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gJ4c EXCLUSIVO

ESCAJJlNILAs Mais um cidadão • s • •••••4

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Mesta Ediçíih Daúde Bagabalô Bob Mariey * Speech

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Este número do Afro Reggae Notícias, o primeiro do Ano 7 de existência do jornal, traz

na capa uma matéria polêmica. De- pois de cumprir pena de 15 anos de reclusão, José Carlos dos Reis Encina, popularmente conhecido como Escadinha, afirma querer lar- gar a vida do crime e tornar-se um cidadão - mais um cidadão José!

Para tanto, compôs uma série de raps, que foram gravados por nomes importantes do hip-hop na- cional, como G.O.G., Thaíde e MV Bill, pra citar só alguns. (Há ainda a participação dos Racionais, com a música O homem na estrada, que, diz-se, motivou a opção de Escadinha pela linguagem do rap.)

Coincidentemente, a semana em que saiu este número do ARN (a

Ficamos revoltados com a orga- nização do show do dia três de de- zembro passado com os irmãos jamaicanos do grupo Israel Vibration na casa de shows Bedrock, em Niterói, Rio de Janei- ro. Houve muito desrespeito ã ban- da. Os responsáveis, ditos organizadores da desorganizada festa, ofereceram um som de pés- sima qualidade, além de péssimas condições de recepção aos compo- nentes da banda. Isto mostra que representantes da economia capi- talista da Babilônia, que dominam todo o mercado reggae do Brasil, desconhecem e não dão importân- cia à mensagem do reggae. Nós, que procuramos a verdade, não pode- mos nos calar. Por tudo isso deve- mos combater estas farsas e far- santes. Por Jah! Não podemos ser sugados pelo dragão da Babilônia. Núcleo Cultural Rasta Brasileiro

Sana-RJ

0 que eu percebi no jornal é que vocês abordam muito o hip- hop. É isso aí, isso demonstra que

DIQSRIAL última de fevereiro), foi também a se- mana em que a imprensa deu largo destaque à história envolvendo o narcotraficante Marcinho VP e o cine- asta João Moreira Salles. A princípio, o bandido (como prefere ser chama- do, segundo matéria de O Globo, 27/ 02/00) queria largar o crime, e o documentarista quis apoiá-lo, finan- ciando-o com uma bolsa de aproxi- madamente R$ 1.200,00.

Escadinha cumpriu 15 anos de pena, lançou um CD de rap e, segun- do suas palavras nesse CD, quer tro- car a paz de um fuzil pela guerra de um microfone. Muita gente não leva fé, é o direito de cada um. Marcinho VP, também quer se regenerar e es- crever um livro, mas não fez ainda nem um nem outro e, principalmen- te, não ajustou contas com a Justiça

AFRO REGGAE • Ns 38 • MARÇO ■ 2000

o H2 tem força e chegou pra re- presentar o povo das periferias, pode crê. Paz e fiquem com Deus.

Reação da Periferia João Pessoa - PB

Conheci o Jornal a partir da edição no 36, ao passar numa loja de artigos de reggae no centro de São Paulo. Gostei muito do con- teúdo do jornal. Como sou fanáti- co por reggae roots, gostaria de ver mais reportagens, principal- mente sobre o reggae no maranhão, que além da Tribo de Jah, tem excelentes bandas que tocam o ritmo roots. Se possível gostaria de receber as próximas edições do ARN em minha casa. Desde Jah muito obrigado. Conti- nuem assim!

Cleiton Devesa Mendes Carapicuiba-SP

Obrigado Cleiton, nossa inten- ção éJustamente fazer mais e me- lhores matérias de reggae, não só do Maranhão, mas de todo o Bra- sil. Ah, e a partir de agora, o seu

0 Afro Reggae Notícias é uma das atividades promovidas pela Entidade Grupo Cultural Afro Reggae, que desenvolve trabalhos sociais nas comunidades de Vigário Geral e Morro Cantagalo e Cidade de Deus en- tre elas os de resgate da cidadania através da música, apoio pedagócio e de saúde. Para quem estiver interessado em contribuir financeiramen- te com o GCAR; Banco do Brasil Ag. 0288-7, C/C 62727-5,

(assim, com J maiúsculo). Nós, aqui no Afro Reggae, não

formamos nenhuma opinião sobre o movimento de um ou de outro. Mas acreditamos que, para que a Justiça seja feita, é preciso que am- bos tenham oportunidade de dizer o que pensam, e a sociedade a de acreditar ou duvidar, mas é preci- so ouvi-los. Esse é o sentido desta matéria, vamos ouvir o que José Carlos dos Reis Encina tem a dizer, ele é um homem na estrada, como no rap dos Racionais: O homem na estrada, recomeça sua vida, sua fi- nalidade: a sua liberdade, que foi perdida, subtraída. E quer provar que realmente mudou, que se re- cuperou, e quer viver em paz, não olhar para trás, dizer ao crime nunca mais.

ARN tá garantido.

Saudações... Meu nome é Sidney B. de Aguiar, vulgo "Ney", tenho 22 anos de idade, moro no estado do Amazonas, mais preci- samente na periferia de Manaus. Paço o curso de história da Uni- versidade do Amazonas e sou o diretor de imprensa do CACHA (Centro Movimento Hip-hop Manaus) desde 1994. Quero rece- ber o Afro Reggae Notícias e di- vulgar a cultura negra na acade- mia, na comunidade e na socieda- de manauara. Pode crê!

Sidney B. de Aguiar Manaus-AM

Valeu pela força, Ney. Pode dei- xar que a próxima edição você já vai receber em casa. Um abraço.

CORRETOR PROFISSIONAL M SEGUROS

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Telefax: (02l) 537-9889

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GCAR • Grupo Cultural AFRO REGGAE

Coordenador Executivo: José Júnior Tesoureiro: Plácido Pascoal Coordenação de Promoção e Eventos: Luiz Lopes (Tekko Rastafari) Coordenadora Social: Márcia Florêncio Coordenador do Núcleo Cantagalo: Sérgio Henrique Coordenador de Saúde: José Marmo Coordenador do C. Cultural: Anderson Sá Consultor Administrativo; Romário dos Santos Coordenador de Comunicação: Ecio de Salles Diretoria: Megan Mylan, Mònica Cavalcanti, Plácido Pascoal e Waly Salomão Conselho Consultivo: Enza Bozetti, Jane Galvão, João Costa Batista, Lorenzo Zanetti, Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana, Moema Valarelli e Victor Valia

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N 1 I ANO VII • N0 38 • MARÇO DE 2000 Uma publicação bimestral do GCAR Jorn. Responsável: Monica Cavalcanti (MTb. 17.889) Jornalista: Leonardo Lichote Garcia da Silva Revisão: Paula Lacerda Pinto Edição de Arte e capa: Luís Henrique Nas- cimento (21 223 1233 e 9662-4698) Capa desta edição (foto): lerê Ferreira Fotografia: lerê Ferreira e Sérgio Henrique Colaboradores: Oswaldo Guilherme, Jânio Carvalho(BA), DJ TR, Mariano Ramalho, Def Yuri, Kabeça, Makandal, Ras Adauto, Djalma (Delfa/SP), Athayde Motta, Rosana Heringer, Márcio Libar, Roberto Moura, Binho, Guto Assist. de Produção ARPA: Márcio Marques Agente Administrativo: Altair Martins Escriturário: Bráulio R. M. Nunes Tiragem: 15.000 exemplares Impressão: Jornal dos Sports Centro Cultural Afro Reggae Vigário Legal Ag. de Projeto: Luís Gustavo, Edilso Maceió,Carlos Eduardo, Anderson Elias, Vítor Onofre, Jacson Inácio. Instrutores: Capoeira: Apache e Lápis; Dança: Charles Júnior e Michele Costa;Percussão: Paulo "Negueba"; Futebol: Branco e Farinha; Grafite: Márcio Alexandre Bella F. da Silva Cantagalo Circo do Mundo - Instrutora: Ana Carolina N. Corrêa Agentes de Projeto: Ana Carolina D. de Oliveira e Carolina Machado de Senna Programa Baticum: R.C.Jekko Rastafari, Guapi Góis, Gisele Sobral e Viviane Motta Agradecimentos: COINTER/UERJ, CTEUERJ, ABIA (Jane Galvão), Associação de Moradores de Vigário Geral {Seu Lins e Renato), CEM João Goulart, FASE/SAAR Fundação Ford, ÍBISS (Nanko Van Buuren), M.W. Barroso Sede: Rua Senador Dantas, 117/1233 - Centro -Rio de Janeiro-RJ-CEP 20031-201-TeiyFax: (021) 220 7804-e:mail: [email protected] - home page: www.afroreggae.org.br

0 JORNAL AFRO REGGAE NOTÍCIAS é uma publicação do GRUPO CULTURAL AFRO REGGAE (GCAR) e não se responsabiliza pelas alterações de última hora nos horários e endereços fornecidos pelos organizadores de eventos e empresas citadas. As matérias assinadas são de total responsabilidade de seus autores.

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AFRO REGGAE ■ Ng38 • MARÇO • 2000

Divulgação

ctDcLLO Um reggae que vem da

fonte, mas que não se

fecha para outros sons,

como rock, MPB e o que

mais vier: é assim que a

Bagabalô define a sua

música. Em Niterói,

onde a banda nasceu,

ela já é uma referência.

Mario Seixas, Fábio

Muniz, Marcelo mmm^mm

Nestler e

Marcelo

Brandão querem agora

voar mais alto.

Para isso,

trabalham na

divulgação do CD

"Reggae sem fronteiras". Nesse papo, o vocalista

Mário e o baterista

Fábio falam do CD, do

preconceito da grande

mídia contra o reggae,

de conscientização e por aí vai. Confira!

Mas o reggae não é só protesto,

você pode falar de amor,

de outras coisas. O

reggae é vida.

ARN - Como surgiu a Bagabalô? Mario - A gente fazia um som sem com- promisso, que era a banda Palha de Mi- lho. A gente mudou de nome porque já havia uma banda em Niterói chamada Palha de Milho. Acabou surgindo o Bagabalô, em 96, com a entrada do Marcelo Nestler. O nome é bem sonoro, bem alegre, e traduz a festa que a nossa galera, o pessoal que estava junto com a gente, participava, mesmo não sendo da banda. Fábio - O lance com o Marcelo Nestler foi engraçado. O primeiro ensaio dele foi quando o nosso guitarrista faltou. A gente estava no estúdio dele e resolve- mos chamar ele pra tocar com a gente.

Ele não tocava reggae, w^^—HÊm nunca tinha tocado, a praia

dele era mais rock. Naque- le dia a gente achou o som dele meio estranho. A gen- te não estava acostumado, mas gostamos. Aí nós cha- mamos ele. O cruzamento das experiências foi bem legal pra banda. Hoje ele é um dos compositores mais presentes da banda.

^" ARN - Vocês sentem algum preconceito com

relação ao reggae? M - A mídia e algumas casas de show têm um certo preconceito contra o reggae, por causa de toda a filosofia que o reggae traz - até mesmo o uso da maconha. Por ser também um ritmo popular, e não elitista. Ele vem do povo. Mas o reggae pode chegar na mídia, como provaram os Nativus - hoje Natiruts. Ele tem muito a ver com a cul- tura do nosso país, com a nossa música. O maior preconceito vem daí, do fato de ser do povo. Além, claro, do fato de falar a verdade, as coisas que incomo- dam os governantes, que querem conti- nuar promovendo a ignorância do povo.

Da esquerda para a direita: Marcelo Brandão, Marcelo Nestler, Mario Seixas e Fábio Muniz

ARN - Vocês acreditam que o reggae tem esse compromisso de informar o povo? F - Parte dele. O reggae não é só pro- testo. Mas é fundamental a gente falar do que está rolando por aí. O ritmo é legal, faz dançar, mas as pessoas têm que estar ligadas nas letras. Mas o reggae não é só protesto, você pode falar de amor, de outras coisas. O reggae é vida. M - Eu, particularmente, acredito que deve haver essa onda de protesto, sim. Mas há vários tipos de reggae. Lá no Maranhão a gente viu até reggae na bo- quinha da garrafa. Eu acho isso contra- ditório. Você vê o próprio ritmo que alerta para a conscientização servindo para te alienar.

ARN - Como foi a receptividade no Maranhão? M - Foi legal. A gente chegou a partici- par de um festival de reggae em Alcântara, uma cidade vizinha a São Luís. A gente foi pra tentar abrir as por- tas lá. Embora a gente não tenha sido classificado para a final do festival, as pessoas gostaram muito do nosso som. A gente tocou em São Luís também, num bar, num trio elétrico...

ARN - Como foi que aconteceu o CD? M - A gente já fazia shows em Niterói, já era relativamente conhecido, as pessoas cantavam nossas músicas. E a gente não tinha grana para bancar o CD. Tentamos a Secretaria de Cultura de Niterói e os ca- ras pediram pra gente aguardar. Passou um tempo e o nosso projeto foi aprova- do. A Prefeitura tem esse selo, o Niterói Discos, que dá 1000 cópias para o artista trabalhar, fazer a divulgação e a distribui- ção. Nós fomos a primeira banda de reggae a gravar pelo Niterói Discos. É um selo bem diversificado, que grava desde músi- ca erudita até música evangélica.

ARN - Como vocês definem a identidade de vocês no cenário reggae? F - Acho que ela vem dessa união que nós quatro conseguimos formar. Isso não é só por causa da música, é outra coisa. É amizade. A gente vive como uma famí- lia. Apesar de não sermos irmãos de san- gue, somos irmãos mesmo. Musicalmen- te, o que nos define é o reggae, sempre procurando misturar com outros estilos, como o rock e, mais recentemente, o jazz, além dos ritmos brasileiros. A música bra- sileira é a mais rica do mundo. Contatos para show: (021)717-3216 (Mario) ou 711-1496 (Marcelo)

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AFRO REGGAE • Na 38 • MARÇO • 2000

A C 0RD A Dj T.R.

Após a forte

repercussão da matéria

anterior (Acorda Hip-

Hopf), muitos leitores me sugeriram abordar

outros aspectos também

comuns e que, de certo

modo, nos permitem

questionar a postura do movimento no Brasil.

A meu ver, é muito bom

que estejam sendo

desencadeadas essas

discussões internas,

pois um movimento que

não se auto-avalia e

não busca a sua

correção, se toma

contraditório e acaba desmoronando.

Grupos vs. Bandas:

Sabemos que a marca registra- da do rap é o DJ aliado ao MC, formando o que conhecemos como grupo de rap. Mas isso não quer dizer que todos os artistas devam seguir essa formação ao pé-da-letra. O rap precisa estar evoluindo constantemente de acordo com o mundo, e se for- mar uma banda é o resultado dessa evolução, qual o problema?

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AFRO REGGAE • Na 38 ■ MARÇO • 2000

EIPH0P i CParteII

O mais curioso é perceber que quando um rapper dos EUA faz o seu trabalho apoiado numa banda, os daqui não falam nada. Muito pelo contrário, rendem a maior homenagem. Então quem tiver condições de formar uma banda, que forme. Todos têm o livre-arbítrio para fazer o que quiser. Quem deve decidir essa partida é o público que tanto pre- cisa da mensagem do rap, e não os grupos.

Identidade do rap carioca

Alguns artistas cariocas tendem a «MMMBM

anunciar na mídia que o estilo do rap carioca é diferente do de outros esta- dos. E que a nova geração do Rio está mais preocu- pada com as rimas mÊm—Ê^m—m improvisadas e com as festas. Ten- dem também a dizer que o favelado carioca é feliz e que o estilo mais radical faz a situação parecer trágica. Estar sorrindo não significa estar feliz. Ninguém pode ser feliz ganhando 136 re- ais, morando em condições pre- cárias, sendo perseguido pela polícia, sofrendo o racismo e passando fome. O que está acon- tecendo é que a maioria dos rappers cariocas não são oriun- dos das favelas e talvez seja esse o motivo da afirmação contrária a outros estados. Mas quem mora dentro do caos se sente na obri

Estar na TV sendo você mesmo é

estar colocando a mídia para

trabalhar para você. Mas tem que

ser inteligente.

composto por estilos variados, não seguindo apenas uma linha de pensamento.

O rap na mídia:

Muitos rappers sustentam a idéia de que o grupo que apare- ce nos canais de TV acaba se vendendo. Mas será que isso faz da MTV um canal diferente dos outros? Reflita comigo: quantos apresentadores negros a MTV tem? Qual é a moral que a músi- ca negra tem durante a progra- mação diária? Quais são os ho-

rários do Yo/MTV Rapt Estar na te- levisão sendo você mesmo é es- tar falando para milhões a realida- de de suas vidas ao mesmo tempo. É estar colocando a mídia para tra- balhar para você.

Mas tem que ser inteligente.

O hip-hop e sua ação social:

De todas as três modalidades do hip-hop, o rap é o que mais aborda as questões sociais. Mas será que os rappers realizam algo de concreto nas suas respectivas comunidades ou estão apenas preocupados com o sucesso, com a gravação de um CD?

"Primeiro: somos homens. Se- gundo: somos negros. Depois, somos artistas e podemos atrair a comunidade para o nosso lado. Mas alguém tem de ser

gação de cantar a verdade e isso capaz de falar pelas pessoas, acaba provando que o rap é pois a cultura vem delas e den-

tro da cultura está a criatividade colocá-lo acima de nossa impor- do rap e do hip-hop. Às vezes, tância como povo, que é de vemos a colocação que damos onde ele vem." ao hip-hop. Não podemos (ChuckD/PublicEnemy)

Em breve, campeonato de DJ's

Anônimos 2000, no Rio de Janeiro.

Aguarde!

Y LIST - BY DJ 1. Xis-Us manos as minas

MVBILL-Soldado do Morro Edi Rock - Não seja mais um pilantra

4. Facção Central - Versos Sangrentos 5. Face da Morte - Televisão 6. Xis - A fuga

7. Veredito do Gueto - Muito prazer (RJ.) 8. R.E.R - Só se for capaz (RJ.)

9. DMAI - H. AGO

10. Tribunal Popular- Legítima defesa

<^\

Você que possui seu trabalho demo e quer divulgar em nosso Play List e nos bailes black do Rio de Janeiro, favor enviar CD ou MD para a redação do ARN, aos cuidados de DJ "A" e DJ TR.

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Bob Marley em exposição

AFRO REGGAE • N2 38 • MARÇO • 2000

Mariano Ramalho

O rei do reggae Bob Marley está mais vivo do que nunca. Provavelmente um dos mais importantes artistas de nosso século, ele conseguiu se transformar num superstar, modificando a história da música pop internacional e a consciência de muita gente nos quatro cantos do planeta.

MT

Eo que mostra a Boh Marley Exhibition, exposição que aconte-

ceu no Conjunto Cultural da Caixa, do dia 17 de janeiro até 6 de fevereiro. O evento reuniu fotos, vídeos, shows, pa- lestra, bazar e bar do reggae.

Bob Marley pregava uma revolução semelhante à profetizada por Marcus Garvey. Os Rastafari cultivavam a premonição de que a música reggae iria cobrir a terra assim como as águas co- brem os mares, porque eles sabiam que Bob Marley era um cabeça de leão.

A mais bela forma musical do ter- ceiro mundo continua pulsando suas delícias e o Rio de Janeiro é a primeira cidade brasileira a receber a Bob Marley Exhibition. Não foi a exposição mais completa, mas foi um evento grande, que refletiu o carisma do rei do reggae.

As fotografias da exposição perten- cem a Adrian Boot, Peter Simon e Cedella Booker; e cobrem a carreira de

Bob Marley desde o início, na Jamaica, até suas passagens por EUA, Europa e Brasil. Uma crítica: algumas fotos tinham erros nas legendas.

O reggae nacional foi registrado com shows dos artistas Ras Bernardo, Már- cia Leoa, Marleando, Nabby Clifford, Vell Rangel, Bagabalô, Lord Maracanã, Rio Reggae Banda e Negril - que en- cerrou a exposição no dia 6 de feverei- ro, data de nascimento de Bob Marley. O saldo dos shows foi bem positivo, ao contrário da palestra sobre rasta/ reggae, realizada no dia 25/01, que não rendeu tanto quanto poderia.

A programação do telão contou com 21 vídeos. Time Will Tell, musical- documentário, inclui fragmentos de concertos, gravações em estúdio e nu- merosas imagens de arquivo inéditas. Inclui, entre outras jóias, Concrete Jungle- na sua primeira apresentação na TV BBC de Londres em 1973 -, o medley das músicas Curfew/Burnin & Lootin - na Alemanha em 1975 -, Running Away e Zimbabwe - no con- certo de independência de Zimbabwe em 1980.

Outro vídeo, Caribbean Nights- The Bob Marley Story é repleto de magnífi- cas imagens antigas, gravações caseiras e entrevistas em diferentes épocas da sua vida. Esse vídeo foi a base central da i^portagem que TV americana exi- biu em maio de 1991, em comemora- ção aos 10 anos da morte de Bob Marley.

One Love, One Peace Concert — Heartland Reggae também merece des- taque. Inclui uma exuberante demons- tração de poder nos cenários de Kingston, em 1978. Há intervenções, entre outros, de Peter Tosh, Jacob Miller. Sobre todos, um imponente Bob Marley e o célebre aperto de mãos dos líderes políticos oponentes.

Jah protege aquele que lhe per- tence, estabelecendo a paz. É um terno Pastor e um hospedeiro gra- cioso. Como as asas protetoras de uma águia, Jah esconde aquele que confia nele. É a defesa contra a des- truição, é a fortaleza quando se pro- cura refúgio, como um vigia com o

seu rebanho. Jah é a sombra que protege os que são seus, quer do sol, durante o dia, quer durante à noite. Jah é o nosso provedor, dan- do força e vida, tal qual um rio, cujas águas dão vida, através de uma fonte eterna.

Jah Live.

Mariano Ramalho é o presidente do Fã Clube Bob Marley.

UJiJUffiJU ^ ARW-Universal

UNIVERSAL \^

Não Fique fora dessa! M u s i c OS primeiros 24 leitores que escreverem (Rua Senador Dantas, 117/1233, Centro - Rio de Janeiro - CEP 20031-201) ou enviarem e-mail ([email protected]) para o jornal ganharão o novo CD de Amaury Gutierrez.

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AFRO REGGAE ■ Ng38 • MARÇO • 2000

Jovens Empreendedores: botando pra estudar! Infelizmente, problemas relativos à educação, sobretudo nas comunidades pobres de qualquer cidade brasileira, não são nem um pouco raros e, pior ainda, são muito difíceis de resolver.

Ias não é por isso que va- mos ficar de braços cruza-

dos. Em janeiro desse ano, o Gru- po Cultural Afro Reggae iniciou, em Vigário Geral, o projeto Jovens Empreendedores Sociais, em par- ceria com o CIEDS - Centro Inte- grado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável - e financiado pela UNICEF. O Jo-

vens Empreendedores utiliza a metodologia desenvolvida pela Se- cretaria de Trabalho da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

O projeto busca criar condições para que jovens afastados da es- cola recuperem o tempo perdido, através de classes de aceleração pedagógica. Dessa forma, eles es-

tariam prontos para re- tornar ao ensino formal no mesmo passo dos demais estudantes. Além disso, o Jovens Empreendedores Sociais visa prepará-los para que possam reproduzir essa metodologia edu- cacional em outras co- munidades.

A linguagem das au- las conjuga aprendiza- gem e prazer. Nas 4 ho- ras diárias em que os alunos estão em sala, são utilizados vídeos, músicas e outras ferra- mentas que tornam a aula agradável, desvin- culando-a da idéia de uma simples obrigação.

A importância desse projeto é que ele vem ao encontro de uma necessidade básica, mas sempre esquecida, das comunidades desse país: criar meios para que o adolescente morador de favela - excluído pela pobreza de um lado, pela violência de outro - possa exercer plenamente sua cidadania.

lerê Ferreira

^IÊÊ'^m

No dia 15 de janeiro, a banda Afro Lata tocou no Fla-Barra durante o treino da equipe de futebol do Manchester (por ocasião do Mundial de Clubes). O evento foi uma iniciativa da Unicef e da FIFA. O time inglês - de Beckham, York e Cia. - mantém um fundo social que repassa verbas para o Unicef, a fim de incentivar projetos que atuem na área de Educação no mundo inteiro.

.W. Barroso Silk Screen Ltda. Rio : Rua Alvarenga Peixoto, 80 • Vigário Geral • RJ • CEP 21240-690 -Tel.: (021) 372 4955 • Fax: (021) 371 7110 • Telex: (021) 35358 • São Paulo: Av. Brigadeiro Faria Lima, 830 • Conj. 64 • Pinheiros • SP • CEP 01452-000 • Tel.: (011) 210 6122 • Fax: (011) 212 2759

DANDO VIDA A SUA IMAGEM

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8 AFRO REGGAE • Na 38 • MARÇO ■ 2000

De soldado do morro a comandante da justi TEXTOS: DJ T.R.

FOTOS: JAYME RIBEIRO

seria mate NipeRsá- , yw referçaría as opí-

áe íatelectuais, qaesobrevi-

iesfraça.

feleíeíeste,

Olhe para a sua pele. Se você for preto, imagine: quem compõe a maioria da po pulação de rua? Quem não consegue

completar seus estudos? De quem são os

piores salários? Quem não está em destaque na TV e nas revistas de um modo positivo? Quem é a maioria da população carcerária? Quem é a maioria da população favelada? Quem sofre o racismo? Não acreditar na transformação de Escadinha é não acreditar em si mesmo. É não acreditar que o negro pode superar suas dificuldades e progredir. É estar preso numa prisão pior que o Bangu I. Numa prisão chamada complexo de inferiori- dade ou vergonha. Com vocês, José Carlos dos Reis Ensina, mais~um cidadão José...

Qual a origem do codinome Escadinha? Nunca soube de fato a origem, mas acredito que foi quando eu era moleque e roubava ja- melão, e eu era o menorzinho, daí sempre

subia numa escada.

Você quando jovem chegou a sonhar com alguma carreira profissional? Qual? Sempre quis ser comerciante, dono de bar, padaria... essas coisas.

0 que o levou a ingressar no crime? 0 fascínio pelas mulheres e a necessidade de impressioná- las, depois juntou com algumas necessidades pessoais e fami- liares, mas na realidade nada que justificasse tudo isso.

Muitos jornais e revistas que publicaram a sua matéria se detiveram mais com a polêmi- ca que poderiam causar com a pessoa de um Escadinha traficante do que com a de um homem regenerado. E um deta- lhe que eles não deram muita importân- cia foi a sua experiência com a palavra

Me coloco como um homem

em busca da transformação

e para isso conto com a

ajuda de todos.

de Deus. Conte- nos um pouco... A minha regene- ração terá que ser confirmada no dia-a-dia. Muitos presos continuam ligados a partidos por uma questão de sobrevivência e não por questões político-ideológi- cas. Eu só vou fa- lar sobre religião quando estiver na rua, não quero ou- vir críticas de pes- soas dizendo que estou usando em vão o nome de Jesus.

O que na realidade levou você a enxergar a vida do crime de outro modo, buscando assim a sua mudança?

Nunca sabemos ao certo porque entramos, sabemos sempre por- que queremos sair, vivo como um bicho, como um cachorro doido, isso é motivo suficiente.

E o rap, como você conheceu? Conheci pelas minhas filhas, es- tou feliz com essa mudança, estou feliz com o rap, estou feliz com a vida.

'^^■^™ Por que o rap como porta-voz dos seus pensamentos?

Porque o rap é a única música que conheci que tem o compromisso com pessoas como eu.

Embora você não cante nesta coletânea, as suas idéias ficaram muito bem caracte-

rizadas nas interpretações dos rappers. Existe alguma pretensão de, numa próxi- ma oportunidade, o Escadinha vir interpre- tando a sua realidade com a sua própria voz? Estou fazendo aula de canto junto com a mi- nha fisioterapia, e pretendo lançar o meu tra- balho em 2002.

Muitos apresentadores de programas po- liciais tendem a influenciar a opinião po- pular argumentando que lugar de bandido é no cemitério, invalidando totalmente a hipótese de uma transformação positiva como foi o seu caso. Como você vê esta situação? Não me considero um homem transformado, me coloco como um homem em busca da transformação e para isso conto com a ajuda de todos. A imprensa precisa de mim como bandido. Assim eu rendo muito mais matéria. Quando alguém morria eles colocavam na mi-

^ *** *** Ani,l?cle no J0|,nal Afrgreggí Contatos com Eeio no Telefax t02TfTT2207804 ou e-mail: aj [email protected].

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AFRO REGGAE ■ Ne 38 ■ MARÇO • 2000

GR0H0L0GIA DA VIDA DUEA • 1956 - Nasce e se cria no Morro do Juramento. • 1974 - Preso por porte ilegal de armas (pela primeira vez), paga a fiança e é libe- rado. • 1976 - Preso por tráfico de drogas no Morro do Juramento. • 1980 - Preso por formação de quadri- lha, tráfico de drogas e porte ilegal de ar- mas. • 1981 - Indiciado por 3 assaltos a car- ro-forte, porte ilegal de armas e acusado de homicídio pela polícia. • 1982 - Processado por assalto, tráfico de drogas e conduzido ao presídio da Ilha Grande (RJ) • 1983 - Indiciado por mais 3 assaltos, foge da Ilha Grande num barco a remo. A polícia fecha o cerco no Morro do Jura-

mento, onde um helicóptero da polícia civil é abatido na operação, matando os quatro ocu-' pantes. • 1984 - Denunciado por homicídio, passan- do também a responder pelos delitos de as- salto e tráfico de drogas. • 1985 - Preso na Favela do Jacarezinho (RJ) e conduzido ao presídio Ary Franco (Zona Nor- te - RJ). E pela primeira vez, em menos de dois anos, frustra-se numa tentativa de fuga juntamente com outros presos ligados à "Falange Vermelha", ficando ferido na coluna com um tiro. É transferido para a Ilha Gran- de, onde realiza a fuga mais espetacular de todos os tempos: no último dia do ano, deixa o presídio em um helicóptero. • 1988 - Deportado com outros bandidos, considerados de alta periculosidade, para o presídio de segurança máxima Bangu I (Zona

Oeste - RJ), antes mesmo de sua inaugura- ção oficial. • 1997 - Passa a relatar a sua vida no papel após o seu contato com a proposta do rap. • 1998 - Sua filha procura os rappers Ra- cionais MCs, G.O.G. e MV Bill, no show de lançamento do CD Sobrevivendo no Infer- no (Racionais MCs), no Imperator (Zona Norte - RJ), e os entrega algumas folhas escritas pelo seu pai sobre a sua dura ex- periência no crime e a sua preocupação com a juventude desassistida das favelas . Impressionados com o que leram, os rappers indicaram a ela algumas gravado- ras especializadas em rap. Todas ficaram com um pé atrás temendo conseqüências negativas, exceto a Zâmbia Fonográfica, que abraçou de cara a idéia devido à sua postura ideológica, preocupando-se cuida-

dosamente com a seleção de artistas que dariam uma forma real a tais rela- tos em rap. • 1999-Transferido para a penitenciária Lemos de Brito (Centro - RJ) e logo após para o presídio Plácido de Sá Carvalho (Zona Oeste - RJ), onde aguarda a sua liberdade em regime semi-aberto, após ter cumprido mais de 1/3 da pena com um comportamento exemplar. É lançada via Zâmbia Fonográfica a compilação Brazil I, Escadinha Fazendo Justiça com as Pró- prias Mãos, envolvendo os artistas X (Câmbio Negro), MV Bill, Xis, G.O.G., Ra- cionais MCs, Dina Dee (Visão de Rua), Linha de Frente (Formado por internos do Carandiru - SP), Consciência Humana, Guerrilha Urbana, A-man (Chicago - EUA) e Thaíde e DJ Hum.

nha conta, e com a música é diferente. Eles não podem dizer que fiz coisas que não fiz. Então, eu sou mais importante no crime.

Em algumas entrevistas concedidas à im- prensa, você declarou a vontade que sen- tia de ingressar na política.

Como você vê o sistema político do país, e o que você teria como priori- dade segundo a sua posi- ção política? Infelizmente o mundo não se desenvolve como deveria. Nós somos condicionados a amar um país que nunca nos amou, mas isso faz parte. Eu sou favela, sou líder nato, sou sagaz - quem deveriam, na sua opinião, ser os represen- tantes do favelado no Brasil? ^^^^ A minha idéia é a favela e os presos.

Você acredita no sistema de reabilita- ção penitenciário? Na sua opinião, o que deveria ser feito para melhorá-lo? Todos nós sabemos que o sis-

tema não recupera ninguém, ninguém mesmo. Guando a

0 rap é a única música que

conheci que tem o compromisso com pessoas

como eu.

guém sai daqui para um trabalho, é por vári- os motivos: Jesus, rap, medo ou arrependi-

mento. E nós também sabemos ^^^^ quais são os principais meios de

recuperação: um sistema sem corrupção, atividades profissio- nais e limpeza nos presídios. Mas se todos afirmam que o Brasil está falido e que o sistema está falido, nós vamos discutir o quê?

Além de marido e pai, você também é avô. Qual é o conse- lho que você daria ao jovem da favela, que vê no cri-

A favela é o retrato do Brasil, e um monte de desempregados tentando uma solução para o dia seguinte. A minha solução eu não con- segui achar. Hoje estou tentando outra, por isso o meu conselho é que os jovens encon- trem a paz através do trabalho. Essa é a for- ma mais firme de chegar no dia seguinte.

0 que o Escadinha pretende de agora em diante?

Ser um homem livre. Livre de verdade.

me uma forma de ascensão?

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Robcrta Salomone

Vocalista e produtor do Arrested Development, uma das mais influentes bandas de bip bop da década de 90, Speecb está lançando seu segundo disco solo, Hoopla. Ao lado do Arrested, ganhou o Grammy de melbor artista novo, em 93, com o álbum 3 Years, 5 Months & 2 Days In The Life. Logo na seqüência, vieram os antológicos Unplugged e Zíngalamaduni Em 96, o grupo acabou e Speecb lançou seu primeiro solo, aclamado por crítica e público nos Estados Unidos. Agora, com Hoopla, o cantor mostra- se mais maduro, conto podemos conferir em Clocks In Sync With Mine, primeira música de trabalho, cujo clipe já pode ser assistido na MTV e no Multishow. Na entrevista abaixo, o cantor fala sobre a carreira, o novo CD, a cena hip hop e revela também o desejo de visitar o Brasil em breve

AFRO REGGAE ■ Ng 38 ■ MARÇO ■ 2000

No Brasil, o movimento hip hop está se fortalecendo cada vez mais. E as músicas falam sobre violência, preconceito, discriminação. Você acredita que o hip hop tenha poder de mudar tanta injustiça? Eu, definitivamente, acredito nisso. O hip hop vem ganhando força a cada dia, com cada grupo novo que surge. Mas não acredito que este seja um poder só do rap, mas também

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de outros estilos de música, como o rock, o country. Acredito muito no poder da música. Mas o rap que você faz é diferente da maioria. Há contestação, mas de uma forma mais leve, mais positiva. E verdade, concordo com isso. Às vezes até me sinto estranho no meio dos rappers. A música que faço é sobre a minha realidade, sobre quem eu sou. Não quero incentivar de jei- to nenhum a violência, quero tentar buscar mudanças sempre.

Como está indo o seu disco "Hoopla"? Está indo muito bem. Eu sei que está tocando no Canadá, Estados Unidos, Europa e Japão. As pesso- as estão comprando e tenho ouvi- do elogios.

Qual é a sua música preferida do CD? A minha favorita é a de Bob Mar- ley. Sempre gostei muito de Re- demption Song.

É verdade que foi difícil para você gravar esta música?

Eu cantei esta música várias vezes em shows e as pessoas sempre re- agiram muito bem. Às vezes, quan- do ouço Redemption Song, sinto como se ela tivesse sido feita por mim. Fiquei realmente muito ner- voso ao gravá-la e houve vezes em que estava cantando e que come- cei a chorar. Queria ter certeza de que iria conseguir passar este tipo de emoção. Felizmente, consegui.

Quais foram as suas principais influências na música? Eu sempre ouvi muito Prince, Beastie Boys, Jungle Brothers, Fuggees. Gosto muito da Lauryn Hill, De La Soul e do disco Odelay, do Beck. É o tipo de música que coloco no som do carro enquanto dirijo.

É verdade que você quer vir ao Brasil? Sim, quero muito. Desde quando estava no Arrested tinha esta von- tade. Não sei muito sobre o Brasil, mas estou curioso para conhecê-lo.

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afr^antenas Direitos Humanos

Afro Reggae recebe o prêmio Hebert de Souza

leré Ferreira

O sociólogo Hebert de Souza, mais conhecido como Betinho, dedicou

sua vida à luta pela cidadania e contra a fome no Brasil (e no mundo). Por isso, sua militância social foi, desde o início, lá na década de 80, pautada por uma atitude firme em defesa dos va- lores e direitos humanos.

Portanto, nada mais apropria- do que a criação do prêmio de Direitos Humanos Hebert de Sou- za. Esse prêmio foi criado, ano passado, pela Comissão de Direi- tos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de pre- miar iniciativas sociais importan- tes no Rio de Janeiro. A institui- ção escolhida para inaugurar a premiação foi o Grupo Cultural Afro Reggae, devido aos seus pro- jetos sócio-culturais voltados para jovens em situação de risco.

A premiação aconteceu no

Centro Cultural Afro Reggae Vi- gário Legal, em Vigário Geral, no dia 10 de dezembro. O deputado Chico Alencar, presidente da Co- missão de Direitos Humanos, passou o Prêmio às mãos de José Júnior, coordenador executivo do GCAR, numa cerimônia que con- tou ainda com a apresentação das bandas Afro Lata e AfroReggae.

"Receber um prêmio dessa im- portância enobrece ainda mais as ações desenvolvidas pelo GCAR. Sendo recebido dentro da favela de Vigário Geral dignifica ainda mais. Acredito que essa nova sa- fra de deputados da Assembléia Legislativa vem lutando para me- lhorar não só a imagem do Esta- do do Rio de Janeiro, mas, con- cretamente falando , acabar de vez com as injustiças e aberrações de violência que mancharam o estado na década de 90", decla- rou José Júnior.

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12 AFROREGGAENs38 • MARÇO ■ 2000

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AFRO REGGAE • N2 38 • MARÇO • 2000

CADERNO

DHUDE Nasci em Sal-

vador, uma cidade abençoada. Vivi no Candeal, um gueto onde o cantar dos grilos, dos gaios e o ba- rulho do brejo eram de pura sin- fonia. Talvez por isso tenho a alma lavada e repleta de música. Mudei para o Rio aos 11 anos de idade.

Passei minha infância ouvindo meu avô e meus tios seresteiros, tocando e cantando Sinhô, Lupicínio, Luiz Gonzaga, Erivelto Martins, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Jararaca e Ratinho e tantos outros...

O meu pai com a sua discoteca me apresentou Martinho da Vila, Mestre Marcai, Monsueto, Jackson do Pandeiro, às músicas sertane- jas, Pixinguinha, Villa-Lobos, a to- dos os hinos militares (o hino da marinha era o mais bonito!), às big bands, aos sambas de roda e ao seu repertório saxofônico e clarinêtico.

As minhas tias me ofereceram Roberto Carlos, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Vanderléia, Vanusa, Antônio Marcos, Gil, Gal, Bethânia, Caetano, Chico Buarque, Rolling Stones, Beatles, Serge Gaisbourg (Je t'aime moi non plus), Jorge Bem (Ela não gosta mais de mim, mas eu gosto

dela mesmo as- sim, que pena!...), Leno e Lilian, MPB 4, Eduardo e Silvinha Araújo, e por aí vai.

Minha mãe ofertou com cari- nho Dalva de Oli- veira, Ângela Ma- ria, Claudia Barro- so, Núbia Lafayete,

Nicinha Batista, Elizete Cardoso, Dolores Duran, Emilinha Borba e Marlene, todos os hinos religiosos e as cantigas de ninar.

Já no Rio, a cultura de rádio, na minha adolescência, foi fatal e to- tal. Pela primeira vez, através do projeto Minerva, escutei Patativa do Assaré. As rádios Tamoio e Mundial incumbiram-se de me apresentar Marvin Gaye, Barry White, James Brown, Stevie Wonder, Diana Ross,, Tina Turner, Donna Summer, Tanita Tikaran, Michael Jackson and Jackson Five, Chaka Kann, Santana, Sta. Esme- ralda, Slade, Gênesis, The Who, Pink Floyd, Lou Reed, Roberta Flack... Vi a MPB estourar nas FMs. Os Novos Baianos, Secos e Molha- dos... dançava e cantava todas as músicas de cor e salteado. Assim, decidi mesmo cantar e percebi as técnicas usadas pelos cantores.

Todas essas influências fazem parte da minha vida. Todas tão na- turalmente presentes e necessári- as, quase que orgânicas.

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14 missão ilo rio AFRO REGGAE ■ N2 38 ■ MARÇO • 2000

Leonardo LídioÉe

Dia desses tava assistindo ao RJTV e, ao fim

de uma reportagem, a apresentadora anunciou: "Agora, vamos acompanhar como anda a votação para a 'Música do Rio'". Corte para a Central do Bra- sil, onde o povão se espremia junto à urna eletrônica - para votar e para aparecer na televisão, não necessaria- mente nessa ordem. O repórter con- versava com um artista de "alma cari- oca" que estava por ali - não me lem- bro bem quem era. Elogios à alegria da cidade, considerações sobre a vio- lência que "assombra" o Rio, uma boa dose de saudosismo e acabava a pe- quena entrevista. Depois, eram apre- sentadas as oito canções concorren- tes: A Voz do Morro, Cariocas, Cidade Maravilhosa, Copacabana, Ela é Cari- oca, Rio 40 Graus, Samba do Avião e Valsa de uma Cidade. Fim do Jornal.

Pensei por alguns segun- dos. Várias questões vieram à minha mente, todas po- dendo ser resumidas na per- plexidade do "que merda é

essa?". Vou abrir algumas delas pra vocês. Vamos lá: por que fazer uma eleição desse tipo? A cidade precisa dela? De que Rio fala cada uma des- sas músicas? Que aspectos da cidade aparecem nas canções?

Prestando atenção nas letras, co- meçamos a enxergar as respostas. Em quatro delas - Copacabana, Ela é Carioca, Samba do Avião e Valsa de uma Cidade - a palavra "mar" apare- ce como uma referência central da cidade. Só que para a maioria dos cariocas, e vou além, para o processo de formação cultural do Rio que cor- reu paralelo à bossa nova, a impor- tância da brisa marinha e das louras de corpos dourados é mínima.

Tirando dessa discussão as canções Carioca - sobre o comportamento do morador da cidade -, Rio 40 Graus -

colagem com pedaços do cotidiano de "beleza" e "caos" - e a louvação rasgada de Cidade Maravilhosa, so- bra como representante do outro lado (o nosso) uma voz isolada, A Voz do Morro. A presença da música de Zé Keti aparece como uma concessão, um favor que os organizadores da eleição fazem ao samba tradicional. Não é. A representatividade das peri- ferias, tanto em termos populacionais como de produção cultural, exige não só a presença do samba, mas também do reggae, do hip-hop, do jongo, do soul, do funk e de outras mil coisas que fervilham por aí.

Minha cidade - a que vejo da jane- la dos ônibus e das kombis, da varan- da dos bares, dos bancos das praças - se aproxima muito mais da retratada nas canções nascidas da periferia do que daquela sonhada por um roman- tismo desligado da realidade. A ques- tão aqui não é se as músicas me agra- dam ou não. Até posso dizer que gos- to das oito concorrentes - mais de

umas, menos de outras -, mas lembro que quando se fala em "Música do Rio" o buraco é mais embaixo. Estou falan- do da imagem de Rio que desejo para mim e que acredito ser a que melhor representa a cidade.

O Rio não precisa dessa eleição. O Rio não precisa de um retrato ofi- cializado pela Rede Globo. O Rio pre- cisa ser tratado com o respeito que conquistou ao longo de sua história, não como um bibelô que não resiste ao peso de seus próprios conflitos e contradições. A beleza do Rio que deve ser enaltecida não é a óbvia beleza natural, e sim aquela de que nos falam Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho em Sei Lá Mangueira, referindo-se ao morro de Cartola: "A beleza do lugar/ Pra se entender/ Tem que se achar/ Que a vida não é só isso que se vê/ É um pouco mais/ Que os olhos não con- seguem perceber/ E as mãos não ou- sam tocar/ E os pés recusam pisar".

A propósito, Cidade Maravilhosa deve ganhar a eleição.

PIROâRAMA Dominso, das 19 às 14h - Rádio

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AFRO REGGAE • Na 38 ■ MARÇO ■ 2000 15

LANÇAMENTOS - Por DJah Tekko Rastafari Para divulgação desta coluna, os produtores, gravadoras ou selos devem enviar materiais (CD, release e fotos) para redação deste informativo.

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Ari Sobral & Água de Coco - "Arraial DAjuda

A banda Água de Coco sur- giu no ve- rão de 1979, em Arraial D'Ajuda,e em 1984 lançou a sua pri- meira fita demo. O novo trabalho foi gravado em Arraial D'Ajuda com o apoio dos empre- sários locais e conta com a participação e di- reção artística de Durval Lelys (Asa de Águia). O estilo é bem local, misturando reggae com samba-reggae, muito balanço e swing praia- no. Destaques para as faixas: Reggae Bahia, Ecolojah, Fauna do Arraial, Arraial D'Ajuda e Ajuda 2000. Pena que as músicas que mais tocaram no Rio (na antiga Fluminense FM), como Água de Coco e Kaya, ficaram de fora. Contatos: (73) 875-1025.

Lúcio Sherman - "Desejo

Após 10 anos de estrada, tempo em que foi vo- calista de bandas e cantou em algumas ca- sas noturnas cariocas e da Baixada, Lú- cio mescla rit- mos como soul, R&B, char- me, reggae e a MPB romântica e swingada. Em Desejo, Lúcio convidou um time de feras: Repolho (percussão), Zé Canuto (sax, atual- mente toca com Gal Costa), Arthur Maia (bai- xo). Destaques para: Ansiedade (part. esp. da cantora americana de jazz Lynn Hilton), Sedu- ção, LuzNeon, Jovem Criador e a regravação da música Pensando Nela. Produção indepen- dente. Pedidos e contatos: DLS Produções Ar- tísticas-Tel. (21) 381-5331 / 9617-0872.

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Alma D'Jem - "Grito de Liberdade'

De Brasília para o mundo, depois de 3 anos de rala- ção, a Banda Alma D'Jem lança seu 1s

CD, Grito de Liberdade. Alma D'Jem significa "Alma em Paz", cheia de amor e de muita alegria. Repertório e arranjo bem elaborados, composi- ções próprias, que mesclam o reggae roots ao love reggae, com influência de Djavan e Gil. Mar- celo Mira, vocalista muito bom, lembra seu pri- mo Alexandre Carlos (NatyRuts). Das 11 faixas, destaques para: De Cara, Divida, Grito de Liber- dade, Na Rede, Destino Incerto, Negros. Prova de que o reggae veio para ficar, dançante e cons- ciente. Não pode faltar na sua Cdteca, é muito bom. Mais um lançamento independente. Pedi- dos e contatos: (61) 233-5437 / (61) 9830406 ou pelo site: www.almadjem.art.br.

Edmon Costa Edmon Cos-

ta apresenta no seu 2Q CD um clima bem charmoso e dançante, com um re- pertório bem variado, onde mescla dance music e charme. Participações especiais do Grupo Ebony Vox e Abdullah. Algumas versões são muito bem produzidas, como Foi Assim - versão de Fer- nanda Abreu para a música Spiritual Thang-, Shake Your Body e Só Penso Em Você - ver- são da música Who's The Mack, de Mark Morrison - além das regravações de Pensan- do Nela (Beto/Reina), Amigo do Amigo (Sko- wa) e Depois do Prazer (SPC). Mais um lança- mento da Indie Records. Contatos p/ shows tel. (21)541-5322/543-7745.

Banda Natiruts - "Povo Brasileiro II

Depois do suces- so do seu primeiro CD, ainda com o nome de Nativus e já contrata- da pela EMI, a ban- da Natiruts lança agora o CD Povo Brasileiro. Neste CD apresenta um trabalho mais enraizado, com uma qualidade soberba, mostrando um re- pertório que vai do reggae roots ao love reggae (reggae romântico). As faixas Palma- res 7995 e Povo Brasileiro são um relato real e atual da sociedade brasileira. Destaques especiais: O Carcará e a Rosa, Meu Reggae é Roots, Eu e Ela. Um CD de alta qualidade que leva assinaturas de feras como Liminha e Torcuato Mariano. Contatos: Casulo do Cerrado Produções - tel: (61) 344-6924 / http://www.bandanatiruts.com.br.

Tijolada Reggae - "Tempor

Mais uma vez Brasília desponta para o ce- nário do reggae naci- onal, com mais uma banda de re- ggae roots, cujo nome faz jus ao seu trabalho, Tijolada Reggae. A fórmula do roots reggae da Tijolada é muito simples: um repertório bem equilibrado, um molho de arranjos e letras fáceis e uma pita- da de muito balanço. A reação é um reggae bem dançante, com 11 faixas muito boas, destacando as faixas Comando, Desterro, Luz de Jah, Tijolada, Dias de Reggae, Rasta Cur/(part. esp. do rapper DJ Jamaika). Mais um lançamento Discovery (61) 226-5404. Contatos: (61) 323-2413.

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1.N0TA MÁXIMA

2.AFINA A VIOLA

3.FONTE DO SEU PRAZER

4.QUIABO BOM

5.RENOIÇÃO

6.CUMPLICIDADE

7.SE DEUS DEU TUDO

S^UTO-ESTIMA

9.COM TODA ESSA GENTE

10.PRO MANO BROWN

11JEITO CIGANO

12AMOR POR MINHA MANGUEIRA

13 AS A PARTIDA

14.CABO VERDE

15.SAUDAÇÃOAOXUMARÉ

Já à venda. n