A Enésima Cópia da Autenticidade

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1 1 A Enésima Cópia da Autenticidade 1. Autenticidade 2. Criação de Segunda 3. Cópias Sucessivas 4. Banalização 5. Rei do Brega 6. Desclassificados 7. Pesquisa de Satisfação 8. Tatuagem 9. Questão de Pele 10. Os Enésimos Vitória, terça-feira, 26 de maio de 2009. José Augusto Gava.

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cópias sucessivas tornam brega e levam os ricos à necessidade da moda ou novidade

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A Enésima Cópia da Autenticidade

1. Autenticidade 2. Criação de Segunda

3. Cópias Sucessivas 4. Banalização 5. Rei do Brega

6. Desclassificados 7. Pesquisa de Satisfação

8. Tatuagem 9. Questão de Pele

10. Os Enésimos

Vitória, terça-feira, 26 de maio de 2009. José Augusto Gava.

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Capítulo 1 Autenticidade

Em todo o lado bom do Dicionário geral (não estou falando de

qualidades, porque elas mudam conforme os países, os sexos, as idades; falo do que é divino, definitiva e absolutamente bom) o ligeiro excesso ou excedente é considerado marca de excelência: uma liberdade a mais sem ser liberalismo, que é a liberdade dos novos ricos; uma exposição a mais sem ser esnobismo; uma leveza a mais sem ser despudor.

Para chegar a esse estado superior de exposição natural as pessoas precisam ser autênticas, não devem estar tentando aquilo, porque os outros não são tolos e sabem perfeitamente distinguir os que se projetam demais, desnaturadamente, de forma antinatural.

Com certeza algumas empresas, sabendo disso, fazem apelo mercadológico à autenticidade, por exemplo, em “selo de autenticidade”.

SELOS DE AUTENTICIDADE (Mas quem garante que os escritórios distribuidores são sérios? Que eles mesmos sejam autênticos?)

Numa sociedade servil como a brasileira que, além disso, é mentirosa e

vive de artifícios e de falsificações os selos de autenticação e de pureza tornam-se a moda, porque quase ninguém acredita mais em nada. Frisam isso através do elemento central da autenticidade, que é a verdade, e no caso dos selos o atestado da verdade.

Como a verdade faz par polar oposto-complementar com a não-verdade é certo que a liberdade faz parte de um ciclo, junto com a inautenticidade.

Como se chega à inautenticidade? Chega-se através da não-criação, do pauperismo copista, de tanto

copiar os criadores; de parar de criar.

Capítulo 2 Criação de Segunda

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Os do primeiro mundo não estão em primeiro à toa: eles têm primeiras

criações. Essas “primeiras criações”, estando na frente dos outro quatro mundos, proporcionam a liberdade que (erradamente) é invejada

O PRIMEIRO MUNDO EXISTE NO BRASIL (assim como existe terceiro mundo em cada país da Europa). Curitiba, primeiro estado no Sul do Brasil.

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Q U I N T A - F E I R A , M A R Ç O 1 3 , 2 0 0 8 Com novo PIB, Brasil tem IDH de 'primeiro mundo

Daniel Bramatti

"IDH sobe e Brasil entra no clube do Alto Desenvolvimento Humano"; "Para ONU, Brasil já não é um país pobre"; "Com PIB e renda maiores, país chega ao primeiro

mundo da área social". Manchetes como estas estarão em todos os jornais quando a ONU atualizar, com o novo PIB brasileiro, a base de dados que alimenta o cálculo do

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Para os leitores de Terra Magazine, a notícia não será novidade. Sim, o Brasil já

entrou no seleto grupo de países com "alto desenvolvimento humano" - em 2005, para ser mais exato. Leia também:

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» Pobreza cai desde 2001, diz secretário » FMI erra e subestima renda dos brasileiros

» Salário mínimo alcança marca dos US$ 200 O IDH é uma espécie de nota, de zero a um, que avalia a qualidade de vida em 177

países com base nos critérios renda, escolaridade e longevidade da população. O último relatório, publicado no ano passado a partir de estatísticas de 2004, dava ao

Brasil a nota 0,792, o que o situava entre as 83 nações de "médio desenvolvimento humano" - Colômbia, Venezuela e Albânia estavam entre seus vizinhos no ranking. A promoção para o andar superior ocorre principalmente graças a um significativo

ajuste estatístico. Ao atualizar a metodologia do cálculo do Produto Interno Bruto, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) descobriu que, em 2005, éramos

10,9% mais ricos do que imaginávamos (leia aqui). Graças a esse incremento no PIB e na renda per capita, o IDH sobe para exatos 0,800

- o mínimo necessário para o Brasil entrar no grupo de 63 países com "alto desenvolvimento humano" - liderado pela Noruega (0,965) e onde já estão os

vizinhos Argentina (0,863), Chile (0,859) e Uruguai (0,851). Com o crescimento da economia em 2006, de 3,7%, a nota brasileira sobe para 0,803. Se os dados de 2004 fossem revistos pela ONU, o IDH passaria de 0,792 para 0,797 - o

país subiria três posições no ranking e empataria com a Rússia. O recálculo do IDH foi feito por Terra Magazine, com metodologia supervisionada

pelo economista Fernando Prates, da Fundação João Pinheiro, especialista no assunto. Foram usados dados do PNUD - órgão das Nações Unidas que divulga

anualmente o ranking do IDH -, do IBGE e do FMI. Nas contas não estão considerados os itens educação e longevidade, que compõem o

IDH com o mesmo peso que a renda. E é quase certo que o Brasil apresentará avanços também nessas áreas - sua nota será, portanto, maior.

O PNUD considera, em sua base de dados referente a 2004, que os brasileiros têm uma esperança de vida ao nascer de 70,8 anos. Mas o IBGE, em 2005, calculou que esse índice já chegou a 71,9 anos. A esperança de vida é a estimativa do número de

anos que vão viver, em média, as pessoas nascidas em um determinado ano. Também houve avanços ainda não medidos no campo da educação. A taxa de

alfabetização da população com 15 anos ou mais subiu de 88,6% em 2004 para 88,9% em 2005. Outro indicador considerado é a taxa bruta de matrículas, que estima o

percentual de cidadãos excluídos do sistema educacional. Nesse caso ainda não há números atualizados, mas a tendência tem sido de melhora nos últimos anos.

O novo IDH não significa que, de um dia para o outro, o Brasil se transformou em paraíso social. O corte de 0,800 é arbitrário e o conceito de desenvolvimento humano

é subjetivo. Estatísticas às vezes ocultam aspectos da realidade - dois países com a mesma renda per capita podem ser completamente distintos se, em um deles, a elite

abocanha a maior parte da riqueza. Mesmo com as ressalvas, não há como negar que o IDH é um dos melhores

parâmetros de avaliação da eficácia das políticas públicas. E ele mostra que o país está avançando, há muito tempo. Se a miséria não foi eliminada, é cada vez menor

seu peso relativo no conjunto da sociedade. No ano passado, mesmo antes do recálculo do PIB, o Brasil já foi apontado no

Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD como exemplo de melhoria na distribuição de renda. "A boa notícia é que a desigualdade extrema não é algo

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imutável. Nos últimos cinco anos, o Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, tem combinado um sólido desempenho econômico com declínio na desigualdade de

rendimentos (...) e na pobreza", dizia o texto. Certamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relacionará a melhora do índice aos

programas sociais de seu governo. Terá bons argumentos: com Bolsa-Família, valorização do salário mínimo e quase 5 milhões de novos empregos formais, a renda dos mais pobres de fato cresceu, o que amplia acesso a alimentos e remédios e tem

impacto direto no aumento da longevidade. Mas foi no governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, que a educação básica foi praticamente universalizada.

Ainda não está claro se a ONU passará a considerar os novos números do PIB brasileiro já em 2007 ou somente em 2008. Mas é certo que eles serão aceitos - no

cálculo do IDH, o que vale são as estatísticas oficiais de cada país. Para os que vêem "manipulação" na melhora súbita do PIB, um aviso: é praticamente

consensual a opinião dos especialistas de que o IBGE mudou a metodologia para melhor. Agora o instituto consegue captar melhor o tamanho e os movimentos da

economia - com a metodologia anterior, deixava de "enxergar" uma geração anual de riquezas equivalente a quase cinco vezes o PIB do Uruguai.

Terra Magazine

Quando há criação há liberdade, porque as pessoas passam a acreditar no próprio futuro em vez de ficar cobiçando o alheio; a inveja desaparece ou diminui e todos ou quase todos se arremetem para frente. Quando há contração (como foi visto na Crise de 29 e como se verá nesta de agora e d’adiante) todos ou quase todos se fixam no passado e o passadismo (doença da superafirmação do passado) se torna moda ou modelo, como nos períodos rococós, góticos, barrocos.

OS PERÍODOS DE CRISE (a sociedade se fecha antes do novo nascimento: deve ter acontecido por volta de 476, de 1453, de 1789 e de 1991, pela minha teoria). Superafirmação do passado e do superlaborado:

gótico

rococó

barroco

(Depois de 1991, o que virá? Não sabemos, mas podemos afirmar que será

superformal, passadista.)

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Qual é o segundo mundo? É aquele que cria menos que o primeiro, que o copia: se são 200 nações, a quinta parte terá 40 países, então de 41 a 80 é a porção do segundo mundo, o que é como todos os demais puxado pelo primeiro. O segundo mundo, como os demais, vai a reboque da criação e da autenticidade do primeiro, da liberdade e do brilho – ele inventa menos e as pessoas se sentem tolhidas, açoitadas por proibições. Como o primeiro mundo decai? Ele vai da liberdade (que é sã) ao liberalismo (que é doente) e então migra da direita para a superdireita, o direitismo. Só porque água é bom não podemos dizer que o excesso de chuvas seja (pois é enchente). Tomar sol faz bem para a saúde, produz vitamina A, porém excesso de sol leva a insolação e a terra esturricada.

Quem vai adiante dos demais estimula com a liberalidade a criação nas laterais e todos mergulham no frenesi da criação, como aconteceu nos EUA; no momento em que editaram a Diretiva Presidencial Sobre Segurança (HSPD 51) começaram o programa de degradação interna, inclusive da criatividade; como resultado direto dela e de modo cada vez mais palpável o número de patentes diminuirá, a produção de novos conhecimento reduzirá e os EUA mergulharão no conflito interno, com as esperadas polarizações do esquerdismo e do direitismo (o esquerdismo sempre vem primeiro).

AS DIRETIVAS CONTRA A LIBERDADE

P E N T Á G O N O C O L O C A R Á 2 0 . 0 0 0 S O L D A D O S E M M I S S Ã O " A N T I - T E R R O R I S T A " D E N T R O D O S E U A

(os EUA já mergulharam rumo à tirania e à ditadura futura)

Por Patrick Martin 8 de dezembro de 2008

Publicado originalmente em inglês no WSWS em 2 de dezembro de 2008 20.000 soldados do Exército dos EUA, em operações "anti-terroristas" combinadas

com forças estaduais e locais, serão disponibilizados para ações regulares dentro do próprio país, segundo plano que começa a ser implementado pelo Pentágono (Dep.

de Defesa dos EUA). Trata-se de uma mudança dramática nos parâmetros das operações militares dos país.

Cerca de 4.700 soldados — toda uma brigada de combate com base no Forte Stewart da Geórgia — foram disponibilizados ao Northern Command (NorthCom) dos EUA em 1 de outubro. Os outros soldados serão encaminhados ao NorthCom conforme terminem suas atribuições no Iraque ou Afeganistão, e retornarão para os EUA em

2011. A alocação dos 4.700 soldados apareceu no jornal Army Times, mas não recebeu

atenção da mídia nacional. Já a mobilização para 2011 apareceu na capa do Washington Post de segunda-feira (dia 1), indicando que o Pentágono procura ampliar a publicidade de seu plano e, assim, acostumar aos poucos o público

americano à visão de tropas uniformizadas nas ruas. O pretexto para a crescente militarização da sociedade americana é, como sempre, o

perigo do "terrorismo", particularmente de um "ataque terrorista nuclear". No entanto, o Post esclareceu que "outras catástrofes internas" também podem ser o estopim para a ação militar. Embora o artigo se refira a um desastre natural — na

escala do Katrina — não há dúvida de que as conseqüências sociais e econômicas do derretimento dos mercados financeiros também podem ser qualificadas como uma

"catástrofe interna" que requer intervenção militar.

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A administração Bush trabalhou por anos para minar a Lei Posse Comitatus, uma lei federal que surgiu após a Guerra Civil (1861-5), impedindo o uso de forças militares regulares para tarefas de policiamento dentro do próprio país. As únicas exceções à

restrição foram o uso de Guarda Nacional durante desastres naturais e a alocação de tropas federais durante os tumultos nos guetos na década de 1960.

Paul McHale, assistente do secretário de defesa interna ao país, disse que o uso de 20.000 tropas dentro do país "teria sido extraordinário ou quase inacreditável" antes

dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Ele descreveu a nova política como "uma mudança fundamental na cultura militar".

Duas brigadas adicionais serão designadas para criar equipes em resposta ao que os militares chamam de "eventos CBRNE" — para perigo químico, biológico, radiológico,

nuclear ou explosivo. Outros 6.000 soldados virão de grupos especializados da Guarda Nacional e de tropas de reserva treinadas para responder a um "evento

CBRNE". Um exercício de combate envolvendo elementos dessas brigadas ocorreu entre 8 e 19

de setembro de 2008. As forças representadas na operação incluíram o Primeiro Grupo de Combate da 1ª Brigada da 3ª Divisão de Infantaria, unidade do Forte

Stewart; a 1ª Brigada Médica, do Forte Hood, Texas, e a 82ª Brigada de Combate Aéreo, do Forte Bragg, Carolina do Norte.

McHale disse ao Post que as unidades armadas ainda estariam sujeitas à Lei Posse Comitatus e não se engajariam em tarefas de policiamento, a não ser aquelas

diretamente relacionadas a um evento CBRNE ou a sua própria proteção. De acordo com o relato do Post, o Vice-Secretário de Defesa, Gordon England, assinou uma diretiva no final de 2007 fornecendo US$ 556 milhões para serem

utilizados ao longo de 5 anos no financiamento do programa. O Pentágono começou um projeto-piloto no mês passado, financiado pela Agência Federal de Controle de Emergências, onde oficiais civis de 5 estados — Havaí, Massachusetts, Carolina do

Norte, Washington e Virgínia Ocidental — usariam estrategistas militares para auxiliar no desenvolvimento de planos de resposta a desastres.

Quando a unidade do Forte Stewart foi designada ao NorthCom em 1 de outubro, o Army Times afirmou que era "a primeira vez em que uma unidade ativa recebia uma

tarefa dedicada ao Northern Command, um comando conjunto estabelecido em 2002 para fornecer controle e comando aos esforços de defesa interna ao país e

coordenar o apoio a autoridades civis". A unidade retornou do serviço no Afeganistão na primavera passada.

De acordo com o Army Times, as tropas "aprenderão novas habilidades [e] usarão algumas das que adquiriram na zona de guerra... Talvez sejam chamadas a auxiliar no controle de multidões e agitação civil ou lidar com cenários potencialmente terríveis,

como envenenamento em massa e caos em resposta a um ataque CBRNE..." O comandante da unidade, Coronel Roger Cloutier, disse o que segue: "É um novo

pacote modular de capacidades não-letais que estão pondo em prática. Eles usaram partes dele no Iraque, mas esta é primeira vez em que esses módulos serão

consolidados e o pacote posto em prática e, por causa dessa missão que estamos assumindo, fomos os primeiros a recebê-lo".

O pacote inclui equipamento para bloqueio de vias automotivas; faixas fura-pneu para retardar, parar ou controlar o tráfego; escudos e bastões; e balas especiais

(beanbag). Também inclui o uso de tasers.

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A alocação ao NorthCom se tornou possível graças à Lei de Autorização de Defesa (Defense Authorization Act) de 2006, cuja seção 1076 capacitou o Presidente Bush a impor a lei marcial no caso de uma ameaça à "ordem pública," independentemente

de sua causa — como a desordem política ou social de um levante. Essa medida foi esboçada pelo presidente republicano do Comitê de Serviços

Armados do Senado, John Warner, da Virgínia, e pelo líder dos democratas, Carl Levin, de Michigan. De acordo com um relato da imprensa, a Lei Nacional de

Autorização de Defesa, de 2008, limitou o poder de declarar lei marcial, mas Bush emitiu uma declaração afirmando que não aceitava as restrições.

Tanto governadores republicanos quanto democratas foram contrários à seção 1076, considerada uma expansão desnecessária da autoridade presidencial com o sentido de federalizar a Guarda Nacional e usurpar o poder dos postos estaduais, de acordo

com uma carta assinada em 2007 conjuntamente pelo governador Michael Easley da Carolina do Norte, democrata, e o governador Mark Sanford da Carolina do Sul,

republicano. [traduzido por movimentonn.org]

Capítulo 3 Cópias Sucessivas

Quando um novo vestido surge para as mulheres a atração - durante a

fase de prosperidade - vem da liberdade sugerida: a adesão é rápida, porque todos querem sentir-se livres, por este ser o maior dos bens e o único do qual podemos ser realmente privados (pelo menos para a grande maioria das pessoas). Do amor ninguém pode ser privado, nem do senso de beleza, nem da dignidade senão por vontade própria: mas da liberdade, sim – a pessoa pode ser “enjaulada” ou “engaiolada” como um animal, quer dizer, a coletividade pode recolher a partilha de liberdade (que, aliás, foi i – ELI, Elea, Ele-Ela, Deus-Natureza – quem deu), retomar as permissões e as humanidades do sujeito, do agora submetido prisioneiro.

O APONTAMENTO DA LIBERDADE

1º mundo - o nível mais alto

5º mundo – o nível mais baixo Liberdade e criatividade fazem um par e batem como um coração: sem

liberdade não há criatividade e sem continuidade mecânica da criatividade não soam os sinos da liberdade.

Então, respondendo à pergunta de Hemingway, “por quem dobram os sinos?”, eles dobram pelo fim da liberdade e o desespero dos livres; o que faz sentido, pois Hemingway esteve na Guerra Civil Espanhola.

A Guerra Civil Espanhola é um acontecimento histórico que não esteve muito presente nas telas norte-americanas. Talvez isso se deva ao fato de tanto vencedores

como vencidos serem seus inimigos político-ideológicos, ao menos abertamente (falo dos fascistas, e anarquistas, soviéticos e socialistas, respectivamente). Ou talvez

OS SINOS DOBRAM PELA MORTE DA LIBERDADE

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ao fato de terem ficado omissos diante de uma das maiores carnificinas da história do século XX. Quando tentamos lembrar o nome de um filme americano que aborde a

Guerra, só nos vem na cabeça: Por quem os sinos dobram, dirigido por Sam Wood. É evidente que existiram outros, a exemplo do de Walter Wagner, mas esses não

tiveram grande repercussão.

For Whom the Bell Tolls (Por quem os sinos dobram), direção de Sam Wood, é uma produção norte-americana dos anos 40. Gary Cooper é o autor que interpreta Robert Jordam, o americano que está em missão secreta para o SIM (Serviço de Inteligência

Militar), designado pelo alto comando da República americana para explodir um trem e depois uma ponte sobre o desfiladeiro — único acesso do inimigo (os nacionalistas)

para atacar os republicanos. Diante dessa possibilidade, ele procura um velho, de nome Anselmo, que o ajudará e o apresentará aos moradores da montanha, ciganos

refugiados da Guerra que, por necessidade de sobrevivência, defendem os republicanos e por isso resolvem apoiar o americano. A partir daí, desenrola-se o enredo do filme. Após apresentação aos ciganos, Jordam conhece Maria (Ingrid

Bergman), que, diferentemente dos ciganos, é ‘educada’ e tem ‘princípios’, visto que era filha de um prefeito republicano morto durante a Guerra. Ela havia sido presa e

levada para Valladolid, onde cortaram seu cabelo e a torturaram; quando ia ser transportada para outro lugar, o trem que ela estava foi atacado pelo cigano Plablo e

seu bando e ela resgatada, quando passou a morar na montanha. Pelos modos diferentes e pela sua beleza, Robert se apaixona por ela e vice-versa. E a Guerra passa

a ser cenário do romance dos dois.

O filme é uma adaptação livre do romance homônimo de Hemingway, mas muito inferior a este. Cinematograficamente, não possui nada de extraordinário ou de

original. Segue, em linhas gerais, o estilo dos filmes americanos do período. É extremamente monótono. Os americanos são mostrados como bons, inteligentes e

justos, ao passo que os outros são ignorantes e brutos.

Não se pode deixar de caracterizá-lo como um filme um documento, porquanto todo filme é um documento histórico. Mas no que se refere a abordagem da Guerra Civil, ele deixa muito a desejar. A temática histórica é apenas um pano de fundo para um

drama simples e mal construído. Os acontecimentos não são resgatados com fidelidade; o diretor, por suas posições direitistas, adota o ponto de vista norte-americano oficial da Guerra. A Guerra é apresentada como estando relacionada

diretamente com os americanos, com o seu patriotismo, como ela fosse uma questão ligada ao amor à pátria americana, o que reflete uma visão reducionista e limitada do

diretor Sam Wood em relação aos acontecimentos que assolaram a Espanha nos anos 30. Mesmo com essa linha de análise, o filme não foi exibido na Espanha, graças

à censura do governo franquista, visto que, mesmo adotando uma postura reacionária, o filme não coincidia com os ideais vigorados na Espanha de então.

Dessa forma, o cinema norte-americano fica devendo aos seus espectadores uma

superprodução sobre a Guerra de Espanha, para suprir a lacuna da Guerra Civil Espanhola no rol dos seus rendosos épicos históricos. O que em nada nos surpreende!

não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti

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Por quem os sinos dobram (em inglês For Whom the Bell Tolls) é um romance de

1940 escrito por Ernest Hemingway.

O livro narra a história de Robert Jordan, um jovem norte-americano das Brigadas Internacionais. Um perito no uso de explosivos, Jordan recebe a missão de explodir uma ponte por ocasião de um ataque simultâneo à cidade de Segóvia. Hemingway

usa como referência sua experiência pessoal como participante voluntário da Guerra Civil Espanhola ao lado dos republicanos e faz uma análise ácida, com críticas à atuação extremamente violenta das tropas franquistas auxiliadas pelo governo fascista italiano e nazista alemão. Critica também a passividade da comunidade

internacional diante do conflito, além desorganização da própria esquerda.

Foi filmado em 1943 tendo nos papéis principais os astros da época Gary Cooper e Ingrid Bergman, com uma cena famosa na qual o casal usa um mesmo saco de

dormir.

Quando futuramente os sinos dobrarem saiba que a liberdade estará

acabando e com ela a criatividade, que também recuará: não serão boas décadas nos EUA; os criadores migrarão para outros países e neles haverá depois um renascimento, acontecendo um espalhamento da liberdade, de modo que há perdas e ganhos e a soma é mesmo zero, embora os extremos possam ser comprimidos em direção-sentido do centro.

A ONDA SE COMPRIME TEMPORARIAMENTE

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A autenticidade desaparece dali, a inautenticidade reina, começam as mentiras e as traições, os conflitos e as dissensões: tudo principia a descer o declive rumo ao fundo do poço. É o que começará a acontecer com os EUA logo a seguir, acentuando-se nas próximas décadas.

Há um estrangulamento e depois um des-estrangulamento, uma dilatação notável, como aconteceu depois da II Guerra Mundial de 1945 a 1968, durante os 23 anos mais preciosos da humanidade até agoraqui: a harmonia aumenta, a alegria cresce exponencialmente, parece não haver limite para as realizações e o futuro, todos liberam caminho para a vizinhança, as intrigas diminuem e os crimes também, parece que o céu está sempre azul e mesmo quando chove as pessoas se lembram que é para aguar as plantas (afirmam a superprodução alimentar, contando com mais filhos) – tudo vem da combinação de liberdade e da criatividade, que está em termos polares ligada a ela. Nos períodos de estrangulamento liberdade e criatividade opõem-se uma a outra, combatem-se.

Capítulo 4 Banalização

Tudo no modelo vem em grupos de quatro partículas verdadeiras, com

um centro de onde emergem duas pseudopartículas chamadas pseudopodes (falsos pés e braços) projetados pelo centro como coletores de informações e controles.

AS CINCO PARTÍCULAS DA AUTENTICIDADE

DECAIMENTO

(não pense que os níveis depois do primeiro não têm nenhuma porção de autenticidade: o segundo é mais esperto que o terceiro, pois copia logo; a autenticidade vai diminuindo percentualmente)

GRADAÇÃO CLASSE CAPÍTULO --- autenticidade A - ricos 1

100 a 76 % criação de segunda B – médio-altos 2 75 a 51 % criações sucessivas C - médios 3 50 a 26 % banalização D – pobres, médio-baixos 4 25 a 00 % rei do brega E - miseráveis 5

Os reis do brega não criam nada, copiam tudo, porisso tudo que vestem e usam já foi visto por todos e cada um: a canseira é mental. É a mente que julga e ela julga pelo acúmulo (razão pela qual é completamente dialética nas relações, e lógica nas apurações, quer dizer, a coleta de informações é lógica e a combinação delas é dialética, elas são instrumentadas ou limitadas pelos pares polares oposto-complementares).

O DECAIMENTO DA ATRATIVIDAD

E (e conseqüente RECUSA mental ao objeto de atenção: se todos fosse belos a beleza não seria notada; ela é notada exatamente porque é rara)

atração quase nula

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Quanto mais se copia uma coisa menos atrativa ela se torna: porisso a moda é renovada por estações, de três em três meses: modas primavera, verão, outono, inverno. A moda serve para distinguir os que podem comprar trimestralmente dos que não podem; num tempo menor que esse não dá para copiar. Quando se torna banal torna-se também completamente imprestável para as “classes ricas” (são todas, menos os miseráveis; estes, sem ninguém abaixo). As classes “de cima” zombam das “de baixo” justamente com a moda inalcançável: os pobres ainda troçam dos miseráveis, fazendo-se de inatingíveis, o que é patético.

Capítulo 5 Rei do Brega

Quando chega aos bregas não tem mais como descer, é o fim do poço;

resulta de ninguém querer chegar a esse ponto e de todos (menos os miseráveis) serem obrigados à dependência de um jeito ou de outro, no sentido de comprar “produtos de marca” e “de grife”, ou seja, mais caros do que valem realmente, tornando-se assim dependentes da liberdade alheia, fechando o laço.

A BREGUICE É UM ÍNDICE PARA OS RICOS

Por outro lado eles adoram quando um rico (ou, mais ainda, um novo-

rico) denuncia breguice de alma com todo dinheiro que têm, virando então motivo de chacota: pois, tendo dinheiro para comprar a liberdade dos artistas (os aguilhoados pelos dons do destino vendem suas almas) não o fazem, revelando assim suas origens.

Os que não têm que fazer (são muitos no mundo, mais do que a gente faz conta, pois em relação ao passado hoje se trabalha pouquíssimo) estão sempre reparando no que “é certo” e no que “não é certo”, fazendo julgamentos a respeito de usos e desusos, desde roupas e acessórios até palavras. Tem gente cujo único divertimento é esse; ou, pelo menos, divertimento preferencial, como pude notar tantas vezes na vida.

A zombaria é feita a respeito da falta de liberdade, a respeito dos baixos índices de autenticidade ou separação (a moda não passa disso, é um separador relativo à compra da beleza distintiva em posse dos artistas, dos que têm os dons do

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equilíbrio dos sentidos: artistas da visão, da audição, do olfato, do tato e do paladar). Quando os pesquisadores começarem a anotar vai ser bem interessante: pratos “nobres”, da moda, servem para distinguir e separar tanto quanto chapéus, sapatos ou o que for. “Eu fiz (ou tenho) e você não pode fazer (ou não tem)”. Tudo que interessa aos ricos é separação, é não ser “igual aos outros” em suas casas, roupas, carros, objetos – exclusividade (no extremo só existir um objeto daquele no mundo, é o máximo que almejam). Chamam a isso de “seletividade”, moeda oferecida pelos clubes exclusivos, por bares e restaurantes de preços altos e assim por diante.

A PIRÂMIDE DO TER OU DO FAZER (até do estar, por exemplo, “estar em equilíbrio”, poder praticar ioga ou ter aulas de budismo zen, tudo que é diferente, que é para poucos: a liberdade também é um gênero de predação, com níveis tróficos – os artistas são as plantas da pirâmide trófica, pois todos os consomem)

Poucos podem consumir os produtos de alto valor energético ou protéico.

No topo da pirâmide há lugar para poucos.

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Os miseráveis mal conseguem sustentar seus corpos, quanto menos buscar a

autenticidade.

Os ricos são os carnívoros de topo da beleza.

Capítulo 6 Desclassificados

Quem são os des-classificados, os que não são classificados ou não são

classificáveis? Pois pode acontecer de alguém não ser provisoriamente classificado, não caber em nenhuma classe, mas logo depois se enquadrar, cristalizar, envelhecer perante o futuro, deixar de ser revolucionário.

Des-classificados são os artistas e todos que estão na linha de frente, os que “criam moda”, os que inventam a liberdade; há um conjunto de inquietos não se sujeitando à moda, que a inventam e do qual todos os demais são dependentes: são os inventores de liberdade e os inventores de um modo geral.

1. Iluminados; OS DESCLASSIFICADOS SÃO VIGIADOS

2. santos e sábios; 3. estadistas; 4. artistas (são 22 tipos os que achei); 5. inventores; 6. revolucionários; 7. os inquietos de modo geral; 8. os bagunceiros; 9. as crianças-problema; 10. os problemáticos e todo tipo de gente que “balança o barco”.

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CURVA DO SINO DOS DESCLASSIFICADOS

inventividade quase nula

ou inexistente durante longo tempo

os que criam durante mais tempo com mais substância

e competência

grande inventividade durante tempo curto ou

curtíssimo Por exemplo, Jesus só se apresentou ao público durante três anos (dos

30 aos 33), mas o que fez e disse nesses mil dias ainda revoluciona o mundo depois de passados dois mil anos. Evidentemente as modas durante esses 20 séculos foram modificadas por ele, que interferiu mesmo em tudo; para o mundo romano e judaico ele era um desclassificado, não se enquadrava em classe nenhuma, quer dizer, em nenhuma aceitação ou concordância; trataram de matá-lo para evitar a contaminação, mas ela já estava em curso e ao cabo dessas 200 décadas todos na Terra, de um jeito ou de outro, foram tocados por ele.

Ninguém discordaria de sua capacidade inventiva. Desse modo ele é, taxativamente, um grande inventor da liberdade.

Capítulo 7 Pesquisa de Satisfação

Como o belo está ligado ao livre toda pesquisa de opinião ou de

satisfação é a respeito da liberdade: se o usuário foi contemplado pelo cedente com a idéia e o uso de liberdade. É disso que os políticos estão tratando o tempo todo: eles prometem satisfação ou expectativa de satisfação, por exemplo, ao dar o nome de uma professora a qualquer rua (a família fica satisfeita; e as contempladas esperam ficar quando o forem). Agora, como o número de ruas não cresce no ritmo esperado, e a população sobrepassa em muito os comprimentos únicos, as ruas estão sendo divididas em pedacinhos para contemplar a mais gente; qualquer dobrazinha os vereadores já partem a rua em dois ou três nomes.

O que eles estão é distinguindo indivíduos ou famílias ou grupos ou empresas ou o que for; estão mexendo com a liberdade, separando uns de outros, criando elites urbanas. Não é outra a motivação dos troféus (primeiros, segundos e terceiros lugares) numa lista enorme de esportes.

A LISTA DE ESPORTES (deve ser bem grande; seria interessante obter alguma completa)

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Neste caso, são cinco colunas x sete linhas x três prêmios: 5 x 7 x 3 = 105

contemplados a cada dois anos. Evidentemente o mundo está repleto disso, porque fora essa

competição mundial existem as nacionais em cerca de 200 nações, aquelas menores em estimados quatro mil estados-províncias e ainda menores em julgados 300 mil municípios. São multidões de premiados ou galardoados a cada ano – seria interessante procurar saber quantos (prêmio Nobel, Politzer, prêmio disso e daquilo para milhares e milhares de agraciados ou distinguidos, separados dos demais: “ele tem e você não tem”).

Capítulo 8 Tatuagem

Num mundo que estimula tanto a separação e o isolamento na ponta

como “vencedor”, numa sociedade em que há tanto empenho em situar-se acima dos demais não admira mesmo nada que as pessoas “de baixo” façam de tudo para elevar-se acima dos que estão mais embaixo ainda na imaginação de uns e de outros. Fazem tatuagens, colocam piercings, usam roupas pretas, pintam (meninas e meninos) os lábios de preto e nem sempre como gesto de rebeldia, apenas pela diferença explicitada.

Os rebeldes verdadeiros são os verdadeiros criadores, os que vão à frente e estão na primeira linha da invenção: as locomotivas psicológicas. Ao passo

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que os outros todos são vagões situados cada vez mais para trás: primeiros, segundos, terceiros, quartos e últimos vagões.

FRENTE DO TREM DE ONDAS (essas são as locomotivas a puxar todo o trem – são os inventores)

Tudo realmente diferente tende a ser copiado.

locomotiva

Vários tipos de vagões (é tudo que é puxado).

Os primeiros a se tatuarem foram precursores, os demais são seguidores; entrementes, entre estes (em relação ao ato de tatuar) podem aparecer diferenças.

PRECURSORES-SEGUINTES

Em suma, as pessoas estão procurando DESESPERADAMENTE alguma

projeção na busca por riqueza de olhares, de pertinência, de participação nos

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segredos vedados aos demais. É uma contradição: por um lado fala-se muito em igualdade, que é falta de distinção, e do outro se quer a quase qualquer custo notabilidade, grandeza.

A coisa toda vai decaindo tanto que quando chega ao nível de baixo, já no patamar “inferior” os pobres e miseráveis estão fazendo qualquer tipo de tatuagem para chamar atenção, até mesmo as ofensivas, dolorosas, perigosas, insanas.

OS 15 MINUTOS DE FAMA CUSTAM MUITO CARO

Com isso a pessoa mesma entrou na prisão, trancou a porta, jogou a

chave na privada e deu descarga.

Capítulo 9 Questão de Pele

Na ânsia de ser diferente e chamar atenção a pessoa é capaz de quase

tudo ou de tudo mesmo; tentando ser diferente torna-se muito semelhante, quando a maioria começa a fazer tatuagem e se vai ao exagero em busca de novidades.

Na falta de novidades reais, de novos pensamentos, de coisas surpreendentes a serem imitadas “de prima” pelos primeiros a fazê-lo, cai-se na “enésima cópia”, e isso não é mais liberdade, não é belo, é repetição escrota, é a mesmice asquerosa.

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Coisa ruim é ver o instinto de exclusão do próximo em operação de cima para baixo e outra, pior ainda, é ver a repetição de baixo para cima até a mais extrema e nojenta dependência copiadora.

XEROX (a festa da copiadora)

Essa é a original.

Essa é a cópia.

Não que eventualmente os copiadores não possam se tornar melhores que o original, mas é que ninguém chama as copiadoras de Mita ou de Kyocera ou de Samsung ou do que for: Xerox é sinônimo de copiadora, Gillette de lâmina de barbear, Brahma de cerveja.

A autenticidade é algo de brilhante, mas a enésima cópia dela é risível. É porisso que as pessoas riem dos bregas ou bocós e os ricos pagam

caro para escaparem dos risos.

Capítulo 10 Os Enésimos

MISERÁVEIS VIVENDO ENTRE EXTREMOS

MÉDIO-BAIXOS

MÉDIOS MÉDIO-ALTOS

RICOS

E D C B A copiam tudo dos outros

(chegam à enésima cópia do primeiro)

estes poderiam

usufruir

não desejam copiar nada (exceto da fonte, os artistas,

fonte de equilíbrio) Os da esquerda são totalmente livres em sua enésima cópia, os da

direita são prisioneiros de sua ânsia de novidades, de modas. Não querendo se parecer com ninguém aprisionam a si mesmos e ao sistema de produçãorganização, assim como aos demais, extraindo deles trabalho, do qual sai a mais valia com que renovam tudo em volta de si no mínimo prazo possível.

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MODA, CONDIÇÃO DE APRISIONAMENTO (aprisionando os da ponta direita, do lado do ter, todos demais são encarcerados dentro do sistema). Não é à toa que a moda é tão valorizada, ela é uma das razões sustentadoras do Estado e as lideranças da classe dominante devem zelar por ela, pois ela é ao mesmo tempo o açoite a propaganda do açoite, da necessidade dele, do imperativo da dor.

As adolescentes devem ser viciadas desde cedo em desejar instintiva e intrinsecamente

a separação.

Os estilistas e os escritórios-consultórios da alta costura são estúdios psicológicos da

economia-sociologia.

Na realidade as mocinhas tolinhas são excitações PARA A DESAGREGAÇÃO

SOCIAL (dessa distância, desse fosso nasce a propulsão social). Para fugir da repetição os ricos compram as caríssimas roupas da moda,

gastando nisso um punhado de dinheiro; somando as dívidas com outras aquisições custosas (casas em bairros “nobres”, decoração, arquitetos, etc.) eles devem produzir muito, o que significa organizar a coletividade para tal.

Tudo é um profundo sistema psicológico de sujeição, através da criação do fosso incitador do comprar e produzir, do criar as ânsias e as predisposições para a produçãorganização segundo os moldes ou modas, no nosso presente, capitalistas.

Da autenticidade até a inautenticidade TUDO no capitalismo é usado para aprisionar os produtores. Não pense que no socialismo será diferente nesse particular, exceto por haverem outras causas mais ajuizadas em curso de aceitação.

Vitória, sexta-feira, 10 de julho de 2009. José Augusto Gava.