A família católica%2c 35 edição.

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25 anos de Morte de DOM MARCEL LEFEBVRE + 25 de março de 1991 E DOM ANTÔNIO DE CASTRO MAYER + 25 de abril de 1991 SANTOS E FESTAS DO MÊS: 04– Anunciação de Nossa Senhora; 05– São Vicente Ferrer; 11– São Leão Magno; Santa Gemma Galgani; 14– São Justino; 21– Santo Anselmo; 23– São Jorge; 25– São Marcos, apóstolo; 27– São Pedro Canísio; 28– São Paulo da Cruz; São Luis M. G. Montfort; 30– Santa Catarina de Sena; NESTA EDIÇÃO: Obrigado, Monsenhor 1, 2 Catecismo, Dom Antônio 3,4 Oração a São Bento 5 Notícias da Resistência 5 Abril/ 2016 Edição 35 A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S Obrigado, Monsenhor! Le Sel de la Terre, nº 96 Tradução: Capela Nossa Senhora das Alegrias Para compreender e descrever o ensinamento de Mons. Lefebvre seria preciso, para começar, relatar o que ele mesmo tinha recebido no Se- minário francês de Roma, em particular esta grande luz dos ensinamentos pontifícios do século XIX, que denunciava os erros contempo- râneos. Ele mesmo revelou que no momento de sua entrada no seminário ele cria de boa fé que a separação da Igreja e do Estado era uma coi- sa normal. Foram os ensinamentos do Pe. Le Floch e o estudo leal das encíclicas dos papas e da Doutrina de Santo Tomás que esclareceram o jovem padre. Seria necessário em seguida descrever, em detalhe, seus anos de atividade missionária, primeiramente como simples religi- oso espiritano no Gabão, depois como vigário apostólico e como primeiro bispo e primeiro arcebispo de Dakar, depois que Pio XII o nome- ou delegado apostólico de toda África francófo- na. Igualmente evocar seus anos como profes- sor e diretor do seminário Santa Maria de Libre- ville e, mais tarde, como superior do escolasti- cado de filosofia dos padres do Espírito Santo, em Mortain, na Normandia. Mesmo se se toma somente em consideração o segundo período de sua vida, que começa depois do Concílio, se constata que Mons. ja- mais cessou de ensinar. De uma certa maneira ele o ensinou como nunca, pois seu campo de apostolado se estendeu ao mundo inteiro. Basta consultar a lista impressionante dos relatórios conservados em Ecône para constatar a amplitude da pregação de Dom Lefebvre. Sermão para as festas litúrgicas, ordenações e ainda outras circunstâncias; conferências espiri- tuais aos seminaristas; retiros diversos; jorna- das de conferências no mundo inteiro, etc. O ensinamento de Dom Lefebvre era ao mes- mo tempo muito doutrinal e muito prático, a exemplo das epístolas de São Paulo, que ele citava frequentemente. Ele se baseava sobre a doutrina, mas como verdadeiro pastor, ele não omitia jamais dar aplicações práticas, se adap- tando a seu auditório. Os padres e os clérigos, as famílias católicas, os grandes e os peque- nos..., cada um encontrava ao escutá-lo as pala- vras simples e profundas das quais sua alma Neste ano de 2016 completaram-se os 25 anos de falecimento de V. Ex as Rev. mas Dom Marcel Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer. Como forma de homenagear estes dois gigantes da Fé nosso jornal traz nessa edição, em primeiro lugar, trechos do artigo “Merci Monseigneur!”, traduzido da excelente revista Le Sel de la Terre, bem como proposições importantes do “Catecismo de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâ- neos” escrito por Dom Antônio e que acompanha sua importante Carta Pastoral sobre os Problemas do Apostolado Moderno. Que Dom Lefebvre e Dom Antônio intercedam por nós e nos alcancem a graça da firmeza na Fé e no combate.

Transcript of A família católica%2c 35 edição.

25 anos de Morte de

DOM MARCEL LEFEBVRE

+ 25 de março de 1991

E

DOM ANTÔNIO DE CASTRO

MAYER

+ 25 de abril de 1991 SANTOS E

FESTAS DO MÊS:

04– Anunciação de Nossa

Senhora;

05– São Vicente Ferrer;

11– São Leão Magno;

Santa Gemma Galgani;

14– São Justino;

21– Santo Anselmo;

23– São Jorge;

25– São Marcos, apóstolo;

27– São Pedro Canísio;

28– São Paulo da Cruz;

São Luis M. G. Montfort;

30– Santa Catarina de Sena;

N E S T A

E D I Ç Ã O :

Obrigado, Monsenhor 1, 2

Catecismo, Dom Antônio 3,4

Oração a São Bento 5

Notícias da Resistência 5

Abril/ 2016 Edição 35

A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S

Obrigado, Monsenhor!

Le Sel de la Terre, nº 96

Tradução: Capela Nossa Senhora

das Alegrias

Para compreender e descrever o ensinamento

de Mons. Lefebvre seria preciso, para começar,

relatar o que ele mesmo tinha recebido no Se-

minário francês de Roma, em particular esta

grande luz dos ensinamentos pontifícios do

século XIX, que denunciava os erros contempo-

râneos. Ele mesmo revelou que no momento de

sua entrada no seminário ele cria de boa fé que

a separação da Igreja e do Estado era uma coi-

sa normal. Foram os ensinamentos do Pe. Le

Floch e o estudo leal das encíclicas dos papas e

da Doutrina de Santo Tomás que esclareceram

o jovem padre. Seria necessário em seguida

descrever, em detalhe, seus anos de atividade

missionária, primeiramente como simples religi-

oso espiritano no Gabão, depois como vigário

apostólico e como primeiro bispo e primeiro

arcebispo de Dakar, depois que Pio XII o nome-

ou delegado apostólico de toda África francófo-

na. Igualmente evocar seus anos como profes-

sor e diretor do seminário Santa Maria de Libre-

ville e, mais tarde, como superior do escolasti-

cado de filosofia dos padres do Espírito Santo,

em Mortain, na Normandia.

Mesmo se se toma somente em consideração

o segundo período de sua vida, que começa

depois do Concílio, se constata que Mons. ja-

mais cessou de ensinar. De uma certa maneira

ele o ensinou como nunca, pois seu campo de

apostolado se estendeu ao mundo inteiro.

Basta consultar a lista impressionante dos

relatórios conservados em Ecône para constatar

a amplitude da pregação de Dom Lefebvre.

Sermão para as festas litúrgicas, ordenações e

ainda outras circunstâncias; conferências espiri-

tuais aos seminaristas; retiros diversos; jorna-

das de conferências no mundo inteiro, etc.

O ensinamento de Dom Lefebvre era ao mes-

mo tempo muito doutrinal e muito prático, a

exemplo das epístolas de São Paulo, que ele

citava frequentemente. Ele se baseava sobre a

doutrina, mas como verdadeiro pastor, ele não

omitia jamais dar aplicações práticas, se adap-

tando a seu auditório. Os padres e os clérigos,

as famílias católicas, os grandes e os peque-

nos..., cada um encontrava ao escutá-lo as pala-

vras simples e profundas das quais sua alma

Neste ano de 2016 completaram-se os 25 anos de falecimento de V. Exas Rev.mas Dom

Marcel Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer. Como forma de homenagear estes dois

gigantes da Fé nosso jornal traz nessa edição, em primeiro lugar, trechos do artigo “Merci

Monseigneur!”, traduzido da excelente revista Le Sel de la Terre, bem como proposições

importantes do “Catecismo de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâ-

neos” escrito por Dom Antônio e que acompanha sua importante Carta Pastoral sobre os

Problemas do Apostolado Moderno. Que Dom Lefebvre e Dom Antônio intercedam por nós

e nos alcancem a graça da firmeza na Fé e no combate.

tinha necessidade. Muitas vezes confiou que, jovem padre, ele

mergulhava nas homilias de São João Crisóstomo e que este Pa-

dre da Igreja havia se tornado seu modelo em matéria de prega-

ção, por causa de sua clareza e de seu grande senso doutrinal e

prático. Somos forçados a constatar que o aluno bem aprendeu de

seu mestre.

O que ensinava? Nosso Senhor Jesus Cristo. Este era o tema no

qual ele sempre retornava. Quem não se recorda dos seus comen-

tários da liturgia do Círio Pascal: “Christus, heri et hodie principium

et finis: Alpha et Omega: [...] Ipsi gloria et imperium...”; ou de suas

explicações sintéticas sobre os estudos filosóficos e teológicos do

seminário, todas voltadas para esta única verdade: Nosso Senhor

Jesus Cristo. Cristo Rei, essa verdade diretamente visada pelo erro

conciliar da Liberdade Religiosa, o inflamava; impossível não se

comover escutando-o cantar as estrofes do hino da Festa de Cristo

Rei “Te saeculorum Principem; Te, Christe, Regem gen-

tium...Scelesta turba clamitat: Regnare Christum nolumus!...”

É claro, Monsenhor falava também muito frequentemente do

Santo Sacrifício da Missa, mostrando como o próprio Sacramento

da Eucaristia, ele mesmo, depende do Sacrifício. O Santo Sacrifí-

cio, dizia ele, foi muito esquecido na espiritualidade dos últimos

séculos e isso é uma das causas da crise atual. Ele queria que o

Sacrifício da Missa fosse como um resumo de toda a espiritualida-

de de sua Fraternidade. Fundador de uma obra sacerdotal, ele

pregava muito sobre o padre e sua participação na graça de união

com Nosso Senhor Jesus Cristo, sem esquecer as virtudes sacer-

dotais (a prudência, o zelo, a humildade, a caridade, etc.). Enfim,

deve-se assinalar seu amor pela Virgem Maria. Ele terminava siste-

maticamente seus sermões por uma pequena palavra sobre Nos-

sa Senhora, “Nossa boa mãe do céu”; jamais ela estava esqueci-

da.

Em tudo isso Mons. Lefebvre fiel à sólida formação teológica que

havia recebido no Seminário francês de Roma, no tempo do Pe. Le

Floch, e do Cardeal Billot, era muito tomista. O Doutor angélico

retornava sem cessar sobre seus lábios e sob sua pluma. Ele o

relia regularmente. Muitas vezes, para as conferências espirituais,

ele se contentava de tomar um dos volumes da Summa publicada

pela Revue des jeunes, e comentava diretamente o texto de Santo

Tomás.

Ao lado desta pregação da verdade, Monsenhor estava sempre a

denunciar sem tréguas o erro. O ódio ao erro é com efeito a pedra

de toque do amor à verdade. Ora, Monsenhor Lefebvre tinha um

grande amor pela verdade.

II—SOBRE MÉTODOS DE APOSTOLADO

(Proposição falsa ou ao menos perigosa)

* (Proposição certa)

Proposição 32

Mais importa manter as almas na união da caridade do que na

união da verdade.

* A união da caridade é fruto conatural da união na verdade.

Assim, o que importa acima de tudo é a manutenção da Fé, sem

a qual ninguém pode agradar a Deus (S. Paulo aos Hebreus

11,6).

Explanação

Se se admite alguma coisa mais fundamental do que a Fé, cai-

se necessariamente na conclusão de que a diferença de religiões

é secundária, e portanto justificável toda uma linha de conduta

interconfessional. Na realidade, entretanto, a união na Fé é de

tal maneira capital que nós a devemos reconhecer como valor

imprescindível e dominante em nossas relações não só com pes-

soas estranhas à Igreja, mas também com os próprios filhos des-

ta. A estes devemos uma caridade especial. Mas, se eles se ser-

vem de sua condição de católicos para difundir o erro dentro da

Igreja, devem ser também o objeto de uma especial e viva oposi-

ção de nossa parte. Supérfluo será notar que mesmo no ardor

das lutas, cumpre conservar a caridade.

Ademais, admitida a sentença impugnada, seriam inexplicáveis

todas as lutas, por vezes seculares, que a Igreja manteve para

conservar no seu seio a integridade da Fé. Quando se pensa que

essas lutas envolveram perseguições, martírios e dilacerações do

Corpo Místico de Cristo, compreende-se a importância capital

que deu Nosso Senhor Jesus Cristo à integridade do depósito

sagrado que ele confiou à sua Igreja.

Proposição 33

O herege e o pecador, pessoas bem intencionadas, mas que se

equivocaram na conceituação da verdade e do bem, nunca de-

vem ser combatidos ou atacados em suas ideias ou costumes,

pelo menos de forma direta. Tal procedimento necessariamente

os afastaria e revoltaria. Pelo contrário, sempre que esclarecidos

com brandura, reconhecerão seu erro e se converterão.

* Deus dá a todos a graça para reconhecerem a verdade e o

bem, de maneira que os erros de boa fé neste ponto são aciden-

tais, não normais. A verdadeira mansidão cristã, que não envolve

condescendência em matéria de fé e costumes, é meio muito

eficaz e em si mesmo preferível, no trato com hereges e pecado-

res. Mas, quando a obstinação resiste à ação branda e suasória

da caridade, quando a insolência causa escândalo ao povo fiel, é

necessário o emprego de métodos enérgicos e combativos.

Explanação

A proposição impugnada peca por simplismo e unilateralidade.

Por certo há hereges, infiéis ou pecadores suscetíveis de serem

atraídos pela suavidade cristã. Seria erro manifesto empregar em

relação a eles uma desnecessária energia. Contudo, há tam-

bém— e em certas épocas são eles muito numerosos– hereges

ou pecadores que não se movem senão pela condenação enérgi-

ca de seu erro, e salutar temor servil do estado em que estão. Foi

o caso do profeta Natã com Davi.

Neste assunto, é preciso tomar também em consideração as

diversidades dos temperamentos. Para converter o Apóstolo das

gentes, a Providência, sempre amorosa, entendeu necessário

precipitá-lo em terra. Ademais, o emprego de métodos de aposto-

lado não deve tomar em exclusiva consideração as conveniên-

cias do herege ou do pecador, mas também, e antes de tudo, a

salvação e edificação dos que vivem na graça de Deus. Quando

um herege, ou pecador, em lugar de se conservar humildemente

na penumbra, se jacta de seu erro, e até o propaga pela palavra

e pelo exemplo, muitas vezes se torna indispensável reduzi-lo

pela energia. As Sagradas Escrituras estão repletas de exemplos

que contem esta doutrina. Assim, Jesus Cristo com os escribas e

fariseus, São Pedro com Ananias e Safira, São Paulo com o inces-

tuoso Corinto, etc.

Proposição 39

As associações católicas que visam proporcionar exclusivamen-

te a católicos vida cultural, recreativa, esportiva, etc., com intuito

de os segregar dos ambientes maus, não devem ser louvadas;

pois é preferível que os católicos frequentem os mais variados

ambientes para ali exercerem apostolado de infiltração e con-

quista.

* As associações católicas que visam proporcionar exclusivamen-

te a católicos vida cultural, recreativa, esportiva, etc., devem ser

louvadas; pois concorrem eficientemente para preservar os bons

de ocasiões próximas de pecado, e lhes proporcionam meios

excelentes de formação e santificação. Leigos assim formados

serão apóstolos de alto valor para a difusão da doutrina católica

nos vários ambientes com que os colocam em contato os deve-

res da vida cotidiana.

Explanação

A sentença impugnada faz abstração do que é fundamental em

matéria de apostolado: a formação de elites para a difusão do

reino de Cristo (grifo nosso). É bem de ver que tais elites só po-

dem ser formadas em ambientes de alto teor religioso, que não

se conseguem sem uma seleção dos elementos que os frequen-

tam. Ademais, a sentença impugnada tem também o inconveni-

ente de não distinguir entre os ambientes que um católico é obri-

gado a frequentar por deveres de estado, e aqueles a que se

expõe voluntariamente. No primeiro caso, - o jovem que para não

morrer de fome é obrigado, por exemplo, a aceitar emprego em

lugar perigoso para sua salvação– poderá contar com as graças

especiais de Deus, e resistirá tanto mais fortemente quanto mais

esmerada tiver sido sua formação. No segundo caso, - o jovem

que sem nenhum motivo invencível frequenta lugares perigosos -

expõem-se voluntariamente ao perigo, e corre o risco de ver reali-

zada em si a palavra do Espírito Santo - “qui amat periculum in

illo peribit” (Eccle. 3,27). Que a sentença impugnada louve uma

atitude contrária a tradição da Igreja, e aos desejos da Santa Sé

para os tempos atuais, mostra-se pela recomendação que dava o

Santo Padre Pio XII aos membros da “Associação Católica inter-

nacional para a proteção da donzela”. Em alocução dirigida aos

Catecismo de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâneos Dom Antônio de Castro Mayer

participantes do Congresso Internacional dessa Associação reuni-

do em Roma, em setembro de 1948, disse o Papa: “Procurar a

segurança moral da donzela, graças a centros de reunião, a lares,

a pensionatos, a restaurantes irrepreensíveis, graças a secretaria-

dos com fim de orientar e obter empregos, a residências nas esta-

ções e portos marítimos ou aeronáuticos: eis coisas excelentes e

de urgência imediata”.

Como se vê, julga o Pontífice que a eficácia do apostolado pede

um afastamento do ambiente mundano. As pessoas junto às

quais se quer fazer apostolado devem ser atraídas para ambien-

tes a um tempo sadios, amenos e impregnados de profunda mo-

ralidade. Em ambientes tais a formação religiosa, a aquisição de

prendas domésticas, o desenvolvimento de dotes artísticos e a

educação da jovem para vida prática podem ser alcançados com

facilidade e com êxito (Cfr. Civiltà Cattolica, 16 de outubro de

1948).

V—SOBRE MORAL NOVA Proposição 52

A regra moral deve ser inculcada enquanto norma que convém

ao homem, segundo a ordem natural das coisas; e seu caráter de

preceito emanado de Deus e obrigatório por força da autoridade

divina, manifestada em Revelação, deve, de preferência, ser pas-

sado em silêncio. Pois o caráter de preceito e obrigação revolta e

choca a mentalidade do homem contemporâneo.

* O ponto essencial da formação moral está no reconhecimento

da soberania de Deus sobre todos os homens e todas as coisas.

Em consequência, uma formação moral que procure fundamento

principal ou exclusivo na conveniência com a natureza humana

peca pela base, e jamais conseguirá dar uma formação sobrena-

tural.

Explanação

A sentença impugnada é profundamente revolucionária. Capitu-

la diante da revolta do homem contra a autoridade do Criador.

Não quer isto dizer que não seja conveniente, para tornar mais

facilmente praticável o preceito, já reconhecido e aceito como

imposto por Deus, mostrar que ele de fato corresponde a nature-

za do homem, feitura de Deus e objeto de seu amor. Seria porém

fundamentalmente falha uma formação moral que se baseasse

unicamente nesta consideração, que é menos importante do que

a primeira.

Quando se trata de convencer a católicos, pode-se apresentar a

conveniência da religião Católica com a natureza humana, como

meio de aplainar o caminho, desde que se trate de pessoa onde

se nota alguma boa fé. Uma apologética, entretanto, que se limi-

tasse a esse ponto, seria basicamente insuficiente. O Catolicismo

é Religião de obediência, e como tal deve ser apresentado.

Proposição 53

É próprio às associações religiosas tradicionais, como as Con-

gregações Marianas, Pias Uniões de Filhas de Maria, etc., desa-

conselhar que seus membros se pintem, frequentem bailes, pisci-

nas públicas, picnics mistos, etc. A Ação Católica, pelo contrário,

formada segundo as posições morais recentes da Igreja, deve

autorizar, promover e fomentar essas atitudes, que tornam seus

membros conformes ao século em que vivemos, e capazes assim

de fazer apostolado.

* A Moral da Igreja é imutável, e o que ontem era vaidade, ocasi-

ão próxima de escândalo ou de pecado, ainda o é hoje, e sê-lo-á

amanhã. Assim, a Igreja jamais aprovará os bailes modernos, as

piscinas mistas ou públicas, esportes mistos, jogos esportivos

femininos em público, etc., e louvará sempre as pessoas que se

abstiverem de se pintar, e de tudo quanto tiver ressaibos de vai-

dade ou mundanismo.

Explanação

A sentença impugnada seria lógica se se admitisse o pressupos-

to de uma moral nova na Igreja, mais livre e cômoda, da qual a

Ação Católica fosse arauto. Pelo contrário, tendo essa organiza-

ção recebido honrosos encorajamentos e bênçãos tão preciosas

dos Sumos Pontífices, convém que ela considere inteiramente

adequada a si a prática dos mais rigorosos princípios da modéstia

cristã. Não é outro o sentido em que se tem pronunciado o Sobe-

rano Pontífice, nas várias alocuções à Juventude Feminina Católi-

ca, como se pode ver na AAS. 35, p. 142 (1943); 33, p. 186

(1941); 32, P. 414 (1940).

Quanto aos bailes, o Santo Padre Pio XI, na encíclica “Ubi Arca-

no”, assim se pronuncia: “Ninguém ignora que a leviandade das

senhoras e das moças já ultrapassou os limites do pudor, sobretu-

do nas vestes e nas danças” (AAS. Vol 14, p. 678/679). Já anteri-

ormente lamentava Bento XV a indecência das vestes femininas,

e a falta de recato e pudor nas danças. Depois de deplorar a

“cegueira das mulheres” no “tresloucamento das veste”, acres-

centa o seguinte a respeito das danças: “que entraram nos bailes

da sociedade danças vindas da barbárie, cada uma pior do que a

outra, aptas mais do que qualquer outra coisa para tirar todo pu-

dor” (Enc. “Sacra propediem”, 6 de jan. de 1921, AAS. 13, p.39,

1921)

A respeito de manifestações esportivas femininas em público, a

Sagrada Congregação do Concílio promulgou em 12 de janeiro de

1930 uma instrução nos seguintes termos: “Os pais afastem suas

filhas de competições públicas e concursos de ginástica; se, no

entanto, elas forem obrigadas a tomar parte em semelhantes

manifestações, tomem cautela para que se apresentem com ves-

tes que edifiquem pela modéstia: e jamais permitam que elas se

trajem com vestes imodestas” (C.P.B. apêndice 20, 0.70, AAS. 22,

p.26). No mesmo sentido pronunciou-se o Santo Padre falando

aos médicos e professores de Educação Física, em 8 de novem-

bro de 1952 (AAS., 14/11/1952).

Proposição 55

Não se deve censurar as pessoas que se apresentam com pin-

turas, decotes, mangas curtas, ou sem meias, para receber a

Comunhão. Seria faltar à caridade negar-lhes os Sacramentos,

pois essas pessoas não tem malícia; do contrário não se apresen-

tariam assim na Igreja. Ademais, ver malícia em tais coisas, é

censurar o próprio Deus, criador do corpo humano.

* A Igreja desaconselha a pintura e proíbe o exagero nos decotes

e nas mangas curtas, bem como a supressão do uso de meias. Os

fiéis devem ser instruídos sobre a doutrina católica nesse assun-

to, pois o corpo humano, depois do pecado original, tornou-se

escravo da concupiscência, e qualquer imprudência nesta maté-

ria é ao menos perigosa.

Explanação

O corpo humano, em si, é bom como toda criatura de Deus. A necessidade que tem o homem de não expô-lo não procede do corpo humano como Deus o criou, mas do desregramento dos instintos, consequência do pecado original.

Por isto é que a Igreja recomenda todo o recato no vestuário.

A sensação de vergonha, causada pela exibição imodesta do corpo humano, não pode ser chamada de malícia, mas pudor. Pois a noção da diferença entre o bem e o mal não é defeito, mas pelo contrário, é o fundamento de todas as virtudes.

Em consequência, admoestar as pessoas que se trajam de ma-neira imodesta é despertar nelas, não a malícia, mas a virtude.

Por isto, a legislação da Igreja obriga os Sacerdotes a recusar os sacramentos às pessoas que se apresentam de maneira imodes-ta (S.C. Concílio em 12-1-1930, adv. 9, AAS. 22, p. 26/7).

A sentença impugnada considera o assunto como se a humani-dade não estivesse em estado de natureza decaída. De outro lado, ela nega a existência de um bem e de um mal objetivos. O mal não estaria, no caso concreto, num fato objetivo, a imodéstia no trajar, nem na transgressão do preceito que proíbe veste imo-rais; mas apenas no estado de ânimo subjetivo de quem vê imo-ralidade na nudez.

Uma aplicação concreta mostrará até que ponto a sentença impugnada se opõe ao verdadeiro sentir da Igreja. Os Santos se destacaram sempre pela extrema finura em perceber e rejeitar tudo quanto contrariasse ainda de longe a virtude angélica. A Igreja louva nisto um requinte de pudor. Segundo a sentença im-pugnada, seria um requinte de malícia.

Sobre vaidade feminina são preciosas as recomendações de S. Paulo (1. Tim. 2,9), e de S. Pedro (3,5). Leia-se também o cap. 3º de Isaias, vers. 16-24.

“Bem-aventurado pai São Bento, bendito por Deus pela graça e

pelo nome, vós que em pé e em prece, com as mãos elevadas em

direção aos céus remistes vossa alma angélica em meio às mãos de

vosso Criador; vós prometestes defender ativamente na luta su-

prema da morte contra os embustes do demônio, todos aqueles

que, a cada dia, lembrassem da vossa gloriosa morte e da vossa

celeste felicidade.

Ó pai três vezes bendito, protegei-nos hoje e todos os dias, a fim

de que nenhum mal venha jamais nos separar de Jesus, nosso ben-

dito Salvador, de vós mesmo e de todos os vossos benditos filhos,

por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém”

(São Bento revelou a um santo que ele virá na hora da morte ajudar quem recitar esta oração todos os dias)

Em abril nossa Capela teve a alegria de receber S.E.R. Dom Tomás de Aquino, o mais novo bispo da Resistência. Nesta

abençoada visita episcopal tivemos a alegria de celebrar a Primeira Comunhão de 4 de nossos pequenos fiéis, uma Ceri-

mônia de Oblatura, além de uma excelente entrevista com nosso bispo, que esperamos publicar o mais rápido possível

em nosso pequeno jornalzinho. Aproveitamos a ocasião para pedir a todos que rezem por nossa Capela para que a Vir-

gem Santa dê a todos os nossos fiéis uma Fé cada vez mais firme e uma Caridade sempre mais ardente. E de modo parti-

cular pedimos orações por esse pequeno apostolado que é o jornal “A Família Católica”. Não é fácil mantê-lo no meio das

muitas ocupações e serviços cotidianos, mas Nossa Senhora há de nos dar perseverança, pois como bem disse São Luís

Maria Grignion de Montfort, “Que Vos peço eu? Nada em meu favor, tudo para Vossa glória.”

Edição: Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES.

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