A História Oral Nos Estudos de Jornalismo Algumas Considerações Teórico-metodológicas

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  • Ana Paula Goulart [email protected]

    Professora da Escola de Comunicao e Coordenadora do Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    A histria oral nos estudos de jornalismo: algumas consideraes terico-metodolgicas

    Oral history in journalism studies: some theoreti cal-methodological considerati ons

    RIBEIRO, Ana Paula Goulart. A histria oral nos estudos de jornalismo:algumas consideraes terico-metodolgicas. In: Revista Contracampo, v. 32, n. 2 , ed. abril-julho ano 2015. Niteri: Contracampo, 2015. Pgs: 73-90.

    DOI: 10.5327/Z22382577201500320668Enviado em: 19 jun. de 2014Aceito em: 30 de abr. de 2015

    Edio 32/2015Comunicao e Materialidades

    Contracampo e-ISSN 2238-2577Niteri (RJ), v. 32, n. 2, abr-jul/2015www.uff.br/contracampo

    A Revista Contracampo uma revista eletrnica do Programa de Ps-Graduao em Comunicao da Universidade Federal Fluminense e tem como objetivo contribuir para a re exo crtica em torno do campo miditico, atuando como espao de circulao da pesquisa e do pensamento acadmico.

    Ao citar este artigo, utilize a seguinte referncia bibliogr ca

  • ResumoApesar da popularizao da histria oral nos estudos histricos no Brasil e no exterior, ainda fraca a sua uti lizao no campo da

    comunicao social. Este arti go se prope

    a discuti r o uso da histria oral nos estudos

    sobre mdia, especialmente naqueles que tomam o jornalismo como objeto. A ideia pensar nas suas potencialidades e discuti r

    as etapas e os processos que envolvem o desenvolvimento de pesquisas nessa rea. importante considerar que a coleta de fontes orais apenas um momento de qualquer investi gao, que pressupe necessariamente

    o cruzamento com outros aportes tericos e tambm metodolgicos.

    Palavras-chave: histria oral; jornalismo; metodologia.

    AbstractDespite the popularization of oral history in Brazil and abroad, its use in social communicati on studies is sti ll weak. This arti cle

    aims to discuss the use of oral history in studies on media, especially those which take

    journalism as object. The idea is to discuss

    the processes that involve the research in this area. It is important to consider that the collecti on of oral sources is only a moment

    of any investigation, which necessarily

    presupposes the crossing with other theoreti cal

    and methodological contributi ons.

    Keywords: oral history; journalism; methodology.

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  • A despeito da forte institucionalizao e grande popularizao da histria oral nos estudos histricos no Brasil e no exterior, ainda fraca a sua utilizao no campo da comunicao social. Este artigo se prope justamente a discutir o uso da histria oral nos estudos sobre mdia,

    especialmente naqueles que enfatizam o jornalismo como objeto. A ideia pensar nas suas

    potencialidades e discutir as etapas e os processos que envolvem o desenvolvimento de pesquisas

    nessa rea, tendo em vista que a coleta de fontes orais apenas um momento de qualquer investigao,

    que pressupe necessariamente o cruzamento com outros aportes tericos e tambm metodolgicos.

    importante chamar ateno para o fato de que se a histria oral uma metodologia

    que produz (ou fabrica) um conjunto de fontes pode servir como referncia para os mais

    diversos trabalhos sobre a histria da mdia e do jornalismo. A pesquisa, neste caso, no se

    caracteriza pela coleta de dados ou informaes guardadas ou acumuladas por um terceiro

    (indivduo, grupo ou instituio). Pressupe o ato criador dessa fonte pelo prprio pesquisador.

    So muitos os usos que a pesquisa em jornalismo pode fazer dos relatos recolhidos

    (na realidade, produzidos) por meio da histria oral. As entrevistas podem ser extremamente

    teis na obteno de dados sobre o passado inexistentes em arquivos e em documentos de

    outra natureza, como os escritos, os iconogr cos e os audiovisuais. Os depoimentos ajudam

    a recuperar informaes sobre fatos e processos que s podem ser conhecidos pela narrativa

    daqueles que os viveram diretamente ou daqueles que os presenciaram de alguma maneira.

    Os depoimentos so uma fonte importante para a compreenso do passado do jornalismo

    numa diversidade de aspectos: sociais, culturais, econmicos, estticos, tecnolgicos, discursivos,

    editoriais e polticos. Mas no podem, obviamente, ser encarados como ndices absolutos da verdade.

    Deve-se levar em conta o trabalho da linguagem e de enquadramento da memria realizado pelos

    entrevistados, no caso os jornalistas. Ao usar essa metodologia, importante ter clareza de que, mais

    importante do que o factual, o signi cado que ele adquire para quem lembra. Nesse sentido, os

    depoimentos tm validade na medida em que remetam para uma multiplicidade de experincias.

    Cultura da memria e valorizao da histria de vida

    Antes de tratar das questes tericas e metodolgicas propriamente ditas relativas produo

    de fontes orais nos estudos de jornalismo, fazem-se necessrias algumas breves consideraes

    sobre o contexto cultural mais amplo no qual esses estudos se desenvolvem. Esse contexto

    marcado pela valorizao da memria, sobretudo daquela relacionada a histrias de vida.

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  • Muitos autores, como Nora (1984), Colombo (1991), Candau (1998), Sarlo (2007)

    e, especialmente, Huyssen (2000), tm chamado ateno para o fato de que vivemos hoje

    imersos numa cultura da memria. No mundo atual, marcado pelo terror do esquecimento, a

    memria emerge quase como um dever ou obsesso. Isso facilmente observado em vrios

    espaos sociais em que as referncias ao passado so, muitas vezes, marcadas pelo exagero

    e pelo excesso. As pessoas tornaram-se vidas por consumir produtos memorialsticos:

    lmes, livros, exposies, vesturio e mobilirio retr. O passado exerce forte apelo sobre

    os indivduos e se impe como um imperativo: preciso preserv-lo, resgat-lo, no deixar

    que se perca. Isso tem feito dele, cada vez mais, uma fonte lucrativa para a indstria da

    cultura e do entretenimento (RIBEIRO, FREIRE FILHO e HERSCHMANN, 2012).

    Em relao ao mercado editorial, as biogra as e outras publicaes de cunho

    memorialista (como coletnea de cartas, dirios ntimos e livros de memrias) constituem

    um lo muito bem-sucedido. No Brasil, a venda de publicaes desse gnero cresceu

    muito nas ltimas dcadas, como demonstrou Rondelli e Herschmann (2003) e Gomes

    (2004). Esse fenmeno, que tambm ocorre em vrios outros pases, tem a ver com a

    valorizao das lembranas individuais, da biogra a, do relato pessoal e do papel do sujeito

    na histria (DOSSE, 2009). E no mais apenas a vida das grandes personalidades ou

    celebridades que se leva em conta. Qualquer indivduo pode ser foco de ateno. No contexto

    contemporneo, o enfraquecimento das chamadas grandes narrativas, organizadoras da

    coeso social, levou a uma regresso das memrias fortes, totalizadoras, em proveito de

    memrias mltiplas, fragmentadas. A falta de um princpio explicativo nico promoveu

    todo objeto, toda narrativa a mais humilde e improvvel dignidade de histrica ou

    memorvel (RIBEIRO e LERNER, 2003).

    Esse fenmeno tem dois aspectos complementares. Por um lado, existe o impulso

    da escrita (ou da fala, no caso da histria oral); ou seja, uma enorme quantidade de pessoas

    reconhece que sua vida uma histria e busca externaliz-la para que ela se perpetue.

    Por outro, h um reconhecimento social da importncia desse tipo de narrativa: existem

    pessoas dispostas a consumirem esses relatos, seja como pura fruio, seja como objeto de

    re exo e de produo de conhecimento (RIBEIRO e LERNER, 2003). Isso se expressa

    no interesse mercadolgico das editoras em publicar esses materiais, diante da enorme

    procura que eles apresentam, mas tambm por meio da grande legitimidade acadmica e

    institucional que esse tipo de narrativa ganhou nas ltimas dcadas.

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  • Na Frana, por exemplo, existe desde 1992 a Association pour lAutobiographie et

    le Patrimoine Autobiographique (APA), que rene um acervo de mais de dois mil textos

    autobiogr cos. Criada por Chantal Chaveyriat-Dumoulin et Philippe Lejeune, a entidade

    sediada em Ambrieu-en-Bugey, perto de Lyon. Os relatos que esto acessveis ao pblico

    na midiateca da cidade apresentam em geral uma enorme variedade de tamanho, de tom

    e de contedo. Comportam dirios pessoais, crnicas familiares e narrativas corriqueiras1.

    H outra associao francesa, chamada Vivre et Lcrire, de Orlans, que faz um trabalho

    similar, coletando dirios ntimos de adolescentes2.

    Tambm no Brasil h instituies que visam registrar e arquivar histrias

    de vida, inclusive de annimos. o caso do Museu da Pessoa3, que recebe e

    disponibiliza pela Internet relatos autobiogrficos e biogrficos, alm de realizar

    usando sobretudo a histria oral projetos de pesquisa para indivduos, famlias,

    empresas, comunidades e instituies. O seu acervo rene cerca de 11 mil depoimentos

    em udio, vdeo e escrito.

    A valorizao do relato de vida tambm pode ser constatada na ampla

    utilizao que se tem feito da histria oral em projetos de memria institucionais e

    empresariais. o caso do Memria da Petrobras4, do Memria Globo5, do Memria

    Votorantim6 e do Centro de Memria Bunge7, entre muitos outros. Em relao ao

    tema deste artigo, vale destacar o Centro de Memria e Cultura do Jornalismo

    Brasileiro8, uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Municpio

    do Rio de Janeiro, que tem como objetivo a preservao e o registro da histria da

    imprensa brasileira.

    interessante observar que, na maioria desses projetos aqui citados, ao lado das

    personalidades e grandes lideranas, tambm so colhidos relatos de pro ssionais comuns,

    que testemunharam os fatos e os processos de diferentes perspectivas.

    1 Association Pour lAutobiographie et le Patrimoine Autobiographique. Disponvel em: http://autobiographie.sitapa.org.

    2 Vivre & lcrine. Site of ciel de La Federacion. Disponvel em: http://vivreetlecrire.fr. 3 Museu da Pessoa. Disponvel em: http://www.museudapessoa.net. 4 Memria Petrobras. Disponvel em: http://memoria.petrobras.com.br. 5 Memria Globo. Disponvel em: www.memoriaglobo.com.br. 6 Memria Votorantim. Disponvel em: http://www.memoriavotorantim.com.br. 7 Centro de Memria Bunge. Disponvel em: http://www.fundacaobunge.org.br/projetos/centro-de-memoria-bunge.8 Centro de Memria e Cultura do Jornalismo Brasileiro. Disponvel em: http://www.ccmj.org.br/sobre-o-centro.

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  • Metodologia: algumas consideraes

    Existem vrias metodologias de histria oral. Uma das mais interessantes para

    os estudos de comunicao particularmente para os de jornalismo justamente a

    baseada em histrias de vida. Essa forma de trabalhar com depoimentos orais bastante

    consolidada no Brasil e j h muitos anos utilizada pelo CPDOC/FGV (Centro de Pesquisa

    e Documentao de Histria Contempornea do Brasil, da Fundao Getlio Vargas)9, pelo

    Museu da Pessoa, pelo Memria Globo e por outras instituies.

    A histria de vida procura dar conta da trajetria do entrevistado desde a infncia e

    adolescncia at o momento presente. Essa trajetria, no entanto, constantemente considerada

    a partir das conjunturas polticas, socioeconmicas e culturais nas quais est inserida. O objetivo

    fazer um cruzamento entre biogra a e histria. Na realidade, a metodologia prope o

    cruzamento de trs nveis de contextualizao: individual, institucional e macrossocial.

    Tomando essa metodologia como ponto de partida, procuramos delinear, neste texto,

    uma srie de critrios relacionados escolha do entrevistado, produo, pesquisa,

    elaborao do roteiro, realizao da entrevistas e ao tratamento dado aos depoimentos.

    Acreditamos que cada um desses elementos (que podem ser pensados como etapas da

    pesquisa) importante para nortear o trabalho do pesquisador. interessante destrinchar

    cada um deles para discutir algumas questes metodolgicas (inclusive aspectos tcnicos)

    que so determinantes para o resultado nal do trabalho.

    As informaes e comentrios que se seguem foram sistematizados a partir da

    minha experincia pessoal com a histria oral, como coordenadora de alguns projetos nessa

    rea10, e a partir da leitura de uma bibliogra a sobre o assunto (ALBERTI, 1989, 1990

    e 2004; FERREIRA e AMADO, 2006; FERREIRA, FERNANDES e ALBERTI, 2000;

    MORAES, 1994; e THOMPSON, 1998). Espero essas re exes contribuam, de algum

    forma, para estimular uma maior explorao desse vasto campo de pesquisa no interior

    dos estudos do jornalismo

    9 FGV CPDOC. Disponvel em: http://cpdoc.fgv.br. Acesso em maro 2015.10 Destaco os programas de histria oral do Memria Globo (rea da TV Globo que cuida da histria da

    instituio desde 1999), o Memria do Movimento Estudantil (projeto desenvolvido numa parceria da UNE, do Museu da Repblica e da Fundao Roberto Marinho entre os anos 2004 e 2007) e o Memria do Jornalismo Brasileiro (projeto que desenvolvo desde 2007 na Escola de Comunicao da UFRJ, com os alunos de graduao e ps-graduao Ver site http://memoriadojornalismo.com.br/index.php).

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  • A escolha do entrevistado

    O primeiro passo na montagem de um programa de histria oral a escolha dos

    entrevistados. Em geral, o recomendvel buscar priorizar os mais velhos. No caso de

    pesquisas sobre jornalismo, devem-se buscar tambm pessoas que tenham exercido a

    pro sso por um longo perodo de tempo e que, portanto, tenham mais histrias para contar.

    Outro critrio importante o da diversidade. O interessante num programa de

    histria oral construir uma amostra o mais representativa possvel do campo pro ssional.

    Por isso, deve-se procurar ouvir jornalistas que tenham trabalhado em diferentes rgos

    da imprensa, tanto nas grandes empresas de comunicao (jornais, revistas, emissoras de

    rdio e televiso) quanto na imprensa alternativa, na imprensa operria e outras mdias.

    A ideia ouvir tambm pro ssionais dedicados a variadas reas, tanto em termo de assuntos

    e editorias (poltica, economia, polcia, cultura, esporte, cincia, colunismo social etc.)

    quanto em termos de atividade (reportagem, redao, fotogra a, charge e caricatura, edio,

    cinegra a etc.). importante escutar tambm pessoas ligadas a atividades associativas e

    sindicais. A multiplicidade de ngulos e vises da proveniente pode ser muito enriquecedora.

    O ideal ouvir, ao lado das personalidades e grandes lideranas, pro ssionais ligados a ponta

    do processo produtivo e que possam testemunhar os fatos e os processos de diferentes perspectivas.

    interessante tambm entrevistar pessoas que no so jornalistas, mas que atuam em reas prximas

    do jornalismo e que acompanham a atividade indiretamente, como tcnicos administrativos, gr cos,

    designers, engenheiros de telecomunicaes e operadores de VT (videoteipe).

    A produo das entrevistas

    O trabalho de produo das entrevistas uma dimenso da histria oral muitas

    vezes menosprezada, porm fundamental no s como ponto de partida do projeto mas

    tambm como elemento determinante do seu xito. De nida uma primeira lista de nomes de

    pro ssionais a serem ouvidos, preciso localiz-los: saber se essas pessoas ainda esto em

    atividade; se esto, onde trabalham; se no, onde moram; quem pode fornecer informao

    sobre elas. En m, necessrio um esforo para conseguir o contato do possvel depoente:

    seja o telefone, o endereo residencial ou do trabalho, seja o e-mail.

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  • O passo seguinte entrar em contato com o pro ssional e fazer o convite para a

    entrevista. Antes de qualquer coisa, deve-se explicar o que o projeto e quais so seus

    objetivos, assim como informar ao possvel depoente sobre a dinmica da entrevista.

    Em muitos casos, preciso ter certa sensibilidade para realizar todo um trabalho de

    convencimento para romper resistncias, inibies, constrangimentos ou mesmo alguma

    forma de descaso ou incompreenso em relao ao trabalho a ser realizado.

    Pesquisa prvia

    necessrio conhecer previamente a trajetria pessoal e pro ssional do futuro

    depoente para elaborar um roteiro de entrevista que permita ao pesquisador controlar, em

    alguma medida, aquilo que ser narrado durante a entrevista. Por isso, antes de qualquer

    coisa, preciso fazer uma pesquisa sobre a biogra a do jornalista em questo. Podem ser

    utilizadas, para isso, fontes documentais de natureza variada, como livros, peridicos, sites etc.

    Quando no h dados e informaes sobre o depoente nas fontes de pesquisa convencionais

    disponveis, necessrio realizar com ele uma pequena entrevista prvia. Essa entrevista

    temtica e focal relativamente curta e pode ser feita por e-mail ou mesmo por telefone.

    Como o trabalho envolve trs nveis de contextualizao, depois de dispor dos

    dados biogr cos do entrevistado, deve-se tambm pesquisar sobre marcos da histria

    das instituies pelas quais o depoente passou e sobre sua produo nesses perodos.

    Isso inclui desde informaes sobre mudanas administrativas e de gesto, transformaes

    tecnolgicas e estticas, at dados sobre principais coberturas jornalsticas ou produtos

    lanados (um programa, uma edio especial, um caderno ou suplemento etc.). Da mesma

    maneira, preciso ter disponveis informaes sobre as diferentes conjunturas e sobre os

    contextos histricos (polticos, econmicos e culturais) envolvidos.

    Per l biogr co e roteiro

    Com as informaes levantadas na pesquisa ou na entrevista temtica, redigi-se um per l

    biogr co do entrevistado. Trata-se de uma verso prvia, que depois dever sofrer alteraes

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  • e constantes atualizaes se o pro ssional ainda estiver na ativa. De qualquer forma, esse per l

    inicial funciona como um texto-base, que serve de guia para a elaborao do roteiro da entrevista.

    Quando se trabalha com histria de vida, costuma-se comear o roteiro com

    perguntas sobre a famlia e formao sociocultural do entrevistado. Essas questes tm

    duplo objetivo. Primeiro, visam incorporar dados biogr cos sobre o depoente que, de

    alguma forma, possam ajudar a entender a sua trajetria pro ssional. Algumas vezes,

    parte dessas informaes o pesquisador j conseguiu levantar no momento da pesquisa,

    mas ainda assim vale a pena perguntar sobre elas. No se trata de redundncia, porque o

    depoente sempre pode acrescentar um dado novo ou pode rechear a informao factual

    com elementos de sua vivncia afetiva e emocional.

    Em segundo lugar, as perguntas introdutrias so extremamente importantes para o

    sucesso da entrevista, porque permitem ambientar o entrevistado, deix-lo mais relaxado, e

    permitir que ele adquira pontos de adeso, afetivos, para a construo da sua narrativa. Esse

    um momento fundamental tambm para a construo de certo sentimento de con ana entre

    entrevistado e entrevistador. O depoente percebe que est ali para falar livremente sobre

    sua vida que est sendo considerado no seu todo como relevante e no apenas para

    fornecer dados espec cos de interesse da pesquisa. preciso saber valorizar e conduzir

    bem as perguntas iniciais, pois elas podem dar o tom do depoimento e serem decisivas na

    maneira como o entrevistado avalia seu entrevistador (ou entrevistadores).

    Na estruturao do roteiro, recomenda-se seguir a ordem cronolgica, porque a

    sequncia linear quase sempre ajuda o entrevistado no trabalho de encadeamento e de

    enquadramento da sua memria. Mas essa no uma regra rgida. Deve-se avaliar caso a

    caso. Alm disso, a ordem cronolgica pode ser conjugada a outra lgica, que a de blocos

    temticos (conjunto de perguntas que buscam destrinchar, detalhar, determinados assuntos).

    Utilizamos muitas perguntas abertas, por meio das quais buscamos recuperar as

    experincias vividas e os diferentes modos de pensar e agir dos jornalistas envolvidos em

    diferentes acontecimentos. Procuramos tambm recuperar suas teias de relaes pessoais

    ou poltico-institucionais, sejam relaes de a nidade ou de rivalidade e oposio.

    Para obteno de informaes de carter mais pontual ou mesmo factual, tambm

    so incorporadas ao roteiro algumas perguntas mais fechadas, diretivas, temticas. claro

    que essas informaes devem ser posteriormente checadas, confrontadas com outras fontes

    no orais e com outros depoimentos.

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  • bom no perder de vista que o passado sempre relembrado de forma malevel,

    exvel, e pode mudar conforme o indivduo reinterpreta e reexplica o que aconteceu.

    Alm disso, o rememorar sempre seletivo. Os entrevistados realam certos aspectos do

    passado que julgam relevantes na ocasio da entrevista.

    As condies da entrevista

    As entrevistas podem ser registradas em udio e, quando possvel, em vdeo. Podem ser

    gravadas em estdio, na casa do entrevistado, no seu local de trabalho ou em algum outro lugar

    por ele de nido. Claro que cada uma dessas opes implica diferentes condies de realizao da

    entrevista e lhe impe dinmicas tambm diferentes, s quais o entrevistador dever saber se adaptar.

    A opo pelo vdeo, por exemplo, signi ca ganhos inegveis para o projeto, j

    que possibilita a incorporao no depoimento de um conjunto de elementos no verbais

    (gestualidade, expresses faciais, olhares etc.) extremamente teis para a construo de

    sentido do relato de vida do entrevistado. Mas, ainda que hoje j haja no mercado cmeras

    com preos bastante acessveis, o vdeo ainda encarece o projeto. Alm disso, a sua utilizao

    traz algumas di culdades adicionais, pois exige cuidados tcnicos e a montagem de uma

    estrutura de gravao, por mnima que seja.

    Alm do entrevistador (ou entrevistadores), passa a ser necessria tambm uma

    pessoa para operar a cmera, algum que cuide tambm do udio e do som. A imagem

    registrada em vdeo necessita tambm de tratamento posterior, o que signi ca a presena

    na equipe da pesquisa de algum que seja minimamente familiarizado com tcnicas de

    edio. necessrio tambm acesso a equipamentos de edio de imagens.

    A realizao da entrevista

    Trabalhar com histrias de vida implica realizar entrevistas longas, bem maiores

    do que a entrevista temtica ou a jornalstica11. No h uma regra geral, pois a dinmica da

    11 Sobre as diferenas entre as entrevistas na histria oral e a entrevista jornalstica, ver Rouchou (2003).

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  • gravao varia muito conforme a eloquncia do depoente, sua desinibio, sua capacidade

    de sntese etc. Em mdia, recomenda-se que a durao seja de duas horas e meia ou trs

    horas. Se a entrevista excede muito esse tempo, nota-se uma queda no seu rendimento,

    pois as pessoas envolvidas (tanto entrevistado quanto entrevistadores) cam cansadas.

    Nesse caso, prefervel dividir a entrevista em partes: marcar outro dia para continuar.

    H jornalistas que, por sua trajetria, certamente merecem at trs ou mais sesses.

    O papel do entrevistador na histria oral o de mediador. A ideia que ele faa

    poucas interrupes durante a entrevista, deixando o depoente seguir, na medida do

    possvel, o transcurso do seu pensamento, com suas livres associaes de ideias, com

    sua tentativa de encadear os fatos do passado de determinada forma. O entrevistado

    deve poder falar vontade de episdios que lhe paream signi cativos, se deixando

    levar pelo uxo da lembrana.

    O prprio percurso realizado pelo entrevistado j em si signi cativo e deve ser

    considerado no momento da anlise do depoimento. Faz parte do trabalho de interpretao

    do pesquisador que utiliza fontes orais perceber e tentar entender porque o entrevistado

    seguiu determinada ordem de pensamento e porque fez certas associaes entre fatos ou

    pessoas. Da mesma forma, so signi cativas pausas e hesitaes ou o contrrio, momentos

    de excitao e acelerao.

    No entanto, se desejvel que o entrevistador intervenha pouco, bom lembrar

    que o seu papel no deve ser o de um mero ouvinte passivo. Algumas vezes, ele precisa

    interferir no discurso do entrevistado, apontando de cincias de explicao e incoerncias,

    sejam internas ou externas narrativa. Alm disso, o entrevistador pode propor questes

    que pertencem ao seu prprio universo de problemas e orientar a entrevista para dar nfase

    a determinados temas ou para recuperar informaes que julgue importantes.

    preciso considerar que o pesquisador tem que lidar com um conjunto de

    elementos imponderveis durante a realizao da entrevista. Muitas vezes, necessrio

    ter sensibilidade para saber como agir em situaes delicadas, como momento de emoo,

    por exemplo. Exatamente pela metodologia utilizada (histria de vida) e pela forma de

    conduo da entrevista (que dura perodo longo de tempo), os entrevistados facilmente

    so levados a uma certa viagem no tempo que, muitas vezes, mexe com elementos

    sensveis da sua experincia no s pro ssional mas mesmo existencial. H entrevistados

    que se mantm relativamente distantes em relao aos fatos que narram, mas alguns

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  • chegam a realizar uma verdadeira catarse. comum pessoas relatarem que saram

    tontas, desnorteadas da entrevista.

    Podem tambm ocorrer momentos de tenso durante a gravao. O depoente pode

    resistir em falar sobre determinado assunto, seja por medo, tabu ou qualquer outro motivo

    pessoal, poltico ou institucional. Cabe ao pesquisador esclarecer que o depoente deve se

    sentir absolutamente vontade para falar ou no sobre os temas abordados.

    Outra questo que deve ser considerada e que, em minha opinio, uma das mais

    difceis quando se lida com jornalistas a das memrias cristalizadas. Muitos pro ssionais

    da imprensa pelo lugar de destaque que ocuparam ou que ocupam em alguns meios de

    comunicao esto acostumados a falar sobre determinado assunto e j construram verses

    mais ou menos fechadas sobre alguns fatos. Alberto Dines, por exemplo, j deu inmeros

    depoimentos ao longo das ltimas cinco dcadas, seja para rgos de comunicao, seja

    para pesquisas acadmicas, sobre a famosa reforma do Jornal do Brasil. Se compararmos

    seus vrios depoimentos, podemos perceber que, apesar de diversas diferenas nos detalhes

    relativos a pessoas e situaes, suas narrativas seguem quase todas uma estrutura bastante

    semelhante. O jornalista foi aos poucos elaborando sua verso sobre o fato, que ganhou

    com o tempo certa estabilidade.

    Por tudo isso, apesar de a entrevista seguir um roteiro previamente de nido, h uma

    mudana grande na hora da sua realizao. O pesquisador possui exibilidade para integrar

    novos temas que surgirem a partir da fala do depoente. Se parecer mais conveniente, pode

    tambm mudar a ordem das perguntas e enfatizar alguns aspectos e assuntos em detrimentos

    de outros ou, ainda, eliminar temas e perguntas previstas. Alis, essas alteraes no roteiro

    so sempre necessrias e se impem pelas prprias condies espec cas das entrevistas.

    Muitas vezes, o entrevistado antecipa perguntas, obrigando a pesquisador a se adaptar a

    nova situao.

    importante lembrar que, ao trmino da entrevista, o depoente deve assinar um

    termo de autorizao do uso da sua entrevista, assim como de sua imagem. Esse termo

    deve prever a utilizao da entrevista em mdias que ainda podem vir a ser inventadas.

    Em geral, o termo de autorizao previamente enviado ao entrevistado, no momento da

    marcao da entrevista. Esse procedimento importante para que o pro ssional esteja ciente

    dos termos do contrato antes mesmo de realizada a entrevista, a m de evitar surpresas

    desagradveis para ambas as partes.

    84

  • Novas entrevistas

    Muitas vezes, aps um perodo da realizao de uma entrevista, o pesquisador

    identi ca lacunas importantes no depoimento coletado. Isso pode acontecer por motivos

    muito variados. Com o amadurecimento da pesquisa, questes que no pareciam inicialmente

    importantes podem se tornar essenciais para compreenso de determinadas conjunturas

    ou fenmenos. Com o avano da investigao, alm disso, normal que novos temas

    surjam, tanto do contato com fontes empricas quanto dos assuntos abordados nas prprias

    entrevistas. Nesses casos, se possvel, interessante retomar ao entrevistado para realizar

    uma entrevista complementar.

    Em projetos que se propem longevos, como o caso daqueles que buscam montar

    acervos de depoimentos orais, necessria a atualizao peridica de algumas entrevistas,

    sobretudo se o depoente ainda um pro ssional ativo e que acumulou novas experincias

    depois da realizao de sua primeira entrevista. O intervalo de tempo que de ne a necessidade

    de atualizao de uma entrevista pode variar de caso a caso, dependo da relevncia das

    atividades nas quais o depoente esteve envolvido num determinado intervalo de tempo,

    que deve ser arbitrado pelo pesquisador.

    Ps-entrevista: usos e cuidados

    Muitos podem ser os usos das entrevistas depois de gravadas. Tomando como

    ideal a montagem de um acervo a ser tornado pblico e, portanto, disponvel a diferentes

    pblicos, seguem algumas consideraes.

    As entrevistas podem ser gravadas em suportes muito variados: arquivos de udio

    digitais, CDs, DVDs, disco ticos, chipes de memria, HD externos. Seja qual for a opo

    da equipe de pesquisa, importante lembrar que os suportes apresentam diferentes graus de

    con abilidade no registro de informaes e tempo de vida tambm varivel. Alm disso, o

    arquivamento desse material deve sempre respeitar as condies de temperatura e umidade

    adequadas a cada um. aconselhvel fazer tambm um backup como forma de preveno

    a algum tipo de problema tcnico que possa dani car o material.

    85

  • Os depoimentos devem ser transcritos na ntegra, revisados e editados. E esse um

    trabalho penoso. necessrio checar dados e informaes, como datas, nome de pessoas,

    lugares e instituies, valores, gra as etc. Muitas vezes, o depoente d informaes incompletas,

    que necessariamente precisam se contextualizadas para que a leitura do texto faa sentido.

    comum tambm a confuso em relao a datas, fatos e pessoas. E, nesse caso, cabe ao

    transcritor e editor assinalar o erro, sem alterar, entretanto, o que disse o entrevistado. O uso

    do colchete para o acrscimo e correo de informaes um recurso bastante utilizado.

    Se os depoimentos forem publicados, preciso tambm adaptar a linguagem oral

    escrita, eliminado expresses e vcios de fala e mudando a estrutura e a sintaxe de algumas

    sentenas. importante, entretanto, o cuidado em no alterar o contedo do depoimento.

    Trata-se, portanto, de um trabalho no, que exige sensibilidade do editor e bastante

    conhecimento sobre o universo que est sendo narrado.

    Quando a entrevista gravada em vdeo, necessrio fazer uma edio das imagens,

    uma vez que, nas condies tcnicas atuais, difcil disponibilizar a entrevista na ntegra pela

    Internet ou em qualquer outro meio. Uma soluo, muitas vezes, fazer pequenos vdeos

    com aquelas que consideramos as melhores partes da entrevista. Obviamente, a escolha de

    certos momentos em detrimento de outros possveis , em certa medida, sempre parcial e

    at mesmo arbitrria. Mas essas caractersticas bom no esquecermos so inerentes

    prpria escrita acadmica, inclusive a mais convencional. O mesmo poderia ser dito dos

    trechos de falas que colocamos como citaes entre aspas em nossos artigos e papers.

    A ps-entrevista tambm exige cuidados que dizem respeito no apenas dimenso

    tcnica mas tambm tica. Muitas vezes, na descontrao da entrevista, o entrevistado

    conta episdios de sua vida ou da de terceiros e faz comentrios que podem comprometer

    sua prpria imagem e a do outro. Mesmo que o projeto esteja respaldado contra qualquer

    ao jurdica pelo termo assinado pelo entrevistado, preciso lembrar que estamos tratando

    com histrias de vida de pessoas e que o uso que dela fazemos deve ser responsvel.

    H tambm cuidados histricos e polticos a serem tomados. Os entrevistados muitas vezes tm

    interesses e almejam objetivos espec cos ao darem suas entrevistas em determinadas circunstncia,

    seja reforar uma determinada interpretao sobre o passado, seja realar seu papel (e minimizar

    a de outros personagens) na conduo dos acontecimentos. Cabe ao pesquisador car atento para

    no se deixar instrumentalizar por interesses alheios pesquisa. Claro que o trabalho de memria

    realizado pelo entrevistado, independentemente da mediao do pesquisador, ser sempre marcado

    86

  • por enquadramentos espec cos, que so constitutivos de qualquer ato mnemnico. No possvel

    ingenuamente imaginar o contrrio. De qualquer forma, o entrevistador no pode como j

    mencionamos anteriormente assumir uma posio meramente passiva. Seu papel tambm,

    num certo sentido, de coart ce da memria e, nesse aspecto, tambm responsvel por ela.

    Nesse caso, ainda outro cuidado se faz igualmente necessrio: a de que a entrevista no

    sirva apenas para o culto da lembrana em si mesma ou para a celebrao espetacularizada

    do passado, mas como algo que possa efetivamente funcionar como uma via de acesso a

    experincias pretritas, e que possa servir de material passvel de mltiplas interpretaes

    pelos variados pesquisadores que lancem mo desse material.

    Consideraes nais

    Por tudo o que se a rmou at aqui, fcil entender o argumento a favor do uso

    da histria oral nos estudos de jornalismo. J a rmamos que os depoimentos orais de

    jornalistas e de outros pro ssionais ligados pro sso so importantes fontes para a

    compreenso do passado. Mas tambm j a rmamos que, de forma alguma, esses relatos

    podem ser encarados como ndices absolutos da verdade histrica. Precisam ser analisados

    criticamente, destrinchados, como toda e qualquer fonte, alis.

    O pesquisador deve sempre considerar o trabalho de enquadramento da memria

    realizado pelo entrevistado e as condies de produo da prpria entrevista. No se

    trata de avaliar o grau de verdade ou mentira, de sinceridade ou de falsidade contido nos

    depoimentos. O importante tentar entender as lgicas mobilizadas nos processos de

    construo dos relatos e o signi cado que o passado adquire para quem lembra. essencial

    tambm levar em conta que os depoimentos tm validade na medida em que, confrontados

    uns com os outros, remetam para a multiplicidade da experincia do real.

    O pesquisador, ao usar a histria oral, deve estar atento para uma srie de riscos

    em que ele pode cair se no ancorar sua metodologia numa slida re exo terica sobre a

    tensa e problemtica relao entre memria e histria12. Um dos principais riscos est na

    12 Existe uma fartssima bibliogra a sobre o assunto. Vide Fentress e Wickham (1992); Halbwachs (1990); Le Goff (1992); Lowenthal (1998); Namer (1987); Nora (1984); Pollak (1989); Ricouer (2007); e Todorov (1995).

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  • utilizao de uma perspectiva memorialista. O pesquisador deve estar atento para no se

    deixar levar pelo tom de muitos relatos dos jornalistas que, baseados numa certa cultura

    coorporativa, tendem a valorizar os fatos ou as curiosidades da pro sso, acionando o

    passado, muitas vezes, de forma celebratria e mesmo anedtica.

    Grande parte das narrativas sobre a histria do jornalismo produzidas por jornalistas

    se centra na ao individual de personagens considerados protagonistas. A noo que est

    subentendida na maior parte desses relatos a de que a histria resultado da atuao

    singular de certos atores sociais. As dinmicas e os processos institucionais e macrossociais

    so negligenciados em favor da centralidade no individual. Mas o pesquisador, ao produzir

    e utilizar esses relatos como fonte, no deve perder de vista a dimenso problemtica e

    processual da histria. As experincias dos indivduos devem ser pensadas na sua singularidade

    subjetiva, mas tambm nas suas relaes com dimenses mais amplas que as transcendem.

    fundamental que as prticas jornalsticas no sejam tomadas como j dadas, mas como

    construdas por jornalistas que, assim como outros agentes histricos, vivem imersos em

    aparatos tecnolgicos, convivem com formas de se autorrepresentar e com valores com os

    quais buscam dar sentido a sua pro sso, sempre num campo marcado por lutas e disputas.

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