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A Geopolítica dos recursos naturais: uma análise da dependência em commodities de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e seus impactos. Victor Tarifa Lopes * Introdução Dentro da amplitude que o termo “geopolítica” traz, no presente artigo, trabalha-se a ideia de geopolítica em termos de disputa política por recursos energéticos e naturais escassos, geograficamente espalhados ao redor do globo (COSTA, 2008). Em um mundo politicamente dividido em Estados-nações, é fato que um país não possui em seu espaço territorial a totalidade de recursos necessários para a garantia de suas demandas energéticas; logo, aqui surge a necessidade de se lançar em buscas internacionais por tais suprimentos. Como se verá ao longo do artigo, na “disputa sobre bens finitos e estratégicos” (HAGE & FERNANDES, 2016, p. 4 e 5) a ênfase será nas commodities agrícolas e na busca de Estados por recursos que garantam a segurança alimentar e nutricional de suas populações. Fenômeno de crescimento econômico sem precedentes na história humana, a China não é diferente no quadro geral aqui trabalhado, possuindo necessidades energéticas cada vez maiores para uma população em crescimento e vertiginosa ascensão econômica. Com efeito, conforme esse país transforma-se na oficina e fábrica mundial (ARRIGHI, 2008), processando, segundo dados da United Nations Industrial Development Organization (UNIDO), 25% da manufatura global, ocorrem mudanças na dinâmica populacional, com uma população cada vez mais urbanizada, impactando, com isso, toda a economia e geografia mundial (ECONOMY & LEVI, 2014).Do outro lado do globo, temos a América do Sul, uma das regiões mais ricas e abundantes em recursos minerais, agrícolas e hidrográficos (FUCCILE, CARLOS & LEITE, 2017), produtora de boa parte dos insumos necessários à contínua expansão material que vem ocorrendo na China. Não obstante, a primeira década de 2000 foi marcada pelo “ superciclo de commodities”, no qual países latino-americanos como um todo observaram um aumento * Universidade Federal de Santa Catarina. Doutorando em Relações Internacionais. Agência financiadora: CAPES. E-mail para contato: [email protected]

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A Geopolítica dos recursos naturais: uma análise da dependência em

commodities de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e seus impactos.

Victor Tarifa Lopes*

Introdução

Dentro da amplitude que o termo “geopolítica” traz, no presente artigo,

trabalha-se a ideia de geopolítica em termos de disputa política por recursos

energéticos e naturais escassos, geograficamente espalhados ao redor do globo

(COSTA, 2008). Em um mundo politicamente dividido em Estados-nações, é fato

que um país não possui em seu espaço territorial a totalidade de recursos

necessários para a garantia de suas demandas energéticas; logo, aqui surge a

necessidade de se lançar em buscas internacionais por tais suprimentos. Como se

verá ao longo do artigo, na “disputa sobre bens finitos e estratégicos” (HAGE &

FERNANDES, 2016, p. 4 e 5) a ênfase será nas commodities agrícolas e na busca

de Estados por recursos que garantam a segurança alimentar e nutricional de suas

populações.

Fenômeno de crescimento econômico sem precedentes na história humana,

a China não é diferente no quadro geral aqui trabalhado, possuindo necessidades

energéticas cada vez maiores para uma população em crescimento e vertiginosa

ascensão econômica. Com efeito, conforme esse país transforma-se na oficina e

fábrica mundial (ARRIGHI, 2008), processando, segundo dados da United Nations

Industrial Development Organization (UNIDO), 25% da manufatura global, ocorrem

mudanças na dinâmica populacional, com uma população cada vez mais

urbanizada, impactando, com isso, toda a economia e geografia mundial

(ECONOMY & LEVI, 2014).Do outro lado do globo, temos a América do Sul, uma

das regiões mais ricas e abundantes em recursos minerais, agrícolas e hidrográficos

(FUCCILE, CARLOS & LEITE, 2017), produtora de boa parte dos insumos

necessários à contínua expansão material que vem ocorrendo na China. Não

obstante, a primeira década de 2000 foi marcada pelo “superciclo de commodities”,

no qual países latino-americanos como um todo observaram um aumento

* Universidade Federal de Santa Catarina. Doutorando em Relações Internacionais. Agência financiadora: CAPES. E-mail para contato: [email protected]

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generalizado das exportações de commodities para o parceiro asiático (FERCHEN,

2011).

Nesse cenário, o objetivo desse artigo é de identificar a relação entre a

busca por recursos naturais por países em rápido crescimento econômico e o

aumento de dependência nas exportações de produtos agrícolas em países da

América do Sul, o qual está gerando problemas de natureza eminentemente

geopolítica, como aumento da insegurança alimentar e instabilidade

socioeconômica. Logo, o problema-pergunta trabalhado é: quais as implicações

geopolíticas no aumento da dependência no comércio de commodities? A hipótese

é de que o aumento da dependência em commodities agrícolas tem levado ao

aumento de insegurança alimentar e nutricional, por uma série de canais de

transmissão macroeconômicos, tais como observados na volatilidade da taxa de

câmbio, da balança de pagamentos e dos termos de troca, os quais por sua vez

acarretam em efeitos indiretos, destacadamente em diminuição do crescimento

econômico, aumento do desemprego, de preços de produtos alimentares e perda de

receitas fiscais por parte do Estado. A metodologia é de revisão bibliográfica,

incluindo artigos e documentos oficiais emitidos por organizações internacionais, e

de análise quantitativa de dados primários. É aplicado o método de estudo de caso

comparado, abrangendo Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, países-membros e

fundadores do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), dentro do período de 2003 a

2017.

Além dessa introdução, o artigo está dividido em mais 3 partes. Na primeira,

é realizado um resumido balanço sobre o crescimento urbano chinês recente, e

como o mesmo tem moldado a “geografia” do comércio internacional. Na segunda

seção, a partir do recente relatório “The State of Food Security and Nutrition in the

World” (FAO et al, 2019), é realizada a conexão entre dependência em exportações

de produtos agrícolas e o aumento em insegurança alimentar e nutricional, com a

análise empírica dos dados para os casos selecionados. Por último, são tecidas

considerações finais.

Parte 1: China, América do Sul e a geopolítica dos recursos naturais.

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Analisar China é sempre um exercício de se mensurar as maiores cifras

demográficas e econômicas em nível mundial. Segundo o World Development

Indicators, o país asiático apresentou uma taxa média de crescimento de 9,5% para

o período de 1990 a 2017. Mesmo em uma perspectiva conjuntural de maior

duração, entre 1960 e 2018, a taxa média de crescimento foi de 8%, com um

acumulado de 474% em níveis de Produto Interno Bruto (PIB). Para o período de

alta dos preços de produtos primários, ou seja, entre 2003 e 2011, as taxas foram

ainda maiores, girando em média em 10,8%.

Com a maior população mundial, com aproximadamente 1.392.700.000

habitantes em 2018, a China transformou-se de um país majoritariamente rural para

um urbano. Em 2003, 39,8% de sua população vivia em territórios urbanos, o

equivalente a 512.473.984 milhões de habitantes. Em 2018, esse número saltou

para 823.827.650 de pessoas vivendo em zona urbana, o equivalente à 59,2% da

população. A taxa média de crescimento da população urbana chinesa para esse

período (2003 - 2018) foi de 3,2%, ao passa que a média mundial foi de 2,1%.

Evidentemente que tal processo demandou uma enorme quantidade de

recursos energéticos, o que está no centro da rationale que levou à “caçada global

chinesa por recursos” (ZWEIG & JIANHAI, 2005). Como apontam Burgos Caceres e

Ear (2012), a garantia da estabilidade interna e permanência do sistema de partido

único tem feito com que seja necessário o crescimento acelerado em ritmo

constante, o qual, por sua vez, tem demandado a busca igualmente constante e em

aumento por recursos primários, por quatro fatores: “(1) a growing population, (2)

insufficient indigenous resources and raw materials to sustain growth over the long

term, (3) policy limitations, and (4) ideological contestation” (p. 50).

Com isso, a geografia mundial vem se transformando, com a China sendo o

maior importador de uma série de minérios e derivados como alumínio, carvão,

minério de ferro, aço, níquel, e cobre, um dois maiores importadores de petróleo

(BURGOS CACERES & EAR, 2012) e, atualmente, o maior importador de produtos

agrícolas, como soja, produtos lácteos, carne e frutas tropicais (ZHANG, 2019).

Como identificado pela plataforma Resource Trade (CHATAM HOUSE, 2018), em

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2017 foi a maior compradora do mundo de produtos primários, representando 14%

de todo o comércio.

Ainda que o gigante chinês não esteja utilizando de práticas antes utilizadas

pelas potências coloniais, como a Inglaterra do século XIX e sua expansão

ultramarina em busca de recursos e mercados via colonização direta (ECONOMY &

LEVI, 2014), o mesmo tem colocado a segurança energética e alimentar se sua

população como questões eminentemente geopolíticas e centrais, sobretudo após

terem ultrapassado a capacidade de autossuficiência de produção alimentar,

mesmo sendo os maiores produtores de alimento do mundo (ZHANG, 2019). Com

efeito, a preocupação chinesa com questões energéticas não é a exceção, em uma

era de crescente instabilidade, era de emergente “geopolítica da escassez de

alimentos” (BROWN, 2011, p. 29)

Nesse sentido, a região Latino-americana, sobretudo os países Sul-

americanos, tem sido uma das opções de avanço da diplomacia comercial chinesa,

dada a grande potencialidade em matéria de produtos primários. De fato, muito da

racionalidade que tem guiado os investimentos estrangeiros diretos (IED) da China

na região durante a primeira década de 2000 tem sido justamente a necessidade

recursos naturais para sustentar seu crescimento e processo de urbanização

(BETHEL, 2011), ainda que esse padrão venha se transformando desde então

(DOLLAR, 2017, p 17-18).

Como demonstrou Ferchen (2011), o senso comum sobre as análises

acerca do avanço chinês na América Latina foi dominado pela ideia de uma busca

por recursos naturais, sendo possível dividirmos em dois tipos de percepções:

...[1] América Latina, uma região com recursos naturais abundantes, que exporta produtos primários para uma China em expansão, mas carente de tais recursos.[...] [2] [...] outros observadores têm destacado que o que veem como complementaridade é na verdade apenas uma forma renovada de dependência latino-americana. Eles alegam que, apesar da rápida expansão dos negócios e investimentos trazer benefícios no curto-prazo para ambos os lados, essa natureza de relações baseada em commodities reforça os padrões disfuncionais de desenvolvimento da América Latina que muitos países da região há muito tempo renunciaram e têm tentado deixar para trás há mais de meio século (p. 106)

Porém, de acordo com o mesmo autor, naturalizar o relacionamento

comercial sino-sul-americano como uma simples questão de oferta e demanda

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acaba por obscurecer uma questão central: o tempo em que está ocorrendo. A

intensificação do padrão de trocas comerciais “commodity-manufatura” entre China

e países da América Latina, com ênfase na sub região Sul-americana, tem ocorrido

em um fase específica da trajetória de desenvolvimento deste país, ou seja, “tem

correspondido a uma mudança na trajetória de desenvolvimento doméstico chinês,

afastando-se da manufatura leve e média baseada em trabalho intensivo e

aproximando-se da (super)produção industrial pesada com capital intensivo”

(FERCHEN, 2011, p. 124). Tal mudança é fruto de estratégias políticas e

geopolíticas, que, como argumentamos, leva em conta as seguranças energéticas e

alimentar do povo chinês, principalmente visando a estabilidade do regime político.

Logo, colocar a alta dos preços das commodities, a proeminência comercial chinesa

e o elevado grau de especialização em produtos primários da vasta maioria dos

países Latino-americanos como algo “natural”, para se atender a demandas, elimina

questões eminentemente geopolíticas, ignorando que tratam-se de trajetórias de

escolhas políticas que, ao longo do tempo, tendem a se repetir.

Uma pergunta que Ferchen (2011), escrevendo no final do “superciclo das

commodities”, coloca é: “ o que acontece se e quando o surto de commodities

dirigido pela China terminar ou tornar-se propenso a maior volatilidade?” (p. 124).

Aqui, estendemos a questão: conforme o país asiático avança, desde 2015, nas

estratégias relacionadas à indústria 4.0 e à economia do conhecimento (IEDI, 2018),

distanciando-se de setores da indústria pesada altamente demandante de produtos

primários, qual será a situação de países primário-exportadores?

Todo caso, a realidade concreta é que a corrida chinesa por recursos

naturais impactou diretamente a região aqui estudada. Claro que se trataram de

impactos distintos, variando entre países com pátios industriais mais avançados,

como Brasil e Argentina, com complicações já no curto prazo1, e países sem grande

relevância industrial, como Peru ou Paraguai, sem complicações de curto prazo

(VADELL, 2011). Nesse cenário, muitos apontam para um processo de

reprimarização destas economias, com uma forte orientação para as atividades

1 As complicações de curto prazo referem-se, principalmente, para a perda de competitividade do setor industrial e, reforçada por isso, perda de liderança regional (VADELL, 2011).

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primário-extrativas (SVAMPA & SLIPAK, 2015). Com o aprofundamento desse

padrão comercial de exportação de commodities e importação de produtos

manufaturados de alto valor agregado, tais países se aproximam de uma

configuração de relacionamento “norte-sul” (VADELL, 2011). O quadro se deteriora

levando-se em conta os problemas com a balança comercial, majoritariamente

deficitária com o país asiático (SVAMPA & SLIPAK, 2015, p. 54).

Avançando na discussão, o quadro 1 abaixo sintetiza a dinâmica de

comércio internacional dos quatro países-casos selecionados, com dados

resgatados da United Nations International Trade Statistics Database (UN

COMTRADE).

Quadro 1: Síntese da situação de principal parceiro comercial e produto exportado de 2003 para 2017.

País Principal parceiro em 2003 / % exportações

Principal produto exportado em 2003 / % exportações

Principal parceiro em 2017 / % exportações

Principal produto exportado em 2017 / % exportações

Argentina Brasil /15.58% Farelo de Soja / 11.17%

Brasil /15.94% Farelo de Soja/ 15.48%

Brasil EUA / 22.11¨% Soja / 5.53% China / 21.82% Soja / 11.19%

Paraguai Brasil / 36.63% Soja / 34.31% Brasil / 31.40% Soja / 24.99%

Uruguai Brasil / 19.52% Couro bovino e equino / 10.09%

China / 25.19% Papel e celulose / 15.10%

Fonte: The Atlas of Economic Complexity. Elaboração própria. Nota 1: Os produtos são baseados no Sistema Harmonizado 4, e foram excluídos os números relativos às exportações de serviços

Como mostrado, boa parte dos fluxos comerciais de exportação dos países

do MERCOSUL giram em torno do Brasil, sendo este o principal receptor de

produtos de Argentina e Paraguai, em ambos períodos. Nos casos de Brasil e

Uruguai, ocorreu a mudança para a China ocupar a posição de principal parceira

comercial, pelo menos do ponto de vistas de exportações. É nítido o domínio de

produtos primários e/ou agrícolas como os principais produtos exportados, sendo a

soja e seus derivados o principal para Argentina, Brasil e Paraguai, e o setor bovino

e posteriormente o setor de papel e celulose para o Uruguai.

O caso do Paraguai é um pouco distinto. A China, que não possui relações

diplomáticas com este país, não chega a estar nem entre os 30 principais mercados

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destinos de produtos paraguaios. O que acontece é que produtos produzidos no

Paraguai, sobretudo a Soja, são exportados para Brasil ou Uruguai para então

serem reexportados para o parceiro asiático2. Porém, nos demais países, em um

período de pouco mais de uma década, a China se tornou o principal mercado de

Brasil e Uruguai e o terceiro na Argentina. Ora, o processo de reprimarização não foi

“puxado” exclusivamente por este país, mas ocorreu uma contribuição significativa

para tanto, sobretudo na questão de supervalorização dos preços das commodities,

a qual permitiu um período artificial de breve desenvolvimento econômico dos

países ricos em recursos naturais. Na próxima seção, serão avaliados os pontos

sobre como essa situação pode levar ao agravamento da situação de segurança

alimentar, com inclusive impactos socioambientais e, consequentemente,

geopolíticos.

2. Mensurando os impactos na dependência em commodities

Constatada a situação de que o tratamento geopolítico dado ao

fornecimento de recursos naturais por países como a China levam à uma situação

de especialização produtivo de países Sul-americanos, essa seção é voltada para a

análise de como tal situação pode levar para o aumento de insegurança alimentar e

nutricional. Para tanto, nos baseamos amplamente no estudo “The State of Food

Security and Nutrition in the World”, publicação anualmente realidade entre a FAO e

outras organizações internacionais (FAO et al, 2019).

De acordo com a FAO (2019), “Eighty percent of the countries (52 out of 65)

with a rise in hunger during recent economic slowdowns and downturns are

countries whose economies are highly dependent on primary commodities for export

and/or import” (p. 61). Logo, faz-se necessário a definição sobre o que seria um

estado de dependência em exportações e/ou importações de produtos primários.

Primeiramente, transcrevemos a definição de dependência do ponto de vista das

exportações, podendo o país ser classificado como dependente ou altamente

dependente.

Commodity-export-dependent countries or territories derive the bulk of their export earnings from primary commodities, such as minerals, ores, metals, fuels, agriculture raw materials and food. This report defines high

2 https://lta.reuters.com/articulo/granos-paraguay-china-idLTAKBN1HR1KY-OUSLD

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commodity-export-dependent countries as those who generate more than 60 percent of their merchandise export revenues from food, agriculture and raw materials; minerals, ores, and metals; and/or energy commodities (FAO et al, 2019, p. 64).

A dinâmica sobre a perspectiva das importações segue uma lógica

semelhante, definindo “high commodity-import-dependent countries as those where

the share of the value of food and fuel imports is more than 30 percent of the total

merchandise” (IDEM, p. 64). Analisando-se os casos aqui trabalhados, os dados

demonstram um percentual de nível de alta dependência. O gráfico a seguir

demonstram o comportamento do ponto de vista das exportações para os 4 países.

Todos foram elaborados levando-se em conta o Standard International Trade

Classification (SITC), a partir da base de dados da United Nations Conference on

Trade and Development (UNCTAD)3.

Como se pode observar, segundo a classificação da UNCTAD, a

amostragem de países aqui analisada nos revela que todos estão no status de high

commodity-export dependent, o que implica em maior vulnerabilidade a choques

externos. Tomando os casos de Argentina, Paraguai e Uruguai, apenas o setor

agrícola já bastaria para se atingir o percentual mínimo, com o setor de minérios

aumentando as cifras nos dois primeiros. No caso brasileiro, os produtos agrícolas

por si só não levam à uma situação de dependência, sendo necessário a adição do

setor de minérios, sobretudo por conta das receitas provindas do minério de ferro.

Gráfico 1: Percentual de exportações de commodities primárias, 2003 – 2017.

3 A UNCTAD classifica commodities primárias os produtos da SITC das seções 0, 1, 2, 3, 4 e 68.

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Fonte: UNCTADStat. Elaboração própria.

Importante notar que a mesma situação não foi observada do ponto de vista

das importações, isto é, os países analisados não apresentam o status de high

commodity-import-dependent. Para o período de 2013 - 2017, de queda

generalizada dos preços das commodities, a Argentina apresentou um percentual

da composição das importações de commodities de 19%, o Brasil de 26%, Paraguai

de 24% e Uruguai de 29%, ou seja, todos abaixo da faixa dos 30% (UNCTAD,

2019). Além disso, todos produzem mais alimentos do que importam, não sendo

importadores líquidos de alimentos (FAO et al, 2019).

Logo, a questão da vulnerabilidade está confirmada apenas do ponto de

vista das exportações. Antes de se relacionar um choque econômico e a

dependência em commodities com uma situação de insegurança alimentar e

nutricional, frisa-se aqui o conceito de Segurança Alimentar, sendo

A situation that exists when all people, at all times, have physical, social and economic access to sufficient, safe and nutritious food that meets their dietary needs and food preferences for an active and healthy life. Based on this definition, four food security dimensions can be identified: food availability, economic and physical access to food, food utilization, and stability over time (FAO et al, 2019, p. 186).

Logo, uma situação de insegurança alimentar e nutricional é o oposto disso,

e não se resume a apenas uma situação de fome e desnutrição crônica, mas

também a aqueles indivíduos que não possuem acesso à macronutrientes

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Argentina

Brasil

Paraguai

Uruguai

Percentual deDependência

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(proteínas, carboidratos e gorduras) e micronutrientes (vitaminas, minerais e outras

substâncias), que podem estar com sobrepeso ou obesidade (IDEM, 2019)4.

Como mencionado, existem canais de transmissão diretos e indiretos dos

impactos negativos na redução nos preços das commodities. São três principais

impactos diretos que um choque de preços pode gerar: choque e volatilidade dos

termos de troca; volatilidade na taxa de câmbio e; volatilidade na balança de

pagamentos, afetando tanto conta corrente como conta capital. Através desses

canais, os impactos são distribuídos por toda a economia por uma série de

derivações. Por exemplo, com a deterioração dos termos de troca e volatilidade da

taxa de câmbio, há um crescimento menor ou até mesmo decrescimento

econômico, principalmente por afetar o comportamento de investimento e consumo,

extremamente sensíveis a instabilidades. Com o menor crescimento, há aumento de

desemprego, decréscimo de salários e, com isso, perda de renda. Isso, por sua vez,

se traduz em perda de poder de compra, que significa menos consumo de produtos,

incluindo alimentos. Há também impactos nos preços domésticos e perda de

arrecadação fiscal dos governos, que passam a investir menos políticas e

programas de proteção social e serviços de saúde, reforçando o ciclo vicioso. Os

canais de transmissão podem ser visualizados a seguir.

Infográfico 1: Potenciais impactos negativos da redução de preços internacionais de commodities na segurança alimentar e nutricional em economias dependentes em commodity: canais de transmissão.

4 Muitos indivíduos adotam como estratégia para lidar com a perda de renda, por exemplo, consumindo produtos alimentares mais baratos e ultra processados, pobres em tais tipos de substâncias.

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Fonte: FAO et al, 2019, p. 69.

Como reportado pela FAO (et at, 2019), a partir de 2011 os preços

internacionais das principais commodities que compõem a cesta de exportações do

MERCOSUL sofreram uma queda aguda. Após um pico de preços históricos

atingidos em 2011, que foram se elevando em ritmo acelerado durante os anos

2000 e reforçados com a crise de 2008 (com investidores financeiros migrando para

o setor de mercado futuro de commodities), o mercado global de commodities

passou a níveis de preço semelhantes a observados na década de 1990, mesmo

com uma demanda não se arrefecendo5.

Assim dito, passa-se agora à análise dos três principais canais de

transmissão acima descritos, e dos canais indiretos que consideramos mais

relevantes: taxa de desemprego e aumento de preços domésticos. Iniciemos com os

termos de troca, problema clássico para países em desenvolvimento ou

subdesenvolvidos. Os dados apresentados foram resgatados desde 1980, para

ilustrar como a volatilidade dos termos de troca é uma idiossincrasia dos países do

MERCOSUL. De fato, observa-se uma valorização nos quatro países em algum

momento da década de 2000, e inclusive no começo de 2010. A partir de 2011 para

Brasil e 2012 para Argentina, há uma abrupta queda, ilustrativo de como o choque

de preços afetou esses países. As mudanças para as cifras do Paraguai não se

apresentaram tão significativas, tendo experimentado melhores números nos anos

5 Sobre a variação nos preços internacionais de commodities, ver FAO et al, 2019, p. 63.

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1990. O Uruguai igualmente não apresentou uma volatilidade diretamente

relacionada com o fenômeno de 2011.

Gráfico 2: Termos de troca, 1980 - 2017 (2000 = 100).

Fonte: Indicadores del Desarrollo Mundial.

Gráfico 3: Taxa de câmbio oficial (UMN6 por US$, média por período), 2003 - 2017

Fonte: Indicadores del Desarrollo Mundial Nota 1: Os valores referentes ao Paraguai foram dividido por 1000, para possibilitar uma melhor visualização. Logo, em 2004 em que aparece 6 Unidades de Moeda Nacional (Guarany), são 6000 para um dólar. Em relação ao Uruguai, foram divididos por 10.

A taxa de câmbio é outro elemento central na política econômica dos países

em desenvolvimento. Na literatura, há diversos estudos que apontam como a

valorização da taxa de câmbio em países em desenvolvimento pode levar à uma

6 Unidade de Moeda Nacional.

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situação de perda de competitividade, impactando diretamente nas exportações de

produtos manufaturados e na geração de emprego, a chamada “doença holandesa”

(BRESSER-PEREIRA, 2009). No gráfico acima, fica evidenciado como Brasil,

Paraguai e Uruguai tiveram suas taxas de câmbio valorizadas durante o superciclo

de commodities, e mais recentemente desvalorizadas, especialmente após 2011.

No caso argentino, ocorreu uma leve desvalorização entre 2003 e 2013, e

vertiginosa desvalorização de 2013 em diante. Como argumentado, tais oscilações

impactam diretamente nos preços domésticos e capacidade de importação de um

país, incluindo a compra de alimentos e outros produtos essenciais. Todo caso, de

todos os países analisados, a Argentina é o caso de maior gravidade em relação à

queda de preços observada a partir de 2011.

Em relação à balança de conta corrente, se o boom das commodities

possibilitou que todos os países ganhassem fôlego em termos de receitas, não foi

duradouro. De 18 anos avaliados, o Brasil e Uruguai apresentaram 5 anos de

balanço positivo, e a Argentina 8. A exceção fica para o Paraguai, com 12 anos de

saldo positivo. Novamente, os maiores impactos ficaram para os dois maiores

produtores e exportadores de produtos naturais da região, os quais apresentaram

deterioração dos indicadores antes mesmo de 2011, efeito derivado diretamente da

crise mundial de 2008.

Gráfico 4: Balança de Conta Corrente (US$ dólares correntes).

Fonte: Indicadores del Desarrollo Mundial / Banco Mundial. Elaboração própria.

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O último canal direto refere-se à conta capital, outro elemento componente

do balanço de pagamentos.

Gráfico 5: Conta Capital líquida (US$ dólares correntes)

Fonte: Indicadores del Desarrollo Mundial / Banco Mundial. Elaboração própria.

Como se observa, desde 2008 todos os países apresentam saldo positivo.

Porém, o que chama a atenção é a acentuada volatilidade a partir de 2011, o que

implica em imprevisibilidade na arrecadação fiscal dos Estados. Em anos de altas,

com maiores receitas, políticas públicas em programas sociais possuem maior

viabilidade se serem empregadas; o mesmo não é possível em anos de baixa. Logo,

isso impacta diretamente na capacidade de planejamento e execução de políticas

de longo prazo, dado o constante sobe e desce de valores.

Todos os países sofreram impactos diretos com a queda de preços

internacionais, com ênfase para Argentina e Brasil. A dependência, portanto, além

de comprovada formalmente de acordo com a classificação da UNCTAD, se mostra

como um elemento estrutural dos rumos políticos, econômicos e sociais do

MERCOSUL. No quadro abaixo, temos uma síntese do desempenho dos canais de

transmissão indiretos selecionados, separados em dois períodos: 2003 - 2011 (alta)

e 2012 - 2018 (queda).

Quadro 2: Comparação de indicadores em dois períodos.

Indicador → Crescimento do PIB (média % por

Renda total de recursos naturais (% do PIB)

Desemprego total (% população ativa total / OIT)

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período)

Período → 2003-2011

2012 - 2018

2003- 2011

2012 - 2018 2003- 2011

2012 - 2018

Argentina 6,44 -0,04 4,72 2,32 10,03 7,86

Brasil 4,06 0,1 4,71 3,86 8,45 9,46

Paraguai 4,69 4,10 1,67 1,53 5,25 4,66

Uruguai 5,36 2,52 1,21 1,52 9,72 7,23

Fonte: Indicadores de Desarrollo Mundial / Banco Mundial. Elaboração própria.

Todos os países apresentaram desempenho econômico pior pós-2011, em

comparação a 2003 - 2011. As rendas arrecadadas com a produção de recursos

naturais também apresentou queda na participação percentual no PIB, com exceção

para o Uruguai. O único canal de transmissão indireto que apresentou melhores

cifras no período de 2012 a 2018 na maioria dos países foi a taxa de desemprego,

com estimativas baseadas na Organização Internacional do Trabalho. Nesse canal,

apenas Brasil mostrou um aumento da taxa de desemprego7.

Fica evidenciado como a situação de dependência em commodities se

traduziu em consequências deletérias para as economias desses países, o que se

transmitiu para a situação de segurança alimentar de toda a América do Sul. De

fato, a “prevalência de subalimentação subiu de 4,6% em 2013 para 5,5% em

2017”8 na América do Sul, com aumento tanto de pessoas que passam fome como

de pessoas obesas, ambas em situação de insegurança alimentar e nutricional. O

caso Argentino, por sua vez, tem se mostrado um dos mais agudos, com uma

combinação recente de aumento dos preços de alimentos, recessão, desemprego e

aumento das taxas de pobreza (32% em 2018)9.

Além dos aspectos econômicos, outra dimensão é diretamente afetada pela

condição de superexploração da terra, derivada da dependência das commodities: a

dimensão ambiental. Como argumenta Vitte (2013),

7 Aqui caberia a crítica sobre a qualidade dos empregos e sobre o “inchaço” do setor de serviços em uma região que passa por intenso processo de desindustrialização. 8https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/15/fome-cresce-na-america-latina-e-afeta-425-milhoes-de-pessoas-diz-onu.ghtml 9 https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47780629

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...a exportação de commodities, em especial as agrícolas, acaba por favorecer uma política de privatização de terras em larga escala e preveem um possível aumento maciço de atividades que requerem grandes quantidades de água como as do agronegócio, das atividades mineradoras e industriais, e um aumento de outras atividades de impactos ambientais evidentes como hidrovias, hidrelétricas e barragens, sem considerar políticas de racionalização e gestão de uso (MARRERO, 2007, apud VITTE, 2013, p. 79).

Logo, toda a cadeia de produção envolvida possui consequências

socioambientais, com destaque para a chamada “água virtual”, ou seja, água

utilizada durante o processo de produção desses produtos naturais (ALLAN, 1998),

o que indica que há uma necessidade de política pública para gerenciamento e

possível taxação de recursos hídricos. Além disso, há os riscos em relação à

monoculturas transgênicas cultivadas em larga escala. Pegando o caso da Soja,

principal produto exportado pelo MERCOSUL, temos riscos à biodiversidade da

região e, como apontam Altieri e Pengue (2005), riscos de contaminação do solo,

impactos em ecossistemas, desflorestamento e desvios de verbas públicas, entre

outros.

Assim, fica clara que a situação de dependência em exportação de

commodities é muito além de uma esfera estritamente econômica, pois envolve

disputa políticas sobre recursos naturais em espaços geográficos. Ou seja, trata-se

de uma temática de geopolítica.

Conclusões

O artigo procurou estabelecer uma relação entre a dependência em

commodities, a segurança alimentar e nutricional, e a disputa geopolítica

internacional por recursos escassos. Para tanto, resgatamos a importância de se

colocar a geografia e os recursos naturais no centro do tabuleiro, enfatizando o

papel da segurança alimentar da população como um aspecto de segurança

nacional.

Não obstante, demonstramos como países como a China colocam no centro

de suas políticas públicas a garantia de acesso a alimentos e recursos energéticos

para sua população. Trata-se de um tema estratégico para a estabilidade do país, e,

para tanto, é tema de política de Estado. A questão identificada é que, países que

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não tratam a temática como vital para a sobrevivência geopolítica, como os

membros do MERCOSUL, passam a sofrer uma série de constrangimentos

políticos, econômicos, ambientais e sociais.

A geopolítica tem a “capacidade de oferecer ao Estado as ferramentas para

impedir que acontecimentos negativos, caso existam, tenham efeitos deletérios. A

importância dos planos governamentais reside no fato de procurar sanar questões

que poderiam ser comprometedoras. Caso elas [as questões comprometedoras,

como a subnutrição] ganhem vida, o poder político teria condições de resistir aos

possíveis efeitos negativos” (HAGE E FERNANDES, 2016, p. 7). Logo entendemos

ser a segurança alimentar de um país um elemento central para a geopolítica, uma

vez que uma situação de insegurança alimentar, como a fome, é fonte indubitável

de conflitos.

Se tomarmos que a fome é fruto direto de escolhas políticas (CASTRO,

1974), o planejamento governamental estratégico para se reverter esse quadro é

fundamental, ainda mais se tratando de um elemento que compromete a segurança

nacional, coesão social e desempenho econômico. E, como identificamos, por se

tratar de um problema regional, afetando todos os países da América do Sul,

soluções igualmente regionais são requeridas. Para tanto, recomenda-se a criação

de órgãos e conselhos específicos no âmbito do MERCOSUL para a análise e

formulação de políticas conjuntas de garantia da segurança alimentar e nutricional,

levando-se em conta as múltiplas dimensões que envolvem a temática, dentre as

quais buscamos trabalhar nesse artigo.

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