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A HISTÓRIA DE VIDA DO ALUNO COMO SUBSÍDIO PEDAGÓGIC O NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM EM HISTÓRIA
Claudete Guzzi de Souza1 Maria Paula Costa2
Resumo
Este artigo apresenta a experiência desenvolvida no projeto elaborado e
desenvolvido pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da
Secretaria do Estado do Paraná (SEED), com alunos do 9º Ano do Ensino
Fundamental. Buscou-se uma nova abordagem de investigação para o ensino
e aprendizagem dos conteúdos de História, possibilitando transformar as aulas
descontextualizadas da dimensão da realidade do aluno, para um novo fazer
pedagógico, envolvendo o conhecimento histórico por meio das narrativas dos
próprios alunos. A partir de atividades buscou-se reconhecer no aluno as
etapas de desenvolvimento da sua consciência histórica, a qual permeia o
sujeito em suas diversas temporalidades, conduzindo-os a relacionar a História
através da sua história de vida.
Palavras-chave: ensino-aprendizagem; narrativas; consciência histórica.
1 Introdução
1 - Graduada em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) – campus de Guarapuava. Pós-graduada em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Professora no Colégio Estadual Liane Marta da Costa. 2 - Doutora em História pela Universidade Estadual Paulista/ UNESP - campus de Assis e Graduada em História pela mesma Instituição. Atualmente é Docente do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste/ UNICENTRO – campus de Guarapuava e ocupa os cargos de Coordenadora do Laboratório de Ensino de História (LEHIS- Guarapuava) e de Diretora de Cultura da Unicentro.
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Novos estudos com investigação sobre a aprendizagem de História têm
apontado para um ensino com significado para o aluno permitindo que, o
conhecimento histórico possa indagar o passado e o presente através de suas
experiências históricas. Para isso, considera a história individual nesse
processo de construção do conhecimento que ao envolver os alunos com os
conteúdos de História produz, analise sobre o contexto em que os sujeitos
estavam inseridos coletivamente na sociedade.
A partir de seus conhecimentos históricos, a representação do passado
fornece elementos para que reconheçam a dimensão histórica que envolve a
temporalidade em diferentes épocas. Neste sentido foram desenvolvidas
atividades com os alunos, tendo como referência a sua história de vida,
envolvendo narrativas que os ajudaram na construção de sua consciência
histórica.
Essas atividades iniciaram-se com o reconhecimento do significado que
possuem as fontes históricas para o ensino de História. No decorrer destas
abordagens entre o passado e o presente, a fonte fotografia foi escolhida, com
o objetivo de investigar a vivência familiar e compreender o tempo histórico
ocorrido naquele local, por aqueles sujeitos, da família do aluno.
Para a história, a fotografia como fonte de estudo, torna-se um
documento que contribui para a interpretação de um determinado instante que
foi registrado pelo fotógrafo e, esta fonte busca recuperar as emoções, os
fatos, a memória, a conjuntura de vida que o indivíduo e/ou grupo representou
no momento em que o tempo parou naquela imagem.
Reconstruir os códigos o mais próximo possível da realidade que a
imagem fotográfica representa como cultura material foi uma das atividades
desenvolvidas com os alunos. Esta partiu da temática utilizando fotos de
cerimônias, acontecimentos ou apenas retrato da pessoa.
Utilizando novamente a fotografia, trabalhamos com a foto do próprio
aluno. Metodologicamente isto propiciou que se reconhecessem como parte do
processo histórico que envolve a sua história de vida e assim,
compreendessem que, para a História, a imagem é também uma fonte histórica
que revela a sociedade, na qual todos estão inseridos.
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Outra fonte histórica que utilizamos foi a produção textual tendo como
referência a construção do conhecimento histórico nos livros didáticos, por
meio de interpretações os alunos, ao fazerem comparações a respeito dos
acontecimentos históricos contidos no texto, compreenderam como é
construída a História pelos autores.
Com base na fonte histórica filme, “Narradores de Javé”, foi abordado a
narrativa histórica com os alunos para mostrar a importância da formação de
identidades culturais de cada povo, sendo esta, vinculada a construção do
conhecimento histórico produzido pela sociedade.
Ao final da Implementação Pedagógica, com as narrativas produzidas
pelos alunos, procurou-se reconhecer seus saberes históricos, identificando as
várias consciências históricas que cada um possui e que, segundo Rüsen
dividem-se em Consciência Tradicional, Consciência Exemplar, Consciência
Crítica e Consciência Genética e assim, compreender como é o aprendizado
histórico para cada aluno.
2 O Ensino de História e o Desenvolvimento do Pensa mento Histórico
com um novo pensar historicamente
Para compreendermos a História em suas teorias e metodologias com
um novo pensar historicamente é importante considerar o processo, pelo qual
esta disciplina passou a ensinar nos últimos anos, enquanto referencial de
proposta para a educação pública no Brasil. Por isso, será abordado alguns
períodos que dimensionaram o ensino de História.
Durante muito tempo, a linguagem histórica em sua forma de ensinar
esteve ancorada na ideia de um modelo que visava o estudo do passado
exaltando a figura dos heróis, prevalecendo uma História pronta para ser
transmitida. Isto se efetivou fortemente a partir da década de 60, com a
substituição da disciplina de História pela integração de Estudos Sociais,
englobando os conteúdos de História e Geografia nas séries chamadas de
ginásio.
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A proposta de junção da disciplina de Estudos Sociais iniciou de forma
experimental, mas no decorrer dos anos 70 a política no Brasil instalou o
regime militar, isto fez com que o contexto nacional interferisse no sistema
educacional da escola pública. Esta nova fase política realizou a Reforma do
Ensino Público com a Lei 5692/71 com algumas mudanças. Houve a efetivação
do ensino de Estudos Sociais ao ginásio chamado de 1º Grau. No 2º Grau a
disciplina de História passou a ter as matérias de Moral e Cívica e Organização
Social e Política do Brasil (OSPB). A base dos conteúdos estava em abranger
a sociedade no seu tempo e no seu espaço, isto é, fazendo uma ponte com o
ensino de Geografia local. O importante era formar os alunos com espírito
patriótico e moldado ao sistema vigente.
Nos anos 80, o novo contexto político que se configurava no Brasil era a
redemocratização do país. Isto influenciou na educação, ocorrendo debates e
discussões de propostas para mudanças no ensino de Estudos Sociais. A
crítica da academia e da sociedade organizada desejava o retorno da disciplina
de História no currículo escolar, devido o longo período em que o ensino de
História com a utilização do livro didático determinou os conteúdos que seriam
importantes para cada série, por isto segundo Fonseca,
Resgatar o papel da História no currículo passou a ser tarefa primordial depois de vários anos em que o livro didático assumiu a forma curricular, tornando-se quase que fonte ‘exclusiva’ e indispensável’ para o processo de ensino-aprendizagem. (FONSECA, 2006, p.86).
Vários estados brasileiros iniciaram discussões para o retorno da
disciplina de História, em substituição dos Estudos Sociais. Foram organizados
debates que visavam um ensino crítico, onde o aluno pudesse compreender
através de seu cotidiano e do seu trabalho a sua historicidade. (SCHMIDT;
CAINELLI, 2005, p. 13).
Nesse contexto em que a educação nacionalmente buscava mudanças,
os estados brasileiros promoviam encontros com o objetivo de estabelecer
parâmetros educacionais.
No Estado do Paraná realizaram-se debates para a reformulação do
Ensino Público construindo um Currículo Básico. A tentativa foi aproximar a
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produção acadêmica de História ao Ensino de História no 1º Grau, sendo
fundamentada na Pedagogia Histórico-Crítica. As propostas tiveram avanços,
apesar dos conteúdos possuírem limitações quanto ao pressuposto teórico e
metodológico. O Ensino de História no 1º Grau foi organizado em dois blocos a
serem estudados: a História do Brasil e a História Geral.
Esta divisão fez com que a História da América Latina e a História do
Paraná fossem incluídas como um estudo sem importância para o aluno,
desvinculadas do bloco. Houve a dificuldade de ensinar História sem superar a
visão eurocêntrica e linear. (DIRETRIZES, 2008, p.41-42).
A proposta de ensino com o Currículo Básico foi uma tentativa de
adequar-se às concepções de ensino que confrontam a forma tradicional,que
vinha sendo ensinada baseada na cronologia. Nos anos 90 surgiram
discussões em busca de um referencial, estabelecendo em todo o território
brasileiro um currículo global. Assim,
A partir da Lei Federal n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a qual determinou competência da União, do Distrito Federal e dos municípios o estabelecimento de novas diretrizes para organização dos currículos e seu conteúdo mínimo. (SCHMIDT E CAINELLI, 2005, p. 13).
Entre os anos de 1997 e 1999 a Secretaria de Educação Fundamental
do MEC passou a propor para todos os estados um ensino com um Parâmetro
Curricular abrangendo o 1º Grau para 1ª a 8ª série, chamando de Ensino
Fundamental e o 2º Grau passou a ser chamado de Ensino Médio. Esta
organização do Parâmetro Curricular Nacional objetivava que os conteúdos e
as metodologias de ensino fossem seguidos como uma referência, mas não
como um currículo pronto e único, onde fossem realizadas interferências em
cada Estado. O desejo era a reformulação do ensino público para conseguir
diminuir as diferenças encontradas no ensino brasileiro. (SCHMIDT E
CAINELLI, 2005, p. 14).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino
Fundamental, na disciplina de História manteve sua especificidade e foi
integrada aos Temas Transversais. No Ensino Médio a disciplina de História
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fez parte das Ciências Humanas e suas Tecnologias, que abrangeram as
disciplinas de Geografia, Sociologia e Filosofia. O PCN criou programas
educacionais como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
(SAEB), Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD). (DIRETRIZES, 2008, p. 43).
A implementação do PCN na rede Estadual do Paraná objetivou para o
Ensino Fundamental um histórico da disciplina do Brasil, as várias discussões
entre ensino e pesquisa em História levaram a tentativa de superar o ensino-
aprendizagem linear, sendo incorporado na metodologia questões como:
tempo, memória, fontes históricas, patrimônio histórico. No Ensino Médio a
História teve uma forma pragmática para resolver problemas do cotidiano do
aluno, buscando sua vivência em relação ao contexto do trabalho e da
cidadania.
Na Rede Pública Estadual do Paraná para atender ao objetivo da
demanda de ensino, que era visando ao preparo para o mercado de trabalho, a
disciplina de História pela “[...] Deliberação 14/99, pelo Conselho Estadual da
Educação, que dividiu a carga horária da matriz curricular em base nacional
comum (75%) e parte diversificada (25%)”. (DIRETRIZES, 2008, p. 43-44).
O PCN para o Ensino Fundamental na rede pública paranaense trouxe
uma proposta de ensino complexa privilegiaram uma abordagem psicológica e
sociológica dos conteúdos, desta forma não conseguiram atender a
aprendizagem que visasse à contextualização dos períodos históricos
estudados, desenvolvendo no aluno o pensamento crítico. No Ensino Médio
priorizou a aprendizagem com a preocupação de preparar o aluno para o
mercado de trabalho cada vez mais competitivo e tecnológico. Essa foi à forma
de ensino-aprendizagem que marcou a Rede Pública do Paraná e que
perdurou até 2002.
Em 2003 a Secretaria do Estado do Paraná (SEED) organizou
discussões com grande parte dos professores da rede pública de todas as
áreas para a elaboração de uma nova proposta curricular chamada de Diretriz.
Após cinco anos de amplas discussões que se dividiram em estudo, formação
e debates foram oficialmente publicados as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica (DCE). Os conteúdos e suas abordagens para o ensino de
História ficaram Nacionais no ensino de História. Com esse propósito a
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Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED) organizou a formação
continuada para os professores da disciplina.
Na elaboração das Diretrizes as discussões ficaram pautadas para a
inclusão social, que contemplaram o cumprimento de algumas leis como: Lei n.
10.639/03, que inclui no currículo oficial a obrigatoriedade da História e Cultura
Afro-Brasileira, seguidas das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das relações étnicorraciais e para o ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana e a Lei n. 11.645/08, que inclui no currículo oficial a
obrigatoriedade do ensino da história e cultura dos povos indígenas do Brasil.
(DIRETRIZES, 2008, p. 45).
A organização da Diretriz Curricular para o ensino de História,
abrangendo o Ensino Fundamental e Médio teve como referência os
Conteúdos Estruturantes, que se dividem em Relação de Trabalho, Relação de
Poder e Relação Cultural. Para o Ensino Fundamental os conteúdos básicos e
específicos se articulam com a História local e do Brasil integrando a História
Geral “[...] Por meio do processo pedagógico, busca-se construir uma
consciência histórica3 que possibilite compreender a realidade contemporânea
e as implicações do passado em sua constituição”. (DIRETRIZES, 2008, p. 74).
A proposta dos conteúdos básicos para o Ensino Médio articula-se com
a História Temática construídas com uma problemática como “[...] fome,
desigualdade e exclusão social, confrontos identitários (individual, social,
étnica, sexual, de gênero, e idade, de propriedade de direitos regionais e
nacionais)”. (DIRETRIZES, 2008, p. 76).
Embora seja importante relembrarmos como a educação pública
caminhou ao longo dos anos, gostaria de fazer referência às propostas
educacionais do estado do Paraná. As teorias e metodologias que organizaram
as Diretrizes Curriculares têm como objetivo o ensino de História na formação
do pensamento histórico, priorizando a historicidade do aluno através de suas
ideias históricas visando à construção de uma aprendizagem que seja
significativa para o aluno e que assim, ele possa perceber que as experiências
3- “Consciência histórica dá estrutura ao conhecimento histórico como meio de entender o tempo presente e antecipar o futuro. Ela é a combinação complexa que contém a apreensão do passado regulada pela necessidade de entender o presente e de presumir o futuro”. (RÜSEN, 2010, p. 36-37).
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do passado tornam-se importantes para compreender sua vida presente e
buscar uma nova perspectiva no futuro.
A proposta deste projeto que iniciou em 2010 esta baseada nas
Diretrizes Curriculares do Paraná e também nos debates de Schmidt, Cainelli,
Barca e principalmente Rüsen, que buscam uma nova abordagem histórica
considerando relevante a construção com o aluno partindo de suas ideias
prévias sobre a História, para que possa compreendê-la como experiências do
passado que contribui em sua vivência em sociedade, desenvolvendo um
pensamento histórico.
Desta forma, visando uma aprendizagem significativa propus para neste
projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, possibilitar que os alunos
compreendessem os conteúdos de História por meio de suas narrativas 4, para
que se sentissem pertencentes à História através de sua história de vida e,
desta forma pudessem estabelecer um elo entre a História coletiva da
sociedade ao reconstruir o seu passado identificando-se com uma nova
consciência histórica.
3 Os saberes históricos dos alunos em suas narrativ as.
Esta nova proposta pedagógica de compreender a História a partir dos
conceitos dos autores que citei acima, apontou para que a minha prática
docente fosse revista, buscando criar uma nova maneira de ensinar os
conteúdos de História, ou seja, um novo fazer envolvendo a realidade do aluno.
A aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica ocorreu no Colégio
Liane Marta da Costa no município de Guarapuava – PR, entre o período de
agosto a outubro de 2011, com sete encontros de duas horas de duração. Tal
projeto foi desenvolvido com quinze alunos, sendo quatorze meninas e um
menino da 8ª série (9º ano) do Ensino Fundamental.
4- “Uma narrativa está ligada ao ambiente da memória. Ela mobiliza a experiência do tempo passado, a qual está gravada nos arquivos da memória, de modo que a experiência do tempo presente se torna compreensível e a expectativa do tempo futuro possível”. (RÜSEN, 2010, p. 97).
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Iniciei o primeiro encontro explicando como seria o Projeto de Invenção
Pedagógica na Escola para os alunos e seus pais, estes foram convidados a
participarem do momento da apresentação da proposta do projeto com o
objetivo de esclarecer as razões de pesquisar a história de vida do aluno como
objeto de investigação para o ensino de História, visando à aprendizagem dos
conteúdos. Após a explicação para os pais sobre a realização do projeto no
contra turno e a disponibilidade de seus filhos participarem, os pais foram
dispensados e os alunos permaneceram no colégio para iniciar a primeira
atividade programada.
Neste momento da apresentação do projeto reforcei aos alunos a
importância de compreenderem a História a partir da sua história de vida.
Desta forma os alunos poderiam perceber-se enquanto sujeitos históricos e
articular os conteúdos de História a sua própria vivência. Para isso foi
desenvolvido na primeira atividade o que havia planejado no projeto.
A partir de um diálogo conduzi este momento questionando se já
ouviram falar sobre fontes históricas, e após uma breve explicação perguntei o
que compreendiam sobre o significado de fonte histórica5. A maioria das
respostas apontaram para estas interpretações6:
Aluno A - “É um documento do passado”. Aluno B – “É algo que alguém deixou registrado”. Aluno C - “É tudo aquilo que podemos saber do passado”.
Através de seus saberes históricos os alunos explicaram seus
conhecimentos sobre o significado de fonte histórica, abordando informações
que apontaram para o passado dos sujeitos que tiveram aquelas experiências
de vida. Assim, suas narrativas sobre como a História é construída, ficou
baseada no pensar histórico em que a História é apenas vestígio do passado
que foi vivenciado por alguém.
5“[...] documento quer dizer fonte histórica, isto é, fragmentos ou indícios de situações já vividas, passíveis de ser exploradas pelo historiador”. ( SCHMIDT E CAINELLI, 2005, p. 90). 6 Utilizaremos letras como identificação dos alunos participantes do projeto, exemplo: Aluno A, Aluno B, etc.
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Diante das respostas expressas pelos alunos neste diálogo inicial sobre
fontes históricas e o que compreendiam, busquei dar subsídio com os livros
didáticos7 para que aprofundassem seus conhecimentos. Estes volumes foram
selecionados para o trabalho devido conterem diversas fontes históricas, sendo
que a maioria dos outros livros didáticos que o Colégio possuía, apresentava
em maior quantidade a fonte histórica documento escrito.
O trabalho encaminhado foi procurar além do documento escrito, outras
fontes históricas como: fotografia, música, pintura e depoimentos. A análise
estava pontuada nestas questões: Quem é o autor? Qual o assunto narrado?
Em que época? Que grupo social pertencia? Quais informações esta fonte
histórica traz para a História?
Com estas perguntas os alunos foram orientados a analisar a fonte
histórica tendo como referência um novo olhar para o acontecimento do
passado.
Em suas respostas os alunos reelaboraram o significado destas como
podemos analisar a seguir:
Aluno A “Através de fotos e documentos, uma reportagem no jornal, algum texto ou filme, podemos trabalhar a História de onde surgiu algo, como foi e todos os detalhes”. Aluno B “São dados encontrados em livros, jornais revistas, como fotos, pinturas, outras coisas que servem como um dado do passado chamado fonte histórica”. Aluno C “Fontes históricas são registros das coisas, fotos, imagens, dados de gráficos, tudo isso pode dizer como aconteciam às coisas nos tempos passados e esses dados marcam fatos importantes”.
A maioria dos alunos teve posição semelhante às citadas acima. Assim
pudemos constatar que conseguiram avançar no aspecto de reconhecer que a
História é formada por inúmeras fontes e que estas são utilizadas pelo
historiador para reconstruir os acontecimentos históricos.
Outra questão relevante consiste na concepção que os alunos possuem
sobre a História. Para eles sempre o passado são acontecimentos sem relação
com o presente em sua vida.Exemplo disso foram suas respostas abordarem
7MONTELLATO, Andréa; CABRINI, Conceição; CATELLI, Roberto Junior. História temática – tempos e culturas 5ª série. 2 ed. São Paulo: Scipione, 2002.
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que apenas a junção de todas as fontes históricas poderá esclarecer os fatos
acontecidos. Esta maneira de pensar faz com que a História fique limitada
quanto a sua interpretação e reconstrução, e isto interfere na análise que se
possa fazer das diferentes fontes históricas existentes e na riqueza de
informações que cada uma delas guarda.
Em suas narrativas podemos identificar que “O aprendizado histórico é
sempre (também) um processo, no qual se abrem os olhos para a história, para
a presença perceptível do passado”. (RÜSEN, 2010, p. 48). Foi com base
nessas interpretações que consegui investigar ainda que, de maneira
superficial, o desenvolvimento da consciência histórica de grande parte dos
alunos. Diante de suas experiências estão no estágio de desenvolvimento da
consciência tradicional.
Na investigação sobre as concepções de aprendizagem de História,
segundo Jörn Rüsen cada aluno possui quatro tipos de consciência histórica;
Consciência Tradicional, Exemplar, Crítica e Genética8.
Para que ocorra a investigação da consciência histórica no campo
pedagógico da aprendizagem de História, foi planejado para os encontros
posteriores trabalhar com os alunos diferentes fontes históricas, sendo estas: a
fotografia, o documento escrito e o filme. O objetivo consistia em instigá-los, a
perceber como a partir de tais fontes é possível produzir um conhecimento
histórico. Para tanto foi fundamental conduzir a discussão por meio dos
métodos da História, articulando com um diálogo que considerasse os
conhecimentos prévios dos alunos e a história de vida destes, e assim,
compreender que os conteúdos de História partem desta construção. Nesse
sentido, pretendíamos que estes se sentissem também participantes da
História que se fundamenta na sociedade.
8- Consciência Histórica Tradicional “As tradições são elementos indispensáveis de orientação dentro da vida prática. A consciência histórica funciona em parte para manter vivas essas tradições”. Consciência Histórica Exemplar “É baseado nos exemplos de vida do passado que se tornam exemplos a serem seguidos no presente”. Consciência Histórica Crítica “Possui as narrações, deste tipo formula pontos de vista históricos, demarcando-os, distinguindo-os das orientações históricas sustentadas por outros. Por meio dessas histórias críticas dizemos ‘não’ às orientações temporais predeterminadas em nossa vida”. Consciência Histórica Genética “Ocorre mudanças e transformações, não existem a mesma sociedade devida suas temporalidades”. (RÜSEN, 2010, p. 62 -67).
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3.1 A fotografia como leitura do reconstruir a His tória.
A fotografia foi à fonte histórica escolhida para o segundo encontro, pois
esta é “uma rica fonte de informação para a reconstrução do passado”. (ABUD;
SILVA; ALVES, 2010, p. 150-151). Mas o professor precisa despertar o
interesse do aluno para que perceba que a fotografia possui também função
histórica que contribui para entender aquela realidade, portando as fotografias,
Um dia já foram memória presente, próxima àqueles que as possuíam, as guardavam e colecionavam como relíquias, lembranças ou testemunho. No processo de constante vir a ser recuperam o seu caráter de presença, em um novo lugar, em um outro contexto e com uma função diferente. (MAUAD, 2008).
Para esse encontro pedimos que os alunos trouxessem fotos
relacionadas a família deles. A maioria das fotos trazidas foi de: aniversário,
batizado, casamento e fotos que foram registradas como lembrança daquele
momento de encontro familiar.
Para o trabalho em sala seguimos o seguinte roteiro: Quem são as
pessoas registradas na foto? Qual era o local? Qual a época? Qual a
importância de fotografar aquele acontecimento? Onde moram as pessoas
registradas na fotografia? Onde trabalhavam? Naquela época como era o
aspecto físico do bairro em que morava? E hoje, é possível descrever as
mudanças no aspecto físico do bairro em que morava?
Nessa atividade as informações trazidas pelos alunos, abordaram a
relação que a fotografia possui quando é analisada com um novo olhar para o
contexto em que a imagem foi registrada, isto fez com que os alunos
buscassem obter conhecimento sobre aquele acontecimento que a foto
revelou.
As repostas dos alunos revelaram em sua percepção, a sua história de
vida, mas a partir de um outro olhar, já que as indagações feitas para as fotos
permitiram identificá-las baseadas em outras questões que estavam presentes
ali, e que eram, muitas vezes, imperceptíveis para eles.
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Um exemplo disso foi que alguns deles a partir das questões, narraram
situações que foram registradas na fotografia. Vejamos:
Aluno O - “ Foi tirada a foto quando minha mãe voltou a trabalhar depois da licença a maternidade”. Aluno B - “A foto registrada quando a minha mãe chegou em casa do hospital com o minha irmã”. Aluno E - “Festa de bodas de ouro, a família estava reunida e todos estavam felizes”. Aluno L - “A foto foi tirada na frente da casa da avó, porque naquele dia estavam todas as irmãs reunidas e quiseram deixar de lembrança”. Aluno H - “A foto foi tirada na minha casa, no meu aniversário de 4 anos”.
Podemos perceber em suas narrativas que os alunos ao relatarem sua
visão sobre o que as fotos refletiam da sua realidade histórica, realizaram a
interpretação do passado e o enfoque foi nas experiências familiares e em seus
espaços vividos revelando a sua consciência histórica tradicional, em que
persistiu sua compreensão no passado devido ter reforçado o aspecto da
vivência familiar ao narrar informações sobre a leitura que fizeram da fotografia.
Para eles o passado surge como aspecto que reforça suas vivências
familiares e não compreendem que este passado embora reconstituído em
parte tenha significado com o presente das relações que são estabelecidas.
Desta forma foi importante que refletissem sobre suas análises através
das experiências de vida e assim, percebessem que sempre haverá algo a ser
aprendido sobre aquela realidade. Por isso Rüsen investiga que a consciência
histórica de cada aluno “[...] Implica a capacidade de aprender a olhar o
passado e resgatar sua qualidade temporal, diferenciando-o do presente”.
(RÜSEN, 2010, p.59).
No terceiro encontro continuamos trabalhando com os alunos a
fotografia entretanto neste momento foi requisitado que trouxessem fotos de
quando tinha sete anos. Tal escolha visou à referência do passado em que
suas lembranças fossem vinculadas com sujeitos que fizeram e/ou faziam parte
da vida deles. As fotos selecionadas pelos alunos foram de festa de
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aniversário, festa junina, dramatização na escola, apresentação de dança na
escola, encontro com os primos e fotos que a mãe levou no estúdio fotográfico.
Para trabalhar com essas fotografias estabeleceu-se novamente um
roteiro de perguntas para que aquele contexto vivido por eles pudesse ser
visível, e que as questões referentes ao presente lhes dessem informações
mais claras sobre as mudanças ou permanências daquele espaço.
Para entender as imagens sedutoras da fotografia, torna-se necessário desconstruí-la. A fotografia registra fatos, acontecimentos, situações vividas em um tempo presente que logo se torna passado. Os álbuns da família são um exemplo de como esse suporte material da imagem serve de registro da memória. Rever fotos significa relembrar, rememorar ou mesmo revê um passado desconhecido. (BITTENCOURT, 2009, p. 366).
Assim as indagações foram: Em que cidade você nasceu? Em que ano?
Qual o local que foi registrada essa foto? Por que foi registrado este momento?
Quando foi registrada essa foto que série você estudava? O que você lembra
que era ensinado para você? Neste período o que você lembra do bairro em
que morava? O que mudou no bairro em relação ao período da fotografia de
sua família? Na época em que foi registrada a sua imagem o que acontecia de
importante no aspecto político? E no econômico? E no cultural de sua cidade?
No período de tempo em relação a sua fotografia e sua idade atual, o que você
percebeu de mudanças ou semelhanças no seu bairro? E na sua cidade?
O propósito desta atividade com a fotografia dos alunos, o objetivo era
que pudessem refletir sobre as inúmeras histórias que o passado pode nos
ajudar a reconstruir no tempo. Por meio desta, procurou-se levá-los a
perceberem as mudanças, as transformações e/ou problemas que envolveram
aquele contexto político, econômico, social e cultural durante a vivência dos
sujeitos naquela realidade local comparada a hoje.
Na continuação desta atividade que envolveu dez questões os alunos
realizaram narrativas escritas sobre a leitura que fizeram da imagem e
concluíram que:
Aluno A - “ Por saber onde foi, quem foi, quando a gente junta as coisas e traz a história mais próxima, fica mais fácil de entender.”.
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Aluno C - “A foto porque ficou registrada e todos lembram principalmente quando todos pegam a foto e começam a relembrar o que estavam fazendo quando a foto foi registrada.” Aluno E - “Esta registrado como lembrança de aniversário, lembrando o passado”. Aluno J - “Uma foto por exemplo para que ela existisse foi preciso um lugar, pessoas, um ângulo e várias coisas, quando você olha para ela lembra e puxa da memória tudo o que já aconteceu. Tudo isso que já passou faz parte da história. Cada coisa tem um porque, um local, pessoas envolvidas e tudo então é uma História.” Aluno K - “É lembrar que dia foi e quem tirou a foto, se eles estavam no local e a foto serve também para lembrar a nossa vida e de quem esta ou não na foto”.
Em suas narrativas verifica-se como ampliaram a forma de compreender
a História, partindo do seu conhecimento histórico. Também é visível como às
situações narradas por eles, na análise revelam um tipo de pensamento
histórico que nos leva a questão da consciência histórica, não apenas
tradicional que é investigada por Rüsen, onde ele evidencia que o aluno passa
por etapas de desenvolvimento da sua consciência. Um exemplo disso foram
os alunos perceberem que o tempo congelado na fotografia é um documento
importante para a História do passado quanto à história do presente.
A forma que analisaram a fotografia, buscando a reconstrução dos
participantes daquela cena e todo o contexto que a imagem envolvia, fez os
alunos perceberem que “[...]” entre o sujeito que olha e a imagem que elabora
existem muito mais que os olhos podem ver”. 9
Outra questão pertinente nesse trabalho com os alunos foi de levá-los a
perceberem como a temporalidade na História de vida de cada indivíduo
determina suas ações e, que estas também se ampliam no âmbito social.
Neste aspecto foi desenvolvido o quarto encontro, sendo que este ocorreu com
mais de duas horas de duração.
3.2 Os livros didáticos em sala de aula e sua funçã o na aprendizagem de
História
9MAUD, Ana Maria. Fotografia e História. Disponível e http://bndigital.bn.br/redememoria/fotografia.html Acessado em 29/06/12.
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Ao utilizar o livro didático em sala de aula é importante que o professor o
avalie e perceba se, este está associado a uma linguagem que possibilite o
aluno entender e fazer interpretações diferentes sobre a História que está
descrita, e a partir disso criar critérios que favoreçam a aprendizagem que se
pretende atingir ao selecionar o tema.
Rüsen em sua investigação sobre a consciência histórica avalia o livro
didático e identifica que este deve ter “qualidades necessárias para que possa
cumprir sua função de guia do processo de aprendizagem histórica em sala de
aula”. (RÜSEN, 2010, p.114 -115).
Considerando o ano de nascimento dos alunos participantes do projeto
que foi em 1997, foram selecionados temas da História local que serviram
como base para selecionar os conteúdos. O que pretendíamos era neste
momento priorizar o estudo da História local para depois realizarmos a
articulação com a História Nacional.
O desenvolvimento desta atividade utilizou a linha do tempo para situá-
los no contexto da História da cidade no período em que nasceram. O
conteúdo que surgiu com o grupo de alunos foi sobre a temática da História da
cidade, este tema envolveu o aspecto político, econômico e social daquela
realidade vivida pelos sujeitos que construíram na História da época em que os
alunos nasceram. Isto contribuiu com informações que os levou a refletir sobre
o tema: Pontos positivos e negativos da administração política de Guarapuava
no ano de 1997 a 2002.
Observou-se que os alunos conseguiram fazer a relação da História
coletiva da cidade, onde identificaram que a História contada pelos sujeitos que
vivenciaram aquela realidade tornou-se possível de ser reconstruída e
compreendida com maior facilidade devido à temporalidade abranger a História
local que se fez referência com a sua história de vida.
Para ampliar seu conhecimento histórico e compreender a dimensão que
a Histórica possui, planejou-se na continuidade desta atividade a análise da
História Nacional, fazendo um recorte com o tema: O governo de Fernando
Henrique Cardoso. Este foi escolhido pelos alunos por focar o primeiro ano de
seu mandato ao período em que nasceram.
O desenvolvimento do trabalho pedagógico como o conteúdo
selecionado foi fundamentado com explicações, para que estes refletissem
17
como os acontecimentos históricos possuem suas relações com o contexto e o
período vivido nas realidades e experiências históricas que cada sujeito passa.
Após a explanação deste tema os alunos foram divididos em grupo com
três componentes e utilizaram livros didáticos10, sendo um deles o livro da série
que frequentam. Para selecionar os livros foi utilizado como critério autores que
mostrassem análises distintas, com perspectivas de enfoques diferenciados: no
econômico, no político, e no social sobre o acontecimento histórico.
A atividade desenvolvida foi comparar as narrativas das autoras
considerando as diferentes problemáticas que em forma de texto são descritas,
analisando a abordagem que cada autora estabeleceu para o leitor sobre o
acontecimento histórico que foi construído no livro. Essa coletânea de
informações foi analisada pelos alunos através de três questões que
conduziram para a comparação entre as narrativas construídas pelas autoras,
verificando se compreendem que os acontecimentos históricos quando são
descritos por diferentes ideias, não possuem uma verdade pronta e acabada, e
que em toda a narrativa deve haver uma reflexão sobre o que o autor interpreta
ao contextualizar a temporalidade daquele momento histórico.
A primeira questão abordada foi: As autoras permitem reportar-se ao
passado para que você possa compreender os acontecimentos históricos?
Segundo suas narrativas descritas em relação às autoras, os alunos
constataram que em dois livros didáticos as autoras não conseguiram
esclarecer a História daquele período e, num dos livros a linguagem tornou-se
fácil de compreender a História. As narrativas dos alunos que serão descritas
são referentes às autoras que conseguiram transmitir o tema com facilidade de
compreensão. Vejamos:
Aluno A - “Esclarece muito mais o conteúdo elas citam situações da sociedade”. Aluno C - “Consegue explicar o seu conteúdo com muito mais clareza, aborda situações da sociedade no setor social”. Aluno D - “Esclarece melhor os acontecimentos ruins e bons que o governo provocou”. Aluno F - “Mostra mais detalhes sobre o governo utilizando dados de uma época anterior para cinco, seis anos”. Aluno H - “Esclarece muito mais, pois trata sobre a sociedade como os altos juros para os investimentos estrangeiros”.
10 PROJETO ARARIBÁ, História 9º ano. 2 ed. São Paulo: Moderna, 2007.
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Aluno J - “Esclarece detalhes sobre as taxas de desemprego fala sobre a desvalorização do real, da privatização e sobre a distribuição gratuita de medicamentos”.
Nessas narrativas foi possível perceber que os alunos estão buscando
detalhes na História que antes pareciam não ser relevantes para eles nas
primeiras atividades, e isto traz outra dimensão para suas análises sobre o
tema, que é o reconstruir a História através de sua consciência histórica para
que esta contribua na sua aprendizagem.
A segunda questão era: As autoras esclarecem os problemas que
envolvem a relação entre o local e o mundial?
Os alunos verificaram que as autoras não fazem referência ao
abordarem o tema do local para o mundial. Sobre suas reflexões descreverei
as narrativas em que pontuaram a falta de contextualização:
Aluno B - “Não esclarece nenhum local específico, talvez para esconder a realidade”. Aluno E - “Não tem citações específica, apenas cita o território sem um ponto específico”. Aluno F - “Não fala de muita coisa mais envolve o território nacional e não um estado específico”. Aluno H - “Não especifica nenhum território, para não deixar claro o que realmente aconteceu”. Aluno J - “Não esclarece o qual território ele passa mais a versão dos políticos do que os acontecimentos com o povo”.
Os alunos analisaram a dificuldade de compreender a História pela
maneira descrita em que as autoras buscam explicar o tema. Verifica-se que os
alunos na etapa de desenvolvimento da sua consciência histórica não
permitem que a História seja narrada sem buscar a contextualização dos
acontecimentos e sem que se faça a referência a todos que formam a História
social.
Por último, os alunos foram questionados se: As autoras descrevem seu
ponto de vista sobre os acontecimentos históricos?
Os alunos foram unânimes em apontar como negativa a construção de
opinião na narrativa nos livros analisados. Estes fizeram as seguintes análises:
19
Aluno C - “Não expressam suas opiniões, apenas falam do ocorrido”. Aluno D - “Não, porque se baseia em sua opinião, descreve mais sobre o acontecimento”. Aluno E - “Não, mas a autora do livro para poder fazer teve que ler outros livros para explicar com suas palavras”. Aluno G - “Não só falou do mandato em um resumo, em poucas linhas sem explicar ou a favor ou contra”. Aluno H -“Não deixa claro sua opinião”. Aluno I - “Não, pois aborda e fala mais sobre o que aconteceu e generaliza as opiniões”. Aluno J – “fala de sua opinião, mas tenta passar o que quer”. Aluno K – “Não porque escreve fatos que ocorreram e não expõem sua opinião”.
Suas narrativas pontuaram para um novo olhar sobre a reconstrução da
História que antes não conseguiam analisar. Percebe-se que os alunos
buscaram evidenciar o que não estava explicito. Perceberem que algo estava
faltando ou foi omitido.
Com esta atividade buscou-se que os alunos estruturassem seu ponto
de vista sobre as diversas “falas” que envolve a construção do seu
conhecimento histórico. Verifiquei que o grupo de alunos desde o início da
primeira atividade fez interpretações distintas que os conduziram a uma
consciência histórica tradicional, mas à medida que outras atividades eram
realizadas como: diálogo, leituras, narrativas descritas e faziam análise, sua
interpretação histórica gradativamente avançava para uma outra etapa da
consciência histórica da qual Rüsen denomina de consciência histórica crítica.
Esta é estabelecida quando a consciência histórica crítica consegue
confrontar o passado com uma nova visão sobre os fatos, e foi o que analisou-
se em suas narrativas sobre o tema do livro didático, porque estas apontaram
para as autoras como uma História que deixa lacunas, que impossibilitaram a
compreensão de forma global e a reconstrução dos fatos ocorridos.
3.3. O uso do filme em sala de aula como construção histórica.
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O quinto encontro seguindo a proposta utilizou o filme11 como outra fonte
histórica, com o objetivo que reconhecessem a diversidade de texto, de
temporalidade, de linguagem e de instrumento que são articulados e
explorados para efetivar o foco narrativo do filme.
Compreender os caminhos pelos quais os filmes e o conhecimento histórico são produzidos com suas diferenças e convergências, implica em desenvolver a percepção para se entender como a história é construída na narrativa fílmica. (ABUD; SILVA; ALVES, 2010, p.166).
O filme escolhido para este encontro foi “Narradores de Javé”, dirigido
por Eliane Caffé12. Este conta à história de Antônio Biá (José Dumont) que por
ser o único alfabetizado é responsável por escrever a História do povoado de
Javé que está ameaçado de desaparecer devido à construção de uma usina
hidrelétrica. Antônio Biá encontrou dificuldade para redigir aquele livro, porque
começou a escutar as narrativas dos moradores que discorriam em suas
lembranças, em suas fantasias, em seus feitos heróicos, nas suas lendas, e
isso o impediu de conseguir coletar a mesma versão, a mesma unidade, a
mesma linguagem, para reconstruir a grande história do Vale de Javé.
Esse texto em forma de filme buscou questionar a História na dimensão
da construção e reconstrução do conhecimento histórico envolvendo verdades
e mentiras, versões e invenções, certezas e incertezas. O objetivo foi levar os
alunos a questionar que a História nunca será esgotada em uma única
possibilidade, devido à influência social, política, econômica e cultural que o
próprio tempo traz nos sujeitos, e isso ocorrem porque cada vez que alguém
conta algo, este o faz conforme seu tempo, suas crenças, seus valores, seu
modo de vida.
Os alunos ao refletirem sobre o filme escreveram narrativas sobre o que
haviam assistido, buscando uma nova perspectiva de compreender a História.
11Filme “[...] são construções carregadas de significados, construídos a partir da seleção dos elementos que irão compor as imagens e o som que as acompanham e, depois, na articulação entre os diferentes conjuntos de imagens.” (ABUD; SILVA; ALVES, 2010, p. 165). 12Eliane Caffé nasceu em São Paulo é formada em psicologia. Cursou cinema em Cuba e na Espanha. Vem sendo reconhecida desde 1987 com seu curta metragem “O nariz”. Em 2003 realizou o filme “Narradores de Javé”.
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É exatamente daí que vem a riqueza do uso do filme em sala de aula. Se as concepções sobre o passado são produtos do presente, as películas revelam em seu interior interpretações que, contrapostas ao conhecimento histórico criado por meio de pesquisas, revelam diferentes visões sobre os mesmos fatos. (ABUD; SILVA; ALVES, 2010, p.167).
Neste aspecto os indaguei a pensarem a partir da seguinte questão:
Quais são as três verdades para a História? A minha? A sua? Ou existem
diversas verdades? Como você compreende a História partindo de suas
lembranças? Vejamos algumas respostas colocadas por eles:
Aluno A - “A História tem várias visões, depois de acontecer algo a partir do momento que for contar para alguém sempre aumenta ou diminui alguma coisa assim, a história não tem fim, porque sempre surge novas visões que vai aumentando, cada pessoa tem um pensamento diferente de outro assim, ao contar uma História a pessoa conta a parte que quer, a parte necessária da História’. Aluno D - “A História não é terminada pois dentro dela existe várias pessoas que contam com sua versão e seu ponto de vista. Cada pessoa pensa de um jeito e diz de um jeito, o que se lembra, as lembranças que ela tem. Assim a História não termina apenas continua”. Aluno G - “Eu acredito que a História vem da cada pessoa, cada um expressa de um jeito, inventa algumas, outros contam Histórias dos seus antepassados com sua visão e versão por isso não tem História que seja igual pois mais parecida que seja sempre tem um detalhe a mais. Cada História é feita com perfeição mas todos as pessoas que conta sua História aumenta ou conta algo a mais do que aconteceu. Sempre as histórias são da antiguidade”. Aluno H - “A História não é apenas aquela História do livro didático mas sim tudo o que aconteceu no passado e que reflete no nosso presente, e que terá uma consequência no futuro.” Aluno J - “Antes quando eu abria um livro e via fotos, pinturas, letras de músicas, imagens e lia algum texto eu não pensava que cada uma delas tenha uma História, uma foto por exemplo quando você vê algo lembra onde foi tirada, quando, com quem e por quê. Hoje eu entendo que cada coisa seja ela mínima tem uma História, uma lembrança. A partir do que passou cada pessoa conta o que lhe convém, o que quer que saibam, o que é mais importante para a pessoa. A História tem início, meio e fim”.
Percebe-se nas narrativas dos alunos que sua maneira de compreender
a História está focada na análise que esta é construída a cada momento pelas
pessoas no espaço onde convive, e torna-se História conforme a visão, a
22
versão e a interpretação que possam fazer sobre o que vêem ou o que viram e
escutam em relação ao acontecimento histórico.
Enfatizaram a História problematizando-a que o indivíduo contextualiza-a
diante de seus objetivos, mas por outro lado também percebe que o sujeito
poderá deixar sua contribuição para a sociedade que irá substituí-lo no futuro,
vendo que a História não é pronta ou que possui um fim.
Para Rüsen a narrativa é o primeiro estágio para que o aluno reconheça
que a História é determinante na vida das pessoas e é nesta recordação que
se consegue identificar nos fatos ocorridos, significados para sua vida
presente. (RÜSEN, 2010, p. 56). E seguindo a mesma análise anterior da
outra atividade, permaneceu a consciência histórica crítica.
Como referência para o sexto encontro utilizou-se as narrativas do
encontro anterior para que fizessem novas reflexões sobre o que haviam
descrito, onde selecionei a parte de sua narrativa e refiz novamente a pergunta.
Estas abordagens eram para que buscassem da memória indagações que os
ajudassem a perceber o porquê interpretam a História do passado desta forma
e, o porquê de os sujeitos serem agentes de mudança para o futuro da História.
As narrativas tiveram a seguinte reflexão:
Aluno A - “ A História não tem fim, porque sempre surgem novas visões”. Para você, por que a História possui várias visões? “Porque cada pessoa mostra a História como quer e cada um tem um tipo de ver e interpretar diferente”. Aluno G - “Eu acredito que a História vem de cada pessoa, cada um expressa de um jeito, inventa algumas, outros contam histórias dos seus antepassados”. Para você por que afirma que a História é construída a partir de cada pessoa?“Porque existe várias histórias e uma diferente da outra, cada pessoa conta fatos e conta histórias que já aconteceu e que nunca acontecerá de volta, por isso a História é construída a partir de cada um pois nunca consegue contar do mesmo jeito”. Aluno H - “ O que aconteceu no passado e que se reflete no nosso presente”. Para você por que o passado reflete no presente? “Porque todas as histórias, todos os acontecimentos hoje em dia tem um papel importante na vida das pessoas, na história das famílias e das cidades como forma de lembrança”. Aluno J - “Hoje entendo que cada coisa, seja ela mínima tem uma História, uma lembrança”. Para você por que a História por mais que seja pequena, pouca, cabe a ela uma lembrança?
23
“Porque um fato passa a existir num determinado local, precisa de pessoas que ajude a fazer aquele acontecimento para depois contar para alguém que puxa da suas lembranças e essas pessoas envolvidas acabam fazendo a História”. Aluno O - “A História nunca é terminada e sim modificada, cada um tem uma visão”. Para você por que a História não é terminada? “Porque as pessoas modificam a versão original dos fatos, contam de uma maneira diferente e assim a História nunca termina é apenas modificada ou seja contada de uma outra forma”.
Os alunos A, G, H, J, O, construíram suas narrativas analisando que a
História não terá fim considerando que esta sempre continua através das várias
interpretações que possam ser feitas. No caso dos alunos H, J analisaram que
a História é construída de lembranças e que estas são importantes porque
envolve a vida de inúmeras pessoas.
Percebe-se que os alunos estão conseguindo compreender a
temporalidade histórica que existe nas ações e relações que a História
estabelece entre o passado, presente e o futuro com afirma Rüsen que “[...] a
história é o espelho da realidade passada na qual o presente aponta para
aprender algo sobre seu futuro”. (RÜSEN, 2010, p. 56-57).
Nesta atividade, os alunos novamente escreveram as narrativas a fim de
reconhecermos as etapas de desenvolvimento da Consciência Histórica que
cada aluno possui na aprendizagem. Desta forma, foi desenvolvido o sétimo
encontro com a reconstrução das atividades realizadas.
Houve o diálogo com os alunos sobre suas interpretações dentro da
proposta do projeto de Intervenção Pedagógica na Escola abordando sua
consciência histórica na apropriação da aprendizagem de História. Para isso
além de suas narrativas orais os alunos descreveram sobre o seguinte
questionamento: Compreender a História partindo da sua história de vida, de
suas lembranças do passado, faz sentir-se sujeito na construção histórica da
sociedade a qual lhe pertence? Qual a sua visão sobre isso?
Aluno B - “Sim, as nossas lembranças do passado nos ajudam a saber o que acontece de importante no passado. Quando não sabemos compreender a História, hoje podemos saber através de uma foto tudo o que aconteceu”.
24
Aluno C - “Sim, porque a partir do momento em que eu nasci já faz parte da História, cada momento que passou e foi registrado vai ficar na memória de quem estava presente no local. Quando relembramos de novas coisas, de pessoas que morreram na época do que acontecia na cidade, no bairro, o que estava acontecendo com as pessoas que cuidava da gente que agora não cuidam mais”. Aluno F - “Que cada um tem uma história e todos juntos fazemos a História do nosso país e isso é importante porque estamos sendo os responsáveis pelo nosso pais. A visão sobre esse fato é a de que a história faz parte da vida de cada um e cada um tem uma história diferente para ser contada”. Aluno G - “Sim, porque eu nasci aqui e isso me faz sentir pertencente a história desta cidade. Minha origem, minha história foi registrada através de fotos, lembranças e histórias contadas quando eu era criança, isso me faz pertencer a sociedade”. Aluno M - “Sim, a História da sociedade foi e é formada pelos meus pais, avós, bisavós e será construída também por mim futuramente. Nós somos importantes nessa construção, pois mesmo quando bebê, meus pais faziam parte dos acontecimentos por mim. Tudo que acontece no Brasil e no mundo é construído por todos, assim como as mudanças”. Aluno N - “Sim, através de nossas lembranças passamos a entender e compreender melhor a História que nos parecia estar muito longe da nossa vida, da nossa realidade. Consegui perceber melhor o que estava acontecendo naquela época de importante para o meu país, estado e cidade ou até mesmo no meu bairro, por exemplo, a modificação de um prédio, uma escola, a construção de um hospital etc.”. Aluno O - “Todos os cidadãos contribuem de alguma forma na construção histórica, seja ela uma cidade, um bairro, uma rua, por exemplo, quando eu completar 16 anos irei votar para decidir o futuro do meu local assim, é uma forma de contribuir com a construção histórica. Tudo que eu passei nessa cidade tornou-se construção da minha história de vida”.
A construção de suas narrativas neste último encontro permite
considerar que os alunos desenvolveram a compreensão da História no sentido
de interpretar o seu conhecimento histórico em relação à temporalidade.
Para os alunos o tempo que é vivido tem relação com o tempo que
passou. Isso demonstra que houve o crescimento do seu conhecimento
histórico e assim, os objetivos que foram propostos conseguiram de maneira
gradativa ser alcançados.
4 Conclusão
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Ao ensinar os conteúdos de História, sempre buscou-se nas aulas,
práticas pedagógicas que tivessem um enfoque diferente para o ensino da
História, ou seja, uma nova maneira de fazer o aluno compreender a
importância que possui a História para sua vida e o significado desta disciplina
na escola.
Diante disso, a Implementação deste Projeto de Intervenção Pedagógica
na Escola teve o objetivo de proporcionar aos alunos um novo olhar para os
conteúdos de História, devido à dificuldade que observo que possuem em
relação à temporalidade que é ensinada, onde não percebe a História como
parte de sua vida.
Para isso encontrei fundamentação em novas abordagens que
investigam o narrar história como elemento norteador na construção do
conhecimento histórico do aluno, e que partindo de suas análises históricas
podemos entender as etapas de desenvolvi mento que possui a consciência
histórica.
Buscando identificar o seu conhecimento histórico e dar significado para
o aluno de como a História é construída, foi desenvolvido o trabalho sobre
fontes históricas. Estas são importantes para motivar o aluno a conhecer
informações que estão escondidas nas lembranças de realidades que foram
vivenciadas, e que hoje ajudam a esclarecer parte daquela História.
Ao acrescentar o significado que possui as inúmeras fontes históricas
para os alunos analisarem, constatou-se como eles compreendem a História e
sua temporalidade. Foram enfáticos em afirmar nas suas narrativas que as
fontes históricas fazem a História ser uma recordação do passado que mostra
como aconteceram os fatos. A partir de suas visões observou-se que neste
primeiro momento o seu conhecimento histórico estava na etapa da
consciência histórica tradicional.
Para que os alunos buscassem mais referências sobre fontes históricas
e assim, pudesse perceber seu crescimento em relação a sua consciência
histórica, foi usada a fotografia como imagem do tempo vivido pelos sujeitos e
a relação desta com a história de sua vida.
O trabalho com a fotografia permitiu que fizessem à construção do
tempo histórico, ancorado em permanência e mudanças. Isto proporcionou aos
alunos compreenderem que os sujeitos a cada momento estão envolvidos com
26
a sua história particular, mas que esta historicamente envolve a história da
sociedade a qual lhe pertence.
Essas novas interpretações que foram expostas em suas narrativas
demonstraram que houve o crescimento do seu conhecimento histórico, devido
às lembranças da sua história de vida se inserir na história vivida pelos seus
familiares. Observou-se como é importante trabalhar imagens de seu
pertencimento e assim, identificou-se nesta atividade que conseguiram ainda
que de maneira gradativa analisar a História com um novo enfoque, que antes
não era comum em suas reflexões.
As narrativas orais e escritas que os alunos foram elaborando no
decorrer das atividades puderam evidenciar que o tempo histórico tornou-se
mais perceptível para grande parte dos alunos. A nova forma que analisaram a
História foi observada em suas narrativas quando descreveram sobre a História
da cidade no período em que nasceram. Pode-se observar que os trabalhos
com fontes históricas os ajudaram a perceber a História entre o seu tempo e o
espaço.
Houve nesta atividade um avanço ainda maior na percepção da
temporalidade histórica, onde a sucessão de tempo pode ser comparada com a
realidade vivida num tempo mais recente e que o seu conhecimento histórico
ampliou em relação à concepção que possuía no início das outras atividades
propostas. Evidenciando que é possível trabalhar com temas da História
através da produção do conhecimento histórico do aluno.
Em suas análises e interpretações que no decorrer das atividades foram
elaboradas, constatei que ao reconstruírem a narrativa que é produzida nos
livros didáticos, grande parte dos alunos conseguiram identificar as diferentes
formas em que a História foi descrita, ao reafirmar como se apresenta a
reconstituição pela visão histórica de cada pessoa.
O livro didático foi outra fonte histórica que proporcionou o aluno criar
posicionamento de como a História pode ser reescrita. Neste ponto da
atividade e por meio de suas narrativas constatei que sua consciência histórica
pode ser definida não mais como consciência tradicional, mas houve a
mudança para outra etapa de desenvolvimento que é a consciência histórica
crítica.
27
Essa nova forma de compreender a História contribuiu ainda mais para
que através do seu conhecimento histórico ampliasse sua visão sobre como a
História do passado pode determinar a História do presente. Isso ficou evidente
em suas narrativas com a atividade do filme, onde sua ideia de passado e
presente que são produzidas por ações individuais, pode ser complementada
na História coletiva, e que esta ao ser narrada carrega inúmeros pontos de
vista.
A aprendizagem sobre a riqueza narrativa do filme levou os alunos
verem que a História possui múltiplas interpretações que são também
determinadas pelo seu contexto. Tais conhecimentos reforçaram que a
consciência histórica crítica predominou por grande parte do grupo de alunos.
As últimas atividades complementaram a proposta de ensino-
aprendizagem de História, abordando o seu conhecimento histórico como
ponto de partida para investigar a etapa de desenvolvimento da consciência
histórica de cada aluno. Ao final da implementação pedagógica, consegui-se
constatar que a maioria do grupo de alunos iniciou com narrativas de
concepções históricas que faziam parte dos conceitos de seu conhecimento
histórico, e que ao concluírem agora com novas reelaborações de suas
narrativas, grande parte dos alunos ressalta outros conhecimentos históricos
que os identifiquei na etapa da consciência histórica crítica.
Foi possível verificar estas diferentes interpretações do seu
conhecimento histórico e da sua consciência histórica, pelo fato de buscar
embasamento teórico para as práticas pedagógicas que propus na articulação
dos temas da História com a História de vida do aluno.
Para que este projeto pedagogicamente fosse efetivado com o aluno e
este compreendesse a História com um novo olhar histórico, houve a
sustentação desta aplicação pelo Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE), que tem possibilitado a formação continuada na rede pública do Paraná,
com o objetivo de desenvolver a melhoria do ensino-aprendizagem do aluno.
Este trabalho coletivo entre a Escola Pública e a Universidade (IES) tem
proporcionado mudanças de postura do professor no ambiente escolar e na
relação com o aluno em sua aprendizagem, devido esta política de formação
continuada estabelecer relações de experiências pedagógicas da educação
básica com o conhecimento educacional do Ensino Superior.
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Esta prática de formação e atuação que vem sendo desenvolvida na
educação no Paraná permite que professores e alunos através de seus
conhecimentos possam contribuir para uma escola que propicie novos saberes
aprendizagem dos seus sujeitos.
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29
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