LIXO: UMA QUESTÃO DE EDUCAÇÃO...
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LIXO: UMA QUESTO DE EDUCAO AMBIENTAL
Elisngela Feitosa de Souza1; Eliziane Rose de Souza Moura2; Maria Tereza de Oliveira3
Centro Universitrio FACEX - [email protected]
Resumo: Trata-se de um projeto de extenso universitria realizado por estudantes do stimo perodo,
matriculados regularmente na disciplina Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentvel e Servio
Social, ministrada no curso de Bacharelado em Servio Social, do Centro Universitrio Facex
UNIFACEX, Natal/RN. As aes educativas foram voltadas para os moradores que vivem no entorno
do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte; situado s margens da Av. Omar OGrady prolongamento
da Av. Prudente de Morais, que abrange os bairros de Pitimbu, Candelria e Cidade Nova, Natal / RN.
O Parque est situado na Zona de Proteo Ambiental 01 (ZPA-01), Unidade de Conservao Municipal
(UC), sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, que vem
sofrendo aes constantes de descarte de lixo por parte da populao local. O objetivo geral foi
sensibilizar a populao sobre os danos causados pelo descarte irregular do lixo ao cu aberto. Tem
como objetivos especficos: incentivar a prtica da coleta seletiva; divulgar os servios pblicos
oferecidos sobre a coleta do lixo; e sensibilizar acerca do cuidado com o meio ambiente em que vive. A
prtica interventiva se deu a partir de articulao com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Urbanismo, responsvel pela limpeza urbana e da mobilizao junto aos moradores da regio. A
participao popular foi importante durante as aes educativas. Na sensibilizao foram utilizados
folders educativos enfatizando os malefcios que o lixo ora por eles ali acumulado, traz a vida cotidiana
e futura dos mesmos.
Palavras-chave: Servio Social, Meio ambiente, Educao Ambiental, Lixo, Parque da Cidade.
Introduo
As questes sociais no mbito ambiental refletem parte das consequncias da lgica
capitalista, dentre elas, o estmulo ao consumo exacerbado, produo obsoletista e a cultura
do descarte em detrimento das novas aquisies. Com essas prticas o homem acaba
devolvendo ao meio ambiente tudo o que dele foi extrado, havendo assim uma degradao de
mo dupla: se por um lado extramos da natureza as matrias primas para a produo em larga
escala, por outro lado, devolvemos a ela o lixo oriundo do consumo desenfreado.
1 Graduada em Servio Social pelo Centro Universitrio Facex UNIFACEX, Natal-RN, Especialista em
Psicopedagogia Clnica e Institucional pela Faculdade Catlica N. Sra. Das Vitrias. E-mail:
[email protected] 2 Graduada em Servio Social pelo Centro Universitrio Facex UNIFACEX, Natal-RN, Especialista em Sade
Pblica e Servio Social pelo Centro Universitrio Facex UNIFACEX. E-mail: [email protected] 3 Graduada em Servio Social e Filosofia pela UFRN e Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de
Pernambuco UFPE. Professora do Curso de Bacharelado em Servio Social do Centro Universitrio Facex
(UNIFACEX). Professora responsvel pela disciplina Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentvel e Servio
Social. Coordenadora do Curso de Formao de Agentes Ambientais Voluntrios do UNIFACEX em parceria
com o Instituto de Desenvolvimento Sustentvel e Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Norte. E-mail:
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A Constituio Federativa do Brasil de 1988, no Captulo do Meio Ambiente, determina
em seu art. 225, o direito de todos ao meio ambiente equilibrado e ainda responsabiliza,
sociedade e Estado, o dever de cuidar e preservar o mesmo.
Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder
pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes
e futuras geraes (BRASIL, 2018, p.170).
Desse modo, o Estado convocado a intervir em alguns territrios de grande relevncia
ambiental, seja pela biodiversidade de seus biomas, sejam faunas ou floras, criando com isso
as Unidades de Conservao (UC)4 e reas de Proteo Ambiental (APA), locais cujo manejo,
utilizao so limitados e definidos com vistas sustentabilidade.
As reas de Proteo Ambiental-APA'S so Unidades de Conservao,
destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais
ali existentes, visando a melhoria da qualidade de vida da populao local e
tambm objetivando a proteo dos ecossistemas regionais (CONAMA, 1988
s/p).
Infelizmente, a ausncia de uma educao ambiental efetiva corrobora para que o
homem no se perceba como parte integrante desse meio ambiente, sendo um dos maiores
predadores do mesmo.
Trata-se de um projeto de extenso universitria vivenciado por estudantes5 do stimo
perodo matriculados regularmente na disciplina Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentvel
e Servio Social, ministrada no curso de Bacharelado em Servio Social, do Centro
Universitrio Facex UNIFACEX, Natal/RN.
As aes educativas foram voltadas para os moradores que vivem no entorno do Parque
da Cidade Dom Nivaldo Monte; situado s margens da Av. Omar OGrady prolongamento
da Av. Prudente de Morais, que abrange os bairros de Pitimbu, Candelria e Cidade Nova,
Natal/ RN.
O Parque est situado na Zona de Proteo Ambiental 01 (ZPA-01), Unidade de
Conservao Municipal (UC), regulamentada pela Lei Municipal n4.664, de 31 de julho de
1995, uma Unidade de Conservao Municipal (UC), sob a responsabilidade da Secretaria
4 a denominao dada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza (SNUC) atravs da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000, que regulamenta o art. 225, 1, incisos I, II, III, e VII da Constituio Federal
de 1988. 5 Elisngela Feitosa de Souza, Eliane de Sousa Cunha, Eliziane Rose de Souza Moura, Emanuella Guedes dos Santos Pereira, Joelma Souza de Azevedo.
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Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB), que vem sofrendo aes constantes de
descarte de lixo por parte da populao local.
Atravs do Decreto Municipal n. 8.078, de 13 de dezembro de 2006, art. 1, foi criado
o Parque da Cidade do Natal, Unidade de Conservao (UC) e Proteo Integral, na Categoria
Parque Natural Municipal, com o objetivo de preservar o ecossistema caracterstico do campo
dunar localizado na Zona de Proteo Ambiental 01 (ZPA-01), Sub Zona de Conservao (SZ1-
A), s margens da Avenida Omar O Grady, compreendendo uma superfcie de 64 hectares. Em
25 de agosto de 2011, atravs do Decreto n 9.481, de 25 de agosto de 2011, o Parque passou a
denominar-se Parque Natural Municipal da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte, considerando
seu rico bioma de Mata Atlntica, sua diversidade ecolgica, bem como seu potencial de recarga
de gua subterrnea, um dos principais aquferos da capital do Rio Grande do Norte, sendo esta
UC de responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal
(SEMURB).
O Plano de Diretor de Natal (2007), ao tratar do uso e ocupao do solo, em seu art. 17,
considera Zona de Proteo Ambiental,
a rea na qual as caractersticas do meio fsico restringem o uso e ocupao,
visando a proteo, manuteno e recuperao dos aspectos ambientais,
ecolgicos, paisagsticos, histricos, arqueolgicos, tursticos, culturais,
arquitetnicos e cientficos (PLANO DIRETOR DE NATAL, 2007, p. 7).
Sua rea compreende 64 hectares, localizado entre os bairros de Candelria, Cidade
Nova e Pitimbu, onde foi construdo um monumento Torre de Natal Parque da Cidade
(Figura 01) projeto original elaborado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer para realizao
de visitas, prtica de trilhas, e assim ser tambm um espao de conscientizao e exerccio de
educao ambiental.
Esse projeto pretende por meio aes educativas na comunidade, promover a
sensibilizao da populao sobre a importncia do Parque Dom Nivaldo Monte para o bairro
e para toda a capital, bem como oferecer alternativas que possam ser aplicadas na dispensao
do lixo e, principalmente, alertar sobre os danos que seus resduos descartados naquela
proximidade podem trazer para os mesmos, sendo estes impossveis de se prever com exatido,
tendo em vista a variedade de lixo exposto s diversas condies fsicas e qumicas, sejam elas
o sol, chuva, luz, calor, umidade e o ar, etc.
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Figura 01 Torre de Natal Parque da Cidade. Disponvel em:
http://www.natal.rn.gov.br/parquedacidade/
O objetivo geral do projeto foi sensibilizar a populao sobre os danos causados pelo
descarte irregular do lixo a cu aberto. Tem como objetivos especficos: incentivar a prtica da
coleta seletiva; divulgar os servios pblicos oferecidos sobre a coleta do lixo; e sensibilizar
acerca do cuidado com o meio ambiente em que vive.
Para tal, foi condio sine qua non a articulao com os rgos municipais responsveis
pela limpeza urbana6, na perspectiva de estabelecer uma parceria. Seria um projeto coletivo e
corresponsvel com vistas ao meio ambiente saudvel, uma vez que os danos provocados pelo
descarte do lixo nessa rea comprometem a promoo da sade, acarreta o aparecimento de
insetos, roedores, animais em buscam de comida, e ainda, contaminao do solo, pois o local
est inserido dentro do campo de recarga do aqufero destinado ao abastecimento de gua
potvel das regies Sul, Leste e Oeste da Cidade do Natal.
Pretende-se com isso eliminar ou reduzir o hbito dos moradores em volta do Parque no
despejo dos mais variados tipos de lixo naquele terreno, por meio da sensibilizao ambiental,
uma das etapas mais importantes da Educao Ambiental e na socializao de saberes na busca
de alternativas possveis para iniciar um processo de conscientizao ambiental.
Segundo Segura (2001, p.165):
6 A Companhia de Servios Urbanos de Natal - URBANA, organizada por lei especfica, em seu inciso I especifica
que se sua competncia planejar, organizar, dirigir e controlar o sistema de limpeza de vias pblicas, coleta
regular de lixo domiciliar e coleta de resduos slidos especiais, cuidando, inclusive, da sua destinao final.
Disponvel em: http://www.natal.rn.gov.br/urbana/paginas/ctd-779.html Acesso em 30 de mai. de 2018. 11h59
min
http://www.natal.rn.gov.br/urbana/paginas/ctd-779.html
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Quando a gente fala em educao ambiental pode viajar em muitas coisas,
mais a primeira coisa que se passa na cabea do ser humano o meio
ambiente. Ele no s o meio ambiente fsico, quer dizer, o ar, a terra, a gua,
o solo. tambm o ambiente que a gente vive a escola, a casa, o bairro, a
cidade. o planeta de modo geral. (...) no adianta nada a gente explicar o que
efeito estufa; problemas no buraco da camada de oznio sem antes os alunos,
as pessoas perceberem a importncia e a ligao que se tem com o meio
ambiente, no geral, no todo e que faz parte deles. A conscientizao muito
importante e isso tem a ver com a educao no sentido mais amplo da palavra.
(...) conhecimento em termos de conscincia (...) A gente s pode primeiro
conhecer para depois aprender amar, principalmente, de respeitar o ambiente.
O lixo a cu aberto na Av. Abreu e Lima, em uma rea de conservao ambiental e
residencial, no conjunto Cidade Satlite so descartados desde o lixo domstico, entulhos de
construo, restos de mveis, poda de rvores, at animais mortos. Os moradores que moram
prximo sofrem com o mau cheiro e a presena de insetos que proliferam neste ambiente.
O problema comeou desde que as casas do maior conjunto habitacional da Amrica
Latina, Cidade Satlite, foram entregues no incio dos anos 1980, quando a coleta de lixo era
irregular e os moradores jogavam seu lixo no local. Contudo, para a realidade citada, mesmo
com o carro da coleta passando trs vezes por semana e uma vez por semana tambm seja
realizada a coleta seletiva, a prpria populao insiste em continuar usando o espao como
aterro sanitrio.
Tornam-se pouco perceptveis as consequncias do lixo urbano na cidade, para tanto, e
o que de pouco conhecimento de muitos, so os impactos ambientais ocasionados por tais
resduos quando no despejados em lugares apropriados como nas margens de ruas e leito de
rios, inserindo-se assim e agravando o quadro de consequncias negativas devido ampliao
das reas urbanas.
Correlacionando a questo do lixo cultura dos povos, Mucelin (2008), afirma:
A cultura de um povo ou comunidade caracteriza a forma de uso do ambiente,
os costumes e os hbitos de consumo de produtos industrializados e da gua.
No ambiente urbano tais costumes e hbitos implicam na produo exacerbada
de lixo e a forma com que esses resduos so tratados ou dispostos no
ambiente, gerando intensas agresses aos fragmentos do contexto urbano,
alm de afetar regies no urbanas (MUCELIN, 2008, p. 113).
Desta feita, podem-se considerar as causas dos impactos ambientais urbanos
provenientes do lixo em diversos fatores, alm do crescimento do espao urbano a questo
cultural o que forte nas relaes de consumo ligados a hbitos e costumes, quanto a
caracterizao em que so feitas o descarte do lixo.
A questo de conscincia dos males que o lixo causa ao meio ambiente por muitos so
desconhecidos. No se trata somente do lixo domstico slido, mas de outros materiais e
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utenslios domsticos que so descartados so materiais sem utilidade que se amontoam
indiscriminada e desordenadamente e que provocam danos. Tais prticas que j se tornaram
habituais podem gerar, entre outras coisas, contaminao de corpos dgua, assoreamento,
enchentes, proliferao de vetores transmissores de doenas, tais como ces, gatos, ratos,
baratas, moscas, vermes, entre outros. Some-se a isso a poluio visual, mau cheiro e
contaminao do ambiente.
Segundo a Lei n 9.795, de 1999, Educao Ambiental so:
Processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a
conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, MINISTRIO DO MEIO
AMBIENTE, s/p., 1999).
No entanto, percebemos que ao mesmo tempo em que se ampliam as perspectivas acerca
dos cuidados com o meio ambiente, sendo atualmente usado por grandes empresas atrelando
suas imagens o marketing da responsabilidade social, o exerccio da Educao Ambiental no
cotidiano, principalmente das pessoas comuns, fica comprometido ante a lgica do capitalismo
que estimula o consumo desenfreado, ao mesmo tempo em que, conduz a produo de
mercadorias luz da obsolescncia programada (produto com curta durabilidade),
configurando-se assim, uma indstria de produo de lixo em larga escala.
Pode-se verificar isso claramente caminhando pela Av. Abreu e Lima, nas proximidades
da Rua Dr. Alusio de Castro, no Bairro Pitimbu, onde comumente, os moradores do entorno
adquiriram o hbito de dispensarem seu lixo, seja este domstico, eletrnico, mveis e at
mesmo, animais mortos, no terreno pertencente ao Parque Natural Municipal Dom Nivaldo
Monte.
Consultando uma moradora da adjacncia foi confirmado que essas atitudes ocorrem
com frequncia, mesmo havendo regularmente a coleta de lixo urbano realizada pela
Companhia de Servios Urbanos de Natal/RN (URBANA).
Periodicamente a URBANA faz a limpeza do terreno que alm de pblico, possui
grande relevncia ambiental, no s para aqueles moradores em sua volta, mas para toda
Cidade. Contudo, relatos afirmam que essas aes no suprem a demanda em relao ao
dos cidados que despejam lixo rotineiramente naquele espao, produzindo condies
favorveis para a proliferao de insetos, roedores, contaminao do solo e, consequentemente,
das guas subterrneas que ali se acumulam.
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Enquanto futuros assistentes sociais, entendemos que, os danos ao meio ambiente
inferem principalmente na vida daqueles/as pessoas que se encontra em condies de
vulnerabilidade social econmica, uma vez que a perspectiva ambiental reflete na sade dos
indivduos, na qualidade de vida e em seu bem estar.
Os danos causados pela prpria populao local decorrem pela falta de uma conscincia
ambiental, que s poder ser estimulada a partir de aes educativas, focadas na relevncia
daquele espao para todos, bem como na divulgao dos servios de coletas que so ou
garantido por lei e ainda enfatizando a responsabilidade de cada um sobre o seu lixo, deixando
claro o papel dos atores envolvidos, sejam eles o Estado, a sociedade civil e os prprios
cidados.
No desenvolvimento da ao o pblico-alvo trabalhado foram os moradores prximos
ao Parque, nas mediaes da Rua Dr. Alusio de Castro com a Av. Abreu e Lima, cujo foco foi
a sensibilizao destes quanto ao despejo do lixo. Ainda, evidenciar que estes sujeitos podem
contribuir diretamente aos problemas ambientais advindos de comportamentos no que diz
respeito ao descarte irregular do lixo. Deixando a eles a proposta do comprometimento mtuo
acerca do cuidado com o meio em que vivem.
O uso da metodologia participativa/problematizadora contribuiu para o processo de
reflexo e emancipao dos sujeitos sociais, bem como a importncia desses na luta pela
garantia do direito ao meio ambiente saudvel.
Metodologia
O projeto foi idealizado durante a oferta da disciplina Meio Ambiente, Desenvolvimento
Sustentvel e Servio Social, no primeiro semestre letivo de 2015.1 cuja ementa refletir sobre
proposies contemporneas de anlise dos conceitos de desenvolvimento de comunidade,
desenvolvimento sustentvel e meio ambiente, as novas dimenses a serem consideradas nas
prticas comunitrias pelo Servio Social, a metodologia do trabalho comunitrio e social e
contribuies do profissional do Servio Social na rea de meio ambiente.
A disciplina tem como objetivo geral abordar os contedos de desenvolvimento
sustentvel e de comunidade e sua relao com o meio ambiente, bem como suas implicaes
tericas e polticas no mbito das prticas comunitrias, com vistas ao fortalecimento da ao
dos sujeitos sociais coletivos que se desafiam a desenvolver e avanar na construo do
conhecimento voltado para a transformao de uma realidade de excluso social.
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Nesse contexto, surgiu a proposta de realizar um projeto que fosse desenvolvido em um
bairro do municpio de Natal, com foco na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso.
Tambm numa viso interdisciplinar utilizando-se do mtodo de Paulo Freire com a
disciplina Educao Popular e Prticas Comunitrias.
A partir da foi idealizado a escolha do tema e elaborado o projeto de interveno. A
proposta de trabalhar o lixo como uma questo de educao ambiental, e, onde se constatou o
interesse em pesquisar e sugerir uma proposta de ao no lixo a cu aberto na Av. Abreu e
Lima em uma rea de conservao ambiental e residencial, no conjunto Cidade Satlite
(Pitimbu).
Para a elaborao e produo do projeto de interveno foi realizada pesquisa
bibliogrfica e documental, especialmente os marcos regulatrios pertinentes a Poltica
Nacional de Meio Ambiente e a Poltica Nacional de Resduos Slidos (2010); alm de
referenciais tericos como MUCELIN (2008) onde traz conceitos importantes sobre os
impactos ambientais no ecossistema urbano; Carta da Terra (apresentada durante a Eco 92)
dentre outras fontes.
A prtica interventiva teve incio previamente a partir da articulao com os rgos
municipais como a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, responsvel pela
limpeza urbana e da mobilizao junto aos moradores da regio, rgos competentes da cidade
no que diz respeito limpeza urbana, buscando articular a ao proposta e a realizao do
servio de limpeza da rea supracitada, bem como com o Instituto de Desenvolvimento
Sustentvel e Meio Ambiente - IDEMA.
Pensando-se num segundo momento, onde seria a ao em si, foi planejado para o dia
23 de maio do ano em vigor a ao de mobilizao. O objetivo foi chamar a ateno dos
moradores da regio e convid-los a participar da ao educativa proposta. As orientaes
foram dadas de porta em porta com a entrega do material educativo panfletos, enfatizando os
malefcios que o lixo ora por eles ali acumulado, traz a vida cotidiana e futura dos mesmos.
Resultados e Discusso
A interveno foi realizada no dia 23 de maio 2015 (sbado), conforme planejado. A
ao foi de cunho educativo com os moradores do bairro Pitimbu, especialmente os que se
localizam nas adjacncias da Rua Dr. Aluzio Castro esquina com a Av. Abreu e Lima, margens
do Parque Municipal Dom Nivaldo Monte, local que habitualmente recebe lixo. Sendo estes
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das mais variadas composies: domsticos, entulhos de construo, podas de rvores, animais
mortos, e ainda, conforme observamos in loco, lixos radioativos como lmpadas e pilhas,
compostos por metais pesados altamente prejudiciais ao meio ambiente.
A abordagem foi realizada de porta a porta da vizinhana dando enfoque
responsabilidade sobre o meio ambiente compartilhada entre sociedade e Estado, dialogando
sobre os problemas ambientais provocados pelo lixo despejado naquela Unidade de
Conservao, orientando sobre (i) a importncia para o equilbrio de vrios ecossistemas (o
valor hidrogrfico daquele territrio enquanto principal recarga de gua subterrnea da capital
potiguar), e ainda de maneira mais direta, (ii) sobre os malefcios oriundos do lixo por contribuir
com a proliferao de insetos, roedores, mau odor, atrarem outras espcies de animais nativos
da mata, (iii) a contaminao do solo pelo chorume escoado do lixo.
A apreenso sobre os moradores de que eles sabem de todas essas questes promovidas
pelo lixo e que, segundo estes no so eles quem dispensam lixo naquele territrio e sim,
moradores dos bairros vizinhos que delegam a misso de despejo do lixo carroceiros, e estes
sim, descarregam no Parque.
Segundo alguns moradores, um dos grandes desafios so as ameaas que eles sofrem
dos catadores e assim, sentem-se de mos atadas. O problema j teve visibilidade pela mdia
local, mas a cultura do descarte do lixo a qualquer custo se tornou comum, e mesmo o rgo
responsvel pela coleta domstica atuar regularmente trs vezes por semana, e acontecer a
coleta seletiva semanal, e ainda, periodicamente realizar a limpeza do local, a ao das pessoas
mais intensa e veloz.
Na observao do espao constatou-se a existncia de um posto de apoio policial na
proximidade, no entanto o mesmo encontra-se abandonado, o que poderia inibir e muito a
atuao dessas aes que est degradando a UC se fosse reativada. Alm da vulnerabilidade em
que a comunidade sofre com a violncia que crescente na cidade.
Recentemente saiu uma nota7 da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo
- SEMURB sobre vazamento de esgoto detectado no Parque, resultado de uma liminar urgente
decorrente de ao do MP pedindo a adoo de medidas que impeam o lanamento de esgoto
na UC.
De acordo com depoimento de uma moradora prxima, ela sugere: o nico jeito de
resolver esse problema seria colocando uma cerca!. De fato, j existe uma cerca, porm a
mesma j foi em vrias partes derrubada e a invaso das dunas no se d apenas com o lixo.
7 Disponvel em: http://www.nominuto.com/noticias/natal/semurb-emite-nota-oficial-sobre-o-tratamento-
sanitario-no-parque-da-cidade/167207/ Acesso em 30 de mai. de 2018. 12:14
http://www.nominuto.com/noticias/natal/semurb-emite-nota-oficial-sobre-o-tratamento-sanitario-no-parque-da-cidade/167207/http://www.nominuto.com/noticias/natal/semurb-emite-nota-oficial-sobre-o-tratamento-sanitario-no-parque-da-cidade/167207/
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Relatos de outra moradora: j vi caminhes e caambas retirando areia de l, deixando buracos
no parque. Observa-se outro crime ambiental o qual requer denncia aos rgos competentes
para averiguaes e autuaes.
Concluso
O projeto possibilitou o conhecimento dos educandos sobre as questes ambientais e a
sustentabilidade do planeta, pautando os desafios para o desenvolvimento sustentvel e sua
relao com a questo social e o Servio Social.
A execuo desse projeto, apesar de ter sido pontual, contribuiu para a reflexo e
sensibilizou a Coordenao do Curso de Servio Social do UNIFACEX, pois culminou na
assinatura de um Termo de Cooperao Tcnica entre o Centro Universitrio Facex -
UNIFACEX e o Instituto de Desenvolvimento Sustentvel e Meio Ambiente do Estado do Rio
Grande do Norte (IDEMA) para um Curso de Formao de Educadores Ambientais Voluntrios
para estudantes do Curso de Servio Social cujo objetivo foi a atuao dos mesmos nas
Unidades de Conservao (UC) e nas reas de Proteo Ambientais (APA) do Estado do Rio
Grande do Norte. A primeira turma atuou na Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Estadual
(RDS) Ponta do Tubaro, em Diogo Lopes, municpio de Macau/RN e a segunda turma na rea
de Proteo Ambiental APA Bonfim-Guarairas que abrange os municpios de Tibau do Sul,
Goianinha, Ars, Senador Georgino Avelino, Nsia Floresta e So Jos de Mipibu, no litoral
oriental do estado; e APA Piquiri-Una ou APAPU que abrange parte dos municpios de
Goianinha, Canguaretama, Esprito Santo, Pedro Velho e Vrzea no Estado do Rio Grande do
Norte, estando presentes os Biomas de Mata Atlntica e Caatinga.
Durante o semestre foi visvel o empoderamento dos agentes envolvidos no projeto,
especialmente no que se refere a conscientizao ambiental e a formao de uma cultura poltica
vinculada aos contedos e conceitos referentes a Poltica Ambiental, na perspectiva de
fortalecer os movimentos sociais como sujeitos na construo de relaes democrticas para o
melhor exerccio da cidadania estimulando prticas socialmente sustentveis; bem como
sensibilizar os mesmos sobre a relao do Desenvolvimento Sustentvel com a democracia e a
cidadania, pontuando aspectos polticos e socioambientais necessrios para um
Desenvolvimento Socialmente Sustentvel.
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Referncias
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