A Importância do Ensino de CiênciasA Importância do ... · ... apresentei-me. Sou fulana de tal,...

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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE A Importância do Ensino de Ciências A Importância do Ensino de Ciências A Importância do Ensino de Ciências A Importância do Ensino de Ciências Aprendizagem Significativa na Superação do Fracasso Escolar Aprendizagem Significativa na Superação do Fracasso Escolar Aprendizagem Significativa na Superação do Fracasso Escolar Aprendizagem Significativa na Superação do Fracasso Escolar Elaboração: Maria Alice Pereira Piraí do Sul 2008

Transcript of A Importância do Ensino de CiênciasA Importância do ... · ... apresentei-me. Sou fulana de tal,...

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL –

PDE

A Importância do Ensino de CiênciasA Importância do Ensino de CiênciasA Importância do Ensino de CiênciasA Importância do Ensino de Ciências

Aprendizagem Significativa na Superação do Fracasso EscolarAprendizagem Significativa na Superação do Fracasso EscolarAprendizagem Significativa na Superação do Fracasso EscolarAprendizagem Significativa na Superação do Fracasso Escolar

Elaboração: Maria Alice Pereira

Piraí do Sul

2008

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – PR

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

Elaboração: Maria Alice Pereira

Email: [email protected]

Professor Orientador: Oscar E. Escobar (UEPG)

Email: [email protected]

A Importância do Ensino de CiênciasA Importância do Ensino de CiênciasA Importância do Ensino de CiênciasA Importância do Ensino de Ciências

Aprendizagem Significativa na Superação do Aprendizagem Significativa na Superação do Aprendizagem Significativa na Superação do Aprendizagem Significativa na Superação do Fracasso EscolarFracasso EscolarFracasso EscolarFracasso Escolar

Material Didático Pedagógico produzido

para definir diretrizes de ação sobre a

temática apresentada no Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE.

Piraí do Sul

2008

Elaboração do Caderno Temático

Maria Alice Pereira

Digitação, diagramação, formatação

Lyra Pereira

Fotos e Desenhos

Maria Alice Pereira

Gráficos Estatísticos

Prof. Dênis M. Milléo

Gravuras

Domínio Público

“Não esqueci que a infância tem sido

nossa cúmplice ao longo da história da

pedagogia e de nossa condição de

pedagogos. Infância e adolescência que

cada dia estão mais desafiadoras, nas

ruas e também nas escolas [...]

Que trajetos parecidos, infelizmente tão

paralelos e ignorados! Que saberes e

artes do ofício estamos reaprendendo

para sermos pedagogos dessa infância

negada e desfigurada? Viagens ao

magistério. Diálogos continuados,

falando de nós, que tantas histórias

temos para contar...”

Miguel Arroyo.

DedicatóriaDedicatóriaDedicatóriaDedicatória

Para nossos familiares,

incentivadores de nosso

trabalho e amigos para o que

der e vier;

Para nossos colegas professores

que, no cotidiano nos

infundem a fé, na busca

incansável de nossa classe por

uma melhoria de qualidade

para a Educação do homem de

hoje.

Agradecimentos:Agradecimentos:Agradecimentos:Agradecimentos:

Ao professor orientador pela sua

competência e dedicação.

À minha mãe, pela base e estrutura que me

ofereceu.

Aos meus filhos, que participam do meu

cotidiano e que muitas vezes ficaram

privados de minhas atenções.

SumárioSumárioSumárioSumário

ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação ................................................................7................................................................7................................................................7................................................................7

Aos colegas, professoresAos colegas, professoresAos colegas, professoresAos colegas, professores ................................................8................................................8................................................8................................................8

IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução .................................................................10.................................................................10.................................................................10.................................................................10

Parte I ESPELHO, ESPELHO MEU!................................................................12

� histórico da escola ...................................................12

� quem fracassou,em que fracassou............................14

� o que está havendo? .................................................20

Parte II CIÊNCIAS E SEU ENSINO .............................................................. 22

� no Brasil, como tem sido? ........................................22

� abordagens: o que dizem? .......................................26

Parte III ESCRITA DE UMA NOVA HISTÓRIA ............................................. .32

� a postura do professor ...............................................32

� construtivismo ........................................................35

Parte IV APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA .....................................................38

� a Teoria de Ausubel .................................................41

� mapas conceituais ....................................................45

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................48

INDICAÇÕES .......................................................................................................50

ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação

Maria Alice Pereira (2008)

Na Parte I deste caderno, faremos um breve histórico sobre a escola onde

atuamos e onde realizamos a coleta de dados para análise sobre o fracasso escolar, ali

detectado em algumas disciplinas, quais sejam: Biologia, Física e Química do Ensino

Médio e que acreditamos ser um problema presente na maioria das escolas do país.

Ressaltamos aí, a preocupação com os dados negativos encontrados e que se traduzem

em dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento, evasões, reprovações, como

indicadores de fracasso escolar.

Para maior compreensão, ilustraremos com gráficos demonstrativos dessa

realidade.

Na Parte II abordaremos dados referentes ao Ensino de Ciências no Brasil,

abordagens de ensino e tendências educacionais que permearam essa história até os dias

atuais, procurando identificar propostas e concepções que resultaram em sucesso ou

foram contraditórias em suas intenções.

Na Parte III enfocaremos a postura que deverá ter o professor, para

desenvolver seu trabalho numa abordagem construtivista, que notoriamente nos remete

a um olhar sobre “o como ensinar”.

Na Parte IV esse novo olhar será sobre a Aprendizagem Significativa, foco

de estudos de nossa parte, quando optamos por uma aprendizagem para a superação do

fracasso escolar.

Na seqüência faremos uma descrição sobre a Teoria construto-cognitivista de

Ausubel e a sua aplicação nos “Mapas conceituais”, para que o professor tenha uma

visão sobre essa estratégia de ensino, indicada para o trabalho da disciplina, dentro das

Diretrizes Curriculares da Educação Nacional.

7

Elaboração: Maria Alice PereiraElaboração: Maria Alice PereiraElaboração: Maria Alice PereiraElaboração: Maria Alice Pereira

(Professora(Professora(Professora(Professora Pedagoga, pósPedagoga, pósPedagoga, pósPedagoga, pós----graduada em graduada em graduada em graduada em

Didática para o Ensino Superior e O Processo Didática para o Ensino Superior e O Processo Didática para o Ensino Superior e O Processo Didática para o Ensino Superior e O Processo

Ensino Ensino Ensino Ensino –––– Aprendizagem, atualmente cursando o Aprendizagem, atualmente cursando o Aprendizagem, atualmente cursando o Aprendizagem, atualmente cursando o

PDEPDEPDEPDE----2008).2008).2008).2008).

Aos Colegas Professores...Aos Colegas Professores...Aos Colegas Professores...Aos Colegas Professores...

Cursando o PDE, fomos convidados, num certo dia, a

nos apresentarmos a uma professora da UEPG que ministrava

conteúdos. Sem levantar-me da cadeira, como vinha

acontecendo com os demais colegas, arfei o peito, levantei a

cabeça e com muito orgulho, apresentei-me. Sou fulana de

tal, trabalho em tal colégio de determinada cidade (citei

todos os nomes), tenho sessenta anos de idade e atuo há

quarenta e um anos na carreira do magistério, onde exerci

função de regente de classe de 1ª a 4ª séries por vinte e três

anos. Trabalho a vinte anos na Equipe Pedagógica do citado

colégio onde também ministrei aulas de Matemática,

História, Geografia e de todas as disciplinas pedagógicas do

Curso de Magistério.

Os olhares que recaíram sobre mim, foram de espanto.

Eu era a professora PDE com mais idade e também com o

maior tempo na profissão.

Pois é, e cursando o PDE! Acabara de ler, ao iniciarem-

se as apresentações, uma citação de Paulo Freire in “O

8

Educador: Vida e Morte”, Carlos R. Brandão (Org.), cujo teor

é o seguinte:

“Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras:“Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras:“Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras:“Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras:

Ai daqueles e daquelas, entre nós, queAi daqueles e daquelas, entre nós, queAi daqueles e daquelas, entre nós, queAi daqueles e daquelas, entre nós, que pararem com a pararem com a pararem com a pararem com a

sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de

denunciar e anunciar.denunciar e anunciar.denunciar e anunciar.denunciar e anunciar.

Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez

em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento

com o aqui e o agora, com o aqui e o agora, com o aqui e o agora, com o aqui e o agora,

Ai daqueles e daquelas que, emAi daqueles e daquelas que, emAi daqueles e daquelas que, emAi daqueles e daquelas que, em lugar delugar delugar delugar desta viagem sta viagem sta viagem sta viagem

constante ao amanhã, constante ao amanhã, constante ao amanhã, constante ao amanhã, se atrelem a um passado de se atrelem a um passado de se atrelem a um passado de se atrelem a um passado de

exploração e de rotina”exploração e de rotina”exploração e de rotina”exploração e de rotina”....

9

IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

O objetivo primordial do presente Caderno Temático é o de contribuir na

superação do fracasso escolar dos alunos das 1as séries do Ensino Médio do Colégio em

que atuamos, deflagrado nas disciplinas de Física, Química e Biologia.

Utilizamos-nos de dados coletados junto ao colégio, indicativos de fracasso

escolar, investigados no âmbito do cotidiano onde se dá esse fracasso e os utilizamos

para exemplificarmos o que ocorre em nossa escola e que acreditamos ser comum em

muitos colégios.

Os textos que compõem este Caderno Temático foram elaborados com a

finalidade de desenvolvermos estudos com os pedagogos e professores de Ciências do

Ensino Fundamental desta escola, por acreditamos que nesta modalidade de ensino é

que se constroem os alicerces das disciplinas acima citadas. Entendemos que todo

professor deva conhecer como se desenvolveu historicamente a disciplina da área em

que atua, as abordagens de ensino, as tendências pedagógicas, propostas e teorias que

tiveram influência sobre ela.

Através do ato educativo de socialização de estudos desses textos, que deverá

ser levado a efeito no 1º semestre do ano de 2009 (durante a Intervenção Pedagógica na

Escola, prevista no Programa de Desenvolvimento Educacional, PDE-2008), é que

pretendemos buscar as práticas para um fazer pedagógico capaz de superar o fracasso

escolar, observado nas disciplinas anteriormente arroladas.

A nossa preocupação vinha crescendo com relação à problemática e, quando nos

foi pedido que indicássemos o tema para o nosso Projeto de Pesquisa, não tivemos

dúvidas. Delimitamos o nosso título: Importância do Ensino de Ciências. Delineamos o

nosso projeto e chegamos às nossas conclusões. Aí, então, que fazer?

Começamos com nossas visitas às bibliotecas e sites de pesquisas, consultamos

várias literaturas e os mais diversos teóricos. Deparamo-nos então, com a

Aprendizagem Significativa, que veio a calhar com tudo que tínhamos em mente e,

10

dentre os teóricos que a defendem, nos enquadramos com a Teoria Construto-

cognitivista de Ausubel.

O cognitivismo de Ausubel encaminha para o ato de construir significados ao

nível da consciência, - o ato da cognição- processo através do qual o mundo de

significados tem sua origem. Segundo Ausubel, “o fator isolado mais importante

influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe”. MOREIRA. M.A.,

(1982).

Aprofundando mais os estudos, encontramos tudo o que buscávamos e em que

acreditávamos. Queríamos encontrar um teórico preocupado com a contextualização e a

legitimação dos conteúdos, através de práticas. Sendo assim, foi com base na

Aprendizagem Significativa, focada na Teoria de Ausubel que chegamos aos Mapas

Conceituais, dentro dessa mesma teoria e que atuam como recursos instrucionais numa

hierarquia conceitual facilitando a aquisição, por parte do aprendiz, da matéria que está

sendo estudada.

Daí o tema de nosso Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola:

Aprendizagem Significativa na Superação do Fracasso Escolar.

Maria Alice Pereira

2008

11

Espelho, espelho meu...Espelho, espelho meu...Espelho, espelho meu...Espelho, espelho meu...

Breve histórico de minha escola.Breve histórico de minha escola.Breve histórico de minha escola.Breve histórico de minha escola.

A partir de 1948, os jovens não precisavam mais deixar nossa cidade Piraí do

Sul, pois surgiu o antigo ensino Ginasial, criado pelo prefeito da época, Sr. Jorge

Queiroz Netto, através da Lei no 24, de 31 de dezembro de 1948. Com a denominação

de “Ginásio Municipal de Piraí do Sul”, funcionou a 1ª série na antiga casa de João

Batista Veiga, em frente à Igreja Matriz onde hoje, situa-se o Clube Piraiense.

Em 1950 o Ginásio passa a pertencer ao patrimônio do Estado, denominando-

se então, “Ginásio Estadual de Piraí do Sul”, funcionando em salas do antigo Clube

Piraiense, onde encontramos o fórum local.

Em 1951 o Ginásio transferiu-se para o prédio da Rua Julieta Veiga Queiroz,

onde funcionou o antigo “Grupo Escolar”, permanecendo neste local até o final dos

anos setenta.

Pelo carinho e dedicação do Sr. Jorge Queiroz Netto ao ginásio, em 25 de

setembro de 1959, após seu falecimento, a pedido da diretora e professores do

12

estabelecimento, passou a denominar-

se Ginásio Estadual “Jorge Queiroz

Netto”, por ato do Governador da

época, Sr. Moisés Lupion.

A denominação “Colégio

Estadual Jorge Queiroz Netto”-

Ensino de 1o e 2o graus, vigorou a

partir de 1979, quando a Escola

Normal Colegial e o Colégio

Comercial, passaram a constituir um

único Estabelecimento de Ensino.1

Atualmente funcionam neste

colégio, em prédio localizado à Rua

Izidoro Doim, 485, com boa estrutura física, o Ensino Fundamental de 5ª à 8ª séries, o

Ensino Médio Regular e o Curso de Secretariado Subseqüente.

O Colégio mantém uma média de 1600 matrículas/ano, com sua clientela

distribuída em 16 salas de aula, equipadas com aparelhos do projeto TV Pendrive.

Possui laboratório de informática com disponibilização de recursos mediáticos

como, TV Paulo Freire e Portal Dia-a-dia Educação; laboratório de ciências, biblioteca

ligada à internet, sala de xadrez, quadra de esportes coberta, entre outros espaços

também utilizáveis.

O colégio é formado por um corpo docente capacitado, funcionários

concursados possuem uma gestão democrática e colegiada devidamente constituída.

O corpo discente é formado em sua maior parte por jovens da cidade, filhos de

trabalhadores, em sua maioria operária, granjeiros, pecuaristas e agricultores. Um

grande contingente desses alunos provém da zona rural.

A filosofia da escola é construto-cognitivista2.

- 1 Texto elaborado por professores e cedido pelo Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto 2 Construto-cognitivista – é a aprendizagem como processo de armazenar informações,

condensar os conhecimentos de modo poder manipulá-los e utilizá-los futuramente.

13

Quem fracassou? Quem fracassou? Quem fracassou? Quem fracassou?

Em que fracassou?Em que fracassou?Em que fracassou?Em que fracassou?

Através de dados analisados em 2007, nos relatórios finais do Colégio Estadual

Jorge Queiroz Netto, de Piraí do Sul, surgiu a preocupação com os resultados negativos

que se traduzem em dificuldades na aprendizagem, baixo rendimento, evasão e

reprovação. Esses dados refletem-se, na maioria dos casos, em disciplinas cujo

aprendizado tem suas bases no ensino de Ciências, de 5ª a 8ª séries, ou seja: Física,

Química e Biologia do Ensino Médio. Essa preocupação surgia também,

constantemente, em discussões levadas a efeito nos Conselhos de Classe, no convívio

diário com a comunidade escolar, em boletins de notas dos alunos e confirmou-se no 1º

bimestre de 2008.

Dos dados fornecidos pela Secretaria do Colégio, fizemos as tabulações, que

passamos a representar através de gráficos estatísticos.

MANHA TARDE NOITE

1ª A 45 1ª E 44 1ª G 39

1ª B 45 1ª F 42 1ª H 44

1ª C 43

1ª D 43

TOTAL 176 TOTAL 86 TOTAL 83

Quadro 1

345: TOTAL DE MATRÍCULAS NAS 1ª SÉRIES DO ENSINO MÉDIO

14

Observemos o Gráfico:

Quadro 2: Situação dos alunos matriculados

Quadro 3 : Estatística demonstrativa do quadro 2

SÉRIES EVADIDOS

1ª A 02

1ª B 03

1ª C 01

1ª D -

1ª E 04

1ª F 03

1ª G 17

1ª H 18

TOTAL 48

0

20

40

60

80

100

120

EVADIDOS1ª A 1ª B

Situação dos alunos matriculados – final: 2007

Quadro 3 : Estatística demonstrativa do quadro 2

EVADIDOS REPROVADOS NÃO

CONCLUIRAM

A.P.C.C

07 09 06

04 07 02

06 07 03

10 10 05

08 12 06

06 09 10

11 28 03

10 28 05

62 110

EVADIDOS REPROVADOS NÃO CONCLUIRAM1ª C 1ª D 1ª E 1ª F 1ª G

A.P.C.C

06

02

03

05

06

10

03

05

A.P.C.C1ª G 1ª H TOTAL

15

ReflitaReflitaReflitaReflita............ Dos 345 alunos matriculados nas 1Dos 345 alunos matriculados nas 1Dos 345 alunos matriculados nas 1Dos 345 alunos matriculados nas 1asasasas séries, 110 não séries, 110 não séries, 110 não séries, 110 não

concluíram. Dos 235 que concluíram. Dos 235 que concluíram. Dos 235 que concluíram. Dos 235 que concluíramconcluíramconcluíramconcluíram 40 foram aprovados em 40 foram aprovados em 40 foram aprovados em 40 foram aprovados em

Conselho de Classe. Somente 195 alunos foram aprovados por Conselho de Classe. Somente 195 alunos foram aprovados por Conselho de Classe. Somente 195 alunos foram aprovados por Conselho de Classe. Somente 195 alunos foram aprovados por

média.média.média.média.

Continuamos com o nosso levantamento acerca da situação e apresentamos

dados do número de alunos reprovados nas três disciplinas em questão: Física, Química

e Biologia.

REPROVADOS POR DISCIPLINA/2007

REPROVADOS

SÉRIES FISICA QUIMICA BIOLOGIA

07 1ª A 04 06 02

04 1ª B 04 03 04

06 1ª C 03 06 04

10 1ª D 09 10 08

08 1ª E 08 07 07

06 1ª F 03 06 02

11 1ª G 09 08 08

10 1ª H 04 03 03

DISCIPLINAS

QUE MAIS

REPROVAM

TOTAL 62

REPROVADOS

44 49 38

Quadro 4: alunos reprovados por disciplina em 2007.

16

Quadro 5: estatística demonstrativa do quadro 4.

ReflitaReflitaReflitaReflita............ “A concepção construtivista oferece ao professor “A concepção construtivista oferece ao professor “A concepção construtivista oferece ao professor “A concepção construtivista oferece ao professor um um um um

referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões que referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões que referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões que referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões que

toma no planejamento e no decorrer do ensino toma no planejamento e no decorrer do ensino toma no planejamento e no decorrer do ensino toma no planejamento e no decorrer do ensino –––– por exemplo, delas por exemplo, delas por exemplo, delas por exemplo, delas

são extraídos critérios para comparar materiais didáticos; para são extraídos critérios para comparar materiais didáticos; para são extraídos critérios para comparar materiais didáticos; para são extraídos critérios para comparar materiais didáticos; para

elaborar instrumentos de avaliação coerentes com o que se eelaborar instrumentos de avaliação coerentes com o que se eelaborar instrumentos de avaliação coerentes com o que se eelaborar instrumentos de avaliação coerentes com o que se ensina; para nsina; para nsina; para nsina; para

elaborar unidades didáticas etc.elaborar unidades didáticas etc.elaborar unidades didáticas etc.elaborar unidades didáticas etc.”””” (COLL, C. SOLÉ Isabel, p.25, 1998)

0 20 40 60

TOTAL

1ª H

1ª G

1ª F

1ª E

1ª D

1ª C

1ª B

1ª A

17

0102030405060708090

100

MANHÃ TARDE

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

MANHÃ TARDE

Na coleta de dados referente ao

evidenciamos um total de 335 alunos matriculados, nas 1

assim elencados:

Observemos: gráfico dem

Química e Biologia.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

MANHÃ TARDE

TARDE NOITE TOTAL

SEM MÉDIA –FÍSICA

TOTAL DOS 335 MATRICULADOS

TARDE NOITE TOTAL

SEM MÉDIA –QUÍMICA

TOTAL DOS 335 MATRICULADOS

Na coleta de dados referente ao 1111oooo do do do do bimestre do ano de 2008bimestre do ano de 2008bimestre do ano de 2008bimestre do ano de 2008

evidenciamos um total de 335 alunos matriculados, nas 1as séries do Ensino

178 no turno da manhã

78 no turno da tarde

79 no turno da noite

gráfico demonstrativo de alunos sem média nas disciplinas de

TARDE NOITE TOTAL

SEM MÉDIA –BIOLOGIA

TOTAL DOS 335 MATRICULADOS

TOTAL DOS 335 MATRICULADOS

TOTAL DOS 335 MATRICULADOS

bimestre do ano de 2008bimestre do ano de 2008bimestre do ano de 2008bimestre do ano de 2008,

séries do Ensino Médio,

nas disciplinas de Física,

MATRICULADOS

18

Constatações:Constatações:Constatações:Constatações: Dos 335 alunos matriculados em 2008, 92 não Dos 335 alunos matriculados em 2008, 92 não Dos 335 alunos matriculados em 2008, 92 não Dos 335 alunos matriculados em 2008, 92 não

atingiram atingiram atingiram atingiram média em Física, 81 em Qumédia em Física, 81 em Qumédia em Física, 81 em Qumédia em Física, 81 em Química e 146 em Biologia.ímica e 146 em Biologia.ímica e 146 em Biologia.ímica e 146 em Biologia.

ReReReReflita... flita... flita... flita... PrecisaPrecisaPrecisaPrecisa----se romper com a cultura da exclusão e da se romper com a cultura da exclusão e da se romper com a cultura da exclusão e da se romper com a cultura da exclusão e da

seletividade, evoluir para abordagens de ensino mais compatíveis seletividade, evoluir para abordagens de ensino mais compatíveis seletividade, evoluir para abordagens de ensino mais compatíveis seletividade, evoluir para abordagens de ensino mais compatíveis

com as necessidades do aluno, construindo assim, uma escola com as necessidades do aluno, construindo assim, uma escola com as necessidades do aluno, construindo assim, uma escola com as necessidades do aluno, construindo assim, uma escola

democrática que, não só ofereça o acesso, mas a permanência do democrática que, não só ofereça o acesso, mas a permanência do democrática que, não só ofereça o acesso, mas a permanência do democrática que, não só ofereça o acesso, mas a permanência do

aluno comprometida com a transformação social.aluno comprometida com a transformação social.aluno comprometida com a transformação social.aluno comprometida com a transformação social.

19

O que está havendo?O que está havendo?O que está havendo?O que está havendo?

“A introdução do satélite e do computador

veio encontrar a maioria das escolas em plena

era pré- Gutenberg”. ((((LIMA. L. de O, 1985.)

Para que direcionar o Ensino de Ciências, no Curso

Fundamental, para uma Aprendizagem Significativa de

superação do fracasso escolar?

Os conteúdos da disciplina de Ciências não

vêm sendo articulados de maneira a formatar os

saberes da escola, legitimando-os. O estudo da

disciplina tem sido tratado num universo amplo,

estático, cristalizado do universo sócio-cultural do

aluno.

O professor por falta de tempo disponível

para as aulas, por comodismo, ou falta de

autoconfiança, preparo, não cria; se posta a utilizar-se

de materiais elaborados por autores que se presumem

bons. Através desses materiais, o professor abre mão

de sua autonomia e liberdade, transformando-se em

mero técnico, quando poderia usar da internet,bits didáticos, revistas e vários outros

materiais de seu conhecimento e de seus alunos.

“Freqüentemente, ao trabalhar conteúdos, os educadores deparam“Freqüentemente, ao trabalhar conteúdos, os educadores deparam“Freqüentemente, ao trabalhar conteúdos, os educadores deparam“Freqüentemente, ao trabalhar conteúdos, os educadores deparam----se com se com se com se com

frágeis instrumentos de trabalho que podem gerar dependência ao uso do frágeis instrumentos de trabalho que podem gerar dependência ao uso do frágeis instrumentos de trabalho que podem gerar dependência ao uso do frágeis instrumentos de trabalho que podem gerar dependência ao uso do

livro didático”. Krasilchiklivro didático”. Krasilchiklivro didático”. Krasilchiklivro didático”. Krasilchik (p. 184, 2004).(p. 184, 2004).(p. 184, 2004).(p. 184, 2004).

20

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no 9394/96, clarifica a

importância de se conduzir o aluno a uma interação com a ciência e a tecnologia, que

lhe oportunize um conhecimento dentro de seu cotidiano sócio-cultural. O aluno tem

direito a um saber científico, não somente dos conteúdos sistematizados através de

programas de ensino, livros didáticos, preferência do professor por este ou aquele

conteúdo, esta ou aquela prática, mas um saber que lhe oportunize opinar,

problematizar, agir, interagir, entendendo que o conhecimento adquirido não é

definitivo, absoluto.

ReflitaReflitaReflitaReflita... ... ... ... A Educação de Ciências tem, ao longo dos anos, passado A Educação de Ciências tem, ao longo dos anos, passado A Educação de Ciências tem, ao longo dos anos, passado A Educação de Ciências tem, ao longo dos anos, passado

por desafios tais como, descobertas científicas, avanços por desafios tais como, descobertas científicas, avanços por desafios tais como, descobertas científicas, avanços por desafios tais como, descobertas científicas, avanços

tecnológicos com os quais o aluno tem contato no seu cotidiano.tecnológicos com os quais o aluno tem contato no seu cotidiano.tecnológicos com os quais o aluno tem contato no seu cotidiano.tecnológicos com os quais o aluno tem contato no seu cotidiano.

Precisa-se entender a dialética do desenvolvimento científico-tecnológico,

como resultante dos fatores infundidos pela sociedade cultural, política, econômica,

ambiental e que se manifestam na relação do homem consigo e com seus pares.

Diante da problemática, verifica-se a necessidade de se buscar soluções a fim

de evitar-se o fracasso escolar e as evasões crescentes, provenientes do desânimo nas

dificuldades encontradas pelos alunos, na apreensão dos conteúdos de Física, Química e

Biologia, nas 1 as séries do Ensino Médio.

Salienta-se a importância do enfoque das práticas de Ciências, do ensino

Fundamental, diante dos questionamentos críticos, relatórios e análises sobre a

contextualização dos conteúdos da disciplina e sua importância para o Ensino Médio.

“Um dia passaremos nossa vida toda na escola; um dia passaremos nossa “Um dia passaremos nossa vida toda na escola; um dia passaremos nossa “Um dia passaremos nossa vida toda na escola; um dia passaremos nossa “Um dia passaremos nossa vida toda na escola; um dia passaremos nossa

vida toda em contato com o mundo, sem que nada dele nos separe”. vida toda em contato com o mundo, sem que nada dele nos separe”. vida toda em contato com o mundo, sem que nada dele nos separe”. vida toda em contato com o mundo, sem que nada dele nos separe”. L de

O.. p.59, 1985.

21

Ciências: como tem sido seu ensino no Brasil?Ciências: como tem sido seu ensino no Brasil?Ciências: como tem sido seu ensino no Brasil?Ciências: como tem sido seu ensino no Brasil?

. Como eu tenho ensinado?. Como eu tenho ensinado?. Como eu tenho ensinado?. Como eu tenho ensinado?

O ensino, em Ciências, esteve sempre ligado ao desenvolvimento científico do

país e do mundo. Assim sendo, as reforma do ensino devem acompanhar as orientações

da construção científica nesses dois

patamares bem como as pesquisas e

necessidades tecnológicas. Países como

Inglaterra, Alemanha, França, Itália,

definiram sempre suas prioridades e, o que

e como se deve ensinar Ciências, isto desde

o século XVIII.

No Brasil, não possuímos a

tradição científica, bem como nos demais

países colonizados. A educação no país,

durante a colonização e o império, teve por característica, uma formação

“bacharelesca”, que eliminava o conhecimento em Ciências Naturais.

Podemos contemplar com o Ensino de Ciências, no Brasil, somente a partir

do século XX e com maior importância após a metade do mesmo. Os pesquisadores

brasileiros obtinham sua formação científica, em escolas do estrangeiro, através de

recursos de instituições para a pesquisa.

O ensino de Ciências só chega à escola em função das necessidades

provenientes do processo de industrialização, pela utilização de tecnologias nos meios

de produção, para além da formação de técnicos formados em escolas profissionais.

22

Em 1920, a economia do país tinha um modelo agrário-exportador, que

provocou uma crescente urbanização. Porém, é a partir de 1950 que o país volta-se para

um modelo desenvolvimentista, baseado na industrialização.

A partir dos anos 70 é que se dá o novo modelo, chamado de “milagre”

econômico.

Assim, o Brasil passou pelos períodos compreendidos entre o início do

século XX até 1950, daí, de 1970 até os dias de hoje.

Do começo do século XX até 1950, o Ensino de Ciências é desenvolvido

dentro de um modelo tradicional, em que o professor explica o conteúdo, reforçando as

características positivas, através da verbalização, aulas teóricas, com base em livros

didáticos europeus e em relatos de experiências contidas nesses livros.

A partir de 1950, com a expansão da rede pública, surgem novas tendências

ditadas pela crise do modelo político-econômico em mudança e através de influências,

principalmente dos Estados Unidos, através de sua reformulação de ensino, cujo reflexo

maior foram os “projetos de Ciências” de 1ª a 8ª séries e também de 2ª Grau, nas áreas

de Física, Química, Biologia e Geociências.

Esses projetos de ensino refletiam-se em produção de textos, materiais

experimentais e formação de professores e a valorização dos conteúdos. Tais projetos, a

partir de 1960, começaram a ser produzidos, no Brasil, até 1970.

Nesse período, o ensino de Ciências passou por três tendências:

Tecnicista: uso da instrução programada, ensino por módulos, análise de tarefas, auto-

instrução, originadas por uma psicologia experimental, com ênfase à avaliação,

aplicação de testes com vistas a mudança de comportamento.

Escola-novista: valorização das atividades experimentais, através do “método

científico” e abordagem “psicológica dos conteúdos, com ênfase ao método da

redescoberta.

De ciências integradas: integração entre as Ciências Naturais e Sociais, chegando quase

ao esvaziamento dos conteúdos pela crença de que o professor de Ciências precisaria

saber usar os materiais instrucionais, não necessitando de conhecimentos profundos do

conteúdo.

Essas tendências atingiram sobremaneira, professores e livros didáticos

comercialmente produzidos e que até pouco tempo constituíam-se em instrumento

básico do professor.

23

A partir de meados de 1970, sobreveio a preocupação com o

desenvolvimento histórico do conhecimento científico, suas implicações e impactos

sociais com relação ao meio ambiente e ao homem. Isso ocorreu porque as crises

ambientais, o aumento da poluição, a crise energética e a efervescência social,

manifestada em movimentos de estudantes, lutas raciais, determinariam transformações

nas propostas das disciplinas científicas em todos os níveis de ensino (Krasilchik, 2000,

p. 89).

O ensino então se voltou para a preocupação com o viver melhor, através da

análise das implicações científicas.

Houve a preocupação com o espaço para aproximação entre ciências e

sociedade com a inclusão da investigação científica a aspectos políticos, econômicos e

culturais, a valorização de conteúdos científicos com a finalidade de identificar

problemas e propor soluções, conteúdos esses, próximos ao cotidiano.

Assim, no final da década de 80 e início de 90, surgiu, no Paraná, o

Currículo Básico de 1ª Grau, sob a égide da pedagogia histórico-critíca, que analisava as

relações entre a escola, trabalho e cidadania.

O Currículo Básico foi desvalorizado com a promulgação da LDB 9394/96,

quando então surgiram os PCNs ( Parâmetros Curriculares Nacionais ) que englobam

conteúdos mais tradicionais. Considerava ainda que, tudo que se ensinasse na escola

poderia ser entendido como currículo escolar.

Surgiu a valorização de temas como, a questão do lixo, drogas, da

sexualidade, do meio ambiente e outros sem que, no entanto, os conteúdos científicos

que fundamentam esses temas, fossem enfatizados.

Assim, a partir de 2003, com a mudança no cenário político nacional e

estadual, o Paraná, com a intervenção dos profissionais da educação, produziu as novas

Diretrizes Curriculares para a Educação.

Assim, definiram-se novos rumos a serem tomados, também na disciplina de

Ciências; nova fundamentação teórico-metodológica, novos conceitos, novo enfoque

científico, com vistas à aprendizagem mais significativa; através de conteúdos

estruturantes, numa abordagem de ensino construto-cognitivista.

24

Para relembrar:Para relembrar:Para relembrar:Para relembrar: O ensino de Ciências no Brasil.

PERIODO CONTEXTO

HISTÓRICO

METODOLOGIAS AO ALUNO

1932 Manifesto dos Pioneiros

da Educação Nova

Substituição dos

métodos tradicionais

por uma metodologia

ativa

Aulas práticas

Anos 50 e 60 2ª Guerra Mundial Currículos afetados pela

industrialização e

desenvolvimento

tecnológico e científico

Aulas teóricas

Livros didáticos

europeus com relato de

experiências

Anos 60 e 70 Corrida

desenvolvimentista

(avanços: econômico,

político, cultural e

tecnológico)

Projetos – ênfase ao

método científico

Elaboração de

hipóteses, realização de

experimentos

(aprendizagem por

redescoberta)

Anos 70 e 80 Crise energética –

problemas sociais –

desenvolvimento

industrial desenfreado

Lei 5692/71

Interesse pela educação

ambiental e formação

do trabalhador

Desenvolvimento da

capacidade de pensar

lógica e criticamente

sobre implicações

sociais

Anos 80 a 90 Início do

Neoliberalismo

Atendimento às

necessidades do

mercado

Formação tecnicista

Saber fazer

Conhecimento prático

Anos 90 a 2003 Supremacia do Projeto

Neoliberal a nível

global

Currículo Básico

Parâmetros Curriculares

Valorização do sujeito

interpretativo

Pedagogia histórica-

crítica

Conteúdos flexíveis

Aprendizagem por

mudança conceitual

Avaliação-Saeb

Após 2003 Diretrizes Curriculares

Nacionais

Enfoque científico

Abordagem

Construtivista

Aprendizagem

Significativa

Conhecimento

cognitivo

25

Abordagens:Abordagens:Abordagens:Abordagens: O que ditam?

Diante da problemática levantada, faz-se necessário um repasse sobre as

abordagens de ensino e suas tendências no Brasil, para entender as implicações

decorrentes para a prática pedagógica do professor.

O ensino na abordagem tradicional

defendido por Snyders (1974) tem a pretensão

de levar o aluno ao contacto com as obras

primas da literatura e da arte, aquisições

cientificas, com ênfase em todos os campos do

saber. Valoriza o especialista, os modelos e o

professor.

O aluno é considerado um “adulto

em miniatura” enquanto que o adulto é

considerado “pronto”.

O ensino é centrado no professor e

voltado ao programa, à disciplina; o aluno

apenas executa.

Saviani (1980) sugere que o papel do professor se caracteriza pela garantia que

o conhecimento seja conseguido e isso independentemente do interesse e da vontade do

aluno, o qual por si só, talvez, nem pudesse manifestá-lo espontaneamente e, sem o

qual, suas oportunidades de participação social estariam reduzidas.

Nesta tendência o homem é um ser passivo, detém as informações necessárias,

podendo repeti-las aos outros e pode ser eficiente profissionalmente de posse dessas

informações e conteúdos.

A educação é formal e pode ser adquirida ainda, na igreja ou no trabalho. O

mundo é externo e o homem irá adquirindo aos poucos os conhecimentos na medida em

que tem contacto com o modelo, idéias, aquisições científicas e tecnológicas,

26

demonstrações e teorias, as quais contribuirão para maior compreensão e domínio de

tudo o que o cerca.

Esse tipo de ensino, que visa a perpetuação destina-se aos vários tipos de

sociedade; os programas refletem níveis culturais adquiridos na trajetória formal; a

avaliação tem caráter reprovatório; o diploma é instrumento de hierarquização e

determina a função social (MIZUKAMI, 1986).

Para Paulo Freire (1975), esta é uma educação que se caracteriza por

“depositar”, no aluno conhecimento, informações, dados, fatos, etc., conhecida como

educação bancária. O aluno que está “adquirindo” conhecimentos deve memorizar

definições, enunciados de leis, sínteses, resumos, nesse processo de educação formal,

aplicada sempre a situações idênticas ao que adquiriu, sem preocupação com o

pensamento reflexivo.

Nessa tendência, o professor mantém o poder decisório sobre todas as formas

de ensino pré-definidas e ao aluno cabe a repetição automática de dados. O professor é o

mediador entre o aluno e o modelo cultural, sem constituição de grupos e sem interação.

A metodologia é fundamentada em aulas expositivas e demonstrações do

professor numa forma constante do professor “tomar a lição”, e o aluno “dar a lição”;

professor agente, aluno ouvinte. (MIZUKAMI, 1986).

Também o ensino intuitivo, sucessor do ensino verbalista, caracterizado através

do método “maiêutico” tem por base a direção do professor que, através de perguntas

aos alunos, é entendido como provocador de pesquisa pessoal do aluno e encontra-se até

hoje em sala de aula.

A avaliação é feita através de provas, exames, que visam a exatidão do que foi

dado em sala de aula.

O ensino sobre a abordagem comportamentalista caracteriza-se pelo

empirismo, considerando que o conhecimento é resultado da experiência sobre o que já

existia na realidade exterior, ou seja, da experimentação planejada.

Conforme Mizukami, para os positivistas, o conhecimento consiste na forma de

se ordenar as experiências e os evento do universo, colocando-os em códigos

simbólicos; para os comportamentalistas, a ciência consiste numa tentativa de descobrir

a ordem na natureza e nos eventos.

Segundo Skinner, cada parte do comportamento é uma “função” de alguma

condição que é descritível em termos físicos, da mesma forma que o comportamento.

27

O comportamento humano é modelado e reforçado através de análises dos

processos que estabelecem modelos de instrução.

Os conteúdos visam habilidades e objetivos que levem a competência.

Ao aluno cabe receber informações e reflexões. Além da aplicação do

conhecimento cientifico na prática pedagógica, o ensino existe em função de uma

tecnologia; envolve uma série de técnicas aplicadas em sala de aula.

A concepção skineriana, identifica numa educação pedagógica, tecnologias e

métodos, cujos princípios utilizados nessa abordagem provêm da análise experimental

do comportamento. Isso gerou uma infinidade de pesquisas básicas e aplicadas.

O ver e o escutar do aluno, na abordagem tradicional é substituído pelo

direcionamento do ensino mais eficiente fornecido pela programação.

Já, a abordagem humanista, enfatiza o sujeito, o subjetivo, o vir a ser

contínuo, a auto-realização. Os conteúdos não são tidos como tão importantes e sim a

interação estabelecida entre os indivíduos envolvidos na aprendizagem do mesmo.

Existe um controle sobre o comportamento humano, uma perda individual da

personalidade. Não existe uma preocupação com operacionalização de termos e para

Rogers, a preocupação não consiste em se importar tanto com a educação e sim com a

terapia.

A abordagem cognitiva dá ênfase aos processos cognitivos e a investigação

científica, onde as emoções são consideradas em suas articulações com o conhecimento.

O termo cognitivista refere-se a organização do conhecimento, estilos de

pensamento ou estilos cognitivos, processamentos de informações, comportamentos

ligados à tomada de decisões, etc.

Dentro dessa abordagem, é importante a forma pela qual as pessoas, organizam

dados, sentem os problemas e os resolvem, adquirirem conceitos e usam símbolos

verbais, ao lidar com os estímulos ambientais. O aluno, no caso, integra a informação e

a processa, dentro de um comportamento interacionista.

Um dos representantes dessa teoria é Jean Piaget com a noção de

desenvolvimento do ser humano por fases que se inter-relacionam e se sucedem até que

se atinjam estágios da inteligência caracterizados. Mizukami (1986). Para Piaget, o

mundo deve ser reinventado pela criança, num processo de desenvolvimento e aquisição

de conhecimento, onde através do pensamento operacional se distinguem a indução

28

(descobertas de leis, regularidades, aquisições) e dedução (elaboração, criação ou

invenção que reportam à compreensão da realidade).

O objetivo, dentro dessa abordagem é que o aluno aprenda por si próprio a

conquistar as verdades, mesmo que seja através de diversos meios em atividades reais.

A educação deverá visar à autonomia do aluno através de atividades em grupo que

favoreça a integração dos componentes das mais diversas realidades, num trabalho sem

coação por parte do professor, mas estímulos às estratégias de compreensão dessas

realidades.

O ensino de forma a desenvolver a inteligência deverá dar prioridade às

atividades do aluno, considerando-o dentro de uma situação social, comportando

possibilidades de novas indagações, assimilando o objeto a esquemas mentais. O ensino

piagetiano baseia-se no ensaio e no erro, na investigação e na pesquisa, em que o aluno

deverá solucionar problema e não na aprendizagem de definições, fórmulas e

nomenclaturas. O conhecimento será subtraído da descoberta através do exercício

operacional da inteligência.

Cabe ao professor propor problemas sem ensinar soluções; propor desafios,

provocar desequilíbrios. Seu papel é de investigador, orientador, pesquisador,

coordenador e o aluno de sujeito independente, no trabalho, observando,

experimentando, relacionando, comparando, compondo, justapondo, estabelecendo

hipóteses, argumentando, etc.

Conforme a teoria piagetiana, ”a inteligência se constrói a partir da troca do

organismo com o meio, por meio das ações do indivíduo’’(Mizukami, p.78). Não tem

sentido, dentro dessa teoria, a aplicação de provas, testes, aferição de notas, etc. Pode-se

verificar aproveitamentos através de reproduções livres, com expressões próprias,

explicações práticas, causais etc, de forma qualificativa. Não deve haver pressão para

um desempenho acadêmico, durante o desenvolvimento cognitivo.

Na abordagem sócio-cultural se enfatiza aspectos sócio-político-culturais e

seu maior representante é Paulo Freire em sua preocupação com a cultura popular onde

toda a ação educativa deverá promover o homem e não ser ajuste desta sociedade, com

o poder de ajustar-se, escolher e decidir, libertando-se então. A libertação não chegará

senão pela práxis de sua busca.

A pedagogia do oprimido deve fazer da opressão e de suas causas o objeto de

sua reflexão, vindo daí, o espírito de luta do homem pela sua libertação.

29

A educação, para Freire, entende-se como problematizadora, pois deverá ajudar

na relação opressor-oprimido, contrapondo-se à educação bancária, objetivando um

crescimento da consciência crítica, e a liberdade como meio de superar as contradições

desse tipo de educação. Professor e aluno, dentro de uma dialogicidade, crescem juntos,

porque “... ninguém educa ninguém, ninguém se educa; os homens se educam entre si,

mediatizados pelo mundo.” (Freire, 1975,p.63)

O professor deverá estar engajado numa prática transformadora,

desmistificando questionando a cultura dominante, valorizando a cultura e a linguagem

do aluno, dando condições para ele analise seu contexto e produza cultura, percebendo

as contradições da sociedade e seus grupos. Os alunos participarão no processo, junto ao

seu professor.

O conteúdo programático será buscado a partir da consciência que se tenha de

realidade. Dentro da educação libertadora de Paulo Freire, o processamento da

prática se dá através de temas geradores numa metodologia que não pode contradizer a

dialogicidade da educação libertadora.

A avaliação consiste na auto-avaliação permanente por parte de professores e

alunos na avaliação mútua. Rejeita processos que envolvem notas, exames etc.

Outra abordagem que visa discutir os aspectos sócio-culturais e políticos da educação,

que estão ausentes nessa abordagem, é o da tendência sócio-histórica, principalmente

desenvolvida por Saviani, na qual a escola tem o papel fundamental de socializar os

conhecimentos produzidos pela humanidade; o aluno e o professor passam a ser agentes

ativos das transformações que o contexto social coloca. O conhecimento passa a ter uma

intencionalidade política, uma vez que ele é carregado de propósitos sociais, pensados

como produtos das classes sociais.

Todavia, para este autor, a escola não vem desempenhando o papel que a

sociedade lhe atribui, por isto o professor deve ter sempre uma postura crítica em

relação à teoria que envolve as práticas pedagógicas.

Professores, em seu cotidiano, dentro do ambiente de aprendizagem do aluno,

podem perpassar por diversas abordagens de ensino, conforme o contexto presente em

suas aulas. O que não se admite é que, de forma alguma, o professor se mantenha dentro

de uma linha teórica, quando a aprendizagem de seus alunos desanda para um baixo

rendimento que implicará num fracasso escolar.

30

Na tentativa de chegarmos a um resultado mais satisfatório quanto ao

rendimento de nossos alunos e com vistas ao combate à evasão e a repetência é que

pensamos em analisar com professores essas teorias, para que os mesmos entendam

porque defendemos o ensino de Ciências numa abordagem construto-cognitivista.

31

ESCRITAESCRITAESCRITAESCRITA DEDEDEDE UMA NOVA HISTÓRIAUMA NOVA HISTÓRIAUMA NOVA HISTÓRIAUMA NOVA HISTÓRIA

A postura do professorA postura do professorA postura do professorA postura do professor

Pelo encaminhamento até então proposto, pode-se pensar num processo ensino-

aprendizagem, comprometido com a possibilidade de recuperar no aluno, o espírito

crítico, investigador, interessado em adquirir conhecimentos que favoreçam a

aprendizagem.

LembreLembreLembreLembre----se:se:se:se: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação/96, já dita “a A Lei de Diretrizes e Bases da Educação/96, já dita “a A Lei de Diretrizes e Bases da Educação/96, já dita “a A Lei de Diretrizes e Bases da Educação/96, já dita “a

necessidade de um pluralismo metodológico que connecessidade de um pluralismo metodológico que connecessidade de um pluralismo metodológico que connecessidade de um pluralismo metodológico que considere a diversidade sidere a diversidade sidere a diversidade sidere a diversidade

dos recursos pedagógicodos recursos pedagógicodos recursos pedagógicodos recursos pedagógico----tecnológicos disponíveis e atecnológicos disponíveis e atecnológicos disponíveis e atecnológicos disponíveis e a amplitude de amplitude de amplitude de amplitude de

conhecimentos a serem abordados na escola”. conhecimentos a serem abordados na escola”. conhecimentos a serem abordados na escola”. conhecimentos a serem abordados na escola”. Enfoca também o tema, Enfoca também o tema, Enfoca também o tema, Enfoca também o tema,

quando trata da contextualização dos conteúdos, a qual implica em quando trata da contextualização dos conteúdos, a qual implica em quando trata da contextualização dos conteúdos, a qual implica em quando trata da contextualização dos conteúdos, a qual implica em

saber como acontecem as relações concsaber como acontecem as relações concsaber como acontecem as relações concsaber como acontecem as relações conceituais interdisciplinares e as eituais interdisciplinares e as eituais interdisciplinares e as eituais interdisciplinares e as

associadas à produção de conhecimento.associadas à produção de conhecimento.associadas à produção de conhecimento.associadas à produção de conhecimento.

32

É preciso que o profissional que orienta os conteúdos de Ciências, conduza os

mesmos de forma reflexiva, de modo a estudar a ação sobre a natureza, tornando

possível a legitimação do estudo, de forma que se chegue à contextualização sobre os

conhecimentos e as necessidades sociais.

É preciso que o professor questione-se sobre o conteúdo científico

convencional, teórico e as práticas resultantes do interesse advindo do meio social, entre

”os que pensam e os que executam”.

O professor deve promover uma democratização do conhecimento, de modo

que este não se perca, mas se funda criticamente na atividade produtiva da sociedade em

que vivemos.

É preciso que ele conduza seu aluno ao entendimento de que ele é um

indivíduo que está sujeito a mudanças éticas, culturais, ambientais; que necessita refletir

sobre a natureza social, econômica ou política, ocasionadas por estas mudanças.

ReflitaReflitaReflitaReflita............ A concepção construtivista oferece ao professor um A concepção construtivista oferece ao professor um A concepção construtivista oferece ao professor um A concepção construtivista oferece ao professor um

referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões

que toma no planejamento e no decorrer do ensino que toma no planejamento e no decorrer do ensino que toma no planejamento e no decorrer do ensino que toma no planejamento e no decorrer do ensino ---- por por por por

exemplo, dela são extraídas critérios para comparar materiais exemplo, dela são extraídas critérios para comparar materiais exemplo, dela são extraídas critérios para comparar materiais exemplo, dela são extraídas critérios para comparar materiais

didáticos; para elaborar insdidáticos; para elaborar insdidáticos; para elaborar insdidáticos; para elaborar instrumentos de avaliação coerentes com o que trumentos de avaliação coerentes com o que trumentos de avaliação coerentes com o que trumentos de avaliação coerentes com o que

se ensina; para elaborar unidades didáticas etc. se ensina; para elaborar unidades didáticas etc. se ensina; para elaborar unidades didáticas etc. se ensina; para elaborar unidades didáticas etc. (COLL, C. Solé Isabel, p.25,

1998)

Cabe ao professor ser um articulador entre o conhecimento sistematizado,

ditado pelo plano curricular que se pretende e as práticas, ou seja, que o aluno participe

de situações-problema, que exijam reflexão e ação dentro do seu contexto social e o seu

grau de estudos.

O professor precisa fortalecer a interação entre o aluno e a cultura na qual

está inserido, orientando-o na busca de significados contidos nas práticas sugeridas nos

conteúdos e sua aplicabilidade.

33

ReflitaReflitaReflitaReflita... ... ... ... Segundo Ausubel (1968,p.37Segundo Ausubel (1968,p.37Segundo Ausubel (1968,p.37Segundo Ausubel (1968,p.37----41), a essência do processo 41), a essência do processo 41), a essência do processo 41), a essência do processo

de aprendizagem significativa está em que idéias simbólicas de aprendizagem significativa está em que idéias simbólicas de aprendizagem significativa está em que idéias simbólicas de aprendizagem significativa está em que idéias simbólicas

expressas sejam relacionadas de expressas sejam relacionadas de expressas sejam relacionadas de expressas sejam relacionadas de maneira nãomaneira nãomaneira nãomaneira não----arbitrária e arbitrária e arbitrária e arbitrária e

substantiva (nãosubstantiva (nãosubstantiva (nãosubstantiva (não----literal) ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum literal) ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum literal) ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum literal) ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum

aspecto relevante da sua estrutura de conhecimento (i.e, subsunçor que aspecto relevante da sua estrutura de conhecimento (i.e, subsunçor que aspecto relevante da sua estrutura de conhecimento (i.e, subsunçor que aspecto relevante da sua estrutura de conhecimento (i.e, subsunçor que

pode ser, por exemplo, algum símbolo, conceito ou proposição já pode ser, por exemplo, algum símbolo, conceito ou proposição já pode ser, por exemplo, algum símbolo, conceito ou proposição já pode ser, por exemplo, algum símbolo, conceito ou proposição já

significativo).significativo).significativo).significativo). (apud MOREIRA, M. A. 1982, p. 15)

É preciso que o professor fortaleça a postura investigativa do aluno, no

âmbito de seu cotidiano.

O professor precisa entender-se e valorizar-se como o grande responsável

pela mobilização do saber de seus alunos e pelo desenvolvimento do processo de

construção desses saberes procurando buscar junto aos mesmos, elementos de seus

cotidianos; conhecimentos afetivos, cognitivos, sociais e culturais, bem como, do senso

comum, sem, no entanto desvirtuar-se do saber escolar. “Isso implica dizer que a

postura científica não ocorre somente na escola, mas, também, extramuros”. (Ozório,

2002).

Nessa escola, o professor não é mais detentor de todo o conhecimento, e sim

um mediador nos processos de formação do desenvolvimento dos saberes cognitivos

dos estudantes, com a incumbência de contextualizar, legitimar os conteúdos. O

professor, ao utilizar-se desse processo, obtém resultados mais reais, possibilitando ao

aluno trazer do seu cotidiano, elementos ricos de significados e identidade, onde o

mesmo tendo acesso a um conhecimento aberto à diversidade de suas competências

afetivas, cognitivas, sociais, ampliará seu saber escolar e poderá interagir como co-autor

de uma prática educativa mais consistente.

34

CONSTRUTIVISMOCONSTRUTIVISMOCONSTRUTIVISMOCONSTRUTIVISMO

Ensinar não é transmitir informação, nem

recitar conteúdos. Ensinar tampouco é

mostrar-se conhecedor, permanecendo

exibicionalisticamente alheio ao aprender

[...], [é possibilitar espaços de significações.

Promover perguntas e possibilitar

identificações, investir o outro de caráter de

sujeito pensante. (Acácia Fernández, 2001).

É imprescindível que todo o professor, no atual momento educacional, reflita

sobre a Concepção Construtivista. Teorias são indispensáveis à educação como

referencial para estabelecer metas, planejar o trabalho e seu desenvolvimento,

contextualizar, alterar, decidir sobre a atuação. Precisa-se analisar, avaliar, programar a

forma como o aluno aprende, quando aprende, porque aprende, para que aprende e a

forma como a escola contribui na construção de seu conhecimento. A teoria aplicada

deverá dar respostas aos questionamentos, não ignorando a função social e socializadora

da educação escolar e a responsabilidade de cumprir os objetivos da instituição a qual se

pertence, oferecendo uma educação de qualidade, capaz de atender à diversidade de sua

clientela de forma que, cada aluno tenha o currículo próprio para seu progresso.

A concepção construtivista engloba postulados em torno do ensino como um

processo conjunto em que, com a ajuda dos professores, o aluno vai tornando-se

autônomo progressivamente na resolução de tarefas, aplicação de conceitos na prática

de seu cotidiano.

35

Para refletir:Para refletir:Para refletir:Para refletir: “A concepção construtivista da aprendizagem “A concepção construtivista da aprendizagem “A concepção construtivista da aprendizagem “A concepção construtivista da aprendizagem

e do ensino parte do fato óbvio de que a escola torna acessíveis aos e do ensino parte do fato óbvio de que a escola torna acessíveis aos e do ensino parte do fato óbvio de que a escola torna acessíveis aos e do ensino parte do fato óbvio de que a escola torna acessíveis aos

seus alunos aspectos da cultura que são fundamentais para seu seus alunos aspectos da cultura que são fundamentais para seu seus alunos aspectos da cultura que são fundamentais para seu seus alunos aspectos da cultura que são fundamentais para seu

desenvolvimento pessoal, e não só no âmbito cognitivo; a educação desenvolvimento pessoal, e não só no âmbito cognitivo; a educação desenvolvimento pessoal, e não só no âmbito cognitivo; a educação desenvolvimento pessoal, e não só no âmbito cognitivo; a educação

é motor para o é motor para o é motor para o é motor para o desenvolvimento considerado globalmente, e isso também desenvolvimento considerado globalmente, e isso também desenvolvimento considerado globalmente, e isso também desenvolvimento considerado globalmente, e isso também

supõe incluir as capacidades e equilíbrio pessoal, de inserção social, de supõe incluir as capacidades e equilíbrio pessoal, de inserção social, de supõe incluir as capacidades e equilíbrio pessoal, de inserção social, de supõe incluir as capacidades e equilíbrio pessoal, de inserção social, de

relação interpessoal e motora”. relação interpessoal e motora”. relação interpessoal e motora”. relação interpessoal e motora”. SOLÉ, Isabel; COLL, Cesar. (1998, p.19).

O aluno com essa ajuda do professor vai construindo aprendizagens mais ou

menos significativas e vai se apropriando dos saberes. Essa ajuda oferece a autonomia e

a orientação que possibilita ao aluno a construção de significados. Os aspectos

motivacionais, afetivo-relacionais que se criam, fazem com que resultados sejam

obtidos no processo de ensino.

Para refletir:Para refletir:Para refletir:Para refletir: ...”em uma lógica construtivista, é a pessoa ...”em uma lógica construtivista, é a pessoa ...”em uma lógica construtivista, é a pessoa ...”em uma lógica construtivista, é a pessoa

considerada globalmente, que aprende, e esse aprendizado também considerada globalmente, que aprende, e esse aprendizado também considerada globalmente, que aprende, e esse aprendizado também considerada globalmente, que aprende, e esse aprendizado também

repercute globalmente na pessoa, naquilo que sabe e em sua forma repercute globalmente na pessoa, naquilo que sabe e em sua forma repercute globalmente na pessoa, naquilo que sabe e em sua forma repercute globalmente na pessoa, naquilo que sabe e em sua forma

de verde verde verde ver----se e de relacionarse e de relacionarse e de relacionarse e de relacionar----se com os demais”. se com os demais”. se com os demais”. se com os demais”. SOLÉ, Isabel; COLL, Cesar.

(1998.p.23).

Grande parte do efetivo aprendizado é construída através da participação global

e ativa do aluno, dos seus conhecimentos prévios e da sua disponibilidade para

aprender, numa mediação interativa com o professor e a cultura configurada no

currículo escolar.

Uma atividade mental construtivista, não se realiza no vazio, ela necessita de

um novo significado para aprender um novo conteúdo. Para efetuarmos um novo

conhecimento precisamos partir de algo que já conhecemos e que nos remeterá a um

36

primeiro significado e sentido para o que vamos aprender. Esses conhecimentos prévios

fundamentam a construção de novos significados. Quanto mais significações forem

estabelecidas entre o que já se conhece e o novo conhecimento, tanto maior e mais

significativa será a aprendizagem e, a memorização não será mecânica, mas

compreensiva.

Para refletir:Para refletir:Para refletir:Para refletir: Um esquema de conhecimento é definido como “a Um esquema de conhecimento é definido como “a Um esquema de conhecimento é definido como “a Um esquema de conhecimento é definido como “a

representação que uma pessoa possui em um determinado momento representação que uma pessoa possui em um determinado momento representação que uma pessoa possui em um determinado momento representação que uma pessoa possui em um determinado momento

de sua história sobre uma parcela de sua realidade”. de sua história sobre uma parcela de sua realidade”. de sua história sobre uma parcela de sua realidade”. de sua história sobre uma parcela de sua realidade”. COLL,(1983)

São aspectos da realidade dos alunos, com os quais tiveram contato durante os

anos de sua existência, através de vários meios em sua convivência: experiências,

informações, acontecimentos, valores, conceitos, atitudes, provenientes do ambiente

familiar ou outro com o qual se relaciona, e que estão armazenados em sua mente,

formando esquemas de conhecimento, que mantém conexões entre si e contribuem para

a sua estrutura cognitiva.

Para refletir:Para refletir:Para refletir:Para refletir: “É importante que os professores percebam os “É importante que os professores percebam os “É importante que os professores percebam os “É importante que os professores percebam os

conhconhconhconhecimentos prévios dos alunos e alunas sobre o tema a ser ecimentos prévios dos alunos e alunas sobre o tema a ser ecimentos prévios dos alunos e alunas sobre o tema a ser ecimentos prévios dos alunos e alunas sobre o tema a ser

estudado, não apenas porque são os que eles utilizam para estudado, não apenas porque são os que eles utilizam para estudado, não apenas porque são os que eles utilizam para estudado, não apenas porque são os que eles utilizam para

aprender, isto é, não podem prescindir deles na realização de aprender, isto é, não podem prescindir deles na realização de aprender, isto é, não podem prescindir deles na realização de aprender, isto é, não podem prescindir deles na realização de

novas aprendizagens, mas porque deles depende a relação que é possível novas aprendizagens, mas porque deles depende a relação que é possível novas aprendizagens, mas porque deles depende a relação que é possível novas aprendizagens, mas porque deles depende a relação que é possível

estabeleestabeleestabeleestabelecer para atribuir significado à nova informação. Isto é, os cer para atribuir significado à nova informação. Isto é, os cer para atribuir significado à nova informação. Isto é, os cer para atribuir significado à nova informação. Isto é, os

conhecimentos do aluno sobre um determinado tema possibilita conhecimentos do aluno sobre um determinado tema possibilita conhecimentos do aluno sobre um determinado tema possibilita conhecimentos do aluno sobre um determinado tema possibilita

estabelecer relações substantivas, permitindo também, conseqüentemente, estabelecer relações substantivas, permitindo também, conseqüentemente, estabelecer relações substantivas, permitindo também, conseqüentemente, estabelecer relações substantivas, permitindo também, conseqüentemente,

atribuir significado ao conteúdo”. atribuir significado ao conteúdo”. atribuir significado ao conteúdo”. atribuir significado ao conteúdo”. MAURI, Tereza (1988. p.79)

37

Aprendizagem SignificativaAprendizagem SignificativaAprendizagem SignificativaAprendizagem Significativa

É necessidade de todo o ser humano, desenvolver seu “aparelho aprendente”,

constantemente aperfeiçoando. Aprender, aprendemos pela imposição da vida, desde

que nascemos. O que todos precisam, é manter viva essa aprendizagem como um

requisito para manter-se vivo fisicamente e também intelectualmente.

A Aprendizagem Significativa, a qual buscamos entender melhor, não pode ser

definida se não for em função da teoria à qual se liga. Os principais teóricos a defini-la

foram Rogers (1958), Ausubel (1965) e Cool (1988).

Para que ocorra a Aprendizagem Significativa é preciso desenvolver-se os

processos mentais, na modificação do conhecimento; o novo conteúdo deve incorporar-

se à estrutura de conhecimento do aluno e vai ser significativo a partir da relação

estabelecida com seu conhecimento prévio. Caso contrário, essa aprendizagem será

mecânica, repetitiva, pois o novo conteúdo somente foi armazenado, isoladamente, na

estrutura cognitiva ou por meio de associações arbitrárias.

A nova informação, o subsunçor3, interage com a estrutura de conhecimentos

cognitivos; não interagindo a aprendizagem só pode ser mecânica, de decoração e de

esquecimento.

Duas são as condições

para que o aluno aprenda sem

decorar. A primeira é a disposição

para aprender e aí o professor é

de grande importância a fim de

elevar a auto-estima do aluno,

numa relação de respeito e

confiança mútuos.

- 3 Subsunçor – idéia,âncora.

38

Isso faz com que ele se sinta capaz. A segunda condição é de que o conteúdo

escolar tenha um significado lógico (por que aprender tal conteúdo) e um significado

psicológico (envolve os interesses pelos conteúdos). A terceira é de que o conteúdo a

ser ensinado, encontre um subsunçor na estrutura cognitiva do aluno.

O conteúdo não encontrando nenhuma informação com a qual possa se

relacionar, na estrutura cognitiva do aprendente, será armazenada de forma arbitrária.

Os conteúdos encontrando uma “âncora”4ou conceito “subsunçor”, existentes na

estrutura cognitiva, são mais facilmente assimilados.

A aprendizagem mecânica pode ajudar na aprendizagem significativa, no caso

de se trabalhar com conceitos novos, desconhecidos totalmente. Através de

organizadores prévios, âncoras geradas de forma a manipular a estrutura cognitiva,

interligando-a a conceitos não relacionáveis, estes se transformarão em aprendizagem

significativa.

As relações dos conhecimentos presentes na estrutura cognitiva com os

conhecimentos conceituais a serem aprendidos, têm um caráter hierárquico, formando

uma rede de conceitos que indicará o nível de desenvolvimento do aluno.

- 4 Âncora – idéia preexistente que apóia a idéia nova aprendida.

39

É aconselhável, ao aluno, a realização de aprendizagens significativas com

liberdade de produção própria, o que garante a compreensão e facilitação de

aprendizagens posteriores, através dessa auto-estruturação.

Segundo Piaget (1967), o professor deve colaborar nas formas do aluno

aprender significativamente, ampliando ou modificando as suas estruturas, provocando

conflitos cognitivos, desequilíbrio, a partir dos quais, mediante atividades, o aluno

consiga reequilibrar-se superando a discordância e reconstruindo o conhecimento.

Deve-se sempre cobrar do aluno uma reelaboração própria, a busca pessoal e

não formulações do professor ou de livro texto.

Lembrar: Lembrar: Lembrar: Lembrar: “só acontece uma aprendizagem significativa, quando o “só acontece uma aprendizagem significativa, quando o “só acontece uma aprendizagem significativa, quando o “só acontece uma aprendizagem significativa, quando o

estudante aprende seu objeto como tendo uma relação com seus projetos estudante aprende seu objeto como tendo uma relação com seus projetos estudante aprende seu objeto como tendo uma relação com seus projetos estudante aprende seu objeto como tendo uma relação com seus projetos

pessoais; deste modo, o professor deve ajudar opessoais; deste modo, o professor deve ajudar opessoais; deste modo, o professor deve ajudar opessoais; deste modo, o professor deve ajudar ossss alunoalunoalunoalunos s s s a encontrar e a encontrar e a encontrar e a encontrar e

tratartratartratartratar de problemasde problemasde problemasde problemas que lhes sejam significativos. que lhes sejam significativos. que lhes sejam significativos. que lhes sejam significativos. SANTOS, J. C. F. dos. (2008).

40

A A A A TEORIA DE AUSUBELTEORIA DE AUSUBELTEORIA DE AUSUBELTEORIA DE AUSUBEL

. Deixa. Deixa. Deixa. Deixa----me falar, levame falar, levame falar, levame falar, leva----me a conceituar...me a conceituar...me a conceituar...me a conceituar...

Fale e eu esquecereiFale e eu esquecereiFale e eu esquecereiFale e eu esquecerei,,,,

mmmmostre e talvez recordareiostre e talvez recordareiostre e talvez recordareiostre e talvez recordarei,,,,

eeeenvolvanvolvanvolvanvolva----me e aí aprenderei.me e aí aprenderei.me e aí aprenderei.me e aí aprenderei.

(Confúcio, 950 a. C.)

“Uma situação de ponto de vista pessoal é

significativa, quando o indivíduo decide de

forma ativa, por meio de ampliação e

aprofundamento da consciência, pela sua própria elaboração e compreensão. O

cognitivismo de Ausubel encaminha para o ato de construir significados ao nível da

consciência, - o ato da cognição - processo através do qual o mundo de significados tem

sua origem”. MOREIRA M. A. (1982).

A estrutura cognitiva, através dos primeiros significados, é que dá a base, a

ancoragem dos quais derivam outros significados. Segundo Ausubel5, “o fator isolado

mais importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe”.

Moreira (1982, p.87), e que resulta no armazenamento organizado de informações em

sua mente. Para ele, a aprendizagem afetiva é concomitante com a cognitiva, pois,

atitudes afetivas despertam para experiências cognitivas.

A aprendizagem significativa, conceito de foco dessa teoria, parte da premissa

de aspectos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do aluno (o que ele já sabe) e

que junto a novas informações, estes serão modificados no processo. Aí, a

disponibilidade de conceitos, idéias, proposições, possibilita a interação e predispõem o

aluno à aprendizagem.

- 5 David Ausubel – psiquiatra norte-americano, criou uma teoria para aplicação da

aprendizagem significativa (Teoria de Ausubel).

41

A Teoria Cognitiva de Ausubel resulta no armazenamento organizado de

informações na mente do aprendiz e apóia-se em fortes princípios afetivos que levam ao

entendimento da aquisição de significados como “indissiocrática”6, pois, parte do

contexto do aluno e a sua predisposição para aprender como pré-requisito para a

Aprendizagem Significativa.

Este tipo de aprendizagem pode ser:

Representacional - envolve a atribuição dos significados a símbolos arbitrários. Ex:

palavras ligadas a objetos, acontecimentos. A representacional pode ser:

.subordinada: o conceito novo ou proposição é assimilado por conceitos

superordenados específicos já existentes na estrutura cognitiva do aluno;

.superordenada: o conceito novo relaciona-se a idéias subordinadas específicas que são

assimiladas por ele;

.combinatória: o novo conceito não tem relação com a idéia subordinada nem com a

superordenada, mas com algum conteúdo amplo, geral, importante, existente na

estrutura cognitiva.

A aprendizagem subordinada ou subsunciva pode ser derivativa, quando a nova

informação exemplifica ou ilustra o conteúdo já estabelecido na estrutura cognitiva, ou

correlativa quando modifica, elabora, enriquece.

Aprendizagem de Conceitos – é o foco da Teoria de Ausubel. O que o aluno já sabe, já

conceituou, facilita a Aprendizagem Significativa de conceitos novos. Ao obter novas

informações, estas interagem e são assimiladas por conceitos importantes disponíveis na

estrutura cognitiva.

Na aprendizagem pela aquisição de conceitos, atributos se formam e são

assimilados dentro de uma aprendizagem significativa, simbólica que pode ser evocada,

por um símbolo ou grupo de símbolos, relacionados à estrutura cognitiva através de um

significado denotativo (reações despertados pelo nome do conceito), denotativo

(despertado pelo nome de um conceito em relação às emoções ou atitudes que possa

provocar).

Proposicional – nela o aluno não aprende significativamente o que as palavras isoladas

representam, mas o significado das idéias em forma de proposição, expressadas,

- 6 Indissiocrática - maneira que cada pessoa tem de ver, sentir, reagir.

42

consistindo assim, no significado da verbalização de conceitos ao invés de aprender o

significado dos conceitos.

ReflitaReflitaReflitaReflita............ O desenvolvimento cognitivo é segundo Ausubel “um processo O desenvolvimento cognitivo é segundo Ausubel “um processo O desenvolvimento cognitivo é segundo Ausubel “um processo O desenvolvimento cognitivo é segundo Ausubel “um processo

dinâmico no qual novos e velhos significados estão dinâmico no qual novos e velhos significados estão dinâmico no qual novos e velhos significados estão dinâmico no qual novos e velhos significados estão constantementeconstantementeconstantementeconstantemente

interagindo e resultando numa estrutura cognitiva mais interagindo e resultando numa estrutura cognitiva mais interagindo e resultando numa estrutura cognitiva mais interagindo e resultando numa estrutura cognitiva mais

diferenciada, que tende a uma organização hierárquica na qual os diferenciada, que tende a uma organização hierárquica na qual os diferenciada, que tende a uma organização hierárquica na qual os diferenciada, que tende a uma organização hierárquica na qual os

conceitos econceitos econceitos econceitos e proposições mais gerais ocupam o ápice da estrutura e proposições mais gerais ocupam o ápice da estrutura e proposições mais gerais ocupam o ápice da estrutura e proposições mais gerais ocupam o ápice da estrutura e

assimilam progressivamente, proposições e conceitos menos inclusivos, assimilam progressivamente, proposições e conceitos menos inclusivos, assimilam progressivamente, proposições e conceitos menos inclusivos, assimilam progressivamente, proposições e conceitos menos inclusivos,

assim como dados factuais e exemplos específicos”. assim como dados factuais e exemplos específicos”. assim como dados factuais e exemplos específicos”. assim como dados factuais e exemplos específicos”. MOREIRA, M. A. (1982).

Em sua teoria, David Ausubel focaliza a aprendizagem cognitiva, com

tendência sobre a verbalização, quando defende que a linguagem é um grande

facilitador da Aprendizagem Significativa, na manipulação de conceitos e proposições.

Ela é reforçada pela representatividade de palavras, através dos signos lingüísticos, que

tornam os significados mais claros, precisos e de fácil transferência7. O significado

vem à tona quando se estabelece a relação entre a entidade e o signo verbal que a

representa. A aprendizagem cognitiva ainda pode apresentar uma tendência receptiva,

que inclui a capacidade de se adquirir e armazenar informações várias do campo do

conhecimento.

Para o autor, em sala de aula o ensino é muito organizado no que se refere à

aprendizagem receptiva, alicerçada a conceitos e, o que o ser aprende não precisa

descobrir princípios, conceitos e proposições, a fim de aprendê-los e usá-los

significativamente. Aspectos preexistentes do que o aluno já sabe, ligados à nova

informação são modificados no processo, formando uma interação que resulta em

retenção em longo prazo de um corpo de conhecimento e seu emprego na solução de

problemas.

- 7 Transferência – uso do conhecimento em outro contexto.

43

O esquecimento de uma seqüência natural nesta assimilação8 que facilita ao

aluno a aprender e a reter novas informações, num processo onde antigos e atuais

significados se interagem na construção de uma estrutura cognitiva que leva a uma

organização hierárquica onde os conceitos mais gerais ocupam o ápice da estrutura e

produzem assimilações de conceitos menos inclusivos.

Os mapas conceituais atuam como recursos instrucionais nesta hierarquia

conceitual, facilitando a aquisição, por parte do aprendiz da matéria que está sendo

estudada, numa tentativa de se usar a teoria ausubeliana, no desenvolvimento de uma

aprendizagem significativa.

Esta é uma tentativa no sentido da preocupação com problemas de

aprendizagem que afetam a aquisição e retenção do conhecimento e de seu uso na

solução de problemas; na forma de apresentação dos conteúdos e materiais instrucionais

facilitadores da aprendizagem. Também inclui atributos como; “a dinâmica da estrutura

cognitiva e o subjacente mecanismo do esquecimento”. (MOREIRA. M.A, p.99, 1982).

- 8 Assimilação – retenção de um significado novo conquistado em ligação com idéias – âncora

de seu relacionamento e sua perda de dissociabilidade.

44

Mapas ConceituaisMapas ConceituaisMapas ConceituaisMapas Conceituais

. Deixa. Deixa. Deixa. Deixa----me contextualizar, me contextualizar, me contextualizar, me contextualizar,

ajudaajudaajudaajuda----me a legitimarme a legitimarme a legitimarme a legitimar

Os Mapas Conceituais são representações em

forma de diagramas, que são utilizados nas relações

entre conceitos, numa hierarquização que reflete a

organização conceitual de um corpo de conhecimento ou

de parcela dele. É desenvolvido conforme desenvolve-se

a estrutura conceitual de um conhecimento.

Podem ser: unidimensionais, os que apresentam listas de conceitos utilizados

numa organização linear vertical; e bidimensionais quando usam da verticalidade e

horizontalidade. Estes são os mais usados, por serem mais simples e permitirem uma

representação mais completa das relações entre os conceitos.

Um mapa conceitual deve ser visto, apenas como uma das possíveis formas de

representar-se uma estrutura conceitual.

Podem ser usados como instrumentos de ensino/aprendizagem, como auxiliares

no planejamento de ensino, na análise do conteúdo curricular. São representações

concisas das estruturas conceituais na facilitação da aprendizagem dessas estruturas, não

dispensando, no entretanto, a explanação do professor guiando o aluno. Podem servir

também para dar uma noção antecipada do que vai ser estudado.

Um mapa instrucional não deve unidirecional, mas deve ser organizado de

forma que se “baixe e suba”, nas hierarquias conceituais, à medida em que uma nova

informação se apresente, de forma a explorar claramente as proposições e conceitos,

detectar semelhanças e diferenças, promover a reconciliação integrativa.

Segundo Moreira e Masine (1982), se deve “baixar e subir”no mapa,

explorando, explicitamente, as relações de subordinação e superordenação9 entre os

conceitos.

Existem diversas desvantagens no uso dos mapas conceituais que poderão ser

aplacadas pelo professor. O aluno não deverá usar-se desse recurso, enquanto não

- 9 Superordenação - aquisição por parte do aprendiz de um novo significado.

Nada é impossível de mudar. Brecht

45

estiver familiarizado, e vindo a usá-lo, poderá traçá-lo de várias formas, orientado pelo

professor para que as linhas traçadas apresentem clareza. Não deverá memorizar mapas

e estes não deverão ser complexos, pois poderão dificultar a aprendizagem, quando seu

objetivo é facilitá-la.

Os Mapas Conceituais podem, também, constituir-se em instrumento de

avaliação da aprendizagem, no sentido de obter informações sobre o que o aluno

constrói acerca de um determinado conceito, como ele hierarquiza, relaciona,

discrimina, diferencia e integra-os. Assim, torna possível, ao professor, avaliar o que o

aluno já sabe, pois através desse instrumento ele representa a sua estrutura cognitiva.

Este tipo de avaliação pode orientar o professor quanto à tomada de decisões na

realimentação curricular.

Para a construção de um Mapa Conceitual, Marco A. Moreira (2006), orienta

para a seguinte seqüência:

� Identificação dos conceitos – chave, colocando-os em uma lista (no

máximo dez);

� Ordenação dos conceitos, sendo no topo os mais gerais, mais

inclusives, agregando-se os demais;

� Inclusão de conceitos mais específicos;

� Conectar conceitos com linhas e rotulá-las com palavras chave. Ambos

devem formar uma proposição que demonstre o significado da relação;

� Buscar relações horizontais e cruzadas, evitando palavras que indiquem

relações triviais;

� Exemplos podem ficar abaixo dos conceitos ou na parte inferior do

mapa;

� Setas não são obrigatórias, mas poderão ser utilizadas;

� À medida que se aprende, o mapa pode mudar, pois é uma estrutura

dinâmica.

46

Considerações FinaisConsiderações FinaisConsiderações FinaisConsiderações Finais

Nosso objetivo, ao final deste trabalho, após contextualizarmos o problema do

fracasso escolar, enfocarmos abordagens e propostas de ensino nas diversas tendências

pelas quais perpassou a disciplina de Ciências e estudarmos sobre o Construtivismo

direcionado para uma Aprendizagem Significativa é que, essas análises possam apontar

direções que levem à superação do fracasso escolar nas disciplinas afins. Será validado,

na medida em que ajudar nas reflexões sobre os principais aspectos que deverão ser

considerados ao se praticar a ensinagem dos conteúdos dessas disciplinas.

Nossa pretensão no enfoque deste tipo de ensinagem foi de levar à reflexão de

nossos colegas, professores, a relevância do processo, quando ocorre dentro de uma

Aprendizagem Significativa, que parta do cotidiano do aluno, do que ele já sabe, onde

passe a interagir, a construir e reconstruir conceitos, a contextualizar e por fim, a

legitimar a aprendizagem proposta.

Ainda, que os conteúdos do currículo da disciplina, sejam trabalhados dentro da

proposta pedagógica curricular, porém, vinculado ao contexto sócio-educacional do

aluno, estabelecendo-se as relações, aspectos, características, aplicabilidade,

funcionalidade, dentro do seu cotidiano.

Para isso foi que sugerimos o desenvolvimento dos conteúdos, através de Mapas

Conceituais, dentro da Teoria de Ausubel.

47

REFERÊNCIAS

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Janeiro: Contraponto, 1996.

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___________. Aprendizagem Significativa. Brasília. Ed UNB, 1999.

___________. Mapas Conceituais e Diagramas. Porto Alegre: Ed. do autor, 2006.

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PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia.

São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

PINHEIRO, N. A. M.; SILVEIRA, R.M.C.F.; BAZZO, W. A. Ciência, tecnologia e

sociedade: a relevância do enfoque CTS para o contexto do ensino médio.

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SACRISTAN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática; trad. Ermani F.

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o papel do professor. Porto Alegre. Mediação, 2008.

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Educação Básica do Paraná, 2008.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA. Biblioteca Central Prof. Faris

Michaele. Manual de normatização bibliográfica para trabalhos científicos. 2 ed.

Ponta Grossa: UEPG, 2007.

49

INDICAÇÕES

Para maior aprofundamento sobre a temática do presente caderno:

MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa: a teoria de David Ausubel/ Marco A.

Moreira. Elcie F. Salzano Masini – São Paulo: Moraes, 1982.

_______________. Aprendizagem Significativa. Brasília: Ed. UNB, 1999.

_______________. Mapas Conceituais e Diagramas. Porto Alegre. Ed. do autor: 2006.

http/:www.google.com.br – pesquisar no software CMAP TOOLS, sobre estruturação de

Mapas Conceituais.

50