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    650ISSN: 1808-4281

    ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICOLOGIA, UERJ, RJ, ANO 10, N.3, P. 650-663, 3 QUADRIMESTRE DE 2010

    http://www.revispsi.uerj.br/v10n3/artigos/pdf/v10n3a02.pdf

    ARTIGOS

    A continuidade ps-separao: necessidades comuns

    aos ex-cnjuges e seus filhos

    The continuing post-separation: the common needs of ex-spouses and their children

    Sofia Dbora Levy*Doutoranda do Programa de Ps-Graduao em Histria das Cincias, Tecnologias eEpistemologia/COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, Rio deJaneiro, RJ, Brasil

    RESUMONo presente artigo, na interface das reas Clnica e Jurdica em Psicologia,pretendemos demonstrar que, apesar do advento da Lei do Divrcio nasociedade brasileira, com vias a oportunizar a desconstruo e reconstruode laos familiares mais construtivos, a destrutividade j ento presente nasrelaes entre os ex-cnjuges e seus filhos assumiu novas formas deviolncia. As graves conseqncias para todos os envolvidos urgem serabordadas, delineadas e cuidadas pelas reas da Psicologia e do Direito.Apresentamos contribuies no mbito da psicologia existencial, de modo aevidenciar algumas necessidades comuns aos indivduos como limiar parauma convivncia familiar construtiva.Palavras-chave: Ex-conjugalidade, Parentalidade, Violncia, Integridadepsquica.

    ABSTRACTThis article, in the interface of clinical and lawyer psychology, intend todemonstrate that, in spite of the income of the law of divorce, in order toallow the deconstruction and reconstruction of families, in a moreconstructive way, the destructivity, that had already been there, betweenex-husbands and ex-wives and their children, has assumed new forms ofviolence. The awful consequences to all of them must be urgently boarded,delineated and handled by Psychology and Law. Existential Psychologycontributions about human needs are presented as a threshold for a

    constructive familiar living together.Keywords:Ex-conjugality, Parenthood, Violence, Psycho integrity.

    Separao no deve ser sinnimo de destruioNas ltimas dcadas, temos observado e acompanhado um grandenmero de casais que , mesmo aps a separao, continuam a serelacionar de modo negativo, e por vezes at passam a se referir e atratar o ex-cnjuge de modo absolutamente destrutivo, assumindoposturas radicais de oposio, com requintes de perversidade

    (HIRIGOYEN, 2002), conforme amplamente demonstrado pela mdia.

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    ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICOLOGIA, UERJ, RJ, ANO 10, N.3, P. 650-663, 3 QUADRIMESTRE DE 2010

    http://www.revispsi.uerj.br/v10n3/artigos/pdf/v10n3a02.pdf

    Para alm de momentos extemporneos de raiva, cime, revolta,observamos um modelo socialmente estabelecido e aceito derivalidade, revanchismo, desrespeito integridade, descaso eabandono, supostamente justificvel pelo trmino da relao

    conjugal1.Frente dificuldade em continuar a viver recebendo a todo tempodeboche, distoro, dio, desamor de quem uma vez j fora o(a)companheiro(a) fsico, emocional, mental, questionamos: Por que nocontinuar a tratar bem? Por que preferir alimentar sentimentos eidias falsas sobre o outro sentimentos e idias que no existem nahistria factual vivida familiarmente?Notadamente aps o advento da Lei do Divrcio, ampliou-se anaturalidade com que tais comportamentos tm sido socialmenteaceitos. O divrcio passa a ter carter legal no Brasil em 26

    dezembro de 1977 (Lei 6.515) buscando trazer uma novapossibilidade de convivncia familiar sem atitudes desonrosas entreas partes (KOSOVSKI, 1983). Infelizmente, o que temos assistido que, com as separaes, tm aumentado ainda mais as condutasdesonrosas e a violao dos direitos humanos (RAJNEESH,[ca.1986]), dificultando a digna reconstruo da integridade de cadacnjuge e de sua prole.No presente trabalho, nosso intuito no nos determos naculpabilizao dos agentes causadores dos prejuzos psquicosadvindos dos tipos de violncia familiar de nossos dias. Buscamos,

    sim, evidenciar as trgicas leses psquicas que se instalamprejudicando o funcionamento e desenvolvimento cognitivo e afetivodos indivduos (em qualquer faixa etria) visando, atravs daconscientizao dos mesmos, um repensar dos comportamentosconjugais em especial ps-conjugais - e parentais, contribuindo,assim, para a melhoria na qualidade de vida e bem-estar individual esocial.

    Ex-Conjugalidade e ParentalidadeFormalmente, definiramos conjugalidade e parentalidade como o

    exerccio dos papis conjugais e parentais, respectivamente. Noentanto, isso pouco nos diz face s condies sociais em quevivemos: uma era em que a conjugalidade no mais estudada apartir de um nico modelo de famlia, e seus papis soreconfigurados diante das mais diversas demandas sociais (SARTI,1993). Com pais e mes trabalhando fora de casa, e com um nmerocrescente de casais separados, difcil e mltipla compreenso daparentalidade acrescentaramos a noo de ex-conjugalidade comouma condio necessria de ser enfocada para melhor apreendermosas possibilidades e dificuldades atuais nos relacionamentos de pais emes entre si, e estes com seus filhos - em comum e/ou de outrosrelacionamentos.

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    A ex-conjugalidade tem se expressado de diversas formas, das maisafveis e educadas formas de convivncia amigvel, at o extremooposto, com comportamentos agressivos criminosos - ilustrados pelamdia. Uma vez desfeito o modelo tradicional de famlia, as relaes

    conjugais e parentais tornaram-se mais vulnerveis s condiesmltiplas de afetividade e personalidade de cada um de seuscomponentes. No h uma uniformidade de tratamento postulada pormodelos sociais. Assim, torna-se necessrio um maior grau detolerncia de parte a parte para a manuteno de uma convivnciano-destrutiva. Pela dificuldade de reconstruo de identidade quecada separao implica, isso no tem sido uma tarefa fcil (BAUMAN,2005). Com isso, a superficialidade e os comportamentos destrutivostambm aparecem como formas de tratamento entre ex-cnjuges eat sendo socialmente aceitas e incorporadas cultura vigente.

    A parentalidade varia de acordo com a estrutura social vigente emdado momento histrico, com seus modelos sociais e educacionaispeculiares, e com valores que iro influenciar na estruturao dasrelaes entre pais e filhos. Em nossa sociedade atual, as relaesparentais assumem diversas formas de manifestao, pelamultiplicidade de modelos das famlias recasadas (BRITO, 2007).Enquanto a paternidade refere-se condio biolgica pela heranagentica transmitida na procriao, marcada pela consanginidade, aparentalidade, por sua vez, implica um conjunto de relaes, ligadas afiliao, numa conjugao complexa de fatores histricos,

    psicolgicos, sociais, afetivos, econmicos e jurdicos. Envolvevontade de aprender e de conviver com o outro (SILVA, 2004).As dificuldades no cumprimento das relaes de parentalidade soinmeras. No apenas pela sua complexidade, mas tambm pelasdiversas transformaes sociais que a sociedade contempornea temapresentado quanto s formas de estruturao bsica, ou seja,quanto s possveis formas de relao familiar, suas caractersticaspeculiares e conseqncias micro e macrossociais (FRES-CARNEIRO,1999).

    Assim, a criana, em seu desenvolvimento, constri eparentaliza seus pais, demandando-lhes uma constante auto-redefinio no tempo e na relao com o mundo e com osoutros.Por outro lado, a funo parental sofre a influncia decircunstncias diversas, entre as quais podemos citar: ahistria de vida de cada um dos pais, a sua relao com osprprios pais no passado e no presente, a percepo de simesma(o) como me/pai e como pessoa e a dinmica de suavida atual. (SILVA, 2004, p.9)

    Diante dessa complexidade, com a separao e suas conseqncias

    jurdicas, muitos adultos se vem mais inseguros, hoje em dia, para

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    exercerem papis parentais de forma equilibrada e satisfatria para sie para os filhos. Sentem o impacto das reestruturaes de identidadee de estruturas econmicas e as dificuldades parecem crescer cadavez mais. Diante de tantos conflitos, as emoes no canalizadas

    satisfatoriamente tendem a ser extravasadas sob forma de violncia(MAY, 1978).

    Formas de violncia

    O demnio desmembra a realidade, desmonta-a, acaba porreduzi-la a um punhado de peas isoladas. At a chega ele,sem tropeos maiores. Mas, no instante de unir, decongregar os laos que ligam ou religam os elementosdisjuntos, ento falha, de maneira grotesca. (PELLEGRINO,1989, p. 121)

    No mundo atual, a violncia tomou formas cada vez mais sutis emenos explcitas. No difcil reconhecermos uma violncia em suaforma explcita, seja verbal ou fsica. O mesmo j no acontece com aviolncia perversa. Nas ltimas dcadas, a psicanlise francesa vemse debruando sobre a violncia perversa, buscando preencher essalacuna de difcil nominao pela gravidade do quadro fsico epsicolgico conseqente das manipulaes ideativas, afetivas ehistricas. Segundo Marie-France Hirigoyen (2006), a violnciaperversa se caracteriza por uma hostilidade constante e insidiosa

    (p.67).A violncia perversa violncia em estado puro. Ela podeinfiltrar-se no esprito do outro, a fim de lev-lo a seautodestruir. Esse movimento mortfero prossegue mesmona ausncia daquele que o ps em marcha, e no pranunca. [...] Chega a ser contagioso e um risco dosgrandes: as vtimas ou as testemunhas podem comeartambm a transgredir, a perder seus referenciais.(HIRIGOYEN, 2006, p.68)

    Cunhada pela psicanalista Marie-France Cyr, na Bouderie (CYR, 2001)

    - em francs, amuo, enfado -, a arma o silncio. Nessa forma deviolncia perversa silenciosa, uma das partes se recusa tcita,contnua e absolutamente em dialogar com o outro envolvido nasituao. Na bouderie, a intersubjetividade negada. E, como atestao termo em francs, a atitude de quem est amuado, enfadado,desagradado frente situao. O desprezo, o descaso, a falta deinvestimento, interesse e pacincia esto presentes na atitude doagente, o boudeur.Concomitante a essa negao de dilogo com o outro, o boudeur,promovedor do silncio imposto, passa a ter comportamentos que

    denigrem seu alvo, falando sobre ele, mas nunca com ele. Calnias e

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    distores so, muitas vezes, relatadas a terceiros na forma deironias finas, e passam a compor a histria acerca da vtima,moldando um quadro no qual o boudeur, nessas suas narrativassobre si e sobre o outro, se imiscui de qualquer carter negativo de

    personalidade.Assim, o boudeur utiliza-se de estratgias indiretas de ao, de talmodo a proteger suas aes culposas, e com isso se defendendo deoutras possveis testemunhas e olhares crticos. Seu estado enfadadobusca ganhar apoio de terceiros por ele estar sendo incomodado pelooutro, a quem nega e contm silenciosamente. Projeta e imputa prpria vtima motivos que justificam sua diminuio. Busca angariara aquiescncia social quanto s suas aes e modos de interpretar osfatos por ele narrados. Nessa perspectiva, at a prpria existncia darelao chega a ser negada!

    A arma utilizada sempre no deixar a vtima ser ouvida, ter voz(CYR, 2001; HIRIGOYEN, 2002). Uma vez negado vtima o direitode se defender e argumentar, esta acaba implodindo em suas forasreativas e criativas, sufocando-se numa dinmica auto-destrutiva quelhe imposta.A negao, a indiferena dor do outro gerando uma capa dementira intermediria entre quem sente a dor e os que a cercam -sabedores dessa dor, mas no querendo se debruar sobre ela -negam vtima essa condio ao negar a sua dor. E negam a ela aoportunidade de se manter em contato consigo mesma, pois se h

    um lugar onde nos sabemos e nos identificamos conosco mesmos nas nossas emoes.Ao invs de apreender esta condio bsica do funcionamentohumano, as pessoas, nas mais diversas culturas, passaram a fazeruso de critrios racionalizados de julgamento acerca das emoesalheias e dos comportamentos a elas relacionados.A empatia no mais foi considerada em seu aspecto primordial para obom entendimento do indivduo consigo e com os outros.O estarrecimento da vtima frente impossibilidade de ter legitimadaa sua dor por quem quer que seja, a mantm na angstia mltipla: a

    do problema propriamente dito, acrescida da incompreenso e daimpossibilidade de sentir a dor pela cobrana de um comportamentodiferente frente mesma; e pela indiferena e descaso de quem asabe.Como podemos ultrapassar a dor quando ela negada, distorcida,debochada, minimizada por terceiros, e estes mesmos cobram davtima um comportamento natural e espontneo, como se nadativesse acontecido?... A vtima ainda muitas vezes culpabilizadacomo se quisesse, desejasse se manter na dor. A indiferena dosimplicados no problema, aliada indiferena dos outros que a cercam inclusive no mbito judicial , cria uma atmosfera quase de

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    inatingibilidade de sua dor e do problema do qual todos sosabedores! Nas palavras de Hirigoyen (2002):

    Quando as vtimas querem ajuda, comum que no sejam

    ouvidas. No raro analistas aconselharem as vtimas de umataque perverso a verificarem at que ponto elas prpriasforam responsveis pela agresso que sofreram.(HIRIGOYEN, 2002, p.14)

    Pela dificuldade do ser humano em entrar em contato com a dor desi e do outro - e com seu potencial destrutivo, distores einverdades sobre a histria individual e coletiva tornam-se lugarcomum. O quanto isso dificulta o apaziguamento entre as partes,apenas depois de muita dor, s vezes, reconhecido.

    A NormoseUm dos fatores mais alarmantes nesse vasto quadro de formas deviolncia a naturalidade com que tal destrutividade vem sendoaceita, introjetada e incorporada s nossas relaes sociais. Admite-se que estamos vivendo uma cultura individualista, mas que no hum mal to grande nisso. Haveria at conseqncias positivas, poisno se sofre mais por culpa como antes assim se diz amide.A infelicidade que cada um sabe dentro de si, ladeia com a fuga sreflexes profundas sobre o ser. A superficialidade e a cobrana deresultado aumentaram e so os parmetros vigentes entre todos.

    Perguntamos se o ser humano tem se dado conta de seu afastamentodo prprio saber de sua possibilidade de renovao sensvel e afetiva.H tempos, o psiclogo Roberto Shinyashiki (1991) vem alertandopara a necessidade de trocas pessoais com base no afeto, comonosso alimento bsico psicolgico. Pierre Weil (2003) chega a cunharo conceito de Normosepara designar a normalidade da patologia quenos assola scio-culturalmente, ou seja, a naturalidade com que aspessoas vm aceitando os maus-tratos sob a forma de violnciasilenciosa, assdio moral, desprezo, deboche... Na Frana, Lipovetsky(2005), na Filosofia, e Hirigoyen (2006), na Psicanlise, entre outros

    autores, desde a dcada de 90 vm dando destaque aos quadros deperverso de valores morais velados que assolam as relaes micro emacrossociais, buscando traduzir o que a maior parte das pessoasno consegue, seja por inacessibilidade a um parmetro maissaudvel, seja pela dificuldade de elaborao inerente ao desamparovivido internamente, que no sabe a quem e aonde gritar sua dor.A qualidade e intensidade da dor advinda do desprezo prpriapossibilidade de existir significativamente para o outro, promove umaauto-rejeio que mantm o indivduo enfraquecido e descrente,desejando, sem saber como, resgatar a motivao e a vontade de

    investir na vida.

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    Parar, e de braos cruzados, assistir impassvel a avalancheseguir, ao lu, negar o valor de cada um influindo nosdestinos da humanidade!Grande pecado a omisso. O SIM que no foi dado, equivalea um NO em altos brados. Um ponto positivo a menos.Viver, simplesmente por viver, indiferente aos outros e aomundo, sem opinar, sem deliberar, mais cmodo e maisfcil, mas no o certo.Omitir-se, se juntar aos que lutam contra.O omisso e o pessimista caminham de braos dados. Ele seomite porque no acredita nem em si, e nem nos outros. Nose julga com valor suficiente para fazer frente aos que lheso contrrios. Por isso cruza os braos e deixa o barcocorrer, sua prpria sorte. Com o risco de naufragaremtodos.Se a responsabilidade est em cada um, longe o ceticismo e

    a omisso. (STELLA, 1976, p. 104)

    Prejuzos integridade psquicaA perspectiva existencial em Psicologia compreende o ser em suacapacidade de se aperceber e se conscientizar de seus pensamentose de suas emoes, enfocando o ser humano numa perspectivaontolgica (LEVY, 1996). O entendimento da dinmica psicolgica doindivduo na esfera dos trs mundos Umwelt (mundo natural), Mitwelt(mundo social) e Eigenwelt (mundo individual), a referncia daPsicologia Existencial. O ser humano vive simultaneamente os trs

    mundos e apresenta trs modos simultneos de ser no mundo (MAY,1991).Se o indivduo impedido de se manifestar em um deles, os outrosdois so diretamente afetados. Portanto, a Psicologia Existencialprope que o indivduo tome conscincia das implicaes de suasaes nesses trs nveis, pois a reside o senso de responsabilidadealiado capacidade que cada um tem de se fazer frente a si, aosoutros e ao mundo ao redor.O Umwelt o mundo natural, que todos os organismos possuem,uma vez que da ordem das necessidades biolgicas, dos ciclos

    naturais de nascer e morrer, dormir e acordar. O Mitwelt o mundodos relacionamentos entre os seres humanos. Aqui, os mecanismosde ajustamento e adaptao do Umwelt no satisfazem asnecessidades do indivduo. No se trata de se adaptar, mas de cadaindivduo se perceber em suas relaes interpessoais, nas quais asdinmicas que lhes so prprias evidenciam a necessidade detransformao recproca de todas as partes envolvidas, como ilustraRollo May:

    Se eu insisto para que outra pessoa ajuste-se a mim, no aestarei tomando como pessoa, mas como instrumento; e,

    mesmo que eu me ajuste a mim prprio, estarei usando a

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    mim mesmo como objeto. [...] A essncia do relacionamento que no contato ambas as pessoas apresentem umamudana. (MAY, 1991, p. 141)

    O Eigenwelt, exclusivo dos seres humanos, pressupeautoconscincia e onde o homem pode pensar a si, aos outros e aomundo ao redor, e aperceber-se da singularidade da construodesse entendimento. onde o indivduo ir conhecer-se em suacondio original de como v e vive nestes trs mundos.Sendo capaz de compreender e se aceitar frente s suaspotencialidades e limitaes (Eigenwelt), o homem tambm passa aser capaz de compreender as potencialidades e limitaes dos outros(Mitwelt). A aceitao de sua condio inacabada e dinmica propiciauma postura mais humilde frente ao outro, uma vez que no h umaverdade ou um entendimento absoluto da condio humana.Conseqentemente, o respeito existncia e s verdades do outro um exerccio passvel de ser constantemente realizado para umamelhor compreenso e alocao de si e dos outros no entendimentoda realidade.Segundo Maslow (1974), um modo de entendimento do ser humanose d exatamente penetrando na Weltanschauung(viso de mundo)do outro, isto , buscando ver o seu mundo atravs de seus olhos(p.62).Acrescentaramos, continuando este processo de reflexo, que oindivduo capaz de se aperceber do quanto a sua Weltanschauungse modifica a partir do entendimento do outro. nas trocas doMitweltque o indivduo se apercebe em seu Eigenwelte com isso seapresenta ao Umwelt.Infelizmente, toda essa bela apreenso da dinmica psquica do serhumano fica prejudicada em seu funcionamento bsico quando asrelaes parentais e conjugais (notadamente as ex-conjugais) sonegadas em suas possibilidades positivas de manifestao. Oconjunto de feedbacks mutuamente necessrios deixa de existirquando os contatos so negados de forma absoluta, como nos casosde abandono, negativas de dilogo, de encontro, de toque. A

    localizao bsica consciente do indivduo frente aos trs mundos ficalbil pela falta de trocas que reafirmem a identidade essencial doindivduo (self), prejudicando o desenvolvimento de suapersonalidade. Conseqentemente, as capacidades afetivas ecognitivas ficam prejudicadas, podendo, inclusive, regredir, no casodos adultos, e ter seu desenvolvimento pleno no realizado, no casode crianas e jovens em idade de maturao e desenvolvimento fsicoe psquico.Os processos mente-corpo so todos co-dependentes das condiess quais o indivduo se encontra inserido, tanto no Umwelt, quanto no

    Mitwelt. Qualquer separao traz mudanas na organizao da vida

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    dos membros da famlia. O esforo para que essas mudanas seprocessem com menos prejuzos na capacidade de cada um seentender nos novos contextos deve ser mister em cada um dosmesmos.

    Aps a separao, as histrias de vida tanto dos pais quanto dosfilhos continuam dentro de uma nova organizao. O combate descontinuidade de contato fundamental para que cada um possase acompanhar em seus possveis reposicionamentos os quais aquipropomos que sejam pautados sem se perder de vista no que tm demelhor em cada indivduo e em cada relao. Fundamental orespeito de cada parte s possibilidades positivas de relao entrecada subgrupo dos membros da famlia original. No destruir o quese sabe positivo na relao dos outros que lhes so prximos, aindaque numa reconfigurao que os distancie mais habitacionalmente.

    A reconstruo da identidade individual se faz necessria com oacompanhamento histrico de cada indivduo consigo e frente aosque o cercam. O retorno do outro, compartilhando as etapas dessatransio, propiciam acomodaes gradativas em que se torna maisfcil aceitar e compreender aos outros e a si nas novas condies.Tanto os pais quanto os filhos passam a precisar uns dos outros aindamais, no sentido de poderem reconfirmar, a cada momento, seuvalor, sua pertencena e sua importncia na vida uns dos outros.Sem o acompanhamento histrico mtuo, em suas significaesindividuais e biunvocas, o indivduo fica cindido de si e dos outros, o

    que gera um quadro de angstia permanente, recheada de dor etristeza de difcil nominao pois seus contedos se encontram abaixodo patamar mnimo de referncia bsica de humanidade em suascondies ontolgicas. como se o indivduo tivesse de evidenciar enominar seu no-ser, impedido de ter sua vida historicamenterealizada, confirmada e registrada pelo outro com quem compartilhaessa mesma realidade histrica na qual se sabe ou se saberiaexistindo, se assim lhe fosse permitido ser reconhecido tranqila eespontaneamente.Se cada um se sabe em condies de poder colaborar na difcil

    transio, no lhe cabe recriar situaes sabidamente destrutivas eprejudiciais, seja por inabilidade em lidar com a prpria dor, com asprprias dificuldades inerentes separao e reconfigurao doslaos conjugais e parentais, ou por um modismo cultural que, frentea essas mesmas dificuldades individuais, recrudesceu emjustificativas que, ao invs de solucion-las, apenas as reforou,contribuindo para uma sociedade contempornea adoecida pela faltade afetividade.Urge a reviso frente ao legado transmitido para as futuras geraes,cada vez mais carentes e buscando, sem saber como, retomar umbem-estar bsico na condio de ser vivente. A necessidadepermanece em aberto, at que possa reencontrar seus elos de

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    continuidade especficos junto queles com quem compartilha dessasmesmas quebras de continuidade. Tal a condio humana de buscade equilibrao de suas condies existenciais e significativas para sesentir vivo.

    O demnio espertssimo como se a esperteza pudesse tera ltima palavra. Ele falsifica, engana, semeia a ciznia,apunhala o dilogo, promove a desagregao de tudo. Mastudo, teimosamente, se interliga se religa -, os dedos setocam, as mos se entrelaam, os braos se abraam, oscorpos se unem, matria atrai matria. Nesse jogo, odemnio perde a guerra. (PELLEGRINO, 1989, p. 123-124)

    O aporte ao Direito e PsicologiaNa interface da Psicologia e do Direito, trazemos um outro problema

    tona: o estudo das partes - advogados de cada parte, ru,requerente, peritos, assistentes tcnicos,... que se formam eaprendem a construir a apresentao de dados organizados de acordocom os critrios institudos pelo frum do Direito, nos quais acomplexidade relacional deve se enquadrar de modo a manter aformalizao da apresentao e compreenso regular dos diversoscasos em Vara de Famlia (RAMOS, 1994). Psicologia Jurdica caberia, dentre outras sugestes e intentos,buscar ampliar cada vez mais o dilogo com profissionais da rea doDireito, com vistas sua aproximao da realidade atualizada, num

    esforo de superao de termos e conceitos arraigados epreconceituosos, que dificultam o alcance da verdade histricacomum s partes. Um exemplo estaria na importncia de seaveriguar a origem, o incio do litgio, colaborando, assim, para quese possa identificar a inteno original de cada parte atribuio dopsiclogo inserido no Tribunal de Justia. Isso porque, uma armaamide utilizada nos jogos judiciais, dentre outras tantas, aculpabilizao do outro, denegrindo-o, como tentativa de se ver e servisto como bom. Nesses jogos, em conformidade com asformalidades de apresentao e atuao no mbito do Direito, abusca da verdade histrica tem cedido espao melhor articulao deconvencimento.Alertamos para esse enrijecimento acerca do comportamento entreas partes, notadamente ex-cnjuges, que passa a ser cobrado nasdisputas nos tribunais; de tal artificialismo que a espontaneidadeque havia na convivncia fica perdida em lugar de olharesnecessariamente contrrios e rivalizantes acerca de comportamentostidos por anos como aceitveis, com o nico intuito de ganhar umadisputa, em especial referente s necessidades do cumprimento dasprerrogativas estabelecidas pelo Estatuto da Criana e do Adolescentequanto ao bem-estar, formao e cuidados para com o menor ECA,

    Lei Federal no 8069/90 de 13/07/1990 (BRASIL, 2003). Conviver

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    ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICOLOGIA, UERJ, RJ, ANO 10, N.3, P. 650-663, 3 QUADRIMESTRE DE 2010

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    cede lugar a competir. Mas nesse caso, todos perdem - a no ser oorgulho, a vaidade e o egosmo, que insistem em se manter na falsaalimentao imagstica, que esconde dores e incompreenses,rotuladas erroneamente de fraquezas.

    Ao demnio impossvel unir o que quer que seja, pois lhefalta bondade. O amor, segundo Dante, a fora que move osol e as estrelas. A conjuno dos seres humanos, tantoquanto a dos astros na harmonia das esferas, fruto deEros. Eros conjuga, configura, complexifica, totaliza. Se aunio faz a fora, Eros forte e o demnio, fraco. Ainteligncia verdadeira ertica, se fundamenta no amor. Abondade, fora de qualquer dvida, a forma superior deinteligncia. Se pretendo conhecer um objeto, necessrioque me abra para ele, para que no espao da abertura quelhe ofereo possa advir sua desocultao. O surgimento da

    verdade do objeto que quero conhecer conseqnciado amor pelo qual con-sinto em sua existncia. isto que o demnio, em escala absoluta, no sabefazer. Ele funda, portanto, o lugar do desconhecimentomximo da mxima mentira. A verdade relao,enredamento, tecido de pertinncias que seentretecem. S me conheo na exata proporo emque esteja constitutivamente referido a um par queno sou eu. O demnio est condenado, por toda aeternidade, a no ter relao com quem quer que seja.Ele infinitamente isolado, pncaro de solido quesequer se reconhece como tal: o sentimento da prpria

    solido j uma nostalgia uma aragem doPrximo. (PELLEGRINO, 1989, p. 122- grifo nosso)

    A Justia fica comprometida, sujeita perspiccia de juzes epromotores, tambm estes inseridos no mesmo conjunto de normasarraigadas e enrijecidas. Difcil se torna, para os ex-cnjuges e paraos filhos, obterem ajuda eficaz da Justia, de modo a se resgataremem qualidades mnimas de bons tratos, diminuindo a maledicnciacorrosiva das relaes. Nesse estado atual, a atuao na esferajurdica ainda tem se dado mais no incremento das competies doque nas cooperaes.

    ConclusoA partir de sua implementao, o Estatuto da Criana e doAdolescente ECA - trouxe um grande avano para o trato junto aomenor de idade ao delinear uma srie de cuidados fsicos epsicolgicos necessrios para o seu desenvolvimento timo.Concordamos que esta seja uma sada bsica emergencial a serintentada. Mas o cumprimento dessas condies propostas dependeda ao de cada pai e cada me para o seu cumprimento. E apenasmantendo-se a viso de bem-querer e no de revanchismo no que

    tange relao dos ex-cnjuges que poderemos reestruturar

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    positivamente a parentalidade, realizando de fato e viabilizando osmoldes postulados pelo ECA.Conforme assinalado por Marlia Lobo Ribeiro (1999),acrescentaramos que, alm da importncia da boa convivncia entre

    ambos os ex-cnjuges para com os filhos aps a separao, nossasociedade deveria postular tambm a manuteno da necessidade deboa convivncia e zelo entre os ex-cnjuges tambm.O bem-estar de um ex-cnjuge para com o outro, mesmo aps aseparao, deveria ser estimulado em nossa base educacional, morale tica, posto que so duas pessoas que conhecem bem uma outrae que a anulao de uma prtica de vida em que no sejamconsiderados e contemplados esses conhecimentos mtuos causacortes e descontinuidades na capacidade e possibilidade dereorganizao em cada cnjuge quanto ao sentido histrico, vivencial

    e existencial de suas histrias de vida em comum e em separado(suas identidades antes, durante e depois do casamento).Esta dificuldade criada e mantida um dos fatores tensionantes queacabam por dificultar tambm o olhar compreensivo sobre os filhos,criando e mantendo neles cises em relao a si mesmos e a cadaum dos pais. A fluncia afetiva e a expresso espontnea ficamcomprometidas nos trs mundos configurados pela PsicologiaExistencial Eigenwelt, Mitwelt e Umwelt (MAY, 1991)-, em funodas fraturas nessas relaes de base.Tanto a parentalidade quanto a ex-conjugalidade devem ser

    revisitadas, clarificando a dinmica entre essas duas condies scio-familiares e suas implicaes quanto aos descuidos ouaprimoramentos delas advindos.

    A sua maneira de ser s sua e voc pode decidir de ummodo mpar, em relao ao todo.Mas, embora nicos, no vivemos separados.Fazemos parte de um bloco, uma gigantesca engrenagem,que depende de cada um, isoladamente.H uma ligao constante e permanente, de cada um com otodo.O mundo, a humanidade, dependem da minha deciso, da

    sua ao, do meu esprito, da sua inteligncia, do meuotimismo, da sua compreenso, do seu amor.Se voc se esquivar, se voc negar a sua parte, haver umalacuna e ningum poder preench-la. (STELLA, 1976, p. 13-14)

    A mudana de valores nos indivduos formadores de uma sociedade lenta e descontnua, pelos prprios embates entre as partesenvolvidas na desconstruo e reconstruo de suas novasestruturas. O que sugerimos, nos moldes promovidos pela relaoemptica no reconhecimento da integralidade do outro (BUBER,

    1977), que no se percam de vista os limites bsicos de respeito

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    tico para que a prpria condio de sobrevivncia de ex-cnjuges ede seus descendentes possam se dar de modo menos destrutivo, apartir da conscientizao de necessidades bsicas comuns a todos osseres humanos, em seus aspectos fsicos, psquicos, afetivos, visando

    o bem-estar e a sade integral.

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    Endereo para correspondnciaSofia Dbora LevyPrograma de Ps Graduao em Histria das Cincias das Tcnicas e Epistemologia HCTE, Centro de Tecnologia/UFRJ, Avenida Athos da Silveira Ramos , 149, BlocoA, 7 andar, CEP 21941-909, Cidade Universitria, Ilha do Fundo, Rio de Janeiro RJ, BrasilEndereo eletrnico: [email protected]

    Recebido em: 30/09/2008Aceito para publicao em: 30/04/2010Acompanhamento do processo editorial: Eleonra Torres Prestrelo

    Notas*Psicloga Clnica, Membro da Sociedade Brasileira de Vitimologia SBV, Mestreem Psicologia/UFRJ/1996, Curso de Extenso em Psicologia Jurdica IBH/2008,Autora (Org.) de Atrs de minhas pegadas (Garamond, 2006) e Sobre Viver(Relume-Dumar, 2006).1No presente artigo consideramos cnjuges o casal que mantem relao estvelem cohabitao, tendo ou no o registro civil de certido de casamento.