A Intervencao Psicopedagogica Na Instituicao Escolar

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    Psicopedagoga Clnica/Pedagoga

    [email protected]

    A INTERVENO PSICOPEDAGGICA NA INSTITUIOESCOLAR: DILOGOS COM A PRTICA CLNICA.

    Juliana Fernanda Cardoso de Oliveira

    EIXO TEMTICO: Psicopedagogia escolar e clnica, ensino e aprendizagem.

    .

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    INTRODUO

    O momento atual na educao de incluso em busca de um mundo melhor e

    igualitrio para todas as pessoas, uma educao de solidariedade, politizao e mutao por

    meio de um aprendizado que resulte em comportamentos mais democrticos e de respeitos a

    alteridade.

    Pensar nesta educao um grande desafio e nos permite refletir sobre quais atitudes

    devemos tomar para que este objetivo na nossa educao seja de fato alcanado. Uma

    dialogicidade fecunda e totalizadora considerando a integrao escolar como impacto decisivo

    para a formao das pessoas.

    As discusses giram em torno da implementao de estratgias que possibilitem a

    integrao de todo corpo escolar visando o mesmo objetivo - a qualidade do processo de

    ensino-aprendizagem e quais as melhores formas para chegar a este fator determinante, noperdendo de vista a incluso.

    A mediao na escola, sob esta tica, implica em uma comunicao mais simtrica,

    onde as partes dividem de forma mais equitativa a distribuio do poder como mtodo de

    ensino que implica na formao para a vida em democracia. A Psicopedagogia atuando nas

    instituies escolares vem se consolidando cada vez mais por ser uma cincia

    multidisciplinar e que finda nos terrenos da mediao.

    H uma grande preocupao com a incluso de sujeitos considerados erroneamente

    pelo sistema, incapazes de superar suas dificuldades de aprendizagem ocasionadas por razes

    biolgicas ou sociais.

    A Psicopedagogia acredita que tanto o educando quanto a escola, numa parceria

    incansvel, pode superar seus problemas. Por um lado o aluno que trs consigo a sua

    experincia biopsicosocial prvia a escola, e por outro lado, a escola a passos lentos tentando

    estruturar o ensino idealizado por clebres humanistas como Paulo Freire, Call Rogers,

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    Wallon, dentre outros, encontrando ainda grandes dificuldades em razo da fragmentao do

    sistema educacional.

    O Psicopedagogo junto com docentes e Equipe Escolar deve colaborar para criar

    estratgias que ajudem o rendimento dos estudantes, trabalhando juntos para melhorar osresultados a partir de relacionamentos positivos e de confiana mtua, prevenindo problemas

    futuros e intervindo sem rupturas, utilizando de todas as ferramentas cabveis nos casos que

    exigem maior ateno.

    Muitas vezes, mesmo a escola viabilizando todas as condies para que o aluno

    obtenha sucesso na sua aprendizagem, os problemas persistem e neste caso uma sondagem

    sobre a vida do sujeito se faz necessria para identificar os elementos que esto culminando

    no insucesso escolar. Dependendo da complexidade do caso, o sujeito dever ser

    encaminhado para outros profissionais exteriores escola como o Psicopedagogo Clnico,

    para uma avaliao ou um diagnstico visando orientar a escola e o educador sobre as

    melhores formas de abordar as dificuldades daquele sujeito. Este trabalho do Psicopedagogo

    Clnico e da escola precisa acontecer de forma dialgica, para se obter em conjunto os

    melhores resultados.

    DESENVOLVIMENTO

    1. Consideraes Preliminares

    Ensinar exige compreender que a educao uma forma de intervir no mundo(Paulo Freire 1996)

    A reflexo baseada na prxis do ensinar deve ser constante. Ns educadores no

    devemos esquecer que a escola o principal vis que conduz o ser a uma vida ntegra na

    sociedade considerando pontos relevantes para a convivncia social, um dos pilares da

    educao, em vista de formar cidados preparados para uma sociedade cada vez mais difcil

    de viver, uma vez que marcada por desigualdades sociais, preconceitos, discriminaes,

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    racismo, competies, dentre outros pontos que restringem o direito e anulam, muitas vezes,

    os sonhos e as perspectivas de superao, perpetuando uma sociedade com poucos espaos

    para quem sofre em busca de uma oportunidade.

    A educao mesmo com algumas mudanas significativas, desde o seu nascimentocomo Instituio no sculo XVIII, infelizmente franquia estes desrespeitos para com os seus

    educandos com a passividade e a falta de compromisso com a auteridade. difcil para alguns

    educadores se colocar no lugar de um aluno com dificuldades de aprendizagem, s vezes em

    virtude de anos de experincias sem as diretrizes de uma formao continuada ou por uma

    vaidade intelectual ingnua, que o faz ilusoriamente acreditar que j domina todos os

    conhecimentos necessrios para uma prtica eficiente, inclusive isentando-se de qualquer

    responsabilidade em relao ao fracasso escolar, que por sua vez, considerado um sintomados elementos que esto interferindo no manejo natural da aprendizagem. Segundo Bossa

    (2007), alm de ser um problema didtico-estrutural da Escola e no uma responsabilidade do

    educando que nada mais que vtima destes sintomas. Fernandz (2001), destaca que a

    postura psicopedaggica que a sustenta a de propiciar modalidades de aprendizagem que

    potencializem possibilidades singulares de cada pessoa, oferecendo-lhes espaos em que

    possa realizar experincias com ensinantes que favoream esse processo. Todavia, a ausncia

    de reflexes dos profissionais com este perfil, s os desqualifica em um mundo que seencontra em constante mutao.

    Educar estabelecer uma atividade unitria onde a mente humana, por meiode procedimentos analticos, possa estabelecer uma nova sntese quepossibilite a insero de informaes, convertidas em conhecimento, em umanova perspectiva (...). (VIGOSTSKY, 1987,p. 122)

    No podemos intervir no mundo pela educao como sabiamente escreveu Paulo

    Freire, sem humildade para compreender que somos seres inacabados e que o principal acesso

    superao dos problemas a sensibilidade. E esta sensibilidade s adquirida com a ao

    reflexiva sobre ns mesmos e o outro. O estudo e a pesquisa contribuem muito neste ponto

    porque temos a oportunidade de somar nossa prtica teoria, socializando-as com outros

    professores e outros profissionais da educao, renovando assim frequentemente a nossa

    prtica pedaggica.

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    comum alguns educadores na tentativa de justificar suas lacunas pedaggicas

    comentarem que a teoria muito bonita, mas que a prtica completamente diferente,

    romntica, ou seja, enquanto na teoria aprendemos conceitos como alicerce para a nossa

    prtica pedaggica tendo como referncia algumas teorias expoentes para a Educao, na

    prtica, encontramos o desafio de realidades extremamente complexas e que por vezes fogem

    do nosso equilbrio emocional para lidar com os problemas e focar em resultados. Alm,

    sobretudo, de nos exigir bastante habilidade, criatividade e flexibilidade para superar os

    desafios. E justamente deste paradoxo que surge o questionamento: Como possvel aplicar

    este ou aquele conceito nesta realidade? Como no adotar uma postura abrupta ou absorta

    diante de tantos pensamentos antagnicos e que no condizem com os princpios de Educao

    libertadora aprendidos em nossa formao?De fato, a prtica bastante complexa, no pelas

    metodologias e a didtica utilizada, mas pela burocracia resistente e existente em nosso

    ensino. Ainda no temos uma escola de fato democrtica, as hierarquias tradicionais ainda so

    bastante salientes. Entretanto estes fatores no invalidam a teoria que aprendemos em anos de

    estudos e pesquisas. Quando invalidamos a teoria, na verdade, como crianas, no passamos

    pelo processo de equilibrao de Piaget e o conhecimento infelizmente no acomodou.

    Deste modo a reflexo que nos subsidiar para encontrarmos o fio condutor para um ensino

    de qualidade e mais, coragem para enfrentar o sistema e buscar com sabedoria a

    transformao to almejada.

    A Psicopedagogia tem o desafio de prevenir e intervir nos problemas de

    aprendizagem, em parceria com a incluso para um mundo melhor. Melhor porque, quando

    possvel aprender a erguer-se diante dos fracassos com o apoio da escola, torna-se mais bvio

    o aprendizado de certos valores como a coletividade, solidariedade, auteridade dentre outros

    determinantes para a formao de uma cidadania plena e que no cruza os braos diante dos

    absurdos que somos obrigados a conviver diariamente. No h lugar mais propulsor para se

    aprender a ser vencedor que a escola! Uma vez que a escola quem traduz o conhecimento da

    linguagem da cincia para a linguagem da criana, ou seja, temos as ferramentas necessrias

    para lapidar o processo de aprendizagem e o futuro desta sociedade, em favor dos nossos

    educandos, ensinando-os a serem militantes dos seus ideais, enfrentando as injustias sociais e

    semeando atitudes mais humanas.

    Portanto, ensinar exige reflexo para intervir no mundo!

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    3. A Dialtica da Prxis Psicopedaggica na Instituio Escolar junto aos docentes e a

    equipe multidisciplinar

    O indivduo um ser geneticamente social

    (Wallon 1959)

    Antes de nos aprofundarmos na prxis Psicopedaggica, bom entendermos o que

    aprender e o que leva um sujeito ao fracasso escolar. Primeiramente, aprender algo inerente

    ao ser humano. Desde muito pequeno, ainda no tero materno, o beb aprende por meio de

    inmeras sensaes, especificamente os contatos com o psiquismo de sua me e os estmulosexternos.

    Todavia, para que a aprendizagem ocorra, necessrio que um elemento esteja em

    saudvel funcionamento em nosso organismo: o desejo. o desejo que ir mover o ser em

    busca da aprendizagem, mas se por um acaso algo estiver errado com o desejar, ento o

    processo de aprendizagem estar comprometido. Vrios fatores podem culminar na ausncia

    do desejo de aprender, mas muitas vezes no apenas a ausncia do desejo de aprender que

    provoca o no-aprendizado.

    Fatores psicossociais so constantemente apontados como provocadores do fracasso

    na aprendizagem, por isso que Wallon (1959) destaca que o indivduo um ser

    geneticamente social, tendo em vista que o biolgico e o meio numa reciprocidade dialtica

    para o desenvolvimento da pessoa, no sentido global fsico-psiquico e como tal pode se

    manifestar no seu pensamento sendo fator determinante para o sucesso ou fracasso escolar.

    Aprender resultado da busca pelo entendimento de algo desconhecido.

    O ato de conhecer, aprender um determinado fato ou acontecimento chamado pela Psicologia como ato de aprender (compreender-julgar-interpretar-inferir-etc), isto , pensar. Neste sentido, o pensamento definido como a conduta resultante do ato de aprender as relaescompreendidas nas propriedades que caracterizam o objeto. Pensar disporde normas e regras (propriedades), que facultam o entendimento ou acompreenso de algo, dispondo-o em categorias ou classe de acordo com sua

    classificao. (MACHADO, 1995, p. 68)

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    Sendo o aprender algo inerente aos indivduos, para Weiss (2007), o fracasso escolar

    causado por uma conjugao de fatores interligados que impedem o bom desempenho do

    educando em sala de aula. Todavia, bom no confundir o educando com dificuldade de

    aprendizagem com aquele que aprende, mas no tem a produo esperada pelo professor ou

    pela famlia.

    Ao pensar em Psicopedagogia, no podemos esquecer que ela surge para se

    contrapor a fragmentao e tratar a aprendizagem de uma forma inteira, considerando fatores

    cognitivos, sociais, afetivos e culturais. Desta maneira vasto o campo que o Psicopedagogo

    precisa administrar para compreender melhor a realidade e encontrar os melhores resultados.

    Tratando-se dos problemas de aprendizagem, precisamos analisar todo o cosmos que

    o processo de aprendizagem est inserido, inclusive o trabalho dos docentes, a metodologia

    aplicada, at a integrao escolar sobre o objetivo da excelncia educacional.

    [...] O psicopedagogo atua intervindo como mediador entre o sujeito e suahistria traumtica. [...] O profissional deve tomar cincia do problema deaprendizagem e interpret-lo para a devida interveno. Com essa atitude, o

    Psicopedagogo auxiliar o sujeito a reelaborar sua histria de vida,reconstruindo fatos que estavam fragmentados, e a retomar o percursonormal de sua aprendizagem. (...) Enfim, analisa a dinmica institucionalcomo todos os profissionais nela inseridos, detectando os possveisproblemas e intervindo para que a instituio se reestruture. (PORTO, 2007,p. 109)

    O principal desafio do Psicopedagogo Institucional Escolar justamente

    compreender esta realidade e promover uma constante troca de idias na prtica educativa,

    prevenindo e intervindo nos problemas de aprendizagem ampliando as relaes humanas no

    espao escolar.

    Para Jorge Visca (1987) a contribuio do Psicopedagogo possibilita uma reflexo a

    partir da idia de se articular saberes, proporcionando um melhor fluxo do conhecimento,

    abrindo caminhos para a compreenso do fenmeno da aprendizagem.

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    Para Vigotsky (1977) a relao do indivduo com o mundo est sempre mediada pelo

    outro. Neste sentido, no h como aprender e apreender o mundo se no tivermos o outro,

    aquele que nos fornece significados que permitem pensar o mundo a nossa volta.

    Estas tarefas atribudas ao Psicopedagogo nos revelam a complexidade e ao mesmotempo a necessidade do seu papel mediador para a instituio Escolar. Hoje pensar na prxis

    Psicopedaggica pensar numa prxis inclusiva e articulada. A educao inclusiva no um

    dever apenas do Psicopedagogo, mas ele um profissional que tem o compromisso

    fundamental com este propsito, cuidando para que os direitos da criana sejam assegurados.

    O princpio de educao inclusiva que foi adotado na Conferncia Mundial de Educao de

    Especiais: acesso qualidade realizada em Salamanca, no ano de 1994, cujo relatrio

    preconiza:

    Todas as escolas devem acolher a todas as crianas independentemente desuas condies pessoais, culturais e sociais; crianas incapacitadas e bem-dotadas, crianas de rua, de minorias tnicas, lingsticas ou culturais, dezonas desfavorecidas e marginais.

    A educao inclusiva tem como fundamento tornar efetivos para todas as crianas,jovens e adultos o direito educao, a participao e a igualdade de oportunidades,

    prestando especial ateno aqueles que vivem em situao de vulnerabilidade ou sofrem

    qualquer tipo de discriminao. cada vez mais comum nos depararmos com educandos

    portadores das mais variadas anomalias freqentando a escola regular. Entretanto tambm no

    tem sido fcil mant-las nas Instituies de ensino regulares em virtude das necessidades

    especiais destes educandos e a carncia de qualificao especfica para os educadores tendo

    em vista atender os anseios destes alunos. A presena de um educando com necessidades

    especiais em sala de aula requerem do educador e do grupo escolar, intimidade com conceitos

    e prticas direcionadas, o que no tem ocorrido. O que na verdade tem sido comum, a

    presena destes educandos em sala de aula sem um acompanhamento adequado. O sistema os

    inclui na escola regular com o intuito trivial de cumprir com a burocracia legislativa sem a

    preocupao com uma educao formativa. preciso promover uma educao de fato

    igualitria, promover qualidade educativa para todos e no apenas utilizar a escola como

    depsito de pessoas! A educao precisa ser sistemtica para todos!

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    O mesmo ocorre com os alunos que chegam as escolas com variados problemas

    sociais, dos mais simples aos mais graves. No h preparo e nem os recursos para conduzir de

    forma articulada a educao desta clientela. Os resultados desta desorganizao continuaram

    sendo noticiadas pela imprensa brasileira atravs da violncia nas escolas, do bullying, da

    falta de patriotismo do povo brasileiro e tantas outras coisas que constantemente esto

    escandalizando o pas e que exercem uma ligao direta com a educao.

    Para Weiss (2007), uma boa escola deveria ser estimulante para o aprender; por essa razo, a

    funo bsica dos profissionais da rea de educao deveria:

    a) Compreender as condies de ensino para o crescimento constante do processo deensino-aprendizagem e assim prevenir dificuldades na produo escolar;

    b) Fornecer meios, dentro da escola, para que o aluno possa superar dificuldades nabusca de conhecimentos anteriores ao seu ingresso na escola;

    c) Atenuar, ou no mnimo contribuir para no agravar, os problemas de aprendizagemnascidos ao longo da histria pessoal do aluno e da famlia.

    4. A Clnica Psicopedaggica e a Instituio Escolar

    Quando surgi o problema de aprendizagem, a primeira a identificar que existe algo

    de errado com o processo a escola, atravs do educador que acompanha o educando em sala

    de aula. Aps serem aplicadas pela escola todas as possveis ferramentas para solucionar o

    problema, e o Psicopedagogo Institucional realizar sondagens com a famlia e constatar algo

    que ultrapassa o trabalho da instituio, a escola deve encaminh-la ao Psicopedagogo

    Clnico, que ter a funo de intervir no s no problema, mas na sua etiologia.

    O diagnstico realizado pelo Psicopedagogo Clnico uma ferramenta que ir

    respaldar a terapia com a criana. por isso que a escola de fundamental relevncia para

    elucidar pontos cruciais para se chegar a um diagnstico preciso sobre as causas que esto

    levando o educando a apresentar dificuldades. Em determinados momentos, do processo

    diagnstico que dura em mdia entre nove e doze sesses, como j havia sido mencionado, o

    Psicopedagogo necessitar analisar o material escolar e entrevistar a escola em busca de uma

    viso fidedigna sobre as condies em que este educando est inserido. No diagrama abaixo,

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    possvel visualizar as diretrizes do diagnstico Psicopedagogico no espao Clnico, segundo

    Weiss 2007:

    A terapia que se inicia quando o Psicopedagogo Clnico j identificou o problema,

    aps a concluso do diagnstico, consiste na interveno da Etiologia, promovendo a

    reabilitao das dificuldades. Segundo Golbert (1985) o enfoque teraputico considera o

    objeto de estudo da Psicopedagogia a identificao, anlise, elaborao de uma metodologia

    de diagnstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem.

    Todavia, antes de lapidar com maior preciso o processo teraputico, bom entender

    a fronteira entre Psicopedagogo clnico e Institucional e o Psiclogo, o que causa bastante

    dvidas entre pacientes e estudantes de Psicopedagia e Psicologia.

    Segundo (BOCK, 1999), a Psicologia uma rea tradicionalmente conhecida como

    promotora da sade e, dentro dessa perspectiva, o profissional emprega seus conhecimentos a

    favor de condies satisfatrias de vida, na sociedade em que vive e trabalha. Desta forma, o

    Psiclogo tem apropriao para lidar com eventuais problemas de ordem emocionais que

    possam atrapalhar o processo de aprendizagem do educando, como a ansiedade, a

    desmotivao, a depresso etc. O Psicopedagogo Institucional, contudo, subsidia a escola

    prevenindo os problemas de aprendizagem, atravs de seu olhar clnico, por meio de uma

    Psicopedagogia mediadora e articulada. O Psicopedagogo Clnico por sua vez, acompanha

    diretamente o processo pedaggico do educando por meio de instrumentos pensados

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    especificamente para a Etiologia do problema de aprendizagem. Se for constatado que a causa

    do problema de um determinado educando uma dislexia, o Psicopedagogo Clnico dever

    propici-lo uma terapia centrada na dislexia, visando em favor do processo teraputico,

    potenciais que a criana j traz consigo como a criatividade e outras habilidades.

    5. Equvocos da Pedagogia

    Atualmente, na prtica pedaggica a mania de alguns profissionais de encontrar

    distrbios de aprendizagem para a maioria dos alunos com dificuldades algo a ser discutido.

    Desconsiderar que uma criana tem algum distrbio ou dificuldade na realidade escolar, assim

    como rotular uma criana que tem o seu desenvolvimento normal atrapalhado por alguma

    dificuldade que no de origem patolgica e sim de natureza psicossocial, um erro grave.

    necessrio bastante discernimento e critrios bem delimitados para se estabelecer os

    diagnsticos.

    Para Maria Fernandes (2008), hoje, a prtica pedaggica fixa-se em dois pontos: a

    participao construtiva do aluno no processo de aprendizagem e a necessidade de

    interveno do professor para a aprendizagem de contedos. Sabe-se que o conhecimento no

    concebido como uma cpia do real incorporado diretamente pelo sujeito: pressupe uma

    atividade, que ocorre medida que o indivduo recebe os conhecimentos, organiza-os e

    integra-os aos j existentes.

    comum na escola encontrar crianas com problemas de aprendizagem, seja de

    ordem social ou biolgica, sendo rotuladas de preguiosas, lentas e desinteressadas devido

    falta de sensibilidade de educadores e equipe tcnica em concentrar seu tempo pedaggicoem apenas ensinar e no em criar situaes que promovam uma aprendizagem significativa

    Rogers (1977). necessrio que a escola d um basta na cultura do medo das novas

    tendncias educacionais pensadas para uma educao muito mais rica e motivadora, inovem

    seus currculos e Projetos Polticos Pedaggicos (PPP) para a primazia de contedos mais

    dinmicos que ofeream maior interesse e agucem o desejo de aprender inerente a todo ser

    humano.

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    Segundo Weiss (2007), das crianas encaminhadas pelas escolas para a clnica

    Psicopedaggica, apenas 10% so diagnosticadas com algum problema que necessita de

    interveno clinica, ou seja, necessrio revermos nossa prtica e comear as mudanas em

    nossa postura de submisso irreflexiva, frente complexidade dos contextos escolares.

    Anlise dos Dados: Relato de Experincia de Interveno na Clnica Psicopedaggica.

    A anlise dos dados tem uma grande contribuio para a confirmao da teoria alm

    de permitir que o estudante reflita sobre sua prtica e elabore hipteses para a sua prpria

    prtica profissional.

    A experincia relatada no presente estudo ocorreu na Clnica de Psicologia do Centro

    Universitrio de Joo Pessoa UNIP no processo obrigatrio de Estgio Supervisionado

    como exigncia para concluso do curso de Ps graduao em Psicopedagogia Clnica.

    Na prtica possvel perceber com maior veemncia a forte relao existente entre

    Instituio Escolar e a Clnica Psicopedaggica.

    Para o processo de diagnstico utilizamos o modelo proposto por Weiss (1994) que

    caracterizado da seguinte maneira:

    1- Entrevista Familiar Exploratria Situacional (EFES)

    2- Anamnese

    3- Sesses Ldicas Centradas na Aprendizagem

    4 - Complementao com provas e testes

    5 - Sntese Diagnstica Prognstico

    6 - Devoluo - Encaminhamento

    Acrescentamos aos tpicos mencionados a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem

    EOCA, proposta por Visca (1991).

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    O primeiro contato com a famlia do educando ocorreu por meio de telefone com a

    principal interessada pela recuperao dos problemas apresentados pela criana, a av

    materna e logo depois pessoalmente, quando realizamos a Entrevista Familiar Exploratria

    Situacional EFES.

    O educando de 11 anos cursando o quarto ano do ensino fundamental, ainda no tinha

    adquirido a habilidade da leitura e escrita, alm de apresentar tambm um quadro de

    comportamento agressivo e de intolerncia acentuados. Tm dois irmos, um menino mais

    velho de 14 anos e uma menina mais nova de 8 anos. Ele por sua vez o irmo do meio. Tem

    muita afinidade com o irmo mais velho, no entanto, faz questo de humilhar e hostilizar a

    irm mais nova.

    Por meio da anamnese, instrumento de fundamental importncia para o trabalho do

    Psicopedagogo, as primeiras evidncias e sistemas de hipteses foram surgindo ajudando-nos

    a identificar pontos cruciais para o desenvolvimento das sesses.

    O pai do educando presidirio, est recluso por envolvimento com o trfico de

    entorpecentes e a me dislxica e esquizofrnica diagnosticada por uma Fonoaudiloga e

    um Psiquiatra, segundo relato da av do educando. Os conflitos na vida desta senhora de 61

    anos so intensos. A filha que vtima destas patologias agressiva e imprudente com toda a

    famlia. Tm ataques permanentes de impulsividade que s aliviam quando sua me lhe

    oferece dinheiro.

    A dislexia um distrbio na leitura que acarreta dificuldades tambm na escrita.

    provocada por uma disfuno no crebro podendo se manifestar no individuo auditivamente

    ou visualmente, ou seja, o sujeito pode sentir dificuldades na aquisio do cdigo grfico em

    virtude de deficincias no aparelho auditivo ou visual, ocasionando em confuses dos

    fonemas e grafemas. Geralmente adquirida hereditariamente e provoca grandes frustraesaos estudantes que precisam conviver com esta patologia. Naturalmente observada por volta

    dos 6 anos de idade quando o educando encontra-se em processo de alfabetizao. Alguns dos

    sintomas mais freqentes da dislexia so:

    grande dificuldade na aquisio da leitura e escrita; reverso de letras graficamente parecidas como b/p, m/n, q/ p, n/u, a/e; letras em espelho; Inverso de slabas em/me, sol/los, /ls/sal, par/pra;

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    Adicionar ou omitir sons: casa-casaco, prato-pato; Apresentar leitura lenta demais; Dificuldade para lembrar seqncias: letras do alfabeto, dias da semana, meses

    do ano etc; Dificuldade para aprender a ver horas; Ser rotulado de preguioso, imaturo, hiperativo ou desatento.

    A dislexia atinge de 10% a 15% da populao mundial, sendo um problema mais

    freqente nos meninos que nas meninas.

    CONSIDERAES

    Diante de uma atmosfera to complexa, que o processo de aprendizagem humana,

    trabalhar de maneira isolada significa romper com os princpios da Psicopedagogia e colocar-

    se diante do risco desnecessrio de no conseguir suprir as necessidades dos casos que

    chegam as nossas Escolas e consultrios. Os desafios no so apenas de ordem

    psicobiolgica, mas tambm de ordem psicossocial e este, o maior de todos os problemas.

    A dialogigicidade interdisciplinar surge como ferramenta para administrar os

    desafios de uma prtica pedaggica dinmica e que vm exigindo cada vez mais dos

    profissionais da categoria educacional, novas estratgias para respaldar o ensino. A

    Psicopedagogia desembarca neste universo, a fim de acrescentar com a perspiccia e o olhar

    Clnico do processo de aprendizagem lanando propostas de preveno e Interveno

    coletivamente.

    . A pesquisa e a anlise reflexiva dos eminentes casos que chegam aos consultrios

    psicopedaggicos evocaro cada vez mais uma educao de qualidade, democrtica

    otimizados pela resiliencia daqueles que so os protagonistas dos estudos em Psicopedagogia

    Clnica e Escolar: os educandos.

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