a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE CURSO EDUCAÇÃO FÍSICA A INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Porto Velho, Rondônia. 2008

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE

CURSO EDUCAÇÃO FÍSICA

A INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

Porto Velho, Rondônia.

2008

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MARCOS CRUZ RUIZ

A INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do grau de Licenciado em Educação Física e como requisito avaliatório da Disciplina de TCC, da Fundação Universidade Federal de Rondônia. Orientador: Prof. Esp. Daniel Oliveira de Souza Co-Orientador: Prof. Esp. João Bernardino de Oliveira Neto.

Porto Velho, Rondônia. 2008

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A INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

MARCOS CRUZ RUIZ

Esta Monografia foi julgada e aprovada aos 16 dias do mês de dezembro de

2008 para obtenção de Graduação em Educação Física, a nível de Licenciado da

Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR.

Obtendo a nota: _____________

_________________________________________________________ Prof. Daniel Oliveira de Souza

Orientador

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________ Prof. Esp. Daniel Oliveira de souza

Presidente da Banca

_________________________________________________________ Prof. Esp. João Bernardino de Oliveira Neto

1º Membro-Co-Orientador

_________________________________________________________ Prof. Ms. Luis Gonzaga de Oliveira Gonçalves

2º Membro

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“Pode o homem tornar-se culto pela cultura dos outros; mas só se torna sábio pelas próprias experiências”. Mansou Chalita.

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O OBSTÁCULO

Onde você vê um obstáculo,

alguém vê o término da viagem

e o outro vê uma chance de crescer.

Onde você vê um motivo pra se irritar,

Alguém vê a tragédia total

E o outro vê uma prova para sua paciência.

Onde você vê a morte,

Alguém vê o fim

E o outro vê o começo de uma nova etapa...

Onde você vê a fortuna,

Alguém vê a riqueza material

E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.

Onde você vê a teimosia,

Alguém vê a ignorância,

Um outro compreende as limitações do companheiro,

percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.

E que é inútil querer apressar o passo do outro,

a não ser que ele deseje isso.

Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.

"Porque eu sou do tamanho do que vejo.

E não do tamanho da minha altura."

(Fernando Pessoa, 1900, Literatura Portuguesa, Lisboa)

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pelas graças concebidas em todos os

momentos de minha vida.

A todos os professores do departamento de Educação Física da

Universidade Federal de Rondônia/UNIR, que de uma forma ou de outra

contribuíram para que eu chegasse ao cume desta montanha. Em particular

agradeço ao Professor Ms. Daniel Oliveira de Souza que me abraçou para orientar

sem medir esforços. Também utilizo este espaço para agradecer a banca pela

compreensão e disposição em analisar o meu trabalho.

A todos os amigos e colegas que direto ou indiretamente foram peças

fundamentais pelo enriquecimento durante esta jornada.

Aos companheiros do grupo pela obstinação nas longas caminhadas

deslocando-se dos seus lares muitas vezes sem muitas condições.

E, enfim, meus familiares que me suportaram por longos períodos dos

estudos, conversas e discussões, mas que saibam que meu êxito dependeu de

vocês.

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus,

pois sem ele nada seria possível e não

estaríamos aqui reunidos, desfrutando,

juntos, destes momentos que nos são tão

importantes.

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LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS

Quadro 1: Contexto geral .......................................................................................... 49

Gráfico 01: Relacionamento dos alunos portadores de deficiências com outros

alunos ...................................................................................................................... 50

Gráfico 02: Interação do Professor com os alunos portadores de necessidades

especiais ................................................................................................................... 52

Gráfico 03: A adaptação das atividades: ................................................................... 53

Gráfico 04: Os outros alunos sentem que há superproteção dos professores com os

alunos portadores de necessidades especiais? ........................................................ 54

Gráfico 05: Os alunos portadores de necessidades especiais já apresentaram

dificuldades? ............................................................................................................. 55

Gráfico 06: Os alunos portadores de necessidades especiais consideram-se aptos a

realizar as atividades? ............................................................................................... 55

Gráfico 07: Existe algum tratamento especial para que os alunos PPNEs tenham

seus desenvolvimentos aprimorados? ...................................................................... 56

Gráfico 08: A prática dos exercícios tem trazido melhorias clínicas aos PPNEs? ..... 56

Gráfico 09: O professor de Educação Física Escolar atende às expectativas dos

alunos portadores de necessidades especiais? ........................................................ 58

Gráfico 10: Atribua uma nota à sua expectativa com relação às aulas de educação

física ...................................................................................................................... 59

Gráfico 11: Atribua uma nota à sua expectativa com relação ao professor de

Educação Física ........................................................................................................ 60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1. OBJETIVOS ................................................................................................. 14

1.1.1 Geral ............................................................................................................. 14

1.1.2 Específicos ................................................................................................... 15

1.2. JUSTIFICATIVA............................................................................................ 15

2 INCLUSÃO ............................................................................................................. 17

2.1 ASPECTOS GERAIS DA INCLUSÃO .......................................................... 17

2.2 DIFERENÇAS/DEFICIÊNCIAS: DESAFIOS QUE A SOCIEDADE TEM A

ENFRENTAR ............................................................................................................ 19

2.3 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA .......................................... 23

2.4 A PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS E OS POSSÍVEIS

ESPAÇOS DE INCLUSÃO ........................................................................................ 25

2.5 AS DIVERSAS FACES DA INCLUSÃO ........................................................ 29

3 DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO EDUCADOR E A INCLUSÃO DOS

PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS ................................................ 311

3.1 DA INCLUSÃO EM SALA DE AULA ........................................................... 311

3.2 ESCOLAS INCLUSIVAS .............................................................................. 33

3.3 CRIANÇAS PORTADORAS NECESSIDADES ESPECIAIS ........................ 36

3.4 ATIVIDADES PSICOMOTORAS COMO FACILITADORAS DA INCLUSÃO 37

3.4.1. Esquema Corporal ....................................................................................... 38

3.4.2. Lateralidade ................................................................................................. 39

3.4.3. Orientação Espacial ..................................................................................... 40

3.4.4. Orientação Temporal .................................................................................... 41

3.5 DESENVOLVIMENTO MOTOR E INCLUSÃO ........................................... 411

4 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A INCLUSÃO ................................................................ 44

4.1 E A INCLUSÃO? .......................................................................................... 47

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5 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 48

5.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS ................................................................. 49

5.2 PERFIL DA AMOSTRA ................................................................................ 49

5.3 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE ESTATÍSTICOS ........................................ 50

5.4 DISCUSSÃO DOS DADOS ................................................................................. 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 60

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ........................................................................... 63

ANEXOS ................................................................................................................... 66

ANEXO A - QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA COM A EQUIPE PEDAGÓGICA

ESCOLAR ................................................................................................................. 67

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RESUMO

O presente estudo aborda a questão da inclusão das pessoas portadoras

de necessidades especiais nas aulas de Educação Física em duas escolas previamente escolhidas na cidade de Porto Velho. Desta forma, o objetivo geral deste estudo é abordar a importância da educação física inclusiva para o portador de deficiências, respeitando-se a individualidade e as limitações de cada um, e tomando como base o fato de ser a educação um direito de todos independente da deficiência que possa ter. Para que se alcançassem os objetivos propostos, bem como se respondesse aos problemas deste estudo, utilizou-se como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica, acerca da Inclusão de Portadores de Necessidades Especiais nas aulas de Educação Física, e através de pesquisa de campo, desenvolvida através de entrevistas previamente estruturadas, compostas por 12 questões, de forma a se conhecer o processo de inclusão que vem sendo aplicado nas Escolas Municipal e Estadual. Os resultados, tabulados e transformados em tabelas e gráficos por meio do Excel, apontam que essa inclusão vem sendo feita de forma eficiente nas duas escolas, mas a nível Municipal, o trabalho vem sendo melhor monitorado.

Palavras-Chave: Inclusão, Ação Pedagógica, Educação Física Escolar.

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ABSTRACT

This study approach the question of inclusion people with special needs in Physical Education Classes in two schools previously selected in Porto Velho City. Although the aim of this study is to address the importance of inclusive physical education for the disabled, subject to the limitations and individuality of each and building on the fact that education can be a right for all, regardless of disability you may have. In order to achieve the proposed objectives and to answer the problems of this study was used as a methodological procedure to literature, on the Inclusion of people with Special Needs in Physical Education Classes and, through field research, developed through previously structured interviews, consisting of 12 questions in order to know the process of inclusion that is being applied in State and Municipal Schools. The results, tabulated and processed into tables and graphs using Excel Programs, suggest that inclusion is being done efficiently in that schools, but municipal level, the work is being better monitored.

Key-Words: Inclusion, Pedagogical Action, Pertaining to school Physical Education.

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1. INTRODUÇÃO

A questão referente à Educação Especial e à integração ou inclusão de

alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino tem

sido, sem dúvida, um dos temas mais discutidos em nosso país nas últimas

décadas.

Este tema, durante tanto tempo, salvo algumas experiências isoladas, ficou

restrito ao debate em congressos e textos da literatura especializada, tornando-se

hoje, proposta de intervenção amparada e fomentada pela legislação em vigor, e

determinante das políticas públicas educacionais tanto em nível federal, quanto

estadual e municipal.

No entanto, não basta que uma proposta se torne lei para que a mesma seja

imediatamente aplicada. Inúmeras são as barreiras que impedem que a política de

inclusão se torne realidade na prática cotidiana de nossas escolas. Entre estas, a

principal, sem dúvida, é o despreparo dos professores do ensino regular para

receber em suas salas de aula, geralmente repletas de alunos com problemas de

disciplina e aprendizagem, os alunos com necessidades especiais.

A noção de escola inclusiva, cunhada a partir da famosa Declaração de

Salamanca (1994) em nosso país toma uma dimensão que vai alem da inserção dos

alunos com deficiências, pois esses não são os únicos excluídos do processo

educacional. É fato constatado que o nosso sistema regular de ensino, programado

para atender àquele aluno “ideal”, com bom desenvolvimento psicolingüístico,

motivado, sem problemas intrínsecos de aprendizagem e oriundo de um ambiente

sócio-familiar que lhe proporciona estimulação adequada, tem se mostrado incapaz

de lidar com o número cada vez maior de alunos que, devido a problemas sociais,

culturais, psicológicos e/ou de aprendizagem, fracassam na escola.

Por educação inclusiva se entende o processo de inclusão dos alunos com

necessidades educacionais especiais ou com distúrbios de aprendizagem na rede

comum de ensino em todos os seus graus.

A formação clássica do professor, ao privilegiar uma concepção estática do

processo de ensino-aprendizagem, trouxe como corolário a existência de uma

metodologia de ensino “universal”, que seria comum a todas as épocas e a todas as

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14

sociedades. Assim, durante muito tempo acreditou-se que havia um processo de

ensino-aprendizagem “normal” e “saudável” para todos os sujeitos, e aqueles que

apresentassem algum tipo de dificuldade, distúrbio ou deficiência eram considerados

anormais (isto é, fora da norma), eufemisticamente denominados de “alunos

especiais”, e alijados do sistema regular de ensino.

Esta concepção de normalidade deu lugar a dois tipos de processos de

ensino-aprendizagem: o “normal” e o “especial”. No primeiro caso, o professor

estaria frente aos alunos considerados “normais”, que seguem o padrão de

aprendizagem para o qual ele foi preparado durante sua formação; no segundo caso

estariam os alunos que apresentam os denominados “distúrbios ou dificuldades de

aprendizagem” e/ou aqueles que precisam de processos de ensino-aprendizagem

diferenciados por apresentarem deficiências ou demais necessidades educacionais

especiais.

Diante de todo o exposto, a presente pesquisa buscará responder às

seguintes indagações: Como promover a inclusão de todos os alunos em uma aula

de Educação Física? As atividades a serem desenvolvidas, devem ser executadas

da mesma forma para todos? Que tipos de atividades podem ser colocadas para os

portadores de necessidades especiais e para os alunos regulares de forma a fazê-

los trabalharem juntos?

1.1. OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Abordar a importância da educação física inclusiva para o portador de

deficiências.

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1.1.2 Específicos

Analisar a prática pedagógica do educador ao relacionar-se com alunos

portadores de deficiências.

Investigar as práticas inclusivas que podem ser utilizadas com os alunos

portando ou não algum tipo de deficiência.

A pesquisa se compõe por quatro capítulos, dispostos da seguinte forma:

No primeiro capítulo, tratou-se dos aspectos relacionados à inclusão, sua

evolução, e as formas como pode esta ocorrer.

A partir desses conceitos iniciais, no segundo capítulo, será feita uma

análise sobre a prática pedagógica do educador ao relacionar-se com alunos

portadores de deficiências, bem como ferramentas para que essa venha a ocorrer

nas escolas de forma geral.

Já no terceiro capítulo e último capítulo, buscar-se-á investigar acerca da

Educação física e as práticas inclusivas que podem ser utilizadas com os alunos

sejam eles portadores de deficiências ou não, de forma a permitir uma integração

entre todos nas aulas, suas ferramentas, mecanismos de inclusão nas aulas, dentre

outros aspectos relevantes para que se cumpram todos os objetivos, principalmente

o maior deles que é o de abordar a importância da educação física inclusiva para o

portador de deficiências, respeitando-se a individualidade e as limitações de cada

um, e tomando como base o fato de ser a educação um direito de todos,

independente da deficiência que possa ter, além de se responder à problematização

proposta pela presente pesquisa.

1.2. JUSTIFICATIVA

Um dos grandes desafios dos educadores brasileiros, nos dias atuais, é a

busca de uma educação para todos que respeite a diversidade, as minorias, os

direitos humanos, eliminando estereótipos e substituindo o conceito de igualdade

pelo de eqüidade, ou seja, a igualdade de direitos respeitando-se as diferenças

(GADOTTI, 1993, p. 213).

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As aulas de Educação Física, de acordo com Bracht (1992, p. 36), ao

mesmo tempo em que qualificam, são ricas em considerar as preferências da

maioria elitizada em habilidades esportivas, através da seleção dos melhores atletas

representantes do "esporte na escola", e não em defesa do "esporte da escola”,

reforçando a apatia e o desânimo dos menos expressivos, sempre discriminados e,

muitas vezes, levados a ceder seu lugar na quadra, tendo-se em vista sua falta de

domínio das habilidades esportivas e gerando desafios a serem solucionados. Este

projeto propõe-se a apresentar sugestões para amenizá-los.

Com a consecução do presente trabalho, buscou-se abordar a questão

das atividades propostas pela Educação Física com o objetivo de inclusão dos

portadores de necessidades especiais, segundo suas individualidades e limitações,

e tendo como fundamento o fato de ser a educação um direito de todos.

A educação física e a prática esportiva têm uma importância enorme para

o desenvolvimento dos indivíduos, direcionando-se ao entendimento do

desenvolvimento do portador de deficiência física, visando a saúde, o lazer e a

socialização do educando, de forma a lhe proporcionar uma vida normal, e com um

grau maior de desempenho nas suas atividades diárias e melhor qualidade de vida.

A relevância em se desenvolver este trabalho, liga-se importância na

democratização do acesso de todos à todas as atividades possíveis, asseguradas

pela própria Constituição Brasileira e da necessidade de mais políticas públicas que,

não só atendam, mas que lutem pelos direitos das pessoas portadores de

deficiências e que lhes assegure uma vida digna em todos os aspectos.

Cinge-se, portanto, de relevância em todos os aspectos, seja acadêmico,

social ou qualquer outro.

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2. INCLUSÃO

2.1 ASPECTOS GERAIS DA INCLUSÃO

A inclusão como processo social defende uma modificação da sociedade

como pré-requisito para que a pessoa portadora de deficiência possa buscar seu

desenvolvimento e exercer a cidadania, propondo uma visão pela qual são feitas

transformações nos ambientes físicos e na mentalidade das pessoas, inclusive da

pessoa portadora de deficiência e não apenas de forma unilateral. Além disso,

propõe ainda que a sociedade valorize as diferenças individuais aprendendo a

conviver com a diversidade humana, através de compreensão e cooperação

começando pela família (CIDADE, 2002, p. 10).

Já a integração, propõe adaptar a pessoa portadora de deficiência ao

espaço na sociedade, ou seja, oferecer oportunidades iguais, apesar das diferenças,

em relação ao acesso à educação, à saúde, à cultura, ao lazer e à atividade física.

Nas primeiras décadas do século XX os deficientes sofriam preconceitos;

eram tratados com atitudes de aceitação, tolerância, apoio e assimilação e também

com menosprezo ou destruição.

Segundo Silva (1987, p. 216) o Código da Lei (Código de Hamurabi), que

retrata muito bem como era usada a amputação como uma forma de punição e

estigmatização entre os povos antigos, afirmando em várias passagens os castigos

correspondentes às ocorrências.

Da mesma maneira, Silva (1987, p. 217) descreve acerca do histórico do

deficiente físico desde os tempos mais antigos até hoje:

Na idade média os indivíduos que apresentavam qualquer “deformidade física” tinham poucas chances de sobrevivência, tendo em vista a concepção dominante de que essas pessoas possuíam poderes especiais, oriundos dos demônios, bruxas e/ou duendes malignos. Os índios Xangga, do leste da África, não prejudicavam nem matavam as crianças ou adultos com deficiência. Acreditavam que os maus espíritos habitavam essas pessoas e nelas arquitetavam e se deliciavam para tornar possível a todos os demais membros a normalidade. Os esquimós, (território canadense), deixavam os velhos e deficientes por suas próprias orientações, em locais propícios e próximo dos pontos onde todos sabiam ser de área de convergência contínua e de aparecimento de ursos brancos, para serem por

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eles devorados. Os índios Ajores, da Bolívia, devido ao nomandismo da tribo eliminavam os recém-nascidos com deficiência, ou mesmo aqueles indivíduos não desejados, velhos e deficientes eram enterrados vivos. Os antigos Hebreus, achavam que toda doença crônica ou deficiência física, ou qualquer deformação corporal simbolizava “impureza ou pecado”.

Atualmente, mesmo com avanços consideráveis, na sociedade moderna

ainda impera o preconceito, e grande parte da população deficiente, principalmente

das camadas mais baixas, ainda continua sendo marginalizada e descriminada.

Analisando do ponto de vista histórico as atitudes frente à deficiência,

podem-se registrar três delas: as atitudes primitivas, as do século XIX, e as relativas

ao século XX. Quanto as primeiras, há informações em escritos religiosos como o

Talmud em que essas "pessoas doentes" eram eximidas de qualquer

responsabilidade. Em Esparta e na Roma Antiga estes eram condenados à morte

(MOUSSATCHÉ, 1997, p. 23).

No século XIX prevaleceu ainda, o espírito da influência da Revolução

Francesa, rejeitando as injustiças e recusando o tratamento subumano dispensado a

essas pessoas (MOUSSATCHÉ, 1997, p. 23).

A sociedade impulsionada pela industrialização crescente no século XX

abre-se também para mudanças sociais, a ciência avança descobrindo causas da

deficiência mental; a Psicologia permite um conhecimento mais detalhado sobre a

inteligência infantil.

A segunda Guerra Mundial, de acordo com Moussatché (1997, p. 23)

“também submete o mundo a muitas transformações, como forma de expiação pelos

estragos produzidos aparecem tendências de se assegurarem direitos e

oportunidades em um plano de igualdade, a todos os seres humanos”.

Começa-se a evidenciar os conceitos de integração, normalização, vários

saberes como a Religião, a Medicina, a Psicologia, a Sociologia, entre outros,

influenciando a formação de atitudes em relação aos portadores de deficiência.

Pode-se entender integração no sentido de estar junto, compartilhar, trazer

para o centro. Nessa perspectiva, integrar abre a possibilidade de interagir com o

outro. O desafio que se coloca hoje, na sociedade marcada pela globalização é

valorizar o diferente, acolhendo-o em sua forma inesperada de ser, sem esperar que

ele deixe de apresentar suas especificidades para adequar-se ao mundo idealizado,

normal e que supervaloriza a perfeição.

A diversidade se confronta com uma sugestão de união a um modelo de que

busca uniformidade envolvendo aspectos estéticos, físicos e intelectuais, e

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acolhendo e compreendendo que o diferente envolve também um novo significado

ao conceito de homem como sujeito histórico que busca sentido para a sua

existência ao mundo, co-existindo com outros seres.

Segundo Marques (1997, p.87) defende que é preciso os deficientes se

fazerem membros reais da cultura "afetando esta e sendo afetados por ela",

afirmando ainda que:

Os valores culturalmente construídos sobre a deficiência são o produto do modo como os ditos normais vêem a deficiência (...) Daí a exacerbação dos critérios de normalização, que selecionam e estratificam pessoas e comportamentos, definindo quem pode e não pode ser integrado (MARQUES, 1997, p. 87).

No caminho para a superação dessas limitações para se compreender os

Portadores de Necessidades Especiais como um ser em sua plenitude, há que se

romper algumas idéias cristalizadas. Superar a visão bastante enraizada na

sociedade da deficiência como algo negativo e passivo, entendendo-a como uma

possibilidade a mais no universo da pluralidade e tratar seus portadores com

membros ativos da cultura pode ser garantia para a integração efetiva dos

Portadores de Necessidades Especiais).

2.2 DIFERENÇAS/DEFICIÊNCIAS: DESAFIOS QUE A SOCIEDADE TEM A

ENFRENTAR

Conceituando algumas expressões adotadas em se tratando de referência

às pessoas com deficiência, Carvalho (2003; p.19) destaca que algumas vezes os

termos usados podem expressar juízos equivocados sobre “a capacidade dessas

pessoas”. Palavras traduzidas para outros idiomas seguem esse exemplo, como é o

caso de incapacidade, desvantagem ou impedimento, que em espanhol são

respectivamente: “deficiencia, discapacidad e minusvalia”.

Já a Organização Mundial da Saúde – OMS citada por Carvalho (2003, p.

19), conceitua:

Deficiência - é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica.

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Incapacidade - é toda restrição ou falta (devido a uma deficiência) da capacidade de realizar atividades na forma ou na medida que se considera normal para o ser humano.

Impedimento - é situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em conseqüência de uma deficiência ou de uma incapacidade que lhe limita ou impede o desempenho de um papel que é normal em seu caso (em função de idade, sexo e fatores sociais e culturais).

A diferenciação desses três termos é importante, até mesmo para que se

possa designar um tratamento adequado e se busquem soluções que pelo menos

melhorem as condições das pessoas que as portem.

Olhar de frente para o tema da deficiência pressupõe repensar as atitudes

diante do diferente.

Conforme Moussatché (1997, p. 38), analisando do ponto de vista histórico

as atitudes frente à deficiência, registra três delas: “as atitudes primitivas, as do

século XIX, e as relativas ao século XX”, e afirma também as primeiras que há

informações em escritos religiosos como o Talmud em que essas "pessoas doentes"

eram eximidas de qualquer responsabilidade. Em Esparta e na Roma Antiga estes

eram condenados à morte.

No século XIX prevaleceu ainda, segundo Moussatché (1997, p. 38), “o

espírito da influência da Revolução Francesa, rejeitando as injustiças e recusando o

tratamento subumano dispensado a essas pessoas”.

A sociedade impulsionada pela industrialização crescente no século XX

abre-se também para mudanças sociais, a ciência avança descobrindo causas da

deficiência mental; a Psicologia permite um conhecimento mais detalhado sobre a

inteligência infantil.

A segunda Guerra Mundial, de acordo com Moussatché (1997, p. 11)

também submete o mundo a muitas transformações, "como forma de expiação pelos

estragos produzidos aparecem tendências de se assegurarem direitos e

oportunidades em um plano de igualdade, a todos os seres humanos".

Começa-se a ser evidenciado os conceitos de integração, normalização;

vários saberes como a Religião, a Medicina, a Psicologia, a Sociologia, entre outros,

influenciaram a formação de atitudes em relação aos portadores de deficiência, da

mesma forma, os reflexos de tais atitudes são vistos na sociedade de alguma

maneira.

Integrar, entretanto, pode ser um conceito questionável, podendo

representar atitudes como completar, integralizar; quanto a isso Moussatché (1997,

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p. 11), afirma que “implica em desconsiderar ou desvalorizar a diferença, que,

segundo Amaral (1995), esconde em suas dificuldades em lidar com a diversidade

transformando-a mera falta, falha e incompletude!”.

Pode-se entender integração no sentido de estar junto, compartilhar, trazer

para o centro; nessa perspectiva integrar abre a possibilidade de interagir com o

outro. O desafio que se coloca hoje, na sociedade marcada pela globalização é

valorizar o diferente, acolhendo-o em sua forma inesperada de ser, sem esperar que

ele deixe de apresentar suas especificidades para adequar-se ao mundo

"idealizado", normal e que supervaloriza a perfeição.

A diversidade confronta-se com proposta de adesão a um modelo de

uniformidade, que envolve aspectos estéticos, físicos e intelectuais. Acolher e

compreender o diferente também envolve a ressignificação do conceito de homem

por como sujeito histórico que busca um sentido para a sua existência ao mundo,

co-existindo com outros seres.

Marques (1997, p. 22) defende que é preciso os deficientes se fazerem

membros reais da cultura "afetando esta e sendo afetados por ela", afirmando ainda

que:

Os valores culturalmente construídos sobre a deficiência são o produto do modo como os ditos normais vêem a deficiência (...) Daí a exacerbação dos critérios de normalização, que selecionam e estratificam pessoas e comportamentos, definindo quem pode e não pode ser integrado. (MARQUES, 1997, p. 22)

No caminho para a superação dessas limitações, de acordo com Marques

(1997) para se compreender a PNE com um ser em sua plenitude, há que se

quebrar algumas idéias cristalizadas. Superar a visão bastante enraizada na

sociedade da deficiência como algo negativo e passivo, entendendo-a como uma

possibilidade a mais no universo da pluralidade e tratar seus portadores com

membros ativos da cultura pode ser garantia para a integração efetiva dos

Portadores de Necessidades Especiais.

Segundo dados do Relatório sobre Prevalência de Deficiências,

Incapacidades e Desvantagens da Coordenadoria Nacional para Integração da

Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE (BRASIL, 2002, acesso em 05 de

dezembro de 2008): “Até a última década do século XX o Brasil ressentia-se da

inexistência de dados oficiais sobre a população com deficiência”. As políticas

públicas tomavam como referência a estimativa da Organização Mundial de Saúde

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(OMS) de que 10% da população de um país é portadora de alguma deficiência. Em

outubro de 1989, a Lei 7.853 obriga como condição essencial para o conhecimento

da realidade nacional a inclusão de questões específicas sobre a população

portadora de deficiências nos censos e, em 1991 foi inserido pelo IBGE os dados

dessa população.

Ainda conforme o relatório, segundo Januzzi (1997), no ano de 1991 o

Censo informou ter o Brasil cerca de 146.815.750 habitantes, sendo que 2.198.988

eram deficientes, ou seja, 1,49%. O percentual baixo pode ser atribuído a diversos

fatores como o conceito de deficiência, que pode ter englobado somente os grandes

lesados, em virtude de ocultamento por parte dos pesquisados (por preconceito),

dificuldade dos pesquisadores em identificar deficiências e alto percentual de

respostas.

O Censo Demográfico de 2000, citado por Brasil (2002) recenseou

169.799.170 pessoas e pesquisou a presença das seguintes deficiências: deficiência

mental permanente, deficiência visual, física, motora e auditiva, de acordo com o

grau de incapacidade produzida ou limitação funcional. Foi utilizado, para esse

levantamento, o critério da CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Através da nova metodologia, segundo o Relatório sobre Prevalência de

Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (2002), o Censo Demográfico de 2000

informou dados mais próximos à realidade, em relação ao perfil desse grupo

específico, com informações sobre renda, ocupação, cor, raça, escolaridade. O

resultado foi um total de 24,5 milhões de pessoas portadoras de deficiência,

perfazendo 14,5% da população brasileira, (19,8 milhões de pessoas da zona

urbana e 4,8 milhões da zona rural. (IBGE, 2002, Censo Demográfico Nacional,

Brasil)

A análise desses números tem importância fundamental, sendo importante

ressaltar que nem todas as deficiências vêm desde o nascimento; muitas ocorrem

durante a vida em virtude de acidentes de trabalho, acidentes de trânsito, resultado

da violência e em virtude da degeneração física em decorrência da idade, valendo

ainda salientar que o Brasil é um país que está colocado mundialmente entre os que

tem maiores índices de acidentes de trabalho e de violência urbana.

Page 23: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

23

2.3 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Já se afirmou inúmeras vezes que a educação especial na maioria dos

países, tem seguido um padrão semelhante de evolução. Nas fases da segregação

e exclusão se caracteriza pela concepção de que o diferente é simplesmente

ignorado, evitando, abandonando ou encarcerado, quando não exterminado.

A esse respeito, afirma Sassaki (1997, p. 01):

A idéia de integração surgiu para derrubar a prática da exclusão social a que foram submetidas as pessoas deficientes por vários séculos. A exclusão ocorria em um sentido total, ou seja, as pessoas portadoras de deficiência eram excluídas da sociedade para qualquer atividade porque eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e incapazes de trabalhar, características estas atribuídas indistintamente a todos que tivessem alguma deficiência. Algumas culturas simplesmente eliminavam os portadores de deficiência, outros adotaram a prática de interná-las em grandes instituições de caridade, junto com doentes e idosos.

Tratando-se sobre as instituições que tratam diretamente dos deficientes,

Sassaki (1997, p.01), ressalta que estas instituições eram geralmente muito grandes

e serviam basicamente para dar abrigo, medicamento e alimento e algumas

atividades para ocupar o tempo ocioso. As instituições foram se especializando para

atender pessoas por tipo de deficiência. Assim, a segregação institucional continuou

sendo praticada. A idéia era prover na instituição todos os serviços possíveis, já que

a sociedade não aceitava receber pessoas deficientes nos serviços existentes na

comunidade.

Acreditando que a pobreza e a miséria verificadas no mundo atual são

produtos em grande parte da falta de conhecimentos a respeito de direitos e

deveres, e acreditando que a própria falta de garantia deste direito básico que é o da

educação (e do acesso a informação) constitui fonte de injustiça social, que a

conferencia mundial de JOMTIEM sobre educação para todos, em 1990, adotou

como objetivo o oferecimento da educação para todos até o ano de 2000.

Os principais pontos da discussão, na referida conferencia, destacam a

necessidade de se prover maiores oportunidades de educação duradoura que por

sua vez implica três objetivos diretamente relacionados e trouxe grandes benefícios

à educação especial:

Page 24: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

24

Estabelecimento de metas claras que aumentem o número de crianças freqüentando a escola;

Tomada de providências para assegurar a permanência da criança na escola por um tempo longo o suficiente que lhe possibilite obter um real benefício da escolarização;

Início de reformas educacionais com a garantia de que a escola inclua em suas atividades, seus currículos, e através de seus professores, serviços que realmente correspondam às necessidades de seus alunos, de seus respectivos pais e das comunidades locais, e que também, correspondam às necessidades das nações de formarem cidadãos responsáveis e instruídos (JONTIEM, 2000, p. 12).

Uma conseqüência imediata visível a educação especial, resultante dos

objetivos expostos acima, reside na ampliação da clientela potencialmente nomeada

como possuindo recursos educacionais especiais. Outra se verifica na necessidade

de inclusão da própria educação especial dentro desta estrutura de educação para

todos. O que a concepção de necessidades educacionais especiais provoca é a

aproximação do ensino regular e o especial.

Segundo a Declaração de Salamanca (1994, p. 61), quanto à prática

educacional:

A inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e do gozo e exercício dos direitos humanos. No campo da educação tal se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram proporcionar uma equalização genuína de oportunidades. A experiência em muitos países demonstra que a integração de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais é mais eficazmente alcançada em escolas inclusivas que servem a todas as crianças de uma comunidade.

Através da educação inclusiva, permite-se às pessoas portadoras de

necessidades especiais melhores condições de vida e acesso às atividades que

antes eram praticamente impossíveis de serem realizadas. Na educação inclusiva,

questiona-se não somente as políticas e a organização da educação especial e

regular, mas também o conceito de mainstreaming:

A noção de inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O vocábulo integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é de não deixar ninguém no exterior do ensino regular desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se constituir um sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em virtude dessas necessidades. (MONTOAN, 1997, p. 145).

Dessa forma, afirma-se que a inclusão proporciona mudanças na

perspectiva educacional, e não se limita a apenas ajudar os alunos que apresentam

dificuldades na escola, mais apóia a todos: alunos e pessoal administrativo, para

que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Hoje a escola inclusiva é uma

Page 25: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

25

realidade em muitos países e a cada dia ganha mais adeptos. A educação especial

é muito mais do que a escola especial, sua prática não deve estar limitada a um

sistema paralelo da educação e sim fazer parte da educação como um todo,

acontecendo nas escolas regulares. Constituindo-se em mais um sinal de qualidade

em educação, quando oferecida ao aluno que necessite por qualquer motivo.

Cabe ressaltar, de acordo com Mantoan (1997) que a inclusão não é uma

ameaça, nem uma mera questão de terminologia. Ela é uma expressão lingüística e

física de um processo histórico que se iniciou e não terminará tão pouco. Na

verdade a inclusão não tem fim, até porque as regras e convenções vão sendo

revistas e modificadas e novos tipos de excluídos poderão sempre aparecer.

Portanto cabe aos que possuem consciência a este respeito manter-se sempre em

prontidão para que haja luta por um mundo cada vez mais justo e democrático.

A educação inclusiva é muito mais importante, pois a partir do momento que

deixarem de existir instituições especiais segregadas, de instituições consideradas

normais, o preconceito, o estereótipo e o estigma irão diminuindo, a partir do

momento em que as crianças portadoras de recursos especiais passarem a conviver

com crianças ditas normais este pré-conceito como o próprio nome diz irá diminuir.

Não será escondendo destas crianças ditas normais que existe diferenças, mas será

lhe ensinando a conviver com elas e reconhecer as suas semelhanças que

acontecerá na real inclusão social e educacional.

2.4 A PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS (PNE) E OS POSSÍVEIS

ESPAÇOS DE INCLUSÃO

O sistema educacional, assim como outros espaços (esportes, artes, etc.)

tem sido visto como uma porta de acesso para as (Portadores de Necessidades

Especiais) (PNEs) intervirem e ocuparem lugares sociais onde até então

predominavam pessoas sem deficiência. E por ser a escola um ambiente onde se

consolidam valores e se formam atitudes, cabe aqui uma ênfase especial ao

trabalho desenvolvido pelos educadores em função de um projeto educacional

inclusivo. Promover que crianças e adolescentes portadores de necessidades

especiais participem dos mesmos espaços educativos que as crianças sem

Page 26: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

26

deficiência – inclusive compartilhando das mesmas atividades pedagógicas -

significa possibilitar-lhes oportunidades iguais no futuro.

Uma vez que a PNEs faz parte de um grupo social minoritário, dentro de

uma maioria considerada normal, as instituições como família e escola, importantes

reprodutoras dos valores sociais, são decisivas para a construção de alternativas de

participação destes em todas as esferas da sociedade.

No Brasil, de acordo com Monteiro (1997), leis federais têm garantido o

ingresso do aluno portador de deficiência em turmas de ensino regular. Esse fato,

entretanto, requer uma qualificação específica dos profissionais da educação de

forma que possam estar aptos a lidarem com todas as especificidades de uma PNE,

sem atitudes preconceituosas ou pré-julgamentos.

Afirma ainda Monteiro (1997) que apesar das políticas públicas, pouco são

as crianças com necessidades especiais que têm tido a oportunidade de freqüentar

escolas regulares, e mesmo estas encontram escolas e/ou professores com poucos

recursos e "conhecimento para garantir o sucesso e permanência desses alunos".

Considerando que a (Pessoa Portadora de Necessidade Especial) - (PPNE)

tem no direito à educação um dos direitos básicos da pessoa humana, de forma que

o acesso a várias etapas de formação “possibilita o ingresso no mercado de trabalho

em situações mais favoráveis, vale observar o vínculo entre os direitos humanos e a

democracia” (CARVALHO, 2003, p. 13)

Segundo Carvalho (2003, p. 15), a intenção do governo brasileiro em

desenvolver uma sociedade calcada na igualdade e na liberdade, evidencia-se na

elaboração do Programa Nacional de Direitos Humanos, publicado pelo Ministério da

Justiça em 1996: “Não há como conciliar a democracia com as sérias injustiças

sociais, como as formas variadas de exclusão e com as reiteradas violações aos

direitos humanos que ocorrem em nosso país”.

Entretanto, a autora pondera que embora o discurso "teoricamente bem

construído", na prática muito ainda se tem a conquistar em se tratando da efetivação

dos direitos das PPNEs.

A pesquisadora citada apresenta alguns depoimentos de pessoas

portadoras de deficiências, colhidas com auxílio de intérprete da Língua Brasileira de

Sinais (LIBRAS) conforme depoimento de uma pessoa,entretanto, requer uma

qualificação específica dos profissionais da educação de forma que possam estar

Page 27: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

27

aptos a lidarem com todas as especificidades de uma PNE, sem atitudes

preconceituosas ou pré-julgamentos.

Afirma Monteiro (1997) que apesar das políticas públicas, poucas são as

crianças com necessidades especiais que têm tido a oportunidade de freqüentar

escolas regulares, e mesmo estas encontram escolas e/ou professores com poucos

recursos e "conhecimento para garantir o sucesso e permanência desses alunos".

De acordo com Carvalho (2003), considerando que a PPNE tem no direito à

educação um dos direitos básicos da pessoa humana, de forma que o acesso à

várias etapas de formação possibilitam o ingresso no mercado de trabalho em

situações mais favoráveis, vale observar o vínculo entre os direitos humanos e a

democracia.

Segundo Carvalho (2003), a intenção do governo brasileiro em desenvolver

uma sociedade calcada na igualdade e na liberdade, evidencia-se na elaboração do

Programa Nacional de Direitos Humanos, publicado pelo Ministério da Justiça em

1996.

Não há como conciliar a democracia com as sérias injustiças sociais, como

as formas variadas de exclusão e com as reiteradas violações aos direitos humanos

que ocorrem em nosso país.

Entretanto, Carvalho (2003, p. 20) pondera que embora o discurso

teoricamente bem construído, na prática muito ainda se tem a conquistar em se

tratando da efetivação dos direitos das PPNEs.

A pesquisadora citada apresenta alguns depoimentos de pessoas portadoras de deficiências, colhidas com auxílio de intérprete de LIBRAS. Conforme depoimento de uma pessoa com deficiência auditiva, uma das maiores barreiras à educação escolar é o desconhecimento por parte dos professores da língua de sinais, o que dificulta a compreensão dos conteúdos ensinados. Segundo esse depoimento, a aprendizagem fica sem sentido e é mecânica, calcada na memorização, e embora represente grande esforço, produz a sensação de "cabeça vazia" (CARVALHO, 2003, p. 22).

Esses entrevistados lamentam não receberem estímulos para leitura e

interpretação de textos em língua portuguesa, sejam estes de livros, revistas ou

jornais. Atribuem à falta de estímulo ao despreparo e falta de paciência dos

professores e colegas ouvintes, para que eles tenham maior tempo para

"compreendermos o mundo que vemos, mas não compreendemos" (CARVALHO,

2003, p. 22).

Page 28: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

28

As barreiras de acessibilidade são referidas como as maiores dificuldades.

Nas escolas regulares foram lembradas desde a falta de rampas de acesso ao

prédio e entre os andares das escolas, além do tamanho das portas (que não

permitem a circulação de cadeiras de rodas), a falta de adaptação dos banheiros, e

a falta de ônibus adaptados para o transporte coletivo.

No depoimento, um dos surdos afirma de muitos desejam ingressar na

Universidade, mas se sentem desmotivados "porque supõem que os professores

não estão preparados para receberem alunos surdos. Nem mesmo sabem que

surdos são capazes de fazerem estudos superiores" (CARVALHO, 2003, p. 24).

A falta de preparação dos professores acaba fazendo com que esses

portadores se afastem dos estudos e deixem de procurar por maiores qualificações,

tornando o acesso ao trabalho ainda mais difícil.

Já para os cegos entrevistados, a maior dificuldade enfrentada é a falta de

material de estudo em Braile. Informam ainda que é possível encontrar no exterior

livros impressos em Braile, porém, além de caros, estes são difíceis de importar, isso

sem se considerar os entraves da língua estrangeira (CARVALHO, 2003, p.59).

As escolas especiais são importantes, porém não devem se confinar,

procurando conviver intensamente com outras escolas vizinhas; recomendam ainda

que os estudos do nível médio devam ser em escolas integradas. A leitura e a

escrita em Braile confirmam-se como uma necessidade de extrema importância

principalmente para aqueles de menor poder aquisitivo.

As pessoas com deficiências motoras (paraplegia e paralisia cerebral)

apontam a falta de conhecimento da sociedade, daí tanto preconceito e

discriminação (CARVALHO, 2003, p. 28).

Esses posicionamentos de pessoas com algum tipo de deficiência refletem a

grande necessidade de o sistema educacional, desenvolver ações efetivas para que

estas alcancem através da educação os seus direitos de cidadania. Uma educação

que atenda a todos, sem discriminações de qualquer tipo, precisa oferecer as

mínimas condições para que cada indivíduo participe de forma efetiva da construção

dos conhecimentos.

Silva (1987) afirma que a escola corporifica as idéias de progresso constante

através da razão e da ciência, de crença nas potencialidades de desenvolvimento de

um sujeito autônomo e livre, de universalismo, de emancipação e de libertação

Page 29: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

29

política e social, de autonomia e liberdade, de ampliação do espaço público através

da cidadania.

O direito à igualdade de oportunidades educacionais felizmente, tem sido

buscado sobremaneira, de forma que o Estado tornou-se obrigado a garantir

unidades de ensino gratuitas também para as crianças com alguma deficiência.

A política de educação inclusiva desenvolvida pelo governo brasileiro prevê

através da Secretaria de Educação Especial - órgão ligado ao Ministério da

Educação (MEC) - disseminar sistemas inclusivos firmando parcerias para levar a

todos os municípios brasileiros o atendimento às necessidades educacionais das

Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais (PPNEs).

Esse atendimento sempre que possível deve ser oferecido na rede regular

de ensino, entretanto, quando a criança apresentar uma situação peculiar que

demande a sua inserção em classes, escolas ou serviços especiais, devem ser

disponibilizados os meios para esse atendimento.

2.5 AS DIVERSAS FACES DA INCLUSÃO

Muito tem se discutido sobre a participação das PPNEs no ambiente escolar.

É grande a luta dessas pessoas por oportunidades de aprendizagem e

profissionalização, bem como por espaços onde possam atuar como cidadãos

produtivos. Conforme se observa na nossa sociedade, tem crescido a aceitação

dessas pessoas, devido a campanhas desenvolvidas por Igrejas, e outras entidades

com o fim de promover um novo olhar sobre a questão da deficiência.

Podemos citar fatores decisivos ao se analisar a presença das PPNE em

diversos segmentos da vida social, tais como o esporte inclusivo e a inclusão digital.

O esporte é reconhecidamente um meio eficaz para a reabilitação de

pessoas com deficiência, pois promove a solidariedade e a superação das

dificuldades.

Page 30: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

30

Situando historicamente, o esporte para-olímpico no Brasil começou a ser

praticado em 19581. No dia 10 de abril daquele ano, o cadeirante Robson Sampaio

de Almeida, em parceria com Aldo Miccolis, fundou o Clube do Otimismo. A primeira

participação do Brasil numa competição internacional foi no II Jogos Para-pan-

americanos, em 1969, na cidade de Buenos Aires. Em 78, o Rio de Janeiro foi a

sede da quinta Para-pan-americanos, onde só os cadeirantes competiram.

Os jogos para-olímpicos são realizados no mesmo país e locais onde

ocorrem as Olimpíadas. As piscinas, ginásios, pistas de atletismo, e outros locais de

competição são os mesmos usados pelos não-deficientes. A palavra "para-

olimpíada" não significa "Olimpíada dos Deficientes", mas "Paralela aos Jogos

Olímpicos".

Tem crescido o incentivo às PPNE para sua participação em eventos

esportivos; várias instituições têm desenvolvido programas no sentido de

conscientizar a sociedade para o potencial dessas pessoas, que têm conquistado

medalhas, inclusive nas últimas olimpíadas de Sidney e Atenas.

A inclusão digital é outro item na pauta das discussões sobre as PPNEs. A

expressão "acessibilidade" representa para o usuário não só o direito de acessar a

rede de informações, mas também o direito de eliminação de barreiras

arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de

equipamentos e programas adequados, e de informação em formatos alternativos.

Romper a barreira digital é tão importante para as PPNEs porquanto lhes

proporciona contato com outras pessoas, com informações diversas e lhes capacita

para o exercício de funções nos postos de trabalho.

A acessibilidade é uma bandeira de lutas das PPNEs à medida que se

constata o quanto nosso país ainda precisa incorporar os direitos desses cidadãos.

Encontram-se relacionados cinco contextos de "acessibilidade", além da

arquitetônica, já referida: a) acessibilidade metodológica: fim das barreiras nos

métodos e técnicas (escolar), de trabalho (profissional), de ação comunitária (social,

etc.) e de educação dos filhos (familiar); b) acessibilidade instrumental: instrumentos,

utensílios e ferramentas de estudo (escolar), de trabalho, de lazer e recreação; c)

acessibilidade programática: fim das barreiras invisíveis embutidas nas políticas

1 EMBRATEL. Diretoria Executiva de Recursos Humanos. Exemplos de ação. Inclusão, você deve

conhecer o termo e utilizá-lo melhor. Disponível em: http://www.voluntariosembratel.org.br/site/pagi na.php?idconteudo=261. Acesso em: 18 de maio de 2008.

Page 31: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

31

públicas (normas e portarias, etc.); d) acessibilidade atitudinal: fim dos preconceitos,

estigmas, estereótipos nas pessoas em geral.

3. DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO EDUCADOR E A INCLUSÃO DOS

PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

3.1 DA INCLUSÃO EM SALA DE AULA

Crianças portadoras de necessidades especiais estão sendo incluídas em

classes que são direcionadas a crianças ”normais”, fazendo atividades que não são

diretamente adequadas a elas. Porém a integração poderá ou não facilitar a essas

crianças, que, de acordo com Vayer (1989, p. 63): A integração da criança deficiente

numa classe normal, mesmo sendo desejada sinceramente, entre em choque com

as convicções mais estabelecidas no tocante à aprendizagem e ao desenvolvimento

da criança

Esta integração, pode gerar alguns problemas, mas por um outro lado pode

beneficiar a todas crianças, fazendo com que haja uma melhora no desenvolvimento

dessas crianças.

Para Fonseca (1991, p. 81): “A grande convicção do futuro é que as crianças

deficientes tenham as mesmas oportunidades que as crianças não deficientes, pois

lhes cabem as mesmas e legítimas aspirações de realização pessoal e de

participação e transformação sócia.

Para as crianças com necessidades especiais, a integração é uma forma de

desenvolvimento social e geral, facilitando assim para que ela tenha uma

aprendizagem normal. Quando se fala em transformação social, é o papel que cabe

a escola, pois essa fazendo a integração irá facilitar a integração dessas crianças na

sociedade, então educar para transformar.

A LDB nº 9394/96 no seu art. 58 que: “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. A lei determina

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32

que educação especial deve ser oferecida na rede regular de ensino, porém que se dê preferência a crianças com necessidades especiais em classes normais, para isso essas crianças não podem ser jogadas diretamente em classes normais sem que essas estejam preparadas para recebê-las. ( Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9394 de 1996, acesso em 05 de dezembro de 2008, Portal Ministério da Educação, Brasil)

As crianças incluídas no ensino regular devem adaptar-se aos meios e

condições que o ensino oferece, porém cabe também as escolas regulares

acomodá-las dentro das suas necessidades.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (1991) em seu art.

54, é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente um atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede

regular de ensino.

Para que haja inclusão é necessário que o sistema educacional esteja

preparado para atender as crianças com necessidades especiais e não que estejam

apenas pronto para atender apenas aquela ou outro tipo de deficiência.

A inclusão nas escolas vem sendo defendida mundialmente pela Unesco,

desde a declaração de Salamanca, na Conferência Mundial sobre Educação

Especial, em Salamanca, Espanha, em 1994, que se determinou que:

O princípio orientador deste plano de Ação consiste em afirmar que as escolas se devem ajustar a todas as crianças independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüística ou outras. Neste conceito, devem incluir-se crianças com deficiência ou sobredotadas, crianças de rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais. Estas condições colocam uma série de diferentes desafios ao sistema escolares. No contexto de enquadramento da Ação, a expressão ‟Necessidades Educativas Especiais „ refere-se a todas as crianças e jovens cujas necessidades se relacionam com deficiência ou dificuldades escolares (FONSECA, 1991, p. 77).

É importante que as escolas proporcionem uma educação eficaz, porém

comum que atendam a todas as necessidades individuais de cada aluno como

proclamado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e foi reafirmado com

veemência pela Declaração de Educação o direito de todos à educação. Com isso

todas as crianças com dificuldades e com deficiência, precisam de educação

especial na qual beneficiem a todas sem que haja discriminação ou diferenças, este

é um dos propósitos da escola inclusiva, modificar as tais atitudes e proporcionar

uma educação de qualidade a todas as crianças.

Page 33: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

33

3.2 ESCOLAS INCLUSIVAS

Por educação inclusiva, de acordo com Oliveira (2002), entende-se o

processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais ou de distúrbios de

aprendizagem na rede comum de ensino em todos os seus graus.

É importante que as crianças portadoras de necessidades especiais, seja

avaliada, por profissionais qualificados analisem a necessidade dessas crianças,

pois nem sempre ela deve ir para uma classe especial, podendo ser integrada em

uma classe regular.

As escolas especiais só devem existir quando as crianças revelam deficiências severas e complexas, quer no aspecto sensorial, quer no intelectual e motor, ou então no caso de comportamentos e desordens emocionais extremas. Em qualquer dos casos, nunca se deve pensar no isolamento institucional. A ligação escola especial à escola normal é indispensável (FONSECA, 1991, p. 81).

As ligações entre as escolas especiais e normais são importantes, pelo fato

de que, de acordo com Antunes (2001), a criança que é de uma classe especial, que

apresenta um grau de deficiência ou dificuldade de aprendizagem maior, pode

dependendo do seu caso ou da sua deficiência passar para uma classe normal, isso

deve ocorrer se ela tiver capacidade de ampliar o seu desenvolvimento, por essa

razão as escolas especiais devem estar interligadas, para haver inclusão.

Faz-se necessário que a classe seja para essas crianças portadoras de

necessidades especiais não um local onde ela espera que um especialista venha

buscá-la para ensinar a andar ou falar, mas sim um local acolhedor, sentido como a

classe normal em termos de vida conjunta, segundo Vayer (1989).

A escola especial ou normal deve ser um ambiente em que a criança possa

se relacionar além de adquirir novos conhecimentos, ou seja, tenha um aprendizado.

Dar-se aí o papel das escolas regulares em incluir crianças com necessidades

especiais, para que essas tenham um bom desenvolvimento.

As escolas inclusivas devem estar especializadas para atender todos, nos

termos da Declaração de Salamanca (1994) que afirma que:

O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em que todos os alunos devam aprender juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. As escolas inclusivas devem reconhecer e satisfazer às necessidades diversas dos seus alunos, adaptando aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de

Page 34: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

34

uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades. É preciso, portanto, um conjunto de apoios de serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola.

Cabe então a escola criar estratégias para incluir esses os alunos com

necessidades especiais no ensino regular, porém reconhecendo as necessidades

individuais, e também um currículo comum satisfazendo a todos, como preconiza a

LDB no seu artigo 59: Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com

necessidade especiais: I - Currículos, métodos, recursos educativos e organizações

específicas, para atender as suas necessidades; II - Terminalidade específica para

aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino

fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor

tempo o programa escolar para os superdotados; III - Professores com

especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento

especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para integração

desses educandos nas classes comuns; IV - Educação especial para o trabalho,

visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições

adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho

competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para

aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artísticas, intelectual ou

psicomotora; V – Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais

suplementares disponíveis para respectivo nível do ensino regular (BRASIL, 1996).

A escola deve fazer um programa com recursos e métodos adequados, para

atender a esta clientela mesmo as que não conseguirem atingir o nível exigido para

concluir o ensino regular, devem também ter professores capacitados para atender a

esses alunos, visando prepará-los para uma vida comum na sociedade, na qual eles

tenham benefícios. Segundo Fonseca (1991, p. 81):

Não se pode „encher‟ uma escola com crianças deficientes de uma forma puramente circunstancial. Os arranjos devem ser compatíveis com as necessidades das crianças não deficientes, não esquecendo a criação de currículos e métodos pedagógicos adequados, além de professores qualificados.

Para que se haja inclusão nas escolas é importante que os currículos, os

métodos, os professores sejam apropriados as necessidades das crianças. Através

de programas especiais, a escola inclusiva deve ter um bom suporte para uma

melhora no andamento do ensino e aprendizagem dos alunos com necessidades

especiais:

Page 35: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

35

A maioria das mudanças necessárias não se relaciona unicamente com a inclusão das crianças com necessidades especiais. Fazem parte duma reforma educativa mais ampla que aponta para a promoção da qualidade educativa e para um mais elevado rendimento escolar de todos os alunos. A Declaração Mundial sobre Educação para todos acentuou a necessidade de um método de ensino centrado na criança,visando o sucesso educativo de todas as crianças.A adoção de sistemas mais flexíveis e mais versáteis, capazes de atender melhor às diferentes necessidades das crianças,contribuirá, quer para o sucesso educativo, quer para a inclusão. As diretrizes que se seguem focam os pontos que devem ser considerados na integração de crianças com necessidades especiais (UNESCO, 1994).

O sucesso escolar é não só um mérito dos alunos, mas também dos

professores, que de uma maneira ou de outra deverão criar estratégias para as

crianças com necessidades especiais, mas em alguns casos para que esses

professores consigam atingir os seus objetivos é necessário que se faça um serviço

de apoio como preconiza a LDB, artigo 58:

1º Haverá quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular (BRASIL, 1996).

Os serviços de apoio especializados são importantes para que haja um

auxilio aos professores e aos alunos, pois a dificuldade, o atraso e a lentidão na

aprendizagem podem gerar uma insatisfação, um fracasso e até mesmo uma

evasão desses alunos da escola.

De uma maneira geral a escola inclusiva é uma das formas privilegiadas de

relações sociais, pois nela os alunos visam a integração, a cooperação e a

colaboração entre si:

Segundo trata a UNESCO (1994) sobre a Declaração de Salamanca em que

trata dos Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas

Especiais, “nas escolas inclusivas, os alunos com necessidades educativas

especiais devem receber o apoio suplementar de que precisam para assegurar uma

educação eficaz. A pedagogia inclusiva é a melhor forma de promover a

solidariedade entre os alunos com necessidades educativas especiais e os seus

colegas. A escolarização de crianças em escolas especiais ou em aulas ou seções

especiais dentro de uma escola, de uma forma permanente deve considerar-se

como uma medida excepcional, indicada unicamente para aqueles casos em que

fique claramente demonstrado que a educação nas aulas regulares é incapaz de

Page 36: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

36

satisfazer as necessidades pedagógicas e sociais do aluno, ou para aqueles casos

em que seja indispensável ao bem estar da criança deficiente ou das restantes”.

A Inclusão nas escolas é uma forma de proporcionar as crianças de

necessidades especiais um atendimento que vise estender ao máximo a capacidade

de uma criança portadora de deficiência ou uma criança com distúrbio de

aprendizagem numa escola regular, a pedagogia inclusiva faz com que haja um

relacionamento entre os alunos fazendo com que assim haja uma cooperação

mútua.

A partir da escola inclusiva haverá uma maior aceitação das crianças com

necessidades especiais pela sociedade, fazendo com que elas sejam inseridas na

vida comum.

3.3 CRIANÇAS PORTADORAS NECESSIDADES ESPECIAIS

As crianças portadoras de necessidades especiais são crianças que

apresentam de uma forma ou de outra algum tipo de deficiência ou dificuldade de

aprendizagem.

... a confirmação da investigação e da prática clínica, a criança com paralisia cerebral apresenta essencialmente um problema de envolvimento neuromotor. Do mesmo modo, a deficiência mental apresenta uma inferioridade intelectual generalizada como denominador comum. Por um outro lado, na criança deficiente visual ou auditiva, o problema situa-se ao nível da acuidade sensorial. No que respeita à criança emocionalmente perturbada esta apresenta um desajustamento psicológico como característica comportamental predominante (FONSECA, 1991, p. 27).

Para esses tipos de criança, ainda segundo Fonseca (1991), é necessário

requerer uma prática educacional mais desenvolvida no sentido de ampliar as suas

capacidades, porém para cada deficiência é enfatizado um tipo de trabalho, pois as

crianças com deficiências receptivas ou sensoriais que é ocaso dos deficientes

auditivos e visuais devem ser educados com mais atenção, para que não haja

alteração na sua aprendizagem, pois é importante distinguir nesta deficiência até

que ponto ela irá interferir na aprendizagem ou não.

Page 37: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

37

Já a deficiência integrativa ou intelectual, que é o caso da deficiência mental,

que é uma lesão cerebral que pode ser dividida em (mínima, ligeira ou severa) e a

dificuldade de aprendizagem, que são problemas que irão levar essas crianças a

terem um desajuste na aprendizagem. A deficiência expressiva é aquela que se

limita nas áreas motora e verbal, enquanto a área motora afeta as praxias globais e

fina, na área verbal há uma falta de conduta motora quanto ao aparelho fonador,

esta multideficiência resulta da paralisia e descoordenação dos centros motores

cerebrais, causando assim problemas de comportamento e aprendizagem. Segundo

Vayer (1989, p. 26): “... a criança seja deficiente por razões somáticas, neurológicas,

relacionais ou outras, é sempre ela que, enquanto sujeito da sua ação, constrói sua

pessoa, mas terá desvantagem em comparação as crianças que têm ao mesmo

tempo toda a sua integridade e relações favoráveis”.

As crianças não deficientes poderão apresentar uma formação integral mais

qualitativa do que as crianças que apresentam necessidades especiais, mas isso

não impede que as crianças portadoras de necessidades especiais tenham uma

capacitação superior aos seus limites.

As crianças com atrasos escolares, tanto faz se definidas como „débeis‟ ou ‟ retardadas acadêmicas‟, tampouco apresentam problemas especiais de integração, ao mesmo nível das próprias crianças. Elas podem achar seus lugares nos grupos de crianças ditas normais, mas também pode revelar mais prático reagrupá-las num conjunto específico integrado nos outros grupos (VAYER, 1989, p. 26).

A criança com dificuldades escolares, nem sempre é uma criança deficiente,

ela apresenta sim um atraso motor e mental, sendo que é uma carência

especificamente na escrita, no cálculo e na leitura, devido a algumas alterações na

aprendizagem de ordem social ou até mesmo algum problema emocional.

Essas crianças com problemas emocionais, aparentemente são normais,

porém devido a perturbações afetivas são crianças com necessidades especiais,

tornando – se crianças hiperativas, por exemplo, mas isso não quer dizer que ela

apresente uma deficiência a nível cerebral, mas sim a nível comportamental.

3.4 ATIVIDADES PSICOMOTORAS COMO FACILITADORAS DA INCLUSÃO

Page 38: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

38

As crianças com necessidades especiais precisam de atividades que

auxiliem no seu desenvolvimento escolar (intelectual), emocional e físico. A

psicomotricidade tem como objetivo desenvolver os aspectos, psíquicos, motor e

afetivo.

A psicomotricidade envolve toda a ação realizada pelo indivíduo, que

represente suas necessidades e permitem sua relação com os demais. É a

integração psiquismo - motricidade.

O psiquismo é considerado como o conjunto de sensações, percepções,

imagens afetos, pensamentos, etc. A Motricidade é o resultado da ação do sistema

nervoso sobre a musculatura, como resposta à estimulação sensorial.

O papel fundamental da psicomotricidade é educação dos movimentos, que

seria educação psicomotora, uma ”Ação pedagógica e psicológica que utiliza a

atividade corporal, com o objetivo de normalizar ou melhorar o comportamento da

criança” (VAYER, 1989, p. 34).

A educação psicomotora para as crianças que tem necessidades especiais,

é o melhor meio de educá-las, pois para elas que apresentam alguma deficiência ou

dificuldade de aprendizagem, ser inclusa em uma classe normal, as atividades

psicomotoras irão beneficiar, fazendo com que melhore o seu comportamento e sua

capacidade de desenvolver novas habilidades ou seja favorecendo nas

aprendizagens escolares.

As atividades psicomotoras auxiliam as crianças a adquirirem um boa noção

de espaço e lateralidade e boa orientação com relação ao seu corpo, aos objetos, as

pessoas, através de suas estruturas, pois esses são os elementos básicos, para

uma boa aprendizagem

3.4.1. Esquema Corporal

O esquema corporal é a formação do “EU”, ou seja, a formação da

personalidade da criança através do conhecimento do corpo, a criança começa a

percebê-lo com o mundo em que a cerca.

A criança deve ter a consciência e o conhecimento do uso do seu próprio

corpo, assimilando quanto ao uso das partes, para que essa não tenha dificuldades

Page 39: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

39

mais tarde, pois através desse contato corporal que se dá a evolução dos gestos e

da linguagem que é fundamental na aprendizagem. “O aspecto cultural do uso do

corpo está diretamente relacionado com a consciência da imagem corporal”

(BRUHS, 1989, p. 70).

A utilização do corpo faz com que a criança tenha relação da sua própria

imagem corporal que deriva das sensações proprioceptivas, através da consciência.

A orientação corporal, de acordo com Fonseca (1991), faz com que a

criança tenha acesso para identificação e interpretação das impressões sensoriais,

desenvolvendo assim a aprendizagem progressiva do domínio corporal, pois

primeiro a criança conhece as partes do corpo, depois ela sente e usa, e só depois

controla o seu corpo.

É através da boa formação do esquema corporal, que se tem um bom

desenvolvimento da motricidade, das percepções espaciais e temporais, da

lateralidade e da afetividade, pois o esquema corporal é a grande base para as

demais estruturas. “Se a criança não tiver uma boa consciência corporal terá um

mau desenvolvimento das outras estruturas” (FONSECA, 1991, p. 30).

3.4.2. Lateralidade

A criança desenvolve através de seus movimentos um lado direito ou

esquerdo.

“A lateralidade se define como uma dominância lateral na criança: será mais

forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a

dados neurológicos, mas também é influenciada por certos hábitos sociais” (DE

MEUR apud PACHER, 2003 p. 03). A lateralidade leva a criança a descobrir o lado

dominante e fortalecer o lado não dominante, através da maturação dos centros

sensitivos motores de um dos hemisférios cerebrais.

Desta forma, pode-se afirmar ainda que “a lateralização traduz a capacidade

de integração sensório-motora dos dois lados do corpo, transformando – se numa

espécie de radar endopsíquico de relação e de orientação com o mundo exterior”

(FONSECA, 1991, p. 172).

Page 40: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

40

A lateralidade esta ligada a relação que a criança tem do seu corpo,

mediante ao seu mundo exterior.

Através das ações habituais as crianças, desenvolvem a lateralidade sem se

preocupar com a sua dominância lateral, a partir de atividades cotidianas, que se

tornam importantes para as crianças com necessidades especiais, porque elas

desenvolvem seus gestos com espontaneidade.

O mau desenvolvimento da lateralidade acarretará problemas juntos a

orientação espacial e temporal, que são de essencial importância para o bom

desenvolvimento das aprendizagens escolares.

3.4.3. Orientação Espacial

A criança se orienta no espaço vendo as coisas em relação a si próprio a

partir do movimento que ela imprime ao objeto, descobre o espaço, estar

dentro/fora, em cima/embaixo, de um lado ou de outro.

De acordo com Meur (1984, p. 40) a “Orientação espacial é a estruturação

do mundo exterior referindo-se ao seu referencial, depois a outros objetos ou

pessoas em posição estática ou em movimento”.

A orientação espacial é a maneira como a criança se localiza no espaço que

a cerca e como se situam as coisas em relação às outras, ou seja, é a tomada de

consciência da situação do seu próprio corpo com o meio ambiente.

Vale salientar, de acordo com Borges (1987, p. 47) que “o desenvolvimento

da orientação espacial está intimamente ligado ao desenvolvimento motor”.

Através do desenvolvimento da orientação espacial é que a criança tem o

desenvolvimento motor, que é de fundamental importância para a aprendizagem de

novas habilidades.

Dentro da orientação espacial, há a adequação espacial que é a capacidade

que a criança tem de se perceber ou um objeto dentro de um determinado espaço

proposto, e a partir daí ela terá uma compreensão intelectual que se baseia através

das experiências vividas pelas crianças.

Page 41: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

41

3.4.4. Orientação Temporal

Na orientação temporal a criança tem a noção do tempo presente, a partir do

ritmo das ações e dos acontecimentos, dentro de uma rotina, a criança adquire a

noção necessária para conviver o passado, o presente e o futuro. “Orientação

temporal é a estruturação que tem a capacidade de situar-se em função do tempo”

(MEUR, 1984, p. 181).

A maneira como a criança se situa no tempo, a capacidade de avaliar

intervalos de tempo e de estar ciente dos conceitos de tempo, é a orientação

temporal.

A aquisição dos conceitos de tempo é importante para as crianças

vivenciarem diferentes ritmos, através da regularidade de sua sucessão, é uma

maneira concreta de vivenciar o tempo.

A criança vai percebendo a noção do tempo conforme ela assimila a

execução de uma atividade, ou seja, aquilo que lhe agrada ela permanece mais

tempo, o que não lhe interessa tem duração curta. A criança experimenta e vai tendo

a noção. Borges relata que “avaliar o movimento no tempo, distinguir o rápido e o

lento, o antes e o depois; esta é uma noção que se forma juntamente com as noções

espaciais” (BORGES, 1987, p. 48).

A orientação temporal está relacionada com a orientação espacial e é por

essa razão que as crianças apresentam dificuldades nas duas.

3.5 DESENVOLVIMENTO MOTOR E INCLUSÃO

O desenvolvimento motor é um processo extenso que se dá desde o

nascimento até a idade adulta, permitindo um aperfeiçoamento na aprendizagem

interminável. Pode ser conceituado como: “o movimento que permite à criança

encontrar um conjunto de relações (sujeito, as coisas, o espaço) necessárias ao seu

desenvolvimento motor” (MATOS et al, 2000, p. 185).

É através do movimento que a criança expressa as suas necessidades

primordiais, tornando-se assim um dos elementos no desenvolvimento escolar,

Page 42: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

42

principalmente devido as condições de aprendizagem que as crianças portadoras de

necessidades especiais apresentam.

É necessário que haja uma aprendizagem que atenda as necessidades

individuais de cada aluno, demonstrando como cada um irá se expressar e agir, no

seu ato motor diante do mundo. O desenvolvimento motor possui algumas etapas,

que de acordo com Matos et al (2000, p. 185) são:

Só é possível determinar as características dos espaços a criar, se primeiramente analisarmos as diferentes etapas de desenvolvimento de acordo com os períodos críticos ou fases de receptividade por que passa a criança, isto é, forma como descobrindo o mundo, o corpo se adapta e se modifica (desenvolvimento neuro-motor); a forma como situa o corpo, o conhece e organiza as ações (desenvolvimento representativo) e o modo como habita (desenvolvimento afetivo). O desenvolvimento geral da criança situa-se perante os níveis de crescimento (modificações das dimensões corporais) e a maturação (modificações de estruturas e funções) em que aprendizagem se torna significativa se respeitar os „ritmos‟ de evolução de acordo com as atividade correspondente.

As etapas do crescimento, as características físicas, culturais, sociais e

afetivas das crianças são fatores que dependem o aprendizado escolar, especifica-

mente do desenvolvimento motor, que a criança vai adquirindo aos poucos conforme

ela vai se formando; para cada etapa do desenvolvimento é necessário um tipo de

atividade motora diferente, sendo a criança portadora de necessidade especial ou

não, o que se torna importante é o ritmo com o qual ela executa que deve ser

respeitado.

A inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais em atividades

motoras que são direcionadas à crianças ditas normais, faz com que essas crianças

tenham um desenvolvimento de seus movimentos, porém, cabe a elas se adequar

nas atividades que tem como objetivo o aprimoramento do seu movimento. De

acordo com Dieckert (1997, p. 187): “o objetivo da aprendizagem de movimento é

sempre a melhoria de processos coordenativos”.

A aprendizagem motora auxilia no processo de coordenação dos

movimentos, pois esta consiste na aprendizagem de habilidades motoras simples,

como andar até as mais complexas como escrever. Para isso é necessário que se

trabalhe a coordenação motora.

A coordenação motora é a ação de combinar diversos grupos musculares,

através do sistema nervoso central, para a execução de uma série de movimentos

ou ações. A coordenação motora é uma das qualidades mais importantes a serem

Page 43: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

43

trabalhada no aprendizado escolar. Para isso podemos considerar dois tipos de

coordenação motora: Coordenação motora global e fina.

A coordenação motora Global envolve os movimentos amplos com todo o

corpo, desse modo coloca grupos musculares diferentes em situações simultâneas

com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos.

Segundo Velasco (1996, p. 29): ”A maturação motora e neurológica da

criança é que concretiza esta conduta motora de base“. Para a criança é mais fácil

fazer movimentos simétricos e simultâneos, prevalecendo o sistema extrapiramidal.

As atividades que envolvem a coordenação motora global são primeiramente

as dos movimentos naturais como: correr, saltar, engatinhar, etc e outras atividades

envolvendo grandes massas musculares.

A coordenação motora fina envolve pequenos músculos, com a prevalência

do sistema piramidal na motricidade fina voluntária. Esta pode ser considerada em

três aspectos: Coordenação Viso Motora, Coordenação Facial e Coordenação Fina,

conforme o quadro abaixo:

Quadro 01 - Quadro da Coordenação Motora Fina COORDENAÇÃO

FINA

MUSCULATURA

UTILIZADA

DEPENDE DE

MATURAÇÃO

PRODUÇÃO MOTORA ALICERCE

VISOMOTORA MÃO

OLHO

NEUROLÓGICA FOCAL/MOTORA PERCEPÇÃO

VISUAL

MOTORA-FINA MÃO NEUROLÓGICA M. REFINADOS ESCRITA

MÚSCULO-FACIAL ROSTO NEUROLÓGICA E

EMOCIONAL

COMUNICAÇÃO

GESTUAL-FACIAL

LINGUAGEM

Conduta Equipamento Desenvolvimento Resultado Base

Fonte: Velasco (1996, p. 31).

A coordenação viso motora é a habilidade de coordenar a visão com os

movimentos do corpo, é estimulada à medida que a criança visualiza os objetos ou

pessoas realizando ações de interação.

Já a coordenação motora fina ou Manual, é segmentar normalmente com

utilização das mãos, (pode-se haver casos principalmente de crianças com

deficiência que utilize outro membro para desenvolver esta coordenação), exigindo

precisão nos movimentos para realização de tarefas. A base para essa coordenação

são os movimentos de preensão e de pinça, fazendo com que a criança treine para

a escrita.

Page 44: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

44

A coordenação músculo facial é aquela que a todo o momento a criança está

utilizando, por ser criança pura e autêntica, demonstra com suas expressões faciais

o que lhe agrada ou desagrada. Seus sentimentos e emoções são traduzidos

através da comunicação corporal, com os objetos e as pessoas.

É de grande importância a coordenação motora para atividade escolar, pois

é necessário criar o máximo de experiências de movimentos coordenativos, para

que a criança mesmo com necessidades especiais ou ditas “normais”, não se mostre

desajeitada em suas ações ou tarefas, apresentando assim dificuldades na escola.

4 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A INCLUSÃO

Foi apenas a partir do início do século XIX que os deficientes mentais

“deixaram de ser considerados loucos e esta distinção foi de suma importância para

a pedagogia e à educação da PPD” (ROSADAS, apud COSTA e SOUZA, 2004, p.

98).

Ainda no século XIX, Per Ling citado por Costa e Souza (2004), classificou

os exercícios em quatro categorias: pedagógicos, estéticos, militares e médicos,

sendo este voltado para o deficiente físico e se subdividindo em exercícios ativos,

passivos e contra-resistidos.

As primeiras instituições que se tem conhecimento destinavam-se ao ensino

de crianças portadoras de deficiência áudio-comunicação e visão. Segundo Leitão

apud Kyrillos (2005, p. 22):

Em 1809, foi fundada na Suécia uma instituição voltada para o atendimento destes alunos. Mais tarde, duas escolas foram criadas no Japão; uma em Kioto, no ano de 1878, denominada Escola para Cegos e Surdos; e a Escola Razuken, em Tóquio, inaugurado em 1880.

Em 1886, foram criadas as primeiras classes especiais dentro do sistema

regular, na França, a implantação destas escolas ocorreu em 1907. O governo

francês, através de Napoleão Bonaparte, foi o primeiro a considerar os surdos como

cidadãos (KYRILLOS, 2005). Kyrillos (2005, p. 22), afirma ainda que:

Com as duas guerras no início deste século, a população portadora de deficiência teve um aumento significativo, eram soldados e civis atingidos de alguma forma por bombas, tiros e/ou qualquer outro vestígio da guerra, o que fez com que as pesquisas e estudos sobre deficientes obtivessem um avanço considerável no período pós-guerra.

Page 45: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

45

Foram criados centros de reabilitações e desenvolvidas técnicas que

culminaram em atividades recreativas, jogos e o esporte adaptado para amputados,

paraplégicos e outras deficiências.

A partir de então, passou-se a se considerar este tipo de atividade um meio

incentivador para as restaurações das funções orgânicas, reabilitação e reintegração

social, tendo havido ainda um processo de criação de esportes com cadeira de

rodas.

Desde o início, a Educação Física foi estruturada para formar trabalhadores

fortes e preparados fisicamente para a guerra e o trabalho, num enfoque militarista e

higienista (SILVA, 2008, p.216).

No Brasil, desde os primórdios da colonização o tratamento dado aos

portadores de necessidades educativas especiais era feito:

... ou se abandonavam os deficientes às intempéries, por descrença nas suas possibilidades de desenvolvimento, por situações diversas de miséria, procedimento também usual com „normais‟ indesejados, ou se recolhia nas Santas Casas, aqui existente desde o séc. XVI (JANNUZZI, 2004, p. 11).

No século XIX, durante o período do segundo reinado, foi criado o Instituto

Benjamin Constant (IBC), em 1854, e o Instituto Nacional de Educação para Surdos

(INES), em 1857. Estas instituições, na época de sua criação, segundo Silva (2008)

junto com as Santas Casas, recebiam somente os adultos os portador de

necessidade educativa especial, funcionando como internatos visando ações de

alfabetização de adultos.

E a Educação Física e o esporte, num contexto de ensino regular, nas

décadas de 30 e 40, até o início da década de 50, de acordo com Kyrillos (2005),

tinha um enfoque militar e da eugenia, sendo utilizada para a melhoria de uma raça,

tendo a preocupação na formação de um corpo produtivo, forte e saudável.

Até então, o ensino para os portadores de necessidade educativa especial

baseava-se naquilo que lhes faltava, ou seja, na lesão. Ao final da Segunda Guerra

Mundial, o olhar da sociedade em relação ao portador de necessidade educativa

especial muda, deixando este de ser considerado como um estorvo para sua família.

Aqueles soldados que lutaram na guerra e que ficaram com alguma seqüela, seja física ou mental, foram considerados heróis. A partir desse momento, a sociedade passou a respeitar estas pessoas, permitindo que participassem ativamente do meio social. Foi a partir deste momento que, através da disciplina de Educação Física, ocorreu uma maior preocupação com a realização de atividades físicas para deficientes. Estas atividades eram chamadas de Ginástica Médica, utilizando dois tipos de exercícios: os de correção e de prevenção de doenças (SILVA, 2008, p. 15).

Page 46: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

46

Na década de 50, ocorreu o advento do esporte nos programas de

Educação Física. Em paralelo, surgiu um movimento na Educação Física para a

prática de atividades físicas e esportivas, “voltado para os portadores de

necessidades educativas especiais, através de adaptações na estrutura do esporte e

criações de esportes novos, chamada de Educação Física Adaptada” (SILVA, 2008,

p. 16).

Este termo, afirma Romeiro (2006) surge na Inglaterra e nos Estados

Unidos, com o objetivo de se buscar, através da prática desportiva, a normalização

e, posteriormente, a integração na sociedade do portador de necessidade especial.

No Brasil, a preocupação com a atividade física e esportiva do PNE‟s ocorre

em 1958, de acordo com Kyrillos (2005), com a fundação, em São Paulo, do Clube

do Paraplégico e no Rio de Janeiro, do Clube do Otimismo.

O esporte teve como enfoque, um meio de reabilitar o portador de

necessidade educativa especial à comunidade, capaz de ser eficiente, pelo menos

no esporte, de acordo com Costa e Souza (2004). Este trabalho de reabilitação

ainda existe nos dias de hoje. Só que não servirá somente aos portadores de

deficiência, mas também a aqueles que estão a margem da sociedade, fazendo com

o esporte sirva de caminho para ascensão social a aqueles em situação de risco

social.

Diante este fato, a Educação Física, percebendo as diferenças e valorizando

o potencial dos portadores de necessidades educativas especiais, “cria jogos cujo

intuito era a busca da integração e inserção social, além de intercâmbio entre eles”

(KYRILLOS, 2005, p. 23).

Estes jogos foram realizados num hospital na cidade de Stoke Mandeville,

Inglaterra, que logo se tornaram internacionais. Assim, são criados os Jogos

Paraolímpicos, com a denominação “Olimpíadas dos Portadores de Deficiência,

realizada na cidade de Roma (Itália), logo após a XVI Olimpíada, se utilizando das

mesmas instalações (CONDE, 2006, p. 34).

O termo Parolímpico só começa a ser utilizado em 1964, durante os Jogos de Tóquio no Japão, com a fusão das palavras paraplegia e olímpico. “As modalidades desportivas, como as individuais e coletivas, são basicamente as mesmas, com as adaptações necessárias para a prática dos portadores de necessidades educativas especiais” (JANNUZZI, 2004, p. 14).

Uma outra diferença é a criação de dois esportes: a Bocha, para pessoas

com paralisia cerebral, e o Goalball, para deficientes visuais. Atualmente, é um

Page 47: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

47

evento que ocorre logo após a realização das Olimpíadas, nos mesmos locais,

“porém com adaptações, como rampas de acesso a estádios, placas informativas

escritas em Braile e outros” (CONDE, 2006, p. 34).

Isto é também uma exigência do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a

cidade que quiser se candidatar para realizar uma Olimpíada. Inovações

tecnológicas também estão presentes nas Paraolimpíadas, visto que são criados

equipamentos visando melhorar a performance desses atletas, como uma espécie

de teste final para ir para o mercado.

4.1 E A INCLUSÃO?

Na Educação Física Adaptada, de acordo com Kyrillos (2005), um dos

princípios básicos é o da integração, no entanto, essa prática, não permitirá aos

portadores de necessidades educativas especiais de se desenvolverem junto com

outras pessoas consideradas “normais”.

O objetivo é integrar socialmente, mas o caráter é segregacionista, porque acaba que nem todos os deficientes participam de desportos adaptados. Esta segregação, aumenta ainda mais quando se trata de desporto de alto nível, como as Paraolimpíadas e outras competições que se exige um auto grau de excelência física e motora, tendo em mente as suas limitações e individualidades (KYRILLOS, 2005, p. 25).

Além dessa integração, Rosadas citado por Costa e Souza (2004) destaca

outros princípios como o da normalização e individualização. De acordo com Costa e

Souza (2004), o princípio de normalização refere-se à criação de atividades que se

assemelhem o máximo possível das práticas realizadas pelas pessoas consideradas

como “normais”.

O princípio de individualização se refere a incrementar as potencialidades dos portadores de necessidades educativas especiais, não se esquecendo das suas limitações e dificuldades. Este princípio é confrontado com aquele que é preconizado pelo treinamento desportivo, que irá potencializar as potencialidades e minimiza as dificuldades, levando o sujeito ao desenvolvimento de suas habilidades técnico desportivas, respeitando a realidade individual e biológica de cada um (KYRILLOS, 2005, p. 25).

Com relação à Educação Física escolar, pode ser feita a mesma relação,

apresentando-se uma concepção de corpo, segundo o qual o portador de

Page 48: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

48

necessidades educativas especiais, foge dos padrões preestabelecidos que

influenciam na Educação Física.

Visto que, até pouco tempo, facultava das aulas de Educação Física os portadores de necessidades educativas especiais, trabalhadores com carga horária superior à 6 horas de trabalho e os adultos maiores de 30 anos. Isto está prescrito no decreto-lei nº. 69450/71, que regulariza o ensino de Educação Física em todos os níveis de ensino até hoje. Mas, temos avanços como na Lei de Diretrizes e Bases para Educação, de n. 9394/96 (LDB), que na sua essência, possibilita a transformação do sistema educacional brasileiro num sistema que reconheça e valorize a diversidade, favorecendo a todos aqueles envolvidos no processo (KYRILLOS, 2005, p. 25).

Segundo o Parâmetro Curricular Nacional de Educação Física existe a

possibilidade de que os portadores de necessidades educativas especiais sejam

inseridos nas aulas de Educação Física:

Garantidas as condições de segurança, o professor pode fazer adaptações, criar situações de modo a possibilitar a participação dos alunos especiais. Uma criança na cadeira de rodas pode participar de uma corrida se for empurrada por outra e, mesmo que não desenvolva os músculos ou aumente a capacidade cardiovascular, estará sentindo as emoções de uma corrida (MEC, 1997, p. 40).

Assim, pode-se afirmar ainda que:

A Educação Física tem que existir para a escola não como aquela disciplina do currículo que só sirva para ser uma mera recreação, ou de excluir aqueles sem condições da sua prática ou para selecionar somente os melhores para uma prática esportiva, por exemplo. No paradigma da inclusão, a Educação Física deve, e pode, possibilitar a mesma oportunidade de sua prática a todos, seja os portadores de necessidades educativas especiais ou não. E o professor terá um papel fundamental, visto que ele deverá conciliar os interesses de todo o grupo. Temos que tornar a escola um lugar agradável e o melhor caminho é através da convivência com o outro, respeitando a suas individualidades e suas diferenças. Assim, podemos construir uma escola para todos (KYRILLOS, 2005, p. 30).

5. MATERIAL E MÉTODO

Neste capítulo, apresentam-se as análises, as considerações e

recomendações que venham a permitir repensar e apontar caminhos que conduzam

à pratica da educação inclusiva de crianças com necessidades educativas especiais

nas aulas de Educação Físicas em duas escolas públicas na cidade de Porto Velho,

devidamente cotejadas com a função teórica pertinente ao estudo.

Page 49: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

49

5.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Utilizou-se da pesquisa qualitativa e do estudo bibliográfico como forma de

obtenção de embasamento teórico sobre o tema.

A coleta de dados deu-se pelo método indutivo com entrevistas semi-

estruturadas e contendo 12 (doze) questões preestabelecidas, baseadas nos

estudos teóricos.

Outro instrumento foi a observação para captar informações que não ficaram

evidentes nas entrevistas.

5.2 PERFIL DA AMOSTRA

A pesquisa envolveu duas escolas, sendo uma Municipal e outra Estadual

de ensino fundamental e fundamental e médio, respectivamente, nos turnos da

manhã e da tarde.

Como a pesquisa foi realizada em apenas duas escolas que contavam com

apenas dois professores na modalidade de Educação Física, não houve como

representar os resultados da pesquisa por meio de gráficos, até mesmo por que as

perguntas foram feitas de forma subjetiva.

O contexto geral desta pesquisa pode ser simplificado através do quadro 01

abaixo.

Quadro 1: Contexto geral

CONTEXTO DO ESTUDO

Número de escolas observadas 2

Número de horas aula observadas, por escola 15

Número total de horas/aula observados 30

Média de alunos presentes por aula 29

Média de alunos participantes, de fato, por aula 23

Page 50: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

50

Média de alunos presentes e não participantes, por aula 6

5.3 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE ESTATÍSTICOS

Os dados foram coletados através de análise documental e por meio de

entrevistas junto aos coordenadores das escolas Municipal e Estadual,

anteriormente selecionadas, posteriormente registrados bem como das observações

realizadas em sala de aula e na aula de comunicação alternativa.

Esses dados foram posteriormente tabulados com o programa Excel, e

transformados em gráficos e tabelas, posteriormente transferidos para o Word.

5.4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Questionados com relação a como consideravam o relacionamento dos

alunos portadores de necessidades especiais outros alunos no ambiente escolar,

ambos os entrevistados afirmaram considerá-lo como bom.

Gráfico 01: Relacionamento dos alunos portadores de deficiências com outros alunos

Fonte: Elaboração própria, 2008.

Page 51: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

51

Vale salientar que as políticas de inclusão possibilitam ganhos a todos os

envolvidos na relação, seja para as crianças que não portam deficiências ou para as

que as possuem.

Segundo a Organização das Nações Unidas, citada por Krug (2002, p. 02),

todo mundo se beneficia da educação inclusiva. As vantagens são:

1. Estudantes com deficiência: (a) aprendem a gostar da diversidade; (b) adquirem experiência direta com a variedade das capacidades humanas; (c) demonstram crescente responsabilidade e melhor aprendizagem através do trabalho em grupo, com outros deficientes ou não; e (d) ficam melhor preparados para a vida adulta em uma sociedade diversificada, pois entendem que são diferentes, mas não inferiores;

2. Estudantes sem deficiência: (a) têm acesso a uma gama bem mais ampla de papéis sociais; (b) perdem o medo e o preconceito em relação ao diferente, desenvolvem a cooperação e a tolerância; (c) adquirem grande senso de responsabilidade e melhoram o rendimento escolar; e (d) são melhor preparados para a vida adulta porque desde cedo assimilam que as pessoas, as famílias e os espaços sociais não são homogêneos e que as diferenças são enriquecedoras para o ser humano.

Para o Ministério da Educação e do Desporto (1994) as vantagens de um

atendimento integrado são: (a) pela convivência com alunos de sua faixa etária

considerados normais, em ambientes comuns, as crianças portadoras de

deficiências tem mais condições de desenvolver suas capacidades, e de desfrutar

um convívio social mais rico e abrangente, sem tantos rótulos e estigmas; e (b) a

integração na escola regular, ademais, não é benéfica apenas para as crianças

portadoras de deficiência. Ela pode ser percebida como uma "via de mão dupla",

pois as crianças consideradas normais, ao conviver em condições de igualdade com

aquelas que apresentam déficits em alguma área, também serão beneficiadas.

Aprendem que o mundo não é um lugar onde todos são iguais, que tais pessoas,

mesmo "diferentes", merecem respeito, amizade e afeto. Aprendem também que

existem muitas formas de ajudá-las em suas necessidades, inclusive educacionais.

Crescem, enfim, com uma visão menos preconceituosa dos indivíduos portadores de

deficiência, deixando de lado barreiras psicológicas que só conduzem a sua

estigmatização e segregação.

Perguntados sobre como seria a interação com o professor de Educação

Física, os dois entrevistados afirmaram como sendo muito boa, e que os portadores

de necessidades podem ser bastante beneficiados com a prática da Educação

Física, mas que esse relacionamento poderia ser ainda melhor.

Page 52: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

52

Gráfico 02: Interação do Professor com os alunos portadores de necessidades especiais

Fonte: Elaboração própria, 2008.

Segundo Krug (2002), pode-se afirmar que o Ministério da Educação e do

Desporto tem se empenhado na ampliação e na oferta de educação às pessoas

portadoras de deficiência, em regime de parceria com os municípios, de forma a

tornar reais os direitos de cidadania que foram garantidos pela Constituição Federal,

e vem desenvolvendo, nesse intuito, uma ampla sensibilização e envolvimento de

toda a comunidade escolar e da sociedade em geral como forma de integração do

aluno com deficiência na rede regular de ensino.

Para que essa inclusão se realize com toda a força, necessário se faz que

seja dado aos professores subsídios técnicos para que esse possa integrar os

portadores de necessidades especiais em suas salas. Desta forma, não podem ser

esquecidas as construções de rampas de acesso, adaptação ou construção de

toaletes especiais e salas mais espaçosas.

A meta do Ministério da Educação e do Desporto (1994) é, sobretudo,

garantir o acesso de todos a um ensino de qualidade: sejam deficientes, pobres,

negros, marginais, ninguém deve ser excluído. Assim, recomenda ainda que os

deficientes que estejam gravemente comprometidos sejam encaminhados às

classes especiais, salientando que quem define o grau de comprometimento é o

professor e o diretor em conjunto com os pais.

De acordo com Krug (2002, p. 06):

O que fazer quando a escola recebe o primeiro aluno deficiente? De acordo com o Ministério da Educação e do Desporto, para começar, o diretor entra em contato com a respectiva Secretaria de Educação (estadual ou municipal). A secretaria faz um estudo do caso e vê se pode remanejar a criança para uma escola próxima que já esteja capacitada a acolher

Page 53: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

53

deficientes. Caso não seja possível, ela envia uma solicitação ao Ministério para providenciar um curso de capacitação. Em princípio o Ministério oferece uma fita de vídeo e um livro sobre deficiência mental e um vídeo e três livros sobre deficiência auditiva. Somado a isso, os professores escolhidos para a capacitação recebem um curso de no mínimo 80 horas, fornecido pela Secretaria de Educação - que recebe um suplemento de verbas do Ministério da Educação e do Desporto. O Ministério recomenda dois tipos de parceria: com as universidades e com as Ongs (Organizações não governamentais). Ambas oferecem consultores e especialistas para ensinar ao professor como lidar com o aluno especial. As APAEs, por exemplo, costumam enviar seus profissionais para treinar professores de escolas regulares em processo de inclusão. Entre as Ongs envolvidas na capacitação destacam-se também a AACD, as sociedades Pestalozzi e as FENEIS (Federação Nacional dos Surdos). Tanto a capacitação como as parcerias são bastante flexíveis, ou seja, adaptam-se à natureza e à quantidade de deficiências em cada escola. O Ministério da Educação e do Desporto planeja ampliar aos poucos essa capacitação, até que toda a rede pública esteja equipada para receber qualquer portador de necessidades educativas especiais.

Inquiridos em relação ao fato de serem as atividades adaptadas ou não para

que os portadores de necessidades especiais venham a realizá-las, na Escola

Estadual, essa adaptação ainda não é feita, contudo, na Escola Municipal já vem

sendo feita.

Gráfico 03: A adaptação das atividades:

Fonte: Elaboração própria, 2008.

De acordo com Krug (2002, p. 06):

Os estudos existentes, as publicações técnicas e os documentos oficiais sobre o tema são escassos e pouco divulgados, fazendo com que as pessoas responsáveis pelo planejamento educacional trabalhem, muitas vezes, de maneira intuitiva, desenvolvendo ações que não conduzem a uma inclusão e integração educacional efetiva, porém, em muitos casos, a uma mera integração física. Essa leva a um não entendimento das necessidades especiais do alunado e, até, em alguns casos, a uma segregação maior do que a resultante do atendimento em modalidades de atendimento especializado.

Page 54: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

54

Ainda de acordo com Krug (2002, p. 07):

Para a integração das outras deficiências em escola regular ou classe regular deve-se: (a) definir o tipo de indivíduo que estamos ou queremos integrar e qual o comportamento da deficiência; (b) integrar os alunos de acordo com suas capacidades em diversas turmas e níveis; (c) ver caso a caso até mesmo entre portadores da mesma deficiência, pois há diferenças observando as possibilidades e oportunidades de cada um; (d) a importância do professor especializado para dar apoio específico aos portadores de deficiências; e (e) a importância do trabalho integrado entre o professor especializado em Educação Especial e o professor de classe para o apoio a turma e ao portador de deficiência, e para um avanço pedagógico nas diferentes áreas.

Questionou-se aos entrevistados se os alunos notam que há uma super

proteção quando o professor lhe ensina, estes afirmaram que não há essa proteção,

mas apenas uma atenção mais especial tendo-se em vista a dificuldade de efetuar

certas atividades.

Gráfico 04: Os outros alunos sentem que há superproteção dos professores com os alunos

portadores de necessidades especiais? Fonte: Elaboração própria, 2008.

Nesse ponto, cabe observar que, se a intenção é incluir, não há por que se

falar em tratamento especial. Uma atenção especial pode ser requerida, mas nada

que faça com que os outros alunos sintam-se excluídos ou colocados em segundo

plano.

Perguntados em relação a se os alunos portadores de necessidades

especiais já apresentaram algumas dificuldades em atividades nas aulas de

educação Física Escolar, os entrevistados afirmaram que sim, e, principalmente nas

atividades onde se exige esforço físico como vôlei e futebol.

Page 55: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

55

Gráfico 05: Os alunos portadores de necessidades especiais já apresentaram dificuldades?

Fonte: Elaboração própria, 2008.

Inquiriu-se acerca do fato de os alunos portadores de necessidades

especiais se consideram aptos a realizarem as atividades físicas que lhe são

passadas, o professor da Escola Municipal afirmou que sim, e que acreditam ainda

mais nessa possibilidade ao verem os resultados alcançados nas para olimpíadas.

Já o professor da Escola Estadual, disse que em sua maioria, esses alunos

gostariam de estarem aptos, no entanto falta-lhes um ambiente propicio o que

dificulta a prática esportiva.

Gráfico 06: Os alunos portadores de necessidades especiais consideram-se aptos a realizar as atividades?

Fonte: Elaboração própria, 2008.

Questionados acerca do fato de se existe algum tratamento especial para

que os alunos portadores de necessidades especiais tenham seus

desenvolvimentos aprimorados e se existisse, quais seriam os tratamentos

utilizados, o professor da Escola Estadual afirmou que:

Page 56: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

56

Temos sim tratamento de atendimento a eles junto a assessoria pedagógica de ensino especial da Secretaria Estadual de Educação - SEDUC a qual dá suporte aos mesmos nesta escola através de mim, psicopedagoga, conversarmos sobre seus problemas diários, suas dificuldades e tentamos aconselhá-los para uma melhor adaptação na sociedade.

Já o segundo entrevistado afirmou que a escola ainda ensina aos portadores

de necessidades especiais a “se integrar em sociedade e serem como qualquer

outro aluno é isto que ensinamos a coletividade”.

Gráfico 07: Existe algum tratamento especial para que os alunos PPNEs tenham seus

desenvolvimentos aprimorados? Fonte: Elaboração própria, 2008.

Questionados sobre se os exercícios feitos têm trazido aos alunos

portadores de necessidades especiais melhoras clinicas, sejam elas físicas ou

mesmo psicológicas, o entrevistado na Escola Estadual afirmou que não, e o da

Escola Municipal informou que sim.

Gráfico 08: A prática dos exercícios tem trazido melhorias clínicas aos PPNEs?

Fonte: Elaboração própria, 2008.

Page 57: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

57

Na mesma pergunta foram ainda questionados se esta melhoria ocorre em

relação aos alunos portadores de necessidades especiais, o entrevistado da Escola

Municipal afirmou que a melhora foi diagnosticada “através de laudos de

fisioterapeutas e pediatras que perceberam melhoria na desenvoltura óssea e

muscular destes”.

Já o entrevistado da Escola Estadual informou que essa melhoria clínica não

foi detectada na escola e que pode até estar ocorrendo “em outros estabelecimentos

onde existam projetos voltados para esta prática”.

A esse respeito, afirma Krug citando outros autores (2002, p. 08):

A Educação Física Adaptada nada mais é do que a adequação de metodologia, adaptação de materiais e técnicas que venham atender as diferenças individuais de cada portador de deficiência. Entretanto, tais adequações, devem ser baseadas nos tipos e características das deficiências para que possa oportunizar a todos a participação no maior número de atividades possíveis, visando, assim, sua melhora à nível motor, afetivo, cognitivo, assim como a interação e integração com as demais pessoas (Nogueira, 2000). Aviz (1998) ressalta que a atividade física e/ou esporte pode significar para o portador de deficiência, o desenvolvimento da auto-estima, a melhoria da sua auto-imagem, o estímulo à independência, a integração com outras pessoas, uma experiência enriquecedora com seu próprio corpo, (...) além de uma oportunidade de testar suas possibilidades, prevenir-se contra deficiências secundárias e integrar-se consigo mesmo e com a sociedade. Deve-se considerar também o interesse em particular de atividades físicas ou esportes seja em busca de prazer, diversão, competição ou busca de uma melhor qualidade de vida.

A busca pelo entendimento dessas modificações ocorridas com os

portadores de necessidades especiais nas atividades escolares deve ser feita o

tempo todo, de maneira a se compreender o que vem dando certo, o que não está

de forma a adaptar as atividades à realidade dessas crianças para que a inclusão

seja alcançada de forma e eficaz.

Perguntou-se aos entrevistados sobre o fato de o trabalho do professor de

Educação Física Escolar atender ou não às expectativas dos alunos portadores de

necessidades especiais, afirmaram os entrevistados afirmaram que não em sua

totalidade. A pessoa questionada na Escola Estadual afirmou que: “Eles se esforçam

mais falta maior dedicação do Poder Público e da Secretaria de Educação junto a

eles para que possam melhor e eficazmente desenvolver habilidades e metodologias

junto a estes alunos”.

Page 58: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

58

O entrevistado da Escola Municipal, ao contrário, informou que: “Não em sua

totalidade, mas a cada ano nosso município tenta se adequar a realidade e melhorar

as condições de vida destas pessoas”.

Gráfico 09: O professor de Educação Física Escolar atende às expectativas dos alunos portadores de

necessidades especiais? Fonte: Elaboração própria, 2008.

O trabalho de inclusão deve ser buscado por todos os envolvidos, e o papel

do Poder Público é essencial, não só na aplicação, como na regulação e fiscalização

das atividades efetuadas.

Nesse ponto, cabe concluir, segundo o entendimento do entrevistado da

Escola Estadual, que a ação em nível do Poder Público Estadual precisar ser maior

e mais eficaz e que, no Município, as atividades vêm sendo reguladas da maneira

certa e que constantemente se busca melhorar ainda mais.

Na penúltima questão, pediu-se aos entrevistados que, de acordo com a

resposta dada na questão anterior os mesmos atribuíssem uma nota, em uma

escala de 1 a 5, sendo 1(menos expectativa) e 5 (maior expectativa) para o

professor de Educação Física Escolar pela Equipe Pedagógica em seu trabalho

junto aos alunos portadores de necessidades especiais, o entrevistado da escola

Municipal atribuiu nota 05 (cinco) e o representante da Escola Estadual, atribuiu-lhe

nota 03.

Page 59: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

59

Gráfico 10: Atribua uma nota à sua expectativa com relação às aulas de educação física

Fonte: Elaboração própria, 2008.

A última questão, pediu ao entrevistado que, também avaliando o professor

de Educação Física Escolar na mesma escala da questão anterior, qual seria a

relação do mesmo no conhecimento sobre a estrutura, em ambas as escolas, foi

atribuída a nota 03.

Considerando alguns elementos culturais e sociais que envolvem a prática de

atividades físicas como prazer, liberdade, diversão, entre outros aspectos e que a

EFE esteja diretamente associada a estes aspectos, que, em geral, a participação

do aluno nas aulas dá-se por este “gostar da aula”, a ação de estimular a aula,

muitas vezes, passa desapercebida. Esses aspectos, vinculados às experiências

sociais, afetivas e motoras mal sucedidas, juntamente com os diferentes interesses

e expectativas das crianças, necessitam ser reconhecidos e considerados nas ações

pedagógicas na perspectiva de “cuidar” da participação dos alunos nas aulas.

É oportuno lembrar que se refere à Educação Física num processo de

educação escolarizada, e isto nos remete ao compromisso com a aquisição de

conhecimento em que o professor deve estar devidamente preparado para

assegurar a consecução dos objetivos e as demandas do processo ensino-

aprendizagem.

Parece existir uma lacuna entre o discurso e a realidade, fato este que pode

gerar um distanciamento ainda maior que o existente. Observamos que explorar o

potencial do educando, bem como identificar seus interesses e as suas

necessidades ainda não tem sido o foco principal das ações pedagógicas de muitos

professores.

Page 60: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

60

A forma de se conceber a Educação Física na escola mediada pela ação do

professor pode, de certa forma, contribuir para a participação ou distanciamento de

alunos em determinadas atividades.

Nas palavras de Santin (1998, p.67): “É interessante observar que a

Educação Física é a única que conseguiu criar leis para que certos alunos fossem

dispensados, alegando razões que olhadas com atenção, mostram exatamente que

estes dispensados são os que mais necessitam de atenção do educador”.

Pode-se observar que muitas ações acabam por afastar, excluir, sem querer,

disfarçadamente, os menos habilidosos, os mais lentos, enfim aqueles que

aparentemente fogem ao padrão pré-estabelecido.

Gráfico 11: Atribua uma nota à sua expectativa com relação ao professor de Educação Física

Fonte: Elaboração própria, 2008.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Física Adaptada consiste em um conhecimento voltado apenas

para pessoas com deficiência, portanto segregado, com objetivo de reabilitação, em

que foram adaptados jogos, atividades e regras para atender a necessidades

comuns em um contexto isolado, pautados no princípio de equalização. Já a

Educação Física aplicada na perspectiva inclusiva tem por propósito atender a todos

Page 61: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

61

os alunos matriculados na rede regular de ensino, possibilitando sua participação em

todas as aulas e sua aprendizagem.

Para alcançar este objetivo deve produzir novos conhecimentos pautados na

realidade de cada escola e nas necessidades individuais dos alunos, cujo princípio é

a aceitação da diferença.

Sabe-se que a Educação Física tem um histórico de seleção, performance e

técnica muito forte e que há muitas dificuldades iniciais no processo da inclusão

nesta área.

Desta forma, é que se deve buscar responder como essa inclusão vem sendo

feita nas aulas de educação física e de que forma tem se desenvolvido. O processo

de inclusão deve ser constante, bem como a capacitação do corpo docente que vai

trabalhar com as pessoas portadoras de necessidades especiais.

Para que a inclusão se torne uma realidade fazem-se necessárias muitas

outras ações, entre elas o compromisso dos organizadores em cumprir e avaliar

planejamentos elaborados. Senão, o governo e órgãos responsáveis pela educação

estarão sempre com a consciência tranqüila, mas sem resultados positivos na

prática de ensino.

A partir da pesquisa realizada, pôde-se perceber que o processo de inclusão

a nível Municipal vem sendo feito de forma mais eficiente, observando os resultados,

com a capacitação dos professores e observação quanto ao seu desempenho.

Já a nível Estadual, o processo de inclusão vem sendo buscado, mas muito

ainda tem a ser feito.

A escola deve se preparar para receber este aluno portador de necessidades

educativas especiais, facilitando o acesso a escola com modificações na estrutura

física e preparando os professores para atuarem com este aluno, para que se sintam

mais seguros e com apoio da escola.

É importante que os professores recebam uma formação que favoreça o

entendimento da proposta inclusiva e possam agir segundo os seus princípios, mas

percebemos, também, que se queremos uma educação de qualidade é importante

que esta formação seja contínua, em serviço, buscando analisar, discutir e encontrar

soluções em conjunto sobre as dificuldades enfrentadas pela escola.

Ainda não há no Brasil uma política de educação inclusiva que considere as

necessidades diversificadas de todos os alunos como: currículo apropriado,

mudanças organizacionais e metodologia de ensino, programas de capacitação de

Page 62: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

62

professores condizentes com esta perspectiva, aquisição de recursos adequados à

realidade de cada escola e parceria com as comunidades, que são de fundamental

importância para efetivação da educação inclusiva.

Realizar a inclusão na escola, o corpo docente, funcionários administrativos

devem estar preparados receberem o portador de necessidade educativa especial.

Tem-se agora um grande desafio: tornar a escola mais humana. E isto não é

difícil de acontecer, visto que se deve favorecer a troca de conhecimentos entre os

alunos, facilitando a sua aprendizagem. E isto só se dará através da grande

diversidade histórico-cultural que existe. Não temos um aluno único, e sim, cada um

com sua dificuldade e sua história da vida. Somente com essa troca que

construiremos uma sociedade que respeite a diferença, buscando a conquista da

paz tão desejada.

Page 63: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

63

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Page 66: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

66

ANEXO

Page 67: a inclusão de portadores de necessidades especiais nas aulas

67

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA COM A EQUIPE PEDAGÓGICA ESCOLAR

NOME DO ENTREVISTADO:

1. Como é o relacionamento dos alunos portadores de necessidades especiais

outros alunos no ambiente escolar?

2. Como é a interação com o professor de Educação Física?

3. As atividades são adaptadas para que as realize?

4. Os alunos notam que há uma super proteção quando o professor lhe ensina?

5. Os alunos portadores de necessidades especiais já apresentaram algumas

dificuldades em atividades nas aulas de educação Física Escolar? Se sim, quais?

6. Os alunos portadores de necessidades especiais se consideram aptos a

realizarem as atividades físicas que lhe são passadas?

7. Existe algum tratamento especial para que os alunos portadores de

necessidades especiais tenham seus desenvolvimentos aprimorados? Citar quais

tratamentos utilizados.

8. O que mais os alunos portadores de necessidades especiais aprendem nas

aulas de Educação Física Escolar?

9. Os exercícios feitos têm trazido aos alunos portadores de necessidades

especiais melhoras clinicas, sejam elas físicas ou mesmo psicológicas? Esta

melhoria ocorre a quantos alunos portadores de necessidades especiais?

10. O trabalho do professor de Educação Física Escolar atende às expectativas dos

alunos portadores de necessidades especiais?

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11. Retomando a questão 10, numa escala de 1 a 5, sendo 1(menos expectativa) e 5

(maior expectativa) qual é o valor que o professor de Educação Física Escolar

pode receber desta Equipe Pedagógica em seu trabalho junto aos alunos

portadores de necessidades especiais?

12. Também avaliando o professor de Educação Física Escolar na mesma escala da

questão anterior, qual a relação do mesmo no conhecimento sobre a estrutura