A Influência Do Capital Social No Desenvolvimento de Produtos Inovadores. CASI 2013

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Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 1 A Influência do Capital Social no Desenvolvimento de Produtos Inovadores: O Estudo no Setor de Jogos Eletrônicos (games) do Estado de Pernambuco. Autoria: Joana dos Santos Silva, Anderson Diego Farias da Silva, Nelson da Cruz Monteiro Fernandes, Fernando Gomes de Paiva Júnior Resumo: A influência do capital social no desenvolvimento de produtos inovadores é o foco dessa pesquisa realizada no setor de jogos eletrônicos em Pernambuco. O setor de jogos eletrônicos é ilustrativo de estudos sobre como as organizações mobilizam recursos sociais para o desenvolvimento de produtos inovadores. As entrevistas semiestruturadas com os dirigentes do setor constatam que o capital social potencializa a inovação. O aumento da qualidade dos produtos e a agilidade proporcionada ao empreendedor se revelam significativos. No entanto, a falta de confiança, a trapaça e o embuste podem fragilizar os laços de rede e o acesso ao capital social. Palavras-Chave: Capital Social; Produtos Inovadores; Jogos Eletrônicos; Porto Digital. 1. Introdução As últimas décadas se caracterizam como períodos de rápidas transformações tecnológicas, acirramento da concorrência e emergência de novas formas de estruturação organizacional. Nesse momento, as empresas são obrigadas a aprimorar o desempenho reduzindo os custos, ampliando os modelos de produtos ofertados e maximizando a produtividade e qualidade dos processos. Diante da pressão competitiva, as organizações “vêm reestruturando processos e relacionamentos a partir de novos desenhos organizacionais e baseadas na intensificação dos fluxos de informações e conhecimentos” no sentido de forjar uma nova dinâmica de inovação (BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007, p. 411). O capital social é um relevante construto teórico para ajudar no entendimento das condições sociais imbricadas nas relações entre os diferentes atores do processo de inovação. O conceito de capital social pode ser entendido como a composição de recursos originários de uma estrutura social, mobilizados para determinados fins (LIN, 1999). Ele é considerado, conforme Balestro (2006), um elemento que contribui para o aumento do aprendizado das empresas e facilita a interação entre os atores do processo de inovação, sendo constituídos por: empresas, centros de pesquisa, universidades, associações empresariais ou instituições financeiras. Para tanto, realizou-se uma pesquisa empírica no setor de games de Pernambuco, a fim de se entender como as organizações desse setor se articulam em rede e como o seu capital social interfere na geração de produtos inovadores. Nesse sentido, o estudo se propõe a entender como as articulações em rede influenciam no processo de inovação em setores de intensidade tecnológica, ao se ilustrar com a atividade de jogos eletrônicos (games). O aumento da importância provida à ativação de capital social para a inovação é provocado pela complexidade de conhecimento necessária ao desenvolvimento do processo de inovação, pelos altos custos associados à dinamização de novos produtos e pelo crescimento da competitividade do mercado (BALESTRO, 2006). As redes interorganizacionais podem se tornar espaços da inovação à medida que propiciam a criação de conhecimento. Powell e Grodal (2005) indicam que esse fenômeno é crucial para se melhorar a competitividade, uma vez que as redes criam uma proximidade entre os atores que beneficiam o compartilhamento de informação e conhecimento, itens essenciais para a inovação. Na visão de Tomaél, Alcará e Di Chiara (2005) e Julien (2010), a inovação não

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Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 1 A Influncia do Capital Social no Desenvolvimento de Produtos Inovadores: O Estudo no Setor de Jogos Eletrnicos (games) do Estado de Pernambuco. Autoria: Joana dos Santos Silva, Anderson Diego Farias da Silva, Nelson da Cruz Monteiro Fernandes, Fernando Gomes de Paiva Jnior Resumo: A influncia do capital social no desenvolvimento de produtos inovadores o foco dessa pesquisa realizadano setordejogoseletrnicosemPernambuco.Osetordejogoseletrnicosilustrativodeestudossobrecomoas organizaesmobilizamrecursossociaisparaodesenvolvimentodeprodutosinovadores.Asentrevistas semiestruturadas com os dirigentes do setor constatam queo capital socialpotencializa ainovao. Oaumento da qualidade dos produtos e a agilidade proporcionada ao empreendedor se revelam significativos. No entanto, a falta de confiana, a trapaa e o embuste podem fragilizar os laos de rede e o acesso ao capital social.Palavras-Chave: Capital Social; Produtos Inovadores; Jogos Eletrnicos; Porto Digital. 1.Introduo Asltimasdcadassecaracterizamcomoperodosderpidastransformaestecnolgicas, acirramentodaconcorrnciaeemergnciadenovasformasdeestruturaoorganizacional. Nessemomento,asempresassoobrigadasaaprimorarodesempenhoreduzindooscustos, ampliando os modelos de produtos ofertados e maximizando a produtividade e qualidade dos processos.Diantedapressocompetitiva,asorganizaesvmreestruturandoprocessose relacionamentos a partir de novos desenhos organizacionais e baseadas na intensificao dos fluxos de informaes e conhecimentos no sentido de forjar uma nova dinmica de inovao (BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007, p. 411).O capital social um relevanteconstruto tericoparaajudar no entendimento das condies sociais imbricadas nas relaes entre os diferentes atores do processo de inovao. O conceito decapitalsocialpodeserentendidocomoacomposioderecursosoriginriosdeuma estruturasocial,mobilizadosparadeterminadosfins(LIN,1999).Eleconsiderado, conformeBalestro(2006),umelementoquecontribuiparaoaumentodoaprendizadodas empresasefacilitaainteraoentreosatoresdoprocessodeinovao,sendoconstitudos por:empresas,centrosdepesquisa,universidades,associaesempresariaisouinstituies financeiras. Para tanto, realizou-se uma pesquisa emprica no setor de games de Pernambuco, afimdeseentendercomoasorganizaesdessesetorsearticulamemredeecomooseu capital social interfere na gerao de produtos inovadores. Nessesentido,oestudosepropeaentendercomoasarticulaesemredeinfluenciamno processo de inovao em setores de intensidade tecnolgica, ao se ilustrar com a atividade de jogos eletrnicos (games). O aumento da importncia provida ativao de capital social para ainovaoprovocadopelacomplexidadedeconhecimentonecessriaaodesenvolvimento doprocessodeinovao,pelosaltoscustosassociadosdinamizaodenovosprodutose pelo crescimento da competitividade do mercado (BALESTRO, 2006).As redes interorganizacionais podem se tornar espaos da inovao medida que propiciam a criao de conhecimento. Powell e Grodal (2005) indicam que esse fenmeno crucial para se melhorar a competitividade, uma vez que as redes criam uma proximidade entre os atores quebeneficiamocompartilhamentodeinformaoeconhecimento,itensessenciaisparaa inovao.NavisodeTomal,AlcareDiChiara(2005)eJulien(2010),ainovaono Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 2 deveservistacomoumaprticaisolada,averqueconsideradaoresultadodeumaao coletivadecorrentedocompartilhamentoedatransformaodainformaonointeriorda empresa.Elasecaracteriza,portanto,comoumprocessocoletivo,turbilhonar,internoe externo. Foram pesquisadas todas as empresas ativas o setor de games de Pernambuco, no ano 2011 e 2012, e duas organizaes que encerram as atividades. A maioria das empresas est localizada noclusterdoPortoDigital,arranjoprodutivodetecnologiadainformaoecomunicao, comfoconodesenvolvimentodesoftware,situadonaRegioMetropolitanadoRecife, Pernambuco - Nordeste do Brasil. Comoformademelhorentendercomoocapitalsocialinfluencianageraodeprodutos inovadores,elaboramosaseguintequesto:descrevercomoasorganizaesdosetorde jogoseletrnicossearticulamparaaabsorodecapitalsocialeaveriguarcomoisso interfere na gerao de produtos inovadores. 2. Fundamentao Terica Oesclarecimentodasteoriaseconceitosfaz-senecessrioparaacompreensodecomoos recursossociaisagemnageraodeinovao.Dessamaneira,seroapresentadasaolongo destaseoalgumasrefernciasconceituaisacercadeCapitalSocial,inovaoeasimbiose destes construtos. 2.1 O Capital Social Nas ltimas dcadas, o capital social emergiu como um dos conceitos mais proeminentes das cinciassociais.Apartirdadcadade1980,vriostericosexploraramoconceitona comunidadecientfica,incluindoBourdieu(1986),Coleman(1988),Putnam(1993)eLin (1999).Noentanto,ocrescenteinteressepelotema,nofoiacompanhadoporum correspondentegraudeintegraotericaentreasvriasdisciplinasdascinciassociais (ADLER; KOWN, 2000). ParaBourdieu (1986), ocapital socialestenvolto em obrigaes sociais, em que umgrupo provaseusmembrosocapitalcoletivocomoformadecrdito.Nessesentido,ocapital social definido como o conjunto dos recursos reais ou potenciais, vinculados posse de uma rede durvel de relaes mais ou menos institucionalizadas, sendo, assim, resultante de aes intencionais para a sua acumulao.Na viso de Coleman (1988), o capital social se constitui da estrutura social que facilita certas aes dos indivduos na estrutura. O autor conceitua o capital social pela sua funo, uma vez que sua viso destaca os aspectos do social que facilitam determinadas aes dos indivduos queestopresentesnaestrutura.OautorcompartilhacomBourdieu(1986)anfasena abordagem estrutural como algo pertencente a indivduos ou famlias.ParaPutnam(1993),ocapitalsocialserefereaumbemouativoimbricadonaorganizao social,quenopodesertransferidooucomercializado.Oautorampliaoconceitoaovero capitalsocialcomoumrecursoquefuncionaemumnvelsocial.Emsuaviso,ocapital socialestassociadoatraosdaorganizaoedaredecomoconfiana,normasesistemas para aumentar a eficincia e facilitar determinadas aes. Assim, optou-se por utilizar neste estudo, a abordagem de Lin (1999), por abranger de forma maisamplaesseentendimentoeexploraranaturezadocapitalsocialconsiderando-ocomo ativo na rede. O autor situa o capital social sob o contexto sociolgico, embasando o conceito em dois fundamentos: o da estrutura e o da ao social. Lin (1999) enfoca que o capital social Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 3 est imbricado nas relaes sociais, estando presente nas redes as quais os atores fazem parte, ao invs de recursos no nvel do indivduo.A premissa por trs da noo de capital social est ligada ao investimento nas relaes sociais comretornosesperados.ConformeLin(1999)osatores(individuaisoucorporativos)so motivadosaenvolveroutrosatores,acessandoosrecursosdestescomointuitodeobter melhores resultados.Na teoria proposta por Lin (1999), o autor discute questes conceituais, medidas e mecanismos causais, propondo um modelo sobre a interao entre estrutura e ao no intuito de gerar retornos aos investimentos em capital social (LIN, 1999; LIN, 2004). 2.1.1Uma teoria sobre o capital social OcapitalsocialdefinidooperacionalmenteporLin(1999,p.25)comoosrecursos incorporadosemumaestruturasocialquesoacessadosemobilizadosemaes intencionais. Nessa definio se destacam trs elementos: os recursos incorporados em uma estruturasocial(elementoestruturalembeddednessouintegrao),aacessibilidadeaesses recursos sociais de indivduos (elemento da oportunidade ou acessibilidade) e a utilizao ou mobilizao de tais recursos sociais pelos indivduos em aes intencionais (elemento do uso ou aspectos orientados ao). Esses elementos interceptam estrutura e ao. Oprimeiro,osrecursossociaisincorporados,podemservistoscomoinvestimentosdos indivduosnasrelaesinterpessoaisteisparaomercado,eosegundoeterceirorefletem que o ator da rede deve ser consciente da presena de tais recursos na rede e tomar a deciso de utilizar tais recursos.Para operacionalizar o modelo terico proposto, Lin (1999, p.29) refina a definio de capital socialcomosendouminvestimentonasrelaessociaisdosindivduospormeiodosquais seobtemacessoarecursosincorporadosparaaumentarosretornosesperadosdeaes instrumentais ou expressivas.ApartirdateoriadocapitalsocialpropostaporLin(1999),construiu-seumabasepara analisar os dados desta pesquisa. O modelo foi adaptado por meio da reviso realizada sobre a tipologia das redes interorganizacionais proposta por Hoffmann, Morales e Fernandez (2007) e dos benefcios do capital social para a cultura empreendedora levantada por Julien (2010).ComopropostoporLin(1999),omodelosedivideemtrsblocos,sendooprimeiro representado pelos precursores do capital social, que facilitam o acesso dos empreendedores a umavariedadederecursosmateriaiseimateriais(JULIEN,2010).Oprimeirobloco constitudo pelos ativos coletivos que incluem principalmente a confiana e as normas, e pela estrutura social e posio dos atores na rede. Em outras palavras o primeiro bloco representa as fontes do capital social. Adlere Kown(2000) destacamcomo principais fontes diretas de capital social as redes, as normas e as crenas compartilhadas.Ocapitalsocialpoucoprovvelquesurjaentreatoresquenoentendemumaooutro (ADLER; KOWN, 2000). As normas, as crenas e as redes influenciam a confiana. Adler e Kown(2000)afirmamqueaconfianaeocapitalsocialsereforammutuamente.Ocapital social,muitasvezesgerarelaesdeconfianaeaconfianagerada,porsuavez,tendea produzir o capital social. Oselementosexpressosnostrsblocosacimaestointer-relacionados.Logo,omodelo conceitual se centra nas aes que so tomadas com o objetivo de manuteno ou ganhopor meio dos recursos valorizados. A expectativa que quanto mais acessveis os recursos, mais poderosermobilizadosemaesintencionaisnageraoderesultados(LIN,1999;LIN, 2004). Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 4 2.2A Influncia do Capital Social no Desenvolvimento de Produtos Inovadores Quanto mais capital social hem um meio, seguido por umaculturaempreendedora, mais o meio se revela dinmico e capaz de distinguir a regio por meio da inovao (JULIEN, 2010). Numaperspectivasocial,elaconsideradapelaOrganizaoparaCooperaode DesenvolvimentoEconmico(OCDE,2007)fatordeterminanteparaocrescimento econmiconacional;jnonvelorganizacional,ainovaoconsideradafatordemaior capacidade de absoro e utilizao de novos conhecimentos pela empresa.Julien (2010) enfatiza que a formao de rede e o capital social tm papel primordial diante da inovaoe,consequentemente,doriscoemmeioincertezaeambiguidadedeeconomias complexas e em transformao.ParaLin(2004),ocapitalsocialpodeseracessadopormeiodeumaestruturaderede,que possui como caracterstica a pouca formalidade e a fluidez. Conforme o autor, os laos diretos e indiretos expandem o capital social e os recursos que esto incorporados na rede.OslaosdiretoscorrespondemaoqueGranovetter(1973)definecomolaosfortes,eles tendemacriarzonasfechadasondeasinformaesnoserepetem,pormexercemmaior influnciasobreosquearecebem.Porsuavez,oslaosindiretos,correspondemaoslaos fracosdarede,elessocaracterizadoscomopontesdeacessoaoutrasredesetrazemnovas ideias.Algunsestudossobreainflunciadocapitalsocialnageraodeinovaes,comoode BalbinoeAnacleto(2011),destacamoprincpiodaheterofilia(LIN,2004)como significativoparaadifusodeinovaes.Ascaractersticasdoslaosfracos,comunsem redesdescentralizadasemqueosatoresservemdeponteentregrupos,fazemfluiruma inovao de uma comunidade hemoflica para outra por meio dos laos fracos. 2.4 O Setor de Games Estudos recentes mostram que Pernambuco configura entre os trs polos de desenvolvimento de games no Brasil, ao lado do Rio Grande do Sul e So Paulo (NEVESet al., 2010; 2009), correspondendo a aproximadamente 30% do faturamento total da indstria de jogos nacional. Operfildosetordepequenasempresascomumnmerodefuncionriosentre10e40. ExisteumaconcentraogeogrficadessasempresasnoPortoDigital,arranjoprodutivode TecnologiadaInformaoeComunicao.Oestadoproduzjogosparaconsoles,celularese PCs, que podem ser produzidos no local ou segmentados. (SCHVER, 2009). Asprimeirasempresasdesenvolvedorasdegamesnoestadosurgiramapartirdoano2000. Entreosanos2000e2010,verificou-seosurgimentodenoveempresasnopolo.Dessas, apenas seis se mantm ativas no estado. Duas empresas encerraram suas atividades (Preloud e Meantime), j a Mobjoy, recebeu um investimento de uma grande empresa de venture capital brasileiraeumangelinvestordoValedoSilcioemudousuasinstalaesparaCampinas, So Paulo.Osgruposdedesenvolvimentodejogosindependentes(tambmconhecidocomojogos indie), de modo geral so formados por estudantes e entusiastas, que buscam o aprendizado e o desenvolvimento de suas habilidades em um ambiente colaborativo (CICANCI, 2010). Por essarazodifcilprecisaresseuniverso,masimportantedestacarqueosgruposde desenvolvimentodejogosindependentespodemsetornarempresasapsconseguircerta experincia, como foi o caso da Preloud descrita mais adiante neste estudo. Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 5 3. Procedimentos Metodolgicos Esteestudodenaturezaqualitativa,porconsiderarsermaisapropriadoestudarcomoo capitalsocialinfluencianodesenvolvimentodeprodutosinovadoresnosetordegames. Procurou-seinterpretarofenmenoemtermosdossignificadosqueosindivduos entrevistadosaelesconferiram(DENZIN;LINCOLN,2006).Conformeataxonomia propostaporVergara(2009),apesquisasecaracterizaquantoaosfinscomodescritiva.O estudoprocuradesenvolverumaanlisereflexiva,edacorrelaodosfatoscomateoria pertinente,comoocorreativaodocapitalsocialnodesenvolvimentodasarticulaesno setor games com intuito de facilitar a inovao.Quanto estratgia de pesquisa, optou-se pelo estudo de caso nico incorporado, que segundo Yin (2005), ocorre quando dentro de um caso nico d-se ateno a vrias subunidades.Comoinstrumentodecoletadedados,foiutilizadaaentrevistasemiestruturada,tambm conhecida por entrevista semiaberta. Aps a transcrio do contedo, este foi apresentado ao mesmoporemailparavalidaoepossveisesclarecimentos,contudoapenasdoisdeles responderaminicialmenteaoemailcomatranscrio,sendonecessriotelefonarparaos demais para obter a validao.Otratamentodosdadosfoirealizadoparadarsuporteanlisedecontedo,seguindoa metodologiapropostaporBardin(1977).Entreoconjuntodastcnicasdaanlisede contedo, esta pesquisa fez uso da anlise por categorias, ou anlise temtica. De acordo com Bardin (1977, p.153), esta tcnica funciona por operaes de desmembramento do texto em unidades, em categorias segundo reagrupamentos analgicos.Apscadaentrevista,osdadosforamsendotranscritoscomoauxliodosoftwarelivre ExpreeScribenaverso5.30.Percebeu-seanecessidadedealteraesnomapade codificaocomainclusodenovassubdimensesdeanlise:trsnadimensoelementos geradoresdeinovao,queforamchamadasdeconjuntura,culturaorganizacionale empreendedorismo. Paraaetapadacodificaodasentrevistas,fez-seusodosoftwaredeanlisededados qualitativosAtlasTI,nasuaverso6.2.25.Atravsdaaquisiodalicenadeuso,para estudante,doaplicativooprocessodecategorizaoeenumeraotemticatornou-semais rpidoeeficaz.Aotodoforam382citaes,quecomoauxliodoprograma,foram codificadas e organizadas em tabelas.As informaes foram dispostas de modo a responder s perguntas de pesquisa levantadas no inciodoestudo.Estasperguntasinspiraramnosnaformulaodoplanodecoletade dados,comaelaboraodoprotocolodoestudodecaso,mastambm,sprioridades estabelecidas na estratgia analtica. Comocritriodeconfiabilidade,foiaplicadaarefletividade,quedizrespeitoaoanteseao depoisdoacontecimento.Estecritrioexigiuumareflexoereestruturaopermanentedo processodequestionamentodopesquisador,fundamentalparaevitarviesesinterpretativos (PAIVA JR.; LEO; MELLO, 2007). 4.Resultados Para a verificao de como ocorre ativao do capital social no setor de games, utilizou-se comobaseomodelopropostoporLin(1999)dateoriadocapitalsocial.Comoapresentado Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 6 no referencial terico, o modelo dividido em trs blocos interligados, os ativos coletivos, a ao de capitalizao e os retornos resultantes da ativao do capital social.Nessesentido,estaseotemcomoaanlisedastrsdimenses,quecorrespondem sequncia de blocos propostos por Lin (1999) para descrever o capital social. Elas auxiliam a responderaperguntadapesquisa:Comoocapitalsocialinfluencianodesenvolvimentode produtos inovadores no setor de games? 4.1 Ativos Coletivos Os ativos coletivos representam as pr-condies para a existncia do capital social. Elas so importantes por facilitar o acesso dos empreendedores a uma variedade de recursos materiais eimateriais.NoclusterdegamesdePernambucoosrecursosquesemostrarammais valoradospelosetorforamocapitalhumano,oconhecimentoeosrecursosfinanceirospara fomentar projetos de pesquisa e inovao, sendo ilustrado nos seguintes relatos:Empresa de tecnologia em si, a parte intelectual o maior custo dela. O maior ativo tambm. O maior ativo da empresa o capital intelectual. (entrevistado 6) ... Recursos humanos [...] Como voc viu a, os lderes tcnicos [...] 80% do povo da[organizao]saiudauniversidade,oslderestodos[...]opovodacomputao [...] tem o pessoal de artes que saiu do design da UFPE. (entrevistado 1) Entreoselementosprecursoresdocapitalsocial,aestruturasocialfoioelementodemaior frequncia nas entrevistas, como mostra a tabela 2. Tabela 2 - Ativos Coletivos SubdimensesFrequnciaTotal% E.1E.2E.3E.4E.5E.6E.7E.811 - Confiana03100230912,3 12 - Normas0202000045,5 13 - Crenas001352101216,4 14 - Estrutura Social0641311222939,7 15 - Colaborao452044001926,0 Total4168612196273100,0 Fonte: Pesquisa direta, 2011. ComoexplanadoporLin(2004),naestruturasocialqueestoenraizadososrecursosque soutilizadospelosindivduosemsuasaes.Aestruturasocial,conformedefinidono referencialtericopeloautor,consistedeumconjuntodeunidadessociaisquepossuem quantidadesdiferenciadasderecursosequeesthierarquicamenterelacionadaconformea autoridade.Aformalizaodasredesfoiaunidadedeanlisequeapresentoumaiorfrequncianos relatos,correspondendoamaisdametadedosenunciadosrelativosestruturasocial, conformedispostonatabela3.Elapodesercaracterizadaquantobasecontratualouno contratual das estruturas de rede (HOFFMANN; MORALES; FERNANDZ, 2007). Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 7 Tabela 3 - Estrutura Social SubdimensesFrequnciasTotal% E.1E.2E.3E.4E.5E.6E.7E.814.1 - Centralizao02002300724,1 14.2 - Direcionalidade03000101517,2 14.3 - Formalizao014117211758,6 Total06413112229100,0 Fonte: Pesquisa direta, 2011. NoclusterdegamesdePernambucofoievidenciadopelosrelatosqueamaiorpartedas articulaesentreasempresasdosetorsoinformais.Dentreos17enunciadossobre formalizao, 11 se caracterizam como redes informais. Os indcios percebidos nas narrativas de alguns dirigentes apontam que as redes informais foram importantes para o surgimento das empresas, tendo vrias sido originadas a partir de relaes informais entre os scios.Acentralizaoestrelacionadadistribuiodopoder.Hoffmann,MoraleseFernandez (2007) asseveram que a estrutura em rede pode ser orbital ou no.AsevidnciascorroboramcomasafirmaesdeEberseJarillo(1998)dequeosbenefcios podemserdistribudosdeformadesigualnasredesinterorganizacionais,dependendoda simetria de poder das relaes estabelecidas na mesma, o que pode beneficiarapenas alguns membros. Esse foi um dos fatores observados como possvel motivo para que as empresas do cluster de games de Pernambuco no estejam inteiramente articuladas entre si.Quanto direcionalidade, as redes interorganizacionais encontradas no setor de games podem ser caracterizadas tanto como verticais, quanto como horizontais (HOFFMANN; MORALES; FERNANDZ,2007).Asredesverticaisforamidentificadas,poisasempresasdosetorse articulamcomoutrasorganizaesparaatenderaatividadescomplementarescomoa distribuio e publicao dos jogos.Ainda analisando os ativos coletivos do setor de games, percebeu-se que a falta de confiana poderestringirocapitalsocial,fazendocomquearedeinterorganizacionalnofuncione, como demonstrado no depoimento exposto a seguir: Adificuldadevocterumnvelderelacionamento,deconfiana,interessante que faa esse empreendimento ou iniciativa andar. Ento, por exemplo, na poca da OJE,agenteviuoutrasiniciativassemelhantes,noprareadeentretenimento digital, mas enfim, demandas do governo pra atender determinadas reas que foram repassadas a outras empresas e que acabaram que as empresas no se entenderam e... no conseguiu chegar a um consenso, e a acabou que o projeto no andou... e enfim, ningum sebeneficiou. Oque foi ruim. Ento acho queamaior dificuldadevoc conseguirumnveldeinterao,umnvelderelacionamento,confiana,pravoc andar. O que difcil s vezes dentro da prpria empresa, imagina voc lidando com outras empresas. No fcil. (entrevistado 3) Aconfianainfluenciadapelasnormasecrenas.Comosepdeperceberpelotrecho anterior, ela um elemento necessrio para que se exista capital social. Corroborando com a teoria do Capital Social de Lin (1999) que a coloca como um elemento precursor. Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 8 Porfim,acolaborao,obteveasegundamaiorfrequnciaentreosativoscoletivos, correspondendoa26%(tabela2).Pde-seperceberquenosetorpesquisado,muito importante que os participantes da rede interorganizacional atuem objetivando a coletividade. Como relatado nas falas dos seguintes dirigentes:

Quando a gente entra num mercado como o mercado de jogos que gigantesco a genteacabasendodesconfiadonoincio.[...]mas,nofinaldascontastemespao para todo mundo, inclusive espao para trabalhar juntos. (entrevistado 6) E agentefez isso com o intuito decriar mo-de-obraparao mercado. No s pra gente, mas para criar para o mercado mesmo. (entrevistado 8) Malafaiaetal.(2007),emestudosobreosetorpecurio,reforaaimportnciada colaboraonocapitalsocialaoconstatarqueaexistnciadeumaforteculturade colaborao entre os participantes de uma rede de empresas essencial para o xito de aes coletivas. 4.2 Ativao de Capital Social Aaodecapitalizaodosrecursosparaobtenodemelhoresresultadoscorrespondeua 14,9%(Tabela1)dosenunciadosdosdirigentesentrevistados.Istodemonstraqueaaode articulaocomoutrasempresaseinstituiesrelevanteparaseacessarrecursosegerar produtosinovadores,confirmandoaafirmaodeBalestro(2006)dequemaisdifcil desenvolveroconhecimentonecessrioparainovaodentrodasfronteirasdeuma organizao isolada, sendo as redes interorganizacionais mais propcias para o surgimento de produtos inovadores. muitodifcilaempresasozinha,fazerpesquisaisolada.Entoassim,atravsde articulaescominstituiescomoaUniversidadeFederaldePernambuco possvelsefinanciarpesquisadeconhecimentodomercado[...]emumaempresa Start-up, que o core do mercado daqui, empresas pequenas com 6, 7 funcionrios, 20nomximo,bancarumapesquisaqueenvolveumestadointeiroouoBrasil inteiro, s atravs de articulaes mesmo. (entrevistado 7) A ao de capitalizao foi explorada atravs de trs subdimenses de anlise: a localizao, a acessibilidade e a mobilizao. (Tabela 4) Tabela 4 Ativao do Capital Social SubdimensesFrequnciaTotal% E.1E.2E.3E.4E.5E.6E.7E.8 21 - Localizao232011601513,5 22 - Acessibilidade4119174534439,6 23 - Mobilizao9911235765246,8 Total15232231110189111100,0 Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 9 Fonte: Pesquisa direta, 2011. Alocalizaodosatoresnaredeumelementoquepodefacilitarasaesdeacessoe mobilizaodocapitalsocial.Noentanto,noconsideradaporLin(2004)comoum elementoprecursor,poisalocalizaogeogrficanoumfatorqueimpeaaformaode redes e a existncia do capital social. A afirmao ajuda a explicar a baixa frequncia obtida nesta unidade de anlise conforme a tabela 4. ConfirmandooquefoiexpostoporLin(2004),percebeu-seatravsdealgunsrelatos,que umaredeaglomeradapodefacilitaracomunicaoeatrocadeinformao,masnoum elemento que impea a articulao em redes interorganizacionais e impossibilite a gerao de inovao."a gente tem um parceiro importante l nos Estados Unidos em Los Angeles, que umaagnciadepublicidade[...]elesestoprospectandomuitosnegcioslna indstriadeentretenimentodosEstadosUnidos,eagenteeventualmentefaz projetos junto com eles." (entrevistado 2) Diferentementedalocalizao,oacessoaosrecursossociaiseautilizaodestesforam elementosmaisfrequentesentreosenunciadosdosempreendedoressobreaativaodo capitalsocial.Amobilizaofoiaunidadedeanlisecommaisdestaquenacategoria, correspondendo a quase metade dos enunciados, enquanto a acessibilidade correspondeu a um pouco mais de um tero,conforme disposta na tabela 4.Com relao acessibilidade aos recursos sociais, a frequncia pode ter sido um pouco menor queamobilizao,pelofatodasempresasdosetordegamesjfazerempartedeumarede, no precisando realizar grandes esforos para acess-la. Os resultados, dessa forma, esto em consonncia com a teoria do capital social de Lin (2004) queelencacomofatoresquefacilitamaacessibilidadeaosrecursoscoletivos:aposiona estrutura hierrquica, a natureza dos laos entre os atores e a localizao desses laos na rede. ArelaocomoPortoDigital,contudo,noequnimeparatodasasorganizaes.As entrevistas com alguns dirigentes mostraram indcios que existe uma baixa articulao dentro do polo. Das seis empresas ativas, apenas metade mantm uma relao mais prxima entre si, e com o Porto Digital, como verificado no seguinte discurso: ... se o mercado fosse maior e se as empresas atuassem em ramos mais parecidos. Hojesoramosmuitodiferentes,entonohumintercmbioassimtogrande... PraticamentenotemumarelaocomoPorto.AgentetaquinoPortoDigital, masassim,nomelembrodaltimavezqueagentetevealgumcontatocomo Porto Digital. Pra gente no influencia em nada. (entrevistado 8) Percebe-seapartirdorelato,queaativaodosrecursossociais,aindanoesttotalmente disponvelparatodasasempresasdosetorestudado.Existemelementoscomoabaixa densidadedosetor,quedificultamumamaiorarticulaoentreasempresasecomoPorto Digital.OacessoaumaredemaisamplaqueoPortoDigitalpossibilita,ficadessaforma restritoparaalgumasorganizaes,quepoderiamtercontatosmaisestreitoscomgovernoe instituies de pesquisa.Algumasorganizaestambmrelataramqueparateracessoadeterminadasredes internacionaisprecisarammobilizarmaisesforos.TalfatoexplicadoporLin(2004)pelo princpio da heterofilia, caracterizado por interaes entre indivduos com recursos diferentes Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 10 queexigemmaioresforopelosatoresestaremlocalizadosemposiesdiferentesnarede, como pode ser observado na fala do entrevistado 3: Um divisor de guas foi quando a gente foi pra Casual Connect [feira internacional de games]ano passado [2010]. A gente j tinha um relacionamento que no era to fcil,poragenteestaraquinoBrasiletodomundoestarnosEstadosUnidosou Europa... eradifcil por quevoc no eravisto com to bons olhos assim,nemfoi pelo fato de ser do Brasil, mas por estar no comeo... O aperto de mo fazia bastante diferena...Apartirdomomentoqueagentevoltouasportasjestavamabertas ento a gente conseguiu ter um nvel de feedback diferente. (entrevistado 3) Apartirdorelatopode-seobservarmaisumavez,queaconfianatilparaoalcancedo capital social. O entrevistado, ao narrar que o aperto de mo era diferente por ele se encontrar em uma posio de quem est acessandoa redepela primeira vez, aindasem uma reputao junto aos integrantes, se defrontou com uma situao onde no havia confiana suficiente para que ele tivesse acesso aos recursos da rede.No setor estudado, o capital social mobilizado principalmente em aes para alcanar novos recursos,comoporexemplo,aobtenoderetornoseconmicos,reputaoeo desenvolvimentodeprodutosinovadores,caracterizandoassimaesinstrumentais,mais comunsentreatoresquepossuemrecursosdiferentes.Aesdeexpressotambmso realizadascomointuitodemanterrecursosjexistentesdestacando-seentreosretornos originrios dessas aes o apoio, como ser visto adiante. Aarticulaocomuniversidadeseinstitutosdepesquisamostra-secomoumelemento importante para a gerao de inovao no setor, tendo em vista que a aproximao com estas instituiespermitesempresasvisualizaremseusproblemas,realizarpesquisasegerar conhecimento, ou seja, proporcionam fatores basilares para a inovao. Foram evidenciadas, no entanto, que algumas regras das universidades dificultam uma relao maisprximadasempresascomessasinstituiesdeensinoepesquisa.Oqueacabapor restringir a gerao de inovao, como verificado na fala de um dos entrevistados: VocvaiNovaIorquetemempresadejogosetemosacadmicosassociados diretamente empresa. Vai Alemanha, tem empresas de jogos, tem os acadmicos associados.Aquivocvainotem.Issonoacontece.aindamuitoincipiente, muitonovo.Equandoaconteceaindatodistanteaparticipao.Nomximoo professor pode ser scio de uma empresa. Mas isso diferente de atuar na empresa. Ser scio, eu posso ser scio da Petrobrs, eu posso investir na Petrobrs. Num quer dizer nada, eu no participo da Petrobrs entendeu. [...] Burocracia de uma maneira geralcostumaprejudicaraarticulaocomasuniversidadesecomasinstituies pblicas. (entrevistado 7) No setor de games de Pernambuco, a mobilizao dos rgos de fomento e financiamento tem possibilitadoacaptaoderecursosparaprojetosebolsasdetecnologia.Comoresultado dessamobilizao,asempresasdegamesconseguemofortalecimentodaequipeatravsda incorporaodeprofissionaisqualificadosparaatividadesespecficas,eoapoiofinanceiro paraaviabilizaodosprojetos.Todasasempresaspesquisadascomexceodeuma empresaquejhaviaencerradosuasatividadesreceberamincentivosdergoscomoo Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 11 FINEP,FACEPEouCNPq,erelataramtalfinanciamentocomoumfatoressencialparao surgimento e desenvolvimento das mesmas. 4.3 Retornos Entreosprincipaisretornosconseguidoscomamobilizaodocapitalsocialacessadopelas empresas pesquisadas, esto a inovao correspondendo a 43,2%, o apoio 16% e a reputao com 11,8% das frequncias nas entrevistas (Tabela 5). Tabela 5 - Retornos SubdimensesFrequnciaTotal% E.1E.2E.3E.4E.5E.6E.7E.8 31 - Retorno econmico11502410147,2 32 Poder0100043084,1 33 Reputao613133422311,9 34 Inovao1061624666108443,3 35 Apoio069362413116,0 36 Entusiasmo0001311063,1 37 Satisfao2010000142,1 00a Qualidade05035004178,8 00b - Rapidez/ agilidade2203000073,6 Total2122343525201918194100,0 Fonte: Pesquisa direta, 2011. Estesdadosevidenciamqueainovaoumresultadoquepodeserconseguidoatravsdo acessoemobilizaodocapitalsocial.Nasfalasdosentrevistadosfoiconstatadoque,no setor,ocapitalsocialcapazdegerarcomoretornotantoinovaodeproduto,quantode processos, o que pode ser verificado nos trechos que seguem: ... a gente desenvolveu um processo de produo em que a gente olha pro mercado [...] ento a gente tem ferramentas que fazem pesquisa de mercado, pra identificar o pblico final da gente, o consumidor, as caractersticas, j que a gente no tem essa informao facilmente. [...] O processo formatizado. Ele fruto de um dos projetos depesquisa[...]Desenvolvertodooprocessoidentificouemquepontosagente poderiaestarcriandoferramentaspraautomatizardeterminadosaspectos.Ento torna os processos mais geis... (entrevistado 3) ...Issoumexemplodecomoasempresasdopolosejuntam,trocamassuas melhores experincias e tm um novo produto. (entrevista 6) Entreosretornosdecorrentesdasaesdeexpresso,oapoiofoioelementoqueapareceu maisvezesnasentrevistas.Mostrou-senaturalparaasempresaspesquisadasaarticulao comoutrasorganizaeseinstituiesnointuitodereunirrecursosdefendendoas organizaes contra possveis perdas dos mesmos.Jdentreosretornosprovenientesdasaesinstrumentais,empreendidaparaaquisiode novosrecursos,observou-sequeareputaoapareceucomoumretornosocialdegrande Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 12 importncia para asempresas degames locais. A articulao com outras instituies como a academia, agncias de financiamento e fomento, e o pertencimento a um polo deTecnologia daInformaoeComunicaocomreconhecimentointernacional,soresponsveispela construo de opinies favorveis s empresas no mercado.Duranteapesquisatambmemergiramdoiselementosnovos,comoresultadosalcanadosa partir do capital social: a qualidade e a agilidade. Essas duas categorias se mostraram tambm como elementos importantes para a inovao, como pode ser observado nas falas abaixo: ... No teria atingido o mesmo nvel de qualidade se a gente no tivesse participado de alguns projetos com eles de nvel mundial. Porque a demanda que voc tem, tanto tecnicamentequantoartisticamente,deprocessodetudo,vocesttrabalhandono mesmonveldopessoallfora.Entoouvoccheganessenvelouvocno trabalha. (entrevistado 8) ...muitasinovaeseramdeprocesso[...]deferramentaquepermitiaquevoc fizessemaisrpido,melhor,maisbarato.[...]Agentetrabalhouprimeirocomum projetoFACEPE,depoisumprojetoFINEPecompesquisadoresdauniversidade, paraagentepoderfazerem15diasotrabalhoqueparafazerem5meses. (entrevistado 1) Outrosresultadosimportantesparaosetordegames,conseguidoscomoauxlioda mobilizao do capital social foram o melhorgerenciamento de demandas, o acessoa novas tecnologias,aaquisiodeconhecimentosimportantesparaaformaodopessoalea internacionalizao.Algumasempresasrelataramqueconseguiramampliarseusmercados, atravsdaarticulaocomempresasestrangeirasparceirasfacilitandoadistribuioe exportao.Tambmseobservouqueaativaodocapitalsocialpermitiuqueas organizaesatingissemumnveldequalidadeelevadoparasetornaremcompetitivasno mercado. Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 13 5.Concluso Asinflunciasdasinteraessociaisnoprocessodeinovaorepresentamalvodeesforo analticonoestudo.Procurou-sedescrevercomoasorganizaesdosetordejogos eletrnicos se articulam para a absoro de capital social e averiguar como isso interfere nageraodeprodutosinovadores.Assim,apresentam-senestaseoasconcluses, implicaes gerenciais, limitaes e indicaes para futuras pesquisas.O setor de games de Pernambuco se caracteriza por ser um setor novo, pequeno, em constante mudana e reconhecido como promissor por parte dos agentes de fomento. Para um setor com essascaractersticas,asempresasdemonstraramestarpoucoarticuladasentresi,oquetraz limitaesparaaativaodocapitalsocial.Apesardeosparticipantesdasorganizaesse conheceremeseencontraremcomalgumafrequncia,oquefacilitadopelaprpria proximidadegeogrfica,existeumatendnciadealgunsdirigentesaenxergaremosdemais comoconcorrentestendodificuldadesdeestabelecerumarelaodeconfianaeumesforo de cooperao necessrio para o compartilhamento de recursos e desenvolvimento de projetos em conjunto. J quando a articulao em rede interorganizacional ocorre entre atores em setores e posies sociais diferentes, se consegue alcanar novos recursos, como a ampliao do mercado atravs dainternacionalizao.Asexportaesrealizadaspelasempresasdosetordegamesso influenciadaspelocapitalsocial,queacessadopormeiodaarticulaocomorganizaes parceiras de outros pases, que gerenciam a distribuio e comercializao dos jogos. Sobreosativoscoletivos,elementosprecursoresdocapitalsocial,aestruturasocialea confiana foram elementos que se destacaram no setor degames. O estudo evidenciou que as redesinformaissoimportantesparaosurgimentodasempresasdosetorenquantoqueas redesformaissomaisfrequentesnacaptaoderecursosfinanceirosedesenvolvimentode projetosdepesquisaeinovao,aestruturasocialtambmcaracterizadapelabaixa hierarquizao e pela distribuio de poder de forma mais equilibrada.A acessibilidade ao capital social e sua mobilizao tambm foram elementos que tiveram uma elevadafrequncianasentrevistas,oquedemonstraarelevnciadadapelosempreendedores do setor de games ao processo de acesso aos recursos sociais e utilizao destes. Os principais atorescitadosnoacessoemobilizaodocapitalsocialforamosrgosdefomentoe universidades.Outro retorno obtido atravs da mobilizao do capital social de grande relevncia para o setor degamesfoiareputao.Essesatorescomoparceirosfuncionamcomoumachancela, conferindoumavalidaodequeaquelasempresasdesenvolvemgamesdequalidadeeisso facilita o acesso das organizaes a novos recursos. Apartirdesteestudo,surgiramalgunspontosquemerecemmaioraprofundamentoparase construirbasessegurasparaotema.Umasugestoparainvestigaoseriaestudar(consiste em)comoocorreoprocessocolaborativodedesenvolvimentodejogosindependenteseque elementos auxiliam esses grupos de desenvolvedores de jogos independentes a se firmarem no mercado?Investigaoquepoderiaserampliadacomumestudosobrecomofomentara cultura empreendedora e empresarial. Outradireodeestudospodeserainvestigaosobrecomoaculturaorganizacionalde empresasdaeconomiacriativainterfereparaqueosetorsetornemaisinovador.Nestecaso, seriainteressanterealizarestudoscomparativosentreregiesepases,comoporexemplo,a Inglaterraqueumareferncianaeconomiacriativaepolosdaeconomiacriativaempases emergentes como o Brasil. Oestudorespondeuaquestodepesquisaeprocuroutrazer contribuiescomdados empricosquerevelamopapeldocapitalsocialnoaprendizadodasorganizaesena Volta Redonda/RJ 28 e 29 de novembro de 2013 14 obteno de recursos que viabilizem desenvolvimento de produtos. Os resultados da pesquisa mostraramqueocapitalsocialexercecertainflunciadiretanoselementosquepropiciama inovao,como:aobtenodeinformaes,ageraodeconhecimento,acaptaode recursosfinanceiros,aabsoroderecursoshumanos,asparcerias,aconjunturasocialeo meio empreendedor. Confirmam com isso, os benefcios que o capital social traz inovao e aodesenvolvimentoregional,legitimandoassim,aimportnciadosestudosderedes interorganizacionais para a rea das cincias sociais. 6.Referncias BALBINO, Fernando Cesar.Contagious: um Framework para Suporte Difuso de Inovaes emSitesdeRedesSociais.2011.Disponvelem:. Acesso: 10 fev. 2012 BALESTRO,MoissVillamil.CapitalSocial,AprendizadoeInovao:umestudo comparativo entre redes de inovao na indstria de petrleo e gs no Brasil e Canad. 2006. 248 f. Tese (Doutorado) - UnB, Braslia, 2006. BARBOSA, F. A.; SACOMANO, J. B.; PORTO, A. J. V. Metodologia de anlise para redes interorganizacionais:competitividadeetecnologia.Gest.Prod.,SoCarlos,v.14,n.2, p.411-423, maio 2007. BARDIN, L. Anlise de contedo. Lisboa, Edies 70. 1977. p. 225 BOURDIEU,Pierre:Theformsofcapital.In:JohnG.Richardson(ed.):Handbookof TheoryandResearchfortheSociologyofEducation.NewYork:GreenwoodPress1986,s. 241-258. 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