A Igualdade de Adao e Eva

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A Igualdade de Adão e Eva A Bíblia cristã é o livro mais vendido do mundo e é usado como guia ético de milhões de pessoas no mundo inteiro. No entanto, o seu estudo muitas vezes está repleto de preconceitos, não só em nossas próprias mentes, mas também nas mentes dos estudiosos, professores e teólogos que nos ensinam e redigem os materiais de referência dos quais dependemos. Alguns desses (pré)conceitos podem estar tão arraigados e aceitos que ninguém sequer alguém pensa em questioná-los. Durante séculos ou milênios alguns conceitos se sedimentaram, e parecem ser uma parte da própria fundação sobre a qual baseamos nossas crenças. Porém, às vezes, tais crenças não resistem a um exame mais minucioso. Infelizmente, algumas dessas idéias perpetradas pela tradição podem esconder as mais sublimes mensagens que podemos encontrar nas escrituras. Tal é o caso da costela de Adão, no segundo capítulo do Gênesis. Todos conhecem a história familiar da Bíblia sobre como Deus tomou uma costela de Adão e fez Eva. Tal história é ensinada às crianças nas escolas dominicais em toda o mundo. Apesar de muitos estudiosos encontrarem razões para não interpretá-la literalmente, ainda assim ela é aceita como verdade por milhões de cristãos. Cabe salientar que muito desta aceitação dos dogmas e de certas inverdades propagadas pelas religiões advém do fato de elas nos serem ensinadas desde tenra idade. Cristão, Judeus, Mulçumanos ou quaisquer outros grupos, tem especial atenção na formação ideológica de seus filhos desde muito novos nos ensinamentos da religião que professam. Na verdade não há criança cristã, mulçumana ou judia. Existe apenas criança filha de pais cristãos, mulçumanos ou judeus. Numa época de nossas vidas na qual temos pouca ou nenhuma capacidade de questionar, que aceitamos de bom grado o ensino que nos é impingido, somos doutrinados a aceitar dogmas sem questionamentos e somos ensinados sobre a fé. E, principalmente, a aceitá-la como verdade sem espaço para o debate e a discussão.

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Estudo bíblico que mostra que o autor de gênesis tinha a intenção de promover a igualdade entre homem e mulher ao invés de promover a desigualdade entre eles.

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A Igualdade de Adão e Eva

A Bíblia cristã é o livro mais vendido do mundo e é usado como guia ético de milhões de pessoas no mundo inteiro. No entanto, o seu estudo muitas vezes está repleto de preconceitos, não só em nossas próprias mentes, mas também nas mentes dos estudiosos, professores e teólogos que nos ensinam e redigem os materiais de referência dos quais dependemos.

Alguns desses (pré)conceitos podem estar tão arraigados e aceitos que ninguém sequer alguém pensa em questioná-los.

Durante séculos ou milênios alguns conceitos se sedimentaram, e parecem ser uma parte da própria fundação sobre a qual baseamos nossas crenças. Porém, às vezes, tais crenças não resistem a um exame mais minucioso.

Infelizmente, algumas dessas idéias perpetradas pela tradição podem esconder as mais sublimes mensagens que podemos encontrar nas escrituras.

Tal é o caso da costela de Adão, no segundo capítulo do Gênesis. Todos conhecem a história familiar da Bíblia sobre como Deus tomou uma costela de Adão e fez Eva. Tal história é ensinada às crianças nas escolas dominicais em toda o mundo. Apesar de muitos estudiosos encontrarem razões para não interpretá-la literalmente, ainda assim ela é aceita como verdade por milhões de cristãos.

Cabe salientar que muito desta aceitação dos dogmas e de certas inverdades propagadas pelas religiões advém do fato de elas nos serem ensinadas desde tenra idade. Cristão, Judeus, Mulçumanos ou quaisquer outros grupos, tem especial atenção na formação ideológica de seus filhos desde muito novos nos ensinamentos da religião que professam. Na verdade não há criança cristã, mulçumana ou judia. Existe apenas criança filha de pais cristãos, mulçumanos ou judeus. Numa época de nossas vidas na qual temos pouca ou nenhuma capacidade de questionar, que aceitamos de bom grado o ensino que nos é impingido, somos doutrinados a aceitar dogmas sem questionamentos e somos ensinados sobre a fé. E, principalmente, a aceitá-la como verdade sem espaço para o debate e a discussão.

Fé é um instrumento poderoso. Sobre a ótica secular, a fé em si mesmo, a crença na sua própria capacidade de realizar algo, a fé como instrumento de auto-estima é poderosa ferramenta pessoal de transformação positiva e realização. Sobre a visão religiosa, a fé que cega, a fé que acredita sem exigir provas, a fé sinônimo de crença servil e ignorante, é poderoso instrumento de controle e de crueldade. A história humana foi escrita pelos “detentores da fé” com o sangue daqueles que ou “não tinham fé ou tinham pouca fé”, ao menos segundo o ponto de vista dos primeiros.

E assim alguns dogmas por mais absurdos que sejam, são defendidos por aqueles que neles acreditam de uma forma cega e irracional. Mesmo quando se abre a possibilidade para uma visão mais elevada e uma interpretação mais condizente com aquilo que esperamos de um Deus verdadeiro, ainda assim esses “defensores da fé” preferem perpetrar uma visão

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ignorante e preconceituosa pelo simples fato dela vir sendo repetida por centenas ou milhares de anos.

Este é o caso do Gênesis 2:20-24. Vejamos o que nos diz estes versículos:

20 ...Mas para o terroso ele ainda não havia encontrado auxiliar contra ele.

21 IHVH Elohîms faz descer um torpor sobre o terroso. Que adormece. Ele toma uma

de suas costelas e fecha a carne dali.

22 IHVH Elohîms molda a costela que tomara ao terroso em mulher. E a faz vir junto ao

terroso.

23 O terroso diz: “Esta aqui, esta vez, é osso de meus ossos, carne de minha carne, a

esta será clamado “mulher”- Isha – sim do homem – Ish – esta aqui foi tirada.”

24 Por isso o homem abandona seu pai e sua mãe: ele se une a sua mulher e eles são

uma só carne.

Gênesis capítulo 2, 20.24 – A Bíblia No Princípio de André Chouraqui, Ed. Imago

Utilizei a tradução realizada por André Chouraqui por se tratar de um trabalho que procura manter-se fiel ao texto original, na medida do possível, evitando ao máximo os “ajustes” que os demais textos costumam realizar a fim de “facilitar” o entendimento do texto nos dias atuais.

Podemos reparar que este é realmente um relato estranho. Aparentemente, Deus vinha realizando a sua obra criando, a partir do barro, macho e fêmea de cada espécie. Sendo assim, por que Deus não apenas fez a mulher do barro como havia feito com Adão? E por que uma costela, ao invés de um dedo ou um dedo do pé, ou uma orelha?

Na verdade o texto bíblico parece estar ao sabor da literatura mesopotâmica e grega antiga. Vejamos porque:

Ea/Enki, o deus da sabedoria foi dito ter sido gerado a partir do ouvido de Ninurta (Enuma Elish – Mitologia Sumeriana e Babilônica – Mesopotâmia)

Atena, deusa da sabedoria, nasceu da testa de Zeus. Afrodite, deusa do amor diz-se ter vindo de espuma do mar que recolheu parte do

órgão masculino decepada do deus Urano

Na verdade, algo muito mais significativo está sendo expresso neste relato bíblico do que simplesmente criar uma nova pessoa a partir de um pequeno pedaço do corpo de outra. Se olharmos atentamente para a palavra hebraica traduzida por “costela” vamos descobrir algo muito interessante. Tsela é uma palavra usada em vários outros lugares na Bíblia e seu significado em tais lugares é muito diferente daquele que é usado em Gênesis 2:21-22.

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Somente em um único outro lugar da Bíblia iremos encontrar a palavra “costela” (Daniel 7:5), traduzida, desta vez, a partir de uma palavra hebraica completamente diferente.

Uma tradução da Bíblia que se atreveu a romper com a tradução tradicional “costela” para a palavra Tséla, é a edição do Chumash que traduz o versículo da seguinte maneira:

“...e ele tomou um dos seus lados e depois fechou-os com carne.”

Imediatamente podemos perceber que Deus tirou de Adão muito mais do que um pequeno osso. Mas essa leitura pode ser justificada? Vejamos os outros lugares na Bíblia onde esta palavra hebraica é usada. Nós a encontramos sendo usada (ou traduzida) como “lado” em inúmeros lugares:

Em Êxodo 25:12. Ao referir-se os anéis de ouro na Arca da Aliança que diz "Dois anéis devem estar de um lado (tselo - uma variante do tsela) e dois anéis no outro lado "Mais tarde, no versículo 14 se refere aos dois" lados "(tselot -forma do plural).

Êxodo 37:3-5 mostra essa mesma descrição da Arca. Em Êxodo 27:7 se refere a "os dois lados (tselot) do altar" sobre os quais as pautas e

os anéis foram colocados. Observe que se refere a apenas dois dos quatro altares laterais - os dois principais, em oposição à dianteira e traseira.

Uso semelhante ocorre em Êxodo 38:7. Em Êxodo 26:20, a palavra hebraica ul-tsela é usada significando "e para o lado” do

tabernáculo (tenda). Esta é a mesma palavra hebraica com duas letras iniciais que significa "e para". No versículo 26 lemos de um lado (tsela) do tabernáculo, e a segunda lateral (tsela) do tabernáculo. No versículo 35, vemos uma mesa mencionada no lado sul (Tsela) do tabernáculo, referindo-se desta vez não só a parte exterior da tenda, mas a sua metade sul.

Utilização idêntica ocorre em Ex. 36:25,31.

Observe que em cada uma dessas passagens não há nada semelhante a uma costela ou algo semelhante a um pilar ou membro estrutural. Refere-se a todo um lado, essencialmente metade, de uma estrutura. Isto é muito diferente da noção de uma costela de Adão.

Em I Reis 6:34, vemos uma descrição das portas dobráveis consistindo de duas partes ou painéis (Tsalim - a forma masculina plural). Estes dois painéis eram idênticos, cada um compreendendo uma metade da montagem. Faziam parte do templo de Salomão. Naquele tempo esta palavra hebraica para lado começou a ser usada em conexão com os componentes associados aos lados do templo. Câmaras ou compartimentos laterais (tselot) foram construídos ao longo dos lados do templo (I Reis 6:5-6). Também às tábuas que formam os lados do lugar santíssimo foi dado o nome, batselot, ou seja, nas laterais. Aqui, novamente não vemos nenhum indício da noção de uma costela ou superestrutura similar de qualquer tipo.

Em Jó 18:12 Jó se refere a "destruição (ou calamidade) ao seu lado" (la-tselot) e Jeremias 20:10 fala de "medo (ou terror) por todos os lados". Seria ridículo falar de medo a cada costela.

A única menção que possa remotamente ser interpretada como qualquer coisa como uma costela é a seguinte:

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" Prosseguiram, pois, o seu caminho, Davi e os seus homens; e também Simei ia ao longo do encosta (ba-tsela) caminhando e amaldiçoando ...". II Samuel 16:13.

Mas a sugestão de que (ba-tsela) possa ser o o cume ou a “costela” do morro parece ser meramente uma interpretação, porque este episódio poderia ter ocorrido em um dos lados da colina tão facilmente como no cume do monte. A partir do contexto não podemos afirmar qual destas interpretações seria a mais correta. Por causa da preponderância do uso da palavra “lado” como tradução, parece provável que este deva ser o sentido aqui também.

Conclui-se desta análise, que não há justificativa real para traduzir a palavra tsela em Gênesis 02:21 como “costela” de Adão. Pelo contrário, a tradução adequada seria “lado” de Adão.

Como resultado, uma imagem nova e ousada começa a surgir a partir de Gen. 2:21. O que realmente se quis dizer com o uso da palavra o lado? Terá sido um lado de seu tronco, como um pedaço da carne? Será que incluem um braço ou uma perna? Uma vez que estamos nos livramos do conceito de “costela”, o que realmente faz sentido aqui?

Acredito que o que deva se entender é que um lado inteiro ou metade do corpo de Adão foi extraído, ou seja, Adão foi dividido ao meio. Há várias palavras hebraicas que expressam a noção de meio, principalmente variantes do verbo chatsah, o que significa dividir. Esta palavra é mais usada para significar uma redução para metade do peso ou volume ou quantidade de algumas substância, enquanto que os exemplos mencionados anteriormente parecem referir-se a um lado, que é metade de um objeto ou estrutura. Isso é especialmente claro em Êxodo. 20:35, quando uma mesa é localizada em um dos lados ou metade do tabernáculo.

Agora, consideremos as implicações disto: Deus literalmente dividindo ao meio Adão para criar uma mulher para ele... este é um símbolo muito mais poderoso do que simplesmente extrair um pequeno osso de seu lado.

Vejamos agora a passagem em Gênesis 1:27 que diz: "À imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou". Tal passagem sugere a criação de um ser andrógino – macho e fêmea simultaneamente. E, como este ser é feito à imagem e semelhança de Deus, Este último também possui uma porção macho e uma porção fêmea. Acaba-se aí a noção masculina e patriarcal de Deus. Assim, Eva estava em cada pedaço do ser Adão desde a sua criação em Gn 1:27. Eva começou, literalmente, como uma metade de Adão. Isso nos leva a uma idéia de completa igualdade.

Até hoje as pessoas, às vezes, referem-se a seu esposo ou esposa como a sua outra metade, ou metade do seu melhor. É claro que Deus precisou fechar a carne de Adão para restaurar a sua integridade. E, embora não especificamente declarado, é claro que Deus fez o mesmo para Eva no processo de formá-la em um ser separado do original, uma mulher.

Desta forma, a linguagem usada no Gênesis, "osso dos meus ossos" e "carne da minha carne" assumem um novo significado. E Mesmo tais expressões são gramaticalmente simétricas.

A interpretação mítica tradicional da costela de Adam existe já há muito tempo. Nós não sabemos quando começou, mas é claro que os antigos hebreus não entendiam este episódio

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da maneira como os modernos o fazem. Quando o Gênesis e o Êxodo foram escritos, o conceito foi um lado de Adão, não a sua costela.

Surpreendentemente, temos o testemunho de uma autoridade judaica de cerca de 2000 anos atrás sobre este assunto. Philo Judeaus abordou o tema assim: "A carta desta declaração é bastante clara, pois é expressa de acordo com o símbolo da parte, uma metade do todo, cada parte, o homem e a mulher, sendo as seções da natureza co-igual para a produção desse gênero que é chamado de homem. "(The Works of Philo, p. 796, Hendrickson Publishers, Peabody, Massachusetts,)

Podemos recorrer também à criação de Eva como uma auxiliar de Adão para corroborar com a teoria aqui apresentada. A expressão em hebraico geralmente usada para significar uma ajuda adequada é k'negdo Azer. Em todos os casos, na Bíblia hebraica, o azer (palavra hebraica) significa não apenas uma assistência simples, qualquer, mas uma espécie significativa de ajuda substancial. Vejamos alguns exemplos:

Ezequiel 12:14 Zedequias tinha "...os que estiverem ao redor dele para seu socorro (azer), e a todas as suas tropas... " Este trecho está claramente se referindo aos homens armados de Zedequias.

Daniel 11:34 A expressão "ajudou com uma pequena ajuda", neste contexto, também parece se referir a intervenção militar.

Isaías 30:5 refere-se à procura de ajuda na forma de proteção militar do rei do Egipto..

Todos esses exemplos se referem a uma ajuda substancial e poderosa ou à proteção, o tipo que você poderia receber de homens armados, e não apenas uma pequena ajuda ou consolo. Vejamos mais alguns exemplos:

Êxodo 18:04 "para Ele (Deus) foi a minha ajuda." Deuteronômio 33:29 "... o Senhor, o escudo do teu socorro" Deuteronômio 33:7 "... Sê tu (Senhor) uma ajuda para ele contra seus inimigos."

Nesses exemplos, vemos um tipo ainda mais poderoso de ajuda de Deus. É claro que não se tratava de mera “ajuda”, mas de uma verdadeira e substancial libertação, nada havia de insignificante ou de uma pequena ajuda em tais casos.

O ponto é mostrar que Eva foi criada como um poder, uma força e inteligência, capaz de auxiliar Adam nos momentos de maior perigo ou aflição. Ela era tão qualificada e especializada, quanto ele. Ela não era simplesmente uma auxiliar do tipo "deixe-me segurar a lanterna para você, querido”.

A palavra hebraica K'negdo está carregada de um significado positivo. Ela significa mais do que algo adequado...carrega o significado de complementar. Ela era o complemento dele. Isto é, literalmente, o que se esperaria uma vez que ela foi formada a partir de sua outra metade ou lado. Os dois foram feitos para trabalharem juntos, perfeitamente encaixados.

K'negdo também carrega o conceito de oposto, mas como foi explicado mais acima, um significado positivo. Assim, como seu complemento, Eva era seu oposto em gênero, mas de

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muitas outras maneiras também.

Nenhum homem pode ser casado por qualquer período de tempo sem perceber que sua esposa pensa e se comporta de uma forma muito diferente da dele. Ela vê as coisas de maneira muito diferente, as suas preocupações são bem diferentes. Eva foi feita para ser tudo o que Adão não foi. Ela era o seu complemento.

Agora Adão percebeu que ele não era único e nem estava sozinho. Para encontrar completude e inteireza, ele precisava de uma esposa. Este desejo de inteireza é um tema popular em nossas canções de amor moderno. No final, ela é a chave para o significado de sua vida e vice-versa.

"Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua esposa e eles serão uma só carne.

"Gen. 2:24. Um não pode ser completo sem o outro.

Portanto, esta velha história de que era uma vez uma metáfora bastante bizarra, uma mulher criada a partir de uma costela, pode agora ser entendida como um símbolo poderoso, significando beleza para a mais profundo dos relacionamentos da existência humana. É muito claro que, no princípio, Deus deu à mulher um status absolutamente igual ao homem.

Portanto, recorrendo à “Escritura Sagrada Cristã”, cabe aqui a pergunta: se o próprio Deus coloca a mulher em pé de igualdade com o homem, se na Sua escritura está claro que o homem e a mulher se complementam e, quando os dois se tornam um, eles tornam-se o avatar de Deus no nosso mundo, então como insistir numa visão e interpretação preconceituosa, originada em uma tradução provocativamente errônea com o objetivo único de alicerçar os fundamentos de uma sociedade machista e patriarcal, reduzindo, para isso, a mulher a uma posição de inferioridade e submissão?