A DANÇA COMO FORMA DE INSERÇÃO SOCIAL AOS … · 2010-03-03 · 0 UNISALESIANO Centro...
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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Educação Física
GRAZIELA ALEIXO
MARILÉA CRUZ RUIZ
A DANÇA COMO FORMA DE INSERÇÃO SOCIAL
AOS PORTADORES DA SÍNDROME DO AUTÍSMO
ASPERGER: RELATO DE CASO
LINS SP
2008
1
GRAZIELA ALEIXO
MARILÉA CRUZ RUIZ
A DANÇA COMO FORMA DE INSERÇÃO SOCIAL AOS PORTADORES DA
SÍNDROME DO AUTÍSMO
ASPERGER: RELATO DE CASO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Educação Física, sob a orientação da Profº M.Sc. Flávio Piloto Cirillo e orientação técnica da Profª Esp. Jovira Maria Sarraceni.
LINS SP
2008
1
Aleixo, Graziela; Ruiz, Mariléa Cruz A dança como forma de inserção social aos portadores da
Síndrome do Autismo
Asperger: relato de caso / Graziela Aleixo; Mariléa Cruz Ruiz.
Lins, 2008. 86p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Educação Física, 2008
Orientadores: Flávio Piloto Cirillo; Jovira Maria Sarraceni
1. Autismo. 2. Asperger. 3. Dança. 4. Inserção social. I Título.
CDU 796
A348d
2
GRAZIELA ALEIXO
MARILÉA CRUZ RUIZ
A DANÇA COMO FORMA DE INSERÇÃO SOCIAL AOS PORTADORES DA
SÍNDROME DO AUTÍSMO ASPERGER: RELATO DE CASO
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Licenciatura Plena em Educação Física.
Aprovada em: _____/_____/_____
Banca Examinadora:
Profº Orientadora: Flávio Piloto Cirillo
Titulação: Doutor em Ciências Biológicas (Biologia Molecular) pela
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Assinatura:___________________________________
1º Prof(a): _______________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:___________________________________
2º Prof(a): _______________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: ___________________________________
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MENSAGEM
Para os Celtas, Môo era um bichinho muito interessante, uma pequena toupeira que tinha os
olhos muito cerrados, tão cerrados que podia estar olhando para dentro de si mesma todo o
tempo.
Por este motivo os celtas deram a toupeirinha o nome Môo, pois, para eles, a palavra môo
significava: aquele que olha para dentro de si mesmo .
No momento em que Deus criou o mundo, foi criando uma coisa de cada vez; criou a terra, as
plantas, os animais, o homem, etc. E Deus também criou as direções.
Criou o Norte, e de lá vieram muitos presentes para todos os seres.
Criou o Sul, e de lá vieram muitos presentes para todos os seres.
Criou o Leste, e de lá vieram muitos presentes para todos os seres.
Criou o Oeste, e de lá vieram muitos presentes para todos os seres.
Criou a direção de Cima, e de lá vieram muitos presentes para todos os seres.
Criou a direção de Baixo, e de lá vieram muitos presentes para todos os seres.
Mas, no momento da criação da sétima Direção, Deus teve dúvidas e resolveu consultar os
animais para ver onde poderia colocá-la, pois era a mais importante de todas, e de lá viriam os
melhores e mais profundos presentes.
Assim, Deus perguntou ao Búfalo:
- Amigo Búfalo, onde eu poderia guardar a Sétima Direção, onde estão os presentes mais
importantes?
- Deus, guarde-os nas pradarias, pois lá o Homem não os encontrará tão facilmente .
Deus escutou o amigo Búfalo, pensou e respondeu:
- Amigo Búfalo, um dia o Homem abrirá estradas, chegará aos lugares mais distantes que
você pode imaginar e, provavelmente, alcançará as pradarias com suas máquinas de quatro
rodas .
Deus então resolveu consultar o Condor.
- Amigo Condor onde eu poderia guardar a Sétima Direção, onde estão os presentes mais
importantes?
- Deus, guarde-a no pico mais alto da terra, pois lá o Homem não encontrará tão facilmente .
- Amigo Condor, um dia o Homem construirá máquinas que voam e facilmente descobrirá a
Sétima Direção no pico mais alto da terra .
Então, Deus resolveu consultar o Môo.
- Amigo Môo onde eu poderia guardar a Sétima Direção, onde estão os presentes mais
importantes?
- Deus, guarde-a dentro do próprio Homem, no seu coração. Lá, provavelmente, será o último
lugar que ele irá procurar.
Deus escutou o amigo Môo, pensou bastante, e acatou o sábio conselho.
(VALLANCE apud RAMOS, 1998, p.97)
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DEDICATÓRIA
AO MEU PAI, MEU AVÔ JOSÉ E MEUS IRMÃOS ROGÉRIO E RAFAEL
Terminei mais uma batalha, não a primeira, não a última, apenas mais uma. Se hoje não posso lhe dar um forte abraço e chorar no seu ombro a alegria da minha conquista, não me desespero, pois sei que sua felicidade de me ver
vencendo mais essa etapa se faz presente, pois a morte significa apenas um passo para a evolução do ser humano e os laços que nos unem não foram
rompidos pela mesma, estou feliz, pois, pelos caminhos já traçados, tenho a certeza de que algum dia nos encontraremos. Amo vocês e amarei sempre em
meu coração. Com eterna saudade
GRAZIELA
A MINHA MÃE, MINHA AVÓ MARIA E MINHAS IRMÃS DANIELA E GABRIELA
A jornada pareceu árdua e difícil... O desânimo tentou se apossar por vezes. As tristezas que vieram tomar posse de nossas vidas, mas que nunca foram grandes para que pudéssemos abaixar nossas cabeças, e conseguimos ser
fortes por passar por cima de tudo isso com garra e determinação. Hoje vencemos mais uma batalha e sei que vocês estão orgulhosas, e conseguem ler no meu rosto as palavras que a emoção me impede de dizer: OBRIGADA
POR TUDO! AMO VOCÊS . GRAZIELA
A MINHA COMPANHEIRA MARILÉA
Juntas, transpusemos muitas barreiras e carregamos a marca da experiência que tivemos.
Que tudo o que aprendemos seja luz em nosso caminho e que a amizade cultivada no convívio de nosso estudo perdure para todo o sempre, a despeito das distâncias que nos possam separar. Na distância, a essência da verdade, a hora em que a amizade se manifesta, lembranças tristes de horas erradas se
apagam, tudo se transforma e faz com que a gente se sinta mais capaz de AMAR .
AMIGO é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito mesmo que o tempo e a distância diga não, mesmo esquecendo a canção; o que importa é ouvir a
voz que vem do CORAÇÃO . OBRIGADA POR TUDO! GRAZIELA
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AOS MEUS AMIGOS: EDUARDO, LÍVIA, DANIELLE, DANIELA, MARIANA
ROCHA, DINAH, LUCIANA, LUCIANE, FERNANDA GALDINO E POLLYANA
Ficaram para trás as dificuldades superadas, os bate-papos, festas, confusões, amores e dissabores.
Fica para trás o sonho que se traz de se formar, de ser alguém capaz! Fica para trás o medo das provas, a correria para entregar os trabalhos, as
brigas pela melhoria do nosso curso. Ficam as noites mal dormidas, os finais de semana roubados.
À distância, a nós imposta pelo fim desta etapa não vai ser muito grande Porque permanecemos lado a lado dentro de nosso pensamento
Anos se passaram e um misto de prazer e ao mesmo tempo dor cheia de saudades fizeram-nos rir e chorar de uma só vez.
Aí então percebi que a distância não separa ninguém, apenas tornam as lembranças mais vivas.
Percebi que existem pessoas que se eternizam, e por se eternizarem. Não caberia nunca um adeus, mas sempre um sincero até breve.
Foi Deus quem consagrou vocês para sermos bons amigos, num só coração. Amigos pra sempre, para sempre amigos sim se DEUS
quiser... amo muito vocês
GRAZIELA E MARILÉA
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A MEUS PAIS MARAVILHOSOS, VICENTE E GINA
Dedico este trabalho a vocês, por ter me apoiado desde o início e para que conseguisse chegar a conclusão de mais esta etapa em minha vida.
Agradeço sempre a Deus pela existência de vocês e exemplo a ser seguido sempre.
Amo Muito Vocês
MARILÉA
AO MEU ESPOSO ALMIR
Dedico este trabalho por estar sempre ao meu lado me dando força, amor, carinho, orientação, compreensão. Você esteve sempre presente
compartilhando todos os momentos em minha vida. Agradeço a Deus por existir uma pessoa tão especial como você, e esta
pessoa existir em minha vida. Te Amo Muito, de sua Eterna
MARILÉA
A MINHA COMPANHEIRA GRAZIELA
Chegamos ao fim do curso, nestes quatro anos muita coisa aconteceu em minha vida e a mais importante foi estabelecer nossa sincera amizade. Você é
uma pessoa muito especial, colocada por Deus em minha vida, espero de coração que consiga realizar todos os seus sonhos, e caso aconteça a
distância, que a nossa amizade seja eterna. E apesar de tantos tropeços que a vida lhe fez passar, mesmo assim, continua sendo uma pessoa forte e feliz. Te
admiro muito. Continue sempre assim, que Deus lhe abençoe. Amo você
MARILÉA
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AGRADECIMENTOS
A DEUS
Em meio a tantos caminhos incertos Deus nos orientou e nos levou a mais uma conquista, é que queremos agradecer por seu infinito amor e por ter nos dado
força para vencer mais um obstáculo, não permitindo que o cansaço fosse maior, levando-nos ao desânimo. Obrigada pelas amizades conquistadas, pela
saudade que já aperta nossos corações, por ter nos dado não só sabedoria intelectual, mas também a sabedoria espiritual e principalmente por fazer
sempre parte de nossa história.
GRAZIELA E MARILÉA
AO ORIENTADOR FLÁVIO
Obrigada por todo o ensinamento que nos proporcionou, e principalmente por sua paciência e atenção para ajudar-nos a concluir este trabalho e nos ajudar a
crescer um pouco mais. Ao Mestre com carinho.
GRAZIELA E MARILÉA
A JOVIRA
A paciência, a dedicação, o carinho, foi nos proporcionado para que conseguíssemos ter elaborado e concluído este trabalho. Obrigado por tudo.
Esperamos que a amizade perdure para sempre.
GRAZIELA E MARILÉA
AO PROFESSOR MÁRCIO
Agradeço por todos estes anos ter me ajudado, ensinado, orientando sempre com paciência e dedicação, carinho, compreensão e ensinando cada vez mais a amar o trabalho que escolhemos para as nossas vidas. Encontrei em você
não só um professor, mas um grande amigo. Espero que nossa amizade dure para sempre.
Obrigada por tudo...
MARILÉA
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RESUMO
A Síndrome do Autismo, Asperger, caracteriza-se por alterações das interações sociais, comunicação e do comportamento. Apresenta uma inteligência próxima do normal, porém com problemas no relacionamento e na comunicação não-verbal, expressão corporal e na expressão facial, déficit no contato social. A teoria demonstra a importância da dança de forma eficaz para os portadores da Síndrome do Autismo, Asperger, como uma modalidade para aliviar tensões, angústias, frustrações, agressividade, transmitindo a melhoria da auto-afirmação, do relacionamento social e gerando, então, segurança. Do ponto de vista físico, desenvolve a força muscular e a resistência cardiovascular. A dança adaptada foi elaborada para a realização da inserção do autista na família e na sociedade. Dessa forma, foi realizado um estudo de caso, no Lins Country Club da cidade de Lins, estado de São Paulo, com a proposta da dança adaptada como forma de desenvolvimento social. O método utilizado foi um relato de caso, onde se realiza um acompanhamento avaliando e reavaliando a dança empregada, cujo resultado será descrito no decorrer do trabalho. Completou-se o estudo com depoimentos e entrevistas com fisioterapeuta, profissional de educação física e professor de dança. Após a intervenção, observou-se uma caracterização da interação social, comportamentos disciplinados, respeito aos colegas e professores, entusiasmo e participação nas atividades culturais, passou-se a compreender melhor os seus limites e a aceitá-los, o que denota a importância de estender-se a pesquisa e a importância da dança como atividade física na inserção social ao portador da Síndrome do Autismo, Asperger, em grupos de dança, na família e na sociedade.
Palavras-chave: Autismo. Asperger. Dança. Inserção Social.
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ABSTRACT
The syndrome of autism (Asperger Syndrome), it is characterised by changes of social, communication interactions and behaviour. Displays a intelligence next to normal, but with problems in the relationship and non - verbal communication, corporal expression and in facial expression, deficit in social contact. The theory demonstrates the importance of dance effectively to the bearer of autism (Asperger Syndrome), as a modality to ease tensions, worries, frustrations, aggressivity, taking to improvement of self-assertion, of social transmitting relationship and then Security. In terms of physical, develops the muscle strength and resistance annulifera. The dance adapted was sophisticated to the implementation of insertion of autistic in the family and society. This way, was achieved case study, in the Lins Country Club of the city from Lins, State of São Paulo, with the proposal of dance adapted as form of social development. The method used was a case report, wherw it is achieved an accompaniment evaluating and reevaluating the dance employed, which result will be described in the course of work. It is completed the study with testimonials and interviews with physiotherapist, professional physical education and dance teacher. After the intervention, it is observed a characterization of social interaction, disciplined behaviors respect to colleagues and teachers, enthusiasm and participation in cultural activities, passed to understand passed to limits and accept them what denoted, the importance of it is extended the search and the importance of dance as physical activity in social inclusion to bearer syndrome autism (Asperger Syndrome) in the family and society groups.
Keywords: Autism (Asperger); Dance; Social.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Evolução da sintomatologia autística durante o desenvolvimento
da criança....................................................................................................... 17
Quadro 2: Plano de aula ................................................................................ 44
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 13
CAPÍTULO I AUTISMO .............................................................................. 15
1 HISTÓRICO ........................................................................................ 15
1.1 Conceitos e classificação.................................................................... 15
1.2 Características comportamentais ....................................................... 18
1.3 Diagnóstico.......................................................................................... 20
CAPÍTULO II DANÇA................................................................................. 22
2 HISTÓRIA DA DANÇA....................................................................... 22
2.1 Dança como um fator de inserção social............................................ 30
2.2 Estilos de dança e suas adaptações .................................................. 31
2.3 Estratégias metodológicas.................................................................. 37
2.3.1 Técnicas .............................................................................................. 38
2.3.2 Didática ............................................................................................... 38
2.3.3 Planejamento ...................................................................................... 38
CAPÍTULO III A PESQUISA ...................................................................... 41
3 INTRODUÇÃO.................................................................................... 41
3.1 Caracterização do Lins Country Club ................................................. 42
3.2 Estudo de caso ................................................................................... 43
3.2.1 Caso 1 ................................................................................................. 43
3.2.1.1Anamnese........................................................................................... 43
3.2.1.2Plano de aula ...................................................................................... 44
3.2.1.3Resultados .......................................................................................... 47
3.3 A opinião dos profissionais sobre o assunto ...................................... 47
3.3.1 A palavra do Fisioterapeuta ................................................................ 47
3.3.2 A palavra do Profissional de Educação Física ................................... 48
12
3.3.3 A palavra da Professora de Dança..................................................... 48
3.3.4 A palavra dos Pais .............................................................................. 49
3.3.5 A palavra das Professoras.................................................................. 49
3.4 Parecer final sobre o caso .................................................................. 50
3.5 Discussão............................................................................................ 50
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................. 54
CONCLUSÃO ................................................................................................ 55
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 57
APÊNDICES .................................................................................................. 64
ANEXOS ........................................................................................................ 75
GLOSSÁRIO.................................................................................................. 84
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho utiliza a dança como atividade adaptada podendo
dessa maneira estabelecer a disposição e ordem da comunicação no
relacionamento entre o aluno com deficiência, com o professor e o meio em
que ele vive e ainda auxiliar na estruturação sensorial e na locomoção. O
interesse pelo tema ocorreu pelo fato da Educação Física estar unida à dança,
como forma de expressão corporal. Desse modo, surgiu o interesse em
pesquisar se a dança não seria um meio de auxiliar portadores da Síndrome do
Autismo.
A participação de pessoas portadoras de necessidades especiais dentro
de alguma atividade física ocorreu na China há cerca de três mil anos a.C., era
denominada Ginástica Médica, assim outros programas foram desenvolvidos
estabelecendo a mesma função. Porém, com outros nomes, como: Educação
Física Corretiva, Ginástica Corretiva, Educação Física Preventiva, Educação
Física Ortopédica, Educação Física Reabilitativa, Educação Física Terapêutica
e Educação Física Adaptada. Com base nesses dados, aponta-se para a
elaboração desse trabalho, baseado nos direitos humanos e direitos sociais
quanto à inclusão social. Pretende-se encorajar e promover o uso de atividade
física tentando oferecer assistência e apoio profissional aos portadores da
Síndrome do Autismo.
Após o levantamento de dados bibliográficos, foi apontada uma questão
que balizou o estudo: A dança como atividade adaptada poderá inserir na
sociedade os portadores da Síndrome do Autismo (Asperger)?
Objetivou-se chegar à seguinte explanação, de que a dança como forma
de inclusão social possibilita ao portador da Síndrome do Autismo a
comunicação, oferecendo a possibilidade do isolamento, obtendo segurança,
formando uma ponte entre o convívio social e familiar, podendo propiciar uma
interação interpessoal, melhora da auto-estima e a socialização.
Para fins de estudo práticos, foram realizadas aulas para portadores de
autismo no Lins Country Club, na cidade de Lins, no ano de 2008, a fim de
fazer uma relação dos estudos teóricos com os estudos práticos.
O trabalho está assim dividido:
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Capítulo I: descreve sobre a Síndrome do Autismo, conceito e
classificação. A incapacidade de se relacionar, déficit no desenvolvimento da
linguagem e temperamentos instáveis resistentes às mudanças.
Capítulo II: metodologia e didática utilizada na dança como forma de
inserção social aos portadores da Síndrome do Autismo (Asperger).
Capítulo III: descreve e analisa a pesquisa realizada no Lins Country
Club na cidade de Lins.
A Conclusão traz análise e reflexões sobre a temática estudada.
15
CAPÍTULO I
AUTISMO
1 HISTÓRICO
Somente nos últimos 20 anos, quando entrou realmente em cena o
Autismo, tentou-se integrar as noções da etiologia da doença. Os especialistas
esmiuçaram as áreas clínicas, neurofisiológicas, bioquímicas e genéticas numa
tentativa de integrá-las. Foi somente em 1978, após a publicação da
classificação internacional das doenças, que o autismo passou a ser
considerado uma condição independente da esquizofrenia. (SCHWARTZMAN;
ASSUMPÇÃO JÚNIOR, 1995).
1.1 Conceitos e classificação
Ajuriaguerra (1983), em seu tratado, enquadra dentro das psicoses
infantis que o Autismo é caracterizado como sendo um transtorno da
personalidade, uma desordem da relação da criança com o mundo circundante,
ou seja, com o mundo que está a sua volta.
Outro aspecto de caracterização de crianças autistas será de: o
temperamento lábil, o choro incontrolável ou inexplicável; risadas ou sorrisos
sem causa aparente. E ainda, freqüente reação exagerada a estímulos
sensoriais como luz, dor ou som, falta de discernimento diante de situações
que oferecerem perigos, tais como: veículos em movimento ou grandes alturas.
Também são observados hábitos como puxar cabelo ou morder partes de seu
próprio corpo, movimentos rítmicos do corpo, como balançar para frente e para
trás. Além disso, a incapacidade de se comunicar acaba afetando as áreas de
aprendizado e comportamento da criança autista. Eles dão a impressão de não
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ver, não ouvir e não sentir. Os autistas podem não distinguir seus pais de
outros adultos. Algumas vezes, a criança parece ter um olhar vivo, direto e o
desejo de contato físico, o que confunde observadores que não são
familiarizados com o espectro total do distúrbio autístico. Apesar de os
comportamentos citados acima serem encontrados em diversos casos de
autismo isso não determina uma regra.
Quanto ao humor ou temperamento do autista, ele é incontrolável, hora
ele ri, hora ele chora e sem razão aparente. Às vezes o sorriso pode vir de uma
situação de perigo, como estar em lugares altos, por exemplo. Em outros
momentos, o choro aparece sem ter nada visível que o incomode.
O autismo infantil pode ser considerado um distúrbio do desenvolvimento caracterizado por um quadro comportamental peculiar e que envolve sempre as áreas de interação social, da comunicação e do comportamento em graus variáveis de severidade; este quadro é, possivelmente, específico, e representa uma forma particular de reação do sistema nervoso central frente a uma grande variedade de insultos que podem afetar, de forma similar, determinadas estruturas do sistema nervoso central em períodos precoces do desenvolvimento. (SCHWARTZMAN apud SCHWARTZMAN, 2003, p. 10)
Apresenta insônia constante, o que em alguns casos pode gerar um
comportamento agitado, tenso, excitado, chegando até a auto-agressividade.
Em outros casos, a insônia ocasiona um comportamento apático, a criança
autista quieta-se por longo tempo, sem se manifestar.
Ainda no que tange às características, a coordenação é perturbada, pois
há bom desenvolvimento motor, mas com déficit na área cognitiva e social.
Poderão ocorrer grandes progressos, seguidos de paradas repentinas ou até
de regressão.
1 . O recém-nascido - parece diferente dos outros bebês; - parece não precisar de sua mãe; - raramente chora (um bebê muito comportado); - torna-se rígido quando é pego no colo; - às vezes é muito reativo aos elementos e irritável. 2. Os seis primeiros meses - não pede nada, não nota sua mãe; - sorriso, resmungos, respostas antecipadas são ausentes ou retardadas; - falta de interesse por jogos e muito reativo aos sons. 3. De seis a doze meses
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- não afetuoso; - não interessado por jogos sociais; - quando é pego no colo, é indiferente ou rígido; - ausência de comunicação verbal ou não-verbal; - hipo ou hiper-reativo aos estímulos; - aversão pela alimentação sólida; - etapas do desenvolvimento motor irregular ou retardadas. 4. O segundo e terceiro ano - indiferente aos contatos sociais; - comunica mexendo a mão do adulto; - o único interesse pelos brinquedos: consiste em alinhá-los; - intolerância à novidade nos jogos; - procura estimulações sensoriais como ranger os dentes, esfregar e arranhar superfícies, fitar fixamente detalhes visuais, olhar mãos em movimento ou objetos com movimentos circulares; - particularidade motora: bater palmas, andar nas pontas dos pés e balançar a cabeça em torno de si mesmo. 5. O quarto e o quinto ano - ausência de contato visual; - jogos: ausência de fantasia, de imaginação e de jogos de representação; - linguagem limitada ou ausente ecolalia inversão pronominal; - anomalias do ritmo do discurso, do tom e das inflexões; - resistência às mudanças no ambiente e nas rotinas.
Fonte: Orniz (apud LEBOYER, 1987, p.26)
Quadro 1: Evolução da sintomatologia autística durante o desenvolvimento da
criança.
Alguns estudos demonstram que grupos de autistas ficarão totalmente
mudos e dependentes; outros terão uma linguagem reduzida e serão
classificados como retardados mentais durante toda a vida. Irão adaptar-se à
sociedade, chegando a conseguir um trabalho regular na idade adulta, ou
ainda, terão crise convulsiva após os 18 anos de idade, acompanhadas ou não
de epilepsia. Existem, por último, grupos que apresentam uma memória
fotográfica notável, realizam com facilidade e rapidez cálculo mental e memória
musical excelente.
Durante muitos anos confundiu-se a Esquizofrenia com o Autismo
infantil. A Esquizofrenia manifesta-se a partir dos três anos, são psicoses com
manifestações precoces durante ou após a puberdade. No Autismo adulto,
quando tem um Quociente de Inteligência (QI) baixo, eles se assemelham ao
diagnóstico de Retardo Mental e não à Esquizofrenia. Eles não têm
alucinações ou distúrbio do pensamento. Os distúrbios das relações sociais
dos autistas, quando não associados às outras patologias, não são de ordem
Continua
18
orgânica, bioquímica, neurofisiológica ou endócrina, pois eles apresentam boa
aparência exterior, boa saúde física, o exame clínico e o neurológico são
absolutamente normais.
Segundo Schwartzman (2003, p.24):
Os autistas apresentam um déficit cognitivo, onde o indivíduo recebe,
guarda e trata as informações, incluem a atenção, aprendizagem, memória,
julgamento ou pensamento. Sendo assim, eles também não apresentam gestos
expressivos .
Segundo Kluver-Bucy (apud LEBOYER, 1987, p. 156): Em uma
remoção dos lobos temporais em macacos observou-se o seguinte quadro: os
animais têm uma agnosia visual que tentam compensar levando os objetos à
boca (comportamento oral). Eles reagem a todos os estímulos, são hiperativos
sem uma finalidade particular, têm distúrbios do comportamento sexual e,
sobretudo, são totalmente incapazes de ter um comportamento social adaptado
e são indiferentes aos outros .
A Síndrome de Korsakoff, resultante da destruição hemorrágica bilateral
do hipocampo, é caracterizada por uma amnésia anterógrada. Por conseguinte,
esses pacientes tem respostas afetivas amortecidas, uma falta profunda de
motivação, não reconhece mais as pessoas [...], cada encontro, um indivíduo
será percebido como um estranho (LEBOYER, 1987, p.47)
De Long (apud LEBOYER, 1987, p. 158) concluiu assinalando que os
sintomas da síndrome de Kluver-Bucy, da síndrome de Korsakoff e da
síndrome do autismo se entrelaçam .
1.2 Características comportamentais
Podem ser divididas em cinco grupos, sendo: distúrbio de comunicação
e linguagem; distúrbio em relação a objetos; distúrbio no relacionamento social;
distúrbio da modulação sensorial e distúrbio da motilidade.
a) comunicação e linguagem: o início do desenvolvimento da linguagem
caracteriza-se por mudez ou aparecem as seguintes características:
estrutura gramatical imatura, ecolalia imediata ou postergada,
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inversão pronominal, inabilidade de usar termos abstratos, melodia
sonora anormal e há dificuldade em empregar o sim e o não. Na
maioria dos pacientes, nem a expressão facial e nem os gestos são
usados como forma de comunicação;
b) relação com objetos: as crianças autistas de pouca idade usam
objetos inanimados quase que, exclusivamente, para girá-los ou
sacudi-los. Mostram uma tendência para enfileirar, ao arrumar estes
objetos, sempre da mesma maneira, dando a impressão de querer
manter seu ambiente sempre igual, sem variações. Mais tarde,
passam a fazer uso ritualizado dos mesmos em atividades
repetitivas;
c) relacionamento social: é caracterizado por pobre contato por meio
do olhar, ausência de sorriso social, ausência de movimento
antecipatório, aparente aversão ao contato físico, tendência a
relacionar-se com partes da pessoa, é indiferente a outros, a criança
ignora e não reage à afeição e ao contato físico. As crianças autistas
não desenvolvem reações sociais e emocionais, elas são solitárias e
retraídas, ocorrendo um desconhecimento aparente da própria
identificação. Normalmente, seu campo de exploração está reduzido
ao seu espaço imediato;
d) modulação sensorial: a incapacidade de modular adequadamente os
impulsos sensoriais é bem mais evidente nas crianças autistas com
menos idade. A hiperatividade a estímulos auditivos evidencia-se
pelo aparente descaso, tanto a comandos verbais, quanto a ruídos
fortes. Barulhos súbitos, que teriam reação numa criança normal,
podem não ter nenhuma resposta em crianças autistas. Em termos
de visão, a criança pode ignorar a presença de novas pessoas ou
objetos em seu ambiente ou passar por cima dos mesmos,
ocasionando, às vezes, pancadas, cortes e contusões, pois são
freqüentemente ignorados. Em contraste com a hiperatividade,
podem ocorrer reações bastante exageradas aos mesmos estímulos
sensoriais. Estímulos vestibulares são obtidos por movimentos do
corpo em balanços para frente, para trás e para lados ou por
movimentos circulares da cabeça;
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e) motilidade: a motilidade desviante ocorre principalmente em crianças
autistas de pouca idade. Os maneirismos geralmente são complexos,
ritualísticos e estereotipados e não parecem ser totalmente
voluntários, ocorrendo de forma intermitente ou contínua. Diversos
movimentos dos dedos ou das mãos na frente dos olhos podem ser
transformados num movimento estereotipado e repetitivo, andar nas
pontas dos pés ocorrem em estados de excitação quando começam
andar em círculos ou como modalidade exclusiva do caminhar. São
observados hábitos como puxar cabelos ou morder partes do corpo.
Apesar dessa atividade motora, as crianças autistas não são,
necessariamente, hiperativas, embora em alguns casos a
hiperatividade pode ser considerada como uma característica. Em
crianças autistas de pouca idade podem ocorrer episódios súbitos e
breves de imobilidade.
1.3 Diagnóstico
O Autismo permanece como uma patologia totalmente à parte, um
conceito específico, embora não confira imunidade a outras patologias, pode
estar associado a processos patológicos distintos, que podem agravar o
quadro. Diante disso, é necessário estabelecer um diagnóstico diferencial, pois
muitas doenças podem ser confundidas inicialmente com o autismo. Na
realidade, elas podem ter uma surdez congênita, uma cegueira congênita,
esquizofrenia infantil, deficiência mental ou até mesmo uma privação materna.
(SCWARTZMAN; ASSUMPÇÃO JÚNIOR, 1995).
A falta da mãe e da estimulação materna e ambiental pode gerar
distúrbios de comportamento e atrasos no desenvolvimento total da criança. A
surdez e a cegueira podem ocasionar diversos problemas emocionais,
ocorrendo um quadro semelhante ao autismo. Somente um exame audiológico
poderia diferenciar essas crianças. Quanto à cegueira, crianças autistas
parecem como que hipnotizadas por lâmpadas fluorescentes e mostram-se
medrosas frente a um flash de máquina.
21
Os autistas apresentam dificuldade na percepção, possuem um certo
grau de perda auditiva, com isso ocorre a dificuldade para formar padrões
significativos com os estímulos auditivos e visuais, dando a impressão de
serem surdas e mudas.
Algumas crianças mostram-se indiferentes ao som da voz e não prestam
atenção ao que se diz perto delas; outras parecem fascinadas por certos sons
e, ainda outras se apavoram tapando os ouvidos com terror.
O Autismo pode estar associado a outros distúrbios, fato bastante
comum podendo dificultar ainda mais o diagnóstico preciso e,
conseqüentemente, um trabalho eficaz.
Existe uma linha de pensamento que considera que o Autismo e a
Síndrome de Asperger encontram-se nas mesmas condições, diferindo apenas
ao grau da severidade. A Síndrome de Asperger seria uma forma menos
severa do quadro do Autismo.
O autor Schwartzman descreve:
Aliás, não é comum a ocorrência de quadros depressivos em adolescentes com a Síndrome de Asperger. Vários deles se percebem diferentes dos demais e começam a questionar os pais ou os profissionais com os quais têm contato, no sentido de obter informações a respeito de seus problemas. Alguns pacientes que acompanho desde crianças acabaram se identificando com os personagens de livros ou com livros de texto de Medicina em que se discute o quadro em questão. Alguns deles verbalizam coisas do tipo: Salomão, como você sabe que eu sou autista ou Doutor, eu não quero que meus colegas da faculdade saibam que tenho um tipo de autismo, pois eles passarão a me tratar de forma diferente . (SCHWARTZMAN, 2003, p. 26)
22
CAPÍTULO II
DANÇA
2 HISTÓRIA DA DANÇA
Na antiguidade clássica, existe a evidência de que o homem já dançava
devido a gravuras registradas em cavernas. Os homens dançavam para uma
boa caça, para guerra e para os espíritos. As mulheres já dançavam para ter
fertilidade, comemorar nascimentos, revelar sentimentos fúnebres, nas
plantações e na colheita. As comemorações advinham das águas do Rio Nilo
quando elas estavam em períodos altos e baixos, era costume celebrar cultos
religiosos para o sol, chuva, vento, terra, doenças e maternidade. Na Grécia,
dançava-se para Apolo, Afrodite, Atenas e ao deus Dionísio, que era o deus da
fertilidade, fecundidade, do vinho, da embriaguez e do êxtase. Num segundo
momento, a dança deixa de ser religiosa e passa a ser dramática. (ACHCAR,
1980)
As danças praticadas na cultura grega se fizeram presente desde
sempre. A dança na cultura grega fazia parte do cotidiano dos homens. Estava
nos ritos religiosos, nas cerimônias cívicas, nas festas, fazia parte da educação
das crianças, do treinamento militar. Mas teve sua primeira manifestação como
ato ritual, cerimonial. Ladeando mais um pouco a origem da dança na Grécia
Arcaica ou antiga, pode-se afirmar, segundo as narrativas lendárias dos
poetas, que a mesma nasceu em Creta. Consoante Homero (fundador da
poesia épica), a dança foi ensinada aos mortais pelos deuses para que aqueles
os honrassem e os alegrassem; foi em honra a deus Dionísio que apareceram
os primeiros grupos de dança e foram compostos os primeiros Ditirambos.
(MAGALHÃES, 2005)
As poses das danças fixadas nas paredes e nos vasos da Grécia Antiga,
descrevem-nos culturas antigas que são importantes para a preservação de
nossa história. No processo histórico contextualizado da dança, é difícil
23
determinar, quando o homem dançou pela primeira vez. Nas paredes das
cavernas foram encontrados desenhos da relação do homem com o seu dia-a-
dia, a caça, a alimentação, a vida, a morte e a dança. (RAMOS, 1998)
A dança é considerada hoje uma das artes mais complexas e está
presente na vida do homem, desde os períodos mais remotos. Sua origem foi
como ato sagrado. Figuras encontradas nas paredes de cavernas e grutas, que
datam de até 1000 anos, podem representar ancestrais de dançarinos.
(MAGALHÃES, 2005, p.01)
A arqueologia, a maravilhosa ciência que tanto esclareceu e continua a esclarecer sobre o nosso passado próximo ou longínquo, ao conseguir traduzir a escrita de povos hoje desaparecidos, não deixa de indicar a existência da dança como parte integrante de cerimônias religiosas, parecendo correto afirmar-se que a dança nasceu da religião, se é que não nasce junto com ela. Como todas as artes, a dança é fruto da necessidade de expressão do homem. Essa necessidade liga-se ao que há de básico na natureza humana. Assim, se a arquitetura veio da necessidade de morar, a dança, provavelmente, veio da necessidade de aplacar os deuses ou de exprimir a alegria por algo de bom concedido pelo destino. (FARO, 1986, p. 13)
A dança é uma forma de integrar o corpo, o pensamento, a criatividade
de improvisação, a expressão e a comunicação do ser humano em relação ao
mundo que o cerca. A fonte da linguagem por meio da expressão corporal é
uma propriedade verdadeira que o homem dispõe, ele desenvolve sua cultura e
sua história pelo corpo. (FAHLBUSCH, 1990)
Na Idade Média, o cristianismo passa a dominar a opinião do povo. O
corpo foi visto como pecado, da carne vinha todo mal e a dança foi
recriminada, ela foi condenada pela igreja através de seus cleros, ou seja, uma
corporação de sacerdotes, sendo assim, a dança perde seu caráter religioso.
Porém, apesar da proibição, a dança continua a existir devido às festas dos
campos onde se comemoravam a semeadura e a colheita, como um caráter
lúdico.
Na Europa surge uma doença chamada de Peste Negra e para aliviar os
problemas e o medo surge a Dançomania ou Dança Macabra, que é a Dança
da Morte contra a morte. Na Itália a Dança Macabra foi substituída pela Dança
Tarântula, devido à picada da aranha tarântula. Acredita-se que dançando,
24
exaustivamente, o veneno seria eliminado do corpo pelo suor. Com tudo isso, a
dança deixa de ser religiosa e passa a ter caráter popular, ou seja, lúdica de
satisfação, de jovialidade e de divertimento. (FARO, 1986)
No Império Romano havia espetáculos variados em que se apresentavam dançarinos, mas tudo indica que estes eram pouco mais que acrobatas, ou saltimbancos, e que suas danças eram, na verdade, complementos de exibições que hoje em dia consideraríamos circenses (FARO, 1986, p.15).
Um outro estilo de dança, com suas próprias coreografias, foi realizados
pelos índios do Alto Xingu, em junho de 1985 e foram mostrados pela televisão
a vida, o dia-a-dia, as cerimônias de casamento, os enterros, os nascimentos e
as colheitas. A dança está presente em todas as cerimônias.
Através de uma seqüência de movimentos que representam uma
verdadeira coreografia, o índio exprime seus sentimentos de alegria ou tristeza,
pedindo ou agradecendo. (FARO, 1986, p.20)
A dança no Brasil está relacionada no seu princípio aos índios, que na
sua cultura sempre dançaram seguidamente pelo jesuíta José de Anchieta que
utiliza dança nas festas religiosas, depois aos negros africanos que trouxeram
o maracatu, a congada, seguidamente os nobres da corte que trouxeram as
danças de salão, os minuetos e as valsas. Após 1922 a convite da corte,
chegaram ao Brasil muitas companhias de Ballet da Europa, onde muitos
professores iniciaram dar aulas particulares às moças da corte para que
aprendessem a ser delicadas. Em 1927 surgia a primeira escola de bailado no
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, dirigido pela bailarina Maria Oleneira.
(ACHCAR, 1980)
No caso das religiões indígenas, e, especialmente, do candomblé, ocorreu um sencrentismo que permitiu que essas religiões sobrevivessem à guerra que lhes foi movida pela igreja Católica. Os negros identificaram seus orixás com santos da igreja Católica e passaram a executar seus ritos em lugares distantes e horas tardias, procurando evitar a fiscalização da polícia. E tanto conseguiram que essa religião e seus derivativos, especificamente a umbanda, a quimbanda e o omolocô, são seguidos hoje em dia por dezenas de milhões de brasileiros, muitos dos quais, ao acenderem sua vela numa igreja diante de Santa Bárbara ou de São Jorge, o que fazem não só aos próprios santos, mas também o Iansã ou Ogum. (FARO, 1986, p.17)
25
No Brasil, devido à miscigenação de raças, como: alemães, italianos,
espanhóis, japoneses, árabes, portugueses, o índio e o negro, existem um
riquíssimo acervo cultural sobre o folclore brasileiro. O escritor Mário de
Andrade deu um significado às danças folclóricas, chamando-as de danças
dramáticas, porque contam histórias dramáticas. O candomblé que hoje é
considerado uma religião, entrou no Brasil através dos africanos, ou seja, dos
escravos trazidos ao Brasil, e com eles veio a festa de Iemanjá, que é realizada
no dia 31 de dezembro. Esta cerimônia é um ritual, onde cantam e dançam,
invocando seus orixás. Cada orixá tem sua própria coreografia. (ANCHIETA,
1995).
O que era então privilégio da minoria passa a ser de todos. O povo foi
tendo acesso às exibições. A dança passa a pertencer ao povo ou raça, porém
ela deixa de ter um cunho religioso e passa a ser pagão, sendo excluída da
Igreja Católica Apostólica Romana. (ACHCAR, 1980).
Ao passarem do domínio dos sacerdotes para o domínio do povo, as
manifestações religiosas transformaram-se em manifestações populares.
(FARO, 1986, p.14)
As danças deixaram de ser religiosas e passaram a ser danças
folclóricas. Nessa época, apenas os homens dançavam. Eles se vestiam de
mulheres e desenvolviam os dois papéis, o de homens e o de mulheres. Para
as mulheres na época, eram consideradas atitudes levianas, nas quais as
moças de família
(grifo nosso) não poderiam participar. Apenas mais tarde é
que as mulheres começaram a participar das danças. (BERTONI, 1992).
Exemplo típico é o Carnaval brasileiro
originalmente, o tempo de festa e alegria que procede da Quaresma. Atualmente, a conotação religiosa permanece nos livros e nos mosteiros, mas o povo que lota os salões de festas e os desfiles de escolas de samba de há muito esqueceu as origens e a razão básica da existência dessa festa popular. (FARO, 1986, p.14)
A dança deixa de ser realizada dentro dos templos e passa para as
praças públicas, oferecendo ao povo a oportunidade para sua participação.
(ACHCAR, 1980).
No Brasil, o carnaval é a maior festa popular, de Norte ao Sul, em cidades médias ou pequenas, a congada, o maracatu, os caboclinhos, os marinheiros e centenas de outras danças
26
atestam a necessidade do homem simples de se manifestar através da dança, do movimento de seu corpo. (FARO, 1986, p.22).
Na idade contemporânea, surge Ballet romântico, que passou a dar às
bailarinas a aparência das personagens que elas deveriam representar, como
um sonho, melancolia, paixões ou idéias revolucionárias. Marie Taglione foi a
primeira a dançar na ponta, chamada de grande estrela do romantismo. Inicia-
se uma era de fadas, ninfas, imaterialidade, na busca de sair do chão e
representar o momento etéreo. (MANGALA, 1985).
Na Idade Moderna, a dança deixa de ser orientação do clero e começa a
ter grande importância entre os povos. Ela passa a ser utilizada com esplendor
nas cortes e conhecida como Balleto. Os Balletos eram compostos de música,
canto, mímica e dança como um espetáculo para a diversão da corte. Com
isso, a dança começa a exigir uma postura correta, adequada, codificando as
posições dos braços e pés, surgindo o Ballet Clássico, com o objetivo de
aperfeiçoar o equilíbrio e a técnica. Na dança, o rosto dos bailarinos era
coberto por máscaras. Devido à beleza moral, a decência e a honra, as
mulheres eram proibidas de dançar. Nos papéis realizados pelas mulheres, os
homens se travestiam, ou seja, usavam disfarce no trajar. O Ballet tinha caráter
melodramático. Luís XIV, um verdadeiro amante da dança criou, na França a
Academia Real de Música e Dança, hoje, conhecida como Ópera de Paris. O
Ballet deixou os salões da corte e passou a se apresentar nos tablados, hoje,
os teatros, onde os dançarinos ficam de frente para o público. (ACHCAR,1980).
Anos depois, viria a decadência do Ballet romântico, porque os
dançarinos começariam a protestar contra esta técnica, pois não tinham a
liberdade de expressão, apenas interpretavam uma ordem pré-determinada.
Eles desejavam movimentos que tivessem mais vida, mais liberdade. Surge a
Dança Moderna. (BERTONI, 1992).
A beleza do Ballet romântico entrou em decadência e, assim, a dança
moderna começou a criar inúmeros adeptos através de Delsarte. Françoes
Delsarte começa a adquirir popularidade, ele procura o que é humano e não o
perfeito, passa a observar pessoas nos asilos, prisões, doentes, bêbados,
começa a visitar sanatórios e até necrotérios.
O pesquisador francês François Delsarte, descobriu os princípios da
27
estática, da dinâmica e da semiótica, ele se tornou o ponto de partida para as
técnicas de Dança Moderna e ainda influenciou a evolução da expressão
corporal através da observação e do exame minucioso do movimento de cada
ser humano e, assim, estabeleceu as leis da expressão corporal. Ele
estabeleceu uma relação entre os movimentos espirituais e os psíquicos entre
o pensamento e o gesto. Delsarte utiliza o tronco do corpo, onde gera o
verdadeiro movimento de expressão, sendo que esse movimento do tronco
corporal não é limitado como é limitado na dança clássica, gerado um fluxo vital
de movimentos conscientes e controlados do relaxamento e da contração.
Assim, o estado emocional é executado como máximo de intensidade, ele
utiliza o chão para estabelecer contato com o próprio corpo (FAHLBUSCH,
1990).
Segundo Fahlbusch (1990), outras leis estabelecidas por Delsarte regem
igualmente as relações do movimento com o tempo e o espaço: a lei da
velocidade sobre a qual Delsarte afirmava que a lentidão e velocidade do
movimento são um produto direto entre o volume a deslocar e o tempo a
percorrer o espaço
e a lei da elevação, hoje aplicada pelos praticantes da
dança moderna, que começa pela posição de curvar sobre si mesmo, como na
posição fetal, que progride pelo desenvolvimento inteiro até a posição de pé,
braços afastados, exprimindo a sensação de realização, de beleza e verdade.
Realizando o movimento inverso, o dançarino exprime a ligação, a feiúra e a
falsidade. A arte consiste, portanto, na escolha de meios próprios para
manifestar, pelo corpo, as emanações da vida, do espírito e da alma.
Delsarte cria uma harmonia celestial entre o corpo e a alma, entre o
físico e o espiritual.
A árvore genealógica de Delsarte, deu frutos de renomes como Émile
Jacques-Dalcroze, Steele Mackaye, Mary Wigman, Marie Rambert, Pina
Bausch, Martha Graham, Hanya Holm, Genevieve Stebbins, Russells, Ted
Shausn, Isadora Duncan, Ruth St. Denis, Edmund, Henrietta Kurt Joos, Rudolf
Von Laban.
Em 1932, com os influxos, chega ao Brasil a dança moderna, trazendo
as primeiras idéias sobre movimento, tendo a bailarina francesa René Gumiel,
que iniciou seus estudos com Dalcroze e também foi aluna de Joos, assim
como Maurício Bejart e Laban. Ela mudou-se para São Paulo em 1957. E em
28
1962 abriu a primeira escola de dança moderna no Brasil.
Na Espanha, a dança flamenca foi levada aos tablados representando
as características de alegria, dor ou sofrimento desse povo. A Dança de Salão
fez parte dos salões da nobreza, depois passaram para as praças e palcos,
como a Valsa, a Mazurka, a Polka, a dança e o teatro, surge trazendo uma
mistura de expressão falada dos textos, canto e da dança. Em 1661 Luís XVI
fundou a Academia Nacional de Dança, hoje a Ópera de Paris (FAHLBUSCH,
1990).
A partir daí surgiram espetáculos luxuosos e, cada vez mais um
espetáculo competia com o outro. O primeiro a se apresentar foi o Ballet
Comique de La Reine em 1581.
Balé foi levado à França por Catarina de Medicis, que queria manter os filhos entretidos enquanto ela se preocupava em governar. A rainha então importou da Itália artistas e cortesões especializados de luxuosos espetáculos, e lhe encomendou muitos espetáculos que deveriam manter a corte distraída durante boa parte do tempo. O espetáculo era uma combinação de dança, canto e textos falados, e seu objetivo era claramente social e político: um passatempo elegante para o monarca e sua corte. Também propiciava ocasiões para o esbanjamento de fortunas, e principalmente, possibilitava a indecente adulação que a corte fazia ao rei. Os temas escolhidos eram geralmente mitológicos e o rei sempre desempenhava o papel de divindade vencedora, adorado pela corte circundante (FARO, 1986, p.32)
Em 1721, diminui-se o comprimento da saia de dança e quando ousava
saltar, todos viam os seus pés, o que causou um escândalo na época. Um dos
inovadores e grande célebre foi J. C. Noverre, nascido em 1727. Ele estreou
como uma das influências importantíssimas na arte da dança. Noverre ajudou a
derrubar as teorias da época que eram apenas elogiar as figuras políticas. A
influência desse grande inovador fez com que a arte dança chegasse às
camadas menos favorecidas. Surge um outro influenciador Gasparo Angedi,
que opinava por um balé dramático seguindo Noverre, porém com uma
interpretação perfeita pelos bailarinos, que não teria a necessidade de se ler a
história, apenas dançar. Os coreógrafos Pokine e Massine apoiaram.
(ACHCAR, 1980)
Vindo das civilizações até os tempos de hoje, a dança se apresenta
como um leque, sob as mais diversificadas formas, como: a dança clássica, a
29
dança moderna, a dança contemporânea, a dança de salão, a dança do ventre,
as danças populares, as danças circulares, a dança litúrgica, o jazz, o
sapateado, entre outros inúmeros estilos de dança. Mas a utilização de cada
uma delas poderá ser feita no sentido de espetáculos para apresentações,
assim como utilizada nos recursos adaptados, como nessa pesquisa ou ainda
outros fins específicos.
Ao dançar, os diversos ritmos possibilitam a ampliação do repertório de
movimentos que traz na sua essência a qualidade de estimular a importância
neuro-psico-motor, da socialização, técnicas de relaxamento, toques e
massagens. Assim como veremos posteriormente no desenvolver da pesquisa.
Segundo Ramos (1998), descreve:
Dentro da visão da dança no papel terapêutico não existe a cobrança de técnicas, de um domínio corporal perfeito e também a não existência permanente para futuras demonstrações. Portanto a dança não perde a sua alma, ela eleva gentilmente ao bom humor, gerando alegria, bem estar, calma e felicidade, ajudando na cura de seus males. (RAMOS, 1998, p. 53)
Uma das incapacidades das crianças autistas é o déficit na comunicação
e na expressão, a dança tenta amenizar esse déficit, pois trabalha a
criatividade, a expressão, gerando movimentos lúdicos. A dança, por meio de
expressões como alegria, tristeza e euforia poderão expor emoções contidas
em seu inconsciente. Ela permite às crianças autistas um esforço positivo na
ajuda para formação da personalidade, melhora-se a auto-estima, auto-imagem
e a autoconfiança.
Segundo Dullius (1999, p.13), descreve: Através da dança,
conseguimos corrigir postura, dar equilíbrio, tirar agressividade, desinibir e
muitas outras vantagens
Na natureza tudo se movimenta nada é estático. Dançando
estabelecemos uma relação com nosso corpo e com a natureza em uma
harmoniosa relação (RAMOS, 1998).
Segundo o autor Vianna, (1990)
A vida, o mundo e o homem manifestam-se através do movimento. Dançar é mover-se com ritmo, melodia e harmonia. Por tal razão, nas metafísicas orientais, os deuses responsáveis pela criação do mundo são geralmente apresentados como os Senhores da Dança. Este é, por
30
exemplo, o caso da Shiva Nataraja, o Senhor da Dança, deus indiano da criação. (VIANNA, 1990, p. 13)
A dança é uma ajuda, capaz de limpar angústias e temores. Isso faz
buscar e resolver a compreensão do seu significado na vida das pessoas com
algum tipo de deficiência. A dança como atividade ao autista só vem a
contribuir. Conhecer nosso corpo detalhadamente nos faz sermos, ao mesmo
tempo, conscientes, para podermos nos expressar melhor e aceitar igualmente
nossas limitações. A arte consiste, portanto, na escolha de meios próprios
para manifestar, pelo corpo, as emanações da vida, do espírito e da alma .
(FAHLBUSCH, 1990, p. 32).
Considerada como um dos conteúdos da Educação Física, a dança é uma linguagem da arte que expressa diversas possibilidades de assimilação do mundo. A dança é uma das expressões significativas que integra o campo de possibilidades artísticas, contribuindo para a ampliação da aprendizagem e a formação humana. (SANTOS; FIGUEIREDO, 2003, p.1)
2.1 Dança como um fator de inserção social
A dança pode colaborar com os portadores de necessidades especias
de maneira eficaz com a inclusão social, aos portadores de necessidades
especiais, pois ela traz relações diversas com o homem o seu meio social e
cultural. Historicamente, a dança assumiu várias formas e tem se transformado,
assim como a sociedade. Ensinar a dançar não é dizer apenas o que está
certo ou errado, mas estimular a sua capacidade de expressão corporal, de
criar, ou seja, brincar com o próprio corpo. Segundo Maurice Béjart, coreógrafo
sensível ao significado da dança na educação das crianças, dançar é tão
importante para uma criança quanto falar, contar ou aprender. O lugar da
dança é nas casas, na rua, na vida. (SANTOS; FIGUEIREDO, 2003).
Em um processo histórico, os autistas assim como os portadores de
necessidades especiais, eram excluídos da sociedade em razão de que
possuíam maus espíritos. Os indivíduos os afastavam devido a essas crenças
e os faziam se isolar ainda mais da sociedade.
31
Segundo Marques (apud SANTOS; FIGUEIREDO, 2003), no que se
refere às pessoas com necessidades especiais, a dança possibilita a
integração entre os indivíduos nos processos criativos e interpretativos de
dança em sala de aula, trabalhando com a pluralidade cultural. Além disso, ela
pode propiciar a aceitação, a valorização e a experiência de que diferentes
corpos criam diferentes danças e de que não necessitamos de um corpo
perfeito, segundo padrões sociais, para nos expressar e comunicar.
É necessário conscientizar a família, os amigos e a sociedade, de que a
inserção social é de fundamental importância aos autistas, como também aos
portadores de necessidades especiais.
Para Lacan (apud RIBEIRO; BASTOS, 2007), toda formação humana
tem, por essência, e não por acaso, de refrear o gozo. Vale dizer, não dominá-
lo ou aboli-lo, mas dar-lhe um lugar no laço social. A inclusão escolar de
crianças autistas e psicóticas não se exclui dessa tarefa, pretende-se não
sucumbir à segregação, mas investir na criação de laços.
A dança pode favorecer no âmbito pedagógico, contribuindo para um
maior contato entre o autista e os colegas, gerando uma melhor disciplina e
organização e promovendo a inserção social.
Muitos frutos dessa iniciativa foram colhidos, como por exemplo: o interesse de participação da comunidade local, melhoria da disciplina de alguns alunos considerados indisciplinados e desinteressados pela escola e da auto-estima dos participantes. Além de atrair a participação espontânea de um aluno com paralisia cerebral/cadeirante e um outro autista com atividade lúdica e de interação com outras crianças, o que coaduna com a proposta de educação inclusiva. (VARGAS, 2005, p.5)
2.2 Estilos de dança e suas adaptações
Os estilos de danças para auxiliar os portadores de autismo é uma fusão
de diversos tipos de dança. Entre elas pode-se citar: contemporânea, danças
folclóricas, danças populares, danças circulares, dança do ventre, dança de
salão, jazz e encenação de dança. Essa diversidade se dá pelo fato do recurso
ser adaptado para cada fase de aula, conseguindo ter uma diversificação e
32
adaptar para cada época dentro da necessidade do autista.
Há vários tipos de dança, os quatro grandes grupos são: dança clássica,
dança de salão, dança moderna e dança rítmica. Outros tipos de dança a
serem citados são: Ballet, Ballroom, Bolero, Break-dance, Capoeira, Ceroc,
Can Can, Cha-Cha-Cha, Contemporânea, Contra-dança, Country Western,
Disco, Exotic Dancing, Flamenco e Spanish Gypsy, Folk and Traditional,
Foxtrot, Funk, Jazz, Line Dance, Mambo, Merengue, Middle Eastern, Modern,
Polka, Religiosas, dança Sacra, Rumba, Salsa, Samba, Swing, Scottish,
County Dancing, Square Dance, Tango, Twist, Valsa e Estern. (BRASIL
CULTURA, [s.d])
Pode-se citar também as Danças Nacionais e Populares como as da
Espanha são: Fandango, Bolero, Jota, Seguidilha, Flamenco; da Itália são:
Tarantela, Furlana; da Inglaterra é: Jiga; da Polônia são: Mazurca e Polca; da
Hungria são: Xarda; do Brasil são
Baião e Samba, as danças brasileiras são
mesclas de fatores negros, índios e europeus; de Portugalsão: Vira, Verde-
Gaio, Malhão, Fandango Ribatejano, Pauliteiros de Miranda do Douro, Gota,
Chula, Corridinho. (BRASIL CULTURA, [s.d]).
Nessa importante inter-relação das danças, inclui-se:
a) a Dança Contemporânea: utilizada com o objetivo do contato dos
pés, do corpo e das mãos com o chão. Movimentos amplos em
esticar, contrair, relaxar, dobrar, torcer. O espaço relacionado com a
atenção, movimentos rápidos e lentos. A expressão facial e corporal,
trabalhar mãos, dedos, cabeça, o fechar e o abrir. A referência não é
o público, mas o próprio corpo;
b) a Dança Folclórica: utilizada com o objetivo de estudar as tendências
e tradições populares, entre as quais: suas roupas, suas comidas,
seu ritmo, a utilização de acessórios como os pandeiros, cestas de
flores, os leques e as flores. E ainda com o intuito de trabalhar a
concentração dos objetos com o ritmo da música e tornar a dança
mais atrativa aos olhos das alunas. O corpo assim, desenvolverá os
sentidos do tato, da audição, visão e do equilíbrio, gerando uma
energia vital;
c) as Danças Populares: tiveram como objetivo aprimorar os
movimentos assimétricos, trabalhando a criatividade, a exploração do
33
espaço e a melhora no tônus muscular;
d) as Danças Circulares: tiveram como objetivo principal o contato
físico, o toque das mãos, o contato visual, a socialização. Elas são
danças educativas, recreativas, associativas. O corpo e a mente não
são separados, mas sim trabalham juntos e em conjunto com o
colega que está à direita e com o que está à esquerda. É uma dança
que se completa, um precisa do outro para que possam dançar
juntos;
e) a Dança do Ventre: objetivou despertar disciplina, equilíbrio, saúde,
improvisação, ritmo, combinação de movimentos e deslocamento no
espaço. Ela é uma dança associativa que desenvolve um trabalho
constante de lateralidade, ondulações, giros lentos e rápidos, e
também, corrige postura. A utilização da roupa é de vital importância
para desenvolver a auto-estima, auto-imagem;
f) a Dança de Salão: teve por principal objetivo o contato físico das
mãos, dos braços, o toque sensorial, a pele. A pele, como uma
roupagem contínua e flexível, envolve-nos por completo. É o mais
antigo e sensível de nossos órgãos, nosso primeiro meio de
comunicação, nosso mais eficiente protetor. O corpo todo é recoberto
pela pele. Até mesmo a córnea transparente de nossos olhos é
recoberta por uma camada modificada de pele. (MONTAGU, 1988, p.
21). A dança social foi se transformando aos poucos e tornou-se
acessível às camadas menos privilegiadas da sociedade que já
desenvolviam outro tipo de dança: as danças populares, que
inevitavelmente, com essas alterações de comportamento foram se
unindo às danças sociais, dando origem, assim, a uma nova vertente
da música dançada por casais, que mais tarde seria denominada
Dança de Salão. (BRASIL CULTURA, [s.d]);
g) a Dança de Rua (Street Dance): tem por objetivo a mímica, artes
marciais, ginástica olímpica, dança russa, dança indiana e capoeira;
h) o Flamenco: tem por objetivo a expressão corporal estabelecida por
meio de sons retirado das palmas das mãos e dos pés, juntamente
ao som da música ou não;
i) o Sapateado tem por objetivo o ritmo, associado ou não com a
34
música, o som do próprio corpo, a batida das mãos, dos pés e o som
do sapateado, além da força, resistência, agilidade, coordenação,
equilíbrio e velocidade. Desenvolve a área psicossocial, psico-motriz,
é o som do próprio corpo produzindo música;
j) dança-teatro: apresenta como objetivo principal estudar a seqüência
da história encenada, estudas os personagens a fim de integrá-los
com a expressão corporal;
l) o Jazz tem como objetivo trabalhar a parte aeróbica para que se
sinta bem física e psicologicamente, melhorando o tônus muscular.
As danças não são reservadas exclusivamente aos profissionais, elas
podem e devem ser praticadas pelos amadores, tendo como objetivo sentir a
emoção por meio da música, o prazer do movimento, da criação para a
realização de atividades que possam obter resultados práticos, assim como a
melhora dos seguintes aspectos:
a) equilíbrio: estático, dinâmico, educação das sensações;
b) coordenação: global, segmenta, ou seja dividida; sensório-motora;
oculomanual;
c) respiração: conscientização dos dois tempos: inspiração nasal e
expiração bucal;
d) imagem do corpo: vocabulário, sensações cinestésicas ou
sensibilidade; consciência do eixo corporal, consciência segmentar,
consciência do tronco, consciência das sensações como: contrair-
relaxar, conduzir e arremessar;
e) lateralização: em relação a si, aos objetos e a terceiros;
f) organização espacial: noções de próximo, distante, intervalos,
direções, superfícies e terceira dimensão;
g) organização temporal: noções de velocidade, duração, ritmo e
andamento;
h) socialização: afetividade, companheirismo, respeito e solidariedade;
i) disciplina: respeito às regras e controle das emoções;
j) pantomima: auto-expressão;
k) criatividade: descobrir novas potencialidades, personalidade.
Segundo Masson (1988):
35
Desde 1966 têm sido criados, em muitas universidades dos Estados Unidos, programas pedagógicos que resultam em um diploma reconhecido. Duas correntes muito nítidas e muito diferentes abriram caminho. Uma teria tendência a colocar a dança a serviço da recreação e da ginástica medicinal. A outra insistiria mais no poder terapêutico da dança, através da expressão das emoções. (MASSON, 1988. p. 261)
É interessante o resultado de esforço de sensibilização realizado aos
autistas, transformando a dança em atividade adaptada, onde o objetivo
principal é utilizar o corpo como instrumento para o movimento e esse
movimento em forma de dança. As mãos, os pés e o rosto transmitem ao
cérebro informações sobre o meio ambiente e esse contato físico, somados à
música e à dança formam um conjunto importante dentro do contexto dessa
atividade.
O ser humano pode ficar restrito a privações visuais, auditivas e até
físicas, porém a experiência sensorial deverá ser mantida. (MONTAGU, 1988).
Um outro ponto importante a ser apresentado na dança é a socialização,
pois ela ajuda a evitar sentimentos de inferioridade, de imperfeição e de
frustração.
Fux (2005, p. 117), questiona: Até que ponto o movimento consegue a
comunicação e é capaz de transcender mesmo as barreiras dos casos limites?
O importante é aprender com as próprias limitações. Durante as aulas
juntamente com os alunos, são formadas coreografias, o diálogo do corpo
transforma o movimento em linguagem própria, mesmo para aqueles que
apresentam patologias. Nas aulas, o principal lema é: não precisa ter pressa. O
importante é valorizar os pequenos instantes, tudo a seu ritmo, a compensação
dessa calma é que gera a criatividade do movimento, produzindo a auto
realização.
Esse pensamento diminui o conceito do: não consigo fazer. Não se
apresse! Trabalhe, confie e respeite-me. Dê tempo ao tempo . (FUX 2005, p.
24)
É interessante observar que dentro nesse trabalho não se utilizam gritos
ou comparações para que uma aluna seja melhor que a outra, ou exigência
para que realizarem movimentos e técnicas com perfeição.
Segundo Fux (2005):
36
Apesar de repetir permanentemente, em todos os meus cursos e como um lema, não faço nenhum tipo de interpretação psicológica, tampouco utilizo expressões como isso está bem feito ou malfeito , deve ser assim , é preciso conseguir... Jamais utilizo esses termos, apenas vou aceitando os limites dos outros, como aceito os meus próprios, eu vou adquirindo por meio deles minhas próprias mudanças. (FUX, 2005, p. 94)
A dança encontra-se pela sensação que o movimento provoca, onde se
fixa o domínio do próprio corpo gerando bons hábitos motores, coordenação,
pressão e preensão, desenvolvendo-se assim uma educação motora e
psicomotora do movimento corporal por meio de alguns elementos introduzidos
pela dança. Ao empregar a dança como recurso adaptado, temos como
objetivo principal, totalizar emoções, aperfeiçoar o equilíbrio fisiológico e
psíquico, a organização de idéias, o reforço do ego, a comunicação não-verbal.
Utilizando o corpo como instrumento de expressão corporal ele revelará
idéias que as palavras muitas vezes não conseguem exprimir, como o medo, a
ira, a serenidade e a alegria. Toda a série de sentimentos que um autista tem
dificuldade de expor.
Neste plano, creio que é muito o que se poderia fazer pelo doente mental e em seu caso sinto que chegou a hora de contribuir com o aprendizado nestes trabalhos para que este plano ambicioso se concretize. Oxalá meus anos de investigações solitárias despertem o interesse de outras pessoas capazes de fazer a maravilhosa descoberta do que o corpo não sabe mentir quando se move. (FUX, 2005, p. 117)
As crianças autistas não se interessam em buscar objetos, não realizam
movimentos de observar suas mãos, os pés, o som de cordas vocais, não se
interessam pelos acontecimentos que passam à sua volta, comprometendo,
assim, esse contato com os objetos, com as pessoas, apresentando prejuízo
na interação interpessoal, comportamental e de comunicação. Ela desenvolve
um déficit no contato, ficando dolorosa a privação de experiências sensoriais.
Portanto, os movimentos da dança e da música obtiveram importância nesse
caso.
A autista foi enquadrada dentro de um grupo de crianças normais.
Induziu-se a participar do início das aulas que eram os alongamentos e os
aquecimentos, tudo dentro da capacidade de cada um, sempre respeitando os
limites e o tempo de trabalho.
37
A troca de olhares passou a ser mais freqüente e deu-se início à
estimulação sensorial. Essa era uma regra que deveria ser realizada com
paciência e respeito. O movimento e a música despertavam um maior interesse
a cada aula.
O objetivo principal não era o espetáculo, a apresentação, mas sim a
participação nas aulas.
A utilização da dança como atividade teve o objetivo de promover uma
aproximação com o meio ambiente e com as pessoas. Promover a socialização
e desenvolver a expressão corporal e a fala, pois existem infinitas
possibilidades sobre o ser humano na prática do exercício, como recurso
adaptado para aqueles que são deficientes. Para Freire (apud KUPFER;
FARIA; KEIKO, 2007), o autista deve ser tomado em sua dimensão de enigma
e não de déficit.
2.3 Estratégias metodológicas
Os métodos são procedimentos do ensino centrados aos objetivos,
planejado pelo professor, onde busca despertar o interesse do aluno, à
comunicação verbal, escrita ou corporal (FAHLBUSCH, 1990). Para isso utiliza-
se: áudio-visual, local, espaço físico, e os profissionais envolvidos. Através da
avaliação, o professor observa o aspecto sócio-afetivo, psicomotor, cognitivo,
didático, pedagógico, entre outros. (NANNI, 1995).
Um das características metodológicas é possibilitar ao aluno a
integração ao grupo, tendo como objetivo a integração da família e do mundo
que o cerca, assim como interesse pelas aulas Atividades criativas, de
expressão corporal e comunicativa fornecem apoio para o desenvolvimento de
uma vida independente, atitudes, sentimentos, habilidades motoras e
cooperação.
O método permite também aprender habilidades técnicas,
deslocamentos, vários ritmos, dinâmicas de grupos com várias características,
pantomimas, jogos de movimentos, seqüência de movimentos para juntamente
com o grupo elaborar coreografia. (OSSONA,1998).
38
2.3.1 Técnicas
A técnica utilizada é através da dança, é um meio pelo qual se chega
mais fácil ao aluno, respeitando o ritmo de cada um, sua capacidade
psicomotora e a sua compreensão. (FUX, 2005).
A aplicação da técnica no início é utilizando a flexão e rotação da coluna,
deslocamentos, quedas, elevações, direções, ritmos, deslizar, torcer, trabalho
de entradas e saídas nas coreografias. (RENGEL, 2003).
2.3.2 Didática
Através da dança, deverá ser trabalhado: força, velocidade, resistência,
capacidade motora, orientação espacial, orientação temporal, lateralidade,
controle dos movimentos, sociabilização, atividades relacionadas ao
comportamento, motivação, desenvolver as capacidades condicionais e de
coordenação.
Na didática, a responsabilidade fica com a transmissão do conteúdo a
ser passado, a compreensão das fases, partindo do exercício simples para o
complexo, através de indicações verbais e demonstrações corporais,
oferecendo uma garantia de clareza ao conteúdo da dança. (FAHLBUSCH,
1990).
A correta relação em organizar e coordenar, tendo o respeito pela
execução da motricidade corporal humana surge através de situações como
jogos corporais e associação corporal, tornando a dança uma forma lúdica em
suas atividades.
2.3.3 Planejamento
O planejamento consiste em preparar uma aula para colocá-la em
39
prática posteriormente e atingir os objetivos determinados na dança pela
expressão corporal, tendo em vista sua melhora no comportamento, na
aprendizagem e na sua integração social. O planejamento deverá possuir uma
disciplina, cooperação, responsabilidade, coerência, seqüência, permitir
alterações, ser claro em suas propostas, encorajar a participar do treinamento,
resgatar valores culturais e ser uma atividade lúdica. (NANNI, 1995).
O planejamento desenvolverá no aluno o movimento, a forma, espaço
ritmo e tempo em relação ao indivíduo, ao objeto, ao ambiente e ao grupo.
Stone (apud NANNI, 1995) classifica os comportamentos motores em
cinco categorias:
a) impulso de força máxima;
b) movimentos de tensão lenta;
c) movimentos de tensão rápida;
d) movimentos balísticos;
e) movimentos oscilatórios.
A dança trabalha esses cinco movimentos para um melhor
desenvolvimento dos alunos.
O programa é dividido através das faixas etárias, desenvolvimento
biológico e suas habilidades, onde se divide em:
a) iniciantes;
b) intermediários;
c) avançados;
d) avançados/repertórios, que são técnicas e interpretações do mais
alto nível.
O planejamento é indiscutível para exercer bons resultados, por meio de
instaurar estratégias e técnicas e controlá-las para corrigi-las periodicamente e
se ajustar às metas programadas, não permitindo que se tenha um programa
sem sentido. Nessa fase, a atividade entra como um recurso de extrema valia,
pois será desse ponto que se iniciou aplicação das estratégias elaboradas. O
educador estabeleceu uma relação entre o educador-aluno.
O plano de aula é realizado três vezes por semana com duração de uma
hora, apresentando diferentes ritmos.
O material didático utilizado é: corda, bolinha de tênis, fitas coloridas,
pesinho de 1 kg, lenços, véus, pandeiros, cadeiras, elásticos coloridos, chapéu,
40
bengala, leques, cestas, flores, bola de sabão, bolas de diferentes tamanhos,
bastões, bambolê, argolas, boliche, diferentes cenários e máscaras.
41
CAPÍTULO III
A PESQUISA
3 INTRODUÇÃO
Para demonstrar que a dança busca identificar a constituição e
legitimação como uma inserção social do autista na família e na sociedade, foi
realizada uma pesquisa de campo, no período de fevereiro a outubro de 2008,
no Lins Country Club, na cidade de Lins/SP, após a aprovação do Comitê de
Ética e Pesquisa (CEP) do UNISALESIANO em vinte e sete de maio do ano de
2008.
O método utilizado foi um relato de caso, onde se realiza um
acompanhamento avaliando e reavaliando a dança empregada, cujo resultado
será descrito. Completou-se o estudo com depoimentos e entrevistas com
fisioterapeuta, profissional de educação física e professor de dança.
No caso, foram utilizados conhecimentos teóricos e práticos, para
favorecer a dança como atividade adaptada na intervenção social e, assim,
conduzir a pesquisa para os objetivos estabelecidos nesse estudo.
A intervenção foi realizada no período de fevereiro a outubro de 2008,
com três aulas semanais de uma hora cada, sendo realizada em grupo. Para
as aulas de dança foram utilizados: espelho, barra fixa, aparelho de som, CDs,
DVDs, vídeo, televisão, colchonete, step, tornozeleira, véu, leque, cestas,
flores, cama elástica, chapéu, bengala, pandeiro, bonecas, vasos e fitas
coloridas.
Os objetos foram utilizados de acordo com os estilos de dança.
Na dança foi imprescindível estabelecer o contato visual, o contato físico
e retirá-la da ociosidade, devido a características da síndrome.
As técnicas utilizadas foram as seguintes:
a) Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A);
b) Roteiro de Entrevista com o Fisioterapeuta (Apêndice B);
42
c) Roteiro de Entrevista com o Profissional de Educação Física
(Apêndice C);
d) Roteiro de Entrevista com o Professor de Dança (Apêndice D);
e) Termo de Consentimento (Apêndice E);
f) Anamnese (Apêndice F);
g) Ficha de Avaliação Dança (Apêndice G);
h) Outros registros: serão usados materiais ilustrativos
3.1 Caracterização do Lins Country Club
Aspecto físico: uma sala localizada no Lins Country Club, com tamanho
de doze metros de comprimento por sete metros de largura, as paredes
apresentam uma altura de um metro, toda feita de tijolo, acima até dois metros
de altura é feita de vidro. Contém três portas, sendo duas de correr e uma com
abertura para dentro, contém três ventiladores sendo que dois são de teto e um
giratório fixado na parede, possuindo seis lâmpadas fluorescentes. O piso é
feito de mármore.
Na sala contém vinte step, quarenta colchonetes e quinze camas
elásticas, possui também tornozeleiras e halteres de até três quilos. Possui um
espelho de quatro metros de comprimento por um metro e setenta centímetros
de altura.
No espaço a ser trabalhado possui também um aparelho de som fixo e
um móvel.
O horário de funcionamento é das sete horas às vinte e uma horas de
segunda à sexta-feira, e nos sábados das oito horas às dezessete horas. Nos
domingos ela encontra-se fechada.
Recursos humanos: trabalham no estabelecimento cinco profissionais de
Educação Física, sendo um do sexo masculino e quatro do sexo feminino.
As modalidades desenvolvidas são: aero-jump, ginástica localizada,
body-combat, Ballet clássico, jazz, dança do ventre.
43
3.2 Estudo de caso
Para demonstrar a eficácia da dança adaptada como uma forma de
inserção social, na Síndrome do Autista, foi selecionado um caso de um
adolescente de vinte e um anos do sexo feminino, que foi denominado de Caso
1.
3.2.1 Caso 1
3.2.1.1 Anamnese
Adolescente do sexo feminino, de vinte e um anos de idade (21),
residente na cidade de Guaiçara, estado de São Paulo. Segundo informações
colhidas pela mãe, filha da segunda gestação, a mãe tinha vinte e dois anos
(22) e o pai vinte e quatro (24). A mãe fazia uso de anticoncepcional para não
engravidar novamente, pois o primeiro filho estava com um ano.
Segundo a mãe, a gestação foi normal, não ocorreu nenhum problema,
realizou o pré-natal corretamente, o parto foi cesariana, a criança nasceu com
quatro quilos e cem gramas (4.100 Kg) e foi amamentada até os quatro meses.
Com três meses apresentou controle de cabeça, rolou, engatinhou,
porém esboçou marcha aos quatro (04) anos de idade.
Os pais buscaram recurso médico em algumas cidades como:
Marília/SP, Lins/SP, Ribeirão Preto/SP e São Paulo/SP, onde foi detectado
traços de autismo ou Síndrome de Asperger.
A adolescente é independente em higiene, vestuários, alimentação,
locomoção e apresenta entonação na fala.
Freqüentou escola normal até os dezessete (17) anos.
Fizeram acompanhamento com fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e
natação. Hoje, freqüenta regularmente apenas as aulas de dança.
44
3.2.1.2 Plano de aula
DATA ATIVIDADES OBJETIVOS
11/02/2008 Alongamento iniciação
14/02/2008 Barra, alongamento iniciação
16/02/2008 Barra, flexibilidade iniciação
18/02/2008 Barra, centro iniciação
21/02/2008 Barra, centro, alongamento iniciação
23/02/2008 Barra, centro, flexibilidade iniciação
25/02/2008 Barra, pantomima iniciação
28/02/2008 Coreografia ensaio
01/03/2008 Aula teórica tática
03/03/2008 Barra, centro, allegro iniciação
06/03/2008 Barra, pantomima iniciação
08/03/2008 Barra, centro, allegro iniciação
10/03/2008 Barra, centro, diagonal iniciação
13/03/2008 Eficiência física resistência
05/03/2008 Barra solo iniciação
17/03/2008 Barra, marcha iniciação
20/03/2008 Barra, marcha iniciação
24/03/2008 Coreografia ensaio
27/03/2008 Coreografia ensaio
29/03/2008 Coreografia ensaio
31/03/2008 Coreografia ensaio
03/04/2008 Aula teórica tática
05/04/2008 Barra solo iniciação
07/04/2008 Barra, centro iniciação
10/04/2008 Barra, centro, allegro iniciação
12/04/2008 Barra, pantomima iniciação
14/04/2008 Barra, centro, diagonal iniciação
17/04/2008 Coreografia ensaio
19/04/2008 Coreografia ensaio
24/04/2008 Coreografia ensaio
45
continua
26/04/2008 Coreografia ensaio
28/08/2008 Coreografia ensaio
05/05/2008 Barra solo, barra iniciação
08/05/2008 Barra, centro iniciação
10/05/2008 Comemoração do dia das mães apresentação
12/05/2008 Barra, centro, allegro iniciação
15/05/2008 Barra, pantomima iniciação
17/05/2008 Eficiência física iniciação
19/05/2008 Aula teórica tática
26/05/2008 Coreografia ensaio
29/05/2008 Coreografia ensaio
31/05/2008 Coreografia ensaio
02/06/2008 Marcha, alongamento iniciação
05/06/2008 Alongamento, flexibilidade iniciação
07/06/2008 Barra solo, alongamento iniciação
09/06/2008 Barra, centro iniciação
12/06/2008 Barra, centro iniciação
14/06/2008 Barra, centro, allegro iniciação
16/06/2008 Barra, centro, allegro iniciação
19/06/2008 Barra, allegro iniciação
21/06/2008 Barra, pantomima iniciação
23/06/2008 Eficiência física resistência
26/06/2008 Coreografia ensaio
28/06/2008 Coreografia ensaio
30/06/2008 Coreografia ensaio
03/07/2008 Centro, diagonal, alongamento iniciação
05/07/2008 Comemoração da festa junina apresentação
07/07/2008 Barra solo, centro, diagonal iniciação
10/07/2008 Barra, centro, diagonal iniciação
12/07/2008 Barra, pantomima iniciação
14/07/2007 Barra, centro, allegro iniciação
17/07/2008 Barra, centro, allegro iniciação
19/07/2008 Barra, centro, allegro iniciação
46
continua
21/07/2008 Alongamento, flexibilidade iniciação
24/07/2008 Barra, centro iniciação
26/07/2008 Eficiência física iniciação
28/07/2008 Coreografia ensaio
31/07/2008 Coreografia ensaio
02/08/2008 Coreografia ensaio
04/08/2008 Barra solo, centro iniciação
07/08/2008 Barra, centro iniciação
08/08/2008 Comemoração do dia dos pais apresentação
11/08/2008 Barra, centro, alongamento iniciação
14/08/2008 Barra, centro, allegro iniciação
16/08/2008 Barra, centro, allegro iniciação
18/08/2008 Barra, centro, diagonal iniciação
21/08/2008 Barra, pantomima iniciação
23/08/2008 Eficiência física iniciação
25/08/2008 Coreografia ensaio
28/08/2008 Coreografia ensaio
30/08/2008 Coreografia ensaio
31/08/2008 Coreografia ensaio
01/09/2008 Barra, centro, allegro iniciação
04/09/2008 Barra, centro, allegro iniciação
06/09/2008 Barra, centro, diagonal iniciação
08/09/2008 Barra, diagonal iniciação
11/09/2008 Barra, pantomima iniciação
13/09/2008 Eficiência física iniciação
15/09/2008 Centro, diagonal, alongamento. iniciação
18/09/2008 Barra, diagonal, alongamento. iniciação
20/09/2008 Coreografia ensaio
22/09/2008 Coreografia ensaio
25/09/2008 Coreografia ensaio
26/09/2008 Ponto de encontro apresentação
29/09/2008 Alongamento, flexibilidade iniciação
02/10/2008 Barra, centro, allegro iniciação
47
continua
04/10/2008 Barra, centro, allegro iniciação
06/10/2008 Coreografia ensaio
09/10/2008 Coreografia ensaio
12/10/2008 Comemoração do dia das crianças apresentação
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2008
Quadro 2: Plano de Aula
3.2.1.3 Resultados
Foi possível observar uma evolução após a intervenção da dança como
uma atividade de inserção social. Pode-se observar uma evolução na
sociabilização, na relação interpessoal, no comportamento lúdico, na
expressão corporal, na fala, no relacionamento com o grupo de dança, com a
família e com a sociedade. Estabelecendo, assim, um melhor contato visual,
sendo notado interesse pelas aulas e o início da participação em
apresentações sociais.
3.3 A opinião dos profissionais sobre o assunto
Sobre o trabalho de dança com recurso adaptado na inserção social, na
Síndrome do Austismo (Asperger), foram ouvidos os seguintes profissionais
que assim expõem:
3.3.1 A Palavra do Fisioterapeuta
Todos os deficientes apresentam patologias diversas,
umas mais graves que, porém eles devem ser inseridos
48
dentro da inclusão social. Para isso, o profissional deverá
saber desenvolver atividades próprias para cada
patologia. Quanto à dança, ela ajuda na expressão
corporal e explora movimentos acíclicos. Através da
dança, um portador de necessidades especiais deverá
sentir e reconhecer habilidades e aptidões. A dança
poderá beneficiar movimentos corporais com o intuito do
seu desenvolvimento e de sua aprendizagem, onde
descobrirá o seu próprio corpo e reconhecerá que é capaz
de realizar essa atividade da dança tanto quanto outra
criança. (Fisioterapeuta, 37 anos, sexo masculino,
Lins/SP)
3.3.2 A Palavra do Profissional de Educação Física
A convivência entre portadores de necessidades
especiais e as que não apresentam patologias é de
extremo valor para ambos. A dança é uma forma de
expressão universal e desenvolve principalmente a
sociabilização. A dança nos traz uma reflexão quanto ao
limite de nosso corpo, além de outros aspectos, como
respeito ao próximo e perseverança, benefícios
importantes a todos que a praticam. (Profissional de
Educação Física, 25 anos, sexo feminino, Lins/SP)
3.3.3 A Palavra da Professora de Dança
A inclusão social é muito importante para as pessoas
portadoras de necessidades especiais, porém essa
inclusão deve ser realizada por profissionais
49
especializados, visando a uma melhor adaptação da
pessoa portadora de alguma patologia junto ao grupo. A
dança estabelece uma ligação muito importante para os
portadores de necessidades especiais, pois gera muitos
sonhos e nos leva a ver o mundo de forma diferente, com
muito mais alegria. A dança estabelece relações entre o
mundo e o próprio indivíduo e também através da dança é
possível ensiná-los e fazê-los tornarem-se mais
independentes. (Professora de Dança, 39 anos, sexo
feminino, Bauru/SP)
3.3.4 A palavra dos Pais
Antes de a minha filha começar a dançar, a vida dela era muito sem
graça. Por ter parado de freqüentar uma escola, seu mundo reduziu-se à sua
casa com seu computador e televisão. Ela não gosta de acordar cedo, mas nos
dias de dança ela acorda bem cedo, arruma a bolsa no dia anterior com a
sapatilha e fica contando as horas para ir, sabe exatamente tudo o que a
professora fala, dá os recados, se interessa pelas roupas, quer comprar coisas
para a dança, como: meia, sapato e saia. Ela nos deixa muito animados com
toda essa vontade de dançar. Adora a professora, as alunas, enfim nesse dia
não tem mau humor e nem irritação. Dançar significa vida para ela, pois é
muito feliz dançando. Obrigada, professora, por seu carinho e dedicação. (Pais
de aluna)
3.3.5 A palavra das Professoras
A inserção de crianças autistas é muito importante, é
possível, mas deve-se sempre respeitar os limites da
mesma. A inclusão deve ser feita através de situações
50
que promovam o potencial de aprendizagem. A dança
pode auxiliar nessa inserção, pois mexe com a emoção,
levando as crianças à adaptação, tornando mais fácil a
interação social e a sociabilização. (Professora Municipal,
41 anos, Lins/SP, exerce sua profissão há 14 anos)
A criança não brigava na sala de aula, ela apresentava
um bom relacionamento com alguns colegas, porém fora
da sala ela emburrava e não falava com mais ninguém.
Apresentava dificuldade na aprendizagem, entretanto,
contava com o apoio dos pais. Sorria muito sem motivo
aparente e mudava constantemente de humor.
(Professora, sexo feminino, 40 anos, Lins/SP, exerce sua
profissão há 18 anos)
3.4 Parecer final sobre o caso
A função de uma experiência de vida que está descrita por um relado de
caso, foi possível constatar que a proposta aplicada, bem como a resposta
positiva vem mostrar que a dança é muito importante na atividade como
recurso para a inserção social do autista, gerando bons hábitos motores, assim
utilizando o corpo como instrumento de experiência corporal, a dança revela
idéias que as palavras muitas vezes não conseguem exprimir como: medo,
serenidade, alegria, ira, toda uma série de sentimentos que o autista tem
dificuldade de expor.
Portanto, observou-se que a Educação Física é de suma importância,
porque transmite criatividade para descobrir novas potencialidades, disciplina,
respeito as regras, sociabilização, companheirismo, solidariedade. Enfim, a
dança a serviço da recreação, do lazer, da atividade, da ginástica ou até
mesmo da expressão de emoções.
51
3.5 Discussão
O objetivo desta investigação direciona-se em verificar como a dança,
pode ajudar no desenvolvimento dos portadores de necessidades especiais,
assim como os autistas, possibilitando atualmente a inclusão destes a
sociedade.
Através da dança os portadores de necessidades especiais, como os
autistas, superem suas angústias, adquirindo motivação, capacidade para a
improvisação, velocidade nos movimentos e melhor utilização do espaço físico,
fortalecendo assim, o tônus muscular com efeitos na amplitude dos
movimentos.
Para Ferreira e Batomé (apud OLIVEIRA et al., 2002) as crianças
portadoras de necessidades educativas especiais são pessoas como todos os
outros seres humanos, o grande problema é que nós colocamos defeitos e
incapacidade de fazer alguma coisa simplesmente por eles serem portadores
de necessidades educativas especiais. Entre nós, existe o preconceito de que
eles não são capazes de fazer algo útil a eles mesmos e á própria sociedade.
No Brasil e em todo mundo a dança vem ganhando cada vez mais
espaço, pelos seus benefícios que vão desde a melhora da auto-estima
passando pelo combate ao stress, depressão, até enriquecimento de relações
interpessoais, podendo ser uma ferramenta preciosa para o indivíduo lidar com
suas necessidades, desejos, expectativas e também servir como instrumento
para seu desenvolvimento individual e social. (GARIBA, 2005)
Para Vargas et al. (apud OLIVEIRA et al., 2002) a dança como fator
colaborador a ser utilizado na Educação Física abrange, além da simples
atividade física, a sensibilização e conscientização dos praticantes tanto para
suas posturas, atitudes, gestos e ações cotidianas como para suas
necessidades de expressão, comunicação criação, relação inter atuação e
melhora da qualidade de vida. Estímulos através de atividades expressivo-
criativas e elementos da dança, proporcionam condições de aprendizagem a
partir das potencialidades dos portadores de necessidades educativas
especiais.
Na dança, conhece-se o corpo a partir da estética. O significado do que
52
é belo é relativo e, pensando nessa perspectiva, percebemos que a identidade,
a igualdade e a noção do outro não interessam. As diferenças é que trazem a
riqueza dos inúmeros sabores e dosa saberes. (SANTOS; FIGUEIREDO,
2003). A compreensão do movimento através da dança pode estar associada
ao universo pedagógico da Educação Física, pois a dança além de atividade
física é segundo Ferrari (apud GARIBA, 2005) educação, sendo indispensável
para que o indivíduo entenda o que e por que fazer movimento, pois o
movimento expressivo antes de tudo deve ser consciente. É valido ressaltar
que além dessas funções a aplicação da dança a portadores de necessidades
especiais também é de estimado progresso em diversas patologias, a fim de
que com respostas coreográficas seja possível exteriorizar habilidades
funcionais e emocionais do indivíduo.
Para Barbanti (apud FREITAS; PEREIRA, 2007) a dança é uma
modalidade lúdica e fornece ao indivíduo, o restabelecimento físico-emocional,
construindo simultaneamente melhora do suporte psicológico e social, pelo
sentimento de bem-estar, redução da ansiedade, depressão, do
comportamento agressivo e melhora da auto-estima.
Segundo Marques (apud SANTOS; FIGUEIREDO, 2003) no que se
refere às pessoas portadoras de necessidades especiais, a dança possibilita a
integração entre os indivíduos nos processos criativos e interpretativos de
dança em sala de aula, trabalhando com a pluralidade cultural. Além disso, ela
pode propiciar a aceitação, a valorização e a experiência de que diferentes
corpos criam diferentes danças e de que não necessitamos de um corpo
perfeito, segundo os padrões sociais, para nos expressar e comunicar.
A participação na dança, como atividade lúdica que simultaneamente
ajuda na consolidação de inclusão de portadores de necessidades especiais,
Pereira; Soter (apud FREITAS; PEREIRA, 2007), relatando trabalho sobre
trabalhos de dança desenvolvidos com as mesmas, demonstraram que seu
envolvimento com a dança vem atestando a credibilidade de ela ser forte aliada
no movimento de inclusão social.
Falar sobre inclusão é falar sobre o respeito ao indivíduo e às
diferenças, e considerar estas diferenças e suas peculiaridades individuais.
Dessa maneira é possível aprender, compreender e lidar com a diversidade
humana. Pois o objetivo da inclusão é criar, ou adaptar situações, onde todos
53
os envolvidos se ajudam, aprende e se desenvolvem; através do apoio mútuo e
cooperação dos colegas, professores e familiares. (FERNANDES; VENDITTI
JÚNIOR, 2008). São inegáveis os benefícios que a prática da dança pode
proporcionar ao ser humano e seria uma desumanidade não levarmos esta
prática aos portadores de necessidades especiais, tendo em vista que os
mesmos precisam de forma acentuada melhorar determinadas valências que
os facilitem a uma melhor reintegração social. (OLIVEIRA et al., 2002). Por isso
o emprego da dança ao autista estimula o desenvolvimento físico e psíquico, já
que lhe permite exteriorizar-se mostrando suas habilidades funcionais e
emocionais, tornando possível sua integração ao grupo, a família e a
sociedade.
Segundo Rosadas (apud OLIVEIRA et al., 2002) as crianças deficientes
possuem as mesmas necessidades que as crianças sem problemas:
necessidades afetivas, sociais, físicas e intelectivas. Possuem um grande
potencial que necessita ser respeitado e acreditado. Precisam conviver em
sociedade e desfrutar dos benefícios que o bem social proporciona ao homem.
No estudo de caso foi possível perceber que os portadores de necessidades
especiais são capazes de aprender e que se forem tratados com respeito,
carinho e profissionalismo poderão conviver com a sociedade sem o estigma
de incapacitados.
No entanto a expressão corporal gerada pela dança, estimula o portador
da síndrome do autismo (Asperger), despertando sua criatividade, ritmo e
equilíbrio, melhorando a postura, diminuindo a agressividade e favorecendo o
desembaraço, de modo a permitir inúmeros benefícios tanto ao corpo, quanto à
mente.
54
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Diante da fundamentação teórica e prática sobre o valor da atuação dos
Profissionais de Educação Física, utilizando a dança como forma de inserção
social aos portadores da Síndrome do Autismo (Asperger), sugere-se a dança
como atividade para que a afirmação seja realmente eficaz. É fundamental
seguir alguns passos: anamnese, avaliação, acompanhamento, plano de aula,
seleção de atividades.
Propõe o seguinte plano de intervenção:
Os profissionais de diferentes áreas de atuação, como fisioterapeuta,
professor de educação física e professor de dança, devem viabilizar uma
proposta que sejam criados programas, não só para autistas, como para
indivíduos com outras patologias como: a obesidade, a paralisia cerebral,
síndrome de Down, os paraplégicos, tetraplégicos, amputados, doentes
mentais, distúrbios de aprendizagem, geriatria, pediatria, leucemia,
psiquiátricos.
A dança foi utilizada como atividade na inserção social, porém outros
programas poderiam ser empregados como: a ginástica olímpica, ginástica
artística, a ginástica rítmica, patinação artística e nado sincronizado.
55
CONCLUSÃO
Na Primeira e a Segunda Guerra Mundial, muitos soldados voltavam
para suas casas, paraplégicos, amputados, cegos ou com outras deficiências e
passavam a serem vistos como um incômodo para a sociedade e às vezes
pela própria família. Por esse motivo, os Estados Unidos e a Inglaterra criaram,
então, diversos centros de reabilitação com programas de esporte para essas
pessoas, proporcionando, assim, uma melhor qualidade de vida. Nesse caso,
para a inserção delas na sociedade foi utilizada a dança.
A teoria demonstra a importância da dança de forma eficaz para as
pessoas que apresentam a Síndrome do Autismo ou Asperger, como uma
importante modalidade para aliviar tensões, angústias, frustrações,
agressividade, levando a uma melhora da auto-afirmação, do relacionamento
social e gerando segurança. Do ponto de vista físico, desenvolve a força
muscular, a resistência cardiovascular, além de desenvolver as formas
individuais e coletivas de expressão, promovendo uma completa interação do
indivíduo melhorando, assim, o relacionamento com as outras pessoas.
Os objetivos desse estudo, levantados para a realização da pesquisa,
foram alcançados de maneira satisfatória. A dança como Recurso Adaptado,
aplicada na Síndrome do Autismo ou Asperger atingiu os objetivos sócio-
afetivo, perceptivo, cognitivo, gerando flexibilidade, ritmo, autoconfiança,
socialização, expressão corporal e linguagem sensorial, melhorando,
principalmente, a auto-imagem.
A Síndrome do Autismo é caracterizada como sendo um transtorno da
personalidade, dependente de uma desordem com o mundo circundante.
Segundo alguns autores, a Síndrome de Asperger é enquadrada dentro do
Autismo, com um grau de severidade menor. A dança como Recurso Adaptado
facilita e fornece a relação interpessoal, a partir de experiências e existência
com o corpo, realizando a expressão corporal no espaço, no tempo e no ritmo.
O trabalho estabelece uma dinâmica social com o grupo e o autista,
fortalecendo a relação da memória, concentração, atenção, raciocínio e
possibilitando o desenvolvimento sensorial e a reinserção social.
O processo nos mostra a complexidade do Recurso da Dança Adaptada
56
na importância da inserção social, gerando uma melhor qualidade de vida. O
assunto é extenso, engloba muitos acontecimentos e não se esgota por aqui.
Outros pontos de vista poderão ser abordados, como a utilização do nado
sincronizado ou a ginástica rítmica ou a ginástica olímpica ou a patinação,
como forma de Recurso Adaptado para a Inserção Social.
A proposta é que sejam criados programas, não só para autistas, como
para indivíduos com outras patologias, como: a obesidade, a paralisia cerebral,
a Síndrome de Down, os paraplégicos, tetraplégicos, amputados, doentes
mentais, distúrbios de aprendizagem, geriatria, pediatria, leucemia e
psiquiátricos.
57
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65
APÊNDICE A - ROTEIRO DE ESTUDO DE CASO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Anamnese e avaliação do caso
1.2 Identificação do caso
2 O TRABALHO REALIZADO
2.1 Materiais
2.2 Métodos da danças empregados
2.3 Técnicas utilizadas
2.4 Depoimentos sobre o relato de caso
3 DISCUSSÃO
Análise entre a teoria e a prática utilizada na atividade da dança como
forma de inserção social.
4 RESULTADOS E SUGESTÕES
Diante do relato de caso, serão apresentados resultados e
sugestões com proposta de inserção social.
66
APÊNDICE B
TERMO DE COSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende as exigências legais, o
Sr.(a)___________________________________________________________
___,
Tomou ciência, do estudo intitulado A dança como forma de inserção social
aos portadores da Síndrome do Autismo (Asperger): Relato de caso , através
da apresentação oral feita pelos pesquisadores. Foi informado que o estudo
tem como objetivo: estabelecer a inserção social do autista. Frente a esses
esclarecimentos e devidamente explicado e não restando qualquer dúvida a
respeito, firma seu consentimento livre e esclarecido concordando em participar
da pesquisa proposta. Fica claro que o responsável legal, pode a qualquer
momento retirar seu consentimento livre e esclarecido e deixar de participar
desta pesquisa e ciente de que todas as informações prestadas se tornarão
confidenciais e guardadas por força de sigilo profissional. Tenho conhecimento
dos procedimentos divulgados. Por estarem de acordo assinam o presente
termo.
Lins,____de_____________________2008
____________________________
Assinatura do responsável legal
67
APÊNDICE C - ANAMNESE
I IDENTIFICAÇÃO
Data de nascimento__________________Sexo___________________
II ANTECEDENTES PESSOAIS
Histórico anterior
-------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Histórico atual
-------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------
68
APÊNDICE D - AVALIAÇÃO
NOME:_________________________________________________________
IDADE:___________________DATA DE NASCIMENTO:_________________
QUANTOS ANOS DE DANÇA:______________________________________
PESO:___________________________ALTURA:_______________________
POSTURA
TRONCO:
( ) Normal ( ) Cifose ( ) Escoliose ( ) Lordose
PERNAS:
( ) Joelho geno varo ( ) Joelho geno valgo
( ) Joelho recurvato ( ) Joelho flexo ( ) Normal
PÉ:
( ) Pé Valgo ( ) Pé varo ( ) Pé plano
( ) Pé varo ( ) Pé normal
OBSERVAÇÃO:__________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
____________________________________TOTAL:_____________________
PONTA EM FLEX:_______________________________________________
RELEVÉ:________________________________________________________
PASSÉ:_________________________________________________________
GIRO:__________________________________________________________
69
SOUPLÉ:_______________________________________________________
CAMBRÉ:_______________________________________________________
SALTO:_________________________________________________________
OBSERVAÇÃO:__________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
LATERALIDADE:
( ) Sim ( ) Não
LATERALIDADE EM TERCEIRO:
( ) Sim ( ) Não
RÍTMO:_________________________________________________________
_______________________________________________________________
COORDENAÇÃO MOTORA:
( ) Grossa ( ) Média ( ) Fina
ORIENTAÇÃO ESPACIAL:
( ) Sim ( ) Não
ORIENTAÇÃO TEMPORAL:
( ) Sim ( ) Não
COMPORTAMENTO E SOCIALIZAÇÃO
( ) Adequado ( ) Apático ( ) Inadequado ( )
Executado
( ) Agressivo ( ) Amável ( ) Tendência à dominação
( ) Comunicativo ( ) Introvertido
70
RESPIRATÓRIA:
Asma:
( ) Sim ( ) Não
Obs.:___________________________________________________________
_______________________________________________________________
Pneumonia:
( ) Sim ( ) Não
Obs.:___________________________________________________________
_______________________________________________________________
Sente falta de ar:
( ) Sim ( ) Não
Obs.:___________________________________________________________
_______________________________________________________________
BIOQUÍMICOS:
Diabetes:
( ) Sim ( ) Não
( ) Tipo I ( ) Tipo II
Obs.:___________________________________________________________
_______________________________________________________________
71
APÊNDICE E - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O FISIOTERAPEUTA
1) Um portador de necessidades especiais deverá participar da inclusão social
ou ele deverá ter sua própria escola com profissionais especializados para o
seu melhor desenvolvimento?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2) Para você, existe alguma ligação entre dança e portador de necessidades
especiais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3) Será que a dança auxilia um portador de necessidades especiais a participar
melhor de um contexto social?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4) As relações estabelecidas na dança podem beneficiar o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças portadoras de necessidades especiais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
72
APÊNDICE F - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
1) Um portador de necessidades especiais deverá participar da inclusão social
ou ele deverá ter sua própria escola com profissionais especializados para o
seu melhor desenvolvimento?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2) Para você, existe alguma ligação entre dança e portador de necessidades
especiais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3) Será que a dança auxilia um portador de necessidades especiais a participar
melhor de um contexto social?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4) As relações estabelecidas na dança podem beneficiar o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças portadoras de necessidades especiais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
73
APÊNDICE G - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O PROFESSOR DE
DANÇA
1) Um portador de necessidades especiais deverá participar da inclusão social
ou ele deverá ter sua própria escola com profissionais especializados para o
seu melhor desenvolvimento?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2) Para você, existe alguma ligação entre dança e portador de necessidades
especiais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3) Será que a dança auxilia um portador de necessidades especiais a participar
melhor de um contexto social?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4) As relações estabelecidas na dança podem beneficiar o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças portadoras de necessidades especiais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
74
APÊNDICE H - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM PROFESSORES
Relate sua experiência em suas aulas, seus contatos, descobertas.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
76
ANEXOS A PLANO DE AULA
O plano de aula será dividido em três partes;
a) Parte inicial: alongamento; flexibilidade, mobilidade articular;
resistência muscular; aproximação corporal; eficiência física;
Figura 1 Flexibilidade 1
Figura 2 Flexibilidade 2
78
Figura 5 Alongamento 2
b) Parte principal: barra solo; barra; centro; allegro; diagonal;
equilíbrio; coordenação; ritmo; velocidade de movimento; força
dinâmica; força estática; força explosiva; coreografia;
Figura 6 Coreografia 1
83
Figura 19 Coreografia 14
Figura 20 Coreografia 15
c) Parte final ou volta a calma: relaxamento, pedagogia lúdica,
pantomima, arte terapia.
84
GLOSSÁRIO
ABLAÇÃO
remoção de uma estrutura orgânica principalmente por seção
dela . (FERREIRA, 1999, p.10)
ADAPTADO
que se adaptou ajustado . (FERREIRA, 1999, p 49)
ALUCINAÇÕES
percepção do ausente, ou do inexistente ou ainda percepção alterado de objeto presente . (FERREIRA, 1999, p 10)
ARTE: é um conjunto de regras para perfeita execução de qualquer coisa. . (FERREIRA, 1999, p 213)
ASSOCIATIVA
combinação, união . (FERREIRA, 1999, p 216)
AVERSÃO
ódio, rancor . (FERREIRA, 1986, p 207)
CIRCUNDANTE
que circunda . (FERREIRA, 1986 p 411)
COADUNA
juntar, incorporar, reunir, para a formação de um todo . (FERREIRA, 1986, p 420)
CONGÊNITA
nascido com o individuo, conatural,conato,inato .( FERREIRA, 1986,p 453)
CONSCIÊNCIA
conhecimento imediato dos eventos de sua própria atividade psíquica . (OSOL FERREIRA, 1986, p 457)
DÉFICIT
deficiência ou falta, comprometimento de uma determinada função . (OSOL, p 295)
DISTÚRBIO
ato de disturbar; pertubação . (FERREIRA, 1986, p 601)
ECOLALIA
repetição despropositada, às vezes aparentemente involuntária de palavras proferidas por outra pessoa . (OSOL, p 345)
EMANAÇÕES
proveniência, origem . (FERREIRA, 1986, p 628)
ENDÓCRINO
que secreta diretamente na corrente sangüínea, como ocorre com a glândula endócrina . (OSOL, p 359)
EPILEPSIA
transtorno cerebral, caracterizado por uma descarga neurônica, exagerada . (OSOL, p 368)
ESMIUÇARAM
dividir em partes miúdas . (FERREIRA, 1986, p 697)
ESTERIOTIPADO
que é sempre o mesmo que não varia invariável, fixo, inalterável . (FERREIRA, 1986, p 720)
ETIOLOGIA
a parte da medicina que trata da causa das doenças .
85
(FERREIRA, 1986. p 733)
HIPOCAMPO
estrutura curva existente na parte medial do soalho do corno
inferior do ventrículo lateral cerebral . (FERREIRA, 1986. p 898)
INSÔNIA
privação do sono, dificuldade grande para dormir .
(FERREIRA, 1986, p 952)
LÁBIL
sujeito a escorregar, a cair . (FERREIRA, 1986, p 999)
LADEANDO
acompanhar indo ao lado . (FERREIRA, 1986, p 1002)
LATERALIDADE
qualidade ou estado de lateral . (FERREIRA, 1986, p 1013)
MODULAÇÃO
variação de altura ou de intensidade na emissão de sons . (FERREIRA, 1986, p 1147)
MOTILIDADE
faculdade de mover . (FERREIRA, 1986, p 1164)
MOVIMENTOS BALÍSTICOS: relativo a ciência de lançar projeteis (FERREIRA, 1986, p 1172)
NEUROFISIOLOGIA
parte da fisiologia que trata do funcionamento do sistema nervoso . (FERREIRA, 1986, p 1190)
NEUROLÓGICO
parte da medicina que estuda as doenças do sistema nervoso . (FERREIRA, 1986, p 1191)
ORGÂNICA
relativo a órgãos, a organização, ou a seres organizados . (FERREIRA, 1986, p 1232)
PANTOMIMA
arte ou ato de expressão por meio de gesto; mímica . (FERREIRA, 1986, p 1258)
PATOLÓGICO
ramo da medicina que se ocupa da natureza e das modificações estruturais e/ou funcionais produzidas pelas doenças no organismo . (FERREIRA, 1986, p 1282)
PERTUBADA - desnorteada, alucinada, desvairada . (FERREIRA, 1986, p 1318)
POSTERGADA
não fazer caso de desprezar, desdenhar, pospor . (FERREIRA, 1986, p 1372)
PSICOSE
designação comum ás doenças mentais . (FERREIRA, 1986, p 1412)
RECURSO
auxílio ajuda socorro, proteção . (FERREIRA, 1986, p 1466)
SEMIÓTICA
arte de dirigir manobras militares por meio de sinais .
86
(FERREIRA, 1986, p 1567)
SENSORIAL
pertencente ou relativo à sensação . (FERREIRA, 1986, p
1570)
SINCRETISMO
percepção global e indistinta da qual surgem, depois,
objetos distintamente percebidos . (FERREIRA, 1986, p 1589)
TANGE
soar, ressoar, ecoar . (FERREIRA, 1986, p 146)
OCIOSIDADE
preguiça, indolência, moleza . (FERREIRA, 1986, p 1212)
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