma congregacionalmente em voz alta;64. Mathur€-v€sa – residir em dh€mas, como Mathur€ e V�Šd€vana.Apesar de os últimos cinco serem descritos no final,

eles são deveras os mais importantes. Eles são referidos também como pañc€‰ga-bhakti (os cinco processos do ser-viço devocional). Todos estes a‰gas na adoração de K��Ša devem ser seguidos com o corpo, sentidos e a faculdade interna (mente, coração e alma).

Vijaya: Prabhu, por favor, nos ilumine com algumas instruções detalhadas sobre �r…-guru-p€d€�raya. (n.1)

B€b€j…: Quando o discípulo está qualificado para a prática de k��Ša-bhakti pura, ele deve abrigar-se aos pés de ®r… Guru, e ao se aproximar de um guru qualificado, ele

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aprenderá k��Ša-tattva. A j…va se qualifica para k��Ša-bhakti somente quando ela for digna de fé. Pela influência de atividades piedosas (suk�ti) realizadas em nascimentos anteriores, ela ouvi hari-kath€ dos lábios dos s€dhus, e desperta uma forte fé em K��Ša. Isto é chamado �rad-dh€. Junto com �raddh€, a disposição para aceitar abrigo (�aran€gati) também aparece de alguma forma. ®raddh€ e �aran€gati são quase o mesmo tattva. O discípulo é qua-lificado para a bhakti exclusiva (ananya) se ele desenvol-veu uma forte fé: “Certamente, k��Ša-bhakti é a melhor e a mais elevada meta a ser alcançada neste mundo. Portanto, aceitarei k��Ša-bhakti como meu dever e, com esse propó-sito farei o que for favorável, e rejeitarei todas as atividades que forem desfavoráveis. K��Ša é o meu único protetor, e eu o aceito como meu guardião exclusivo. Sou muito mi-serável, desprovido e desventurado, meu desejo de indepen-dência não é benéfico para mim. Ao seguir exclusivamente o desejo de K��Ša, isto será benéfico para mim sob todos os aspectos.” Quando a j…va alcança esta qualificação, ela desperta o desejo por ouvir as instruções sobre bhakti, e aceita o abrigo aos pés de lótus do sad-guru. Isto é, ela se torna sua discípula, e aceita instruções (�…k�€) sobre bhakti.

tad-vijñ€n€rthaˆ sa gurum ev€bhigacchet samit-p€niƒ �rotriyaˆ brahma-ni�˜ham

MuŠ�aka Upani�ad (1.2.12)

‘A fim de obter conhecimento deste bhagavad-vastu (a verdade absoluta a respeito de ®r… Bhagav€n), deve-se aproximar do sad-guru, levando a lenha para o fogo do sacrifício. A qualificação do sad-guru é que ele é bem versado nos Vedas, absorto na Ver-dade Absoluta (brahma-jñ€na) devotado ao serviço

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de Bhagav€n.’

€c€ryav€n puru�o veda Ch€ndogya Upani�ad (6.14.2)

‘Aquele que se abriga no sad-guru conhecerá o pa-rabrahma.’

As qualidades de um sad-guru (um guru fidedigno) e do sat-�i�ya (discípulo genuíno) são dadas em detalhe no ®r… Hari-bhakti-vil€sa (1.23.64). A essência é que somente uma pessoa com caráter puro e �raddh€ é qualificada para tornar-se um �i�ya; e somente pode ser considerado mes-tre a pessoa que é dotada com �uddha-bhakti, que conhece bhakti-tattva, cujo caráter é imaculado, simples, sem co-biça, livre da filosofia M€y€v€da, e habilidosa em todas as atividades devocionais, está qualificada como sad-guru.

Um br€hmaŠa que está adornado com estas qualida-des, e que é honrado por toda a sociedade, pode ser guru de todos os outros varŠas. Na falta de um br€hmaŠa, o discípu-lo pode aceitar um guru que esteja situado em um varŠa mais elevado do que o seu. Além destas considerações de varŠ€�rama, a principal consideração é que todo aquele que conheça k��Ša-tattva pode ser aceito como guru. Se uma pessoa nasce em um dos mais elevados varŠas – br€hmaŠa, ksatriya e vai�ya – e as qualidades mencionadas anterior-mente encontram-se presentes em tal pessoa nascida em família br€hmaŠa, e aceita-a como seu guru, então ela pode obter alguma facilidade e favores na sociedade que condiz com o varŠa superior. De fato, somente um bhakta mere-cedor pode ser um guru. As regras para examinar o guru e o discípulo, bem como a determinação do tempo de convi-

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vência, são dadas nos �€stras. O significado é que o guru irá conceder sua misericórdia para o discípulo quando o guru perceber que o discípulo está qualificado e quando o discípulo tem fé no guru, com o entendimento de que ele é um �uddha-bhakta.

Há dois tipos de guru: d…k�a-guru e �…k�a-guru. Al-guém tem que aceitar d…k�a do d…k�a-guru; ao mesmo tem-po, alguém tem que receber �…k�a concernente à arcana (adoração à Deidade). Há um d…k�a-guru, mas podem exi-stir vários �…k�a-gurus. O d…k�a-guru também é competente para agir como �…k�a-guru.

Vijaya: Desde que o d…k�a-guru não pode ser abando-nado, como irá Gurudeva dar �…k�a se ele não é competente para dar sat-�…k�a?

B€b€j…: Antes de aceitar um guru, deve-se examiná-lo para ver se ele é habilidoso nos tattvas falados nos Ve-das e realizou para-tattva. Se ele é, então certamente será capaz de dar todos os tipos de instruções sobre a Verdade Absoluta. Normalmente, não há razão para deixar o d…k�a-guru. Há duas circunstâncias, todavia, na qual ele pode ser abandonado. A primeira é que, se o discípulo aceitou o guru sem examinar o seu conhecimento sobre a Verdade Abso-luta, suas qualidades Vai�Šavas e outras qualificações, e a segunda é que, se depois da iniciação, o guru não executa nenhuma função, ele deve ser abandonado. Várias passa-gens dos �€stras evidenciam isto:

yo vyaktir ny€ya-rahitam any€yena ��Šoti yaƒ

t€v ubhau narakaˆ ghoraˆ vrajataƒ k€lam ak�ayam Hari-bhakti-vil€sa (1.62)

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623Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

Aquele que se passa por €c€rya , mas dá falsas instruções que são opostas aos sattvata-�€stras, irá residir em um terrível inferno por um ilimitado período de tempo, e também irão os discípulos de-sencaminhados que erroneamente ouvem tal falso guru.

guror apy avaliptasya k€ry€k€ryam aj€nataƒ utpatha-pratipannasya parity€go vidh…yate

Mah€bh€rata Udyoga-parva (179.25) e N€rada-pañcar€tra (1.10.20)

É dever do discípulo abandonar um guru que não ensina o que ele deve e o que não deve fazer, e que segue o caminho errado, por causa de má associação ou porque ele se opõe aos Vai�Šavas.

avai�Šavopadi�˜ena mantreŠa nirayaˆ vrajet puna� ca vidhin€ samyag gr€hayed vai�Šav€d guroƒ

Hari-bhakti-vil€sa (4.144)

Se a pessoa aceita mantras de um avai�Šava-guru ela vai para o inferno, isto é, alguém que se associa com mulheres, e que é desprovido de k��Ša-bhakti. Portanto, de acordo com as regras do �€stra, a pes-soa deve receber mantras novamente de um guru Vai�Šava.

A segunda circunstância na qual alguém pode rejeitar o guru, é se ele era um Vai�Šava que conhecia a verdade espiritual e os princípios quando o discípu-lo o aceitou, mas depois se tornou um M€y€v€d…, ou um inimigo dos Vai�Šavas pela influência de asat-sa‰ga.

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É o dever do discípulo abandonar tal guru. Porém, não é apropriado deixar um guru cujo conhecimento é insuficien-te, se ele não é um M€y€v€d… ou um inimigo dos Vai�Šavas, e não está apegado às atividades pecaminosas. Neste caso, deve-se respeitá-lo como guru, e com sua permissão, deve-se ir a outro Vai�Šava que é mais instruído, servir este Vai�Šava e receber instruções dele.

Vijaya: Por favor, conte-nos sobre k��Ša-d…k�a e s…k�a.(n.2)

B€b€j…: Deve-se aceitar �…k�a sobre o processo de ar-cana (adoração à Deidade) e serviço devocional puro de ®r… Gurudeva, e deve-se então realizar k��Ša-seva e k��Ša-anu�…lanam de um modo simples. Depois, iremos consider-ar os a‰gas de arcana com mais detalhes. É essencial rece-ber �…k�a de ®r… Gurudeva a respeito de sambandha-jñ€na (relacionamento com K��Ša), abhidheya-jñ€na (o processo do serviço devocional) e prayojana-jñ€na (a meta última).

Vijaya: Qual é o significado de realizar guru-seva com fé? (n.3)

B€b€j…: Não se deve considerar ®r… Gurudeva como um mortal ou uma j…va comum. Ao contrário, deve-se ter a compreensão de que ele é o representante de todos os se-mideuses – devat€s (sarva-devamaya). Não se deve nunca desobedecê-lo, e deve-se sempre vê-lo como vaikuŠ˜ha-tattva.

Vijaya: O que significa sadhu-m€rg€nugmanam (se-guir o caminho dos santos)? (n.4)

B€b€j…: S€dhana-bhakti pode ser descrita como o meio que uma pessoa adota para fixar sua mente nos pés de K��Ša, mas é dever de alguém seguir o caminho que pre-viamente grandes personalidades (mah€janas) seguiram, porque este caminho está livre das misérias e do trabalho

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árduo e é causa de todas aupiciociosidades.

sa mrgyah sreyasam hetuh panthat santapa-varjitah anavapta-sramam purve yena santah pratasthire Skanda Purana

Ninguém pode perfeitamente definir o curso do caminho da devoção que se deve seguir, mas os mah€janas anteriores, um seguindo o outro em sucessão, fizeram passo a passo este caminho de bhakti-yoga claro e simples. Eles o deixaram fácil, e removeram todos os obstáculos, gran-des e pequenos, para que assim possamos seguir sem te-mor. Portanto, é um dever de todos depender somente deste caminho. Mesmo que alguém esteja executando bhakti uni-direcionada e exclusiva a ®r… Hari, sua bhakti jamais pode trazer alguma boa fortuna se ele está violando as regras dos �ruti, sm�ti, os Pur€Šas e os Pañcar€tras. Deve-se entender que tal bhakti não-autorizada irá somente ser a causa de confusão e desastre.

�ruti-sm�ti-pur€Š€di-pañcar€tra-vidhiˆ vin€ aik€ntik… harer bhaktir utp€t€yaiva kalpate

Brahma-y€mala, citado no ®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu

Vijaya: Por favor, conte-nos claramente, como esta hari-bhakti não-autorizada pode ser a causa de desastre.

B€b€j…: A consciência exclusiva e unidirecionada em �uddha-bhakti é somente obtida por depender do caminho delineado pelos mah€janas anteriores. Ninguém pode al-cançar consciência unidirecionada se deixa o caminho dos mah€janas anteriores e cria um outro caminho. Consequen-

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temente , Datt€treya, Buddha e outros mestres que não fo-ram capazes de entender �uddha-bhakti aceitaram a sombra deste humor, e propagaram tais caminhos insignificantes de m€y€v€da-mi�r€ (bhakti misturada com m€y€v€da) e n€stikat€-mi�r€ (bhakti misturada com ateísmo). Eles de-signaram estes como hari-bhakti unidirecionada; mas na realidade, os caminhos que eles apontaram não eram hari-bhakti em absoluto; eles somente criaram imensa confusão e desastre espiritual. Porém, no bhajana de devoção es-pontânea (r€ga-m€rga), não há consideração para as regras de �ruti, sm�ti, pur€Ša, pañcar€tra e assim por diante. O único interesse dos seguidores deste caminho é seguir os habitantes de Vraja, mas s€dhakas que são qualificados para vidhi-m€rga devem depender somente do caminho de bhakti demonstrado por Dhruva, Prahl€da, N€rada, Vy€sa, ®uka e outros mah€janas. Por isso, vaidh…-bhaktas não têm alternativa, senão seguir o caminho dos s€dhus.

Vijaya: Qual é o significado de ser inquisitivo sobre sad-dharma e o procedimento de bhajana? (n.5)

B€b€j…: Sad-dharma significa o verdadeiro dharma ou o dharma dos s€dhus genuínos, e deve-se questionar com entusiasmo para entender isto.

Vijaya: O que significa deixar o desfrute pela causa de K��Ša? (n.6)

B€b€j…: O desfrute material (bhoga) significa des-frutar da felicidade do prazer de comer e assim por di-ante. Este bhoga é usualmente oposto ao bhajana, assim bhajana torna-se fácil quando a pessoa deixa tal desfrute para o propósito de k��Ša-bhajana. Aquele que é apegado ao des-frute material é como uma pessoa que toma bebida alcoólica, pois ela é tão apegada aos objetos de seus sentidos que ela é incapaz de praticar �uddha-bhakti. Por esta razão, não se

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deve desfrutar de alimntos materiais, ao contrário, nós de-vemos somente honrar e servir bhagavat-pras€da (alimen-to espiritual). Deve-se proteger o corpo que é usado em serviço, e também abster-se de todos os tipos de desfru-te em Ek€da�i, Janm€�˜am…, Ph€lgun… P™rŠim€, N�siˆha Caturda�… e dias similares.

Vijaya: Qual é o significado de residir em dhamas tais como Dv€rak€ e locais próximos ao Ga‰g€ e outros rios sagrados? (n.7)

B€b€j…: A fé e a constância em bhakti (bhakti-ni�˜h€) surgem nos locais onde o abençoado aparecimento de Bhagav€n e outros passatempos acontecem, e próximos de rios piedosos tais como o Ga‰g€ e o Yamun€.

Vijaya: Deste modo aquele que reside em ®r… Navadv…pa-dh€ma, torna-se purificado. O Ga‰g€ é a causa disto, ou há também alguma outra causa?

B€b€j…: Olha! Alguém recebe todos os benefícios de residir em V�nd€vana se reside em alguma área dentro dos cinquenta e dois quilômetros quadrados de ®r… Navadv…pa, e especialmente se reside em ®r… M€y€pura. Ayodhy€, Ma-thur€, G€y€, K€�…, K€ñc…, Avantik€ e Dv€rak€ são os sete locais sagrados que concedem liberação, mas entre eles ®r… M€y€pura é o dh€ma mais importante. A razão é que ®r…-man Mah€prabhu fez com que Sua morada eterna, ®vetadv…-pa, descendesse ali. Quatro séculos após o aparecimento de ®r…man Mah€prabhu, esta ®vetadv…pa irá ser o mais impor-tante dh€ma, acima de todos os outros dh€mas na terra. Por residir neste dh€ma, liberta-se de todos os tipos de ofensas e alcança-se �uddha-bhakti. ®r… Prabhodh€nanda Sarasvat… aceitou este dh€ma como não-diferente de ®r… V�nd€vana. De fato, em alguns locais, ele mostrou que este dh€ma é ainda mais glorioso.

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Vijaya: O que significa adotar meios apropriados para manter a vida e praticar bhakti? (n.8)

B€b€j…: É dito no N€rad…ya Pur€Ša:

y€vat€ sy€t sva-nirv€haƒ sv…kury€t t€vad artha-vit €dhikye ny™nat€y€ˆ ca cyavate param€rthataƒ

Uma pessoa rica deve aceitar os recursos necessários para seguir as regras e rituais que mantenham sua bhakti. Aceitar mais ou menos do que o necessário é a causa de queda, mesmo de um nível mais elevado.

Alguém que é qualificado para vaidh…-bhakti pode ganhar seu sustento por algum meio apropriado de acordo com o seu varŠ€�rama-dharma. É benéfico aceitar riqueza de acordo com a necessidade. Aceitar mais do que o neces-sário resulta em apego, que gradualmente destrói o bhajana. Não é benéfico aceitar menos do que o necessário, porque o resultado da escassez irá enfraquecer o bhajana pessoal. Portanto, quando não se está qualificado para desapego completo (nirapek�a), a pessoa deve aceitar os recursos ne-cessários para manter sua vida e seguir �uddha-bhakti.

Vijaya: Como alguém observa hari-v€sara? (n.9)B€b€j…: O termo hari-v€sara refere-se ao puro e

contínuo (�uddha) Ek€da�…. O Ek€da�… misto (viddha) deve ser abandonado. No caso em que Dv€da�… é Mah€-dv€da�…, Dv€da�… deve ser observado em vez de Ek€da�…. Deve-se observar celibato no dia anterior, e então passar o dia de hari-v€sara jejuando sem tomar água. Deve-se permanecer desperto a noite inteira, continuamente ocu-pado em bhajana, e no dia seguinte deve-se observar ce-libato e quebrar o jejum no horário apropriado. Assim é a

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apropriada observância de hari-v€sara. Caso não seja possível observar jejum completo – nirjala, isto é jejum sem beber água – e sem tomar mah€-pras€da, se alguém não tem a habilidade ou força para observar hari-v€sara apropriadamente, há uma provisão para arranjos alternati-vos (aŠukalpa). De acordo com o Hari-bhakti-vil€sa, uma pessoa pode nomear um representante para jejuar em seu lugar.

upav€setv a�aktasya €hit€gner ath€pi v€ putr€n v€ k€rayed any€n br€hmaŠ€n v€pi k€rayet

Hari-bhakti-vil€sa (12.34)

Se um s€gnika-br€hmaŠa é incapaz de jejuar, ele pode arranjar que outros br€hmaŠas ou seus filhos jejuem por ele.

O método de jejuar através de havi�y€nna é descrito como segue:

naktaˆ havi�y€nna-manodanam v€ phalaˆ til€ƒ k�…ram ath€mbu c€jy€ˆ yat pañca-gavyaˆ yadi v€pi v€yuƒ pra�astam atrottaram uttarañ ca V€yu Pur€Ša, citado no

Hari-bhakti-vil€sa (12.39)

À noite, em vez de grãos, deve-se aceitar outro ali-mento (havi�y€nna), tais como frutas, gergelim, leite, água, ghee, pañcagavya e ar. Nesta lista, cada item é melhor que o anterior. De acordo com o Mah€bh€rata (Udyoga parva):

a�˜ait€nya-vrat€ghn€ni €po m™laˆ phalaˆ payaƒ

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kavir br€hmaŠa-k€mya ca guror vacanam au�adham

O voto (vrata) de uma pessoa não é destruído pelosoito itens seguintes: água, raízes, frutas, leite, ghee, o desejo de um br€hmaŠa, as palavras do guru, ervas e remédios.

Vijaya: Como se oferece respeito para as árvores, tais como a a�vattha e amalak…? (n.10)

B€b€j…: a�vattha-tulas…-dh€tr…-go-bh™mi-sura-vai�Šav€ƒ

p™jitaƒ praŠat€ dhy€taƒ k�apayanti n�n€m agham Skanda Pur€Ša

Todos os pecados de uma pessoa são destruídos se ela lembra de executar p™j€ e oferecer reverên-cias às árvores €malak… e pippala, Tulas…, as vacas, br€hmaŠas e Vai�Šavas.

Aquele que é qualificado para vaidh…-bhakti deve manter sua jornada na vida enquanto permanecer neste mundo. Para fazer isto, ele é obrigado a adorar, meditar, ser cuidadoso, e oferecer reverências ao utilizar a sombra de árvores como a pippala, árvores frutíferas como a €ma-lak…, árvores adoráveis como Tulas…, as vacas e outros ani-mais úteis, os br€hmaŠas que protegem a sociedade ao dar instruções sobre dharma; e os Vai�Šavas. Os vaidh…-bhaktas protegem o mundo ao executarem estas ativida-des.

Vijaya: Por favor, conte-nos em detalhe sobre como abandonar a associação de pessoas que são aversas a K��Ša. (n.11)

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B€b€j…: Quando bh€va aparece, bhakti torna-se mui-to forte e profunda, mas enquanto bh€va não desperta, é ne-cessário abandonar a associação de pessoas que são aversas a bhakti. A palavra sa‰ga (associação) indica apego; sa‰ga não significa simplesmente estar próximo de outras pessoas e conversar com elas. Sa‰ga acontece quando existe apego e intimidade na conversação. É completamente errado as-sociar-se com pessoas que são aversas a Bhagav€n. Após bh€va ter despertado, nunca mais se tem qualquer desejo de associar-se com tais pessoas. Consequentemente, aqueles com adhik€ra para vaidh…-bhakti devem sempre permane-cer longe de tal associação. A trepadeira de bhakti (bhak-ti-lat€) torna-se seca pela aversão a K��Ša, assim como o ar poluído e, também, o calor excessivo destrói árvores e plantas.

Vijaya: Quais são as pessoas aversas a K��Ša?B€b€j…: Há quatro tipos de pessoas aversas a K��Ša:

aquelas que são desprovidas de k��Ša-bhakti e que são apegadas à gratificação dos sentidos (vi�ay…); aquelas que são apegadas a associação com mulheres (str…-sa‰g…); aque-las cujos corações estão poluídos pela filosofia M€y€v€da e pelo ateísmo; e aquelas que estão atadas pelo karma. Deve-se deixar a associação destes quatro tipos de pessoas.

Vijaya: O que deveríamos saber sobre aceitar pessoas desqualificadas como discípulos? (n.12)

B€b€j…: É uma grande falta aceitar muitos discípulos com o propósito de obter riqueza. Para fazer muitos discípu-los, a pessoa é obrigada a aceitar também aqueles que não têm �raddh€, e é uma ofensa aceitar pessoas infiéis como discípulos. Somente aqueles que têm �raddh€ são qualifica-dos para serem discípulos; outros não são.

Vijaya: O que significa abandonar esforços ostento-

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sos ao arranjar festivais e assim por diante? (n.13) B€b€j…: Resumindo, deve-se praticar bhagavad-bha-

jana e ao mesmo tempo manter a vida. Se a pessoa ocupa-se em árduas atividades materiais, torna-se tão apegada a elas que não poderá fixar sua mente em bhajana.

Vijaya: E sobre deixar de estudar, ensi-nar e interpretar vários tipos de livros? (n.14) B€b€j…: Os �€stras são como o oceano. É bom usar a discriminação ao estudar livros sobre assuntos nos quais ainda precisamos ser instruídos, mas não obteremos con-hecimento completo de nenhum assunto pela leitura de trechos de muitos livros. Especialmente, o conhecimento em relação a sambandha-tattva, não aparecerá se a pessoa não fixar sua mente em estudar atentamente os bhakti-�€stras. Seja cuidadoso em aceitar somente o significado direto dos �€stras, pois a interpretação indireta (especulação) leva a conclusões opostas.

Vijaya: O que significa abandonar o comportamento mesquinho? (n.15)

B€b€j…: Durante nossa curta jornada nesta vida, de-vemos coletar artigos adequados para alimentação e abrigo. Se falharmos em obter estes artigos, haverá dificuldades, tanto ao obtê-los, bem como ao perdê-los. Por isso, não devemos nos perturbar quando tais misérias ocorrerem; ao contrário, devemos sempre dentro de nossas mentes lemb-rar de Bhagav€n.

Vijaya: Como pode alguém ser salvo da lamentação, ira, etc.? (n.16)

B€b€j…: Se a pessoa está com a consciência cheia de lamentação, medo, ira, cobiça e loucura, o sph™rti (mani-festação) de ®r… K��Ša não aparecerá. É natural sentir la-mentação e ilusão quando estamos separados dos amigos,

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ou quando obstáculos impedem-nos de realizar nossos desejos, todavia não é apropriado permanecer sob o domí-nio da lamentação e da ilusão. Certamente, uma pessoa irá sentir separação quando estiver longe do seu filho, mas ela deve remover esta saudade através da lembrança de ®ri Hari. Desta maneira, a pessoa deve praticar a fixação da mente nos pés de lótus de ®r… Bhagav€n.

Vijaya: Você disse que não devemos desrespeitar os semideuses – devat€s. Isto significa que deveríamos fazer o p™j€ deles? (n.17)

B€b€j…: Deve-se ter bhakti exclusiva por ®r… K��Ša, que é a fonte de todos os devas. Não devemos adorar quais-quer outros devat€s, pensando que eles sejam indepen-dentes de ®r… K��Ša. Ao mesmo tempo, não devemos des-respeitar as pessoas que oferecem p™j€ para estes devat€s. Deve-se respeitar os devat€s e entender que eles são servos de ®r… K��Ša, porém, deve-se sempre lembrar somente de K��Ša. Até que o coração da j…va esteja livre das qualida-des materiais, a bhakti indesviável não irá aparecer. Aquele cuja consciência esteja coberta pelos guŠas – sattva, rajaƒ e tamaƒ – irá realizar p™j€ para o devat€ do guŠa particular pelo qual ele é influenciado, e ele irá ter uma fé particular (ni�˜h€) de acordo com sua qualificação. Por isso, a pes-soa deve ser respeitosa para com a adoração dos devat€s de pessoas diferentes. Pela misericórdia destes devat€s, a consciência destes adoradores irá gradualmente se libertar das qualidades materiais.

Vijaya: Por favor, explique como não causar ansie-dade para outras entidades vivas? (n.18)

B€b€j…: ®r… K��Ša é muito rapidamente satisfeito com aquele que tem compaixão para com outras j…vas, e que não causa a elas qualquer tipo de ansiedade através do corpo,

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mente e palavras. Compaixão é o dharma principal dos Vaisnavas.

Vijaya: Comoa alguém abandona as ofensas no sev€ (sev€-apar€dha) e no cantar de �r…-hari-n€ma (n€ma-apar€dha)?(n.19)

B€b€j…: Deve-se muito cuidadosamente abandonar sev€-apar€dha na adoração à Deidade (arcana), e em ge-ral n€ma-apar€dha por bhakti. Há trinta e dois tipos de sev€-apar€dha, incluindo entrar no templo usando sapa-tos ou sentado num palanquim; e há dez tipos de n€ma-apar€dha, incluindo blasfemar os santos e desrespeitar �r…-guru. Certamente, deve-se abandonar estas duas categorias de apar€dhas.

Vijaya: Você disse que não devemos tolerar quando ouvimos blasfêmias a Bhagav€n e a Seus bhaktas. Isto si-gnifica que devemos lutar com os blasfemadores? (n.20)

B€b€j…: Aqueles que blasfemam ®r… K��Ša e os Vai�Šavas são opostos a ®r… K��Ša, e a associação deles deve ser abandonada de toda forma possível.

Vijaya: Você mencionou que estes vinte a‰gas de bhakti são especialmente significativos. Qual é a conexão deles com os outros a‰gas?

B€b€j…: Os demais quarenta e quatro a‰gas estão in-cluídos nos vinte a‰gas que eu acabo de descrever. Eles foram apresentados como a‰gas diferentes para serem ex-plicados em detalhes.

Os trinta a‰gas desde o item 21 (aceitar os símbolos de um Vai�Šava) até o item 50 (oferecer o que nos é mais querido para K��Ša) estão incluídos no caminho da adora-ção (arcana) à Deidade:

21. Aceitar os símbolos de um Vai�Šava significa usar um colar de tulas… ao redor do pescoço, e aplicar tilaka em

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635Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

doze partes do corpo.22. Usar as letras de ®r… K��Ša N€ma significa usar

as letras dos nomes Hare K��Ša ou os nomes do Pañca-tattva nas partes principais do corpo com polpa de sândalo(candana).

23. O ®r…mad-Bh€gavatam (11.6.46) recomenda que nós aceitemos os remanentes da Deidade (nirm€lya):

tvayopabhukta-srag-gandha-v€so-la‰k€ra-carcit€ƒ

ucchi�˜ha-bhojino d€s€s tava m€y€ˆ jayema hi

Ao usar os remanentes das guirlandas, pastas de sân-dalo (candana), roupas e jóias que foram usados por Você, e aceitar os remanentes de Seus alimentos, nós como Seus servos certamente seremos vitoriosos so-bre Sua m€y€.

24. Dançar diante da Deidade de K��Ša;25. Oferecer prostradas reverências (daŠ�avat-

praŠ€ma);26. Permanecer em pé quando ver a �r… vigraha che-

gando (abhyutth€na);27. Seguir atrás da Deidade em procissão (anuvra-

jy€);28. Ir ao templo de K��Ša;29. Parikram€ significa circungirar as Deidades ao

menos três vezes mantendo-As do lado direito;30. Arcana significa realizar adoração (p™j€) da

Deidade (�r…-m™rti) com diferentes artigos;31. Paricary€ significa executar sev€ para ®r… K��Ša

exatamente como a um rei;paricary€ tu sevopakaraŠ€di-pari�kriy€

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636 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 20

tath€ prak…rŠaka-cchatra-v€ditr€dyair up€san€ Bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.2.61)

Este paricary€ é de dois tipos, um é limpar a par-afernália e realizar a adoração; o outro é realizar sev€ com a c€mara, sustentar a sombrinha, tocar instru-mentos musicais e assim por diante. Não há necessidade de explicar os próximos a‰gas

em detalhe. 32. Cantar;33. Canto congregacional de �r…-hari-n€ma;34. Expressar a mente em palavras humildemente (vi-

jñapti);35. Cantar a japa e mantras com acamana, três vezes

ao dia;36. Recitar �lokas (stava-p€˜ha) que glorificam ®r…

K��Ša;37. Aceitar e respeitar alimentos oferecidos a ®r…

K��Ša (naivedya);38. Saborear com devoção a água que banhou os pés

de lótus de ®r… K��Ša;39. Apreciar a fragrância do incenso e das guirlandas

que foram oferecidas a ®r… K��Ša;40. Ter dar�ana de �r…-m™rti;41. Tocar a �r…-m™rti;42. Assistir a realização da cerimônia de €rat…;43. Ouvir as glórias do n€ma, r™pa, guŠa, l…l€ e kath€

de ®r… K��Ša;44. Experimentar a misericórdia de ®r… K��Ša em todo

o lugar e em todas as circunstâncias;45. Contemplar n€ma, r™pa, guŠa, l…l€ de ®r… K��Ša,

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637Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

dentro da mente;46. Meditar completamente no n€ma, r™pa, guŠa,l…l€

de K��Ša, e oferecer serviço na mente (manasi-sev€). Estes poucos a‰gas estão bastante claros.47. Há dois tipos de servidão (d€syam): oferecer os

resultados de suas atividades, e ser um servo.48. Há dois tipos de sakhyam: o que está baseado na

fé (vi�v€sa), e o que está baseado na atitude de amizade (maitr…).

49. O significado da palavra €tma-nivedanam vem da palavra €tm€. Daí derivam os dois princípios do egoís-mo da alma personificada, a saber, apego a deh… (possuidor do corpo) na forma de ahaˆt€ (conceito do eu) e apego ao deha (corpo) na forma de mamat€ (conceito de posse). štma-nivedanam significa oferecer estes dois princípios a ®r… K��Ša.

Vijaya: Por favor, você poderia explicar estes dois termos mais claramente: o egoísmo da j…va corporificada (deh…-ni�˜h€ ahaˆt€), e apego ao corpo e às coisas conecta-das com o corpo (deha-ni�˜h€ mamat€).

B€b€j…: A j…va dentro do corpo é chamada deh… (cor-porificada) ou aham (eu). Agindo com a falsa concepção do “eu” é chamada deh…-ni�˜h€ ahaˆt€ (atração por coisas conectadas com o corpo); e a consciência de posse do corpo ou coisas que estejam relacionadas a ele é chamada deha-ni�˜h€ mamat€ (atracão por coisas conectadas com o corpo). Estes dois conceitos de ‘eu’ e ‘meu’ são ambos oferecidos a K��Ša. štma-nivedanam significa renunciar a consciência de ‘eu’ e ‘meu’, e cuidar do corpo com a consciência: “sou um servo de K��Ša, honro pras€da de K��Ša e utilizo meu corpo a serviço de K��Ša.”

Vijaya: Como devemos oferecer a K��Ša as coisas

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638 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 20

que são queridas para nós? (n.50)B€b€j…: Quando aceitamos as coisas deste mundo que

são muito agradáveis para nós, deveríamos primeiro ofe-recê-las a K��Ša. ®r…la R™pa Gosv€m… refere-se a isto quan-do fala de oferecer as coisas mais queridas para K��Ša.

Vijaya: Como nós deveríamos executar todos os es-forços para o bem-estar de K��Ša? (n.51)

B€b€j…: Realizar todos os esforços por amor a K��Ša significa que a pessoa deve executar todas as atividades ma-teriais e serviço devocional regulado que são favoráveis ao serviço de ®r… K��Ša (hari-sev€).

Vijaya: Como uma pessoa pode se abrigar completa-mente? (n.52)

B€b€j…: Aceitar abrigo completo (�araŠ€gati) signi-fica expressar o sentimento mentalmente e em voz alta: “Ó Bhagav€n, eu sou Seu!” (he bhagav€n tavaiv€smi!) e “Ó Bhagav€n! Aceito Seu abrigo!” (he radhe! he k��Ša! tavaiv€smi!).

Vijaya: Como executar serviço à Tulas… (tulas…-sev€)? (n.53)

B€b€j…: Há nove maneiras de executar tulas…-sev€: ter dar�ana de Tulas…, tocar Tulas…, lembrar-se de Tulas…, fazer k…rtana de Tulas…, oferecer reverências a Tulas…, ouvir as glórias e passatempos de Tulas…, plantar Tulas…, cuidar de Tulas…, e fazer adoração (nitya-p™j€) diária à Tulas….

Vijaya: Como devemos respeitar os �€stras? (n.54)B€b€j…: Os verdadeiros �€stras são aqueles que esta-

belecem bhagavad-bhakti. O ®r…mad-Bh€gavatam é o mel-hor entre todos os �€stras, porque ele é a essência de todo o Ved€nta. Aqueles que saboreiam sua doçura nectárea não têm ruci por nenhum outro �€stra.

Vijaya: Quais são as glórias do local de nascimento

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639Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

de K��Ša, Mathur€? (n.55)B€b€j…: Todos os desejos são realizados por executar

as seguintes atividades em relação a Mathur€: ouvir, cantar e lembrar, desejar ir para lá, ver (dar�ana), tocá-la, residir lá, e servi-la. Você deve saber que ®r…dh€ma M€y€pura tem exatamente a mesma natureza de Mathur€.

Vijaya: Qual é o significado de servir os Vai�Šavas (vai�Šava-sev€)? (n.56)

B€b€j…: Os Vai�Šavas são muito queridos por Bhagav€n, assim, quando servimos os Vai�Šavas, obtemos bhakti por Bhagav€n. É dito nos �€stras que a adoração a ®r… Vi�Šu é superior à adoração a todos os semideuses – devat€s, mas melhor ainda do que a adoração a Vi�Šu é adorar o Vai�Šava, que é Seu servo (sevaka).

Vijaya: Qual é o significado de observar os festivais de acordo com os próprios recursos? (n.57)

B€b€j…: Mahotsava significa que a pessoa coleta ar-tigos de acordo com seus recursos, e usa-os no serviço a Bhagav€n e em seu templo para o serviço de Vai�Šavas pu-ros. Não há festival maior do que este neste mundo.

Vijaya: Como devemos respeitar o mês de K€rttika? (n.58)

B€b€j…: O mês de K€rttika também é chamado ¶rjj€. Respeitar ¶rjj€ significa executar sev€ a ®r… D€modara por seguir os a‰gas de bhakti, tais como �ravaŠa e k…rtana, de uma maneira regulada durante este mês.

Vijaya: Como deve ser observado o Dia do Nasci-mento de K��Ša? (n.59)

B€b€j…: ®r… Janma-yatr€ significa observar os festivais do Dia do Aparecimento de K��Ša em K��Ša-€�˜am… no mês de Bhadr€pada, e o Dia do Aparecimento de Mah€prabhu no dia da lua cheia (P™rŠim€) no mês de Ph€lguna. Os

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640 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 20

bhaktas rendidos devem observar estes festivais sem falta.

Vijaya: Como se deve fielmente servir e adorar (pa-ricary€) �r…-m™rti com opulência apropriada a um rei? (n.60)

B€b€j…: Entusiasmo afetuoso é muito necessário no serviço e adoração de �r…-m™rti. K��Ša não dá somente os insignificantes frutos de mukti, mas também o grande fruto de bhakti, para aqueles que realizam sev€-p™j€ de �r…-m™rti com grande entusiasmo.

Vijaya: Qual é o significado de saborear o ®r…mad-Bh€gavatam na associação de rasika-bhaktas? (n.61)

B€b€j…: O ®r…mad-Bh€gavatam é o mais doce rasa da árvore dos desejos dos Vedas. Pela associação com pessoas aversas ao rasa, alguém será incapaz de saborear o ®r…mad-Bh€gavatam e o resultado será apar€dha. A pessoa deve saborear o rasa dos �lokas do ®r…mad-Bh€gavatam na asso-ciação daqueles que são rasa-jña, que são versados, e estão bebendo este rasa, e que são qualificados para �uddha-bhakti. Falar ou ouvir o ®r…mad-Bh€gavatam em reuniões comuns não irá conceder bhakti pura.

Vijaya: O que é a associação de bhaktas que tem o mesmo humor (svaj€t…ya) e são afetuosos (snigdha)? (n.62)

B€b€j…: A associação com abhaktas (não-devotos) em nome de sat-sa‰ga não irá trazer elevação em bhakti. A meta que os bhaktas desejam é obter o serviço na l…l€ imani-festa (apr€k�ta) de K��Ša, e aquele que tem este desejo deve ser reconhecido como um bhakta. A elevação em bhakti surge da associação com membros deste grupo de bhaktas que são mais avançados. Sem esta sa‰ga, o desenvolvi-mento de bhakti pára, e adquire-se a natureza da classe da

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641Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

pessoa com a qual se tem sa‰ga. Em relação à sa‰ga o Hari-bhakti-sudhodyaya(8.51) diz:

yasya yat-sa‰gatiƒ puˆso maŠivat sy€t sa tad-guŠaƒ sva-kularddhye tato dh…m€n sva-yuth€ny eva saˆ�rayet

Do mesmo modo como uma jóia reflete as cores dos objetos ao redor dela, similarmente, a natureza de uma pessoa torna-se semelhante à daqueles com quem ela se associa.

Por isso, a pessoa somente se torna um s€dhu puro pela associação com s€dhus puros. S€dhu-sa‰ga (a associa-ção de bhaktas avançados) é benéfica de todas as maneiras. Quando o �€stra aconselha que se deve estar livre de com-panhia mundana, o significado é que se deve associar com s€dhus.

Vijaya: Qual é o significado de n€ma-sa‰k…rtana? (n.63)

B€b€j…: N€ma é apr€k�ta-caitanya-rasa (um estado de doçura transcendental), e dentro do n€ma não há nenhum vestígio de consciência mundana. Quando a j…va devotada se purifica através de bhakti e oferece serviço a �r…-hari-n€ma, �r…-n€ma pessoalmente manifesta-se em sua língua. N€ma não pode ser abtido com sentidos materiais. Assim é como deve ser realizado incessantemente n€ma-sa‰k…rtana, sozinho ou acompanhado.

Vijaya: Por sua misericórdia já entendemos alguma coisa sobre mathur€-v€sa (morar no local de nascimento de K��Ša, Mathur€). Agora, por favor, explique a essência destas instruções. (n.64)

B€b€j…: Entre os 64 a‰gas, estes cinco últimos são

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os mais exaltados. Ao se estabelecer mesmo uma leve co-nexão com estes a‰gas e manter-se distante das ofensas, então o estado de bh€va se manifestará devido à influência maravilhosa e ilimitada destes.

Vijaya: Por favor, diga-nos bondosamente se há mais alguma coisa que deveríamos saber em relação a este pro-cesso.

B€b€j…: Os �€stras algumas vezes descrevem alguns frutos intermediários destes a‰gas de bhakti, a fim de cri-ar ruci para bhajana naqueles que são extrovertidos e ím-pios. No entanto, o principal fruto de todos estes a‰gas é desenvolver atração por K��Ša. Todas as atividades de uma pessoa que é esclarecida e experta em bhakti, deve estar dentro dos a‰gas de bhakti, e não dentro dos a‰gas de karma. A prática do conhecimento (jñ€na) e renúncia (vair€gya) pode algumas vezes auxiliar a pessoa a en-trar no templo de bhakti, mas jñ€na e vair€gya não são a‰gas de bhakti, porque eles deixam o coração duro, en-quanto que bhakti é muito suave e terna por natureza. Os bhaktas aceitam jñ€na e vair€gya que se manifestam es-pontaneamente através da prática de bhakti, mas jñ€na e vair€gya não podem ser a causa de bhakti, e bhakti facil-mente concede resultados que o conhecimento e a renúncia não podem dar.

S€dhana-bhakti desperta tal ruci por hari-bhajana que mesmo a mais forte atração pelos objetos dos senti-dos diminui e desaparece. O s€dhaka deve sempre praticar yukta-vair€gya, e sempre permanecer distante do espírito de renúncia enganosa (phalgu-vair€gya). Yukta-vair€gya significa aceitar toda parafernália, de acordo com a neces-sidade e de um modo desapegado, sabendo que isto está relacionado a K��Ša. Se todas as coisas estão realmente re-

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643Prameya: Abhidheya – Vaidh…-S€dhana-Bhakti

almente relacionadas a ®r… Hari, é artificial renunciá-las como mundanas por causa da avidez por mukti; isto é chamado phalgu-vair€gya. Portanto, adhy€tmika-jñ€na e phalgu-vair€gya devem ser abandonados.

Às vezes bhakti é usada para obtenção de riqueza, discípulos e assim por diante, mas isto está longe da bhakti pura. De fato, tal demonstração de bhakti não é realmente um a‰ga de bhakti em absoluto. A discriminação (viveka) e outras qualidades também não são a‰gas de bhakti; elas são qualidades dos praticantes de bhakti. Similarmente, yama, niyama, boa conduta, limpeza, e assim por diante estão naturalmente presentes nas pessoas que são favoráveis a K��Ša, assim elas também não são a‰gas de bhakti. As qua-lidades tais como pureza interna e externa, austeridade e controle dos sentidos abrigam-se naturalmente nos bhak-tas de K��Ša; os bhaktas não precisam esforçar-se separa-damente para adquiri-las. Alguns dos a‰gas de bhakti que mencionei são a‰gas principais, e a perfeição é alcançada por firmemente executar s€dhana de algum destes a‰gas principais, ou vários deles. Expliquei tudo sobre vaidh…-s€dhana-bhakti de uma maneira breve. Agora, vocês de-vem entender isto claramente, colocar em seus corações, e praticar com firmeza.

Quando Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra ouviram estas instruções de B€b€j…, eles ofereceram s€�˜€‰ga-daŠ�avat-praŠ€ma, e disseram: “Caímos na armadilha do profundo abismo do orgulho. Prabhu, por favor, liberte-nos!”

B€b€j… Mah€�aya, respondeu: “Certamente, K��Ša irá conceder Sua misericórdia a vocês.”

Naquela noite tio e sobrinho retornaram para casa muito tarde.

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644 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 20

Assim termina oVigésimo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Prameya: Abhidheya-Vaidh…-S€dhana-Bhakti”

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Capítulo 21Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

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Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha estavam impressio-nados ao ouvirem as explicações concernentes a vaidh…-s€dhana-bhakti. Eles ficaram firmemente convencidos que uma pessoa deve aceitar hari-n€ma e d…k�€ de um siddha-mah€tm€ (grande alma perfeita), para entrar na morada suprema. Assim, sem perder tempo, no dia seguinte, eles decidiram aceitar d…k�€ do Siddha B€b€j… Mah€r€ja.

Em sua infância, Vijaya Kum€ra já havia aceita-do d…k�€-mantra do guru de sua família na adolescência. Vrajan€tha, contudo, não havia recebido nenhum d…k�€-man-tra além do mantra G€yatr…. Ambos haviam compreendido as instruções do venerável B€b€j… que, ao cantar mantras re-cebidos de um guru que não é um Vai�Šava a j…va vai para o inferno. Portanto, de acordo com as regulações dos �€stras, quando a compreensão correta é despertada, deve-se aceitar d…k�€ novamente de um guru �uddha-vai�Šava. Ao receber o mantra especialmente de um siddha-bhakta, a pessoa mui-to rapidamente poderá alcançar a perfeição do cantar deste

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mantra. Pensando assim, ambos decidiram que iriam a M€y€pura no dia seguinte, banhar-se no Ga‰g€, e então re-ceber d…k�€ do venerado B€b€j….

Na manhã seguinte eles banharam-se no Ga‰g€ e aplicaram tilaka nas doze partes de seus corpos. Então, che-garam diante de Raghun€tha d€sa B€b€j… e ofereceram-lhe prostradas reverências a seus pés de lótus. B€b€j… Mah€r€ja, como era um siddha-vai�Šava, entendeu suas mentes, mas por uma questão de etiqueta ele disse: “Por que vocês vieram aqui tão cedo esta manhã? Há algum problema?”

Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha humildemente, respon-deram: “Ó Mestre, você sabe que somos insignificantes e desprovidos de méritos espirituais, assim bondosamente tenha piedade de nós.”

B€b€j… Mah€r€ja ficou muito satisfeito ao ouvi-los falarem assim. Separadamente, ele chamou-os em seu ku˜…ra, e lhes concedeu o mantra composto de dezoito síla-bas. Ambos tornaram-se intoxicados com mah€-prema ao receber e cantar o mantra, e começaram a dançar e a dizer com ênfase: “Jaya Gaur€‰ga! Jaya Gaur€‰ga!” Eles usavam três voltas de contas de tulas… em volta de seus pescoços, os belos cordões sagrados decoravam seus corpos, o qual esta-va marcado com tilaka em doze partes; suas faces estavam encantadoras; eles exibiram alguns s€ttvika-vik€ra (trans-formações de êxtase); e lágrimas fluiam incessantemente de seus olhos. Quando B€b€j… Mah€�aya viu estas formas tão belas, ele os abraçou, e disse: “Hoje, vocês me santifi-caram.”

Repetidas vezes, eles se deleitaram com a poeira dos pés de lótus do B€b€j… e a colocaram sobre suas cabeças e em todos os membros de seus corpos. Neste momento, de acordo com o arranjo prévio de Vrajan€tha, seus dois

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649Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

servos chegaram com uma grande quantidade de oferenda de alimentos (bhoga) para ®r…man Mah€prabhu. Com as mãos postas, Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha pediram que as preparações de bhoga fossem oferecidas, e o venerável lí-der dos bhaktas de ®r…v€sa‰gana instruiu o p™j€r… para ofe-recer a bhoga para as Deidades de ®r… ®r… Pañca-tattva.

Quando ouviram búzios e sinos, os Vai�Šavas pega-ram os címbalos, karat€las e m�da‰gas e começaram a can-tar a canção do bhoga-€rat… diante de ®r…man Mah€prabhu. Muitos Vai�Šavas reuniram-se e, assim, o oferecimento da bhoga foi realizado com uma grande cerimônia. Então, foram feitos arranjos para a distribuição de pras€dam no n€tya-mandira (espaço de dança). Ao ouvir o canto de hari-n€ma, todos os Vai�Šavas reunidos trouxeram suas lo˜as com eles. Então, cantaram alto as glórias de mah€-pras€da e começaram a honrar a pras€da. Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra não quiseram sentar-se imediatamente, porque eles estavam esperando por mah€-mah€-pras€da (os remanentes do guru e dos Vai�Šavas). Entretanto, o principal e mais respeitado B€b€j… disse-lhes para se sen-tarem: “Vocês são g�hasthas Vai�Šavas. Nós iremos sentir abençoados ao oferecermos nossas prostradas reverências aos seus pés de lótus.”

Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha disseram humildemente com as mãos postas: “Vocês são grandes Vai�Šavas renun-ciados. Seremos muito afortunados se pudermos compartil-har de seus ambrosíacos remanentes, e será uma ofensa se sentarmos com vocês.”

Os Vai�Šavas responderam: “No Vai�Šavismo, não há diferença entre um chefe de família e um renunciante. Os Vai�Šavas são comparados somente de acordo com a de-voção; o Vai�Šava mais avançado é simplesmente aquele

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650 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 21

que possui devoção mais profunda por ®r… K��Ša.” Desta maneira, eles sentaram-se juntos, e honraram a pras€da, exceto Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha que espera-ram silenciosos, e cuidadosamente mantiveram a pras€da diante deles. Alguns dos Vai�Šavas que estavam honrando a pras€da notaram isto e entendendo o motivo, disseram a Raghun€tha d€sa B€b€j…: “Ó líder dos Vai�Šavas, por favor, seja gentil com seus discípulos fiéis, caso contrário eles não tomarão pras€da.”

Quando o B€b€j… sênior ouviu o pedido dos Vai�Šavas, ele deu alguma pras€da dele para Vijaya e Vrajan€tha. Eles aceitaram seus remanentes com grande fé, proferindo �r… gurave namaƒ, e daí, começaram a honrar a pras€da. Enquanto os bhaktas estavam honrando pras€da, podia-se ouvir: “S€dhus s€vah€na, sejam cuidadosos em não comer demais!” e “Todas as glórias a excelência da pras€dam!”

Oh! Um esplendor sem precedentes apareceu na n€tya-mandira de ®r…v€sa-a‰gana naquele momento! Todos perceberam ®r… ®ac…-dev…, S…t€ e M€lin…-dev… trazendo pras€da, enquanto ®r…man Mah€prabhu se sentou e amoro-samente honrou aquela pras€da com Seus queridos associa-dos. Vendo isto, os Vai�Šavas esqueceram-se de honrar suas próprias pras€das. Todos eles assistiram, imóveis, enquan-to lágrimas de alegria fluíam suavemente de seus olhos, e suas mãos, que estavam no movimento de levar pras€da para suas bocas, permaneceram fixas enquanto esta l…l€ foi manifesta. Logo depois, a l…l€ desapareceu de suas visões, e eles contemplaram um ao outro e choraram. Assim, o gosto doce desta pras€da desafiava qualquer descrição. Como se em uma só voz, os bhaktas disseram: “Estes dois filhos de br€hmaŠas são receptáculos da misericórdia de Gaura Hari. Por esta razão, ®r…man Mah€prabhu manifes-

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651Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

tou Sua l…l€ neste festival hoje.” Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra choraram e disseram: “Somos insignificantes, miseráveis e desprovidos. Não conhecemos absolutamente nada. Se hoje pudemos ver estas coisas, é unicamente pela graça espiritual de nosso guru e dos Vai�Šavas. Nosso nascimento, hoje, tornou-se significativo.”

Quando Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha haviam honra-do a pras€da, pediram permissão aos Vai�Šavas e regres-saram para casa.

A partir de então, diariamente, eles banhavam-se no Ga‰g€, e ofereciam daŠ�avat-praŠ€ma aos pés de seu preceptor. Depois disso, iam ter dar�ana das formas das Deidades de ®r… K��Ša no mandira, e circungiravam Tulas…. Assim, aceitavam algum tipo de instrução todos dias. De-pois de quatro ou cinco dias, eles apareceram à noite em ®r…v€sa‰gana. O Sandhy€-€rat… e o n€ma-sa‰k…rtana esta-vam quase acabando, e ®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… sentou-se em seu ku˜…ra, cantando suavemente �r…-nama com uma doce voz. Eles ofereceram daŠ�avat-praŠ€ma aos seus pés de lótus, e ele amavelmente colocou sua mão de lótus so-bre suas cabeças, ofereceu um assento e perguntou sobre o bem-estar deles.

Vrajan€tha viu isto como uma oportunidade, e dis-se: “Mestre, por sua misericórdia nós entendemos adequa-damente vaidh…-s€dhana-bhakti. Agora, estamos muito desejosos para entender r€g€nug€-bhakti, assim bondosa-mente nos instrua sobre este assunto.”

B€b€j… Mah€�aya ficou extremamente satisfeito ao ouvir isto, e disse: “®r… Gauracandra apropriou-Se de vocês, de modo que não há nada que não possa ser conce-dido a vocês. Ouçam, muito cuidadosamente, enquanto eu

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explico r€g€nug€-bhakti. “Primeiro, ofereço meu daŠ�avat-praŠ€ma repetidas

vezes aos pés de lótus de ®r… R™pa Gosv€m…, que ®r…man Mah€prabhu libertou de sua associação com muçulmanos e a quem ele instruiu rasa-tattva em Pray€ga. Então, refu-gio-me aos pés de lótus de Raghun€tha d€sa Gosv€m…, que é como um abelhão, saboreando o néctar de vraja-rasa. O supremamente misericordioso ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu libertou-o do poço sem fundo do materialismo de um modo geral. Então, confiando-o nas mãos de ®r… Svar™pa D€modara Gosv€m…, Ele lhe concedeu todas as perfeições.

Agora, antes de descrever r€g€nug€-bhakti, eudevo explicar a svar™pa de r€g€tmik€-bhakti.

Vrajan€tha: Primeiro, gostaria de saber o que é r€ga?

B€b€j…: Quando pessoas materialistas estão em con-tato com os objetos dos sentidos, elas naturalmente ficam profundamente atraídas por variedades infindáveis de des-frute dos sentidos materiais. Este apego intenso no coração é chamado vi�aya-r€ga. Quando eles olham para a beleza de algum objeto, os olhos inquietam-se, e no coração, sur-ge uma atração (rañjakat€) pela beleza do objeto e apego (r€ga) por ele.

R€ga-bhakti é o estado no qual K��Ša é o único obje-to de r€ga. ®r…la R™pa Gosv€m… definou a palavra r€ga da seguinte maneira:

i�˜e sv€rasik… r€gaƒ param€vi�˜at€ bhavet tan-may… y€ bhaved bhaktih s€tra r€g€tmikodit€

Bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.2.272)

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653Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

R€ga é a insaciável sede de amor (prema-may…-t��Š€), a qual desperta uma espontânea e intensa absorção(sv€rasik… param€vi�˜at€) pelo objeto de afeição de uma pessoa. R€gamay… bhakti é realizar sev€, tal como fazer guirlandas, com tal r€ga intensa.

R€ga é a absoluta (parama) e exclusiva (sv€rasik…) absorção (€vi�˜at€) em um objeto específico de adoração de uma pessoa. Quando a devoção por K��Ša chega ao estágio de r€gamay…, ela é chamada r€g€tmik€-bhakti. Em resumo, pode ser dito que o intenso desejo por K��Ša saturado com prema (prema-may…) é chamado r€g€tmika-bhakti.

É auspicioso que a pessoa em cujo coração tal r€ga não tenha despertado se esforce por cultivar bhakti agindo de acordo com vidhi (regras e regulações dos �€stras). Os princípios que atuam em vaidh…-bhakti são medo, respei-to e reverência, enquanto que o único princípio ativo em r€g€tmik€-bhakti é lobha, ou avidez, em relação à l…l€ de ®r… K��Ša.

Vrajan€tha: Quem tem adhik€ra (qualificação) para r€gamay…-bhakti?

B€b€j…: Vaidh…-�raddh€ concede adhik€ra para vaidh…-bhakti, e similarmente, lobhamay… �raddh€ (fé pro-fundamente imbuída com avidez pela vraja-l…l€ de K��Ša) concede adhik€ra para r€gamay… bhakti.

O bh€va dos vraja-v€s…s por K��Ša é o exemplo su-premo de r€g€tmik€-bhakti. A pessoa que tem a grande for-tuna de ter avidez (lobha) para obter o mesmo bh€va (sen-timento) que os vraja-v€s…s têm por K��Ša, tem adhik€ra para r€g€nug€-bhakti.

Vrajan€tha: Quais são os sintomas de tal lobha?B€b€j…: Quando alguém ouve sobre os bh€vas

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intensamente doces dos vraja-v€s…s, sua inteligência (buddhi-apek�€) começa a considerar como ele pode aden-trar naqueles estados. Este desejo (apek�€) é o sintoma de que lobha despertou. Aquele que tenha adhik€ra para vaidh…-bhakti examina todas as coisas na plataforma da in-teligência, conhecimento do �€stra, e lógica; e quando ele ouve k��Ša-kath€, ele somente aceita isto se for apoiado por estes três. Todavia, em r€ga-m€rga, não há consideração de inteligência, conhecimento do �€stra, e raciocínio, pois eles não são desejáveis neste caminho. Tudo que é neces-sário é a avidez pelo sentimento dos vraja-v€s…s: “Quais são os doces bh€vas dos vraja-v€s…s por K��Ša? É possível que eu obtenha tais bh€vas? Como isto pode ser obtido?” Este desejo intenso é o sintoma de avidez. E aquele que não possui esta avidez, não tem adhik€ra para r€g€nug€-bhakti. Você deve entender isto.

Vrajan€tha: Qual é o processo de r€g€nug€-bhakti?B€b€j…: O s€dhaka que desenvolveu avidez pelo belo

humor de serviço (sev€) de um vraja-v€s… particular, sem-pre lembra e medita no seu sev€ para tal personalidade. Ele está absorto nos passatempos mútuos de seu amado ®r… K��Ša com este vraja-v€s…, ele sempre reside em Vraja, fisi-camente ou mentalmente, tendo a avidez de obter o bh€va dele ou dela. Ele segue o exemplo deste vraja-v€s… e sem-pre oferece sev€ de duas maneiras: externamente, ele serve como um s€dhaka praticante; e internamente, ele oferece sev€ com os bh€vas (bh€vana-p™rvaka) de seu siddha-deha. Este é o processo de r€g€nug€-bhakti.

Vrajan€tha: Qual é a relação entre r€g€nug€-bhakti e os a‰gas de vaidh…-bhakti?

B€b€j…: Os a‰gas de vaidh…-bhakti – �ravaŠam, k…rtanam, e assim por diante – também estão incluídos

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655Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

na prática do r€g€nug€-s€dhaka. O s€dhaka segue os eter-nos residentes de Vraja, e consequentemente ele saboreia a bem-aventurança no serviço eterno. Ao mesmo tempo, ele observa os a‰gas de vaidh…-bhakti com seu corpo externo.

Vrajan€tha: Por favor, explique as glórias de r€g€nug€-bhakti.

B€b€j…: R€g€nug€-bhakti concede muito rapidamen-te o fruto, o qual não pode ser obtido nem mesmo por obser-var os a‰gas de vaidh…-bhakti com fé firme (ni�˜h€) por um longo tempo. A devoção em vaidh…-m€rga é fraca, porque ela depende de regras e regulações; enquanto r€g€nug€-bhakti é naturalmente forte, porque ela é completamente independente. Quando a pessoa adota a concepção espiri-tual de seguir os passos de um residente de Vraja, que tem amor por K��Ša, r€ga é despertada, a qual implica sempre em seguir o processo de �ravaŠam, k…rtanam, smaraŠam, p€da-sevanam, arcanam, vandanam e €tma-nivedanam. O gosto (ruci) por seguir os passos dos vraja-v€s…s é somente despertado naqueles cujos corações são nirguŠa (além dos atributos materiais). Por isso, a avidez por r€g€nug€-bhakti é extremamente rara e é a raiz da suprema auspiciosidade. Existem muitos tipos de r€g€nug€-bhakti, bem como de r€g€tmik€-bhakti.

Vrajan€tha: Quantos tipos de r€g€tmik€-bhakti existem?

B€b€j…: Há dois tipos de r€g€tmik€-bhakti: aque-la que é baseada na luxúria transcendental para satisfazer K��Ša (k€ma-r™p€), e aquela que é baseada no relaciona-mento (sambandha-r™p€).

Vrajan€tha: Por favor, explique a diferença entre k€ma-r™p€ e sambandha-r™p€.

B€b€j…: É dito no ®r…mad-Bh€gavatam (7.1.30-31):

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k€m€d dve�€d bhay€t sneh€d yath€ bhaktye�vare manaƒ €ve�ya tad-aghaˆ hitv€ bahavas tad-gatim gat€ƒ

gopyaƒ k€m€d bhay€t kaˆso dve�€c caidy€dayo n�p€ƒ sambandh€d v��Šayaƒ sneh€d y™yaˆ bhakty€ vayaˆ vibho

Por completa absorção da mente em devoção, atra-vés dos desejos luxuriosos (k€ma), inveja (dve�a), medo (bhaya), ou afeição (sneha), muitas pessoas alcançaram o Supremo, e também por abandonar os aspectos negativos destes sentimentos. As gop…s alcançaram o Supremo ao fixar suas mentes em K��Ša através de k€ma; Kaˆsa por medo; ®i�up€la e outros reis por dve�a; os Yadus por relaciona-mento familiar (sambandha); vocês (P€Š�avas) por afeição (sneha); e os sábios (N€rada e outros ��is) por bhakti.

Seis princípios são mencionados aqui, a saber, k€ma (luxúria), bhaya (medo), dve�a (inveja), sambandha (rela-cionamento familiar), sneha (afeição), e bhakti (devoção). Dois destes – bhaya (medo) e dve�a (inveja) – não devem ser imitados porque eles são sentimentos desfavoráveis. Então, há dois tipos de sneha. O primeiro é associado com sakhya-bh€va e está incluído em vaidh…-bhakti. O segundo tipo está relacionado com prema e não tem aplicação no campo de s€dhana. Portanto, sneha não ocorre na prática de r€g€nug€-s€dhana-bhakti.

As palavras bhakty€ vayam (no �loka 7.1.31) signi-ficam que ‘nós’ – N€rada e outros sábios – alcançamos o Supremo através de bhakti. Aqui a palavra bhakti deve ser entendida como significando vaidh…-bhakti e refere-se à prática de vaidh…-bhakti de sábios como N€rada, ou a de-voção misturada com jñ€na. As palavras tad-gatiˆ gat€ƒ significam que muitas pessoas têm alcançado o Supremo.

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657Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

É importante ter um claro entendimento desta sen-tença. Um simples raio de luz solar (kiraŠa) e o próprio sol possuem a mesma substância (vastu). Similarmente, brahma e K��Ša também possuem a mesma substância; mas brahma é simplesmente a refulgência do corpo de K��Ša. Os jñ€nis bhaktas fundem-se nesta existência brahma, da mes-ma forma como o fazem os inimigos de K��Ša quando Ele pessoalmente os mata. Alguns deles obtêm s€r™py€bh€sa (uma semelhança da s€r™pya, ou tem uma forma similar a de Bhagav€n) e permanecem imersos nesta bem-aventu-rança de brahma. De acordo com o Brahm€Š�a Pur€Ša, eles permanecem em Siddhaloka, o mundo liberado além do mundo material.

Dois tipos de j…vas residem em Siddhaloka: aquelas que alcançaram a perfeição através do cultivo do conheci-mento (jñ€na-siddha), e os asuras que foram mortos por Bhagav€n. Entre estes jñ€na-siddhas, aqueles que são ex-tremamente afortunados se tornam o €�raya de r€ga (reci-piente do apego por K��Ša), e eles adoram Seus pés de lótus e deste modo alcançam k��Ša-prema, a meta última. Desta maneira, eles ganham entrada no grupo dos associados que-ridos de K��Ša.

Como os raios do sol e o sol são considerados uma substância, similarmente não há diferença entre a refulgên-cia corpórea de K��Ša conhecida como brahma e o próprio K��Ša. As palavras, tad-gatiˆ significam alcançar tat, isto é, K��Ša (K��Ša-gati). Os jñ€nis e os asuras alcançam s€yujya-mukti e ambos alcançam brahma, que são os raios da refulgência de K��Ša (k��Ša-kiraŠa). Os �uddha-bhaktas desenvolvem prema, e alcançam serviço a K��Ša, que é a raiz de toda a existência. Então, ao remover bhaya, dve�a, sneha e bhakti da lista anteriormente mencionada de seis

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características, sobram apenas k€ma e sambandha. Portanto, k€ma e sambandha são os únicos bh€vas que são aplicáveis em r€ga-m€rga. Assim, há dois tipos de r€gamay…-bhakti: k€ma-r™p€ e sambandha-r™p€.

Vrajan€tha: Qual é a svar™pa (característica in-trínseca) de k€ma-r™p€ bhakti?

B€b€j…: A palavra k€ma significa sambhoga-t��Ša (o desejo de sambhoga por K��Ša). Este sambhoga-t��Ša transforma-se em r€g€tmik€-bhakti, e a partir disto, uma conduta amorosa e imotivada surge. Em outras palavras, pr…ti-sambhoga é para satisfazer os desejos de K��Ša. Todos os esforços de uma pessoa são exclusivamente para a fe-licidade e prosperidade de K��Ša, sem qualquer desejo de felicidade pessoal. Mesmo se houver algum esforço por um prazer pessoal, isto será de acordo com a felicidade de K��Ša.

Este amor sem precedentes é somente encontrado nas residentes femininas de Vraja. O prema das gop…s é dotado de uma doçura (m€dhurya) maravilhosa e exclusiva, e faz surgir muitos jogos divertidos e passatempos. Isto é porque sábios eruditos referem-se a este estado de amor incom-parável como k€ma (luxúria), embora na realidade o k€ma das gop…s seja apr€k�ta (transcendental) e completamen-te desprovido do menor traço de falha material. O k€ma das almas condicionadas é cheio de defeitos e desprezível, enquanto que o amor das gop…s é tão transcendentalmente puro e atrativo que até mesmo bhaktas tão queridos como Uddhava, também desejam alcançá-lo. Nada pode ser com-parado com o k€ma das gop…s; que só pode ser comparado com ele mesmo. K€ma-r™p€-r€g€tmik€-bhakti é encontra-do somente em Vraja e em nenhum outro lugar. O k€ma de Kubja em Mathur€ não é realmente k€ma, mas simplesmente

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659Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

rati. O k€ma que estou descrevendo não tem relação com o de Kubja.

Vrajan€tha: O que é sambandha-r™p€-bhakti?B€b€j…: Sambandha-r™p€-bhakti é a devoção por

K��Ša na qual alguém assume o abhim€na (concepção e identidade) tal como “eu sou o pai de K��Ša” ou “eu sou a mãe de K��Ša”. Em Vraja, a devoção de Nanda Mah€r€ja e de Mãe Ya�od€ são exemplos de sambandha-r™p€ bhakti.

Uma pessoa pode alcançar sua svar™pa inerente de prema puro por desenvolver os bh€vas de k€ma-r™p€ ou sambandha-r™p€. Por esta razão, estes bh€vas são o abri-go dos nitya-siddha-bhaktas. Isto é somente mencionado na análise de r€g€nug€-bhakti. Agora, você pode ver que há dois tipos de r€g€nug€-s€dhana-bhakti: k€m€nug€ e sambandh€nug€.

Vrajan€tha: Por favor, explique a natureza de k€m€nug€ em r€g€nug€-s€dhana-bhakti. B€b€j…: K€m€nug€ é o desejo de seguir k€ma-r™p€-bhakti, do qual há dois tipos: sambhoga-icch€may… e tat-tad-bh€va-icch€may….

Vrajan€tha: O que é sambhoga-icch€may…?B€b€j…: Sambhoga-icch€may… significa o desejo de

ocupar-se em passatempos (keli) divertidos com K��Ša. Os alegres passatempos transcendentais de K��Ša com as gop…s são chamados sambhoga.

Vrajan€tha: O que é tat-tad-bh€va-icch€may…?B€b€j…: Tat-tad-bh€va-icch€may… é o desejo de ex-

perimentar os doces bh€vas que as gop…s de Vraja têm por K��Ša.

Vrajan€tha: Como estes dois tipos de r€g€nuga-s€dhana-bhakti surgem?

B€b€j…: Quando um bhakta vê a bela forma da Dei-

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dade de ®r… K��Ša e ouve o madhura-l…l€-kath€ (doces passatempos) de ®r… K��Ša, um desejo intenso surge em seu coração por experimentar aqueles bh€vas e, ele então se ocupa em s€dhana de k€m€nug€ e sambandh€nug€ r€g€nug€-bhakti.

Vrajan€tha: ®r… K��Ša é a forma masculina (puru�a) e as gop…s são todas formas femininas (prak�ti). No meu entendimento, somente a forma feminina pode ter adhik€ra para k€m€nug€ r€g€nug€-bhakti, então como pode a forma masculina obter este bh€va?

B€b€j…: As j…vas neste mundo são as moradas de cin-co tipos diferentes de relacionamentos – �€nta, d€sya, sakhya, v€tsalya e m€dhurya – de acordo com a sua própria svabh€va inerente. Destes cinco, d€sya, sakhya, v€tsalya e m€dhurya são encontrados nos residentes de Vraja. D€sya, sakhya, e v€tsalya com instinto paternal são bh€vas mascu-linos, e são aqueles que têm inclinação em servir K��Ša em forma espiritual masculina. Os dois rasas no qual o bh€va feminino está intrínseco são v€tsalya com instinto mater-nal e ��‰g€ra-rasa ou m€dhurya-rasa (a doçura amorosa), e aqueles que têm esta natureza servem a K��Ša em formas femininas. Estes dois tipos de svabh€va existem em ambos, nos associados eternos de ®r… K��Ša, e nos s€dhakas que são seguidores (€nugatya) deles.

Vrajan€tha: Como aqueles que têm uma forma mas-culina praticam r€g€nug€-s€dhana com o bh€va das vraja-gop…s?

B€b€j…: Aqueles que desenvolveram ruci por ��‰g€ra-rasa de acordo com seu adhik€ra podem ser masculinos externamente, mas seu corpo espiritual (siddha-�ar…ra) tem forma feminina. Neste siddha-�ar…ra, eles ocupam-se em serviço a K��Ša, seguindo os passos de uma gop… em parti-

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cular de acordo com o seu ruci e svabh€va inerente. O Padma Pur€Ša descreve as formas masculinas que possuíam este tipo de bh€va. Quando os sábios de DaŠ�ak€raŠya viram a beleza inigualável de ®r… R€macandra, eles reali-zaram bhajana com um desejo de tê-Lo como esposo. Mais tarde, eles alcançaram formas de gop…s em Gokula l…l€ e se ocuparam no serviço de ®r… Hari em k€ma-r™p€-r€gamay…-bhakti.

Vrajan€tha: Nós ouvimos que as mulheres de Go-kula são nitya-siddhas, e que apareceram em Vraja com o objetivo de nutrir os passatempos de K��Ša. Se isto é ver-dade, como isto é compatível com a descrição do Padma Pur€Ša?

B€b€j…: Aqueles que foram nitya-siddha gop…s facil-mente participaram da dança da rasa com ®r… K��Ša. Ou-tros nasceram como gop…s após alcançarem siddhi através de k€mar™p€-s€dhana-bhakti. De acordo com o �loka, t€ v€ryam€Š€ƒ atibhih pit�bhir bhr€t�-bandhubhiƒ1

(®r…mad-Bh€gavatam 10.29.8), eles alcançaram sua apr€k�ta-svar™pa por oferecerem manasa-sev€ a K��Ša. Os principais entre estes foram os maha��is de DaŠ�ak€raŠya.

Vrajan€tha: Por favor, explique-nos o que são nitya-siddha gop…s e o que são s€dhana-siddh€ gop…s?

B€b€j…: ®r…mat… Radh€r€Š… é a svar™pa-�akti de ®r… K��Ša, e as oito principais sakh…s são Suas primeiras k€ya-vy™ha (expansões corpóreas). As outras sakh…s vêm logo depois como suas k€ya-vy™ha seguintes. Todas estas sakh…s são nitya-siddh€s; elas são svar™pa-�akti-tattva, não j…va-tattva. Em geral as sakh…s de Vraja – que alcançaram perfeição ao executar s€dhana – seguem as associadas (parikara) eternas de ®r…mat… Radh€r€Š…, e elas são conhe-1 Veja nota de rodapé no final do capítulo.

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cidas como s€dhana-siddha j…vas. Por estarem imbuídas com a potência de hl€din…-�akti, elas alcançaram s€lokya (residência em vraja-aprak�ta-l…l€) com as nitya-sidh€ sakh…s de Vraja. As j…vas que alcançaram perfeição por meio do caminho de r€g€nug€-s€dhana em ��‰g€ra-rasa estão incluídas entre as s€dhana-siddh€ sakh…s. Aqueles que somente servem K��Ša de acordo com os princípios de vidhi-m€rga, com o riraˆs€ (desejo) de desfrutar com K��Ša para seu próprio prazer, obtêm entrada no grupo das rainhas de K��Ša, em Dv€rak€. Ninguém pode tornar-se um seguidor das vraja-gop…s apenas seguindo vidhi-m€rga. No entanto, aqueles que se comportam exter-namente de acordo com os princípios de vidhi-m€rga, mas que internamente praticam o s€dhana de r€ga-m€rga, tam-bém obtêm vraja-sev€.

Vrajan€tha: Como pode uma pessoa satisfazer o desejo de desfrutar (ramaŠa) ou riramsa?

B€b€j…: Aqueles que têm o humor das rainhas de K��Ša (mahi�…-bh€va) por Ele, desejam deixar sua falta de recato (dh��˜at€), e ocupar-se no serviço de K��Ša simples-mente como uma esposa (g�hin…). Eles não querem servir como as belas vraja-sundar…s.

Vrajan€tha: Por favor, explique este assunto mais claramente.

B€b€j…: Mahi�…-bh€va é o s€dhana-sev€ no qual a pessoa aprecia a auto-concepção espiritual de que K��Ša é seu próprio esposo. O relacionamento que é estabelecido com ®r… K��Ša quando a pessoa alcança este mahi�…-bh€va é conhecido como svak…ya (amor conjugal). Aqueles que têm mahi�…-bh€va no estágio de s€dhana não experimen-tam o parak…ya-rasa (a doçura extra-conjugal) das gop…s de Vraja, e por causa disto eles não podem seguir as gop…s em

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663Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

parak…ya-bh€va. Portanto, o único meio de alcançar vraja-rasa é a prática de r€g€nug€-s€dhana-bhakti em parak…ya-bh€va.

Vrajan€tha: Por sua misericórdia, entendi até aqui. Agora, por favor, explique a diferença entre k€ma e prema. Se não há diferença entre os dois, então prema-r™p€ não pode ser utilizado em vez de k€ma-r™p€? A palavra k€ma soa um pouco dura.

B€b€j…: Há alguma diferença entre k€ma e prema. Prema é o mesmo que sambandha-r™p€ r€gamay…-bhaki; não há diferença entre estes dois. Em sambandha-r™p€-bhakti, não há k€ma, em outras palavras, nenhum desejo por sambhoga; ele é um prema sem passatempos divertidos (keli). Prema torna-se k€ma-r™p€-bhakti quando é combi-nado com o desejo por sambhoga. K€ma-r™p€-bhakti, não está presente em qualquer outro rasa; é encontrado somente em ��‰g€ra-rasa das vraja-dev…s. K€ma neste mundo ma-terial assume a forma da gratificação dos sentidos, sendo completamente diferente de apr€k�ta-k€ma. O k€ma deste mundo material é somente um reflexo pervertido ou a trans-formação da impecável apr€k�ta-r™p€. Até mesmo o bh€va de Kubja, não pode ser diretamente chamado de k€ma, em-bora ele seja dirigido a K��Ša.

Ja�…ya-k€ma (luxúria em relação à matéria morta) é baseada na gratificação dos sentidos, a qual é somente uma transformação da miséria. É insignificante e despre-zível. Em contraste, k€ma baseado em prema é cheio de €nanda, supremamente valioso e sempre alegre. Desde que, a pr€k�ta-k€ma (luxúria mundana) é insignificante e a-bominável, não se deve hesitar em usar a palavra apr€k�ta-k€ma (luxúria transcendental).

Vrajan€tha: Agora, por favor, explique r€g€nug€-

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bhakti que está baseada no relacionamento (sambandha-r™p€).

B€b€j…: Sambandh€nug€ bhakti tem o humor de estar relacionado a K��Ša, e este relacionamento pode ser de três tipos: d€sya (servidão), sakhya (amizade), ou v€tsalya (pa-ternal). “Eu sou o servo de K��Ša, e K��Ša é meu mest-re”; “eu sou amigo de K��Ša”; “eu sou mãe ou pai de K��Ša” – todos estes humores são chamados relacionamen-tos. Sambandh€nug€ bhakti é de forma proeminente de-monstrada apenas nos habitantes de Vraja.

Vrajan€tha: Como alguém cultiva r€g€nug€-bhakti no humor de um servo, amigo, pai ou mãe?

B€b€j…: Alguém que tenha despertado ruci por d€sya-rasa segue os servos eternos de K��Ša tais como Raktaka e Patraka, e serve K��Ša seguindo seu modo específico de serviço, impregnado com madhura-bh€va. A pessoa cujo ruci está direcionado a sakhya-rasa serve K��Ša ao seguir o bh€va (sentimento) e ce�˜€ (esforços) de algum dos priya-sakh€s de K��Ša, tal como Subala. Finalmente, uma pessoa cujo ruci é direcionado a v€tsalya-rasa, ocupa-se no servi-ço a K��Ša por seguir o bh€va e as atividades dos bhaktas, tais como Nanda e Ya�od€, que têm um relacionamento pa-ternal com Ele.

Vrajan€tha: O que significa seguir (anukaraŠa) o ce�˜€ e os bh€vas?

B€b€j…: De acordo com sua natureza inerente eter-na (siddha-bh€va) por K��Ša, alguns bh€vas específicos e ce�˜€ (esforços) surgem, e vyavah€ra (atividades) também se manifestam simultaneamente. Um s€dhaka que executa sambandh€nug€ bhakti ocupa-se em serviço a K��Ša se-guindo estes bh€vas, ce�˜€ e vyavah€ra. Por exemplo, Nan-da Mah€r€ja tem o humor de afeição paternal em relação a

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665Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

K��Ša. Desta maneira, deve-se seguir todos os esforços que ele faz para satisfazer K��Ša, guiado pelo humor de afeição paternal, mas jamais se deve considerar a si mesmo como Nanda, Ya�od€, Subala ou Raktaka. Ao contrário, deve-se simplesmente seguir os bh€vas destes grandes bhaktas de acordo com o seu próprio ruci; de outro modo será uma ofensa.

Vrajan€tha: Qual é o tipo de r€g€nug€-bhakti que nós temos adhik€ra para adotar?

B€b€j…: Meu filho, você deve examinar seu próprio svabh€va (natureza inerente), e então verá o tipo correspon-dente de devoção para o qual é qualificado. Um ruci es-pecífico irá despertar de acordo com seu svabh€va inerente, e você deve buscar o rasa que é indicado por este ruci. A fim de cultivar este rasa, você deve seguir um dos associa-dos eternos de K��Ša que é perfeito nisto. Para determinar o rasa, é necessário somente examinar seu próprio ruci. Se seu ruci é direcionado para o caminho de r€ga, então você deve agir de acordo com este ruci; e uma vez que a incli-nação não tenha despertado para o caminho de r€ga, você deve executar simplesmente os princípios de vaidh…-bhakti com fé firme.

Vijaya: Prabhu, estudo o ®r…mad-Bh€gavatam já por um longo tempo, e ouço k��Ša-l…l€ quando e onde quer que encontro a oportunidade. Sempre que reflito sobre k��Ša-l…l€, um forte bh€va surge dentro do meu coração para servir o Casal Divino como Lalit€-dev… faz.

B€b€j…: Não diga mais nada. Você é uma mañjar… (jo-vem serva) de Lalit€-dev…. Qual serviço gosta de fazer?

Vijaya: Eu gostaria que ®r…mat… Lalit€-dev… me con-cedesse a permissão para fazer guirlandas de flores. Ama-velmente, eu faria guirlandas de belas e delicadas flores e,

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666 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 21

as colocaria nas mãos de lótus de Lalit€ Sakh…. Ela irá me olhar com uma infinita misericórdia, com o olhar cheio de amor e, então irá colocar as guirlandas em volta dos pesco-ços de ®r… ®r… R€dh€ e K��Ša.

B€b€j…: Eu abençoo você para que possa alcan-çar a perfeição na meta a qual você está dedicando o seu s€dhana.

Quando Vijaya ouviu a bênção afetuosa de B€b€j… Mah€�aya, ele caiu aos pés de lótus de seu preceptor e cho-rou. Vendo seu estado emocional. B€b€j…, disse: “Continue praticando r€g€nug€-s€dhana-bhakti com este mesmo sentimento, e externamente siga a conduta estabelecida de acordo com as regras de vaidh…-s€dhana-bhakti, de uma maneira regulada.”

Quando Vrajan€tha viu a riqueza espiritual de Vija-ya Kum€ra, de mãos postas, ele humildemente disse: “Meu mestre, sempre que eu medito nos passatempos de K��Ša, um desejo aparece no meu coração para servi-Lo seguindo os passos de Subala.”

B€b€j…: Qual o serviço que você gostaria de fazer?Vrajan€tha: Quando os bezerros vão pastar longe, eu

gostaria muito de trazê-los de volta na companhia de Suba-la. Quando K��Ša senta em um lugar para tocar Sua flauta, pedirei a permissão de Subala para deixar as vacas beberem água, e então irei trazê-las para Bh€i (Irmão) K��Ša. Este é o desejo do meu coração.

B€b€j…: Eu abençoo você para que alcance o servi-ço a K��Ša como um seguidor de Subala. Você é elegível para cultivar o sentimento de amizade (sakhya-rasa).

É maravilhoso que deste dia em diante, den-tro da mente de Vijaya Kum€ra, começou a florescer

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667Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

o sentimento que ele era uma serva (d€s…) de ®r…mati La-lit€-dev…, e ele começou a olhar para ®r…la B€b€j… Mah€r€ja como a personificação de ®r… Lalit€-dev….

Vijaya: Ó Mestre! Que mais resta a ser conhecido sobre este assunto. Por favor, dê-nos sua ordem.

B€b€j…: Nada mais resta. Você só precisa saber o nome, forma, vestes e assim por diante, de seu siddha-�arira. Venha em um outro momento sozinho e lhe di-rei todas estas coisas.Vijaya Kum€ra ofereceu daŠ�avat-praŠ€ma aos pés de seu preceptor e respondeu: “Como o meu mestre desejar.”

Deste dia em diante, Vrajan€tha começou a olhar B€b€j… como a personificação de Subala. B€b€ji disse para Vrajan€tha: “Você também venha em um outro momento sozinho e irei lhe dizer o nome, forma, vestes e ornamentos de seu corpo espiritual.”

Vrajan€tha ofereceu daŠ�avat-praŠ€ma, e disse: “Como o meu mestre desejar.”

Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra reconheceram a grande boa fortuna deles, e deste dia em diante, felizes ocuparam-se em suas práticas espirituais de r€g€nug€-s€dhana. Ex-ternamente, todas as coisas permaneceram como antes, mas suas emoções internas haviam mudado.

Externamente, Vijaya Kum€ra comportava-se como um homem, mas internamente foi imbuído com a natureza feminina (str…-bh€va), enquanto internamente Vrajan€tha manifestava o svabh€va inerente de um menino vaquei-rinho.

A noite já havia avançado bastante. Ambos retor-naram para casa, cantando em seus japa-m€l€s o mah€-mantra que haviam recebido de seu preceptor – Hare K��Ša Hare K��Ša K��Ša K��Ša Hare Hare Hare R€ma Hare

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668 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 21

R€ma R€ma R€ma Hare Hare. Era meia-noite e, os suaves raios do luar pareciam como uma chuva prateada sobre a terra. Uma brisa intoxicante soprava das Montanhas Ma-layas, criando uma sensação muito agradável para a men-te. Eles sentaram-se juntos embaixo de uma árvore €ˆval€ em um belo local afastado próximo a Lak�mana µ…l€, e co-meçaram a conversar.

Vijaya: Vrajan€tha, os desejos de nossos corações fo-ram satisfeitos. Certamente, fomos abençoados com a mise-ricórdia de K��Ša pela graça dos Vai�Šavas. Agora, vamos decidir nosso futuro plano de ação. Diga-me francamente, o que você quer fazer. Você quer se casar ou você quer se tor-nar um mendicante? Eu não quero pressionar você; somen-te quero que você nos deixe saber qual é sua real intenção, para que eu possa comunicá-la a sua mãe.

Vrajan€tha: Tio, eu tenho a maior estima por você, e por outro lado, você é um sábio erudito e um Vai�Šava. Você tem sido meu guardião desde que meu pai deixou o corpo, e eu estou preparado para agir de acordo com sua ordem. Estou nervoso sobre o casamento porque não quero enredar-me no mundo material e cair de minha realização da realidade espiritual suprema. Qual é a sua opinião?

Vijaya: Eu não quero impor nada a você. Decida por você mesmo.

Vrajan€tha: Agir de acordo com as instruções de Gurudeva será mais apropriado para mim.

Vijaya: Esta é uma boa idéia. Aguardaremos a de-cisão de Prabhup€da sobre este assunto, amanhã.

Vrajan€tha: Tio, o que você irá considerar? Perma-necerá como g�hastha ou se tornará um mendicante?

Vijaya: Meu filho, como você, eu também estou in-deciso. Algumas vezes penso em deixar o g�hastha-dharma

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669Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti

e tornar-me um mendicante; e algumas vezes, penso que se fizer isto, meu coração pode se tornar seco, de tal modo que eu seja privado de bhakti-rasa. Eu acho que é apropriado agir de acordo com a ordem de ®r… Gurudeva com relação a isto. Eu devo seguir as instruções dele.

Ao perceberem que a noite estava bem avançada, tio e sobrinho voltaram para casa cantando hari-n€ma e, de-pois de honrarem pras€da, foram descansar.

Assim termina o Vigésimo Primeiro Capítulo do Jaiva-dharma, intitulado

“Prameya: Abhidheya – R€g€nug€-S€dhana-Bhakti”

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670 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 21

1 t€ v€ryam€Š€ƒ patibhiƒ pit�bhir bhr€t�-bandhubhiƒgovind€pah�t€tm€no na nyavartanta mohit€ƒ

(SB 10.29.8)Ainda que as (nitya-siddh€) gop…s fossem proibidas pe-los seus maridos, pais, mães, e irmãos, elas não para-ram porque estavam encantadas, seus corações já tin-ham sido roubados por ®r… Govinda. Com relação a isto, vale a pena estudar o ®r…mad-Bh€gavatam (10.23.20).

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Capítulo 22Prameya: O Princípio de Prayojana-Tattva

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Era Ek€da�…, e os Vai�Šavas realizavam k…rtana em uma ampla plataforma erigida embaixo de uma árvore Bakula em ®r…v€s€‰gana. Alguns suspiravam fortemente, dizendo: “Ó Gaur€‰ga! Ó Nity€nanda!” Nenhum deles po-dia entender em que tipo de bh€va o venerável B€b€j… estava absorto. Diante dos olhos deles, ele ficou arrebatado. De-pois de algum tempo, ele irrompeu em lágrimas e começou a chorar: “Ai de mim! Onde está meu R™pa? Onde está meu San€tana? Onde está meu D€sa Gosv€m…? Onde está meu K��Šad€sa Kavir€ja, o irmão mais querido de meu coração? Para onde todos eles se foram, deixando-me, sozinho? Que vergonha eu permanecer vivo, simplesmente tolerando a dor desta separação! Sinto-me incompleto pela separação deles. Mesmo a lembrança do R€dh€-kuŠ�a é dolorosa para mim. Meu ar vital revolve em agonia. Somente a visão de R™pa-San€tana irá salvar minha vida infeliz. Eu não aban-donei minha vida, apesar de separado deles!

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674 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 22

Eu simplesmente estou completamente desiludido!” Falando deste modo, ele começou a rolar na poeira do pátio.

Todos os Vai�navas, disseram: “B€b€j…, seja paciente. R™pa e Raghun€tha estão em seu coração. Veja, ®r… Caitanya Mah€prabhu e ®r… Nity€nanda Prabhu estão dançando diante de você.”

“Oh! Oh! Onde?” B€b€j… rapidamente olhou e ficou de pé diante de ®r… Caitanya Mah€prabhu, ®r… Nity€nanda Prabhu, ®r… Advaita Prabhu, ®r… Gadadhara, ®r…v€sa e todos os devotos realizando k…rtana. Eles todos estavam dançan-do, completamente absortos em mah€bh€va. Ao ver esta cena, ele disse: “Abençoada seja M€y€pura! Somente ®r… M€y€pura pode remover a aflição da separação de Vraja!”

Quando a cena desapareceu, ele permaneceu dançan-do por um longo tempo. Mais tarde, ficou mais tranquilo e, sentou-se em sua cabana.

Deste modo então, Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha vieram e ofereceram reverências aos seus pés de lótus. Ao vê-los, B€b€j… Mah€r€ja ficou muito satisfeito e disse: “Como está o bhajana de vocês?”

Ambos, humildemente com suas mãos postas, disse-ram: “Precisamos de sua misericórdia, pois ela é tudo para nós. É somente devido a tanta suk�ti (atividades piedosas) acumulada por muitos nascimentos que obtemos facilmente o abrigo de seus pés de lótus. Visto que hoje é Ek€da�…, com sua permissão observaremos jejum completo (nirjala).”

B€b€j…: Vocês dois são abençoados. Muito em breve alcançarão o estado de bh€va. Vijaya: Prabhu, o que é o estado de bh€va? O senhor ainda não falou nada sobre isto. Gentilmente, conceda sua misericórdia sobre nós falando deste assunto.

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675Prameya: O Princípio de Prayojana-Tattva

B€b€j…: Até agora, somente dei a vocês instruções concernentes à prática de s€dhana. Por praticar s€dhana continuamente, a pessoa aos poucos chega ao estágio per-feito. Bh€va é a condição preliminar que anuncia o estágio de perfeição (siddha-avasth€). O ®r… D€sa-m™la (10a) dá a seguinte descrição deste estado perfeito:

svar™p€vasth€ne madhura-rasa-bh€vodaya iha

vraje r€dh€-k��Ša-svajana-jana bh€vaˆ h�di vahan par€nande pr…tiˆ jagad-atula-sampat-sukham aho vil€s€khye tattve parama-paricary€ˆ sa labhate No estágio amadurecido de s€dhana-bhakti, quando a j…va situa-se em sua svar™pa, então pela influên-cia da potência hl€din…, o estágio de bh€va em madhura-rasa surge interiormente. Em outras palavras, o humor para seguir os passos dos asso-ciados mais queridos de ®r… ®r… R€dh€ K��Ša em Vraja aparece em seu coração. Gradualmente ela obtém felicidade e prosperidade que é insuperável neste mundo, na forma do serviço supremo de param€nanda-tatva, que é conhecido como vil€sa. Não há ganho maior do que este para a j…va.

O primeiro estágio de prema é bh€va. Este �loka descreve prayojana-tattva, o estágio de prema.

prabhuƒ kaƒ ko j…vaƒ katham idam acid-vi�vam iti v€ vic€ryait€n €rth€n hari-bhajana-k�c ch€stra-caturaƒ abhed€�€ˆ dharm€n sakalam apar€dhaˆ pariharan

harer n€m€nandaˆ pibati hari-d€so hari janaiƒ Da�a-m™la (10b)

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676 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 22

Quem é K��Ša? Quem sou eu, a j…va? O que é este mun-do material (acit) temporário? O que é o mundo espiritual eterno (cit)? Aquele que é exclusivamente devotado ao bha-jana de ®r… Hari e faz uma análise inteligente dos �€stras Vai�Šavas sob a guia de �uddha-bhaktas, aqueles que aban-donaram todas as ofensas e apego a dharma e adharma, e que podem considerar e dissipar todas as dúvidas, este servo de ®r… Hari toma o sublime néctar de �r…-hari-n€ma na companhia de outros hari-janas.

Este Da�a-m™la é uma compilação de beleza in-comparável, na qual todas as instruções de ®r…man Mah€prabhu foram expressas de um modo conciso.

Vijaya:Resumidamente, gostaríamos de ouvir sobre a posição exaltada do Da�a-m™la. B€b€j…: Então, ouça.

saˆsevya da�a-m™laˆ vai hitv€ ‘vidy€m ayaˆ janaƒ bh€va-pu�tiˆ tath€ tu�tiˆ labhate s€dhu-sa‰ataƒ

Da�a-m™lamah€tmya

Quando a j…va estuda cuidadosamente e segue este Da�a-m™la, ela manda a doença material, na forma de ignorância, para bem longe. Após isso, ela obtém o nutriente de bh€va, na associação de s€dhus, e fica completamente satisfeita.

Vijaya: Prabhu, que todos nós possamos usar este incomparável colar do Da�a-m™la em nossos pescoços. Recitaremos este Da�a-m™la todos os dias, e ofereceremos respeitosas reverências a ®r…man Mah€prabhu. Agora, gen-tilmente descreva-nos este tópico de bh€va (bh€va-tattva).

B€b€j…: A característica essencial de bh€va é que ele

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677Prameya: O Princípio de Prayojana-Tattva

está situado em bondade pura (�uddha-sattva-vi�e�a-r™pa-tattva). Ele pode ser comparado a um raio diminuto do sol de prema. A característica constitucional (svar™pa-lak�aŠa) de bh€va é que ele está situado em bondade pura (vi�uddha-sattva). Bh€va também é conhecido pelo nome de rati, e é algumas vezes chamado de broto de prema (prem€‰kura). A tendência para o conhecimento divino (saˆvit-v�tti) é um aspecto da toda-iluminante potência interna (svar™pa-�akti), e é o estado de bondade pura (�uddha-sattva), sem nenhuma ligação com m€y€. Quando este saˆvit-v�tti é combinado com a tendência por bem-aventurança pura (hl€din…-v�tti), o aspecto essencial desta combinação é chamado bh€va.

Através da influência da consciência (saˆvit-v�tti), uma pessoa obtém conhecimento de um objeto (vastu) e, saboreia este objeto através da propensão de bem-aven-turança pura (hl€din…-vrtti). K��Ša é o objeto supremo e, Sua svar™pa pode somente ser conhecida pela propensão toda-iluminante de svar™pa-�akti e, não pela faculdade mental das j…vas marginais. Quando a svar™pa-�akti ma-nifesta a si mesmo dentro do coração das j…vas pela mi-sericórdia de K��Ša ou de Seu bhakta, então a faculdade cognitiva (saˆvit-v�tti) de svar™pa-�akti começa a agir den-tro do coração. Quando isto acontece, o conhecimento do reino espiritual (cit-jagat) é revelado. O mundo espiritual é constituído de �uddha-sattva, enquanto que o mun-do material é constituído da combinação dos três modos materiais, sattva, rajaƒ e tamaƒ. A combinação essencial de hl€din… com o conhecimento do mundo espiritual capa-cita a pessoa a saborear a doçura deste reino espiritual e, quando este gosto alcança a plenitude, ele é chamado pre-ma. Se prema é comparado ao sol, bh€va pode ser com-parado ao raio (kiraŠa) do sol. A natureza constitucional

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678 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 22

(svar™pa) de bh€va é esta, ele é um raio do sol de prema e, sua única característica (vi�e�at€) é que ele purifica o cora-ção das j…vas e, assim o coração torna-se suavizado ou derre-tido (mas�Ša). A palavra ruci se compõe de três desejos. 1) Há o desejo de alcançar o serviço a R€dh€ e K��Ša (pr€pty-abhil€�a); 2) o desejo de fazer aquilo que é favorável para o prazer de K��Ša (anuk™lya-abhil€�a) e 3) o desejo de servir a K��Ša com amor e afeição (sauh€rda-abhil€�a).

Bh€va pode ser descrito como o primeiro despertar de prema. A palavra mas�Ša significa ‘suavidade e derre-timento do coração’. Bh€va é descrito no tantra como o estado preliminar de prema, e quando ele surge, arrepios e outras transformações de êxtases (s€ttvika-vik€ra) são ma-nifestadas ligeiramente. No entanto, o estado de bh€va é auto-estabelecido (svataƒ-siddha) nos nitya-siddha-bhak-tas o que significa que �uddha-sattva está eternamente presente neles, assim não há razão de ser manifesto neles.

Na baddha-j…va, este estado de bh€va primeiro se ma-nifesta nas faculdades mentais (mano-v�tti) e então, se iden-tifica (svar™pat€) com elas. Por isso, embora o bh€va seja auto-manifesto (svayaˆ-prak€�a), ele parece não ter existi-do previamente e, que sua manifestação foi causada por algo diferente (prak€�ya). A função natural de bh€va é revelar a identidade intrínseca (svar™pa) de K��Ša e de Seus doces passatempos. Bh€va se manifesta nas faculdades mentais (mano-v�tti), todavia ele aparece ser manifesto por alguma outra faculdade de conhecimento. Na realidade, a nature-za (svar™pa) de rati é auto-satisfação (svayam-€�v€dana-svar™pa); em outras palavras, ele é o próprio objeto de sabor e desfrute para o bhakta, e ao mesmo tempo ele é a causa da baddha-j…va apreciar K��Ša e Sua l…l€.

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679Prameya: O Princípio de Prayojana-Tattva

Vrajan€tha: Quantos tipos de bh€vas existem?B€b€j…: Há dois tipos de bh€vas, que aparecem de

duas causas diferentes. O primeiro é o bh€va que surge como um resultado da intensa prática espiritual (s€dhana-abhinive�a-ja-bh€va); e o segundo é o bh€va que aparece devido a misericórdia de K��Ša ou a misericórdia do Seu bhakta (pras€da-ja-bh€va). O bh€va que surge das práticas de s€dhana é mais comumente observado; o bh€va que sur-ge de uma misericórdia especial é muito raro.

Vrajan€tha: Qual é o bh€va que surge desta prática (s€dhana-abhinive�a-ja-bh€va)?

B€b€j…: Há dois tipos de bh€va surgindo desta práti-ca, um de vaidh…-m€rga e o outro de r€g€nug€-m€rga. Ruci aparece primeiro, antes de bh€va, e é seguido por apego (€sakti) por K��Ša, e finalmente rati. Eu considero bh€va e rati, serem iguais porque esta é a opinião dos Pur€Šas e dos �€stras concernentes a representação das artes dramáticas (n€˜ya-�€stras).

No caso de bh€va surgir de vaidh…-s€dhana, �raddh€ vem primeiro, e então surge ni�˜h€, que por sua vez se de-senvolve em ruci. Porém, no caso de bh€va que aparece de r€g€nug€-s€dhana, ruci é produzido imediatamente.

Vrajan€tha: Qual é o bh€va que surge da misericór-dia de K��Ša ou de Seus bhaktas (pras€da-ja-bh€va)?

B€b€j…: O bh€va que surge da misericórdia de K��Ša ou de Seus bhaktas (pras€da-ja-bh€va) é o bh€va que ocor-re espontaneamente, sem a execução de qualquer tipo de s€dhana.

Vrajan€tha: Por favor, explique mais sobre isto. B€b€j…: A misericórdia de K��Ša é concedida de três

maneiras: 1) pelas palavras (v€cika), 2) pela outorga da visão (€loka-d€na), e 3) pela graça manifesta no coração

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680 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 22

(h€rda). Suponha que K��Ša conceda Sua misericórdia para algum br€hmaŠa ao dizer: “Ó melhor dos duas-vezes nasci-dos, que possa a suprema auspiciosidade, bem-aventurança, e constância em bhakti surgir dentro de você.” Simplesmen-te por tais palavras, v€cika-pras€da-ja-bh€va surge dentro do coração.

Os ��is que residiam na floresta jamais haviam visto K��Ša anteriormente, porém quando eles obtiveram Seu dar�ana, bh€va surgiu em seus corações. Tal é o poder da misericórdia de K��Ša. Este é um exemplo de bh€va que surge devido à concessão da visão de K��Ša (€loka-d€na).

O bh€va que surge dentro do coração devido a mi-sericórdia é chamado h€rda-bhava, e este é observado na história da vida de ®ukadeva Gosv€m… e de outros bhaktas. Quando ®r… K��Ša apareceu como ®r… Caitanya Mah€prabhu, houve muitos exemplos destes três tipos de bh€va surgin-do de Sua misericórdia. Ninguém pode contar o número de pessoas que foram agraciadas com bh€va quando elas viram ®r…man Mah€prabhu. Jag€i e M€dh€i são exemplos daque-les que obtiveram bh€va por causa das palavras do Senhor, e J…va Gosv€m… obteve bh€va em seu coração (h€rda-bha-va), pela misericórdia de ®r… Gaur€‰ga.

Vrajan€tha: Qual é o bh€va que surge da misericórdia de um bhakta?

B€b€j…: Dhruva e Prahl€da obtiveram bh€va por Bhagav€n pela misericórdia de N€rada Muni, e bh€va-bhakti surgiu nos corações de inumeráveis pessoas pela misericórdia de ®r… R™pa, San€tana e outros associados (p€r�ada) de K��Ša.

Vijaya: Quais são os sintomas do aparecimento de bh€va?

B€b€j…: As seguintes características começam a se

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681Prameya: O Princípio de Prayojana-Tattva

manifestar no s€dhaka quando bh€va aparece:1. k�€nti ––tolerância,2. avy€rtha-k€latva ––preocupação em não desper-

diçar o tempo, 3. virakti ––desapego,4. m€na-�™nyat€ ––livre de orgulho,5. €�€-bandha ––forte esperança,6. utkaŠ˜h€ ––profundo desejo,7. n€ma-g€ne sad€-ruci ––gosto por cantar sempre

�r…-hari-n€ma,8. €saktis tad-guŠ€khy€ne ––atração por ouvir sobre

as transcendentais qualidades de ®r… Hari, 9. tad-vasati-sthale pr…ti ––afeição pelos locais dos

passatempos de K��Ša.Vijaya: O que é k�€nti (tolerância)?B€b€j…: K�€nti significa que a pessoa permanece

pacífica mesmo quando há uma causa para ira ou agitação mental. Ks€nti pode ser também chamado k�am€ (perdão).

Vijaya: O que é avy€rtha-k€latva (preocupação em não desperdiçar o tempo)?

B€b€j…: Avy€rtha-k€latva significa que alguém não deixa um momento passar em vão, e deste modo está inces-santemente ocupado em hari-bhajana.

Vijaya: Por favor, explique-me o significado de virakti (desapego).

B€b€j…: Virakti é o desinteresse de gratificação dos sentidos.

Vijaya: Podem aqueles que aceitaram ve�a (ordem renunciada, sanny€sa-ve�a ou b€b€j…-ve�a) dizer que são desapegados?

B€b€j…: Ve�a é mais um assunto de etiqueta social. Quando bh€va aparece dentro do coração, ruci pelo mun-

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do espiritual torna-se muito forte, e o gosto pelo mundo ma-terial gradualmente diminui. Finalmente, quando bh€va se manifesta totalmente, o gosto por coisas mundanas torna-se praticamente nulo (�unya-pr€ya). Isto é chamado desapego (virakti). Um Vai�Šava desapegado é aquele que alcançou virakti e então aceitou vai�Šava-ve�a para diminuir suas ne-cessidades. Entretanto, os �€stras não aprovam a aceitação de ve�a antes do aparecimento de bh€va; esta não é a ve�a verdadeira em absoluto. ®r…man Mah€prabhu ensinou esta lição para o mundo inteiro com a punição de Cho˜a Harid€sa. Vijaya: O que é m€na-�™nyat€ (ausência de orgulho)?

B€b€j…: O orgulho (abhim€na) surge quando alguém se identifica com sua riqueza, força, beleza, posição e casta elevadas, boa família, linhagem, etc. M€na-�™nyat€ signifi-ca estar livre do orgulho apesar de possuir tais qualificações materiais. O Padma Pur€Ša dá um excelente exemplo de m€na-�™nyat€. Houve um imperador sábio, que governou todos os outros reis proeminentes. Contudo, quando por boa fortuna k��Ša-bhakti surgiu em seu coração, ele abandonou sua opulência e o orgulho de ser o imperador, e se mantinha pedindo esmolas nas cidades de seus inimigos. Ele oferecia respeito a todos, sem se importar se eles eram br€hmaŠas ou inimigos.

Vijaya: O que é €�€-bandha (forte esperança)?B€b€j…: š�€-bandha significa ocupar a mente fi-

xamente em bhajana com a fé inabalável que “K��Ša irá certamente conceder-me Sua misericórdia.”

Vijaya: O que é utkaŠ˜h€ (desejo profundo)?B€b€j…: UtkaŠ˜h€ é a avidez intensa de obter o desejo

do coração.Vijaya: O que é n€ma-k…rtana-ruci (gosto por cantar

�r…-hari-n€ma)?

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B€b€j…: Ruci por n€ma-k…rtana significa ocupar-se incessantemente em hari-n€ma com fé (vi�v€sa) que �r…-n€ma-bhajana é o mais elevado de todos os tipos de bhajana. Ruci por n€ma-k…rtana é a chave para alcançar a suprema auspiciosidade. Outro dia explicarei a verdade re-lacionada a �r…-hari-n€ma.

Vijaya: O que é €saktis tad-guŠ€khy€ne (apego por ouvir sobre as qualidades transcendentais de K��Ša)?

B€b€j…: É dito no ®r…-K��Ša-karŠ€m�ta: m€dhury€d api madhuraˆ manmathat€ tasya kim api kai�oram c€paly€d api capalaˆ, ceto bata harati hanta kiˆ kurmaƒ

®r… K��Ša, como o Cupido Transcendental (manma-tha), é mais doce do que o mais doce, e Sua ado-lescência é mais inquieta do que as coisas mais in-quietas. As qualidades deste Cupido transcendental, que desafia descrições, estão roubando minha mente. Ai de mim! Agora, o que devo fazer?

Não importa o quanto uma pessoa ouça as qualida-des de K��Ša, ela nunca ficará satisfeita. O apego por ouvir vai aumentando incessantemente, e jamais diminui o desejo de ouvir mais e mais.

Vijaya: O que é tad-vasati-sthale pr…ti (afeição pelos locais dos passatempos de K��Ša)?

B€b€j…: Quando um bhakta faz o parikram€ de ®r… Navadv…pa-dh€ma, ele pergunta o seguinte: “Ó residentes do dh€ma, onde é o lugar do nascimento daquele que é o mais querido Mestre de nossas vidas? Qual a direção que o grupo de k…rtana de Mah€prabhu passava? Por favor, conte-me onde nosso Mestre realizava seus passatempos da tarde com os gopas.” Os residentes do dh€ma, irão responder:

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Este lugar onde nós estamos é ®r… M€y€pura. Aquele lo-cal mais elevado, que você vê em nossa frente, cercado por um bosque de plantas de tulas…, é o sublime local onde o aparecimento de ®r…man Mah€prabhu aconteceu. Olhe os vilarejos de Ga‰g€-nagara, Simuliy€, G€dig€ch€, Ma-jid€, e outros. O primeiro grupo de sa‰k…rtana de ®r…man Mah€prabhu passou por estes mesmos vilarejos.” Ao ouvir tais conversas tão doces saturadas de prema dos lábios dos residentes de Gau�a, seu corpo se arrepia de emoções, seu coração fica repleto de bem-aventurança, e lágrimas escor-rem de seus olhos. Assim, ele realiza parikram€ de todos os locais dos passatempos de Mah€prabhu. Isto é chamado de afeição pelos locais onde o Senhor realizou Seus passatem-pos (tad-vasati-sthale-pr…ti).

Vrajan€tha: Em qualquer pessoa em que observar-mos estes tipos de emoções, devemos entender que rati por K��Ša apareceu?

B€b€j…: Não. Rati é uma emoção (bh€va) que surge espontaneamente por K��Ša. Uma emoção semelhante pode ser observada em relação a outros objetos, mas ela não pode ser chamada rati.

Vrajan€tha: Você poderia dar um ou dois exemplos para este assunto ficar mais claro?

B€b€j…: Suponha que um homem deseje liberação, mas a adoração seca e difícil de nirvi�e�a-brahma parece-lhe enfadonha. Então ele ouve em algum lugar que se pode muito facilmente obter mukti simplesmente ao recitar os nomes de Bhagav€n. Por exemplo, Aj€mila obteve mukti facilmente ao recitar os nomes de N€r€yaŠa. Quando ele ouve isso, fica muito contente. Logo que ele se lembra do poder de �r…-n€ma, pensando que ele vai receber liberação facilmente, ele fica eufórico e em êxtase e, isto o faz cantar

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�r…-hari-n€ma e chorar continuamente, até cair inconsci-ente.

E neste exemplo, o nome recitado pelo s€dhaka que deseja liberação não é �uddha-n€ma, e o bh€va que ele mostra não é k��Ša-rati (�uddha-bh€va), porque seu senti-mento espontâneo não é direcionado a K��Ša. Seu principal objetivo é obter mukti e, não k��Ša-prema. O nome que ele recita é chamado n€ma-€bh€sa, e sua exibição emocional (bh€va) denomina-se bh€va-€bh€sa.

Um outro exemplo disto é o de uma pessoa que adora Durg€-dev… para obter desfrute material. Ela, ora: “Por favor, dê-me bênçãos! Por favor, dê-me riqueza!” Então, pensando que Durg€-dev… irá satisfazer os desejos de seu coração tão logo fique satisfeita, ela exclama: “Ó Durg€!” e rola no chão diante dela, chorando. O bh€va desta pessoa ao chorar e cair no chão não é �uddha-bh€va. Algumas vezes é descrita como bh€va-€bh€sa, e às vezes como uma emoção falsa ou impura (kubh€va). Bh€va não pode surgir a menos que se adore K��Ša de forma pura (�uddha-k��Ša-bhajana). O bh€va que surge de um desejo por desfrute material (bhoga) ou liberação (mok�a), mesmo se ele estiver relacionado a K��Ša, é conhecido como kubh€va ou bh€va-€bh€sa.

A palavra kubh€va refere-se a qualquer tipo de bh€va que possa surgir no coração de alguém que esteja contaminado com a filosofia M€y€vada. Ainda se tal pessoa permaneça inconsciente por sete praharas, esta exibição não pode ser chamada de bh€va. Veja! Até a alma liberada mais elevada, que está livre de todos os tipos de desejos, busca incessantemente por bhagavad-rati, que é o supremo segredo, o qual não é facilmente concedido por K��Ša, mes-mo para os bhaktas que são completamente sinceros, cuja

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prática de bhajana é perfeita. Como, então, pode isto surgir nos corações daqueles que não têm �uddha-bhakti, e que estão contaminados com desejos por desfrute material e li-beração?

Vrajan€tha: Prabhu, é frequentemente observado que quando aqueles que desejam desfrute material e libera-ção realizam hari-n€ma-sa‰k…rtana, eles manifestam sin-tomas corpóreos de bh€va que você descreveu. Como nós podemos entender isto?

B€b€j…: Somente os tolos se surpreendem ao ver sin-tomas externos de bh€va em tais pessoas; aqueles que en-tendem bh€va-tattva apropriadamente chamam este tipo de bh€va de “a semelhança de rati (rati-€bh€sa),” e permane-cem bem longe disto.

Vijaya: Quantos tipos de rati-€bh€sa existem?B€b€j…: Há dois tipos de rati-€bh€sa: reflexo de raty-

€bh€sa (pratibimba rati-€bh€sa) e a sombra de rati-€bh€sa (ch€y€ rati-€bh€sa).

Vijaya: O que é pratibimba rati-€bh€sa?B€b€j…: As pessoas que buscam a liberação pensam

que alguém pode obter mukti somente através de brahma-jñ€na, mas a disciplina espiritual de brahma-jñ€na é difícil e enfadonha. Alguns entendem que mukti pode ser alcança-da simplesmente por realizar hari-n€ma, e que pode obter brahma-jñ€na muito facilmente e sem esforço árduo. Quan-do eles pensam assim, eles se tornam bem-aventurados, esperando obter mukti sem ter que se esforçar demasiada-mente. Então, esta semelhança (€bh€sa) desta transforma-ção corpórea, tais como lágrimas, arrepios, etc, aparecem em seus corpos. Tais transformações são conhecidas como pratibimba €bh€sa.

Vrajan€tha: Por que elas são chamadas refletidas

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(pratibimba)? B€b€j…: Se aqueles que desejam liberação ou desfrute

material dos sentidos têm a boa fortuna de se associar com bhaktas avançados, eles também começam a adotar o pro-cesso de hari-n€ma-k…rtana e assim por diante. Quando isto acontece, algum reflexo da lua de bh€va no céu do coração do �uddha-bhakta também aparece no coração daqueles que estão sedentos por liberação. Este reflexo é chamado pratibimba. ®uddha-bh€va jamais surge nos corações da-queles que desejam gratificação dos sentidos materiais ou liberação, mas bh€va-€bh€sa surge neles quando eles vêem o bh€va de �uddha-bhaktas. Este bh€va-€bh€sa é conhe-cido como pratibimba-€bh€sa, e geralmente não produz nenhum benefício permanente. Ele somente concede des-frute material e liberação, e depois desaparece. Tal bh€va-€bh€sa pode também ser entendido como um tipo de n€ma-apar€dha.

Vrajan€tha: Por favor, explique a natureza de ch€y€-bh€va-€bh€sa.

B€b€j…: Quando um kani�˜ha-bhakta que não está familiarizado com o conhecimento do eu (€tm€-tattva) as-socia-se com atividades, tempo, locais, e bhaktas que são queridos por Hari, uma sombra (ch€y€) de rati pode apare-cer. Comparada ao próprio rati, esta sombra é insignifican-te e instável por natureza, mas ela cria curiosidade (como os �uddha-bhaktas experimentam rati), e destrói aflições. Isto é chamado ch€y€-rati-€bh€sa. A bhakti destes bhaktas pode ser pura até um certo limite, mas não é resoluta e, por isto ela surge como rati-€bh€sa. De qualquer modo, tal ch€y€-bh€va-€bh€sa somente surge através da influência de muitas atividades piedosas. Pela associação dos Vai�Šavas (sat-sanga), ch€y€-bh€va-€bh€sa torna-se pura e, logo em

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seguida surge �uddha-bh€va. Todavia, deve-se ter em men-te que, não importa quão desenvolvido este bh€va possa ser, ele gradualmente diminui como a lua na metade escura de um mês lunar, se alguém comete alguma ofensa a um VaiŠava puro. E o que dizer de bh€va-€bh€sa, se mesmo �uddha-bh€va irá gradualmente desaparecer se alguém co-meter ofensas aos bhaktas de K��Ša.

Se alguém repetidamente associa-se com aqueles que desejam liberação, seu bh€va irá também se tornar bh€va-€bh€sa, ou ele pode cair vítima do orgulho de pensar que é o próprio Ÿ�vara. Por isto, algumas vezes é visto que quando novos bhaktas estão dançando, eles desenvolvem o desejo por liberação. Estes novos bhaktas não pensam cuidado-samente e nem consideram sua situação, e assim eles se associam com aqueles que buscam liberação e isto acaba resultando em perturbações. Os novos bhaktas deveriam, portanto, cuidadosamente evitar a associação de pessoas que aspiram por liberação.

Ocasionalmente o estado de bh€va pode aparecer repentinamente em uma pessoa, sem causa aparente. A explicação para isto é que ela praticou s€dhana extensi-vamente em seu nascimento anterior, porém esta prática não frutificou até agora por causa de vários tipos de im-pedimentos ou obstáculos. Contudo, �uddha-bh€va aparece repentinamente em seu coração quando estes obstáculos forem removidos. Algumas vezes, um excelente estado de bh€va como este pode também despertar repentinamente por causa da misericórdia sem causa de K��Ša. Este tipo de bh€va é conhecido como �r…-k��Ša-pras€da-ja-bh€va. Ninguém deve criticar a pessoa em quem o ver-dadeiro bh€va se manifestou, embora alguém possa obser-var algumas pequenas falhas em sua conduta, uma vez que

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bh€va tenha surgido, o s€dhaka torna-se completamen-te bem-sucedido em todos os seus esforços. Sob tais cir-cunstâncias não é possível para ele comportar-se pecami-nosamente, mas se qualquer conduta pecaminosa é algumas vezes observada, isto deve ser entendido de uma maneira ou outra. O mah€-puru�a-bhakta pode ter realizado algu-ma atividade pecaminosa por força das circunstâncias, mas não é possível que ele fique permanentemente nesta con-dição. Por outro lado, é que em sua vida pregressa, ele não destruiu alguma semelhança de pecado (p€pa-€bh€sa) com-pletamente. e isto ainda permanece mesmo após bh€va ter surgido nele, porém, será destruída brevemente. Deve-se pensar deste modo e não se deve prestar atenção nas falhas triviais que possam ser vistas no bhakta, pois ao agir assim, comete-se n€ma-apar€dha. O N�siˆha Pur€Ša proíbe-nos de fixar nossa atenção em tais falhas.

bhagavati ca har€v ananya-cet€

bh��a-malino’pi vir€jate manu�yaƒ na hi �a�a-kalu�a-cchav…ƒ kad€cit

timira-paro bhavat€m upaiti candraƒ

Do mesmo modo como a lua nunca é ocultada pela escuridão, mesmo quando coberta por manchas escuras, similarmente, uma pessoa exclusivamente devotada a ®r… Hari permanece gloriosa, embora apa-rentemente possa ser maliciosa e concupiscente.

Desta instrução, não se deve concluir que um bhakta repetidamente se ocupe em atividades pecaminosas. Depois que o bhakta tenha desenvolvido ni�˜h€ em bhakti

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ele não tem inclinação para pecar mais. Contudo, enquanto o corpo material existir, há a chance de que atividades peca-minosas ocorram inesperadamente. Se um bhakta é exclu-sivamente devotado, a influência de seu bhajana imediata-mente transforma em cinzas todos os tipos de pecados, do mesmo modo como um fogo ardente facilmente consome uma pequena pilha de algodão, de modo que, ele torna-se cauteloso para não ser outra vez, vítima de nenhuma ativi-dade pecaminosa.

Todos os tipos de atividades pecaminosas são dissi-padas no estágio de anany€-bhakti ininterrupta e resoluta, assim pode ser claramente entendido que aqueles que repe-tidamente se ocupam em atividades pecaminosas, ainda não desenvolveram este tipo de bhakti. Ao se ocupar repetida e conscientemente em atividades pecaminosas, enquanto pra-tica bhakti-yoga, é n€ma-apar€dha, a qual extirpa bhakti completamente e lança-a para longe. Por isto, os bhaktas mantêm-se distantes de tais ofensas.

Rati é por natureza inquieto (a�€nti), caloroso, vigo-roso, e bem-aventurado, porque ele é perpetuamente repleto de crescente desejo espiritual (abhil€�a). Embora isto pro-duza calor na forma de sañc€r…bh€va, isto é mais refrescan-te do que milhões de luas, e seu gosto e tão doce quanto o néctar.

Quando Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra ouviram estas explicações de bh€va-tattva, eles ficaram maravilhados e se sentaram em silêncio por um tempo, absortos em pensa-mentos de bh€va.

Após algum tempo, eles disseram: “Prabhu, a pode-rosa chuva de suas nectáreas instruções criaram um dilúvio de prema em nossos corações ressecados. Agora, o que de-vemos fazer? Onde podemos ir? Nós não podemos entender

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nada. É muito difícil para nós alcançarmos bh€va porque nossos corações estão desprovidos de humildade. Esta-mos cheios de orgulho por causa de nosso nascimento em família de br€hmaŠa e, a única coisa que pode nos salvar é seu abundante amor e misericórdia. Se você nos conceder uma gota de prema, certamente poderemos alcançar nosso objetivo. Nossa única esperança é que fomos capazes de estabelecer um relacionamento espiritual com você. Somos extremamente pobres, miseráveis e desprovidos e, você é o associado querido de Kr�Ša, e supremamente misericor-dioso. Por favor, seja misericordioso conosco e nos instrua sobre nosso dever.”

Vijaya Kum€ra tirou proveito da oportunidade, e dis-se: “Neste momento, Prabhu, está surgindo o desejo em mim de renunciar a vida de chefe de família e viver como um servente a seus pés de lótus. Vrajan€tha é somente um garoto e sua mãe quer que ele seja um g�hastha, mas ele não deseja agir dessa forma. Por favor, dê sua instrução so-bre o que ele deve fazer em relação a isto.”

B€b€j…: Ambos receberam a misericórdia de K��Ša. Vocês devem servir a K��Ša ao transformarem suas casas em um lar de K��Ša. Todos devem agir de acordo com as instruções que Caitanya Mah€prabhu deu ao mundo. Ele ensinou que existem duas maneiras pelas quais se pode a-dorar Bhagav€n, enquanto estiver neste mundo: pode-se vi-ver como um chefe de família ou na ordem renunciada. Até a pessoa estar qualificada para aceitar a ordem renunciada, ela deve permanecer um chefe de família e ocupar-se no serviço a K��Ša. Nos primeiros vinte e quatro anos de Seus passatempos manifestos, Caitanya Mah€prabhu mostrou como ser um g�hastha Vai�Šava ideal e, durante Seus últi-mos vinte e quatro anos, Ele mostrou o ideal de um Vai�Šava

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renunciante. Mah€prabhu estabeleceu como g�hastha o exemplo da meta dos chefes de família. Em minha opinião, você deve também fazer o mesmo. Você não deve pensar que a pessoa não pode obter a meta de k��Ša-prema na vida familiar. Os devotos mais favorecidos de Mah€prabhu eram g�hasthas, e mesmo Vai�Šavas na ordem de vida renuncia-da oram pela poeira dos pés de lótus daqueles g�hastha-bhaktas.

Era tarde da noite. Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha pas-saram a noite inteira em ®r…v€s€‰gana, cantando as glórias de ®r… Hari na companhia de outros Vai�Šavas. Ao amanhe-cer do dia seguinte, eles terminaram suas abluções, banha-ram-se no Ga‰g€, e então ofereceram daŠ�avat-praŠ€ma aos pés de seu Gurudeva e dos Vai�Šavas. Então, novamen-te eles realizaram sa‰k…rtana, honraram mah€-pras€da, e voltaram para casa antes do meio-dia. Vijaya Kum€ra cha-mou sua irmã, e disse: “Agora, Vrajan€tha irá se casar, as-sim você deve fazer as preparações necessárias. Estou indo para Modadruma por alguns dias. Você pode enviar notícias para mim quando tiver fixado uma data para o casamento. Devo vir com outros membros da família para dar mais aus-piciosidades a cerimônia de casamento. Devo enviar meu irmão mais novo, Harin€tha para cá, amanhã. Ele ficará aqui e organizará todas as coisas.”

A mãe de Vrajan€tha e a avó paterna sentiram-se como se elas tivessem obtido um reinado sobre a terra. Ex-tremamente contentes, elas presentearam Vijaya Kum€ra com novas roupas e outros presentes, antes de se despedi-rem dele.

Assim termina o Vigésimo Segundo Capítulo do Jaiva Dharma, intitulado

Prameya: O principio de Prayojana -Tattva

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Capítulo 23Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

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Bilva-pu�kariŠ… é um vilarejo encantador, onde o rio Bhagavat… Bh€g…rath… flui nas direções norte e oeste. Junto ao vilarejo, há um belo lago cercado por árvores bael. A margem do lago está o Templo de Bilva-pak�a Mah€deva, e um pouco mais distante deste templo, esplendidamente situada, está Bhavat€raŠa. O vilarejo de Simuliy€ está entre Bilva-pu�kariŠ… e Br€hmaŠa-pu�kariŠ…, e todos os três vi-larejos estão na cidade de Navadv…pa. Uma rua ampla dá acesso ao centro de Bilva-pu�kariŠ…, e a casa de Vrajan€tha fica nesta estrada na direção norte.

Vijaya Kum€ra tinha se despedido de sua irmã e caminhava já alguma distância, mas de alguma maneira co-meçou a pensar que seria conveniente aprender �r…-n€ma-tattva de B€b€j…, antes de voltar para casa. Após refletir, ele voltou para Bilva Bilva-pu�kariŠ…, e disse para sua irmã: “Permanecerei aqui, por um ou dois dias mais e, então voltarei para casa.”

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696 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

Vrajan€tha ficou muito feliz ao ver seu tio materno, Vijaya Kum€ra, retornar. Eles se sentaram juntos no CaŠ�…-maŠ�apa e começaram a discutir as instruções do Da�a-m™la. Neste momento, S™ryadeva descia no horizonte a oeste, e os pássaros estavam voando rapidamente para seus ninhos. Exatamente neste momento, dois s€dhus Vai�Šavas da ®r… R€m€nuja-samprad€ya chegaram. Eles colocaram seus €sanas em baixo de uma jaqueira em frente da casa de Vrajan€tha, coletaram alguns galhos de madeira aqui e ali, e acenderam um fogo. Suas testas estavam belamente adornadas com a tilaka da ®r… Samprad€ya e, uma subli-me paz emanava de suas faces. A mãe de Vrajan€tha foi muito hospitaleira com seus hóspedes. Sabendo que eles deveriam estar com muita fome, ela coletou vários tipos de alimentos e, colocou-os diante dos s€dhus, pedindo-lhes para cozinhar e comer. Eles ficaram satisfeitos e co-meçaram a preparar seus ro˜is (pães). Quando Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra viram as faces tranquilas dos Vai�Šavas, eles vieram e sentaram com eles. Ambos os Vai�Šavas estavam muito satisfeitos de verem tulas…-m€l€s ao redor dos pescoços de Vrajan€tha e de Vijaya Kum€ra, e as doze marcas de tilaka sobre seus corpos. Eles respeitosamen-te estenderam suas mantas e sentaram-se nelas. A fim de familiarizar-se com eles, Vrajan€tha per-guntou: “Mah€r€ja, de onde você está vindo?”

Um dos b€b€j…s respondeu: “Estamos vindo de Ayodhy€. Por muitos dias, temos desejado ter o dar�ana de ®r… Navadv…pa-dh€ma, o local de passatempo de ®r… Caitanya Mah€prabhu. Somos tão afortunados que hoje, pela misericórdia de Bhagav€n, chegamos em ®r… Navadv…pa-dh€ma. Gostaríamos de permanecer aqui por al-guns dias e ter dar�ana dos locais de passatempos de ®r…man

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697Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

Mah€prabhu.” “Certamente, vocês chegaram a ®r… Navadv…pa,” dis-se Vrajan€tha. “Vocês deveriam descansar aqui hoje, e ter dar�ana do local de nascimento de ®r…man Mah€prabhu e ®r…v€s€‰gana.” Quando aqueles dois Vai�Šavas ouviram as palavras de Vrajan€tha, eles ficaram muito felizes e recita-ram um �loka da G…t€ (15.6):

yad gatv€ na nivartante tad dh€ma paramaˆ mama

Quando alguém alcança Minha morada, ele não pre-cisa mais retornar a este mundo.

“Hoje, nossas vidas tornaram-se abençoadas. Torna-mo-nos abençoados ao ter o dar�ana de ®r… M€y€t…rtha, que é o lugar sagrado mais importante das sete Pur…s.”

Depois, os dois Vai�Šavas refletiram sobre artha-pañcaka, e apresentaram a visão de ®r… R€m€nuja so-bre estes cinco temas: sva-svar™pa, para-svar™pa, up€ya-svar™pa, puru�€rtha-svar™pa e virodh…-svar™pa. Ao ouvir estes tópicos, Vijaya Kum€ra, por sua vez, explicou tatt-va-traya, ou seja, falar sobre Ÿ�vara, j…va, prak�ti e seus in-ter-relacionamentos. Após algum tempo, ele disse: “Qual é o siddh€nta em sua samprad€ya relacionado a �r…-n€ma-tattva?” Porém, Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra não ficaram muito impressionados e nem apreciaram a resposta que deram os dois Vai�Šavas.

Depois, Vrajan€tha disse para Vijaya Kum€ra: “M€m€j…, depois de muita reflexão concluiu que a j…va pode somente encontrar seu bem-estar ao aceitar k��Ša-n€ma; não há outra maneira. O Senhor de nossa vida, ®r… Caitanya Mah€prabhu, descendeu para este M€y€t…rtha para ensinar

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698 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

�uddha-k��Ša-n€ma ao mundo. Quando ®r… Gurudeva nos instruiu a última vez, ele disse que �r…-n€ma é o mais ele-vado de todos os a‰gas de bhakti, e que devemos definiti-vamente nos esforçar para entender n€ma-tattva. Então, va-mos hoje mesmo entender a conclusão de �r…-n€ma-tattva.” Assim, eles partiram depois de cuidar das necessidades dos hóspedes.

Ao chegar o sandhy€, a escuridão começava a apare-cer. Em ®r…v€s€‰gana, o sandhy€-€rat… de ®r… Bhagav€n ha-via começado, e os Vai�Šavas estavam sentados na platafor-ma da árvore bakula. O venerável Raghun€tha d€sa B€b€j… também estava sentado ali entre eles, cantando n€ma em sua tulas… m€l€ e contando (sa‰khy€-p™rvaka). Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra ofereceram s€�˜€‰ga-praŠ€ma aos seus pés, e B€b€j… Mah€�aya abraçou-os, dizendo: “A bem-aven-turança do seu bhajana de vocês está aumentando?”

De mãos postas Vijaya Kum€ra, disse: “Prabhu, por sua misericórdia, nós estamos bem em todos os aspectos. Agora, gentilmente conceda-nos sua misericórdia esta noi-te, e instrua-nos sobre n€ma-tattva.”

Estando muito satisfeito, B€b€j… Mah€r€ja, respon-deu: “®r… Bhagav€n tem dois tipos de nomes: Seus no-mes principais (mukhya-n€ma) e Seus nomes secundários (gauŠa-n€ma). Nomes tais como S��˜i-kart€ (Criador), Jagat-p€t€ (Protetor do universo), Vi�va-nyant€ (Controla-dor do universo), Vi�va-p€laka (Mantenedor do universo), e Param€tm€ (Superalma) estão relacionados com a cria-ção, dando suporte aos modos materiais. Estes são cha-mados gauŠa (secundário), porque eles estão relacionados aos guŠas (modos da natureza material). Há muitos nomes como gauŠa, incluindo nomes tais como brahma. Embora seus frutos sejam extremamente grandes, eles não conce-

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699Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

dem facilmente resultados transcendentais (cit-phala). Os nomes que estão sempre presentes nos mundos, espiritual e material, são transcendentais e principais. Por exemplo, nomes tais como N€r€yaŠa, V€sudeva, Jan€rdana, H��…ke�a, Hari, Acyuta, Govinda, Gop€la e R€ma são todos principais. Os nomes estão presentes na morada de Bhagav€n (bhagavad-dh€ma) e são não-diferentes da sua forma (bhagavatsvar™pa). No mundo material, estes nomes dançam somente nas línguas de pessoas muito afortunadas, as quais estão atraídas por bhakti. ®r…-bhagav€n-n€ma não tem nenhuma conexão com o mundo material, e todas as �aktis das formas de Bhagav€n (bhagavat-svar™pa) estão presentes em �r…-n€ma. Além do mais, os nomes também possuem todas estas �aktis. Eles descenderam ao mundo material e estão ocupados em destruir m€y€. Exceto hari-n€ma, as j…vas não têm amigo neste mundo material. Esta dito no B�han-n€rad…ya Pur€Ša, que hari-n€ma é o único caminho.

harer n€maiva n€maiva n€maiva mama j…vanam kalau n€sty eva n€sty eva n€sty eva gatir anyath€ Brhan-n€rad…ya Pur€Ša

(38.126)

A meditação é o processo predominante para a per-feição em Satya-yuga, yajña (sacrifício) em Tret€-yuga; é arcana (adoração a Deidade) em Dv€para-yuga. Mas em Kali-yuga, somente hari-n€ma é minha vida, somente hari-n€ma é minha vida, so-mente hari-n€ma é minha vida. Em Kali-yuga, não há nada além de �r…- hari-n€ma, não há outra manei-ra, não há outra maneira, não há outra maneira.

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700 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

Hari-n€ma tem ilimitadas grandezas e maravilhosa �akti que pode destruir todos os tipos de pecados num instante. instante.

ave�en€pi yan-n€mni k…rttite sarva-p€takaiƒ pum€n vimucyate sadyaƒ siˆha-trastair m�gair iva

Garu�a Pur€Ša (232.12) Aquele que realiza o k…rtana de ®r… N€r€yaŠa com absorção livra-se imediatamente de todos os peca-dos. Eles voam para longe dele assim como um cervo assustado que ouve o rugido de um leão.

Quando alguém se refugia em �r…-hari-n€ma, todas as suas misérias e todos os tipos de doença desaparecem.

€dhayo vy€dhayo yasya smaraŠ€n n€ma-k…rttan€t tadaiva vilayam y€nti tam anantaˆ nam€my aham Skanda Pur€Ša

Ofereço reverências ao Senhor supremo, que é con-hecido como Anantadeva. Lembrar-se dEle e cantar Seus nomes imediatamente dissipa todos os tipos de doenças e misérias completamente.

A pessoa que canta hari-n€ma purifica a família, a sociedade e o mundo inteiro.

mah€p€taka-yukto’pi k…rttayann ani�aˆ harim

�uddh€ntaƒ karaŠo bh™tv€ j€yate pa‰kti-p€vanaƒ Brahm€Š�a Pur€Ša

Mesmo se alguém é muito pecaminoso, se ele con-stantemente realiza hari-n€ma, seu coração se puri-

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701Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

fica, o status de duas-vezes nascido é alcançado, e assim ele purifica o mundo inteiro.

A pessoa que se dedica ao �r…-hari-n€ma é aliviada de toda infelicidade, de todas as perturbações, e de todos os tipos de doenças.

sarva-rogopa�amaˆ sarvopadrava-n€�anam �€nti-daˆ sarva-ri�˜€n€ˆ harer n€m€nuk…rttanam

B�had-vi�Šu Pur€Ša

Quando a pessoa executa �r…-hari-n€ma-k…rtana, todos os tipos de doenças vão embora, todos os tipos de perturbações são apaziguadas, todos os tipos de obstáculos são destruídos e, ela alcança a paz supre-ma.

As qualidades degradadas de Kali não podem afetar quem canta �r…-hari-n€ma.

hare ke�ava govinda v€sudeva jaganmaya it…rayanti ye nityam na hi t€n b€dhate kaliƒ

B�han-n€r€d…ya Pur€Ša

Kali não pode ocasionar qualquer impedimento, mesmo por um instante, para aqueles que executam k…rtana constantemente cantando: Ó Hare! Ó Govin-da! Ó Ke�ava! Ó V€sudeva! Ó Jaganmaya!

Aquele que ouve �r…-hari-n€ma liberta-se do inferno.

yath€ yath€ harer n€ma k…rttayanti sma n€rak€ƒ

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702 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

tath€ tath€ harau bhaktim udvahanto divam yayuƒ N�siˆha-t€pan… Se até mesmo os residentes do inferno canta-rem hari-n€ma, eles alcançarão hari-bhakti, e entrarão na morada divina.

Cantar hari-n€ma destrói pr€rabdha-karma (os re-sultados de atividades piedosas ou impiedosas passadas as quais, neste momento, estão frutificando).

yan n€madheyaˆ m�iyam€Ša €turaƒ

patan skhalan v€ viva�o g�Šan pum€n vimukta-karm€rgala uttam€ˆ gatiˆ

pr€pnoti yak�yanti na taˆ kalau jan€ƒ ®r…mad-Bh€gavatam (12.3.44)

Se um ser humano desamparado canta uma única vez, o nome de ®r… Bhagav€n na hora da morte, em aflição, ao cair ou escorregar, toda a influência de seu karma é destruída e ele alcança a meta mais elevada. Mas, ‘Ai de nós!’ Devido à influência de Kali-yuga, as pessoas não O adoram.

É mais glorioso e benéfico o cantar de hari-n€ma-k…rtana do que o estudo dos Vedas.

m€ �co m€ yajus t€ta ma s€ma pa˜ha kiñcana govindeti harer n€ma geyam g€yasva nitya�aƒ Skanda Pur€Ša

Não há necessidade de estudar e ensinar o ¬g, S€ma e Yajur Vedas, e assim por diante. Simplesmente exe-cute constantemente o sa‰k…rtana do nome de ®r… Hari, Govinda.

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703Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

Executar hari-n€ma é melhor do que visitar todos os t…rthas (locais sagrados).

t…rtha-ko˜i-sahasr€Ši t…rtha-ko˜i-�at€ni ca t€ni sarv€Šy av€pnoti vi�Šor n€m€ni k…rttan€t Skanda Pur€Ša

O k…rtana dos nomes de ®r… Vi�Šu dá todos os result-ados obtidos por ir a milhões de t…rthas.

Mesmo um vago vislumbre de hari-n€ma (hari-n€m€bh€sa) dá ilimitadamente mais resultados do que todos os tipos de sat-karma (atividades piedosas fruitivas).

go-ko˜i-d€naˆ grahaŠe khagasya pray€ga-ga‰godaka kalpa-v€saƒ yajñ€yutam meru-suvarŠa-d€naˆ

govinda-k…rter na samaˆ �at€ˆ�aiƒ

Alguém pode dar vacas em caridade no dia de eclip-se solar; ela pode residir em Pray€ga às margens do Ga‰g€ por um kalpa; ou pode executar milhares de yajñas, e dar em caridade uma montanha de ouro tão alta como o Monte Sumeru. Ainda assim, tudo isto não pode nem mesmo ser comparado com um centé-simo da partícula de �r…-govinda-k…rtana.

Hari-n€ma pode conceder todos os tipos de benefí-cios (artha).

etat �a�-varga-haraŠaˆ ripu-nigrahaŠaˆ param adhy€tma-m™lam etad dhi vi�Šor n€m€nuk…rttanam Skanda Pur€Ša

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704 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

O sa‰k…rtana dos nomes de ®r… Vi�Šu conquista os seis sentidos e os seis inimigos (a começar por k€ma e krodha) e é a raiz do conhecimento do Eu Supremo.

Hari-n€ma está investido de toda a �akti (potência).

d€na-vrata-tapas-t…rtha-k�etr€d…nañ ca y€h sthit€ƒ �aktayo deva mahat€ˆ sarva-p€paharaƒ �ubh€ƒ

�€jas™y€�vamedh€n€ñ jñ€na-s€dhy€tma-vastunaƒ €k��ya hariŠ€ sarv€ƒ sth€pit€ sve�u n€masu

Skanda Pur€Ša

Existem muitas qualidades auspiciosas nos atos de caridade (d€na), nos votos (vrata), na austeri-dade (tapa), nos locais sagrados (t…rtha-k�etras), nos devat€s, dentro de todos os tipos de atividades corretas para remover os pecados, no agregado de todos os poderes (�aktis), nos sacrifícios R€jas™ya e A�vamedha, e na meta de conhecimento da identida-de do eu (jñ€na-s€dhya de €tma-vastu). No entanto, ®r… Hari reuniu todas estas potências e as investiu em Seus próprios nomes.

®r…-hari-n€ma concede bênçãos ao mundo inteiro.

sth€ne h��…ke�a tava prak…rtty€ jagat prah��yaty anurajyate ca

Bhagavad-g…t€ (11.36)

Ó H��…ke�a, o mundo se deleita ao ouvir o k…rtana de Seu nome e fama, assim todos ficam apega-dos a Você.

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705Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

n€r€yaŠa jagann€tha v€sudeva jan€rdana it…rayanti ye nityaˆ te vai sarvatra vandit€ƒ

B�han-n€rad…yaPur€Ša

Aqueles que sempre executam k…rtana, cantam “Ó N€r€yaŠa! Ó Jagann€tha! Ó V€sudeva! Ó Jan€rdana!” são adorados em todo lugar do mundo.

Para aqueles que não têm nenhum caminho, �r…-hari-n€ma é o único caminho.

ananya-gatayo martty€ bhogino’ pi parantap€ƒ jñ€na-vair€gya-rahit€ brahmacary€di-varjit€ƒ

sarva-dharmojjhit€ƒ vi�Šor n€ma-m€traika-jalpak€ƒ sukhena y€ˆ gatiˆ na taˆ sarve’pi dh€rmikaƒ Padma Pur€Ša

Aqueles que simplesmente executam k…rtana dos nomes de ®r… Vi�Šu, às vezes o fazem porque eles não têm nenhum outro meio de sustento, ou estão absortos na gratificação dos sentidos. Eles podem criar problemas para os outros, não praticar celibato e outras virtudes, ou estarem alheios a todo o dhar-ma. Ainda assim, o destino que eles alcançam não pode ser obtido por todos os esforços combinados das pessoas religiosas.

Hari-n€ma pode ser realizado a qualquer momento e sob qualquer circunstância.

na de�a-niyamas tasmin na k€la-niyamas tath€ nocchi�˜€dau ni�edho’sti �r…-harer n€mni lubdhaka Vi�Šu-dharmottara

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706 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

Ó você que é ávido por �r…-hari-n€ma, não há regras de tempo e lugar para o k…rtana de �r…-hari-n€ma.A pessoa pode executar hari-n€ma-k…rtana em qualquer condição, se ela estiver purificada ou contaminada, por exemplo, se ela não lavou a boca após a refeição.

Certamente, hari-n€ma concede mukti muito facil-mente para aquele que a deseja.

n€r€yaŠ€cyut€nanta-v€sudeveti yo naraƒ satataˆ k…rttayed bhuvi y€ti mal-layat€ˆ sa hi Var€ha Pur€Ša

A pessoa que vaga sobre a terra sempre cantando os nomes de N€r€yaŠa, Ananta, Acyuta e V€sudeva irá comigo para Meu planeta.

kiˆ kari�yati s€‰khyena kiˆ yogair nara-n€yaka muktim icchasi r€jendra kuru govinda-k…rttanam Garu�a Pur€Ša

Ó melhor dos homens, qual o benefício que uma pes-soa pode obter por estudar a filosofia s€‰khya ou pra-ticar a�˜€‰ga-yoga? Ó rei, se você deseja liberação, simplesmente, execute o k…rtana de Govinda.

Hari-n€ma capacita as j…vas a alcançarem VaikuŠ˜ha.

sarvatra sarva-k€le�u ye’pi kurvanti p€takam n€ma-sank…rttanam k�tv€ y€nti vi�Šoƒ paraˆ padam Nand… Pur€Ša

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707Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

Mesmo aquela pessoa que executou atividades peca-minosas sempre e em toda parte, alcança a suprema morada de Vi�Šu ao praticar n€ma-sa‰k…rtana.

Cantar hari-n€ma é a forma mais elevada para satis-fazer ®r… Bhagav€n.

n€ma-sa‰k…rttanaˆ vi�Šoƒ k�ut-t�˜-prap…�it€di�u karoti satatam vipr€s tasya pr…to hy adhok�ajaƒ B�han-n€rad…ya Pur€Ša

Ó br€hmanas! Adhok�aja Vi�Šu fica muito satisfeito com aqueles que incessantemente executam o k…rta-na de Seu nome, mesmo quando perturbados pela fome e sede.

Hari-n€ma possui a �akti que controla ®r… Bhagav€n.

�Šam etat prav�ddhaˆ me h�day€‰ n€sarpati yad-govindeti cukro�a k��Ša m€ˆ d™ra-v€sinam Mah€bh€rata

Quando eu estava longe de Draupad…, ela gritou para Mim, “Ó! Govinda!” Eu fiquei muito endividado para com ela por este chamado de agonia, e não fui capaz de remover esta dívida de Meu coração até este momento.

Hari-n€ma é o puru�€rtha (a suprema meta da vida) para as j…vas.

idam eva hi m€‰galyam eva dhan€rjanam jivitasya phalañ caitad yad d€modara-k…rttanam Skanda e Padma Pur€Šas

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708 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

O k…rtana de D€modara, é a causa de toda a auspicio-sidade, e a fonte da verdadeira riqueza. Executar tal k…rtana, é o único ganho para quem tem vida.

Hari-n€ma-k…rtana é o melhor de todos os diferen-tes tipos de bhakti-s€dhana.

agha-cchit-smaraŠaˆ vi�Šor bahv-€y€sena s€dhyate o�˜ha-spandana-m€treŠa k…rttanaˆ tu tato varam Vai�Šava-cint€maŠi

®r…-vi�Šu-smaraŠam destrói todos os pecados, mas é alcançado somente depois de muito esforço. Vi�Šu-k…rtana, porém, é superior porque o mesmo benefício é alcançado simplesmente por vibrar �r…-n€ma com os lábios.

yad-abhyarcya hariˆ bhakty€ k�te kratu-�atair api

phalaˆ pr€pnoty avikalaˆ kalau govinda-k…rttanam

Todo o benefício obtido ao realizar centenas de yajñas em Satya-yuga, pode ser alcançado em Kali-yuga, ao executar o k…rtana dos nomes de ®r… Govinda.

k�te yad dhy€yato vi�Šuˆ tret€y€ˆ yajato makhaiƒ dv€pare paricary€y€ˆ kalau tad dhari-k…rttan€t ®r…mad-Bh€gavatam (12.3.52)

Simplesmente executando o k…rtana do n€ma de ®r… Hari em Kali-yuga, concede os mesmos resultados como aqueles que são alcançados por meditar em Bhagav€n em Satya-yuga, por adorá-Lo com gran-des yajñas em Tret€-yuga, e por executar adoração formal à Deidade em em Dv€para-yuga.

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709Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

Vijaya: Prabhu, tenho completa fé que hari-n€ma é totalmente espiritual, mas ainda assim, para ficar livre de dúvidas a respeito de n€ma-tattva, é necessário entender como �r…-hari-n€ma pode ser espiritual, uma vez que é composto de sílabas (que são aparentemente materiais). Por favor, poderia esclarecer este ponto?

B€b€j…: A svar™pa (natureza e forma) de �r…-n€ma foi explicada no Padma Pur€Ša.

n€ma cint€maŠiƒ k��Ša� caitanya-rasa-vigrahaƒ p™rŠaƒ �uddho nitya-mukto `bhinnatv€n n€ma-n€minoƒ

®r…-k��Ša-n€ma é cint€maŠi-svar™pa. Isto significa que ele concede a suprema meta da vida e toda boa fortuna transcendental. Isto é porque, �r…-hari-n€ma não é diferente dEle (o possuidor de �r…-n€ma). Pela mesma razão, �r…-divya-n€ma é a essência da forma da doçura (caitanya-rasa-svar™pa), que é completa, pura, e eternamente livre do contato com m€y€.

®r…-n€ma e �r…-n€m… (Aquele que possui �r…-n€ma) não são diferentes em tattva. Por isso, �r…-k��Ša-n€ma tem todas as qualidades espirituais presentes no próprio K��Ša, o possuidor de �r…-n€ma. ®r…-n€ma é sempre a verdade completa, e não tem contato com a matéria inerte. Ele é eternamente liberado, porque Ele nunca é condicionado pe-los modos da natureza. ®r…-k��Ša-n€ma é o próprio K��Ša, e por isso Ele é a forma personificada de toda a variedade da riqueza e da doçura transcendental. ®r…-hari-n€ma é a gema que satisfaz todos os desejos (cint€maŠi), e assim ele pode conceder tudo o que alguém deseje.

Vijaya: Como podem as sílabas de �r…-hari-n€ma estarem além do reino das palavras materiais ilusórias?

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710 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

B€b€j…: Hari-n€ma não nasceu no mundo material. A centelha consciente j…va, é qualificada para recitar hari-n€ma quando ela está situada na sua forma espiritual pura. No entanto, ela não pode realizar hari-n€ma puro com os sentidos materiais, os quais estão condicionados por m€y€. Quando a j…va obtém a misericórdia de hl€din…-�akti, então a atividade de realização de sua svar™pa começa e, �uddha-n€ma surge neste momento. Quando �uddha-n€ma aparece, Ele misericordiosamente descende na faculdade mental e dança na língua, a qual foi purificada pela prática de bhakti. ®r…-hari-n€ma não é formado por letras, mas quando Ele dança na língua material, Ele se manifesta na forma de le-tras; este é o segredo de k��Ša-nama.

Vijaya: De todos os santos nomes principais qual é o mais doce?

B€b€j…: O ®ata-n€ma-stotra diz,

vi�Šor ekaikaˆ n€m€pi sarva-ved€dhikaˆ matam t€d�k-n€ma sahasreŠa r€ma-n€ma-samaˆ sm�tam

Cantar um nome de Vi�Šu outorga mais benefício do que estudar todos os Vedas, e um nome de R€ma é igual a mil nomes (sahasra-n€ma) de Vi�Šu.

Novamente é declarado no Brahm€Š�a Pur€Ša,

sahasra-n€mn€ˆ puŠy€n€ˆ trir €v�tty€ tu yat phalam ek€v�tty€ tu k��Šasya n€maikaˆ tat prayacchati

Aquele que recita �r…-k��Ša-n€ma uma vez, obtém o mesmo resultado que é obtido por cantar o vi�Šu-sa-hasra-n€ma puro três vezes.

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711Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

O significado é que mil nomes de Vi�Šu equivalem a um nome de R€ma, e três mil nomes de Vi�Šu – ou seja, três nomes de R€ma – equivalem a um nome de K��Ša. Cantar o nome de K��Ša uma só vez, dá o mesmo resultado que cantar o nome de R€ma três vezes.

Certamente, �r…-k��Ša-n€ma é o nome supremo. Por esta razão, devemos seguir a instrução do Senhor de nos-sa vida, ®r… Gaur€‰ga Sundara, e sempre cantar �r…-n€ma como ele foi dado; Hare K��Ša Hare K��Ša K��Ša K��Ša Hare Hare Hare R€ma Hare R€ma R€ma R€ma Hare Hare.

Vijaya: Qual é o processo de hari-n€ma-s€dhana?B€b€j…: Deve-se cantar hari-n€ma constantemente,

contar os nomes apropriadamente em tulas…-m€l€, ou na aus-ência desta, contar nos dedos. Deve-se permanecer sempre longe de ofensas. O fruto de �r…-hari-n€ma-k��Ša-prema, é obtido por cantar �uddha-n€ma. O motivo de manter a conta é para que o s€dhaka saiba se sua prática de �r…-hari-n€ma está aumentando ou diminuindo. Tulas…-dev… é muito querida por Hari, assim tocá-la enquanto canta o hari-n€ma significa que hari-n€ma concede mais benefícios. Quando a pessoa está praticando n€ma, ela deve entender que �r…-k��Ša-n€ma não é diferente de Sua svar™pa (a forma intrínseca, eterna).

Vijaya: Prabhu, existem nove ou sessenta e quatro di-ferentes a‰gas de s€dhana, mas cantar �r…-hari-n€ma é ape-nas uma forma. Se a pessoa está sempre praticando n€ma, como ela pode ter tempo para outras formas de s€dhana?

B€b€j…: Isto não é difícil. Os sessenta e quatro dife-rentes a‰gas de bhakti estão todos contidos dentro das nove divisões do processo de bhakti. Os nove a‰gas de bhakti, no caso da adoração (arcana) de �r…-m™rti (a Deidade) ou em nirjana-s€dhana, podem ser executado em qualquer lugar.

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712 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

Simplesmente por ouvir puramente, cantar, e se lembrar de �r…-k��Ša-n€ma diante de �r…-m™rti, o s€dhana de uma pessoa é executado. Onde não tem m™rti, simplesmente lembra-se da m™rti, e executa-se s€dhana para esta m™rti com os processos de navadh€ (nove divisões) de bhakti, na forma de ouvir e cantar �r…-n€ma, etc. Alguém afortu-nado o bastante, que tem especial ruci por n€ma, sempre canta n€ma-k…rtana. Deste modo, ele segue todos os a‰gas de bhakti automaticamente. ®r…-n€ma-k…rtana é o mais po-deroso de todos os nove processos de s€dhana: �ravaŠam, k…rtanam, etc. Durante o k…rtana, todos os outros a‰gas estão presentes, embora eles não possam ser evidentes.

Vijaya: Como é possível realizar o contínuo n€ma-sa‰k…rtana?

B€b€j…: O contínuo n€ma-sa‰k…rtana significa exe-cutar k…rtana de �r…-hari-n€ma, em todos os momentos en-quanto se senta, levanta, come, ou trabalha, exceto enquanto dorme. Em n€ma-s€dhana não há proibições relacionadas ao tempo, lugar, circunstâncias ou limpeza. Isto é, pode-se estar em uma condição pura ou impura.

Vijaya: Oh! a misericórdia de n€ma-bhagav€n é ili-mitada, mas não temos esperança de nos tornarmos VaiŠavas até você nos dar sua misericórdia, e conceder-nos a força para realizar n€ma constantemente.

B€b€j…: Já havia explicado que há três tipos de Vai�Šavas: kani�˜ha, madhyama e uttama. ®r… Caitanya Mah€prabhu disse a Satyar€ja Kh€n, que qualquer um que recebe k��Ša-n€ma é uma Vaisnava. Aquele que constan-temente canta k��Ša-n€ma é um madhyama Vai�Šava, e o uttama Vai�Šava é aquele que simplesmente por vê-lo faz k��Ša-n€ma aparecer espontaneamente em nossa boca. Visto que algumas vezes você canta k��Ša-n€ma com fé, você

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713Prameya: ®r…-N€ma-Tattva

já alcançou a posição de um Vai�Šava. Vijaya: Por favor, conte-nos tudo o mais que devemos saber sobre �uddha-k��Ša-n€ma. B€b€j…: ®uddha-k��Ša-n€ma é o k��Ša-n€ma que surgiu através da bhakti unidirecionada pelo resultado da fé plena. Fora isto, o cantar de �r…-n€ma será experimentado como n€m€bh€sa ou n€ma-apar€dha.

Vijaya: Prabhu, devemos entender que hari-n€ma é o s€dhya (a meta e o propósito) ou s€dhana (o meio)?

B€b€j…: Quando alguém recebe hari-n€ma no curso de s€dhana-bhakti, este n€ma pode ser chamado s€dhana. Contudo, quando os bhaktas recebem hari-n€ma no cur-so de bh€va-bhakti ou prema-bhakti, esta manifestação de �r…-hari-n€ma é s€dhya-vastu, ou o objetivo e o objeto da prática. A realização do s€dhaka, da contração ou expansão de �r…-hari-n€ma, irá depender de seu nível de bhakti.

Vijaya: Há uma diferença entre experiência de k��Ša-n€ma e k��Ša-svar™pa?

B€b€j…: Não, não há nenhuma diferença na expe-riência, porém a pessoa deve entender o segredo confiden-cial, que k��Ša-n€ma é mais misericordioso do que k��Ša-svar™pa. A svar™pa (forma) de K��Ša não perdoa as ofensas feitas a Ele, mas k��Ša-n€ma perdoa ambas, as ofensas co-metidas para a svar™pa e cometidas a Ele mesmo. Quan-do você canta o n€ma, deve muito claramente entender as n€ma-apar€dhas, e tentar evitá-las, porque você não pode cantar �uddha-n€ma até parar de cometer ofensas. A próxi-ma vez que você vier, discutiremos n€ma-apar€dha. Quan-do Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra aprenderam sobre as glórias de n€ma e n€ma-svar™pa-tattva, eles pegaram a poeira dos pés de lótus de ®r… Gurudeva e, sem pressa voltaram para Bilva-pu�kariŠ….

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714 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 23

Assim termina o Vigésimo Terceiro Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Prameya: ®r…-N€ma-Tattva”

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Capítulo 24Prameya: N€ma-Apar€dha

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Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra ficaram extremamen-te felizes por aprenderem as glórias de �r…-n€ma e n€ma-svar™pa-tattva. Quando eles chegaram em casa, cantaram cinquenta mil nomes em suas tulas…-m€l€s, sem ofensa e, por cantarem �uddha-n€ma, eles experimentaram a mise-ricórdia direta de K��Ša. E finalmente, quando eles foram descansar, já estava tarde da noite.

Quando eles se levantaram na manhã seguinte, discu-tiram os eventos da noite anterior e ficaram muito felizes quando eles expressaram suas próprias realizações. Eles passaram o dia se banhando no Ga‰g€, adorando K��Ša, cantando hari-n€ma, executando k…rtana, estudando o Da�a-m™la, revisando o ®r…mad-Bh€gavatam, e realizando vai�Šava-sev€ e bhagavat-pras€da-sev€. Naquela noite, eles apresentaram-se ao ku˜ira do venerável B€b€j… Mah€�aya, em ®r…v€s€‰gana. Após oferecer s€�˜€‰ga-pran€ma, Vija-ya Kum€ra perguntou sobre o tópico de n€ma-apar€dha-

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718 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 24

tattva o qual havia sido introduzido na noite anterior.Ao ouvir sobre a avidez de Vijaya Kum€ra para saber

sobre este tattva, B€b€j… Mah€r€ja ficou satisfeito, e ama-velmente, disse: “Da mesma maneira, que n€ma é a verdade mais elevada, também n€ma-apar€dha (ofensas contra �r…-n€ma) são os mais medonhos de todos os tipos de pecados e ofensas. Todos os outros tipos de pecados e ofensas vão em-bora naturalmente e automaticamente quando alguém recita �r…-n€ma, mas n€ma-apar€dha não vai embora facilmente. Na descrição das glórias de �r…-n€ma no Padma Pur€Ša, Svarga-khaŠ�a (48,49), é dito:

n€ma-apar€dha-yukt€n€ˆ n€m€ny eva haranty agham

avi�r€nta-prayukt€ni t€ny ev€rtha-kar€Ši ca

Para aqueles contagiados com n€ma-apar€dha, �r…-n€ma irá certamente remover o pecado, contanto que os s€dhakas cantem incansável e persistentemente. O próprio �r…-n€ma irá efetivar a liberação deles.

Veja, é muito difícil destruir n€ma-apar€dha. Por isso, uma pessoa deve evitar n€ma-apar€dha quando ela canta �r…-n€ma. Se ela tenta se esforçar em parar de come-ter n€ma-apar€dha, muito rapidamente �uddha-n€ma irá se manifestar.

Uma pessoa pode estar cantando este �r…-n€ma con-tinuamente, com os cabelos arrepiados e lágrimas fluindo de seus olhos, mas ainda assim pode ser que por causa de n€ma-apar€dha, ela não esteja recitando �uddha-n€ma. Por isso, os s€dhakas devem dar uma atenção especial a isto, de outra forma, eles serão incapazes de cantar �uddha-n€ma.

Vijaya: Prabhu, o que é �uddha-n€ma (o santo nome

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719Prameya: N€ma-Apar€dha

puro)?B€b€j…: ®uddha-n€ma é o hari-n€ma que está livre

dos dez tipos de ofensas. Não há consideração de pureza ou impureza com relação a pronunciação das sílabas de �r…-n€ma.

n€maikaˆ yasya v€ci smaraŠa-patha-gathaˆ �rotra-m™laˆ gataˆ v€

�uddhaˆ v€�uddha-varŠa-vyavahita-rahitaˆ t€rayaty eva satyam

tac ced deha-dravina-janat€ lobha-p€�€Ša-madhye nik�iptaˆ sy€nn aphala-janakaˆ �ighram ev€tra vipra

Padma Pur€Ša, Svarga-khaŠ�a (48.60.61)

Ó melhor dos br€hmaŠas, se somente um santo nome aparecer na língua, ou entrar no ouvido, ou surgir na lembrança da pessoa, certamente este n€ma irá liber-tá-la. De acordo com vidhi (regulação do �€stra), não é tão importante a pureza ou a impureza da pronún-cia das sílabas de �r…-n€ma (n€ma-ak�ara). Isto é o mesmo que dizer que �r…-n€ma não faz tais con-siderações. Considera-se que o real fruto do cantar não virá rapidamente se este todo-poderoso nome for cantado com o interesse pelo corpo, casa, riqueza, desenvolvimento material, filhos, família, ou cobiça por ouro, mulheres e prestígio.

Há dois tipos de obstáculos ou ofensas: comuns e grandes. ®r…-n€ma que é cantado com obstáculos comuns é n€ma-€bh€sa, que concede seu benefício algum tem-po mais tarde. N€ma que é impedido por grandes obstá-culos é n€ma-apar€dha. Esta apar€dha não irá embo-ra a menos que a pessoa cante �r…-n€ma constantemente. Vijaya: Para mim parece que o s€dhaka deveria saber

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720 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 24

sobre n€ma-apar€dha. Por favor, seja misericordioso e conte-nos sobre isto detalhadamente.

B€b€j…: Há toda uma profunda e essencial análise de-stes dez tipos de n€ma-apar€dha no Padma Pur€Ša:

sat€ˆ nind€ n€mnaƒ param apar€dhaˆ vitanute yataƒ khy€tiˆ y€taˆ katham u sahate tu tad-vigarh€m

(1) Ofensas terríveis a �r…-n€ma agravam ao criticar ou blasfemar os santos e grandes bhaktas. Como pode ®r… K��Ša tolerar blasfêmias de grandes almas que estão devotadas a �r…-n€ma, e que pregam as glórias de �r…-k��Ša-n€ma neste mundo? Por isso, a primeira ofensa é blasfemar os bhaktas.

�ivasya �r…-vi�Šor ya iha guŠa-n€m€di-sakalaˆ dhiy€ bhinnaˆ pa�yet sa khalu hari-n€m€hita-karaƒ

(2) Neste mundo material, o nome, forma, qualida-des e passatempos de ®r… Vi�Šu, e assim por diante, são todos auspiciosos para todos os seres. Se a pes-soa os considera como sendo fenômenos materiais e diferentes do próprio ®r… Vi�Šu, isto será prejudicial para seu cantar de �r…-hari-n€ma. Também é n€ma-apar€dha, acreditar que ®iva e os outros devas são independentes ou iguais a ®r… Vi�Šu.

As outras ofensas são:(3) guror avajñ€: desrespeitar �r…-guru que conhece n€ma-tattva, considerando-o um ser humano co-mum, com o corpo feito de cinco elementos mate-riais.(4) �ruti-�€stra-nindanam: blasfemar os Vedas, os S€tvatas, os Pur€Šas, e outros �€stras.

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721Prameya: N€ma-Apar€dha

(5) artha-v€daƒ: pensar que é um exagero a glori-ficação de �r…-hari-n€ma no �€stra.(6) hari-n€mni kalpanam: interpretar �r…-hari-n€ma (de uma maneira mundana) ou pensar que o próprio n€ma é um produto da imaginação.

n€mno bal€d yasya hi p€pa-buddhir na vidyate tasya yamair hi �uddhiƒ

(7) É certo que uma pessoa que esteja ocupada em atividades pecaminosas apoiando-se na força de �r…-n€ma, não pode ser purificada por práticas arti-ficiais de yoga, tais como yama, niyama, dhy€na e dh€raŠ€.

dharma-vrata-ty€ga-hut€di-sarva

�ubha-kr…ya-s€myam api pram€daƒ

(8) É uma ofensa pensar que rituais e atividades pie-dosas materiais, tais como dharma, vrata, ty€ga, e homa sejam iguais, ou mesmo comparáveis ao �r…-divya-n€ma (o nome transcendental) de Bhagav€n.

a�raddadh€ne vimukhe’pi a��nvati

ya� copade�aƒ �iva-n€ma-apar€dhaƒ

(9) É n€ma-apar€dha dar instruções sobre o auspi-cioso �r…-n€ma para aqueles que são infiéis ou são aversos a ouvir �r…-n€ma.

�rute ‘pi n€ma-m€h€tmye yaƒ pr…ti-rahito naraƒ

ahaˆ-mam€di-paramo n€mni so’py apar€dha-k�t

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722 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 24

(10) A pessoa é um n€ma-apar€dhi se, mesmo de-pois de ouvir as maravilhosas glórias de �r…-n€ma, ela não demonstra amor ou entusiasmo para cantar �r…-n€ma e, se agarra as concepções materiais, de “eu” e “meu”; isto é, “eu sou este corpo, composto de sangue, carne e pele, e as coisas relacionadas a este corpo são minhas.”

Vijaya: Por favor, faça-nos entender todas estas ofensas explicando cada �loka detalhadamente. B€b€j…: O primeiro �loka descreve duas ofensas. É uma grande ofensa blasfemar, censurar ou desrespeitar bhaktas que tenham completamente abandonado práticas material-mente motivadas, tais como karma, dharma, jñ€na, yoga e tapasy€, e com um exclusivo humor de devoção, abrigou-se no �r…-n€ma de Bhagav€n. ®r…-Hari-N€ma Prabhu não pode tolerar blasfêmias àqueles que pregam efetivamente as glórias de �r…-n€ma neste mundo. Não se deve blasfe-mar aqueles bhaktas que são exclusivamente devotados a �r…-n€ma. Ao invés disso, a pessoa deve aceitá-los como a melhor das pessoas santas. Ela deve permanecer e executar n€ma-k…rtana na associação deles. Certamente, a pessoa irá alcançar a misericórdia de �r…-n€ma rapidamente ao fazer isto.

Vijaya: Agora podemos entender a primeira ofensa claramente. Bondosamente explique-nos a segunda ofensa.

B€b€j…: A segunda ofensa é mencionada na segunda parte do primeiro �loka, ela foi explicada de duas manei-ras.

A primeira explicação é que é uma ofensa a �r…-n€ma considerar que Sad€�iva e outros lideres dos devas sejam independentes de ®r… Vi�Šu. De acordo com o bahv-…�vara-v€da (a doutrina de muitos controladores), Sad€�iva é um

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723Prameya: N€ma-Apar€dha

controlador perfeitamente poderoso, que é independente e separado de Bhagav€n ®r… Vi�Šu. Entretanto, esta concepção cria um obstáculo para a hari-bhakti exclusiva. ®r… K��Ša é realmente o controlador de todas as coisas e de todos, e ®iva e os outros devas somente alcançam sua posição como con-troladores através de Seu poder. Estes devas não tem seus próprios poderes separados, e é n€ma-apar€dha executar hari-n€ma pensando que eles são independentes.

A segunda explicação é que também é uma ofensa para �r…-n€ma considerar que a svar™pa toda-auspiciosa e intrínseca de ®r… Bhagav€n, Seu nome, forma, qualidades e passatempos, sejam diferentes da forma (vigraha) eterna e perfeita de Bhagav€n. O nome de K��Ša, Suas qualidades e Seus passatempos, são todos transcendentais e não são di-ferentes um do outro. A pessoa deve executar k��Ša-n€ma-sa‰k…rtana com este conhecimento e realização, de outra maneira haverá apar€dha (ofensa feita a �r…-n€ma). Deste modo, deve-se executar k��Ša-n€ma depois de primeiro compreender sambandha-jñ€na; este é o processo.

Vijaya: Posso entender a primeira e a segunda n€ma-apar€dhas muito bem, porque o senhor amavelmente ex-plicou-me o relacionamento de simultânea unidade e dife-rença entre a forma espiritual transcendental e o próprio ®r… K��Ša, que é o possuidor da forma; entre Suas qualidades transcendentais e Ele que é o possuidor destas qualidades; entre seus nomes e Ele que é o possuidor destes nomes, e entre as partes e o todo. A pessoa que se abriga em �r…-n€ma também deve aprender de Gurudeva sobre as respectivas natureza de cit (consciência) e acit (inconsciente) tattvas, e sobre o relacionamento entre eles. Agora, bondosamente explique a terceira ofensa.

B€b€j…: O �r…-n€ma-guru é aquele que dá instruções

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724 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 24

sobre a superioridade de n€ma-tattva, e o dever da pessoa é manter sua bhakti fixa e resoluta a ele. É n€ma-apar€dha minimizar a posição do n€ma-guru, pensando que ele co-nhece somente sobre n€ma-�astra, enquanto os estudiosos da filosofia Ved€nta e outros �€stras realmente sabem o significado dos �€stras. Na realidade, nenhum guru é supe-rior ao n€ma-tattva-vid guru, é uma ofensa pensar que ele seja menos importante.

Vijaya: Prabhu, se eu puder manter bhakti pura por você, estarei certo do meu bem-estar. Por favor, explique-me a quarta ofensa.

B€b€j…: No �ruti há uma instrução especial a respeito da meta última. Lá, está declarado que as glórias de �r…-n€ma são o processo espiritual mais elevado.

oˆ €sya j€nanto n€ma-cid-viviktanas mahas te vi�Šo sumatiˆ bhaj€mahe

oˆ tat sat

Ó ®r… Vi�Šu, aquele que canta �r…-n€ma atenciosa e apropriadamente não se confundirá nem ficará perturbado em seu bhajana e outras práticas regulativas. Em outras pa-lavras, quando a pessoa aceita �r…-n€ma, não há questão de lugar, tempo ou pessoa que seja favorável e desfavorável, porque �r…-n€ma é todo-iluminante, a forma personificada do conhecimento e o, supremo objeto conhecível. Por isso, oferecemos nossas orações a �r…-n€ma.

oˆ padaˆ devasya namas€ vyantaƒ

�ravasya va�rava €nnam�ktam n€m€ni cid dadhire yajñiy€ni

bhadr€yante raŠayantaƒ sand��tau

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725Prameya: N€ma-Apar€dha

Ó Senhor adorável, eu estou oferecendo reverências aos Seus pés de lótus repetidas vezes. Por ouvir as glórias de Seus pés de lótus os bhaktas, obtêm qualificação (adhik€ra) para fama e liberação, mas qual é o valor disto? Ainda mais gloriosos são aqueles bhaktas que se ocupam em discus-sões e debates para estabelecerem Seus pés de lótus como a morada última, e juntos cultivam uma relação de servi-ço a Você, através da prática de sa‰k…rtana. Quando €sakti desperta em seus corações, eles abrigam-se exclusivamente em Sua caitanya-svar™pa-n€ma (o nome plenamente cons-ciente) para alcançar o dar�ana de Seus pés de lótus.

oˆ tat u stot€raƒ p™rvaˆ yath€vida �tasya garvabhaˆ janu�€ piparttana

€sya j€nanto n€ma cid-viviktana mahas te vi�Šo sumatiˆ bhaj€mahe

Hari-bhakti-vil€sa (11.274.276) ¬g Veda (1.156.3)

A letra ‘u’ revela quão grande surpresa é essa de que não podemos tornar nossas vidas bem-sucedidas ao executar k…rtana de ®r… K��Ša como você faz, glo-rificando aquela supremamente renomada Realidade tat e sat completa e primordial (pad€rtha). A razão é que não sabemos como Seu stava (orações) e k…rtana deveriam ser realizados. Por isso, nosso dever eterno é satisfazer o propósito de nossas vidas humanas ao dedicar-nos incessantemente ao cantar dos santos nomes (hari-n€ma-k…rtana).

Todos os Vedas e Upani�ads proclamam as glórias de �r…-n€ma, e é n€ma-apar€dha blasfemar os mantras que revelam as glórias de �r…-n€ma. Algumas pessoas desafor-

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726 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 24

tunadas negligenciam os �rutis-mantras que dão estas instruções e, dão mais respeito para as outras instruções do �ruti. Isto é também n€ma-apar€dha, e o resultado é que o ofensor não irá ter nenhum gosto por n€ma. Você deveria executar hari-n€ma com o entendimento que estes princi-pais �ruti-mantras são a vida e alma do �ruti.

Vijaya: Prabhu, parece que néctar está vertendo de sua boca. Agora, estou desejoso para entender a quinta ofensa.

B€b€j…: A quinta ofensa é dar interpretações munda-nas a �r…-n€ma. O Jaimin…-saˆhit€ explica esta ofensa como se segue:

�ruti-sm�ti-pur€Šesu n€ma-m€h€tmya-v€cisu ye’rthav€da iti br™yur na te�€ˆ niraya-k�ayaƒ

Aqueles que consideram que os mantras dos Vedas, Pur€Šas, Upani�ads e outras literaturas Védicas exa-geram na glorificação do nome de Bhagav€n, irão ao inferno perpétuo e jamais retornarão.

No Brahma-saˆhit€, ®r… Bhagav€n disse para ®r… Brahm€:

yan-n€ma-k…rtana-phalaˆ vividhaˆ ni�amya na �raddhadh€ti manute yad ut€rthav€dam yo m€nu�as tam iha duƒkha-caye k�ip€mi saˆs€ra-ghora-vividh€rtti-nip…�it€‰gam

Se um ser humano não desenvolve fé quando ouve as glórias de hari-n€ma, mas acredita que elas são um exagero, eu o co loco no terrível ciclo de nascimentos

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727Prameya: N€ma-Apar€dha

e mortes onde há todos os tipos de misérias. Nos �€stras (escrituras) é dito que os nomes de Bhagav€n contêm to-das Suas �aktis. ®r…-n€ma é completamente espiritual e, por isto Ele é bem-sucedido em destruir a ilusão deste mundo material.

k��Šeti mangalaˆ n€ma yasya v€ci pravarttate bhasm…-bhavanti r€jendra mah€p€taka-ko˜ayaƒ Vi�Šu-dharma Pur€Ša

Ó rei, milhões de pecados são reduzidos a cinzas se a supremamente auspiciosa forma do nome de K��Ša reside na boca de alguém.

nanyat pasyami jantunam vihaya hari-kirttanam

sarva-papa-prasamanam prayaascittam dvijottama Brhan-naradiya Purana

Ó melhor entre os br€hmaŠas, �r…-hari-n€ma é a ex-piação que destrói todas as formas de pecados, eu considero que aquele que abandona hari-n€ma não passa de um animal.

n€mno hi y€vat… �aktiƒ p€pa-nirharaŠe hareƒ t€vat kartuˆ na �aknoti p€takaˆ p€tak… naraƒ B�had-vi�Šu Pur€Ša

A potência de �r…-hari-n€ma pode remover mais pe-cados, do que possivelmente a pessoa mais pecami-nosa possa cometer.

Todas estas glórias de �r…-n€ma são a suprema ver-dade absoluta, mas quando aquelas pessoas ocupadas em

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728 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 24

karma e jñ€na ouvem-nas, elas inventam explicações para proteger suas próprias atividades. As explicações delas é que as glórias de �r…-n€ma mencionadas nos �€stras não são realmente a verdade, mas são exageros com o propósito de criar gosto por �r…-n€ma.

N€ma-apar€dha irá prevenir tais ofensores de obter gosto por hari-n€ma. Você deveria executar hari-n€ma com fé completa nas declarações dos �€stras, e nunca se associar com aqueles que dão explicações mundanas. Além disso, se eles aparecerem de repente diante de nossos olhos, deve-mos tomar banho com toda nossa roupa. Esta é a instrução de ®r… Caitanya Mah€prabhu.

Vijaya: Prabhu, parece ser difícil para chefes de família cantarem �uddha-hari-n€ma, porque nós estamos sempre cercados por pessoas ofensivas, que não são nem um pouco devocionais. Para br€hman€s-paŠ�ita, como nós, é difícil obter sat-sa‰ga. Prabhu, por favor, dê-nos for-ça para abandonar a má associação. Quanto mais ouço de sua boca, mais minha sede por ouvir aumenta. Por favor, agora explique a sexta ofensa para nós.

B€b€j…: A sexta ofensa é considerar que �r…-bhagav€n-n€ma é imaginário. Os M€y€v€d…s e materialistas fruitivos, pensam que o imutável nirvi�e�a-brahma seja a Verdade Absoluta. Aqueles que acreditam que os ��is imaginaram �r…-bhagav€n-n€ma tais como R€ma e K��Ša, como um mé-todo para alcançar a perfeição são n€ma-apar€dh…s. Hari-n€ma não é imaginário; Ele é um vastu espiritual eterno. ®r…-sad-guru e os �€stras Védicos instruem-nos que quando nós ocupamos no processo de bhakti, hari-n€ma manifesta-se em nossos sentidos espirituais. Por isso, hari-n€ma deve ser aceito como a Verdade absoluta, e se alguém pensa que Ele é imaginário, jamais poderá alcançar Sua misericórdia.

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729Prameya: N€ma-Apar€dha

Vijaya: Prabhu, antes de abrigar-nos nos seus deste-midos pés de lótus, devido à má associação, nós também pensávamos desta maneira. Agora, por sua misericórdia, esta concepção foi dissipada. Por favor, explique a sétima ofensa para nós.

B€b€j…: Aquele que se ocupa em atividades peca-minosas apoiando-se na força de �r…-n€ma é um n€ma-apar€dh…. Se a pessoa executa atividades pecaminosas com a crença que sri-nama irá purificá-la, ela não poderá livrar-se destas montanhas de pecados apesar de seguir as regras e regulações da conduta Vai�Šava. Porque todas estas ati-vidades assumem a forma de mais pecados, os quais estão na categoria de n€ma-apar€dha e, somente o processo para nulificar n€ma-apar€dhas poderá destruí-los.

Vijaya: Prabhu, se hari-n€ma pode destruir todos os pecados sem exceção, então por que ele não destrói os pe-cados da pessoa que canta �r…-n€ma, e por que ela é consi-derada uma ofensora?

B€b€j…: Desde o dia em que a j…va obtém �uddha-n€ma, um nome que ela recitar destruirá certamente a soma total de todo seu pr€rabdha e apr€rabdha-karma e, através do segundo nome, prema surgirá. Aqueles que cantam �ud-dha-hari-n€ma não tem nem mesmo desejos de executar atividades piedosas e, o que dizer de manterem a mentali-dade p€pa-buddhi de que “Devo cometer pecados e, então cantar n€ma para exonerar-me destes pecados.” Uma pes-soa que aceitou o abrigo de �r…-n€ma jamais cometerá pe-cado. No entanto, pode ser que um s€dhaka recite somente n€ma-€bh€sa, e não �uddha-n€ma, por causa de alguns re-manescentes de n€ma-apar€dha. Os pecados que ele come-teu antes de cantar n€ma-€bh€sa estão sendo destruídos e, não há gosto por cometer novos pecados.

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730 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 24

N€ma-€bh€sa lentamente também destrói qualquer kar-ma pecaminoso restante por causa de práticas anteriores. Algumas vezes, ele sem querer comete novos pecados, mas eles também irão embora por causa de seu n€ma-€bh€sa. Todavia, é considerado n€ma-apar€dha aceitar o abrigo de �r…-n€ma, e então se ocupar em atividades pecaminosas, pensando, “Já que a influência de �r…-n€ma destrói todos os meus pecados, certamente ele também irá destruir os peca-dos que eu estou cometendo agora.”

Vijaya: Agora, bondosamente conte-nos sobre a oita-va ofensa.

B€b€j…: Sat-karma refere-se a todos os tipos de dhar-ma (no sentido geral), isto é, varŠ€�rama, praticar caridade e outras atividades piedosas, observar votos (vrata) e outros tipos de atividades auspiciosas, renunciar os resul-tados de todas as atividades (sanny€sa-dharma), todos os tipos de yajñas, a�˜€‰ga-yoga, e qualquer outro que o �€stra define como atividade auspiciosa. Estes são todos contados como dharma material (ja�a-dharma), enquanto que o �r…-n€ma de Bhagav€n é transcendental a natureza material. Todos estes sat-karma são somente meios auxiliares para alcan-çar a meta transcendental bem-aventurada, eles não são a meta em si. Contudo, hari-n€ma é o meio no momento do s€dhana, e ele é o próprio s€dhya, a meta no momen-to de alcançar o resultado. Portanto, sat-karma não tem a menor possibilidade de ser comparado com hari-n€ma, e aqueles que consideram que sat-karma é igual a hari-n€ma são n€ma-apar€dh…s. Aquele que ora para �r…-hari-n€ma pelos insignificantes resultados da realização sat-karma é um n€ma-apar€dh…, porque suas atividades expõem a concepção de que várias formas de sat-karma são iguais a �r…-n€ma. Você deveria aceitar o abrigo de hari-n€ma com

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731Prameya: N€ma-Apar€dha

inteligência espiritual, sabendo que os resultados de sat-karma são muito insignificantes. Este é o entendimento do processo de s€dhana (abhidheya-jñ€na).

Vijaya: Prabhu, nós entendemos muito bem que não há nada igual a hari-n€ma. Agora, misericordiosamente ilu-mine-nos sobre a nona ofensa.

B€b€j…: Dentre todas as instruções dos Vedas, as in-struções sobre hari-n€ma são as mais importantes, e so-mente aqueles que têm fé em bhakti exclusiva são quali-ficados para ouvir as glórias de �r…-n€ma. É uma ofensa dar instruções sobre hari-n€ma, para aqueles que não tem fé, que são aversos ao serviço transcendental a Hari, ou que não tem gosto por ouvir n€ma. É um grande benefício dar instruções que hari-n€ma é a mais exaltada de todas as práticas espirituais, e que todos que aceitam hari-n€ma irão tornar-se muito afortunados, mas a pessoa não deve dar tais instruções sobre hari-n€ma para aqueles que são desqua-lificados. Quando você se torna um parama-bh€gavata, então será também capaz de transmitir �akti. Tal grande Vai�Šava pode primeiro criar fé em hari-n€ma ao conce-der �akti espiritual para as j…vas, e depois disto instrui-las sobre hari-nama. Contudo, enquanto você permaneçer um madhyama Vai�Šava, deverá evitar aqueles que são infiéis, desinteressados e invejosos.

Vijaya: Prabhu, como deveríamos entender o compor-tamento daqueles que dão hari-n€ma para pessoas desqua-lificadas pela cobiça, por riqueza, nome e fama? B€b€j…: Eles são n€ma-apar€dh….

Vijaya: Por favor, explique a décima ofensa. B€b€j…: As pessoas no mundo material pensam: “Sou

isso ou aquilo. Esta riqueza, filhos e parentes são todos meus.” Eles estão loucamente absortos em tal consciência

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732 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 24

material. Se por coincidência eles ouvirem as glórias de hari-n€ma de pessoas instruídas, um momento de renúncia ou conhecimento pode aparecer, mas então se eles consci-entemente não mantêm sua atração por �r…-nama, eles são também n€ma-apar€dh…s. Portanto, é dito no segundo �loka do ®ik�€�˜aka:

n€mn€m ak€ri bahudh€ nija sarva-�aktis tatr€rpit€ niyamitaƒ smaraŠe na k€laƒ

et€d��… tava k�p€ bhagavan mam€pi durdaivam …d��am ih€jani n€nur€gaƒ

Ó Bhagav€n, Você Se manifestou em vários nomes, tais como K��Ša, Govinda, Gop€la, Vanam€l…, e as-sim por diante. Você investiu todas as Suas energias (�aktis) nestes nomes, e não há regras quanto a tempo ou lugar desfavorável para se lembrar de �r…-n€ma. Sua misericórdia é sem causa, mas desafortunada-mente, devido as minhas ofensas (apar€dhas), não tenho gosto por �r…-hari-n€ma, o qual Você tornou facilmente disponível.

Deve-se permanecer livre dos dez tipos de n€ma-apar€dha, e ocupar-se em hari-n€ma. Ao agir assim, �r…-n€ma irá rapidamente conceder Sua misericórdia na forma de prema, e transformá-lo num parama-bh€gavata.

Vijaya: Prabhu, agora eu posso entender que estes M€y€v€d…s, karm…s e yog…s são todos ofensores de �r…-n€ma. Neste caso, é apropriado para Vai�Šavas puros parti-cipar quando várias pessoas se reúnem para executar n€ma-sa‰k…rtana?

B€b€j…: Não é apropriado para Vai�Šavas partici-par em grupos de sa‰k…rtana no qual n€ma-apar€dh…s são

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733Prameya: N€ma-Apar€dha

proeminentes e o cantor líder é um n€ma-apar€dh…. Contu-do, não há falta em participar em grupos de sa‰k…rtana no qual Vai�Šavas puros ou bhaktas em geral que são n€ma-€bh€s…s são proeminentes. Ao contrário, em tal sa‰ga ha-verá ganhos na forma de €nanda em n€ma-sa‰k…rtana. Já é tarde. Amanhã falarei a vocês sobre n€mabh€sa.

Vijaya e Vrajan€tha ficaram extáticos com n€ma-prema. Depois, ofereceram orações para B€b€j… Mah€r€ja, eles colocaram sua preciosa poeira dos pés sobre as suas testas, e voltaram para casa, cantando o k…rtana, hari ha-raye namaƒ k��Ša y€dav€ya namaƒ!

Assim termina o Vigésimo Quarto Capítulo doJaiva-Dharma, intitulado

“Prameya: N€ma-Apar€dha”

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Capítulo 25Prameya: N€m€bh€sa

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No dia seguinte logo após o sandhy€, Vijaya e Vrajan€tha chegaram diante do venerado B€b€j…, após ter oferecido s€�˜€‰ga-daŠ�avat, eles sentaram-se em seus €sanas. Vijaya teve a oportunidade de humildemente per-guntar: “Prabhu, bondosamente tenha misericórdia e conte-nos tudo sobre n€m€bh€sa-tattva. Estamos muito desejosos para saber o segredo de n€ma-tattva.”

B€b€j… respondeu: “Vocês são muito afortunados. Se vocês querem entender n€ma-tattva, devem aprender estes três tópicos muito bem: n€ma, n€m€bh€sa e n€ma-apar€dha. Já expliquei o suficiente sobre n€ma e n€ma-apar€dha, agora irei explicar sobre n€m€bh€sa, que signi-fica a semelhança de �r…-n€ma.

Vijaya: O que é n€m€bh€sa, e quantos tipos de €bh€sa existem?

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738 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 25

B€b€j…: A palavra €bh€sa significa brilho, sombra ou reflexo. Como o brilho que emana de um objeto natural-mente lustroso tem k€nti (refulgência) ou ch€y€ (sombra), assim como o sol o Nome tem dois tipos de €bh€sa: um é a sombra (n€ma-ch€y€) e o outro é o reflexo (n€ma-pratibim-ba). Pessoas eruditas que são versadas em bhakty-€bh€sa, bh€va-€bh€sa, n€m€bh€sa e vai�Šava €bh€sa dizem que todos os tipos de €bh€sa têm duas divisões: pratibimba (re-flexo) e ch€y€ (sombra).

Vijaya: Qual é a relação entre bhakty-€bh€sa, bh€va-€bh€sa, n€m€bh€sa e vai�Šava €bh€sa?

B€b€j…: Quando os Vai�Šavas praticam hari-n€ma, e sua prática está no nível de bhakty-€bh€sa, o n€ma que eles cantam é chamado de n€m€bh€sa. Eles também são vai�Šava-€bh€sa, não são bhaktas puros. Bh€va e bhakti são uma e a mesma coisa; é somente porque eles estão em diferentes níveis que eles são conhecidos por diferentes no-mes.

Vijaya: Em que plataforma é a j…va chamada vai�Šava-€bh€sa?

B€b€j…: O ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.47) diz:

arc€y€m eva haraye p™j€ˆ yaƒ �raddhayehate na tad-bhakte�u c€nye�u sa bhaktaƒ pr€k�taƒ sm�taƒ

A pessoa é um devoto materialista (kani�˜ha) se ela aceita a arc€-m™rti de Bhagav€n como ®r… Hari e a adora com fé, mas não adora sinceramente os bhak-tas de K��Ša ou outras j…vas.

Neste �loka a palavra �raddh€ é mencionada. Contu-do, o significado pretendido é �raddh€bh€sa, não �radha.

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739Prameya: N€m€bh€sa

pura, porque se a pessoa adora K��Ša, mas não Seus bhaktas, sua �raddh€ é uma ou outra, ou ch€y€ (sombra) ou pratibimba (reflexo). Este tipo de fé é mundana, e não espiritual(apr€k�ta-�raddh€). Portanto, nós devemos enten-der que qualquer um que tiver este tipo de fé é um devo-to materialista (pr€k�ta-bhakta), ou um Vai�Šava aparente (vai�Šava-€bh€sa). ®r…man Mah€prabhu disse que o pai e o tio de ®r… Raghun€tha d€sa Gosv€m…, Hira‰ya e Govardha-na eram vai�Šava-pr€ya. Isto significa que eles aceitaram as marcas e vestes Vai�Šavas, e cantavam n€m€bh€sa, como se eles fossem �uddha-bhaktas, mas realmente eles não eram Vai�Šavas puros.

Vijaya: Os M€y€v€d…s podem também serem chama-dos de vai�Šava-€bh€sa se eles aceitaram os símbolos de um Vai�Šava e cantam �r…-n€ma?

B€b€j…: Não, eles não podem nem mesmo ser cha-mados vai�Šava-€bh€sa. Eles são simplesmente ofensores, assim eles são chamados vai�Šava-apar€dh….

Eles podem ser chamados vai�Šava-€bh€sa, no sen-tido de que eles se refugiaram em pratibimba-n€m€bh€sa e pratibimba-bh€va-€bh€sa, mas eles são ofensores tão grandes que deveriam até mesmo serem separados do nome Vai�Šava.

Vijaya: Prabhu, por favor, explique os sintomas de �uddha-n€ma mais claramente, para que possamos facil-mente entender.

B€b€j…: ®uddha-n€ma significa cantar n€ma com uma atitude favorável, enquanto mantém-se livre de todos os desejos materiais (any€bhil€�a), e da cobertura de jñ€na, karma e assim por diante.

Desejar a suprema bem-aventurança que vem quan-do a natureza transcendental de n€ma manifesta-se clara-

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740 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 25

mente não é any€bhil€�a .Quaisquer tipos de desejos além deste – tais como os desejos por estar livre de pecados e de obter liberação – são certamente any€bhil€�a. E en-quanto any€bhil€�a permanecer não haverá �uddha-n€ma; e enquanto a pessoa desejar os frutos da prática de jñ€na, karma, yoga e assim por diante �uddha-n€ma não irá se ma-nifestar.

®uddha-n€ma vem somente com a aceitação de n€ma com inclinações favoráveis e, rejeição de todas as emoções desfavoráveis do coração. Se a pessoa mantém em mente estas características de bhakti e as considera cuidadosamen-te, fica evidente que �uddha-n€ma é certamente o n€ma que está livre de n€ma-apar€dha e n€m€bh€sa. Por isso, ®r… Gauracandra, o misericordioso avat€ra de Kali-yuga, dis-se:

t�Š€d api sun…cena taror api sahi�Šun€ am€nin€ m€nadena k…rtan…yaƒ sad€ hariƒ

®ik�€�˜aka (3)

A pessoa deve considerar-se mais insignificante e inferior do que uma palha na rua, ser mais tolerante do que uma árvore. Ela deve oferecer todo o respei-to aos outros, sem desejá-lo para si própria. Assim, ela estará qualificada para cantar constantemente �r…-n€ma. Vijaya: Prabhu, qual é a diferença intrínseca entre

n€m€bh€sa e n€ma-apar€dha?B€b€j…: Quando não há �uddha-n€ma, �r…-n€ma

é chamado n€m€bh€sa. Este n€m€bh€sa é chamado n€m€bh€sa em um está-

gio e, n€ma-apar€dha em outro. É chamado n€m€bh€sa, quando devido à ignorância canta-se impuramente, ou seja, sob o controle da ilusão e desatenção. No entan-

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to, quando esta impureza vem do impulso do desejo para a gratificação dos sentidos (bhoga) ou liberação (mok�a), ou é influenciada pela concepção M€y€v€da, é chamado n€ma-apar€dha. Se os outros tipos de apar€dhas que eu disse a você antes estiverem presentes simplesmente devi-do a ignorância, o a�uddha-n€ma (nome impuro) cantado nesta situação não é n€ma-apar€dha, porém n€m€bh€sa. A pessoa deve lembrar que se ela não comete n€ma-apar€dha quando canta, existe a esperança que n€m€bh€sa vá embora, e que �uddha-n€ma apareça. Porém, se há n€ma-apar€dha, o despertar do n€ma puro no coração pode somente aconte-cer com grande dificuldade. Não há outro meio para obter benefício além deste método que eu expliquei para tornar-se livre de ofensas contra �r…-n€ma.

Vijaya: Se a pessoa está recitando n€m€bh€sa, o que deveria ela fazer para que este n€m€bh€sa possa se trans-formar em �uddha-n€ma?

B€b€j…: É aconselhável a associação de �uddha-bhaktas. Se ela permanecer na companhia desses bhaktas e cantar n€ma de acordo com a ordem e orientação deles, ela irá adquirir um gosto por �uddha-bhakti. E então �uddha-n€ma aparecerá na língua no devido momento. Ao mesmo tempo, ela deverá abandonar diligentemente a companhia de n€ma-apar€dh…s, porque �uddha-n€ma não manifestará se ela permanecer na associação deles. Sat-sa‰ga é a única causa da boa fortuna da j…va. É por isso que o Senhor de nossa vida, ®r… Gaur€‰gadeva, instruiu San€tana Gosv€m… que sat-sa‰ga é certamente a raiz de bhakti. A pessoa deve sempre renunciar a associação com mulheres e não-devotos e, praticar k��Ša-n€ma na associação de bhaktas.

Vijaya: Prabhu, o s€dhaka pode cantar �uddha-n€ma sem deixar sua esposa?

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B€b€j…: Certamente, é imperativo deixar a associação de mulheres. Um g�hastha-vai�Šava que permanece com sua esposa casado em um humor desapegado está agindo apropriadamente no mundo Vai�Šava e, isto não é chamado “associação com mulheres”. O apego de homens por mu-lheres e de mulheres por homens é chamado yo�it sa‰ga. Se um chefe de família canta k��Ša-n€ma e abandona seus apegos, então ele irá certamente alcançar a mais elevada meta da vida.

Vijaya: Quantos tipos de n€m€bh€sa existem?B€b€j…: O ®r…mad-Bh€gavatam (6.2.14) enumera

quatro tipos de n€m€bh€sa:

s€‰ketyaˆ p€rih€syaˆ v€ stobhaˆ helanam eva v€ vaikuŠ˜ha-n€ma-grahaŠam a�e�€gha-haraˆ viduƒ

A pessoa pode recitar �r…-k��Ša-n€ma para: indicar outra coisa (sa‰keta), em tom de brincadeira (parih€sa), com contrariedade (stobha) ou desrespeitosamente (hel€). Pessoas eruditas sabem que estes quatro tipos de sombras, n€m€bh€sa, destroem pecados ilimitados.

Aqueles que são ignorantes de n€ma-tattva e sam-bandha-tattva realizam estes quatro tipos de n€m€bh€sa.

Vijaya: O que é s€‰ketya-n€m€bh€sa?B€b€j…: S€‰ketya-n€m€bh€sa é proferir o nome

de Bhagav€n ao se referir a outra coisa. Por exemplo, Aj€mila chamou seu filho N€r€yaŠa no momento da mor-te, mas o nome Bhagav€n ®r… K��Ša é também N€r€yaŠa, assim Aj€mila ao pronunciar ‘N€r€yaŠa’ é um exemplo de s€‰ketya-n€m€bh€sa. Quando os muçulmanos veem um porco, eles demonstram ira e exclamam: “H€r€ma! H€r€ma!” A exclamação ‘h€r€ma’ contém duas palavras

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743Prameya: N€m€bh€sa

‘h€’ e ‘r€ma’, assim a pessoa proferindo a palavra ‘h€r€ma’ também obtém libertação do ciclo de nascimentos e mortes como um resultado de cantar este s€‰ketya-n€ma. Todos os �€stras aceitam que n€m€bh€sa concede mukti. Através de �r…-n€ma, o relacionamento é fortemente estabelecido com Mukunda (o doador da liberação). Por-tanto, ao recitar �r…-n€ma a pessoa está em contato com Bhagav€n, Mukunda, e por este contato, mukti (liberação) é facilmente obtida. A mesma liberação que é obtida com grandes dificuldades através de brahma-jñ€na, está facil-mente disponível para todos sem grandes dificuldades atra-vés de n€m€bh€sa.

Vijaya: Prabhu, nós lemos em diferentes partes nos �€stras, que aqueles que recitam os nomes de K��Ša em tom de brincadeira obtêm liberação. Isto inclui aqueles que desejam liberação (mumuk�u), aqueles que se vangloriam de sua vã erudição, mlecchas que são desprovidos de tattva-jñ€na, e aqueles que são asurikas (demoníacos) e na rea-lidade opostos à meta última. Agora, por favor, conte-nos sobre stobha-n€m€bh€sa.

B€b€j…: Stobha significa recitar �r…-n€ma em tom de contrariedade para impedir outros em seu cantar do nome de K��Ša. Por exemplo, enquanto um bhakta puro está can-tando hari-n€ma, um ofensor pode vê-lo, e fazer caretas, dizendo: “Seu ‘Hari-quista’ irá lhe dar tudo!” Este é um exemplo de stobha, e este stobha-n€ma pode conceder li-beração mesmo para tais pessoas hipócritas como esta. Os nomes têm esta potência natural.

Vijaya: O que é hel€-n€m€bh€sa?B€b€j…: Hel€-n€m€bh€sa significa recitar �r…-n€ma

desrespeitosamente. É dito no Pr€bh€sa-khaŠ�a que cantar �r…-n€ma negligentemente também resultará em liberação

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deste mundo material. madhura-madhuram etan ma‰galaˆ ma‰gal€n€ˆ

sakala-nigama-vall… sat-phalaˆ cit-svar™pam sak�d api parig…taˆ �raddhay€ helay€ v€

bh�guvara nara-m€traˆ t€rayet k��Ša-n€ma

Ó melhor dos Bh�gus, este n€ma-brahma é mais doce do que tudo que é doce e mais auspicioso do que todas as coisas auspiciosas. Ele é o puro fruto saboroso da florescen-te �ruti, a trepadeira-dos-desejos, e aparece como a perso-nificação do conhecimento, que liberta todo ser humano mesmo que se uma vez canta �r…-k��Ša-n€ma com respeito ou com desrespeito.

Neste �loka, a palavra �raddhay€ significa ‘com res-peito’ e helay€ significa ‘com desrespeito’. O significado da declaração naram€traˆ t€rayet é que o nome de K��Ša dá liberação até mesmo para outros cultos religiosos.

Vijaya: Mas não é uma ofensa cantar hari-n€ma em tom de contrariedade ou desrespeitosamente? B€b€j…: É uma ofensa se alguém é desrespeitoso cons-ciente e com má intenção, mas se alguém é desrespeitoso inconscientemente, isto é n€m€bh€sa.

Vijaya: Qual é o resultado de n€m€bh€sa, e o que ele não pode dar?

B€b€j…: N€m€bh€sa irá dar todos os tipos de des-frute, felicidade, liberação e os oito tipos de perfeições (siddhis), mas ele não concederá k��Ša-prema, que é a mais elevada meta da vida humana. No entanto, por abandonar a má associação, e por associar-se constan-temente com �uddha-bhaktas e seguir suas instruções regularmente, a pessoa pode rapidamente tornar-se um madhyama Vai�Šava. Então, mesmo dentro de pou-

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745Prameya: N€m€bh€sa

cos dias, ela poderá obter �uddha-bhakti e k��Ša-prema.Vijaya: Prabhu, muitos que são vai�Šava-€bh€sa

usam externamente os sinais de um Vai�Šava e, constan-temente executam n€m€bh€sa. Ainda assim, apesar deles se ocuparem desta maneira, por um longo tempo, eles não recebem prema. Qual é a razão disto?

B€b€j…: Aqui há um segredo. O vai�Šava-€bh€sa-s€dhaka é qualificado para receber devoção pura, porém ele não tem bhakti pura unidirecionada. Pode ser que ele esteja associado com uma pessoa que ele pense ser um sadhu, mas que na realidade é um M€y€v€d… e não um �udha-bhakta. Devido a esta indesejável associação, o s€dhaka irá seguir as instruções apasiddh€ntikas do M€y€v€d… e, como resultado, qualquer bhakty-€bh€sa que ele tenha, irá desaparecer, e ele irá gradualmente cair na categoria de vai�Šava-apar€dh…. Nesta condição, é completamente difí-cil – na verdade é praticamente impossível – para ele ser bem-sucedido em sua prática. Todavia, se sua suk�ti anteri-or for forte, irá removê-lo da má associação e o colocará na associação de pessoas santas; e desta sat-sa‰ga ele poderá obter o Vai�Šavismo puro novamente.

Vijaya: Prabhu, qual é o resultado de n€ma-apar€dha?

B€b€j…: O acúmulo de pecados de n€ma-apar€dha é até mais sinistro do que os resultados de cometer os cinco mah€-p€pa milhões de vezes: assim nós podemos estimar o tenebroso resultado de n€ma-apar€dha.

Vijaya: Prabhu, eu entendo que o resultado de n€ma-apar€dha é muito perigoso, mas não existe algum bom resul-tado que se pode obter por recitar os nomes ofensivamente? B€b€j…: ®r…-n€ma irá dar qualquer resultado que o n€ma-apar€dh… desejar enquanto ele estiver cantando os

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746 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 25

nomes, mas Ele não irá conceder k��Ša-prema. Ao mes-mo tempo, o ofensor tem que sofrer o resultado de suas ofensas contra �r…-n€ma. A pessoa que comete ofensas a �r…-n€ma, e que canta o nome com uma mentalidade ma-liciosa irá receber os seguintes resultados: No início, o n€ma-apar€dh… canta �r…-n€ma com uma mentalidade ma-liciosa, mas após algum tempo ele ocasionalmente can-ta n€ma livre de maldade. Este cantar do nome sem essa mentalidade enganosa, outorga a ele o acúmulo de suk�ti. Lentamente, quando esta suk�ti aumenta, sua influência o capacita a receber a associação de pessoas santas que estão cantando �uddha-n€ma. A influência de sat-sa‰ga induz o n€ma-apar€dh… a cantar �r…-n€ma constantemente, o qual o liberta de n€ma-apar€dhas.

Mesmo pessoas que tinham um grande desejo por li-beração, gradualmente tornaram-se hari-bhaktas por se a-brigarem neste processo.

Vijaya: Se simplesmente o cantar de um nome com sucesso remove todos os pecados, então porque é neces-sário cantar �r…-n€ma constantemente, como um contínuo fluxo de óleo fragrante?

B€b€j…: De toda maneira, o comportamento e o eu in-terior do n€ma-apar€dh… são sempre enganosos. Por nature-za ele é oposto a K��Ša (bahirmukha), e por isso ele não tem gosto por pessoas santas ou parafernália e datas auspiciosas relacionadas a Bhagav€n. Sua inclinação natural é por pes-soas, coisas, conclusões e atividades desprezíveis. Contu-do, se ele sempre canta �r…-n€ma, ele não irá ter tempo para associação e atividades indesejadas, e porque ele não está em má associação, seu cantar de �r…-n€ma irá gradualmente tornar-se puro e dar-lhe um gosto por objetos auspiciosos.

Vijaya: Prabhu, uma corrente de néctar de �r…-n€ma-

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747Prameya: N€m€bh€sa

tattva está fluindo de sua boca e entrando em nossos cora-ções através de nossos ouvidos e, estamos ficando embriaga-dos por �r…-n€ma-prema-rasa. Hoje, fomos bem-sucedidos em entender estes diferentes tópicos de n€ma, n€m€bhasa, e n€ma-apar€dha. Agora, por favor, nos dê as instruções finais as quais sejam apropriadas para nós.

B€b€j…: PaŠ�ita Jagad€nanda nos dá uma bela instrução em seu Prema-vivarta (Capítulo 7). Ouça atenta-mente:

as€dhu-sa‰ge bh€…, k��Ša-n€ma n€hi haya n€m€k�ara bahir€ya ba˜e, tabu n€ma kabhu naya

Lembre-se, Bhai (meu querido irmão), k��Ša-n€ma não pode despertar na associação de não-devotos. Apenas as sílabas de �r…-n€ma surgirão na boca, mas n€ma mesmo permanecerá distante.

kabhu n€m€bh€sa, sad€ n€ma-apar€dha e saba j€nibe bh€…, k��Ša-bhaktir b€dha

Certamente, há somente n€ma-apar€dha na asso-ciação deles. Algumas vezes, por grande fortuna, haverá n€m€bh€sa, mas você deve saber que ambos n€m€bh€sa e n€ma-apar€dha são obstáculos para k��Ša-bhakti.

yadi karibe k��Ša-n€ma, s€dhu-sa‰ga kara bhukti-mukti-siddhi-v€ñch€ d™re p€rih€ra

Se você quer cantar k��Ša-n€ma puro, então tenha sadhu-sa‰ga e, ao mesmo tempo renuncie completa-mente todos os desejos por desfrute, liberação e per-

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748 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 25

feições místicas.

da�a-apar€dha tyaja m€na apam€na an€saktye vi�aya bhuñja, €ra laha k��Ša-n€ma

Permaneça livre das dez ofensas a �r…-n€ma, do fal-so prestígio, criticar os outros, e assim por diante. Aceite os objetos dos sentidos somente de acordo com a necessidade, num espírito de desapego e in-cessantemente cante k��Ša-n€ma.

k��Ša-bhaktir anuk™la saba karaha sv…k€ra k��Ša-bhaktir pratik™la saba kara parih€ra

Aceite tudo o que for favorável para k��Ša-bhakti como sua própria vida, e abandone completamente tudo o que possa impedir sua prática de k��Ša-bhakti.

jñ€na-yoga-ce�˜a ch€�a €ra karma-sa‰ga marka˜a-vair€gya tyaja y€te deha ra‰ga

Abandone todos os esforços por karma, jñ€na e yoga, e permaneça à parte do apego aos sintomas externos de renúncia (marka˜a-vair€gya).

k��Ša €m€ya p€le, rak�e – j€na sarva-k€la €tma-nivedana-dainye ghuc€o jañj€la

Sempre tenha fé plena que: “K��Ša certamente irá mantê-lo e protegê-lo.” Adote as qualidades de �araŠ€gati que é iniciada por dainya (humildade) e €tma-nivedana (completa rendição aos pés de lótus de K��Ša), por praticar estes seis tipos de auto-entre-

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749Prameya: N€m€bh€sa

ga amorosamente, a rede de m€y€ é destruída.

s€dhu p€b€ ka�˜a ba�a j…vera j€niy€ s€dhu-bhakta-r™pe k��Ša €il€ nadiy€ gor€-pada €�raya karaha buddhim€n

gor€ b€… s€dhu guru keb€ €che €n

Portanto, Ó pessoas inteligentes, abriguem-se aos pés de ®r… Gaura. Quem é maior s€dhu ou guru do que Ele? Ele é o próprio K��Ša.

vair€g… bh€… gr€mya-k€th€ n€ sunibe k€ne

gr€mya-v€rtt€ kahibe, jabe milibe €na

Meu irmão renunciado, se você algumas vezes en-contrar-se com outros, não ouça ou discuta tópicos mundanos.

svapne o n€ kara bh€… str…-sambh€�aŠa g�he str…-ch€�iy€ bh€… €siy€cha bana

Ó Bhai, não fale com mulheres, até mesmo em so-nhos. Lembre-se como você deixou sua esposa em casa e veio para a floresta (®r… V�nd€vana) para ocu-par-se sinceramente em bhajana.

yadi c€ha praŠaya r€khite gaur€‰gera sane

cho˜a-harid€sera kath€ th€ke yena mane

Se você deseja colocar seu amor nos pés de lótus de ®r… Gauracandra sempre mantenha em sua men-te o duro procedimento de ®r…man Mah€prabhu com Cho˜a Harid€sa em relação a isto.

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750 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 25

bh€la n€ kh€ibe, €ra bh€la n€ paribe h�dayete r€dh€-k��Ša sarvad€ sevibe

Não coma alimentos suntuosos ou use roupas finas, mas sempre no âmago de seu coração renda seva para ®r… R€dh€-K��Ša.

ba�a-harid€sera ny€ya k��Ša-n€ma balibe badane

a�˜a-k€la r€dh€-k��Ša sevibe kuñja-bane

A toda hora, dia e noite, encha sua boca com hari-n€ma da mesma maneira como Ba�a Harid€sa e, em seu coração execute seva a R€dh€-K��Ša nos kuñjas de V�nd€vana durante os oito períodos do dia e noi-te.

g�hastha, vair€g… d™‰he bale gor€-r€ya

dekha bh€i n€ma bin€ jena dina n€hi j€ya

Olhe irmão! Gaura-R€ya deu sua instrução. Não tem nenhuma importância que a pessoa esteja no g�hastha-a�rama ou no vair€g…-€�rama. Ambos de-vem não permitir um dia, uma hora ou até mesmo um momento, passar sem recitar hari-n€ma.

bahu a‰ga s€dhane bh€… n€hi prayojana k��Ša-n€m€�raye �uddha karaha j…vana

Ei irmão! Não há necessidade de praticar muitos ti-pos de s€dhana. Simplesmente, por abrigar-se em k��Ša-n€ma, sua vida se tornará purificada e signi-ficativa.

baddha-j…ve k�p€ kari k��Ša haila n€ma kali-j…ve day€ kari k��Ša haila gauradh€ma

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751Prameya: N€m€bh€sa

Sendo misericordioso com as j…vas que estão atadas por esta era de discórdia, ®r… K��Ša tornou-se n€ma-r™pa; então, sentindo ainda mais compaixão, Ele também tornou-se Gaura e ®r… Gaura-dh€ma (Nav-adv…pa).

ek€nta-sarala-bh€ve bhaja gaura-jana

tabe ta p€ibe bh€… �r…-k��Ša-caraŠa

Então, com o coração sincero, determinação e sem duplicidade, simplesmente adore ®r… Gauracandra. Irmão, através deste meio, você irá certamente alcan-çar o abrigo dos pés de lótus de ®r… K��Šacandra.

gaura-jana-sa‰ga kara gaur€‰ga baliy€

hare k��Ša n€ma bala n€ciy€ naciy€

Cante Hare K��Ša n€ma-k…rtana na associação de Gaura bhaktas, dance continuamente e grite: “Ó Gaur€‰ga! Ó Gaur€‰ga!”

acire p€ibe bh€… n€ma-prema-dhana

y€h€ vil€ite prabhur ‘nade’ e €gamana

Ó irmão! Estando deste modo ocupado logo mais você irá receber a inestimável riqueza de prema, a jóia mais preciosa, a qual ®r…man Mah€prabhu veio a Nadiy€ para distribuir.”

Quando Vijaya e Vrajan€tha ouviram esta passagem do Prema-vivarta de ®r… Jagad€nanda, da boca de ®r…la B€b€j… Mah€r€ja, seus corações ficaram agitados, estando absortos no humor de mah€-prema, expresso por ®r… Jagad€nanda

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752 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 25

PaŠ�ita. B€b€j… ficou quase inconsciente por um longo tem-po e, então ele os abraçou e chorando, cantou o seguinte k…rtana:

k��Ša-n€ma dhare kata bala

Qual é o poder que possui o nome de K��Ša? (refrão)

vi�aya-v€san€nale mora citta sad€ jvale, ravi-tapta maru-bh™mi sama

ka�Ša-randra-patha diy€, h�di m€jhe prave�iya, bari�aya sudh€ anupama

Meu coração era como um deserto ressecado pelos raios do sol, queimando no fogo dos desejos munda-nos. Mas quando através de meus ouvidos, �r…-n€ma entrou no âmago do meu coração, trouxe alegria e calma, e um néctar inigualável invadiu minha alma.

h�daya haite bale, jihv€ra agrete cale

�abda-r™pe n€ce anuk�ana ka‰˜he mora bha‰ge svara, a‰ga k€ˆpe thara thara,

sthira haite n€ p€re caraŠa

®r…-n€ma fala dentro de meu coração, move-se até a ponta de minha língua, e constantemente dança ali, na forma de um som transcendental. Minha garganta torna-se embargada e minha voz míngua, meu corpo treme repetidamente, e meus pés não permanecem fixos no chão.

cak�e dh€r€, dehe gharma, pulakita saba carma, vivarna haila kalevara

m™rcchita haila mana, pralayera €gamana

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753Prameya: N€m€bh€sa

bh€ve sarva-deha jará-jara

Rios de lágrimas fluem de meus olhos, meu corpo é encharcado pela perspiração, toda minha pele treme de êxtase, meus cabelos ficam arrepiados; pálida e descolorida fica minha compleição. Eu sinto verti-gem, começo a experimentar devastação, meu corpo todo é tomado por um fluxo de extática emoção.

kari eta upadrava, citte var�e �udh€-drava

more �€re premera s€gare kichu n€ bujhite dila, more ta b€tula kaila,

mora citta-vitta saba hare

Enquanto causa tal perturbação extática, �r…-n€ma derrama um néctar líquido em meu coração e, me submerge num oceano divino de prema. Ele não me permite entender nada, mas me deixa louco ao roubar minha mente e todos os meus recursos.

lainu €�raya j€n’ra hena vyavah€ra t€‰’ra varŠite n€ p€ri e sakala

k��Ša-n€ma icch€maya j€he j€he sukh… haya sei mora sukhera sambala

Tal é a conduta dAquele em quem me abriguei. ®r…-k��Ša-n€ma é independente e age de acor-do com Sua doce vontade. Sou incapaz de descre-vê-Lo completamente. Se Ele de alguma forma se tornar feliz, esta é a causa da minha felicidade.

premera kalik€ n€ma, adbhuta-rasera dh€ma hena bala karaye prak€�a

…�at vika�i’punaƒ, dekh€ya nija-r™pa-guna

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754 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 25

citta hari laya k��Ša p€sa

®r…-n€ma é o botão do lótus de prema, e a morada da rasa surpreendente. Tal é o poder que Ele manifesta, que quando Ele começa a florescer um pouquinho mais, Ele revela Sua divina forma e qualidades. Deste modo, meu coração foi arrebatado e levado à presença de ®r… K��Ša.

p™rŠa-vika�ita hañ€, braje more j€ya lañ€

dekh€ya more, svar™pa-vil€sa more siddha-deha diy€, k��Ša-p€se r€khe giy€

e dehera kare sarba-na€�a

Agora, completamente florescida, a flor de prema de �r…-n€ma levou-me para Vraja, revelando-me os pas-satempos de Seus próprios jogos amorosos. N€ma mostra meu próprio siddha-deha, mantém-me ao lado de K��Ša, e destrói tudo o que está relacionado a esta minha forma mortal.

k��Ša-n€ma cint€maŠi akhila-rasera khani

nitya-mukta �uddha-rasamaya namera b€l€i yata, saba la’ye hai hata

tabe mora sukhera udaya

O nome de K��Ša é uma pedra filosofal (cint€maŠi) que satisfaz todas as aspirações divinas; é uma mina de toda bhakti-rasa. Ele é eternamente liberado, e Ele é a personificação de �uddha-rasa. Quando todos os impedimentos do cantar de �uddha-n€ma forem destruídos, então irei conhecer o despertar de minha verdadeira felicidade.

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755Prameya: N€m€bh€sa

Enquanto eles cantavam este n€ma-sa‰k…rtana repeti-damente, metade da noite se passou. Quando o k…rtana che-gou ao fim, Vijaya e Vrajan€tha, pediram permissão a Gu-rudeva para voltarem para casa, absortos em n€ma-rasa.

Assim termina o Vigésimo Quinto Capítulo do

Jaiva-Dharma, intitulado“Prameya: N€m€bh€sa”

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Capítulo 26Introdução à Rasa-Tattva

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Durante o tempo que Vijaya Kum€ra esteve ausen-te, cerca de um mês, a avó de Vrajan€tha que entendeu a intenção de Vrajan€tha e de Vijaya Kum€ra, arranjou uma noiva apropriada com o auxílio de um br€hmaŠa. Quando informado, Vijaya Kum€ra enviou seu irmão mais jovem a Bilva-pu�karin… para organizar a cerimônia de casamento, a qual foi devidamente realizada em um dia auspicioso, num momento astrológico favorável.

Vijaya Kum€ra chegou quando todo o procedimento do casamento já havia terminado. Ele sentou-se, sem muito interesse na situação ao seu redor e, não discutiu assuntos mundanos como saúde e riqueza, pois seu coração estava profundamente absorto em assuntos espirituais. Vrajan€tha percebeu sua indiferença, dizendo: “Tio, seu coração parece estar distante hoje em dia. Por quê? É simplesmente por sua ordem que estou destinado a me subjugar nas amarras da vida material. E você, o que decidiu fazer?”

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760 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 26

Vijaya Kum€ra, disse: “Finalmente decidi ir para ®r…dh€ma Pur… para ter o dar�ana de ®r… Puru�ottama – ®r… Jagann€thadeva. Alguns peregrinos estão partindo para Pur… dentro de alguns dias e eu irei com eles. Portanto, devo ir a ®r… Gurudeva pedir permissão.”

Após almoçarem, Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra foram a M€y€pura, onde ofereceram daŠ�avat-praŠ€ma aos pés de ®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… e pediram permissão para fazerem a peregrinação Pur…. B€b€j… Mah€�aya ficou muito contente ao ouvir esta súplica. Seu coração enterneceu-se de afeição e ele lhes disse: “É muito bom que vocês este-jam indo a Pur… ter dar�ana de ®r… Jagann€thadeva. O lo-cal de bhajana de ®r…man Mah€prabhu está situado na casa de K€�i Mi�ra, em Pur…. Neste momento o discípulo de ®r… Vakre�vara PaŠ�ita chamado ®r… Gop€la Guru Gosv€m, reside lá em toda sua glória. Certifiquem-se de terem seu dar�ana e de aceitarem suas instruções com devoção. Atu-almente, os extraordinários ensinamentos de ®r… Svar™pa Gosv€m… somente manifestam-se na voz deste mah€tm€.

Ao receber a permissão de ®r… Gurudeva, Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra alegremente voltaram para casa. No camin-ho, após o insistente pedido de Vrajan€tha, Vijaya Kum€ra concordou em levá-lo a Pur…. Ao chegarem em casa, reve-laram seus planos de peregrinação para todos. A avó de Vrajan€tha também se predispôs a ir. Finalmente, foi deci-dido que os três iriam juntos.

O famoso Ratha-y€tr€ de ®r… Jagann€tha, ®r… Balade-va e ®r… Subhadr€-dev…, é realizado no mês de š�a�ha (jun-ho-julho), em Pur…. Nesta ocasião, aqueles que são dedica-dos a dharma movem-se aos milhares de todos os cantos da Índia e procedem para lá em massa. Em decorrência disto, a fim de chegarem antecipadamente ao evento, peregrinos

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761Introdução à Rasa-Tattva

de lugares distantes partem de suas casas muitos dias an-tes. Quando os três partiram em direção a Pur…, junto com outros peregrinos, o mês de Jye�˜ha (maio-junho) havia recentemente começado quando estes três partiram para Puri, junto com outros peregrinos. Após caminharem por alguns dias, eles passaram por D€ntana e chegaram a Jale�vara. Viajando de um local para o outro lentamente, tiveram dar�ana de K�…racor€ Gop…n€tha, e foram para ®r… Viraj€-k�etra, onde realizaram n€bhigay€-kriy€ e ban-haram-se no VaitaraŠ…. Depois, tiveram dar�ana de ®r… ®€k�… Gop€la em Ka˜aka e, de ®r… Li‰gar€ja em Ek€mra-k€nana, e finalmente chegaram a ®r… K�etra, Pur…-dh€ma.

Todos os peregrinos acomodaram-se em diversos lugares, como estabelecido pelos seus respectivos paŠ�€s (sacerdotes guardiões) Vijaya Kum€ra, Vrajan€tha e sua avó alojaram-se em HaracaŠd… S€h…. De acordo com os princípios regulativos banharam-se no mar e, seguiram para ter o dar�ana de ®r… Jagann€tha. Começaram a ter dar�ana, fazer parikram€, e honrar a pras€da nos vários t…rthas deste dh€ma. Após três ou quatro dias, Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha tiveram dar�ana da �r…-vigraha de ®r…man Mah€prabhu, bem como das impressões das marcas de Seus pés e de Suas mãos na Garu�a stambha (coluna de Garu�a), no templo de ®r… Jagann€thadeva. Quando ®r…man Mah€prabhu tinha dar�ana de ®r… Jagann€thadeva, Ele ficava enlevado em pre-ma e torrentes de lágrimas escorriam de Seus olhos. Nestes momentos, as pedras debaixo de Seus pés derretiam-se pelo Seu toque e ficaram marcadas com as solas de Seus pés. Ao mesmo tempo, Seu prema também derreteu a Garu�a stambha, a qual Ele usava para apoiar-Se, e as marcas de Seus dedos ali ficaram impressas. Quando Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha viram estas impressões, eles foram tomados

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762 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 26

por prema.Neste mesmo dia, eles foram para K€�… Mi�ra Bhavan. Na-quela grande casa construída de pedra está ®r… Gambh…r€, o pequeno quarto que ®r…man Mah€prabhu residira em Seu estado de prema. Ali, a fim de consolá-Lo quando estava absorto em sentimentos de separação de K��Ša, Seus queri-dos associados, ®r… Svar™pa D€modara e R€ya R€m€nanda, recitavam �lokas e cantavam bhajanas sobre os passa-tempos de R€dh€ e K��Ša. Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha tiveram dar�ana deste local, e da parafernália de ®r…man Mah€prabhu, tais como Seus tamancos de madeira, que ali estão gloriosamente presentes. No interior, de um lado está o mandira de ®r… R€dh€-K€nta e, no outro lado encontrava-se o assento de ®r… Gop€la Guru Gosv€m….

Vijaya e Vrajan€tha cairam aos pés de ®r… Gop€la Guru Gosv€m…. Enlevados na felicidade de prema, começaram a derramar lágrimas. ®r… Guru Gosv€m… ficou muito satisfeito em ver seus sentimentos extáticos e os abraçou. E pediu para sentarem-se próximos e, em seguida lhes perguntou: “Eu gostaria de saber, quem são vocês?” Quando Vijaya e Vrajan€tha se apresentaram, dos olhos de Guru Gosv€m… começaram a fluir lágrimas de amor. Ouvindo o nome de ®r… Navadv…pa, disse: “Hoje me tornei abençoado ao ver os residentes de ®r…dh€ma Navadv…pa. Contem-me, como estão os Vai�Šavas em M€y€pura, tais como ®r… Raghun€tha d€sa e Gor€canda d€sa? Eles estão bem? Ah! Quando eu me lembro de Raghun€tha d€sa, lembranças de meu �ik�€-guru, ®r… D€sa Gosv€m…, vem a minha mente.”

Guru Gosv€m… chamou seu discípulo, ®r… Dhy€nacandra, e lhe disse: “Hoje estes dois mah€tm€s to-marão pras€da aqui.” ®r… Dhy€nacandra levou-os para o seu quarto e lhes ofereceu �r…-mah€-pr€sada. Depois, os três

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763Introdução à Rasa-Tattva

discutiram muitos assuntos. Dhy€nacandra Gosv€m… ficou muito contente ao ver a vasta erudição de Vijaya Kum€ra no ®r…mad-Bh€gavatam, e ao reconhecer Vrajan€tha como um refinado erudito de todos os �€stras. Ele relatou a ®r… Guru Gosv€m… toda a conversa que tiveram e ele também se alegrou ao ouvir sobre a habilidade que eles possuíam nos �€stras. ®r… Gop€la Guru Gosv€m… chamou-os para perto dele, e lhes disse: “Vocês são muito queridos para mim. Por favor, permitam-me vê-los todos os dias enquanto perma-necerem em ®r… Puru�ottama Dh€ma.”

Vijaya Kum€ra humildemente respondeu: “Ó Prabhu! ®r… Raghun€tha d€sa B€b€j… de ®r… M€y€pura concedeu-nos grande misericórdia. Ele nos deu muitas instruções (�ik�€), e nos ordenou a aceitar instruções de seus pés divinos.”

Guru Gosv€m…, disse: “Raghun€tha d€sa B€b€ji é um sábio muito erudito vocês devem seguir minuciosamente suas instruções. Se quiserem saber algo mais, poderão vir aqui amanhã a tarde e apresentarem suas perguntas, além de honrar mah€-pras€da.” Eles conversaram por algum tempo, e então depois Vijaya e Vrajan€tha pediram a permissão de ®r… Guru Gosv€m… e retornaram a HaracaŠ�i S€h….

No dia seguinte, Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha volta-ram a ®r… R€dh€-K€nta Ma˜ha no horário marcado e após honrarem pras€da, aproximaram-se de ®r… Gop€la Guru Gosv€m…. Depois de oferecer respeitosos pranamas a ele, disseram: “Prabhu, queremos saber sobre rasa-tattva. Nos-sas vidas tornar-se-ão bem-sucedidas quando ouvirmos so-bre k��Ša-bhakti-rasa de sua boca de lótus. Você é o mestre sagrado mais proeminente da Nim€nanda-samprad€ya e, se destaca como o jagad-guru no assento do sucessor de ®r…man Mah€prabhu, ®r… Svar™pa Gosv€m…. Desejamos ou-vir rasa-tattva de seus lábios divinos, de forma que nossa

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764 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 26

erudição possa ser proveitosa.”®r… Gop€la Guru Gosv€m… ficou muito contente, e levan-do estes valiosos discípulos qualificados a um lugar so-litário, disse: “®ac…nandana Nim€i PaŠ�ita apareceu em ®r… Navadv…pa-M€y€pura e, Ele é a vida e alma dos bhaktas de ®r… Gau�a-maŠ�ala, ®r… K�etra-maŠ�ala e de ®r… Vra-ja-maŠ�ala. Que este ®ac…nandana dê-nos alegria. Que ®r… Svar™pa Gosv€m…, cujo madhura-rasa-sev€ sempre satisfaz ®r… Mah€prabhu com júbilo, manifeste-se no âmago de nos-sos corações. ®r… Vakre�vara PaŠ�ita cativou completamen-te Nim€i PaŠ�ita com sua dança. Ele também mostrou sua misericórdia por Dev€nanda PaŠ�ita ao purificá-lo e torná-lo bhakta de ®r… K��Ša. Que este ®r… Vakre�vara PaŠ�ita lhes conceda toda boa fortuna.

“Rasa é um tattva inigualável que pode ser compa-rado ao surgimento da lua, cujo brilho é a expansão da l…l€ de parabrahma ®r… K��Ša. Bhakti-rasa é a função de k��Ša-bhakti quando se torna absolutamente pura.”

Vrajan€tha: Rasa é um princípio pré-determinado?Gosv€m…: Não posso responder a esta questão em

uma única palavra, “Sim” ou “Não”. Explicarei o tema mi-nuciosamente de modo que possam entendê-lo claramente. A k��Ša-rati sobre a qual vocês ouviram de seu Gurude-va chama-se sth€y…bh€va. Quando os outros componentes (s€magr…) de rasa combinam-se com o sth€y…bh€va, a ma-nifestação resultante é chamada k��Ša-bhakti-rasa.

Vrajan€tha: Você poderia gentilmente nos explicar em detalhes o que é sth€y…bh€va, e quais são os ingredi-entes (s€magr…) constituintes de rasa? Ouvimos de nosso Gurudeva sobre bh€va, mas não ouvimos como os bh€vas combinam-se para formar rasa.

Gosv€m…: No estágio de bh€va, normalmente, bhakti

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765Introdução à Rasa-Tattva

é k��Ša-rati. Este rati surge no coração do bhakta decor-rente dos saˆsk€ras da vida atual e passada, e desenvolve até o estágio de rasa, quando torna-se a personificação de €nanda. Ele é constituído de quatro ingredientes diferen-tes: 1) vibh€va, 2) anubh€va, 3) s€ttvika e 4) vyabhic€r… ou sañc€r…. Primeiro explicarei estes ingredientes.

Vibh€va é a causa de saborear rati, e tem duas di-visões: €lambana (a causa básica) e udd…pana (os estímulos que a despertam). šlambana tem ainda mais duas divisões: o objeto (vi�aya) e a morada (€�raya). A €�raya de rati é a pessoa em quem rati existe, enquanto o vi�aya de rati é a pessoa a quem rati é direcionada. Os bhaktas de K��Ša são o €�raya de rati porque eles têm rati em seus corações, enquanto que K��Ša é o vi�aya de rati, porque rati é dire-cionado a Ele.

Vrajan€tha: Até aqui entendemos que o vibh€va é dividido em duas partes: €lambana e udd…pana e, que o €lambana também é dividido em duas categorias chamadas €�raya e vi�aya. K��Ša é o vi�aya, e os bhaktas são €�raya. Agora estamos curiosos para saber se K��Ša é algumas ve-zes o €�raya de rati.

Gosv€m…: Sim, Ele é. Quando os bhaktas têm rati por K��Ša, K��Ša é vi�aya €lambana e os bhaktas são €�raya €lambana, e quando K��Ša tem rati pelos bhaktas, então K��Ša é €�raya e os bhaktas são vi�aya.

Vrajan€tha: Ouvimos de nosso Gurudeva sobre as sessenta e quatro qualidades de ®r… K��Ša. Se há algo mais para ser descrito em relação a ®r… K��Ša, conte-nos, por fa-vor.

Gosv€m…: Embora todas as qualidades existam com-pletamente em ®r… K��Ša, Sua manifestação é completa em Dv€rak€, mais completa em Mathur€, e ainda mais com-

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766 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 26

pleta é em Gokula. Isto ocorre de acordo com o grau em que as qualidades são manifestas nos respectivos dh€mas. K��Ša é um, mas Ele desempenha o papel de quatro (n€yaka) de acordo com Suas diferentes l…l€s, que são: 1) dh…rod€tta, 2) dh…ra-lalita, 3) dh…ra-�€nta e 4) dh…roddhata.

Vrajan€tha: Que tipo de n€yaka (herói) é dh…rod€tta?Gosv€m…: Os sintomas de K��Ša como dh…rod€tta-

n€yaka, são: gravidade, cortesia, perdão, compaixão, mo-déstia e orgulho encoberto.

Vrajan€tha: Que tipo de n€yaka é chamado dh…ra-lalita?

Gosv€m…: K��Ša fica sob o controle de Suas amadas gop…s, porque Ele é perito em saborear as trocas de doçu-ras amorosas (rasika); Ele está no princípio da juventude (nava-yauvana); Ele é hábil em pregar peças (parih€sa-c€tur…); e Ele é livre de ansiedade (ni�cintat€). Por isto, Ele é chamado dh…ra-lalita-n€yaka.

Vrajan€tha: E, quais são os sintomas de dh…ra-�€nta?Gosv€m…: K��Ša é conhecido como dh…ra-�€nta-

n€yaka quando Ele está decorado com as qualidades de estar naturalmente sereno, paciente, prudente e humilde.

Vrajan€tha: O que é dh…roddhata?Gosv€m…: Algumas vezes em Sua l…l€, K��Ša tam-

bém é visto como ciumento, egoísta, enganador, irado, in-constante e orgulhoso. Nestes momentos, Ele é conhecido como dh…roddhata-n€yaka.

Vrajan€tha: As qualidades que você descreveu são mutuamente contraditórias, assim como pode ser possível elas existirem ao mesmo tempo em K��Ša?

Gosv€m…: K��Ša é por natureza completamente in-dependente, autocrata e supremo, possuindo opulências ili-mitadas. É pela ação de Sua acintya-�akti (potência incon-

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767Introdução à Rasa-Tattva

cebível) que estas qualidades contraditórias existem nEle ao mesmo tempo. Por exemplo, lemos no K™rma Pur€Ša:

asth™la� c€Šu� caiva / sth™lo ‘Šu� caiva sarvataƒ avarŠaƒ sarvataƒ proktaƒ /�y€mo rakt€ntalocanaƒ

ai�varya-yog€d bhagav€n / viruddh€rtho ‘bhidh…yate tath€pi do�o parame / naiv€h€ry€ kathañcana

guŠ€viruddh€ apy ete / sam€h€ry€ƒ samantataƒ

Todas as qualidades contraditórias são muito esplên-didas e belamente manifestadas em Bhagav€n ao mesmo tempo. Embora Ele seja intangível e diminu-to em todos os sentidos, Ele é tangível e onipresente em todo lugar. Ele é desprovido de cor mundana, mas tem a compleição �y€ma transcendental, e os cantos de Seus olhos são avermelhados. Assim, é como Ele é descrito nos �€stras. É dito que Bhagav€n possui virtudes contraditórias devido as Suas inumeráveis opulências místicas. Todavia, nenhuma falha pode ser atribuída a Parame�vara. Embora, a totalidade de Suas qualidades pareçam ser contraditórias, estas qualidades são certamente virtudes em todos os aspectos.

No Mah€-Var€ha Pur€Ša, é citado:

sarve nity€ƒ �a�vat€� ca / deh€s tasya par€tmaŠaƒ h€nop€d€na-rahit€ / naiva prak�ti-jaƒ kvacit

param€nanda-sandoh€ / jñ€na-m€tr€� ca sarvataƒ sarve sarva-gunaiƒ p™rŠ€ƒ / sarva-do�a-vivarjit€ƒ

Todos os corpos deste Param€tm€ são nitya (eternos) e livres dos dois tipos de atividades conhecidas como ‘abandonar’ e ‘aceitar’. Seus corpos são compostos

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de consciência, não são nascidos da natureza materi-al, eles são a personificação de param€nanda. Todos e cada um dos membros do Seu corpo são plenos de todas as qualidades transcendentais e estão livres de todos os defeitos.

O Vai�Šava-tantra declara:

a�˜ada�a-mah€do�aiƒ / rahit€ bhagavat-tanuƒ sarvai�varyamay… satya-vijñ€n€nanda-r™piŠ…

Bhagav€n é dotado com todos os tipos de poderes su-pra-humanos, conhecimento perfeito e prazer trans-cendental. Seu corpo está livre dos dezoito tipos de imperfeições.

Estes dezoito tipos de faltas são:

mohas tandr€ bhramo ruk�a-rasat€ k€ma ulbaŠaƒ lolat€ mada-m€tsaryau hiˆsa kheda-pari�ramau asatyaˆ krodha €k€‰k�€ €�a‰k€ vi�va-vibhramaƒ

vi�amatva par€pek�€ do�€ a�˜€da�odit€ Vi�Šu-Y€mala

1) ilusão, 2) letargia, 3) confusão, 4) tolice, 5) luxúria intensa, 6) instabilidade, 7) orgulho, 8) inveja, 9) violência, 10) remorso, 11) desejo por excessiva paz e conforto, 12) falsidade, 13) ira, 14) desejo ardente, 15) medo, 16) alucinação, 17) contradição e 18) ten-dência a depender de outros.

Todas estas qualidades transcendentais estão presen-tes nas formas dos avat€ras.

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Tais qualidades são manifestas da forma mais com-pleta em ®r… K��Ša, que é o avat€r… (a origem de todos os avat€ras). Além disso, K��Ša possui mais oito qualidades que indicam Sua masculinidade (puru�atva), são elas: 1) �obh€ (beleza), 2) vil€sa (passatempos transcendentais fa-scinantes), 3) m€dhurya (doçura), 4) m€‰galya (auspicio-sidade), 5) sthirat€ (estabilidade), 6) teja (brilho), 7) lalita (divertido) e 8) aud€rya (munificência). Sua beleza é par-ticularmente notável pela Sua benevolência para com os humildes, rivalidade para com os colegas, valor, entusias-mo, destreza, e revelação da verdade. O vil€sa é caracte-rizado nEle por Seu jeito profundo, olhar calmo e palavras bem-humoradas. Sua m€dhurya (doçura) é perceptível pela agradável amabilidade manifestada em todas Suas ativida-des. Sua auspiciosidade é a morada da fé do mundo inteiro. Sua estabilidade mostra que Ele não se desvia em nenhuma atividade; Seu brilho significa que Ele atrai a atenção de todos; e exibe abundantes sentimentos e esforços amorosos, e deste modo é chamado lalita (divertido). Seu humor de Se oferecer completamente é chamado aud€rya. ®r… K��Ša é o mais grandioso de todos os heróis, e em Seus passatem-pos na forma humana, sábios tal como Garga são descritos como Seus assistentes em assuntos de dharma; k�atriyas como Yuyudh€na em assuntos de guerra; e ministros como Uddhava em assuntos de aconselhamento.

Vrajan€tha: Entendi totalmente como que K��Ša é a heróica personificação da doçura. Agora, por favor, conte-nos sobre os bhaktas de K��Ša que estão aptos a experienci-ar rasa, e que estão incluídos na categoria de vibh€va.

Gosv€m…: Somente aqueles cujos corações estão enlevados por sentimentos de amor por K��Ša, podem ser bhaktas em rasa-tattva. Todas as vinte e nove qualidades,

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de veracidade a timidez (sentir-se envergonhado por de-clarações verdadeiras), as quais foram descritas em relação a K��Ša, também são encontradas em Seus bhaktas.

Vrajan€tha: Quantos tipos de k��Ša-bhaktas são qualificados para experimentar rasa?

Gosv€m…: Há dois tipos: o s€dhaka e o siddha.Vrajan€tha: Quem é um sadhaka?Gosv€m…: S€dhakas são aqueles que despertaram ruci

para os tópicos de K��Ša, e que adquiriram a qualificação para ter dar�ana direto de K��Ša, mas que ainda não sobre-pujaram completamente todos os obstáculos e dificuldades. Os madhyama-bhaktas adornados com os sintomas descri-tos no ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.46), …�vare tad-adh…ne�u, estão na categoria de s€dhaka.

Vrajan€tha: Prabhu, são os bhaktas descritos no ®r…mad-Bh€gavatam (11.2.47), arc€yam eva haraye qua-lificados para experimentar rasa?

Gosv€m…: Eles não são s€dhakas até terem se tor-nado �™ddha-bhaktas pela misericórdia de outros �™ddha-bhaktas. Somente personalidades como Bilvama‰gala são s€dhakas genuínos.

Vrajan€tha: Quem são os siddha-bhaktas?Gosv€m…: Os siddha-bhaktas são aqueles que não ex-

perimentam nenhum sofrimento, cujas atividades são todas realizadas sob o abrigo de ®r… K��Ša e, que sempre saborei-am a felicidade de prema. Há dois tipos de siddha-bhaktas: aqueles que alcançaram a perfeição (sampr€pta-siddha) e aqueles que são eternamente perfeitos (nitya-siddha).

Vrajan€tha: Quem são os bhaktas que alcançaram perfeição (sampr€pta-siddha)?

Gosv€m…: Há dois tipos: aqueles que alcançaram a perfeição através do s€dhana (s€dhana-siddha), e aqueles

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que alcançaram a perfeição através da misericórdia (k�p€-siddha).

Vrajan€tha: Quem são os nitya-siddhas?Gosv€m…: ®r… R™pa Gosv€m…, disse:

€tma-koti-guŠaˆ k��Še / prem€naˆ paramaˆ gat€ƒ nity€nanda-guŠ€ƒ sarve / nitya-siddh€ mukundavat

Os nitya-siddhas são aqueles que, como Mukunda, são a personificação de €nanda, e cujas qualidades são eternas. O principal sintoma deles, é que são dotados com um prema por K��Ša, que é dez mil-hões de vezes maior do que o que eles têm por eles mesmos.

É dito no Uttara-KhaŠ�a do Padma Pur€Ša:

yath€ saumitri bharatau / yath€ sa‰kar�aŠ€dayaƒ tath€ tenaiva j€yante / nija-lok€d yad�cchay€

punas tenaiva gacchanti / tat-padaˆ �€�vataˆ paraˆ na karma-bandhanaˆ janma / vai�Šav€n€ñ ca vidyate

Assim como o filho de Sumitr€, ®r… Laksmana, ®r… Bharata também apareceu com Bhagav€n ®r… Ra-macandra; do mesmo modo ®r… K��Ša Bhagavan junto com ®r… Balar€ma e Seus associados pelo desejo do Senhor apareceram no mundo de cin-co elementos grosseiros (o ciclo de nascimento e morte), eles novamente retornaram com Ele para Suprema Morada Eterna; da mesma maneira a di-nastia de Yadu apareceu nos passatempos manife-stos do Senhor, e no momento de Seus passatem-pos não-manifestos eles entraram em Sua morada Suprema com Ele. Similarmente, Vai�Šavas

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parecem como almas materialmente condicionadas, porém, não estão presos pelas leis do karma ou nascimento e morte.

Vrajan€tha: Prabhu, entendi o aspecto €lambana de vibh€va. Agora, generosamente explique-nos o que é men-cionado como udd…pana.

Gosv€m…: Udd…pana é o que ocasiona a excitação ou o estímulo do bh€va. As qualidades de K��Ša, Suas atividades, Sua risada, a fragrância dos membros de Seu corpo, Sua flauta, o berrante, as tornozeleiras, os búzios, Suas pegadas, os locais de Seus passatempos, Tulas…, Seus bhaktas, os momentos auspiciosos como Ek€da�i (hari-v€sara), e assim por diante – todos são udd…pana. As qua-lidades de K��Ša (guŠa) são de três tipos, relacionados ao Seu corpo, mente e fala (k€yika, m€nasika e v€cika).

A idade (vayasa) é proeminente entre as qualidades relacionadas ao Seu corpo. Há três divisões da idade de K��Ša: kaum€ra, paugaŠ�a e kai�ora:

kaum€raˆ pañcam€bd€ntaˆ / paugaŠ�am da�am€vadhi €�o�a�€c ca kai�oram / yauvanaˆ sy€t tataƒ param

Bhakti-ras€m�ta-sindhu (2.1.306)

O período kaum€ra termina aos cinco anos de idade. A idade paugaŠ�a inicia-se ao final deste período e segue até aos dez anos de idade, e a fase kai�ora inicia-se aos dez anos e prossegue até aos dezesseis anos de idade. A idade posterior é chamada yauva-na.

A fase kai�ora tem ainda três divisões que são chama-das de início, meio e fim (€dya, madhya e �e�a). Entre as

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qualidades físicas, a consideração da beleza é predominan-te. A beleza está presente quando os membros do corpo têm uma proporção harmoniosa entre si. As roupas, a decoração e a maneira como os ornamentos são dispostos, incluindo o cabelo e outros, chama-se pras€dhana.

K��Ša tem três tipos de flautas: a veŠu, a mural… e a vaˆ�…. A veŠu tem a extensão de doze dedos, a espessura de um polegar e seis orifícios. A mural… tem a medida de dois palmos de comprimento e quatro orifícios, além do bo-cal. A vaˆ�… tem a extensão de dezessete dedos. Nesta ex-tensão, na parte inferior há um espaço de três dedos livres. Na parte superior da flauta há outro espaço livre de quatro dedos, com exceção do orifício para o sopro que está a meio dedo de distância da extremidade. No meio existe um espa-ço contendo oito orifícios para dedilhar, separados por um espaço de meio dedo de largura. Portanto, a vaˆ�… tem um total de nove orifícios.

O búzio que gira para a direita e repousa radiante-mente nas mãos de K��Ša é chamada P€ñcajanya.

Através destes udd…panas, o rati dos bhaktas é desperto, e quando é direcionado a K��Ša, o objeto de rati, torna-se a personificação de €nanda. Rati é sth€y…bh€va, que sozinho transforma-se em rasa.

Venham aqui amanhã, no mesmo horário; falarei a vocês sobre rasa, explicarei também anubh€va e outras coisas.

Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha ofereceram daŠ�avats aos pés de lótus de ®r…la Gop€la Guru Gosv€m… e partiram. Absortos na contemplação do tema de rasa, seguiram para ter dar�ana em Siddha-bakula e, dali, seguiram para ter o dar�ana de ®r… Jagann€thadeva. Depois, retornaram para seus aposentos.

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Assim termina o Vigésimo Sexto Capítulo do Jaiva-Dharma,

intitulado“Introdução à Rasa-Tattva”

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Capítulo 27Rasa-Tattva:

S€ttvika-Bh€va, Vyabhic€ri-Bh€va e Raty-šbh€sa

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No dia seguinte, depois de terem honrado pras€da, Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha, foram novamente a ®r… R€dh€-K€nta Ma˜ha, chegaram logo após o meio-dia. ®r… Gop€la Guru Gosv€m… já havia honrado mah€-pras€da e estava es-perando por eles. Sentado ao seu lado, ®r… Dhy€nacandra Gosv€m… escrevia o Upas€n€-paddhati (Os Processos para a Adoração). Naquele momento, a aparência de ®r… Guru Gosv€m… era extremamente admirável. Ele vestia roupas de sannyasi, com marcas de ™rddhva-puŠ�ra tilaka na testa, sílabas de hari-n€ma estavam escritas em seu corpo e qua-tro voltas grossas de tulas… adornavam seu pescoço. Em suas mãos, segurava a japa-m€l€ e, de seus olhos que estavam entreabertos em meditaçao, de vez em quando, jorravam lágrimas em direção ao seu peito. Chorando e suspirando, algumas vezes clamava: “Ó Gaur€‰ga! Ó Nity€nanda!” Seu corpo era um pouco forte e, sua compleição era escura e

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refulgente. Sua vasilha de casca de coco cheia d’água per-manecia próxima ao seu assento de casca de bananeira, no qual estava sentado, enquanto suas sandálias de madeira permaneciam a uma certa distância.

Quando Vijaya e Vrajan€tha viram tudo isto, uma �raddh€ inigualável surgiu em seus corações. Ambos ofe-receram reverências (s€�˜€‰ga-praŠ€ma), permanecen-do estendidos no chão por um certo tempo. Os residentes da Ma˜ha geralmente respeitavam Vijaya e Vrajan€tha, ao ver suas qualidades Vai�Šavas, erudição e profunda com-preensão de muitos �€stras, eles também eram conhecidos por serem residentes de ®r… Navadv…pa-dh€ma. Porém, na-quele instante, todos ficaram especialmente maravilhados ao observarem tão belos sentimentos Vai�Šavas. Ao notar eles estendidos no chão e oferecendo praŠ€ma daquela ma-neira, Guru Gosv€m… ergueu-os e os abraçou amorosamente, e os fez sentarem-se próximos. Vrajan€tha esperou por um momento apropriado e, então aos poucos e educadamente tocou no tópico de rasa. ®r… Gosv€m… começou a falar com seu coração repleto de prema: “Hoje, farei com que vocês entendam o assunto de anubh€va e assim por diante e o processo para ingressarem em rasa-tattva.”

“Rasa tem quatro ingredientes: vibh€va, anubh€va, s€ttvika e vyabhic€r…. Ontem, expliquei vibh€va-tattva e hoje primeiro explicarei anubh€va. Ouçam atentamente.

“Vibh€va refere-se àquelas personalidades que são a causa do surgimento de rati. Agora, anubh€va refere-se àqueles sintomas visíveis que fazem rati tornar-se eviden-te, e pelos quais os bh€vas no coração são realizados. Em outras palavras, anubh€va consiste de atividades tais como olhares de soslaio e arrepios dos pêlos do corpo, que são manifestações das transformações corpóreas externas, mas

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que na verdade revelam os bh€vas do coração. Estes bh€vas internos são revelados pelas seguintes expressões externas de agitação: dançar (n�tya), rolar no chão (viluŠ˜hana), can-tar (g…ta), gritar (kro�ana), estirar o corpo e contorcer-se (tanu-mo˜ana), rugir (hu‰k€ra), bocejar (j�mbhana), suspi-rar e respirar profundamente (d…rgha-�v€sa), indiferença à opinião pública (lok€napek�it€), salivar (l€l€sr€va), dar gar-galhadas (a˜˜a-h€sa), vertigem (gh™rŠ€) e soluçar (hikk€).”

Vrajan€tha: Como podem estas transformações ex-ternas nutrirem o sabor do rasa do sth€y…bh€va interno? Eu também tenho outra pergunta, no momento em que se sa-boreia o rasa internamente, estes anubh€vas são manifesta-dos externamente no corpo, assim, como eles podem ser ingredientes distintos e separados de rasa?

Gosv€m…: B€b€, você de fato é um verdadeiro paŠ�ita do ny€ya-�€stra. Até hoje ninguém havia apresen-tado uma pergunta tão perspicaz como a sua. Quando co-stumava estudar o rasa-�€stra com ®r… PaŠ�ita Gosv€m…, exatamente os mesmos argumentos apareciam em minha mente. Todavia, minhas dúvidas eram rapidamente dis-sipadas pela misericórdia de ®r… Gurudeva. O significado confidencial é que na consciência pura (�uddha-sattva) da j…va, quando vibh€va estimula a função da consciên-cia (citta) e auxilia sua função correspondente, neste mo-mento um encantamento (vaicittya) natural emerge, o qual faz o coração florescer de várias maneiras, e isto por sua vez faz algumas transformações externas evidentes no cor-po. Estas transformações externas como dançar, são cha-madas udbh€svara, e elas são de muitos tipos. Quando o coração dança, o corpo também começa a dançar, e quando o coração canta, a língua também canta. Você deve enten-der a ação de outras transformações da mesma maneira.

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Entretanto, a ação de udbh€svara não é a ação original. Ou melhor, os anubh€vas que despertam e nutrem os vibh€vas propagam-se através do corpo na forma de udbh€svara.

Logo que o sth€y…bh€va no coração é estimulado pelo vibh€va, o anubh€va começa sua função como uma outra ação no coração. Assim, o anubh€va é um ingrediente in-dividual separado. Quando isto é revelado através de ativi-dades como cantar, é chamado ‘calmante’ (�…ta); e quando ele é revelado através de atividades como dançar é chama-do ‘estimulante’ (k�epaŠa). Há muitos outros sintomas de anubh€va – tais como inchaço do corpo, sangramento, se-paração e contração das articulações dos ossos – que são raramente vistos, por conseguinte não me deterei nisto. Os anubh€vas extremamente surpreendentes que eram vistos no corpo de meu Pr€Še�vara ®r… Caitanya Mah€prabhu, tal como manifestar-Se semelhante a uma tartaruga, não são possíveis em s€dhaka-bhaktas.

Após Vijaya e Vrajan€tha terem ouvido estas instru-ções confidenciais de Guru Gosv€m…, permaneceram silen-ciosos por algum tempo e em seguida perguntaram: “Prab-hu, o que é s€ttvika-bh€va?”

Gosv€m…: A palavra sattva refere-se a citta (pureza de coração ou consciência) que é estimulada por qualquer bh€va relacionado a K��Ša, seja diretamente ou com algu-ma obstrução. Os bh€vas originados deste sattva são cha-mados s€ttvika-bh€vas. Há três tipos de s€ttvika-bh€vas: suave (snigdha), viscoso (digdha) e áspero (ruk�a).

Vrajan€tha: O que é suave (snigdha) s€ttvika-bh€va?

Gosv€m…: O snigdha s€ttvika-bh€va tem duas di-visões: mukhya (principal) e gauŠa (secundária). Mukhya-snigdha s€ttvika-bh€va sobrevem quando mukhya-rati que

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781Rasa-Tattva:S€ttvika-Bh€va, Vyabhic€ri-Bh€va e Raty-šbh€sa

está diretamente relacionado com K��Ša domina o coração. Exemplos de Mukhya-snigdha s€ttvika-bh€va, são: ficar pa-ralisado, suar e assim por diante. GauŠa-snigdha s€ttvika-bhava surge de uma invasão no coração por gauŠa-rati, quando K��Ša está distante ou há algum obstáculo. Dois exemplos de gauŠa-s€ttvika-bh€vas, são: o empalidecer do corpo (vaivarŠya) e a voz embargada (svara-bheda). Visco-so (digdha) s€ttvika-bh€va sucede quando qualquer bh€va além de mukhya-rati e gauŠa-rati inundam o coração. Tre-mular é um exemplo de digdha (viscoso) s€ttvika-bh€va que resulta de rati.

Algumas vezes, quando alguém que apenas aparenta ser um bhakta, ouve sobre os maravilhosos e doces bh€vas de K��Ša, fica maravilhado e experimenta júbilo, embora na verdade não tenha rati. Este é o terceiro tipo de s€ttvika-bh€va, conhecido como ‘áspero’ (ruk�a). Um exemplo de ruk�a s€ttvika-bh€va é visto quando há arrepio dos pêlos do corpo (rom€ñca).

Vrajan€tha: Como surge s€ttvika-bh€va?Gosv€m…: Quando o coração (citta) do s€dhaka tor-

na-se saturado com sattva-bh€va (emoção pura relacionada a K��Ša), isto se submete ao ar vital (pr€Ša). Então, quando o pr€Ša é estimulado, transforma-se e provoca muita agi-tação no corpo. Neste momento, as transformações físicas como stambha (ficar paralisado) sucedem.

Vrajanatha: Quantos tipos de transformações s€ttvika existem?

Gosv€m…: Há oito transformações s€ttvika, a sa-ber, ficar atordoado (stambha); suar (sveda); ficar arre-piado (rom€ñca); voz balbuciante (svara-bheda); tre-mular (vepathu); chorar (a�ru); transformação da cor do corpo (vaivarŠya) tais como: sujeira e magreza que

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ocorrem devido a emoções como desespero, medo e ira; chorar (a�ru); e desmaio (pralaya).

Em algumas circunstâncias, o ar vital (pr€Ša) perma-nece como o quinto elemento (ar) junto aos outros quatro elementos (terra, água, fogo e éter). Contudo, algumas vezes quando predomina – isto é, quando se situa no elemento ar (v€yu) – move-se por todo o corpo da j…va. Quando o pr€Ša entra em contato com o elemento terra, a inércia (stamb-ha) sucede; quando ele se aloja no elemento água, lágrimas (a�ru) aparecem; quando ele está situado no elemento fogo, a mudança da cor do corpo (vaivarŠya) e o suor (sveda) são evidentes; quando o pr€Ša se aloja no elemento éter, a perda da consciência ou desmaio (pralaya) sobrevem; e quando o pr€Ša é auto-dominante e aloja-se no elemento ar, os estados transformados de arrepios (rom€ñca), tremores (vepathu) e voz embargada (svara-bheda) são manifestos dependendo se o grau da força do pr€Ša é brando, modera-do ou intenso, respectivamente.

Uma vez que estas oito transformações são ativadas tanto interna quanto externamente, algumas vezes são de-nominadas bh€va e algumas vezes anubh€va. Todavia, os anubh€vas – tais como dançar, rolar no chão e cantar – não são considerados os mesmos que os s€ttvika-bh€vas por-que são somente ativos no exterior do corpo. As atividades anubh€va, tais como dançar, não são resultantes de bh€va que surgem de sattva (isto é, s€ttvika-bh€va). Ao contrário, a atividade é instigada pela aplicação da inteligência. No entanto, em transformações tais como ficar atordoado, o s€ttvika-bh€va age diretamente, sem depender da inteligên-cia. Por esta razão, anubh€va e s€ttvika-bh€va são conside-rados ingredientes distintos e separados.

Vrajan€tha: Gostaria de saber a causa das transfor-

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mações a�˜a-s€ttvika como stambha (ficar atordoado).Gosv€m…: Stambha é um estado no qual alguém fica inerte sem falar ou ter qualquer outra atividade e, é procedente do contentamento, medo, maravilhamento, depressão, lamen-tação, ira e fadiga. Sveda (suor) é a umidade do corpo oca-sionada por júbilo, medo ira e outros. Rom€ñca, arrepio dos pêlos do corpo decorre de maravilhamento, contentamento, entusiasmo e medo. Svara-bheda (voz embargada) sobre-vém devido ao desespero, admiração, ira, júbilo e medo. Ve-pathu (tremor) é ocasionado por medo, ira e júbilo e assim por diante. VaivarŠya (mudança da cor do corpo) é devido a emoções tais como desespero, ira, medo. A�ru (lágrimas) vêm dos olhos através da influência do contentamento, ira, desespero e outras emoções; as lágrimas de contentamento são frias, enquanto que as lágrimas coléricas são quentes. No estado de pralaya (desmaio), a pessoa está desprovi-da de atividades e de conhecimento, torna-se inconscien-te e desmaia; isto pode ser provocado pela felicidade ou aflição.

Há quatro tipos de s€ttvika-bh€vas que correspon-dem às gradações progressivas de sattva (pureza). Estes são chamados esfumaçados (dh™m€yita), iluminados (jvalita), chamejantes (d…pta) e brilhantes (prad…pta). Os s€ttvika-bh€vas turbulentos (ruk�a) são geralmente esfumaçados (dh™m€yita), enquanto os s€ttvika-bh€vas serenos (snigdha) alcançam gradualmente os estágios mais elevados. Rati é a causa de toda €nanda surpreendente, e em sua ausência, não há encantamento nos s€ttvika-bh€vas ruk�a e em outras emoções.

Vrajan€tha: Prabhu, s€ttvika-bh€vas aparecem pela extrema boa fortuna, mas muitas pessoas fazem um espetá-culo destes bh€vas como se estivessem interpretando um

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papel em um drama, ou para realizar seus próprios desígnios na vida mundana. O que pode ser dito sobre os bh€vas de tais pessoas?

Gosv€m…: S€ttvika-bh€vas que se manifestam natu-ralmente quando se realiza s€dhana de bhakti pura e since-ra, são bh€vas Vai�Šavas. À parte disto, quaisquer sintomas emocionais que aparecerem podem ser divididos em quatro categorias: a semelhança de rati (raty-€bh€sa); a semel-hança de s€ttvika-bh€va (sattv€bh€sa); sintomas que não aparecem de sattva (niƒsattva); e sintomas contrários ou adversos (prat…pa).

Vrajan€tha: O que é raty-€bh€sa (a semelhança de rati)?

Gosv€m…:Raty-€bh€sa sobrevém naqueles que desejam liberação; aparecem nos sanny€s…s impersonalistas da ®a‰kara samprad€ya quando ouvem discussões sobre os passatempos de K��Ša.

Vrajan€tha: O que é sattv€bh€sa (a semelhança de s€ttvika-bh€vas)?

Gosv€m…: Sattv€bh€sa é a semelhança de alegria e maravilhamento que surge nos corações daqueles que natu-ralmente soltam suas emoções – por exemplo, nos adeptos da filosofia jaran-m…m€ˆs€ e nas mulheres comuns – quan-do ouvem k��Ša-kath€.

Vrajan€tha: O que é niƒsattva (a semelhança do bh€va que não surge de sattva)?

Gosv€m…: Niƒsattva refere-se aos sintomas como ar-repio e lágrimas que são exibidos por pessoas cujas mentes são naturalmente dúplices, e que as praticam para desem-penhar um papel dramático, ou a fim de realizar um obje-tivo material. Certas pessoas são de fato insensíveis, mas são tão experientes que podem começar a chorar a qualquer

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instante, como se estivessem chorando naturalmente.Toda-via, seu pranto é completamente pretensioso, e é dito que elas possuem a mente traiçoeira.

Vrajan€tha: O que são sintomas adversos ou con-trários (prat…pa)?

Gosv€m…: Prat…pa-bh€va-€bh€sa é a semelhança de bh€va que acontece devido à ira, ao medo e a outras emoções resultantes de atividades que são desfavoráveis a K��Ša. Kamsa e Si�up€la são exemplos óbvios.

Vrajan€tha: Prabhu, entendemos vibh€va, anubh€va e s€ttvika-bh€vas, bem como as diferenças entre s€ttvika-bh€va e anubh€va. Agora, por favor, descreva-nos os vyabhic€r…-bh€vas.

Gosv€m…: Há trinta e três vyabhic€r…-bh€vas. Vi si-gnifica ‘distinto’, abhi significa ‘em direção’, e cari signi-fica ‘movimento’. Estes trinta e três bhavas são chamados vyabhic€r… porque de maneiras diferentes movem-se ao sth€y…bh€va. Também são chamados de sañc€r…-bh€vas, porque estão inter-relacionados por meio das palavras, do corpo e do sattva, e deste modo deslocam-se (sañc€rita) por todo o sistema. Eles são como ondas no oceano de néctar de sth€y…bh€va, pois eles crescem, causam uma expansão no volume, e depois fundem-se novamente no oceano.Os trinta e três sañc€r…-bh€vas são: 1) desapontamento ou in-diferença (nirveda), 2) desespero (vi�€da), 3) humildade (dainya), 4) debilidade física e mental (gl€ni), 5) fadiga (�rama), 6) intoxicação (mada), 7) orgulho (garva), 8) dú-vida (�a‰k€), 9) medo (tr€sa), 10) agitação (€vega), 11) loucura (unm€da), 12) abstração ou distração (apasm�ti), 13) doença (vy€dhi), 14) desmaio ou delírio (moha), 15) morte (m�tyu), 16) preguiça (€lasya), 17) inércia (j€�ya), 18) timidez (vr…�€), 19) ocultar emoções (avahitth€), 20)

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lembrar (sm�ti), 21) deliberação ou raciocínio (vitarka),22) ansiedade (cint€), 23) determinação ou inteligência (mati), 24) fortaleza (dh�ti), 25) contentamento (har�a), 26) desejo ardente (autsukat€), 27) agressividade (augrya), 28) impa-ciêcia e indignação (amar�a), 29) inveja (as™y€), 30) in-quietude (c€palyam), 31) sono (nidr€), 32) sono profundo (supti), e 33) despertar (bodha).

Alguns sañc€r…-bh€vas são independentes (svatan-tra), e alguns são dependentes (paratantra). Há dois tipos de sañc€r…-bh€vas dependentes: superior (vara) e inferior (avara). A categoria superior é também dividida em dois ti-pos, a saber, direta (s€k�€t) e separada, ou secundária (vya-vahita). Os sañcari-bh€vas independentes são divididos em três tipos: aqueles que são destituídos de rati (rati-�™nya); aqueles que têm um contato com rati posteriormente (rati-anuspar�ana); e aqueles que têm um indício de rati (rati-gandha).

Quando estes bh€vas aparecem nas pessoas que são aversas a K��Ša, ou são percebidos em pessoas ou coisas i-nadequadas, eles são divididos em dois tipos: desfavoráveis (pr€tik™lya) e impróprios (anaucitya). Todos estes bh€vas têm quatro condições: formação (utpatti), junção (sandhi), dominação (�abalya) e pacificação (�€nti).

Vrajan€tha: A formação do bh€va (bh€va-utpatti) pode ser facilmente entendida, mas o que é junção (bh€va-sandhi)?Gosv€m…: Bh€va-sandhi ocorre quando dois bh€vas – do mesmo tipo ou distintos – encontram-se. Por exemplo, quando a inércia originada pelo ser amado (i�˜a) de uma pessoa e a inércia ocasionada por outra coisa apa-recem ao mesmo tempo, é um exemplo de união de duas emoções idênticas (sar™pa-bh€va-sandhi). Inversamente, contentamento e apreensão sobrevindo simultaneamente é

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787Rasa-Tattva:S€ttvika-Bh€va, Vyabhic€ri-Bh€va e Raty-šbh€sa

um exemplo de união de dois diferentes tipos de bh€va (bhinna-bh€va-sandhi).

Vrajan€tha: O que é dominação (bh€va-�€balya)?Gosv€m…: O bh€va-�€balya é o choque e encontro de

muitos bh€vas, no qual um bh€va suprime o outro e torna-se predominante. Por exemplo, quando Kaˆsa ouviu sobre K��Ša, tornou-se irado e temeroso ao mesmo tempo; este é um exemplo de bh€va-�€balya.

Vrajan€tha: O que é pacificação (bh€va-�€nti)?Gosv€m…: Bh€va-�€nti ocorre quando um extrema-

mente poderoso bh€va é pacificado. Quando os vraja-v€s…s não podiam ver K��Ša por perto, ficavam muito ansiosos, mas a apreensão deles era rapidamente pacificada – isto é, ela ia para longe – quando ouviam o som de Sua vaˆ�…. Esta é a condição de pacificação do desespero (vi�€da).

Vrajan€tha: Se somos qualificados para saber algu-ma coisa a mais sobre este assunto, conte-nos, por favor.

Gosv€m…: Ao todo, há quarenta e um bh€vas que oca-sionam transformações do corpo e dos sentidos. Estes são os trinta e três vyabhic€r…-bh€vas, um dos mukhya-sth€y…bh€va e também os sete gauŠa-sth€y…bh€vas que deverei descrever, posteriormente. Estas são todas as propensões do coração (citta-v�tti) que causam o despertar de bh€va.

Vrajan€tha: Que tipos de bh€va eles despertam?Gosv€m…: Eles produzem os a�˜a-s€ttvika-bh€vas e

os anubh€vas que se enquadram na categoria de vibh€va.Vrajan€tha: Todos os bh€vas são naturais e ineren-

tes?Gosv€m…: Não, alguns são naturais, enquanto outros

são transitórios. O sth€y…bh€va do bhakta é o seu bh€va natural e os vyabhic€r…-bh€vas são transitórios.

Vrajan€tha: Todos os bhaktas têm o mesmo tipo de

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bh€va?Gosv€m…: Há diferentes tipos de bhaktas de acordo

com a diferença na disposição de suas respectivas mentes (mano-bh€vas), assim há diferentes graus no despertar dos bh€vas dependendo da disposição da mente. Há três tipos de despertar: gari�˜ha (intenso), laghi�˜ha (rápido) e gambh…ra (profundo). Contudo, a natureza do néctar é que ele é sempre líquido e o coração do k��Ša-bhakta é como néctar por natureza.

Hoje, devo parar por aqui. Amanhã explicarei sth€yibh€va.

Vijaya e Vrajan€tha ofereceram reverências (s€�˜€‰ga-daŠdavat) para ®r… Guru Gosv€m…. E após rece-berem sua permissão, partiram para seu local de residência.

Assim termina o Vigésimo Sétimo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Rasa-Tattva: S€ttvika-Bh€va, Vyabhic€ri-Bh€va e Raty-šbh€sa”

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Capítulo 28Rasa-Tattva: Mukhya-Rati

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No dia seguinte, como de costume, Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha dirigiram-se aos pés de lótus de ®r… Gop€la Guru Gosv€m…. Depois de oferecerem suas respeitosas reverên-cias (s€�˜€‰ga-daŠ�avat-praŠ€ma), eles começaram a fazer perguntas para esclarecer os temas que haviam discutido no dia anterior. Vrajan€tha perguntou: “Prabhu, tudo que o senhor explicou sobre vibh€va, anubh€va, s€ttvika-bh€va e vyabhic€r…-bh€va, parece que todos são bh€vas. Então, onde está o sth€y…bh€va entre eles?”

Gosv€m…: É verdade que todos eles são bh€vas. Mas, o sth€y…bh€va é o bh€va que domina todos os bh€vas com-patíveis tais como, h€sya, bem como os bh€vas incom-patíveis como a ira, o qual predomina e continua a reinar como um imperador entre todos os outros bh€vas. Sth€y…bh€va é o rati que o bhakta tem em seu coração por K��Ša, o qual o identifica como €�raya e K��Ša como vi�aya.

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Na descrição dos ingredientes de rasa, você vê que €�raya é classificado dentro de vibh€va como €lambana (suporte). Este bh€va controla os outros bh€vas e aceita alguns deles como motivações para rasa, e alguns como assistentes para saboreá-la. Nesta posição predominan-te, embora ele tenha a forma de um bh€va deleitável, ao mesmo tempo ele saboreia os outros bh€vas. Estude isto muito profundamente, e reflita sobre como o sth€y…bh€va é diferente de outros bh€vas. Rati na forma de sth€y…bh€va pode ser principal ou secundário, então há dois tipos de rati: mukhya-rati e gauŠa-rati.

Vrajan€tha: O que é mukhya-rati?Gosv€m…: No contexto de bh€va-bhakti, mukhya-rati

é o rati caracterizado como o único svar™pa do €tm€ no esta-do de bondade pura (�uddha-sattva-vi�e�€tm€ svar™pa).

Vrajan€tha: Hoje, ouvindo suas deliberações puras, a concepção equivocada que desenvolvi sobre rati quando estudei a literatura mundana (ala‰k€ra-�€stra), foram dissi-padas. Agora, tenho o entendimento correto que bh€gavata-rasa surge na svar™pa pura da j…va como a inclinação inata de seu €tm€. O rati o qual os autores mundanos referem é somente experimentado no corpo da j…va condicionada, na mente e no coração (citta) do corpo sutil. Agora, entendo através de sua explicação que rasa é a riqueza exclusiva da j…va pura. Pela misericórdia de hl€din…-�akti a j…va condi-cionada pode realizar isto em um grau diminuto. Por favor, explique-nos os diferentes tipos de �uddha ou mukhya-rati.

Quando Guru Gosv€m… viu a compreensão de tattva de Vrajan€tha, lágrimas de alegria fluíram de seus olhos. Abraçando Vrajan€tha, ele disse, “Hoje, tornei-me aben-çoado por ter um discípulo como você. Ouça, há dois ti-pos de mukhya-rati: mukhya-rati que nutre a si mesmo

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793Rasa-Tattva: Mukhya-Rati

(svartha mukhya-rati) e mukhya-rati que nutre outros ratis (par€rth€ mukhya-rati).”

Vrajan€tha: O que é sv€rth€ mukhya-rati?Gosv€m…: Sv€rth€ rati apóia e nutre a si mesmo pelos

bh€vas compatíveis, enquanto que o bh€va incompatível cria pesar ou indiferença nele.

Vrajan€tha: O que é par€rth€ mukhya-rati?Gosv€m…: Par€rth€ mukhya-rati acomoda a ambos,

compatíveis ou incompatíveis tipos de bh€va por retraí-los (sa‰kucita). Também há outra maneira de classificar mukhya-rati.

Vrajan€tha: Qual é?Gosv€m…: Mukhya-rati divide-se em cinco partes:

�uddha, d€sya, sakhya, v€tsalya e madhura. Assim como o mesmo sol é visto de formas distintas, quando refletido em diferentes superfícies, tais como o cristal, similarmente, dos diferentes receptáculos de rati surgem as especialida-des dos sth€y…bh€vas.

Vrajan€tha: Por favor, explique �uddha-rati.Gosv€m…: Há três tipos de �uddha-rati: geral

(s€m€nya), claro (svaccha), e tranquilo (�€nta). O rati ge-ral ou comum (s€m€nya) é aquele de pessoas comuns e das jovens por K��Ša. O rati claro (svaccha) varia de acordo com o relacionamento do s€dhaka com diferentes tipos de bhaktas, cada um deles tem sua própria disposição e um tipo particular de s€dhana. Svaccha-rati é como um cristal puro e completamente transparente que reflete o bh€va de qualquer tipo de associação (bhakta-sa‰ga) que o s€dhaka tenha. Por isto é chamado de rati svaccha (claro). Aqueles que têm este rati algumas vezes chamam a K��Ša ‘Prabhu’ e Lhe oferecem orações (stava); algumas vezes chamam-No ‘Mitra’ (amigo) e fazem gracejos com Ele; outras vezes

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cuidam e nutrem Ele, considerando-O como seu filho; às vezes dirigem-se alegremente a Ele chamando-O de ‘K€nta’ (amado) e por vezes têm o humor de que Ele é Param€tm€.

Sama-svabh€va é a €nanda que desperta na mente de alguém que, é dotado com a qualidade de equilíbrio e que dissipou todos os desejos para gratificação dos sentidos da mente. O rati que tal pessoa estável tem naturalmente por K��Ša, surge do conhecimento de Param€tm€ e é cha-mado �€nta-rati. Este rati é chamado puro e não misturado (�uddha-rati), porque ele não tem conexão com os gostos presentes em d€sya-rati, sakhya-rati, v€tsalya-rati e ou-tros.

Estes três tipos de rati – d€sya, sakhya e v€tsalya – são também divididos em duas categorias, a saber: exclusi-vo (keval€) e acumulado (sa‰kul€). Em keval€ rati, somen-te um tipo de rati é ativo, sem mesmo um vistígio de algum outro tipo. Em Vraja, keval€ rati é exibido por servos como Ras€la; amigos como ®r…d€m€; e superiores de K��Ša como Nanda Mah€r€ja. O rati acumulado (sa‰kul€) é aquele no qual dois ou mais tipos de rati estão combinados. O rati de Uddhava, Bh…ma e Mukkar€, a ama de Vraje�var… ®r…mat… R€dhik€, é chamado sa‰kul€ rati.

Vrajan€tha: Antes, eu possuía a concepção que não havia �€nta-rati nos devotos de Vraja, mas agora vejo que esta também existe neles numa certa medida. Poetas mundanos pensam que não há rati em �€nta-dharma, mas este é certamente visível no rati por parabrahma. Agora, por favor, explique-nos os sintomas de d€sya-rati.

Gosv€m…: D€sya-rati ou pr…ti é o rati composto de sentimentos de serviço reverencial surgindo desta con-cepção: “K��Ša é o mestre e eu sou o servo.” Aqueles que tem apego por esse rati não tem pr…ti por nada mais.

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Vrajan€tha: Qual é o sintoma de sakhya-rati? Gosv€m…: Em sakhya-rati, o devoto tem a firme con-

fiança em K��Ša e considera Ele igual a si mesmo. Sakhya-rati é caracterizado por frequentes risos e brincadeiras.

Vrajan€tha: Por favor, descreva o sintomas de v€tsalya-rati.

Gosv€m…: O v€tsalya-rati dos superiores (guru-jana) de ®r… K��Ša, é constituído pelo desejo de interceder a Seu favor e pela afabilidade. Neste rati, há atividades como nu-trir e proteger K��Ša, realizar rituais para trazer auspiciosi-dade em Sua vida, oferecer bênçãos e tocar o Seu queixo.

Vrajan€tha: Agora, por favor, tenha a bondade de descrever madhura-rati.

Gosv€m…: Madhura-rati é o rati que ocorre nas tro-cas de olhares de corça das gop…s de Vraja e ®r… K��Ša, no qual há oito tipos de encontros e divertimentos, começan-do com recordar e ver, e assim por diante. E é manifesto por gestos e atividades tais como lançar olhares de soslaio, expressões e indicações por meio da sobrancelha, palavras doces e risos. Rati torna-se cada vez mais agradável e ar-rebatador quando ele progride de �€nta à madhura, e bril-ha eternamente no íntimo dos diversos bh€va-bhaktas. Até aqui, descrevi brevemente os sintomas dos cinco tipos de mukhya-rati.

Vrajan€tha: Agora, por favor, explique-nos gauŠa-rati no contexto de apr€k�ta-rasa.

Gosv€m…: GauŠa-rati é o bh€va especial que sur-ge de vibh€va, especificamente a excelência de €lamba-na, e que se manifesta por si só por meio de um rati con-traído. Os sete gauŠa-bh€vas são: h€sya (humor festivo), vismaya (surpresa), uts€ha (entusiasmo), �oka ou karuna (compaixão), raudra (ira), bhay€naka (medo), e jugups€

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ou b…bhatsa (desgosto). K��Ša-bh€va é possível nos pri-meiros seis gauŠa-bh€vas. Quanto ao sétimo rati, do ponto de vista de rasa, uma vez que desperta o �uddha-rati, con-siste na repugnância ou no desgosto que o bhakta sente pelo corpo material inerte e suas atividades. A palavra rati é uti-lizada para bh€vas como h€sya por causa de suas combina-ções com par€rth€ mukhya-rati, muito embora eles sejam diferentes do distinto (sv€rth€) rati de �uddha-sattva. Isto é porque eles são referidos como h€sya-rati e vismaya-rati. Algumas vezes o gauŠa-rati tal como h€sya alcança uma posição permanente em alguns bhaktas, mas isto nem sem-pre ocorre. Por isso, eles são denominados como ocasionais e não se manifestam como um fluxo contínuo e constante. Em certas circunstâncias, eles tornam-se tão poderosos que até subjugam o �uddha-rati natural e então, estabelecem sua própria supremacia.

Vrajan€tha: Os oito tipos de bh€va, como ��‰g€ra, h€sya e karuŠa, são mencionados na literatura poética do mundo material (ja�…ya-ala‰k€ra). Agora, eu posso entender que o vibh€va deste tipo de bh€va pode pare-cer belo somente no rasa insignificante entre um n€yaka e uma heroína (n€yik€) mundanos. Isto não acontece no cinmaya-rasa de Vraja, no qual somente a alma espiritual (€tm€) pura é ativa; as atividades da mente não podem al-cançar esta esfera. Por isso, os mah€janas determinaram que rati é o sth€y…bh€va. E dividiu seus mukhya-bh€vas em cinco tipos de mukhya-rasa, e seus gauŠa-bh€vas em sete tipos de gauŠa-rasa. Esta é uma classificação bastante adequada. Agora, por favor, descreva-nos os sintomas de h€sya-rati (risos).

Gosv€m…: O despertar de h€sya-rati é o florescimen-to do coração devido a uma cômica interpretação equivoca-

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da de palavras, aparência, ou atividades; seus sintomas são dilatação dos olhos e um estremecimento do nariz, lábios e cabeça. Este riso é somente chamado h€sya-rati quando ele é nutrido por sa‰kucita-rati (contraído) e desperta ativida-des relacionadas a K��Ša.

Vrajan€tha: Por favor, conte-nos sobre os sintomas de vismaya-rati (admiração).

Gosv€m…: A transformação do coração que ocor-re quando alguém vê alguma coisa incomum é chamada vismaya, e esta vismaya é chamada vismaya-rati quando ela está relacionada a K��Ša. Nesta vismaya-rati, são manifes-tos os anubh€vas tais como olhar com os olhos arregalados; expressões tais como “Uau! Uau!” (em admiração), e hor-ripilação.

Vrajan€tha: Quais são os sintomas de uts€ha-rati (entusiasmo)?

Gosv€m…: Uts€ha é o firme apego da mente em rea-lizar tanto quanto possível uma grande tarefa cujos frutos são exaltados por s€dhus. Ele caracteriza-se pela urgência, abandono da paciência e esforço extraordinário, e assim por diante.

Vrajan€tha: Quais são os sintomas de krodha-rati?Gosv€m…: Krodha (ira) é a ardência do coração que

desperta devido a um bh€va incompatível. Em krodha, ex-perimenta-se transformação tais como irritação, o franzir da sobrancelha e a vermelhidão dos olhos.

Vrajan€tha: Quais são os sintomas de bhaya-rati? Gosv€m…: Bhaya (medo) é a excessiva inquietude do cora-ção que ocorre quando alguém testemunha uma cena ter-rível. Os sintomas da pessoa de se esconder, a indiferen-ça do coração e o esforço para fugir são características de bhaya.

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Vrajan€tha: Tenha a bondade de falar sobre os sin-tomas de jugups€-rati.

Gosv€m…: Jugups€ (desgosto) é o retraimento, ou en-vergonhar-se, que ocorre ao ver, ouvir ou lembrar-se de coi-sas detestáveis. Seus sintomas incluem cuspir, distorcer a face e vocalmente expressar desgosto: “Xii! Xii!” Eles são somente aceitos como rati quando são favoráveis a K��Ša; de outra forma, são somente sentimentos humanos munda-nos.

Vrajan€tha: Quantos bh€vas existem ao todo embhakti-rasa?

Gosv€m…: Há oito sth€y…bh€vas, trinta e três sañc€r…-bh€vas e oito sattvika-bh€vas, somando um total de quaren-ta e nove bh€vas. Se estes bh€vas são mundanos (pr€k�ta), estão cheios de felicidade e de aflições que surgem das três qualidades materiais; e se eles são manifestos em relação a ®r… K��Ša, eles são transcendentais (apr€k�ta), e consistem de completa €nanda, além das três qualidades materiais.Mesmo a melancolia (vi�€da), é composta de imensa felici-dade quando ela está relacionada a K��Ša. ®r… R™pa Gosv€m… disse que K��Ša e Seus bhaktas, liderados por Suas amadas consortes, são a causa de rati como €lambana.

Os s€ttvika-bh€vas, como ficar paralisado (stambha), são as atividades de rati, e os sañc€r…-bh€vas começando com menosprezo (nirveda), são os assistentes de rati.

Quando o rasa desperta, as transformações não são chamadas a causa, o efeito ou o assistente; ao contrário, eles são chamados vibh€va, e assim por diante. Os paŠ�itas colocaram este nome vibh€va em rati porque ele dá a quali-ficação para rati se tornar especificamente deleitável. Ativi-dades como n�tya (dança) são chamadas anubh€vas porque elas iluminam (anubh€va) o rati implantado (vibh€vita)

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depois delas terem se expandido. Os s€ttvika-bh€vas são assim chamados porque eles despertam sattva. Os sañc€r…-bh€vas são aqueles bh€vas que fazem o rati implantado e iluminado (vibh€vita e anubh€vita), e encanta de di-versas formas ao transmitir (sañc€rita) os bh€vas transitór-ios, como o nirveda. De acordo com os bhaktas que são versados em poemas e dramas relacionados a Bhagav€n, vibh€va e outros são a causa fundamental de seva (servi-ço transcendental). De fato, estes bh€vas, como partes de rati, são por sua própria natureza o vil€sa de mah€-bhakti, e eles têm a qualidade da svar™pa distinta e inconcebível (acintya-svar™pa-vi�i�ta). E são descritos no Mah€bh€rata como além do raciocínio, esses mesmos �€stras também estabelecem que é inapropriado argumentar sobre a imen-sa quantidade de bh€vas (bh€va-sam™ha) que estão além da contemplação. Os tattvas que estão além de prak�ti (os modos da natureza material) são acintya-tattvas (inconce-bíveis).

O rati que é parte do inconcebível rasa-tattva encan-ta a mente. Na realidade, a r™pa e as demais qualidades de K��Ša são realçadas por si mesmas (vibh€vita) e, deste modo nutre-se junto com o vibh€va e assim por diante. Rati ilumina as qualidades de K��Ša, tais como Sua r™pa, a qual é a morada de todos os tipos de m€dhurya. Consequente-mente, quando se saboreia a r™pa e as demais qualidades de K��Ša, elas expandem rati. Uma vez que, os bh€vas vibh€va, anubh€va, s€ttvika e vyabhic€r…-bh€vas assistem rati, este também nutre estes bh€vas.

Vrajan€tha: Qual é a diferença entre vi�aya-rati e k��Ša-rati?

Gosv€m…: Vi�aya-rati é mundano, enquanto que k��Ša-rati é transcendental. No rati mundano, há um pra-

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800 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 28

zer no encontro e uma extrema aflição na separação. En-tretanto, quando os bhaktas que amam a Bhagav€n obtém k��Ša- rati, este se transforma em rasa e decorre o prazer da união. No momento da separação (vipralambha), este rati assume forma de uma maravilhosa e extremamente sur-preendente espiral de alegria (€nanda-vivarta). No diálogo entre ®r…man Mah€prabhu e R€ya R€m€nanda, este último explicou a surpreendente €nanda-vivarta de separação em seu �loka ‘pahilehi r€ga nayana-bha‰ge bhela (Caitanya-carit€m�ta, Madhya-l…l€ 8.194). Este verso parece descre-ver um intenso sofrimento, mas na realidade está repleto do tipo mais elevado de felicidade.

Vrajan€tha: Os lógicos dizem que o rasa que vemos não é completamente manifesto, mas é somente uma parte de todo o rasa. O que poderíamos dizer sobre este ponto de vista?

Gosv€m…: De fato é verdade que o rasa que surge das interações no mundo material (ja�a-rasa) é somente uma parte de todo rasa, porque o rasa completo somente se ma-nifesta quando seus ingredientes (s€magr…) vêm combina-dos com o sth€y…bh€va. Antes disto e este permanece não-manifesto. Mas, este não e o caso com o rasa transcendental (apr€k�ta-cinmaya-rasa), que no estágio de perfeição (sid-dha) é eterno, indivisível e auto-manifesto. Durante o está-gio de s€dhana, a pessoa poderá realizar o mesmo rasa de forma manifesta no mundo material. O rasa mundano não suporta a separação, enquanto o rasa transcendental torna-se até mais belo em tal condição.

O apr€k�ta-cinmaya-rasa, como as alegres manifesta-ções dos passatempos (vil€sa-r™pa) da hl€din… mah€-�€kti, alcançou tad€tmya, a unidade com a suprema bem-aventu-rança (param€nanda). Em outras palavras, o param€nanda

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é o próprio rasa. Devido ao seu caráter inconcebível (acin-tya) ele está além do alcance da lógica e da argumentação.

Vrajan€tha: Quantos tipos de rasa existem em apr€k�ta-tattva?

Gosv€m…: Há uma forma principal (mukhya) de rati, e sete formas secundárias (gau‰a), assim há oito tipos de rati ao todo. Similarmente, mukhya-rasa é um destes cinco tipos e existem sete tipos de gau‰a-rasa, assim há oito tipos de rasa.

Vrajan€tha: Tenha a bondade de dizer-me os nomes de todos os oito. Quanto mais eu ouço, mais meu desejo por ouvir aumenta.

Gosv€m…: ®r… R™pa Gosv€m… declarou no ®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu (Seção Meridional 5.115):

mukhyas tu pañcadh€ �antaƒ pr…taƒ prey€ˆ� ca vatsalaƒmadhura� cety am… jñey€ yath€ p™rvvam anuttam€ƒ

hasyo’ dbhutas tath€ v…rah karuno raudra ity apibhay€nakaƒ sa vibhatsa iti gauŠa� ca saptadh€

Há cinco tipos de mukhya-bhakti-rasa: �€nta, pr…ta, preya, v€tsalya e madhura. O primeiro destes cinco é menos elevado do que o segundo, o segundo inferi-or ao terceiro, e assim sucessivamente. Além destes, há sete tipos de gauŠa-bhakti-rasa: h€sya, adbhuta, v…ra, karuŠa, raudra, bhay€naka e b…bhatsa.

Vrajan€tha: Qual é o significado da palavra bh€va no contexto de cinmaya-rasa?

Gosv€m…: No rasa-tantra, a palavra bh€va indica o sentimento que é despertado por profundas impressões espi-rituais (g€dha-saˆsk€ras), que é o objeto da meditação no coração dos eruditos, cuja inteligência está exclusivamen-

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te aplicada e dedicada aos assuntos espirituais. Men-cionei anteriormente que há dois tipos de bh€va: cintya(concebível) e acintya (inconcebível). A pessoa pode aplicar lógica no tema de cintya-bh€vas, porque os bh€vas que surgem na mente condicionada da baddha-j…va são nascidos da natureza material inerte. Isto significa que eles podem ser avaliados por alguém. Similarmente, toda ava-liação mundana sobre Ÿ�vara é também cintya-bh€va. Na realidade, bh€vas relacionados a Ÿ�vara não são cintya, porque …�vara-tattva está além da percepção mundana. To-davia, é um erro pensar, “Ÿ�vara-tattva está além da energia material inerte, e consequentemente não há bh€va conce-bível nEle. Portanto, não há bh€va em absoluto em …�vara-tattva.” Na realidade, todos os bh€vas existem em relação a Ÿ�vara, mas eles são acintya porque estão além da capaci-dade de pensar da mente material. Traga estes bh€vas são acintya, inconcebíveis para o coração e siga cultivando-os com atenção unidirecionada. Você deve saber que um destes bh€vas é permanente (sth€y…), e você deve aceitar os outros acintya-bh€vas como os ingredientes (s€magr…) de rasa. Quando você assim proceder, o rasa eternamente perfei-to (nitya-siddha), o qual é completo e contínuo (akhaŠ�a), surgirá dentro de você.

Vrajan€tha: Prabhu, quais são as profundas impres-sões (g€�ha-saˆsk€ra) que você falou neste contexto?

Gosv€m…: B€b€! Nascimento após nascimento, você tem repetidamente transmigrado no ciclo do karma, e então por causa do apego a gratificação dos sentidos mundanos, sua consciência (citta) é feita de dois tipos de impressões (saˆsk€ra) denominadas: aquelas adquiridas em vidas pas-sadas (pr€ktana) e aquelas adquiridas nesta vida(€dhunika). No decurso do tempo, a tendência pura do coração que este-

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ve presente na existência pura de seu €tm€ tornou-se dis-torcida. Agora, pela influência dos méritos (suk�ti) espiri-tuais acumulados em muitas vidas prévias, você alcançou sat-sa‰ga nesta vida, e você está criando saˆsk€ras para executar bhajana nesta associação. Quando estes saˆsk€ras dissiparem os saˆsk€ras distorcidos, os seus saˆsk€ras originais surgirão. O acintya-tattva manifestar-se-á dentro do seu coração à medida que estes saˆsk€ras se intensifica-rem. Isto é conhecido como g€�ha-saˆsk€ra.

Vrajan€tha: Estou curioso por saber quem tem adhik€ra (elegibilidade) para entrar em rasa-tattva?

Gosv€m…: Os únicos candidatos para rasa-tattva são os s€dhakas que podem trazer em seus corações os acintya-bh€vas que surgem do g€�ha-saˆsk€ra, de acordo com a sequência que descrevi. Os outros não são qualificados. ®r… R™pa Gosv€m…, disse:

vyat…tya-bh€van€-vartma / ya� camatk€ra-bh€ra-bh™ƒh�di sattvojjale b€�ham / svadate sa raso mataƒBhakti-ras€m�ta-sindhu (Seção Meridional 5.79)

Rasa é o miraculoso sth€y…bh€va, o qual é um ver-dadeiro depósito de maravilhas e, que é experimenta-do após o s€dhaka ir além do caminho da contempla-ção. É saboreado no coração que tornou-se radiante por estar profunda e completamente purificado por �uddha-sattva.

Vrajan€tha: Quem não é qualificado (anadhik€r…) para este rasa? É ofensivo explicar rasa para alguém que não seja qualificado, do mesmo modo como é uma ofensa dar hari-n€ma para uma pessoa não-qualificada. Prabhu, somos indignos e desprezíveis, assim por favor, dê-nos sua

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misericórdia e nos previna com relação a isto. Gosv€m…: A renúncia que é indiferente a �uddha-

vair€gya), e o conhecimento que é indiferente a �uddha-bhakti pode ser chamado especulação seca (�u�ka-jñ€na). Aqueles que não são favoráveis a �uddha-bhakti, não estão qualificados para este tema sobre rasa, por exemplo, falsos renunciantes, especuladores secos, aqueles que são dedica-dos à lógica mundana, aqueles que seguem karma-m…m€ˆs€ e que exaltam a seção do conhecimento árido (�u�ka-jñ€na) do uttara-m…m€ˆs€, aqueles que são contrários a saborear bhakti e aqueles que seguem o sistema filosófico mundano de kevala-advaita-v€da. Os rasika-bhaktas irão proteger k��Ša-bhakti-rasa destas pessoas desqualificadas do mesmo modo que alguém protege um valioso tesouro dos ladrões.

Vrajan€tha: Hoje fomos abençoados. Iremos obede-cer as instruções que recebemos de seus lábios divinos em todos os aspectos.

Vijaya: Prabhu, mantenho minha vida com o que ganho ao recitar o ®r…mad-Bh€gavatam em uma assemblé-ia aberta para todos os tipos de pessoas, porém o ®r…mad-Bh€gavatam é rasa-grantha. Há alguma apar€dha em co-letar dinheiro ao recitá-lo para pessoas comuns?

Gosv€m…: Veja! O ®r…mad-Bh€gavatam é o mais proeminente de todos os �€stras, e ele é a personificação do fruto de todas as escrituras (�€stras) Védicas. Deve-se simplesmente seguir as instruções do Primeiro Canto (®r…mad-Bh€gavatam 1.1.3):

muhur aho rasik€ bhuvi bh€vuk€ƒ

Ó rasika-bhaktas, que são habilidosos em saborear rasa de bhagavat-pr…ti, mesmo no estágio liberado

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805Rasa-Tattva: Mukhya-Rati

vocês devem continuar bebendo repetidamente orasa do ®r…mad-Bh€gavatam, que é o fruto ma-duro da árvore dos desejos dos Vedas.

De acordo com este �loka, somente bh€vuka ou rasika-bhaktas são considerados qualificados para beber o rasa do ®r…mad-Bh€gavatam. B€b€, você deve abandonar esta ocupação imediatamente. Se você tem avidez por rasa, então não cometa mais nenhum tipo de apar€dha em re-lação a rasa. Raso vai saƒ – nesta declaração dos Vedas, é dito que rasa é a própria svar™pa de K��Ša.

Há muitas outras ocupações com as quais você po-derá manter sua vida e você deve sustentar a si mesmo por meio de uma delas.

De agora em diante, não colete mais haveres ao re-citar o ®r…mad-Bh€gavatam para as pessoas em geral. Se você encontrar um ouvinte rasika, sim, você poderá recitar o ®r…mad-Bh€gavatam para ele com grande prazer, mas não receba qualquer remuneração ou doação.

Vijaya: Prabhu, hoje você salvou-me de cometer uma grave apar€dha. De agora em diante, não farei mais isto, mas qual será o efeito da apar€dha que eu cometi?

Gosv€m…: Aquelas ofensas serão aniquiladas. Quan-do você se render ao rasa com o coração simples, ele certa-mente perdoará você. Não fique angustiado por isso.

Vijaya: Prabhu, irei manter minha vida com alguma ocupação servil. Mas não descreverei rasa para pessoas desqualificadas mesmo se elas me oferecerem dinheiro.

Gosv€m…: B€b€! Vocês são afortunados! Certamente K��Ša aceitou vocês como sendo dEle, caso contrário não seria possível para vocês terem tão firme convicção nos temas de bhakti. Ambos são residentes de ®r… Navadv…pa-

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dh€ma. Vocês foram agraciados com a potência de ®r… Gourahari.

Assim termina o Vigésimo Oitavo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Rasa-Tattva: Mukhya-Rati”

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Capítulo 29Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

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Vrajan€tha e Vijaya Kum€ra consideraram cui-dadosamente suas situações e, decidiram que deveriam passar C€turm€sya em Pur… e, ouvir sobre todos os as-pectos de rasa-tattva de ®r… Gop€la Guru. Quando a avó de Vrajan€tha ouviu as glórias de residir em Pur… durante C€turm€sya, ela também concordou com a sugestão deles. A partir de então, eles regularmente recebiam dar�ana de ®r… Jagann€tha deva, pela manhã e a noite, banhavam-se em Narendra Sarovara e, visitavam lugares sagrados im-portantes em Pur… e arredores. Além disso, eles tinham dar�ana de ®r… Jagann€thadeva com grande devoção sem-pre que um serviço especial, cerimônia ou ornamentação das deidades acontecia. Assim, eles passaram o tempo de uma maneira bem regulada e sublime. E expressaram seus mais íntimos sentimentos diante de ®r… Gop€la Guru.

Quando eles expressaram suas intenções para ®r…

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810 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 29

Guru Gosv€m…, ele ficou satisfeito e disse: “Já desenvolvi tamanha afeição familiar por vocês dentro de meu coração, que penso que irei sentir grande aflição quando vocês parti-rem. Quanto mais tempo vocês ficarem aqui, mais satisfeito ficarei. Pode-se obter facilmente um sad-guru, mas não é fácil encontrar um sat-�i�ya.”

Vrajan€tha muito humildemente pediu: “Por favor, gentilmente explique rasa-tattva de tal maneira que possa-mos entender facilmente os vibh€vas e outras característi-cas de vários rasas.”

Gosv€m…: Este é um tema extremamente belo. Ouçam cuidadosamente, porque eu vou falar com muita satisfação tudo o que ®r… Gaurasundara me inspirar a falar. No começo temos �€nta-rasa, no qual o sth€y…bh€va é �€nti-rati.

A €nanda em brahm€nanda dos nirvi�esa-v€d…s é extremamente limitada e frágil e, do mesmo modo é o €tm€nanda dos yog…s. A €nanda da realização de Ÿ�a (…�vara) é um pouco superior a isto, e a realização da svar™pa de …�vara é a causa de maior satisfação e de bem-aventurança. A causa da origem (€lambana) de �€nta-rasa é a forma de N€r€yana de quatro braços, que tem qualidades tais como supremacia e opulência. ®€nta-rati tem como receptáculo personalidades tranquilas (�€nta-puru�a), a saber, aqueles que são €tm€rama e os ascetas que tem fé em Bhagav€n.

Os quatro Kum€ras – Sanaka, San€tana, Sanat-kum€ra e Sanandana – que vagueiam nas formas de b€la-sanny€s…s, são proeminentes entre aqueles que são €tm€rama. Antes, eles eram inclinados por nirvi�e�a-brahma, mais tarde eles ficaram atraídos pela doçura da forma de Bhagav€n e, se ocuparam na adoração desta m™rti que é a personificação condensada de cit (transcendência). Os ascetas que entram em �€nta-rasa praticaram a renúncia adequada (yukta-

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811Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

vair€gya), pela qual eles venceram todos os obstáculos e dissiparam todo o apego por gratificação dos sentidos. Mas ainda assim, eles têm desejo de liberação.

Os udd…panas (estímulos) de �€nta-rasa, são os se-guintes: ouvir todas as Upani�ads notáveis; residir em um lugar solitário; discutir e refletir sobre tattva; estabelecer a predominância da potência do conhecimento (vidy€-�€kti); honrar a forma universal (vi�va-r™pa); associar-se com aque-les devotos de ®r… Hari, que também cultivam conhecimen-to empírico e especulação filosófica (jñ€na-mi�ra-bhaktas); refletir sobre o tattva das Upani�ads na associação de pes-soas igualmente eruditas. Além do mais, os udd…panas são a fragrância de tulas… oferecida aos pés de lótus de Bhagav€n; o som do búzio; as montanhas sagradas e florestas; siddha-k�etra; o Ga‰g€; a inclinação para diminuir o contato com a gratificação dos objetos dos sentidos (que é, o desejo de aniquilar todas as reações pecaminosas); e contemplar o processo implacável da influência do tempo. Estes são os v…bhavas (ímpetos por saborear) de �€nta-rasa.

Vrajan€tha: Quais são os sintomas visíveis (anubh€vas) deste rasa?

Gosv€m…: Alguns dos anubh€vas de �€nta-rasa, que são específicos (as€dh€raŠa) para aqueles que tem �€nti-rati, são fitar a ponta do nariz; comportar-se como um asce-ta além de todos os códigos de conduta social (avadh™ta); caminhar com a visão estendida não mais do que um me-tro e meio à frente; exibir o jñ€na-mudra; permanecer sem malícia ao voltar-se àqueles que são inimigos de Bhagav€n; a ausência de excessiva afeição pelos prem…-bhaktas de Bhagav€n; um humor de respeito e reverência por libera-ção e a desintegração da existência material; indiferença; liberdade de sentimentos de posse e de falso ego (mamat€);

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812 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 29

e observar o silêncio. Bocejar, contorcer os membros, instruções sobre bhakti, oferecer praŠ€ma e stava-stuti a Hari são algumas das emoções comuns de �€nta-rasa.

Vrajan€tha: Quais são as transformações s€ttvikas em �€nta-rasa?

Gosv€m…: Quase todos os s€ttvika-vik€ras tais como o arrepio de cabelos (rom€ñca), sveda (perspiração), e stambha (ficar aturdido) são visíveis neste rasa. A única exceção é pralaya (desmaiar e cair inconsciente no chão). Porém, estas transformações s€ttvika não se estendem para o estágio de d…pta (ardente).

Vrajan€tha: Quais dos sañc€r…-bh€vas são evidentes neste rasa?

Gosv€m…: Os sañc€r…-bh€vas que são comumente vistos em �€nta-rasa, são: remorso e nirveda (auto-de-preciação), paciência, alegria, convicção ou entendimento, lembrança, melancolia, desejo ardente, absorção e excita-ção e argumento.

Vrajan€tha: Quantos tipos de �€nti-rati existem?Gosv€m…: ®€nti-rati é o sth€y…bh€va em �€nta-rasa,

e ele é dividido em dois tipos: igual (sam€) e condensado (s€ndr€). Sam€ �€nti-rati ocorre em asamprajñ€ta-sam€dhi (o estágio onde o praticante alcançou transe, mas o €tm€ ainda não alcançou a plataforma de perceber a sua própria svar™pa), em que o contentamento, tremulação e arrepios manifestam-se no corpo devido a experimentar um sph™rti de Bhagav€n. S€ndr€-�€nti-rati é o rati no qual s€ndr€nanda é manifesta. Isto ocorre em nirvikalpa-sam€dhi, o transe no qual todas as funções da mente são supensas por causa da completa destruição de avidy€, em que alguém diretamen-te vê Bhagav€n diante dele. A bem-aventurança altamente condensada que surge é chamada de s€ndr€nanda.

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813Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

®€nta-rasa é também dividido em p€rok�a (indireto) e s€k�€tk€ra (direto). ®ukadeva e Bilvama‰gala rejeitaram o brahm€nanda derivado de jñ€na e mergulharam no oceano de bhakti-ras€nanda. O mesmo é atribuído ao renomado erudito, ®r… S€rvabhauma Bha˜˜ac€rya.

Vrajan€tha: Por que �€nta-rasa não foi aceito na tra-dição literária mundana (ala‰k€ra)?

Gosv€m…: A razão pela qual os autores mundanos não aceitaram �€nti-rati é que em assuntos mundanos, va-riedade e diversidade desaparecem tão logo �€nti (tranquili-dade) apareçe. Porém, em procedimentos transcendentais, o apr€k�ta-rasa aumenta progressivamente desde o apareci-mento de �€nta-rasa. Bhagav€n declarou que se a pessoa tem inteligência firmemente fixa nEle, isto é chamado �ama. Desde que é impossível fixar a inteligência firmemente em Bhagav€n, a menos que se tenha �€nti-rati, �€nta-rasa deve ser necessariamente aceito em cit-tattva.

Vrajan€tha: Entendi completamente �€nta-rasa. Agora, amavelmente explique d€sya-rasa junto com seus vibh€va e outros.

Gosv€m…: Sábios eruditos chamam d€sya-rasa de ‘pr…ta-rasa’. Há dois tipos de pr…ta-rasa: sambhrama e gaurava. Servos em sambhrama pr…ta-rasa tem o humor daqueles que estão aptos a receber o carinho do mestre de-les, e aqueles em gaurava-pr…ta-rasa tem a atitude de serem mantidos ou protegidos por K��Ša.

Vrajan€tha: O que é sambhrama-pr…ta-rasa?Gosv€m…: Sambhrama-pr…ti por Vrajendranandana

K��Ša surge naqueles que têm a auto-concepção: “eu sou um servo de K��Ša”. Quando este pr…ti é gradualmente nu-trido mais e mais, ele é chamado sambhrama-pr…ta-rasa. O €lambana deste rasa são K��Ša e seus servos.

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814 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 29

Vrajan€tha: Qual é a svar™pa de K��Ša neste rasa?Gosv€m…: Em Gokula, o €lambana para sambhrama-

pr…ta-rasa é K��Ša na forma de dois braços. Em outros lugares, Ele é o €lambana em Sua forma

de dois braços, e algumas vezes em Sua forma de quatro braços. Em Gokula, ®r… K��Ša é €lambana na forma daque-le Prabhu que é vestido como um menino vaqueirinho, cuja compleição é tão radiante como uma refrescante nuvem de chuva, que segura uma flauta mural… em sua mão, cujos om-bros são decorados com um manto amarelo que derrota a beleza do ouro e, que usa uma coroa com penas de pavão em Sua cabeça.

Em outros lugares, Ele está presente em sua forma de duas mãos, mas Ele é €lambana em Sua opulenta forma, carregando �a‰kha e chakra e assim por diante em Suas mãos, e usando pérolas e jóias ornamentadas sobre Seus membros. ®r…la Gosv€m… escreveu no Bhakti-ras€m�ta-sindhu (Seção Ocidental 2.3.5):

brahm€Š�a-koti-dh€maika-roma-k™paƒ k�p€mbudhiƒavicintya-mah€�aktiƒ sarvva-siddhi-ni�evitaƒ

avat€raval…-b…jam sad€tm€r€ma-h�d-guŠaƒ…�varaƒ param€r€dhyaƒ sarvva-jñaƒ su��dha-vrataƒ

sam�ddhim€n k�am€-�…laƒ �araŠ€gata-p€lak€ƒdak�iŠaƒ satya-vacano dak�aƒ sarvva-�ubha‰karaƒ

prat€pi dharmikaƒ �€stra-cak�ur bhakta-suh�ttamaƒvad€nyas tejas€ yuktaƒ k�ta-jñah k…rtti-saˆ�rayaƒ

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815Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

var…y€n balav€n prema-va�ya ity €dibhir guŠaiƒyuta� catur vidhe�v e�a d€se�v €lambhano hariƒ

Este ®r… Hari K��Ša, que é a personificação de €lam-bana para os quatro tipos de d€sya-bhaktas, possui as seguintes qualidades: milhões de universos estão situados em todo e em cada poro de Seu corpo trans-cendental (ko˜i-brahm€Šda-vigraha); Ele é o oceano de compaixão (k�p€mbudhi); é dotado com potências inconcebíveis, as quais estão além do entendimen-to da insignificante inteligência das j…vas (acintya-mah€-�akti); é servido por todos os tipos de per-feições místicas (sarva-siddhi-ni�evita); é a origem de todos os avat€ras, tais como os guŠa-avat€ras, l…l€-avat€ras e �akty€ve�a-avat€ras (avat€r€val…-b…ja). Ele rouba os corações dos yog…s auto-satisfeitos, tal como ®ukadeva (€tm€r€ma-gan€kar�…); controla todas as coisas (…�vara); é extraordinariamente ad-orável por todas as j…vas e devat€s (param€r€dhya); é onisciente (sarva-jña); é firmemente fixo em seus votos (sud�dha-vrata); é opulento (sam�ddh…m€n); é clemente (k�ama-�…la); é o protetor das almas rendidas (�araŠ€gata-p€laka); é supremamente li-beral (dak�iŠa); Suas palavras jamais serão falsas (satya-vacana); pode realizar difíceis tarefas com facilidade (dak�a); age para o bem-estar de todos (�arva-�ubha‰kara); é heróico (prat€p…); é religio-so (dh€rmika); Ele vê e age de acordo com o �€stra (�€stra-cak�u); é o maior bem-querente de Seus bhaktas (bhakta-suh�t); é magnânimo (vad€nya); Seu corpo é radiante, extremamente poderoso e influ-ente (tejasv…); é grato (k�tajña); famoso (k…rtim€n); é o mais excelente (var…y€n); é forte (balav€n); e Ele é controlado pelo amor de Seus bhaktas (prema-va�ya).

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816 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 29

Vrajan€tha: Quais são os quatro tipos de d€sa?Gosv€m…: Há quatro tipos de dasa que são €lambana

como a €�raya de d€sya-rati. São eles: 1) aqueles que aceita-ram Seu completo abrigo, e que sempre mantêm seus olhos baixos; 2) aqueles que executam as ordens de Bhagav€n; 3) aqueles que são confiáveis; e 4) aqueles que consideram K��Ša como o Prabhu, e são deste modo dotados com uma disposição humilde. Seus nomes t€ttvika, são: 1) adhik�ta-d€sa, 2) a�rita-d€sa, 3) p€ri�ada-dasa e 4) anugata-d€sa.

Vrajan€tha: Quais são os exemplos de adhik�ta-d€sa?

Gosv€m…: Os devas e dev…s liderados por Brahm€, ®…va e Indra são adhik�ta-d€sas e d€s…s. Eles ocupam-se no serviço a Bhagav€n quando eles alcançam a qualificação para executar tarefas relacionadas ao universo material.

Vrajan€tha: Quem são €�rita-d€sa?Gosv€m…: Há três tipos de €�rita-d€sa: aqueles que

se refugiaram em Bhagav€n (�araŠ€gata); aqueles que são jñ€nis atraídos para o caminho de jñ€na; e aqueles que são fixos no serviço de Bhagav€n (sev€-ni�˜ha). K€liya-n€ga e os reis que foram aprisionados por Jar€sandha estão na ca-tegoria de �araŠ€gata-dasa. Os ��is encabeçados por ®au-naka são chamados jñ€na-ni�˜ha d€sa, porque eles abando-naram o desejo por mukti e abrigaram-se em ®r… Har…. Os seva-ni�˜has d€sas são bhaktas como Candradhv€ja, Hari-hara, Bahul€�va, Ik�v€ku e PuŠ�ar…ka, que foram atraídos por bhagavad-bhajana desde o início.

Vrajan€tha: Quem são os pari�ada-d€sas?Gosv€m…: Uddhava, D€ruka, S€tyaki, ®rutadeva,

®atrujit, Nanda, Upananda e Bhadra estão na categoria de p€ri�ada-dasa. Embora eles estejam ocupados em ati-vidades tais como aconselhamento, eles ocupam-se em

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817Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

serviços apropriados de acordo com o tempo e circunstân-cias. Bh…�ma, Par…k�it, e Vidura também são pari�ada-bhak-tas; e prem…-d€sa Udhava é o melhor entre todos eles.

Vrajan€tha: Quem são os anugata-d€sa?Gosv€m…: Aqueles servos cujos corações estão sem-

pre apegados em executar sev€ são chamados anugata-d€sa. Eles classificam-se em dois tipos: aqueles que residem em Vraja e aqueles que residem em Dv€rak€ Pur…. Dentre os €nugata-d€sas em Dv€rak€ Pur… estão incluídos Sucan-dra, MaŠ�ala, Stambha e Sutamba. Em Vraja estão incluí-dos Raktaka, Patraka, Patr…, MadhukaŠ˜ha, Madhuvrata, Ras€la, Suvil€sa, Premakandha, Makarandaka, šnanda, Chandrah€sa, P€yoda, Vakula, Rasada e ®€rada. Raktaka é proeminente entre todos estes anugata-d€sas de Vraja.

P€ri�ada e anugata-d€sas são ainda divididos em três categorias: dh™rya, dh…ra e v…ra. Os dh™rya-p€ri�adas são aqueles que demonstram a devida afeição por K��Ša, Suas amadas gop…s e Seus servos. Dh…ra-p€ri�adas são aqueles que não se ocupam especificamente no serviço a K��Ša, mas que se abrigam nas amadas de K��Ša, tal como Satyabh€m€. V…ra-p€ri�adas são aqueles bhaktas que aceitaram abrigo exclusivo na misericórdia de K��Ša, e portanto não têm interesse sobre os outros. Estes três tipos de k��Ša-d€sa – €�rita, p€ri�ada e anugata – são divididos em três tipos novamente com base em nitya-siddha, siddha e s€dhaka.

Vrajan€tha: Por favor, você poderia explicar os vários tipos de udd…pana (estímulo) em d€sya-rasa?

Gosv€m…: Os udd…panas em d€sya-rasa são o som da mural… e ��‰ga (chifre de búfalo); o brilho do sorriso de K��Ša; ouvir Suas qualidades; as flores de lótus; as marcas das pegadas de K��Ša; a nuvem de chuva refrescante; e a fragrância dos membros de K��Ša.

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818 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 29

Vrajan€tha: Quais são os anubh€vas deste rasa?Gosv€m…: Os anubh€vas que são específicos

(as€dh€rana) e inclusos em d€sya-rasa, são: estar com-pletamente ocupado em seus deveres prescritos; obedecer às ordens de Bhagav€n; permanecer livre da inveja e da malícia no serviço a Bhagav€n; amizade com os servos de K��Ša e firme fé em K��Ša. As expressões (udbh€svaras) que são comum (s€dh€rana-anubh€vas) para outros rasas incluem dançar, mostrar respeitos pelas pessoas queridas e próximas de K��Ša, e desapego de tudo mais.

Vrajan€tha: Quais os tipos de s€ttvika-vik€ra estão presentes em pr…ta-rasa?

Gosv€m…: Todos os s€ttvika-bh€vas tais como stamha manifestam-se neste rasa.

Vrajan€tha: Que tipos de vyabhic€r…-bh€vas ocor-rem neste rasa?

Gosv€m…: Vinte e quatro vyabhic€r…-bh€vas estão presentes neste rasa. Eles são: júbilo, orgulho, fortaleza, auto-depreciação, depressão, humildade, ansiedade, lem-brança, apreensão, decisão, desejo ardente, argumentação, deliberação, agitação, timidez, inércia, confusão, loucura, ocultar emoções, despertar, sonhar, fadiga, doença e an-seio da morte. Não há aparência distinta de intoxicação, exaustão, medo, desmaios, e cair no chão, preguiça, fúria, intolerância, inveja e sono. Os bh€vas de júbilo, orgulho, e fortaleza são exibidos ao se encontrarem (milana), e os bh€vas de debilidade, doença e morte são exibidos em se-paração. Os outros dezoito bh€vas, tais como auto-depre-ciação, são visíveis ambos em encontro e separação.

Vrajan€tha: Gostaria de saber sobre o sth€y…bh€va de pr…ta-rasa.

Gosv€m…: O sth€y…bh€va deste rasa é o pr…ti que

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819Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

resulta da combinação de atitude de respeito por K��Ša com um tremor no coração evocado por respeito e reverência, e a concepção que Ele é o mestre.

Em �€nta-rasa, o sth€y…bh€va é rati somente, en-quanto neste rasa, sth€y…bh€va ocorre quando rati tem o humor de mamat€ (possessividade) e torna-se pr…ti. Como este sambhrama-pr…ti gradualmente aumenta, ele se expan-de pelos estágios de prema e sneha até o estágio de r€ga. Quando sambhrama-pr…ti é livre de apreensão e medo, ela assume a forma de prema. Quando uma forma condensada de prema progride e derrete o coração, então ela é conhe-cida pelo nome de sneha, o estágio no qual o bhakta não pode tolerar até mesmo um momento de separação. Sneha transforma-se em r€ga quando ela desenvolveu até o pon-to onde mesmo aflições são vistas como felicidade. Em tal condição, há um desejo para abandonar sua vida no instan-te da separação de K��Ša. Aqueles que estão nas catego-rias de adhik�ta e €�rita-d€sa podem alcançar o estágio de prema, mas não mais do que isto. P€ri�adas podem alcan-çar o estágio de sneha. Sth€y…bh€va desenvolve-se até o limite de r€ga em Par…k�it, D€ruka, Uddhava e os anugata-d€sas de Vraja. Quando r€ga surge, há um aparecimento parcial de sakhya-bh€va. PaŠ�itas denominam o encon-tro com K��Ša neste rasa de “yoga”, e em separação de K��Ša de “ayoga”. Há dois tipos de ayoga – anseio ardente (utkaŠ˜hika) e separação (viyoga) e três tipos de yoga – sid-dhi (perfeição), tu�˜i (satisfação) e sthiti (residência). Siddhi é ver K��Ša após estar numa condição ansiosa pela saudade, e tu�˜i significa encontrar-se com K��Ša após separação (viyoga). Sthiti significa viver com K��Ša.

Vrajan€tha: Entendi sambhrama-pr…ti. Agora, por favor, explique gaurava-pr…ti.

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820 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 29

Gosv€m…: Gaurava-may…-pr…ti é o humor daqueles que tem o abhim€na, “K��Ša deve cuidar de mim – nutrir e manter-me.” Quando este pr…ti é nutrido por vibh€vas cor-respondentes, anubh€vas e assim por diante, ele é chama-do gaurava-pr…ta-rasa. Bhagav€n ®r… K��Ša, os Seus ser-vos que são subservientes e dependentes são o €lambanadeste rasa. O vi�aya-€lambana em gaurava-pr…ti é K��Ša na forma de um grande guru; o possuidor de imensa fama, inteligência e força; o protetor e o mantenedor. Os guardiões de K��Ša (l€lya-bhaktas) são divididos em duas categorias: juniores e filhos. S€rana, Gada e Subhadra são considera-dos juniores, enquanto que personalidades tais como Prady-umna, C€rude�Ša e S€mba tem o abhim€na de serem filhos. Os udd…panas deste rasa são a afeição paternal de ®r… K��Ša e Seu sorriso amável. Exemplos de anubh€vas são sentar-se num assento mais baixo na presença de K��Ša, seguindo as diretrizes de um superior adorável, e abandonar as ativida-des independentes. Vocês deveriam saber que o sañc€r… ou vyabhic€r…-bh€vas são os mesmos que mencionei antes em relação a sambhrama-pr…ta-rasa.

Vrajan€tha: Qual é o significado da palavra gaurava?

Gosv€m…: Gaurava refere-se ao relacionamento com K��Ša baseado na concepção: “K��Ša é meu pai por relacio-namento corpóreo,” ou “K��Ša é meu guru.” Gaurava-pr…ti é a afeição que a pessoa tem completa absorção por K��Ša, com o sentimento que Ele está cuidando e mantendo. Este é o sth€y…bh€va deste rasa.

Vrajan€tha: Prabhu, entendi pr…ta-rasa. Agora, por favor, descreva preyo-bhakti-rasa (sakhya-rasa).

Gosv€m…: Neste rasa, o €lambana é K��Ša e Seus ami-gos; a forma de duas mãos de Vrajendranandana ®r… K��Ša

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821Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

segurando uma mural…, é vi�aya-€lambana, e Seus amigos são €�raya-€lambana.

Vrajan€tha: Gostaria de saber as características e di-visões dos sakh€s de K��Ša.

Gosv€m…: Os amigos de K��Ša tem formas, quali-dades e vestem-se exatamente como aqueles de d€sya-bhaktas, mas eles não têm sambhrama-bh€va como os ser-vos; ao contrário eles são dotados com vi�rambha-bh€va. Os amigos de K��Ša são divididos em duas categorias: aque-les que residem na cidade (pura), e aqueles que residem em Vraja. Arjuna, Bh…ma, Draupad… e ®r…d€ma br€hmaŠa (Sud€ma vipra) são sakh€s da cidade, entre estes Arjuna é o melhor.

Os sakh€s que residem em Vraja sempre querem estar com K��Ša, e eles sempre tem um intenso desejo de vê-Lo, pois Ele é a vida e alma deles. Por isso, eles são os principais sakh€s. Há quatro tipos de sakh€s em Vraja: 1) suh�t, 2) sakh€, 3) priya-sakh€ e 4) priya-narma-sakh€. Os suh�t-sakh€s são um pouco mais velhos do que K��Ša, e eles têm algum v€tsalya-bh€va mesclado em seus sentimentos por Ele. Eles carregam armas, e sempre protegem K��Ša dos vilões, são eles: Subhadra, MaŠ�al…bhadra, Bhadra-vardhana, Gobha˜a, Yak�a, Indrabha˜a, Bhadr€‰ga, V…ra-bhadra, Mah€guŠa, Vijaya e Balabhadra. MaŠ�al…bhadra e Balabhadra são os mais proeminentes entre eles.

Os sakh€s são um pouco mais jovens do que K��Ša, e o humor deles de amizade é mesclado com um toque de d€sya-bh€va. Eles incluem Vi�€la, V��abha, Ojasv…, Devaprastha, Var™thapa, Maranda, Kusum€p…�a, Mani-baddha e Karandhama. Devaprastha é o melhor destes. Os pr…ya-sakh€s são amigos da mesma idade de K��Ša com um sakhya-bh€va puro. Estes incluem ®r…d€ma,

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822 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 29

Bhadrasena, Vil€s…, PuŠ�ar…ka,Vita‰ka e Kalavi‰ka.Os pr…ya-narma-sakh€s de K��Ša são superiores aos

três outros grupos de sakh€s – a saber, o suh�t-sakh€s, os sakh€s e os pr…ya-sakh€s – e eles são espertos na execução de atividades extremamente confidenciais, incluindo Suba-la, Arjuna, Gandharva, Vasanta e Ujjvala, que sempre falam palavras engraçadas. Entre os sakh€s, alguns são nitya-priya (nitya-siddhas); alguns foram previamente devat€s que alcançaram a posição de amigos de K��Ša por s€dhana; e alguns são s€dhakas. Eles causam deleite a K��Ša e criam variedades de diversões, humores distintos e, gestos de ser-viço de amizade.

Vrajan€tha: Qual é o udd…pana neste rasa?Gosv€m…: O udd…pana em sakhya-rasa inclui a idade

de K��Ša; Sua bela forma; Seu berrante, veŠu e búzio; Suas brincadeiras e risos; Seus feitos heróicos; e Sua realização de passatempos. No campo de pastagem (go�˜ha), Sua ida-de kum€ra é udd…pana e, em Gokula, Sua idade kai�ora é udd…pana.

Vrajan€tha: Gostaria de saber sobre os anubh€vas que são comuns (s€dh€raŠa) para todos os grupos de sakh€s.

Gosv€m…: Alguns dos s€dh€raŠa-anubh€vas dos sakh€s, são: lutar, jogos com bolas, carregar um ao outro nas costas, luta com bastão, reclinar ou sentar-se junto com K��Ša na cama, num lugar para sentar ou num balanço; sen-tar-se e fazer brincadeiras; jogos na água; brincar com os macacos; tentar satisfazer a K��Ša; dançar e cantar. Além destas atividades gerais, os suh�t-sakh€s tipicamente dão bons conselhos e lideram todas as atividades. As atividades especiais dos sakh€s são oferecer t€mb™la, desenhar marcas de tilaka, untar K��Ša com pasta de sândalo, e assim por di-

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823Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e Sakhya Rasas

ante. As atividades especiais dos priya-sakh€s são derrotar K��Ša em luta, puxar K��Ša pela Sua roupa e ser decorado por K��Ša. A prerrogativa especial do pr…ya-narma-sakh€s é de auxiliar no madhurya-l…l€ de K��Ša. Como d€sas, eles decoram K��Ša com flores da floresta e oferecem serviços tal como abaná-Lo.

Vrajan€tha: Quais são os s€ttvika e sañc€r…-bh€vas em sakhya-rasa?

Gosv€m…: Eles são similares àqueles de d€sya-rasa, mas um pouco mais intenso.

Vrajan€tha: Qual é a natureza de sth€y…bh€va deste rasa?

Gosv€m…: ®r…la R™pa Gosv€m… escreveu no ®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu(Seção Ocidental 9.3.45):

vimukta-sambhram€ y€ sy€d vi�rambh€tm€ ratir dvaryoƒpr€yaƒ sam€nayor atra s€ sakhyaˆ sthay…-�abda-bh€k

Sakhya-sth€y…bh€va é o rati que é cheio de intimida-de e livre de sentimentos de reverência entre duas persona-lidades que são comumente iguais.

Vrajan€tha: O que é vi�rambha?Gosv€m…: vi�rambhog€�ha-vi�v€sa-vi�e�o yantra-

Šojjhitaƒ

®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu (Seção Ocidental 3.46)Vi�rambha é a profunda confiança que está livre de restrição, a qual faz alguém pensar que não há nenhuma diferença entre ele e K��Ša.

Vrajan€tha: Por favor, seja amável ao contar-me

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sobre o desenvolvimento gradual desta Vi�rambha.Gosv€m…: Este sakhya-rasa chega ao estágio de

praŠaya, após incluir prema, sneha e r€ga.Vrajan€tha: Quais são os sintomas de praŠaya?Gosv€m…: PraŠaya é o rati que é completamente livre

de qualquer vestígio de reverência, mesmo em circunstân-cias que deveriam comumente invocar tais sentimentos.

A grandeza de sakhya-rasa é sem precedentes. Em pr…ta-rasa e v€tsalya-rasa, o bh€va de K��Ša e o bh€va de Seus bhaktas são diferentes um do outro. Entre todos os rasas, prema-rasa – que é sakhya-rasa – é certamente que-rida (pr…ya), porque neste rasa, ambos, K��Ša e Seus rasa bhaktas têm o mesmo doce bh€va.

Assim termina o Vigésimo Nono Capítulo do Jaiva-Dharma,

intitulado “Rasa-Tattva: Anubh€vas em ®€nta, D€sya e

Sakhya Rasas”

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Capítulo 30Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya

e de Madhura Rasas

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Um certo dia, após honrarem bhagavat-pras€da, Vijaya e Vrajan€tha foram ter o dar�ana do sam€dhi de ®r… Harid€sa µhakura e de ®r… Gop…n€tha em ®r… Gop…n€tha-tot€ e seguiram depois para ®r… R€dh€-K€nta Ma˜ha. Após oferecerem seus praŠ€mas aos pés de lótus de ®r… Guru Gosv€m…, sentaram-se e começaram a discutir uma varie-dade de assuntos com ®r… Dhy€nacandra Gosv€m…. Neste ínterim, logo após ®r… Guru Gosv€m… honrar mah€pras€da, ele veio alegremente e sentou-se em seu €sana. Vrajan€tha humildemente perguntou sobre v€tsalya-bhakti-rasa e Sr… Guru Gosv€m…, respondeu: “Em v€tsalya-rasa, ®r… K��Ša é vi�aya-€lambana e os mais velhos (guru-jana) são €�raya-€lambana. K��Ša é muito belo, Seu corpo tem uma com-pleição negro-azulada.

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828 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 30

Ele é dotado com todos os sintomas auspiciosos, Sua conduta é suave, Sua fala é doce, Ele é simples e tímido. É modesto, respeitoso com os mais velhos e caridoso. En-tre os mais velhos, Vraje�var… Ya�od€ e Vraje�vara Nanda Mah€r€ja são os mais proeminentes. Outros são RohiŠ… e as outras gop…s mais velhas que são superiores adoráveis de K��Ša, também o são Devak…, Kunt…, Vasudeva, S€nd…pan… e outros. Neste rasa, os udd…panas são as idades de K��Ša, como kaum€ra, Sua beleza, Suas vestes, Sua meninice, Sua inquietação, Suas palavras doces e gargalhadas, e Seus pas-satempos.

Vrajan€tha: Por favor, conte-me sobre os anubh€vas deste rasa.

Gosv€m…: Os anubh€vas são cheirar a cabeça de K��Ša, limpar Seu corpo com as mãos, oferecer bênçãos, dar-Lhe ordens, alimento, afeto e instruções úteis. Os anubh€vas gerais (s€dh€raŠa) deste rasa são beijar K��Ša, abraçá-Lo, chamar pelo Seu nome em voz alta, conter-Lhe e ralhar com Ele no momento certo.

Vrajan€tha: Neste rasa, que transformações s€ttvikas surgem?

Gosv€m…: Há oito sintomas, tais como chorar, tremo-res, perspiração e ficar aturdido. Há também o sintoma úni-co de escorrer leite do seio, conforme foi mostrado, há ao todo nove s€ttvika-vik€ras neste rasa.

Vrajan€tha: Por favor, conte-me sobre os vyabhic€r…-bh€vas, também.

Gosv€m…: Em v€tsalya-rasa, os vyabhic€r…-bh€vas são os mesmos como aqueles que expliquei anteriormente em conexão a pr…ta-rasa (d€sya-rasa). Somando-se a todos os outros, há apasm€ra (desmaio).

Vrajan€tha: Qual é o sth€y…bh€va deste rasa?

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829Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas

Gosv€m…: O sth€y…bh€va é o rati dos benquerentes superiores para o objeto de sua afeição que é totalmente destituída de reverência. O v€tsalya dos gopas mais velhos, do mesmo modo como o de Ya�od€ é naturalmente maduro. O sth€y…bh€va deste rasa segue o curso desde prema, de sneha até raga. O bh€va de Baladeva Prabhu é um misto de pr…ta (d€sya) e v€tsalya; o bh€va de Yudhi�˜hira é uma combinação de v€tsalya, pr…ta (d€sya) e sakhya; o pr…ti-d€sya-rasa de Ugrasena é uma combinação de v€tsalya, e sakhya-rasa; enquanto que Nakula, Sahadeva e N€rada tem uma combinação de sakhya e d€sya-rasa que é o bh€va de Rudra, Garu�a e Uddhava.

Vrajan€tha: Prabhu, entendi v€tsalya-rasa. Agora, gentilmente explique a doçura suprema, madhura-rasa, pois tornamo-nos abençoados simplesmente por ouvir so-bre isto.

Gosv€m…: O madhura-bhakti-rasa é denominado mukhya-bhakti-rasa. A j…va condicionada tem se refugiado em rasa mundana, mas quando sua inteligência é dedicada à Ÿ�vara, ela naturalmente alcança o caminho do desapego. Mesmo assim, ela pode ter inclinação por madhura-rasa até que se torne elegível para cid-rasa. Tais pessoas não têm qualificação para este rasa. A própria natureza de madhu-ra-rasa torna-a de difícil entendimento e candidatos para madhura-rasa são raramente encontrados. Esta é a razão pela qual este rasa é extremamente secreto. Madhura-rasa é naturalmente um tema amplo, mas agora, farei um breve resumo.

Vrajan€tha: Prabhu, sou um seguidor de Subala. Sei que você irá considerar minha elegibilidade para ouvir sob-re madhura-rasa e instruir-me adequadamente.

Gosv€m…: Os priya-narma-sakh€s são elegíveis para

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830 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 30

��‰g€ra-rasa em algum grau. Manterei sua qualificação em minha mente e irei lhe falar sempre o que seja apropriado. Não lhe direi nada que não esteja de acordo.

Vrajan€tha: Quais são os €lambanas deste rasa?Gosv€m…: ®r… K��Ša é o vi�aya-€lambana deste rasa

como um amante galanteador. Ele é o mestre Supremo da arte de saborear passatempos de beleza incomparáveis. O €�raya-€lambana deste rasa são as gop…s de Vraja e ®r…mat… R€dh€j… é a melhor de todas as amadas consortes de K��Ša. O som da mural… de K��Ša é o udd…pana deste rasa, e os anubh€vas são lançar o olhar de soslaio e sorrir. Todos os s€ttvika-bh€vas manifestam-se completamente em madhu-ra-rasa, bem como todos os vyabhic€r…-bh€vas, exceto os de preguiça e de agressividade.

Vrajan€tha: Qual é a natureza do sth€y…bh€va deste rasa?

Gosv€m…: A madhura-rati transforma-se em ma-dhura-bhakti-rasa quando é nutrida pelos bh€vas apropria-dos do €tm€. Tal rati por R€dh€-M€dhava não é sujeito a qualquer tipo de obstrução (viccheda) através da influên-cia de compatíveis (svaj€t…ya) ou incompatíveis (vij€t…ya) bh€vas.

Vrajan€tha: Quantos tipos de madhura-rasa e-xistem?

Gosv€m…: Há duas divisões de madhura-rasa: vipralambha (separação) e sambhoga (união).

Vrajan€tha: O que é vipralambha?Gosv€m…: Há muitos tipos de vipralambha, como

p™rva-r€ga, m€na e prav€sa.Vrajan€tha: O que é p™rva-r€ga?Gosv€m…: P™rva-r€ga é o bh€va que ocorre um pou-

co antes do encontro com o seu amado.

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831Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas

Vrajan€tha: O que são m€na e prav€sa?Gosv€m…: Não preciso explicar m€na, porque todos

a entendem. Prav€sa significa estar longe um do outro, ou separação (viraha).

Vrajan€tha: O que é sambhoga?Gosv€m…: Sambhoga é a bhoga (€nanda) que ocorre

quando amantes se encontram e não direi nada mais sobre madhura-rasa. Os s€dhakas qualificados para madhura-rasa devem aprender seus mistérios confidenciais estudan-do o ®r… Ujjvala-n…lamaŠi.

Vrajan€tha: Por favor, conte-me algo sobre a po-sição de gauŠa-bhakti-rasas. Gosv€m…: Há sete gauŠa-rasas: h€sya (comédia), adbhuta (espanto), v…ra (cavalheirismo), karuŠa (com-paixão), raudra (zanga), bhay€haka (temor) e b…bhatsa (desgosto). Quando eles se intensificam e tomam o lugar de mukhya-rasa, eles aparecem como rasas individuais e separadas. Quando eles agem como rasas independentes desta maneira, eles tornam-se o sth€y…bh€va e quando eles são nutridos por vibh€vas apropriados e, assim por diante, transformam-se em rasa. Na realidade, somente os cinco mukhya-rasas – �€nta, d€sya, sakhya, v€tsalya e madhu-rya – são rasas; os sete gauŠa-rasas começando com h€sya são geralmente incluídos dentro da categoria de vyabhic€r…-bh€vas.

Vrajan€tha: Conheço bem o h€sya e os demais, de-vido aos meus estudos de rasa-vic€ra em ala‰k€ra-�€stra, assim por favor, conte-nos sobre a relação dos gauŠa-rasas com mukhya-rasas.

Gosv€m…: Agora, explicarei como os vários rasas,tais como �€nta, são compatíveis ou incompatíveis entre si.D€sya, b…bhatsa, dharma-v…ra (magnanimidade na exe-

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832 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 30

cução de rituais religiosos) e adbhuta são todos compatí-veis com �€nta. Adbhuta é também compatível com d€sya, sakhya, v€tsalya e madhura.

®€nta é incompatível com madhura, yuddha-v…ra, raudra e bhay€naka.

D€sya é compatível com b…bhatsa, �€nta, dharma-v…ra e d€na-v…ra, e incompatível com madhura, yuddha-v…ra e raudra.

Sakhya é compatível com madhura, h€sya, e yuddha-v…ra, e incompatível com v€tsalya, b…bhatsa, rau-dra e bhay€naka.

V€tsalya é compatível com h€sya, karuŠa e bhay€naka e incompatível com madhura, yuddha-v…ra, d€sya e rau-dra.

Madhura é compatível com h€sya e sakhya, e in-compatível com v€tsalya, b…bhatsa, �€nta, raudra e bhay€naka.

H€sya é compatível com b…bhatsa, madhura e v€tsalya, e incompatível com karuŠa e bhay€naka.

Adbhuta é compatível com vira, �€nta, d€sya, sakhya, v€tsalya e madhura, e incompatível com h€sya, sakhya, d€sya, raudra e b…bhatsa.

V…ra-rasa é compatível com adbhuta-rasa e incom-patível com bhay€naka. De acordo com algumas opiniões, vira é incompatível com �€nta, também.

KaruŠa é compatível com raudra e v€tsalya, e incom-patível com vira, h€sya, o aspecto sambhoga de ��‰g€ra e adbhuta.

Raudra é compatível com karuŠa e vira, e incom-patível com h€sya, ��‰g€ra e bhay€naka.

Bhay€naka é compatível com b…bhatsa e karuŠa, e

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833Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas

incompatível com vira, ��‰g€ra, h€sya e raudra. B…bhatsa é compatível com �€nta, h€sya, d€sya, e in-

compatível com ��‰g€ra e sakhya. As combinações restantes são todas mutuamente neu-

tras (ta˜astha) entre elas.Vrajan€tha: Por favor, descreva os resultados das

combinações.Gosv€m…: O sabor do rasa aumenta pela combina-

ção de rasas compatíveis. A combinação de rasas a‰ga (complementar) com a‰g… (principal) é boa. Independente do rasa compatível ser mukhya ou gauŠa, ele é apropriado para fazer o complemento (mitra) do rasa principal (a‰g…).

Vrajan€tha: Por favor, fale-nos sobre a diferença entre o rasa (complementar) a‰ga e o (principal) a‰g….

Gosv€m…: Quando qualquer rasa, seja mukhya ou gauŠa, dominam os outros rasas e tornam-se proeminen-tes, ele é chamado a‰g… (principal), e o rasa que nutre o a‰g…-rasa assume o papel de um sañc€r…-bh€va como a‰ga. Como é afirmado no Vi�Šu-dharmottara:

ras€n€ˆ samavet€n€ˆ yasya r™paˆ bhaved bahusa mantavyo rasaƒ sth€y… �e�aƒ sañc€riŠo mat€ƒ

Quando os rasas se combinam, deve-se entender que o rasa cuja natureza é particularmente proeminente é o sth€y…-rasa, e os outros rasas são sañc€r…-bh€vas.

Vrajan€tha: Como pode gauŠa-rasa ser a‰g…?Gosv€m…: ®r… R™pa Gosv€m… disse:

prodyan vibh€vanotkar�€t pu�˜iˆ mukhyena lambhitaƒkuñcat€ nija-n€thena gauŠo ‘py a‰gitvam a�nute

mukhyas tv a‰gatvam €s€dya pu�Šann indram upendravat

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834 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 30

gaunam ev€‰ginaˆ k�tv€ nig™�ha-‰ija-vaibhavaƒan€di-v€sanodbh€sa v€site bhakta-cetasi

bh€ty eva na tu l…naƒ sy€d eva sañc€r…-gauŠavata‰g…-mukhyaƒ svam atr€‰gair bh€vais tair abhivarddhayam

svaj€t…yair vij€t…yaiƒ svatantraƒ sann vir€jateyasya mukhyasya yo bhakto baven nitya-nij€�rayaƒ

a‰g… sa eva tatra sy€n mukhyo py anyo ‰gat€ˆ vrajetBhakti-ras€m�ta-sindhu

(Seção Setentrional, Oitava Onda, 46-50)

Algumas vezes, mesmo um gauŠa-rasa alcança a posição de a‰g… quando ele é inspirado por umaabundância de vibh€va que tenha sido nutrido por mukhya-rasa, que normalmente predomina sobre este, mas que agora desenvolveu uma condição contraída (gauŠa-bhava). Nesta condição, o muk-hya-rasa anterior transforma-se em a‰ga, oculta seu próprio esplendor e nutre o gauŠa-rasa que transfor-mou-se em a‰g…, assim como Upendra Bhagav€n, V€manadeva, preservou Devar€ja Indra. Ao con-trário dos gauŠa-sañc€r…-bh€vas, o mukhya-rasa não se funde na terra do coração do bhakta, que possui a sublime fragrância da tendência primordial para o serviço transcendental. Em outras palavras, o mukhya-rasa não desaparece, como os gauŠa-rasas fazem quando eles se tornam vyabhic€r… e se diluem em mukhya-rasas. Certamente, o mukhya-rasa per-manece independentemente manifesto, nutrindo-se pelo conjunto de bh€vas compatíveis, que adotam a posição de a‰gas.

Aqueles que saboreiam um determinado rasa estão eternamente abrigados neste rasa específico, que para eles permanece radiante como a‰g…-rasa. Outros rasas, muito embora possam ser mukhya, funcionam na qualidade de

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835Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas

a‰gas deste a‰g…-rasa predominante. Você deveria também notar que a‰ga-rasa é somente aceito quando combina-do com a‰g…-rasa para incrementar o sabor do rasa; caso contrário, sua combinação com um outro a‰ga-rasa será inútil.

Vrajan€tha: O que acontece quando rasas incom-patíveis são combinados?

Gosv€m…: Se você misturar um suco doce com sub-stâncias amargas, salgadas ou pungentes, o gosto torna-se repugnante; similarmente, quando um rasa é combinado com um outro que é incompatível, o resultado carece de rasa ou de sabor (virasat€). Esta combinação imperfeita de rasas opostos pode ser chamada ras€bh€sa.

Vrajan€tha: É sempre ruim a combinação de rasas incompatíveis?

Gosv€m…: No ®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu, ®r… R™pa Gosv€m…, disse:

dvayor ekatarasyeha b€dhyatvenopavarŠanesmaryyam€Šatay€py uktau s€myena vacane ‘pi ca

ras€ntareŠa vyavadhau ta˜asthena priyeŠa v€vi�ay€�raya-bhede ca gauŠena dvi�at€ sahaity €di�u na vairasyaˆ vairiŠo janayed yutiƒ

(Seção Setentrional, Oitava Onda, 63-64)

A combinação de dois rasas incompatíveis não resul-ta em virasat€ pelas seguintes circunstâncias: quan-do se estabelece a excelência de um rasa por fazer declarações lógicas, e por descrever as obstruções ou a inferioridade de um outro rasa que é incompatível com o primeiro; quando se descreve a lembrança de um rasa incompatível; quando se estabelece uma similaridade; quando há a intervenção de um rasa

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836 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 30

neutro ou compatível; ou quando há uma diferença entre o vi�aya ou €�raya de um gauŠa-rasa ou de mukhya-rasa que são incompatíveis entre si.

Além do mais, considere este ponto. Em bhaktas, como Yudhi�˜hira, d€sya e v€tsalya são manifestos separa-damente em diferentes momentos. Os rasas incompatíveis entre si não surgem ao mesmo tempo. Contudo, no estágio de adhiru�ha-mah€bh€va, se todas os bh€vas incompatí-veis surgem simultaneamente, não causarão ras€bh€sa.

®r…la R™pa Gosv€m… disse em seu ®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu 80.57:

kv€pi acintya-mah€�aktau mah€puru�a-�ekhareras€vali-sam€ve�aƒ sv€d€yaivopaj€yate

Quando muitos rasas contraditórios combinam-se si-multaneamente em uma personalidade que é a prin-cipal dentre os mah€-puru�as e que é imbuída com inconcebível mah€-�akti, isto somente incrementa a natureza maravilhosa do sabor.

Vrajan€tha: Ouvi de eruditos e de rasika Vai�Šavas que ®r…man Mah€prabhu tinha uma má impressão de ras€bh€sa, e que Ele jamais ouvia bhajanas, k…rtanas ou poesias que continham isso. Agora, por favor, diga-me quantos tipos de ras€bh€sa existem?

Gosv€m…: Rasa, quando é destituído de um a‰g…, é chamado ras€bh€sa. Há três tipos de ras€bh€sa: principal (uttama), intermediário (madhyama) e inferior (kani�˜ha). Eles são chamados uparasa, anurasa e aparasa, respecti-vamente.

Vrajan€tha: O que é uparasa?

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837Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas

Gosv€m…: Se alguns dos doze rasas, iniciando com �€nta, tem um ingrediente tal como sth€y…bh€va, vibh€va ou anubh€va que tornou-se desfigurado (vir™pit€), eles po-dem ser chamados uparasa. Uparasa é causado por desfi-gurações de vibh€va, anubh€va ou do sth€y…bh€va.

Vrajan€tha: O que é anurasa?Gosv€m…: Os rasas secundários, começando com

h€sya, não relacionados com K��Ša, são chamados anurasa. Se v…ra-rasa e os demais são manifestos em personalidades com disposição neutra, isto é também anurasa.

Vrajan€tha: Mas se eles surgem no coração de al-guém que não tem relação com K��Ša, eles não são rasa em absoluto. Neste caso, eles serão rasa meramente mundana. Por que, então, tais sintomas de anurasa foram descritos desta maneira?

Gosv€m…: O rasa é anurasa somente quando não tem relacionamento direto com K��Ša. Por exemplo, as gop…s ri-ram quando elas viram o nariz da macaquinha de estimação de ®r…mat… R€dh€, Kakka˜…. Um outro exemplo é Devar�i N€rada vendo alguns papagaios pousados nos galhos de uma árvore, em Bh€Š�iravana, discutindo o Ved€nta. Quan-do ele viu isto, grande assombro (adbhuta-rasa) surgiu em seu coração. O gracejo das gop…s e, o adbhuta-rasa que sur-giu no coração de N€rada não tem relacionamento direto com K��Ša, mas ainda assim, há um relacionamento distan-te com Ele. Por isto, ambos são exemplos de anurasa.

Vrajan€tha: O que é aparasa? Gosv€m…: Quando os oponentes de K��Ša são o

€�raya de algum dos gauŠa-rasas começando com h€sya-rasa e o vi�aya é o próprio K��Ša, o resultado é aparasa. Por exemplo, a risada frequente de Jar€sandha quando ele viu K��Ša correndo ao longe no campo de batalha é um e-

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838 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 30

xemplo de aparasa. ®r…la R™pa Gosv€m… escreveu no Bhakti-ras€m�ta-sindhu (9.21):

bh€v€ sarve tad-€bh€s€ ras€bh€s€� ca kecanaam… prokt€ ras€bhijñaiƒ sarve ‘pi rasan€d ras€ƒ

Algumas pessoas dizem que bh€va é tad-€bh€sa(um pálido reflexo da Suprema Verdade Absoluta) e outras, que é ras€bh€sa. Contudo, sábios eruditos que realizaram rasa somente usam a palavra bh€va para referir-se ao rasa que é resultante de saborear a €nanda transcendental.

Quando Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha ouviram esta brilhante, encantadora e rasika exposição de rasa-tattva, caíram aos pés de lótus de ®r… Guru Gosv€m… chorando pro-fusamente, e falaram com a voz embargada de emoção:

ajñ€na-timir€ndhasya jñan€njana-�al€kay€cak�ur unm…litaˆ yena tasmai �r…-gurave namaƒ

Ofereço minhas respeitosas reverências a ®r… Guru-deva, que tem aplicado o unguento de divya-jñ€na, e deste modo dispersado a densa escuridão dos desejos por dharma, artha, k€ma e mok�a, que surgem dos cinco tipos de ignorância1. Desta maneira, ele abriu meus olhos transcendentais, que se tornaram inclina-dos ao serviço a Hari.

Amorosamente ao levantá-los ®r… Guru Gosv€m… a-braçou-os. Ele os abençoou, dizendo: “Que este rasa-tattva manifeste-se em seus corações.” Todo dia, Vija-ya e Vrajan€tha discutiam tópicos espirituais com ®r… Dhy€nacandra Gosv€m…, e aceitavam caraŠ€m�ta e rema-1Veja nota de rodapé no final do capítulo

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839Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas

nentes de pras€da de ®r… Guru Gosv€m…. Muitas vezes eles observavam que muitos �uddha Vai�Šavas estavam ocupa-dos em bhajana – algumas vezes em seu bhajana-kut…ra, outras vezes no sam€dhi de ®r… Harid€sa Thakura, algumas vezes no templo de ®r… Gop…n€tha, e outras em Siddha-Ba-kula. Assim, através do exemplo dos Vai�Šavas eles tam-bém ficaram imersos em bh€vas favoráveis para bhajana deles. Eles também tiveram dar�ana de lugares menciona-dos no Stav€val… e Stavam€l€, onde ®r…man Mah€prabhu experimentou completa absorção em bh€va. Onde quer que fossem os �uddha Vai�Šavas realizavam n€ma-k…rtana, eles uniam-se ao grupo. Desta maneira, ambos foram amadure-cendo mais e mais em seu bhajana.

Vijaya ponderou profundamente, “®r… Guru Gosv€m… deu-nos �ik�€ sobre madhura-rasa, mas isto foi somente um breve resumo. Que Vrajan€tha permaneça submerso em sakhya-rasa. No momento apropriado irei sozinho até ®r… Guru Gosv€m… para ouvir sua apreciação detalhada de madhura-rasa.” Pensando desta maneira, através da mise-ricórdia de Dhy€nacandra Gosv€m…, ele adquiriu uma cópia do ®r… Ujjvala-n…lamaŠi e começou a estudá-lo. Qualquer dúvida que surgisse em sua mente, ®r… Guru Gosv€m… mi-sericordiosamente a esclarecia.

Uma vez, ao anoitecer, enquanto Vijaya e Vrajan€tha estavam passeando pela praia, sentaram-se na areia e con-templaram as ondas. Não havia fim para as incessantes ondas. Observando isto eles concluíram, “esta vida tam-bém é cheia de um incessante e infinito fluir de ondas. Deste modo, ninguém pode saber o que acontecerá no momento seguinte, ou quando algo acontecerá. Portanto, devemos imediatamente aprender o método de r€ga-m€rga bhajana.”

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840 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 30

Vrajanatha disse: “Vi o bhajana-paddhati composto por ®r… Dhy€nacandra Gosv€m… e parece-me que se estu-dado sob a guia de Gurudeva, podemos alcançar um belo resultado. Farei uma cópia!”

Ao tomar esta decisão, pediu permissão a ®r… Dhy€nacandra Gosv€m… para copiar seu manual sagrado, mas ®r… Dhy€nacandra recusou-se a dar-lhe o paddhati a menos que Guru Gosv€m… desse sua permissão. Desta man-eira, eles se aproximaram de ®r… Guru Gosv€m…, imploraram sua permissão para Dhy€nacandra Gosv€m… dar o paddhati a eles. ®r… Guru Gosv€m… deu seu consentimento, e quando Vijaya e Vrajan€tha obtiveram o paddhati, fizeram cópias separadas. Eles consideraram que deveriam esperar por um momento oportuno para aproximar-se de ®r… Guru Gosv€m… a fim de entender este paddhati completamente.

®r… Dhy€nacandra Gosv€m… era um sábio erudito com uma ampla visão de todos os �€stras. Especialmente em relação ao procedimento para hari-bhajana (hari-bhaja-na-tantra), a profundidade de sua experiência era tão in-comparável que nenhum outro erudito poderia superá-la, e ele foi o mais proeminente entre todos os discípulos de ®r… Gop€la Guru. Entendendo que Vijaya e Vrajan€tha eram qualificados para bhajana, ele os instruiu completamente. De vez em quando, eles se aproximavam dos pés de lótus de ®r… Guru Gosv€m… para esclarecerem todos os tipos de dúvi-das sobre sua prática de bhajana. Gradualmente, através de seus estudos, eles compreenderam os passatempos diários de ®r…man Mah€prabhu e de ®r… K��Ša. Deste modo, eles se ocuparam em a�˜a-k€l…ya bhajana e dedicaram serviço em seus corações através das oito divisões horárias do dia.

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841Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas

Assim termina o Trigésimo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Rasa-Tattva: Anubh€vas de V€tsalya e de Madhura Rasas”

1Os cinco tipos de ignorância são: (1) ignorância de sua própria svar™pa; (2) confundir o corpo material inerte como o €tm€, alma;(3) possessividade por objetos dos sentidos mundanos, ou a auto-concepção de ser um desfrutador; (4) absorção pela dualidade, ou apego por entidades que não sejam K��Ša; (5) medo e percepção distorcida (vir™pa-grahaŠa)

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Capítulo 31Madhura-Rasa: A Svar™pa de K��Ša,

o N€yaka e as Svak…ya-N€yik€s

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Era uma temporada muito agradável na estação de outono. Certa noite, por volta das dez horas, a Terra co-bria-se com um sari refrescante e suave do brilho da lua. E sua beleza estava intensamente atrativa. Vijaya Kum€ra lia o Ujjvala-n…lamaŠi, e pensava profundamente no as-sunto, quando de repente seu olhar voltou-se, por um instante, sobre o auspicioso e esplêndido brilho da lua. Seu coração enterneceu com um indescritível êxtase, e então ele pensou, “Que momento tão belo! Por que não ir ime-diatamente e receber o dar�ana de Sundar€cala? Ouvi dizer que toda vez que ®r… Caitanya Mah€prabhu ia ter dar�ana de Sundar€cala, Ele tinha uma visão (sph™rti) de vraja-dh€ma.” Após refletir, ele partiu sozinho para Sundar€cala. Nessa época, Vijaya Kum€ra recebia instruções sobre a prática de bhajana de madhura-rasa pura. Seus pensamen-tos estavam fixos em ouvir somente sobre a vraja-l…l€ de

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846 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 31

K��Ša, e especificamente, os passatempos de ®r… K��Ša com as gop…s; qualquer outro tópico havia se tornado insípido para ele.

Passou por BalagaŠd… e dirigiu-se a ®raddh€b€li. Ao ver os bosques, em cada um dos lados, uma visão (sph™rti) de V�nd€vana manifestou-se diante de seus olhos. Enleva-do em prema, disse: “Oh! Como sou tão afortunado! Estou tendo um dar�ana daquela vraja-bh™mi, que é tão difícil de ser alcançada até mesmo por semideuses como Brahm€! Quão belos são estes abrigos de folhagens da floresta! Veja esse kuñja-vana! Oh! Que estou vendo? Neste maŠ�apa de trepadeiras de m€dhav…-m€lati, está ®r… K��Ša, o mestre de minha vida, sentado com as gop…s, rindo e divertindo-se com elas!” Muito impaciente, Vijaya Kumara ao deixar o medo e as considerações formais, começou a correr naque-la direção, com toda velocidade, sem pensar em seu corpo e mente. Todavia, depois de atingir somente uma pequena distância desmaiou e caiu inconsciente. Então, uma brisa suave veio em seu auxílio e logo depois ele recobrou os sen-tidos. Eolhou em todas as direções, mas a visão não estava mais lá. Depois de algum tempo, sentindo grande pesar, ele voltou para o local onde estava hospedado e deitou-se em sua cama sem dizer nada a ninguém.

Vijaya Kum€ra estava profundamente deleitado pelo sph™rti de vraja-l…l€. Em seu coração, ele pensou: “Amanhã vou apresentar diante dos pés de lótus de ®r… Gurudeva a descrição do mistério confidencial que vi esta noite.” Mas, em seguida, lembrou que não se deve contar aos outros, se por grande fortuna a pessoa tiver uma visão da confiden-cial aprak�ta-l…l€. Ao refletir sobre isto, finalmente caiu no sono.

No dia seguinte, após honrar pras€da, ele foi à casa

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847Madhura-Rasa: A Svar™pa de K��Ša, o N€yaka e as Svak…ya-N€yik€s

de K€�i Mi�ra, ofereceu reverências prostradas (s€�˜€‰ga praŠ€ma) para seu Gurudeva, e sentou-se diante dele. ®r… Gurudeva lhe abraçou afetuosamente e perguntou se estava se sentindo bem. Vijaya Kum€ra estava muito feliz por ver seu Gurudeva. Depois de se acalmar, ele disse: “Prabhu, por sua misericórdia ilimitada, minha vida humana tornou-se exitosa. Agora, gostaria de ouvir alguns tattvas confidenci-ais em relação a �r…-ujjvala-rasa. Eu estou lendo o Ujjva-la-n…lamaŠi e há certas partes que não posso compreender o significado. E Queria fazer-lhe fazer algumas perguntas sobre este isto?”

Gosv€m…: Vijaya, você é meu discípulo querido. Você é muito bem-vindo para fazer qualquer pergunta que você deseje, tentarei respondê-las na medida do possível.

Vijaya: Prabhu, entre os mukhya-rasas, é dito que madhura-rasa é a origem de incontáveis mistérios. E por que não? Assim, como as qualidades dos demais rasas – �€nta, d€sya, sakhya e v€tsalya – estão sempre presentes em madhura-rasa, todas as qualidades surpreendentes e maravilhosas que estão ausentes naqueles rasas, estão per-feita e belamente estabelecidas em madhura-rasa. Portanto, madhura-rasa é sem dúvida alguma superior a todos os de-mais. Madhura-rasa é totalmente inapropriado para aqueles que se refugiam no caminho da renúncia impessoal, por-que os corações deles são áridos e, também aqueles que são atraídos pela gratificação dos sentidos mundanos, acham madhura-rasa difícil de entender, porque este rasa é exata-mente o oposto da natureza mundana. O madhura-rasa de Vraja não é fácil de ser alcançado porque ele é completamente diferente do ��‰g€ra-rasa do mundo material. Então, por que o apr€k�ta madhura-rasa assemelha-se ao desprezível rasa mundano entre homens e mulheres na existência material?

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848 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 31

Gosv€m…: Vijaya, você sabe muito bem que a diver-sidade na esfera mundana é um reflexo daquela existente no plano transcendental e que o próprio mundo material é também um reflexo do mundo espiritual. Há um profun-do segredo nisto, pois o reflexo é por natureza, o oposto da forma original. O mais elevado na existência ou forma original, torna-se o mais abominável no reflexo, e o mais inferior na forma original é visto como o mais elevado na sua existência refletida. Todas as partes e membros de um corpo parecem numa forma invertida quando se refletem num espelho, similarmente o parama-vastu (a realidade transcendental suprema), é refletida pela influência de sua própria �akti inconcebível. A sombra desta �akti se expande em todos os detalhes na forma da existência mundana, por isso, todas as características do parama-vastu aparecem na forma invertida na existência material.

O rasa transcendental que é a real natureza o de pa-rama-vastu, é refletido no mundo material inerte como o rasa mundano abominável. A variedade surpreendente e inigualável de felicidade do parama vastu, é sua própria rasa inata, mas quando é refletido no plano inerte, a j…va condicionada imagina que este princípio tem designações e atributos materiais. Ela então decide que a substância espi-ritual é sem forma e desprovida de atributos (nirvi�e�a), e imagina que, uma vez que o nirvi�e�a-tattva não possui va-riedade, qualquer tipo de variedade deve ser essencialmen-te mundana. Por este motivo, ela não pode compreender a natureza eterna da existência transcendental, a qual é livre de todos atributos materiais, porque está totalmente além deles. Este é o resultado inevitável de se valer da lógica para tentar compreender a verdade.

O parama-vastu é na verdade a personificação de

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849Madhura-Rasa: A Svar™pa de K��Ša, o N€yaka e as Svak…ya-N€yik€s

todos os rasas e, por conseguinte, estão cheios de varie-dades surpreendentes. Posto que a diversidade espiritual se reflete no rasa mundano, alguém pode se utilizar das va-riedades deste rasa mundano, para deduzir a existência e as qualidades do rasa espiritual que está mais além da per-cepção dos sentidos. Os diferentes rasas do parama-vastu são os seguintes: no mundo espiritual, o �€nta-dharma que personifica �€nta-rasa, encontra-se na posição mais inferi-or; superior a ele está d€sya-rasa; e acima deste, sakhya-rasa; superior a sakhya-rasa está v€tsalya-rasa; e esplendi-damente reinando sobre todos os outros está madhura-rasa. No mundo material tudo se encontra no sentido invertido, então madhura-rasa está no nível mais baixo, acima deste está v€tsalya-rasa, sakhya está acima de v€tsalya-rasa e, finalmente �€nta-rasa é o mais elevado de todos.

A posição e as atividades do reflexo de madhura-rasa no mundo material são extremamentes triviais e depreciá-veis. Por isto, quando se pensa em rasa-tattva, dentro da perspectiva mundana, deduz-se que o madhura-rasa é mi-serável e degradante. Na verdade, no mundo espiritual tal rasa é perfeitamente puro e está saturado de uma doçura extraordinária. Ali, o encontro de K��Ša com seus diferen-tes tipos de �akti, como puru�a-prak�ti, é puro e é a origem de todas as verdades.

No plano material, o comportamento mundano entre homem e mulher é sem dúvida reprovável, mas no mundo espiritual não há transgressão do dharma, porque K��Ša é o único puru�a e todos os cit-tattvas neste rasa são prak�ti. No mundo material, uma j…va desfruta e a outra é desfrutada e elas desejam se relacionar entre si deste modo. Esta situa-ção é detestável e vergonhosa, porque ela é completamente oposta ao fundamental tattva, em tattva uma j…va não des-

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850 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 31

fruta da outra. Ao contrário, ®r… K��Ša é o único desfrutador e todas as j…vas são desfrutadas por Ele. A situação na qual as j…vas se colocam, na posição de desfrutadoras é oposta a seu dharma eterno. Na verdade, não há dúvida de que isto é completamente imoral e desprezível. Dentro da perspectiva da realidade e de seu reflexo, é inevitável que a conduta mundana de homens e mulheres pareçam idênticas a dos passatempos imaculados de K��Ša, contudo, a anterior é inapropriada e a última totalmente valiosa e significativa.

Vijaya: Prabhu, depois que ouvi esta concepção e este inigualável siddh€nta, meu objetivo foi alcançado e todas as minhas dúvidas foram dissipadas. Agora, enten-do a posição de madhura-rasa dentro do mundo espiritual. Oh! Do mesmo modo que a própria palavra madhura-rasa significa doçura, o seu bhava transcendental, também, faz surgir tal suprema bem-aventurança (param€nanda). Quem pode ser tão desafortunado quanto alguém que encontra sa-tisfação em �€nta-rasa, se há um rasa como madhura-rasa? Prabhu, eu desejo ouvir a elaborada e completa explicação dos princípios e filosofias confidenciais de madhura-rasa.

Gosv€m…: Ouça com atenção, B€b€. K��Ša é o vi�aya de madhura-rasa e suas queridas e amadas gop…s são o €�raya, ambos, são o €lambana deste rasa.

Vijaya: Qual é a bela forma de K��Ša como o vi�aya deste rasa?

Gosv€m…: Ah! Que doce pergunta! A compleição de K��Ša é da cor de uma nuvem de chuva. Ele é encantador e doce, e Ele tem todas as características corpóreas auspicio-sas. Ele é forte, jovem vigoroso, eloquente e um orador per-suasivo. Ele é inteligente, esplêndido, sóbrio, esperto, há-bil, feliz, agradecido, sincero e Ele é controlado pelo amor. Ele é intenso, excelente e famoso; rouba os corações das

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851Madhura-Rasa: A Svar™pa de K��Ša, o N€yaka e as Svak…ya-N€yik€s

donzelas, é sempre juvenil. Ele desfruta de passatempos incomparáveis, é extremamente bonito, Ele é o mais queri-do e amado que toca sua vaˆ�i. K��Ša é a única pessoa que tem estas qualidades. A beleza de seus pés de lótus reduz a pó o orgulho de Kandarpa. Seu olhar de soslaio encanta o coração de todos, e Ele é o reservatório de passatempos maravilhosos.

Vijaya: Compreendi que ®r… K��Ša, com Sua forma e Suas qualidades apr€k�ta, é o único n€yaka do madhra-rasa transcendental que é supremamente maravilhoso. An-teriormente, estudei diferentes �€stras e utilizei a lógica e a razão para meditar na forma de K��Ša, mas minha fé em Sua forma não se estabeleceu firmemente. Agora, através de sua misericórdia, bhakti com base em ruci, despertou em meu coração. Uma vez que meu coração foi purificado pela de-voção, experimento continuamente o sph™rti de K��Ša dia e noite. Mesmo que eu abandone K��Ša, Ele nunca abandona o meu coração. Ah! Como Ele é misericordioso! Na ver-dade, somente agora entendo:

sarvathaiva dur™ho’yam abhaktair bhagavad-rasaƒtat-p€d€mbuja-sarvasvair bhaktair ev€nurasyate

vyat…tya bh€van€-vartma ya� camatk€ra-bh€ra-bhuƒh�di sattvojjvale b€�haˆ svadate sa raso mataƒ

(Bhakti-ras€m�ta-sindhu, Seção Meridional, 5.78-79)

Somente os �uddha-bhaktas que aceitam os pés de lótus de K��Ša como a coisa mais importante neste mundo, podem experimentar bhagavad-rasa. Isto não pode ser experimentado por alguém que não te-nha nenhum vestígio de bhakti no coração ou alguém que esteja repleto de sentimentos mundanos, ou cu-jos saˆsk€ras moldaram sua natureza de tal modo

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que esteja viciado em lógica.

Prabhu, compreendi que o rasa é um bh€va suprema-mente puro e extraordinário que surge no coração que foi iluminado por �uddha-sattva, e que transcende o limite do poder de contemplação do ser humano. Rasa é uma entida-de do mundo espiritual e é ausente no mundo material. Ele manifesta na existência(satt€) pura da j…va, que é por natu-reza uma partícula atômica de consciência (cit-kana), a qual é experimentada no estado de bhakti-sam€dhi. A pessoa que recebe a misericórdia de ®r… Gurudeva e pode discri-minar entre �uddha-sattva (bondade pura) e mi�ra-sattva (bondade mista), não terá nenhuma dúvida sobre isto.

Gosv€m…: O que você disse está absolutamente corre-to. Agora, eu lhe farei uma pergunta para dissipar muitas de suas dúvidas, simplesmente por respondê-la, você realizará um tattva transcendental. Diga-me, qual é a diferença entre �uddha-sattva e mi�ra-tattva?

Vijaya Kum€ra ofereceu reverências prostradas aos pés de ®r… Gurudeva e lhe disse humildemente: “Prabhu, por sua misericórdia, explicarei da melhor maneira pos-sível. Por favor, corrija-me se eu cometer algum erro. Aqui-lo que possui existência demonina-se satt€, e a substância que tem posição real, forma, qualidade e atividade pode ser chamada sattva. O �uddha-sattva é o sattva que não tem começo ou fim e cuja forma é eternamente nova. Ele não está contaminado pelas divisões do tempo, passado e futu-ro, e é sempre surpreendente. O �uddha-sattva inclui todos os aspectos da existência que são os produtos da energia espiritual pura (�uddha-cit-�akti).

“Em m€y€, que é uma sombra de cit-�akti, há uma transformação do tempo em forma de passado e futuro.

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853Madhura-Rasa: A Svar™pa de K��Ša, o N€yaka e as Svak…ya-N€yik€s

Todos os aspectos de existência nesta m€y€ contêm o rajo-dharma (função do modo da paixão) de m€y€, pois eles têm um começo. Eles também contém o tamo-dharma (a fun-ção do modo da ignorância), pois eles têm um fim. Mi�ra-sattva refere-se aos aspectos de m€yika-sattva que têm um começo e um fim. Portanto, a j…va pura é �uddha-sattva, e sua forma, qualidades, e atividades, são também compostas de �uddha-sattva. No entanto, desde que a �uddha-j…va foi condicionada, as duas qualidades de m€y€ – rajo-guna e tamo-guna – se misturaram com seu sattva puro. Por isso, a j…va condicionada é chamada mi�ra-sattva (existência mista ou bondade mista).”

Gosv€m…: B€b€, você apresentou um siddh€nta ex-tremamente sutil. Agora, diga-me, como é o coração da j…va iluminada por �uddha-sattva?

Vijaya: O �uddha-sattva (existência pura) da j…va não se manifesta claramente enquanto ela estiver condicio-nada no mundo material. Ela realiza sua svar™pa à medi-da que vai surgindo este �uddha-sattva, mas ela não pode obter este resultado através de algum s€dhana de karma ou jñ€na. O motivo e o seguinte, não se pode erradicar nenhuma impureza com outra substância que em si mes-ma é impura. O karma mundano é impuro por natureza, então como ele pode eliminar a contaminação m€yika da impureza na j…va? Quanto a jñ€na, ele age como o fogo, porque queima a impureza e ao mesmo tempo oblitera o sattva fundamental (a existência) junto com ele. Como pode isto trazer à tona a felicidade que surge após ter eli-minado a impureza? Assim, �uddha-sattva, pode somen-te surgir por meio de bhakti, a qual surge pela misericór-dia de K��Ša e dos Vai�Šavas. Quando bhakti aparece, �uddha-sattva ilumina o coração.

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Gosv€m…: É uma satisfação ensinar uma pessoa tão qualificada como você. Há algo mais que deseja saber?

Vijaya: Você já explicou que há quatro tipos de n€yakas: dh…rod€tta, dh…ra-lalita, dh…ra-�€nta e dh…roddhta. Qual deles é K��Ša?

Gosv€m…: Todos estes quatro tipos de característi-cas heróicas estão presentes em K��Ša. Estes bh€vas con-traditórios entre si, que são vistos nestes quatro tipos de n€yakas estão todos presentes no n€yaka K��Ša, por meio de sua acintya-�akti. Ele tem a �akti para manter todos os rasas ao mesmo tempo. Estes bh€vas agem de acordo com o desejo de K��Ša. K��Ša que é dotado com as caracte-rísticas dos quatro tipos de n€yakas, Ele também tem outra fascinante e secreta peculiaridade, que somente pessoas ex-tremamente qualificadas são capazes de saber.

Vijaya: Desde que você já me concedeu sua grande misericórdia, bondosamente, fale-me sobre este tattva.Ao dizer isto, Vijaya Kum€ra prostrou-se aos pés de Gosv€m…j… enquanto seus olhos se encheram de lágrimas. Gosv€m…j… ergueu-o e o abraçou. E seus próprios olhos encheram-se de lágrimas também, quando ele disse com a voz embargada de emoção: “B€b€, o mistério confiden-cial é que em madhura-rasa K��Ša manifesta-se em dois tipos de n€yakas. Ele é tanto marido (pati) quanto amante (upapati)”.

Vijaya: Prabhu! K��Ša é nosso eterno pati. Ele deve ser somente chamado de pati, então, por que existe um re-lacionamento de upapati?

Gosv€m…: Isto é um profundo mistério. Assuntos espirituais são como jóias misteriosas, mas entre elas, parak…ya-madhura-rasa é como a Kaustubha-maŠi.

Vijaya: Os bhaktas que se abrigaram em madhura-

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855Madhura-Rasa: A Svar™pa de K��Ša, o N€yaka e as Svak…ya-N€yik€s

rasa praticam bhajana com o bh€va de que K��Ša é o pati deles. Qual é o sentido profundo de considerar que K��Ša é upapati da pessoa?

Gosv€m…: Não pode surgir nenhum rasa em alguém que concebe o para-tattva como impessoal e o adora com um sentimento impessoal (nirvi�e�a-bh€va). Este processo nega a força das afirmações védicas como raso vai sah: “A Suprema Verdade Absoluta é a personificação de todos os rasas” (Ch€ndogya Upani�ad 8.13.1). O nirvi�e�a-bh€va é inútil devido a sua grande ausência de felicidade. Porém, ao olhar por outro ângulo, a experiência de rasa pode-se desenvolver progressivamente de acordo com a variedade de savi�e�a-bh€va. Você deve entender que rasa é o tatt-va principal de para-tattva. O savi�e�a-bh€va é chamado …�vara-bh€va, no qual alguém relaciona-se com o Supremo como ‘O Controlador’, na medida que nirvi�e�a-bh€va e o prabhu-bh€va de d€sya-rasa é superior ao de …�vara-bh€va, sakhya-bh€va é mais elevado do que d€sya-bh€va, ainda mais elevado é v€tsalya-bh€va, e madhura rasa é o mais elevado de todos. Assim, como há uma sequência en-tre estes bh€vas e cada um é superior ao anterior, similarmente parak…ya madhura-rasa é superior a svakh…ya.

Há dois tattvas: €tm€ (o próprio) e para (outros na po-sição de €�raya, receptáculo). A tendência natural de se fi-xar no eu (€tma-ni�˜ha-dharma) é chamado €tm€r€mat€ (a satisfação de estar situado no eu), neste €tm€r€mat€, rasa não é assistido por nenhuma entidade separada. K��Ša tem esta qualidade de ser eternamente auto-satisfeito. Porém, ao mesmo tempo, ele tem a qualidade de desfrutar com a assis- tência de outros (par€r€mat€-dharma), que também existe nEle eternamente. No parama puru�a ®r… K��Ša, encon-tram-se presentes simultaneamente a soma total de todas as

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características contraditórias. Esta é a natureza intrínse-ca e constitucional da Verdade Absoluta Suprema (para-tattva). Há €tm€r€mat€ em um aspecto de k��Ša-l…l€, en-quanto que em outro a quintessência de par€r€mat€ reina esplendidamente em toda sua plenitude. No ponto mais alto deste par€r€mat€ está o parak…ya-bh€va. Parak…ya-rasa é a rasa surpreendente que aparece quando o n€yaka e a n€yik€ são unidos por r€ga (atração), embora a relação entre am-bos seja para-bh€va (o bh€va de aceitar para – a consorte de outro).

De €tm€r€mat€ a parak…ya-madhura-rasa está o es-pectro completo de rasa. Quando o rasa é conduzido em direção a €tm€r€mat€, gradualmente ele se torna árido, en-quanto que na medida em que é direcionado a parak…ya, alcança sua expressão máxima. Quando K��Ša é o n€yaka, o parak…ya-rasa nunca pode ser vergonhoso, ao passo que, se qualquer j…va comum se torna um n€yaka, a consideração de dharma e adharma aparece e o parak…ya-bh€va torna-se extremamente degradante. Por isto, os poetas concluiram que o encontro entre um amante e uma mulher casada é totalmente depreciável. Contudo, ®r… R™pa Gosv€m…, disse que, embora o ala‰k€ra-�€stra descreva o upapati como infame e depreciável, isto só se aplica a um n€yaka munda-no (pr€k�ta). Tal conclusão não pode ser aplicada a ®r… K��Ša, que é diretamente a fonte transcendental de todos os avat€ras.

Vijaya: Tenha a bondade de me falar sobre as carac-terísticas distintas de pati.

Gosv€m…: Pati é alguém que tenha aceitado a mão de uma noiva em casamento.

Vijaya: Explique-me, por favor, as características de upapati e parak…y€.

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Gosv€m…: Upapati é um homem movido pelo desejo intenso de transgredir o dharma e aceitar uma parak…y€ como sua mais querida amada. Parak…y€ é uma mulher que negligencia o dharma deste mundo e do próximo, viola as regulações do matrimônio e se oferece completamente a outro homem que não seja seu esposo. Há duas classes de parak…y€: a solteira (kany€) e a casada (paro�h€).

Vijaya: Quais são os sintomas da svak…y€?Gosv€m…: Uma mulher casta que tenha se casado se-

gundo os princípios regulativos e que está sempre absorta em seguir as ordens de seu marido, é chamada svak…y€.

Vijaya: Quem é svak…y€ e parak…y€ para ®r… K��Ša?

Gosv€m…: As mulheres casadas de Dv€rak€ Pur… são svak…y€, e as jovens gop…s de Vraja são principalmente parak…y€.

Vijaya: Onde estão estes dois tipos de consortes si-tuadas em apraka˜a-l…l€?

Gosv€m…: Este é um assunto muito confidencial. Como você sabe, a totalidade do domínio do para-tattva, três-quartos de suas opulências (vibh™ti), estão manifestas no reino espiritual e um-quarto no reino mundano. Assim, o reino de m€y€, que consiste de quatorze sistemas pla-netários, está situado em um quarto do seu vibh™ti. Entre o mundo material e o mundo espiritual encontra-se o rio Vira-ja; deste lado está o mundo de m€y€ e do outro os mundos espirituais. O brahma-dh€ma, o qual é composto de reful-gência, envolve o mundo espiritual (cit-jagat) por todos os lados. Além disso, quando alguém vai além do Viraja, o céu espiritual (paravyoma), é visto como saˆvyoma-r™pa VaikuŠ˜ha. Ali, ai�varya é predominante e N€r€yaŠa reina como o Senhor dos senhores, servido por ilimitadas potên-

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cias transcendentais (�akti) e majestosas. Em VaikuŠ˜ha, Bhagavan possui svak…y€-rasa e as sakh…s �r…, bh™ e n…l€ servem-No como suas consortes svak…y€. Acima de VaikuŠ˜ha está Goloka. Em VaikuŠ˜ha, as consortes svak…y€ da cidade (pura) estão absortas em seus respectivos servi-ços, e em Goloka as jovens de Vraja servem a K��Ša em sua rasa particular.

Vijaya: Se Goloka é o dhama mais elevado de K��Ša, então, por que as maravilhosas glórias de Vraja são exal-tadas?

Gosv€m…: Os lugares como Vraja, Gokula e V�nd€vana estão dentro de ®r… Mathur€-maŠ�ala. A Mathur€-maŠ�ala e Goloka não são diferentes entre si (abheda-tattva). Quan-do este mesmo fenômeno acontece na região mais elevada de cit-jagat, é conhecido como Goloka e quando se mani-festa dentro do universo material é conhecido como Ma-thur€-maŠ�ala. Assim, eles são celebrados simultaneamente nestas duas svar™pas.

Vijaya: Como isto é possível? Eu não entendo.Gosv€m…: Tal fenômeno somente é possível por meio

de acintya-�akti, que está além da compreensão e do argu-mento. Esta morada eterna de Goloka é chamada Mathur€-dh€ma na praka˜a-l…l€ dentro do mundo de elementos den-sos (prapañca), e ela ao mesmo tempo é chamada Goloka em apraka˜a-l…l€. Os passatempos transcendentais de K��Ša são eternos e, Goloka é eternamente manifesta em nitya-jagat. Aqueles que se tornaram elegíveis para ter dar�ana da substância pura espiritual, vêem Goloka. Não somen-te isto, mas eles podem ter dar�ana de Goloka na própria Gokula. Contudo, a j…va cuja inteligência é material, não pode alcançar o dar�ana de Goloka. Ainda que, Gokula seja Goloka, as j…vas com inteligência mundana veem Gokula

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como um lugar comum deste mundo material, consistindo de cinco elementos grosseiros.

Vijaya: Qual é a qualificação para ter o dar�ana de Goloka?

Gosv€m…: ®r… ®ukadeva Gosv€m…, disse:

iti sañchintya bhagav€n mah€k€ruŠiko vibhuƒdar�ay€m€sa svam lokaˆ gop€n€ˆ tamasaƒ param

satyaˆ jñanam anantaˆ yad brahma-jyotiƒ san€tanamyad dhi pa�yanti munayo guŠ€p€ye sam€hit€ƒ

®r…mad-Bh€gavatam (10.28. 14-15)Embora os gopas sejam eternamente perfeitos, eles descendem para este mundo como assistentes dos pas-satempos de K��Ša. Os s€dhana-siddha-gopas eram seguidores destes nitya-siddha-gopas. Os s€dhana-siddha-gopas, pensaram: “Devido a ignorância, as j…vas deste mundo, identificaram-se com seus corpos materiais e, assim elas estão ansiosas com diversos tipos de desejos e executa diversos tipos de trabalhos em busca de satisfação destes. Como resultado, elas vagueiam sem rumo aceitando repetidos nascimen-tos em formas de vidas superiores e inferiores. Nós também estamos ocupados nestas mesmas ativida-des. Considerando isto, o supremamente compassivo Bhagav€n ®r… K��Ša, que tem opulência majestosa e inconcebível, concedeu a estes gopas o dar�ana de Seu parama-dh€ma, Goloka, que se encontra além da densa escuridão de m€y€. A variedade neste dh€ma é uma realidade absoluta e perene, cheia de ilimita-dos passatempos espirituais. O dh€ma é eternamen-te auto-iluminado pela refulgência de brahma, e ele pode ser percebido pela hoste de sábios e s€dhakas através do transe no estágio além da influência dos três gunas.

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B€b€, ninguém pode ter dar�ana de Goloka sem a mise-ricórdia de K��Ša. Ele foi misericordioso com os vraja- v€s…s e lhes concedeu dar�ana de Goloka. Esta Goloka é a excelente morada transcendental além da natureza material, e sua variedade é a personificação da verdade eterna e de passatempos espirituais ilimitados. A refulgência espiritu-al do brahmajyoti existe ali eternamente como o brilhante resplendor (prabh€) de Seus membros. Quando o s€dhaka está livre de todas as conexões mundanas com a matéria, pode ter o dar�ana deste tattva especial.

Vijaya: Podem todas as pessoas liberadas terem o dar�ana de Goloka?

Gosv€m…: Mesmo entre milhares de almas liberadas, um bhakta de Bhagav€n é muito raro. Em brahma-dh€ma, as j…vas que tornaram-se liberadas pela prática de a�˜€‰ga-yoga e brahma-jñ€na, desfrutam do esquecimento do eu. Assim como um homem está num estado de sono profun-do (su�upti) permanece completamente inativo, ao estar desprovido da capacidade de perceber, compreender, desejar e as demais, similarmente as j…vas que alcançam o brah-ma-dh€ma não são conscientes de seu próprio ser (€tm€) e permanecem ali como objetos inanimados. O que dizer deles, mesmo os bhaktas absortos em opulência (ai�varya) não podem ver Goloka. Bhaktas que possuem o humor de ai�varya ocupam-se em servir a uma forma opulenta do Senhor em VaikuŠ˜ha, de acordo com os seus respectivos bh€vas. Mesmo aqueles que se ocupam em k��Ša-bhaja-na em vraja-rasa podem somente ter dar�ana de Goloka, se ele for afortunado o bastante para que K��Ša conceda Sua misericórdia a ele e, libere-o da eterna escravidão de m€y€.

Vijaya: Bem, se somente este tipo de bhakta liberado

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pode ver Goloka, por que Goloka foi descrita em escrituras (�€stras), tais como o ®r… Brahma-saˆhit€, o Hari-vaˆsa e o Padma-Purana? Se a misericórdia de K��Ša é somente disponível por meio de vraja-bhajana, qual foi o motivo de se mencionar Goloka?

Gosv€m…: Aqueles vraja-rasika-bhaktas, os quais são elevados por K��Ša a Goloka, deste mundo de cinco elementos grosseiros (prapañca), podem ver Goloka com-pletamente. Além disso, os �uddha-bhaktas em vraja-bh€va podem ver a dimensão de Goloka até certo ponto. Há dois tipos de bhaktas: o s€dhaka e o siddha. Os s€dhakas não são qualificados para ver Goloka. Novamente, há dois ti-pos de siddha-bhaktas, chamados: vastu-siddha-bhaktas e svarupa-siddha-bhaktas. Vastu-siddha-bhakta, são leva-dos diretamente para Goloka pela misericórdia de K��Ša, enquanto que os svarupa-siddha-bhaktas situados em prapañca, existência material, vêem a svarupa de Goloka, e não Goloka diretamente. Seus olhos de bhakti estão no processo gradual de abrirem-se pela misericórdia de K��Ša, assim existem muitos graus de elegibilidade neste grupo. Alguns vêem um pouco, outros veem algo mais, e outros vêem ainda mais, à medida que K��Ša é misericordioso com eles, eles vêem Goloka. Enquanto eles estiverem no estágio de s€dhana referente a bhakti, qualquer dar�ana que eles tenham de Gokula é maculado por algum m€yika-bh€va. Depois de cruzar o estágio de s€dhana e de alcançar o está-gio de bh€va, seu dar�ana é ainda mais puro e, quando che-gam ao estágio de prema começam a ter dar�ana comple-to.

Vijaya: Prabhu, em que aspectos são Goloka e Vraja diferentes entre si?

Gosv€m…: Tudo o que alguém vê em Vraja está presen-

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te em Goloka, mas os vários aspectos aparecem de maneiras diferentes devido as diferenças na ni�˜h€ do observador. Na realidade, não há diferença entre Goloka e V�nd€vana, em-bora elas pareçam distintas para os diferentes observadores, de acordo com o grau de visão deles. As pessoas que são extremamente ignorantes vêem tudo em Vraja como ma-terial. A visão das pessoas em rajo-guna é um pouco mais auspiciosa comparada as anteriores e, àqueles que estão si-tuados em sattva-guna tem dar�ana de �uddha-sattva, de acordo com a capacidade de visão deles. De acordo com a qualificação (adhik€ra) , cada um tem uma visão diferente.

Vijaya: Prabhu, realizei isto até certo ponto, o senhor poderia dar mais um exemplo para que eu possa compreen-der melhor? Um objeto material não pode servir como um exemplo completo para ilustrar assuntos espirituais, mas ainda assim, uma indicação parcial pode permitir uma com-preensão plena.

Gosv€m…: Esta é uma situação muito difícil. Nós so-mos proibidos de revelar nossa própria realização confi-dencial para os outros. Quando você tem alguma realização confidencial por misericórdia de K��Ša, deve sempre mantê-la oculta. Eu lhe explicarei este assunto até onde revelaram nossos mestres (€c€ryas) predecessores e, pela misericórdia de K��Ša você será capaz de ver o restante por si mesmo. A percepção em Goloka é puramente espiritual sem o menor vestígio de percepção material. Para nutrir o rasa, ali, a cit-�akti manifesta diferentes bh€vas em muitos lugares e, en-tre eles há aqueles que surgem de uma concepção espiritual conhecida como abhim€na. Por exemplo, K��Ša não tem nascimento em Goloka, mas para assistir a l…l€, personifica-se ali o v€tsalya-rasa mediante a concepção (abhim€na) da existência espiritual de paternidade e de maternidade nas

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formas de Nanda e Ya�od€. Então, variedades maravilho- sas de ��‰gara-rasa tais como a separação (vipralambha) e o encontro (sambhoga) existem nesta forma de concepção (abhim€na). Embora a situação real de parak…y€-bh€va seja o �uddha-svak…y€, nelas acham-se eternamente presentes as auto-concepções (abhim€na) de “amada” (parak…y€) e de “amante” (upapati).

Ouça! Todas estas abhim€nas são completamente convincentes em Vraja, porque pela potência de yogam€y€ se fazem evidentes no mundo externo. Em Vraja, por ex-emplo, Ya�od€ faz esforços para dar a luz a K��Ša em seu quarto e as nitya-siddha-gop…s tem um parak…ya-abhim€na que surge de seus matrimônios com maridos como Abhima-nyu e Govardhana-gopa. Em outras palavras, os abhim€na de Goloka são todos visíveis em Vraja com formas perfei-tamente tangíveis, as quais estão sob a direção de yogam€y€, a partir da realidade extremamente sutil e original. Em Vra-ja não existe o menor traço de falsidade, ela é uma réplica de Goloka em todos os aspectos. As diferenças na visão sur-gem somente devido ao grau de obstrução no observador.

Vijaya: Então, por deliberação própria a pessoa deve meditar nos aspectos apropriados de a�˜a-k€l…ya-l…l€?

Gosv€m…: Não, não é assim. Quando alguém tem o dar�ana de vraja-l…l€ deve recordar o a�˜a-k€l…ya-l…l€ se-gundo sua realização. Pela misericórdia de K��Ša, o l…l€ se manifesta no coração do s€dhaka pela potência de seu bhajana. Não é necessário tentar incrementar os bh€vas do l…l€ pelo esforço próprio.

Vijaya: Yad��… bh€vana yasya bhavati t€d��…. Segun- do esta lógica, a perfeição que se alcança corresponde exa- tamente ao tipo de meditação realizada durante a prática de s€dhana, então parece que devemos levar a cabo a medita-

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ção imaculada e purificada em Goloka. Gosv€m…: O que você esta dizendo é correto. Todas

as percepções de Vraja são a realidade pura; e não há nen-huma contrariedade a isto, de outra forma irá haver falta. A perfeição ocorre quando o s€dhana torna-se puro e, quanto mais pura é a meditação no momento do s€dhana, mais ra-pidamente se alcança o siddhi. A pessoa deve se esforçar de tal maneira para fazer um bom s€dhana, mas está além de seu alcance poder purificá-lo. Somente K��Ša por meio de sua acintya-�akti pode fazê-lo. Se você tentar fazer por si mesmo encontrar-se-á enredado nos espinhosos ramos de jñ€na, porém, se K��Ša outorgar sua misericórdia não terá que se expor a este resultado penoso.

Vijaya: Hoje eu me sinto afortunado. Gostaria de fa-zer mais uma pergunta. A morada das consortes de Dv€rak€ está somente em VaikuŠ˜ha ou também em Goloka?

Gosv€m…: O €nanda ilimitado de cit-jagat é alcan-çado em VaikuŠ˜ha; não há ganho superior a VaikuŠ˜ha. As cidades como Dv€rak€ estão ali, e as jovens desta cidade re-sidem em seus próprios palácios servindo a K��Ša. Mas, as únicas que estão situadas em madhura-rasa de Goloka são as vraja-ramaŠ…s. Todos os passatempos de Vraja estão tam-bém em Goloka. Entretanto, na Gop€la-t€pan… Upani�ad é mencionado que RukmiŠ…j… está situada na svak…ya-rasa de Mathur€ Pur…, que está em Goloka.

Vijaya: Prabhu, as atividades em Goloka ocorrem na mesma sequência que são vistas em Vraja?

Gosv€m…: Sim, existem ali na mesma ordem, mas sem as divisões baseadas na concepção m€yika. No entanto, todas estas concepções m€yika, elas têm suas próprias ori-gens espirituais puras e supremas, as quais eu não posso ex-plicar. Isto poderá somente ser entendido pelo poder de seu

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bhajana.Vijaya: Uma vez que toda a existência mundana se

desintegra por completo no momento da dissolução univer-sal (mah€-pralaya), então em que sentido vraja-l…l€ está eternamente presente?

Gosv€m…: O vraja-l…l€ é eterno de ambas perspec-tivas praka˜a e apraka˜a.A atual concepção (s€mprata-prat…ti) da vraja-l…l€, existe eternamente em um dos ili-mitados universos que giram ciclicamente como uma roda. Uma l…l€ específica que agora está presente em um univer-so (brahm€Š�a), aparecerá no próximo momento em outro brahm€Š�a. Assim, esta l…l€ em particular é apraka˜a-l…l€ no primeiro brahm€Š�a, mas ela está presente no próximo brahm€Š�a como praka˜a-l…l€. Desta maneira, todos os ti-pos de praka˜a-l…l€ são eternos. Mesmo no estado apraka˜a, todos os l…l€s estão eternamente presentes.

Vijaya: Se praka˜a-l…l€ ocorre em todos os brahm€Š�as, vraja-dh€ma existe em cada brahm€Š�a?

Gosv€m…: Sim, existe. Goloka é um fenômeno auto-manifesto que está presente em cada universo como a mo-rada de k��Ša-l…l€. Goloka também se manifesta no coração de todos os �uddha-bhaktas.

Vijaya: Por que Mathur€-maŠ�ala permanece ma-nifesta festa em um universo onde a l…l€ é não-manifesta (apraka˜a)?

Gosv€m…: A apraka˜a-l…l€ está eternamente presen-te no dh€ma, que permanece para conceder a misericórdia para os bhaktas que ali residem.

A conversa daquele dia havia chegado ao seu fim.

Meditando intensamente no seu sev€ em a�˜a-k€l…ya-l…l€, Vijaya Kum€ra retornou a sua residência.

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866 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 31

Assim termina o Trigésimo Primeiro Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Madhura-Rasa: A Svar™pa de K��Ša, o N€yaka e as Svak…ya-N€yik€s”

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Capítulo 32Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

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Era noite, Vrajan€tha havia completado seu bhajana do dia e, colocou seu hari-n€ma-m€l€ de lado e foi dormir. Vijaya Kum€ra tinha honrado a pras€da e estava deitado em sua cama, mas por estar absorto em seus pensamentos, o sono não vinha. Antes ele pensava que Goloka e Gokula eram locais diferentes, porém agora, ele concluiu que eles não são diferentes. A raiz de parak…ya-rasa está em Goloka, mas como pode, K��Ša ser um amante (upapati) ali? Ele não conseguia compreender este assunto.

Ele pensou, “Se K��Ša é a substância suprema, e a potência (�akti) e o possuidor da potência (�aktiman) não são diferentes, mesmo se a �akti tornar-se separada de �aktiman, como pode �akti ser chamada paro�h€ (estar casada com um gopa que não seja K��Ša) e que K��Ša seja um upapati (amante)?”

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870 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

A princípio ele pensou: “Amanhã perguntarei a ®r… Gurudeva e minha dúvida será removida,” contudo mais tarde considerou: “Não seria correto perguntar algo mais sobre Goloka; mas mesmo assim, isto deve ser esclareci-do.”

Refletindo desta maneira, ele finalmente dormiu. Enquanto dormia, sonhou que estava na presença de seu Gurudeva e que, para dissipar sua dúvida, ele lhe fazia a mesma pergunta que o preocupava logo antes de dormir. Gurudeva, respondeu:

“B€b€ Vijaya, K��Ša é completamente independente em todas as atividades e, seus desejos sempre se cumprem, Ele não está subordinado aos desejos dos outros. Seu desejo é que Sua ai�varya deve se ocultar e Sua m€dhurya deve ser manifestada e, para isso Ele dá existência separada a Sua �akti. Assim, Sua para-�akti assume a forma de milhões de jovens atrativas gop…s e, todas elas se esforçam para pre-star serviços variados a K��Ša. Ainda assim, K��Ša não se sente totalmente satisfeito enquanto o serviço de Sua �akti é influenciado pelo conhecimento de Sua opulência, por-tanto, pela influência maravilhosa de Sua yogam€y€-�akti, Ele provê àquelas belas gop…s com o abhim€na (auto-con-cepção) de pertencerem a distintos lares. Em outras pala-vras, devido a influência desta �akti (yogam€y€), elas con-sideram a si mesmas como esposas de outros e, ao mesmo tempo, K��Ša assume uma relação de amante (upapati) com elas.

“Por causa de sua avidez (lobha) por parak…ya-rasa, K��Ša transcende Sua natureza auto-satisfeita (€tm€r€ma-dharma) e executa diversos passatempos maravilhosos, tal como r€sa-l…l€ com aquelas jovens gop…s que aparentemen-te acreditam serem casadas com outros. A vaˆ�… é Sua ami-

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871Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

ga querida (pr…ya-sakh…) para realizar com êxito esta ati-vidade. A eterna parak…ya-bh€va está estabelecida em Go-loka para que K��Ša saboreie estes especiais aspectos. Por esta razão, todas as florestas dos passatempos de Goloka e os locais das brincadeiras amorosas de K��Ša, tal como V�nd€vana, permanecem eternamente presentes. Todos os l…l€-sth€nas (locais de passatempos) em Vraja – tais como o cenário de rasa, o Yamun€ ou Giri-Govardhana – en-contram-se em Goloka e assim o humor de serem casadas (d€mpatya-bh€va) e fiéis aos seus maridos estão presentes ali. O �uddha-svak…yatva, o humor conjugal puro, reina es-plendidamente em VaikuŠ˜ha. As qualidades do svak…ya e parak…ya são consideradas serem inconcebivelmente dife-rentes e não-diferentes.

“Veja, esse assunto é extraordinário. O parak…ya-bh€va de Goloka está presente somente como uma con-cepção (abhim€na). Em Vraja, isto parece ser um caso com a esposa de outro, mas na verdade não há adultério, porque as jovens gop…s são as próprias �aktis de K��Ša. Ele está unido a elas desde o princípio dos tempos, portanto a qua-lidade fundamental nelas é a fidelidade perfeita para com os seus esposos (svak…yatva) e a condição de estarem casa-das (d€mpatya). Os pastores (gopas), tal como Abhimanyu são avat€ras especiais, com suas respectivas concepções presentes em Goloka. Eles se tornam esposos para nutrir os passatempos (l…l€s) de K��Ša, e para fazer com que Ele seja o líder dos passatempos (vil€sa) com os sentimentos de um amante (upapati), no cenário de Vraja. Em Goloka, a qual está muito além do mundo material, o rasa é nu-trido unicamente por esta concepção. Em Gokula, dentro do universo material, todas as concepções manifestam suas existências individuais e assumem corpos sob a influência

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872 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

de yogam€y€, a fim de criar a experiência de ser casado, e então, transgredir os códigos de conduta da vida matrimo-nial. Tudo isto é realizado pelas ações de yogam€y€.”

Quando em seu sonho Vijaya Kum€ra escutou sobre o svak…ya e o parak…ya-tattva de seu Gurudeva, as suas dú-vidas desapareceram. Goloka, além da dimensão mundana, é na realidade a mesma Gokula terrestre (bhauma) – a sua convicção deste fato tornou-se estável e, uma identidade su-premamente bem-aventurada de vraja-rasa surgiu em seu coração. Ao mesmo tempo, ele sentiu um despertar, de uma fé implícita no nitya-a�˜a-k€l…ya-l…l€ de Vraja. Na manhã seguinte, ao acordar cedo, ele pensou: “®r… Gurudeva tem me concedido misericórdia ilimitada. Agora, ouvirei dele os componentes de rasa e, então, alcançarei ni�˜h€ em bhajana.”

Vijaya Kum€ra honrou pras€da e, no horário mar-cado veio a Gurudeva. Derramando lágrimas de amor (prema), ele ofereceu praŠ€ma (reverências). Gurudeva lhe abraçou amavelmente e lhe disse: “B€b€, K��Ša lhe favorre-ceu com Sua genuína misericórdia; e assim, estou simples-mente afortunado por vê-lo.” Logo que disse isto, a podero-sa influência de prema deixou sua mente instável.

Pouco tempo depois, quando Gosv€m…j… recobrou a percepção externa, Vijaya Kum€ra ofereceu-lhe reverências prostradas (s€st€‰ga-praŠ€ma) e, disse: “Prabhu, eu não sei da misericórdia de K��Ša; eu conheço somente a sua mise-ricórdia. Agora, eu abandonei a tentativa de realizar Goloka. Eu estou completamente satisfeito no empenho por alcançar a realização de Vraja. Eu quero entender a totalidade das fascinantes variedades de vraja-rasa. Diga-me, por favor, podem as gop…s solteiras que asseguravam o sentimento de que K��Ša era seu esposo, serem chamadas de svak…yas ou

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873Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

não? Gosv€m…: Aquelas gop…s solteiras de Gokula eram

svak…ya naquele instante por causa de sua ni�˜h€ (constân-cia) no humor de aproximar-se de K��Ša como seu espo-so, mas seus humores intrínsecos são parak…ya. Embora o humor delas de svak…ya não seja natural, o relacionamento svak…ya delas foi aperfeiçoado naquela condição particu-lar no l…l€ de Gokula, porque K��Ša aceitou-as como Suas esposas na tradição do casamento pela troca de guirlandas (gandharva-viv€ha-r…ti).

Vijaya: Prabhu, no decorrer do tempo farei muitas perguntas, uma após a outra. Eu desejo compreender todos os tópicos do ®r… Ujjava-n…lamaŠi na sequência em que são apresentados. Primeiro, eu desejo aprender tudo sobre heróis (n€yaka). Há quatro tipos de n€yakas: o anuk™la, o dak�iŠa, o �a˜ha e o dh��ta. Fale-me, por favor, do herói favorável (anuk™la-n€yaka).

Gosv€m…: O anuk™la-n€yaka é aquele que abandona o seu desejo por outras jovens atraentes por causa do ex-tremo apego a uma única heroína (n€yik€). O bh€va de ®r… R€macandraji por ®r… S…t€-dev… e o de ®r… K��Ša por ®r…mat… R€dhik€ji é o de anuk™la-n€yaka.

Vijaya: Eu desejo conhecer a identidade de vários bh€vas – tal como anuk™la- dos quatro tipos de n€yaka, tal como dh…rod€tta. Amavelmente descreva os sintomas de dh…rod€tta-anuk™la-n€yaka.

Gosv€m…: O dh…rod€tta-anuk™la-n€yaka é grave, hu-milde, clemente, compassivo, resoluto, firme em seus vo-tos, livre de futilidade, modesto, comedido e extremamente generoso. Ainda assim, Ele renuncia todas aquelas qualida-des por causa de Sua n€yik€ e, vai encontrar-se com ela em segredo.

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874 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

Vijaya: Diga-me, por favor, quais são os sintomas do dh…ra-lalita-anuk™la-n€yaka?

Gosv€m…: O dh…ra-lalita-n€yaka é por natureza um conhecedor de rasa, sempre juvenil, habilidoso em pregar peças e, sem ansiedade. O dh…ra-lalita-anuk™la-n€yaka tem tudo isto, combinado com o sintoma de desfrutar de um prazer sem fim.

Vijaya: O que é o dh…ra-�€nta-anuk™la-n€yaka?Gosv€m…: O dh…ra-�€nta-anuk™la-n€yaka é natural-

mente sereno, tolerante, sábio e pensativo. Vijaya: Explique-me, por favor, os sintomas do

dh…roddhata-anuk™la-n€yaka.Gosv€m…: Quando o n€yaka, que é invejoso, orgulho-

so, enganador, irascível e presunçoso é favorável, chama-se dh…roddhata-anuk™la-n€yaka.

Vijaya: O que é um dak�iŠa-n€yaka?Gosv€m…: A palavra dak�iŠa significa ‘simples e ho-

nesto’. Um dak�iŠa-n€yaka é aquele que não abandona o respeito, a reverência e o amor submisso por Sua amada anterior, mesmo quando Ele dá Seu coração para uma outra n€yik€. Aquele que tem a mesma disposição por muitas he-roínas é chamado dak�iŠa-n€yaka.

Vijaya: Quais são os sintomas de um �a˜ha-n€yaka?Gosv€m…: Um �a˜ha-n€yaka é encantador na presen-

ça de sua amada, mas secretamente comete graves ofensas, por atuar de maneira pouco amorosa pelas suas costas.

Vijaya: Quais são as características de um dh��ta-n€yaka?

Gosv€m…: O dh��ta-n€yaka é intrépido e um mentiro-so muito habilidoso, mesmo quando todo mundo pode ver claramente que esteve desfrutando da companhia de outra amante.

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875Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

Vijaya: Prabhu, quantos tipos de n€yakas existem ao todo?

Gosv€m…: Em nossa opinião, K��Ša é o único n€yaka (herói). Não há ninguém além dele. K��Ša é perfeito (p™rŠa) em Dv€rak€, mais perfeito em (p™rŠatara) Mathur€ e o mais perfeito (p™rŠatama) em Vraja. Ele é ambos, pati (esposo) e upapati (amante) em todos os três diferentes lugares. Ele é tanto esposo quanto amante. Portanto, Ele pode ser (2 x 3) = 6 tipos diferentes de heróis (n€yaka). Além disso, por causa das quatro categorias iniciando com dh…rod€tta, Ele personifica (6 x 4) = 24 tipos de heróis. Então, estes tipos são divididos em anuk™la, dak�iŠa, �atha e dh��ta, resultando em (24 x 4) = 96 tipos de heróis no total. Agora, você deve saber que há 24 tipos de heróis em svak…ya-rasa e 24 tipos em parak…ya-rasa. Em vraja-l…l€, svak…ya-rasa é um bh€va recessivo e parak…ya-rasa é predominante. Portanto, os 24 tipos de n€yaka em parak…ya-rasa são eternos e esplendida-mente manifestos em ®r… K��Ša em Vraja. Ele é percebido como todo tipo de n€yaka que é necessário para executar algum papel específico em qualquer aspecto do l…l€.

Vijaya: Prabhu, eu entendi as diversas qualidades do herói (n€yaka) e da heroína (n€yik€). Agora, desejo saber quantos tipos de assistentes (sah€yakas) o herói tem.

Gosv€m…: O herói tem cinco tipos de assistentes: ce˜a, vi˜a, vid™�aka, p…tha-mardda e priya-narma-sakh€. Todos eles são muito habéis em usar palavras jocosas e estão sem-pre devotadamente rendidos a K��Ša com um amor profun-do (anur€ga), sabem como atuar em cada momento e cir-cunstância, são habéis na arte de comprazer as gop…s quando elas ficam iradas, e em dar conselhos confidenciais. Todos os cinco tipos de assistentes possuem estas qualidades.

Vijaya: Quais são os atributos dos assistentes ce˜a?

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876 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

Gosv€m…: Eles são expertos em descobrir coisas, exe-cutar tarefas secretas e, suas disposições são de certa man-eira audaciosas e arrogantes. Em Gokula, os sakh€s como Bha‰gura e Bh�‰gara executam atividades como ce˜as de K��Ša.

Vijaya: Quem são os vi˜a?Gosv€m…: Os vi˜as de K��Ša, tais como Ka�€ra e

Bh€rat… Bandho, são muito talentosos em atividades como vestir e decorar K��Ša. Eles são astutos, conversadores elo-quentes e habilidosos em manipular os outros.

Vijaya: Quem são os vid™�akas?Gosv€m…: Os vid™�akas se divertem comendo e bri-

gando. Eles são habilidosos em fazer os outros rirem com seus gestos cômicos, palavra e trajes. Madhuma‰gala e gopas, tal como Vasanta são proeminentes entre os vid™�akas.

Vijaya: Quem está na categoria de p…˜ha-mardda?Gosv€m…: ®r…d€m€ é um p…˜ha-mardda de K��Ša.

Embora, suas qualidades sejam como as de Um n€yaka, ele conduz todas as suas atividades de acordo com a ordem do n€yaka.

Vijaya: Quais são os sintomas dos priya-narma-sakh€s?

Gosv€m…: Eles são confiáveis em segredos muito confidenciais e se refugiam nos bh€vas das sakh…s. Subala e Arjuna são os priya-narma-sakh€s principais, e por isto são os melhores amigos de K��Ša. Entre estes cinco assi-stentes – ce˜a, vi˜a, vid™�aka, p…˜ha-mardda e priya-narma-sakh€ – os ce˜as estão em d€sya-rasa, os p…˜ha-marddas em v…ra-rasa e os outros em sakhya-rasa. Os ce˜as são servos (ki‰kara) e os outros quatro são sakh€s.

Vijaya: Não há assistentes femininas (sah€yak€s)?

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877Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

Gosv€m…: Sim, há. Elas são chamadas mensageiras (d™t…s).

Vijaya: Quantos tipos de d™t…s existem?Gosv€m…: Há dois tipos: as svayam-d™t… e as €pta-

d™t…. Entre as primeiras, encontramos as seguintes carac-terísticas: os olhares de soslaio (kat€k�a) e o som da flauta de K��Ša (vaˆ�…-dhvani).

Vijaya: Ah! E quem são as €pta-d™t…s?Gosv€m…: Vir€ é habilidosa em falar palavras corajo-

sas, e V�nd€ é habilidosa no poder de persuadir e de agra-dar a pessoa. Ambas são €pta-d™t…s de ®r… K��Ša. Tanto as svayam-d™t…s como as €pta-d™t…s são extraordinárias. Além delas estão as mensageiras comuns como li‰gin…, as daiva-jñ€ e as �ilpa-k€riŠ…, que descreverei com mais detalhes quando falar das n€yik€s e das d™t…s.

Vijaya: Entendi o humor e atributos de ®r… K��Ša como n€yaka, e também ouvi que ®r… K��Ša realiza nitya-l…l€ – os passatempos eternos – em pati e upapati-bh€va. Ele executa passatempos em Dv€rak€ em pati-bh€va e, em vra-ja-pur… em upapati-bh€va. Nosso K��Ša é upapati, assim, é essencial para nós conhecermos sobre as vraja-ramaŠ…s, as jovens gop…s encantadoras.

Gosv€m…: A maior parte das donzelas de Vraja com quem Vrajendra-nandana ®y€masundara desempenha pas-satempos, estão em parak…ya-bh€va, porque madhura-rasa não se desenvolve completamente sem parak…ya. O rasa das encantadoras damas de Dv€rak€-pur… permanecem li-mitados pelo seu relacionamento matrimonial, enquanto que o rasa das mocinhas residentes de Vraja, que possuem �uddha-k€ma do qual K��Ša obtém a felicidade mais eleva-da, é sem restrição (akuŠ˜ha).

Vijaya: Qual é o significado disto?

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878 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

Gosv€m…: ®r… Rudra, que conhece altamente o assunto de ��‰g€ra-rasa, declara que as armas supremas de Kandar-pa (Cupido) são obstáculos, tais como os humores contrários das mulheres (v€mat€), e a extrema dificuldade de encontrar com mulheres (durlabhat€) por causa das proibições que a sociedade impõe. C€Šakya PaŠ�ita declarou que o coração do n€yaka fica mais profundamente apegado quando Ele é proibido de encontrar Sua amada e quando esta amada de olhos atraentes é difícil de se obter. Olhe! Embora K��Ša seja €tm€r€ma, no momento do rasa-l…l€, Ele manifestou a Si próprio em tantas formas (svar™pas) quanto o número de gop…s que haviam ali e, então executou l…l€ com elas. Todo s€dhaka deve seguir rasa-l…l€. Aqui a instrução especial é que, se o s€dhaka deseja auspiciosidade, ele deve entrar neste rasa-l…l€ como bhakta, mas ele nunca deve imitar K��Ša. Em outras palavras, ele deve entrar neste l…l€ somen-te para se tornar seguidor de uma gop…, adotando o humor de gop…-bh€va.

Vijaya: Você pode ter a bondade de explicar mais ela-boradamente o tema de gop…-bh€va?

Gosv€m…: Nandanandana K��Ša, o filho de Nan-da Mah€r€ja, é um gopa e, Ele não executa passatempos amorosos com ninguém, exceto com as gop…s. O s€dhaka que é elegível para ��‰g€ra-rasa deve ocupar-se em k��Ša-bhajana com o mesmo bh€va com o qual as gop…s oferecem serviço amoroso a ®r… K��Ša. No curso do bhajana, o s€dhaka deve meditar em si mesmo como sendo uma vraja-gop…. O s€dhaka deve considerar a si mesmo como uma serva de alguma vraja-v€sin… (uma residente de Vraja) extremamente afortunada, e sob sua guia, deve oferecer serviços a R€dh€-K��Ša. Uma pessoa não pode possivelmente despertar rasa a menos que ela se considere paro�h€, isto é, casada com

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879Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

um gopa que não seja K��Ša. É este paro�h€-abhim€na, a auto-concepção de ser casada com um outro gopa que não seja K��Ša, que é o dharma específico das vraja-gop…s. ®r… Rupa Gosv€m… escreveu:

m€y€-kalita-t€d�k-str…-�…lanen€nus™yubhiƒ na j€tu vrajadev…n€ˆ patibhiƒ saha sa‰gamaƒ

®r… Ujjvala-nilamaŠi, K��Ša vallabh€ prakaraŠa (19)

As vraja-dev…s que, através da influência de yogam€y€, consideram-se casadas com outros gopas que não sejam K��Ša, nunca tem um contato físico com seus devotados maridos dhármicos. No mo-mento do abhis€ra das gop…s (encontro com K��Ša) e assim por diante, os gopas em suas casas vêem as formas das gop…s que assemelham-se exatamen-te as suas esposas. Estas formas são produzidas por yogam€y€, deste modo os gopas pensarão por eles mesmos, “Nossas esposas estão realmente aqui em casa”, e eles nunca têm alguma oportunidade de ter ciúmes ou de sentir inimizade de K��Ša.

As vraja-dev…s nunca tiveram contato físico com seus devotados maridos legítimos, que foram todos idealizados por yogam€y€. Cada um dos maridos das vraja-gop…s é somente uma manifestação de seus respectivos bh€vas na Goloka l…l€. Seus maridos não são nada além de uma con-vicção fictícia criada por yogam€y€. Na verdade, as gop…s não são casadas com outros gopas, mas o abhim€na, ou a auto-concepção, de ser casada com outro gopa está eter-namente presente. Se isto não fosse assim, deveria ser na-turalmente impossível para o inigualável parak…ya-rasa se

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880 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

manifestar por causa de contrariedades (v€mat€), inacessi-bilidade (durlabhat€), obstruções, proibições sociais, medo e assim por diante. O n€yaka-bh€va de vraja-rasa não pode ser alcançado sem tal concepção. Lak�im…j… de VaikuŠ˜ha é um exemplo disto.

Vijaya: Qual é o bh€va para reconhecer a si próprio como paro�h€?

Gosv€m…: Uma gop… pensa, “Eu sou uma garota nas-cida na casa de um vraja-gopa e, quando eu me tornei uma jovem adolescente, eu fui dada em casamento para um jo-vem gopa.” Somente com este tipo de convicção é que o desejo intenso de se encontrar intimamente com K��Ša se torna poderoso. Gop…-bh€va significa atribuir (€ropa) para si o humor de ser a esposa de um gopa que ainda não tem filhos.

Vijaya: Se o s€dhaka está num corpo masculino, como ele pode atribuir gop…-bh€va a si mesmo?

Gosv€m…: As pessoas somente se consideram mascu-linas porque elas estão sob a influência da natureza ilusór-ia imposta por m€y€. Exceto para os associados eternos de K��Ša em forma masculina, a natureza espiritual inerente e pura de todos os outros é feminina. Na verdade, não há características masculinas e femininas na estrutura espiri-tual, mas o s€dhaka pode alcançar elegibilidade para ser uma vraja-v€sin… quando ele é movido pelo svabh€va e um abhim€na fixo. Somente aqueles que têm ruci por madhu-ra-rasa são elegíveis para se tornar vraja-v€sin…s. Se a pes-soa executa s€dhana de acordo com seu ruci, ela alcançará o estado de perfeição que corresponde exatamente à nature-za deste s€dhana.

Vijaya: Quais são as glórias de ser uma gop… casada com um gopa que não seja K��Ša?

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881Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

Gosv€m…: As vraja-gop…s que são casadas com outros, naturalmente se tornam minas de beleza superabundante e de virtudes transcendentais e extraordinariamente podero-sas, quando o intenso desejo de encontrar intimamente com K��Ša surge em seus corações. Elas também se decoram cuidadosamente com a graciosidade de prema. A doçura do rasa delas supera o de todas as �aktis de Bhagav€n, enca-beçadas pela deusa da fortuna, Lak�m….

Vijaya: Quantos tipos de vraja-sundar…s (belas don-zelas) existem?

Gosv€m…: Há três tipos: s€dhana-par€, dev… e nitya-priy€.

Vijaya: Há também tipos diferentes de s€dhana-par€-sundar…?

Gosv€m…: Sim, há dois tipos de s€dhana-par€-sundar…: yauthik… e ayauthik….

Vijaya: Quem são as yauthik…s?Gosv€m…: As yauthik… sundar…s nasceram em Vraja

ao mesmo tempo em um grupo, depois de estarem absor-tas no s€dhana em vraja-rasa. Em outras palavras, elas são membros de um grupo em particular. Há dois tipos de yauthik…: muni-gaŠa e upani�ad-gaŠa.

Vijaya: Quais são os munis que nasceram em Vraja como gop…s?

Gosv€m…: Alguns munis adoraram Gop€la, porém, foram incapazes de alcançar siddhi (perfeição). Depois de terem dar�ana da beleza de ®r… Ramacandra, eles se empe-nharam mais em s€dhana de acordo com o desejo almejado. Então, eles aceitaram gop…-bh€va e nasceram como gop…s. O Padma Pur€Ša refere-se a eles desta maneira, e o B�had-V€mana Pur€Ša declara que alguns deles alcançaram a per-feição no início do rasa-l…l€.

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882 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

Vijaya: Como as Upani�ads nasceram como gop…s em Vraja?

Gosv€m…: Os Mah€-Upani�ads personificados, que foram dotados com uma discriminação extremamente re-finada, ficaram completamente maravilhados quando eles viram a boa fortuna das gop…s e, depois executaram seve-ras austeridades com �raddh€ e, alcançaram nascimento em Vraja como gop…s.

Vijaya: Quem são ayauthik…?Gosv€m…: Há dois tipos de sundar…s celebradas pelo

nome de ayauthik…: que está há muito tempo (pr€c…n€) e nova (nav…n€). Elas são excepcionalmente atraídas por gop…-bh€va e, executam s€dhana com intensa avidez e natural anur€ga. Algumas nascem sozinhas, e outras em grupos de duas, três, ou até mesmo mais, ao mesmo tempo. Tempos atrás, as pr€c…n€s ayauthik…-gop…s alcançaram s€lokya (vi-ver no mesmo planeta) juntas com as nitya-priy€ gop…s. As nav…n€ ayauthik… gop…s vêm para Vraja por nascer entre os devas, humanos, e outros seres. Com o passar do tempo tor-nam-se pr€c…n€, e alcançam s€lokya da mesma forma que eu já havia mencionado.

Vijaya: Entendi este tema de s€dhana-par€. Agora, por favor, seja amável e me explique sobre as dev…s.

Gosv€m…: Quando K��Ša descende entre os devas em Svarga pelo Seu aˆ�a, os aˆ�as de Suas nitya-k€nt€s também se manifestam como dev…s a fim de satisfazê-Lo. Estas mesmas dev…s nascem em k��Ša-l…l€ como filhas de gopas, e tornam-se pr€Ša-sakh…s das nitya-priy€-gop…s de quem elas são aˆ�as – em outras palavras, de suas próprias aˆ�an…s.

Vijaya: Prabhu, quando K��Ša nasce de Seu aˆ�a entre os devas?

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883Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

Gosv€m…: K��Ša nasce do ventre de Aditi em Suaforma sv€ˆ�a como V€mana, e em Suas vibhinn€ˆ�as (expansões separadas) Ele torna-Se os devatas. ®iva e Brahm€ não são nascidos do ventre de uma mãe e, embo-ra eles não estejam na categoria de j…vas comuns que têm cinquenta qualidades num grau diminuto, eles ainda são somente vibhinn€ˆ�a. Aquelas cinquenta qualidades estão certamente presentes em Brahm€ e ®iva em um grau ma-ior e, além destas eles têm mais cinco qualidades que não são encontradas nas j…vas comuns. Por isso, estes dois são chamados de líderes dos devat€s. GaŠe�a e S™rya, também estão situados na mesma categoria de Brahm€ pela mesma razão, mas todos os outros devas são classificados como j…vas. Todos os devas são vibhinn€ˆ�as de K��Ša, e suas es-posas (dev…s) são os vibhinn€ˆ�as de cit-�akti. Assim, antes do aparecimento de K��Ša, Brahm€ os ordenou a nascerem para satisfazer K��Ša e, seguindo sua ordem, alguns deles nasceram em Vraja e outros em Dv€rak€, de acordo com seus diferentes gostos e s€dhana. As dev…s que nasceram em Vraja por causa da intensa avidez de alcançar K��Ša são as pr€Ša-sakh…s das nitya-priy€-gop…s.

Vijaya: Prabhu, as Upani�ads alcançaram nascimen-to como gop…s, mas por favor conte-me, alguma outra dei-dade que rege as dev…s dos Vedas também aceitou nasci-mento em Vraja?

Gosv€m…: Está escrito no s��˜i-khaŠ�a do Padma PuraŠa que G€yatr…, que é Veda-m€t€, a mãe dos Vedas, também nasceu como uma gop… e alcançou a associação de K��Ša. E desde então este tempo ela assumiu a forma do k€ma-g€yatr….

Vijaya: Mas não é o k€ma-g€yatr… sem começo (an€di)?

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884 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

Gosv€m…: Certamente, o k€ma-g€yatr… é an€di, e an€di-g€yatr… primeiro manifestou-se na forma do Veda-m€t€. Depois, pela influência do s€dhana e, vendo a for-tuna de muitas Upani�ads, ela nasceu em Vraja junto com a Gop€la Upani�ad. Embora a forma do k€ma-g€yatr… seja eterna, ela existe esplendidamente em uma eterna e separa-da forma como Veda-m€t€ G€yatr….

Vijaya: Tais como as Upani�ads todas estas, que nas-ceram em Vraja tiveram o abhim€na de serem as filhas de gopas, e elas aceitaram K��Ša como seu próprio marido com a concepção que Ele era um gopa-n€yaka. K��Ša tornou-se seu marido naquele instante pela tradição gandhava-viv€ha. Entendi muito bem tudo isto. Porém, as amadas consortes eternas de K��Ša são Suas associadas desde tempos imemo-riais, assim o relacionamento de K��Ša de upapati com elas é somente um plano de m€y€?

Gosv€m…: Certamente, um tipo de criação de m€y€, mas não de ja�a-m€y€, a energia ilusória exibida no mun-do material. Ja�a-m€y€ nunca pode tocar k��Ša-l…l€. Em-bora vraja-l…l€ esteja dentro deste mundo material, ela está completamente além da jurisdição de ja�a-m€y€. Um outro nome de cit-�akti é yogam€y€, e em k��Ša-l…l€ esta yogam€y€ age de tal maneira que alguém que seja influ-enciado por ja�a-m€y€ vê este k��Ša-l…l€ em uma forma externa. Yogam€y€ traz para Vraja o paro�h€-abhim€na de Goloka com cada uma das nitya-priy€s, e dá a esta forma abhim€na uma existência individual separada. Então, pelo arranjo do casamento entre as nitya-priy€-gop…s e aquelas existências1 separadas, ela faz K��Ša upapati.

O puru�a onisciente e todas as �aktis conhecidas1Todos os abhim€nas de Goloka são manifestos em formas tangíveis em Vraja, tal como Abhimanyu.

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885Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

que estão absortas em suas respectivas rasa, aceitam estes bh€vas. Isto indica a superioridade da rasa e a totalidade da magnífica independência de icch€-�akti. Não há tanta superioridade em VaikuŠ˜ha e Dv€rak€. Quando as pr€Ša-sakh…s alcançam s€lokya junto com as nitya-priy€-gop…s, o pati-bh€va restringido delas se expande e torna-se upapati-bh€va. Este é o objetivo último delas.

Vijaya: Este siddh€nta é completamente extraor-dinário. Meu coração ficou renovado. Agora, por favor, ex-plique-me sobre as nitya-priy€ gop…s.

Gosv€m…: ®r… Gauracandra não poderia ter revelado tais princípios esotéricos por meio de minha boca, se não estivesse presente um ouvinte qualificado como você. Veja bem, em vários lugares, ®r… J…va Gosv€m…, que é o conhe-cedor de tudo (sarva-jña), deliberou sobre este assunto de maneira muito confidencial, o qual uma pessoa pode enten-der ao ler seus comentários e literaturas, tal como K��Ša-sandarbha. ®r… J…va Gosv€m… estava sempre receoso de que se pessoas não qualificadas viessem a conhecer sobre estes princípios altamente esotéricos, pois elas poderiam mais tarde buscar o abrigo de uma forma corrupta de dharma. Naquela época, ®r… J…va Gosv€m… sentiu ansiedade sobre to-das estas falhas, tal como ras€bh€sa e a distorção de rasa, que são vistas nos assim chamados Vai�Šavas hoje em dia. Ele não pode prevenir este infortúnio, embora fosse muito cuidadoso. Você não deve falar este siddh€nta na presença de outros, exceto para aqueles que são qualificados para re-cebê-lo. Agora, irei descrever as nitya-priy€ gop…s.

Vijaya: Quem são as nitya-priy€ gop…s? Embora no passado eu tenha estudado muitos �€stras, agora meu único desejo é beber este néctar da boca de lótus de ®r… Gurude-va.

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886 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

Gosv€m…: Como K��Ša, as nitya-priy€ gop…s em Vra-ja são a morada de todas as qualidades, tal como a beleza e a esperteza. R€dh€ e Candr€val… são as mais proeminentes entre elas. Elas foram referidas no Brahma-saˆhit€ (5.37):

€nanda-cinmaya-rasa-pratibh€vit€bhis

€bhir ya eva nija-r™patay€ kal€bhiƒ goloka eva nivasaty akhil€tma-bh™to

govindam €di-puru�aˆ tam ahaˆ bhaj€mi

Quando o €nanda-aˆ�a de sac-cid-€nanda-para-tattva agita o cid-aˆ�a, e é inspirado para manifestar separadamente o hl€din… pratibh€ (esplendor), então ®r…mat… R€dhik€, junto com Suas sakh…s que são to-das expansões da forma espiritual dEla, tornam-se manifestas. Eu executo bhajana deste Govinda, que é o supremo, a Alma original de todas as almas. Ele eternamente reside em Goloka-dh€ma com aquelas donzelas, as quais são todas dotadas com as sessenta e quatro artes.

As nitya-priy€ gop…s são mencionadas nesta declara-ção de Brahm€, a qual é a essência de todos os Vedas. Elas são nitya, o que significa que elas são uma manifestação de cit-�akti e estão deste modo além do tempo e do espaço – isto é verdade. Ali, nitya-l…l€ é uma expressão das ses-senta e quatro artes: kal€bhiƒ sv€ˆ�a-r™p€bhiƒ �aktibhiƒ. Embora haja diferentes significados dados pelos €c€ryas em outros comentários no Brahm€ Saˆhit€, eu expliquei o comentário extremamente confidencial de ®r… Svar™pa D€modara Gosv€m…. Este tesouro secreto está escondido no recôndito dos corações de ®r… R™pa-Sanatana e Sri J…va Gosv€m…s.

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887Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

Vijaya: Eu estou intensamente desejoso de ouvir os vários nomes das nitya-priy€ gop…s.

Gosv€m…: Os �€stras, tais como o Skanda Pur€Ša e o Prahl€da-saˆhit€, mencionou nomes, tais como R€dh€, Candr€val…, Vi�€kh€, Lalit€, ®y€m€, Padm€, ®aiby€, Bhadrik€, T€r€, Vicitr€, Gop€l…, Dhani�˜ha e P€l…. Um ou-tro nome de Candr€val… é Som€t€, e ®r…mat… R€dhik€ tam-bém é chamada de G€ndharv€. As vraja-gop…s tais como Khañjan€k�…, Manoram€, Ma‰gal€, Vimal€, L…l€, K��Š€, ®€r…, Vi�€rad€, T€r€val…, Cakor€k�…, ®a‰kar… e Kuˆkum€ são também famosas neste mundo.

Vijaya: Qual é o relacionamento entre elas?Gosv€m…: Estas gop…s são y™the�var…s (líderes de gru-

pos). Não há um ou dois grupos, mas centenas, e em cada um deles existe centenas de milhares de belíssimas gop…s individuais. Todas as gop…s acima mencionadas, desde ®r…mat… R€dhik€ até Kuˆkum€, são y™the�var…s. Vi�€kh€, La-lit€, Padm€ e ®aiby€ foram descritas nos �€stras mais elabo-radamente do que as outras. Entre estas y™the�var…s, as oito gop…s começando com R€dh€ foram chamadas pradh€n€, porque elas são as mais afortunadas.

Vijaya: Vi�€kh€, Lalit€, Padm€ e ®aiby€ são pradh€n€ gop…s e, elas são especialmente espertas em nutrir os pas-satempos de K��Ša. Por que elas não foram aceitas como y™the�var…s distintas?

Gosv€m…: Elas são tão qualificadas que mesmo em-bora fosse adequado chamá-las de y™the�var…s, Lalit€ e Vi�€kh€ permanecem tão encantadas pela bem-aventurança do supremo bh€va de ®r…mat… R€dhik€, que elas não que-rem ser chamadas de y™the�var…s independentes. Entre elas, algumas são seguidoras de ®r…mat… R€dhik€, e outras são seguidoras de Candr€val….

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888 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 32

Vijaya: Eu ouvi que Lalit€ tem um gaŠa (sub-grupo).Que tipo de grupo é este?

Gosv€m…: ®r…mat… R€dh€j… é proeminente entre todas as y™the�var…s. Algumas das gop…s nos seus y™thas depen-dentes são atraídas pelo bh€va especial de ®r… Lalit€j… e, elas são chamadas Lalit€ gaŠa. Outras gop…s referem-se a elas como Vi�€kh€ gaŠa, e assim por diante. As a�˜a-sakh…s encabeçadas por Lalit€ e Vi�€kh€ são as heroínas dos vários gaŠas de ®r…mat… Radhika. Se a pessoa é muito afortuna-da, ela pode adquirir a qualificação para entrar no gaŠa de ®r…mat… Lalit€.

Vijaya: Em que �€stras os nomes destas gop…s podem ser encontrados?

Gosv€m…: Seus nomes podem ser encontrados em �€stras, tais como o Padma Pur€Ša, Skanda Pur€Ša e o Uttara khaŠ�a do Bhavi�ya Pur€Ša. Muitos nomes também são mencionados no S€tvata-tantra.

Vijaya: O ®r…mad-Bh€gavatam é o �€stra mais pro-eminente no universo inteiro, então isto deveria ser um as-sunto de grande júbilo se esses nomes fossem mencionados lá.

Gosv€m…: O ®r…mad-Bh€gavatam é um tattva-�€stra, contudo, ele também é um oceano de rasa. Do ponto de vista dos rasika bhaktas, o ®r…mad-Bh€gavatam é pleno da mais completa deliberação em rasa-tattva, como se um oceano fosse contido em um único jarro. Os nomes e bh€vas de ®r… R€dh€ e as identidades de todas as gop…s foram descritos ali em uma maneira altamente confidencial. Se você refle-te completamente sobre os �lokas do Décimo Canto, você pode encontrar tudo. ®r… Sukadeva Gosv€m… descreveu este assunto de uma maneira confidencial para manter pessoas não qualificadas à distância. Vijaya, qual será o resultado

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889Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s

de dar um colar de contas para cantar e a descrição comple-ta e explícita para todas as pessoas? O leitor pode entender os tópicos confidenciais somente de acordo com o avanço de sua compreensão. Portanto, uma das qualidades de um paŠ�ita genuíno é que ele pode revelar de uma maneira ve-lada assuntos que não são apropriados para serem revelados na presença de todos. Este assunto só é entendido por pes-soas qualificadas na medida em que o adhik€ra delas permi-tir. Não há conhecimento da realidade vastu sem �r…-guru-parampar€. Uma pessoa pode adquirir conhecimento de outras maneiras, mas ele não terá efeito. Você pode somente alcançar o completo rasa do ®r…mad-Bh€gavatam depois de entender completamente o Ujjvala-n…lamaŠi.

Desta maneira, depois de um longo período de per-guntas e respostas, o i�˜ago�˜hi do dia foi concluído. Vijaya retornou para sua residência, meditando incessantemente sobre os assuntos que ele tinha ouvido. Assim que todas as considerações (vic€ra) em relação ao n€yaka e à n€yik€ despertaram na esfera do seu coração, ele ficou absorto em param€nanda e, enquanto ele se lembrava da discussão so-bre vaˆ�… e svayaˆ-d™t…, uma corrente de lágrimas fluía de seus olhos. Naquele momento, o passatempo que ele tinha visto no bosque, no caminho para Sundar€cala, na noite an-terior, apareceu vividamente na tela de seu coração.

Assim termina o Trigésimo Segundo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Madhura-Rasa: Parak…ya-N€yik€s”

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Capítulo 33Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras

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Certo dia, Vijaya Kum€ra e Vrajan€tha tomaram banho no Indradyumna Sarovara, ao regressarem para casa eles honraram pras€da juntos. Então, Vrajan€tha foi ter o dar�ana do sam€dhi de ®r… Harid€sa µhakura, enquanto Vijaya Kum€ra dirigiu-se até o Ma˜h de ®r… R€dh€-K€nta e prostrou-se diante dos pés de lótus de seu Gurudeva. E aproveitando a oportunidade, ele fez algumas perguntas so-bre ®r…mat… R€dhik€.

Vijaya: Prabhu, ®r… V��abh€nu-nandin… é a única razão de nossa existência e o alento de nossa vida, não sei como expressar isto, nem porque meu coração se derrete, só de ouvir o nome de ®r…mat… R€dhik€. Embora, ®r… K��Ša seja o nosso único abrigo, ainda assim, só me apraz sabore-ar os passatempos que Ele realiza com ®r…mat… R€dhik€. Minha mente não deseja ouvir nenhum k��Ša-kath€ que não

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894 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 33

mencione o nome de ®r…mat… R€dhik€ ou não descreva Seus passatempos. Que posso dizer? Não sinto nenhuma satis-fação ao apresentar-me como Vijaya Kum€ra Bha˜˜€c€rya, sinto uma alegria plena ao dizer que sou uma p€lya-d€s… de ®r… R€dhik€. Outra coisa surpreendente é que não desejo falar vraja-l…l€-kath€ aos que são k��Ša-bahirmukha (re-lutantes em servir a K��Ša). Eu desejo me retirar de uma assembléia onde aqueles que não são rasikas descrevem as glórias de ®r… R€dh€-K��Ša.

Gosv€m…: Você é muito afortunado. A menos que a pessoa tenha a completa convicção de ser uma vraja-ramaŠ…, ela não está preparada para entrar nas descrições do l…l€-vil€sa de ®r… ®r… R€dh€-K��Ša. Mesmo as dev…s não possuem elegibilidade para o kath€ de R€dh€-K��Ša, o que dizer dos que têm uma forma masculina.

Já falamos sobre as amadas consortes de K��Ša. R€dh€ e Candr€val… são as mais importantes e ambas tem milhares de y™thas (grupos) de gop…s adolescentes. Durante o mah€-r€sa, centenas de milhões de jovens e encantadoras gop…s participaram no r€sa-maŠ�ala e expandiram a beleza dele.

Vijaya: Prabhu, não importa que Candr€val… tenha milhões de y™thas, por favor seja misericordioso comigo e fale-me sobre as glórias de ®r…mat… R€dhik€, para que meus ouvidos contaminados possam ser purificados e preenchi-dos com rasa. Eu me abriguei completamente em você.

Gosv€m…: Olhe, Vijaya, entre R€dh€ e Candr€val…, ®r… R€dh€j… é a personificação completa do amor mais elevado (mah€bh€va-svar™p€) e, portanto, Ela é superior a Candr€val… em todas as qualidades e em todos os senti-dos. Veja, no T€pan… �ruti Ela é chamada G€ndharv€. No ¬k-pari�i�˜a (suplemento do ¬g-Veda) tem uma descrição do imenso resplendor de M€dhava quando Ele está junto com

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895Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras

R€dh€. No Padma Pur€Ša, N€radaj… disse também: “Assim como ®r…mat… R€dhik€ é a mais amada de K��Ša, similar-mente, Seu kuŠ�a é igualmente querido por Ele. De todas as gop…s, ®r… R€dh€r€Š… é a mais querida de K��Ša.” Este r€dh€-tattva é um tattva inigualável e extraordinário. Entre todas as �aktis de Bhagav€n, a mah€-�akti suprema é cha-mada hl€din… e, R€dhika é mah€bh€va-svar™pa, a personi-ficação da essência condensada desta hl€dini.

Vijaya: Que tattva excepcional! Agora, por favor, descreva-me a svar™pa de ®r… R€dh€.

Gosv€m…: ®r…mat… R€dhik€ é em todos os aspectos a mais bela de todas as amadas consortes (su�˜hu-k€nt€-svar™pa) de ®r… K��Ša e, Ela está adornada com dezesseis adornos (��‰g€ra) e doze ornamentos (€bharaŠa).

Vijaya: Qual é o significado de su�˜hu-k€nt€-svar™pa?

Gosv€m…: A svar™pa de ®r… R€dh€ é tão bela, que não necessita de complementos que a embelezem. Sua amabi-lidade inigualável é incrementada pelos Seus cabelos, que é como uma cascata de elegantes cachos, por seu rosto de lótus, por seus grandes e inquietos olhos e, por seus lindos seios. A extraordinária beleza de Sua svar™pa, é ampliada muitas vezes pela Sua cintura fina, por Seus ombros delica-dos, ligeiramente inclinados para frente e, pelas Suas mãos de lótus, a qual é embelezada pelas jóias das unhas dos de-dos. Nos três mundos não há beleza comparada a dEla.

Vijaya: Quais são os dezesseis ��‰g€ras?Gosv€m…: Seus dezesseis ��‰g€ras, são: Seu banho,

o brilho da jóia que adorna Seu nariz; Sua roupa azul, Seu cinto sobre Sua cintura, Sua trança, Seus brincos, a pasta de sândalo tirar untada nos Seus membros, os arranjos de flores em Seu cabelo, Sua guirlanda (colar) de flores,

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896 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 33

a l…l€-kamala (o lótus com o qual brinca) que carrega em Sua mão, a t€mb™la em Sua boca, o ponto de kastur… (almíscar) sobre Seu queixo, o k€jal ao redor de Seus olhos, a pintu-ra delineada em almíscar (m�gamada) em Suas bochechas coradas, a cor escarlate de Seus pés e a tilaka em Sua testa. ®r…mat… R€dhik€ está sempre embelezada por estes tipos de decorações.

Vijaya: Quais são os doze €bharaŠas?Gosv€m…: Os doze €bharaŠas que decoram o corpo

de ®r… R€dhik€ são a excepcional tiara brilhante em Sua cabeça, Seus brincos dourados, o cinturão dourado sobre os Seus quadris, o colar dourado, o vall… (ornamento) e o �al€k€ (brincos que caem em forma de cascata) dourado sobre Suas orelhas, as pulseiras em Seus pulsos, os anéis em Seus dedos, Seu colar de pérolas, Seus braceletes, Suas tornozeleiras de jóias em Seus pés, e os anéis dos dedos de Seus pés.

Vijaya: Por favor, mostre sua compaixão e fale-me das qualidades mais proeminentes de ®r… R€dh€.

Gosv€m…: Assim como ®r… K��Ša, ®r…mat… R€dhik€ também possui inumeráveis qualidades, dentre as quais vinte e cinco são proeminentes.

1. Ela é doce (madhura), isto é, Seu semblante é incomparavelmente belo.2. Ela é sempre jovem.3. Seus olhos são inquietos e propensos a lança- rem olhares de soslaio.4. Ela possui um sorriso radiante, suave e doce.5. Ela tem linhas belas que indicam auspiciosidade.6. Ela enlouquece K��Ša com a fragrância dos membros de Seu corpo.7. Ela é habilidosa em artes musicais.

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897Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras

8. Ela fala docemente.9. Ela é esperta em fazer piadas.10. Ela é muito polida e modesta.11. Ela é misericordiosa.12. Ela é esperta.13. Ela tem habilidade para realizar todas as tarefas.14. Ela é tímida.15. Ela é sempre estável no caminho da conduta correta.16. Ela é paciente.17. Ela é grave, de forma que é muito difícil de entender o que se passa em Sua mente.18. Ela gosta de desfrutar de passatempos.19. Ela é extremamente ávida de manifestar a excelência suprema de mah€bh€va.20. Quando os residentes de Gokula veem-Na, seus corações imediatamente transbordam de prema.21. Sua fama permeia o universo inteiro.22. Ela é o objeto de afeição de Seus superiores (guru-jana).23. Ela é controlada pelo amor intenso (praŠaya) de Suas sakh…s.24. Ela é a mais proeminente dentre todas as sakh…s de K��Ša.25. Ke�ava sempre permanece submisso às ordens dEla. Vijaya: Gostaria de saber mais detalhes sobre as ele-

gantes linhas que indicam Sua imensa boa fortuna.Gosv€m…: De acordo com o Var€ha-saˆhit€, o Jyoti�a-

�€stra, o K€�i-khaŠ�a e os Pur€Šas como o Matsya Pur€Ša e o Garu�a Pur€Ša, os sinais auspiciosos de Seu pé esquer-do, são: 1) na base de Seu dedão há um grão de cevada;

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898 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 33

2) abaixo deste há um chakra; 3) abaixo do dedo do meio há uma flor de lótus, 4) abaixo deste lótus há uma insígnia e 5) uma bandeira, 6) há uma linha que vai curvando desde a metade da sola até o lado direito do dedo do meio e 7) abaixo do dedo mínimo há uma aguilhada.

Os sinais de Seu pé direito, são: 1) na base de Seu dedão há um búzio, 2) em Seu calcanhar há um peixe, e 3) abaixo de Seu dedo mínimo está um altar. Acima do peixe estão 4) uma carruagem, 5) uma montanha, 6) um brinco, 7) uma maça e 8) o sinal de uma �akti.

Em sua mão esquerda há: 1) uma longa linha que se estende do ponto onde o dedo indicador e o dedo do meio se encontram e, vai até abaixo do dedo do mínimo, 2) uma ou-tra linha começa abaixo da longa linha da vida, e se estende para o lugar entre o dedo indicador e o polegar. 3) Abaixo do polegar, uma linha curva estende-se do pulso até o espa-ço entre o polegar e o indicador para se unir à linha do meio. 4-8) Na ponta de Seu polegar e em cada um de Seus dedos está um cakra. Com as três linhas e mais os cinco chakras perfazem um total de oito símbolos. 9) Então, abaixo do dedo anular há um elefante, 10) abaixo da linha da vida está um cavalo, 11) abaixo da linha do meio está um touro e abaixo do dedo mínimo estão 12) uma aguilhada, 13) um abanico, 14) uma árvore ®r…, 15) uma coluna da vitória, 16) uma flecha, 17) uma lança e 18) uma guirlanda.

Na mão direita, da mesma forma que na esquerda, há três linhas que começam com a linha da vida. Além dis-so, há um búzio na ponta de Seu polegar e em cada um de Seus dedos. Todos juntos perfazem um total de oito sinais. 9) Abaixo do dedo indicador há uma camara, e 10) abai-xo do dedo mínimo estão uma aguilhada, 11) um palácio, 12) um tambor dundubhi, 13) um raio, 14) dois carrinhos,

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899Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras

15) um arco de flecha, 16) uma espada e 17) uma jarra.Uma vez que há sete sinais no pé esquerdo, oito no di-

reito, dezoito na mão esquerda e dezessete na direita, juntos somam um total de cinquenta sinais auspiciosos indicando suprema boa fortuna.

Vijaya: Esses sintomas não são possíveis em outros?Gosv€m…: Estas qualidades estão presentes em um

grau muito pequeno nas j…vas e de alguma forma nas dev…s, mas elas estão completamente manifestas em sua totalidade em ®r… R€dhik€. Todas as qualidades de ®r… R€dhik€ são apr€k�ta (transcendentais), porque estas qualidades não estão puras e completamente em ninguém no mundo mate-rial – nem mesmo em deusas como Gaur….

Vijaya: Ah! As virtudes de ®r…mat… R€dhik€ são in-concebíveis. Uma pessoa pode realizá-las somente por Sua misericórdia.

Gosv€m…: Como eu posso expressar Suas glórias? O que pode ser comparado com a beleza e as qualidades que confundem eternamente ao próprio K��Ša?

Vijaya: Prabhu, por favor, descreva-me as sakh…s de ®r…mat… R€dhik€.

Gosv€m…: O y™tha de ®r…mat… R€dhik€ é o melhor de todos. Cada jovem gop… deste grupo está adornada com to-das as virtudes transcendentais. Elas atraem diretamente a K��Ša com suas qualidades, seus olhares brincalhões e seus gestos.

Vijaya: Quantos tipos de sakh…s ®r…mat… R€dhik€ tem?

Gosv€m…: Há cinco tipos: 1) sakh…, 2) nitya-sakh…, 3) pr€Ša-sakh…, 4) priya-sakh… e 5) parama-pre�˜ha-sakh….

Vijaya: Quem são as sakh…s?Gosv€m…: As sakh…s incluem Kusumik€, V�nd€ e

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900 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 33

Dhani�˜h€.Vijaya: Quem são as nitya-sakh…s?Gosv€m…: Kast™r…, MaŠi Mañjar… e outras, são nitya-

sakh…s.Vijaya: Quem são as pr€Ša-sakh…s?Gosv€m…: As pr€Ša-sakh…s incluem ®a�imukh…,

V€sant… e L€sik€. Elas alcançaram formas e qualidades si-milares as de V�nd€vane�var…, ®rimat… R€dhik€.

Vijaya: Quem são as priya-sakh…s?Gosv€m…: Kur€‰g€k�…, Sumadhy€, Madan€las€, Ka-

mal€, M€dhur…, Mañjuke�i, Kandarpa-sundar…, M€dhav…, M€lat…, K€ma-lat€, ®a�ikal€ e muitas outras são priya-sakhis.

Vijaya: Quem são as parama-pre�˜ha-sakh…s?Gosv€m…: Lalit€, Vi�akh€, Chitr€, Champakalat€,

Tu‰gavidy€, Indulekh€, Ra‰gadev…, Sudev… – estas oito são pradh€n€ e parama-pre�˜ha-sakh…s. O prema delas por R€dh€-K��Ša está desenvolvido ao grau mais elevado. Elas comprazem a R€dh€ e K��Ša mostrando às vezes mais amor por K��Ša e outras vezes mais por R€dh€.

Vijaya: Entendi o significado de y™tha. Agora, por favor, fale-me sobre gaŠa.

Gosv€m…: Em cada y™tha, há várias subdivisões, as quais são chamadas de gaŠa. No y™tha de ®rimat… R€dhik€, por exemplo, as sakh…s que seguem a Lalit€ são conhecidas como Lalit€ gaŠa.

Vijaya: O paro�h€-bh€va (amor de amante) das gop…s de Vraja é uma característica muito importante, mas em que circunstâncias o paro�h€-bh€va não é um estado desejável?

Gosv€m…: Neste mundo material, a feminilidade e a masculinidade são somente uma designação. De acordo

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com o resultado do karma (atividades) das pessoas sob a influência da ilusão, agora uma pessoa é mulher e outra, ho-mem. As pessoas em m€y€ têm muitos desejos insignifican-tes e irreligiosos (adharmika) e, por isso os ��is, proíbem aos homens de se associarem com outras mulheres, exceto suas esposas, seguindo os preceitos dos �€stras. Os poetas e autores do ala‰k€ra mundano rejeitaram também o sen-timento de amante para dar o entendimento às pessoas que essa instrução dos ��is é compatível com dharma. O rasa dos passatempos transcendentais é nitya-rasa, enquanto que o ��‰g€ra-rasa dos homens e das mulheres que são produ-tos da energia material é meramente seu reflexo pervertido. A representação mundana de ��‰g€ra-rasa é extremamente limitada e sujeita a princípios regulativos e, isto é porque o paro�h€-bh€va das insignificantes n€yik€s mundanas é re-jeitado. Contudo, ®r… K��Ša é sac-cid-€nanda, então quan-do Ele é o único puru�a ou n€yak€, qualquer encontro que aconteça com a amante com o objetivo de nutrir o rasa está livre de qualquer crítica. Neste tattva não há espaço para o casamento convencional, o qual é uma designação ilusór-ia muito insignificante. O criticismo do amor de amante é apropriado na literatura mundana, mas não pode ser apli-cado as jovens solteiras de Gokula, quando Goloka-bih€r… manifesta a ambos, Seu supremo parak…ya-rasa e Goloka neste mundo.

Vijaya: Diga-me, por favor, quais são as característi-cas excelentes exibidas pelas jovens gop…s de Gokula devi-do ao k��Ša-prema delas?

Gosv€m…: As meninas pastoras de Gokula aceitam K��Ša somente como sendo filho de Nanda Maharaja, uma vez que Ele aparenta ser isto e nada mais. Os bh€vas e as características que surgem desta convicção não são assunto

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para abhaktas (não-devotos), que são viciados em lógica, e eles são raramente entendidos mesmo por bhaktas. ®r… Nandanandana possui ai�varya-bh€va, mas ela permanece praticamente oculta porque m€dhurya está sempre em as-censão. Por exemplo, quando as gop…s estavam aflitas com sentimentos de separação de K��Ša, Ele pregava peças nas gop…s escondendo sua forma de dois braços e manifesta-va-se na forma de quatro braços, porém elas não presta-vam a menor atenção. Então, logo que aparecia diante de ®r… R€dhik€j…, a forma de quatro braços desaparecia e Sua forma de dois braços manifestava-se novamente. Este é o resultado do parak…ya-bh€va extremamente confidencial de ®r… R€dh€.

Vijaya: Sinto-me muito afortunado ao ouvir isto. Prabhu, por favor, agora descreva os diferentes tipos de n€yik€.

Gosv€m…: Há três tipos de n€yik€, a saber: svaky€, parak…y€ e s€m€ny€. Já descrevi o rasa transcenden-tal das n€yik€s svak…y€ e parak…y€, agora explicarei sob-re as s€m€ny€-n€yik€s. Os paŠ�itas do ala‰k€ra (retó-rica) mundano têm afirmado que as s€m€ny€-n€yik€s são prostitutas. Elas são simplesmente avarentas. Elas não ode-iam o n€yak€ que não possui boas qualidades, nem amam realmente o n€yak€ virtuoso. Elas somente amam o din-heiro e, consequentemente, o ��‰g€ra-rasa delas, não é na realidade ��‰g€ra-rasa, mas somente a semelhança. Toda-via, a serva Kubj€ de Mathur€ está incluída na categoria de parak…y€ como uma s€m€ny€-n€yik€ devido a alguma qualificação em seu bh€va, embora sua relação com K��Ša careça de ��‰g€ra-rasa.

Vijaya: Qual é a qualificação do bh€va dela? Gosv€m…: Enquanto era deformada, Kubj€ nunca

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teve rati por ninguém, mas quando ela viu a beleza de K��Ša, o desejo surgiu em seu coração de untar os mem-bros do corpo dEle com pasta de sândalo, no humor de uma amante. Por isto ela pode ser chamada parak…y€. No entanto, seu rati é inferior ao rati das mahi�is, porque, ao contrário das rainhas de Dv€rak€, ela mostrou pouquíssimo desejo de fazer K��Ša feliz. Ela tirou o manto de K��Ša e Lhe suplicou fervorosamente que desfrutasse com ela, mas, devido a seu interesse egoísta ou porque a busca de seu próprio prazer estava misturado com o bh€va de uma amante, seu rati é considerado s€dh€raŠ… (comum).

Vijaya: No cid-rasa há uma distinção entre as svak…y€ e as parak…y€-n€yik€s. Se dentro destas duas existir alguma outra categoria distinta, então, por favor, seja misericordio-so e as descreva.

Gosv€m…: No rasa espiritual, ambos os tipos de sva-ky€ e parak…y€-n€yik€s – tem três divisões: mugdh€, mad-hy€ e pragalbh€.

Vijaya: Prabhu, logo agora, por sua misericórdia cid-rasa entrou por um instante em meu coração e o senhor apareceu-me como uma vraja-gop…. Eu não tenho nenhuma idéia do que aconteceu com meu humor masculino (puru�a-bh€va) ilusório. Agora, cada vez mais estou desejoso por conhecer os diferentes bh€vas das n€yik€s. Embora eu tenha obtido ramaŠ…-bhava, eu não conheço as atividades apropriadas das ramaŠ…s. Recordando sua forma transcen-dental, estou perguntando diante de seus pés de lótus so-bre o processo para executar k��Ša-sev€. Agora, por favor, diga-me, quem é a mugdh€ n€yik€ (heroína inocente)?

Gosv€m…: Estes são os sintomas da confusa e ino-cente n€yik€, que acaba de descobrir sua juventude (nava-yauvan€), Ela deseja unir-se com K��Ša (k€min…), mas nos

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assuntos amorosos ela atua de modo contrário. Suas ami-gas a controlam. Embora ela seja extremamente tímida nas atividades íntimas do amor sensual, ainda assim ela tenta o melhor de si para arranjar sambhoga com seu amado de forma encoberta, ocultando-se da vista dos demais. Quando o n€yaka comete uma ofensa, ela fixa o olhar nEle com os olhos cheios de lágrimas, ela nem responde com palavras agradáveis, nem repreende Ele; e nem mesmo mostra irá de ciúmes.

Vijaya: Quais são as características da madhy€ n€yik€?

Gosv€m…: Estes são os sintomas da madhya: seu im-pulso pelo amor passional é muito forte, mas ela também é tímida. Devido a sua tenra juventude (nava-yauvan€), suas palavras têm um toque de arrogância. Ela experimenta união erótica com K��Ša até perder os sentidos e desmaiar. Quando ela está em m€na, ela é algumas vezes amável e ou-tras rígida. Há três tipos de madhya n€yik€ de acordo com o comportamento que mostram quando o m€na surge: dh…r€, adh…r€ e dh…r€dh…r€. A n€yik€ que por brincadeira fala pa-lavras enganosas para o seu amado depois dEle ter ofen-dido ela é chamada dh…r€ madhy€, a n€yik€ que repreen-de furiosamente seu priya-vallabha com palavras duras é chamada adh…r€ madhy€; e a n€yik€ que chorando faz uso de expressões indiretas contra seu priya-vallabha é chama-da dh…r€dh…r€ madhy€. A excelência suprema de todo rasa é evidente somente na madhy€ n€yik€ devido a mescla de mugdh€ e pragalbh€ em sua natureza.

Vijaya: Descreva-me, por favor, os sintomas e a natu-reza da pragalbh€ n€yik€ (insolente).

Gosv€m…: A pragalbh€ n€yik€ encontra-se no es-plendor da juventude (p™rna-yavan€). Ela é cega de or-

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gulho e ela possui um desejo extremo por amor sensual.Ela tem habilidade de expressar completamente variados bh€vas e ela é qualificada para surpreender seu amante com prema-rasa. Suas palavras e seus atos são muito profundos (gambh…ra) e maduros, e quando surge seu m€na, sua con-duta é muito dura. As n€yik€s pragalbh€ demonstram três tipos de comportamento no momento de m€na: dh…r€, adh…r€ e dh…r€dh…r€. A dh…r€ pragalbh€ ou mostra-se apáti-ca nos passatempos amorosos ou trata bem seu amado com grande respeito externamente, embora oculte seus verdadei-ros sentimentos (bh€vas). A adh…r€ pragalbh€ duramente ameaça e destrata seu amante, e O pune com insultos. A dh…r€dh…r€ pragalbh€ possui as mesmas virtudes que aque-las dh…r€dh…r€ madhy€ n€yik€.

As n€yik€s madhy€ e pragalbh€ dividem-se por sua vez em duas categorias: jye�˜ha (sênior), e kani�˜ha (jú-nior), e assim existem jye�˜ha-madhy€ e kani�˜ha-madhy€, jye�˜ha-pragalbh€ e kani�˜ha-pragalbh€. A diferença entre jye�˜ha e kani�˜ha depende do grau de praŠaya da n€yik€ por seu amante.

Vijaya: Prabhu, quantos tipos de n€yik€s há no to-tal?

Gosv€m…: Há quinze tipos de n€yik€. Há somente um tipo de kany€ (n€yik€ solteira) porque elas são somente mugdh€. As outras n€yik€s são classificadas em mugdh€, madhy€ e pragalbh€, e destas a madhy€ e a pragalbh€, am-bas subdividem em três categorias: Dh…r€, adh…r€ e dh…r€dh…r€. Isto significa que há sete tipos de svakiy€ n€yik€ e também sete tipos de parak…y€-n€yik€, o que faz um total de (7+7+1) = 15 tipos de n€yik€.

Vijaya: Quantos avasth€s (condições ou situações) têm as n€yik€s?

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Gosv€m…: Há oito avasth€s: abhis€rik€ (com en-contro marcado), v€saka-sajj€ (preparada e perfumada), utkhaŠ˜hit€ (ansiosa e impaciente), khaŠ�it€ (ciumenta), vipralabdh€ (frustrada), kalah€ntarit€ (angustiada pela separação causada por uma intriga), pro�ita-bhart�k€ (se-parada de Seu amado) e sv€dh…na-bhart�ka (controla Seu amado). Estas oito condições acontecem nos quinze tipos de n€yik€ que eu já mencionei.

Vijaya: Qual é a abhis€rik€?Gosv€m…: A abhis€rik€ arranja um encontro

(abhis€ra) com seu amado em um lugar determinado e vai encontrar-se com Ele. A jyotsna-abhis€rik€ vai ao abhis€ra vestida de branco durante a quinzena brilhante da lua (�ukla-pak�a) e a tamo ‘bhis€rik€ veste-se de negro durante o k��Ša-pak�a (a quinzena escura). No momento de ir para o abhis€ra, ela é absolutamente silenciosa e está esplendi-damente decorada dos pés a cabeça, e muito confiante. Ela contrai os membros de seu corpo e, ela é acompanha por uma sakh… afetuosa.

Vijaya: Fale-me, por favor, da n€yik€ v€saka-sajj€.Gosv€m…: A n€yik€ v€saka-sajj€ adorna e perfuma

seu corpo, prepara e decora o lugar de encontro antecipada-mente com avidez, antes da chegada do amado, e determi-nada a ocupar-se em smara-kr…�€ (os jogos de K€madeva). Ela tem esperança que seu amado irá chegar assim que ele tiver oportunidade, ela olha atentamente o caminho por onde Seu amado virá, glorifica-o, e ouve Seu l…l€-kath€ na companhia de suas sakh…s e, ela espera ansiosamente que a qualquer momento sua mensageira irá trazer notícias de seu amante – todas estas são as atividades da v€saka-sajj€.

Vijaya: Descreva-me, por favor, a utkaŠ˜hit€. Gosv€m…: Quando o n€yaka chega atrasado para o en-

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907Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras

contro sem nenhuma desculpa, a inquieta n€yik€ que fica excessivamente impaciente e desejosa para encontrar seu amante é chamada utkaŠ˜hit€. Seu coração arde de agonia, seu corpo treme, ela especula porque seu amante não vem, perde o desejo de fazer alguma coisa e descreve seu la-mentável estado derramando lágrimas de desconsolo – estas são as atividades da utkaŠ˜hit€ n€yik€.

A condição de v€saka-sajj€, por fim também é trans-formada naquela da utkaŠ˜hit€. Quando a v€saka-sajj€ vê que seu k€nta não chegou no horário marcado ela muda de idéia e pensa, “talvez Ele não pôde vir pela influência de outra n€yik€”. Sem a companhia de seu amante k€nta mais amado, ela se torna excessivamente desejosa e inquieta. As-sim, ela é chamada de utkaŠ˜hit€ n€yik€.

Vijaya: Quem é a khaŠ�it€ n€yik€?Gosv€m…: A khaŠ�it€ n€yik€ é aquela cujo n€yaka

aparece finalmente no último prahara (3 horas) da noite, muito tempo depois do horário marcado para o encontro, com os sinais de ter tido passatempos amorosos com outra n€yik€. Neste momento, a n€yik€ khaŠ�it€ respira larga e profundamente devido a sua ira e não fala uma palavra se-quer para seu amado.

Vijaya: Quem é vipralabdh€?Gosv€m…: Algumas vezes, por vontade da providên-

cia, o n€yaka é impossibilitado de vir por alguma razão ou outra, mesmo após fixar o momento e o lugar do encontro marcado por algum sinal ou indicação. A n€yik€ que está muito aflita pela dor da separação de seu amado é chama-da nesse momento vipralabdh€. Ela mostra vários tipos di-ferentes de comportamentos, tais como baixa auto-estima, auto-depreciação, torna-se ansiosa, lamenta-se, chora amar-gamente, suspira profundamente e desmaia.

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908 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 33

Vijaya: Quais são os sintomas das kalah€ntarit€? Gosv€m…: A kalah€ntarit€ n€yik€ repreende sever-

amente seu pr€Ša-vallabha, e logo O rejeita mesmo depois dEle cair aos seus pés diante de outras amigas. Ela é chama-da kalah€ntarit€ por causa de suas atividades e emoções, tais como o delírio, as palavras incoerentes, a angústia, a debilidade do corpo e da mente e as respirações longas e profundas.

Vijaya: Quem é chamada pro�ita-bhart�k€?Gosv€m…: O amado da n€yik€ pro�ita-bhart�k€ foi a

uma terra distante. Ela tem muitas atividades que incluem melancolia, inércia ou ansiedade, insônia, não vestir-se ou não banhar-se.

Vijaya: Quem é sv€dh…na-bhart�k€?Gosv€m…: A n€yik€ cujo priyatama é submisso e está

sempre com ela é chamada sv€dh…na-bhart�k€. Ela tem muitas atividades, tal como desfrutar dos passatempos com Ele na floresta, brincar com Ele na água e colher flores.

Vijaya: Então, a condição da sv€dh…na-bhart�k€ deve ser a fonte de uma alegria imensa.

Gosv€m…: A sv€dh…na-bhart�k€ n€yik€, cujo amado não pode abandoná-la nem por um instante por estar con-trolado por seu prema, é chamada de m€dhav…. Entre os oito tipos de n€yika, três delas – a sv€dh…na-bhart�k€, a v€saka-sajj€ e a abhis€rik€ – são muito amáveis de coração e a-dornam-se com ornamentos e outras decorações. As outras cinco n€yik€s restantes – khaŠ�it€, vipralabdh€, utkaŠ˜hit€, pro�ita-bhart�k€ e kalah€ntarit€ – não têm nenhum adorno nem outras jóias. Os seus corações são afligidos pela ansie-dade e elas se lamentam amargamente apoiando a bochecha esquerda sobre a mão esquerda.

Vijaya: Como pode haver tanto sofrimento em

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k��Ša-prema? Qual é o significado desta aflição?Gosv€m…: O k��Ša-prema é cinmaya (transcendental)

este sofrimento aparente é também outra forma da varie-dade surpreendente de param€nanda. A aflição experimen-tada no mundo material, na verdade, é uma fonte de profun-da amargura, enquanto que no cit-jagat ela é simplesmente uma transformação do €nanda extático. Quando a pessoa experimenta este sofrimento, ele produz uma imensa felici-dade tirar cinmaya-rasa, no entanto, isto não pode ser ma-nifestado por palavras.

Vijaya: Que graus de prema possuem essas n€yik€s?Gosv€m…: As n€yik€s são divididas em três catego-

rias – uttam€, madhyam€ e kani�˜ha – de acordo com o grau de prema por Vrajendrananda. K��Ša sente bh€va por uma n€yik€ na mesma proporção em que ela sente bh€va por Ele.

Vijaya: Quais são os sintomas da uttam€?Gosv€m…: A uttam€ n€yik€ pode abandonar todos os

seus dharmas como se eles fossem uma insignificante palha de grama, com o objetivo de dar a seu amado simplesmente um momento de felicidade. Mesmo se o n€yaka faz este tipo de n€yik€ infeliz, ela não fica ciumenta, mas se alguém lhe diz que seu amado é infeliz, mesmo que não seja ver-dade, seu coração fica dilacerado.

Vijaya: Descreva, por favor, os sintomas da mad-hyam€.

Gosv€m…: O coração dela fica abalado quando ela ouve falar sobre a infelicidade de seu amado.

Vijaya: Quais são os sintomas da kani�˜ha?Gosv€m…: A n€yik€ kani�˜h€ tem medo dos obstá-

culos – tal como a vergonha que surge da opinião pública – que podem evitar que se encontre com K��Ša.

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910 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 33

Vijaya: Quantos tipos de n€yik€ há no total?Gosv€m…: No total há 360 tipos de n€yik€s. Primeiro,

há os quinze tipos que eu mencionei e, estes 15 tipos divi-dem-se em 8 tipos cada (15x8)=120 tipos, e cada uma de-stas é classificada como kani�˜ha, madhyam€, uttam€; (120 x 3) = 360 tipos de N€yik€s.

Vijaya: Agora, que ouvi sobre as n€yik€s, tornei-me desejoso por saber sobre as mútuas diferenças que existem entre as y™the�var…s. Por favor, seja misericordioso comigo e me explique isto.

Gosv€m…: As y™the�var…s dividem-se em svapak�€, vipak�€ e ta˜asth€. Depois destas, há três ou mais divisões de acordo com o grau saubh€gya (boa fortuna): adhik€ (grande), sam€ (moderada) e laghv… (leve). Estas são nova-mente divididas em mais três categorias: prakhar€ (dura), madhy€ (moderada) e m�dv… (suave). A n€yik€ que expressa abertamente sua dor e sua ira em palavras é chamada prak-har€, a n€yik€ m�dv… fala suavemente, e a n€yik€ madhy€ está situada entre as duas. As €dhika n€yik€s dividem-se em dois grupos: €tyantik… (extrema) e €pek�ik… (comparativa). Aquela que não é nem superior nem igual é chamada €tyan-tika-adhik€. Isto se aplica somente a ®r…mat… R€dhik€. Ela é madhy€ e nada se compara a Ela em Vraja.

Vijaya: Quem são as €pek�ika-adhik€s? Gosv€m…: As €pek�ika-adhik€ n€yik€s são y™the�-

var…s, as quais são superiores a uma ou a várias outras y™the�var…s.

Vijaya: Quem são as €tyantik…-laghu? Gosv€m…: štyantik…-laghu é a n€yik€ para a qual

todas as outras n€yik€s são superiores. Todas as n€yik€s são laghu comparadas com a €tyantik… adhik€. Exceto, a €tyantik… laghu, todas as y™the�var…s são adhik€s. Não há

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911Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras

dúvida, que a €tyantik…-adhik€-y™the�var… é igual ou in-ferior a alguma outra, e similarmente não há dúvida que a €tyantik…-laghu é superior a todas. Há somente um ipo de sama-laghu. A madhy€ y™the�var… é de nove tipos que sur-gem das categorias de adhik€, prakhar€ e assim por diante. Há, portanto, doze divisões entre as y™the�var…s:1) €tyantik…-adhik€, 2) sam€-laghu, 3) adhika-madhy€, 4) sam€-madhy€, 5) laghu-madhy€, 6) adhika-prakar€, 7) sama-prakar€, 8) laghu-prakar€, 9) adhika-m�dv…, 10) sam€-m�dv…, 11) laghu- m�dv… e 12) €tyantik…-laghu.

Vijaya: Agora, eu gostaria de ouvir sobre os diferen-tes tipos de d™t…s (mensageiras).

Gosv€m…: As n€yik€s que estão aflitas com um inten-so desejo de se encontrar com K��Ša necessitam da ajuda de mensageiras (d™t…s), que são de dois tipos: svayaˆ-d™t… e €pta-d™t….

Vijaya: Qual é a natureza da svayaˆ-d™t…? Gosv€m…: Quando a n€yik€ está transtornada pela

anur€ga (profundo apego), seu anseio excessivo algumas vezes supera sua timidez e, então ela perde a vergonha e expressa pessoalmente seu bh€va a Seu n€yaka. Isto é cha-mado svayaˆ-d™t…. Os sinais podem ser de três tipos- com o corpo (k€yika-abhiyoga), em palavras (v€cika-abhiyoga) e com os olhos (chak�u�a-abhiyoga).

Vijaya: O que é v€cika-abhiyoga?Gosv€m…: V€cika-abhiyoga é apenas uma indicação

ou um sinal (vya‰ga). Há dois tipos de sinais: o sinal me-diante a entonação (�abda-vya‰ga) e a indicação do signi-ficado (artha-vya‰ga). Algumas vezes a indicação é feita ao referir-se a K��Ša ou por se referir a algo próximo.

Vijaya: Quais são os sinais nos quais K��Ša é o su-jeito?

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912 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 33

Gosv€m…: Há dois tipos de sinais, nos quais K��Ša é o sujeito: s€k�€t (direta) e vyapade�a (por engano).

Vijaya: O que é o sinal direto?Gosv€m…: Os sinais diretos são classificados em gar-

va (afirmação orgulhosa), €k�epa (acusação) e y€ñc€ (súpli-ca direta). Há muitos tipos.

Vijaya: Qual é o sinal expressado através de uma acusação (€k�epa)?

Gosv€m…: Um tipo de sinal expressado mediante uma acusação está com base no som das palavras e o outro no significado. Não há necessidade de dar exemplos para ilustrar isto, porque você está familiarizado com a retórica (ala‰k€ra).

Vijaya: Muito bem. Qual é o sinal expressado medi-ante a súplica (y€ñc€)?

Gosv€m…: Os sinais expressados mediante súplicas di-videm-se em dois tipos; sv€rtha e par€rtha. Sv€rtha-y€ñc€ significa expressar somente o próprio desejo e par€rtha-y€ñc€ significa que uma pessoa expressa o pedido de outra pessoa. Dentro destas duas categorias há sinais distintos, seja mediante a entonação (�abda-vya‰ga) ou mediante o significado (artha-vya‰ga). Quando o bh€va está mesc-lado com palavras ele é conhecido como uma indicação (sanketika-y€ñc€).

Vijaya: Entendi o s€k�€t-vya‰ga. Naquelas afirma-ções abhiyoga declaradas na fala das n€yik€s a K��Ša, há sinais na entonação (�abda-vya‰ga) e indicações no signi-ficado (artha-vya‰ga). O uso delas é visto no teatro e ou-tras representações e, os poetas as expressam mediante seu dom de oratória. Agora, por favor, fale-me do significado de vyapade�a.

Gosv€m…: A palavra vyapade�a é um termo téc-

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913Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras

nico derivado da palavra apade�a em ala‰kara-�€stra. Vyapade�a significa ‘por indireta’, isto é, alguém expressa um significado confidencial com o pretexto de dizer outra coisa. O significado disto é que alguém fala com K��Ša de tal maneira que o significado óbvio passa uma idéia, porém existe um pedido oculto para desempenhar algum serviço. Este método de comunicação é chamado de vyapade�a, e ele executa a função de d™t….

Vijaya: Então, vyapade�a é um tipo de declaração en-ganosa, a qual o significado expressa o sentido secreto de implorar por serviço amoroso. Agora, por favor, continue.

Gosv€m…: Há um tipo de expressão chamada puru�a – vi�aya-gata-viyoga. Isto acontece quando alguém pensa: “K��Ša está presente e, embora Ele esteja ouvindo, não está realmente escutando” e começa a conversar com algum ani-mal ou pássaro por perto. Isto também é dividido em dois ti-pos: a sugestão procedente do som das palavras e a sugestão procedente dos significados das palavras.

Vijaya: Eu entendi isto por sua misericórdia. Agora, por favor, diga-me quais são as sugestões corporais aqui.

Gosv€m…: Abhiyoga corporal é executar atividades na presença de K��Ša, como estalar os dedos, levantar-se com alguma desculpa, cobrir o corpo por medo ou timidez, es-crever na terra com o dedo do pé, arranhar a orelha, aplicar tilaka, vestir-se, gesticular com as sobrancelhas, abraçar a sakh… íntima, insultar a uma gop… íntima, morder os lábios, ensartar um colar, produzir som com seus adornos, exibir a axila, escrever o nome de K��Ša e enroscar trepadeiras ao redor de uma árvore.

Vijaya: Agora, por favor, fale-me dos sinais com os olhos (chak�u�a-abhiyoga).

Gosv€m…: O sinais dos olhos são: rir com os olhos,

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914 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 33

entreabrí-los, fazer movimentos de dança com eles, mirar avidamente, olhar com os olhos cerrados, mirar com o olho esquerdo e o olhar de soslaio.

Vijaya: Eu entendi o svayaˆ-d™t…. Você deu-me um exemplo para transmitir uma idéia sobre estas mensageiras e eu compreendi que há inumeráveis tipos. Agora, por fa-vor, fale-me das €pta-d™t…s.

Gosv€m…: Estas €pta-d™t…s jamais violam a confiança, nem revelam segredos os quais elas guardam, mesmo que esteja a ponto de morrer. Elas são afetuosas e sumamente hábeis na arte da conversação. Somente as jovens gop…s que possuem todas as virtudes são d™t…s das vraja-sundar…s.

Vijaya: Quantos tipos de €pta-d™t… existem? Gosv€m…: Há três tipos: amit€rth€, nis�t€rth€ e pa-

tra-h€ri. Amit€rth€ é uma d™t… que entende certas indica-ções ou sinais e logo faz os arranjos necessários para que O n€yaka e a n€yik€ encontrem-se. Nis�st€rth€ é uma sakh… que consegue que o amado e a amada encontrem-se empre-gando argumentos persuasivos e lógica, e a patra-h€ri são as que somente entregam uma mensagem.

Vijaya: Há algum outro tipo de €pta-d™t…?Gosv€m…: As �ilpa-k€riŠ… (artistas), as daiva-jñ€

(astrólogas), as li‰giŠ… (ascetas), as paric€rik€ (servas), as dh€trey… (amas), as vana-dev… (deusas da floresta) e as sakh…s estão também incluídas na categoria de d™t…s. As �ilpa-k€riŠ… utilizam suas pinturas artísticas para induzir os amantes a se encontrarem. As d™t…s daiva-jñ€ organi-zam encontros explicando suas predições astrológicas. As d™t…s li‰giŠ…, como por exemplo PaurŠam€s…, vestem-se como tapasviŠ…s (mulheres ascetas). Muitas sakh…s, como Lava‰ga Mañjar… e Bh€numati, são d™t…s paric€rik€. As amas de ®r…mat… R€dhik€ são d™t…s dh€trey…. As vana-dev…s

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915Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras

são deidades regentes da floresta de V�nd€vana (adhi�˜h€tr…-dev…s). As sakh…s mencionadas anteriormente também são d™t…s, e elas executam sua função expressando abertamente suas mensagens ou por sinais indiretos e indicações. Para fazê-lo, elas empregam todo o tipo de estratégia como uma indireta (vyapade�a), entonação das palavras (�abda-m™la), o significado direto das palavras (artha-m™la), a glorifica-ção (pra�aˆsa) e alegações (€k�epa).

Quando Vijaya Kum€ra escutou estas explicações, ele ofereceu daŠ�avat-praŠ€ma aos pés de lótus de ®r… Gopala Guru Gosv€m…. Depois de se despedir, ele regressou para a sua residência, refletindo ao longo do caminho sobre todas as coisas que ele havia escutado.

Assimtermina oTrigésimo Terceiro Capítulo do

Jaiva-Dharma, intitulado “Madhura-Rasa: A Svar™pa de ®r… R€dh€,

os cinco tipos de Sakh…s e as Mensageiras”

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Capítulo 34Madhura-Rasa: As Diferentes Categorias de Sakh…s

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No dia seguinte, Vijaya Kum€ra honrou pras€da mais cedo do que de costume e percorrendo ao longo da costa, dirigiu-se até K€�… Mi�ra Bhavan. Ao ver as ondas do mar, os sentimentos do oceano de rasa começaram a mani-festar-se em seu coração. Inundado pelo bh€va, ele pensou: “Ah! O mar inspirou todo este bh€va que irrompeu dentro de mim. Embora seja uma substância material, ele evoca meus sentimentos transcendentais mais profundos. É como o oceano de rasa que meu Prabhu descreveu.”

“Quando deixo meus corpos físico e sutil de lado, encontro-me às margens do oceano de rasa, saboreando o rasa em minha forma espiritual (mañjar…-svar™pa). K��Ša que tem o brilho da cor de uma nuvem de chuva recém-formada, Ele é o único Senhor do alento de minha vida e ®r…mat… R€dhik€, a filha de V��abh€nu Mah€r€ja, a qual está esplendidamente presente ao lado de K��Ša, Ela é razão de toda minha existência. Este oceano é a transformação do

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920 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 34

amor íntimo (praŠaya) de R€dh€ e K��Ša. As séries de ondas são os diferentes tipos de bh€va que ao combinar condensa-se no próprio rasa. Eu sou uma sakh… situada à beira-mar, e as inúmeras ondas que surgem deste mar são os bh€vas no qual estou imerso em prema-rasa. K��Ša é o oceano de rasa e por isso a cor do mar é igual a dEle. As ondas de amor deste oceano são ®r…mat… R€dhaj…, por isso as ondas do oceano são brancas. As ondas imensas são as sakh…s e as ondas pequenas são suas servas (paric€rik€). Entre elas, eu sou a seguidora de uma paric€rik€, como uma partícula de espuma numa praia distante.” Vijaya Kum€ra obteve grande deleite desta bela me-ditação. Pouco tempo depois sua consciência externa vol-tou e, caminhando lentamente, dirigiu-se a residência de ®r… Guru Gosv€m…. Uma vez ali, ofereceu reverências prostra-das (s€�˜€‰ga-praŠ€ma) e sentou-se perto de seu Gurudeva sentindo-se muito insignificante.®r… Guru Gosv€m…, com muita afeição, perguntou: “Vijaya, está tudo bem?”

Vijaya: Prabhu, sua misericórdia é a causa de toda a auspiciosidade que tenho. Eu gostaria de entender profun-damente todas as diferentes categorias de sakh…s para que eu possa me tornar um seguidor delas.

Gosv€m…: Vijaya, descrever as glórias das sakh…s está além da capacidade de qualquer j…va, mas mesmo assim, eu realizei isto por ter estado sob a guia (€nugatya) de ®r… R™pa. As belas sakh…s de Vraja originam a completa e per-feita expansão de prema-l…l€. Elas são o reservatório da fé de vraja-yugala, o divino casal de Vraja. Somente alguém que é muito afortunado tem o desejo de saber mais profun-damente sobre as complexas questões relativas às sakh…s. As divisões que eu já mencionei – a saber, adhik€, sam€

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e laghu; e prakhar€, madhy€ e m�dv… – também existem entre as sakh…s que estão filiadas a um y™tha. Ontem, eu descrevi todas estas divisões para você. Em relação a isto é sempre proveitoso recordar as citações autorizadas de ®r… R™pa Gosv€m…:

prema-saubh€gya-s€d-guŠy€dy-adhiky€d adhika sakh…sam€ tat-s€myato jñeya tal-laghutv€t tath€ laghuƒ

Algumas sakh…s chamam-se adhik€ (superiores) de-vido a abundância de suas qualidades transcenden-tais e a sua grande fortuna nos assuntos concernentes ao prema. Algumas sakh…s são celebradas pelo nome sam€ porque são iguais em qualidade, e as que pos-suem estas qualidades em menor quantidade são cha-madas laghu.

durlla‰ghya-v€kya-prakhar€ prakhy€t€ gauravocit€tad-™natve bhaven-m�dv… madhy€ tat-s€myam €gat€

Uma sakh… cujas palavras não são facilmente trans-gredidas (durla‰ghya) é conhecida como prakhar€, e ela tem uma gravidade imponente. Uma sakh… que não é muito grave é chamada m�dv…, e aquela que possui uma gravidade mediana é chamada madhy€.

€tyantik€dhikatv€di-bhedaƒ p™rvavad atra saƒsva-y™the y™tha-n€thaiva sy€d atr€tyantik€dhik€

s€ kv€pi prakhar€ y™the kv€pi madhy€ m�duƒ kvacit Ujjvala-n…lamaŠi, Sakh…-prakaraŠa (3-5)

A pessoa deve entender as divisões, tal como €tyanti-ka-€dhik€ entre estas sakh…s. A y™the�var… é €tyanti-

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922 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 34

ka-adhik€ no seu próprio grupo embora, ela possa também ser conhecida como prakhar€ ou m�d™ em outros y™thas. Vijaya: A €tyantika-adhik€ y™the�var…s são as mais

proeminentes sakhis em seus próprios grupos. Elas são de três tipos de acordo com suas respectivas naturezas, €tyanti-ka-adhik€ prakhar€, €tyantika-adhik€ madhy€ e €tyantika-adhik€ m�dv…. Você já as descreveu. Agora, por sua graça sem causa, explique-me, por favor, este assunto elaborada-mente.

Gosv€m…: Somente as y™the�var…s são chamadas €tyantika-adhik€ (ilimitadamente grande). As demais inte-grantes do grupo, são classificadas como €pek�ika-adhika (relativamente grande), €pek�ika-sam€ (relativamen-te igual) e €pek�ika-laghu (relativamente sem importância), e há também três tipos em cada um destes três grupos, o que soma um total de nove tipos juntos: 1) €pek�ika-adhik€ prakhar€, 2) €pek�ika-adhik€ madhy€, 3) €pek�ika-adhik€ m�dv…, 4) €pek�ika-sam€ prakhar€, 5) €pek�ika-sam€ ma-dhy€, 6) €pek�ika-sam€ m�dv…, 7) €pek�ika-laghu prakhar€, 8) €pek�ika-laghu madhy€, 9) €pek�ika-laghu m�dv….

Há também dois tipos de €tyantika-laghu – €tyantika-laghu e sam€-laghu – os quais somados aos outros nove é igual a onze, e quando incluímos a y™the�var… existem doze tipos de n€yik€s em cada y™tha.

Vijaya: Prabhu, por favor, seja misericordioso comi-go e fale-me dos grupos das sakh…s mais famosas.

Gosv€m…: As sakh…s lideradas por Lalit€ no y™tha de ®r… R€dh€ estão na categoria de €pek�ika-adhik€ prakhar€. As sakh…s lideradas por Vi�akh€ no mesmo grupo estão no €pek�ika-adhik€ madhy€, e as sakh…s, tal como Chitr€

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923Madhura-Rasa: As Diferentes Categorias de Sakh…s

e M€dhur… são €pek�ika-adhik€ m�dv…. Comparadas com ®r…mat… R€dhik€, as a�˜a-sakh…s lideradas por ®r… Lalit€ são €pek�ika-laghu (relativamente sem importância).

Vijaya: Quantos tipos de sakh…s €pek�ika-laghu pra-khar€ existem?

Gosv€m…: Há dois tipos de laghu prakhar€ sakh… da ala esquerda (v€m€) e da ala direita (dak�iŠ€).

Vijaya: Quais são os sintomas das v€m€ ?Gosv€m…: Elas estão sempre desejosas de aceitar hon-

ra, e elas tornam-se iradas quando há alguma negligência em lhes oferecer respeito; e elas não são facilmente contro-ladas pelo seu n€yaka. Estas n€yik€s são chamadas v€m€. No y™tha de R€dhik€, sakh…s como Lalit€ são chamadas v€m€-prakhar€.

Vijaya: Por favor, descreva os sintomas das dak�iŠ€. Gosv€m…: A n€yik€ que não tem m€na, que é sincera,

que se expressa abertamente, e que se torna submissa as palavras doces do n€yaka é chamada dak�iŠ€. No y™tha de ®r…mat… R€dhik€, as sakh…s como Tu‰gavidy€ são chamadas prakhar€-dak�iŠ€.

Vijaya: Quem são as €tyantika-laghu?Gosv€m…: As sakh…s como Kusumik€ podem ser cha-

madas de €tyantika-laghus, porque são meigas em todos os aspectos e elas são insignificantes ao serem comparadas a outras sakh…s.

Vijaya: Quais são as atividades das sakh…s quando elas atuam como mensageiras (d™t…s)?

Gosv€m…: Quando as sakh…s atuam como d™t…s, seu dever é organizar o encontro (abhis€ra) a fim de unir o n€yaka e a n€yik€ que estão separados um do outro pela distância.

Vijaya: Podem as sakh…s (amigas) serem n€yik€s?

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924 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 34

Gosv€m…: As y™the�var…s são eternamente n€yik€s. As sakh…s €pek�ika-adhik€ prakhar€, €pek�ika-adhik€ madhy€ e €pek�ika-adhik€ m�dv… tem a natureza intrínse-ca da n€yik€ e da sakh…. Elas são n€yik€s comparadas com aquelas que são laghu, e sakh…s comparadas com as que são adhik€, então elas podem ser chamadas “quase heroínas” (n€yik€-pr€ya). As €pek�ika-sam€ prakhar€, madhy€ e m�dv… são conhecidas como dvi-sam€; isto é, elas são sakh…s para aquelas que são adhik€, e n€yik€ para aquelas que são laghu. Aquelas que estão na categoria de €pek�ik… laghu, prakhar€, madhy€ e m�dv… são principalmente sakh…s. As gop…s €tyantik… laghu são y™the�var…s e, de acordo com o cálculo e a descrição que fiz anteriormente os três tipos de sakh…s encontram-se na quinta categoria. Elas são ni-tya-sakh…s. Em relação à y™the�var…, as €peksik… sakh…s são sakh…s e d™t…s, e não n€yik€s. Para as €tyantik… laghu (nitya-sakh…), todas são n€yik€s, e não d™t…s.

Vijaya: Quem são as d™t…s entre as sakh…s?Gosv€m…: As y™the�var…s são eternamente n€yik€s.

Primeiramente, elas não agem como d™t…s porque elas são o objeto de respeito de todas as demais. A sakh… que é a mais querida, a y™the�var… a ocupa como d™t… em seu grupo. Algumas vezes a y™the�var… também executa a atividade secundária de uma d™t… movida pelo amor íntimo (praŠaya) que sua sakh… tem por ela. Todas as atividades de uma d™t…, exceto as idas e vindas de lugares distantes, são secundárias. Elas são divididas em atividades executadas na presença de K��Ša e atividades realizadas na ausência dEle.

Vijaya: Quantos tipos de mensagens são enviadas na presença de K��Ša?

Gosv€m…: Estas mensagens são de dois tipos: mensa-gens na forma de indicações ou sinais (sa‰ketika) e mensa-

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925Madhura-Rasa: As Diferentes Categorias de Sakh…s

gens verbais (v€cika).Vijaya: Quais são sa‰ketika?Gosv€m…: Enviar uma sakh… a K��Ša mediante um ol-

har de soslaio, uma piscadela, um movimento das sobran-celhas e outros gestos são chamados comunicação sa‰ketika na forma de uma indicação ou sinal.

Vijaya: Que tipo de mensagem é chamada v€cika?Gosv€m…: As mensagens v€cika são aquelas que são

comunicadas pelas sakh…s conversando entre elas em frente ou atrás de K��Ša.

Vijaya: Quais são as mensagens levadas na ausência (parok�a) de K��Ša?

Gosv€m…: Parok�a significa que uma sakhi é ofereci-da ou enviada a K��Ša por uma outra.

Vijaya: Quais são as comunicações que as n€yik€-pr€ya executam?

Gosv€m…: Quando três tipos de sakh…s €pek�ika-adhik€ prakhar€, madhy€ e m�dv… executam as atividades de uma d™t… para as sakh…s que são laghu comparadas com elas, essas comunicações são conhecidas como as ativida-des da n€yik€-pr€ya. Entre estas, as sakh…s sam€ e madhy€ tem um companheirismo especialmente doce e íntimo que lhes faz sentir que não há diferença entre elas. Somente os especialistas em prema podem entender isto.

Vijaya: Que fazem as sakh…-pr€ya quando levam as mensagens?

Gosv€m…: As laghu-prakhar€, laghu-madhy€ e laghu-m�dv… realizam principalmente as atividades de d™t…s. Por-tanto, as mensagens comunicadas por elas são chamadas de atividades da sakh…-pr€ya.

Vijaya: O que é então uma nitya-sakh…?

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926 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 34

Gosv€m…: As nitya-sakh…s são aquelas que somente desejam ser sakh…s e não n€yik€s. Elas são de dois tipos: €tyantik… laghu (de menor importância) e €pek�ik… laghu (sem importância relativa).Vijaya: Se uma sakh… tem uma svabh€va particular, tal como prakhar€, é esse seu comportamento permanente?

Gosv€m…: Pode ser a disposição natural de uma sakh…, mas ela pode mostrar outros tipos de comportamento de acordo com o tempo e circunstâncias. Os diligentes es-forços de Lalit€ para desfazer o m€na de R€dhik€ são um exemplo disto.

Vijaya: Isto mostra que as sakh…s sempre se encon-tram com K��Ša, sob os cuidadosos arranjos de ®r…mat… R€dhik€.

Gosv€m…: Há um segredo esotérico nisto. Quando uma sakh… encontra com K��Ša num lugar solitário enquan-to ela esteja agindo como uma d™t…, ainda que K��Ša lhe peça ardentemente que desfrute com Ele, ela nunca concor-da com Sua proposição. Se ela concordasse, então a confi-ança da priya-sakh… nela como d™t… seria perdida.

Vijaya: Quais são as atividades das sakh…s?Gosv€m…: As sakh…s realizam dezesseis tipos de atividades:

1. descrever as virtudes da n€yik€ ao n€yaka e vice-versa;

2. incrementar Seu apego mútuo;3. organizar Seus encontros;4. trazer uma sakh… e oferecê-la a K��Ša;5. fazer gracejos;6. dar consolo;7. vestir e decorar;8. expressar de maneira experta os sentimentos pro-

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fundos do n€yaka à n€yik€ e vice-versa; 9. ocultar habilmente Suas falhas e deslizes;10. dar instruções de como enganar o marido ou ou-

tros parentes; 11. fazer com que o n€yaka e a n€yik€ encon- trem-se em um momento apropriado;

12. oferecer o serviço de abanar com uma c€mara;13. censurar e fazer caso omisso do n€yaka e da n€yik€ sob circunstâncias especiais 14. enviar mensagens; 15. proteger o pr€Ša da n€yik€; 16. mostrar um cuidado e uma diligência extrema em todos os assuntos.Há exemplos extraordinários de todas estas ativi-

dades.Vijaya: Prabhu, entendi a ideia e irei ler os exemp-

los no Sri-Ujjvala-n…lamaŠi. Agora entendi muitas coisas e desejo saber sobre o prema absoluto que as sakh…s têm por K��Ša e também o que tem entre si.

Gosv€m…: Há dois tipos de svapak�a-sakh…s. Aque-las cuja afeição por K��Ša é a mesma que a afeição por sua y™the�var…, são chamadas sama sneha e aquelas cuja afeição por K��Ša e por sua y™the�var… não são iguais, são chamadas asama-sneh€.

Vijaya: Quais são as sakh…s que tem asama-sneh€?Gosv€m…: Há dois tipos de sakh…s asama-sneh€.

Algumas têm mais afeição por sua y™the�var… do que por K��Ša, enquanto outras sakh…s pensam: “Eu sou a serva de Hari”. Elas não se misturam com outros grupos e elas têm uma afeição absoluta por sua y™the�var…, mas ainda sentem um maior afeto por K��Ša. Por sua vez, as sakh…s que pen-sam: “eu sou a serva de minha sakh…” e sentem um maior

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928 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 34

afeto por K��Ša. Por sua vez, as sakh…s que pensam: “eu sou a serva de minha sakh…” e sentem um maior afeto por sua sakh… do que por K��Ša, elas são chamadas sakh… sneh€-adhika.

Vijaya: Quem são elas?Gosv€m…: Entre os cinco tipos de sakh…s, aquelas que

tem uma afeição maior por K��Ša (k��Ša-sneh€-adhika) são simplesmente chamadas sakh…. As pr€Ša-sakh…s e as nitya-sakh…s são ambas sakh…-sneh€-adhika, porque sentem mais afeto por sua sakh….

Vijaya: Quem são as sakh…s sama-sneh€? Gosv€m…: Aquelas que têm o mesmo afeto por K��Ša

e por sua y™the�var… são sama-sneh€.Vijaya: Quais são as melhores entre todas as sakh…s?Gosv€m…: As melhores de todas são aquelas que

consideram a si mesmas as amigas mais próximas e queri-das (nija-jana) de ®r… R€dh€, embora elas amem a ®r…mat… R€dhik€ e a K��Ša igualmente. Elas são chamadas priya-sakh…s e parama-pre�˜ha-sakh…s.

Vijaya: Prabhu, explique-me por favor as diferenças entre as svapak�a e as pratipak�a.

Gosv€m…: Todas as vraja-sundar…s estão divididas em quatro categorias: svapak�a, suƒrt-pak�a, ta˜asth€ e prati-pak�€. As suƒrt-paks€ e as ta˜asth€ são incidentais; as di-ferenças entre as svapak�a e as pratipak�a é que faz surgir o rasa.

Vijaya: Descreva, por favor, as svapak�a e as pratipak�a detalhadamente.

Gosv€m…: Já expliquei quase tudo sobre as svapak�a. Agora, falarei dos diferentes grupos, como as suƒrt-pak�a. As suƒrt-pak�a dividem-se em duas categorias: i�˜a-s€dhik€ e ani�˜a-s€dhik€ (as que realizam o desejável e o inde-

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929Madhura-Rasa: As Diferentes Categorias de Sakh…s

sejável, respectivamente). As que são amistosas com o gru-po rival chamam-se ta˜asth€.

Vijaya: Agora, por favor, me fale das vipak�as.Gosv€m…: As vipak�as (grupo rival) são aquelas que

são inimigas, e que executam atividades contrárias, tal como destruir o que é desejável e promover o que é indesejável Estas vipak�a-sakh…s exibem várias emoções, incluindo ludibrio, ressentimento, impaciência, ciúme, hostilidade, aflição e orgulho.

Vijaya: De que forma elas manifestam o orgulho?Gosv€m…: O orgulho se expressa de seis maneiras:

aha‰k€ra (egoísmo), abhim€na (ostentação), darpa (pre-sunção), uddhasita (arrogância), mada (vaidade) e auddha-tya (altivez).

Vijaya: O que significa aha‰k€ra (egoísmo) neste contexto?

Gosv€m…: Aha‰k€ra significa criticar a outro grupo (pak�a), enquanto glorifica as virtudes do seu próprio gru-po.

Vijaya: Qual o significado de abhim€na (ostentação), aqui?

Gosv€m…: O uso de humores expressivos e posturas para mostrar a superioridade do prema do seu próprio grupo é chamado abhim€na (ostentação).

Vijaya: O que é darpa?Gosv€m…: Darpa (presunção) é o orgulho que indica

a superioridade no desfrute dos passatempos.Vijaya: O que é uddhasita (arrogância)?Gosv€m…: Uddhasita é rir diretamente do grupo ri-

val.Vijaya: O que é mada?Gosv€m…: Neste contexto mada (vaidade) é o orgu-

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lho que incrementa a excelência do sev€ e assim por dian-te.

Vijaya: O que é auddhatya?Gosv€m…: Auddhatya (altivez) é declarar abertamente

a própria superioridade. O sarcasmo e o menosprezo de ou-tras por parte das sakhis são exemplos deste tipo de garva.

Vijaya: As y™the�var…s também exibem ciúmes di-retamente?

Gosv€m…: Não. As y™the�var…s são muito graves e não manifestam diretamente agressão para o grupo rival. Por outro lado, mesmo uma sakh… que é prakhar€ tampouco fa-lará de coisas triviais na presença das vipak�a-y™the�var…s.

Vijaya: Prabhu, as y™the�var…s em vraja-l…l€ são �ak-tis de Bhagav€n eternamente perfeitas. Qual o significado da existência de bh€vas, tal como a inimizade mútua? Quando os lógicos e os empíricos mundanos opostos a K��Ša vêem isto, mostram-se desrespeitosos com o princípio transcen-dental de vraja-l…l€ e o ridicularizam. Eles dizem que se há malícia ou coisas similares no parama-tattva, então porque condenam a inimizade das atividades deste mundo material? Que sentido tem glorificar tais atividades? Nós residimos em ®r…dh€ma Navadv…pa, onde por desejo de ®r… K��Ša Caitanyadeva, a pessoa pode encontrar todo tipo de gente materialista. Alguns são fiéis seguidores do karma-k€Š�a, e a maioria são ofensores que encontram falhas nos passatempos de K��Ša. Eles menosprezam esta l…l€ única e transcendental pensando que é um produto de m€y€. Tenha a bondade de me esclarecer este assunto para que meu cora-ção permaneça estável em face de tais comentários.

Gosv€m…: Somente aqueles que estão completa-mente desprovidos de rasa dizem que é impróprio que os bhaktas queridos de Hari expressem sentimentos tal como

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hostilidade. Se refletirmos profundamente neste assunto, ire-mos saber que K��Ša destrói os pecados e também encanta milhões de K€madevas. Seu priya-narma-sakh€, o próprio ��Šg€ra-rasa, reina esplêndido e totalmente manifesto em Vraja. Este é o único rasa que, para satisfazer a K��Ša, inci-ta os ciúmes e todos os sentimentos relacionados com eles no egoísmo dos grupos rivais. Todavia, na realidade não há ciúme entre elas. Seus humores aparentemente inimigos, não são nada além de uma transformação de afeição.

Vijaya: Prabhu, eu sou uma criatura insignificante e tal assunto esotérico não surge facilmente em meu cora ção. Por favor, conceda-me sua graça e explique-me este assun-to de forma tão explícita para que eu possa entendê-lo, e assim me tornar abençoado.

Gosv€m…: O prema-rasa é como um oceano de leite, o qual se torna insípido quando ele é misturado com a uri-na da vaca, que representa a lógica e os argumentos. Não é apropriado aplicar considerações filosóficas de tattva no contexto de prema-rasa. Por um lado, Bhakti-dev… concede a iluminação de cit e hl€diŠ… nos corações dos s€dhakas que têm acumulado uma grande quantidade de suk�ti, para que eles possam realizar a essência de todo o siddh€nta sem a ajuda de nenhum tipo de lógica. Por outro lado, estas con-clusões inconcebíveis não despertam nos corações daqueles que desejam compreender o siddh€nta mediante a lógica, a argumentação e a escolaridade mundanas. A aplicação da lógica falsa e desencaminhada (kutarka) somente produz mais kutarka. No entanto, você é uma j…va extremamente afortunada. Pela misericórdia de Bhakti-dev…, você já com-preendeu tudo, mas está fazendo perguntas para fortalecer sua compreensão do siddh€nta. Certamente eu lhe infor-marei sobre estes princípios. Você não é um lógico, nem

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um seguidor de karma-k€Š�a ou de jñ€na-k€Š�a e tam-pouco está excessivamente dedicado ao vaidh…-bhakti, nem dominado pelas regras e regulações. Não há nada que me impeça de lhe falar sobre qualquer siddh€nta.Existem dois tipos de pessoas inquisitivas. Uma faz per-guntas depois de ter se refugiado na lógica especulativa, en-quanto a outra confia na existência de bhakti, que pode ser satisfeita com seus ideais svataƒ-siddha (auto-evidentes). Você nunca deve responder as questões dos lógicos secos porque eles nunca irão ter fé nas explicações genuínas da verdade. O poder do raciocínio deles é confinado no reino de m€y€ e, portanto, estão limitados no que concerne aos acintya-bh€vas. A inteligência deles não pode nem mesmo tocar no assunto acintya, mesmo se eles agitem suas men-tes com um árduo esforço. Enfim, a especulação mental não faz senão diminuir qualquer possível rastro de fé que alguém possa ter em Ÿ�vara. Aqueles que aceitam o grupo de bhakti-pak�a (o ponto de vista devocional) dividem-se em muitos tipos dependendo de sua elegibilidade. Inclusi-ve, entre aqueles que tenham obtido um sad-guru, somente quem tem alcançado o adhik€ra para o ��‰g€ra-rasa podem entender este tattva confidencial.

Vijaya! Este vraja-l…l€ é um rasa tão extraordinário! Parece ser o mesmo princípio que o ��‰g€ra-rasa mundano, mas na realidade é completamente o oposto. Está afirmado no r€sa-pañc€dhy€y… (®r…mad-Bh€gavatam 10.33.40) que a doença do coração daquele que estuda este l…l€ é destruída. E qual é a doença do coração da alma condicionada? A luxúria material. Esta luxúria surge de forma natural em quem se identifica com um corpo feminino ou masculino composto de sete dh€tus – carne, sangue, etc. E se refugiam no cor-po sutil ao aceitar uma identidade que consiste de desejos

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que pertencem a mente, a inteligência e ao falso ego. Nada tem o poder de eliminar esta luxúria facilmente; ela pode somente ser dissipada pelo cultivo constante de atividades e sentimentos que conduzem ao vraja-l…l€. Você irá ver neste siddh€nta o aspecto miraculoso de ��‰g€ra-rasa do l…l€ de V�nd€vana. Você irá realizar que, embora o nirvi�e�a-brah-ma seja caracterizado pela auto-satisfação (€tm€r€ma), este apr€k�ta-��‰g€ra-rasa considera que isto é completamente insignificante e o lança para muito longe, reinando esplen-didamente para sempre. Além do mais, este ��‰g€ra-rasa existe externamente como um brilho radiante, que diminui de uma maneira completa e perfeita o valor da opulência de VaikuŠ˜ha, o mundo transcendentalno céu espiritual.As glórias do ��‰g€ra-rasa são insuperáveis. Neste rasa há s€ndr€nanda (bem-aventurança altamente condensada), mas não há prazer árido (�u�k€nanda), não há felicidade procedente da matéria inerte (ja�€nanda) e nem sequer há uma felicidade limitada (sa‰kuchit€nanda). Ela é a perso-nificação do completo €nanda, e para alcançar a totalida-de desta rasa em sua p™rŠ€nanda, em muitos casos as ili-mitadas variedades de bh€va são afetados por bh€vas que são mutuamente opostos. Em algumas circunstâncias estes bh€vas contrários são afetuosos e em outras circunstâncias consistem de emoções, tal como a inimizade. Entretanto, os bh€vas do apr€k�ta-rasa não são fundamentados em emoções mundanas e não possuem defeitos, tais como a inimizade. Eles são simplesmente variedades das transfor-mações fascinantes do param€nanda e surgem como ondas que nutrem o oceano de rasa.A conclusão de ®r… R™pa Gosv€m… é que bh€va está reple-to de uma variedade maravilhosa. Os diversos bh€vas que são completamente compatíveis entre si estão relacionados

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com o svapak�€, e os bh€vas que são praticamente com-patíveis e somente um pouco incompatíveis estão relacio-nados com o suh�t-pak�a. Quando predominam os bh€vas incompatíveis e há muito poucos bh€vas compatíveis, esses bh€vas chamam-se ta˜astha, e quando todos os bh€vas são completamente incompatíveis esses grupos de bh€vas estão relacionados com o vipak�a. Outra questão é que quando esses bh€vas são incompatíveis eles não são mutuamente prazeirosos, isto é porque eles fazem com que surja a in-imizade e sentimentos similares neste param€nanda-rasa.

Vijaya: Qual é a necessidade de haver pak�a-bh€vas e vipak�a-bh€vas?

Gosv€m…: Quando os bh€vas de duas n€yik€s são igu-ais, surge o bh€va de rivalidade, e então atuam os sentimen-tos de amizade e de hostilidade como transformações do rasa. Você deve entender que isto é também somente para enriquecer a doçura suprema do akhaŠ�a-��‰g€ra-rasa.

Vijaya: Deste ponto de vista do tattva, são as duas sakh…s, ®r…mat… R€dhik€ e Candr€val… iguais?

Gosv€m…: Não, não. Somente ®r…mat… R€dhik€, que é constituída inteiramente de mah€bh€va, é a essência de hl€din…. Candr€val… é Sua k€ya-vy™ha (expansão corpórea), e é ilimitadamente menos qualificada que ®r…mat… R€dhik€. Não obstante, em ��‰g€ra-rasa Candr€val… tem um hu-mor de igualdade com R€dh€ e disto sobressai a rivalidade que nutre o prema-rasa. Pense nisto. O bh€va destas duas y™the�var…s não podem ser completamente compatíveis. Parecem ser de uma forma ou de outra que é somente uma simples coincidência, assim como a parte de uma folha de um livro comida por vermes pode assemelhar-se aci-dentalmente as letras do alfabeto. Na realidade, os bh€vas svapak�a e vipak�a ocorrem de forma natural no rasa.

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Vijaya: Prabhu, você dissipou todas as pequenas dú-vidas que eu tinha. Suas doces instruções entraram em meu coração pela via dos meus ouvidos e estão destruindo toda a minha amargura. Eu entendi plenamente o €lambana (o objeto e a morada do rasa) em relação com o vibh€va de madhura-rasa. Sat-cid-€nanda K��Ša é o único n€yaka e eu medito em Suas qualidades, forma e atividades. Ele possui os temperamentos de dh…rod€tta, dh…ra-lalita, dh…ra-�€nta e dh…roddhata, e realiza eternamente a Sua l…l€ como um n€yaka nos papéis de pati e upapati. Como um amante, Ele é anuk™la (fiel), dak�iŠa (sincero), �a˜ha (enganador) e dh��˜a (ousado e destemido). Ele sempre é servido por amigos que organizam Seus encontros (che˜aka), vestem-No (vi˜a) e aprontam travessuras (vid™�aka); e por Seus massagistas (p…˜ha-marddhaka) e Seus amigos mais íntimos (priya-narma-sakh€s). Ele gosta de tocar Sua vaˆ�…. Hoje, K��Ša apareceu em meu coração como o vi�aya do rasa.

Ao mesmo tempo, também compreendi que as belas jovens de Vraja são a €�raya de madhura-rasa. Estas gop…s são n€yik€s e divididas em dois tipos: svak…ya e parak…ya. Em Vraja as parak…yas-n€y…kas são a €�raya do ��‰g€ra-rasa e são de três tipos: s€dhana-par€, devi e nitya-priy€. As jovens atraentes de Vraja dividem-se em grupos nos quais elas servem a K��Ša, e milhões de encantadoras vraja-gop…s estão subordinadas a uma das muitas y™the�var…s. Entre todas as y™the�var…s, as mais importantes são ®r… R€dh€ e Candr€val…. No y™tha de ®r… R€dh€ há cinco tipos de sakh…s chamadas: sakh…, nitya-sakh…, pr€Ša-sakh…, priya-sakh… e parama-�re�˜ha-sakh…. Ainda que as parama-�re�˜ha-sakh…s, também conhecidas como a�˜a-sakh…s, estejam qualificadas para serem y™the�var…s, elas não criam y™thas separados porque desejam sempre serem as seguidoras de

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®r… R€dh€. As sakh…s que estão sob a liderança destas sakh…s são chamadas coletivamente pelo nome de seu gaŠa, como por exemplo Lalit€ gaŠa, Vi�€kh€ gaŠa e assim por diante.As n€yik€s são divididas em três tipos – mugdh€, madhy€ e pragalbh€ – e dentre estas, as madhy€ e as pragalbh€ estão divididas em mais três categorias: dh…r€, adh…r€ e dh…r€dh…r€. Estas seis categorias mais a mugdh€ somam sete categorias, que se dividem por sua vez em dois tipos – svak…ya e parak…ya. Ao todo elas perfazem catorze tipos. A categoria das n€y…kas solteiras (kany€) são adicionadas a estas catorze para fazer um total de quinze categorias de n€yik€s. Estes quinze tipos de n€yik€s têm oito avasth€s (condições ou situações) começando com abhis€rik€ e as-sim por diante, e todas essas categorias são divididas de novo em uttam€, madhyam€ e kani�˜h€ somando um total de (15 x 8 x 3) = 360 tipos de n€yik€s. Os diferentes tipos de comportamento (vyavah€ra) das y™the�var…s, tal como suh�t, bem como seus propósitos (t€tparya), despertaram em meu coração. Também entendi os deveres das sakh…s e mensageiras (d™t…s). Agora que eu aprendi todos estes tópi-cos, tenho o entendimento do €�raya-tattva de rasa e, por combinar isto com os detalhes do vi�aya-tattva de rasa, eu também entendi o €lambana-tattva, o qual está incluído no assunto de vibh€va. Amanhã, aprenderei sobre udd…pana! K��Ša tem demonstrado uma bondade ilimitada ao dar-me a associação de um sad-guru como você. Alimento-me ao beber o néctar líquido que flui de sua boca de lótus.

®r… Gop€la-guru Gosv€m… abraçou Vijaya e disse: “Meu querido filho, eu também obtive êxito ao obter um discípulo como você. Enquanto você faz mais perguntas, ®r… Nity€nanda Prabhu responde pessoalmente estas questões através de minha boca.” Lágrimas de prema começaram

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a cascatear dos olhos de ambos, guru e discípulo (�isya). Quando os mah€tm€s, tal como ®r… Dhy€nacandra pre-senciaram a imensa fortuna de Vijaya, eles ficaram imer-sos em param€nanda. Nesse momento chegaram alguns �uddha vai�Šavas no exterior da R€dh€-k€nta Ma˜ha e co-meçaram a cantar uns �lokas compostos por CaŠ�…d€sa:

sai (sakh…), keb€ sun€ila �y€ma-n€ma ( estrebilho)kanera bh…t€ra diy€, marame pa�ila go,

€kula karila mora pr€Ša

Oh! Minha querida sakh…! Quem é esta pessoa que Me fez escutar este nome ®y€ma pela primeira vez? Quando isto entra em Meu coração através de Meus ouvidos, sinto-Me agitada pela impaciência.

na j€ni kateka madhu, �y€ma-n€me €che-govadana ch€�ite n€hi p€re

Eu não sei quanta doçura tem este nome, ele é tão doce, que Minha língua não pode abandoná-Lo nem mesmo por um instante.

japite japite n€ma, ava�a karila gokemone p€ibo sai, t€re

Enquanto repito este nome fico completamente ab-sorta. Ó sakh…, como serei capaz de algum dia encon-trar-Me com Ele?

n€ma-paratape j€ra, aichana karila goa‰gera para�e kib€ haya

Se o simples nome de uma pessoa tem o poder de

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deixar-Me nesta condição, Eu não consigo imaginar qual seria a Minha condição se Eu tocasse Seu corpo.

yekh€ne vasati t€ra, sekh€ne th€khiya go,yuvat… dharama kaiche raya

Onde quer que Ele esteja, como podem as jovens mulheres man-terem seus princípios religiosos?

p€�arite kari mane, p€�ar€ na j€ya go,ki karibe ki kabe up€ya

Em Meu coração desejo esquecê-Lo, mas Eu não posso. Agora, não posso entender qual é o remédio

nem o que fazer.

kahe dvija-caŠ�…d€sa, kulavat… kula-n€�eapan€ra yauvana j€c€ya

Dvija CaŠ�…d€sa, diz: “Este ®y€m€nanda destruiu a dinastia das mulheres castas ao mostrar a Sua beleza juvenil.”Os Vai�Šavas seguiram cantando este k…rtana com

m�da‰ga e karat€las durante uma hora e meia, e todos fi-caram imersos em prema. Quando a absorção deles dimi-nuiu um pouco, Vijaya Kum€ra ofereceu seus respeitos aos vai�Šavas de acordo com as suas qualificações. Depois, ele ofereceu reverências prostradas (s€�˜€‰ga-praŠ€ma) a ®r… Guru Gosv€m… e seguiu para sua residência em HarachaŠ�… S€h….

Assim termina o Trigésimo Quarto Capítulo do Jaiva-Dhama, intitulado

“Madhura-Rasa: As Diferentes Categorias de Sakh…s”

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Capítulo 35Madhura-Rasa: Udd…pana

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No dia seguinte, após honrar a pras€da,Vijaya Kum€ra dirigiu-se aos pés de lótus de ®r… Guru Gosv€m… no horário combinado. Assim que ele ofereceu suas prostradas reverências (s€�˜€‰ga-daŠ�avat-praŠ€ma), ele ficou reple-to de júbilo. Gosv€m…j… levantou-o e o abraçou afetuosa-mente e fez com que ele se sentasse ao seu lado. Vijaya Kum€ra aproveitou a oportunidade e disse: Prabhu, gostaria de saber o udd…pana de madhura-rasa. Por favor, tenha a bondade de explicar isto para mim.

®r… Guru Gosv€m…, respondeu: Os udd…panas-vibh€vas de madhura-rasa são os seguintes: as qualidades (guŠas) de K��Ša e de Suas amadas gop…s; os nomes (n€ma) dEle e as atividades e o caráter (carita); os ornamentos (maŠ�ana); as coisas relacionadas com o objeto do amor (sambandh…) e as coisas que não estão diretamente relacionadas com o objeto de amor (ta˜astha).

Vijaya: Por favor, descreva primeiramente os guŠas.Gosv€m…: Há três tipos de guŠas: relacionados a

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942 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 35

mente (m€nasika), a fala (v€cika) e ao corpo (k€yika).Vijaya: Quais são os vários tipos de qualidades que

se relacionam com a mente (m€nasa-guŠa) neste rasa?Gosv€m…: Há muitos tipos de m€nasa-guŠa, tal como

a gratidão, o perdão e a compaixão.Vijaya: Quais são os diferentes tipos de v€cika-

guŠa?Gosv€m…: V€cika-guŠa é constituída por todas as pa-

lavras que dão prazer para os ouvidos.Vijaya: Quais são os diferentes tipos de qualidades

corporais (k€yika-guna) ?Gosv€m…: As k€yikas-guŠas são a idade (vayasa), a

forma (r™pa), o brilho (l€vaŠya), a beleza (saundarya), a influência (abhir™pat€), a doçura (m€dhurya), a suavidade (m€rddva) e assim por diante. Em madhura-rasa as idades tem quatro divisões, que são: vayaƒ-sandhi, navya-vayasa, vyakta-vayasa e p™rŠa-vayasa.

Vijaya: O que é vayaƒ-sandhi ?Gosv€m…: Vayaƒ-sandhi é a junção entre a infância

(b€lya) e a juventude (yauvana) e, este estágio particular é chamado prathama-kai�ora. O estágio da juventude plena (samp™rŠa-ki�ora) está incluído em vayaƒ-sandhi. A idade paugaŠ�a (da infância até os dez anos) pode ser chamada b€lya. A doçura do vayaƒ-sandhi de K��Ša e de Suas ama-das é um udd…pana.

Vijaya: O que é navya-vayasa (florescer)?Gosv€m…: Os sintomas de navya-vayasa incluem a

chegada da tenra juventude (nava-yauvana), o início do surgimento dos seios, a inquietude dos olhos, os amáveis sorrisos e os corações ligeiramente agitados.

Vijaya: O que é vyakta-vayasa (revelado)?No momento em que Vijaya Kum€ra fez esta pergunta,

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chegaram ali, um Vai�Šava da R€m€nuja-samprad€ya e um paŠ�ita-sanny€s… do Ma˜ha (monastério) de ®a‰kara para ter o dar�ana da Deidade. O Vai�Šava tinha a concepção de ser um servo masculino de Bhagav€n e o sanny€s… ®a‰kara estava absorto na meditação insípida do nirvi�e�a-brahma impessoal; então, nenhum deles podia identificar-se como uma vraja-gop…. Uma vez que é proibido discutir rasa-kath€ na presença de pessoas que se consideram a si mesmos ma-sculinos, Gosv€m… e Vijaya, ambos ficaram silenciosos e então começaram a falar assuntos triviais com o Vai�Šava recém-chegado e com o ekadaŠ�… sanny€s…. Pouco depois, os visitantes foram em direção a Siddha-bakula, e Vijaya repetiu sua pergunta sorrindo ligeiramente.

Gosv€m…: No estágio conhecido como vyakta-vayasa, os seios das gop…s tornam-se completamente proeminentes, seus abdomens mostram três pregas e todos os membros do corpo começam a cintilar com um brilho refulgente.

Vijaya: O que é p™rŠa-vayasa (cheio) ?Gosv€m…: P™rŠa-vayasa é o estágio no qual as ná-

degas tornam-se bastante desenvolvidas, a cintura se torna fina, todos os membros do corpo brilham, os seios tornam-se pesados e as coxas assemelham-se a caules de bananeira. Algumas vraja-sundar…s em particular mostram também ca-racterísticas de p™rŠa-yauvana em sua primeira juventude.

Vijaya: Eu entendi o assunto de vayasa. Agora, diga-me, por favor, sobre r™pa.

Gosv€m…: R™pa é uma beleza tão extraordinária, que uma mulher parece estar decorada mesmo embora ela não esteja usando nenhum ornamento. Esta rara beleza r™pa ocorre quando todos os membros do corpo estão em per-feita proporção.Vijaya: O que é l€vaŠya?

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Gosv€m…: L€vaŠya é um brilho de pérola que emana dos membros do corpo.

Vijaya: O que é saundarya?Gosv€m…: Saundarya é a perfeição corpórea na qual

uma e todas as partes dos membros corpóreos estão na for-ma apropriada e na proporção ideal com os outros.

Vijaya: O que é abhir™pat€?Gosv€m…: É dito que uma pessoa tem abhir™pat€

quando suas qualidades surpreendentes causam aos objetos próximos que adquiram a mesma beleza dela.

Vijaya: O que é m€dhurya?Gosv€m…: M€dhurya é uma beleza corpórea simples-

mente indescritível.Vijaya: O que é m€rddva?Gosv€m…: M€rddva é a suavidade a qual é incapaz de

tolerar mesmo o toque de coisas macias. Há três tipos de m€rddva: uttama, madhyama e kani�˜ha.

Vijaya: Prabhu, eu compreendi o guŠa. Agora, por favor, fale-me sobre n€ma.

Gosv€m…: Os nomes, tais como R€dh€-K��Ša, os quais estão plenos de rasa supremamente misteriosos e con-fidenciais, são chamados n€ma.

Vijaya: Agora tenha a bondade de me falar de carita (comportamento).

Gosv€m…: Há dois tipos de carita: anubh€va e l…l€. Eu lhe falarei sobre anubh€va quando eu tiver completado o assunto de vibh€va.

Vijaya: Então descreva, por favor, l…l€.Gosv€m…: O termo l…l€ refere-se a sundara-kr…�€

(jogos belos) e atividades como t€Š�ava (dançar), veŠu-v€dana (tocar a flauta) ou go-dohana (ordenhar as vacas), e chamá-las para descer da colina e contá-las.

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945Madhura-Rasa: Udd…pana

Vijaya: O que são os sundara-kr…�€?Gosv€m…: Existem ilimitados passatempos diverti-

dos, tais como o r€sa-l…l€, os jogos com bola e falar a lin-guagem dos pássaros e dos animais.

Vijaya: Quantos tipos de maŠ�ana (decorações) exi-stem?

Gosv€m…: Há quatro tipos de maŠ�ana: roupas, orna-mentos, guirlandas e anulepana (pastas e perfumes que são espalhados sobre o corpo).

Vijaya: O que é sambandh…?Gosv€m…: Sambandh… foi dividido em duas partes: as

coisas que estão conectadas (lagna) e as coisas que estão próximas (sannihita).

Vijaya: O que significa lagna (ocorrências auspicio-sas)?

Gosv€m…: O lagna sambandh… inclui os sons da flau-ta, a corneta de búfalo, cantar, as fragrâncias, o tilintar dos ornamentos, as pegadas, o som da v…Š€ e as habilidades ar-tísticas.

Vijaya: Qual é a natureza da melodia da flauta?Gosv€m…: O fluxo de néctar que brota dos lábios de

K��Ša através da mural… é o udd…pana mais proeminente entre todos.

Vijaya: Agora, fale-me, por favor, das coisas próxi-mas (sannihita-sambandh…)

Gosv€m…: Sannihita-sambandh… inclui os remanen-tes das guirlandas, as penas de pavão, a gairika (pedra ver-melha) e outros minerais coloridos das colinas, as vacas, o cajado, a corneta de chifre de búfalo, a visão dos queri-dos associados de K��Ša, a poeira levantada pelas patas das vacas, V�nd€vana, as entidades e os objetos que se abriga-ram em V�nd€vana (v�nd€van€�rita-vastu), Govardhana, o

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946 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 35

Yamun€ e o r€sa-sth€l….Vijaya: O que significa v�nd€van€�rita (no abrigo de

V�nd€vana) ?Gosv€m…: Os animais, tais como os cervos, pássaros

como os pavões reais, as abelhas e bosques de trepadei-ras floridas, tulas…, flores e as árvores kadamba são todos v�nd€van€�rita.

Vijaya: O que é estar na margem (ta˜astha)?Gosv€m…: O raio do luar, nuvens, luz, a estação da

primavera, o outono, a lua cheia, as brisas, e pássaros tal como o pavão são todos ta˜astha.

Depois de ouvir atentamente sobre os udd…pana-bh€vas, Vijaya Kum€ra ficou em silêncio durante um tem-po. O encontro entre os bh€vas €lambana e udd…pana de-spertaram um exaltado sentimento em seu coração, uma vez que os anubh€vas começaram a se manifestar em seu cor-po. Com a voz entrecortada pela emoção, disse: “Prabhu, agora amavelmente descreva em detalhes os anubh€vas. Você explicou uma parte de k��Ša-carita (as atividades e as qualidades de K��Ša), isto é, a l…l€. Quando eu aprender sobre anubh€va, serei capaz de conhecer tudo sobre k��Ša-carita.”

Gosv€m…: Há três tipos de anubh€vas: ala‰k€ra (os ornamentos), udbh€svara (os sintomas) e v€cika (verbal).

Vijaya: O que é ala‰k€ra (os ornamentos)?Gosv€m…: Os vinte tipos de ala‰k€ras das atraentes

gop…s de Vraja em sua juventude (yauvana) se denominam sattva-ja (que surgem de �uddha-sattva). Estes se mani-festam maravilhosamente devido a sua intensa absorção em seu amado K��Ša. Estes vinte tipos de ala‰k€ra dividem-se em três categorias:

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947Madhura-Rasa: Udd…pana

1. aqueles que surgem dos membros do corpo (a‰ga-ja),2. aqueles que surgem espontaneamente (ayatna-ja), e3. aqueles que surgem da sua própria natureza (svabh€va-ja).Os ala‰karas que surgem dos membros do corpo (a‰ga-ja) são: 1) a semente do apego (bh€va), 2) os gestos (h€va) e 3) o flerte amoroso (hel€). Ayatna-ja inclui 4) a beleza (�obh€), 5) o lustre (k€nti), 6) o brilhantismo (d…pti), 7) a doçura (m€dhurya), 8) a ousadia (pragalbhat€), 9) a ma-gnanimidade (audh€rya) e 10) a paciência (dhairya). O svabh€va-ja inclui 11) imitar a l…l€, 12) desfrutar (vil€sa), 13) uma forma particular de vestir-se (vicchiti), 14) a per-plexidade (vibhrama), 15) uma mistura particular de bh€vas (kila-kiñcita), 16) o despertar da saudade (mo˜˜€yita), 17) a oposição aparente (ku˜˜amita), 18) a falta de respeito (vivvoka), 19) a ternura (lalita) e 20) os bh€vas expressados através de atividades (vik�ta).

Vijaya: Qual é o significado de bh€va neste contex-to?

Gosv€m…: No ujjvala-rasa, quando o rati, que é como uma semente, aparece da serenidade de citta, sua primeira transformação é chamada bh€va. O estágio não transfor-mado do citta é conhecido como sattva. Quando a causa da transformação está presente, a transformação original, que é como o primeiro broto de uma semente, é chamado bh€va.

Vijaya: O que é h€va (gestos)?Gosv€m…: H€va é uma condição na qual o rati é mais

claramente evidente que no bh€va, com a inclinação do pescoço, gestos das sobrancelhas e os dos olhos e outros sintomas.

Vijaya: O que é hela?

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948 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 35

Gosv€m…: O h€va é chamado hel€ quando ele indica claramente a paixão sensual.

Vijaya: O que é �obh€ (beleza)?Gosv€m…: ®obh€ é o embelezamento dos membros

do corpo que surge devido a juventude e r™pa-sambhoga.Vijaya: O que é k€nti (lustre)?Gosv€m…: K€nti é o esplendor radiante que emana no

ato de satisfação deste k€ma sobrenatural.Vijaya: O que é d…pti?Gosv€m…: K€nti é chamada d…pti quando é intensi-

ficado e torna-se altamente inflamado de paixão pela in-fluência de fatores como a idade, o desfrute, o lugar, o mo-mento, as qualidades, a r™pa e a roupa.

Vijaya: O que é m€dhurya (doçura)?Gosv€m…: M€dhurya é o estágio no qual cada esforço

é extremamente elegante em todas as circunstâncias. Vijaya: O que é pragalbhat€ (coragem)?Gosv€m…: Pragalbhat€ é uma ausência total de

inibição ou temor no momento do prayoga, quando os membros do corpo estão sobre os membros do corpo do amante.

Vijaya: O que é aud€rya (magnanimidade)?Gosv€m…: Aud€rya é a qualidade de ser controlado e

cortês em todas as situações. Vijaya: O que é dhairya (estabilidade)?Gosv€m…: A tendência do coração é chamada dhairya

quando ele é estável ou não-oscilante.Vijaya: O que significa l…l€ neste contexto?Gosv€m…: L…l€ é imitar a charmosa vestimenta e as

atividades do amado.Vijaya: O que é vil€sa (desfrute)?Gosv€m…: As expressões e sinais particulares da face

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949Madhura-Rasa: Udd…pana

e dos olhos que a pessoa faz enquanto em movimento, em pé ou sentada para ocasionar a união com o amado são cha-madas vil€sa.

Vijaya: O que é vicchitti?Gosv€m…: Vicchitti é uma maneira de vestir-se que

realça o esplendor apesar de se usar poucas decorações e ornamentos. De acordo com a opinião de alguns peritos em rasa, algumas vezes, quando o amante da n€yik€ aproxima-se depois de haver cometido uma ofensa contra ela, surge no coração dela o bh€va de que seus ornamentos são sim-plesmente um peso e que ela só se vestiu e se decorou pela insistência de suas sakh…s. Este tipo de ciúme e negligência também é chamado vicchitti.

Vijaya: O que é vibhrama (aturdimento)?Gosv€m…: Vibhrama é o estado de confusão causado

pelos poderosos impulsos de madana quando a n€yik€ en-contra-se com seu amado. Neste estado ela resolve por o colar, a guirlanda e outros ornamentos em lugares específi-cos, mas na verdade, ela os coloca em lugares diferentes.

Vijaya: O que é kila-kincita?Gosv€m…: Kila-kincita é a condição na qual o orgul-

ho, o anseio, o pranto, o riso, a hostilidade, o medo e a ira surgem ao mesmo tempo devido aos sentimentos de júbilo.

Vijaya: O que é mo˜˜€yita?Gosv€m…: Mo˜˜€yita é a saudade intensa que surge no

coração da n€yik€ quando ela recebe notícias de seu amante e lembra-se dEle.

Vijaya: O que é ku˜˜amita?Gosv€m…: Ku˜˜amita é a ira que a n€yik€ finge exter-

namente por dignidade, timidez e assim por diante – embo-ra ela esteja deleitada em seu coração – quando seu amante lhe toca os seios ou os lábios.

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950 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 35

Vijaya: O que é vivvoka?Gosv€m…: Vivvoka é a falta de respeito que se de-

monstra pelo amante, além de orgulho e m€na.Vijaya: O que é lalit€?Gosv€m…: Lalit€ é a ternura que é expressa pelos mo-

vimentos das sobrancelhas e outros gestos corporais.Vijaya: O que é vik�ta?Gosv€m…: Vik�ta é expressa nas atividades – e não

por palavras – de humores tais como vergonha, ciúmes ou m€na que surgem dentro do coração.Estes são os vinte ala‰k€ras corporais e psicológicos. Os rasika-bhaktas também aceitaram dois ala‰k€ras a mais para os ornamentos que já mencionei. Estes são a ignorân-cia fingida (maugdhya) e o temor dissimulado (chakita).

Vijaya: O que é maugdhya?Gosv€m…: Uma n€yik€ mostra maugdhya quando ela pre-tende estar despercebida de algo que ela na realidade co-nhece perfeitamente bem, e pergunta a seu amante como se não soubesse de nada.

Vijaya: Agora, por favor, fale-me sobre chakita.Gosv€m…: Chakita é mostrar um grande receio na

presença do amante, embora na verdade não exista nenhum receio.

Vijaya: Prabhu, entendi os ala‰k€ras. Agora, por fa-vor, instrua-me sobre o udbh€svara.

Gosv€m…: Quando o bh€va do coração manifesta-se no corpo, a manifestação é chamada udbh€svara. Em madhura-rasa, os udbh€svaras incluem o afrouxar ou escorregar do cordão da saia, o afrouxar da blusa, o desali-nho das tranças e, assim por diante, uma aflição no corpo, bocejos, um expandir das narinas, suspirar profundamente, inquietude, cantar e auto-condenação.

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951Madhura-Rasa: Udd…pana

Vijaya: Não poderiam incluir-se os udbh€svaras que você acabou de descrever serem considerados dentro das categorias de mo˜˜€yita e vil€sa?

Gosv€m…: Foram descritos separadamente porque eles realçam um tipo de beleza (�obh€) especial.

Vijaya: Prabhu, agora, gentilmente explique-me, por favor, os v€cika-anubh€vas.

Gosv€m…: Há doze tipos de v€cika-anubh€vas: €l€pa, vil€pa, saˆl€pa, pral€pa, anul€pa, apal€pa, sande�a, atide�a, apade�a, upade�a, nirde�a e vyapade�a.

Vijaya: O que é al€pa?Gosv€m…: šl€pa são as palavras de agrado.Vijaya: O que é vil€pa?Gosv€m…: Vil€pa são as palavras que são ditas por

lamento.Vijaya: O que é saˆl€pa?Gosv€m…: Saˆlapa é conversação.Vijaya: O que é pral€pa ? Gosv€m…: Pral€pa significa conversa sem sentido.Vijaya: O que é anul€pa ?Gosv€m…: Anul€pa é repetir as mesmas palavras mui-

tas vezes.Vijaya: O que é apal€pa ?Gosv€m…: Apal€pa significa dar um sentido diferente

as palavras ditas antes.Vijaya: O que é sande�a?Gosv€m…: Sande�a é enviar uma mensagem ao aman-

te quando ele foi para uma outra terra.Vijaya: O que é atide�a?Gosv€m…: Atide�a é o mesmo que dizer “Faço minhas

as suas palavras”.Vijaya: O que é apade�a?

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Gosv€m…: Apade�a é expressar o assunto em questão com outras palavras e não falar diretamente.

Vijaya: O que é upade�a?Gosv€m…: O termo upade�a refere-se a palavras

cheias de instruções.Vijaya: O que é nirde�a?Gosv€m…: Nirde�a é confessar: “Sou eu mesmo aque-

la pessoa”.Vijaya: O que é vyapade�a?Gosv€m…: Vyapade�a é revelar o desejo do coração

sob o pretexto de dizer outra coisa.Todos estes anubh€vas estão presentes em todos os rasas, mas eles foram descritos neste contexto porque a doçura de ujjvala-rasa é ainda mais realçada para estes anubh€vas.

Vijaya: Prabhu, qual é a necessidade de descrever os anubh€vas de forma separada no assunto de rasa?

Gosv€m…: Os bh€vas do coração que surgem da combinaçáo do €lambana e do udd…pana são chamados anubh€vas quando eles se manifestam nos membros do corpo. Este assunto não pode ser claramente entendido se não for explicado separadamente.

Vijaya: Agora seja misericordioso e descreva os s€ttvika-bh€vas em m€dhurya-rasa.

Gosv€m…: Eu mencionei os oito s€ttvika-bh€vas – tais como stambha, sveda e assim por diante, enquanto eu esta-va falando sobre rasa-tattva comum. Estes são também os s€ttvika-bh€vas deste rasa, mas os exemplos destes bh€vas neste rasa são completamente diferentes.

Vijaya: Qual a diferença deles?Gosv€m…: Você irá ver que no vraja-l…l€, ficar aturdi-

do (stambha-bh€va) surge do contentamento (har�a), do te-mor (bhaya), do assombro (€�carya), do desalento (vi�ada)

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953Madhura-Rasa: Udd…pana

e da indignação (amar�a). O suor surge do contentamento, temor e ira (krodha). O arrepio (rom€ñca) surge do maravi-lhamento, do contentamento e do temor. A voz balbuciante surge do desalento, desolação (vismaya), da indignação e do temor. O temor, o contentamento e a indignação ocasionam tremor. A mudança de cor (vaivarŠya) surge do desalento, da ira e do temor. O derramamento de lágrimas (a�ru) pode ocorrer devido ao contentamento, a ira ou do desalento. A perda da consciência (pralaya) pode ocorrer devido a feli-cidade ou a tristeza.

Vijaya: Há neste rasa algumas manifestações de s€ttvika-bh€vas diferentes das de outros rasas?

Gosv€m…: Sim. Expliquei os s€ttvika-bh€vas conhe-cidos como dh™m€yita, jvalita, d…pta e udd…pta no contexto geral de rasa-vic€ra (s€dh€raŠa). Neste madhura-rasa há uma divisão de udd…pta chamada s™dd…pta-bh€va.

Vijaya: Prabhu, você é ilimitadamente misericordio-so comigo. Agora, diga-me, por favor, como se manifestam os vyabic€ri-bh€vas neste rasa.

Gosv€m…: No madhura-rasa manifestam-se qua-se todos os trinta e três sañc€r… ou vyabhic€r…-bh€vas que já foram explicados começando com a auto-depreciação (nirveda), que ocorre em madhurya-rasa com exceção da agressividade (augrya) e a preguiça (€lasya). Os sañc€r…-bh€vas do madhura-rasa têm várias características mara-vilhosas.

Vijaya: Quais são elas?Gosv€m…: O mais fascinante aspecto é que qualquer

tipo de k��Ša-prema está presente nos amigos e superiores (guru-jana), nos demais rasas alcançam-se também como um sañc€r…-bh€va em madhura-rasa. Em outras palavras, os sth€y…bh€vas daqueles outros rasas atuam como sañc€r…-

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954 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 35

bh€vas neste rasa.Vijaya: Quais são os outros aspectos surpreenden-

tes?Gosv€m…: Um outro ponto maravilhoso é que os

vyabhic€r…-bh€vas neste rasa – mesmo aqueles como maraŠa (morte) – não são considerados como a‰gas diretos do rasa. Logicamente, neste rasa são considerados dentre os atributos (guŠas) do rasa. A conclusão é que o próprio rasa é o guŠ… (o que possui os atributos), e os vyabhic€r…-bh€vas são os atributos (guŠa) que o rasa possui.

Vijaya: Como surgem os sañc€r…-bh€vas?Gosv€m…: A auto-depreciação de si mesmo (nirveda)

surge da aflição, da aversão, dos ciúmes, do desânimo, da calamidade e da ofensa.

Vijaya: Qual é a causa da humildade (dainya)?Gosv€m…: Dainya vem da lamentação, do temor e da

ofensa.Vijaya: Como surge a debilidade (gl€ni)?Gosv€m…: Gl€ni é o resultado do esforço, da ansie-

dade e das atividades amorosas.Vijaya: Como surge o esgotamento (�rama)?Gosv€m…: ®rama é o resultado de tanto vaguear, de

dançar e de atividades amorosas.Vijaya: Qual é a causa da intoxicação (mada)?Gosv€m…: Mada é induzido por tomar vinho de mel.Vijaya: Como surge o orgulho (garva)?Gosv€m…: Garva vem pela boa fortuna, a beleza, os

atributos pessoais, por obter o abrigo de uma pessoa muito relevante e pelo alcance do objeto desejado.

Vijaya: O que causa apreensão (�a‰k€)?Gosv€m…: As causas de �a‰k€ são o roubo, a ofensa,

a crueldade, os relâmpagos, os animais ferozes e os sons

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955Madhura-Rasa: Udd…pana

temerosos.Vijaya: Como surgem a agitação e a incerteza

(€vega)?Gosv€m…: švega é uma incerteza aguda com respeito

ao que se deve fazer, que surge ao ver ou ao ouvir o objeto do afeto ou da aversão.

Vijaya: Qual é a causa da loucura (unm€da)?Gosv€m…: Unm€da pode ser causada pelo êxtase ex-

cessivo (mah€nanda) ou por sentimentos de separação.Vijaya: Por que ocorre a confusão ou a ausência men-

tal (apasm�ti)?Gosv€m…: Apasm�ti é a confusão ou a ausência da

mente que surge da aflição1.Vijaya: O que é doença (vy€dhi)?Gosv€m…: Vy€dhi é a transformação do corpo – tal

como a febre – que surge devido a apreensão e a ansie-dade.

Vijaya: O que é a confusão (moha)?Gosv€m…: Moha é a confusão que ocorre quando o

coração cai estupefato devido ao júbilo, a separação ou ao lamento.

Vijaya: O que é a morte (m�tyu)? Gosv€m…: Neste rasa não há m�tyu – somente a in-

tenção de morrer.Vijaya: O que é preguiça (€lasya)?Gosv€m…: Neste rasa não há €lasya. šlasya é a pre-

tensão de ser impotente apesar de ter energia; contudo, no serviço a K��Ša não há a menor possibilidade de €lasya, ainda que se possa observar num sentido secundário nos elementos opostos.

Vijaya: Qual é a causa da inércia (j€�ya)?1 Neste estado a n€yik€ treme, desmaia e cai no chão.

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956 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 35

Gosv€m…: Pode surgir j€�ya quando se vê o objeto do amor, se ouve falar dEle, ou ao ver algo muito indesejável. Também pode surgir j€�ya dos sentimentos de separação.

Vijaya: Por que surge a timidez (vr…�€)?Gosv€m…: Vr…�€ ocorre no primeiro encontro devido

a um comportamento inapropriado ou por palavras de elo-gio ou de desdém.

Vijaya: Qual é a causa de avahitth€ (ocultamento da natureza de alguém).

Gosv€m…: Avahitth€ é ocasionado pela traição, ver-gonha, duplicidade, temor e dignidade.

Vijaya: Qual é a causa da lembrança (sm�ti)?Gosv€m…: Sm�ti é o resultado de ver algo similar ou

devido a um hábito fixo.Vijaya: Como surge a ponderação das possibilidades

lógicas (vitarka)?Gosv€m…: Vitarka é o resultado da investigação e da

dúvida.Vijaya: O que é a ansiedade (cint€)?Gosv€m…: A cint€ surge por não obter o que a pessoa

deseja e por temor do indesejável.Vijaya: O que é introspecção mati? Gosv€m…: Mati é reflexão ou deliberação sobre algu-

ma coisa.Vijaya: O que é fortaleza (dh�ti)?Gosv€m…: Dh�ti é a estabilidade do coração que surge

ao satisfazer as aspirações e estar livre da lamentação.Vijaya: O que é júbilo (har�a) ?Gosv€m…: Har�a é a alegria que surge ao ver ou al-

cançar o objeto de desejo mais apreciado.Vijaya: O que é avidez (autsukya)?Gosv€m…: Autsukya é o desejo ardente de ver o ama-

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957Madhura-Rasa: Udd…pana

do, o intenso anseio ou impaciência para estar com Ele.Vijaya: O que é agressividade (augrya)?Gosv€m…: A violência chama-se augrya e isto não

ocorre em madhurya-rasa.Vijaya: O que é indignação (amar�a)?Gosv€m…: Amar�a é a intolerância que é expressa por

desrespeito ou insulto.Vijaya: O que é inimizade (as™y€)?Gosv€m…: As™y€ é o ressentimento pela boa sorte de

outros, e surge devido a boa fortuna e as virtudes.Vijaya: Qual é a causa da instabilidade (c€pala)?Gosv€m…: C€pala é a divagação da mente ou fraque-

za mental pelo apego e pela aversão.Vijaya: Qual é a causa do sono (nidr€)?Gosv€m…: Nidr€ surge quando há fadiga.Vijaya: O que é supti ?Gosv€m…: Supti significa sonho.Vijaya: O que é insônia (bodha)?Gosv€m…: Bodha é falta de sono.

B€b€ Vijaya, além destes vyabhic€r…-bh€vas há quatro está-gios: bh€votpatti, bh€va-sandhi, bh€va-�€b€lya e bh€va-�€nti. Bh€votpatti é o aparecimento de um bh€va e bh€va-sandhi é a união de dois bh€vas. Sa-r™pa-sandhi é a união de dois bh€vas que tem a mesma origem, e bhinna-sandhi é a mescla de bh€vas que surgem de causas separadas. A combinação de muitos bh€vas ao mesmo tempo é chama-da de bh€va-�€b€lya, e a destruição ou a pacificação dos bh€vas é chamada bh€va-�€nti.Vijaya tinha agora um completo entendimento dos compo-nentes de madhura-rasa, porque ele ouviu as explicações dos vibh€vas, s€ttvika-bh€vas e vyabhic€r…-bh€va. Seu coração ficou transbordado de prema, o qual de alguma

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958 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 35

forma era ligeiramente indistinto. Ao entender isto completamente, ele caiu aos pés de seu Gurudeva e disse, chorando: “Prabhu, por favor, conceda-me sua misericórdia e diga-me porque prema ainda não surgiu em meu coração”.Guru Gosv€m…j… abraçou a Vijaya, e respondeu: “Aman-hã poderá entender os componentes de prema-tattva. Você entendeu os componentes de prema, mas ainda assim eles não surgiram de uma forma clara em seu coração. Prema é o sth€y…bh€va. Você já ouviu sobre o sth€y…bh€va de uma maneira geral, mas alcançará toda a perfeição quando ouvir falar especificamente sobre o sth€y…bh€va em ujjvala-rasa. Agora é muito tarde. Amanhã explicarei mais coisas.De novo as lágrimas começaram a rolar dos olhos de Vijaya. Depois de oferecer reverências, daŠ�avat-praŠ€ma, ele então retornou para sua residência me-ditando profundamente em tudo o que ouviu.

Assim termina o Trigésimo Quinto Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Madhura-Rasa: Udd…pana”

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Capítulo 36“Madhura-Rasa: Sth€y…bh€va e os Estágios de Rati”

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No dia seguinte, Vijaya Kum€ra chegou pontualmente e dirigiu-se aos pés de lótus de ®r… Guru Gosv€m…, ofereceu-lhe reverências prostradas (s€�˜€‰ga-daŠ�avat) e, sentou-se em seu lugar. ®r… Gop€la Guru Gosv€m… obser-vou a avidez de Vijaya em saber sobre sth€y…bh€va e disse, “Madhura-rati é o sth€y…bh€va de madhura-rasa.”

Vijaya: O que causa o aparecimento de rati?Gosv€m…: Rati surge de abhiyoga, vi�aya, samban-

dha, abhim€na, tad…ya-vi�e�a, upam€ e svabh€va. Cada uma destas causas é progressivamente superior a anterior, assim o rati que surge de svabh€va é o melhor de todos.

Vijaya: O que é abhiyoga?Gosv€m…: Abhiyoga é a expressão do próprio bh€va.

Há dois tipos de abhiyoga: aquele que se revela pessoal-mente e aquele que é revelado por outrem.

Vijaya: O que é vi�aya?

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962 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 36

Gosv€m…: Há cinco tipos de vi�aya: o som (�abda), o tato (spar�a), a beleza (r™pa), o sabor (rasa) e a fragrância (gandha).

Vijaya: O que é sambandha?Gosv€m…: Sambandha refere-se as glórias de quatro

aspectos: linhagem, beleza, qualidades e passatempos.Vijaya: O que é abhim€na?Gosv€m…: Abhim€na é a decisão definitiva de aceitar

somente um objeto específico ainda que haja muitos objetos belos presentes. Quando K��Ša foi a Mathur€, por exemplo, uma vraja-gop… havia despertado seu rati por K��Ša, apesar dela nunca ter estado com Ele por não haver alcançado sua juventude plena. Uma de suas amigas viu a beleza refinada de sua idade e em um lugar solitário para testá-la falou: “Ó sakh…, K��Ša deixou Vraja, agora que sua juventude e suas outras qualidades estão se desenvolvendo. Em Vraja há muitos jovens que são belos e qualificados. Se você deseja se casar com algum deles, sussurre para mim, falarei com sua mãe e farei os arranjos necessários.”

Quando aquela vraja-gop… escutou as palavras de sua amiga, respondeu: “Ó sakh…, é muito provável que no mun-do inteiro possa haver rapazes que são como ondas de bele-za e doçura, e cada um deles seja mais doce e mais belo do que o outro. Ah! Deixem eles! Deixe que as meninas alta-mente qualificadas possam aceitá-los. No que diz respeito a mim, se este jovem não usa uma coroa de penas de pavão na Sua cabeça, se a mural… não adorna esplendidamente Seus lábios e se Seu corpo não está embelezado com tilaka e ou-tras decorações feitas com minerais como o gairika-dh€tu, eu lhe considerarei tão insignificante como uma palha de grama, e não terei a menor inclinação por ele.”Este é um exemplo de abhim€na.

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963Madhura-Rasa: Sth€y…bh€va e os Estágios de Rati

Vijaya: Eu entendi abhim€na. O que é tad…ya-vi�e�a?

Gosv€m…: As pegadas de K��Ša, as pastagens de Vrnd€vana e os priya-jana de K��Ša são chamados de tad…ya-vi�e�a. Os priya-jana de K��Ša são aqueles que tem r€ga, anur€ga e mah€bh€va por Ele.

Vijaya: O que é upam€?Gosv€m…: Upam€ é a semelhaça entre dois obje-

tos. Neste contexto, ele se refere a certa semelhança com K��Ša.

Vijaya: O que é svabh€va?Gosv€m…: Svabh€va é a natureza auto-manifesta que

não depende de nenhuma outra causa. Há dois tipos de svabh€va: nisarga e svar™pa.

Vijaya: O que é nisarga?Gosv€m…: Nisarga é o desejo ou saˆsk€ra que sur-

ge de hábitos ou práticas firmemente estabelecidas. Ouvir sobre guŠa, r™pa e outras qualidades de K��Ša, é somen-te uma causa parcial do despertar de rati. Nisarga consiste das impressões causadas pelo firme raty-€bh€sa da j…va de-senvolvido ao longo de muitas vidas. Isto é despertado de repente e de forma inesperada quando alguém ouve falar das descrições do guŠa, r™pa e outros temas relacionados a K��Ša. Isto significa que ouvir falar das qualidades e da beleza de K��Ša não é a única causa de rati.

Vijaya: Por favor, explique a svar™pa.Gosv€m…: Svar™pa é o bh€va que não tem nascimento

nem origem e, que manifesta sua própria perfeição de forma independente. Há três tipos de svar™pa: k��Ša-ni�˜ha, lalan€-ni�˜ha e ubhaya-ni�˜ha. Aqueles que possuem uma natureza demoníaca não podem alcançar k��Ša-ni�˜ha-svar™pa, mas ela é facilmente alcançável por aqueles com uma nature-

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za divina. Lalan€-ni�˜ha-svar™pa é o rati auto-manifesto que se expressa como um impulso involuntário por K��Ša, mesmo quando a pessoa não O tenha visto, nem ouviu fa-lar de Sua beleza e qualidades. O svabh€va no qual, am-bos, k��Ša-ni�˜ha e lalan€-ni�˜ha são manifestos é chamado ubhaya-ni�˜ha-svar™pa.

Vijaya: Isto significa que ao todo há sete causas: abhiyoga, vi�aya, sambandha, abhim€na, tad…ya-vi�e�a, upam€ e svabh€va. Os sete tipos de madhura-rati surgem destas sete causas?

Gosv€m…: O k��Ša-rati das gop…s de Gokula mani-festam-se por si mesmo e de forma natural. Ele é auto-ma-nifesto, e não é produzido por abhiyoga e assim por diante. Contudo, estas causas também têm um papel em muitos passatempos. O rati dos s€dhana-siddhas e dos nisarga-siddhas é desperto por estas sete causas, começando com abhiyoga.

Vijaya: Eu não sou capaz de entender este tema total-mente. Por favor, dá-me um ou dois exemplos para que eu possa entender melhor.

Gosv€m…: O rati do qual eu estou falando surge so-mente de r€g€nug€-bhakti, porém, enquanto vaidh…-bhakti não se torna bh€vamay…, este tipo de rati estará muito longe. Um s€dhaka que desenvolve avidez por estes humores, por ver as atividades extáticas e emocionais de k��Ša-sev€ das vraja-gop…s, gradualmente alcançará o rati que surgirá das seis causas, menos do svabh€va, e especialmente do priya-jana. Quando a pessoa se torna s€dhana-siddha, ela expe-rimenta um sph™rti, uma manifestação interna momentânea do lalan€-ni�˜ha-svar™pa.Vijaya: Quantos tipos de rati existem?Gosv€m…: Há três tipos de rati: s€dh€raŠ… (geral),

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samañjas€ (apropriado) e samarth€ (competente). O rati de Kubj€ é um exemplo de rati s€dh€raŠ…. Ela foi censurada porque sua motivação fundamental era o desejo de desfrutar em união. O rati das mahi�…s de Dv€rak€ é chamado samañ-jas€ (apropriado), porque ele satisfaz o padrão mundano de conduta correta, é despertado pelos princípios regulativos do matrimônio. “Eu sou sua esposa, Ele é meu marido”; este rati está limitada por tais sentimentos. O rati dos residentes de Gokula é samarth€ porque a magnificência de tal rati extrapola os limites das restrições sociais e dos princípios religiosos. Na verdade, o rati samarth€ não é impróprio. De fato, da perspectiva do objetivo transcendental último (parama-param€rtha), somente rati samarth€ é correto no sentido mais elevado. O rati sadh€raŠ… é como uma jóia, o rati samañjas€ é como cint€maŠi, e o rati samarth€ é extre-madamente raro, como a jóia Kaustubha-maŠi.

Os olhos de Vijaya encheram-se de lágrimas, e sem parar de chorar, ele disse: “Hoje, sinto-me extremamente afortunado por ouvir um assunto tão elevado e sem para-lelo. Prabhu, mostre-me novamente sua misericórdia sem causa, descreva-me, por favor, as características de rati s€dh€raŠ….”

Gosv€m…: O rati s€dh€raŠ… surge do desejo de sambhoga. Ele é estimulado pelo desejo intenso quando a pessoa vê K��Ša face a face, mas não é profundo e tampou-co denso ou permanente. Quando o desejo por sambhoga diminui, este rati também diminui, motivo pelo qual ele é classificado como inferior.

Vijaya: Qual é a natureza de rati samañjas€?Gosv€m…: O rati samañjas€ é o rati pleno e concen-

trado que é despertado quando se ouve falar da beleza e das qualidades de K��Ša, e que surge da concepção de que “Eu

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sou sua esposa, e Ele é meu marido”. Algumas vezes o desejo por sambhoga também ocorre neste rati. Quando o desejo por sambhoga é separado de rati samañjas€, ele não é possível de controlar ®r… K��Ša ao expressar o humor, ou por h€va, bh€va, hel€ e assim por diante, que surge do desejo por sambhoga.

Vijaya: Qual é a natureza do rati samarth€?Gosv€m…: O desejo de sambhoga com K��Ša está pre-

sente em todo tipo de rati. Nos ratis s€dh€raŠ… e samañjas€ o desejo de sambhoga é para a própria satisfação pessoal. Samarth€ é um bh€va especial que é completamente desin-teressado e livre de interesse e desejo pessoais por união e, que alcança o estado de tad-€tmya ou unidade com o desejo de união.

Vijaya: Qual é a natureza deste bh€va especial? Te-nha a bondade de me esclarecer este ponto um pouco mais.

Gosv€m…: Existem dois tipos de desejo por sambho-ga. O primeiro é o desejo por sambhoga no qual alguém deseja que seus próprios sentidos sejam satisfeitos pelo amado para a sua própria felicidade. O segundo é o desejo por sambhoga que consiste inteiramente da concepção de que uma pessoa deve satisfazer os sentidos do amado para felicidade dEle. O primeiro tipo de desejo pode ser chama-do k€ma, porque nele está inerente o desejo de felicidade pessoal. O segundo tipo é chamado prema porque ele con-siste exclusivamente do desejo de dar felicidade ao amado. O primeiro tipo de desejo, k€ma, é poderoso e ele é pro-eminente no rati s€dh€raŠ…, mas não é predominante em samañjas€. A segunda característica, isto é, prema ou o desejo exclusivo de dar felicidade ao amado, é a função distintiva inerente (vi�e�a-dharma) do desejo por sambho-ga em rati samarth€.

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Vijaya: Uma pessoa deve sentir felicidade ao tocar seu amado em sambhoga. Não existe nenhum desejo por felicidade em rati samarth€?

Gosv€m…: É sem dúvida muito difícil estar com-pletamente livre de tal desejo. Todavia, embora tal desejo esteja presente no coração de uma pessoa que tenha rati samarth€, ele quase inexiste. O rati samarth€ torna-se po-deroso com o apoio de seu vi�e�a-dharma (característica es-pecífica) quando ele abraça e torna-se um com o desejo por sambhoga. Este tipo de rati é reconhecido pelo nome samarth€ (capaz) porque é dotado de uma grande capacida-de (de controlar a K��Ša).

Vijaya: Qual é a glória especial de rati samarth€?Gosv€m…: Logo que surge este rati samarth€, a pes-

soa torna-se indiferente a todos os tipos de obstáculos, tais como família, princípios religiosos, paciência e vergo-nha. Isto é despertado por sambandha, tad…ya, svabh€vika-svar™pa ou qualquer uma das outras causas começando com abhiyoga, que eu mencionei anteriormente. Este tipo de rati é muito profundo.

Vijaya: Como o desejo por sambhoga alcança unida-de quando ele se mistura com rati �uddha?

Gosv€m…: O rati samarth€ das vraja-gop…s tem so-mente o propósito da felicidade de K��Ša, e qualquer tipo de felicidade que elas experimentam em sambhoga é tam-bém para satisfazer a K��Ša. Por isso, o desejo por sam-bhoga combina-se com rati, o qual é exclusivamente para a felicidade de K��Ša e, assume um esplendor surpreendente com as ondas de vil€sa. Este rati não permite que o desejo por sambhoga exista separadamente de si mismo. Algumas vezes este rati pode culminar em samañjas€.

Vijaya: Veja só! Que extraordinário é este rati! Eu

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gostaria de ouvir falar de sua glória mais elevada.Gosv€m…: Quando este rati amadurece, ele alcança a

condição de mah€bh€va. Todas as personalidades liberadas estão buscando por este rati, e cinco tipos de bhaktas o al-cançam até onde a capacidade deles permitem.

Vijaya: Prabhu, eu gostaria de saber sobre a sequên-cia na qual rati evolui.

Gosv€m…: y€d d��he ‘yaˆ ratiƒ prem€ prodyan snehaƒ kram€d ayam

sy€n m€naƒ praŠayo r€go’nur€go bh€va ity api (Ujjvala-n…lamaŠ…, Sth€y…bh€va-prakaraŠa 53)

O significado é que este madhura-rati se torna estável pela presença de elementos contrários. Então, ele é chama-do prema. Este prema manifesta gradualmente sua própria doçura a medida que vai transformando-se em sneha, m€na, praŠaya, r€ga, anur€ga e bh€va.

Vijaya: Prabhu, dê-me, por favor, um exemplo para que eu possa entender este ponto.

Gosv€m…: Da mesma maneira que a semente de cana-de-açúcar cresce e se converte progressivamente em caldo de cana, gu�a, khaŠ�a, �arkar€, sit€ e sitotpala, similar-mente rati, prema, sneha, m€na, praŠaya, r€ga, anur€ga e bh€va são todos a mesma substância em estágios progres-sivos de desenvolvimento. Neste contexto, a palavra bh€va refere-se a mah€bh€va.

Vijaya: Por que você se refere a todos estes bh€vas como prema se eles tem nomes diferentes?

Gosv€m…: Os paŠ�itas utilizaram a palavra prema para referir-se a todos os estágios, começando com sneha, porque eles são seis estados progressivos no desenvolvi-mento dos não-adulteráveis jogos de prazer (vil€sa) do

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próprio prema. Como o prema por ®r… K��Ša, aparace em seus bhaktas, o tipo correspondente de prema também sur-ge em K��Ša por Seus bhaktas.

Vijaya: Quais as principais características de prema?Gosv€m…: Em madhura-rasa os laços de emoção en-

tre um casal jovem nunca se rompe, apesar de haver alguma causa para a destruição do relacionamento deles. Esse laço emocional indestrutível é chamado prema.

Vijaya: Quantos tipos de prema existem?Gosv€m…: Há três tipos: prau�ha, madhya e manda.Vijaya: Qual é a natureza de prau�ha-prema?Gosv€m…: Em prau�ha-prema o coração do amado

enche-se de ansiedade pela dor que sua amada deve sentir quando ela chega atrasada ao encontro.

Vijaya: O que é madhya-prema?Gosv€m…: Madhya-prema é aquele no qual o amado

tolera o sofrimento da amante.Vijaya: O que é manda-prema?Gosv€m…: Manda-prema é o prema no qual o esqueci-

mento pode ocorrer sob algumas circunstâncias particulares de tempo e lugar, ou no qual não existe sacrifício ou respei-to, como existe muita familiaridade entre os amantes, por serem muito íntimos e permanecerem juntos. Embora este prema seja moderado (manda), não há nele nem falta de respeito nem negligência.

Vijaya: Por favor, explique-me se houver alguma coisa mais importante sobre este assunto.

Gosv€m…: O prau�ƒa, madhya e manda-prema po-dem ser facilmente entendidos por um outro tipo de ca-racterística. O prema no qual a separação é intolerável é prau�ha-prema, o prema no qual a dor sentida pela se-paração é suportável é madhya-prema, e o prema no qual

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o esquecimento pode ocorrer em circunstâncias especiais é chamado manda-prema.

Vijaya: Eu entendi o prema. Agora, por favor, des-creva sneha.

Gosv€m…: Quando o prema alcança seu limite máxi-mo e acende a chama de chitta (mente) e derrete o coração, ele é chamado sneha. Aqui, a palavra chitta denota o al-cance do objeto (vi�aya) de prema. A característica margi-nal de sneha é que a pessoa nunca se sente satisfeita, apesar de olhar o objeto de sua afeição.

Vijaya: Existe alguma divisão superior e inferior em sneha?

Gosv€m…: Sim. Há, também, três divisões de acordo com o grau de desenvolvimento de sneha. Estas são uttama, madhya e kani�˜ha. Em kani�˜ha-sneha o coração derrete-se com o toque dos membros do corpo do amado, em madhya-sneha o coração derrete-se simplesmente ao ver o amado, e em uttama-sneha o coração derrete simplesmente por ouvir qualquer coisa relacionada com o seu querido amado.

Vijaya: Quantos tipos de sneha existem?Gosv€m…: A característica natural de sneha é que ele

pode se manifestar de duas formas: gh�ta-sneha e madhu-sneha.

Vijaya: O que é gh�ta-sneha?Gosv€m…: Gh�ta-sneha é profundo e com um gran-

de sentido de afeição respeitosa. O gh�ta (ghee) não pos-sui doçura independente como o mel; ele se torna delicioso quando ele é misturado com o açúcar e outros ingredientes. Similarmente, gh�ta-sneha não possui doçura independente como madhu-sneha e, somente torna-se altamente saboro-so quando misturado com outros bh€vas, tais como garva (orgulho) e as™y€ (ciúmes). Em seu estado natural o gh�ta-

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sneha é frio, e se torna denso com a honra e o respeito pro-fundo mútuo. Em outras palavras, o gh�ta-sneha se solidifi-ca em contato com o respeito mútuo (€dara) do n€yaka e da n€yik€, assim como o ghee se solidifica de forma natural em contato com uma substância fria. Este sneha denomina-se gh�ta-sneha porque ele possui as características do ghee.

Vijaya: O senhor mencionou o €dara (honra). Qual é a sua natureza?

Gosv€m…: O €dara surge de gaurava (respeito e ve-neração), assim €dara e gaurava são mutuamente inter-dependentes. Esta honra (€dara) se torna claramente mani-festa em sneha, embora esteja presente em rati.

Vijaya: O que é gaurava? Gosv€m…: Gaurava é a concepção de que “Ele é meu

guru-jana (superior respeitável)”, e o bh€va que surge desta concepção é chamado sambhrama. Adara e gaura-va são mutuamente interdependentes. Quando se tem uma atitude respeitosa é o sintoma de que gaurava (respeito e veneração) está naturalmente presente.

Vijaya: Qual é a natureza de madhu-sneha?Gosv€m…: O madhu-sneha é a afeição que é dotada de

possessividade excessiva (mad…yatva), a qual faz o aman-te pensar: “Ele é meu”. Esta afeição manifesta sua própria doçura sem depender de quaisquer outros bh€vas. Ela é independentemente plena de doçura, e é combinada com uma variedade de rasas. Ela também cria calor por causa de sua tendência natural pela paixão enlouquecida. E é cha-mado madhu-sneha porque ele possui estas características do mel.

Vijaya: O que é possessividade (mad…yatva)?Gosv€m…: Duas concepções são manifestas em rati.

Um tipo de rati está dotado com a idéia de que “Eu sou

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Seu” e, o outro está dotado com a convicção de que “Ele é meu”. O humor predominante em gh�ta-sneha é, “Eu sou dEle”, enquanto que o humor predominante em mad-hu-sneha é “Ele é meu”. O gh�ta-sneha é o humor ca-racterístico de Candr€val…, enquanto madhu-sneha é o de ®r…mat… R€dhik€. Estes dois bh€vas são mad…yatva.Quando Vijaya ouviu sobre estes dois tipos de bh€vas, seus pêlos começaram a arrepiar-se. Oferecendo daŠ�avat-praŠ€ma a ®r… Guru Gosv€m…, disse com a voz embarga-da pela emoção: Hoje eu sinto que sou muito afortunado e meu nascimento humano tornou-se bem-sucedido. Embora bebendo o néctar de suas instruções, minha sede por ouvir ainda não está satisfeita. Agora, por favor, mostre-me sua misericórdia sem causa e explique-me sobre m€na.

Gosv€m…: M€na é o sneha que alcançou o grau mais elevado de sua excelência e que assume externamente a for-ma de um humor enganoso ou indireto, que faz com que o n€yaka e a n€yik€ experimentem novas doçuras.

Vijaya: Quantos tipos de m€na existem?Gosv€m…: Há dois tipos de m€na: ud€tta e lalit€.Vijaya: O que é ud€tta-m€na?Gosv€m…: Existem, também, dois tipos de ud€tta-

m€na. Um tipo adota externamente um humor submis-so (d€k�iŠya-bh€va) e internamente um humor contrário (v€mya-bh€va). A outra se expressa mediante um compor-tamento extremadamente enigmático: ela oculta os bh€vas da mente e se caracteriza por sua profunda gravidade ador-nada com um toque de v€mya. O ud€tta-m€na ocorre so-mente no gh�ta-sneha.

Vijaya: O que é lalita-m€na? Eu não posso dizer por que, mas por alguma razão isto é mais interessante para mim.

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Gosv€m…: Quando o madhu-sneha torna-se turbu-lento devido a sua tendência a transbordar e, revela bom-humor e rodeios desenfreados e extremamente doces, de-nomina-se lalita-m€na. Há também dois tipos de lalita-m€na: kau˜ilya-lalita-m€na e narma-lalita-m€na. Quando o coração assume independentemente, uma natureza tor-tuosa, é chamado kau˜ilya-lalita-m€na e o m€na que está inspirado pelo humor é conhecido como narma-lalita-m€na. Ambos os tipos de m€na surgem de madhu-sneha.

Vijaya: O que é praŠaya?Gosv€m…: PraŠaya é quando m€na está dotado com

um vi�rambha de tal grau que a pessoa se considera não diferente do amado.

Vijaya: Qual é o significado de vi�rambha neste con-texto?

Gosv€m…: Vi�rambha é a confiança íntima, e ela é a natureza intrínseca de praŠaya. O vi�rambha não é a cau-sa instrumental (nimitta-k€raŠa) de praŠaya, ao contrário, é a causa ingrediente (up€d€na-k€raŠa). Há dois tipos de vi�rambha: maitra e sakhya.

Vijaya: O que é maitra-vi�rambha?Gosv€m…: Maitra-vi�rambha é a confiança implícita

que está dotada com cortesia e humildade.Vijaya: O que é sakhya-vi�rambha?Gosv€m…: A confiança implícita é chamada sakhya-

vi�rambha, quando ela está livre de todo tipo de temor e imbuída de plena confianca que o amado da pessoa é con-trolado pelo amor dela.

Vijaya: Por favor, explique claramente a inter-rela-ção que existe entre praŠaya, sneha e m€na.

Gosv€m…: Em algumas circunstâncias, praŠaya sur-ge de sneha e, então desenvolve o comportamento carac-

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terístico de m€na. Em outros casos, o m€na surge de sneha e, então torna-se praŠaya. Portanto, o m€na e o praŠaya tem uma relação intercambiável como causa e efeito. Por isso, vi�rambha é descrito separadamente. A aparição de maitra e sakhya é causada pelas diferenças entre ud€tta e lalita. Além disso, no praŠaya está também a consideração de sumaitra e de susakhya (o prefixo su significa especial ou bom).

Vijaya: Agora, por favor, descreva os sintomas de r€ga. Gosv€m…: O praŠaya é chamado r€ga em sua con-dição mais elevada, quando até mesmo o maior sofrimento parece ser felicidade.

Vijaya: Quantos tipos de r€ga existem?Gosv€m…: Há dois tipos de r€ga: n…lim€-r€ga e

raktim€-r€ga. Vijaya: Quantos tipos de n…lim€-r€ga existem?Gosv€m…: Há também dois tipos de n…lim€-r€ga: n…l…-

r€ga e �y€m€-r€ga.Vijaya: O que é o n…l…-r€ga?Gosv€m…: O n…l…-r€ga é o r€ga que não tem a possibi-

lidade de enfraquecer, e quando ele é visível externamente, ele oculta outros bh€vas com os quais estão combinados. Este r€ga pode ser visto em Candr€val… e K��Ša.

Vijaya: O que é �y€m€-r€ga?Gosv€m…: ®y€m€-r€ga é o r€ga que se manifesta pela

timidez, au�adhaseka e assim por diante. Ele se manifesta de forma mais expressiva que o n…l…-r€ga e é alcançado de-pois de um longo tempo.

Vijaya: Quantos tipos de raktim€-r€ga existem?Gosv€m…: Há dois tipos: kusumbha-r€ga e mañji�˜h€

sambhava-r€ga.

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975Madhura-Rasa: Sth€y…bh€va e os Estágios de Rati

Vijaya: O que é kusumbha-r€ga?Gosv€m…: O kusumbha-r€ga é o r€ga que é instilado

no coração, em seguida ele manifesta sua própria beleza de acordo com a necessidade, embora ao mesmo tempo, ele ilumine o esplendor de outros r€gas. O kusumbha-r€ga permanece estável no coração que tem uma capacidade es-pecial para contê-lo, embora algumas vezes diminua quan-do ele é misturado com mañji�˜ha nas amadas de K��Ša.

Vijaya: O que é mañji�˜ha-r€ga?Gosv€m…: Mañji�˜ha-r€ga é o r€ga que é auto-mani-

festo; isto é, ele não depende de outros, ele nunca é destruí-do, ele é sempre fixo, e ele nunca diminui, ao contrário do kusumbha. Tal r€ga é encontrado em ®r…mat… R€dh€ e em K��Ša.

A conclusão é que os bh€vas que já descrevi – tais como gh�ta-sneha, ud€tta, maitra, sumaitra e n…lim€ – são encontrados em Chandr€val… e nas mahi�…s como RukmiŠ…. Todos os bh€vas progressivamente superiores – tais como madhu-sneha, lalit€, sakhya, susakhya e raktim€ – são en-contrados totalmente em ®r… R€dhik€. Eles são algumas ve-zes manifestos em Satyabh€m€ e, em circunstâncias especi-ais, também em Lak�maŠ€.

Quando anteriormente eu discuti sobre €lambana-vibh€va, analisei as divisões – tal como svapak�a – entre as várias dev…s de Gokula, as quais surgem destes diferentes tipos de bh€va.

Personalidades eruditas apoiam-se na inteligência trans-cendental (o poder de prajñ€) para compreender as várias di-visões separadas que podem ocorrer pela combinação mútua dos quarenta e um e outros mukhya-bh€vas, mencionados no Bhakti-ras€m�ta-sindhu. Aqui, eu não estou dando uma

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976 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 36

explicação separada.Vijaya: A que bh€vas você se refere quando usa o

termo “outros bh€vas” (bh€v€ntara)?Gosv€m…: Eu me refiro a sth€y…-madhura-bh€va, trin-

ta e três vyabhich€r…-bh€vas e sete gauŠa bh€vas começan-do com h€sya. O termo “outros bh€vas” (bh€v€ntara) refe-re-se ao total de quarenta e um bh€vas.

Vijaya: Eu entendi o assunto de r€ga. Agora, ex-plique-me anur€ga, por favor.

Gosv€m…: O anur€ga é eternamente novo e sempre renovado, e faz com que sempre se experimente o amado como novo a cada momento.

Vijaya: Alguma outra característica fascinante é ma-nifesta por esta anur€ga?

Gosv€m…: O anur€ga está manifesto em formas, tais como os sentimentos nos quais os amantes sentem que tem domínio um do outro pelo amor, por prema-vaicchitya e o desejo de nascer entre objetos inanimados. Anur€ga tam-bém causa o aparecimento do sph™rti de K��Ša no momento da separação.

Vijaya: Eu posso entender facilmente o sentido do domínio mútuo, e o desejo de nascer como um objeto in-erte, tal como uma árvore. Mas, por favor, misericordiosa-mente instrua-me sobre prema-vaichittya.

Gosv€m…: O prema-vaichittya está incluído em vipralambha; eu irei lhe falar sobre isto depois.

Vijaya: Está bem. Então, por favor, fale-me sobre mah€bh€va.

Gosv€m…: Meu querido filho, minha experiência pes-soal sobre vraja-rasa é absolutamente insignificante. Onde eu estou, e onde está a descrição do supremamente elevado mah€bh€va? Todavia, estou falando somente sob a força

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977Madhura-Rasa: Sth€y…bh€va e os Estágios de Rati

da misericordiosa �ik�€ que recebi de ®r… R™pa Gosv€m… e do PaŠ�ita Gosv€m…. Você deve realizar que somen-te pela misericórdia deles, é que eu posso dizer algo de acordo com as definições de ®r… R™pa Gosv€m…. Quando anur€ga, na forma de y€vad-€�raya-v�tti chega à condição de svayaˆvedya-da�€ e se manifesta (prak€�ita), ele é cha-mado bh€va ou mah€bh€va.

Vijaya: Prabhu, sou completamente inútil e despro-vido. Eu estou perguntando tolamente. Por favor, seja com-passivo e explique os sintomas de mah€bh€va em uma lin-guagem simples que seja adequada ao meu entendimento.

Gosv€m…: ®r… R€dhik€j… é o €�raya de anur€ga e K��Ša o vi�aya de anur€ga. ®r… Nandanandana em Sua for-ma ��ng€ra é o máximo de vi�aya-tattva, e ®r… R€dh€j… é o máximo de €�raya-tattva. Isto significa que somente ®r… K��Ša é o vi�aya supremo de anur€ga e ®r… R€dh€j… é Sua €�raya suprema. O anur€ga deles é o sth€y…bh€va. Quando este anur€ga chega ao limite máximo, ele é chamado y€vad-€�raya-v�tti. Nessa condição, ele chega a svayaˆvedya-da�€, numa condição que somente pode ser realizada com-pletamente por tal amante especial. No momento em que anur€ga é iluminada pelos bh€vas, tal como s™dd…pta.

Vijaya: Oh! Mah€bh€va! Hoje compreendi algo sobre o significado de mah€bh€va. Mah€bh€va é a culminação de todos os bh€vas. Eu fiquei intensamente ávido por ouvir um exemplo deste mah€bh€va. Por favor, seja misericordioso e descreva alguma coisa para satisfazer meus ouvidos.

Gosv€m…: Este verso (�loka) é um exemplo de mah€bh€va:r€dh€y€ bhavata� ca citta-jatun… svedair vil€pya kram€dyuñjann adri-nikuñja-kuñjara-pate nirdh™ta-bheda-bhra-

mam

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978 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 36

citr€ya svayam anvarañjayad iha brahm€Š�a-harmyodarebh™yobhir nava-r€ga-hi‰gula-bharaiƒ ��‰g€ra-k€ruƒ k�t…

(Ujjvala-n…lamaŠi, Sth€y…bh€va prakaraŠa 155)

®r… R€dh€-K��Ša desfrutam continuamente Suas brincadeiras amorosas nos nikuñjas. V�Šd€-dev…, ao realizar a excelência do anur€ga deles, disse a K��Ša: “Ó, rei dos elefantes loucos, que brinca nos bosques da Colina de Govardhana! Há um artista habilidoso chamado ®�‰g€ra rasa, que logo depois do fogo gerado pelo calor de Seus dois bh€vas, aos poucos derreteu as formas de laca de Seus corações e os transformou em um. Então, misturando isso com abundantes quantidades de ku‰kuma do Seu sempre renovado r€ga, Ele está pintando um impressionante quadro nas paredes interiores do magnífico templo do universo.

Aqui, ‘nirdh™ta-bheda-brahamam’ significa que R€dh€ e K��Ša ficaram livres de Suas dualidades e se torna-ram um, e assim culmina no estágio de svayaˆvedya da�€. O magnífico templo do universo deve ser entendido como y€vad-€�raya-v�tti, e o termo “ele está pintando” indica a condição de prak€�ita.

Vijaya: Onde o mah€bh€va este encontrado? Gosv€m…: Mah€bh€va é extremamente raro, mesmo

nas mahi�…s lideradas por RukmiŠ…. Ele é somente experi-mentado pelas vraja-dev…s lideradas por ®r… R€dh€.

Vijaya: O que significa isto? Gosv€m…: Svak…y€-bh€va está presente onde quer

que a n€yik€ esteja ligada ao n€yaka pelas regras do ma-trimônio. Em svak…y€-bh€va, rati é samañjas€, assim ele não é competente para alcançar a condição mais elevada, tal

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como mah€bh€va. Svak…y€-bh€va está também presente em algumas gop…s em Vraja, mas parak…y€-bh€va é predomi-nante. como mah€bh€va. Svak…y€-bh€va está também pre-sente em algumas gop…s em Vraja, mas parak…y€-bh€va é predominante. Em Vraja o rati é samarth€, e ele se desen-volve plenamente e chega até a condição de mah€bh€va.

Vijaya: Quantos tipos de mah€bh€va existem?Gosv€m…: Mah€bh€va é a personificação do néctar

mais elevado, que atrai o coração e, que faz com que ele alcance sua própria natureza intrínseca. Existem dois tipos de mah€bh€va: r™�a e adhir™�ha.

Vijaya: O que é r™�ha-mah€bh€va? Gosv€m…: R™�ha-mah€bh€va é o estágio no qual

todos os s€ttvika-bh€vas estão manifestos na condição de udd…pta. Vijaya: Seja misericordioso e me explique os anubh€vas de r™�ha-mah€bh€va.

Gosv€m…: Em r™�ha-mah€bh€va, o passar de mesmo um momento é intolerável; este r™�ha-mah€bh€va agita os corações daqueles que estão presentes; uma kalpa parece passar num instante (kalpa-k�aŠatva); a pessoa sente desa-lento devido a apreensão de que K��Ša possa estar experi-mentando algum incômodo, embora, na verdade Ele esteja feliz; a pessoa se esquece de tudo, até de si mesma, embora ela não esteja perplexa; um momento é visto como uma kal-pa (k�aŠa-kalpat€). Alguns destes anubh€vas são experi-mentados durante o encontro e outros durante a separação.

Vijaya: “Mesmo o passar de um momento é intole-rável” – por favor, dê um exemplo disto para que facilite meu entendimento.

Gosv€m…: Este bh€va é vaichittya-vipralambha (uma manifestação particular de separação). Mesmo no encontro, há o sentimento de estar separado e, mesmo um instante

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de separação é intolerável. Por isso que, quando as gop…s olharam para ®r… K��Ša, pela primeira vez, depois de longo tempo, em Kuruk�etra, elas amaldiçoaram Brahm€j…, o cria-dor de suas pálpebras, porque o piscar das pálpebras estava obstruindo a visão de K��Ša. Mesmo o instante que decor-reu durante o piscar de seus olhos ficou insuportável.

Vijaya: “Este r™�ha-bh€va agita os corações daque-les que estão presentes” — o que significa isto?

Gosv€m…: Em Kuruk�etra, por exemplo, quando as mahi�…s, tal como RukmiŠ… e os reis, tal como Yudhi�˜hira viram o extraordinário anur€ga das gop…s que foram ver K��Ša, os corações deles se agitaram. Esta declaração se refere a isto.

Vijaya: O que é kalpa-k�aŠatva?Gosv€m…: Embora a noite do r€sa-l…l€ fosse tão longa

quanto a duração de uma noite de Brahm€, ainda assim ela foi vista como sendo menos de um segundo para as gop…s. Tal humor é chamado kalpa-k�aŠatva.

Vijaya: Por favor, ajude-me a entender o bh€va do sentimento de desalento por medo de que ®r… K��Ša pos-sa experimentar algum incômodo, embora, na verdade, Ele esteja feliz.

Gosv€m…: Um exemplo é encontrado no seguinte ver-so (�loka):

yat te suj€ta-caraŠ€mburuhaˆ stane�ubh…t€ƒ �anaiƒ priya dadh…mahi karka�e�uten€˜av…m a˜asi tad vyathate na kiˆ svit

k™rp€dibhir bhramati dh…r bhavad-€yu�€ˆ naƒ ®r…mad-Bh€gavatam (10.31.19)

Mesmo quando as gop…s seguravam os pés de lótus de ®r… K��Ša sobre seus seios, elas pensavam: “É la-

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mentável que nossos seios sejam tão rijos. Os pés de lótus de K��Ša são tão macios que eles devem doer quando nós os colocamos sobre nossos seios.” Este remorso é chamado desalento devido ao medo de causar difculdade a K��Ša no momento da felicidade dEle.Vijaya: Qual é o fenômeno que faz esquecer tudo,

mesmo na ausência de perplexidade?Gosv€m…: Quaisquer tipos de perplexidades (moha)

são destruídos pelo sph™rti de K��Ša no coração; isto é, ocorre a ausência total de moha. Porém, quando o sph™rti de K��Ša aparece, a pessoa perde o sentido de tudo e do mundo inteiro, incluindo o próprio corpo.

Vijaya: O que é k�aŠa-kalpat€?Gosv€m…: K��Ša descreve a Uddhava o estado de

separação das gop…s, “Uddhava, quando Eu estava com as vraja-v€s…s em V�nd€vana, suas noites Comigo pareciam passar num instante, mas separadas de Mim, essas mesmas noites pareciam nunca ter fim, e elas sentiam que essas noites eram mais longas do que uma kalpa”. Desta manei-ra, elas experimentavam que o passar de um momento era como se estivessem perdidas num vasto oceano de tempo.

Vijaya: Eu compreendi o r™�ha-mah€bh€va. Agora explique, por favor, adhir™�ha-mah€bh€va.

Gosv€m…: Adhir™�ha-mah€bh€va é o humor no qual todos os anubh€vas que são manifestos no mah€bh€va es-pecífico alcançam características especiais, que são mesmo mais surpreendentes do que aqueles anubh€vas em suas formas normais.

Vijaya: Quantos tipos de adhir™�ha existem?Gosv€m…: Dois tipos: modana e m€danaVijaya: O que é modana?

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Gosv€m…: É chamado modana o adhir™�ha-mah€bh€va no qual todos os s€ttvika-bh€vas do n€yaka e da n€yik€ estão despertos a uns níveis muito maiores que na condição udd…pta. Neste modana-bh€va, K��Ša e R€dh€ sentem alguma angústia e medo.

Vijaya: Descreva, por favor, a posição de modana.Gosv€m…: O modana não ocorre em nenhum outro

lugar a não ser no y™tha de ®r… R€dhik€. Modana são as brincadeiras de prazer mais querida e deleitante de hl€din…-�akti. Em algumas condições especiais de separação, modana transforma-se em mohana e, como um efeito des-sa condição de separação desprotegida, todos os s€ttvika-bh€vas se manifestam na condição de s™dd…pta.

Vijaya: Por favor, descreva os anubh€vas no estágio de mohana.

Gosv€m…: K��Ša desmaia enquanto é abraçado por uma outra amante1; a pessoa deseja a felicidade de K��Ša, enquanto aceita um sofrimento insuportável; o bh€va é chamado brahm€Š�a-k�obha-k€rit€ e ele causa angústia no universo inteiro, pois até mesmo as aves e os pássaros começam a chorar, e também um sentimento de separação intenso que, como no caso de morte, os cinco elementos do corpo possam associar com ®r… K��Ša. No estágio de moha-na também ocorre o divya-unm€da (loucura divina) e outros anubh€vas. As milagrosas características de mah€bh€va se manifestam em toda sua plenitude no mohana-bh€va de ®r… R€dhik€, inclusive mais do que em moha, a qual está incluí-da entre os sañc€r…-bh€vas.

Vijaya: Prabhu, se você considerar apropriado, tenha a bondade de descrever os dois sintomas de divya-unm€da.

Gosv€m…: Quando o mohana-bh€va chega a um raro e indescritível modo de conduta, desenvolve-se uma con-1Veja nota de rodapé no final do capítulo

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dição maravilhosa semelhante ao estado de confusão total, isto é divya-unm€da. Ele tem muitos aspectos diferentes, tais como udgh™rŠ€ e chitra-jalpa.

Vijaya: O que é udgh™rŠ€?Gosv€m…: Udgh™rŠ€ é o estágio em divy€-unm€da,

no qual muitas variedades de maravilhosos e incontroláveis esforços são manifestados.R€dhik€ experimentou udgh™rŠ€ quando K��Ša partiu para Mathur€. Naquela época, como se estivesse em comple-to esquecimento devido aos sentimentos de separação de K��Ša, R€dh…ka pensou: “K��Ša está voltando. A qualquer momento Ele estará aqui.” Pensando desta maneira, Ela fez a cama em Seu kuñja. Algumas vezes Ela censurava as nuvens escuras como uma n€yik€ que expressa sua ira por seu amante infiel (khaŠ�it€), e outras vezes, Ela ía de um lado para o outro muito rapidamente na densa escuridão da noite, como uma n€yik€ que faz uma jornada secreta para encontrar com seu amante (abhis€riŠ…).

Vijaya: O que é chitra-jalpa?Gosv€m…: Chitra-jalpa consiste de diálogos que ocor-

rem quando a pessoa encontra um amigo do seu amante. Eles estão cheios de saudades, e estas surgem dos bh€vas, tais como ciúmes, inveja, inquietude, orgulho e muito an-seio.

Vijaya: Quantos a‰gas de chitra-jalpa existem?Gosv€m…: Existem dez tipos de chitra-jalpa, a saber:

prajalpa, parijalpa, vijalpa, ujjalpa, sañjalpa, avajalpa, abhijalpa, €jalpa, pratijalpa e sujalpa. Você pode encontrar uma descrição deles no Bhramara-g…t€, no Décimo Canto do ®r…mad-Bh€gavatam2.

Vijaya: O que é prajalpa?Gosv€m…: Prajalpa significa revelar a falta de tato

2 Veja nota de rodapé no final do capítulo

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do amante, utilizando gestos negligentes cheios de malícia, ciúmes e orgulho.

Vijaya: O que é parijalpa?Gosv€m…: Parijalpa é mostrar a própria perícia medi-

ante expressões que indicam faltas em seu pr€Ša-dhana, tais como Sua crueldade, traição e instabilidade.

Vijaya: O que é vijalpa?Gosv€m…: Vijalpa se refere a fala na qual a pessoa faz

alegações maliciosas contra K��Ša, enquanto o aspecto de m€na esteja oculto no coração.

Vijaya: O que é ujjalpa?Gosv€m…: Ujjalpa significa falar da traição de K��Ša,

hipocrisia, e assim por diante, além do ciúme surgido do or-gulho da pessoa, e sempre fazendo alegações hostis contra Ele. Vijaya: O que é sañjalpa?

Gosv€m…: Sañjalpa é colocar a ingratidão, indelica-deza, engano de K��Ša e assim por diante, através de acu-sações e gestos enigmáticos.

Vijaya: O que é avajalpa?Gosv€m…: Avajalpa significa expressar apego invo-

luntário ou incontrolável por K��Ša, com medo permeado de ciúmes, enquanto encontra falhas nEle, tais como dureza de coração, luxúria e vilania.

Vijaya: O que é abhijalpa?Gosv€m…: Abhijalpa é lamentar-se com expressões

indiretas, tal como “K��Ša causa a dor da separação até mesmo aos Seus pássaros, tais como Seu papagaio e os pa-vões, por isso se apegar a Ele é inútil.”

Vijaya: O que é €jalpa?Gosv€m…: šjalpa significa expor a duplicidade e a in-

solência de K��Ša devido ao menosprezo por si mesmo, edizer que somente os assuntos que não estão relacionados

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com o l…l€-kath€ de K��Ša dão felicidade.Vijaya: O que é pratijalpa?Gosv€m…: Pratijalpa significa mostrar respeito por um

mensageiro enviado por K��Ša, e dizer: “K��Ša é um enga-nador e um malandro quando Ele busca por amor afetuoso; por isso não é apropriado encontrar-se com Ele, porque Ele está com outras jovens encantadoras no momento”.

Vijaya: O que é sujalpa?Gosv€m…: Sujalpa é perguntar sobre K��Ša por sim-

plicidade, com um humor de gravidade, humildade, inquie-tude e muita avidez.

Vijaya: Prabhu, eu estou qualificado para saber so-bre os sintomas de m€dana?

Gosv€m…: Quando o prema, que é a personifica-ção da essência de hl€din…, intensifica-se mesmo além da mah€bh€va que eu já descrevi, ele chega a uma condição extremamente avançada. A emoção suprema, na qual ele se torna jubiloso (ull€sa) devido a simultânea manifestação de todos os tipos de bh€vas, é chamada m€dana. Este m€dana está eterna e esplendidamente manifesto somente em ®r… R€dh€. Ele não surge em outras gop…s, nem sequer em gop…s como Lalit€. Vijaya: Há ciúme em m€dana-bh€va?

Gosv€m…: O ciúme é muito proeminente em m€dana-bh€va; ele é visto até mesmo direcionado para objetos in-apropriados ou inanimados. M€dana é famoso também por fazer ®r… R€dh€ louvar qualquer coisa que tenha, ain-da que seja, uma relação insignificante com K��Ša, embo-ra Ela esteja sempre em íntima união com Ele. Por exem-plo, ®r…mat… R€dhik€ sente inveja da vana-m€l€ (guirlanda de flores silvestres) de K��Ša, e de Suas queridas garotas das regiões montanhosas, da tribo Pulinda.

Vijaya: Quando surge m€dana?

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Gosv€m…: Este fascinante m€dana-bh€va surge so-mente no momento do encontro. Os alegres passatempos eternos de m€dana reinam esplendidamente em inumerá-veis formas.

Vijaya: Prabhu, podemos encontrar uma descrição deste tipo de m€dana nas declarações de alguns sábios?

Gosv€m…: O m€dana-rasa é ilimitado, de modo que é difícil até mesmo para o Cupido transcendental, ®r… K��Ša, entender a completa extensão de Suas atividades. Por isso, mesmo ®r… ®uka Muni não foi capaz de descrevê-Lo com-pletamente, o que dizer de filósofos de rasa, tal como Bha-rata Muni.

Vijaya: Suas declarações são extraordinárias. Como é possível que o próprio K��Ša, que é a personificação de rasa e o desfrutador constitucional de rasa, não entenda plenamente o comportamento de m€dana?

Gosv€m…: K��Ša é o próprio rasa, e Ele é ilimitado, onisciente e onipotente. Para Ele não há nada oculto, in-acessível ou impossível. Ele é eternamente eka-rasa e ao mesmo tempo, é também aneka-rasa, devido a Sua acintya-bhed€bheda-dharma. Como eka-rasa (mantém tudo dentro de Si mesmo), Ele é €tm€r€ma, e nesta condição, nenhum rasa existe separadamente dEle. Contudo, Ele é simulta-neamente aneka-rasa. Assim, além de €tma-gata-rasa (rasa experimentado por Si mesmo), há também para-gata-rasa (rasa experimentado por outros) e variadas misturas, €tma-para-vichitra-rasa. A felicidade de Sua l…l€ encontra-se nos dois últimos tipos de rasa. Quando o para-gata expande até o mais elevado grau ele é chamado parak…y€-rasa, e este desenvolvimento sublime se manifesta em abundância em

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V�nd€vana. Assim, para o €tma-gata-rasa, o desconheci- do, exaltado e felicidade única de parak…y€-rasa, é o limite máximo de m€dana. Isto está presente totalmente durante a l…l€ não-manifesta em Goloka e, também num grau dimi-nuto em Vraja.

Vijaya: Prabhu, você demonstrou para mim uma mi-sericórdia ilimitada. Agora, por favor, explique a essência de todos os tipos de madhura-rasa brevemente, para que eu possa entender facilmente.

Gosv€m…: Todos os bh€vas que surgem nas vraja-dev…s são divinos em todos os aspectos e, estão além da jurisdição da lógica. Por isso, não é somente difícil, mas impossível, descrever aqueles bh€vas completamente. Nas escrituras está dito que o r€ga de ®r… R€dhik€ se mani-festa de p™rva-r€ga. Em condições especiais, esse mesmo r€ga torna-se anur€ga, e desse anur€ga vem sneha. Logo adiante ele se manifesta em m€na e praŠaya. Todos estes pontos não são fixos, mas a condição de dh™m€yita, é cer-tamente, o limite mais elevado de rati s€dh€raŠ…. O rati samañjas€ desenvolve-se até sneha, m€na, praŠaya, r€ga e anur€ga, no qual d…pta-rati é manifesto na forma de jvalita. Em r™�ha-mah€bh€va há udd…pta, e de modana em diante há s™dd…pta-rati. Você deve entender que o madhura-rasa é algumas vezes desta forma, porque a ordem dos estágios também pode ser adaptada de acordo com as diferenças de tempo, lugar e circunstância. O rati s€dh€raŠ… se desen-volve até prema, o rati samañjas€ até anur€ga e o rati- samarth€ até mah€bh€va.

Vijaya: Até onde se desenvolve rati em sakhya-rasa?

Gosv€m…: Rati dos associados narma-vayasa chega até anur€ga, mas o rati de Subala e de outros chega até

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mah€bh€va. Vijaya: Vejo que as características do sth€y…bh€va que

descreveu antes chegam até mah€bh€va. Se sth€y…bh€va ésomente um tattva do começo ao fim, por que observamos diferenças entre os rasas?

Gosv€m…: Estas diferenças entre rasas surgem dos diferentes tipos de sth€y…bh€va. As misteriosas atividades do sth€y…bh€va não são evidentes. As diferentes categorias somente ficam visíveis quando os ingredientes são combi-nados com o sth€y…bh€va. O sth€y…bh€va chega ao estado de rasa mediante uma combinação dos componentes ade-quados do rasa, dependendo da identidade particular oculta deste.

Vijaya: A distinção entre svak…y€ e parak…y€ é eterna em madhura-rati?

Gosv€m…: Sim, a distinção entre svak…y€ e parak…y€ é eterna; não se trata de uma designação arbitrária. Se esta di-ferença fosse considerada como uma designação arbitrária, então todos os rasas liderados por madhura-rasa deveriam ser também considerados designações arbitrárias. O rasa eterno e natural de uma pessoa, é de fato, sua própria ca-racterística particular do rasa eterno. Ela tem seu ruci cor-respondente e executa o bhajana apropriado, e isso faz com que ela obtenha o tipo de resultado correspondente.

Há também svak…y€-rasa em Vraja. Aqueles que mantêm o humor “K��Ša é meu esposo” têm um tipo de ruci correspondente, s€dhana-bhajana e meta última. A qualidade de svak…y€ em Dv€rak€ é a de um tattva de VaikuŠ˜ha, enquanto que a qualidade de svak…y€ em Vraja é a de um tattva de Goloka. Há diferença entre ambos os tat-tvas. V€sudeva K��Ša, o filho de Vasudeva, está dentro de Vrajan€tha K��Ša, e deve-se entender que a condição mais

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elevada deste svak…y€-tattva em relação com V€sudeva K��Ša chega somente até VaikuŠ˜ha.

Após ouvir isto, Vijaya ofereceu praŠ€ma para seu ®r… Gurudeva – mestre espiritual – regressou para a sua residência, absorto em grande amor.

Assim termina o Trigésimo Sexto Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Madhura-Rasa: Sth€y…bh€va e os Estágios de Rati”

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1Quando RukmiŠ… abraça K��Ša em Dv€rak€, Ele algumas vezes cai inconsciente e lembra de Seus passatempos divertidos com R€dh€ nos nikuñjas de V�nd€vana, próximo as margens do Yamun€.

2Para mais detalhes, ver o ®r…mad-Bh�gavatam, 10º Canto, cap. 47, com o Vai�Šava-to�aŠ… de ®r…la San€tana Gosv€m…, e o ®r… Chaitanya-charit�m�ta, Antya-l…l� 19, com o co-mentário Anubh€�ya de ®r…la Bhaktisiddhanta Sarasvati µh€kura.

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Capítulo 37®�‰g€ra-Rasa: ®�‰g€ra Svar™pa e Vipralambha

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Vijaya Kum€ra saboreou os aspectos de m€dhurya-bh€va que ouvira no dia anterior e, ele ainda estava neste humor quando se apresentou outra vez diante de ®r… Gu-rudeva. Ele ofereceu reverências (praŠ€ma), e perguntou submissamente:

Prabhu, eu entendi os vibh€va, anubh€va, s€ttvika-bh€va e vyabhic€r…-bh€va, e também a svar™pa de sth€y…bh€va. Contudo, embora eu tenha combinado estes quatro tipos de ingredientes com o sth€y…bh€va, ainda assim eu não posso despertar rasa. Por quê?

Gosv€m…: Querido Vijaya, você não será capaz de despertar rasa em sth€y…bh€va a menos que se familiarize com a svar™pa (natureza intrínseca) de ��ng€ra-rasa.

Vijaya: O que é ��ng€ra-rasa?Gosv€m…: ®�ng€ra-rasa é o extraordinário e abun-

dante encanto transcendental de madhura-rasa. Há dois tipos de ��ng€ra: vipralambha (amor em separação) e

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sambhoga (encontro no qual há divertidos passatempos transcendentais).

Vijaya: Eu gostaria de saber as características de vipralambha.

Gosv€m…: Vipralambha é uma emoção deleitante que se manifesta quando o n€yaka e as n€yik€s não podem satis-fazer seu sentimento de demonstrar desejo e saudades pelos passatempos, tais como abraços e beijos. Vipralamha pode ocorrer em qualquer estado, ou durante o encontro (milana) ou durante a separação (viyoga), sua especialidade é nutrir o humor de sambhoga. Vipralambha também é chamado viraha ou viyoga.

Vijaya: Como vipralambha nutre o humor de sambhoga?

Gosv€m…: Quando se tinge uma roupa colorida mui-tas vezes na mesma tintura, o brilho de sua cor é realçado. Similarmente, vipralambha intensifica o sublime esplendor de sambhoga-rasa. Sambhoga não pode se desenvolver completamente sem vipralambha.

Vijaya: Quantos tipos de vipralambha existem?Gosv€m…: Há quatro tipos: p™rva-r€ga, m€na,

prema-vaichittya e prav€sa.Vijaya: O que é p™rva-r€ga?Gosv€m…: P™rva-r€ga é a fascinação e o encanta-

mento que surge quando o n€yaka e a n€yik€ vêem um ao outro, e ouvem falar um do outro antes de se encontrar real-mente.

Vijaya: Quais são os diferentes meios de ver um ao outro?

Gosv€m…: A n€yik€ pode ver K��Ša diretamente em pessoa, ver Sua forma em uma pintura ou vê-Lo em sonhos.

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997®�‰g€ra-Rasa: ®�‰g€ra Svar™pa e Vipralambha

Vijaya: E, quais são as diferentes maneiras de ouvir falar um do outro?

Gosv€m…: Uma pessoa pode ouvir a recitação dos stutis e a glorificação do n€yaka, ouvir falar dEle dos lá-bios das sakh…s e mensageiras (d™t…s), e escutar canções em louvor a Ele.

Vijaya: O que causa o aparecimento deste rati?Gosv€m…: Quando expliquei sth€y…bh€va antes,

eu mencionei que o aparecimento de rati é causado por abhiyoga, vi�aya, sambandha, abhim€na e assim por dian-te. Estas também são as causas do aparecimento de rati em p™rva-r€ga.

Vijaya: Este p™rva-r€ga manifesta-se primeiro no vraja-n€yaka ou nas vraja-n€yik€s?

Gosv€m…: Aqui há muitas considerações. Em casos mundanos, geralmente é o homem quem inicia o desejo de atração mútua, já que as mulheres são geralmente mais tí-midas do que os homens. Contudo, uma vez que as mu-lheres também têm mais prema, p™rva-r€ga se manifesta primeiro nas gop…s de olhos de corça. Os bhakti-�€stras de-claram que p™rva-r€ga se manifesta primeiro no bhakta, e ®r… K��Ša recíproca da mesma maneira. As vraja-dev…s são as mais elevadas entre todos os bhaktas, assim, p™rva-r€ga se manifesta primeiro nelas de um modo perfeito.Há um antigo ditado em relação a este aspecto da natureza humana: “A mulher sente atração primeiro e o homem cor-responde aos gestos dela.” Contudo, não há nenhuma falta em inverter a ordem desse ditado, se a intensidade do prema é a mesma em ambos.

Vijaya: Explique, por favor, os sañc€r…-bh€vas de p™rva-r€ga.

Gosv€m…: A doença, a dúvida, o ciúme, o esforço

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excessivo, a fadiga, a depressão, o anseio, a humildade, a ansiedade, o sono, o despertar, o abatimento, a inércia, a loucura, a confusão e o desejo de morrer são todos sañc€r… ou vyabhich€r…-bh€vas.

Vijaya: Quantos tipos diferentes de p™rva-r€ga existem?

Gosv€m…: Há três tipos: prau�ha (completamente maduro), samañjasa (intermediário) e s€dh€raŠa (geral).

Vijaya: O que é p™rva-r€ga prau�ha (completamente amadurecido)?

Gosv€m…: P™rva-r€ga é prau�ha quando ocorre na-queles que possuem samarth€ rati. Neste nível de p™rva-r€ga, os dez da�€s (estados), iniciando pela saudade intensa (l€las€) até o desejo de morrer (maraŠa) podem se mani-festar. Desde que, p™rva-r€ga é prau�ha (completamente amadurecido), os estados que se manifestam nele também são prau�ha.

Vijaya: Quais são os dez da�€s (estados)?Gosv€m…: São os seguintes:

l€lasodvega-j€gary€s t€navam ja�im€tra tuvaiyagryaˆ vy€dhir unm€do moho m�tyur da�€ da�a

(Ujjvala-n…lamaŠi, p™rva-r€ga Seção, 9)

Os dez estados são saudade intensa (l€las€), an-siedade (udvega), insônia (j€garaŠa), fraqueza (t€nava), inércia (ja�at€), impaciência (vyagrat€), doença (vy€dhi), loucura (unm€da), ilusão (moha) e desejo de morrer (m�tyu).

Vijaya: O que é l€las€?Gosv€m…: L€las€ é o anseio intenso que alguém

sente para alcançar o desejo mais íntimo do seu coração (abh…�˜a), e seus sintomas são avidez, impaciência, verti-

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gem e respiração profunda.Vijaya: O que é udvega?Gosv€m…: Udvega é a perturbação da mente, e ela se

manifesta mediante sintomas, tais como respiração profun-da e pesada, volubilidade, imobilidade, seriedade, pranto, mudança da cor do corpo e transpiração.

Vijaya: O que é j€garaŠa?Gosv€m…: J€garaŠa é insônia e produz imobilidade e

a secura dos sentidos. Vijaya: O que é t€nava?Gosv€m…: T€nava é a magreza do corpo e, está acom-

panhada de sintomas como debilidade e vertigens. Algu-mas pessoas interpretam vil€pa (lamentação) no lugar de t€nava.

Vijaya: O que é ja�at€ (inércia)?Gosv€m…: Ja�at€ exterioriza-se mediante a ausência

de discernimento, não respondendo mesmo quando alguém pergunta algo, e com a perda das faculdades de ver e de ouvir. Também é conhecida como ja�im€.

Vijaya: O que é vyagrat€ (impaciência)?Gosv€m…: A condição em que as transformações

resultantes do bh€va não se manifestam externamente é chamada “gravidade”. Vyagrat€ é o estado no qual esta gravidade agita-se e torna-se intolerável. Os sintomas de vyagrat€ são discriminação, desânimo, arrependimento e ciúme.

Vijaya: O que é vy€dhi?Gosv€m…: Quando alguém torna-se bastante desapon-

tado por não ter alcançado a meta desejada (abh…�˜a) – isto é, o amado – o estado resultante produz sintomas, tais como palidez e febre alta. Isto é chamado vy€dhi, e ele faz surgir os anubh€vas, tais como frio e tremor, desejo, desengano,

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respiração longa e profunda, e cair inconsciente no chão.Vijaya: O que é unm€da (loucura)?Gosv€m…: Unm€da é a condição na qual a n€yik€

sempre percebe equivocadamente o seu amado em diferen-tes objetos e em toda parte – por exemplo, pensar que a árvore tam€la é K��Ša e abraçá-la. Isto é o resultado de uma absorção intensa da mente que pensa sem cessar no amado e, de estar em êxtase pelos bh€vas, tais como desânimo, abatimento e humildade. Seus anubh€vas são aversão, fazer comentários ciumentos sobre o amado, respirações longas,não piscar os olhos e sentimentos extremos de dores de se-paração.

Vijaya: O que é moha?Gosv€m…: Moha significa tornar-se inconsciente, e

seus anubh€vas são ficar parado, cair inconsciente e assim por diante.

Vijaya: O que é m�tyu (desejar a morte)?Gosv€m…: Quando a n€yik€ é incapaz de encontrar-

se com seu k€nta (amado), apesar dela empregar todos os meios, tais como enviar cartas de amor e mensagens por meio das sakh…s, as flechas de Cupido causam dores de separação tão insuportáveis, que ela deseja morrer. Nesse estado ela entrega seus estimados pertences a suas sakh…s. Os udd…pana-vibh€vas, tais como abelhas, a brisa suave, o luar, as árvores kadamba, as nuvens, o relâmpago e os pa-vões estimulam o desenvolvimento deste estado de m�tyu.

Vijaya: O que é samañjasa-p™rva-r€ga? Tenha a bondade de me explicar.

Gosv€m…: O samañjasa-p™rva-r€ga é o p™rva-r€ga que aparece antes do encontro, e ele é a característica es-pecífica do rati samañjas€. Nesta condição a n€yik€ pode manifestar gradualmente estas dez condicões: anseio

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(abhil€�a), contemplação (cint€), lembrança (sm�ti), glo-rificação das qualidades do amante (guŠa-k…rtana), agi-tação e ansiedade (udvega), lamentação (vil€pa), loucura (unm€da), doença (vy€dhi), inércia (ja�at€) e desejo de morrer (m�tyu).

Vijaya: O que significa abhil€sa neste contexto?Gosv€m…: Abhil€�a refere-se aos esforços que são fei-

tos para encontrar-se com o amado, e seus anubh€vas são adornar o corpo, aproximar-se do amado com o pretexto de fazer alguma outra coisa, e mostrar a atração (anur€ga) que sente por Ele.

Vijaya: Aqui, qual é a natureza de cint€?Gosv€m…: Cint€ é a meditação em como obter a as-

sociação do amante, tal como informar a ele sua condição através de um br€hmaŠa ou enviar uma carta. Seus sinto-mas são remexer-se durante o sono, fazer respirações lon-gas e profundas, e olhar fixamente.

Vijaya: Aqui o que significa sm�ti?Gosv€m…: Sm�ti é a absorção profunda em pensamen-

tos do amado, cuja associação foi experimentada ao vê-Lo e ouvir sobre Ele e Sua beleza, Seus ornamentos, Seus pas-satempos e vários feitos bem-aventurados e, tudo que está relacionado a Ele. Seus anubh€vas são temor, fadiga, mu-dança da cor do corpo, pranto, desapego e renúncia, e respi-ração profunda.

Vijaya: O que é guŠa-k…rtana?Gosv€m…: GuŠa-k…rtana é a glorificação das qua-

lidades do n€yaka, tal como Sua forma e beleza, e seus anubh€vas incluem o tremor, arrepios e a voz embargada. Os seis sintomas de ansiedade, lamentação acompanha-da por loucura, doença, inércia e o desejo de morrer ma-nifestam-se em samañjasa-p™rva-r€ga na mesma medida

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que em samañjas€ rati.Vijaya: Agora explique, por favor, os sintomas de

s€dh€raŠa-p™rva-r€ga.Gosv€m…: S€dh€raŠa-p™rva-r€ga é exatamente como

a s€dh€raŠ… rati. Nesta condição, os seis primeiros estágios (da�€s) – até lamentação (vil€pa) – aparecem de um modo suave. Não é necessário dar exemplos porque são muito simples. Neste tipo de p™rva-r€ga, a amante e o amado tro-cam cartas de amor (k€ma-lekha-patra), guirlandas e assim por diante, e outros por meio dos associados confidenciais. Vijaya: O que são k€ma-lekha-patra (cartas de amor)?

Gosv€m…: As cartas de amor são expressões dos sentimentos amorosos mútuos por escrito. Há dois tipos: s€k�ara, as que se escrevem com letras ou inscrições do alfabeto, e nirak�ara, as que se escrevem sem utilizar as letras.

Vijaya: O que é nirak�ara-k€ma-lekha?Gosv€m…: Um exemplo de carta de amor simbólica é

a forma de uma meia lua feita com uma unha numa folha colorida de vermelho, sem nenhuma outra letra ou sinal.

Vijaya: O que são s€k�ara-k€ma-lekha (cartas de amor escritas)?

Gosv€m…: As cartas de amor escritas são cartas que se trocam entre o n€yaka e a n€yik€ escritas de próprio pu-nho, expressando seus profundos estados emocionais numa linguagem natural. Essas cartas de amor são escritas com tintas coloridas, que são obtidas ou de minerais das monta-nhas, prensando flores vermelhas ou do pó de ku‰kuma. No lugar do papel são utilizadas grandes pétalas de flores, e as letras são amarradas com as fibras dos talos de lótus.

Vijaya: O que é o desenvolvimento gradual de p™rva-r€ga?

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Gosv€m…: Alguns dizem que a afeição é despertada, primeiro, simplesmente por ver o amado. Isto é seguido pela contemplação, apego, fazer voto, desejo de encontrar-se, insônia, debilitação, desgosto por tudo mais, perda da vergonha, loucura, cair inconsciente e desejar a morte – nesta ordem. Este é o tamanho da intensidade de k€ma (pre-ma). P™rva-r€ga se manifesta em ambos, tanto no n€yaka quanto nas n€yik€s, mas ele aparece primeiro nas n€yik€s e em seguida no n€yaka.

Vijaya: O que é m€na?Gosv€m…: M€na é o bh€va que impede que o n€yaka

e a n€yik€ executem as atividades que tanto apreciam de se abraçar, olhar um para o outro, beijar-se, conversar de um modo agradável, e assim por diante, muito embora eles estejam no mesmo lugar e tenham um apego profundo um pelo outro. O m€na faz com que surjam sañch€r…-bh€vas, tais como desalento, dúvida, ira, inquietude, orgulho, ciú-me, o ocultar dos sentimentos, culpabilidade e pensar com seriedade.

Vijaya: Qual é o princípio que está por trás de m€na?

Gosv€m…: A base de m€na é praŠaya; normalmente, o m€na não aparece antes do estágio de praŠaya, e mesmo se ele surgir, ele é somente um estado retraído ou imaturo. Há dois tipos de m€na: m€na com causa (sahetu) e m€na sem causa (nirhetu).

Vijaya: Qual é o m€na com causa (sahetu-m€na)?Gosv€m…: Ÿr�y€ (sentimentos de ciúmes) surgem no

coração da n€yik€ quando ela vê ou ouve sobre o n€yaka, que está se comportando com afeição especial por uma n€yik€ do grupo rival (vipak�a) ou do grupo marginal (ta˜astha). Quando este …r�y€ (ciúmes) se vê inundado pelo praŠaya,

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ele se desenvolve até sahetu-m€na. É sabido que o medo (bhaya) sem sneha não existe, similarmente não pode existir …r�y€ sem praŠaya. Assim, todas estas várias expres-sões de m€na iluminam a intensidade de prema entre as n€yik€s e o n€yaka.O coração da n€yik€ está imbuído de bh€vas, tal como um intenso sentimento de possessividade amorosa pelo seu amado (susakhya). Quando ela vê o n€yaka, que está completamente apegado a ela, agradar a n€yik€ rival e se divertir com ela, torna-se inquieta e impaciente. Uma vez, em Dv€rak€, ®r… K��Ša presenteou ®r… RukmiŠ… com uma flor p€rij€ta. Ainda que todas as rainhas houvessem ouvi-do falar do incidente, somente o coração de Satyabh€m€ encheu-se de m€na. O m€na de Satyabh€m€ surgiu quando ela compreendeu a posição única dada a sua rival.

Vijaya: Quantas formas há para entender a posição especial das rivais (vipak�a-vai�i�˜ya)?

Gosv€m…: Há três formas: ouvir (�ruta), deduzir (anu-mati) e ver (d��˜a).

Vijaya: O que é ouvir (�ruta)?Gosv€m…: O �ruta-vipak�a-vai�i�˜ya surge quando a

n€yik€ ouve falar de uma priya-sakh… ou de um papaga-io sobre os passatempos amorosos do seu amado com uma n€yik€ do grupo oposto.

Vijaya: O que é anumati-vipak�a-vai�i�˜ya?Gosv€m…: O anumati-vipak�a-vai�i�˜ya ocorre quan-

do a n€yik€ descobre que o corpo de seu amado tem evi-dências de passatempos amorosos com outra n€yik€, ou quando ela escuta seu amado pronunciar involuntariamente o nome de uma n€yik€ rival, ou quando ela vê a n€yik€ rival num sonho. As marcas da união que aparecem no cor-po do n€yaka e da n€yik€ rival são chamadas bhog€‰ka e,

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pronunciar o nome de uma n€yik€ rival é chamado gotra-skhalana. Quando isto ocorre, a n€yik€ sente que isto é mais doloroso do que a morte.

Vijaya: Gostaria de ouvir um exemplo de gotra-skhalana.

Gosv€m…: Uma vez, quando K��Ša estava regressan-do para Sua casa, depois de ficar um longo tempo com ®r…mat… R€dh€, Ele de repente se encontrou com Chandr€val…. ®r… K��Ša lhe perguntou: “Ó R€dhe! está tudo bem com você?” Quando Chandr€val… ouviu K��Ša dizer aquilo, ela respondeu-Lhe iradamente: “Ó Kaˆsa! você está bem?” K��Ša ficou surpreso e perguntou a ela: “Ó minha linda! por que você está tão confusa?” Chandr€val… ficou rubra de raiva, e prontamente respondeu: “Acaso viu R€dh€ por aqui?” Então K��Ša se deu conta da situação e pensou: “Oh! Chamei Candr€val… de R€dh€ por engano.” Entendendo seu próprio erro, Ele ficou envergonhado e abaixou o Seu rosto. Ele estava sorrindo levemente ao ver a eloquência espontâ-nea e perspicaz de Candr€val…, a qual resultou em seu …r�y€ (ciúmes). Que este Hari, que dissipa todas as misérias, pro-teja a todos.

Vijaya: O que é compreender a posição particular de uma rival através de um sonho (svapna-d��˜a-vipak�a-vai�i�˜ya)?

Gosv€m…: As atividades de K��Ša e de Suas amigas vidu�aka, enquanto estão sonhando são exemplos disto. Em uma ocasião, por exemplo, K��Ša e Candr€val… estavam dormindo na mesma cama depois de passatempos amorosos no kr…�€-kuñja. Enquanto sonhava, K��Ša disse: “Ó R€dhe! Eu Lhe prometo que somente Você é a Minha mais amada; somente Você está dentro e fora de Meu coração; somente Você está diante de Mim, atrás de Mim e em toda parte.

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Que mais Eu posso dizer? Somente Você está presente em Minha casa, em Govardhana, e em seus vales e florestas.” Quando Candr€val… ouviu ®r… K��Ša falando daquele modo em Seus sonhos, ela levantou-se da cama, pelo m€na que despertou em seu coração, e caminhou para longe.

Agora contarei um sonho de Madhuma‰gala. Cer-ta vez, ele estava dormindo sobre uma plataforma eleva-da fora do kuñja, onde K��Ša e Candr€val… se ocupavam em passatempos prazerosos, e em seu sonho ele disse: “Ó M€dhav…, K��Ša está conversando muito habilmente e adu-lando a amiga de Padm€, Candr€val…, somente para enga-ná-la. Tente trazer R€dh€ aqui rapidamente, para que Ela possa se encontrar com K��Ša. Não se preocupe.” Quando Candr€val… ouviu Madhuma‰gala falando daquele modo em seu sonho, ela ficou aflita. Naquele momento, Padm€ que estava sentada em um kuñja próximo, e quando ela viu a condição de Candr€val…, disse a ®aiby€: “Ó sakh…! Olhe como o rosto de Candr€val… está infeliz, desde que ouviu o que Madhuma‰gala disse em seu sonho! Ela abaixou sua cabeça e está queimando de desgosto!”

Vijaya: O que é ver diretamente (dar�ana)?Gosv€m…: Isso significa que a n€yik€ vê diretamen-

te o seu n€yaka ocupado em passatempos com uma outra n€yik€.

Vijaya: O que é m€na não-motivado (nirhetuka-m€na)?

Gosv€m…: O m€na não-motivado entre o n€yaka e a n€yik€ desenvolve-se quando se intensifica o praŠaya de-vido a um aparente motivo de m€na, quando na realidade não existe tal motivo. Os paŠ�itas concluíram que o m€na é o efeito de praŠaya, e que o m€na não-motivado não é mais que uma extensão de praŠaya que surge de seu vil€sa

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(passatempos divertidos). Eles chamam a esse m€na sem motivo “praŠaya-m€na.” As autoridades predecessoras (paŠ�itas) também afirmam que os movimentos e ativi-dades de prema são tortuosos como o movimento de uma serpente. Por isso, dois tipos de m€na são evidentes nas ações entre o n€yaka e a n€yik€: m€na sem causa (nirhetu) e m€na com causa (sahetu). O vyabhic€r…-bh€va deste rasa é ocultar os próprios sentimentos e emoções (avahitth€).

Vijaya: O que é m€na pacificado sem motivo?Gosv€m…: É o m€na que se pacifica por si só sem

necessidade de tomar nenhuma medida. Quando aparece o riso, automaticamente desaparece o m€na. No entanto, para pacificar o sahetu-m€na, o n€yaka tem que adotar as me-didas adequadas, tal como s€ma (consolar com palavras), bheda (notas diplomáticas), kriy€ (fazer um juramento), d€na (dar presentes), nati (prostrar-se), upek�€ (negligência e aparente indiferença) e ras€ntara (mudança repentina de humor). O sintoma de que o m€na da n€yik€ tenha se paci-ficado é que o n€yaka enxuga as lágrimas dela, e há risos e assim por diante.

Vijaya: O que é s€ma (consolar com palavras)?Gosv€m…: S€ma é o uso de palavras doces agradá-

veis, promessas para pacificar a priy€ (a amada).Vijaya: O que é bheda (notas diplomáticas)?Gosv€m…: Há dois tipos de bheda; uma é manifestar

a grandeza de alguém mediante diferentes gestos e insinu-ações, e a outra é censurar a n€yik€ indiretamente por meio das sakh…s.

Vijaya: O que quer dizer d€na (dar presentes)?Gosv€m…: D€na é a entrega enganosa de ornamentos

e outros presentes. Vijaya: O que é nati (prostrar-se)?

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Gosv€m…: Nati significa cair aos pés da n€yik€ com toda a humildade possível.

Vijaya: O que é upek�€ (negligência)?Gosv€m…: Upek�€ (negligência ou indiferença) é a

atitude de abandonar aparentemente a n€yik€, quando todos os outros meios para pacificar seu m€na não surtiram efei-to. Outros dizem que upek�€ refere-se a utilizar palavras de sentido duplo para comprazer a n€yik€.

Vijaya: O que quer dizer a expressão ras€ntara (mu-dança de idéia)?

Gosv€m…: Ras€ntara é a criação repentina de temor na mente da n€yik€ por meio de palavras ou mediante algu-ma ocorrência natural. Há dois tipos de ras€ntara: a que ocorre por si mesma e a que é criada pela refinada inteligên-cia do n€yaka.

Aqui está um exemplo de mudança de ideia que ocor-re espontaneamente. Certa vez, K��Ša sentiu-se incapaz de pacificar o m€na de Bhadr€ apesar de Seus vários esfor-ços. De repente, foi ouvido um tremendo ruído de trovão, e Bhadr€ ficou tão aterrorisada que abraçou K��Ša que estava sentado diante dela.

E, o seguinte é um exemplo de pacificação do m€na mediante um plano inteligente. Certa vez, R€dhik€ estava completamente absorta em m€na. K��Ša, que é supremamen-te divertido por natureza, viu que Ele não podia pacificá-La por nenhum meio. Então Ele pregou-Lhe uma peça de bom gosto. Ele fez uma bela guirlanda de flores, e colocou ao redor do pescoco de ®r…mat…j…. Ela irada, pegou a guirlanda em Seu pescoco e a jogou longe, e por arranjo da provi-dência, caiu em cima de K��Ša. Ele imediatamente fechou Seus olhos com força, e fez um gesto com a face como se Ele estivesse bastante machucado, e sentou-se num canto,

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parecendo muito deprimido. Vendo isto, R€dh€j… ficou mui-to inquieta e ansiosa, Ela colocou Suas duas mãos sobre os ombros de K��Ša. Então, K��Ša sorriu e abraçou-A em Seu forte abraço.

Vijaya: Existe alguma outra maneira de pacificar m€na?

Gosv€m…: Além destes métodos, o m€na das vraja-gop…s pode ser pacificado em momentos e lugares especiais, e com o som da mural…, mesmo sem ter que recorrer ao s€ma, e assim por diante. Um m€na suave pode ser pacifica-do sem grandes esforços, enquanto que pacificar um m€na moderado requer esforços mais cuidadosos. O m€na, mais profundamente arraigado (durjaya-m€na) é muito difícil de apaziguar.

As gop…s utilizam diversos nomes para repreender a K��Ša quando elas estão em m€na, como por exemplo, V€ma (pessoa ingrata, que age desfavoravelmente), Durl…la-�iromaŠi (o principal causador de problemas), Kitava-r€ja (rei dos enganadores), Khala-�re�˜ha (altamente malvado), Mah€-dh™rta (extremamente bruto e insincero), Ka˜hora (cruel e de coração duro), Nirlajja (indecente), Atidurlali-ta (muito difícil de comprazer), Gop…-k€muka (aquele que sente luxúria pelas gop…s), RamaŠ…-chora (aquele que rouba a castidade das gop…s), Gop…-dharma-n€�aka (aquele que ar-ruina os princípios religiosos e a castidade das gop…s), Gopa-s€dhvi-vi�ambaka (aquele que faz gracejos da castidade das gop…s), K€muke�vara (o Senhor da luxúria), G€�h-ti-mira (aquele que coloca os outros na escuridão do desenga-no), ®y€ma (aquele cuja compleição é escura, a qual coloca os outros na escuridão da ilusão), Vastra-chora (aquele que rouba as roupas das gop…s), e Govardhana-upatyak€-taska-ra (aquele que rouba a castidade das gop…s nas colinas de

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Govardhana).Vijaya: O que é prema-vaichittya?Gosv€m…: Prema-vaichittya é a profunda dor de se-

paração que sente a n€yik€, mesmo quando está muito pró-xima do n€yaka e, é a natureza intrínseca de prema em seu estágio mais elevado. Esta característica magnífica que re-sulta em um tipo de desamparo ou agitação da mente, e cria a ilusão de estar separada de K��Ša, é um estado anormal chamado vaichittya.

Vijaya: O que é prav€sa?Gosv€m…: Prav€sa é a obstrução ou o impedimento

entre o n€yaka e a n€yik€, quando tenham estado juntos e agora estão separados, ou porque eles vivem em diferentes países ou vilarejos, ou por causa de uma diferenca de humor (ras€ntara), ou porque se encontram em lugares diferentes. Em prav€sa, a pessoa experimenta todos os vyabhich€r…-bh€vas de ��ng€ra-rasa, exceto o júbilo, o orgulho, a loucu-ra e a timidez. Existem dois tipos de prav€sa: o intencional e aquele que não foi planejado, ou que aparece por força das circunstâncias.

Vijaya: O que é o prav€sa intencional?Gosv€m…: O prav€sa intencional ocorre quando o

n€yaka parte devido a alguma obrigação ou responsabili-dade. Por Sua natureza, K��Ša é obrigado por Seus bhak-tas – por exemplo, como as j…vas (entidades vivas) mó-veis e inertes de V�nd€vana, os P€Š�avas ou ®rutadeva em Mithila – por lhes dar felicidade completa, boas instruções, e por satisfazer os desejos deles. Prav€sa tem duas divisões a mais: uma é desaparecer de vista e a outra é ir para algum lugar distante (sud™ra). Há três tipos de sud™ra-prav€sa, que correspondem as três fases de tempo – passado, presen-te e futuro. Durante o sud™ra-prav€sa, o n€yaka e a n€yik€

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trocam mensagens.Vijaya: O que é prav€sa involuntário?Gosv€m…: O prav€sa involuntário é o sud™ra-prav€sa

causado pela subordinação a outros ou por circunstân-cias que estão além do controle da pessoa. Há vários ti-pos de subordinação, classificados como: divya, adivya e divy€dviya. Os dez estados que ocorrem neste prav€sa, são: pensar seriamente, insônia, ansiedade, magreza, escu-recimento dos membros e da face, fala incoerente, doença, loucura, confusão e desejo de morrer. Em vipralambha cau-sado por prav€sa, estes dez estados se manifestam mesmo em K��Ša.

Meu querido Vijaya, embora vários estados apareçam como anubh€vas nos diferentes tipos característicos de prema, eu não mencionei a todos eles. Geralmente, todos estes estados aparecem como o efeito dos diferentes graus de prema, que começa com sneha e vai se desenvolvendo de m€na, praŠaya, r€ga, anur€ga e bh€va, até mah€bh€va. Contudo, o estágio de mohana, um estado sem igual, o qual eu já expliquei, manifesta-se em ®r…mat… R€dhik€. Alguns autores de rasa-�€stra aceitaram vipralambha relacionado a compaixão (karuŠ€) como uma divisão separada, mas eu não expliquei esse rasa de forma separada porque ele é um outro tipo de prav€sa.

Enquanto Vijaya estava contemplando as instruções de ®r… Guru Gosv€m… sobre vipralambha, ele disse para si mesmo: “O vipralambha-rasa não é um fenômeno in-dependente ou um rasa auto-aperfeiçoado; ele simples-mente promove e nutre o sentimento de sambhoga. Para uma j…va atada às leis deste mundo, tais dores de separação (vipralambha-rasa) manifestam-se de uma maneira espe-cial, e isso por fim é favorável para o prazer do encontro

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1012 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 37

(sambhoga-rasa). Entretanto, no rasa transcendental eterno, o bh€va de vipralambha existe eternamente em certa medida. De fato, as variedades dos passatempos espirituais não podem manifestar a sua plenitude mais elevada sem vipralambha.

Assim termina o Trigésimo Sétimo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“®�‰g€ra-Rasa: ®�‰g€ra Svar™pa e Vipralambha”

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Capítulo 38®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

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Vijaya Kum€ra, com suas mãos postas, perguntou a seu Gurudeva sobre sambhoga-rasa. Ele respondeu afetuo-samente.

Gosv€m… existem dois tipos de k��Ša-l…l€: praka˜a (manifesto) e apraka˜a (não-manifesto). Os estados de se-paração (viraha) de vipralambha-rasa que eu já descrevi correspondem ao praka˜a-l…l€. Contudo, em V�nd€vana apraka˜a não há separação das vraja-dev…s de ®r… Hari, o qual está eternamente ocupado em Seus variados e bem-aventuradas l…l€s, tal como rasa-l…l€. No Mathur€-mah€tmya está escrito: “K��Ša brinca ali eternamente com os gopas e as gop…s.” Uma vez que o verbo ‘entreter’ (kr…�) está no pre-sente, deve-se entender que as l…l€s de K��Ša são eternas. Portanto, no apraka˜a-l…l€ de Goloka ou de V�nd€vana não há separação causada pelo fato de que K��Ša irá residir num lugar distante (d™ra-prav€sa).

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1016 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

Ali, amor em união (sambhoga) existem eternamente. O n€yaka e as n€yik€s, são respectivamente o vi�aya

(objeto) e o €�raya (morada) do amor, e o termo sambhoga se refere ao maravilhoso bh€va que surge do grande êxtase de suas atividades amorosas – tais como ver um ao outro, conversar, e tocar um ao outro – cujo objetivo é exclusiva-mente dar prazer um ao outro. Há dois tipos de sambhoga: mukhya e gauŠa.

Vijaya: O que é mukhya-sambhoga?Gosv€m…: O sambhoga mukhya (principal) é o

sambhoga que ocorre no estado desperto. Há quatro tipos de mukhya-sambhoga: 1) sa‰k�ipta-sambhoga (sambho-ga breve), que ocorre depois de p™rva-r€ga; 2) sa‰k…rŠa-sambhoga (sambhoga restringido), que ocorre depois que m€na é pacificado; 3) sampanna-sambhoga (sambhoga en-riquecido), o qual ocorre depois que o n€yaka e a n€yik€ estejam de alguma maneira distante um do outro por algum tempo; e 4) sambhoga sam�ddhim€n (sambhoga florescen-te), o qual ocorre depois de terem estado separados por uma longa distância.

Vijaya: Descreva por favor o sa‰k�ipta-sambhoga em mais detalhes.

Gosv€m…: O sa‰k�ipta-sambhoga é caracterizado pela reverência e timidez entre o n€yaka e a n€yik€. Como resultado disso, as expressões de seu amor mútuo – como beijar e abraçar – são breves e rápidas. Vijaya: Explique por favor o sa‰k…rŠa-sambhoga.Gosv€m…: Os esforços para os passatempos amorosos da n€yik€, em sa‰k…rŠa-sambhoga, são expressos com sen-timentos simultâneos de dor e de prazer. Isto é compara-do com o prazer de saborear o melado de cana-de-açúcar quente, que embora seja doce, também queima. Este esta-

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1017®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

do é o resultado da lembrança de que o n€yaka a enganou, ou quando vê as marcas de desfrute amoroso no corpo do n€yaka ou quando houve falar de outros sobre as atividades amorosas dEle com outras mulheres.

Vijaya: O que é sampanna-sambhoga?Gosv€m…: O sampanna-sambhoga ocorre quando o

n€yaka regressa para estar com a n€yik€ depois de ter se distanciado um pouco. Há dois tipos: €gati e pr€durbh€va. šgati é o aparecimento do n€yaka diante da n€yik€ durante a rotina da vida diária; as gop…s, por exemplo, tem dar�ana de K��Ša regularmente toda tarde quando Ele retorna do pastoreio as vacas. Pr€durbh€va refere-se ao aparecimento repentino de K��Ša, diante das gop…s, quando elas estavam extremamente tomadas por prema. Um exemplo disto é quando Krsna aparece de repente diante das gop…s quando elas estavam se lamentando em separação, porque Ele havia desaparecido da r€sa-l…l€. Em pr€durbh€va há um festival de felicidade que ocorre da satisfação dos desejos mais aca-lentados.

Vijaya: O que é sam�ddhim€n sambhoga?Gosv€m…: Não é possível para o n€yaka e as n€yik€s

verem um ao outro e se encontrarem todo o tempo, por-que eles estão subordinados a outras pessoas e atados pela etiqueta social. A grande bem-aventurança que eles expe-rimentam quando se encontram de repente, depois de esta-rem livres da influência das pressões externas, é chamado sam�ddhim€n sambhoga. Há dois tipos de sambhoga-rasa: oculto (channa) e manifesto (prak€�a), mas não é neces-sário explicá-los agora.

Vijaya: O que é gauŠa-sambhoga?Gosv€m…: O gauŠa-sambhoga refere-se aos passa-

tempos particulares de ®r… K��Ša que são experimentados

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1018 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

durante os sonhos. Há dois tipos de sonhos: geral e espe-cial. Eu já havia descrito os sonhos gerais no contexto de vyabhich€r…-bh€va. O sambhoga dos sonhos especiais é ex-perimentado como real e supremamente surpreendente, e ele é dotado com sth€y…bh€vas e sañch€r…-bh€vas como os do estado desperto; em outras palavras, ele é exatamente como o sambhoga enquanto alguém está desperto. O gauŠa-sambhoga tem as mesmas quatro divisões que o mukhya-sambhoga: 1) sa‰k�ipta-sambhoga (sambhoga breve), 2) sa‰k…rŠa-sambhoga (sambhoga restringido), 3) sampa-na-sambhoga (sambhoga enriquecido) e 4) sam�ddhim€n sambhoga (sambhoga florescido).

Vijaya: Quando alguém sonha, nenhum fato é real, então, como é possível sam�ddhim€n sambhoga nos so-nhos?

Gosv€m…: O svar™pa (natureza essencial) de um so-nho é o mesmo que o do estado desperto. Isto é demons-trado pelo exemplo de ¶�€ e Aniruddha. Enquanto ¶�€ dormia nos aposentos internos do palácio do Rei B€Ša em ®oŠitapura, ela estava praticamente experimentando o pra-zer de união com Aniruddha em seu sonho. Ao mesmo tem-po, Aniruddha estava sonhando em seu quarto em Dv€rak€-pur… e, ele também estava desfrutando do prazer de vil€sa com ¶�€. Pessoas comuns do plano mundano não tem tal experiência.

Nós podemos fundamentar ainda mais este fato, com a evidência da percepção direta, pois há exemplos de si-ddha-bhaktas que têm sonhos supremamente maravilhosos nos quais recebem artigos tal como ornamentos, os quais permanecem ainda com eles após despertarem; isto ocor-re porque tais sonhos são reais. Similarmente, K��Ša e Suas k€nt€s também têm sonhos sem obstáculos nos quais

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1019®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

sambhoga realmente acontece. Estes sonhos são de dois ti-pos: 1) o sonho que ocorre enquanto a pessoa está desper-ta (j€gar€yam€na-svapna) e 2) a condição de vigília que ocorre enquanto está em sonho (svapn€yam€na-j€gara). Os sonhos das gop…s que transcenderam o quarto estado cha- mado sam€dhi, e já alcançaram o quinto estado, a saber, prema, não são falsos como os sonhos que são originados pelo modo da paixão. De certo, os sonhos das gop…s são apr€k�ta, nirguŠa e absolutamente reais. Por isso, é per-feitamente possível que haja sam�ddhim€n sambhoga nos passatempos dos extraordinários sonhos apr€k�ta de K��Ša e de Suas amadas gop…s.

Vijaya: Descreva por favor os anubh€vas de sambhoga.

Gosv€m…: Os anubh€vas de sambhoga são: ver um ao outro (sandar�ana), falar (jalpana), tocar (spar�ana), blo-quear um ao outro no caminho de um lugar solitário (raha-vartma-rodhana), r€sa-l…l€, os passatempos prazerosos em V�nd€vana (v�nd€vana-kr…�a), os jogos no rio Yamun€ (jamun€-jale keli), os passatempos no barco (nauka-vil€sa), os passatempos de roubar flores (pu�pa-caurya-l…l€), os passatempos de cobrar taxas (d€na-l…l€), brincar de esconde-esconde nos kuñjas (kuñje lukocuri-khel€), be-ber vinho de mel (madhu-p€na), K��Ša vestir-se de mul-her (str…-ve�a-dh€raŠa), fingir estar dormindo (kapa˜a-nidr€), jogar (dy™ta-kr…�€), puxar as roupas um do outro (vastra-€kar�aŠa), beijar-se (cumbana), abraçar-se (€lin-gana), fazer marcas com as unhas (nakha-arpaŠa), beber o néctar dos lábios que são como a fruta bimba (bimba-adhara-sudh€-p€na) e desfrutar de união amorosa (nidhu-vane ramaŠa-samprayoga).

Vijaya: Prabhu, l…l€-vil€sa é diferente da união amo-

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1020 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

rosa (samprayoga). Qual dos dois dá mais bem-aventuran-ça?

Gosv€m…: Há mais bem-aventurança em l…l€-vil€sa do que em samprayoga.

Vijaya: Como as amadas gop…s se dirigem a K��Ša numa atitude amorosa (praŠaya)?

Gosv€m…: As sakh…s se dirigem a K��Ša com gran-de afeto, dizendo: “He Gokul€nanda, He Govinda, He Go�˜hendra Kula-candra (lua da família do rei dos pastores), He Pr€Še�vara (Senhor de minha vida), He Sundarottaˆsa (que tem um peito e uns ombros muito bonitos), He N€gara ®iromaŠi (Ó maior dos amantes), He V�nd€vana-candra, He Gokula-r€ja e He Manohara (Ó ladrão de minha mente).”

Vijaya: Prabhu, eu entendo que há dois tipos de k��Ša-l…l€, o praka˜a (manifesto) e o apraka˜a (não-mani-festo) mas que ambos são idênticos em tattva. Agora fale-me, por favor, dos tipos de praka˜a-vraja-l…l€.

Gosv€m…: Há dois tipos de praka˜a-vraja-l…l€: nitya (eterno) e naimittika (ocasional). Os passatempos de Vraja que transcorrem durante os oito períodos do dia e da noite (a�˜a-k€l…ya-l…l€) são nitya-l…l€, enquanto que a morte de P™tan€ nas mãos de K��Ša e Sua longa jornada para fora de Vraja, em Mathur€ e Dv€rak€, são naimittika-l…l€s.

Vijaya: Prabhu, por favor, instrua-me sobre nitya-l…l€.

Gosv€m…: Nós encontramos dois tipos de descrições: uma pelos ��is e a outra pelos Gosv€m…s de V�nd€vana. Qual destas duas você gostaria de ouvir?

Vijaya: Eu gostaria de ouvir as descrições dos �lokas que foram compostos pelos ��is.

Gosv€m…: ni�€ntah pr€tah p™rv€hno madhy€ha� c€par€hnakaƒ

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1021®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

s€yaˆ prado�o-ratri� ca k€l€�˜au ca yath€ k�amam madhy€hno y€min… cobhau yan muh™rttam ito sm�tautri-

muh™rttam it€ jñey€ ni�€nta-pramukh€ƒ pare

O a�˜a-k€l…ya-l…l€ de Vraja transcorre durante os oito períodos do dia e da noite. Eles são: ni�€nta (o final da noite antes de amanhecer), 2) pr€taƒ (manhã), 3) p™rv€hna (meio da manhã), 4) madhy€hna (meio-dia), 5) apar€hna (a tarde), 6) s€yam (final da tar-de e crepúsculo), 7) prado�a (noite), 8) r€tri (tarde da noite). Tanto o r€tri-l…l€ como o madhy€hna-l…l€ duram seis muh™rtas, enquanto que os outros seis períodos duram três muh™rtas cada um.

®r… Sad€�iva explicou este a�˜a-k€l…ya-l…l€ no Sanat-kum€ra-saˆhit€. Ali ele especificou quais serviços são ex-ecutados nos diferentes momentos do dia, de acordo com o a�˜a-k€l…ya-l…l€. Assim, a pessoa deve lembrar da l…l€ apro-priada no momento apropriado.

Vijaya: Prabhu, eu poderia ouvir as revelações de Jagad-guru Sad€�iva?

Gosv€m…: Ouça com atenção:sad€-�iva uv€ca

parak…y€bhim€ninyas / tath€sya ca priy€ƒ jan€ƒpracureŠaiva bh€vena / ramayanti nija-priyam

Sad€�iva, disse: “As amadas donzelas de ®r… Hari de Vraja, que têm os sentimentos de parak…y€-bh€va por Ele, satisfazem o querido dos seus corações com exuberantes sentimentos de divya-prema.

€tm€naˆ cintayet tatra / t€s€ˆ madhye manoram€mr™pa-yauvana-sampann€ˆ / ki�or…ˆ pramad€k�tim

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1022 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

He, N€rada! Você deve contemplar seu €tm€-svar™pa da seguinte maneira. Você é uma gop… ki�or… (pré-adolescente), e reside no coração de V�nd€vana transcendental entre as donzelas amadas de K��Ša, as quais estão dotadas com um sentimento de amor de amante por Ele. Você tem uma forma jovem e gra-ciosa, e de uma beleza deslumbrante.

n€n€-�ilpa-kal€bhijñ€ˆ / k��Ša-bhog€nur™piŠ…mpr€rthit€m api k��Šena / tato bhoga-par€Š-mukh…m

Você é habilidosa em muitas belas artes para o pra-zer de K��Ša. Ainda que K��Ša lhe peça sinceramente que se encontre com Ele, você sempre rejeita qual-quer prazer que não esteja relacionado com o prazer de sua Sv€min….

r€dhik€nucar…ˆ nityam / tat-sevana-par€yaŠ€mk��Š€d ’apy adhikaˆ prema / r€dhik€y€ˆ prak™rvatiˆ

Você é a serva de ®r…mat… R€dhik€, a consorte mais amada de ®r… K��Ša, e está total e exclusivamente dedicada a Seu serviço (sev€). Você sempre tem mais prema por ®r… R€dhik€ do que por ®r… K��Ša.

pr…ty€nudivasaˆ yatn€t / tayoh sa‰gama-k€riŠ…mtat-sevana-sukh€hl€da-bh€ven€tisunirv�t€m

Todo dia com muito esforço você arranja um encon-tro para o belo e jovem casal e, permanece sempre satisfeita com a extática bem-aventurança no serviço dEles.

ity €tm€naˆ vicintyaiva / tatra sev€ˆ sam€caret

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1023®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

br€hma-m™h™rttaˆ €rabhya / y€vat tu �y€n mah€ni�i

Desta maneira, concebendo seu €tm€-svar™pa es-pecífico, você deve muito cuidadosamente executar m€nasi sev€ na V�nd€vana transcendental, desde o br€hma-muh™rta até o final de ni�€nta-l…l€ (final da noite).”

Vijaya: Quais são as atividades de ni�€nta-l…l€?Gosv€m…:

�r… v�nd€ uv€camadhye v�nd€vane ramye / pañc€�at-kuñja-maŠ�ite

kalpa-v�k�a-nikuñjesu / divya-ratnamaye g�he

®r… V�nd€-dev… disse: “No meio da encantadora V�nd€vana, rodeada por cinquenta kuñjas de árvores dos desejos, há uma casinha de campo feita de pedras cint€maŠi.

nidritau ti�˜hitas talpe / nivi�€li‰gitau mithaƒmad-€jñ€-k€ribhih pa�c€t / pak�ibhir bodhit€v api

Nela, sobre uma cama de flores fragrantes, yugala-ki�ora V��abh€nu-dul€l… ®r…mat… R€dh€r€Š… e Vra-jendra-nandana ®y€masundara ®r… K��Ša dormem unidos por um forte abraço. Então, de acordo com minhas instruções, os pássaros tentam despertá-los com seus gorjeios entonando melodiosas canções em coro.

g€�h€li‰gana-nirbhedam / €ptau tad-bha‰ga-k€tarauno matiˆ kurvatas talp€t / samutth€tuˆ man€g api

Contudo, os dois amantes estão tão juntos e tão in-

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1024 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

separavelmente unidos em Seu profundo abraço, que mesmo o pensamento de separação Os assusta De fato, Eles são incapazes de ter a menor vontade de Se levantar.

tata� ca �€rik€-�abdaih / �uka-�abdai� ca tau muhuƒ

No entanto, pela repetida e habilidosa insistência de �uka e de �€r…k€ (os papagaios macho e fêmea), Eles, por fim, acordam e Se levantam da cama.

upavi�˜au tato d��tv€ / sakhyas talpe mud€Švitaupravi�ya kurvanti sev€ˆ / tat-k€lasyocit€m tayoƒ

Vendo R€dh€-K��Ša sentados belamente na cama, as sakh…s aproximam-se dEles muito contentes e reali-zam vários serviços adequados para a ocasião.

puna� ca �€rik€-v€kyair / utth€ya tau sva-talpataƒ€gatau sva-sva-bhavanaˆ / bh…ty-utkaŠ˜h€kulau mithaƒ

Mas logo depois, com o anúncio da �€rik€, o Casal Divino inevitalmente levanta-Se da cama e rapida-mente vão para Seus respectivos lares, cheios de ansiedade provocada pelos rasas transcendentais de temor e de inquietude.”

Vijaya: Quais são os Pr€ta-k€l…ya-l…l€ (passatempos da manhã)?

Gosv€m…:

pr€ta� ca bodhito m€tr€/ talp€d utth€ya sa-tvaraƒk�tv€ k��Šo danta-k€�˜haˆ / baladeva-samanvitaƒ

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1025®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

Pela manhã, Ya�od€ M€iy€ chama K��Ša, que Se le-vanta de Sua cama e escova os dentes com um ga-lhinho de árvore, na companhia de ®r… Baladeva.

m€tr€numodito y€ti / go�€l€ˆ dohanotsukaƒr€dh€ ‘pi bodhit€ vipra / vayasy€bhih sva-talpataƒ

Então, com a permissão dela, eles vão para o está-bulo, desejosos de ordenhar as vacas. Ó sábio! ®r… R€dh€ também deixa Sua cama pela manhã, desper-tada por Suas sakh…s.

utth€ya danta-k€�˜€di / k�tv€ ‘bhya‰gaˆ sam€caretsn€na-ved…ˆ tato gatv€ / sn€pit€ lalit€dibhiƒ

Depois de escovar Seus dentes que são como pérolas com um galhinho de árvore adstringente, Suas sakh…s fazem massagem no corpo dEla com óleos aromáti-cos. Depois disto, Ela entra no quarto de banho e senta-Se sobre um €sana elevado, enquanto Lalit€ e outras sakh…s principais fazem abhi�eka de Sua for-ma divina.

bh™ñ�€-g�haˆ vrajet tatra / vayasy€ bh™�ayanty apibh™�aŠair vividhair divyair / gandha-m€ly€nulepanaiƒ

Depois, Ela entra no palácio de ornamentos. Ali Suas sakh…s aplicam-Lhe cremes e aromas divinos, de-coram-Na com divinas vestes e ornamentos, ador-nam-Lhe com belas e fragrantes guirlandas, e re-frescam Sua testa com polpa de sândalo.

tata� ca sva-janais tasy€h / �u�™�€ˆ pr€pya yatnataƒpaktum ah™yate sv-annaˆ / sa-sakh… s€ ya�oday€

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1026 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

Assim, quando ®r…mat… R€dhik€ recebeu o serviço completo e dedicado de Suas sakh…s, pelo pedido de Ya�od€ Maiy€, Ela vai para Nanda-bhavan para co-zinhar deliciosas refeições para ®r… K��Ša.

Ouvindo isto, N€rada perguntou:

katham ah™yate devi / p€k€rthaˆ s€ ya�oday€sat…�u p€kat�…�u ca / rohiŠ…-pramukh€sv api

“He, Dev…. Há muitas cozinheiras habilidosas lide-radas por Rohin… M€iy€; por que então Mãe Ya�od€ convida R€dh€r€Š… para cozinhar em Nanda-bha-van?”

durv€sas€ svayaˆ datto / varas tasyai mud€ muneiti k€ty€yan…-vaktr€t / �rutam €s…n may€ pur€

®r… V�nd€-dev… disse: “Ó N€rada, algum tempo atrás ouvi de Bhagavat… K€ty€yan… que Durv€sa Muni ou-torgou a seguinte benção à ®r…mat… R€dhik€:

tvay€ yat pacyate devi / tad-annaˆ mad-anugrah€tmi�˜aˆ sv€dv-am�ta-sparddhiˆ bhokt�r €yu�karaˆ tath€

‘He, Dev…! Por minha misericórdia, qualquer alimen-to que Você cozinhar desafiará o néctar dos deuses e, além do mais abençoará a pessoa que comer com uma grande longevidade.’

ity €hvayati t€ˆ nityaˆ / ya�od€ putra-vatsal€€yu�m€n me bhavet putraƒ / sv€du-lobh€t tath€ sati

Por isso, putra-vatsal€ Ya�od€ convida todo dia

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1027®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

®r…mat… R€dhik€ para cozinhar em Nanda-bhavan, orando: ‘Que meu filho tenha uma longa vida!’ Ela também tem desejo de saborear Suas deliciosas pre-parações.

�va�r€numodit€ s€pi / h��t€ nand€layaˆ vrajetsva-sakh…-prakar€ tatra / gatv€ p€kaˆ karoti ca

Pedindo permissão de Sua sogra, ®r…mat… R€dhik€ muito feliz vai para a casa de Nanda acompanhada por Suas sakh…s, para preparar a cozinha.

k��Šo’pi dugdhv€ g€ƒ k€�cit / dohayitv€ janaiƒ paraiƒ€gacchati pitur v€ky€t / sva-g�haˆ sakhibhir v�taƒ

Enquanto isto, o próprio ®r… K��Ša ordenha algumas vacas e, seguindo as ordens de Seu pai, Ele faz que outros ordenhem as vacas restantes e regressa para casa com Seus amigos.

abhya‰ga-mardanaˆ k�tv€ / d€saiƒ saˆsn€pito mud€dhauta-vastra-dharaƒ sragv… / candan€kta-kalevaraƒ

Ao chegar em casa, Seus servos alegremente massa-geiam Seu corpo divino com óleo e banham-No. Em seguida, eles vestem-No com roupa limpa, espalham pasta de sândalo em Seu belo corpo, e decoram-No com guirlandas perfumadas.

dvi-vastra-baddha-ke�a� ca / g�…v€bh€lo-parisphurancandr€k€ra-sphurad-bh€las / tilak€loka-rañjitaƒ

K��Ša usa duas vestes. Uma cobre a parte inferior

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1028 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

de seu corpo e a outra Seu peito. Caindo em forma de cascata sobre Seu gracioso pescoço e testa, Seu charmoso e brilhante cabelo cacheado expande Sua doce beleza sem precedentes. Sobre Sua fronte eful-gente, a qual assemelha-se a meia-lua, Seus servos desenham uma encantadora marca de tilaka, a qual deleita os olhos de todos.

kañkan€ñgada-key™ra / ratna-mudr€-lasat-karaƒmukt€h€ra-sphurad-vak�o / makar€k�ti-kuŠ�alaƒ

Em Seus pulsos, ®r… K��Ša usa pulseiras de jóias, e em Seus braços, preciosos braceletes decorados. Em Suas mãos, os anéis brilham. Sob Seu peito reluz o colar de pérolas, e com um movimento os brincos brilhantes de safira em forma de makara (tubarão) balançam em Suas orelhas.

muhur €k€rito m€tr€ / pravi�ed bhojan€layamavalambya karaˆ sakhyur / baladevam anuvrataƒ

Depois disto, ®r… K��Ša ouve a voz de Ya�omat… cha-mando-O repetidas vezes, e rodeado de Seus sakh€s e segurando um deles pela mão, Ele segue com Seu irmão mais velho Baladeva para o bhojan€laya (sala de refeição).

bhunkte ’pi vividh€nn€ni / m€tr€ ca sakhibhir v�taƒh€sayan vividhair h€syaiƒ / sakhiˆs tair hasati svayam

Ali, na companhia de Seus sakh€s, Ele saboreia to-das as preparações feitas por R€dhik€ e Suas sakh…s. Fazendo muitas brincadeiras, Ele faz Seus amigos rirem, e assim, Ele ri com eles.

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1029®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

itthaˆ bhuktv€ tath€camya / divya-kha˜˜opari k�aŠamvi�ramet sevakair dattaˆ / t€mb™lam vibhajann adan

Quando Ele termina Sua refeição, faz €camana (enxa-gue da boca), e Seus servos Lhe oferecem t€mb™la,a qual distribui entre Seus sakh€s. Depois, Ele descansa em uma cama transcendental por algum tempo e, masca Sua t€mb™la.”

Vijaya: Descreva por favor o p™rv€hna-l…l€ (pas-satempos da manhã).

Gosv€m…: gopa-ve�a-dharaƒ k��Šo / dhenu-v�nda puraƒsaraƒ

vrajav€si-janaiƒ pr…ty€ / sarvair anugataƒ pathi

“Vestido de gopa-ve�a, ®r… K��Ša sai da vila com as vacas para levá-las para pastar. Neste momento, to-dos os vraja-v€s…s Lhe seguem até a uma certa dis-tância do vilarejo, movidos por um intenso amor e afeição por Ele.

pitaraˆ m€taraˆ natv€ / netr€ntena priyagaŠamyath€-yogyaˆ tath€ c€ny€n / sa nivarttya vanaˆ vrajet

Falando respeitosamente, ®r… K��Ša oferece praŠ€ma a Seu pai e a Sua mãe. Ao mesmo tempo, através do canto de Seu olho, Ele lança olhares cheios de sig-nificados para Suas amadas gop…s, fazendo com que seus corações se estremeçam. Então, depois de apre-sentar Seus devidos respeitos aos que lhe tinham seguido, Vaˆ�…dh€r… ®y€ma prossegue com Seus sakh€s para as pastagens.

vanaˆ pravi�ya sakhibhiƒ / k�…�ayitv€ k�aŠaˆ tataƒ

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1030 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

vih€rair vividhais tatra / vane vik�…�ato mud€

Depois de entrar na floresta, Ele cria muitos tipos de jogos e brinca alegremente com Seus sakh€s por algum tempo.

vañcayitv€ ca t€n sarv€n / dvitraiƒ priya-sakhair v�taƒs€nketakaˆ vrajed dhars€t / priy€-sandarsanotsakaƒ

Então, habilmente ocupa seus sakh€s em atividades, tais como pastorear as vacas, Ele os engana e os dei-xa para trás. Assim, segue alegremente com dois ou três priya-sakh€s em direção ao local de encontro (sa‰keta) com Suas amadas gop…s, desejoso para ver Sua priy€.”

Vijaya: Descreva, por favor, o madhy€hna-l…l€ (os passatempos do meio-dia).

Gosv€m…: s€pi k��Še vanaˆ y€ntaˆ / d��˜v€ sva-g�ham €gat€

s™ry€di-p™j€-vy€jena / kusum€dy€h�ti-cchal€t

“Depois de ver ®r… K��Ša partir para a floresta, ®r…mat… R€dhik€, Sua consorte mais amada, regres-sa para Seu lar. Então, com o pretexto de executar S™rya-p™j€ ou colher flores...

vañcayitv€ gur™n y€ti / priya-sa‰gecchay€ vanamitthaˆ tau bahu-yatnena / militv€ sva-gaŠais tataƒ

... Ela engana a Seus mais velhos – superiores – para ter a sa‰ga de Seu priyatam€ ®y€ma. Acompanhada por Suas sakh…s, Ela Se dirige para a mesma floresta para Se encontrar com Ele. Assim, depois de muitos

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1031®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

muitos esforços, R€dh€ e K��Ša Se encontram nova-mente...

vih€rair vividhais tatra / vane vik�…�ito mud€hindolik€ sam€r™�hau / sakh…bhir dolitau kvacit

... e juntos executam diversas e bem-aventuradas param€nanda-l…l€s na floresta. Às vezes R€dh€ e K��Ša sentam-Se em um balanço e são balançados por Suas sakh…s.

kvaci� veŠuˆ kara-srastaˆ / priyay€pah�taˆ hariƒanve�ayann up€labdho / vipralabdho priy€-gaŠaiƒ

Algumas vezes (enquanto se sentem um pouco so-nolentos), a veŠu de ®r… Hari escorrega de Seus dedos e é roubada pela priya ®r… R€dh€. Depois de buscá-La sem parar por toda parte, Ele finalmente fica desapontado e perde a esperança. Então, neste momento as amadas gop…s Lhe põem a veŠu em Suas mãos de lótus,...

h€sito bahudh€ t€bhir / h€sitas tatra ti�˜hativasanta-�tun€ ju�˜aˆ / vanaˆ khaŠdaˆ kvacin mud€

...rindo e fazendo comentários divertidos. Naquele momento, K��Ša vê a Si mesmo esplendidamente, ao deleitar-Se com as gop…s e ao provocá-las, conver-sando e fazendo comentários insolentes delas. Algu-mas vezes ®r…mat… R€dhik€ e ®r… K��Ša entravam em uma área específica da floresta que é servida pela estação da primavera personificada.

pravi�ya candan€mbhobhiƒ / ku‰kum€di-jalair api

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1032 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

ni�iñcato yantra-muktais / tat-pa‰kair limpato mithaƒ

Ali, Eles usam seringas de prata cheias de água co-lorida e misturada com substâncias fragrantes, tal como ku‰kuma e candana para molhar um ao outro, e outras vezes, Eles espalham a pasta de candana, ku‰kuma e assim por diante sobre todos os membros do corpo.

sakhyo’py evaˆ vi�iñcanti / t€� ca tau siñcataƒ punaƒvasanta-v€yu-ju�˜e�u / vana-khaŠ�e�u sarvataƒ

Na bela e esplêndida floresta, a qual é servida por todos os lados pela suavizante brisa de primavera, as sakh…s se unem também a Seus jogos transcenden-tais assistindo-Lhes a banharem-Se um ao outro com água perfumada.

tat-tat-k€locitair n€n€-vih€raiƒ sa-gaŠair dvija�r€ntau kvacid v�k�a-m™lam / €s€dya muni-sattama

Ó melhor dos munis! ®r…mat… R€dh€ e K��Ša e Seus sakh€s e sakh…s confidenciais executam vários bem-aventurados jogos apropriados para o momento. Sentindo-Se um pouco fatigado de Seus passatem-pos tão vivazes, Eles Se sentam debaixo de uma ár-vore...

upavi�y€sane divye / madhu-p€naˆ pracakratuƒtato madhu-madonmattau / nidray€ militek�aŠau

... em um trono divino e desfrutam tomando o nec-táreo vinho de mel (madhu). Embriagados por este

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1033®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

madhu, Eles fecham os Seus olhos e dormem por algum tempo.

mithaƒ p€Ši-sam€lambya / k€ma-b€Ša-prasa‰gatauriraˆsur vi�ataƒ kuñje / skhalat-p€d€bjakau pathi

Segurando a mão um do outro, R€dh€-®y€ma são então atingidos pelas flechas de K€madeva e, desejam desfrutar um do outro. Seus pés de lótus deslizam do caminho e Eles entram no kuñja.

k�…�ata� ca tatas tatra / kariŠ…-y™thapau yath€sakhyo’pi madhubhir matt€ / nidray€ p…�itek�aŠau

Então, ®r…mat… R€dhik€ e ®y€masundara unem-se li-vremente no kuñja igual ao rei dos elefantes e sua companheira. As sakh…s, as quais também estão into-xicadas pelo madhu, seguem sonolentas...

abhito mañju-kuñje�u / sarv€ ev€pi �i�yirep�thag ekena vapu�€ / k��Šo’pi yugapad vibhuƒ

... para os charmosos kuñjas situados nos arredo-res. Pela influência de Sua inconcebível potência, ®r… K��Ša manifesta-Se então em inúmeras formas e encontra-Se ao mesmo tempo com cada sakh… em particular.

sarv€s€ˆ sannidhiˆ gacchet / priyay€ prerito muhuƒramayitv€ ca taƒ sarv€ƒ / kariŠ…r gaja-r€� iva

Do mesmo modo que um elefante enlouquecido pela paixão, não se sente cansado quando ele se une com mais de uma aliás, ao mesmo tempo Ele dá mais

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1034 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

e mais inspiração para ®r… R€dh€, ®r… K��Ša Se asso-cia com muitas amadas sakh…s.

priyay€ ca tath€ t€bhiƒ / k�…�€rthañ ca saro vrajet

Depois de tais jogos amorosos com ®r…mat… R€dhik€ e Suas sakh…s confidenciais, Eles entram num lago para realizar os jogos aquáticos.”

v�nde �r…-nanda putrasya / m€dhurya-k�…�ane kathamai�varyasya prak€�o’bh™t / iti me chindi saˆ�ayam

®r… N€rada disse: “Ó V�nd€, como é possível que se manifeste o aspecto ai�varya nos passatempos m€dhurya de ®r… Nandanandana? Por favor, dissipe esta dúvida.

mune m€dhuryam apy asti / l…l€-�aktiƒ hares tu s€tay€ p�thak k�…�aˆ gopa-gopik€bhih samaˆ hariƒ

®r… V�nd€-dev… disse: “Ó Muni! o m€dhurya de ®r… Hari é na realidade Sua l…l€-�akti. Com essa �akti Ele realiza Seus passatempos mais atrativos e doces. E somente através deste m€dhurya-l…l€-�akti, que Ele brinca ao mesmo tempo com cada gopa e gop…,...

r€dhay€ saha r™peŠa / nijena ramate svayamiti m€dhurya-l…l€y€h / �aktir na tv …�at€ hareƒ

...mas em Sua própria forma original Ele brinca com ®r… R€dh€. Esta é a m€dhurya-�akti de ®r… K��Ša, não Sua ai�varya-�akti.

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1035®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

jala-sekair mithas tatra / k�…�itv€ sva-gaŠais tataƒv€saƒ srak-candanair divyair / bh™�aŠair api bh™�itau

Depois de entrar no lago, R€dh€-K��Ša e Suas sakh…s põem-se a brincar jogando água um no outro e, então banham um ao outro. Logo após, elas Os decoram com belas roupas, guirlandas fragrantes, candana e ornamentos encantadores.

tatraiva sarasas t…re / divya-maŠimaye g�hea�nataƒ phala-m™l€ni / kalpit€ni mayaiva hi

Então, em um esplêndido abrigo de folhagens feito de jóias situado na margem daquele lago, eu ofereço a Eles uma refeição de frutas e bebidas de ervas pre-paradas por mim.

haris tu prathamaˆ bhuktv€ / k€ntay€ parisevitahdvitr€bhiƒ sevito gacchec / chayy€ˆ pu�pa-vinirmit€m

®r…mat… R€dhik€ serve pessoalmente a ®r… K��Ša, enquanto Ele honra o prazeroso alimento, então Ele descansa em uma cama de flores. Nesse momento, duas ou três sakh…s O atendem...

t€mb™lair vyajanais tatra / p€da-samv€han€dibhihsevyam€no hasaˆs t€bhir / modate preyas…ˆ smaran

... oferecendo-Lhe nozes de betel (t€mb™la), abanan-do Ele, massageando os Seus pés, e assim por di-ante. Enquanto as gop…s servem K��Ša, sorrindo Ele cai no sono, absorto em pensamentos de Sua amada R€dhik€.

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1036 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

�r…-r€dh€pi harau supte / sa-sakh… modit€ntar€k€nta-dattaˆ pr…ta-man€ / ucchi�˜aˆ bubhuje tataƒ

Enquanto ®r… K��Ša descansa, R€dhik€ e Suas sakh…s saboreiam com muito amor e deleite os remanentes da comida e bebida deixados pelo amante dEla.

kiñcid eva tato bhuktv€ / vrajet �ayy€-niketanamdra�˜uˆ k€nta-mukh€mbhojaˆ / cakor…va ni�€-karam

Depois de ter aceitado um pouco dos remanentes de K��Ša, ®r… R€dhik€ vai para o quarto e contempla a face de lótus de ®r… K��Ša, Seu Pr€Ša-vallabha, da mesma maneira como o pássaro cakor… contempla a lua.

t€mb™la-carvitaˆ tasya / tatraty€bhir niveditamt€mb™l€ny api c€�n€ti / vibhajant… priy€li�u

Ali, as sakh…s oferecem a Ela o t€mb™la mascado por ®r… ®y€masundara. Ela também mastiga os remanen-tes, depois de dividi-lo entre Suas sakh…s.

k��Šo’pi t€s€ˆ �u�r™�uƒ / svacchanda-bh€�itaˆ mithaƒpr€pta-nidra iv€bh€ti / vinidro’pi pa˜€v�taƒ

®r… K��Ša está desejoso de ouvir as doces conversas espontâneas, entre ®r… R€dhik€ e Suas sakh…s, assim, Ele cobriu todo o Seu corpo com uma coberta e si-mulou estar dormindo profundamente, embora Ele esteja completamente desperto.

t€� ca kel…-k�aŠaˆ k�tv€ / mithaƒ k€nta-kath€�ray€ƒ

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1037®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

vy€ja-nidraˆ harer jñ€tv€ / kuta�cid anum€nataƒ

As sakh…s pensam que K��Ša está dormindo e, li-vremente fazem divertidos comentários, rindo e fa-zendo piadas uma com a outra, porém, logo depois, elas perceberam que seu sono era simulado, e que assim Ele espertamente ouviu todas as coisas que elas disseram.

vyudasya rasan€ˆ dadbhiƒ / pa�yantyo’nyonya-m€nanaml…n€ iva lajjay€ syuƒ / k�aŠam ucur na kiñcana

Sentindo vergonha, elas pressionaram suas línguas entre seus dentes, e imersas em timidez, elas olham uma para a outra com espanto, incapazes de falar.

k�aŠ€d eva tato vastraˆ / dur…k�tya tad-a‰gataƒs€dhu-nidr€ˆ gato’s…ti / h€sayant… hasanti t€ƒ

Entretanto, brevemente recobraram o estado natural delas; tirando a coberta do corpo de K��Ša, elas dis-seram: ‘Que sono bom Você tem!’ Isso diverte K��Ša e todos riem juntos.

evam tau vividhair h€syai / ramam€nau gaŠaiƒ sahaanubh™yaƒ k�aŠaˆ nidr€ˆ / sukhañ ca muni-sattama

Ó melhor dos munis! Desse modo R€dh€, K��Ša e as sakh…s realizam uma variedade de passatempos di-vertidos, os quais estão repletos de anedotas geniais e risos, e então Eles desfrutam de um sono de bem-aventurança por algum tempo.

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1038 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

upavi�y€sane divye / sa-gaŠau vist�te mud€paŠ…k�tya mitho h€raˆ / cumb€�le�a-paricchad€n

Logo após, em grande deleite, todos eles se sentam, num lugar divino com assento espaçoso. Então, tro-cam colares, vestes, beijos ou abraços...

ak�air vik�…�ataƒ premn€ / narm€l€pa-puraƒsaramparäjito’pi priyay€ / jitam ity vadan m��€

... com bh€vas de prema, eles riem e brincam jogan-do dados. Embora K��Ša seja derrotado, Ele falsa-mente reclama ser o vencedor.

h€r€di-g�ahaŠe tasy€ƒ / prav�ttas t€�yate tay€tathaivaˆ t€�itaƒ k��Šaƒ/ karotpala-saror™haiƒ

Deste modo, Ele se aproxima para pegar o colar de R€dhik€, mas Ela Lhe dá um tapa. Sendo deste modo estapeado por Sua mão de lótus...

vi�aŠŠa-m€naso bh™tva / gantuˆ ca kurute matimjito’smi cet tvay€ devi / g�hyat€m mat-paŠ…k�tam

K��Ša ficou muito triste. Simulando ir embora do lugar, Ele diz: ‘Ó Dev…, eu fui derrotado por Você. Pegue o Seu prêmio, aqui.

cumban€di may€ dattam / ity uktv€ ca tath€caretkautilyam tad-bhruvor dra�˜uˆ / �rotuˆ tad-bhartsanaˆ

Estes são os beijos e as outras coisas que Eu apostei antes.’Assim dizendo, K��Ša paga à ®r…mat… R€dhik€

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1039®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

os beijos dEla e assim por diante. Estando desejoso de testemunhar Suas sobrancelhas franzidas e ouvir Suas palavras de punição a ®r… ®y€ma...

tataƒ �€r…-�uk€n€ñ ca / �rutv€ b€g€haraˆ mithaƒnirgacchatas tataƒ sth€n€d / gantu-k€mau g�haˆ prati

... os pássaros �uka e �ar… vêm e começam a dispu-tar sobre as respectivas virtudes de R€dh€ e K��Ša. Depois de ouvirem esta disputa entre o �uka e a �€r…, ®r… ®r… R€dh€ e K��Ša partem para Seus respectivos destinos.

k��Šaƒ k€nt€m anujñ€pya / gav€m abhimukhaˆ vrajets€ tu s™rya-g�haˆ gacchet / sakh…-maŠ�ala-samv�t€

®r… K��Ša se despede de Sua Pr€Ša-vallabh€ ®r…mat… R€dhik€ e volta para reunir as vacas, e ®r…mat… R€dhik€ vai com Suas sakh…s para o S™rya Mandira para executar S™rya-p™j€.

kiyad d™raˆ tato gatv€ / par€v�tya hariƒ punaƒvipra-ve�aˆ sam€sth€ya / y€ti s™rya-g�haˆ prati

Neste ínterim, depois de K��Ša ter caminhado uma pequena distância, Ele Se disfarça de um sacerdote br€hmaŠa, e também segue para S™rya Mandira.

s™ryañ ca p™jayet tatra / pr€rthitas tat-sakh…-janaiƒtadaiva kalpitair vedaiƒ / parih€sa-vi�€radaiƒ

As sakh…s de ®r…mat… R€dhik€ pensam que Ele é um p™jar… que irá auxiliá-las a conduzir a sua adoração, e elas Lhe pedem que faça o S™rya-p™j€ em nome

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1040 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

delas. Imediatamente, ®r… K��Ša começa a executar o S™rya-p™j€ com divertidos mantras Védicos inven-tados por Ele.

tatas t€ vyathitaˆ k€ntaˆ / parijñ€ya vicak�aŠ€ƒ€nanda-s€gare l…n€ / na viduƒ svaˆ na c€param

Quando as inteligentes sakh…s ouvem esses mantras improvisados, elas imediatamente entendem que este sacerdote, não é outro senão seu próprio aman-te ®r… K��Ša, que está afligido pela separação de ®r… R€dhik€. Sabendo disto, submergindo num oceano de bem-aventurança de prema, elas esquecem sua própria identidade e a das demais.

vih€rair vividhair evaˆ / s€rddhay€m advayaˆ munen…tv€ g�haˆ vrajeyus t€ƒ / sa ca k��Šo gav€ˆ vrajet

Ó Muni! Quando eles passaram dois praharas e meio realizando uma variedade de passatempos como este, ®r…mat… R€dhik€ e Suas sakh…s regressam para seus respectivos lares, enquanto K��Ša prossegue com Suas vacas.”

Vijaya: Quais são os apar€hna-l…l€ (passatempos da tarde)?

Gosv€m…: sañgamya sva-sakh…n k��Šo / g�h…tv€ g€ƒ samantataƒ

€gacchati vrajaˆ kar�an / tatraty€n mural…-ravaiƒ

Mural…, Ele reúne todas as vacas de todas as direções e rouba os corações das vraja-v€s…s.

tato nand€dayaƒ sarve / �rutv€ veŠu-ravaˆ hareƒ

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1041®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

go-dh™li-pa˜ala-vy€ptaˆ / d��˜v€ v€pi nabha-sthalamk��Šasy€bhimukhaˆ y€nti / tad-dar�ana-samutsuk€ƒ

Quando Nanda e os outros vraja-v€s…s escutam o doce som da veŠu de ®r… Hari e veem que o céu se cobre com a poeira das patas das vacas, eles sentem um grande desejo de vê-Lo, e imediatamente seguem naquela direção.

r€dhik€pi sam€gatya / g�he sn€tv€ vibh™�it€samp€dya k€nta-bhog€rthaˆ / bhak�y€Ši vividh€ni casakh…-sa‰gha-yut€ y€ti / k€ntaˆ dra�˜uˆ samutsuk€ƒ

Depois, voltando para Sua casa, e uma vez banhada, vestida e adornada por Suas sakh…s, ®r…mat… R€dhik€ prepara diversos tipos de alimentos para Seu Pr€Ša-vallabha ®r… K��Ša, e vai ansiosamente com suas sakh…s ter Seu dar�ana.

r€ja-m€rge vraja-dv€ri / yatra sarva-vrajaukasaƒk��Šo’pi t€n sam€gamya / yath€vad anup™rva�aƒ

Quando K��Ša se aproxima dos arredores de Vra-ja, no caminho de go-c€raŠa, todos os vraja-v€s…s se reúnem em ambos os lados do caminho real. ®r… K��Ša saúda a todos eles, e lhes oferece respeitos de acordo com a idade, qualidades, e assim por diante.

dar�anaiƒ spar�anair v€c€ / smita-p™rv€valokanaiƒgopa-v�ddh€n namask€raiƒ / k€yikair v€cikair api

Alguns Ele favorece por olhar, a outros por abraçar, a outros com palavras doces, e a outros com olhares sorridentes, jubilantes e doces, saturados de prema.

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1042 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

s€�˜€‰ga-p€taiƒ pitarau / rohiŠ…m api n€radanetr€nta-s™citenaiva / vinayena priy€ˆ tath€

He, N€rada! ®r… K��Ša oferece respeitosos namask€ra a ambos por gestos físicos e com palavras respeitosas para os gopas mais velhos. Caindo ao chão, Ele ofe-rece s€�˜a‰ga-daŠ�avat aos pés de Mah€r€ja Nanda, Ya�od€ M€iy€ e RohiŠ… M€iy€, e dá especial deleite para Suas amadas gop…s com Seu k�p€-ka˜€k�a (mi-sericordiosos e doces olhares de soslaio).

evaˆ tai� ca yath€-yogyaˆ / vrajaukobhiƒ prap™jitaƒgav€layaˆ tath€ g€� ca / sampravi�ya samantataƒ

Em retribuição, alguns vraja-v€s…s Lhe oferecem bençãos, trocam doces palavras com Ele, adoram-No e assim por diante. Ele, então, cuidadosamente con-duz as vacas até o go-�€l€.

pit�bhy€m arthito y€ti / bhr€tr€ saha nij€layamsn€tv€ bhuktv€ kiñcid atra / pitr€ m€tr€numoditaƒgav€layaˆ punar y€ti / dogdhu-k€mo gav€ˆ payaƒ

Logo mais, a pedido de Seus pais, ®r… K��Ša e Dauj… vão para o quarto dEles, tomam banho e comem um pouco de de pras€da. Então, após pedir as bênçãos de seus pais, os dois irmãos divinos, outra vez vão rapidamente para o go-�€l€ ordenhar as vacas.”

Vijaya: O que é �€yaˆ-l…l€ (passatempos durante o crepúsculo e o início da noite)?

Gosv€m…: t€� ca dugdhv€ punaƒ k��Šaƒ / dohayitv€ ca k€�cana

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1043®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

pitr€ s€rddhaˆ g�haˆ y€ti / payo-bh€ra-�at€nugaƒ

“Assim, o próprio ®r… K��Ša ordenha algumas vacas e pede a outros para ordenhar as demais. Quando ter-mina, Ele regressa para Sua casa com Seu pai, segui-do de centenas de servos carregando potes de leite.”

tatr€pi m€˜r-v�ndai� ca / tat-putrai� ca balena casambhukte vividh€nn€ni / carvya-co�y€dik€ni ca

“Ao chegar em casa, Ele senta-se ao lado de Nan-da Mah€r€ja, Seus tios, Seus primos, Balar€ma e os sakh€s, enquanto Ya�od€, RohiŠ… e outras gop…s mais velhas Lhe servem, e Ele saboreia variedades de pre-parações que são mastigadas, sorvidas, lambidas e bebidas.”

Vijaya: Fale-me, por favor, do prado�a-l…l€ (passa-tempos da primeira parte da noite).

Gosv€m…: tan-m€tuh pr€rthan€t p™rvaˆ / r€dh€y€pi tadaiva hiprasth€pyante sakh…-dv€r€ / pakv€nn€n… tad€layam

“Com grande entusiasmado, ®r…mat… R€dhik€ cozin-ha variedades de preparações e as envia, por Suas sakh…s, a K��Ša em Nanda-bhavan, mesmo antes de sua sogra Lhe ordenar a fazer isto.

�l€ghayaˆ� ca haris t€ni / bhuktv€ pi˜r€dibhiƒ sahasabh€-g�haˆ vrajet tai�ca / ju�˜aˆ bandhu-jan€dibhiƒ

pakv€nn€äni g�h…tv€ t€ƒ / sakhyas tatra sam€gat€ƒbah™ny eva punas t€ni / pradatt€ni ya�oday€

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1044 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

Junto com Seu pai e os sakh€s, ®r… K��Ša repetida-mente saboreia e louva as variedades de preparações enviadas por ®r… R€dh€, bem como muitas outras dadas por Ya�od€ M€iy€. Então K��Ša, vai com Seu pai, amigos e parentes, para o salão de reuniões onde cantores e dançarinos lhes entretém com doces can-ções e danças.

sakhy€ tatra tay€ dattaˆ / k��Šocchi�˜aˆ tath€ rahaƒsarvaˆ t€bhiƒ sam€n…ya / r€dhik€yai nivedyate

Enquanto isso, as sakh…s pegam os remanentes de K��Ša e os oferecem a R€dhik€ em um local secreto. ®r…mat… R€dhik€ os distribuiu entre as sakh…s de acor-do com a posição delas (e, profundamente absorta pensando nEle, Ela os honra com grande deleite).

s€pi bhuktv€ sakh…-varg€ yut€ tad-anup™rva�aƒsakh…bhir maŠ�it€ ti�˜het / abhisarttuˆ samudyat€

Depois de desfrutar daqueles remanentes, Suas sa-kh…s decoram-Na de um modo muito encantador e, então Ela está pronta para ir ao abhis€ra (encontro com Seu priyatam€ ®y€ma!).”

Vijaya: Prabhu, eu estou muito desejoso de ouvir so-bre r€tri-l…l€ (passatempos da noite).

Gosv€m…:

prasth€pyate may€ k€cid / ata eva tataƒ sakh…tath€bhis€rit€bhi� ca / yamun€y€ƒ sam…pataƒ

kalpa-v�k�e nikuñje’smin / divya-ratnamaye g�hesita-k��Ša-ni�€yogy€ / ve�ayitv€ sakh…-yut€

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1045®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

®r… V�nd€-dev…, disse: “Eu envio daqui uma determi-nada sakh… à ®r…mat… R€dhik€, que acompanhada por Suas sakh…s, vai até um esplêndido abrigo de folha-gens adornado com jóias dentro do nikuñja, que está situado às margens do Yamun€, e coberto densamen-te por árvores kalpa-v�k�a. De acordo com as indica-ções da sakh… mensageira, ®r…mat… R€dhik€ veste-Se com roupas combinando com o brilho da lua. Duran-te a quinzena escura (k��Ša-pak�a) Ela veste-Se com roupas escuras, enquanto que na quinzena luminosa (�ukla-pak�a) Ela usa roupas claras ou brancas.

k��Šo’pi vividhas tatra / d��˜v€ kaut™halaˆ tataƒk€ty€yany€ manojñ€ni / �rutv€pi g…tak€ny api

Enquanto isto, K��Ša senta-Se no salão de reuniões de Seu pai, o-lhando vários tipos de maravilhosos espetáculos e ouvindo cantos do k€ty€yan…-sa‰g…ta que cativa a mente.

dhana-dh€ny€dibhis t€ˆ� ca / pr…Šayitv€ vidh€nataƒjanair €r€dhito m€tr€ / y€ti �ayy€-niketanam

Após isso, Ele recompensa apropriadamente e satis-faz os executantes com riqueza ou grãos, aceita a a-doração dos súditos de Nanda Mah€r€ja, e segue com Sua mãe para Seu quarto.

m€tari prasthit€y€n tu / bahir gatv€ tato g�h€ts€‰ketitaˆ k€ntay€tra / sam€gacched alak�itaƒ

Depois de Ya�od€ M€iy€ ter colocado K��Ša para dormir, ela retira-se do quarto dEle e vai repousar em seu próprio quarto. Em seguida, K��Ša que estava somente fingindo estar dormindo, silenciosamente

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1046 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 38

deixa Seu quarto com cuidado para não ser visto por ninguém.

militv€ t€v ubh€v atra / k�…dato vana-r€ji�uvih€rair vividhai r€sa-l€sya-g…ta-puraƒsaraiƒ

Ele vai para a companhia de Sua consorte no local marcado para o encontro (sa‰keta). Ali, Eles reali-zam vários passatempos começando por cantar e dançar o r€sa junto com Suas sakh…s na floresta.

s€rddhaˆ y€ma-dvayaˆ n…tv€ / r€tr€v eva vidh€nataƒ

vi�ve su�upatuƒ kuñje / pak�ibhis t€v alak�itau

Depois de passar quase dois praharas e meio na noite, e executando muitos outros passatempos de r€sa-l…l€ (tal como banhar-Se no Yamun€), as duas Metades entram em Seu kuñja sem serem notados pelos pás-saros que dormem.

ek€nte kusumaiƒ klipte / keli-talpe manoharesupt€vati�˜hat€ˆ tatra / sevyam€nau nij€libhiƒ

Neste kuñja solitário, R€dh€ e K��Ša deitam numa sublime cama de flores, justamente preparada para Seus cativantes passatempos amorosos. Então, Eles repousam enquanto as sakh…s mais confidenciais prestam serviços apropriados.

Vijaya, este é o mais celebrado a�˜a-k€l…ya-l…l€ de ®r… K��Ša, no qual os ingredientes de todos os tipos de rasas estão presentes. Os vários tipos de rasas que eu discu-ti com você previamente estão todos presentes neste l…l€. Você deve seguir prestando seu serviço no lugar apontado

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1047®�‰g€ra-Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€

para você, no momento marcado, em seu grupo designado e com sua relação específica.

Quando Vijaya Kum€ra ouviu todas aquelas descrições da boca de lótus de ®r… Guru Gosv€m…, ele ficou imerso em bh€va. Lágrimas de prema rolaram por sua face e, os pêlos de seu corpo se arrepiaram. Ele mencionou algumas pala-vras com a voz embargada, e então caiu inconsciente aos pés de lótus de ®r… Gop€la Guru Gosv€m…. Mais tarde, quando recobrou sua consciência, ®r… Gop€la Guru Gosv€m… lhe abraçou com grande afeição e, lhe acariciou a cabeça. De seus olhos caíram também torrentes de lágrimas.

Finalmente, compreendendo que já era muito tarde da noite, Vijaya Kum€ra ofereceu prostradas reverências (daŠ�avat-praŠ€ma) aos pés de lótus de ®r… Guru Gosv€m…. Recompondo-se, caminhou devagar para sua residência. A partir deste momento, rasa-kath€ começou a aparecer em seu coração dia e noite.

Assim termina o Trigésimo Oitavo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“®�‰g€ra Rasa: Mukhya-Sambhoga e A�˜a-K€l…ya-L…l€”

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Capítulo 39Entrando em L…L€

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Agora uma intensa saudade dominou Vijaya Kum€ra. Nada parecia satisfazer-lhe, e ele não era capaz de tranquilizar seu coração, nem mesmo depois de ter dar�ana de Jagann€thadeva no templo. Algum tempo atrás, ele ha-via entendido os fundamentos de rasa-tattva, mas somente agora, na associação de ®r… Gop€l-guru Gosv€m…, conseguiu entender madhura-rasa com seus sth€y…bh€vas, vibh€vas, anubh€vas, sattvika-bh€vas e vyabhic€r…-bh€vas. Diferen-tes bh€vas manifestavam-se em seu coração regularmente. Por um momento, surgia um bh€va e o submergia em bem-aventurança e, então um novo bh€va invadia seu coração. Ele passava seus dias desta maneira, completamente incapaz de perceber o despertar e o movimento de qualquer bh€va em seu coração, ou suas transformações em outro bh€va. Con-sequentemente, um dia ele se aproximou dos pés de lótus de ®r… Guru Gosv€m… cheio de lágrimas nos olhos, e submeteu a seguinte pergunta: Prabhu, por sua ilimitada compaixão, eu aprendi tudo, mas eu não posso controlar meu verdadei-ro ser, por isto, eu não posso me estabelecer firmemente em k��Ša-l…l€. Tenha a bondade de me conceder as instruções

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1052 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 39

que considere serem favoráveis em minha condição atual.®r… Guru Gosv€m… ficou muito contente ao ver os bh€vas de Vijaya Kum€ra, e pensou consigo: “Oh! que gloriosa e ex-traordinária é a natureza de k��Ša-prema! Ele faz com que a felicidade pareça sofrimento e o sofrimento felicidade.” Então, ele disse para Vijaya Kum€ra, “Meu querido filho, agora você deve adotar o meio pelo qual poderá entrar em k��Ša-l…l€.

Vijaya: Qual é o método para fazer isto?Gosv€m…: ®r…la Raghun€tha d€sa Gosv€m… descreveu

o método para entrar em k��Ša-l…l€ no seguinte �loka:

na dharmaˆ n€dharmaˆ �ruti-gaŠa-niruktaˆ kila kuruvraje r€dh€-k��Ša-pracura-paricary€m iha tanu�aci-s™nuˆ nand…�vara-pati-sutatve guru-varaˆ

mukunda-pre�˜hatve smara param ajasraˆ nanu manaƒ®r… Manaƒ-�ik�€ (2)

Oh! minha querida mente! Por favor, não execu-te nem o dharma ou o adharma mencionados nos ®rutis. Ao contrário, você deve oferecer abundan-te serviço amoroso a ®r… R€dh€-K��Ša Yugala aqui em Vraja, pois os ®rutis concluíram que Eles são o princípio mais elevado de suprema adoração e a Verdade Absoluta Suprema. Sempre medite em ®ac…-nandana ®r… Caitanya Mah€prabhu, que está esplendidamente dotado com a compleição e senti-mentos de ®r…mat… R€dhik€, como não-diferente de ®r… Nanda-nandana, e sempre se lembre de ®r… Gu-rudeva como o mais querido de ®r… Mukunda.

Não perca tempo em vão, deliberando sobre as ativi-dades corretas e incorretas (dharma e adharma) menciona-

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1053Entrando em L…L€

das nos �€stras. Em outras palavras, você deve abandonar completamente a lógica e a razão dos �€stras, e ocupar-se no s€dhana de r€g€nug€-bhakti, de acordo com a avidez desenvolvida em seu coração. Preste serviço amoroso a-bundante a ®r… R€dh€ K��Ša em Vraja; isto é, ocupe-se no bhajana de vraja-rasa. Se você perguntar quem irá ensinar a meta e o objeto do bhajana de vraja-rasa, então, por fa-vor, ouça.

Após vraja-l…l€, nosso Pr€Šan€tha ®r… Nim€nanda apareceu do ventre de ®r… ®ac…-dev… em pracchanna (oculta) V�nd€vana, ®r… Navadv…pa-dh€ma. ®ac…nandana Gaurahari não é outro senão o próprio K��Ša, o filho do Senhor de Nand…�vara, ®r… Nanda Mah€raja. Nunca considere ®r… Cai-tanya Mah€prabhu inferior a ®r… K��Ša em nenhum aspec-to de tattva. Ele apareceu em Navadv…pa e demonstrou um bhajana-l…l€ diferenciado, de modo que você nunca deve abandonar vraja-bhajana, pensando que Ele é Navadv…pa-n€gara (o amante que desfruta com suas consortes em Nav-adv…pa). Ele é o próprio K��Ša, mas você não deve perturbar aqueles no caminho de arcana, que meditam nEle separa-damente de K��Ša, e executam Sua adoração com man-tras separados. No rasa-m€rga, Ele é o objeto exclusivo de bhajana como ®r…-R€dh€-vallabha, Ele apareceu como ®ac…-nandana, o único guru de vraja-rasa. Portanto, exe-cute bhajana deste ®ac…-nandana como k��Ša-pre�˜ha, isto é, considere Ele como guru que é o mais querido de K��Ša. Antes de realizar r€dh€-k��Ša-smaraŠa sempre se lembre de gaura-l…l€, porque isto irá estimular e despertar seus bh€vas de a�˜a-k€l…ya-k��Ša-l…l€. Sempre realize bhajana-gurudeva como nenhum outro senão uma vraja-y™the�var… ou sakh…. Entre em vraja-l…l€ ao executar bhajana desta ma-neira.

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1054 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 39

Vijaya: Prabhu, agora eu irei colocar de lado todos os argumentos lógicos dos �€stras e todos os outros caminhos, porque eu estou muito desejoso de prestar serviços apro-priados em a�˜a-k€l…ya-k��Ša-l…l€, como ensinado e demon-strado por ®r… Gaur€‰gadeva, sob a guia de meu guru-r™pa sakh…. Por favor, instrua-me como eu posso manter minha mente fixa nesta atitude, para que eu possa alcançar minha meta.

Gosv€m…: Dois assuntos devem ser claramente en-tendidos em relação a isto: up€sya-pari�k�ti e up€saka-pari�k�ti. Up€sya-pari�k�ti significa deixar clara as con-cepções e realizar a verdadeira natureza de up€sya, ou o objeto de seu sev€. Você já aperfeiçoou up€sya-pari�k�ti, pois você entendeu rasa-tattva. Há onze bh€vas (ek€da�a-bh€vas) relacionados a up€saka-pari�k�ti; você já obteve quase todos eles, mas você precisa de alguma forma estar mais firmemente estabelecido neles.

Vijaya: Mais uma vez, tenha a bondade, de explicar estes ek€da�a-bh€vas em detalhes.

Gosv€m…: Os ek€da�a-bh€vas são: 1) sambandha (relacionamento), 2) vayasa (idade), 3) n€ma (nome), 4) r™pa (forma pessoal e beleza), 5) y™tha (grupo), 6) ve�a (vestes), 7) €jñ€ (instrução específica), 8) v€sa (residência), 9) sev€ (serviço exclusivo) e 10) par€k€�˜h€-�v€sa (o auge da emoção, que é o próprio alento da aspirante) e 11) p€lya-d€s…-bh€va (o sentimento de ser uma serva sob a proteção de ®r… R€dh€).Vijaya: O que é sambandha (relacionamento)?

Gosv€m…: O sentimento de sambandha é o fundamen-to deste assunto. Os sentimentos com os quais uma pessoa se relaciona com K��Ša, quando ela estabelece sambandha determinam o seu estado correspondente de perfeição (sid-dhi). Uma pessoa que aceita K��Ša como seu mestre quan-

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1055Entrando em L…L€

do estabelece sua relação com Ele, torna-se um d€sa. Aquele que O aceita como um esposo na relação matrimo-nial (svak…ya), torna-se uma bela jovem em Dv€rak€. ®€nta-rasa está ausente em Vraja, e mesmo d€sya-rasa é muito inibida. De qualquer forma, esta relação é estabelecida de acordo com o ruci do adorador. Sua natureza é feminina e sua inclinação está em parak…y€-rasa, assim você é uma as-sistente subordinada de Vraja-vane�var…. O sambandha que você deve cultivar e realizar plenamente é: “Eu sou uma serva da assistente mais confidencial de ®r…mat… R€dhik€. ®r…mat… R€dhik€ é a Senhora de minha vida e K��Ša é a vida dEla; portanto, ®r… R€dh€-vallabha ®r… K��Ša é, certamente, o Senhor de minha vida.”

Vijaya: Ouvi dizer que nosso €ch€rya ®r…la J…va Gosv€m… era a favor de sambandha em svak…y€-bh€va (a relação matrimonial). Isto é verdade?

Gosv€m…: Nenhum dos seguidores de ®r…man Mah€prabhu estava fora do parak…y€-bh€va transcenden-tal e puro. ®r… Svar™pa Gosv€m… é o guru exclusivo deste parak…y€-rasa transcendental. Ele deu instruções sobre o parak…y€-bh€va transcendental mais puro, e ®r…la J…va Gosv€m…, bem como ®r…la R™pa Gosv€m… e ®r…la San€tana Gosv€m… seguiram seus passos e mantiveram a mesma opi-nião. ®r…la J…va Gosv€m… nunca aspirou nenhum sentimento independente de svak…ya-bhajana. No entanto, ele observou um traço de svak…ya-bh€va em alguns dos up€sakas (ado-radores) de Vraja. O svak…ya-bh€va de Vraja é encontrado somente onde samarth€ rati não tem um vestígio de sa-mañjas€ rati neles. Aqueles que têm um ligeiro sentido de svak…ya-bh€va quando estabelecem sua relação com K��Ša são na realidade svak…ya-up€sakas. ®r…la J…va Gosv€m… ti-

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1056 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 39

nha os dois tipos de discípulos: os que tinham �uddha para- ky€-bh€va e aqueles cuja adoração estava mesclada com um sentimento de svak…ya-bh€va. Consequentemente, ele deu instruções separadas de acordo com as diferentes in-clinações de seus discípulos. Este fato é claramente estabe-lecido no �loka ‘svecchay€ likhitaˆ kiñcit’ em seu Locana-rocan… ˜…k€ sobre o Ujjvala-n…lamaŠi.

Vijaya: Muito bem. Eu entendi que somente o parak…-y€-bhajana não-adulterado é aceito na concepção Gau�…ya pura (vi�uddha). Agora que entendi o sambandha, fale-me, por favor, sobre vayasa (idade).

Gosv€m…: O sambandha que você estabelece com K��Ša resulta na sua svar™pa intrínseca (vraja-lalan€-svar™pa), sem-precedente e sem-paralelo de uma vraja-gop…. Agora, para oferecer serviço nesta svar™pa, você pre-cisa ter a idade (vayasa) apropriada. A idade apropriada é kai�ora (de dez a dezesseis anos), também conhecida como vayaƒ-sandhi. Em sua svar™pa, você irá começar na idade de dez anos e irá crescer até os dezesseis. As vraja-lalan€s não têm as três idades de b€lya (infância, de 0 a 5 anos), paugaŠ�a (meninice, de 5 a 10 anos) e v�ddha (adulta), de modo que você deve cultivar sempre a identificação espir-itual de ser uma ki�or….

Vijaya: Fale-me, por favor, de n€ma (nome). Eu já recebi o nome de minha svar™pa, mas, por favor dê-me instruções definidas a este respeito.

Gosv€m…: Depois de ouvir sobre os serviços de vári-as donzelas de Vraja, a sua própria tendência de serviço foi desperta. De acordo com esta tendência natural para o serviço, você é uma serva de R€dhik€-sakh…. O nome des-sa serva é o seu nome. Seu Gurudeva lhe deu o nome de-pois de examinar sua inclinação ou ruci. Este nome é para

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1057Entrando em L…L€

ser considerado seu nitya-n€ma. Você irá sentir satisfação (manoram€) com este nome entre as vraja-gop…s.

Vijaya: Prabhu, por favor, agora fale-me sobre r™pa (forma eterna).

Gosv€m…: Sua identidade transcendental, intrínseca é, a de uma bela jovem ki�or…, o que significa que seu ®r… Gu-rudeva já definiu seu siddha-r™pa segundo sua inclinação e seu ruci. Como pode uma pessoa ser serva de ®r…mat… R€dhik€ sem que seja concedida uma forma divina e uma beleza pessoal inconcebível?

Vijaya: Consolide, por favor, minha fé com relação ao y™tha (grupo).

Gosv€m…: A própria ®r…mat… R€dhik€ é a y™the�var… (líder do y™tha), e você tem que viver como assistente no grupo de uma das oito sakh…s principais. Seu Gurudeva colocou você sob a guia de ®r…mat… Lalit€, de modo que agora deve prestar um serviço amoroso a Y™the�var… ®r…mat… R€dhik€ e a L…l€maya ®r… K��Ša sob a ordem de ®r… Lalit€.

Vijaya: Prabhu, que tipo de s€dhakas tornam-se seguidoras de grupos de y™the�var…s, tal como de ®r… Chandr€val…? Gosv€m…: O intenso desejo de ser a serva de uma y™the�var… é despertado no coração de uma pessoa, somente depois de ter acumulado méritos (suk�ti) durante muitos nascimentos, de modo que somente os s€dhakas mais afortunados tem acesso ao y™tha de ®r…mat… R€dhik€. Os esforços de ®r… Chandr€val… e de outras y™the�var…s são simplesmente para intensificar a l…l€, e isto é somente para nutrir o rasa transcendental de ®r… ®r… R€dh€-M€dhava que as outras y™the�var…s aceitaram o humor de serem oponen-tes. De fato, ®r…mat… R€dhik€ é a única y™the�var….

As variedades dos passatempos de ®r… K��Ša estão

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cheias de abhim€na (auto-concepção espiritual). Aqueles que têm um serviço particular para ®r… K��Ša em Seus pas-satempos, identificam a si mesmo por estarem perfeita-mente capacitados somente para aquele serviço.

Vijaya: Então, eu gostaria de ser resoluto em relação a guŠa (qualidades).

Gosv€m…: Você é esperto em vários tipos de habili-dades refinadas requeridas para seu serviço. Necessita de qualidades e uma veste adequada para realizar seu serviço perfeitamente, e seu Gurudeva já os definiu para você.

Vijaya: Agora, por favor, fale-me de €jñ€ (ordens es-pecíficas).

Gosv€m…: Há dois tipos de €jñ€: nitya e naimittika. Seu nitya-€jña é o €jñ€ que sua compassiva sakh… outorgou a você em relação a seu sev€ durante o a�˜a-k€l…ya-l…l€. Você deve continuar oferecendo sev€ regularmente naquele momento apropriado, sem qualquer negligência. Além disso, de vez em quando ela pode lhe dar €jñ€ sobre out-ros serviços quando surgir a necessidade, e isto é chamado naimittika-€jñ€ (ordens ocasionais). Você deve também dedicar-se a esses serviços com total entrega.

Vijaya: O que é v€sa (residência)?Gosv€m…: Viver eternamente em Vraja – isto é v€sa.

Você deve realizar sua identidade como uma gop… que é nascida na casa de algum gopa num dos vilarejos de Vraja, e você foi casada com um gopa de outro vilarejo de Vraja. Contudo, o doce som da mural… de K��Ša lhe cativou. A sakh… confidencial de ®r…mat… R€dhik€ aceitou você sob sua guia e destinou um lugar de residência para você em um belo ku˜…ra, em um bosque, às margens do R€dh€-kuŠ�a. A residência que você tenha realizado internamente, por sua identidade espiritual intrínseca, é seu verdadeiro v€sa. Seu

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1059Entrando em L…L€

parak…y€-bh€va é na verdade seu nitya-siddha-bh€va. Vijaya: Por favor, dê-me mais detalhes específicos

sobre meu sev€ (serviço).Gosv€m…: Você é uma serva de ®r…mat… R€dhik€ e seu

serviço eterno é prestar-Lhe um serviço amoroso. Algumas vezes, se for necessário, Ela pode enviar você sozinha com K��Ša para um lugar solitário, e neste momento, K��Ša pode expressar Seu desejo de desfrutar com você. No entanto, você jamais deve aceitar Suas propostas. Você é uma d€s… de ®r…mat… R€dhik€ e nunca serve a K��Ša independente-mente para Seu prazer sem a permissão dEla. Você tem o mesmo apego amoroso por R€dh€ e K��Ša, mas deve man-ter um maior desejo pelo serviço amoroso por Ela (d€sya-prema) do que por K��Ša. Este é o significado de sev€. Seu sev€ é assegurar o bem-estar e o prazer de ®r… R€dhik€ em todas as oito partes dos passatempos de a�˜a-k€l…ya-l…l€. ®r…la Raghun€tha d€sa Gosv€m… apresentou um resumo do seu serviço no ®r… Vil€pa-kusum€ñjal… baseado no tratado de ®r… Svar™pa D€modara.

Vijaya: Como pode o par€k€�˜h€-�v€sa (o mais ele-vado dos sentimentos, e o ar vital do aspirante) ser deter-minado?

Gosv€m…: ®r…la Raghun€tha d€sa Gosv€m… explicou o par€k€�˜h€ nos dois �lokas seguintes:

€�€-bharair am�ta-�indhumayaih kathañcit k€lo may€tigamitaƒ kila s€mprataˆ hi

tvaˆ cet k�paˆ mayi vidh€syasi naiva kiˆ me pr€Šair vrajena ca varoru vak€riŠ€pi

(Vil€pa-kusum€ñjali 102-103)

Ó Varoru R€dhe! Estou passando meus dias em

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1060 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 39

grande sofrimento, com a sublime esperança de al-cançar o oceano de néctar. Outorgue-me agora, por favor, Sua amabilidade, pois se Você não fizer isto, qual a utilidade de minha vida, minha residência em Vraja ou mesmo meu serviço a K��Ša? Tudo irá ser completamente em vão.

h€ n€tha gokula-sudh€-kara suprasanna-vaktr€ravinda madhura-smita he k�p€rdrayatra tvay€ viharate praŠayaiƒ pray€r€ttatraiva m€m api naya priya-sevan€ya

Ó Gokulacandra! Ó K��Ša, com um sorriso bem-aven-turado em Sua face de lótus! Ó Você, cujo coração é suave e derrete, desejando conceder misericórdia a todos! Tenha a bondade de levar-me, ali, onde amo-rosamente Você leva ®r…mat… R€dhik€ e brinca com Ela eternamente, e permita-me prestar serviço confi-dencial amoroso a Vocês.

Vijaya: Explique, por favor, o p€lya-d€s…-svabh€va (a disposição das servas que aceitaram a proteção de ®r… R€dh€).

Gosv€m…: ®r…la D€sa Gosv€m… explicou a disposição das p€lya-d€s…s em seu Vraja-vil€sa-stava como segue:

s€ndra-prema-rasaiƒ plut€ priyatay€ pr€galbhyam €pt€ tayoƒ

pr€Ša-pre�˜ha-vayasyayor anudinaˆ l…l€bhis€raˆ kramaiƒ

vaidagdhyena tath€ sakh…ˆ prati sad€ m€nasya �ik�€ˆ rasair

yeyaˆ k€rayat…ha hanta lalit€ g�hŠ€tu s€ m€ˆ gaŠaiƒVraja-vil€sa-stava (29)

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1061Entrando em L…L€

®r… Lalit€-dev… está imersa no oceano insondável de prema-rasa. ®r… ®r… R€dh€-K��Ša são seu pr€Ša-pre�˜ha (seus amados mais queridos, a vida de sua vida), e todo dia, com a pragalbhat€ (ousadia) nasc-ida de seu amor por Eles, ela arranja Seus encontros amorosos. Ela instrui sua sakh… ®r…mat… R€dhik€ com grande maestria. Que ela me aceite como p€lya-d€s…, uma das servas de seu grupo pessoal.

Vijaya: Que atitude deve manter uma p€lya-d€s… com as outras servas de Lalit€-dev…, e como deve tratá-las?

Gosv€m…: Todos os escritos de ®r…la D€sa Gosv€m… são enriquecidos de rasa transcendental, os quais são ilus-trações das instruções de ®r… Svar™pa D€modara. Com res-peito a isto, ele escreveu:

t€mb™l€rpaŠa-p€da-mardana-payod€n€bhis€r€dibhirv�nd€raŠya-mahe�var…ˆ priyatay€ y€s to�ayanti priy€ƒpr€Ša-pre�˜ha-sakh…-kul€d api kil€saŠkocit€ bh™mik€ƒ

kel…-bh™mi�u r™pa-mañjar…-mukh€s t€ d€sik€h saˆ�raye Vraja-vil€sa-stava (38)

Eu me abrigo em ®r… R™pa Mañjar… e nas demais servas de ®r…mat… R€dhik€, a grande Rainha de V�nd€vana. Aquelas servas comprazem-Na eterna-mente com seus constantes serviços amorosos como oferecer t€mb™la, massagear Seus pés, levar-Lhe água, e organizar Seus encontros com ®r… K��Ša. As pr€Ša-pre�˜ha-sakh…s são mais queridas de ®r…mat… R€dhik€ que Sua própria vida, mas as essas servas são ainda mais queridas, porque podem entrar sem nenhuma timidez no local onde o Casal Divino des-fruta de Seus passatempos mais confidenciais.

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1062 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 39

Vijaya: Que tipo de atitude e comportamento deve-se manter com as outras sakh…s principais?

Gosv€m…: ®r…la D€sa Gosv€m… indicou isto no se-guinte �loka:

praŠaya-lalita-narma-sph€ra-bh™mis tayor y€ vraja-pura-nava-y™nor y€ ca kaŠ˜h€n pik€n€m

nayati param adhast€d divya-g€nena tu�˜y€ prathayatu mama d…k�€ˆ hanta seyaˆ vi�€kh€

Vraja-vil€sa-stava (30)

®r… Vi�€kh€-dev… é favorecida pelo jovem casal devi-do a suas qualidades de amor íntimo, humor diver-tido e, uma curiosidade atrevida e amorosa. Seu can-to celestial encantador zomba da doçura do canto do cuco. Que esta Vi�€kh€ possa misericordiosamente treinar-me na arte da música.

®r… Gop€la Guru acrescentou: “Você também deve manter uma atitude submissa similar em relação as outras sakh…s.”

Vijaya: Mas, que tipo de humor deve ser mantido em relação às sakh…s do grupo rival (vipak�a)?

Gosv€m…: ®r…la D€sa Gosv€m… escreve com referên-cia a isto:

s€patnyoccaya-rajyad-ujjvala-rasasyoccaih samudv�ddhayesaubh€gyodbha˜a-garva-vibhrama-bh�taƒ �r…-r€dhik€y€ƒ

sphu˜amgovindaƒ smara-phulla-vallava-vadh™-vargeŠa yena k�aŠaˆ

k�…�aty e�a tam atra vist�ta-mah€-puŠyañ ca vand€mahe

Vraja-vil€sa-stava (41)

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1063Entrando em L…L€

Eu repetidamente ofereço minhas orações para as vraja-gop…s, lideradas pela muito afortunada Candr€val…, que têm sentimentos de rivalidade por ®r…mat… R€dhik€. Elas são dotadas com atributos, tais como os sentimentos de grande fortuna, orgulho por excelência e desilusão amorosa (vibhrama). ®r… K��Ša associa-Se com ela somente por instantes, para assim intensificar os sentimentos de ��ng€ra-rasa de ®r…mat… R€dhik€.Deve-se manter este tipo de sentimento no coração

em relação às sakh…s do grupo rival; e no momento de pre-star serviço pode tratar individualmente com cada uma de-las com comentários e gracejos amorosos.

Em resumo, você deve oferecer seu serviço (sev€), de acordo com os métodos e bh€vas expostos no ®r… Vil€pa-kusum€ñjali, e manter relacionamento mútuo e tratar as outras sakh…s e outros vraja-v€s…s como explicado no ®r… Vraja-vil€sa-stava. Contemple todas as variedades de l…l€s em a�˜a-k€l…ya-l…l€ descritos no Vi�€kh€nand€di-stotram. Absorva sua mente em k��Ša-l…l€ de acordo com o que está delineado no ®r… Manaƒ-�ik�€ e, mantenha uma determi-nação resoluta com respeito as regras e regulações de bhak-ti, de acordo com os bh€vas apresentados no Sva-niyama-da�akam.

Em seus escritos, ®r…la R™pa Gosv€m… ilustrou rasa-tattva extensivamente. Uma vez que ®r… Caitanya Mah€prabhu lhe confiou essa responsabilidade em particular, ele não ex-plicou como o rasa age enquanto a pessoa presta serviço (sev€). ®r…la D€sa Gosv€m… realizou essa tarefa em seus es-critos, os quais estão baseados nos ka�acha (apontamentos) de ®r…la Svar™pa D€modara. ®r…man Mah€prabhu autorizou e dotou de poder Seus diferentes associados, com diferentes

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responsabilidades missionárias, e seguindo Suas instruções, eles desempenharam seus serviços sem nenhuma falta.

Vijaya: Diga-me, por favor, quais foram as várias responsabilidades, e a quem ®r…man Mah€prabhu as con-fiou.

Gosv€m…: ®r…man Mah€prabhu confiou a ®r… Svar™pa D€modara a responsabilidade de ensinar o processo de sev€ dotado de rasa transcendental (rasamay… up€san€). Para satisfazer a ordem de ®r…man Mah€prabhu, ®r… Svar™pa D€modara escreveu um tratado em duas partes: uma parte chama-se o caminho interior (antaƒ-panth€) de rasamay… up€san€, enquanto que a segunda parte é chamada de o caminho externo (bahih-panth€) de rasamay… up€san€. ®r… Svar™pa D€modara ofereceu este antaƒ-panth€ ao redor do pescoço de ®r…la D€sa Gosv€m…, e isto está ilustrado e bem preservado nos escritos de D€sa Gosv€m…. Ele ensinou o bahih-panth€ para ®r… Vakre�vara Gosv€m…, e este é o va-lioso tesouro de nossa linha até a atualidade. Eu dei este tesouro a ®r…man Dhy€nachandra, e ele escreveu o paddha-ti (prática sistemática passo-a-passo) baseado nele, o qual você já obteve. ®r…man Mah€prabhu dotou de poder ®r… Nity€nanda Prabhu e ®r… Advaita Prabhu, e lhes confiou a responsa-bilidade de pregar as glórias de �r…-n€ma. Ele ordenou (e também dotou de poder) a ®r…la R™pa Gosv€m… para ma-nifestar o rasa-tattva e, Ele deu a ®r…la San€tana Gosv€m… a responsabilidade de explicar elaboradamente e ilustrar a relação entre vaidh…-bhakti e r€ga-bhakti. Ele também in-struiu ®r…la San€tana Gosv€m… para explicar o relaciona-mento esotérico entre praka˜a e apraka˜a Gokula. Por meio de ®r… Nity€nanda Prabhu e de ®r…la San€tana Gosv€m…, Mah€prabhu dotou de poder ®r… J…va Gosv€m… para estabe-

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1065Entrando em L…L€

lecer o tattva de sambandha, abhideya e prayojana. Desta maneira, cada um deles executaram aquelas responsabilida- des específicas que Mah€prabhu lhes havia confiado.

Vijaya: Prabhu,queres ponsabilidade de explicar ela-boradamente rasa-tattva, e através de ®r…la R™pa Gosv€m…, ele realizou isto em sua plenitude.

Vijaya: Prabhu, qual foi a responsabilidade que con-fiou a ®r… S€rvabhauma?

Gosv€m…: Foi confiado a ele a responsabilidade de ensinar as verdades filosóficas sobre a Realidade Absoluta (tattva). Ele, por sua vez, passou essa responsabilidade a ®r…la J…va Gosv€m… por intermédio de um de seus discípulos.

Vijaya: Quais foram as instruções de ®r…man Mah€prabhu para Seus seguidores mais proeminentes na Bengala?

Gosv€m…: A responsabilidade dos Gau�…ya mah€ntas era explicar o �r… gaura-tattva e despertar �raddh€ transcen-dental nos corações das j…vas por k��Ša-bhakti-rasa iniciado por ®r… Gaura. Mah€prabhu deu também a algumas grandes almas, a responsabilidade de escrever e propagar uma mo-dalidade especial de rasa-k…rtana.

Vijaya: Qual foi a responsabilidade confiada a ®r…la Raghunatha Bha˜˜a?

Gosv€m…: A ele foi dada a instrução de ensinar as glórias do ®r…mad-Bh€gavatam.

Vijaya: E para ®r…la Gop€la Bha˜˜a?Gosv€m…: ®r…man Mah€prabhu lhe confiou a respon-

sabilidade de proteger e preservar adequadamente o supre-mamente puro e transcendental ��ng€ra-rasa de quaisquer distorções, e também de averiguar qualquer negligência in-adequada em relação a vaidh…-bhakti.

Vijaya: Que responsabilidade foi dada a ®r…

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1066 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 39

Prabhodh€nanda Gosv€m…, o guru e tio de ®r… Gop€la Bha˜˜a Gosv€m…?

Gosv€m…: A ele foi confiada a responsabilidade de informar ao mundo que o objetivo mais elevado é cultivar apego amoroso e espontâneo por vraja-rasa.

Quando Vijaya Kum€ra ouviu todos estes tópicos, ele ficou enlevado, e considerou a si mesmo supremamente abençoado.

Assim termina o Trigésimo Nono Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Entrando em L…L€”

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Capítulo 40Alcançando Prma, A Riqueza Suprema

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Vijaya ponderou profundamente: “Por ouvir sobre vraja-l…l€, despertou em meu coração uma avidez por esta l…l€, por isso, gradualmente alcançarei o estágio de sucesso completo (sampatti-da�€).” Então, ele concluiu que deveria conhecer a natureza deste desenvolvimento gradual. Com isso em mente, ele aproximou-se de ®r… Guru Gosv€m… e humildemente perguntou: “Prabhu, eu preciso saber sobre os vários estágios que um bhakta passa, desde o início do estágio de audição até o estágio de sampatti-da�€ (sucesso completo).

Gosv€m…: Ao todo há cinco estágios: 1) �ravaŠa-da�€ (o estágio de audição), 2) varaŠa-da�€ (o está-gio de aceitação), 3) smaraŠa-da�€ (o estágio de lembrança), 4) bh€v€pana-da�€ (o estágio de êxta-

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1070 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 40

se espiritual) e 5) prema-sampatti-da�€ (o estágio em que se alcança o mais elevado êxito de prema).

Vijaya: Tenha a bondade de explicar-me �ravaŠa-da�€.

Gosv€m…: Quando a j…va desenvolve ruci por ou-vir o k��Ša-l…l€-kath€, deve ser entendido que seu esta-do de aversão foi removido. Nesse momento, desper-ta um intenso desejo por ouvir k��Ša-kath€. Ela deve ouvir o k��na-kath€ transcendental dos lábios de um bhakta, o qual deve ser mais avançado do que ela. É dito no ®r…mad-Bh€gavatam (4.29.40):

tasmin mahan-mukharit€ madhu-bhic-caritra-p…y™�a-�e�a-saritaƒ paritaƒ sravanti

t€ ye pibanty avit��o n�pa g€�ha-karŠaist€n na sp��anty a�ana-t��-bhaya-�oka-moh€ƒ

Na associação de pessoas santas, rios ilimitados de puro néctar emanam dos lábios de grandes almas na forma de descrições do caráter, passatempos e as qualidades transcendentais de ®r… K��Ša. Aqueles que nunca se saciam, enquanto bebem essas glórias nectáreas por meio de seus ouvidos, com profunda atenção, nunca mais serão dominados pela fome, sede, medo, pesar, desilusão e outros anarthas.

Vijaya: Aqueles que são aversos (bahirmukha-da�€) também escutam de vez em quando k��Ša-kath€. Que tipo de fé (�ravaŠa) é esta?

Gosv€m…: Há uma vasta diferença entre o �ravaŠa de k��Ša-kath€ no estado de aversão (bahirmukha-

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da�€) e �ravaŠa no estado de atitude favorável (antar-mukha-da�€). O �ravaŠa daqueles que são bahirmukha ocorre por casualidade, não devido a sua �raddh€. Tal �ravaŠa dá lugar a fortuna espiritual que conduz a bhakti (bhakti-unmukh… suk�ti) e, quando é acumula-do durante muitas vidas, faz com que surja a �raddh€ transcendental. O estágio em que esta �raddh€ trans-cendental é despertada no coração pelo �ravaŠa do k��Ša-kath€ dos lábios de personalidades santas, é cha-mado �ravaŠa-da�€. Há dois tipos de �ravaŠa-da�€: o primeiro é a audição não metódica ou irregular (krama-h…na-�ravaŠa-da�€) e o segundo é a audição metódica ou regular (krama-�uddha-�ravaŠa-da�€).

Vijaya: O que é krama-h…na-�ravaŠa-da�€ (au-dição irregular)?

Gosv€m…: Krama-h…na-�ravaŠa-da�€ é ouvir so-bre o k��Ša-l…l€ de um modo irregular e não metódico. O �ravaŠa não metódico é o resultado de ouvir o k��Ša-l…l€ com uma inteligência irresoluta, por isso, esse tipo de audição não permite que a pessoa realize a relação entre as várias l…l€s e, deste modo, rasa não desperta em seu coração.

Vijaya: Por favor, explique-me sobre a audição sistemática (krama-�uddha-�ravaŠa-da�€).

Gosv€m…: Rasa é somente desperto no coração de uma pessoa quando ela ouve k��Ša-l…l€ de forma metódica, ou numa ordem regular e com uma inteligên-cia resoluta. Quando alguém escuta o a�˜a-k€l…ya-l…l€ (os passatempos óctuplos eternos) separadamente dos naimittika-l…l€s (l…l€s ocasionais como o divino nasci-

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mento de K��Ša e outros), seu �ravaŠa é krama-�uddha. Somente este �ravaŠa krama-�uddha é desejável no caminho de bhajana. Se alguém escuta o k��Ša-l…l€ da forma krama-�uddha, gradualmente irá perceber a doçura e o encanto da l…l€, e o desejo de praticar r€g€nug€-bhajana surge em seu cora-ção. Nesse momento ele pensa: “Que sakhya-bh€va tão maravilhoso possui Subala por K��Ša! Eu tam-bém irei prestar sev€ amoroso a K��Ša como ele em sakhya-rasa.” Esta forte afinidade é chamada lo-bha (avidez). Executar k��Ša-bhajana com esse tipo de lobha seguindo os doces bh€vas dos vraja-v€s…s é cha-mado r€g€nug€-bhakti. Dei o exemplo de sakhya-rasa, mas este tipo de r€g€nug€-bhakti realiza-se nos qua-tro rasas começando com d€sya. Pela graça de meu Pr€Še�vara ®r… Nim€nanda, você possui uma dispo-sição natural por ��ng€ra-rasa. Você tem ouvido sobre os excepcionais bh€vas e a atitude de sev€ das vraja-gop…s por K��Ša, e isso fez com que despertasse em seu coração a avidez por oferecer premamayi-sev€ a K��Ša da mesma forma que elas; e essa mesma avidez levou você a encontrar o caminho para obter esse aprak�ta-sev€. Na realidade, o único �ravaŠa-da�€ deste pro-cesso é o diálago confidencial entre guru e discípulo.

Vijaya: Quando o �ravaŠa-da�€ de uma pessoa é considerado completo?

Gosv€m…: O �ravaŠa-da�€ é completo quando se experimenta a eternidade de k��Ša-l…l€. O k��Ša-l…l€, que é supremamente puro e transcendental, cativa

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completamente a mente e o coração. A pessoa sente-se inquieta, e tomada por uma grande impaciência para entrar e participar nele. ®r… Gurudeva descreve ao �i�ya os ek€da�a-bh€vas que mencionei anteriormente. So-mente se considera que o �ravaŠa-da�€ é completo ou perfeito quando a disposição mental do discípulo está imbuída com a amabilidade do l…l€. Então, o discípulo vê a si mesmo tomado por um desejo e, alcança varaŠa-da�€ (o estágio de aceitação).

Vijaya: Prabhu, por favor, fale-me de varaŠa-da�€.

Gosv€m…: Quando o apego espontâneo do coração está preso ao l…l€ pelas âncoras dos ek€da�a-bh€vas que citei anteriormente, o discípulo fica enlevado e cai aos pés de lótus de seu Gurudeva chorando constantemen-te. Neste momento, Gurudeva se manifesta na forma de uma sakh…, e o discípulo como sua assistente. A ca-racterística essencial das vraja-gop…s é o desejo inten-so de prestar serviço amoroso a ®r… K��Ša. Gurudeva é uma vraja-lalan€ que alcançou o estado perfeito de seu sev€. Nesse momento, o discípulo ora humildemente a ®r… Gurudeva com os seguintes sentimentos:

tv€ˆ natv€ y€cate dh�tv€ t�Šaˆ dantair ayaˆ janaƒsva-d€sy€m�ta-sekena j…vay€muˆ su-duƒkhitam

na muñcec charaŠ€y€tam api du�˜aˆ day€mayaƒato r€dh€like h€ h€ muñcainaˆ naiva t€d��amPrem€mbhoja-marand€khya-stavar€ja (11-12)

Ó R€dhike, eu sou muito caído! Mantendo uma

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palha de grama entre meus dentes, caio a Seus pés com toda a humildade possível, eu oro para que Você derrame Sua graça sobre esta alma desprovida, e me reanime concedendo o néctar do serviço sob Sua guia e direção. Aqueles que são glorificados como bondosos e misericordiosos, não rejeitam nem mes-mo pessoas de má índole que aceitaram o abrigo e renderam-se a eles, esta é a natureza deles. Portan-to, seja bondosa com esta pessoa insignificante que se rendeu a Você. Imploro para que não me prive de Sua graça sem causa. Meu único desejo é o serviço amoroso ao Casal Divino de Vraja, sob o abrigo de Seus pés de lótus.

Este é o bh€va clássico de varaŠa-da�€. Neste está-

gio, o guru-r™p€ sakh… dá ao s€dhaka a ordem (€jñ€) de ocupar-se em a�˜a-k€l…ya-l…l€-smaraŠam, abrigando-se completamente em k��Ša-n€ma, enquanto reside em Vraja, garantindo que o desejo há muito acalentado em seu cora-ção, será satisfeito muito em breve.

Vijaya: Fale-me, por favor, de smaraŠa-da�€.Gosv€m…: ®r…la R™pa Gosv€m… disse:

k��Šaˆ smaran janañ c€sya pres˜haˆ nija-�am…hitaˆtat-tat-kath€-rata� c€sau kury€d v€saˆ vraje sad€

Bhakti-ras€m�ta-sindhu, Seção Oriental (2.294-296)

O s€dhaka deve lembrar-se constantemente de ®r… K��Ša junto com Seus queridos associados eternos. Ele deve absorver-se em cantar e ouvir Seus glorio-sos passatempos, e deve residir sempre em Vraja.

ev€ s€dhaka-r™peŠa siddha-r™peŠa c€tra hitad-bh€va-lipsun€ k€ry€ vraja-lok€nus€rataƒ

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Aqueles que desenvolveram avidez por r€g€tmik€- bhakti, prestarão serviço seguindo os residentes de Vraja, internamente mediante o siddha-r™pa e, exter-namente em seu s€dhaka-r™pa.

�ravaŠotk…rtan€d…ni vaidha-bhakty-udit€ni tuy€ny a‰g€ni ca t€ny atra vijñey€ni man…�ibhiƒ

Aqueles que são versados no conhecimento trans-cendental (tattva-vit) sabem muito bem que todos os processos de bhakti, tais como �ravaŠa e k…rtana em voz alta devem ser praticados, em r€g€nug€-bhakti.

Mesmo antes de Vijaya Kum€ra ouvir a profunda ex-plicação destes três �lokas, ele perguntou: “Qual é o signi-ficado de kury€d v€saˆ vraje sad€?

Gosv€m…: De acordo com ®r…la J…va Gosv€m…, isto significa que o s€dhaka deve residir fisicamente em vraja-maŠ�ala, em outras palavras, nos lugares dos passatempos de ®r… ®r… R€dh€ e K��Ša (l…l€-maŠ�ala). Se não puder viver fisicamente em Vraja, deve fazê-lo mentalmente, porque o resultado de residir em Vraja mentalmente é o mesmo que se obtém vivendo lá fisicamente. O s€dhaka deve seguir os passos de uma específica sakh…, cujos bh€vas amorosos (premika-r€ga) tenham lhe atraído. Ele deve residir em Vraja com o abhim€na de ser uma kuñja-sevik€ (uma ser-va assistente no kuñja) desta sakh… em particular. Ele deve lembrar-se constantemente de ®r… K��Ša e o bh€va desta sakh….

Com este corpo grosseiro o s€dhaka deve executar os a‰gas de vaidh…-bhakti, como �ravaŠa e k…rtana, e com a sua forma espiritual concebida internamente, ele deve lem-

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brar-se constantemente do a�˜a-k€l…ya-l…l€, e executar o sev€ que lhe foi designado como siddha-vraja-gop…, de acordo com os onze bh€vas que ele tenha alcançado.

Externamente, o s€dhaka deve manter sua vida se-guindo externamente as regras e regulações, e cultivando internamente, os bh€vas que nutrem sua forma espiritual (siddha-deha). A pessoa que segue este processo correta-mente irá desenvolver um apego natural por Vraja e se desapegar de todas as outras coisas.

Vijaya: Explique, por favor, esse sev€ de forma mais clara.

Gosv€m…: O verdadeiro significado de vraja-v€sa é estar em um local solitário em apr€k�ta-bh€va. O s€dhaka deve oferecer sev€, de acordo com o a�˜a-k€l…ya-l…l€, en-quanto regularmente canta um número fixo de hari-n€ma. Ele deve regular todas as atividades para sustento de seu corpo, de maneira que não sejam desfavoráveis para seu bhajana. Em outras palavras, ele deve moldar sua vida de tal modo, que as atividades para a sua manutenção sejam favoráveis para o bhajana.

Vijaya Kum€ra meditou sobre isto profundamente, e disse: “Prabhu, eu entendi isto completamente, mas como é possível tranquilizar a mente?

Gosv€m…: A mente é tranquilizada automatica-mente quando se alcança r€g€nug€-bhakti. Pois o an-seio da mente por desfrute material cessa de forma au-tomática, quando ela é vivificada com o apego amoroso inerente do eu, ela voa para Vraja. Em outras palavras, a mente persistentemente busca objetivos mundanos somente devido a sua afinidade por eles, mas quando essa afinidade é dirigida a Vraja, ela fica tranquila por

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1077Alcançando Prma, A Riqueza Suprema

causa da ausência de tal apego por coisas mundanas. Ainda assim, se alguma apreensão de obstáculos

permanece, é benéfico adotar o curso gradual (krama) que mencionei anteriormente. Uma vez, que a mente se acalma por completo, as distrações mundanas não podem causar nenhum dano.

Vijaya: Qual é o significado do cultivo gradual (krama)?

Gosv€m…: Deve-se manter um número fixo de voltas de hari-n€ma, assim como devotar-se ao can-tar de �ri-hari-n€ma em um local solitário durante um período do dia, absorto em seu bh€va particular e man-ter a mente livre de pensamentos mundanos. Devagar e gradualmente, a pessoa deve aumentar o tempo de seu s€dhana; eventualmente, virá o estágio em que a mente estará sempre saturada com alaukika-cinmaya-bh€vas e os pensamentos mundanos não poderão prevalecer sobre eles.

Vijaya: Durante quanto tempo a pessoa deve se-guir essa prática?

Gosv€m…: A pessoa deve seguir esta prática con-tinuamente, até que ela alcance o estado mental além das perturbações.

Vijaya: Como a pessoa pratica n€ma-smaraŠa com bh€va? Por favor, explique-me este assunto deta-lhadamente.

Gosv€m…: Primeiro deve cantar n€ma com ull€sa (sentimento de satisfação). Então, combinar esta felici-dade com possessividade (mamat€). Depois disso, deve combinar esse mamat€ com vi�rambha (intimidade).

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1078 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 40

Quando a pessoa fizer isto, �uddha-bh€va irá gra-dualmente aparecer. Depois, irá aparecer bh€v€pana-da�€. Inicialmente, durante o tempo de smaraŠa, o s€dhaka simplesmente impõe bh€va em sua prática. Entretanto, no estágio de bh€v€pana, �uddha-bh€va manifesta-se no coração, e isto é chamado prema. De fato, esta é a sequência do desenvolvimento gradual de ni�˜h€ no coração do up€saka (servo transcenden-tal), e esta prática inclui também o desenvolvimento de ni�˜h€ na concepção do objeto de up€sya (o objeto do serviço).

Vijaya: Qual é a sequência de up€sya-ni�˜h€?Gosv€m…: Se você deseja alcançar o estágio ple-

namente desenvolvido de prema deve aceitar a seguin-te instrução de ®r… D€sa Gosv€m….

yad…ccher €v€saˆ vraja-bhuvi sa-r€gaˆ prati-januryuva-dvandvaˆ tac cet paricaritum €r€d abhila�eƒsvar™paˆ �r…-r™paˆ sa-gaŠam iha tasy€grajam api

sphu˜aˆ premŠ€ nityaˆ smara nama tad€ tvaˆ ��Šu manaƒ

Manaƒ-�ik�€ (3)

Ó mente! Se você acalenta um desejo ardente de viver em Vraja com r€ga, e se você anseia oferecer sev€ amoroso direto, vida após vida para Vraja-Yugala em Seus relacionamentos parak…y€, que estão livres de toda a influência das regras do matrimônio, você deve recordar clara e constantemente com amor a ®r… Svar™pa Gosv€m…, e a ®r… R™pa e ®r… San€tana Gosv€m…s junto com seus associados. Você deve aceitá-los como seus guru-r™p€-sakh…s e lhes

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oferecer praŠ€ma.

A ideia é que se alguém realiza s€dhana com o bh€va de svak…y€-rasa, o resultado é samañjasa-rasa, no qual o sev€-bh€va ao Casal Divino é inibido, e não em um estado plenamente desenvolvido. Por-tanto, você deve executar bh€jana mantendo o ego espiri-tual (abhim€na) de parak…y€-rasa puro, de acordo com as concepções de ®r… Svar™pa, ®r… R™pa e ®r… San€tana. Mes-mo durante o estágio de s€dhana, quando os bh€vas são simplesmente imposições, a pessoa deve adotar unicamente o parak…y€-bh€va puro. Se o s€dhaka impõe os bh€vas pa-rak…y€, ele manifestará a parak…y€-rati e, com o tempo, essa parak…y€-rati manifestará o parak…y€-rasa. De fato, este é o nitya-rasa do apraka˜a-l…l€ de Vraja.

Vijaya: Qual é o processo de ouvir (krama-�uddha) na sequência o a�˜a-k€l…ya-l…l€?

Gosv€m…: Depois de explicar todas as fascinantes va-riedades de rasa em a�˜a-k€l…ya-l…l€, ®r… R™pa disse:

atalatv€d ap€ratv€d €pto’ sau durv…g€hat€msp��˜aiƒ paraˆ ta˜asthena ras€bdhir madhuro yath€

Ujjvala-n…lamaŠi, Seção GauŠa-sambhoga (23)

O k��Ša-l…l€ é completamente transcendental em todos os sentidos. É um doce oceano de rasa, contudo este oceano é insondável e sem margens. K��Ša-l…l€ é incompreensível para os seres deste mundo terreno, porque para eles é extremamente difícil atravessar o reino mortal e acessar a realidade transcendental pura (�uddha-aprak�ta-tattva). O aprak�ta-rasa é tão surpreendente, variado e onisciente, que não pode ser superado.

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Além disso, mesmo se alguém for vivificado com o aprak�ta-bh€va e, vivencia este tattva puro, ao explicar o k��Ša-l…l€ esotérico, a sua descrição não poderá ser perfeita ou completa porque toda descrição depende de palavras, e palavras são incapazes de expressar plenamente essa reali-dade transcendental. Quando o próprio Bhagav€n descreve o aprak�ta-rasa, ouvintes e leitores que estão cheios de de-feitos mundanos e limitações, percebem mesmo a descrição dEle como sendo defeituosa, o que dizer de outras pessoas. Certamente, é muito difícil mergulhar fundo no oceano de rasa. Todavia, quando alguém se situa na margem desse oceano num estado neutro, ele pode descrever somente uma gota dele.

Vijaya: Então, como é possível alcançar este aprak�ta-rasa?

Gosv€m…: Madhura-rasa é insondável, incomparável e difícil de entender. Esta é a natureza de k��Ša-l…l€. Contu-do, nosso amado K��Ša é ilimitadamente dotado com duas qualidades especiais, que são a base real de nossas esperan-ças: Ele é sarva-�aktim€n (o possuidor de todas as potên-cias) e icch€ m€y€ (dono de Sua própria vontade perfeita e independente). Portanto, por Sua doce vontade Ele pode fazer facilmente, que Suas l…l€s esotéricas manifestem-se neste mundo material, embora elas sejam ilimitadas, inson-dáveis e difíceis de serem entendidas. Este reino mundano é extremamente trivial e insignificante, mas ainda assim, o autocrata supremo deseja trazer os aspectos transcendentais mais elevados de k��Ša-l…l€ a este mundo. É somente por Sua misericórdia sem causa que Seus l…l€s transcentais mais elevados de k��Ša-l…l€ a este mundo. É somente por Sua misericórdia sem causa que Seus l…l€s transcendentais, eter-nos e doces, os quais estão saturados com rasa (aprak�ta-

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nitya-madhura-rasamaya-l…l€), manifestam-se neste mun-do material.

Como é possível que ®r… Mathur€-dh€ma, que é aprak�ta (transcendental a este mundo terreno) se manife-ste neste mundo e como ela pode existir aqui? Nenhum ar-gumento pode ser aplicado no que se diz respeito a esse as-sunto, porque nunca é possível para a inteligência limitada dos humanos ou dos devat€s compreenderem as atividades da acintya-�akti de Bhagav€n. Vraja-l…l€ neste mundo é o praka˜a-bh€va (experiência manifesta) do k��Ša-l…l€ mais elevada, a qual é transcendental a este reino mundano. Nós a realizamos e alcançamos, assim não há motivo de ansie-dade para nós.

Vijaya: Se praka˜a-l…l€ e o apraka˜a-l…l€ são o mesmo tattva, por que um é superior ao outro?

Gosv€m…: Sem dúvida ambos são iguais. O l…l€ que se manifesta aqui existe em sua totalidade no reino transcendental. Contudo, do ponto de vista das almas condicionadas, nos estágios iniciais de s€dhana, ele aparece de uma maneira, e a medida que elas gradual-mente avançam, aparecem em formas progressivamen-te mais elevadas. No estágio de bh€v€pana a realização deste l…l€ é completamente pura.

Vijaya, você está qualificado para ouvir estes as-suntos, e então eu não devo hesitar em falar com você. Uma pessoa alcança o estágio de bh€v€pana em seu smaraŠa-da�€ como um resultado de praticar o s€dhana apropriado durante muito tempo. Durante o estágio de smaraŠa, quando a pessoa fica completamente livre de todos os sentimentos contaminados de sua experiência

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mundana, surge o estágio de €pana (realização da própria svar™pa). ®uddha-bhakti aparece misericordiosamente no coração do s€dhaka em função do grau de prática adequada em smaraŠa-da�€. Somente bhakti é k��Ša-€kar�iŠ… (atrati-va para K��Ša), de modo que pela graça de K��Ša, todas as sujeiras na forma de conceitos mundanos são gradualmente removidos em smaraŠa-da�€.

Está dito no ®r…mad-Bh€gavatam (11.14.26):

yath€ yath€tm€ parim�jyate ‘saumat-puŠya-g€th€-�ravaŠ€bhidh€naiƒ

tath€ tath€ pa�yati vastu s™k�maˆcak�ur yathaiv€ñjana-samprayuktam

Do mesmo modo que aplicando unguento nos olhos, dá a eles o poder de ver inclusive objetos sutis, si-milarmente, quando o �ravaŠa e o k…rtana de Meu supremamente purificante l…l€-kath€ limpa o coração da j…va, ela adquire a habilidade de experimentar um tattva tão sutil como é o da verdade sobre Minha svar™pa e Meus l…l€s.

Quando os olhos são tratados com um unguento, pode-se ver com muito mais clareza. Da mesma maneira, uma j…va realiza a aprak�ta-svar™pa (natureza transcendental) de k��Ša-l…l€ manifesto na medida que foi purificada pelo con-tato com o aprak�ta-vastu (realidade transcendental) medi-ante �ravaŠa, k…rtana e smaraŠa de k��Ša-l…l€-kath€.

É dito no Brahma-saˆhit€ (5.38):

premۖjana-cchurita-bhakti-vilocanena

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santaƒ sadaiva h�daye�u vilokayanti yaˆ �y€masundaram acintya-guŠa svar™paˆ

govindam €di-puru�aˆ tam ahaˆ bhaj€mi

Eu realizo bhajana para ®r… Govinda, o puru�a pri- mordial, que é ®y€masundara K��Ša. Sua forma tem qualidades inconcebivelmente únicas e, Seus �ud-dha-bhaktas perpetuamente vêem-No em seus cora-ções, com os olhos da devoção ungidos com o un-guento do amor.

No estágio de bh€v€pana (svar™pa-siddhi) aparece a faculdade da visão transcendental e, nesse momento o s€dhaka pode ter um dar�ana de sua sakh… e também da y™the�var… ®r…mat… R€dhik€. Mesmo após ter o dar�ana de Golokan€tha ®r… K��Ša, a realização do s€dhaka não é estável a todo momento, até que ele alcance o estágio de sampatti-da�€ (vastu-siddhi), no qual seus corpos, grosseiro e sutil, são destruídos. Em bh€v€pana-da�€, a j…va pura tem pleno controle sobre seus corpos grosseiro e sutil. Todavia, o resultado secundário de sampatti-da�€, o estágio no qual a misericórdia de K��Ša se manifesta completamente, é que a conexão da j…va com este mundo material é cortada por completo. Bh€v€pana-da�€ é chamado svar™pa-siddhi, e no sampatti-da�€ alcança-se o vastu-siddhi.

Vijaya: Como se experimentam o n€ma, o guŠa, a r™pa, o l…l€ e o dh€ma de K��Ša no momento do vastu-sid-dhi?

Gosv€m…: Não posso responder a essa pergunta. So-mente serei capaz de vê-los e falar sobre eles quando eu alcançar vastu-siddhi, e você será capaz de compreender e realizar estas coisas somente quando alcançar sampatti-da�€. Naquele momento não haverá mais necessidade de

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entender os aspectos distintos de k��Ša-l…l€; você os perce-berá diretamente, de modo que não necessitará perguntar mais. Por outro lado, é inútil para um bhakta expressar o que vê em sua svar™pa-siddhi – isto é, no bh€v€pana-da�€ – porque nenhum dos ouvintes será capaz de compreender o que ele está dizendo. ®r…la R™pa Gosv€m… descreveu os sintomas dos svar™pa-siddha-mah€puru�as da seguinte maneira:

jane cej j€tabh€ve’pi vaiguŠyam iva d��yatek€ry€ tath€pi n€s™y€ k�t€rthaƒ sarvathaiva saƒdhanyasy€yaˆ navaƒ prem€ yasyonm…lati cetasi

antarvaŠi bhir apy asya mudr€ su�˜hu sudurgam€Bhakti-ras€m�ta-sindhu, Onda Oriental (3.29 e 4.12)

Uma pessoa poderá ver alguma imperfeição aparente no comportamento externo dos bhaktas que tenham alcançado o estágio de bh€va. Mesmo assim, é es-sencial não invejá-los ou atribuir faltas a eles, porque eles estão totalmente desapegados de todas as coisas que não tenham uma relação com K��Ša, e portanto, alcançaram o êxito completo em todos os aspectos.

Este prema somente aparece nos corações daqueles que são muito afortunados. Mesmo aqueles, que são erudi-tos em �€stras encontram muita dificuldade em compreen-der as atividades, e os movimentos daqueles em quem o despertar de prema tenha aparecido.

Vijaya: Se isto for assim, porque o ®r… Bhrama-saˆhit€ e outros �€stras similares tentam dar uma descrição de Goloka?

Gosv€m…: Quando os grandes s€dhus estão situados em sua svar™pa-siddhi, e quando a visão dos passatempos

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transcendentais de ®r… K��Ša foi misericordiosamente ou-torgada a Brahm€ e a outros semideuses (devat€s), eles tentaram glorificar tais passatempos com seus stavas e stu-tis, de acordo com suas respectivas visões. Contudo, tais descrições são limitadas, pois neste plano mundano não há palavras adequadas para expressar os aprak�ta-bh€vas. Por outro lado, os bhaktas que não são avançados o suficiente, não podem compreender tais descrições por completo. No entanto, os bhaktas não tem necessidade de todas estas descrições. É recomendado que eles executem bhaja-na tendo como suporte o praka˜a-l…l€, que ®r… K��Ša muito bondosamente manifestou neste mundo; e somente assim eles irão alcançar toda a perfeição. Aqueles que executam tal bhajana em Gokula com ni�˜h€, irão muito em breve receber um sph™rti de Goloka em seus corações. Todos os divya-l…l€ de Gokula existem também eternamente em Go-loka, pois em tattva não há diferença entre eles. Aqueles que possuem uma visão material pensam que os fenôme-nos e as atividades de Gokula são mundanos ou ilusórios, mas tal percepção deixa de existir no momento da svar™pa-siddhi. Deve-se continuar realizando bhajana e contentar-se com qualquer realização da realidade transcendental que seja concedida de acordo com seu adhik€ra – na verdade esta é a instrução do próprio ®r… K��Ša. Se nós aderimos sinceramente a Suas instruções, no devido curso do tempo Ele irá certamente nos conceder Sua misericórdia sem cau-sa, através da qual nós podemos ter uma visão completa de Sua divya-l…l€. Neste momento, Vijaya Kum€ra ficou completamente livre de dúvida. Ele despertou plenamente a sua disposição inata, e habilidosamente devotou todo o ek€da�a-bh€vas em k��Ša-l…l€. Ele sentou em seu bhajana-kutira à beira-mar,

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ficou totalmente tranquilo, e passou todo seu tempo sabore-ando prema-sev€. Durante este tempo, a mãe de Vrajan€tha abandonou este mundo, e Vrajan€tha foi com sua avó ao lugar onde havia nascido. Em seu coração puro havia surgi-do sakhya-prema, assim ele viveu em Navadv…pa-dh€ma na associação de vai�Šavas sinceros, realizando seu bhajana em bem-aventurança às margens do Bhagavat… Ga‰g€.

Vijaya Kumara, no entanto, abandonou suas vestes de chefe de família e aceitou a kaup…na e bahir-v€sa de renun-ciante. Ele mantinha-se por meio de madhukar…, esmolan-do �r…-mah€pras€da, enquanto permanecia completamente absorto em bhajana. Durante os oito praharas do dia e da noite, ele descansava somente um pouco durante o sono transcendental de ®r… ®r… R€dh€-K��Ša. Depois dEles come-rem, ele honrava a pras€da, e quando Eles acordavam, ele prestava sev€ apropriado. Seu hari-n€ma-m€l€ permanecia sempre em sua mão. Algumas vezes ele dançava, outras ve-zes chorava alto. Algumas vezes, enquanto contemplava as ondas do oceano, ria. Quem senão ele mesmo podia enten-der os movimentos de seu bhajana e o bh€va transcenden-tal de seu coração?

Externamente ele era conhecido pelo nome de Nim€i d€sa B€b€j…. Ele era a personificação da humildade e seu caráter era imaculado, jamais falava ou escutava conver-sas mundanas, e sua determinação em bhajana era fixa. Quando alguém lhe oferecia mah€-pras€da ou kaup…na-ba-hir-v€sa, ele aceitava somente o mínimo necessário e nada mais. Enquanto ele cantava hari-n€ma, lágrimas incessan-tes rolavam em sua face, sua voz ficava embargada e os pêlos de seu corpo se arrepiavam. Dentro de muito pou-co tempo, ele alcançou a perfeição em seu bhajana e ®r… K��Ša, muito graciosamente lhe concedeu o adhik€ra, a

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qualificação para prestar serviço (sev€) em Sua apraka˜a-l…l€. Como Brahm€ Harid€sa µh€kura, seu bhajana-deha (o corpo com o qual ele realizava bhajana), foi enterrado sob as areias da praia de Pur….

gaura-prem€nande hari hari bol!Bolo Bhagav€n ®r… K��Ša Candra ki jaya!

Assim termina o Quadragésimo Capítulo do Jaiva-Dharma, intitulado

“Alcançando Prema, A Riqueza Suprema”

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1089Alcançando Prma, A Riqueza Suprema

guru-k��Ša-vai�Šavera k�p€-bala dharibhaktivinoda d…na bahu yatna kari

Após muitos dias de esforço e carregando sob sua cabeça a k�p€-�akti de ®r… Guru, K��Ša e Vai�Šavas, este baixo Bhaktivinoda...

viracila jaiva-dharma gau�…ya-bh€�€yasamp™rŠa haila grantha m€gh…-p™rŠim€ya

... compilou este Jaiva-dharma de acordo com a con-cepção pura da filosofia Gau�…ya Vai�Šava. Este li-vro foi terminado em M€gh…-p™rŠim€ (a lua cheia do mês de M€gha)...

caitany€bda c€ri-�ata-da�e navadv…pegodruma-surabhi-kuñje j€hnav…-sam…pe

no ano 410 da era Caitanya (1896) em Surabh…-kuñja, em Godrumadv…pa, nas proximidades do rio J€hnav… em Navadv…pa-maŠ�ala.

�r…-kali-p€vana-gor€-pade y€ñra €�€e grantha pa�™n tini kariy€ vi�v€sa

Aqueles que desejam o abrigo dos pés de lótus de ®r… Gaur€‰ga, o purificador da era de Kali, devem ler este livro com fé.

gaur€‰ge j€‰h€ra n€ janmila �raddh€-le�ae grantha pa�ite t€‰re �apatha vi�e�a

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1090 JAIVA-DHARMA CAPÍTULO 40

Entretanto, declaro solenemente para quem não de-senvolveu nem mesmo um vestígio de �raddh€ por ®r… Gaur€‰gadeva, que não leia este livro...

�u�ka-muktiv€de k��Ša kabhu n€hi p€ya�radd€v€ne vraja-l…l€ �uddha-r™pe bh€ya

Pois os áridos mukti-vadis não podem nunca al-cançar o refúgio de ®r… K��Ša, mas alguém dotado com �raddh€ espiritual irá gradualmente realizar os aspectos esotéricos completos de vraja-l…l€.

Phala ®ruti (Os frutos de ouvir)

p�thiv…te yata kath€ dharma-n€me calebh€gavata kahe saba parip™rŠa chale

Como indicado no ®r…mad-Bh€gavatam (1.1.2), to-das as filosofias da face da terra que são celebradas como dharma estão completamente desacreditadas.

chala-dharma ch€�i’kara satya-dharme maticatur-varga tyaji’dhara nitya-prema-gati.

Uma pessoa deve abandonar completamente tal falso dharma e absorver sua mente no verdadeiro dharma. Em outras palavras, deve-se abandonar as quatro divisões de metas da vida material – dharma, artha, k€ma, mok�a – e aspirar somente pelo destino último de nitya-prema.

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€mitva-m…m€ˆs€-bhrame nije ja�a-buddhinirvi�e�a-brahma-jñ€ne nahe citta-�uddhi

Aqueles que estão desiludidos se identificam com a matéria. Este é o erro deles, contudo uma pessoa não pode ser purificada de tal desilusão por esforçar-se em nirvi�e�a-brahma-jñ€na.

vicitrat€ h…na hale nirvi�e�a hayak€la s…m€tulya seha €pr€k�ta naya.

O m€y€v€d… pensa que ®r… K��Ša está sujeito às li-mitações de tempo, tais como nascimento e morte e considera que Ele não é transcendental. Deste modo, ele rejeita a vicitrat€ de ®r… Bhagav€n (surpreenden-tes características, parafernália, qualidades e l…l€). Ao final desta tentativa viciosa só lhe resta a filosofia de nirvi�e�a-brahma.

khaŠ�a-jñ€ne heya-dharma €che suni�cayapr€k�ta haile, kabhu apr€k�ta naya

Tal básico e desprezível jñ€na que surge de uma ten-tativa de desmembrar a forma divina de Bhagav€n somente serve para ser rejeitado. Isto é pr€k�ta (ma-terialista) e nunca deve ser reportado como apr€k�ta-dharma.

ja�e dvaita-jñ€na heya, cite up€deyak��Ša-bhakti cira-dina up€ya-up€ye

Tal conhecimento, que é somente relacionado com a dualidade deste mundo material inerte é digno de

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ser rejeitado, enquanto que o conhecimento trans-cendental da esplêndida dualidade dentro do mun-do espiritual (cit-jagat) deve ser sempre aceito no coração como up€ya (meio de realização) e o up€ye (meta desejável de realização).

j…va kabhu ja�a naya, hari kabhu nayahari saha j…v€cintya-bhed€bhedamaya

A j…va não é um produto da matéria inerte, nem é keval€dvaita, una por completo com ®r… Hari. A j…va é inconcebivelmente igual e diferente de Hari.

deha kabhu j…va naya, dhar€-bhogya nayad€sa-bhogya j…va, k��Ša prabhu bhokt€ haya

O corpo material nunca deve ser considerado como a j…va, e esta terra não é para a j…va explorar e desfrutar. A svar™pa da j…va é k��Ša-d€sa e assim ela é desti-nada ao prazer de K��Ša, enquanto que a svar™pa de K��Ša é prabhu (mestre) e bhokta (desfrutador).

jaiva-dharme n€hi €che deha-dharma-kath€n€hi €che j…va-jñ€ne m€y€v€da-prath€

Este livro intitulado Jaiva-dharma, não discute tó-picos relacionados ao corpo material inerte, nem propõe a doutrina M€y€v€da da j…va em unidade com brahma.

j…va-nitya-dharma bhakti – t€he ja�a n€i�uddha-j…va ‘prema’sev€-phale p€ya t€i

O nitya-dharma da j…va é bhakti destituído de moti-

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vação material. A j…va purificada pelo sev€, obtém o fruto deste sev€ na forma de prema.

jaiva-dharma’p€the sei �uddha-bhakti hayajaiva-dharma’n€ pa�ile kabhu bhakti naya

Aquele que lê o Jaiva-dharma com deliberação sin-cera irá seguramente alcançar �uddha-bhakti, mas aquele que não lê o Jaiva-dharma nunca alcançará bhakti.

rup€nuga-abhim€na p€the d��ha hayajaiva-dharma vimukhade dharma-h…na kaya

A leitura sincera do Jaiva-dharma irá certamente fortalecer o abhim€na como um r™p€nuga (seguidor de ®r… R™pa Gosv€m…). Aquele que é averso a ler o Jaiva-dharma é certamente destituído de princípios religiosos.

y€vat j…vana jei pa�e jaiva-dharmabhaktim€n sei j€ne v�th€ jñ€na-karma

Aquele que fielmente lê o Jaiva-dharma ao longo de sua vida será favorecido com bhakti, e irá certamente realizar a futilidade de jñ€na e karma.

k��Šera amala-sev€ labhi’ sei narasev€-sukhe magna rahe sad€ k��Ša-para

Tal homem, ao se devotar completamente a ®r… ®r… R€dh€-K��Ša Yugala-Ki�ora e por ter alcançado seu amala-prema-sev€, permanece para sempre imerso na bem-aventurança de tal serviço amoroso imacu-lado.

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1095 JAIVA-DHARMA Glossário de Termos

Glossário de Termos

AAbhidheya – vem da raiz verbal abhidh€, que significa “declarar ou explicar,” e a palavra abhidheya literalmen-te significa “aquilo que é digno de explicação.” A pala-vra pela qual krsna-prema pode ser alcançada é a verdade fundamental (tattva) que é a mais admissível de explica-ção. O meio pelo qual a meta ultima é alcançada, é a prática de s€dhana-bhakti.Abhim€na - egoísmo; a auto-concepção com a qual a pes-soa se identifica.šc€rya – mentor espiritual, alguém que ensina através do exemplo.šcch€dita-cetana – consciência coberta. Isto refere-se as entidades vivas tais como árvores, trepadeiras, videira, pe-dras, e outros seres inertes cuja consciência são muito pou-co detectável.Acira-sth€y…- não-duradouro, impermanente.Acit-vastu – objectos inconscientes.Adharma - irreligião; a falha em executar os deveres sócio-religiosos prescritos no �€stra.

Adhik€ra – qualificação ou autoridade pela conduta e tem-peramento para executar um trabalho em particular.

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Adh…na-tattva – verdade fundamental concernentes as j…vas que sendo eternamente relacionadas a Bhagav€n como partes do todo, são ad…na (subordinadas) a vonta-de dEle; um dos aspectos de sambanda- jñ€na.Advaita-Jñ€na – conhecimento da não-dualidade. Embora no sentido legítimo isto refere-se a Suprema Personalidade de Deus que é livre de dualidade, a con-cepção M€y€v€da de advaita-jñ€na é que a substância suprema, brahma, é desprovida de forma, qualidades, personalidade e variedade.Advaita-siddhi – estágio perfectivo de unidade al-mejada por aqueles que cultivam o conhecimento do brahma indistinto.Advaita-v€da – a doutrina do não-dualismo, monis-mo – a doutrina que enfatiza a unidade das entidades vivas com Deus. Isto é às vezes comparado com a teo-ria M€y€v€da de que tudo no final é uno ; que não há distinção de nenhuma forma entre o Absoluto Supremo e a entidade viva individual; que o Supremo é despro-vido de forma, personalidade, qualidades e atividades; e que a perfeição é fundir a si próprio no todo-pene-trante brahma. Esta doutrina foi propagada por ®r… ®ank€r€carya ( veja glossário de nomes). Advaita-vadi – aquele que advoga a doutrina do mo-nismo (veja advaita-v€da).šgama – é a parte do Veda a qual trata da ciência do Tantra.Ahamk€ra – lit. aham (eu) k€ra (aquele que faz) i.e. o falso ego.

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Ahamt€ – literalmente significa ‘eu-mesmo,’ egoísmo, auto-consciência.Aihika – aquilo que se relaciona com iha (o aqui e ago-ra), o que se refere a este mundo material.Aihika-sukha – desfrute material relativo a este mun-do.Ai�…-�akti – potência divina, a qual é conhecida como tatasth€-�akti. Ai�… vem da palavra Ÿ�a o Senhor Supre-mo, Mestre ou controlador (veja tatasth€-�akti).Ai�varya – opulência, esplendor, magnificência, ma-jestade, supremacia. Em relação a bhakti isto refere-se a devoção a qual é inspirada pela opulência e maje-stade do Senhor especialmente em Seu aspecto como N€r€yana. Este tipo de devoção restringe a intimi-dade das trocas amorosas entre ®r… Bhagav€n e Seus bhaktas.Akarma – Não fazer obras auspiciosas ou deveres prescritos.AkhaŠ�a – indiviso, ininterrupto, sem intervalo, como o fluir de uma corrente de mel.Akiñcana – aquele que considera que não tem nada além de K��Ša. Sem nada mesmo, totalmente destituí-do materialmente. Quando se refere a um Vai�Šava, geralmente indica um asceta ou aquele que não tem o espírito de desfrute material e aceita somente as neces-sidades básicas para sua manutenção. Vai�Šavas como os PaŠ�avas que viviam entre familiares e opulência material somente para o serviço de Bhagav€n e que eram isentos de qualquer desejo para desfrutar mate-rialmente e consideravam que nada pertenciam a eles.

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Tudo pertence a ®r… Bhagav€n. Eles são akiñcana Vai�Šavas.šlam al-ma�h€l – um termo Islâmico para o mundo espiritual.Ala‰k€ra – ornamentos, embelezamentos, etc.Ala‰k€ra �€stra – livros a respeito de ornamentação literária na poesia profana, etc.šmn€ya – os ensinamentos dos Vedas recebidos atra-vés guru-parampar€ são conhecidos como €mn€ya.šutrika-sukha – prazer concernente a próxima vida, especialmente prazer nos planetas celestiais ainda por ser obtido depois da realização de atividades piedo-sas.An€ al-faqq – o aforismo Islâmico equivalente ao Vé-dico ahaˆ brahm€smi, “Eu sou brahma.”An€di-bahirmukha – a condição das j…vas na existên-cia material desviadas de K��Ša desde tempos imemo-riais.šnanda – bem aventurança espiritual, êxtase, desfrute, felicidade; aquilo que ®r… Bhagav€n saboreia através de Sua hl€din…-�akti (ver hl€din…).Ananya – não tendo nenhum outro objeto; fixo em algo; devotado somente a um Senhor adorável, a nin-guém mais.Ananya-bhakti – devoção pura ou exclusiva; devoção a qual não é misturada com nenhum outro desejo e não tem nenhum outro objetivo do que ®r… K��Ša.Anartha – coisas indesejáveis no coração as quais im-pede o avanço da pessoa em bhakti. Estes anarthas são de quatro tipos: (1) du�k�tottha, aqueles que surgem de

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pecados passados; (2) suk�tottha, aqueles que surgem de atividades piedosas anteriores; (3) apar€dhottha, aqueles que surgem de ofensas; e (4) bhakty-uttha, aqueles que surgem em relação a bhakti.Anartha-niv�tti – a limpeza de todos os apegos inde-sejáveis no coração. Este é o terceiro estágio no desen-volvimento da trepadeira de bhakti, o qual ocorre pela influência de s€dhu-sa‰ga e bhajana-kriy€.A‰ga - membro, divisão, parte; as várias práticas de bhakti tal como ouvir e cantar são relacionados como a‰gas (de bhakti).Anitya - temporário; não permanente ou eterno.Anitya-dharma – religião impermanente; não aceita a existência do Senhor Supremo ou a eternidade da alma.Antara‰ga-�akti – a potência interna de ®r… Bhagav€n (ver svar™pa-�akti).Antarmukha – natureza intrínseca. A atenção da alma e iluminação spiritual da pessoa focada internamente.Antyaja – uma pessoa de baixa classe, fora do sistema varŠ€�rama; literalmente antya significa ‘nascimento inferior’ e ja significa ‘aquelas pessoas’.Anubh€va – um dos cinco essenciais ingredientes de rasa. As ações que demonstram ou revelam as emocões espirituais situadas dentro do coração são chamadas anubh€vas. Os anubh€vas são em número de treze: 1) dançar (n�tya), 2) rolar no chão (viluŠ˜hana), 3) cantar (g…ta), 4) gritar (kro�ana), 5) estirar o corpo e contorcer-se (tanu-mo˜ana), 6) rugir (hu‰k€ra), 7) bo-cejar (j�mbhana), 8) suspirar e respirar profundamen-

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te (d…rgha-�v€sa), 9) indiferença a opinião pública (lok€napek�it€), 10) salivar (l€l€sr€va), 11) dar gargal-hadas (a˜˜a-h€sa), 12) vertigem (gh™rŠ€) e 13) soluçar (hikk€).AŠu-caitanya – consciência espiritual infinitesimal, representada pelas j…vas.AŠu-cit-vastu – substância spiritual infinitesimal; as j…vas, que são entidades conscientes, mas em tamanho pequeno.Anudita-viveka – alguém cuja discriminação spiritual não está despertada; espiritualmente inconsciente.AŠukalpa – refere-se a aceitação por parte do bhakta de aŠu (uma pequena quantia) kalpa (de habili-dade mínima), significando uma quantidade de alimen-to (o qual não está na categoria de grãos, leguminosas, etc.) para manter energia o suficinte para hari-sev€.AŠu-pad€rtha – objeto infinitesimal.Anur€ga - (1) apego de uma forma geral. (2) apego espiritual. (3) um estágio específico no desenvolvimen-to de prema o qual foi definido no Ujjvala-n…lamaŠi (14.146) como segue: “Embora regularmente se en-contrando e sendo já bem familiarizado com o ama-do, um renovado sentimento de apego intenso causa ao amado um contato direto sempre novo a cada momento como se nunca antes tivesse contato com tal pessoa. O apego que inspira tal sentimento é conhecido como anur€ga.”Anu�…lana – prática constante, estudo ou cultivo, espe-cialmente o cultivo de atividades espirituais.Apar€dha – ofensas comitidas contra os santos no-

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mes, o guru, os �€stras, os locais sagrados, a Deidade e assim por diante. A raiz verbal r€dh significa dar pra-zer ou satisfazer e o prefixo apa significa afastar. Deste modo a palavra apar€dha significa todas as atividades que causam insatisfação a Bhagav€n e Seus bhaktas.Apar€-�akti – potência material ou inferior de ®r… Bhagav€n.Apauru�eya – aquilo que não é criado pelo (puru�a) homem; divino; que é transcendental por natureza, emanando diretamente de ®r… Bhagav€n; os Vedas.Apr€k�ta - transcendental, além da influência da natu-reza material, além da percepção da mente e dos senti-dos, não criado por nenhum humano, além do mundo material, situado na morada transcendental de K��Ša, extraordinário, divino, puro, ou consistindo de cons-ciência espiritual e bem-aventurança.Apr€rabdha-karma – montante das reações de ativi-dades acumuladas que estão temporariamente numa condição dormente e esperando frutificarem em algum momento.Ap™rva – inigualável, extraordinário, sem paralelo.Apsar€ - as esposas celestiais dos Gandharvas; excep-cionais belas bailarinas da corte de Indra.Ap™rŠa-jagat – o mundo finito; o mundo material.šrat… - a cerimônia de oferecer artigos para as Deida-des, tais como incenso, lamparina, flores e um abanico, acompanhados do cantar de hinos devocionais.Arcanam – adorar a Deidade em um templo com todos os diferentes tipos de parafernália. Quando esta adora-ção é conduzida internamente, ela é conhecida como

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manasi-p™j€. Arcanam é um dos nove principais a‰gas de bhakti.šropa-siddh€-bhakti – esforços que por natureza não são puramente constituídos de bhakti. O praticante de €ropa-siddh€-bhakti impõe bhakti em suas atividades, significando que ele está realizando uma atividade que não é um dos nove processos de bhakti (navadh€-bhakti), ou que não é puro o bastante para ser classi-ficado como �uddha-bhakti, mas ele está pensando que sua atividade é bhakti. Examplos de personalida-des que realizaram €ropa-siddh€-bhakti: Hari�candra e Mah€r€ja ®ibhi.Artha-pañcaka – a visão de ®r… R€m€nuja sobre os seguintes cinco objetos 1) sva-svar™pa (a natureza constitucional do eu individual), 2) para-svar™pa (a na-tureza constitucional do eu individual em relação a ou-tros seres vivos), 3) up€ya-svar™pa (o meio de alcançar a mais elevada meta da vida – bhakti), 4) puru�€rtha-svar™pa (a mais alta meta da vida) e 5) virodhi-svar™pa (os obstáculos para a vida espiritual).Arundhat…-dar�ana-ny€ya – Arundhat… é uma estrela muito pequena, a qual está situada próxima da estrela Va�i�˜ha na constelação de Sapta��i (Ursa Maior). Para vê-la, sua localização é primeiro determinada ao procu-rar a estrela maior ao lado dela, então se a pessoa olhar cuidadosamente pode ver Arundhat… bem próxima.šryan – é derivada da raiz verbal sânscrita ‘�’ e signifi-ca ‘vá em frente’ ou ‘avance’. Deste modo €rya signifi-ca a pessoa que está no caminho progressivo do avanço spiritual. Aqueles que seguem o sistema varŠ€�rama;

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aqueles que são avançados em termos de cultura social e religiosa, i.e., Hindus.šsakti - apego. Este apego refere-se especialmente para o Senhor e Seus eternos associados. šsakti ocorre quando a pessoa tem gosto por bhajana guiada por um direto e profundo apego pela pessoa que é o objeto deste bhajana. Este é o sexto estágio no desenvolvi-mento da trepadeira de bhakti, o qual é despertado quando amadurece o ruci da pessoa por bhajana.Asamp™rŠa - incompleto.A�rama - (1) um dos quatro estágios da vida – estudan-te, casado, fase de recolhimento longe da vida familiar ou renunciante – no qual a pessoa realiza os deveres respectivos de acordo com o sistema conhecido como varŠ€�rama. (2) eremitério, usualmente na associação de outros, o qual é estabelecido para facilitar práticas espirituais.š�raya - (1) abrigo, apoio, refúgio, proteção, recipi-ente. (2) o receptáculo de prema; os bhaktas de K��Ša. K��Ša também pode tornar-se o receptáculo de prema para Seus bhaktas.š�raya -€lambana – o receptáculo do amor de K��Ša, os bhaktas. Este é um aspecto de vibh€va, um dos cinco ingredientes essenciais de rasa (ver vibh€va). Embora a palavra €�raya também transmita o mesmo significa-do de €�raya-€lambana, ela pode ser frequentemente usada num sentido geral como abrigo ou apoio. A pa-lavra €�raya-€lambana, entretanto, é especificamente usada para indicar o receptáculo de prema como um dos ingredientes necessários de rasa. Ele não é usado

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em nenhum outro sentido. A�˜a-k€l…ya-l…l€ – os passatempos que K��Ša reali-za com Seus associados nos oito períodos do dia. Os s€dhakas que estão ocupados em smaraŠa, ou lembrar-se, meditam nestes passatempos. Os períodos são os que seguem (os períodos são aproximados: 1) ni�€nta-l…l€, passatempo do fim da noite (3:36 am-6:00 am); 2) pr€ta-l…l€, passatempos do início da manhã (6:00 am-8:24 am); 3) p™rv€hna-l…l€, passatempos da manhã (8:24 am-10:48 am); 4) madhy€hna-l…l€, passatempos do meio-dia (10:48 am-3.36 pm); 5) apar€hna-l…l€, passatempos da tarde (3:36 pm-6:00 pm); 6) s€y€hna-l…l€, passatempos do entardecer (6:00 pm-8:24 pm); 7) prado�a-l…l€, passatempos da noite (8:24 pm- 10:48 pm); e 8) nakta-l…l€, passatempos da meia-noite (10:48 pm-3:36 am).A�˜€‰ga-yoga – o sistema de yoga composto de oito partes: yama (controle dos sentidos), niyama (contro-le da mente), €sana (posturas do corpo), pr€Š€y€ma (controle da respiração), praty€h€ra (retração da mente da percepção sensorial), dh€raŠ€ (fixação da mente), dhy€na (meditação) e sam€dhi (profunda e ininterrupta absorção sobre o Senhor no coração).A�ubha-karma – atividades que produzem resultados inauspiciosos.A�vamedha-yajña – um sacrifício antigo de cavalos no qual grande quantidade de riqueza era gasta. An-tigamente os br€hmaŠas eram altamente qualificados e puros na habilidade de cantar mantras que a vida do animal era novamente trazida. Ao realizar cem de tal

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sacrifício a pessoa poderia alcançar o posto de Indra. Na era de Kali este sacrifício é proibido porque não há br€hmaŠas para realizá-lo apropriadamente.At€ttvika-�raddh€ – fé irreal; a fé que é baseada na falsa concepção de Deus, a qual faz surgir a raiz das atividades de interesse em orgulho próprio e desejos materiais. Crença que não é estabelecida no �€stra.Atirikta – separar-se; afastar-se de.štm€ – a alma; pode também referir-se ao corpo, men-te, inteligência, ou ao Supremo Eu. Comumente refe-re-se a j…va (alma).štma-nivedanam – a pessoa que se torna completa-mente disponível a serviço de K��Ša. Quando alguém torna-se disponível para o Senhor, ele não age mais para seu prazer independente. A pessoa ocupa o corpo, mente, vida, e tudo o mais a serviço de ®r… Bhagav€n. Este é um dos nove principais a‰gas de bhakti.štyantik… laghu gop…s - são y™the�var…s e também nitya-sakh…s. Sakh…s tais como Kusumik€ podem ser chamadas €tyantika-laghus, porque elas são gentis em todos os aspectos e elas são insignificantes em com-paração com as outras sakh…s.Aupac€rika - figurativo, metafórico, atribuível (ver upac€ra).Avaidha – aquilo que é oposto às injunções das escri-turas (�€stras).Avaidha-karma – ações que desafiam as regulações do �€stra.Av€stava-vastu – as coisas que não são eternamente existentes; fenômenos mundanos.

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Avidy€ - ignorância, ignorância espiritual, ilusão. Há quatro tipos de ignorância: o equívoco de que o imper-manente pode ser permanente, que toda a miséria pode ser bem-aventurança, de que o impuro pode ser puro, de que o falso eu seja o eu. Avidy€ é um dos cinco tipos de kle�a, ou misérias, destruída por bhakti.švi�˜at€ – dotado com muito poder por algo ou pro-fundamente absorto em algo. Deste modo, quando o bhakta é completamente dotado de afeição por K��Ša pelo contínuo fluir da lembrança de Seu l…l€, este esta-do é chamado r€ga.B B€b€j… - um termo de respeito que é dado livremente (frequentemente de maneira inadequada), para s€dhus e Vai�Šavas, particularmente para aqueles que abando-naram toda a conexão com a vida de casado. Na per-spectiva deste livro, este termo especificamente refere-se aos Vai�Šavas seguidores de ®r…man Mah€prabhu, que abandonaram todos os deveres e designações da sociedade varŠ€�rama e que ocupa-se quase que exclusivamente em cantar hari-n€ma. Na verdade b€b€j…s vivem como renunciados estritos, eles não aceitam vestes externas de sanny€s…s porque sanny€sa é parte do varŠ€�rama. Eles não usam o cordão sagrado dos br€hmaŠas porque eles entraram em bh€v€vasth€ e estão ocupados em r€ga-m€rga. Tais características são para serem aceitas somente por aqueles no mais alto patamar de qualificação, que retiraram-se do mun-do para estarem imersos em bhajana solitário.Baddha-da�ä – o estado de aprisionamento; o estado

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das j…vas na existência material.Baddha-j…va – a alma condicionada que é aprisiona-da pela matéria. Com relação a origem da baddha-j…va esta passagem declara que os associados eternos de Bhagav€n no mundo spiritual não tem nenhum conta-to com. E são completamente livres da influência da energia material. Somente algumas j…vas que emanam de Mah€-Vi�Šu vem para o mundo material. O origi-nal Bengali é como segue:goloka-v�nd€vanastha evam aravyoma-stha baladeva o sa‰kar�aŠa-praka˜itanitya-p€r�ada j…va-sakala ananta; t€‰h€r€ up€sya-sev€ya rasika; sarvad€ svar™p€rtha-vi�i�˜a; up€sya-sukh€nve�… up€syera prati sarvad€ unmukha j…va �aktite cit-�aktite bala l€bha kariy€ t€‰h€ra sarvad€ balav€n; m€y€ra sahita t€h€‰dera kona sambandha n€i; m€y€�akti baliy€ kona �akti €chena, t€h€o t€‰h€r€ avagata nana; ye hetu t€‰h€r€ cit-maŠ�ala-madhya-vart… evam m€y€ t€‰h€dera nika˜a haite aneka d™re; t€‰h€r€ sarvad€i up€sya-sev€-sukhe magna; dukha,ja�a-sukha o nija-sukha ity €di kakhan… j€nena na. t€‰h€r€ nitya-mukta premai t€‰h€dera j…vana; �oka, marana au bhaya ye ki vastu, t€h€ t€‰h€r€ j€nena n€.karaŠ€bdha-�€yi-mah€-vi�nura m€y€ra prati ik�ana-r™pa kiraŠagata aŠu-caitanya-gaŠa o ananta; t€‰h€r€ m€y€-p€r�va-sthita baliy€ m€y€ra vicitrat€ t€‰h€dera dar�ana-path€r™�a-p™rve ye j…va-s€dh€raŠera lak�ana baliy€chi, se samasta lak�aŠa t€‰h€dera €che, tath€pi atyanta aŠu-svabh€va-prayukta sarvad€ ta˜astha-bh€ve citjagatera dike evam m€y€-jagatera dike d��˜ip€ta ka-rite thakena. e avasth€ya j…va atyanta durbala,

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kenan€, – ju�ta v€ sevye-vastura k�p€l€bha karatah cid-bala l€bha karena n€i. I‰h€dera madhye ye saba j…va m€y€-bhoga v€san€ karena, t€‰h€r€ m€yika-vi�aye abhinivi�˜a haiy€ m€y€te nitya-baddha. Y€‰h€r€ se-vya-vastur cidanu�…lana karena, t€‰h€r€ sevya-tattve-na k�p€ra sahita cid-bala l€bha karataƒ cid-dh€men…ta hana; b€b€! €mar€ durbh€g€, k��Šera nityad€sya bh™liy€ m€y€bhinive�a dv€r€ m€y€badha €chi; ataeva svar™p€rtha-h…na haiy€… €m€dera e durda�€.Baddh€vasth€ – o mesmo que baddha-da�€.Bahira‰g€-�akti – a potência externa ou material de Bhagav€n, também conhecida como m€y€-�akti. Esta potência é responsável pela criação do mundo material e todos os assuntos pertencentes ao mundo material. Porque Bhagav€n nunca contata diretamente a energia material, esta potência é conhecida como bahira‰g€, externa. Bahirmukha – a face da pessoa que se volta para lon-ge; a atenção de alguém em direção oposta de algum objeto. Isto é usado comumente com a palavra K��Ša (ver K��Ša-bahirmukha).Bah™daka – o segundo dos quatro estágios de sanny€sa. Quando um sanny€s… progride além do estágio ku˜icaka, ele não aceita nada mais de sua casa; ao invés ele co-leta suas necessidades de vários lugares. Este sistema é chamado madhuk€r…, o qual literalmente significa ‘a profissão de abelha. Como as abelhas coletam mel de muitas flores, assim um sanny€s… deve pedir de porta em porta mas não aceitar excessivamente de uma casa em particular. O estágio bah™daka é mencionado no

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®r…mad-Bh€gavatam (3.12.43). Em seu comentário so-bre este �loka, ®r…la Vi�van€tha Cakravart… µh€kura de-fine o asceta neste estágio como, a pessoa que colocou a prática de karma em uma segunda posição e que dá destaque para o conhecimento transcendental.Band€ - um termo Islâmico para servo.Behesht – um termo Islâmico para a morada espiritual do Senhor, paraíso, ou céu.Bhagav€n – o Senhor Supremo; a Personalidade de Deus. No Vi�Šu Pur€Ša (6.5.72-74) Bhagav€n é de-finido como segue: �uddhe mah€vibh™ty €khye pare brahmaŠi varttate maitreya bhagavac-chabda sarva-k€raŠa-k€raŠe; sambharteti tath€ bhartt€ bha-k€ro ‘rthadvay€nvitanet€ gamayit€ sra�˜€ ga-k€r€rthas that€ mune; ai�varyasya samagrasya dharmasya ya�asaƒ �riyaƒ jñ€na-vair€gyayo� caiva �aŠ€ˆ bhaga it…‰gan€ – “A palavra bhagavat é usada para descrever o Supremo brahma que possui todas as opulências, que é com-pletamente puro, e que é a causa de todas as causas. Na palavra bhagavat, a sílaba bha tem dois significados: aquele que mantém todas as entidades vivas e aquele que é o apoio de todas as entidades vivas. Similarmen-te, a sílaba ga tem dois significados: o criador, e aquele que causa as entidades vivas a obterem os resultados de karma e jñ€na. A completa opulência, religiosidade, fama, beleza, conhecimento e renúncia são conhecidos como bhaga, ou fortuna.” (O sufixo vat significa pos-suir. Deste modo aquele que possui estes seis sintomasé conhecido como Bhagav€n.)

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Bh€gavata-prav�tti – a tendência da j…va de buscar servir a Pessoa Suprema, Bhagav€n.Bhagavat-tattva – as conclusões fundamentais, as quais relacionam-se com a Verdade Absoluta, Bhagav€n.Bhajana - (1) a palavra bhajana é derivada da raiz ver-bal ‘bhaj’ a qual é definida no Garu�a Pur€Ša (P™rva-khaŠ�a 231.3): bhaj ity e�a vai dh€tu sev€y€ˆ parik…rtitaƒ tasm€t sev€ budhaiƒ prokt€ bhakti s€dhana-bh™yas… – “A raiz verbal bhaj é usada especificamente no sentido de sev€, ou serviço. Por esta razão, quando o s€dhana é realizado com a consciência de ser um ser-vo, ele é chamado bhakti.” De acordo com este �loka, k��Ša-sev€, ou serviço devocional amoroso por K��Ša é chamado bhakti. Tal serviço é o atributo intrínseco de bhakti ou bhajana. Portanto, quaisquer serviços que sejam realizados com esta consciência podem ser re-feridos como bhajana. (2) num sentido geral bhajana se refere às práticas espirituais; especialmente ouvir, cantar, meditar nos santos nomes, formas, qualidades e passatempos de ®r… K��Ša.Bhajana-kriy€ - ocupando-se na prática de bhakti, tais como ouvir e cantar. Há sessenta e quatro a‰gas de bhakti, dos quais os primeiros quatro são tomar refú-gio dos pés de lótus de �r…-guru; receber d…k�€ e �ik�€; servir a pessoa do guru com grande afeição; e seguir o caminho dos s€dhus. Sem adotar estas práticas, não há razão para fazer qualquer avanço em bhajana. Este é o Segundo estágio no desenvolvimento da trepadeira de bhakti que ocorre pela influência de s€dhu-sa‰ga.Bhajan€nandi – a pessoa que esta absorta na bem-

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aventurança de bhajana; a pessoa cuja inclinação é principalmente para bhajana.Bhakta – devoto.Bhakti – a palavra bhakti vem da raiz bhaj, a qual significa servir (ver bhajana). Por isso o principal si-gnificado da palavra bhakti é oferecer serviço. ®r… R™pa Gosv€m… descreveu as características intrínsecas de bhakti no ®r… Bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.1.11) como segue: any€bhil€�ita-�™nyaˆ jñ€na-karm€dy-an€v�tam €nuk™lyena k��Š€nu-�…lanaˆ bhaktir uttam€ – “Uttam€-bhakti, serviço devocional puro, é o cultivo de atividades que são exclusivamente para o benefício de ®r… K��Ša, em outras palavras, o ininterrupto fluir do serviço a ®r… K��Ša, realizado através de todo o esforço do corpo, mente e fala, e através da expressão de vários sentimentos espirituais (bh€vas). Que não é coberto por jñ€na (conhecimento do nirvi�e�a-brahma, visan-do a liberação impessoal) e karma (atividades visando os frutos), yoga ou austeridades; e que está completa-mente livre de todos os desejos além da aspiração de trazer felicidade para ®r… K��Ša.”Bhakti-dev… – a deusa da devoção. Todas as potências do Senhor têm formas personificadas. No M€dhurya-k€dambin… (1.3) ®r…la Vi�van€tha Cakravart… µh€kura explica que bhakti é a svar™pa-�akti de Bhagav€n e que ela é yad�cch€, o que significa que ela tem seu próprio desejo. Sendo sva-prak€�a, auto-manifesta, ela não é dependente de nenhum outro agente a fim de manifestar-se no coração de uma pessoa. No Bh€gavatam(1.2.6) é dito: yato bhaktir adhok�aje ahaituky apratihat€ –

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“Aquilo por meio do qual bhakti sem causa e ininter-rupta pelo Senhor Adhok�aja surge.” A palavra ahaitu-ky neste �loka indica que bhakti não tem causa. A única causa de bhakti é ela mesma. ®r…la Cakravart…p€da ana-lisa o significado desta declaração. Ele diz que a bhakti situada no coração de um bh€va-bhakta é a única causa para ela manifestar em outros. Desde que K��Ša está sob o controle de Seus unidirecionados bhaktas, Ele os investiu de tal poder. Portanto, s€dhana não é a ver-dadeira causa do aparecimento de bhakti. Bhakti-dev…, por sua própria vontade, manifesta bhakti no coração quando ela está satisfeita com a atitude de serviço puro do bhakta. Finalmente isto indica que Bhakti-devi age através dos bhaktas de K��Ša que estão situados no estágio de bh€va. Quando eles veem a sinceridade do s€dhaka-bhakta, a bhakti a qual é idêntica a natureza genuína de seus corações é transmitida para os cora-ções dos s€dhakas. Além disso, não há outra causa para o aparecimento de bhakti. Bhakti-k€Š�a – uma divisão dos Vedas relacionada a bhakti, a qual é realizada exclusivamente para o bene-fício de ®r… Bhagav€n.Bhakti-lat€ - a trepadeira da devoção. Bhakti é descri-ta como uma trepadeira a qual cresce no coração do bhakta até amadurecer e produzir o fruto do amor por K��Ša. O b…ja, ou semente, desta trepadeira é caracte-rizada como k��Ša-sev€-v€sana, o desejo de servir ®r… K��Ša. Este desejo é plantado no coração do bhakta pela graça de �r…-gurudeva e ele se manifesta externamen-te como �raddh€, fé nas conclusões do �€stra.Depois

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de começar a desenvolver na forma de bhakti-lat€-b…ja, a trepadeira desenvolve-se através de oito sucessi-vos estágios culminando em prema. Estes estágios são s€dhu-sa‰ga, bhajana-kriy€, anartha-niv�tti, ni�˜h€, ruci, €sakti, bh€va e prema. Cada um deles é descrito separadamente neste glossário.Bhakti-lat€-b…ja – a semente da trepadeira da devoção. Isto se refere ao começo do desejo de servir ®r… ®r… R€dh€-K��Ša com uma aptidão particular a qual é con-hecida como k��Ša-sev€-v€sana. Dentro desta semente está o princípio da concepção de bh€va. Esta semente externamente manifesta-se como �raddh€, ou fé nas instruções e metas descritas nos �€stras. Quando esta semente é regada pelos métodos de ouvir, cantar e ser-vir os Vai�Šavas, ela cresce como uma suntuosa planta e finalmente libera seu fruto de amor a Deus.Bhakti-po�aka-suk�ti – atividades piedosas as quais auxiliam o desenvolvimento de bhakti. Isto especifica-mente refere-se à associação de bhaktas e atividades conectadas a bhakti (ver suk�ti).Bhakty-€bh€sa – externamente assemelha-se a bhakti, mas não tem a verdadeira característica de bhakti. Há dois tipos de bhakty-€bh€sa. Ch€y€-bhakty-€bh€sa é alcançada pela associação com �uddha-bhaktas duran-te k…rtana, recitação do ®r…mad-Bh€gavatam, ou outras práticas devocionais. Pratibimba-bhakty-€bh€sa é a se-melhança de bhakti que ocorre nos corações daqueles que adotam os a‰gas de bhakti com o desejo por bhuk-ti (desfrute material) e mukti (liberação). O estágio de ch€y€-bhakty-€bh€sa é o resultado de grande fortuna.

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Bh€va-bhakti – o estágio inicial da perfeição devocio-nal. Um estágio de bhakti no qual �uddha-sattva, ou a essência da potência interna de ®r… K��Ša consistindo de conhecimento espiritual e bem-aventurança, é trans-mitida ao coração do bhakta praticante do coração de um dos Seus eternos associados e através de diferentes gostos e traz suavidade ao coração. Este é o primeiro broto de prema, ou amor puro por Deus. Bh€va-bhak-ti é o sétimo dos oito estágios de desenvolvimento de bhakti-lat€, a trepadeira da devoção. No ®r… B�had-Bhagavat€m�ta há cinco divisões de bh€va aceita entre os bhaktas: 1) jñ€na-bhakta (ex. Bharata Mah€r€ja), 2) �uddha-bhakta (ex. Ambari�a Mah€r€ja), 3) prema-bhakta (ex. Hanum€n), 4) prema-para-bhakta (ex. os P€Š�avas liderados por Arjuna), e 5) prem€tura-bhakta (€tura significa ‘muita avidez por’, ou agitado por sen-timentos de prema ex. os Y€davas liderados por Udd-hava).Bh€vuka - (1) um bhakta no estágio de bh€va que é capaz de saborear sentimentos espirituais. (2) Esta palavra é algumas vezes usada em sentido depreciativo para referir-se aqueles que são predispostos emocional-mente a fazerem show sem ter as verdadeiras caracterí-sticas de k��Šarati, ou bh€va.Bhed€bheda-prak€�a – uma manifestação diferente e ainda não separada de ®r… Bhagav€n.Bhoga – desfrute material. Alimentos não oferecidos.Bhog… – alguém que gratifica os sentidos em des-frute material sem restrição; alguém que bus-ca desfrute material como aspiração de vida.

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Bhukti – desfrute material.Bh™ta – um dos cinco elementos; qualquer entidade viva; um espírito, fantasma ou demônio.B…ja – uma semente (ver bhakti-lat€-b…ja).Brahmac€r… – o primeiro €�rama ou estágio de vida no sistema varŠ€�rama; vida de estudante solteiro.Brahma-g€yatr… – um mantra Védico o qual é cantado nas três junções do dia pelos br€hmaŠas.Brahma-jñ€na – conhecimento do impessoal brahma; conhecimento visando a liberação impessoal.Brahma-jñ€n… – ver jñ€n….Brahma – a efulgência espiritual que emana do corpo transcendental do Senhor; o onipresente, a caracterí-stica imperceptível do Absoluto. Dependendo do con-texto, isto pode algumas vezes referir-se ao Supremo brahma, ®r… K��Ša, que é a origem de brahma.Br€hmaŠa – o mais elevado dos quatro varŠas ou castas no sistema varŠ€�rama; um sacerdote ou profes-sor.Br€hmaŠ… – uma mulher br€hmaŠa; a esposa de um br€hmaŠa.Brahma-prav�tti – a tendência da j…va buscar o oni-presente brahma.Brahma-v€da - a doutrina do imperceptível nirvi�e�a-brahma o qual tem como meta unir o eu na efulgência de K��Ša.Brahma-v€d… – a pessoa que segue o caminho de brahma-v€da.B�hat-caitanya – consciência espiritual infinita, repre-

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sentada por K��Ša.B�hat-cit-vastu - ilimitado, substância espiritual infi-nita; ®r… K��Ša.Buddhi-apek�€ – a conclusão que ocorre através da inteligência de uma pessoa sobre a natureza sublime de madhura rasa a qual em retorno contribui para criar lobha. But-parast - (Muçulmano) idolatria; adoração de elementos materiais, espíritos, ou entidades vivas co-muns.

CCaitanya - consciência; a alma ou espírito Universal.Caitanya Mah€prabhu - ®r… K��Ša apareceu num hu-mor de um bhakta (ver Glossário de Nomes).C€Š�€la – pessoa sem casta da raça conhecida como comedor de carne de cachorro; uma pessoa nascida em tal raça.Cetana - consciência; um ser animado.Ch€y€-bhakty-€bh€sa – como a semelhança da sombra de bhakti. Isto se refere às atividades de pes-soas neófitas ou ignorantes as quais se assemelham a bhakti, mas que não tem as verdadeiras características de �uddha-bhakti. Por isso estas pessoas ocupam-se em atividades de bhakti somente quando associadas com verdadeiros bhaktas, esta semelhança de bhakti está conectada com a verdadeira bhakti, mas ela é transitó-ria em natureza e por esta razão comparada a uma som-bra.Ch€y€-n€m€bh€sa – uma sombra semelhante ao

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nome puro. Isto se refere ao estágio de cantar no qual o nome puro é obscurecido pela ignorância e anarthas, da mesma forma como o sol, quando encoberto pelas nuvens, não manifesta sua efulgência completa.Ch€y€-�akti – a sombra potência de ®r… Bhagav€n con-hecida como m€y€ a qual aprisiona as entidades vivas neste mundo material.Cid-anubhava – experiência direta ou realização do espírito, natureza espiritual ou a dimensão espiritual incluindo os nomes, formas, qualidades, passatempos e morada.Cid-anur€ga – apego espiritual; apego por ®r… Bhagav€n, Seus bhaktas, e coisas relacionadas a Ele.Cid-anu�…lana – prática espiritual ou cultivo; a cultura da realidade espiritual pura.Cid-vastu - transcendental, substância cognitiva.Cid-vikrama - ver cit-�akti.Cinmaya – que possui consciência e completa natureza espiritual; composta de conhecimento puro; espiritual.Cit - consciência; pensamento puro; espírito; conheci-mento ou percepção espiritual.Citta – o coração, pensamentos, mente e consciência.Cit-dharma – natureza espiritual ou função caracterí-stica de um ser consciente.Cit-jagat – o mundo espiritual. O mundo de consciên-cia espiritual pura.Cit-k€la – tempo espiritual o qual existe eternamente no presente sem nenhuma intervenção do passado ou do futuro.Cit-kaŠa – uma partícula de consciência espiritual;

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uma entidade consciente que é espírito por natureza, porém diminuto. Isto refere-se às almas ( j…vas) indivi-duais.Cit-�akti – a potência interna de ®r… Bhagav€n pela qual Seus passatempos transcendentais são realizados (ver svar™pa-�akti).Cit-sam€dhi – transe espiritual ou percepção interna profunda da realidade.

D

Daiv…-m€y€ - a potência divina de K��Ša a qual age no mundo material para envolver as entidades vivas que estão buscando desfrute material, separadas de sua re-lação eterna e natural com K��Ša. Esta potência exter-na consiste das três qualidades da natureza: bondade, paixão, e ignorância.Damaru – um tambor tocado pelo Senhor ®iva; um pequeno instrumento de percussão de dois lados no formato de uma ampulheta, o qual é mantido em uma mão, e tocado ao tocar no antebraço, a ação de sacu-dir faz com que cada uma das bolas que são atadas ao instrumento no final dos dois tambores provoquem um toque no instrumento no movimento de vai-e-vem.DaŠ�avat-praŠ€ma – reverências prostradas; literal-mente, cair como uma vara (daŠ�a) para oferecer re-verências.Dar�ana - ver, encontrar, visitar, contemplar. Esta pa-lavra é usada principalmente em referência a contem-

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plação da Deidade ou bhaktas avançados. Dar�ana também significa doutrina ou sistema filosófico, como o ved€nta-dar�ana.D€sa – um servente; um servo de K��Ša.Da�€ - estado, condição; disposição; fase, estágio.Da�a-m™la - ‘dez-raízes’. No šyur-veda, a ciência de erva medicinal, há dez raízes, que ao ser combi-nadas produzem um tônico, o qual mantém a vida e neutraliza doenças. Similarmente, há dez princípios ontológicos Quando eles são entendidos apropriada-mente e realizados, eles destroem a existência material e dão vida para a alma. O primeiro destes dez prin-cípios é conhecido como pram€Ša, a evidência que estabelece a existência das verdades fundamentais. Os outros nove princípios são conhecidos como pra-meya, as verdades que são para serem estabelecidas. O pram€Ša refere-se a literatura Védica e em particular ao ®r…mad-Bh€gavatam. O Bh€gavatam é a essência de todos os Vedas; e revela as mais íntimas caracterí-sticas amorosas do Senhor‚ bem como a potência da alma para unir-se com o Senhor e Seus eternos as-sociados em seus jogos divinos de trocas amorosas.

Dos nove prameyas, os sete relacionam-se a sambandha-jñ€na, conhecimento da inter-relação entre ®r… Bhagav€n, Suas energias, e suas entidades vivas, ambas condicionadas e liberadas. Os oito pra-meyas relacionam-se a abhidheya-jñ€na, conheci-mento dos meios pelos quais a entidade viva pode tornar-se estabelecida em uma eterna relação amorosa com Ele. O nono prameya relaciona-se a prayojana,

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a meta última a ser alcançada pela busca do caminho transcendental. A meta é conhecida como k��Ša-prema, e ela toma uma infinita variedade quando manifesta em diferentes bhaktas que possui várias formas de amor divino.D€s… - uma serva de K��Ša ou ®r…mat… R€dhik€.D€sya - (1) a segunda das cinco principais relações com o Senhor, a qual é estabelecida nos estágios de bh€va ou prema; amor ou atração por K��Ša o qual é expresso no humor de um servo. (2) neste mundo, o relacionamento geral de ocupar bhaktas para Ele como k��Ša-d€sya ou bhagavad-d€sya. O significado é sim-plesmente reconhecer que a verdadeira identidade é a de ser um servo de K��Ša.D€syam – um dos a‰gas de s€dhana-bhakti; oferecer serviço com o conceito puro de ser um servo de K��Ša. A prática de bhajana de uma pessoa pode alcançar a perfeição. Somente quando ela presta serviço com esta atitude, abandonando todas as falsas concepções do eu. De acordo com o Bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.2.183) há dois tipos de d€sya: em sua forma inicial, d€sya signi-fica oferecer tudo para as atividades de ®r… Bhagav€n, e em seu estado maduro, d€sya significa oferecer todos os tipos de serviços para Ele com o sentimento que ‘eu sou um servo de ®r… K��Ša, e Ele é meu mestre.’ Esta atitude é chamada kai‰karya. D€syam é um dos nove a‰gas principais de bhakti.Deva-bh€�€ - ‘a linguagem dos deuses’, a linguagem falada nos planetas celestiais; Sânscrito.Devas – deidades celestiais; seres residentes dos pla-

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netas celestiais que são dotados com grande piedade, grande duração de vida e um poder físico e mental su-perior. Eles são outorgados com poderes específicos com o propósito da administração universal. Devat€s – o mesmo que devas.Dev…-bh€gavata e Dev…-g…t€ - (capítulo 9) são dois li-vros �€ktas, os quais auxiliam a estabelecer que Dev… é a suprema personalidade. Todavia, os grandes €c€ryas, e mais tarde eruditos não aceitaram eles como autori-dade.Dh€ma – um local sagrado de peregrinação; a morada do Senhor onde Ele aparece e desempenha Seus passa-tempos transcendentais.Dharma – a raiz verbal dh� significa ‘manter’; literal-mente aquilo que sustenta; 1) 0 que é natural, função característica de algo; aquilo que não pode ser separado de sua natureza; 2) religião em geral. 3) os deveres só-cio-religiosos prescritos no �€stra por diferentes clas-ses de pessoas no sistema varŠ€�rama; ocupação fixa de uma pessoa em relação ao mais alto ideal conhecido pelo homem. Dharma é aspirado por pessoas que não somente desejam desfrute neste mundo, mas que estão desejosas por algo mais, como Svarga. Por isto é neces-sário seguir os códigos religiosos delineados no �€stra. Por seguir os deveres religiosos prescritos de acordo com varŠ€�rama, a pessoa pode desfrutar de felicidade nesta vida e alcançar Svarga. A realização de deveres dhármicos é o principal para tais pessoas, e por esta razão seu puru�€rtha (meta da vida) é conhecida como dharma. Há muitos tipos de dharmas. Str…-dharma (o

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dharma de uma mulher) referem-se aos deveres, com-portamento etc., que convém a própria natureza de uma mulher. Similarmente, dharmas tais como puru�a-dhar-ma, br€hmana-dharma, �™dra-dharma; e sanny€sa-dharma, são descritos no dharma-�€stras.

Por fim, dharma significa a atração natural da parte pelo todo, da j…va por K��Ša. Todos estes outros dharmas estão somente relacionados a este corpo tem-porário, portanto, durante a realização deles, a pessoa deve cultivar €tma-dharma, a ocupação eterna da alma como serva de K��Ša, assim que ela puder alcançar este ponto, de sarva-dharm€n parityajya, agora ou amanhã, ela abandona todos os dharmas secundários e toma completo abrigo de ®r… ®r… R€dh€-K��Ša.Dharma-�€stra – escrituras (�€stras) religiosas, tal como Manu-saˆhit€, delineando os códigos de condu-ta dos seres humanos.Dharma-vi�aya – o objeto da função espiritual da alma; o objeto de prema; ®r… K��Ša.D…k�€ - receber iniciação de um mestre espiritual. No Bhaktisandarbha (Anuccheda 283) J…va Gosv€m… de-finou d…k�€ como segue: divyaˆ jñ€naˆ yato dady€t kury€t p€pasya sa‰k�ayam tasm€d d…k�eti s€ prokt€ de�ikais tattva-kovikaiƒ – “Proeminentes eruditos da Verdade Absoluta declaram que o processo pelo qual o mestre espiritual imparte divya-jñ€na para o discípulo e erradica todos os pecados é conhecido como d…k�€.” Ele então explica divya-jñ€na, ou conhecimento divi-no: divyaˆ jñ€naˆ hy atra �r…mati mantre bhagavat svar™pajñ€naˆ tena bhagavat€-sambandha-vi�e�a-

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-jñ€naˆ ca – “Divya-jñ€na é o conhecimento trans-cendental da forma do Senhor e de sua específica re-lação transcendental com o Senhor contida dentro do mantra.” Isto significa que no momento da iniciação o guru dá ao discípulo um mantra o qual no curso do tempo, revelará uma forma particular do Senhor que é o objeto de adoração do discípulo e a relação específica de tal bhakta com o Senhor em um dos relacionamen-tos de d€sya, sakhya, v€tsalya, ou m€dhurya.D…k�€-guru – mestre espiritual iniciador. A pessoa que dá um mantra de acordo com as regulações do �€stra para um candidato qualificado com o propósito de adorar ®r… Bhagav€n e realizá-Lo através deste mantra é conhecido como um d…k�€ ou mantra-guru.D…k�€-mantra - os mantras dados pelo guru na hora da iniciação. Estes mantras incluem o mah€-mantra, brahm€-g€yatr…, gurumantra, guru-g€yatr…, gaura-mantra, gaura-g€yatr…, gop€la-mantra, e k€ma-g€yatr…. O humor de serviço interno do guru para R€dh€ e K��Ša é transmitido por meio destes mantras. Isto é indicado no seguinte �loka do Bhakti-sandarbha (Anuccheda 237): yo mantraƒ sa guruƒ s€k�€t yo guru sa hari sva-yaˆ gurur yasya bhavet tu�˜as tasya tu�˜o hariƒ sva-yam – “O mantra (o qual é dado pelo guru) é o próprio guru, e o guru é diretamente o Supremo Senhor Hari. Aquele com quem o mestre espiritual estiver satisfeito, também obtém a satisfação do próprio ®r… Hari.” Estes mantras são investidos com divya-jñ€na, ou conheci-mento transcendental na forma de K��Ša e de sua es-pecífica relação com Ele (ver d…k�€ e mantra).

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Divya-n€ma – o nome transcendental de ®r… K��Ša.Divya-l…l€ - passatempos transcendentais.Dravya – objetos tais como uma mesa, uma cadeira e assim por diante.D��ha-ni�caya – firme determinação ou decisão.Dh��˜at€ – um estado de ser inconsequente, destemido ou corajoso. O capítulo vinte e um refere-se a aquelas gop…s que deixaram seus maridos e filhos, e abando-naram todas as regras e regulações de varŠ€�rama-dharma. As Dv€rak€ mahi�…s não querem deixar todas estas coisas; elas querem seguir seus maridos, e as re-gras e regulações de varŠ€�rama-dharma. Isto é por-que está dito aqui que elas abandonaram a qualidade de dh��˜at€ e serve a K��Ša somente como uma dona de casa. Aquelas que deixaram todas estas coisas e que tem a qualidade de dh��˜at€ são chamadas sakh…s.Durj€ti – nascimento ou casta degradada.Durj€ti-do�a – o defeito de um nascimento degradado; o defeito de ter que nascer numa família pecaminosa ou sem casta. Tal defeito é derivado de pr€rabdha-kama.Du�k�ti – ações ímpias ou pecaminosas.Dvija – alguém entre os br€hmaŠas, k�atriyas ou vai�yas que tenha recebido um ‘segundo nascimento’ através de upanayana-saˆsk€ra, aceitação do cordão sagrado, o qual prepara a pessoa para o estudo dos Vedas.

EEkadaŠ�a – um bastão, o qual é carregado pelos re-nunciados da escola monista e, em particular pelos se-

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guidores de ®r… ®a‰kar€c€rya. A vara consiste de um único bastão o qual simboliza a meta deles de atingir a unidade com nirvi�e�a-brahma.Ek€da�… - é o décimo primeiro dia da lua crescente ou da lua minguante. ®uddha Ek€da�… significa que todo o décimo primeiro dia da lua transcorre durante o período entre um amanhecer e o outro. Viddha Ek€da�… signi-fica que o décimo primeiro dia da lua de um dia solar (de um amanhecer até o outro) e termina no próximo dia solar, isto é, após o amanhecer do próximo dia. No caso de viddha Ek€da�… as observâncias são feitas no Dv€da�…, isto é, no décimo-segundo dia da lua.

FFolklore - (com referência ao capítulo dezessete), há um ditado: “Fazer dinheiro contando ondas.” A expli-cação é como se segue. Há muito tempo atrás, havia um rico vai�ya, que se tornou famoso em todo o país como alguém que poderia fazer dinheiro em qualquer circunstância. Algumas pessoas invejosas envenena-ram os ouvidos do rei local, e tentaram convencê-lo a enviar o negociante para longe, onde ele não pode-ria ter a oportunidade de fazer qualquer dinheiro. O rei enviou-o para um local solitário próximo ao oceano. Mas este vai�ya, correto em seu caráter, sentou-se as margens contando as ondas! Sempre que uma embar-cação cruzasse o mar, ele a parava acenando com seus braços e então dizia, “Não lhe é permitido cruzar. O rei indicou-me para contar as ondas aqui, e sua embarca-ção está agitando elas.” Ele convencia a pessoa a voltar

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dali, e a solução somente era encontrada quando ele extraía alguma propina. Desta maneira, ele tornou-se um homem rico novamente.

GG€Šapatya – um adorador de GaŠe�a.Gandharvas – seres celestiais situados nos planetas mais elevados que são especialmente notados pela ha-bilidade de cantar e dançar. Ga‰g€ - o rio sagrado, Ga‰g€, também conhecido como o Ganges (ver Ga‰g€ no Glossário de Lugares).Ga˜hana – a formação, estrutura, ou composição de uma coisa.Gau�…ya Vai�Šava šc€ryas – professores proeminen-tes na linha do Senhor Caitanya.Gau�…ya Vai�Šava Samprad€ya – a escola de Vai�Šavismo que segue a linha de ®r… Caitanya Mah€prabhu.GauŠa – literalmente significa “aquilo que possui qua-lidades” ou “aquilo que é secundário” Relaciona-se a qualidade, tendo qualidades; conectado aos três guŠas (qualidades da natureza material); subordinado, secun-dário.Gaur€bda – um ano da era que começou no apareci-mento de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu (correspondendo a 1486 d.C).Gaura-l…l€ - os divinos passatempos de ®r… Caitanya Mah€prabhu, que é idêntico a ®r… K��Ša.Gaura-N€ma-Rasa – gosto transcendental que vem do cantar dos santos nomes do Senhor Gaura.

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G€yatr…-mantra - um mantra sagrado repetido pelos br€hmaŠas nas três junções do dia. O g€yatr… mantra é personificado como a deusa esposa de Brahm€ e mãe dos quatro Vedas (ver d…k�€-mantra).Gh€˜a – uma escadaria (como na margem de um rio, lago e assim por diante).Gha˜a-€k€�a – é o espaço que alguém pode ver em um pote. (Maha-€k€�a é o grande e ilimitado céu).Godruma – uma das nove divisões de Navadv…pa (ver Glossário de Lugares).Gopas – os meninos pastores que servem K��Ša no hu-mor de amizade íntima. Isto pode também se referir aos gopas mais velhos liderados por Nanda Mah€r€ja que servem K��Ša no humor de afeição familiar.Gop…s – as jovens donzelas pastoras de Vraja lidera-das por ®r…mat… R€dhik€ que serve a K��Ša no humor de amor enamorado. Isto pode se referir as gop…s mais velhas lideradas por mãe Ya�od€ que serve a K��Ša no humor de afeição familiar.Go-�€l€ - abrigo das vacas.Gosv€m… - a pessoa que é o mestre de seus sentidos; um título para aqueles na ordem renunciada de vida. Isto se refere frequentemente para os renomados segui-dores de Caitanya Mah€prabhu que adotaram o estilo de vida de mendicantes. Descendentes dos parentes dos Gosv€m…s ou de seus sevaites frequentemente adotam este título meramente com base no nascimento. Desta maneira, o título de Gosv€m… foi derivado como sobre-nome. Líderes administradores de templos são também algumas vezes referidos como Gosv€m…s.

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G�hastha – a palavra stha significa “residir.” A pala-vra g�ha significa “casa,” ela refere-se aos membros da família que residem na casa; como um verbo, ela significa “aderir, adotar, ou aceitar.” O segundo €�rama ou estágio de vida no sistema varŠ€�rama; vida em família.G�hastha-ty€g… - uma pessoa que renunciou a vida fa-miliar.Gull…-�aŠ�€ - uma brincadeira jogada com bola e bastão.GuŠa - (1) em relação a K��Ša isto refere-se as Suas qualidades transcendentais, as quais são ouvidas, de-scritas e meditadas por bhaktas como uma parte da prática de s€dhana-bhakti. (2) qualidades dos objetos tais como matéria resistente e suave. (3) qualidades em geral, tais como compaixão, tolerância e misericórdia (4) os três laços (qualidades aprisionadoras) conheci-das como – sattva (bondade), rajas (paixão), e tamas (ignorância).GuŠ€vat€ra – as principais deidades regentes dos tri-gu‰as (três gu‰as), Vi�Šu, Brahm€ e ®iva presidindo as qualidades de sattva, rajas, e tamas respectivamente.

HHaˆsa – o terceiro estágio de sanny€sa, como men-tionado no ®r…mad- Bh€gavatam (3.12.43). Em seu co-mentário sobre este �loka, ®r…la Vi�van€tha Cakravart… µh€kura define um asceta no estágio de haˆsa como jñ€na-€bhy€sa-ni�˜h€, uma pessoa estabelecida no cul-tivo do conhecimento transcendental.

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Hari – um nome para ®r… K��Ša (ver Glossário de No-mes). Hari-kath€ – narrações dos santos nomes, formas, qualidades e passatempos de ®r… Hari.Hari-n€ma – o cantar dos santos nomes do Senhor. Se não estiver acompanhado pela palavra sa‰k…rtana, ele geralmente refere-se a prática de cantar o mah€-mantra Hare K��Ša para si com as contas de tulas… em uma determinada posiçãoHari-v€sara – o dia do Senhor Hari; refere-se especi-almente a Ek€da�…; e também aos outros dias sagrados tais como Janm€�˜am… e R€manavam… (veja este Glos-sário para a explicação destes termos).Havi�ya – arroz secado no sol, cozido com água e mi-sturado com ghee.Heya - indesejável; pronto para ser abandonado; desprezível, vulgar, vil.Hl€din… – isto refere-se à svar™pa-�akti a qual é pre-dominada por hl€din… (ver svar™pa-�akti). Hl€din… é a potência que está relacionada à €nanda, ou bem-aventurança, o aspecto do Senhor Supremo. Embora o Senhor Supremo seja a personificação de todo o pra-zer, hl€din… é a potência pela qual Ele saboreia a bem-aventurança transcendental e faz outros saborearem bem-aventurança. Quando vi�uddha-sattva é predomi-nada por hl€din…, ela é conhecida como guhya-vidy€, ou conhecimento confidencial. Este guhyavidy€ tem duas faculdades: bhakti é quem concede bhakti. É por estes dois agentes que bhakti, a qual consiste de pr…ti (prema), é manifesta. Bhakti cuja natureza é pr…ti, é

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por si só uma característica especial de guhya-vidy€.I Ib€da – um termo Islâmico para adoração divina.Ignorância, cinco tipos de – Senhor Brahm€ pri-meiro cria estes cinco tipos de ignorância (®r…mad-Bh€gavatam 3.12.2.). Por causa do desejo de desfrutar de m€ya, a j…va desenvolve o falso ego que ela pode desfrutar dos sentidos materiais, e então os cinco ti-pos de ignorância – tamaƒ (nenhum conhecimento acerca da alma espiritual), moha (a ilusão do conceito corpóreo de vida), mah€-moha (loucura por desfrute material), t€misra (esquecimento de sua posição con-stitucional devido a raiva ou inveja) e andha-t€misra (considerar a morte como o fim de tudo) – cobrir sua pura, natureza atômica.Ÿ�€nugata – aqueles que são devotados ou rendidos a Ÿ�a (®r… Bhagav€n); os Vai�Šavas.I�hqh – um termo Islâmico para amor (espiritual ou mundano).I�˜a-deva – deidade adorável de uma pessoa; a forma específica de K��Ša pela qual uma pessoa é atraída e que é o objeto de seu amor e serviço.Ÿ�vara – o Senhor Supremo ou o Supremo Controla-dor.Itih€sa - (1) história em geral. (2) um livro que contém instruções sobre dharma, artha, k€ma, e mok�a, e narra-ções de eventos antigos (dharm€rtha-k€ma-mok�€Š€m upade�a-samanvitam p™rva-v�ta kath€-yuktam itih€saˆ pracak�ate). Esta definição é citada no Gau�…ya-Vai�Šava-abhidh€na. (3) o quinto Veda. De acordo com

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ambos �ruti e sm�ti, o Itih€sa e os Pur€Šas são con-siderados o quinto Veda. O ®r…mad-Bh€gavatam (3.12.39) declara, itih€sa-pur€Š€ni pa‰camaˆ vedam; e (1.4.20), itih€sa pur€Šaˆ ca pañcamo veda ucyate. Em seu comentário (1.4.20) sobre o Mah€bh€rata (Mok�a-dharma 340.21), J…va Gosv€m… cita, ved€n adhy€pay€m€sa mah€bh€rata-pañcam€n iti, “Vy€sa ensinou um total de cinco Vedas, sendo o Mah€bh€rata o quinto.” Similarmente no Manu-sm�ti (3.232) é dito, €khy€n€n…tih€saˆ� ca. Em seu Manu-vartha-mukt€val… comentário deste �loka, Kull™ka Bha˜˜a (um renomado comentador do Manusm�ti do século doze) declara, itih€s€n mah€bh€rat€d…n, “A palavra itih€s€n refere-se ao Mah€bh€rata e outra literatura.” Estas referências estabelecem que a palavra itih€sa especificamente refere-se ao Mah€bh€rata. Dentro do Mah€bh€rata é encontrado o Bhagavad-G…t€, o qual é aceito como a essência de todos os Vedas mesmo por ®r… ®a‰kar€c€rya, que declara na introdução do co-mentário de seu G…t€, tad idaˆ g…t€-�€straˆ samasta-ved€rtha-s€rasa‰graha- bh™tam, “Este G…t€-�€stra é a essência do significado de todos os Vedas.” Isto além do mais confirma que o itih€sa é parte do corpo da li-teratura Védica. O próprio �ruti (Ch€ndogya Upani�ad 7.1.2) declara que o Itih€sa e os Pur€Šas são o quinto Veda ao longo do corpo da literatura Vedica, itih€saˆ pur€Šaˆ pañcamaˆ ved€n€ˆ vedam. JJa�a – objeto inanimado; mundano, material.Ja�a-anur€ga – apego por objetos mundanos.

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Ja�a-�akti – a potência material ou externa também conhecida como m€y€. Ja�…ya-k€la – tempo material o qual é designado pelas divisões de passado, presente e futuro.Jaiva-dharma – função constitucional da j…va; amor imaculado pelo Senhor Supremo.Ja‰gama – entidades vivas móveis, tais como animais, pássaros, insetos, animais marinhos e humanos.Janma - nascimento, origem.Janm€�˜am… - o dia do aparecimento do Senhor ®r… K��Ša o qual ocorre no oitavo dia da quinzena da lua escura do mês de Bh€dra (Agosto-Setembro). De acor-do com o Vi�Šu Pur€Ša, entretanto, Janm€�˜am… ocorre no oitavo dia da quinzena da lua escura do mês ®r€vaŠa (Julho-Agosto). A razão para esta diferença é que al-guns anos o mukhya-c€ndra-m€sa, ou mês lunar prin-cipal cai em ®r€vaŠa. O mukhya-c€ndra-m€sa refere-se ao mês lunar o qual termina com a conjunção dos pla-netas, enquanto que gau�ac€ndra- m€sa refere-se ao mês lunar o qual termina com a oposição dos planetas. Quando o mukhya-c€ndra-m€sa ocorre em ®r€vaŠa, Janm€�˜am… cai neste mês, ao invés de Bh€dra.Japa – proferir o cantar dos santos nomes de K��Ša alto ou suave para si mesmo; geralmente refere-se a práti-ca de cantar hari-n€ma em contas de tulas…. A palavra japa vem da raiz verbal jap a qual significa recitar ou sussurrar repetidamente (especialmente orações ou en-cantamento). No ®abda-kalpa-druma, a japa é referi-da como o recitar de mantras ou dentro do coração ou verbalmente. No Haribhakti-vil€sa (17.155-159) ®r…la

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San€tana Gosv€m… descreve a japa com as seguintes palavras:“No N�siˆha-Pur€Ša é dito que há três tipos de japa-yajña: (1) v€cika (verbal), (2) up€ˆ�u (em sus-surro), e (3) m€nasika (dentro da mente). Quando um mantra é pronunciado muito atentamente ou em voz alta, baixa, ou sussurrada é conhecida como v€cika-japa. Quando o mantra é proferido lentamente com sua-ves movimentos dos lábios e pode ser ouvido somente pelo ouvido da própria pessoa ela é conhecida como up€ˆ�u-japa. Quando a pessoa medita no significado do mantra pela aplicação da inteligência repetidamente indo de uma sílaba para a próxima e de uma palavra para a outra é conhecida como m€nasika-japa.” J€ti - casta, raça ou espécies.J€ti-bheda – distinção de casta; a diferença entre várias castas ou espécies.Jism – um termo Islâmico para matéria.J…va – a eterna entidade viva individual que, no estado condicionado da existência material, assume um corpo material em alguma das inumeráveis espécies de vida.Jñ€na - (1) conhecimento, (2) conhecimento o qual visa liberação impessoal: concernente a distinção do €tm€ e da matéria e de sua identidade com brahma.Jñ€na-adhik€ra – qualificação para o conhecimento visando liberação.Jñ€na-k€Š�€ - uma divisão dos Vedas a qual está re-lacionada ao conhecimento da pessoa, do espírito não-diferenciado conhecido como brahma.Jñ€na-mudr€ - a postura tradicional da mão for-mada com a ponta do polegar tocando a ponta do dedo

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indicador.Jñ€na-ni�˜h€ - aqueles que são fixos em seguir o conhecimento monista para atingir liberação.Jñ€na-viddha – vai�Šava-dharma o qual é adulterado com jñ€na, conhecimento direcionado para alcançar li-beração impessoal. Jñ€na-yoga – o caminho da realização espiritual atra-vés de uma procura filosófica pela verdade.Jñ€n… - uma pessoa que segue o caminho de jñ€na, ou conhecimento, direcionado para a liberação impes-soal. KKali-yuga – a presente era de desavença e hipocrisia, a qual iniciou cinco mil anos atrás (ver yuga).K€mya-karma – ritual religioso realizado para obter algum benefício material específico.Kani�˜ha-bhakta – o praticante neófito de bhakti.Karat€las –címbalos, pequenos pratos metálicos usa-dos para cantos devocionais. Karma - (1) qualquer atividade realizada no curso da existência material. (2) atividades piedosas direciona-das para ganhos materiais neste mundo ou nos planetas celestiais após a morte (3) destino; ações passadas ge-ram resultados inevitáveis. Karma-adhik€ra – qualificação para atividades pie-dosas direcionadas para ganhos materiais.Karma-k€Š�a – uma divisão dos Vedas a qual se re-laciona com a realização de atos cerimoniais e ritos sacrificiais direcionados para benefícios materiais e li-beração.

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Karma-viddha – vai�Šava-dharma o qual é corrom-pido por karma, atividades direcionadas para benefí-cios materiais.Karma-yoga – o caminho para realização de Deus em que a pessoa dedica os frutos do seu trabalho a Deus.Karm… - uma pessoa que segue o caminho Védico de karma direcionado para ganhos materiais ou elevação aos planetas celestiais.K€rya-�akti – a potência pela qual a atividade é exe-cutada.Kau�… - uma pequena concha usada como moeda.K€ya-vy™ha – expansões diretas. Todos os quatro tipos de sakh…s de ®r…mat… R€dhik€ são nitya-siddha, e elas são expansões diretas (k€ya-vy™ha) da própria svar™pa de ®r…mat… R€dhik€. Ela eternamente manifesta oito bh€vas como as oito principais sakh…s e Seus quatro diferentes tipos de humores de serviço como os quatro diferentes tipos de sakh…s – a saber, priya-sakh…s, nar-ma-sakh…s, pr€Ša-sakh…s, e parama-pre�˜ha sakh…s. To-das estas sakh…s são k€ya-vy™ha expansões diretas, en-quanto que s€dhana-siddha gop…s não são expansões. As rainhas de Dv€rak€ aparecem em outra categoria de expansão conhecida como vaibhava-prak€�a, e as Lak�m…s em VaikuŠ˜ha são expansões vaibhava-vil€sa de ®r…mat… R€dh€r€n…. As esposas de V€mana e de ou-tros avat€ras em Devaloka também são expansões. Durg€-dev… neste mundo é uma expansão material.K€yastha – uma casta específica na sociedade Hindu; aqueles nascidos de um pai k�atriya e de uma mãe s™dra. Eles são geralmente bem-educados, e muitos trabalham

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como escritores. Os k€yasthas clamam serem descen dentes de Citragupta (o escrivão de Yamar€ja).K€z… - um magistrado muçulmano, geralmente regente de um município ou cidade (como um prefeito).Khicar… - uma saborosa receita de arroz e dahl cozidos juntos com gee e temperos.Khod€ - um termo Islâmico para Deus.K…rtana – o cantar dos santos nomes de K��Ša, algumas vezes acompanhado por música. Isto pode se referir ao cantar alto dos santos nomes, bem como as descrições orais dos nomes, formas, qualidades, associados e pas-satempos de Bhagav€n. K…rtana é o mais importante dos nove a‰gas de bhakti. K��Ša-bahirmukha – sendo indiferente a K��Ša de-vido a ter sua atenção focada nas aparências externas deste mundo material; ignorância de K��Ša e encanta-mento pelo desfrute material.K��Ša-d€sya – serviço para K��Ša; o dharma, ou fun-ção espiritual da j…va. Em seu estado de perfeição isto se refere a prema.K��Ša-l…l€ - os divinos passatempos de ®r… K��Ša (ver l…l€).K��Ša-prema – amor puro por K��Ša (ver prema).K��Ša-unmukha – aqueles cuja atenção é focada em K��Ša.K��Ša-vimukhat€ - o estado de uma pessoa ao ter voltado à atenção para longe de K��Ša; o estado de ab-sorção no mundo material.K�atriya – o segundo dos quatro varŠas, ou castas, no sistema varŠ€�rama; um administrador ou guerreiro.

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K�ayonmukha – o declínio ou diminuição de algum objeto ou coisa; o estágio no qual a relação de uma j…va com o mundo material gradualmente diminui devido ao compromisso com a prática espiritual. K�udra-cetana – que possui consciência diminuta; as entidades vivas.Kuñja – um bosque ou pequena floresta; um local na-tural retirado e coberto pelos lados e o topo formado principalmente por árvores e plantas trepadeiras.Ku˜icaka – o primeiro dos quatro estágios de sanny€sa. De acordo com o sistema Védico, quando uma pessoa renuncia a família, o asceta irá construir uma cabana (ku˜…ra) justo ao lado de fora de seu vilarejo e irá aceitar o necessário para sua manutenção, de seus membros familiares ou dos aldeões. Este estágio é referido no ®r…mad-Bh€gavatam (3.12.43). No comentário de ®r…la Vi�van€tha Cakravart… µh€kura sobre o �loka referido acima, ele define o estágio ku˜icaka como o sv€�rama-karma-pradh€na, predominado pela realização de karma o qual pertence ao seu próprio €�rama, ou está-gio de vida.Ku˜…ra – uma cabana ou chalé.LLaukika – plano terreno, mundano, secular, pertencen-te ao mundo material.Laukika-jñ€na – conhecimento mundano, conheci-mento do mundo fenomenal.Laukika-�raddh€ - relacionado ao mundano; fé que é baseada no costume ou tradição e não no profundo entendimento do �€stra.

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L…l€ - divinos passatempos amorosos. As atividades de ®r… Bhagav€n, no caso do assunto da criação do mundo material ou no assunto das trocas transcendentais de amor com Seus bhaktas, nunca estão sob a influência de karma ou natureza material. Elas são todas mani-festações da potência de Seus próprios desejos e são por esta razão conhecidos como l…l€, jogos ou entre-tenimentos divinos. Estes passatempos são ouvidos, descritos, e meditados pelos bhaktas como parte da prática de s€dhana-bhakti.L…l€-avat€ra – manifestações do passatempos (l…l€) de K��Ša, ex. N��iˆha,Var€ha, K™rma etc.L…l€-kath€ - descrições ou narrações dos passatempos divinos do Senhor.Li‰ga-�ar…ra – o corpo material sutil que é composto pela mente, inteligência e ego.Lobhamay…-�raddh€ - significa que o bhakta deseja servir a K��Ša num dos quatro rasas: d€sya, sakhya, v€tsalya ou m€dhurya, seguindo os passos dos vraja-v€s…s. Ele deveria ter avidez por alcançar isto. Isto é chamado lobhamay…-�raddh€.Lo˜€ - uma vasilha de metal pequena para água.MM€dhav… - uma flor fragrante, a qual é branca quando ela abre e torna-se rosa durante o curso do dia; a vinha da flor m€dhav….M€dhukar… - coletar doações de porta em porta do mesmo modo como uma abelha coleta mel (madhu) ao ir de flor em flor. M€dhurya – doçura ou beleza. Em relação a bhakti isto

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refere-se a devoção a qual é inspirada pela atração das doces e íntimas características de K��Ša como um belo jovem pastor de vacas. Este tipo de devoção concede a suprema troca de amor entre Ele e Seus bhaktas.M€dhurya-rati – amor ou apego por K��Ša o qual é expresso no humor de amante.Madhy€hna – o terceiro período do dia; meio-dia, di-visória entre a manhã e a tarde (ver a�˜ak€l…ya-l…l€).Madhyama-bhakta – o praticante de bhakti que está num nível intermediárioMah€bh€va – o mais elevado estágio de prema ou amor divino. No Ujjvala-n…lamaŠ… (14.154) mah€bh€va é de-finido: “Quando anur€ga chega a um especial estado de intensidade, é conhecido como bh€va ou mah€bh€va. Este estado tem três características: (1) anur€ga che-ga ao estado de sva-samvedya, o que significa que ele torna-se o objeto de sua própria experiência, (2) ele torna-se prak€�ita, radiantemente manifesto, o qual significa que todos os oito s€ttvika-bh€vas tornam-se proeminentemente visíveis, e (3) ele alcança o estado de y€vad €�raya-v�tti, o que significa que o ingrediente ativo deste intensificado estado de anur€ga transmite a experiência do bh€va de R€dh€ e K��Ša para quem pos-sa estar presente e seja qualificado para receber isto. Isto inclui ambos o s€dhaka e siddha-bhaktas.”Mah€jana – uma grande personalidade que ensina e estabelece exemplo para outros.Mah€nta – o líder de um monastério ou templo.Mah€prabhu – o Supremo Senhor, ®r… K��Ša Caitanya (ver Caitanya no Glossário de Nomes).

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Mah€-€k€�a – é o grande, ilimitado céu ou espaço. Mah€pras€da - ver pras€da.Mah€tm€ - alma magnânima ou grandiosa; um título de respeito oferecido para aqueles em consciência espi-ritual elevada.Mah€v€kya - principal citação ou declaração das Upani�ads. PraŠava (oˆ) é o verdadeiro mah€v€kya dos Vedas como estabelecido no Capítulo Doze. En-tretanto, ®r… ®a‰kar€c€rya amplamente espalhou quatro aforismos como mah€v€kyas. Por esta razão, a palavra mah€v€kya tem estado associada com estas expressões: ahaˆ brahm€smi, “Eu sou brahma,” (B�had-€raŠyaka Upani�ad, 1.4.10); tat tvam asi �vetaketo, “O ®vetaketo, você é isto” (Ch€ndogya Upani�ad, 6.8.7); prajñ€naˆ brahma, “o conhecimento supremo é brahma,” (Aitareya Upani�ad, 1.5.3); e sarvaˆ khalv idaˆ brahma, “Todo o universo é brahma.” (Ch€ndogya Upani�ad, 3.14.1.)M€l€ - ver tulas…-m€l€.Malphu˜ - um termo Islâmico para ignorância.M€lat… - uma variedade de jasmim ou sua planta.M€m€j… - tio materno.Mamat€ - literalmente significa ‘posse’; apego ou pos-sessão. Mamat€ por objetos materiais ou pessoas é a causa de aprisionamento, enquanto que mamat€ pelo guru,Vai�Šavas, e objetos espirituais é a causa de li-beração; no mundo espiritual mamat€ é uma das carac-terísticas de prema.M€na – é composto de bh€vas (tais como o ciúme irascível de ®r…mat… R€dhik€) que impedem o n€yaka

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e a n€yik€ de se encontrarem livremente, embora eles estejam juntos, e atraídos um pelo outro.Mantra – um místico �loka composto dos nomes de ®r… Bhagav€n, o qual se direciona a alguma deidade específica. Os mantras são dados para o discípulo por um guru no momento de iniciação d…k�€. Pode surgir a questão que desde que bhagav€n-n€ma é independente, como podem mantras, que são compostos pelos nomes do Senhor (bhagav€n-n€ma), serem dependentes de d…k�€? ®r…la J…va Gosv€m… tem discutido esta questão no Bhaktisandarbha (Anuccheda 284). Ele diz que man-tras são bhagavann€m€tmik€. Isto significa que man-tras são compostos dos nomes de Bhagav€n. A dife-rença é que mantras também contêm algumas palavras especiais como nama, sv€h€, e kl…ˆ. ®r… Bhagav€n e os ��is têm dotado mantras com especial poder pelo qual aqueles mantras revelam-se para a pessoa com a relação específica da pessoa com K��Ša. Por esta razão pode ser visto que mantras são dotados com algumas potências especiais que não são atribuídas no n€ma. Uma con-tradição surge portanto, se bhagav€n-n€ma (o qual é a ausência destes especiais atributos) e capaz de conceder o objeto supremo a ser alcançado (parama-puru�€rtha) sem qualquer necessidade de d…k�€, como é que estes mantras são dependentes de d…k�€ quando eles são mes-mo mais poderosos do que n€ma? ®r…la J…va Gosv€m… analisa que pela natureza constitucional dos mantras, eles não são dependentes de d…k�€. Todavia, as pessoas em geral são influenciadas pela concepção corpórea e seus corações são poluídos com desejos abomináveis. A fim

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de restringir estas tendências, os ��is tem estabele-cido regulações a serem seguidas no arcaŠa-m€rga (caminho de adoração). Caso contrário, pela natureza constitucional, não há diferença entre n€ma e mantra no caso de sua independência ou quaisquer formalida-des. N€ma, sendo não diferente de n€m…, ou do próprio Bhagav€n, já é dotado com todas as potências. Na ver-dade, a glória de n€ma é superior a destes mantras. Além do mais, J…va Gosv€m… diz que os d…k�€-mantras são dotados com o poder de revelar a relação especí-fica do s€dhakas com o Senhor – �r… bh€gavat€ sa-mam €tmasambandha-vi�e�a-pratip€dak€� ca (Bhakti- sandarbha, Anuccheda 284). A mesma coisa é de-clarada no Anuccheda 283: divyaˆ-jñ€naˆ hy atra �r…mati mantre bhagavat-svar™pa-jñ€naˆ tena bhagavat€ sambandha-vi�e�a-jñ€naˆ ca (ver d…k�€). Isto significa que quando um guru que está situado na plataforma de bh€va dá d…k�€, os mantras são dotados com o conheci-mento da svar™pa de Bhagav€n e o conhecimento do relacionamento específico da pessoa com Ele. Portan-to, aqueles que desejam alcançar o prema-sev€ de ®r… K��Ša em Vraja em um dos quatro relacionamentos de d€sya, sakhya, v€tsalya, ou madhura deveriam aceitar d…k�€-mantras de um guru que está estabelecido num destes humores. Manu-saˆhit€ - uma escritura (�€stra) religiosa fala-da por Manu, o progenitor da humanidade, delineando os códigos de conduta para todos os seres humanos.M€y€ - ilusão; aquilo que não é; a potência externa de ®r… Bhagav€n a qual influencia as entidades vivas a

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aceitarem o falso egoísmo de serem desfrutadores inde- pendentes neste mundo material.M€y€-�akti – a potência que cria a ilusão, a qual é re-sponsável pela manifestação do mundo material, tem-po, e atividades materiais.M€y€v€da – a doutrina da ilusão; a teoria advogada pelos impersonalistas seguidores de ®a‰kar€c€rya, a qual sustenta que a forma do Senhor, este mundo ma-terial, e a existência individual das entidades vivas é m€y€ ou falsa.M€y€v€d… - a pessoa que advoga a doutrina da ilusão (ver m€y€v€da).M€y€-vikrama - ver m€y€-�akti.M€yika-tattva – a verdade fundamental concernen-te a potência ilusória de Bhagav€n, a qual se rela-ciona com o mundo material. Um dos aspectos de sambandha-jñ€na.M…m€ˆs€ - uma doutrina filosófica a qual tem duas divisões: (1) p™rva ou karma-m…m€ˆs€ fundada por Jaimin…, a qual advoga que por executar o karma ri-tualístico dos Vedas, uma pessoa pode atingir os pla-netas celestiais, e (2) uttara-m…m€ˆs€ fundada por B€dar€yaŠa Vy€sadeva, a qual esta de acordo com a natureza de brahma. (Ver purvam…m€ˆs€ e uttara-m…m€ˆs€).M…m€ˆsaka – um filósofo. Uma pessoa que adere a doutrina da filosofia m…m€ˆs€, que consiste de duas divisões. Isto geralmente se refere aqueles que seguem a karma-m…m€ˆs€ de Jaimini.M…m€ˆs€-�€stra - (1) um �€stra o qual define as ver-

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dades filosóficas fundamentais através do examinação analítica (2) �€stra de acordo com um ramo da filo so-fia Védica (ver m…m€ˆs€).Mi�ra – misturado, adulterado.Mithy€-abhim€na - falso egoísmo; identificação com os corpos materiais, grosseiro e sutil.Mleccha – derivado da raiz da palavra sânscrita mlech, que significa proferir indistintamente (sânscrito) – um estrangeiro; não-ariano; um homem de uma raça sem casta; qualquer pessoa que não fale sânscrito e que não esteja em conformidade com os costumes religiosos e sociais Hindu.Mok�a - ver mukti.M�danga – um instrumento de barro, de percussão, tocado dos dois lados, o qual é usado na realização de canções devocionais.Mujarrad – um termo Islâmico para espírito ou cons-ciênciaMukta-da�€ - o estado liberado.Mukta-j…va – a alma liberada; aqueles que são libera-dos da influência da natureza material enquanto ainda residem neste mundo, ou aqueles que residem no mun-do espiritual.Mukti – liberação da existência material. Há cinco tipos de liberação: s€r™pya (obtendo a mesma forma como a de Bhagav€n), s€m…pya (morando, tendo a pro-ximidade de Bhagav€n), s€lokya (morando no mesmo planeta que Bhagav€n), s€r�˜i (tendo a mesma opulên-cia que Bhagav€n), e s€yujya (tornando-se um com ®r… Bhagav€n, ou por imergir no corpo dEle ou por imer-

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gir em Sua efulgência brahma). O último tipo é vee-mente rejeitado pelos bhaktas. Embora os quatro ou-tros tipos de mukti sejam algumas vezes aceitos por bhaktas quando eles não são inteiramente incompatí-veis com bhakti, eles nunca são aceitos por aqueles que estão fixos em atingir o imaculado amor por ®r… K��Ša em Vraja.Mukulita-cetana – consciência florescente. Isto se re-fere aos seres humanos cuja consciência é superior as outras formas inferiores de vida, mas que são despro-vidas de moralidade. Isto também se refere aqueles que têm um sentido de moralidade convencional, mas que não tem fé em Deus.Mullah – religioso muçulmano, eruditoMumuk�€ - o desejo por liberação.Mumuk�u - uma pessoa que está buscando liberação.M™rti – a forma da Deidade de ®r… Bhagav€n.NNagara – um município ou cidade.Nagara-sa‰k…rtana – ato de cantar canções religiosas em procissão ao longo de uma cidade ou vilarejo.Naimittika-dharma – a temporária ou circunstancial função de um objeto ou ser consciente; aquele que se relaciona com a natureza adquirida; religião ou dever circunstancial.Naimittika-karma – deveres religiosos ocasionais in-duzidos por circunstâncias específicas.Naimittika-suk�ti – ações piedosas, as quais conce-dem resultados temporários; ações piedosas direciona-das para o desfrute material, opulência, aquisição de

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conhecimento, e poderes místicos.Nai�˜hika-brahmac€r… – a pessoa que aceita voto de celibato para a vida toda. Naitika – aquilo que é relacionado à moralidade e ética (ver n…ti).N€ma – o santo nome de K��Ša, cantado pelos bhak-tas como o principal membro da prática de s€dhana-bhakti.N€ma-bhajana – a prática de cantar o santo nome sua-vemente para si próprio nas contas de tulas….N€m€bh€sa – uma semelhança dos santos nomes. O estágio de cantar no qual a pessoa se erradica dos peca-dos e ofensas, mas ainda não alcançou o cantar puro.N€ma-apar€dha – cantar ofensivo dos santos nomes, ou o cantar dos santos nomes que está sujeito aos dez tipos de n€ma-apar€dha. (ver Capítulo 24).N€ma-rasa – gosto transcendental o qual vem por can-tar os santos nomes.N€ma-sa‰kirtana – a prática de cantar o santo nome de K��Ša, especialmente o canto congregacionalN€ma�k€ra – oferecer reverências, ou o ato de ofere-cer adoração ou prece. Reverência a ®r… Bhagav€n é de quatro tipos: (1) abhiv€dana, saudação ou curvar-se; (2) a�˜a‰ga, reverências prostradas prestadas com as oito partes do corpo (duas mãos, dois pés, dois joelhos, o peito e a testa); (3) pañca‰ga, reverências prostradas prestadas com cinco partes do corpo (dois joelhos, dos braços,e a testa); e (4) kara-�ira samyoga , reverências por juntar as mãos na cabeça e curvar-se.N€m… – ®r… Bhagav€n; a pessoa chamada pelo nome.

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Nam€z – sistema de oração muçulmana.Nara-m€tram – refere a todos os seres humanos, sem distinção de casta, credo ou designações materiais.N€r€yaŠa – uma expansão de K��Ša. O opulento Se-nhor de VaikuŠ˜ha.Navadh€-bhakti – os nove processos principais de bhakti: �ravaŠam, k…rtanam, vi�Šu-maraŠam,p€da-sevanam, arcanam, vandanam, d€syam, sakiam, e €tma-nevedanam – ouvir, cantar e lembrar as glórias de K��Ša, servir os seus pés de lótus, adorá-Lo, orar a Ele, cumprir as ordens dEle, com um espírito de servo, fazer amizade com Ele e e oferecer a si mesmo a Ele (veja cada termo para mais informações sobre isto).Nimitta – a causa , razão, motivo, instrumente ou agen-te.Nirapek�a – um Vai�Šava que é desapegado de todos os desfrutes materiais e designações associadas com varŠ€�rama; literalmente significa independente ou aquele que é sem necessidades.Nirbheda – indiferenciado; aquilo que é desprovido de características específicas ou qualidades; as vezes usado como um adjetivo para descrever o brahma impessoal.Nirbheda-brahma-jñ€n…i – aquele que almeja al-cançar o Brahma impessoal através do conhecimento monístico.NirguŠa – livre da influência das qualidades materiais da bondade, paixão e ignorância. Em relação a K��Ša, isto significa que Ele é dotado com qualidades trans-cendentais.

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Nirv€Ša – extinção, desaparecimento, dissolução; emancipação final da matéria e reunião com o espírito Supremo; concepção m€y€v€da – extinção absoluta ou aniquilação da existência individual.Ni�€nta-l…l€ – os passatempos diários de K��Ša são di-vididos em oito períodos. Ni�€nta-l…l€ acontece no final da noite logo antes do amanhecer (veja a�˜a-k€l…a-l…l€).Nisarga – a natureza adquirida de uma coisa; a nature-za que é adquirida pela longa associação ou identifica-ção; a natureza distorcida de uma coisa.Ni�˜h€ – fé firme; constância nas práticas devocionais. Este é o quarto estágio do desenvolvimento da tre-padeira de bhakti. Ni�˜h€ ocorre depois da eliminação da maior parte dos anarthas.N…ti – ciência moral, ética, moralidade social, conduta moral ou comportamento; sabedoria política ou ciên-cia. Nitya – eterno, invariável; diário; aquilo que não em começo nem fim.Nitya-dharma – a eterna função característica de uma coisa, ou aquilo que está relacionado com a sua função constitucional.Nitya-karma – deveres religiosos compulsórios diários.Nitya-satya– verdade eterna ou realidade.Nitya- suk�ti – ação piedosa que dá resultados eternos; ação piedosa a qual alimenta a função eterna de bhakti, tais como: a associação de bhaktas e o contato com atos de devoção.

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Nitya-tattva – verdade eterna, realidade ou principio filosófico.Niv�itti-marg€ – o caminho do desapego ou abstinên-cia da ação fruitiva e religião ritualística.Ny€ya – a filisofia que trata da lógica e a analise da realidade, também conhecida como ny€ya-dar�ana. Este sistema de filosofia foi fundado por Maha��i Gautama (veja Gautama no glossário de nomes). O ny€ya-dar�ana reconhece 16 princípios: 1) pram€Ša (evidência; os meios para obter conhecimento real), 2) prameya ( aquilo que é para ser apurado pelo con-hecimento real), 3) saˆ�aia (dúvida sobre o ponto a ser discutido), 4) prayojana ( o motivo para discutir o ponto em questão), 5) d��˜€nta ( citar provas ou ex-emplos), 6) siddh€nta ( conclusão demonstrada de um argumento), 7) avayava ( partes componentes de um argumento lógico ou silogismo), 8) tarka ( raciocínio persuasivo), 9) nirŠaya ( conclusão, dedução ou apli-cação de um argumento conclusivo), 10) v€da ( tese, proposição ou argumento), 11) jalpa ( começar uma disputa ou responder para derrotar o argumento da opo-sição), 12) vitaŠd€ ( criticismo destrutivo; crítica inútil das declarações de outro sem intenção de provar o lado oposto da questão), 13) hetv-€b€safalácia; a (mera aparencia de razão), 14) chala ( disputa fraudulenta; distorcer o sentido das palavras da parte contrária), 15) j€ti ( lógica baseada somente na fal-sa similaridade e diferença), 16) nigrahana-sth€na ( o ponto fraco em um argumento ou falta e um silogis-mo).

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De acordo com o ny€ya-dar�ana, a miséria é de 19 tipos: O corpo material, os seis sentidos incluindo a mente, os seis objetos dos sentidos e as seis transfor-mações – nascimento, crescimento, produção, manu-tenção, decadência e morte. Além disso, a felicida-de é considerada como a vigésima forma de miséria porque ela é simplesmente um estado transformado do sofrimento. Os naiy€yikas, adeptos do ny€ya-dar�ana, aceitam quatro tipos de evidência: pratyak�a ( per-cepção direta), anum€na (inferência), upam€na ( com-paração) e �abda (a autoridade dos Vedas ). O ny€ya-dar�ana aceita a existência de eternas par-tículas infinitesimais conhecidas como param€nŠu. As quais, eles alegam serem os ingredientes fundamentais de onde a criação surgiu. Mas para que a criação acon-teça, há a necessidade de um administrador o qual é conhecido como Ÿ�vara, ®r… Bhagav€n. Bhagav€n cria o mundo ao por as partículas atômicas em movimento. Como estas partículas atômicas, Ÿ�vara é eterno e sem começo. Embora os naiy€yikas aceitem a existência de Ÿ�vara, eles não acreditam que Ele pessoalmente realiza a criação. Ele é simplesmente a causa primordial. Pelo Seu desejo os átomos são colocados em movimento e consequentemente eles criam os elementos sutis e grosseiros e através dos quais a criação aparece. De acordo com o ny€ya-dar�ana, as j…vas são inumeráveis,eternas e sem começo. Os naiy€yikas não pensam que as j…vas são da mesma natureza da cons-ciência, mas que elas são entidades substantivas as quais podem estar associadas com o intelectual,volível

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ou qualidades emocionais como resultado de uma com-binação apropriada de causas e condições. O ny€ya-dar�ana defende que a j…va e Ÿ�vara são duas verdades completamente separadas. A existência material da j…va é devido ao Karma. A criação ocorre sob a influencia do Karma e dentro da criação a j…va sofre as reações do seu karma. E a única função de Ÿ�vara é por a criação em movimento e recompensar os resultados do karma. Os naiy€yikas dizem que a j…va pode alcançar li-beração da existência material através do conhecimen-to filosófico desses dezesseis princípios. Eles definem mukti como completa cessação da misérias materiais. Não há felicidade real em mukti. Nessa condição li-berada a j…va fica como se estivesse inconsciente.Ny€ya-�€stra – Os �€stras que tratam da análise lógica da realidade. Os preceitos do ny€ya são a maioria das vezes explicados através de analogias tiradas da analise de objetos comuns tal como um pote de barro(ghata) e um pedaço de pano(pata), desta maneira estas palavras são encontradas nas discussões sobre ny€ya.

PP€da-sevanam – literalmente significa servir os pés. Contudo, surge a questão como o sadhaka pode servir os pés do senhor. Por isso em seu krama-samdarbha comentário do ®r…mad Bh€gavatam, j…va Gosv€m… defi-niu p€da-sevanam como se segue – p€da-sev€y€ˆ p€da �abdo bhakti eva nirdi�˜a tata sev€y€ˆ s€daratvaˆ vidh…ate – “ No termo p€da-sev€ a palavra p€da refere-se somente a bhakti. A palvra sev€ indica que

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esta bhakti, ou serviço, deve ser feito com grande amor e respeito. Ter o dar�ana da Deidade, tocar a Deidade, fazer o parkram€ da Deidade, seguir a Deidade em procissão, visitar o templo do Senhor ou os locais sa-grados tais como o Ga‰g€, Puru�otama-k�etra, Dv€rak€ e Mathur€; observar festivais e servir o Vai�Šavas e tulas… estão todos incluídos em p€da-sevanam. Este é um dos nove a‰gas principais de bhakti.Pañca-mah€p€pa – matar um br€hmaŠa, beber licores intoxicantes, roubo, cometer adultério com a esposa de �r…-guru e associação alguém culpado destes crimes.Pañcop€sana – adoração as cinco deidades – S™ria, GaŠe�a, ®akti, ®iva e Vi�Šu.PaŠ�ita – PaŠ�€ significa ‘a inteligência de alguém que foi iluminado pelo conhecimento dos �€stras,’ e a palavra paŠ�ita a alguém que tem tal inteligência.P€pa – pecado.Para-brahma – o brahma Supremo, a fonte da eful-gencia de brahma, ®r… Bhagav€n.Par€k-v�itti – a tendência de estar com a atenção foca-da para fora, para o mundo externo ou para os objetos dos sentidos.P€ralaukika – concernente ao próximo mundo; extra-mundano, espiritual.Parama-dharma – a suprema ou a função perfeita da j…va.Parama-guru – grande mestre espiritual; o guru do guru de alguém.Paramahaˆa – o quarto e último estágio da ordem de sany€sa, o qual é referido como ni�kriya (liberdade de

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todas as obrigações materiais) no ®r…mad Bh€gavatam (3.12.43). Em seu comentário deste �loka, ®r…la Vi�van€tha Cakravart… Th€kura definiu ni�kriya como pr€pta-tattva, realização da Suprema Verdade Absolu-ta.Param€rtha – a verdade mais elevada, conhecimento espiritual, o objeto mais elevado de realização.P€ram€rthika – aquilo que está relacionado com a suprema verdade espiritual ou realidade última; real, essencial, verdadeiro; aquilo que está relacionado a um objeto superior.Param€tm€ – a Superalma situada no coração de todas as entidades vivas como a testemunha e a fonte da lem-brança, conhecimento e esquecimento.Param€tma-pav�itti – a tendência da j…va buscar por K��Ša no coração, aquele que é conhecido como Param€tma.Par€-�akti – Potência superior de ®r… Bhagav€n a qual tem três divisões: cit, tatasth€ e m€y€.Paravyoma – significa o céu espiritual. Geralmente re-fere a região do céu espiritual que consiste dos planetas VaikuŠ˜ha.P€˜ha-�€l€ – literalmente significa uma escola na qual quatro objetos (p€˜ha) são ensinados. Estes objetos re-fere-se ao estudo dos quatro Vedas ou de quatro obje-tos – gramática sânscrita,retórica, lógica e filosofia.Phalghu-vair€gya – renúncia fútil; renuncia a qual é des-favorável a bhakti. Isto é definido no Bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.2.256): “Quando as pessoas que desejam liberação abandonam os objetos que são relacionados

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a K��Ša e consideram eles como sendo materiais, a renúncia delas é conhecida como phalghu-vair€gya.” ®r…la J…va Gosav€m… explicou no seu comentário que isto refere-se especialmente ao abandono da pras€da, ou remanentes de alimento ou outros artigos oferecidos a Ele. Este abandono é de dois tipos: Nunca pedir ou nunca aceitar quando a pras€da vem sem ser solici-tada. O segundo em particular é considerado ser uma ofensa, portanto, desfavorável a bhakti.PiŠ�a – bolinhos de arroz ou trigo oferecidos aos Pi˜ris, ou antepassados doentes; a oblação �r€ddha.Prabhu – mestre ou senhor.Prabhu-tattva – a verdade fundamental concernen-te a Bhagav€n, que é o mestre das entidades vivas e da natureza material. Este é um dos aspectos de sambhanda-jñ€na.Pr€de�ika – regional, territorial, provincial. Vem da palavra pr€de�a, província. Quando é usado em re-ferência a declarações particulares dos Vedas, significa aquilo que é limitado a um contexto particular, ou aqui-lo que define somente um aspecto parcial de um con-ceito. E está em contraste com os mah€v€kyas que são declarações definindo a essência subjacente de todos os Vedas (veja mah€v€kya neste glossário.Prahara – um dia é definido em oito períodos conhe-cidos como prahara com aproximadamente três horas de duração cada.Prak€�a – um tipo particular de manifestação de Bhagav€n. Quando uma única forma é manifesta em muitos locais simultaneamente e cada uma dessas for-

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mas são idênticas em termos de aspectos corporais qualidades e passatempos, tal manifestação é chamada prak€�a.Pr€k�ta-bhakta – um bhakta que não é muito educado e pouco desenvolvido. Este é um termo referente ao kani�˜a ou devoto neófito, que adora a Deidade com fé, mas não presta serviço aos bhaktas de K��Ša.Prak�ti – (1) natureza, o mundo material, o poder que cria e regula o universo. (2) a matéria como oposta ao puru�a, espírito. (3) a energia feminina primordial, a mulher ou a natureza feminina. Prak�ti-Dev…– a deusa da natureza.Pr€Ša-n€tha – literalmente significa o senhor da vida da pessoa, mas encerra o sentido de algo que é infini-tamente mais querido do que a própria vida.Pr€Š… – um ser vivente ou sentiente. Pr€Š… vem da palavra pr€Ša que significa o fôlego da vida ou ar vital. Aquilo que tem vida, respira e possui ar vital.Prapati – entrega ou submissão a ®r… Bhagav€n.Pr€rabdha-karma – os resultados de atividades pre-gressas os quais já começaram a dar frutos.Pras€da – literalmente significa misericórdia, refere-se especialmente aos remanentes de comida oferecida a Deidade; e também aos remanentes de outros artigos oferecidos, como incenso, flores, guirlandas, e roupa. Pratibimba-bhakri-€b€sa – a semelhança reflexiva de bhakti. Isto se refere aqueles que adotam as práticas de bhakti com o desejo de desfrute material ou espe-cialmente liberação. Por que essas pessoas não têm fé em K��Ša e nem desejo de satisfazer Ele, a aparente

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bhakti delas é como uma imagem que está desconecta-da do objeto e, portanto, é comparada a uma reflexão.Pratyak-v�itti – a tendência para focar a atenção na alma interiormente.Prav�itti-m€rga – o comino da ação fruitiva ou reli-gião ritualística que produz piedade material e facilida-de para desfrutar este mundo material.Prayojana – a meta ou o objeto a ser alcançado. Em termos de bhakti isto se refere à meta final a ser alcan-çada, k��Ša-premaPrema – (1) amor por K��Ša o qual é sumamente con-centrado, e que derrete o coração e desenvolve um profundo senso de mamat€ ou possessividade em rela-ção ao Senhor (esta é a efinição geral de prema da no bhakti-ras€m�ta-sindhu, 1.4.1). (2) Quando rati se tor-na firmemente enraizado e indestrutível por nenhum obstáculo é conhecido como prema. Quando alguma coisa aparece, a qual pode gerar a ruína do relacio-namento entre o amante e a amada e ainda assim os laços permanecem completamente não afetados, tal relação amorosa intima e considerada prema. Quando prema aumenta, gradualmente é transformado em sneha, m€na, pranaya, r€ga, anur€ga, anubhava e bhava. (Ujjvala-n…lamani, 14.59.63).Prema-bhakti – o estágio de bhakti o qual e carac-terizado pelo aparecimento de prema (veja acima; o estágio perfeccional da devoção; o oitavo estágio com-pletamente desperto de bhakti-l€ta.Prema-dharma – a religião a qual tem como meta alcançar o amor puro por ®r… K��Ša.

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Prem€dhik€ra – elegibilidade para o serviço amoroso puro ®r… Bhagav€n.Pr…ti – amor por K��Ša o qual é conhecido também como prema ou bhakti. J…va Gosvam… definiu pr…ti no Pr…ti-samdarbha ( Anuccheba 65): tasy€ hl€diny€ eva k€pi sarv€nand€ti�€yini v�itir-nityam bhakta –vrinde�u eva nik�ipyam€Š€ bhagavat-prity€khyay€ varttate – “ Quando a eterna faculdade outorgadora de prazer da potência hl€din…, que sozinha tem o poder de trazer o supremo deleite a K��Ša, manifesta no coração do bhakta, é conhecida como bhagavat- pr…ti, o amor a Bhagav€n.” O sintoma deste pr…ti é o desejo ininter-rupto de satisfazer o objeto de pr…ti, ®r… K��Ša. P�itak – distinto, diferente.Pur€Šas – os dezoito suplementos históricos dos Vedas.P™rŠa-Brahma – o brahma completo que é a Suprema Personalidade de Deus, Bhagav€n. Bhagav€n é p™rŠa, a realidade completa. Brahma, que é a refulgência do corpo de Bhagav€n, é um aspecto de Sua realidade.P™rŠa-cetana – aquele que possui consciência com-pleta, ®r… Bhagav€n.P™rŠa-�hakti – potência completa.P™rŠa-vikasita-cetana – consciência completamente disperta. Isto se refere aos bhava-bhaktas, aqueles que despertaram apego profundo e amor por Bhagav€n.Puru�a – (1) o ser primordial como a alma e a fonte original do universo, o Ser Supremo ou a Alma do uni-verso. (2) o principio vivo em todos os seres, a alma, espírito ativo oposto a prakrti, matéria. (3) o masculi-

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no, homem.Puru�€rtha – as metas a serem alcançadas pelos hu-manos. Nos �€stras védicos estas são classificadas em quatro categorias: dharma, dever religioso; artha, aquisição de riqueza; k€ma, satisfação dos desejos ma-térias; e mok�a, liberação da existência material. Acima de tudo isso está o desenvolvimento de amor puro pelo Senhor Supremo, que é a personificação da bem-aven-turança espiritual e rasa transcendental.Também é conhecida como parama-puru�€rtha, a meta suprema a ser alcançada.P™rva-m…m€ˆs€– a filosofia estabelecida por Maha��i Jaimini, também conhecida como jaimini-dar�ana (veja Jaimini no glossário de nomes). Para examinar um tópico copletamente e chegar a uma conclusão é conhcido como m…m€ˆs€. M…m€ˆs€ vem da raiz ver-bal man, pensar refletir ou considerar. A razão é que em seus ivros Jaimini estabelceu a correta interpretação das declarações Védicas e como elas podem ser entendidas através da análise lógica, este livro é conhecido como m…m€ˆs€-grantha. Os Vedas têm duas divisões: p™rva- k€Š�a ( a primeira parte)Que trata de karma védico; e uttara-k€Š�a (a parte posterior), que trata dos Upani�ads ou Ved€nta. Uma vez que os livros de Jaimini tratam da análise da primei-ra parte dos Vedas, eles são chamados P™rva-m…m€ˆs€. Como a filosofia de Jaimini trata exclusivamente do karma Védico , ela é também conhecida como karma-m…m€ˆs€. Jaimini examinou minuciosamente como o karma ritualístico Védico é para ser executado e quais

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são seus resultados. Ele aceitou os Vedas como apauru�eya (aquilo que não é criado por um homem mortal), sem-começo e eterno. Sua filosofia é estabale-cida com base nos Vedas. Todavia, ele deu ênfase so-mente ao karma Védico. Ele disse que as j…vas desti-nam-se a executar karma Védico somente. E que pela execução apropriada de karma Védico, pode-se obter parama-puru�artha, a meta suprema, a qual em sua opinião refere-se a alcançar os planetas celestias.Na visão de Jaimini, o mundo visível é an€di, sem co-meço, e não passa pelo processo de destruição. Con-sequentemente, há necessidade de um onisciente e onipotente Ÿ�vara para executar o processo de criação, manutenção e destruição do mundo. Jaimini aceita a existência do karma piedoso e pecaminoso. De acor-do com essa doutrina, karma automaticamente dá os resultados de suas próprias ações. Por isso, não há ne-cessidade de um Ÿ�vara para reconpensar os resultados do Karma.Putra – filho, aqule que libera seus antepassados do inferno conhecido como put.QQuatro Kum€ras - ver Kum€raRR€ga – apego profundo o qual está repleto pela espon-taneide e uma absorção intensa no objeto de afeição. A principal característica de r€ga é uma profunda e exces-siva sede pelo objeto de afeição da pessoa. O desejo por água é chamado sede. Quando o corpo está desidratado, a sede aparece. Quanto maior a sede maior é o desejo

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por água. Quando essa sede atinge um ponto que sem água não é mais possível mater o corpo, é conhecido como um excesso de sede. Similarmente, quando a sede amorosa para satisfazer o objeto de amor fica tão intensa que na ausência de tal serviço a pessoa chega no limite de abandonar a vida, isto é conhecido como r€ga. R€ga-m€rga – O caminho de r€ga, ou apego espontâ-neo, veja r€g€nug€.R€gamay…-bhakti – bhakti a qual está permeada por r€ga, ou afeição espontânea. R€gamay…-bhakti não está na fase de s€dhana. Ela aparece depois do estágio em que prema aparece.No começo, existe prema, o qual se desenvolve em: sneha, m€na, pranaya, r€ga, anur€ga, bh€va, e mah€bh€va. Quando prema atinge o estágio de r€ga é chamado r€gamay…. Isto acontece depois que a pessoa nasce do ventre de uma gopi e alcança a associação de r€g€tmik€-bhaktas de K��Ša.Por esta associação, primeiro prema virá e então irá gradualmente evoluir para o estágio de r€ga e assim até mah€bh€va. A palavra t��Š€ usada aqui significa ‘sede’ de beber K��Ša, Sua forma (rupa), sabor (rasa), aroma (gandha), som (�abda), e toque(spar�a). A pa-lavra premamay… é um termo geral que pode indicar o prema em qualquer estágio de denvolvimento de sneha até mah€bh€va.R€g€nug€-bhakti – a bhakti que segue os passos da natureza r€gatmika presente nos corações dos asso-ciados eternos do Senhor em Vraja é conhecida como

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r€g€nug€-bhakti. R€g€nug€-Pr€k�ti – natureza que estimula alguém a seguir a atração espontânea da alma por K��Ša. Quando a inteligência é liberada do cativeiro de maya, a natu-reza humana não precisa mais ser governada por regras e proibições; ao contrário, ela é inspirada pelo amor espontâneo. A natureza r€g€nug€ é a natureza inata da j…va. É svabh€va-sidha (o estado perfeito do eu), cinmaya (transcendental), e ja�a-mukta ( livre do cati-veiro a matéria inerte).R€g€nug€-s€dhana – as conclusões de ®r…la R™pa Gosv€m… sobre o método da prática de r€g€nug€-bhajana são descritas no Bhakti-ras€m�ta-sindhu ( 1.2.294-296) como se segue: “Deve-se lembrar constan-temente do querido nava-ki�ora ®r… Nanda-nandanda-na e dos amados associados de K��Ša que possuem saj€t…ya-bh€va ou mesmo humor que a pessoa aspira. Deve-se sempre morar em ®r… Vraja-dh€ma com gran-de apego em ouvir tópicos referentes a K��Ša e seus de-votos. Se não for possivel viver em Vraja fisicamente, deve-se fazê-lo mentalmente.Este é o método de r€g€nug€-bhakti-s€dhana”. ®r…la R™pa Gosv€m… continua: “O s€dhaka que tem lobha para r€g€nug€-bhakti deve servir ®r… K��Ša com am-bos s€dhaka-r™pa e sidha-r™pa de acordo com o bha-va dos Vraja-parikaras que possuem o mesmo humor que ele aspira. Os a‰gas de bhakti tais como: �ravana, kirtana, �r… guru-pad€�raya, e outros em relação a vaid…-bhakti, ao úteis e necessários em r€g€nug€-bhakti. Mas o s€dhaka esperto adotará somente aqueles a‰gas que

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nutre o seu bh€va especifico, evitando aqueles que o prejudicam.” Exemplos dos a‰gas de bhakti relacio-nados a r€g€nug€-s€dhana são como se segue: ®ra-vana em madhura-rasa significa que deve-se ouvir como uma criada serve Lalit€, Vi�€kh€, R€dh€ e K��Ša.K…rtana significa que o s€dhaka aprenderá como fa-zer pati-vañcanam, que é falar palavras doces ao mari-do e enganá-lo a fim de ir participar no l…l€ de R€dh€ e K��Ša. SmaraŠam significa lembrar como Lalit€ e Vi�€kh€ estão prestando serviço a ®r…mat… R€dh€r€ni. P€da-sevanam significa levar ®r…mat… R€dh€r€ni para encontrar com K��Ša a noite. Arcanam é feito com o canto dos olhos. Quando K��Ša retorna do pastoreio com os meninos vaqueiros e as vacas, todas as gop…s estão de pé na entrada de suas portas fazendo arcana com o canto de seus olhos. Tudo está lá, o brilho, a água, sneha, m€na, praŠaya, tudo mais está lá. K��Ša também aceita a adoração delas com o canto de Seus olhos. Isto se chama arcana. štma-nivedhanam si-gnifica gop…jana-vallabh€ya sv€h€: “Eu sou serva de R€dh€ e K��Ša, eu estou oferecendo o meu ser comple-temente a Eles.”R€g€tmika – aquele em cujo coração existe natural-mente um desejo eterno, profundo e espontâneo de amar e servir a ®r… K��Ša; aquele cuja bhakti está sa-turada com r€g€. Isto especificamente refere-se aos eternos residente de Vraja, que são atraídos por ®r… K��Ša em um humor de amor íntimo, livre de qualquer concepção das opulências ou magestade do Senhor (ai�varia -jñ€na).

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Rajas – (veja rajo-guna).R€jasika – natureza de raja-guna.Raja-guŠa – a qualidade ou natureza dos seres vivos a qual é caracterizada por itensa atividade e paixão. R€ma-navam… – o dia do aparecimento de ®r… R€ma que ocorre no nono dia da quinzena lunar brilhante do mês de Caitra (março-abril).Rañjak€ – no capitulo vinte e um rañjak€ foi usado com o significado de atração. A conclusão é que o cora-ção da pessoa se torna ‘colorido’ adornado completa-mente por um objeto devido ao seu forte apego por ele. Este é o estado de r€g€. Quando a pessoa vê um objeto bonito, sua visão é arrastada de uma vez para ele e seu coração fica colorido. Assim, mesmo se o bonito obje-to sai de sua visão, ela ainda continua a percebê-lo em toda parte. A coloração do coração é chamada rañjak€ e o apego forte que é estabelecido no coração quando a consciência é tingida dessa maneira é conhecido como r€g€.Rasa – (1) a transformação do coração que acontece quando o estado perfeccional de amor a K��Ša, con-hecido como rati, é convertido em emoções líquidas pela combinação de vários êxtases transdcendentais. No Bhakti-ras€m�ta-sindhu (2.1.5) bhakti-rasa é defi-nida: “Quando o st€yibh€va, ou a emoção permanente do coração em um dos cinco relacionamentos princi-pais, neutralidade, servidão, amizade, afeição pater-nal e amor conjugal, mistura com vibh€va, anubh€va, s€ttivika-bhava e vy€bhic€ri-bhava, e assim produz um gosto extraordinário no coração do bhakta, é chamado

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bhakti rasa.” A explicação de bhakti como rasa é uma contri- buição única de ®r…la R™pa Gosv€m…. A visão popular é que rasa é aplicável a experiência emocional da poesia ou artes dramáticas. Esta teoria de rasa originou-se do N€tya-�€stra de Bharata Muni, Uma obra famosa em poética sânscrita e drama. A explicação de R™pa Gosv€m… de como rasa é gerada está em harmonia com a definição de Bharata Muni; se bem que ele explicou a experiência de rasa em termos de bhakti, amor a K��Ša. Deste modo existe a concepção transcendental e a secular de rasa. (2) estado de consciência estética.Rasar€ja– o imperador de rasa; aquele que é supre-mo em saborear a felicidade de rasa é um nome de ®r… K��Ša que é akhila-ras€m�ita-m™rti, a personificação da essência de toda rasa.Rasika-bhakta – aquele que é capaz de saborear bhakti-rasa em seu próprio coração. No estágio de bhava, o coração do bhakta fica imbuído com o �udha-satva do coração de um dos eternos associados de K��Ša em Vraja. Este �udha-sattva é então conhecido como k��Ša-rati, o primeiro despontar do amor divino. Quando este sentimento permanente de amor combina com outras emoções extáticas, isto gera a experiência única de bhakti-rasa. Aquele que é elegível para sabo-rear este rasa é conhecido como rasika-bhakta.Rati – (1) apego, afeição. (2) um estágio de desen-volvento de bhakti o qual é sinônimo de bhava (veja bh€va- bhakti).Riraˆs€ – é o desejo de alguém desfrutar de K��Ša para

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seu próprio prazer e não para o prazer de K��Ša. Se este riraˆs€ for para a satisfação de K��Ša, então ele está na categoria de k€ma e prema. Riraˆs€ deve estar pre-sente em k€m€nuga, seja tat-tad-bh€va-icch€may… ou sambhoga- icch€may…; riraˆs€ está presente em ambos. Riraˆs€ está presente em tat-tad-bh€va-icch€may…,mas ele é saboreado quando as gop…s e K��Ša se en-contram. E em sambhoga- icch€may…, as gop…s se en-contram com K��Ša com o próposto de satisfazer Ele. Riraˆs€ também está presente em Kubj€, mas somen-te para a satisfação dela mesmo. Riraˆs€ não é para o prazer pessoal em sambhoga- icch€may… e tat-tad-bh€va-icch€may…. Se alguém tem este riraˆs€ por K��Ša e está praticando estritamente de acordo com vaidh…-bhakti então ele irá alcançar a classe das rainhas de K��Ša em Dv€raka. Em vaidh…-hbhakti adora-se Laki�m…-N€r€yaŠa. S€dhakas que tem riraˆs€ para K��Ša irá alcançar K��Ša, mas o k€ma deles irá ser da natureza de Dv€rak€ e serão seguidores das rai-nhas (mahi�…s ).Vaidh… significa estar casado por �€stra-vidhi. Em vaidh…-bh€va deseja-se ter K��Ša como ma-rido. Pode-se desejar o K��Ša de Vraja, mas não há ca-samento em Vraja. Portanto, não é possível obter Vraja bh€va em vez disso a pessoa alcançará Dv€raka. ¬�i – um grande sábio eruditos nos Vedas.Ruci – sabor. Este é o quinto estágio do desenvolvi-mento da trepadeira de bhakti. Ruci desenvolve depois que a pessoa adquiriu estabilidade no bhajana. Neste estágio com o despertar do real gosto, a atração aos te-

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mas espirituais, tais como: ouvir, cantar e outras práti-cas devocionais, superam a atração de qualquer ativi-dade material.R™h – um termo muçulmano para alma.R™h-mujarrad – um termo muçulmano para alma li-berada.Sac-cid- an€nda – aquilo que é composto de Sat (exi-stência eterna), cit (consciência espiritual completa), €nanda (bem-aventurança espiritual); as vezes refere-se a forma transcendental de ®r… K��Ša. ®ac…nandana – nome para Caitanya Mah€prabhu; o filho de mãe ®ac… (veja Caitanya).S€dhaka – aquele segue uma disciplina espiritual para alcançar uma meta específica. Neste livro isto se refere especialmente ao praticante bhakti.S€dhana – o método que a pessoa adota com o objeti-vo de alcançar a meta chama-se s€dhana. Sem s€dhana não é possível obter s€dhya, a meta a ser alcançada. Há vários tipos de s€dhana que correspondem às diferentes metas. Aqueles que desejam desfrute material adotam o caminho do karma como o s€dhana. Aqueles que desejam liberação adotam o caminho de jñ€na como o s€dhana. Aqueles que aspiram ao eterno serviço amo-roso a ®r… K��Ša adotam o caminho de bhakti como o s€dhana. O s€dhana de bhakti refere-se às práticas espirituais tais cmo: ouvir, cantar e assim por diante.S€dhana-bhakti – o estágio de prática da devoção; o estágio de bhakti no qual as várias disciplinas espiri-tuais realizadas para a satisfação de K��Ša são executa-das através dos sentidos com o propósito de trazer a

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manifestação de bh€va ou prema, amor espiritual.S€dhana-catu�˜aya – quatros tipos de s€dhana (men-cionados no capítulo doze) os quais são: nity€nitya-vastu-viveka (descriminação entre objetos eternos e temporários); 2)ih€nutra-fhala-bhoga-vir€ga (desape-go do desfrute dos reultados desta vida e da próxima); 3) �ama-dam€di Sat-sampatti ( os seis tipos de opulên-cias lideradas pelo controle da mente e sentidos); 4) mumuk�€ ( o desejo de liberação).S€dhu – derivado da raiz verbal S€dh que significa ir direto ao alvo (como uma flecha), ou ser bem-sucedi-do, deste modo s€dhu significa aquele é simples e di-reto e fala a verdade sem ser afetado pelas convenções sociais, então s€dhana significa o processo de ir direto ao objetivo. Embora num sentido geral isto possa ser traduzido como uma pessoa religiosa ou um bhakta, re-fere-se aos bhaktas que são altamente avançados. Tais bhaktas são também conhecidos como mahat (grandes almas) ou bh€gavata (que personificam as característi-cas de Bhagav€n). Os sintomas deles são descritos no (®r…mad Bh€gavatan 5.5.2- 3): “Os mahat ou grandes almas são dotados com as seguintes qualidades:Eles vêem todas as j…vas com imparcialidade. Eles são com-pletamente pacíficos porque tem a inteligência firme-mente fixa em K��Ša. Eles estão livre da ira. Eles são amigos e bem-querentes de todas as j…vas. Eles são s€dhus, o que significa que eles nunca consideram as faltas dos outros. Eles estão firmemente estabelecidos em uma relação amorosa com o Senhor Supremo, e eles consideram prema como sendo a meta suprema a ser

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alcançada. Eles não consideram nenhum outro objeto digno de interesse. Eles não tem apego por pessoas ab-sortas no desfrute material, nem por esposa, crianças, riqueza ou lar. Eles não tem desejo de acumular riqueza além do necessário para manter seus corpos para o ser-viço a ®r… K��Ša”.S€dhu-sangha – a associaçãode bhaktas altamente avançados que possuem as qualidades descritas ante-riormente. A palavra s€dhu-sangha não significa me-ramente estar próximo de bhaktas avançados; significa buscar por eles, permanecer com eles, oferecer reverên-cias a eles, servi-los de acordo com as possibilidades, ouvir instruções espirituais deles, executar práticas espirituais sob a direção deles, seguir os passos deles, e levar a vida de acordo com suas instruções. No Bhakti-ras€m�ta-sindhu ( 1.2.91) ®r…la R™pa Gosv€m… define qual o tipo de s€dhu-sangha que nós devemos buscar – saj€t…y€�aye snigdhe s€dhau sanga svatovare. Ele diz que nós devemos associar com bhaktas que são si-gnificativamente mais avançados. Que são devotados e que estão estabelecidos no mesmo humor de serviço a K��Ša o qual nós aspiramos. Este é o primeiro desen-volvimento da trepadeira de bhakti depois de �radha o começo.S€dhya – o objeto ou meta que é desejada por uma pessoa e para alcançá-la ela se submete a um processo apropriado, é conhecida como s€dhya. Existem muitos diferentes tipos de s€dhyas, ou objetos a ser alcança-dos. E geralmente são agrupados em quatro categorias: dharma ( religiosidade), artha (desenvolvimento eco-

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nômico), k€ma (desfrute material), mok�a ( liberação). O s€dhya-vastu ou o objeto a ser alcançado para os bhaktas é bhagavat-pr…ti, amor pelo Senhor Supremo. Que também é conhecido como prema. Bhakti ou pre-ma por ser uma função eterna da svar™pa-�akti de ®r… Bhagav€n, não é produzido por algo. Mesmo assim, quando o coração do bhakta é purificado pela prática de s€dhana-bhakti, ele se torna apto para receber a mani-festação de Sua hl€din… ou a potência de prazer. Nesse momento K��Ša manifesta esta potência no coração do bhakta e ela se torna conhecida como bhagavat-pr…ti. (veja pr…ti e puru�€rtha).S€dhya, susiddha, siddha e ari – estas são quatro ti-pos de do�a (faltas) calculadas de acordo com o jyoti�a-�astra sobre a natureza de um �i�ya de acordo com seu p™rva-karma. Algumas delas parecem ser boas quali-dades, mas de uma perspectiva absoluta qualquer um que nasce neste mundo material tem faltas. Neste con-texto s€dhya indica que o candidato tem adhik€ra para alcançar prema-bhakti se ele se dedica completamente nesta vida. Sushiddha tem o adhik€ra para alcançar a perfeição com muito pouco esforçoe siddha tem relati-vamente menos adhik€ra do que ele. Ari indica que o �i�ya tem muitos Ari (planetas inauspiciosos) em seu mapa que quase todo o esforço que ele faz por bhakti irá siplesmente criar mais obstáculos. Todavia, quando estes quatro tipos de �i�ya aceitam k��Ša-mantra de um sad-guru todos os obstáculos podem ser removidos.S€gnika-br€hmaŠa – é um br€hmaŠa que mantém um fogo permanente em sua casa com o propósito de exe-

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cução de yajña. ®aiva – um adorador de ®r… ®iva.Sakh…– amiga,companheira ou atendente.Sakhya – amor ou apego pelo Senhor o qual é expresso no humor de amizade; uma dos cinco relacionamen-tos principais com K��Ša que é estabelecido no cora-ção quando o s€dhaka atinge o estágio de bh€va ou prema. Um dos a‰gas de s€dhana-bhakti; a adoração ao Se-nhor enquanto estver no estágio de s€dhana na relaçõa de ser um amigo do Senhor. Embora ®r… Bhagav€n pos-sui todas opulências e magestade, o bhakta que pen-sa que o Senhor é seu amigos e esforça para satisfazer o Senhor e assim exibe este humor de amizade para o Senhor. A diferença entre d€syam e sakhyam é que sakhyam é imbuído com vi�rambha-sev€, humor de in-timidade, livre das restrições formais. Este é um dos nove a‰gas principais de bhakti.®€kta – adorador de ®akti ou Durg€.®akti – (1) poder ou potência. (2) a esposa do Se-nhor ®iva, também conhecida como Durg€, que rege a energia material; uma das cinco deidades adorada pe-los pañcop€sakas.®€kty€ve�a-avat€ra – uma encarnação empoderada; uma j…va que devido a sua submissão a Bhagav€n se torna €ve�a (empoderada) por Ele para agir poderosa-mente em Seu nome.S€madhi – meditação ou transe profundo no Param€tm€ ou em K��Ša l…l€.Sam€ja – sociedade humana, encontro, reunião, con-

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gregação, ou comunidade. S€m€jika – relacionado à sociedade e idéias sociais.Sambandha-jñ€na –conhecimento sobre a relação mútua sambandha-jñ€na, entre o Senhor, as entidades vivas e a energia material. A palavra sambandha signi-fica conexão, relacionamento e atar. As entidades vivas estão eterna e inseparavelmente conectadas ao Senhor Supremo, que é o verdadeiro objeto de relacionamento. O relacionamento geral entre as entidades vivas e ®r… Bhagav€n é de servido e servidor. Mas no estado per-feccional de bhakti, a pessoa estabelece uma relação especifica com o Senhor seja como servo, amigo, pai, mãe ou amante.Sambandha-tattva – o princípio sobre o relaciona-mento mútuo entre Bhagav€n, as entidades vivas, e a energia material.Sambhoga – prazer total. Experimentado nas relações amorosas entre K��Ša e seus associados de Vraja. O propósito desses relacionamentos, que congrega um maravilhoso e extático sentimento de regozijo é so-mente para dar prazer um ao outro.Saˆhit€-�€stras – os �€stras religiosos que delineiam as leis para os seres humanos.Samprad€ya– (samyak+prad€ya): o processo ou caminho que guarda a Suprema Verdade Absoluta com-pleta e perfeitamente. Uma linha de sucessão discipu-lar; doutrina estabelecida e transmitida de um mestre para outro; um sistema particular de ensino relogio-so. O Padma Pur€na profetiza o advento das quatro linhas autorizadas da Sucessão Discipular Vai�Šava

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bem como seus €c€ryas fundadores na era de kali: ata kalau bhavi�yanti catv€raƒ sampradayinaƒ �r…-brah-ma-rudra-sanak€ vai�Šava k�iti-p€van€ - “ na era de Kali quatro samprad€yas irá puruficar a terra. Estas são conhcidas como: ®r… (Laksmi), Brahm€, Rudra e Sana-ka (Catuƒsana) samprad€yas.”

Estas são nomeadas pelo nome dos €c€ryas que estabeleceram suas doutrinas na era moderna. “Lak�midevi aceitou R€m€nuja, Caturmukha Brahm€ aceitou Madhv€c€rya, Rudra aceitou Vi�Šusv€m…, e Catuƒsana, os quatro Kum€ras aceitou Nimb€ditya como os lideres respectivos de suas samprad€yas.” Embora ®r… Gour€nga Mah€prabhu declarou Sua co-nexão com a Madhva samprad€ya, Sua linha é recon-hecida como a Gaud…ya samprad€ya( a samprad€ya estabelecida na terra de Gauda). Por Ele ser o próprio ®r… Bhagav€n e ter apresentado as mais elevadas con-cepções do amor a Deus as quais anteriormente eram desconhecidas a qualquer uma das samprad€yas.Saˆs€ra – (1) existência material; o ciclo de repetidos nascimentos e mortes (2) vida familiar, vida domésti-ca.Saˆskara – (1) uma cerimônia sagrada ou santifica-da. (2) treinamento ou reforma da mente; impressões mentais de experiências prévias ou ações feitas em um estado de existência anterior.Saˆvit – esse termo é referido a svar™pa-�akti a qual é predominada por saˆvit (veja svar™pa-�akti ). Saˆvit é uma potência relacionada a cit, o aspecto cognitivo de ®r… Bhagav€n. Apesar de Bhagav€n ser a personifica-

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ção do conhecimento, saˆvit é a potência pela qual Ele conhece a Si mesmo e possibilita que outros O conheca. Quando a potencia saˆvit é proeminente em vi�udha-satva, ela é conhecida como €tma-vidy€, conhecimen-to do eu individual e Bhagav€n. Este €tma-vidy€ tem duas faculdades: (1) jñan€, o próprio conhecimento; (2) jñan€-pravartaka, aquele que ou aquilo que pro-move conhecimento. O conhecimento dos adoradores é manifesto por estas duas faculdades. Conhecimento da realidade absoluta somente é possível com a ajuda de €tma-vidy€.Sandin… – se refere a svar™pa-�akti a qual é predo-minada por sandin… (veja svar™pa-�akti ). Sandin… é a potencia relacionada a sat, o aspecto existencial de ®r… Bhagav€n. Esta é a potência através da qual Ele mantém Sua própria existência e a existência de outros. Quando a potência sandin… é predominante em vi�udha-sat-va, é conhecido como €dh€ra-�akti, a potência toda-acomodatícia. A morada espiritual do Senhor e Seus associados são manifestos por esta €dh€ra-�akti.Sandhy€– noite – a junção do dia e da noite.Sandhy€-€rat… – a cerimônia de adoração a deidade com vários tipos de parafernália tais com: incenso, flo-res, lamparina de gee, que é feito na hora do crepúsculo com cantos de hinos de vocionais e acompanhamento musical. Sandhy€-vandan€ – o canto de mantras védicos tal como Brahma-gyatr… ao amanhecer, meio- dia, e por-do-sol. S€‰khya – o cominho do conhecimento que envol-ve a análise do espírito e matéria. Esta filosofia é de

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natureza ateísta. Ela foi propagada por um sábio chama-do Kapila, que é diferente do avat€ra do Senhor con-hecido como Kapila, o filho de Kardama e Devah™ti. O sábio Kapila que nasceu na dinastia de Agni, é alu-dido no Mah€bh€rata ( Vana-parva 221.21): kapilam paramar�iñ ca yaˆ pr€hur yataya sad€ agni sa kapilo n€ma s€‰khya-yoga pravartaka – “A Pessoa que os renunciados proclamam como o fundador do sistema de s€‰khya-yoga é o grande sábio Kapila que apareceu na dinastia de aAgni.”Sank…rtana – canto congregacional dos nomes de K��Ša.Sa‰kucita-cetana – consciência retraída. Referem-se a animais, pássaros, insetos e aquáticos. A consciência deles é mais desemvolvida do que a dos seres imóveis, ainda que inferior a consciência humana. Sa‰kucita-cetana é limitada principalmente as atividades de co-mer, dormir, acasalar, temer, vagar por vontade própria, lutar com outros animais por território e posses os quais reivindicam ser suas, ficar feroz em face de invasão. Se-res neste estágio de consciência não têm conhecimento sobre a próxima vida e nem a tendência a indagar sobre Deus.

Sanny€sa– o quarto €�rama, ou estágio de vida no si-stema varn€�rama; vida ascética renunciada.Sanny€s… – um membro da ordem renunciada.®araŠ€gati – também conhecido como �araŠ€patti; ren-dição, buscar refúgio e proteção. No Bhakti-samdarbha ( Anucchebha 236) �araŠ€gati é descrita:

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anuk™lyasya sa‰kalpa pr€ti k™lyasya varjana rak�i�yat…ti vi�v€so gopt�tve varaŠaˆ tath€

€tma-nik�epa k€rpaŠye �a�-vidh€ �araŠ€gati

Estes são os seis axiomas de auto-rendição: aceitar o que é favorável a bhagavad-bhajana e rejeitar o que é desfavorável, fé firme que somente o Senhor é o pro-tetor, aceitar o Senhor como o protetor e mantenedor, rendição completa e humildade.

S€r€rtha-dar�in… – comentário do ®r…mad Bh€gavatan, ®r…la Vi�van€tha Cakravart… Th€kura fez o seguinte co-mentário nos �lokas 11.20.27-30,32-33: “nos dois pri-meiros �lokas quotados acima, a natureza de uma pes-soa que está começando o estágio de elegibilidade para bhakti é descrita. Na associação de s€dhus a pessoa desenvolve gosto para ouvir hari-kat€. A partir desse momento ela perde o interesse em todas as outras ativi-dades, e começa a cantar �r…-n€ma com determinação firme. Contudo, devido aos seus hábitos anteriores e condicionamentos, ela é incapaz de abandonar o des-frute material e o desejo por tal defrute. Mesmo ao se ocupar em tal desfrute ela sabe que é ofensivo e o con-dena. “O que significa d�dha ni�caya, determinação fir- me? ‘Se meu apego pela família, lar e tudo o mais é destruído ou aumentado, se eu tiver dez milhões de im-pedimentos no bhajana ou não tiver nenhum, mesmo se eu for incitado pela luxuria ou tiver que ir ao inferno por minhas ofensas, eu nunca irei abandonar bhakti.

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Não concordarei em adotar karma ou jñ€na, mesmo se o próprio Brahm€ vier e recomendar.’ Isto é conhecido como d�dha ni�caya. A princípio se o bhajana da pes-soa é firmemente estabelecidoem bhakti, menos ele vai ser distraído por coisas desfavoráveis.Irá o bhakta permanecer impedido por desejos por dis-frute material? Não. O ®rimad-Bh€gavatam respon-de isto nos dois �lokas a seguir: ‘Por ouvir e repetir hari-kath€, todos os desejos para desfrute material do coração do bhakta é gradualmente destruído. Quando o s€dhaka Me adora, Eu venho e sento e seu coração, nes-se momento suas faltas não mais permanece. Porquê? Porque não é possível para desejos materiais sentar no mesmo coração Comigo, assim como é impossível para o sol e a escuridão estarem presentes no mesmo lugar. O nó do falso ego é rompido sem demora, todas as dú-vidas são dissipadas e os desejos por karma são aniqui-lados. Este é Meu veredicto final.’ Então o bhakta desenvolve fé em hari-kath€, e por ter abandonado a fé pela busca de karma e jñ€na, ele perde o interresse em tais atividades. Mas sponha que por alguma razão improvável ele desejou o fruto de tais atividades – então o que acontece? Isto é respondi-do nos nos dois �lokas a seguir: ‘A benção para eleva-ção aos planetas celestiais, liberação, alcançar Minha morada, bem como tudo que é obtido por atividades fruitivas, austeridades, conhecimento, renúncia, prática de yoga, caridade,religiosidade, ou outros metódos de s€dhana, são facilmente obtido por Meus bhaktas pela força de bhakti-yoga.’

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®ar…ra – o corpo; compleição corporal.®ar…raka-bh€�ya – o comentário sobre o Ved€nta-s™tra por ®r… ®a‰kar€c€rya; indagar sobre a natureza do espirito corporificado (veja ®a‰kar€c€rya no glossário de nomes).®ar…rika – aquilo que relaciona com o corpo material e suas aquisições (veja �arira ).Sarva-dar�… – alguém onividente; que vê que Bhagav€n é a Verdade Absoluta completa e a fonte de brahma e Param€tm€.S€rva-k€lika – atividades que são aplicáveis por todos os tempos.®€stra – Escritura especialmente as escrituras Védi-cas.®€str…ya-�radh€ – convicção baseada numa fé profun-da nos �€stras na prática de bhakti.Sat-karma – atividades piedosas recomendadas na seção karma-kaŠ�a dos Vedas.Sat-sa‰ga – veja s€dhu-sa‰ga.Satt€– existência.Sattva-guŠa – a qualidade ou natureza dos seres vivos que são caracterizados pela sabedoria e pureza.S€ttvika – que tem a natureza de sattva-guŠa. S€ttvika-bh€va – um dos cinco ingredientes essen-ciais de rasa; oito sintomas que aparecem exclusiva-mente em vi�uddha-sattva, em outras palavras, quando o coração transborda devido às emoções em conexão com os cinco humores principais de afeição por K��Ša ou as sete emoções secundárias. Os oitos sintomas que constituem s€ttvika-bh€va são: (1)stambha (ficar atur-

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dido), (2)sveda (perspiração), (3) rom€ñca (cabe-los eriçados), (4)svara-bha‰ga (voz embargada), (5) kampa (tremor), (6) vaivarŠa (palidez ou mudança de cor), (7)a�ru (lágrimas) e (8) pralaya (perda da cons-ciência ou desmaio).Satya – verdade, realidade; conclusão demostrada.Saura – a adoração a S™rya, o deus do sol.Sautr€maŠ… - yajña – um sacrifício particular em honra a Indra o qual é descrito no Yajur Veda. É dito que pela execução desse yajña, obtém-se um lugar nos planetas celestiais. Embora tomar vinho seja proibido para os br€hmaŠas, este yajña envolve a aceitação de vinho de forma que não promove a queda dos br€hmaŠas.Savi�e�a-v€da – dourina que admite que a Verdade Absoluta seja uma personalidade transcendental que possui forma, aspectos e atributos não materiais.Savi�e�a-v€d…- aquele que adere a doutrina savi�e�av€da.Sev€ - serviço, assistência, reverência, devoção a.Sev€ite – sacerdote ou servo da deidade.Prato raso de barro – (citado no capítulo 10) Vai�Šavas que vivem em G€d…g€ch€ , Navadv…pa, vêem o mundo como um prato raso de barro. Tal prato é a tampa de um pote de água. Mesmo que o pote seja muito gran-de, a tampa só pode conter uma pequena quantidade de água. Ny€yaratna diz que embora a Terra seja um vasto recipiente, o qual é reduzido a uma simples tampa pela imensa erudição e autoridade dos Vai�Šavas de Godru-ma.Siddha – (1) realizado ou perfeito, (2) almas liberadas

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que vivem no mundo espiritual, (3) almas liberadas que acompanham Bhagav€n ao mundo material para participar de Seus passatempos, ou alguém que alcan-çou o estágio perfeito em bhakti (prema) nesta vida, cujos sintomas são descritos no Bhakti-ras€m�ta-sindhu (2.1.180): “Aquele que está sempre completa-mente imerso em atividades relacionadas à ®r… K��Ša, que está alheio aos impedimentos ou sofrimentos mate-riais, e constantemente saboreia a bem aventurança de prema, é chamado um siddha-bhakta.” Siddh€nta – doutrina filosófica ou preceito; conclusão demonstrada; fato demonstrado; verdade reconhecida.Siddhi – oito perfeições místicas alcançadas através do yoga (veja yoga-siddhi).Siddhi-k€m… - aquele que deseja poderes místicos.®ik�€ – instruções recebidas de um professor; como um dos processos de bhakti, isto especificamente se refere às instruções recebidas do guru sobre bhakti. ®ik�€-guru – pessoa da qual se recebe instruções de como progredir no caminho de bhajana é conhecida como �ik�€-guru, ou mestre espiritual instrutor. Depois de ouvir instruções do �ravaŠa-guru , a pessoa de quem se ouve sobre as verdades fundamentais de Bhagav€n, pode surgir o desejo para se ocupar em bhajana. Se tal desejo surge, a pessoa que aproximamos para aprender como realizar bhajana é conhecida como �ik�€-guru. ®iva – uma expansão qualitativa de ®r… Bhagav€n.®iva-r€tr… - festival em honra de ®iva que é observado com jejum durante o dia e a noite no décimo quarto dia da lua nova do mês de Ph€lguna (Fevereiro - Março).

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SmaraŠam – lembrança e meditação dos nomes, for-mas, qualidades e passatempos de K��Ša. SmaraŠam deve ser feito junto com n€ma-sank…rtana. Há cinco estágios no processo de smaraŠam conhecidos como smaraŠa,dh€rana, dhy€na, dhruv€nusm�ti e sam€dh…: (1) uma pequena investigação ou examinação dos no-mes, formas e assim por diante de ®r… Hari , é chamado smaraŠa; (2) retirar a mente de todos os objetos exter-nos e fixá-la nos nomes, formas,etc, de ®r… Hari é cha-mado dh€rana; (3) contemplar os nomes, as formas,etc, do Senhor de uma maneira concentrada é chamado dhy€na; (4) quando esta lembrança ocorre de uma ma-neira ininterrupta como um contínuo fluxo de néctar, é chamado dhruv€nusm�ti e (5) a meditação na qual o objeto de contemplação da pessoa é a única coisa ma-nifesta no coração é chamado sam€dh…. SmaraŠam é um dos nove processos de bhakti.Sm€rta – br€hmaŠa ortodoxo. Aquele que segue ri-gidamente os sm�ti-�€stras ( em particular o dharma-�€stras ou código de comportamento religioso), sendo demasiado apegado aos rituais externos sem compreen-der a essência subjacente do �€stra. Eles são distintos dos Vai�Šavas sm€rtas e sm�ti-�€stras tal como o Hari-Bhakti-Vilasa.Sm€rta-karma – ritos sociais e religiosos prescritos pelos sm�ti-�€stras.Sm�ti – (1) aquilo que é lembrado e (2) tradição distin-ta de �ruti, revelação. O contexto da literatura sagrada que é lembrado (de forma distinta do �ruti, ou aquilo que é ouvido ou revelado diretamente pelos ��is). Isto

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inclui os seis Ved€ngas, os dharma-�€stras tais como o Manu-saˆhit€, os Pur€Šas e os itih€sas.Sneha – afeição. No capítulo vinte e um, dois tipos de snehas são descritos por B€b€j… Mah€�aya. Ele diz que este sneha é relacionado a sakhya-bh€va, isto não significa no sentido intimo de relacionamen-to. Este tipo de sakhya-bh€va está sob a categoria de sambandha-r™pa. Sakhya-bh€va neste capítulo signifi-ca um tipo comum de sakhyam, que está nos nove itens de bhakti que Prahl€da Mah€r€ja menciona no ®rimad-Bh€gavatam Aqui sakhyam está em vaidh…-bhakti, que é servir a K��Ša com um senso comum de amizade (sakhya-bh€va) e conhecer K��Ša como um amigo (sakh€). Visto que isto está sob a jurisdição de vaidh…-bhakti, não é parte de r€g€nug€-bhakti. O outro tipo de sneha está na categoria de prema (sneha,m€na, praŠaya,etc.) e, portanto, não pode ser praticado em r€g€nug€-s€dhana, mas pode aparecer em r€g€tmik€-bhakti. Isto não pode ser seguido. Pode somente de-senvolver em prema depois de vastu-siddhi, quando o bhakta toma nascimento no ventre de uma vraja-gop…, assim então não pode ser praticado em r€g€nug€-s€dhana-bhakti.®raddh€ - cerimônia em honra e para o benefício dos parentes falecidos. PiŠ�a é oferecida aos antepassados, com oblação de arroz e refeição e capacita-os com um corpo adequado para alcançar pit�-loka, o planeta dos antepassados. Lá eles desfrutam de um alto padrão de gratificação material.®ravaŠa-guru – pessoa de quem ouvimos instruções

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sobre as verdades fundamentais de ®r… Bhagav€n, Suas energias, as entidades vivas e bhakti é conhecido como �ravaŠa-guru.®ravaŠam – ouvir as descrições transcendentais dos nomes, formas, qualidades, passatempos e associados de Bhagav€n, da boca de bhaktas avançados. É um dos dos nove processos de bhakti mais importantes.®r… Bh€�ya – o comentário que revela a beleza e a opulência transcendental do Senhor; o comentário do Ved€nta-s™tra, por ®r… R€m€nuj€c€rya.®ruti – (1) aquilo que é escutado, (2) revelação, dis-tinto do sm�ti, tradição; conhecimento infalível que foi recebido por Brahm€ ou por grandes sábios no começo da criação e que descende na sucessão discipular deles; conjunto de literatura que foi diretamente manifesto do Senhor Supremo. Isto se aplica aos quatro Vedas origi-nais, também conhecidos como nigamas e Upani�ads.Sth€vara – entidades vivas imóveis como árvores, tre-padeiras, arbustos e pedras.Sth€y…bh€va – um dos cinco ingredientes essênciais de bhakti-rasa; o sentimento de amor permanente para o Senhor em um dos cinco relacionamentos principais: tranquilidade, servitude, amizade, afeição paternal e amor conjugal. Esta emoção dominante no coração em um dos cinco relacionamentos principais é conhecida como mukhya-rati, apego principal. O sth€y…bh€va pode também referir-se ao sentimento dominante em um dos sete humores secundários: riso, maravilha, he-roísmo, compaixão, ira, medo e desgosto. Neste caso é conhecido como gauŠa-rati, apego secundário.

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Sth™la-�ar…rba – O corpo material grosseiro que con-siste de elementos físicos.®ubha-karma – atividades que produzem resultados auspiciosos.®uddha-abhim€na – egoísmo puro; a concepção de ser um servo de K��Ša.®uddha-bhakta – um bhakta puro; aquele que pratica �uddha-bhakti.®uddha-bhakti – devoção pura; devoção sem a mistu-ra de ação fruitiva ou conhecimento monístico, e que está desprovida de todos os outros desejos, menos o de dar prazer exclusivo a K��Ša; também é conhecida como uttama-bhakti.®uddha-bh€va – o puro ou imaculado estado de bh€va-bhakti; emoções espirituais genuínas que manifestam neste estado de bh€va.®uddha-j…va – a entidade espiritual pura em seu estado liberado, livre das designações materiais.®uddha-jñ€na – conhecimento do relacionamento ent-re Bhagav€n, as j…vas e m€y€.®uddha-n€ma – o cantar puro dos santos nomes. Quan-do alguém está livre de todas as ofensas e anarthas, o santo nome puro descende nos sentidos trancendentais e completamente purificados – esse estado é conhecido como �uddha-n€ma.®uddh€vasth€ - o estado puro ou liberado da j…va.®udra – o mais baixo dos quatro varŠas, ou castas, no sistema de varŠ€�rama; artesãos e laboradores.Suk�ti – piedade, virtude; atividade piedosa. Há dois tipos de suk�ti: nitya eterno e naimittika temporário.

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O suk�ti pelo qual se obtém s€dhu-sanga e bhakti é nitya-suk�ti. Ele é eterno porque produz fruto eterno. Bhakta-sanga, ou associação de bhaktas e bhakti-kriya-sanga, ou contato com atos de devoção, são ni-tya- suk�ti. Estas atividades são ditas serem nitya-suk�ti e não bhakti propriamente dita quando eles são executa-dos acidentalmente ou sem �raddh€ pura. Quando este tipo de suk�ti adquire força depois de muitas vidas, de-senvolve-se �raddh€ por s€dhu-sanga e ananya-bhak-ti. O suk�ti pelo qual se obtém desfrute material e li-beração impessoal é naimittika-suk�ti. Ele é temporário porque produz resultados temporários. Karma, yoga e jñ€na são naimittika-suk�ti. Naimittika-suk�ti não tem o poder de despertar fé nos objetos transcendentais tais como os santos nomes do Senhor, mah€pras€da,bhakti e Vai�Šavas. ®™nyav€da – a doutrina do niilismo ou vacuismo, a qual tem como meta o completo aniquilamento do eu.Sura – semideus, divindade, deidade, sábio; isto é referido especificamente aos devas situados nos pla-netas celestiais. Os br€hmaŠas são conhecidos como b™h-sura, deuses na Terra, porque eles representam o Senhor Supremo.Svabh€va – a natureza verdadeira de uma coisa, a qual é parte essencial de sua composição.Svabh€vika-anur€ga – atração espontânea que é ex-perimenada para o Senhor Supremo e Seus bahktas quando alguém se torna estabelecido em sua natureza pura.Sva-dharma –(1) o dever natural da pessoa; a eterna

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e verdadeira função espiritual do eu. (2) em relação ao varŠ€�rama-dharma, refere-se aos deveres tem-porários prescritos de acordo com a casta social. Assim sva-dharma é usado no sentido absoluto bem como no relativo.Sv€rasik…– no capítulo 21 é usado num sentido de lem-brança ininterrupta dos l…l€s K��Ša. Quando r€ga de-sperta no coração do bhakta, em seguida a l…l€ de K��Ša manifesta automaticamente no seu coração como um fluxo contínuo e sem cessar.Esta condição é chamada sv€rasik….Svar™pa-�akti – a potência divina de ®ri-Bhagav€m. É chamada svar™pa-�akti porque ela está situada em Sua forma. Esta potência é cinmaya, plenamente consciente o paralelo e a antítese da matéria. Por conseguinte é também conhecida como cit-�akti, potência que perso-nifica o princípio da consciência. Porque essa potência está intimanente conectada com o Senhor, situada em Sua forma, ela é também conhecida como antara‰ga-�akti, a potência interna. Por que é superior a Sua potência marginal e externa tanto em forma como em glória, é conhecida como par€-�akti, a potência supe-rior. Dete modo, por suas qualidades, esta potência é conhecida por nomes diferentes – svar™pa-�akti, cit-�akti, antara‰ga-�akti e par€-�akti. A svar™pa-�akti tem três divisões: (1) sandhin…, a potência que hospeda a existência espiritual de K��Ša e de todos Seus associados; (2) saˆvit, a potência que ou-torga conhecimento transcendental a Ele; e (3) hl€din…, potência através da qual K��Ša desfruta de bem-aventu-

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rança transcendental e compartilha tal bem-aventurança com Seus bhaktas. (veja sandhin…, sandhin…, hl€din…,).

A Suprema Entidade conhecida como Parabrah-ma é composta de sat-cit-€nanda. Estes aspectos (exi-stência eterna, pleno conhecimento e bem-aventurança suprema) nunca podem estar separados um do outro. Similarmente sandhin…, saˆvit, hl€din… encontram-se sempre juntas. Nenhuma dessas potências nunca po-derá ser separada das outras duas. Todavia, elas não são manifestas na mesma proporção. Quando sandhin… é proeminente em vi�udha-sattva, é conhecida como svar™pa-�akti predominada por sandhin…. Quando saˆvit é predominada é conhecida como svar™pa-�akti predominada por saˆvit. Quando hl€din… é predomi-nada conhecida como svar™pa-�akti predominada por hl€din…. Svar™pa-siddhi – estágio em que em o svar™pa do bhakta ou a forma espiritual interna e a identidade se torna manifesta. Isto acontece no estágio de bh€va-bhakti.Svar™pa-ja�a-mukti – liberado da matéria e termos da revelação da svar™pa. Isto se refere à svar™pa-sid-dhi, estágio no qual bh€va manisfesta no coração do bhakta de um dos eternos associados do Senhor. Neste estágio a identidade espiritual se torna manifesta e a in-teligência livra-se da influência da matéria, ainda que, o relacionamento com o mundo material permanece in-tato devido à presença do corpo material.Tamas – (veja tamo-guŠa)T€masika – da natureza de tamo-guŠa.

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Tama-guŠa – ter qualidade ou natureza de j…va t€masika que é caracterizada por indolência e ignorância.Tantras – a raiz verbal tan significa “expandir,” des-sa maneira trantra é aquilo que expande o significado dos Vedas. Um gênero de literatra Védica que trata com uma variedade de tópicos espirituais que são divididos em três categorias: os šgamas, Y€mala, e os Tantras principais; uma espécie de trabalho que ensina mági-ca e fórmulas místicas, a maioria na forma de dialagos entre ®iva e Durg€. Estes são ditos que expõe cinco assuntos: (1) a criação, (2) a destruição do mundo, (3) a adoração dos deuses, (4) a consecução de todos os objetos, especialmente as seis faculdades super-humanas, e (5) os quatro métodos de união com o Su-premo espirito pela meditação. T€ntrika – aquele que é bem-versado na ciência místi-ca dos Tantras.Tapasy€ - aceticismo, austeridade.Tark…b… – um termo muçulmano para a alma condicio-nada.Ta˜a – a região limítrofe entre a terra e a água; mar-gem. O estado marginal.Ta˜asth€-�akti – a j…va, ou potencia marginal de ®r… Bhagav€n. Por que a j…va-�akti não está incluída nem na svar™pa-�akti nem na m€y€-�akti , é conhecida como ta˜asth€-�akti , a potência marginal. A palavra ta˜a costa ou margem, a linha onde se enontra a água e a margem de um oceano; a raiz verbal stha significa estar situado. A Margem não é parte do oceano, ain-da que não seja parte da terra que margeia o oceano.

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O que está situado na margem é conhecido como ta˜asth€. E não está situado nem no oceano nem na margem.

No seu Param€tma-samdarbha, J…va Gosv€m… descreve a ta˜asth€-�akti como se segue: “A j…va-�akti é conhecida como ta˜asth€-�akti por duas razões. Pri-meiro ela não pode ser incluída em m€y€-�akti porque está além desta. Segundo, embora a j…va-�akti é subju-gada pela ignorância, o defeito de ser subjugada desta maneira não pode tocar o Param€tma situado em seu coração. Isto é entendido pela seguinte analogia. Nós podemos ver que alguma porção dos raios do sol po-dem serem cobertos pelas sombras das nuvens, mas o próprio sol não pode ser coberto. Similarmente, a alma individual, que é vibhin€ˆ�a, uma parte separada dEle e pode ser coberta por m€y€, mas o próprio K��Ša ja-mais pode ser coberto. “Desta maneira pode-se entender que a j…va-�akti é separada da svar™pa-�akti pela seguinte razão. Svar™pa-�akti está presente no Param€tm€. Se a j…va-�akti fosse incluída em svar™pa-�akti, então o defeito das j…vas de serem subjugadas pela ignorância seria transposto para a svar™pa-�akti também situada no Param€tm€, então para o Param€tm€. Visto que esse não é o caso, fica evidente que a j…va-�akti não está incluída em svar™pa-�akti. Consequentemente, por que a j…va-�akti não está incluída nem em svar™pa-�akti nem em m€y€-�akti, ela é conhecida como ta˜asth€-�akti.”Ta˜asth€-vikrama – ver ta˜asth€-�akti.T€tk€lika – atividades relativas a um período particu-

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lar de tempo.Tattva – verdade, realidade, principio filosófico; a es-sência ou substância de alguma coisa.T€ttvika-�raddh€– fé real, fé a qual é baseada no en-tendimento de tattva o qual inspira alguém a dedicar todo o seu ser para alcançar o Senhor Supremo.Th€kura – um termo para se dirigir a ®r… Bhagav€n e a deidade. Outras grandes personalidades tais como ®r…la Bhaktivinoda Th€kura as vezes são também cha-madas por este termo, o que significa que eles se torna-ram s€k�ad-dharitva, qualitativamente tão bom quanto Deus pela completa dedicação a Bhagav€n. Ta˜asth€-vikrama – ver ta˜asth€-�akti.Tilaka – marcas de barro usadas na testa e outras par-tes do corpo pelos Vai�Šava, representando a devoção deles pelo Sehor K��Ša ou Vi�Šu e consagrando seus corpos como templos do Senhor.TridaŠ�a – o bastão que é carregado pelos Vai�Šavas sanny€s…s. Que consiste de três varetas que simboli-zam a ocupação do corpo, mente e palavras no serviço ao Senhor. Estas três varetas podem também significar a existência eterna do servidor (o bhakta), objeto do serviço (Bhagav€n) e o serviço distinguindo assim o Vai�Šava sanny€sa do m€y€v€da ekandaŠ�a sany€sa.Tulas… – uma planta sagrada cujas folhas e flores são usadas pelos Vai�Šavas na adoração do Senhor K��Ša; uma expansão de V�ind€-dev…. Tulas…-m€l€ – um cordão de contas de madeira feito de planta de tulas…, usado como rosário pelos Vai�Šavas para contar o seu canto de hariman€; colar de contas

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pequenas de tulas…, conhecido como kaŠ˜hi-m€l€, usa-do no pescoço dos Vai�Šavas para indicar a devoção deles por ®r… K��Ša e a aceitação de d…k�h€. Ty€g…– um renunciado ou asceta. UUdd…pana-vbh€va – um aspecto de vibh€va o qual se refere aquelas coisas que estimulam a lembrança de ®r… K��Ša, tais como Suas vestes e ornamentos, a estação da primavera, a margem do Yamun€, os bosques flo-restais, vacas, pavões, e assim por diante. Vibh€va é um dos cinco ingredientes essenciais de rasa (ver vibh€va).Udita-viveka – aquele cuja discriminação espiritual despertou; o espiritualmente desperto.Upac€ra – uma expressão figurativa; atribuição de significado, qualidade ou invocação de alguma coisa, metáfora.UpakaraŠa – (1) ingredinte, base material,instrumento. (2) os upakaraŠas de rasa são os ingredientes que com-binam para produzir rasa,a saber: sth€y…bh€va, vibh€va, anubh€va,s€ttivika-bh€va e vy€bhic€ri-bh€va. (3) upakaraŠa pode também se referir a parafernália que é oferecida a Deidade.Upanayama – uma cerimônia na qual o guru inicia um rapaz em uma das três classes duas-vezes nascidas por conceder-lhe o cordão sagrado e por ensinar-lhe o Brah-ma-g€yatr… mantra. Após isso ele se torna elegível para estudar os Vedas sob a direção do seu guru. Tambném um dos saˆsk€ras védicos, cerimônias purificatórias. Up€san€ - práticas espirituais, especialmente adora-

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ção a Deidade. Up€san€ significa literalmente ‘sentar perto’. Desse modo up€san€ refere-se a todas as ativi-dades pelas quais alguém se aproxima do Senhor com o objetivo de oferecer adoração. Urddhva-puŠ�ra-tilaka – marca vertical de barro usada pelos Vai�Šavas em suas testas e outras partes do corpo para simbolizar devoção ao Senhor Vi�Šu.Uttama-bhakta – o mais elevado praticante de bhakti. Uttara-m…m€ˆs€ - filosofia estabelecida por Vy€sadeva que trata das últimas divisões dos Vedas. Depois de analisar copletamente as Upani�ads, que incluí as últimas porções dos Vedas e os sm�ti-�€stras que são suplementos das Upani�ads, Vy€sadeva resu-miu as conclusões filosóficas destes tratados em seu Brahma-s™tra. Este Brahma-s™tra ou Vedanta-s™tra é também conhecido como ved€nta-da�rana ou uttara-m…m€ˆs€. O ved€nta-da�rana tal como outros sistemas fi-losóficos aceitam certos princípios fundamentais. Os princípios do ved€nta-da�rana não são imaginações de Vy€sadeva, mas são estabelecidos com base nos apauru�eya-veda-sastras, Os quais são ditos serem fa-lados diretamente pelo próprio Bhagav€n. As declara-ções de Bhagav€n são por definição completamente livres de defeitos tais como: equívocos, ilusão, enga-nação e sentidos imperfeitos. Por outro lado, os prin-cípios fundamentais que são aceitos em outros sistemas são produtos da imaginação de seus autores. Outros sistemas são baseados em �astras feitos por humanos

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ou por grandes sábios. Devido a isso eles são sujeitos aos defeitos de limitação humana. O ved€nta-da�rana aceita brahma como a suprema verdade fundamental. Qual é a natureza de brahma? O primeiro s™tra do ved€nta-da�rana diz: ath€to brama-jijñ€s€ – “portanto, agora indague sobre brahma.” O ved€nta-da�rana inteiro é apresentado para responder esta pergunta.No decorrer da análise do que é brahma deve-se estar atento sobre a verdade das j…vas, da criação, liberação e outros tópicos. Como este é um assunto muito vasto, somente uma breve introdução foi dada aqui.Vaidha-dharma – deveres que são prescritos pelos Vedas ou seus �astras corolários.Vaidh…-bhakti – devoção motivada pelas regulações dos �astras. Quando s€dhana-bhakti não é inspirada por um desejo intenso, mas ao invés é estimulada pela disciplina do �astra, é chamada vaidh…-bhakti.Vaidh…-prak�ti – a natureza do sadhaka a qual o esti-mula a seguir as regras e regulaçãoes do �astra. En-quanto a inteligência estiver sobre o controle de m€y€, a natureza humana deve ser regulada por regras e proibições. Assim, esta condição de natureza vaidh… irá certamente ser efetivaVaidh…-prav�ti – a inclinação para seguir os códigos religiosos dos �astras.Vair€gya – desapego ou indiferença do mundo; dis-ciplina espiritual que envolve austeridades voluntárias para alcançar o desapego dos objetos dos sentidos.Vai�e�ika–Uma divisão posterior da escola de filoso-

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fia ny€ya, também conhecida como vai�e�ika-dar�ana. Que foi fundada por KaŠada ¬�i e discorda do siste-ma de Gautama (veja KaŠada no Glossário de nomes). KaŠada aceitou seis princípios: (1) dravya ( nove sub-stancias elementares – terra, água, fogo, ar, éter, tempo, espaço, a alma e a mente), (2) guŠa ( características de todas coisas criadas tais como forma, gosto, chei-ro , som e tangibilidade), (3) karma (atividade), (4) s€m€nya (universalidade); a conexão de objetos diferentes por propriedades comuns), (5) vi�e�a (individualidade; a diferencia essencial entre os objetos), (6) samav€ya (concomitância inseparável); a relação que existe entre a substância e suas qualidades, entre o todo e suas par-tes ou entre as espécies e os indivíduos). De acordo com vai�e�ika-dar�ana j…vas as são inu-meráveis. O mérito e o demérito agregado a conduta do homem em uma circunstância existencial e a recom-pensa ou o castigo correspondente que é recebido em outra é chamado ad��˜a (aquilo que está além do al-cance da consciência ou observação). Devido à força deste inesperado karma acumulado, a j…va cai no ciclo da criação e submete ao nascimento, morte, felicidade e tristeza. Quando a j…va obtém conhecimento filosó-fico desses seis princípios, o seu ad��˜a é destruído e ela pode alcançar liberação do cativeiro da existência material. Os vai�e�ikas define mukti a libertação final das misérias materiais. Não há menção de Ÿ�vara no vai�e�ika-dar�ana de KaŠada.Vai�e�ika-jñ€na– conhecimento do fenômeno mun-

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dano; classificação de tal fenômeno em várias catego-rias tais como dravya (bjetos), guŠa (qualidade) e etc.Vai�Šava–literalmente significa aquele cuja natureza é ‘de Vi�Šu’ em outras palavras, aquele em cujo coração e mente somente Vi�Šu ou K��Ša reside. Um bhakta de ®r… K��Ša ou Vi�Šu.Vai�Šava-dhrma – a função constitucional da alma que tem como meta alcançar o amor a K��Ša.Isto é também conhecido como jaiva-dharma, a nature-za fudamental dos seres vivos e nitya-dharma, a função eterna da alma.Va�iya – a terceira das quatro castas ou varŠas no siste-ma varŠ€�rama; agricultores e homens de negócios.V€naprastha – o terceiro €�rama ou estágio de vida no sistema varŠ€�rama; vida retirada a qual requer liber-dade das responsabilidades familiares e a aceitação de votos espirituais.Vandanam – refere-se principalmente a oferenda de preces ou recitação de �lokas em sânscrito compostos por �udha-baktas. Akr™ra alcançou a perfeição atra-vés de vandana, oferecimento de preces. Vandanam também pode ser dividido em outras três categorias: (1) k€yka, com o corpo; (2) v€cika, com a fala; e (3) m€nasika, com a mente. Embora vandanam esteja real-mente incluído em arcana (adoração), foi listado como um a‰ga independente para mostrar sua importância. Ofrecer reverências com uma mão, oferecer reveren-cias de frente para a Deidade, atrás da Deidade ou com o lado direito para a Deidade são todos considerados ofensas. Vandanam é dos nove processos principais de

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bhakti.V€nt€s… - aquele que come o próprio vomito. Refere-se à pessoa que abandona a vida familiar e formalmente entra na ordem renunciada, mas outra vez estabelece conexão com mulheres. VarŠa – uma das quatro ordens sociais, castas – sacer-dote, administrador, homem de negócio e trabalhador – na qual executa-se os deveres sócio-religiosos cor-respondente no sistema conhecido como varŠ€�rama.VarŠ€�rama-dharma – o sistema social Védico, que organiza a sociedade em quaro divisões ocupacionais e quatro estágios de vida (varŠas e €�ramas).V€stava-vastu – qualquer substância verdadeira existente ou permanente; aquilo que está estabelecido na transcendência; Bhagav€n, Suas partes atômicas (as j…vas ) e Sua potência (m€y€). Vastu–um objeto, ou substância; aquilo tem existên-cia.Vastu-siddhi– o estágio no qual o vastu, ou entidade substancial conhecida como j…va é completamente li-berada da matéria. Depois de abandonar o corpo ma-terial, a entidade viva que já alcançou svar™pa-siddhi entra na l…l€ manifesta de K��Ša, onde ele ou ela recebe a associação de K��Ša e Seus associados eternos pela primeira vez. Lá a pessoa recebe treinamento adicional de Seus associados eternos. Quando a pessoa se torna estabelecida no humor do seu prema e o serviço eterno a K��Ša, ela abandona toda conexão com este mundo e entra em Sua morada espiritual. Nesta circunstância a j…va se torna situada em sua identidade pura como

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vastu, conhecida como vastu-siddhi.Vastuta-ja�a-mukti – liberado em termos da própria natureza constitucional como vastu, entidade viva consciente; libertação permanente do invólucro do cor-po grosseiro e sutil que cobre a alma (€tm€ ) e facilita a interação da j…va com a energia material. Liberdade completa de todos os contatos com a matéria e do mun-do material. Isto se refere ao vastu-siddhi. V€tsalya – amor ou apego por ®r… K��Ša expresso no humor paternal.Ved€nta – o fim do cohecimento. As Upani�ads são a porção posterior dos Vedas, e oVedant€-sutra su-mariza a filosofia das Upani�ads em axiomas con-cisos. Portanto, a palavra Ved€nta especialmente se refere aoVed€nta-sutra (veja uttara-m…m€ˆs€). ®rimad-Bh€gavatam é considerado o comentário natu-ral doVed€nta-sutra pelo mesmo autor, Vy€sadeva. Por-tanto, na opinião dos Vai�Šavas, ®rimad-Bh€gavatam é a culminação ou o fruto maduro da árvore da literatura Védica. Vibh€va – as causas para saborear bhakti-rasa. Estas são de dois tipos: 1) €lambana, o suporte (isto se refe-re a K��Ša e Seus bhaktas que possuem em seus cora-ções o amor espiritual conhecido como rati o qual pode ser transformado em rasa pela combinação dos outros quatro ingredientes de rasa); (2) udd…pana, o estímulo (objetos relacionados a K��Ša os quais despertam o amor espiritual por Ele e faz com que o amor se trans-forme em rasa).Vibhinn€ˆs€– as porções separadas de ®ri Bhagav€n;

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1197 JAIVA-DHARMA Glossário de Termos

as entidades vivas.Viddha-vai�Šava-dharma – práticas religiosas que passam pelo nome de Vai�Šava-dharma, mas são adul-teradas com karma e jñ€na.Vidhi – regra, lei, injunção religiosa.Vidhi-m€rga – o caminho de bhakti que segue regra e regulações.Vidy€– conhecimento, aprendizagem, ciência e filoso-fia.Vidy€dhara – uma classe de seres sobrenaturais que possuem poderes mágicos e conhecimento de várias ar-tes e ciências celestiais, especialmente canto e dança.Vidy€dhar… - moças da classe dos seres sobrenaturais mencionados anteriormente.Vigraha – (1) forma individual; caracter ou corpori-ficação. (2) a forma da Deidade de K��Ša.Vijñ€na – conhecimento realizado; conhecimento que distingue uma coisa da outra, ciência. Vikarma – atos proibidos, ações contrárias aos códi-gos dos �astras.Vikasita-cetana – despertar da consciência. Refere-se aos seres humanos que tem um amplo senso de moral e também despertou sua fé em Deus. Também se refere aqueles que desenvolveram um gosto pela prática de s€dana-bhakti de acordo comas direções do �astra.Vil€sa – (1) passatempos, especialmente os divertidos passatempos amorosos de ®r… ®r… R€dh€ K��Ša em Vra-ja. (2) um tipo particular de manifestaçõa do Senhor. Uma forma que, embora manifeste diferentes aspectos físicos com o propósito de realizar passatempos parti-

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culares e é quase idêntica com a forma raiz original, é conhecida como vil€sa.V…Š€– um instrumento musical de cordas que tem um som melodioso, o intrumento favorito de N€rada Muni e de várias outras personalidades celestiais.Vipak�a-vai�i�˜ya – é um incidante especifico que tan-to é visto (d��˜a) ou pressentido (anumati) relativo à vipak�a (uma facção contrária).Vi�aya – os objetos dos sentidos, qualquer coisa per-ceptível pelos sentidos; todo objeto de afeição, preocu-pação ou atenção; desfrute sensual.Vi�aya-jñ€na – conheciento dos objetos materiais, conhecimento adquirido através dos sentidos.Vi�ay€lambana – objeto dos sentidos transcendentais em que há a dependência para o avanço de prema. Um aspecto de vibh€va, que é um dos cinco ingredientes essenciais de rasa (veja vibh€va). Vi�ay…–pessoa materialista, sensualista. Vi�e�a-guna – qualidade característica especial. A qualidade característica especial de uma entidade ver-dadeira permanente, v€stava-vastu, é seu svabh€va.Vi�Šu – o Senhor Supremo do cosmos (veja glossário de nomes).Vi�Šu-m€y€– a potência externa de ®r… bhagav€n, tam-bém conhecida como Durg€.Vi�rambha – lit.vigita significa ‘completamente livre de �rambha consciência de sua majestade ou grande-za’ ou seja, completa intimidade sem sentimentos de inferioridade ou adoração. (1) livre, ausência de re-strição, confidência, confiança, intimidade, amor. (2)

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1199 JAIVA-DHARMA Glossário de Termos

No seu Locana-rocan… comentário do Ujjvala-n…lamaŠi ( 14.108) J…va Gosv€m… definiu vi�rambha como o sentimento de completa identificação com o amado de tal forma que a própria identidade não é separa-da do amado. Em seu šnanda-candrik€ comentário sobre o mesmo �loka, Vi�van€tha Cacravart… Th€kura definiu vi�rambha como fé profunda, sem formalida-de. Vi�rambha encoraja a pessoa a pensar que sua vida, mente, inteligência, corpo e posses são iguais em todos os aspectos com a vida, mente, inteligência e corpo do amado.Vi�rambha-guru-sev€– serviço ao guru o qual está imbuído de uma profunda fé e intimidade (veja vi�rambha). Serviço sem formalidade. Completa au-sência de separaração do guru. Este tipo deserviço é possivel somente em num estágio avançado.Vi�udha– completamnete puro; além da influência da natureza material. Vi�udha-sattva– o estado de bondade pura; a qualidade da existência a qual está além da influência da natureza material. ®r…dhara Sv€m… definiu vi�udha-sattva em seu comentário de um �loka do Vi�Šu-pur€na (1.2.69): tad evaˆ tasy€s try-€tmakatve siddhe yena svaprak€�at€-lak�anena tad-v�tti-vi�e�ena svar™paˆ v€ svar™pa- v€ �akti-vi�i�taˆ v€virbhavati, tad-vi�udha-sattvaˆ tac-c€nya-nirapek�as tat-prak€�a iti jñ€paˆ jñ€na-v�ttikatv€t samvid eva, asya m€y€y€ spar�€bh€v€t vi�uddhatvam – “Porque a cit-�akti é sva-prak€�a, sua v�tti é também sva-prak€�a.A palavra v�tti literalmente significa função, a qual

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1200 JAIVA-DHARMA Glossário de Termos

se refere à agência ativa através da qual a cit-�akti ope-ra. A cit-�akti é composta de: hl€din…, sandin… e saˆvit. O sva-prak€�a particular dessa tripla cit-�akti a qual revela Bhagav€n, Sua forma, e as transformações de Sua cit-�akti, tais como, Seus associados e dhama, éconhecida como vi�udha-sattva. Em outras palavras, vi�udha-sattva é a agência auto-reveladora de cit-�akti, através da qual Bhagav€n e Sua parafernália são reve-lados aos bhaktas. Porque ela não tem contato com a energia externa, é chamada de vi�udha-sattva.”Vi�€vsa – crença, confiança, fé, convicção.Viveka – discriminação; consciência, julgamento, con-hecimento espiritual.Vivek… - aquele que tem discernimento, aquele cuja consciência espiritual é desperta.Vraja-rasa – o humor de amor extático por K��Ša o qual inunda os corações, dos eternos associados de K��Ša em Vraja (veja rasa).Viabhic€r…-bh€va – um dos cinco ingrdientes essen-ciais de rasa; trinta e três emoções espirituais internas que surge do oceano nectário de sth€y…bh€va e causa sua expansão e então absorve novamente neste oceano. Estas incluem emoções como desânimo, júbilo, medo, ansiedade e ocultamento de emoções. Elas são de dois ti-pos: dependente (paratrantra) e independente (svatran-tra). Emoções dependentes são aquelas que estão sob o controle de mukhya ou de gauŠa-rati. Emoções dependentes Mukhia são também superior (vara ) ou inferior (avara). O mukhya superior são aquelas

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emoções dependentes que (a) surge em conexão com rati, e também (b) nutre rati. Além destas, a direta (s€k�€t) emoções superior mukhya nutre mukhya-rati, e as separadas (vyavahita) emoções superiores alimen-ta gauŠa-rati. A inferior (avara) emoções dependentes mukhya são aquelas que surgem em conexão com rati, mas não nutre nem mukhya nem gauŠa-rati.Os independentes viabhic€r…-bh€vas (svatantra), são aqueles que não são controlados pornem por mukhya nem por gauŠa-rati. Estes são divididos nas três cate-gorias seguintes:(1) Rati-�™nya: emoções que surgem em pessoas que não tem k��Ša-rati.(2) Rati-anuspar�ana: emoções que não tem a quali-dade de k��Ša-rati, mas que mais tarde contatam rati, devido a algum incidente particular.(3) Rati-gandhi: emoçõesque manifestam um traço de rati, mesmo que sejam independentes.Viabhic€r…-bh€v€bh€sa – se refere a viabhic€r…-bh€vas que são observados em pessoas imprópria ou inaptas ou coisas. Existe dois tipos: antagônico(pr€tik™lya ) e impróprio (anaucitya). Viabhic€r…-bh€vas antagôni-cos são emoções que surge em pessoas que são hostis a ®r… K��Ša, e que não tem rati. Existem dois tipos de €bh€sa impróprio: inexistente (asatyatva) e inaptdão (ayogyatva). Quando o bhakta experimenta alguma emoção por K��Ša e projeta esse sentimento sobre entidades viventes imóveis ou animais como se eles estivessem experimentando esta emoção, €bh€sa é dito exibição inexistente no caso de animais. Todavia,

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1202 JAIVA-DHARMA Glossário de Termos

estas distinções não se aplicam aos eternos associados de K��Ša em Vraja, que servem Ele em espécies como árvores, plantas e animais.Vy€kula – agitado e inquieto.Vyavah€ra – comportamento, conduta, costumes so-ciais, prática.Vyavah€rika – rotina, comum, ordinário, relacionado à vida prática e costumes sociais.

YY€ga – oferenda de oblações; toda cerimônia em que oferenda de oblações são feitas.Yajña – sacrificio no qual a deidade é favorecida com o canto orações e mantras eoferenda the gee no fogo sagrado.Yati – um asceta; aqueleque restringiu as paixões e abandonou seu envolvimento com a civilização mate-rial.Yavana – bárbaro, muçulmano, isto é aquele que não segue �uddh€c€ra, (estilo de vida puro), aquele que come carne, toma intoxicantes e faz outras ativida-des degradadas. Este termo às vezes se refere a qual-quer estrangeiro ou aqueles excluídos da sociedade varŠ€�rama.Yoga – (1) união, encontro, conexão, combinação. (2) disciplina espiritual que visa estabelecer conexão com o Supremo. Existem muitos ramos diferentes de yoga tais como: karma-yoga, jñ€na-yoga e bhakti-yoga. Sem tal especificação, a palavra yoga geralmentese refere ao sistema a�˜€nga-yoga de Patañjali (veja a�˜€nga-yoga)

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1203 JAIVA-DHARMA Glossário de Termos

Yog…– aquele que pratica o sistema de yoga com o ob-jetivo de realizar o Param€tm€ ou fundir-se no corpo pessoal do Senhor. Yuga – uma era do mundo. Quatro eras são descri-tas nos Vedas: K�ta ou Satya, Tetr€, Dv€para e Kali. A duração de cada Yuga é dito se respectivamente, 1.728.000; 1.296.000; 864.000; 432.000 anos. Os nú-meros descendntes representam a deterioração cor-respondente no físico e na ética da humanidade em cada era. As quatro yugas abrange o agregado de 4.320.000 anos que constitui uma mah€-yuga, ou grande yuga.Yugala – um casal ou par.Yugla-ki�ora – o jovem casal divino, ®r… ®r… R€dh€ K��Ša.Yukta-vair€gya – renuncia apropriada; renuncia fa-vorável para entrar em bhakti. Que é definida no Bhakti-ras€m�ta-sindhu (1.2.255): “Quando alguém é desapegado da gratificação material dos sentidos, mas aceita de uma maneira apropriada objetos que são fa-voráveis a bhakti e inclinação especial para as coisas que são diretamente relacionadas à K��Ša, tais como mah€pr€sada, sua renuncia e conhecida como yukta-vair€gya.” (veja phalgu-vair€gya que é o contraste).

ZZamindar – proprietário de terras, ou de casas (respon-sável pelo pagamento de impostos ao governo).

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Glossário de Nomes A

Acyuta – infalível ou imperecível; aquele que nunca se desvia, muda ou abala; aquele que nunca cai da platoforma transcendental; um nome de ®r… K��Ša.Advaita šc€rya – um associado íntimo de ®r… Caitanya Mah€prabhu e um dos membros do pañca-tattva. Ele é a forma combinada de Mah€ Vi�Šu e Sad€-®iva. Ele era discípulo de ®r… M€dhavendra Pur… e por idade sênior a ®r… Caitanya. Ao ver a condição caida das j…vas em Kali yuga, Ele orou ao Senhor para descender. ®r…man Mah€prabhu apareceu também para satisfazer o Seu pedido.Ahaly€ – a esposa do grande sábio Gautama Å�i. Indra, o chefe dos devas, estava enamorarado pela beleza de Aha-lyä. Uma vez em Satya-yuga, enquanto Gautama Åñi estava ausente, Indra assumiu a forma de Gautama através de po-deres místicos e teve união com Ahalyä. Quando Gautama retornou pode entender toda a situação por meio de seus po-deres yóguicos. Furioso com sua esposa, Gautama amaldi-çoou-a a se tornar uma pedra. Ahalyä ficou profundamente aflita e caiu chorando aos pés de Gautama e pediu para ser perdoada da maldição. Gautama a consolou e disse que em Tretä-yuga, quando Bhagavän Rämacandra aparecesse na

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terra, Ele iria tocar a pedra com seus pés e então ela seria libertada da maldição.

Normalmente Satya-yuga é seguida por Dväpära e então Tretä no ciclo de quatro yugas. Ahalyä apelou para Gautama, dizendo que ela não seria capaz de tole-rar uma espera tão longa pelo aparecimento de Räma-candra. Gautama a garantiu que neste ciclo particular de quatro yugas, Tretä seguiria Satya. Pelo desejo de Gautama Åsi, a ordem das yugas foi trocada. Quan-do Rämacandra apareceu, Ele tocou aquela pedra com Seu pé e Ahalyä foi liberta da maldição. Assim Ahalyä, que tinha assumido a forma de uma pedra, foi liberta do estado de consciência coberta (ächädita-cetana), e então ela voltou outra vez para seu marido.

Ana‰ga Mañjar… – a irmã mais nova de Çrématé Rädhikä. Ela tem treze anos de idade e sua compleição é da cor de vasanta-ketaké, uma bonita flor dourada que floresce na primavera. Sua roupa é da cor de indébara, flor de lótus azul. O principal serviço dela é preparar tämbula para o prazer de Rädhä e Kåñëa. Em gauräìga-lélä ela se manifestou como Jähëavä Devé, a consorte e �akti de Çré Nityänanda Prabhu.

A‰gada – o filho de Tärä e Väli, o macaco comandan-te do reino de Kiñkindhä. Sugréva granjeou a ajuda de Bhagavän Räma para matar Väli. Quando Väli estva no leito de morte, ele ofereceu seu filho, Aìgada, aos pés de Çré Räma. Depois da morte de Väli, Rämacan-dra apontou Sugréva como rei de Kiñkindhä e Aìgada como príncipe herdeiro. Aìgada assistiu Çré Räma na batlha contra Rävaëa. Até mesmo num corpo maca-

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co, que representa o estado de saìkucita-cetana (cons-ciência retraída), ele se ocupou no processo de bhakti.

B

B€dar€yaŠa ¬�i - ver Vyäsadeva.Bharata – o mais velho dos cem filhos do Senhor Åñabhadeva, que era çaktyäveça-ävatära, uma encarna-ção empoderada de Çré Bhagavän. Embora seu pai fos-se um brähmaëa, Bharata exibiu a natureza de kñatriya e então agiu como tal. Por desejo de seu pai, Bharata foi entronado como imperador de toda a terra. Embora, fosse um grande bhakta of Çré Bhagavän. Depois de go-vernar o reino por um tempo considerável, o desapego do mundo despertou e seu coração. Após dividir o reino e suas posses entre seus filhos, ele foi sózinho äçrama de Pulaha Åñi em Harihara-kñetra, para absorver-se na adoração a Bhagavän.Uma vez, depois de banhar no rio Gaëòaké próximo ao seu eremitério, ele sentou nas sagradas margens da-quele rio, e começou a cantar çré-näma. Ele viu uma sedenta corça que bebia água, e olhava cautelosamente ao redor. Naquele instante, ela ouviu o rugido feroz de um leão perto dali, por temor ela pulou no rio para cru-zá-lo. Ela estava prenhe, e devido ao salto repentino o filhote caiu do seu ventre na correnteza do rio. A corça morreu depois de cruzar o rio. O coração de Bharata derreteu. Ele correu e pegou o filhote órfão que estava se afogando, trouxe-o para seu eremitério e começou a cuidar dele com grande afeição.

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A afeição de Bharata pelo filhote de cervo aumentou gradualente, e com isto, seu sädhana-bhajana diminuiu, até que ele abandonou suas praticas devocionais com-pletamente. Um dia, ele não encontrou o filhote come-çou a se lamentar. “Ó filhote! Ó filhote!” e oprimido pelo pesar, finalmente abandonou o corpo. No devi-do curso do tempo, ele recebeu um corpo de veado, de acordo com seu pensamento na hora da morte. Todavia, devido a influência das práticas devocionais realizadas em seu nascimento prévio, ele podia lembrar a causa de sua queda e ficou arrependido. Ao deixar seus pais ele outra vez retornou a Pulaha-äçrama e foi liberado por ouvir o santo nome. Este é um exmplo de consciência retraída (saìkucita-cetanä). Similarmente, se um eremita ou uma pessoa renunciada se torna atraída por mulheres etc., ela certamente cairá de sua posição. Algumas pessoas apresentam a teoria de que ao alcançar um nascimento humano, que é o melhor de todos os nascimentos, por meio da progressão natural, e que não se cai dele novamnete. Tal proposta é totalmen-te errada, e muito enganosa. A pessoa toma nascimento de acordo com seus desejos, e não há como mudar esse prin-cípio. Esse princípio foi demonstrado por Bharata em sua própria vida.Brahmä – o primeiro ser criado no universo. Aconselhado por Çré Viñëu, ele cria todas as formas de vida no universo e rege o modo da paixão.

C

Caitanya Mahäprabhu – também conhecido como Çré

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Caitanya, Çréman Mahäprabhu, Gaura, Gauracandra, Gaura-Hari, Gaura-kiçora, Gauräìga, Gaurasundara, Gaura, Kåñëa-Caitanya, Nimäi Paëòita, Çacénandana e Viçvambhara; o Senhor Supremo que apareceu apro-ximadamente a quinhentos anos atrás (1486 D.C.) em Navadvépa, Bengala Ocidental. Embora idêntico a Çré Kåñëa, Ele apareceu com o bhäva (humor interno) e känti (compleição corpórea) de Çrématé Rädhikä com a intenção de saborear a doçura do amor dEla por Kåñëa. Assumindo o humor de um bhakta, Ele propagou amor por Kåñëa através do cantar de çré-hari-näma. Catuhsana - ver Kumära.

Chänd Käzé – o guru de Hussain Shah e o magistrado chefe de Navadvépa durante o tempo de Çré Caitanya. Ele proibiu a realização de kértana em Navadvépa e quebrou uma mådaìga. Mais tarde, ele recebeu a mise-ricórdia de Çréman Mahäprabhu e se tornou um grande devoto. Em kåñëa-lélä ele foi o rei Kaàsa.

Choöa Haridäsa – um dos associados íntimos do Se-nhor Caitanya. Ele aceitou a ordem renunciada e foi castigado por uma pequena indiscrição. Uma vez Bhagavän Äcärya pediu Choöa Haridäsa para pedir um pouco de arroz de boa qualidade a Senhora Mädha-vé Devé para que pudesse alimentar o Senhor Caitanya Mahäprabhu. Mädhavé Devé era uma devota exemplar de Mahäprabhu, profundamente absorta em bhajana. Quando Mahäprabhu saboreou a excelente qualidade do arroz, Ele perguntou de onde ele veio. Bhagavän Äcärya explicou que Choöa Haridäsa tinha recebido de Mädhavé Devé. Mahäprabhu ficou silencioso ao ouvir

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isto. Depois Ele informou os devotos que Choöa Hari-däsa não tinha mais permissão para se aproximar dEle, por que Ele não podia tolerar ver a face de um renun-ciante que conversava com mulheres livremente. Choöa Haridäsa eventualmente foi a Prayäga e abanandou sua vida no Gaìgä. Depois desse incidente ele alcançou a forma de um Gandharva em Vaikuëöha. Naquela forma ele costumava visitar Mahäprabhu toda noite e fazer um kértana melodioso para o prazer dEle. Na realidade Choöa Haridäsa não cometeu nenhuma ofensa; isto foi apenas um passatempo do Senhor com um devoto puro para estabelecer santidade da ordem renunciada.

D

Dhruva – Este passatmpo ocorreu no começo da cria-ção. O Imperador Uttänapäda, que nasceu na dinastia de Sväyambhuva Manu, tinha duas rainhas. A mais velha era chamada Sunéti, a mais nova que cotrolava o rei, era chamada Suruci. Sunéti tinha um filho ha-mado Dhruva. A criança Dhruva não tinha a afeição do pai, e não podia tolerar as torturas da madrasta. Aconse-lhado por sua mãe, ela então foi a uma densa floresta, onde ficou copletamente absorto em uma adoração muito austera e difícil a Çré Hari de olhos de lótus. Suas orações não eram para alcançar o Supremo, mas satisfazer o seu desejo material por um reino. Entre-tanto, pela compaixão de Çré Bhagavän, ele não só sa-tisfez a sua ambição por um reino, mas também obteve bhakti pura. Se uma pessoa pratica bhakti com atenção

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alcança toda auspiciosidade no final. Dhruva é um ex-emplo de tal arthärthé.Dénan€tha – o guardião e refúgio das almas destituí-das; um nome de Çré Kåñëa.Durg€ – a esposa do Senhor Çiva, também conhecida como Çakti, Mahävidyä, Kälé, Çyämä, and Nistäriëé. Ela rege a energia material e é uma das cinco deidades adoradas pelos païcopäsakas.Durv€s€ Muni - o flho de Maharñi Atri e Anusüyä. Uma expansão parcial de Çré Rudra, um grande åñi ex-poente do jïäna-çästras. Como o Senhor Çiva, ele ficava facilmente irado e facilmente satisfeito. Ele podia dar grandes bençãos e maldições terriveis. Durväsä Muni estava sempre acompanhado por sessenta mil discipu-los. Consequentemente, sua visita inesperada poderia criar uma situação embaraçosa para seu hospede. A presença intimativa do Muni, e a dificuldade de acomo-dar tantos discípulos causava medo do possível resulta-do de desagrá-lo.

GGaddhara Paëòita – um associado íntimo do Çré Cai-tanya Mahäprabhu. Ele é um dos membros do païca-tattva. E personifica a potência interna de Çré Kåñëa é a manifestação de Çrématé Rädhikä. Depois de Mahäprabhu aceitar sannyäsa, Gadädhara Paëòita acompanhou Ele a Purédhäma. Ele costumava recitar Çrémad-Bhägavatam para o prazer de Çré Gauräìga. Mahäprabhu escreveu um çloka com Sua própria le-tra no Bhagavad-Gétä de Gadädhara Paëòita. Depois do desaparencimento de Mahäprabhu deste mundo,

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Gadädhara Paëòita não pode tolerar as dores da se-paração. E partiu desse mundo onze meses depois de desaparencimento dEle.

Gajendra – o pasaatempo seguinte aconreceu duran-te o quarto manvantara. O elefante chamado Gajen-dra era o lider de muitos elefantes fortes, e viva com muitas aliás em uma densa floresta no vale de Trikuöa, o rei das montanhas. No vale existia um grande e bo-nito lago, e um dia Gajendra estava destemidamente no lago absorto em se divertir com suas aliás e seus filotes. Derrepente, um forte crocodilo violentamente agarrou sua perna. Gajendra usou toda sua força para tentar se libertar, mas o forte elefante não pode se livrar, mesmo depois de lutar por mil anos. Aos pou-cos, Gajendra começou a perder força.

Quando ele viu que não tinha outra proteção, ele se abrigou completa e exclusivamente em Çré Bhagavän, e começou a cantar com muita aflição, eloquentes çlokas em sânscrito, os quais ele tinha aprendido em seu nasci-mento anterior como o rei Indradyumna. Çré Bhagavän, que carrega a cakra, chegou ali montado em Garuòa e libertou Gajendra decepando a boca do crocodilo com Seu chakra.

Em sua vida anterior, Gajendra foi o rei Indradyumna no estado de Draviòa, e membro da dinastia Päëòava. Uma vez Mahäåñi Agastya veio visitar Indradyumna, mas quando ele chegou lá, o rei estava adorando Çré

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Bhagavän em transe profundo, portanto, não pode saudar o åñi. Devido a esta ofensa, Mahäåñi Agastya amaldiçoou o rei a nascer como um elefante. Este é um exemplo de uma pessoa aflita (ärtta) em consciência retraída (saìkucita-cetana).

Gaëeça – o filho do Senhor Çiva e Pärvaté. Ele remo-ve todos os impedimentos materiais e autorga grande riqueza para seus adoradores; uma das cinco deidades adoradas pelos païcopäsakas.

Gaìgeçopädhyäya - autor de um famoso tratado sobre nyäya, Tattva-cintämaëi. Não há registros autênticos sobre seu nascimento ou lugar de origem, acredita-se que ele seja de Mithilä e viveu no século 12-13. Ele era um dialético sagaz e um brilhante polemista. Ele fez da nyäya-çästra uma ciência e uma arte de debate. Desem-volveu uma nova escola de nyäya chamada de navya-nyäya. Seu Tattva-cintämaëi é um sistemático relatório de epistemologia, lógica, filosofia e gramática. E trata quase que exclusivamente da epistemologia do sistema nyäya com um pouco de atenção a metafísica e ontolo-gia. O Tattva-cintämaëi estabeleceu a fundação de um novo sistema de dialética na Índia. Seu livro se tornou tão po-pular que daí por diante ninguém poderia ser conside-rado um erudito sem que fizesse um comentário desse livro. O comentário mais famoso do Tattva-cintämaëi foi esrito por Raghunätha (Käëäébhaööa) Çiromaëi, um contemporâneo de Çré Caitanya Mahäprabhu (ver Çiro-maëi).Gaura – a abreviação do nome Gauräìga.

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Gauracandra – aquele que apareceu como uma brl-hante lua dourada; nome de Caitanya Mahäprabhu (ver Caitanya).

Gaura-Hari – aquele que roubou a compleição doura-da de Çrématé Rädhikä; nome de Kåñëa que apareceu na forma de Çré Caitanya Mahäprabhu.Gaura-kiçora – o bonito jovem dourado; nome de Cai-tanya Mahäprabhu.

Gauräìga – aquele cujos memboros tem uma nuança de ouro derretido; um nome para Çré Caitanya Mahäprab-hu, que é Çré Kåñëa, dotado com o bhäva (humor inter-no) e känté (compleição corpórea) de Çrématé Rädhikä.Gaura-Nitäi - apelido para Çré Gauräìga e Çré Nityän-anda Prabhu.Gaurasundara – aquele que tem uma esplêndida for-ma dourada; nome do Çré Caitanya Mahäprabhu (ver Caitanya).

Gaurédäsa Paëòita – um amado associado de Caita-nya Mahäprabhu. Seu pai era Kaàsäri Miçra e sua mãe era Çré Kamalä Devé. Ele tinha cinco irmãos chamados Süryadäsa, Dämodara, Jagannätha, Kåñëadäsa, e Nå-siàha-Caitanya. Seu irmão mais velho, Süryadäsa, tin-ha duas filhas – Çrématé Vasudhä Devé e Çrématé Jähna-vä Devé – que se tornaram as esposas de Nityänanda Prabhu. A esposa de Gaurédäsa era Vimalä Devé. Ele teve dois filhos, Balaräma e Raghunätha. Gaurédäsa vivia em Ambikä Kälnä, do outro lado do Gaìgä de-fronte de Çäntipura. Próximo a casa de Gaurédäsa existia uma arvore de tamarindo bem grande onde

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Çréman Mahäprabhu e Çré Nityänanda Prabhu senta-vam embaixo. Uma vez Gaurédäsa implorou os dois ir-mãos para permanecer em sua casa para sempre. Para pacificar Gaurédäsa, Mahäprabhu fez um bonito par de Deidades de Gaura-Nitäi de uma árvore nim dali e presenteou a ele. No kåñëa-lélä Gaurédäsa Paëòita era Subala-sakhä, um dos dvädaça-gopälas de Vraja (Gau-ra-gaëoddeça-dépikä 128).

Gautama - popularmente conhecido como Akñapäda Gautama. De acordo com alguns eruditos, ele viveu no século 5 DC e fundou präcéna, uma velha escola de filosofia nyäya. Escreveu Nyäya-sütra, que é conhcido como a mais antiga literatura sistemátca do sistema. O tradicional sistema nyäya que vigora hoje em dia é baseado principalmente nesse trabalho de Gautama. O Nyäya-sütra é dividido em cinco adhyäyas ou lições, usualmente chamadas de livros. Cada lição é dividida em dois ähnikas, porções diarias, e estas também tem um número de of sütras, ou aforismos. Estes sütras são divididos em prakaraëas ou tópicos por comentadores tais como, Vätsyäyana e Väcaspati.Gopijana-vallabha - amante das gopés de Vraja; um nome de Çré Kåñëa.

Gopinätha Äcärya – um grande devoto de Çré Caita-nya Mahäprabhu. Ele era o marido da irmã de Särva-bhauma Bhaööäcärya. Durante a infancia de Mahäprab-hu, ele viveu em Nadéyä. Ele depois viveu com o Bhaööäcärya em Purédhäma enquanto Mahäprabhu estava lá. Ele foi o primeiro em Püri a declarar que Sré Caitanya era Bhagavän, por isso ele

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foi inicialmente ridicularizado por Bhaööäcärya, que de-pois obteve a misericórdia de Mahäprabhu.Govinda - nome de Kåñëa; aquele que dá prazer as go-pés, gopas, vacas, sentidos, a terra e a colina de Govard-hana.Guëaräja Khäna – um associado de Çré Caitanya Mahäprabhu e residente de Kulénagräma. Ele era tam-bém conhecido como Çré Mälädhara Vasu. Seu pai foi Bhagératha Vasu e sua mãe Indumaté. Ele escreveu um livro famoso conhecido como Çré Kåñëa- vijaya que era muitapreciado por Mahäprabhu. Guëaräja Khäna co-stumava visitar Çré Caitanya todo ano para a realização do ratha-yäträ festival em Puré. Foi lá que os residentes de Kulénagräma perguntaram o Senhor sobre as carac-terísticas de um Vaiñëava.

HHari – nome de Çré Kåñëa que significa ‘Aquele que leva embora’ Ele leva embora tudo que é inauspicioso e que rouba o coração de Seus bhaktas.

I

Indra - deidade predominante da atmosfera, céu e chu-va, um deva subordinado a Brahmä, Viñëu e Çiva, mas é o chefe de todos os outros devas celestiais.

JJagadänanda Paëòita - amigo confidencial e associado eterno de Çré Caitanya. Ele costumava realizar kértana com Çréman Mahäprabhu. Ele não conhecia nada além

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do Senhor. De acordo com o Gaura-gaëoddeça-dépi-kä (51), em kåñëa-lélä Jagadänanda Paëòita tinha um humor como o de Satyabhämä, a esposa principal Çré Kåñëa (satyabhämä prakäço ‘pi jagadänanda paëòitaù). Como Satyabhämä sempre exibia um humor orgulho-so e contrário, Jagadänanda exibia um humor similar em sua relação com Mahäprabhu. Ele permaneceu com o Senhor em Purédhäma, constantemente ocupado em Seu serviço. Ele é o autor do Çré Prema-vivarta.Jähëavä Devé – era a filha de Süryadäsa, o irmão mais velho de Gaurédäsa Paëòita, e uma das duas esposas de Nityänanda Prabhu. De acordo com o Gaura-gaëod-deça-dépikä (65-66), em kåñëa-lélä ela é Revaté, a con-sorte do Senhor Balaräma, e Anaìga Maïjaré, a irmã mais nova de Çrématé Rädhikä.

Jaimini – o fundador do sistema pürva-mémäàsä de filosofia indiana, mais conhecida como sistema mémäàsä. De acordo com os eruditos modernos ele compôs seu pürva-mémäàsa-sütra em torno do sécu-lo 4 AC. Que trata da investigação da natureza de dharma e estabelece os principios de interpretação dos textos Védicos dos quais depende toda a execução de sacrificios. Eles descrevem os diferentes sacrifícios e seus propósitos. O mémäàsa-sütra consiste de doze capítulos, dos quais o primeiro trata da fonte do con-hecimento e a validade dos Vedas. É reconhecido como um básico e compreensivo trabalho de escola mémäàsa de filosofia do qual surgiu uma gama de comentários e sub-comentários Vedas. É reconhecido como o básico e compreensivo trabalho de escola mémäàsa de filosofia do qual surgiu uma gama de comentários e sub-comentários.

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Jämavanta – também conhecido como Jämbavän e Åkñaräja, o rei entre os ursos. Na Tretä-yuga ele era um dos ministros do macaco rei Sugréva. Em idade, sabedoria, força e julgamento moral ele era superior a todos. Foi ele que lembrou Hanumän da força dele quando chegou a hora de cruzar o oceano. Ele era o mi-nistro chefe na Guerra contra Rävaëa. Çré Rämacandra aceitou seu conselho em todos os assuntos e ofereceu a ele grande respeito. Na batalha de Laìkä, enquanto todos estavam iludidos pelo poder mäyico Meghanäda (Indrajit), Jämbavän permaneceu incólume por aquela mäyä. Ambos Meghanäda e Rävaëa caíram inconscientes com os murros do punho de Jämbavän. Depois que Räma retornou a Ayodhyä e foi coroado rei, Ele ordenou Jäm-bavän e todos os macacos para retornar a seus reinos. Jämbavän concordou somente após receber a promessa do Senhor que ele teria a associação do Senhor outra vez em Dväpara-yuga. Desse modo quando Çré Kåñëa apareu em Dväpara-yuga, o desejo de Jämbavän foi sa-tisfeito.

Jéva Gosvämé – o filho de Çré Vallabha (Anupama), que era irmão de Rüpa e Sanätana Gosvämés. Mesmo em sua juventude ele era profundamente atraído a Çré Kåñëa. Ele passava seu tempo não em brincar, mas em adorar Bhagavän com flores, sândalo, e outros artigos. Ainda jovem foi a Väräëasé estudar sânskrito sob as ordens de Madhusüdana Väcaspati, um discípulo de Särvabhauma Bhaööäcärya. Depois de completar seus estudos ele foi para Våndävana e abrigou-se em seus tios

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Çré Rüpa e Sanätana. Depois do desapaecimento de Rüpa e Sanätana, ele se tonou o lider entre todos os se-guidores de Çréman Mahäprabhu. Sua numerosa contri-buição literária, que inclui livros como Saö-sandarbha, Gopal-Campu e commentários sobre o Çrémad-Bhäga-vatam, Bhakti-rasämåta-sindhu, e Ujjvala-nélamaëi, dá o suporte com evidência çästrica aos ensinaentos do Senhor Çré Caitanya. De acordo com Gaura-gaëoddeça-dépikä (194-207) ele é Viläsa Maïjaré em kåñëa-lélä.

KKakkhaöé - a macaquinha de Çrématé Rädhikä.Kälé - uma forma da deusa Durgä; aquela cuja com-pleição é escura ou preta.Käliya – näga, serpente gigante da raça de Kadru e Kaçyapa. Na época do aparecimento de Çré Kåñëa, ele fixou residência no rio Yamunä e envenenou a água. Kåñëa gastigou Käliya ao dançar nos seus capelos. Pelo toque dos pés de lótus de Kåñëa, Käliya foi puruficado e deixou o Yamunä e foi para Ramaëakadvépa, uma pequena ilha adjacente a Jam-budvépa.Kaëäda – um sábio antigo. Que foi o criador do si-stema vaiçeñika de filosofia indiana (ver vaiçeñika no glossário de termos). A palavra kaëäda primariamente significa “aquele que vive em uma pequena partícula de alimento.” Isto pode ter alguma connexão básica com a doutrina da escola que diz que o universo é formado de unidades diminutas de matéria, cha-

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mados aëu (o Nyäya-kandalé de Çrédhara pode ser consultado para mais informações sobre esse ponto). Kaëäda é também conhecido pelos sinônimos de seu nome, e.g. Kaëabhuja e Kaëabhakña ou por seu nome genealógico Kaçyapa. Ele é também conhecido como Ulüka, que literalmente significa coruja. A tradição ex-plica esse nome com a história que o Senhor Çiva apa-receu diante do sábio na forma de uma coruja e revelou o sistema vaiçeñika a ele. Tradicionalmente acredita-se que Kaëäda viveu e ensinou em Väräëasé. A Kaëäda é confiado à autoria do Vaiçeñika-sütra, texto básico do sistema. Não obstante, a data preci-sa de sua vida e obra não é possível ser averiguada. A tradição coloca-o no século 8 DC, eruditos modernos atribui a composição do Vaiçeñika-sütra ao século 1 DC. Os princípios básicos do sistema eram conhecidos dos antigos compiladores do Caraka-saàhitä – não só ao seu editor final, Caraka, mas o autor original, Agni-veça, que parece ter vivido vários séculos antes da era cristã. A filosofia vaiçeñika, como a sutra propõe, é re-conhecida por diversas escolas de filosofia budista, particularlmente os madhyamikas e os vaibhäñikas. A obra de Pali, Milindapanha, que foi escrita no século 1 DC, menciona vaiçeñika como uma seção estabelecida do saber indiano.Kapiladeva – um avatär de Çré Kåñëa, que apareceu como o filho de Kardama Muni e Devahüti. Ele ensinou o significado verdadeiro da filosofia säìkhya a sua mãe. Esta filosofia säìkhya original de Kapiladeva estabelece vinte e cinco princípios. Além destes está à existência

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de Çré Bhagavän, que é a fonte de outros princípios. Exi-stiu outro Kapila que apareceu depois, na dinastia de Agni e ensinou uma versão ateísta da filosofia säìkhya (ver Kapila acima). A säìkhya ateista aceita os vinte e cinco princípios, mas nega a existência de Deus. A säìkhya de Kapiladeva ultimamente culmina em bhak-ti.Kaçyapa – filho de Maréci, que foi um dos seis filhos gerados da mente de Brahmä. Kaçyapa foi um dos pri-meiros progenitores do universo. Ele casou com as tre-ze filhas de Dakña, lideradas por Adité. O universo foi povoado por seres vivos de variedades diferentes pela combinação de Kaçyapa e suas esposas. Aditi foi a mãe dos devas liderados por Indra. Kaçyapa e Aditi exe-cutaram severas austeridades para o prazer do Senhor, e como resultado Ele apareceu como Vämanadeva, o fiho deles.

Kavi Karëapüra – um dos tres filhos de Çivänanda Sena. Seus irmãos eram chamados Caitanya däsa e Räma däsa. Seu nome real era Paramänanda Sena, mas foi dado a ele os nomes de Puré däsa e Karëapüra por Çréman Mahäprabhu. Quando ele era garoto sugou o dedão do pé de Mahäprabhu. Ele era um poeta e um escritor superlativo. Escreveu muitos livros famosos, que inclui o Gaura-gaëoddeça-dépikä, Çré Caitanya-candrodaya-näöaka, Änanda-våëdävana-campü, Çré Caitanya-carita-mahäkävya, Ärya-çataka, Kåñëähëika-kaumudé, Alaìkära-kaustubha, um commentário do décimo canto do Çrémad-Bhägavatam, e Caitanya-sa-hasra-näma-stotra.Keçava – outro nome de Kåñëa. Quando a palavra é

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tomada como significando demônio Keçi, a sílaba va é connectada a raiz verbal vadh, matar. Neste sentido Keçava significa o matador do demônio Keçi. Outro si-gnificado de keça é cabelo. Quando isto é combinado com a raiz verbal vah (vestir ou possuir), Keçava signi-fica aquele que tem cabelo longo e bonito. Çréla Viçvan-ätha Cakravarté Öhäkura deu mais duas explanações do nome Keçava: keçän vayate saàskärotéti keçava, Quan-do keça é combinado com a raiz verbal ve (trança), Keça-va significa aquele que é hábil em trançar e decorar o cabelo de Sua amada, Çrématé Rädhikä; e ko brahmä éço mahädeva tävapi vayase vaçékaroñé, a sílaba ka refee-se a Brahmä, a palavra ésa refere-se a Mahädeva e a raiz verbal ve aqui é usada em um sentido de trazer sob con-trole. Portanto, Keçava significa aquele que traz mesmo Brahmä e Mahädeva sob Seu controle.

Kåñëa – o Senhor Supremo original, Svayam Bhaga-vän. Ele é avatäré, a fonte de todos os outros avatäras. Sua manifestação parcial é Paramätmä e Sua efulgên-cia corpórea é o todo-penetrante brahma. Seu corpo é composto de sac-cid-änanda – eternidade, conheci-mento e bem-aventurança. Ele é a personificação de to-das as doçuras espirituais, raso vai sa. Seu pai é Nanda Mahäräja, Sua mãe é Yaçodä, Seu irmão é Balaräma, e Sua consorte eterna é Çrématé Rädhikä. Ele é um char-moso jovem pastor de vacas, Sua compleição é como uma nuvem de chuva fresca. Ele usa um brilhante dho-té amarelo, uma pena de pavão em Sua coroa e uma guirlanda de flores viçosas. Ele possui sessenta e quarto

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qualidades principais transcendentais, dessas, quatro são unicamente dEle: venu-mädhurya, Ele atrai o mun-do inteiro e especialmente as gopés com o melodioso som de Sua flauta; rüpa-mädhurya, Ele possui beleza extraordiánria que cativa a mente de todos; prema-mäd-hurya, Ele está rodeado por íntimos associados amoro-sos cujo prema é completamente livre de reverência e formalidade; e lélä-mädhurya, Ele realiza passatempos enantadores e bonitos, etre eles a räsa-lélä é o auge.Kåñëa Caitanya – outro nome para Caitanya Mahäprab-hu (ver Caitanya).Kåñëadäsa Kaviräja - o autor do Çré Caitanya-Caritämåta. Ele recebeu o darçana de Nityänanda Prab-hu em um sonho ordenando-o ir para Våndavana. Pelos pedidos repetidos dos Vaiñëavas, e depois obter as bênçãos da Deidade de Madana-Gopäla, ele aceitou a tarefa de escrever a bio-grafia de Çré Caitanya Mahäprabhu. Ele também es-creveu o Govinda-lélämåta, a descrição dos oito passa-tempos diários de Rädhä e Kåñëa, e o a commentário conhecido como Säraìga-raìgadä do livro famoso de Bilvamaìgala Öhäkura, Kåñëa-karëämåta. Ele é Kastüré Maïjaré na kåñëa-lélä.

Kumära – os quatro Kumäras chamados Sanaka, Sanätana, Sanandana and Sanat. Brahmä criou-os no começo da criação de sua mente (manaù). Por isso eles são chamados, filhos nascidos da mente de Brahmä (mänasa-putra). Por causa do profundo cohecimento, eles eram completamente desapegados das atrações mundanas, e não deram nenhuma assistência no traba-

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lho de criação do pai deles, porque eles desemvolveram a inclinação para a especulação impessoal (brahma-jïäna). Brahmä ficou extremamente desgostoso com isto, e orou a Bhagavän Çré Hari para o bem-estar de seus filhos. Çré Bhagavän ficou satisfeito com as preces de Brahmä, e em Sua Haàsa (cisne) avatära, Ele atraiu a mente deles do onhecimento impes-soal árido para o conhecimento do serviço devocional puro na plataforma absoluta. Por causa disso, Çanaka Åñi e seus irmãos são conhecidos como jïäné-bhaktas. Eles são os criadores da sucessão discipular de Nimbä-ditya.

LLalitä-Sakhé – uma amiga íntima de Çrématé Rädhikä. Ela é a primeira e a mais proeminente das añöa-sakhés, as oito amigas confidenciais de Çré Rädhä. Conforme o Çré Rädhä-Kåñëa Gaëoddeça-dépikä de Çréla Rüpa Gosvämé (edição Baharampura) ela é vinte e sete dias mais velha que Çré Rädhä ela também é conhecida como Anurädhä. Ela tem uma natureza contraditória e ríspida. Sua compleição é como gorocana, um brilhante pigmen-to amarelo. Suas roupas são da cor de penas de pa-vão. Sua mãe é Säradé e seu pai é Viçoka. Seu marido é Bhairava, que é amigo de Govardhana Malla, o ma-rido de Candrävalé. As oito sakhés principais em seu yütha (grupo) são Ratna-prabhä Ratikalä, Subhadrä, Bhadra-rekhikä, Sumukhé, Dhaniñöhä, Kala-haàsé, e Kaläpiné. Lalitä é a lider das parama-preñöha-sakhés; ela insrui e dirige todas as sakhés; ela entende todos os

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afazeres amorosos; ela é perita nas táticas de união e se-paração no assunto prema. Se por acaso Kåñëa alguma vez cometer qualque ofensa a Çré Rädhä, Lalitä brava rapidamente O repreende levantando sua cabeça.Madhva - chefe äcärya da Brahmä sampradäya; nasci-do em 1239 próximo a Uòupé. Seu pai e mãe foram Çré Madhyageha Bhaööa e Çrématé Vedavidyä. Ele aceitou dékñä e sannyäsa com doze anos de idade de Acyuta-prekña. Seu nome de sannyäsa era Pürëaprajïa. Ele escreveu comentários sobre o Bhagavad-Gétä,Çrémad-Bhägavatam,Brahma-sütra e muitos outros livros. Ele estabeleceu a doutrina de dvaita-väda a qual enfatiza a eterna distinção entre as entidades vivas e o Senhor Supremo. Ele pregou vigoro-samente contra kevalädvaitaväda ensinamentos de Çré Çaìkaräcärya.

Mahädeva – um nome do Senhor Çiva; o grande Senhor ou o chefe entre o devas (ver Çiva).

Mahäprabhu – o Grande Mestre, Çré Kåñëa Caitanya (ver Caitanya). Mahävidyä - nome da deusa Durgä. Este nome indica porque a deusa Durgä é a personificação da energia ma-terial, ela é a fonte de toda ciência material.Maheça – o grande (mahä) senhor ou mestre (éça). Este é outro nome do Senhor Çiva.Maitreyé - Yajïa-valkya tinha duas esposas, chamadas Katyayani e Maitreyé. Quando chegou a idade de cin-quenta, ele chamou suas duas esposas e dividiu toda a sua riqueza entre elas dizendo “Sejam felizes e permita me ir para a floresta para cantar e lembrar Kåñëa.

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Katyayani disse a ele, “Voce me deu tudo. Voce agora pode ir e praticar como deseja.” Maitreyé segunda es-posa disse, “Primeiro, por favor, responda minha per-gunta. Voce está me dando tudo. Minha pergunta é, pode estas coisas me fazer feliz para sempre? Você esta me dando todas estas coisas, e antes você tinha todas essas posses. Porque você está doando elas e indo para a floresta? Se estas coisas podem me dar felicidade eterna, porque você não obteve felicidade de-las? Porque você esta abandonando elas e indo para a floresta? Eu sei que estas coisas materiais não poderiam fazer você feliz. Elas deram a você somente felicidade momentânea.” Yajïa-valkya ficou satisfeto ao ouvir sua esposa falar dessa maneira. E abraçou-a e disse, “Ver-dadeiramente, você é minha svadharmani, esposa religiosa. Uma pessoa comum não poderia fazer perguntas como estas. Tal pessoa é muito rara.” Ele então levou sua esposa Maitreyé com ele para a flo-resta e, ajudando um ao outro eles começaram a prati-car bhakti-yoga.

Manu – qualquer um dos quatorze administradores e progenitores principais do universo que aparecem em sucessão; o primeiro é conhecido como Sväyambhuva a quem o famoso livro de lei, Manu-saàhitä é atribuído.

Mukunda – outro nome de Çré Kåñëa. A palavra muku é equivalente a mukti e a raiz verbal significa dar ou outorgar. Portannto, Mukunda significa o dador da liberação. Também si-gnifica aquele cuja face é lustrosa como a flor kunda.

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NNärada – um grande sábio entre os devas; por isso ele é conhecido como Devarñi. Ele nasceu da mente de Brahmä. Ele é um associado liberado de Çré Kåñëa, que viaja pelos mundos materiais e espirituais proclamando Suas glórias. No Caitanya lélä ele apareceu como Çrévä-sa PaëòitaNäräyaëa - nära–humanidade, ayana–o abrigo de. Significa o abrigo da humanidade. Uma expansão de Kåñëa; o opulento Senhor de Vaikuëöha.

Nélämbara Cakravarté – o pai de Çré Çacé Mätä, o avô materno de Çré Caitanya Mahäprabhu; grande astrólo-go. Segundo o Gaura-gaëoddeça-dépikä (104-105), em kåñëa-lélä ele era Garga Muni e Sumukha gopa.Nimäi Paëòita - Çréman Mahäprabhu recebeu o nome de Nimäi porque Ele nasceu debaixo de uma árvore de nim. Em Sua Juventude Ele se tornou um grande erudi-to, conhecido como Nimäi Paëòita.

Nimbäditya – também conhecido como Nimbärkäcä-rya; o äcärya lider da Kumära sampradäya. Ele estabe-leceu a doutrina filosófica chamada dvaitädvaita-väda, a qual delineia tanto unidade quanto a distinção de todas as coisas com Senhor. Ele executou seu bhajana em Dhruva-kñetra perto de Govardhana. Ele esreveu um comentário do Vedänta-sütra chamado Vedänta-saurabha, bem como o Vedänta-kämadhenu-daça-çloka, Kåñëa-stavaräja, Guruparamparä, Vedän-ta-tattva-bodha, Vedänta-siddhänta-pradépa, Svadhar-mädhva-bodha, Aitihya-tattva-siddhänta, Rädhäñöaka, e um comentário do Bhagavad-Géta.

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Nistäriëé - nome de Durgä-Devé que signifca aquela que transporta a pessoa pela existência material; aque-la que concede mokña.Nitäi – apelido para Nityänanda Prabhu.Nityänanda – uma manifestação de Çré Kåñëa que em kåñëa-lélä é Çré Balaräma. Ele aparceu junto com Çréman Mahäprabhu e era o chefe assistente do Senhor na distribuição de harinäma-saìkértana para as almas caídas de Kali-yuga. Ele nasceu em Ekacakrä no ano de 1473 no dia de çukla-trayodaçé do mês de mägha (Janeiro-Fevereiro). Seu pai era Häòäi Paëòita e Sua mãe era Padmävaté. Segundo alguns Ele era discípu-lo de Çré Mädhavendra Puré, outros dizem que Ele era discípulo de Lakñmépati, o guru de Mädhavendra Puré.

Någa – um grande rei e filho de Mahäräja Ikñväku. Ele era sumamente generoso. Ele uma vez deu um incal-culável numero de vacas exepcionais a um brähmaëa em caridade. Por acaso uma destas vacas escapou e retornou ao curral do rei. Inconscientemente, Någa deu a mesma vaca para um brähmaëa diferente. Ao longo do caminho, o primeiro brähmaëa reconheceu a vaca e ficou bravo. Os dois brähmaëas foram ao rei Någa para resolver a questão. Embora o Rei ofereces-se a cada um dos brähmaëas cem mil vacas em tro-ca daquela vaca, Ambos saíram sentindo insatisfeitos. Pouco tempo depois, o Rei morreu. Quando ele foi trazido diante de Yamaräja, lhe foi da à chance de des-frutar o resultado de suas atividades piedosas ou sofrer o resultado de suas reações e malfeitos. Ele escolheu

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o resultado de suas reações e malfeitos. Ele escolheu primeiro sofrer as reações de seus malfeitos. Instanta-neamente ele obteve o corpo de um lagarto e foi lançado na terra, onde passou a viver em um poço sem água.Um dia na Dväpara-yuga, Någa foi encontrado por al-guns meninos da dinastia Yadu. Os meninos relataram o incidente a Kåñëa que veio e levantou o lagarto do poço com Sua mão esquerda. Ao ser tocado pela mão de Çré Kåñëa, Någa foi liberado do corpo de lagarto. Ele é um exemplo de alguém que alcançou a graça de Kåñëa no estado de saìkucita-cetana, consciência retraída.Nåsiàhadeva – o avatära metade-homem e metade-leão de Kåñëa. Ele apareceu em um modo feroz para protejer Seu amado bhakta, Prahläda Maharäja, quando Prahläda foi severamente oprmido por seu pai demoníaco, Hiraëyakaçipu.

PPadmanäbha – aquele cujo umbigo tem o formato de uma lótus; um nome de Kåñëa ou Viñëu.Päëòavas – os cinco filhos de Päëòu: Yudhiñöhira, Bhé-ma, Arjuna, Nakula e Sahadeva. Eles eram grandes de-votos de Çré Kåñëa. E os heróis do Mahäbhärata,eles foram vitoriosos na batalha de Kurukñetra.Parékñit Mahäräja – o filho de Abhimanyu e Uttarä, e o neto de Arjuna. Ele apareceu logo no final da Dvä-para-yuga. Depois da batalha de Kurukñetra, ele era o único descendente vivo dos Päëòavas e Kauravas. En-quato estava no ventre de sua mãe Kåñëa o protegeu da brahmästra, arma mortal de Añvatthämä. Quando Parékñit estava já crescido, os Päëòavas o coroaram

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como imperador e se retiraram para os Himälayas. Ele foi um Rei tão poderoso que conseguiu evitar o ataque da era de Kali. Depois, por influência da potência inter-na do Senhor, ele cometeu um ato de indiscrição cont-ra o sábio Saméka Åñi e foi amaldiçoado pelo filho de cinco anos do sábio, Çåìgé, a morrer por uma picada de cobra dentro de sete dias. Parékñit calmamente aceitou a maldição como misericórdia de Çré Kåñëa. Ele deixou o reino nas mãos do seu filho, Janamejaya, e foi para as margens do Gaìgä. Grandes sábios de todo o mundo immediatamente se reuniram ali para testemu-nhar a sua morte. Ele passou seus dias finais ouvindo a narração do Çrémad-Bhägavatam do sábio Çukadeva. Absorto nas descrições ambrosíacas de Çré Kåñëa e Seus bhaktas, Parékñit Mahäräja parou de co-mer, beber,dormir e todo o medo de sua morte iminen-te.Pataïjali – grande maharñi e autor do yoga-sütra (ver yoga no Glossário de Termos). Patita-pävana – aquele que purifca e libera as almas caídas; um nome de Çré Caitanya e Nityänanada e Çré Guru.Prabodhänanda Sarasvaté – o tio de Çré Gopäla Bhaööa Gosvämé. Ele era o residente de Raìga-kñetra e um sannyäsi da Çré Rämänuja sampradäya. Go-päla Bhaööa Gosvämé recebeu dékñä dele. Prabodhänanda foi um adorador de Lakñmé-Näräyaëa, mas pela misericódia de Çré Gaurasundara ele ado-tou a adoração de Çré Rädhä-Govinda. Ele es-creveu muitos livros tais como: Çré Våndäva-na-mahimämåta, Çré Rädhä-rasa-sudhänidhi, Çré

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Caitanya-candrämåta, Saìgéta-mädhava, Äçcarya-räsa-prabandha, Çré Våndävana-çataka, Çré Navad-vépa-çataka, Çruti- stuti-vyäkhyä, Kämabéja-Käma-gäyatré-vyäkhyäna, Géta-Govinda-vyäkhyäna, e Çré Gaura-sudhäkara-citräñöaka. De acordo com o Gaura-gaëoddeça-dépikä (163), em kåñëa-lélä Prabodhänanda Sarasvaté é Tuìgavidyä, uma das añöa-sakhés de Çrématé Rädhikä.Pradyumna Brahmacäré – um associado pessoal de Çré Caitanya Mahäprabhu. Ele era adorador de Çré Nå-siàhadeva e então Çréman Mahäprabhu adicionou a ele o nome de Nåsiàhänanda. No Çré Caitanya-caritämåta Çréla Kåñëa Däsa Kaviräja narra como dentro de sua mente Nåsiàhänanda Brahmacäré criou um caminho ornado com jóias incalculáveis e cercou-o com toda es-pécie de parafernália sublime (lagos, jardins, etc.) para que Çré Sacinandana pudesse sentir alegria enquanto Ele viajava para Çré Våndävana.

Prahläda – um grande bhakta de Çré Kåñëa e filho de Hiraëyakaçipu. Quando era uma criança de apenas cin-co anos, ele foi severamente oprimido por seu pai, Hi-raëyakaçipu, que era cruelmente oposto a Viñëu porque Ele havia matado seu irmão, Hiraëyäkña. Apesar de muitas ameaças atentados em sua vida, Prahläda per-maneceu controlado e absorto em lembrar de Çré Kåñëa. Ele era protejido em todas a situações e finalmente o Senhor aparceu como Nåsiàhadeva para matar seu pai demoníaco. A história e os ensinamentos de Prahläda são famosos no Çrémad-Bhägavatam e outras escrituras.

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R Rädhä - a eterna consorte do Çré Kåñëa e a a personi-ficação da potência hlädiné. Ela é conhecida como mahäbhäva-svarüpiné, a personificação do êxtase mais elevado do amor divino. Ela é a fonte de todas as go-pés, as rainhas de Dvärakä, e as Lakñmés de Vaikunöha. Seu pai é Våñabhänu Mahäräja, Sua mãe é Kértidä, Seu irmão é Çrédäma e Sua irmã mais nova é Anaìga Maï-jaré. Ela tem uma efulgente compleição dourada e usa roupas azuis. Ela é decorada com ilimitadas qualidades auspiciosas é a mais querida amada de Çré Kåñëa.

Radhä-Çyäma – o casal divino Çré Çré Rädhä-Kåñëa.Raghunandana Bhaööäcärya – o flho de Harihara Bhaööäcärya e um contemporâneo de Çréman Mahäprabhu. Ele era também conhecido como Smär-ta Bhaööäcärya. Ele escreveu um longo livro conhecido como Añöä-viàçati-tattva (28 princípios) que trata dos códigos espirituais e códigos de conduta para upana-yana, casamento, çräddha, e muitas outras cerimônias essenciais e morais. Além disso, ele escreveu vários outros småti-çästras incluindo Räsayäträ-paddhati, Saìkalpa-candrikä, Tripuñkaräçänti-tattva, Dvädaça-yäträ-pramäëa-tattva, e Hari-småti-sudhäkara. Kälérä-ma Väcaspati e Rädhä-Mohan Gosvämé de Çäntipura escreveram comentários em seu Añöä-viàçati-tattva.Raghunätha däsa Gosvämé – também conhecido como Däsa Gosvämé; um associado confidencial de Çréman Mahäprabhu. Nasceu em 1494 no vilarejo de

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Kåñëapura no interior de the Hugalé distrito da Benga-la Ocidental. Seu pai foi Govardhana Majumadära e seu tio foi Hiraëya Majumadära. Seu dékñä-guru foi Çré Yadunandana Äcärya. Em sua mocidade ele abandonou sua bonita esposa e opulência como a de Indra para ab-rigar-se aos pés de Çréman Mahäprabhu em Jagannätha Puré. Mahäprabhu o colocou sob a guia de Svarüpa Dämodara Gosvämé. Depois do desaparecimento de Çré Caitanya e Svarüpa Dämodara, ele foi para Våndävana e permaneceu sob o abrigo de Çré Rüpa e Çré Sanätana Gosvämés. Ele ficou no Rädhä-kuëòa, constantemente absorto em bhajana. Ele escreveu três livros: Stavävalé, Dänakeli-cintämaëi, e Muktä-carita. Em kåñëa-lélä ele é Rati Maïjaré.

Räma - um lélä-avatära ou passatempo avatära de Çré Kåñëa; Ele é o famoso herói do Rämäyaëa. Ele é também conhecido como Rämacandra, Raghunätha, Däçarathi-Räma e Räghava-Räma. Seu pai foi Mahäräja Daçaratha, Sua mãe foi Kausalyä, e Sua esposa foi Sétä. Ele tinha três irmãoes chamados Lakñmaëa, Bharata, e Çatrughna. O celebrado macaco Hanuman era Seu servente amado e devoto. Depois da matança do pernicioso demônio, Rävaëa, e o resgate de Sétäräné com a ajuda do exercito de macacos, Räma retornou a Ayodhyä e foi coroado rei.Rämänuja - o celebrado Vaiñëava äcärya da Çré sam-pradäya o qual fundou a escola Vedäntica onde en-sinou a doutrina de viçiñöädvaitaväda, não-dualis-mo qualificado. Ele viveu em Käïcipuram e Çré

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Raìgam no sul da Índia no século 12. Acredita-se que ele é uma encarnação de Çeña e é conhecido também Rä-mänujäcärya e Yatiräja. Ele escreveu comentários do Bhagavad-Géta, Çrémad-Bhägavatam e Vedänta-sütra. Rasaräja - o imperador de rasa; aquele que é o Supremo em saborear a doçura de rasa; este é um nome de Çré Kåñëa que é akhila-rasämåta-mürti, perssonificação da essência de toda rasa.Rüpa Gosvämé – um eterno associado de Çréman Mahäprabhu. Ele é glorificado como aquele que esta-beleceu o desejo íntimo de Çré Caitanya Mahäprabhu neste mundo. Ele entendeu os humores confidenciais de Çré Kåñëa e difundiu-os em muitos livros. Mahäprabhu pessoalmente instruiu-o em Prayäga e o empoderou para escrever muitos livros explicando as verdades esotéricas de uttama-bhakti. Sua contribuição singular foi explicar como bhakti é transformada em rasa e como rasa é a base real do relacionamento amo-roso com Çré Kåñëa. Alguns de seus livros mais impor-tantes são Bhakti-rasämåta-sindhu, Ujjvala-nélamaëi, Vidagdha-mädhava, e Lalita-mädhava. Segundo o Gau-ra-gaëoddeça-dépikä (180), ele é Çré Rüpa Maïjaré em kåñëa-lélä.

SÇacénandana – O filho de mãe Çacé; um nome de Cai-tanya Mahäprabhu (ver Caitanya).Sanätana Gosvämé - um eterno associado de Çréman Mahäprabhu e irmão mais velho de Rüpa Gosvämé. Ele foi pessoalmente instruído por Mahäprabhu, que o

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ordenou a escrever livros explicando os princípios de bhakti e para escavar os lugares perdidos de kåñëa-lélä em Vraja. Seu Båhad-bhägavatämåta é considerado ser o mais antigo escrito dos Gosvämés e a fonte de inspi-ração para muitas outras obras. Ele escreveu o famoso comentário do décimo canto do Çrémad-Bhägavatam, originalmente entitulado Vaiñëava-toñané, o qual depois ficou conhecido como Båhad-Vaiñëava-toñaëé, depois Çréla Jéva Gosvämé escreveu outro comentário do déci-mo canto chamado Laghu-Vaiñëava-toñaëé. Ele também os enumerou os princípios básicos de bhakti em seu li-vro Hari-bhakti-viläsa. De acordo com Gaura-gaëod-deña-dépikä (181), ele é Lavaìga Maïjaré em kåñëa-lélä.Ñaëòa – um dos filhos de Çukräcärya e o professor de Prahläda Mahäräja. A Palavra ñaëda significa touro. Ñaëòa corporifica a natureza de alguém que é ignorante no assunto de realização espiritual.Çaìkara - outro nome de Çiva (ver Çiva). As vezes Çaì-kara é usado como abreviação do nome Çaìkaräcärya.

Çaìkaräcärya – renomado professor de filosofia Ve-dänta e restaurador do Brähmaëismo. Ele é aceito como sendo uma encarnação do Senhor Çiva. Nasceu em 788 e morreu em 820 com a idade de trinta e dois anos. De acordo com algumas considerações de sua vida, ele nas-ceu aproxiadamente em 200 AC. Ele nasceu em Naà-büdarépädanuma em família de brähmaëa no vilarejo de Kälapé Käñala na província de Kerala. O nome do seu pai era Çivaguru e sua mãe era Subhadrä. O casal adorava o

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Senhor Çiva por um longo tempo para ter um filho. E então quando o filho deles nasceu foi dado o nome de Çaìkara. Quando Çaìkara tinha apenas três anos de idade seu pai morreu. Aos seis de idade, Çaìkara era acadêmico erudito, e aceitou a ordem renunciada aos oito. Ele viajou por toda a Índia para suprimir a doutri-na budista e restabelecer a autoridade do dharma Védi-co. Çaìkaräcärya escreveu um famoso comentário so-bre o Vedänta-sütra conhecido como Çäréraka-bhäñya, indagação sobre a natureza do espírito corporificado. Embora ele tenha feito uma contribuição inestimável ao re-estabelecer o Brähmaëismo e a autoridade Védica, a qual estabeleceu as preliminares para os ensinamentos de Çré Caitanya. Porém, os preceitos que ele estabeleceu são alheios a conclusão Védica e os Vaiñëavas äcäryas. Ele declarou que o Supremo brahma é sem for-ma, características, potências, e qualidades. Ele disse que embora brahma tenha todo cohecimento, ele não é um ser consciente com conhecimento pleno. Embora brahma seja de natureza bem-aventurada e transcen-dental, não experimenta subjetivamente esta bem-aven-turança. brahma is não é o criador do mundo. Quando este brahma sem forma aparece em contato com mäyä, ele assume qualidades materiais. Estas idéas foram fortemente refutadas por todos Vaiñëavas äcäryas.Sapta-täla – as sete täla (palmeira) árvores. Na Tretä-yuga o macaco chefe Väli uma vez procurou sete frutas suculentas täla. Guardou-as e foi para a batalha, pen-sando que fosse desfrutar delas depois. Quando retorn-ou, ele discobriu que uma cobra venenosa arruinou-as. Väli ficou furioso e amadiçoou a cobra a se tornar ár-vore. Pela potência dessa maldição, a cobra então se ma-

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nisfestou em sete árvores Palmeira (sapta-täla). O Pai da cobra ficou severamente magoado e amaldiçoou Väli de volta que quem quer que furasse todas as sete talas, árvores com uma única flecha seria a causa da mortede Väli. Mais tarde, Çré Rämacandra realizou esta ta-refa para mostrar a Sugréva Sua abibidade para matar Väli. Nesta Kali-yuga quando Çré Caitanya Mahäprab-hu viajou pelo sul da Índia para liberar as almas caídas daquele lugar, Ele foi até as árvores sapta-täla. Ao vê-las, Ele ficou regozijado de prema e se apressou para abraçá-las. Tão logo Ele fez isso elas desapareceram. Pelo toque de Çréman Mahäprabhu elas foram libera-das daquele estado de äcchädita-cetana, consciência encoberta. Quando os residentes locais testemunharam este incidente maravilhoso, eles entenderam que Çréman Mahäprabhu era o próprio Çré Rämacandra.Särvabhauma Bhaööäcärya – um associado de Çréman Mahäprabhu; também conhecido como Çré Väsudeva Särvabhauma. De acordo com o Gaura-Gaëoddeça-dépikä (119) outrora ele era Båhaspati, o guru dos devas. Primeiro sua sidência era em Navadvépa, todavia, foi para Puri dhäma a convite do rei Pratäparudra e era o chefe paëòi-ta na corte do rei. Ele era um dos principais eruditos de sua época. Quando Mahäprabhu veio a Puri dhäma, Särvabhauma o instruiu por uma semana na concepção impessoal do Vedänta. Depois disso, Mahäprabhu ex-plicou o verdadeiro significado do Vedänta e outorgou Sua graça a Särvabhauma de tal forma que oBhaööäcärya pode entender a verdadeira identidade de Çré Kåñëa. A esta altura Särvabhauma submeteu-se a Seus pés de lótus.

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Çaunaka and åñis – uma vez, Çaunaka e outros åñisorganizaram yajïas sacrificiais por mil anos no lugar sagrado de Naimiñäraëya, com a esperança de alcan-çar a suprema bendição. Depois de algum tempo, eles perderam toda esperança de alcançar a meta desejada dessa forma, todavia, eles alcançaram suas perfeições desejadas através das respostas que Çré Suta Gosvämé (o discípulo de Çré Kåñëa-dvaipäyana Veda-vyäsa) deu as suas questões. As seis perguntas que eles perguntaram a ele são: (1) qual é a benção mais elevada para as jévas? (2) Qual o assunto que podemos ouvir que irá satisfazer a vida de todas as almas, Paramätmä Çré Hari? (3) Quais são os propósitos que Väsudeva Çré Kåñëa desejou cumprir quando Ele apareceu do vent-re de Devaké? (4) Quais os passatempos que Bhagavän Väsudeva realiza em Seus diferentes avatäras? (5) Por favor, descreva as qualidades e as glórias de Çré Hari. (6) Onde dharma se abrigou quando Çré Kåñëa retornou para Sua própria morada?

Todos esses åñis tomaram o abrigo de Çré Suta Gosvämé como guru, embora eles tivessem nascidos em famílias de alta classe, enquanto que ele nasceu em uma casta inferior. Quando eles expressaram suas questões a Çré Suta Gosvämé de uma maneira sincera, este discípulo mais querido de Çré Vedavyäsa repondeu toda a questões com uma gentil afeição. Quando eles ouviram as res-postas todos alcançaram a suprema perfeição. Este é um exemplo de um devoto inquisitivo (jijïäsu).Çiromaëi, Raghunätha – também conhecido como Käëäé Çiromaëi ou Käëäbhaööa; um contem-porâneo de Çré Caitanya Mahäprabhu e autor do

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Dédhiti, o famoso commentário nyäya no Tattva-cintä-maëi do Gaìgeçopädhyäya. Ele era estudante de Çré Väsudeva Särvabhauma Bhaööäcärya em Navadépa. Depois de completar os estudos, foi para Mithilä por algum tempo e depois retornou a Navadépa para abrir sua própria escola de nyäya. Nessa época Väsudeva Särvabhauma foi convidado pelo Rei Pratäparudra para vir a Orissa para ser o paëòita chefe em sua corte. Como resultado, Çiromaëi se tornou reconhecido como o principal erudito em nyäya de Navadvépa durante seu tempo.

De acordo com Advaita-prakäça, Çiromaëi desejou que seu Dédhiti se tornasse o mais famoso comentário do Tattva-cintämaëi. Todavia, Çré Caitanya Mahäprabhu escreveu um commentário do Tattva-cintämaëi que superou o trabalho de Çiromaëi. Vendo isto, Çiromaëi ficou desesperançado. Para satisfazer o desejo de Çiro-maëi, Mahäprabhu jogou Seu próprio commentário no Gaìgä. Depois disso, o comentário de Çiromaëi se torn-ou celebrado como o mais preeminente comentário do Tattva-cintämaëi.Çiva - uma expansão qualitativa de Çré Kåñëa que su-pervisiona o modo material da ignorância e aquele que aniquila o cosmos material; uma das cinco deidades ad-oradas pelos païcopäsakas. Seu nome literalmente si-gnifica auspicioso. Brahmä-saàhita (5.45) está descrito Çré Kåñëa assume a forma do Senhor Çiva para o propó-sito de implementar a criação material. No Çré o mel-hor de todos Vaiñëavas: vaiñëavänäà yathä çambhu.

Simantini-devi – é um nome de Parvaté, que pelo

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estímulo do seu consorte o Senhor Çiva, desejou ter o darçana de Gauranga Mahäprabhu. Então ela foi vê-Lo. Depois de ser abençoada por Ele ela pegou a poeira dos Seus pés e colocou em sua sémanta (risca do cabelo). Assim esse lugar ficou famoso como Simanta-dvipa. Pessoas ignorantes chamam isto de Simuliyä.Çréman Mahäprabhu - um nome de Çré Caitanya Mahäprabhu (ver Caitanya).

Çukadeva – o filho de Bädaräyaëa Vyäsadeva e o ora-dor do Çrémad-Bhägavatam a Mahäräja Parikñit. Em Goloka-dhäma, a eterna morada de Kåñëa no mundo espiritual, ele é o papagaio de Çrématé Rädhikä.Sugréva – o macaco comadante na montanha Åñya-müka, que receberam Rama e Lakñmaëa quando Eles estavam procurando por Sitä. Ele era o irmão de Väli, que, devido a um desentendimento, tornou seu inimi-go ferrenho. Depois de aceitar a ajuda de Räma para matar seu irmão, ele convocou o exército de macacos para dar assitência a Räma na conquista de Rävaëa e o resgate de Sétä. Depois da morte de Rävaëa, Sugréva acompanhou Räma e Lakñmaëa no retorno a Ayodhyä.

Surabhi - a vaca de origem divina. Depois que Indra cometeu uma grave ofensa contra Çré Kåñëa inundando Gokula com torrentes de chuva, ele ficou muito teme-roso e então ele aproximou da Surabhi para se abrigar, sabendo que as vacas são muito queridas de Kåñëa. Os dois foram para Navadvépa-dhäma, sabendo que Kåñëa apareceria lá na Kali-yuga como Çré Gauräìga. Por cantar os nomes de Gauräga, lágrimas de amor en-

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cheram os olhos deles e rapidamente eles alcançaram o darçana de Gauräìga. O Senhor garantiu que eles iriam alcançar o seviço dEle quando Ele aparecesse lá. E logo desapareceu, Surabhi permaneceu lá ao lado de uma árvore banyan, constantemente servindo os pés de Gau-räìga ao ocupar-se em adoração e bhajana.Sürya – o deus do sol; uma das cinco deidades adora-das pelos païcopäsakas.Svarüpa Dämodara – um dos mais íntimos associados de Çréman Mahäprabhu (Caitanya-caritämåta, Antya-lélä 2.105-106). Seu nome anterior era Puruñottama Äcärya. Depois de aceitar sannyäsa recebeu o nome de Svarüpa Dämodara. Ele acompanhou Mahäprabhu a Puré e serviu Ele constantantemente por recitar çlokas apropriados para nutrir Seu humor confidencial. E re-gistrou as atividades de Çréman Mahäprabhu na forma de çlokas em sânscrito, que mais tarde se tornou a base do Caitanya-caritämåta e outras obras biográficas so-bre a vida de Çré Caitanya. Em kåñëa-lélä ele é Lalitä Sakhé.Çyämä - (1) um nome de Çrématé Rädhikä, aquela que é absorta em Çyäma (Çré Kåñëa), (2) nome do rio Yamunä (3) nome curto para Çyämalä, uma sakhé amiga de Çré Rädhä, (4) a forma de Durgä adoradars pelos täntri-kos.

TTäla - ver Sapta-täla.

UUddhäraëa Datta - um associado confidencial de

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Nityänanda Prabhu. Ele nasceu em uma família rica de mercadores de ouro em 1481 no vilarejo de Saptagrä-ma. Seu pai e sua mãe foram Çrékara Datta e Bhadräva-té. Sua esposa foi Mahämäyä e o seu filho foi Çréniväsa Datta Öhäkura. A esposa de Uddhäraëa Datta morreu quando ele tinha apenas 26 anos. Logo após ele aban-donou sua riqueza e família e vagueou por toda parte como um servente de Nityänanda Prabhu. Na kåñëa-lélä ele foi o menino vaqueiro cohecido como Subähu, um dos dvädaça-gopälas de Vraja, os doze meninos vaquei-ros amigos íntimos de Kåñëa e Baladeva, que descen-deu com Nityänanda Prabhu (Gaura-gaëoddeça-dépikä 129).

VVaàçé-vadanänanda – o filho de Chakauri Caööopäd-hyäya. Na ocasião do seu nascimento, Çréla Vaàçé-vada-nänanda Öhäkura recebeu o nome de Vaàsé ou Vaàçé däsa. Ele era também conhecido como Vadana Vada-nänanda. Ele nasceu em 1494 ou, segundo outros, em 1505, e era considerado uma encarnação da flauta de Kåñëa. Isto foi confirmado depois no Çré Gaura-gaëod-deça-dépikä (179) – escrito aproximadamente em 1576 – o livro de Çréla Kavi Karëapüra que revela a identidade dos associados de Mahäprabhu na kåñëa-lélä. O nome Vaàçé-vadana refere-se à Çré Kåñëa, como o flautista. Aquele que dá änanda (bem-aventurança) a Kåñëa por permitir que Ele toque sua flauta e atrair Suas amadas gopés é conhecido como Vaàçé-vadanänana.

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Embora seu nome de batismo fosse simplesmente Vaàçé däsa, ele ficou conhecido comoVaàçé-vadanänanda Prabhu ou Öhäkura. Os nomes Prabhu e Öhäkura são títulos de respeito para grandes personalidades.Väsudeva – o Senhor que reside em todos os seres, Çré Kåñëa que reside em toda parte e em todas as coisas. Esta palavra vem da raiz verbal vas, residir. Em outro sentido ela significa o filho de Vasudeva, derivada da raiz verbal sânscrita viç permear; significa o todo-per-meante e onipotente.Viñëu - o Senhor Supremo do cosmos que preside o modo material da bondade; a suprema en-tre as cinco deidades adoradas pelos païcopäsakas.

Viñëupriyä – a segunda esposa de Çréman Mahäprabhu. Bhagavän tem três potêncies conhecidoas como çré, bhü, e nélä. Çré Viñëupriyä Devi personifica a potência bhü. Em kåñëa-lélä ela é Satyabhämä (Gaura-gaëoddeça-dépikä 47-48). Seu pai foi Sanätana Miçra, que era Rei Saträjita em kåñëa-lélä. Logo após que Mahäprabhu aceitou sannyäsa, Viñëupriyä ocupou-se constantemente em cantar hari-näma. Ela separava um grão de arroz para cada volta de hari-näma que cantava. A tarde cozinhava este arroz e oferecia a Deidade de Çré Gauräìga. Então, dava a metade para Çacé Mätä e comia o restante.Viñëusvämé - o äcärya lider da Rudra sampradäya. Ele estabeleceu a doutrina de çuddhädvaitaväda, não-dual-simo purificado, em contraste com a doutrina impura de kevalädvaitaväda, a interpretação impessoal moni-sta. O famoso Vaiñëava äcärya, Çré Vallabha, esta-

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beleceu suas conclusões de acordo com os princípios filosóficos estabelecidos por Viñëusvämé. É dito que Vallabhäcärya é uma incarnação de Viñëusvämé.Viçvambhara – outro nome de Caitanya Mahäprabhu que significa aquele que mantêm e nutre o universo in-teiro (ver Caitanya).

Våndä Devé - uma servante confidencial de Çré Çré Räd-hä-Kåñëa. Ela é experta em fazer todos arranjamentos para os passatempos amorosos de Rädhä-Kåñëa nos kuïjas de Våndävana. Ela é a deusa predominante da floresta de Våndävana Sua expansão parcial é Tulasé-Devé. Às vezes o nome Våndä-Devé é usado simples-mente para se referir a Tulasé-Devé.

Vyäsadeva – um grande sábio e uma incarnação empo-derada do Senhor. Também foi conhecdo como Bädaräyaëa, Dvaipäyana, e Veda-Vyäsa. Seu pai foi Paräçara e sua mãe Satyavaté. Ele era meio-irmão de Vicitravérya e Bhéñma. Por causa da morte prematura de Vicitravérya, Satyavaté pediu Vyäsa para se tornar o marido das duas viúvas sem filhos de Vicitravérya. Do ventre de Ambikä Dhåtaräñöra nasceu e do ventre de Ambälikä Päëòu nasceu. Ele também foi o pai de Vidura com uma moça servante. Além disso, por sua esposa Araëi, Vyäsadeva foi o pai do grande sábio Çré Çukadeva, o orador do Bhägavata Puräëa a Mahäräja Parékñit. Vyäsadeva com-pilou e arranjou os Vedas, Vedänta-sütra, e Puräëas, o Mahäbhärata, o Çrémad-Bhägavatam, e também estabeleceu o uttara-mémäàsä, sistema de filosofia.

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Yadunandana – outro nome de Çré Kåñëa que significa aquele que apareceu na dinastia Yadu.Yamalärjuna – as árvores gêmeas Arjuna. Anterirmente elas eram Nalakuvara e Maëigréva, os filho de Kuvera, o tesoureiro dos devas nos planetas celestiais. Uma vez, intoxicados pelo desejo sensual e acompanhados com muitas jovens moças, Nalakuvara e Maëigréva estavam se divertindo nus no rio Mandäkiné. O sábio Närada Muni passou por ali naquele momen-to. As moças então se cobriram e com vergonha cairam aos pés de Närada para pedir perdão. Contudo, Nalakuvara e Maëigréva estavam tão intoxicados e não notaram a presença de Närada. Vendo eles privado de todos os sentidos, Närada abençoou-os ao amaldiçoá-los a to-mar nascimento como árvores. Eles nasceram como as árvores gêmeas Arjuna em Go-kula. Quando Bhagavän Çré Kåñëa apareceu na Dväpa-ra-yuga, E liberou eles do estado de consciência coberta por tocá-los com Seus pés de lótus lotus.

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Glossário de lugares

A Agradvépa – uma vila quase seis milhas ao sul de Käöoyä (Katwa). Está situada no lado do oeste do Gaìgä, aproximadamente 26 milhas a noroeste de Mäyäpura, no distrito de Barddhamän. Çré Govinda, Çré Mädhava, e Çré Väsudeva Ghoña viveram ali. O samädhi de Çré Govinda Ghoña está situado em Agradvépa. Govinda Ghoña Öhäkura estabeleceu a Deidade de Çré Gopénätha na margem leste do Gaìgä próximo de Agradvépa.Alakänanda – um dos quatro grandes afluentes do rio Gaìgä (os outros são: Bhägérathé, Mandäkiné e Bhoga-vaté)Quando o Alakänanda encontra o Bhägérathé ao norte de Uttara Pradesh, passa a ser conhecido como Gaìgä. E outra vez divide na Bengala. Na Bengala, um aflu-ente do Gaìgä, que agora está seco, era chamado de Alakänanda. Este Alakänanda anteriorente fluia para o sul por Navadvépa-maëòala. O berço deste rio situa-se diretamennte sobre o Gaìgä da presente cidade de Na-vadvépa, onde ele corre a leste por duas milhas e então vai para o sul. A partir daí ele corre entre Godruma-dvépa e Madhyadvépa. Ambikä-Kälnä – um lugar aproximadamente 30 km ao sul da presente cidade de Navadvépa. Ali foi onde Çré

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Gauridäsa Paëòita, Çré Hådaya Caitanya, Çré Paramän-anda Gupta e Çré Süryadäsa Paëòita viveram. Está situa- da na margem oeste do Gaìgä em direção a Çäntipura, onde Çré Advaita Äcärya viveu. Çréman Mahäprabhu costumava visitar a casa de Gauridäsa Paëòita em Käl-nä.Ämraghäöä – um vilarejo em Godrumadvépa conheci-do também como Ämghäöä. Está no lado leste do Gaì-gä, bem no meio de Svarüpa-gaïja e Devapallé. Uma vez, enquanto Çréman Mahäprabhu estava realizando saìkértana com Seus asociados, Ele chegou a este lugar. Depois de várias horas de saìkértana, os devotos fica-ram com fome e sede. Çré Mahäprabhu plantou uma semente de manga que imediatamente cresceu em uma árvore cheia de mangas maduras, as quais não tinham nem sementes nem casca. As mangas eram fragrantes e de sabor mais doce do que néctar. Çréman Mahäpra-bhu e Çré Nityänanda Prabhu saborearam aquelas fru-tas juntos com seus associados. Este lugar é então co-nhecido como Ämghäöä, o lugar das mangas.Antardvépa – uma das nove ilhas Navadvépa. Este lugar representa a prática de serviço devocional de ätma-nivedanam, a entrega do próprio ser a Çré Kåñëa. Antardvépa está situada no antar (coração ou meio) das oito pétalas do lótus de Navadvépa. No centro de An-tardvépa está Çré Mäyäpura, e no âmago de Mäyäpura fica Yogapéöha, o local onde Çré Caitanya Mahäprab-hu apareceu. O senhor Brahmä sentiu desesperançado depois de perturbar os passatempos de Kåñëa em Vra-ja ao roubar Suas vacas e seus amigos vaqueiros. Ele executou austeridades em Antardvépa, pois sabia que Gauräìga iria descender ali em Kali-yuga.

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Gauräìga manifestou-Se diante de Brahmä e deu a ben-ção que ele iria aparecer como o grande bhakta, Hari-däsa Öhäkura. Por nascer numa familiaYavana, ele não iria ser perturbado pelo orgulho. Porque Mahäprabhu revealou Seus sentimentos internos a (antar) Brahmä neste local, esta ilha é conhecida como Antardvépa.

B

Baragächi – também conhecida como Bähiragächi. Está situada a duas milhas da estação de ferro Murägächä, que é mais ou menos 20 km ao norte de Kåñëa-naga-ra do lado leste do Gaìgä. Segundo o Caitanya-bhä-gavata (Antya 5.710-711), este lugar é famoso pela sua conexão com Çré Nityänanda Prabhu: viçeñe sukåti ati baòagächi-gräma nityänanda-svarüpera vihärera sthä-na, baòagächi grämera janeka bhägyodaya tähä kabhu kahite nä päri samuccaya – “O vilarejo de Baragächi é especialmente virtuoso porque Nityänanda Prabhu executou muitos passatempos lá. È simplesmente im-possível descrever a grande fortuna deste vilarejo.”Bhägérathé – outro nome para o rio Gaìgä. O rio Gaì-gä é um rio celestial. Por que esse rio foi trazidopara a terra pelas austeridades e preces do Rei Bhagératha, ela é também conhecida como Bhägérathé. Inicialmente, onde o Gaìgä começa perto de Gaìgotré, ela é também conhecida como Bhägérathé. Quando o Bhägérathé en-contra o Alakänanda, ela é conhecida como Gaìgä. Na Bengala Ociderntal, o Gaìgä divide no rio Padmä e

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Bhägérathé. O Bhägérathé flui pelo sul por Navadvépa e na Baía da Bengala. A alguma distância ao sul de Çän-tipura, o Bhägérathé é conhecido como Huglé. Bhärata-varña – uma das nove regiões da terra que formam as divisões de Jambüdvépa. Esse nome é por causa do Rei Bharata, o filho de Rñabhadeva. A Índia é agora conhecida como Bhärata, embora, a história an-tiga diz que esse nome referia ao planeta inteiro.Bhüù - (Bhü-loka) o planeta terra.Bhüù-maëòala – o sistema planetário interediário den-tro do universo.

Bhüvaù - (Bhüvar-loka) a segunda das sete divisões dos planetas: Bhüù, Bhüvaù, Svarga, Maharloka, Janaloka, Tapoloka e Satyaloka. Este planeta está situado ent-re a terra e o planeta sol. É alcançado por siddhas ou munis.Bilva-puñkariëé – também conhecida como Bael-puku-ra. Çré Nélambara Cakravarté, o avô materno de Çréman Mahäprabhu, viveu neste lugar. Ele está situado ao norte da fronteira de Sémantadvépa e faz parte da área conhecida como Simuliyä.Brahmäloka – o planeta de Çré Brahmä situado acima de Tapoloka no limite mais alto do universo. Este pla-neta é também conhecido como Satyaloka.Brähmaëa-puñkariëé – atualmente é conhecida como Bämana-pukura. De acordo com o Parikramä-paddhati de Çré Narahari däsa, o lugar agora conhecido como Bämana-pukura anteriormente era chamado Brähmaëa-puñkara: bämana-pukure puëya-gräma, brähmaëa-

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e vidita purvä näma. O livro Citre Navadvépa afirma que parte de Bämana-pukura está incluída em Antardvépa e parte em Sémantadvépa. Bämana-pukura atualmente está situada ao norte do Yogapéöha e leste de Bhägérathé. Nesta descrição no começo do capítulo doze parece que Brähmaëa-puñkariëé era situada logo ao sul de Bilva-puñkariëé, e juntas essas duas áreas formavam o distrito de Simuliyä. Isto pode ter sido o caso na época que este livro foi escrito (1896) ou na época que a histó-ria foi registrada (c.1600). Em 1916 no mapa de Çréd-häma Navadvépa, todavia, nós vemos que existe uma consiferável distância entre Bael-pukura e Bämana-pu-kura e Bämana-pukura é no sul de Bhägérathé. Este tipo de troca de terra e modificação dos nomes de lugares é um aspecto comum na área de Navadvépa, basicamente devido ao curso do Gaìgä que sempre muda bem como os seus afluentes que flui por Navadvépa-maëòala.CCampahaööa – um lugar na parte sudoeste de Rtudvépa, também conhecido como Cämpähäöé. Anteriormente era cohecido como Campakahaööa porque tinha ali um mercado (haööa) que vendia flores de árvores Campa-ka que cresciam demais nesta área. É considerada não-diferente de Khadiravana foresta de Våndävana. O grande poeta Jayadeva Gosvämé escreveu o Géta-Go-vinda enquanto residia em Campahaööa.

DDevapallé – uma cidade a três milhas no sudo-este de Kåñëa-nagara em Godrumadvépa onde todos os devas residiram. Na Satya-yuga, o Senhor Nåsiàha-deva descansou em Devapallé após matar Hira-

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nyakaçipu. Este local é também conhecido como Nå-siàhapallé. Existe uma antiga Deidade de Nåsiàhadeva neste local, que é dito datar da Satya-yuga.

G

Gädigächä – às vezes comparada com a região inteira de Godruma-dvépa. Em Citre Navadvépa, Çréyukta Ça-rad-indu Näräyaëa Räya disse que Godruma é chamada de Gädigächä na linguagem Apabhraàça. No capítulo dez deste livro, Gädigächä é referida como uma peque-na área dentro de Godruma-dvépa onde os Vaiñëavas de Pradyumna-kuïja viviam. No mapa de 1916 de Çréd-häma Navadvépa, Gädigächä é também descrita como uma pequena área de Godrumadvépa.

Gaìgä – derivado da raiz verbal gam (ir) que significa Ir! Ir! ou ‘andar ligeiro’. O sagrado rio, Gaìgä, que flui a sudeste das Montanhas Himälayanas para a Baía da Bengala; também conhecido como Ganges, Jähnavé, Bhägérathé, e Alakänanda (ver nomes neste Glossário).

Gauòa-bhümi – a terra de Gauòa. De acordo com o Çakti-saìgama Tantra isto corresponde a Bengala Oci-dental, e inclui alguma parte do moderno Bangladesh e Orissa (estendendo até Bhuvaneçvara). Nos tempos antigos residentes desta região de terra eram

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conhecidos como Gauòéyas. Depois do aparecimento de Çré Gauräìga, o termo Gauòéya era espicificamente aplicado aos devotos de Gauräìga, porque quase todo mundo nesta região se tornou Seu devoto (bhakta).Godruma – uma das nove ilhas de Navadvépa, situada a leste do Bhägérathé e sul do Jalaìgé. E faz fronteira com Sémantadvépa ao norte e por Madhyadvépa a oes te. Este lugar é chamado assim por causa da Surabhi, a vaca (go) de origem divina, adorou Çré Gauräìga aqui sob a sombra de uma grande árvore banyan (druma). Cada uma das nove rgiões de Navadvépa representa um dos nove processos principais de bhakti, tais como: ou-vir, cantar e lembrar os passatempos de Çré Kåñëa. Godrumadvépa personifica a prática de kértanam, can-tar.

Goloka Våndävana – o mais elevado reino no mundo espiritual. Esta é a morada de Çré Kåñëa onde Ele se manifesta em Seu aspecto mais elevado e original como um menimo vaqueiro, rodeado por Seus servidores ínti-mos e amarosos, os gopas e as gopés de Vraja.Gorä-hrada – um lago próximo a Gädigächä área onde Çré Gorä (Go-Govinda, Rä-Rädhä) divertiram.Govardhana - a montanha sagrada situada no meio de Vraja-maëòala por volta de 26 km a noroeste de Ma-thurä. Esta montanha é conhecida como Çré Giriräja (o rei entre as montanhas). Ele é identico a Çré Kåñëa e é também conhecido como haridäsa-varya, o melhor de-voto de Çré Hari, porque Ele facilita os passatempos de Çré Kåñëa com Seus amigos íntimos e especialmente os mais sagrados passatempos com as gopés.

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A colina de Govardhana tem a forma de um pavão, com o Rädhä-kuëòa e Çyäma-kuëòa como Seus olhos.IIndraloka – o planeta de Indra nos planetas celestiais (svarga); lugar de grande opulência e prazer celestial.Indrapuré – a capital da cidade de Indra em svarga, nos planetas celestiais.

Jähnavé - outro nome para o Gaìgä, que revela sua co-nexão com Jahnu Rñi. Jahnu Rñi estava sentado perto Gaìgä cantando seu gäyatré-mantra, quando seu copo äcamana caiu no rio e foi arrastado pela correnteza. Ira-do, Jahnu Rñi abriu sua boca e bebeu toda água em um gole. Rei Bhagératha, que tinha se esforçado com gran-de dificuldade para trazer o Gaìgä a terra para liberar seus parentes doentes, ficou dominado pela aflição e adorou o sábio por muitos dias. Jahnu Rñi então liberou o Gaìgä de seu corpo. Por causa deste incidente, o Gaìgä é conhecido como Jähnavé, a filha de Jahnu.

Jahnudvépa – uma das nove ilhas de Navadvépa. Este lugar representa a prática de vandanam, oferecer ora-ções e reverências. É não-diferente de Bhadravana em Vraja. Jahnu Rñi realizou penitências e meditação aqui e obteve o darçana de Çré Gauräìga (ver também Jäh-navé e Jahnu-nagara).Jahnu-nagara – o local onde o sábio, Jahnu Rñi, reali-zou meditação e engoliu a rio Gaìgä. Esta área é tam-bém conhecida como Jahnudvépa e Jän-nagara.Jambüdvépa – a mais secreta das sete ilhas con-cêntricas que formam as divisãos de Bhü-

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maëòala. Jambüdvépa é dividida em nove varñas, ou regiões, a mais famosa delas é Bhärata-varña (Índia). Segundo algumas opiniões, isto vagamente corresponde a Asia (Gauòéya-Vaiñëava-Abhidhäna). Janaloka – um planeta acima de Maharloka. É alcan-çado pelos naiñthika brahmacäris, aqueles que aceitam o voto de celibato para a vida interia (ao contrário dos upakurväëa brahmacäris que ingressam no gåhastha-äçrama depois de completar seus estudos). Na época da devastração parcial do universeo que ocorre no final do dia de Brahmä, os três mundos, Bhü, Bhuva, e Svarga, são consumidos pelas chamas. Embora Maharloka, o planeta imediatamente acima de Svarga, não é destrui-do, os residenes de Maharloka são atormentados pelo calor que é intenso abaixo, e então eles vão para Janalo-ka. Os residentes de Janaloka não são perturbados pelas chamas que destroem os planetas inferiores na época da devastação parcial, ainda que eles esperimentam muita preocupação quando testemunham a devastação que acontece nos planetas abaixo deles.

K

Kälnä– ver Ambikä-Kälnä.Käïcana-pallé – também conhecida como Käïcrä-pärä. Este é o lugar onde Çré Väsudeva datta Öhäkura e Kavi Karëapüra (o filho de Çivänanda Sena) costumavam viver. Os pais da esposa de Çivänanda Sena também são deste vilarejo. Que é loca-lizado no lado leste do Gaìgä, paralelo a Saptagräma.Käçé - ‘a cidade da luz ’; outro nome para Väräëasé.

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Esta cidade antiga esta localizada na margem do Gaìgä entre Delhi (710 km) e Calcutta (680 km). Käçé está a 125 km rio abaixo de Allahabad. É um lugar de peregri-nação famoso, especialmente para os devotos do Senhor Çiva. Käçé é celebrada como um lugar de aprendizado e um centro de erudição em sânscrito, particularmente de advaita-vedänta e filosofia mäyäväda.Khola-bhäìga-òäìgä – o lugar onde os homens de Chänd Käzé quebraram a mådaìga e probiram a reali-zação de saìkértana.Koladvépa – uma das nove ilhas de Navadvépa. A ma-ior parte de Koladvépa está situada na margem oeste do Gaìgä, mas uma pequen porção está localizada na margem leste. Este lugar representa a prática de ser-viço devocional chamada päda-sevanam, servir os pés de lótus do Senhor. É também conhecida como Kuliyä Pähärpura. Koladvépa este nome é devido a encarna-ção javali de Kåñëa, Çré Varähadeva (também conhecido como Koladeva), manifestou lá para um brähmaëa que estava adorando Ele.Kuliyä - também conhecida como Kuliyä-gräma e Kuliyä Pähärpura. Está situada em Koladvépa na margem oeste do Bhägérathé. A cidade atual de Navadvépa era ante-riormente conhecida como Kuliyä-gräma. Çré Mädhava däsa Caööopädhyäya (Chakauri Caööopäòhyäya) viveram neste vilarejo. Ele era o pai de Çréla Vaàçévadanänanda Öhäkura. Este local é também chamado de aparädha-bhaïjana-päöa, o local onde as ofensas são destruídas. Quando Çréman Mahäprabhu chegou a Kuliyä pelo caminho de Puré a Våndävana, Ele ficou na casa de Mäd-hava däsa por sete dias. Durante esta época, Ele liberou dois grandes ofensores, Gopäla Cakravarté e Devänanda

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Paëòita, bem como muitos outros que vieram ver Ele.

MMadhyadvépa – uma das nove divisões de Navadvépa situada no lado leste do Bhägérathé. Faz divisa com Ko-ladvépa no lado oeste e por Godrumadvépa pelos lados norte e leste. Foi aqui que em Satya-yuga, os sete åñis (Bhrgu, Maréci, Atri, Pulastya, Pulaha, Kratu e Vasiñöha) adoraram Gauräìga com austeridades e orações por or-den de do pai deles, Brahmä. Ficando satisfeito com suas orações, Çré Gauräìga apareceu diante dos åñis ao meio-dia (madhyähna). Por isso este lugar é conhecido como Madhyadvépa. Madhyadvépa representa o servi-ço devocional como a atividade de smaraëam, lembrar çré-hari-näma, Sua forma, qualidades, e passatempos.Maharloka – um planeta situado acima de Svargalo-ka. Este lugar é alcançado por upakurväëa brahmacä-ris, estudantes dos Vedas que honram seus mestres com presentes depois de completar seus estudos e antes de se tornarem gåhasthas. Os maharñis (grandes sábios) que eram os progenitores do universo residem neste planeta. A pessoa alcança este planeta pela execução de sacrifícios, submeter à discíplina yoga e outras práticas similares que são muito superiores a atividades piedo-sas as quais capacitam alguém se tornar elegível para Svargaloka. Quando houver uma devastação parcial do universo no final do dia de Brahmä, os três mundos, Bhü, Bhuva e Svarga, são destruídos, mas os planetas superiores começando com Maharloka permanecem intactos. Mäyäpura-dhäma – o local de aparecimento de Çré Caitanya Mahäprabhu, situado em Antardvépa dentro

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da grande região de Navadvépa. Mäyäpura está loca-lizada no lado leste da margem do Gaìgä. Navadvépa forma um lótus de oito pétalas. No verticilo desse lótus fica Antardvépa, e bem no meio fica Mäyäpura. O real lugar de aparecimento Çré Caitanya está situado dentro de Mäyäpura e é conhecido como Yogapéöha, o assen-to dos eternos passatempos transcendentais do Senhor.Mithilä – o antigo estado governado pelo Rei Janaka, o pai de Sitä. Este estado vai de Campäraëya até o rio Gaëòaké. Atualmente faz parte do Nepal e inclui a pre-sente cidade de Janakapura, o local de nascimento de Sitä. Janakapura é dito que este é o lugar do casamento de Çré Räma e Sitä.

Modadrumadvépa – uma das nove ilhas de Navadvépa. Modadrumadvépa está situada no lado oeste do Bhägérathé ao norte de Jahnudvépa. Este lugar é também conhecido como Mämgäché e como Mahäpäöa. Näräyaëé (a mãe Çré Våndävana däsa Öhä-kura), Çré Väsudeva datta e Çré Säraìga Muräri vivi-am aqui. Çré Våndävana däsa Öhäkura, o escritor do Caitanya-bhägavata, nasceu em Modadrumadvépa.Em Satya-yuga, Çré Räma junto com Sitä e Lakñ-maëa foram lá durante o exílio. Çré Rämacandra construi uma cabana ali debaixo de uma grande fi-gueira banyan e Eles viveram felizes por algum tempo. Este lugar é por isso conhecido como Modadrumad-vépa, o lugar onde Çré Räma viveu com grande deleite debaixo de uma figeuira banyan (moda quer dizer fe-licidade ou deleite e druma árvore). Çré Räma revelou a Sitä que em Kali-yuga Ele apareceria em Navadvépa com uma esplêndida compleição dourada como o filho

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de Çacé Mätä e que Ela apareceria como Sua esposa, Çré Viñëupriyä. Este local representa a prática serviço devocional em däsyam, se tornar um servo do Senhor.Nadéyä – um distrito que i nclui as nove ilhas de Navadvépa.Nandagräma – o vilarejo de Nanda Mahäräja, o pai de Çré Kåñëa. Está situado a pouco menos de sessenta km ao nordeste de Mathurä. Nanda Mahäräja e sua comu-nidade viviam lá antes do aparecimento de Kåñëa. An-tes do aparecimento de Kåñëa, eles mudaram para Go-kula. Quando Kåsëa tinha sete anos de idade, a família mudou de volta para este lugar e construiu uma casa no topo de uma grande colina conhecida como Nandéçva-ra-parvata (Senhor Çivajé, o Senhor de Nandé, é a forma desta colina). Kåñëa viveu lá dos sete até Ele completar dez anos.Nandana-känana - o jardim do paraíso celestial de Indra.Navadvépa – a vila (ou cidade) de Navadvépa. Esta é uma vila dentro d grande área de Navadvépa-maëòala (ver abaixo). Neste livro vila de Navadvépa e Navadvépa-maëòala são referidas simpelsmente como Navadvépa. Por isso o leitor deve aplicar sua discrimi-nação segundo o contexto para entender quando o au-tor está referindo à vila e quando ele está referindo ao território de Navadvépa. No capítulo onze a vila de Navadvépa é chamada Präcéna (Velha) Navadvépa. Lá está dito que Präcéna Navadvépa estava situada do ou-tro lado do Gaìgä do vilarejo de Kuliyä. Similarmente no capítulo sete está dito que Kuliyä-gräma era do ou-tro lado do Gaìgä de Navadvépa. No capítulo onze está dito que Kuliyä era situada na margem ocidental do Bhägérathé em Koladvépa distrito de Navadvépa-maëòa-la. Fica claro destas descrições que Präcéna Navadvépa

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era localizada na margem leste do Gaìgä e por isso cor-responde ao atual local de Çré Mäyäpura. Kuliyä-grä-ma, situada na margem oeste do Gaìgä, corresponde a cidade atual de Navadvépa (ver Kuliyä para melhor confirmação deste ponto). Portanto, onde quer que a vila de Navadvépa for mencionada neste livro, refere-se a Präcéna Navadvépa e não a atual cidade de Navad-vépa.Navadvépa-maëòala – as nove ilhas sagradas, região cerca de 130 kilometros norte de Calcutta, onde Çré Caitanya Mahäprabhu manifestou Seus passatempos de infância. Navadvépa consiste de nove ilhas que asse-melha uma flor de lótus de oito pétalas.

Antardvépa está ao centro deste lótus. Cada uma das nove divisões de Navadvépa representa um dos nove principais aìgas de bhakti. Estas divisisões e seus aìgas correspondentes são como se segue: (1) Antardvépa (ätma-nivedanam, auto-entrega), (2) Sémantadvépa (çravaëam, ouvir), (3) Godrumadvépa (kértanam, can-tar), (4) Madhyadvépa (smaraëam, lembrar os nomes transcendentais de Çré Kåñëa, forma, qualidades e pas-satempos), (5) Koladvépa (päda-sevanam, servir os pés de Çré Kåñëa), (6) Åtudvépa (arcanam, adoração), (7) Jahnudvépa (vandanam, oferecer preces e reverências), (8) Modadrumadvépa (däsyam, se tornar um servo) e (9) Rudradvépa (sakhyam, se tornar um amigo).Nåsiàhapallé - ver Devapallé.

P

Präcéna Navadvépa – o velho vilarejo de Navadvépa, localizado na margem leste do Gaìgä. Isto corresponde

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a atual localidde de Çré Mäyäpura (ver Navadvépa para mais informação).Pürvasthalé – este lugar está localizado no lado do poente de Rudradvépa.

R

Rädhä-kuëòa - ‘o lago de Çré Rädhä,’ situado a 26 km a noroeste de Mathurä. Considerado ser o local mais sa-grado de peregrinação para todos os Gauòéya Vaiñëa-va, Rädhä-kuëòa é a personificação direta de Çrématé Rädhikä. Os passatempos mais confidenciais de Rädhä e Kåñëa acontecem neste lugar.Åtudvépa – uma das nove ihas de Navadvépa. Åtud-vépa está situada a oeste do Gaìgä e de Koladvépa, e ao sul de Jahnudvépa. Este lugar representa a prática devocional de arcanam, adoração a Çré Kåñëa. A palavra åtu significa estação do ano. As seis estações comanda-das pela primavera manifestaram neste lugar em for-mas personificadas e sob o pretexto de conversar entre si, elas adoram Çré Gauräìga a fim de espalhar Seus passatempos transcendentais. Åtudvépa corresponde a Çré Rädhä-kuëòa em Våndävana. Assim como Rädhä e Kåñëa vai diariamente ao Rädhä-kuëòa para reali-zar Seus passatempos do meio dia,ÇréGauränga e Seus associados vem a Åtudvépa diariamente para executar seus passatempos do meio-dia.Rudradvépa – uma das nove ilhas de Navadvépa. De acordo com o mapa 1916 de Çrédhäma Navadvépa, Rudradvépa é dividida em três pelo Bhägérathé. Este

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lugar representa serviço devocional no humor de sak-hya, amizade com Çré Kåñëa. Este nome é porque os onze Rudras (expansões do Senhor Çiva) reside neste lugar, Çré Viñëusvämé, o äcärya da Rudra Sampradaya, visitou este lugar e ambos o Senhor Çiva e Çré Gauräìga apa-receram diante dele. Çré Çiva deu Viñëusvämé a benção de que ele (Viñëusvämé) iria propagar ama sampradäya pura, a qual iria ter o próprio nome dele. Mahäprabhu deu a benção que quando Ele apareceu como Çré Gau-räìga, Viñëusvämé iria nascer como ÇréVallabhäcärya.

S

Samudragarh - um lugar no lado sudoeste de Åtudvépa. Está localizado na divisa ao sul de Navadvépa-dhäma. Dvärakä-puré e Gaìgä-sägara estão diretamente presen-tes neste lugar. O grande rei e bhakta de Kåñëa, Samu-dra Sena, tinha sua capital ali. Quando Bhéma estava viajando pelo leste da Índia em nome de seu irmão, Yudhiñöhira, para coletar tributos para o sacrifício Rä-jasüya, Samudra Sena opôs a ele, sabendo que se ele colocasse Bhéma em dificuldade, Çré Kåñëa poderia vir para resgatá-lo. Kåñëa apareceu, não por Bhéma, mas na frente do rei no campo de batalha, primeiro em Sua forma original e então como Çré Gauräìga. O oceano (samudra) também viajou a este local pela via do Gaì-gä para ter darçana de Çré Gauräìga.Çäntipura - a cidade onde Advaita Äcärya, Çré Harña e Gopäläcärya viveram. Está situada no lado leste do Gaìgä cerca de 20 quilômetros sul de Kåñëa-nagara, que está numa área de 12 quilômetros exatos a leste da

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atual cidade de Navadvépa. Diretamente em frente do Gaìgä de Çäntipura está Kalna. Depois de tomar san-nyäsa, Çréman Mahäprabhu foi à casa de Advaita Äcärya em Çäntipura, depois de ser enganado por Nityänanda Prabhu e pensar que Ele tinha chegado a Våndävana.

Saptagräma – uma antiga cidade mercantil cerca de 50 km norte de Calcutá onde agora é leito do rio Sarasvaté. Saptagräma está localizad a oeste do Gaìgä e sul de Ambikä-Kälnä. Como o nome sugere, esta cidade abarca sete povoados: Saptagräma (ou, na opinião de alguns, Çabdakärä), Vaàçaväöé, Çivapura, Väsudevapu-ra, Kåñëapura (ou, na opinião de alguns, Cändapura), Nityänandapura, e Çaìkha-nagara (ou Baladaghäöé). O vilarejo de Triveëé é incluído também em Saptagräma. Çré Uddhäraëa Datta Öhäkura viveu ali. Seu pai, Çré-kara Datta, era um rico mercador de ouro. Raghun-ätha däsa Gosvämé viveu em Kåñëapura, Kalidäsa viveu em Çaìkha-nagara, e Balaräma Äcärya e Yadunandana Äcärya viveu em Cändapura.

Sarasvaté – rio sagrado que flui em vários afluentes di-ferentes. É dito que se mistura com o Gaìgä e Yamunä em Prayäga. O Sarasvaté anteriormente fluia por uma área conhecida como Saptagräma ao sul da presente cidade de Navadvépa, porém agora secou (Gauòéya-Vaiñëava-Abhidhäna).Sémantadvépa – uma das nove ilhas de Navadvépa. Este lugar é também conhecido como Simuliyä. Está situado a leste do Bhägérathé e norte de Jalaìgé, e tam-bém na divisa ao lado norte de Navadvépa. Este lo-

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cal representa a prática de devocional çravanam, ouvir as glórias de Çré Kåñëa bem como Seus nomes, formas, qualitidades e passatempos. Na Satya-yuga, Parvaté adorou Çré Gauräìga neste local inspirada por seu ma-rido, o Senhor Çiva. Quando Gauräìga apareceu diante dela, ela pegou a poeira dos Seus pés colocou na risca do seu cabelo (sémanta). Como resultado, este local fi-cou conhecido como Sémantadvépa.

Simuliyä – outro nome para Sémantadvépa, ou uma re-gião de Sémantadvépa que vai de Brähmaëa-puñkariëé a Bilva-puñkariëé. Esta área está situada ao norte de Navadvépa-maëòala no lado leste de Bhägé-rathé.

Çréväsa-aìgana – o quintal de Çréväsa Öhäkura situado em Mäyäpura bem perto do local de nascimento de Çré Caitanya Mahäprabhu. Depois que Mahäprabhu recebeu dékña de Çréla Éçvara Puré em Gayä, Ele retornou a Navadvépa e começou o movemento de saìkértana. Durante esta época Ele realizava kértanas extáticos todas as noites com Seus associados íntimos em Çréväsa-aìgana. Çréväsa-aìgana em navadvépa-lélä não é diferente do räsa-sthalé de våndävana-lélä.

Sva - (Svarga-loka os planetas celestiais (ver svarga-loka).

Svarga-loka – os planetas celestiais os quais são carac-terizados pela opulência material, o desfrute e a dura-ção de vida supera extraordinariamente a dos planetas terrestres. Svarga é alcançado por executar estritamente às atividades piedosas recomendadas na seção karma-

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Çyäma-kuëòa - ‘o lago de Çré Çyämasundara’, situado ao lado Çré Rädhä-kuëòa. Este lago é diretamente a per-sonificação de Çré Kåñëa. Este local é conhecido tam-bém como Ariñöa-kuëòa, porque ele é o lago que Kåñëa fez pelo estímulo das gopés depois que Ele matou Ariñöa (touro) asura. As gopés acusaram Kåñëa de impureza por ter matado um touro. Primeiro Çré Kåñëa cavou um pequeno buraco com Seu calcanhar então Ele chamou os rios sagrados de todo o universo, e ao memo tem-po eles vieram juntos e formaram o lago. Depois, as deidades personificadas desses rios oraram para serem aceitos no kuëòa de Rädhä também. Rädhä-kuëòa e Çyäma-kuëòa são considerados ser os olhos de Govard-hana, que tem a forma de um pavão. Juntos eles são o lugar dos passatempos mais elevados de Rädhä e Kåñëa e são supremos entre todos os locais sagrados.

TTapoloka -planeta situado acima de Janaloka. Sábios elevados como os quatro Kumäras residem neste plane-ta que é alcançado por naiñöhika- brahmacäris.

VVaikuëöha – o mundo espiritual. O majestoso reino do mundo espiritual o qual é predominado pelo Se-nhor Näräyaëa ou Suas várias expansões. Todos os residentes deVaikuëöha tem corpos eternos e espiri-tuais. Eles possuem quatro braços e uma compleição azul escura como Bhagavän e são completamente

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ocupados no Seu serviço em puro amor devocional. O senso de intimidade deles com Çré Bhagavän é de alguma maneira estorvado, de algum modo, devido ao aiçvarya-bhäva deles. Superior além deste está Goloka Våndävana, o mais elevado planeta de Çré Kåñëa, que é caracterisado por mädhurya e intimidade.Vairägé-däìgä – um lugar situatdo em Çrédhäma Mäyäpura perto de Khola-bhäìga-däìgä. Porque mui-tos renunciados Vaiñëavas vivam neste lugar ele ficou conhecido como Vairägé-däìgä.Väräëasé - ver Käçé.

Vikramapura – um lugar famoso em Bangladesh no distrito de Dhaka. Cäëda Räya e Kedära Räya viviam ali, eles estavam entre os doze príncipes feudais que governavam a Bengala durante o regime Muçulmano. Primeiro eles eram çäktas (adoradores de Durgä), mas depois de um tempo eles se tornaram discípulos de Çréla Narottama Öhäkura.

Vraja-dhäma – cento e sessenta e oito milhas quadra-das, região onde Çré Kåñëa realizou Seus passatempos terrestres.

Våndävana - ‘a floresta de Våndä’; o lugar famoso onde Çré Kåñëa realizou muitas de Suas léläs encanta-doras. Våndävan a está situada aproximadamente a 12 quilômetros ao nordeste de Mathurä, ao longo da margem ocidental do rio Yamunä. É uma das doze flo-restas de Vraja e dentro dela tem mais doze florestas menores: Aöalavana (floresta montanha), Korärivana (floresta da águia), Vihäravana (floresta do passatem-

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po de prazer), Gocäraëavana (floresta do pastoreio), Käléya-damanavana (floresta da conquista de Käléya), Gopälavana (floresta dos vaqueiros), Nikuïjavana (flo-resta dos abrigos de folhagem), Nidhuvana (floresta do tesouro), Rädhäbäga (jardins de Rädhä), Jhulavana (floresta do balanço), Gahvaravana (floresta secreta), e Papaòavana (floresta das montanhas ásperas).

Yamunä – rio sagrado que flui por Vraja-maëòala. È considerado mais sagrado dos rios porque Kåñëa rea-lizou muitas léläs sublimes em suas águas com as gopés e gopas. Neste mundo ela aparece em Yamunottaré nos Himälayas. Yamunä é descrito como sendo uma ex-pansão de Viçäkhä Devé: viçäkhorasi yä viñëor yasyäà viñëur jalätmani nityaà nimajjati prétyä täà sauréà yamunäà stumaù – “O Senhor Viñëu diariamente mergulha e Se diverte com grande prazer e afeição nas águas do Yamunä, a forma liquida de Viçäkhä Devé. Assim eu ofereço minhas preces a Yamunä Devé, a filha de Sürya.”

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CONTATOS NO BRASIL E NO MUNDO

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Mexico: D.F.- Colonia Obrero Popular, Azcapozalco, Norte 73 No. 3112 , C.P. 02840 Durlabha das ,[email protected]________________________________________Mexico: Mexico City- Colonia del Carmen, Coyoacan, Aldama # 2 (esq. con Xicotencatl) , C.P. 04100, Distri-to Federal Sri Sri Radha Govindaji Gaudiya Math - México , (+52 55) 5554 7195 ,[email protected] ,www.bhaktilatam.com________________________________________Mexico: Morelos- Tepoztlan, , 62520 Rohini Nandana Das, Rasa Keli Dasi , 52 (777)2706009 ,[email protected]

________________________________________India: Andhra Pradesh- Tirupathi, 18-3-58/6 Khadi Colony Bhakti Center Tirupathi , +91 (0)877-6542801 or +91 (0)929-1207438 , [email protected]________________________________________India: Haryana- Faridabad, 1469, Sect-16 Shri Shri Radha Madhav Gaudiya Math , +91 (0)99-100-66006________________________________________India: Jammu- Roopnagar Enclave, House-2, Street-5, Sri Govindji Gaudiya Math , +91 (0)990-690-4809________________________________________India: Karnatak- Bangalore, Survey 26, Heseraghatta (near Nrityagram Kutir) Sri Ranganath Gaudiya Math , +91 080-284-66760 ,www.rangagaudiya.com________________________________________

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________________________________________India: Karnataka- Bangalore, #245/1 - 29th Cross, Balaji Layout, Kaggadaspura Sri Radha Vinodabihari Gaudiya Matha , +91 934-148-4903 , [email protected]________________________________________India: Karnataka- Bangalore, PVR Bavan, Balaji Temp-le St., 24th Main, HSR Layout, 1st Sector Agara, Sar-japur Rd. , 560102 Sri Radha Vinoda Bihari Gaudiya Matha , 9972924563 Mobile: 9535044906 ,[email protected] , Behind big Hanuman statue next to Chana Keshava temple________________________________________India: Orissa- Bhubaneswar, 1462-IRC Village, In front of State Bank of Travancore, Bhubaneswar-15 Sri Gaur Govinda Goudiya Ashram , +91 674-255-6186 , [email protected]________________________________________India: Orissa- Puri, (Near Chakatirtha Temple) C.T. Road, Puri , 72002 Jaya Sri Damodar Gaudiya Math , (06752) 229695/97 or (06752) 227317 , [email protected] ,www.purebhakti.com/mission/sacred-places/1012-jaya-sri-damodar-gaudiya-matha-jagannath-puri-india.html , www.suddhabhakti.org________________________________________India: U.P- Isapura, Mathura, Sri Durvasa Rsi Gaudiya Matha , +91 0565-450510________________________________________India: U.P.- Govardhana, Radha-kund Road Giridhari Gaudiya Matha , +91 0565-281-5668,

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www.giridharigaudiyamath.com________________________________________India: U.P.- Mathura, Opp. Dist. Hospital, Jawahar Hata , 281001 Sri Kesavaji Gaudiya Matha , +91 0565-250-2334 , [email protected]________________________________________India: U.P.- Noida, Sector 55, D-5 Radha-Govinda Gau-diya Matha , +91 935-0110895 or +91 935-0110897________________________________________India: U.P.- Vrindavan, Ranapata Ghat (next to Imlita-la) , 281 121 Sri Radha Gopinath Gaudiya Matha aka Gopinath Bhavan , +91 (0)565-244-3359 , [email protected]________________________________________India: U.P.- Vrindavana, Dana Gali Sri Rupa-Sanatana Gaudiya Matha , +91 0565-244-3270________________________________________India: Uttarakhand- Haridwar, Madhavi Kunj, Bhupat-wala Sri Radha-Madhavji Gaudiya Math , +91 (0)1334-260845________________________________________India: W.B.- Kolkata, 39, R.N. Chatterjee St. Manikta-la, Kolkata Sri Vaman Gosvami Gaudiya Matha , +91 (0)33-2352-2131 or +91 (0)94-3320-3718________________________________________India: W.B.- Navadvipa, near Jagai-Madhai Bridge, Nadiya Sri Sri Keshavaji Gaudiya Matha________________________________________Venezuela: Caracas, Muni Priya dasa , +58-414-160-1741,[email protected],

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[email protected], [email protected]________________________________________Venezuela: Caracas, Vrinda devi dasi y Vrajabala dasi , [email protected], [email protected]________________________________________Venezuela: Caracus, Indupati Dasa , +58 414-457-3022 , [email protected] , www.saranagati.org.ve________________________________________Venezuela: Edo. Aragua - Maracay, Av Principal el Mi-lagro, Urb. La Esperanza, Edificio La Esperanza Torre A, Piso 10, Apart 101 , 2101 Ranga-devi dasi , +58 414-457-6032 , [email protected]________________________________________Venezuela: Edo. Lara- Barquisimeto, Carrera 17, entre cal-les 50-51 #50-47 Sri Venezuela Kesavaji Gaudiya Math and Gaudiya Vedanta Publications , +58 51-452574 , [email protected]________________________________________Venezuela: Estado Lara- Barquisimeto , Calle 23 entre car-rera 14 y 15 Casa Nº 14-8,, Sri Kesavaji Gaudiya Matha , + 0416-3531414 or + 0251-445273 , [email protected] , Contact: Divakara dasa________________________________________Venezuela: Lara- Barquisimeto, Pasaje Agua Santa, Cum-bres de Terepaima, Palavecino Quinta Saranagati , +58-416-353-1042 , [email protected]

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