A Crise Do Drama

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A Crise do Drama Poéticas Teatrais III Prof. Dr. Clóvis Massa

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A Criaw do Drama - Szondi

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A Crise do DramaPoticas Teatrais III Prof. Dr. Clvis Massa Hegel (in Esttica, 1832)A poesia dramtica tem sua origem na necessidade que temos de ver as aes e as relaes da vida humana representadas sob os nossos olhos por personagens que exprimam essa ao atravs dos seus discursos. O DramaPara Hegel, a poesia dramtica nasce da necessidade humana de ver a ao representada; mas no pacicamente, e sim atravs de um conito de circunstncias, paixes e caracteres, que caminha at o desenlace nal.O drama a representao da ao, segundo Aristteles. Esse o fundamento da mimesis.Tal qual nos trgicos gregos, uma ao, iniciada no incio da pea que tem sua resoluo ao nal da pea, dene um esquema ideal baseado na coerncia e na unidade. Agir, colocar em movimento.Mas a ao dramtica no se limita simples realizao de uma empresa que prossegue pacificamente o seu curso. Ela corre essencialmente sobre um conflito de circunstncias, de paixes e de caracteres que desencadeiam aes e reaes, e necessita de um desenlace. Hegel (in Esttica, 1832)A nalidade de uma ao s dramtica se produzir outros interesses e paixes opostas. A ao a vontade humana que persegue seus objetivos, consciente do resultado nal. A unidade de ao se encontra na persecuo e realizao de um m determinado, atravs de um conjunto de conitos; a verdadeira unidade, no entanto, s se realiza no movimento total (que inclui todas as vontades e todas as colises).Assim, o que temos sob os nossos olhos o espetculo mvel e sucessivo de uma luta animada entre personagens vivas, que perseguem objetivos opostos, no meio de situaes cheias de obstculos e de perigos;so os esforos dessas personagens, a manifestao do seu carter, a sua influncia recproca e as suas determinaes; o resultado final desta luta que, ao tumulto das paixes e das aes humanas, faz suceder o repouso. Hegel (in Esttica, 1832)A progresso dramtica a precipitao contnua at o m, o que se explica exatamente pelo conito. medida que as foras contrrias chegam ao ponto maior do desacordo entre sentimentos, objetivos e atos, mais se sente a necessidade de uma soluo, e mais os acontecimentos so impelidos a esse resultado.A Crise do Drama e o Drama Absolutopor Peter SzondiTeoria do Drama ModernoNo primeiro captulo de Teoria do Drama Moderno, Peter Szondi elabora, de uma maneira terica, o modelo de uma forma dramtica que ele qualica de drama absoluto. O drama, denido como um acontecimento inter-humano, absoluto no sentido em que exclui todo o elemento exterior troca interpessoal que exprime o dilogo.O pensamento de Szondi a respeito do dramtico se constri em relao ao conceito de pico. Szondi, descrevendo o drama como um acontecimento no presente, concorda com a denio aristotlica de mimesis trgica como representao no pela narrao, mas pela ao (drama). Peter SzondiO drama absoluto. Para ser relao pura, isto , dramtica, ele deve ser desligado de tudo o que lhe externo. Ele no conhece nada alm de si."O dramaturgo est ausente no drama. Ele no fala; ele institui a conversao. O drama no escrito, mas posto. As palavras pronunciadas no drama so todas decises; so pronunciadas a partir da situao e persistem nela. Peter SzondiO drama absolutoAssim como a fala dramtica no a expresso do autor, tampouco uma alocuo dirigida ao pblico. Ao contrrio, este assiste converso dramtica: calado, com os braos cruzados, paralisado pela impresso de um segundo mundo. A arte do ator tambm est orientada ao drama como absoluto. A relao ator-papel de modo algum deve ser visvel; ao contrrio, o ator e a personagem tm de unir-se, constituindo o homem dramtico.O drama primrio. Ele no a representao (secundria) de algo (primrio), mas se representa a si mesmo, ele mesmo. Sua ao, bem como cada uma de suas falas originria, ela se d no presente. O drama no conhece a citao nem a variao.Peter SzondiSendo o drama primrio, ele se d sempre no presente. Isso no indica que ele seja esttico, mas que o decurso temporal faz com que o presente passe e se torne passado.Szondi arma ser o drama prenhe de futuro, pois cada momento contem em si o germe de futuro.Como possvel?Devido estrutura dialtica, baseada por sua vez na relao intersubjetiva.Ela no se desenvolve graas interveno do eu-pico na obra, mas mediante a superao, sempre efetivada e sempre novamente destruda, da dialtica intersubjetiva, que no dilogo se torna linguagem. Portanto, tambm nesse ltimo aspecto o dilogo o suporte do drama. Da possibilidade do dilogo depende a possibilidade do drama.