A explosão do EaD

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EntrEvista Presidente da Rhodia revela como a empresa driblou a crise mundial aprEndiz LEgaL Cresce o número de jovens em capacitação e a adesão de empresas

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O Ensino a Distância cresce e democratiza o acesso ao conhecimento. O EaD veio para ficar! Modalidade de ensino ganha cada vez mais adeptos no paí e democratiza acesso ao ensino superior.

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EntrEvistaPresidente da Rhodiarevela como a empresadriblou a crise mundial

aprEndiz LEgaLCresce o número de

jovens em capacitaçãoe a adesão de empresas

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Se existe uma novidade na área do en-sino nos últimos anos, sem dúvida ela passa pela educação a distância. Impul-sionada pela internet, a nova modalida-de vem caindo no gosto popular e cresce em ritmo acelerado no Brasil, que já so-mava 2,64 milhões de alunos em 2008. Desses, 1,07 milhão estava matriculado em cursos autorizados pelo Ministério da Educação (MEC); 1,07 milhão em cursos livres; e 498 mil em iniciativas corporativas, segundo o último levanta-mento do Censo EaD.br, divulgado em setembro de 2009. A graduação partici-pava do total com 761 mil alunos, ante 369 mil no ano anterior – um aumento

EaD VEIO PARA FICARModalidade de ensino ganha cada vez mais adeptos no país, e democratiza acesso ao ensino superior.

de mais de 100% – e há estimativas bem fundamentadas de que as matrículas já tenham ultrapassado um milhão neste início de 2010. A tendência de cresci-mento também é verifi cada no progra-ma de educação a distância do CIEE, voltado à preparação para a delicada fase de ingresso no mercado de trabalho. Em novembro de 2009, a procura pelos 28 cursos da grade, ofertados gratuitamen-te aos estudantes cadastrados no portal www.ciee.org.br, ultrapassou a marca histórica de um milhão de matrículas.A facilidade de acesso, os preços mais em conta em relação aos cursos pre-senciais e, principalmente, a fl exibili-

de mais de 100% – e há estimativas bem fundamentadas de que as matrículas já

dade de horário são os pontos positivos mais citados pelos estudantes. “Se não fosse a educação a distância, difi cil-mente conseguiria fazer um curso de graduação”, afi rma Márcia de Fátima dos Santos Dias, estudante do curso de EaD em Pedagogia, da Faculdade COC, de Ribeirão Preto/SP. Moradora de Osasco, na Grande São Paulo, e mãe de duas crianças, ela resolveu apostar nas aulas pela internet para comple-mentar o curso de magistério que fez no ensino médio e se capacitar para dar aulas de educação infantil. “O fato de poder organizar o próprio tempo para assistir às aulas é um chamariz impor-

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cia assustou-se com o volume de mate-rial para ler e aulas para acompanhar.

“Achei que fosse mais fácil, porém o curso exige muita dedicação e

disciplina”, ressalta. Apesar da praticidade, a futura peda-

goga sabe que não pode se acomodar.

Perfi l diferenciado. Os alu-nos de EaD precisam ser muito

bem organizados para criar um sistema de estudos com responsabi-lidade em relação ao aprendizado. O esforço e a disciplina devem nortear as ações para o aluno atingir resulta-dos satisfatórios. “Apesar de oferecer maior fl exibilidade do que um curso presencial, a EaD exige esforço ex-tra do estudante, por ter de ser ele o próprio regente do estudo”, diz Car-los Alberto Chiarelli, ex-ministro da Educação e atual presidente da Asso-ciação da Cadeia Produtiva de Edu-cação a Distância (Aced). “Acima de tudo, para se dar bem, o aluno preci-sa querer aprender.”O perfi l do estudante dos cursos a

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rial para ler e aulas para acompanhar. “Achei que fosse mais fácil, porém

o curso exige muita dedicação e disciplina”, ressalta. Apesar da

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cia assustou-se com o volume de mate-rial para ler e aulas para acompanhar.

“Achei que fosse mais fácil, porém o curso exige muita dedicação e

disciplina”, ressalta. Apesar da praticidade, a futura peda-praticidade, a futura peda-

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bem organizados para criar um bem organizados para criar um sistema de estudos com responsabi-sistema de estudos com responsabi-lidade em relação ao aprendizado. O lidade em relação ao aprendizado. O esforço e a disciplina devem nortear esforço e a disciplina devem nortear as ações para o aluno atingir resulta-as ações para o aluno atingir resulta-dos satisfatórios. “Apesar de oferecer dos satisfatórios. “Apesar de oferecer maior fl exibilidade do que um curso maior fl exibilidade do que um curso presencial, a EaD exige esforço ex-presencial, a EaD exige esforço ex-tra do estudante, por ter de ser ele o tra do estudante, por ter de ser ele o próprio regente do estudo”, diz Car-próprio regente do estudo”, diz Car-los Alberto Chiarelli, ex-ministro da Educação e atual presidente da Asso-ciação da Cadeia Produtiva de Edu-cação a Distância (Aced). “Acima de tudo, para se dar bem, o aluno preci-sa querer aprender.”O perfi l do estudante dos cursos a

neCessidademárcia: sem ead não faria faculdade.

distância é bem diferente daquele do jovem que frequenta aulas presen-ciais. Com 80% concentrados na re-gião Sudeste, os alunos de EaD estão, em sua maioria, na faixa dos 30 aos 34 anos, enquanto nos cursos presen-ciais fi cam entre 19 e 24 anos; 46% ganham até três salários mínimos, índice que cai para 26% no ensino presencial. O censo EaD.br mostra ainda que 37% fazem pós-graduação, 26,5% estão na graduação e 34,6% em cursos tecnológicos ou de comple-mentação pedagógica. No Sudeste, 80% frequentam escolas particulares. Já no Norte e Nordeste, ocorre o con-trário: 80% dos alunos pertencem a instituições públicas.Aluna de EaD de Pedagogia e Ciên-cias Sociais, Maria da Conceição Lon-guinhos Vallagão é carioca, mora em Aracaju/SE e estuda na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), sediada em Canoas/RS. Mãe de dois fi lhos, está aprovando as aulas: “é como se eu tivesse a faculdade dentro de casa”. Segundo ela, sem a EaD seria impossível conciliar os trabalhos de mãe, dona de casa e ainda

tante”, diz. Segundo Márcia, se tivesse de seguir um curso presencial, a cria-ção dos fi lhos fi caria comprometida. Mas quem pensa ser mais fácil chegar à graduação a distância pela ausência da cobrança direta do professor, engana-se redondamente. No início do curso, Már-

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fazer os dois cursos de graduação. No entanto, dedicação não lhe falta. “Tudo para poder realizar o sonho de trabalhar com crianças.” A mobilidade da EaD em um país-continente como o Brasil chama atenção nos dados do censo: 42% dos alunos matriculados estão em outro estado que não o da faculdade. Levan-do-se em conta apenas as graduações – setor em que mais cresceu a procura e oferta – as áreas com maior número de cursos são de Educação e Pedago-gia (552), Administração, Recursos Humanos e Gestão (345), Computa-ção e Tecnologia (118) e Direito (105). Em 2008, foram lançados 269 novos cursos de EaD, 90% a mais do que o verifi cado um ano antes.Para Eduardo Sakemi, superintendente de Tecnologia de Informação e da Edu-cação do CIEE, a EaD tem a vantagem de trabalhar com custos mais reduzidos, o que favorece o surgimento de cursos novos a cada ano. “É o uso da tecnolo-gia da informação facilitando e levando conhecimento às pessoas”, diz. Já o dire-tor-adjunto de Educação a Distância do Grupo Anhanguera Educacional, Lucia-

no Sathler, acredita que os custos podem ser uma barreira para o crescimento da EaD, se os investimentos não forem fei-tos com responsabilidade e critério. “É preciso ter cuidado com os profi ssionais de TI, pois sempre querem o mais atual, o mais seguro e o mais controlável, ou seja, geralmente o mais caro”, brinca.Para Sathler, a escola no Brasil passa por um momento de crise e a EaD pode ser um caminho para a recuperação. “Hoje é muito comum os alunos estarem mais

atualizados do que o professor, princi-palmente pelo uso da tecnologia”, afi r-ma. Segundo ele, a EaD abre espaço para a construção de novas práticas e altera o paradigma que ainda conduz a forma-ção acadêmica. Ela inclui uma diversida-de de possibilidades de usos criativos das tecnologias, viabilizando novas formas de contato com as mais variadas fontes do conhecimento e a interação entre os usuários. “Isso pode qualifi car a relação de aprendizagem sem se desfazer das metodologias que o sistema presencial de ensino já consolidou.”

Resistência e preconceito. No entan-to, essa mudança de paradigma, que traz um novo papel tanto para o alu-no como para o professor, ainda sofre resistências. O preconceito contra o diploma de cursos de educação a dis-tância, embora tenha diminuído nos últimos anos, ainda existe. “Quem dis-crimina é quem não conhece”, enfatiza Ricardo Holz, presidente da Associa-ção Brasileira dos Estudantes de EaD (ABE-EaD). O questionamento sobre a qualidade dos cursos de EaD sempre

Luciano sathler: alunosestão mais atualizados.

Carlos Chiarelli: esforçoextra do estudante de ead.

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na mOsCarenata: “Fui buscar um curso forte no mercado, e não me arrependo.”

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está na pauta de quem rejeita a nova modalidade. Porém, um estudo reali-zado pelo Instituto Nacional de Pesqui-sas e Estudos Educacionais (Inep) com base no Exame Nacional de Desempe-nho dos Estudantes (Enade), mostrou que alunos de EaD tiram as mesmas notas emplacadas por seus colegas das aulas presenciais.O estudo analisou jovens formados com características semelhantes – ida-de, renda, estado civil, se trabalha ou não – para que as variáveis não atra-palhassem a comparação entre os dois tipos de alunos. Utilizando as notas do Enade de 2005, 2006 e 2007, os pes-quisadores analisaram quatro cursos a distância: Administração, Pedagogia, Matemática e Serviço Social. Na com-paração dos dois grupos isolados, a di-ferença entre os estudantes de mesmo perfi l foi de 0,23 a favor dos presen-ciais, um índice que estatisticamente é considerado igual a zero. Já no quesito notas médias, considerando todos os alunos dos dois grupos, os do ensino a distância fi caram à frente, por 6,7 pon-tos. Um relatório do Departamento de Educação dos Estados Unidos, do ano passado, também mostrou que os alunos de EaD se saem melhor que os demais ou se igualam a eles, porque de-

Frederic Litto: 30 mil profi ssionais em ead.

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Secretário de Educação a Distância do Ministé-rio da Educação, Carlos Eduardo Bielschowsky acredita que ainda há espaço para cursos de EaD no país. E para ga-rantir a qualidade das ofertas, o MEC está re-desenhando a regulação e a supervisão dos cur-sos e universidades.

Agitação – Quais os cui-dados que o aluno deve ter na escolha de um curso de EAD?Bielschowsky – Recomendo aos estu-dantes, ao procurar uma instituição de EAD, que observem a qualidade da en-tidade como um todo. Sempre uma boa instituição tende a oferecer um curso presencial ou a distância de boa qualida-de. O segundo ponto é buscar na página do MEC (siead.mec.gov.br) se a institui-ção e o polo de apoio presencial está credenciado. Recomendo também que visitem o polo, porque, para o curso de graduação, o estudante vai obrigatoria-mente estar vinculado ao polo, onde deverá contar com toda infra-estrutura – com computadores, biblioteca e labo-ratórios. Agitação – Cerca de 80% dos alunos de EAD estão na região Sudeste. Como fa-zer para universalizar a modalidade pelo país?Bielschowsky – No início, as pessoas procuraram a EaD porque não tinham outra opção. Estavam no interior e não tinham uma universidade de qualidade onde moravam ou trabalhavam, e não conseguiam frequentar a universidade. Agora, cada vez mais, cresce o número de pessoas que optam porque gostam do método. De alguma maneira, prefe-

aumEnto EXprEssivo, mas nÃo dEsEnfrEado

rem uma metodologia na qual eles têm mais au-tonomia. Eles fi cam me-nos tempo assistindo a uma aula, e mais tempo discutindo e construin-do seu conhecimento.

Agitação – A qualidade dos cursos ainda é uma preocupação do MEC?Bielschowsky – Esta-mos redesenhando toda a regulação e supervisão

para alcançar um patamar de qualida-de dentro de critérios que aprendemos mais recentemente: atuar no setor públi-co fi nanciando, incentivando para que ele cresça, e atuar tanto no setor público quanto no privado, exigindo qualidade, elevando a EaD a um patamar de qua-lidade para que ela cresça e se estabeleça defi nitivamente. Agitação – Como diminuir o preconceito em relação ao ensino a distância?Bielschowsky – Acreditamos que o pre-conceito está diretamente ligado ao des-conhecimento e temos ótimos exemplos de universidades no país com cursos de qualidade. Além disso, 2009 foi excep-cional para a EaD, com grandes avanços quantitativos e qualitativos. Consegui-mos um aumento expressivo da oferta de cursos, mas o aumento expressivo não foi desenfreado. Segundo os resulta-dos do Enade, das 13 áreas em que se po-dem comparar estudantes da educação presencial com aqueles a distância, ob-servamos que em sete – administração, biologia, ciências sociais, física, mate-mática, pedagogia e turismo – os alunos de EaD foram melhores. Ou seja, não houve nenhuma diferença signifi cativa entre a formação de alunos do ensino da educação a distância para os presenciais.

Carlos Bielschowsky: autonomia.

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dicam mais tempo às atividades online do que às tarefas presenciais.Para o ex-ministro Chiarelli, esses dados, além das boas colocações de estudantes de EaD no rigoroso exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), demonstram que existem ins-tituições sérias e comprometidas com a educação. “É uma ideia errônea, tan-to cultural como histórica, que o en-sino deve ser exclusivamente presen-cial, pois a primeira professora sempre foi a mãe; o ensino começa em casa.” Segundo ele, o avanço da tecnologia gera essa sensação de insegurança nas pessoas que não conhecem a estrutura nem a dinâmica dos cursos a distân-cia. “Toda mudança é recebida com temor, mas a educação a distância será essencial no futuro.” Um futuro que talvez não esteja tão distante como possa parecer, levando-se em conta a curta história da internet e seu espantoso sucesso no Brasil. Em fevereiro de 1995 – há 15 anos, portan-to –, a Embratel selecionava 250 usu-ários para participar do projeto piloto do primeiro provedor comercial de acesso do país, iniciando o processo de democratização que transformaria os brasileiros nos campeões mundiais tanto de navegação em páginas quanto de tempo de permanência. Hoje, o ins-

tituto de pesquisas Ibope Nielsen Onli-ne calcula que, considerando todos os ambientes (casa, trabalho, escola, lan-houses, telecentros), perto de 65 mi-lhões de brasileiros podem se conectar à rede mundial, e desses, mais de 42 milhões têm computador em casa e o encaram cada vez mais como um faci-litador da vida moderna. Portanto, não é preciso grandes rasgos de imaginação para vislumbrar as perspectivas da fun-

ção “escola” do computador.

Reprovação em massa. A baixa qua-lidade de ensino não é um problema exclusivo dos cursos de EaD. É uma realidade vivida também no ensino pre-sencial brasileiro. Recentemente, o Con-selho Regional de Medicina de São Paulo (CRM-SP) reprovou 56% dos alunos de sexto ano de universidades paulistas. O exame é voluntário e não impede o exer-

O 7º Dia Nacional de Educação a Distância foi comemorado em 27 de novembro no Teatro CIEE, em São Paulo, durante o 4º Encontro CIEE-ABED de EaD, que teve como tema central a Educação a distância no universo corporativo. Especialistas de várias áreas de atuação no segmen-to de EaD compareceram ao semi-nário, aberto por Eduardo Sakemi, superintendente de Tecnologia da Informação e da Educação do CIEE, e por Frederic Litto, presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). Litto apresen-tou a expansão do setor, que teve

um crescimento em torno de 1.000% em matrículas nos últimos seis anos. “Hoje, 30 mil profi ssionais trabalham com educação a distância no Brasil”, disse. Acrescentou que, para qualifi -car os profi ssionais, a Abed criou uma certifi cação de competências, que será uma espécie de título de especialista concedido aos profi ssionais que pas-sarem por uma prova teórica e prática. “Assim, estaremos contribuindo para aprimorar a qualidade dos serviços.”Ao receber o prêmio Abed-Senai de Jornalismo para EaD – por uma sé-rie de reportagens que foram ao ar no Jornal Nacional, da TV Globo –, o re-

Ferramenta de dimensão nacional

maria de Campos maia: liderança brasileira em mídias digitais.

airton Camargo, da CVC: foco nos negócios e aprendizagem contínua.

ricardo Holz, da aBe-ead: “quemdiscrimina não conhece a ead.”

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sencial brasileiro. Recentemente, o Con-selho Regional de Medicina de São Paulo (CRM-SP) reprovou 56% dos alunos de sexto ano de universidades paulistas. O exame é voluntário e não impede o exer-

um crescimento em torno de 1.000% em matrículas nos últimos seis anos. “Hoje, 30 mil profi ssionais trabalham com educação a distância no Brasil”, disse. Acrescentou que, para qualifi -

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pórter Alan Severiano confessou: “Por meio dessas matérias percebi a dimen-são da EaD e o que ela pode fazer pelo Brasil, tornando-se essencial para de-mocratizar nosso ensino”. Zélia Ribas Varajão Teixeira Soares, gerente educa-cional do CIEE, liderou um painel so-bre culturas digitais e o avanço de EaD nas empresas. “O que me espanta é que em 2009 ainda estamos falando em res-trições”, ressaltou, referindo-se a possí-

cício da medicina, mas mostra um dado preocupante. Essa tendência também é verifi cada em outros cursos, como o de direito, no qual o exame da OAB-SP reprovou quase 90% dos candidatos na primeira fase, em maio de 2009.O presidente da ABE-EaD admite que algumas instituições que oferecem cur-sos a distância estão com problemas. “O papel da nossa instituição é identifi car os problemas e ajudar essas instituições”, diz Holtz. No entanto, ele reclama da pos-tura muitas vezes autoritária do gover-no. “O MEC fechou o curso da Unitins (Fundação Universidade de Tocantins), deixando 60 mil alunos a ver navios, de forma rápida, sem dar um tempo para que a instituição pudesse implementar melhorias. Não vemos isso acontecer no ensino presencial.”De acordo com Carlos Eduardo Biels-chowsky, secretário de Educação a Dis-tância do MEC, a EaD cresceu muito

rápido e ne-cessitou de um processo de supervi-

são. “Estamos fa-zendo a supervisão em todas as universi-dades; atualmente em 23 universidades que representam quase 85% de todos os alunos, olhando os polos, o material di-dático, estudando profundamente cada instituição”, diz. Segundo o secretário, as universidades estão se adaptando e investindo pesadamente. “Acredito que no fi m desse processo, teremos uma boa oferta, para que o aluno receba seu di-ploma e possa exercer sua profi ssão com dignidade e qualidade.” Para ajudar na busca pela melhor quali-dade de ensino dos cursos, a ABE-EaD fez uma pesquisa com cerca de 15 mil estudantes de EaD, que responderam a um questionário com quarenta per-guntas técnicas, para avaliar a qualidade das aulas, do tutor, do atendimento via telefone, via e-mail e sobre o curso em si. Das respostas, surgiu um ranking das melhores instituições de EaD, segundo a ABE-EaD. A primeira colocada foi a Fundação Getúlio Vargas (FGV), segui-da pela Faculdade da Associação Inter-

nacional da Educação Continuada (Aiec), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), PUC-MG e Uninter/PR. A Unitins fi cou na última colocação, no ranking que listou 56 instituições.A engenheira agrônoma Renata Rodri-gues Vidal experimentou o curso de ex-tensão de EaD em Gestão Ambiental da FGV-RJ. Foram dois meses de ativida-des online com muitas leituras, resenhas e trabalhos pela internet. “Fui buscar a especialização em uma instituição forte no mercado e não me arrependo”, afi r-ma. Segundo ela, o curso despertou o interesse sobre o assunto e abriu as por-tas para buscar consolidar-se na área.

veis discriminações que estudantes de EaD sofrem em algumas empresas.Maria de Campos Maia, professora da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e da FGV, trouxe um panorama sobre o mundo digital no Brasil. Segun-do ela, o país é o líder em mídias digitais no mundo, além de ser o campeão mun-dial de tempo de navegação, com média de 22 horas e 47minutos por mês, e um dos países onde há mais lançamentos de cursos em âmbito corporativo – foram dois mil no ano passado, com o objetivo de melhorar o projeto de ensino e apren-dizagem e manter o aprendizado ativo. Supervisora de EaD do CIEE, Rosa Ma-ria Simone destacou a importância da nova modalidade frente às necessidades do mercado atual. “A EaD tem crescido

no mundo corporativo para aprimo-rar as competências dos seus cola-boradores, deixando-os atualizados e mais preparados para as exigências do mercado.”Quem não se atualizar, não terá con-dições de acompanhar a velocidade das mudanças exigidas no mundo corporativo.Na CVC, empresa brasileira líder no mercado de viagens e turismo, a Uni-versidade CVC surgiu para atender a área comercial da empresa, capa-citando os funcionários espalhados pelo país. “Fazemos uma aprendi-zagem contínua com autodesenvol-vimento e foco nos negócios”, revela Airton Camargo, gerente de Recur-sos Humanos.

problemas e ajudar essas instituições”, diz Holtz. No entanto, ele reclama da pos-

são. “Estamos fa-zendo a supervisão em todas as universi-dades; atualmente em 23 universidades que representam quase 85% de todos os alunos, olhando os polos, o material di-dático, estudando profundamente cada instituição”, diz. Segundo o secretário, as universidades estão se adaptando e investindo pesadamente. “Acredito que no fi m desse processo, teremos uma boa oferta, para que o aluno receba seu di-ploma e possa exercer sua profi ssão com

nacional da Educação Continuada (Aiec), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), PUC-MG e Uninter/PR. A Unitins fi cou na última colocação, no ranking

tância do MEC, a EaD cresceu muito rápido e ne-cessitou de um processo de supervi-

si. Das respostas, surgiu um ranking das melhores instituições de EaD, segundo a ABE-EaD. A primeira colocada foi a Fundação Getúlio Vargas (FGV), segui-da pela Faculdade da Associação Inter-

veis discriminações que estudantes de EaD sofrem em algumas empresas.Maria de Campos Maia, professora da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e da FGV, trouxe um panorama sobre o mundo digital no Brasil. Segun-do ela, o país é o líder em mídias digitais no mundo, além de ser o campeão mun-

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“No meu estágio, estava com problemas de relacionamento. Entrei no site do CIEE e fi z o curso de Relacionamen-to interpessoal, que melhorou minha relação com as pessoas no ambiente da empresa; depois, para participar de uma dinâmica e concorrer a um em-prego, recorri aos módulos Dinâmicas e testes e Entrevista: como encará-la. Fui selecionada e hoje trabalho na recepção de uma faculdade, e sou muito grata ao CIEE por oferecer esses cursos tão im-portantes para mim e para todos que constantemente buscam o aprimora-mento.” Esse é o relato de Sara Sindy, de Natal/RN, uma das alunas do programa de Educação a Distância do CIEE, que em novembro ultrapassou a marca de um milhão de matrículas, auxiliando estudantes em busca de qualifi cação para o mercado de trabalho. Criado em 2005, o programa veio am-pliar o alcance dos cursos gratuitos presenciais desenvolvidos pelo CIEE,

sucesso comprovadoCIEE atinge um milhão de matrículas na EaD, em quatro anos.

estendendo a estudantes do país inteiro o acesso à sua expertise de 46 anos no delicado processo de inserção do jovem no mundo do trabalho. Os resultados demonstram que a iniciativa alcançou o sucesso desejado, na opinião dos maio-res interessados, que são os alunos. Para 72% dos 5.405 estudantes que respon-deram a uma enquete postada no portal do CIEE no início de 2009, os cursos contribuíram para a aprovação nos pro-cessos seletivos a estágio. André Bastos Rios de Melo, 19 anos, credita grande parte do seu direciona-mento profi ssional ao EaD do CIEE. Ele conseguiu um estágio no Banco do

Brasil, depois de ter complementado seus conhecimentos com os cursos a distância Fundamentos de rede e Flash. Na época, era estudante do curso técni-co de Administração de redes. “Sempre gostei da área de TI, mas depois do EaD fi quei ainda mais interessado”, diz o jo-vem, que hoje já está no curso superior de Análise de Sistemas e trabalha numa empresa de soft ware em Brasília/DF.

Temas valorizados. A cada ano, novos cursos são lançados atendendo à de-manda de mercado, bem como o núme-ro de usuários. Em 2009, quatro novos temas enriqueceram a grade, elevando para 28 o leque de opções oferecidas aos estudantes interessados em estágio ou no programa Aprendiz Legal: Métodos e técnicas de pesquisa, Apresentações em PowerPoint, Novo acordo ortográfi co: o que mudou, e Programa Estagiário CIEE – este último destinado exclusivamente

BOns resuLtadOsandré Bastos, conquista de estágio após cursos de educação a distância.

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aos estudantes que assinaram pela pri-meira vez um contrato de estágio por intermédio do CIEE.O número de matrículas nos cursos cresceu 8% em 2009. Os cursos abor-dam temas valorizados pelas empresas na linha comportamental, técnica e conceitual. O mais procurado é o Mi-crosoft Excel com 68.677 matrículas des-de o seu lançamento em setembro de 2006, seguido por Atualização grama-tical, com 68.006 matrículas. Para obter os certifi cado nesse curso específi co, o aluno deverá passar pela prova fi nal, cujo resultado contará pontos no seu currículo como candidato a estágio por intermédio do CIEE. Caso não obtenha aprovação, terá uma segunda chan-ce de avaliação. Nos demais, os alunos são submetidos a desafi os para checar a assimilação do conteúdo e só avançam para as etapas seguintes depois de acer-tar os testes.

Os bastidores. Para oferecer mais esse serviço gratuito aos estudantes, o CIEE conta com uma equipe de 16 profi ssio-nais vinculados à Gerência Educacional, que é subordinada à Superintendência de Tecnologia e Educação. São espe-cialistas em educação a distância – pe-dagogos, psicólogos, web designers e estagiários. Eles são responsáveis pelo desenvolvimento do conteúdo, design e tutoria. “Para manter a atualidade dos temas e o padrão de qualidade, a equipe está sempre em contato com instituições de ensino, empresas e os próprios estu-dantes, visando criar e desenvolver mó-dulos que atendam às reais necessidades de mercado”, destaca o superintendente Eduardo Sakemi. “Há todo um cuidado especial para que esses conteúdos sejam transmitidos com clareza e objetividade, por isso a linguagem utilizada é a mais próxima possível da realidade do estu-dante”, acrescenta Rosa Maria Simone, supervisora do Programa EaD do CIEE.Ao se conectar ao programa num cam-

po específi co do site www.ciee.org.br, o usuário pode visualizar a relação dos cursos, informa-ções gerais e alguns slides-shows, com demonstração do conteúdo. Além de apostila para download, os alunos con-tam com monitoria on-line, esclareci-mento de dúvidas em salas de bate-papo, chats, FAQs (frequent asked questions ou dúvidas mais frequentes) e a possibi-lidade de trocar e-mail com seus tutores. Todos os cursos oferecem certifi cados para os aprovados. “Há várias maneiras de se comunicar para que o estudante

tenha motivação para dar sequência ao curso”, destaca a psi-

cóloga Juliana Braga, uma das tutoras do programa. O EaD tem uma metodologia própria, diferente de estar numa sala de aula presencial, peculiaridades que são apontadas nos manuais fornecidos aos usuários. “Em 1978, a revista inglesa Change publicou uma matéria dizen-do que a educação a distância é a única inovação educacional do século e nossos dados comprovam; é a saída”, conclui Zélia Ribas V. T. Soares, gerente educa-cional do CIEE.

dicas para o sucEsso da aprEndizagEm

po específi co do site www.ciee.org.br, o usuário pode visualizar a relação dos cursos, informa-

tenha motivação para dar sequência ao curso”, destaca a psi-

cóloga Juliana Braga, uma das tutoras do

1 Interagir sempre com o seu tutor e nunca se sentir sozinho;

2 Dar valor ao estudo e às tarefas a serem cumpridas;

3 Manter viva a autoestima e confi ar na sua própria capacidade;

4 Defi nir os melhores locais de estudo e se dedicar em média 30 minutos diários ao

curso para melhor assimilação do conteúdo;

5 Sempre será necessário disciplina, capacidade de organização e vontade de apren-

der, receita básica das pessoas bem sucedidas.

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