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A EDUCAO INCLUSIVA NA FORMAO DOCENTE: RELATO DE
EXPERINCIA NO CURSO DE EDUCAO FSICA
Claudia Niedes da Silva Sousa (1), Bruno Oliveira de Lima (2), Dimas de Sousa Silva (3),
Filomena Maria Gonalves da Silva Cordeiro Moita(4)
Universidade Estadual da Paraba UEPB, [email protected],
Resumo
Os desafios impostos diante da incluso de alunos com Necessidades Educacionais Especiais - NEE
no ensino regular tm sido foco de discusses em diversos segmentos. Nesse contexto, o presente
relato teve o objetivo de compreender a importncia da educao inclusiva na formao docente, a fim
de atender aos alunos com deficincias mltiplas no contexto escolar. Este estudo consiste em um
relato de experincia vivenciado no Estgio e Docncia do Mestrado de Ensino de Cincias e
Educao Matemtica da Universidade Estadual da Paraba, durante a disciplina de Didtica ofertada
ao curso de Licenciatura em Educao Fsica, no perodo de Novembro de 2016 a Abril de 2017.
Inicialmente foi realizada a apresentao e discusso do ementrio, seguido pela apresentao de
seminrios, observao do desempenho docente fora da UEPB, finalizando com a criao de
atividades funcionais para crianas com perca auditiva, visual e cognitiva, vitimas do zika vrus.
Durante a execuo dessas atividades realizadas pelos alunos, foi possvel ver claramente o conceito
da Didtica que Comenios defende como sendo a arte de ensinar tudo a todos. Ou seja, no por causa
das condies que os alunos com NEE apresentam, que no devam aprender os mesmos contedos que
os demais, cada aluno, deve ser trabalhado de acordo com suas especificidades. Assim foi possvel
perceber o interesse de muitos dos discentes nessa rea de atuao. Isto permite a expanso de um
modelo de preparao profissional, que, poder induzir ao aprimoramento da formao acadmica.
Palavras Chave: Educao Inclusiva, Formao Docente, Educao Fsica, Didtica, Zika Vrus.
_______________________________
(1)Mestrado em Educao (rea de concentrao - Biologia) pela Universidade Estadual da Paraba UEPB,
(2) Mestrado em Educao (rea de concentrao - Biologia) pela Universidade Estadual da Paraba UEPB,
(3) Especialista em Esportes de auto rendimento (Educao Fsica) pela Faculdade Integrada de Patos FIP,
(4) Doutora em Educao e professora da Universidade Estadual
da Paraba UEPB [email protected]
http://scholar.google.com.br/citations?user=ut--HAYAAAAJ&hl=pt-BRmailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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INTRODUO
Os desafios impostos diante da incluso de alunos com Necessidades Educacionais
Especiais - NEE no ensino regular tm sido foco de discusses em diversos segmentos. Pois,
a incluso, no se d apenas nos aspectos fsicos de adaptao da escola, esta tambm ocorre,
atravs da capacidade dos profissionais de educao se apropriar de prticas pedaggicas que
venham atender a todo o pblico, desde deficientes fsicos, cegos, surdos a alunos com
transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades de superdotao.
A discusso da insero de indivduos com NEE originou-se no campo educacional,
em meados da dcada de 90 com a Educao Inclusiva. Segundo Hegarty (1994) o conceito
de educao inclusiva pode ser definido neste mbito como "o desenvolvimento de uma
educao apropriada e de alta qualidade para alunos com necessidades especiais na escola
regular". Esse movimento teve incio nos Estados Unidos da Amrica e posteriormente
espelhar-se pelo mundo at mesmo no Brasil, com incio no sculo XIX (FERREIRA, 2003).
De acordo com o inciso III da Constituio Federal Brasileira de 1988 e as Leis de
Diretrizes e Bases - LDB (Lei n 9.394/96), no captulo V, Art. 58a que trata sobre a
Educao Especial entendida como uma educao complementar, no substituta ao ensino
curricular das escolas regulares, sendo considerada uma modalidade de educao escolar,
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para alunos com alguma necessidade
especial (BRASIL, 1996).
Mas um dos marcos histricos que alavancou essa discusso a cerca da educao
inclusiva, foi a "Declarao de Salamanca" (UNESCO, 1994) uma verdadeira "Carta Magna"
que trata sobre as mudanas de paradigma da escola integrativa para a educao inclusiva.
Toda a declarao aponta para um novo entendimento do papel da escola regular na educao
de alunos com necessidades especiais.
Ante a esse novo paradigma, a Educao Fsica (EF) como disciplina curricular no
pode ficar indiferente ou neutra face a este movimento da educao inclusiva. Concernente a
isso, os Parmetros Curriculares Nacionais PCN de Educao Fsica segundo o Ministrio
de Educao, Brasil (1998), afirmam que, a participao desses alunos nas aulas de EF,
quando orientada e estruturada adequadamente, podem trazer benefcios para eles,
principalmente proporcionando integrao, insero social e desenvolvimento de suas
capacidades motoras e afetivas.
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Dessa forma Aguiar e Duarte (2005), defende que a EF inclusiva deve ter como eixo o
aluno, para que se desenvolvam competncias e condies igualitrias, buscando, portanto,
estratgias para dirimir a excluso ou segregao. Alm de dar uma viso de competitividade
e, tambm, a ter contatos fsicos que so propostos pelas dinmicas das praticas educativas
que valorizem a diversidade e o respeito entre os alunos.
Logo, a forma como os profissionais de EF esto sendo preparados durante sua
formao acadmica ser fator determinante para o atendimento adequado das pessoas com
deficincia nas escolas como afirma Ferreira (2012). Mas, a esse respeito faz-se um
questionamento; Como est sendo a formao dos professores de Educao Fsica para
atender alunos com Necessidades Educacionais Especiais?
Em estudos como o de Rodrigues (2017), apontam que na formao inicial de
professor de EF os contedos de informao sobre NEE so frequentemente inexistentes ou
ento pouco direcionados para a resoluo de problemas concretos de planejamento,
interveno ou avaliao que o futuro profissional possa vir a encontrar.
Segundo Greguol (2003), aborda que o desafio a ser superado, trata de como
sintonizar os contedos tericos e prticos da formao docente com as necessidades que se
apresentam. Logo, a formao e a atuao prtica tem feito com que os professores sintam-se
perdidos diante da misso de lidar com a diversidade em sala de aula, sobretudo pela falta de
conhecimento sobre como adaptar as atividades, materiais, contedos programticos e
procedimentos de ensino.
Diante desse contexto, podemos observar que a educao inclusiva est ligada
diretamente a Didtica, que segundo Comenios (2006), a arte de ensinar tudo a todos,
onde a prtica docente em seu processo de ensino e aprendizagem deve adaptar os mtodos e
as tcnicas de maneira a obter o mximo resultado com o mnimo de esforo, alcanando
assim os objetivos educacionais.
Neste sentido, considerada uma cincia que estuda os saberes necessrios prtica
docente, a Didtica um dos principais instrumentos para a formao do professor, pois
nela que se baseiam para adquirir os ensinamentos necessrios para a prtica. De acordo com
Libneo (1990, p. 26) a didtica trata da teoria geral do ensino. Como disciplina entendida
como um estudo sistematizado, intencional, de investigao e de prtica (LIBNEO, 1990).
Portanto, estudar Didtica no Ensino Superior, no significa acumular informaes
sobre as prticas e tcnicas do processo de ensino-aprendizagem, mas sim acrescentar em
cada sujeito a capacidade crtica em questionar e fazer
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reflexo sobre as informaes adquiridas ao longo de todo processo de ensino-aprendizado.
Veiga (2010, p. 58) diz que preciso tornar o ensino da Didtica mais atraente e respaldado
nos resultados das investigaes envolvendo alunos em processo de formao.
Neste contexto buscamos compreender a importncia da disciplina Didtica ofertada
no curso de Educao Fsica da Universidade Estadual da Paraba (UEPB), com a formao
desses profissionais na perspectiva da Educao Fsica Inclusiva no contexto escolar para
atender aos alunos com deficincias mltiplas.
METODOLOGIA
Este estudo consiste em um relato de experincia vivenciado no Estgio e Docncia do
Mestrado de Ensino de Cincias e Educao Matemtica da Universidade Estadual da
Paraba. Os atores envolvidos nesse relato so os alunos do mestrado da rea de concentrao
Biologia, a professora supervisora do mestrado e os estudantes do terceiro perodo do curso
de Educao Fsica da UEPB,
O relato se da durante o cumprimento da disciplina Didtica ofertada ao curso de
Licenciatura em Educao Fsica da UEPB Campina Grande no perodo de 28 de
Novembro de 2016 03 de Abril de 2017. A turma composta por 30 alunos tinham dois
encontros semanais da disciplina.
Cabe aqui ressaltar que o objetivo inicial da disciplina Didtica no foi trabalhar o
tema educao inclusiva, tendo em vista que, a disciplina que trabalha essa temtica mais
afinco, s vista no quarto perodo do curso, na disciplina de Educao Fsica Adaptada. No
entanto, a participao dos alunos levando a tais discusses, nortearam os trabalhos a serem
realizados para este fim.
A conduo utilizada para ministrar essa disciplina apresentou uma gama de
atividades diferenciadas. No primeiro momento, no que se refere sistematizao do
contedo transmitido aos discentes, o processo abrangeu, discusso sobre o ementrio da
disciplina, (planejamento do trabalho pedaggico, plano de aula, plano de curso...). Alm de
seus objetivos geral e especfico, contemplando a importncia de planejar o trabalho
pedaggico e organizar procedimentos avaliativos que permitam orientar a prtica docente.
No Segundo momento foi proposto pela professora orientadora apresentao de
seminrios com temas diversos voltados para metodologia do ensino para deficientes.
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No terceiro momento os alunos foram instrudos a elaborar uma ficha de observao,
baseado no texto de Pedro Reis (REIS, 2011) que trata sobre: Observao de aulas e
observao do desempenho docente. As fichas elaboradas serviram de instrumento para
observao de aula de Educao Fsica fora da Universidade.
No quarto e ltimo momento, foram criado situaes de como inserir os alunos com
NEE no contexto da disciplina, sendo estes vtimas da microcefalia causada pelo Zika vrus, o
qual compromete as diversas funes fsicas e cognitivas das crianas.
Para a realizao dos circuitos foram disponibilizados materiais de atividade funcional
(escada horizontal de piso, cones coloridos, discos, elsticos, instrumentos musicais; violo,
maracas, brinquedos; chocalhos, apitos e utenslios domsticos). Para elaborao do circuito
foi necessrio participao de todo o grupo, porm, na execuo das atividades apenas dois
foram selecionados; sendo um professor e um aluno.
RESULTADOS E DISCUSSES
Durante as aulas expositivas ministradas no primeiro momento pela professora da
disciplina, puderam-se observar alguns pontos relevantes, sendo estes: a metodologia utilizada
pela professora e os questionamentos levantados pelos alunos durante os encontros. Esses
dois pontos fizeram todo diferencial e nortearam as aes a serem realizadas.
As discusses iniciais giraram em torno de questionamentos do tipo: O que fazer para
se realizar uma boa aula? Como possvel associar a teoria prtica nas aulas de Educao
Fsica? Como o professor deve se portar diante dos desafios propostos?. Todos os
questionamentos levaram a uma nica resposta, a partir dos objetivos educacionais da
Didtica desenvolvida e executada pelo professor.
Diante dos questionamentos foram trabalhado conceitos de Didtica, que segundo
Libnio (1994), a Didtica quem apresenta os principais pontos que constitui um bom plano
de aula abordando: O que? Como? Por que? Para que?. a partir dela, que o professor faz o
processo de reflexo-ao-reflexo das atividades desenvolvidas.
Nesse contexto, a professora orientadora trouxe a discusso do texto: O tempo e o
Lugar de uma didtica de educao Fsica por Caparroz (2007), que aborda sobre algumas das
dificuldades que os professores de EF escolar tm encontrado para pensar sobre o seu trabalho
docente do tipo: o que ensinar, por que ensinar, como ensinar, e como desenvolver o
planejamento de ensino.
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Norteados nessa discusso, a professora trouxe para sala de aula, planos de aula de ex-
alunos de EF para serem analisados no intuito de verificar a estrutura, erros e acertos dos
planos. Aps anlises e discusses do material, foi solicitado que os alunos, construssem seus
prprios planos de aula levando em considerao os elementos: aluno, professor, disciplina,
contexto, objetivo e mtodo.
A dinmica de apresentao dos planos de aula consistiu em sorteio, onde alguns
alunos faziam a leitura do seu plano diante da turma, e os prprios colegas davam sugestes
para melhorar a execuo das atividades propostas. Essa metodologia trouxe a autoreflexo
quanto colaborao na prtica docente, levando em considerao as diversas sugestes que
podem ser acrescentadas para melhorar as atividades educacionais.
Corroborando com isso, Damiano (2008), diz que o trabalho colaborativo entre
professores apresenta potencial para enriquecer sua maneira de pensar, agir e resolver
problemas, criando possibilidades de sucesso difcil tarefa pedaggica.
O segundo momento foi marcado com as apresentaes dos seminrios com temas
diversos tais como: Auto Retrato de um Professor, abordando quanto s emoes que
norteiam a vida do professor, a influncia do meio em decises pessoais, a importncia do
esprito coletivo para crescer em conhecimento. Aprendizagem motora na Escola,
contemplando a capacidade interligada de armazenamento, aprendizagem motora, estmulo e
resposta, circuito aberto e circuito fechado e Metodologia do ensino para deficientes. Este
ltimo foi o ponto de partida para iniciar todo o trabalho a ser desenvolvido sobre o tema
incluso escolar.
A prxima atividade realizada traz a discusso sobre o texto de Pedro Reis quanto
observao do desempenho do professor em sala de aula, que segundo Reis (2011), diz que a
observao de aula constitui um assunto sensvel, principalmente quando os dados recolhidos
so utilizados para a avaliao do desempenho do professor. Alm disso, a observao e a
discusso de aulas constituem a promoo da reflexo sobre a prtica.
Aps a leitura do texto de Pedro Reis, os alunos elaboraram uma ficha de observao
para analisar o desempenho dos professores de Educao Fsica de diversas instituies, a fim
de verificar a didtica que cada um utiliza em suas aulas. A seguir selecionamos 4 relatos de
alunos que realizaram essa atividade, os quais sero enumerando de 1 a 4, conforme descritos.
A-1: Visitou e acompanhou uma aula de Educao Fsica Adaptada na Associao de
Pais e Amigos dos Excepcionais APAE Campina Grande-PB, com os alunos de udio
comunicao. O objetivo da aula foi apresentar os
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esportes aos alunos surdos, ressaltando sobre o incentivo da Bolsa Olmpico aos esportes.
Na ocasio o professor observado destacou a importncia de falar de frete para o
aluno, tendo em vista que eles fazem leitura labial para compreender as orientaes do
professor. Essa orientao fez com que o A1 pudesse refletir na importncia de aprender a
Linguagem brasileira de Sinais (Libras) para poder se comunicar melhor com seus alunos.
A implantao de Libras na grade curricular de todos os curso de licenciatura,
conforme determina o artigo terceiro do Decreto n 5.626/2005, foi uma sbia deciso
estabelecida pelo Governo Federal que procurou mitigar o dficit na formao dos professores
quanto educao inclusiva, (BRASIL, 2005). No entanto, professores que tiveram sua
formao antes deste decreto, no tiveram essa oportunidade, cabendo a estes, fazer uma
capacitao extra, para poder sanar esse dficit na comunicao com os surdos.
A-2: Tambm visitou a APAE, acompanhando as turmas da 1 e 2 srie, durante a
disciplina de Artes. A aula ocorreu no turno da manh com o objetivo de ensinar os alunos a
ler e fazer clculo, atravs do conto As Tranas de Bintou utilizando material reciclado:
bolinhas papel, palitos de churrasco e potes de plsticos...
A visita instituio fez o A2 refletir quanto ao perfil dos profissionais que trabalham
com crianas especiais. Quando questionado a professora da turma o motivo da escolha em
trabalhar com alunos especiais, a professora respondeu seu questionamento apresentando sua
filha que autista, Meu motivo minha filha (estudante da instituio). A experincia de
acompanhar essa turma fez o A2 ver esses professores com outros olhos dignos de respeito e
reconhecimento pelo brilhante trabalho.
A- 3 e A-4: A observao da aula foi feita em dupla, esses alunos visitaram um grupo
de Mes que trabalham com crianas autistas, conhecido por G+, no bairro das Malvinas
em Campina Grande. A aula ocorreu no perodo da tarde, previamente agendadas com um
nmero de no mximo cinco alunos, com durao de no mnimo 20 minutos. O objetivo da
aula foi trabalhar a ludicidade a coordenao motora grosa (pular e saltar)
No momento da aula estavam presente 3 alunos com perfil comportamental distintos.
O grau de autismo variava entre, grave, moderado e leve. O grande desafio do professor foi
atender a todos, dentro de suas especificidades, respeitando quanto predisposio de
aprender, o mnimo de rudo, tendo em vista que eles possuem uma audio muito sensvel.
Segundo Gomes et. al (2008), a hipersensibilidade ao som a modalidade sensorial
mais evidentemente alterada no autismo, sendo os mecanismos neurofisiolgicos auditivos os
mais discutidos na literatura.
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Na fala do professor, ele enfatizou a importncia de trabalhar em parceria com outros
profissionais para que o resultado seja satisfatrio, caso contrrio, todo o trabalho
desempenhado por ele sem continuidade ir regredir o desenvolvimento das crianas.
Levando em considerao que a aprendizagem um processo contnuo, Bruner (1991),
ressalta que, O desenvolvimento geral do individuo ser resultado de suas potencialidades
genticas e, sobretudo, das habilidades aprendidas durante as vrias fases da vida. A
aprendizagem est diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo. Logo, essa
atividade permitiu aos alunos A-2 e A-3 a experincia de valorizar todas as conquistas dos
alunos, por menores que paream ser, so grande conquistas
Diante da necessidade da turma em ter mais informaes sobre como o professor de
Educao Fsica pode trabalhar com alunos de necessidades especiais, a professora
orientadora (Filomena Moita), organizou duplas de orientandos do mestrado para ministrar
aulas associadas ao objeto de estudo de nossas pesquisas (Combate ao Aedes aegypti) ao
contedo de Educao Fsica para atender alunos com deficincias mltiplas.
O tema da aula ministrada foi: A Microcefalia e as sequelas ocasionadas pelo vrus
Zika transmitido pelo Aedes aegypti. De acordo com o Ministrio da Sade (BRASIL, 2016;
MELO 2015), a Microcefalia uma m formao congnita, em que o crebro no se
desenvolve de forma adequada. Neste caso, os bebs nascem com um permetro ceflico (PC)
menor que o normal, ou seja, igual o menor que 32cm, ocasionando deficincias cognitiva,
visual e auditiva.
Na perspectiva de promover a incluso social das crianas acometidas pela Sndrome
Congnita do Zika em ambiente escolar, os alunos de Educao Fsica foram divididos em
trs grupos, e orientados a desenvolver circuitos de atividades que contemplasse todas as
incapacidades funcionais (cognitiva, visual e auditiva).
1 Grupo: Perca Visual
Aps a escolha do material, o grupo montou um circuito de cones coloridos no meio
da sala, onde a aluna cega tinha que desviar dos obstculos guiados por um elstico preso
mo do professor, alm disso, a aluna era conduzida pelo som de um pandeiro o qual o
professora trabalhava lateralidade ( direita, esquerda). Aps os cones, a aluna desviava de um
outro obstculo (uma cadeira), seguido de mais obstculos, onde ao invs de desviar o aluno
teria que levantar o p (direito ou esquerdo) para ultrapassar os cones, concluindo assim todo
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o percurso. A seguir possvel analisar a sequncia da atividade atravs das Figuras 1,2,3.
Com essa atividade os alunos mostraram que possvel trabalhar com esses alunos,
visto que por mais que h uma perca visual, os demais sentidos so bastante aguados, a
exemplo da audio. Alm do tato o indivduo cego se guia atravs dos sons, e foi justamente
nessa perspectiva que os alunos buscaram trabalhar e obtiveram sucesso na realizao da
atividade.
2 Grupo: Perca Auditiva
A proposta desse grupo teve como objetivo, a comunicao do professor com o aluno
surdo, principalmente quando esse solicitado a realizar uma atividade que necessria
executar alguns comandos como: saltar com os ps juntos, girar em torno do prprio eixo e
testar o equilbrio. Tendo em vista que, o deficiente auditivo apresenta um pouco de
dificuldade nesse aspecto. Ver imagens a seguir Figuras 1,2,3.
Para realizao dessa atividade, inicialmente, a professora fez todo o percurso
mostrando como o aluno iria executar os passos para chegar ao objetivo final. A comunicao
do professor foi realizada o tempo todo de frente olhando para o aluno para que ele fizesse a
leitura labial, tendo em vista que a professora no falava em Libras, diante desse fato, gerou a
discusso mais uma vez da importncia de buscar mais conhecimento atravs da cadeira de
LIBRAS ofertado pela UEPB.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Figura 1 Figura 2 Figura 3
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3 Grupo: Perca Cognitiva
O circuito foi montado dentro de uma escada horizontal de piso, entre cada degrau
havia um cone colorido o qual o aluno teria que utilizar um p para cada cor do cone,
semelhantemente, o mesmo ocorria com a mo. Ex: se o aluno iniciar o circuito com o p
direito no cone azul, ele s poderia colocar o p direito novamente em outro degrau com o
cone na cor azul, semelhante com o p esquerdo e assim sucessivamente. Quando tivesse
vrias cores no mesmo degrau, a escolha era livre, ficava a critrio do aluno. Ver imagens a
seguir Figuras 1,2,3.
Aps esse circuito o aluno teria que associar a cor dos discos que estavam fora do
degrau da escada cor dos cones que estavam dentro do degrau da escada, os cones eram nas
cores; azul, verde, amarelo e vermelho. Para concluir o circuito era necessrio que o aluno
resolver um continha de matemtica sobre adio, a proposta no era escrever o nmero do
resultado, mas separa a quantidade de lpis correspondente a resposta.
Durante a execuo dessas atividades realizadas pelos alunos, foi possvel ver
claramente o conceito da Didtica que Comenios (2006) defende a arte de ensinar tudo a
todos. Ou seja, no por causa da baixa capacidade que os alunos com necessidades
especiais apresentam, que no devam aprender os mesmos contedos que os demais, cada
aluno, deve ser trabalhado de acordo com suas especificidades.
Nesse sentido, Ferreira (2012) destaca a importncia de construir um conhecimento a
respeito do processo de incluso e sua aplicabilidade no ambiente escolar, para tanto tambm
temos que nos ater que no somente os professores tem o encargo de prosseguir com a
incluso. Esta uma responsabilidade social, envolvendo rgos administrativos escolares e
governamentais, funcionrios escolares, pais e irmos, enfim a sociedade.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
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CONCLUSO
Com esse relato vimos que a incluso e a capacidade de se ver no outro, de aceitao,
de compartilhar experincias com vrios tipos de pessoas. Vimos tambm que por meio de
uma viso inclusiva, todas as pessoas so acolhidas, sem qualquer exceo. O intuito da
incluso , portanto, trazer todos para a sociedade, a qual devera adequar-se e se adaptar aos
particulares de todos em todas as reas sociais.
Por fim, este relato demonstra como o curso de Licenciatura em Educao Fsica pela
UEPB, e em especfico a disciplina Didtica, preparou seus discentes para uma possvel
realidade educacional. Nas discusses em aula, percebemos o interesse de muitos dos
discentes nessa rea de atuao, alguns mudaram seu modo de pensar referente ao trabalho a
ser desenvolvido com indivduos com necessidades especiais. Isto permite a expanso de um
modelo de preparao profissional, que, poder induzir ao aprimoramento da formao
acadmica.
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