A Educaçao Infantil No Município de Canguaretama - Kessia Pessoa

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A EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE CANGUARETAMA 1 Késsia Katiane Alves Pessoa 2 RESUMO Este artigo tem como objetivo o estudo da Educação Infantil (El) no município de Canguaretama. A El necessita de um olhar especial, para que seja vista com mais respeito. No âmbito da Educação Infantil tem crescido a preocupação relacionada com essa etapa inicial, para que haja uma valorização e crescimento relevante para haver respeito aos preceitos constitucionais. É importante o conhecimento da história da El e o desenvolvimento através dos tempos para que se possam estabelecer relações. Foi elaborado um estudo sobre a EI no município de Canguaretama, visando a estrutura escolar inadequada, professores desinteressados, desvalorizado, a falta de materiais indispensáveis, não permitindo, dessa forma, o avanço dessa área. A Educação lnfantil é a base para uma aprendizagem efetiva, pela sua real importância deve-se procurar metodologias dinâmicas criativas, necessárias para contribuir com a evolução da criança, além de atender suas necessidades e o desenvolvimento de suas potencialidades. Vale, então, conhecer e cooperar com essa etapa da Educação lnfantil, e cremos ser necessário, como princípio, conhecê-la bem. É aí que procuramos entender para podermos ajudá-la a crescer e ser fundamentalmente mais acreditada e valorizada em nosso município. Por isso é fundamental o planejamento pedagógico como atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente, sendo flexível, permitindo ao educador repensar, revisar, buscando novas práticas pedagógicas. Palavras-chave: Educação Infantil. Conhecimento. Aprendizagem. ABSTRACT This article aims at studying Early Childhood Education (ECE) in the municipality of Canguaretama. The CE needs a special look, to be treated with more respect. In the context of early childhood education has been growing a concern related to this initial stage, so there is a growing appreciation and respect to be relevant to constitutional precepts. It is important to know the history and development of ECE over time so they can establish relationships. A study on early childhood education in the municipality of Canguaretama in order to the inadequate school structure, uninterested and devalued teachers, lack of essential materials, not 1 Artigo científico apresentado à Faculdade de Natal - FAL, no curso de Especialização em Educação, orientado pelo Dr. Jorge Ubiracy. 2 Graduada em Pedagogia pela Universidade Potiguar (UnP); diretora do Jardim de Infância Criança Feliz, da rede municipal, e coordenadora pedagógica no CEMPA, ambas em Canguaretama-RN.

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Este artigo descreve como se encontra a Educação Infantil no município de Canguaretama/RN.

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A EDUCAO INFANTIL NO MUNICPIO DE CANGUARETAMA

Kssia Katiane Alves Pessoa

RESUMO

Este artigo tem como objetivo o estudo da Educao Infantil (El) no municpio de Canguaretama. A El necessita de um olhar especial, para que seja vista com mais respeito. No mbito da Educao Infantil tem crescido a preocupao relacionada com essa etapa inicial, para que haja uma valorizao e crescimento relevante para haver respeito aos preceitos constitucionais. importante o conhecimento da histria da El e o desenvolvimento atravs dos tempos para que se possam estabelecer relaes. Foi elaborado um estudo sobre a EI no municpio de Canguaretama, visando a estrutura escolar inadequada, professores desinteressados, desvalorizado, a falta de materiais indispensveis, no permitindo, dessa forma, o avano dessa rea. A Educao lnfantil a base para uma aprendizagem efetiva, pela sua real importncia deve-se procurar metodologias dinmicas criativas, necessrias para contribuir com a evoluo da criana, alm de atender suas necessidades e o desenvolvimento de suas potencialidades. Vale, ento, conhecer e cooperar com essa etapa da Educao lnfantil, e cremos ser necessrio, como princpio, conhec-la bem. a que procuramos entender para podermos ajud-la a crescer e ser fundamentalmente mais acreditada e valorizada em nosso municpio. Por isso fundamental o planejamento pedaggico como atitude crtica do educador diante de seu trabalho docente, sendo flexvel, permitindo ao educador repensar, revisar, buscando novas prticas pedaggicas. Palavras-chave: Educao Infantil. Conhecimento. Aprendizagem. ABSTRACT

This article aims at studying Early Childhood Education (ECE) in the municipality of Canguaretama. The CE needs a special look, to be treated with more respect. In the context of early childhood education has been growing a concern related to this initial stage, so there is a growing appreciation and respect to be relevant to constitutional precepts. It is important to know the history and development of ECE over time so they can establish relationships. A study on early childhood education in the municipality of Canguaretama in order to the inadequate school structure, uninterested and devalued teachers, lack of essential materials, not allowing thus the advancement of this area. ECE is the basis for effective learning, for its real importance should seek dynamic creative methodologies necessary to contribute to the development of the child, and meet their needs and developing their potential. It's important to cognize and cooperate with this stage of CE, and we believe it's necessary, in principle, know it well. This is where we try to understand in order to help it grow and be more fundamentally believed and valued in our county. So, it is fundamental the pedagogical planning as teachers critical attitude in front of his teaching work, being flexible, allowing the educator to rethink, revise, seeking new teaching practices.Keywords: Children Education. Knowledge. Learning.

Introduo A partir do novo ordenamento legal, obtido pela Constituio Federal de 1988, assegurando todas as crianas brasileiras o atendimento em creche e pr-escola, como tambm dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, em 1996, encontramos que "a Educao Infantil passa a ser definida como a primeira etapa da Educao bsica". Esse passo to importante faz crescer a Declarao Mundial da Educao para todos, formado em Jomtien, 1990, de que a aprendizagem ocorre desde o nascimento e requer primordialmente educao e cuidado na primeira infncia.

Nos ltimos anos, vrias pesquisas tm demonstrado que os primeiros seis anos de vida de uma criana um perodo de grandes descobertas, aprendizados e desenvolvimento, onde as crianas aprendem a viver juntos, a fazer e a ser. Uma educao de qualidade nessa fase de grande importncia, pois a criana receber os ensinamentos que traro resultados a curto, mdio e longo prazo. A criana aprender a ler facilmente de forma natural e espontnea, ter mais aceitao e compreenso do mundo, haver menos reprovao e repetncia, abandono escolar, e maiores chances de terminar o Ensino Mdio.

Convidamos todos a conhecerem um espao muito importante, que chamaremos de "Educao Infantil". So caminhos que passam por diversas abordagens, oferecendo aos educadores vrias possibilidades de despertarem para a sensibilidade e a sabedoria das crianas.

um trajeto interessante, vivo e buscando compromisso com a reflexo inteligente, com a disposio afetiva e com o desejo de tentar vencer os obstculos.

Vamos, assim, nos envolver em reflexes sobre algumas perspectivas que nos auxiliaro a repensar melhor as prticas com as crianas da nossa cidade. Para que nossos desejos tornem-se realidade temos que aprender a observar as crianas e ouvi-las, para que, ao conhec-las, possamos mudar e melhorar sua histria escolar.

A criana, principalmente na primeira infncia, desenvolve-se seguindo determinadas etapas. Entra em ritmos diferentes se comparadas outra criana da mesma idade cronolgica.

Nos dois primeiros anos de vida a fase em que a criana est mais voltada a assimilar os estmulos do meio que est inserida de acordo com as necessidades inerentes sua idade.

capaz de executar movimentos que lhe facilitam a possibilidade de escrever ou manipular objetos e instrumentos. Toda essa herana biolgica permite criana agir sobre o meio, aprender certas reaes, analisar este meio e at mesmo modifica-lo.

Algumas pessoas, pela influncia que exercem sobre a criana, transmitem-lhe padres sociais. Os membros da famlia fazem parte desse grupo significativo para a criana: o grupo primrio, responsvel por estmulos emocionais intensos e pela caracterizao de padres de comportamento, posies e papis que a criana assume frente sociedade.

Os professores so, por assim dizer, agentes importantes de socializao e, medida que se tornam modelos significativos, tambm conseguem estabelecer esses estmulos emocionais com alunos e aproximar a famlia da escola.

A famlia, a escola e a comunidade, atravs de seus membros e servios, se inter-relacionam medida que trocam experincias e informaes.

A legislao vigente estabelece como objetivos da educao pr-escolar aquela onde a Educao Infantil vise o desenvolvimento global e harmnico da criana, de acordo com as necessidades fsicas e psicolgicas, neste particular momento de sua vida e situadas em sua cultura e em sua comunidade. Ela tem, portanto, objetivos em si mesma, prprias da faixa etria e adequadas s necessidades do meio fsico, social, econmico e cultural. uma educao inclusiva, partindo das necessidades e interesses da criana, estimulando sua atividade e desenvolvimento de sua criatividade, na conquista de sua autonomia. Esses valores devem ser buscados desde os primeiros anos de vida, quando a criana est completamente aberta para si mesma, para os outros e para o mundo que a envolve. nesse perodo que ela mais sensvel a qualquer influncia de fatores externos e sua personalidade adquire marcas indelveis que a caracterizaro na sua vida futura. Dessa forma, a Educao Infantil no deve ser vista como "preparatria" para o Ensino Fundamental. evidente que as realizaes de desenvolvimento da criana nos primeiros anos de vida tero continuidade nos anos seguintes, incorporadas sua personalidade ao ser que cresce.

As experincias e o progresso em cada etapa da vida se fazem presentes na sequncia do processo educacional, possibilitando maiores chances de enfrentar com xito os novos desafios.

Por consequncia, uma educao adequada s caractersticas e necessidades prprias da criana da Educao Infantil pode contribuir para sua melhor aprendizagem ao frequentar o Ensino Fundamental, como j foi dito no se resolver os impasses entre os primeiros e segundos anos, enquanto no forem enfrentados com realismo os problemas sofridos desde os primeiros anos de vida, pelas crianas que demandaro o Ensino Fundamental.

Na medida em que a Educao Infantil contribuir para que a criana supere problemas decorrentes do baixo nvel de renda de seus pais, est gerando efeitos positivos sobre o processo educacional como um todo.Para a realizao desse trabalho foi realizada uma pesquisa qualitativa, que tem como foco de estudo o processo vivenciado pelos sujeitos. Assim, as investigaes qualitativas crescem em nmero, como um outro modo de produo de conhecimento capaz de responder necessidade de compreender em profundidade alguns fenmenos da prtica de enfermagem, suprindo vazios deixados pela pesquisa positivista e seus mtodos de coleta e anlise de dados, sendo uma referncia para investigar contextos e realidades distintas.As pesquisas qualitativas possuem caractersticas multimetodolgicas, utilizando um nmero variado de mtodos e instrumentos de coleta de dados. Entre os mais aplicados, esto a entrevista em profundidade (individual e grupal), a anlise de documentos e a observao participante ou no.

De acordo com Danna e Matos (2006), todo trabalho em que se utiliza a observao como um instrumento de coleta de dados, seja de pesquisa ou de aplicao, requer do pesquisador uma srie de decises. Deve-se definir quem e o que ser observado, onde ser feita a coleta dos dados, a frequncia das observaes, como sero registrados os dados, etc. Todas estas decises, embora possam parecer escolhas arbitrrias do observador, so feitas com base em critrios pr-estabelecidos, sendo o objetivo do estudo, ou melhor, o problema a ser investigado o principal critrio por ele utilizado.Quanto metodologia, realizou-se busca documental, do tipo reviso de literatura, buscando o respaldo terico em autores como Bastos (2001), Didonet (2003) e Vygotsky (1988), entre outros.Breve histrico da Educao Infantil relevante reconhecer que a histria da Educao Infantil vem de um longnquo passado na histria brasileira; sempre os pais preocupados com onde iriam deixar seus filhos pequenos para ento poderem trabalhar.

O atendimento s crianas de zero a seis anos foi uma preocupao eminente em pocas atrs. Segundo a autora Entel (1988), alguns pensadores como Comenius, no sculo XV, j reconheciam o perodo pr-escolar como o do desenvolvimento. O brinquedo, as experincias com o material concreto, a afetividade, o sono, a alimentao e a vida em contato com a natureza foram preconizadas como indispensvel ao crescimento e desenvolvimento da criana pr-escolar. Comenius defendia, ainda, o mtodo de ensino da leitura baseada no uso da palavra inteira, o que mais tarde foi corroborada por outros escritores.

O perodo da reforma na Educao Infantil foi caracterizado por uma educao corretiva, punitiva, disciplinadora e responsvel pela formao de crianas segundo padres considerados corretos para o adulto. A educao iniciava-se na famlia e seguia os padres determinados pela igreja que considerava a alegria como insanidade e indispensvel punio dos erros e da indisciplina.

Rousseau (1772-1778), filsofo francs, ia de encontro aos estudiosos da poca, que afirmavam ser a criana a diminuio de um adulto. Assim sendo, ele contrariou a teoria de uma educao centrada nos interesses e na vida social do adulto. Declarou-a falsa e prejudicial e props substitui-la por uma educao centrada nas necessidades e atividades da criana e no curso natural de desenvolvimento.

Assim como Coprnico revolucionou a cosmologia medieval, Rousseau fez ruir as ideias teolgicas tradicionais na criana, mostrando que ela uma criatura da natureza e que age e cresce em harmonia com suas leis. Contribui de forma significativa para a humanidade ao demolir o falso sistema e ao fazer da criana o ponto central da educao. Para Rousseau, ensinar e formar consiste, no em inculcar ideias, mas em fornecer criana as oportunidades para o funcionamento das atividades que so naturais em cada fase. Abordou tambm as fases do desenvolvimento humano, tornando-o vital para educao. Foi o primeiro a introduzir a teoria do desenvolvimento por etapas, mas tarde exaustivamente estudada por Piaget. Defendeu a importncia de preparar a criana, respeitando sua individualidade, seus sentimentos de independncia, bondade interior, julgamento e resistncia, para ingressar na vida social do adulto. Seus pensamentos estabeleceram o princpio da liberdade na educao, o respeito pela individualidade da criana e a necessidade de auto-expresso, to definida por psiclogos e educadores modernos.Surgiu, ento, um pesquisador alemo chamado Froebel, que alertou os educadores para compreender a potencialidade inata do homem (essncia de ser e de vir a ser) e das condies do meio ambiente como necessrios para o desabrochar do ser. Comparava a criana semente, que encerra em si todo um potencial gentico de vir a ser. Se bem adubada e exposta condies favorveis (meio ambiente), desabrocha, transforma-se numa rvore capaz de dar frutos saudveis que perpetuaro sua espcie.

Froebel (1782-1852) simpatizava com as ideias de Schiller e Rosseau, entre outros, mas foi o contato com os mtodos e princpios de Pestalozzi, enquanto lecionava em Yverdun, que encontrou subsdios para as suas prprias reformas educacionais. Necessitava de princpios que explicassem plenamente as leis bsicas de todos os fenmenos e comeou construir sua filosofia por um estudo das cincias empricas. Entrou no campo da matemtica, da minerologia, dos idiomas, da fsica e da botnica. Retornando Alemanha, iniciou a reforma da educao pr-escolar.Em 1837, na aldeia de Blankeburg, na Alemanha, abriu o primeiro jardim de infncia, movido pela firme convico de que residia nos primeiros anos de vida do homem a chave para o sucesso ou fracasso de seu desenvolvimento pleno. Desta poca em diante dedicou-se educao pr-escolar e formao de professores para essa rea. Passaram a observar mais e melhor as crianas, a literatura educacional e, assim, conhecer e explicar melhor a evoluo humana.

Educao Infantil no Brasil: breve histrico

A Educao Infantil nem sempre teve um lugar de destaque na formao da criana pequena. Surgiu como uma instituio assistencial que vinha com objetivo de suprir as necessidades da criana e de ocupar, em muitos aspectos o lugar da famlia. No princpio, baseava-se apenas em garantir um espao onde as mes que trabalhavam nas indstrias ou em casas de famlia, como empregadas, deixassem os seus filhos. Essas creches so, ento, um produto da revoluo industrial, surgindo em funo da crescente urbanizao e estruturao do capitalismo.

Os debates sobre as instituies de educao infantil foram polmicos, pois existiam intelectuais da poca que no concordavam com a implantao destas instituies. De acordo com BASTOS, algumas personalidades afirmavam que:

O jardim-de-infncia no tem nada com instruo, uma instituio de caridade para meninos desvalidos, que serve para que a me ou pai, sendo minimamente pobres, quando vo para o trabalho, entreguem seus filhos queles asilos, como j se faz entre ns e at na Bahia, em algumas casas dirigidas pelas irms de caridade. Mas aqui era preciso dar-se este nome pomposo. (Conselheiro Junqueira).

Tambm manifestou-se o professor Alberto Brando, afirmando que os jardins-de-infncia, na Europa e nos pases em que eles existem, tem por fim proteger as crianas pobres e dar margem a que a mulher possa auxiliar o homem nas profisses industriais. So, pois instituies de caridade e de economia social. Entre ns podem ser combatidos sob o ponto de vista moral, porquanto a mulher raramente deixa o lar para o trabalho, e no deve ser substituda, sem necessidade, no exerccio de sua mais nobre misso cuidar do filho pela ao do Estado ou da caridade privada. O enfraquecimento dos laos de famlia um fato da atualidade, fato que, a nosso ver, ressalta educao nos internatos oficiais e particulares, de temer-se, pois, que seja deletria a ao dos jardins-de-infncia arrancando do lar a criana o mais cedo ainda (2001, p. 63).Os pequenos, que ficavam durante muitas horas distantes de suas mes precisavam ser cuidados. As creches preenchiam esta necessidade para a classe trabalhadora.A atividade principal dessas instituies era o cuidar, no o educar.Nesse sentido, Rocha enfatiza que

O prprio aparecimento da pr-escola no Brasil se deu sob as bases da herana dos precursores europeus que inauguraram uma tradio na forma de pensar e apresentar proposies para a educao da criana nos jardins de infncia, diferenciadas das proposies dos modelos escolares (1999, p.55).

At 1920, as instituies mantiveram esse um carter exclusivamente filantrpico e caracterizado por seu difcil acesso oriundo do perodo colonial e imperialista da histria do Brasil. A partir desta data, deu incio uma nova configurao, definida por diversos movimentos populares que punham-se em defesa da democratizao do ensino, entendendo que a educao significava possibilidade de ascenso social e era defendida como direito de todas as crianas, consideradas como iguais.A partir da dcada de 1930, o papel de buscar incentivo (financiamento) de rgos privados, que viriam a colaborar com a proteo da infncia, passou a ser funo do Estado. Diversos rgos foram criados voltados assistncia infantil, tais como: Ministrio da Sade; Ministrio da Justia e Negcios Interiores, Previdncia Social e Assistncia social, Ministrio da Educao e tambm a iniciativa privada. Nesta dcada, buscando, principalmente, combater a mortalidade infantil, passou-se a preocupar-se com a educao fsica e higiene das crianas como fator de desenvolvimento das mesmas. Segundo OLIVEIRA, as creches eram planejadas como instituio de sade, com rotinas de triagem, lactrio, pessoal de enfermagem, preocupao com a higiene do ambiente fsico (2005, p.100).Nesse contexto, Oliveira afirma ainda queA ideia de jardim-de-infncia, todavia, gerou muitos debates entre polticos da poca. Muitos criticavam por identific-lo com as salas de asilo francesas, entendidos como locais de mera guarda das crianas. Outros defendiam por acreditarem que trariam vantagens para o desenvolvimento infantil, sob influncia dos escolanovistas (OLIVEIRA, 2005, p.92).

Assim, de maneira desordenada e numa perspectiva emergencial, iniciou-se, nessa poca, a organizao de creches, jardins de infncia e pr-escolas. Em 1940 surgiu o departamento Nacional da Criana, com objetivo de ordenar atividades dirigidas infncia, maternidade e adolescncia, sendo administrado pelo Ministrio da sade. Na dcada de 1950 havia uma forte tendncia mdico-higinica do departamento nacional da Criana, desenvolvendo vrios programas e campanhas visando... o combate desnutrio, vacinao e diversos estudos e pesquisas de cunho mdico realizadas no Instituto Fernandes Figueira. Era tambm fornecido auxlio tcnico para a criao, ampliao ou reformas de obras de proteo materno-infantil do pas, basicamente hospitais e maternidades (Kramer, 1995, p.65).OLIVEIRA et al apresentam a diferena entre creche e pr-escola nos anos 50, no que se refere s diferenas entre suas origens e desenvolvimento:[...] crianas dos diferentes grupos sociais eram submetidas a contextos de desenvolvimento diferentes e desiguais nas famlias, nas creches e pr-escolas. Enquanto que as crianas pobres eram atendidas em creches com propostas que partiam de uma ideia de carncia e deficincia, as crianas mais ricas eram colocadas em ambientes estimuladores e consideradas como tendo um processo dinmico de viver e desenvolver-se (1992, p.21).Na dcada de 1960, o Departamento Nacional da Criana teve um enfraquecimento e acabou transferindo algumas de suas responsabilidades para outros setores, prevalecendo o carter mdico-assistencialista, enfocando suas aes em reduzir a mortalidade materna infantil. Na dcada de 1970 temos a promulgao da lei n 5.692, de 1971, a qual faz referncia educao infantil, dirigindo-a como ser conveniente educao em escolas maternais, jardins de infncia e instituies equivalentes. Em outro artigo, sugerido que as empresas particulares, as quais tm mulheres com filhos menores de sete anos, ofertem atendimento (educacional) a estas crianas, podendo ser auxiliadas pelo poder pblico. Tal lei recebeu inmeras crticas, quanto sua superficialidade e sua dificuldade na realizao, pois no havia um programa mais especfico para estimular as empresas criao das pr-escolas.Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educao 9394/96, muda-se o sentido de educao infantil, passando esta a ser responsabilidade da Secretaria de Educao, sendo um nvel de ensino, exigindo profissionais da educao infantil, ou seja, professores. Sobre sua funo podemos afirmar, segundo Nascimento, Enquanto a LDB afirma o carter escolar da creche, os documentos produzidos em rgos de planejamento e execuo poltica educacional enfatizam que no binmio educar e cuidar que devem estar centradas as funes complementares e indissociveis dessa instituio (1999, p.104).

Atendendo s determinaes da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei 9.9394/96), que estabelece, pela primeira vez na histria de nosso pas, que a Educao Infantil a primeira etapa da educao bsica, acreditamos que esse referencial foi uma grande conquista para acrescentar s crianas seus direitos. Antes de tudo, o direito de viver experincias prazerosas em suas instituies.

Os Modelos Educacionais tambm so identificados em documentos e propostas pedaggicas. Atualmente, dispomos de dois documentos nacionais que expressam concepes presentes nas prticas docentes.

O primeiro a Resoluo no. 01 de 07 de abril de 1999, do Conselho Nacional de Educao, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao DCNEI (CNE/CEB, 1999). O segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil - RCNEI, que integra o conjunto de documentos denominado Parmetros Curriculares Nacionais, elaborado pela Secretaria de Educao Fundamental do MEC.O RCNEI nos traz propostas que respeitam a pluralidade e diversidade da sociedade brasileira e das diversas propostas curriculares de Educao Infantil existentes. Este Referencial uma proposta aberta, flexvel e no obrigatria, que poder subsidiar os sistemas educacionais, que assim o desejarem. (RCNEI, 1998, p. 14)

Nessa perspectiva, a utilizao desse Referencial s tem sentido se traduzir a vontade dos sujeitos envolvidos com a educao das crianas, sejam pais, professores, tcnicos e funcionrios, de incorpor-los no projeto educativo da instituio a qual esto vinculados. Esse Referencial busca com clareza uma melhoria da qualidade da educao infantil brasileira, respeitando as polticas pblicas, a ordem oramentria, os recursos humanos e as propostas educacionais.Dessa forma, como podemos observar nesse breve histrico da Educao Infantil no Brasil, a Educao Infantil surgiu com um carter de assistncia a sade e preservao da vida, no se relacionando com o fator educacional. A pr-escola no surgiu com fins educativos, mas sim para prestar assistncia necessidades familiares surgidas com o rpido crescimento da industrializao a partir da dcada de 1920, e principalmente aps a Segunda Guerra Mundial.

Fundamentos da Educao Infantil

A Educao Infantil caracteriza-se como uma fase na qual o trabalho docente deve construir no educando uma base forte, ou seja, promover seu desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e familiar, de modo que ele esteja preparado para enfrentar os desafios das fases escolares posteriores.

A Educao Infantil constitui a primeira etapa da educao bsica e tem como principal finalidade promover o desenvolvimento integral da criana at os seis anos de idade, onde deveramos construir um conjunto de conhecimentos que abranjam tanto os aspectos emocionais, afetivos, cognitivos e sociais de cada criana, considerando que ela um ser em crescimento. Na busca de uma formao integral, a Educao Infantil assume certas especificidades que lhe conferem um carter impar, sobretudo no que se refere organizao dos contedos prprios dessa fase de escolarizao. Nesse conjunto de especificidades est, de um lado, a necessidade de se ampliar, nas crianas, a compreenso do mundo a partir do conhecimento da linguagem, da matemtica e da natureza e sociedade, e a incumbncia de sua formao social, pessoal, e a construo do desenvolvimento de sua identidade e autonomia, alm de noes sobre msica, artes visuais e movimento, onde o professor interaja e se comprometa verdadeiramente para a construo desse cidado.

Devemos acreditar na dimenso formativa a partir de alguns grandes eixos de trabalho que engrandeam o aprender a aprender, como aulas dinmicas, jogos educativos, salas de aulas adequadas, que envolvam os alunos, acompanhamentos com profissionais como psicopedagogos, psiclogos e fonoaudilogos. Enfim, que os profissionais de Educao Infantil acreditem na sua gesto e formao.A Educao Infantil tem o papel de promover o ensino da lngua de forma significativa por meio de um trabalho que amplie a capacidade de comunicao, expresso e de cesso ao mundo letrado pelas crianas. Segundo o RCNEI, essa ampliao est associada a quatro competncias bsicas: falar, escutar, ler e escrever.

Na sociedade atual so diversos os momentos em que o uso da linguagem oral, da leitura e da escrita se faz necessrio, e assim que a escola pode tornar significativa uma prtica discursiva.

Quanto mais a criana puder falar em situaes diferentes, como contar o que lhes aconteceu em casa, contar histrias, dar um recado, explicar um jogo ou pedir uma informao, mais podero desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira significativa... O processo de letramento est associado tanto construo do discurso oral como do discurso escrito. (RCNEI, 1998, p. 121).

O uso da linguagem o ponto de partida e de chegada no processo de construo do conhecimento das crianas e por meio da participao em prticas sociais em que esteja presente o uso da linguagem oral, do falar, escutar, da leitura e da escrita em seu cotidiano que estaro efetivamente construindo conhecimentos acerca do sistema alfabtico.

A prtica da linguagem oral na Educao Infantil e o uso corrente dessa aprendizagem no cotidiano das crianas propiciam que os alunos aprendam a se expor e a ouvir e, assim, a respeitar as diferenas e a considerar a diversidade como um fator de enriquecimento par o trabalho e para o dia a dia. Alm disso, essa prtica tambm possibilita que as crianas se comuniquem estabelecendo relaes e desenvolvam capacidades cada vez mais complexas de discurso oral de forma significativa. Considerar a atuao dos alunos na construo de seus prprios conhecimentos e valorizar suas experincias e os conhecimentos que possuem acerca dos assuntos tratados antes de iniciar um tema ou uma discusso so atitudes essenciais para que eles avancem nessa competncia. Alm disso, a interao professor x aluno favorece a passagem progressiva de situaes dirigidas pelo prprio aluno.

A construo da linguagem oral no linear e ocorre em um processo de aproximaes sucessivas com a fala do outro, seja ela do pai, da me, do professor, dos amigos... Assim, acabam criando formas verbais, expresses e palavras, na tentativa de apropriar-se das convenes da linguagem. (RCNEI, 1998, p. 126)

Cabe sabiamente ao professor traduzir, por meio da escuta da fala dos seus alunos, seu modo particular de pensar, observar as relaes que esto fazendo em determinadas situaes, as associaes contidas em suas falas e, assim, valorizar as intenes comunicativas para criar um ambiente de confiana e de respeito entre seus alunos. Esse aspecto fundamental para que as situaes de comunicao se efetuem e as crianas possam se sentir a vontade para expor suas particularidades, ouvir e conhecer os outros e para que aprendam a respeitar as diferenas entre elas.

No atual contexto scio-histrico, as crianas passaram a ser entendidas em suas peculiaridades e a demarcao de suas diferenas em relao ao adulto tornou-se uma conquista.

Na contemporaneidade, a criana precisa se ajustar a um alto grau de complexidades e diversidade, assim como s contnuas e rpidas mudanas sociais. Dessa forma, a Educao Infantil tem de ser entendida como um perodo em que o ensino no pode se basear somente nos contedos, mas na maneira como a pedagogia pode se manter aberta temporalidade e ao questionamento, a partir de uma relao ativa como mundo e com os outros.

No cenrio atual, a incorporao da ideia de criana ativa, capaz, construtora de conhecimento j assumida em alguns contextos educacionais e sociais mais amplos. Essa ideia convive com a valorizao essencial do mundo infantil, com suas vivncias particulares, suas sensaes, prazer individual e suas satisfaes de curta durao.

de grande relevncia valorizar as vivncias e o mundo das crianas atravs da ludicidade e atividades imaginativas, prprias da cultura infantil, e de contedos pedaggicos facilitadores, como jogos, brincadeiras, brinquedos, msicas, que garantam o interesse e a motivao das crianas.

O conhecimento passa a ter contexto e localidade na cultura infantil. Ele incompleto e precisa ser construdo de maneiras diferentes. necessria a confrontao com a realidade para que a negociao assuma significado. A cultura infantil expressa a histria de vida das crianas, sua origem sociocultural, o pertencimento a diferentes classes sociais, gneros, credos e etnias. As crianas apresentam diferentes linguagens de movimento e, quando em interao uma com as outras, contribuem para a produo da cultura infantil, baseadas em questes como a criatividade, a ludicidade e a alegria.

As crianas que ingressam na Educao Infantil encontram-se em constante desenvolvimento fsico, mental e motor. Suas funes cognitivas, como o pensamento verbal, a memria e a percepo esto em fase de estruturao e dependem da articulao com os demais aspectos do desenvolvimento da criana. Compreender essas questes que envolvem o desenvolvimento da criana na sua infncia essencial para que o professor no corra o risco de tratar as questes curriculares separadas do sujeito a que se destinam. Isto , para a criana aprender necessrio dar vida aos contedos e programas curriculares, associando-os atividades criadoras e s experincias motoras e sociais.

O pensamento da criana peculiar em sua estrutura, composio e o modo de funcionamento. A criana pensa, sente e se expressa com o corpo, com as mos, por meio das sensaes e das linguagens fisionmica, gestual, postural e cintica. Tais linguagens corporais antecedem a linguagem falada e o movimento o recurso disponvel para expressar emoes, sentimentos, pensamentos e para explorar o meio, a realidade. A criana, ao contrrio da maioria dos adultos, no separa diverso de aprendizado, estudo de brincadeiras; sua relao com o mundo que a cerca no lhe permite tais oposies.

Derdyk ressalta que a criana, ser global, mescla suas manifestaes expressivas: canta ao desenhar, pinta o corpo ao representar, dana enquanto canta, desenha enquanto ouve histrias, representa enquanto fala.

Devido a isso, sua aprendizagem ser tanto melhor quanto mais diversidade de experincias ela puder vivenciar nos seus contextos de desenvolvimento famlia e escola. Tais experincias devem conceber o conhecimento como uma totalidade, no limitando os contedos ao conhecimento lgico-matemtico ou s atividades de letramento. Vale ressaltar que para a criana da Educao Infantil acredita-se ser necessrio que ocorra o desenvolvimento da autonomia com mais sensibilidade, autoestima, raciocnio, socializao e diferentes formas de representao simblica.

As crianas desde seu nascimento observam e atuam no espao que os cerca. Nos primeiros anos de vida, suas grandes conquistas concentram-se no campo da socializao, da linguagem e da percepo espacial.

Nesse contexto com o mundo, elas j se organizam, descobrem, exploram e vivenciam situaes que favorecem a construo dos conhecimentos da aprendizagem.Ao interagir com seus pares, ao explorar o espao ao seu redor, ao brincar, ao manipular, ao fazer imitaes e se entregar a uma brincadeira de faz-de-conta, vivenciam situaes de aprendizagem. Essa vivncia propicia conhecimentos prvios que podero contribuir na aquisio de novos saberes cada vez mais elaborados.Dentre os novos conhecimentos nessa fase da infncia, os contedos devem ser manipulados de maneira criativa, divertida, sempre planejados previamente pelo professor, em situaes-problema no dia a dia, nas aes usuais infantis e nas brincadeiras dirigidas. O ambiente em que a criana est inserida oferece oportunidades para observar e aprender.

Um aprendizado efetivo resultado de um processo em que a criana protagonista e, enquanto sujeito da construo do seu conhecimento, diante de questes instigantes e significativas, busca respostas.

Desde muito pequenas as crianas demonstram grande curiosidade em relao ao prprio corpo e a tudo que as cerca. Nessa fase da vida, elas tm sempre muitos por qu?. Essas perguntas, muitas vezes insistentes, apontam para o desejo de entender como os fenmenos acontecem, relacionar fatos, generalizar descobertas e avanar em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem a respeito do mundo.

Faz-se fundamental a escuta paciente e cuidadosa dos adultos a essas perguntas. Algumas vezes, importante desenvolver a questo criana, para compreender o que exatamente ela quer saber. Outras vezes, podemos fazer uso dessas perguntas na escola para direcionar o olhar das crianas aos nossos contedos de trabalho.

de grande relevncia que o professor sempre considere os conhecimentos prvios dos alunos a respeito dos temas de trabalho, permitindo iniciar-se sempre a discusso, convidando seus alunos a compartilharem com o grupo as informaes que j possuem.Nesse momento do seu desenvolvimento, a criana capaz de compartilhar seus conhecimentos e experincias e, em funo disso, construir a imagem de si e do grupo, percebendo semelhanas e diferenas.

O perfil do professor da Educao Infantil

O papel do professor da Educao Infantil , sem dvida, de grande importncia, pois o bom andamento do ensino depende diretamente da ao do docente, de como ela faz a mediao conhecimento/criana. esse profissional que tambm deve se tornar um aprendiz, que organiza a dimenso interativa, contextualizando o saber e o aprender.

O papel do professor na dinamizao das aulas essencial para a organizao do espao e do tempo para a aprendizagem da criana. Uma aprendizagem significativa, voltada para o aprender a aprender.

O papel do professor deve ser o de interventor intencional, estimulando o aluno a progredir em seus conhecimentos e habilidades por meio de propostas desafiadoras que o levem a buscar solues por intermdio de suas relaes intrapessoais e interpessoais. Isso no deve significar uma educao autoritria, mas, sim, uma educao que possibilite ao aluno, por meio de estratgias estabelecidas pelo professor, construir o seu prprio conhecimento, com a reestruturao e reelaborao dos significados que so transmitidos ao indivduo pelo seu meio sociocultural.

Assim, fundamental que o professor oferea situaes desafiadoras que motivem e valorizem os diferentes processos de aprendizagem que podem levar o aluno a diferentes respostas, estimulando a criatividade e a redescoberta. No basta apenas oferecer estmulos para que a criana se desenvolva normalmente, a eficcia da estimulao depende tambm do contexto afetivo em que este estmulo se insere, e essa ao est diretamente ligada ao relacionamento entre o estimulador e a criana.

Nessa proposta o professor assume o papel de mediador do conhecimento; ele no o detentor. O ensino uma via de mo dupla em que o professor, como mediador, ensina a aprender, e o mesmo acontece com o aluno. importante lembrar que o professor deve sempre estar ciente dos objetivos das atividades planejadas e, muitas vezes, deve ajustar a atividade idade, ao grupo e aos materiais disponveis, s condies climticas, ao grau de motivao do grupo, ao grau de aprendizagem e ao conhecimento sobre os alunos e seus limites.

O professor, alm de mediador, pode, muitas vezes, exercer o papel de observador, organizador e integrante das atividades ldicas e deve levar em conta alguns aspectos para possibilitar um melhor desenvolvimento da criana, como:

Providenciar espao fsico e materiais com os quais a criana possa exercitar sua criatividade e imaginao;

Permitir a repetio de atividades, brincadeiras e jogos que valorizem as diversas possibilidades de aprendizagens das crianas; ajudar a resolver conflitos,

Ensinar a criana a chegar a acordos, negociar e compartilhar; respeitar as preferncias de cada criana, compreendendo os interesses e as necessidades individuais de forma a no fora-la a realizar determinada atividade;

Ter sempre bem claro as atividades a serem realizadas.A formao profissional do educador infantil

O tema da formao de profissionais da Educao Infantil hoje alvo de polemica no cenrio brasileiro, mas so ainda poucas as publicaes disponveis. Tratando de uma categoria em vias de formao - a de professores da Educao Infantil - esse tema se insere numa longa luta pelo reconhecimento dos direitos das crianas de zero a seis anos educao garantida pela constituio de 1988, que afirmou tambm o dever do Estado de prov-los.

Por outra parte, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educao Nacional de 1996 instituiu a Educao Infantil como primeira etapa da educao bsica, situando-a como matria de natureza educacional. A partir dessa data, passou a ser papel do Estado, na figura da instncia municipal, assegurar educao infantil para todas as crianas de zero a seis anos cujas famlias assim o desejassem.

Ser, ento, que os estados e os municpios de nosso pas tm assumido esta tarefa? Como as redes pblicas municipais tm se preparado (ou no) para enfrentar os desafios de uma formao urgente? E se essa formao existe, se articulam com as propostas municipais?

Precisamos ser coerentes com o que queremos, e por que o queremos, pois a formao do profissional, de forma correta, coerente com as necessidades das nossas crianas de suma relevncia, para que o trabalho renda verdadeiramente.

um desafio para as polticas pblicas a formao do profissional da Educao Infantil, pois uma luta para a melhor qualidade de vida. Foi ento que, na constituio de 1988, a partir de vrios movimentos sociais, chegou o reconhecimento do direito de todas as crianas de zero a seis anos educao, e o dever dos estados e municpios de oferecer creches e pr-escolas para tornar fato esse direito. Nos ltimos anos, movimentos sociais, redes municipais e estaduais e universidades tm buscado expandir com qualidade a Educao Infantil. Nesse contexto, pela primeira vez, o MEC (BRASIL/MEC/COEDI, 1994) publicou documentos voltados a uma poltica de Educao Infantil e de formao dos seus profissionais.

Segundo o Plano Nacional de Educao, todos os professores de Educao Infantil e dirigentes de creches devem ter habilitao especfica de nvel mdio, nos termos da LDB, o artigo 62 que exige essa formao mnima para o exerccio do magistrio na Educao Infantil e nas quatro primeiras sries do Ensino Fundamental. Mas at 2010 necessrio que a formao desses profissionais tenham mudado, partido para o nvel superior tanto o professor, auxiliar e gestor.

, pois, urgente conhecer a formao existente para intervir e consolid-la em novas bases. Como o plano estipula um crescimento de profissionais da Educao Infantil, basta sabermos a qualidade na qual foram formados.

O prprio MEC alerta para a necessidade de:...um diagnstico dos profissionais da Educao Infantil e das diferentes agncias formadoras hoje existentes. Assim como preciso superar a precariedade das informaes relativas ao atendimento da criana de zero a seis anos, tambm urgente pesquisar quem so, quantos so, onde e como atuam nas creches e pr-escolas, quanto s exigncias de formao. (MEC/SEF/COEDI, 1994, p. 26)Vale, pois, ressaltar que da forma que a nova Lei de Diretrizes e Bases reconhece que a educao tem como base os primeiros anos de vida da criana e estipula que a formao de professores deve ser de nvel superior e estar relacionada ao saber fazer e ao saber explicar o fazer.

Apesar do avano das discusses que os documentos refletem e dos esforos dos profissionais da Educao Infantil, ainda so muitos os desafios para melhorar e garantir, na prtica, a qualidade da Educao Infantil, sobretudo quanto formao contnua do educador, agente bsico dessas transformaes, j que muitas instituies ainda no apresentam as condies para que ela possa ocorrer.

de grande importncia discutir o que est realmente acontecendo com a educao infantil em nossa cidade, como ela feita, o que acreditada e creditada a ela e seus profissionais, onde necessita ainda de muitas mudanas, para que ela possa tornar-se educao de qualidade.

Mas, para que essas mudanas ocorram, tem que haver unio entre os profissionais, o respeito mtuo e acreditar no que se est lutando, no que se quer conseguir, mas, infelizmente, ainda h professores que ajudam o desmerecimento do ensino infantil, onde seus alunos ficam recortando, cantando, brincando, sem que qualquer das atividades se articule com as demais. Onde elas so atividades soltas que, magicamente, levariam ao desenvolvimento integral.

O princpio falso seria de que a soma das partes d a totalidade. "No final de algum tempo comum, sobretudo entre as crianas mais inteligentes e criativas, o tdio inevitvel repetio", cita a professora Regina Leite Garcia, no seu livro Revisando a pr-escola (2003, p. 19). Algumas chegam a se recusar a voltar escola, onde "no se aprende nada".

Outra preocupao observada pela autora do artigo na sala de Educao Infantil a aprendizagem de leitura e escrita, onde as crianas so preparadas, algumas vezes com exerccios psicomotores repetitivos, outras com exerccios para passar da fase pr-silbica at chegar alfabtica. Quando adquirem a "prontido", seja por um caminho, seja por outro... Por que no ler historinhas? Permitir que as crianas faam suas leituras? Trabalhar a partir de msicas, rtulos, frases ditas pelas prprias, estimulando a linguagem corporal, musical, plstica, linguagem televisiva e cinematogrfica, linguagem fotogrfica, a mmica, o teatro e, por que no, a linguagem da informtica|?

Para isso, preciso que o Estado assuma a sua parte, o que se espera da prefeitura, dos partidos polticos, j que todos sabem que, no Brasil, as oportunidades culturais para o grande pblico so insignificantes, onde deveria ser garantido s crianas das escolas de Educao Infantil: museus, cinemas, teatros, concertos, bales, salas de vdeo, pinacotecas, bibliotecas, exposies de fotografias, computaes, alm do zoolgico, hortas, parques, praias, onde se introduzir a questo ecolgica, naturalmente. Nessas visitas as crianas vo aprendendo que a cultura resultado do trabalho de todos os homens em todos os tempos e deve voltar a todos os homens para o seu enriquecimento cultural. Essa a sociedade global que queremos.

Como diz na LDB (1996), artigo 29, "a Educao Infantil base da educao", vamos acreditar e fazer valer, o justo e melhor para nossas crianas de zero a seis anos de idade.Metodologias na Educao Infantil que funcionam

A metodologia na Educao Infantil de grande importncia para uma aprendizagem significativa, uma prtica que permita o aprender com prazer, aprender com propriedade.As muitas faces das metodologias da Educao Infantil vm aumentando gradativamente, uma busca constante do saber contemporneo, respeitando os limites de cada criana e seus conhecimentos prvios.

Aprender em situaes orientadas, onde o professor faz suas intervenes diretas, permite que as crianas aprendam de maneira que trabalhem com diversos conhecimentos, propostas essas que se baseiem no apenas nas propostas dos professores, mas, essencialmente, na escuta das crianas, nos seus conhecimentos prvios e na construo do conhecimento coletivo.

A interveno do educador relevante e necessria para que, na Educao Infantil, as crianas possam, em situaes de interao social ou sozinhas, ampliar suas capacidades de compreenso dos conceitos, cdigos sociais e das diferentes linguagens por meio das diferentes expresses de sentimentos e ideias, das reflexes, das colaboraes de perguntas, respostas, das construes coletivas de brinquedos e brincadeiras, etc. Para que tudo ocorra de maneira satisfatria, necessrio conhecer e considerar as singularidades das crianas, onde o professor o mediador entre as crianas e os objetos de conhecimento, organizando e permitindo uma ampliao singular, propiciando espaos e situaes de aprendizagens que articulem os conhecimentos prvios e aos contedos relacionados aos diferentes campos dos conhecimentos.Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais da Educao Infantil (1998, p. 30), na instituio de Educao Infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelncia, cuja funo propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudvel e no discriminatrio de experincias educativas e sociais variadas.Para que as aprendizagens infantis ocorram com sucesso, necessrio que o professor organize seu trabalho educativo, enfocando pontos essenciais para uma prtica coerente.

Possibilitar que as crianas tenham contato com outras crianas da mesma idade e de idades diferentes em situaes diversas de forma cognitiva, emocional ou apenas de relacionamento;

Respeitar, analisar e aproveitar os conhecimentos prvios dos alunos de qualquer natureza, o que as crianas j possuem sobre o assunto, j que sabemos que elas aprendem por meio de uma construo interna ao relacionar suas ideias com as novas informaes de que dispem e com as interaes que estabelecem;

Respeitar, tambm, a individualidade e a diversidade como, tambm, a resoluo de problemas como forma de aprendizagem.

Essas consideraes podem estruturar-se nas seguintes condies gerais relativas s aprendizagens infantis a serem seguidas pelo professor em sua prtica educativa.

Outra estratgia bem significativa para o professor da Educao Infantil a interao social em situaes diversas para haver a promoo de aprendizagem pelas crianas. Cabe ao professor propiciar situaes de conversa, brincadeiras ou aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianas, de maneira que elas comuniquem-se, expressem-se, demonstrando seus modos de agir, pensar e sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie confiana e autoestima.A existncia desse ambiente acolhedor no significa eliminar os conflitos, disputas ou divergncias presentes nas interaes sociais das crianas, mas sim que o professor fornecer elementos afetivos e de linguagem para que as crianas aprendam a conviver, buscando solues adequadas para as situaes com as quais se defrontarem diariamente.

Nessa perspectiva, o professor deve refletir e discutir com seus pares sobre os critrios utilizados na organizao dos agrupamentos e das situaes de interao, mesmo entre bebs, visando, sempre que possvel, a auxiliar as trocas entre as crianas e, ao mesmo tempo, garantir-lhes o espao da individualidade. (RCNEI, 1998, p. 31)

O mbito social oferece, portanto, momentos nicos para construir estratgias que possibilitam pensamentos e aes, ampliando as hipteses infantis. Essas interaes promovem avanos naquilo que a criana capaz de realizar com a ajuda dos outros, ou seja, no seu desenvolvimento potencial.os desafios no ensino infantil no municpio de canguaretama

No municpio de Canguaretama vemos que houve um pequeno avano na qualidade do Ensino Infantil, melhora esta no to significativa. Com a chegada do Fundo de Desenvolvimento da Educao Bsica FUNDEB, os profissionais (pedagogos) no ficaram com tanto receio em trabalhar com as turmas de Educao Infantil, visando, ento, que ganhariam o mesmo salrio e trabalhariam menos. Pois esta viso que muitos profissionais tm: querem ganhar bem e trabalhar pouco. E onde est o profissionalismo? E o amor pelo que se est fazendo? Como se vai lutar por algo que no se ama, nem sente prazer de compartilhar aprendizagens. Nessas indagaes vemos claramente a presena da desvalorizao da Educao Infantil em nosso municpio, pois no se tem o principal, a vontade de lutar verdadeiramente por uma Educao Infantil de qualidade.

A estrutura das escolas que recebem esta clientela precria. Escolas sem ptio para as brincadeiras ao ar livre, parques, brinquedos pedaggicos, livros paradidticos para as crianas lerem suas histrias preferidas, massinhas, tintas, tesouras... Coisas que, para muitos, no tm significado, mas para quem compreende a Educao Infantil, quem sabe de suas necessidades, essencial! Se a criana desse nvel de escolaridade for estimulada a aprender, ela aprender! E aprender de forma contempornea e significativa, pois o ambiente escolar uma forte influncia para sua aprendizagem.Vale ressaltar que, quando a professora oferece ou permite que sejam oferecidos recursos auxiliares ao desenvolvimento de funes emergentes, contribui para que a criana faa hoje com o auxlio de outro o que poder vir a fazer amanh, sem qualquer ajuda externa. o que Vygotsky denomina zona de desenvolvimento proximal, que no s aporta o papel que pode desempenhar no desenvolvimento das crianas, como revela confiana na capacidade de a criana se desenvolver e aprender. E mais, destaca o papel fundamental que o coletivo pode representar no desenvolvimento e na aprendizagem. Crianas que se inter-relacionam e interagem com outras crianas e com a professora, e que, na relao dialtica social-individual se desenvolvem, constroem conhecimento, se constroem.

Se assim , que sentido tem as crianas passarem de uma atividade para outra (desenho, pintura, massas plstica, blocos, cantinho da boneca, recorte e colagem, etc.) sem qualquer finalidade, a no ser a atividade em si?

As atividades, essas e outras, ganham sentido quando so meios para o desenvolvimento de projetos coletivos ou individuais.

Faz muita diferena uma sala de aula em que as crianas pintam, desenham, recortam revistas e colam folhas em papel, e vo amontoando a sua "produo" em pastas, e outra sala em que essas chanas planejam, executam e avaliam projetos coletivos em que estas atividades e outras passam a ter sentido porque tm como referncia uma totalidade.

Dar sentido s atividades, eis o que faz uma professora competente, sabendo que cada atividade traz a possibilidade de novas aprendizagens e provoca novos desenvolvimentos.

Coisas to simples como lavar as mos podem tornar-se situaes de aprendizagem, no apenas de hbitos, mas de conhecimentos, pois a professora pode, simplesmente, obrigar, ainda que docemente, as crianas a lavarem as mos antes de comer e depois de ir ao banheiro, mas pode tornar esse ritual uma aula de cincias, onde utilizando uma lupa pode mostrar aos seus alunos a sujeira, e o microscpio ajuda a ver os micrbios, que depois de observados podem ser desenhados, e fazer pesquisas, textos coletivos... E o "estudo" pode chegar questo do saneamento bsico.

Alm de conhecimentos estas crianas estaro desenvolvendo a capacidade de concentrar a ateno, de controlar o prprio corpo, de autodisciplina, de organizao, estaro aprendendo a pensar, criticar, estudar, ouvir e falar.

Para isso, preciso que o Estado assuma a sua parte. o que tambm se espera das prefeituras.

Seguindo um modelo para a Educao Infantil

Na Educao Infantil h espao para brincadeiras, mas preciso ensinar a ordem; h espao para o canto, mas preciso ensinar o silncio; h valorizao do ldico, mas deve ficar bastante claro que as brincadeiras possuem objetivos srios; h tentativa de trabalho criativo, mas este no deve atrapalhar futuramente a cpia e a reproduo; h preocupao com o desenvolvimento das crianas em sua multiplicidade, mas necessrio que este mltiplo seja fragmentado, individualizado e reduzido ao que cabe no modelo aceito. Assim, possvel criar uma prtica que, sob a aparncia de dinmica e criadora, vai preparando cada um para se adaptar ao imobilismo e reproduo que caracterizam a relao pedaggica.

Entel (1988, p. 36) enfatiza que na Educao Infantil que inicia-se a fragmentao do processo de conhecimento e o esfacelamento da totalidade da criana".Visando todos esses aspectos que modelam a El que acreditamos que seja possvel mud-la, criando novos pressupostos que a enriqueam e transformem-na em uma educao de qualidade, valorizando a criana e priorizando a qualidade com a qual estamos ensinando-as.

Seguindo este contexto de modelo que estamos buscando para o Ensino Infantil, descobrimos em nossa escola a prtica de metodologias de ensino no condinzentes com os rumos da nova educao infantil. "Aqui no pr a criana no tem a obrigao de aprender. Temos apenas que iniciar". Esta fala de uma professora e expressa o que o grupo pensava at pouco tempo sobre a funo da pr-escola. No "iniciar" estavam implcitos o descompromisso com a aprendizagem e o compromisso em apenas "preparar" as crianas para a primeira srie. Quanto mais bem preparadas e "iniciadas" na pr-escola, melhor seria o seu ingresso na escola.O que pensava esta professora faz parte do senso comum de um grupo significativo de professoras que acreditam numa pr-escola, que historicamente, vem desenvolvendo um trabalho de "preparao" das crianas para a "escola". Talvez a denominao "pr-escola" se deva ideia de que esta fase (pr) seria apenas preparatria para a escola enquanto tal.

A preparao para a escola tida como finalidade primeira da pr-escola. Nesta concepo, o trabalho realizado tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades perceptivo-motoras necessrias ao "momento" de alfabetizao; os exerccios de coordenao motora, discriminao visual e auditiva, coordenao visomotora, lateralidade, etc, constituem o eixo do que realizado com as crianas.

Desenhar, recortar, colar, pintar, modelar, cantar, representar, correr, ouvir, falar, ouvir histrias, atividades realizadas diariamente, teria o objetivo de desenvolver as "habilidades" para o aprendizado da leitura e da escrita - um aprendizado que se dar no futuro, na classe de alfabetizao ou 1a srie. Estas prticas carregam a concepo j superada de alfabetizao como um momento de aprendizagem escolar, precedido por outro momento (pr-escola) de desenvolvimento de habilidades. Traz tambm a concepo de que o desenvolvimento precede a aprendizagem. Na pr-escola se trata de desenvolvimento e s na escola se trata de aprendizagem.

Vygotsky rejeita cada uma dessas concepes e nos diz que "a aprendizagem possibilita o desenvolvimento e o desenvolvimento possibilita a aprendizagem. A criana se desenvolve aprendendo e aprende se desenvolvendo". (VYGOTSKY, 1988, p. 95).

Mas sair de uma formao mecanicista difcil. Mudar significa destruir valores e certezas cristalizadas, arriscar-se a "construir" o novo, rompendo com o caminho j trilhado por "outros". como uma professora da nossa escola sintetizou a dialtica da mudana: "O difcil no significa impossvel".

Outras falas que analisamos de professoras sinalizam avanos. Assim nos explicam Ana e Conceio:

"Agora estamos entendendo que os contedos da El e o trabalho de alfabetizar no so distintos, e sim uma s coisa".

"Preciso trazer a leitura e a escrita para a sala de aula. Isto desde o maternal".

A teoria vai sendo transformada em prtica. Se a criana agora considerada como um ser em constante aprendizagem, as crianas surpreendem as nossas expectativas.

A redefinio do contexto escolar na Educao InfantilA denncia da pr-escola construda predominantemente sob a tica de preparao da criana para aprendizagens futuras pode se tornar o anncio de outra forma de organizao de seu cotidiano, a partir de uma concepo que valoriza o processo de construo de conhecimentos empreendidos pelas crianas;

A redefinio do contexto escolar gera a necessidade de uma reconstruo do significado e das prticas avaliativas. Este olhar para a El se fundamenta em outras concepes de criana, de aprendizagem e de desenvolvimento.

A criana deixa de ser vista como um adulto em potencial, ao estilo roussiano, sendo assumida como sujeito que se constri em interao com a vida social da qual parte. Sendo assim, no se vai El com o objetivo de "se preparar para aprender". A cada situao vivida realiza aprendizagens e, enquanto aprende, se capacita para aprendizagens futuras. A aprendizagem parte deste estar no mundo, uma atividade indispensvel constituio do ser social.

Aprende-se na vida e para a vida. No h, portanto, preparao para a aprendizagem, como no h preparao para a vida. Tampouco se pode pensar no desenvolvimento como um movimento linear, como um conjunto de fases que se sucedem e so caracterizadas por comportamentos semelhantes em todas as crianas, numa viso histrica.

Neste contexto, a El obtm outra face. Deixando de ser o momento preparatrio para a aprendizagem que se dar no Ensino Fundamental, torna-se parte do processo de conhecimento rico e intenso, vivido pela criana em interao com a realidade.

O cotidiano escolar se insere nesse movimento de descoberta do mundo, de construo da subjetividade e de interao com a vida social, os caminhos deixam de ser prvia e logicamente traados, comparados e classificados e tornam-se em movimento, uma criana que est construindo conhecimentos e que esta construo essencialmente coletiva.

Concluso

A Educao Infantil de fundamental importncia para o desenvolvimento intelectual, afetivo e emocional da criana, a qual devemos tratar com seriedade, desenvoltura e respeito, para que a construo acontea de forma sria e peculiar.

Esperamos que as informaes contidas neste trabalho possam ajudar ao educador infantil e demais profissionais desta rea, que tenham um olhar especial voltado para a organizao e planejamento para uma Educao Infantil pblica de qualidade. importante colocar a El no patamar superior, que todos acreditem e contribuam de forma significativa para esse desenvolvimento.

Colocar que os educadores que trabalham diretamente com crianas pequenas devem, sempre que possvel, ter contato com artigos, textos e livros que falem sobre esse tema, sobre a criana e o seu desenvolvimento. Por isso esperamos que os contedos abordados acima venham colaborar de forma objetiva e concreta por uma melhor qualidade educativa na formao do educador infantil, e na construo de conhecer melhor essa etapa de ensino que muitas vezes esquecida por quem nos governa.

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________. Pensamento e linguagem. So Paulo: Martins Fontes, 1989. Artigo cientfico apresentado Faculdade de Natal - FAL, no curso de Especializao em Educao, orientado pelo Dr. Jorge Ubiracy.

Graduada em Pedagogia pela Universidade Potiguar (UnP); diretora do Jardim de Infncia Criana Feliz, da rede municipal, e coordenadora pedaggica no CEMPA, ambas em Canguaretama-RN.