A fantástica viagem de lui galahan 15

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Bem-vindo ao mundo mágico de Lui – o garoto acorda um dia e percebe várias transformações ao seu redor. Com a ajuda de amigos, Lui inicia sua busca atrás de respostas. E desafia aqueles que deveriam saber elucidar suas dúvidas. A fantasia serve de pano de fundo para retratar a difícil entrada na adolescência e o fi m da infância. Um momento de fragilidade do indivíduo que passa a desconfiar de tudo e de todos. Nem sempre os que estão ao redor percebem e o adolescente passa a buscar referências com estranhos e fica vulnerável a drogas e outros problemas sociais.

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São Paulo - 2015

A n t o n i o M a r t i n s

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Jacilene Moraes

Ilustração Rômulo Alves

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Sabrina Brito

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

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M334f

Martins, Antonio A fantástica viagem de Lui Gallahan / Antonio Martins; [ilustração Rômulo Alves]. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015. il.

ISBN 978-85-437-0434-0

1. Ficção infantojuvenil brasileira. I. Alves, Rômulo. III. Título.

15-25227 CDD: 028.5 CDU: 087.5

________________________________________________________________03/08/2015 03/08/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

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SuMário

1 – A ilha de Lui . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 – Mistério na ilha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 – O perigo das pedras preguiçosas . . . . . . . . . . . . . 154 – A trilha da caverna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 – O encontro com a caverna . . . . . . . . . . . . . . . . . 236 – A revolta de Lui . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 – Dentro da caverna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338 – Forte como um gorila . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 379 – O Espírito da Lagoa Bonita . . . . . . . . . . . . . . . . 4110 – A invasão dos gorilas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4711 – A prisão de Lui . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5312 – O banimento de Lui . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5913 – O desespero de Lui . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6514 – O novo julgamento de Lui . . . . . . . . . . . . . . . . 6915 – A nova chance de Lui . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7716 – A chegada da Primavera . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8317 – O despertar de Lui . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8718 – A recuperação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

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1 – A ilhA de lui

Agora não era mais noite. O sopro quente que vinha do mar indicava que seria um dia de muito ca-lor. A última chuva foi bastante forte. Chegou a desfo-lhar muitas árvores. A mangueira mais velha da região perdeu uma galhada inteira com muitas flores. Para a maioria delas o destino de virar novos frutos havia sido interrompido ali.

A jaqueira não. Esta permaneceu intacta com suas folhas e brotos. A cada inverno um pequeno talho era acrescentado pelos animais em seu espesso tronco. Sua fama de resistir a tempestades foi mais uma vez manti-da. Ainda bem, porque era justamente ali que moravam os pássaros informantes. Eles passavam o dia viajando de uma terra à outra em vigília contra furacões e outros peri-gos que colocariam em risco a vida dos habitantes da ilha.

Por causa disso, aliás, o efeito da chuvarada foi su-avizado. O único que reclamava era Jajá, um jacaré de papo amarelo que morava na beira da Lagoa Bonita. Dis-se que mal conseguiu dormir por causa das trovoadas.

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— Que barulheira danada, pensei que essa chuva nunca mais iria parar! — queixava-se Jajá à amiga Tutuca, uma cobra jiboia que esperava pelos primeiros raios de sol à beira da lagoa.

— Nem me lembre, Jajá — respondeu Tutuca — Cho-veu tanto que a minha pele ficou toda enrugada — comple-tou já se preparando para trocar de roupa mais uma vez.

Tutuca não era de ficar se lamentando, mas era mui-to vaidosa. Passava a maior parte do dia pegando sol ou na mata procurando argolas para enfeitar seu enorme pescoço e a ponta de sua longa cauda. Foi em um passeio desses, há muito tempo, que Tutuca encontrou Lui. O menino chegou à ilha trazido com muito cuidado por Omar, o imenso oceano com poderes infinitos. O peque-no cesto flutuante parecia ter sido feito às pressas, mas com muita eficiência. Tanto que suportou tempestades, salvando a vida da criança com suas bochechas rosadas e alguns fios de cabelos pretos grudados à testa.

— Faz tempo que não chovia tanto assim — dizia Tutuca a Jajá — pelo que eu me lembro, a última vez foi quando Lui chegou.

— Tem razão. E graças a você ele cresceu forte e com muita saúde. Nem parece aquele bebê chorão.

E Tutuca respondeu:— Graças a mim nada! Graças a Omar que o trouxe

com vida, graças a você que o ensinou a não ter medo dos relâmpagos, graças a todos aqui na ilha.

Na verdade ninguém sabia ao certo como Lui havia chegado até a ilha. Uns diziam que ele teria caído de algum barco pesqueiro que passava por aquelas bandas. Outros di-

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ziam que ele seria o único sobrevivente de um navio que afundou. Mas isso não importava. Lui fora criado por todos.

Era o filho da Terra e do Mar, os únicos que provavel-mente sabiam sobre as origens do bebê, mas não contavam a ninguém. Desde bem pequeno lhe foi ensinado a sobreviver como todos os animais da natureza, seus irmãos. Logo cedo ele aprendeu a identificar as frutas e folhas que poderiam ser comidas e as que poderiam ser usadas como remédio, caso ficasse doente, o que era muito raro.

Lui exalava vitalidade e inteligência. Sua pele era fir-me e os cabelos finos e leves. Seus olhos eram brilhantes e se mexiam o tempo todo. E estava sempre disposto a aju-dar alguém que precisasse. Outra mania de Lui era pregar peças. Volta e meia ele escondia os anéis preferidos de Tutuca, que ficava uma fera. Ou então amarrava a boca de Jajá enquanto ele dormia. Este só percebia que fora enganado na hora de bocejar. Lui era um garoto normal e muito feliz. Pelo menos até descobrir que coisas estranhas estavam acontecendo na ilha.

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2 – MiStério nA ilhA

Naquela manhã Lui acordou bem cedo. Havia muito trabalho a ser feito e nem deu bola para as recla-mações de Jajá.

Definitivamente um dia diferente! O mar estava agitado, o sol esquentava as pedras e as flores pareciam ter se duplicado por toda a ilha. Novas espécies, mui-to mais bonitas e coloridas, agora dividiam o mesmo solo com as antigas árvores e plantas da região. Lui não estava entendendo nada e como era de costume foi à praia atrás de respostas.

— Bom-dia, Omar, podemos conversar um pouco?— Bom-dia, Lui, é claro que sim, você é sempre

bem-vindo aqui – respondeu Omar, perguntando em se-guida o motivo da visita.

Omar era um dos mais sábios entre todos naquela região.— A cada novo ano o número de flores aumenta,

amigo Lui, você é que nunca havia reparado. — obser-vou Omar, afirmando ainda que realmente alguma coisa

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estranha estava acontecendo. — Ouvi dizer que o Sol está vindo conversar com a Terra, mas a nossa amiga, a Dona Verna, não soube me dizer bem o que está acon-tecendo — respondeu Omar, explicando que a chuva na noite anterior havia sido muito forte e atrapalhou a conversa entre os dois. Por que você não tenta conversar com ela? — concluiu.

Mas o jovem não estava satisfeito. Dona Verna era muito velha. Sua visão ficava cada vez pior com o passar dos anos e quando questionada sobre alguma coisa por algum viajante, mal escutava. Isso sem falar naquele jeito lento e complicado de falar.

— Não diga isso, Lui — retrucou Omar — a Dona Verna tem o poder do tempo e guarda a sabedo-ria sobre muitas coisas e vai poder ajudá-lo melhor do que eu neste momento.

Omar era o mais culto naquela ilha e muito amigo do rapaz, mas nem sempre estava disponível. Era muito ocu-pado. O seu dia a dia era repleto de situações que exigiam dele decisões rápidas, justas e precisas. Viajantes e pesca-dores perdidos, furacões, eram problemas que Omar en-frentava diariamente em todo o mundo. Cidades, países e até continentes inteiros dependiam da intermediação dele.

Naquele exato momento enquanto conversava com o rapaz, uma grande ventania insistia em jogar suas águas em direção a um pequeno vilarejo ao sul da África. Não era por maldade. O vento forte é muito brincalhão e se diverte derrubando casas e tentando inundar comunida-des inteiras e por isso se tornou um grande inimigo do mar, que nem sempre consegue ser tão rápido.

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Mesmo contrariado Lui agradeceu as sugestões da-das por Omar e partiu em direção à caverna, que ficava no centro da ilha, no topo de sua mais alta montanha. Antes ouviu a recomendação para que tivesse cuidado na caminhada e não perdesse tempo conversando com as pe-dras preguiçosas.

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3 – o perigo dAS pedrAS preguiçoSAS

O caminho até a montanha era longo. Além da dis-tância, havia pela frente uma subida bastante íngreme. A escalada se tornou ainda mais perigosa por causa da últi-ma chuva. As pedras estavam escorregadias. Menos para Curu-curu, um sapo que habitava aquela região. Mesmo assim ele reclamava.

— AATCHIM!!! Cuidado, Lui!!! Por que você não espera um pouco? Em breve o sol vai estar mais forte e eu estarei mais seco. Logo poderei ajudá-lo na escalada.

— Tenho pressa — disse Lui. Preciso ver Dona Verna e descobrir o que está acontecendo aqui em nos-sa casa, argumentou.

— Mas nada justifica essa correria toda. Afinal, você não está longe da caverna. O que distancia você do seu objetivo é a sua falta de convicção em aceitar a verdade que o espera. Quanto mais você não aceitar a verdade,