A Força de um Lenço.txt

38
Antropologia – ISCTE 2008 Ritual e Performance A Força de Um lenço Tema: Ritual Político Docente: Prof. Dr. Paulo Raposo Discente: Rui Assis Aluno Nº 25416 Lic. Antropologia Rui Assis 1

Transcript of A Força de um Lenço.txt

Page 1: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Ritual e Performance

A Força de Um lenço

Tema: Ritual Político

Docente: Prof. Dr. Paulo RaposoDiscente: Rui AssisAluno Nº 25416 Lic. Antropologia

Rui Assis 1

Page 2: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Introdução e objectivos

Antes de entrar no tema de Ritual e Performance, há algo que gostaria de dizer 1.

De todos os trabalhos académicos que eu já realizei este será o mais exige a minha

isenção. Acredito que o meu Benfiquismo fez parte do meu processo de aculturação e

pode ser comparado com o sistema de crenças de algumas sociedades ditas de

pensamento “pré-lógico” ou primitivo. Tentarei analisar por dentro, de acordo com o

meu contexto (insight), atendendo aos pormenores resultantes da minha observação

participante – Etnografia – mas, “neste mundo” tudo gira à volta de emoções, pelo que

tentarei sentir os seus ritmos e constrangimentos analisando factos e movimentos sociais

com racionalidade ou mente aberta, Gellner usou o termo “charitable” (Gellner 1979,

29).

Tentarei reflectir o objectivo da disciplina, por um lado, procura revisitar alguns dos

mais significativos modelos analíticos e abordagens teóricas sobre a temática do ritual

e da performance. Por outro lado, tentar interpretar e produzir conhecimento

etnográfico, através da forma narrativa de base empírica, sobre a diversidade das

manifestações rituais e performativas existentes num estádio de futebol, equacionando

os movimentos e relações sociais dos grupos existentes neste espaço particular.

Analisarei também os automatismos que me levam a afirmar que o acenar dos lenços

brancos, nas bancadas, constitui parte integrante de um processo de uma performance de

um ritual político.

Estrutura das crenças e rituais – o alheamento da realidade

A diferença entre “comportamento primitivo” e “civilizado” não se baseia numa

pretensa diferença de tipo mental do indivíduo, mas na variedade das matrizes sociais

em que o mesmo indivíduo cresceu. Lévy-Bruhl reconheceu a oposição entre o lógico-

racional-experimentalmente válido e o ilógico-irracional-cientificamente falso como

representação de uma simplificação imperfeita das alternativas possíveis, a propósito da

coerência, ou não, do pensamento primitivo, pois são premissas ditadas pelas crenças

(Leach 1961, 22).

As relações sociais podem ser vistas como interacções simbólicas, mas as trocas

linguísticas, "são também relações de poder simbólico onde se actualizam as relações

de força entre os locutores e seus respectivos grupos”. A tentativa de compreensão das

Rui Assis 2

Page 3: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

implicações e efeitos simbólicos da linguagem deve, à priori, considerá-la como "o

primeiro mecanismo formal cujas capacidades geradoras são ilimitadas". Deste modo,

a integração dos indivíduos numa mesma "comunidade linguística" torna-se a condição

primordial para que se estabeleçam as relações de dominação simbólica. Estas estruturas

simbólicas têm um papel decisivo na análise da sociedade, e na maneira de se produzir

conhecimento científico e obriga a um diálogo entre as diferentes áreas do saber, tais

como a Sociologia, Antropologia, Filosofia, Epistemologia e a História. Modos de

conhecimento que se auto-legitimam nos seus próprios termos (Gomes da Silva 2003 –

15).

1 Referência ao início do livro O Discurso contra si próprio – Onde aborda o tema da mensagem para além das palavras e as

inflexões de discurso resultantes dos à priori, provocando discursos circulares – (Gomes da Silva 2003)

Para os Nuer gémeos são pássaros e os Leopardos são cristãos. São verdades igualmente

falsas (Filipe Verde 1997). Dois seres humanos gémeos, são pássaros. Pritchard

chamou-lhe “mentalidade primitiva” ou pré-lógica. Devemos aceitar moderadamente

que existem acções, que por razões históricas, ou de contexto (conceitos e crenças) são

absurdas. Mas não temos que as ridicularizar, com o objectivo etnocêntrico de

valorização da nossa cultura Ocidental.

Estamos perante dois mundos do pensamento e da teoria da explicação do mundo. Nem

todas as coisas são lógicas. O uso de uma palavra para descrever uma pessoa, torna

aquela pessoa com aquela característica. Deram-lhe um título. Existe, ou não, um certo

endeusamento da Rainha de Inglaterra?

Existem, de facto, diferenças entre as crenças das pessoas e a lógica. Levy-Bruhl viu

que o pensamento primitivo é coerente e que os “selvagens” fazem deduções a partir de

premissas, mesmo que essas premissas não estejam de acordo com a experiência e

sejam ditadas pela cultura e contidas em crenças que são evidentemente falsas, de um

ponto de vista lógico-experimental (Leach 1961). Lévy-Bruhl estudou o contexto e

reparou que tudo representa Deus. Todos os factores Naturais representam Deus (a

Rui Assis 3

Page 4: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

chuva, as pedras, as árvores, os animais). Gémeos são pássaros. Não faz sentido. É

necessário descobrir qual foi o contexto em que esta afirmação fez sentido. Então,

temos que estar preparados para perceber que para os Nuer, gémeos são pássaros. Não é

lógico, mas que mal tem. Não devemos dizer que os Nuer acreditam que os gémeos são

pássaros, pois eles não o fazem, assim como não o fazem com as pedras ou com a

chuva. Se os próprios Nuer não o fazem, porque é que nós o devemos fazer? São apenas

palavras. É um título concedido. Os ingleses usam o termo gentleman. Para alguns é um

elogio, para outros aplica-se porque de facto lhe concederam aquele título. Só

interpretaremos bem a palavra se entendermos os contextos, sem sermos

demasiadamente generosos ou rígidos na sua compreensão. Ambos os extremos estão

errados.

Assim, que mal tem endeusar uma águia, um leão ou até um dragão, ou o que eles

simbolizam dentro do sistema de crenças dos adeptos?

De facto é possível ter uma visão paralela do mundo a partir de uma nova construção de

identidade, individual e colectiva, num estádio de futebol. É um problema metateórico

(Castells: pp 83). O que vejo a partir do nº 4 da fila U do mítico sector 25 é um

movimento que tenta criar uma nova ordem global. As pessoas vivem numa sociedade

de direitos e privilégios, no entanto ressentem-se da perda de controlo da sua própria

vida e destino. Os mecanismos de controlo social e representação política têm vindo a

desintegrar-se (Casttels: pp 84). Dentro do estádio os adeptos esquecem-se que são

Globo-Politanos 2 e começam a reconstruir a sua identidade, sem à prioris. É uma

forma de restabelecer o equilíbrio. É neste contexto que os rituais dos adeptos começam

a transformar as coisas más em coisas boas (Gellner 1979, 31).

Há uma "concentração do costume", o local onde os valores, normas, e o conhecimento

mais profundo de uma sociedade é reafirmado, e por vezes criado. O ritual tem o poder

de “transformar” (Turner 1967).

2 Globo-Politanos - meio seres humanos, meio fluxos sociais - (Casttels: pp: 84)

Rui Assis 4

Page 5: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Duas horas antes do inicio dos jogos já existem grupos a cumprir o “ritual da bifana”,

junto às roullotes. Mas este não é o único propósito. É por aquela porta que entram as

equipas. Então, se é importante saudar os jogadores da casa (mitos vivos), ainda mais

importante é desmoralizar os jogadores adversários logo à chegada.

Entretanto surgem noticias daquele grupo de adeptos de Famalicão que marcam

presença em todos os jogos. Todos? O que os motiva? Conheço um deles e

aparentemente é um jovem normal, que acompanha o Benfica para todos os sítios do

Globo. É uma filosofia de vida. Será que encontrou desta forma o equilíbrio do seu

mundo?

Dirijo-me à porta de acesso aos cativos do mítico sector 25 e vejo adeptos a queimar

bandeiras de outros clubes, entre aparatos policiais dignos das maiores revoluções da

história. Uma vez dentro do estádio, reparo que atrás de mim já lá está o grupo,

composto por pai e filho, de Castelo Branco. Também assistem a todos os jogos. Uma

vez sentado começo a observar o estádio a encher. O comportamento mais assistido é o

de depreciação da claque da equipa adversária. Primeiro acenam à outra claque e só

depois cumprimentam os seus vizinhos de bancada. Á minha frente está uma senhora de

cerca de sessenta anos sempre enrolada a uma bandeira do Benfica, com um cachecol

em cada pulso e uma santinha. Já teve dois desmaios, desde que a conheço, em pleno

jogo. Continua lá. É a matriarca daquela bancada. Á sua frente outro grupo (pai, filho e

nora) a cumprir o seu ritual, sempre com o lanche pronto e até já me valeram (num

daqueles dias em que não temos tempo para comer, mas chegamos à bola a horas).

Começa a chegar a nação Benfiquista. A educação e o civismo ficou à porta. O povo

saiu à rua e manifesta-se como sabe, ou como quer. Em cada três palavras, duas são

palavrões. Nesta aglomeração de adeptos há indivíduos de todas as classes, sexo e

idade. Homens de meia idade que demonstram que estar ali é a sua prioridade, pois

carecem de outros cuidados de higiene e de saúde (por exemplo dentária). Para arranjar

os dentes, não pode pagar o bilhete da bola. Senhoras que se manifestam mais

intensivamente que os maridos. Jovens que aliam o espectáculo, as emoções e o amor ao

clube com o consumo de substancias psico-activas, antes e durante o jogo. Velhos que

não pertencem àquela “família” e passam o jogo a arranjar problemas, seja com o fumo

do vizinho ou com os gritos da vizinha. Chega outra personagem deste enredo.Com o

seu casaco de fato de treino e auscultadores num dos ouvidos é já uma figura mítica e

respeitada naquelas andanças. No ar paira uma mistura de cheiros de vários humanos.

Mas a cor predominante é a vermelha. É desta diversidade que são compostas as

Rui Assis 5

Page 6: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

bancadas do Estádio da Luz. Chega uma senhora de cerca de quarenta anos, casada mas

vem sempre só ao estádio e tem a particularidade de só se vestir com adereços SLB

(ténis, calças, relógio, mala, carteira, cabelo pintado em tons de vermelho, etc). Existe

ainda um grupo de amigos que se senta atrás de mim, onde “habita” um adepto que está

sempre a falar mal do Nuno Gomes. Fá-lo durante todo o jogo. Mas quando,

ocasionalmente, este marca um golo, passa automaticamente a ser idolatrado pelo

primeiro. Não há pensamento racional que o possa explicar. O pior de todos, ou, o alvo

da frustração daquele senhor transforma-se num instante num Deus.

Existe ainda, o pai que permite que o filho, ainda adolescente (que se senta duas filas à

minha frente), esteja sempre a insultar os adversários, a claque adversária e o árbitro,

com diversos palavrões. Será que permite esse tipo de linguagem em outras situações?

Depois há os que observam os acontecimentos sem expressar qualquer tipo de emoções,

por fora. No seu subconsciente existe um turbilhão de sentimentos e que de vez em

quando resulta numa qualquer explosão emocional.

A equipa da casa sai para o relvado e começa a fazer o aquecimento. Todos aqueles

indivíduos e grupos desordenados e ainda absorvidos pela realidade das suas vidas,

recebem o primeiro sinal, ou seja, começam a focar-se no que estão ali a fazer. Despem,

então o casaco dos preconceitos e das regras sociais (à priori) e assumem a farda

simbólica que trazem vestido e que os une e lhes dá a identidade com a maioria das

pessoas naquele estádio. Começam os slogans e cantares que exaltam a sua paixão. São

os mesmos rituais de sempre, em plena manifestação. O mediatismo está montado com

câmaras de televisão internas e externas e com um animador profissional a exaltar as

hostes. Cada bancada tem um nome, para além dos ganhos publicitários a vida do

animador está mais facilitada ( agora só precisa de dizer …Bancada Sapo, ao invés

Bancada Topo Norte…). O futebol tornou-se apetecível para as grandes marcas, por

arrastar multidões. É um desporto de massas. O desenrolar do rito revela

extraordinária sofisticação artística (Cavalcanti 2002). Há uma articulação entre a

componente simbólica da mente e o corpo sensorial, que se focaliza nos sentidos da

visão e da audição, através dos estímulos que emite e recebe.

É então que todos estes costumes são reafirmados. O símbolo do clube é chamado (ao

som de todo o estádio) por uma criança: Vitória vem ! É sabido que a águia responde ao

aceno de braço do tratador (que é Espanhol), mas o simbolismo do chamamento da

criança ainda torna aquele momento mais forte e intenso. A performance do voo da

águia Vitória tem um enorme simbolismo convencionado pela nação Benfiquista (nesta

Rui Assis 6

Page 7: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

altura já estão todos unidos). Há a expectativa da águia falhar o alvo. Os adeptos

adversários, conhecendo a forte emocionalidade que este ritual envolve para os

Benfiquistas, tudo fazem para “distrair” a águia e desencaminhá-la do seu voo. Os

símbolos associados a este ritual são um estímulo importante na definição das

qualidades emocionais que ocorrem durante o processo ritual, conferindo-lhe toda a

importância, ou seja, simboliza o sucesso do futuro imediato (se não for bem sucedido

na sua performance - voo da águia - o resultado do jogo também não será). Há ainda um

aspecto cognitivo nesta performance, o chamamento da águia funciona como um click

(um desligar da realidade). Tem o poder de “transformar” a realidade social. Como

qualquer outra ocasião especial pode fazer surgir conflitos ou precipitá-los (Turner

1967) na lógica inerente à nova ordem global (Casttels: pp 84) e social, ali estabelecida.

A sua eficácia depende desta representação – dramatização. Dela resulta uma inter-

acção entre milhares de indivíduos e grupos sociais, que forma um padrão de

pensamento comum. Trata-se de um estilo evocativo de apresentação ou encenação, que

é produzido para obter um certo estado de mente e de comunhão, manipulando e

estimulando símbolos sensoriais (Sally Moore 1977).

De seguida, a entrada em campo da equipa com a música (hino) de Luís Piçarra "Ser

Benfiquista", o “estádio levanta-se” e ergue os cachecóis e bandeiras. Agora não há

volta atrás. O “palco” está montado. O cenário é pleno de celebração. Ainda nada está

ganho ou perdido, mas já há lágrimas e sorrisos de contentamento e emoção. Os

“heróis” estão na “arena” e são venerados, como que se de Deuses se tratasse.

O futebol é a metáfora da vida. Durante um jogo vivem-se mini dramas. É uma mistura

de prazer e de sofrimento, ou drama com satisfação. O futebol acontece no rectângulo,

mas a acção (com os rituais) não pára nas bancadas. No estádio há a sensação que

podemos interferir no jogo. Todos são treinadores. É um mar de emoções. A alegria de

uns é sempre a tristeza de outros.

Um golo pode ser um poema. Como disse Sofia Mello Breyner sobre a poesia: esta não

se explica, implica. O futebol, na sua simplicidade, pode tornar-se um hino à beleza. É

feito por pessoas tão diferentes, mas que se encontram naquela paixão. O futebol é

acção. No jogo nada acontece por acaso. Cada peça é colocada no tabuleiro

estrategicamente. O acto de jogar é cognitivo e provoca motivação nos fãs. O futebol

tem um valor simbólico para a sociedade. O futebol pode ser comparado a espectáculo,

na sua manifestação performativa. Há cumplicidade dentro e fora do campo. Há uma

conjugação entre a emocionalidade e a racionalidade.

Rui Assis 7

Page 8: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Assim que o jogo começa, e esta parte descritiva acaba, chega um individuo invisual,

acompanhado pelos seus filhos (um casal que vimos crescer). É mais um ritual que se

repete. O que o motiva? É o paradoxo da excepção.

Toda a regra tem excepção, excepto a regra que não tem excepção, que é a excepção à

regra. Penso e classifico assim o “pensamento selvagem” dos adeptos. Faço uma

analogia com os esquemas simbólicos resultantes da categorização dos Antropólogos ao

pensamento dos “primitivos”. São pautados por oposições "fundamentais" entre valores.

Afinal, a tensão entre os dois pólos fundamenta a organização e significação do "

mundo". Aqui existe uma relação de analogia e não de hierarquia. Constrói-se uma nova

matriz de representação colectiva visando um novo estado e coesão social. De um lado

estão os profanos e do outro os sagrados. o sagrado e o profano diferem…porque

diferem absolutamente (Gomes da Silva 2003 – 41). São os strange loop, quando

atingimos o ponto de chegada, reparamos que estamos no ponto de partida (Hofstadter

1979 in Gomes da Silva 2003-12). É o principio da oposição ou dicotomia do

pensamento dos adeptos. Em “casa” são sagrados, mas quando vão ao “território” do

adversário transformam-se em profanos. “Lá fora” os rituais mantêm-se e as suas

manifestações são igualmente uma reafirmação periódica dos termos em que os Homens

de uma determinada cultura devem interagir se for suposto existir alguma espécie de

coerência na vida social (Turner 1967). Sempre que acompanho o Benfica fora de

portas, sinto-me profano. Tenho que obedecer às mesmas regras que impomos no nosso

estádio (chegar mais cedo e sair mais tarde; assistir a todas as manifestações de força e

intimidação por parte dos que jogam no seu “Santuário” e se consideram sagrados).

Também neste caso, assisti a transformações, o adepto mais calmo em “casa” vive de

forma diferente esta realidade noutra zona do planeta. Um jovem casal de executivos

numa grande empresa Multinacional passou uma noite no Estádio da Luz para conseguir

arranjar bilhetes para um célebre Barcelona – Benfica. Apesar de eu ter beneficiado com

isso (cada um tinha direito a dois bilhetes), recusei-me a fazê-lo. Cedo compreendi que

o facto de o clube ter disponíveis apenas 500 bilhetes nas bilheteiras, tinha que ver com

a sobreposição de valores de índole económica aos valores simbólicos. Gerou-se um

conflito entre a resistência da política simbólica e a exploração económica ou

mercantil deste simbolismo (Mary Crain 1996). Sabíamos que em Barcelona estariam

três mil e quinhentos Benfiquistas. Os restantes bilhetes foram entregues pelo clube ao

lobby das empresas do Turismo. Não quis ir nas carreiras aéreas programadas, teve que

se sujeitar a dormir no estádio. Pessoas de todas as idades o fizeram. Provavelmente as

Rui Assis 8

Page 9: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

mesmas que, no seu mundo real, repudiam a mesma atitude nos filhos, se estes quiserem

ver um concerto dos U2.

O que as motiva?

- Há uma trilogia na estrutura dos valores 3 destes movimentos sociais: a identidade dos

adeptos, os seus adversários e os seus objectivos (Castells,pp: 93)

Talvez porque nestas viagens só se respira clubismo, ou seja, desde que saímos do

aeroporto (a maioria já vem trajada, ou paramentada, a rigor) até que entramos no

estádio adversário não se pensa noutra coisa: “temos que ganhar” aos Espanhóis,

Italianos, Ingleses, etc. É uma honra e orgulho ainda maior. Junta-se a clubite ao

bairrismo lusitano. O delicioso mundo simbólico é perfeito até chegar a realidade cruel

do resultado. Passa-nos a cegueira. Mas, imediatamente surgem rituais a exaltar a

3 a propósito dos Zapatistas

História do clube ou outro qualquer mecanismo performativo que nos faça voltar para o

mundo simbólico (nem que sejam rituais de dor com cânticos que exaltam as hostes e

voltamos a “ter na alma a chama imensa”). Há, neste capítulo, uma excepção. Os

adeptos do Celtic Glasgow. Sempre perderam em Lisboa e saudaram os “Tugas” pela

exibição. Mesmo estando em minoria fazem sempre uma festa digna nas bancadas,

saudando a sua equipa. São de facto os melhores adeptos do Mundo. Mas, internamente

têm a mesma lógica em relação aos adeptos do Glasgow Rangers, ou seja, os melhores

adeptos do mundo para os clubes estrangeiros têm um ódio de morte aos seus vizinhos

na mesma cidade (neste caso a questão não é apenas do foro simbólico, ma passa-se a

um nível de separatismo religioso e político).

A relação entre os adeptos é não contextualizada, pois os seus termos, que até podem

ser semelhantes e constituir uma classe, não são politéticos e nada têm a ver uns com os

outros. Não é uma realidade verdadeira, mas criada para explicar (Gellner 1979, 19).

As representações colectivas são fortemente emocionais, tal como a “mentalidade

primitiva”, mas atribui-se pouca importância à coerência lógica (Gomes da Silva 2003 –

51). Aqui não há inflexões de discurso, pois não há à priori. Logo não há hierarquia de

pensamento ou os constrangimentos daí resultantes . Não há o poder infinito da

linguagem de falar sobre as palavras, agindo na estrutura do inconsciente (que rege os

dispositivos simbólicos), provocando reflexo – reflexão (Gomes da Silva 2003 -19). Há

Rui Assis 9

Page 10: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

o Homem no seu estado puro. Durante noventa minutos (ou mais) constrói uma nova

verdade, fora da ciência. A verdade do senso comum (Doxa), enquanto campo de

infinita diversidade e subjectividade. O gosto é educado (Gadamer 1961). Tal como as

representações colectivas do Homem primitivo, estas, são vistas como um domínio

caótico, ininteligível (Gomes da Silva 2003 – 52 e 56). Há quem chame ao futebol arte.

De facto já Gadamer dizia, a propósito da Arte que, no fundo o que acontece é o

abandono dos quadros mentais em que estamos para entrar noutros (Gadamer 1961).

Há uma noção de equipa nas bancadas, cujo elo de ligação e dramatização nem sempre

são os ídolos que estão dentro do campo, mas os rituais fora dele. Por vezes invertem-se

os papeis. Não é a equipa que puxa pelos adeptos, mas são os adeptos com os seus

rituais que puxam pela equipa (o que constitui, por si só, outro paradoxo). Ou seja, o

adepto que altera as suas prioridades e paga para ali estar (por razões emocionais), ainda

tem que motivar os onze indivíduos que estão dentro do campo a pensar nas férias de

luxo que vão fazer. Assim, muitas vezes não é o adepto incógnito que marca os golos,

mas podemos dizer que no seu conjunto são os adeptos, com os seus cantares rituais em

uníssono: “força Sporting olé” ou” ninguém pára o Benfica”, que provocam motivação

às equipas que estão dentro do campo. Assim, podemos dizer que de certa forma os

adeptos também marcam golos. Até se diz que carregam com a equipa às costas. Esta

transmissão simbólica de força e ânimo é de tal forma importante que os craques que

têm mais empatia com os adeptos pedem-na frequentemente. Como é o caso de Rui

Costa que relatou o seu regresso (como adversário) ao estádio da Luz, demonstrando

este paradoxo entre sagrado e profano, e entre a tristeza e a alegria: “foi um drama para mim saber que ia ao Estádio da Luz e não me ia equipar no balneário do Benfica. Naquele estádio, nunca me tinha equipado noutra cabina que não na do Benfica. Eu acho que nem reconheci a cabina visitante. Foi um drama pensar que ia entrar no estádio como adversário, que ia entrar no túnel pelo outro lado … Recordo-me que nas bancadas estavam duas faixas muito grandes dedicadas a mim. Uma dos No Name Boys e outra dos Diabos Vermelhos. Uma tinha uma enorme camisola vermelha com o número 10 e com a frase: Por muitas mais que vistas esta será sempre a tua. Ainda hoje me arrepio quando penso naquela frase. A outra estava escrita em italiano: Rui Costa no coração - o coração estava desenhado “ (Revista Mística 2007). Este discurso está carregado de emoção, paixão e drama. Este amor pelo clube é pleno de simbolismo. Tem os ingredientes necessários para provocar o endeusamento deste ídolo. É a história de um

Rui Assis 10

Page 11: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

profano (visitante) que não o era no seu coração e tinha que conviver com esta dicotomia. Sabia que tinha que entrar no Inferno da Luz como visitante e receava-o.De volta ao mítico sector 25, os adeptos vivem uma paixão e alimentam-na, recriando

um novo mundo no seu imaginário. Sentem-se donos de tudo o que ele implica e dele

deriva, ou seja, o clube. Desta forma, nascem mecanismos organizativos, que no estádio

parecem espontâneos, e que resultam numa verdadeira manifestação política da vontade

dos adeptos de mudar uma determinada situação. É o povo a demonstrar o seu poder. O

impacto é devastador. Não há Presidente de Direcção que aguente tal pressão. Os lenços

brancos são mais eficazes que os protestos em Assembleia Geral. Um lenço branco vale

por dezenas de votos. É uma situação a qual tenho assistido ao longo dos anos e que

assume uma característica organizada, racional e com reflexos políticos, ou seja, existe

um ciclo histórico, repetido mais ou menos de dois em dois anos, onde centenas de

sócios do SL Benfica se organizam e mobilizam e demonstram o seu descontentamento

acenando com lenços brancos no estádio, tendo como consequência política o

despedimento do treinador. Uma semana mais ou menos para a frente e o desfecho é

“fatal” para este. Se os rituais visam diminuir a ansiedade, restabelecendo a ordem, este

é já reconhecido como sendo o mais cruel, pois é mobilizado pelos mais antigos e com

maior poder de intervenção - provando, excepcionalmente, que no estádio também há

hierarquias simbólicas – e visa objectivamente um grupo de pessoas. Além de

demonstrar o descontentamento de quem acena os lenços, “diz” a um grupo de pessoas:

não vos queremos mais. Também aqui há uma acção concreta. Implica a mudança da

vida daquelas pessoas (porventura os mesmos que lhes deram muitas alegrias no

passado). A Direcção do clube sabe que este ritual político têm uma dimensão de

transformadora e rapidamente se pode transformar num ritual de rebelião. Há ritos que

podem ser observados Domingo a Domingo (repetem-se), outros, como o “rito dos

lenços brancos” só se repete quando a equipa que joga fora do rectângulo de jogo sente

necessidade de intervir. Este ritual é poderoso, pois conta com o apoio devastador dos

meios de comunicação social, que multiplicam cada lenço por cem.

Na sua dimensão mais performativa o ritual é, para muitas culturas, a matriz para

muitos outros géneros de "performance" cultural. Neste sentido, encontrará maiores

semelhanças com o trabalho artístico do que com simples "neuroses" (Turner, 1967).

Assim, o ritual é uma actividade, conforme sugere Catherine Bell (1977). Num estádio

de futebol podemos encontrar os vários géneros de ritual: ritos de passagem – presentes

Rui Assis 11

Page 12: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

na passagem de testemunho entre as várias gerações presentes; de dor – na derrota; de

celebração - na vitória; de consumo – ao encarar o jogo como um espectáculo e com

tudo o que este envolve; festivais – fazem-se autênticas romarias em nome da crença;

ritos políticos – para além da capacidade organizativa, existe a vontade soberana do

povo (adeptos) que, quando entendem, mobilizam-se e mostram os seus lenços brancos.

Os média fazem o resto da pressão. É o Olho da Objectiva de Mary Crain, ou a política

da performance, ou seja, a relação entre a performance e o poder e o que dela resulta,

permite, sustenta, desafia ou muda (Conquergood 1991), como no caso dos treinadores.

No Brasil estudam-se ritos e mitos comparado as dimensões do Futebol com o

Candomblé. Estabelecem-se relações entre o sagrado e o profano. De facto há algo de

carnavalesco no Futebol. Os adeptos põe uma máscara quando entram no estádio.

Sacrificam-se os interesses pessoais a favor da causa colectiva (Hirsh Eric in Doug

McAdam, pp: 303. Há o reconhecimento de uma linguagem com conotação mitológica

(ex: “Diabos Vermelhos”, “Dragões”) e contradições no plano simbólico (os paradoxos

do adepto). Nesta Etnografia também pretendo mostrar o lado performático do trabalho

de campo colaborativo e participante (entre observador e observado), sem

desprendimento das implicações metodológicas. Este trabalho de campo não pretende

ser uma mera colecta de dados (Conquergood 1991). Mostra uma distinção absoluta

entre o mundo simbólico e a realidade. Aliás, a disposição do “tapete verde” pode fazer-

nos lembrar os antigos coliseus e as lutas entre feras e escravos. Quando a performance

dos escravos não se tornava interessante para a multidão, esta insurgia-se e ditava o

desfecho. No estádio, a multidão de adeptos também opina sobre os artistas, se

optarmos por tratar este desporto como arte e espectáculo. Os adeptos não admitem as

falhas dos “artistas”. Insurgem-se violentamente contra os seus deslizes. Para o adepto o

jogador não é um homem, mas um meio para que ele se sinta feliz. Podemos comparar

esta atitude esclavagista dos Romanos perante os escravos na arena. Se ganham, são

idolatrados. Se perdem, são vítimas de todas as frustrações pessoais de cada adepto.

Estes vão ao estádio para se sentir bem consigo e não para demonstrar qualquer tipo de

compaixão ou outro sentimento humano. Do lado de lá da barreira podem estar primos,

amigos, etc. Mas são do Sporting ou do Porto, logo são o inimigo. Fazem-se

procedimentos sacrificiais em conjunto. Estes “sacrifícios” são isolados do mundo

ordinário por intermédio de marcadores de fronteiras ou marcador de descontinuidade

(Leach 2000). Deste modo, um jogo de futebol pode tornar-se num episódio da festa

das cabeças de Penghulu. Da mesma maneira o Layout do estádio, chamado por alguns

Rui Assis 12

Page 13: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

de Catedral, pode ser comparado a um Santuário (com os seus coros e músicos, o adro,

a nave – onde o jogo acontece (congregação) – e o altar – local de culto das taças. Mais

uma vez temos a relação entre o sagrado e o profano. Até no processo do rito de

passagem de um adepto há algo de feudal, tal como na nomeação de um Cavaleiro

Britânico medieval: desde o procedimento de preparação das “paramentas” -

normalmente começa com a camisola do clube – passando pelo cartão de sócio (ritual

político), até ao festival da primeira “romaria” do trajecto que o leva ao “Santuário” –

estádio.

Pela minha própria observação, entre as crianças – antes do estado de consciência –

veneram-se os símbolos dos clubes, através de procedimentos mitológicos, para explicar

e dar coesão ao seu mundo. Assim, é usual voltar a assistir às batalhas entre Dragões e

Águias e Leões, enquanto se repetem as perguntas sobre ,quem é mais forte? Antes de

conhecer qualquer jogador ou até mesmo a história do clube, as crianças já conhecem os

símbolos que constam nos seus emblemas.

O que liga estes dois mundos?

Qual é o processo que faz com que um adepto não esteja “nem cá nem lá”?

- Os rituais ! As suas dinâmicas são um cenário de transmissão e criação de cultura

(Turner 1967).

No nosso rito político, normalmente, é o individualismo que nos conduz a este estado de

dinâmica social, ou seja, são os paradoxos ou ambiguidades dos adeptos que os fazem

viver no límen dos ritos (Da Mata). São associais. Pessoas sem identidade, que assim

criam uma identidade comum. Desta forma, se alguém der o primeiro passo na

organização do rito, os que vivem na margem entre a integração e a separação aderem

imediatamente e tornam-no num complexo sensorial de impressões simultâneas –

sensorium – isto é, numa manifestação performativa visível. Estas pessoas inseguras

juntam-se a estes movimentos sociais por causa da sua necessidade de ter uma direcção

social (Hirsh Eric in Doug McAdam, pp: 303).

O mundo real é contínuo. Mediante o uso de categorias, separamos o espaço físico e

social em áreas com diferentes potenciais de poder, criando a ilusão da descontinuidade.

Há uma zona de intercepção entre as duas categorias ou mundos. Mas esta zona não

pertence a nenhuma categoria e ao mesmo tempo pertence a ambas. É uma área

perigosa de poder manifesto (Leach 2000).

Dentro de um estádio (e na preparação de um jogo ao longo da semana) ,há vários

movimentos sociais que devem ser entendidos nos seus próprios termos, ou seja, as suas

Rui Assis 13

Page 14: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

práticas auto-definem-se. São processos aos quais estão associados, por exemplo, os

valores da Globalização e a predominância da política simbólica no espaço dos média

(Castells, pp:85). Nestes movimentos sociais internos há uma representação e

valorização do Eu, (Self), contra os Outros (Outsiders). Há uma tensão constante entre a

formação da identidade política do Eu e a constante negociação sobre a diferença entre

Organizações e a necessidade de projectos de identidade unitária, que normalmente

resultam em casos de abuso dos Direitos Humanos e movimentos sociais autónomos,

por exemplo: as claques (Stephen Lynn, in June Nash, pp:68).

Em termos sociais a Globalização provoca uma Cultura Híbrida. As populações são

empurradas para a periferia. O seu meio ambiente está contaminado pela migração

forçada em função do mercado de trabalho. Longe de perderem o seu compromisso com

a sua cultura, a sua identificação com o espaço onde agora vivem torna-se

fundamentalmente importante, neste circuito Global (June Nash,pp: 179). Assim,

assistimos, por um lado, aos rituais que mantêm a cultura original acesa e, por outro

lado, um vínculo à nova cultura, ou seja, sendo o Benfica um clube de massas, é normal

existirem, no estádio, adeptos (verdadeiros torcedores) originários da Índia, África,

Brasil, Países de Leste, etc. Estes fragmentos sociais devem ser estudados

Etnograficamente, pois não sabemos como foram os seus rituais de iniciação à nova

cultura (clube) e se existiram, ou se apenas aconteceram pela necessidade de

identificação. Nestes movimentos sociais há uma oportunidade estrutural percebida e

nada tem a ver com o objectivo usual das relações de poder (Kurzman Charles in Doug

McAdam, pp: 67).

Não pretendi tratar aqui de comportamentos obsessivos compulsivos. Também não fiz

uma descrição das claques organizadas e profissionalizadas - apesar de reconhecer a sua

importância na performance dos rituais que falamos - para as descrever teria que viver

no seu meio. Interesso-me pela vivência quotidiana. Pelas pessoas normais que se

transformam. Pelo processo ritual, que é antes de mais um lugar onde emergem as

imagens dos diferentes poderes (económico, político, social). A actividade performativa

reflecte uma certa ordem sócio-cultural e ao mesmo tempo permite reflectir sobre essa

mesma ordem.

Esta é a minha tentativa de interpretação, sabendo que a Antropologia, apesar do seu

pendor objectivista, não deixou de reconhecer o carácter interpretativo do

seu“método”, pelo menos no que à observação e descrição etnográfica diz respeito

(Filipe Verde 1997).

Rui Assis 14

Page 15: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Se conseguimos pensar numa pessoa como selvagem ou bárbaro,

tal como Lévi-Strauss, então também somos selvagens.

(Gellner 1979, 31)

Rui Assis 15

Page 16: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

A Romaria, nos dias de jogo …

A chegada ao Estádio …

Os cânticos rituais começam …

A segurança (os adeptos da equipa adversária entram antes para sair depois)

Rui Assis 16

Page 17: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

O click. A Águia Real, Vitória, depois do seu voo e uma vez no seu “pódio”, contribui para a transformação da visão do mundo dos adeptos ali presentes. A partir deste momento só o SLB interessa, é como se nada mais existisse ou tivesse interesse .

É um momento de explosão igual ao de um golo. Trata-se de uma celebração de uma existência. Exaltam-se os símbolos do clube. É como que uma manifestação de força para a equipa adversária …

Rui Assis 17

Page 18: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Rui Assis 18

Page 19: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Movimentos sociais em acção: estratégia e tácticas são agora postas em prática. Por vezes este momento culmina um imenso trabalho ao longo da semana (por parte das claques).

Rui Assis 19

Page 20: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Momentos de ansiedade …

Rui Assis 20

Page 21: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

É um sistema de crenças: “ILUMINEM A NOSSA FÉ !!!”.

A crença ligada à religião …

Rui Assis 21

Page 22: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

O Marketing, para que as mensagens cheguem às massas…

O espectáculo ao Intervalo: Danças, fogo de artifício, luzes que fazem lembrar o Inferno

O ritual do vestuário que se usa nestas circunstancias e o seu simbolismo …

Rui Assis 22

Page 23: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

O culto sagrado da Catedral. Por si só a ida ao futebol já está associada a um ritual de celebração, mas implica outros géneros: passagem, festival e até de dor …

O ritual da comemoração …

Rui Assis 23

Page 24: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

A importância da comunicação não verbal na Performance dos Rituais:

Grupos diferentes, com rituais de celebração semelhantes …

A linguagem corporal dos adeptos na manifestação performativa dos rituais. A importância da comunicação não verbal…

Rui Assis 24

Page 25: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

Bibliografia

Conquergood Qwight 1991, Rethinking Ethnography: towards a critical cultural politics, in Commmmnications Monographs 58, Junho, pp:179-194

Gadamer Hans-Georg 1961, Truth and Method, London. Sheed & Ward. 2ª Edição Inglesa, revista e traduzida por Joel Weinsheimer e Donald G. Marshal 1989

Gellner Ernest 1979, Concepts and Society in Rationality, org. Bryan R. Wilson. Oxford. 18-49

Geertz Clifford 1988, Works and Lives: The Anthropologist as Author. Stanford: Stanford University Press,

GEERTZ, C. [1973]1989 A INTERPRETAÇÃO DAS CULTURAS, Ed.Guanabara:Rio de Janeiro

Gomes da Silva José Carlos 2003, O Discurso Contra Si Próprio, Assírio e Alvim, Lisboa

Leach, Edmund. 1974 (1961). Repensando a Antropologia in Repensando a Antropologia. São Paulo:Perspectiva; 13-51

Leach, Edmund 2000, Once Knight is Quite Enough:, Mana 6. PP: 31-56

Levi-Strauss Claude (1955) 1989,”Antropologia Estrutural”, 1º volume, cap. XI, 3ª edição, Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro

Levi-Strauss Claude 1962, La Pensée Sauvage, Paris

PARKIN, D., CAPLAN, L. & FISHER, H. 1995 THE POLITICS OF CULTURALPERFORMANCE, Berghahn Books: Providence

Manuel Castels, O poder da Identidade Vol II, pp:83-87

McAdam Doug, David Snow, Social movements : readings on their emergence, mobilization, and dynamics,Roxbury Publishin Company

Crain, Mary M. 1996, Transformación y representación visual en El Rocío. Demófilo, 19:63-84

Nash June, Social movements : an anthropological reader /,ed. by June Nash , Blackwell Publishing

TURNER, Victor [1969]1974 O PROCESSO RITUAL, Ed.Vozes: Petrópolis

TURNER, V. W. 1967 THE FOREST OF SYMBOLS, Cornell Univ. Press: Ithaca1982 FROM RITUAL TO THEATHER: THE HUMAN SERIOUSNESS OF PLAY,Performing Arts Journal:New York

Rui Assis 25

Page 26: A Força de um Lenço.txt

Antropologia – ISCTE 2008

1987 ANTHROPOLOGY OF PERFORMANCE, Performing Arts Journal:New York

SCHECHNER, Richard [1977]1988 , PERFORMANCE THEORY, Routledge: London/New York

Vasconcelos J. 1997, Tempos remotos: a presença do passado na objectificaçãoda cultura local, Etnográfica, vol. I(2), Oeiras, Celta

Outros textos consultados

http://www.slbenficaultras.blogspot.com/

http://terceiroanel.weblog.com.pt/arquivo/2006/04/06/deslocacao_a_barcelona_foto_reportagem

http://esscpareaprojectoalfredogarcia.blogspot.com/2007/11/adepto-do-benfica.html

http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Manuel+Castels%2C+O+poder+da+Identidade+Vol+II%2C+ver+p%C3%A1gina+83-87&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=

http://www.oi.acime.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo_OI_22.pdf

http://www.ime.usp.br/~cesar/projects/lowtech/poderdaidentidade/cap1.htm

http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/viewFile/305/228

http://www.etni-cidade.net/poder_identidade.htm

Rui Assis 26