A FADIGA NA ESCLEROSE MÚLTIPLA: A APLICAÇÃO DA …

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1 Revista Científica Educandi & Civitas Volume 1 Número 1 Dezembro/2018 https://educandiecivitas.fabic.edu.br A FADIGA NA ESCLEROSE MÚLTIPLA: A APLICAÇÃO DA ACUPUNTURA PARA AMENIZAR SEUS EFEITOS. THE FATIGUE IN THE MULTIPLE SCLEROSIS: THE APPLICATION OF THE ACUPUNTURA TO BRIGHTEN UP ITS EFFECT. Alexander da Silva Lima Faculdade de Ciências Médicas e Jurídica FACMED E-mail: [email protected] Resumo: A Fadiga atinge cerca de 75% a 95% dos pacientes com Esclerose Múltipla (EM), e que 50% a 60% relatam como sendo seu pior sintoma. Através de uma revisão de literatura este artigo apresenta possíveis fatores que influenciam a fadiga nos pacientes com Esclerose Múltipla, e apresenta a técnica da Acupuntura para avaliação e tratamento da Fadiga, amenizando os seus efeitos, e trazendo com isso benefícios na qualidade de vida dos pacientes. Palavras-chave: Palavras-chave: Esclerose Múltipla, Fadiga, Acupuntura. Abstract: Fatigue affects about 75% to 95% of patients with Multiple Sclerosis (MS), and 50% to 60% report as their worst symptom. Through a literature review, this article presents possible factors that influence fatigue in patients with Multiple Sclerosis, and presents the Acupuncture technique for the evaluation and complementary treatment of Fatigue, and with this, to mitigate its effects, and bring benefits to the quality of patients. Keywords: Multiple sclerosis, Fatigue, Acupuntura. 1. INTRODUÇÃO A Esclerose Múltipla (EM) ou disseminada é o distúrbio desmielinizante mais comum. É usualmente pleomórfica e difícil de definir completamente na ausência de provas diagnósticas especificas (BEESON & McDERMOTT, 1973). O quadro anátomo-patológico caracteriza-se pela presença de numerosos focos de desmielinização e esclerose, no interior do Sistema Nervoso Central (SNC) (ROWLAND, 1986), sendo o principal membro de um grupo de distúrbios conhecidos como doenças desmielinizantes (STOKES, 2000). A EM é uma doença desmielinizante registrada pela primeira vez em 1822, pelo Nobel da Paz inglês, Sir Augustus D’Este, e, mais tarde, em 1858, ilustrada num livro de anatomia por um ilustrador médico inglês. O Dr. Jean Cruveibier, médico francês, que foi o primeiro a utilizar a expressão “ilhas de esclerose” na descrição, à autopsia de tecido endurecido. Contudo, foi o Dr. Jean Charcot em 1868 quem definiu a doença através de seus achados físicos e patológicos

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A FADIGA NA ESCLEROSE MÚLTIPLA: A APLICAÇÃO DA

ACUPUNTURA PARA AMENIZAR SEUS EFEITOS.

THE FATIGUE IN THE MULTIPLE SCLEROSIS: THE APPLICATION OF

THE ACUPUNTURA TO BRIGHTEN UP ITS EFFECT.

Alexander da Silva Lima

Faculdade de Ciências Médicas e Jurídica – FACMED

E-mail: [email protected]

Resumo: A Fadiga atinge cerca de 75% a 95% dos pacientes com Esclerose Múltipla (EM), e que

50% a 60% relatam como sendo seu pior sintoma. Através de uma revisão de literatura este artigo

apresenta possíveis fatores que influenciam a fadiga nos pacientes com Esclerose Múltipla, e

apresenta a técnica da Acupuntura para avaliação e tratamento da Fadiga, amenizando os seus

efeitos, e trazendo com isso benefícios na qualidade de vida dos pacientes.

Palavras-chave: Palavras-chave: Esclerose Múltipla, Fadiga, Acupuntura.

Abstract: Fatigue affects about 75% to 95% of patients with Multiple Sclerosis (MS), and 50% to

60% report as their worst symptom. Through a literature review, this article presents possible

factors that influence fatigue in patients with Multiple Sclerosis, and presents the Acupuncture

technique for the evaluation and complementary treatment of Fatigue, and with this, to mitigate its

effects, and bring benefits to the quality of patients.

Keywords: Multiple sclerosis, Fatigue, Acupuntura.

1. INTRODUÇÃO

A Esclerose Múltipla (EM) ou disseminada é o distúrbio desmielinizante mais comum. É

usualmente pleomórfica e difícil de definir completamente na ausência de provas diagnósticas

especificas (BEESON & McDERMOTT, 1973). O quadro anátomo-patológico caracteriza-se pela

presença de numerosos focos de desmielinização e esclerose, no interior do Sistema Nervoso

Central (SNC) (ROWLAND, 1986), sendo o principal membro de um grupo de distúrbios

conhecidos como doenças desmielinizantes (STOKES, 2000).

A EM é uma doença desmielinizante registrada pela primeira vez em 1822, pelo Nobel da Paz

inglês, Sir Augustus D’Este, e, mais tarde, em 1858, ilustrada num livro de anatomia por um

ilustrador médico inglês. O Dr. Jean Cruveibier, médico francês, que foi o primeiro a utilizar a

expressão “ilhas de esclerose” na descrição, à autopsia de tecido endurecido. Contudo, foi o Dr.

Jean Charcot em 1868 quem definiu a doença através de seus achados físicos e patológicos

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característicos (LOGOTHETIS, 1999).

Em 1868, o neurologista Jean Martin Charcot, identificou formalmente a EM estabelecendo-a

como entidade clínico-patológico, onde a chamou de “esclerose em placas”, após descrever as

áreas circunscritas “endurecidas” que encontrou disseminada pelo SNC dos doentes após autópsia

(UMPHRED, 2004). Em 1957, POSER sugeriu a classificação de dois tipos básicos de distúrbios

primários da mielina. Um do tipo “mielonoclástico” ou desmielinizante, que inclui distúrbios nos

quais a mielina se forma normalmente até uma certa idade, e então, por razões desconhecidas, se

decompõe, onde a EM é a mais comum. (BEESON & McDERMOTT, 1973). Dentre o grande

número de pesquisas, em pleno século XXI a Esclerose Múltipla, permanece uma enfermidade

sem limites nosológicos precisos dentro do grupo das afecções inflamatórias desmielinizantes

primárias do sistema nervoso central, sem etiologia definida, sem um marcador biológico que a

identifique (ALVARENGA, 2003). Desse modo, provavelmente não há outra doença com

resultado final tão imprevisível ou com manifestações tão multiformes, onde seu curso pode variar

de um simples déficit neurológico transitório até, na forma mais grave, óbito em poucas semanas

ou meses (STOKES, 2000).

A reabilitação da EM é dirigida a maximizar a função, isto é, favorecer ao máximo a

independência funcional, minimizar complicações e dificuldades, decorrentes da mobilidade

deficiente, compensar a perda de função, capacitando-os a perceberem seu potencial mais elevado,

melhorando sua qualidade de vida de modo geral (UMPHRED, 2004). O sucesso do tratamento,

não deve ser determinado pelo fato de que o paciente com EM melhore ou não, mais que atinga o

melhor nível de atividade, relevante para seu modo de vida, em cada estágio da doença (STOKES,

2000). Este sucesso deve estar na identificação de objetivos claros e um benefício funcional e

atingível a cada técnica aplicada (LOPES, 2005).

O PROBLEMA

A Esclerose Múltipla (EM) ou disseminada é o distúrbio desmielinizante mais comum no sistema

nervoso central. É usualmente pleomórfica e difícil de definir completamente na ausência de

provas diagnósticas especificas (BEESON & McDERMOTT, 1973). Sendo o principal membro

de um grupo de distúrbios conhecidos como doenças desmielinizantes (STOKES, 2000).

Em pleno século XXI a esclerose múltipla, permanece uma enfermidade sem limites nosológicos

precisos dentro do grupo das afecções inflamatórias desmielinizantes primárias do sistema

nervoso central, sem etiologia definida, sem um marcador biológico que a identifique

(ALVARENGA, 2003).

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A reabilitação da esclerose múltipla é dirigida a maximizar a função, isto é, favorecer ao máximo

a independência funcional, minimizar complicações e dificuldades, decorrentes da mobilidade

deficiente, compensar a perda de função, capacitando-os a perceberem seu potencial mais elevado,

melhorando sua qualidade de vida de modo geral (UMPHRED, 2004).

O sucesso do tratamento, não deve ser determinado pelo fato de que o paciente com esclerose

múltipla melhorar ou não, mais que ele atinga o melhor nível de atividade, relevante para seu

modo de vida, em cada estágio da doença (STOKES, 2000).

Em suma a fadiga é o sintoma mais comum na esclerose múltipla e pode causar incapacidade

significativa em pessoas que apresentam outras manifestações em menor grau (UMPHRED,

2004). Desse modo a fatigabilidade anormal é uma das queixas freqüente, desproporcional à

fraqueza muscular revelada pelo exame objetivo (ROWLAND, 1986).

FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

Os acupunturistas após um diagnóstico clínico ocidental de esclerose múltipla são os profissionais

que podem participam paralelamente ao médico no tratamento do paciente. Desse modo, a técnica

da acupuntura utilizada após um diagnóstico ocidental, nos pacientes com esclerose múltipla, pode

diferir aos necessitarem desta intervenção específica para este meio de tratamento.

Os modelos assistenciais da acupuntura, desde sua avaliação, poderá propiciar um quadro de

motricidade e sensibilidade músculo-esquelético com qualificação próxima aos padrões

fisiológicos para os indivíduos portadores de esclerose múltipla. Partindo dessa premissa, a

presente monografia propõe o estudo bibliográfico minucioso da fadiga na esclerose múltipla,

bem como, as metodologias investigativas de técnica da acupuntura para este perfil de paciente.

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Pesquisar as técnicas da acupuntura descritas na literatura, e como a fadiga nos portadores de

esclerose múltipla possa ser amenizada.

OBJETIVOS DO ESTUDO

Objetivo geral

Realizar levantamento bibliográfico das técnicas da acupuntura para a fadiga nos pacientes

portadores de esclerose múltipla.

Objetivo específico

Especificamente, apresentar a técnica da acupuntura; observar quais os tipos de fadiga mais

freqüentes na esclerose múltipla tanto na visão ocidental quanto na visão oriental.

JUSTIFICATIVA

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A esclerose múltipla é uma patologia que afeta o sistema nervoso central, no que diz respeito à via

sensório-motora, proporcionando dificuldade de locomoção. A avaliação segundo medicina

tradicional chinesa é de suma importância para um diagnóstico oriental qualificado.

Desse modo, a técnica da acupuntura a ser utilizada nos pacientes com esclerose múltipla difere

do processo avaliativo convencional (ocidental) de outras doenças neurológicas. Partindo dessa

premissa, o presente estudo justifica ao implementar o conhecimento cientifico tecnológico dos

acupunturistas no que concerne em um processo de tratamento direcionado para fadiga na

esclerose múltipla.

RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O estudo proporcionará aos acupunturistas material para análise das freqüentes alterações na

avaliação do paciente com esclerose múltipla, além de nova técnica que está sendo implantada

para recuperação desses pacientes. Assim, o estudo ora proposto fomentará as informações

inerentes aos acupunturistas para manutenção de seu conhecimento científico-tecnológico.

LIMITAÇÕES

Não há literatura abrangente técnica de acupuntura para fadiga nos pacientes com esclerose

múltipla; os acessos a periódicos ficam restritos aos disponíveis gratuitamente na Internet.

HIPÓTESE

H0 A técnica de acupuntura para a fadiga na esclerose múltipla, não auxiliam na eficiência do seu

tratamento.

H1 Existe técnica de acupuntura adequada para a fadiga na esclerose múltipla, que auxiliam na

eficácia do seu tratamento.

2. REVISÃO DA LITERATURA

UMA VISÃO OCIDENTAL

ANATOMOFISIOPATOLOGIA

A designação de esclerose múltipla provém das múltiplas áreas cicatrizadas visíveis ao exame

macroscópico do cérebro, onde essas lesões (placas), consistem em áreas acinzentadas ou róseas

bem demarcadas, facilmente distinguidas da substância branca circundante (HARRISON, 1998).

Os cortes do encéfalo revelam a presença de numerosos pequenos focos irregulares de cor

cinzenta, localizados nos hemisférios cerebrais, principalmente na substância branca e nas zonas

periventriculares. Uma região freqüente e caracteristicamente afetada é a substância branca junto

ao ângulo superior externo do corpo dos ventrículos laterais (Anexo 1), no tronco cerebral, no

cerebelo, e na medula espinhal (Anexo 2) (ROWLAND, 1986). A superfície externa do encéfalo e

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da medula espinhal apresenta-se normal. Ocasionalmente, há atrofia focal ou generalizada dos

hemisférios cerebrais (BEESON & McDERMOTT, 1973). As placas variam de tamanho desde 1

ou 2 mm até vários centímetros (HARRISON, 1998). Nos nervos ópticos podem ser encontradas

placas de vários tamanhos, e as lesões do tronco cerebral costumam ser numerosas (ROWLAND,

1986).

O principal envoltório das fibras neurais é a bainha de mielina que funciona como isolante elétrico

(MACHADO, 2000). A bainha de mielina é formada no SNC por uma extensão da membrana

plasmática externa do oligodendrócito que envolve o axônio, enquanto no sistema nervoso

periférico é formada pela extensão da célula de Schwann (BEESON & McDERMOTT, 1973). A

bainha de mielina é formada em torno dos axônios pelas células de Schwann, que deposita

diversas camadas de membrana celular que contém a substância esfingomielina que atua como

excelente isolante, diminuindo o fluxo de íons através da membrana, que é a verdadeira membrana

condutora para a condução do potencial de ação (GUYTON & HALL, 1997).

Por ser um isolante, a bainha de mielina permite condução mais rápida do impulso nervoso num

axônio mielínico, porque os canais de sódio e potássio sensíveis à voltagem encontram-se apenas

ao nível dos nódulos de Ranvier (MACHADO, 2000). A condução saltatória, dando aos potenciais

de ação somente nos nodos de Ranvier, e sendo importante por duas razões: primeiro, por fazer

com que o processo de despolarização “salte” por sobre longos trechos ao longo da fibra nervosa,

e a segunda, devido conservar energia para o axônio, haja vista que apenas os nodos despolarizam

(GUYTON & HALL, 1997). Quanto maiores o internódulo e as espessuras do axônio e da

mielina, mais rápida são a condução (MACHADO, 2000).

No sistema nervoso humano normal, muitas fibras nervosas conduzem impulsos a uma velocidade

de mais de 200 mph (cerca de 59,36 m/s). Essa velocidade considerável é atingida, em parte,

devido à propriedade isolante da mielina, um complexo de camadas lipoprotéicas formando no

inicio do desenvolvimento pela oligodendroglia no SNC, a qual envolve os axônios (UMPHRED,

2004). Quanto à velocidade de condução nas fibras nervosas há uma variação de um mínimo de

0,25 m/s, nas fibras amielínicas mais delgadas, até o máximo de 100 m/s em 1s, nas fibras

mielínicas mais calibrosas (GUYTON & HALL, 1997). O diâmetro dos axônios, o grau de

mielinização axônica e o numero de sinapses na via determinam qual a rapidez com que a

informação é processada (LUNDY-EKMAN, 2000).

O processo de aquisição de bainha de mielina (mielinização) começa no quarto mês fetal, e a sua

maioria está formada ao fim do terceiro ano de vida (LUNDY-EKMAN, 2000). Esse processo de

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formação da bainha de mielina ocorre durante a última parte do desenvolvimento fetal e durante o

primeiro ano pós-natal. Desse modo, à compreensão desse processo ajuda a entender a estrutura

dessa bainha (MACHADO, 2000).

Existem muitas doenças que podem ter a desmielinização como parte do processo patológico, mas

atualmente, o termo doença desmielinizante é reservado às patologias que apresentam destruição

de mielina mediada pelo sistema imunológico, como relativa preservação de outros elementos do

tecido nervoso, o que constitui um achado patológico essencial (STOKES, 2000). Acredita-se que

a esclerose múltipla seja doença auto-imune, na qual a mielina é atacada pelo sistema imune da

própria pessoa (LUNDY-EKMAN, 2000).

Após estudos experimentais, a desmielinização pode exercer efeitos negativos ou positivos sobre a

condução axônica, onde as anormalidades negativas da condução consistem em redução da

condução axônica, bloqueio variável da condução que ocorre na presença de series de impulsos de

alta, mas não de baixa freqüência, ou bloqueio total da condução (HARRISON, 1998).

ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA

A etiologia desta doença é desconhecida, e também pouco se sabe sobre a sua patogenia

(ROWLAND, 1986). Parece que em indivíduos geneticamente predispostos há uma anormalidade

imunológica, isto é, uma resposta auto-imune (UMPHRED, 2004). Embora a causa da EM

permaneça obscura, há diversos fatos epidemiológicos e genéticos bem estabelecidos que

precisam se incorporados a alguma hipótese etiológica unificadora da doença (STOKES, 2000).

Estudos epidemiológicos ajudaram a qualificar a EM como uma doença muito provavelmente

desencadeada por fatores ambientais e que afeta indivíduos geneticamente predispostos. E uma

teoria é defendida por pesquisadores que afirmam que um vírus é responsável em desencadear a

doença (UMPHRED, 2004). É enfermidade de etiologia desconhecida, sendo necessário para seu

diagnóstico a exclusão prévia de infecção, neoplasia, distúrbios metabólicos, doenças vasculares

ou imunológicas que podem mimetizar seus sinais e sintomas. (ALVARENGA, 2003).

Estudos epidemiológicos indicam a importância de fatores geográficos ambientais e genéticos. A

enfermidade tem uma distribuição geográfica bem definida, sendo sua prevalência maior nas áreas

de latitude norte (países frios) (ALVARENGA, 2003). A patologia é praticamente inexistente nas

proximidades do equador (ROWLAND, 1986). Em qualquer latitude, negros correm menos riscos

do que brancos de desenvolver a doença. (ALVARENGA, 2003). É uma doença que predomina

na população adulta jovem, onde as mulheres são mais acometidas do que os homens, numa

proporção de aproximadamente 2:1 (UMPHRED, 2004), podendo chegar a 3:1 (STOKES, 2000).

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O início da doença ocorre habitualmente entre a primeira e a quarta década da vida

(O’SULLIVAN & SCHIMITZ, 1993), porém em 85% ocorre entre 15 e 50 anos, mais a maioria

das pessoas têm em torno do 30 anos quando é feito o diagnóstico (UMPHRED, 2004). Quanto à

idade de inicio, é ligeiramente maior nos homens do que nas mulheres, e está bem documentada

que pode surgir aos 2 anos de idade ou aos 80 anos, se tratando assim de raras exceções

(HARRISON, 1998).

Existem duas teorias principais que procuram explicar a patogenia da EM. A primeira baseia-se

no conceito de infecção (vírus, com longo prazo de incubação), e a segunda admite um desvio dos

processos imunológicos (ROWLAND, 1986). A deteriorização da mielina é provavelmente

medida pelo sistema imunológico. Ainda não foi identificado um antígeno especifico

(UMPHRED, 2004).

A teoria que admite a origem viral da EM e a idéia de ser a desmielinização devida a um defeito

na regulagem do sistema imunológico não são obrigatoriamente contraditórias (ROWLAND,

1986). A evidência que favorecem aos progressos ambientais sobre a EM, derivam de possíveis

epidemias focais que apareceram nas ilhas Faeroe próximo à costa da Dinamarca durante a

segunda Guerra Mundial (HARRISON, 1998). Já pensamento atual formulou a hipótese de que a

EM é o produto de fatores ambientais inespecíficos (modificação de o regime alimentar, distúrbios

emocionais, mudanças de temperatura), e genéticos predispostos, seriam capazes de criar um

estado imunológico que tornasse possível o ataque auto-imune da mielina no SNC. (STOKES,

2000).

Somente após a década de 90, estudos de séries de pacientes brasileiros com EM foram

publicados. Dados do projeto Atlântico Sul, primeira pesquisa multicêntrica brasileira realizada

sobre a história natural da enfermidade no Brasil, em 1998 demonstram que no Brasil a EM afeta

brancos e afro-brasileiros (negros e mulatos) indistintamente e as manifestações clínicas e o perfil

genético se assemelham à forma "ocidental" da doença em ambas as etnias. O oposto é observado

em países do hemisfério norte, em cerca de 40% dos pacientes, após dez anos de doença, o

comprometimento neurológico é leve e em cerca de 15% sucedem-se agravamentos, que

ocasionam incapacidade funcional, especialmente ligada à deambulação. A forma neuro- óptico-

mielítica recorrente ou "oriental" da EM ocorre em cerca de 15% dos casos com particular

gravidade nos afro-brasileiros (ALVARENGA, 2003).

ASPECTOS SINTOMATOLÓGICOS

O início da sintomatologia é geralmente agudo ou subagudo. Não existe um quadro inicial

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característico, isto é, uma forma clássica da doença, se bem que a doença se inicia freqüentemente

por certos sinais e sintomas (ROWLAND, 1986). Conseqüentemente, a apresentação inicial da

EM pode ser muito variável e atípica (STOKES, 2000). Devido a grande variabilidade da

localização anatômica, do volume das lesões e da seqüência de tempo em que elas surgem, as

manifestações clínicas da EM também variam. Os sintomas podem aparecer rapidamente em

poucas horas, ou lentamente, em alguns dias ou semanas (UMPHRED, 2004).

Os sinais e sintomas apresentados pelo paciente indicam a existência de mais de uma lesão, e são

muitas vezes transitórios (ROWLAND, 1986). Os sintomas mais freqüentes encontrados na fase

inicial da EM são as paresias musculares, as parestesias, cansaço, fraqueza muscular,

deambulação instável, tremor e os distúrbios oculares e cerebelares (HARRISON, 1998). Outras

manifestações iniciais como hemiplegia, neuralgia do trigêmeo e paralisia facial são menos

comuns (UMPHRED, 2004). Contudo a afasia, convulsões, fasciculações e atrofia neurogênica

(fatos raros), queixas visuais como turvação da visão, diplopia com paresia extra-ocular e

nistagmo podem estar presentes, (BEESON & McDERMOTT, 1973).

O sintoma de Lhermitte é comum na EM, mas também ocorre em muitos outros distúrbios da

medula cervical (HARRISON, 1998), e consiste na sensação de “choque elétrico” que o paciente

experimenta durante a flexão ativa ou passiva do pescoço (ROWLAND, 1986), ou de “levar um

tiro”, que desce pelas costas até os membros inferiores ao flexionar subitamente o pescoço, sendo

considerado uma mielopatia cervical comum quando há uma região de desmielinização no interior

da medula espinhal cervical (STOKES, 2000).

As paralisias dos membros inferiores são sinal mais freqüente desta doença, manifestando-se sob a

forma de monoplegia, hemiplegia ou tetraplegia (ou das respectivas paresias). Uma queixa

freqüentemente é a fatigabilidade anormal, desproporcional à fraqueza muscular revelada pelo

exame objetivo (ROWLAND, 1986). Em suma a fadiga é o sintoma mais comum na esclerose

múltipla e pode causar incapacidade significativa em pessoas que apresentam outras

manifestações em menor grau (UMPHRED, 2004).

BASES DOGMÁTICAS DA FADIGA

É um fenômeno complexo que afeta o desempenho funcional (KISNER & COLBY, 1998). A

fadiga é um sintoma inespecífico, encontrado com freqüência na população. Ela é definida como

sensação de cansaço físico profundo, perda de energia ou mesmo sensação de exaustão, e é

importante a sua diferenciação com depressão ou fraqueza muscular (KRUPP & LAROCCA,

1989 apud MENDES; TILBERY & FELIPE, 2000), é também definida como a incapacidade na

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manutenção de um nível esperado de força. (GARCIA, MAGALHÃES & IMBIRIBA, 2004).

McARDLE et al (1996) a definiu como o “declínio na capacidade de gerar tensão muscular com a

estimulação repetida”, e ocorre se a cadeia de eventos for interrompida entre o SNC e a fibra

muscular, seja qual for à razão. A fadiga é sintoma clínico muito estudado, sendo bem conhecida a

sua associação com fenômenos autoimunes, neoplásicos, inflamatórios e infecciosos, e pode ser

influenciada por sintomas como dor, distúrbios do sono, alterações do humor e alterações

cognitivas. O nosso conhecimento a seu respeito torna-se limitado devido à ausência de técnicas

adequadas para a sua mensuração (KRUPP E LAROCCA,1989 apud MENDES, TILBERY e

FELIPE, 2000).

Classificação

A fadiga classifica-se em generalizada e focal, e se subclassifica em aguda e crônica (EM FOCO,

2005). KISNER & COLBY (1998), a definiu baseada no tipo na qual ela se apresenta. Podendo

ser fadiga muscular local, fadiga muscular geral (corporal total), e fadiga associada com doenças

clínicas específicas.

A fadiga pode ser aguda e autolimitada ou crônica e debilitante, e também de origem central ou

periférica. A fadiga central insinua alterações ou anormalidades no neuroeixo dentro do SNC e

freqüentemente existe juntamente com reclamações psicológicas que podem incluir a depressão e

ansiedade. A fadiga periférica é o resultado de deficiência neuromuscular orgânica fora do SNC e

relaciona a neurotransmissores (SWAIN, 2000).

A fadiga central parece ser mais pertinente em pacientes com doenças crônicas (SWAIN, 2000). A

Síndrome da Fadiga Crônica (SFC) tem como etiologia: processos infecciosos, causados por

vírus; imunológicos; do sistema nervoso autônomo; psiquiátrico; muscular; alérgico, e se

apresenta como uma desordem heterogênea que envolve uma interação de possíveis sistemas

biológicos (TIMOTHY & KAKUMANU, 2002).

A fadiga em doença crônica por causa da natureza subjetiva e de presentes reclamações entre

pacientes com doença crônica, é freqüentemente um sintoma negligenciado ou ignorado por

clínicos, conduzindo-se assim para uma diminuição na qualidade de vida dos pacientes.

Atualmente a importância da fadiga e seu impacto na qualidade de vida dos pacientes com

doenças crônicas como EM e Lúpus Eritematoso Sistêmico vem sendo reconhecido e estudado

crescentemente (SWAIN, 2000).

Na esclerose múltipla (EM), a fadiga é um sintoma freqüente, geralmente crônico e incapacitante,

levando a um grande impacto na vida diária (KRUPP & LAROCCA, 1989 apud MENDES et al,

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2000). Para LOPES & KAIMEN-MACIEL (2005) In Multiple Sclerosis Council (1998) “fadiga é

uma sensação de perda de energia física ou mental que interfere com as atividades rotineiras”.

Raramente foi listada como um sintoma de EM nos estudos realizados antes dos anos oitenta.

Somente em 1984 FREAL et al publicou um relatório onde a fadiga é listada como um dos

sintomas da EM. (SCHWID, 2002). KRUPP et al definiu a fadiga como “um senso de fadiga

física e falta de energia, diferente de tristeza ou fraqueza”, e criou a Escala de Severidade de

Fadiga (ESF) (Anexo 3), um questionário de nove artigos em que o paciente assinala, sim ou não,

as indagações declaradas, onde conseguiu distinguir a fadiga em pacientes com EM dos que

possuíam uma vida saudável. Esse questionário mostrou-se consistente, valido, e um teste

confiável para orientar o tratamento (SCHWID et al, 2002).

A fadiga atinge cerca de 75% a 95% dos pacientes com EM que relatam sentir a fadiga, e 50% a

60% a apontam como seu pior sintoma (UMPHRED, 2004), é bem documentado (STOKES,

2000). Para NÓBREGA & NOGUEIRA (2005), ela afeta 87 % dos pacientes com EM e somente

40% a relatam como principal sintoma de incapacidade.

Mecanismo fisiopatológico da fadiga

A fisiopatologia da fadiga não é conhecida. Porém mecanismos potenciais como: neuromodulacão

por produtos solúveis a leucocitoses ativa que participa do processo autoimune; e desmielinização

axonal com perda da continuidade das atividades centrais, podem influenciar a fadiga (SWAIN,

2000). No entanto a causa indireta da fadiga pode não estar relacionada ao processo da doença

mais a outras conseqüências como depressão ou perturbação do sono (SCHWID et al. 2002).

Vários mecanismos foram propostos, no entanto são considerados possíveis e dependentes totais

ou parciais dos danos causados pelo processo desmielinizante (EM FOCO, SERONO, 2005).

Porém há alguns fatores como calor, mudança brusca de temperatura, repouso absoluto, sono

irregular, estresse, depressão, Dor, exercícios intensos, e medicamentos podem aumentar a fadiga

(KAIMEN-MACIEL & LOPES, 2005).

A fadiga pode estar presente na EM na fase remitente-recorrente. Estudos realizados por

MENDES et al (2000) em 95 pacientes com EM da forma remitente-recorrente, onde foi usado a

ESF para avaliar a intensidade, porém com os escores definidos arbitrariamente; consideraram de

28 a 39 fadiga leve; de 40 a 51 fadiga moderada; e de 52 a 63 fadiga grave. Foi observada fadiga

em 64 pacientes (67,4%), dos quais 53 (82,8%) do gênero feminino e 11 (17,2%) masculino com

idade media de 36,3 (± 7,5) anos. Quanto à intensidade observou-se 19 pacientes (29,9%)

apresentando fadiga leve; 21 (32,9%) fadiga moderada e 24 (37,5%) fadiga grave. Concluindo-se

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que alguns fatores como gênero, idade depressão ou grau de incapacidade funcional parece ter

relevância quanto à intensidade da fadiga.

VISÃO ORIENTAL

TEORIAS DE BASE DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)

CONCEITO DE YIN E YANG

O conceito de Yin/Yang, juntamente com o do Qi, tem permeado a filosofia chinesa há séculos,

sendo diferente de qualquer idéia filosófica ocidental. Em geral a lógica ocidental é baseada na

oposição dos contrários, sendo esta a premissa fundamental da lógica aristotélica. De acordo com

essa lógica, os opostos (tais como “a mesa é quadrada” e “a mesa não é quadrada”) não podem ser

verdadeiros. Isso tem dominado o ocidente por mais de 2 mil anos. O conceito chinês do

Yin/Yang é radicalmente diferente deste sistema de pensamento. Yin e Yang representam

qualidades opostas, mas também complementares. Cada coisa ou fenômeno poderia existir por si

mesmo ou pelo seu oposto. Além disso, Yin contém a semente do Yang de tal maneira que ele

pode se transformar em yang e vice-versa. (MACIOCIA, 2007).

Chama-se Yin/Yang, a reunião das 2 partes opostas que existem em todos os fenômenos e objetos

em relação recíproca no meio natural. Os mecanismos de reunião e de oposição podem se

produzir tanto entre dois fenômenos que se deparam como no âmago de 2 aspectos antitéticos

coexistindo no mesmo fenômeno. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

O conceito de Yin/Yang é provavelmente o mais importante e distinto da Teoria da Medicina

Chinesa. Pode-se dizer que toda fisiologia, a patologia e o tratamento da medicina chinesa podem,

às vezes, ser reduzidos ao Yin/Yang. O conceito de Yin/Yang é muito simples, ainda que

profundo. Aparentemente, pode-se entendê-lo sob um nível racional e achar novas expressões na

prática clínica e na vida cotidiana. (MACIOCIA, 2007).

TEORIA YIN/YANG

A mais antiga origem do fenômeno Yin/Yang deve ter se originado da observação de camponeses

sobre a alternância cíclica entre o dia e a noite. Desta maneira, o Dia corresponde ao Yang e a

Noite ao Yin e, por conseguinte, a Atividade refere-se ao Yang e o Descanso ao Yin. Isto conduz

à primeira observação da alternância contínua de todo fenômeno entre os dois pólos cíclicos, um

corresponde à Luz, Sol, Luminosidade e Atividade (Yang), e o outro à Escuridão, Lua, Sombra e

Descanso (Yin). Visto assim eles são dois estágios de um movimento cíclico, que se interferem e

se alternam constantemente um no outro, fazendo que seja a forca motriz desta mudança e

desenvolvimento, tal como o dia cede lugar para a noite e vice-versa. Desta maneira, o

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desenvolvimento de todos os fenômenos no universo é resultado de uma interação de dois estágios

opostos, simbolizados pelo Yin e Yang, e cada fenômeno contém em si mesmo ambos os aspectos

em diferentes graus de manifestação. O Dia pertence ao Yang, mas após alcançar o seu pico ao

meio-dia, o Yin, dentro dele, começa gradualmente a se desdobrar e a se manifestar. Portanto,

cada fenômeno pode pertencer ao Yin ou Yang, mas sempre conterá a semente do estágio oposto

em si mesmo. (MACIOCIA, 1996).

AUTEROCHE & NAVAILH (1986) diz que o Yin e o Yang são a lei geral das transformações,

das estruturas do mundo material, e estas transformações são produzidas pela interação desses

dois princípios antitéticos, e porque é também a origem da produção e do desenvolvimento dos

fenômenos manifestados, mas também a causa da destruição e do desaparecimento deles. Com

isso, no universo, qualquer fenômeno manifestado pode ser reconduzido às duas categorias Yin e

Yang, podendo ainda cada um se separar em Yin ou Yang, até o infinito.

Para MEIKE (1995), a teoria Yin/Yang defende que objeto ou fenômeno no universo consiste de

dois aspectos opostos denominados Yin/Yang, que são, por principio, conflitantes e

interdependentes, defende também que essa relação é a lei universal do mundo material, o

principio e a fonte da existência de uma infinidade de coisas e a causa básica para o florescimento

e o perecimento das coisas. Além disso, esclarece também principalmente a oposição, a

interdependência, o suporte ao consumo e a relação de transformação recíproca do Yin e Yang.

Fazendo que essas relações sejam muito utilizadas na medicina tradicional chinesa para explicar a

fisiologia e a patologia do corpo humano servem como guia para o diagnóstico e tratamento no

trabalho clínico.

QUATRO ASPECTOS DA RELAÇÃO YIN/YANG

Para AUTEROCHE & NAVAILH (1986), foi necessário separar somente três propriedades

sendo:

Oposição de Yin e Yang,

Relação recíproca de Yin e Yang,

Crescimento e decrescimento de Yin e Yang.

Ainda que na realidade estejam constantemente embricados e atuam entre eles segundo processos

de ação recíproca e de influência mútua.

Já MACIOCIA (2007) os quatro aspectos principais da relação Yin/Yang podem ser: Oposição

de Yin e Yang;

Interdependência de Yin e Yang; Consumo mútuo de Yin e Yang

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Intertransformação de Yin e Yang.

Oposição de Yin e Yang

Yin e yang são tanto estágios opostos de um ciclo como estados de agregação. Nada no mundo

escapa a essa oposição. Essa mesma contradição interna constitui a força motriz de toda

modificação, desenvolvimento e deterioração das coisas. Todavia, a oposição é relativa e não

absoluta, assim como nada é totalmente Yin ou Yang. Tudo contém a semente de seu oposto.

Sendo a oposição do Yin e Yang relativa, sua qualidade não é realmente intrínseca, apenas quando

relativa a algo mais. Assim, estritamente falando, é errado dizer que algo é “Yang” ou “Yin”.

Tudo pertence somente ao Yin ou ao Yang em relação a algo mais. (MACIOCIA, 2007). A

posição de Yin e Yang generaliza a contradição e o esforço dos dois opostos dentro de um objeto

ou fenômeno. (MEIKE, 1995). A teoria Yin/Yang sustenta que todos os objetos do universo

consistem em 2 aspectos opostos, os quais estão em restrição e interação continua e mútua. Cada

lado dos 2 opostos sempre restringem e agem no outro. Este processo de restrição e interação é a

operação de Yin e Yang sem a qual as mudanças não ocorreriam. Então, os 2 opostos não existem

como entidade em um estado parado e sereno, eles se interagem constantemente um com o outro,

por isso, a interação e o desenvolvimento de um objeto. (OLIVEIRA, 1994). É sempre pela

oposição que um dos 2 aspectos tem um efeito de condicionamento sobre o outro aspecto. Nesse

confronto, deve haver uma vitória e uma derrota; porém, a superioridade de um sobre o outro, sua

desordem, vai acarretar a doença. Em um corpo humano em boa saúde, os dois aspectos do Yin e

do Yang não coexistem de modo pacífico e sem relação de um sobre o outro, ao contrário, eles se

afrontam e se repelem mutuamente. Porém, sua oposição cria um equilíbrio dinâmico, e origina o

desenvolvimento e a transformação dos objetos. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Embora tudo contenha Yin e Yang, nunca haverá uma proporção estática de 50:50, mas sim um

equilíbrio dinâmico e constantemente variável. (MACIOCIA, 2007).

Interdependência de Yin e Yang

Embora Yin e Yang sejam opostos, são também interdependentes, um não pode existir sem o

outro. (MACIOCIA, 2007).

A relação de interdependência de Yin e Yang significa que cada um dos dois aspectos é a

condição para a existência do outro e nenhum dos dois pode existir isolado. Pode-se perceber que

o Yin e o Yang estão primariamente em oposição e interdependência. Eles contam um como outro

para existirem, coexistindo em uma entidade. O movimento e a mudança de uma coisa se devem

não apenas à oposição e ao conflito entre Yin e Yang, mas também à sua relação interdependência

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e suporte mútuo. (MEIKE, 1995). Portanto podemos concluir que Yin e Yang estão ao mesmo

tempo em oposição e em interdependência. (WEN, 2006).

AUTEROCHE & NAVAILH (1986) definiram interdependência como relação recíproca ou

relação mútua, que liga intimamente o Yin e o Yang faz com que não possa separar um principio

do outro e que nenhum dos dois possa existir separadamente. Todos os aspectos do Yin e do Yang

são assim, o Yin existe pelo Yang, o Yang existe pelo Yin, um tem o outro como condição de

existência. Essa relação mútua é geralmente denominada de “Raiz recíproca”, onde explica

também a possibilidade de cada aspecto de se transformar no aspecto que lhe é contrário, ou e se

transportar para a situação que ocupa o aspecto oposto.

Consumo mútuo de Yin e Yang

O Yin e o Yang estão num estado constante de equilíbrio dinâmico que é mantido por meio de um

ajuste continuo de seus níveis relativos. Quando estão em desequilíbrio, eles afetam-se

mutuamente e modificam sua proporção, alcançando um novo equilíbrio. (MACIOCIA, 2007).

O consumo significa perder ou enfraquecer; o suporte significa ganhar ou fortalecer. Devido aos

seus conflitos e suporte mútuo, a perda ou ganho de um aspecto inevitavelmente influenciará o

outro. (MEIKE, 1995).

Os aspectos Yin e Yang sem um objetivo não são quiescentes (serenos; tranqüilos), (OLIVEIRA,

1994), mas estão em um estado de constante movimento. (MEIKE, 1995). Eles podem ser

descritos como estando em um estado onde a diminuição de Yin leva a um aumento de Yang. Sob

condições normais o consumo e aumento mútuo de Yin e Yang mantêm um balanço relativo, e

sob condições anormais, há um excesso ou insuficiência de um Yin ou Yang, o qual leva a

ocorrência de doenças. (OLIVEIRA, 1994).

Intertransformação de Yin e Yang

A intertransformação do Yin e do Yang é uma lei universal que governa o processo de

desenvolvimento e a mudança das substâncias em geral. (WEN, 2006).

Yin e Yang não são estáticos, mas eles realmente se transformam um no outro: o Yin pode

transformar-se em Yang e vice-versa. Tal mudança não acontece a esmo, mas em determinados

estágios de desenvolvimento de alguma coisa. (MACIOCIA, 2007).

AUTEROCHE & NAVAILH (1986), definiu este aspecto como sendo paralelamente um

fenômeno de crescimento e decrescimento do Yin e do Yang, que opera uma alteração

quantitativa e pode se desenvolver numa transformação do Yin em Yang e do Yang em Yin, ao

efetuar-se uma alteração qualitativa. O Su wen, capítulo 5 diz: “o yin exagerado deve tornar-se

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Yang, o Yang exagerado torna-se yin”, isto significa que o Yin levado ao extremo torna-se Yang,

e que Yang crescendo em excesso se transforma em Yin. Na evolução das doenças, as passagens

do Yin ao Yang e do Yang ao Yin se vêem freqüentemente.

MEIKE (1995) a definiu como sendo uma transformação recíproca de Yin e Yang, e isso

significa que em certas circunstâncias e em certo estágio de desenvolvimento, cada um dos dois

aspectos dentro de uma coisa se transforma em seu oposto, isto é, Yin transforma-se em Yang e

Yang transforma-se em Yin. Se a transformação ocorrerá de fato, dependerá da possibilidade de

mudança dentro da própria coisa, se existir possibilidade, as condições externas também serão

indispensáveis. (MEIKE, 1995).

Há duas condições para a transformação do Yin em Yang e vice-versa. A primeira refere-se às

condições internas. A princípio, as coisas podem se modificar em decorrência de causas internas

e, secundariamente, em razão de causas externas. A mudança acontece quando as condições

internas estão amadurecidas. A segunda é o fator tempo, Yin e Yang apenas podem se transformar

um no outro em um determinado estagio de desenvolvimento, quando as condições estiverem

prontas para tal mudança. (MACIOCIA, 2007).

OLIVEIRA (1994) a definiu como mútua transformação de Yin e Yang e é freqüentemente vista

durante o desenvolvimento de uma doença.

As relações acima mencionadas de oposição mútua, dependência, consumo-aumento e

transformação de Yin e Yang são conteúdos básicos da teoria Yin e Yang. Embora estas 4

relações não estejam isoladas umas das outras, mas interconectadas, interagem uma sobre as

outras. (OLIVEIRA, 1994).

Para MEIKE (1995), as relações de interoposiçao, interdependência, suporte ao consumo e

transformação recíproca de Yin/Yang podem ser resumidas como a lei da unidade dos opostos.

Além disso, essas quatro relações não são isoladas uma das outras, mas são interconectadas, uma

influenciando as outras e cada qual sendo a causa ou efeito das outras.

TEORIA DOS 5 ELEMENTOS

Junto com a teoria do Yin/Yang, a teoria dos Cincos Elementos constitui a base da teoria da

medicina chinesa, sendo o termo “Cinco Elementos“ utilizado pela maioria dos profissionais

ocidentais que praticam a medicina chinesa há muito tempo, e suas primeiras referências foram

citadas no período da Dinastia ZHOU (por volta de 1000-770 a.C.), na qual o livro SHANG SHU

DA CHUAN escrito durante esta dinastia dizia: ”Os Cincos Elementos são Água, Fogo, Madeira,

Metal, e Terra. A Água umedece em descida, o Fogo inflama em subida, a Madeira pode ser

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dobrada e esticada, o Metal pode ser moldado e endurecido, a Terra permite a disseminação, o

crescimento e a colheita. Aquilo que absorve e desce (Água) é salgado, o que inflama em subida

(Fogo) é amargo, o que pode ser dobrado e esticado (Madeira) é azedo, o que pode ser moldado

e enrijecido (Metal) é picante e o que permite disseminar, crescer e colher (Terra) é doce”.

(MACIOCIA, 2007), e que: ”Água e Fogo, é o que bebe e come o povo. Metal e Madeira, é o que

ele produz. Terra é o que gera os dez mil seres, o que é útil ao homem”. Daí, por abstração, esta

teoria considera que o universo formado pelo movimento e transformação dos “Cinco Elementos”,

serviram para explicá-lo como um todo. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

A teoria dos Cinco Elementos afirma que a Madeira, o Fogo, a Terra, o Metal e a Água são os

elementos básicos que constituem o mundo material, e que existe uma interdependência e um

controle recíproco ou inter-restrição entre eles que determina seu estado de constante movimento

e mutação. (MEIKE, 1995), (WEN, 2006). E que em MTC é usada para interpretar as relações

entre a fisiologia e patologia do corpo humano e o ambiente natural (OLIVEIRA, 1994).

Para MEIKE (1995), a teoria dos cincos elementos basicamente explica a relação de estimulo

recíproco, interação, exagero e neutralização entre eles, e que sua aplicação na MTC consiste em

classificar em categorias diferentes os fenômenos naturais além dos tecidos e órgãos do corpo

humano e as emoções humanas, bem como interpretar a relação entre a fisiologia e a patologia do

corpo humano e o meio ambiente natural com a lei do estimulo recíproco, da interação, do

exagero e da neutralização dos cinco elementos. Essa teoria é utilizada como guia na prática

médica.

Pode-se dizer que as teorias do Yin/Yang, dos Cincos Elementos e sua aplicação na medicina

marcam o inicio do que podemos chamar de medicina científica e o da partida do xamanismo, na

qual os curadores não mais procuravam uma causa sobrenatural para as patologias, eles observam

agora a Natureza com uma combinação dos métodos indutivos e dedutivos, começam a achar os

padrões dentro disto e, por extensão, os aplicam na interpretação das doenças. (MACIOCIA,

2007).

A MTC constatou nesta teoria que fatores da natureza exercem certa influência nas atividades

fisiológicas do ser humano porque todos os fenômenos dos tecidos e órgãos, da fisiologia e da

patologia, estão classificados e são interpretados pelas interelações desses elementos. (WEN,

2006).

A teoria dos 5 elementos designa a cada um deles uma série de generalizações abstratas e depois

as aplica para as classificações de todos os fenômenos. Madeira, por exemplo, envolve os aspectos

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de germinação, extensão, suavidade e harmonia, deduzindo-se então que todas as coisas com estas

características seriam incluídas na categoria do elemento Madeira. Sendo assim o elemento Fogo

envolve os aspectos de calor e fogo, o elemento Terra envolve os aspectos de crescimento,

nutrição e mudança, o elemento metal é associado com a purificação, destruição, força e firmeza,

e o elemento água é associada com frio, umidade e fluir para baixo. (OLIVEIRA, 1994).

A teoria do Yin/Yang e dos Cinco Elementos representam um salto histórico na medicina, que

deixou de ver a doença como sendo causada por espíritos perversos e passou a ter uma visão

naturalista da doença como sendo causada pelo estilo de vida (MACIOCIA, 2007), e que a

utilizou também para explicar a fisiologia, a patologia, e as relações entre o organismo e o meio

circunvizinho. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Na prática os 5 Elementos utilizados na medicina são então as representações abstratas das 5

naturezas diferentes. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Correspondências dos 5 elementos

O sistema de correspondências é uma parte importante da Teoria dos Cincos Elementos, e típico

do pensamento chinês antigo, conectando muitos fenômenos e qualidades diferentes dentro do

microcosmo e do macrocosmo sob a proteção de um determinado elemento. (MACIOCIA, 2007).

E dentro desta teoria que designa a cada um dos 5 Elementos extensas conexões entre a fisiologia

e a patologia dos órgãos e tecidos (Zang-Fu) e o ambiente natural, adotando a metodologia de

“comparação a similaridade para expor o fenômeno”. (OLIVEIRA, 1994).

A tabela 1 abaixo mostra essa correspondência:

Madeira Fogo Terra Metal Água

Órgãos Yin

(Zang)

Fígado Coração Baço Pulmão Rim

Órgãos Yang

(Fu)

Vesícula

Biliar

Intestino

Delgado

Estômago Intestino

Grosso

Bexiga

Órgãos dos

Sentidos

Olhos Língua Boca Nariz Ouvidos

Tecidos Tendões Vasos Músculos Pele Ossos

Emoções Raiva Alegria Pensamento Tristeza Medo

Cores Verde Vermelho Amarelo Branco Preto

Sabores Azedo Amargo Doce Picante Salgado

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Climas Vento Calor Umidade Secura Frio

Estações Primavera Verão Nenhum Outono Inverno

(MACIOCIA, 2007).

Interelações dos 5 Elementos

MACIOCIA (2007), para o conceito dos 5 Elementos, as varias inter-relações entre eles são

essenciais, e dentre as mais comuns se destacam a Seqüência de Geração, Seqüência de Controle,

Seqüência de Superatuação e Seqüência de Afrontação. (figuras abaixo).

Seqüência de Geração

Seqüência de Controle e Superatuação

Seqüência de Afrontação

SUBSTÂNCIAS VITAIS (QI, XUE E JIN YE)

A medicina chinesa considera a função do corpo e da mente como o resultado da interação de

determinadas substâncias vitais, que se manifestam em vários níveis de “substancialidade”, de

maneira que alguma delas são muito rarefeitas e outras totalmente imateriais, constituindo a antiga

visão chinesa do corpo-mente. (MACIOCIA, 2007).

O Qi, o Sangue e os Líquidos Orgânicos são materiais básicos do organismo. (AUTEROCHE &

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NAVAILH, 1986).

Qi, Sangue e Fluidos do corpo são substâncias fundamentais do corpo humano para manter as

atividades vitais normais. Sua existência e funções, especialmente as do Qi, geralmente

manifestam-se nas atividades funcionais dos vários tecidos e órgãos. (MEIKE, 1995).

QI

CONCEITO DE QI (sopro ou energia)

O Qi é a base de todos os fenômenos e manifestações infinitas na vida do universo, incluindo

minerais, vegetais e animais como o homem, e proporciona uma continuidade entre as formas

material e dura e as energias tênues, rarefeitas e imateriais. (MACIOCIA, 2007).

AUTEROCHE & NAVAILH (1986), só há uma energia que é a matéria fundamental que

constitui o universo, o Qi, e tudo no mundo é o resultado de seus movimentos e transformações, e

que se apresenta de duas maneiras: (1) o Qi participando na formação dos elementos constitutivos

do corpo e permitindo à vida de se manifestar através da essência; (2) o Qi constituído pela

atividade fisiológica dos tecidos orgânicos. Esses dois aspectos do Qi têm relações recíprocas,

sendo o primeiro é a base material do segundo, o segundo é a manifestação da atividade do

primeiro.

A MTC enfatiza a relação entre os seres humanos e seu meio ambiente, e considera esse fator para

determinar a etiologia, o diagnostico e o tratamento. (MACIOCIA, 2007).

CLASSIFICAÇÃO DOS QI

Apesar do Qi ser único, como suas representações são múltiplas, na prática, associa-se-lhe sempre

um qualitativo que determina sua localização ou sua função (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Para MTC o Qi assume várias formas e diferentes “tipos”, que afetam nosso corpo e mente,

variando desde o sutil e rarefeito até o mais denso e duro. Todos os vários tipos de Qi, todavia, são

na verdade um único Qi. (MACIOCIA, 2007).

Yang Qi, Yin Qi

São as duas partes antagônicas da energia de base. Se tomarmos como referência as funções e a

matéria, a energia Yang indica as funções, a energia Yin, indica a matéria. Se tomarmos as

vísceras, a energia Yang será a das vísceras (Fu), a energia Yin será a dos órgãos (Zang). Se

tomarmos a energia protetora (Wei Qi) e a energia nutriente (Ying Qi), a energia Yang será

protetora, a energia Yin será nutriente. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Jing Qi

É o princípio essencial, a quinta essência. é composto de duas partes:

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O Jing Qi inato, de origem parental, recebido no momento da concepção, chamado ainda “do

céu anterior”. Esse Jing Qi não pode ser renovado.

O Jing Qi denominado “Jing Qi da nutrição”, que provém da digestão e da assimilação dos

alimentos. É chamado também “Jing Qi adquirido” ou “do céu posterior”.

O Jing Qi inato serve para preparar a base material, para receber o “Jing Qi dos alimentos”. O Jing

Qi da nutrição dá ajuda, assistência e suporte ao Jing Qi inato. São os dois armazenados nos Rins.

(AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Yuan Qi ou Qi Original ou Energia Original

Conhecido pelo nome de “Energia original” pode ser escrito com dois ideogramas, um

significando o princípio original o outro, a fonte, portando, a origem. Esta energia é algumas

vezes, chamada “Energia verdadeira” (Zhen Qi). É o Qi mais importante de todos os Qi do corpo

humano, é produzido primeiramente pela transformação do Jing inato. Após o nascimento, ele

ainda precisa ser alimentado e completado pelo Jing adquirido da nutrição.

É ele repartido pelo Triplo Aquecedor nos órgãos (Zang Fu); no exterior atinge os músculos,

espaço subcutâneo, e a pele. Não há lugar onde penetre. O Ling Shu assim se refere a ele (cap.

75): “o Zhen Qi (energia verdadeira) é recebido do céu, ele se une ao Qi da alimentação e enche o

corpo”. Todos os tecidos orgânicos que recebem o impulso do Yuan Qi e poderão cumprir suas

diferentes funções. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Este tipo de Qi está intimamente relacionado à Essência, que na verdade nada mais é do que a

Essência na forma de Qi ou transformada em Qi. É uma força dinâmica e rarefeita da Essência,

que apresenta sua origem no Rim, e inclui o Yin Original (Yuan Yin) e o Yang Original (Yuan

Yang), significando que Qi original é a fundação de todas as energias Yin e Yang do organismo.

Apresenta muitas funções como: força motriz (força dinâmica que desperta e movimenta a

atividade funcional de todos os órgãos), base do Qi do Rim (relacionado a todas as atividades

funcionais do Rim), facilita a transformação do Qi (age como o agente de mudança na

transformação do Qi da Reunião (Zong Qi) em Qi Verdadeiro (Zhen Qi)), conduz o Triplo

Aquecedor (permite que o Qi Original facilite a transformação do Qi em lugares diferentes por

todo corpo), facilita a transformação do Sangue (XUE) (facilita a transformação do Qi dos

Alimentos (Gu Qi) em Sangue no Coração), surge nos pontos Fonte (a partir de sua origem entre

os Rins onde se localiza a Porta da Vida, atravessa o Triplo Aquecedor e se dissipa nos Órgãos

Internos e nos canais. (MACIOCIA, 2007).

Ying Qi ou Rong Qi ou Yong Qi ou Qi Nutritivo

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O Ying Qi “energia nutriente” é proveniente do Jing Qi da alimentação elaborada pelo baço e o

estômago. É formado pelas matérias as mais nutritivas do Qi da alimentação. SU WEN, cap. 43:

“O Ying Qi é a essência dos alimentos. Acomodado pelas vísceras (Fu), é distribuído pelos órgãos

(Zang) antes de ser introduzido nos vasos, ele atravessa as vísceras a e atinge os órgãos”. O Ying

Qi circula com o sangue nos vasos e mantém com este último, relações extremamente estreitas e

por isso, pode-se distingui-los, mas não se pode separá-los, e chamam-no muitas vezes Ying Xue,

e tem como atuação, nutrir o corpo inteiro (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

O Ying Qi circula com o sangue e percorre organismo seguindo os meridianos, em um duplo

movimento que realiza uma revolução em cada 24 horas. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Para MACIOCIA (2007) o Qi Nutritivo apresenta a função de nutrir os Órgãos Internos e todo

organismo, está intimamente relacionado ao Sangue e flui com ele pelos vasos sanguíneos e nos

canais.

Quing Qi

O Qing Qi (Qi puro) ou Tian Qi (Qi do céu) existe na natureza, no ar que se respira. É inalado e

penetra no corpo pelos pulmões. Combinado com Jing Qi do alimento dará o Zong Qi.

(AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Zong Qi ou Qi da Reunião

É chamado muitas vezes de “energia ancestral”, porém o termo Zong também significa

“fundamental” e “essencial”. Além disso, Zong He significa “a síntese”. Ora, esse Qi é formado

pela reunião do Qi puro (Qing Qi) inalado pelos pulmões e do Qi da alimentação produzido e

posto em circulação pelo baço e o estômago.

A atividade essencial do Zong Qi é de dar impulso a respiração pulmonar, e à circulação do

sangue do coração. O LING SHU (cap. 71) diz: “O Zong Qi se acumula no peito, sai pela

garganta, atravessando o vaso do coração e põe a respiração em marcha. (AUTEROCHE &

NAVAILH, 1986).

Para MACIOCIA (2007) o Qi da Reunião apresenta as funções de Nutrir o Coração e o Pulmão;

Aumentar e promover a função do pulmão de controlar o Qi e a respiração, e a função do Coração

de governar o sangue e os vasos sanguíneos; Controlar a fala e a força da voz; afetar e promover a

circulação sanguínea para as extremidades; Estar coordenado com o Qi Original para regular a

respiração e auxiliar o Rim.

Wei QI ou Qi Defensivo

É a energia protetora ou a “energia de defesa”. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986)

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O SU WEN (cap. 43) assim descreve essa energia: “O Wei Qi é o ardor dos alimentos. É de

natureza demais fluida para ser contido nos vasos, assim circula ele na pele e entre as fibras da

carne. Sublima-se nas membranas do diafragma para se espalhar nas cavidades torácicas e

abdominais”. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986)

O Wei Qi é uma parte do Yang Qi, eis porque também é chamado Wei Yang, isto é, “Yang

protetor” (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986). Como flui pelas camadas exteriores do corpo, é

Yang em relação ao Qi Nutritivo, que flui nas camadas mais internas e nos órgãos internos.

(MACIOCIA, 2007)

Para AUTEROCHE & NAVAILH (1986) sua atuação é múltipla: Proteger a superfície do

corpo contra as agressões externas.

Controlar a abertura das glândulas sudoríparas. Regular a temperatura do corpo.

Aquecer os órgãos.

Dar brilhos à pele e lustro aos pêlos.

Isso está resumido no LING SHU cap. 47: “O Wei Qi é o que aquece as carnes, dá brilho à pele,

enriquece os espaços subcutâneos, e comanda a abertura”. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986)

Já MACIOCIA (2007) lista como principais funções:

Proteger o organismo do ataque de fatores patogênicos externos como Vento, Calor, Frio e

Umidade.

Aquecer, hidratar e nutrir parcialmente a pele e os músculos.

Ajustar a abertura e o fechamento dos poros (regulando a sudorese) e com isto, regulando a

temperatura corpórea.

Isso está resumido no LING SHU cap. 47: “O Wei Qi é o que aquece as carnes, dá brilho à pele,

enriquece os espaços subcutâneos, e comanda a abertura”. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

A circulação do Wei Qi é inteiramente própria, visto que faz 50 voltas no organismo em 24 horas.

Assim 25 voltas durante o dia na parte Yang do corpo, percorrendo os meridianos Yang, partindo

do B-1 (Jing Ming) e descendo até o pé de onde torna a subir até o B-1, seguindo o vaso

maravilhoso Qiao Mai. E 25 voltas durante a noite circulando na parte Yin do corpo, isto é, nos

órgãos (Zang), seguindo o ciclo de denominação (Ke). A troca entre os ciclos faz-se pelo Rim, na

sola do pé. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Qi Central ou Qi dos Órgãos e das Vísceras ou Zhong Qi

Zhong significa “meio” ou “centro”, que neste caso indica Aquecedor Médio, onde o na verdade

Qi Central é outra maneira de definir o Qi do Estômago e do Baço, ou o Qi pós-celestial derivado

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dos alimentos. (MACIOCIA, 2007).

Designa-se assim a energia que é repartida nos órgãos e nas vísceras dos quais é a força motora

como, por exemplo, o Qi do Pulmão, Qi do Coração, Qi do Fígado, Qi dos Rins. E a atividade

funcional de cada víscera é a manifestação externa desse Qi. O Qi do Foco Médio ou Aquecedor

Médio, representando os Qi do Baço e do Estômago é chamado Qi mediano (Zhong Qi).

(AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Zheng Qi ou Qi Correto ou Energia Correta

O Qi Correto não é na realidade outro tipo de Qi, mas simplesmente um termo genérico para

indicar vários tipos de Qi que têm como função proteger o organismo da invasão dos fatores

patogênicos exteriores. Sendo assim, o termo Qi Correto é mais utilizado em relação e em

contraste ao “fator patogênico” (Xie Qi), e indica a resistência do organismo às doenças

exteriores. (MACIOCIA, 2007).

Segundo AUTEROCHE & NAVAILH (1986) Zhen Qi, Energia correta (ou reta ou de boa saúde)

é o termo genérico da associação dos Yuan Qi, Zong Qi, e Wei Qi os órgãos.

Qi dos Alimentos (Gu Qi)

É produzido pelo Baço, o qual apresenta uma função importante de transformação e transporte de

vários produtos extraídos dos alimentos. Uma vez que o Qi do Alimento é extraído da comida, e é

a base para a produção de todo Qi e Sangue, fica fácil perceber a importância que a medicina

chinesa atribui à qualidade e a quantidade de alimentos ingeridos. (MACIOCIA, 2007).

XUE (SANGUE)

CONCEITO DE SANGUE (XUE)

O significado de Sangue na medicina chinesa é diferente da medicina ocidental. Na medicina

chinesa, o Sangue é por si só uma forma de Qi muito denso e material, mantendo inda sim como

Qi. Além disso, o Sangue é inseparável do Qi, uma vez que o Qi proporciona vida ao Sangue. Sem

o Qi, o Sangue seria um fluido inerte. (MACIOCIA, 2007).

O Sangue é o fruto da transformação da essência dos alimentos (Jing Qi) pelo Baço e o Estômago.

É governado pelo Coração, armazenado pelo Fígado, controlado pelo Baço, circula nos vasos que

são uma de suas “moradias” e sua função é de nutrir o conjunto do organismo. (AUTEROCHE &

NAVAILH, 1986).

O Sangue e o Qi estão intimamente relacionados, uma vez que a formação e circulação do sangue

dependem do Qi, ao passo que a formação e distribuição de Qi estão relacionadas com o sangue.

(MEIKE, 1995).

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FORMAÇÃO DO XUE (SANGUE)

O sangue deriva, em sua maioria, do Qi do Alimento produzido pelo Baço, que o envia para o

pulmão e, por meio da ação impulsora do Qi do Pulmão, ele é enviado para o Coração, onde é

transformado em Sangue. (MACIOCIA, 2007).

Para AUTEROCHE & NAVAILH (1986) a formação do Sangue é realizada pela combinação de 3

fatores: A essência dos alimentos; O Ying Qi; O Jing da medula.

Porém para MACIOCIA (2007) há duas características importantes na fabricação do sangue. A

primeira consiste no fato de que a transformação do Qi do Alimento em Sangue é auxiliada pelo

Qi Original. A segunda se baseia no fato de que o Rim armazena a Essência que produz a Medula.

A Essência, por sua vez, gera a medula óssea, a qual contribui para gerar o Sangue.

FUNÇÃO DO XUE (SANGUE)

A principal função do Sangue é nutrir o organismo, além de complementar a ação nutriente do Qi.

O Sangue é uma forma densa de Qi e flui por todo organismo. Além de proporcionar a nutrição, o

Sangue também apresenta uma função umedecedora, ao contrário do Qi. O Sangue assegura que

os tecidos corpóreos não sequem. (MACIOCIA, 2007).

O sangue circula em todo o corpo, no interior atinge todos os órgãos, no exterior atinge a pele, a

carne, os tendões e os músculos. Sua atuação é dupla, de um lado nutre e umedece os tecidos

orgânicos do corpo inteiro, do outro lado serve como base material à atividade mental.

(AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

JIN YE (LÍQUIDOS ORGÂNICOS)

CONCEITO DE JIN YE

Os Jin Ye englobam a totalidade dos líquidos normais do corpo, e abrange as diferentes secreções,

como os líquidos do estômago, do intestino, das articulações, mas também as excreções ligadas

aos órgãos, como lágrimas, remelas, suor, urinas, duas formas de salivas (Baço e Rim)

(AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

Os Fluídos Corpóreos são de dois tipos. Um do tipo transparente e líquido permeiam os músculos

e a pele para aquecer e nutrir os músculos e para umectar a pele, e o outro do tipo turvo e viscoso

alimenta as cavidades das articulações, o cérebro e os orifícios do corpo, lubrificando as

articulações, tonificando o cérebro e umectando os orifícios. O suor, a urina e a saliva são todos

formados a partir dos fluidos do corpo. O sangue também contém uma grande quantidade de

fluidos do corpo. (MEIKE, 1995).

Os Fluídos Corpóreos originam-se dos alimentos e dos líquidos, e são transformados e separados

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pelo Baço. (MACIOCIA, 2007).

FUNÇÃO DO JIN YE

Lubrificar e alimentar os órgãos, as carnes, os vasos, a pele e as articulações. O que é externo é

reservado a ação do Jin, o que é interno à ação dos Ye.

Construir o sangue e lhe fornecer a parte aquosa, a fim de que a circulação seja ininterrupta.

Enriquecer o Jing, a Medula e o Cérebro, ficando com essa função particularmente ao Ye.

Manter o equilíbrio do Yin e do Yang, manter a temperatura do corpo, e o bom andamento dos

órgãos. (AUTEROCHE & NAVAILH, 1986).

ESCLEROSE MÚLTIPLA NA VISÃO DA MTC

Segundo a Medicina Chinesa é considerada como um tipo de Síndrome Atrófica. Aparecendo pela

primeira vez no Capítulo 44 do Livro Simple Questions o qual é chamada de Wei Bi. Onde o

termo chinês Wei Significa “murcho” referindo-se ao quadro caracterizado por “secagem” dos

músculos e tendões, provenientes de desnutrição. E o termo Bi que sugere inabilidade ao andar,

pois o pé não pode ser levantado corretamente. Portanto, a Síndrome Atrófica consiste em um

quadro caracterizado por fraqueza dos quatro membros, gerando atrofia progressiva, estado

flácido dos músculos e tendões, incapacidade e andar corretamente e eventualmente paralisia, sem

ocorrer quadro de dor nesse enfraquecimento. (MACIOCIA, 1996).

SÍNDROME ATRÓFICA

Etiopatologia

Segundo MACIOCIA (1996) o Livro Simple Questions, no Capítulo 44, descreve cinco tipos de

Síndrome Atrófica, uma para cada Órgão Yin e seu tecido correspondente, isto é, da Pele

(Pulmões), dos músculos (Baço/Pâncreas), dos vasos sanguíneos (Coração), dos Tendões (Fígado)

e dos ossos (Rins). Atribui ainda a cada uma delas o Calor, secando completamente os fluídos

corpóreos e gerando secura da pele, músculos, vasos sanguíneos, tendões e ossos. Essa idéia do

Calor secando completamente os fluídos corpóreos e prejudicando os músculos e tendões também

é muito importante, devendo-se observar que nos indivíduos sofredores de Esclerose Múltipla,

muitas vezes o quadro é agravado por uma doença febril. No entanto, nem todo tipo de Síndrome

Atrófica é causada por Calor.

Para MACIOCIA (1996) os Seis principais fatores etiológicos são:

1) Vento-Calor proveniente de uma doença quente: essa doença é proveniente de invasão de

Vento-Calor quando o fator patológico for particularmente virulento e infeccioso, e que é,

portanto forte, invadindo o corpo rapidamente, e possuindo grande tendência a secar

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completamente os fluídos corpóreos e o Yin. Essa invasão no estágio inicial se dá pela penetração

através do nariz e da boca e afeta os Pulmões e o Estômago. Após isto, secagem completa dos

fluídos gerando desnutrição dos músculos, tendões e Meridianos e, consequentemente paralisia.

2) Umidade Externa: a Umidade é contraída ao morar-se em local úmido ou ao expor-se a clima

úmido por longos períodos, que invade os músculos e tendões, tornando-os, eventualmente, secos

e paralisados.

3) Alimentação: o consumo excessivo laticínios e de alimentos gordurosos ou a alimentação

irregular podem prejudicar a função do Baço/Pâncreas, gerando a formação de Umidade. Se essa

Mucosidade se assentar nos músculos causará formigamento e enfraquecimento progressivo.

4) Excesso de Atividade Sexual e de Esforço: a atividade sexual excessiva e o trabalho muito

árduo esgotam os Rins e o Fígado, e, conseqüentemente, enfraquecem os ossos e tendões, que

ficam destituídos de nutrição pela Essência do Rim e pelo Sangue do Fígado, tornando-se fracos e

podendo, eventualmente, gerar Síndrome Atrófica.

5) Traumas: os traumas na região da cabeça podem causar Estagnação de Qi e Sangue na área

controladora dos nervos motores, gerando formigamento, adormecimento e fraqueza de um

membro.

6) Choque: os choques emocionais esgotam o Coração e o Baço/Pâncreas. O Baço/Pâncreas

controla os músculos e o Coração, os vasos sanguíneos e a circulação. Quando o Coração e o

Baço/Pâncreas estão esgotados, os músculos tornam-se fracos e a circulação de sangue para os

membros é deficiente, quadro esse que pode causar ou contribuir para o desenvolvimento de

Síndrome Atrófica.

Geralmente, a Síndrome Atrófica não é causada por um fator patogênico isolado, mas de uma

combinação de fatores, como por exemplo, a invasão de Umidade externa associada com

alimentação irregular e choque. Outro exemplo de combinação de fatores patogênicos seria a

invasão de Umidade externa combinada com atividade sexual excessiva de esforço e trauma.

(MACIOCIA, 1996).

MACIOCIA (1996) descreve que os principais padrões que aparecem na Síndrome Atrófica são:

- Calor nos Pulmões prejudicando os fluídos Yin (tipo Plenitude)

- Invasão de Umidade-Calor (tipo Plenitude)

- Invasão de Umidade-Frio (tipo Plenitude)

- Deficiência do Estômago e do Baço/Pâncreas (tipo Vazio)

- Colapso do Baço/Pâncreas e do Coração (tipo Vazio)

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- Deficiência do Fígado e do Rim (tipo Vazio)

- Estase de Sangue nos Meridianos (tipo Plenitude-Vazio)

A Patologia da Síndrome Atrófica é caracterizada por Plenitude nos estágios iniciais e Vazio, ou

combinação de Plenitude e Vazio, nos estágios intermediários e avançados. Portanto, os três

primeiros padrões geralmente aparecem nos estágios iniciais da doença e os demais, nos estágios

intermediários e avançados. Os padrões de Plenitude, com o tempo, inevitavelmente transformam-

se em padrões do tipo Vazio. A situação contrária também é possível, isto é, os padrões de

Deficiência podem dar origem aos padrões de Excesso. (MACIOCIA, 1996).

Diferenciação entre os tipos Plenitude e Vazio de Síndrome Atrófica (Tabela 2)

Plenitude Vazio

Duração Curta Longa

Início Súbito e desenvolvimento rápido. Gradual

História De invasão de Umidade externa ou

residência em local úmido.

Desenvolve-se a

Plenitude ou em

constituição fraca.

partir dos

pacientes

tipos

com

Sintomas

principais

Fraqueza dos

dificuldade no

Ausência de atrofia

membros e

movimento.

Membros muito fracos, atrofia.

Outros

sintomas

Formigamento, dor, convulsões. Ausência de dor

(MACIOCIA, 1996).

É muito comum encontrarmos uma combinação de padrões de Plenitude e Vazio, especialmente

nos estágios intermediários e avançados da doença. Há também uma correspondência entre os

fatores etiológicos e os padrões, como: Vento-Calor, Umidade externa gera Umidade-Calor ou

Umidade-Frio e Alimentação irregular causando Umidade-Calor. (MACIOCIA, 1996).

O relacionamento entre os fatores etiológicos e os padrões está na tabela 3 abaixo:

Etiologia Padrão

Calor - Calor no Pulmão e no Estômago

Umidade externa - Umidade-Calor / Umidade-Frio

- Umidade-Mucosidade

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Ingestão alimentar irregular - Umidade-Calor / Umidade-Frio

- Umidade-Mucosidade

- Deficiência do Estômago e do Baço/Pâncreas

- Colapso do Baço/Pâncreas e do Coração

Atividade sexual excessiva - Deficiência do Fígado e do Rim

- Estase de Sangue nos Meridianos

Acidente - Estase de Sangue nos Meridianos

Choque emocional - Colapso do Baço/Pâncreas e do Coração

- Estase de Sangue nos Meridianos

(MACIOCIA, 1996).

ESCLEROSE MÚLTIPLA (E.M)

Segundo MACIOCIA (1996), de acordo com a localização das lesões na bainha de mielina, vários

e diferentes sintomas caracterizam esta patologia. Alguns deles como fraqueza e peso em uma ou

nas duas pernas, vertigem, incoordenação, adormecimento ou formigamento dos membros, podem

estar presentes.

Etiopatologia

Para MACIOCIA (1996) a EM apresenta 4 fatores etiopatológicos, abaixo discriminados:

1) Invasão de Umidade Externa: é uma causa importante da doença nos estágios iniciais. E

invade primeiramente os meridianos da perna, deslocando-se gradativamente para cima. Essa

invasão é contraída ao morar-se em locais úmidos, ao sentar-se na grama úmida, permanecendo

molhado após a natação, mediante a exposição a clima úmido vestindo roupas insuficientes ou

ao ser exposto à cerração. As mulheres são particularmente propensas à invasão de Umidade

durante os ciclos menstruais e após o parto. Esta Umidade obstrui os Meridianos e causa uma

sensação de peso nas pernas, adormecimentos e formigamentos.

2) Alimentação: o consumo excessivo de frituras, alimentos gordurosos ou frios prejudica o

Baço/Pâncreas, gerando a formação de Umidade. Já nos países Ocidentais, o consumo de

laticínios como o leite, o queijo, a manteiga e a nata, também são causas mais comum de Umidade.

3) Atividade Sexual Excessiva: o excesso de atividade sexual enfraquece os Rins e o Fígado e é

particularmente responsável pelas manifestações de EM nos estágios intermediários e avançados.

4) Choque: esta etiologia causa um esgotamento repentino do Qi do Baço/Pâncreas e do Coração.

Este esgotamento faz com que o Baço/Pâncreas que influencia os músculos, sofra uma privação

de nutrientes, e já o Coração que controla a circulação de sangue, fica com esta circulação

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dificultada mandando pouco Qi e Xue para os membros, tornando assim estes fatores causas de

fraquezas nas pernas, tontura e vertigem.

FADIGA

Para MACIOCIA (1996) a Fadiga como sintoma fundamental é discutida na Medicina Chinesa

sob o título de “Exaustão” (Xu Lao), onde este termo descreve não apenas o sintoma fadiga, mas

também sua causa básica, que é uma Deficiência do Qi do corpo. A expressão Xu Lao derivado de

Xu (“deficiência”) e Lao (“fadiga”) significam literalmente “fadiga por Deficiência”. No entanto,

a fadiga não é necessariamente sempre causada por uma Deficiência, mas, pode algumas vezes ser

causadas também por uma condição de Excesso. Em muitos casos, a fadiga pode ser o resultado

de uma interação de Deficiência e Excesso.

O Livro CLASSIC OF DIFFICULTIES discute os cincos esgotamentos no Capitulo 14 e diz: “No

esgotamento da pele (isto é Pulmões), a pele se contrai e os cabelos caem; no esgotamento dos

vasos sanguíneos (isto é, Coração), os vasos tornam-se deficientes e o Sangue não pode nutrir os

órgãos internos; no esgotamento dos músculos (isto é, Baço/Pâncreas), os músculos tornam-se

finos e o alimento não pode nutri-los; no esgotamento dos tendões (isto é, Fígado), os tendões se

enfraquecem e não podem suportar o corpo e as mãos não podem segurar; no esgotamento dos

ossos (isto é, Rins), os ossos murcham e o individuo não pode levantar da cama...”. (MACIOCIA,

1996).

Segundo MACIOCIA (1996), o conceito de “esgotamento” é similar ao da “Exaustão”, e a obra

PRESCRIPIONS OF THE GOLDES CHEST, escrita por ZHANG ZHONG JING, introduz o

termo “Exaustão” pela primeira vez, e que diz no Capitulo 6 “Quando o pulso é vasto (porém

vazio) nos pacientes do sexo masculino, indica exaustão extrema por esforço excessivo”. Já o

Livro DISCUSSION ON CAUSES AND SYMPTOMS OF DISEASES (610 d.C.) escrito por

CHAO YUAN FANG, desenvolve o conceito de Exaustão, investigando suas causas, e a

considera como proveniente dos “Seis Extremos” e dos “Sete Prejuízos”. Na qual, os “Seis

Extremos” são devidos ao esforço excessivo do corpo, gerando esgotamento de Qi, Sangue,

Tendões, Ossos, Músculos e Essência, e os “Sete Prejuízos” referem-se ao dano infringido aos

órgãos internos, por vários excessos que prejudicam suas energias.

Sendo assim:

- Alimentação excessiva prejudica o Baço/Pâncreas;

- Raiva excessiva e prolongada prejudica o Fígado e faz o Qi subir;

- Levantar excesso de peso ou sentar no chão úmido prejudica os Rins;

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- Exposição ao frio ou beber líquidos frios prejudicam os Pulmões;

- Excesso de preocupação e de pensamento prejudica o Coração;

- Vento, chuva, frio e calor prejudicam o corpo;

- Medo, ansiedade e trauma prejudicam a Mente.

Etiologia

Segundo MACIOCIA (1996) a Fadiga apresenta 7 fatores etiológicos, abaixo discriminados:

1) Constituição fraca: a fraqueza constitucional, isto é hereditária, é obviamente uma causa

freqüente de fadiga crônica, que é determinada por vários fatores como: a constituição dos pais em

geral, a saúde e a idade dos progenitores no momento da concepção, as condições da gravidez e o

desenvolvimento do parto. E é importante apontar que uma fraqueza pode se manifestar em

qualquer um dos Cincos Principais Órgãos Yin, e não apenas nos Rins. Pelo fato dos Rins

armazenarem a Essência prénatal e pósnatal, alguns indivíduos identificam apenas como uma

fraqueza dos Rins, e não é só isso, pode-se herdar uma constituição fraca em qualquer um dos

Cincos Órgãos Yin. Os sinais de fraqueza constitucional para cada órgão são os seguintes:

a) Coração: nervosismo e sono perturbado na infância; coloração azulada na frente da cabeça;

linha mediana da língua relativamente funda, atingindo a área aras da ponta.

b) Pulmão: propensão a resfriados e as doenças do peito na infância; tórax magro; tez pálida; voz

fraca; pulso em duas posições frontais mais medial e corrido na direção do polegar.

c) Baço/Pâncreas: músculos fracos d cansaço físico na infância; pouco apetite e distúrbios

digestivos na infância; tez amarelada.

d) Fígado: miopia e cefaléia na infância; tez esverdeada; infertilidade primária ou amenorréia nas

mulheres.

e) Rins: enurese noturna e temores na infância com coloração azulada no queixo; ossos ou

desenvolvimento cerebral fracos; infertilidade primária nas mulheres e esterilidade nos homens;

envelhecimento precoce e cabelos grisalhos.

2) Trabalho Pesado: o termo “trabalho pesado” significa excesso de trabalho físico ou mental,

longas horas de trabalho sem repouso adequado e trabalho sob condições estressante.

Na Medicina Chinesa, desde a antiguidade, o trabalho pesado tem sido considerado como causa de

doenças. Por essa razão ZHANG JIE BIN escreveu no seu livro THE COMPLETE BOOK OF

JING YUE (1634): “Não se conhecendo os limites de resistência e empurrando a si mesmo mais e

mais, resultará em exaustão”.

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O “trabalho pesado” é um termo genérico que inclui vários e diferentes tipos de excesso de

trabalho que geram doença. O trabalho que exige horas de permanência em pé, sem intervalo para

sentar ou deitar, pode prejudicar os Rins. O trabalho mental excessivo, o esforço dos olhos

mediante um monitor de computador pode enfraquecer o Sangue do Coração e do Fígado. O

trabalho mental excessivo durante longas horas, em condição de muito estresse, combinado com

alimentação irregular, pode enfraquecer o Yin do Estômago e dos Rins.

3) Esforço Físico Excessivo: inclui excesso de esforço no curso do trabalho e excesso de

exercício ou atividades esportivas. O trabalho físico excessivo, sem repouso, enfraquece os

músculos e o Baço/Pâncreas. Carregar excesso de peso prejudica os Rins. Excesso de atividade

física prejudica os tendões gerando, após alguns anos, Deficiência de Sangue ou de Yin do Fígado

e possivelmente desenvolvimento do Vento no Fígado, que pode se manifestar com rigidez,

formigamento e espasmos nas pernas.

4) Dieta: alimentação inadequada é obviamente causa muito importante de fadiga crônica

enfraquecendo diretamente o Estômago e o Baço/Pâncreas e causando, por conseguinte, fadiga

crônica, uma vez que o Estômago e o Baço/Pâncreas são a origem do Qi e do Sangue.

Qualquer desequilíbrio no tipo de alimento ingerido pode também enfraquecer o Baço/Pâncreas e

o Estômago, como o consumo excessivo de alimentos crus e frios enfraquece o Yang do

Baço/Pâncreas; o consumo excessivo de carne, alimentos condimentados, e bebidas alcoólicas

gera Calor no Estômago; o consumo excessivo de alimentos ácidos como vinagre, iogurte, maças

ácidas, laranjas e picles podem ascender o Yang do Fígado; o consumo excessivo de laticínios

gera Umidade-Mucosidade; o consumo excessivo de frituras e alimentos gordurosos gera

Umidade-Calor. A primeira condição (Deficiência do Yang do Baço/Pâncreas) é uma causa do

tipo Deficiência muito freqüente de fadiga crônica. As demais (Calor no Estômago, ascensão do

Yang do Fígado, Umidade-Mucosidade, e Umidade-Calor), podem constituir-se em causas do tipo

Excesso de fadiga crônica.

5) Doenças Severas: qualquer doença grave e prolongada pode resultar em Deficiência do

Baço/Pâncreas e, portanto, em fadiga crônica. Em particular, doenças por Calor podem também

geram Deficiência de Yin, uma vez que o Calor apresenta uma tendência a “queimar” os fluidos

corpóreos. E uma causa adicional de fadiga crônica é também a Deficiência de Qi e/ou de Yin que

ocorre após invasão de Vento-Calor exterior.

6) Atividade Sexual Excessiva: excesso de atividade sexual causa uma Deficiência dos Rins.

Como causa de doença, é mais comum entre os homens do que entre as mulheres. Obviamente, é

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impossível definir um nível “normal de atividade sexual, uma vez que depende da constituição do

individuo em geral e de sua condição particular no ato sexual. É importante para o profissional

que exerce Medicina Chinesa, estar atento a esta causa particular da doença, uma vez que a

maioria das pessoas desconhece que a atividade sexual excessiva pode ser nociva ou mesmo que

deve abster-se de sexo durante o curso de uma doença aguda.

7) Parto: logo após o parto a mulher apresenta-se muito cansada, tendo em vista que o Qi e o

Sangue estão esgotados pelas demandas da gravidez e do parto. Essa situação definitivamente gera

Deficiência de Sangue do Fígado e, por conseguinte, fadiga crônica. Do ponto de vista do Qi e do

Sangue, um aborto é tão enfraquecedor quanto o parto, pois muitas vezes envolve perda

substancial de Sangue.

Patologia

Para MACIOCIA (1996) embora o termo exaustão tenha, por definição, o significado de fadiga

proveniente de Deficiência, a fadiga crônica pode também resultar de uma condição de Excesso,

havendo basicamente três possibilidades:

- Deficiência

- Combinação de Deficiência e Excesso

- Excesso

Com relação às possibilidades acima, as duas primeiras, são facilmente compreensíveis em

resultar em fadiga. Já a terceira (Excesso), pode ser mais difícil de ver como pode causar a fadiga.

No entanto ocorre pela obstrução do movimento, transformação e circulação de Qi e Sangue. O

Fígado tem assegurado o fluxo homogêneo de Qi em todas as partes do corpo e em todos os

Órgãos, e regula a entrada/saída e a subida/descida de Qi. Com isto é de fácil compreensão que se

o Qi do Fígado for estagnado, a direção do movimento e da circulação do Qi é prejudicada,

resultando assim em fadiga. (MACIOCIA, 1996).

Para MACIOCIA (1996) as condições de Excesso que mais facilmente resultam em fadiga crônica

são: Estagnação do Qi do Fígado; Ascensão do Yang do Fígado; Fogo do Fígado; Vento do

Fígado; Mucosidade e Umidade.

As quatro primeiras condições pertencem ao Fígado e todas dependem da função do Fígado de

garantir o fluxo homogêneo de Qi. Já as duas últimas, são causas do tipo Excesso muito

freqüentes de fadiga crônica. Embora ambas sejam provenientes de Deficiência de Qi do

Baço/Pâncreas, que poderia por si mesma causar fadiga, a Mucosidade e a Umidade também

causam fadiga por elas mesmas, obstruindo o movimento e a transformação de Qi.

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MACIOCIA (1996), na tabela 4 abaixo, sugere os Pontos de Acupuntura para o tratamento

complementar da Fadiga nos Padrões (Patologias) que ela se apresenta nos Zang Fu (Órgãos e

Vísceras):

PADRÕES PONTOS DE

ACUPUNTURA

PRINCÍPIO DE TRATAMENTO

Deficiência do Qi do Pulmão P-9; E-36; VC-6; Tonificar o Qi do Pulmão.

Deficiência do Qi do Baço-Pâncreas E-36; BP-3; VC-

12; B-20; B-21

Tonificar e Fortalecer Qi do Baço-

Pâncreas.

Deficiência do Qi do Coração C-5; CS-6; B-15;

VC-17; VC-6

Tonificar e Fortalecer o Qi do

Coração.

Deficiência do Yang do Coração C-5; CS-6; B-15;

VC-17; VC-6;

VG-14

Tonificar o Qi e Aquecer o Yang

Deficiência do Yang do Baço-

Pâncreas

E-36; BP-3; VC-

12; B-20; B-21;

VG-20

Fortalecer o Baço-Pâncreas e Aquecer

o Aquecedor Médio.

Deficiência do Yang do Rim R-3; R-7; VC-4;

BP-6; B-23; B-

20;

Aquecer e Tonificar o Yang do Rim;

Nutrir a Essência e o Sangue.

Deficiência de Sangue do Coração C-7; CS-6; VC-

14; VC-15; VC-

44; B-20; B-17;

E-36; BP-6

Nutrir o Sangue; Fortalecer o

Coração.

Deficiência de Sangue do Fígado B-17; B-18; B-20;

F-8; E-36; BP-6;

VC-4

Nutrir o Sangue; Tonificar o Fígado.

Deficiência de Sangue do Baço-

Pâncreas

E-36; BP-3; VC-

12; B-20; B-21;

VG-20; B-17

Tonificar o Qi e o Sangue; Fortalecer

o Baço-Pâncreas e o Coração.

Deficiência do Yin do Pulmão P-9; VC-17; B-

43; B-13; VG-12;

VC-12; E-36; BP-

6

Nutrir o Yin; Gerar fluidos; Fortalecer

os Pulmões.

Deficiência do Yin do Coração C-7; CS-7; VC-

14; VC-15; C-6;

R-7; VC-4; BP-6;

R-6; R-3

Nutrir o Yin; Fortalecer o Coração;

Acalmar a Mente; Nutri o Yin do

Rim.

Deficiência do Yin do Estômago e

do Baço-Pâncreas

E-36; BP-6; VC-

12; E-44;

Nutrir o Yin; Fortalecer o Estômago e

o Baço-Pâncreas.

Deficiência do Yin do Fígado VC-4; F-8; BP-6;

E-36

Nutrir o Yin; Fortalecer o Fígado.

Deficiência do Yin do Rim R-3; P-7; VC-4;

BP-6; B-23; B-52

Nutrir o Yin; Fortalecer os Rins;

Escorar a Força de Vontade.

Estagnação do Qi do Fígado VB-34; F-3; F-14;

F-13; CS-6; TA-6

Acalmar o Fígado e Regular o Qi.

Ascensão do Yang do Fígado F-3; F-8; BP-6; Conter o Yang do Fígado; Nutri o

34 Revista Científica Educandi & Civitas – Volume 1 – Número 1 – Dezembro/2018

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R-3; VC-4; CS-7 Fígado e/ou Rins.

Fogo do Fígado F-2; BP-6; R-3 Clarear o Fogo; Sedar o Fígado.

Vento do Fígado F-3; VG-16; VB-

20; Du Mai (ID-

3/B-62)

Conter o Vento do Fígado.

Mucosidade VC-12; E-36; B-

20; E-8; VG-20;

E-40; P-5

Eliminar Mucosidade; Clarear os

Pulmões, o Estômago ou o Coração;

Tonificar o Baço-Pâncreas.

Umidade BP-9; BP-6; B-

22; VC-9; P-7;

IG-4; B-20; VC-

12;

Eliminar Umidade; Tonificar o Baço-

Pâncreas.

METODOLOGIA

O estudo foi efetuado através de levantamento bibliográfico, selecionando a técnica da acupuntura

para melhor orientar o Acupunturista a executar um tratamento complementar da fadiga em

paciente portador de esclerose múltipla. Foram consultadas as bibliografias temáticas: usando

bibliotecas universitárias (livros), artigos de periódicos científicos, buscas por sites da Internet da

área das ciências da saúde como: bireme, medline.

DISCUSSÃO

A fadiga leva um impacto na qualidade de vida dos pacientes portadores de EM (SWAIN, 2000;

MENDES et al 2000). Por ser um fenômeno complexo e de natureza subjetivas (KISNER &

COLBY, 1998; SWAIN, 2000) o seu tratamento torna-se de suma importância.

Por se uma consequência da EM, a fadiga, estudada por ENOKA (1992), que observou a

fundamental importância de compreender a regulação da contração muscular sob condições de

fadiga.

GARCIA et al 2004 com a utilização de eletrodos de superfície, pode afirmar através de seus

achados que é um método prático, simples e importante, para o diagnóstico patológico ou não.

Para FERREIRA 2003, a fadiga afeta consideravelmente o estado de equilíbrio do corpo. O teste

de Romberg, Romberg Barré e Romberg Fournier, descritos na literatura, trazem resultados que

corroboram com a descrição de Ferreira. Ao analisar a marcha de paciente com EM com

desequilíbrio, ataxia, parestesia e paresia, e falta de coordenação motora, conclui-se que a marcha

apresenta-se desta forma, devido a EM condicionar a uma fadigabilidade extrema, limitando

amplitudes de movimento e dependente para locomoção.

CONCLUSÃO

A prática da Acupuntura para tratar condições patofisiológicas tem sido assunto de muito interesse

35 Revista Científica Educandi & Civitas – Volume 1 – Número 1 – Dezembro/2018

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no Ocidente. Sendo assim conclui-se que a técnica apresentada como tratamento complementar

para fadiga nos pacientes com Esclerose Múltipla torna-se de importante relevância,

principalmente pelos achados na literatura e por apresentar uma relação entre a Esclerose Múltipla

e a Fadiga. Desse modo, sugere-se que alguns protocolos predeterminados para execução dos

processos avaliativos e de tratamento complementar sejam direcionados para se examinar a

eficácia da técnica da acupuntura no tratamento desse perfil de paciente.

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