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A ÉTICA E O ESPORTE: REFLEXÕES A PARTIR DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR José Ronaldo Canonico 1 RESUMO É notória a crise de valores que atinge a civilização atual. A violência, a corrupção, o egoísmo, a discriminação e a competitividade estão disseminadas nas instituições sociais. No campo da ética, a situação não é diferente. É necessário, portanto, reconstruir os princípios de justiça, equidade e responsabilidade. Essa mudança de comportamento deve ser praticada por toda a sociedade, inclusive pela escola, já que também tem sido foco dessas transgressões morais. A educação é essencial para a formação de cidadãos éticos. Sob esse enfoque, também a Educação Física pode e deve dar a sua contribuição. Para tanto, defende-se no presente trabalho a análise e reflexão em torno de situações polêmicas no contexto do esporte, conteúdo programático da disciplina de Educação Física conforme as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, a fim de desenvolver no aluno a consciência do que é certo e o que é errado, a compreensão da ética e do respeito aos valores humanos fundamentais. Palavras-chave: Ética; Esporte; Educação Física. ABSTRACT We can note crisis of values affecting the currente civilization. Violence, corruption, selfishness, competitiveness and discrimination are widespread in social institutions. The field af ethics, the situation is no different. It is therefore necessary to restore the principles of justice, fairness and responsibility. This change in behavior should be practiced throughout society, including the school, as has also been the focus of moral transgressions. Education is essential for the formation of ethical citizens. From this viewpoint, also physical education can and must their contribution. To do so, it is argued in this paper the analysi and discussion around controversial situations in the context of the sport, part of Physical Education classes as the Curriculum Guidelines of the State of Paraná, in order to develop the students'awareness of what is right and what is wrong, the understanding of ethics and respect for fundamental human values. KEYWORDS: Ethics; Sport; Physical Education. 1 Professor PDE Rede Estadual de Ensino – SEED-PR.

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A ÉTICA E O ESPORTE: REFLEXÕES A PARTIR DA EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR

José Ronaldo Canonico1

RESUMO

É notória a crise de valores que atinge a civilização atual. A violência, a corrupção, o egoísmo, a discriminação e a competitividade estão disseminadas nas instituições sociais. No campo da ética, a situação não é diferente. É necessário, portanto, reconstruir os princípios de justiça, equidade e responsabilidade. Essa mudança de comportamento deve ser praticada por toda a sociedade, inclusive pela escola, já que também tem sido foco dessas transgressões morais. A educação é essencial para a formação de cidadãos éticos. Sob esse enfoque, também a Educação Física pode e deve dar a sua contribuição. Para tanto, defende-se no presente trabalho a análise e reflexão em torno de situações polêmicas no contexto do esporte, conteúdo programático da disciplina de Educação Física conforme as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, a fim de desenvolver no aluno a consciência do que é certo e o que é errado, a compreensão da ética e do respeito aos valores humanos fundamentais.

Palavras-chave: Ética; Esporte; Educação Física.

ABSTRACT

We can note crisis of values affecting the currente civilization. Violence, corruption, selfishness, competitiveness and discrimination are widespread in social institutions. The field af ethics, the situation is no different. It is therefore necessary to restore the principles of justice, fairness and responsibility. This change in behavior should be practiced throughout society, including the school, as has also been the focus of moral transgressions. Education is essential for the formation of ethical citizens. From this viewpoint, also physical education can and must their contribution. To do so, it is argued in this paper the analysi and discussion around controversial situations in the context of the sport, part of Physical Education classes as the Curriculum Guidelines of the State of Paraná, in order to develop the students'awareness of what is right and what is wrong, the understanding of ethics and respect for fundamental human values. KEYWORDS: Ethics; Sport; Physical Education.

1 Professor PDE Rede Estadual de Ensino – SEED-PR.

1. INTRODUÇÃO

A sociedade atual é marcada pelo cultivo de uma cultura de esperteza, corrupção e

competitividade. Ocorrem, diariamente, ofensas aos direitos humanos e à dignidade,

injustiça, aumento da criminalidade, violência, discriminação e descaso. Essa

realidade aponta para uma crise de valores, isto é, demonstra que o homem

contemporâneo vem se afastando da conduta ética.

Diante deste cenário, indaga-se como resgatar e desenvolver a prática de princípios

éticos o que demanda esforço e aperfeiçoamento dia a dia. Para solucionar esta

crise de valores é necessário refletir, problematizar e discutir a conduta humana. E

esta tarefa não cabe somente a um e outro indivíduo, mas a todos. A criação de

cidadãos éticos é responsabilidade de toda a sociedade e suas instituições.

Nesse sentido, o papel da família e da escola é essencial. Todas as áreas de ensino

se voltam para os valores e atitudes do indivíduo. Ademais, a vida na escola, seja no

ambiente da sala de aula, seja durante o recreio, seja entre os professores, tudo

propicia uma análise crítica que pode ser utilizada para a educação e formação ética

dos alunos.

O cotidiano escolar tem uma gama de situações que permitem a discussão e

reflexão sobre ética. Também à Educação Física, enquanto área de conhecimento e

pedagógica cabe este papel. A disciplina Educação Física, proposta nas Diretrizes

Curriculares para a Educação Básica do Estado do Paraná (DCE’s/2008), tem como

conteúdos estruturantes os jogos e brincadeiras, dança, lutas, ginástica e esporte.

Sua função é estimular a reflexão sobre o acervo de formas e representações do

mundo que o ser humano tem produzido, exteriorizadas pelas relações sociais no

desenvolvimento do esporte na escola.

Por meio do esporte é possível discutir sobre as condutas inadequadas, como o

bullying2, a violência, o doping, a necessidade de sempre vencer e despertar nos

alunos o senso ético, visando à formação de indivíduos capazes de diferenciar o

2 Bullying é o conjunto de atitudes agressivas intencionais, repetitivas e sem razão aparente cometida por um aluno ou grupo, causando sofrimento a outro em razão de um indesejado desequilíbrio de poder entre iguais (Fonte: <http://www.diganaoaobullying.com.br/secao_projeto/conceito.htm> Acesso em 10 dez. 2009).

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certo e o errado, conscientes de sua responsabilidade para melhorar a vida em

sociedade.

Pretende-se relatar a intervenção pedagógica que, tendo como base a metodologia crítico-superadora proposta pelo Coletivo de Autores (1992, p. 103-106), poderá contribuir para o enriquecimento do papel do esporte na reconstrução de valores éticos a partir da educação física escolar, canalizando-se a força, a criatividade, espontaneidade e imaginação do educando para atividades interativas e participativas que possam dar ao professor uma visão do cidadão que se pretende formar, do aluno que será o civil do amanhã, consciente dos seus direitos e deveres dentro de uma sociedade democrática, fundada no estado de direito e, portanto, responsável por sua sobrevivência social e política.

Neste processo, estimulados pelo professor, os alunos podem avaliar as práticas esportivas e fazer melhores escolhas, voltadas para a solidariedade, o respeito e a justiça.

Dada a relevância do tema, o presente trabalho, em um primeiro momento, procura demonstrar a importância de se abordá-lo no ambiente escolar, frente à crise de valores atual. Trata, em seguida, da apresentação do conceito de ética, diferenciando-o da moral e esclarecendo seus principais desdobramentos. Destaca, por fim, a compreensão dos alunos, a partir das situações do esporte que levem a refletir sobre ética.

2. IMPORTÂNCIA DE SE ABORDAR ÉTICA NO AMBIENTE ESCOLAR

2.1. Crise de valores

O comportamento humano segue os valores desenvolvidos pela sociedade. A vida

social precisa ser regrada, a fim de que o homem tenha consciência de seus direitos

e, por consequência, de seus deveres.

Segundo Oliveira (2007, p. 311), “valores são conceitos ou ideias (verdade, justiça),

objetos (ouro, dinheiro) ou relações (igualdade, fraternidade) que servem como

baliza para nossas ações”. Claro que, com o passar do tempo, os valores mudam,

pois a sociedade também se modifica. Atualmente, contudo, muitos dos conceitos

que compõem o núcleo moral da humanidade vêm sendo subjugados e

abandonados.

Está-se enfrentando uma crise de valores, isto é, está havendo um processo de

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redefinição dos valores morais, no qual as pessoas estão indiferentes à crescente

violência, a esperteza é mais valorizada que a honestidade e tem predominado o

interesse individual sobre o bem comum. Oliveira (apud Oliveira, p. 314) explica:

A crise de valores se expressa na confusão entre o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o injusto. Em outras palavras, é a confusão entre valor e contravalor. Os valores são produtos culturais, sujeitos às variações do tempo e do espaço. Sempre que uma determinada cultura decide eleger alguma atitude (porque o campo da ética é o campo das atitudes) como valor, estabelece-se o contraponto com a atitude oposta. Assim, à atitude positiva de respeito À vida, por exemplo, contrapõem-se a morte e a violência. Quanto mais clara fica a oposição entre os dois pontos, mais força tem o valor ético estabelecido. Onde reside, então, a confusão de valores? Parece-nos que ela nasce da aproximação dos pólos antagônicos: em nosso tempo, por exemplo, vida e morte convivem numa quase perfeita harmonia.

O aumento significativo destes fenômenos em escala global é, de fato, preocupante.

Valores até então considerados nobres têm sido relativizados, banalizados e mesmo

suprimidos e, sem eles, vive-se em uma ausência de regras, o que condena o

exercício democrático dos direitos.

Morin (2005, p. 200) observa que esta crise que afeta o mundo, a vingança,

violência, crimes passionais, incompreensão entre pais, filhos, irmãos e colegas

contaminam o espaço escolar, carregando intolerância, fechamento ao diálogo,

discriminação e opressão.

De fato, crianças que convivem com a agressão e o descaso no seio familiar muito

provavelmente transmitirão estes contravalores para suas relações com os colegas

de escola. Como agir, então, frente a esta crise? A quem compete a concepção de

novos paradigmas éticos e morais? Uma vez que orientam as ações humanas,

sempre que os valores morais forem ruins, devem ser evitados e reprimidos e

repensados por todos: família, religião, Estado e escola.

É o que afirma La Taille (apud POLATO, 2008, p. 28), coautor dos Parâmetros

Curriculares Nacionais – PCNs sobre Temas Transversais: “a criação de cidadãos

éticos é responsabilidade de toda a sociedade e suas instituições”. A escola e, mais

especificamente, a Educação Física pode propiciar aos alunos refletirem sobre os

valores éticos presente no esporte atualmente.

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2.2. O papel da escola

Os costumes e hábitos (moral), de acordo com Boff (2003, p.40), formam o caráter e

conferem o perfil (ética) das pessoas. Essas pessoas serão éticas (terão princípios e

valores) se tiverem recebido uma boa moral (relações harmoniosas e inclusivas) em

casa, na relação primeira com a mãe, na sociedade e nas relações globalizadas

hoje.

Na convivência em família, a criança recebe educação informal e haverá sua

socialização. As ações dos adultos são responsáveis por transmitir a ela os valores

da sociedade em que vive. É neste ambiente que desenvolverá sua auto-estima e

personalidade. No mesmo sentido, alertando para que os adultos observem suas

condutas, haja vista que elas servirão de exemplo para as crianças, assevera

Aristóteles (2008, p. 41):

[...] nossas disposições morais nascem de atividades semelhantes a elas. É por esta razão que devemos atentar para a qualidade dos atos que praticamos, pois nossas disposições morais correspondem às diferenças entre nossas atividades. E não será desprezível a diferença se, desde a nossa infância, nos habituarmos desta ou daquela maneira. Ao contrário, terá imensa importância, ou seja, será decisiva.

No âmbito da educação formal, também vem recebendo atenção especial; aos

poucos a ética tem sido inserida no currículo escolar, como matéria transversal, já

que tanto ela quanto a educação são fundamentais para a (re) construção de

valores, sobretudo quanto ao respeito à diversidade cultural e racial. A escola não

pode apenas ensinar sobre os conhecimentos acumulados pela Humanidade, deve

também se preocupar com a formação moral e ética dos seus alunos.

O indivíduo se torna membro de sua comunidade e, portanto, torna-se cidadão,

quando adquire valores culturais pela educação formal e informal. Neste sentido,

Turquino pondera:

Pensar-se e sentir-se pertencente a um lugar – uma família, uma origem, uma escola, uma comunidade – possibilita que a pessoa desenvolva as referências que lhe conferem a construção da própria identidade e participação na vida social, um dos primeiros passos para aprender o papel de ser cidadão. Somente por meio do reconhecimento mútuo da importância recíproca entre indivíduo e grupo é que se desenvolvem as ligações entre a vida individual e comunitária, o verdadeiro sentido da cidadania numa sociedade democrática e não excludente (2007, p. 507).

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Assim, combater as discriminações e a intolerância, incentivar o bem comum, a não

violência, propagar aquilo que é do interesse coletivo e não apenas benefício

próprio, é uma tarefa da escola, local em que os alunos interagem em sociedade,

mais até do que no meio familiar.

Se a ética tem por objeto de estudo os atos voluntários e conscientes dos indivíduos,

e que afetam outros indivíduos, como afirma Vázquez (2007), é necessário que se

discuta a ética no ambiente escolar.

O professor, cada vez mais consciente de sua importância na formação moral e

ética dos alunos, deve ir além de simplesmente “passar a matéria”; deve, antes,

agregar a capacidade de relacionar-se ao saber técnico. O pressuposto fundamental

de qualquer trabalho educacional é acreditar na possibilidade de mudança dos

alunos.

Como educador, tem que ser sujeito da história pedagógica de sua classe e de sua

escola, pois se constitui num dos principais agentes de mudança de conduta,

justamente por estar em contato direto com os alunos, no lócus privilegiado em que

se manifesta o problema.

O educador precisa estar atento a esse fenômeno. Os nossos educandos estão muito interessados nas ofertas que lhes são feitas: prestígio, visibilidade social, fama, dinheiro, luxo, sexo, prazer sem medida, fortes emoções, atitudes radicais, droga, êxtase, desfrute, deleite, facilidades, conforto... Essa é a linguagem que o nosso tempo usa. Evidentemente, seu poder de sedução é muito forte. Até nós caímos nas amarras de suas propostas. O educando, no entanto, parece mais vulnerável (OLIVEIRA, 2007, p. 320).

Estes são os principais desafios da atualidade para a escola: deve estimular a

criatividade dos alunos ao mesmo tempo em que deve manter sua autoridade e

ensinar o respeito à diversidade de manifestações culturais e estabelecer regras de

convivência. É preciso, ainda, ter em mente que, para que estas regras sejam

aceitas, deverão ser transmitidas por meio de experiências positivas e estimulantes.

O ambiente escolar deve ser de maneira tal que os conceitos de justiça, respeito e

solidariedade sejam vivificados e compreendidos como coerentes com a perspectiva

do aluno de ter um bom futuro, afinal, toda pessoa se inclina a validar as ideias que

se harmonizem com seus projetos de felicidade. Se representarem um obstáculo,

portanto, não serão seguidas. Tanto é assim que o Ministério da Educação – MEC

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propõe como objetivos gerais de ética para o ensino fundamental:

Compreender o conceito de justiça baseado na equidade e sensibilizar-se pela necessidade da construção de uma sociedade justa; Adotar atitudes de respeito pelas diferenças entre as pessoas, respeito esse necessário ao convívio numa sociedade democrática e pluralista; Adotar, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças e discriminações; Compreender a vida escolar como participação no espaço público, utilizando e aplicando os conhecimentos adquiridos na construção de uma sociedade democrática e solidária; Valorizar e empregar o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas; Construir uma imagem positiva de si, o respeito próprio traduzido pela confiança em sua capacidade de escolher e realizar seu projeto de vida e pela legitimação das normas morais que garantam, a todos, essa realização; Assumir posições segundo seu próprio juízo de valor, considerando diferentes pontos de vista e aspectos de cada situação.

E, ainda, preleciona:

Ética trata de princípios e não de mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como agir de forma a garantir o bem de todos? Não há resposta predefinida. É preciso, portanto, ter claro que não existem normas acabadas, regras definitivamente consagradas. A ética é um eterno pensar, refletir, construir. E a escola deve educar seus alunos para que possam tomar parte nessa construção, serem livres e autônomos para pensarem e julgarem. [...] Como devo agir com meu aluno, com meu professor, com meu colega?

A escola, portanto, não deve simplesmente impor quais valores devem ser

obedecidos, mas sim ensinar ao aluno o pensar e o refletir sobre eles, apresentando

a ele suas possibilidades de escolha para que adote a melhor postura.

Relações democráticas na escola, participação na elaboração de regras,

possibilidade de dialogar e apresentar seus argumentos e suas opiniões, todas estas

práticas conduzirão o aluno a ter uma imagem positiva de si mesmo e de seus

interlocutores e lhe conferirão senso crítico para tomar melhores decisões em sua

vida.

Claro que, “antes de se estimular a produção de condutas autônomas é fundamental

que os indivíduos tenham internalizado as regras morais” (SILVA, 2004, p. 167).

Para isso, a escola precisa praticar o que pretende ensinar. Se não for assim, os

alunos não se convencerão sobre a importância dos valores morais que estão sendo

apresentados a eles e acabarão por achá-los enfadonhos e aversivos.

Feitas tais ponderações, a prática da ética no próprio ambiente escolar será

equivalente a uma experimentação de como deve ser o convívio social respeitoso.

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3. ÉTICA

3.1. Distinção entre moral e ética

Embora intimamente relacionados, os conceitos de ética e moral não se confundem.

Etimologicamente, porém, suas origens são distintas: moral vem do latim mos ou

mores, que significa caráter, costumes, enquanto ética vem do grego ethos, que

designa caráter, modo de ser (VÁZQUEZ, 2007, p. 24)

A filosofia moral divide o homem em emoção, razão e intuição. Para Vázquez (2007,

p. 69), esta filosofia tem por função social “regular as ações dos indivíduos nas suas

relações mútuas, ou as do indivíduo com a comunidade, visando a preservar a

sociedade no seu conjunto ou, no seio dela, a integridade de um grupo social”.

Ainda que haja mudanças de valores no decorrer do tempo, posto que nem sempre

os homens imputarão a mesma importância a eles em períodos históricos distintos,

suas convicções (ética) e os costumes (moral) do lugar em que vive dirigirão seu

comportamento nas relações com as outras pessoas.

Boff (2003, p. 37) apresenta as seguintes concepções acerca da ética e da moral:

A ética é parte da filosofia. Considera concepções de fundo acerca da vida, do universo, do ser humano e de seu destino, estatui princípios e valores que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa é ética quando se orienta por princípios e convicções. Dizemos, então, que tem caráter e boa índole.A moral é parte da vida concreta. Trata da prática real das pessoas que se expressam por costumes, hábitos e valores culturalmente estabelecidos. Uma pessoa é moral quando age em conformidade com os costumes e valores consagrados. Estes podem, eventualmente, ser questionados pela ética. Uma pessoa pode ser moral (segue os costumes até por conveniência), mas não necessariamente ética (obedece a convicções e princípios).

Assim, a moral é responsável por contribuir para manter a ordem social

estabelecida. Como integrante de um quadro social, o indivíduo deve se comportar

moralmente conforme valores, princípios e tradições que não escolheu, mas que

aceita para viver em harmonia com determinados grupos ou toda a sociedade.

Ética, por sua vez, é a ciência do comportamento moral, que busca compreender,

justificar e criticar a moral de uma sociedade. Sugere, portanto, a partir de reflexões

acerca da moral, a prática de ações, conscientes e voluntárias, estimadas boas.

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Elucidativa é a conceituação de ética (ou virtude), proposta por Aristóteles (2008, p.

54-55):

Assim, explicamos suficientemente que a virtude é um meio-termo, em que sentido devemos entender esta expressão, e que é um meio-termo entre dois vícios, um dos quais envolve excesso e o outro falta, e isso porque a natureza da virtude é visar à mediania nas paixões e nos atos. Por conseguinte, não é fácil ser bom, pois em todas as coisas é difícil encontrar o meio. [...]Com efeito, dos dois extremos, um é mais errôneo e o outro menos; por conseguinte, visto que alcançar o meio-termo é extremamente difícil, devemos contentar-nos com o menor dos males [...]Fica claro, então, pelo exposto, que em todas as coisas o meio-termo é digno de ser louvado, mas que às vezes devemos inclinar-nos no sentido do excesso e outras vezes no sentido da falta, pois assim chegaremos mais facilmente ao meio-termo e ao que é certo.

Sob a concepção de Aristóteles, uma pessoa é moral quando age conforme os

costumes e valores consagrados pela sociedade, e é ética quando se orienta por

princípios e convicções próprias.

Ao propor uma análise sobre a moral, a ética se torna produtora da realidade

psicossocial e produz a reformulação de novas formas de agir (PELLOSO; FERRAZ,

2005). A ética, como ciência da moral, não se reduz a um conjunto de normas e

prescrições. Sua missão é explicar a moral efetivamente e, dessa forma, influenciá-

la.

É possível dizer, portanto, que a ética estuda diversas morais sem que se identifique

com uma em particular, pois a ela não cabe formular juízos de valor sobre as

práticas morais de sociedades distintas, em momentos distintos, mas explicar e

validar esta diversidade de valores.

3.2. Principais aspectos

A ética se caracteriza por não se manter à distância das questões políticas,

históricas, econômicas e culturais; assim, modifica-se a todo tempo para atender às

exigências sociais. Busca, também, transformar o homem de passivo – que se deixa

levar pelas circunstâncias e governa-se pelos impulsos e vontades alheias – em

ativo, que se avalia e questiona quais valores deve seguir e age com consciência de

suas responsabilidades.

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Herrero (2002, p. 69) assevera que viver em uma sociedade corroída pela

corrupção, leva a acreditar que se cultiva a cultura da esperteza e que a vida

humana se autodestrói quando a ética desaparece de seu horizonte.

Essa inversão de valores destrói o caráter humano e mina suas relações sociais.

“Aristóteles já afirmava que o homem guiado pela ética, é o melhor dos animais, e

quando sem ela, é o pior de todos” (apud VALLE; LORENZI; TORRES, 2003, p.

589). Pode-se entender que ser “o melhor dos animais” seja potencializar a

convivência social. Neste sentido, Singer (2006, p. 19) afirma que a noção de ética

traz consigo a ideia de alguma coisa maior que o individual. Afirma ainda que não se

pode defender a própria conduta em bases éticas mostrando apenas os benefícios

para si, deve reportar-se a um público maior.

A visão crítica se coaduna, portanto, com o papel da ética em regular as relações

humanas. É certo que, para se formular uma teoria ética universal, deve-se ter em

mente que os valores e convicções de um não valem mais nem menos que os

interesses dos demais indivíduos.

Chauí (2003) agrupa as teorias éticas em duas correntes, a saber: o racionalismo

ético, subdividido em racionalismo intelectualista e voluntarista e o emotivismo ético.

Representando a primeira, Kant ensina que o homem cria seus valores a partir de

sua própria consciência, isto é, suas condutas não são regidas por uma moral

exterior, mas por sua própria razão. Defendendo a segunda, Rousseau explica que o

homem, em estado da Natureza, é puro, bom e generoso, porém, a partir da vida em

sociedade e na busca da propriedade privada, torna-se destrutivo e perverso. Assim,

a razão seria a causa de todo o egoísmo e perversão da humanidade. Há, ainda, o

emotivismo de Nietzsche, segundo o qual a ética racionalista tem finalidade.

Diversamente, Vázquez (2007, p. 268-297) classifica as doutrinas éticas

fundamentais conforme as diferentes épocas e sociedades em que surgiram, como

resposta aos problemas básicos apresentados pelo comportamento dos homens

entre si: I) ética grega, composta das ideias de Sócrates, Platão e Aristóteles, bem

como pelos estóicos e epicuristas; II) ética cristã, representada especialmente por

Santo Agostinho e São Tomás de Aquino; III) ética moderna, dominante entre os

séculos XVI e XIX, com principais precursores Descartes e Kant; e, por fim, IV) ética

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contemporânea, orientando-se para o existencialismo, pragmatismo, psicanálise,

marxismo e neopositivismo.

Segundo esta classificação, a começar pela antiga Grécia, filósofos como Sócrates,

Platão e Aristóteles, no campo da ética, relacionavam-na com a existência de uma

comunidade democrática, limitada e local.

Para Sócrates, bondade, conhecimento e felicidade se entrelaçam estreitamente. O

homem age retamente quando conhece o bem e, conhecendo-o, não pode deixar de

praticá-lo; por outro lado, aspirando ao bem, sente-se dono de si mesmo e, por

conseguinte, é feliz.

Na ética de Platão, tem-se a estreita unidade da moral e da política, já que, em seu

entendimento, o homem se forma espiritualmente somente no Estado e mediante a

subordinação do indivíduo à comunidade. A virtude nasce dos costumes regulados

em lei e é uma qualidade permanente da alma.

Aristóteles atribuía o centro da ética à justiça. Sua concepção de justiça abrange

obediência à lei e é tida como a virtude da cidadania que comanda as relações

justas e equitativas dos cidadãos. Pegoraro (2006, p. 37) ressalta que, para este

filósofo, o homem não escolhe ser ético, ele é natural e biologicamente ético.

O estoicismo e o epicurismo surgem com a decadência do império romano. Para os

estoicos, a física lastreia a ética e no mundo somente acontece aquilo que é vontade

de Deus, cabendo ao homem tão-só aceitar seu destino. Os epicuristas defendem a

não-intervenção divina na vida humana; sem o temor religioso, o homem é livre para

alcançar o bem, o prazer.

A ética cristã medieval, por seu turno, procurou regular o comportamento humano

considerando a plena realização da vida moral somente se elevada para Deus.

Assim, diz Vázquez (2007, p. 276), “parte de um conjunto de verdades reveladas a

respeito de Deus, das relações do homem com o seu criador, e do modo de vida

prático que o homem deve seguir para obter a salvação no outro mundo”.

Pegoraro (2006, p. 71) sintetiza a doutrina de Santo Agostinho:

Por isso, toda a ética agostiniana está na ordem das essências: Deus, homem, animal, vegetal, mineral, que cria a ética de adoração a Deus, de

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amor aos homens em Deus, e da utilização equilibrada das coisas materiais; esta é a ética do ordo amoris; e a idolatria, pelo contrário, consiste em romper esta ordem e amar as criaturas sem referi-las a Deus: é o amor perverso ou o mau uso da razão e do livre-arbítrio; inversão da lei eterna e natural.

A concepção agostiniana repele o racionalismo dos gregos, pois reputa maior

importância à bondade e ao amor.

O autor supracitado (2006, p. 84) propõe que o cerne da ética de São Tomás de

Aquino é o “movimento de retorno da criatura para seu Criador, com auxílio das

virtudes humanas e da fé”. A ética tomista cristianiza a moral, considerando Deus o

fim supremo de todas as criaturas.

A ética moderna traduz uma visão antropocêntrica, isto é, tem o “seu centro e

fundamento no homem, embora este ainda se conceba de uma maneira abstrata,

dotado de uma natureza universal e imutável” (VÁZQUEZ, 2007, p. 281). Neste

período o homem é definido como um ser ativo, autônomo e criador. Suas boas

condutas decorrem de sua vontade e de seu racionalismo. A ética é normatizada,

porém sem se confundir com lei.

Kant, principal representante deste período, pôs fim à concepção teológica, ao

afirmar que Deus não dita normas éticas, mas princípios de fé. Defende, assim, uma

ética formal, que pode ser resumida em seu principal enunciado: “age de tal modo

que a máxima de tua vontade seja sempre válida, ao mesmo tempo, como princípio

de uma legislação universal” (apud PEGORARO, 2006, p. 106).

A ética contemporânea, marcada pelo progresso científico e desenvolvimento dos

meios de produção e pela forte reação ao formalismo de Kant e ao racionalismo.

Hegel sugere que a atividade moral é uma fase de desenvolvimento e realização do

espírito do homem (VÁZQUEZ, 2007, p. 284). Este momento histórico é marcado

por considerar que, quando uma sociedade está organizada juridicamente, também

pratica atos de solidariedade, pois possui maior senso de justiça e equidade.

A ética discursiva habermasiana propõe a construção de um ponto de vista moral

em que seja possível fazer um juízo ético imparcial e universal (PEGORARO, 2006,

p. 138).

A mesma divisão histórica proposta por Vázquez é adotada por Pegoraro (2006, p.

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9-13), que considera estas doutrinas como ramos da ética humana; em vista disso,

apresenta ainda a bioética, isto é, da relação entre a ética e a ciência, as formas de

vida e o meio ambiente. Esta corrente originou-se das denúncias de abusos

praticados pela experimentação científica em seres humanos. Pode-se considerar

que há uma ligação muito forte entre a Educação Física e a bioética se observado o

ser humano inserido nas relações socioculturais.

4. O ENSINO DA ÉTICA POR MEIO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

4.1. Esporte na Educação Física Escolar

O esporte é uma forma de manifestação da cultura corporal. Surgiu como atividade

corporal de movimento com caráter competitivo na Europa, em torno do século XVIII

(BRACHT, 2005, p. 13). Segundo o referido autor, principal referência resultou de

um processo de modificação de elementos da cultura corporal de movimento das

classes populares e nobres inglesas: a urbanização e a industrialização introduziram

novos hábitos de vida e ocasionaram o desuso dos jogos populares e foi necessária

a sua regulamentação nas escolas públicas para que não se extinguissem.

A inserção do esporte na escola aconteceu por meio da Educação Física, portanto

subordinada ao papel atribuído a essa disciplina no contexto da escola. Quando

ocorre esta inserção esta disciplina possuía cunho exclusivamente prático, com forte

influência dos Métodos Ginásticos e da Instituição Militar.

Porém, de acordo com Bracht, em determinado momento houve uma inversão de

papéis: a crescente influência do esporte no sistema escolar implicou a

subordinação da Educação Física a ele:

O esporte determina, dessa forma, o conteúdo de ensino da Educação Física, estabelecendo também novas relações entre professor e aluno, que passam da relação professor-instrutor e aluno-recruta para a de professor-treinador e aluno-atleta. Não há diferença entre o professor e o treinador, pois os professores são contratados pelo seu desempenho na atividade desportiva (2005, p. 54).

Diante desta crise de identidade, passou-se a questionar as práticas pedagógicas da

Educação Física. Assim surgem movimentos renovadores nas décadas de 70 e 80,

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caracterizados por uma humanização pedagógica com vistas a promover o

desenvolvimento das relações interpessoais e resgatar o valor e identidade

humanos.

4.2. A ética e o esporte escolar

O corpo humano é considerado um movimento de expressão; por meio dele, é

possível conhecer-se e aos outros, bem como perceber o mundo ao seu redor. Sob

essa ótica, o professor de Educação Física tem muito a contribuir para a educação

ética; deve, para tanto, propor atividades que levem o aluno a pensar sobre seu

comportamento e o dos demais, atuando como mediador através do seu

conhecimento a respeito da corporeidade e das relações humanas.

A Educação Física deve também exercer sua função social em capacitar o aluno a

assumir suas responsabilidades e compreender a necessidade de acatar os

argumentos dos demais membros do ambiente escolar.

A expectativa da Educação Física escolar, que tem como objeto a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação –, negando a dominação e submissão do homem pelo homem. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 40)

O esporte escolar contribui com um bom cenário sobre a diversidade racial, cultural

e social e pode levar à análise de como agir frente a tantas diferenças. As atividades

de jogos são oportunidades de ensinar a solidariedade e o respeito às regras. Se o

aluno internalizar o conhecimento sobre ética obtido neste meio, irá transmiti-lo e

aplicá-lo fora da escola também.

Hassenpflug (2004, p. 165) partilha deste entendimento:

O que distingue, portanto, a educação pelo esporte para o desenvolvimento humano de outras propostas que unem o esporte e a educação é o tratamento pedagógico dado às práticas corporais e que potencializa o valor educativo intrínseco que elas têm por meio da ação seguida da reflexão sobre o que foi vivido.Tratar o esporte como método pedagógico pressupõe conceber o ser humano como uma unidade que se expressa na integração das dimensões física, cognitiva, social, emocional, ética, moral e espiritual.

14

No cenário atual, há várias situações polêmicas vinculadas ao esporte: doping e a

necessidade de superação de limites; influência da mídia; marginalização de

minorias; vencer a qualquer custo; competitividade; individualismo; comportamento

inadequado de atletas, dirigentes, árbitros e técnicos; violência entre torcidas.

Se o que se busca é “uma prática esportiva em que se privilegiem os encontros, o

divertimento, a camaradagem e a promoção da saúde” (BRACHT, 2006, p. 128),

aqueles são temas que devem ser discutidas no ambiente escolar, pois retratam que

também o meio desportivo foi alcançado pela crise de valores morais.

Cada vez há menos indignação e espanto das pessoas diante de práticas antiéticas.

Como reconquistar a dignidade da vida e os valores morais? Com educação e,

sobretudo, com diálogo na família e na escola. A vida ética exige esforço de todos e

é construída dia-a-dia.

Sobre o papel que a escola deve assumir frente a essa temática, enfatiza o Coletivo

de Autores (1992, p. 71):

Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que o jogo se faz ‘a dois’, e de que é diferente jogar ‘com’ o companheiro e jogar ‘contra’ o adversário”.

Especificamente no futebol, o Coletivo de Autores (1992, p. 72) afirma que “há uma

exacerbação do nível competitivo, onde os valores de natureza ética se perdem

frente à busca da vitória a qualquer custo”.

Um aspecto importante a ser considerado é a influência dos meios de comunicação

nas competições esportivas.

Os meios de comunicação tornam o esporte de rendimento um espetáculo ao alcance de todos. Sua influência deve ser debatida na escola, já que são exaltados diversos aspectos: a superação, o corpo, a competição, o esforço, a saúde, entre outros. Para isso, devemos possibilitar aos alunos refletirem se, o que se vê na mídia, é a única possibilidade de prática esportiva (LEITÃO e BETTI, 2009).

Sugere-se, portanto, que o educador considere os recursos midiáticos, já que

produtores de cultura e formadores de opinião, como forma de mediação

pedagógica, como bem salienta o Ministério da Educação:

Voltando-se aos meios de comunicação, especialmente aos jogos de futebol

15

televisionados, assiste-se a atitudes incompatíveis com o respeito mútuo: faltas desleais, tentativa de enganar o juiz (cavar uma falta), insultos, etc. E tais atitudes são, às vezes, glorificadas: um jogador que forja um gol com a mão ou cava um pênalti acaba por ser considerado herói e valorizado na sua esperteza. Ou, de um jogador que cometa falta desleal para salvar seu time de um gol, diz-se que agiu corretamente, que não tinha alternativa, etc. Em resumo, no futebol, acaba valendo a sentença “os fins justificam os meios”. Dada a importância desse esporte na sociedade brasileira, refletir criticamente sobre todos os valores e atitudes nele presentes é imperativo para a conscientização moral dos alunos.

A mídia apresenta o esporte como produto do sistema econômico, refletindo os

valores deste sistema. Sendo assim, é preciso analisar, sob a ótica da ética, o

conteúdo midiático no âmbito da Educação Física escolar, no processo de

reconstrução de valores morais.

O professor é essencial para identificar as situações que podem servir como

fundamentação para a discussão de questões éticas, provocando reflexões sobre

elas e, então, destacar os pontos de vista existentes, os conflitos e as alternativas

para resolvê-las.

O ensino do esporte, por meio das aulas de Educação Física, deve envolver

aspectos de conhecimento, habilidades e atitudes, levando-se em conta as condutas

sociais dos alunos, em suas diversas manifestações. Não só isso, deve se

preocupar com o desenvolvimento moral de seus alunos, de modo que estes

possam se autoavaliar e fazer boas escolhas. Dessa forma, dispõe o Ministério da

Educação:

Portanto, entende-se a Educação Física como uma área de conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. [...] O princípio da inclusão do aluno é o eixo fundamental que norteia a concepção e a ação pedagógica da Educação Física escolar, considerando todos os aspectos ou elementos, seja na sistematização de conteúdos e objetivos, seja no processo de ensino e aprendizagem, para evitar a exclusão ou alienação na relação com a cultura corporal de movimento.

Deve-se resgatar e apresentar aos educandos o “espírito desportivo” proposto por

Gonçalves (1989, p. 87), caracterizado pelo respeito aos regulamentos, oficiais do

jogo e adversários; igualdade de oportunidades entre os competidores e

manutenção da própria dignidade. Em sentido idêntico, o Ministério da Educação

ressalta:

16

Ao interagirem com os adversários, os alunos podem exercer o respeito mútuo, buscando participar de forma leal e não-violenta. Confrontar-se com o resultado de um jogo e com a presença de um árbitro permite a vivência e o desenvolvimento da capacidade de julgamento de justiça (e de injustiça). Principalmente nos jogos, em que é fundamental que se trabalhe em equipe, a solidariedade pode ser exercida e valorizada. Em relação à postura frente ao adversário, podem-se desenvolver atitudes de solidariedade e dignidade nos momentos em que, por exemplo, quem ganha é capaz de não provocar e não humilhar, e quem perde pode reconhecer a vitória dos outros sem se sentir humilhado.

Frise-se, contudo, que não se trata de ensinar aos alunos uma lista de preceitos

morais, ou como devem responder a essa ou aquela situação. Agir com respeito,

solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência, usar o diálogo em diferentes

situações, comprometer-se com o que acontece na vida em comunidade, são ações

e valores que precisam ser estimulados e ensinados aos alunos pela prática diária.

Assim, é importante destacar que não adianta falar de solidariedade e justiça se no

ambiente escolar houver discriminação e descaso. Desse modo, a vida na escola,

seja ela na sala de aula, no recreio, nos jogos, nas reuniões de professores, deve

ser pautada pela ética, para que haja coerência entre o que se ensina e o que se

pratica.

4.3. Intervenção pedagógica: relato da experiência

A abordagem metodológica crítico-superadora propicia ao esporte uma reflexão

crítica útil para se discutir a ética, que é necessária na convivência coletiva. A

referida metodologia, desenvolvida pelo Coletivo de Autores (1992, p. 103-106), em

síntese, leva em conta: a sociedade na qual se está inserido, a sociedade que se

quer construir e o projeto pedagógico daí decorrente; as condutas sociais dos

alunos, tendo a expressão corporal como linguagem; identificação de conflitos no

processo ensino-aprendizagem e superação deles mediante esforço crítico e criativo

coletivo dos alunos; decisões em conjunto entre professor e alunos; tempo

necessário e adequado ao ritmo de aprendizagem; compreensão crítica da

realidade; privilégio da ludicidade e criatividade; avaliação de sentimentos e

significados (intencionalidade e intenções); síntese qualitativa da nota atribuída ao

aluno; e reinterpretação e redefinição de valores e normas.

É importante destacar que no Grupo de Trabalho em Rede – GTR, desenvolvido no

17

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, iniciado com seis participantes e

concluído com cinco, todos motivaram e concordaram com a importância e

pertinência da implementação deste projeto, inclusive propondo sugestões, como

travar discussão com os alunos acerca da situação de professores que inscrevem

atletas fora da idade nos jogos escolares.

A intervenção pedagógica foi implementada junto aos alunos da 6ª série do Colégio

Estadual Professor Paulo Alberto Tomazinho, situado em Umuarama – Paraná,

valendo-se de atividades práticas e recursos audiovisuais que os levassem a pensar

sobre seu comportamento e o dos demais.

Para tanto, foram desenvolvidas as seguintes ações durante o processo de

implementação do projeto na escola:

Ação 1) Reunião com a Direção e Equipe Pedagógica do Colégio, a fim

de apresentar o projeto a ser desenvolvido e esclarecer dúvidas;

Ação 2) Elaboração, com a Direção e Equipe Pedagógica, do cronograma

de implementação do projeto;

Ação 3) Apresentação aos professores e demais funcionários da escola o

projeto de intervenção, o material didático a ser utilizado e explicitar a

implementação. A equipe pedagógica da escola apontou, em instrumento próprio de

avaliação do sistema PDE, a pontualidade e a objetividade apresentada pelo

professor PDE na explanação do projeto e demonstrou interesse, por meio de

questionamentos;

Ação 4) Exposição do projeto aos alunos da 6ª série B, que aceitaram-no

com curiosidade e atenção, inclusive com exemplos e perguntas sobre situações do

cotidiano;

Ação 5) Desenvolvimento das atividades.

Nesta ação, refletiu-se com os alunos a definição de ética a partir de situações

selecionadas do esporte (violência, doping, fraude, insubordinação, ética), por meio

de vídeos, reportagens de jornal e descrição verbal. Ainda, foram avaliados os

conflitos que se apresentaram nas aulas práticas do conteúdo específico Futsal. Os

alunos, durante as aulas, mostraram atenção e os conflitos iniciais não voltaram a se

18

repetir, claramente havendo uma busca pelo bem comum.

Questionou-se aos alunos, na primeira aula da implementação, em vinte e sete de

abril, para que e para quem serve o esporte, a fim de que apresentassem uma

impressão do que pensam do assunto. As perguntas foram respondidas

individualmente e depois em duplas, para que pudessem discutir com os colegas

suas respostas e juntos, elaborar novas respostas.

No dia trinta de abril, em aulas geminadas, apresentou-se a eles um texto crítico,

adaptado do Livro Didático Público3 (2006, p. 12), acerca da origem e evolução do

esporte, propondo as mesmas questões da aula anterior para que respondessem.

Desta vez, quando novamente questionados sobre para que serve o esporte, os

alunos responderam sobre a importância de se exercitar, para manter a autoestima,

saber ganhar e perder e competir moderadamente, de modo a se comunicar com as

outras pessoas em harmonia. Em quatro de maio, ainda em sala de aula, lhes foi

proposta a análise de um texto sobre ética e a interpretação da figura 14, com novas

perguntas. O intuito dessas perguntas era verificar o real entendimento dos alunos

sobre o tema proposto, por meio de discussão entre eles e deles com o professor.

Figura 1: Palavras sussurradas

3 Educação física: ensino médio. Vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006.4 Fonte: <http://palavrassussurradas.net/wp-content/uploads/1aetica.jpg> Acesso em 12 junho 2008.

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Em outra ocasião, em sete de maio, ao final de aulas geminadas de Educação

Física (Futsal), discutiu-se, sob a ótica da ética, algumas das questões que surgiram

durante as aulas: quem jogaria no gol (seria correto obrigar alguém a jogar como

goleiro – alguém com menor habilidade com os pés, por exemplo?)? Quanto tempo

de jogo para os meninos e para as meninas? Quando são formadas três equipes,

quem jogará contra a equipe que ficou esperando será a equipe que venceu o

primeiro jogo? É justo que os melhores joguem mais? Ainda, os meninos brincaram

na lateral da quadra enquanto as meninas jogavam e depois reclamaram quando

elas fizeram o mesmo durante o jogo deles. Os alunos refletiram sobre essas

questões não oferecendo, porém, qualquer resposta conclusiva, uma vez que a ética

se verifica por meio de sucessivos questionamentos e discussões que poderão levar

à mudança de atitudes.

Em onze de maio, os alunos analisaram uma reportagem de jornal que tratava da

recusa da atleta da seleção brasileira de basquete – Iziane – de entrar no jogo

quando o técnico solicitou5. Houve quem se simpatizasse com os argumentos dela e

quem apontasse motivos nos quais a jogadora deveria ter se baseado. Uma vez que

a ética trata da solidariedade e mútua colaboração, a atleta deveria ter pensado na

equipe e a quem estava representando naquela competição.

Em outras aulas, as dos dias quatorze e vinte e um de maio, valendo-se do futsal

para refletir sobre ética, surgiram reclamações dos meninos dizendo que as meninas

não sabiam jogar e questionamentos como: por que não jogar com seis alunos de

modo que não sobrasse nenhum para revezar? Pode-se ficar bravo com quem erra

ou não se esforça no jogo? Dessa forma, buscou-se, trabalhando com suas

diferenças, ensinar o aluno mais hábil a se colocar no lugar do menos habilidoso

para que percebesse em que situações poderiam ajudar outro colega.

Nessa auto-avaliação crítica, o aluno poderá compreender que qualquer indivíduo se

sente injustiçado se seus esforços e ideias não forem valorizados e respeitados.

Também foi exibido aos alunos, na segunda aula do dia vinte e um de maio, um

vídeo chamado “gol legal, mas imoral”6, o qual mostra um jogo onde uma equipe faz

5 Fonte: Afastada da seleção de basquete, Iziane critica técnico. Disponível em <http://br.esportes.yahoo.com/14062008/25/esportes-afastada-da-sele-basquete-iziane-critica-tecnico.html> Acesso em 20 abril 2009.6 Fonte: http://reflexosteologicos.blogspot.com/2009/11/o-gol-foi-legal-mas-imoral.html acessado em

20

um gol sem querer quando vai devolver a bola para o adversário que a havia

chutado para fora do campo para que houvesse o atendimento de um atleta

contundido. O árbitro valida o gol e coloca a bola no meio do campo. A equipe que

fez o gol, contudo, fica parada para que os adversários possam empatar o jogo. Os

alunos destacaram que esta é uma situação rara, pois para os jogadores

profissionais, em regra, importa apenas vencer esquecendo-se, no calor da emoção,

de um comportamento ético.

Para tratar da polêmica sobre o doping, nas aulas do dia vinte e cinco de maio,

apresentou-se uma reportagem de jornal sobre a nadadora Rebeca Gusmão7.

Compararam-se fotos da atleta nos dois últimos Jogos Pan-Americanos em que

percebeu-se o ganho de massa muscular obtido por ela. Os alunos refletiram sobre

a vantagem que o doping proporciona a quem o usa em contrapartida ao mal que

acarreta ao corpo, notando a busca da vitória a qualquer preço.

No dia vinte e oito de maio, as duas aulas práticas de futsal transcorreram dentro da

normalidade. Os alunos buscaram ser justos e compreensivos nas situações de

revezamentos e de erros dos colegas com ações conscientes, e estimadas boas.

Analisou-se um vídeo, em primeiro de junho, sobre brigas de torcidas, chamado: “O

futebol constrói ou destrói?”6. Os estudantes afirmaram que é possível torcer sem

ofender, mas que o xingamento a árbitros, adversários e até a própria equipe é

prática estabelecida e repetida entre os torcedores. Lembraram também que

algumas pessoas se transformam quando estão nos estádios e, para elas, naquele

momento, o que importa é brigar e destruir, sem se importar em pautar a própria

conduta em bases éticas.

Em quatro de junho o tema abordado foi a fraude quanto à idade dos atletas em

jogos colegiais. A título de exemplo analisaram a seguinte situação: um aluno mente

sobre a própria idade para participar dos jogos. A secretaria do colégio corrige a

data de nascimento do menino e o professor e o diretor não percebem ao assinar a

ficha de inscrição. Somente depois do primeiro jogo o professor descobre a mentira.

15/12/20097 Fontes: <http://perfeitapraque.files.wordpress.com/2008/10/rebeca-gusmao-mais-musculosa-no-pan-de-2007.jpg> e < http://www.estadao.com.br/esportes/not_esp50889,0.htm> Acesso em 15 maio 2009.6 Fontes:<http://www.youtube.com/watch?v=6htFEILsLKc&feature=player_embedded

21

O que deveria fazer: denunciar a própria equipe ou apenas excluir o atleta irregular,

já que a organização dos jogos não percebeu a irregularidade? Os alunos

entenderam que somente o atleta que mentiu sobre a própria idade deveria ser

excluído dos jogos, sem prejudicar os demais. Nesta mesma data e em dezoito de

junho, as aulas de futsal transcorreram sem atritos e os alunos demonstraram

interesse em ser mais justos e tolerantes, notadamente com os erros dos outros

colegas e o revezamento e passaram a aceitar melhor o vencer e o perder. Também

brincaram sobre estar ou não sendo éticos.

Ação 6) Socialização da implementação do projeto com os professores da área. Foi

apresentado aos professores de Educação Física do Colégio como foi a

implementação do projeto, o conteúdo transmitido aos alunos, as situações

desportivas analisadas e discutiu-se sobre a participação dos estudantes. A Equipe

Pedagógica da escola concluiu que o tema do projeto possui muita relevância para

atender os problemas da realidade escolar e que o professor PDE teve excelente

articulação, compromisso e iniciativa com a Equipe Pedagógica, professores e a

Equipe Gestora da escola e outros segmentos envolvidos na execução das ações de

implementação da proposta, cumprindo totalmente o cronograma estabelecido para

as atividades. Concluiu-se, por fim, que a proposta do professor PDE contribuiu para

iniciar a reflexão sobre a transformação da área vinculada à proposta.

Pode-se concluir, portanto, que houve uma mudança de postura dos estudantes

entre si; os recursos utilizados ampliaram o nível de compreensão dos educandos

sobre o tema proposto.

22

5. CONCLUSÃO

Após a realização da pesquisa sobre o tema ética, foi possível compreender e inferir

que a educação enfrenta atualmente muitos problemas. Entre os que afetam os

alunos, o mais grave é a falta de valores morais e discriminação, reflexo da crise de

ética que assola a sociedade contemporânea.

A escola representa a diversidade social: as várias etnias, classes sociais, posições

políticas, ideológicas, culturais e religiosas, etc, por isso precisa contribuir para que

os alunos sejam capazes de respeitar essas diferenças.

O esporte escolar contribui com um bom cenário acerca dessa diversidade, daí sua

importância na formação moral do aluno.

É necessário que, na escola, possa-se refletir sobre o que se está aceitando como

normal na conduta humana. Será que para vencer vale tudo? A resposta para esta

pergunta é não, mas nem sempre é esta a mensagem que se recebe do contexto

esportivo.

O esporte usufrui de enorme prestígio, dita costumes e estabelece conceitos, além

de movimentar grandes somas em dinheiro. Tudo isso mostra o quanto pode

influenciar na formação de valores morais. Por isso, acredita-se que o esporte tem

muito a contribuir quando se busca a reflexão sobre o comportamento humano

pautado em uma perspectiva ética.

É preciso incentivar, na formação de nossos alunos, a ideia de que princípios éticos

são necessários para alcançar uma sociedade com justiça e oportunidades para

todos os cidadãos. São necessários exemplos de pessoas compromissadas com o

bem comum, não só no campo das palavras, mas também nas atitudes, e, neste

sentido, o campo da prática esportiva pode se tornar fértil e profícuo.

A ética tem como função refletir, problematizar e nortear a conduta humana, e por

isso, é relevante levar esta discussão para o ambiente escolar, mais precisamente

para as aulas de Educação Física, com o conteúdo estruturante esporte.

Ainda, a aplicação pedagógica deve ter em conta o nível de compreensão dos

alunos em suas respectivas séries de ensino. Nesse sentido, o presente estudo é

23

uma contribuição para novos estudos sobre este tema.

Por meio da proposta feita com a turma da 6ª série do Colégio Estadual Paulo

Alberto Tomazinho, na qual se utilizou da metodologia crítico-superadora

desenvolvida pelo Coletivo de Autores (1992, p. 103-106), submeteu-se aos alunos

a avaliação de situações em jogos, textos e reportagens. Constatou-se que é

possível adotar uma postura ética através de atividades desportivas. Houve uma

mudança de comportamento dos alunos, que passaram a ser mais tolerantes e

respeitosos entre si, especialmente com relação aos colegas menos habilidosos.

No prosseguimento deste estudo, o educador certamente colaborará na formação

moral de seus alunos, apontando as diferenças entre o valor e o contravalor; dessa

maneira contribuirá para o desenvolvimento de verdadeiros cidadãos, capazes de

respeitar e conviver com a diversidade cultural.

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