A Confiança um Risco Necessario
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A
CONFIANÇA:
UM RISCO
NECESSÁRIO
?
A CONFIANÇA: UM RISCO NECESSÁRIO?
Hoje, parece que vivemos uma pandemia de desconfiança generalizada nas
relações pessoais, sociais e empresariais. Em qualquer workshop gerencial, vem a
queixa de falta de cooperação e de comprometimento. Me parece que a
cooperação e o comprometimento repousam sobre três pilares: a pactuação, a
comunicação e, por fim, a confiança que valida os dois outros.
POR QUE ASSUMIR O RISCO DA CONFIANÇA?
Porque não tem outro jeito. Estamos em situação de interdependência em relação
ao cliente que impõe uma pressão permanente e aos colegas, com os quais
precisa cooperar. O risco básico consiste em acreditar no que o outro diz para
poder tornar efetivas as respostas às perguntas feitas. Não se pode colocar como
exigência inicial a obrigação para o outro de conquistar minha confiança se eu não
estiver disposto a aceitar que eu deva conquistar a confiança dele, principalmente
se eu for o líder dele.
A relação de confiança constrói-se na circularidade e na reciprocidade porque
confiamos em quem confia em nós e aceitamos correr riscos com quem aceita
correr riscos conosco. Esse, talvez, seja o aspecto que as pessoas que exercem
uma responsabilidade na organização devem meditar. Não se pode esperar
indefinitamente pelo outro: alguém deve quebrar a lógica da exigência de garantia
sob pena de tornar impossível a convivência e a cooperação empresarial.
Existe uma alternativa? O controle? Podemos controlar a boa vontade das
pessoas que é a única alavanca possível de uma cooperação verdadeira? A
resposta parece ser não! Entram elementos que não podem deixar de ser
considerados: a liberdade presente nas escolhas humanas e a capacidade e
mascarar nossos comportamentos e nossas escolhas. Será que isso está
suficientemente contemplado nas análises e outros mapeamentos de resistências
que teimamos em imaginar?
CONSTRUINDO UMA DINÂMICA DE CONFIANÇA: PACTUAÇÃO E EMPATIA
A confiança, iniciada num ato gratuito, consolida-se nas ações que necessitam
interações fortes e através de desafios aceitos juntos e edificados sobre dois
alicerces: a pactuação e a empatia.
O fato de pactuar metas e objetivos comuns dá um conteúdo objetivo ao trabalho
que vai ser realizado.
É a partir desse conteúdo objetivo que poderão acontecer as revisões e as
avaliações de resultados. É a partir desse pacto que vai ser testada a boa fé e a
honestidade de todas as partes envolvidas. É claro que novas circunstancias
podem invalidar metas e objetivos já pactuados. Todas as partes devem ter a
paciência e a prudência para, então, refazer o pacto explicando claramente o
porque das mudanças.
Contudo, o que mata o processo de pactuação é a busca desenfreada de auto-
proteção que pode levar cada nível hierárquico a acrescentar o famoso “colchão
de segurança”, aumentando a meta e diminuindo o prazo. Esse processo perverso
acaba levando ao descrédito absoluto para o processo de planejamento que é o
alicerce fundamental do processo de construção de uma relação de confiança.
A empatia, não o consenso, é necessária à construção de uma dinâmica da
confiança. Na realidade empresarial atual, parece pouco razoável supor que todo o
processo de planejamento deva ser construído num processo de negociação
consensual que abranja todos os níveis organizacionais. Uma organização, porém,
deve perceber os limites do voluntarismo. O que significa voluntarismo? Impor
aos executivos o que eles devem fazer, sem procurar saber se eles têm os meios
organizacionais para tanto.
CONCLUINDO...
Confiar é a única alternativa para a possibilidade de uma relação organizacional
sadia. Essa afirmação simplesmente reconhece o risco inerente a qualquer relação
humana. O fato de depender da linguagem nos expõe constantemente à
possibilidade de ser causador ou vítima do mal-entendido e da mentira.
Reconhecer isso é assumir a responsabilidade da humildade e da honestidade.
Negar isso é negar nossa própria condição humana.
Professor Jean Bartoli