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Adolescência & Saúde 46 Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 46-55, abr/jun 2011 RESUMO Objetivo: A hipertensão arterial é uma doença que acomete milhões de pessoas em todo mundo. Apesar de ser uma do- ença muito vista em adultos, ultimamente é evidenciada em crianças e adolescentes. A fase da adolescência se depara com algumas características típicas, tais como: estruturação do próprio estilo de vida, estruturação do estado nutricional, varia- ções no estado de humor e busca de identidade. Logo, estas características podem contribuir para a exposição de diversos fatores e situações de risco. Como foi citado anteriormente, este período ainda é marcado por múltiplas mudanças em que acontecem intensas e profundas transformações em nível físico, biológico, mental, social e psíquico. O objetivo deste traba- lho foi conhecer os principais fatores condicionantes ou de risco que contribuem para a ocorrência da hipertensão arterial na adolescência. Fontes de dados e síntese dos dados: O presente estudo trata de uma pesquisa bibliográfica visando descrever a contribuição que o enfermeiro pode dar a partir das ações de prevenção primária como forma de intervir na hipertensão arterial nesta fase da vida. Conclusão: Apesar do progresso na área do controle, diagnóstico e tratamento, a prevenção primária ainda é muito discutida entre os profissionais de saúde, já que é uma ação que consiste em intervir antes que surja o problema. PALAVRAS-CHAVE Hipertensão arterial, adolescência, prevenção primária. ABSTRACT Objective: High blood pressure is a disease affecting millions of people all over the world. Although found mainly among adults, it has recently been appearing in children and adolescents as well. Adolescence is a phase whose typical characteristics include: establishing an individual lifestyle, structuring nutritional status, mood swings and the search for identity. These characteristics may step up exposure to a variety of high-risk situations and factors. This is a time of multiple changes with sweeping physical, biological, mental, social and psychic transformations. This paper explores the main risks or conditions that might lead to high blood pressure in adolescence. Data source and data synthesis: This study presents a bibliographic survey describing the contributions that may be made by nurses based on primary prevention actions, as a way of intervening in high blood pressure during this phase. Conclusion: Despite progress in control, diagnosis and treatment, primary prevention is still a matter of much discussion among healthcare practitioners, as this requires intervention before the problem appears. KEY WORDS High blood pressure, adolescence, primary prevention. A enfermagem e as ações de prevenção primária da hipertensão arterial em adolescentes Nursing and primary prevention actions for high blood pressure in adolescents Carlos Alberto Miranda Soares 1 Marcelo Ramos Falheiros 1 Edilene Oliveira Santos 2 1 Aluno Graduando do Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário da Bahia-ESTÁCIO-FIB 2010.2 2 Professora Especialista em Controle de Infecção Hospitalar e MBA em Gestão Hospitalar; orientadora específica do trabalho de conclusão do Curso de Enfermagem do Centro Universitário da Bahia-ESTÁCIO-FIB 2010.2 ARTIGO DE REVISÃO Marcelo Ramos Falheiros ([email protected]) - Condomínio Parque São Brás, Conj. 07, Bloco B, Apart. 02, Federação- Salvador/Bahia-40230-370. Recebido em 17/02/2011 - Aprovado em 18/04/2011 > > > >

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RESUMOObjetivo: A hipertensão arterial é uma doença que acomete milhões de pessoas em todo mundo. Apesar de ser uma do-ença muito vista em adultos, ultimamente é evidenciada em crianças e adolescentes. A fase da adolescência se depara com algumas características típicas, tais como: estruturação do próprio estilo de vida, estruturação do estado nutricional, varia-ções no estado de humor e busca de identidade. Logo, estas características podem contribuir para a exposição de diversos fatores e situações de risco. Como foi citado anteriormente, este período ainda é marcado por múltiplas mudanças em que acontecem intensas e profundas transformações em nível físico, biológico, mental, social e psíquico. O objetivo deste traba-lho foi conhecer os principais fatores condicionantes ou de risco que contribuem para a ocorrência da hipertensão arterial na adolescência. Fontes de dados e síntese dos dados: O presente estudo trata de uma pesquisa bibliográfi ca visando descrever a contribuição que o enfermeiro pode dar a partir das ações de prevenção primária como forma de intervir na hipertensão arterial nesta fase da vida. Conclusão: Apesar do progresso na área do controle, diagnóstico e tratamento, a prevenção primária ainda é muito discutida entre os profi ssionais de saúde, já que é uma ação que consiste em intervir antes que surja o problema.

PALAVRAS-CHAVEHipertensão arterial, adolescência, prevenção primária.

ABSTRACTObjective: High blood pressure is a disease affecting millions of people all over the world. Although found mainly among adults, it has recently been appearing in children and adolescents as well. Adolescence is a phase whose typical characteristics include: establishing an individual lifestyle, structuring nutritional status, mood swings and the search for identity. These characteristics may step up exposure to a variety of high-risk situations and factors. This is a time of multiple changes with sweeping physical, biological, mental, social and psychic transformations. This paper explores the main risks or conditions that might lead to high blood pressure in adolescence. Data source and data synthesis: This study presents a bibliographic survey describing the contributions that may be made by nurses based on primary prevention actions, as a way of intervening in high blood pressure during this phase. Conclusion: Despite progress in control, diagnosis and treatment, primary prevention is still a matter of much discussion among healthcare practitioners, as this requires intervention before the problem appears.

KEY WORDSHigh blood pressure, adolescence, primary prevention.

A enfermagem e as ações de prevenção primária da hipertensão arterial em adolescentesNursing and primary prevention actions for high blood pressurein adolescents

Carlos Alberto Miranda Soares1

Marcelo Ramos Falheiros1

Edilene Oliveira Santos2

1Aluno Graduando do Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário da Bahia-ESTÁCIO-FIB 2010.22Professora Especialista em Controle de Infecção Hospitalar e MBA em Gestão Hospitalar; orientadora específi ca do trabalho de conclusão do Curso de Enfermagem do Centro Universitário da Bahia-ESTÁCIO-FIB 2010.2

ARTIGO DE REVISÃO

Marcelo Ramos Falheiros ([email protected]) - Condomínio Parque São Brás, Conj. 07, Bloco B, Apart. 02, Federação-Salvador/Bahia-40230-370.Recebido em 17/02/2011 - Aprovado em 18/04/2011

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INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial é uma doença crô-nica não transmissível que acomete milhões de pessoas em todo mundo. Conhecida popular-mente como pressão alta, é considerada uma doença multifatorial e está associada a fatores de risco modifi cáveis, como obesidade ou sobre-peso, etilismo, tabagismo, sedentarismo, exces-so de sódio na dieta, e não modifi cáveis, como sexo, idade, raça e hereditariedade.

O diagnóstico da hipertensão arterial é um ato exclusivo do médico e depende de duas ou mais aferições da pressão arterial em momentos distintos1. Frequentemente associada a um ou mais fatores condicionantes, a hipertensão em virtude de não apresentar sintomas em algumas pessoas se torna difícil de diagnosticar.

A prevalência da hipertensão arterial varia de 22,3 a 43,9% na população adulta. Por outro lado, vêm surgindo visivelmente casos da do-ença em crianças e adolescentes, com variação de 2 a 13%, representando que a hipertensão deixou de ser uma doença exclusiva do adulto2.

A Sociedade Brasileira de Hipertensão Ar-terial3 buscou estabelecer padrões de normali-dade dos níveis da pressão arterial para os ado-lescentes, da mesma forma que pode ser vista nos adultos.

Os níveis da pressão arterial dos adolescen-tes são estabelecidos a partir da altura, sexo e idade, logo a pressão arterial de um adolescente é considerada normal quando tiver valores abai-xo do percentil 90, desde que estejam abaixo dos valores de 120 mmHg dos níveis pressóricos sistólico e 80mmHg dos níveis pressóricos dias-tólico; limítrofe quando a pressão arterial estiver entre os percentis 90 a 96 ou se a pressão arterial exceder os valores pressóricos de 120mmHg dos níveis sistólico e 80mmHg dos níveis diastólicos; hipertensão estágio I quando o percentil estiver entre 95 a 99; estágio II quando a pressão arte-rial estiver acima do percentil 993.

A hipertensão arterial vista nos adolescen-tes pode também se apresentar de forma secun-dária a outras doenças, como os transtornos da

glândula suprarrenal, do sistema nervoso sim-pático, bem como pode representar o início de uma hipertensão arterial primária ou essencial como pode ser observada nos adultos4.

O interesse em abordar este tema surgiu a partir de um estágio voluntário em uma unidade de saúde na cidade de Salvador (Bahia), quando um fato isolado chamou a atenção: a presença de um adolescente acompanhado da mãe pe-dindo para aferir a pressão arterial do fi lho.

Perante a problemática da hipertensão ar-terial e o desejo de saber mais acerca da doença na adolescência, surgiu a vontade de realizar essa pesquisa, tornando-a de atual relevância, porque mostra que a hipertensão arterial está deixando de ser uma doença exclusiva do adulto.

Em face deste contexto, surgiu o seguinte questionamento: como a enfermagem pode contribuir para prevenir a hipertensão arterial na adolescência? Conforme a perspectiva apre-sentada, defi niram-se os seguintes objetivos que nortearam este estudo: listar os fatores condi-cionantes ou de risco que contribuem para a ocorrência da hipertensão arterial, tendo como subsecutivo os objetivos específi cos: compreen-der os aspectos gerais da hipertensão arterial; compreender a fase da adolescência; e por fi m conhecer as ações de prevenção primária da hipertensão arterial que a enfermagem poderá utilizar como forma de intervir na doença duran-te a fase da adolescência.

MÉTODOS

A metodologia utilizada para a confecção deste trabalho desenvolveu-se por uma revisão bibliográfi ca de caráter exploratório, do tipo des-critivo, acerca da hipertensão arterial, da fase da adolescência, das ações de prevenção primária da hipertensão arterial e de como a enfermagem pode contribuir para prevenir a hipertensão ar-terial em adolescentes. Para a elaboração desta pesquisa, utilizou-se da leitura sistematizada de diversos autores nacionais, todos disponibilizados na BVS (Biblioteca Virtual de Saúde), que contém

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artigos de diversas bases de dados como BIREME, SCIELO, LILACS e MEDLINE, bem como livros e documentos relacionados ao tema.

Para uma melhor compreensão sobre a escolha desta metodologia, o autor5 refere que uma revisão bibliográfi ca permite uma compre-ensão adequada daquilo que já tem sido feito na área, além de proporcionar ao leitor esclareci-mentos acerca do tema abordado, contribuindo na construção de novos conhecimentos.

O presente artigo reúne informações em três seções, proporcionando ao leitor conhecer e esclarecer melhor o tema em questão.

ASPECTOS GERAIS DAHIPERTENSÃO ARTERIAL

A hipertensão arterial é uma síndrome ca-racterizada, basicamente, pelo aumento dos ní-veis pressóricos sistólico igual ou acima de 140 mmHg e diastólico igual ou acima de 90 mmHg em adultos. É uma das mais importantes enfer-midades do mundo moderno, juntamente com as suas comorbidades, se tornando a causa di-reta ou indireta de elevados números de óbitos, decorrentes de acidentes vasculares cerebrais, insufi ciência cardíaca, insufi ciência renal e infar-to do miocárdio6.

Por se tratar de uma doença que tem como causa as alterações que afetam a resistência pe-riférica, o débito cardíaco, ou as modifi cações dos sistemas de controle que monitoram ou re-gulam a pressão, a hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é considerada a grande responsável pelo surgimento da insufi ci-ência cardíaca, infarto do miocárdio, insufi ciên-cia renal e, em muitos casos, pode se apresentar de forma assintomática7.

A elevação prolongada da pressão arterial lesiona os vasos sanguíneos por todo o corpo, principalmente em órgãos-alvo, como coração, rins, cérebro e olhos, além de provocar espes-samento e perda de elasticidade das paredes arteriais e aumento da resistência vascular pe-riférica nos vasos acometidos; esta elevação faz

com que o ventrículo esquerdo do coração fi -que aumentado, ocasionando uma hipertrofi a ventricular, à medida que age para bombear o sangue contra a pressão elevada8.

A pressão arterial é regulada momento a momento por um sistema neuro-humoral com-plexo e de ajuste instantâneo, que envolve os barorreceptores, o sistema nervoso central e o funcionamento dos rins.

A pressão arterial (PA) depende de fatores físi-cos como o volume sanguíneo e a capacitância da circulação, sendo resultante da combinação instantânea entre o volume/minuto cardíaco (ou débito cardíaco = frequência cardíaca x volume sistólico) e a resistência periférica. A pressão ar-terial aumenta sempre que as somatórias desses fatores resultam em aumento; e se reduz em situação oposta. O controle da pressão arterial implica, portanto, ajustes apropriados da fre-quência e da contratilidade cardíacas, do estado contrátil dos vasos de resistência (resistência pe-riférica) e dos vasos de capacitância (capacitân-cia venosa ou, inversamente, retorno venoso). A regulação momento a momento da pressão arterial é fundamental para corrigir prontamente os desvios para mais e para menos dos níveis ba-sais de pressão, sejam os indivíduos normoten-sos, hipertensos ou mesmo hipotensos6.

Segundo dados do Ministério da Saúde (2006), a prevalência estimada de hipertensão no Brasil atualmente é de 35% da população acima de 40 anos. Isso representa em números absolutos um total de 17 milhões de portadores da doença.

A hipertensão arterial pode ser classifi cada em primária e secundária9. A hipertensão é dita essencial ou primária quando não possui uma etiologia defi nida, e normalmente é hereditá-ria, evidenciando uma relação com os fatores de risco modifi cáveis e não modifi cáveis. Já a hipertensão arterial secundária normalmente é proveniente dos transtornos da glândula suprar-renal, do sistema nervoso simpático, do sistema vascular ou da glândula tireoide10.

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A ocorrência da hipertensão arterial de-pende da interação entre predisposição genéti-ca, como herança familiar e fatores ambientais relacionados ao estilo de vida e hábito de vida inadequado.

Apesar de não se saber ainda como ocorrem estas interações no organismo, sabe-se, no entan-to, que a hipertensão é acompanhada por alte-rações funcionais no sistema nervoso autônomo e simpático, alterações renais, alterações no sis-tema renina-angiotensina, alterações em outros mecanismos humorais e disfunção endotelial11.

Em um grande número de pessoas, como já foi citado anteriormente, é assintomática, mas em algumas pessoas pode provocar nictúria, cefaleia unilateral, difi culdades de concentração, sudore-ses, ansiedade e irritabilidade excessivas, edema, fadiga fácil, palpitação e pulso periférico cheio.

Dependendo dos órgãos afetados, as com-plicações mais frequentes são: complicações cardíacas, complicações cerebrais, complicações da visão e complicações renais6.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da hipertensão arterial é um ato exclusivo do profi ssional médico e é neces-sário que haja duas ou mais aferições da pressão arterial em momentos distintos12, registro de história familiar na anamnese, realização do exa-me físico completo, exames laboratoriais, eletro-cardiograma (ECG), dosagem de proteínas na urina, bem como a análise de fatores de risco inseridos no dia-a-dia dessas pessoas4.

A verifi cação constante da pressão arte-rial em locais como ambulatórios ou redes de saúde, e até mesmo durante as consultas médi-cas, tem que ser um procedimento de extrema importância para adultos, gestantes, idosos, crianças e adolescentes, bem como a obtenção correta da técnica de medida da pressão arte-rial13, pois toda medida terapêutica será basea-da nesses valores obtidos.

Apesar da verifi cação da pressão arterial não ser um procedimento muito realizado du-

rante as consultas médicas3, vale ressaltar que a verifi cação da pressão arterial, em meio à pro-blemática e às complicações que a hipertensão arterial apresenta, tem que se tornar um méto-do exclusivamente necessário até mesmo para um diagnóstico precoce, já que o estilo de vida das pessoas se tornou algo que contribui signifi -cativamente para a doença.

Ao diagnosticar que o paciente é portador de hipertensão ou que esteja diante de fatores que podem contribuir para a ocorrência da do-ença, é estabelecido o tratamento que se enqua-dra no medicamentoso e não medicamentoso.

TRATAMENTO

A terapia medicamentosa é estabelecida para os pacientes controlarem o aumento dos níveis tensionais; o não medicamentoso parte do pressuposto da adoção de um estilo de vida sau-dável, da prática de exercícios, bem como da ex-clusão dos principais fatores de risco modifi cáveis como: hábitos alimentares inadequados, ingestão excessiva de sal e de alimentos ricos em gordura, sedentarismo, consumo exagerado de álcool14.

Paralelamente a estas formas de tratamento, é estabelecido o tratamento medicamentoso as-sociado ao não medicamentoso, que tem como maior objetivo a redução dos valores da pressão arterial para valores inferiores a 140mmHg da pressão sistólica e 90 mmHg da pressão diastólica

para uma proposta de vida saudável7.

ADOLESCÊNCIA O Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA) considera criança a pessoa com até doze anos incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade15. Com isso a ado-lescência passa a ser uma etapa desenvolvimen-tal entre a infância e a idade adulta, tornando-se talvez o período mais complexo e desafi ador que o ser humano vivencia e decorrente de mui-tas transformações.

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O termo adolescência vem do verbo latino ado-lescere que signifi ca crescer para maturidade. Começa com o início da puberdade e termina quando as responsabilidades adultas são assu-midas; como um fi lósofo comentou, a adoles-cência começa na biologia e termina na cultura. Assim, o período que chamamos de adolescên-cia pode ser breve, como nas sociedades mais simples, ou relativamente prolongado, como é na nossa sociedade, relativamente avançada. Seu início pode envolver mudanças abruptas nas exigências e expectativas sociais, ou uma transição gradual dos papéis prévios. Apesar de tais variações, um aspecto da adolescência é universal e a distingue das fases iniciais do desenvolvimento: mudanças físicas e biológicas da puberdade que marcam seu início16.

Falar da fase da adolescência é uma tarefa complexa, pois se trata de uma fase que apre-senta características típicas como: busca da identidade, variações no estado de humor, de-sequilíbrios, estruturação do estado nutricional e do próprio estilo de vida1.

Todas as transformações da adolescência têm efeito sobre o comportamento alimentar infl uen-ciado por fatores internos, autoimagem, necessi-dades fi siológicas e saúde individual, valores, pre-ferências e desenvolvimento psicossocial; e por fatores externos, hábitos familiares, amigos, valo-res e regras sociais e culturais, mídia, modismos, experiências e conhecimentos do indivíduo17.

Seguindo ainda este mesmo raciocínio, é esperado que os adolescentes, de modo geral, ainda sofram grande infl uência dos colegas da escola, da mídia, para serem iguais e ao mesmo tempo competitivos, tornando-se vulneráveis a algumas situações de risco.

Os adolescentes tendem a viver o momento atual, não dando importância às consequências de seus hábitos alimentares, que podem ser prejudiciais. Sabe-se que hábitos alimentares inadequados na infância e adolescência podem ser fatores de risco para doenças crônicas18.

Estas variabilidades de transformações em ritmos diferentes ainda podem contribuir para o aparecimento de diversos fatores de risco e para uma série de situações agravantes para sua saú-de, dentre elas: gravidez não planejada, uso de drogas, distúrbios alimentares, e, em particular, para a hipertensão arterial que atualmente vem sendo diagnosticada nesta fase19.

A fase da adolescência é marcada por múl-tiplas mudanças em que acontecem intensas e profundas transformações em nível físico, bioló-gico, mental, social e psíquico20, pois estas mu-danças conduzirão os adolescentes a exibir ca-racterísticas de mulheres e de homens adultos.

No entanto, esta fase, conforme foi citado anteriormente, para alguns adolescentes é mar-cada por descobertas e acompanhada pela pre-sença de doenças ou pela necessidade de pre-venir algumas patologias que podem acometer ou poderão manifestar sinais ou sintomas ainda presentes, ou até mesmo na idade adulta21.

ASPECTOS DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM ADOLESCENTES

Conforme foi citado acima, a hipertensão arterial como pode ser vista em muitos adul-tos vem acometendo também os adolescentes, pois os dados indicam uma prevalência estima-da para a doença nesta faixa etária de 2 a 13% da população2.

Apesar de a doença estar se apresentando em um público ainda não muito visível, a hiper-tensão não se apresenta de modo diferente dos adultos22, por outro lado a única coisa que difere dos adultos é a classifi cação dos padrões de nor-malidade como pode ser vista logo a seguir na Tabela 1.

A determinação da pressão das crianças e dos adolescentes menores de 18 anos depende do sexo, idade e percentil da estatura, portan-to, sempre que se for defi nir a pressão arterial de um adolescente menor de 18 anos, faz-se necessário consultar uma tabela já estabelecida dos percentis3 (Gráfi co 1).

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Tabela 1. CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATÉ 17 ANOS DE IDADE

Classifi cação Percentil* para PAS e PAD

Normal PA < percentil 90

LimítrofePA entre percentis 90 a 96 ou se PA exceder 120/80 mmHg sempre < percentil 90 até < percentil 96.

Hipertensão estágio 1 Percentil 95 a 99 mais 5 mmH.

Hipertensão estágio 2 PA> percentil 99 mais 5 mmHg.

Hipertensão do avental brancoPA > percentil 95 em ambulatório ou consultório e PA normal em ambiente não relacionado à prática clínica.

Fonte: V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2006.

Published May 30, 2000 (modifi ed 11/21/00); SOURCE: Developed by the National Center for Health Statistics in collaboration with the National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion (2000). http://www.cdc.gov/growthcharts.

Gráfi co 1. GRÁFICO DE DESENVOLVIMENTO DE MENINAS E MENINOS PARA CÁLCULO DE PERCENTIL DE ALTURA

Durante a V Diretriz Brasileira de Hiper-

tensão Arterial (2006)3, a Sociedade Brasileira

de Hipertensão buscou padronizar os níveis da

pressão arterial dos adolescentes menores de

18 anos.

Para melhor entendimento acerca da de-

terminação da pressão arterial em adolescentes,

seguem abaixo dois exemplos distintos.

[...] um menino com 14 anos de idade, medindo 158 cm (percentil 25) e com pressão arterial de 110/70 mmHg, seria considerado normotenso. Já outro menino da mesma idade e mesma altura, mas com pressão arterial de 122/70 mmHg, se-ria considerado limítrofe. Se esta segunda crian-ça, em vez de 158 cm, tivesse estatura de 170 cm (percentil 75), a pressão arterial de 130/83 mmHg a faria ser considerada hipertensa3.

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Para se chegar a um diagnóstico de hiper-tensão arterial nesta faixa etária são seguidas as mesmas medidas vistas nos adultos; por outro lado é necessário que a verifi cação da pressão ar-terial em adolescentes se torne um ato corriqueiro durante as consultas médicas3, pois este proce-dimento pode contribuir signifi cativamente para a detecção precoce da doença, bem como para uma investigação do estilo de vida destas pessoas, já que se trata de uma fase vulnerável para a aqui-sição de alguns riscos inerentes à saúde.

Vale ainda salientar que o cuidado e a téc-nica da medição da pressão arterial em crianças acima dos três anos de idade e nos adolescentes têm que ser semelhantes aos recomendados pela V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial3 como é determinada para o adulto, pois estas medidas, se não forem realizadas de maneira cor-reta, poderão conduzir a um falso diagnóstico.

Ambiente calmo e familiaridade com o procedi-mento, tamanho do manguito de acordo com o braço da criança ou do adolescente e velocidade de desinsufl ação são alguns pontos de grande importância. A pressão arterial deve ser medida preferencialmente com a criança calma e tran-quila, em ambiente agradável, após cinco a 10 minutos de repouso, na posição sentada e com o braço direito estendido na altura do coração. Colocar o manguito fi rmemente cerca de 2 cm a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a 40% da circunferência do braço, e seu comprimento, envolver 80% a 100% do braço. O estetoscópio é colocado, então, sobre a artéria braquial, insufl a-se o manguito até 30 mmHg acima do desaparecimento do pulso ra-dial e se esvazia mais lentamente, 2-3 mmHg/segundo. Na ausculta dos ruídos de Korotkoff, padronizou-se o primeiro som (aparecimento do som) como pressão sistólica e o quinto (desapa-recimento dos sons) para a pressão diastólica3.

O alcance correto da medida da pressão arterial de um adolescente é fundamental para o diagnóstico e para a conduta terapêutica a ser

adotada; por outro lado quando o diagnóstico não é realizado perde-se a oportunidade de iniciar uma investigação causal e o tratamento precoce.

Vista a doença nesta faixa etária, já vem sendo detectada, também, a diversidade de fatores de risco inseridos no estilo de vida dos adolescentes23, pois, como já se sabe, os fatores ambientais exercem infl uência signifi cativa para a doença.

[...] estudo realizado na cidade de Fortaleza com 342 escolares entre seis e dezoitos anos constatou-se a presença de valores elevados da pressão arterial em 44% dos sujeitos. Outros indicadores de risco também foram detecta-dos como história familiar (55,6%), sedentaris-mo (51,5%), tabagismo (38,0%), e sobrepeso (16,8%). Além dos fatores de risco já citados outros autores consideram determinantes tam-bém os níveis elevados da pressão arterial, idade, sexo, ingestão de sal, etilismo e intera-ção genético-ambiental, os excessos de massa corpórea também são indicados em estudos como uma associação positiva para hipertensão arterial1. A obesidade é o principal fator de ris-co para a hipertensão arterial primária, consti-tuindo-se num dos maiores fatores envolvidos na gênese da hipertensão arterial, a ingestão de álcool, o tabagismo, o uso de drogas ilícitas e a utilização de hormônios esteroides, hormônio do crescimento, anabolizantes e anticoncep-cionais orais devem ser considerados possíveis causas de hipertensão em adolescente3.

Conforme supracitado, já podem ser evi-denciados fatores de risco inseridos no estilo de vida dos adolescentes que contribuem para a ocorrência da hipertensão arterial. Por outro lado, vale, ainda, ressaltar que são escassos os estudos de investigação acerca destes fatores.

AÇÕES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIADA HIPERTENSÃO ARTERIAL

A enfermagem tem em sua essência como profi ssão o ato do cuidar, e dentro desse contex-

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to inclui a execução de procedimentos técnicos condizentes com princípios humanísticos.

A evolução histórica da enfermagem ocor-rida através dos tempos proporcionou um mo-delo assistencial modernizado que ampliou os limites do campo de atuação21, e hoje a enfer-magem envereda-se por quase todos os cami-nhos da área da saúde, possibilitando ao enfer-meiro desenvolver uma visão holística sobre o seu principal foco, o cuidar do ser humano, seja de forma individualizada, coletiva ou na família.

Em meio à diversidade de áreas em que a enfermagem permite atuar, ainda pode estar inserida em novos conceitos de trabalho como a realização dos grupos multiprofi ssionais e de trabalhos conjuntos com outros setores.

Este novo conceito de trabalho vem sendo incorporado de forma gradativa e progressiva na prática diária, em particular como forma de acompanhar os pacientes de hipertensão arte-rial; nesse novo modelo de trabalho se faz ne-cessário que haja coragem, força de vontade e contínua autocrítica para que os objetivos sejam alcançados24.

A prevenção continua sendo algo mui-to discutido entre os profi ssionais de saúde e pode ser vista de diversas formas: prevenção primária, secundária e terciária. Mas para este estudo, chama-se a atenção para a prevenção primária como foco de promover a saúde para a adolescência.

A prevenção primária se faz através da intercep-tação dos fatores pré-patogênicos, da educação em saúde e inclui promoção da saúde e proteção específi ca. A prevenção primária da doença deve ser direcionada para remover os fatores de risco associados à doença, bem como para obter um diagnóstico precoce dos fatores de risco24.

Apesar do progresso na área do controle, diagnóstico e tratamento devem ser metas dos profi ssionais de saúde à abordagem adequada de prevenir acerca dos fatores de risco, princi-palmente para aqueles que estão inseridos em grupos de risco.

As ações de prevenção primária são univer-sais e propostas para todo público, quer ele seja adulto, idoso, de gestantes, de crianças e ado-lescentes; por outro lado vale ressaltar que estas ações são adaptadas para cada grupo, pois cada grupo é decorrente de traços típicos e caracte-rísticas próprias.

O enfermeiro como parte integrante de uma equipe deve estar capacitado para atingir o foco de atuação principal, que é a prevenção primária, assim como a educação em saúde, que vêm se mostrando muito efi cazes na interven-ção da hipertensão arterial, consubstanciando a ideia de que a enfermagem pode utilizá-las como forma de prevenir a hipertensão em crian-ças e adolescentes.

A adoção de hábitos alimentares saudáveis, abandono do tabagismo, das bebidas alcoólicas, do alto consumo de sódio, estimular a prática de atividade física, e a promoção da educação em saúde com possíveis ações intersetoriais, pois estas ações citadas vêm se mostrando muito efi -cazes no tratamento da hipertensão arterial3. Os profi ssionais de enfermagem que trabalham com educação para a saúde devem promover orienta-ções nos lugares de encontro dos adolescentes, como: escolas, clubes, academias, condomínios e outros. Buscando a compreensão desses ado-lescentes enquanto sujeitos resultantes de altera-ções biofísicomentais e sociais que pertencem a um grupo étnico, a uma classe e um meio social dentro de uma dada cultura, poderemos aplicar com êxito as ações de prevenção primária. Os adolescentes de alguma forma poderão sentir-se encorajados a procurar um serviço de saúde es-pecífi co para manutenção das orientações médi-cas e de enfermagem25.

Visando este contexto, o profi ssional de en-fermagem não pode se esquecer que a fase da adolescência não consiste apenas de uma única etapa no seu desenvolvimento, mas de diversas etapas, e quando diagnosticado um agravante como, por exemplo, fatores de risco ou até mes-mo a própria hipertensão arterial, tem que co-

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nhecer bem os valores deste público para poder intervir no processo saúde-doença e promover uma orientação clara e objetiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi relatado anteriormente, a adoles-cência é marcada como uma fase de variação de comportamento, estruturação do estilo de vida e constituição de valores, tornando-se portanto uma fase acompanhada pela presença de do-enças ou pela necessidade de prevenir algumas patologias que podem acometer ou poderão manifestar sinais ou sintomas ainda presentes.

Os adolescentes, de modo geral, sofrem ainda a infl uência dos colegas da escola, da mídia, para serem iguais e ao mesmo tempo competitivos. Daí o grande risco de adotarem hábitos considerados nocivos à saúde para não serem excluídos de um grupo social.

No entanto, estas variabilidades de trans-formações em ritmos diferentes ainda podem ser determinantes para o aparecimento de di-versos fatores de risco e para uma série de situ-ações agravantes para a própria saúde, dentre elas: uso de drogas, gravidez não planejada, dis-túrbios alimentares, e, em particular, para a pre-sença da hipertensão arterial, que ultimamente vem sendo diagnosticada nesta fase.

Incitar os adolescentes à prática da preven-ção primária, que abrange desde a verifi cação da pressão arterial por parte dos profi ssionais de saúde até a remoção dos fatores de risco que ultimamente são visíveis nos estilos de vida ado-

tados pelos adolescentes, não é tarefa fácil, pois demanda investimentos em diversos setores. Por outro lado, percebe-se a necessidade de ativi-dades preventivas conjuntamente com a família, com as escolas, em ambientes nos quais este pú-blico esteja inserido, no propósito de promover a aquisição de hábitos de vida saudável.

Em meio a esta discussão, observou-se que as ações primárias de prevenção têm sido reco-nhecidas como de enorme importância no ce-nário da hipertensão arterial e estão se tornando um instrumento signifi cativo para a promoção da saúde nos diversos públicos.

Para consubstanciar essa ideia, a enferma-gem pode contribuir signifi cativamente, orien-tando os adolescentes para que sigam as ações de prevenção primária propostas, como uma forma de minimizar e/ou até mesmo excluir os fatores de risco que contribuem para a ocorrên-cia da doença, que de alguma forma já podem ser vistos no estilo de vida adotado.

Através dessa discussão, observou-se que o profi ssional enfermeiro é uma pessoa dotada de possibilidades no sentido de evitar que essa problemática prevaleça na fase adulta.

Nesse contexto, se os adultos de hoje que apresentam hipertensão arterial com lesões em órgãos-alvo, como hipertrofi a ventricular, diabetes, retinopatia hipertensiva e outras, ti-vessem sido orientados para as mudanças de hábitos de vida, prática de atividade física, bem como fossem identifi cados precocemente os fatores de risco para a doença ainda quando adolescentes, eles poderiam ter uma melhor qualidade de vida.

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