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Coimbra, 2012 A Europa e os migrantes no século XXI Raquel Nédio

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Coimbra, 2012

A Europa e os migrantes no século XXI

Raquel Nédio

FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Coimbra, 2012

Ficha Técnica

Título do Trabalho:

A Europa e os Migrantes do Séc. XXI

Disciplina: Fontes de Informação Sociológica – 1.º Ano da Licenciatura em Sociologia

Docente: Prof. Doutor Paulo Peixoto Aluna: Raquel Santos Nédio - N.º: 2012131619 Imagem da capa: Imagem consultada em http://i.images.cdn.fotopedia.com/flickr-415742491-hd/People_around_the_World/Europe/Portugal/Contemplative_Man.jpg

FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Coimbra, 2012

Índice

1. Introdução ........................................................................................................................ 1

2. Os desafios dos Imigrantes na Europa ............................................................................. 3

2.1- O estatuto dos imigrantes ......................................................................................... 3

2.2- Cidadania ................................................................................................................... 4

2.2.1- Naturalização dos Imigrantes na Europa .................................................. 4

3. As consequências de se ser Imigrante na Europa ............................................................... 5

4. Em Portugal: história da passagem da Emigração à Imigração .......................................... 8

5. Descrição detalhada da pesquisa ...................................................................................... 10

6. Ficha de Leitura ................................................................................................................. 11

7. Avaliação de uma página da Internet ............................................................................... 17

8. Conclusão .......................................................................................................................... 20

Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 21

Anexo A Página da Internet avaliada

Anexo B Texto suporte da ficha de Leitura (Luís & Roldão, 2010) Luís, F., & Roldão, C. (2010). Migrações, Ciclo Migratório e Envelhecimento dos Imigrantes;

Perfis Sociais de Imigrantes Idosos em Portugal. In F. Luís, & C. Roldão, Imigrantes Idosos: uma

nova face da imigração em Portugal (pp. 17-65). Lisboa: Alto-Comissariado Para a Imigração e

Diálogo Intercultural.

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1. Introdução

Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina Fontes de Informação

Sociológica do primeiro ciclo da licenciatura em Sociologia.

Dos temas propostos pelo docente, o que mais me cativou, foi sem dúvida a “A

Europa e os migrantes do Séc. XXI”, uma vez que poucos terão sido os fenómenos

sociais em toda a história da humanidade que terão tido consequências nas civilizações

tão relevantes quanto as migrações.

Com este tema decidi centrar o meu trabalho nos desafios que se apresentam aos

imigrantes, referindo-me ao estatuto e à cidadania; ou seja, em particular, à

naturalização. O estatuto é fundamental na vida de um imigrante e como se pode ver

no decorrer do trabalho o estatuto social depende de diversos atributos que são tidos

em conta pela sociedade que os rodeia.

Se o estatuto é fundamental para a vida de um imigrante para adquirir um estatuto

social no país que nos acolhe é fundamental a naturalização do indivíduo.

Nesta parte do trabalho, observo o que é a naturalização, quais são os critérios

necessários para a obter e quais as consequências de se ser imigrante na Europa, mais

concretamente nos países como a França, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Suíça,

Espanha, Itália e Portugal tendo em conta os critérios de integração destes países.

E por último, mas não menos importante, falarei da história das migrações em

Portugal. Em seguida, descrevo a informação detalhada da pesquisa e apresento a

ficha de leitura do capítulo do livro selecionado. No final, faço avaliação de uma página

da Internet escolhida por mim e com uma conclusão sobre o tema.

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“ As migrações fazem parte da história da Humanidade.

Desde tempos imemoriais, o Homem sente necessidade de se

deslocar, em busca de meios de subsistência, para fugir de

ameaças físicas e ambientais. O próprio povoamento do planeta se

deve a esta necessidade tão humana que muda de forma tão

definitiva e constante a essência das culturas, das raças e das

línguas.” (AMI - Assistência Médica Internacional, 2007)

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2. Os desafios dos Imigrantes na Europa

1.1 – O estatuto dos imigrantes

O estatuto social depende de atributos objetivos e estáveis, como:

Sexo

Idade

Escolaridade

Profissão

Rendimentos

Estes atributos são avaliados pela sociedade. E tal como os naturais dos diversos

países Europeus, também os imigrantes têm distintos estatutos perante as leis de cada

país.

Há imigrantes que chegam aos países de acolhimento, com vistos de trabalho ou

de negócios o que determina o tempo de permanência, ou seja, poderão vir só por

uma temporada ou a título permanente. Em outros casos, os recém-chegados, passam

pela aquisição de asilo, o que os poderá levar, ou não, a alcançar o estatuto de

refugiados. Segundo, Sarah Spencer existem ainda os que “entram nos países de

destino ao abrigo de outras categorias variadas, que vão das baby-sitters aos

sacerdotes. (…) Os imigrantes poderão ainda estar ilegais quer por terem sido

admitidos regularmente mas terem deixado caducar os seus vistos ou trabalharem

sem autorização, por a própria entrada no país de destino ter tido lugar de forma

irregular”, por exemplo. (Spencer, 2008) No entanto cada país avalia as mais diversas

situações com base nas suas leis internas, dando menos ou mais importância às

diferentes categorias. “Nuns [países] é o reagrupamento familiar que constitui a

categoria maioritária; noutros, a imigração laboral.” (Spencer, 2008)

O que é fundamental reter, é que a forma como os imigrantes passam a viver nos

destinos escolhidos é praticamente determinada pelos estatutos que adquirem nesses

mesmos destinos, ou seja, dependem dos seus estatutos para terem acesso ao

trabalho, aos serviços públicos, à proteção social e à participação no debate público,

por exemplo. 3

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1.2- Cidadania

1.2.1- Naturalização dos imigrantes na Europa

Para se poder compreender de que forma um imigrante se naturaliza, é

necessário saber o conceito. Pois bem, segundo uma enciclopédia livre:

Naturalização - “é um ato pelo qual uma pessoa voluntariamente

adquire uma nacionalidade que não é sua própria pelo simples fato do

nascimento. A naturalização é quase sempre associada às pessoas que

imigraram, estabelecendo-se em países diferentes do que nasceram,

optando por adquirir a nacionalidade do país que as acolheu.”

(Wikipedia, 2012)

Os critérios de naturalização deverão ser claros, em número limitado, precisos

e objetivos. (Aleinikoff & Weil, 2008)

Então para efeitos de naturalização do imigrante, tem-se em conta:

O tempo de permanência no país;

O domínio da língua;

O cadastro criminal;

No entanto, estes critérios nem são demasiado vagos, nem são completamente

extremistas. Ou seja, o tempo de permanência no país não excede os cinco anos, por

exemplo, e o cadastro criminal é mais levado em conta quando a conduta do imigrante

implica a deportação. Mesmo assim, deverá ser evitado a existência de requisitos

como “estrutura moral adequada” ou de “provas de integração social”. Portanto, os

serviços que decidem ou não a naturalização dos indivíduos, deverá ser limitada tanto

quanto for exequível e deve ser também sujeita a escrutínio judicial. (Aleinikoff & Weil,

2008) Sabe-se também que as taxas cobradas pelos serviços prestados não deverão ser

extremamente caras, para não constituir um fator dissuasor.

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3. As consequências de se ser Imigrante na Europa

A Europa com o passar dos anos foi sofrendo várias mudanças, a vários níveis:

económicos, sociais, demográficos, etc.

Ao nível demográfico, a Europa foi atingida por um vasto fluxo de migrações.

Devido a estas grandes mudanças, a Europa deparou-se com um grave problema, o

envelhecimento. Este problema trás consigo a carência de mais imigrantes para que os

países Europeus possam conservar um nível de vida que já tinham alcançado. Outro

facto problemático, que assombra a Europa, tem a ver com os países do Sul, como

diria Carlos Fontes, “ A fonte de recrutamento deixou de ser os países do sul da Europa

(Grécia, Itália, Espanha e Portugal). (…) Acontece que os novos imigrantes são agora

oriundos de regiões do mundo com outras matrizes culturais,” (Fontes, 2004)

implicando assim outro problema.

Os novos imigrantes pressupõem, em alguns países, mudanças relativas aos

modelos de integração, uma vez que com uma maior afluência de imigrantes os

anteriores modelos deixaram de funcionar. Existe, portanto, uma relação de

integração entre os antigos modelos e os novos imigrantes que tem que ser

restruturada. Mas esta necessidade não foi atendida na maior parte dos países,

“continuando estes agarrados aos modelos criados para acolher a imigração

intraeuropeia” (Fontes, 2004)

Em consequência das vagas de novos imigrantes na Europa, países como a França,

Inglaterra, Holanda, Alemanha, Suíça, Espanha, Itália e Portugal implementaram novos

modelos, apesar das poucas reformulações.

França, devagar se ajustou a uma nova realidade. Devido a um grande número de

imigrantes muçulmanos, este país começou, mesmo que devagar, a ser islamizado. “A

França começou então a depurar as suas referências culturais para se ajustar a esta

nova realidade.” (Fontes, 2004) foram implementadas novas medidas, como por

exemplo:

Nas escolas, foram proibidas todas as referências à fonte cristã, de

forma a não criar qualquer tipo de reação por parte dos imigrantes

muçulmanos. 5

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O Estado introduziu novas medidas para conter a manifestação de

enunciações culturais e religiosas dos muçulmanos, como, por

exemplo, a utilização do véu nas escolas.

Inglaterra e Holanda também inteiraram na sua sociedade um novo modelo de

integração, o tão falado, Multiculturalismo. Ou seja, cada imigrante vive da forma que

entender, praticando a sua religião, sem interferir na ordem instituída, em prol dos

direitos do individuo. (Fontes, 2004)

Já a Alemanha e a Suíça impuseram uma separação evidente entre os naturais

dos seus países e os imigrantes. Exemplo disso é o elevado número de imigrantes

turcos existentes na Alemanha, dos quais, poucos deles se conseguiram naturalizar

alemães. A Suíça foi mais longe, e instituiu uma lei que impede e naturalização dos

filhos dos imigrantes que há três gerações vivem no país.

Outros países como a Espanha e Itália deparam-se com situações semelhantes

aos países europeus anteriormente mencionados. Neste caso, por exemplo, a

restituição da mão-de-obra é nos dias de hoje feita pelos indivíduos estrangeiros a

viver nestes países. Isto deve-se também ao facto desses imigrantes apresentarem

uma mão-de-obra mais barata.

Por último e não menos importante, Portugal. Pois bem, Portugal sofre com o

problema do envelhecimento da sua população, devido às baixas taxas de natalidade e

de mortalidade, isto torna uma população mais idosa e consequentemente menos

ativa, no que toca ao mercado trabalho. “Este problema específico do nosso País

acresce ao vasto conjunto de questões que tornam as migrações internacionais uma

matéria candente no Século XXI, carecida de atentas reflexões, mas também,

sobretudo, de medidas políticas adequadas.” (Machete, 2008)

Como um problema nunca vem só, também Portugal se vê com uma elevada

percentagem de imigrantes a viver em condições deploráveis. Já para não falar da

exclusão social que também é uma questão, como diria Carlos Fontes “incontornável”

entre os imigrantes a residir neste país.

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Este problema específico do nosso País acresce ao vasto conjunto de questões

que tornam as migrações internacionais uma matéria candente no Século XXI, carecida

de atentas reflexões, mas também, sobretudo, de medidas políticas adequadas. Tal

como acontece em Portugal, também no resto da Europa o mesmo se sucede.

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4. Em Portugal: história da passagem da Emigração à Imigração

Portugal no século XX, na década de 60, era um país essencialmente de emigrantes,

que atravessavam o oceano Atlântico em busca de novas oportunidades e melhores

condições de vida. Tudo isto, porque vigorava em Portugal um regime ditatorial.

Há vários dados que o comprovam, por exemplo: no Brasil, existiam cerca de 2 milhões

de imigrantes, aproximadamente (22%) entre as décadas de 50 e 84, na Venezuela

eram 8% e nos Estados Unidos cerca de 13%. A escolha destes países por parte dos

emigrantes portugueses era óbvia, como Portugal passava por dias menos felizes em

vários sectores mas essencialmente no económico, o mesmo não se verificava nos

EUA, na Venezuela, no Canadá e no Brasil, tendo estes as condições ideias para

responder às necessidades sentidas outrora em Portugal, por parte dos emigrantes.

No entanto, com o passar dos anos cresciam as Economias da Europa Ocidental.

Estas careciam de mão-de-obra não especializada e possuíam as condições laborais

superiores às de Portugal.

Tal como a França, a Alemanha e Suíça começavam a ser os novos destinos de eleição,

com percentagens bastante significativas de emigrantes, (31% em França, 9% na

Alemanha.) Mas Portugal também começava a “abrir portas”. O estado português

começava a receber imigrantes, essencialmente das colónicas portuguesas,

nomeadamente de Cabo Verde. Exatamente em 1975, com a destituição do Império

Ultramarino, cerca de meio milhão de portugueses que residam em Angola e

Moçambique regressavam a Portugal. Para onze anos depois, com Portugal a entrar na

Comunidade Europeia, os portugueses voltarem a emigrar para o espaço Europeu.

(AMI - Assistência Médica Internacional, 2007) Mas Portugal começara também a

tornar-se cativante para outros países, como o Brasil, os PALOP, alguns países da

Europa Central e Oriental.

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“Seja de que forma se faça, a integração é inevitavelmente um processo

gradual através do qual os imigrantes participam na vida económica, social, cívica e

cultural do país de acolhimento.” (AMI - Assistência Médica Internacional, 2007)

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5. Descrição detalhada da pesquisa

Devido à imensa informação que o tema que escolhi possui, foi-me complicado fazer a

triagem da informação, uma vez que tive sempre receio de não conseguir separar o útil e o

acessório.

A pesquisa da informação passou por sites na internet e livros. Quanto à pesquisa com

recurso à Internet, explorei bastante o motor de busca do Google, utilizando os

operadores booleanos aprendidos na disciplina, usando essencialmente as aspas com o

intuito de encontrar conteúdos essenciais para o trabalho. Algumas das palavras-chave

que utilizei foram: Imigrantes -Migrantes na Europa - Consequências das Migrações -

Migrantes no Séc. XXI.

Com o decorrer da pesquisa deparei-me com o livro sobre migrantes do século XXI,

intitulado " A Europa e os seus Imigrantes no Séc. XXI" em formato digital que me foi

bastante útil na estruturação do trabalho e contribuiu em grande parte para enriquecer o

conteúdo. Este livro espelha bem as particularidades de se ser imigrante na Europa e

todos os processos pelos quais os imigrantes passam para se assumirem como cidadãos do

país que os acolhe.

Quanto ao conteúdo utilizado para a ficha de leitura não me foi muito útil para o resto

do trabalho, tendo por isso me debruçado essencialmente no livro que referi

anteriormente e em páginas da internet.

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6. Ficha de Leitura

Os capítulos selecionados são o capítulo 1. “Migrações, Ciclo Migratório e

Envelhecimento dos Imigrantes” e o capítulo 2. “Perfis Sociais de Imigrantes Idosos em

Portugal” do livro “Imigrantes Idosos: uma nova face da imigração em Portugal”, sendo

seus autores Fernando Luís Machado e Cristina Roldão.

Este livro tem como editora - Alto-Comissariado para a Imigração e Diálogo

Intercultural, sendo o seu local de edição Lisboa, em Janeiro de 2010.

Em termos de disponibilidade de leitura, este livro encontra-se na biblioteca da

Faculdade de Economia, Biblioteca Geral e no Centro de Estudos Sociais, da

Universidade de Coimbra.

Cristina Roldão licenciada em Sociologia e Planeamento, no Instituto

Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), em 2005, tendo como domínios de investigação a

Sociologia da Educação e a Sociologia das Migrações.

Por sua vez, Fernando Luís Machado tem o doutoramento em Sociologia,

Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), em 2001; PAPCC em Sociologia, no

Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), em 1992 e a licenciatura em Sociologia, no

Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), em 1983. Os seus domínios de

investigação são Sociologia das Migrações e da Etnicidade; Sociologia das Classes

Sociais e das Desigualdades; Sociologia da Educação e Sociologia da Sociologia.

Nas páginas 17-65 encontram-se os capítulos mencionados, tendo como data

de leitura Outubro de 2012 e estando integrados no âmbito da disciplina de Fontes de

Informação Sociológica dentro do tema “Migrantes do Séc. XXI”.

O livro está dividido em quatro capítulos, mas só os dois primeiros, como já

referi, é que estão indicados para leitura. Começando pelo primeiro, os autores

debruçam-se sobre a questão do envelhecimento nas sociedades contemporâneas e

sobre o envelhecimento das migrações e dos migrantes em específico.

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Neste capítulo, os autores começam por esclarecer diversos pontos, um dos

quais, é o facto de haver um aumento da esperança média de vida das populações,

sobretudo dos países desenvolvidos o que reflete as boas condições económicas,

sociais e de saúde. O que para os autores passo a citar é “uma inegável conquista

civilizacional”. (Machado e Roldão 2010). Mas apesar do envelhecimento não ser a

causa da quebra da natalidade, o certo é que, por ambos os processos decorrerem ao

mesmo tempo, há consequentemente um aumento de idosos e uma diminuição de

crianças e jovens. Isto acarreta portanto consequências e os autores enumeram

algumas, tais como: o financiamento dos sistemas de proteção social e as respostas

sociais e familiares.

Outro assunto abordado, é o facto de ser difícil definir o que é um idoso e a

partir de que idade realmente é que este fica menos capaz de continuar ativo

profissionalmente, face á idade da reforma estabelecida…”As condições de reformado

e de idoso vão-se progressivamente dissociando.” (Fernandes apud Machado; Roldão,

2010, pp. 22)

“A passagem à reforma é, por isso, muitas vezes, não só uma mudança de

estatuto social, mas uma perda de estatuto social”, tudo porque os reformados deixam

de desempenhar um papel economicamente ativo e assim acabam desvalorizados

pelos outros. Fazendo referência às palavras de Matilda Riley e John Rylei, que falam

de um desfasamento estrutural, pois há indivíduos ainda “capazes, competentes e

disponíveis”, há é falta de “papéis ativos” para eles executarem. (Mauritti apud

Machado; Roldão, 2010, pp. 23-24).

Mais uma vez os autores voltam ao assunto da perda do estatuto social, e vão

mesmo ao fundo da questão, “Ser idoso pode significar desigualdade social, no sentido

de menos oportunidades, menos participação, menos estatuto” (Machado e Roldão,

2010) dando um exemplo de uma situação extrema de desigualdade: os idosos pobres

em Portugal.

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Em seguida Fernando Luís Machado e Cristina Roldão remetem para o facto de

isto se dever às fracas remunerações durante toda a etapa profissional, descontos

inconstantes e tardios para a segurança social o que tem como consequência óbvia, as

baixas pensões. (Mauritti; Capucha; Costa e outros apud Machado; Roldão, 2010, pp.

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Dentro deste mesmo capítulo, os autores falam também das migrações,

objetivamente demonstram que as migrações também passam pelo processo de

envelhecimento e que esse envelhecimento é resultado da sedentarização dos

migrantes, uma vez que quando partem, chegam e muitas vezes ficam, “para sempre”.

Logo “as migrações envelhecem tanto mais, portanto, quanto menor é o número dos

que, após a vida ativa profissional, voltam aos seus países” (Machado e Roldão, 2010).

Os autores evidenciam várias razões pelas quais os imigrantes resolvem ficar,

tais como: uma sensação de distância face ao país de origem, tendo em conta que com

o decorrer do tempo, muita coisa muda. Depois pelo facto de se criarem laços afetivos,

uma vez que constituem família no país que os acolheu e também pelas vantagens que

o mesmo país lhes oferece em termos de qualidade de vida, a todos os níveis. “O

retorno é, de facto, um eterno mito” (Monteiro apud Machado; Roldão, 2010).

Há dois tipos de imigrantes, os imigrantes que envelhecem no destino

escolhido e os reformados que imigram, estes últimos vão à procura de melhores

condições climatéricas e menos custos, de forma a verem as suas reformas a renderem

muito mais. Exemplo disso são os reformados europeus que procuram as amenidades

climáticas e o conforto de zonas de acolhimento equipadas para os receber, como o

Algarve, e vivem desafogadamente. Já os africanos são, na sua maioria, migrantes

laborais que mantêm, na velhice, um padrão socioeconómico desfavorecido, embora

existam exceções.

Apesar de as motivações serem diferentes para estes dois tipos de imigrantes,

para os países de acolhimento as implicações são exatamente as mesmas tanto para

um, como para outro grupo.

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Todo o ciclo migratório inicia-se com a partida dos imigrantes para o país

escolhido, inserem-se na sociedade em questão e em seguida com o passar do tempo

formam família (os seus descendentes) e vão envelhecendo.

Conclusão, “Nem as migrações representam sempre um potencial de

rejuvenescimento demográfico das sociedades de acolhimento, nem os migrantes são

sempre jovens adultos” (Machado e Roldão, 2010), é sim, necessário maximizar as

possibilidades de manter ativos os mais idosos de forma a prolongar tanto quanto

possível a qualidade de vida dos mesmos.

O capítulo dois, carateriza a partir de tabelas com dados estatísticos, os

imigrantes idosos em Portugal.

Neste capítulo os autores debruçam-se em três linhas centrais de mapeamento:

primeiro, há uma caracterização geral dos imigrantes idosos em Portugal, segundo, há

uma identificação de diferentes segmentos de imigrantes idosos, e por último, um

enfoque quanto à questão das desigualdades de género entre os mesmos.

Os imigrantes idosos que existem em maior número são provenientes de Cabo

Verde, Espanha e Reino Unido. Os autores agregam-nos mesmo em contingentes

maiores, ou seja, estes imigrantes chegam essencialmente da União Europeia e dos

PALOP. Este capítulo, demonstra também que os imigrantes idosos, nesta última

década têm aumentado e que os contingentes referidos anteriormente, de onde

provêm esses imigrantes idosos, distinguem-se pela composição sexual dos seus

intervenientes. Nos europeus há maioritariamente homens, e no caso dos africanos,

mulheres.

Outro ponto analisado pelos autores são os falecimentos, “Em termos médios,

o falecimento dos imigrantes idosos tende a ocorrer mais cedo do que na população

homóloga portuguesa” (Machado e Roldão, 2010). Os naturais dos PALOP são os que

morrem mais cedo, uma vez que como imigrantes laborais, têm um desgaste muito

mais rápido, devido às profissões que desempenharam ao longo de toda a sua vida,

até então. Por sua vez, os europeus reformados que resolvem imigrar, são idosos com

bons recursos socioeconómicos e boas condições de saúde.

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No decorrer do capítulo, há também referência ao perfil sociodemográfico dos

migrantes idosos, com dados que confirmam que demograficamente há uma

esperança média de vida muito mais ampla por parte das mulheres.

Os autores afirmam que para haver uma caracterização dos imigrantes idosos,

quanto ao relacionamento quotidiano, há que ter em linha de conta a dimensão

familiar. O estado civil mais frequente entre eles é o casamento, sendo os europeus

quem mais se encontra nesta situação, em contra partida os PALOP e os naturais do

Brasil são os que menos se casam. Quanto à viuvez, é o segundo estado civil mais

frequente.

O perfil socioeducativo é também um nível analisado pelos autores, pois e

passo a citar, “o nível de qualificações é um indicador privilegiado do tipo de migração

em causa, se é laboral ou profissional, por exemplo, e dá-nos uma boa aproximação à

condição socioeconómica dos imigrantes” (Machado e Roldão, 2010)

Ou seja, os imigrantes dos PALOP são os que possuem menos escolaridade. Já

os naturais da UE apresentam a percentagem máxima. Numa situação intermédia de

nível de instrução estão os brasileiros e os indianos.

Quanto às diferenças entre sexos, os homens são mais escolarizados que as

mulheres, em todos os grupos de imigrantes analisados.

Outro nível de avaliação é a condição socioprofissional. Os imigrantes idosos

dependem frequentemente das reformas, do trabalho e do apoio da família. Mais uma

vez, os imigrantes da EU e dos PALOP aparecem novamente em polos opostos.

Os europeus têm pensões de reforma atingirem a expressão máxima e o

trabalho a expressão mínima. Quanto aos imigrantes dos PALOP acontece

precisamente o contrário, do que acontece aos anteriores mencionados. Outra

referência anotar e tendo os portugueses em linha de conta, os imigrantes são menos

trabalhadores por conta própria e mais trabalhadores por conta de outrem,

comparativamente aos idosos portugueses.

Por último, os autores encerram este capítulo fazendo referência aos tipos

sociais de imigrantes idosos, numa breve síntese.

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Há, portanto, vários tipos sociais de imigrantes idosos em Portugal: os que

chegam com bons recursos socioeconómicos de outros países europeus, com posições

sociais e económicas mais privilegiadas; o segundo tipo, é dos imigrantes dos PALOP

que contrariamente aos primeiros encontram-se em situações genericamente

desfavorecidas e vulneráveis à pobreza.

Além destes grupos principais, o estudo analisa também imigrantes idosos

brasileiros e indianos, numericamente menos expressivos mas com poder económico

intermédio.

“As migrações e os imigrantes também envelhecem”, em jeito de conclusão,

esta frase resume o essencial a reter, tendo em conta a leitura destes dois capítulos.

As palavras-chave utilizadas nestes capítulos são: Imigrantes Idosos;

Envelhecimento da População; Migrações; Portugal; Trajetórias de vida.

Em linhas gerais, os autores apresentam uma linguagem coesa, compreensível,

ilustrando bem o que é essencial do acessório. Os dados estatísticos ajudam na

compreensão do texto, mais concretamente a definir o que são idosos, as diferenças

entre idosos imigrantes envelhecidos no destino, dos reformados que já imigram numa

idade “avançada”.

Os temas são bem explorados, apesar de existirem algumas exceções. A meu

ver, devido aos temas estarem tão interligados acabam por aparecer algumas

repetições de ideias anteriormente expostas. Mesmo assim, há o contributo de vários

outros autores ao longo dos dois capítulos que permitem também sintetizar ideias e

facilitar (mais uma vez) a leitura e a interpretação.

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7. Avaliação de uma página da Internet

A página que escolhi para a avaliar foi http://www.acidi.gov.pt/. “Acidi” significa Alto

Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, tem como objectivo

informar/esclarecer sobretudo os imigrantes, sendo este o público alvo.

Esta página da Internet para além de estar em português, está também em inglês, uma

mais‐valia já que estamos a falar de imigrantes.

Quanto à estrutura da página, ao centro da página encontra‐se uma coluna de menus:

És Imigrante? Comunidades Ciganas; Discriminação Racial; Corfebol sem Fronteiras;

Programa Escolhas; Sensibilização e Formação; Observatório da Imigração; Acesso Restrito

com imagens ilustrativas; Parceiros, Links e Contactos da ACIDI que possibilitam obter

diversas informações. Do lado esquerdo tem três ícones que permitem ao utilizador ir para

outras páginas da ACIDI, assim como a do facebook, ou deixar uma mensagem, de forma a

permitir que o utilizador possa ir à procura do que realmente precisa de forma fácil e

rápida. Nesta página não é necessário um grande esforço visual para a leitura integral da

informação.

A página encontra-se bem estruturada, porque tem os menus principais que

facilmente se identificam e outros menus secundários, de modo a que, quem “navega”,

chega facilmente a informação, tendo também um motor de busca interno, para uma

pesquisa ainda mais personalizada.

O autor é a própria instituição ACIDI, no entanto o web engineered foi feita por blip.pt

<http://www.blip.pt/>.

O site colocou também à disposição contactos para o caso de necessidade de alguma

informação adicional. O endereço de URL é de fácil acesso, curto e óbvio.

Esta página tem um conteúdo diversificado, a informação está bem organizada e é fácil de

encontrar o que se procura.

A minha escolha recaiu sobre este site porque incide sobre questões que tratei no

decorrer do meu trabalho, como a Imigração. Para além disso faz referência a legislação,

etnias, notícias e ainda fala de Portugal.

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No geral considero um bom site, uma vez que disponibiliza informação importante

sobre imigração, não só para quem é imigrante e necessita de saber um pouco mais acerca

da sua condição, como para os demais que visitam a página e ficam a saber imensas

coisas. Este site além de tudo, é completamente credível uma vez que é apoiado pelo

Governo de Portugal e pelo Fundo Europeu Para a Integração Dos Nacionais De Países

Terceiros.

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Anexo A – Página da Internet

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8. Conclusão

Com este trabalho procurei explicar alguns dos desafios pelos quais passam os

imigrantes quando partem rumo a outro país e fazem dele a sua nova casa.

Entre esses desafios mencionados falei do estatuto e procurei demonstrar o

quanto o estatuto influencia a vida de um imigrante. Seguindo a mesma ordem de ideias,

demonstrei também como a cidadania e o estatuto dependem um do outro, visto que a

naturalização do imigrante é fundamental para ele obter um estatuto no país que o

acolhe. Quanto à naturalização comecei por explicar o que significa usando como fonte

uma enciclopédia livre, permitindo que depois os critérios identificados como necessários

à naturalização fossem melhor entendidos.

Articulei sobre as consequências de ser imigrante na Europa com o intuito de

demostrar como estão a ser desenvolvidos os modelos de integração adotados por alguns

países e como algumas das medidas acabam por demonstrar mais uma vez que ainda

existe muita discriminação quanto aos imigrantes.

Quanto à imigração em Portugal, abordei um pouco da história deste país que

outrora foi de emigrantes e no século XXI tornou-se um país de imigrantes, no entanto

com o passar dos anos o cenário está mais uma vez a inverter-se devido a diversos fatores

sendo a crise económica que, o nosso país está a enfrentar, que leva a que hajam cada vez

mais emigrantes, pessoas que deixam a sua pátria, as suas famílias em busca de melhores

condições de vida, como aconteceu por diversas vezes no passado.

O fundamental a reter neste trabalho é que tanto a emigração como a imigração

são fenómenos sociais de extrema importância que nos permitem compreender a

organização da sociedade e como a sociedade é determinante na vida de um individuo

recém chegado ao país que escolheu para “(re)iniciar” a sua vida. Daí, que, espero ter

conseguido transmitir o essencial em termos de cidadania e inclusão social em relação aos

imigrantes.

Quanto à realização deste trabalho, permitiu‐me saber mais sobre o assunto das

migrações e possibilitou‐me aprofundar os conhecimentos acerca do tema, bem como, a

possibilidade de aperfeiçoar e colocar em prática tudo aquilo que tinha aprendido durante

as aulas.

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9. Referências Bibliográficas

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Obtido de Imigrantes Somos Todos> - Sapo:

http://imigrantes.no.sapo.pt/page3Envelhecimento.html

Machete, R. C. (2008). Prefácio. In D. G. Papademetriou, A Europa e os seus Emigrantes no

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Papademetriou, D. G. (2008). Gerir melhor as migrações internacionais: Princípios e

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Americana para o Desenvolvimento.

Spencer, S. (2008). O Desafio da Integração na Europa. In D. G. Papademetriou, A Europa e os

seus Imigrantes no Século XXI (pp. 1-34). Lisboa: Fundação Luso-Americana para o

Desenvolvimento.

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livre. Obtido de Wikipédia, a enciclopédia livre:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Naturaliza%C3%A7%C3%A3o

Luís, F., & Roldão, C. (2010). Migrações, Ciclo Migratório e Envelhecimento dos Imigrantes;

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nova face da imigração em Portugal (pp. 17-65). Lisboa: Alto-Comissariado Para a Imigração e

Diálogo Intercultural.

Nota: O estilo usado na realização deste trabalho foi APA Sixth Edition

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