A INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL NO BRASIL - · PDF fileidentificar e viabilizar...

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  • 16Guia ABTCP

    FORNECEDORES&FABRICANTEScelulose e papel 2016|2017

    Situao atual2016 tem sido um ano difcil, pendurado em expectativas. A situao poltico-econmica provocou retrao em prati-

    camente todos os setores do mercado domstico, aliviada nos segmentos exportadores por uma taxa cambial mais favorvel. No momento, o rumo da situao ainda no est definido.

    No mercado internacional, a situao tem se apresentado igualmente voltil, com uma srie de incertezas na recuperao econmica das regies desenvolvidas, especialmente a europeia e a norte-americana. A sada da Gr-Bretanha da Unio Europeia vem adicionando ainda mais indefinies a esse ambiente.

    As perspectivas de crescimento global continuam demos-trando a fraqueza que caracterizou 2015. Segundo o World Bank (junho/2016), o crescimento global em 2016 dever ficar em torno 2,4%. O maior incremento dever ficar por conta das regies em desenvolvimento, ainda tentando recuperar-se da crise persistente das commodities. Espera-se que o crescimento global atinja 3% em 2018 com a estabilizao de preos das commodities.

    A economia chinesa, que atingiu patamares mais moderados, vai apresentando um perfil de desenvolvimento que evolui para aquele das regies mais desenvolvidas, com PIB estimado em 6,4% para 2016 e 6,7% para 2018. Muito ir depender da superao da crise bancria e da mudana de um desenvolvimento suportado por investimentos em infraestrutura e exportao, para uma economia mais voltada para o consumo.

    A ciclicidade do mercado de celulose e de certa maneira do mercado de papel motivou um volume de investimento de grande porte em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) com o objetivo de identificar e viabilizar produtos de maior valor agregado em toda a cadeia produtiva, desde a base florestal a subprodutos ao longo do processo de produo at novos produtos, como elos finais da cadeia.

    A INDSTRIA DE CELULOSE E PAPEL NO BRASIL

    Por:Carlos Alberto Farinha e Silva vice-presidente da Pyry Tecnologia Ltda.Jefferson Mendes Bueno diretor da Pyry SilviconsultManoel Rodrigues Neves gerente de Estudos Econmicos da Pyry Tecnologia Ltda.

    Algumas tendnciasA populao mundial dever atingir cerca de 8,4 bilhes de

    habitantes em 2030.Os principais movimentos da sociedade atual situam-se no

    mbito do aquecimento global, reduo e gerenciamento de re-sduos, reutilizao em vez de reciclagem, responsabilizao da cadeia de abastecimento, crescimento da classe mdia nas regies em desenvolvimento, avano global da cultura digital e grandes movimentos migratrios a partir das reas de conflitos.

    Para a indstria de papel a questo ambiental traz simultanea-mente desafios e oportunidades. As presses para reduzir o impacto dos Gases de Efeito Estufa (GEE) no clima tendem a diminuir o consumo e a oferta de bens em geral. A madeira e suas fibras deri-vadas, porm, por serem biomateriais renovveis, devero mostrar--se cada vez mais atraentes. Essa caracterstica de sustentabilidade dever constar como um dos principais argumentos para que as fibras papeleiras sejam apresentadas como alternativa vlida para o uso de plsticos.

    A ocidentalizao das sociedades em desenvolvimento, ca-talisada pela expanso da comunicao digital, tem motivado mudanas substanciais nos hbitos de consumo e estilo de vida nos pases emergentes.

    A Figura 1 mostra a evoluo do poder aquisitivo da classe mdia considerando-se uma renda diria de US$ 10-100/dia (PPP 2005 US$). Nesse cenrio, percebemos que a maior expanso est prevista para a sia.

    O volume global de vendas pela internet tem-se expandido de forma acelerada, alcanando em 2015 a cifra de US$ 1,5 trilho.

    O aumento do poder aquisitivo nas regies em desenvolvimen-to manifesta-se em mudanas nos hbitos de consumo e maiores exigncias nos padres de higiene.

    A inovao o que faz a diferena entre um lder e um seguidor.Innovation distinguishes between a leader and a follower.

    Steve Jobs 1955-2011 (Fundador da Apple)

  • 17celulose e papel 2016|2017

    Guia ABTCP

    FORNECEDORES&FABRICANTES

    Tais mudanas de comportamento impulsionam para um maior consumo de papis para embalagens e sanitrios.

    A Figura 2 mostra a evoluo do consumo de papis em nvel global por regio. A demanda global de papis e cartes dever crescer taxa anual de cerca de 1,0%, devendo atingir 467 milhes de toneladas em 2030. Os mercados desenvolvidos mantero a tendncia de decrscimo de consumo taxa anual negativa de cerca de 0,9%.

    O consumo na China, que tem se mostrado como a principal alavanca da demanda global, crescendo 2,4%/a entre 2010 e 2014, comea a apresentar um padro de evoluo cada vez mais similar ao verificado nas regies desenvolvidas, devendo comear atingir a maturidade por volta da dcada de 2020.

    Uma nova fora motora est comeando a despontar na sia. A economia indiana cresce taxa estimada de 7,6%/ano em 2016, devendo atingir 7,7%/ano em 2018. Dado o patamar muito baixo

    Figura 1 Evoluo do poder aquisitivo da classe mdia Fonte: OCDE

    Figura 2 Demanda mundial para papel e cartes 2000-2030 Fonte: Pyry

    Milhes de t.

    Resto do Mundo

    Amrica Latina

    China

    Europa do Leste

    Europa Ocidental

    Amrica do Norte

    Japo

    Resto da sia incl. Oriente Mdio

    500

    450

    400

    350

    300

    250

    200

    150

    100

    50

    02000 2005 2010 2015 2020 2025 2030

    Mercados EmergentesCAGR2,1%

    Mercados MadurosCAGR-0,9%

  • 18Guia ABTCP

    FORNECEDORES&FABRICANTEScelulose e papel 2016|2017

    em que se encontra (cerca de 11 kg per capita de consumo de papel), com sua populao de mais de 1 bilho de habitantes, este pas continental , com certeza, um caso a ser seguido de perto pelo setor.

    A demanda de papel no longo prazo varia consideravelmente de uma regio para outra, com perspectivas modestas para o Japo, Amrica do Norte e Europa Ocidental, mas ainda com potencial de crescimento na sia, na Amrica Latina e no Leste Europeu. A previso do consumo na Amrica do Norte, na Europa Ocidental e no Japo conta com vetores de crescimento diferenciados, sendo o papel grfico apresentado com perspectiva de decrscimo de -2,6%/ano, enquanto o consumo de papel para embalagem dever crescer marginalmente ou permanecer estvel at 2030.

    A Figura 3 apresenta um grfico no qual se percebe que a demanda por papis grficos diminuir durante de 2014 a 2030, ao passo que continuar crescendo o consumo de papis para embalagem e para fins sanitrios.

    O setor de celulose e papel atravessa atualmente uma fase sem precedentes no volume de recursos destinados a P&D. Esse movi-mento, de maior expresso nas regies desenvolvidas da Europa e da Amrica do Norte, parece ser causado pela necessidade de recuperar a competitividade, perdida pelo menos parcialmente para as regies do Hemisfrio Sul e a sia.

    Outro grande motivador consiste na busca por uma economia de baixo carbono e mais sustentvel, aproveitando o apelo eco-lgico e a sustentabilidade comprovada do setor de produtos de base florestal.

    A silvicultura no Brasil

    Breve histrico

    A histria da silvicultura brasileira est intimamente ligada ao desenvolvimento da indstria nacional de base florestal.

    No final da dcada de 1950, o esforo de planejamento do Estado brasileiro para promover o desenvolvimento econmico se materializou no Plano de Metas, que elegia cinco reas prioritrias para destinao de investimentos e fixava objetivos para serem atingidos em cinco anos.

    Figura 3 Crescimento do consumo de papis e cartes por tipo (2014-2030) Fonte: Pyry

    Crescimento do Consumo % / a

    Participao no Consumo em 2014, %

    4

    3

    2

    1

    0

    -1

    -2

    -3

    -40 20 40 60 80 100

    Papis Sanitrios

    Jornal

    OutrosImprimir eEscreverNo Revestido

    Papel com PastaMecnica Revestido

    Papel com PastaMecnica No Revestido

    Imprimir e EscreverRevestido

    Papel paraSacos

    Carto Corrugado Cartes

    Mdia 1,0 %/a

  • 19celulose e papel 2016|2017

    Guia ABTCP

    FORNECEDORES&FABRICANTES

    A indstria de celulose e papel estava entre os setores contem-plados. A meta de produo anual estabelecida era de 200 mil tone-ladas de celulose e 450 mil de papel, a includas 130 mil de papel de imprensa. Como resultado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), embora no tenha concedido priori-dade especial ao setor, passou a apoi-lo de forma mais constante a partir de 1957, inclusive com alguns projetos emblemticos de produo de celulose de Eucalyptus.

    O segundo movimento governamental para impulsionar a indstria brasileira de base florestal foi o estabelecimento de uma poltica de incentivos fiscais, em 1966 (Lei n. 5.106), que, ao permitir a deduo de imposto de renda para investimentos em plantios florestais, propiciou a formao da base florestal brasileira base essa que deveria, prioritariamente, suprir a indstria siderrgica com carvo vegetal e a indstria de celulose com madeira.

    Como resultado do programa de incentivos fiscais, entre 1965 e 1985 a rea de plantios florestais no Brasil, principalmente dos gneros Eucalyptus e Pinus, saltou de 500 mil para aproximadamente 4,5 milhes de hectares, distribudos nos chamados distritos flo-restais, regies alvo para a indstria de base florestal.

    A curva de aprendizado durante esses 20 anos foi longa e inten-sa, especialmente nas reas de silvicultura, manejo e gentica. Para dar suporte ao desenvolvimento da silvicultura, o governo federal criou duas autarquias: o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), com a misso de planejar e coordenar a poltica florestal, e o Centro Nacional de Pesquisa de Florestas da Embrapa (CNPF), com o intuito de desenvolver tecnologias para implantao e manejo dos plantios florestais.